Geometria Analítica - Vetores
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Prefácio
Esta apostila tem por interesse suprir as necessidades de um estudante que precise adquirir
conhecimentos básicos a respeito de vetores. A princípio imagina-se um aluno de primeiro
ano de graduação (onde normalmente se estudam estes conteúdos). No entanto, é válido
ressaltar que é de extrema importância que este material seja complementado com listas de
exercícios extras que podem ser encontrados na bibliografia abaixo listada.
Agradeço a atenção e paciência de todos e desejo-lhes bons estudos! Dúvidas, críticas e
sugestões são bem vindas. Este material (juntamente com vários outros arquivos sobre
Matemática) está disponível gratuitamente no sitio:
http://manualdasexatas.blogspot.com.br/
Bons estudos
Prof. Luiz Gustavo Alves Silva
Bibliografia
[ 1 ] Winterle, Paulo. Vetores e Geometria Analítica.
[ 2 ] Steinbruch, Alfredo; Winterle, Paulo. Geometria Analítica.
[ 3 ] Venturi, Jacir. Álgebra Vetorial e Geometria Analítica.
[ 4 ] Camargo, Ivan de; Boulos, Paulo. Geometria Analítica: um tratamento vetorial.
Sumário
1. Vetores no Plano e no Espaço ..................................................................................................... 01
1.1. Conceitos Iniciais .................................................................................................................. 01
1.2. Operações com Vetores ........................................................................................................ 04
1.3. O Tratamento Algébrico no Plano ......................................................................................... 08
1.4. O Tratamento Algébrico no Espaço ....................................................................................... 17
2. Produtos com Vetores ................................................................................................................ 24
2.1. Produto Escalar..................................................................................................................... 24
2.2. Produto Vetorial ................................................................................................................... 33
2.3. Produto Misto ...................................................................................................................... 39
1
1) Vetores no Plano e no Espaço
1.1.) Conceitos Iniciais
Grandezas físicas escaleres e vetoriais
Grandeza física é tudo aquilo que pode ser medido a partir de uma unidade de
medida, por exemplo, massa, tempo, velocidade, força, etc. Algumas grandezas como
comprimento, área, massa, temperatura, etc, são caracterizadas apenas por sua intensidade
acompanhada de sua unidade, essas são grandezas escalares. Já outras grandezas como
velocidade, aceleração, peso, campo magnético, etc, são caracterizadas por sua intensidade,
direção e sentido, acompanhados com sua unidade, essas são grandezas vetoriais.
Direção e sentido
Uma reta nos dá a noção de direção. Abaixo as retas r e s são paralelas, assim, estão
na mesma direção. Já a reta t determina outra direção (não paralela a r e s):
Um corpo que se desloque sobre uma reta (ou seja, em uma direção), pode assumir
dentre dois sentidos. As setas abaixo nos indicam os dois sentidos da reta r:
Podemos dizer que uma via de mão-dupla nos remete a noção de direção e sentido:
Acima, os carros A e B estão na mesma direção, porém em sentidos contrários.
2
Vetor
Informalmente, vetores são segmentos de reta orientados, utilizados principalmente
para representar geometricamente grandezas vetoriais. Trazem as informações de módulo,
direção e sentido.
Representação geométrica
Trabalharemos com vetores no plano (ℝ2) e no espaço (ℝ3), e sua representação
geométrica se dará a partir de uma “flecha”:
Note que um vetor é determinado por dois pontos: origem (A) e extremidade (B).
Exemplo prático
Se uma pessoa aplica uma força F para deslocar um corpo ou se um objeto se move a
certa velocidade 𝑣 , as grandezas força e velocidade são representadas esquematicamente
por vetores:
Em cada caso, o vetor nos traz a representação do módulo (a partir de uma escala),
direção e sentido da grandeza vetorial em questão.
Notação de vetor
Usaremos aqui as seguintes notações para vetores:
i) Duas letras latinas maiúsculas encimadas por uma seta, AB , por exemplo, onde A é a
origem e B é a extremidade;
ii) Uma letra latina minúscula encimada por uma seta: 𝑢 , 𝑣 , 𝑤 , etc.
3
Definições importantes
i) O módulo de um vetor, que representa a intensidade de uma grandeza, ou seja, seu
“tamanho”, será indicado por 𝑣 ou AB , conforme o caso.
ii) Dois vetores 𝑢 e 𝑣 são paralelos, e indicamos 𝑢 ∥ 𝑣 , caso tenham a mesma direção.
𝑢 ∥ 𝑣 ∥ 𝑤
iii) Dois vetores 𝑢 e 𝑣 são iguais, e indica-se 𝑢 = 𝑣 , se tiverem o mesmo módulo, mesma
direção e mesmo sentido, 𝑢 e 𝑣 são ainda chamados de equipolentes.
iv) Chamamos vetor nulo ou vetor zero, o vetor cujo módulo é zero, representamos por
0 ou AA (origem coincide com a extremidade).
v) Para todo vetor 𝑣 ≠ 0 corresponde o vetor oposto −𝑣 de mesmo módulo e mesma
direção de 𝑣 , porém em sentido contrário.
𝑣 = AB ⇒ BA = −AB
vi) Para todo vetor 𝑣 , tal que 𝑣 = 1, este é chamado de vetor unitário e, se 𝑣 é unitário
e possui mesma direção e sentido de 𝑢 ≠ 0 , então 𝑣 é chamado versor de 𝑢 .
Um versor é utilizado para indicar direção e sentido.
vii) Dois vetores 𝑢 e 𝑣 são ortogonais se algum representante de 𝑢 formar ângulo reto
com algum representante de 𝑣 , indica-se 𝑢 ⊥ 𝑣 .
viii) Dois vetores 𝑢 e 𝑣 são coplanares se ambos pertencerem a um mesmo plano 𝛼.
4
1.2.) Operações com Vetores
As operações terão apenas tratamento geométrico por enquanto.
Adição de vetores
Imagine um corpo sendo puxado por duas forças de intensidade, direção e sentidos
diferentes, como na figura:
A experiência nos mostra que estas duas forças podem ser substituídas por uma
força resultante R . A resultante R é obtida através da soma vetorial das forças F 1 e F 2.
O vetor soma entre dois vetores 𝑢 e 𝑣 é dado pela diagonal do paralelogramo que
pode ser formado por 𝑢 e 𝑣 conforme o esquema a seguir:
Outra forma de obter o vetor soma entre dois vetores 𝑢 e 𝑣 , é traçando o vetor 𝑣 de
modo que sua origem coincida com a extremidade do vetor 𝑢 . Unindo a origem do vetor 𝑢
com a extremidade do vetor 𝑣 , obteremos o vetor soma:
Para somar três ou mais vetores, o procedimento é análogo. Traçamos os vetores de
modo que a extremidade de um coincida com a origem do seguinte:
5
Propriedades da adição de vetores
Sendo 𝑢 , 𝑣 e 𝑤 vetores quaisquer, vale as seguintes propriedades:
i) Comutativa: 𝑢 + 𝑣 = 𝑣 + 𝑢
ii) Associativa: 𝑢 + 𝑣 + 𝑤 = 𝑢 + 𝑣 + 𝑤
iii) Elemento neutro: 𝑢 + 0 = 𝑢
iv) Elemento oposto: 𝑢 + −𝑢 = 0
Diferença entre vetores
O vetor diferença 𝑑 entre dois vetores 𝑢 e 𝑣 é dado por 𝑑 = 𝑢 + (−𝑣 ):
Multiplicação de um vetor por um escalar
Dado um vetor 𝑣 ≠ 0 e um número real 𝛼 ≠ 0, chama-se produto do número real 𝛼
pelo vetor 𝑣 , o vetor 𝛼𝑣 tal que:
i) 𝛼𝑣 = 𝛼 ⋅ 𝑣 , isto é, o comprimento de 𝛼𝑣 é igual ao comprimento de 𝑣
multiplicado por 𝛼 ;
ii) 𝛼𝑣 ∥ 𝑣 , isto é, possuem a mesma direção;
iii) Se 𝛼 > 0, 𝛼𝑣 tem o mesmo sentido que 𝑣 e se 𝛼 < 0, 𝛼𝑣 tem sentido contrário de 𝑣 .
Se 𝛼 = 0 ou 𝑣 = 0 , então 𝛼𝑣 = 0 .
