Correlação entre a evolução clínica e a freqüência de micronúcleos em células de pacientes...

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Rev Assoc Med Bras 2002; 48(4): 317-22 317 CORRELAÇÃO ORRELAÇÃO ORRELAÇÃO ORRELAÇÃO ORRELAÇÃO ENTRE ENTRE ENTRE ENTRE ENTRE A EVOL EVOL EVOL EVOL EVOLUÇÃO UÇÃO UÇÃO UÇÃO UÇÃO CLÍNICA CLÍNICA CLÍNICA CLÍNICA CLÍNICA E A FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA DE DE DE DE DE MICRONÚCLEOS MICRONÚCLEOS MICRONÚCLEOS MICRONÚCLEOS MICRONÚCLEOS EM EM EM EM EM CÉL CÉL CÉL CÉL CÉLULAS ULAS ULAS ULAS ULAS DE DE DE DE DE PACIENTES ACIENTES ACIENTES ACIENTES ACIENTES PORT PORT PORT PORT PORTADORES ADORES ADORES ADORES ADORES DE DE DE DE DE CARCINOMAS CARCINOMAS CARCINOMAS CARCINOMAS CARCINOMAS ORAIS ORAIS ORAIS ORAIS ORAIS E DA OROF OROF OROF OROF OROFARINGE ARINGE ARINGE ARINGE ARINGE MARCOS BRASILINO DE CARVALHO*, ANDREA RAMIREZ, GILKA JORGE F. GATTÁS, ANDRÉ LUZ GUEDES, ALI AMAR, ABRÃO RAPOPORT, JOSÉ CARLOS BARAUNA NETO, OTÁVIO ALBERTO CURIONI Departamento de Medicina Legal, Ética, Medicina Social e do Trabalho, FMUSP e Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis- São Paulo - SP Artigo Original Artigo Original Artigo Original Artigo Original Artigo Original Resumo – OBJETIVO. Correlacionar a freqüência de micronúcleos em células da cavidade oral com a presença de recidivas locais ou de segunda lesão primária em pacientes portadores de carcinomas epidermóides da boca e da orofaringe. Métodos: Entre Dezembro /94 e Julho /97 estudamos a freqüên- cia de micronúcleos de células da mucosa oral de 27 pacientes portadores de carcinomas da cavidade oral e orofaringe que, após o tratamento, passaram a ser seguidos ambulatorialmente com retornos mensais procurando identificar recidivas locais ou segun- das lesões primárias. RESULTADOS. Dos 24 pacientes que puderam ser avaliados duran- te todo o período de seguimento, 19 casos evoluíram a óbito com períodos variáveis de sobrevida, sendo 18 (75%) devido a recorrência do tumor e um devido a abdome agudo perfurativo. Apenas cinco casos (20,8%) encontram-se vivos e livres de doença até o término do estudo. Em relação a freqüência de micronúcleos não foi observada diferença estatisticamente significante entre o grupo de pacientes que morreram com recidiva da doença (N=14) e o grupo de pacientes que morreram de outras causas acrescidos dos que se encontram vivos e livres de doença (N=10) (p= 0,83). Houve maior freqüência de micronúcleos nas lesões de estadiamento T3 e T4 ( p= 0,01). CONCLUSÃO. No presente estudo não foi possível estabelecer uma correlação clínica entre a freqüência de micronúcleos da mucosa oral e o risco de desenvolvimento de recidiva local ou de segundo tumor primário no trato aerodigestivo superior. Unitermos: Micronúcleos. Carcinoma oral. Recidivas locais. INTRODUÇÃO Pacientes portadores de carcinomas epidermóides da cavidade oral ou da orofa- ringe, após o controle inicial bem-sucedido da doença, são caracterizados por altas taxas de recorrências locais e regionais principalmente quando são diagnosticados e tratados com doença já em estádio avançado. Entretanto, há também o risco de desenvolvimento de uma segunda lesão primária, estimado em 4% a 7% por ano de sobrevida, sobretudo nos indivídu- os com tumores em estádio clínico inicial que persistem no consumo crônico de álcool e tabaco 1 . O prognóstico dos pacientes porta- dores de carcinomas de vias aerodigestivas superiores é influenciado negativamente pelo desenvolvimento de recidivas locais, metás- tases linfonodais regionais e segunda lesão primária. A obtenção de melhores resultados com o aumento dos índices de sobrevida livre de doença está relacionada à identificação de quando e quais indivíduos irão desenvolver re- cidivas e segunda lesão primária e ao controle destes eventos. A identificação dos indivíduos de maior risco para recorrência ou para segun- das lesões poderia influenciar na elaboração de protocolos de tratamento e de rotinas de segui- mento. Um paciente com menor risco talvez pudesse ser tratado de maneira mais conser- vadora, com um acompanhamento menos ri- goroso e, por outro lado, aquele que apresen- ta mais probabilidade de uma evolução desfa- vorável poderia ser beneficiado com esquema de tratamento mais agressivo e um seguimen- to mais rígido. Além dos dados do estadiamen- to clínico (TNM), são poucos os parâmetros que podem ser utilizados como fatores predi- tivos de recidiva e, para a susceptibilidade de apresentar segundas lesões, apenas dados epidemiológicos são hoje disponíveis na rotina de um ambulatório de especialidade. Os micronúcleos são estruturas presentes no citoplasma de células em divisão, que pos- suem características cromatínicas semelhantes às do núcleo principal quando avaliados ao microscópio óptico 2 . São formados tanto por fragmentos acên- tricos como por cromossomos inteiros que se *Correspondência: Rua Cônego Xavier, 276 – Sacomã- São Paulo – SP Cep: 04231-030 – Tel. 6914 5576/274-7600 ramal 216/204 – [email protected] atrasam durante a anáfase do ciclo celular 3,4 . (Figura 1). O teste do micronúcleo permite identifi- car um aumento na freqüência de mutação em células, que são expostas a uma gama variada de agentes genotóxicos. Este teste vem sendo utilizado no monitoramento de indivíduos ex- postos a agentes potencialmente genotóxicos e em protocolos de quimioprevenção do desenvolvimento de tumores de vias aéreas digestivas superiores 5,6 . Diversos estudos comprovaram a eficácia do teste do micro- núcleo como indicador de danos citogenéticos em células do epitélio de revestimento oral, brônquico e esofágico 5,7,8,9 . Um aumento da freqüência de micronúcleos na mucosa oral é indicativo de elevação das taxas de mutação e está relacionada ao desenvolvimento de carci- nomas da mucosa oral 9,10,11 . O teste do micronúcleo é considerado um procedimento rápido, barato, não-invasivo, que pode ser repetido várias vezes, para a prevenção e monitoramento de indivíduos sob risco carcinogênico, como consumo crô- nico e abusivo de álcool, tabaco e/ou outras substâncias mutagênicas 4,8 . Estudos epidemiológicos demonstram

