Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus, da gravura à azulejaria

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Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus, da gravura à azulejaria

ESPIRITUALIDADE E MISTICISMO DE SANTA TERESA

DE JESUS, DA GRAVURA À AZULEJARIA

Lúcia Marinho1*

Reformadora da regra dos carmelitas, fundadora da Ordemdas Carmelitas Descalças e uma das figuras mais importantes doperíodo da Contra-Reforma, Santa Teresa de Jesus escreveu, aolongo da sua vida, uma série de obras nas quais descreve as suasexperiências espirituais e místicas, ao mesmo tempo que ofereceao leitor um caminho e uma orientação ascética que, a ser segui-da, conduziria a um pleno encontro com Deus (Álvarez, 2000: 9-10). De carácter autobiográfico e/ou de cariz mais doutrinal, oLivro da Vida, Fundações, Relações, Caminho da Perfeição, Conceitosdo Amor de Deus e Moradas ou Castelo Interior, são algumas dasobras literárias que melhor a caracterizam.

As primeiras ilustrações relativas a episódios da vida de SantaTeresa surgiram no contexto destas obras e, em particular, dasua autobiografia intitulada Livro da Vida. Publicadas no primei-ro quartel do século XVII, estas gravuras permitiram uma rápidadefinição de modelos iconográficos, que perduraram nas maisdiversas manifestações artísticas, entre as quais se inclui a pintu-ra sobre azulejo. O presente artigo pretende analisar de que for-ma as obras literárias de Santa Teresa de Jesus foram adaptadas,numa primeira fase, à gravura e, posteriormente, à azulejaria. Etambém nosso objectivo identificar os momentos da vida de San-ta Teresa que mais fortuna conheceram nas representações cerâ-micas, assim como procurar entender o modo como a gravura foiutilizada pelos pintores, enquanto principal fonte de inspiraçãopara as composições em azulejo.

Os exemplares em azulejo identificados, até à data, com icono-grafia teresiana inscrevem-se numa janela temporal que tem iníciona segunda metade do século XVII e se prolonga até ao final doséculo XVIII, acompanhando a história do azulejo produzido ou

*Rede Temática em Estudos de Azulejaria e Cerâmica João Migue! dos SantosSimões / IHA - FLUL; Bolseira de Doutoramento FCT - SFRH/BD/76753/2011

aplicado em Portugal. Encontram-se preferencialmente aplicadosem espaços religiosos relacionados com os Carmelitas Descalços,configurando imagens isoladas ou ciclos narrativos. Todavia, iden-liticam-se também exemplos no contexto de outras ordens religio-sas ou integrados em programas dedicados a outras invocações.Muito embora o nosso estudo incida de forma particular sobre ainfluência das obras literárias e da gravura sobre as composiçõesazulejares, interessa-nos desde já separar os programas exclusiva-mente dedicados a Santa Teresa daqueles em que não é protagonis-ta. No mesmo sentido, importa distinguir entre episódios isolados,por vezes integrados em composições de cariz ornamental, e ciclosnarrativos, que pressupõem uma leitura conjunta e integrada.

AS OBRAS DE SANTA TERESA DE JESUS E A IMPORTÂNCIA DAGRAVURA NA DEFINIÇÃO DA ICONOGRAFIA E DIVULGAÇÃO DAMENSAGEM TERESIANA

De todas as obras de Santa Teresa, a mais conhecida é a suaautobiografia, Livro da Vida, que abarca desde os seus primeirosanos de vida até à fundação, em 1562, do primeiro convento car-melita descalço, o Convento de São José de Ávila. Redigida porimposição de um grupo de directores espirituais1, responsáveispela "sua alma", esta obra é uma confissão da autora, destinada àintimidade mais absoluta. Trata-se de um relato, mas também deuma lição espiritual, que se materializa numa narração intercala-da entre acontecimentos biográficos, exposição de carácter didác-tico e enunciação das graças místicas com as quais foi agraciadaatravés da intervenção divina (e que lhe provocaram uma profun-da e decisiva transformação individual e ascética). Nesta autobio-grafia Santa Teresa explica os quatro graus da oração que mar-cam a finalidade e o sentido da sua vida, bem como a progressivainvasão de Deus na sua alma, ao mesmo tempo que conta, ainda,o processo que resultou na fundação do primeiro convento daOrdem, em Ávila (Álvarez, 2000: l i e 28). Foi a partir da leituradesta obra, mas também de outras como Caminho da Perfeição,Moradas ou Castelo Interior, Fundações, Relações ou Conceitos doAmor de Deus, que surgiram as primeiras gravuras ilustrando al-guns dos principais episódios da vida de Santa Teresa.

A ut i l ização da gravura ( integral ou parcialmente copiada, ouar t i cu lando diversas r s l a m | u : > ) mino modelo ou fonte de inspira-çSo para o azulejo l m.i | > i . M n .1 generalizada, principalmente nodecorrer dos séculos \ v n < \ v i i r Instrumento por excelência

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para a divulgação de composições e de "maneiras", a gravura con-tribuiu para a normalização de tipos iconográficos e sua conse-quente divulgação (Sobral, 1996: 15-16). Neste contexto, a concep-ção de um modelo de visualização da mensagem de Santa Teresade Jesus passou, também, pela criação de um álbum de estampas.

Amplamente divulgado e, na generalidade, entendido como aprincipal fonte em gravura dedicada a Santa Teresa de Jesus, o álbumda autoria de Adriaen Collaert e Cornelis Galle intitulado Vita S. Vir-ginis Teresiae a lesu Ordinis Carmelitarum Excakeatorum Piae Restau-ratricis e editado em Amberes pela primeira vez em 16133, é compos-to por vinte e cinco gravuras, seriadas e legendadas em latim. A suapublicação resulta da iniciativa de uma discípula de Santa Teresa que,"desempenhando um papel fundamental na divulgação da vida e acti-vidade de Teresa de Jesus, promoveu em França e na Flandres, porencargo do defmitório da Ordem, a tradução para francês, flamengo elatim de algumas das suas obras. Aguardando a beatificação da Re-formadora, Ana de Jesus foi também a responsável pela realização deuma série biográfica de estampas, representativas de uma parte davida de Santa Teresa" (Saldanha, 2005: 103-104). Numa atmosferacontra-reformista, coube a madre Ana de Jesus, auxiliada por outradiscípula, Ana de São Bartolomeu e pela infanta Isabel Clara Eugenia,governadora dos Países Baixos, a selecção dos momentos que deveri-am ser fixados pelos gravadores flamengos, conjugando êxtases, vi-sões, provações e realizações. Como já referimos, este álbum tevecomo base a herança escrita de Santa Teresa de Jesus e, em particu-lar, o Livro da Vida e o livro das Fundações, mas também o contactopessoal e privilegiado que as freiras tiveram com a Santa.

