Dom Paulo viu Bezerra, que nâo viu Lula

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1 fi "i ç •**¦ I >., J f Sociedade e trabalho Quem decide a sorte dos partidos é a sociedade e nao o Estado Página 4 jornal da EPUBLÍQV i i EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA 1' DE OUTUBRO DE 1979 N'.' 31 ANO I. CRS 10.00 A categoria dos 'prorrogados1' 0 adiamento das eleições e a autonomia dos municípios Página 4 Artigo de fundQ Figueiredo, populismo e popularidade MINO CARTA Os ternos do presidente João Figueiredo são bem- cortados, as gravatas dis- cretas. Um cultor da ele- gância talvez pudesse no- tar que Figueiredo leva em relação ao seu antecessor,o general Ernesto Ge i- sei, umu vantagem visivel na largura da boca das calças: é preciso reco- nhecer que, de 76 até março de 79, Geisel optou por uma boca-de-sino levemente exagerada. Figueiredo não faz concessões deste tipo. quem diga que o presidente João está permitindo-se concessões de outro tipo. Ele estaria disposto a desempenhar um papel mais ou me- nos populista. Um terno bem-cor- tado, decerto, não basta parai contra- dizer intenções, ou pendores, nesse sentido. Getúlio Vargas não tinha re- ceio de enfiar a cabeça grande dentro de um chapéu gelot, a despeito do risco de se parecer com um cogu- melo. Getúlio confiava muito na ge- nerosidadé do povo. Ele sempre se dispunha a vestir casaca, fato aconselhas ' para figuras altas e es- guias, e dent.o dela deslizava pelos salões do Catete como se fosse Dou- glas Fairbanks Jr. Não, Adhemar não era elegante, fazia melhor o gê- nero populista-em-rríangas-de- camisa. As canvas, em todo caso, eram de cambraia, com monograma. Juscelino era esguio. Tinha um jeito fascinante de maítre d'hôtel, podia-se supor que debaixo da cauda da ca- saca, que, ele sim, vestia impecável- mente, escondesse um .cardápio. Podia-se criticar o seu hábito de tirar os sapatos em público. Ninguém é perfeito. Getúlio; Adhemar, JK, circulavam no meio do povo corr. extrema desen- voltura. Nem se fale de Jânio, com seus sanduíches de mortadela. No meio do povo, Figueiredo acena, sorri, conversa com as crianças. Às vezes, beija-as. A audiência.chega ao delírio quando a autoridade beija uma criança, dizia uma personagem de Pickwick, o livro que Charles Dic- kens escreveu nos anos trinta do sé- culo passado. Sinto que Figueiredo não está perfeitamente à vontade quançlo caminha no meio do povo. E não insinuo que o povo o aborrece, acho apenas que ele é tímido. E isso nào é pecado. Não sei se, de fato, no governo quem espere de Figuei- redo um desempenho que exige quali- dades de ator. Não basta chorar em público para ser ator. Louve-se o fato de que Figueiredo se mostra e se ex- põe. Se é mesmo tímido, ganha méri- tos. Mas é bom lembrar que hoje em dia não é tão fácil conquistar popula- ridade beijando crianças, ou abra- çando a torcedora-símbolo do, Co- rinthians. Sobretudo em São Paulo, que não se parece com a Inglaterra dos anos trinta do, século passado. FUTEBOL Santos festeja a derrota A tabela do campeonato paulista não engana mais ninguém. Era dia de clássico, ontem, no Morumbi, mas renda e público decepcionaram. 0 Santos continua, perdendo do Palmeiras (2 a l), mas a torcida gostou. O técnico Hílton 'Chaves pode, enfim, cair Página 14 ' +jr'1 'WjWT ¦ H 0mt¦ -t^M - P|s&J- 7JWw: '1 ItkjjlM\ mmMMM¦Du../ Jf ',¦.MMMMLiMBmaMMMmmmMMm' iMm Pm.- '/ ¦¦•'''iml'' &¦'¦ '' i .^|^mWáhrrA 'Mm¦ W' ,¦¦*' JmM\ '¦"¦ ^^mmmmmMmWmr ¦¦ \ ÁWMWÊMMmJfláMlMw~:' ''SSm^"'jffi' ' 'Iflni 1 Mk\WtC\^^Jr'r*.*H ,mmmmmmmmmmmmm m'^' .^^^7' •' maMmmm3ÊUJÊ$AMm^l^Mm^^^JMm wÊÊtÊh "^ÜSH.- •<—. ]^m\... mMMm^MMw^íWMWç^ff ' '¦¦ -'f^ffi^r^w^^»^^'''''*r'''^" ''¦*;*$&'¦ /:mlMv~ mliH wfiiL'';7>'-v*%/jf¦."¦¦.¦„ <.;&%rl Jr- ¦ ¦ -mm IMMm^BWmIi \VmMÍiWii(MmWMmM'--i.z.»...*. . ¦>¦ ;* ¦¦¦-¦•>J0 æBSmRi.' «- Mm\BX._j^Mmm£M ^Mw^^^if^v^'^**^^'¦¦*'*•'& ^HHw* *^S"' ^k.¦¦•¦¦'"¦!¦* ' fygE.JfH|l£Jfix?^' ' '^ÈmMm ' TlrnrWrrW«PTWSÍ&1mmmÍ5BfAKmMJrYCfcT^ ' ícmmmmíRS1**' * \V * fiflgfflBW^lBhfiCTfiWffWrrafi i 'MMmrKSB^^MmMaMWwSti » HHrij^ffll ^?5 Ffnfffl°iBHP^™oWfflí^Blf' ^'i ' ^^m^^^^mri^nMt^^^^M^M^mlWfíÊn^Tw , ~- VBÊEnk' - W*tfíitÉBS3$Í&BS; iaea S&B&fà *¦'¦¦'>&vM&&8ÊÈ& Dom Paulo viu Bezerra, que nâo viu Lula 0 velho líder do PC encontrou-se com o cardeal na catedral, ontem; no sábado, Lula não foi recebê-lo ENCONTRO NA CATEDRAL O abraço de dom Paulo e Gregório Bezerra, após a missa das 18 h FRANCISCO BARREIRA No fim do sermão da missa das seis de ontem, na Catedral da Sé, dom Paulo Evaristo Arns, o arcebispo de São Paulo, dizia pana a igreja repleta que "o dinheiro não serve, ainda mais esse cru- zeiro cada vez mais desvalorizado". Junto ao altar, próximo à sacristia, quase misturado com a fila dos que iam comungar, um velho balançava a cabeça concordando. Era Gregório Bezerra, le- gendário comunista. Dez minutos de- pois, os dois trocariam um abraço como- vido: "Mas que coragem a tua, meu ve- lho", disse o cardeal. "Coragem é a sua, cardeal", respondeu Bezerra. Dom Paulo, mais controlado, perce- bendo a presença da imprensa, ainda en- saiou uma frase formal para um reli- gioso, mas que naquele ambiente, ga- nhou'força especial: "Que Deus o aben- çòe. Meu coração está feliz com a honra desta visita. Nossos corações estão uni- dos na defesa dos oprimidos, dos expio- rados. Vamos construir juntos, com este povo bom, uma nação mais fraterna, mais justa". Gregório Bezerra estava dominado pela emoção. Um de seus companheiros do PC pôs em suas mãos um pequeno ra- malhete de flores campestres para ofere- cer ao cardeal. Ele entregou-a desajei- tado: "Tenho a honra de lhe oferecer es- sas flores do campo, que representam bem o sofrimento do povo brasileiro, do homem do campo explorado, cur- tido ..." Em seguida, dom Paulo conseguiu csquivar-se da imprensa. Gregório Be- zerra dizia aos poucos jornalistas pre- sentes: "Como posso deixar de ficar agradecido a um homem como este? Sou, comunista, mas não sou tapado, como pensam alguns. Como posso deixar de reconhecer que este homem representa o que de melhor na Igreja, que fez, e eu quero dizer isto agora, a mais bonita au- tocrítica da história deste pais. A Igreja Católica, soma-se hoje a todos nós". Um dos acompanhantes de Bezerra mur- murou: "Explode coração". Passado esse momento, Bezerra teve palavras duras para o Partido dos Tra- balhadores, de Lula, e para o PTB, de Brizola; reconhece o direito desses parti- dos de se organizarem, mas acha que tanto um como o outro não são partidos operários. Bezerra chegou sábado a São Paulo, e Lula não foi recebê-lo. Mais informações na página 5 Fracassa, na Argentina, a rebelião de extrema-direita do general Menendez Um breve comunicado divulgado on- tem à tarde pelo Exército argentino, em Buenos Aires, informou que se encerrara a sublevação desencadeada, no dia ante- rior, pelo comandante do III Corpo do Exército, com sede em Córdoba, general Luciano Benjamin Menendez. Durante as quarenta horas anteriores, entrinchei- rado em uma das unidades sob seu co- mando, e em nome de uma linha dc go- verno ainda mais dura, Menendez exi- gira a destituição de seu chefe, o general Roberto Viola, comandante do Exército e membro da Junta Militar. Quem aca- bou destituído foi ele. Pela primeira vez, neste episódio, vie- ram à> plena luz as divisões existentes, no Exército argentino. No fundo, Menen- dez, um representante da extrema- direita, tentou desafiar o esquema vi- gente, que prevê a substituição de Videla por Viola, na Presidência do pais, em 1981.;'JS n r . 0 Pagina 8 Anita, a filha de Prestes, volta sexta Retornam esta semana ao Brasil mais dois membros do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro: Giocondo Dias e Anita Leocádia Prestes, filha de Luís Carlos Prestes. A informação foi dada ontem por José Salles, o primeiro integrante da cúpula do PCB a voltar, na semana passada. Salles disse que Gio- condo desembarca no Galeão, às 6h30 de amanhã, procedente de Paris, pela Varig. Leocádia chega sexta-feira. Decidida greve nos canaviais de Pernambuco Cerca de 80 mil trabalhadores rurais sindicalizados da zona canavieira de Pernambuco entrarão em greve, dentro de cinco dias, se os patrões não atende- rem suas reivindicações, entre elas um reajuste salarial de 100%. A decisão, to- mada ontem pela grande maioria dos trabalhadores reunidos em assembléias gerais realizadas por 21 sindicatos, po- dera desencadear a maior mobilização trabalhista no Estado, desde 1964. Chapão do MDB tem amanhã última chance Página 2 João Paulo II chega hoje aos EUA Página 7 0PEP veta aumentos até dezembro Página 8 *Z **¦ .--r:-'JK- :, U-}~ •,:• 7/ '. 7/ r ¦ ¦; -7-:.;-.7-777.-7- í7:p7*77 '< - •- ":; :7,;.v; -7« 7 ¦"¦¦ i.-'¦¦•!.¦,'¦:¦¦_.¦¦.".'- * ¦,; '.¦¦¦¦.: ,- , , ¦¦;...< > j +*-'.'; 1- ::Â:-':: ¦''¦'¦¦-¦¦•¦" >.-Y. C:a':7Í77-.: ..¦:'X.' 7 .:7 „As '¦¦x .777'' .-'^ .,7 7-7:7,::'¦ ..-,¦ 7--'7-7.';.:7''i:. ¦'..•¦ .-77:77: Wm- >'"•'•••¦•¦•"¦¦¦-'¦•'¦ -7-:'' :'-'.'7.i',..77 ¦¦¦-.jJl^-.-.^Ê ..'Mæ. 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Sociedadee trabalhoQuem decide a sortedos partidos éa sociedade e naoo EstadoPágina 4

jornal da

EPUBLÍQV i i

EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA

1' DE OUTUBRO DE 1979 N'.' 31 ANO I. CRS 10.00

A categoria dos'prorrogados1'

0 adiamento daseleições e a

autonomia dosmunicípiosPágina 4

Artigo de fundQ

Figueiredo,populismo epopularidade

MINO CARTA

Os

ternos do presidenteJoão Figueiredo são bem-cortados, as gravatas dis-cretas. Um cultor da ele-gância talvez pudesse no-

tar que Figueiredo leva em relação aoseu antecessor,o general Ernesto Ge i-sei, umu vantagem visivel na largurada boca das calças: é preciso reco-nhecer que, de 76 até março de 79,Geisel optou por uma boca-de-sinolevemente exagerada. Figueiredo nãofaz concessões deste tipo.

Há quem diga que o presidenteJoão está permitindo-se concessõesde outro tipo. Ele estaria disposto adesempenhar um papel mais ou me-nos populista. Um terno bem-cor-tado, decerto, não basta parai contra-dizer intenções, ou pendores, nessesentido. Getúlio Vargas não tinha re-ceio de enfiar a cabeça grande dentrode um chapéu gelot, a despeito dorisco de se parecer com um cogu-melo. Getúlio confiava muito na ge-nerosidadé do povo. Ele sempre sedispunha a vestir casaca, fato sóaconselhas ' para figuras altas e es-guias, e dent.o dela deslizava pelossalões do Catete como se fosse Dou-glas Fairbanks Jr. Não, Adhemarnão era elegante, fazia melhor o gê-nero populista-em-rríangas-de-camisa. As canvas, em todo caso,eram de cambraia, com monograma.Juscelino era esguio. Tinha um jeitofascinante de maítre d'hôtel, podia-sesupor que debaixo da cauda da ca-saca, que, ele sim, vestia impecável-mente, escondesse um .cardápio.Podia-se criticar o seu hábito de tiraros sapatos em público. Ninguém éperfeito.

Getúlio; Adhemar, JK, circulavamno meio do povo corr. extrema desen-voltura. Nem se fale de Jânio, comseus sanduíches de mortadela. Nomeio do povo, Figueiredo acena,sorri, conversa com as crianças. Àsvezes, beija-as. A audiência.chega aodelírio quando a autoridade beijauma criança, dizia uma personagemde Pickwick, o livro que Charles Dic-kens escreveu nos anos trinta do sé-culo passado. Sinto que Figueiredonão está perfeitamente à vontadequançlo caminha no meio do povo. Enão insinuo que o povo o aborrece,acho apenas que ele é tímido. E issonào é pecado. Não sei se, de fato, háno governo quem espere de Figuei-redo um desempenho que exige quali-dades de ator. Não basta chorar empúblico para ser ator. Louve-se o fatode que Figueiredo se mostra e se ex-põe. Se é mesmo tímido, ganha méri-tos. Mas é bom lembrar que hoje emdia não é tão fácil conquistar popula-ridade beijando crianças, ou abra-çando a torcedora-símbolo do, Co-rinthians. Sobretudo em São Paulo,que já não se parece com a Inglaterrados anos trinta do, século passado.

FUTEBOLSantos festeja

a derrotaA tabela do campeonato

paulista não enganamais ninguém. Era

dia de clássico, ontem,no Morumbi, mas renda e

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Dom Paulo viuBezerra, quenâo viu Lula0 velho líder do PC encontrou-se com o cardeal nacatedral, ontem; no sábado, Lula não foi recebê-lo

ENCONTRO NA CATEDRALO abraço de dom Paulo e Gregório Bezerra, após a missa das 18 h

FRANCISCO BARREIRA

No fim do sermão da missa das seisde ontem, na Catedral da Sé, dom PauloEvaristo Arns, o arcebispo de SãoPaulo, dizia pana a igreja repleta que "odinheiro não serve, ainda mais esse cru-zeiro cada vez mais desvalorizado".Junto ao altar, próximo à sacristia,quase misturado com a fila dos que iamcomungar, um velho balançava a cabeçaconcordando. Era Gregório Bezerra, le-gendário comunista. Dez minutos de-pois, os dois trocariam um abraço como-vido: "Mas que coragem a tua, meu ve-lho", disse o cardeal. "Coragem é a sua,cardeal", respondeu Bezerra.

Dom Paulo, mais controlado, perce-bendo a presença da imprensa, ainda en-saiou uma frase formal para um reli-gioso, mas que naquele ambiente, ga-nhou'força especial: "Que Deus o aben-çòe. Meu coração está feliz com a honradesta visita. Nossos corações estão uni-dos na defesa dos oprimidos, dos expio-rados. Vamos construir juntos, com estepovo bom, uma nação mais fraterna,mais justa".

Gregório Bezerra estava dominadopela emoção. Um de seus companheirosdo PC pôs em suas mãos um pequeno ra-

malhete de flores campestres para ofere-cer ao cardeal. Ele entregou-a desajei-tado: "Tenho a honra de lhe oferecer es-sas flores do campo, que representambem o sofrimento do povo brasileiro, dohomem do campo explorado, cur-tido ..."

Em seguida, dom Paulo conseguiucsquivar-se da imprensa. Gregório Be-zerra dizia aos poucos jornalistas pre-sentes: "Como posso deixar de ficaragradecido a um homem como este? Sou,comunista, mas não sou tapado, comopensam alguns. Como posso deixar dereconhecer que este homem representa oque há de melhor na Igreja, que fez, e euquero dizer isto agora, a mais bonita au-tocrítica da história deste pais. A IgrejaCatólica, soma-se hoje a todos nós".Um dos acompanhantes de Bezerra mur-murou: "Explode coração".

Passado esse momento, Bezerra tevepalavras duras para o Partido dos Tra-balhadores, de Lula, e para o PTB, deBrizola; reconhece o direito desses parti-dos de se organizarem, mas acha quetanto um como o outro não são partidosoperários. Bezerra chegou sábado a SãoPaulo, e Lula não foi recebê-lo.

Mais informações na página 5

Fracassa, na Argentina,a rebelião de extrema-direitado general Menendez

Um breve comunicado divulgado on-tem à tarde pelo Exército argentino, emBuenos Aires, informou que se encerrara asublevação desencadeada, no dia ante-rior, pelo comandante do III Corpo doExército, com sede em Córdoba, generalLuciano Benjamin Menendez. Duranteas quarenta horas anteriores, entrinchei-rado em uma das unidades sob seu co-mando, e em nome de uma linha dc go-verno ainda mais dura, Menendez exi-gira a destituição de seu chefe, o general

Roberto Viola, comandante do Exércitoe membro da Junta Militar. Quem aca-bou destituído foi ele.

Pela primeira vez, neste episódio, vie-ram à> plena luz as divisões existentes, noExército argentino. No fundo, Menen-dez, um representante da extrema-direita, tentou desafiar o esquema vi-gente, que prevê a substituição de Videlapor Viola, na Presidência do pais, em1981. ;'JS n r . 0Pagina 8

Anita, a filhade Prestes,volta sexta

Retornam esta semana ao Brasil maisdois membros do Comitê Central doPartido Comunista Brasileiro: GiocondoDias e Anita Leocádia Prestes, filha deLuís Carlos Prestes. A informação foidada ontem por José Salles, o primeirointegrante da cúpula do PCB a voltar, nasemana passada. Salles disse que Gio-condo desembarca no Galeão, às 6h30de amanhã, procedente de Paris, pelaVarig. Leocádia chega sexta-feira.

Decidida grevenos canaviaisde Pernambuco

Cerca de 80 mil trabalhadores ruraissindicalizados da zona canavieira dePernambuco entrarão em greve, dentrode cinco dias, se os patrões não atende-rem suas reivindicações, entre elas umreajuste salarial de 100%. A decisão, to-mada ontem pela grande maioria dostrabalhadores reunidos em assembléiasgerais realizadas por 21 sindicatos, po-dera desencadear a maior mobilizaçãotrabalhista no Estado, desde 1964.

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Uma ilhavendida ateo 6? andarE a Ilha Comprida,no Litoral Sul, daqual já foram vendidos,há 20, anos, JIJquilômetros, emborasua extensão total nãopasse dos 73 quilômetros

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REPUBLICA:SEGUNDA-FEIRA I" DE OUTUBRO Dl! 1970

POLIT

REFORMA

Está tudo tão confuso quepode, enfim, não mudar nada

O governo, na verdade, já não impõe soluções, como antes

ANDRÉ GUSTAVO STUMPF. de Brasília

Esta semana política de-verá ser ainda mais nervosac definidora dos rumos dareforma partidária que aanterior. No próximo dia 4,o ex-governador MiguelArraes, recém-chegado deseu longo exílio, virá aoCongresso Nacional preen-cher sua ficha de inscriçãono MDB, que está mergu-

. Ihado, na disputa dos seusdiversos grupos, peloacervo do partido, às vés-peras da anunciada extin-çào. A disputa entre mode-rados e autênticos vai apre-sentar novos desdobramen-tos que poderão, inclusive,colocar a reformulaçãopartidária em xeque.

Segundo parlamentaresatentos ao desenrolar dosacontecimentos, o cha-mado grupo autêntico estáagora fazendo todas asconcessões necessárias, eaté as não necessárias, nosentido de evitar a confron-taçào com os moderadosque, em maior número, po-dem tomar-lhes a legenda eexpulsá-los, forçando-os aorganizar uma nova agre-miação partidária. Ora,quem sair do partido da

Aeronáuticajá revêas suas

puniçõesPresidido pelo minis-

tro Dèlio Jardim deMattos, o Alto Co-mando da Aeronáuticareúne-se nesta quarta-feira em Brasília, para,entre vários outros as-suntos administrativos,oficializar a designaçãodos membros da comis-são especial encarregadade estudar os casos derevisão das puniçõespraticadas conformeatos institucionais, após1964.

Os pedidos de re-visão já começaram achegar ao Ministério daAeronáutica.

oposição, neste momentosob a acusação de radical,poderá ficar estigmatizado,colocando na testa umaviso: eu sou extremista.Ora, nào convém a nenhumparlamentar autêntico, ficarnessa situação. Por isso,hoje, fazem concessões aosmoderados

Mas o ingresso de Ar-raes no MDB moribundo,ferido de morte, poderámodificar algumas coisas.Sobretudo porque, sob opeso de atitudes emocio-nais, os autênticos poderãofazer com que até o sena-dor Tancredo Neves assineum documento de compro-misso para permanecer nopartido de oposição. Dooutro lado. como o governojá fechou questão na cons-tituiçào de seu único par-tido, se aquela hipótese vin-gar, a reforma partidária te-ria alcançado sua proezamáxima: modificaria tudopara que as forças políticasficassem exatamente comoestavam antes.

Na Arena, só 25 dissi-dentes. O governo por seuturno, já sabe que as tenta-tivas de Herbert Levy para

criar seu PDS contam comescasso apoio dentro doCongresso Nacional. Atrama, do deputado pau-lista, ex-UDN, é vista pelopoder como um esforço quedificilmente poderá resul-tar, de fato, na constituiçãocie um bloco partidário deefeito e alcance pondera-veis. Ao contrário, o movi-mento de parlamentaresque procuram o ministro daJustiça, Petrônio Portella,para retirar sua assinaturado documento, é o dadomais significativo, hoje, daquestão. Ao invés dos 70dissidentes, o Palácio doPlanalto já identifica, nomáximo 25 arenistas, den-tre os quais nomes notória-mente divergentes do go-verno desde outros tempos.O problema que o governo

vai enfrentar nào é a rebel-dia de deputados, dado seunúmero muito reduzido. Eno Senado federal, onde, aocontrário, calcula-se a de-lecçào de seis ou sete sena-dores, entre os quais, para-doxalmente, vários biôni-cos.

Mas.é importante notarque os dados do jogo re-

forma partidária já estãoquase todos jogados. Res-tam alguns, como sublc-genda c coligações. O ra-ciocinio c as diretri-zes fundamentais estãoreveladas de uma forma atémesmo surpreendente,como mostrou o discursodo presidente Figueiredoem Sorocaba. A verdade éque. na medida em queavança o processo de dis-tensão e normalização davida política brasileira,reduz-se na mesma propor-çào a capacidade de o go-verno impor soluções quelhe sejam convenientes. Anecessidade de adotar o re-curso da negociação poli-tica começa a ser um dadoessencial diante da comple-xidade, e mesmo confusão,que se instalou no cenáriopartidário do pate. E osparlamentares estão sendo,ainda que de modo reflexo,os atuais condutores da re-forma partidária. Ou seja, ogoverno traça a reforma,mas quem a fará, na prà-tica, serão os parlamenta-res. Que poderão, inclusive,ficar exatamente onde estãosentados hoje.

ICA

Brasil podecomprarpetróleo

russoInicia-se, hoje, no Ita-

maraty, a ReuniãoMista Brasil-URSS. Em-bora não estejam inclui-dos na agenda oficial, osprincipais temas destareunião diplomática se-rão a participação russanuma joint-venture parafabricação de equipa-mentos destinados àhi-drelétrica de Porto Pri-mavera e à compra depetróleo soviético peloBrasil. Os diplomatas daURSS, em Brasília, ad-mitem ter observadoindícios de que o Brasilestaria disposto a voltara comprar petróleo so-viético.

O governodefine sua

posiçãosobre o PCB"O presidente João

Figueiredo consideraque a ilegalidade do'Par-tido Comunista Brasi-leiro decorre de um dis-positivo constitucional;e o governo nào pre-tende tomar a iniciativade enviar uma mensa-gem ao Congresso Na-cional propondo a revi-são do texto, de forma atornar legal seu funcio-namento". A afirmaçãofoi feita pelo ministro daComunicação Social,Said Farhat, ao ser per-guntado sobre como ogoverno reagirá à cam-panha de legalização de-flagrada pelo PCB.

Itamar écandidato

contraThales

A candidatura do se-nador Itamar Franco àsecretaria-geral doMDB. em substituiçãoao deputado Thales Ra-malho, foi anunciada,ontem, pelo senador Gil-van Rocha como a fór-mula /preferida pelogrupo "liberal" do par-tido no Senado. SegundoRocha, esse grupo de se-nadores emedebistasestá definidamente con-trário à presença dosadesistas no partido.

Amanhã, o grupo "libe-ral" do Senado voltará ase reunir, para continuarsuas articulações.

arte e educação no lazer

I FESTIVAL DO CINEMA BRASILEIRO DE SÃO PAULO .Ola 07/10/79

dia }o __ a VOLTA DO FILHO PRÓDIGOde Ipojuca Pontesacompanha curta-metragem Com Choro e iudo na

. Penha" de Eunice Gutmamdia 2 - CONTOS ERÓTICOS:

1 ARROZ E FEIJÃO, de Roberto Santos

AS TRÊS VIRGENS, de Roberto PalmanO ARREMATE, de Eduardo Escorei

* VEREDA TROPICAL, de* Joaquim Pedro de Andradeacompanha curta-metragem

"Pergunta de Amor" deReinaldo Volpato

dia 3 - JOÃO JUCÁ JÚNIORde Denoy de Oliveira ; .acompanha curta-metragem Dia.a Dia... _ fantasiade Suzana Sereno'

dia 4 - O CORONEL E O LOBISOMEMde Alcino Diniz •

¦ acompanha curta-metragem "Aldeia de Arcozelo de

Jaime Monjardim Matarazzodia 5 - GARGALHADA FINAL

de Xavier de Oliveiraacompanha curta-metragem

"A Mulher de CorpoSanto" de Haroldo Marinho Barbosa

dia 6 - O PAÍS DE SÃO SARUÊde Vladimir Carvalho ' _ ;(acompanha curta-metragem

"Teatro Operáriode Renato Tapajós

dia7 - OS AMANTES DA CHUVAde Roberto Santosacompanha curta-metragem

"A Pedra da Riquezade Vladimir Carvalho

horários: 20 e 22 hs.ingressos: Cr$ 50,00 Cr$ 25,-00 e CrS 20,00 ,(comerciários)

_Rua Augusta, 2075Fone; 282-0213

Pauloj__3 *^r ^^«flC!»*! ¦___v^__w

w$m.O BLOCO

"NÃO-ALINHADO"

Simon, Montoro, Brossard e Teotônio, todos pela união do MDB

OPOSIÇÃO

Em cena, os "não-alinhados"Eles querem unir o MDB, à frente de autênticos e moderados

JOSÉ CARLOS BARDAWIL

Joga-se amanhã a últimaoportunidade de união dasoposições no Congresso, nareunião dos integrantes dacomissão encarregada deelaborar chapa única paraa renovação do diretórionacional do MDB, em no-vembro. É que nas últimas48 horas, as divergênciasdos vários grupos Se aguça-ram, a partir da noticia doencontro, mantido naquarta-feira passada, entreo ministro da Justiça, Pe-trônio Portella, e os chefesdo grupo moderado emede-bista, Tancredo Neves eThales Ramalho. Agora,um novo grupo, o dos"não-alinhados" assumiu,decididamente, a tentativade ainda encontrar umafórmula para o "chapão".Seu coordenador principal,o senador Franco Montoro,estava ontem em SãoPaulo, procurando demons-trar sua confiança no êxitodas negociações. Sua idéiabásica era a de reestruturaro diretório do partido como aproveitamento quase in-tegral- dos integrantes danova corrente, esquecendoautênticos e moderados."Os não-alinhados" - ex-plicava - "constituem hojea maioria do partido. Porque vão ser caudatários de

outras correntes? Não o se-remos, nem dos autênticosnem dOs moderados; comonão o seremos de Brizola,Arraes, ou quem quer queseja", dizia Montoro.

Entre os muitos "não-alinhados" - segundo Mon-toro - estão os senadoresPedro Simon, Paulo Bros-sard e Teotônio Vilela. Sãopolíticos de muita liderançano partido e o fato de esta-rem juntos na mesma ca-noa tem decidida importan-cia nas negociações paraconstituir o "chapão". EMontoro explica - "Veja:os autênticos, sem nós, nãochegam a 15% do partido;os moderados ficam em10%, não mais. O que ha-via era que, principalmenteos moderados, contavamcom nosso apoio. Mas nósvamos conduzir o. processode união".

Os não-alinhados já têmseu jogo bem estruturado.Em primeiro lugar, eles pre-tendem desfazer-se dosadesistas no novo partido,que surgirá após a extinçãodo MDB, para substitui-lo.Nomes como Natal Gale eJosé Camargo, em SãoPaulo, e Chagas Freitas, noRio,,estão desde já rifadosdas negociações. Quanto

aos verdadeiros modera-dos, porém, não há obje-ções. "O Tancredo estáconversando com todomundo, o que é normal,mas eu acredito que ele fi-cará conosco", diz Mon-toro. Thales? Montorotambém o quer no partido:"Nunca dissemos que eleestaria de fora".

Mas, nesse ponto, as coi-sas não se encaminharão tãofacilmente. Depois da con-firmação do encontro deTancredo e Thales com Pe-trônio, o deputado Fer-nando Lyra, hoje, um dosmembros da corrente "não-alinhada" (embora tenhasido, até recentemente, des-tacado chefe dos "autênti-cos") não conseguiu se con-ter. Embora sem citar Tan-credo e Thales nominal-mente, disse que o grupoem entendimentos com ogoverno sobre a reformapartidária

"é colaborado-nista, trai o partido, poisnesse momento, todos o sa-bem, o ministro PetrônioPortellla procura fórmulaspara implodir o MDB".

Há ainda a posição deTancredo Neves, no mi-nimo causando espanto aos

I seus colegas, hoje. Ape-

sar da compensação deMontoro. Pois, até ir ao en-contro com Petrônio, elepróprio articulava intensa-mente o "chapão" c sob oargumento de que o faladoPartido Independente não oseduzia, inclusive por umarazão muito pragmática:desprovido dos autênticos,ele não teria qualquer fu-turo eleitoral. Como conci-liar estas colocações comos entendimentos mantidoscom o ministro da Justiça,na casa de ThalesRamalho?

Certamente, os chefes doMDB terão que conversar,c muito, para articularemenfim o seu "chapão". E apalavra de Tancredo Ne-ves será decisiva. Aindahoje, ele dever ser procu-rado pelos articuladores"não-alinhados", para quedefina de uma vez o seu pa-pel nesta história. É bomobservar, contudo, que lheresta sempre uma boasaída: compor com os"não-alinhados" em trocade ótimas posições para seugrupo, na direção parti-daria. Assim, o novo MDBressurgido das cinzas da re-forma partidária seriamuito menos radical que ode hoje e quase tão mode-rado quanto ele o desejaria.

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dnejfescAdesistas fura ca rasa e*o BJEd© "chapa©

CARLOS ALBERTO SARDENBERG, de Brasília

Desde o final da semanapassada, os diversos gruposdo MDB vêm sendo con-sultádos sobre os critériospropostos pela comissãotripartite (de autênticos,moderados e não -alinhados) encarregada deformar uma chapa de uni-dade para a eleição donovo diretório nacional, naconvenção do próximo dia4 de novembro. Amanhã, acomissão se reúne, emBrasília, para avaliar os re-sultádos dessas primeirasconsultas.

A proposta básica da co-missão é tentar reduzir astensões entre autênticos emoderados, compondo amaioria do diretório nacio-nal com um bloco "tam-

pão" entre as duas alas.Com o amortecedor nomeio, autênticos e modera-dos teriam a segurança deque não ficariam minori-tários.

O diretório nacional tem71 membros. Os líderes dopartido na Câmara e no Se-nado, deputado FreitasNobre e senador PauloBrossard, são membros na-tos. Sobram, portanto, 69vagas. A idéia da comissãoé começar a preencher es-sas vagas com políticos nãoidentificados com nenhumadas duas correntes, nemhostis a elas. Quem são es-ses homens? A título deexemplo, falou-se de nomescomo Severo Gomes, Ra-fael de Almeida Magalhães,Almino Affonso, ;Waldir Pi-res. E dos políticos da opo-sição com trânsito livre emtodas as alas do partido:Ulysses Guimarães, Teotô-nio Vilela, Pedro Simon,Franco Montoro, quase to-dos os 26 senadores. Eainda das lideranças novas,como Fernando HenriqueCardoso. E dos dirigentessindicais que defendem amanutenção do MDB,

como o presidente dos me-talúrgicos de Santos, Ar-nal do Gonçalves. Final-mente, a comissão faria ar-ranjo por Estados, pois alegislação exige que os dire-torios nacionais dos parti-dos tenham representaçãoequilibrada nacionalmente.Só então, as vagas restan-tes seriam divididas entreautênticos e moderados.Com menos vagas a dispu-tar, supõe a comissão eme-debista, será menor o atritoentre as duas alas. Subja-cente a esse critério, está aidéia de que nem modera-dos nem autênticos serãomaioria no diretório nacio-nal. O que agrada particu-larmente o grupo de não-alinhados, Montoro àfrente.

A idéia da comissão -formada pelos senadoresHumberto Lucena eFranco Montoro (nllo*alinhados); senatior JaisonBarreto e Marcondes Ga-delha (autênticos) e deputa-dos Carlos Cotta e Figuei-redo Correia (moderados)- exclui - sem que isso fi-que explícito - os adesistasde qualquer posição demando, na executiva ou nodiretório. E aí está um dosobstáculos à formação do"chapão" de unidade. Osnão-alinhados não queremsaber dos adesistas e issoos aproxima dos autênti-cos, deixando os modera-dos em situação difícil.

