CENTRO FEDERAL DE EDUCÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ UNIDADE DE PONTA GROSSA ESPECIALIZAÇÃO EM...
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CENTRO FEDERAL DE EDUCÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ UNIDADE DE PONTA GROSSA
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO INDUSTRIAL
A INOVAÇÃO COMO DIFERENCIAL PARA ALAVANCAR A COMPETITIVIDADE NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
Armando Paulo da Silva
PONTA GROSSA - JULHO / 2003
ARMANDO PAULO DA SILVA
A INOVAÇÃO COMO DIFERENCIAL PARA ALAVANCAR A COMPETITIVIDADE NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista em Gestão Industrial no Curso de Pós-Graduação em Gestão Industrial, Departamento de Pós-Graduação, Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná – Unidade de Ponta Grossa. Orientador: Profª. Drª Magda Gomes Lauri Leite
PONTA GROSSA – JULHO / 2003
3
DEDICATÓRIA
A minha esposa Solange,
meu filho Pablo e
minha filha Maria Carolina,
que são as razões de minha luta
e a luz em meu caminho.
4
AGRADECIMENTO Em todos os momentos da vida que buscamos aprimorar os nossos conhecimentos,
existe uma força que atua em nosso ser, que nos faz superar os desafios e vencer. Essa força
com certeza é Deus presente em nossa vida, por isso agradeço-O e glorifico-O por todos as
conquistas que tive em minha vida e nesse momento, em especial, por mais essa meta atingida.
Agradeço todos àqueles que idealizaram e que tornaram esse Programa uma realidade.
Graças a essas pessoas tive a oportunidade de abrir minha gama de conhecimentos que era
restrita à matemática. Em especial ao Professor João Luiz Kovaleski, coordenador do programa
de pós-graduação do Cefet-PR/Unidade de Ponta Grossa e sua equipe e também, ao Prof.
Eurico Pedroso de Almeida Júnior, Diretor do Cefet-PR/Unidade de Cornélio Procópio que
assumiu a responsabilidade para si e oportunizou a abertura da primeira turma em Cornélio
Procópio.
Agradeço a todos meus companheiros de turma, em especial àqueles que sempre estavam preocupados com os colegas e que procuravam incentivá-los nos momentos de desânimo e dificuldade.
Agradeço aos professores que partilharam seus conhecimentos conosco e nos abriram novos horizontes.
Agradeço a Profª Eire Maria Rossi, que diversas vezes, nos ajudou efetuando as correções necessárias nos trabalhos e até mesmo, nos orientou como expressar melhor nossas idéias.
Em especial, agradeço a minha orientadora, Professora Magda Gomes Lauri Leite, pela paciência, ajuda e orientação no trabalho.
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EPÍGRAFE
"A crise consiste, justamente, naquilo em que o velho morre e o novo não pode nascer.” Antonio Gramsci
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RESUMO
Este trabalho tem por objetivo mostrar a questão da inovação no contexto das pequenas e médias empresas (PMEs), destacando alguns fatores que são determinantes para que possa obter os melhores resultados nesse mercado competitivo e globalizado. Como encaminhamento metodológico, optou-se por trabalhar numa abordagem qualitativa de natureza interpretativa. A investigação foi conduzida na forma de revisão de literatura na qual foram consultados: livros, dissertações, monografias, artigos científicos e Internet. Para fundamentar a proposição que a inovação pode alavancar a competitividade nas PMEs foram abordados: critérios de classificação das empresas brasileiras; conceitos de ciência; tecnologia e inovação; inovação nas empresas; casos de inovação radical e incremental; exemplos de estratégias tecnológicas; aspectos importantes para a competitividade; inovações da legislação e inovação tecnológica das indústrias brasileiras. Também são apresentados diversos exemplos de inovações tecnológicas radicais que servem para alertar as empresas em relação à vigilância de mercado para que o produto ou serviço oferecido não se torne obsoleto. Constatou-se nesta pesquisa que a legislação desempenha um papel importante, pois os incentivos fiscais para as PMEs proporcionam o oferecimento de produtos ou serviços mais competitivos ao mercado. Concluiu-se, portanto, que as PMEs precisam estimular o processo de inovação em seu ambiente e que devem escolher uma estratégia de inovação adequada a sua realidade. A pesquisa apontou que as empresas, independente de seu porte, necessitam desencadear o processo de inovação para continuarem sendo competitivas no mercado.
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ABSTRACT
This work has as its objective arguing about the innovation in the context of small and medium companies, pointing to some factors that are determinant to obtain the best results in the competitive and globalized market. As methodological guiding, it was chosen to work in a qualitative approach of an interpretative nature. The inquiry was lead in the form of bibliographical revision in which it was consulted: books, periodicals, specialized magazines, teses, monographs and Internet. For supporting the proposition that the innovation might stimulate the competitivite in small and medium companies it was worked with: criterion of classification of the Brazilian companies; concept of science; technology and innovation; innovation in the companies; cases of radical and incremental innovation; examples of technological strategics; important aspects for the competitivite; inovations of the legislation and technological innovation of Brazilian industry. It is also presented various examples of radical technological inovations which serve to alert the companies in relation to vigilance of market and the product or service offered not to become if return obsolete. It was evidenced in this research that the legislation acquit an important paper, so the incentives surveyor of taxes for small and medium companies offer produts or services more competitive to the market. It was also concluded, that small and medium companies need to stimulate the process of innovation in their ambient and that they need to choose a strategy of innovation appropriete their realitty. The research pointed that the companies, independent of their size, need to unleash the process of innovation to carry on been competitive in the market.
8
SUMÁRIO
RESUMO ...................................................................................................................... v
ABSTRACT .................................................................................................................. vi
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. viii
LISTA DE QUADROS ................................................................................................ ix
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
1.1 Justificativa do estudo ........................................................................................... 2
1.2 Objetivos ................................................................................................................ 2
1.2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 2
1.2.2 Objetivo Específico ............................................................................................. 2
1.3 Estrutura do trabalho ........................................................................................... 3
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 4
2.1 Os critérios de classificação das empresas no Brasil .......................................... 4
2.2 Ciência, tecnologia e inovação: conceitos............................................................. 8
2.3 A inovação no contexto das pequenas, médias e grandes empresas................... 14
2.4 A inovação nas empresas e suas estratégias tecnológicas.................................... 16
2.4.1 Inovação tecnológica e alguns casos................................................................... 17
2.4.2 Estratégias de inovação e alguns exemplos....................................................... 19
2.5 Aspectos importantes para a competitividade..................................................... 21
2.6 Evolução do contexto da empresa e as inovações da legislação.......................... 25
2.7 Inovação tecnológica das industrias brasileiras................................................... 26
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 41
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 44
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Inovação na empresa e no mercado nacional..................................... 30
FIGURA 2: Impactos da inovação de produtos e de processos............................. 37
FIGURA 3:Principais problemas e obstáculos apontados pelas empresas que implementaram inovações.................................................................... 39
FIGURA 4: Razões apontadas pelas empresas para não inovarem..................... 40
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Classificação econômica das empresas.......................................................................... 4
QUADRO 2 Classificação da tecnologia, quanto à sua disponibilidade e quanto à sua dimensão.......................................................................................................................... 10
QUADRO 3 Relação entre as barreiras de entrada e saída e a lucratividade................................. 22
QUADRO 4 Relação entre o tipo de estratégia competitiva e a amplitude de mercado............................................................................................................................
23
QUADRO 5 Estratégias tecnológicas.................................................................................................. 24
QUADRO 6 Empresas que implementaram inovações de produto ou processo............................ 27
QUADRO 7 Empresas com projetos incompletos ou abandonados................................................. 29
QUADRO 8 Empresas com dispêndios realizados nas atividades inovativas –P&D..................... 30
QUADRO 9 Empresas com dispêndios realizados nas atividades inovativas – aquisição de conhecimentos externos e aquisição de máquinas e equipamentos............................ 31
QUADRO 10 Empresas com dispêndios realizados nas atividades inovativas – treinamentos e introdução das inovações tecnológicas no mercado.....................................................
32
QUADRO 11 Empresas que realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D..................... 33
QUADRO 12 Incidência sobre a receita líquida de vendas dos dispêndios realizados nas
atividades inovativas e nas atividades internas de P&D...................................... 34
11
LISTA DE ABREVIATURAS
ANPEI Associação Nacional de Pesquisas, Desenvolvimento e Engenharia das
Empresas.
CD Compact Disk
DVD Digital Video Disk
EPP Empresa de Pequeno Porte.
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
ISS Imposto Sobre Serviços
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MPME Micros, Pequenas e Médias Empresas.
ORTNs Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PIB Produto Interno Bruto
PME Pequenas e Médias Empresas.
UFECE Unidade Fiscal do Estado do Ceará.
UFESP Unidades Fiscais do Estado de São Paulo.
UFIR Unidade de Referência Fiscal.
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
1. INTRODUÇÃO
No final do século XX assistiu-se a uma mudança crescente, contínua e imprevisível na
estrutura organizacional das empresas. O processo de mudança exige uma atitude proativa e foi
o grande desafio colocado às empresas em geral.
Nesse início de século XXI, as empresas permanentemente se confrontam com questões
de competitividade. Esta traduz a capacidade da empresa desempenhar sua atividade, em
condições mais favoráveis que a concorrência em preço e qualidade. Com o advento da
globalização eliminaram-se as fronteiras e as empresas tiveram o conceito de mercado alterado.
Este conceito passou a significar um espaço físico ampliado, teoricamente acessível a todas as
empresas, onde os produtos se inserem no mercado com relativa facilidade.
Para as empresas restam lutar para sobreviver e conseguir vantagens competitivas. A
opção feita pela empresa deve ser assumida estrategicamente, de modo a buscar lucratividade e
definir a sua área de atuação no mercado. Com isso a empresa pode optar por uma estratégia de
manutenção no mercado e, do esforço realizado pode resultar uma vantagem competitiva.
A presente monografia mostra a questão da inovação no contexto das pequenas e médias
empresas, assim classificadas no âmbito econômico, já que no âmbito jurídico, estas são
classificadas como empresas de pequeno porte, destacando alguns fatores que são
determinantes para que possa ser competitiva nesse mercado.
Como encaminhamento metodológico, optou-se por trabalhar numa abordagem
qualitativa de natureza interpretativa. A investigação foi conduzida na forma de revisão de
literatura onde foram consultados: livros, dissertações, monografias, artigos científicos e
Internet. Para fundamentar a proposição que a inovação pode alavancar a competitividade nas
PMEs foram abordados: critérios de classificação das empresas brasileiras, conceitos de
ciência, tecnologia e inovação, inovação nas empresas, casos de inovação radical e incremental,
exemplos de estratégias tecnológicas, aspectos importantes para a competitividade, inovações
da legislação e inovação tecnológica das industrias brasileiras.
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1.1 Justificativa do estudo
As PMEs diante do mercado globalizado buscam alternativas para sobreviver e manter-
se competitiva. Para que essa competitividade seja alavancada é necessário que identifique suas
limitações e as superem. Essas limitações podem envolver diversos aspectos da gestão. Dentre
eles estão: a qualidade, a manutenção, a produção, a inovação, o conhecimento, entre outros.
Em função dessas necessidades que se propõe realizar uma revisão de literatura para levantar
dados, informações e conhecimentos existentes sobre os critérios de classificação das empresas
no Brasil, os conceitos de ciência, tecnologia e inovação, as vantagens e desvantagens da
inovação nas empresas, as estratégias tecnológicas, os aspectos da competitividade e a inovação
tecnológica das industrias brasileiras. A partir dessa revisão analisar as condições básicas para
que a inovação seja o diferencial para alavancar a competitividade nas PMEs brasileiras.
1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral
Esta monografia apresenta como objetivo geral realizar um levantamento de dados,
informações e conhecimentos existentes que sirvam de subsídios para mostrar as condições
básicas para que a inovação seja o diferencial para alavancar a competitividade nas pequenas e
médias empresas brasileiras.
