Espaços Públicos de Barcelona 1981-2001

70
ESPAÇOS PÚBLICOS DE BARCELONA 1986 »» 2001 ANA BRANDÃO LA CONSTRUCCIÓ D'UN ESPAI PÚBLIC PER A TOTHOM Master Oficial en Disseny Urbà: Art, Ciutat, Societat JUNHO de 2011

Transcript of Espaços Públicos de Barcelona 1981-2001

ESPAÇOS

PÚBLICOS DE

BARCELONA 1986 »» 2001

ANA BRANDÃO

LA CONSTRUCCIÓ D'UN ESPAI PÚBLIC PER A TOTHOM

Master Oficial en Disseny Urbà: Art, Ciutat, Societat

JUNHO de 2011

1

ÍNDICE

ÍNDICE ............................................................................................................................................. 1

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 2

I. EXPLORAÇÃO DE DADOS ......................................................................................................... 3

ANÁLISE por DISTRITOS ............................................................................................................ 8

1. Ciutat Vella ........................................................................................................................... 8

2. Eixample ............................................................................................................................. 11

3. Sants-Montjüic .................................................................................................................... 14

4. Sant Martì ........................................................................................................................... 17

5. Les Corts ............................................................................................................................ 21

6. Sarrià – Sant Gervasi ......................................................................................................... 24

7. Horta-Guinardò ................................................................................................................... 27

8. Gràcia ................................................................................................................................. 30

9. Nou Barris ........................................................................................................................... 33

10. Sant Andreu ...................................................................................................................... 36

AUTORES das INTERVENÇÕES ............................................................................................. 39

CRUZAMENTO de ANÁLISES .................................................................................................. 42

II. ANÁLISE DE ESPAÇOS PÚBLICOS ........................................................................................ 44

Plaça Can Robacols ................................................................................................................... 44

Rambla Prim ............................................................................................................................... 47

Rambla del Poblenou ................................................................................................................. 53

CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 59

ANEXOS ........................................................................................................................................ 61

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 69

2

INTRODUÇÃO

A regeneração urbana em Barcelona nos últimos 30 anos, foi acompanhada pela produção de

um número considerável de espaços públicos, com uma diversidade importante de propostas e

respostas. O espaço público tornou-se uma das partes mais visíveis e relevantes da

transformação da cidade a partir do seu domínio público, de livre acesso e com a capacidade de

integração de várias componentes. O resultado desta política manifesta-se por exemplo numa

melhoria da estrutura urbana, na reactivação de zonas degradadas, na valorização de usos e

actividades na cidade ou na qualidade das soluções propostas.

O objectivo deste trabalho, é entender a abrangência da construção do espaço público, na

cidade de Barcelona no período democrático. Num âmbito geral pretende analisar alguns dados

da produção de espaço público, tentando encontrar as estratégias e os protagonistas relevantes.

Numa aproximação mais concreta, perceber quais são os elementos do desenho e da

materialização que configuram e definem o espaço público.

Como parte de uma estratégia de "marketing urbano", o Ajuntament de Barcelona produziu

várias publicações sobre os projectos e as obras de espaços públicos produzidas nestes anos.

Entre estas estão o conjunto de duas publicações "Barcelona, Espacios Urbanos 1981-1996” e

"Barcelona, Espacios Urbanos 1986-2001”1, que apresentam uma lista de espaços públicos,

criados entre as datas indicadas, organizados em vários percursos pela cidade e com uma

pequena ficha de cada projecto seleccionado (autores, data, etc.). É a partir da exploração dos

dados presentes nestes documentos, que se elabora uma análise (com base em ferramentas

estatísticas) de forma a evidenciar as linhas, etapas e opções de intervenção da política de

espaços públicos.

Em mais detalhe, analisaram-se três exemplos de espaços públicos: Plaça Can Robacols,

Rambla Prim e Rambla del Poblenou. Os projectos localizados nos distritos de Sant Martì, têm

origem nos anos 80, mas sofreram alterações ou ampliações mais recentes. A análise dos

casos, permite não só identificar os elementos que determinam o espaço público, mas as suas

relações com a evolução histórica, usos e actividades envolventes. Da mesma forma, a

continuidade temporal das intervenções, pode possibilitar uma leitura das alterações na forma

de projectar espaço público.

Assim a estrutura do trabalho segue os objectivos descritos anteriormente:

A parte I consiste na exploração de dados a partir dos catálogos de espaços públicos de

Barcelona.

A parte II mostra a análise dos casos de estudo escolhidos.

1

Uma pequena nota para enfatizar que os casos analisados estão baseados num guia (com determinados

critérios para a selecção das obras), e não na totalidade dos casos executados no períodos da análise.

Consideram-se ainda algumas intervenções posteriores a 2001 (que já se encontravam previstas nos guias),

contudo sem poder fazer avaliações conclusivas neste período final.

3

I. EXPLORAÇÃO DE DADOS

Os dados recolhidos dos guias correspondem a um total de 159 espaços públicos, com

intervenção desde 1982 até 2004, que englobam acções em todos os distritos de Barcelona. De

modo a podemos encontrar tendências e a linhas de evolução para estas acções, optou-se por

organizá-los em várias categorias e analisá-los nesses contextos.

Numa primeira análise, a partir da escala da cidade de Barcelona escolheu-se abordar: a

evolução das intervenções ao longo do tempo, a distribuição territorial, as várias tipologias de

espaço público, a presença de arte pública e questões relacionadas com os autores. Noutro

ponto fez-se uma leitura à escala de cada distrito da cidade, para em cada um deles replicar as

análises efectuadas e verificar numa escala mais próxima, como se manifestam as tendências

antes identificadas. Numa parte final, regressou-se à escala da cidade para cruzar análises e

tentar encontrar as principais linhas de desenvolvimento das intervenções de espaço público em

Barcelona.

Evolução temporal

Percorrendo o período de análise, podemos verificar as dinâmicas de transformação ao longo do

tempo:

Distribuição de nº de espaços públicos por ano

Um período inicial de 82 a 91 com valores equilibrados, dentro de algumas variações que

sugerem uma tendência de investimento continuado no espaço público. O pico de 1992 está

claramente associado ao evento dos Jogos Olímpicos, marca outro período de 1993 a 2004

onde apesar de um aumento no nº de espaços (58 contra 74), existem maiores discrepâncias de

ano para ano. Os espaços a partir de 2002, os dados podem não ser representativos já que a

edição do guia data de 2001.

1

7

4

8 8 8

3 3

8 8

27

3

13

16

8

3 3

18

1

5

20

2

0

5

10

15

20

25

30

4

Distribuição territorial

A cidade de Barcelona está organizada em 10 “districtos”.

Fig. 1 – Mapa dos 10 distritos que compõem a cidade de Barcelona

Esta reorganização urbanística e administrativa da cidade data de 1984 e enquadra-se no

contexto das reformas desenvolvidas pelo Ajuntament nos primeiros anos da democracia, num

processo de descentralização do poder. Foi pautada pela necessidade de uma maior eficiência

operativa (face à burocracia municipal) e por um agrupamento territorial que lidasse com as

grandes transformações sociais e urbanísticas ocorridas nas décadas de 60 e 70. A divisão

confere a cada distrito: autonomia, capacidade de decisão e gestão económica, numa lógica de

proximidade com a população. A configuração segue as diferentes “partes” da cidade,

reproduzindo em grande parte os antigos municípios anexados no final do séc. XXI, agrupando

entidades num tamanho próximo de 200.000 habitantes.

Outra divisão mais fina e aproximada do território, baseada na escala local do bairro foi iniciada

em 2004, com o projecto “La Barcelona dels Barris”, numa subdivisão dos 10 distritos em 73

Bairros2. O objectivo foi delimitar a cidade em bairros com uma escala significativos do ponto de

vista urbanístico e social, tendo em vista o desenvolvimento de actuações a nível de

equipamentos, intervenções urbanas e serviços municipais.

2

Mapa em anexo

5

Assim, numa distribuição das intervenções de espaço público (ep.) por distritos:

Distribuição de espaços públicos por distrito (em percentagem)

Ciutat

Vella Eixample

Sants-

Montjuïc

Sant

Martì

Les

Corts

Sarrià-

Sant

Gervasi

Horta-

Guinardó Gràcia

Nou

Barris

Sant

Andreu

Nº ep 24 16 21 28 7 8 13 10 19 13

Pode-se verificar que o distrito que reúne mais intervenções é o de Sant Martì, seguido pela

Ciutat Vella e por Sants-Montjuïc. Com menor nº de intervenções existem Les Corts, Sarrià-Sant

Gervasi e Gràcia. De uma forma geral, os distritos da zona oeste da cidade, mais interiores e

com mais situações de montanha têm menos intervenções, que os distritos da zona este, mais

próximos do mar e geralmente mais planos.

Tipologias de espaço público

Noutra perspectiva, pode-se também organizar a produção de espaços públicos a partir das

tipologias que lhes correspondem As distintas tipologias podem representar uma diferenciação

de escala (rua-avenida-eixo, jardim-parque ), mas também podem estar associadas a diferentes

usos e funções (passeio, porto, praça, via).

As categorias utilizadas baseiam-se principalmente na toponímia, tendo em alguma situação

particular de dúvida ou imprecisão, resultado de uma avaliação concreta do espaço público.

Ciutat Vella15%

Eixample10%

Sants-Montjuïc13%

Sant Martí18%

Les Corts5%

Sarrià-Sant Gervasi

5%

Horta-Guinardó8%

Gràcia6%

Nou Barris12%

Sant Andreu8%

6

31%

69%

com Arte pública

Sem Arte pública

Distribuição de espaços públicos por tipologia (em percentagem)

Podemos observar que uma parte significativa das intervenções de espaço público (cerca de

1/3) são praças, correspondendo a pontos centrais da vida dos bairros e das comunidades

locais, funcionando como focos da estrutura urbana. Outras duas tipologias com relevância

referem-se a parques e jardins (juntas formam 1/4), tipologias que corresponde a espaços de

maior relação com a natureza, reivindicados pela população. Ainda com alguma expressão ruas,

avenidas e passeios (no conjunto representam 1/4) correspondem a actuações de melhora e

valorização de espaços de circulação e relação na cidade.

Presença de Arte Pública

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Os dados disponíveis permitem-nos verificar a

relação de investimento no espaço público com a

inclusão de obras de arte pública, numa

proporção similar a 1/3.

Este valor mesmo não representando a maioria,

pode ser ponderado com a existência de

espaços públicos de carácter mais funcional e

menos pendor representativo ou simbólico.

Tipologias nº ep

Acessibilidad 3

Área 1

Avenida 14

Calle 13

Cauce 1

Cementerio 1

Eix 1

Explanada 2

Jardín 19

Muelle 2

Parque 23

Paseo 11

Plaza 51

Polígono 2

Port 1

Puente 4

Rambla 8

Túnel 1

Via 2

Total 159

Acessibilidad2%

Área1%

Avenida9%

Calle8%

Cauce1%

Cementerio 1%Eix

1%

Explanada1%

Jardín12%

Muelle1%

Parque14%

Paseo7%

Plaza32%

Polígono1% Port

1%Puente

3% Rambla5%

Túnel1%

Via1%

7

59%19%

6%

5%

1%3%

2% 2% 1% 1% 1%

C/ 1 obra

C/ 2 obras

C/ 3 obras

C/ 4 obras

C/ 5 obras

C/ 6 obras

C/ 7 obras

C/ 8 obras

C/ 9 obras

C/ 10 obras

C/ 11 obras

Autores das intervenções

Na totalidade dos casos que analisados encontram-se um total de 157 arquitectos que intervêm

no espaço público: em equipas com várias elementos/combinações e intervindo por vezes em

mais de uma obra. Uma análise destes padrões permite fazer algumas observações:

Distribuição do nº de autores por espaço público

Distribuição de nº de arquitectos por nº obras realizadas

- A maior parte das intervenções são feitas por equipas de 2 ou mais arquitectos, realçando uma

prática mais colectiva (menos de autor e mais de colaboração) da produção do espaço público.

- Embora existam autores que actuam em diferentes intervenções, mais de metade dos 157

intervenientes só realiza uma obra.

37%

33%

18%

8%

0%1% 1% 1%

1%1 Autor

2 Autores

3 Autores

4 Autores

5 Autores

6 Autores

7 Autores

8 Autores

9 Autores

Tipologias nº

Arq. c 1 obra 93

Arq. c 2 obras 30

Arq. c 3 obras 10

Arq. c 4 obras 8

Arq. c 5 obras 2

Arq. c 6 obras 5

Arq. c 7 obras 3

Arq. c 8 obras 3

Arq. c 9 obras 1

Arq. c 10 obras 2

Arq. c 11 obras 1

8

ANÁLISE por DISTRITOS

1. Ciutat Vella

Nº de espaços públicos 24

Dimensão: 4,5 Km2

População (2008): 111.891

habitantes

Densidade: 25.596 hab/ Km2

Bairros:

Raval, Gòtic, Barceloneta e

Sant Pere, Santa Caterina i la

Ribera

Localiza-se no centro da cidade: é limitado pelo Eixample a oeste, a este pelo Mediterrâneo, a

norte por Sant Martì e a sul por Sants-Montjuïc.

O distrito, corresponde aproximadamente à histórica Barcelona, amuralhada até ao séc. XIX. Os

bairros que a constituem, representam vários momentos da evolução histórica: o Gòtic engloba

a fundação romana da cidade; Sant Pere, Santa Caterina i la Ribera, fazem parte das primeiras

extensões medievais da cidade; o Raval que nasce a partir de caminhos rurais que conduzem à

cidade, transforma-se numa das primeiras zonas industriais da cidade. A excepção corresponde

ao bairro da Barceloneta, uma extensão da cidade de meados do séc. XVIII, fora do recinto

amuralhado para alojar os habitantes do bairro de la Ribera (destruído aquando da construção

do forte da Ciutadella).

A permanência prolongada intramuros configurou fortemente o tecido urbano histórico, com

espaços exíguos e poucas condições de higiene e salubridade. A perca de centralidade, inicia-

se com o derrube das muralhas a meio do séc. XIX e com a construção do Eixample,

aumentando num processo de degradação física e social ao longo do séc. XX.

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

0

1

2

3

4

5

6

9

Com o retomar da época democrática iniciam-se políticas de revitalização da Ciutat Vella

visando: recuperar a zona como uma centralidade vital da cidade e manter o carácter residencial

dos bairros. Com intervenções diversas, desde operações de demolição e substituição de usos,

e outras de conservação e reabilitação, com a criação de novos equipamentos de âmbito local

ou à escala da cidade, construção de habitação pública e reabilitações de edifícios privados.

A distribuição das intervenções ao longo dos anos, assinala alguns picos em 1983, 1991 e 1994,

e uma concentração de actividades nos primeiros anos dos anos 90, correspondendo à

execução de vários espaços dos PERIs (Plan Especial de Reforma Interior) em vigor.

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Ciutat Vella

Tipologias nº EP

Calle 4

Plaza 7

Paseo 4

Rambla 1

Muelle 3

Avenida 3

Parque 1

Jardín 1

A distribuição das tipologias existentes corresponde a uma zona urbana consolidada, com um

tecido histórico central: maioria de intervenções de praças e ruas, e poucos casos de jardins e

parque. As tipologias relacionadas com intervenções na faixa costeira (muelle e paseo), são

consideráveis.

