Campos e florestas no curso médio do rio Toropi, Rio Grande do Sul (Brasil). Retrato de um...

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1 BALDUINIA, n. 45, p. 01-16, 30-VI-2014 CAMPOS E FLORESTAS NO CURSO MÉDIO DO RIO TOROPI, RIO GRANDE DO SUL (BRASIL). RETRATO DE UM ADMIRÁVEL PATRIMÔNIO AMEAÇADO 1 JOSÉ NEWTON CARDOSO MARCHIORI 2 THAIS SCOTTI DO CANTO-DOROW 3 HENRIQUE MALLMANN BÜNEKER 4 LILIANA ESSI 5 TIAGO BÖER BREIER 6 RODRIGO CORRÊA PONTES 7 RESUMO É analisada a vegetação campestre e florestal na região do curso médio do rio Toropi, no centro do estado do Rio Grande do Sul, confirmando-se a existência de diversas espécies endêmicas, raras e/ou ameaçadas de extinção. Dada a importância desse patrimônio florístico e natural, conclui-se que a construção das centrais hidrelétricas previstas exige a criação de uma unidade de conservação para preservar os ecossistemas rema- nescentes. Palavras-chave: Brasil, Butia witeckii, espécies endêmicas, Dyckia selloa, Dyckia strehliana, Echinopsis oxygona, Oxalis subvillosa, palmar, Parodia glaucina, Parodia horstii, Parodia linkii, Parodia magnifica, Parodia oxycostata, Paspalum rawitscheri, Picramnia parvifolia, Rio Grande do Sul, rio Toropi, rio Guassupi, salto do Guassupi, Tillandsia toropiensis, Trithrinax brasiliensis. ABSTRACT [Grasslands and forests in the middle course of Toropi River, Rio Grande do Sul State (Brazil). Portrait of a striking threatened heritage]. Forest and grassland vegetations in the middle course of Toropi River in central Rio Grande do Sul State (Brazil) are investigated, confirming the existence of many endemic, rare and/or endangered species. Given the importance of this floristic and natural heritage, it is concluded that the construction of hydroelectric dams in the region demands the creation of a conservation area to preserve the remaining ecosystems. Keywords: Brazil, Butia witeckii, Dyckia selloa, Dyckia strehliana, Echinopsis oxygona, endemic species, Guassupi Falls, Guassupi River, Oxalis subvillosa, palm grove, Parodia glaucina, Parodia horstii, Parodia linkii, Parodia magnifica, Parodia oxycostata, Paspalum rawitscheri, Picramnia parvifolia, Rio Grande do Sul State, Toropi River, Tillandsia toropiensis, Trithrinax brasiliensis. INTRODUÇÃO O projeto da instalação de pequenas centrais hidrelétricas na região do curso médio do rio Toropi, próximo à foz de seu tributário Guas- supi, tem recebido escassa divulgação na socie- dade gaúcha. Nesse estado de desinformação, não é de se estranhar que tais obras de engenha- ria sejam vistas como promissoras ao desenvol- vimento regional por amplos setores da popula- ção, sobretudo em tempos de reconhecida ca- rência no suprimento de energia elétrica. 1 Recebido em 30-5-2014 e aceito para publicação em 25-6-2014. 2 Engenheiro Florestal, Dr. Professor do Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal de Santa Maria. Bolsista de Produtividade em Pesquisa (CNPq- Brasil). [email protected] 3 Bióloga, Dra. Professora do Departamento de Biologia, Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil. [email protected] 4 Acadêmico dos cursos Técnico em Paisagismo e Enge- nharia Florestal, Universidade Federal de Santa Maria. [email protected] 5 Bióloga, Dra. Professora do Departamento de Biologia, Universidade Federal de Santa Maria. [email protected] 6 Biólogo, Dr.Professor do Departamento de Silvicultu- ra, Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. [email protected] 7 Técnico em Paisagismo e acadêmico do curso de Geo- grafia Bacharelado, Universidade Federal de Santa Maria. [email protected] http://dx.doi.org/10.5902/2358198014685

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BALDUINIA, n. 45, p. 01-16, 30-VI-2014

CAMPOS E FLORESTAS NO CURSO MÉDIO DO RIO TOROPI,RIO GRANDE DO SUL (BRASIL).

RETRATO DE UM ADMIRÁVEL PATRIMÔNIO AMEAÇADO 1

JOSÉ NEWTON CARDOSO MARCHIORI2 THAIS SCOTTI DO CANTO-DOROW3

HENRIQUE MALLMANN BÜNEKER4 LILIANA ESSI5 TIAGO BÖER BREIER6

RODRIGO CORRÊA PONTES7

RESUMOÉ analisada a vegetação campestre e florestal na região do curso médio do rio Toropi, no centro do estado doRio Grande do Sul, confirmando-se a existência de diversas espécies endêmicas, raras e/ou ameaçadas deextinção. Dada a importância desse patrimônio florístico e natural, conclui-se que a construção das centraishidrelétricas previstas exige a criação de uma unidade de conservação para preservar os ecossistemas rema-nescentes.Palavras-chave: Brasil, Butia witeckii, espécies endêmicas, Dyckia selloa, Dyckia strehliana, Echinopsisoxygona, Oxalis subvillosa, palmar, Parodia glaucina, Parodia horstii, Parodia linkii, Parodia magnifica,Parodia oxycostata, Paspalum rawitscheri, Picramnia parvifolia, Rio Grande do Sul, rio Toropi, rio Guassupi,salto do Guassupi, Tillandsia toropiensis, Trithrinax brasiliensis.