1.2.2 Objetivo específico
Os objetivos específicos da monografia são: identificar os critérios de classificação das
empresas brasileiras; compreender melhor a relação entre as descobertas científicas e as
inovações tecnológicas; destacar as vantagens e desvantagens da inovação no contexto das
pequenas, médias e grandes empresas, estudar as estratégias tecnológicas e os aspectos da
competitividade, levantar e analisar os dados existentes em relação à inovação tecnológica nas
pequenas, médias e grandes empresas, mostrar as condições básicas para que a inovação seja o
14
diferencial para alavancar a competitividade nas pequenas e médias empresas brasileiras,
oferecer subsídios para futuros estudos da área em questão.
1.3 Estrutura do trabalho Para que o leitor tenha uma noção dos aspectos que estão abordados nesse trabalho,
apresenta-se a seguir a sua estrutura com alguns comentários.
No item 2.1, da revisão de literatura, aborda-se os diferentes tipos de classificação das
empresas brasileiras, tanto no âmbito econômico (utilizada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE) como no âmbito jurídico (utilizada pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios).
No item 2.2, apresenta-se os conceitos de ciência, tecnologia e inovação de diferentes
autores para que se tenha clareza das diferenças existentes entre eles.
Nos itens 2.3, trata-se da inovação no contexto das PMEs, e compara-se com a inovação
realizada em grandes empresas, com o objetivo de destacar as vantagens e desvantagens de se
inovar nessas empresas.
No item 2.4, é abordado a questão das empresas e suas estratégias tecnológicas,
analisando as barreiras de competitividade, os fatores que facilitam a competitividade, alguns
casos de inovações tecnológicas, tanto incremental como radical e alguns exemplos de
estratégias de inovação.
No item 2.5, serão tratados os aspectos importantes para a competitividade de uma
empresa, através da escolha da sua estratégia competitiva.
No item 2.6, será tratado a evolução do contexto da empresa e as inovações da
legislação que contribuíram para a competitividade das PMEs.
No item 2.7, o assunto apresentado está relacionado com a inovação tecnológica das
indústrias brasileiras no período de 1998 – 2000. Nesse item se analisará utilizando os dados do
IBGE a inovação de produtos e processos, referenciais da inovação em relação a empresa e o
mercado nacional e taxas de inovação. Ressaltando os principais problemas e obstáculos
apresentados pelas empresas para inovar.
Para encerrar o trabalho foram realizadas algumas considerações dos diferentes aspectos
que foram abordadas na revisão de literatura com o intuito de mostrar que as pequenas e médias
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empresas podem aumentar sua capacidade competitiva utilizando como alavanca a inovação de
produto ou de processo.
2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Os critérios de classificação das empresas no Brasil No Brasil, as empresas podem ser conceituadas tanto no âmbito econômico quanto no
jurídico.
No âmbito econômico, uma empresa é definida segundo a atividade que ela exerce e
pelo seu número de empregados, conforme quadro 1 abaixo que apresenta o esquema para
classificação econômica de empresas:
Quadro 1: Classificação econômica das empresas Número de funcionários Porte da Empresa
Indústria Comércio/Serviço Micro Até 19 até 9
Pequena De 20 à 99 De 10 à 49 Média De 100 a 499 De 50 à 99 Grande Acima de 500 Acima de 100
Fonte: IBGE
Essa classificação é o critério utilizado por órgãos que realizam levantamento de dados
estatísticos para análise de diversos indicadores, como é o caso do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e de Estatística) e da ANPEI (Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e
Engenharia das empresas).
Entretanto, no âmbito jurídico, esta classificação é totalmente inválida. O critério para a
determinação do tipo de empresa é, exclusivamente, sua receita bruta anual, parâmetro utilizado
inclusive para efeito dos cálculos de créditos tributários.
Por outro lado, apesar de adotarem o mesmo critério, as diversas esferas: federal,
estadual e municipal existe limites de receitas bruta diferentes em suas legislações. Isso faz com
que algumas empresas sejam enquadradas como micro em uma esfera, e em outra, tenha um
enquadramento diverso.
Outro fator que torna a classificação, em âmbito econômico, pouca utilizada ou inválida
é que nem sempre a mesma reflete os resultados da empresa, pois os avanços tecnológicos
16
proporcionam a empresa obter resultados mais expressivos monetariamente sem a necessidade
de grande número de funcionários, em função disso a classificação no âmbito jurídico, que
considera o resultado da receita bruta e/ou normas e leis específicas da União, Estados e
Município acaba sendo mais usual.
A classificação das empresas no Brasil, no âmbito jurídico teve uma evolução histórica,
que se apresenta a seguir. Em 7 de novembro de 1984, através do Decreto nº 90.414, houve a
regulamentação de criação e funcionamento do conselho de desenvolvimento das micros,
pequenas e médias empresas (MPME) e em 27 de novembro de 1984, através da Lei nº 7.256,
inseriu-se a sistemática jurídica brasileira da Microempresa. Ao contrário da Microempresa,
que através da Lei nº 7.256/84, foi definida e caracterizada, a pequena empresa, a partir do
decreto nº 90.414/84 não atingiu a mesma condição, passando por um período que não era
possível distinguí-la das demais empresas, somente com a criação do Estatuto da Microempresa
e da Empresa de Pequeno Porte, através da Lei nº 8.864/94, esse problema foi resolvido e a
pequena empresa passou a ter forma própria, diferenciada e autônoma. A partir desse momento,
aparece nos cenários administrativos, político, econômico e jurídico, a empresa de pequeno
porte (EPP), conforme previsto na Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada
em 1988, no seu art. 179, que diz: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei,
tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas
por meio de lei.”
Em 1998, a Resolução nº 59 do Grupo Mercado Comum do Sul (Mercosul), incentiva
que sejam realizadas “políticas de apoio às micro, pequenas e médias empresas do Mercosul” e
através da Lei nº 9841/99, criou-se um novo Estatuto da Microempresa e da Empresa de
Pequeno Porte, para atender a exigência constitucional, conforme citação acima.
Esses dados refletem que as realidades de determinados tipos de empresas brasileiras e
suas respectivas regulamentações são recentes. Além de que é possível perceber que nessa
evolução da legislação procurou-se melhorar a competitividade dessas empresas no mercado.
Para a classificação, em relação à questão quantitativa, as microempresas e empresas de
pequeno porte, no âmbito jurídico, tem diversos parâmetros. Na Lei nº 7.256/84, art. 2º,
considerava que as pessoas jurídicas e as firmas individuais que tivessem receita bruta igual ou
17
inferior ao valor nominal de 10.000 ORTNs (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional)
eram enquadradas no regime de microempresa. Mas, diante promulgação da constituição
brasileira, em 1988, no seu art. 47, parágrafo primeiro, Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, conceitua-se Microempresa como as pessoas jurídicas e as firmas individuais com
receitas anuais de até dez mil Obrigações do Tesouro Nacional, e as pequenas empresas como
pessoas jurídicas e as firmas individuais com receita anual de até vinte e cinco mil Obrigações
do Tesouro Nacional.
Segundo a Lei federal nº 8.864/94, uma empresa será de pequeno porte quando a pessoa
jurídica e/ou a firma individual não for enquadrada como microempresa e tiver receita bruta
anual superior ou igual a 250.000 UFIR e inferior ou igual a 700.000 UFIR.
Segundo a Lei nº 9.317/96 (Lei do Simples), que legisla sobre o Sistema Integrado de
Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte,
conceitua microempresa a pessoa jurídica que tenha obtido, no ano-calendário, receita bruta
igual ou inferior a R$ 120.000,00 e, empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica que tenha
obtido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$ 120.000,00 e igual ou inferior a R$
720.000,00.
A Lei nº 9.841/99, estatuto da microempresa e empresa de pequeno porte, define como
microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta anual
igual ou inferior a R$ 244.000,00 e empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma
mercantil individual que, não enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superior
a R$ 244.000,00 e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00.
MELCHOR (1999) em seus estudos sobre as leis da microempresa e empresa de
pequeno porte diz que:
“...nada impede que uma mesma empresa seja considerada microempresa perante o novo Estatuto e empresa de pequeno porte segundo a lei do Simples. Exemplo: Uma empresa com receita bruta anual igual a R$ 200.000,00 será considerada microempresa (ME) perante o novo Estatuto (desde que cumpridas as demais exigências da lei), mas não o será perante a lei do Simples a qual estabelece receita bruta anual igual ou inferior a R$ 120.000,00”.
Outra conceito que a microempresa e empresa de pequeno porte, dos Estados
brasileiros que participam do Mercosul, deve observar obrigatoriamente é a Resolução n.º
59/98 do Grupo Mercado Comum, pois direcionou os trabalhos legislativos na elaboração do
novo Estatuto das microempresas e empresas de pequeno porte brasileiras.
18
Segundo esta Resolução, nos Estados integrantes do Mercosul são utilizadas diversas
definições para delimitar o universo das microempresas e empresas de pequeno porte, o que
demonstra a heterogeneidade de critérios respondendo a natureza própria do fenômeno
microempresas e empresas de pequeno porte, que se origina e desenvolve em diferentes
estruturas produtivas. Nesse sentido, entendeu-se que deveria entrar em consenso e insistir na
busca de uma definição comum e aplicada nos Estados integrantes do Mercosul. O Grupo
Mercado Comum do Sul, ao conceituar microempresas e empresas de pequeno porte, inovou
ao estabelecer dois critérios, o quantitativo e o qualitativo. Por este último, entende por
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, toda aquela que, atendido o critério quantitativo,
não seja controlada por outra empresa ou pertença a um grupo econômico que em seu conjunto
supere os valores estabelecidos.
O critério qualitativo também foi observado pelo Estatuto da Microempresa e da
Empresa de Pequeno Porte brasileiro (art. 3º da Lei nº 9.841/99). O critério quantitativo
adotado pelos países do Mercado Comum do Sul leva em consideração, em primeiro plano, o
setor produtivo e, para cada qual, estabelece o número de empregados e o valor de
faturamento. Para os fins de classificação prevalecerá o nível de faturamento, o número de
pessoas ocupadas será adotado como referência. Assim, para a Indústria, considera-se
microempresa aquela cujo pessoal ocupado varia entre 1 a 10 pessoas, e que o faturamento
anual seja de 1 a 400.000 mil dólares, e pequena empresa aquela que emprega de 11 a 40
empregados e que o faturamento anual fique entre quatrocentos e um mil dólares (US$
400.001) e três milhões e quinhentos mil dólares (US$ 3.500.000). No que se refere ao
Comércio e Serviços, microempresas são aquelas que empregam 1 a 5 pessoas, e que o
faturamento anual não supera o valor de duzentos mil dólares (US$ 200.000) e, pequenas
empresas são aquelas cujo quadro de empregados varia entre 6 a 30 pessoas, e o faturamento
anual seja superior a duzentos e um mil dólares (US$ 200.001) e inferior a um milhão e
quinhentos mil dólares (US$ 1.500.000).
Nos estados brasileiros, a regulamentação das empresas acontece de acordo com a
Unidade Fiscal utilizada, por exemplo, no Ceará, a receita bruta anual deve ser de 2.828
UFECE (Unidade Fiscal do Estado do Ceará), enquanto que no âmbito do Estado de São Paulo,
a Lei n o 6374/89 caracteriza uma empresa como micro quando essa obtiver receita bruta anual
igual ou inferior ao valor nominal de 10.000 UFESP (Unidades Fiscais do Estado de São
Paulo). O mesmo ocorre no âmbito Municipal, onde o enquadramento, em especial das
microempresas, depende de leis específicas de cada município. Elas determinam o valor
nominal da receita bruta anual de uma empresa para esta ser considerada como microempresa.
Atualmente, no caso de Fortaleza, não há nenhum regulamento que diferencie no plano fiscal
uma microempresa das demais empresas, enquanto que na cidade de São Paulo a Lei Municipal
nº 10.816/89 e o Decreto nº 31.417/92 dispõem sobre o tratamento fiscal da microempresa.
No Brasil, as Empresa de pequeno porte representam 96,3% do universo empresarial,
participam com 21% do PIB, geram 60% dos empregos urbanos, pagam 42% dos salários, mas
contribuem com apenas 1,7% das exportações (dados do IBGE), enquanto nos Estados Unidos,
as empresas desse mesmo tipo respondem por 50% das exportações.
