Caderno de RESUMOS - FCLAr - Unesp

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ANAIS DA Caderno de RESUMOS

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ANAIS

DA

Caderno deRESUMOS

ANAIS XVIII Semana de Pós-Graduação em CIências Sociais“Culturas, Democracias e Autoritarismos”

Caderno de Resumos

UNESP | Faculdade de Ciências e Letras | Campus Araraquara

DA

Semana da Pós-Graduação em Ciências Sociais (18. : 2019 : Araraquara, SP)

Caderno de resumos da XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais / XVIII Semana da Pós-Graduação em Ciências Sociais; Araraquara, 2019 (Brasil). – Documento eletrônico. - Araraquara : FCL-UNESP, 2019. – Modo de acesso: LINK.

ISBN online: 978-85-8359-075-0

1. Pós-Graduação. 2. Ciências sociais. 3. Democracia. I. Título.Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FCLAr – UNESP.

Comissão Organizadora da XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP) | Faculdade de Ciências e Letras | Campus Araraquara

C oordenadora Geral

Profa. Dra. Ana Lúcia de Castro

Comissão científica

Docentes

Profa. Dra. Ana Lúcia de Castro (UNESP)Prof. Dr. Edmundo Antonio Peggion (UNESP)Profa. Dra. Geovania da Silva Toscano (UNESP)Prof. Dr. Gilmar Santana (UFRN)Profa. Dra. Luciléia Colombo (UNESP)Prof. Dr. Marcelo Santos (UNESP)Profa. Dra. Maria Ribeiro do Valle (UNESP)Edson Farias (UNB)Miqueli Miquetti (UFPB)

Discentes

Alexandre José Romagnoli (Doutorando em Ciências Sociais - UNESP)Aline Cristina Ferreira (Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP)Anderson Vinicius Dell Piagge Piva (Doutorando em Ciências Sociais - UNESP)Ariel Torres Alves (Mestrando em Ciências Sociais - UNESP)Augusto Moreira Magalhães (Mestrando em Ciências Sociais - UNESP)Beatriz Salgado Cardoso de Oliveira (Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP)Breno Carlos da Silva (Doutorando em Ciências Sociais - UNESP)Claudemir Carlos Pereira (Doutorando em Ciências Sociais - UNESP)Fernanda Stella Cavicchia (Mestranda em Ciências Sociais - UNESP)Geander Barbosa das Mercês (Doutorando em Ciências Sociais - UNESP)Guilherme de Matos Floriano (Doutorando em Ciências Sociais - UNESP)Isis Caroline Nagami (Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP)Janaina de Oliveira (Doutoranda em Ciências Sociais - UNESP)Luana Darby Nayrra da Silva Barbosa (Mestranda em Ciências Sociais - UNESP)Lucas Henrique de Sousa (Mestrando em Ciências Sociais - UNESP)Lucas Marcelino Santos (Mestrando em Ciências Sociais - UNESP)Marília de Azevedo Pereira (Mestranda em Ciências Sociais - UNESP)Mateus Henrique Serrano (Mestrando em Ciências Sociais - UNESP)Mateus Tobias Vieira (Mestrando em Ciências Sociais - UNESP)Matheus Garcia de Moura (Mestrando em Ciências Sociais - UNESP)Murilo Petito Cavalcanti (Mestrando em Ciências Sociais - UNESP)Rafael Franklin Almeida Bezzon (Doutorando em Ciências Sociais - UNESP)Tiago Barros de Oliveira Rosa (Mestrando em Ciências Sociais - UNESP)

RealizaçãoPrograma de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista(UNESP), Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus Araraquara.

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNESP/FCLAr Profa. Dra. Carla Gandini Giani Martelli

C omissão Editorial

Editores e Organizadores dos ANAIS do Caderno de Resumos

Aline Cristina FerreiraJanaína de Oliveira Rafael Franklin Almeida Bezzon

Revisão e Normatização

Anderson Vinícius Del Piagge PivaLucas Marcelino dos SantosLuana Darby Nayrra da Silva Barbosa

Revisão Final

Aline Cristina FerreiraJanaína de OliveiraRafael Franklin Almeida Bezzon

Diagramação

Aline Cristina FerreiraJanaína de OliveiraRafael Franklin Almeida Bezzon

Assessoria técnica

Biblioteca da FCLAr - UNESP

Sumário

GT 1 ..................................................................................................................................... p. 07GT 2 ..................................................................................................................................... p. 88GT 3 ..................................................................................................................................... p. 154

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Programa de Pós-Graduaçãoem Ciências Sociais

XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais 17 a 19 de Setembro de 2019

Faculdade de Ciências e Letras, Campus Araraquara.

ISBN online: 978-85-8359-075-0

GT 1 – Cultura, Democracia e Pensamento Social

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Programa de Pós-Graduaçãoem Ciências Sociais

XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais 17 a 19 de Setembro de 2019

Faculdade de Ciências e Letras, Campus Araraquara.

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O LUGAR DA MEMÓRIA: A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO TARDIA NA REASCENÇÃO DO CONSERVADORISMO NO BRASIL

Aline Michele Nascimento Augustinho1

Aline Prato Atassio2 Resumo: Essa proposta de comunicação visa busca refletir sobre o lugar dos estudos da memória durante e após o término das práticas reconhecidas como a Justiça de Transição Tardia no Brasil. Após cerca de uma década de esforços direcionados à reavaliação dos crimes do Estado contra civis durante a Ditadura Militar entre 1964 e 1985, o encerramento da Comissão Nacional da Verdade em 2014 e a eleição de um governo com propostas e falas associadas à extrema-direita em 2018, marcam uma reviravolta nas perspectivas da promoção da verdade, da memória e da justiça que estavam presentes na chamada Justiça de Transição Tardia. A proposta de “reconciliação” nacional por meio do reconhecimento da verdade para a construção do quadro da memória nacional tem seu espaço pouco a pouco diminuído, e as conquistas dos levantamentos do processo passam a ser questionadas por partes do novo governo, com apoio de parcelas significativas da população e de setores militares, como o não reconhecimento da existência de uma ditadura, ou construção de leituras e opiniões que criminalizam as ações das resistência civil. Diante da atual conjuntura histórico-política brasileira, é de extrema importância oferecer espaço acadêmico-institucional para que as pesquisas desenvolvidas sobre a memória dos contextos e dinâmicas da ditadura militar e dos processos sócio-políticos derivados permaneçam no centro das discussões sobre a eficácia e a estabilidade da democracia constituída a partir de 1985. A verdade que é buscada para preservação da memória e para a promoção da justiça reside exatamente neste processo de expor dados e fatos após análises empreendidas por peritos. No caso brasileiro, porém, está na interpretação e na atribuição de valores associados aos dados e fatos expostos por meio da verificação de documentos e arquivos anteriormente selados e afastados da opinião pública, que se encontra o posicionamento ideologicamente enviesado, que questiona a veracidade e a integridade das práticas das entidades e dos atores envolvidos no processo de justiça de transição, especialmente por se caracterizar como um processo tardio, ou seja, implementado décadas após a transição democrática. O objetivo é, observando a relevância para a preservação da verdade histórica, promover leituras construídas a partir de quadros mnemônicos que utilizem lembranças individuais ou de grupos, verificando dissonâncias e similaridades entre a construção das lembranças de indivíduos, grupos e instituições, fortalecendo a produção científica e criando espaços seguros de discussão frente ao enviesamento ideológico que hoje busca se apropriar das memórias.

Palavras-chave: Justiça de Transição Tardia, Memória Política, Reascenção Conservadora.

1 Doutora em Sociologia, UOL Educação e Tecnologia. [email protected] 2 Doutora em Ciências Sociais, LAHISP. [email protected]

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XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais 17 a 19 de Setembro de 2019

Faculdade de Ciências e Letras, Campus Araraquara.

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Liga Independente Pela Liberdade (1962-65): fundamentos do discurso anticomunista numa época de Reformas de Base

Douglas Rocha Constancio3

Resumo: A pesquisa em questão propõe-se a estudar “Os fundamentos do discurso anticomunista numa época de Reformas de Base”. Nosso objeto de estudo são os documentos produzidos pela “Liga Independente pela Liberdade” entre 1962-65, durante o governo João Goulart e os primeiros anos do período militar. Nosso objetivo com essa pesquisa é entender quais foram as contribuições dessa entidade, formada em sua quase totalidade por mulheres, no desgaste do governo Jango e na articulação do golpe civil-militar deflagrado em 31 de março de 1964. Nossa hipótese vai no sentido de afirmar que grupos como a LIPL4 foram fundamentais para a efetivação do golpe uma vez que se colocavam como “representantes” da sociedade civil. Visando seus interesses de classe, produziram um vasto material impresso que questionava as Reformas de Base e o próprio governo, associando-o à “esquerdização” do país, a institucionalização da “República Sindicalista” e do “Comunismo”. Elas promoveram reuniões, ações nas ruas, estabeleceram relações com políticos, empresários e outros grupos descontentes de dentro e do fora do país, o ápice foi sua participação na Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, como uma das entidades signatárias. O que as diferenciavam em relação aos outros grupos femininos era a sua autonomia e espontaneidade tendo em vista que não surgiram motivadas por militares e políticos ipesianos5. Sobre esse assunto existe somente uma publicação e a documentação analisada é inédita. O que torna essa pesquisa relevante e atual, além dos documentos levantados nunca terem sido analisados por pesquisadores, é o fato desses grupos femininos servirem como fonte de inspiração e modelo para um golpe de Estado que ocorreria décadas depois, a “fórmula” ficou registrada nos anais da História, poupando o trabalho de grupos reacionários que surgiram nos últimos anos. Não cometendo anacronismo, uma vez que o passado e o presente possuem suas especificidades fundamentais, mas ao analisarmos a documentação da LIPL temos a impressão de que lemos seus discursos nos jornais de hoje. Nossa proposta para a Semana de Ciências Sociais da UNESP de Araraquara é compartilhar com os presentes a documentação coletada e os resultados parciais da pesquisa em andamento.

Palavras-chave: Comunismo, Reformas de Base, Governo João Goulart, Liga Independente pela Liberdade, Marcha da Família Com Deus Pela Liberdade.

3 Mestrando em Ciências Sociais. UNESP-Marilia. [email protected] 4 Liga Independente pela Liberdade. 5 Militares e políticos ipesianos recebem essa denominação devido a ligação que esses mantinham com o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais – IPES, um importante articulador para a efetivação do golpe civil-militar de 31 de março de 1964. Para saber mais ler: DREIFUSS, René Armand. 1964: A conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe; Tradução: UFMG. Rio de janeiro: Vozes, 1981. 813p.

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O BRASIL CONTEMPORÂNEIO E O FASCISMO: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE ESPORTE E POLÍTICA

Emiliano Peggion de Carvalho6

Francisco Xavier Freire Rodrigues7 Aline Cristine Ferreira Braga do Carmo8

Resumo: O esporte de forma geral esteve presente em diversos momentos da história da humanidade, como um símbolo social importante para a manutenção do sistema de uma forma geral e aqui, mais especificamente no Brasil temos o futebol como mais central, por isso da importância de uma análise a contextualizá-lo no interior do ambiente do cotidiano de uma nação. Não é recente o uso do esporte como uma forma de articulação política, já que o primeiro está muito mais presente na vidas do cidadão médio, enquanto o segundo nem tanto assim pelo viés do senso comum, já que endente-se no campo da ciência política que as tomadas de decisões dos indivíduos podem ser considerados como atitudes políticas, porém poucas são as pessoas que assim as veem. Esta pesquisa pretende desvelar o fascismo, não aquele que nós remete a décadas atrás mas sim o surgimento de um novo movimento muito atual o qual têm se disseminado mundo afora, já que as revoluções tecnológicas transformaram a forma com que a sociedade vê e participa das atividades do cotidiano, o que intensifica sua relação com diversas questões como a política, e que nas últimas eleições surgiu com toda a sua força no Brasil, ocupando de forma intensa as mídias sociais e estando presente em diversos discursos recorrentes no cotidiano dos indivíduos e muito próximo por meio das tecnologias. Para isso iremos discorrer acerca do que se entende por fascismo e suas implicações no cotidiano, buscando autores como Nélson Werneck Sodré, Norberto Bobbio, Jessé de Souza entre outros. Em um segundo momento iremos elaborar uma análise da forma com que essa posição chega em contrapartida ao capitalismo contemporâneo e posteriormente fazendo uma análise histórica da forma com que o esporte contribuiu para que este permeasse a sociedade. Após alguns desdobramentos históricos, chegamos ao ponto chave, que seja as manifestações da diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras a favor das articulações fascistas e seus antagonistas baseados na torcida organizada deste mesmo time, pretendendo-se desvelar de que forma essa “política” pode e é usada pelo esporte para se proliferar pela sociedade, mas ao mesmo tempo entender a reação de uma parcela desta em lutar contra. Utilizaremos como perspectiva teórica e metodológica o materialismo histórico-dialético, buscando realizar uma pesquisa bibliográfica vasta entre os principais autores acadêmicos, bem como realizando levantamento de publicações em mídias sociais para uma melhor análise dos acontecimentos. Palavras-chave: Esporte; Fascismo; Palmeiras.

6 Bacharel em Ciências Sociais com ênfase em Ciência Política pela Universidade Estadual Paulista – Unesp (2010) e Bacharel em Direito pela Universidade de Rio Verde (2015). Mestrando em Estudos de Cultura Contemporânea pela Universidade Federal de Mato Grosso. Agência financiadora: Capes/Fapemat [email protected]. 7 Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007), Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003), Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2000), Professor Efetivo da Universidade Federal de Mato Grosso, Associado II, lotado no Departamento de Sociologia e Ciência Política. [email protected]; 8 Doutoranda em Educação pela UNESP - Marília. Atua como docente no Instituto Federal do Mato Grosso. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Goiás/UFG/Campus Jataí (2015). Pós-graduada em práticas docentes e gestão na educação básica (2013). Graduada em Ciências Sociais com ênfase em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Faculdade de Filosofia e Ciências/ UNESP/Campus de Marília (2010). [email protected].