ABSTRACT[Grasslands and forests in the middle course of Toropi River, Rio Grande do Sul State (Brazil).Portrait of a striking threatened heritage].Forest and grassland vegetations in the middle course of Toropi River in central Rio Grande do Sul State(Brazil) are investigated, confirming the existence of many endemic, rare and/or endangered species. Giventhe importance of this floristic and natural heritage, it is concluded that the construction of hydroelectricdams in the region demands the creation of a conservation area to preserve the remaining ecosystems.Keywords: Brazil, Butia witeckii, Dyckia selloa, Dyckia strehliana, Echinopsis oxygona, endemic species,Guassupi Falls, Guassupi River, Oxalis subvillosa, palm grove, Parodia glaucina, Parodia horstii, Parodialinkii , Parodia magnifica, Parodia oxycostata, Paspalum rawitscheri, Picramnia parvifolia, Rio Grande doSul State, Toropi River, Tillandsia toropiensis, Trithrinax brasiliensis.

INTRODUÇÃOO projeto da instalação de pequenas centrais

hidrelétricas na região do curso médio do rioToropi, próximo à foz de seu tributário Guas-

supi, tem recebido escassa divulgação na socie-dade gaúcha. Nesse estado de desinformação,não é de se estranhar que tais obras de engenha-ria sejam vistas como promissoras ao desenvol-vimento regional por amplos setores da popula-ção, sobretudo em tempos de reconhecida ca-rência no suprimento de energia elétrica.

1 Recebido em 30-5-2014 e aceito para publicação em25-6-2014.

2 Engenheiro Florestal, Dr. Professor do Departamentode Ciências Florestais, Universidade Federal de SantaMaria. Bolsista de Produtividade em Pesquisa (CNPq-Brasil). [email protected]

3 Bióloga, Dra. Professora do Departamento de Biologia,Universidade Federal de Santa Maria, RS, [email protected]

4 Acadêmico dos cursos Técnico em Paisagismo e Enge-nharia Florestal, Universidade Federal de Santa [email protected]

5 Bióloga, Dra. Professora do Departamento de Biologia,Universidade Federal de Santa Maria. [email protected]

6 Biólogo, Dr.Professor do Departamento de Silvicultu-ra, Instituto de Florestas, Universidade Federal Ruraldo Rio de Janeiro. [email protected]

7 Técnico em Paisagismo e acadêmico do curso de Geo-grafia Bacharelado, Universidade Federal de SantaMaria. [email protected]

http://dx.doi.org/10.5902/2358198014685

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Situado em região de difícil acesso, nos con-fins dos municípios de São Martinho da Serra,Quevedos e Júlio de Castilhos, poucos são osgaúchos que conhecem in loco o palco das obrasprojetadas e, portanto, se encontram habilita-dos para opinar, com algum fundamento, sobreo patrimônio ameaçado. A própria comunidadecientífica ainda não investigou adequadamentea região, cabendo salientar, entretanto, que oconhecimento disponível permite afirmar quese trata de um dos pólos de diversidade florísticamais notáveis no centro-oeste do Rio Grandedo Sul, e verdadeiro refúgio de inúmeras espé-cies endêmicas, raras e/ou ameaçadas deextinção.

Além dessas comprovadas raridades botâni-cas, a região em foco dispõe, no palmar de Butiawiteckii e Trithrinax brasiliensis, bem como nosalto do Guassupi, de dois patrimônios naturaisde indiscutível importância regional, e que tam-bém exigem proteção. Ao enfocar a questãoambiental, o presente trabalho visa a divulgaraspectos praticamente desconhecidos do gran-de público, na expectativa de que, com melhorconhecimento, a sociedade possa avaliar o querealmente está em jogo e, no caso do andamen-to do projeto, buscar formas de compatibilizar,com o mínimo de riscos e danos ambientais, apreservação dos patrimônios envolvidos.

Composta de vegetações campestres e flo-restais, ambas as tipologias são examinadas se-paradamente, dado o “hiato sistemático” exis-tente entre as mesmas. A lista de espécies e fa-mílias botânicas é apresentada no Quadro 1, esegue a nomenclatura recomendada pelo IPNI– The International Plant Names Index.

VEGETAÇÃO CAMPESTREOs campos do curso médio do rio Toropi se

notabilizam pela existência de um palmar aindabem conservado e de extraordinária singulari-dade (Figura 1A), uma vez que é a única regiãode ocorrência de Butia witeckii (Figura 1B, C),espécie recentemente descrita (Soares &Longhi, 2011), e a última área com populaçãoexpressiva de Trithrinax brasiliensis (Figura 1B,

D), uma das palmeiras mais ameaçadas deextinção no sul do Brasil, de acordo com Soa-res et al. (2014).

