Desvio de Conduta - Tumblr

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Desvio de Conduta *****BOX DE INFO***** ― Esta é uma Fanfic escrita por DK Harfrei e publicada no Tumblr: www.dkharfrei.tumblr.com ― A postagem deste conteúdo em outro local que não seja o próprio Tumblr será considerada PLÁGIO! ― A classificação desta Fanfic é de 16 anos. ― Desvio de Conduta é uma Fanfic que contem os personagens do jogo Amor Doce, criado pela francesa ChinoMiko. Apenas alguns dos personagens são originais e criados por mim. ― Boa leitura! Capítulo 31 Minha Julieta Me lembrava daquela mulher. Era normalmente Nathaniel quem estava falando com ela a maior parte do dia, já que se encarregava do cargo de representante de turma e tinha uma tremenda responsabilidade com isso. Também tinha sido dela que Castiel tinha corrido e me puxado para o banheiro alguns dias atrás e era engraçado que a diretora do Sweet Amoris continuasse sempre com o mesmo estilo de cabelo, as mesmas vestes que provavelmente, todos os alunos já tinham decorado, e como sempre, o mesmo amontoado de papéis nas mãos. Suas visitas tinham se tornado mais frequente agora, com a aproximação do dia do baile, ela tinha vindo bem mais vezes do que costumava, sempre dando um aviso ou outro, principalmente sobre as fantasias que tínhamos tirado no sorteio. Não tive bem com o que me preocupar. Leigh tinha feito questão de me ajudar com a fantasia e passaria hoje, depois da aula em minha casa, para mostrar seu excelente trabalho. Leigh tinha passado os últimos dias trabalhando naquele vestido, visto que

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Desvio de Conduta

*****BOX DE INFO*****

― Esta é uma Fanfic escrita por DK Harfrei e publicada no Tumblr:

www.dkharfrei.tumblr.com

― A postagem deste conteúdo em outro local que não seja o próprio Tumblr

será considerada PLÁGIO!

― A classificação desta Fanfic é de 16 anos.

― Desvio de Conduta é uma Fanfic que contem os personagens do jogo Amor

Doce, criado pela francesa ChinoMiko. Apenas alguns dos personagens são originais e

criados por mim.

― Boa leitura!

Capítulo 31 Minha Julieta

Me lembrava daquela mulher. Era normalmente Nathaniel quem estava

falando com ela a maior parte do dia, já que se encarregava do cargo de representante de

turma e tinha uma tremenda responsabilidade com isso. Também tinha sido dela que

Castiel tinha corrido e me puxado para o banheiro alguns dias atrás e era engraçado que a

diretora do Sweet Amoris continuasse sempre com o mesmo estilo de cabelo, as mesmas

vestes que provavelmente, todos os alunos já tinham decorado, e como sempre, o mesmo

amontoado de papéis nas mãos.

Suas visitas tinham se tornado mais frequente agora, com a aproximação do

dia do baile, ela tinha vindo bem mais vezes do que costumava, sempre dando um aviso ou

outro, principalmente sobre as fantasias que tínhamos tirado no sorteio.

Não tive bem com o que me preocupar. Leigh tinha feito questão de me ajudar

com a fantasia e passaria hoje, depois da aula em minha casa, para mostrar seu excelente

trabalho. Leigh tinha passado os últimos dias trabalhando naquele vestido, visto que

adorava aquele tipo de trabalho; roupas de épocas antigas. Ele tinha adiado meu trabalho

como modelo, já que meu tempo depois das aulas tinha se tornado livre apenas para

Castiel e sua monitoria. Nunca poderia imaginar que o rapaz que teria me jogado na

piscina, também era excelente com uma matéria tão difícil, além de rígido.

As aulas com Castiel tinham se tornado difíceis depois da noite em que ambos

dormimos juntos. Era impossível dividirmos o mesmo lugar sem que eu passasse alguns

segundos sem me lembrar do que ele teria me dito. O fato de que ele se importava comigo

era estranho, afinal, estávamos falando de Castiel.

Não sabia bem o que andava acontecendo, mas algo no ruivo estava diferente; a

maneira como me olhava, como falava, as vezes em que eu estava concentrada resolvendo

algum problema que ele passava e acidentalmente o pegava com os olhos presos em mim,

os olhos os quais ele desviava e tratava de se ocupar com alguma outra coisa. Ele tinha me

proibido de ir até o último andar da casa e não só isso, tinha me proibido de dormir em

meu próprio quarto. Ele tinha me dado o quarto dele e ido dormir na sala todos os dias que

se seguiram, mesmo que eu ainda achasse que se ele realmente quisesse, Castiel poderia

dormir em seu quarto comigo. Ele estava se policiando, se distanciando de alguma forma e

ainda assim, estava sendo gentil.

As coisas no colégio não mudaram em nada, ele continuava me ignorando,

passando por mim nos corredores e fazendo de conta que não me via, aliás, tinha se

tornado pior. Muito pior. Poucas vezes eu o vi com os olhos presos em mim, isso só

acontecia quando eu estava grudada com Nathaniel, o que tinha se tornado um costume.

Em parte, porque Nathaniel acreditava que tínhamos alguma coisa, me outra, pelo fato de

que eu estava começando a alimentar essa fantasia, imaginando que Castiel sentisse algum

ciúmes disso.

A única coisa que me pegava de surpresa, era o fato de que L.C tinha começado

a se me ignorar. Não me recordo bem o que tinha feito para isso, mas ainda assim, já se

faziam alguns dias que ele não respondia minhas mensagens ou simplesmente respondia

de maneira forçada.

Mas, o que aconteceria hoje... Isso nem em mil anos eu poderia vir a

imaginar.

— Com licença.

A diretora pediu, assim que abriu uma fresta da porta colocando apenas a

cabeça para o lado de dentro da sala. Os alunos que estavam conversando e provocando

um leve atraso na aula, se endireitaram e mudaram suas posturas.

Eu, por outro lado, continuava muito longe dali, em meus pensamentos.

Chutava que mais uma vez ela viria apenas para nos informar sobre o baile,

mas estava enganada. Os olhos dela correram pela ampla sala antes de me localizarem e se

tornarem um tanto mais tensos. Ela pigarreou antes de dizer e minhas sobrancelhas se

arquearam.

— Isabelle, você pode vir aqui um minuto?

O mar de alunos voltou sua atenção para mim. A maioria se perguntando qual

seria a merda que, supostamente, eu teria feito. Aliás, até eu estava começando a refletir

toda a semana que se passara tentando encontrar que merda eu teria feito. Talvez ela só

estivesse me retirando de sala para me informar sobre a nova prova que eu teria de fazer,

certo? Ou quem sabe me perguntar das monitorias com Castiel?

Eu me levantei alguns segundos depois que conclui meu raciocínio e pude

sentir vários olhares presos em mim enquanto andava para fora da sala, acompanhada da

diretora.

— Algum problema? — perguntei assim que atravessei a porta e a fechei,

encarando-a nos olhos.

A diretora não respondeu. Moveu seus papéis nervosamente e arrumou a

armação do óculos na face, antes de pigarrear mais uma vez e apontar para o outro lado do

corredor.

— Não exatamente um problema, Isabelle. Bem, acho melhor ela explicar isso

para você. — ela disse relutante. — Por aqui, por favor.