Contribuindo de forma decisiva para a divulgação das doutri-nas teresianas, esta publicação conheceu um grande sucesso, be-neficiando da atitude adoptada pela Igreja após o Concílio deTrento, que abriu as portas ao consumo generalizado de imagensda Santa carmelita, animado ainda pela possibilidade que a gravu-ra oferecia de obter cópias em massa e que, muito rapidamente,eram distribuídas nos principais circuitos comerciais da época. Foineste contexto que surgiram muitas outras gravuras em álbum ouavulsas, agrupadas em séries ou integradas em livros, dedicadas àvida e espiritualidade de Santa Teresa de Jesus (Saldanha, 2005:107). Destaque-se, por exemplo, a série Sanctissimae Matris DeiMariae de Monte Carmelo Beata Teresiae Humills Filae Ac DevotaFamula EJffigies, de Giovanni Giacomo Rossi, publicada em 1622como original, mas que é, na verdade, uma cópia da primeira sé-rie, e um outro conjunto da autoria de Isabella Duca, intitulado S.

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Teresa virgo fratrum Carmelitarum discakeatorum et monialium fun-i/iilrix relata intersanctos A. S. D. N. Gregário XV die 12 martii 1622Homae, publicado em Roma em data próxima de 1622 (referido emSaldanha, 2O05: 109-110). Refira-se, ainda, da autoria de Arnoldv a n Westerhout, a série intitulada Vita effigiata delia seráfica vergi-iii' S. Teresa di Gesúfondatrice delVOráine Carmelitano Scalzo, data-da de 1716, que apresenta um total de setenta estampas a buril.

Integradas em livro, encontramos gravuras nas obras de Da-niel a Virgine Maria, Konste der konsten ghebedt: oft maniere om welIf bidden besonderlijck ghetrocken uijt de schriften van de H. moederTeresa de lesu, publicada em Amberes em 16464 com catorze es-tampas; na Vita effigiata et essercizi affettiui di S. Teresa di Giesumaestra di celeste dottrina, per il giorno delia sacra comunione (...),editada em Roma em 1670, com setenta e duas estampas; e em LaVie de Ia séraphique Mère sainte Thérèse de Jesus, fondatrice dês Car-mes Déchaussez & dês Carmelites Déchaussées, en figures & en versFrançois & Latins, de Claudine Brunand, de 16705, com cinquentae cinco estampas. Mais tardia, já de 1750-60, é a série de Anasta-sio de Ia Cruz, Vita S. V. Et: Theresiae a lesu solis zodíaco paralela,Augsburgo (referida por Saldanha, 2005, p. 109-110).

Durante os séculos XVII e XVIII surgiram também muitasgravuras avulsas, das mais diversas proveniências, sendo as maisconhecidas da autoria da família Wierix, gravadores de origemflamenga do século XVI e princípio do século XVII, com activi-dade conhecida em Antuérpia e Bruxelas.

Retomando o álbum de Adriaen Collaert e Cornelis Galle,enquanto a primeira biografia visual de Santa Teresa, nele foramilustrados os momentos que, na interpretação das responsáveispela sua execução, mais impacto tiveram ao longo da vida deSanta Teresa de Jesus. Episódios como Santa Teresa e o irmãocaminham para a terra dos mouros, Entrada de Santa Teresa no Con-vento da Encarnação, em Ávila, a enfermidade de Santa Teresa curadaatravés da intercessão de São José, Santa Teresa orando diante do Ec-ce Homo, Santa Teresa supera as tentações do demónio, Santa Teresaperante a Santíssima Trindade e Morte de Santa Teresa, entre ou-tros, seguem uma ordem cronológica que, resumidamente, con-tam as suas experiências espirituais e místicas, direccionados,paralelamente, para a instrução dos fiéis na piedade e devoção.

As séries seguintes ou as gravuras avulsas foram, natural-mente, muito influenciadas pelo trabalho de Collaert e Galle. Al-gumas repetem lemas, mas com diferenças de composição, comolòi o caso do álbum de Giovanni < íiacomo Rossi.

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Outras apresentam uma leitura diferente das obras de SantaTeresa revelando o aparecimento de novos episódios a par daausência de outros. Deste modo, a biografia inicial foi-se consoli-dando e complementando visualmente ao longo do século XVII.Entre os "novos" episódios destaca-se, por exemplo, o falecimen-to da mãe de Santa Teresa representado com a santa a rezar6; aleitura das Confissões de Santo Agostinho que a incitaram a atingira perfeição e a seguir o seu exemplo7; ou a visão do crucifixo queCristo lhe devolve incrustado com pedras preciosas8.

Neste processo, também se fixaram os atributos iconográficoscaracterísticos de Santa Teresa, que permitem a sua identificação,como o hábito e o nimbo, ou ainda determinados elementos quecaracterizam alguns dos episódios mais emblemáticos: o anjocom o dardo flamejante na Transverberação ou Êxtase, a pomba doEspírito Santo no episódio de Santa Teresa escritora inspirada peloEspírito Santo9, Cristo com uma coroa no episódio da Coroaçãoou o cravo com o qual Cristo "oficializa" Santa Teresa na condi-ção de sua esposa, entre outros.

Todavia, e muito embora as obras literárias de Santa Teresa deJesus tenham estado sempre presentes na concepção das gravurasque lhe são dedicadas, observa-se, no geral, que a adaptação das suaspalavras assentou, essencialmente, na representação de pormenoresespecíficos e na tentativa de captação de emoções e sentimentos, demaneira a permitir o fácil acesso à narrativa teresiana através dopoder da imagem. Assim, foi através da gravura que se definiram oselementos e episódios que constituem a iconografia de Santa Teresae que, como tal, serviram de fonte de inspiração às suasrepresentações nas mais diversas manifestações artísticas, emparticular, na azulejaria, e de que são exemplo os ciclos iconográficospatentes na Basílica da Estrela, no Convento dos Cardaes e noantigo Convento de Santa Teresa de Jesus de Carnide, todos emLisboa, no Convento de São Paulo da Serra de Ossa, no Redondo ouna Capela de Santa Teresa nas Termas de Monchique.