Há semanas, os modera-dos afirmavam ter 70% dosvotos dos setecentos con-vencionais que vão escolhero diretório nacional. Nosúltimos dias, porém, come-çaram a manifestar o temorde que os autênticos trans-formem a convenção numcarnaval oposicionista,numa "festa do radica-lismo", animada pela voltados grandes cassados. Ecom esse clima: os modera-

dos temem perder a eleição.Há, ainda, outro mote

para o carnaval oposicio-nista: a extinção do partido.Ainda não se sabe como ogoverno pretende extinguiro MDB. Não pode ser porlei, pois a Constituição (ar-tigo 153, parágrafo 28) as-segura que nenhuma asso-ciação pode ser dissolvidasenão por decisão judicial.Ou seja: o projeto do. go-verno terá de criar tais exi-gências para a existência dopartido que o MDB nao aspossa cumprir e o tribunaleleitoral declare-o extinto.

Se o governo enviar aoCongresso seu projeto dereforma partidária antes de4 de novembro, a conven-ção nacional do MDB, jáconhecendo as novas exi-gências da lei, poderá pro-videnciar a adaptação do

partido. Por isso, fazemsentido as informações, daúltima sexta-feira, de que ogoverno enviaria seu pro-jeto ao Congresso só de-pois da convenção' doMDB,. Se fosse necessário,só depois "de 5 de dezem-bro, convocando extraordi-nariamente Senado e Câ-mara, durante o recesso.Com a convocação ex-traordinária, seria apro-vado o projeto oficial e oMDB não teria tempo de seadaptar às novas exigênciasda lei antes de ser'-extinto,por decisão judicial.

Conhecendo a manobra,o MDB - se prevalecer atese da unidade - provável-mente deixará convocadauma reunião extraordináriado diretório nacional, para' depois da reunião de 4 denovembro. r

PARTIDOS

Magalhães, agoracom Trancredo?

ARMANDO ROLLEMBERG, de Brasília

O que fará o deputadoMagalhães Pinto, depois dareforma partidária? Em-bora continue sonhandocom o seu Partido Indepen-dente, reunindo dissidentesarenistas e moderados doMDB, o ex-candidato civilà Presidência da Repúblicaprovavelmente terá de sealinhar no partido que estásendo articulado pelo sena-dor Tancredo Neves. Pelomenos era isso que se dizia,no final da semana, emBrasília, depois de uma in-confidencia cometida pelodeputado Henrique Alves(MDB-RN), muito ligado ãcúpula pessedista do MDB.

As razões dessa virada

estariam no fato de Maga-Ihães ter conseguido poucoapoio para o seu partido -pouco mais de uma dezenade deputados - e ha falta deopções decorrentes da re-formulação partidária.Para o partido do governoMagalhães jâ disse que nãovai. Também não partici-pou da reunião de arenistasrebeldes da última semana- dizem que não foi convi-dado. Para o partido dosautênticos, Magalhães nãopode ir; para o PTB tam-bém não, por

'razões his-tóricas. Sobra apenas opartido do dr. Tancredo,velho adversário de Maga-lhães em Minas Gerais.

SEGUNDA-FEIRA 1" DE OUTUBRO DE 1979

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menor e mais Ieve14i

do mundo, em tamanho natural0 que você vê no novo Philco 14 Color,mesmo estando desligado, você nãoconsegue ver em nenhum outro portátila cores de 14 polegadas. Por exemplo:ele cabe onde.os outros não cabem, in-clusive nesta página. É tão leve que vo-cê já pode sair com ele da loja, debaixo

¦ JUt.l

você não consegue verem nenhum ou-tro portátil, mesmo ligado. Philco 14Color, o que os outros portáteis vão ser ¦quando diminuírem.O Philco 14 Color ganha no tamanhoPara lançar o menor 14 Color do mundo,

dç braço. Suas a Philco criou i/m chassi com 35% me-cores são as nos componentes do que a média vtili-mais bonitas, zada nos outros televisores a cores pro-nâo só no vídeo duzidos no Brasil,como no substituindo-os porpróprio apare- circuitos integradoslho. E tem uma e novos compo-série de outras nentes que execu:inovações que tam várias funções

f1simultâneas.' Como o Split Diodq Trans-former, exclusivo da Philco, que valepor três: o flyback, o triplicador de altatensão e o divisor de foco. Por isso,além de ser o mais portátil, o novo Philco14 Color é o mais durável e resistente.

O Philco 14 Color ganha no pesoPesa apenas 13 quilos. Ê o mais leve 14Color feito até hoje. O seu desenho tam-

bém é leve e mo-

com um Philco 14 Color debaixo do braço.

O Philco 14 Color ganha na telaPorque o novo Philco 14 Colpr é pratica-mente só tela. Dessa tela faz parte ocinescópio Black Matrix In Une, que tra-duzido quer dizer: imagem mais nítida,mais estável e com cores naturais.O Philco 14 Color tem ainda outra vanta-gem que você pode contar na ponta detodos os seus dedos: o seletor digitaleletrônico para 12 canais e a sintoniademo, tornando o

aparelho muito mais fina independente para cada canalprático. Por tudoisso, é fácil você en- OU 11 f*trar numa loja e sair "H1 l»ls*

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AG IN A A -P^PÜBLÍCA: SBGUNDA.PEIRA I" DE 0UTU1.KO 1)1 \<}V>

EDITORIAL

0R™S"Sr. Mino Carta:Parabéns pulo JORNAL DA REPU-

BLICA, Acho que 6 o jornal que faltavaparu nosso Estado o nosso pais, Acre-dito quo o aparecimento desse jornalteve mais de uni eleito, o primeiro dosquais foi estimular os outros jornais areverem alguns pontos frucos e apuraralgumas arestas. Paru nào ser descortèsnão gOBtarta du mencionar esse veiculosde comunicação, mas eu me arriscaria adizer que os efeitos foram sensíveis.Leio diariamente cinco jornais, inclusiveagora, o JORNAL DA RliPÚBLICA.Mas acredito que paru quem não temmuito tempo c quer ter uma visãoabrangente dos fatos brasileiros, o jor-nal de v. s' é o mais-bem sucedido. Pa-rubéns du novo u votos du êxito".

José A. C. Coutlnho, RJ"Sr. redator:Tenho acompanhado atentamente o

noticiário político e o que me deixa utô-nito ú a confusão que existe no apresen-tuçào de fórmulas u hipóteses políticaspara o futuro du nosso pais. Existematualmente algumas lideranças na opo-sição que procuram, abertamente, for-mar outros partidos, para nào falar nosr. Leonel Brizolu. que aparentementeperdeu o fôlego e escorregou no própriovazio programático. A proposta do sr.Miguel Arrues, de fazer uma frente deoposições, não ò vazia mus falta-lhe cia-reza: uma frente que englobe quais setorus e com que objetivo? Lstamos todoscansados du ouvir falar cm um Brasil dofuturo mais justo e mais democrático,mas não acredito que as formulações docx-governador du Pernambuco sejaatuais, ou pelo menos, modernas. Ele ésabidamente um homem do Nordeste,onde as condições de vida u de sobrevi-vencia diferem muito das condições queprevalecem no Sul. apesar dos bolsõusdu miséria de quu nos falam tanto as auloridades quanto os cientistas sociais.Não sei se terá condições de interpretarcorretamente o que é mais correio parao operariado das cidades. Quanto a LuisInácio da Silva, ele tem o mérito inicialde não ser político e ter uma propostamais clara, que c a du fazur o Partidodos Trabalhadores, mas menos claraquanto ao programa que esse partidodeverá ter. Du curta forma, o projeto dosr. Lula podu ser tão exeludente quantous outros. Quanto ao MDB, ele é essemesmo, cheio du contradições e de ten-déncias diversas, quu não encontrarão,doravante, um denominador comum nocenário político brasileiro.

São essas algumas das causas da per-plexidade que domina a opinião públicade meu listado, c, acredito, de outras regiões do pais. De qualquer forma, desejodar parabéns a v. s's pelo JORNAL DAREPÚBLICA e desejar-lhes o maior sucesso".

Pedro P. Fonseca, PA"Vejo que o presidente João Figuei-

redo está quebrando alguns protocolose chegando perto do povo. L disso queeste pais precisa, e não tenta teoria emau humor. Se houve erros no passado,eles nào existem mais e agora todomundo deveria pensar para a frente, dei-xando de lado as lamúrias e o pessi-mismo. Somos um grande pais e vamosvencer!"

João Lobo Cunha Jr., SP"Mino Carta:

Peço-lhe receber e transmitir aos seuscompanheiros do JORNAL DA RE-PÚBLICA os cumprimentos da FiatAutomóveis e os deste colega, pela co-ragem empresarial demonstrada nacriação desse jornal, pelo profissiona-lismo na escolha de sua equipe e pelaalta qualidade da informação c daanálise que oferecem."

Lindolfo Paoliello,gerente de Comunicação Social,

. Fiat Automóveis S.A.

-jornal da-

ALCY

1¦i

Política

pPUBiíQ\DIRETOR PRESIDENTE

Raymundo FaoroEDITOR CHEFE

Mino CartaCONSELHO DE DIREÇÃO

•Armando V. Salem,Cláudio Abramo,

Domingo Alzugaray.Hélio de Almeida, Mino Carta,;

Raymundo Faoro,Tão Gomes Pinto

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ENCONTRO EDITORIAL LTDA.DIRETORES

Cátia Alzugaray.Domingo Alzugaray, Mino Carta

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O nosso capitalismo nâo descobriu quehoje a sua tônica mudou para o consumo

ouem decimeFRANKLIN DL OLIVLIRA

Uma nova figuraNo rio das incertezas e das va-

cilaçòes dos articultidores politi-cos, dos homens que, em nomedo povo, o dirigem com ou semmandato, só há uma certeza: aseleições municipais de 1980 serãoadiadas para 82. Funda-se a deci-são na dita necessidade de promo-ver a coincidência dos comidoseleitorais, como se isso fosse, por sisó, um argumento sem contradita.A ortodoxia democrática, ao con-trário, sustenta que a freqüência àsurnas é que afirma e reafirma oexercício da soberania popular,para que, à sombra das longas dila-ções, nào medrem as oligarquias,que nelas vivem e prosperam.

Os prefeitos receberam ummandato com prazo certo. Umdia a mais que permaneçam nocargo será uma dádiva do legisla-dor, no caso o legislador consti-tuinte. à revelia ou contra a fontelegitima do seu poder. Nâo serãomais, fora do tempo do seu man-dato, prefeitos, mas intendentes"prorrogados"', ou simplesmente,meramente "prorrogados'' - ex-pressões espúrias da manobra eda manipulação política. A legiti-midade da sua presença nas pre-feituras será obra de um arranjodo Congresso, sem que os eleito-res sejam chamados a opinar.

A primeira vista, o artificioserá um expediente, mais um dos

Agora elesdevem di*t$ro que querem

Uma nova leva de exilados retor-nou ao Brasil. Desta vez os que fize-ram a viagem de retorno não foram,digamos, políticos mais ou menosconvencionais, mas algumas figurasde destaque da direção do PartidoComunista. No Rio tiveram recep-ção, embora cordial, pelo menos umpouco mais fria que a de São Paulo,a julgar pelo número de recepcio-nantes. Mas não é isso que importa.Significativo, em termos humanos, éque começaram a voltar, e nào por-que sejam comunistas mas, em pri-meiro lugar, porque eram expatria-dos. Ninguém pode ser solidário como desterro imposto a. qualquer cida-dão por motivos ideológicos. Em se-gundo lugar, o retorno é importanteexatamente porque são comunistas.Quem tem a cabeça no lugar e.sabeda importância do 'marxismo nomundo moderno, reconhecida inclu-sive pelos, antimarxistas, não podeadvogar a proscrição, no quadropolítico brasileiro, do Partido Co-munista. 0 democrático é conceder-lhe a legalidade, para evitar suaatuação clandestina. E represen-tando fração ainda que pequena dopensamento político nacional, nãopodem, em função desta representa-tividade, os comunistas serem ex-cluidos da vida partidária. 0 que sepode pedir c que digam o que osanima, neste momento, aqui eagora. Tarefa difícil, porque os PCsde todo o mundo até hoje não sa-bem o que fazer da herança stali-nista. Mas só há uma coisa a fazer:jogá-la na lata de lixo da história.Stalin e Hitler são cara e coroa damesma moeda: o despotismo semfreios. Enquanto o legado de Stalinnão for carga ao mar, os partidoscomunistas jamais assimilarão asmais importantes e inalienáveis con-quistas políticas do Ocidente.

Outra vez, pisando a terra doBrasil, espera-se dos comunistas queparticipem com clareza do grandedebate sobre os destinos da socie-dade brasileira.

muitos expedientes de cúpula,para montar os futuros partidos.A reformulação partidária sedará no final deste ano e início dopróximo. Haveria, portanto,tempo para a realização dopleito, ora ainda marcado paranovembro. Cogita-se - a sutilezanào é tão fina que esconda o fato- de preparar o terreno em favordo futuro partido oficial, benefi-ciado pelo convincente trabalhodos governadores, todos, com ex-ceção de um, pertences aoclube situacionista. As constran-gidas adesões, ou as adesões apo-teóticas, fazem dos "prorroga-

dos" os diretores de burgos po-dres, velha tradição britânica, vi-gorosa no Século XIX, firmar-seem hábito brasileiro do fim doSéculo XX. Com um século deatraso, haverá - consolem-se osmodernizadores - mais um trans-plante britânico nas instituiçõesbrasileiras, nào importa que sejavicioso o paradigma.

Toda a operação se tornapossível porque um abuso maiorestá plantado e enraizado naseleições municipais. Nele, com osilêncio da própria oposição, oucom seu protesto apenas pálidoou desmaiado, se concentra a pia-taforma que faz de um fato quepoderia ser neutro - o adiamentoque pesa sobre todos os partidos

PRIMOFIGUEIREDO

Considerando que os putrões,para controlar os trabalhadores,têm os Delegados do Trabalho, osDelegados de Qualidade, os Dele-gados de Produção, os Delegadosde Disciplina (vulgo capaiazes), osDelegados de Freqüência e Ho-nário, os Delegados de Ordem Poli-tica e Social, os Delegados de Segu-rança Pública, os Delegados deRoubos e Furtos, os Delegados deVadiagem, os Delegados de Diver-soes, os Delegados de Plantão, osDelegados da Rádio patrulha, osDelegados da ROTA, os Delegadosda GARRA e os Delegados do Tá-lico Móvel. . .

Venho, por meio desta, requererde v. ejtf que seja estendido aos tra-balhadores o direito de terem o seuDelegado Sindical.

Abraços do primo abaixo-assinado,

jf^JLUma sociedadeirmã,. .

quem 2Ao que parece, o PTB da sr*

Ivete Vargas não tende a ser muitodiferente do outro PTB que estásendo articulado pelos srs. LeonelBrizola, Doutel de Andrade e outroslideres do trabalhismo nutrido noscampos do Rio Grande do Sul e ge-ografias conexas. Agora mesmo, emManaus, a sobrinha-neta de Vargasfez um comicio, aonde foi à procurade ingredientes para sua tartarugadapopulista. Como'era de esperar, fre-qüentou o comicio o ex-governadordo Amazonas Gilberto Mestrinho.E, tendo comparecido, deitou fala-ção torrencial. Em meio à retórica,surgiu um pensamento político. Osr. Mestrinho disse que o seu PTB eo de dona Ivete quer criar no Brasil"uma sociedade irmã". E aqui a ge-nial frase faz ponto. Mas o paroara,que é1 desconfiado como o resto docaboclo brasileiro, pode perguntar:"Irmã de quem? . . ."

- um fato de favorecimento. Aseleições municipais só existemnas comunidades médias ou pe-quenas, excluídas, quanto ao Po-der Executivo, nas capitais e nasgrandes cidades. A pretexto desegurança nacional e a outrospretextos, cerca de metade dopovo brasileiro não elege seusprefeitos, recebendo-os, nomeadose festejados, dos governadores,com as bênçãos do governo fede-ral. As metrópoles, aquelas ondeo voto espelha preocupaçõesmais nacionais no conteúdo, semlimitações paroquiais ou coro-riélistiças, elegem somente verea-dores, com o que se descaracte-riza o pleito, reduzindo-se à com-petição clientelistica.

Em lugar de derramar lágri-mas impotentes, choradas emclamores inexpressivos, caberia àoposição - ou às oposições, seforem muitas - reclamar c lutarpela autonomia municipal, semas restrições que ora a tolhem.Eleições municipais, sim, eleiçõesmunicipais sem prorrogação,sim,mas eleições em verdadeiros mu-nicipios, e não em células trunca-das, as quais,por restritas na suaintegridade, alimentam a manipu-lação e a conversão no burgo po-dre. A responsabilidade é de to-dos os políticos, sem que seja li-cito transferi-la de uns a outros.

O MDB estáindiferenteaos problemas

No Recife, que nào è apenas ocentro hegemônico de um Estado,mas a capital de uma das regiõesmais deprimidas do pais - o Nor-deste -, o sr. Jarbas Vasconcelos,presidente do MDB pernambucano,acusa o governo de estar manipulandoa reforma partidária para escondera fome que está acossando impiedo-samente os lares brasileiros. A de-núncia é correta. Não hà'o que tirarnem pôr no libelo do líder, 'emede-bista nordestino. Embora o presi-dente João Figueiredo, seguindo a li-nha de Vargas no final do EstadoNovo, diga hoje que povo comfome não quer saber de partidos, eleestá fazendo precisamente o con-trário. Está deixando o povo comfome e está alinhavando uma re-forma partidária que só beneficia osbeneficiários da pobreza popular.Mas, apesar de correta, a denún-cia do presidente do MDB de Per-nambuco está incompleta. Para queela possa ser tomada a sério, o sr.Jarbas Vasconcelos precisacompletá-la, dizendo que o seu par-tido está totalmente indiferente aosproblemas mais dramáticos denossa gente. O MDB parece que sóestá pensando no homem brasileirocomo seu possível eleitor, e nãocomo ser humano cujas aspiraçõeslegítimas o custo de vida esmaga,o desemprego inviabiliza, a inflaçãofulmina.

A prosseguir nessa Unha, o MDBvai cometer o erro fatal de pensar quea luta pela democracia é luta que setrava estritamente no campo daação política. O grande embate temlugar ai, mas também passa pelomarco das reivindicações sociais. E,dentre estas, nenhuma mais urgentedo que a que importa no direito deviver. O quotidiano brasileiro estátransformando-se na negação dessedireito.

Ou o MDB assume já e já essaluta, em vez de choraminga; anteci-padamente pela sua morte, ou trairáa confiança que até hoje mereceu.

Mais fechada do que guiches debanco aos sábados é a sensibilidadedo sr. Murillo Macedo para os pro-blemas sociais. Ainda agora acabade renovar a sua convicção de que,apesar das inúmeroas emendas querecebeu no Congresso, a lei que ins-taura a nova política salarial serávotada tal como o governo mandouao Parlamento. E o sr. Macedosabe melhor do que ninguém que oseu projeto irá aumentar a taxa dedesemprego. Ele já confessou espon-Unicamente que a nova política seráuma usina de marginalizaçào social,de vez que estreitará ainda mais anossa frágil estrutura ocupacional.Apesar de termos bem mais de ummilhão de brasileiros chegandoanualmente no mercado de trabalhoe encontrando suas portas tranca-das, nenhum governante se preocu-pou em implantar uma política ocu-pacional ao nível daquela demandaou que, pelo menos, dela se aproxi-masse.

Ao financiar novas indús-trias, o Estado não interroga os em-presários, cuja iniciativa acalenta,sobre o número de empregos novosque sua fábrica criará. Intcrroga-osobre a rentabilidade do projeto etc.Mas a questão crucial é totalmentenegligenciada. Em conseqüência, ve-mos a instalação de cstabelecimen-tos industriais que usam capital in-tensivo em áreas em que o fator maisabundante é o trabalho humano. Se-guc, no mesmo sulco, a "burguesia

de Estado*' - empregamos a expres-são no sentido que lhe é conferidapelos italianos Antônio Mutti (Uni-versidade de Gagliari) e Paolo Se-gatti (Universidade de Pavia}-, aquiforjada depois de 1964.

O grande desastre social da in-dustrializaçâo do Nordeste insere-senesse contexto, característico de umdesenvolvimento exeludente, quenão preserva nem mesmo as regiõesmais prósperas do pais. Í5m SãoPaulo, de janeiro a julho deste ano,a oferta de emprego já caiu cmquase 9% cm relação ao mesmoperíodo, cm 1978, revela órgão cs-pecializado da USP. Só uma área, acoberta pelo Sindicato dos Quimi-cos do ABC, deverá exibir até o fun

do ano um índice de desemprego de15%. No arco constituído pelo GrandeSão Paulo, Campinas c Valedo Paraíba a rotatividade de mão-de-obra alcança escala tão alta queeqüivale à dispensa, de quatro emquatro anos, de todo o pessoal cm-pregado. E como cm Sào Paulo apressão da reserva de trabalho crriüitd grande - só o (luxo migra-tório é de 250 mil pessoas por ano -torna se fácil a contratação de no-vos empregados por salários^ meno-res. Esse tipo de contratação seráestimulado pela política salarial dubanqueiro Murillo Macedo.

O nosso capitalismo, já désignado de selvagem, ainda não desço-briu que a sociedade capitalista mo-derna deslocou a sua tônica da pro-clução para o consumo. A esse des-locamento correspondeu um outro:a ênfase dada anteriormente à mais-valia absoluta transferiu-se para arnais-valia relativa. Não quer istodizer que a primeira tenha desapare-cido.

Quer dizer apenas que deixoude ser preponderante. Que significaesta troca'.' Que só pagando melhores salários, a sociedade capitalistaterá os consumidores de que carecepara continuar sobrevivendo. Umatroca, pois, a seu favor. A perda re-presentada pela renúncia à extraçãoda mais-valia absoluta é compen-sada pela expansão do consumo.

O capitalismo indígena, com defensores como o ministro do Traba-lho, emprenha-se cm processar aaliança dos subconsumidores comos desempregados, obrigando-os aopacto das privações e da miséria.Nesse quadro, não supreende que ochefe do governo declare que nãoadmite partidos que temperem seusprogramas com aquilo que os japo-neses chamam de kikenshiso"pensamentos perigosos". Acontece,porém, que, nas democracias, quemdecide a fortuna política dos parti-dos é a sociedade civil, e não o Es-tado. O oposto desta norma, eis o quecaracteriza o poder autocráüco.

Franklin de Oliveira é jornalista

A linha do desenvolvimento venceu:e agora, o que vai acontecer?

Abertura e pactoGERALDO MULLER

Um espaço comum, enfim. A li-nha que propunha o desenvolvi-mento venceu e, hoje, já é de todoaceita. Nada de estagnação, desa-quecimento, estabilização por baixo,friedmanns a meia carga e simone-tas da vida. 0 Brasil deve crescerpara curar sua febre de crescimentoc não se pautar como as velhas (ma-duras) economias da Europa, Esta-dos Unidos e Japão. Empresários,parlamentares, ministros, sindicatos,oposição e Arena, todas as institui-ções não-senis, optaram pelo com-bate em prol do desenvolvimento docapital e da riqueza social. Um es-paço comum.

Mas, tem mais. Do próprio govemo(inclui Estados menores e maiores),do próprio empresariado e de outrascamadas sociais, até há pouco algoresistentes quanto a uma liberaliza-ção das forças populares, vem aidéia segundo a qual o sistema eco-nômico deve ser comandado por umsistema politicamente aberto.

Aceitando-se que esta linha depensamento e, presumivelmente, deação, mostra-se tão verdadeiraquanto aquela que optou pelo desen-volvimento, chega-se à provisória con-clusão de que se dispõe de mais um es-paço comum no pais, espaço parti-lhado pelos diversos grupos nacionais.Juntando-se ao primeiro espaço, teria-mos( a seguinte tríade que resumiria asituação: desenvolvimento-abeiturapolitica-novo pacto social. Tudo leva acrer que esta fórmula identifica ogrande espaço comum que recobre opais.

Cabe perguntar, fundado em ex-periências anteriores, se o jogo noqual implica a dinâmica da fórmulaé sério. Porque, para se comer umomelete é necessário quebrar osovos, já dizia o conselheiro Acácio.Há meio crédito para se crer napos-sibilidade de êxito. Trata-se da neu-tralização de alguns brucutus, tantona esfera empresarial quanto na dasForças Armadas e na dos meios ope-rários e estudantil. O estágio queessa, neutralização alcançou requer,no entanto, o prosseguimento daoperação limpeza para que o go-verno obtenha a outra metade docrédito e exercite a abertura política

verdadeira de modo que todas as for-ças sociais em presença, possam, livre-mente, elaborar o novo pacto socialque viabilizará o novo surto de desen-volvimento.

A par disso, é urgente c neces-sário o confronto entre as distintasposições existentes no grande es-paço comum. E existem? Comonão. Podem ser exemplificadas pelasposições expostas pelos jornais, deum ministro (Delfim) e de um sena-dor (Saturnino, MDB-Rio).

Para atacar a inflação atacando adivida externa e interna, a políticadesenvolvimentista de Delfim pro-põe que se dessubsidie a economia cse diminua a sua capacidade ociosa,via impulso básico na agricultura ena exportação. O que permitiria ab-sorver as tensões sociais oriundasdas disputas pelas fatias do bolo na-cional e pôr em prática a aberturapolítica.¦ Roberto Saturnino subscreve boaparte das propostas do ministro. Demodo mais enfático quanto à agri-cultura e exportação, balanço de pa-gamentos etc. Menos enfaticamente,e até divergindo, quanto à questãofinanceira, estabilidade do trabalha-dor e combate ao subemprego. Mas aprincipal divergência reside nos mo-dos de. implementação das váriaspolíticas que visam promover ocrescimento do capital e da riquezasocial e a distribuição desta última.

E agora JÓsé? Como aplicar aabertura quando se tem alternativas

- no interior de um espaço comum?Como optar socialmente por umadas alternativas econômicas se sedeseja um novo pacto social que atorne viável?

Ora, não há outra saida senãomais abertura, uma vez que o queestá em jogo é quem decide, comose decide e sobre o que se decide.

Uma clara definição sobre a rc-formulação partidária - clara, legale pública definição -é tão necessáriaquanto a liberação, em horário no-bre, da TV e do rádio ao debatepolitico e econômico. Pois convémlembrar que omelete, só quebrandoos ovos. Se nào se quebrarem osovos, teremos uma saturnália.

Geraldo Müller é professor da FVGe pesquisados do Cebrap.

SEGUNDARilUA I" DE OUTUBRO DE 1979 REPÜBLÍQVPÁGINA 5

POLÍTICA

SÃO PAULO

Adesistas queremficar é no PTB

Brizola já foidevidamente informado

FRANCISCO BARREIRA

Assim que desembarcouno Rio, ontem, procedentede seu semi-exilio em PortoAlegre (exilio mesmo foi emSao Borja), o cx-governador Leonel Brizolapuxou um assessor pelobraço e pediu notícias deSão Paulo, sua preocupa-çào constante. O assessorlogo lhe informou que, "sefacilitar", o seu PTB po-dera ser, dentro de dois outrês meses, o maior partidode Sào Paulo, graças à ver-dadeira avalanche de fisio-lógicos, carreiristas e atécorruptos mesmo que, muitohábeis, nâo ingressarão, emhipótese alguma, no Par-tido do João, que em SãoPaulo será o Partido doMaluf. Eles não querem apecha de traidores da opo-sição. Assim, só lhes resta-ria, já que inevitavelmenteserão extirpados no novoMDB. a legenda do PTB. Áqual. provavelmente, seagarrarão com o maiorprazer: pesquisas recentesde opinião indicam que oPTB é uma das siglas maispopulares no Estado. Alémdisso, ainda não há, no PTBpaulista, patrulhas ideológi-cas a cobrar posicionamen-tos dos integrantes.

Brizola ficou sabendoainda que o novo PTBpaulista c exatamenteaquele proposto pela ex-deputada (vete Vargas,com quem ele se indispôspessoalmente, mas que, in-dependente disso, conti-nuou costurando um par-tido a seu estilo. O novoPTB paulista já conta, as-sim, com o apoio ostensivode deputados federais eme-debistas do quilate de umJoão Paulo Arruda, o"Zumbi", capaz da ex-trema proeza de ser o pri-meiro a cumprimentar Bri-zola, há quinze dias, em Fozdo Iguaçu, c também o pri-meiro a cumprimentar opresidente Figueiredo,sexta-feira em Sorocaba. Epode conquistar a adesãode deputados federais c es-taduais do MDB integran-tes da chamada "chapa dasbases", que disputará, coma chapa dos autênticos, c

encabeçada pelos senaderes Franco Montoro eOrestes Quércia, a eonvcn-ção do partido marcadapara o dia 14 próximo.

Essa "chapa das bases"acabou sendo denominadapela imprensa como "achapa do Maluf, dada aintimidade c o intercâmbiode favores estabelecido en-tre seus integrantes e o di-nâmico governador pau-lista. O apelido, no entanto,talvez seja inadequado.Pois ela é encabeçada, porexemplo, pelo atual pre-dietnc do MDB paulista.Natal Gale. ex-braço-direito do senador OrestesQuércia, mas que, inacredi-tavelmentc, se ufana de ter,na sua juventude, distri-buido, quase clandestina-mente, o livro Um Dia naVida do Brasilino,conhecido libelo naciona-lista, escrito por PauloMartins, marido de donaIvcte Vargas. E, logo cmseguida, na mesma "chapadas bases", deparamos como nome de Antônio CarlosMesquita, ex-braço-direito-regra-três do senador Ores-tes Quércia e que, aliás,quase viaja a Lisboa, hátrês meses, para participar,como representante do se-nador. do congresso traba-Ihista ali presidido por Bri-zola. Temos, ainda, nestamesma chapa, o deputadoManoel Sala. que não des-carta nunca a possibilidadede ingressar no PTB. Alémdo ex-deputado Osiro Sil-veira, que já declarou, ex-pressamente, sua intençãode atuar politicamente sobo manto da sigla PTB. Ehá, ainda, o deputado HélioCésar Rosas, que prometeser fiel ao MDB até a suamorte, prevista para os pri-meiros dias de novembro.(Há dias ele foi ao Paláciodo Morumbi. Mas apenaspara "providenciar o inter-namento urgente de umdoente".) Depois do enterrodo MDB, Rosas estudará apossibilidade de ingresso noPTB que imagina, pelo me-nos em Sào Paulo, comosendo "o partido da cx-deputada Ivcte Vargas".

SALÁRIOS

Semana decisivano Congresso

O MDB pediu até ajuda à Igreja

LUÍS AUGUSTO GOLLO. de Brasília

A comissão mista queexamina o projeto que'ai-tera a politica salarial, en-viada ao Congresso pelogoverno, entra na fase finalde seu trabalho. A partir deamanhã, começa a ouvir ósdepoimentos de dirigentesde federações de trabalha-dores ' e empresários. Napróxima quinta-feira, inter-roga os ministros MurilloMacedo, do Trabalho, cJair Soares, da PrevidênciaSocial.

As principais reivindica-ções dos sindicatos, nãoatendidas no projeto oficial,são: negociações diretas,direito de greve, salário mi-nimo compatível com oaumento dos preços nos úl-timos anos e correção tri-mestra! de todos os sa-lários. Todos esses itens fo-ram incluídos no substitu-tivo apresentado pelo MDBe subsidiado por um docu-mento do Sindicato dosMetalúrgicos de São Ber-nardo e Diadema. Outrosubstitutivo, apresentadopelo deputado Carlos Chia-relli (Arena-RS), não alteraa essência do projeto do go-verno, mas estabelece o re-aju$te trimestral para ostrabalhadores que recebematé três salários mínimos.

Parlamentares do MDBe da Arena concordam emque os dois substitutivostêm pouquíssimas possibili-dades de serem aprovados.Mas algumas das 189

emendas podem ser incor-poradas ao projeto do go-verno. Por isso, a tática doMDB é pressionar os parla-mentares arenistas. Lideressindicais já estão organi-zando uma caravana detrabalhadores para encheras galerias do Congresso.Na semana passada, parla-mentares do MDB procura-ram o presidente da CNBB.dom Ivo Lorscheiter, parapedir o apoio da Igreja aosubstitutivo do MDB. Que-riam a mobilização da má-quina religiosa no sentidode "esclarecer os trabalha-dores para a importânciade pressionarem, emBrasília principalmente, an-tes da votação da novapolitica salarial". A CNBBnão assumiu qualquer com-promisso formal. '¦¦ O quenão significa que o assuntonâo será debatido nas co-munidades de base, organi-zadas pela Igreja, em todoo país.

A questão central, namodificação da política sa-larial, será a periodicidadedos reajustes. O MDB pre-tende concentrar suas for-ças para conseguir a apro-vação do reajuste trimestral(o governo o quer semes-trai). E o prinripal argu-mento da oposição, no*p[e-nário,, será a constataçãode que os reajustes de capi-tal - ORTN, PIS, Pasep,UPC etc - são sempre tri-mestrais. Por que não o dossalários?

Para o verdadeiro peu-pacter ^

cada vez melhor. Porqy e o

A garantia totaldos seus depósitos de poupançaaumentou de 1.000 para 2.000 UPC

(atualmente Có 857600,00).

Os interesses de todos os poupadores1 continuam defendidos pelo Governo,I através da fiscalização do BNH,

(Você sabe que nuncaninguém perdeu dinheiro na poupança.)

Quem já tem o seu dinheiro na poupança >continua ganhando1 os juros ou dividendos de sempre,

além da correção monetáriaque atualiza o valor do dinheiro.

Quem tem deppsitos, hoje, de mais de2.000 UPC(mais de CrS 857.600,00)continua recebendo os mesmos juros ou dividendos

e a correção monetária.Basta manter a sua poupançaacima.daquele nivel de 2.000 UPC.

' Para os novos depósitos,lefn contas novas ou não,'os

juros ou dividendos,assim como a correção monetária,

, continuam como antes, até o limite de 2.000 UPC

6

Só a quantia queultrapassar 2.000 UPC (CÓ 857.600,00)ê que será remunerada

com juros ou dividendos de 3%tias contas novas;nas já existentes;

e que estavam abaixo daquele limite;nas contas que, através de saques,

baixarem de 2.000 UPCe que, através de depósitos,voltem a ficar acima desse limite.

. Quanto à Caderneta de Poupança Programada,ela continuará pagandoos juros ou dividendos de até 7,2%,sem limite de depósitos.

Continue poupando tranqüilo, e com maior garantia, para conquistar o que a vida tem de melhor.