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Rev Assoc Med Bras 2002; 48(4): 317-22 317

FREQÜÊNCIA DE MICRONÚCLEOS

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MARCOS BRASILINO DE CARVALHO*, ANDREA RAMIREZ, GILKA JORGE F. GATTÁS, ANDRÉ LUZ GUEDES,ALI AMAR, ABRÃO RAPOPORT, JOSÉ CARLOS BARAUNA NETO, OTÁVIO ALBERTO CURIONI

Departamento de Medicina Legal, Ética, Medicina Social e do Trabalho, FMUSP eServiço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis- São Paulo - SP

Artigo OriginalArtigo OriginalArtigo OriginalArtigo OriginalArtigo Original

Resumo – OBJETIVO. Correlacionar a freqüência de micronúcleos emcélulas da cavidade oral com a presença de recidivas locais ou desegunda lesão primária em pacientes portadores de carcinomasepidermóides da boca e da orofaringe.

Métodos: Entre Dezembro /94 e Julho /97 estudamos a freqüên-cia de micronúcleos de células da mucosa oral de 27 pacientesportadores de carcinomas da cavidade oral e orofaringe que, apóso tratamento, passaram a ser seguidos ambulatorialmente comretornos mensais procurando identificar recidivas locais ou segun-das lesões primárias.