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AUTORITARISMO E CONTROLE SOCIAL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEMOCRACIA NO BRASIL

Flávia Mendes Ferreira9

Resumo: No Brasil atual, vivemos um período de crise da democracia e das instituições. O crescimento dos discursos autoritários, que agora podem ser escutados através de vozes do atual governo, faz com vivamos quase que diariamente sob ataques aos direitos humanos, a democracia, e às instituições. Alguns discursos autoritários, sempre estiveram presentes em nossa história, assim como os ataques às minorias, e aos grupos mais vulneráveis, que sempre ocorreram, desde a implantação da república, excludente desde a sua proclamação. O presente trabalho, pretende problematizar questões relativas às políticas de controle social e, o autoritarismo, marcas presentes no Estado brasileiro, desde a sua formação, que tem se agravado com o atual contexto político. O diálogo com pesquisadores das ciências sociais e também historiadores, ajuda a pensar o início da nossa república, período em que políticas de controle social foram amplamente colocadas em prática, para controlar e vigiar a população negra e pobre, formada majoritariamente pelos ex-escravos recém-libertos. Marcas que permanecem até os dias atuais. Além disso, convivemos no Brasil com as permanências históricas do período ditatorial, que durou mais de vinte anos, deixando resquícios de autoritarismo na democracia implementada posteriormente. Entendo que as peculiaridades da nossa formação se agravam com o contexto internacional que vivemos hoje, de crise das democracias modernas, e, também dos acontecimentos políticos que ocorreram no Brasil dos últimos anos, o que em nosso país, resultou no último processo eleitoral, em que venceu a eleição o candidato que assumidamente defende a ditadura, faz elogios à tortura, aplaude torturador, zomba da democracia e das instituições democráticas, ameaça os opositores, debocha dos direitos humanos, e propõe políticas de controle, de restrição da democracia e, exclusão, mais severas para a população em geral, mas, principalmente, para os mais pobres e as minorias, que já eram mais vulneráveis, tornam-se agora, os principais alvos de ataque no atual governo. Palavras-chave: Democracia. Autoritarismo. Controle social

9 Doutoranda em Ciência Política na Universidade Federal Fluminense. Bolsista Capes. E-mail: [email protected]

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TRAÇOS FASCISTAS OU ESSÊNCIA AUTORITÁRIA? CONTEXTO, CRÍTICA E RECEPÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1937 NO DEBATE POLÍTICO DOS FINS DA

DÉCADA DE 30

José Augusto Marques de Souza 10 Resumo: A leitura dos textos e contextos de produção das Constituições permite desvelar as variáveis em disputa no ato em que o documento entra em vigor, trazendo à vista as crises, as disputas, os arranjos e as saídas tomadas para a resolução de impasses. Neste sentido, a Constituição de 1937 se mostra como um dos mais importantes textos de fundação de uma nova ordem jurídica no Brasil, na medida em que o contexto de produção da Carta estava insuflado por disputas sobre qual curso o país deveria adotar. Tais disputas transitavam de ideais comunistas a novas vertentes de um fascismo à brasileira, embrenhados em um quadro autoritário, antiliberal e populista incipiente. A Constituição de 1937, então, vem como resposta ao seu tempo, apresentando-se como elemento jurídico-normativo que pretendia inaugurar uma nova ordem estatal. Contudo, o início da vigência do documento é marcado por uma inversão da fórmula de poder: a Carta foi outorgada, prescindindo de qualquer legitimação pela soberania popular. Para alguns autores, o documento constitucional não seria de muito crédito, uma vez que não poderia ser considerado como o ato inaugural do Estado Novo varguista, bem como pelo fato de o regime não ter se empenhado em cumprir as obrigações por ela impostas. Para outros, a despeito de não necessariamente poder ser tomada como o prelúdio estadonovista, a Carta documentava as diretrizes ulteriores adotadas pelo regime. Nesta mesma chave comparativa, existem questões e interpretações diversas sobre o sentido do documento de 1937: haveria tendências fascistas na sua construção ou seu âmago é fundamentalmente autoritário? A centralização e maximização dos poderes do Executivo, bem como as estruturas corporativistas vaticinadas pelo texto refletiam uma simples reprodução da Constituição Polonesa de Abril de 1935 de caráter sobremodo autoritário, ou derivavam, também, de mecanismos fascistas? Não obstante Francisco Campos, o autor da Carta, tenha negado veementemente a existência de tendências fascistas no texto, a proposta deste trabalho é debruçar-se sobre o contexto de produção, crítica e recepção da Constituição de 1937 buscando identificar a (in)existência de inflexões fascistas no texto. Partindo dos debates sobre o fascismo e o autoritarismo no Brasil da década de 1930, a análise tem como objetivo o mapeamento do debate coetâneo e posterior sobre a Carta de 1937, com o intuito específico de qualificar o(s) sentido(s) do texto constitucional em um quadro teórico-analítico pontual. Palavras-chave: Constituição de 1937; Estado Novo; Fascismo; Autoritarismo.

10 Mestrando em Ciência Política no programa de Pós-graduação em Ciência Política (PPGPol) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Bolsista da Capes, na modalidade DS. E-mail: [email protected].

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O polo fascista em formação no Brasil: rede de intelectuais de extrema direita na capital federal (1928-1933)

Renato Ferreira Ribeiro11

Resumo: O objetivo deste artigo é descrever como se deu, a partir de 1928, a formação e a atuação de grupos de intelectuais de tendência fascista no Rio de Janeiro, ligados ao Círculo Católico e ao Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais (CAJU), e sua posterior absorção pela Ação Integralista Brasileira, em 1933, procurando destacar sua especificidade e importância no processo mais geral de configuração do polo fascista no Brasil nas décadas de 1920 e 1930. Além de tentar definir as principais correntes autoritárias internacionais e nacionais, tento mostrar como se originou e como se organizou o campo fascista no Brasil: com o surgimento de diversos grupos restritos e dispersos no final da década de 1920; durante os primeiros anos do governo provisório, tentando fortalecer a tendência tenentista e fornecer uma visão ideológica à Revolução de 30; e posteriormente, em outubro de 1932, convergindo para a Ação Integralista Brasileira, sob a liderança de Plínio Salgado e fora da órbita do governo. Para a pesquisa foram utilizadas correspondências trocadas entre os diversos intelectuais cariocas (sobretudo Augusto Frederico Schmidt e San Tiago Dantas) e paulistas (com destaque para Plínio Salgado), bem como notícias de jornais do período e revisão da literatura especializada. Pôde-se dessa forma reconstituir a trajetória e a formação de redes de relações entre eles, atestando sua relevância dentro do polo fascista. Liderados por Augusto Frederico Schmidt e San Tiago Dantas, argumento que esse grupo de intelectuais cariocas teve papel fundamental na disseminação e na tentativa de implementação das ideias fascistas no Brasil, articulando-se com os principais expoentes do campo autoritário no governo, na Igreja e no movimento integralista. Palavras-chave: fascismo; autoritarismo; integralismo; San Tiago Dantas; Augusto Frederico Schmidt.

11 Doutorando em Ciência Política pelo PPGPol – UFSCAR, bolsista FAPESP. E-mail: [email protected].

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NINA RODRIGUES E O PENSAMENTO CONSERVADOR NO CONTEXTO DA PRIMEIRA REPÚBLICA: O CONCEITO DE DEGENERESCÊNCIA E A QUESTÃO

RACIAL

Joyce Nathália de Souza TRINDADE12

Resumo: Investigar a relevância do conceito de degenerescência para o desenvolvimento de obras do médico e antropólogo Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) é o objetivo deste trabalho, centrando-se nos seus escritos de antropologia criminal. Será investigado o pertencimento dos conceitos que Rodrigues utiliza a vertentes da tradição do Pensamento Conservador dentro do contexto da Primeira República. Para atingir os objetivos, com relação ao contexto intelectual e histórico da Primeira República, será feita uma revisão da bibliografia para a compreensão de aspectos fundamentais do debate intelectual da época. Os conceitos essenciais do Pensamento Conservador serão mapeados, diferenciando os posicionamentos desta tradição em dois contextos: final do século XVIII e final do século XIX, a fim de identificar o papel das teorias raciais na redefinição do conservadorismo no segundo período. Visando compreender como Nina Rodrigues operava o conceito de “degenerescência”, selecionamos para análise a obra “As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil”, escrita em 1894. Nela, o autor coloca-se como explorador de aspectos da “psicologia criminal brasileira”, abordando temas como criminalidade, imputabilidade e a questão da criminalidade especificamente em populações negras, indígenas e mestiças. O filtro utilizado para seleção foi a relevância das obras sobre a temática racial, tendo em vista que atende a esse critério a produção de Nina no âmbito do direito civil e do direito penal. Parte-se da hipótese de que o autor pode ser entendido como pertencendo a uma família de intelectuais que herdam conceitos centrais do Pensamento Conservador. Além disso, acredita-se que a ideia de degenerescência tenha sido central para o desenvolvimento de seus postulados a partir de contemporâneos que hierarquizavam raças dentro dos preceitos do racismo científico, os quais operavam condenando a miscigenação e preconizando a tendência de fracasso e de declínio de povos que a praticavam. Palavras-chave: Nina Rodrigues; Pensamento Conservador; Primeira República; Degenerescência; Pensamento Político.

12 Doutoranda em Ciência Política - IFCH/UNICAMP e mestra em Ciências Sociais pela UNIFESP. E-mail: [email protected]

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ARTHUR CÉZAR FERREIRA REIS E A MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA AMAZÔNIA

Ricardo Lima da Silva13

Ana Paula da Conceição Amorim Pedrosa14 Resumo: O presente artigo objetiva analisar a interpretação do historiador e político amazonense Arthur Cézar Ferreira Reis (1906-1993) sobre a modernização da Amazônia durante o período da ditadura civil/militar. Interessado em compreender a formação sócio histórica Amazônida e propor soluções para a crise que a região norte sofria desde o início do século XX com o fim do Ciclo da Borracha, defendeu que apenas a intervenção de um Estado forte e centralizado era capaz de integrar a Amazônia ao Brasil e desenvolvê-la economicamente. Ele também teve uma atuação destacada na política, chegando a ser governador do Estado no período 1964-1966, onde se tornou importante articulador da ditadura militar/civil no Amazonas, sendo elogiado por grupos que temiam o avanço do comunismo e criticado por opositores que viam nas suas práticas traços explícitos de autoritarismo, pois perseguiu os que eram críticos ao seu governo. Também foi um apoiador da Operação Amazônia, que foi o grande projeto de economia política da ditadura para a região. Tomando como base esse cenário, a metodologia utilizada no artigo é de caráter documental, onde foram realizadas leituras das obras que o autor tratou de maneira aprofundada a questão da política e da função do Estado no desenvolvimento regional. Por fim, concluímos que a visão de Reis sobre o desenvolvimento aponta para um conservadorismo autoritário, purgado de liberalismo político, onde a sociedade seria guiada por uma elite política e intelectual. Tal formulação foi diretamente inspirada nas políticas de Portugal para a Amazônia durante a colonização, classificada pelo autor como uma política realista, adaptada ao meio e que os políticos do século XX deveriam seguir. Palavras-chave: Arthur Cézar Ferreira Reis, Amazônia, Conservadorismo, Modernização, pensamento político.

13 Professor do Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista/ Campus Júlio Mesquita Filho (UNESP). E-mail: [email protected] 14 Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). E-mail: ana.ecosolidá[email protected]

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A lógica da recepção do problema da planificação social no Brasil nos textos de juventude de Guerreiro Ramos (1945-1953)

Alan Caldas15

Resumo: O presente trabalho procura investigar aquilo que Villas Bôas (2006, p. 11) identificou como a “lógica que define a leitura, a apropriação e a reelaboração de idéias” das tradições de pensamento dos países centrais pelos intelectuais dos países periféricos, ou seja, este trabalho procura compreender o perfil da tradição brasileira de pensamento social a partir da maneira como esta se apropria das ideias disponíveis no mercado simbólico internacional. Nosso escopo de análise se restringe ao modo como a noção de planificação, formulada por Karl Mannheim no contexto do nazifascismo, foi lida e apropriada nos trabalhos escritos entre 1945 e 1953 pelo sociólogo brasileiro Alberto Guerreiro Ramos. O método de trabalho aqui adotado utiliza ferramentas da sociologia do conhecimento e do contextualismo linguístico, sendo assim, preocupa-se em encontrar os nexos entre pensamento e existência social (MANNHEIM: 1986) a partir de um levantamento do contexto onde ocorrem e ganham significado os atos de fala (SKINNER: 2000, 2005). Os resultados da pesquisa indicam que na obra de Mannheim o conceito de planificação tem indica uma forma de organização social e de pensamento alternativas ao fascismo e ao liberalismo. Deste modo, Mannheim vê a planificação como resultado da superação da sociedade liberal e da forma de pensamento que lhe corresponde (o pensamento formal, abstrato e técnico), em direção a uma sociedade mais interdependente onde deveria vigorar um pensamento histórico concreto (o pensamento planificado). Já na apropriação do conceito feita por Guerreiro Ramos, a planificação passou a corresponder a uma forma de ação e pensamento que procurava superar a situação colonial que ainda vigorava no Brasil e superar as heteronimias decorrentes do prestígio das ideias estrangeiras sobre a mente dos cientistas sociais brasileiros. Neste sentido, Ramos propunha o desenvolvimento de um pensamento pragmático, historicamente e socialmente localizado, em detrimento de um pensamento abstrato e universal. Esta leitura ativa, apropriação e reelaboração do conceito de planificação por Guerreiro Ramos, respondia a problemas colocados, de um lado, pelo modelo de desenvolvimento urbano e industrial centrado na agência do Estado (inaugurado por Getúlio Vargas e continuado por seus sucessores), e, de outro lado, às disputas em torno dos valores que seriam institucionalizados no mercado acadêmico em formação no Brasil. Palavras-chave: Planificação, Guerreiro Ramos, Karl Mannheim

15 Doutorando em Sociologia no PPGS – UFSCAR. Email: [email protected]

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Filantropia Religiosa no Brasil: Um Panorama Sociológico

Allan Wine Santos Barbosa16 Resumo: O objetivo deste trabalho é fornecer um panorama sociológico e estatístico acerca da presença e importância da religião no universo filantrópico brasileiro. Trabalhando a partir de dados do IBGE, ABONG (Associação Brasileira das Organizações Não-Governamentais), FONIF (Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas), além de pesquisas acadêmicas sobre o tema, busco demonstrar o quanto a religião é um componente central nas dinâmicas do terceiro setor, apontando também para a importância da realização de trabalhos qualitativos sobre as relações entre moralidade, religião e Estado/burocracia. Tais questões são centrais para a compreensão da estrutura de prestação de serviços e bem-estar social no país, especialmente em frentes como educação, saúde e assistência social. Nessa linha, busco reunir diferentes descrições acerca do perfil dos doadores e instituições religiosas a fim de estabelecer algumas características básicas que permeiam as motivações e valores envolvidos na filantropia religiosa. O Brasil tem particularidades interessantes no que diz respeito à atuação das religiões nos processos de seguridade social e acesso aos direitos básicos garantidos pela Constituição, seja de forma independente ou em parceria com o Estado. Indo desde a atuação das Santa Casas de Misericórdia, que desempenham um papel fundamental em termos de saúde pública desde o período colonial, até as universidades confessionais ou creches e asilos de pequeno porte, a discussão sobre direitos e acesso da população a bens e serviços básicos não pode ignorar a malha institucional que atua nesses ramos e que opera de forma paralela (mas não isolada) ao Estado. Sendo a religião um componente indissociável de muitas dessas instituições e das motivações de um número de expressivo de pessoas que atuam em todos os nós dessa cadeia, torna-se fundamental enfocar a dimensão religiosa da filantropia brasileira, relacionando-a também com o crescente número de empresas e associações privadas que vêm adentrando no terceiro setor. Palavras-chave: Caridade, Filantropia, Organizações Não-Governamentais, Religião, Terceiro Setor.

16 Doutorando em Antropologia Social pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e bolsista FAPESP.

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XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais 17 a 19 de Setembro de 2019

Faculdade de Ciências e Letras, Campus Araraquara.

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PSIQUE E NEGRITUDE: IMPLICAÇÕES DO DISCURSO ESTIGMATIZADO SOBRE A NEGRITUDE AO LONGO DO PROCESSO CIVILIZATÓRIO NA

EMOCIONALIDADE E AFETIVIDADE DO NEGRO

Andre Giglio

Resumo: Ao longo do processo civilizatório, o negro era representado no imaginário social como um indivíduo marginalizado na sociedade e que sofre processos de exclusões e estigmas que atravessam o Tempo. Nesse sentido, não apenas são deixados de lado o negro enquanto indivíduo, mas a sua saúde mental que acabam por internalizar suas emocionalidades ou exteriorizá-las em conformidade com aquilo que o meio lhe oferece. Perpassando teorias de Albert Memmi (1989), Frantz Fanon (2008), Neuza Santos (1983) e Norbert Elias (2000), proponho lançar mão de uma reflexão que busca articular tais contribuições teóricas, numa tentativa de estudar o estigma social que estes grupos carregam através de uma abordagem macrossociológica, ao mesmo tempo em que buscaremos ver como estas macroestruturas se traduzem em ações cotidianas no âmbito do indivíduo. Procurar-se-á fornecer ao leitor um panorama geral das ideologias e das práticas que foram características do processo de formação da sociedade brasileira e atuaram de modo a inferiorizar e estigmatizar a população negra, subjugando sua autoestima aos referenciais brancos hegemônicos da sociedade brasileira, direcionando-nos para a compreensão dos reflexos desse quadro social, sobretudo na constituição da emocionalidade e da afetividade negra. Proponho-me a analisar o processo de construção de identidade e “querer ser” observado no negro, os impactos da violência simbólica do racismo no indivíduo, olhar para o sentimento de frustração e insuficiência provocado pelas condições do meio que lhe impedem uma transformação de si e do espaço que o circunda.

Palavras chaves: Identidade, emocionalidade, racismo, estigma, saúde mental.