Apesar da classificação das empresas por tamanho ser diferente entre Brasil e Estados
Unidos e as Empresa de pequeno porte americanas apresentarem uma abrangência maior, essa
distorção é corrigida pela própria disparidade das economias, permanecendo a coerência da
comparação. Assim, enquanto os pequenos negócios americanos são competitivos no âmbito
internacional e se caracterizam por sua cultura exportadora, no Brasil eles continuam
fortemente voltados para o mercado interno.
Nos itens seguintes da revisão de literatura, em função de que serão apresentados e
analisados diversos dados estatísticos referente à questão da inovação nas empresas, cuja fonte
é o IBGE, a classificação no âmbito jurídico será pouca utilizada e, conseqüentemente, utiliza-
se com maior freqüência, a classificação no âmbito econômico.
2.2. Ciência, tecnologia e inovação: conceitos
Para compreender melhor a relação entre as descobertas científicas e as inovações
tecnológicas é necessário distinguir suas definições e uma das definições existentes mais
considerada é a proposta pela UNESCO:
20
• Ciência é o conjunto de conhecimentos organizado sobre os mecanismos de causalidade dos fatos observáveis, obtidos através do estudo objetivo dos fenômenos empíricos;
• Tecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos ou empíricos diretamente aplicáveis à produção ou à melhoria de bens ou serviços. (CARAÇA, 1986; REIS, 2003).
Inicialmente a ciência era isolada, a partir do século XIX, uniu-se com a técnica, em
função da dependência direta dessa união para o desenvolvimento e a melhoria de alguns
produtos e processos.
Para TEIXEIRA (1983, p.50) apud REIS (2003): “a ciência está intimamente ligada ao
conhecimento dos fenômenos, da comprovação de teorias, etc; enquanto a tecnologia está
associada com impactos sociais e econômicos sobre uma comunidade, resultante da aplicação
de novos materiais, novos processos de fabricação, novos métodos e novos produtos nos meios
de produção”.
JAPIASSÚ (1975) diz que: “ciência e tecnologia não são neutras, pois refletem as
contradições das sociedades que as engendram, tanto em suas organizações quanto em suas
aplicações. Na realidade, são formas de poder e de dominação entre grupos humanos e de
controle da natureza”.
O esquema apresentado a seguir é baseado no conceito de MORIN (1982, p.56) apud
REIS (2003) que ressalta: “do ponto de vista epistemológico, é impossível isolar a noção de
tecnologia ou “techné”, porque existe uma relação que vai da ciência à técnica, da técnica à
indústria, da indústria à sociedade, da sociedade à ciência, , etc., onde a técnica aparece como
um momento deste circuito”.
Ciência ⇒ Técnica ⇑ ⇓ Sociedade ⇐ Indústria (REIS, 2003).
Ainda segundo MORIN (1982):
“Neste circuito, há também o efeito da retroação onde cada termo retroatua sobre o precedente, ou seja, a indústria retroatua sobre a técnica e orienta-a, a técnica retroatua sobre a ciência e orienta-a, portanto o primeiro problema é evitar isolar o termo “techné”. Ao invés de isolar o termo tecnologia, devemos sim, ligá-lo num macro-conceito que reagrupe, em constelação, outros conceitos.
Já não se pode separar o conceito de tecnologia, do conceito de ciência e do conceito de indústria e este é um conceito circular porque, no fundo, todos sabem que um dos maiores problemas da civilização ocidental é que é no circuito representado a seguir que a sociedade, no fundo, evolui e se transforma”.
21
ciência →→→ tecnologia →→→ indústria ↑←←←←←←←←←←←←←←←↓ (REIS, 2003)
NETO (1992) apud REIS (2003) diz que: “a tecnologia fundamenta-se nos métodos e
conhecimentos científicos, compreendendo o domínio dos materiais e processos, úteis para a
solução de problemas técnicos e para a fabricação de produtos”.
Os autores LARANJA, SIMÕES E FONTES (1997, p.15) classificam a tecnologia,
quanto à sua disponibilidade em imediata e não imediata e nas seguintes dimensões:
materializada, documentada e imaterial, conforme quadro 2, a seguir:
Quadro 2: Tecnologia: Dimensões e Disponibilidade Disponibilidade
Dimensões Imediata Não imediata Materializada Uso imediato Adaptabilidade Documentada Manuais, livros, revistas, publicações da
especialidade. Protegida por patentes e direitos intelectuais
Imaterial Acesso/recurso a pessoas e equipes com experiência no domínio em causa
Implícita ou tácita, requer esforço de formação ou assimilação.
Fonte: Laranja, Simões e Fontes (1997), p. 15.
CARAÇA (1997, p. 44) apud REIS (2003) destaca que: “a técnica e a tecnologia são
domínios cognitivos mais próximos da ação, tendo assim ambas que ver com o ‘saber-fazer’.
Entretanto, pode-se definir a técnica como um ‘saber-fazer’ tácito e a tecnologia como um
‘saber-fazer’ explícito”.
DOSI (1982) apud REIS (2003) define que tecnologia é:
“um conjunto de peças de conhecimento, quer sejam diretamente práticas (relacionadas com problemas concretos) quer sejam teóricas (mas praticamente aplicáveis, embora não necessariamente já aplicadas), ‘know-how’, métodos, procedimentos, experiências de sucesso e de fracassos e também, é claro, estruturas físicas e equipamentos. As estruturas físicas existentes incorporam, por assim dizer, o que já foi conseguido no desenvolvimento de uma tecnologia em uma atividade de solução de problema específico. Ao mesmo tempo uma parte não incorporada de tecnologia consiste em competência particular, experiência de tentativas anteriores e soluções tecnológicas passadas, junto com o conhecimento e o que já foi conseguido em nível de estado-da-arte. A tecnologia inclui a percepção de um conjunto limitado de alternativas tecnológicas possíveis e de futuros desenvolvimentos assumidos como atuais”. TEIXEIRA (1983, p.51) apud REIS (2003) enfoca que: “tecnologia industrial pode ser
definida como um acervo de conhecimentos técnicos - científicos que, de maneira organizada e
sistemática, é usado nas múltiplas atividades industriais”.
22
REIS (2003) diz que: “A tecnologia é comumente associada à engenharia, mas estas
culturas apresentam uma diferença fundamental: enquanto a engenharia serve-se da técnica e da
tecnologia visando especificamente à realização de determinados produtos, a tecnologia
compreende o conjunto de conhecimentos científicos aplicáveis a uma variada gama de
projetos, processos e produtos que são empregados pela engenharia e pela indústria em suas
finalidades específicas”.
NETO (1992) apud REIS (2003) ressalta que: “A ciência e a tecnologia, por serem
culturas e produtos humanos, apresentam dimensões de ordem filosófica, política, econômica e
social que, necessariamente, as enquadram em contextos sócio-históricos, com os quais
interagem e se desenvolvem. A produção técnico-científica é condicionada, em seus objetivos
pelos seus agentes, e no seu modo de funcionamento pela sociedade onde se desenvolve”.
A inovação para PROUVOST (1992) refere-se ao “lançamento no mercado, com
sucesso, de um produto ou um serviço novo”. Ainda segundo o autor, a inovação:
a) se avalia pela bitola do cliente e não pela do produtor (pelo comportamento dos clientes e não pela tecnologia integrada);
b) é uma oferta lançada realmente no mercado, o que a distingue da <<idéia genial>> que não passa do papel;
c) não é, forçosamente, uma coisa espetacular: o que é determinante é o fato de o cliente vir a preferir comprar aquele produto em vez do anterior;
d) não se baseia apenas sobre o produto em si mesmo, mas também sobre todos os elementos que lhe transformam a percepção pelos clientes”.
A inovação tecnológica apresenta segundo diversos autores aspectos interessantes a
ressaltar, por exemplo:
• SBRAGIA; MARCOVITCH; VASCONCELLOS (1996) apud REIS (2003) diz que:
“inovação é a responsável pelas mudanças no mundo atual. A evolução econômica dos países e o sucesso das empresas, principalmente das industriais, são resultado da eficiência e da eficácia com que o conhecimento técnico-científico é produzido, transferido, difundido e incorporado aos produtos e serviços. Com a evolução das empresas surge a necessidade de um aperfeiçoamento de processos tecnológicos, para acelerar as descobertas científicas e os progressos industriais;”
• MUESER (1985); apud REIS (2003) afirma que inovação é o resultado de uma idéia
nova, um evento técnico descontínuo, que após um certo período de desenvolvimento é
concretizado num novo produto ou processo que é utilizado com sucesso;
23
• ALMEIDA (1981) e BARROS et al. (1996) apud REIS (2003) pressupõe que
inovação é o surgimento de um novo bem ou um novo método de produção ou a abertura de um
novo mercado ou a conquista de uma nova fonte de fornecimentos já existente, ou a ser criada
ou criar uma nova organização ou romper uma posição monopólio;
• UTTERBACK (1983) apud REIS (2003) considera que inovação deve ser entendida
como: “um processo que envolve a criação, o desenvolvimento, o uso e a difusão de um novo
produto ou idéia ou, resumidamente, a introdução e difusão de produtos e processos (e serviços)
novos e melhorados na economia”;
• Manual de FRASCATTI, que é utilizado pelos países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico, é “conceituada a inovação científica e tecnológica
como a transformação de uma idéia num produto vendável, novo ou melhorado, ou num
processo operacional na indústria ou no comércio, ou num novo método de serviço social”
(OECD, 1993 apud REIS, 2003).
• Para DRUCKER (1985) apud REIS (2003) “a inovação é um esforço para criar
alterações úteis ao potencial econômico e social da empresa”.
Segundo os países da OECD (1993) apud REIS (2003):
“As inovações tecnológicas incluem novos produtos, processos e serviços e, também, mudanças tecnológicas em produtos, processos e serviços existentes. Uma inovação é implementada se for introduzida no mercado (inovações de produto) ou for usada dentro de um processo de produção (inovação de processo). Inovações envolvem então uma série atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais”.
A inovação e a invenção têm conceitos distintos. FREEMAN (1982) apud REIS (2003)
considera que: “um invento é uma idéia, um esboço ou um modelo para um dispositivo,
produto, processo ou sistema novo ou aperfeiçoado, enquanto que, sendo a inovação de um
produto, serviço ou processo que pode ser comercializado, têm um mercado potencial e é obtida
com base em conhecimentos técnicos, em invenções recentes ou provém de trabalhos de P&D”.
REIS (2003) ressalta que: “os elevados ritmos de inovação tecnológica obrigam a
alterações nos procedimentos internos de gestão e a criação de rotinas organizacionais que
facilitem a aquisição e endogenização empresarial de conhecimento tecnológico, bem como a
sua constante atualização”.
LARANJA, SIMÕES E FONTES (1997, p.20) define a inovação tecnologia como: “a
aplicação de novos conhecimentos tecnológicos, que resulta em novos produtos, processos ou
24
serviços, ou na melhoria significativa de alguns dos seus atributos. Inerente a esta definição está
a idéia de que os produtos ou serviços, novos ou melhorados, devem ter aceitação no mercado
(ou aumento de aceitação no mercado) com conseqüências para o aumento da rentabilidade da
empresa inovadora”.
PORTER (1993) apud REIS (2003) considera que: “a inovação ocorre em tecnologia,
métodos, novos produtos, novas formas de administrar e produzir, novas maneiras de
comercialização, identificação de novos grupos de clientes (nichos), novos esquemas de
distribuições, novas formas de alianças estratégicas, etc.”.
Segundo ROSENBERG (1979, p.86) apud REIS (2003):
“O aproveitamento potencial de uma invenção (ou seja, a sua transformação numa inovação) supõe, por seu lado, um cuidadoso exame da acumulação de pequenos avanços técnicos da invenção no decorrer do tempo, as suas implicações na alteração das características de rendimento em termos econômicos e como resultado de uma comparação de custos da nova tecnologia com as alternativas já disponíveis. A inovação tecnológica não leva, necessariamente, ao completo abandono das tecnologias anteriores. O êxito comercial com as inovações tecnológicas no geral envolve ou implica um cuidadoso estudo daqueles aspectos das práticas antigas que devem ser abandonadas e dos aspectos que devem ser mantidos”.
A inovação tecnológica, no cenário atual de competitividade torna-se importante para a
sobrevivência da empresa (BARATELLI et al, 1994, p.118).