F;.:-*

PAGINA 6 REPUBLICA- SEGUNDA-FEIRA I" DE OUTUBKO DE 1979

POLÍTICA

COMUNISTAS

O PCB volta às ruasFoi o que se evidenciou, na festa da volta

«Otba só, é a primeirapasseata do pnrtidão em SáoI 'nulo». O comentário, de urnjovem mas já antigo militan-tè do Partido ComunistaBrasileiro iPCB), definiacom precisão o que aconteceuno sábado, primeiro no Riodc Janeiro e depois em Saottiulo: a primeira manifesta-ção pública do velho PartidoComunista nos últimos quinzeunos. Náo adiantou o malaba-rismo semântico dos dirigen-tes, partidários, como LuisTenório das Silva, um dosquatro membros do comitêcentral a regressar sábado doexílio: «Voltamos como brasi-lei ros comunistas e não comodirigentes do partido. Este éilegal e. portanto, náo podeter uma direção». Afinal, asduas mil pessoas que compa-receram a Congonhas sabiamque ali chegavam quatromembros da direção do parti-do (além de Tenório, vieramLambem Lindolfo Silva, Hér-cules Corrêa dos Reis eGregório Bezerra). E se ouvi-ram longos minutos de aplau-so quando Gregório Bezerraafirmou claramente: «Soucomunista, militante comu-nista e todos sabem disso. Equero dizer que continuare-mos, como no passado, alutar intransigentemente pelalegalização do Partido Comu-nista Brasileiro».

A precaução dos líderescomunistas tem, entretanto,uma explicação óbvia: umacorta ambigüidade do regime

CLÓVIS ROSSIRICARDO CARVALHO

político que o país vive hojeprovoca uma situação bizar-ra, admitida, com certaperplexidade, por José Salles,o mais jovem membro docomitê central e o primeirode seus membros a regressarao país. Ele confessa suaestranheza por ter tido muitomenos problemas, até agora,do que esperava. E não deixade sentir-se um pouco confu-so por ser, ao mesmo tempo,um candidato a infrator dalei (a Lei dc Segurança Naci-onal, que veta terminante-mente a atividade úo PartidoComunista i, vivendo publica-mente, com endereço conhe-cido. telefone em casa e atédando entrevistas sob osrefletores da televisão, comoaconteceu sábado em Congo-nhas.

Em todo o caso, como omesmo Salles reconhece, avolta dos dirigentes partida-rios «é um passo para a lega-lização do partido». Umpartido que, diz ainda Salles.«quer mostrar a sua face»,porque considera que arestrição à organização doscomunistas brasileiros «éuma restrição a própriademocracia». Nessa mesmatecla bateria, depois, duranteo ato de homenagem aosretornados, realizado noSindicato dos Aeroviários deSão Paulo, em frente ao acro-porto de Congonhas, o vetera-no Gregório Bezerra: «Nãopode haver democracia sediscriminarem os partidos*.

INGLÊS*

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E, imediatamente, ofereceu aversão do PC para a mãoestendida em conciliação dopresidente Figueiredo: «Se ogoverno nos der uma anistiaampla e irrestrita, permitin-do a legalização do partido e'convocando uma AssembléiaConstituinte, então essegoverno conquistará umdeterminado crédito de confi-anca».

Unidade, a tônica. Não foi.esse, entretanto, o único temadominante na festa da volta

dos quatro dirigentes comu-nistas. O outro, igualmenteprevisto, foi a inexistência natese da unidade das oposi-etíes. Gregório falou do assun-to. disse que apoia o MDB(«única força organizada emnosso pais»), e foi inteira-mente respaldado pelocomportamento dos organiza-dores da recepção e do rópriopublico presente. Primeiro,por ter sido chamado parafazer parte da mesa CarlosMarighella Júnior, filho dohomem que comandou o últi-mo racha do «partidáo», em1967, ao defender a tese daluta armada contra a opiniãoda direção. Segundo, porqueGregório. retomando pala-vras de Luis Carlos Prestes,disse que «terrorista ê a dita-dura», o que, de certa forma,passa a borracha sobre otema da luta armada, aindahoje motivo de sérias quere-Ias entre a esquerda brasilei-ra. E, terceiro, porque aplatéia, aos gritos de «unida-de», «unidade», encobriu osensaios de vaias a Joaquimdos Santos Andrade, presi-dente do Sindicato dos Meta-lúrgicos de São Paulo, de hámuito acusado de pelego, eao deputado federal JoãoPaulo Arruda, o Zumbi.sempre considerado adesista.

Mas. precárias como sãoessas manifestações, emtermos de avaliação política,o ensaio unitário que poderiaser a homenagem aos lideresretornados (todos elestambém ex-dirigentes sindi-cais) esteve longe de ser umêxito.

BRIZOLA/RIO

"0 PTB é a alternativaEle acha que seu partido vai chegar ao poder

BRIZOLA, ,NO GALEÃOOnde mil pessoas pareciam cinco mil,

LULA, NO RIO

0 PT não querextinguir o MDB

MARIA HELENA MALTA, do Rio

O Partido dos Trabalhado-res — PT foi finalmentelançado, ontem, no Rio, emtrês sucessivas manifestaçõescom a presença de Luis Iná-cio da Silva, o Lula, presiden-te dos Metalürgicos de SãoBernardo e Diadema, JoséIbrahin (ex-presidente dosMetalúrgicos de Osasco em1908) e Wagner Benevides(presidente dos Petroleiros deMinas Gerais). No Qne-ShowMadureira, de manhã, a festa-reuniu cerca de mil partici-pantes. Mas 95% deles, eramestudantes e profissionaisliberais. Apoiando oficialmen-te o lançamento do partido,havia, na mesa de trabalhos,apenas o presidente do Sindi-cato dos Trabalhadores nasIndústrias de Couro, JorgeMoreira, o deputado EdsonKhair (do grupo que pugnapelo «partido popular») e asuplente Rosalicé Fernandes,além do professor MárioPedrosa e de. alguns inte-grantes das futuras chapasde oposição sindical, dosmotoristas, bancários e meta-lúrgicos. Os outros eramcuriosos. Alguns até muitoconhecidos, como o deputadoMárcio Moreira Alves, quefoi um dos oradores. Ele

daE,

:• 1 I ——

A reforma política, a volta do pluripartidarismo,a recuperação de Briypla,

o governo e os governadores,a crise na Rede Ferroviária Federal,

a estréia de Rasga Coraçãocom o apoio oficial. . .

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lembrou a necessidadeunidade das oposiçôes.depois, acrescentou: «Aindavivemos o momento derestaurar a democraciaburguesa».

José Ibrahin, logo áchegada, reconheceu que oPr «está sensibilizando maisa classe média, porque aindaestá sendo articulado de cimapara baixo». Mas previu parabreve a penetração do parti-do nas áreas mais popularesgraças à ação de sindicalis-tas autênticos, como Lula. Dequalquer modo lembrou que oPT não deverá ser um parti-do classista, só de operários,mas também de camponeses,profissionais liberais e até daclasse média.

Lula, que chegou abatido ecansado (viajou a noite intei-ra de carro, vindo do EspiritoSanto) rodou o quarteirão embusca de cerveja. Nos doisbotequins de Madureira , oestoque tinha acabado. Ele semostrava despreocupadodiante >da platéia que oaguardava: «Eu conheço aminha classe, nós nos acostu-mamas durante anos a brigarpor questões econômicasapenas; por isso, não esperoo salto para a participaçãopolítica cm três ou quatrodia*). Diante do microfone,meia hora depois. Lula afir-mou ser «mentira» que o PTpretenda extinguir o MDB. Edisse mais: «Nós reivindica-mos o pluripartidarismo.Reivindicamos a legalizaçãodo PT, do PC e de todos osoutros. Aliás, aos compa-nheiros do PC e do PC do B,temos a dizer que o PT não éinimigo de vocês».

Embora o presidente doSindicato dos Bancários nâoestivesse presente e sim suaoposição, Lula ainda lembrouque não acredita «na abertu-ra que aí está». E, entrevários motivos para essaposição, referiu-se ao «afasta-mento do companheiro IvanPinheiro e á intervenção quese abateu sobre o sindicato».

«Pessoalmente, não soualternativa para nada, mas oPTB é alternativa de poderno futuro», disse ontem noRio, onde vai instalar o seuQG político, o ex-governadorLeonel Brizola. respondendoassim a alguns correligioná-rios mais entusiasmados, queo receberam, no aeroporto doGaleão, no Rio, aos gritos de«Presidente!», «presidente!»- o que» explicou ele aconte-cia a sua revelia.

Eram pouco mais de milpessoas (1.500 segundo o cál-culo do petebista Doutel deAndrade) e pareciam cincomil. Porque somente umaestreita porta lateral — sóexcepcionalmente usadapelos passageiros do terminaldoméstico do aeroporto — foireservada para o desembar-que. À volta dela. compri-miam-se os que conseguiramultrapassar a severa barreiraarmada pelos agentes desegurança para filtrar entreas mil pessoas espalhadaspelo bali, quais as que teriamacesso à sala de desembar-que. Entraram políticos commandato políticos semmandato (poucos, porque amaioria foi barrada oupassou com dificuldades,como o ex-ministro DarcyRibeiro e o ex-deputadoLysáneas Maciel): jornalistase agentes de segurança.Somados, os que se afunila-vam em torno da estreitaporta não passavam de cem.

Contudo, quando a portase abriu e Brizola despontou,sorridente, os cem foramsuficientes para criar umformidável tumulto. «É preci-so organizar o povo, ê preci-so organizar o povo», grita-vam os assessores de Brizo-Ia. enquanto agentes desegurança do ex-governadorarregimentados pelos petebis-tas entre ex-sargentos puni-dos em 64, agentes de segu-rança do aeroporto e agentesnáo identificados travavamcom jornalistas um calorosocorpo-a-corpo pela posse deBrizola. À margem, salvo daagitação e satisfeita com oque chamava de «calor cario-ca», d. Neusa Goulart recusa-va as sugestões para deixar omarido e seguir na frentepara o hotel: «Quero ver.quero ver», repetia emocio-nada.

No meio da roda. impren-sado por câmaras de TV ebraços que se empurravamBrizola foi conduzido enfim,para fora do aeroporto. Lá,faria a sua saudação aoscariocas. Faria, porque foiempurrado carro a dentro,por um corpulento cidadãonáo identificado. «Como éque você deixou fazerem issocom o homem'.' Ele tinha defalar ao povo», cobrava, maistarde, o ex-deputadoLysáneas Maciel de um dosex-sargentos da segurança doex-governador. Embasbaca-

MAURÍCIO DIAS _BERNARDO DE MENDONÇA

do Rio de Janeiro

do, o homem só conseguiubalbuciar: 'Tem provocadorIsso é serviço de provo-caçjoiv.

A caravana brizolista.formada por ônibus o carrosparticulares seguiu em fren-te. Centenas de pregos espa-Ihados no chaão, tornaram-seuma mortífera arma contraos pneus de vários carros docomboio. Como o própriocarro do ex-governador que.á saída do aeroporto teve opneu furado: «Digamosapenas que este fato deuoriginalidade á chegada»comentaria depois Brizola.

bem humorado.

Já no Hotel Evcrest. ondese instalará numa suite do19" andar — com vista para omar, dois quartos, doisbanheiros e uma sala, comdiária de 3 mil 350 cruzeiros

até que defina se vaicomprar ou alugar um apar-tamento, o ex-governador deurápida entrevista coletiva.

Brizola não deixou demandar seus recados. Sobre-tudo sobre sua disponibilida-de: «Chego sem me conside-rar inimigo de ninguémConversarei com qualquerum que queira dialogar».Mas cm seguida, dirigindo-seaos anti-chaguistas daplatéia, ele dizia: «O PTB éuma área de oprimidos, espe-cialmente aqui no Rio».

Ele anunciou para o dia 19de abril — data de aniversá-rio do ex-presidente Vargas

«um grande congresso doPTB» onde vão definir-se os

programas c formas dê orga-nizaçiío do partido

E renovou sua fé na aber-tura política: "Dúvidas exis-tem, a ameaça de retrocessoé real, mas tenho muita fé naconsciência nacional -- dosque viveram o exílio aquidentro do pais — que lutapara se fazer uma sociedadema Íh democrática i

Tor fim, o ex-governadorreacendeu seus pontos dedivergência com ò MDB ecom o ex governador MiguelArraes. que lutam parareunir as oposiçôes numa sófrente: O PTB é a forçamais antagônica do aulorita-rismo. Quando preconizamosa reorganização política donosso povo. do PTB. com istoqueremos dizer que não háposição mais contra ò autori-tarismo di. que esta forma deorganização». Antes dapartida — Em Porto Alegre,anles de embarcar para oRio, Brizola concedeu umaentrevista, nu qual tratouessencialmente do seguintetema:

Sobre a ideologia do ITU:Alguns setores da esquerdaquerem que nus tenhamosuma definição marxista ouleiiinisla. E isso eles nuncaterão de nós. Há setores quesó pensam em ideologiaquando pensam em marxis-mo. Mas nós consideramosque o trabalhismo tem maisideologia para a realidadebrasileira que toda a teoriamarxista, leninista ou qual-quer outra isía

Acordo com Amaral?O desembarque do ex-

governador Leonel Brizolana calourenta e dominguei-ra tarde carioca, retém pe-rou as forças político-partidárias que. em minoriano Estado, tentam lutarcontra o rolo compressoreleitoral, armado pelogovernador Chagas Freitas.Na ala doméstica do aero-porto comprimiu-se todo oescopo oposicionista flürrii-nense. lá estavam petebis-tas históricos, como o ex-deputado José Gomes Tala-rico: autênticos eex-autênticos, como o depu-tado Modesto da Silveira eo deputado cassadoLysáneas Maciel: anti-chaguistas por convicçãocomo J.G. de Araújo Jorgee «amaralistas». como oprefeito de Niterói, Welling-ton Morara Franco.

É possivel que desta vezse faça o que o deputadoModesto da Silveira chamou'de «Fronte oposicionistacontra o autoritarismo dogovernador». Para isto.basta que amanhã, durante

o encontro entre LeonelBrizola e Amaral Peixoto,sejam aparadas as diferen-casque porventura exis-tem entre os dois. Parapreparar a agenda desteencontro foi que, longe dotumulto da portaria dohotel, reuniram-se, na tardede ontem, o próprio Brizola.Doutel de Andrade e Morei-ra Franco

Genro e principal porta-voz de Amaral Peixoto, oprefeito de' Niterói já noaeroporto emitia os sinaisde boa vontade: «Vim abra-çar um grande líder quevolta do exilio e trazer oabraço du senador AmaralPeixoto. ¦¦

Na verdade, a composi-çao com Amaral Peixoto eseu grupo (além de prefei-tos e deputados estaduais.quatorze deputados federaiso, seguramente, dois sena-dores, o próprio AmaralPeixoto e Nelson Carneiroipode ajudar a viabilizar oprojeto petebista nuCongresso.

AMAZONAS

Mestrinho volta à políticEm Manaus, ressuscitou o PTB e já pensa em 1982

«Paz, amor e tranquilida-de», era o lema de GilbertoMestrinho no governo doAmazonas, em 1964. «Conver-sa, suborno e porrada»,traduziam seus inimigos,geralmente entrincheiradosna velha UDN. Mestrinho eraPTB. Quando foi cassado, em1964, nâo agüentou: exilou-se.Foi morar no Rio de Janeiro.E poucas vezes voltou aManaus, nos últimos quinzeanos. Não havia por quêvoltar. Agora há. Mestrinho éurh dos expoentes do «PTBdo amor», organizado pelaex-deputada Ivete Vargas.Sábado, desembarcou emManaus, acompanhado develhos correligionários, paralapçar sua candidatua aogoverno do Estado, em 1982.

É o mesmo Mestrinho. Nãohouve cortejo com distribui-çáo de dinheiro, como antiga-mente, mas ele voltou apraça São Sebastião, antigoreduto petebista, para «ren-dqr homenagem», ao mesmotempo, a oposição e «aoshomens do governo quemantiveram fidelidade aosanseios do povo amazonen-se». E para aconselhar aoposição a «ter coragem deconversar com o governo,pois o povo gostará e lucrarácom isso».

Segundo se diz em Manaus.

o ex-governador ainda temmais popularidade que qual-quer dos filhos do AI-2,arenista ou emedebista. L'mapesquisa recente do Ibope,dava a Mestrinho o Índice depopularidade de 57cí.

A carreira de político doex-governador, no entanto,começou sem querer. Mestri-nho era professor secundárioem Manaus e engordava ominguado orçamento com umemprego público, de fiscal.Em 1957 — o PTB no poder,com o governador PlínioCoelho — um comício deestudantes levou-o ao palan-que. E o governador ficouimpressionado com a recep-ção ao desconhecido: moci-nhas gritando, a estudantadaaplaudindo. Exatamente oque o PTB precisava. Aos 28anos, depois de uma ascen-ção muito rápida, Mestrinhoè nomeado prefeito deManaus — e naquela épocaisso não era considerado anti-democrático.

Foi um prefeito ousado. Aotempo em que a prefeituraera considerada apenas umbom emprego, ele começou avisitar obras públicas á noite,a abrir avenidas, urbanizaráreas miseráveis etc. Numadessas visitas, diz a lenda,Mestrinho teria encontradouma senhora da sociedade

local com quem tivera umaamizade profunda, digamosassim. Relacionamento queteria sido interrompido pelanecessidade de ser o paradig-mado moral e bons costumesamazoneases, como lhe expli-cou Plínio Coelho. Vai daíque, encurralado pela senho-ra numa esquina do centro deManaus, Mestrinho tentoudesconversar e tomou umasapatada na cabeça, registra-da pelo jornal da oposição.

O lema «Conversa, subornoe porrada» é explicado poroutras histórias. Consta queum jovem comerciante local,da oposição, estava namoran-do uma secretária da suaadministração e Mestrinho oteria chamado para umaconversa. Nào conseguiunada. Passou á segunda fasedo lema (suborno) ameaçan-do com a execução de débitosfiscais e nada. Dias depois, ocomerciante acabou envolvi-do em uma «briga de desço-nhecidos». O pessoal da UDNjura que foi a terceira fasedo lema, «a da porrada».

O deputado Adail Garcia deVasconcelos, udenista dobaixo Amazonas, vivia criti-cttndo Mestrinho. Necessitadode uma geladeira, um diauma alma generosa e anóni-ma. deixa na casa de Adailuma geladeira novinha.Mestrinho não foi mais criti-

cado na região e ninguémrecusava a segunda parte dolerha para ver se a terceiraera verdadeira.

Durante o governo Mestri-nlio, as livrarias de Manauseram franqueadas, no iniciode cada ano letivo, a todos osalunos que precisassem dematerial escolar grátis. Aúiíica loja das «CasasPernambucanas» era autori-zada a fornecer o brim azul.para o uniforme escolarTudo ás custas do governo Esem a intermediação dedeputados, vereadores^ ou aapresentação de senhas. NoNatal, as lojas de brinquedosdavam presentes as criançasç mandava a conta para oEstado: Festeiro. Mestrinhocomemorava publicamente oaniversário U9 de fevereiro)!o Primeiro de Maio, o 24 de

agosto de Getúlio, o 31 dejaneiro em que aniversariavaseu governo. E andava nabaratinha oficial, no banco detrás, a distribuir moedas ecédulas pequenas a quemseguia o cortejo.

(fiando Gilberto Mestrinhofoi cassado, alegou-se corrup-ção. Mas talvez os meninosque ganharam seus unifor-mes escolares e brinquedosnão concordem com o lema.E cies agora votam, quandohouver eleições.

SEGUNDA-FEIRA !'¦' DE OUTUBRO DE 1979

REPUBLÍQ^PAGINA 7

MUNDO

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Um espasmo defim de semana

Enfim, a disputa pesada, soturna, malsinada — atésangrenta, em alguns episódios — que era travada nosbastidores entre os militares argentinos desde o golpe demarço de 1976 explodiu á luz do dia. O general LucianoBenjamin Menendez, truculento, raivoso comandante do IIICorpo do Exército, levantou-se no sábado contra o governodos generais Videla e Viola (leia na pagina seguinte). Equase saiu tiro.

Mal comparando, Videla teve seu episódio Frota — umdesafio de extrema-direita, como teve no Brasil o presiden-te Geisel.

Mas mal comparando, apenas. Na Argentina, ha umgrosso acervo de sangue na disputa dos generais. Má umadivisão muito mais profunda. E mal comparando tambémporque, no desfecho do episódio, se Videla e Viola tiveramforça para destituir de seu comando o chefe rebelado, naoa tiveram para aposentá-lo do Exército. Náo se podiaconsiderar, ontem à noite, o episódio definitivamente encer-rado. Houve um espasmo que poderá se repetir no futuroem dose mais perniciosa. Talvez fatal.

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» O congresso extraordi-nário realizado no fim desemana pelo Partido Sócia-lista Operário Espanholterminou com o resultadoesperado: a recondução deFelipe Gonzalez para ocargo de secretário-geral daagremiação. Gonzalez, quese afastara há quatromeses do posto por náo tersido aprovada sua tese detirar a qualificação de«marxista» do partido, deua completa volta por cima.O PSOE, depois dessecongresso, não se considera«marxista». Apenas, admiteo marxismo como «métodode análise».

9 Sumiu o ex-presidenteda Companhia Nacional dePetróleo do Irã, HassanNaáh. Demitido na semanapassada, em seguida Nazihviu desabar sobre sua cabe-ça a ameaça de um proces-so, mandado abrir peloayatollah Khomeini. Naáhnáo compareceu, no entan-to, à audiência que tinhasido convocada ontem peloprocurador-geral do país.Encontra-se em lugar incer-to e náo sabido.

» Tudo se resolveu rapi-damente, na pequena emiserável Guiné Equato-rial, uma ex-colônia espa-nhola da África. Deposto,em agosto, preso nas selvasde seu país pouco depois, elevado a julgamento noinício da semana passada, oex-tirano local, FranciscoMacias, já foi condenado àmorte e executado. Acondenação foi anunciadano sábado. E a execução,embora náo tenha sido

anunciada oficialmente,ocorreu horas depois,segundo se informa emMalabo, a capital do pais.

o Preto já pode entrar embanheiro de branco, noaeroporto de Johannesbur-go, na África do Sul. Amedida que já vigorava háalgum tempo na ala inter-nacional do aeroporto, foiestendida, ontem, tambémà ala nacional. Faz parteda distensáo lenta egradualissima que vemsendo imprimida peloprimeiro-ministro PieterBotha nas questões raciais.

• Mais um atentado terro-rista no País Basco espa-nhol. Um policial foi mortoe um outro ferido, ontem,em San Sebastian, presumi-velmente pela ETA.

© Grande perdedor dascomemorações do 30"aniversário da revoluçãochinesa, realizadas no fimde semana na China: MaoTsé-tung. No sábado, umlongo documento divulgadopelo Partido Comunistasaudava Mao como «o gran-de gênio» da revolução,mas em seguida enumeravauma lista sem precedentesde «erros» do Grande Timo-neiro. Ontem, num banque-te ao qual compareceramquatro mil pessoas, noGrande Salão do Povo,houve uma única referên-cia, e mesmo assim insigni-ficante, ao «pensamentomarxista-leninista de Mao»,no discurso de duas milpalavras pronunciado pelolíder máximo chinês, lluaKuo-feng.

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ENFIM. A RESPOSTAO presidente ouviu os assessores e pode falar grosso

EUA/URSS

arter diz hoje o quefará no caso cubano

Manobras navais nas proximidades da base déGuantânamo é uma das opções que foram estudadas

PAPA

O presidente Jimmy Cartere seus colaboradores prepa-ram. durante todo o fim desemana, a declaração arespeito do caso da tropasoviética de combate emCuba a ser lida. esta noite,pelo presidente norte-americano diante das cáme-ras de TV. As várias opçõesde réplica contra a presençados soviéticos em Cubaforam analisadas pelos maisaltos escalões de Washington,e acredita-se que a primeiramedida a ser anunciada porCarter seja o reforço de todoo dispositvo militar dos Esta-dos Unidos nas Antilhas.

Por causa do caso cubano,o secretário de Estado CyrusVance cancelou todos os seuscompromissos — para hoje.sua agenda previa umaviagem ao Panamá, ondeserão trocados os instrumen-tos de ratificação do novotratado do canal. Contudo,funcionários da administra-çáo norte-americana nãoquerem divulgar informaçõesalarmistas e continuam adefinir toda a questão como«um problema, não umacrise».

O fato é que os soviéticosmantêm-se firmes na posiçãodefendida pelo seu chanceler.And rei Gromyko. até orompimento das negociaçõescom Vance. na quinta-feirada semana passada. Ou seja,argumentando que a tropaem questão (de 2500 a 3000

soldados de uma brigada)está há tempo na ilha, comtarefa de adestramento, ossoviéticos nâo se dispõem aretirá-la — nêm a nenhumaoutra concessão maior. Paraeles, como disse Gromyko, acrise é «artificial», e deveriaser «arquivada».

Afirma-se agora emWashington que a únicaconcessão que Gromyko esta-ria disposto a aceitar seriauma declaração pública deque, ao contingente presenteem Cuba, jamais seria dadauma capacidade de forçacombatente. Mas isso basta-ria para satisfazer o governodos Estados Unidos, queinsiste em denunciar que estacapacidade combatente jáexiste'.' No Departamento deEstado, a atmosfera é carre-gada. Afirma-se ali que oencaminhamento de toda aquestão parece ter colocado aadministração Carter numaposição da qual será difícilsair com uma vitória.

ü assessor presidencialpara assuntos de segurançanacional, o «duro ZbgniewBrzezinski; comparou ontema atual minicrise h situaçãocriada em 1961 com a cons-truçâo do Muro de Berlim,«uma situação inaceitávelque continua existindo». Naocasião, segundo Brzezinski,o presidente John Kennedy«teve de tomar medidas paratranqüilizar a população deBerlim Ocidental e nossos

aliados, além de mostrar âparte contrária que os EUAnão encaravam o assuntolevianamente». Kennedypediu ao Congresso umaumento de 3.2 bilhões dedo-lares no orçamento militar,reforçou a guamição militarem Berlim Oeste e convocou85 mil reservistas.

E na situação atual qualserá a reação norte-americana? Além de umaumento do dispositivo mili-tar nas Antilhas e de umaintensificação das manobrasnavais com centro na basenorte-americana deGuantânamo. afirma-se que aCasa Branca estudou aindaas seguintes medidas:

aumento das verbas dosserviços de inteligência:

intensificação dos vôosde espionagem sobre Cuba:

limitação drástica deexportação de tecnologiaavançada para a URSS:

estimulo aos aliadoseuropeus para que vendamem larga escala materialbélico a China.

Dificilmente. Carter recor-rera a mais de uma dessasopções. E espera-se aindaque renovará o apelo aoCongresso para que ratifiqueo acordo sobre limitação dearmas estratégicas SALT-2.evitando assim uma vincula-ção entre esse acordo e aquestão cubana.

Na Irlanda, apelospela paz

Por três vezes, João Paulo II pediu a reconciliaçãodo país. O IRA respondeu que talvez

O papa João Paulo II, quehoje encerra sua visita detrês dias ,'i Irlanda c partepara Boston, nos EstadosUnidos, deixa Dublin com umsaldo que foi consideradopositivo. Nas três missas querezou, fez apelos diretos pelapaz e felxou claro que, paraele. a questão irlandesa nãose constitui numa guerra reli-giosa. e sim uma questãopolitica Ao mesmo tempo,ficou sabendo que o IRA(Exército Republicano Irlan-dês) estaria disposto a deporas armas, se as condiçõespoliticos facilitassem umatrégua.

Sábado, no seu primeirodia na Irlanda, ao rezar

missa em Drogheda, a menosde cinqüenta quilômetros dafronteira com a Irlanda doNorte, João Paulo li fez oseu primeiro apelo — «atodos os que têm responsabi-lidados políticas» — para que«ajudem a estabelecer rela-ções hamoniosas entre ascomunidades católica eprotestante».

Ontem, a 24 horas dessepronunciamento, uma refe-rência a uma saída politicaapareceu também num comu-nicado atribuído ao IRA.distribuído em Belfast pelocomando militar britânico.«Devemos nossa fidelidade aoPapa» — diz o texto — «mas

a luta irlandesa é política.

Não obstante, se o SantoPadre pode oferecer a possi-bilidade de justiça para aIrlanda, sem violência, de 'bom grado deporemos asarmas. Ouvidas nossas unida-des de serviço ativo, estamosconsiderando a possibilidadede pôr fim às hostilidades,desde que os políticos ofere-çam uma solução razoávelpara a questão irlandesa».

Calcula-se que 300 milpessoas - Wr dos católicosdo Norte — cruzaram a fron-teira para ver o Papa queontem rezou missas emGaíwày e no santuário deKnock, onde vinte pessoasdisseram ter visto a VirgemMaria há cem anos.

Nos EUA, o desafioLUIGl ACCATTOLI, do La Rcpubblica, de Roma.

BOSTON — O papa chega hoje aos Esta-dos Unidos, para uma visita de sete dias. Aprimeira etapa será em Boston —^ entre asgrandes cidades norte-americanas, a queconta com a maior porcentagem de católi-cos (75rr de sua população). Depois, JoáoPaulo II deverá ir para Nova York. ondevisitara a ONU. Filadélfia, o berço da naçãonorte-americana, e Des Moines, um exem-plar típico da região rural do centro-oestesão as etapas seguintes. Dois dias em Chica-go, a metrópole que conta com o númeromais elevado de católicos em números abso-lutos — quase dois milhões e meio — é apenúltima escala. Enfim, no sábado próxi-mo, o papa estará em Washington, ondeserá recebido na Casa Branca.

Será a primeira vez que um papa entra-ra na Casa Branca. E, de certa forma,também a primeira vez que um papa visita-rá os Estados Unidos. Paulo VI, é verdade,esteve em Nova York. em outubro de 1964.Mas foi apenas uma visita rápida — de umdia — e, toda ela. concentrada no discursoque proferiu perante a assembléia geral daONU.

Todas as grandes cidades gostariam deter sido incluídas no itinerário papal.Wojtyla viu-se mesmo obrigado a declarar,oficialmente, que. «devido à brevidade dotempo ii sua disposição, e devido á vastidãodo país» precisava-se limitar a seis etapas.As cidades que o papa visitará foram esco-lhidas pela sua representatividade na históriae na composição atual do catolicismo norte-americano. De fato, os católicos norte-americanos (47 milhões de batizados, ousoja, 22rb da população) estáo presentessobretudo nas grandes cidades do nordestedo país.

Historicamente formada de emigrados«papistas» i irlandeses, alemão, poloneses,italianos, litüanos, checoslovacos), despreza-dos e combatidos nos ambientes onde haviauma hegemonia do prõtestantismo. a comu-nidade católica norte-americana acabou-setransformando num corpo ativo, pragmático,muito fiel a Roma, e fortemente unido'contra o ambiente hostil. O sinal de umponto final na integração cultural ocorreucom a eleição de John Kennedy, católico deorigem irlandesa, para a Casa Branca, em1960. No Congresso, os deputados católicos— na sua grande maioria, democratas —constituem hoje o grupo religioso maisnumeroso. Atualmente, eles são 113, aopasso que os metodistas — que ocupam osegundo lugar — são apenas 88.

Pelo número de pessoas batizadas, acomunidade católica norte-americana é aquarta do mundo, depois do Brasil, México eItália. No entanto, ela é a mais forte econo-micaménte, a mais bem dotada de estrutu-ras. a que mais controla entidades educaçio-nais e assistenciais. Percentualmente. exis-tem mais sacerdotes (55 mil) e mais freiras(131 mili nos Estados Unidos do que naItália.

A curiosidade em torno do sucesso davisita papal é muito grande. O objetivo dopapa Wojtyla nas suas viagens é promoveruma mobilização religiosa. E. nesse sentido,o desafio norte-americano é particularmenteimportante: a reação do país mais desenvol-vido do mundo é considerada por todoscomo de mais peso do que tudo que já foipossivel ver no México, na Polônia e naItália.

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PAGINA 8 REPUBLIQVSEGUNDA-FEIRA I'-' DE OUTUBRO DE 1979

MUNDO

ARGENTINA

Viola vence batalha contra Menendez. Mas a guerra continua

Um breve comunicado docomando do Exército argentl-no deu por terminada, natarde de ontem, a tentativade sublevaçao que o generalLuciano Benjamin Menendez,comandante do TerceiroCorpo do Exército, com sedeem Côrdoba, c um dos mais«duro» oficiais do país,desencadeou na madrugadado ultimo sábado, exigindo aexoneração de seu chefe, ocomandante do Exercito emembro da Junta Militargeneral Roberto EduardoViola. Já destituído de seuposto, Menendez esteve emBuenos Aires na manha" deontem e. durante uma hora,foi recebido por Viola. Devolte a Côrdoba ele desmobi-üzou os cerca de 3 mil ofici-ais e soldados que manti-nham entrincheirados naAcademia General Paz. umaescola para formação desuboficiais da gendarmeria,situada na localidade deJesus Mana, a setenta quilo-metros da capital provincial

A situação de Menendeznâo está esclarecida Mesmotendo perdido o comando doTerceiro Corpo, agora confia-do ao general José AntônioVauquero. ele ao contráriodo que se poderia prever, náofoi passado para a reserva.E, até ontem, nao haviasofrido qualquer tipo de puni-çao disciplinar. Sâo fatos querevelam a dimensão da lutaque hoje grassa no centro dopoder na argentina — dividi-do entre militares mais emenos direitistas, e entre osquais Menendez è- um dosexemplares mais bem-acabados do primeiro grupo.

Tradição de familia, emmatéria de tentativa de rebe-liôes, Menendez já tinha. Nodia 28 de setembro de 1951,seu tio, o general BenjaminMenendez, liderou a primeiratentativa de golpe contra oentão presidente Juan Domin-go Perõn. A sublevaçaofracassou, o general foi preso

e passou quatro anos — até aderrubada de Perón — nacadeia.

A sina do tio parece termarcado' definitivamente ojovem oficial de cavalariaLuciano Benjamin Menendez.Tanto que ele escolheu o diado vigésimo oitavo aniversá-rio do fracassado golpe de1951 para desencadear suarebelião. De fato, foi porvolta das 22 horas da últimasexta-feira, dia 28, que seiniciou um movimento anor-mal de tropas no TerceiroCoqm. A essa altura. Menen-dez, de 52 anos. já redigira otexto de ,uma proclamaçãoque passaria a enviar,momentos depois, para oschefes das principais guarni-

çoes do Exército em todo opaís.