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XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais 17 a 19 de Setembro de 2019

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“O pior cego é aquele que só vê a bola”: os cartolas da CBF e a confusão público-privado no Brasil”

Breno Carlos da Silva Resumo: Esta pesquisa objetiva elaborar uma interpretação histórica e sociológica sobre as relações políticas, os valores sociais e as formas de sociabilidade que permeiam a sociedade brasileira, tendo como estudo de caso análises acerca da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e seus dirigentes. A pesquisa visa problematizar a atuação e interesses dos “cartolas” da CBF (dirigentes de futebol da entidade), enquanto instituição privada, assim como compreender os princípios que orientaram o “modus operandi” desses dirigentes no controle de um bem público nacional, o futebol brasileiro. O mote dessa pesquisa consiste em pensar os valores da cultura política brasileira por meio de um componente visceral de nossa sociedade, ou seja, o futebol. Assim por meio de problemáticas que constituem o universo do futebol nacional - como suas instituições e classe dirigente - analisarei a notória confusão público-privado e seus desdobramentos em nossa sociedade. O universo sócio-político que compõe o futebol brasileiro, em seu desenvolvimento histórico no interior da sociedade brasileira, propicia problematizar, para que possamos compreender, como os princípios integrantes da cultura política nacional, como o patrimonialismo e o “ethos” social da cordialidade, foram e são operacionalizados em ações políticas que beneficiaram os “cartolas da CBF”. Tendo como fundamentação teórica as interpretações sociológicas acerca dos efeitos da confusão público-privado na sociedade brasileira encontramos certa tensão no que tange ao conceito de patrimonialismo de base teórica weberiana. Tal contenda se dá, sobretudo, entre concepções tradicionais, de Raymundo Faoro em “Os Donos do Poder” (1958) e Sérgio Buarque de Holanda em “Raízes do Brasil”(1936), e concepções mais recentes como as de Luiz Werneck Vianna em “Weber e a Interpretação do Brasil”(1999), Carlos Eduardo Sell em “As Duas Teorias do Patrimonialismo em Max Weber: do modelo doméstico ao modelo institucional”(2016) e Jessé de Souza em “A Tolice da Inteligência Brasileira”(2015) e “A Elite do Atraso”(2017). Assim diante dessa problemática teórica-conceitual proponho uma hipótese na qual a atuação dos cartolas da CBF na gestão política e institucional do futebol brasileiro, ao longo de seu desenvolvimento histórico, nos permite ampliar a compreensão dessa confusão público-privado expressa no patrimonialismo, uma vez que revela como os agentes de uma entidade privada se apropriaram de um bem público nacional, o futebol brasileiro, para benefícios privados de um grupo oligárquico que comandou, e de certo modo, ainda comanda, a grande paixão esportiva nacional. Palavras-chave: Cultura, Política, Futebol, Público e Privado

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Quilombismo: O índice secreto do anti-isolacionismo negro (1948 – 1982).

Diogo Valmor Pereira17 Resumo: Tomando como ponto de partida as obras de Abdias Nascimento, publicadas no exílio (1968-1981), nosso trabalho tem como objetivo analisar o conceito de Quilombismo do autor, a elaboração teórica deste termo, gênese e contextos que fizeram com que essa fosse a proposta de Nascimento para as resoluções das questões raciais brasileiras. Nesse sentido, tomaremos como referências bibliográficas para esse estudo, além das obras de Abdias Nascimento, trabalhos que tenham enfoque na trajetória e memória, englobando nessa perspectiva adesões e rupturas políticos de Nascimento, tal como continuidades e descontinuidades de uma busca do nosso autor em se apropriar das diversas interpretações sobre o Brasil e sobre a questão racial de cada período vivido por Abdias. Tais enfoque escolhidos se dão pelo fato de Nascimento, sempre ter mantido uma forte rede de solidariedade, durante quase 50 anos de atuação constante em movimentos sociais desde sua saída do interior de São Paulo até sua ida ao exílio em Nova York. Contudo, é em seu periódico de 1945 - O Quilombo – que essa rede se amplia. Fortalecendo sua conexão com intelectuais estrangeiros e principalmente com outros periódicos da Imprensa Negra, nos E.U.A. Além de viagens a países africanos e caribenhos, o que ampliou sua visão sobre a questão racial dessas regiões e do Brasil. O próprio Jornal O Quilombo, que foi publicado por dois anos seguidos, além de ter sido importante na ampliação dessa rede e divulgação das atividade do Teatro Experimental do Negro (TEN), acreditamos ser uma das gêneses do conceito de Quilombismo elaborado por Abdias na década de 80. O movimento negro do período é fortemente impactado pela tese de antagonismos em equilíbrio de Gilberto Freyre com o livro Casa-Grande&Senzala, de 1933. E ao criar um periódico de divulgação e reivindicação intitulado O Quilombo, demonstra que Abdias, já na década de 40, anunciava sua ruptura com a tese de que no Brasil se vivia uma democracia racial. Sendo assim, defendemos a hipótese de que essa vasta rede pessoal sempre teve uma forte ação no pensamento nascimentista. Moldando sua ideia acerca do conceito de Quilombismo, além de colocá-lo em contato com o debate Pan-africanismo. Palavras-chave: Quilombismo, Quilombo, Abdias Nascimento, Movimento Negro, Pan-africanismo.

17 Mestrando pelo departamento de sociologia do IFCH/UNICAMP. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/CAPES. [email protected].

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DO OUTRO LADO DA LINHA: PRECARIZAÇÃO E IDENTIDADE NOS TELESSERVIÇOS

Gustavo CARNEIRO 18

Resumo: O presente projeto busca discutir as mutações do mundo do trabalho tendo como marco o processo de reestruturação produtiva e o desenvolvimento das tecnologias da informação por meio do setor de teleatendimento (CTAs) no Brasil, que se expandiu largamente desde a década de noventa e que salienta traços fundamentais do atual regime de acumulação pós-fordista, a partir da coincidência significativa entre a expansão do setor e a incorporação flexível da juventude LGBTI aos seus postos de trabalho. Desse modo buscar-se-á entender por meio de revisão bibliográfica, transcrição e categorização de entrevista semi-estruturadas junto a BB/Mapfre, grupo segurador vinculado ao Banco do Brasil na cidade de São Carlos, as tendências gerais de precarização expressas aos demais setores produtivos pela dinâmica dos CTAs, sua relação com o atual regime sexual e, além disso, os desafios colocados pela organização típica no setor - terceirização, rotatividade, pulverização - e pela LGBTIfobia na persecução por relações de solidariedade nos telesserviços.

Palavras-chave: teleatendimento; precarização; opressão; LGBTI.

18Pós-graduando em Sociologia pela PPGS/UFSCar. [email protected]

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Interligar, Assessorar, Dinamizar e Vocalizar: A Comissão Pastoral da Terra e sua Relação com o Campesinato

José Paulo Toledo19

Resumo: A Comissão Pastoral da Terra -CPT- é uma organização vinculada à Igreja Católica criada na metade da década de 1970 em meio ao contexto da repressão ditatorial do Regime Militar (1964-1988) e da Conferência de Medellín (1968), onde o episcopado latino-americano decide ter como diretriz básica a construção de uma igreja que assume sua opção pelos pobres, sendo parte da reverberação dessa diretriz no Brasil a missão de auxiliar as diversas populações rurais brasileiras que eram oprimidas das mais diversas formas: dos posseiros que sofriam ataques de latifundiários expulsando-os de suas terras, passando pelos conflitos entre indígenas e posseiros que brigavam por porções cada vez menores de terra em meio aos latifúndios, e chegando até os casos de violência efetuada por agentes do Estado contra estas populações vulneráveis. O foco deste trabalho é evidenciar as formas com que a CPT auxiliou essas populações, tendo em vista sua proposta: não sendo eles parte das populações afetadas, não seriam eles os agentes da mudança. Propuseram-se desde a reunião de fundação ao papel de auxiliares políticos agindo de quatro formas diferentes. 1- Interligando as diferentes populações e lideranças em escalas locais, regionais e nacionais para que trocassem experiências e articulassem seus movimentos; 2- Assessorando estes agentes conforme o necessário para que as ações pensadas por eles tornassem-se reais e, ao mesmo tempo, defendendo-os por meio das instituições burocrático-legais com o auxílio de advogados associados; 3- Dinamizando o cenário político do meio rural que desde o princípio da ditadura via uma estagnação resultante do sufocamento dos movimentos sociais de luta pela terra do bloco histórico anterior; 4- Vocalizando aos demais componentes da sociedade civil tanto as pautas destes movimentos que vinham sendo represadas por meio de violência institucional e coercitiva quanto levando ao conhecimento público todas as formas de violência sofridas cotidianamente por essas populações -de escravidão a homicídios-, atuando também como um agente de accountability por denunciar o Estado ditatorial para órgãos internacionais por sua omissão em defender a integridade de parte de seus cidadãos ou ainda por ser ele próprio quem os ataca. Palavras-chave: Questão Agrária; Movimentos Sociais; Ditadura Militar; Igreja Católica.

19 Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos. Texto desenvolvido a partir de resultados obtidos em pesquisa de iniciação científica financiada pelo programa PIBIC-CNPq. E-mail para contato: [email protected].

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Raça, classe e gênero no projeto eugênico brasileiro

Pedro de Castro Picelli20 Resumo: A partir das vivências de clubes sociais de Rio Claro- SP, entre os anos de 1900 e 1960, segundo as práticas associativas de sociedades “brancas”- Philarmônica (1879), Grêmio Recreativo da Companhia Paulista de Ferro (1896), Grupo Ginástico (1919), “negras”- Sociedade Beneficente Recreativa José do Patrocínio (1960) e Tamoio F.C (1951), propõe-se apresentar as experiências de liberdade e cidadania disputadas no período pós abolicionista e republicano na cidade. Irá se orientar a reflexão pelos usos sociais da ideia “raça” na cidade, apoiadas nas vivências destes clubes sociais como uma das possíveis fontes de estudo sobre a racialização do espaço social republicano e da busca por garantia de cidadania no Brasil. Para realização da proposta, se debruçará sobre fontes primárias de pesquisa, como atas e registros dos clubes, e de fontes secundárias contidas em arquivos e bibliotecas, como jornais da época e bibliografia já produzida, além da realização de entrevistas com membros destes clubes. Tem-se como hipótese central de trabalho que o “novo” espaço social é construído em bases reelaboradas de exclusão social articuladas principalmente às questões de ordem étnico-racial para legitimar e orientar mecanismos de dominação social que se ocupariam de constituir, por exemplo, a “branquitude”. Propõe-se apresentar os resultados iniciais de pesquisa de mestrado desenvolvida no Departamento de Sociologia da Unicamp, sendo o principal deles a presença de práticas e discursos eugênicos nos clubes e na própria cidade a partir do material já consultado em arquivos e nas entrevistas realizadas. Pensa-se a eugenia enquanto uma prática que conseguiu rearticular dominações patriarcas sob o viés moderno do discurso científico. Além disso, articulam-se, a partir de uma perspectiva insterseccional, à categorias raça os marcadores de classe e gênero para a formação de um grande “amálgama” que reposicionou o núcleo constitutivo do patriarcalismo brasileiro: o homem branco. Palavras-chave: Cidadania. Eugenia. Interseccionalidade. Associativismo.

20 Bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Mestrando em Sociologia no Departamento de Sociologia da Unicamp com pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). [email protected]

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Discussão sobre as questões racial e migratória decorrentes da vinda dos médicos cubanos ao Brasil e sua relação com formação social brasileira

Rogério Macedo Ramos21

Resumo: O Presente texto tem por objetivo discutir as questões racial e migratória decorrentes da vinda dos médicos cubanos no Brasil para trabalharem no Programa Mais Médicos (PMM) do governo federal a partir de 2013, e suas relações com as estruturas sociais e históricas da formação da sociedade brasileira. A partir do Programa abriu-se um leque de possibilidades de discussão e análise desses sujeitos que vieram exercer sua medicina em solo brasileiro. Trata-se de relações conflitivas que se formaram em torno do Mais Médicos, este que foi instituído como uma política de governo do então Partido dos Trabalhadores, no período apontado como de governos progressistas presente em alguns países da América Latina. O PMM, parceira dos governos brasileiro e cubano, juntamente com Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) teve como finalidade atenuar os problemas da saúde no país, principalmente em lugares negligenciados pelo poder público. Através da migração dos médicos cubanos, possibilitou observar e identificar relações socioculturais conflitivas dentro de um espaço estabelecido, uma vez que eles acabaram indo trabalhar em uma área historicamente ocupada pelas elites e classe média brasileira, a medicina. Tais questões envolveram elementos que estiveram presente nas narrativas de jornais, revistas e redes sociais, como a inferiorização, descriminação migratória, racismo, estigmatização, discurso de ódio. Elementos historicamente presentes na formação da sociedade brasileira e que vieram à tona com a implementação do Programa, e que farão parte da discussão deste trabalho. Neste quadro, o texto busca referência teórica em autores como Florestan Fernandes (2008), Abdias do Nascimento (2016), que abordam a questão racial no processo de formação da sociedade brasileira. Em diálogo com a produção intelectual de Jessé Souza (2009; 2017), André Singer (2012), Decio Machado e Raul Zibechi (2017), Claudio Katz (2016; 2018) sobre o pensamento social e político nos últimos anos no país. Traremos para a discussão Frantz Fanon (2008), e suas abordagens sobre a inferiorização e estigmatização dos negros germinadas na colonização, já que estes elementos foram imputados aos cubanos. Além de abordar a questão migratória numa perspectiva pós-colonial a partir de Abdelmalek Sayad (1979; 2000).

Palavras-chave: Médico cubano; inferiorização; racismo; migração.

21 Mestrando em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES/MG. [email protected]

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A ideia de evolução na obra Introdução à Revolução Brasileira de Nelson Werneck Sodré

Rosangela da Silva22 Resumo: Nelson Werneck Sodré (1911-1999) foi um militar e, também, um historiador que deixou grande legado intelectual. Suas produções tratavam de questões que abrangiam áreas, como: a literatura, a economia e a cultura brasileira. Neste trabalho, de maneira específica, propõe-se debater qual o sentido empregado ao termo “evolução” presente no título de todos os capítulos de sua obra “Introdução a Revolução Brasileira” publica em 1958. Sodré entende que o processo de evolução estaria fortemente associado a constituição de instituições (como o Exército) e de diferentes esferas formadoras da sociedade (economia, cultura e “racial”/étnica) de caráter nacional. Sodré se reconhece e é reconhecido por seus comentadores como um intelectual marxista. Neste sentido, a pergunta que orienta esse trabalho é: com base nas citações feita pelo próprio autor, no interior desta obra, a que tradição intelectual podemos filiar o conceito de “evolução”? Buscaremos, através de uma análise pautada na metodologia textualista dar resposta à esta pergunta a partir da análise da sua formação militar, desde a condição de estudante na Escola Militar até a sua atuação enquanto profissional no Exército Brasileiro, considerando, para além do elemento marxista, a influência do positivismo comteano nos centros de formação desta instituição. Palavras-chave: evolução; nacionalismo; Revolução Brasileira.

22 Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho – UNESP/Araraquara. O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

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INTERESSE EM PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E COMPREENSÃO DO PROCESSO ELEITORAL GUINEENSE.

Amissão salecha23

Mario Henrique Castro24 Resumo: o presente artigo procura compreender a percepção dos eleitorados guineenses com ensino superior no que se refere ao procedimento eleitoral na Guiné-Bissau, e os seus interesses da participação na política. Ou seja, como é que os estudantes/eleitores enxergam o processo eleitoral do país? quais são seus interesses na participação política. Considerando a eleição uma das formas mínima da participação na democracia moderna, porém de grande importância, este artigo procura compreender a percepção dos estudantes/eleitores guineenses sobre a regra do jogo desse processo, e quais são seus interesse em envolvimentos com os assuntos políticos. A inquietação sobre o presente tema nasce das crises políticas que a Guiné-Bissau tem se defrontado desde que aderiu a democracia. Porém, os dados levantados durante a pesquisa indicam que ainda é evidente a falta de entendimento e esclarecimento dos conceitos básicos para a participação na política. Este artigo procura oferecer sua contribuição a sociologia oferecendo assim sua análise sobre os atores sociais da democracia moderna. Este trabalho assegura a sua cientificidade num procedimento qualitativa/quantitativa na medida em que as bibliografias sustentam a primeira parte dessa investigação e na segunda parte aplicamos questionário que nos permite quantificar os dados para a nossa análise. Palavras-chave: Participação, eleição e democracia.