RESULTADOS. Dos 24 pacientes que puderam ser avaliados duran-te todo o período de seguimento, 19 casos evoluíram a óbito comperíodos variáveis de sobrevida, sendo 18 (75%) devido arecorrência do tumor e um devido a abdome agudo perfurativo.

Apenas cinco casos (20,8%) encontram-se vivos e livres de doençaaté o término do estudo. Em relação a freqüência de micronúcleosnão foi observada diferença estatisticamente significante entre ogrupo de pacientes que morreram com recidiva da doença (N=14)e o grupo de pacientes que morreram de outras causas acrescidosdos que se encontram vivos e livres de doença (N=10) (p= 0,83).Houve maior freqüência de micronúcleos nas lesões deestadiamento T3 e T4 ( p= 0,01).

CONCLUSÃO. No presente estudo não foi possível estabeleceruma correlação clínica entre a freqüência de micronúcleos damucosa oral e o risco de desenvolvimento de recidiva local ou desegundo tumor primário no trato aerodigestivo superior.

Unitermos: Micronúcleos. Carcinoma oral. Recidivas locais.

INTRODUÇÃO

Pacientes portadores de carcinomasepidermóides da cavidade oral ou da orofa-ringe, após o controle inicial bem-sucedido dadoença, são caracterizados por altas taxas derecorrências locais e regionais principalmentequando são diagnosticados e tratados comdoença já em estádio avançado. Entretanto, hátambém o risco de desenvolvimento de umasegunda lesão primária, estimado em 4% a 7%por ano de sobrevida, sobretudo nos indivídu-os com tumores em estádio clínico inicial quepersistem no consumo crônico de álcool etabaco1. O prognóstico dos pacientes porta-dores de carcinomas de vias aerodigestivassuperiores é influenciado negativamente pelodesenvolvimento de recidivas locais, metás-tases linfonodais regionais e segunda lesãoprimária. A obtenção de melhores resultadoscom o aumento dos índices de sobrevida livrede doença está relacionada à identificação de

quando e quais indivíduos irão desenvolver re-cidivas e segunda lesão primária e ao controledestes eventos. A identificação dos indivíduosde maior risco para recorrência ou para segun-das lesões poderia influenciar na elaboração deprotocolos de tratamento e de rotinas de segui-mento. Um paciente com menor risco talvezpudesse ser tratado de maneira mais conser-vadora, com um acompanhamento menos ri-goroso e, por outro lado, aquele que apresen-ta mais probabilidade de uma evolução desfa-vorável poderia ser beneficiado com esquemade tratamento mais agressivo e um seguimen-to mais rígido. Além dos dados do estadiamen-to clínico (TNM), são poucos os parâmetrosque podem ser utilizados como fatores predi-tivos de recidiva e, para a susceptibilidade deapresentar segundas lesões, apenas dadosepidemiológicos são hoje disponíveis na rotinade um ambulatório de especialidade.

Os micronúcleos são estruturas presentesno citoplasma de células em divisão, que pos-suem características cromatínicas semelhantesàs do núcleo principal quando avaliados aomicroscópio óptico2.

São formados tanto por fragmentos acên-tricos como por cromossomos inteiros que se

*Correspondência:Rua Cônego Xavier, 276 – Sacomã- São Paulo – SP

Cep: 04231-030 – Tel. 6914 5576/274-7600ramal 216/204 – [email protected]

atrasam durante a anáfase do ciclo celular3,4.(Figura 1).

O teste do micronúcleo permite identifi-car um aumento na freqüência de mutação emcélulas, que são expostas a uma gama variadade agentes genotóxicos. Este teste vem sendoutilizado no monitoramento de indivíduos ex-postos a agentes potencialmente genotóxicose em protocolos de quimioprevenção dodesenvolvimento de tumores de vias aéreasdigestivas superiores5,6. Diversos estudoscomprovaram a eficácia do teste do micro-núcleo como indicador de danos citogenéticosem células do epitélio de revestimento oral,brônquico e esofágico5,7,8,9. Um aumento dafreqüência de micronúcleos na mucosa oral éindicativo de elevação das taxas de mutação eestá relacionada ao desenvolvimento de carci-nomas da mucosa oral9,10,11.