Exemplos
6
Propriedades da multiplicação por um escalar
Sendo 𝑢 e 𝑣 vetores quaisquer e 𝛼 e 𝛽 números reais, vale as seguintes propriedades:
i) Associativa: 𝛼 𝛽𝑣 = 𝛽 𝛼𝑣 = 𝛼𝛽𝑣 ;
ii) Distributiva para a soma de vetores: 𝛼 𝑢 + 𝑣 = 𝛼𝑢 + 𝛼𝑣 ;
iii) Distributiva para a soma de escalares: 𝛼 + 𝛽 𝑣 = 𝛼𝑣 + 𝛽𝑣 .
Ângulo entre dois vetores
O ângulo 0° ≤ 𝜃 ≤ 180° entre dois vetores 𝑢 e 𝑣 , é o ângulo formado entre suas
direções, levando-se em consideração seus sentidos.
Exemplos
7
Exercícios
1. Dados
Determine (faça o desenho):
a) 𝑢 + 𝑤 b) 𝑣 + 𝑤
c) 𝑢 + 𝑣 + 𝑤 d) 𝑢 − 𝑣
2. Nos sólidos abaixo, represente a soma dos vetores indicados:
3. Dados
Determine (faça o desenho):
a) 𝑣 + 2𝑢 b) 𝑢 −1
2𝑣
4. Sendo 𝑣 e 𝑢 vetores tais que 𝑣 = 10, 𝑢 = 16 e 𝑢 − 𝑣 = 14, determine o ângulo
entre 𝑢 e 𝑣 . Sugestão: use a lei dos cossenos.
8
1.3.) O Tratamento Algébrico no Plano
Plano cartesiano ℝ𝟐
É o conjunto de todos os pontos de um plano determinado por dois eixos 𝑥 e 𝑦
perpendiculares em O. A cada ponto P no plano é associado um par ordenado (𝑥P , 𝑦P ).
As coordenadas 𝑥P e 𝑦P são chamadas abscissa e ordenada do ponto P,
respectivamente.
Podemos expressar o plano cartesiano como
ℝ2 = ℝ × ℝ = 𝑥, 𝑦 𝑥 ∈ ℝ, 𝑦 ∈ ℝ
Vetores no plano
Para todo vetor 𝑣 qualquer, 𝑣 possui infinitas representações geométricas no plano
cartesiano:
Perceba que 𝑣 = A1B1 = A2B2
= ⋯ = AnBn = OP
Assim, seja 𝑣 um vetor qualquer no plano cartesiano, sempre haverá um vetor OP
equipolente a ele com origem em O.
Seja P um ponto qualquer no plano cartesiano e, por convenção, 𝑖 e 𝑗 os versores dos
eixos 𝑥 e 𝑦, respectivamente. Assim, o vetor OP pode ser decomposto segundo as direções
de 𝑖 e 𝑗 . O problema consiste em determinar dois vetores cujas direções sejam de 𝑖 e 𝑗 e que
a soma seja OP .
9
Exemplos
Da figura acima temos:
OP = 5𝑖 + 3𝑗
OQ = −2𝑖 + 4𝑗
OR = −4𝑖 − 4𝑗
OS = 3𝑖 − 2𝑗
De modo geral, seja P um ponto qualquer no plano cartesiano, para o vetor OP ,
existe uma só dupla de números reais 𝑎1 e 𝑎2 tal que:
OP = 𝑎1𝑖 + 𝑎2𝑗
Dizemos que todo vetor OP expresso desse modo, é uma combinação linear de 𝑖 e 𝑗 e
o conjunto B = 𝑖 , 𝑗 é chamado base canônica do plano. Quando um vetor OP expresso
como combinação linear de 𝑖 e 𝑗 , nessa forma 𝑎1 e 𝑎2 são números reais tais que
correspondem à abscissa e à ordenada de P, respectivamente.
Logo, podemos expressar um vetor OP como um par ordenado:
OP = 𝑎1, 𝑎2 = 𝑥P , 𝑦P
10
Exemplo
Podemos escrever 𝑣 = 3𝑖 − 5𝑗 como 𝑣 = 3, −5 :
𝑣 = (3, −5)
Em geral, deixa-se de indicar no plano os versores 𝑖 e 𝑗 , como na figura acima.
Exemplo prático
Você já trabalhou com a combinação linear no ensino médio, quando estudou a
decomposição de forças em Física. Na decomposição de uma força F nas direções 𝑥 e 𝑦, os
componentes F 𝑥 e F 𝑦 são múltiplos dos versores 𝑖 e 𝑗 e, a força F uma combinação linear
dos mesmos.
Exercícios
5. Represente no plano cartesiano os vetores 𝑢 = (5, 3), 𝑣 = (−1, 4), 𝑤 = (−4, −1) e
𝑡 = (5, −4).
11
6. Represente no plano, usando adição de vetores, o vetor 𝑠 = 𝑢 + 𝑣 , sendo 𝑢 = 1, 3
e 𝑣 = 5, 1 . O que podemos concluir sobre as componentes (𝑥, 𝑦) de 𝑠 em relação
as componentes de 𝑢 e 𝑣 ?
Igualdade de vetores
Dois vetores 𝑢 = (𝑥1, 𝑦1) e 𝑣 = (𝑥2, 𝑦2) são iguais se, e somente se, 𝑥1 = 𝑥2 e
𝑦1 = 𝑦2, indicamos 𝑢 = 𝑣 .
Exemplo
Se 𝑢 = (𝑎 + 3, 5) e 𝑣 = (7, 𝑏 − 2), 𝑢 e 𝑣 serão iguais somente se:
𝑎 + 3 = 7 e 𝑏 − 2 = 5
𝑎 = 4 𝑏 = 7
Adição e multiplicação de vetores na forma algébrica
Sejam 𝑢 = (𝑥1, 𝑦1) e 𝑣 = (𝑥2, 𝑦2) vetores quaisquer e 𝛼 ∈ ℝ, assim defini-se:
i) 𝑢 + 𝑣 = 𝑥1 + 𝑥2, 𝑦1 + 𝑦2
ii) 𝛼𝑢 = (𝛼𝑥1, 𝛼𝑦1)
Por conseguinte, somar dois vetores na forma algébrica equivale a somar as
correspondentes coordenadas e para multiplicar um vetor por um escalar, multiplicam-se as
componentes do vetor por esse número.
Exemplos
I. Vejamos como se dá geometricamente a adição dos vetores 𝑢 = (2, 4) e 𝑣 = (5, 1):
Perceba que 𝑢 + 𝑣 = 2 + 5, 4 + 1 = 7, 5 .
12
II. Observemos a multiplicação do vetor 𝑤 = (4, 3) pelo escalar 2:
Note que 2𝑤 = 2 ⋅ 4, 2 ⋅ 3 = 8, 6 .
Vetor definido por dois pontos
Um vetor 𝑣 que não parta da origem do sistema cartesiano, ou seja, que tenha sua
origem e sua extremidade em dois pontos A e B quaisquer, pode ser expresso a partir dos
vetores OA e OB .
Observe o esquema abaixo:
Sabemos que OA = 𝑥1, 𝑦1 e que OB = (𝑥2, 𝑦2) e, do triângulo OAB, pela soma
geométrica de vetores temos que:
OA + AB = OB
donde
AB = OB − OA
ou
AB = 𝑥2, 𝑦2 − 𝑥1, 𝑦1
e
AB = 𝑥2 − 𝑥1, 𝑦2 − 𝑦1
13
Ou seja, as componentes do vetor AB são obtidas subtraindo-se as componentes
correspondentes dos vetores OA e OB , isto é, subtraindo-se as coordenadas de B pelas de A,
e por isso escrevemos também AB = B − A.
É importante destacar que as componentes obtidas por AB = B − A, representa um
vetor OP equipolente ao vetor 𝑣 que é limitado por A e B e, OP é chamado vetor posição de
AB . Lembre-se que um vetor 𝑣 possui infinitas representações no plano, com mesmo
módulo, direção e sentido.