23 Bacharel em Humanidades e licenciando em sociologia pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e Mestrando em Sociologia pela UFSCar. [email protected] 24 Dr. Mário Henrique Castro Vice Coordenador do Curso de Licenciatura em Sociologia Instituto de Humanidades Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). [email protected]

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OS RECENTES PROTESTOS DE RUA NO BRASIL: UM OUTRO CIVISMO?

Daniel Leonel da Rocha 25 Resumo: Os recentes protestos de rua têm ocupado lugar de destaque no cenário político brasileiro. Esses protestos ocorrem em meio aos escândalos de corrupção, crise econômica e polarização política. Chama a atenção a forma de ação, avessa a todas as organizações associativas tradicionais, e o conteúdo com uma agenda difusa de temas de orientação ética e moral. Os estudos sobre esses eventos ainda estão no início e a ambiguidade nas interpretações atestam que ainda é cedo para definir qual sua importância dentro do cenário político brasileiro. Diante disso, proponho mais uma interpretação, a partir do marco teórico da cultura política. Em diálogo com a literatura inserida neste campo, meu objetivo é identificar quais valores políticos são compartilhados entre os manifestantes e, a partir desta perspectiva, apontar para os possíveis desdobramentos no aspecto da participação política. Esta pesquisa se justifica por dois motivos. Em primeiro lugar, porque tradicionalmente os protestos de rua no Brasil são mobilizados por centrais sindicais, partidos e movimentos sociais. Em segundo lugar, porque as pesquisas sobre a cultura política brasileira atestam para o fato do baixo interesse e mobilização política dos brasileiros. Os recentes protestos, dissociados das organizações associativas tradicionais, apontam para um outro civismo? Este estudo se deu por meio de revisão bibliográfica e análise de dados quantitativos sobre os valores políticos dos manifestantes. Minha hipótese é de que esse “outro civismo”, crítico dos modelos tradicionais de mobilização, com perfil mais individualizado e com foco em temas voltados para qualidade de vida, apontam para novos modelos de participação política. Palavras-chave: Protesto; Cultura-Política; Civismo; Participação-Política

25 Mestre em Ciências Sociais. Especialista em Políticas Públicas e Cultura de Direitos. Licenciado em Filosofia. E-mail: [email protected]

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ORÇAMENTO PARTICIPATIVO E AS FINANÇAS LOCAIS EM ANGOLA: UM INSTRUMENTO DE INOVAÇÃO DEMOCRÁTICA NA CONSTRUÇÃO DA

CIDADANIA PARTICIPATIVA

Daniel Luciano MUONDO26

Resumo: Este trabalho é apresentado na XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNESP, Faculdade de Ciências e Letras – Campus de Araraquara, e enquadra-se no Grupo de Trabalho 1 (GT1), sobre Cultura, Democracia e Pensamento Social, abordando a temática do Orçamento Participativo e as Finanças Locais em Angola, enquanto instrumento de inovação democrática para a construção da cidadania participativa. Parte de um estudo bibliográfico e documental, baseando-se no trabalho de Dissertação de Mestrado defendido pelo proponente em 2017. O Orçamento Participativo é um instrumento de planeamento anual que contribui para a priorização das necessidades dos cidadãos, permitindo o acesso da população às decisões sobre o país. É um espaço de co-gestão em que a comunidade e o governo decidem juntos onde e como serão aplicados os recursos e investimentos públicos. Partindo das experiências de outros países, com maior destaque para o Brasil, os Orçamentos Participativos constituem-se num mecanismo mais ambicioso, utilizando uma extensa dimensão da participação cidadã. O objectivo que se busca é de incluir os cidadãos num processo de tomada de decisões vinculando a gestão da administração. Os Orçamentos Participativos, nos diferentes municípios onde são implementados, definem previamente os critérios de justiça social que permitem vincular o particular e o geral de acordo com um horizonte de justiça distributiva. Além disso, esta questão dá maior potencial ao processo, ao ser realizada uma regulação do espaço público que iguala as oportunidades de influenciar na tomada de decisões políticas. Como resultados, o trabalho considera a necessidade do envolvimento dos cidadãos no processo de planificação orçamental, a partir da identificação das suas reais necessidades, definição de prioridades, cuja execução garante a melhoria das condições de vida da população.

Palavras-chave: Finanças locais; orçamento participativo; cidadãos.

26Doutorando em Serviço Social, do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Franca - FCHS; Membro do GEFORMSS - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Formação Profissional em Serviço Social. E-mail: [email protected]

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MOVIMENTO ESTUDANTIL: REORGANIZAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO PARA O PROCESSO DE ABERTURA POLÍTICA (1976-1982)

Fernanda Stella Cavicchia27

Resumo: Este trabalho apresenta uma proposta de análise sobre o movimento estudantil universitário e o papel desempenhado por ele no processo de abertura política e redemocratização do Brasil. A partir do estudo das ações que se desenrolaram entre os anos de 1976 e 1982, busca-se levantar as condições que abriram caminho para o retorno dos estudantes às ruas e para a reorganização de suas entidades representativas, proscritas após o golpe militar. Para atingir esse objetivo, é feita uma reflexão crítica e comparativa dos acontecimentos e seus desdobramentos durante os diferentes momentos da atuação estudantil: 1964 a 1968 – aqui chamado de 1ª geração, quando os estudantes se organizam contra o governo até a radicalização do movimento, com o envolvimento de líderes na luta armada; 1969 a 1975 – etapa que sucedeu à forte repressão sofrida no momento anterior, levando ao deslocamento das ações das ruas para dentro das universidades; e 1976 a 1982 – aqui denominado de 2ª geração, período de reestruturação do movimento, com a presença de novos atores, a partir da retomada das manifestações de rua e da reconstrução das entidades representativas. Este trabalho parte do pressuposto de que o movimento estudantil na década de 1970 assumiu uma posição de vanguarda na luta pelas liberdades democráticas, sendo o primeiro ator a sair às ruas de forma organizada. São levantadas, então, duas hipóteses: a primeira é que os estudantes conseguiram manter uma ação política sustentada, contribuindo para o processo de abertura política e de redemocratização; e a segunda é que a reestruturação do movimento ocorreu em razão de uma associação de fatores (aspectos internos e externos ao movimento), como a mudança na conjuntura política, econômica e social do país e os repertórios de protesto utilizados pelos estudantes. A investigação é feita com a utilização de fontes primárias, como arquivos da ditadura militar e acervos estudantis, e de fontes secundárias, como bibliografia e reportagens de veículos de comunicação. Teoricamente, o estudo utiliza os conceitos de “confronto político” e “estrutura de oportunidades políticas”, adotados em um projeto coletivo dos estudiosos contemporâneos Sidney Tarrow, Charles Tilly e Doug McAdam. Palavras-chave: Movimento social. Movimento estudantil. Confronto político. Protesto político. Ditadura militar.

27 Mestranda em Ciências Sociais na UNESP-FCLAr. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected]

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GÊNERO E POLÍTICA: OS CÍRCULOS DE CONTENÇÕES NA ESFERA LEGISLATIVA AMAPAENSE.

Giovanna Gabrielle Costa Lourinho28

Caio Araujo Bezerra² Resumo: A presente pesquisa visa analisar o comportamento político das bancadas que compuseram a VI, VII e VIII Legislatura da Assembleia Legislativa do Amapá (2011-2019), tendo como foco as parlamentares mulheres. Sendo assim, partimos do pressuposto da existência de um círculo de contenções (SANTOS, 2007) que orienta e restringe a participação das parlamentares, sustentados pela afirmação do androcentrismo estrutural no que tange o tripé político: instituição, deliberação e promulgação de leis no exercício de seus mandatos. Isto posto, uma das hipóteses norteadoras da pesquisa é a existência, ainda que implícita na estrutura política, de uma inclusão orientada da participação das parlamentares no processo político como um todo, englobando desde os pronunciamentos nas sessões da ALAP às atividades legislativas propriamente ditas, como a proposição de leis. Portanto, este trabalho tem como escopo principal investigar de que maneira se dá a atuação das deputadas estaduais na Assembleia Legislativa Amapaense (ALAP), bem como constatar a produção de proposições legislativas com pautas destinadas especificamente às mulheres e cotejá-las quantitativamente com as proposições de temáticas de outra natureza. Objetivamos assim, identificar quais assuntos as mulheres têm maior propensão a colocar em pauta nos debates parlamentares, partindo de uma análise orientada pelo critério de Soft, Middle and Hard Politic. Isto posto, utilizar-se-á como aparato metodológico, pesquisa na base de dados da ALAP para levantamento quantitativo de dados referentes às proposições dos anos de 2011 a 2019 seguida de análise de conteúdo e classificação das proposições para identificar aquelas destinadas especificamente às mulheres em relação às políticas gerais.

Palavras-chave: círculo de contenções; representação; ALAP.

28 Acadêmica de Sociologia pela Universidade Federal do Amapá. E-mail: [email protected]. ²Acadêmico de Ciências Sociais pela Universidade Federal do Amapá. E-mail: [email protected].

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AS INFLEXÕES DA DEMOCRACIA NO BRASIL: ENTRE EXCESSOS E EXCEÇÕES.

Marcos Aurelio Manaf29 Resumo: O presente trabalho trata de forma dialógica o modelo de sociedade democrática no Brasil contemporâneo, cujo brilho de seu verniz tem se desgastado ao longo das décadas, ora por questões de representatividade política (elitista), ora por pela legitimidade das ações políticas (excludentes), cujos anseios da população são postos em suspensão pela diminuição da participação-cidadã na tomada de decisões estruturantes(desiguais), para a promoção de oportunidades e igualdades sociais no Brasil. Os recentes acontecimentos na história do Brasil, precisamente a partir de 2013, vem sendo marcados por evidentes ilegalidades, perpetradas de forma sistêmica nos Poderes Executivo e Legislativo, em todas as esferas de governo, resvalando em vicissitudes no Judiciário. São fatos que rompem com o pensamento de Montesquieu (1680-1755) em que a democracia numa República, como forma de governo, deve haver virtude política (moral), uma vez que o povo age por seus ímpetos e não por seus desígnios, e quando corrompido pelo dinheiro, ou seja, quando afeiçoa-se ao dinheiro e não aos negócios públicos, não se preocupa com o governo e com o bem comum, mas com os valores que irá receber, como remuneração, sendo sempre um risco à república e à democracia. Tais ilícitos foram praticados por muitos políticos e por seus aliados, com participação de indivíduos da iniciativa privada, quando executavam ações corruptas por arranjos políticos em favor de terceiro e/ou desvios de recursos públicos de forma espúria, que usurpam a coisa pública e, cotidianamente, continuam sendo escancarados resultados de investigações policiais, de processos e embates de judiciais, e de outro lado, ora por decisões judiciais que favoreciam e favorecem investigados e condenados, ora por Decreto de indulto natalino dilatando benefícios aos presos por corrupção, ora em projetos de leis que alteraram e tem alterado direitos, historicamente conquistados, em franco retrocesso dos direitos sociais fundamentais, lançando a população à precarização do trabalho (rural e urbano), à reforma previdenciária com aumento de tempo e contribuição para aposentadoria, à fragilização e desmantelamento de políticas ambientais, contingenciamento e redução orçamentária em serviços de educação, pesquisa científica, saúde, etc., flexibilização do porte e posse de armas, com expectativas de aumento da violência urbana, dentre outras formas, sem qualquer escopo de que o Estado promoverá condições mínimas de segurança jurídica e de garantias do mínimo existencial à população. Palavras-chave: Democracia. Inflexões. Exceções. Excessos.

29 Doutorando em Ciências Sociais (UNESP-FCLAR Araraquara/SP). Mestre em Direitos Coletivos e Cidadania (UNAERP). Membro do Grupo de Pesquisa cadastrado no Diretório do CNPq: Direitos Coletivos, Pluralismo jurídico e exploração econômica da biodiversidade, vinculado à Universidade de Ribeirão Preto (SP). [email protected].

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Entre remendos, se faz inteira? A transformação do sistema político russo após o colapso soviético e a construção de uma democracia.

Nayara de Oliveira Wiira30

Resumo: A Federação Russa tem mantido um papel de destaque no cenário internacional, desempenhando uma atuação expressiva nos planos econômico, político e geoestratégico, ultrapassando sua área de influência regional e sendo incisiva no seu projeto de protagonismo global em contexto multipolar. Frente tal proeminência, torna-se evidente a necessidade de colocar o país como objeto de acompanhamento e pesquisa. Nesse sentido, o presente artigo volta-se para a década de 1990, período em que o país passou por um processo de reformas após o colapso da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 1991. Temos como objetivo a realização de um balanço das reformas políticas que foram introduzidas sob o governo de Boris Yeltsin (1991-1999), ponderando sobre como esse movimento funcionou como um meio de estruturação de um novo sistema político, que alegava a pretensão de adotar um modelo liberal e democrático, mas que acabou ganhando características próprias e bem específicas da realidade russa. Para alcançar tal objetivo, realizaremos uma análise qualitativa sobre a bibliografia produzida sobre o tema, buscando avançar a discussão. Podemos destacar que ainda durante o governo daquele que seria o último líder soviético, Mikhail Gorbachev (que governou a União Soviética de 1985 a 1991), foram introduzidas reformas políticas que tinham como objetivo uma flexibilização do sistema de controle soviético. Avançando na direção da liberalização e da democratização, o pacote de reformas que ficou conhecido como glasnost teve um papel determinante no desenlace dos processos que levaram ao colapso soviético, por liberarem forças políticas que ganharam espaço e que não puderam mais ser reprimidas. Após o fim do bloco soviético, essas forças não deixaram de existir, e tendo em vista a existência de um terreno aberto para construção de um novo sistema político, os conflitos se acirraram na disputa pela definição de como seria esse novo modelo. O discurso predominante dava indícios de que o modelo adotado seria o liberal democrático, característico dos governos ocidentais. Porém, no decorrer do trabalho deveremos apresentar as forças que incidem na moldagem do novo regime político russo – a tradição autoritária dos governos na Rússia e ausência de valores democráticos consolidados; as tendências de centralização e personificação do poder político; como a contínua repressão fez com que a sociedade civil fosse, basicamente, inexistente; a dificuldade de construir e institucionalizar as bases de uma democracia. Palavras-chave: Política russa. Transição política. Reformas democráticas. Governo Yeltsin.

30 Mestranda em Ciências Sociais no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP – Marília), linha de pesquisa “Relações Internacionais e Desenvolvimento”. Graduada em Relações Internacionais pela mesma instituição. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. [email protected]

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OS PARTIDOS POLÍTICOS E O SISTEMA ELEITORAL: PROCESSO HISTÓRICO BRASILEIRO E SEUS DESAFIOS HOJE

Rhuan Ribeiro COSTA31

Caroline Cardoso da COSTA32 Resumo: Este artigo tem como objetivo demonstrar a função teórica dos partidos políticos, contextualizando-a com o processo histórico do Brasil. Tendo em vista que os partidos políticos são essenciais para o funcionamento do regime democrático, sendo esses os porta vozes de seus representados, o presente trabalho apropriou-se da teoria das elites para demonstrar esse fenômeno. Para Tanto, foi utilizado uma revisão bibliografia que viabilizasse as análises sobre as transformações dos partidos políticos e o sistema eleitoral brasileiro ao longo dos anos. Desse modo, observou-se que o sistema eleitoral foi se otimizando ao longo do tempo e os partidos políticos foram sofrendo alterações nas suas configurações, de modo que, tanto o sistema eleitoral quanto os partidos vivenciaram mudanças que oscilavam entre: o surgimento, o fim e o ressurgimento após os regimes ditatoriais que existiram no Brasil. Percebe-se que, atualmente, os partidos políticos têm um novo desafio: encontrar sustentações, pois seus verdadeiros objetivos enquanto agente de representação de interesse foi colocado em contestação, outrossim, a relação eleitor e o sistema eleitoral está cada vez mais fragilizada como foi possível observar nas eleições de 2014 e 2018. A problemática ganha mais consistência quando analisado os índices de participação eleitoral. Sendo a democracia uma forma de governo na qual a liberdade de participação política é assegurada, a crise de representatividade pode advir do fato do esgotamento dos eleitores, um exemplo disso é a alta abstenção, votos nulos e brancos nas eleições. Em suma, a crise política não favorece o poder dos partidos nem das instituições e estes estão vivenciando às alterações de suas configurações estruturais, construindo novas táticas, enfrentando novos desafios para consolidarem sua representação. Demonstrando, portanto, que os partidos políticos e o sistema eleitoral são mutáveis e vivem em constantes modificações. Palavras-chave: Partidos Políticos. Representatividade. Sistema Eleitoral. Crise Política.

