Finger Painting: das pontas dos dedos às telas digitais

12
ISBN: 978-85-64586-96-3

Transcript of Finger Painting: das pontas dos dedos às telas digitais

ISBN: 978-85-64586-96-3

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

C578 Cirillo, José, Org.; Grando, Ângela, Org. Poéticas da Criação, E.S. 2014. Seminário sobre o processo de criação nas Artes. / Organização de José Cirillo e Ângela Grando. – São Paulo: Intermeios, 2014. Seminário Íbero-Americano sobre o Processo de Criação 4 a 6 de dezembro de 2014, Vitória - Espírito Santo

ISBN: 978-85-64586-96-3

1. Crítica Textual. 2. Arte. 3. Crítica Genética. 4. Criação Artística. 5. Criação Literária. 6. Criatividade. 6. Processo de Produção. 7. Produção Literária. 8. Pro-cesso de Criação. I. Título. II. Poéticas da criação. III. Seminário Íbero-Americano sobre o Processo de Criação. IV. Cirillo, José, Organizador. V. Grando, Ângela, Organizadora.VI. Intermeios - Casa de Livros e Artes.

CDU 82.09CDD 801.959

Catalogação elaborada por Ruth Simão Paulino

EditorJosé Cirillo

OrganizaçãoJosé CirilloÂngela Grando

DiagramaçãoVinicius Caus Zuqui

FotografiasYuri Barichivich

Conselho científicoAlmerinda Lopes; Aissa Guimarães; Ângela Grando Bezerra; Aparecido José Cirillo; Cecília Almeida Salles; Cesar Floriano dos Santos; Clara Miranda; Diana Ribas; Gisele Ribeiro; Luís Jorge Gonçalves; MauriciusFarina; Pilar M. Soto Solier; Teresa Espantoso Rodrigues; Teresa Fernanda García Gil; Marta Strambi; Maria de Fátima Morethy Couto; Maria Regina Rodrigues; Ricardo Maurício Gonzaga; Silvia Anastácio Guerra; Waldir Barreto.

O Poéticas da Criação, ES - Seminário Ibero-americano sobre o Processo de Criação - abarca estudos que têm por base os fenômenos estéticos interacionais e culturais que envolvem a criação artística e a ação criadora nas ciências, nas mídias, nas artes, na mú-sica, na literatura, na educação, na arquitetura e no design, numa preocupação que visa congregar pesquisas realizadas nas universidades e institutos de pesquisa no Brasil e no exterior, em especial nos países de língua espanhola ou portuguesa.

O Seminário POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES, é um evento anual, promovido e organizado pelo PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES DA UFES – PPGA , em parceria com as Pró-reitorias de Extensão e de Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (PRO-EX e PRPPG) e grupos de pesquisa em arte dos Programas de Pós-graduação em Artes das Universidades de Buenos Aires, de Granada, Espanha, e da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, Portugal; conta ainda com a colaboração de membros de grupos de investiga-ção da UNICAMP e da PUC- SP.

Como parte de seus esforços para a difusão das pesquisas sobre o processo de cria-ção em artes e suas intersecções com diversos campos do conhecimento, o Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade Federal do Espírito Santo e os Programas de Pós-graduação em Artes da Faculdade de Belas Artes de Lisboa e da Universidade de Gra-nada promovem o Seminário Poéticas da Criação, ES: Seminário Ibero-americano sobre o Processo de Criação, que reúne pesquisadores de todo o Brasil e dos países de língua espanhola e portuguesa. Esse evento é organizado dentro das diretrizes internacionais dos estudos do processo de criação nas artes, contando com organizadores do Brasil, Argentina, Portugal e Espanha.

O Poéticas da Criação tem como sede o Centro de Artes da UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, numa organização do Laboratório de Extensão e Pesquisa em Artes (LEENA) e do Laboratório de Pesquisa em Teorias das Arte e Processos em Artes (LabAr-tes), ligados ao Programa de Pós-graduação em Artes (PPGA). Esses laboratórios abrigam grupos de pesquisa que desenvolvem, em parceria com o CIEBA/Universidade de Lisboa e GEAP/Universidad de Buenos Aires, atividades voltadas para os estudos da ação criado-ra. Atuando, desde 1999, quando da criação do LEENA.