Atualmente as empresas inovadoras sentem a necessidade de aproximar-se de setores
ligados ao conhecimento, universidades ou centros de pesquisas. Muitas empresas estão
estruturando seus próprios centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
MOURA (1973) apud CARNEIRO (1995) diz que: “a obtenção de produtos/serviços
deve-se a operações onde diversas tecnologias intervêm, já que o ato de produção consiste em
combinar certas quantidades de fatores produtivos”.
A tecnologia para CARNEIRO (1995) “... é um complexo corpo de conhecimentos
científicos e empíricos que procura utilizações práticas”. Ainda segundo o autor “a tecnologia é
gerada e difundida no âmbito de uma estrutura que, apoiando-se nos meios humanos e
financeiros, institucionais e de informação, desenvolve atividades de descoberta, de invenção e
de utilização de novos conhecimentos para dar à área econômica-social possibilidade de
desenvolvimento”.
O resultado obtido com o desenvolvimento de novos produtos ou processos depende de
planejamento das atividades e definição de prioridades, utilização de equipamentos adequados,
25
capacidade financeira que propicie que a empresa possa correr riscos e recursos humanos que
possam absorver e aplicar todos os conhecimentos necessários para efetivação de um novo
produto ou processo. A partir do momento que as empresas tenham interesse pela utilização de
novas tecnologias podem obter inovações tecnológicas que melhorem a sua competitividade.
CARNEIRO (1995) ressalta que a revolução industrial é a responsável pelo grande fluxo
de inovações tecnológicas e que o desenvolvimento econômico-social é fruto do progresso
tecnológico. O autor destaca que ocorreram mudanças:
• na mentalidade do produtor: utilização de equipamentos e processos inovadores;
• no contexto do mercado: incentivo a essa utilização devido a maiores capacidades econômicas e melhores perspectivas de vendas;
• no aumento do fluxo de invenções e idéias para serem transformadas em inovações tecnológicas dos processos produtivos.
Esses conceitos são importantes para que se tenha clareza das diferenças existentes entre
ciência, tecnologia e inovação e que as empresas que utilizam a inovação de produto e/ou
processo é em função da necessidade, pois os avanços tecnológicos em determinadas áreas
estão acontecendo em tempo real.
2.3 A inovação no contexto das pequenas, médias e grandes empresas
A realidade que as empresas, de forma geral, enfrentam com o mercado globalizado
determina que suas estratégias sejam traçadas para a manutenção da capacidade competitiva e
isso exige que se assumam riscos e atendam as necessidades dos seus clientes, sejam
consumidores finais ou empresas que necessitam do produto para dar continuidade em um
processo.
As pequenas e médias empresas estão inseridas nessa realidade e precisam definir o seu
campo de atuação, o caminho que querem seguir e aonde querem chegar, para sua própria
sobrevivência. Às vezes, dependendo da região em que está inserida é melhor ser uma
fornecedora para uma grande empresa do que competir com a mesma. Com isso as pequenas e
médias empresas precisam desenvolver novas tecnologias para atender as diferentes realidades
de seus clientes.
26
Essas novas tecnologias necessitam passar pela avaliação constante dos seus clientes,
para saber se estão dispostos a pagar o preço do novo produto ou serviço. É preciso que o novo
produto ou serviço gere lucros para se concretizar uma inovação tecnológica (REIS, 2003).
A contribuição das pequenas e médias empresas para o surgimento de novas tecnologias
e concretização de inovações tecnológicas já é realidade em toda comunidade européia e no
Japão, 92% e 98% do total das empresas respectivamente, e vem assumindo um papel
importante na economia brasileira (DOMINGOS, 1995).
Uma vantagem das pequenas e médias empresas é a maior flexibilidade para atender
clientes que necessitam de produtos em menor quantidade, ou seja, poder realizar a produção
em baixa escala. Essa flexibilidade permite que se possa responder prontamente às demandas de
seu mercado, mediante a adaptação de seus produtos às mudanças empreendidas por seus
clientes e ainda, seus equipamentos sendo menos especializados permitem que seja introduzida
alterações e adaptações com mais facilidade (KRUGLIANSKA, 1996).
Outro fator a ser considerado é que a participação da pequena e média empresa na
cadeia produtiva de outra empresa tem função relevante para o desenvolvimento dessa empresa,
pois a partir do momento que obtiver uma melhor qualidade de seus produtos ou serviços e
preços menores, ela pode contribuir para tornar essa outra empresa mais competitiva, tanto no
mercado interno como no mercado externo.
Nesse contexto, a terceirização de parte do processo produtivo realizado pelas grandes
empresas é fundamental para as pequenas e médias empresas de setores tradicionais da
economia e como conseqüência, surge a geração de novos postos de trabalho.
Outra vantagem é que os serviços prestados pelas pequenas e médias empresas são mais
ativos e rápidos, têm maior proximidade com os clientes e a eficiência é maior em função dos
baixos custos indiretos. Elas podem eliminar mais facilmente os desperdícios, reduzir as
atividades que não agregam valor, desenvolver um bom clima na organização e capacitar os
recursos humanos. O resultado da implementação dessas estratégias traz resultados financeiros,
conseqüentemente estão realizando inovações tecnológicas no processo produtivo.
Para que as inovações tragam retornos financeiros às empresas são necessários, também,
que sejam disponibilizados recursos financeiros e tempo para pesquisas e testes, o que leva
muitas dessas empresas a abandonarem as grandes inovações. Segundo os executivos da 3M,
27
DuPont, GE, Pfizer e Rubbermaid, a inovação não é um processo fácil e nem vem de graça, não
basta simplesmente contratar o vencedor de uma feira de tecnologia ou o aluno com o melhor
trabalho de fim de curso, e designar-lhe uma tarefa e esperar o surgimento de uma grande
inovação. Um exemplo desse fato é a DuPont, que, às vezes, necessita de até duzentas e
cinqüenta idéias para se conseguir um produto comercializável. (KANTER et al, 1998)
A necessidade desses investimentos para efetivação da inovação na empresa torna-se a
principal desvantagem das pequenas e médias empresas. Dentre as áreas que, geralmente,
exigem um montante maior de recursos estão o marketing, a P&D e a exportação. Essas
dificuldades atingem a sua credibilidade e influência no reconhecimento de seus produtos ou
serviços e na sua estabilidade perante o mercado.
Em função da menor disponibilidade de recursos para investimentos, principalmente em
P&D e da produção em baixa escala, as pequenas e médias empresas evitam entrar em áreas
que tenham essa necessidade.
De maneira geral, as pequenas e médias empresas procuram utilizar a sua estrutura mais
enxuta para que seus colaboradores fiquem em contato direto com a estrutura administrativa e
gerencial da empresa, facilitando a troca de idéias para o surgimento de novos produtos ou
serviços ou melhoria no processo de produção.
Em relação as grandes empresas de base tecnológicas, para conseguirem essa
capacidade de inovação, algumas vantagens podem ser levantadas como: melhor acesso às
fontes de informação sobre tecnologias; organogramas mais flexíveis, o que permite uma rápida
adaptação às mudanças, e a busca por uma boa infra-estrutura, tendo em vista que as empresas,
na sua maioria, procuram estar perto de grandes instituições governamentais e privadas.
Ainda, as grandes empresas geralmente apresentam todas as vantagens acima e como
mostra NEVES (2002) outras que se somam como:
• acesso facilitado às linhas de financiamento;
• economia de escala nas atividades de P&D;
• maior poder político e
• maiores chances de desenvolver e implementar o que se tornará o design dominante de um determinado setor.
Por outro lado, as grandes empresas também encontram dificuldades em se tratando de
inovação. PROUVOST (1992) defende que as grandes empresas são menos inovadoras que as
28
pequenas e médias empresas. Isto acontece, porque, segundo o autor, as pessoas dentro das
grandes empresas têm continuamente de se reportar aos seus superiores, ou seja, em grandes
estruturas quando mal gerenciadas torna-se difícil o ato de inovar.
Podemos destacar dentre as desvantagens encontradas pelas grandes empresas em
relação à inovação está a quebra de paradigmas e a resistência em adotar estratégias ofensivas.
Vários fatores levam as empresas a buscarem novos processos e produtos, apesar das
vantagens e desvantagens existentes, como já apontadas anteriormente. Todas as inovações
geradas no ambiente da empresa é influenciada pelo mercado e pelos concorrentes, e ainda
segundo REIS (2003) “estas inovações, ao serem introduzidas no mercado, acabam não só
influenciando na posição da empresa como também no próprio mercado”.
2.4. Inovação nas empresas e suas estratégias tecnológicas As empresas para encontrarem o seu espaço no mercado desenvolvem os mais diversos
tipos de estratégias, que muitas vezes podem representar um resultado financeiro, seja com um
produto que assume um comportamento agressivo no mercado em relação aos similares, seja
como uma prestadora de serviços ou até mesmo uma fornecedora de um produto que fará parte
do processo produtivo de uma grande empresa. Essa realidade exige que as empresas ofereçam
qualidade e preço compatível. Além de uma vigilância constante para atender as necessidades
de seus clientes e saber o que esta sendo feito por seus concorrentes.
Alguns aspectos apresentados a seguir são importantes para as empresas: a inovação
tecnológica, as estratégias de inovação e os aspectos importantes para sua competitividade.
2.4.1. Inovação tecnológica e alguns casos As inovações tecnológicas envolvem a criação novos produtos, processos ou serviços e
provoca mudanças que pode ter caráter incremental ou radical.
A inovação incremental esta relacionada a pequenas melhorias no produto, processo ou
serviço, enquanto a inovação radical cria um novo produto, processo ou serviço podendo até
mesmo eliminar o existente anteriormente de função similar. As inovações incrementais não
surgem unicamente através de atividades de P&D; mas também através de melhorias propostas
29
pelos próprios funcionários pela observação que realizam durante a execução de um processo
ou produto ou pelos seus utilizadores, enquanto a inovação radical geralmente é resultado de
atividade de P&D.
No século XX, diversos produtos perderam parcialmente ou totalmente seu espaço no
mercado, a seguir se apresentam alguns desses casos de inovação tecnológica radical e de
inovação tecnológica incremental.
a) Inovação tecnológica radical:
• o chuveiro de alumínio que a pessoa tinha que aquecer a água para enche-lo como se
fosse um balde, perdeu seu espaço para as duchas ou chuveiros de maior potência;
• o ferro de passar roupa utilizando brasa foi substituído pelos ferros elétricos;
• o fogão utilizando lenha foi substituído pelo fogão a gás (uso doméstico);
• a máquina de escrever mecânica foi substituída primeiramente pela máquina de
escrever elétrica, e depois pela máquina de escrever eletrônica, que por sua vez,
foram substituídas pelo computador acoplado a uma impressora;
• a impressoras que foram incrementadas, primeiramente havia a matricial, depois
surgir a jato de tinta e a laser como nova opção;
• o telegrafo foi substituído pelo fax, e este está sendo substituído pelo correio
eletrônico com a utilização do computador associado à internet;
• as máquinas de autenticação utilizadas pelos bancos que eram mecânicas, passaram
para elétricas e hoje é eletrônica;
• o disco de vinil e a fita cassete, na área musical conviveram por um longo período,
sendo substituída pelo compact disk (CD) e passa por uma fase que está sendo
substituída pelo DVD, que associa som e imagem, possivelmente substituirá,
também, as fitas de vídeo;
• os sistemas de cadastro dos clientes feitos em fichas e hoje em banco de dados
computadorizados;
• os sistemas de freios dos veículos de passeio que era composto por lona e hoje são
pastilhas ou discos;
• o aparelho de televisão preto e branco pelo aparelho de televisão em cores;
30
• o lampião, inicialmente usou-se querosene, depois o gás e hoje temos a energia
elétrica com lâmpadas incandescente, fluorescente ou fosforescente;
• a ficha telefônica foi substituída pelo cartão telefônico;
• as fraldas de pano estão sendo substituídas pelas fraldas descartáveis;
• o relógio a corda foi substituído pelo relógio automático ou a bateria.
b) Inovação tecnológica incremental:
• o serviço de autenticação que era realizado através de códigos numéricos e hoje é
utilizado o código de barras com leitor óptico;
• o serviço de recebimento de contas de água, luz e telefone que era realizado somente
por bancos e hoje podem ser pagas em farmácias ou lotéricas;
• as caixas registradoras de supermercado com as máquinas mecânicas que somente
registram o preço, passaram a ser eletrônica e utilizam leitor óptico de código de
barras fornecendo a quantidade, nome do produto e preço no ticket;
• as máquinas fotográficas que utilizam filme estão sendo substituídas pelas máquinas
fotográficas digitais;
• a luz incandescente está sendo substituída gradativamente pela fluorescente e
fosforescente;
• os tecidos de algodão e poliéster estão sendo incrementados para tecidos inteligentes
que não amarrotam como tencel ou micro fibra;
• dinheiro feito de papel aos pouco está sendo substituído pelo dinheiro feito de
plástico;
• retroprojetor está sendo substituído pelo canhão de projeção multimídia;
• aquecedores elétricos estão sendo substituídos pelos aquecedores solares;
• a geladeira foi incrementada em relação à produção de gelo para gelo seco;
• o tanque de lavar em concreto está sendo substituído pelo tanquinho elétrico ou
pelas máquinas que batem, lavam, enxáguam e centrifugam a roupa;
• a pipoca que utiliza a panela foi incrementada para estourar em forno de micro
ondas;
• os eletrodomésticos de forma geral passaram por mudanças incrementais em seus
produtos ou processos;
31
• alguns procedimentos cirúrgicos eram realizados com incisão por meio do uso do
bisturi podem ser realizadas com o laser sem fazer incisão;
• os disquetes de 5 ½ , 3 ¼ ou de alta densidade estão sendo substituídos
gradativamente pelo CD utilizando o gravador de CD e tantos outros produtos,
processos ou serviços que mudaram radicalmente ou somente incrementaram.