31Graduando em ciências sociais na Universidade Federal do Pará. Email: [email protected] 32Graduanda em ciências sociais na Universidade Federal do Pará. Email:[email protected]

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DEMOCRACIA E O DISCURSO DE ÓDIO NO PENSAMENTO POLÍTICO CONTEMPORÂNEO: UMA ANÁLISE DA VIOLÊNCIA À MINORIAS E GRUPOS

VULNERÁVEIS NO CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO

Rosana dos Santos Martins 33 João Leonardo Duarte Vieira34 Welberte Ferreira de Araújo35

Luci Helena Silva Martins36 Resumo: O presente artigo busca analisar a função democrática da liberdade de expressão à luz das teorias sobre liberdade de Ronald Dworkin e do dano do discurso de ódio de Jeremy Waldron. A partir dessas ideias será possível discutir como lidar com o discurso de ódio no pensamento político com relação às minorias e grupos vulneráveis no cenário político. Para isso, primeiramente faz-se a análise da liberdade no ordenamento jurídico brasileiro e a definição de liberdade de expressão e discurso de ódio sob o viés das teorias de Ronald Dworkin e Jeremy Waldron. Os autores debatem sobre o conceito de democracia e as consequências da proibição do discurso de ódio para a legitimidade da discussão política. Ronald Dworkin sustenta que qualquer tentativa do Estado de impor limites à discursos e manifestações de ódio em geral viola o direito fundamental universal à liberdade de expressão, afetando diretamente a legitimidade do processo democrático, ao passo que Jeremy Waldron sustenta que é preciso haver alguma restrição aos discursos de ódio como uma forma de assegurar os princípios e valores democráticos. Assim, busca-se discutir os pontos de vista dos dois autores e como tais ideias podem ser aplicadas nos possíveis casos de discursos de ódio no âmbito da política nacional contemporânea. Usou-se para a realização deste trabalho, o método hipotético-dedutivo mediante pesquisas bibliográficas. Diante do estudado, percebe-se a necessidade de coibir as manifestações de cunho odioso, porém usando de parâmetros bem definidos de limitação para que não ocorra o estreitamento dos espaços públicos de debate. Palavras-chave: discurso. ódio. democracia. liberdade. expressão.

33 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. CAPES. Unimontes. [email protected] 34 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Unimontes. [email protected] 35 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Unimontes. [email protected] 36 Doutora docente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Unimontes. [email protected].

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EFEITOS DA ALTERAÇÃO DA MAGNITUDE DO DISTRITO ELEITORAL NA CONSISTÊNCIA IDEOLÓGICA DAS COLIGAÇÕES PROPORCIONAIS

MUNICIPAIS

Victor Picchi Gandin37

Resumo: Esta pesquisa tem como objeto as coligações eleitorais proporcionais formadas visando a eleição de vereadores. Seu objetivo é verificar se mudanças na magnitude do distrito eleitoral (quantidade de cadeiras em disputa) afetam o comportamento partidário, no que diz respeito à consistência ideológica das coligações formadas. Nossa hipótese é a de que nas eleições em que há mais vagas em disputa a competitividade para a obtenção de uma cadeira é menor e os partidos políticos tendem a um comportamento ideologicamente mais consistente em suas coligações. Tomando por base o Estado de São Paulo, observamos as coligações proporcionais formadas em 2008 (quando ainda estava em vigência regramento que ocasionou uma redução da quantidade de vagas em várias Câmaras Municipais) e em 2012, a eleição municipal subsequente, na qual observou-se uma tendência geral de aumento no número de vagas, o que nos permite uma observação empírica das coligações em dois momentos distintos. Seguimos um desenho de pesquisa quase-experimental, observando se esta mudança existente nos valores de uma variável (magnitude do distrito) impactou sobre nossa variável dependente (consistência ideológica das coligações proporcionais), enquanto outras características (como as regras de nosso sistema eleitoral) mantiveram-se constantes. Conclui-se que nos municípios que aumentaram a magnitude o valor do quociente eleitoral diminuiu, sendo "mais fácil" aos partidos políticos a eleição de um vereador, independente do aumento no número de candidatos disputando. Esta menor competitividade, porém, não redundou automaticamente num comportamento coligacionista mais consistente. Por outro lado, o aumento da magnitude aparece como um fator que serviu em parte como “freio”, evitando manifestações maiores da chamada inconstência ideológica. Também notamos que, não apenas o aumento na magnitude, mas o tamanho deste aumento (se houve incremento moderado ou substancial na quantidade de cadeiras) também pode interferir na consistência ideológica das coligações proporcionais formadas em cada município. Palavras-chave: Coligações eleitorais. Consistência ideológica. Magnitude do distrito. Partidos políticos.

37 Graduado em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências e Letras – Unesp Araraquara. Cursando Mestrado em Ciência Política pelo PPGPol – Programa de Pós Graduação em Ciência Política da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES). E-mail: [email protected]

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(Des)Conectando a academia: a onda conservadora, ataques às universidades e a disputa em torno do Estado.

Michelle Ratton Sanchez Badin38;

Marta Rodriguez de Assis Machado39; Helena Hime Funari40

Resumo: A política ao redor do mundo vem se transformando com a ascensão de regimes de extrema-direita. Nesse contexto, tanto governos quanto grupos organizados da sociedade civil reivindicam a neutralidade de ensino nas escolas e universidades. O que isso significa? Quais são as narrativas relevantes por trás desses discursos? Quais medidas já foram adotadas nos diferentes poderes – legislativo, judiciário e executivo – contra a diversidades de ideias nas universidades? Como a academia, tanto no Brasil como ao redor do mundo, tem respondido a isso? No Brasil, o movimento “Escola sem Partido” foi criado em 2004 apresentando-se como “uma iniciativa conjunta de estudantes e pais preocupados com o grau de contaminação ideológica nas escolas brasileiras”. Aliando-se às igrejas e à Bancada Evangélica, o movimento teve por alvo planos de educação, bem como, desde 2014, propôs mais de 91 projetos de lei em âmbito federal, estadual e municipal. Em relação ao Judiciário, a justiça eleitoral, durante as eleições de 2018, foi responsável pela emissão de mandados de busca e apreensão e de ordens que impediram a realização de palestras e aulas nas universidades por considerar que estas faziam propaganda eleitoral. A discussão chega ao Supremo Tribunal Federal, o qual, às vésperas das eleições, cancela as decisões da justiça eleitoral sob o argumento de violação da liberdade de pensamento e de ensino. Por fim, no que toca ao Executivo, desde o início do governo Bolsonaro, o Ministério da Educação cortou verbas destinadas às universidades e a bolsas de pós-graduação, alegando necessidade de contenção de gastos e tendo por alvo principal os cursos de humanas. Essas ações colocam a academia como um dos principais alvos do atual governo, trazendo desafios às universidades e sobre qual narrativa queremos construir em relação ao ensino e a pesquisa. Nosso objetivo é coletar dados de diversos países que encontrem o mesmo desafio atualmente enfrentado pelo Brasil em que governos defendem uma despolitização das universidades, de modo a compreender como diferentes esferas do Estado têm sido mobilizadas para restringir a liberdade de ensino. Ademais, buscamos compreender como a academia tem reagido a essas investidas tanto internamente – oferecendo suporte aos seus alunos e docentes – como externamente – fortalecendo seus laços com outras universidades e desenvolvendo uma rede para compartilhar experiências e valores.

Palavras-chave: Neutralidade de Ensino. Universidades. Estado. Narrativas.

38 Professora da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, FGV Direito SP. E-mail: [email protected] 39 Professora da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, FGV Direito SP. E-mail: [email protected] 40 Mestranda no Departamento de Ciência Política da FFLCH-USP. E-mail: [email protected]

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Descentrando as Ciências Sociais a partir do pensamento afrodiaspórico. Uma análise empírica do imaginário dos discentes da Universidade Federal de São Carlos

Iberê Araujo da Conceição; João Felipe Gomes Carvalho 41 Resumo: As teorias pós-colonais e decoloniais inferem que as Ciências Sociais se constituíram como uma expressão formalizada do pensamento ocidental moderno, portanto, co-criadora da racionalidade e subjetividade imperial-moderna-colonial. Tal parecer intensifica as tensões políticas em torno do currículo das ciências sociais, contudo, poucos estudos tem investigado se tais mudanças curriculares tem ocorrido no Brasil e sua relação com o perfil do corpo discente. Este trabalho é resultado da disciplina de Pesquisa Quantitativa no curso de Ciências Socias na Universidade Federal de São Carlos em 2018. Pretendemos observar se cursar disciplinas específicas do tema, questões de gênero e raça influenciam nos imaginários históricos e sociológicos dos estudantes sobre temas-chave no pensamento transnacional negro. Utilizamos a metodologia quantitativa, no qual aplicamos questionários aleatoriamente nos intervalos de aula das turmas de Ciências Sociais na mesma instituição e submetemos os resultados à analise quantitativa. As perguntas selecionadas versavam sobre o papel do racismo no capitalismo brasileiro; sobre a utilização do termo etnia como estratégia de combate ao racismo; sobre o surgimento da ciência no continente africano; sobre os determinantes do fim da escravidão. Os resultados nos permitiram concluir que a realização de disciplinas específicas sobre as temáticas étnico-raciais e da diferença são significativas para divergências nas disposições cognitivas. Também percebemos que a diferença de gênero responde à clivagem mais significativa e estatisticamente relevante no que diz respeito às posições sociais dos discentes. Além disso, destacamos que a identificação racial dos discentes demonstrou tendência a posicionamentos distintos entre os polos, no entanto, provavelmente, devido ao baixo número de estudantes negros e indígenas não observou-se diferença estatisticamente relevante. Tais achados nos permitem realizar três reflexões: a mudança curricular – obrigatoriedade de disciplinas específicas – ajuda reposicionar os eventos do colonialismo e da escravidão na constituição do capitalismo e da modernidade; segundo que a opressão de gênero acaba sendo uma janela para a alteridade para a opressão racial, ou seja, mulheres tem mais chance de ter contato com as pautas do transnacionalismo negro; por último, as ações afirmativas no ensino superior para negros e indígenas podem ser a ponta de lança para a descolonização das Ciências Sociais, operando através do corpo-geopolítica do conhecimento, que subvertem seu histórico posicionamento de objetos para sujeitos. No entanto, tal política deve vir acompanhada por uma revisão estrutural do currículo, isso significa reinterpretar as teorias, conceitos e categorias analíticas de forma não-eurocêntrica, permitindo um novo tipo de imaginação sociológica rumo a uma sociologia global. Palavras-chave: Ciências Sociais e Colonialismo; Sociologia da Diferença; Transnacionalismo Negro; Pensamento Afrodiaspórico; Ações Afirmativas.

41 Iberê Araujo da Conceição: Bacharel em Ciências Biomédicas pela Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”. Mestrando em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos. [email protected] ; João Felipe Gomes Carvalho: Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos. [email protected]

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UM ESTUDO SOBRE A EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES NO BRASIL A PARTIR DA REFORMA UNIVERSITÁRIA DE 1968

Janaina de Oliveira42

Natalia Maria Casagrande43

Resumo: O trabalho tem como objetivo apresentar os resultados parciais de pesquisa sobre a Expansão do Ensino Superior (ES) brasileiro, o qual sofreu diversas reformas em sua estrutura, iniciando pela Reforma Universitária de 1968. Entre as principais características do ES está o processo de privatização das instituições e o desenvolvimento de instituições de pequeno porte. Assim, até a década de 1960, o ES no Brasil era predominantemente público, financiado pelo Estado e gratuito, mas abrangia apenas uma reduzida parcela da população. As políticas educacionais implantadas durante a Ditadura Militar imprimiram uma outra dinâmica a este nível de ensino, a partir de um discreto processo de expansão que, por sua vez, se concentrava no setor privado. Com efeito, o contexto pós-reforma do Ensino Superior demonstrou que as matrículas de graduação nas faculdades públicas cresceram significativamente, mas não foram suficientes para atender a população urbana, além do seu ingresso ser restrito. O acesso às universidades no Brasil, sobretudo as públicas e/ou as particulares (com oferta de cursos de qualidade e mensalidades caras) desde suas criações sempre prevaleceu a lógica da reprodução social. Isto é, o acesso é limitado às classes sociais que tinham capital econômico para financiar os estudos, tornando um campo favorável ao início da expansão da rede privada no país, possibilitando atender aqueles que não conseguiam ingressar nas universidades públicas e ficavam excluídos dos estudos após o término do atual Ensino Médio. As universidades particulares, inseridas no contexto descrito acima, deixaram muito claro que possuíam abertamente fins lucrativos, ou seja, são “empresas educacionais”, oferecendo produtos e serviços de acordo com a demanda do mercado. Isto enfatiza que o seu funcionamento é similar de qualquer outra empresa, vender um produto, possuir competição no mercado e, como propósito final, obter lucro, as quais foram denominadas de “universidades mercantis”. Posteriormente, destaca-se que o ES, com o respaldo da Constituição Federal de 1988 e da LDBEN, nº9394/1966 por meio do princípio de autonomia, insere-se na lógica de oferecimento de educação como serviço comercial por empresas de capital aberto e ações na Bolsa de Valores, produzindo uma mercantilização e massificação do setor.

Palavras-chave: Ensino Superior. Mercantilização do Ensino. Ensino Privado. Legislação. Investimento do Setor.

42Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da FCL-Ar/UNESP. Araraquara-SP. E-mail: [email protected] 43Mestre em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da FCL-Ar/UNESP. Araraquara-SP. E-mail: [email protected]

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A PLATAFORMA DE APRENDIZAGEM MOODLE E O EMPODERAMENTO DOCENTE: Pretensão Que Se Realiza?

Juliana Rossi Duci44

Resumo: A comunicação proposta versa sobre a autoridade pedagógica docente e sua tendencial metamorfose consubstanciada pela autoridade tecnológica característica da racionalidade contemporânea. De modo a contribuir com a reflexão sobre a construção e participação na vida pública e as diversas formas culturais que a permeiam, o debate sobre a noção de autoridade e sua manifestação nas relações pedagógicas mediadas pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) pode aportar elementos de análise crítica aos processos de adaptação que a instituição escolar e universitária estão realizando na atualidade. A partir do suporte teórico da primeira geração da Teoria Crítica da Sociedade e dos princípios e procedimentos metodológicos da Hermenêutica Objetiva desenvolvida por Ulrich Oevermann, apresentamos a análise empírica do caso “slogan” da plataforma de aprendizagem online Moodle: “empowering educators to improve our world”. A partir da questão norteadora: qual o sentido de empoderamento que a plataforma de aprendizagem Moodle atribuiu à autoridade pedagógica docente, lançamos mão dos procedimentos metodológicos para desvelar o sentido latente do caso em análise a fim de refletir sobre o impacto que as transformações da prática docente sofreu pelas determinações da lógica da tecnologia informática, a qual reforça a retórica do irrefreável progresso a partir de sua incorporação no campo educacional. O resultado desta análise, que é apenas um recorte uma discussão mais ampla sobre a noção de autoridade no contemporâneo, evidencia a mutação sofrida pela autoridade pedagógica docente. Agora, sua prática alinhada às exigências da racionalidade neoliberal de gestão de dados e informações manifesta nos aparatos tecnológicos de mediação educacional (plataforma Moodle) parece apenas existir a partir da permissão, ou melhor do “empoderamento” que tal lógica tecnicodigital oferece aos professores. Estes, para se adequarem às demandas da instituição escolar/acadêmica cada vez mais ajustada à racionalidade neoliberal e à lógica da tecnologia informática, devem ser “empoderados” de modo a manterem sua existência profissional, desde que contribuam – na maneira esperada – na manutenção e melhoria do mundo em que vivemos. Palavras-chave: Autoridade. Moodle. Tecnologia. Teoria Crítica da Sociedade

44 Doutoranda em Educação Escolar. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Universidade Estadual Paulista (UNESP). E-mail: [email protected]

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RESISITR E APRENDER: FOME, EDUCAÇÃO NÃO ESCOLAR E POLÍTICA NA PERIFERIA DE RIBEIRÃO PRETO

Lucas Alexandre Pires45

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo expor a realidade de crianças, adolescentes e jovens da periferia de Ribeirão Preto, moradores da Comunidade Vida Nova, antiga Favela da AIDs, no que tange aos seus processos educativos orgânicos e suportes que os ensinam a resistir ao peso da dura realidade na qual estão imersos, cercados pela violência do tráfico e a vigilância do Comando (lideranças locais ligadas tanto ao MST quanto ao PCC). Para além destes processos educativos orgânicos, a fome e a sede também ensinam tais indivíduos a mobilizar seus escassos recursos e buscar a inserção em programas governamentais de assistência social e de ONGs, a fim de adquirir novas referências, recursos e suportes. Descrevo, também, uma série de experiências locais do enfrentamento da miséria onde, na perspectiva local, o aprender via inserção das crianças, adolescentes e jovens está estritamente ligado ao resistir, principalmente no que tange a aquisição de alimento como a merenda da escola, o sopão e o lanche oferecidos pelos ONGs que tangenciam as margens da comunidade. Por fim, analiso estas experiências em conjunto com outros dados através da Sociologia do indivíduo de Danilo Martuccelli, demonstrando que ao munirem-se de recursos para resistir em uma realidade opressora, meus sujeitos também aprendem a engajar-se politicamente, seja dentro da própria comunidade através das redes de solidariedade e reciprocidade, seja fora, com o uso da fala franca em espaços de educação não escolar nos quais se inserem. Palavras-chave: Fome. Educação. Política. Sociologia do indivíduo.