E sem mais uma palavra, saiu andando.

Lutei contra meus próprios pensamentos negativos. A lembrança do dia em

que L.C me salvara no vestiário me tomara a mente, fazendo meu coração disparar. Será

que algo estava errado? Será que eles sabiam sobre L? Ou teriam descoberto quem tivera

feito aquilo no colégio? E quem era "ela"?

A diretora entrou na sala dos representantes e se dirigiu até a sala dos

professores. Meu corpo gelou. Se ela estava me levando até a sala dos professores, a

situação era bem mais séria do que aparentava. A voz de duas pessoas eram ouvidas do

lado de dentro. Eu tive de prender o fôlego quando a porta se abriu e Castiel apareceu,

grudando os olhos nos meus. Podia sentir que seus músculos se tencionaram e que

segundos depois ele desviou o olhar para outro lugar qualquer, estalando a língua contra o

céu da boca.

— Volte já aqui! Nós não terminamos isso! — uma voz feminina veio logo atrás

de Castiel que revirou os olhos e permaneceu firme, segurando a porta aberta.

— Eu já ouvi. — ele respondeu olhando por sobre os ombros, antes de voltar a

atenção para nós. — Então ela também é necessária? — pergunto Castiel de olhos fixos na

diretora que revisou seu olhar entre mim e o ruivo.

— Não sou eu quem decide isso, ela me pediu apenas para trazê-la até aqui, eu

apenas o fiz. — disse mulher, voltando-se para mim enquanto a expressão no rosto do

ruivo se tornava completamente obscura. — Bem, eu te deixo por aqui, Isabelle. Terei de ir

até a sala A resolver alguns problemas do baile, vocês estão liberados depois que acabarem

aqui. Se precisarem de mim, estarei no ginásio, provavelmente conferindo os preparativos

para hoje a noite. Boa sorte.

A diretora disparou para o lado de fora da sala, deixando eu e o ruivo sozinhos.

Virei-me novamente para ele que agora me olhava nos olhos. Ele deu uma rápida olhada

por sobre os ombros e deu alguns passos para frente, puxando a porta consigo, apenas o

suficiente para quem quer que fosse que estivesse ao lado de dentro, não nos visse e nem

ouvisse.

— O que está acontecendo?

Eu disparei na pergunta quando Castiel ficou apenas alguns centímetros de

distância de mim. Os olhos opacos do ruivo se voltaram em minha direção e se não fosse a

gigantesca diferença de altura, poderia jurar que acidentalmente meus lábios teriam

roçado nos dele.

Os cabelos ruivos estavam um pouco desgrenhados, sabia que ele tinha matado

o primeiro tempo de aula, sabia que tinha dormido tarde ontem e que não andava

dormindo bem. Eu podia ouvir seus passos no corredor, na frente do quarto onde dormia

de madrugada. Ele mais parecia um cachorro fazendo a segurança da casa do que um

adolescente com problemas no sono. Tinha perdido a conta dos dias em que o vi acordado

ou dormindo por acidente nas aulas e nos intervalos, ele estava com a mesma expressão

sonolenta e preocupada no rosto, evitava falar comigo em público e tinha se tornado tão

distante, se quer parecia o mesmo rapaz daquela noite em que disse se importar comigo.

Eu sabia que algo estava o atormentando, tanto que ele estava perdendo o

sono. Não tinha mais a mesma aparência de antes, continuava bonito, sempre estava lindo,

mas parecia sem vida agora, quase como se estivesse em um modo automático.

O ruivo deu um longo suspiro pesado antes de colocar as mãos sobre meus

ombros, inclinando-se mais para mim e fazendo meu coração disparar. Ele estava nervoso.

Aliás, nervoso era muito pouco para como ele estava. Ele estava pálido e seus olhos

demonstravam uma frustração fodidamente grande.

— Por favor, fale apenas a verdade. Prometa que não fará e nem irá dizer

nenhuma besteira, Isabelle? — ele perguntou, a voz preocupada me fez ficar tão tensa

como ele.

Ele pareceu perceber a reação que provocou em meu corpo, pois se afastou logo

depois e olhou por sobre um dos ombros para conferir se a porta ainda estava encostada.

Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas ainda assim confirmei com

a cabeça. Castiel crispou os lábios e empurrou a porta para mim, deixando-me passar

primeiro. Podia sentir seu olhar cravado em minha nuca quando entrei para a sala dos

professor vendo a mulher de cabelos ruivos até os seios e os olhos exageradamente verdes

brilhando em minha direção, assim que me viram e um turbilhão de lembranças me tomou

a cabeça.

Conhecia aquela mulher.Faziam-se apenas algumas semanas desde que nos

encontramos. Ela tinha vindo me ver no dia em que Logan terminou todas as papeladas.

Fora ela quem decidiu se a casa de Logan seria apropriada para mim. Ela era a mulher

quem me permitira morar com os Dubolts. Tinha me visto crescer, estava sempre vindo me

ver, fazendo várias perguntas ao meu respeito, normalmente sobre as minhas lembranças,

me forçando a me lembrar do que tinha me esquecido, de onde eu tinha vindo, como tinha

chegado até o orfanato. As perguntas nunca mudavam, e também, nunca passavam disso.

— Olá Isabelle. — a mulher deu um amplo sorriso ao me ver e eu retribui dando

um meio sorriso em retorno.

— Vamos logo com isso, Brenda. — disse Castiel.

Olhei por sobre um dos ombros para Castiel e percebi que ele continuava tenso.

Passou por mim sem dizer uma única palavra e se sentou em uma das cadeiras disponíveis

de frente para a mesa de Brenda que suspirou fundo e o lançou um olhar duro de

desaprovação.

— Sinto informar Castiel, mas isso terá de demorar bastante. Eu preciso saber

como Isabelle está com essa nova vida e aliás, não me recordo de dizer que precisava de

você. Até onde sei, nós já terminamos o que tínhamos de conversa. — ela disse em tom

ríspido e nada gentil, como se quisesse intimidá-lo.

— Eu quero ouvir o que ela tem para dizer. — disse ele com sinceridade me

fazendo encolher os ombros.

Era coisa de minha cabeça ou ele estava preocupado com que Brenda me

mandasse de volta para o orfanato?

— Você se incomoda de que ele escute? Ele não precisa ficar, caso você não se

sinta à vontade. Isso é um assunto particu... — eu interrompi Brenda antes que ela

terminasse.

— Não. Não. — respondi. — Eu me sinto mais confortável com ele aqui.

A cabeça de Castiel se virou repentinamente para me olhar. Percebi em sua

expressão que ele estava um tanto surpreso com a minha resposta e teria enrubescido se

Brenda não estivesse nos olhando tão fixamente.

Ela pareceu passar seus olhos entre mim e Castiel quando me sentei ao lado do

ruivo, nos analisando em silêncio e depois de algum tempo, começou a apanhar uma pilha

de arquivos que trazia consigo. Nós estávamos ocupando a sala da diretora e Brenda mais

aparentava estar em casa, mesmo que a sala não fosse sua.