Os exemplos citados apresentam situações em que a mudança incrementou um processo
existente ou que inovou radicalmente eliminando do mercado o produto ou processo.
Algumas inovações que hoje estão classificadas como incrementais provavelmente no
futuro serão consideradas como radicais, pois devido ao custo elevado e produção em baixa
escala não é tão acessível aos clientes, mas que poderá reduzir o custo e aumentar a produção
eliminando o produto anterior a essa tecnologia. Caso como do aparelho de televisão em cores
que inicialmente apresentava um custo elevado, por isso poucos adquiriam esse produto, mas
que com o tempo os custos se reduziram e é possível encontrar nas residências mais humildes.
Outro fato importante a destacar é que num mesmo produto ou processo pode ocorrer uma
mudança radical e algumas mudanças incrementais, pode também citar o caso do aparelho de
televisão com os mais diversos recursos (sleep, timer, som stereo, vídeo acoplado).
2.4.2. Estratégias de inovação e alguns exemplos Os fatores que agregam vantagem competitiva às empresas estão relacionados com
recursos humanos qualificado, identificar as reais necessidades do mercado e as mudanças que
poderão ou deverão acontecer em produtos ou serviços, aliando esses fatores ao conhecimento
científico, a interação com os fornecedores, sem esquecer que deve haver pré-disposição para a
inovação dentro da empresa, mesmo que influenciada pelo mercado e a concorrência. No caso
das pequenas e médias empresas, um dos principais fatores de inovação está relacionado com o
fornecimento de bens, equipamentos e sistemas a serem usados nos processos (REIS, 2003).
Segundo REIS (2003) as empresas para terem as características inovadoras devem ter
consciência dos riscos que correm e que de acordo com o grau de inovação podem ser maiores
ou menores.
Diante da realidade que as empresas assumem riscos para adotarem o perfil inovador
surgem os casos de êxitos e fracassos. A partir desses casos, segundo REIS (2003) “podem-se
inferir alguns perfis prováveis das empresas inovadores, no sentido que estão mais propensas a
32
incorrer em situações de grandes riscos”. Segundo FREEMAN (1982) apud REIS (2003), essas
empresas podem estar nas seguintes categorias:
“pequenas empresas inovadores dispostas a fazer apostas radicais, em situações nas quais a sua sobrevivência está ameaçada; grandes empresas inovadoras com flexibilidade organizacional para a tomada de decisões relativa aos seus projetos; grandes empresas inovadores que mantém um enfoque de ‘carteira’ na gestão, combinando projetos rotineiros (ou ‘mediocres’) com outros muito incertos, mas com possibilidades de grandes retornos financeiros; empresas inovadoras patrocinadas pelo Estado, com maiores garantias de ‘êxito’, pela segurança de não assumirem isoladamente os riscos associados.”
Além dos fatores que agregam vantagem competitiva é necessário que todo empresa se
preocupe com as seguintes variáveis: produtividade, qualidade, preço, flexibilidade, tempo
apropriado e marketing.
As estratégias de inovação na empresa são indispensáveis. Segundo FREEMANN apud
REIS (2003), essas estratégicas podem ser: ofensiva, defensiva, imitadora, dependente,
tradicional ou oportunista.
As empresas podem ter as seguintes estratégias:
• ofensiva na empresa caracteriza pela liderança, rapidez, relacionamento com a
comunidade científica, intensiva em pesquisas e patentes. Exemplos: Nestle, Siemens, Web
Site.
• defensiva na empresa caracteriza por não assumir altos riscos, trabalha utilizando os
erros como referência, procuram ter RH com elevada qualidade científica e técnica, utilizam
P&D, reage e adapta-se a mudanças e para se fortalecer no mercado patenteiam seus produtos
ou serviços. Exemplo: Votorantim, Pepsi, Agroceres.
• imitadora na empresa caracteriza por assumir a postura de ficar atrás de empresas
líderes de mercado, executam cópias melhoradas, apresentam pouca P&D e baixo custo de
produção. Exemplo: ASSOLAN, CCE, TODESCHINI (macarrão verde).
• dependente na empresa caracteriza por aceitar ser a satélite, necessita relacionar-se
com empresas mais fortes, não há esforço de inovação e em geral não apresentam P&D.
Exemplo: SERVLIMP, Empresas de assessórios em geral para montadoras.
• tradicional na empresa caracteriza pela dependência da sensibilidade do empresário perceber
a oportunidade de mercado demandando o mínimo de P&D. Exemplo: Coca-Cola, Bic, Bombril, Sal
cisne, Minancora.
33
• oportunista na empresa caracteriza por focar a sua atuação num mercado que outros
não usaram, comum nas pequenas e micro empresas. Exemplo: Artigos funerários, Arisco,
Carros Brindados, Moto Táxi.
2.5. Aspectos importantes para a competitividade As pequenas e médias empresas para serem competitivas no mercado necessitam manter
ou aumentar seus lucros e sua participação no mercado. Para isso necessitam utilizar as
informações disponíveis para avaliar os fatores externos da empresa e buscar estratégias que
possam melhorar a competitividade.
Inicialmente, os empresários precisam ter clareza em relação ao segmento de mercado
que atendem e suas necessidades, assim analisar as principais barreiras que serão necessárias
superar.
Essas barreiras podem envolver a entrada ou saída do negócio e são os fatores (dentro
ou fora da indústria) que limitarão o início da empresa e sua continuidade.
As barreiras de entrada podem envolver o aumento de produção, acesso a determinado
setor, concorrência com empresas que utilizam a diferenciação do produto como estratégia,
necessidade de injeção de capital ou dificuldade de acesso a canais de distribuição dos
produtos.
A superação das barreiras de saída faz-se necessária para que a empresa sobreviva,
mesmo com lucros baixos ou negativos em relação aos investimentos.
O quadro a seguir apresenta a relação entre as barreiras e a lucratividade.
Quadro 3: Relações entre barreiras de entrada e saída e a lucratividade Barreiras de saída
Baixas Altas
Altas Lucratividade: Alta e estável
Lucratividade: Alta e estável
Barreiras de
entrada Baixas
Lucratividade: baixa e estável
Lucratividade: baixa e estável
Fonte: Adaptado de Porter (1986)
34
A situação ideal para empresa em relação às barreiras é ser alta na entrada e baixa na
saída, a situação sendo contrária, a área de atuação da empresa tem baixa atratividade (DAHAB
et. al, 1995). Ainda segundo esses autores: “vantagens competitivas são, portanto, produto do
árduo esforço de capacitação, talento e criatividade, na condução dos negócios”.
A busca contínua para manter-se no mercado requer:
• preço e qualidade de produtos e serviços oferecidos, pois nem sempre os clientes estão dispostos a pagar mais caro;
• a produção deve ser organizada, evitar desperdícios para não provocar aumento no produto final;
• o atendimento das necessidades dos clientes e oferece-los produtos ou serviços com confiabilidade;
• incrementar ou inovar os produtos, sempre que possível.
DAHAB et al (1995) apresenta alguns “fatores que contribuem para aumentar a
competitividade nas empresas:
• gestão competente dos fluxos de produção, insumos e componentes;
• boa articulação entre as áreas de planejamento, mercado, P&D&E e manutenção industrial;
• capacidade de combinar atividades de desenvolvimento interno de produtos e aquisição de tecnologias;
• capacidade de captar as exigências do mercado, através de um saudável relacionamento com a rede de fornecedores, distribuidores, clientes e associações de classe;
• capacidade de investir na formação de mão-de-obra”.
A empresa necessita criar uma interação entre os diversos para aumentar as chances de
sucesso de um produto ou serviço que será lançado no mercado e ainda, definir estratégias em
relação à inovação para que escolha o melhor caminho e decida entre desenvolver a inovação
dentro da empresa ou adquiri-la de outra. Nessa interação é importante que os colaboradores se
envolvam e sintam-se responsáveis pelo sucesso da empresa, com isso é possível realizar a
interface da capacitação técnica com as estratégias empresarial e tecnológica. Afinal o desafio
de lançar um novo produto no mercado começa na sua concepção e vai até a sua
comercialização.
Existem seis forças competitivas atuantes na formulação da estratégia empresarial:
compradores, fornecedores, competidores potenciais, substitutos, concorrentes e aparato
político-institucional (PORTER, 1986).
35
O equilíbrio dessas forças delineará a meta a ser alcançada e a forma de competir em
relação aos fatores internos e externos da empresa.
Além dessas forças existem dois enfoques que devem definir os rumos a serem traçados
pela empresa: liderança de custos e diferenciação do produto. No caso da liderança de custos
visa-se reduzir os custos de produção e oferecer aos clientes um produto com custo mais baixo
do que os concorrentes e no caso da diferenciação do produto a preocupação da empresa é
tornar o seu produto único.
Esses dois enfoques levam a empresa da preocupar-se com a realidade a qual ela está
inserida. Podendo, tanto o enfoque de liderança de custo como diferenciação do produto podem
envolver toda a indústria, que compreende o conjunto de empresas de um mesmo setor
(mercado amplo) como um segmento particular (mercado restrito).
Para se definir a melhor estratégia, utilizando a amplitude do mercado, é necessário
estar atento às necessidades específicas de um cliente ou de um grupo de clientes. O quadro 4
seguinte mostra que a combinação da amplitude de mercado com os dois enforques geram
quatro estratégias competitivas genéricas:
Quadro 4: Relação entre o tipo de estratégia e a amplitude de mercado Tipo de estratégia competitivas Liderança de custo Diferenciação
Toda a indústria (amplo) Estratégia 1 Estratégia 2 Amplitude do mercado Apenas um segmento (restrito) Estratégia 3 Estratégia 4
Fonte: Adaptado de Porter (1986)
A partir dessas estratégias genéricas surgem as estratégias tecnológicas que podem
envolver a inovação do produto ou inovação de processo, conforme o quadro 5.
Quadro 5: Estratégias tecnológicas Inovação do produto Inovação de processo
MERCADO
LIDERANÇA EM CUSTO
Estratégia 1
Desenvolvimento de produto visando à redução de custos através de um menor consumo de matérias, facilidade de fabricação ou simplificação logística
Desenvolvimento de processo visando à redução de custos através de um menor consumo de materiais, facilidade de fabricação e plena exploração de economias de escala.
36
AMPLO
DIFERENCIA-ÇÃO
Estratégia 2
Desenvolvimento de produto tendo como objetivo a melhoria de especificações, qualidade ou flexibilidade.
Desenvolvimento de processo visando melhorar a qualidade do produto, seus especificações, flexibilidade, tempo de resposta ou qualquer outra alteração que implique num pacote de maior valor para o cliente.