As 3 horas da manha, ogeneral leu sua proclamaçãoao microfone de uma rádiode Côrdoba. Nela, Menendezchamava Viola de personalis-ta, o acusava de «condescen-dência inadmissível com asubversáo» c responsabiliza-va o comandante do Exércitopelo «desvirtuamento dosprincípios do governo mili-tar». Tudo isso, segundoMenendez, gerou «confusão,desalento e perda de confian-ca» dos argentinos no regi-me. Assim, nao restariaoutra alternativa senãoforçar a destituição de Viola.

Que tenha sido Menendez ochefe da rebeliSo, náo surpre-

ende. Militar estrito, conheci-do como «uno duro entre losduros», o comandante doTerceiro Corpo foi o respon-sável pela dizimaçâo dosmovimentos guerrilheiros naestratégica zona industrial deCôrdoba e Tucuman. Termi-nado esse trabalho, nao hádúvida de que Menendezandava sentindo falta deação. No ano passado, duran-te os dias tensos que envolve-ram as relações da Argentinacom o Chile por causa daquestão de Beagle, elechegou a prometer a seusoficiais: «Passaremos o anonovo tomando champagne nopalácio de La Moneda», umareferência a antiga sede dogovemo de Santiago. Nessa

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NO MEIO DA CRISEViola e Viclela numa cerimônia, quando o levante ainda persistia

mesma época, quando secomplicaram as negociaçõesentre a Argentina e o Brasilsobre as hidrelétricas de Uai-pu e Corpus, Menendez achouque a melhor solução para ocaso seria «arrebentar comos brasileiros».

Como estrategista político,porém, Menendez revelou-seum fracasso, na sublevaçíoque comandou no fim desemana. Três horas depois deter lido sua proclamação narádio, p general estava desti-tuído. E dentre as unidadesdo Terceiro Corpo — o segun-do maior do pais cm poderde fogo — apenas duas insig-nificantes companhias deengenharia e comunicaçõesmantinham-se a seu lado.

Durante a manha de sába-do, todos os comandantes deunidades do Exército mani-testaram sua fidelidade aViola. Isso deu tranqüilidadesuficiente ao comandante doExército para que ele assis-tisse, naquela mesma tarde,em companhia do presidenteJorge Videla, ,'is cerimôniasalusivas ao dia da Artilharia,na capital. Na falta dearmas. Menendez continuouresistindo por palavras,enquanto pôde. Primeiro,anunciou que marchariasobre Côrdoba com seushomens, durante uma entre-vista que concedeu a umarádio local, por telefone.Depois, convocou os jornalis-tas para uma entrevista cole-tiva no quartel-general darebelião, e voltou a fazeracusações a Viola. «O poderrevolucionário», disse Menen-dez, deve ser exercido comfirmeza, energia c, se preci-so, com a violência do poderrevolucionário».

Afinal, Menendez acabouisolado. O desfecho da rebe-liáo não descarta porém apossibilidade de que outroschefes militares argentinosvenham a levantar a mesmabandeira, por ele empunhada.

Apènas a pontado iceberq

JOSÉ MARIA PASQUJNI DURAN, de Buenos Aires

As divergências entre os generais Lúcia-no Menendez e Roberto Viola refletem, naverdade, as contradições existentes no Exér-cito a respeito do futuro político da Argenti-ra e, por trás delas, as ambições pessoaisde cada general.

Menendez está entre os «duros» e Viola édos «brandos». A diferença está em que osprimeiros pensam que a guerra anti-subversiva, principal elemento aglutinadordo atual regime, nâo está ainda terminadae os segundos acham o contrário — e, porisso, procuram formular um projeto paravoltar a formas mais tradicionais de gover-no. Menedez nâo está sozinho em sua intran-sigència. Duas semanas atrás, o chefe doEstado-Maior, general Carlos Suarez Mason,declarou à revista «Ercilla», do Chile, queos «duros» tinham triunfado. E acrescentou:«Os generais Menedez e Vaquero continuamem postos de comando e eu subi». Era umaafirmação ou um prognóstico? O episódio deMenendez não deu ainda uma resposta defi-nitiva a essa interrogação.

O general rebelde mantém divergênciascom seu comandante-chefe há pelo menos 9meses. Em dezembro do ano passado,Menendez opôs-se à distensão militar argen-tinvchilena, no caso do canal de Beagle. Namesma época, foi surpreendido com a entre-ga do comando de três brigadas do 3" Corp,)do Exército, sob sua responsabilidade, atrês amigos de Viola, os generais Martclla,Podestá e Lepori.

No começo deste ano, sem o consentimen-to de Menendez, foi afastado do cargo degovernador da província de Côrdoba, sededo 3" Corpo, seu homem de confiança, ogeneral reformado Bernardo Chasseing. E,ainda no começo de setembro. Menendeznao concordou com a ida a Buenos Aires —aceita pelo governo — da Comissão Intera-mericana de Direitos Humanos da OEA. Ogeneral declarou à imprensa, na ocasião,que se sentia «envergonhado» por ter dediscutir questões argentinas com aComissão.

O último ponto de divergência surgiuenfim na semana passada, quando a Supre-ma Corte ordenou a libertação do ex-editor

do jornal Opinión , Jacobo Timerman, queacabou perdendo a cidadania argentina c foiexpulso do pais. Enganam-se, porém, os quepensam que o debate na cúpula militar foientre libertar ou nào o jornalista. TantoViola quanto Menendez achavam que eledevia ficar preso. A questão era aceitar ounão a decisão judicial. Menendez, acompa-nhado por Mason, sustentava que um poderde fato é inconstitucional por sua origem e,portanto, não deve ater-se á divisão de pode-res estabelecida pela Constituição. Viola e opresidente Videla mantiveram a opinião deque se deviam respeitar as instituiçõesvigentes, mesmo porque um desacato áCorte Suprema isolaria ainda mais a Argen-tina no panorama internacional.

Menendez e Mason isolaram-sc na oposi-çâo quando Videla ameaçou renunciar, ao secolocar em votação a questão Timerman.Menendez apenas tolerou a situação. E suairritação acabou transbordando quandoViola, na mesma reunião, traçou o que, noseu entender, seria o perfil do novo coman-dante-chefe do Exército, destinado a ocuparo seu lugar quando ele, Viola, suceder aVidela na presidência, em 1!)80. Menendezsentiu-se excluído no momento em que Violaafirmou que seu substituto devia ter «capa-(idado de diálogo, porque o próximo anoserá político* e «boas relações com o chefeda nação». Quarenta e oito horas depois, elese declarou rebelde.

Alguns setores opinam que o sangue quen-te do general e sua frustrada ambição preci-pitaram uma situação que ainda estava«verde» e que talvez tivesse outro desenlacecom um pouco mais de tempo. No entanto,só o futuro poderá dizer se de fato — comoinsinuam esses setores - o personalismo deMenendez fez abortar um projeto de golpepalaciano de maior envergadura. O que se'pode afirmar hoje é que o episódio reveloutxibücamcnte a primeira fissura da pirámi-de militar, cuja solidez parecia até entãocapaz de absorver todas as contradiçõesinternas. Mas sabe-se que o general Menen-dez, cuja sorte imediata ainda se desconhe-ce, é apenas a ponta de um iceberg. A quês-tão agora c descobrir a parte oculta sob aágua.

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SEGUNDA-FEIRA I" DB OUTUBRO DE 1079 pEPUBUQVPÁGINAS

ECONOMIA

AnotE

Déficit poderáser bem menor

A previsão do ministro da Fazenda, Karlos Rischbieter,de que o déficit da balança comercial, este ano, chegará a2,5 bilhões de dólares, é considerada «pessimista» ou«superestimada» por outros setores do governo, segundo aagência JB. Acreditam esses setores que o déficit naochegará a 2,2 bilhões de dólares — número ainda assimconsiderado elevado. A justificativa dos técnicos é que odéficit mensal médio da conta de comércio, de Janeiro ajulho, foi inferior a 200 milhões de dólares. Para se chegaraos 2,5 bilhões estimados pela Fazenda, o déficit mensalmédio, até dezembro, teria que ficar ao redor de 300milhões de dólares, um número muito «elevado». Se confir-mar a previsão do rrünistro, porém, o déficit em contacorrente (comercial, mais serviços), este ano, ficaria émtorno de 8 bilhões de dólares, quando em 1978 foi de 5,9bilhões (mais 35,6% portanto), de acordo com os cálculosfeitos pelos técnicos.

ECONOMIA DOS EUA

èrrível: a crise não vemFrustrando o pessimismo o PNB, cresce 1,3% no trimestre

ALÓYSIÒ BIÒNDI

Dinheiro do Japão{Dará Minas Gerais

Brasil e Japão assina-ram. om Tóquio, contratode financiamento de 25milhões do dólares para umprojeto de desenvolvimentoconjunto em Minas GeraisO empréstimo tinha sidoprometido pelo ex-primeiro-ministro KakueiTanaka durante sua visitaao Brasil, há seis anos.mas a formalização foiadiada por «problemas téc-nicos». segundo informou aagencia de CooperaçãoInternacional do Japão. Oempréstimo será pago emvinte anos, com carênciade cinco, e juros anuais de2.5fí para os primeiroscinco anos.Fiat exportarácarros acabados

A Fiat Automóveis, apartir de 80. será a primei-ra industria automobilísticaa exportar automóveisacabados para a Europa.Para isso está desenvolver}-do uma política de marke-ting. denominado de «Cústi-ca», que já colocou esteano naquele mercado duasmil unidades do Fiat 147.Eles embarcam incomple-tos e na Itália são acabados' ao gosto europeu e comer-cializados sem qualquerênfase à sua origem brasi-leira. üs carros, incomple-

tas, segundo o presidenteda empresa, Miguel Augus-to Gonçalves de Sousa,custam dois mil e cemdólares (cerca de 63 milcruzeiros). «Os preços» —disse — "São absolutamentecompatíveis com os preçosde venda no mercadointerno desde que conside-rada a sua condição decarro incompleto e osincentivos dados às expor-tações».Café: Colômbiaexporta mais

A Colômbia obteve o novorecordo nas exportações decafé no ano agrícola de78/79, vendendo ao exteriorll„'i milhões de sacas de 60quilos. Segundo as ostimati-vas da Federação Nacionalde Produtores de Café. areceita com as vendasforam da ordem do USS 2bilhões. O aumento dasexportações foi de 3.8milhões de sacas, cm rela-çào ao último ano cafeeiro.que. somadas às vendas demarço de 1.1 milhão dosacas, levaram a esse novorecorde.• A Goodyear,exportou 12mil pneus o 23 mil câmarasde ar. no valor de USS 800mil para Moçambique. Acompra desses produtos fazparte do acordo assinadoentre Brasil e Moçambique,cujo valor total ó USS 100milhões.

Na última semana, asnoticias catastrofistas sobre aeconomia norte-americanaforam engordadas com aInformação de que a inflação.em agosto, havia chegado ao«incrível nível» de 13,2% aoano. seguindo-se os comenta-nos de que era a taxa maiselevada desde 19-16, logo apósa I Guerra Mundial etc. etc,etc. Pena que essa rotrospec-tiva, tiío elaborada, só tivessedeixado elo dizer duas coisas;aquele resultado, de 13,2rí,significava que. em agosto, ainflação fora de l.T' e essoresultado mensal, multiplica-do por doze meses, é que dáuma taxa «projetada» de13,2% ao ano. Pior ainda: aretrospectiva ignorava que ataxa do 1,1$ era na verdadeuma retificação: semanasantes, a inflação em agostofora calculada em l.2rr (ou14.4% ao ano). A noticia era

velha, o a piora era naverdade uma melhora

Para quem duvida ainda doque há «catastrofistas» demaiscomentando (o. não, nnali-saixioi a situação e economiamundial em geral o norte-americana om particular, ébom dizer que foi cuidadosa-monte escondido um dadofundamental, divulgado nosEUA durante a semanapassada: .Contrariando todas-(?) as expectativas», oProduto Nacional Bruto dosEUA subiu 1.3'' de julho asetembro, isto é. no terceirotrimestre do ano. Parecedifícil, aos catastrofistas.conformar-se com essesdados, já que estava todomundo muito feliz com aqueda do PNB no primeiro esegundo trimestres do ano(aliás, em relação ao segun-do trimestre, divulgou-seinicialmente que o PNB caíra

3.3'' posteriormente, ossodado foi retificado para 2,4'i.o. finalmente, para 2,3%). Adificuldade quo os economis-tase comentaristas oncon-tram diante da realidade,menos negra do quo preton-diam. pode ser encontradaneste telegrama internado-nal. recebido nas redaçõesbrasileiras dia 10 de selem-bro: "As vendas ao consumi-dor nos EUA registraram umaumento de 0.7rr em agosto,idêntico ao de julho». Comoassim? Impossível I Então, lávai: «Masa levação foi atri-buida. em grande parto, porum economista do governo,ao aumento dado pelo gover-no aos benefieários da previ-dòncia social». A eternahistória de precisar encontraruma explicação que tire (outente tirar) a importância daprópria realidade: o aumentonas vendas, o novo adiamen-to da crise terrível, Isso fica

claro no final do telegrama:-Apesar da tendência regis-trada nos últimos dois meses,muitos economistas estãoconvictos do que os EstadosUnidos encontram-se numarecessflo Iniciada no segundotrimestre do ano o que prova-velmenle vai prolongar-se atéo inicio de 1980». Quer dizer:recessão significa queda nasvendas o na produção. Se asvendas sobem, como é que sepode dizer que a recessãocontinua?

Para a economia mundial,o dado mais importante sobroos EUA corresponde à violou-ta redução — já om marcha— no déficit do seu balançodo pagamentos, pois ole ijun-to com a inflaçãol tem sidoum dos motivos para o gover-no Carter evitar a adoção depolíticas que resultem em umcrescimento mais rápidopara a economia

A Alemanha defende o dólarPara o governo da Alemã-

nha Ocidental, «o dólar estásendo subestimado o não estátão fraco como todos pare-com pensar, quando se consi-dera o poder de compra dodólar nos Estados Unidos»,disse ontem o ministro dasFinanças alemães. IlansMàtthoeffer, numa entrevistaém Belgrado,

O dólar, quo entrou numdecíinió firme o sem prece-dentes há mais de um ano.está cotado atualmente emcerta de 1.74 marcosalemães, praticamente ovalor mais baixo jà alcança-do ao longo dos anos.

Para Màtthoeffer. «narealidade 0 dólar está maisforte do que o valor alcança-do nos mercados financeiros.Além disso, o balanço depagamentos dos Estados

Unidos está em situação cadavez melhor, e acreditamosque isto vai-se refletir nascolações do mercado embreve».

Atualmente na capitaliugoslava para participar dareunião anual do FundoMonetário Internacional c doBanco Mundial. Màtthoefferrevelou que a AlemanhaOcidental apoiará a idéia deque os países possam trocarseus dólares ou outrasmoedas por créditos emDireitos Especiais de Saque,do FMI. através de um fundo

•a ser discutido na reunião.Esta medida reduziria a

tendência que os paises vêmapresentando, de diversificarsuas reservas, vendendo dóla-res e comprando marcos.«Não queremos que o marcose tome uma das principais

moedas de reserva por que aquantia total de marcos emcirculação ix) mercado (¦pequena», disse Màtthoeffer.

Contra a especulação.Màtthoeffer disse, ainda, quesou encontro de ontem comautoridades financeirasnorte-americanas, entre elaso secretário do Tesouro,William Miller, e o chefe daReserva Federal. PaulVockor. destinou-se à discus-são de problemas técnicos,como a diferença de horárioentre Frankfurt e Nova Tork.visto que essa diferença nohorário de fechamento dosmercados permite a especu-lação.

Discutiu-se. também, adiferença de juros entre osEstados Unidos e a Alemã-nha Ocidental.

Màtthoeffer frisou que aAlemanha Ocidental está

«tentando chegar a uma posi-çáo comum com os EstadosUnidos» em várias questões,particularmente quanto asexigências por parte dospaises do Terceiro Mundo deuma «nova ordem econômicamundial» e o realinhamentodo sistema monetário, inter-nacional para beneficiar omundo em desenvolvimento.Essas reivindicações foramincluídas, ontem, num docu-mento aprovado pelo chama-do «Grupo dos 24», quecompreende oito ministros daÁsia. oito da África e oito daAmérica Latina. O documen-to será submetido, hoje,segunda-feira, ao «Grupo dos77». formado pelos paises emdesenvolvimento o que hoje.na verdade, engloba 119nações, isto è, 42 a mais doque as existentes na época desua formação.

INTERIOR

A euforia comos preços do boi

A delícia de vender ao governo

CAFÉ

JOSE ROBERTOO pessoal anda rindo à toa

na praça Rui Barbosa, nocentro de Araçatuba, a «capi-tal» cia alta noroeste do Esta-do de São Paulo. Tambémpudera: de janeiro para cá, aarroba de boi gordo dobroude preço. Numa das ruasque saem da praça, no escr.-tório de Birajá Soares deVasconcelos, tradicionalpecuarista da região, ostalões de notas fiscaismostram a subida do preço:a arroba de Cr$ 510 em janei-ro passou para 520 em feve-reiro, 555 em março, 585 emabril, 605 em maio e 608 emjunho. Depois disparou para750 em julho e para mil nomês passado. Está por aí atéhoje, e houve quem vendessepor mais de mil. *

Em outra rua, ali perto,Hermes Camargo Baptista,do Sindicato Rural da AltaNoroeste, explica a alegriada praça: «Ela tem, hádécadas, o apelido de «aPedra». pois vive cheia denego duro negociando boi, e oresto». «Duro» é rico preci-sando de dinheiro, e não deveser confundido com «pobre».De pobre, na, praça, só temengraxate, também rindo àtoa na praça cheia, pois«bota de cano alto é vintepratas».

Os «duros» da praça jà nàoestão tão duros. Embora achuva não tenha verdejadosuficientemente, os pastos eengordado satisfatoriamenteas boiadas, alguns boisgordos sempre chegam nosfrigoríficos. E, em caso demomentâneo aperto dedinheiro, sempre se podelevar, para o frigorífico, umapartida de vacas ou de boismagros. O lucro é menor —pois serão dezesseis, e nãodezoito arrobas por animal, eo preço por arroba magra oufeminina também é inferior:não passa de Cr$ 950. Masserve para levantar dinheirorápido, enquanto o melhorengorda no pasto.

Quem gosta é o frigorífico.Em Araçatuba. só tem um: oMouran.1 quei pertencia aofamoso Tião Maia. imigradopara a Austrália. Nestestempos de. entresafra o

DE ALENCARfrigorífico tradicionalmentefica sem serviço, trabalhandopouco e distribuindo a carneque a Cobal (CompanhiaBrasileira de Alimentação, dogoverno) comprou na safra edeixou estocada para venderna entressafra, agora.

Mas, estes anos, como ogoverno resolveu proibir avenda de «carne verde» (nãocongelada), além dos super-mercados, também nos açou-gues da cidades maiores — econtinua comprando, por «atémil cruzeiros a arroba»,mesmo na entressafra — onegócio ficou ótimo para osfrigoríficos, que comprampor Cr$ 900 a arroba de vacaou de boi magro e passam àCobal com um lucrinho razo-ável. (Convém lembrar que ocouro, a barrigada e o restodo boi sai de graça, para ofrigorífico i.

Mesmo assim, há capacida-de ociosa no frigorífico. OMouran, por exemplo, podeabater 1200 bois por dia.' Sótem matado uma parto dissoo, mesmo assim, em apenasdois ou três dias por sema-na. Pelo menos é o que se dizna praça. No frigorífico, ogerente, Natal Drigo, diz quenão pode responder a nenhu-ma pergunta, a não ser quelhe mandem um ofício, paraser encaminhado à diretoria,em São Paulo.

Em São Paulo, os diretoresOg Maia (irmão de UgMaia e de Tião Maia) e AtilioTinelli também não dão infor-maçóes: mandam a secreta-ria dizer que «para saberquantos bois estamos ahaten-do o senhor tem de mandarum oficio para Araçatuba».

Talvez o pessoal do Mourantema ter de falar sobre issocom a imprensa. Ou talvezacredite que, falando, ogoverno (a Cobal) resolvafazer valer o trato de «atémil cruzeiros por arroba» epagar apenas 900. Afinal, osfrigoríficos estão dizendo queo trato foi de «mil por arro-ba». e nâo de «até mil». Sejalá como for. não informam.Mas a cidade, principalmentea praça, sabe que o abateestá perto de 3,5 mil bois porsemana.

alogrou o acordo entreconsumidore

A ação da Colômbia e Brasil irritou os EUAMARGARIDA CAMPOS

Os delegados dos paísesprodutores e consumidores decafé encerraram com ummalogro sua reunião de trêssemanas, em Londres: elesnáo conseguiram nem mesmoestabelecer um preço básicopara o produto, quando esseponto do acordo parecia estarpróximo de ser aprovado. Aproposta dos países produto-res era de um preço básicode 1,34 dólares por libra-peso,para o período de 79/80,calculado através de subtra-ção de uma parcela (de15%)., dos preços médiosalcançados pelo café nos últi-mos anos. Os EstadosUnidos, o principal consumi-dore. aliado à Grã-Bretanhae ao Canadá, se opuseram aesta fórmula.

Na verdade, ficou muitoclaro quo as atividades do

Grupo de Bogotá, fundo cria-do para intervir nas bolsasmundiais, evitando queda depreços do café, e, do qual oBrasil e Colômbia são osprincipais participantes, irri-taram os Estados Unidos.Em seu pronunciamento osubsecretário do Estadonorte-americano, MichaelCalingaert náo aceitou «alegitimidade das atividadesconjuntas de certos paísesprodutores», acrescentando,ainda que seu país «observarácuidadosamente» o mercadopara que os produtores nãosigam uma política de inter-venção. Nos Estados Unidos,alguns políticos pediram umboicote ao café sul-americano, caso o «Grupo deBogotá» prossiga com suasoperações.

üs países produtoresalegam, cm defesa do Fundode Bogotá, que essas opera-ções nas bolsas mundiais

i visam a defender suas recei-tas cambiais, para protege-Ias da desvalorização dodólar e ainda das incertezasmonetárias, dos crescentescustos dos combustíveis, dosaumentos dos salários etransportes. Assim, precisamde preços altos para o café.Segundo informações, o chefeda delegação colombiana.Arturo Gomez Jamarillo, —que propôs a criação de umaOPEP do café — acusou osEstados Unidos de recuarsobre as promessas formula-das na conferência de Punta

| dei Este (1961), de ajudar oi desenvolvimento econômico| dos paises latino-americanos.

Um delegado brasileiroafirmou, por sua vez, que nãoentendia a atitude norte-americana: "Os BancosCentrais ,pntram no mercadodo ouro quando querem ou

j acham necessário. Os comer-I ciantes de metais fazem oI mesmo e aos exportadores deI soja permite-se que tomemI medidas para sustentar os! preços, e ninguém os critica.

Mas quando se trata do café.isso subitamente se tornaalgo mau». Desse confrontoentre países consumidores eprodutores restou somenteuma abertura: se os preçosmundiais caírem de seusníveis correntes, de 200centavos, para 134 centavosde dólar por libra-peso, oComitê Executivo se reunirápara reexamniar um even-tua! aumento do preço-base

LEITE

Atrasa o plano de estocarMARIA CÂNDIDA VIEIRA

O Conselho de Desenvolvi-mento E"conômico está atra-sando — em mais de ummês, até agora — o plano dogoverno para a formaçãode estoques reguladores deleite (em pó e derivados)para 1980. Possivelmente, pordivergências em torno dele: opresidente do Sindicato doLaticínios e Produtos Deriva-dos de Leite de Minas Gorais,.Felício Martins, saiu acampo criticando o planocomo lesivo às indústriasnacionais de queijo e benéficoàs empresas multinacionaisprodutoras de leite em pó.

Suas criticas partiram deque o leite em pó será finan-ciado a preços, de Cr$ 70,00,quando este ano1 foram deCr$ 35,00, um aumentoportanto, de 100%. A mantei-

ga recebeu um estimuloainda mais significativo::14%, ou seja, o quilo damanteiga com um financia-mento de Cr$ 25,00 este ano,passará para Cr$ 60.00. Oqueijo,. no entanto, passaráde Cr$ 50,00 para Cr$ 70,00. oque representa uma créscimo«minguado» de 40%. Comesses preços, dizem os indus-triais do queijo, as empresasnacionais ficarão desestimu-ladas, nâo providenciando aformação do estoque de 10mil toneladas ou, pior ainda,poderão se descapitalizar.

A tecla. As coisas não sãobem assim. Quanto aoestimulo dado ao leite em pó,o presidente do sindicatomineiro parece estar com arazão porque a maioria dasindústrias dedicadas a esse

setor são multinacionais. Masos técnicos do governo negamque as empresas estrangeirasseriam beneficiadas, já quedas 30 mil toneladas a seremestocadas, 25 mil delas serãode leite em pó desnatado,que deve ser reconstituído edistribuído a população noperíodo da entressafra.Somente os outros 5 milseriam de leite integral, paraas grandes empresas estran-geiras, que trabalham comesse produto.

Além disso, a verdade éque muitas empresas estran-geiras estão se voltando cadavez mais para a produção dequeijos, como é o caso, porexemplo, da Anderson Clay-ton. Outro fato a ser observa-do é que as empresas nacio-nais de queijo se sentem

prejudicados em relação aospreço estabelecidos pelofinanciamento (80% pelogovemo e 20% da indústria),não falam nada a respeito damanteiga, que recebeu omaior aumento, estandoprevista a estocagem de 15mil toneladas. E a maioriada produção da manteiga èfeita por nacionais. Com isso,mesmo que os preços doqueijo nào sejam os maisestimulantes, a manteigapode perfeitamente compen-sar, não descapitalizandodesta maneira as empresas.

Na verdade, nâo só asmultinacionais estão sendobeneficiadas, mas também asnacionais. O prejudicado é oconsumidor que paga atual-mente pelo queijo «poucoestimulado» a quantia de«apenas» CrS 10.00 o quilo.

OPEP

Veto à tentativade elevar preços

ANTÔNIO FEl.iX0 presidente da Organiza-

çáo dos Paises Exportado-res de Petróleo (OPEP),Mana Saaed Al Otaib.advertiu, neste final desemana, os paises produto-res que. segundo boatos quecircularam nas últimassemanas, estariam propen-sos a desrespeitar o limitede 23,5 dólares o barril,fixado pela organização. Odirigente, quo é tambémministro do Petróleo dosEmiràtíos Árabes Unidos,irritou-se com a informaçãode um jornal do Kuweitque, sábado último diziaque os produtores do GolfoPérsico planejam aumentaros preços ainda nesta sema-na, à média de 10%. Otaibdisse que os Emirados Ara-bes Unidos, que pertencemao Golfo, não aumentarãoseus preços até dezembro,pelo menos, quando serárealizada a conferência deCaracas. Mais ainda: acre-dita que sequer seja noces-sário aumentar os preçosem dezembro.

O argumento de que adesvalorização do dólar,moeda usada nas transa-ções, forçaria um aumento,também não convenceOtaib. Embora um jornalis-ta apontasse que, de junhoaté agora, o dólar caiu 2%em relação ao Direito Espe-ciai de Saque (moeda doFMI), o presidente daOPEP disse quo a dosvalo-rizâção é tolerável —«podemos suportar até maisdo que isso». E que, emconseqüência, não seria ocaso de utilizar outra

moeda nos negócios. Emvista disso, elo deu sourecado aos países quefalam em aumentar ospreços: «Uma vez que sechegou a um acordo com,colegas, há que se respeitara própria palavra ou assi-natura. Essa è minhaopinião como presidente daOPEP. Não creio quoalguém possa elevar preçossem submeter a questão àconferência do ministros».

Os Emirados ÁrabesUnidos são consideradosuma força moderadora naOPEP o se aliaram à Ará-bia Saudita, principalporta-voz da ala moderadaA presidência da OPEPmuda anualmente, e operíodo de Otaib ainda esta-rá em vigor durante aassembléia de Caracas.

FMI. Nas reuniões prepa-ratórias da assembléiaanual do Fundo MonetárioInternacional e BancoMundial, que começaamanhã terça-feira, o climageral levava a uma expec-tativa de confronto entropaises industrializados eaqueles em desenvolvimen-to. Muito embora haja umatentativa de retomada dodiálogo, fracassado na últi-ma conferência da Unctad(Conferência de Comércio eDesenvolvimento dasNações Unidas) em maioúltimo. O ministro dasFinanças da AlemanhaOcidental, Hans Matthoefer,por seu lado, já se dissecontrário à criação 'de ummecanismo de financiamen-to a médio prazo dos balan-ços de pagamentos.

ÕSTEMPOS MUDAMCarros pequenos e denúncias' de acionistas

HENRY FOKD II

Vítima da OPEPe de Ralph Nader

Henry Ford II, 62 anos.neto do fundador da segundamaior organização automo-bilística mundial, transfe-re.nesta segunda-feira a seuprincipal assessor. PhilipCaldwell, a direção da-empresa, que conduziu commão-de-ferro durante os últi-mos 35 anos. Até certo ponto,a ascensão de um executivo àtesta da Ford, que sai dasmãos de um representante dafamília pela primeira vez emsua história é um produto da«Crise de energia» e dastransformações que elaprovocou no mercado. Masestá em cena, também, umoutro fenômeno dos dias dehoje: a crescente agressivida-de dos acionistas minoritáriosnorte-americanos, fruto deum movimento lançado pelomesmo líder do movimentode defesa do consumidor,Ralph Nader. No ano passa-do, Ford foi acusado por umgrupo de acionistas de terutilizado dinheiro da empresaem seu próprio benefício, náofaltando também as denún-cias de suborno. Por elas.Ford teria recebido dois mi-lhões de dólares de ImeldaMarcos, esposa do presidentedas Filipinas, como recom-pensa por haver determidadoa instalação de uma fábricaFord nesse pais

Problemas de mercado.Terceira empresa industrialdos Estados Unidos, comvendas totais de 43 bilhões dedólares e 500 mil funcionáriosem todo o mundo, a Fordnem de longe enfrenta umacrise financeira como a queatingiu a Chrysler Corpora-tion. Mas a empresa está, nomomento, sofrendo duraguerra de mercado por partode concorrentes estrangeiros(sobretudo os japonses e itaü-anos), que vem indundando omercado norte-americanccom automóveis menores e demotores menos possantes.vale dizer, poupadores decombustível. A alta dospreços do petróleo parecianão ter alterado substancial-mente o comportamento doconsumidor norte-americano.que ainda em 1978 continuoua comprar os carros grandese luxuosos a que se habitua-ra. Mas. este ano, os carrospequenos estrangeiros estar,entrando nos EUA à razão dequase 300 mil por mês, prati-camente, o equivalente a umterço do mercado. As vendasda Ford diminuíram em 17%.e sua participação no merca-do já caiuMe 23% para 20%Carros pequenos — eis aprimeira preocupação deCaldwell.

PÁGINA 10i&fflfflffityW Mlttfttt*

REPUBLICA SEGUNDÀ-PEÍRA I'1 DE OUTUBRO DE 1070

SAO PAUIX)

m ILHA COMPRIDA_#*•_

Vendida até o sexto andarJá estão vendidos 98 quilômetros de uma ilha que tem 75

JOSÉ MEIRELLES PASSOS

Eles chegam bem cedo, namanha de sábado, carregan-do unia mesinha de armar, acadeira do lona. um guarda-sol de cores bem vivas, umapastlriha 007 e se instalam napraia. Espalham mapas efolhetos sobre a mesa. aniin-ciando sonhos e vantagens dotipo .corno gozar a vida eobter lucros rápidos», eficam à espera dos trouxas.Perdflo: dos interessados.Essa legitío de rapazes de' sotaque carregado, quedenuncia sua origem interio-nina. na"o reside por aqui. Sei

| uns poucos. A maioria vemde São Paulo, de Guarulhos eoutras cidades como Soroca-ha. de onde Ricardo e Luizi-iiIki. por exemplo, se deslo-cam todo fim de semanapara o extremo sul do litoralpaulista, para vender terre-nos aqui na Ilha Comprida.

Eles falam mais do que aboca. E têm que falar muitopara convencer os turistas,agora mais ressabiados com

- a fama desses loteamentoslitorâneos. Os moços desdo-bram-se em gentilezas erticsuras. encharcam o inte-ressado de cerveja, e gastamaté meia hora na tentativa decomprovar ao cliente que osseus terrenos sáo quentes, adocumentaça~o está em ordemetc Tentam ganhar o freguêsna conversa, exibindo xeroxnao autenticadas de papéisde procedência duvidosa.Knfim. por persuasão ou

¦ aporrinhaç ao. sempreacabam aliciando compra-dores.

A tarefa tornou-se maisdifícil depois que as prefeitu-ras de Iguape e Cananéia. a

. quem esta ilha de 75 quilôme-• .tros de extensão pertence,passaram a publicar nosjornais paulistanos — e comuma freqüência espantosa —

L relações de loteamentos clan-destinos. Só que. quando issoocorre, quem caiu na armadi-lha já pagou mais da metadedas prestações, e ai só adian-ta chorar. Porque só enteioesses desavisados se dão aotrabalho de ler com todo ocuidado aquelas letrinhasmiúdas do contrato de vendado terreno, e percebem lápelo fim. um item que diz

¦ 5 que ele. o comprador, exami-

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COMEMORAÇÃO

São Miguel, que oprogresso empobreceu

A antiga aldeia Uraraí faz 357 anosVEItA LÚCIA COSTA

O ESCRITÓRIOAssim funcionam as imobiliárias que vendem terrenos

nou as terras e documentos tjá tomou posse delas, estandode acordo com a documenta-çáo apresentada no ato.

O que geralmente aconteceé o turista dar uma pequenaentrada e assinar promissó-rias a serem resgatadas nospróximos 48 meses, simples-mente depois de uma boaconversa e uma passada deolhos na papelada que ovendedor lhe apresenta.Naturalmente, ele é levado aver a terra que adquiriu:mas quem garante que aque-lie terreno ali é mesmo o seu'.'O gentil vendedor, é lógico.Assim, o feliz proprietário deum belo pedaço de terrabeirando a praia imensa,volta feliz da vida para S.Paulo ou Interior, fazendoplanos para o próximo verão.Quando resolve voltar, paratratar dos detalhes paraconstruir uma casinha, oumesmo limpar a área paraacampar, por exemplo, oinfeliz não consegue encon-trâ-la. porque náo tem umponto de referência: asconfrontações náo estáomuito claras naquele contratoque ele assinou, temposatrás, com tanto entusiasmo.Aí. recorre a pessoas como ovelho engenheiro agrimensorEmílio de Paula Souza, quemora há 25 anos em Iguape.