A ação dos pesquisadores busca fortalecer os estudos sobre arte, sua produção, histó-ria, crítica e processo de criação, evidenciando a dinâmica da ação criadora especialmen-te nas artes visuais, mas também em diferentes áreas de ação da Universidade Federal do Espírito Santo. Neste sentido, esta será mais uma ação fortalecedora dos trabalhos em re-alização pelos grupos de pesquisadores brasileiros, argentinos, espanhóis e portugueses.

O POÉTICAS DA CRIAÇÃO, ES objetiva refletir sobre as interações possíveis de proces-sos de criação realizados nos espaços, demarcando fazeres e saberes que constituem territórios simbólicos ou físicos que fazem parte do cotidiano pessoal (do artista), social e cultural. A diversidade de suas manifestações e Aa simultaneidade de ocorrências e de suportes solicitam que, em tempos de revisionismo imposto pela era do ciberespaço e da falência de conceitos de propriedade, tanto aspectos éticos quanto estéticos dos concei-

APRESENTAÇÃO

tos de autoria seja reconsiderados. A vocação interdisciplinar e multidisciplinar do pro-cesso criador se abre ao diálogo tanto com suas distintas abordagens (da produção em si, da história, teoria e critica da arte, da semiótica, linguística e crítica literária, entre outras) quanto com outras áreas das ciências humanas, sociais e naturais, assim como a tecnolo-gia, compondo um conjunto teórico e crítico que se expande para os diversos campos de aplicação – incluindo os diversos suportes móveis ou fixos da ação criadora.

As interações e suas dimensões estéticas, ideológicas, políticas e históricas inseridas nas práticas criadoras e em discursos culturais serão tratadas neste seminário a partir de diferentes contextos e direções com a pretensão de problematizar uma gama consi-derável de recortes da ação criadora no que ela tem de mais particular ao mais coletivo, num movimento contínuo que não se atrela mais a um centro, mas às várias vertentes e modelos gerados nelas e a partir delas.

Com um vasto programa de pesquisa de caráter cultural, técnico e científico, os pesqui-sadores da arte e do processo de criação são convidados ao estudo das interações da ação criadora pelos diversos modos de suas manifestações nos mais diferentes meios. Essa proposição constituiu a ementa da chamada e seleção de trabalhos desta edição.

A partir de 2014, o Poéticas da Criação, ES muda o seu dinâmica, não trabalhando mais com um temário de caráter anual, mas sim com o formato de Grupos de Debate (GD) que permanecerão por algumas edições, buscando criar um campo mais profícuo para a con-solidação dos debates e inquietações que os eventos acadêmico-científicos provocam no campo das artes, mas que pela rapidez com que se colocam não se consolidam na plena dimensão potencialmente evidenciadas nos encontros como ocorriam. Deste modo, cria-mos os GD’s como se fossem temáticas relativamente permanentes que permitirão ao longo das edições futuras deste evento consolidar e afinar um debate ibero-americano sobre o processo de criação visto por prismas analisados ao longo de alguns anos. Es-peramos que esse novo modelo do evento nos permita publicações mais especializadas sobre a dinâmica das artes no que se refere aos modos de pensar, agir e investigar o fenô-meno da criação na contemporaneidade.

Ainda, é da observação critica das edições anteriores, tanto quanto de outros importan-tes eventos anuais da área de Artes, que se estrutura essa nova dinâmica do POÉTICAS, ES que propõe ampliar o campo de cooperação e fomento do debate das temáticas que buscam refletir questões emergenciais da arte. Este novo formato visa o debate mais prolongado sobre os temas abordados.

Acreditamos que isto será muito profícuo para o amadurecimento e adensamento da pesquisa em artes no território de língua espanhola e portuguesa.