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Ciutat Vella

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

J. Heinrich 5 C. Fiol 1 J. Fargas 1

J. Artigues 5 M. Periel 1 J. Mir 1

A. Montes 4 A. Viaplana 1 L. Domènech 1

O. Tarrasó 3 H. Piñón 1 P. Alemany 1

M. Roig 3 A. Milà 1 P. Cabrera 1

C. Fuente 2 F. Correa 1 P. Casajoana 1

I. de Lecea 2 IMPUSA 1 R. Amandó 1

R. de Cáceres 2 M. Solà Morales 1 R. Coll 1

J. Barjuan 2 R. Sanàbria 1 R. Solarich 1

R. Clotet 2 A. M. Castañeda 1 R. Meier & partners 1

M. Quintana 1 A. Santos 1 F. Ramos i associats 1

B. Galí 1

Calle17%

Plaza29%

Paseo17%

Rambla4%

Muelle12%

Avenida13%

Parque4%

Jardín4%

10

48%52%

com Arte pública

Sem Arte pública

48%52%com Arte pública

Sem Arte pública

No total das 24 intervenções, participaram 34 arquitectos (com projectos singulares ou em

equipas de 2 arquitectos), na maioria num único projecto. Arquitectos como Jordi Heinrich ou

Jaume Artigues intervêm em mais obras – o primeiro principalmente na faixa costeira e o

segundo em eixos viários.

Percentagem de espaços com obras de arte pública

A percentagem de espaços

públicos com obras de arte

pública, representa quase 50%,

numa possível relação histórica

e simbólica dos lugares.

Distribuição espacial do conjunto de intervenções no distrito Ciutat Vella

Fig. 2 – Mapa do distrito Ciutat Vella, com as intervenções no espaço público

No caso do distrito da Ciutat Vella, numa leitura geral, destacam-se fortemente as intervenções

na faixa costeira (com áreas maiores de acção), desde actuações relacionadas com novas

actividades para a zona portuária, até outras associadas às requalificações das praias. As

actuações situadas no interior do distrito representam requalificações de ruas e praças já

existentes (principalmente no Barri Gòtic), ou abertura de novos eixos urbanos em contextos de

projectos de recuperação urbana (Raval).

11

2. Eixample

Nº de espaços públicos 17

Dimensão: 7,5 Km2

População (2008): 268.189

habitantes

Densidade: 35.847 hab/ Km2

Bairros: Fort Pienc, Sagrada

Família, Dreta de l'Eixample, L'

Antiga Esquerra de l'Eixample,

La Nova Esquerra de

l'Eixample e Sant Antoni

Localiza-se no centro do território de Barcelona, fazendo fronteira com vários distritos: a este a

Ciutat Vella, a norte Sant Martì, a sul Les Corts e Sants-Montjuïc e a oeste com Sarrià-Sant

Gervasi, Gràcia e Horta-Guinardó.

O Eixample surge a partir do derrube das muralhas de Barcelona (1854-1856) e a consequente

expansão da cidade. O Pla de Reforma i Eixample, de Ildefons Cerdà, baseia-se numa estrutura

regular, quadriculada, constituída por ruas tipo de 20m e quarteirões quadrados de 113,33m. O

plano desenha uma cidade igualitária, sem distinção de bairros e onde os serviços se localizam

de forma uniforme. Planeia o desenvolvimento da cidade até aos limites dos municípios

vizinhos, que mais tarde passarão a fazer parte da cidade. O projecto é aprovado em 1859,

começando-se a implantar a partir dessa época. O desenvolvimento da trama, acompanha a

industrialização e o crescimento económico. Espaço da burguesia, acolhe um rico património

arquitectónico principalmente na época modernista.

O tecido do Eixample foi ao longo do seu desenvolvimento, sendo densificado com operações

de substituição e de alterações diversas. As intervenções efectuadas a partir do período

democrático, incidem na melhoria das condições da malha, trabalhando em espaços interiores,

na definição de limites e de espaços singulares.

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

Pode-se verificar um conjunto de intervenções pontuais ao longo dos anos 80 e 90, apenas com

destaque para as intervenções de 1994 que actuam na articulação com o distrito da Ciutat Vella.

0

1

2

3

4

12

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Eixample

Tipologias nº EP

Calle 1

Plaza 4

Rambla 1

Avenida 4

Parque 2

Jardín 3

Paseo 1

Puente 1

Das tipologias existentes distinguem-se com a mesma proporção praças e avenidas, espaços de

excepção dentro da malha regular de Cerdá: as avenidas correspondem a traçados diagonais

que articulam com outros tecidos urbanos ou que desenham novos enquadramentos; as praças

desenham pontos de referência no traçado. As tipologias de parques e jardins correspondem a

intervenções sobre espaços existentes: os jardins são intervenções de recuperação de interiores

de quarteirão; os parques correspondem a desactivação de equipamentos ou indústrias

convertidos em espaços livre.

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Eixample

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

A. Arriola 4 B. Galí 1 A. Ribas 1

M. Quintana 4 C. Fiol 1 C. Ribas 1

E. Pericas 3 M. Periel 1 J. Massana 1

J. Graells 3 M. L. Aguado 1 A. Solanas 1

A. Montes 1 D. Febles 1 J. A. Fernández

Ordóñez 1

M. Gabàs 1 R. de Cáceres 1 J. Llimona 1

Para os 17 espaços públicos participaram 18 arquitectos, com uma grande maioria de projectos

individuais. Os dois arquitectos com mais intervenções - Andreu Arriola e Màrius Quintana -

intervém por todo o distrito, entre 1985 e 1992, no principalmente em projecto de parques e

jardins.

Calle6%

Plaza23%

Rambla6%

Avenida23%

Parque12%

Jardín18%

Paseo6%

Puente6%

13

41%

59%

com Arte pública

Sem Arte pública

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Para este distrito, cerca de 40% dos

espaços incorporam obras de arte

pública, na maioria em eixos principais

(avenidas e ramblas) ou espaços de

natureza (parques e jardins).

Conjunto de intervenções de espaço público no distrito do Eixample

Fig. 3 – Mapa do distrito Eixample, com as intervenções no espaço público

O traçado regular e a tipologia estabelecida de quarteirão, reforçam três tipos de intervenção no

Eixample: a actuação de definição e qualificação de grandes eixos urbanos (principalmente no

limite sul), acções sobre a unidade do quarteirão (usando a totalidade da área ou actuando no

interior) e intervenções centrais em pontos importantes da malha ou de articulação com outros

tecidos urbanos.

14

3. Sants-Montjüic

Nº de espaços públicos 22

Dimensão: 23 Km2

População (2008): 182.692

habitantes

Densidade: 7.958 hab/ Km2

Bairros: El Poble Sec, La

Marina del Prat Vermell, L a

Marina de Port, La Font de la

Guatlla, Hostafrancs, La

Bordeta, Sants – Badal e Sants

O distrito define o limite sul do município de Barcelona, fazendo fronteira com L'Hospitalet de

Llobregat e El Prat de Llobregat, a norte com Eixample e Ciutat Vella, a este com o Mar

Mediterrâneo e a oeste com Les Corts.

O distrito de Sants-Montjüic tem origem no antigo município de Sants, anexado à cidade de

Barcelona em 1897. Sants foi um dos locais da implantação industrial em Barcelona, na sua

maioria indústrias têxteis, com uma comunidade operária forte e tecido associativo importante.

De grande extensão representando quase 1/5 da área municipal, inclui duas zonas especiais

(sem habitantes): a montanha de Montjüic e a Zona Franca-Port (Zona Logística e Porto de

Barcelona). Actualmente é marcado por uma grande diversidade social e urbana. Para além dos

núcleos mais antigos e consolidados (Sants e La Marina de Port) e outros desenvolvidos ao

redor de linhas de comunicação ou espaços industriais (La Bordeta, Hostafrancs), destaca-se o

lado nordeste da montanha, o bairro de Poble Sec, uma extensão da cidade de meados do séc.

XIX, com uma malha apertada e ruas inclinadas.

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

O distrito de Sants-Montjüic recebe intervenções constantes praticamente ao longo de todo o

âmbito temporal analisado. O pico de 1992 corresponde a intervenções em na área de Montjüic

relacionadas com actividades dos Jogos Olímpicos ou de valorização da envolvente.

0

1

2

3

4

15

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Sants-Montjüic

Tipologias nº EP

Calle 2

Plaza 7

Paseo 1

Avenida 1

Parque 6

Jardín 2

Cementerio 1

Explanada 1

A tipologia mais relevante neste distrito, é a praça, numa estratégia de criação de focos de

relação nos diferentes bairros com distintos graus de consolidação. Outras tipologias relevantes

são os parques e jardins, incluídos na zona da montanha de Montjüic ou em zonas de

articulação com malha urbana. Num conjunto menos significativo podemos incluir ainda espaços

de conexão e movimento, como ruas, avenidas e passeios.

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Sants-Montjüic

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

J. Heinrich 2 J. Artigues 1 C. Buxadé 1

B. de Sola 2 M. Periel 1 F. Ruis 1

O. Tarrasó 2 B. Figueras 1 J. C. Montoliu 1

B. Galí 2 E. Batlle 1 J. L. Canosa 1

A. Viaplana 2 J. Roig 1 J. M. Gutiérrez 1

H. Piñón 2 M. Roig 1 J. Margarit 1

D. Navas 2 C. Hom 1 L. Cantallops 1

I. Jansana 2 A. Milà 1 L. Peña Ganchegui 1

N. Solè 2 C. Ferrater 1 L. Queralit 1

R. Marquès 2 E. M. Julián 1 P. Riera 1

M. Quintana 1 F. Correa 1 R. Cardona 1

C. Casamor 1 IMPUSA 1

Os 21 espaços públicos deste distrito englobam 35 arquitectos (ou ateliers de arquitectura),

maioritariamente em equipas de 2 arquitectos. Da distribuição acima, podemos verificar que e

não existem arquitectos cuja intervenção seja sistemática neste distrito.

Calle9%

Plaza33%

Paseo5%

Avenida5%

Parque29%

Jardín9%

Cementerio 5% Explanada

5%

16

24%

76%

com Arte pública

Sem Arte pública

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Neste caso, apenas cerca de 1/4 das

intervenções têm intervenções artísticas,

sem uma particular razão para esta

distribuição.

Conjunto de intervenções de espaço público no distrito de Sants-Montjüic

Fig. 4 – Mapa do distrito Sants-Montjüic, com as intervenções no espaço público

O distrito com uma área maior tem uma distribuição bastante abrangente de espaços públicos:

na montanha de Montjüic, vários espaços ocupam uma área considerável; na zona do Poble

Sec, um conjunto de intervenções articulam uma zona de malha apertada e densa; na zona de

Sants, outro conjunto de intervenções configuram a envolvente da estação; e finalmente um

sistema de eixos viários que fazem parte da Ronda de Mig desenham outros espaços de relação

com os bairros adjacentes.

17

4. Sant Martì

Nº de espaços públicos 28

Dimensão: 10,5 Km

2

População (2008): 228.480

habitantes

Densidade: 21.696 hab/ Km2

Bairros: Camp de l'Arpa del

Clot, Clot, El Parc i la Llacuna

del Poblenou, Vila Olímpica del

Poblenou, Poblenou, Diagonal

Mar i el Front Marítim del

Poblenou, Besòs i el Maresme,

Provençals del Poblenou, Sant

Martí de Provençals e Verneda

i la Pau

O distrito define parte do limite noroeste da cidade, fazendo fronteira com o Município de Sant

Adrià del Besòs, a este com o Mar Mediterrâneo, a sul com a Ciutat Vella e L'Eixample e a oeste

com Sant Andreu e Horta-Guinardó

O distrito tem origem no antigo município de Sant Martì de Provençals, anexado a Barcelona em

1897. A matriz agrícola do território, transformou-se a partir de meados no séc. XVII num dos

primeiros bairros industrializados. O forte desenvolvimento a partir do séc. XIX, prolongando-se

para o séc. XX conduziu à maior concentração industrial de Espanha.

Os principais núcleos urbanos históricos do distrito correspondem aos bairros de Clot e do

Poblenou: tradicionalmente zonas operárias, têm hoje características mais residenciais e

comerciais, com forte vida social e cultural, polarizadores do contexto envolvente. O bairro de

Camp de L’Arpa del Clot, no início da montanha não participou na industrialização e mantém as

suas características mais residenciais. No extremo norte e nordeste do distrito, bairros como

Verneda i La Pau, El Besòs i el Maresme ou mesmo Sant Martì de Provençals, crescem

sobretudo impulsionados por operações de construção de polígonos habitacionais, durante as

décadas de 50 e 60, com soluções e qualidade de edificações distintas. O bairro de Provençals

del Poblenou, compreende uma faixa de contínua de blocos altos de habitação ao longo da

Gran Via, e outra zona de carácter industrial actualmente em transformação. De forma similar o

bairro de El Parc i la Llacuna del Poblenou, compreende antigas zonas industriais também em

transformação. Na faixa costeira, os bairros da Vila Olímpica del Poblenou e Diagonal Mar i el

Front Marítim del Poblenou são dos mais recentes de Barcelona, resultam da substituição de

antigos espaços industriais por novas zonas residenciais, comercias e de lazer, com relação

com a praia e o mar.

18

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

No caso de Sant Martì, que reúne o maior nº de intervenções, elas distribuem-se por pequenos

grupos ao longo do intervalo temporal analisado. O grande pico de 1992 corresponde às

intervenções relacionadas com os Jogos Olímpicos e toda a recuperação de frente litoral, sendo

o lugar e o ano que concentram mais espaços públicos de toda a análise.

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Sant Martì

Tipologias nº EP

Calle 1

Plaza 9

Paseo 2

Avenida 2

Parque 6

Jardín 2

Polígono 1

Explanada 1

Port 1

Rambla 3

A tipologia mais representa no distrito de Sant Martì é a praça, correspondendo a cerca de 1/3

dos espaços públicos, quer na recuperação de espaços existentes, quer na criação de novas

centralidade urbanas, normalmente numa lógica de relação local. O conjunto de tipologias

parques e jardins, é também representativa da incorporação de espaços verdes num tecido

muito heterogéneo. Com um carácter mais residual mas ainda com significado, as ramblas

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Calle3%

Plaza32%

Paseo7%

Avenida7%

Parque21%

Jardín7%

Polígono4%

Explanada4%

Port4%

Rambla11%

19

36%

64%

com Arte pública

Sem Arte pública

reforçam o papel do eixo como elemento de comunicação e articulação do território,

normalmente conferindo identidade e simbolismo ao espaço.