-Tenho pena deles», me dizEmilio. «porque a maioria égente humilde que comprou aterra com muito sacrifício.Então, salmos á procura equase sempre só encontra-mos dois quadros: o terrenojá está ocupado, ás vezescom uma boa e antiga casasobre ele. ou então não exis-te. Ou melhor: está dentrodágua. Porque aqui é usualfazerem o loteamento. nopapel, sempre com 3 milmetros de fundo. Mas a ilha.em muitos trechos, temsomente 2.600 metros, e o lotefatalmente está dentro domar».

O velho e paciente Emiliotambém é muito procuradopara servir de testemunhaàqueles que. não se importan-do em gastar mais dinheiro,resolvem ir ás últimas conse-qüênciàs, Ele conta que háuma infinidade de processosjudiciais espalhados por todoo Interior, e que há centenasde ações de reintegração deposse e de manutenção deterras na Comarca de Igua-pe: "W< dos vendedores queoperam na Ilha são viga-listas».

O prefeito. Carlos FaustoRibeiro, não tem muito adizer. E talvez nem possa, ounão deva. Afinal, em outra

legislatura, dez anos atrás,houve uma data que a cidadeainda náo esqueceu: ele apro-vou 33 plantas de loteamentosnum só dia! Eram 33 balneá-rios que náo poderiam seraprovados, uma vez queeram baseados apenas emdireitos possessórios.

Mas quem se importa comisso'.' Até hoje muito picaretaconsegue enganar a ingênuaclasse média, utilizando-se dedocumentos oficiais . É muitofácil registrar um loteamentomesmo sem título dedomínio, só com um direitode posse que pode até serforjado. O sujeito faz umprojeto é o submete à Cetesbpara aprovação, depois aoDepartamento de EngenhariaSanitária da Secretaria deSaüde do Estado, e aosministérios da Marinha.Aeronáutica e Exército. Coisade praxe. A Cetesb aprova oprojeto, mesmo sabendo quenão há rede de esgotos ou deágua nos 220 quilômetrosquadrados da ilha. o quetambém parece nâo preocu-par a Secretaria da Saüde. Eos ministérios militareslambem expedem a autoriza-ção de costume, uma vez queali não é uma área considera-da de segurança nacional.Com esses documentos em

mãos, os picaretas dão entrada num processo nos cartórios de Iguape ou Cananéiaque expedem uma certidãoadvertindo apenas verbal-mente que. apesar do proces- !:o iniciado, não lhes é permi- Itido vender os terrenos. Commais esse papel, os sabidosvão às prefeituras c regis-tram a planta. Golpeperfeito.

Ai. saem vendendo.Alguns, como revelam oscorretores de imobiliáriastidas eximo idôneas, prejudi-cadas pela ação de inúmerospicaretas, aproveitam-se paragolpes mais audaciosos e,sem dúvida, mais seguros.Saem á procura de empresasque estão para falir, epropõem aos proprietários acompra de terrenos por preçoabaixo do custo, numa vendapor atacado. O sujeito quenão tem. digamos, 10 milhóesde cruzeiros para pagar oscredores, entra na jogada,comprando cem lotes por até

1 milhão de cruzeiros. Para ocorretor, interessa é dinheirovivo nas mãos. Ele transferea papelada fria para oempresário, que, por sua vez.diz aos credores que não têmdinheiro, mas sim umastoninhas lá no litoral, naIlha Comprida, um verdadei-ro paraíso, onde o mar nãoestá poluído. E o credorentra. Aceita a papeladacomo pagamento. Quando vaiver. danou-se duplamente.

Por isso tudo. se diz hojeque na Ilha Comprida só háterrenos para vender nosexto andar. O que. emborapareça, náo é piada. Pois naúltima ação discriminatóriafeita rui Ilha. promovida pelaprefeitura de Iguape. em 195fi— notem bem: há 23 anos! -constatou-se 23 quilômetrosde grilagem. Ou seja: embo-ra a ilha tenha 75 quilôme-tros de comprimento, pelapapelada registrada, haviam23 quilômetros a mais.«Hoje», diz o experienteEmilio Souza, agrimensor."deve haver uns 200 quilôme-tros de grilagem por lá».

Por isso. náo é comnenhum favor que a IlhaComprida é também conheci-da como o paraíso dos pica-retas.

A reação inicial de quemchega a Sáo Miguel Paulistaé de surpresa. Uma surpresaagradável porque, ;i primeriavista, o bairro de 530 milhabitantes na periferia dacapitai paulista mostra umprogresso razoável, com sutisduzenlas indústrias de grandee médio porte com seucomércio bastante movi meu-tado. È preciso olhar umrxiucomais fundo, sair para jos arredores desta antigaaldeia 1'rurai. que ontem jcomemorou seus 357 anos de 'existência, para que a reali-dade comece a aflorar mais !claramente. Ali. diariamente, Io progresso faz novas viti- |mas, entre aquela gente Idesassistida. que enfrenta !gravíssimos problemas sani- |tàrios-, de habitação, trans-portes etc. A cada dia. umnovo caso de tuberculose eum novo barraco, paraengrossar o contingente atualde quinze mil favelados.

Sáo Miguel Paulista temdois símbolos. A igreja cons-tniida pelos Índios em 1622.até pouco tempo mostrava,no seu abandono, a suprema-cia da nova era que se insta-lou em 1937, com a inaugura-ção da Companhia Nitro-Química Brasileira doindustrial José Ermírio deMoraes. A igreja e a fábrica.A indústria trouxe os opera-rios, e eles chegaram emgrandes levas, principalmen-te do Nordeste assolado pelaseca. Depois vieram asfamílias, os parentes, osamigos. A infra-estruturapara toda essa população,como sempre, quando chegoufoi atrasada. Abandonada, aigreja passou a servir deabrigo para quem não tinhaonde morar.

Quando organizou a festade ontem, para comemorarmais um aniversário, o bair-ro tinha alguns motivos paraesperar que a situação iriacomeçar a mudar. A igrejafoi considerada patrimôniohistórico e passa por obrasde restauração. 0 prefeitoReynaldo de Barros. ao assu-mir a ftefeitura, disse quesua prioridade seria a perife-ria. Mas. embora convidadopara a festa, não compare-ceu, assim como o governa-

dor Paulo Maluf e a Paulis-ttir. que havia prometidocolaborar, A restauração daigreja fica como uma exce-çáo dentro do desinteresseoficial |xiu bairro.

Depois de, já em 1957,chegar aos oito mil funciona-rios, a Nitro-Qiiímica perce-beu que toda aquela popula-ção nao dispunha de condi-çôes mínimas para podercontinuar produzindo. A pró-pria empresa tratou de cons-trair, então, berçário para osfilhos das funcionárias, parqueinfantil, escola do Senai,restaurante, hospital e umacooperativa onde se encontra-vam desde gênerosalimentícios até material deconstrução. Construiu,também, uma praça esporti-va e casas populares queeram alugadas aos operários.

O baiano João Araújo daSilva, que chegou em 51 paratrabalhar na empresa, achaentretanto, que a Nitro-Química não fez favornenhum a ninguém. "Na

verdade, ela precisava danossa mâo-de-obra e muitagente deu o seu sangue aliEu nâo agüentei e sai»,

As estatísticas mostramque Sáo Miguel Paulistarjossui um dos maiores indi-ces do mortalidade infantil noEstado o registra, atualmen-te. um caso de tuberculose pordia. As causas: a fome c asmas condições de vida dapopulação; Tanto no Hospitale Maternidade de Sâo Miguelquanto no posto de saúdelocal, os problemas são aque-les que se encontram namaioria dos bairros periféri-cos da capital: longas filas,

gente chegando ás -1 horas damanhã para ter algumachance de ser atendida.

O próprio administradorregional, engenheiro Horáciode Almeida, reconhece:"Esta é a uma das pioresregiões que já conheci», Solu-ções? "Infelizmente, só alongo prazo, porque osproblemas sâo tantos que,mesmo com a verba triplica-tia, seria difícil resolvê-los».

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PERIFERIA DA PERIFERIAA cada dia. um barraco novo nas javelas

CONSELHOS COMUNITÁRIOS

Democratização por decr ¦_*¦%'»»_»¦"'_. «fPIB *fl <S^ia_x _*¦&«! ^^k*^ aec% tfé^

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Os conselhos idealizados pelo prefeito darão a resposta

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Água. esgoto, luz, calça-mento de rua. transporte,creche, escola, hospital euma gama infinita de reivin-dicaçoes da periferia paulis-tana tentam, diariamente,alcançar os gabinetes daadministração municipal.Nem sempre com sucesso, ospedidos, tão velhos quanto aprópria cidade, são encami-nhados através de vereadorese de representantes de Societdades de Amigos de Bairros,atravé? das administraçõesregionais.

O prefeito Reynaldo deBarros resolveu, no últimodia 12, acabar, por decreto,com o problema. Ele preten-de que os Conselhos Comnu-nitários — formados por 2representantes de associaçõesde ciasse, 2 de clube e servi-

ços. 2 de entidades sociais, 6de movimentos sociais e reli-glosos: e 3 de Sociedades de

amigos de bairro (SABsi,organizados nas 17 adminis-trações regionais e com livreacesso ao seu gabinete —permitam uma participaçãodireta da população na atua-ção da prefeitura. Inclusive,no planejamento orçamenta-rio de 1981.

Vai além: Reynaldo querdiscutir custos e projetosatravés de uma sistemáticade audiências aos conselhei-ros, formando equipesespecíficas para projetosdeterminados. «É necessáriomobilizar as forças vivas decada região, para. com aparticipação das liderançasautênticas de todas as cama-das da população adequar-se

HELENA VIEIRA

a ação da municipalidade ãemergência e à dinâmica dosproblemas que á cidade temde enfrentar» — disse oprefeito, ao assinar o decreto.

Tanta preocupação demo-cràtica — enfatizada inclusi-ve pelo secretário dos Nego-cios Extraordinários, TufiJubran. da CoordenadoriaGeral do Planejamento,Cândido Malta Campos Filho,e pela Coordenadoria do BemEstar Social (COBES), -parece esbarrar, exatamente,na dificuldade através de umdecreto.

Representatividade. Ovice-presidente do CoaselhoCoordenador das SABs e

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1",REUNIÃOTentando, sem muito êxito, decidir quem representa quem

escrituràrio da prefeituraAlmir de Barros. reuniu, naúltima quinta-feira, cerca de30 representantes de entida-des para discutir o decreto.Presentes desde associaçõesde advogados até as IgrejasCatólica Apostólica Brasilei-ra, Ortodoxa Ocidental eApostólica Reunida. Observa-dos por membros do Lions,do Rotary, umbandistas,pentecostais e outros.

Três pontos básicos, relati-vos â representatividade doconselho, foram debatidos. Odecreto determina dois repre-sentantes para as associaçõesde classe. Como escolhê-los?Um dos empregados e umdos patrdes? Como encontrarbases sindicais em todas asregionais?

Aos clubes de serviço, a leiestipula igual número derepresentantes «Desse modo,o Lions e o Rotary têm,desde já, suas cadeiras cati-va Asseguradas», comentavaum representante de SAB.Mas o problema principal serefere aos movimentos soei-ais e religiosos, com direito a

delegados por regional.O bispo da Igreja Católica

Apostólica Brasileira. Fran-cisco de Souza, chegou asugerir a supressão do item.temeroso de que, por possuirmaior numero de paroquias,a Igreja Apostólica Romanaacabasse ficando com maiorrepresentatividade.

O dedo de Maluf. Não hàrepresentantes da classepolítica nos Conselhos Comu-nitários. Um cuidado impor-tante. segundo Almir deBarros. pois evita a manipu-lação política. O secretárioTufi Jubran, entretanto, jàavisou que os vereadorespoderão participar dos Conse-lhos, representando enti-dades.

Isso engrossa o caldo dogoverno e pode servir paraMaluf formar o Arenão nacapital — raciocina o presi-dente da Câmara Municipal,Euripedes Salles, do MDB.

Jâ o arenista AurelinoSoares de Andrade. 56 anoSde idade e 23 de clientelismona Câmara Municipal, verea-dor mais votado da ZonaIjeste em 1976 pelo seu parti-do, acha importante a cria-ção dos Conselhos «desde quesejam supervisionados nogabinete do prefeito pelosvereadores, para orientar aprioridade das reivindica-ções».

A ditadura fez com quea maioria das entidadespopulares caísse nas mãosdos pelegos. Por isso, jâ sesabe que tipo de conselhos

! comunitários serão esses* Éi uma tentativa de construir

uma base de apoio ao gover-no, a nivel municipal, e darsustentação ao Arenão.buscando, ao mesmo tempo,meios de controle dos movi-mentos sociais e populares —diz o vereador BeneditoCintra, integrante da chapaUnidade Popular ao diretóriodo MDB paulista.

Não só os políticos descon-fiam do decreto. OliverCosta, 33 anos, em preiteiro epresidente da Sociedade deAmigos de Bairros da VilaCristália, na Zona Norte,conhecida como a «Biafrapaulistana», e que reúne 600famílias, acha que os Conse-lhos Comunitários serão basepara novos partidos. «Dentrodeles, não será possível criti-car o governo ou defendernossos interesses. Se existemas SABs para que inventaroutras milongas? E, mesmonas SABs, está cheio depolitico infiltrado. É maisuma tentativa de aüciar agente».

O projeto de CuritibaMAURO MARTINS BASTOS

O Projeto Vizinhança, elaborado pela: Prefeitura de Curitiba, pretende que a popu-; laçáo participe na formulação das priorida-I des necessárias ao seu próprio atendimento.

A idéia está sendo executada a partir dasassociações de bairros e de um trabalho juntoás comunidades de base criadas pela Igrejanos bairros de Curitiba. Com pouco menosde 2 meses de implantação, a prefeitura nãocolheu ainda uma avaliação precisa sobre oseu desempenho.

No entanto, o Departamento de Desenvol-vimento Social, segundo seu diretor, LuisCarlos Zanoni. tem detectado na execuçãodo projeto junto às populações da periferiaque os melhoramentos mais insistentementereclamados são, pela ordem de prioridades:esgoto e atendimento médico-ambulatorial.

Assim, o projeto leva o nome de Vizi-nhança à medida em que caracteriza o aglo-merado de moradias constituídas por certonúmero de quadras, contendo necessidadesde investimentos urbanos comuns, nos quaisseus habitantes, em conjunto com a prefeitu-ra, deverão definir e implantar os beneficiossolicitados.

Cada Vizinhança comporta em média 16quadras e 220 famílias. A prefeitura jã deci-diu implant-r 649 «Vizinhanças» que pode-rão -atender aproximadamente a 600 milpessoas, ou quse 6eTf da população curitlba-na. Basicamente, a coordenação do Departa-mento de Desenvolvimento Social tem feitoreuniões com essas comunidades, que diasantes recebem em suas casas convite expli-cardo a necessidade de opinar sobre o quedeve ser melhorado. Nessas reuniões sãoescolhidas lideranças por quarteirões.

Decidida pela comunidade que o impor-tante. por exemplo, é o esgoto, a prefeitura,numa experiência realizada até agora nobairro do Xaxim, tem decidido entregar auma comissão formada pelos próprios mora-dores o material necessário ao encanamen-

to: maniihas, cimento, areia. No bairro doXaxim, por exemplo, houve uma associaçãode mutirão e pequena empreiteira, quepermitiu aos moradores instalar centenas demetros de esgoto até uma rede coletora daCohab, ao preço de 1.200 cruzeiros pormorador. A Sanepar - que è a empresa desaneamento, água e esgoto de Curitiba —nao faria por menos de 10 mil.

Os moradores da Vila São Pedro decidi-ram que o importante seria um Centro deSaúde. Isso determinou uma série de reuni-ões, nas quais foram debatidos problemasde saúde, higiene e condições de saneamen-to do bairro. Foram feitas triagens de 150pessoas da própria comunidade, interessa-das em trabalhar no centro como atenden-tes. Em um teste feito posteriormente,foram escolhidas 10 pessoas que hoje traba-lham como atendeptes, auxiliando os 3 medi-cos do posto, que deverão atender a umapopulação de 15 mil pessoas.

O posto atenderá a população em doisniveis: preventivo e curativo. No primeirocaso, os 15 mil moradores da região a seratendidos serão cadastrados e definidasfaixas de atendimento preventivo. Porexemplo, em determinada faixa do calendá-rio do posto, todas as gestantes farãoexames de acompanamento. sem prejuízodo atendimento curativo, a qualquer hora.Em outra data. todas as crianças em umafaixa de zero a seis anos, independente deestarem doentes ou náo.

Esse trabalho de Medicina Preventivadevera ser executado pela equipe de aten-dentes retirada da própria comunidade parafacilitar o contato, nos caos de vacinação,problemas de verminose. e nos casos bási-cos de alcoolismo, hipertensão e diabetes.por exemplo. No entanto, a prefeitura reco-nbece que a disseminação desses Centros deAtendimento será difícil de se estabelcer.uma vez que os recursos para esta área sãoescassos e, os investimentos exigidos, muitograndes.

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SEGUNDA-FEIRA P DE OUTUBRO DE 1979

REPÜBLíQ^TRABALHADORES

PÁGINA

Outra fórmula parareduzir preços

Um supermercado sem luxo,com poucos funcionários e apenasos artigos de primeira necessidade

Sc a coisa der certo, c tem pelo menos umbom argumento para dar, os publicitáriosterno que ativar ainda mais a imaginação,para seduzir os consumidores. Contra eles,numa operação quo seus idealizadores chamamde «antimarketing por excelência», surgirãoaté o final do ano uma dúzia de pequenaslojas, formando uma cadela denominada«Mini Box», vendendo, por preços bem maisbaixos do que os da praça, alimentos, produ-tos de limpeza c higiene. Na verdade, a

primeira casa começou n funcionar neste últi-mo fim de semana em Rudge Ramos, o cora-çAo da comunidade operária do ABCD.

Trata-se dc uma iniciativa do Grupo Pãodc Açúcar que garante obter uma margem dclucro, liquida, de apenas um por cento nessenegócio. As lojas «Mini Box», evidentemente,não oferecerão os 5 mil produtos que ossupermercados colocam à disposição dosconsumidores. Lá, as donas-de-casa encontra-

rão quinhentos itens, produtos verdadeirnmen-te de primeira necessidade. E não haveráoutras regalias, além dc bons preços: oscompradores receberão uma lista de preçosna porta das lojas, para escolherem os produ-tos sem necessidade dc ficar andando á toa,mas deverão levar suas próprias sacolas oucaixas, já que as mercadorias não serão colo-cadas em cartuchos: ficarão expostas nascaixas e fardos originais, das fábricas, e osfregueses é que terão de abri-los,

Os fregueses só não encontrarão produtosperecíveis, Segundo Sílvio Bresser Pçreirn,diretor do Grupo Pão do Açúcar, ns lojasevitarão que os consumidores comprem «porImpulso»/ levando para casa o estritamentenecessário, a exemplo do que ocorre cmvárias cidades dos países desenvolvidos.

Embora a primeira «Mini Box.» tenha sidolançada numa zona operária, a ciasse médiapode ficar tranqüila, porque as próximaslojas surgirão também em seus bairros, ,

O PM pedeaumento.

E Ncy Bragase irrita

Duas cartas abertasassinadas por milicianosda PM paranaense estãoirritando o governador NeyBraga. Na primeria achegar ás redações dosjornais ,de Curitiba, ossoldados queixam-se da«falta de ação do coman-do, a falta urgente de umlider que abra os olhos ea vontade de todos paratrabalhar». Segundo otexto, os comandos nãotèm acesso às decisões, amaioria saída de gabine-tes, e são impedidos dequalquer participação.

Mas foi a segundacarta, assinada por umpolicial que se identificaapenas como «um soldadohonesto c autêntico», quemais irritou o governador.Nela, o policial afirmaque, com 25 anos nacorporação, seu salário éde Cr$ 2.872,00. E cobrade Ney Braga o fato deter congelado, em suagestão anterior, a bonifi-cação de um terço dosalário, a que os policiaismilitares tinham direitopelo risco de vida de seutrabalho.

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|k tem tudo! )

Tiroteio. Ea ROTA

mata quatrobandidos

Desta vez não houveenganos. Tanto os doisrapazes que a ROTA 374matou no Tatuapé quantoos dois que a ROTA 370matou em Diadema, namadrugada.do sábado,eram bandidos. ArnaldoAlves e Cláudio Furtuosode Jesus acabavam deestruprar MarinalvaSantos Leal, em um mata-gal da Estrada do Alva-renga, quando a ROTAchegou.

Marinalva e VeraildesSilva Melo estavam fazen-do um despacho demacumba e foram surpre-endidas pelos dois assai-tantes. Veraildes conse-guiu fugir e chamou apolícia. Quando a ROTAchegou, Arnaldo e Cláudiotentaram resistir ãprisão e, no tiroteio,foram mortos.

Alguns minutos depois,no Tatuapé, a ROTA 374localizou o Fiat chapaKH-1030, roubado, comdois homens dentro.Tentando pará-los„os poli-ciais militares foramrecebidos a tiros e revida-ram. Mais tarde, JoséAntônio Jiantala reconhe-ceu os dois desconhecidosmortos como os homensque roubaram seu carro.

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Congressoestudará alegislação

sobre menor«As leis que protegem o

menor abandonado — quehoje alcança 25% da popu-lação brasileira — só vãoincidir sobre fele depoisque jà virou problema,conforme

"a lei vigente».Com base nessa opiniãoda psicóloga Ilku Blanchserá realizado, em novem-bro, em Porto Alegre, o ICongresso Racional doDireito do Menor, do qualBlanch é a coordenadora.

O objetivo do congresso,é precisamente, o de estu-dar uma nova legiBlaçãoreferente ao menor, umalegislação preocupada emque «a criança cresçacom valores que lhe dêemcondiçí^s de enfrentar ofuturo e de, educar umanova geração».

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PAGINA 12 REPÜBIJQVTRABALHADORES

;É0UNDA.FBIRA !'¦ DU OUTUBRO PB 1079

SÃO LUÍS

Lock-out dos ônibus.E novo quebra-quebra

Proprietários param todas as linhas

Um inesperado lock-out dosproprietários de ônibus deSão Luís, capital do Mara-nhão, provocou durante anoite de sábado um novotumulto na cidade, do qualresultou o apedrejamento delojas, residências, letreiros esinais de trânsito, além dadetenção de dois estudantessecundaristas pela PoliciaFederal. A confusão começouao terminar uma assem-blèia-geral realizada nocentro da cidade, na praçaDeodoro, durante a qual osestudantes foram informadosde que a partir de hoje volta-riam a pagar meia passagemnos transportes coletivos (foio não atendimento dessareivindicação que provocouos incidentes da semana

passada). A decisão sobre adata da meia passagem foratomada pelo prefeito MauroFecucy, em reunião de;quatro horas com represen-ítantes dos estudantes, dai,seçáo maranhense da Ordemdos Advogados e da Associa-leão dos Proprietários dej'Ônibus.

I Pouco depois das 18 horasIde sábado, ao encerrar-se aassembléia geral dos estu-dantes, eles se dirigiram ao'terminal de ônibus próximo àpraça Deodoro e lá foraminformados da decisão dosproprietários de. sem qual-quer aviso prévio, retirar decirculação todos os ônibus;das oito linhas que operam jna cidade. Foi o suficientel

POLÍTICA SALARIAL

Governo preparasuas respostas

Produtividade, a questãoAo anunciar a nova políti-

ca salarial, o Ministério doTrabalho divulgou secamen-te que a sua base será ataxa de produtividade dasempresas. E não deu maisdetalhes a respeito. Asdiscussões que surgiram,em seguida, acirradas pelarevolta dos sindicatos detrabalhadores, que viram aía possibilidade de osempresários falsearem indi-«es em seu pr opriobeneficio, parecem ter inco-modado um pouco o minis-tro Murillo Macedo e asses-sores. Agora, a Secretariade Emprego e Salário,daquele ministério, acenacom uma série de sugestõesa respeito.

Antecipando-se aos deba-tes entre empregadores eempregados, nas negocia-ções coletivas a partir denovembro, quando entrarem vigor a lei da novapolítica salarial, a equipede Murillo Macedo anunciaa realização de diversosestudos sobre taxa deprodutividade. Sò quefrisam: apresentaràoapenas sugestões, porque afórmula a ser usada nasnegociações, dizem, terãode ser encontradas entre as,partes.

O Ministério do Trabalhojá relacionou quatro fórmu-'Ias para propor. A relaçãoentre faturamento do setorè número de mpregados do

setor; a lucratividade emrelação ao número deempregados; e produ-ção/número de emprega-dos. Além da que parecemais cotada, dentro doMinistério: a do professoritaliano Ângelo R. DelMonte que, num estudo de27 páginas demonstra queuma das formas mais efici-entes de se aferir a taxa deprodutividade é tomar como

jbase o dinheiro. Ele diz aue'a taxa obtida com certaprecisão, se for dividido ovalor total do faturamentode uma empresa (ou de umsetor), pelo total aplicadoipara se obter esse fatura-I mento. Leva-se em conside-ração, nesse total aplicado,tudo o que foi gasto para seproduzir os artigos quegeraram o faturamento.Assim, considera-se comocomponentes do total apli-cado, os salários, os encar-gos sociais, matérias-primas, investimentos,distribuição dos produtos,publicidade — enfim, tudoque se aplicou.

De qualquer forma oMinistério do Trabalho vaipagar para ver: admite quea questão da taxa de produ-tividade deverá ser melhoresclarecida a partir denovembro, na prática. Asprimeiras negociações éque deverão indicar oscaminhos. Espera-se, então,pelas cobaias.

para que, em minutos, come-casse o quebra-quebra,enquanto os trabalhadoreseram obrigados a fazer a péaté 40 quilômetros, parachegarem a suas residências.•Os táxis, por sua vez, apro-veitavam-se da situação paracobrar o que queriam,aumentando a irritação dapopulação.

Clímax. A situação chegoua tal ponto que o presidentedo diretório regional doIMDB. deputado Freitas.Diniz, fez uma séria adver-téncia: «Se as coisas continu-arem como estão, a insatisfa-çao popular atingirá umclímax incontrolàvel». Odeputado emedebista culpa,naturalmente, as autoridadespor tudo o que está ocorren-do: «Isto é uma calamidadepublica. O povo sem ônibus,empresários, ilegalmente,fazendo greve branca, ogovernador e o prefeito debraços cruzados, sem decidirnada, sem dar satisfação àpopulação. Até onde preten-dem levar o Estado? Ao abis-,mo da inconstitucionali-dade?».

O líder emedebista lembrou]que o governo tem poderesjpara cassar a concessão das;linhas, em face da ilegalida-de da greve, requisitar osônibus e colocá-los em circu-lação com motoristas doEstado. É essa fl solução queele defende, pois «o governa-;dor náo tem idéia do que-significam 80% da população.:muitos desempregados ou;subempregados mal alimenta-;dos, sem escolas, doentes,caminhar da casa atê ocentro da cidade sem que ógoverno esclareça como equando os ônibus voltarão acircular».

A Polícia Militar do Estadoestá de prontidão, recolhidaaos quartéis, mas, até o finalda tarde de ontem, o governoestadual não havia emitidonota alguma de esclareci-mento.

A previsão — e o temor demuitos — é a de que, hoje,segunda-feira, dia em quemaior numero de pessoas;trabalha e estuda, em compa-raçáo com o sábado, a situa-ção se agrave ainda mais sepersistir a falta de transpor-te. Afinal, como diz o deputa-do Freitas Diniz, 80% dapopulação de São Luís depen-de dos transportes coletivospara se locomover, principal-mente dos ônibus, ainda maisagora que os táxis estãocobrando o que querem por'qualquer corrida. «Vivemos»

diz o deputado emedebista«uma expectativa muito

séria».

ALMIR PAklANOTíQ

Um projeto perigosoTramita pelo Congresso Nacional proje-

to de lei da autoria do senador AloysioChaves, especificando as hipóteses nas quaisas decisões, nos dissídios coletivos, poderãoestabelecer normas e condições de trabalho,e trata dq exercício do direito1 de greve.

Louve-se o interesse do ilustre parlamen-tar, que sç dispõe a enfrentar o velhoproblema dos limites da competência daJustiça dò Trabalho, em matéria de podernormativo, limites até hoje vagos e indefini-dos, face à omissão' quase que completa dalegislação vigente. E abra-se um parentesispara uma homenagem à Justiça do Traba-lho, cujos integrantes coaretados durante operíodo ditatorial, souberam, frequentemen-te, agir com imaginação e decidir comsensibilidade. Impedida de conceder aumen-tos acima dos índices oficiais, a Justiça doTrabalho dilatou outro campo de atuação,passando a deferir reivindicações originais,como estabilidades à empregada gestante eao menor em idade de incorporação a servi-ço militar, a obrigação do fornecimento deenvelope de pagamento, ,a sobretaxa nashorafrêxtras excedentes de diárias, o saláriosubstituto "etc, antecipando-se ao Legislati-vo e ao Executivo com um pioneirismo nemsempre bem compreendido.

Voltando ào projeto, apesar das boasintenções do seu autor, é ele confuso emmatéria de reajustamento salarial, aomesmo tempo em que se apresenta vazio deconteúdo no que se refere às condições detrabalho, propriamente ditas, deixando deespecificar quais as outras hipóteses nasquais d Judiciário poderá estabelecernormas disciplinadoras das relações detrabalho.

Quanto ao direito de greve — em torno doqual as opiniões se entrechocam, opondo, deum lado, os trabalhadores, e de outro,empregadores e governo, o projeto erraporque ,áceifa, como pacífico, o princípioadotado na Constituição de 67, e confirmado.

pela Emenda n9 1 de 1969, segundo o qualnão pode haver paralisação nos serviçospúblicos e atividades essenciais.

O direito de não continuar trabalhando,vencido um contrato coletivo, e enquanto assuas novas reivindicações não forem exaus-tivamente negociadas, chegando-se a umacomposição dos interesses em conflito, é de

| todos os assalariados, a menos que se nãodeseje mais do que mera simulação grotes-ca dé democracia.

Não temam os empregadores, nem seescandalizem os homens do governo. Àmedida em que os sindicatos, grandes ou

' pequenos, passem gozar do respeito quemerecem nas mesas das negocia ções, que osempregadores nâo joguem com cartasmarcadas, tendo como parceira a Lei deSegurança, as greves irão se tornando maise mais episódicas, e quando deflagradas nãostBcitar-to nenhum temor ou desconfiança.Serão encaradas com a mesma naturálida-de, e como um risco normal assumido pelosempresários e pelos empregados, quando osertendimentos não alcança rem êxito.Nenhum projeto de lei poderá ser técnica-mente perfeito e merecerá ser consideradoequilibrado e justo, nesta matéria, enquantopartir da odiosa discriminação constituejo-nal, que serviu de base para a elaboraçãode um decreto-lei draconiano, parcial, feitopara beneficiar um punhado de grandesempresas -entre as quais os bancos. Refiro-me, como está claro, ao decreto-lei 1.632/78,uma das derradeiras manifestações de auto-ritarismo do presidente Geisel.

Ao tempo em que se preocupam com oprojeto de atualização da CLT e com oprojeto de reforma da lei .salarial, sugiro àslideranças sindicais que tomem conheci-rrerto, também, do projeto de lei n? 249/79do Senado Federal, para não serem, eventu-almente, colhidas desagradavelmente desurpresa. i

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METALÚRGICOS

Joaquim adverte ospatrões: haverá greve

Tem até dia marcado: 22 de outubroDJALMA DE OLIVEIRA E MARGARETE ACOSTA

Joaquim dos Santos Andra-de. presidente do Sindicatodos - Metalúrgicos de SãoPaulo, foi incisivo: «Ou ospatrões atendem boa partedas nossas reivindicações, ouentramos em greve». E foi;esse o teor do discurso quefez aos pouco, mais de milmetalúrgicos de Sáo Paulo,Osasco e Guarulhos reunidosem assembléias, na manhade ontem, no cine Piratinin-ga, no Brás. • «Os operáriosestão aguardando os resulta-dos da nova lei trabalhistaem tramitação no Ministério,para depois entrarem emação», disse Joaquim, aoexplicar o baixo compareci-mento à assembléia, querepresentava 500 mil meta-lúrgicos nos três municípios.«A bola de neve — afirmou— começa a rolar agora».

Passados treze dias, ochamado Grupo 14. encarre-gado de examinar as propôs-tas pelo lado dos patrões,ainda não se manifestou sobre Ias reivindicações dos meta-lúrgicos que, entre outrascoisas, querem um piso sala-rial de 7.200 cruzeiros eaumento de 83% sobre ossalários atuais. Com as grati-{.cações obtidas no meio doano - entre 13,20 e 22%, —esse reajuste representaria,na realidade, de 100 a 115%

sobre os salários fixados nodissídio do ano passado.

A próxima reunião entre ossindicatos e o Grupo 14 seráamanhã, na sede da FIESP.Afirmando que. entre osgrupos empresariais, esse é oimais reacionário, Joaquimestá convencido de que nãohaverá acordo, amanha.Tanto que o dia 22 de outubrojá foi escolhido para a defla-gração da greve. «Participode movimentos' operáriosdesde 1953 e sei que o melhordia para se iniciar uma greve|é segunda-feira», disseJoaquim.

A mobilizaçãodeve começardentro de casa

Na assembléia de ontem,vários dirigentes falaram danecessidade de serem refor-çados os comandos e comis-soes de fábricas. FrancoFarinazzo, da Comissão deMobilização,'explica queessas «comissões têm o obje-tivo de superar as falhas da |frustrada greve do ano passa-,'do.» O Mais pessimista,!Gerdi ,de Oliveira, metalúrgi-co de Guainazes, acha que«nem com greve» será obtidoo aumento de 83%. De qual-quer forma, tudo dependeráda nova assembléia da cate-goria, marcada para o dia 14.

Em Sáo Bernardo, sessentaoperários reuniram-se ontemna sede do sindicato dosmetalúrgicos para um debatesobre a integração da mulhernas atividades sindicais. Echegaram à conclusão de quea campanha salarial de 1980terá de começar dentro dacasa de cada um. «É que —conta Expedito Soares Batis-ta, diretor do sindicato, — nagreve deste ano, verificamosque as esposas nem semprederam apoio ao movimento, oque já não aconteceu com asoperárias, que estavam nasfábricas».Os debates de ontem, entre-

tanto, acabaram se voltandomuito mais para as dificulda-des que as mulheres encon-tram no trabalho, e menospara a sua participação naatividade sindical. Uma dasoperárias denunciou que estásendo ameaçada de demis-são, pois a empresa — aFris-Moldo-Car — obriga aslempregadas a trabalhar decalças compridas, o quecontraria a sua religião.Outra metalúrgica, da Panex.afirmou que o medo dademissáo è mesmo o maiorobstáculo à maior participa-çáo da mulher na atividadesindical. «A mulher quefreqüenta sindicato — disse'— é discriminada pelasidemais dentro da fábrica».