A respeito desses campos, cabe salientar quealém de seu indiscutível caráter de patrimônionatural, conferido por ambas as palmeiras, avegetação também inclui árvores isoladas, agru-pamentos de espécies lenhosas e pequenoscapões-de-mato, bem como diversas espéciesraras, endêmicas e/ou ameaçadas de extinção,sobretudo no diversificado estrato herbáceo, emlajedos e escarpas rochosas.

No palmar, o estrato arbustivo-herbáceo émarcado, tanto em sua fisionomia como estru-tura, por hemicriptófitas, caméfitas e nano-fanerófitas, salientando-se as gramíneasPaspalum notatum, Paspalum plicatulum e asconhecidas barbas-de-bode (Aristida jubata,Aristida venustula, Aristida filifolia), uma es-pécie de caraguatá (Eryngium horridum), duasguavirovas-do-campo (Campomanesia hatsch-bachii, Campomanesia aurea), além do quitoco(Pterocaulon polystachyum), uma espécie decarqueja (Baccharis crispa), e o barbasco(Buddleja thyrsoides).

Apesar de pouco conspícuas na estrutura davegetação – e menos freqüentes no espaço regi-onal –, a flora herbácea ainda inclui diversasAsteráceas dignas de nota (Gamochaeta ameri-cana, Stenachaenium campestre, Trixis pallens),bem como Acantáceas (Carlowrightia sulcata,Ruellia brevicaulis), Asclepiadáceas (Oxy-petalum coccineum), Convolvuláceas (Di-chondra sericea), Fabáceas (Pomaria rubicunda(Figura 2C), Desmodium cuneatum), Poáceas(Paspalum rawistscheri), e Solanáceas(Nierembergia pinifolia), entre outras famíliasbotânicas. No caso de Paspalum rawitscheri(Figura 2A, B), espécie endêmica do sul do Bra-sil, cabe salientar que essa gramínea raramenteé encontrada na natureza (Rua & Valls, 2012) efoi incluída na lista de espécies ameaçadas daflora brasileira como “vulnerável” (Boldrini,2009), devido à redução progressiva dos já “es-cassos indivíduos sobreviventes em populaçõesconhecidas” (Valls et al., 2009).

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FIGURA 1 – Palmar do Quebra-Dentes. A – Vista geral. B – Indivíduos de Butia witeckii e Trithrinax brasiliensis. C– Butia witeckii. D – Trithrinax brasiliensis.

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FIGURA 2 – Flora campestre. A – Vista da porção adaxial da inflorescência de Paspalum rawitscheri. B – Vista daporção abaxial de Paspalum rawitscheri. C – Inflorescência de Pomaria rubicunda (Foto de Leopoldo WiteckNeto). D – Visão superior da flor de Onyra unguiculata. E – Vista lateral do capítulo de Mutisia coccinea. F – Vistalateral da flor de Herbertia amabilis (Foto de Leonardo Paz Deble). G – Detalhe da inflorescência de Dyckia ibicuiensis.

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Das microfanerófitas, que crescem isolada-mente ou integram agrupamentos de arvoretase pequenos capões-de-mato, salientam-se: aaroeira-brava (Lithraea molleoides), a aroeira-cinzenta (Schinus lentiscifolius), o pinheiro-bra-vo (Podocarpus lambertii), a viuvinha(Chomelia obtusa), o veludinho (Guettardauruguensis), a poaia (Machaonia brasiliensis),a coronilha (Scutia buxifolia), o esporão-de-galo(Strychnos brasiliensis), o tarumã (Vitexmegapotamica), a mamica-de-cadela (Zantho-xylum rhoifolium), o branquilho (Sebastianiacommersoniana), a cancorosa (Maytenusmuelleri), o ariticum (Annona emarginata), asete-sangrias (Symplocos uniflora), o cocão(Erythroxylum argentinum), a pitangueira(Eugenia uniflora), a unha-de-gato (Senegaliatucumanensis), o pau-amargo (Picramniaparvifolia) e a tuna (Cereus hildmannianus).

Em meio a cornijas, no alto ou à meia-en-costa de colinas, indivíduos isolados de umaEricácea se impõem na paisagem: trata-se dacriúva (Agarista eucalyptoides), espécie que,apesar da escassa freqüência, apresenta ampladispersão no sul do Brasil.

Das lianas, destacam-se Janusia guaranitica(Malpighiaceae) e dois cravos-divinos: Mutisiacoccinia (Figura 2E) e Mutisia speciosa(Asteraceae).

Na orla da mata ciliar, a abundância de goi-abas-do-campo (Acca sellowiana, Figura 5E),aroeiras-piriquita (Schinus molle) e guamirins-facho (Calypthranthes concinna) chegam a con-ferir uma fisionomia de savana em muitos lo-cais.