Quando Brenda finalmente encontrou minha ficha no meio de várias outras

que carregava, ela sorriu e a jogou sobre a mesa. Logo depois, ela apanhou uma segunda e

a jogou também. Pude ler o meu nome na mais vazia e a de Castiel na ficha seguinte, uma

ficha completamente lotada de papéis e anotações. Meus olhos correram para encontrar os

do ruivo que a essa altura tinha virado seu rosto para a janela da sala, ignorando a mim e a

Brenda.

O que levaria Brenda a ter uma ficha do rapaz consigo se apenas eu era sua

responsabilidade?

— Castiel também tem uma ficha? — perguntei depois de algum tempo em

silêncio e percebi que Castiel não se moveu nem mesmo com minha pergunta curiosa.

Sabia que as fichas eram sempre onde Brenda anotava coisas sobre as seções,

as partes mais importantes, principalmente as em que eu me recordava de alguma coisa de

meu passado. Ela fazia um excelente trabalho como psicóloga e na parte de assistente

social, embora que normalmente, esse papel fosse mais de Catlyn, Brenda me via em média

duas vezes por ano, já que na maioria das vezes, era Catlyn quem fazia as seções comigo.

— Sim. Eu sou a psicóloga dele desde que Castiel tinha seus dez anos, o que

facilitou bastante o meu trabalho com você. Eu fiquei muito na dúvida em te deixar morar

com os Dubolts já que conhecia toda a situação, mas depois que analisei bem ambos os

casos, percebi que algumas misturas não são assim uma má ideia. — explicou Brenda

procurando alguns papéis em ambas as fichas que tinha sobre a mesa.

Meus olhos estavam fixos na ficha de Castiel. O que poderia ter ali dentro?

— Então, você ainda tem tido os pesadelos? — perguntou Brenda enquanto

passava os olhos em minha ficha.

Castiel que estava olhando para a janela voltou seus olhos para mim, mas eu

não o olhei. Não fazia ideia que com a presença dele ali, falar sobre mim seria tão

constrangedor.

— Sim. — respondi em voz baixa. — Em algumas noites sim.

— Algumas noites? Eles pararam em algumas delas? — quis saber Brenda.

— Sim. Eles quase não andam existindo desde que eu me mudei.

— Isso é muito bom, Isabelle. — ela disse com um sorriso.

Brenda ergueu os olhos da minha ficha para Castiel e eu acompanhei seu olhar

até o rapaz.

— E você? O mesmo?

Arqueei as sobrancelhas com a pergunta. Castiel me olhava com atenção, mas

era impossível dizer o que estava pensando.

— Não. Eles pioraram. — murmurou o rapaz em resposta, fazendo Brenda

abaixar minha ficha e colocar um dos dedos sobre o queixo, enquanto se acomodava na

cadeira.

— Pioraram? — perguntou Brenda. — Você não me falou sobre isso. Gostaria de

saber sobre eles.

Castiel fez uma careta.

— Você disse que a seção seria sobre Isabelle. — resmungou.

— E é. Mas aproveitando que ambos estão aqui, quero tentar algo diferente.

— Pois eu não quero. Eu não quero compartilhar com ela sobre isso. Isso é

coisa minha, não preciso dela se metendo nos meus assuntos, na minha vida.

Meu coração se apertou. Eu pude perceber a expressão de arrependimento que

Castiel me lançou com as palavras que disse quando viu meu rosto contorcido em mágoa.

Brenda apenas nos olhava curiosa, prestando bastante atenção no que estava vendo,

gravando tudo com seus olhos, não deixando nada escapar.

Com um longo suspiro o ruivo bateu o punho contra o braço da cadeira e

desviou os olhos para as amplas janelas de madeira.

— Tenho sonhado com a minha mãe. — disse o ruivo depois de um tempo. —

Tenho sonhado com o dia do acidente quase todas as noites, quando a chamei e ela não

respondeu. Tenho sonhado que vou perder coisas que amo de novo. — ele fez uma pausa.

— Tenho sonhado com coisas que me atormentam todas as noites e tenho sonhado com

aquela garota.

A expressão triste de Brenda se modificou com o último comentário. Ela puxou

a ficha do ruivo imediatamente, folheando algumas páginas antes de voltar a encará-lo. Eu,

por outro lado, estava tentando controlar as lágrimas pelo comentário da mãe de Castiel.

— Aquela garota? — ela perguntou depois de um tempo. — Você não fala dela

fazem-se quase seis anos. — disse Brenda. — Tem sonhado o que com ela?

— Não quero responder mais do que isso. — murmurou Castiel com a voz

arrastada.

— Nós já começamos a falar disso, vamos terminar. — insistiu a mulher me

fazendo agradecê-la por isso. A essa altura, eu estava explodindo de felicidade por

descobrir tantas coisas sobre Castiel, principalmente o lado fraco que ele nunca deixava

transparecer quando falava sobre sua mãe.

— Tenho sonhado que ela está comigo.

— E isso não é bom? — quis saber Brenda.

O rosto do ruivo se virou para a mulher que aguardava ansiosa por uma

resposta, até eu estava ansiosa por ela.

— Não quando ela vai embora quando eu acordo.

Movi os ombros desconfortavelmente. Pela forma como Castiel falava, chutava

que fosse alguma ex namorada muito querida ou talvez até mesmo um grande amor de sua

vida. A ideia fez com que um estranho sentimento apertasse meu peito me sufocando. Era

possível que eu tivesse ciúmes de alguém que nem achava que gostava tanto assim?

— E você Isabelle? — eu olhei para Brenda percebendo que ela me encarava

série agora. — Alguma mudança nos sonhos?

Vasculhei todas as minhas lembranças daquela semana e movi a cabeça

lentamente em negação. Meus sonhos tinham sido revezados entre Lucky e alguns outros

os quais me esquecia quando acordava. Era engraçado, mas quanto mais tentava me

lembrar deles, mais esquecia.

— Na verdade, não. — disse desanimada por nenhuma grande evolução.

— Nenhuma lembrança? Nada?

Neguei para ambas as perguntas e Brenda suspirou fundo, pensando em

alguma nova pergunta.

— Certo. Deixando os assuntos do passado um pouco de lado, como está sua

vida aqui? O que fez essas semanas?

Um baixo estalo me fez virar a cabeça para o lado. Castiel tinha mudado de

posição na cadeira e estava me olhando apreensivo.

Tive cuidado em fazer um rápido resumo do tempo que estive por ali, tirando

apenas a parte em que eu e Castiel estávamos nos entendemos mais do que deveríamos.

Aliás, tentava cortar ao máximo qualquer assunto que o envolvesse, falando mais sobre os

amigos ganhei estudando ali, o passeio no parque e claro, cortando a existência do L.C

enquanto relatava.

Quando terminei Brenda ainda ficou algum tempo em silêncio me observando.

Olhou novamente minha ficha anotando várias coisas e quando terminou, bateu a caneta

contra o papel, pensativa.

— Você está namorando esse Nathaniel, Isabelle? — perguntou sorrindo, super

curiosa.

Minhas bochechas coraram imediatamente com a pergunta.

— Não. — respondi.

— Sim. Ela aceitou um relacionamento com ele ou pelo menos ele acha que

aceitou. — Castiel interrompeu e eu me virei bruscamente para ele.

— Eu não aceitei! Eu não tinha o que responder naquela hora, ele estava

esperando algo positivo e o que eu poderia fazer?

