Empatia: Desafios Conceituais e Relações com a Moralidade e o Comportamento Pró-Social

25
Aprendizagem O desenvolvimento de competências sociocognitivas Novas perspectivas António Roazzi Tânia Mara Sperb (Organizadores) O estudo das competências sociocognitivas ocupa um lugar central nu In- vestigação do desenvolvimento sociocognitivo e é nojo um Ho1, tf») íleos de pesquisa mais produtivos da psicologia contemporânea Os temas abordados apresentam como característica comum um HlucOo da interação social como propulsora dos diversos aspectos do dos» mento sociocognitivo. Assim, a aquisição e o desenvolvimento do l gem, em especial em seus aspectos pragmáticos; a evolução da cidade de representar a si e aos outros como seres dotados do n-.ltido1. mentais; a capacidade e o desenvolvimento precoces do julgamento moml autónomo; e a importância da empatia como construto que inlorlkui o1, <r. pectos cognitivos e afetivos presentes na sociocognição atestam oslu [iro ferência teórico-epistemológica. Os autores esperam que os trabalhos apresentados promovam a troca entre pesquisadores de várias áreas sobre o tema das competências so- ciocognitivas e suscitem novas e produtivas investigações, tornando este livro uma ferramenta útil para a consulta de psicólogos, pesquisadores e estudantes, tanto de graduação como de pós-graduação, que têm interesse no atendimento clínico e educacional das crianças. O desenvolvimento NOVAS PERSPECTIVAS

Transcript of Empatia: Desafios Conceituais e Relações com a Moralidade e o Comportamento Pró-Social

Aprendizagem

O desenvolvimento decompetências sociocognitivasNovas perspectivas

António RoazziTânia Mara Sperb(Organizadores)

O estudo das competências sociocognitivas ocupa um lugar central nu In-vestigação do desenvolvimento sociocognitivo e é nojo um Ho1, tf») íleos depesquisa mais produtivos da psicologia contemporâneaOs temas abordados apresentam como característica comum um HlucOoda interação social como propulsora dos diversos aspectos do dos»mento sociocognitivo. Assim, a aquisição e o desenvolvimento do lgem, em especial em seus aspectos pragmáticos; a evolução dacidade de representar a si e aos outros como seres dotados do n-.ltido1.mentais; a capacidade e o desenvolvimento precoces do julgamento momlautónomo; e a importância da empatia como construto que inlorlkui o1, <r.pectos cognitivos e afetivos presentes na sociocognição atestam oslu [iroferência teórico-epistemológica.Os autores esperam que os trabalhos apresentados promovam a trocaentre pesquisadores de várias áreas sobre o tema das competências so-ciocognitivas e suscitem novas e produtivas investigações, tornando estelivro uma ferramenta útil para a consulta de psicólogos, pesquisadores eestudantes, tanto de graduação como de pós-graduação, que têm interesseno atendimento clínico e educacional das crianças. O desenvolvimento

NOVAS PERSPECTIVAS

António Roazzi e Tânia Mara Sperb(Organizadores)

O desenvolvimentode competências sociocognitívas

NOVAS PERSPECTIVAS

1a edição2013

EDITORA PSICO-PEDAGÕGICA UDA.Rua Cubatão 48 - CEP 04013-000 - SP

««ora Tel. Ill] 3146-0333 - Fax. (Ill 3146-0340

www.vetoreditora.com.br [email protected]

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

O Desenvolvimento de competências sociocognitivas : novasperspectivas / António Roazzi e Tânia Mara Sperb (organiza-dores). - 1. ed. -- São Paulo : Vetor, 2013.

Bibliografia

1. Cognição 2. Cognição em crianças 3. Crianças - Aspectossociais 4. Crianças - Desenvolvimento 5. Interação social 6. Psicolo-gia do desenvolvimento I. Roazzi, António. II. Sperb, Tânia Mara.