DA GRAVURA AO AZULEJO: A ICONOGRAFIA TERESIANAN A AZULEJARIA

A diversidade de representações de Santa Teresa de Jesus naazulejaria dos séculos XVII e XVIII, presente sobretudo em con-ventos da Ordem das Carmelitas Descalças e Descalços, bem comoem programas iconográficos dedicados a outros santos, reflecte opapel que a gravura leve n;i criação da imagem da Santa carmel i ta .

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Koi graças à sua rápida divulgação que surgiram painéis de azu-lejos policromos ainda no século XVII e, posteriormente, a azul ebranco já no século XVIII, a reproduzir os mais variados episó-ilio.s da vida de Santa Teresa. Muito embora a identificação datotalidade das representações de Santa Teresa em azulejo nãoes(c|a ainda concluída, os exemplares conhecidos até à data per-mi t em perceber que a escolha dos temas teve maior incidência narepresentação das suas visões e experiências místicas, destacandose os episódios do Casamento místico de Santa Teresa, Santa Teresa

coroada por Cristo, Transverberação ou Êxtase de Santa Teresa, Im~posição do colar e do manto e Santa Teresa escritora inspirada peloKspírito Santo, como fica bem expresso no quadro l, que sistema-li/.a a informação disponível. O mesmo quadro permite tambémperceber a importância do álbum de gravuras de Adriaen Colla-ert e Cornelis Galle (1613), que serviu de fonte de inspiração al>oa parte dos episódios teresianos em azulejo (fig. l).

Entre as representações isoladas de cenas da vida de SantaTeresa destaca-se o episódio da Transverberação de Santa Teresa10,inscrito numa carteia oval do revestimento da Igreja do Conven-to de Nossa Senhora do Carmo dos Carmelitas Descalços, emKigueiró dos Vinhos. Datável do terceiro quartel do século XVII,pela policromia intensa e pelos motivos de brutesco que envol-vem a carteia, esta composição poderá ter recorrido ao álbum deAdriaen Collaert e Cornelis Galle. No entanto, o pintor, longe decopiar rigorosamente a gravura, poderá ter-se inspirado nela pa-ra retratar os elementos iconográficos que distinguem este episó-dio, em particular, a figura de Santa Teresa (ainda que em posi-ção distinta) identificada através do hábito e do nimbo, a presen-ça do anjo (também numa postura diversa), do dardo em chamase do acto de trespassar o coração (figs. 2 e 3).

Os ciclos azulejares identificados encontram-se aplicados noantigo Convento dos Cardaes, com um primeiro conjunto de ori-gem holandesa a revestir a igreja (c. 1688) e um outro, mais tardio,português e com características da Grande Produção Joanina; nadesignada Sala de Santa Teresa que articula a igreja, a sacristia, oclaustro e a escadaria do Convento de São Paulo de Serra de Ossa,no Redondo, integrável no designado Ciclo dos Mestres; na nave daIgreja do antigo Convento de Santo Alberto, hoje Museu Nacionalde Arte Antiga; no antigo Convento de Santa Teresa de Jesus deCarnide, em Lisboa; na Igreja do mesmo convento; e no Conventodo Santíssimo Coraçflo de Jesus ;) Kshela, também em Lisboa, masa j M > r : i m m i período mais t a rd io , c Ir m ea de l 7KO - I 7 Í K ) .

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Com data provável de aplicação de cerca de 1688, o cicloazulejar da nave da igreja do Convento de Nossa Senhora daConceição dos Cardaes, em Lisboa, é um exemplo da possívelutilização da série de 1613 como principal fonte de inspiração. Deconcepção plástica e tratamento cenográfico bastante elaborado,estes painéis devem ter sido inspirados nas gravurasmencionadas, embora a "cópia" não seja exacta e resulte, antes, deuma "interpretação" do pintor ao retratar os temas escolhidos.Da autoria do holandês de Jan (ou Johannes) van Oort, são setepainéis de grandes dimensões e três medalhões colocados sobreportas, a azul e branco, que retratam cenas da vida eespiritualidade de Santa Teresa, assentes num silhar alto comfriso contínuo, ambos separados e envolvidos por barras em tonsde azul e branco sobre fundo amarelo.

A disposição dos azulejos no espaço não obedece à ordem dasgravuras. Os temas escolhidos incluem o famoso episódio dainfância de Santa Teresa de Jesus, Santa Teresa e o irmão cami-nham para a terra dos mouros11; a Comunhão no Convento de Me-dina dei Campo, durante a qual a hóstia voa da mão do padreem direcção à boca da Santa; a Imposição do colar e do manto; oEncontro de Santa Teresa e São João da Cruz assistidos pela Santís-sima Trindade; a Viagem de Santa Teresa a Salamanca (para pedirao rei apoio para a reforma da Ordem); a Refeição de Cristo eSanta Teresa; e a representação da Morte de Santa Teresa em Al-ba de Tormes. Os três medalhões colocados sobre as portascompletam o ciclo iconográfico teresiano da nave com as repre-sentações de Santa Teresa escritora inspirada pelo Espírito Santo,Santa Teresa orando diante do Ecce Homo e o Casamento místico.Este conjunto caracteriza-se, essencialmente, pela representa-ção de várias das experiências místicas e visões de Santa Teresade Jesus.

Comparando este ciclo com as gravuras flamengas que, muitopossivelmente, estiveram na base da sua composição, é visível amaior depuração nos temas representados sobre azulejo, patentena quase ausência de pormenores de algumas das composições.Por exemplo, no episódio da Imposição do colar e do manto não évisível o Convento de São José de Ávila, que na gravura se obser-va em segundo plano, nem sequer o espaço arquitectónico emque Santa Teresa se encontra. Na verdade, as referências terre-nas desaparecem e a acção ocorre num plano celeste, onde as per-sonagens são envolvidas por nuvens e anjos (alguns dos quaismúsicos) (figs. 4 e />).

Por sua vez, o episódio de Santa Teresa orando diante do Ecce Ho-niit difere da gravura na transposição da cena para um ambiente de' \lerior, com a Santa ajoelhada perante uma cruz e sendo agraciada| M - | ; I visão do Ecce Homo que a interpela. Na gravura, esta interpela-',.10 não é tão evidente, pois o Ecce Homo é uma pintura colocada•.n i t ro um oratório. Também na estampa o momento de oração étestemunhado por outra freira, que desaparece nos azulejos. Comprovável inspiração na imagem gravada, que seguiu as palavras deSanta Teresa12, o pintor do painel optou por fazer uma versão mais"livre" deste episódio (figs. 6 e 7). Outra "simplificação", e preferên-i i ; i pelo ambiente de exterior, pode ser observada no medalhão quei v l rata Santa Teresa escritora inspirada pelo Espírito Santo.