— Ah! Claro! — disse o ruivo em ironia. — A dama loira nunca poderia se

magoar, como eu não pensei nisso?

— E vocês? — interrompeu Brenda fazendo Castiel olhá-la confuso.

— Nós? — retrucou o rapaz em um tom de atenção.

— Vocês. Como é o relacionamento de vocês? Vocês conversam? Costumam

sair juntos? Vocês tem um bom relacionamento?

— Nós estamos bem. — disse o ruivo antes que eu fosse capaz de responder.

Brenda pareceu perceber que o ruivo queria me calar e lançou um olhar

entusiasmado para mim, na esperança de que eu revelasse alguma coisa. Meu estômago

embrulhou, eu estava a alguns dias tentando decidir que tipo de relacionamento eu e

Castiel tínhamos, mas não sabia dizer o que era.

Nós já tínhamos nos beijado e ele disse que se importava comigo, aliás, eu

sabia que sentia algo por ele, não sabia exatamente o que ou simplesmente não quisesse

acreditar nisso, mas, existia alguma coisa.

— Bem. — dei de ombros recebendo uma expressão de reprovação de Brenda.

— Bem? É isso que vocês tem para me dizer? — ela riu fraco e crispou os lábios

quando nós não rimos e não respondemos nada. — Não gostei dessa resposta. — ela disse e

Castiel ficou tenso novamente. — Consideram o relacionamento de vocês como o de dois

irmãos?

Não. Definitivamente não somos irmãos. Estamos muito longe de sermos

irmãos. Até onde eu sei, irmãos não se pegam e nem se gostam. A irmã não tem crises de

ciúmes quando vê o irmão com uma garota que odeia e normalmente o irmão não faz

apostas para saber quem se apaixona primeiro. Aliás, irmãos nem se apaixonam.

— Sim. — respondeu o ruivo. — Nós nos tratamos como irmãos.

Minha cabeça virou automaticamente para encará-lo.

— No início eu não quis aceitá-la como uma irmã. Eu não a conheço bem o

suficiente para dizer isso, mas nós nos tratamos como irmãos. Aos poucos estamos nos

conhecendo e...

Eu senti toda a raiva tomando conta de mim. Então era disso que ele estava

falando quando disse que se importava comigo?

— Ele me ignora em público. — eu disparei e Castiel me olhou sem acreditar no

que eu estava dizendo. Brenda arqueou as sobrancelhas mais interessada com o que eu

dizia. — Ele não gosta de mim, me diz para não falar com ele enquanto os amigos estão

perto e ele quase me matou afogada na piscina no dia em que eu cheguei.

— O quê? — Brenda perguntou com a voz esganiçada, podia ver de soslaio que

Castiel tinha perdido a cor e a fala.

— Ele já me fez ir a pé pro colégio e se negou a me levar quando Logan foi bem

claro em mandá-lo fazer isso.

— Isabelle! — Castiel chamou em tom de alerta, tentando me fazer parar, mas

agora seria impossível. Eu estava com tanta raiva que poderia socá-lo.

— E ele também já disse que faria de tudo para me fazer ir embora de sua vida.

Já quase bateu em Leigh quando me viu na casa dele...

— Isabelle, cale a boca! — o grito que correu pela sala me fez congelar e me

virar para Castiel.

Os punhos estavam cerrados e a face estava completamente vermelha de raiva.

Os olhos gentis e sonolentos tinham sido substituídos por olhos estreitos, cegos de raiva e

ódio.

— Que inferno! — ele berrou, desviando os olhos para os próprios pés.

— Isabelle. — Brenda chamou, mas eu não voltei a atenção para ela. — Você

está dispensada por hoje. Preciso de alguns minutos com Castiel. Sozinha. — eu a olhei por

um momento confirmando com a cabeça, ainda muito atormentada para dizer mais

alguma coisa e me levantei da cadeira, puxando a mochila comigo.

Dei uma última olhada para Castiel que ainda olhava para os próprios pés

antes de caminhar até a porta e abri-la. Brenda me chamou mais uma vez antes que saísse

e eu a olhei de novo.

— Já ia me esquecendo. Nós vamos repetir isso alguns dias da semana, tudo

bem?

— Alguns dias? — perguntei um pouco confusa.

— Sim. Só eu e você. — ela piscou e eu desviei os olhos para o ruivo que estava

de costas para mim.

— Se você acha necessário...

Fiquei um tempo parada na porta, me perguntando se deveria esperá-lo sair da

seção para irmos para casa juntos, mas mudei de ideia assim que repassei seu berro em

minha cabeça. Ele definitivamente não estava afim de falar comigo, se quer queria me

olhar nos olhos.

Eu sai da sala com os olhos cheios de lágrimas e disparei pelo corredor, indo

para casa.

Brenda e Castiel ainda ficaram mais cinco minutos dentro daquela sala. O

rapaz de cabelos ruivos ainda fitando os próprios pés quando deixei aquele lugar e Brenda

começando a guardar as fichas em seu devido lugar.

— Você gosta dela. — disse Brenda depois de algum tempo de silêncio em que

ambos não disseram nada.

O garoto de cabelos ruivos ergueu um pouco dos olhos para a mulher também

ruiva. Ela deu um sorriso, tentando sustentar uma repentina brincadeira, mas o rapaz não

retribuiu. Apenas a encarou sério, vendo o sorriso da mulher se desfazendo conforme ia se

tocando do que dizia.

— Você gosta dela. — disse ela mais uma vez, agora não em brincadeira, mas

em confirmação.

— Você ainda quer dizer mais alguma coisa? Ou também estou dispensado? Se

a conheço bem, ela vai a pé para casa e precisava entregar algo para Isabelle, antes do

baile.

Brenda ponderou a pergunta por um tempo, antes de prosseguir.

— Você me pediu para ver como ela estava, eu vim. Quando eu aceitei que ela

fosse morar com vocês, sabia do estado dela e do seu. Pensei que talvez ela conseguisse

curar as feridas que você tinha e que talvez, você conseguisse fazer com que ela se

lembrasse da parte que faltava nela. Provavelmente Logan pensou a mesma coisa quando

teve essa ideia, mesmo que não soubesse de nada sobre Isabelle, sabia sobre você. — ela

suspirou fundo. — Você tem que entender que a mente de Isabelle bloqueou, Castiel. Ela

não se lembra nem mesmo dos sonhos que tem de noite e mesmo que lembre, não sabe de

quem são os rostos que estão neles. Nós estamos trabalhando duro para fazer isso dar

certo. Eu me surpreendi com a sua ligação. Nunca esperaria que isso fosse acabar

acontecendo.

Os olhos do ruivo se ficaram nos olhos verdes de Brenda. A tensão em sua

expressão tinha se modificado para algo como uma tristeza profunda.

— Eu vou viajar dentro de algumas semanas. — disse o rapaz. — Existem

algumas coisas que preciso fazer. Preciso que você fique de olho nela por mim.

— Você vai viajar? — Brenda não disfarçou a surpresa na voz.

— Não sei por quanto tempo vou ficar fora, por isso te liguei. E você sabe, agora

não estamos falando apenas de Isabelle, mas também de Guilherme.

Brenda assentiu.

— Você pode buscá-lo assim que quiser. Ele está bem ansioso desde que eu lhe

contei que você o tinha adotado. — ela batucou o lápis mais uma vez contra as folhas sobre

a mesa. — Foi por Isabelle, não foi?