O teste do micronúcleo é considerado umprocedimento rápido, barato, não-invasivo,que pode ser repetido várias vezes, para aprevenção e monitoramento de indivíduossob risco carcinogênico, como consumo crô-nico e abusivo de álcool, tabaco e/ou outrassubstâncias mutagênicas4,8.

Estudos epidemiológicos demonstram

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CARVALHO MB ET AL.

que o hábito do consumo crônico de álcool etabaco está relacionado ao aumento das taxasde desenvolvimento de carcinomas orais, etambém encontra-se associado ao aumento dafreqüência de micronúcleos da mucosa dotrato aerodigestivo superior em portadores decarcinomas nesta localização7.

OBJETIVO

Testar a hipótese de que a freqüência demicronúcleos nas células da mucosa oral ou daorofaringe possa ser empregada como fatorpreditivo da recidiva local ou do desenvolvi-mento de segundas lesões primárias.

MÉTODOS

Este trabalho é um estudo prospectivoenvolvendo uma casuística representada por27 pacientes atendidos consecutivamente noServiço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço doHospital Heliópolis no período de Dezembro/94 a Julho/97, portadores de carcinomas dacavidade oral e orofaringe, alcoolistas etabagistas crônicos. Este projeto foi aprovadopelo Comitê de Ética na Pesquisa do HospitalHeliópolis, e todos os pacientes foram infor-

mados dos objetivos da investigação e assina-ram o termo de consentimento.

O tempo médio de consumo de bebidaalcoólica foi de 32 anos com início variando dequatro anos de idade a 59 anos (média 32 anosde idade). O tempo médio de consumo detabaco foi de 37 anos com início entre 7 e 37anos de idade (média 15 anos).

Dos 27 pacientes inicialmente seleciona-dos para o estudo, houve três casos que per-deram o seguimento e, o acompanhamento daevolução após o tratamento foi impraticável,sendo realizada a análise somente em relaçãoa apresentação clínica destes doentes.

Os 24 pacientes restantes foram tratados eacompanhados durante todo o período doestudo e constituem a casuística principal desteestudo.

Nestes doentes, o tratamento cirúrgico foio predominante, realizado em 83,3% dos ca-sos (n=20). Em quatro casos a radioterapia foirealizada isoladamente, pela irressecabilidadeda lesão primária.

Três áreas distintas da cavidade oral destesindivíduos foram submetidas à coleta de célu-las para análise da freqüência de micronúcleos:(A), mucosa de sítio anatômico simétrico e

oposto ao sítio da lesão primária (B), mucosade área peri-tumoral e (C), área do sulcogêngivo-labial superior previamente conside-rada como área de controle intra-individualdevido à baixa ocorrência de tumores nestalocalização.

O material foi colhido com escova decitologia de cerdas macias (cytobrush) das trêsregiões previamente descritas, antes do iníciode qualquer modalidade terapêutica. Após acoleta, o material foi submerso em 5 ml desolução salina 0,9%, e centrifugado (10min.,1500/rpm) e fixado com metanol/ácidoacético (3:1).

O material foi suspenso em 2 ml defixador, e foram coradas lâminas com colora-ção de Feulgen-fast-green7.

Após a coloração, realizou-se a monta-gem das lâminas permanentes com lamínulase bálsamo do Canadá. A análise foi realizadacom microscopia óptica com iluminação sim-ples em objetiva de 40 x. Utilizou-se os crité-rios da classificação dos micronúcleos e dasanomalias metanucleares estabelecidos porTolbert et al.12, com modificações:a) Contagem de células: foram incluídas ascélulas que tinham os núcleos normais eintactos, com perímetro nuclear liso e distinto,e que apresentassem o citoplasma tambémintacto, com exceção das que tinham peque-nas dobras e pouca ou nenhuma sobreposiçãocom as células adjacentes.b) Contagem dos micronúcleos: foram consi-derados micronúcleos as estruturas que apre-sentassem um halo circundante sugestivo deuma membrana, menos de 1/3 do diâmetro donúcleo associado, intensidade da coloraçãocom Feulgen semelhante ao núcleo e mesmoplano focal a microscopia.