Exercícios
7. Determine, em cada caso, os valores de 𝑎 e 𝑏 para que os vetores 𝑢 e 𝑣 sejam iguais:
a) 𝑢 = 𝑎 − 5, 8 e 𝑣 = 3, 𝑏 + 9 b) 𝑢 = 7 + 𝑎, 3𝑏 e 𝑣 = 2𝑎, 5 − 𝑏
8. Dados os vetores 𝑢 = (3, −1) e 𝑣 (−1, 2), determinar o vetor 𝑤 tal que
4 𝑢 − 𝑣 +1
3𝑤 = 2𝑢 − 𝑤
9. Determinar o vetor 𝑤 na igualdade, sendo dados 𝑢 = 3, −1 e 𝑣 = −2, 4 :
3𝑤 + 2𝑢 =1
2𝑣 + 𝑤
10. Encontrar os números 𝑎1 e 𝑎2 tais que 𝑤 = 𝑎1𝑢 + 𝑎2𝑣 , sendo 𝑢 = (1, 2), 𝑣 = 4, 2
e 𝑤 = (−1, 8).
11. Determinar as coordenadas do vetor posição de AB nos seguintes casos:
a) A 2, 4 e B 3, 1 b) A 7, −2 e B −5, −7 c) A −3, 6 e B 11, −13
14
Ponto Médio
Seja um segmento no plano limitado pelos pontos A 𝑥1, 𝑦1 e B 𝑥2, 𝑦2 , e M(𝑥, 𝑦) o
ponto médio de AB , como na figura abaixo:
Usando o tratamento vetorial visto até agora, podemos escrever:
AM = MB
ou
𝑥 − 𝑥1, 𝑦 − 𝑦1 = (𝑥2 − 𝑥, 𝑦2 − 𝑦)
e daí usando igualdades de vetores
𝑥 − 𝑥1 = 𝑥2 − 𝑥 e 𝑦 − 𝑦1 = 𝑦2 − 𝑦
isolando 𝑥 e 𝑦 nas duas equações temos
𝑥 =𝑥1 + 𝑥2
2 e 𝑦 =
𝑦1 + 𝑦2
2
Logo:
M 𝑥1 + 𝑥2
2,𝑦1 + 𝑦2
2
Exemplo
Determinar o ponto médio do segmento limitado por A(2, 1) e B(6, 7):
M 2 + 6
2,1 + 7
2 = M(4, 4)
Paralelismo entre dois vetores
Vimos na multiplicação de um vetor por um escalar, que para um vetor 𝑣 , o vetor 𝛼𝑣
possui a mesma direção de 𝑣 , por conseguinte, 𝑣 e 𝛼𝑣 são paralelos.
Algebricamente se 𝑢 = (𝑥1, 𝑦1) é paralelo a 𝑣 = (𝑥2, 𝑦2), podemos escrever:
𝑥1, 𝑦1 = 𝛼(𝑥2, 𝑦2) ou 𝑥1, 𝑦1 = (𝛼𝑥2, 𝛼𝑦2)
Pela igualdade de vetores
𝑥1 = 𝛼𝑥2 e 𝑦1 = 𝛼𝑦2
em que 𝑥1
𝑥2=
𝑦1
𝑦2= 𝛼
Isto é, se dois vetores são paralelos, pela condição de paralelismo, suas componentes
são proporcionais.
15
Exemplo
Para verificar se 𝑢 (−2, 5) e 𝑣 (−4, 10) são paralelos, observamos se suas
componentes formam uma proporção:
−2
−4=
5
10=
1
2
Na forma 𝑥1, 𝑦1 = 𝛼(𝑥2, 𝑦2), ficaria assim
−2, 5 =1
2(−4, 10)
Módulo de um vetor
Seja 𝑣 = 𝑥, 𝑦 um vetor qualquer, analisando a figura abaixo, pelo Teorema de
Pitágoras, temos:
𝑣 = 𝑥2 + 𝑦2
Exemplo
Se 𝑣 = −3, 4 , então
𝑣 = −3 2 + 42 = 9 + 16 = 5
Observação:
Para um vetor AB limitado por A 𝑥1, 𝑦1 e B 𝑥2, 𝑦2 , sabemos que as componentes
do vetor posição de AB é dado por OP = 𝑥2 − 𝑥1, 𝑦2 − 𝑦1 , logo o módulo de AB é:
AB = 𝑥2 − 𝑥1 2 + 𝑦2 − 𝑦1 2
16
Exercícios
12. Dados os pontos A(−3, 2) e B(5,−2), determinar os pontos M e N pertencentes ao
segmento AB tais que AM =1
2AB e AN =
2
3AB . Representar graficamente, indicando
os pontos A, B, M, N e P, onde AP =3
2AB .
13. Sendo A(−2, 3) e B(6,−3) extremidades de um seguimento, determine:
a) os pontos C, D e E que dividem o seguimento AB em quatro partes de mesmo
comprimento;
b) os pontos F e G que dividem o seguimento AB em três partes de mesmo
comprimento.
14. Dado o vetor 𝑣 = 1, −3 , determinar o vetor paralelo a 𝑣 que tenha:
a) Sentido contrario ao de 𝑣 e duas vezes o módulo de 𝑣 ;
b) O mesmo sentido de 𝑣 e módulo 2;
c) Sentido contrário ao de 𝑣 e módulo 4.
15. Calcular os valores de 𝑎 para que 𝑣 = (𝑎, −2) tenha módulo 4.
16. Calcular os valores de 𝑎 para que 𝑣 = (𝑎,1
2) seja unitário.
17. Provar que os pontos A(−2, −1), B(2, 2), C(−1, 6) e D(−5, 3), nessa ordem, são
vértices de um quadrado.
17
1.4.) O Tratamento Algébrico no Espaço
Espaço cartesiano ℝ𝟑
É o conjunto de todos os pontos do espaço determinado por três eixos 𝑥, 𝑦 e 𝑧
perpendiculares em O. A cada ponto P no espaço é associado uma tripla ordenada
(𝑥P , 𝑦P , 𝑧P).
As coordenadas 𝑥P , 𝑦P e 𝑧P são chamadas abscissa, ordenada e cota do ponto P,
respectivamente.
Podemos expressar o espaço em coordenadas cartesianas como
ℝ3 = ℝ × ℝ × ℝ = 𝑥, 𝑦, 𝑧 𝑥 ∈ ℝ, 𝑦 ∈ ℝ e 𝑧 ∈ ℝ
18
Os eixos coordenados 𝑥, 𝑦 e 𝑧 tomados dois a dois determinam um plano
perpendicular ao terceiro eixo, ou seja, temos três desses planos e os chamamos de planos
coordenados e podemos representá-los como plano 𝑥𝑦, 𝑥𝑧 e 𝑦𝑧. Cada região do espaço
delimitada pelos três planos coordenados é chamada de octante.
Exercício
18. Represente geometricamente no ℝ3 os seguintes pontos:
a) A(2, 3, 5) b) B(4, −3, 4) c) C(−3, 4, 3) d) D(−2, −2, −2)
Vetores no espaço
No estudo de vetores no plano, vimos que um vetor 𝑣 qualquer pode ser escrito
como combinação linear dos versores 𝑖 e 𝑗 na forma 𝑣 = 𝑎1𝑖 + 𝑎2𝑗 . Por convenção,
chamamos de 𝑘 o versor do eixo 𝑧. Observe:
19
Analogamente ao estudo de vetores no plano, o conjunto de versores B = {𝑖 , 𝑗 , 𝑘 }
constituirá a base canônica do ℝ3. E assim como no plano, um ponto P(𝑥, 𝑦) qualquer
corresponde ao vetor OP = 𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 , a cada ponto P(𝑥, 𝑦, 𝑧) do espaço irá corresponder o
vetor OP = 𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑧𝑘 . Observe:
Exemplo
Vamos representar o vetor 𝑣 = 2𝑖 + 4𝑗 + 3𝑘 ou simplesmente 𝑣 = (2, 4, 3):
20
Exercício
19. Represente graficamente no ℝ3 os vetores:
a) 𝑢 = (3, 3, 5) b) 𝑣 = (−3, 5, −4) c) 𝑤 = (−2, −4, 5) d) 𝑡 = (0, 3, −10)
Igualdade, operações, vetor posição, paralelismo, ponto médio e módulo no ℝ𝟑
O tratamento de vetores no ℝ3 é feito do modo análogo ao feito no ℝ2.
i) Dois vetores 𝑢 (𝑥1, 𝑦1 , 𝑧1) e 𝑣 (𝑥2, 𝑦2 , 𝑧2) são iguais se, e somente se,
𝑥1 = 𝑥2, 𝑦1 = 𝑦2 e 𝑧1 = 𝑧2.
ii) Dados os vetores 𝑢 (𝑥1, 𝑦1 , 𝑧1) e 𝑣 𝑥2, 𝑦2 , 𝑧2 , define-se:
𝑢 + 𝑣 = (𝑥1 + 𝑥2, 𝑦1 + 𝑦2 , 𝑧1 + 𝑧2) e 𝛼𝑢 = (𝛼𝑥1, 𝛼𝑦1 , 𝛼𝑧1).