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Sant Martì

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

P. Barragán 5 C. Hom 1 C. Martí 1

J. Heinrich 3 E. Torres 1 D. Freixes 1

B. de Sola 3 J. A. Martínez Lapeña 1 J. Bellmunt 1

M. Gabàs 3 A. Monclús 1 J. I. Llorens 1

C. Casamor 2 C. Ferrater 1 J. M. Mercè 1

B. Figueras 2 E. M. Julián 1 J. Montero 1

B. Martorell 2 J. M. Llauradó 1 J. Santjosé 1

C. Santfeliu 2 M. Herce 1 J.R. de Clascà 1

J. Martorell 2 X. Ruiwamba 1 L. Lamich 1

D. Mackay 2 A. Armesto 1 M. A. Andújar 1

E. Miralles 2 A. Castañeda 1 M. Ruisánchez 1

O. Bohigas 2 A. De Soldevila 1 M. T. Rubió 1

A. Puigdomènech 2 A. Font 1 M. Tersol 1

A. Arriola 1 A. Vidaor 1 P. Zazurca 1

C. Fuente 1 B. Tagliabue 1 V. Miranda 1

B. Galí 1 C. Cirici 1 X. Verdrell 1

M. Periel 1

Para o total dos 28 espaços públicos, participam 49 arquitectos, a maioria das vezes (43%) em

duplas. O principal interveniente Pedro Barragán desenha várias tipologias de espaços (praças,

rambla e eixos viários), maioritariamente na zona norte e este do distrito.

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Neste distrito, pouco mais de 1/3 dos

espaços públicos têm obras de arte

pública, a maioria localizada em parques

ou praças.

20

Conjunto de intervenções de espaço público no distrito de Sant Martì

Fig. 5 – Mapa do distrito Sant Martì, com as intervenções no espaço público

Numa leitura geral sobre a distribuição das intervenções no distrito de Sant Martì, destacam-se

um conjunto de intervenções na frente litoral e em torno da zona Olímpica. Podem-se também

identificar acções sobre grandes eixos de conexão e articulação da cidade, a criação de parques

relevantes à escala dos bairros e ainda intervenções e qualificações de pequenas praças.

21

5. Les Corts

Nº de espaços públicos 7

Dimensão: 6 Km2

População (2008): 83.060

habitantes

Densidade: 13.794hab/ Km2

Bairros:

Les Corts, La Maternitat i Sant

Ramon e Pedralbes

O distrito está localizado no limite sudoeste da cidade, fazendo fronteira a sul com Esplugues de

Llobregat e L'Hospitalet de Llobregat, a norte com Sarrià-Sant Gervasi e Eixample, a este com

Sants-Montjuïc e a oeste com a serra de Collserola.

O distrito actual corresponde ao antigo município de Les Corts, agregado a Barcelona em 1897.

Neste território conviveram instalações industriais, colónias operárias, espaços naturais e

quintas de recreio. A parte mais antiga, que conserva o nome de Les Corts, apresenta uma

paisagem urbana bastante heterogénea, com a combinação de edificações oitocentistas e

novecentistas, com novos edifícios de construção recente. A zona de Maternitat y Sant Ramon,

por baixo da Diagonal é de urbanização mais recente, incluindo grandes conjuntos de

equipamentos (zona universitária, instalações desportivas, equipamentos hospitalares),

enquadrados por zonas residenciais. O bairro de Pedralbes é a zona residencial de maior

“standard” de Barcelona, com grandes mansões (antigas ou recentes) ou blocos isolados,

incluindo ainda zonas de parques e uma parte da zona universitária.

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

No distrito de Les Corts, a primeira intervenção data de final dos anos 80, existindo outras

intervenções em datas pontuais. De ressalvar que os poucos espaços públicos, tornam difícil

tirar ilações mais conclusivas.

0

1

2

3

22

17%

83%

com Arte pública

Sem Arte pública

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Les Corts

Tipologias nº EP

Calle 2

Plaza 1

Jardín 2

Area 1

Da mesma forma, das tipologias existentes: ruas, jardins representam cada uma 1/3 das

intervenções, enquanto praças e áreas correspondem ao 1/3 restante.

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Les Corts

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

M. Gabàs 2 M. Solà Morales 1 J. Salve 1

J. Heinrich 1 M. Rubert 1 M. Raventós 1

C. Fiol 1 O. Clós 1 R. Aurín 1

O. Tarrasó 1 E. Tous 1 R. Moneo 1

C. Casamor 1 J. Carsi 1 R. Vaccaro 1

B. Figueras 1 J. M. Fargas 1

Os apenas 6 espaços públicos construídos no distrito de Les Corts, representam a intervenção

de 17 arquitectos. Para esta proporção contribui a Área Olímpica da Diagonal com a

participação de 9 intervenientes.

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Neste distrito, apenas um espaço público

incorpora uma obra de espaço público,

correspondendo a 17% das intervenções.

Calle33%

Plaza17%

Jardín33%

Área17%

23

Conjunto de intervenções de espaço público no distrito de Les Corts

Fig. 6 – Mapa do distrito Les Corts, com as intervenções no espaço público

Os poucos espaços públicos identificados no distrito de Les Corts, situam-se sobretudo na zona

este do distrito, que corresponde à ocupação mais antiga e ao bairro de Les Corts, com

excepção da zona olímpica no limite oeste.

24

6. Sarrià – Sant Gervasi

Nº de espaços públicos 8

Dimensão: 20,1 Km2

População (2008): 143.583

habitantes

Densidade: 7.141 hab/ Km2

Bairros:

Vallvidrera, el Tibidabo i les

Planes, Sarrià, Les Tres

Torres, El Putxet i el Farró,

Sant Gervasi - la Bonanova,

Sant Gervasi – Galvany,

O distrito está localizado na zona sudoeste da cidade, fazendo fronteira a norte com Gràcia e

Horta-Guinardó, a sul com Les Corts, a este com Eixample e a oeste da serra de Collserola e o

município de Sant Cugat del Vallès.

O distrito é o conjunto de dois antigos municípios agregados a Barcelona: Sarrià (1921) e Sant

Gervasi de Cassoles (1897). De origem agrícola, passou em meados do séc. XIX a local de

veraneio da burguesia. A proximidade à montanha, reflecte-se no seu carácter residencial de

classe alta, nos vários jardins e zonas verdes e centros educativos e hospitalares.

Sarrià mantém a unidade de casco antigo combinando a antiga estrutura rural com outras zonas

mais modernas e novas vias de comunicação. O núcleo das Tres Torres é caracterizado por

residências de alto nível, em blocos isolados ou moradias. Os bairros de Putget-Farró e

Vallvidrera- Tibidabo-les Planes, agrupam pequenos núcleos urbanos de casas familiares na

montanha. O bairro de Sant Gervasi-Galvany de marcado carácter residencial, com importantes

actividades comerciais e terciárias, num predomínio de implantação em quarteirão fechado. O

antigo município de Sant Gervasi de Cassoles mantém o carácter residencial do séc. XIX, sendo

algumas moradias agora substituídas por blocos de habitação de nível alto.

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

0

1

2

3

25

12%

88%

com Arte pública

Sem Arte pública

As intervenções têm início em meados dos anos 80 com um conjunto de intervenções, que só

se repetirão pontualmente em 1995 e 1998. Mas da mesma forma, que o distrito anterior, as

poucas intervenções limitam a observação de tendências.

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Sarrià-Sant Gervasi

Tipologias nº EP

Plaza 2

Jardín 4

Puente 1

Avenida 1

A tipologia mais representada no distrito, é o jardim de alguma forma correspondendo à matriz

mais “natural” do distrito. As praças que representam 1/4 das intervenções assinalam nós de

vias importantes.

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Sarrià-Sant Gervasi

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

M. L. Aguado 3 E. Torres 1 F. López Hernández 1

D. Febles 2 J. A. Martínez Lapeña 1 J. Garcés 1

A. Montes 1 J. M. Julià 1 J. M. Llopis 1

M. Gabàs 1 J. M. Aguilera 1 J. Serralosa 1

C. Casamor 1 E. Sória 1 M. Polo 1

Para os 8 espaços públicos identificados intervieram um total de 15 arquitectos,

maioritariamente agrupados em equipas de 2 ou 3. Maria Luísa Aguado intervém em três espaços

públicos com tipologias e enquadramentos distintos.

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Apenas um dos espaços públicos deste

distrito, uma praça, engloba uma obra de

arte pública.

Plaza25%

Jardín50%

Puente12%

Avenida13%

26

Conjunto de intervenções de espaço público no distrito de Sarrià-Sant Gervasi

Fig. 7 – Mapa do distrito Sarrià-Sant Gervasi, com as intervenções no espaço público

As intervenções em Sarrià-Sant Gervasi distribuem-se pela zona “urbana” do distrito, sobretudo

ao longo de importantes eixos viários, funcionando em alguns casos como elementos de

articulação das várias componentes do espaço público.

27

7. Horta-Guinardò

Nº de espaços públicos 12

Dimensão: 12 Km2

População (2008): 170.906

habitantes

Densidade: 14.296 hab/ Km2

Bairros:

El Baix Guinardó, Can Baró, El

Guinardó, La Font d'en

Fargues, El Carmel, La

Teixonera, Sant Genís dels

Agudells, Montbau, Vall

d'Hebron, La Clota e Horta,

O distrito está localizado entre os distritos de Gràcia (sul) e Nou Barris (norte), fazendo ainda

fronteira a este com Eixample e Sant Martì, a norte com Sant Andreu e a oeste através da serra

de Collserola com os de Sant Cugat e Cerdanyola del Vallès

O actual distrito de Horta-Guinardó tem as primeiras origens do município da Horta, anexado a

Barcelona em 1904. O processo de ocupação e urbanização do solo deste distrito está

condicionado por sua variada topografia, dando origem a estruturas urbanas diversas.

O bairro da Horta, mantém a estrutura do núcleo antigo em redor da Plaça Ibiza, com uma zona

residencial de edificações isoladas unifamiliares plurifamiliares. Sant Genís dels Agudells é uma

zona pouco povoada, com escassas actividades e serviços. Cresceu na febre especulativa de

meados do séc. XX, sendo que a população (imigrante e de baixo nível económico) tem vindo a

ser alterada com operações de infra-estruturação e de revalorização urbana. Bairros como

Montbau e Vall d'Hebron urbanizam-se com operações do Patronato Municipal de la Vivienda a

partir de 50. Mais tarde localizam-se aqui novos equipamentos importantes (hospitais,

universidades, equipamentos desportivos) que conferem novo dinamismo e centralidade. O

núcleo de la Clota é um dos mais antigos do distrito, com um crescimento urbano pouco intenso

mantendo até hoje um carácter semi-rural. A zona de la Font d'en Fargues (urbanizada a partir

de 1905), é a zona mais residencial do distrito, caracterizando-se sobretudo por moradias e

alguns blocos de habitação de média altura. Bairros como Guinardó e Carmel foram zonas

rurais até finais do séc. XIX. Uma urbanização lenta foi transformando-os num bairro residencial

de classe média. Será a partir dos anos 50 que se intensifica num processo especulativo, com a

construção de blocos de habitação de maiores dimensões. O bairro de el Baix Guinardó tem

uma personalidade própria, configurado na sua maior parte por quarteirões do Eixample,

mantendo em partes pequenas paisagens mais rurais. Bairros como la Teixonera ou Can Baró,

cresceram principalmente nos anos 50 e 70, com blocos de habitação que densificam um trama

urbana de ruas estritas e inclinadas.

28

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

As intervenções neste distrito iniciam-se em 1985, com um período de intervenções “alternadas”

durante 10 anos, e um par de acções mais isolado no final dos anos 90.

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Horta-Guinardò

Tipologias nº EP

Calle 1

Plaza 3

Acessibilidad 2

Parque 2

Jardín 4

Tunel 1

A tipologia mais comum nestas intervenções é o jardim, representando 1/3 do total de espaços

públicos. De destacar, numa zona com declives acentuados, o aparecimento de acções

relacionadas com a acessibilidade e a mobilidade, numa proporção de 1/6 dos espaços ( a

mesma que tipologias mais comuns como parques e praças).

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Horta-Guinardò

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

J. Farrando 6 B. Galí 1 M. Rubert 1

A. Montes 1 J. L. Delgado 1 O. Clós 1

M. Quintana 1 I. de Lecea 1 E. Bru 1

C. Fuente 1 A. Ribas 1 E. Ordónez 1

E. Pericas 1 J. Massana 1 P. Falcone 1

Nas 12 intervenções do distrito de Horta-Guinardò, participaram 15 arquitectos, principalmente

em individualmente. O arquitecto Jordi Farrando destaca-se com 6 intervenções (praças, jardins,

parque e acessibilidade) distribuídas por todo o distrito.

0

1

2

3

Plaza17%

Acessibilidad17%

Parque17%

Jardín33%

Tunel8%

Calle8%

29

36%

64%

com Arte pública

Sem Arte pública

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Os espaços públicos com obras de arte

pública representam um pouco mais de 1/3

do total existente, enquadrando-se

sobretudo em praças e parques.

Conjunto de intervenções de espaço público no distrito de Horta-Guinardò

Fig. 8 – Mapa do distrito Horta-Guinadò, com as intervenções no espaço público

As intervenções neste distrito podem-se agrupar em vários grupos: uma grande área composta

por parques que aproveitam tanto estruturas naturais importantes, como incorporam um

conjunto de grandes equipamentos; outro conjunto de acções sobre ruas, sobretudo em locais

de acentuado declive, reforçando a sua acessibilidade e mobilidade; e ainda outras intervenções

de maior ou menor dimensão, compostas por praças e jardins, locais de lazer e encontro dentro

de cada bairro.

30

8. Gràcia

Nº de espaços públicos 10

Dimensão: 4,2 Km2

População (2008): 123.304

habitantes

Densidade: 29.440 hab/ Km2

Bairros:

Vallcarca i els Penitents, El

Coll, La Salut, La Vila de

Gràcia e El Camp d'en Grassot

i Gràcia Nova,

O distrito está localizado numa zona central do município, limitada a sul com Sarrià-Sant

Gervasi, a norte com Horta-Guinardó, a este com Eixample e a oeste com outra parte de Horta-

Guinardó.

O distrito recebe o nome da Vila e do antigo município da Gràcia, anexado a Barcelona em

1897. A zona antiga do distrito corresponde ao bairro de Vila de Gràcia, que se desenvolve

numa malha reticulada de pequenas e estreitas ruas. O bairro Camp d'en Grassot-Gràcia Nova

antigo subúrbio da vila de Gràcia, articula a malha apertada da Gràcia com a malha Cerdà. Na

zona norte, o bairro de Vallcarca-Penitents agrupa duas zonas residenciais de moradias,

implantadas em zonas de colinas. O bairro de Coll desenvolve-se numa pequena trama

apertada entre duas colinas, desenvolvida com intensidade nos anos 60. O bairro de la Salut

implanta-se numa zona de colina dominada pelo Parc Güell, com uma mistura de edifícios

térreos e outros de edificação mais recente e de maior porte.

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

Na distribuição de intervenções ao longo do tempo, podem-se identificar três conjuntos de três

intervenções; um ao redor de 1985, outro no início dos anos 90 e outro concentrado em 1999.

0

1

2

3

4

31

22%

78%

com Arte pública

Sem Arte pública

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Gràcia

Tipologias nº EP

Calle 1

Plaza 6

Paseo 1

Parque 2

Neste distrito destaca-se a tipologia da praça, com quase 2/3 das intervenções, quer por

recuperação de espaços históricos, como por aproveitamento de espaços obsoletos. As

intervenções em parques aproveitam a topografia acidentada e espaços naturais do território.