O coro alto deste convento, de acesso reservado às religiosas,i, cm termos decorativos, o segundo espaço mais importante doi-d ilido. Com características do barroco tardio (segundo quarteldo século XVIII), o conjunto de painéis de azulejos que reveste oespaço apresenta outra série iconográfica de Santa Teresa de Je-sus, de produção portuguesa. Mais numerosa que a da nave daigreja, é bastante distinta desta em termos de estilo e de pintu-r a 1 1 , mas também na escolha de alguns dos temas ("repetindo"outros), indiciando fontes diferentes de inspiração para algunsdos painéis14, mesmo quando, por representarem o mesmo tema,revelam afinidades iconográficas.

Atendendo a que os painéis foram realizados especificamentel tara este espaço, e não havendo qualquer indício de alterações pos-leriores (o enquadramento recortado sobre as cenas assim o com-prova), a organização actual corresponde, com certeza, à original.Todavia, a sequência narrativa não obedece a critérios cronológicos,

só fazendo sentido, segundo José Meço, quando lida a partir da gra-de, contornando o coro no sentido dos ponteiros do relógio (Meço,'_'<)< >:5: 163). Os temas representados nos painéis do coro alto"repetem" alguns dos temas do revestimento azulejar da nave daigreja, ainda que, naturalmente, em composições estilísticas bastan-te distintas16. Apesar de já existir, na altura em que os azulejos fo-ram pintados, a série de gravuras da autoria de Arnold van Wes-lerhout (1716), é muito provável que a série de 1613 tenha sido par-cialmente utilizada neste coro, ainda que, por exemplo, no painel doCasamento místico de Santa WVV.SY/"' se observem pormenores distin-tos em relação à gravura, nomeadamente na diferente colocação dasmãos das personagens: no painel é ;i mão esquerda de Cristo quesegura o cravo, enquan lo Snnla Teresa cni/.a os braços sobre o pei-lo e silo as mflos dn c i l . r . < l i .nnlio.s que se tocam (ligs. H e f)).

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O painel da Transverberação leve como fonte de inspiração agravura de Antonius Wierix, sendo bastante evidente a relaçãoentre as duas imagens. Em todo o caso, nos azulejos o cenáriotorna-se mais complexo, privilegiando o contexto arquitectónicoem detrimento das nuvens de anjos que predominam na gravura.O próprio anjo que trespassa Santa Teresa com um dardo assumeuma postura distinta em relação à gravura, encontrando-se àfrente e não ao lado da Santa (figs. 10 e 11).

Os temas que, pela primeira vez, são reproduzidos em azulejo nes-te espaço conventual são a Transverberação de Santa Teresa, Nossa Se-nhora e o Menino entregam o Escapulário a São Simão Stock17 e SantaTeresa coroada por Cristo16. O episódio da coroação é significativo, nãoapenas pela importância inerente ao acto de Cristo coroar Santa Te-resa, mas também pelo momento que marca o período em que SantaTeresa foi agraciada com esta visão: o da conclusão da fundação doConvento de São José de Ávila com a entrada do Santíssimo Sacra-mento e de algumas religiosas, incluindo a própria: "Estando eu, antesde entrar no Mosteiro, a fazer oração na Igreja e quase em arrouba-mento, vi Cristo; pareceu-me que me recebia com grande amor e mepunha uma coroa, agradecendo-me o que fizera por Sua Mãe." (SantaTeresa de Jesus, Livro da Fida, 36-24, 2000: 310) (figs. 12 e 13).

Em termos de fontes de inspiração observa-se, novamente, ainfluência do álbum de Collaert e Galle, mas acrescido de porme-nores que enriquecem a composição acentuando, mesmo, algunsaspectos iconográficos. Na verdade, não é apenas o maior ênfaseconferido ao espaço arquitectónico em que a cena se desenrola,mas também a mesa, à esquerda, sobre a qual é visível um livroaberto e um tinteiro. Estes elementos são, por sua vez, presençasconstantes em quase todos os painéis, funcionando como umaalusão à condição de Santa Teresa como escritora.

Apesar da repetição de episódios em espaços diferentes domesmo convento, a mesma revela apenas semelhanças iconográfi-cas. Décadas separam a realização dos dois ciclos azulejares e acirculação de gravuras entre o período de manufactura do revesti-mento da nave e o período do revestimento do coro alto permitiuuma perspectiva renovada sobre os temas retratados, condiciona-dos pelas respectivas épocas artísticas, pelas encomendas e, tendoem consideração a função distinta de cada espaço, pela mensagem,de carácter pedagógico e devocional, que se quis transmitir àsdiferentes classes sociais que deles usufruíam (enquanto o coroalto era apenas para a comunidade religiosa, ;i igreja era tambémfrequentada pelo povo), sobre a figura da San la ra rmcl i t i i .

Espiritualidade e Mlitlcls i< - . . I M I . I i . - i . .. .1. i, u

A Sala de Santa Teresa do Convento de São Paulo de Serra de• > , ; i , no Redondo, apresenta uma curiosa iconografia dedicada a' i a Santa sem que, contudo, se conheçam algumas das respecti-\ l ontes gravadas. Integrados no designado Ciclo dos Mestres, eItribuídos ao Mestre P.M.P, observam-se, nestes painéis, e con-1 1 .M Lindo, em parte, as representações e iconografia até agoralelendas, práticas de penitência (Santa Teresa ajoelhada carre-i'. .indo sacos de pedras), milagres, o episódio da construção de umconvento, provavelmente o de São José de Ávila e "ascensão" deSanla Teresa. Paralelamente a estas representações são ainda\\s os episódios Santa Teresa e o irmão caminham para a terrai tos mouros, a Imposição do colar e do manto e Santa Teresa coroada/•ar ('risto. Certamente mais baseados em suportes literários, notase, no entanto, uma certa relação das representações azulejares

com as gravuras de 1613, mas apenas nas cenas de Santa Teresai ontiitla por Cristo (fig. 12), na Imposição do colar e do manto (fig. 4)l na fuga dos irmãos para a terra dos mouros (Collaert-Galle,l < > i : { £1630]: grv. 3), comprovando-se que a série de gravuras

i 1 , 1 conhecida do pintor de azulejos embora a sua a liberdade e/I H I a vontade do encomendante tenha resultado na representaçãomais "ingénua" das personagens. No episódio da coroação, porexemplo, o pintor retratou o momento num ambiente celestial,• mu vários anjos, onde se observa Santa Teresa e Cristo em pla-nos diferenciados. Como legenda à imagem, lê-se: "THERESIA('()K()NATVR A DOMINO" (Teresa coroada pelo Senhor).