iii) Sendo A(𝑥1, 𝑦1 , 𝑧1) e B(𝑥2, 𝑦2 , 𝑧2) dois pontos quaisquer do espaço, então:
AB = (𝑥2 − 𝑥1, 𝑦2 − 𝑦1 , 𝑧2 − 𝑧1).
iv) Sendo os vetores 𝑢 (𝑥1, 𝑦1 , 𝑧1) e 𝑣 𝑥2, 𝑦2 , 𝑧2 paralelos, então:
𝑢 = 𝛼𝑣 ou 𝑥1
𝑥2=
𝑦1
𝑦2=
𝑧1
𝑧2 .
v) Sendo A(𝑥1, 𝑦1 , 𝑧1) e B(𝑥2, 𝑦2 , 𝑧2) os pontos extremos de um segmento, o ponto
médio M do segmento AB é dado por:
M 𝑥1 + 𝑥2
2,𝑦1 + 𝑦2
2,𝑧1 + 𝑧2
2 .
vi) O módulo do vetor 𝑣 (𝑥, 𝑦, 𝑧) é dado por:
𝑣 = 𝑥2 + 𝑦2 + 𝑧2 .
Exemplos
I. Dados os pontos A 1, 2, 3 e B 2, 1, 0 e os vetores 𝑢 −1, −2, 0 , 𝑣 0, 1, −1 e
𝑤 −5, −3, 5 , verificar se existem os números 𝛼, 𝛽 e 𝛾 tais que 𝑤 = 𝛼𝑢 + 𝛽𝑣 − 𝛾AB .
Solução:
Substituindo na igualdade os valores dados, temos
−5, −3, 5 = 𝛼 −1, −2, 0 + 𝛽 0, 1, −1 − 𝛾 2 − 1, 1 − 2, 0 − 3
Aplicando a multiplicação por um escalar, vem
−5, −3, 5 = −𝛼, −2𝛼, 0 + 0, 𝛽, −𝛽 − 𝛾 1, −1, −3
e
21
−5, −3, 5 = −𝛼, −2𝛼, 0 + 0, 𝛽, −𝛽 + −γ, γ, 3γ
Somando os vetores à direita, resulta
−5, −3, 5 = −𝛼 − 𝛾, −2𝛼 + 𝛽 + 𝛾, −𝛽 + 3𝛾
Pela igualdade de vetores, obtemos o seguinte sistema
−𝛼 − 𝛾 = −5−2𝛼 + 𝛽 + 𝛾 = −3
−𝛽 + 3𝛾 = 5
que tem como solução 𝛼 = 3, 𝛽 = 1 e 𝛾 = 2.
Assim:
𝑤 = 3𝑢 + 𝑣 − 2AB
II. Sabendo que o ponto P −3, 𝑎, 𝑏 pertence à reta que passa pelos pontos A −2, 4, 5
e B −1, 3, 1 , determine 𝑎 e 𝑏.
Solução:
Como A, B e P são colineares (observe a figura abaixo), qualquer dupla de vetores
com extremidades nesses três pontos, serão paralelos.
Tomemos, por exemplo, a condição AB ∥ BP , ou seja
1, −1, −4 ∥ −2, 𝑎 − 3, 𝑏 − 1
e, pela condição de paralelismo, vem 1
−2=
−1
𝑎 − 3=
−4
𝑏 − 1
ou
𝑎 − 3 = 2𝑏 − 1 = 8
sistema com solução 𝑎 = 5 e 𝑏 = 9.
III. Do exemplo anterior, verificar se o ponto A é ponto médio de PB .
Solução:
Basta que a seguinte igualdade seja verdadeira:
A −2, 4, 5 = 𝑥P + 𝑥B
2,𝑦P + 𝑦B
2,𝑧P + 𝑧B
2
Substituindo os respectivos valores, vem
−2, 4, 5 = −3 − 1
2,5 + 3
2,9 + 1
2
ou
−2, 4, 5 = −2, 4, 5
Logo, A é ponto médio de PB .
22
IV. Seja o triângulo de vértices A 0, 4, 1 , B 0, 0, 4 e C 4, 4, 1 . Determinar o
comprimento da mediana do triângulo referente ao lado AB .
Solução:
O comprimento da mediana em questão é dado pelo módulo do vetor CM , onde M é
o ponto médio de AB .
Logo
M 0 + 0
2,4 + 0
2,1 + 4
2 ou M 0, 2,
5
2
e
CM = (−4, −2,3
2)
por conseguinte
CM = −4 2 + −2 2 + 3
2
2
⇒ CM = 89
2
Exercícios
20. Se OP = 2𝑖 − 4𝑗 + 5𝑘 e OQ = 7𝑖 + 𝑗 − 3𝑘 , quais são as coordenadas do vetor PQ ?
Dê a interpretação geométrica do problema.
21. Dados os vetores 𝑢 = (3, 2, 1), 𝑣 = (−4, −3, 1) e 𝑤 = (2, 1, 1), determine os
escalares 𝛼, 𝛽 e 𝛾, tais que 𝛼𝑢 + 𝛽𝑣 + 𝛾𝑤 = (0, 0, 0).
22. Dados os pontos A(2, −2, 3) e B(1, 1, 5) e o vetor 𝑣 = 𝑥 + 3𝑦 − 4𝑧 , determine
𝑤 = (𝑎, 𝑏, 𝑐), de modo que: AB − 𝑤 = 2𝑣 .
23. Sabendo que o ponto P(𝑎, 4, 𝑏) pertence à reta que passa pelos pontos A(−1, −2, 3)
e B(2, 1, −5), calcule 𝑎 e 𝑏.
23
24. Do exercício anterior, verificar se B é ponto médio do segmento AP .
25. A reta que passa pelos pontos A(1, 3, 0) e B(−2, 5, 1) é paralela à reta que passa por
C(3, −1, −1) e D(0, 𝑎, 𝑏). Determinar o ponto D.
26. Determinar o valor de 𝑦 para que seja equilátero o triângulo de vértices A(4, 𝑦, 4),
B(10,𝑦, −2) e C(2, 0, −4).
27. Obter o ponto P sobre o eixo das abscissas equidistante dos pontos A(3, −1, 4) e
B 1, −2, −3 .
28. Dados os pontos A(3, 𝑚 − 1, −4) e B(8, 2𝑚 − 1, 𝑚) determine 𝑚 de modo que
AB = 35.
24
2) Produtos com Vetores
2.1.) Produto Escalar
Chama-se produto escalar de dois vetores 𝑢 e 𝑣 , e denota-se 𝑢 ⋅ 𝑣 , o número real, tal
que:
𝑢 ⋅ 𝑣 = 𝑢 ⋅ 𝑣 ⋅ cos 𝜃
Onde 0° ≤ 𝜃 ≤ 180° é a medida do ângulo formado entre os vetores 𝑢 e 𝑣 .
Observação:
O produto escalar também pode ser indicado por < 𝑢 , 𝑣 > e se lê “𝑢 escalar 𝑣 ”.