Do numeroso contingente de geófitas, des-tacam-se as Iridáceas Onira unguiculata (Figu-ra 2D), em sítios litólicos, e Herbertia amabilis(Figura 2F), em solos mais profundos e argilo-sos, cabendo salientar que a última foi recente-mente descrita para o município de Júlio deCastilhos, constituindo notório endemismo.Outra espécie que se enquadra nesta categoria éDyckia ibicuiensis (Figura 2G), bromeliáceacom distribuição restrita a solos litólicos da re-gião central do Rio Grande do Sul, e que inte-

gra a lista nacional (e do Rio Grande do Sul) deespécies ameaçadas de extinção.

Nas escarpas rochosas situadas à margem dosrios Toropi e Guassupi, bem como no própriolajedo desses cursos de água, o expressivo con-tingente de Cactáceas, Bromeliáceas e Iridáceasraras e/ou endêmicas ali encontradas, demons-tra que se trata de áreas prioritárias de conser-vação e que, como tal, precisam ser reconheci-das pelo poder público, a quem cabe a iniciati-va de medidas legais de proteção. É essa singu-lar comunidade de plantas reófilas e saxícolas(Figuras 3A, 4A) que mais se encontra ameaçadapelas pequenas centrais hidreléticas (PCH) aserem construídas nos rios Guassupi e Toropi,uma vez que seus nichos ecológicos são os maisdiretamente afetados pela formação dos lagos,juntamente com a mata ciliar adjacente (Figura6A). Na lista de espécies ameaçadas salientam-se Echinopsis oxygona (Figura 3B), Opuntiaelata (Figura 4D), Parodia glaucina, Parodiahorstii (Figura 4B), Parodia linkii, Parodiamagnifica (Figura 4C), Parodia ottonis e Paro-dia oxycostata, da família Cactaceae (Anderson,2001; Hofacker, 2013; Ritter, 1979), bem comoa Iridácea Trimezia spathata, e trêsBromeliáceas: Dyckia selloa (Figura 3B),Dyckia strehliana (Figura 3D, E) e Tillandsiatoropiensis (Figura 4D).

A respeito de Tillandsia toropiensis, cabesalientar que a espécie tem distribuição restritaàs escarpas rochosas das margens do rio Toropie de seu tributário Guassupi, sendo que oholótipo foi originalmente coletado na décadade 1970 por Werner Rauh, famoso especialistaalemão em Bromeliáceas, nas proximidades dacasa de máquinas da antiga Usina Hidrelétricade Quebra-Dentes (Rauh, 1984).

Dyckia strehliana, por sua vez, é reófita des-crita recentemente (Büneker et al., 2013) e co-nhecida apenas para a localidade típica, noslajedos (Figura 3D, E) da região de Quebra-Dentes.

A respeito das espécies reófilas do gêneroDyckia, cabe ressaltar que as mesmas têm dis-tribuição restrita a esse tipo de ambiente, moti-

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FIGURA 3 – Margens do rio Toropi. A – Rio Toropi e o ambiente ciliar. B – Dyckia selloa e Echinopsis oxygona.C – Escarpa rochosa às margens do rio Toropi. D – Lajedos as margens do rio Toropi, com a presença da reófita Dyckiastrehliana. E – Touceira hemisférica de Dyckia strehliana, as margens do rio Toropi.

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FIGURA 4 – Espécies das escarpas rochosas localizadas às margens dos rios Toropi e Guassupi. A – Aspecto de umaescarpa rochosa, hábitat de Parodia magnifica e Tillandsia toropiensis. B – Hábito de Parodia horstii. C – Vista de parteda população de Parodia magnifica. D – Tillandsia toropiensis, à esquerda; Opuntia elata, ao centro.

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vo pelo qual são plantas severamente ameaçadasde extinção e suas populações, reduzidas pelaconstrução de represas, constituem motivo degrande preocupação para ambientalistas e ór-gãos governamentais. O caso de Dyckiadistachya tornou-se bem conhecido pela ampladivulgação recebida nos últimos anos: espécieendêmica das margens rochosas do rio Uruguai,no limite entre os estados de Santa Catarina eRio Grande do Sul, suas populações naturaisacabaram afogadas pelos lagos das usinas hi-drelétricas de Itá, Machadinho e Barra Grande(Prochnow, 2005; Wiesbauer, 2008; Wiesbaueret al., 2009).

VEGETAÇÃO FLORESTALA composição das matas ciliares (Figura 6A)

no curso médio do rio Toropi e afluentes dis-põe, em Figueiredo (2014), de uma referênciabibliográfica consistente, haja vista o criteriosolevantamento dos estratos arbustivo-arbóreo eherbáceo, realizado em 19 transectos.

De início, cabe ressaltar que a relativa po-breza em espécies endêmicas, raras e/ouameaçadas de extinção é aspecto bem conheci-do nas formações florestais do estado, em níti-do contraste com o observado em formaçõesabertas. De difícil percepção popular, devido àfisionomia luxuriante sugerida pela complexaestrutura vertical das florestas, este aparenteparadoxo se explica pela imigração recente degrande parte das espécies arbóreas no espaçoregional, com exceção dos elementos extra-tropicais, remanescentes dos fragmentospleistocênicos. Nas florestas sul-rio-grandenses,por conseqüência, as raridades florísticas usu-almente se encontram nas sinúsias epifítica,herbácea e de lianas, sendo raras as espéciesendêmicas no componente lenhoso ou arbóreo.