LIDERANÇA EM CUSTO
Estratégia 3
Desenvolvimento de produto visando à redução de custos, necessária a um nicho específico do mercado.
Desenvolvimento de processo visando sincronizar as necessidades de um nicho de mercado com a linha de fabricação, tendo como objetivo último a redução dos custos do cliente.
MERCADO
RESTRITO
DIFERENCIA-ÇÃO
Estratégia 4
Desenvolvimento de produto focando suas especificações a partir das necessidades detectadas em determinado nicho de mercado.
Desenvolvimento de processo objetivando valorizar produtos e /ou serviços oferecidos aos clientes de um nicho de mercado.
Fonte: Adaptado de Porter (1986)
Os autores DAHAB et al (1995) diz que: “deve-se pensar na estratégia empresarial como mecanismo para:
• proteger a empresa contra o conjunto das forças competitivas existentes;
• influenciar o equilíbrio de forças através de ações estratégicas que melhorem a posição relativa da empresa;
• antecipar as mudanças nas forças básicas, e responder a elas antes da concorrência, adotando posicionamentos adequados frente a um novo equilíbrio”.
Ainda segundo os autores “a estratégia empresarial deve visar, senão a todos, pelo menos a alguns dos objetivos abaixo:
• analisar e influenciar o jogo competitivo das empresas existentes, evitando retaliações desnecessárias;
• dificultar a entrada de concorrentes potenciais;
• minimizar o poder de negociação dos fornecedores;
• aprofundar as relações preferências com os clientes
• antecipar-se às vantagens oferecidas pelos produtos substitutos.
• Influenciar a definição de políticas econômicas e sociais que favoreçam a empresa e
conseqüentemente, a indústria.
2.6. Evolução do contexto das empresas e as inovações da legislação
A evolução tecnológica obrigou diversos países a buscarem uma adaptação a nova
realidade de uma economia globalizada.
37
As empresas sentiram a necessidade de criar sua própria tecnologia, para isso algumas
investiram em recursos humanos especializados, criando grupos de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D). A P&D inicialmente desenvolvia trabalhos de cunho tecnológico que
raramente eram associados às necessidades ou oportunidades de mercado; depois identificou a
importância de articulação com as áreas de negócios; em seguida buscou criar ligações formais
para integração da tecnologia aos negócios e nos últimos anos algumas empresas procuraram se
aproximar dos clientes para aprender em conjunto como melhor envolver a tecnologia e os
negócios empresariais (FERNANDES, 1998).
No caso das empresas que assumiram a postura inovadora foi preciso uma aprendizagem
contínua, pois o ambiente tecnológico mundial evoluiu rapidamente. Essa evolução levou,
muitas vezes, as empresas a mudarem seus paradigmas, principalmente com o surgimento das
novas tecnologias de informação.
Um outro aspecto da evolução foi em relação à inovação da legislação vigente, que tive
como principal objetivo oportunizar a competitividade das empresas de pequeno porte. Nesse
caso a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios buscaram adequar a legislação
para estimular o surgimento e a manutenção dessas empresas e conseqüentemente desse setor
da economia. Conforme apresentado no item 2.1 da revisão de literatura desta monografia
houve diversas mudanças de legislação, onde a Lei nº 8.864/94 aumentou o limite de receita
bruta das microempresas, que passou de 96 mil para 250 mil UFIRs e, inovou introduzindo pela
primeira vez o conceito de empresa de pequeno porte como sendo as que tivessem receita bruta
igual ou inferior a 700 mil UFIRs. Vale ressaltar que a empresa de pequeno porte foi
regulamentada pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, mas não havia um
critério definido que caracterizasse esse tipo de empresa.
A Lei nº 9.317/96 também proporcionou a inovação na legislação, estabelecendo
tratamento diferenciado, simplificado e favorecendo as microempresas e as empresas de
pequeno porte em relação ao pagamento de impostos e contribuições, com isso reduziu
consideravelmente a carga tributária e simplificou a forma de recolhimento dos tributos
federais, além de possibilitar a adesão de Estados e Municípios para concessão de benefícios do
ICMS e do ISS, respectivamente.
Outro fato interessante é que essas empresas passaram a conviver com duas leis: a Lei nº
8.864/94 (Estatuto da microempresa e da empresa de pequeno porte) e a Lei nº 9317/96 (Lei do
38
Simples), enquanto o Estatuto tem por objetivo facilitar a constituição e o funcionamento da
microempresa e da empresa de pequeno porte, de modo a assegurar o fortalecimento de sua
participação no processo de desenvolvimento econômico e social, a Lei do Simples estabelece
tratamento diferenciado nos campos dos impostos e contribuições.
O novo estatuto das microempresas e empresas de pequeno porte trouxe inovações que
atendeu antigas reivindicações, como é o caso da dupla visita prevista no art. 12 da lei 8.864/94,
o que significa que o fiscal trabalhista somente poderá autuar o empresário caso este não
regularize a situação após ser previamente orientado.
Todas essas inovações na legislação tiveram por objetivo assegurar às empresas de
pequeno porte a viabilidade de sua existência e conseqüentemente a sua competitividade, pois o
incentivo fiscal sempre foi uma das formas que auxiliam essas empresas a permanecerem no
mercado.
Quando se deixa o campo da legislação e passa-se a falar da inovação dentro do
contexto de produto e processo é importante ressaltar que existe uma relação muito forte que
interliga a ciência, a tecnologia e a inovação, para que através do processo produtivo possa
chegar os benefícios à sociedade, seja com um produto de melhor qualidade e/ou menor preço.
Não pode se esquecer que a legislação tem influência direta nesse contexto, pois o preço final
do produto incorpora as despesas desde a aquisição matéria prima até os impostos incidentes
para a sua comercialização e esses impostos podem inviabilizar o produto, em função de um
custo final alto e que nem sempre os clientes estão dispostos a pagar, por isso essas inovações
no Estatuto e criação da Lei do Simples foram importantes para aumentar a competitividade das
empresas de pequeno porte.
2.7. Inovação tecnológica das industrias brasileiras no período de 1998 - 2000 Para que se tenha uma noção da situação que envolve a inovação tecnológica nas
indústrias brasileiras serão analisados resultados da Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica
(PINTEC) de 1998 à 2000, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
que em função das quadros agruparem muitos dados, faz-se necessário separá-las em mais de
uma quadro e ainda, vale ressaltar que não foi possível realizar os analises utilizando a
classificação no âmbito jurídico de empresa de pequeno porte, por que os dados do IBGE
39
seguem seu próprio critério de classificação que já foi apresentada anteriormente e os resultados
financeiros são distribuídos de acordo com o número de funcionários. Portanto para facilitar o
analise, simplesmente foram somados todos os valores da faixa de pessoal ocupado entre 10 a
499 para caracterizar os resultados das pequenas e médias empresas e acima desses valores
estão as grandes empresas do setor industrial brasileiro.
Os quadros 6 e 7, a seguir, mostram os resultados referentes às empresas brasileiras que
implementaram inovações de produtos e processos de acordo com o porte da empresa no
período de 1998-2000.
Os dados do quadro 6 mostram a quantidade de empresas que realizaram inovação de
produto e processo, separando os casos em que o produto ou processo é novo, somente para a
empresa, daqueles que o produto ou processo é novo para o mercado nacional.
Quadro 6: Empresas que implementaram inovações de produto e/ou processo Empresas
Que implementaram inovações de
Produto Processo Faixas de pessoal
ocupado Total Total
Total Novo para a empresa
Novo para o mercado nacional
Total Novo para a empresa
Novo para o mercado nacional
Produto e processo
Pequena e média empresa 70.645 21.669 11.850 9.710 2.498 17.235 15.980 1.582 7416
Grande Empresa 1.360 1.029 808 645 477 925 773 418 704
Total 72.005 22.698 12.658 10.355 2.975 18.160 16.753 2.000 8.120
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000. Nota: Foram consideradas as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado e/ou que desenvolveram projetos que foram abandonados ou estavam incompletos ao final de 2000.
A partir dos dados da quadro 6 acima é possível verificar que no período de 1998-2000,
das 72.005 empresas envolvidas na pesquisa, somente 31,5% desse total implementaram
inovações de produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado
para a empresa ou para o mercado nacional, sendo 6,3%, das empresas implementaram somente
inovações de produto; 13,93 das empresas implementaram somente inovações de processo e
11,27% das empresas implementaram inovações de produto e processo. Ainda, com base nos
dados acima, das 72.005 empresas pesquisadas nesse período, 98% eram pequenas e médias
empresas. Outro dado importante é que somente 22.698 dessas empresas implementaram
inovações de produto ou processo e 95,5% dessas inovações foram realizadas pelas PMEs.
Dessas empresas que implementaram inovações de produto ou processo, temos os seguintes
40
resultados: das 12.658 empresas que implementaram inovações de produto, 93,6% eram PMEs;
das 18.160 empresas que implementaram inovações de processo, 94,9% eram PMEs e das
8.120 empresas que implementaram inovações de produto e processo, 91,3% eram PMEs.
Conforme quadro 6, de acordo com o porte da empresa a taxa de inovação é crescente,
pois das 70.645 PMEs pesquisas somente 30,7% implementaram inovações, enquanto que das
1.360 grandes empresas pesquisas, 75,6% implementaram inovações. Quando a inovação é
analisada em relação ao contexto de mercado nacional, o comportamento das grandes empresas,
destaca-se em relação às empresas de porte inferior. As 1.360 grandes empresas envolvidas na
pesquisa apresentaram os seguintes resultados: 35,1% implementaram inovação de produto e
30,7% implementaram inovação de processo. Enquanto que as 70.645 pequenas e médias
empresas tiveram somente 3,5% de implementação de produto e 2,2% de implementação de
processo.
A figura 1 mostra as porcentagens em relação as 72.005 empresas envolvidas na
pesquisa, no período de 1998-2000, onde se separam as situações em que a inovação ocorre
somente para realidade interna da empresas das situações em que a inovação ocorre na
realidade do mercado nacional.
Ainda, com base nos dados do quadro 6 é possível destacar que as pequenas e médias
empresas inovadoras tendem a realizar apenas um tipo de inovação, produto ou processo, o que
é demonstrado pelo fato que das 21.669 PMEs que implementaram inovação, somente 34,2%
dessas empresas implementaram inovações de produto e processo, enquanto que esta proporção
é crescente de acordo com o porte da empresa, pois das 1.360 grandes empresas, 51,8%
implementaram inovações de produto e processo, no mesmo período.
Esses dados mostram que a participação das pequenas e médias empresas no processo
de inovação é muito significativa na realidade brasileira e que com certeza é um dos fatores que
alavancar a sua competitividade. Outro dado interessante é que essas empresas acabam
arriscando mais e sujeitas a terem projetos incompletos ou abandonados conforme dados do
IBGE apresentados no quadro 7.
Quadro 7: Empresas com projetos incompletos ou abandonados
41
Empresas
Com projetos incompletos Com projetos abandonados
Faixas de pessoal ocupado Total Total Em
produto Em
processo Em
ambos Total Em produto Em processo Em ambos
Pequena e média empresa 70.645 8.202 3.268 2.844 2.090 3.946 2.142 1.110 695
Grande Empresa 1.360 742 159 152 431 331 122 66 142
Total 72.005 8.944 3.427 2.996 2.521 4.277 2.264 1.176 837
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000. Nota: Foram consideradas as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado e/ou que desenvolveram projetos que foram abandonados ou estavam incompletos ao final de 2000.
Um dos fatores que refletem esses resultados na pequena e média empresa é que, nem
sempre existe um grupo de P&D dentro da empresa que possa realizar as experiências
necessárias para o sucesso da inovação, tanto de um produto como de um processo. Com base
nos dados acima é possível verificar que: das 8.944 empresas que apresentaram projetos
incompletos, 91,7% eram PMEs; das 4.277 empresas que apresentaram projetos abandonados,
92,3% eram PMEs e das 837 empresas que tiveram projetos incompletos e projetos
abandonados, 83% eram PMEs.
Os dados da quadro 7 mostram que os números de projetos incompletos ou abandonados
são grandes. Essa realidade é natural, pois a empresa que utiliza o processo de inovação para
tornar-se mais competitiva no mercado, nem sempre atinge seus objetivos e diante de um
grande número de idéias, a maioria não são viáveis para a realidade da empresas ou para o
mercado. Os gestores nesse processo desempenham um papel importante para estimular seus
colaboradores para manterem o processo inovador sempre em alta no ambiente da indústria.