A análise foi realizada em 2000 células paracada uma das regiões da boca, de cada indi-víduo e a seguir o número de micronúcleos dasregiões A e B foram somados e a mediana foiexpressa em número de micronúcleos por1000 células. A presença de células micronu-cleadas é evento aleatório, que exibe umadistribuição de Poisson, e deste modo a com-paração entre as freqüências de micronúcleosfoi realizada por teste não-paramétrico13. Onível crítico de rejeição da hipótese nula foifixado em 5% (p<0.05).

Após o tratamento, os pacientes passa-ram a ser seguidos ambulatorialmente comretornos mensais procurando identificar

Figura 1 – Células da mucosa oral coradas pelo método de Feulgen com apresença do micronúcleo (seta, aumento 400x)

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FREQÜÊNCIA DE MICRONÚCLEOS

tanto recidivas locais ou regionais quanto odesenvolvimento de segundas lesões pri-márias. O período médio de seguimento foide 67,6 meses.

RESULTADOS

Dos 24 pacientes seguidos durantetodo o período do estudo, 19 evoluíram aóbito: oito casos com recidiva local exclu-siva (33,3%), seis casos com recidiva locale regional (25,0%). Dois outros pacientesfaleceram devido ao desenvolvimento desegunda lesão primária (esofágica). Um pa-ciente foi a óbito no segundo mês do pós-operatório por abdome agudo perfurativo.Em dois casos o óbito foi constatado emoutros estados da Federação, devido aocâncer primário, porém não se conseguiudeterminar se por doença local, regionalou metástase à distância (Tabela 1). Asobrevida média destes pacientes foi de 20meses (2-44 meses).

Cinco pacientes encontram-se vivos e li-vres de doença (20,8%), com sobrevida médiade 71,6 meses (66-80 meses).

A Tabela 2 mostra os dados para oscinco pacientes em acompanhamento elivres de doença que apresentavam, emtodos os casos, linfonodos cervicais livresde metástases (N0) e apenas um foi classi-ficado como T3 e todos os restantes eramT1 e T2. Entretanto, o paciente númerotrês desta tabela, que era portador de umtumor T2 de borda de língua à direita,apresentou segundas lesões primárias nospilares tonsilares esquerdo e direito, 21 e36 meses respectivamente após o trata-mento inicial e, ainda que na data do fecha-mento dos dados estivesse sem sinais dedoença em atividade, há três meses foisubmetido a ressecção de uma quarta le-são primária no soalho bucal.

A análise estatística da freqüência demicronúcleos das regiões A e B, dos indiví-duos que morreram de recidiva local edaqueles que morreram com recidiva locale regional (n=14, mediana das freqüênciasde micronúcleos = 0.50/1000 células) de-monstrou não haver diferença significanteem relação aos pacientes que morreram

por outras causas (dois casos de segundalesão no esôfago, dois casos de causaindeterminada, e um óbito por abdomeagudo perfurativo) acrescidos daquelesque encontram-se vivos e livres de doençaaté o presente momento (n=10, medianadas freqüências de micronúcleos = 0.63/1000 células).(p=0.83, Gráfico 1).

A análise da freqüência de micronúcleosdas regiões A e B dos indivíduos que seencontram em acompanhamento e livres dedoença (n =5, média das freqüências = 0.55/1000 células), também não demonstrou di-ferença estatisticamente significante em rela-ção à freqüência de micronúcleos dos indiví-duos que morreram da doença local e locale regional (p= 0.61).

Em relação à freqüência de micronú-cleos dos pacientes com tumores T1-T2(n=12, mediana das freqüências da regiãoA e B = 0.25/1000 células), observou-seuma diferença estatisticamente signifi-cante, quando comparada à freqüência demicronúcleos dos indivíduos com tumoresT3-T4 (n =15, mediana das freqüências de

Tabela I – Estadiamento clínico (TNM- UICC-AJC, revisão 1997 ***), sítio de recidiva, sobrevida global, total de células com micronúcleos e totalde micronúcleos por 2000 células / região anatômica por indivíduo, nos 19 pacientes que evoluíram a óbito