A respeito das árvores, foram iden-tificadas 47 espécies, distribuídas em 24 famí-lias botânicas, destacando-se Myrtaceae,Fabaceae e Rutaceae, com 9, 5 e 4 espécies, res-pectivamente. O pinho-bravo (Podocarpuslambertii), espécie com maior número de indi-

víduos amostrados, também apresentou os mai-ores valores de freqüência absoluta e relativa.

Um dos pontos que chama atenção é a es-cassa diversidade de espécies reófilas lenhosas(Figura 3A). Representado, tão somente, peloamarilho (Terminalia australis) e pelo topete-de-cardeal (Calliandra tweediei, Figura 5F),esse grupo de plantas contrasta, vivamente, como observado em trechos de mata ciliar do pró-prio rio Toropi em seu curso final, na regiãofisiográfica da Depressão Periférica, fato quepode ser atribuído à acidentada geomorfologiada região, evidenciada, aliás, pelas escarpasanteriormente comentadas e pelas corredeirasdos rios Toropi e Guassupi, aspectos desfavo-ráveis à gênese de trechos aluviais de floresta.

Na florística da mata ciliar se evidenciam,claramente, os vínculos com vegetações de ou-tras regiões do estado, mesmo em rápido exa-me do componente arbóreo.

Em primeiro lugar, a vegetação da mata ciliarnão esconde uma marcada contribuição de ele-mentos extratropicais, integrantes da FlorestaMista – e não apenas pelos altos índices do pi-nho-bravo em sua estrutura –, como, também,pela presença de outras espécies associadas aessa tipologia, salientando-se: Quillaja bra-siliensis (sabão-de-soldado), Annona rugulosa(araticum), Ilex brevicuspis (congonha), Ilextheezans (caúna), e Myrcianthes gigantea(araçá-do-mato).

Do contingente estreitamente vinculado àfloresta do Alto Uruguai, destacam-seBalfourodendron riedelianum (guatambu) eMachaerium paraguariense (farinha-seca).

A grande maioria das espécies lenhosas apre-senta ampla dispersão nas formações silváticasdo estado, bem como destacada presença na Flo-resta Estacional Decídua do rebordo do Planal-to Meridional, salientando-se, pelo grande por-te dos indivíduos: a guajuvira (Cordia ameri-cana), o angico-vermelho (Parapiptadeniarigida), o açoita-cavalo (Luehea divaricata), ocamboatá-vermelho (Cupania vernalis), a murta(Blepharocalyx salicifolius), o guabiju

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FIGURA 5 – Vegetação florestal. A – Detalhe da inflorescência de Billbergia nutans. B – Aspecto geral de Vrieseafriburguensis. C – Detalhe da inflorescência de Vriesea platynema. D – Aspecto da borda da mata (Foto de MariaCarolina dos Santos Figueiredo). E – Flor de Acca sellowiana. F – Inflorescência de Calliandra tweediei (Foto de MariaCarolina dos Santos Figueiredo). G – Oxalis subvillosa (Foto de Maria Carolina dos Santos Figueiredo).

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(Myrcianthes pungens), a canela-preta (Nectan-dra megapotamica), e a canela-lageana (Ocoteapulchella). Embora de menor porte, tambémparticipam do dossel, sobretudo em áreas deestrutura vertical menos desenvolvida: a cane-la-de-veado (Helietta apiculata), o branquilho(Sebastiania commersoniana), o leiteiro(Sebastiania brasiliensis), a carne-de-vaca(Styrax leprosus), a sete-sangrias (Symplocosuniflora), o chal-chal (Allophylus edulis), alémde algumas Mirtáceas (Campomanesiaxanthocarpa, Eugenia involucrata, Eugeniauruguayensis, Eugenia uniflora).

No sub-bosque, o estrato das arvoretas ba-seia-se em poucas espécies, comparado a ou-tras regiões do estado, reunindo, basicamente:a laranjeira-do-mato (Actinostemon concolor),o pau-de-ervilha (Trichilia elegans), o manacá(Brunfelsia australis) e a embira (Daphnopsisracemosa).

Na sinúsia das epífitas destacam-se asbromeliáceas Billbergia nutans (Figura 5A)Vriesea friburgensis (Figura 5B) e Vrieseaplatynema (Figura 5C), sendo que a última, deocorrência rara no interior do continente, temno curso médio do rio Toropi o seu provávellimite ocidental no Rio Grande do Sul.

Na orla da mata ciliar, adjacente ao campo(Figura 5D), predominam espécies típicas dabordadura, tais como a crindiuva (Tremamicrantha) e a pixirica (Miconia hyemalis), jun-tamente com arvoretas anteriormente citadaspara os capões, tais como a aroeira-brava(Lithraea molleoides), a viuvinha (Chomeliaobtusa) e o carvalhinho (Casearia sylvestris).Resta acrescentar que a taquara-de-espinho(Guadua trinii) é espécie nativa na vegetaçãoem estudo, à semelhança do observado em ou-tras matas ciliares, tanto no Planalto Médiocomo na Depressão Periférica.