13-03759 CDD-155.413

índices para catálogo sistemático:l. Desenvolvimento de competênciassociocognitivas : Psicologia infantil

155.413

ISBN: 978-85-7585-698-7

Projeto gráfico e capa: Lindiana Valença

Revisão: Vetor Editora

© 2013 - Vetor Editora Psico-Pedagógica Ltda.É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer meio existentee para qualquer finalidade, sem autorização por escrito dos editores.

Sumário

Apresentação: O desenvolvimento de competênciassociocognitivas

António Roazzi, Tânia Mara Sperb .7

1. Aspectos sociocognitivos no desenvolvimento inicial dalinguagem: input linguístico, interação social, atenção conjuntae emoção

Luciana Fontes Pessoa, Deise Maria Leal Fernandes Mendes,Maria Lúcia Seidl-de-Moura 13

2. Contos e narrativas infantis: análise das lógicas deorganização narrativa

Luciane De Conti, Isabella Giordano Bezerra 37

3. Leitura mediada com enfoque sociocognitivo: subsídiosteórico-práticos

Marisa Cosenza Rodrigues 63

4. Coerência e teoria da mente no discurso narrativo infantilGreicy Boness de Araújo, Tânia Mara Sperb 95

5. Efeitos da linguagem materna na compreensão de estadosmentais em crianças autistas

Eliana Cristina Gallo-Penna, Maria Regina Maluf. 121

6. Pragmática da linguagem e representação de crençaSara Del Prete Panciera, Simone Ferreira da Silva Domingues 143

7. O papel da teoria da mente no desenvolvimento dacompreensão de ironiaDébora de Hollanda Souza, Nádia Villa 167

8. Empatia: desafios conceituais e relações com a moralidadee o comportamento pró-socialAntónio Roazzi, Franciela Félix de Carvalho Monte,Leonardo Rodrigues Sampaio 189

9. A construção do conhecimento social na infância: pesquisasrecentes e novas perspectivas para a psicologia dodesenvolvimento sociomoralLeonardo Rodrigues Sampaio, António Roazzi,Franciela Félix De Carvalho Monte 223

Sobre os autores. 251

Apresentação:O desenvolvimento decompetências sociocognitivasAntónio Roazzi \ Mara Sferb

O indivíduo, logo ao nascer, caracteriza-se por ter a necessidade deconhecer a realidade na qual está inserido - constituída em larga partepor outros indivíduos -, com a finalidade de orientar as próprias açõesde forma adaptativa ao ambiente em que vive.

O problema do conhecimento da realidade, ou em termos psico-lógicos, o interesse pelos processos sociocognitivos e as competênciassubjacentes a eles, que possibilitam a compreensão do que caracterizao ambiente em que as pessoas estão inseridas torna-se, assim, umaimportante área de conhecimento da Psicologia. Esse conhecimentotem apresentado interessantes mudanças nas últimas décadas.

As competências da criança, até o final da década de 1960, eramconcebidas em termos de aculturação, aquisição do controle das pulsõesou treinamento de papéis, de acordo com perspectivas centradas nosprocessos de aprendizagem ou no papel de modelagem desempenhadopelo adulto. Na sequência, o desenvolvimento sociocognitivo começoua ser enfatizado, ressaltando-se, especialmente, o entendimento do re-cém-nascido desde o início como um ser social, que tem um papel ativono processo evolutivo e que age, cada vez mais, de forma consciente ecompetente. Nesse processo de desenvolvimento, a função mediadora,ou de interlocução, desempenhada pelos adultos é crucial para organizaruma série de competências e capacidades que são construídas desde osprimeiros meses de vida. A própria capacidade de diferenciação do self,que faz o sujeito se reconhecer como diferente e independentementedos outros, depende dessas relações estabelecidas em nível interpessoal.