Só em Betim, agreve continua

TRT julga dissídio hoje

OTAVIANO LAGE

Enquanto a FMB, localiza-da em Betim, na regiàometropolitana de Belo Hori-zonte, ainda tenta a conver-sação direta com seus empre-gados, mas usando a Delega-1cia Regional do Trabalhocomoiintermediària, os meta- •lúrgicos da Fiat e da Kruppaguardam, para hoje à tarde,o julgamento do dissídio a.ser feito pelo TRT. É agreve, iniciada em decorrên-cia da atitude unilateral dopresidente do sindicato,Nadir Antônio Pinheiro, assi-nando acordo sem autoriza-ção da assembléia, o queaxacerbou os ânimos, quecontinua.

Em Belo Horizonte e Conta-gem conforme antecipamosna edição de sábado, osmetalúrgicos acabaram acei-tando a contraproposta apre-sentada pelo juiz Luiz FelipeVieira, do TRT. Os emprega-dores dizem que não a endos-saram. Tanto assim quemarcaram reunião para hoje.Mas no fundo, a acham maisdo que válida, já que acaboucom o movimento que durou4 dias. De qualquer forma aproposta pode ser rejeitada

pelos empregadores e, se issoacontecer, acirrará os âni-mos, o que interessa a muitopoucos.

É evidente que os metalúr-gicos de Belo Horizonte e deContagem não conseguiram opretendido aumento de 80%,E nem tiveram o salário basefixado em 8 mil cruzeiros.Tiveram porém, um aumen-to que mesmo distante dopretendido está sendo consi-derado politicamente válido.Pois a hora era de transigir enão de insistir, já que aadesão das grandes indús-trias ao movimento nuncachegou a ser total.

E muito disso se deve àviolência da repressão poli-ciai.

Segundo a proposta aceitapelos metalúrgicos, quemganha até 2 salários mínimosterá aumento e 65%; entre 2e 4 mínimos, o aumento seráde 57%; acima disso e até 6mínimos, 54%. Já os queganham entre 6 e 8 saláriosmínimos terão aumento de52%. E para os que ganhammais do que 8 mínimos, osalimento será de 500 cruzei-ros fixos, além do indi eoficial.

i O piso salarial, de 3.600cruzeiros, será elevado para4 mil cruzeiros, a partir dejaneiro próximo. Agora, éacompanhar a movimentaçãodos metalúrgicos de Betim,que insistem em continuar agreve.

Metalúrgicofaz grevelegal emBrasília

Cerca de mil metalúrgi-cos de Brasília, trabalha-dores de oito empresas deconservação de elevadorese escadas rolantes inicia-ram sábado a primeiragreve legal da capital dopaís. Todo o complicado eburocrático ritual deter-minado pela lei de grevefoi cumprido pela catego-ria, que reinvindicaaumentos de 70% paraquem ganha atê 4 milcruzeiros, 60% até 10 mil,50% até 15 mil e 40% paraquem ganha acima de 15mil. A decisão da grevefoi aprovada portodos osquinhentos metalúrgicosque compareceram àassembléia-geral na tardede sábado, quando a cate-goria recusou a coptrapro-postados patrões.

A greve dos metalúrgi-cos vem se somar à grevedos garis, que já entra noseu quinto dia. Esta é asegunda vez, em poucomais de um mês, que os1.800 garis do serviço delimpeza urbana do Distri-to Federal param detrabalhar. Com saláriosde 3.091 cruzeiros, osgaris reivindicam o paga-mento de um percentualde vinte por cento a títulode insalubridade.

CARRETEIROS

A greve ganha oapoio do bispoHoje, piquetes reforçados

^LARGARETE ACOSTA

A greve dos carreteiros doABC, deflagrada na últimaquinta-feira, ganhou ontemum novo apoio: do bispodiocesano de Santo André, d.Cláudio Hulmes, o mesmoque durante a greve dosmetalúrgicos fez parte dacomissão de representantesdos trabalhadores nas negoci-ações. Na missa que celebrouontem, para cerca de 150carreteiros, num altar impro-visado entre duas carretas,defronte à Associação dosCarreteiros, d. Cláudio fezum contundente pronuncia-mento: «É muito difícil quede cima para baixo as coisasvenham em favor do povo,desinteressadamente. Nàoacredito mais nisso. Acho queo povo tem que se unir, fazerpressão e conquistar maiorparticipação na vida do país.Isso depende de vocês, detodos nós e é por isso queprecisamos ficar unidos».

Depois de elogiar o movi-mento dos carreteiros, obispo criticou a violênciapolicial nos movimentosgrevistas: «Em todos osmovimentos reinvidicatórios,houve muita provocação dooutro lado, mas não vi nenhu-ma categoria que tenha parti-do para a violência. Isso éuma lição para os grandes,os que tem o poder nasmãos».

A greve dos carreteiros, oulock-out, como eles preferemchamar, voltou, no entanto, àestaca zero, depois que elesrejeitaram a proposta dosdonos das empresas transpor-tadoras, ou seja, trégua detrinta dias para o inicio dasnegociações. E não fizeramnenhuma contraproposta.Hoje, os piquetes serão refor-çados, porque a diretoria daassociação recebeu informa-ções de que a polícia comboi-ará as carretas até as rodo-vias, «já que os pátios dastransportadoras estão lotardos, e a Volkswagen deu umprazo de 48 horas para asempresas decidirem o quevão fazer», denunciou osecretário-geral da entidade,Roberto Francisco.

Ele fez outra denúncia:o acidente ocorrido no sábado atarde, envolvendo uma carre-ta e um Opala, nas proximi-

dades da associação, ondeeles estavam reunidos, feriuquatro pessoas: MichelCheidd, Mary Cheidd, Cláu-dia e Thais Dulssa. Os doisprimeiros, marido e mulher,estão internados em estadograve no Hospital SantaCedlia, em São Bernardo. Acarreta, do motorista EdsonCarvalho, desceu a rua LuísBarbalho, onde fica a sede daassociação, conduzida por umestranho que, depois doacidente, abandonou o local.Momentos antes, a carreta,desgovernada, quase atingiuuma viatura da polícia namesma rua. Para RobertoFrancisco, «o acidente foiuma sabotagem das empre-sas, para jogar a culpa nomovimento». No momento doacidente, o proprietário dacarreta estava dentro daAssociação.

Até Deus,para sentarà mesa de

negociaçõesCandidato a deputado

pela Arena baiana, derro-tado: candidato à direçãodo sindicato dos trabalha-dores em empresas deenergia elétrica, tambémderrotado; candidato anegociador no dissídio daenergia elétrica, JoséCésar Montes decidiu,agora, pedir o apoio deNosso Senhor do Bonfim,decididamente, o melhorcabo eleitoral da Bahia.-

Mas, a julgar pelas 300pessoas — numa categoriade 15.500, com 4 mil sindi-calizados — que foram àmissa do sábado, manda-da rezar por José CésarMontes para «fortalecerespiritualmente a classefrente às negociaçõessalariais», nem o Senhordo Bonfim está disposto aajudá-lo. As duaf empre-sas do setor não reconhe-cem sua representativida-de, o que, aparentemente,o coloca na situação de,novamente, derrotado.

IribunalivrÊ

A questão dosalário na Light

A propósito das últimasconquistas da categoria,após um verdadeiro cipoalde negociações entre osindicato, a Light e ogovemo, reputamos honestoe corajoso o reconhecimen-to pela própria empresa dodrama salarial por nósenfrentado durante anos afio de intransigências eevasivas.

È o próprio presidenteda empresa, dr. OswaldoAranha, quem reconheceque «as distorções salariaisda Light vieram se acumu-lando durante muitos anose para corrigi-las não bastauma simples penada. Seránecessário um trabalhoconjunto e de profundidade,a médio prazo, com a parti-cipaçáo de representantesdos empregados, para umasolução satisfatória paratodos». Gostaríamos que,dentro de três anos — diz odr. Oswaldo —. ao términodo mandato da atual direto-ria, pudéssemos deixarresolvidos, a contento,todos os problemas da áreade pessoal».

Entretanto, a experièn-cia trazida através dasnegociações com a empre-sa, no passado, nos alertapara a existência de fatoresque dificultam sistemática-mente uma proposta deanálise conjunta dos proble-mas salariais, visando auma solução equitativa. Agestão econômica está empermanente conflito com asua gestáo de pessoal, poisaquela considera os traba-lhadores apenas como fato-res de produçáo ao ladodas máquinas e equipamen-tos. Enquanto a gestáo depessoai se encontra empermanente estado desubmissão àquela, sujeita

às oscilações e aos interes-ses imediatos do lucro. Apolítica salarial da empre-sa 6, por vezes, idealizada,mas nunca concretizadacom estabilidade e sem ospercalços e distorções pró-prias do sistema econô-mico.

Quando a gestão econô-mica. para se manter está-vel, opta por uma sangrianos custos de produção,com a contençáo dos sala-rios ou a utilização da vâl-vula de escape criada peloFundo de Garantia, auto-maticamente instabiliza agestáo de pessoal. Esseprocesso se repete sempre,porque constitui um fatorestratégico próprio daconvivência entre o traba-lho e o capital. Realmente,as distorções salariais sáoefeitos do acúmulo deinadequações ao longo dotempo, mas são efeitosgerados sabidamente pelojogo de interesses econòmi-cos da empresa, onde resi-dem as causas intangíveise náo tratadas.

Como exemplo, constata-mos que, no ano passado, olucro líquido da Light atin-giu a faixa de 2 bilhões, 827milhões e 780 mil cruzeiros.No entanto, os gestadoreseconômicos previram,quando das negociações dejulho, que neste ano aempresa «estaria operandono vermelho». Assim, nóspreferimos aguardar econstatar, histórica erealisticamente, as previ-soes da empresa. Na prática,a teoria pode ser outra.

Maurício Ellena Rangelé presidente do Sindicato;dos Trabalhadores nas'indústrias de Energia Ele-trica e Produçáo do Gás doEstado do Rio de Janeiro.

SEGUNDA-FEIRA 1? DE OUTUBRO DE 1979

CULTURAwgmk

#^> CADERNO

PÁGINA 13

Ielmo martinQ

Bienal traça ocaminho do sublimeao ridículoEscolheram com propriedade os destaquesestrangeiros para a Bienal quecomeça quarta: são os mais copiados pelosartistas daqui. E há a retrospectivado Chico Buarque de Hollanda do concreto

A inauguração, quarta-feira, àsllh, da XV Bienal Internacional deSão Paulo pretende ser o aconteci-mento mais importante da semana.Assume essa pretensão, anunciando,como um circo das artes, várias atra-ções. Já se pode imaginar Carlos VonSchmidt, palheta na cabeça e bengalana mão, chamando o público, commuito "entrem, entrem" e "vejam, ve-jam". para uma ampla variedade de"maiores maravilhas do mundo". Ha-verá certamente entre-e-veja para aretrospectiva de Oscar Niemeyer quejá foi exposição no Beaubourg, de Pa-ris. Oscar Niemeyer é uma espécie deChico Buarque de Hollanda do con-creto. Hà uma ordem secreta, obede-cida publicamente, exigindo aplausoslocais para tudo o que ele faz. A or-dem e a obediência existem atémesmo depois de Brasilia, o pueblocom praça vermelha que já nasceu ve-lho.

Aqueles que se impressionam comprêmios terão onde entrar e o que ver.Esta Bienal exibirá extensa coleção deartistas brasileiros e estrangeiros queas anteriores bienais paulistas premia-ram. Como todo prêmio, os da Bienalfazem, através do tempo, a viagemque vai do sublime ao ridículo. Já fo-ram de Artur Luiz Piza a AldemirMartins. De Marcelo Grassmann aArmando Sendim. De Evandro Car-los Jardim a José Roberto Aguilar.De Brecheret a Maria Martins. Entreos premiados estrangeiros de outrasbienais, o destaque pode ficar paraFolon, Ornar Rayo, Jasper Johns,Fernand Leger, Vasarely, HenryMoore, Morandi, Pomodoro e JagodaBuic. São os premiados mais copia-dos pelos artistas daqui.

Quem quiser saber das novidadesbrasileiras poderá entrar e ver os doze

artistas que aceitaram o convite dosorganizadores. O problema é que nãoterá jeito de evitar os quadros de JoãoCâmara Filho, o artista que resolveupintar a História do Brasil como se ti-vesse recebido essa encomenda de umtrem fantasma que desejasse redeco-rar seus horrores. Haverá ainda umaampla exposição de novidades estran-geiras. Acredita-se que o maior grupoa entrar e ver será formado pelos ar-tistas locais, espiando tudo com osmesmos olhares anotadores dos cos-turciros locais que visitam as novascoleções de Paris.

Para que toda essa arte não fiqueem segundo plano e para que nãohaja tumulto e voracidade na portado pavilhão, os pipoqueiros e -sorve-teiros não serão substituídos por irre-sistíveis vendedores de sainetes culi-nários assinados por Maria Rodri-gues Alves. A Bienal Internacional de

Sào Paulo c sempre pretexto paramuitas discussões. Os mais empolga-dos cm seus ataques são sempre osque já foram mais entusiasmados emsuas defesas. Maria Bonomi, porexemplo, faz parte do grupo da sau-dade com agressividade. Fala daspassadas bienais como Dircinha Ba-tista fala dos antigos carnavais.

João Calixto, docarnaval aOlavo Setúbal

Com tanta arte fazendo festa den-tro do mesmo pavilhão, as galerias dacidade procuraram a sensatez do re-traimento. Malvina Gelleni trancou asesmeraldas no cofre, Ncyde RosaBonfiglioli deu folga para a banque-teira, Renato Magalhães Gouvêa vol-tou a Scott Fitzgerald em busca de ai-gum outro nome para identificar ou-tra provável expansão, Luisa Strinaadiou Baravelli, Rosa Holtz e Caro-lina Queiroz marcaram hora com ocostureiro para a escolha de novosmodelos decotados e esvoaçantes,Paulo Figueiredo pôde sair em buscade pintura que não suje arquitetura,Christina Faria de Paula acendeu alanterna em busca de pintor que nãose repete, Raquelita Calabrone pôdecomprar, incógnita, bibelôs na Mes-bla e Mappin, e Raquel Arnaud Ba-benco e Mônica Filgueiras de Al-meida, sem qualquer perigo de visi-tantes, puderam, finalmente, bouffertodo um buffet.

A única loja de arte que se atreveua enfrentar a Bienal foi a pacata Gale-ria Seta. É verdade que programoupara suas paredes todo o carnaval deJoão Calixto. Em desenhos, óleos eaquarelas, João Calixto recria o car-naval. Só que ao imobilizar sua vitali-dade, nunca afasta a impressão deque tem dessa festa uma visão dequarta-feira de cinzas. Por ser um ar-tista que se especializou em carnaval,João Calixto começa a receber enco-mendas para pintar retratos de políti-cos. Olavo Setúbal foi seu primeiroretratado. A Galeria Seta inaugurarátoda essa folia documentada, ama-nhã, às 21h.

O MASP em seudia deBloomindale

NO PAVILHÃO"Entrem, entrem, cavalheiros, eis as

tica no Brasil. A contribuição de UllaJohnscn, uma joalheira que trans-forma superstição em adorno, é umamáscara com penas de avestruz nacabeça, identificada como Nosso Pre-sidente e acrescida dos dizeres: "Que

pena, apenas penas". Ulla Johnsentambém se exibirá com uma tesouraafiada e ensangüentada. A tesoura sechama Censura. Ulla Johnsen aindaacabará sendo convidada para fazerambientação cênica para peça de tea-tro de uma dessas escritoras locaisque escrevem com o útero. O MASPinaugurará, quarta-feira, às 21 h, umaexposição de esculturas de vidro doamericano Dale Chihuly. Trata-se deum artista tão fascinado pelo decora-tivo que dará ao MASP seu dia deBloomingdale's.

DA BIENALmaiores maravilhas do mundo

NIEMEYER"Pueblo" com praça vermelha

Fora das galerias e do pavilhão,ainda haverá arte nos museus, Lour-des Terezinha Cedran inaugura, hoje,às 20h, no Paço das Artes, uma expo-sição coletiva com o titulo misteriosode Desenvolvimento da Arte Fantás-

Noite de regozijo,com gorgon^plae valpolicella

Esta semana, as mammas e ospapas da turma do scala-e-escarolaencontram, finalmente, motivo pararegozijo. A ópera que a TemporadaLirica Oficial de 1979 estréia, sexta-feira, às 21h, no Teatro Municipal, éde Rossini, Nada menos do que OBarbeiro de Sevilha. Prevê-se umaverdadeira sing along durante o espe-táculo. Adivinha-se uma grande co-memoração para depois, com amploconsumo de queijos tipo provolone etipo gorgonzola e vinhos tipo chiantee tipo valpolicella. Tudo tipo e nada

autêntico. Isso porque o elenco é for-mado de tipo barítono, tipo soprano,tipo tenor c tipo baixo. Nada tambémé autêntico.

Olivier Toni, o maestro que a or-questra da USP menosprezou, nãoestá cortejando a simpatia do pianodo MASP. Olivier Toni levará Gil-berto Tinetti como solista do concertoda orquestra de câmara Philomusicaque ele regerá hoje, às 2lh. Como sesabe, foi depois de um recital de Gil-berto Tinetti que o piano do MASPaprendeu, através de seu pedal abafa-dor, que há uma diferença entre pe-diatra e pedicure. No dia seguinte, de-pois de uma visita ao calista, o pianodo MASP receberá Homero Maga-lhães, que tocará e comentará as de-zesseis cirandas de Villa-Lobos. Emcompensação, livre de qualquermúsica e comentário, o piano doMASP repousará o resto da semana.O madrigal Ars Viva se apresentarásem sua ajuda, sábado, às 21b, comum programa chamado Volta ao Pas-sado. Willy Corrêa de Oliveira é enve-lhecido com sua inclusão nessa nos-talgia musical.

Hoje, às 18h30, haverá grande mo-vimento tio balcão de perucas empoa-das do Mappin. Influência^ dos sonsde Mozart que transbordarão do Tea-tro Municipal, em mais uma de suassegundas-feiras musicais e gratuitas.

O começo da música popular es-tara, mais uma vez, no Teatro Pixin-guinha. O show armado pelo ProjetoPixinguinha contará com a participa-ção de Ataulfo Júnior, filho deAtaulfo Alves; Vânia Carvalho, irmãde Beth Carvalho; e Maestro Nelsino,

parente muito próximo apenas de seutrombone. Mais tarde, às 2lh, estreia,no Palácio das Convenções doAnhembi, para uma temporada detrês dias, o cantor Charles Aznavour,aquele que reúne platéias que saouma prova viva de que tudo enve-lhece, menos o coração. Na quarta-feira, às 2lh, estréia no teatro da Fun-dação Getúlio Vargas, para uma tem-porada de cinco dias, o grupo Taran-cón. Esse grupo conseguiu gravar umnovo disco. Chama-se Rever MinhaTerra. O pessoal da turma doponcho-e-congâ garante que a músicado Tarancón ganha maior fidelidadequando é reproduzida por uma vitrolaque faça uso de agulha de cactus equando é acompanhada por um copode mescalina-julep. No domingo, .numa única apresentação, o intimistaFrcddy Cole estará, às 21 h, no Pala-cio das Convenções do Anhembi. O .que será que uma voz tão pequena iráfazer num lugar tão grande?

Sem querer abalar sua reputaçãode sala-salada, a sala Guiomar No-vacs mostrará música erudita e popu-lar durante a semana. Amanhã, às21h, o erudito Antônio Del Claro es-tara fazendo Bach em seu violonceloque nunca deixa de ostentar etiquetascoladas na França, Itália e Suíça. Nasexta-feira, a sala-salada acolherá,para uma temporada de uma semana,o Lírio Selvagem, dos irmãos Espín-doía. Tetê, Alzira e Geraldo Espin-doía fazem música mato-grossense.São pioneiros doCuiabá sound,muitoouvido nos hit paredes do pantanal.

Claustrofobiaem paisnão-identificado

Aumentando a coleção das "libera-das sem cortes", estréia, quarta-feira,às 21h, no teatro Alfredo Mesquita, apeça Salve-se Quem Puder que p Jar-dim Está Pegando Fogo, de ÁlvaroAlves de Faria. A falta de ação co- ;loca quatro pessoas num calabouço,dando-lhes muito tempo para relem-brar a violência que sofreram numpais nunca identificado. Toda essa jclaustrofobia deverá ter como únicaamenização a atriz Deivi.Rose. Ela é,no mínimo, exuberante. A direção é |de Ivo Henrique Treff, que precisoumanter, durante os ensaios, um pst-quiatra de plantão. O resto do elencoé tão desconhecido que nem os espectadores de novela da Tevê Tupi se-riam capazes de identificá-los.Espera-se que Salve-se QuemPuder ... tenha mais sorte do que asoutras liberadas recentes. Até agoraum grupo infeliz do qual não escapounem a Malu de Regina Duarte.

ANARCO-TRIUNFALISMO

Tiraram a mordaçados artistas.Ouça quantos berrosWoodstock chegou ao Brasil com dezanos de atraso e evitouo ar livre: fechou-se dentro doteatro Procópio Ferreira, numa madrugadade arte, som, transe e desvario

JORGE PINHEIRO

Procopiarte, o que éisso? Um festival da can-ção em ritmo de maratona?Um happening vanguar-dista, con? um toque sur-realista? Ou apenas umnovo tipo de festa, fruto di-reto da abertura democrá-tica, que chega ao públicoque curte a produção artis-tica underground? Foi tudoisso junto; e mais o baratode curtir um som sem pa-gar nada, já que o Proco-piarte foi grátis.

Não era afinda meia-noite de sexta-feira e a festajá comia' solto no teatroProcópio Ferreira. Mais deduas mil pessoas tinhamcomparecido a estehappening, que por quasedoze horas congestionou arua Augusta e encheu todosos bares da redondeza. Dolado de fora do teatro, era ocarnaval e a palavra de or-dem "Quem não curtedorme".

. O saguão virou umaí feira de arte libertária e

underground. Eram foto-grafias, desenhos, 'objetos,

poesias * sendo vendidas em

clima 'de 'open market."Solta a fala, coração", "A

arte nas ruas" e PaulinhoKlein, o pai da festa, ten-tandp me explicar, naquelaconfusão, que "o objetivo éuma festa-espetáculo que sepropõe mostrar o que existeem matéria de arte nova".

Alguém cuspiu noAlceu. Maspapai é do DOPS

Meia hora depois, o pú-blico já estava impaciente,Eram vaias, gritaria e pala-vrões. Alceu Valença en-trou no palco e começou adifícil arte de acalmar aturba enfurecida, que xin-gava e xingava. Logo desaída recebeu uma cuspa-rada na cara. E perdeu acalma. '

"Eu estou aqui na luz ecom a verdade. Você estáescondido, aí no escuro ecom a mentira".

Mais vaias, mais pala-vrões. E Alceu nervoso.Até que não resistiu e ape-lou. "Você é um provoca-dor. Deve ser um agente doDOPS".

Atrás de mim, um ga-*

roto não gostou do comen-tário. E berrou:

- "Meu pai trabalha noDOPS".

É, tinha de tudo e de to-dos. O público com umamédia de idade um poucoacima dos dezesseis anosreunia gente de todas asclasses e todos os matizesideológicos. Só que, porazar meu, numa fila atrásda minha estava o menini-nho cujo pai trabalha noDOPS, acompanhado demais uns seis amigos. To-dos com o cabelo cortado à"Príncipe Danilo" e muitospalavrões na boca.

Dinte do caminho que afesta estava tomando, comum público quase incontro-lável, Alceu Valença optoupelo velho método, trans-formar a festa em festival'da'canção. E fez o públicocantar com ele.' E fez, inclu-sive, o público cantar semele.

Quando o pessoal já es-.tava ficando' calmo, en-trando numa de que vapa apena ouvir os artistas quese apresentavam, ChicoChaves, o poeta, tentou a

kjtoM*^^$a!y* JmB '"? * "' •fflWHwRBBfa*afI 0%mÍ^K ^| MFjÍjÍ KÜf ''^B

A NOITE DAS MIL LOUCURASNo Procópio Ferreira, a vanguarda fe\ de tudo um acontecimento

sublevação do teatro comseu poema A poesia nãomorreu. Se Chico; Chavestivesse xingado a mãe detodo mundo, a reação nãoseria pior. O público ur-rava, literalmente. Eracomo se a fábula de ClaudeFaraldo, Themroc, ti-vesse tomado corpo e som.E o poeta, feliz pela reaçãoantropofágica do público,acendeu um fogo de artifi-cio e lançou uma chuva decores sobre os assistentes.E gritava: "A poesia nãomorreu, a poesia não mor-reu"."Deus não existe" foi umgrito no meio de toda aconfusão.

Paulinho Klein deu umaexplicação correta do espe-táculo.

"Não è uma feiraanarco-triunfalista porquenão expressa apenas uma¦corrente artística ou apenasuma visão de mundo. Nós

queremos abrir uma brechapara esta arte nova, tanto apoesia com a música, quepassou anos entrincheirada.A princípio pensamos emuma coisa pequena, masacabou sendo ampliada emtermos de espaço _e tempo.E recebemos adesões de to-dos os tipos. Aqui você verásurrealistas, anarquistas,mas também barrocos e re-nascentistas."

E o barroco-renascentista foi ótima-mente representado pelogrupo Terra-Sol, que comflautas e órgão _ elétricoacalmou a multidão.

Mas fora do teatro opessoal dançava candom-blé, tomava sorvete e já ti-nha acabado com todas ascervejas de todos os baresda redondeza. Eram três damadrugada. E uma amiga,a artista gráfica SôniaKawa, tentava uma defini-ção para tudo aquilo:

"E uma mistura deBrasil-Exportação eWoodstock, mais um berrode liberdade depois de dezanos de bocas fechadas".

Opinião parecida a dopoeta Cláudio Willer, querecitou As palavras daTribo, poema surrealistacriado por ele e~ RobertoPiva. Aliás, um dos pontosaltos do espetáculo, apesarda fúria dos meninos fascis-tizados, que sentados na talfileira logo atrás de mimgritavam:

"É uma merda, não seentende nada. Sai daí".

Antes de recitar sua poe-sia Cláudio me explicava osentido da festa e doanarco-triunfalismo.

"Para nós o anarco-triunfalismo é o espirito dasfestas que vamos viverneste final de década. Nosentido da reunião de pes-.soas e grupos, que em ba-

res, restaurantes e teatroscurtem a liberdade indivi-dual e a produção artísticanão-amordaçada. E aí entrao papel da poesia. Durantequinze anos o principal ins-trumento da ditadura foi adesarticulação da palavra,da linguagem. A poesia é avolta à palavra. Tivemosdurante (os últimos anosuma ideologia do som e dacor, mas o pessoal já estádescobrindo que sem a pa-lavra não dá".

E Cláudio Willer recitouas suas Palavras da Tribo,começando com um pensa-mento de Nietzsche: "En-tão era isso a vida? Que serepita!".

Pouca gente entendeu osentido das Palavras daTribo. Mas num happeningninguém espera que as coi-sas sejam entendidas, masque aconteçam. Aconte-çam, simplesmente;/

Assim, enquanto Willerrecitava, no saguão, gaysdesfilavam languidamente,o grupo Novação - que dis-puta a presidência da UNE- vendia seu jornal Pontode Partida e o pessoal que"estava muito na sua" con-seguia apenas articular umcansado "é isso ai, bicho".

Conversando com ai-guns integrantes do Movi-mento Negro UnificadoContra a DiscriminaçãoRacial - MNUCDR - ouvireclamações:"Não sei, mas algocheira à decadência, à coisapassada. O novo está meioafogado nisso tudo".

E era verdade. O rock dapesada enlouqueceu maisuma vez o público, com oconjunto Papa Poluição fa-zendo a multidão dançarem cima das poltronas.Todo mundo numa muitoboa. Nesse momento nãoestávamos num happening,mas num típico festival dacanção. Inclusive comaviõezinhos de papel sobre-voando o público, ao estilode qualquer jogo Corint-hians e Palmeiras.

Esse espirito de festivalda canção tomou conta detoda a gente que estava ali,

exatamente quando CelsoMachado 'cantou Para nãòdizer que não falei de flores,de Geraldo Vandré.

Era a volta a 1968\Eram duas mil pessoas, dfcpé, cantando junto comCelso Machado umamúsica que além de sej-proibida durante anos fo|,praticamente, o hino daguerrilha urbana no Brasil.1968 renasceu por algurismomentos e ficou ali no ar.Cantar a Internacional nãoseria tão libertário, tão sub-versivo.

Celso Prudente, homemde teatro, defensor da expe-riência do CPC, me abra-çou efusivamente e gritouno meio da confusão:"Irmão, isso é histórico.Depois de dez anos asmãos se crispam de novo, osangue corre nas veias e òpovo furioso grita vem va-mos embora que esperarnão é saber".

E Zé do Caixão,anuncia o"country faminto"

É, estava tudo mjstu-rado. O velho e 0 novo. Ohappening e o festival dacanção, o surrealismo e onacional populismo, Aliás,issb foi o que' se viuquando José Mojica Ma-rins, o famoso "Zé do Cai-xão" subiu ao palco. Ele fezum furioso discurso contraas multinacionais, contraos seus filmes censurados ea favor do nacionalismo."Vamos mandar o terrorpara fora - dizia Zé doCaixão. Estamos cheios deterror aqui dentro".

O próprio Zé do Cai-xão apresentou Zé Rama-lho e seu "country faminto"que deixou o público em êx-tase. O público se contor-cia, entrava em transe. Du-rante o tempo em que ZéRamalho ocupou o palco, oteatro Procópio Ferreiratransformou-se numaenorme e simpática tendade candomblé. O anarco -triunfalismo triunfou: na ma-dragada.

PÁGINA 14 -REPUBLICA: ...r.nMiu.muA i" mi outiiuro w. iw>

ESPORTE

PALMEIRAS 2, SANTOS 1

ósia da torcida santista?A derrota de ontem deve custar - para alívio geral - a cabeça do técnico Hílton Chaves

TÔNICO DUARTE

; Cacau é uma dessas fi-guras que vivem de peque-nos expedientes, um biscateaqui, outro ali - persona-gem ao vivo e em cores deJoão Antônio. Ontem eleacordou cedo. foi nara oAnhangabaú vender unsquinquilharias, a fim de li-vrar um dinheiro para ver osçú Santos jogar. Tinha quearrumar o suficiente para oônibus, ingresso para a gc-rale um. gole de "51", por-què ninguém é de ferro. Ca-cau conseguiu, mas que de-cepção: o Santos perdeupor 2 a 1 para o Palmeirase agora está muito mais re-mota a sua participação noterceiro turno, que real-mente decidirá esse mons-trengo chamado Campeo-nato Paulista.

Quando o jogo termi-nou, Cacau já encontraraos culpados por mais este fra-casso santista: Pais e o téc-nico Hilton Chaves. Ele re-clamava do goleiro - "to-mou um gol torto daque-les", referindo-se ao"frango" no gol olímpicode Baroninho, ainda no pri-meiro tempo. Quanto aotécnico, pelo menos umasatisfação: Hílton deverádeixar o clube ainda hoje,demitido pelos dirigentes. Eo pobre Cacau meteu-senuma briga com alguns pai-meirenses, quase virandonoticia do repórter policialBeija-Flor.

Antes do jogo, começar,Beija-Flor andava de umlado para outro do saguãodo Morumbi. Quem o es-cuta pelo rádio, narrandotanta violência, não ima-gina que ele seja baixinho.Pensamos logo num Fleuryde microfone em punho,pronto a dar aquele conhe-cido prefixo: "Policia cha-mandooooo!"

Beija-Flor é ligeiramente

estrábico, esconde os olhosatrás de lentes grossas. Usabigodinho à Ia "Vampiro deCuritiba" e o cabelo pretovaselinado para trás. Pa-rece, na verdade, uma mi-niatura de Jânio Quadros.

Mas, no saguão do Mo-rumbi, vai acontecendo oinusitado. Primeiro, a estra-nha chegada do presidentedo Corinthians. VicenteMathcus,' que não tinhanada o que fazer ali. Ma-theus, uma gargantilha deouro com a efígie de SãoJorge, puxa-me para umcanto e, entre suas garga-lhadas, lasca uma daquelastiradas que fazem a deliciade seus críticos: "Ei, nãovai dizer que eu sou palmei-rense, hein?"

Outro acontecimento in-sólito é a presença de umaparafernália cinematográ-fica, gritos, dc "luzes, cã-mera, ação!". O cineastaDjalma Batista utilizou osaguão do Morumbi comocenário de seu primeirolonga-metragem, a estóriado jogador de futebol AsaBranca, que deverá ser Ian-çado em abril do ano quevem. O take que estava sen-do filmado era sobre a estréiade Asa Branca num timegrande. Asa não foi bem co ambiente no clube imagi-nário está bastante contur-bado: "Esta é uma estóriado sonho brasileiro, da-quele jogador do interiorque vem arriscar a sortenum time grande. Já roda-mos 20% do filme, com ofinanciamento da Embra-filme" - diz Djalma, pare-cendo deslumbrado com oambiente.

O jogo está para come-çar. Dentro das novas nor-mas do CND - quem atra-sar paga multa -, os dois ti-mes estão em campo bebem antes das 16 horas.

Gilmar chama atenção porseu novo uniforme: calçãopreto brilhante camisa azulvistosa, com recortes bran-cos na gola c duas faixasparalelas aò longo dasmangas. O goleiro do Pai-meiras trata logo de cxpli-car tanta elegância: "Alémda parte técnica, é precisoaprimorar o visual".

Começa a partida, e oSantos parece ligeiramentemelhor. Sua torcida já en-saia o conhecido coro parao adversário - "um, dois,três, quatro cinco, mil.Queremos que o Palmeirasvá prá ...", rimando comalguma coisa que não eravaronil ou céu de anil. Mas é oSantos quem sofre o pri-meiro gol, aos 40 minutosdo primeiro tempo: Baroni-nho cobra um escanteiopelo lado direito c -pasmam-se as duas torci-das - está feito um gololímpico. É bem verdadeque Pais colaborou, numafalha incrível.