45 Mestre em Antropologia Social pelo PPGAS UFSCar. E-mail: [email protected]

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AS COTAS PARA NEGROS NAS UNIVERSIDADES NO CONTEXTO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018

Marcelo Barbosa Santos46

Resumo: O presente artigo é resultado de estudos no campo das subjetividades e ideologias relacionadas ao processo de implementação das ações afirmativas no Brasil. Para este texto, realizou-se análise sobre o posicionamento da totalidade dos presidenciáveis nas eleições 2018 no que concerne à política de cotas sociais/raciais nas universidades públicas brasileiras. A reflexão teve como base os programas de governo entregues ao Tribunal Superior Eleitoral - TSE, discursos políticos, pronunciamentos públicos e declarações à imprensa dos candidatos sobre o tema. A partir dessas manifestações buscou-se entender como os candidatos se situavam diante das perspectivas de modernidade e desenvolvimento do Brasil. O processo de análise considerou os cortes de raça/cor dos candidatos e do espectro político esquerda/direita, enfatizando os posicionamentos ideológicos partidários e das candidaturas. Do ponto de vista teórico, foram utilizadas as formulações sociológicas sobre o poder simbólico na construção do discurso político, associadas às reflexões do processo de modernização e desenvolvimento econômico e suas abordagens no pensamento social brasileiro. Por meio de metodologia qualitativa, as análises contaram como fonte, registros publicados tanto em órgãos oficiais de Estado como na esfera pública - documentos de domínio público ‘não-arquivado’: artigos e matérias de jornais, revistas e páginas eletrônicas; documentos partidários e redes sociais; além de pesquisa bibliográfica concentrada sobre relações raciais, histórico das ações afirmativas, desenvolvimento econômico e eleições no Brasil. Palavras-chave: Eleições 2018. Cotas nas universidades. Modernização. Inclusão.

46 Doutorando em Política Social – Universidade Federal Fluminense – Email: [email protected]

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GRÊMIO ESTUDANTIL, ESCOLA E EDUCAÇÃO POLÍTICA: EXPERIÊNCIA NO IFSP DE ARARAQUARA/SP

Amanda de T. Trentin; Daniela G. Sugahara; Simone Braghin; Vitor Urias47 Co-autora: Geovânia da Silva Toscano 48

Resumo: Pensar em uma sociedade democrática é refletir sobre a preparação para a cidadania, e, portanto, em instituições sólidas que sejam capazes de promover a formação de cidadãos esclarecidos, fornecendo à grandes massas incorporadas à participação pública, uma educação política, com instruções que lhes permitam não somente compor um corpo eleitorado, mas também atuar enquanto uma população consciente sobre o seu papel na construção de uma sociedade que não se basta pela coerção, ao utilizar os mecanismos intrínsecos à democracia como o diálogo para a construção do consenso, através de uma educação crítica e emancipatória universalizada. No cerne dessas explanações e a fim de analisar as práticas de mecanismos políticos que se dão nos espaços de conhecimento cotidiano, o presente projeto sobre grêmio estudantil, escola e educação política, foi realizado com a elaboração de uma oficina que buscou ensinar para uma parte jovem da população a identificar, se aproximar e a compreender a importância da educação política. A oficina foi realizada no ano de 2019, por alunos da graduação da Unesp de Araraquara sob a orientação de professores da disciplina Ciências Sociais e Educação: Diálogos com a política, ofertada pelo Curso de Ciências Sociais pela Faculdades de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara e aplicada no Instituto Federal do campus de Araraquara, e obteve dados significativos para entender qual a percepção da política entre jovens do ensino médio. Palavras-chave: Grêmio Estudantil. Escola. Educação. Política. Democracia.

47Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências e Letras, Araraquara - SP - Brasil. Graduandos do curso Ciências Sociais. [email protected] 48Professora das Ciências Sociais na UFPB, Pesquisadora do LabPol pela Unesp – FCLAr.

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A EDUCAÇÃO COMO DEMANDA DAS JUVENTUDES: TRÊS MOMENTOS DISTINTOS

Dayane Aparecida dos Santos49

Resumo: Partindo do cenário recente em que novamente a educação torna-se objeto de debates e discussão pública, que expressa através de diversos atores políticos diferentes, anseios e perspectivas dos rumos que se deve seguir, bem como, compreendendo que este contexto apresenta elementos que apontam como ponto de inflexão na história da educação pública brasileira, este trabalho objetiva refletir a partir de outros dois momentos de reformas da educação superior pública brasileira (1968 e 2007) i) qual foi o papel da educação na construção da identidade nacional e ii) qual o papel dos movimentos de juventude nesses contextos e um terceiro momento, quando das conferências nacionais o deslocamento na centralidade das reivindicações juvenis no que se refere a educação. Utilizando de pesquisa documental, pretende-se mapear os principais elementos que caracterizavam as reformas do período recortado, bem como, os atores políticos e os argumentos empregados a favor ou contra as reformas, ou seja, os interesses e as influências que se apresentavam nas propostas de reformas da educação superior publica brasileira. Palavras-chave: Reformas Educacionais. Movimento de Juventude. Ensino Superior.

49 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia/UFSCar. Bolsista Capes. [email protected]

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EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA JUVENTUDE NO ESPAÇO ESCOLAR

Geovânia da Silva Toscano50 Resumo: Desde junho de 2013 – quando a fissura com a política institucional no Brasil tornou-se mais evidente –, o que se constata entre os jovens é uma profunda exasperação com relação à situação política do país. Sinteticamente, o que se observa desde então é o crescimento da indignação, mas sem que isso necessariamente signifique maior disposição para a compreensão da vida política democrática. Identifica-se nesta pesquisa a necessidade de implementação da Educação Política no âmbito escolar demandada por jovens, essa sendo aqui apontada como aquela que possa colaborar na formação de cidadãos ativos, participantes que tenham a capacidade de escolher, julgar, e assim, corroborar para a democracia. Como procedimento metodológico realizou-se: levantamento bibliográfico sobre educação política, juventude, participação; aproximação com escolas públicas da cidade de Araraquara/SP a partir da parceria da disciplina Ciências Sociais e Educação: diálogos com a ciência política e o Programa Residência Pedagógica, vinculados ao curso de graduação em Ciências Sociais na UNESP no semestre 20191. Com relação à pesquisa de campo, organizou-se encontros com gestores e professores, a apresentação de um pré-projeto pesquisa-ação, a aplicação de questionários com jovens do 2º ano do ensino médio com de três escolas públicas da cidade de Araraquara/SP: duas estaduais e um instituto federal. Obteve-se a partir dos 129 questionários aplicados os seguintes resultados: os jovens obtém informações sobre política pelas redes sociais, com amigos e nas escolas; 14,9% participa de grupos religiosos, 14% de projetos esportivos, 13,2% de comunidades virtuais; 62% ouve sobre política em casa; 65% aponta a educação política como necessária a escola; 52% concorda que os partidos políticos são importantes para a sociedade; 80% considera que a participação política dos cidadãos é importante para a mudança social. Constata-se a necessidade de agir na dimensão institucional, buscando a aproximação entre a universidade e as escolas de ensino médio, assim como com os demais setores interessados no fortalecimento de uma cultura política aberta à ampliação da democracia pela alternativa da educação política no espaço escolar. Esta pesquisa está vinculada as ações desenvolvidas pelo Laboratório de Política e Governo (LabPol) da UNESP/Araraquara/SP. . Palavras-chave: educação política, juventude, participação, espaço escolar,

50 Doutora em Ciências Sociais, professora da UFPB, Pós-doutoranda vinculada ao Laboratório de Política e Governo - LabPol/UNESP

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EDUCAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE DOUTRINAÇÃO: A DITADUTA E AS UNIVERSIDADES NO BRASIL

Lindsey de Oliveira Corrêa51

Resumo: Este trabalho tem por objetivo compor o conjunto de debates da recém acessa crise das Universidades públicas brasileiras. Tal discussão encontra sua relevância e urgência no atual cenário de instabilidade e desincentivo dessas instituições. Para alcançar este objetivo de análise será estabelecido aqui um panorama histórico realçando as principais mudanças ocorridas no Ensino Superior dentro dos aproximadamente 20 anos de governo que compõe a ditadura civil-militar brasileira. Uma dessas mudanças, por exemplo, é a Reforma Universitária estabelecida pela Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968 durante o governo Costa e Silva que modificou todo o enfoque das Universidades. A partir dessa contextualização será desenvolvida uma reflexão sobre a posição de xeque das Universidades que por um lado são vistas como detentoras de um enorme potencial subversivo, sofrendo constante repressão do governo e por outro lado são entendidas também como instrumentos capazes de proporcionar uma mudança ideológica e legitimadora tão ambicionada pelo regime da época. Por fim pretende-se revelar algumas semelhanças entre o passado supracitado das Universidades e sua atual disposição na conjuntura política brasileira que muito recentemente promoveu enormes “cortes” orçamentários, e dentre outras meditas, sancionou o Decreto Número 9.794, de 14 de maio de 2019 que viola a autonomia universitária prevista no artigo 207 da Constituição Federal, ao retirar das reitorias das universidades públicas a indicação de vice-reitores, pró-reitores e outros cargos de gestão, deixando-os sob o aval dos ministros da Educação e da Casa Civil.

Palavras-chave: Educação. Universidade. Autoritarismo. Doutrinação.

51 Lindsey de Oliveira Corrêa é aluna no PPGH – nível mestrado - em História Social pela UFF – Universidade Federal Fluminense. E-mail: [email protected]

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SER PROFESSOR-PESQUISADOR: CIENTISTAS SOCIAIS E PRODUTIVISMO ACADÊMICO NAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS PAULISTAS

Lívia Bocalon Pires de Moraes52

Resumo: A presente proposta refere-se a uma pesquisa de doutorado iniciada este ano, que parte da compreensão da racionalidade neoliberal como sistema normativo presente nas práticas governamentais e nas políticas institucionais que estende a lógica mercantil para além do mercado, por meio da intervenção estatal com vistas a moldar politicamente relações econômicas e sociais, reforçando a concorrência e introduzindo-a em espaços cujas normas de conduta não são regidas por ela. Ocorre uma mercadorização da instituição pública, compelida a funcionar conforme regras empresariais, aplicadas a domínios aparentemente heterogêneos à avaliação quantitativa de desempenho, como as universidades. Nesse contexto, empregam-se novos dispositivos de controle, que contribuem para a mudança de percepção das tarefas a serem cumpridas, e para a valorização ou desvalorização de determinados aspectos da atividade acadêmica, negando a dimensão moral e política do compromisso dos professores-pesquisadores com uma profissão alicerçada sobre valores próprios. A pesquisa tem como objetivo analisar os significados atribuídos à sua atuação profissional por cientistas sociais que são professores-pesquisadores na pós-graduação em sociologia e/ou ciências sociais nas universidades estaduais paulistas, investigando em que medida tais significados são permeados pela sociabilidade produtiva, e buscando compreender que valores e juízos de valor estão presentes e são acionados em seu fazer cotidiano, e como configuram seu senso profissional e político-social em um contexto de produtivismo acadêmico. Nesse sentido, adota como principal embasamento teórico-metodológico a obra de Pierre Bourdieu, sobretudo os conceitos de campo, habitus, representação e doxa, com o intuito de entender as relações entre a produção da crença coletiva nos fundamentos e normas de produção e disputa no campo científico-acadêmico das ciências sociais, e a intervenção de crenças e diretrizes não propriamente científicas, o que contribui para a possível heteronomia deste espaço social, impactando diretamente as ações e representações de seus agentes. Para tal, emprega como procedimentos metodológicos o levantamento e revisão bibliográficos sobre os temas trabalho, educação superior e produção da subjetividade na contemporaneidade; a análise de documentos oficiais que apresentem a organização dos programas de pós-graduação estudados, e da legislação que regulamenta a pós-graduação no país; a aplicação de questionários acerca da trajetória profissional-acadêmica e do ambiente institucional de trabalho dos sujeitos da pesquisa; e entrevistas semiestruturadas com professores-pesquisadores de todos os programas, cujos perfis contribuam para apreender a diversidade de trajetórias e representações presentes no espaço social estudado, aprofundando os temas tratados no questionário. Palavras-chave: Ciências sociais. Pós-graduação. Produtivismo acadêmico.

52 Doutoranda no programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected]

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A SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: ESTUDANDO O CONCEITO DE CIDADANIA A PARTIR DA PEDAGOGIA HISTÓRICO CRÍTICA

Michel Gustavo de Almeida Silva53

Resumo: Esse trabalho está sendo desenvolvido a partir da reflexão crítica do professor sobre o seu trabalho em sala de aula e das dificuldades surgidas na relação professor-aluno no ensino aprendizagem de Sociologia, sobre a perspectiva histórica do ensino de Sociologia desde os Pareceres de Rui Barbosa, de 1882, até a Lei do Novo Ensino Médio 2017 afim de compreender e contextualizar o ensino de Sociologia na Educação Básica do Brasil e da necessidade de buscar possibilidades pedagógicas para dinamizar o trabalho docente. Pretendeu-se verificar em que sentido a Pedagogia Histórico-Crítica (PHC), de Demerval Saviani pode servir como fundamentação metodológica para o ensino de Sociologia no Ensino Médio e se o seu método ser eficaz para a promoção de aprendizagem significativa do conteúdo da Sociologia: Cidadania e suas categorias: democracia, movimentos sociais, participação política, cultura política, etc. bem como desenvolver um objeto de aprendizagem (produto); uma sequência didática pautada nos cinco momentos propostos por tal método, sendo eles: prática social, problematização, instrumentalização, catarse e prática social final. Esse método (PHC) norteou a elaboração e a construção do nosso produto; material didático digital, destinado à alunos do 3º Ano do Ensino Médio, que é fruto da minha dissertação de Mestrado. A pesquisa está em andamento na escola E. E. Prof. Sebastião Inoc Assumpção, de Arealva-SP bem como o desenvolvimento do objeto de aprendizagem Palavras-chave: Ensino de Sociologia. Pedagogia Histórico Crítica. Educação emancipatória, Cultura Política e Cidadania.