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Gràcia

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

J. Graells 2 D. Mackay 1 J. Camps 1

G. Mora 2 I. Sanfeliu 1 V. Rahola 1

J. Bach 2 J. M. Aguilera 1 J. A. Martínez Lapeña 1

A. Montes 1 J. M. Llauradó 1 E. Torres 1

J. Martorell 1 A. Zubeizu 1

Para os 10 espaços públicos deste distrito, participam um total de 14 arquitectos, a maioria em

equipas de 2. Jaume Bach e Gabriel Mora, intervêm em duas praças do bairro da Vila de Gràcia,

enquanto Jaume Graells desenha um passeio e uma praça.

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Apenas 22% dos espaços incorporam

obras de arte pública. Neste caso um

parque e uma praça acolhem obras de três

artistas.

Plaza60%

Paseo10%

Parque20%

Calle10%

32

Conjunto de intervenções de espaço público no distrito de Gràcia

Fig. 9 – Mapa do distrito Gràcia, com as intervenções no espaço público

Podemos identificar facilmente diferentes formas de intervir nos diversos espaços do distrito.

Nas zonas nordeste as intervenções são marcadas pela topografia acentuada da montanha:

grandes parques, soluções de acessibilidade ou nós viários. Na zona mais plana do distrito, a

malha ortogonal e densa da Gràcia, é aberta em várias pequenas praças. A articulação com o

tecido do Eixample é feita a partir de um passeio.

33

9. Nou Barris

Nº de espaços públicos 19

Dimensão: 8,0 Km2

População (2008): 169.461

habitantes

Densidade: 21.059 hab/ Km2

Bairros:

Vilapicina i la Torre Llobeta,

Porta, El Turó de la Peira, Can

Peguera, La Guineueta,

Canyelles, Les Roquetes,

Verdun, La Prosperitat, La

Trinitat Nova, Torre Baró,

Ciutat Meridiana e Vallbona

O distrito está localizado no extremo norte da cidade, limitado pela serra de Collserola a norte ,

por Sant Andreu a este, por Horta-Guinardó a sul.

Historicamente o território fez parte das zonas mais periféricas dos antigos municípios de Horta e

Sant Andreu de Palomar. O seu crescimento dá-se no séc. XX sobretudo a partir das décadas

de 1950 e 1960, alojando imigrantes operários que chegavam a Barcelona.

O distrito nasce da aglomeração de 9 bairros, aquando a divisão territorial de 1984, enfatizando

o seu carácter heterogéneo. Na zona norte, bairros como Ciutat Meridiana, Torre Baró e

Vallbona ocupam um território de topografia acentuada e atravessado por vias de comunicação.

Os bairros mais centrais como Prosperitat, Porta, la Guineueta, Turó de la Peira, Trinitat Nova e

Roquetes, acumulam a maior parte de população, com implantações mais históricas ou

desenvolvimentos a partir de operações de habitação pública. Outros exemplos são os bairros

como Canyells ou La Guineueta, caracterizados por polígonos de habitação dos anos 60 e 70. O

bairro de Can Peguera é um dos últimos exemplos de Casas Baratas – grupos de vivendas

unifamiliares construídas pelo Patronato Municipal de la Vivienda para alojar habitantes das

barracas de Montjüic.

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

0

1

2

3

4

5

34

As intervenções mais espaçadas a partir de meados dos 80, serão mais constantes ao longo

dos anos 90 e uma intervenção singular nos 2000. O pico de intervenções em 1999 configura

alguns dos eixos e espaços centrais da zona sul do distrito, com um papel fundamental na

estrutura urbana.

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Nou Barris

Tipologias nº EP

Plaza 7

Paseo 1

Parque 3

Via 2

Eix 1

Calle 1

Acessibilidad 1

Avenida 2

Polígono 1

O carácter mais periférico do distrito, não contraria a tendência da praça como tipologia mais

presente, com mais de 1/3 das intervenções. A seguinte tipologia com maior percentagem é o

parque, que funciona como espaço de transição e articulação entre malhas distintas. Numa

leitura geral, destaca-se em relação a outros distritos, uma maior diversidade de tipologias

existentes, provavelmente resultante da própria heterogeneidade do distrito.

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Nou Barris

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

B. de Sola 4 C. Fuente 1 C. Teixidor 1

A. Arriola 3 P. Barragán 1 E. Pladevall 1

E. Pericas 3 A. Viaplana 1 F. Navarro 1

J. L. Delgado 3 H. Piñón 1 J. Plensa 1

C. Casamor 2 C. Hom 1 J. Torrella 1

C. Fiol 2 D. Febles 1 M. Espinet 1

J. M. Julià 2 A. Monclús 1 M. Payà 1

R. Casanovas 2 C. Ribas 1 P. Bardaji 1

M. Gabàs 1 A. Ubach 1 P. Nobell 1

M. Quintana 1

Nos 19 espaços públicos existentes em Nou Barris, participam 28 arquitectos, principalmente

equipas de dois ou mais arquitectos. Bernardo de Sola desenhos 4 espaços públicos, três deles

relacionados com eixos viários (Avenida, Ronda, Via) e uma praça que faz articulação de

espaços.

Plaza37%

Paseo5%

Parque16%

Via11%

Eix5%

Calle5%

Acessibilidad5%

Avenida11%

Polígono5%

35

26%

74%

com Arte pública

Sem Arte pública

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Do total de espaços públicos, cerca de

1/4 incorporam obras de arte pública.

Estes correspondem a 5 espaços (dois

eixos principais, duas praças e um

parque), com intervenções de 7 artistas.

Conjunto de intervenções de espaço público no distrito de Nou Barris

Fig. 10 – Mapa do distrito Nou Barris, com as intervenções no espaço público

As intervenções no Nou Barris compõem-se em três estratégias: uma de acção nos principais

eixos viários do bairro, reforçando conectividade e articulando bairros; outra de intervenções em

grandes áreas, com parques e zonas de equipamentos reforçando a estrutura verde do distrito,

e um conjunto de intervenções em praças e pequenos espaços que criam pontos qualificados

dentro dos diferentes tecidos.

36

10. Sant Andreu

Nº de espaços públicos 13

Dimensão: 6,6 Km2

População (2008): 146.524

habitantes

Densidade: 22.303 hab/ Km2

Bairros:

La Trinitat Vella, Baró de Viver,

El Bon Pastor, Sant Andreu, La

Sagrera, El Congrés i els

Indians e Navas

O distrito de Sant Andreu situa-se na zona noroeste da cidade, com fronteiras a norte com o

município de Santa Coloma de Gramanet, a oeste com Nou Barris, a este com Sant Martì e a sul

com Horta-Guinardò

A origem do território está no município de Sant Andreu de Palomar, zona de terras férteis e de

extensões agrícolas. O crescimento do núcleo urbano faz-se numa malha de pequenas ruas, em

redor da principal via de comunicação do distrito. Em 1897, o município é anexado a Barcelona.

A industrialização vai marcar o território a partir de finais do séc. XIX e na 1ª metade do séc. XX.

O dinamismo económico foi acompanhado por actividades socioculturais, ainda presente hoje.

O bairro de Sant Andreu de Palomar, corresponde ao núcleo urbano do antigo município, hoje

zona consolidada e central do distrito. De uma forma similar, o bairro da Sagrera nasce das

implantações industriais para se urbanizar ao longo do séc. XX. Zonas como Trinitat Vella,

Navas ou El Congrés i els Indians, correspondem a espaços urbanizados pela demanda urgente

de habitação, sobretudo a partir dos anos 40 e 50. Os bairros de Baró de Viver e de Bon Pastor,

nascem a partir de outros dois conjuntos de Casas Baratas, que foram sendo substituídas por

edificações mais recentes. O Bom Pastor engloba ainda importante área industrial.

Distribuição do nº intervenções em espaços públicos por ano

0

1

2

3

4

37

As acções neste distrito contemplam espaços nos dois extremos temporais analisados, sendo

os anos intermédios pontuados por algumas intervenções, com mais incidência em meados dos

anos 90. As intervenções de 92 ocupam-se de espaços mais periféricos, enquanto as

intervenções de 95 localizam-se nos eixos mais tradicionais do distrito.

Distribuição de espaços públicos por tipologias no distrito Sant Andreu

Tipologias nº EP

Plaza 5

Parque 2

Puente 2

Cauce 1

Rambla 1

Avenida 1

Jardín 1

Em paralelo com outros distritos já analisados, a tipologia de praça é a mais comum dentro dos

espaços públicos realizados, evidenciando uma continuidade da estratégia de intervenção. De

destacar a tipologia da ponte, que aparece com alguma expressão, relacionada com a geografia

do distrito. Ainda numa proporção interessante, a tipologia do parque, também comum a outros

distritos.

Lista de autores e nº de intervenções de espaço público no distrito Sant Andreu

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

E. Batlle 3 B. Martorell 1 E. Valencoso 1

J. Roig 3 C. Santfeliu 1 F. Puig 1

A. Montes 2 I. Sanfeliu 1 J. Arenas 1

O. Tarrasó 2 M. Herce 1 J. M. Càmara 1

C. Fuente 2 R. Sanàbria 1 J. M. Serrano 1

B. de Sola 1 X. Ruiwamba 1 J. R. de Clascà 1

A. Arriola 1 A. Alarcón 1 R. Artigues 1

C. Fiol 1 A. Espejo 1 S. Calatrava 1

M. Periel 1 D. Domènech 1 X. Monclús 1

Nos 13 espaços no total das intervenções em Sant Andreu, participam um total 27 arquitectos,

principalmente em equipas de 1 ou dois arquitectos. Enric Batlle e Joan Roig participam em três

espaços públicos do distrito: dois parques importantes na estrutura do distrito e um jardim.

Plaza38%

Parque15%

Puente15%

Cauce8%

Rambla8%

Avenida8%

Jardín8%

38

15%

85%

com Arte pública

Sem Arte pública

Percentagem de espaços com obras de arte pública

Na totalidade dos espaços públicos,

apenas 2 deles (praça e parque)

incorporam obras de arte pública, de 3

artistas.

Conjunto de intervenções de espaço público no distrito de Sant Andreu

Fig. 11 – Mapa do distrito Sant Andreu, com as intervenções no espaço público

No distrito de Santa Andreu, destacam-se intervenções ao nível das conecções, resolvendo

limites/barreiras que existem no distrito; acções em torno de eixos prinicipais que estruturam o

tecido; e um conjunto de praças e espaços com articulação local. A maioria das intervenções

localiza-se na zona oeste do distrito.

39

AUTORES das INTERVENÇÕES

Como já referido anteriormente, nos 159 espaços públicos analisados podem ser identificados

um total de 157 arquitectos que neles intervêm. Cruzando este dados com a distribuição

territorial acima descrita, pode-se obter um rácio de nº arquitectos que intervêm em cada obra

por distrito. Com valores entre os 2,9 e os 1,6 reforçando a característica já antes detectada de

uma produção do espaço público em parcerias de 2 ou mais arquitectos.

Ciutat

Vella Eixample

Sants-

Montjuïc

Sant

Martì

Les

Corts

Sarrià-

Sant

Gervasi

Horta-

Guinardó Gràcia

Nou

Barris

Sant

Andreu

Arqui

/dist 2,3 1,7 2,0 2,4 2,9 2,3 1,6 1,7 2,2 2,6

De forma similar, é possível organizar a relação entre o nº de arquitectos que intervêm e as

tipologias executadas, onde os valores oscilam entre 1 e 9. Pode-se admitir que esta variação

está genericamente relacionada com a complexidade e a dimensão da tipologia de espaço

público.

Tipologia rácio Tipologia rácio Tipologia rácio

Área 9,0 Parque 2,6 Cementerio 2,0

Port 7,0 Paseo 2,6 Jardín 1,9

Rambla 3,1 Via 2,5 Plaza 1,7

Cauce 3,0 Calle 2,2 Puente 1,5

Eix 3,0 Avenida 2,1 Acessibilidad 1,0

Explanada 3,0 Túnel 2,0 Muelle 1,0

Polígono 3,0

Numa abordagem mais concreta, o quadro abaixo apresenta uma lista ordenada dos 25 autores

com maior produção:

Autores nº EP Autores nº EP Autores nº EP

J. Heinrich 11 E. Pericas 7 A. Viaplana 4

A. Montes 10 B. Galí 6 B. Figueras 4

B. de Sola 10 C. Fiol 6 E. Batlle 4

A. Arriola 9 J. Artigues 6 H. Piñón 4

M. Gabàs 8 J. Farrando 6 J. L. Delgado 4

M. Quintana 8 P. Barragán 6 J. Roig 4

O. Tarrasó 8 J. Graells 5 M. L. Aguado 4

C. Casamor 7 M. Periel 5 M. Roig 4

C. Fuente 7

Destes, uma grande maioria (20 dos 25) fez parte do departamento de Proyectos Urbanos del

Ayuntamiento de Barcelona, pelo menos num determinado período da sua intervenções que

realiza. Esse facto realça a existência não só de uma política de criação de espaço público por

parte do Ajuntament, mas também a criação de um "corpo profissional" que desenvolve esta

política.

40

Principais intervenientes

Nos quadros abaixo, identificam-se os arquitectos com maiores participações, resumindo as

intervenções realizadas com dados de cada uma (ano de execução, as colaborações e o distrito

da cidade correspondente)

Jordi Heinrich | 11 Espaços Públicos

Arquitecto do Dep. de Proyectos Urbanos del Ayuntamiento de Barcelona 1987- 2004

Plaza dr. Serrat 1989 Sant Martí

Poligono La pau 1991 C. Fuente, M. T. Rubió Sant Martí

Paseo Lluís Companys 1991 Ciutat Vella

Paseo Joan de Borbó 1993 O. Tarrasó, R. de Cáceres Ciutat Vella

Parc de la Barceloneta 1996 Ciutat Vella

Rambla Brasil 1997 O. Tarrasó Sants-Montjuïc

Rambla de Poblenou 1999 C. Hom, B. Martorell, C. Santfeliu Sant Martí

Moll de Barcelona 1999 O. Tarrasó Ciutat Vella

Paseo Maritim de la Barceloneta 2001 O. Tarrasó, J. Artigues, M. Roig,

A. M. Castañeda, C. Fuente

Ciutat Vella

Calle Badal 2001 O. Tarrasó Sants-Montjuïc

Gran Via Carles III 2002 O. Tarrasó Les Corts

Antonio Montes | 10 Espaços Públicos

Arquitecto do Dep. de Proyectos Urbanos del Ayuntamiento de Barcelona 1988 - 2004

Plaza de la Trinitar Vella 1992 Sant Andreu

Avenida Portal de l'Àngel 1992 P. Alemany Ciutat Vell

Plaza Poble Romaní 1993 Gràcia

Calle Aliada-Vermelí 1994 J. Artigues, M. Roig, A. Santos Ciutat Vella

Calle Ferran 1994 J. Artigues, M. Roig, I. de Lecea Ciutat Vella

Calle Sant Oleguer 1994 Ciutat Vella

Calle Gènova- escaleras 1994 Horta-Guinardó

Plaza Molina 1995 J. Garcés, E. Sória Sarrià-S.Gervasi

Avenida Paral.lel 1998 E. Pericas, J. Massana Eixample

Avenida Meridiana 1999 M. Periel, C. Fuente, D. Domènech Sant Andreu

Bernardo de Sola | 10 Espaços Públicos

Arquitecto do Dep. de Proyectos Urbanos del Ayuntamiento de Barcelona 1980 - 1987

Plaza de la Palmera 1985 P. Barragán Sant Martí

Vía Júlia 1986 J. M. Julià Nou Barris

Plaza Prim 1986 P. Barragán Sant Martí

Plaza Llucmajor 1990 P. Barragán A. Viaplana H. Piñón Nou Barris

Enlace Aragó-Guipúscoa 1992 P. Barragán, A. De Soldevila, J. I.