Pais também colaborariano segundo, aos 38 da fasefinal, saindo do gol ataba-lhoadamente, permitindoque Pedrinho concluíssecom facilidade para a metavazia. Na verdade, hámuito que o goleiro sofreráum evidente descontrole e-mocional. Primeiro, ele ten-tou agredir Jorginho, de-pois foi tomar satisfaçõescom o incipiente juiz JoãoLeopoldo Ayeta.

O nervosismo parecia to-mar conta de alguns joga-dores do Santos,,como Níl-ton Batata, que andou tro-cando pontapés com Baro-ninho e Pedrinho. O azarmaior foi do lateral-esquerdo do Palmeiras, querevidou e acabou sendo ex-pulso. Aos 40, num de seusraros momentos de lucidez,o Santos diminuiu, atravésde Juari.

Afinal, uma novelaque a gentepode assistir , :sem ter de ficar meses emeses unicamente à espern •do óbvio:.que o artistaprincipal se case com a ,iirtista principal, noúltimo capítulo. . •;- ... -DIRCEU SOARES .'" .'

.FOLHA DE SAO PAULO ,y , • A.novelo. .Gaivotas..

fúe o Rede Tupi de ¦ 7, . .¦

èlèvisâo levo oo ar_ ; -diariamente, no horário

. das 21 horas, segue umexcelente padrão de •quaJidade. a começar peloescolha do elenco, até 7.7ângulos,mínimos deapresentação. ....

'..-. ..¦:•

Uma história completa,onde um homem resolveunir .'Velhos amigos" em.'seu

solar para '•'revivei'"

' tempos passados. '.7 .

'ÇLIHALFOUN.- '>'--73,:í»!",

/ ULTIMA HORA- HL'7; V.• ;. • ;>*• pona que o público

ainda não se tenha dadoconta qüe Guivotas.primeira grande produção

¦. da Tupi sob. o comando de.WaJter Avuncini. seja a

.melhor telenovela em.exibição atualmente no poisSILV/0 LÁNCFXOTTÍ'.'; 7/STOE; j 7 ¦ 77ví7

i. !.„» Gaivotas é uma ' " 7:telenovela que foge dos . • ',chavões tradicionais. Uma . Jdas poucas que você nâo "¦' '<¦•

consegue prever o/inul._Os ,integrantes dp elenco nãosâo atores, sâo'.'.'gladiadores",

que lutampara transmitir fielmente amensagem de Jorge.7 , ,:Andrade. E quem assistir¦>>:¦ j;r$saberá assimilar. Em suma.' ;:>•Gaivotas não é.um çfinVão. {•:'E uma abertura.. ; 7

'

SILVIO Dl NARDO .. /7.,."..•REVISTA AMIGA : ..

¦ • Ò Daniel de Gnivotnsmais uma vez expresso n. ' ,talento tenso,'intenso,solitário e sofrido do ator . .Rubens de -Talco. ¦' '•>','•

ARTUR DA TÁVOLA 77REVISTA AMIGA ;.-,

• Guivotas é a melhor 7telenovela no ar atualmente.A escolhados atores foi ' ¦>..;¦;perfeita é a trama da

. estória conseguiu prendero público' desde o primeirocapítulo, largo Andradeconseguiu em Gaivolos oequilíbrio perfeito, a. , _dosagem certo entre o feijãoe o sonho. Resumindo: definoCai votas como uma novela 7;inteligenteHELÓMACHAOO - ¦ '..

.7 FOLHA DE SAO.PAULO 77

Do clássico - se é que sepode utilizar este qualifica-tivo para o jogo - restoumais uma vez a prova daincompetência dos homensque dirigem o futebol pau-lista. Apenas 21.363 pes-soas pagaram ingresso,porque ninguém agüentamais tanto desvario. Ficoutambém a doce saudade da-quele tempo em que o Pai-meiras era o único time ca-paz de fazer frente àquelesonze gênios que formavama maravilhosa equipe doSantos. De um lado haviaPele, do outro, Ademir daGuia. Hoje, quando vai acampo, a torcida já sabeque será insultada pelo jo-guinho de Nilton Batata,Baroninho e quejandos.

O JOGO FOI ASSIM -Palmeiras 2, Santos 1.

Palmeiras - Gilmar; Ro-semiro, Silva, Sóter e Pedri-nho; Pires, Jorge Men-donça (Mococa) e Zè

ivlàrio (Carlos Alberto);Jorginho, César e Baroni-nho.

Santos - Pais; Nelson,Cássia, Fernando e Was-hington; Gilberto Costa,Rubens Feijão (Célio) e To-ninho Vieira (Cardim); Níl-ton Batata, Juari e JoãoPaulo.

Juiz: João LeopoldoAyeta.

A renda foi ridícula:CrS 1.162.780,00. Apenas21.363 pessoas pagaramingresso, o que já é muitopara o nível técnico docampeonato paulista.

Gols: Baroninho, aos 40*do primeiro tempo. Pedri-nho aos. 38' e Juari aos 40'do segundo.

Cartões amarelos: Cas-áà, 'Nüton Batata e Silva

Cartão vermelho: Pe-drinho

< PAIS

A crítica especializada escolheu Gaivotascomo a melhor teJenoveia em exibiçãoatualmente. Melhor texto, melhor direção.

.s melhores interpretações, melhor trilha musical e1 mçlhor cenografia. Confira.

Quem entende denovelas está

assistindo Gaivotas,Evvw.

\\ 11 lira©ÀiWlÀS

da noite. ^^ ^~2 NaTupi. 0D

Impulsivo, descontrolado, o goleiro do Santos acabou engolindo um gol olímpico

^ÍMÍA€T0;

eyg di\ adeus ao seu amorA decisão já estava to-

mada há muito tempo eveio concretizar-se da me-lhor maneira possível: aos72 anos de idade - e 52 defutebol -, Zezé Moreira,ex-técnico da SeleçãoBrasileira de 1954, estádespedindo-se dos grama-dos depois de ter conquis-tado o heptacampeonatobaiano para o EsporteClube Bahia.

Contido como sempre,ele se fez ladear, na noitede sexta-feira, por quatropoliciais para evitar ar-roubos da inflamada tor-cida que queria carregá-lonos braços para dar avolta no estádio da FonteNova, comemorando maisum titulo do Bahia, trêsdos quais conquistadostendo-o como treinador.

Ao vencer de 1 a 0 oEsporte Clube Vitória,coincidentemente dirigidopor Aimoré Moreira, seuirmão, ele não conteve aslágrimas de emoção, que-brando uma sisudez euma aparente frieza demuitos anos. Aliás, numaentrevista dada no iniciodo ano, Zezé garantianunca ter chorado porcausa do futebol: "Que eume lembre, só quandoperdi minha mãe". Aindano vestiário, o normal-mente arredio Zezé comu-nicava uma decisão "quedeveria ter tomado hámuito tempo: preciso des-

cansar e esperar a morte,de quem ninguém es-capa".

Foi sob sua direçãoque o Brasil foi pela pri-meira vez campeão no ex-terior (no Pan-americanodo Chile, em 1953) e queo Esporte Clube Bahia ga-nhou um campeonato (em1975) sem uma derrotasequer. Antes de ser trei-nador, Zezé não passavade um zagueiro razoável,que defendeu o Botafogo,do Rio. Hoje, já com asmalas prontas para voltarao Rio, só tem uma pre-tensão: dar um giro pelaEuropa, acompanhadopor sua mulher. Depoisdisso, afirma, "é esperar amorte satisfeito, porqueencerro com chave deouro minha carreira que,sem modéstia, foi cheia deglória, pois fui campeãona maioria das equipesque dirigi".

Guarani, umaexceção de talento

Mais uma vez prevale-ceu o talento do veteranis-simo Zé Carlos. Foi deleo gol com que o Guaraniderrotou a Ferroviária (1a 0), ontem à tarde, emCampinas. Mas, para atristeza dos bugrinos,desta vez a Ponte Pretanão será motivo de cha-cota. Ela também-ganhou.

América Ó, Portuguesa 0A Portuguesa ontrou.om São Josó.com Évcrton, EdsonAltair. Bolívar òToninho Braga;Luciano, Rui Lima oWilson Carrasco:Zair, Caca o JorgoLuiz.0 America saiu comLuís Fernando.Berto. Mauro,Jorge Lima eAdemir Gomes: Cléo.Gérson Andreottio Serginho:Marinho. LuísFernando Gaúcho oOsnir. Juiz: 'José Luiz Novaes.

1? TEMPOO América, que mantém uma brigaacirrada com oCorinthians polo primeiro lugardo grupo A, saiu para vencer,como se fosse time grande.A Portuguesa do João Avelino sedefendia, como so fosso pequeno.

2? TEMPOO América continuava insistindo,a Portuguesa na defensiva,ameaçando com um ou outrocontra-ataque. Mas jogava semEnéas. O América colocou PauloLuciano no lugar de Sorglnho oArlen onde estava Osnir. APortuguesa segurou, o jogo comEuries no lugar rio Caca.

Noroeste 1, São Paulo 0O São Paulo deuvexame comValdir. Getúlio. .Estewam, Bezerrae Eriberto:.Teodoro. Neca oFernando;Muller, Paranáe Mug.

O Noroestevenceu comJoão Marcos,Nilson, Nenê.Jorge Fernandeso Mauricinho;.Helinho, Ednaldoe Carlos Roberto:Jorge Maravilha,Leia e Bugre.

1* TEMPO(O São Paulo, muito alteradodo meio-campo para afrente, mostrou logo que nãoteria a impetuosidade queSerginho lhe dá. Ainda tentou,mas o Noroeste foi acertandosou jogo e passou a dominar.

2? TEMPOMas o gol só saiu aos 26. comEdnaldo. 0 São Paulo buscouo empate, sem sucesso.Mário Jtiliato ainda trocouNeca por Wilson Taddei eParaná por Edu. O juiz JoséLuiz Guidotti expulsou Wallace.aos 37 - ele havia entrado no'lugar de Jorge Maravilha.

pelo mesmo placar de 1 a0, jogando cm RibeirãoPreto diante do Comer-ciai. O gol foi marcadopor João Paulo.

Pela manhã, o Juventusjogou na rua Javari, onde,diante dos pequenos, cos-tuma ser imbativel. On-tem, a vitima foi o Inter-nacional de Limeira, queperdeu por 1 a 0, gol deTatá. Ao pobre Interna-cional não valeram nemas macumbinhas de sem-pre do técnico Alfredinho.

À tarde, o futebol Maz-zaropi prsseguiu pelo inte-riorzão. Três jogos forma-

ram a série "fumo decorda e chapéu de paia":Francana 2, Marilia l.emFranca; XV de Piraci-caba 0, Velo Clube 0, emPiracicaba; São Bento 2.XV de Jaú I, em Sorocaba. Dado o baixo nívelque tem caracterizado ocampeonato paulista, ne:nhum desses três jogos le-vou, sequer, cinco mil pes-soas ao estádio.

Amanhã, a FederaçãoPaulista se reúne para di-vulgar a tabela da novaetapa da maratona fute-bolistica. Mas, como sevê, ela não engana maisninguém.

CLASSIFICAÇÃO PontosGanhos

A1°) América 352o) Corinthians 343o) Botafoto e

Francana 265o) São Bento 18

1o) Ponte Preta 33•2U) São Paulo 31

f* 3o) Ferroviária 274o) XV 18

59) Velo Clube 13

1o) Guarani 342o) Comercial 313o) Portuguesa 294P) Internacional 285°) Santos 27

D1°) Palmeiras 412^) Noroeste e

Juventus 274o) XV de Jaú 22

5o) Maríliu 21

±SL_mJo.lo Zero

V\**

Coluna dois, cadê?

(A 1 • IntesftS • Rguarense/SC 1 4 0 IO»

f/Èl RioBranco/ES © Grêmio/RS 2 OVO |\\7/iÊ 3 CnceinjyMG • DomBosco/MT 3 1:H R\l/fÈi Nacional/AM • ' Atlético/MG 4 0/.0

j|»\iWÈ 5 « Porta/PORT MarítimaPORT b 2::0 WjiVil 6 © Sporting/PORT Espinho/PCRT 6 L|;:o ||II7 Barcetaia/ESP 6 Salamanca/ESP 7 0:'.0 IIII

l\vSlB kgliari/lT © Milan/IT 8 0)[0 WWÈ 9 • Vila Nova/GO Remo/PA 9 1\'A W\jSjjlO • América/RN Aiapiraca/AL 10 2:!0 W/jYYH11 ©ABC/RN Fortaleza/CE lH;0J/r^12 Brasil/RS • Maringá/PR 12 0)10 Vj^\ll3 _ Sta. Çiuz/PE l© Coritiba/PR 13J0J ÍÇ^ 1/y

Não se pode dizer que tenha havido surpresa fulgurante,a não ser, talvez, a incompetência doCruzeiro ao empatar, em casa, com o débil Dom Bosco.

no jogo 3. 0 Barcelona, campeão da Europa,também parecia capaz, a primeira vista, de algo melhor

do que um empate com o Salamanca:O prêmio, esta semana, é de CrS 116 milhões.•X*

I SEGUNDA-FEIRA I" DE OUTUBRO DE 1979

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TÊNIS

Esporte de gente fina, imaginemCom Connors, Vilas etc, o Rio aprendeu algumas lições de tênis. Nem todas eram lições de elegância

PÁGINA y>

JOÃO LUIZ Dli ALBUQUERQUE, do Rio

O atrevidoMcEnroe,

em outra

finalTchau, Connors.

tchau, Pecci, tchau. Vilase companhia. Façamboa viagem c divirtam-se bastante, em sua pró-xima escala: Assunciòn,terra natal de VictorPecci. Hoje, na capitalguarani, a endiabradaquadrilha, que tanto en-tusiasmou o público ca-rioca, iniciará um novotorneio nos mesmosmoldes da Hollywood-Sul America Cup. Osorteio (nunca se viutanta casualidade) apon-tou os seguintes encon-tros: Pecci-Dibbs eVilas-Connors. Os ven-cedores disputaram nodia seguinte a grande fi-nal. Prognósticos? Bem,é melhor deixar pra lá.

Na ensolarada Mar-bella, Espanha, quatroases do tênis apanham ofinal do solzinho curo-peu e disputam ferozcompetição tenistica: oitaliano Adriano Panatiaderrotou o norte-americano Vitas Gcru-laitis, 4/6, 6/1 c 6/4, eenfrenta o já bem bron-zeado Icc-Borg na final.O sueco venceu Harold(Moon-Ball) Solomon.7/5, 6/1.

Mas, por incrível quepareça, ainda existemcompetições oficiais es-tes dias. Em Madri, sur-presa: o negro francêsYanick Noah, natural daMartinique, derrotou oainda respeitável catalánManoel Orantes, por6/3. 6/7. 6/1 e 6/2.Noah tem apenas 21anos. No último torneiode Flushing Meadows,chegou às oitavas-de-final, com uma ótima esurpreendente campa-nha. É bem provável queele venha a tornar-sedentro em breve um ex-poente da raça negra notênis: os outros foram osnorte-americanos AltheaGibson c Arthur Ashbc.

Em San Francisco,nos EUA. também serádisputada hoje uma ou-tra final (oficial), quedesperta grande inte-resse. Defrontam-se, emreprise da Kramer Cup,dois parceiros de duplas:o astro do momento,John McEnroe, e PeterFleming. McEnroe,ainda saboreando a der-rota infligida em L.A.,deverá fazer de tudopara manter seu riresti-gio que cresce dia a dia.Os cartolas e juizes esta-rão de olho no compor-tamento do jovemJohnny, que já superouem traquinagens o tem-peramental Nastase.

Jimmy Connors chegou,sacou e venceu. Uma noitedepois de derrotar EddieDibbs, de maneira tran-qüila, levantou a Holiy-wood Sul-América Cup elevou 1,5 milhão de cruzei-ros ao derrotar o argentinoGuillermo Vilas por 3 a 0,com parciais de 6/3, 6/4 e6/3. È, para não deixar frus-irada a torcida que foi aoginásio do Maracanãzinho,deu o seu show particularde estrelismo temperamen-tal. Foi no terceiro set etransformou-se no grandeclimax da noite, com a pia-teia participando ativa-mente do espetáculo.

Antes, durante o pri-meiro set, Jimmy já tinhacolocado suas manguinhasde fora. A torcida, desde oinicio, mostrou estar aolado do argentino e,quando de duas bolas duvi-dosas ela manifestou-se afavor de Vilas, Connorsxingou a torcida com todosaqueles palavrões populari-zados por Henry Miller eaté mostrou o dedo - o"pai de todos" - esticadopara a platéia. O que, emtermos norte-americanoscorresponde ao gesto brasi-leiro de bater com a palmada mão aberta de encontroà outra mão, semifechada,em forma de letra O. Foitomar satisfações com ojuiz, de uma forma bempouco cortês.

Mas foi no terceiro set.onde Connors mostrou serum artista, o MarlonBrando do tênis mundial. Ecom sua atitude de um no-bre gentleman inglês superbem-educado, fino, ele-ganle, virou a torcida paraseu lado. A bola enviadapor Connors caiu a unsdois palmos fora da quadrae Vilas parou. O juiz de li-nha. Caio Vanucci, quasemenino, ainda achou que abola tinha batido dentro.Foi o bastante para a pia-teia iniciar uma vaia tãogrande e demorada quantoa que recebeu, naquelemesmo local, em 1968, oresultado final da parte na-cional do III FIC, dando avitória ao Sabiá de Tom Jo-bim e Chico Buarque paracima do "Pra não dizer queeu não falei de flores", doGeraldo Vandré. O jogo fi-cou interrompido por umlongo tempo, a vaia solta,devendo até ter dado aoVanucci tempo para refletirse não era hora de fazeruma visita ao seu oculistafavorito para uma mu-dança de grau nas lentesdos seus óculos. Umjorna-lista foi até ele para sabero que tinha acontecido e elerespondeu, "vi a bola den-tro". Viu mal.

O juiz principal, WiltonCarvalho, lá do alto de suacadeirinha, tinha concor-dado e agora não dava amenor decisão. Debruçadopara o lado, confabulavacom duas ou, três pessoas.E a vaia comendo. Aí Con-norsque tinhavistomuitobemonde a bola tinha quicadoenfiou sua raquete embaixodo braço c foi para o outro

lado da rede, resolvendo,pelo juiz, a questão. Ele,Connors, com suas pernasmagras e os pés tipo 5h25,dava o ponto final daqueleset para Vilas. Delírio nagalera. Mas Vilas, na maisperfeita atitude de filhoúnico, recusou a galanteriado nobre adversário. EConnors acabou levando oponto c as graças da tor-cida.

Jimmy Connors, o joga-dor que c levado à loucurasempre que seus adver-sários, nos mais diferentesvestiários do mundo, pre-gam nas paredes as fotosde sua mulher Pat Mc-Guirre, posando nua, nuamesmo, norte-sul-lcste-oeste à mostra, ela que foiuma famosa playmate.Jimmy Connors, o cara queexige, por onde passa, aconstante presença de, pelomenos, dois guarda-costas.Os brasileiros até já fica-ram amigos, são os mes-mos de quando esteve aquiem abril deste ano. vieramespecialmente de SãoPaulo, onde são agentes doDOPS, o Sérgio Abdalla eo Edson Cruz . . . Con-nors. o mais novo ídolo daplatéia carioca - bemgrande por sinal, para umacidade que nunca teve o tê-nis entre suas tradições -de umas 16 mil pessoas,Poderia ter sido até maior,se as bilheterias não tives-sem sido fechadas logo noinício do jogo, numa ati-tudeque nào agradou nemaos organizadores e nemaos patrocinadores.

Tênis é comoamor: sóassistir é idiota

Divertido era ouvir asconversas, lá cm cima, nasarquibancadas. Gente entu-siasmada. muitos jovens, amaioria ali presente peloentusiasmo de ver uma dis-puta entre dois ótimos atle-tas, mas sem entendermuito bem o que se pas-sava na quadra artificial,toda verde. "As regrasdeste jogo não podem serfáceis, afinal foram inven-tadas por um povo que saide casa com o guarda-chuva pendurado no braçoquando o sol está brilhandoe que dirige automóvel nacontramão". "Tênis é comofazer amor: é um ato, maisde fazer, do que assistir"."Vamos embora, jogo quenào tem gol nem 'lona' nãoestá. com nada, depois es-tou habituado a ver quemleva gol ou perde ponto,dar a saida. Aqui, aquelebranquinho de' bigode nãopára de dar saque . . . "E obranquinho de bigode -Connors - a acumular pon-tos, a ganhar sets c games.Foi sempre superior a Vi-Ias, que pelo jogo da vês-pera, quando derrotou o pa-raguaio Victor Pecci, pare-cia ser capaz de endurecerna final. Ganhar de Con-nors não era problema, Vi-,Ias conseguiu isso váriasvezes, um Masters e uma fi-

nal cm Forest Hills, porexemplo. Seu treinador, oromeno Ion Tiriac, amigointimo do presidente da Ro-mênia. ex-chefe de policia cmérito caçador de ursos,esperava mais de Vilas, quetinha faturado um extra, jo-gando com aquela faixa natesta a vender a vodka deum dos patrocinadores, aSmirnolT, de 5 mil dólares.

Dibbs acena parauma garota, omachão se enfeza

Mais fortes do que ossmashes de Connors, só aatração da praia de Ipa-nema. no pedaço em frenteao hotel onde os quatro te-nistas se hospedaram. To-dos foram à praia todos osdias. Foi lá que aconteceu oproblema de uma paqueramal arquitetada. Disseramque o envolvido tinha sidoVictor Pecci e, até a verda-deira história aparecer, ai-guns saudosistas suspira-ram com a volta da figurado latin lover. Mas, nào, oproblema foi com o ameri-cano Eddie Dibbs. Ele eConnors estavam saindo daágua. quando Dibbs se inte-ressou por uma garota deIpanema. Grudou nela seuolhar de mormaço e. comoum surdo-mudo, desandoua fazer sinais. O acompa-nhante da moça. machãozangado, empombou-sc opartiu para cima do ame-ricano. Providencial inter-venção dos seguranças quecolocaram o rapaz cmfuga, numa desabalada car-reira. De todos, Dibbs mos-trou ser o mais chegado aaventuras amorosas. Con-nors, morrendo de saúda-des da mulher1- "da pró-xima vez ela vem comigo, oRio c o lugar ideal para oromance" - foi dormir cedotodas as noites.

Pecci, com sua esposa de17 anos, a paraguaia Mercê-des, curtiu sua lua-de-mel.Vilas, sofrendo marcaçãocerrada da namorada ar-gentina Gabriela, só tevemomentos de paquera nofim da tarde da últimaterça-feira, quando foi aoCountry treinar e chegou asentir o assedio de algumascolunáveis mais deslumbra-das. Dibbs. nào, sozinho eagitado, logo na primeiranoite se mandou para oBarman, um local onde da-mas da noite de certo nívelcostumam pousar c deonde saiu devidamente a-companhado.

A Hollywood SulAmérica Cup foi impor-tante ainda, porque marcouo lançamento de um tor-neio que será o mais impor-tante acontecimento tênis-tico do Rio de Janeiro, tãoesquecido ultimamente pc-los promotores internado-nais do esporte. A Koch-Tavares, organizadoradeste torneio - custo: 8 mi-lhões - promete, para opróximo ano, uma Cup reu-nindo um maior númerodos principais tenistas domelhor ranking munidial.

Há muitos anos o Rio us-sistiu os maiores tenistas domundo jogando em suasquadras. Houve um bis-tórico jogo no Country, en-tre o ótimo tenista brasi-leiro, Humberto Costa, ele-gantissimo, cabelos pentea-dos na última moda, a ra-quetc empunhada com omaior uplomb e Paneho"Segura" Cano. O cquato-riaho - ótimo jogador, maspouco preocupado com asregras de elegância -, ao en-trar na quadra olhou para obrasileiro e comentou: "Nome gana". Ao final do jogo,vitorioso, Paneho disse aoadversário, "mucha ropapara poço juego".

Ano que vem,Borg. E umtorneio ciasse A

Em 80, o Rio, muito pro-vavclmente poderá ver osueco Bjorn Borg (cuja lei-tura favorita são as his-tórias em quadrinhos), ládo fundo da quadra, bran-dir sua raquete como sefosse um machado, colo-cando a bola juntinho à li-nha, fora do alcance dosadversários. E. como a pre-sença de um maior númerode tenistas, poderá ver o es-petáculos extra-esporivos, _verdadeiras explosões de ti- |picas Prima Donas, no Jfundo, no fundo, uma hábil 0mistura de faniquitos e |show business. Como, por |exemplo, naquele jogo emNova York, quando IlieNastase se encheu da cenafeita por seu adversário, oalemão Hans Pohman. arolar demoradamente pelaquadra com cãibras, foilá do outro lado e, ao eus-pir no rosto do adversário,gritou alto, para o estádiointeiro ouvir: "Levanta seunazista FDP (três pontosde exclamação)".

O primeiro grande tor-neio internacional de tênisdo Rio. enfim, foi um su-cesso. Esportivo, empresa-rial e social. De gafes, umasó. Mas, monumental, mos-trando que o Rio está pre-parado para desfile de tan-gas na praia e de escolas desamba, no carnaval, masainda tem muito que apren-der sobre tênis, principal-mente sobre sua tradição.Pois não é que a Suderj, asuperintendência estadualque, entre outras ativida-des, administra o Mara-cana e o Maracanãzinho,simplesmente exigiu a mu-dança da cadeira do juizpara o outro lado da qua-dra? Para se ter uma idéiado absurdo da medida,basta dizer que Connors,Vilas, qualquer outro te-nista, famoso ou não,habituou-se, desde criança,a olhar para o lado tradi-cional para discutir, apoiar,-se orientar, com o juiz.Algo como mudar o localdo regente de uma orquestrasinfônica. Tudo porquea cadeira do juiz iria atra-palhar a visão dos seusconvidados especiais na tri-buna de honra.

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JIMMY, O FURIOSOPalavrões a Henry Miller c dedo apontado para a platéia

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GUILLERMO, O ROMÂNTICOAssédio da grã- finarem, apesar da marcação cerra,da

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O m a r Fontana, odircLor-presidente daTransbrasil, sempre foihomem de atitudes arroja-das. Eleja foi visto váriasvezes pilotando os seuspróprios Boeings, porexemplo. Agora Ornar re-solveu dar um passo àfrente e ultrapassar aquelaconhecida campanha go-vernamental do "adoteum atleta". Ele adotou unitime inteiro de voleibol,cm hivèl de Seleção Brasi-leira.

Foi assim que surgiu aprimeira equipe de vôleiverdadeiramente empresa-rial do país, o GrêmioTransbrasil. Todos os jo-gadores - gente compe-tente como Montanaro,William, Alba, Amauri,Celso Nardi, Deraldo eRamon - trabalham naempresa, em regime de

seis horas. Assim, têmtempo suficiente para trei-nar e, além do salário nor-mal de funcionário, todosque se mantiverem na Sc-leção receberão umaajuda pró labore da or-dem de 8 mil cruzeiros.Na verdadp, este é um ve-lho sonho de Ornar, que,além de aviões, é fanáticopor voleibol:"Eu gosto do esportedesde pequeno. Alémdisso, c muito importantehaver a confraternizaçãoe a integração dentro deuma empresa. Em todocaso, o Grêmio é menosesportivo do que recrea-tivò".

Em seu voleibol, aTransbrasil investirá 500mil cruzeiros anuais -quantia ínfima perto dos60 milhões de cruzeirosanuais que vão em publi-

cidade. Todos os jogado*-;res do Grêmio continua1rão defendendo os seus:respectivos clubes e serãodispensados do trabalho:todas as vezes que foram-chamados para defender aSeleção.

Apesar da iniciativapioneira de Ornar Fon-'tana não ter obtido a ré-;percussão que merecia,;pelo menos dentro' dp'Brasil, o mesmo não!acontece em relação ao;exterior. Os dirigentes da:Boeing ficaram tão fascKnados com a empreitadade seu cliente que resol-veram formar um time re;-unindo os melhores joga-dores de vôlei dos Estados;Unidos". E a Transbrasil jáestá desafiada para uma'partida contra a Boeing.;O jogo será em novem1bro, em Scattle.

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como salvarmeu

. Só depois de viver com o marido durante 25 anos,Dorinhapercebe que sua maior rival não é uma mulher

é a rotina. Como Salvar Meu Casamento.Uma novela que mostra como o dia-a-dig pnrlo

acabar com o relacionamento de duaspessoas.f [iCâSanSO Com Nicete Bruno. Adriano Reys, ir>Elaine Cristina, Hélio Souto, Wanda Stefânia,

Kito Junqueira, Beth Goulart, JacquesLagoa, Ariclê Perez e grande elenco.

Participação especial de Walmor Chagas.

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II

PAGINA lfi PPPUBLICA;SEGUNDA^EIRA I» DE OUTUBRO DF! 107')

BOA VIDA

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O I Festival de Cinema Brasileiro vai mostrar sete filmesinéditos a partir de hoje, no Cincsesc. O primeiro é A Volta do Filho Pródigo

FILMES NOVOS: VEJAPROGRAMAS E 110-RARIOS NO QUADROABAIXO

CENAS DE UMCASAMENTODe Ingmar Bergman (Sué-cia, 1976) '

Liv Ullman c Max VonSidow vivem ascxpcriências-clichês de umcasal de classe média intclec-t.ualizada. Paixão, frieza, de-votamento, traição. O lilmcfoi originalmente rodado emcinco episódios, para a TVsueca, o que o leva a ser omenos berginaniano de to-dos os filmes de Bergman.PaulistanoHorário: 17h30 e 201Í3Ò.

DETETIVE DESAS-TRADO(The Cleap Dctective)De Neil Simon

Hollywood nunca perde amania de repetir esquemasbem-sucedidos à procura deum lucro antecipadamentegarantido. DetetiveDesastrado é uma paródiade filmes de Humphrey Bo-gart. assim comoAssassinato por Morte, tartí-bém dirigido por RobertMoore e escrito por Neil Si-mon, satirizava os lugares-

Ainda c tempo de rever Juíía, no Bijou

comuns típicos de filmes demistério. No elenco, PeterFalk, Eileen Brenann, PliilSilvcrs, Madeline Kahn,Paul Wiliàns, Nicol Wil-liamsson c Jolin Housemán.Ipiranga II c SplendidHorários: Hh35, I3h30,I5hl5, 17h, 18h45,20h30é22hl5.• INTERIORES(Interiors)De Woodv Alien (EUA,1977)

Primeira tentativa queWoody fez de se levar aserio, embora Annie Hall,que precedeu a Interiores, jáinsinuasse isso. Acabousaindo um arremedo de Ber-gman, por quem. aliás. Al-

leu não esconde sua paixão.Rindo. Woody Allcn costuma ser melhor. Mesmochorando, porem, é melhordo que Robert Altman ouFráncis Ford Coppola.Bijou (Sala Sérgio Cardoso)Horário: a partir das 14h.

• JÚLIA(Júlia)De Joscph Mahkiewicz(EUA, 1977)

As duas madonas da es-querda anglo-saxònica tro-cam cáricias em homenagema outra padroeira do leftchic.Jane Fonda, a mar-co-ecólogo-reformista, fazas vezes de Lilian Hellman,autora do- autobiogràfi-

co argumento. A trotskistaVancssa Rcdgravc é Júlia. Ocenário tem nazismo, anti-semitismo e Dashiell Ham-mett (Jason Robcrcls) pou-sando de grande escritor.BijouHorário: a partir das 14 li.(18 anos)

• MORANGOSSILVESTRESDe Ingmar Bergman(Suécia, 1957)

A obra-prima de Berg-man. Sobre um velho profes-sor que viaja de carro com anora para'receber um tituloHonorífico e durante o tra-jeto reflete sobre a sua exis-tência,Arouchc BHorário: 181U0, 20 e 22h.(14 anos)* CÉU EM CHAMASiFire)De Earl Bellamy

Peito originalmente paratelevisão, traz diretor incx-pressivo comandando atorescm má fase (Vera Milcs e Er-riest Borgninc). Com muitoincêndio e crianças em pe-rigo. um produto retardadoda safra catastrophe movies.Rio Branco (Sala Azul)Horário: a partir das 12h (li-vre).

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fcRÍfáGA.' V*"t*VÍV.^^:/ e do exilado Bergmanestreia

Dos filmes que entram esta semana, o melhor é 0 Ovo da Serpente, -

o primeiro de Bergman rodado fora da Suécia: acossado:1o imposto de renda, ele resolveu, cm 1976, abandonar seu paíspele

O Ovo da Serpente nasceu como resultado do conflitoque, entre 76 e 78, colocou Ingmar Bergman e o governosueco cm campos opostos. Para não pagar uma astronômicamulta ao Imposto de Renda, o cineasta emigrou para Holly-wood. Antes que as autoridades suecas pudessem pedir des-culpas, ele realizou este filme - que acabou sendo rodado emMunique, porque a produção americana se associou a umaempresa alemã que gastou milhões para reproduzir no estú-

- dio um bairro de Berlim, tal como era em 1923. Quem execu-tou o serviço foi Rolf Zehetbauer, o mesmo cenógrafo deCabaret. Desta vez. Bergman não conta com sua "família'',ou seja. a equipe com quem costuma trabalhar. Não lhe foipossivel, entretanto, abrir mão de Liv Ullman nem de SvenNykvist, seu eterno fotógrafo.

O filme tem ligação com temas que Fritz Lang já abordouc pode ser visto como uma homenagem de Bergman ao cx-pressionismò alemão dos anos 20. Mostra um judeu ameri-

. cano (David Carradine) se envolvendo com misteriosos as-sassinatos que ocorrem em Berlim, como parte de expérien-cias pseudo-cientificas de inspiração nazista. Esteé um dosraros filmes em que o cineasta permite a convivência de pro-blcmas existenciais com questões de alcance político e social.Com Gert Frocbe, Liv Ullman e David Carradine, noBelas Artes Centro I, Belas Artes (Sala Villa-Lobos) eIbirapucra 1. (Horários: 14h30, 17h, 19h30 e 22h).

Diário de Província já tem o mérito de colocar um jor-nal c um jornalista (Gianfrancesco Guarnieri) exercendo pa-pel digno c destacado num filme de época: o período que se-para a crise de 29 do começo do Estado Novo. Seu segundocrédito vem com a assinatura de Roberto Palmari.que cuidoucio roteiro e da direção. Ele realizou O Predileto e representaum dos últimos exemplos de um cinema paulista sério e em-penhado. Alem disso, o filme traz a esperada estréia de PaulaRibeiro e focaliza a história política de São Paulo, através dafigura vilanescá de um carreirista (José Lewgoy). Beatriz Se-gall chefia uma família aristocrática em decadência, en-'quanto Atila Iório lidera a ascensão de uma família de imi-grantes. O personagem de Guarnieri se encarrega de denun-ciar os podres. Com Rodrigo Santiago, no Ouro, Bristol eDel Rey (Horário normal).