O ruivo não respondeu. Ergueu-se da cadeira, puxou sua mochila por sobre um

dos ombros e lhe deu as costas, saindo da sala.

Li a mensagem mais uma vez antes de enviar, fechar o celular e dar atenção

para Leigh:

"Nos vemos hoje a noite?"

— Isabelle

— Você demorou. Eu estou te esperando chegar desde uma hora.

Dei um leve sorriso para Leigh tentando disfarçar minha triste expressão.

Leigh estava sentado em um dos degraus de minha casa, não trazia nada consigo e parecia

sentir calor, mesmo que estivesse na sombra. Certamente aquele era um dos dias mais

quentes de verão.

— Eu sinto muito. — disse com dificuldade, uma das mãos puxando a alça da

bolsa sobre meu ombro. — Eu recebi uma visita inesperada e isso demorou bastante, além

de que tive de vir a pé.

— Eu sei. Castiel veio aqui duas vezes e me pediu para que você ligasse para ele

assim que chegasse.

Me surpreendi.

— Ele veio aqui? — Leigh assentiu com a cabeça, se levantando e ficando de pé

na minha frente. — E não te deixou entrar?

— Você sabe... — ele deu de ombros. — Ele não gosta de mim e eu não vou com

a cara dele, a gente quase caiu na porrada aquele dia por causa de você e de acordo com

ele, ele não seria maluco de me deixar dentro da casa dele, sozinho com você. Aliás, ele

disse que se eu passasse por essa porta, eu seria um homem morto assim que ele

descobrisse. — Leigh riu fraco. — Vocês estão brigados? — eu crispei os lábios sentindo as

lágrimas se acumularem nos olhos mais uma vez.

— Não quero falar sobre isso. — foi tudo o que disse, ficando grata quando

Leigh não insistiu no assunto.

— Certo. — ele deu de ombros, um tanto sem jeito. — Bem, eu trouxe o seu

vestido, estava te esperando chegar para mostrar.

— Sério? — eu perguntei entusiasmada, não conseguindo reprimir o sorriso

exagerado em meu rosto.

Nós caminhamos pelo jardim da casa até o carro de Leigh. Leigh se apressou

em abrir o porta-malas antes que eu me aproximasse, apanhando o vestido que estava por

baixo da capa protetora preta. Ele me lançou um amplo sorriso antes de bater o

porta-malas e me acompanhar para dentro de casa. Demorei alguns minutos para achar as

chaves no meio da bagunça de minha mochila, mas por fim, entramos e fomos para a sala.

Joguei a mochila em qualquer canto, tirando os tênis e prendendo os cabelos em um

coque. Leigh riu da minha ansiedade quando me sentei no sofá e puxei o vestido de sua

mão para mim.

Dando uma última olhada para Leigh, comecei a retirar a capa protetora de

sobre o vestido e arregalei os olhos. Perdi meu fôlego, meus lábios se abriram. Eu não

podia acreditar naquilo. Leigh era simplesmente um Deus fazendo roupas, como ele

conseguira fazer um vestido daquele tipo em tão pouco tempo?

— Leigh... — chamei em voz baixa, passando uma das mãos sobre o meio do

vestido. — Como você...

— Eu sei. — disse Leigh. — Eu sei. Poderia ter ficado melhor, mas...

— Melhor? — perguntei com a voz esganiçada. — Você tem ideia do que você

fez? Eu nunca vi ninguém com a metade do seu talento, Leigh. Você fez um vestido em

basicamente menos de duas semanas!

— Eu disse que era bom, querida. — Leigh me deu uma piscadela rápida e tive

de sorrir em gratidão. — Eu aposto que vai ficar lindo em você.

Os olhos negros como carvão desceram de meu rosto para o vestido. A

cabeleira de cor idêntica aos olhos estavam arrumadas e apenas alguns fios lhe cobriam os

olhos. Diferente da última vez que o vi, Leigh estava com uma camisa social de botão e

calça preta, com sapatos negros muito limpos. Ele mais parecia um empresário do que um

estilista.

— A gente tem que fazer uma trança nesse cabelo, sabia? — perguntou Leigh

me tomando a atenção quando seus olhos retornaram para o meu.

— Trança? — retruquei confusa, ainda sorrindo. Estava completamente besta

com o vestido.

Minhas mãos deslizaram pelo pano branco e vermelho com detalhes em

dourado, além de um corpete divino. Cada parte daquele vestido era tão delicado. Leigh

tinha feito um decote chamativo nos seios e até mesmo tinha uma máscara presa ao cabide

que acompanhava o vestido.

A máscara dourada de frente mais me lembrava uma borboleta de asas abertas

onde apenas os olhos eram visíveis. Continha curvas perfeitas nas beiradas, algumas mais

acentuadas que outras e pequenas pedrinhas nas pontas, os quais recordavam diamantes

discretos.

— Eu imaginei que uma trança embutida ficaria perfeita com esse vestido. —

respondeu Leigh tomando minha atenção para si.

— Irá me ajudar com o vestido?

— E com a maquiagem, se me permitir.

Mas é claro que eu permitira. Eu não sabia me maquiar direito e era um

desastre com penteados. As únicas coisas que conseguia fazer eram os coques e os rabos de

cavalo, mas normalmente, a traça era responsabilidade de Catlyn quando ainda morava no

orfanato.

Agradeci Leigh milhares de vezes antes de irmos para a cozinha. Eu não tinha

almoçado nada e estava faminta quando disparamos para lá. Tratei de preparar a primeira

comida congelada que encontrei na geladeira. Leigh também acabou se rendendo para os

congelados que encontramos, os que Logan e Castiel costumavam comprar por culpa da

minha ausência em algumas tardes, quando não poderiam contar com minha comida.

Nós conversamos sobre algumas coisas, desde minha infância turbulenta até

ambos nossos relacionamentos. Leigh me contou sobre seu relacionamento que não tinha

dado certo e que o nome da menina era Rosalya. Me contou que namoraram por longos

anos e que ainda gostava dela, mesmo que ambos não tivessem a mínima capacidade de

ficarem juntos outra vez. Contou das brigas que ambos tiveram ultimamente e eu não tive

vergonha em lhe contar sobre Nathaniel e L.C, fazendo-o se impressionar em todas às

vezes em que contei das furadas as quais L me salvou.

Quando o rumo da conversa começou a mudar para Castiel, eu finalmente me

levantei e lavei toda a louça, afugentando a conversa desagradável que quase tivemos. Eu

ainda não tinha engolido o que tinha escutado na seção com Brenda. Não sabia exatamente

o motivo, mas sabia que aquilo tinha revirado todos os sentimentos mais esquisitos que

poderiam existir dentro de mim.

Subimos para o segundo andar da casa assim que terminamos. Era provável

que Logan estivesse trabalhando como sempre e claro, que Castiel não estivesse em casa.

Mas nada explicava o som alto de uma música de rock ecoando pelos corredores da casa

quando chegamos ao segundo andar.

— Tem alguém em casa? — perguntou Leigh para mim enquanto me seguia

pelo amplo corredor.