Definição Algébrica
Sejam os vetores 𝑢 = 𝑥1𝑖 + 𝑦1𝑗 + 𝑧1𝑘 e 𝑣 = 𝑥2𝑖 + 𝑦2𝑗 + 𝑧2𝑘 , podemos definir:
𝑢 ⋅ 𝑣 = 𝑥1 ⋅ 𝑥2 + 𝑦1 ⋅ 𝑦2 + 𝑧1 ⋅ 𝑧2
Verificamos a última equação aplicando a lei dos cossenos no triângulo POQ abaixo:
𝑢 − 𝑣 2 = 𝑢 2 + 𝑣 2 − 2 𝑢 𝑣 cos 𝜃 (i)
Sendo 𝑢 = 𝑥1𝑖 + 𝑦1𝑗 + 𝑧1𝑘 e 𝑣 = 𝑥2𝑖 + 𝑦2𝑗 + 𝑧2𝑘 e pelo módulo de um vetor,
podemos escrever:
𝑢 − 𝑣 2 = 𝑥1 − 𝑥2 2 + 𝑦1 − 𝑦2
2 + 𝑧1 − 𝑧2 2
= 𝑥12 + 𝑦1
2 + 𝑧12 + 𝑥2
2 + 𝑦22 + 𝑧2
2 − 2 𝑥1 ⋅ 𝑥2 + 𝑦1 ⋅ 𝑦2 + 𝑧1 ⋅ 𝑧2
= 𝑢 2 + 𝑣 2 − 2 𝑥1 ⋅ 𝑥2 + 𝑦1 ⋅ 𝑦2 + 𝑧1 ⋅ 𝑧2 (ii)
Substituindo (ii) em (i) e simplificando, obtemos
𝑥1 ⋅ 𝑥2 + 𝑦1 ⋅ 𝑦2 + 𝑧1 ⋅ 𝑧2 = 𝑢 ⋅ 𝑣 ⋅ cos 𝜃
25
Exemplos
I. Dados 𝑢 = 3𝑖 − 2𝑗 + 6𝑘 e 𝑣 = 4𝑖 − 𝑗 − 2𝑘 , calcular o produto escalar 𝑢 ⋅ 𝑣 .
Solução:
𝑢 ⋅ 𝑣 = 3 ⋅ 4 − 2 ⋅ −1 + 6 ⋅ −2 ⇒ 𝑢 ⋅ 𝑣 = 2
II. Do exemplo anterior, determine o ângulo 𝜃 entre os vetores 𝑢 e 𝑣 .
Solução:
Como 𝑢 ⋅ 𝑣 = 2 e 𝑢 ⋅ 𝑣 = 𝑢 ⋅ 𝑣 ⋅ cos 𝜃, basta sabermos o valor de 𝑢 e 𝑣 .
Ora,
𝑢 = 32 + −2 2 + 62 = 7 e 𝑣 = 42 + −1 2 + −2 2 = 21
sendo assim,
2 = 7 ⋅ 21 ⋅ cos 𝜃 ⇒ cos 𝜃 =2
7 21
logo
𝜃 = arc cos2
7 21 .
III. Seja o triângulo de vértices A(−1, −2, 4), B(−4, −2, 0) e C(3, −2, 1). Determine o
ângulo interno ao vértice B.
Solução:
O ângulo solicitado corresponde ao ângulo formado por BA e BC , logo
BA = 3𝑖 + 0𝑗 + 4𝑘 e BC = 7𝑖 + 0𝑗 + 𝑘
por conseguinte
BA ⋅ BC = 3 ⋅ 7 + 0 ⋅ 0 + 4 ⋅ 1 = 25
e
BA = 32 + 02 + 42 = 5 e BC = 72 + 02 + 12 = 5 2
logo
cos 𝜃 =BA ⋅ BC
BA ⋅ BC ⇒ cos 𝜃 =
25
5 ⋅ 5 2⇒ cos 𝜃 =
2
2
portanto
𝜃 = 45°
26
IV. Sendo 𝑢 = 𝑥 − 2𝑦 + 3𝑧 e 𝑣 = 4𝑥 + 5𝑦 + 𝛼𝑧 , determine 𝛼 de modo que 𝑢 e 𝑣
sejam ortogonais.
Solução:
Se 𝑢 e 𝑣 são ortogonais, logo 𝑢 ⋅ 𝑣 = 0, pois cos 90° = 0 e já que ambos são ≠ 0 .
Logo:
𝑢 ⋅ 𝑣 = 1 ⋅ 4 − 2 ⋅ 5 + 3 ⋅ α
0 = 1 ⋅ 4 − 2 ⋅ 5 + 3 ⋅ α
α = 2
Exemplo prático
Em Física, quando há a transferência de energia cinética de um corpo em movimento
através da aplicação de uma força, dizemos que houve a realização de um trabalho (W).
Talvez o leitor se lembre da expressão usada para calcular W:
𝑊 = F ⋅ 𝑑 ⋅ cos 𝜙
Esta expressão é obtida através de processos relativamente simples envolvendo
conceitos da Mecânica Clássica, mas o que nos interessa é a operação que abrange o
produto entre o módulo de dois vetores e o cosseno do ângulo entre eles. Perceba que essa
operação representa o produto escalar entre os vetores F e 𝑑 .
Propriedades do Produto Escalar
Para quaisquer vetores 𝑢 , 𝑣 e 𝑤 e todo 𝛼 ∈ ℝ, verifica-se que:
i) 𝑢 ⋅ 𝑣 = 𝑣 ⋅ 𝑢
ii) 𝑢 ⋅ 𝑣 + 𝑤 = 𝑢 ⋅ 𝑣 + 𝑢 ⋅ 𝑤 e, a fortiori, 𝑢 + 𝑣 ⋅ 𝑤 = 𝑢 ⋅ 𝑤 + 𝑣 ⋅ 𝑤
iii) 𝛼 𝑢 ⋅ 𝑣 = 𝛼𝑢 ⋅ 𝑣 = 𝑢 ⋅ 𝛼𝑣
iv) 𝑢 ⋅ 𝑢 > 0 se 𝑢 ≠ 0 e 𝑢 ⋅ 𝑢 = 0 se 𝑢 = 0
v) 𝑢 ⋅ 𝑢 = 𝑢 2
27
Exercícios
29. Os lados de um triângulo retângulo ABC (reto em A) medem 5, 12 e 13. Calcular
AB ⋅ AC + BA ⋅ BC + CA ⋅ CB .
30. Os pontos A, B e C são vértices de um triângulo equilátero cujo lado mede 10 cm.
Calcular o produto escalar dos vetores AB e AC .
31. Sendo 𝑢 = (2, 1, −1) e 𝑣 = (1, −1, −2), determine o ângulo entre 𝑢 e 𝑣 .
32. Calcular 𝑛 para que seja de 30° o ângulo entre 𝑢 = (1, 𝑛, 2) e 𝑗 .
33. Prove que os pontos A(5, 1, 5), B(4, 3, 2) e C(−3, −2, 1) são vértices de um triângulo
retângulo.
34. Na figura abaixo, determine o trabalho realizado pela força F = 10 N para deslocar
o bloco “x” do ponto A ao ponto B, sendo AB = 20 m.
35. Dados os pontos A(4, 0, −1) e B(2, −2, 1) e os vetores 𝑢 = (2, 1, 1) e 𝑣 =
(−1, −2, 3), obter o vetor 𝑥 tal que 3𝑥 + 2𝑣 = 𝑥 + (AB ⋅ 𝑢 ) ⋅ 𝑣 .
36. Mostrar que se 𝑢 e 𝑣 são vetores, tal que 𝑢 + 𝑣 é ortogonal a 𝑢 − 𝑣 , então 𝑢 = 𝑣 .
37. Mostrar que se 𝑢 é ortogonal a 𝑣 e 𝑤 , 𝑢 é também ortogonal a 𝑣 + 𝑤 .
28
Ângulos Diretores e Cossenos Diretores de um Vetor
Para um vetor 𝑣 = 𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑧𝑘 , chamam-se ângulos diretores de 𝑣 os ângulos 𝛼, 𝛽
e 𝛾 que 𝑣 forma com os vetores 𝑖 , 𝑗 e 𝑘 , respectivamente.
E cossenos diretores de 𝑣 são os cossenos de seus ângulos diretores, ou seja, cos 𝛼,
cos 𝛽 e cos 𝛾.
Para o cálculo desses valores utilizaremos o produto escalar: 𝑢 ⋅ 𝑣 = 𝑢 ⋅ 𝑣 ⋅ cos 𝜃,
explicitando cos 𝜃, tem-se:
cos 𝜃 =𝑢 ⋅ 𝑣
𝑢 ⋅ 𝑣
Sendo assim, para um vetor 𝑣 , temos
cos 𝛼 =𝑣 ⋅ 𝑖
𝑣 ⋅ 𝑖 =
𝑥, 𝑦, 𝑧 ⋅ (1, 0, 0)
𝑣 ⋅ 1=
𝑥
𝑣
cos 𝛽 =𝑣 ⋅ 𝑗
𝑣 ⋅ 𝑗 =
𝑥, 𝑦, 𝑧 ⋅ (0, 1, 0)
𝑣 ⋅ 1=
𝑦
𝑣
cos 𝛾 =𝑣 ⋅ 𝑘
𝑣 ⋅ 𝑘 =
𝑥, 𝑦, 𝑧 ⋅ (0, 0, 1)