Para o estrato herbáceo, Figueiredo (2014)identificou 28 espécies, de 16 famílias botâni-cas, salientando-se Asteraceae e Poaceae, comcinco espécies cada uma. Todos os binômioslistados são de espécies nativas, sendo que trêsdelas integram a lista da flora ameaçada do Rio

Grande do Sul, de acordo com o Decreto Esta-dual n. 42.099, de 01/01/2003: Chamissoaacuminata e Pfaffia glomerata (Ama-ranthaceae), e Smallanthus connatus (As-teraceae). Por sua vez, o registro de Oxalissubvillosa (Oxalidaceae, Figura 5G) no taludeà beira do rio Guassupi, no interior da mataciliar, reforça a lista de raridades botânicas daflora regional, por ser a primeira citação dessaespécie no Rio Grande do Sul.

Por fim, cabe salientar que a mata ciliar apre-senta largura muito variável no curso médio dosrios Toropi e Guassupi, chegando, não raro, adesaparecer por completo no alto de escarpasadjacentes aos cursos de água, demonstrando ainfluência de fatores edáficos na tipologia.

CONSIDERAÇÕES FINAISSituada nos confins dos municípios de Júlio

de Castilhos, São Martinho da Serra e Quevedos,a região do curso médio do rio Toropi distin-gue-se por sua notável diversidade florística eelevado número de espécies endêmicas, rarase/ou ameaçadas de extinção, motivo suficientepara que a mesma seja reconhecida, pela comu-nidade e poder público, como área prioritáriapara fins de conservação. Além dos efeitos prá-ticos decorrentes desse reconhecimento, o quecabe analisar, de início, são os motivos que jus-tificam essa singularidade no espaço regional.

A despeito de tratar-se de área aindasubcoletada, de acordo com registros deherbário, e da escassa bibliografia disponível,não há como desconhecer que a região em focoé um dos locais de diversidade florística maisimportantes no centro do Rio Grande do Sul. Aexplicação para o fato deve ser buscada em di-versas fontes.

Sob o ponto de vista geomorfológico, o re-levo, dissecado pelo curso dos rios Guassupi eToropi, proporciona nichos ecológicos muitodistintos no tocante ao material de origem,declividade, tipo e profundidade de solos, ex-posição, luminosidade e disponibilidade hídrica,com reflexos positivos para a diversidadeflorística.

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FIGURA 6 – Dois patrimônios naturais. A – Aspecto geral do rio Guassupi, margeado pela floresta. B – Vista geral doSalto do Guassupi.

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A análise da vegetação, por sua vez, não es-conde um marcado caráter de ecótono, posto quecongrega elementos Pampeano-Chaquenhos,amplamente dominantes na zona campestre, aum diversificado contingente oriundo do BiomaMata Atlântica, seja da Floresta EstacionalDecidual ou das florestas ombrófilas Mista eAtlântica propriamente dita.

O posicionamento geográfico, nos confinsde três municípios, juntamente com o difícilacesso à rede de estradas, o relevo movimenta-do e o solo pouco favorável à mecanização(afloramento de rochas), são fatores historica-mente desfavoráveis ao avanço da agriculturaem larga escala, atividade que, em outros pon-tos, levou a uma transformação radical da pai-sagem, mediante a expansão de cultivos em áre-as outrora ocupadas por campos naturais. Porsua vez, a pecuária extensiva, atividade econô-mica tradicional da região, é bem conhecida porseu impacto menor para a biodiversidade, sali-entando-se, todavia, o efeito prejudicial de even-tuais queimadas e o exercido pelo gado sobre orecrutamento de jovens palmeiras, devido àpredação de brotações.

A riqueza de endemismos e raridades botâ-nicas existente na região de Quebra-Dentesconstitui desafio técnico-ambiental que precisaser equacionado a contento, antes de se com-prometer esse inestimável patrimônio com asobras de engenharia previstas. Cabe salientar,no entanto, que além das preciosidadesflorísticas anteriormente assinaladas, também seencontram na região dois patrimônios naturais deprimeira grandeza, e que exigem preservação, parao bem das futuras gerações: o palmar de butiás eburitis, anteriormente abordado, e o salto do rioGuassupi (Figura 6B), foco turístico ainda poucoconhecido pela dificuldade de acesso.

A construção das projetadas usinas hidrelé-

tricas causa grande preocupação na comunida-de científica – e não apenas pela perda ou pre-juízo a esses patrimônios naturais e florísticos–, mas, inclusive, pela eventual adoção de me-didas compensatórias equivocadas de impactoambiental, tais como a previsão de plantios deárvores em faixa marginal aos lagos. Em vez demedida mitigadora, a adoção dessa prática semostra especialmente nociva na região do Que-bra Dentes, uma vez que, pelo afogamento damata ciliar, os espelhos de água a serem forma-dos pelas barragens vão estar em contato diretocom a vegetação campestre, a qual é tão (oumais) valiosa, sob os pontos de vista ambiental,florístico e de patrimônio natural, do que os tre-chos mais representativos da mata nativa.