Também do século XVIII são os dois painéis Encontro de Santar<'irsu com Cristo e Transverberação, que revestem a nave da cape-

la do antigo Convento de Santo Alberto, hoje Museu Nacional deA i (r Antiga. As gravuras 8 (fig. 2) e 10 do álbum de 1613 foram,sem dúvida, a fonte que serviu de inspiração para a realização des-les painéis, diferenciando-se das mesmas apenas na organizaçãoi Io espaço pois o pintor reduziu a presença de várias figuras, sim-pl i f icando as cenas ao seu limite essencial e iconográfico.

No antigo Convento de Santa Teresa de Jesus de Carnide, emLisboa, encontra-se novo conjunto iconográfico de Santa Teresa.( ) discurso azulejar de cariz carmelita que a igreja apresenta inter-hi ' ,a se com as pinturas de grandes dimensões que encimam ospainéis da nave e a grade, bem como os painéis da capela-mor(a lus ivos à vida de Cristo). A conjugação entre estes dois meios derepresentação artística permitiu a realização de uma narrativa te-resiana bastante maior, ao ser utilizada a pintura para a reprodu-I . . K I de a lguns dos episódios mais emblemáticos (Transverberação,

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Santa Teresa orando diante do Ecce Homo, Santa Teresa e o irmão ca-minham para a terra dos mouros, entre outras visões e êxtases) possi-bilitando, desta forma, ao pintor de azulejos e/ou encomendante aescolha de outros episódios da vida da Santa e criar, assim, um novoe renovado discurso para as representações teresianas azulejares.

De época posterior, possivelmente do terceiro quartel do sécu-lo XVIII, o ciclo da igreja do Convento de Carnide apresenta epi-sódios da vida de Santa Teresa de Jesus diferentes em relação aospainéis que temos vindo a referir, exceptuando o que ilustra SantaTeresa coroada por Cristo. Para o sub-coro, nave e transepto a op-ção recaiu em momentos da vida da Santa que a retratam a entrarno convento da antiga Ordem Carmelita, no momento em quetoma o hábito, e no momento em que professa na regra primitivada Ordem. Surgem também as representações da visão de Cristoatado à coluna admoestando-a e dizendo-lhe que siga o exemplo deMaria Madalena, paralelamente à representação de Santa Teresa aajudar os mais necessitados (estes dois foram retratados no mesmopainel, separados por uma estrutura arquitectónica). A presença oEspirito Divino em Santa Teresa, que lhe permite ver a glória dosbem-aventurados no céu, e a visão na qual Santa Teresa escolheSão José, a conselho da Virgem Maria, para ser o protector da suareforma, a par de outra visão de Cristo, da queima do seu livroConceitos do Amor de Deus19, da sua viagem pelas fundações dosconventos (quando se vê interpelada por um grupo de pessoas) e,do episódio do sofrimento infligido pelos homens a Santa Teresa, naaltura da fundação do primeiro convento, são outros dos temasrepresentados neste espaço20. Completam este ciclo azulejar doispainéis de azulejos alusivos ao profeta Elias e um outro onde estárepresentado o episódio de Nossa Senhora e o Menino entregam oEscapulário a São Simão Stock, entrevisto pela Santa e suas compa-nheiras, (reminiscente do painel com o mesmo tema que se encon-tra no coro alto do Convento dos Cardaes), numa associação daiconografia teresiana com a iconografia da Ordem propriamentedita. Cada painel apresenta guarnição decorada com elementosbarrocos, mas incluindo também concheados rococó com carteias,onde se observa o brasão da Ordem das Carmelitas Descalças.

O pintor deste ciclo azulejar deverá ter-se inspirado nas gra-vuras das obras Vita effigiata et essercizi affettiui di S. Teresa diGiesu..., de 1670; La Fie de Ia séraphique Mère sainte Thérèse deJésus,fondatrice dês Carmes Déchaussez & dês Carmelites Déchaussées,enfigures & en vers François & Latins, de Claudine Brunand 1670e, da série de Arnold van Westerhout, Vita qffigiãta delia seráfica

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rrrgine S. Teresa di (icsít Jinidalrice delVOrdine Carmelitano Scalzo(1716), todas elas apresentando fortes semelhanças entre si. Estassemelhanças estão bem patentes nos painéis, ainda que a"invenção" do pintor seja evidente na recriação dos espaços envol-\i i (es, onde se observam, por vezes e em paralelo às cenas devo-donais, paisagens campestres em plano mais recuado. A títulocxemplificativo reproduzimos as gravuras de dois destes álbuns(sendo que, a do álbum de 1716 é bastante semelhante), que o pin-! < > r de azulejos transpôs integralmente para o painel e que retra-iam o sofrimento infligido pelos homens a Santa Teresa, na altura dafundação do primeiro convento. As diferenças encontram-se ape-nas na composição que acolhe o momento representado e no nú-mcro superior de figuras que assistem à cena (figs. 14 a 16)21.

O regresso à série de Antuérpia de 1613 acontece no silhar dea/.ulejos que decora a hoje denominada sala de Santa Teresa, no( ' i >n vento do Santíssimo Coração de Jesus à Estrela, em Lisboa. Delinguagem estilística mais tardia (c. 1780 e 1790), com cercaduraspolicromas de inspiração rocaille, o silhar apresenta, em dez painéisfigurativos, alguns dos principais passos da vida, visões e experiên-cias místicas de Santa Teresa de Jesus reproduzidos na série derravuras. Analisando os painéis e comparando-os com as gravuras,lonia-se muito evidente a cópia pormenorizada destas, reproduzin-do na íntegra as palavras de Santa Teresa de Jesus. Contudo, estesencontram também similitudes com o álbum de Giovanni GiacomoUossi, Sanctissimae Matris Dei Mariae de Monte Carmelo Beata Tere-íini' I íumitts Filae Ac Devota Famula EJffigies de 1622 que, como járeferimos, é cópia da série de 1613 (figs. 17 e 18).

Na adaptação das fontes ao azulejo, os artistas alteraram asestampas em função do espaço disponível, aumentando ou dimi-nuindo os painéis de acordo com a morfologia e dimensão da su-perfície a revestir e mantendo sempre intactas as cenas princi-pais, modificando-se os enquadramentos (Saldanha, 2005: 111).