Llorens

Sant Martí

Ronda de Dalt 1992 P. Nobell, J. Torrella Nou Barris

Plaza Ildefons Cerdà 1999 Sants-Montjuïc

Avenidad Vallbone 2001 A. Monclús Nou Barris

Calle Badal 2002 J. C. Montoliu Sants-Montjuïc

Cauce de Riu Besòs 2004 F. Puig, A. Alarcón Sant Andreu

Andreu Arriola | 9 Espaços Públicos

Arquitecto do Dep. de Proyectos Urbanos del Ayuntamiento de Barcelona 1981 - 1987

Plaza Tetuan 1984 J. Llimona Eixample

Plaza Sóller 1984 J. M. Julià, J. L. Delgado, C. Ribas Nou Barris

Parc de Joan Miró 1985 A. Solanas, B. Galí, M. Quintana Eixample

Jardins de la Torre de les Aigues 1987 C. Ribas Eixample

Plaza de les Glóries Catalanes 1992 A. Monclús, X. Ruiwamba, B.

Figueras

Sant Martí

41

Parc de l'Estació del Nord 1992 C. Fiol, E. Pericas Eixample

Plaza Islàndia 1995 C. Fiol Sant Andreu

Parc Central de Nou Barris 1999 C. Fiol Nou Barris

Plaza Virrei Amat 1999 C. Fiol Nou Barris

Marta Gabàs | 8 Espaços Públicos

Arquitecta do Dep. de Proyectos Urbanos del Ayuntamiento de Barcelona ?? - ??

Calle (rambla) Numància 1992 Les Corts

Jardins d'Olga Sacharoff 1994 C. Casamor Les Corts

Plaza Cenicero a Roquetes 1995 Nou Barris

Calle Tarragona 1996 Eixampl

Jardins de Joan Vinyoll 1998 C. Casamor Sarrià-Sant

Gervasi

Avenida Diagonal - prolongación 1999 E. M. Julián, M. Herce Sant Martí

Paseo Taulat 1999 C. Casamor Sant Martí

plaza Ramon Calsina 2001 C. Casamor Sant Martí

Màrius Quintana | 8 Espaços Públicos

Arquitecto do Dep. de Proyectos Urbanos del Ayuntamiento de Barcelona 1981 - 1992

Avenida Gaudi 1985 Eixample

Parc de Joan Miró 1985 A. Solanas, B. Galí, M. Quintana Eixample

Fossar de la Pedrera 1986 B. Galí Sants-Montjuïc

Boca Sud del Tunel de la Rovira 1987 B. Galí Horta-Guinardó

Jardins de la Industria 1990 Eixample

Rambla Catalunya 1990 R. de Cáceres, J. Graells Eixample

Avenida Catedral 1991 M. Periel Ciutat Vella

Plaza Harry Walker 1999 Nou Barris

Olga Tarrasó | 8 Espaços Públicos

Arquitecta do Dep. de Proyectos Urbanos del Ayuntamiento de Barcelona 1981 - 2000

Plaza General Moragues 1987 Sant Andreu

Paseo Joan de Borbó 1993 J. Heinrich, R. de Cáceres Ciutat Vella

Rambla Onze de Setembre 1995 C. Fuente Sant Andreu

Rambla Brasil 1997 J. Heinrich Sants-Montjuïc

Moll de Barcelona 1999 J. Heinrich Ciutat Vella

Paseo Maritim de la Barceloneta 2001 J. Heinrich, J. Artigues, M. Roig,

A. M. Castañeda, C. Fuente

Ciutat Vella

Calle Badal 2001 J. Heinrich Sants-Montjuïc

Gran Via Carles III 2002 J. Heinrich Les Corts

Desta pequena amostra, é possível identificar alguns padrões comuns a todos os arquitectos:

- passagem pelo departamento de Proyectos Urbanos del Ayuntamiento de Barcelona,

- intervenções ao longo de todo o intervalo temporal analisado,

- predominância para concentrar as actuações em dois ou três distritos.

42

CRUZAMENTO de ANÁLISES

Após uma análise dos dados recolhidos a partir de cada categoria, podem-se tentar cruzar

diversos resultados anteriores, para evidenciar determinados aspectos.

Numa análise da evolução das intervenções ao longo dos anos, organizados pelos vários

distritos pode-se verificar que os picos de maior nº de espaços públicos, 1992 e 1999, são

comuns a vários distritos, representando épocas de transformação em toda a cidade. Já os

pontos de 1994 e de 1995 estão mais conectados a intervenções em áreas específicas da

cidade: o primeiro na zona central (Ciutat Vella e Eixample) e o segundo às zonas mais a norte

e oeste (Sant Andreu, Nou Barris, Horta-Guinardò e Sarrià-Sant Gervasi).

Distribuição de nº de espaços públicos por ano e por distrito

Os jogos Olímpicos de 1992 geraram a maior concentração de intervenções de espaços

públicos, abrangendo várias tipologias e áreas da cidade dominadas em grande parte pela

criação das infra-estruturas desportivas necessárias ao evento, mas também com outras

preocupações como a regeneração de tecidos urbanos, criação de zonas de centralidade dentro

da cidade ou a abertura da cidade ao mar, com a requalificação da frente marítima.

43

A variedade de tipologias existentes no conjunto de intervenções analisadas é bastante ampla,

reflectindo uma diversidade de situações e soluções abrangidas pelas políticas urbanas. Numa

distribuição das tipologias por ano, é possível verificar uma existência constante de praças

praticamente em todos anos, e em alguns casos com os maiores valores relativos. Tipologias

como parques, jardins e ruas, também mantêm presenças e valores relativamente constantes ao

longo do tempo.

Distribuição de nº de espaços públicos por ano e por tipologia

No caso das praças podemos encontrar ecos na própria cultura mediterrânea, como espaços de

reunião, de mercado, de encontros sociais… A sua polivalência, multifuncionalidade, simbolismo

e polarização são características que reforçam as condições para usos e actividades. Os

parques e jardins representam locais de predominância do verde - recuperam vazios urbanos ou

reconvertem espaços obsoletos em projectos multifuncionais e diversos que se relacionam com

a envolvente e potenciam usos.

44

II. ANÁLISE DE ESPAÇOS PÚBLICOS

Plaça Can Robacols 1987, 2006

Distrito de Sant Martì, Camp de l’Arpa del Clot

\\\\\\\ Autores: Pedro Barragán, Bernando de Sola

A área da praça nasce da demolição em 1982 de pequenas edificações meio abarracadas que

ocupavam um quarteirão (3.500 m2), com as dimensões de praça de 40,40 x 26,50m. A

exigência da comunidade local por um espaço público, concretizou-se na praça inaugurada em

1987. O seu nome é relativo à família Cases com várias terrenos nesta zona do Clot e Camp de

l'Arpa e cuja propriedade e quinta incluía estes terrenos.

O projecto de 1987 era marcado por um desenho forte, de inspiração pós-modernista onde se

destacavam estruturas metálicas em intensas cores primárias.

Fig. 12 - Planta do projecto e fotografia da Praça Can Robacols (Fonte: http://bernardodesola.com )

A pendente natural do terreno é utilizada de forma a gerar dois espaços distintos: uma zona

central plana rodeada por um muro de betão de forma oval, que a separa da zona envolvente,

um plano único inclinado que define o perímetro da praça e conecta às ruas circundantes. Na

zona periférica o pavimento duro incorpora os alinhamentos de árvores e alguns bancos. A parte

mais baixa, coberta de areia e usada para jogos infantis, semiencerra-se numa zona oval onde

se incluem três palmeiras em "canteiros" circulares.

A estrutura metálica central incorpora a iluminação e alguns elementos usados como jogos de

crianças. Como coroamento do muro de betão, uma peça metálica reforça a força dos espaços.

Outros elementos, duas entradas circulares que se elevam do pavimento funcionam como uma

espécie de "tobogans". Numa interpretação escultórica e lúdica do espaço, este elementos

conectam e articulam os dois níveis da praça. A própria configuração da praça reforça a criação

de um cenário natural, privilegiando a observação a partir da zona superior, das actividades da

zona central - realçando uma concepção do espaço público de relação e diálogo entre cidadãos.

No entanto, a "agudeza do desenho", o certo carácter fragmentado, impossibilitam a integração

dos usos periféricos. A desadequação do desenho, associados à deterioração e falta de

segurança, conduzem a um processo de redesenho da praça, que "pacifica" o desenho e integra

a envolvente. A intervenção está incluída dentro das directrizes do "Pla de Millora dels Carrers

45

de Barcelona" e inaugura-se em Novembro de 2006, contemplando também intervenções nas

ruas adjacentes.

Fig. 13 - Fotografia da Plaza Can Robacols em 1987 e fotografia na actualidade

(Fonte: http://bernardodesola.com e Bing Maps)

O novo desenho, unifica a toda a superfície da praça numa única suave pendente, eliminado a

diferença anterior. O pavimento central de asfalto vermelho recorda o desnível existente

mantendo o desenho oval e incorporando duas das palmeiras. Nesta zona foram instaladas três

áreas de areal para jogos infantis, cada uma correspondente a uma faixa etária.

Fig. 14 - Fotografias da Plaza Can Robacols na actualidade: realça-se o desenho oval do espaço central e a

palmeira pré-existente (Fonte: Google Maps e Arquivo Pessoal)

O pavimento duro, em granito cinzento é recuperado, desenhando linhas oblíquas ao edificado

que enfatizam a pendente e percursos de atravessamento da praça. Lajetas de 60x40cm outras

de 10x60 cm, incorporando no desenho as caldeiras em betão das árvores mantidas ou

replantadas.

46

São eliminadas todas estruturas metálicas, substituídos os elementos de mobiliário urbano e de

iluminação pública: bancos, pilares (que delimitam o perímetro da praça), papeleiras, uma zona

para estacionamento de bicicletas e duas zonas para recolha de lixo e uma nova estrutura de

iluminação. Em redor da praça possibilita-se a circulação automóvel e estacionamento em

ambos os lados.

Fig. 15 - Pavimentos e Elementos de mobiliários urbano (Fonte: Arquivo Pessoal)

O desenho do espaço, os materiais utilizados e os elementos de mobiliário urbano não

configuram uma praça de carácter tão marcado como a intervenção anterior, assemelhando-se

a outras interacções contemporâneas. Numa comparação das duas intervenções, o carácter

singular e marcante da primeira é preterido por um desenho mais funcional, cómodo e acessível.

A envolvente e as proximidades da praça têm usos maioritariamente habitacionais, sendo numa

escala local que ela desempenha o seu principal papel. Ainda que não tenha uma utilização

muito intensiva ou fluxos pedonais fortes, tem uma função importante como espaço aberto numa

trama de ruas estreitas e densas.

Fig. 16 - Usos e actividades da Plaza Can Robacols: intervenções urbanas e situações de passeio

(Fontes: http://proyectoparaguas2010.wordpress.com/ e Arquivo Pessoal )

47

Rambla Prim 1989, 1992

Distrito de Sant Martì, El Besòs i el Maresme, La Verneda i la Pau

\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\ Autores: Javier Santjosé Pedro Barragán e M. Tersol A Rambla tem 2,5km desde a Ronda de Sant Martì ate ao mar, um projecto de 1989 e 1992, que

regenera toda a zona do Besòs, conjugando os tecidos urbanos e populações marginais, num

espaço comunitária que de forte carácter representativo e multicultural.

Fig. 17 - Fotografia de satélite com a implantação da Rambla Prim e Imagem aérea da Rambla Prim

(Fontes:Bing Maps e http://www.memoriaveinal.org )

A rambla ocupa o lugar da antiga ribeira da Horta, canalizada por um colector aquando deste

projecto realizado entre 1989 e 1992. A rambla insere-se num conjunto de unidades residenciais

que se constroem e se consolidam durante a década de 60 e 70. A implantação isolada de

blocos de habitação em altura, não se enquadra na tipologia de quarteirão da malha Cerdà, nem

em disposições mais orgânicas da Cidade Jardim, criando vazios intersticiais, espaços

subaproveitados e abandonados.

A descontinuidade espacial e isolamento físico é uma das dimensões de marginalidade

característica das zonas periféricas - obstáculo para uma representação e identificação do

espaço público. Neste contexto, o projecto da Rambla pretende cozer a diversidade edificatória

e viária, constituindo um forte eixo de articulação e representação desta zona da cidade,

definindo limites e solucionando a integração dos tecidos urbanos limítrofes.

Um projecto inicial de 1984, propunha um desenho considerado "excessivo" com elementos

urbanos característicos (iluminação, canteiros, pavimentos…) e um tratamento de arborização

de grande abundância de árvores, através dos quais se pretendia dar consistência e força ao

novo espaço público. Por reivindicações populares contra o "excesso de desenhos", o projecto é

alterado mantendo uma forte presença, mas contendo a forma do desenho.

No projecto a ideia é criar dentro do perfil generoso de 60m, um passeio central contido, que

reforce a envolvente pouco qualificada ao mesmo tempo que dá condições de uso e de

actividades de lazer e estadia, evocando a tipologia da rambla tradicional. A peça central define-

48

se em módulos de 250m de comprimento e 30 de largura, com limites bem definidos e vários

elementos marcantes, que permitem "neutralizar" a fragmentação do edificado envolvente. A

utilização de ladrilho cerâmico, similar ao utilizado em algumas das construções envolventes,

conjugada com a abundante arborização, permite criar um "ambiente interior" próprio.

A definição da continuidade da rambla e a sua articulação com a envolvente é evidente nas

intersecções com ruas transversais, resolvidas de duas formas distintas:

- uma simples e suave interrupção no traçado, quando os cruzamentos implicam o transito

rodoviário, mediante pequenas rampas e elementos de transição.

- uma abertura da placa central ao exterior, quando os cruzamentos apenas supões

continuidade visual e movimentos pedonais. Neste caso, a rambla configura-se como

pequenas praças, privilegiando o contacto entre a placa central e os passeios laterais,

pontuadas por elementos verticais especiais (iluminação, palmeiras).

O desenho incorpora também a definição do esquema viário: constituído por um total de 11

metros, distribuídos em duas faixas de trânsito automóvel e duas zonas de estacionamento para

cada lado da rambla.