Dada a natural fragilidade dos ecossistemas,outra diretriz a ser lembrada na região do Que-bra Dentes é que (re) florestamentos de qual-quer natureza são fortemente contraindicados,em princípio, e não se justificam ambien-talmente, devido aos conhecidos riscos da in-trodução de espécies em sítios pedregosos e derelevo movimentado. No caso da construção dasusinas hidrelétricas previstas, a criação de umaunidade de conservação na região do Quebra-Dentes se mostra indispensável como medidamitigadora de impacto ambiental, com vistas àpreservar os ecossistemas remanescentes.

Por compromisso intelectual, a academia nãopode ficar alheia às questões trazidas a debate pelasprojetadas centrais hidreléticas do rio Toropi. Épelos patrimônios natural, ambiental e florísticopostos em jogo, e tendo em vista a responsabili-dade social que a cidadania espera da comunida-de científica, que vimos à público esclarecer as-pectos pouco divulgados da biodiversidade local,bem como afiançar, com nosso testemunho, oinvulgar e frágil patrimônio ameaçado, que nãoadmite qualquer tipo de aventuras.

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QUADRO 1 – Nomes científicos e famílias botânicas das espécies citadas.

Acca sellowiana (O.Berg) Burret ............................................................................MyrtaceaeActinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg.8 ..........................................................EuphorbiaceaeAgarista eucalyptoides (Cham. & Schltdl.) G.Don..................................................EricaceaeAllophylus edulis (A.St.-Hil.) Niederl. ....................................................................SapindaceaeAnnona emarginata (Schltdl.) H.Rainer9 ................................................................AnnonaceaeAnnona rugulosa (Schltdl.) H.Rainer10 ...................................................................AnnonaceaeAristida jubata (Arechav.) Herter ............................................................................PoaceaeAristida venustula Arechav. .....................................................................................PoaceaeBaccharis crispa Spreng. .........................................................................................AsteraceaeBalfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. ............................................................RutaceaeBillbergia nutans H. Wendl. ex Regel .....................................................................BromeliaceaeBlepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg .............................................................MyrtaceaeBrunfelsia australis Benth. ......................................................................................SolanaceaeBuddleja thyrsoides Lam. ........................................................................................BuddlejaceaeButia witeckii K.Soares & S.Longhi ........................................................................ArecaceaeCalliandra tweediei Benth. ......................................................................................FabaceaeCalyptranthes concinna DC. ...................................................................................MyrtaceaeCampomanesia aurea O.Berg .................................................................................MyrtaceaeCampomanesia hatschbachii Mattos.......................................................................MyrtaceaeCampomanesia xanthocarpa O.Berg ......................................................................MyrtaceaeCarlowrightia sulcata (Nees) C.Ezcurra .................................................................AcanthaceaeCasearia sylvestris Sw. ............................................................................................Flacourtiaceae11

Cereus hildmannianus K.Schum. ............................................................................CactaceaeChamissoa acuminata Mart. ....................................................................................AmaranthaceaeChomelia obtusa Cham. & Schltdl. .........................................................................RubiaceaeCordia americana (L.) Gottschling & J.E.Mill. ......................................................BoraginaceaeCupania vernalis Cambess. .....................................................................................SapindaceaeDaphnopsis racemosa Griseb. .................................................................................ThymelaeaceaeDesmodium cuneatum Hook. & Arn. ......................................................................FabaceaeDichondra sericea Sw. ............................................................................................ConvolvulaceaeDyckia distachya Hassl. ...........................................................................................BromeliaceaeDyckia ibicuiensis Strehl .........................................................................................BromeliaceaeDyckia selloa (K. Koch) Baker ...............................................................................BromeliaceaeDyckia strehliana H.Büneker & R.Pontes ...............................................................BromeliaceaeEchinopsis oxygona (Link & Otto) Pfeiff. & Otto ..................................................CactaceaeEryngium horridum Malme .....................................................................................ApiaceaeErythroxylum argentinum O.E.Schulz .....................................................................ErythroxylaceaeEugenia involucrata DC. .........................................................................................MyrtaceaeEugenia uniflora L. .................................................................................................MyrtaceaeEugenia uruguayensis Cambess. .............................................................................MyrtaceaeGamochaeta americana (Mill.) Wedd. ....................................................................Asteraceae

8 Gymnanthes concolor Spreng., segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 106).9 Rollinia salicifolia Schltdl., segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 89).10 Rollinia rugulosa Schltdl., segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 89).11 Salicaceae, segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 148).