A quadro 8 apresenta as empresas, total e receita líquida de vendas com indicação do
valor de dispêndios relacionados com atividades internas e aquisição externa de pesquisa e
desenvolvimento.
42
Figura 1:Inovação na empresa e no mercado nacional
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000.
Analisando a figura 1 que apresenta a realidade da empresa em relação à implementação
de inovação, sem separa-las por porte, é possível verificar que o trabalho a ser realizado para
que essas empresas sintam a necessidade de inovar é grande, pois no espaço amostral
envolvendo 72.005 empresas pesquisadas os porcentuais em cada uma das situações são baixos.
Quadro 8: Empresas com dispêndios realizados nas atividades inovativas – P&D Empresas
Dispêndios realizados nas atividades inovativas
Total Atividade interna de
pesquisa e desenvolvimento
Aquisição externa de pesquisa e
desenvolvimento
Faixas de pessoal
ocupado Total
Receita líquida de
vendas (1.000 R$)
(1) Número de
empresas
Valor
(1.000 R$)
Número de
empresas
Valor
(1.000 R$)
Número de
empresas
Valor
(1.000 R$)
Pequena e média empresa
70.645 217.609.011 18.170 8.381.273 6.652 925.962 1.328 85.638
Grande Empresa 1.360 364.797.135 995 13.962.486 760 2.815.610 340 545.101
Total 72.005 582.406.146 19.165 22.343.759 7.412 3.741.572 1.668 630.739
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000. Nota: Foram consideradas as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. (1) Receita líquida de vendas de produtos e serviços, estimada a partir dos dados da amostra da
Pesquisa Anual de 2000.
43
A partir dos dados da quadro 8 pode-se concluir que:
• 26,6% das empresas realizaram investimentos em atividades inovativas, dessas 95%
eram pequenas e médias empresas. Apesar dessas empresas serem em maior quantidade não
conseguem atingir a receita líquida da venda dos produtos e serviços na mesma proporção, pois
ficaram, somente, com 37,4% do total dessas receitas;
• a média de receita líquida da venda dos produtos e serviços é de R$ 11.976,00 para
cada pequena e média empresa, enquanto que para cada grande empresa é de R$ 366.630,00;
• a média de investimento nas atividades inovativas é de R$ 461,26 para cada pequena
e média empresa, enquanto é de R$ 14.032,65 para cada grande empresa. Esse fato é um dos
indicativos que as pequenas e médias empresas precisam realizar mais investimentos em
atividades inovativas para obterem melhores resultados;
• em relação às atividades internas de P&D a média de investimento por empresa é de
R$ 139,20 para cada pequena e média empresa e é de R$ 3.704,75 para cada grande empresa e
em relação à aquisição externa de P&D a média de investimento por empresa é de R$ 64,48
para cada pequena e média empresa e é de R$ 1.603,24 para cada grande empresa. Esses dados
refletem que as grandes empresas tem maior possibilidade de sucesso no lançamento de um
produto ou melhoria de um processo.
Na quadro 9 apresenta as empresas, total e receita líquida de vendas com indicação do
valor de dispêndios relacionados com aquisição de outros conhecimentos externos e aquisição
de máquinas e equipamentos.
Quadro 9: Empresas com dispêndios realizados nas atividades inovativas – aquisição de conhecimentos externos e de máquinas e equipamentos
Empresas Dispêndios realizados nas atividades inovativas
Total Aquisição de outros conhecimentos externos
Aquisição de máquinas e equipamentos
Faixas de pessoal
ocupado Total
Receita líquida de
vendas (1.000 R$)
(1) Número
de empresas
Valor
(1.000 R$)
Número de
empresas
Valor
(1.000 R$)
Número de
empresas
Valor
(1.000 R$)
Pequena e média empresa
70.645 217.609.011 18.170 8.381.273 2.500 313.521 14.639 5.648.260
Grande Empresa 1.360 364.797.135 995 13.962.486 414 854.698 901 6.019.079
Total 72.005 582.406.146 19.165 22.343.759 2.914 1.168.219 15.540 11.667.339
44
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000. Nota: Foram consideradas as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. (1) Receita líquida de vendas de produtos e serviços, estimada a partir dos dados da amostra da Pesquisa Anual de 2000.
A partir dos dados do quadro 9 pode-se observar que as grandes empresas investem
aproximadamente 17 vezes mais do que as pequenas e médias empresas em aquisição de outros
conhecimentos externos e aquisição de máquinas e equipamentos. É possível compreender que
estruturas físicas maiores exigem mais investimentos em conhecimento e até mesmo em
aquisição de máquinas e equipamentos. Os valores investidos pelas empresas são altos para
auxiliarem na manutenção de sua competitividade o mercado e essa importância decresce à
medida que aumenta o porte das empresas.
No quadro 10 apresenta as empresas, total e receita líquida de vendas com indicação do
valor de dispêndios relacionados com treinamentos e introdução das novas tecnologias no
mercado.
Quadro 10: Empresas com dispêndios realizados nas atividades inovativas – treinamentos e introdução das inovações tecnológicas no mercado
Empresas Dispêndios realizados nas atividades inovativas
Total Treinamentos Introdução das inovações tecnológicas no mercado
Faixas de pessoal
ocupado Total
Receita líquida de
vendas (1.000 R$)
(1) Número
de empresas
Valor (1.000 R$)
Número de
empresas
Valor (1.000 R$)
Número de
empresas
Valor (1.000 R$)
Pequena e média empresa
70.645 217.609.011 18.170 8.381.273 6.114 180.999 5.192 309.652
Grande Empresa 1.360 364.797.135 995 13.962.486 741 236.593 531 1.111.107
Total 72.005 582.406.146 19.165 22.343.759 6.855 417.592 5.723 1.420.759 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000. Nota: Foram consideradas as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. (1) Receita líquida de vendas de produtos e serviços, estimada a partir dos dados da amostra da Pesquisa Anual de 2000.
Em relação à quadro 10 é possível afirmar que, somente 28,6% do total das pequenas e
médias empresas investem para lançar suas inovações tecnológicas no mercado, sendo que
gastam em média de R$ 59,60, enquanto 53,3% do total das grandes empresas investem nesse
lançamento e disponibilizam em média R$ 2.092,48 por empresa. Outro fator relevante é a
questão dos treinamentos, pois as grandes empresas investem 10,8 vezes mais do que as
pequenas e médias empresas, apesar de que os gastos com treinamento representam a menor
fração do total dos gastos com inovação nas empresas (1,7%) e serem de grande importância
45
para todas as empresas. Essa diferença se explica, inicialmente, tanto pela própria diferença do
custo unitário destas atividades, mas também, pela dificuldade desta atividade. Esta dificuldade
se deve a uma série de fatores como, por exemplo, a incorporação dos custos do treinamento no
preço da máquina (com o fornecedor da máquina promovendo o treinamento necessário ao
comprador), ou treinamento on the job, sem parada total da produção ou separação entre fases
de treinamento e produção. Por estas razões, a estimativa dos gastos em treinamento é
extremamente complexa e sendo em alguns casos inviável.
A quadro 11, a seguir apresenta as empresas que realizaram dispêndios nas atividades
internas de Pesquisa e Desenvolvimento com indicação do número de pessoas ocupadas,
segundo faixas de pessoal ocupado - Brasil – 2000.
Quadro 11: Empresas que realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D Empresas
Empresas que realizaram dispêndios nas atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento
Número de pessoas ocupadas em Pesquisa e Desenvolvimento
Faixas de
pessoal ocupado Total
Número de pessoas ocupadas em 31.12
(1) Total Total(2) Com dedicação exclusiva Com dedicação parcial
Pequenas e médias empresas
70.645 2.955.789 6.652 17.291 10.536 22.968
Grandes empresas 1 360 2 003 834 760 24 176 20 911 9 977
Total 72 005 4 959 623 7 412 41 467 31 447 32 945
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000. Nota: Foram consideradas as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. (1)Número de pessoas ocupadas em 31.12, estimado a partir dos dados da amostra da Pesquisa Industrial Anual de 2000. (2) Total de pessoas ocupadas em dedicação plena nas atividades de Pesquisa e Desenvolvimento, obtido a partir da soma do número de pessoas em dedicação exclusiva e do número de pessoas em dedicação parcial, ponderado pelo percentual médio de dedicação.
De acordo com os dados acima é possível observar que das 4.959.623 pessoas ocupadas,
59,6% trabalhavam em pequenas e médias empresas, sendo que cada uma tinha, em média, 42
colaboradores, enquanto nas grandes empresas, em média, 1.473 colaboradores,
aproximadamente.
Ainda pode-se verificar que somente 10,3% do total de empresas realizaram
investimentos para atividades internas de P&D, sendo que 90% desses investimentos foram
realizados pelas pequenas e médias empresas, apesar de que o número de pessoas ocupadas em
46
P&D com dedicação exclusiva nas pequenas e médias empresas são praticamente a metade em
relação ao número de colaboradores disponíveis para esse fim e na mesma condição de trabalho
nas grandes empresas e conseqüentemente os envolvidos em P&D nas pequenas e médias
empresas são colaboradores com dedicação parcial, isso geralmente é um fator que dificulta a
inovação nessas empresas ou faz com que demore mais para atingir os resultados pretendidos
na inovação de um produto ou processo.
A quadro 12 apresenta a taxa de inovação e incidência dos gastos em atividades
inovativas sobre a receita de vendas, segundo atividades das indústrias extrativas e de
transformação -1998/2000.
Quadro 12: Incidência sobre a receita líquida de vendas dos dispêndios realizados nas atividades inovativas e nas atividades internas de P&D
Incidência sobre a receita líquida de vendas dos dispêncios realizadas nas
Atividades das indústrias extrativas e de transformação Taxas de inovação
Atividades inovativas
Atividades internas de P & D
Total 31,5 3,8 0,64
Indústrias extrativas 17,2 1,5 0,23
Indústrias da transformação 31,9 3,9 0,65
Fabricação de produtos alimentícios a bebidas 29,5 2,1 0,22
Fabricação de produtos alimentícios 29,2 2,3 0,25
Fabricação de bebidas 32,9 1,1 0,06
Fabricação de produtos do fumo 34,8 1,1 0,64
Fabricação de produtos têxteis 31,9 3,6 0,27
Confecção de artigos do vestuário a acessórios 26,2 2,1 0,21
Preparação de couros a fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem a calçados. 33,6 1,8 0,29
Fabricação de produtos de madeira 14,3 5,2 0,19
Fabricação de celulose, papel a produtos de papel. 24,8 3,9 0,35
Fabricação de celulose e outras pastas 51,8 4,9 0,49
Fabricação de papel, embalagens a artefatos de papel. 24,4 3,7 0,32
Edição, impressão e reprodução de gravações. 33,1 3,3 0,07
Fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares a produção de álcool. 33,6 1,4 0,88
Fabricação de coque, álcool a elaboração de combustíveis nucleares. 31,9 1,4 0,03
Refino de petróleo 39,4 1,4 0,96
47
Fabricação de produtos químicos 46,1 4,0 0,65
Fabricação de produtos químicos 46,0 3,7 0,62
Fabricação de produtos farmacêuticos 46,8 5,7 0,83
Fabricação de artigos de borracha a plástico 39,7 4,5 0,42
Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 21,0 4,9 0,30
Metalúrgica básica 31,4 6,3 0,40
Produtos siderúrgicos 19,7 8,0 0,44
Metalurgia de metais não-ferrosos a fundição 36,2 2,6 0,33
Fabricação de produtos de metal 32,8 3,5 0,35
Fabricação de máquinas a equipamentos 44,4 4,1 1,15
Fabricação de máquinas para escritório a equipamentos de informática 68,5 3,1 1,30
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos. 48,2 5,8 1,76
Fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações 62,5 4,8 1,60
Fabricação de material eletrônico básico 62,9 4,0 0,69
Fabricação de aparelhos a equipamentos de comunicação, 62,1 5,0 1,75
Fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos pare automação industrial, cronômetros e relógios.