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* I FESTIVAL DOCINEMA •BRASILEIROCincsesc (r. Augusta, 2.075),às 20 c ás 22h.

A Volta do Filho Pródigo,de Ipojuca Pontes, abre hojeo I Festival de Cinema Bra-sileiro, promovido pelo Sesce pela Embrafilme. O filme,com Helber Rangel, TerezaRachel, Dilma Lócs e Mar-Iene nos papéis principais,aborda um dos problemassociais mais graves do país,a migração interna. AntônioMaria é um nordestino des-garrado que volta, expelidopela cidade grande, com ver-dadeira obsessão de rever amãe c o lugar que abando-nou quando criança.

Além desse, seis outrosfilmes inéditos serão exibi-dos no festival, sempre ás 20c às 22 horas: ContosEróticos, composto de qua-tro episódios - Arroz cFeijão, de Roberto Santos;As Três Virgens, de RobertoPalmari, O Arremate, deEduardo Escorei, c VeredaTropical, de Joaquim Pedrode Andrade-; João JucáJúnior, de Denoy de Oli-veira; O Coronel e oLobisomem, de Alcino Diniz; Gargalhada Final, deXavier de Oliveira; O Paísde Saruê, de Vladimir Car-valho; e Os Amantes daChuva, de Roberto Santos.

O encerramento do festi-vai será dia 8 de outubro, ás21 horas, com a entrega dosprêmios aos melhores nascategorias filme, direção, ro-teiro, montagem, • fotografia.

+ Tudo Bem no Ano que Vem é aquela mesma peça deBcrnard Slade que já vimos cm cartaz. Infelizmente, ele pro-prio assina o roteiro, o, ao que parece, a direção de RobertMulligan não consegue evitar o desastre. Trata-se de umtema que só poderia dar certo nas mãos de Neil Simon - au-tor de Detetive Desastrado, que finalmente entra no IpirangaI c Splendid (horários: 13h30, 15H15, 17h. 18h45, 20h30 e22hl5), com Peter Falk satirizando os detetives vividos porHumphrey Bogart, Slade imagina um casal de amantes (AlanAlda e Ellen Burstyn) que. durante 26 anos, se encontra so-mente uma vez por ano. O diretor de Houve Uma Vez UmVerão tenta desesperadamente fazer com que as roupas pos-sarrí indicar a passagem do tempo, uma vez que os atoresnão conseguirão sair da meia-idade. Em 51. Ellen Burstyn seveste como Doris Day. Em 56, imita as roupas de MarilynMonroe e usa Shirley MacLaine como modelo para ser se-guido em 61. Não è possivel imaginar o que seria usado paracaracterizar os anos 70. Com música de Marvin HamlischTudo Bem no Ano que Vem está no Metro 2 e no Genuni 1(Horários: 14h30, 17h, 19h30 e 22h).

Aquelas Estranhas Ocasiões traz bons roteiristas é bonsatores. O diretor c Luigi Magni, que já realizou excelentes fil-mes históricos, como Os Carbonários eCipião,o Africano. Apresença'de Nino Manfredi, Stcfàrilá Saijdrelli c AlbertoSordi amplia a probabilidade de um bom espetáculo, noGazétinlia (Horários: 14h30, 17h, 20h e 22b 15).

Vamos Cantar Disco Baby é uma comédia que ousaqualilicar-sc infantil c musical porque é-"estrelada" por umconjunto vocal de gârótinhas esganiçadas. E um verdadeiromistério a presença do veterano J. B. Tanko çscrevendo, pro-duzindo é dirigindo esta inconcebível mistura de conto defada e discoteca. No Ipiranga 1. Cinespacial, Center Igua-temi c Majestic. (Horários: 13h30, 151H5. I7H, 18h45,20H30 e 22hl5).

A Pantera Nua é Rossana Ghessa, que, como vemos,ainda continua tirando á roupa em comédias desse tipo. ComRoberio Pirillo,,no Olido. (Horários: llh45, 13h30, 15IH5,17h, 18h45, 20h30 e 22H15),

Luciano Ramos

música, direção de arte, ator,ator coadjuvante c PrêmioEspecial do Júri, Esses prémios serão atribuídos poruma comissão formada pelos críticos Luciano Ramos(JORNAL DA REPUBLICA e TV Cultura), Ed-mar Pereira, Lauro Ma-chado Coelho c Bruna Bechcrucchi (Jornal dn Tarde),Pola Vartuk, Rubem Biáfora, Carlos Mottu (O Estado de S. Paulo). RubensEwàld • Filho (ISTOE), Ro-gério Pereira (ShoppingNews), Jairo Arco e Flecha(Veja), Orlando Fassoni eJairo Ferreira (Folha de SãoPaulo), Bruno de André lilho (Visão), Celso ArnaldoAraújo (Manchete), Leon

-Caeoff (Diário da Noite) eMarcas Vinícius (Folha daTarde). Uma comissão doSesc concederá, uinda, umPrêmio Especial ao lilmc demelhor conteúdo sócio-cultural.

Preços: CrS 50; CrS 25 (es-tudantes); e CrS 20 (comer-ciários).

• O GRILOTeatro Oficina (r. Jaccguai,530), às 21 horas.

O Grilo, tilme que MiguelArraes Filho fez, dois anosatrás, em Paris, com o ex-lider operário Gregório Be-zerra, terá hoje um especialespectador: o próprio Gre-gório Bezerra. Após a exibi-ção do documentário, eleparticipará do debate que oTeatro Oficina promove emsua homenagem.Preço único: CrS 50.

+ O COBRADORDe Rubem Fonseca; NovaFronteira, 182 páginas. CrS150.

É o que a censura acabaconseguindo: em vez de fa-zer, como seria seu objetivo,com que o autor proibido seretraia, faz com que ele vámais adiante ainda em suatendência "censurável". SeFeliz Ano Novo (o contoque dá titulo ao livro) tantochocou o sr. Armando Fnl-cão. o que dizer deste OCobrador (o conto que foipremiado e depois proibido)'.' Dizer, por exemplo,que ele é várias vezes maisviolento do que Feliz AnoNovo - e não é por isso queo pais haverá de ficar maisou menos tranqüilo:,pior doque esta violência contida notexto é a que está solta nasruas de nossas grandes cida-des. E ao que consta o go-verno não tenta "censurar"os crimes diários da BaixadaFluminense, por exemplo.

Depois de Os Prisioneiros, A Colcira do Cão, Lú-cia McCartney, O CasoMorei e Feliz Ano Novo,Rubem Fonseca, esse cs-criba perigoso, ataca denovo, executando - como obandido a sua vitima - ai-gum punhado de contos quejá pode ser incluído entre osmelhores deste ano.

Pierrô da Caverna, o primeiro do livro, é um dessesdestaques. A linguagem éenvolvente, descontraída,como se o conto estivessesendo escrito à medida que oleitor o lesse, ao mesmotempo que o narrador, estra-tegicamente, fica dizendo

HAPPY DAYS MIGUEL PAIVA

QU&RlASdVfiRO

SE. EU EN1T2A55E.EM6RE.VE.D&SE/0'

05ARA A MAO DEOBRA EXCEDENTE:-A JAhJETE,A LOLA,

A P^LE-TE

que não pretende escrever oconto, que, afinal, eslá - emuito bem - escrito. H.M.S.Cormorant em Paranaguá éuma brincadeira - o escritorcomo honio ludens -- emtom de paródia românticanos trópicos, misturandoByron, Shelley com a re.ali-dade do texto ou vista atravês do texto: "Escrevo pararetirar me de mim mesmo",diz o narrador. Paródia.também, ou pastiche cria-tivo. mas desta vez em relaçào à literatura policial (da"escola de Sào Francisco":Ruymond Charidler ontem.Dwigh McDonald hoje) é orelato Mandrukc. Aqui.como em outros contos deRubem Fonseca, onarrador personagem parecevestir o cinismo de umHumphrey Bogart, ouaquele riso sinistro de Ri-chard Widmark em filmesclasse C, andando pela vidasem preocupações metafisi-cas, bebendo suas mulherese amando seus uísques (ou ocontrário?), lutando dentrodas regras do jogo. "Viver émuito perigoso", já diziaGuimarães Rosa.

Enfim, um livro para o sr.Armando Falcão detestar. Eos leitores que se cuidem.

Flávio Moreira da Costa* PEIXES DEITADOSDE LADODe Humberto Mariotti:Âtica: 122 páginas; CrS110.

Luciano vai morrer. Masantes de morrer ele pretendecriar uma outra experiênciade vida. Milionário, pratica-mente pega nas ruas algu-mas pessoas - um escritorinédito, um casal atípico (ele,homossexual) e outros -para formar uma comumdade. O clima é este, entre omórbido e irônico, resultando numa narrativa quelembra uma espécie de Robert Louis Stenvenson ex-temporàneo (O Clube dosSuicidas, talvez), mas umStenvenson que leu Kafka.Cortázar e Borges. Como opróprio Borges diria, toda ahistória da literatura (daarte) é uma variação entrequatro ou cinco temas. Aoriginalidade, portanto, nãoexiste. Existe a recriação, emcima do fato (real ou literário).

E esta criação de Hum-berto Mariotti consegue,neste seu livro de estréia (ga-nhou o Concurso do Paraná,1978), embora o livro sofraum pouco de disritmia (queo médico Mariotti perdoe amatáfora), o que em lingua-gem de teoria literária signi-ficaria certo desequilíbrio naestrutura, na armação do ro-mance. Jogando seus fantas-mas nos personagens - masàs vezes nâo permitindo queeles passem a ter vida pró-pria -. Mariotti tem a seu fa-vor, no entanto, a tentativade criar um mundo ficcionalpróprio (nada a ver com aoriginalidade referida acima)- urri mundo entre o escato-lógico e o fantástico. O leitordeve conferir. ,Do 'autor,espera-se o segundo livro,

F.M.C.

fS^g^_Mús^ jAlceu Valença canta em benefício do Comitê

Brasileiro pela Anistia. Só hoje

• ZÉ KET1Ópera Cabaret (r. Rui Bar-bosa. 354), à meia-noite.

A segunda-feira fica me-nos pobre com a estréia,hoje, de Zé Kéti, que traz agarantia do melhor sambade morro. No programa, na-turalmente, músicas consa-gradas como Máscara Ne-gra e A Voz do Morro, e ou-trás menos conhecidas.Além de Zé Kéti, a ÓperaCabaret mostrará, a orques-tra de Élcio Álvares e o Triode Tango, tradicionais atra-ções da casa. Couvert artis-tico: CrS 150 (2* a 5») cCrS 200 (6* e sábado).

• ALCEU VALENÇATeatro Procópio Ferreira(r. Augusta. 2.823,tel. 852-8079), às 21h.

Apresentação única docantor pernambucano emSão Paulo, acompanhado

por Paulo Rafael na viola. Oespetáculo é cm beneficio doComitê Brasijeiro pela Anis-tia, que cohtinua lutandopela libertação dos prisionei-ros politicos discriminadospelo governo. Preço único:CrS 150.

* ATAULFÓ, NELSINHOE VÂNIA CARVALHOTeatro Pixinguinha(r. dr. Vila Nova, 245), dehojea 6* feira, às 18h30.

Não fosse pelo maestroNelsinho, carioca do Ca-tumbi e trombonista emérito,e este show do Projeto Pixin-guinha seria um show de pa-rentes: Ataulfo é filho deAtaulfo Alves, c Vânmia

.irmã de Beth Carvalho -com a qual, alias, se apre-sentou no mesmo projeto, noano passado, ao lado tam-

bém de Nelson Cavaquinho.Ataulfo c Vânia, no entanto,têm brilho próprio, indepen-dentemente de suas árvoresgencalógicas. A direção é dojornalista c compositor Sér-gio Cabral.Preço único: CrS 35.

* DICK FARNEYAntonio's - Restaurantedançante (r. Jerònimoda Veiga, 37), de 2* a 6», às23h45.

Os ouvidos que não seadaptaram e os que jamaisaceitaram a invasão dadisco-music encontrarão re-pouso e consolo-no piano ena voz confidencial de DickFarney, que reprisam semcansar nunca, velhos suces-sos como Marina, Copaca-bana e Uma Loira.Acompanhamento de Toni-nho (bateria), Renato (baixo)e Gogó (piano).

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• ALAÍDE COSTABoate Pierrot (r. Rui Bar-bosa, 275, tel. 289-4505).

Grandes e permanentessucessos da MPB interpreta-dos por uma das melhoresrepresentantes da geraçãobossa nova.Couvert artístico: CrS 80.De 2* a sábado.

* GRUPO MARIA DEAFulô da Laranjeira(alameda Santos, 2.528)

Um lugar muito versátil:durante o dia. exposição deartesanato do Vale do Jequi-tinhonha c cerâmica popu-lar. De noite, vira bar eabriga o Grupo Maria Déa,com Saulo Pinto, Kleciús.Paulinho Moraes, Alberto deCastro e- Chico Moreiramostrando música folclóricabrasileira.De 2» a domingo.

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SBGUNDA-FIURA 1? DE OUTUBRO DE 1979 _pEPÜBLíQ\ PÁGINA |7

BOAVIDA

M-M-MII—¦¦ lll ¦um»

TèlevisãQA censura, finalmente, nos deixará ver

uma comédia que Vianinha escreveu para a TV. Na Globo, às 22 horas

FILMES¦ís.'i.,tf ''ítí ;ív..<-

• HÀRÉM DAS UN-CRENÇAS(John Gòlfârb Picas.Come Home)De .I.Lcc Thompson(EUA, 1%3)

Comedia sem muita graça.Um piloto americano cainum pequeno pais árabe eacaba como treinador dolime de futebol local. Roteirode William "o exorcista"Blàtty. Com Shirley Ma-cLalne; Peter Ustinov e Ri-chard Crcnna.13h, no Cinema Livre do 4* OS JOVENS IMO-NEI ROS(Young Piohcers)De Michael OTIerlihy(EUA. 1975)

Filme leito para TV, combons resultados visuais. Aação se passa nas terras vir-gens do Dakota, cm 1873.Um casal de posseiros (elecom 18 anos e ela com 16)luta para se estabelecer em

condições adversus. ComRogér Kcrn, Linda Purl, Ro-bert Hays, Shellcy Juttncy.14h45. na Sessão da Tardedo 5• A DESFORRA DE UMESTRANHO(Joe Dakota)De Richard Bartlctt(EUA. 1957)

Um faroeste diferente,mas nem por isso bom. Umforasteiro chega a uma ei-dade que delira com a febredo petróleo. Com John Ma-honey e Luana Patten.21h, no Oscar do 7+ HONRA SEM FRON-TEIRAS(Powdcr River)DeLouisKincíEUA. 1953)

Um faroeste também ori-ginal, mas bem mais atra-tivo, realizado pelo irmão deHenry King, com roteiro deGeoffrey Homes. Um mine-rador é assaltado c procuraseus ladrões numa cidade

próxima, onde a barra ò dasmais pesadas. Acaba sendonomeado xerife e ganha umaliado trágico, um pistoleiroque sofre de uma doença In-curável c até gostaria de levar uns tiros. A conferir.21 h, na Segunda Sem Lei do13

• DESCONHECIDA PARECIDA COMIGO(The Stranger WhoLooks Likc Me)De Larry Peerce (EUA.1975)

Drama leito para teve,com poucas referências.Uma jovem órfã procura suaverdadeira identidade. Noelenco, Beau Bridgcs, Merc-dith Baxter. Walter Booke.O diretor Peerce realizouuma obra-prima quandotinha apenas 27 anos: OIncidente (1967), com TonyMusante c JefT Bridges,sobredois delinqüentes que domi-nam um vagão do metrô de

*á-' ¥RW

Nova York. Em 1975 Peercecultivou lágrimas com UmaJanela Para o Céu.Oh, no Classe Especial do 4

+ SIDDHARTADe Conrad Rooks(Inglaterra, 1973)

Adaptação do clássicoexistencialista de llermannHesse, o guru literário dosanos 60. A história se passahá 25 séculos e Siddhartha éum jovem que renuncia ásua rica herança para viajarcom um grupo de religiosospela índia. Como se vé, umaobra de fortes ligações como hippismo. O filme foimuito elogiado pela sua foto-grafia. Os atores são todosindianos: Shashi Kapoor,Simi Garewal. RomcshSharma, Pincho Kapoor.Amrik Singh, Shanti Mira-nand.01.30, na Coruja Coloridado 5

t.DICAS

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12h00 - É Hora de Esporte12h45 - Jornal da Cidade13h00 - Hoje e Agoralrevistafeminina)13h30 - Telecurso 2o Grau14h15 - História da Teleno-vela15h15 - Alfabetização15h45 - Telecurso 2? Grau16h30 - Ginástica17h00 - Hatha loga17h30 - A Turma do Lambo-Lambe (infantil)18h15 - Hoje e Agora (revistafeminina)18h45 - Desenho Técnico -Mecânico19h00 - Hora Agrícola19h15 - Telecurso 2P Grau20h00 - Hora da Notícia20h30 - Panorama21h00 - Esportevisão22h30 - TV2 - Notícia22h40 - Música & Músicas.Hoje: Cláudia

09h15 - Despertar da Fé09h45 - Inglês com Fisk10h00 - Clube 700 (religioso)11h00 - Mobral11h15 - Arco-íris (infantil)12h00 - Meio-Dia (jornal)12h55 - Mafalda (desenho)13h00 - Cinema Livre:Harem das Encrencas14h55 - Mafalda (desenho)15h00 - Mulheres16h55 - Mafalda (desenho)

17h00 - Terra dos Gigantes(seriado)18h00 - Hora da Aventura:Perdidos no Espaço19h00 - Dinheiro Vivo19h45 - RTN Nacional (jor-nal)20h00 - Como Salvar MeuCasamento21h00 - Gaivotas21h45 - O Mágico: Ilusão daFlecha do Destino23h00 - 0 Grupo - Psicote-rapiaOOhOO - Classe Especial:Desconhecida Parecida Co-migo

507h00 - Bom Dia Sâo Paulo07h30 - Telecurso 2' Grau07h45 - Bom Dia São Paulo08h15 - TV Educativa08h45 - Sítio do Pica-pauAmarelo (reprise)09M5 - Filmoteca Global10h45 - Globinho11h00 - Mundo Animal11h30 - A Feiticeira12h00 - Os Flintstones13h00 - Globo Esporte13h15 - Estúpido Cupido14h45 - Sessão da Tarde:Jovens Pioneiros16h30 - Semaninha Um:Nascidos ao Vento (1' Parte)17h00 - HB79: Cachorroquente17h15 - Globinho17h30 - Sítio do Pica-pau A-mareio

18h05 - Cabocla18h50 - Jornal da Sete19h05 - Jornal Nacional20h15 - Os Gigantes21h00 - Planeta dos Homens22h00 - Aplauso23h00 - Semana Um: ODespertar da Terra (1? Parta)00h30 - Coruja Colorida:Siddhartha

09h30 - TV Educativa10h30 - Lar. Doce Lar11 h 1.5 - Todos Cantam SuaTerra11 h45 - Record nos Esportes12h00 - Papa Léguas (doso-nho)13h30 - Os Caretas (dese-nhos)14h00 - Porky Pig (desenho)14h30 - Bat Fino (desenho)15h30 - Maguila, 0 Gorila(desenho)16h00 - Super Robin Hood(Desenho)16h30 - O Poderoso Thor(desenho)17h00 - A princesa o o Cava-leiro (desenho)17h30 - Pica-pau (desenho)18h00 - Popeye (desenho)18h30 - Os invasores (se-riado)19h55 - Pica-pau (desenho)20h00 - Sessão Bang-Bang:Laramie21h00 - A Desforra de um

Estranho

23h00 - Mod SquadDOhOO - Ferreira Neto na TV

1115h00 - Lealdade e Cons-

tância (cultural)16h00 rice Amaral (varie-

dades)18h30 Programa Educati-

• vo - Cultural19h00 - Tavares de Miranda

- Especial20h00 Futebol é com 11

(mosa-redonda)22h00 - Brasil Sócio-

Econômico - Cultu-ra!13

11h15 - Pullmann Jr:11h45 - Os Mozzarellas12h15 - Educativo12h45 - Esporte com a Ban-deirantes13h00 - Primeira Edição13h30 - Revista Feminina14h44 - Xênia e Você16h20 - Mary T. Moore16h50 - Pullmann Jr.17h20 - Batman (seriado)17h55 - Família Robson19h00 - Cara a Cara19h45 - Jornal Bandeirantes20h00 - Os Biônicos: Ciborg

e A Mulher Biônica21h00 - Segunda Sem Lei:

Honra Sem Fronteiras23h15 - Encontro com a Im-

prensa00h15 - Cinema na Madru-gada: A Máquina de Matar

Esta segunda nu TV per-tence sem dúvida à Globo.Três séries importadas emestréia e ainda a presença deOduvaldo Viunnu I-illio. nomomento em que ele volta ácena brasileira graças ú be-névola complacência duPolicia Federal.

A primeira série que cs-tréia é Nascidos uo Ventoem Semaninha um (I6h30).São dez capítulos produzi-dos Há dois unos e dirigidopor Philip Leacock mos-trundo umn aldciu de índiosamericanos, sua vida inte-gruda ú nutureza e seu pri-meiro encontro com o ho-mem branco.

David e Golias e o novoepisódio do Sitio do Pica-Pau Amarelo, que tambémcomeça hoje, às 17h30. Es-crito por Murcos Rcy, o queé bom sinal, se propõe a"mostrar uspectos du Bíblia.que contum a formação dopovo hebraixo", o que é dis-eutivel. Além do elenco fixo.participações especiais deJonas Bloch. Paulo Fãtah,Ângelo Antônio. Edney Gio-vcnazzi. José AugustoBranco.

O melhor programa danoite começa ias22h :Aplauso, que hoje apresentauma comediu especialmenteescrita para a TV por Odu-vuldo Viunna Filho, o autorde Rasga Coração. Chama-se O Morto do EncantadoSaúda o Povo, Morre e PedePassugem e foi dirigida porAntônio Carlos Fontoura.Conta a história do subur-bano José da Silva (FlávioMigliaccio). que divide suacasa e sua cama com a mu-lher Maria (Elba Ramalho) eo velho e doente tio Osório(Maçaroca). Certa noite, otio Osório resolve ir para océu, transformando a vidado Zé num inferno aindamaior. O velório promete sermuito engraçado, e contacom a presença de dois dosmelhores comediantes doBrasil: Brandão Filho cJorge Loredo (o Zé Boniti-nho).

Ás 23h30 começa maisuma Semana Um. Conta 27anos de uma família queparte para colonizar o terri-tório de Ohio. na passagemdo século XVIII para o sé-culo XIX. Chama-se O Des-pertar da Terra.

Dagomir Marquezi

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pEPUBLIQ^Cenas de um fim de semana ensolarado

A luta por um lugar ao sol (na praia ou na lama de Guarapiranga), o varejão mais calmo e a festa das crianças

LOUCURAS, LOUCURASNa Praia Grande, aparece de tudo em busca de um soltjnho

Praia Grande, paraíso caroOs ônibus pouco diferem daqueles

que os levam, todas as manhãs, às fã-bocas do ABC. ou às intermináveis via-gens desde a Zona'Leste da capital atéseus empregos. Vào parando, um apósoutro, formando um gigantesco com-boio, de onde despencam - e despen-car é o termo certo - milhares de sorri-sos de gente empenhada em conseguirlugar ao sol.

A cada fim de semana, esses traba-Ihadores, mais suas mulheres e filhos,formam um contingente nunca inferiora 150 mil pessoas, interessado em des-frutar, por todo o pouco tempo dis-ponível, das delícias de um dia longedas máquinas e cartões de ponto, emqualquer um dos 24 quilômetros conti-nuos de areia e mar, que dão o nome dePraia .Grande à cidade do litoral pau-lista. Um paraíso?

Logo são lembrados que, igual aqualquer outro lugar, também ali nadaé de graça. Aliás, em lugar de árvores,estão os coloridos carrinhos de convin-centes vendedores ambulantes, quesubstituem - c multiplicam - a serpentetentadora e oferecem, não a maçã. maslaranjas! a 15 cruzeiros cada, "cas-cada".

CARLOS MAURI ALEXANDRINO

A bem da verdade, o mesmo preçodc uma pinga com limão, que uma par-cela respeitável dos turistas consideramais adequada aos prazeres terrenosem que todos querem naufragar, o maisrápido possivel, para poupar tempo. E,às vezes, naufragam mesmo: o excessode bebidas alcoólicas é responsávelpela imensa maioria dos quase setentacasos dominicais de afogamento, cm-bora poucos sejam fatais - ontem, nodomingo de abertura oficial de umalonga temporada, já eram 38 no inicioda tarde e, por sorte, ninguém morreu.

O pessoal fica meio louco, segundoos salva-vidas. A loucura de aproveitarao máximo, o curto domingo de lazerantes da volta ao batente, na segunda-feira, de onde vêm os exageros. O solcastiga firme e as queimaduras são tãofreqüentes que o pronto-socorro já temum departamento especial só para es-ses tratamentos. As congestões, insola-ções, uma briga e outra, e as criançasperdidas - 126 só ontem - completamo "quadro danado" a que se refere ospoliciais.

Mas o que nào vale um bom do-mingo de sol na praia? Vale, por exem-pio, gastar de dois a quatro meses deeconomias, no pagamento da taxa de

uma excursão, em média, 300 cruzeirospor pessoa, "a seco", ou 400 cruzeiroscom direito a uma cabine de balneáriopara troca de roupa. Banho, nào. Ba-nho é cobrado á parte: o frio custa 15cruzeiros e o quente 10 cruzeiros amais.

As excursões são organizadas porsindicatos, clubes de várzea, associa-ções das mais diversas, que geralmenteservem apenas de intermediários paraempresas particulares. "E mais fácil en-cher os ônibus assim", diz um moto-rista prestes a atender um aliciador dcônibus, "profissão" que só existe emPraia Grande, nascida da necessidadedos balneários de indicar, aos que che-gam, os lugares mais disponíveis.

A praia ferve de gente na boca daavenida Sindical, onde ficam 22 das 30colônias de férias de sindicatos e fede-rações de trabalhadores que, com seus1.300 quartos, não chegam a atendernem a milésima parte das respectivascategorias. Otoniel, que é metalúrgicoda Penha, só entra em excursões de-pois de perder a paciência tentando de-cifrar o enigma que é conseguir umavaga na colônia de seu sindicato: "Te-nho três anos só de fila".

Guarapiranga, multidão na lamaEles saiam de todos os cantos. A pé,

de automóvel, ônibus ou caminhão,urpa multidão de mais de 15 mil pes-soas tomou de assalto as margens darepresa de Guarapiranga, na manhã deontem. O forte calor ativou a imagina-ção de muitos banhistas que, sem pos-suírem roupa apropriada para um mer-gulho, improvisaram cuecas e calei-nhas como maios. Nem mesmo a polui-çào da represa, que recebe esgotosclandestinos e está mais barrenta que onormal pela falta dc chuvas, conseguiudeter o Ímpeto dos banhistas. Descal-ços ou de tênis, para evitar os cacos devidro, eles jogavam futebol ou aposta-vam corridas a pé, terminando semprecom um prolongado banho. Mocinhasde biquíni se esparramavam pela areiaou flertavam junto aos carros estacio-nados. No ar, um som de festa espa-lhado pelos incontáveis radinhos de pi-lha. Um clima descontraído que mar-cou o início da temporada do' verão naGuarapiranga.

Na verdade, a festa havia começadosexta-feira à noite, logo após o encerra-mento do expediente da semana. Osbares da represa começaram a lotar.No Pracinha Bar era quase impossívelencontrar uma-mesa vaga. "O pes-soai passa a noite toda-'bebendo e vaidireto para a praia", diz o garçom JoãoVieira. Só no sábado à noite, o Praci-nha vendeu 500 litros de chope.

Mas a grande massa dos freqüenta-dores de Guarapiranga não tem di-nheiro suficiente para pagar uma noi-tadí| no bar. A maioria vai à represajustamente por não ter dinheiro para ira uma praia de verdade, daquelas"commar.

ANTÔNIO CARLOS GUIDA

É o caso do torneiro-ferramenteiro Dirceu Mariano, outroraum feliz freqüentador das praias daBaixada Santista e hoje transformadonum habitue de Guarapiranga. Espar-ramado na lama à beira da água, juntocom a mulher, dois filhos e o cunhado,ele explicava que a represa nâo é o lo-cal ideal para uns mergulhos. "Todahora eu falo para meu filho de 3 anostomar cuidado com os cacos de vidro",diz ele. "Mas pagar o pedágio paraSantos, mais a grana da gasolina e dascervejas, não dá pé. É botar barão evoltar sem ele."

Mas a represa reserva atraçõesmesmo para aqueles que levam comida

de casa e não podem pagar os preçoscobrados por uma volta de barco ou oaluguel de um cavalo. O hidroaviãoque sobrevoa a represa há 22 anos é amaior delas. Fabricado em 1946, eleainda atrai verdadeiras multidões acada decolagem. Não que os presentesdisputem uma vaga no vôo panorâ-mico.

Longe disso. Eles formam grupospara torcerem pçlo avião, verdadeirarelíquia, que encontra enormes dificul-dades para alçar vôo. Indiferente aoscomentários e piadas, seu proprietário,Gunnar Cükurs, afirma que "avião écomo mulher: só fica bom depois dos30".

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PRAIA DE PAULISTANOEm Guarapiranga, a areia nâo é areia, é lama mesmo

Faltou fôlego paravottar à infância

PAULO SÉRGIO MARKUN

A 1 '•' Volta à Infância provou ontemque Sào Paulo tem exibicionistas paradar c vender: capoeiras, viciados emskate, péssimos jogadores de taco, am-biciosos desafiantes para qualquercampeão de boxe, senhoras e sua desa-jeitada ginástica rítmica, belas moçasmostrando as possibilidades de umacama elástica e autoridades e locutoresdesafiando todos os chavões já imagi-nados para descrever uma manhã desol em que quase cem mil pessoas, namaioria crianças, transformaram umtrecho da avenida Nove de Julho numaespécie de quermesse.

Ah, sim, havia também alguns adul-tos realmente empenhados em voltar àinfância. E até com algum sucesso.José Casemiro. por exemplo, de 50anos, relembrou sua habilidade com ospiões, para o espanto de muito garotoque não tem intimidade com fieiras ecompanhia. Ele é motorista, nasceu naVila Lcopoldina e não brincava compiões há pelo menos 35 anos. Mesmoassim, em poucos minutos recuperou aintimidade com o brinquedo, fazendo-orodar na unha, jogando o pião no ar ereçolocando-o na palma da mão. JoséCasemiro tem três filhos: dois rapazes(24 c 20 anos) e uma moça de 22. E ne-nhum deles sabe rodar pião.

Mas o motorista Casemiro era exce-çào, na Volta à Infância. Um mar-manjo isolado, que se esfalfava numadas quadras de futebol de meia, dispu-tando a redonda (de couro, que bola demeia ninguém mais sabe fazer) commeia dúzia de garotos de um colégio,terminou caindo fora, por pressão dosorganizadores. As quadras de futebol,explicaram eles, eram para os times or-ganizados, de uniforme e tudo, que, sob

a vigilância de juizes da Federação, dis-putavam medalhas e prêmios.

A cama elástica ficou também paraas moças da empresa proprietária doequipamento, que fascinavam os mar-manjos com suas piruetas e suas ma-lhas justas sobre o corpo. E, depois de-Ias, formou-se uma fila dc crianças, quepassavam alguns segundos tentandoequilibrar-se na rede elástica, sem su-cesso.

E assim era no vôlei, na ginástica desolo, no skate, nos rolimãs (onde ai-guns pais ainda conseguiram uma ra-beira no carrinho do fiiho). Para osmais velhos, a saída era disputar umapartida dc taco,um espacinho na rodados piões, meia dúzia de cortadas namesa de tênis, um jogo de botão -acotovelando-se com miriades de garo-tos barulhentes c incompetentes. Osmarmanjos só se vingavam na monta-gem de quebra-cabeças, na corridacom pneu e no ringue dc boxe. Ali, de-pois dc uma demonstração entre doisprofissionais e de uma disputa entremarido e mulher, ambos jovens e dis-postos a eliminar ali, de luvas na mão,as divergências acumuladas no coti-diano, alguns rapazes se dispuseram aenfrentar um lutador feio como a pestec rápido como um raio.

Apesar do calor e do tumulto, muitagente se divertiu a valer. Paciência paraisso era o que havia de sobra, a talponto que centenas de pessoas espera-ram horas na fila para terem seu horós-copo anunciado pelo "astrólogo c men-talista do Brasil", Donaldo Cardoso,que atendia na Casa de Astrologia,uma construção de brinquedo plantadana esquina cia Nove de Julho com apraça das Guianas.

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A BRIGA CONJUGALO casal brinca de lutar boxe. Ou Freud explicaria melhor?

E o Varejão funcionouMais organização e menos movi-

mento. Com isso, o Varejão conseguiuaté mesmo satisfazer boa parte dos 90mil paulistanos que passaram peloCEAGESP, sábado de manhã, para com-prar frutas, verduras e legumes maisfrescos que os vendidos nas feiras e su-permercados,mesmo assim, muita gen-te continuou dizendo que sai mais ba-rato comprar nas feiras.

Para melhorar o serviço, o CEAGESPredistribuiu as barracas por uma áreamais generosa, onde foram dispostas as946 bancas em sentido transversal. Etratou de entregar a tabela de preçosmáximos de 23 produtos a todos osconsumidores. Com uma fiscalizaçãopermanente, os comerciantes respeita-ram a tabela e, por volta das 10 horas,

alguns preços começaram a baixar.Como o da cebola, que de 11 cruzeiroso quilo, passou a 6. Ou o abacaxi es-pecial (de 15 para 10 cruzeiros) e a ai-face (de 9,50 para 3 cruzeiros o pé).

Muitos consumidores, como o moto-rista de táxi João Enéas, compararamos preços com o das feiras. Ele visitouas de Itaberaba, Morro Grande e Fre-guesia do 0 e anotou preços menores.Mas os comerciantes também reclama-ram: lucro pequeno, sobra de mercado-ria e até prejuízo, para os que rião con-seguiram dobrar os atacadistas, nanoite anterior. Aos que foram apresen-tar essas queixas ao secretário da Agri-cultura, ele aconselhou que se orgarü-zassem para obter melhores preçosjunto aos atacadistas.