𝑣 ⋅ 1=
𝑧
𝑣
Exemplos
I. Calcule os ângulos diretores do vetor 𝑣 = (1, 0, −1).
Solução:
Precisamos apenas de 𝑣 = 12 + 02 + −1 2 = 2, pois
cos 𝛼 =𝑥
𝑣 ⇒
1
2=
2
2∴ 𝛼 = 45°
cos 𝛽 =𝑦
𝑣 ⇒
0
2= 0 ∴ 𝛽 = 90°
cos 𝛾 =𝑧
𝑣 ⇒
−1
2= −
2
2∴ 𝛾 = 135°
29
II. Se os ângulos diretores de um vetor são 𝛼, 45° e 60°, determine 𝛼.
Solução:
As coordenadas do versor de um vetor 𝑣 podem ser dadas por:
𝑣
𝑣 =
(𝑥, 𝑦, 𝑧)
𝑣 =
𝑥
𝑣 ,𝑦
𝑣 ,
𝑧
𝑣
ou seja, pelos cossenos diretores, já que
𝑥
𝑣 ,
𝑦
𝑣 ,
𝑧
𝑣 = (cos 𝛼 , cos 𝛽 , cos 𝛾)
daí como o versor é unitário, concluímos que
cos2 𝛼 + cos2 𝛽 + cos2 𝛾 = 1
usando esta ultima equação, temos
cos2 𝛼 + cos2 45° + cos2 60 = 1 ⇒ cos 𝛼 = ±1
2
assim, 𝛼 = 60° ou 𝛼 = 120°
III. Um vetor 𝑣 forma com os vetores 𝑖 e 𝑗 os ângulos de 60° e 120°, respectivamente.
Determinar o vetor 𝑣 , sabendo que 𝑣 = 2.
Solução:
Neste caso, 𝛼 = 60° e 𝛽 = 120°, logo
cos 𝛼 =𝑥
𝑣 ⇒
1
2=
𝑥
2⇒ 𝑥 = 1
e
cos 𝛽 =𝑦
𝑣 ⇒ −
1
2=
𝑦
2⇒ 𝑦 = −1
Sabemos ainda que
𝑣 = 𝑥2 + 𝑦2 + 𝑧2
por conseguinte,
2 = 12 + −1 2 + 𝑧2
assim,
𝑧 = ± 2
Por fim,
𝑣 = (1, −1, 2) ou 𝑣 = (1, −1, − 2)
30
Projeção de um vetor sobre outro
Sejam 𝑢 e 𝑣 vetores quaisquer e AB a medida da projeção ortogonal do vetor 𝑣
sobre a direção do vetor 𝑢 . Observe as duas situações possíveis, sendo 𝜃 agudo ou obtuso:
Nos dois casos acima, o vetor AB é chamado de projeção ortogonal de 𝑣 sobre 𝑢 e
indicamos por:
AB = proju 𝑣
onde
proju 𝑣 =𝑢 ⋅ 𝑣
𝑢 2⋅ 𝑢
Vamos verificar esta ultima igualdade para o caso em que 𝜃 é agudo, observe:
Do triângulo retângulo ABP (ao lado), vem:
AB = 𝑣 ⋅ cos 𝜃 (i)
e, sabemos que
𝑢 ⋅ 𝑣 = 𝑢 ⋅ 𝑣 ⋅ cos 𝜃 (ii)
associando (i) e (ii), temos
AB =𝑢 ⋅ 𝑣
𝑢 (iii)
Ora, como AB ∥ 𝑢 , logo
AB = α ⋅ 𝑢 , α ∈ ℝ+ (iv)
assim,
AB = α ⋅ 𝑢
α = AB
𝑢 (v)
Associando (v) com (iii), vem
α =𝑢 ⋅ 𝑣
𝑢 2 (vi)
Por fim, substituindo (vi) em (iv), temos
AB =𝑢 ⋅ 𝑣
𝑢 2⋅ 𝑢 ou proju 𝑣 =
𝑢 ⋅ 𝑣
𝑢 2⋅ 𝑢
31
Exemplos
I. Determinar o vetor projeção de 𝑣 = (3, 4, 5) sobre 𝑢 = (−1, 1, 0).
Solução:
Usando a relação
proju 𝑣 =𝑢 ⋅ 𝑣
𝑢 2⋅ 𝑢
temos
proju 𝑣 = 3, 4, 5 ⋅ −1, 1, 0
−1, 1, 0 ⋅ −1, 1, 0 ⋅ −1, 1, 0
= −3 + 4 + 0
1 + 1 + 0 ⋅ −1, 1, 0
=1
2⋅ −1, 1, 0
= −1
2,1
2, 0
II. Prove a seguinte relação
proju 𝑣 = 𝑣 ⋅ 𝑢
𝑢
Solução:
Uma vez que
proju 𝑣 = α ⋅ 𝑢
e, da equação (vi) da página anterior, vem
α = 𝑣 ⋅ 𝑢
𝑢 2
logo
proju 𝑣 = 𝑣 ⋅ 𝑢
𝑢
III. Determine o módulo da projeção de 𝑢 = (5, −4, −3) sobre 𝑣 = (0, −4, −3).
Solução:
Usando a relação do exemplo anterior, temos
proju 𝑣 = 𝑣 ⋅ 𝑢
𝑢
= 5, −4, −3 ⋅ 0, −4, −3
02 + −4 2 + −3 2
=25
5= 5
32
Exercícios
38. Dados os pontos A(2, 2, −3) e B(3, 1, −3), calcular os ângulos diretores do vetor AB .
39. Os ângulos diretores de um vetor são 30°, 𝛽 e 60°. Determinar 𝛽.
40. Determinar o vetor 𝑣 , sabendo que 𝑣 = 5, 𝑣 é ortogonal ao eixo O𝑧, 𝑣 ⋅ 𝑤 = 6 e
𝑤 = 2𝑦 + 3𝑧 .
41. Sabe-se que 𝑣 = 2, cos 𝛼 = 1/2 e cos 𝛽 = −1/4. Determinar 𝑣 .
42. Determinar o vetor projeção do vetor 𝑢 = (1, 2, −3) na direção de 𝑣 = (2, 1, −2).
43. Qual o comprimento do vetor projeção de 𝑢 = (3, 5, 2) sobre o eixo das abscissas?
33
2.2.) Produto Vetorial
Nesta secção daremos lugar ao um novo (e importante) tipo de produto com vetores.
Diferentemente do produto escalar que tem como resultado um número real, este novo
produto resultará em um vetor, daí o nome produto vetorial.
Triedro positivo
Imagine um observador postado sobre um vetor 𝑤 e de frente para os vetores 𝑢 e 𝑣 ,
de forma que 𝑢 esteja à sua direita e 𝑣 à sua esquerda.
Satisfeitas estas condições, dizemos que 𝑢 , 𝑣 e 𝑤 , nesta ordem, formam um triedro
positivo. Esta convenção é comumente expressa pela regra da mão direita:
onde o dedo indicador, o médio e o polegar, nesta ordem, representam as direções
de 𝑢 , 𝑣 e 𝑤 , respectivamente.
Definição de produto vetorial
O produto vetorial de dois vetores 𝑢 e 𝑣 não paralelos entre si, indicado por 𝑢 × 𝑣 , é
um terceiro vetor que satisfaz as seguintes características:
i) 𝑢 × 𝑣 é perpendicular ao plano gerado por 𝑢 e 𝑣 .
ii) 𝑢 , 𝑣 e 𝑢 × 𝑣 , nesta ordem formam um triedro positivo.
iii) 𝑢 × 𝑣 = 𝑢 ⋅ 𝑣 ⋅ sen 𝜃.
34
O produto vetorial de dois vetores 𝑢 = 𝑥1𝑖 + 𝑦1𝑗 + 𝑧1𝑘 e 𝑣 = 𝑥2𝑖 + 𝑦2𝑗 + 𝑧2𝑘 ,
nesta ordem, que satisfaz as três características enunciadas anteriormente é definido por:
𝑢 × 𝑣 = 𝑦1 𝑧1
𝑦2 𝑧2 𝑖 −
𝑥1 𝑧1
𝑥2 𝑧2 𝑗 +
𝑥1 𝑦1
𝑥2 𝑦2 𝑘
Segundo o Teorema de Laplace para determinantes, sugere que a expressão anterior
poderia ser escrita como:
𝑢 × 𝑣 = 𝑖 𝑗 𝑘
𝑥1 𝑦1 𝑧1
𝑥2 𝑦2 𝑧2
No entanto, esta ultima não representa de fato um determinante, pois além de
escalares, contém também vetores. De todo modo, usaremos esta notação devido à
facilidade de memorização.