ANTÓNIO ROAZZI | TÂNIA MARA SPERB

Nessa perspectiva sociocognitiva, aceita-se que a socialização se dápor meio de um processo gradual, durante o qual o desenvolvimentode habilidades cognitivas e afetivas é fomentado pelas interaçóes so-ciais, ao mesmo tempo em que estas permitem à criança estabelecerrelações cada vez mais complexas com os outros. Ademais, assume-setambém que o desenvolvimento das competências sociocognitivasfundamenta-se na compreensão de que as pessoas são dotadas deestados internos, emoções, pensamentos, intenções, escopos queorientam o comportamento e as relações com os outros e com o

sistema de normas e valores sociais.Mesmo quando as crianças são ainda desprovidas da função sim-

bólica, competências de origem filogenética possibilitam as interaçõessociais que, por sua vez, levam os bebés a serem capazes de imitar,reconhecer e reagir às expressões emocionais das pessoas à sua volta.Essas capacidades se constituiriam como os primórdios da empatiahumana, sendo, portanto, fundamentais para a vida em sociedade.Portanto, as relações sociais iniciais da criança desempenham umpapel fundamental para a aquisição da linguagem e para o própriodesenvolvimento cognitivo-afetivo na primeira infância.

Os fundamentos dessa perspectiva epistemológica podem serencontrados na filosofia de Kant, segundo a qual os processos deconhecimento são adquiridos de forma subjetiva. É a mente queativamente organiza os dados recolhidos por meio dos processossensoriais, construindo uma realidade que vai além da informaçãodada. Não é somente a percepção humana que registra os dados darealidade, mas procura também as conexões entre os vários elementosdo objeto a ser conhecido de tal forma que possa atribuir um sentidoa eles. No âmbito interpessoal e social, essa tendência à organização doconhecimento levaria a criança a construir teorias sobre o que se passanas mentes das outras pessoas. Isso lhes possibilitaria, gradualmente,assumir o ponto de vista do outro e prever as suas açóes, modificandoseu próprio comportamento em função do conhecimento construídonesses processos de tomada de perspectiva. Além disso, o conheci-

APRESENTAÇAO

mento social advindo dessas interações faria que a afetividade infantilfosse reestruturada em níveis cada vez mais sociais e intergrupais.

Este livro tem por objetivo tratar dessa renovada perspectiva queconsidera: 1) a importância, no desenvolvimento da criança, dessa ca-pacidade de compreender os outros como entidades separadas, dotadasde características específicas, diferentes das próprias; 2) a compreensãodas estruturas cognitivas e dos processos que fundamentam a capaci-dade de construção de representações mentais do mundo por partedas pessoas e; 3) a concepção da pessoa como um indivíduo ativo,capaz de elaborar as informações oriundas do ambiente de tal formaque possa orientar adaptativamente as próprias ações, tendo comobase a relação entre elementos cognitivos, afetivos, sociorrelacionais,comunicacionais e linguísticos, entre outros.

Em decorrência dos pontos anteriormente levantados, as ques-tões que norteiam este livro são: qual a sociogênese dos processossociocognitivos? Quais as características individuais, familiares e, demodo mais geral, contextuais que desempenham um papel relevanteno desenvolvimento social? Como esse construto vem sendo avalia-do? Como elementos afetivos e cognitivos se relacionam duranteo processo de socialização na infância? Qual o papel da linguagemna constituição de habilidades cognitivo-afetivas que permitem àscrianças interagirem com seus pares e outros adultos? Por que a ca-pacidade de tomada de perspectiva (role-taking) e a empatia devemser considerados instrumentos de adaptação social?

A seguir, apresentam-se os capítulos que compõem este livro.O capítulo l, de Luciana Fontes Pessoa, Deise Maria Leal Fernandes

Mendes e Maria Lúcia Seidl-de-Moura, numa perspectiva sociocultural,traz resultados de pesquisas que mostram a importância das interaçõessociais precoces para o desenvolvimento emocional e sociocognitivodos bebés, em especial da linguagem e da afetividade. Nesse percurso,examinam a importância das crenças e práticas dos cuidadores para essedesenvolvimento e as diferentes formas que assumem dependendo dascondições ecológicas e culturais em que estão inseridos.