Fig. 18 - Planta e Perfil da Rambla Prim, Fotografia dos 1ºs anos da intervenção (Fonte: Barcelona Espai Public)

Apesar da utilização da mesma linguagem, dos mesmos materiais e da repetição de muitos

elementos, a rambla apresenta variações no desenho do seu perfil, resultando estes da sua

execução faseada.

No ponto de articulação com a Diagonal, a rambla desenha uma pequena zona de estadia, que

hoje se encontra desqualificada pela estação de Bicing. O cruzamento da Rambla Prim com a

Diagonal, encontra-se atravessada por várias vias, entre a organização do tráfego viário e da

linha de eléctrico, dificultando uma leitura contínua para a zona que está integrada no recinto do

Fórum 2004.

49

Fig. 19 - Fotografias da ligação da Rambla Prim à Diagonal e ao recinto do Fórum (Fonte: Arquivo Pessoal)

O troço da urbanização entre a Rambla Prim, compreendido entre a ruas Llull e Cristòbal de

Moura, corresponde ao primeiro troço a ser executado em 1989. Na ampliação para configurar a

ligação à ronda Litoral, segue-se o mesmo desenho: uma zona de circulação central, ladeada

por duas áreas ajardinadas e arborizadas, delimitadas lateralmente por muros de ladrilho

cerâmico. Interiormente o espaço é organizado por mudanças de pavimentos, com dois

alinhamentos laterais de árvores, iluminação, e outros elementos de mobiliário urbano. Nas

zonas de cruzamentos com ruas, o espaço abre-se para criar pequenas praças que permitem o

fácil acesso e integração da envolvente, concretamente com actividades comerciais do edificado

adjacente. Para além da disposição de vários bancos e alguns quiosques, estes espaços são

caracterizados por uma arborização diferentes (normalmente palmeiras) e por elementos

verticais fortes, que incorporam a iluminação

Fig. 20 - Fotografias do troço da Rambla Prim entre Diagonal e a rua Cristóbal de Moura (Fonte: Arquivo

Pessoal)

O troço da rua Cristóbal de Moura à Rambla Guipúzcoa é configurado por duas zonas de

passeio laterais e uma zona central arborizada com uma pequena elevação, limitada por

muretes de ladrilho cerâmico. Em algumas, a zona central ajardinada é substituída por um lago,

pequeno tanque de água, à data vazio, funcionando mais como um terreno de jogo. Algumas

zonas de expansão são introduzidas em que se constituem pequenas praças, com bebedouros,

fontes, bancos, etc., onde predominam os elementos de ladrilho. Alguns dos elementos de

mobiliário urbano deste troço diferem do anterior.

50

Fig. 21 - Fotografias do troço da Rambla Prim entre a rua Cristóbal de Moura e a Rambla Guipúzcoa (Fonte:

Arquivo Pessoal)

No cruzamento com a Gran Via de les Corts Catalanes, a estrutura que permite fazer a

passagem da Gran Via, desenha-se numa dilatação do perfil, com uma elevação no terreno para

fazer a transposição da Gran Via. Em cada lado da passagem, um desenho singular articula a

continuidade da Rambla: um pequeno bosque de choupos, que incorpora uma pequena

bancada e um banco corrido e um skate parque que tira partido das mudanças de nível. Nestes

espaços, os elementos urbanos das duas intervenções conjugam-se e misturam-se.

Fig. 22 - Fotografias dos espaços criados na transição da Rambla Prim com o atravessamento da Gran Via de

les Corts Catalanes (Fonte: Arquivo Pessoal)

O troço entre a Rambla Guipúzcoa e a rua Calabria, retoma o desenho do passeio central com

as zonas ajardinadas laterais, definidas com muros de ladrilho cerâmico. O espaço central vai-

se sofrendo ondulações e dilatações, marcado por mudanças de pavimentos para incorporar

zonas com alguns equipamentos, (jogos infantis, zonas de exercícios, bancos, zonas lúdicas),

que ajudam a configurar a as actividades deste local. O troço final entre Calabria e a Ronda de

Sant Martí, não se encontra urbanizado, terminado a Rambla numa pequena rotunda.

51

Fig. 23 - Fotografias do troço da Rambla Prim entre a Rambla Guipúzcoa e a rua Calabria (Fonte: Arquivo

Pessoal)

A definição da espacialidade e das actividades da rambla, é também configurada por vários

elementos de arborização, estruturas construídas ou mobiliário urbano. Organizadas em fileiras

laterais, as árvores existentes distribuem-se entre tipuanas, pinheiros, plátanos e palmeiras. O

ladrilho cerâmico, é usado em várias estruturas do desenho da Rambla (muros perimetrais,

suportes de iluminação, estruturas para fontes, muretes de separação de actividades,

pavimentos, caldeiras de árvores), funcionando com um elemento de continuidade e que confere

identidade ao espaço

Fig. 24 - Fotografias do elementos de mobiliário urbano e materiais que compõe a Rambla Prim (Fonte: Arquivo

Pessoal)

Reforçando a força de um grande eixo cívico, a Rambla é pontuada algumas obras de arte ou

placas comemorativas. Uma das mais destacadas é a obra "El Llarg Viatge" do escultor de

Barcelona Francesc Torres Monsó, foi inaugurada em 1992. A figura escultórica de aço corten, é

enquadrada com um longo espelho de água ( com 60 m de comprimento ) que configura o

espaço central da Rambla. A localização, no troço da Rambla Prim perto do cruzamento com a

52

Rambla Guipúzcoa, e o seu desenho enfatiza um carácter monumental, pontuado ao final de

uma configuração espacial.

Num contraponto à escultura anterior, existe limite inferior da Rambla (já no recinto do Fórum)

outra peça de arte pública de destaque. Tratava da escultura "Fraternitat", do escultor Miquel

Navarro e assinala a memória do Camp de la Bota, zona que foi usada como campo de

fuzilamentos durante a Guerra Civil. A escultura inaugurada em 1992, contava com um pequeno

jardim na envolvente mas em 2004 com as intervenções do Fórum das Culturas, a escultura

deixou de estar integrada na Rambla Prim, para passar a fazer parte do recinto do Fórum.

Fig. 25 - Fotografias da escultura "El Llarg Viatge" de Francesc Torres Monsó, e da escultura "Fraternitat", de

Miquel Navarro (Fonte: Arquivo Pessoal e Web de Art Public de Barcelona)

A Rambla Prim, reforça o papel do espaço público com peça de articulação dentro da estrutura

urbana da cidade, conectando a zona norte de cidade com o mar, articulando os diferentes

bairros nesse percurso. O seu carácter integrador e de fácil leitura, permite que seja um espaço

onde se vive e se pratica a quotidianamente de forma inclusiva e participativa.

Fig. 26 - Fotografias de actividades e usos encontrados na Rambla Prim (Fonte: Arquivo Pessoal)

A Rambla é utilizada fortemente, com várias actividades, vivências, manifestações culturais e

sociais. Para a intensidade do uso, contribui o desenho próprio, vários equipamentos que

proporcionam distintas actividades, boa conectividade e continuidades espacial e integração

com a envolvente. A diversidade de funções e a mistura de actividades, reforçam o seu papel

central permitindo que se transforme num local intensamente utilizado e espelho das suas

comunidades

53

Rambla del Poblenou 1991, 1999

Distrito de Sant Martì, El Poblenou

\\\\\\\ Autores: Jordi Heirich, Cinto Hom, Ignasi Sanfeliu,Bernat Martorell

A Rambla del Poblenou nasce como "Carrer del Triomf" em 1853, uma rua paralela ao antigo

caminho de ligação a Sant Martì, na actual rua Maria Aguilò. O seu traçado resulta da

incorporação da malha Cerdà ao núcleo do bairro de Taulat já consolidado à época. O carácter

industrial do bairro, um tecido urbano de pequenas e apertadas ruas, levam à necessidade de

um espaço amplo, com um ambiente menos congestionado, para as actividades sociais e

culturais. A rua é transformada num passeio em 1886, projecto do arquitecto municipal Pere

Falqués, passando a ser o principal ponto de encontro e comunidade no bairro.

Na primeira configuração que se consolidou ao longo do séc. XXI, a rambla encontra-se limitada

no seu traçado, da rua Taulat até ao cruzamento com a rua Pere IV: uma extensão de cerca de

650m de comprimento (5 quarteirões Cerdà), com uma grande integração urbana. As

ampliações ocorrem o final do séc. XX: a extensão até ao mar só se completa em 92 e a

urbanização para a montanha ocorre no final dos anos 90, com o PERI Diagonal-Poblenou.

Fig. 27 - Plantas que mostram a evolução e o crescimento da Rambla del Poblenou: 1894, 1897, 1987, 2005

(Fonte: www.22barcelona.com/)

O traçado da Rambla enquadra-se dentro do traçado ortogonal típico da malha Cerdà, com os

quarteirões de 113 metros ao longo de um total de 1700m de extensão. As recentes ampliações

permitem que ela se constitua como um eixo de vertebração e ligação no distrito de Sant Martì.

No sentido montanha-mar, a rambla vai articulando sistema de espaços público desde a zona do

Clot até às praias, que lhe dão mais acessibilidade e centralidade, aumentando o seu papel à

escala da cidade.

Configura-se como o eixo principal do bairro do Poblenou, concentrando desde a sua

urbanização a vida comunitária: comércio, edifícios de habitação mais nobres, serviços,

54

associações, equipamentos, sociais, políticas e sociais. É o palco de muitos actos: festas, actos

religiosos, reivindicações, manifestações, celebrações, etc.

Fig. 28 – Actividades sociais na Rambla del Poblenou (Fonte: Arquivo pessoal)

Os edifícios envolventes apresentam uma mistura diversa mas coerente com o seu carácter:

edifícios modernistas, equipamentos culturais e sociais, várias tipologias de edifícios de

habitação e edifícios industriais adaptados. Na zona acima da rua Pere IV, a urbanização

recente mantém a configuração fechada da malha Cerdà e conforma de maneira similar os

limites da rambla.

A intervenção de espaço público incide sobretudo ao nível do plano horizontal, desenhando e

incluindo os elementos necessários ao funcionamento de uma rambla, numa óptica de

qualificação do espaço. Apesar de ser constituída por troços de execução distinta, podemos

encontrar linguagens e estratégias similares que asseguram a continuidade, como podemos

comprovar na descrição abaixo.

Fig. 29 – Imagens da Rambla del POblenou, logo após a inauguração. Plantas do projecto (Fonte: Barcelona:

Espai Públic)

Desde o mar, a Rambla del Poblenou começa na intersecção com o Passeio Calvell. O troço

que liga este ponto até ao nível da rua Taulat, só é realizada em 1965 depois da construção de

blocos de habitação do Patronat Municipal de L'Habitatge que configuram o limite da parte final

da Rambla. A ligação à praia de Bogatell, representando a ligação do bairro ao mar, só acontece

com a desactivação da linha férrea e com o projecto do Parc del Poblenou que faz a articulação

55

entre os dois espaços. A execução do espaço público neste troço final é de menor qualidade,

que conjugada com descontinuidade ao longo dos planos de fachada da rambla, lhe confere um

aspecto menos qualificado. Ainda assim, o prolongamento do traçado e a continuidade visual

permitem suprimir este facto e assegurar condições de utilização.

Fig. 30 – Fotografias do troço final da rambla de ligação ao Parc del Poblenou (Fonte: Arquivo pessoal)

O troço entra a rua Taulat e a Pere IV, corresponde ao espaço mais consolidado do traçado. O

perfil de 20 m divide-se numa zona central de passeio, típica do desenho de rambla, com duas

faixas de rodagem utilizadas condicionadamente. A placa central rectangular desenha-se com

poucos elementos, principalmente arborização e alguns elementos simples de iluminação e

mobiliário. O tratamento da placa central quase à cota da rua, permite uma suave transição

entre percursos (reforçada pela pedonalização nos anos 90).

Fig. 31 – Fotografias do troço mais antigo da Rambla del Poblenou (Fonte: Arquivo pessoal)

Encoraja também a relações com o edificado lateral, numa interacção intensa com o comércio

existente, com esplanadas, pequenas bancas ou comércio esporádico. Duas filas de árvores

(plátanos), contribuem para o desenho do perfil da rambla, enfatizando a ideia de continuidade e

de passeio.

As pequenas praças ajardinadas nos cruzamentos com as ruas transversais são uma constante

no desenho do passeio. Estes elementos funcionam como elementos de estadia, de paragem e

observação, contraposto ao esquema linear dinâmico, de passeio e movimento. Esta solução

interessante consegue aproveitar o espaço interior de uma rotunda, compatibilizando uma

utilização pedonal e de repouso, com o transito automóvel.

56

Fig. 32 – Fotografia de praça / rotunda na Rambla del Poblenou (Fonte: Arquivo pessoal)

O troço mais recente entre a rua Pere IV e a Gran Via de les Corts Catalanes, mantém a

estrutura básica do troço anterior, mas num perfil mais largo (30m): a placa central passa a ter

10m, com uma maior capacidade para acolher usos e actividades. A arborização mantém os

dois alinhamentos laterais, com plátanos ainda em desenvolvimento a serem intercalados com

palmeiras, que ajudam a dar corpo ao passeio central.

Fig. 33 – Fotografias do troço mais recente da Rambla del Poblenou, em redor da Diagonal (Fonte: Arquivo

pessoal)

O troço final desde a rua Perú até à ligação com Gran Via, está urbanizada mas com um

tratamento distinto dos anteriores (com materiais menos nobres e menos detalhes de desenho),

numa intervenção que possa ainda receber melhorias e qualificações.

Os elementos de mobiliário urbano e os materiais, são utilizados de forma simples e clara,

evidenciando o carácter acessível e maioritariamente pedonal da rambla. No troço mais

consolidado, utilizam-se elementos mais clássicos (como os candeeiros) ou desenho "universal"

(como os bancos), enquanto nos troços mais recentes, utilizam-se elementos de linguagem mais

contemporânea.

57

Fig. 34 – Fotografias de mobiliário urbano (Fonte: Arquivo pessoal)

O principal espaço de representação e encontro social e cultural do bairro, é também assinalado

com a existência de obras de arte e placas comemorativas.

No cruzamento da Rambla del Poblenou com a rua Ramon Turró, em frente ao casino L'Aliança,

referência no Poblenou, localiza-se a escultura "L'adolescent, Al cant popular", de Martí

Llauradó. A peça original em terracota, inaugurada em 1960 (e retirada em 1985 por mau estado

de conservação), simbolizava a tradição do canto popular do bairro do Poblenou. Uma versão

em bronze, foi colocada no mesmo local em 1999, sobre um pedestal desenhado pela arq.

María Luisa Aguado.

Fig. 35 – Fotografias das esculturas “L'adolescent” e “Monumento al Doctor Trueta” (Fonte: Arquivo pessoal)

No local onde durante muito tempo terminava a Rambla del Poblenou, o cruzamento com a rua

Pere IV encontra-se o monumento al Doctor Trueta, do escultor Josep Ricart i Maymir,

inaugurada em 1978. A escultura recorda uma personagem importante do bairro, o médico

prestigiado nascido no Poblenou. Hoje, com o prolongamento da rambla no sentido da Diagonal,

o monumento perde o efeito de coroamento que tinha anteriormente, passando a ocupar uma

parte importante da placa central da Rambla. Ainda assim pela sua localização privilegiada e o

forte carácter simbólico, faz com que se torne um ponto central do Poblenou.