53 Mestrando em Educação pela UNESP, Licenciado em Filosofia pela Universidade Metodista de São Paulo, Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade Metropolitana de Santos e Especialização em Metodologia de Ensino de Filosofia e Sociologia pela Faculdade de Educação São Luís e Segunda Licenciatura em Ciências Sociais pela Unifran. Email: [email protected]

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O CORTIÇO: DESNATURALIZANDO PRÁTICAS DE ENSINO

Crisliane Aparecida Falchetti 54 Resumo: O movimento de entradas e saídas da Sociologia no núcleo de disciplinas obrigatórias do Ensino Secundário, hoje chamado de Ensino Médio, remete à dificuldade de transpor os conteúdos de uma ciência com tradição acadêmica para um nível de ensino que ainda não conta com a familiaridade da disciplina. Reconhecendo a necessidade de se pensar a Sociologia junto aos métodos de ensino, o objetivo deste trabalho é explorar as potencialidades da Literatura para a compreensão sociológica. Como uma proposição de projeto de pesquisa, visa-se iniciar este trabalho com a recuperação de algumas das principais perspectivas sociológicas lançadas sobre o fenômeno da arte. Como uma segunda parte da pesquisa, será feita a análise da obra O Cortiço, de Aluísio Azevedo, à luz do método de Karel Kosik, a dialética do concreto. A partir desta escolha de objeto, as relações com o conhecimento sociológico serão estabelecidas a partir do Programa São Paulo faz Escola, material que hoje unifica o currículo de ensino em todo Estado. Ao valer-se de um método de desmistificação do mundo das aparências, a abordagem da obra visará estabelecer as relações pertinentes ao processo de produção de conhecimento em Sociologia a partir da categoria da totalidade. Como objeto representativo das possibilidades de ensino de Sociologia a partir da Literatura, esta pesquisa procurará contribuir com o debate a respeito das possibilidades de contato entre a Sociologia e a Arte e, mais especificamente, entre a Sociologia e a Educação, colaborando com novas práticas de ensino. Palavras-chave: Literatura. Sociologia. Educação.

54 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia em Rede Nacional. Unesp Marília. E-mail: [email protected]

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A FLECHA DE DEUS: TEMPO, HIBRIDIZAÇÃO E CULTURA NA LITERATURA PÓS-COLONIAL

Gabriela Monteiro da Costa55

Resumo: Este artigo irá analisar as relações entre Europa e África, entre metrópole e colônia, através da literatura produzida entre as décadas de 1950 e 1960 por Chinua Achebe, considerado um dos mais proeminentes escritores nigerianos da contemporaneidade. A leitura dessa relação tem por referencia a obra de Edward Said, Cultura e Imperialismo (1993), na qual o autor analisa algumas das principais obras literárias do século XIX, como Coração das Trevas, de Joseph Conrad. Em seu livro, Said destaca os aspectos conscientemente imperialistas da cultura europeia. Onde a ideia de superioridade é naturalizada frente a cultura dos “selvagens” africanos, vista como menor, menos complexa, primitiva etc. Utilizaremos como objeto de analise o romance A flecha de Deus (1964) que compõe, juntamente com O mundo se despedaça (1958) e A paz dura pouco (1960), uma espécie de universo literário em que o autor aborda como eixo temático a chegada do europeu – nesse caso específico, o inglês – até sua instalação em terras africanas. Desse encontro entre culturas muito diferentes surgem conflitos variados. Nesse artigo vamos dedicar maior espaço de análise para dois desses conflitos. O primeiro deles diz respeito a percepção e organização temporal de cada sociedade. O segundo conflito está diretamente relacionado com o autor do romance e sua geração, o surgimento do híbrido na sociedade colonizada. Achebe, nascido na década de 1930, sob o domínio inglês na hoje Nigéria, cresceu em uma sociedade que partilhava das duas culturas, a nativa e a inglesa. Em A flecha de Deus, é Oduche o personagem que compartilha desse princípio de hibridização, causando muita estranheza nos seus pares nativos e representando uma oportunidade de cristianização para o europeu, portanto justificando a presença do colonizador no continente. Vale destacar que Achebe publica seus principais romances durante um momento de ruptura na Nigéria e em grande parte do território africano, qual seja, durante os processos de independência. Portanto, mais do que obras literárias autônomas, a produção de Achebe é uma análise profunda da sociedade nigeriana a partir do encontro com o homem branco. Colocando em pé de igualdade duas culturas extremamente complexas e ricas, possuidoras de códigos morais e religiosidades próprias, e que, ao se encontrarem, geram novas ideias e problemáticas características desse período.

Palavras-chave: literatura; Chinua Achebe; hibridização; imperialismo; cultura.

55 Mestranda. Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense (PPGH-UFF). [email protected]

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Subjetividade, memória e formas de expressão na música popular gravada no início do século XXI

Lucas Bernasconi Jardim56

Resumo: Nos anos 1990 e no início do século XXI, consolidou-se no Brasil uma indústria cultural compatível com o padrão de desenvolvimento integrado ao capitalismo global em situação periférica. Assim, a indústria cultural no Brasil, que toma corpo com a construção da infra-estrutura da rede televisiva no período da ditadura, e já existia de forma menos integrada e presente na vida social nos tempos do rádio, foi reestruturada e transformada em uma indústria cultural digital, presente de ponta a ponta no território nacional, com linguagem alinhada às tendências da globalização neoliberal. Dentro da produção cultural, nenhum outro produto parece ser hoje tão presente na vida cotidiana quanto a música, e a forma musical hegemônica é a canção de sucesso, os hits. Esta presença da canção a torna um objeto privilegiado para se pensar 1) a centralidade da subjetividade para a dominação social e, por outro lado, para a resistência e a emergência do novo, 2) a reordenação da lógica da formação de repertórios e de referências, e portanto da memória musical dentro do universo do cancioneiro gravado, e 3) as formas de expressão dos valores desta sociedade, tais como o sucesso, a felicidade, a competitividade, etc, sua afirmação ou negação sob as mais variadas formas. O objetivo do trabalho é, portanto, a partir da análise de canções relevantes em diferentes momentos históricos, apreender aspectos da transformação social que se operou nas últimas décadas, com ênfase para as três dimensões acima. Buscando nesta análise os nexos entre música e sociedade, propõe-se que a consolidação da indústria cultural implicou não somente uma reestruturação da forma de se produzir e divulgar música gravada, mas uma reinterpretação e uma reutilização seletiva do legado da produção de momentos passados, assim como uma readequação ao atual contexto histórico dos valores, das narrativas, dos sentimentos, das emoções, e de suas formas de expressão representadas nos produtos da indústria cultural. Compõe-se, neste processo, um novo imaginário social, um novo enquadramento ideológico, que tanto reproduz os padrões de dominação quanto renova as brechas de resistência possível. Palavras-chave: música popular, indústria cultural, subjetividade, memória, expressão

56 Pós-graduando da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara, Doutorando em Ciências Sociais, bolsista do CNPq. E-mail de contato: [email protected]

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NOVOS(AS) GATEKEEPERS DA LITERATURA: OS(AS) AGENTES LITERÁRIOS(AS)

Marcello Giovanni Pocai Stella57

Resumo: Um(a) novo(a) profissional ganhou centralidade no mundo literário no final do século XX e início do século XXI. Nesse período o Brasil começou a ver surgir mediadores chamados agentes literários, que mudaram o panorama das negociações de direitos autorais e também alteraram os fluxos e dinâmicas da circulação transnacional de obras literárias. No país nos anos 1930/1940 os primeiros agentes foram, sobretudo, estrangeiros que deram pontapé a profissão que inexistia por aqui. Já nos anos 1990/2000 começaram a surgir às primeiras agências criadas e geridas por brasileiros(as). Estas tiveram e tem cada vez mais papel de destaque na representação de autores e por muitas vezes assumindo tarefas antes exclusivas dos editores: descoberta de novos(as) escritores(as), trabalho de edição, marketing e promoção de livros, etc. Esta comunicação se baseia em entrevistas semi-diretivas realizadas com algumas agentes literárias brasileiras, na qual levantou-se seus dados biográficos e buscou-se a realização de uma biografia coletiva (prosopografia) para melhor compreender as trajetórias sociais desses novos(as) agentes no campo literário, suas posições, disposições e tomadas de posição. Para realizar esta pesquisa em primeiro lugar procedi a um levantamento de agências literárias brasileiras, chegando a um primeiro conjunto de empresas: Agência Riff, Villas-Boas & Moss (VB&M), MTS (Marianna Teixeira Soares), Increasy Consultoria Literária, Pagina da Cultura Agencia Literaria Ideias Sobre Linhas, Oasys Cultural, Bookcase, H. Katia Schumer, Agência Página 7, O Agente Literário, Mertin Literary Agency, BookOffice (BookTailors), Ilídio Matos, Agência das Letras, Karin Schindler Agência Literária, Paul Christoph Agency, AMS Agenciamentos, Vikings of Brazil, Anja Saile Literary Agency. Este levantamento de agências foi realizado pela internet em sua maior parte e a partir de entrevistas com 6 agentes literários (Lúcia Riff, Luciana Villas-Boas, Pasi Loman, Valéria Martins, Nicole Witt e Flavia Viotti) perguntei a eles(as) as principais agências que cuidavam de autores de língua portuguesa ou brasileiros(as). Como não possuem uma associação que centralize seu registro e cadastro esse conjunto é possivelmente subestimado, já que um(a) agente pode trabalhar autonomamente de sua própria casa e há também agências de língua inglesa ou outros idiomas que possuem escritórios no Brasil e eventualmente podem representar autores locais no próprio país e fora dele. Contudo acredito que o painel construído seja representativo embora não exaustivo de como esses profissionais vem atuando e como mudaram a forma de funcionamento do campo literário.

Palavras-chave: Agentes literários. Campo literário. Literatura brasileira. Sociologia da literatura. Mediadores literários.

57 Doutorando em Sociologia. Agência financiador: FAPESP. USP. E-mail [email protected]

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MEMÓRIA E DISCURSO TOTALITÁRIO NO ROMANCE 1984 DE GEORGE ORWELL

Mirtes Ingred Tavares Marinho58

José Ricardo Oliveira Mello59 Elton Moreira Quadros60

Resumo: Propomos nesse trabalho um estudo a partir da memória e do discurso da obra literária 1984, do romancista George Orwell, escrita em 1949, na qual temos como a temática uma sociedade extremamente totalitária. Na sociedade distópica apresentada na narrativa orwelliana, encontramos um regime de permanente vigilância imposto pelo partido no poder e que tem como dirigente a figura do “Grande Irmão”. Partimos da noção de memória enquanto objeto discursivo, a partir das retomadas, dos esquecimentos, das repetições, de unidades contínuas ou descontínuas e através da análise do discurso examinaremos a interdição da palavra e com isso o controle da realidade a partir do discurso totalitário na ficção. Sob essa perspectiva, tomaremos a discussão em três eixos: (i) em um campo de memória que fundamenta as formas de hierarquia e subordinação da maneira como Michel Foucault compreende essa noção; (ii) de que forma a relação entre esses campos de memória produz um discurso totalitário no que ser refere ao governo, como se dá as relações de poder e as técnicas de adestramento e (iii) compreender como a memória e esse discurso denota uma barbárie, posto que, controla os indivíduos e suas verdades, como é demonstrando na narrativa a partir da reescrita da história das personagens. Nesse sentido, acreditamos que o romance 1984 expõe criticamente uma espécie de guia de conduta para os sujeitos, como eles devem ou não agir em estruturas caracterizadas por regimes autoritários. Desse modo, o poder parece se estrutura sempre pela ideia de punição imediata que também pode funcionar como um espelho no qual, como o romance nos faz entrever, a sociedade pode ver as formas de exigência e apontar os lugares de resistência social. A noção de campo de memória segundo Foucault, nos possibilita descrever, compreender e analisar como o romance de Orwell faz referência a memória e o lugar dela na formação da história do sujeito, bem como fornece os meios para analisar os mecanismos do discurso totalitário e das verdades criadas através dessa relação de poder por meio da barbarização distópica.

Palavras-chave: Autoritarismo. Memória Discursiva. Relações de Poder. Verdade.

58 Mestranda no Programa de Pós-graduação em Memória: Linguagem e Sociedade na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Graduada em Licenciatura em Filosofia pela mesma instituição. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected] 59 Mestrando no Programa de Pós-graduação em Memória: Linguagem e Sociedade na Universidade Estadual da Bahia – UESB. Graduado em Bacharel em Direito. E-mail: [email protected] 60 Doutor em Memória: linguagem e sociedade pela UESB. Professor da UNEB (Universidade do Estado da Bahia) e do quadro permanente do PPG em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da UNEB e do PPG em Memória: Linguagem e Sociedade da UESB. E-mail: [email protected]

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TEKOHA Lugar de memória e vida

Raul Claudio Lima Falcão 61

Resumo: As definições acadêmicas que atribuem significado e sentido ao espaço geográfico delimitado pelos não indígenas e que é habitado pelos Kaiowa, no município de Dourados, assim como em outras cidades do estado do Mato Grosso do Sul, é denominado, pela etnia, como sendo o seu Tekoha. A palavra possui acepções múltiplas que ultrapassam conceitos que vão além da nossa compreensão e condição muito mais ampla do que nossa consciência pode alcançar e de que nossas palavras possam tentar explicar, pois, para os kaiowa, o território onde habitam, faz parte de sua cosmologia conectada ao sagrado, lugar onde residem as divindades e que faz parte de seu corpo e sua alma. Na perspectiva histórica, o Tekoha é um lugar privilegiado de uma memória dinâmica, que rememora as tradições, costumes e enlaces sociais de um povo de outrora, interagindo, mediante rituais e manifestações culturais diversas, com o de hoje. Sua constituição é delimitada conforme as condições favoráveis; na atualidade, os indígenas sobrevivem em ambientes não condizentes com sua cultura e seu modo de ser e viver, tentando com todas as suas forças, resistir às adversidades provocas pela sociedade não indígena. Os diversos arranjos sociais constituintes desse espaço territorial, de ordem individual ou coletiva, também fazem parte desse rico sistema de cooperação ativa, e que, é parte integrante de uma extensa rede, composta por vários Tekoha conectados, que juntos formam um Tekoha Guassu (grande território), que pulsa como um corpo vivo: se habitantes de um Tekoha estão passando por algum tipo de dificuldade, os outros Tekoha sentem que algo não está em perfeita harmonia e logo percebem que existem famílias precisando de sua ajuda. A economia da reciprocidade efetiva o modo se viver em comunidade, na qual, os Kaiowa vivem com excelência. Apesar de homem e mulher Kaiowa serem complementares em sua constituição familiar, a presença feminina é percebida como essencial a funcionabilidade do ambiente em que convivem; ela é responsável em manter a harmonia do seu Tekoha, interna e exteriormente, administrando a vida conjugal e matrilocal com suas rezas, ações sociais e políticas, técnicas minuciosas e precisas de dialogar com sua parentela, em busca de coabitar com os seus em um Tekoha – hã (terra futura). Palavras-chave: Tekoha. Kaiowa. Resistência. Cosmologia. Memória.

61 Doutorando em História. Agência Financiadora: CAPES. Universidade Federal de Mato Grosso/Programa de Pós-Graduação em História (UFMT/PPGHis). [email protected].

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Entre a subversão e a submissão: uma análise das crenças reproduzidas pelos expoentes da geração do rock brasileiro dos anos 1980

Tiago Barros de Oliveira Rosa62

Resumo: A pesquisa, em andamento, aqui apresentada trata-se de um estudo acerca do rock brasileiro dos anos 1980, também denominado Rock Brasil ou BRock. Uma vertente da música brasileira surgida no cenário cultural durante o processo de redemocratização do país, tida como “politizada” pelos críticos culturais e por parte expressiva da bibliografia. Os expoentes do Rock Brasil são, entre outros, Barão Vermelho (Cazuza), Legião Urbana (Renato Russo), Titãs, Paralamas do Sucesso, Engenheiros do Hawaii, Ultraje a Rigor, Ira, Lobão, etc. Buscaremos compreender, a partir das letras de músicas e de declarações à imprensa dos agentes de maior destaque dessa geração, quais as crenças (visão de mundo) reproduzidas por esse grupo, sobretudo com relação à ideia de Brasil divulgada por eles; e em diálogo com o conceito de habitus de Pierre Bourdieu, verificar se essas crenças guardam relação com as origens e trajetórias sociais desses agentes. Nossos dados da pesquisa indicam que a década de 1980 alça ao estrelato um agrupamento de agentes bastante homogêneo no tocante ao perfil social. Em sua maioria jovens (entre 18 e 26 anos), brancos, do sexo masculino, oriundos de famílias de classe média alta e originários, principalmente, dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro; em uma interessante contraposição à heterogeneidade prevalecente nos artistas da MPB de gerações anteriores, bem representada no que tange ao número de mulheres, de negros e de artistas oriundos de outras regiões do país, sobretudo, do Nordeste. Temos como hipótese que diversas canções e declarações do Rock Brasil, entendidas como críticas e contestatórias pela imprensa e pela bibliografia, são perpassadas por crenças do senso comum e acabam por cumprir uma função de reprodução de ideias dominantes, no tocante às representações sobre o Brasil, sobre o Estado e sobre o sistema político. Palavras-chave: Rock Brasileiro, Habitus, Crença, Sociologia da Cultura.