RECIDIVA SOBREVIDA TOTAL CÉLULAS COM TOTALGLOBAL MESES MICRONÚCLEOS/REGIÃO MICRONÚCLEOS**

N TNM LOCAL REGIONAL SEGUNDA A B C A B CLESÃO

1 T4 N0M0 + + 0 15 3 4 1 3 7 12 T3 N2C MO + 0 0 07 2 4 1 2 5 03 T3 NIMO + 0 0 30 1 1 0 1 2 04 T4 N2BM0 + + 0 25 0 1 0 0 1 05 T3 N2B M0 + + 0 08 1 0 1 1 0 16 T2 N2B M0 + 0 0 14 0 0 0 0 0 07 T4 N1M0 + 0 0 15 2 2 5 2 4 58 T3 N1M0 + + 0 28 2 3 0 2 3 09 T1 N2B M0 + + 0 08 0 0 0 0 0 010 T2 N2B M0 0 0 + 44 0 5 1 0 5 111 T3 N2B M0 + 0 0 41 0 4 3 0 6 312 T3 N0M0 - - INDET.* 29 0 1 0 0 2 013 T3 N0M0 - - AAI.# 02 3 0 1 3 0 114 T2 N0M0 - - INDET.* 12 0 0 0 0 0 015 T2 N0 M0 + 0 0 16 0 0 2 0 0 416 T4 N0M0 + 0 0 03 1 0 0 1 0 017 T2 N1M0 + 0 0 16 1 0 0 1 0 018 T2 N0M0 0 0 + 31 1 3 0 1 4 019 T3 N2B MO + + 0 36 1 1 0 2 1 0

* Óbito pelo tumor índice, porém sem sítio determinado. # Óbito devido a abdome agudo perfurativo segundo mês pós-operatório. ** Total de micronúcleos observados na área opostada lesão (A), mucosa de área peri-tumoral (B), área de sulco gêngivo-labial superior (C). *** Modificado de: AJCC Cancer Staging Manual, 5 ª ed. Philadelphia:Lippincot-Raven,1997.

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CARVALHO MB ET AL.

A e B=0.75/1000células). (p=0.01, Gráfi-co 2). A variação do número de célulascom micronúcleo/sítio/paciente apresen-tou distribuição semelhante à do total demicronúcleo e também não foi significati-vamente relacionada à evolução dos casos.

Como era esperado, a quantidade demicronúcleos nas células da mucosa do fundo desaco gêngivo labial superior (sítio C) foi menor queaquela dos sítios A e B e não apresentou correla-ção com a recidiva local ou com segundas lesões.

DISCUSSÃO

Ainda não está estabelecida de maneiraconvincente a correlação entre a freqüência demicronúcleos em células epiteliais de uma de-terminada região anatômica expostas continu-amente a agentes carcinogênicos e o desen-volvimento de recorrências locais ou de se-gunda lesões em portadores de carcinomasorais ou de orofaringe tratados14 .

Em estudo prévio de células metanu-

cleadas da mucosa oral de pacientes alcoólicosportadores de câncer da cavidade oral eorofaringe, constatamos um gradiente pro-gressivo na freqüência de micronúcleos dasregiões C (sulco gengivo-jugal superior)<<A(região contra-lateral ao tumor) <<B (regiãoperi-tumoral), sugerindo uma crescente expo-sição aos carcinógenos e a presença de corre-lação entre os eventos iniciais da carcino-gênese com o aumento progressivo da fre-qüência de micronúcleos8.

No presente estudo encontramos umamaior freqüência de micronúcleos expressosnos indivíduos com tumores T3 e T4 emrelação aos com tumores T1 e T2 (p =0.01),dado este difícil de ser interpretado teorica-mente, pois as alterações genéticas da mucosasubjacente são condicionadas à exposição aosagentes genotóxicos em fase anterior ao de-senvolvimento da neoplasia e aparentementenão é induzida pela presença do tumor, sejaele inicial ou avançado.

Segundo o conceito do “campo decancerização”, proposto por Slaughter em195315, a mucosa de uma região anatômicaexposta a agentes carcinógenos, seria toda elasusceptível ao desenvolvimento de neoplasias.O crescimento e a extensão lateral dos tumo-res, assim como o aparecimento de segundotumor primário, seria decorrente da evoluçãodo processo pré-neoplásico da mucosa “do-ente” ao redor do câncer original.