No programa iconográfico seleccionado para este espaço doanl igo convento reconhece-se que ficaram de lado representaçõesLI» significativas como a Transverberação, o Casamento Místico,:\<i>//ti Teresa coroada por Cristo ou a Morte de Santa Teresa, temash a b i t u a l mente representados noutros conventos da Ordem. Estaausência pode ser explicada pelo facto dos mesmos episódios seencontraram ilustrados noutras zonas do convento, em pintura,por exemplo, num discurso semelhante ao que assinalámos para al i - , i eja <lo antigo Convento de Santa Teresa de Jesus de Carnide.

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No que diz respeito a ciclos exteriores ao universo carmelita,merecem especial referência os azulejos do tímpano da paredefundeira da Sala do Capítulo do antigo Convento de Santa Marta,em Lisboa, preenchido por um tríptico alusivo a Santa Teresa deJesus, de c. 1730-1750, baseado em três das gravuras dapublicação de 1613 (Collaert-Galle, 1613 £1630]: grv. 6, 8 e 13).As cenas representadas são Santa Teresa orando diante do EcceHomo, Transverberação ou Êxtase de Santa Teresa e Casamentomístico de Santa Teresa. Todas denotam forte semelhança emrelação às gravuras, das quais são cópias "quase perfeitas". Doconjunto destaca-se a maior força dramática e teatralidade queemana do painel central, o da Transverberação.

Integrados num convento de clarissas e num espaço com umprograma iconográfico específico, "fora" da realidade dascarmelitas descalças22, estes painéis têm suscitado algum debateentre os investigadores, que se questionam sobre a razão quepoderá ter presidido à sua inclusão nesta sala. Fernando Ponce deLeón, responsável pela identificação das gravuras para os painéisde Santa Teresa neste espaço, explica a presença da Santa carme-lita pelo culto teresiano que houve neste convento, atestado pelarealização dos painéis, mas também pela existência de obras empintura retratando Santa Teresa, e pela devoção que algumas dasabadessas tiveram a esta Santa, por exemplo, madre Teresa deJesus e madre Dionizia de Santa Teresa (Léon, 1993: 161-181).

Deixamos para o final uma referência aos três conjuntos depainéis que se encontram nas reservas do Museu Nacional doA/.ulejo, e cuja proveniência se desconhece. Dois deles são com-postos por dois painéis cada; o primeiro é alusivo a São João daCru/, c apresenta em cada painel duas cenas nas quais tambémsurge representada Santa Teresa de Jesus. Do outro conjuntoainda só foi possível perceber a cena representada num dos pai-néis: Santa Teresa e o irmão caminham par a a terra dos mouros en-quanto do outro painel só foi ainda redescoberta a guarnição. Oúltimo conjunto, com painéis de maiores dimensões, denota umprograma iconográfico pouco comum e de difícil identificação,não tendo sido possível, até à data, localizar as fontes gravadasque estiveram na base da sua composição. Na verdade, a identifi-cação dos temas e das personagens aí representados só tem sidopossível graças à leitura cruzada das obras literárias de SantaTeresa (Marinho, 2013).

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Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus, da gravura à azulejaria

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De todas as gravuras existentes, o álbum de gravuras de Adria-cn Collaert e Cornelis Galle (1613) foi o mais reproduzido ao lon-go dos séculos XVII e XVIII, período de grande proliferação derepresentações sobre Santa Teresa de Jesus na azulejaria, fosse porcópia directa ou como fonte de inspiração. No que à gravura dizrespeito, este álbum é entendido como fonte principal para a repre-sentação iconográfica da Santa carmelita, ainda que, por vezes, setenha optado por outras fontes gravadas para a realização de ciclosa/.ulejares subordinados ao mesmo tema, mas com a representaçãode outros episódios da vida da Santa. Exemplo significativo destasituação é a influência que as gravuras de 1670 (Vita effigiata etfssercizi qffettiui di S. Teresa di Giesu..., e La Vie de Ia sêraphiqueMère sainte Thérèse de Jesus... de Claudine Brunard), e as da sériede 1716, de Arnold van Westerhout, tiveram na igreja do antigoConvento de Santa Teresa de Jesus de Carnide, em Lisboa.

Dos episódios retratados nas estampas de Antuérpia, a esco-lha de quais os temas a retratar centrou-se nos momentos quemaior impacto tiveram na vida da Santa. O episódio Santa Teresac o irmão caminham para a terra dos mouros, por exemplo, ilustra aesperança que Santa Teresa, aos sete anos de idade e influenciadapela leitura da vida dos santos, tinha de morrer pela fé fugindo de(•asa, com o seu irmão Rodrigo.

Paralelamente, foram as suas visões e êxtases que maior prolife-ração tiveram nas narrativas teresianas, com os episódios da Trans-verberação ou Êxtase de Santa Teresa, Casamento místico, Santa Teresacoroada por Cristo, Imposição do colar e do manto, Santa Teresa orandodiante do Ecce Homo e Santa Teresa escritora inspirada pelo EspíritoSiuito, a serem os mais reproduzidos. Estas escolhas são significati-vas e demonstrativas da razão doutrinal que levou à sua selecção:.1! i aves destes episódios, os leigos e freiras que deles usufruíam ti-ni ia m como modelo uma vida de devoção, de um grande ascetismo esubsequente ascensão espiritual, que deviam seguir até à perfeição;mais do que uma opção estética, as narrativas azulejares teresianascontribuíram para uma instrução espiritual e contemplativa.

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Gravura

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NOTAS

l . Mestre Gaspar Daza, os Padres Baltazar Álvarez, Pedro Ibaflez e Franciscode Salcedo, escudeiro e capelão (na primeira redacção), e Garcia de Toledo eDomingos Banez (na segunda edição), foram amigos e confessores de SantaTeresa, que a "incentivaram" a escrever esta obra com a intenção de tentarcompreender a natureza das suas experiências místicas.

'1. Para uma visão actualizada dos estudos que têm vindo a ser realizados nestaárea e que revelam a importância da gravura como principal fonte de inspi-ração para a azulejaria portuguesa, veja-se, Almeida, 2007: 107-117.

:). De acordo com Sanda Costa Saldanha, este álbum teve uma segunda ediçãoainda em 1613 e uma terceira edição em 163O (Saldanha, 20O5: 104).

K A 2a edição data de 1669, e foi esta a edição por nós consultada.A 2a edição data de 1678, e foi esta a edição por nós consultada.

(i. Santa Teresa de Jesus, Limo da Vida, 1-7, 2000: 32; Vita, 1670: 118; Bru-nand, 1670 [[1678]]: 14; Westerhout, 1716: grv. V. Nas gravuras, a imagemde Nossa Senhora que Santa Teresa refere, foi substituída pela presença"física" da mesma, representada a consolar a Santa após a sua perda.

7. Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 9:7-8, 2000: 79-80; Brunand, 1670 [[1678]:58; Westerhout, 1716: grv. XIII. Em ambas as gravuras e contrariando a descri-ção de Santa Teresa, Santo Agostinho foi colocado sobre uma nuvem como ele-mento identificativo e crucial para a compreensão do momento em questão.

H. Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 29-7, 2OOO: 234-235; Daniel a VirgineMaria, 1669: 268; Vita, 1670: 234; Brunand, 167O £1678]: 102; Westerhout,1716: grv. XVII. Seguindo a descrição de Santa Teresa, a representaçãodeste episódio difere apenas na gravura de 1669, mais ingénua, com a subs-t i tuição das pedras preciosas por quatro flores.

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9. "Estando nesta consideração, deu-me um ímpeto grande sem entender omotivo; (...) Era ímpeto tão excessivo, que eu não o podia reprimir (...)Estando nisto, vejo sobre minha cabeça uma pomba; bem diferente das decá, porque não tinha penas, senão que as asas eram de umas conchinhas quedespediam de si grande resplendor. (...)" [^sublinhado nosso] (Santa Teresade Jesus, Livro da Vida, 38, 9-10, 2000: 323)

10. Reproduzimos aqui a passagem do Livro da Vida em que Santa Teresa des-creve este episódio: "Quis o Senhor que viesse então algumas vezes estavisão. Via um anjo ao pé de mim. para o lado esquerdo, em forma corporal(...) Nesta visão quis o Senhor que o visse assim: não era grande mas pe-queno, formoso em extremo, o rosto tão incêndio, que parecia dos anjosmais sublimes que parecem todos se abrasam. (...) Via-lhe nas mãos umdardo de oiro comprido e, no fim da ponta de ferro, me parecia que tinha umpouco de fogo. Parecia-me meter-me este pelo coração algumas vezes e queme chegava às entranhas. Ao tirá-lo, dir-se-ia que as levava consigo, e medeixava toda abrasada em grande amor de Deus. Era tão intensa a dor, queme fazia dar aqueles queixumes e tão excessiva a suavidade que me causavaesta grandíssima dor, que não se pode desejar que se tire, nem a alma secontenta com menos de que com Deus. Não é dor corporal mas espiritual.embora o corpo não deixa de ter a sua parte, e até muita. É um requebro tãosuave que têm entre si a alma e Deus, que suplico à Sua bondade o dê agostar a quem pensar que minto." [^sublinhado nosso] (Santa Teresa deJesus, Livro da Vida, 29-13, 2000: 237-238).

11. Uma vez mais reproduzimos a descrição de Santa Teresa: "Meus irmãos emcoisa alguma me desajudavam a servir a Deus. Tinha um, quase da minhaidade, que era aquele a quem eu mais queria, embora a todos tivesse grandeamor e eles a mim. Juntávamo-nos ambos a ler a vida dos santos. Como viaos martírios que, por Deus, as santas passavam, parecia-me compraremmuito barato o ir gozar de Deus e desejava muito morrer assim. Não peloamor, que eu entendesse ter-Lhe, senão para gozar, tão em breve, dos gran-des bens que lia haver no Céu. E tratava com este meu irmão do meio quehaveria para isso. Combinamos ir a terra de mouros, esmolando por amorde Deus, para que lá nos decapitassem; e parece-me que nos dava o Senhorânimo em tão tenra idade, se víssemos algum meio; mas o termos pais pare-cia-nos o maior embaraço." [^sublinhado nosso] (Santa Teresa de Jesus,Livro da Vida, 1-4, 2000: 31).

12. "Aconteceu-me que, entrando eu um dia no oratório, vi uma imagem, que paraali trouxeram a guardar (...) Era a de Cristo muito chagado e tão devota que,ao pôr nela os olhos, toda eu me perturbei por O ver assim, porque represen-tava bem o que passou por nós. Foi tanto o que senti por tão mal Lhe teragradecido aquelas chagas, que o coração, me parece, se me partia e arrojei-mejunto d' Ele com grandíssimo derramamento de lágrimas, suplicando-Lhe mefortalecesse de uma vez para sempre para não O ofender. (...)" [^sublinhadonosso] (Santa Teresa de Jesus, Livro da Vida, 9-1, 2000: 77).

13. Entre os pintores conhecidos do quartel do século XVIII, tudo aponta para quetenha sido a oficina de Valentim de Almeida a responsável pela manufacturadestes painéis ainda que, com reduzida intervenção do mestre (Meço, 2003: 170).

14. Um cotejo mais profundo com as fontes gravadas para alguns destes painéisainda está a ser realizado, pelo que, por agora, não nos é possível estabele-cer com certeza absoluta, as respectivas fontes de inspiração.

Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus, da gravura à azulejaria

15. São estes: Encontro de Santa Teresa e São João da Cruz assistidos pela Santíssi-ma Trindade (junto à grade, do lado direito), seguindo-se-lhe o episódio daRefeição de Cristo e Santa Teresa, aqui com um serafim a servi-los (este episó-dio não consta do álbum de Antuérpia e é um para o qual ainda não foi en-contrada a fonte de inspiração). Os outros painéis são: Viagem de Santa Teresaa Salamanca, idêntico ao da nave na presença das figuras que acompanham aSanta, nos anjos e na figura de São José com um esquadro; a Comunhão noConvento de Medina dei Campo, com a composição agora acrescida de doisserafins; Santa Teresa e o irmão caminham para a terra dos mouros, com os doisirmãos retratados como adolescentes, a Imposição do colar e do manto e Mortede Santa Teresa, deitada no leito e rodeada por diversas monjas, num espaçofechado com características palacianas.

16. Nas palavras de Santa Teresa: "Representou-se-me então, o mesmo Senhor,como de outras vezes, por visão imaginária, muito no interior, e deu-me a Suamão direita, dizendo-me: 'Olha este cravo: é sinal de que serás Minha esposade hoje em diante. Até agora não o tinhas merecido; de aqui em diante zelaráspela minha honra, não só como Criador, como Rei e teu Deus, mas comoverdadeira esposa Minha. Minha honra já é tua e a tua Minha'." [^sublinhadonosso] (Santa Teresa de Jesus, As Relações, 35, 2000: 950). A obra Relaçõescaracteriza-se por ser um florilégio de temas heterogéneos, entendido como omais íntimo dos escritos teresianos, composto ao longo dos vinte e um anosque compreendem quase todo o período literário de Santa Teresa.