Neguei rapidamente a cabeça para Leigh antes de voltar a andar e verificar

cada um dos quartos. O quarto de Castiel estava vazio, como já era de se esperar. A única

nova surpresa fora o meu quarto, que tinha simplesmente sido trocado por um quarto

totalmente infantil masculino. Não fazia ideia se Castiel estava pregando alguma peça em

mim, mas pisei duro quando disparei para o quarto de Logan que não encontrava-se em

casa. O som fora aumentando e a medida que disparei pelo corredor, percebi que o som

vinha do sótão.

Troquei olhares desconfiados com Leigh antes de começar a subir as escadas

para o sótão. Meu corpo tinha se tensionado um pouco, principalmente conforme uma

baixa voz ia sendo ouvida, algo como barulhos imaginários de batidas e explosões, algo que

eu conhecia de algum lugar e me lembrava alguém.

Guilherme.

O garoto de cabelos ruivos estava entretido com lápis que segurava nas mãos e

papéis espalhados pelo chão do antigo e velho sótão abandonado. A luz do sol entrava pelas

amplas janelas agora muito limpas e as janelas abertas deixavam o vento sacudir algumas

das cortinas brancas do local. Móveis novos tinham sido colocados, uma cama de casal ao

centro, encostada contra a parede. Um guarda-roupa com portas de espelho, e claro,

minhas coisas, além de uma mesa enorme para desenhos e uma televisão presa contra a

parede.

Meu queixo caiu. Guilherme ouviu meus passos e os de Leigh quando pisamos

no sótão e ergueu os olhos para nós dois. O garoto de mais ou menos oito anos abriu o

maior sorriso que já vira em minha vida e se levantou do chão, disparando em minha

direção, me abraçando. Retribui o abraço com dificuldade ainda um pouco atordoada. O

que exatamente ele estava fazendo aqui, eu não saberia dizer.

— Isa! Isa! — ele disse repetidas vezes enquanto abraçava meu quadril e

enterrava a cabeça em minha barriga.

— Guilherme! — eu disse um tanto animada, mas ainda muito confusa para

mostrar total entusiasmo. O rapaz se afastou um pouco e eu pude me abaixar para olhá-lo

nos olhos. — O que está fazendo aqui? Quem te trouxe? Catlyn está aqui?

Os olhos de Guilherme brilharam ainda mais e um sorriso totalmente

iluminado dançou em seus lábios. Eu tinha colocado as mãos sobre seus pequenos ombros

para encara-lo melhor e agora as mãos estavam escorregando. Eu nunca o tinha visto feliz

daquele jeito, nem mesmo quando o levamos para o zoológico ou quando ele ganhou

aquela velha bicicleta no natal de três anos atrás.

— Ele me adotou. — disse o garoto logo depois, fazendo meus olhos se

arregalarem e meu queixo cair. O sorriso em seu rosto dobrou. — Ele me adotou, Isa! O tio

macaco me adotou e disse que o seu quarto é meu.

Eu pisquei nervosa. Não consegui sorrir de imediato, aliás, não conseguia nem

pensar direito.

— E-Ele E-Ele te adotou? — eu gaguejei bastante antes de conseguir falar. —

Ele?

Mais uma vez Guilherme me abraçou e agora eu retribui o abraço ainda mais

forte, sentindo todas as lágrimas acumuladas pesarem e ameaçarem rolar. Olhei por sobre

os ombros do pequeno Guilherme para o quarto, o papel de parede em detalhes lindos em

branco, rosa claro e dourado. Meu Deus! Ele tinha me proibido de voltar para o meu

quarto, pois estava preparando uma surpresa para mim.

— Sim. Ele. O tio macaco. — Guilherme riu, feliz. — Ele é legal! Eu sabia que ele

era legal!

Eu me afastei com dificuldade de Guilherme e usei as costas das mãos para

limpar as lágrimas que escaparam pela minha bochecha. Toda a raiva que senti antes de

Castiel tinha me deixado. A única coisa que desejava agora era agradecê-lo. Ainda não

acreditava que Guilherme dividiria a mesma casa que eu e viveria basicamente a mesma

vida.

— É. Ele é muito legal.

Disse abrindo um sorriso imenso para o meu garoto, dando um beijo na

bochecha dele e depois passando as mãos pelos cabelos ruivos. Meu coração estava tão

balançado agora, algo que nunca tinha acontecido antes. Eu beijei as mãos de Guilherme,

agora finalmente compreendendo que ele estava ali e que não me deixaria mais, agora

éramos da mesma família.

— Isabelle?

Olhei por sobre os ombros para Leigh. A essa altura nem me recordava que ele

estava ali, nos vendo. Mais uma vez tive de limpar as lágrimas que escorriam pelas minhas

bochechas. Guilherme grudou em uma de minhas pernas enquanto examinava Leigh dos

pés até a cabeça.

— Quem é esse? — ele sussurrou para mim, mas era claro que Leigh também

pode ouvi-lo, pois sorriu. — Ele é estranho. — disse Guilherme me fazendo rir.

— Ele é meu amigo, Guilherme. Leigh. — eu apresentei e Leigh se abaixou

dando um sorriso para o garoto que se afastou imediatamente.

— Ei garoto, tudo bem? Isabelle me falou muito de você. — Leigh esticou uma

das mãos para cumprimentá-lo. Trazia meu vestido consigo.

Guilherme passou alguns segundos avaliando a mão de Leigh estendida, antes

de erguer o olhar para mim e murmurar.

— O tio macaco falou que você viria com um cara e que não era pra mim

confiar em cara nenhum. Ele disse que todos eles são cruéis, disse que só ele presta.

Minhas sobrancelhas se arquearam. Leigh voltou a mão para trás xingando

baixo e resmungando algumas coisas enquanto eu não tive como deixar de rir com a

informação.

— Ele disse isso? — perguntei entre risos.

— Isso foi jogar sujo... — Leigh resmungou, voltando a ficar de pé.

Passei mais uma vez uma das mãos sobre os cabelos de Guilherme em um

carinho e beijei sua cabeça.

— Querido, ele não é ruim. Ele é meu amigo, provavelmente Castiel estava

apenas brincando. — Guilherme me olhou desconfiado.

Era coisa da minha cabeça ou eu tinha realmente perdido meu garoto para

Castiel por uma adoção?

— Eu não confio nele. — insistiu Guilherme enquanto eu suspirava fundo.

— Certo. Ele só veio me ajudar com meu cabelo e o vestido que irei usar. Eu

vou sair hoje de noite.

Guilherme assentiu com o comentário ainda me encarando.

— Eu sei. Eu também vou.

— Você vai? — eu franzi os cenhos. — Castiel vai te levar?

Seja lá como isso for acontecer, eu nunca o deixaria dentro do mesmo carro que

o de Ambre.

— Não. Você. Ele disse que você não me deixaria ficar sozinho em casa de noite,

então imaginou que você fosse me levar. — Guilherme sorriu. — Você vai me levar, não vai?

Suspirei pesado. Agora as coisas faziam um pouco mais de sentido.

— Ele não vai voltar aqui, vai? — Guilherme balançou a cabeça em negação.

— Ele disse que te veria no baile. Eu até ajudei ele com a fantasia dele.

— Fantasia? — eu perguntei.