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Guadua trinii (Nees) Rupr. ......................................................................................PoaceaeGuettarda uruguensis Cham. & Schltdl. .................................................................RubiaceaeHelietta apiculata Benth. .........................................................................................RutaceaeHerbertia amabilis Deble & F.S.Alves .................................................................... IridaceaeIlex brevicuspis Reissek ...........................................................................................AquifoliaceaeIlex theezans Mart. ...................................................................................................AquifoliaceaeJanusia guaranitica A.Juss. .....................................................................................MalpighiaceaeLithraea molleoides (Vell.) Engl. ............................................................................AnacardiaceaeLuehea divaricata Mart. & Zucc. ............................................................................Tiliaceae12

Machaerium paraguariense Hassl. .........................................................................FabaceaeMachaonia brasiliensis Cham. & Schltdl.13 ............................................................RubiaceaeMaytenus muelleri Schwacke ..................................................................................CelastraceaeMiconia hyemalis A. St.-Hil. & Naudin14 ................................................................MelastomataceaeMutisia coccinea A.St.-Hil. .....................................................................................AsteraceaeMutisia speciosa Aiton ex Hook. .............................................................................AsteraceaeMyrcianthes gigantea (D.Legrand) D.Legrand .......................................................MyrtaceaeMyrcianthes pungens (O.Berg) D.Legrand .............................................................MyrtaceaeNectandra megapotamica Mez15 .............................................................................LauraceaeNierembergia pinifolia Miers ..................................................................................SolanaceaeOcotea pulchella Mart.16 .........................................................................................LauraceaeOnyra unguiculata (Baker) Ravenna ....................................................................... IridaceaeOpuntia elata Salm-Dyck ........................................................................................CactaceaeOxalis subvillosa Norlind ........................................................................................OxalidaceaeOxypetalum coccineum Griseb. ...............................................................................AsclepiadaceaeParapiptadenia rigida (Benth.) Brenan ..................................................................FabaceaeParodia glaucina (F.Ritter) Hofacker & Machado..................................................CactaceaeParodia horstii (F.Ritter) N.P.Taylor .......................................................................CactaceaeParodia linkii (Lehmann) Kiesling ..........................................................................CactaceaeParodia magnifica (F.Ritter) F.H.Brandt .................................................................CactaceaeParodia ottonis (Lehmann) N.P.Taylor ....................................................................CactaceaeParodia oxycostata (Buining & Brederoo) Hofacker ..............................................CactaceaePaspalum notatum Flüggé .......................................................................................PoaceaePaspalum plicatulum Michx. ...................................................................................PoaceaePfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen .....................................................................AmaranthaceaePicramnia parvifolia Engl. ......................................................................................SimaroubaceaePodocarpus lambertii Klotzsch ex Endl. .................................................................PodocarpaceaePomaria rubicunda (Vogel) B.B.Simpson & G.P.Lewis..........................................FabaceaeQuillaja brasiliensis Mart. .......................................................................................Rosaceae17

Pterocaulon polystachyum DC. ...............................................................................AsteraceaeRuellia brevicaulis (Nees) Lindau ...........................................................................AcanthaceaeSchinus lentiscifolius Marchand ..............................................................................AnacardiaceaeSchinus molle L. ......................................................................................................Anacardiaceae

12 Malvaceae, segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 122).13 Machaonia brasiliensis (Hoffmans. ex Humb.) Cham. & Schltdl., segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 144).14 Miconia hyemalis A.St.-Hil. & Naudin ex Naudin, segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 123).15 Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez, segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 116).16 Ocotea pulchella (Nees) Mez, segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 118).17 Quillaja brasiliensis (A.St.-Hil. & Tul.) Mart., da família Quillajaceae, segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 142).

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Scutia buxifolia Reissek ..........................................................................................RhamnaceaeSebastiania brasiliensis Spreng. ..............................................................................EuphorbiaceaeSebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & R.J.Downs...................................EuphorbiaceaeSenegalia tucumanensis (Griseb.) Seigler & Ebinger .............................................FabaceaeSmallanthus connatus (Spreng.) H.Rob. .................................................................AsteraceaeStenachaenium campestre Baker .............................................................................AsteraceaeStrychnos brasiliensis Mart.18 .................................................................................LoganiaceaeStyrax leprosus Hook. & Arn. ..................................................................................StyracaceaeSymplocos uniflora Benth.19 ....................................................................................SymplocaceaeTerminalia australis Cambess. ................................................................................CombretaceaeTillandsia toropiensis Rauh .....................................................................................BromeliaceaeTrema micrantha (L.) Blume ...................................................................................Ulmaceae20

Trichilia elegans A.Juss. ..........................................................................................MeliaceaeTrimezia spathata Baker .......................................................................................... IridaceaeTrithrinax brasiliensis Mart. ....................................................................................ArecaceaeTrixis pallens Less. ..................................................................................................AsteraceaeVitex megapotamica (Spreng.) Moldenke ...............................................................LamiaceaeVriesea friburgensis Mez .........................................................................................BromeliaceaeVriesea platynema Gaudich. ....................................................................................BromeliaceaeZanthoxylum rhoifolium Lam. .................................................................................Rutaceae

18 Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart., segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 120).19 Symplocos uniflora (Pohl) Benth., segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 154).20 Cannabaceae, segundo Sobral & Jarenkow (2006, p. 98).

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