Vitória, verão de 2014

11 Novas formas de virtualidade No âmbito artístico-cultural coNtemporâNeo

12 ENTRE ERROS E ACERTOS NOS QUADRINHOS INFINITOS: O PROCESSO DE CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DA HQTRÔNICA “O DIÁRIO DE VIRGÍNIA”

19 AUGMENTED REALITy AS EXPOSITIVE DyNAMIC: CLANDESTINE EXHIBITION TO MUSEUM STRUCTURE

25 UM EXPERIMENTO POÉTICO CONTEMPORÂNEO DE COLABORAÇÃO DIGITAL: CRIANDO IMAGENS PARA OCUPAÇÃO DE SUPERFÍCIES COTIDIANAS

32 TRABALHANDO COM ARTE NA REDE ESTADUALDE ENSINO DO ESPÍRITO SANTO

38 FINGER PAINTING: DAS PONTAS DOS DEDOS ÀS TELAS DIGITAIS

44 arte e História Na coNtemporaNeidade: implicações políticas

45 DESDOBRAMENTOS DA RECEPÇÃO CRÍTICA DIANTE DA ABSTRAÇÃO CONSTRUÍDA DE CÍCERO DIAS (1948/1952)

52 ABSTACCIÓN GEOMÉTRICA TRANSFRONTERIZA

64 O PAPEL DA ENTREVISTA NA PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE ACERVOS DE ARTISTA

70 JOGUE FORA SEUS PRECONCEITOS POR UM PIRULITO

76 IDENTIDADE DE GÊNERO NA ARTE CONTEMPORÂNEA: TRÂNSITOS E QUESTIONAMENTOS

81 ARTE CONTEMPORÂNEA: INTELOCUÇÕES NECESSÁRIAS PARA SUA CONSERVAÇÃO

86 O ESPAÇO DE CONSUMO E SUA PERMANÊNCIA NA REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE FLORIANÓPOLIS – BRASIL

93 A POTÊNCIA ERÓTICA DO CORPO FEMININO OBESO: UMA APROXIMAÇÃO DOS FREAK SHOWS COM A POÉTICA DE ELISA QUEIROZ

Sumário

11

Novas formas de virtualidade no âmbito artístico-cultural contemporâneoCoordenação: Prof. Dr. David Ruiz Torres – Universidad de Granada

38

FINGER PAINTING: DAS PONTAS DOS DEDOS ÀS TElAS DIGITAIS

FINGERPAINTINGS: FROM FINGERTIPS TO DIGITAL SCREENS

Rosangela Aparecida da Conceição Universidade Paulista/Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

resumoO surgimento dos smartphones potencializou as formas de criar imagens a partir dos milhares de aplicativos desenvolvidos com a finalidade artística. Artistas, programa-dores e empresas produtoras dos aparelhos ou prestadoras de serviços de telefonia, uniram-se em eventos artísticos – Nokia Trends, Artemov, por exemplo – difundindo as novidades e apresentando novas possibilidades para o campo das imagens. Den-tre as categorias de arte feita em smartphones ou tablets, a Finger painting (pintura a dedo) possui inúmeros aplicativos que permitem ao artista digital a escolha de pin-céis de tamanhos e formas variadas. David Hockney, Kyle Lambert, Seikou yamaoka, Jorge Colombo são alguns dos artistas que tomam estes aparelhos e suas telas dimi-nutas como ferramentas na geração de obras de artes, impressas em grande formato, livros, exibidas em galerias de arte, na Internet - em páginas pessoais ou redes sociais como o Facebook, Tumblr, Flickr. Discutiremos os processos criativos de alguns dos ar-tistas citados, a partir de seus rascunhos eletrônicos estáticos (screenshots) ou dinâ-micos (vídeo em timelapse) do processo de elaboração das imagens. Desta forma, os fundamentos teóricos estão alicerçados em teóricos como Claudia Giannetti (2006), Vi-lém Flusser (2007, 2008), Luigi Pareyson (1997, 2005), Jean-Louis Weissberg (2003), além dos textos dos artistas, curatoriais e reportagem dos respectivos eventos de exibição. Palavras-chave: Processo Criativo, Finger painting, Mobile Art, Digital Art, Exibição. abstractThe rise of smartphones has enhanced the ways to create images from the thousands of applications developed with artistic purpose. Artists, programmers and producers of devices or providers of telephony services, united in artistic events - Nokia Trends, Artemov, for exam-ple - spreading the news and presenting new possibilities for the field of images. Among the categories of art done on smartphones or tablets, the Finger painting (finger painting) has numerous applications that allow digital artist choosing brushes varied sizes and shapes. David Hockney, Kyle Lambert, Seikou Yamaoka, Jorge Colombo are some of the artists who take these devices and their tiny screens as tools in creating works of art, printed in large format, books, displayed in art galleries, on the Internet - on personal pages or social ne-tworks like Facebook, Tumblr, Flickr. We will discuss the creative processes of some the men-tioned artists, from their static electronic drafts (screenshots) or dynamic (timelapse video) the preparation of the imaging process. Thus, the theoretical foundations are grounded in theoretical as Claudia Giannetti (2006), Vilém Flusser (2007, 2008), Luigi Pareyson (1997, 2005),

39

Jean-Louis Weissberg (2003), beyond of the texts of artists, curators and reportage the res-pective events display.Keywords: Creative process, Finger painting, Mobile Art, Digital Art, Exhibition.