59,1 5,0 1,77
Fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias. 36,4 7,1 0,89
Fabricação de peças e acessórios para veículos 46,2 6,5 0,55
Fabricação de outros equipamentos de transporte 43,7 5,9 2,72
Fabricação de móveis a indústrias diversas 34,4 3,6 0,32
Fabricação de artigos do mobiliário 36,2 3,3 0,24
Fabricação de produtos diversos 30,0 4,3 0,50
Reciclagem 13,1 4,5 -
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000.
As taxas de inovação são diferenciadas entre as diversas atividades representadas na
quadro acima. As taxas mais elevadas de inovação são verificadas em atividades caracterizadas
pelo rápido avanço nos conhecimentos técnico-científicos incorporados. São os casos das
atividades de: fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (68,5%);
fabricação de material eletrônico básico (62,9%); fabricação de material eletrônico e de
aparelhos e equipamentos de comunicações (62,5%) fabricação de aparelhos e equipamentos de
comunicações (62,1%); fabricação de equipamentos de instrumentação médico-hospitalares,
instrumentos de precisão e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e
48
relógios (59,1). Outro fator interessante refere-se às indústrias que utilizam recursos naturais,
pois a fabricação de celulose e outras pastas e o refino de petróleo, apresentam taxas de
inovação de 51,8% e 39,4%, respectivamente.
Nas atividades ligadas à cadeia química, vale destacar a fabricação de produtos
farmacêuticos (46,8%); fabricação de produtos químicos (46,0%) e a fabricação de artigos de
borracha e plástico (39,7%), que apresentam as mais elevadas taxas de inovação desse grupo.
Em relação aos componentes da cadeia metal-mecânica as taxas de inovação são mais
heterogêneas. A metalurgia de metais não-ferrosos e fundição (36,2%) e a fabricação de peças e
acessórios para veículos (46,2%) encontram-se acima da média da indústria, enquanto a
fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias (36,4%) e produtos
siderúrgicos (19,7%) estão abaixo dessa mesma média.
As menores taxas são encontradas em atividades intensivas em uso de recursos naturais
e mão-de-obra, como fabricação de produtos alimentícios (29,2%); confecção de artigos do
vestuário e acessórios (26,2%); fabricação de produtos de minerais não-metálicos (21,0%);
indústrias extrativas (17,2%); fabricação de produtos de madeira (14,3%); e reciclagem
(13,1%).
Quando a empresa consegue ser competitiva, o lucro resultante da implementação de
produtos e processos tecnologicamente novos ou substancialmente aprimorados é uma
conseqüência disso e torna-se uma motivação para continuidade do processo de inovação na
empresa. Através da pesquisa de inovação na indústria brasileira realizada pelo IBGE foram
investigados os resultados das inovações que têm efeitos diretos ou indiretos sobre a
competitividade das empresas.
A figura 2, apresentada a seguir, mostra-se com que freqüência estes impactos da
inovação de produtos e processos foram apontados pelas empresas como tendo sido importantes
no período de 1998 - 2000 (alta e média).
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Figura 2: Principais impactos da inovação de produtos e de processos
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000. Nota: Os dados referem-se ao total de empresas e quantidade de colaboradores. De 10 a 499 colaboradores são as PMEs e com 500 e mais são as grandes empresas.
Nos impactos de inovação da empresa prevalecem fatores associados à posição da
empresa no mercado quando se refere a inovação de produto (manter ou ampliar a participação
da empresa no mercado, 79,6% e 71,0%, respectivamente), e quando se refere a inovação de
processo (aumentar a capacidade produtiva (69,6%) e a flexibilidade de produção (64,8%)). De
natureza distinta destes, somente a melhoria da qualidade dos produtos apresenta freqüência
superior a 60%.
50
Dos fatores associados mais diretamente aos custos de produção, destaca-se apenas a
redução dos custos do trabalho (53,1%).
As grandes empresas registram mais elevadas freqüências em todas as categorias de
impactos, o que é consistente com as suas maiores taxas de inovação e com o maior número de
projetos simultaneamente desenvolvidos. Destaca-se, especialmente, a diferença nas
freqüências apontadas para o enquadramento em regulamentações relativas ao mercado externo,
que revela intenção de exportar (8,9% para as pequenas e médias empresas e 42,3% para as
grandes).
A participação dos produtos novos ou substancialmente aprimorados no total do
faturamento das empresas representa uma medida da importância econômica da inovação. Na
medida que as inovações de produtos são bem sucedidas, sendo aceitas no mercado, espera-se
que o produto novo passe a ganhar uma participação na receita de vendas das empresas. As
pequenas e médias empresas quando têm um produto fruto de inovação apresentam uma maior
participação no faturamento e esta decresce quando se trata de uma grande empresa, pois em
função de uma maior variedade de produtos, os novos não têm tanto peso nas vendas.
Na figura 3, a seguir são apresentados os principais problemas e obstáculos apontados
pelas empresas que implementaram inovações no período de 1998 – 2000 e a proporção de
empresas que indicaram alta ou média importância cada categoria de problemas.
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Figura 3: Principais problemas e obstáculos apontados pelas empresas que implementaram inovações Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000. Nota: Os dados referem-se ao total de empresas e quantidade de colaboradores. De 10 a 499 colaboradores são as PMEs e com 500 e mais são as grandes empresas.
Ao analisar os motivos pelos quais as empresas não inovam e dos obstáculos que elas
encontram, temos que das 22,7 mil empresas que implementaram inovações cerca de 54,7%
afirmaram ter encontrado problemas que tornaram mais lenta a implementação de determinados
projetos ou que os tenham inviabilizado. Diante dos problemas e obstáculos, o tamanho da
empresa não influência. Dentre os problemas mais indicados estão aqueles de natureza
financeira, ou seja, os custos, os riscos e a escassez de fontes adequadas de financiamento.
Embora ocupe a mesma posição na ordenação da freqüência dos problemas, a escassez de
fontes de financiamento adequadas representa uma dificuldade mais significativa para as
pequenas e médias empresas, cerca de 63,0% destas, e por 44,3% das grandes empresas.
Os problemas de natureza interna, ligados à falta de pessoal qualificado, de informação
sobre tecnologia e sobre mercados, formam um segundo grupo na ordenação. No caso das
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grandes empresas, a fraca resposta dos consumidores é indicada como um fator cujas
dificuldades superam aquelas geradas pela falta de informações.
O terceiro grupo por ordem de relevância, são apontados problemas associados às
possibilidades de cooperação com outras empresas/instituições e à escassez de serviços técnicos
externos adequados, que representam dificuldades na relação com o Sistema Nacional de
Inovação.
A dificuldade para se adequar a padrões, normas e regulamentações e a rigidez
organizacional ocupam as últimas posições.
Na figura 4, aponta-se as razões para as empresas não inovarem.
FIGURA 4: Razões apontadas pelas empresas para não inovarem
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Indústria, Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica 2000.
O principal impedimento apresentado conforme figura 4 para as 46 mil empresas que
não implementaram inovações e que não desenvolveram projetos, a maioria (55,7%) apontou
que as condições de demanda vigentes nesse período não favoreciam esta atividade ou as
condições competitivas do mercado não estimularam a empresa a inovar. Ainda pode-se
observar que 11,6% das empresas não inovaram por que tinham implementado inovações no
período prévio ao de referência da pesquisa. As restantes, cerca de 32,7% das empresas
apontaram de acordo com a pesquisa outros problemas para não desenvolver e implementar
inovações.
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3. Considerações finais
As empresas brasileiras estão inseridas no contexto do mercado globalizado e
necessitam encontrar os mecanismos para continuarem sendo competitivas.
A legislação tem participação importante para que as empresas possam encontrar seu
espaço nesse mercado. As pequenas e médias empresas, em especial, têm sua própria legislação
e é amparada pela Constituição, por seu estatuto e pelas resoluções do Grupo Mercado Comum
do Sul (Mercosul). As alterações ocorridas nas legislações no final do século XX e nas novas
regulamentações mostram que essas mudanças são inovações que contribuíram para que essas
empresas, também pudessem sobreviver e manter-se competitiva, já que representam a maioria
no universo empresarial e a sua sobrevivência é de suma importância para o cenário econômico
brasileiro.
Os impostos para comercialização estão incorporados ao preço final do produto e assim
estes podem inviabilizar o produto em função de um custo final alto e que nem sempre os
clientes estão dispostos a pagar. As inovações no Estatuto das pequenas e médias empresas e a
criação da Lei do Simples foram importantes para aumentar a competitividade das pequenas e
médias empresas.
Quando se deixa o campo da legislação e passa-se a falar da inovação de um produto ou
de um processo é importante compreender que existe uma relação muito forte que interliga a
ciência, a tecnologia e a inovação, para que através do processo produtivo possa chegar os
benefícios à sociedade, seja como um produto de melhor qualidade e/ou menor custo.
As pequenas e médias empresas precisam utilizar essa legislação que oferece certo
incentivo e o seu ambiente empresarial mais enxuto e flexível para definir o seu campo de
atuação, o caminho que querem seguir e aonde querem chegar, assim podem obter vantagem
competitiva em relação ao processo de inovação e a efetivação de um produto com um custo
mais baixo e podendo torná-lo uma inovação.
A participação dos clientes, também é importante para essas empresas, pois é preciso
conhecer suas necessidades e verificar se estão dispostos a pagar o preço de um novo produto
ou serviço.
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As inovações tecnológicas ocorridas no século XX, tanto radical como incremental
mostram que as empresas devem estar atentas às inovações tecnológicas para acompanhar as
possíveis inovações radicais, como aconteceu com o Telex e tantos outros citados no item 2.4.1
deste trabalho.
Outro aspecto abordado no trabalho se refere às estratégias de inovação utilizadas pelas
empresas para obterem vantagem competitiva e resultado financeiro, que pode ser através de
um produto que assume um comportamento agressivo no mercado em relação aos similares,
seja como uma prestadora de serviços ou até mesmo uma fornecedora de um produto que fará
parte do processo produtivo de outra empresa. A estratégia escolhida pela empresa depende da
realidade a qual esta inserida e pode ser determinante para sua sobrevivência.
Através desta pesquisa bibliográfica pode-se constatar que a dimensão da empresa não é
fator determinante para a capacidade de invenção e inovação de um produto, pois depende da
diversidade de componentes, o número de especialistas que estarão envolvidos e de
equipamentos necessários para essa produção. A ressalva que pode ser feita é em relação à
inovação de um processo, pois as pequenas e médias empresas podem obter maior êxito, em
função da quantidade de recursos humanos envolvidos, maior flexibilidade, concentração de
esforços e a comunicação interna.
A quantidade de inovações existentes nas pequenas e médias empresas e nas grandes
empresas depende, primeiramente do setor produtivo em questão, pois as pequenas e médias
não dispõem de recursos suficientes para se aventurar, geralmente estão em setores que exigem
menores recursos financeiros, e contribuem para melhoria de produto ou processo e, muitas
vezes são parceiras das grandes empresas.
Em relação aos dados apresentados no quadro 6 e na figura 1, envolvendo a quantidade
de empresas que realizaram inovação de produto e processo, separando os casos em que o
produto ou processo é novo, somente para a empresa, daqueles que o produto ou processo é
novo para o mercado nacional são importante para a construção de indicadores nacionais das
atividades de inovação tecnológica nas empresas industriais brasileiras, compatíveis com as
recomendações internacionais em termos conceituais e metodológicos. Esses resultados são
importantes para que as empresas analisem o mercado, e também para que o governo possa
avaliar sua política de incentivo às empresas brasileiras.
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As taxas de implementação da inovação se reduzem consideravelmente quando o
referencial é o mercado nacional. Enquanto 17,58% das empresas implementaram produtos
novos ou substancialmente aprimorados, apenas 4,13% das empresas afirmaram que este
produto era novo para o mercado nacional. Na inovação de processo este fenômeno se verifica
com maior intensidade, uma vez que 25,22% das empresas inovaram e somente 2,78%
implementaram processos novos para o mercado nacional.
É importante destacar que a inovação é o caminho que as empresas, independente de seu
porte, necessitam seguir para continuarem sendo competitivas no mercado. Para verificar quem
inova mais é necessário realizar um estudo mais detalhado e utilizar como critério a
comparação entre empresas de um mesmo setor produtivo.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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