Guilherme abaixou a cabeça para o chão no momento seguinte, andando em

direção aos papéis jogados no chão do quarto. Só agora tinha parado para prestar atenção

neles. Ele tinha feito diversos desenhos, alguns em tentativas de desenhar carros, outros eu

se quer conseguia decifrar o que eram, mas em um ou dois pude chutar que ele estivesse

desenhando alguém de terno e imaginei que Castiel tivesse tirado algum tipo de Gângster

ou coisa parecida.

— Certo. — disse entre risos. — Imagino que a fantasia dele deve ter ficado

muito linda, já que você o ajudou. — Guilherme sorriu, mas sua atenção agora estava entre

os papéis.

— Estava em algum lugar... — ele disse revirando as folhas atrás de alguma

coisa, mas em vez de me focar no garoto, me voltei para Leigh que ainda estava parado em

silêncio nos observando.

— Parabéns. — murmurou Leigh para mim quando o olhei. — Foi um presente

adiantado de aniversário e tanto.

Meu aniversário... Eu se quer me lembrava que amanhã era meu aniversário e

duvidava muito que aquilo fosse um presente antecipado.

— Não. Definitivamente ele não faria algo assim. Provavelmente ele quer

alguma coisa. — Leigh balançou a cabeça.

— Não acha que para alguém que te queria fora da própria vida e faria de tudo

para te tirar dela, isso não uma atitude suicida?

Eu ponderei a pergunta por um tempo.

— Eu não o entendo. — dei de ombros, virando-me para olhar Guilherme. —

Gui, eu vou ficar com Leigh pela sala, já que você está ocupado aqui. Vou precisar fazer um

penteado legal e me arrumar para o baile, você fica bem aqui?

Guilherme não me olhou. Apenas assentiu com a cabeça e voltou a vasculhar

seus papéis em busca de algum desenho específico enquanto desciamos a escada.

— Anda Isabelle, sai dai! Já vai dar sete e meia horas, a festa começou às sete!

Você está atrasada!

Eu não respondi.

Não tinha como responder. Quando Leigh começou a fazer aquela trança, eu

não sabia que ela combinaria tanto com aquele vestido, mas, agora, vendo-o em meu

próprio corpo, isso era bem diferente.

Leigh tinha feito uma trança embutida perfeita. Existiam algumas presilhas

brilhantes pelo meu cabelo e ele tinha feito uma maquiagem bem delicada. O corpete tinha

deixado minha cintura ainda mais fina e tinha dado volume nos seios, mas não era

exatamente neles que meus olhos estavam focados. Todo o conjunto tinha ficado sem

descrição. Leigh era bom no que fazia, mas nunca poderia imaginar que fosse tão bom

assim, até que eu vestisse aquela fantasia.

Girei frente ao espelho do banheiro uma última vez, passando as mãos pelo

vestido. Leigh tinha me obrigado a colocar um salto alto dourado que não era tão alto

quanto pensei que fosse e não machucava tanto os dedos dos meus pés, mas ainda assim

me obrigava a ter cuidado, já que não conseguia me equilibrar direito. Por último, apanhei

a máscara sobre a pia e a coloquei no rosto. Meu coração acelerou. Eu estava bonita. Eu

sabia que estava, me sentia bem, muito diferente do que já me senti em muitos outros dias

da minha vida.

Respirei fundo uma única vez e me virei para a porta, abrindo-a. Leigh se

afastou em alguns passos, estava conversando com Guilherme, provavelmente, já que ouvi

vozes ao lado de fora, e de fato, tinha acertado no chute.

Ambos os garotos pararam de conversar quando apareci na porta. Os olhares

se congelaram em mim, surpresos e sem palavras. Claro que estavam sem palavras, até eu

estava. Eu girei uma vez na frente de ambos mostrando todo o vestido, a combinação do

cabelo que Leigh tinha arrumado e a máscara deslumbrante que ele tinha me arrumado.

Leigh abriu um sorriso enorme e se apressou em me puxar para um abraço

apertado, me sufocando com seu perfume importado.

— Caralho! Como você está linda, Isa! — ele disse enquanto me abraçava, me

fazendo rir. — Puta merda!

— Meu estilista particular é muito bom no que faz. — eu sussurrei em seu

ouvido, brincando com Leigh que se afastou rindo.

— Caramba! — a voz de Guilherme se estendeu por um tempo no ar enquanto

ele encarava meu vestido. — Você parece aquelas princesas da Disney, Isa.

— Obrigada amor. — eu agradeci, bagunçando os cabelos ruivos de Gui.

Só então percebi que ele estava arrumado com uma roupa de festa, como se

estivesse realmente pronto para ir ao baile. Existia uma rosa no bolso de seu palitó. O que

me fez rir baixo. Chutei que aquilo fosse obra de Leigh, enquanto estava dentro do

banheiro, terminando de me arrumar e colocar o vestido.

— Ah! Eu já ia me esquecendo. — Leigh quebrou o silêncio me entregando o

celular. — Nathaniel te ligou algumas vezes e mandou algumas mensagens, acho que algo

aconteceu com Ambre e ele não poderá vir.

— Ambre? — perguntei engolindo em seco. — Algo que envolva Castiel?

A expressão no rosto de Leigh se converteu para algo como um divertimento

passageiro, enquanto ele colocava as mãos nos bolsos da calça e me encarava, refletindo a

pergunta sozinho.

— Não sei bem. Eu atendi apenas uma das ligações, ele me pediu para deixá-la

no baile, então é isso que estou prestes a fazer. Você não se incomoda, não é? Ele me

assegurou que estaria no baile assim que conseguisse ir para lá. Ele só me disse que Ambre

não iri mais.

Impossível. A semana inteira, aliás, muito antes daquela semana eu a tinha

ouvido falar sobre aquele baile, tinha visto e escutado que Ambre tinha pagado muito caro

na fanasia nova, o que poderia ter mudado? E se ela não for, significa que Castiel também

não irá?

— Impossível. — murmurei. — Ela deve ter tido algum problema com a

fantasia, mas provavelmente irá aparecer assim que conseguir arrumar.

Leigh ignorou o comentário.

— Vamos então? Eu vou deixa-los no baile, apenas. Nathaniel também me

garantiu que a volta seria por sua conta.

Assenti, certa de que algo sério teria acontecido para que Nathaniel não fosse

me buscar. Ele nunca me deixaria ir com outra pessoa para aquela festa, mesmo que eu

estivesse muito arrependida de ter aceitado ir com ele, mesmo que eu soubesse que meu

desejo não era ir com ele, sabia que Nathaniel nunca me deixaria escapar assim tão fácil.

Baixei os olhos assim que saímos de casa para o celular, conferindo as últimas

mensagens que recebi. Castiel não tinha mandado mensagem alguma e aparentemente,

falava sério quando dizia que só me veria novamente no baile, ainda assim, existia uma

mensagem que tinha mandado quando vi Leigh na porta de minha casa e que não tinha

recebido reposta ainda.

Ou pelo menos pensava que não.

Rolando os dedos pela caixa de mensagens, entre as ligações perdidas de

Nathaniel e as mensagens de Alexy, encontrei finalmente o que procurava.

Parei de andar quando a mensagem abriu, iluminando um pouco de meu rosto.

"Sim. Acho que você terá uma pequena

surpresa hoje à noite."