Baseados nestas observações, esperaría-mos que os pacientes do presente estudo, queapresentassem maior freqüência de micronú-cleos nas regiões peri-tumoral (A) e contra-lateral ao tumor (B), tivessem uma maior inci-dência de recidivas locais e de segunda lesão

Min-Max

25%-75%

mediana

CÉLULAS A+Bp=0,83

RECIDIVA LOCAL

Freq

üênc

ia d

e m

icro

núcl

eos

(A+B

x 1

000

célu

las)

0,0

0,6

1,2

1,8

2,4

não sim

n=10 n=14

Gráfico 1 – Distribuição da freqüência de micronúcleos entre os indivíduos que morreram com recidivalocal/locoregional da doença (n =14, mediana das freqüências 0.5/1000 células), em relação aos que

morreram de outras causas (n=10, mediana das freqüências 0.63/1000células).

Tabela 2 – Estadiamento clínico (TNM- UICC-AJC, revisão 1997 ***), sobrevida global, total de células com micronúcleos, totalde micronúcleos por 2000 células / região anatômica por indivíduo, nos cinco pacientes vivos e livres de doença

N Estadio Sobrevida Total de células com Total demédia/meses nicronúcleos micronúcleos

A B C A B C1 T3 N0M0 80 4 1 1 4 1 12 T1 N0MO 76 0 2 1 0 2 13 T2 N0MO 68 0 0 0 0 0 04 T1 N0M0 68 0 1 0 0 1 05 T2 N0M0 66 2 1 1 2 1 1

Sobrevida média (meses): 67,6 Média da freqüência de micronúcleos/1000 células, regiões A+B: 0.55** Total de micronúcleos observados na área oposta da lesão (A), mucosa de área peri-tumoral (B), área de sulco gêngivo-labial superior (C)*** Modificado de: AJCC Cancer Staging Manual, 5 ª ed. Philadelphia:Lippincot-Raven,1997.

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FREQÜÊNCIA DE MICRONÚCLEOS

Min-Max

25%-75%

Mediana

CÉLULAS A+Bp=0,01

ESTÁDIO T

Freq

üênc

ia d

e m

icro

núcl

eos

(A+B

x 1

000

célu

las)

x/1000

0,0

0,6

1,2

1,8

2,4

T1T2 T3T4

n=12

n=15

Gráfico 2 – Distribuição da freqüência de micronúcleos em relação ao estadio (T) com retinol, riboflavina e zinco em indivíduoscom alto risco do desenvolvimento de carci-nomas do esôfago, encontraram uma sig-nificante diminuição da freqüência de mi-cronúcleos, porém sem haver uma diminuiçãoconcomitante da freqüência de lesões pré-neoplásicas. Por outro lado, o teste domicronúcleo, por ser de baixo custo e acessí-vel mesmo com pouco aparato tecnológico,continua sendo testado como um biomar-cador para detecção de pacientes com risco dedesenvolvimento de câncer e também paramonitorar a ação de quimioprotetores16,17. Ogrupo de pacientes que poderá ser particular-mente beneficiado com este monitoramento éaquele composto por indivíduos etilistas etabagistas crônicos que persistem com o hábi-to mesmo após já terem apresentado umaprimeira neoplasia primitiva da mucosa das viasáreas digestivas superiores.

A freqüência de micronúcleos reflete ape-nas lesão recente ao DNA, sugerindo então anecessidade da supressão a longo prazo doaparecimento de micronúcleos para se obser-var um impacto sobre a incidência de câncer.Este fato explicaria o motivo deste biomar-cador não estar nitidamente associado ao de-senvolvimento clínico de lesões pré-neo-plásicas ou tumores5,6,11.

CONCLUSÃO

No presente estudo não foi possível esta-belecer uma correlação clínica entre a fre-qüência de micronúcleos da mucosa oral eorofaringe e o risco de desenvolvimento derecorrência local ou de segundo tumor primá-rio no trato aerodigestivo superior.