40

o dedo simuladoO surgimento dos smartphones potencializou as formas de criar imagens a partir dos mi-lhares de aplicativos desenvolvidos com a finalidade artística. Artistas, programadores e empresas produtoras dos aparelhos ou prestadoras de serviços de telefonia, uniram-se em eventos artísticos – Nokia Trends, Artemov, por exemplo – difundindo as novidades e apresentando novas possibilidades para o campo das imagens.

A inclusão de telas sensíveis a toque (touchscreens), a possibilidade de uso de aplicativos nos smartphones principalmente a partir de 2008, e mesmo a elaboração destes aplica-tivos por usuários após a abertura dos códigos, com a posterior venda em sites pelas operadoras de serviços ou fabricantes de aparelhos, foram alguns dos fatores que esti-mularam a formação de novos ambientes imagéticos digitais.

Se, inicialmente, a natureza das imagens destes aparatos era textual, com imagens geradas por envio de mensagens de textos, fotográficas, a partir da captura com câmeras embutidas, podemos dizer, seguramente, que um terceiro tipo é o pictórico e, um quarto, o gráfico.

Categorizamos como imagens pictóricas, aquelas cuja aparência se assemelha aos resulta-dos dos processos de pintura, oriundos do uso de ferramentas como pincéis e espátulas e de efeitos – sobreposição, manchas, gradação, texturas. Desta forma, aspectos ou qualidades são simulados nos programas de pintura digital, servindo às mais diversas combinações.

Dentre estas categorias, a Finger painting (pintura a dedo) é enquadrada como pictóri-ca, trazendo como resultado final imagens que simulam o rastreio do dedo ao espalhar a tinta sobre uma superfície. Estes resultados são potencializados pelas paletas de pincéis, texturas, opacidade ou transparência de camadas, entre outras ferramentas disponíveis nos programas comercializados ou inclusos no próprio aparato.

apropriações artísticas: modelos e caNoNizaçãoDavid Hockney, Kyle Lambert, Seikou yamaoka, Jorge Colombo são alguns dos artis-tas que tomam estes aparelhos e suas telas diminutas como ferramentas na geração de obras de artes, impressas em grande formato, livros, exibidas em galerias de arte, na Internet - em páginas pessoais ou redes sociais como o Fa-cebook, Tumblr, Flickr.

Estes artistas encontraram outras possibilidades de construção ou realização de imagens, seja pela facilidade ou velocidade, como apontam alguns de-les. Na verdade, o aparelho se inscreve como um ca-derno de notas, um bloco de anotações visuais, com imagens finalizadas ou fragmentos editáveis.

Assim, o artista e designer gráfico português Jorge Colombo (1963-) trabalha com esboços de arquitetu-ras e cenas urbanas, tomadas em Nova Iorque, que estamparam as capas da revista The New yorker (Fi-gura 1), em edições entre 2009 e 2010.

Figura 1. Jorge Colom-bo. Capa da Revista The New Yorker, edição de 1 de junho de 2009. Disponível em: < http://www.jorgecolombo.com/covers/index.htm>. Acesso em: 30 mai. 2014.

41

David Hockney (1937-) se serve destes aparelhos para execução de naturezas-mortas e pinturas de paisagens (Figura 2 e 3), impressas em grandes formatos ou exibidas nos pe-quenos monitores. Além do smartphone, usado desde 2009, o artista ainda se utiliza de tablets, criando imagens de maior complexidade.

Dois outros artistas, Kyle Lambert (Figura 3) e Seikou yamaoka (Figura 4) também pro-duzem imagens ligadas ao retrato e a ilustração. Ambos registram seus processos com a captura das telas, gerando apresentações de sequências ou filmes em timelapse, exibidos posteriormente em seus próprios websites, redes sociais ou videologs.