ANTÓNIO ROAZZI | TÂNIA MARA SPERB

No segundo capítulo, Luciane de Conti e Isabella GiordanoBezerra descrevem os resultados de um estudo que teve como focoinvestigar a relação entre diferentes lógicas de organização narrativapresentes nos contos infantis e as lógicas de organização das narrativasproduzidas por crianças entre 6 e 8 anos num contexto de contação dehistórias. Partindo de uma posição teórica que entende que o universodas narrativas infantis é composto por mediações simbólicas, queseriam recursos disponíveis na cultura que propiciam tanto o desen-volvimento cognitivo quanto emocional, as autoras analisam algunscontos infantis em busca das diferentes matrizes narrativas que, nodecorrer dos anos, serão apropriadas pelas crianças para comporem

suas narrativas pessoais e faccionaisNo terceiro capítulo, Marisa Cosenza Rodrigues relata um progra-

ma de intervenção que focaliza a exploração sociocognitiva da leiturade histórias infantis com crianças entre 5 e 7 anos de idade. O progra-ma é delineado para aprimorar o processamento de informação sociale, consequentemente, a capacidade infantil de compreender emoções,intenções, pensamentos e desejos próprios e dos outros. Utiliza paratal a leitura mediada de livros infantis que abordam diferentes temasque permitem o compartilhamento por professores e seus alunos desentidos amplos e complexos da realidade. O trabalho mostra que olivro de história infantil pode ser um recurso fértil para desenvolvervários aspectos do desenvolvimento infantil.

O capítulo quatro, de Greicy Boness de Araújo e Tânia MaraSperb, aborda a relação entre teoria da mente e linguagem, mais es-pecificamente, a coerência narrativa, com crianças de 4 e 5 anos eminteração com suas mães, no contexto de contação de histórias. Osresultados do estudo realizado mostram que o emprego de termos deestados mentais, indicadores de teoria da mente, pelas crianças em suashistórias e as medidas de coerência narrativa utilizadas relacionam-seno desenvolvimento da criança. O estudo evidencia a importância dainteração social e da prática de contação de histórias para o desen-volvimento do discurso narrativo infantil e para a teoria da mente.

10

APRESENTAÇÃO

No quinto capítulo, Eliana Cristina Gallo-Penna e Maria Regi-na Maluf tratam da relação entre teoria da mente e linguagem emcrianças autistas. Para tal, descrevem um estudo que objetiva inves-tigar os efeitos de um procedimento, baseado em linguagem, sobre ahabilidade de crianças autistas atribuírem estados mentais ao outro,assim como o desempenho destas em tarefas de teoria da mente. Oprocedimento em linguagem envolve o uso de narrativas nas quais asmães explicam os estados mentais dos personagens das histórias. Osresultados indicam que as habilidades linguísticas estão relacionadasà teoria da mente também em crianças autistas.

No sexto capítulo, Sara Del Prete Panciera e Simone Ferreira daSilva abordam as relações entre a habilidade da criança de representarcrenças (teoria da mente) e as suas experiências conversacionais, dandoênfase à dimensão pragmática da linguagem e à tomada de perspectivaconversacional. As autoras fazem uma revisão dos principais estudosque tratam do tema em questão, salientando o papel da conversação,ou seja, das trocas conversacionais, como propiciadora da tomada deperspectiva conversacional, que, por sua vez, sustentaria, pelo menosem parte, a organização cognitiva de representar estados mentais decrença e a consequente aprendizagem de que as pessoas diferem emseus pontos de vista sobre o mundo.

Débora de Hollanda Souza e Nádia Villa, no Capítulo 7, lidam como desenvolvimento sociocognitivo, em especial a relação entre teoriada mente e linguagem, de crianças em idade escolar. Há evidências deque nessa faixa etária aspectos mais sofisticados da teoria da mente eda linguagem, em especial a compreensão da ironia, começam a surgir.Para mostrar a importância desses aspectos para a Psicologia do Desen-volvimento, as autoras revisam a literatura sobre compreensão da ironiae apresentam dados de um estudo com crianças escolares brasileirasque utiliza os mesmos procedimentos de um estudo similar canadense.