— L.C

Às oito horas basicamente todos os alunos do Sweet Amoris tinham chegado. O

ginásio estava lotado e alguns casais vestidos a fantasia, ainda entravam para dentro do

colégio. Eles tinham passado por alguns dias turbulentos de indecisão sobre onde fariam o

baile. Em princípio, o baile seria no porão, se os dois últimos eventos do colégio não

tivessem sido problemáticos com o torneio de bandas.

Mesas estavam espalhadas pelo ginásio, luzes mais fracas estavam espalhadas

pelo teto em fileiras, e existia um tapete vermelho no meio que cortava em direção até o

palco vazio. Muitas das pessoas encontravam-se sentadas nas mesas disponíveis, enquanto

alguns casais ameaçavam ir até a pista de dança. Na maioria, eles estavam rindo das

fantasias que apareciam, comentando sobre as mais bonitas e também sobre os casais

formados pelo sorteio das fantasias. Era um evento divertido de certa forma, pessoas se

conheciam, faziam novas amizades, descobriam novos amores. Era uma ideia genial.

— Eu não acredito que estou fazendo isso.

O garoto de mais ou menos um metro e sessenta de altura resmungou para a

garota vestida de policial ao seu lado. Os cabelos negros estavam bagunçados pela peruca

que lhe caía sobre um pouco dos olhos e o corpo estava rígido. Ele vez ou outra dava boa

noite para os novos casais que entravam. As mãos estavam suadas, segurando os panfletos

em mãos.

A garota morena vestida de policial se inclinou para o rapaz. Estava como

sempre na postura desleixada e impaciente, as mãos sobre seu próprio quadril. Os olhos

verdes eram extremamente chamativos e ela era bem mais alta do que o rapaz.

— Ah! Pois acredite. — disse entre risos. — Quem diria que você tiraria esta

fantasia para vir aqui, hein Viollete?

Kim deu um leve tapinha em seu ombro e Viollete não respondeu. Vestida de

homem, ela encolheu os ombros e abaixou a cabeça encarando o chão. Nem em mil anos

que as coisas poderiam ficar tão sérias como agora.

— Acha que ele vai perceber? — quis saber a garota, as bochechas pegando

fogo.

— Hum... Alexy? — Kim deu de ombros examinando as unhas de uma das

mãos. A tinta velha começava a descascar em algumas partes. — Sei lá. Ele não é a pessoa

mais ligada do mundo, principalmente quando está com aqueles fones de ouvido, mas acho

que a situação seria bem cômica se ele chegasse vestida de mulher.

Viollete rolou os olhos para o teto, impaciente. Às vezes Kim era irritante

quando não media suas palavras.

Kim pareceu perceber a tensão da amiga e suspirando fundo, tento consertar o

que tinha acabado de dizer.

— Cara, qual é! Talvez ele nem venha, sabe? Pode ser que ele tenha outros

planos, a Isabelle também não veio, pode ser...

— Você acha que eles tem alguma coisa? — interrompeu Viollete com a

pergunta, virando-se para Kim. A expressão preocupada. — O Alexy e a Isabelle...

— Está brincando? — Kim riu baixo. — Até onde sei ela está saindo com

Nathaniel e...

— Boa noite. — disse uma terceira voz entre as duas.

Ambas viraram-se lentamente com a voz rouca e autoritária que ouviram. Kim

estreitou bem os olhos para tentar decifrar quem estava por baixo daquela máscara escura.

Os olhos castanhos e obscuros eram o único vestígio de sua face, além de lábios em linha

reta, em um rubro não tão vivo. As vestes lembravam muito um rei antigo máscarado. De

cor preta com detalhes e adornos, além dos botões em dourado, assim como os detalhes da

máscara. Ele moveu graciosamente a cabeça quando ambas se viraram e inclinou-se para

Kim, cujo estava mais próxima.

Kim pode ver alguns dos fios de cabelo ruivo soltos para frente da máscara,

mesmo que a maioria estivesse penteado para trás e existisse até mesmo um pequeno rabo

de cavalo os prendendo. Ele apoiou uma das mãos contra a parede para conversar com ela,

o suficiente para que a música do local não os atrapalhassem;

— Castiel. — Kim disse logo após passar os olhos uma segunda vez pelo rapaz,

verificando todo conjunto da veste e os vestígios que ele deixava ao se aproximar.

— Sabe me dizer se Isabelle já chegou? Eu não consigo reconhecê-la no meio de

todas essas máscaras.

A sobrancelha esquerda de Kim se arqueou com a pergunta. Ela novamente

voltou a colocar uma das mãos sobre o quadril enquanto com a outra, apontava o peitoral

do ruivo sem a mínima delicadeza.

— Ãh? E eu tenho cara de secretária da tua irmã?

Castiel desviou o olhar para Viollete, um tanto apreensivo de que ela também

não dissesse nada. Era claro que o rapaz sabia quem ela era, mesmo que usando aquela

fantasia ridícula de homem e isso só fez com que a tensão em Viollete dobrasse.

— Você também não? — ele perguntou de forma áspera e sem paciência.

— Não. — respondeu Viollete desviando os olhos dos dele.

— Pra que caralhos vocês estão na portaria?

A pergunta de Castiel saiu quase como um berro. Nervosamente ele passou

uma das mãos sobre os cabelos, tentando colocar os fios que faltavam para trás e disparou

para fora do ginásio, pisando duro até entrar no jardim.

A decoração daquele lugar também tinha mudado. Eles tinham feito um belo

trabalho ao enfeitar as árvores com pequenas luzes brancas, além de terem colocado

alguns bancos de madeira onde casais se sentavam para conversar. Castiel se aproximou da

estufa, o clube de jardinagem tinha se encarregado em fazer com que tudo ficasse perfeito,

um trabalho prazeroso para Jade.

O ruivo apanhou o maço de cigarro de um dos bolsos junto com o isqueiro e o

acendeu, tragando e soltando a fumaça logo depois. Rodou mais de duas vezes a estufa.

Zanzou pelo jardim e por fim, sentou-se em um dos brancos que encontrara disponível por

lá. A cada minuto que passava seu nervosismo aumentava. Ele tinha vagado pelo ginásio na

expectativa de descobrir quem seria seu par na gincana. Faltavam cinco minutos, logo eles

começariam as brincadeiras e eliminariam os casais.

Ele tinha certeza de que tinha conferido todas as meninas de sua turma, até

mesmo a fantasia de Ambre. Ele tinha conferido a de todas elas, menos uma.

Castiel se levantou, as mãos mais uma vez deslizaram pelos bolsos da calça

quando ele pensou em conferir se não tinha errado a fantasia quando a apanhou naquele

dia, na sala de aula, mas não fora precisa. Antes que as mãos encontrassem o pequeno

pedaço de papel amassado, os olhos ergueram-se para frente.

Arregalou os olhos. Podia sentir que o coração tinha acelerado mesmo que não

tivesse pedido por isso. A expressão foi de um encanto tristonho. Ele desceu os olhos pelo

vestido que em parte combinava com suas vestes, até mesmo na máscara que usava. Não

precisava de nenhum esforço para saber quem era. Reconhecia aquele cabelo, aqueles

olhos, aquele rosto em qualquer lugar que fosse, mas em vez de chama-la pelo nome, não

conteve-se em dizer a primeira coisa que lhe veio a cabeça;

— Você é minha Julieta.