Figura 2 . David Hockney apre-sentando uma imagem em seu aparelho. Foto: Daily Mail.

Figura 3. Tela capturada. Site do artista com galeria dos trabalhos executados. Disponível em: < http://www.hockneypictures.com/iphone_pages/iphone_et-cetera-11.php>. Acesso em: 30 mai. 2014.

42

Ainda que apresentemos alguns artistas, resta esclarecer que a formação de grupos e associa-ções, como o Fingerpaint.it8 e o iAMDA9, por exemplo, tem contribuído tanto na difusão quanto na elaboração de ferramentas, em trocas comerciais, processos educativos e artísticos.

Figura 4. Tela cap-turada. Processo de preparação do retrato de Jennifer Aniston. Postado no Youtube em 12 set. 2009. Disponível em: <http://youtu.be/IwwKKHDaSqE>. Acesso em: 30 mai. 2014.

Figura 5. Seikou Yamaoka. Imagem disponível em: <http://u.jimdo.com/www59/o/sf3d8bc944fbff16a/img/i3cdfdf38094b00c6/1409557537/std/image.jpg>. Acesso em: 30 mai. 2014

43

apoNtameNtos e coNclusõesDo ponto de vista da apropriação dos aparatos, os artistas mencionados agem de acordo com o pressuposto de Flusser (2006), de abrir outras possibilidades além daquelas inscri-tas nos programas, combinando seus conhecimentos, a criatividade e a ousadia, apresen-tando obras da ordem da poética visual, assim consideradas obra de arte.

Ao analisarmos os métodos, as ferramentas e os resultados alcançados por estes artis-tas, percebemos que estas obras obtiveram a condição de ‘cânones’. Segundo Giannetti isto seria “(...) um processo de diferenciação, que permite a eleição de obra (s), artista (s), estilo (s), tendência (s), moda (s) (...).” (2006, p. 75), já que em alguns casos ou na maior parte deles, os artistas são tomados como modelos para outros artistas, principiantes ou novos exploradores, muitas vezes tendo sua imagem vinculada aos aparatos ou aplicativos.

Para além da questão canônica, vemos outros aspectos, como a abertura do ateliê di-gital, a ‘home multimedia’ proposta por Weissberg (2003), pois o artista tem a sua dispo-sição um ateliê virtual. Podemos conhecer, averiguar e conferir o nascimento da obra, a gênese dada a conhecer, seu aspecto formativo, como aponta Pareyson (2005), com a exposição e a demonstração da sua forma de fazer.

Lançamos aqui, as sementes para discutir algumas das implicações no campo estético, visto que a simulação de ferramentas e técnicas, as apropriações artísticas, bem como a circulação e a difusão, de obras ou processos, tem sido observadas por jovens artistas nativos digitais ou não, o que consideravelmente poderá influenciar nas suas tomadas de decisões poéticas.

referêNciasFLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas: elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008.

GIANNETI, Claudia. Estética digital: sintopia da arte, a ciência e a tecnologia. Belo Hori-zonte: Editora C/ Arte, 2006.

PAREySON, Luigi. Estetica: teoria della formativita. Postfazione di Maurizio Ferraris. IV edizione. Milano: Bompiani, 2005. (Colezione Saggi Tascabili, 73)

______. Os problemas da estética. Tradução Maria Helena Nery Garcez. 3ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1997. (Ensino Superior)

WEISSBERG, Jean-Louis. Entre a produção e a recepção: hipermediação, uma mutação dos saberes simbólicos. In: PATEZ GALVÃO, Alexandre; SILVA, Gerardo e COCCO, Giuseppe. Capitalismo cognitivo: trabalho, redes e inovação. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. p. 109-131.

Notas8 Mais informações em: http://www.fingerpainted.it/about/.9 Acrônimo de The International Association of Mobile Digital Artists (iAMDA). A associação surgiu

em 2010, participando em eventos no Reino Unido e Estados Unidos em 2011. Algumas imagens do MobileArtCon 2011, realizado entre os dias 1 e 2 de outubro de 2011, na ITP, Tisch School of the Arts da New york University. Página no Flickr: https://www.flickr.com/groups/iamda-art/.