No capítulo 8, António Roazzi, Franciela Félix de Carvalho eLeonardo Rodrigues Sampaio apresentam e discutem questões rela-cionadas ao estudo da empatia, em especial as definições conceituai

n

ANTÓNIO ROAZZI | TÂNIA MARA SPERB

e operacional e sua relação com a moralidade e comportamento pró--social. São apresentadas evidências empíricas, tanto favoráveis comocontrárias à asserção de que a empatia é um elemento essencial à vidaem sociedade, em virtude de seu papel mobilizador de comportamen-tos pró-sociais e inibidor de condutas danosas ao outro. Em razão dadificuldade de comparar os resultados dos vários estudos realizados,em função de diferentes definições e instrumentos utilizados, os au-tores assinalam a necessidade de novas perspectivas de investigação.

No capítulo 9, Leonardo Rodrigues Sampaio, António Roazzi eFranciela Félix de Carvalho Monte tratam do desenvolvimento socio-moral. Apresentam evidências empíricas que sugerem que as criançaspodem ser mais autónomas em seus julgamentos sobre a realidade socialdo que propunham as teorias clássicas do desenvolvimento sociomoral.Adicionalmente, que as crianças são capazes de avaliar as característicasdas pessoas à sua volta, por meio do uso de heurísticas relacionadas tantoao contexto imediato quanto a eventos passados. Assim, já desde cedo,as crianças exibem competências sociocognitivas que lhes permitemprocessar ativamente as informações oferecidas pelos adultos.

Os capítulos apresentam como característica comum a aceitaçãoda interação social como propulsora dos diversos aspectos do desen-volvimento sociocognitivo. Assim, a aquisição e desenvolvimento dalinguagem, em especial em seus aspectos pragmáticos; a evolução dacapacidade de representar a si e aos outros como seres dotados de esta-dos mentais; a capacidade e desenvolvimento precoces do julgamentomoral autónomo; e a importância da empatia como construto queinterliga os aspectos cognitivos e afetivos presentes na sociocogniçãoatesta esta preferência teórico-epistemológica. A presença de pesquisasque mostram, de um lado, como esses aspectos se desenvolvem nodecorrer do tempo, e, do outro, as intervenções passíveis de seremrealizadas quando isso não ocorre, tornam este livro uma ferramentaútil para a consulta de psicólogos, pesquisadores e estudantes, tantode graduação como de pós-graduação, que têm interesse nos atendi-mento clínico e educacional das crianças.

12

1Aspectos sociocognitívos nodesenvolvimento inicial da linguagem:input linguístico, interação social,atenção conjunta e emoçãoLuciana Fontes Pessoa \ Maria Leal Fernandes Mendes

Maria Lúcia Seidl-de-Moura

Resumo: Interaçóes sociais precoces são fundamentais não apenas àsobrevivência de bebés humanos, mas também para seu desenvolvi-mento emocional e sociocognitivo. Essas interações têm característicasde sincronia, contato mútuo e assumem diferentes formas dependen-do do contexto e das características do bebé e de seus cuidadores. Ascrenças e práticas dos cuidadores, construídas em resposta às suascondições ecológicas de vida e como parte de sua cultura, têm con-sequências sobre o desenvolvimento dos bebés. Durante esse desen-volvimento inicial, os pais são os agentes sociais mais indicados paraprocurar entender as intenções das crianças, atribuindo significaçõesaos comportamentos delas e, portanto, são capazes de prover o apoioadequado de que elas necessitam. Com isso, pensando no desenvolvi-mento de algumas competências sociocognitivas e emocionais comoa linguagem e a afetividade, não podemos deixar de considerar opapel dessas interações iniciais. Outras capacidades, como a atençãoconjunta entre os parceiros da díade, precisam ser discutidas paratentarmos compreender a ontogênese dos referidos processos, a partirde uma perspectiva sociocultural. Este capítulo trará resultados deinvestigações que indicam a importância das interações iniciais mãe--bebê e do afeto presente nessas interações desde etapas precoces dodesenvolvimento para a aquisição e o desenvolvimento da linguagem.

13