Observação:
O produto vetorial também pode ser indicado por 𝑢 ∧ 𝑣 e se lê “𝑢 vetorial 𝑣 ”.
Exemplos
I. Calcular 𝑢 × 𝑣 para 𝑢 = 𝑖 + 2𝑗 − 𝑘 e 𝑣 = 5𝑖 + 4𝑘 .
Solução:
𝑢 × 𝑣 = 𝑖 𝑗 𝑘
1 2 −15 0 4
= 2 −10 4
𝑖 − 1 −15 4
𝑗 + 1 25 0
𝑘
= 8 − 0 𝑖 − 4 + 5 𝑗 + (0 − 10)𝑘
= 8𝑖 − 9𝑗 − 10𝑘
II. Sabendo que 𝑢 = 3, 𝑣 = 2 e 45° é o ângulo entre 𝑢 e 𝑣 , calcular 𝑢 × 𝑣 .
Solução:
Usando a ralação característica:
𝑢 × 𝑣 = 𝑢 ⋅ 𝑣 ⋅ sen 𝜃
é simples ver que
𝑢 × 𝑣 = 3 ⋅ 2 ⋅ sen 45°
= 3 ⋅ 2 ⋅ 2
2
= 3
35
Exemplo prático
No estudo do eletromagnetismo, quando uma partícula de carga 𝑞 e velocidade 𝑣 é
posta sob a ação de campo magnético B , verifica-se experimentalmente que a força F B
exercida pelo campo sobre a partícula é perpendicular a B e 𝑣 :
Verifica-se ainda, que esta força é proporcional ao seno o ângulo “𝜙” entre B e 𝑣 e,
proporcional à carga 𝑞. Deste modo, pôde-se concluir o seguinte produto vetorial:
F B = 𝑞𝑣 × B e que F B = 𝑞𝑣 ⋅ B ⋅ sen 𝜙
Propriedades importantes
O produto vetorial possui certas propriedades que podem ser verificadas através das
propriedades dos determinantes, por ora eles parecerão plausíveis ao nosso estudo.
Sendo 𝑢 e 𝑣 vetores quaisquer e 𝜆 ∈ ℝ, temos:
i) 𝑢 × 𝑢 = 0, já que neste caso sen 𝜃 = 0.
ii) 𝑢 × 𝑣 = −𝑣 × 𝑢 , observe a figura abaixo:
perceba que 𝑣 , 𝑢 e −𝑣 × 𝑢 , nesta ordem, formam um triedro positivo.
iii) 𝜆 𝑢 × 𝑣 = 𝜆𝑢 × 𝑣 = 𝑢 × 𝜆𝑣 .
iv) 𝑢 × 𝑣 + 𝑤 = 𝑢 × 𝑣 + 𝑢 × 𝑤
v) 𝑢 × 𝑣 = 0 se 𝑢 ou 𝑣 for igual a 0 , ou se 𝑢 e 𝑣 forem colineares.
36
Produto vetorial dos versores 𝒊 , 𝒋 e 𝒌
Em particular 𝑖 , 𝑗 e 𝑘 formam, nesta ordem, um triedro positivo.
Na prática, podemos imaginar uma relação cíclica em
que o produto vetorial de dois destes vetores gera o
terceiro no sentido anti-horário.
Pelas propriedades da página anterior, se deduz as
seguintes combinações e seus resultados:
× 𝑖 𝑗 𝑘
𝑖 0 𝑘 −𝑗
𝑗 −𝑘 0 𝑖
𝑘 𝑗 −𝑖 0
Área de um paralelogramo e de um triângulo
Seja um paralelogramo ABCD sobre AB e AD e ℎ a sua altura, observe:
Da geometria plana, temos
S = AB ⋅ ℎ
mas veja que ℎ = AD ⋅ sen 𝜃
Logo:
S = AB ⋅ AD ⋅ sen 𝜃
ou
S = AB × AD
Sendo um triângulo a “metade” de um paralelogramo, temos:
S∆ =1
2 AB × AD
37
Exemplos
I. Calcule a área do paralelogramo definido pelos vetores 𝑢 = (3, 0, 4) e 𝑣 = (7, 0, 1).
Solução:
Sendo S a área do paralelogramo, usemos
S = 𝑢 × 𝑣 = 𝑢 ⋅ 𝑣 ⋅ sen θ
onde
𝑢 = 32 + 02 + 42 = 5 e 𝑣 = 72 + 02 + 12 = 5 2
e
cos 𝜃 =𝑢 ⋅ 𝑣
𝑢 ⋅ 𝑣 =
3 ⋅ 7 + 0 ⋅ 0 + 4 ⋅ 1
5 ⋅ 5 2=
2
2∴ 𝜃 = 45°
Logo
S = 𝑢 × 𝑣 = 5 ⋅ 5 2 ⋅ 2
2
S = 25 u. a.
II. Calcule a área do triângulo de vértices A(1, 0,1), B(4, 2, 1) e C(1, 2, 0).
Solução:
É uma aplicação direta de
S∆ =1
2 AB × AC
em que
AB = (3, 2, 0) e AC = (0, 2, −1)
assim
AB × AD = 2 02 −1
𝑖 − 3 00 −1
𝑗 + 3 20 2
𝑘 = −2𝑖 + 3𝑗 + 6𝑘
por conseguinte
AB × AD = −2 2 + 32 + 62 = 7
logo
S∆ =1
2 7
S∆ =7
2 u. a.
Observação:
Perceba nos exemplos acima que foi calculado o módulo de um produto vetorial
através pela relação 𝑢 × 𝑣 = 𝑢 ⋅ 𝑣 ⋅ sen θ e, também usando o módulo de um
vetor: 𝑥2 + 𝑦2 + 𝑧2, tendo é claro, determinado as coordenadas de 𝑢 × 𝑣 .
38
Exercícios
44. Dados os vetores 𝑢 = 2𝑖 − 𝑗 + 𝑘 , 𝑣 = 𝑖 − 𝑗 e 𝑤 = −𝑖 + 2𝑗 + 2𝑘 , determine:
a) 𝑢 × 𝑢 b) 𝑤 × 𝑣
c) 𝑣 × 𝑤 − 𝑢 d) 2𝑢 × 3𝑣
e) (𝑢 + 𝑣 ) ⋅ 𝑢 × 𝑤
45. Dados os pontos A(2, −1, 2), B(1, 2, −1) e C(3, 2, 1), determine o ponto D tal que
AD = BC × AC .
46. Um próton passa por um ponto P de um campo magnético B com uma velocidade de
𝑣 = 2,0 ⋅ 106𝑚/𝑠. A direção de B neste ponto é perpendicular à trajetória do próton
e a força que atua no mesmo é de 𝐹 = 4,8 ⋅ 10−15N. Determine o módulo de B .
47. Calcular a área do paralelogramo determinado pelos vetores AB e AD , sendo
A(1, −2, 3), B(4, 3, −1) e C(5, 7, −3).
48. Calcule a área do triângulo de vértices A(0, 0, 2), B(3,−2, 8) e C(−3, −5, −10).
39
2.3.) Produto Misto
Volume de um paralelepípedo
Introduziremos esta secção com o problema de definir o volume de um paralelepípedo
em função dos vetores 𝑢 , 𝑣 e 𝑤 , onde os mesmos representam as arestas do sólido.
Seja o paralelepípedo abaixo, onde ℎ é sua altura, S a superfície da base e V o volume:
Sabemos da geometria espacial que
V = S ⋅ ℎ
No entanto, vimos que
S = 𝑢 × 𝑣
E do triângulo retângulo AE’E, temos
ℎ = 𝑤 ⋅ cos 𝜃
Logo podemos escrever
V = 𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤 ⋅ cos 𝜃
Como 𝜃 é a medida do ângulo formado pelos vetores 𝑢 × 𝑣 e 𝑤 , a ultima expressão
representa o produto escalar dos mesmos, logo:
V = 𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤
Definição de produto misto
O produto misto dos vetores 𝑢 , 𝑣 e 𝑤 , nessa ordem, é o número real, indicado por
𝑢 , 𝑣 , 𝑤 tal que:
𝑢 , 𝑣 , 𝑤 = 𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤
Observação:
Não há necessidade do uso de parênteses na notação acima, pois não faz sentido
interpretar como: o produto vetorial do vetor 𝑢 pelo escalar 𝑣 ⋅ 𝑤 , além disso, “𝑢 × 𝑣 ”
indica apenas um único vetor.