Outra intervenção importante, é "Memòria del Poblenou" um conjunto de placas de bronze que

se dispõem ao longo do pavimento da Rambla, registando o nome, profissão e acontecimentos

58

da vida de 11 personagens3 com papel destacada na vida da comunidade local: A obra dos

arquitectos Ignasi Sanfeliu e Bernat Martorell, de 1999 reforça o espaço da Rambla como um

local de memória colectiva do bairro.

Encontram-se ainda outras peças que remetem para outras personagens importantes do bairro -

como o monumento a Mossèn Pere Relats, na rotunda do cruzamento com a rua Doctor Trueta

(1979) ou as placa dedicadas a Xavier Benguerel (2006) e a Jaume Batlle (2006) - ou para a

própria toponímia - placa da Rambla del Poblenou (1984).

Fig. 36 – Fotografias de outros elementos de arte pública (Fonte: Web de Art Public de Barcelona)

A dinâmica da rambla, é reforçada pela sua actividade comercial, fortemente consolidada ao

longo do passeio. Mas o grau de apropriação dos usuários é muito grande, demonstra uma

particular identificação, utilizando-o de forma familiar e quotidiana. Mais que um local de

passagem ou de repouso - a rambla é usada como um espaço próprio da comunidade, de

expressão e comunicação.

Fig. 37 – Fotografias de usos e actividades na Rambla del Poblenou (Fonte: Web de Art Public de Barcelona)

A evolução histórica, actuou criando um espaço físico consolidado e um significado colectivo

muito importante e presente na memória colectiva dos habitantes de Poblenou, reforçando um

sentido de pertença e de comunidade.,

3 Enric Casanovas, Mossèn Pere Relats, Xavier Benguerel, Joan García Oliver, Joan Agustí i Carreras, Salvador

Roca i Roca, Maria Espinalt i Font, Les dones del cànem, Ramon Bou i Espinosa, Joaquima Raspall i Juanicó e

Josep M. Huertas.

59

CONCLUSÃO

Os espaços públicos analisados no capítulo anterior, evidenciam três formas e atitudes de

intervir no âmbito das estratégias de regeneração urbana em Barcelona. A Praça de Can

Robacols é inicialmente marcada um desenho forte, ele próprio protagonista do espaço, que

anos mais tarde é revisto numa solução mais simples e integradora. A Rambla Prim constrói um

elemento de continuidade entre várias zonas da cidade, através de desenho marcado e que

recolhe referências da envolvente. A Rambla del Poblenou caracteriza-se por um desenho

simples, com alguma reinterpretação histórica, de suporte às intensas actividades e usos

sociais.

Podemos encontrar reflexos destas abordagens noutros espaços públicos da cidade, sendo

nalguns casos atitudes mais generalizadas. Miguel Martìn4 refere que um período inicial com

tendências para um desenho mais expressivo ou um carácter monumental, resultante de uma

necessidade de afirmação do espaço público em relação à sua envolvente, tornando-se ele

próprio a principal referência espacial. Num período seguinte os projectos são marcados por

uma contenção expressiva, uma maior integração com a envolvente, dando mais protagonismo

aos usos e às actividades que o espaço acolhe. A Praça de Can Robacols e em alguns

aspectos a Rambla Prim podem-se incluir na primeira tendência, enquanto a Rambla del

Poblenou representa melhor aspectos da segunda.

Noutra abordagem, podemos encontrar nestes três espaços do distrito de Sant Martì, outros

pontos importantes da estratégia de revitalização de Barcelona: acções de melhoramento

centradas na realidade de cada bairro e a potenciação ou a consolidação de pontos-chave na

estrutura urbana. Estas intervenções localizadas num distrito até então com um carácter mais

periférico na cidade, consolidam processos de requalificação e uma política de "monumentalizar

a periferia", numa reactivação económica e social dos bairros.

A regeneração urbana a partir do espaço público

Associada a esta ideia de "monumentalizar a periferia" está outra de " sanear o centro" (ou

revitalizar o centro), que representam a síntese da política urbanística de Barcelona, aplicada a

partir de 19795, protagonizada por Oriol Bohigas como chefe da Divisão de Urbanismo do

Ajuntament. Esta política baseou-se numa regularização e estruturação da cidade, a partir da

regeneração o tecido urbano e social e da diminuição das desigualdades.

Num retomar da análise antes efectuada é possível verificar como esta estratégia se implantou

nos diversos distritos da cidade. Enquanto em distritos como a Ciutat Vella ou o Eixample, as

intervenções apoiam-se na estrutura urbana existente (o casco antigo e a malha Cardà) para

desenhar os novos espaços públicos; outros são marcados por fortes intervenções da era

olímpica como Sants-Montjüic ou Sant Martì; ou em casos como Nou Barris, Horta-Guinardo ou

mesmo Sant Andreu onde o objectivo é integrar estes bairros mais periféricos através de uma

estrutura de espaços livres, equipamentos ou serviços.

A produção de espaço público tornou-se uma parte marcante da política de Barcelona, marcada

por uma capacidade de converter estes espaços em elementos urbanos geradores e

4

Miquel Martí i Casanovas A la recerca de la civitas contemporània. Cap a una cultura urbana de l'espai públic

Tesis doctoral Universitat Politècnica de Catalunya. Barcelona: 2004

5 Data das primeiras eleições autárquicas do período democrático

60

desencadeantes do desenvolvimento da cidade. Esta política urbana com um marcado carácter

público não teria sido possível sem um conjunto de actores e intervenientes que determinaram e

participaram na produção de espaço público.

Desde logo a liderança política, protagonizada pelas várias direcções do Ajuntament de

Barcelona que vão dando continuidade a uma política de regeneração urbana definida num

primeiro momento por Oriol Bohigas. A atenção dada ao projecto de espaço público na cidade,

leva à criação de uma área específica dentro da organização municipal para este tema - o

departamento de Proyectos Urbanos. Esta secção incentivou o desenvolvimento de muitos dos

projectos aqui apresentados, com contribuições de um grande número de profissionais, tanto da

administração local como de profissionais liberais, que se debruçam sobre os problemas e as

questões concretas do espaço público. A criação dentro do Departamento de Proyectos

Urbanos de uma Unidade de Elementos Urbanos, dedicada a definir e regular os elementos e o

mobiliário urbano que caracterizam o espaço público, permitiu aplicar critérios de estilização e

simplificação. Neste contexto é possível também encontrar várias peças de mobiliário urbano,

desenhados por arquitectos que participaram neste processo de regeneração urbana.

A intervenção e a colaboração de artistas no espaço público também foram importantes,

reflectindo uma preocupação geral com a caracterizarão e o simbolismo do espaço, tornando-se

numa das componentes mais visíveis e destacadas da nova cultura do espaço urbano.

As estratégias de regeneração urbana aqui enunciadas, são exemplo de um conjunto maior de

medidas e políticas que configuram um modelo de intervir na cidade - o Modelo Barcelona. A

estratégia passa por gerar e consolidar uma cidade compacta, onde se privilegiam a igualdade e

participação. O espaço público é elemento protagonista no estabelecimento das relações

sociais, culturais e económicas - a cidade é o espaço público. A intervenção é feita através de

planos específicos de iniciativa pública, que possam actuar concretamente no território,

regenerando tecidos urbanos, por meio de suturas, articulações, remodelações, etc.

As primeiras acções foram direccionadas a pontos estratégicos da cidade pelo seu potencial de

polarização, um conjunto de pequenas intervenções, marcadas pela reivindicação e participação

local. As intervenções vão-se tornando mais complexas e de maiores dimensões até ao impulso

decisivo dado pelos Jogos Olímpicos, onde se desenham espaços de dimensões e impacto,

reconfigurando grandes estruturas da cidade e consolidando definitivamente a aposta no espaço

público.

Talvez seja este mesmo aspecto, um dos grandes contributos da estratégia de produção de

espaço público de Barcelona (para além do rol de espaços e de soluções que apresenta), a

forma como considera e coloca o espaço público como o motor para o desenvolvimento de

processo de transformação, reforçando definitivamente a sua importância e papel na estruturara

urbana.

61

ANEXOS

Mapa de Barcelona com a divisão em distritos e em bairros (Fonte: www.bcn.es)

62

Tabelas de organização de dados sobre espaço público

Espaço Público Ano Autores Distrito Tipo Autores Ano G. 1 G. 2

Avenida Drassanes 1991 I. de Lecea, J. Artigues, J. Barjuan, C.

Fuente Ciutat Vella Avenida F. Bolero, N. Toriras

1994 2 1

Avenida Portal de l'Àngel 1992 A. Montes, P. Alemany Ciutat Vella Avenida 4 1

Avenida Catedral 1991 M. Periel, M. Quintana Ciutat Vella Avenida J. Brossa 4 1

Calle Basses de Sant Pere e Plaza

Sant Agustí Vell 1983 R. de Cáceres Ciutat Vella Calle 4 1

Calle Aliada-Vermelí 1994 J. Artigues, M. Roig, A. Montes, A. Santos Ciutat Vella Calle 1

Calle Ferran 1994 J. Artigues, M. Roig, A. Montes, I. de

Lecea Ciutat Vella Calle

4 1

Calle Sant Oleguer 1994 A. Montes Ciutat Vella Calle 3

Jardins Emilli Vendrell 1984 B. Galí, R. Clotet, R. Solarich Ciutat Vella Jardín 3

Moll de Barcelona 1999 J. Heinrich, O. Tarrasó Ciutat Vella Muelle 1

Moll de Bosch i Alsina 1987 M. de Solà Morales Ciutat Vella Muelle R. Krier, R. Liechtenstein 1992 4 1

Parc de la Barceloneta 1996 J. Heinrich Ciutat Vella Parque J. Maragall 4 7

Paseo Joan de Borbó, Comte de

Barcelona 1993 J. Heinrich, O. Tarrasó, R. de Cáceres Ciutat Vella Paseo

L. Baumgarten, M. Merz,

U. Ruckriern, F. Abad

1992

e

1999

4 1

Paseo Maritim de la Barceloneta 2001 J. Heinrich, O. Tarrasó, J. Artigues, M.

Roig, A. M. Castañeda, C. Fuente Ciutat Vella Paseo R. Hom 1992 4 1

Paseo Picasso 1983 R. Amandó, L. Domènech Ciutat Vella Paseo A. Tàpies 4 7

Paseo Lluís Companys 1991 J. Heinrich Ciutat Vella Paseo F. López Hernández 1998 4 7

Plaza Fossar de les Moreres 1990 C. Fiol Ciutat Vella Plaza 4 1

Plaza Drassanes 1992 IMPUSA Ciutat Vella Plaza 4 1

Plaza Reial 1983 F. Correa, A. Milà Ciutat Vella Plaza A. Gaudí 1879 4 1

Plaza George Orwell 1991 J. Barjuan Ciutat Vella Plaza L. Cristòfol 4 1

Plaza Mercè 1983 R. Clotet, R. Sanàbria, P. Casajoana Ciutat Vella Plaza A. Ferran, C. Guizà 4 1

Plaza Sant Galderic 1994 J. Fargas Ciutat Vella Plaza 3

63

Plaza Àngels 1995 R. Meier & partners, F. Ramos i associats Ciutat Vella Plaza 2 1

Rambla Moll d'Espanya y Mar 1994 A. Viaplana, H. Piñón, J. Mir, R. Coll Ciutat Vella Rambla 4 1

Rambla Raval 2000 P. Cabrera, J. Artigues Ciutat Vella Rambla 1

Avenida Paral.lel 1998 E. Pericas, J. Massana, A. Montes Eixample Avenida 2

Avenida Mistral 1996 J. Graells Eixample Avenida L. Weiner 2 2

Avenida Josep Tarradellas 1995 M. L. Aguado Eixample Avenida X. Corberó 1999 1 3

Avenida Gaudi 1985 M. Quintana Eixample Avenida A. Fenosa, P. Falqués 1906 3 4

Calle Tarragona 1996 M. Gabàs Eixample Calle 1 2

Jardins de la Torre de les Aigues 1987 C. Ribas, A. Arriola Eixample Jardín R. Llimós 4 1

Jardins de César Martinell 1994 A. Ribas Eixample Jardín 2 1

Parc de Joan Miró 1985 A. Solanas, A. Arriola, B. Galí, M.

Quintana Eixample Parque J. Miró

1 2

Parc de l'Estació del Nord 1992 A. Arriola, C. Fiol, E. Pericas Eixample Parque B. Pepper 6 7

Passeig de Gràcia 1997 E. Pericas Eixample Paseo 1

Plaza Universitat 1994 M. Periel Eixample Plaza 2 1

Plaza Catalunya 1994 J. Graells Eixample Plaza 4

Plaza Tetuan 1984 A. Arriola, Eixample Plaza 4

Plaza hispanitat e plaza pablo neruda 1990 D. Febles Eixample Plaza 6

Calle-puente Sardenya 1992 J. A. Fernández Ordóñez Eixample Puente 6 7

Rambla Catalunya 1990 M. Quintana, R. de Cáceres, J. Graells Eixample Rambla J. Granyer 1972 4 1

Jardins de la Industria 1990 M. Quintana Eixample Jardín 3 4

Calle Beat Almató 1999 J. M. Aguilera, A. Zubeizu, J. M. Llauradó Gràcia Calle 4

Parc de la Creueta del Coll 1986 J. Martorell, D. Mackay Gràcia Parque E. Chilida, E. Kelly 3 4

Passeo Sant Joan 1999 J. Graells Gràcia Paseo 4

Plaza Trilla 1984 J. Bach, G. Mora Gràcia Plaza 3 4

Plaza Sol 1985 J. Bach, R. Aurín, G. Mora Gràcia Plaza J. Camps 3 4

Plaza Poble Romaní 1993 A. Montes Gràcia Plaza 3 4

Plaza Alfons Comín 1992 V. Rahola Gràcia Plaza 3 4

Plaza Anna Frank 1999 I. Sanfeliu Gràcia Plaza 4

Plaza Rovira i Trias 1990 J. Graells, J. Camps Gràcia Plaza 3

Intervencionenes el el Parc Güell 1999 E. Torres, J. A. Martínez Lapeña Gràcia Parque 3 4

Calle Gènova – escaleras 1994 A. Montes Horta- Acessibilidad 3 4

64

Guinardó

Calle Sales i Ferré – escaleras 1985 J. Farrando Horta-

Guinardó Acessibilidad 3 4

Intervenciones al Carmel, Calderón

de la Barca - Murira 1995 E. Pericas, E. Ordónez

Horta-

Guinardó Calle 3

Jardins del Prínceps de Girona 1995 J. Farrando Horta-

Guinardó Jardín 3 4

Jardins de Rosa Luxemburg 1999 P. Falcone Horta-

Guinardó Jardín 4

Jardins de la Unitat 1989 J. Farrando Horta-

Guinardó Jardín 5

Jardins Santa Rosalia 1987 M. Rubert, O. Clós Horta-

Guinardó Jardín 5

Parc dels Turons 1999 J. Farrando, I. de Lecea, C. Fuente, A.