17. Embora não fazendo parte da iconografia específica de Santa Teresa, a in-clusão do tema neste contexto justifica-se por este ser um dos episódioscarmelitas mais importantes, também conhecido por "Privilégio Sabatino",alusivo à salvação da alma do purgatório em cada sábado, através do uso doescapulário (Meço, 2003: 166).

18. O conjunto azulejar termina com um painel mais estreito que reveste aparede até ao canto, centrado pelo postigo de madeira de um pequeno armá-rio embutido. Apresenta apenas uma paisagem, idêntica às dos fundos dosrestantes painéis, na qual se destaca um pastor com um rebanho e um cãojunto a uma ponte (Meço, 2003: 167).

19. Esta obra está incompleta porque e por opinião expressa à autora pelo seuteólogo e amigo, o P. Diego de Yanguas, este entendeu ser inconvenienteque uma mulher ousasse comentar o mais delicado dos livros bíblicos. Comonão seria tolerado pela Inquisição, Santa Teresa depressa obedeceu e seguiuo seu conselho atirando a obra ao fogo (Álvarez, 2000: 12 e 971-972).

•JO. A decoração azulejar do transepto apresenta ainda dois frontais de altarpolicromos, cada um com um brasão.

'l l . Mais uma vez, observa-se a pertinência e importância das palavras de SantaTeresa na transposição deste episódio para a gravura e, posteriormente,para o azulejo: "Tudo se fez debaixo de grande segredo, porque, a não serassim, nada se poderia fazer, pois o povo estava contrário (...) juntaram-sealguns dos regedores, o corregedor e alguns do cabido, e todos juntos disse-ram, que de nenhum modo, se podia consentir, pois que daí vinha evidentedano ao bem público, e que haviam de tirar o Santíssimo Sacramento, e denenhum modo consenTiriam que fosse por diante. (...) Eles alegavam suasra/.õcs c eram movidos por bom /.cio, e assim, sem ofender a Deus, faziam-me padecei- M mim c .1 l . . d . i : , ,is pessoas que favoreciam a fundação. (...) te-mia que se drsh/r.v.r .1 l l . i( ,! l i i ( . . . ) Ks lando eu bom a f l i t a , me disse o Se-nhor: N ; > < > i l » • ! |« i d i - i c i N o i 1 c | i i o lemes:' K asscgurou-me que n3o SC

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desfaria. Com isto fiquei muito consolada." (Santa Teresa de Jesus, Livro daFida, 36, 3-16, 2000: 209-306).Este conjunto azulejar da igreja de Carnide será objecto de um estudo maisaprofundado, em particular, na procura da fonte literária específica de SantaTeresa e na forma como a gravura influenciou a realização dos painéis. Oconvento tem outras duas salas com iconografia dedicada à Santa, nomeada-mente, na sala do túmulo da infanta D. Maria e na actual sala da direcção,que serão objecto de estudo paralelo com o ciclo azulejar da igreja. A sala dotúmulo apresenta, entre outros, a -visão de Cristo atado à coluna e, a sala dadirecção repete a originalidade na representação da iconografia teresianacom uma renovada iconografia que, numa primeira análise, aponta para vá-rias das fundações que Santa Teresa realizou. Esta iconografia das fundaçõestambém está patente na Capela de Santa Teresa nas Termas de Monchique,num discurso semelhante ao da sala da direcção do Convento de Carnide.

22. A restante iconografia deste espaço remete para representações sobre SãoFrancisco de Assis, Santa Clara e figurações da obra Pia Desideria Emblema-tis, elegiis & affectibm SS. Patrum illustrata.

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VisSo de Santa Teresa deNossa Senhora com o Meninoe Silo José, acompanhadaspelas freiras carmelitasvré3o de Cristo*representação de um mBaere"ascençlo de Santa Teresa*

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2. Transverberação de Santa Teresa. Adriaen Collaert, Cornelis Galle, 1613 [1630] grv. 8. Foto BNP - Sov.io < l .Iconografia, E. A. 14//6 P. 3. Transverberação de Santa Teresa. Azulejos do interior da Igreja do Convento do

Carmo, 3° quartel do século XVII. Foto Biblioteca Municipal de Figueiró dos Vinhos

\: Imposição do folar e do manto. Adriaen Collaert, Cornelis Galle, 1613 [1630] grv. 14.Foto BNI' - Secção de Iconografia, E. A. 14//6 P.

5. Imposição do colar e do manto, c. 1688. Foto Meço, 2003: 121

6. ^flwte Teresa orando diante do EcceHomo. Adriaen Collaert, Cornelis Galle, 1613 [l630] grv. 6.Foto BNP - Secção de Iconografia, E. A. 14//6 P.

7. Santa Teresa orando diante do Ecce Homo, c. 1688. Foto Meço, 20O3: 126

( IA MAM!! II K i | l t» MM l . u l , - t - Mr.lh i-.modr S.inl.i lrn-..i .Ir II-MP.

. Casamento místico de Santa Teresa. Adriaen Collaert, Cornelis Galle, 1613 Q1630] grv. 13.Foto BNP - Secção de Iconografia, E. A. 14//6 P.

9. Casamento místico de Santa Teresa, 2° quartel do século XVIII. Foto Meço, 2003: 165

10. Transverberação de Santa Teresa, Antonius III Wierix, St. Theresa, S. Virg. Et M. Teresa a lesv, 1614-1622.Foto Metropolitan Museum of Art

11. Transverberação de Santa Teresa, 2° quartel do século XVIII. Foto Meço, 2003: 168

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2. Santa Teresa coroada por Cristo, Adriaen Collaert, Cornelis Galle, 1613 [1630]] grv. 16.Foto BNP - Secção de Iconografia, E. A. 14//6 P.

13. Santa Teresa coroada por Cristo, 2° quartel do século XVIII. Foto Meço, 2003: 168

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LÚCIA MARINHO j Espiritualidade e Misticismo de Santa Teresa de Jesus

14. Sofrimento infligido pelos homens a Santa Teresa, painel de azulejos do 3° quartel do século XVIII.Foto Mário Marzagão alfacinha (blogue), 2012

15. Sofrimento infligido pelos homens a Santa Teresa. Foto Vita, 1670: 22016. Sofrimento infligido pelos homens a Santa Teresa. Foto Brunand, 1670 [I678^j: 208

17- Santa Teresa e o irmão caminham para a terra dos mouros.Adriaen Collaert, Cornelis Galle, 1613 [1630] grv. 3. Foto BNP - Secção de Iconografia, E. A. 14//6 P.

18. Santa Teresa e o irmão caminham para a terra dos mouros. Foto Rossi, 1622: grv. 3.Biblioteca da Ajuda - mon. 21-IX-í l

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