40
Expressão cartesiana do produto misto
Seja 𝑢 = 𝑥1𝑖 + 𝑦1𝑗 + 𝑧1𝑘 , 𝑣 = 𝑥2𝑖 + 𝑦2𝑗 + 𝑧2𝑘 e 𝑤 = 𝑥3𝑖 + 𝑦3𝑗 + 𝑧3𝑘 ,
A partir de que
𝑢 × 𝑣 = 𝑖 𝑗 𝑘
𝑥1 𝑦1 𝑧1
𝑥2 𝑦2 𝑧2
= 𝑦1 𝑧1
𝑦2 𝑧2 𝑖 −
𝑥1 𝑧1
𝑥2 𝑧2 𝑗 +
𝑥1 𝑦1
𝑥2 𝑦2 𝑘
temos
𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤 = 𝑦1 𝑧1
𝑦2 𝑧2 𝑥3 −
𝑥1 𝑧1
𝑥2 𝑧2 𝑦3 +
𝑥1 𝑦1
𝑥2 𝑦2 𝑧3
por conseguinte
𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤 =
𝑥1 𝑦1 𝑧1
𝑥2 𝑦2 𝑧2
𝑥3 𝑦3 𝑧3
Exemplos
I. Calcular o produto misto dos vetores 𝑢 = (2, 3, 5), 𝑣 = −1, 3, 3 e 𝑤 = (4, −3, 2).
Solução:
E para quem não se lembra da regra de Sarrus, façamos “detalhadamente”
𝑢 , 𝑣 , 𝑤 = 2 3 5
−1 3 34 −3 2
= 2 3 5
−1 3 34 −3 2
2 3
−1 34 −3
𝑢 , 𝑣 , 𝑤 = 15 + 36 + 12 − 60 − 18 − 6 = 27
É claro que o leitor pode optar por desenvolver conforme já foi mostrado:
𝑢 , 𝑣 , 𝑤 = 2 3 5
−1 3 34 −3 2
= 3 53 3
4 − 2 5−1 3
−3 + 2 3
−1 3 2
= 3 ⋅ 3 − 5 ⋅ 3 ⋅ 4 − 2 ⋅ 3 − 5 ⋅ −1 ⋅ −3 + 2 ⋅ 3 − 3 ⋅ −1 2
= 27
4 ⋅ 3 ⋅ 5 = 60
−3 ⋅ 3 ⋅ 2 = −18
2 ⋅ −1 ⋅ 3 = −6
−3 ⋅ −1 ⋅ 5 = 15
4 ⋅ 3 ⋅ 3 = 36
2 ⋅ 3 ⋅ 2 = 12
41
II. Sendo os vetores 𝑢 = 3, −2, 6 , 𝑣 = (−3, −5, 8) e 𝑤 = (1, 0, 1), calcule o volume
do paralelepípedo construido sobre os mesmos.
Solução:
Como foi visto, tal volume pode ser dado por
V = 𝑢 , 𝑣 , 𝑤
logo
V = 3 −2 6
−3 −5 81 0 1
= −2 6−5 8
1 − 3 6
−3 8 0 +
3 −2−3 −5
1
= −16 + 30 + (−15 − 6)
= −7 u. v. (?!)
Observação
Pelo ultimo exemplo, o volume V indicado no início dessa secção pode “ser negativo”
e, por isso seria importante defini-lo como V = 𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤 . A determinação do sinal
obedece a propriedade i) abaixo.
Propriedades importantes do produto misto
Como o produto misto é definido a partir de um determinante, suas propriedades
também podem ser verificadas aplicando as propriedades dos determinantes.
Para todo 𝑢 , 𝑣 e 𝑤 , e 𝜃 o ângulo entre 𝑢 × 𝑣 e 𝑤 , temos:
i) Em relação ao sinal:
Se 0° < 𝜃 < 90° ⇒ cos 𝜃 > 0 ⇒ 𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤 > 0
Se 90° < 𝜃 < 180° ⇒ cos 𝜃 < 0 ⇒ 𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤 < 0
𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤 = 0, se, e somente se, os três vetores forem coplanares
ii) Em relação à ordem dos fatores:
A permutação cíclica dos fatores não altera o sinal do produto misto. Mas há a
alteração de seu sinal caso a permutação não seja cíclica. Observe:
𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤 = 𝑤 × 𝑢 ⋅ 𝑣 = 𝑣 × 𝑤 ⋅ 𝑢
42
Volume de um tetraedro
Seja o tetraedro abaixo definido pelos pontos ABCD, onde ℎ é sua altura, S a superfície
da base e V o volume:
Como este sólido é uma pirâmide, da geometria métrica, vem
V =1
3⋅ S ⋅ ℎ
No entanto, vimos que
S =1
2⋅ 𝑢 × 𝑣
E do triângulo retângulo AD’D, temos
ℎ = 𝑤 ⋅ cos 𝜃
Logo podemos escrever
V =1
6 𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤 ⋅ cos 𝜃
Como 𝜃 é a medida do ângulo formado pelos vetores 𝑢 × 𝑣 e 𝑤 , a ultima expressão
representa 1/6 do produto escalar dos mesmos, logo:
V =1
6 𝑢 × 𝑣 ⋅ 𝑤
Exemplos
I. Verifique se os vetores 𝑢 = (3, −1, 2), 𝑣 = (1, 2, 1) e 𝑤 = (−2, 3, 4) são coplanares.
Solução:
Basta verificar se 𝑢 , 𝑣 , 𝑤 é igual à zero:
𝑢 , 𝑣 , 𝑤 = 3 −1 21 2 1
−2 3 4 = 35 ≠ 0
assim, os vetores não são coplanares.
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II. Para que valor de 𝑚 os pontos A(𝑚, 1, 2), B(2,−2, −3), C(5, −1, 1) e D(3, −2, −2)
são coplanares.
Solução:
Se os pontos são coplanares, então são coplanares os vetores AB , AC e AD .
para tanto, deve-se ter
AB , AC , AD = 0
isto é
2 − 𝑚 −3 −55 − 𝑚 −2 −13 − 𝑚 −3 −4
= 0
ou
4 − 𝑚 = 0
𝑚 = 4
III. Sejam A(−1, 3, 2), B(0, 1, −1), C(−2, 0, 1) e D(1, −2, 0) os vértices de um tetraedro.
Calcular o volume desse tetraedro.
Solução:
Sabemos que o volume será dado por
V =1
6 AB , AC , AD
onde
AB , AC , AD = 1 −2 −3
−1 −3 −12 −5 −2
= −24
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V =1
6 −24 = 4 u. v.
Exercícios
49. Calcule 𝑢 , 𝑣 , 𝑤 para 𝑢 = (3, −1, 1), 𝑣 = (1, 2, 2) e 𝑤 = (2, 0, −3).
50. Do exercício anterior, determine 𝑣 , 𝑤 , 𝑢 .
51. Verifique se os vetores 𝑢 = (2, −1, 0), 𝑣 = (3, 1, 2) e 𝑤 = (7, −1, 2) são coplanares.
52. Verifique se os pontos A, B, C e D são coplanares:
a) A(1, 1, 1), B(−2, −1, −3), C(0, 2, −2) e D(−1, 0, −2)
b) A(1, 0, 2), B(−1, 0, 3), C(2, 4, 1) e D(−1, −2, 2)
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53. Determine 𝑘 para que os vetores 𝑢 = (2, −1, 𝑘), 𝑣 = (1, 0, 2) e 𝑤 = (𝑘, 3, 𝑘) sejam
coplanares.
54. Determine o volume do paralelepípedo definido pelos vetores 𝑢 = (3, −1, 4),
𝑣 = (2, 0, 1) e 𝑤 = (−2, 1, 5).
55. Determine o volume do tetraedro ABCD, para A(1, 0, 0), B(0, 1, 0), C(0, 0, 1) e
D(4, 2, 7).
56. Os vetores 𝑢 = (2, −1, −3), 𝑣 = (−1, 1, −4) e 𝑤 = (𝑚 + 1, 𝑚, −1) determinam o
volume de 42 u.v. Calcule 𝑚.
57. Calcular o valor de 𝑚 para que o paralelepípedo determinado pelos vetores
𝑣 1 = 2𝑖 − 𝑗 , 𝑣 2 = 6𝑖 + 𝑚𝑗 − 2𝑘 e 𝑣 3 = −4𝑖 + 𝑘 seja igual a 10 u.v.