Ribas, J. Massana, J. L. Delgado

Horta-

Guinardó Parque I. Hammilton Finlay 1999 3 4

Plaza Font Castellana 1992 J. Farrando Horta-

Guinardó Plaza Madola 3 4

Plaza Salvador Allende 1985 J. Farrando Horta-

Guinardó Plaza M. Martí, L. Díaz 1997 3 4

Parc de la Vall d'Hebron 1992 E. Bru Horta-

Guinardó Plaza

O. Oldenburg, C. van

Bruggen, S. Solano, E.

Serra

5 4

Boca Sud del Tunel de la Rovira 1987 M. Quintana, B. Galí Horta-

Guinardó tunel Riera i Aragó 3

Area Olímpica de Diagonal 1992

O. Clós, M. Rubert, E. Tous, J. M. Fargas,

J. Salve, J. Carsi, M. Raventós, R.

Vaccaro, R. Aurín

Les Corts área 1

Gran Via Carles III 2002 O. Tarrasó, J. Heinrich Les Corts Calle 3

Calle (rambla) Numància 1992 M. Gabàs Les Corts Calle A. Alfaro 1999 1 3

Jardins de Sant Joan de Déu 1994 R. Moneo, M. de Solà Morales, B.

Figueras Les Corts Jardín 3

Jardins d'Olga Sacharoff 1994 C. Casamor, M. Gabàs Les Corts Jardín 1 3

Plaza Les Corts 1988 C. Fiol Les Corts Plaza 1 3

Barrio Ciutat Meridiana - escaleras 1994 D. Febles Nou Barris Acessibilidad 5 5

Avenida Rio de Janeiro 1988 P. Bardaji, C. Teixidor Nou Barris Avenida A. Roqué 5 5

Avenida Vallbona 2001 A. Monclús, B. de Sola Nou Barris Avenida 5

Calle Llobera y Calle Rodrigo Caro -

escaleras 1986 J. L. Delgado Nou Barris Calle 5 5

Eix Francesc Layret - Ángel Pestaña 1991 E. Pericas, J. Plensa, E. Pladevall Nou Barris eix 5

65

Parc de Joseo Maria Serra Martì 1996 C. Hom, C. Casamor Nou Barris Parque 5 5

Parc Esportiu de Can Dragó 1991 E. Pericas, A. Ubach, M. Espinet Nou Barris Parque P. Gargallo, M. Polo 7 5

Parc Central de Nou Barris 1999 A. Arriola, C. Fiol Nou Barris Parque 5

Bulevares de nou Barris 1999 R. Casanovas, F. Navarro, M. Payà Nou Barris Paseo 5

Plaza Roja de Ciutat Meridiana 1995 R. Casanovas Nou Barris Plaza 5 5

Plaza Roquetes 1996 J. L. Delgado Nou Barris Plaza 5 5

Plaza Sóller 1984 J. M. Julià, J. L. Delgado, A. Arriola, C.

Ribas Nou Barris Plaza X. Corberó 7 5

Plaza Llucmajor 1990 P. Barragán, B. de Sola, A. Viaplana, H.

Piñón Nou Barris Plaza J. Viladomat 5 5

Plaza Virrei Amat 1999 A. Arriola, C. Fiol Nou Barris Plaza 5

Plaza Harry Walker 1999 M. Quintana Nou Barris Plaza 5

Plaza Cenicero a Roquetes 1995 M. Gabàs Nou Barris Plaza 5

Polígono Guineuta 1995 E. Pericas, C. Casamor, C. Fuente Nou Barris Polígono 5 5

Vía Júlia 1986 B. de Sola, J. M. Julià Nou Barris Via S. Aguilar, A. Rosselló 5 5

Ronda de Dalt 1992 P. Nobell, B. de Sola, J. Torrella Nou Barris Via 5 5

Avenida Meridiana 1999 A. Montes, M. Periel, C. Fuente, D.

Domènech

Sant

Andreu Avenida 7 6

cauce de Riu Besòs 2004 B. de Sola, F. Puig, A. Alarcón Sant

Andreu Cauce 5

Jardins Casa Bloc 1995 E. Batlle, J. Roig Sant

Andreu Jardín 7

Parc de la Trinitat 1993

E. Batlle, J. Roig, M. Herce, J. M. Càmara,

J. R. de Clascà, J. M. Serrano, X.

Ruiwamba, X. Monclús

Sant

Andreu Parque R. Bartolozzi, J. Ros 5 5

Parc de la Pegaso 1986 E. Batlle, J. Roig Sant

Andreu Parque 7 6

Plaza Modernitat 1992 C. Santfeliu, I. Sanfeliu, E. Valencoso, A.

Espejo, B. Martorell

Sant

Andreu Plaza 5 5

Plaza General Moragues 1987 O. Tarrasó Sant

Andreu Plaza E. Kelly 7 6

Plaza Islàndia 1995 C. Fiol, A. Arriola Sant

Andreu Plaza 7 6

Plaza de la Trinitar Vella 1992 A. Montes Sant

Andreu Plaza 5

Plaza Mercadal 1983 R. Sanàbria, R. Artigues Sant

Andreu Plaza 7

Puente Felip II Bac de Roda 1987 S. Calatrava Sant

Andreu Puente 7 6

66

Pont del Potosi 1992 J. Arenas Sant

Andreu Puente 5

Rambla Onze de Setembre 1995 O. Tarrasó, C. Fuente Sant

Andreu Rambla 7 6

Avenida Diagonal - prolongación 1999 M. Gabàs, E. M. Julián, M. Herce Sant Martí Avenida 6 7

Avenida Icària 1992 E. Miralles Sant Martí Avenida 6 7

Enlace Aragó-Guipúscoa 1992 P. Barragán, B. de Sola, A. De Soldevila,

J. I. Llorens Sant Martí Calle R. Acis 7 7

Forum de les Cultures - explanada e

zonas de baños 2004 E. Torres, J. A. Martínez Lapeña, B. Galí Sant Martí Explanada 6

Jardin interior Cantabria, Guipúscia,

Concilli de Trento, Puigcerdà 1999 L. Lamich, B. Martorell, C. Santfeliu Sant Martí Jardín 6

Interiores d'Illa de la Vila Olimpica 1992 C. Ferrater, B. Figueras Sant Martí Jardín 6

Parc de Sant Martí 1996 C. Martí, A. Armesto Sant Martí Parque A. Rosselló 7 6

Parc del Clot 1986 D. Freixes, V. Miranda Sant Martí Parque B. Hunt 6 7

Parc del Poblenou 1992 X. Verdrell, M. Ruisánchez Sant Martí Parque 6 7

Parc dels Ponts, Parc del Port

Olímpic, Parc de les Cascades 1992

O. Bohigas, J. Martorell, D. Mackay, A.

Puigdomènech Sant Martí Parque

A. De Vries, A. Llena, X.

Mariscal, F. Fornells Plà,

R. Llimós

1987 6 7

Parc Carles I 1992 P. Zazurca Sant Martí Parque E. Úrculo 1999 6 7

Parc Diagonal Mar 2001 E. Miralles, B. Tagliabue Sant Martí Parque 6

Paseo Maritim de Nova Icària, e

paseo Maritim de Bogatell 1992 A. Font, J. Montero, A. Castañeda Sant Martí Paseo 6 7

Paseo Taulat 1999 M. Gabàs, C. Casamor Sant Martí Paseo 6

Plaza Can Robacols 1987 P. Barragán Sant Martí Plaza 7 6

Plaza de la Palmera 1985 P. Barragán, B. de Sola Sant Martí Plaza R. Serra 7 6

Plaza de les Glóries Catalanes 1992 A. Arriola, A. Monclús, X. Ruiwamba, B.

Figueras Sant Martí Plaza F. Scali 6 7

Plaza Prim 1986 B. de Sola, P. Barragán Sant Martí Plaza 6 7

Plaza Juli González 1995 J. Bellmunt Sant Martí Plaza 7

Plaza Voluntaris 1992 J. M. Mercè Sant Martí Plaza 6 7

plaza Ramon Calsina 2001 M. Gabàs, C. Casamor Sant Martí Plaza 6

Espais Publicos Centre Glories 1995 C. Cirici Sant Martí Plaza 6

Plaza dr. Serrat 1989 J. Heinrich Sant Martí Plaza 7

Poligono La pau 1991 J. Heinrich, C. Fuente, M. T. Rubió Sant Martí Polígono F. Soriano 7 6

Port Olímpic 1992

J.R. de Clascà, M. A. Andújar, A. Vidaor,

J. Martorell, O. Bohigas, D. Mackay, A.

Puigdomènech

Sant Martí Port 6 7

Rambla Prim 1992 J. Santjosé, P. Barragán, M. Tersol Sant Martí Rambla F. Torres Monsó, M. 7 6

67

Navarro

Rambla de Poblenou 1999 J. Heinrich, C. Hom, B. Martorell, C.

Santfeliu Sant Martí Rambla 6 7

Rambla Guipúscoa 1997 M. Periel, J. M. Llauradó Sant Martí Rambla F. Torres 6

Avenida Reina Maria Cristina 1985 L. Cantallops Sants-

Montjuïc Avenida 2 2

Calle Badal 2002 B. de Sola, J. C. Montoliu Sants-

Montjuïc Calle 2

Calle Badal 2001 O. Tarrasó, J. Heinrich Sants-

Montjuïc Calle 3

Fossar de la Pedrera 1986 B. Galí, M. Quintana Sants-

Montjuïc Cementerio F. Ventura 2 2

Nuevo Jardín Botánico 1999 C. Ferrater, B. Figueras, J. L. Canosa Sants-

Montjuïc Jardín 2

Jardins de Petra Kelly (viveres

municipals) 1989 E. Batlle, J. Roig

Sants-

Montjuïc Jardín 2 2

Parc de Montjuic - acessos 1992 IMPUSA Sants-

Montjuïc Parque 2 2

Parc del Migdia 1992 B. Galí Sants-

Montjuïc Parque 2 2

Parc de la Font Florida 1995 C. Casamor, R. Marquès Sants-

Montjuïc Parque 2 2

Parc de Can Sabaté 1983 D. Navas, N. Solè, I. Jansana Sants-

Montjuïc Parque 2 2

Parc de l'Espanya Industrial 1985 L. Peña Ganchegui, F. Ruis Sants-

Montjuïc Parque

A. Nagel, A. Caro, P.

Palazuelo, E. Casanovas,

A. Alsina, Peresejo

1 3

Parc de les Tres Xemeneies 1995 P. Riera, J. M. Gutiérrez Sants-

Montjuïc Parque 2

Paseo Minici Natal e Plaza Europa

(esplanada olimpica) 1992 F. Correa, A. Milà, J. Margarit, C. Buxadé

Sants-

Montjuïc Paseo A. Miyawaki 2 2

Paseo Sant Antoni 1994 J. Artigues, M. Roig, E. M. Julián Sants-

Montjuïc Paseo 1 3

Plaza Ildefons Cerdà 1999 B. de Sola Sants-

Montjuïc Plaza 2

Plaza Navas 1982 D. Navas, N. Solè, I. Jansana Sants-

Montjuïc Plaza J. Rebull 2 2

Plaza Setge de 1714 1990 R. Marquès Sants-

Montjuïc Plaza X. Corberó 2 2

68

Plaza Olivereta 1996 M. Periel Sants-

Montjuïc Plaza 3

Plaza Oscar 1996 L. Queralit, C. Hom, R. Cardona Sants-

Montjuïc Plaza 3

Plaza Joan Pelró 1991 A. Viaplana, H. Piñón Sants-

Montjuïc Plaza 1 3

Plaza Paisos Catalans 1983 A. Viaplana, H. Piñón Sants-

Montjuïc Plaza 1 3

Rambla Brasil 1997 O. Tarrasó, J. Heinrich Sants-

Montjuïc Rambla 1 3

Avenida J. V. Foix 1998 J. M. Aguilera, J. M. Llopis, D. Febles Sarrià-Sant

Gervasi Avenida 1 3

Jardins de Joan vinyoll 1998 C. Casamor, M. Gabàs Sarrià-Sant

Gervasi Jardín 3

Jardí de les Tres Torres 1995 D.Febles Sarrià-Sant

Gervasi Jardín 1 3

Jardins de la Vil.la Cecília 1986 E. Torres, J. A. Martínez Lapeña, F. López

Hernández

Sarrià-Sant

Gervasi Jardín 1 3

Jardins del Dr. Hahnemann 1990 M. L. Aguado, M. Polo Sarrià-Sant

Gervasi Jardín 1

Plaza Molina 1995 J. Garcés, E. Sória, A. Montes Sarrià-Sant

Gervasi Plaza 1 4

Plaza John F. kennedy 1988 M. L. Aguado Sarrià-Sant

Gervasi Plaza X. Corberó 3 4

Pont Román Macaya 1987 M. L. Aguado, J. M. Julià, J. Serralosa Sarrià-Sant

Gervasi Puente 3

69

BIBLIOGRAFIA

AJUNTAMENT DE BARCELONA, Barcelona. La segona renovació. Barcelona: Ajuntament de

Barcelona, 1996

AJUNTAMENT DE BARCELONA, Barcelona Espacios Urbanos 1981-1996, Barcelona:

Ajuntament de Barcelona, 1996

AJUNTAMENT DE BARCELONA, Barcelona Espacios Urbanos 1981-2001, Barcelona:

Ajuntament de Barcelona, 2001

ARRANZ, Manuel [et all] El Poblenou: Més de 150 anys d’historia, Barcelona: Arxiu Històric del

Poblenou,1991

BOHIGAS, Oriol. Reconstrucción de Barcelona. Madrid: Ediciones del MOPU, Ministerio de

Obras Públicas y Urbanismo,1985

BUSQUETS, Joan, Barcelona. Evolución urbanística de una capital compacta, Madrid: Editoral

MAPFRE, 1992

MARTÍ i CASANOVAS, Miquel, A la recerca de la civitas contemporània. Cap a una cultura

urbana de l'espai públic, Tesis doctoral de Universitat Politècnica de Catalunya. Barcelona:

2004

Páginas de internet consultadas

Arte Pública de Barcelona

[ http://w10.bcn.cat/APPS/gmocataleg_monum/CambiaIdiomaAc.do?idioma=ca&pagina

=welcome ]

Ajuntament de Barcelona [ http://www.bcn.cat/ ]

Bernardo de Sola [http://bernardodesola.com]

Bing Maps [ http://www.bing.com/maps/ ]

Google Maps [ http://maps.google.pt/ ]

Estatísticas Municipais de Barcelona [http://www.bcn.es/estadistica/castella/terri/index.htm]

Institut Cartogràfic de Catalunya [ http://www.icc.cat/ ]

La Barcelona dels Barris [http://www.bcn.es/bcnbarris/ca/]

Projecto 22@Barcelona [ http://www.22barcelona.com/]

Projecto Memória Veinal [http://www.memoriaveinal.org/ ]

Projecto Para Aguas 2010 [http://proyectoparaguas2010.wordpress.com/ ]