SUMMARY

RELATIONSHIP BETWEEN THE OUTCOME

AND THE FREQUENCY OF MICRONUCLEI IN

CELLS OF PATIENTS WITH ORAL AND

OROPHARYNGEAL CARCINOMA

BACKGROUND. To verify the correlation bet-ween the micronucleus frequency and thepresence of local recurrences or second primarylesion in patients with carcinoma of the oral cavity.

METHODS. We studied the frequency ofmicronucleus of the oral mucosa in 27 untreatedpatients with carcinoma of the oral cavity andoropharynx. The patients were monthly followedafter initial treatment, in an attempt to identifylocal recurrences or second primary lesions.

primária. Esta hipótese não foi confirmada pelaanálise dos dados, que demonstrou não havercorrelação estatisticamente significante entre afreqüência de micronúcleos do grupo de indi-víduos que apresentaram recorrência local dadoença, em relação ao grupo com óbito de-corrente de outras causas acrescidos dos indi-víduos vivos e livres de doença até o presentemomento. Desta forma, não observamos cor-relação clínica entre a freqüência de micro-núcleos e o aumento da freqüência do desen-volvimento de recidivas locais dentro do pe-ríodo examinado.

Ainda que o número de pacientes comlesões primárias iniciais (T1 e T2)correspondesse a quase a metade da casuística(11/24), a curta sobrevida que apresentaramnão nos permitiu análise em relação ao apare-cimento de segunda lesão primária, que neces-sita de um período mais longo de sobrevidalivre de doença para que possa se manifestar.Entretanto, sabendo que o aparecimento desegundas lesões está relacionado a sobrevidaslongas e isto é prerrogativa principalmente detumores tratados em fases iniciais cujo prog-nóstico é mais favorável, o seguimento dospacientes vivos deverá ser voltado principal-mente para o diagnóstico precoce de umaneoplasia num segundo sítio primário. Estacasuística, apesar de ter vários casos com le-sões primárias iniciais, é composta de 75% de

casos classificados como Estádio clínico III e IVpela presença de linfonodo clinicamentemetastático. Esta característica que torna estacasuística pouco apropriada para estudos rela-cionados ao desenvolvimento de segundas le-sões primárias mas poderia ter sido útil naidentificação de grupos de maior ou menorrisco para ter recidivas locais. Esta expectativanão se confirmou, pois os casos cujas célulasexibiam micronúcleos não tiveram recidivasem níveis superiores aos que não os apresen-tavam. Os casos desta casuística apresenta-ram um comportamento interessante, poisdos 11 classificados como T1 e T2, 45% (5casos) já apresentavam ao momento do pri-meiro relato, a presença clínica de linfonodometastático e três deles já se encontravam noestádio clínico IV(N2b).

Entre os cinco pacientes vivos e sem evi-dência de doença, quatro eram portadores detumores Estádios Clínico I e II e o acompanha-mento será importante para se estabeleceruma correlação entre a freqüência de micro-núcleos e o diagnóstico de segundas lesões.Até o momento, entre estes pacientes vivos, oque vem apresentando múltiplas lesões é pa-radoxalmente aquele no qual não foiidentificada nenhuma célula com micronúcleo.A ausência de correlação entre a freqüência demicronúcleos e a clínica já havia sido observadapor Muñoz et al.5, que utilizando profilaxia

Rev Assoc Med Bras 2002; 48(4): 317-22322

CARVALHO MB ET AL.

RESULTS. Of the 24 patients evaluatedduring the whole time, 5 cases (20,8%) werealive and free of disease, and 19 cases died, 18(75%) owing to cancer and 1 to perfurativepeptic ulcer. In relation to micronucleus fre-quency, no difference was observed among thepatients with local recurrence of the disease(N=14) and the patients who died of othercauses or were alive and free of disease (N=10)(p = 0.83). There was higher micronucleusfrequency in the stages T3 and T4 (p = 0.01).

CONCLUSION. In the present study was notpossible to find a clinical correlation between thefrequency of micronucleus of the oral mucosaland the risk of development of local recurrence orsecond primary tumor in patients with upperaerodigestive tract carcinoma. [Rev Assoc MedBras 2002; 48(4): 317-22]

KEY WORDS: Micronuclei. Oral carcinoma.Local recurrence.

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Artigo recebido: 17/01/2002Aceito para publicação: 21/06/2002

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