62 Mestrando em Ciências Sociais. Bolsista pela Capes. UNESP-FCLAr. [email protected]

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XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais 17 a 19 de Setembro de 2019

Faculdade de Ciências e Letras, Campus Araraquara.

ISBN online: 978-85-8359-075-0

Modernização e cultura: a imagem tropicalista de Roberto Schwarz.

Vinícius Milani63 Resumo: O movimento Tropicalista emergiu entre 1967 e 1968, como uma entre outras tantas manifestações artísticas da produção cultural brasileira naquele momento. Formadas no seio dos debates em torno dos projetos nacionais-populares, essas produções foram alvo de duras críticas por parte de alguns artistas e intelectuais, sobretudo daqueles vinculados às esquerdas políticas do período. Dentre as primeiras críticas, destaca-se a intervenção de Roberto Schwarz. Em nosso trabalho, buscaremos demonstrar como se desenvolve a crítica de Schwarz ao tropicalismo em dois atos. Ainda jovem, o autor foi um crítico de primeira hora do movimento. Suas considerações estão impressas no conhecido ensaio Cultura e política (1964-1969). Nesse “primeiro ato” da crítica, Schwarz faz um diagnóstico do período, e problematiza o teatro tropicalista de José Celso Martinez Corrêa à luz dos efeitos trazidos pelo Estado militar. O “segundo ato” se apresenta com o ensaio Verdade Tropical: um percurso de nosso tempo. Nele, o autor faz uma leitura extemporânea do movimento, mirando no livro de memórias de Caetano Veloso. Em ambos os ensaios, o debate em torno dos projetos nacionais-populares, que marcaram sua geração, aparece de forma crítica. Analisando os dois ensaios em questão, nosso objetivo é apreender as características da crítica de Schwarz, suas particularidades e continuidades. Encarando o autor como um intelectual marxista situado na periferia do capitalismo, trabalhamos com a hipótese de que sua crítica em relação ao tropicalismo encontra um de seus fundamentos na análise das contradições que marcam a modernização brasileira.

Palavras-chave: Tropicalismo. Cultura. Modernização. Crítica.

63 Mestrando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O trabalho contou com o financiamento da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). E-mail: [email protected]

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A LITERATURA ENQUANTO POSSIBILIDADE DE ENTENDER O PENSAMENTO POLÍTICO E SOCIAL

Vinícius de Souza Sturari64

Resumo: A literatura pode ser estudada enquanto uma fonte de entender quais as ideias que moviam a sociedade quando escritas as obras, trazendo um relato de como era viver em determinada época e nos proporcionando o entendimento da formação do pensamento e das ideias que norteiam nossa sociedade. Tomando como base a metodologia proposta por John Pocock e Quentin Skinner, que tem como pressuposto a busca de compreender as ideias e o pensamento político de determinada época, buscando contextualizar os escritos de diferentes autores com o momento vivido e estabelecendo diálogo entre eles. Esperamos então poder contribuir com possibilidades e desdobramentos de pesquisa dentro da literatura brasileira, com a finalidade de entender como se deu a formação social do país e das ideias que o desenvolveram e nos norteiam até os dias atuais de certo modo. Dessa maneira, apresentamos a metodologia proposta e também utilizamos dois períodos da produção literária brasileira, o Romantismo e o Modernismo, ambos movimentos artísticos que, apesar de suas diferenças, possuem um fio condutor no qual buscam trazer a questão da identidade nacional e a criação dessa identidade por parte de autores e símbolos nacionais, demonstrando como se deu parte da formação do pensamento social brasileiro. Palavras-chave: Pensamento Social, Literatura, Romantismo, Modernismo.

64 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP. Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara – FCLAr, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), [email protected]

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Dramas Sociais na Trajetória Política conflitiva em Macarani - BA

Gabriel de Oliveira Ferraz65

Resumo: Este trabalho tem como objetivo compreender a origem e a trajetória do Partido dos Trabalhadores em Macarani, no sudeste da Bahia e para construir a interpretação recorri à perspectiva teórico-metodológica de análise situacional construída por Gluckman (2010), por meio da qual, desenvolvi a leitura sobre as elites políticas locais que detêm a hegemonia e o poder no município. Ao analisar os processos sociais ocorrentes e as interferências que modificam a realidade local. É um estudo descritivo e analítico das relações e dos conflitos estabelecidos entre as agremiações políticas com conteúdo ideológicos diferenciados. Para realizar a interpretação, a partir de descrição etnográfica, recorro à leitura das redes sociais que articulou instituições, entidades e indivíduos para a formação do Partido dos Trabalhadores. E, por outro lado, apreendo a trajetória do desenvolvimento, consolidação e ruptura interna entre os partidários. Afirmo que uma das constatações que se pode depreender dos mais relevantes acontecimentos políticos em Macarani, na última década, é a importância notória da identidade como elemento de construção do jogo político. Essa importância pode ser percebida no conteúdo político das categorias, retratadas no cotidiano da história política do município, através da memória comum dos acontecimentos.

Palavras-Chave: Dramas Sociais, Macarani, Partido dos Trabalhadores e Redes Políticas.

65 Mestrando em Desenvolvimento Social/ Universidade Estadual de Montes Claros – PPGDS UNIMONTES, Montes Claros/ MG, Brasil. Endereço: Av. Dr. Ruy Braga, S/N – Vila Mauriceia, CEP 39401-089 – Montes Claros/MG. Email: [email protected]

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O ON-LINE EM NOSSAS VIDAS: DISCUTINDO AS REPRESENTAÇÕES COLETIVAS EM TEMPOS DE INTERNET

Greice Martins Gomes66

Resumo: Inúmeras organizações on-line tornaram-se mediadoras das mais variadas atividades que realizamos em nosso dia a dia. Elas estão presentes nos aplicativos de transporte como o Uber, nas ferramentas de consulta on-line como o Google, na forma como acessamos conteúdos de filmes ou séries (Neflix, Youtube), nos sites de compras (OLX, Submarino, Buscape, Mercado Livre) bem como nas formas como nos comunicamos e nos relacionamos (Facebook, Instagram). Ao passo que a tecnologia se encontra diretamente relacionada ao consumo e também à formação de valores coletivos. A partir desta percepção, realizamos um estudo em nível de mestrado, revisitando um conceito clássico da sociologia - o de representações coletivas – a fim de compreendermos de que forma organizações on-line podem influenciar na nossa forma de pensar, agir e sentir coletivamente. De modo que foi como base na seguinte pergunta esta pesquisa se desenvolveu: de que forma organizações on-line, como o Airbnb, podem influenciar na construção de representações coletivas sobre os serviços que oferecem? Nosso estudo - realizado parte no Brasil e parte em Portugal - foi elaborado a partir da comparação entre 160 comentários on-line de usuários do Airbnb das cidades de Porto Alegre (Brasil) e Coimbra (Portugal). Para darmos conta do desafio proposto desenvolvemos algumas etapas de análise que envolveram: a) uma abordagem sobre os serviços de hospedagem e suas representações coletivas a partir de uma comparação histórica b) a apresentação de nosso objeto de estudos, ou seja, o aplicativo de hospedagens domésticas Airbnb, c) a discussão sobre o método e os procedimentos que utilizamos para chegar as categorias centrais identificadas (proximidade e segurança) e por fim, d) um último capítulo de aprofundamento do debate que nos levou a refletir sobre o processo atual de adaptação do sistema capitalista as críticas através da noção uma Economia do Enriquecimento (BOLTANSKI 2009, 2017) e do matching algorítmico (STEINER, 2017) e como estes elementos, juntos, podem nos ajudar a compreender quanto a articulação dos estados mentais das coletividades no cenário contemporâneo. Palavras-chave: representações coletivas, adaptação do capitalismo as críticas, economia do enriquecimento, matching algorítmico.

66 Especialista em Psicologia Organizacional (ESADE), Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Administração (PPGA / EA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Esta pesquisa foi realizada com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail: [email protected]

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USO POLÍTICO DO FACEBOOK NAS ELEIÇÕES DE 2018 NO BRASIL: AS PÁGINAS DE CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DO PT E DO PSL

Laura Gabrieli Pereira da Silva67

Resumo: O cenário político contemporâneo é marcado pela existência de diversas modificações nas formas e instrumentos de se realizar a campanha eleitoral e efetuar a comunicação entre políticos profissionais e cidadãos. Dados de pesquisas como a Pesquisa Brasileira de Mídia 2016, TIC Domicílios 2017 e do levantamento de 2019 da We Are Social colocam o Brasil no centro dessas modificações, evidenciadas pelo crescente uso de ferramentas como as redes sociais nas últimas eleições. A mescla entre a Internet e a prática democrática já levou a muitos questionamentos e interpretações no campo da Internet e Ciência Política, onde autores, denominados como ciberotimistas, apostaram nas redes como caminhos para o aperfeiçoamento da democracia e a viabilização de um maior contato entre representantes e representados, e outros, os ciberpessimistas, viram nessa tecnologia a possibilidade de que a política caísse na lógica do conflito, da superficialidade e da banalização desqualificada. Diante de tal conflito, pensando o contexto brasileiro e a discussão teórica sobre a cultura política do país, esta pesquisa relaciona marketing político e eleitoral, análise de redes sociais e crise da democracia para pensar o uso do Facebook, plataforma com 130 milhões de usuários mensalmente ativos no Brasil, na política profissional. O objetivo desta pesquisa, ainda em andamento, é analisar a utilização política do Facebook em torno de um contexto de mudança de comando do poder executivo nas eleições de 2018, tendo por foco a campanha presidencial e os primeiros 60 dias de mandato. Por meio de análise de conteúdo e análise do discurso, procura-se sistematizar e interpretar a agenda temática das páginas oficiais candidatos (Lula e Fernando Haddad, pelo Partidos Trabalhadores (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PSL), bem como as narrativas veiculadas. Os resultados das primeiras etapas da pesquisa apontam para a coleta de 615 publicações na página de Lula e 227 na de Bolsonaro, no primeiro turno, e, já no segundo turno, 404 de Fernando Haddad e 180 de Bolsonaro. Tais publicações foram categorizadas individualmente e segmentadas em unidades temáticas, além de serem estudadas por meio do Iramuteq, software de análise textual. Os resultados apontam para diferentes perfis de publicações, temas enfatizados e discursos proferidos pelos candidatos. Além disso, houve a classificação das publicações conforme seus formatos, com a difusão de vídeos, imagens ou apenas textos. Tais aspectos, sistematizados e metodologicamente interpretados, permitem maior compreensão da presença de redes sociais no cotidiano da contemporânea sociedade política. Palavras-chave: Eleições 2018. Cultura política. Análise de redes sociais.

67 Estudante de graduação em Ciências Sociais. Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (FCLar), UNESP. Apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) – Processo 2018/17382-7. E-mail: [email protected]

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ELEIÇÕES NAS MÍDIAS DIGITAIS: ANÁLISE DA RELAÇÃO TRAJETÓRIA-INVESTIMENTO-VOTO NAS CAMPANHAS PARA GOVERNO E SENADO NO

AMAPÁ EM 2018

Luana Darby Nayrra da Silva Barbosa 68

Maria Teresa Miceli Kerbauy69 Resumo: Este trabalho tem o objetivo de analisar as campanhas eleitorais feitas no âmbito das mídias digitais pelos candidatos ao Governo do Estado e ao Senado no Amapá no ano de 2018, buscando verificar a relação da trajetória do candidato, investimentos nas mídias e o voto. A pesquisa se justifica em decorrência das mudanças nas regras eleitorais pela Lei nº 13.165/2015, que implicou na redução do tempo de campanha, seguida da Lei nº 13.488/2018, que orientou os partidos e seus respectivos candidatos a realizar uma redução das suas contas de campanha. As redes sociais, que já vinham sendo usadas como recurso um eficaz acesso à informação, vêm hoje representando um notório crescimento como ferramenta de comunicação eleitoral. Nesse sentido, despertou-se a necessidade de analisar os efeitos desse processo nas últimas eleições amapaenses. Para este escopo, optou-se pela escolha dos três candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenções de voto. Suas trajetórias coincidem no destaque na política local nos últimos 20 anos. Verificou-se que na campanha os candidatos procuraram nas suas redes fazer uma retrospectiva das realizações feitas nos últimos mandatos, possibilitando mostrar atributos positivos para o público. Em seguida, mostramos com base nos dados do TSE a aplicação da verba destinada pelos partidos e o recebimento de doações às suas candidaturas. Como base metodológica, estipulou-se o uso do método comparativo, combinando com ferramentas de levantamento de dados para compreensão da dimensão das campanhas. Palavras-chave: mídias digitais; eleições; Amapá

68Mestranda em Ciências Sociais. Bolsista CNPq. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP/FCLAr. E-mail: [email protected] 69Doutora em Ciências Sociais. Bolsista de Produtividade em Pesquisa pelo CNPq. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP/FCLAr. E-mail: [email protected]

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O ESTIGMA DO CORPO GORDO: ANÁLISANDO O DISCURSO DE UMA DIGITAL INFLUENCER PELA PLATAFORMA YOUTUBE

Larissa Barros Ferreira70

Resumo: Este presente trabalho tem como objetivo analisar o olhar sobre o biótipo gordo que desencadeou um status econômico e social positivo nos séculos anteriores, porém com o passar dos anos sofreu modificações até chegar à imperante norma social da magreza, sendo assim, tornando um padrão estético de beleza em detrimento do estigma social sob o peso do corpo gordo. Para a realização desse estudo que investiga através do ativismo virtual contra a gordofobia na sociedade com o uso dos meios de comunicação midiáticos com as chamadas redes sociais, especificadamente, da plataforma Youtube. Visando um recorte de estudo com movimento de mulheres gordas que desenvolvem uma nova profissão de mercado nomeada como “digitais influencers”, nas mídias sociais gerando ao sistema capitalista uma renovação com essas novas maneiras em apropriar dos discursos influenciadores para o um papel de venda de seus produtos mercadológicos. Com isso, tornando o foco da pesquisa na investigação do que está por trás destes discursos com análise do veiculo de canal “Ju Romano” da jornalista e influenciadora Juliana Romano que trabalha em seus vídeos o discurso do movimento chamado body positive que tem como intuito em um primeiro momento a libertação de todos os corpos sendo gordo ou não que suportam julgamentos do patrão de beleza na sociedade e em segundo - a que a pesquisa pretende estudar - a influência pela lógica mercadológica inserida em parceria tratando de uma moda mais inclusiva, a moda plus size que leva para aos consumidores de seu canal esse novo nicho mercadológico em constante aumento na sociedade brasileira. Palavras-chave: Estigma, Gordofobia, Digitais influencers, Moda plus size, Youtube.

70Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. E-mail: [email protected]

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O NACIONALISMO COMO ESTRATÉGIA DISCURSIVA NA CAMPANHA PRESIDENCIAL DE JAIR BOLSONARO

Isabella Vicari71

Sylvia Iasulaitis 72 Resumo: Na trajetória da política brasileira, a utilização de símbolos pátrios e o apelo aos sentimentos nacionais foi um recurso frequentemente empregado com o intuito de eleger governantes e legitimar governos, sendo usufruído de forma inaugural por Getúlio Vargas no período que compreende os anos de 1930 a 1945. Desse modo, procura-se analisar a maneira pela qual essa estratégia discursiva foi manipulada pelo atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em sua campanha eleitoral de 2018. Além disso, pretende-se realizar uma contextualização do conturbado cenário político em que Bolsonaro foi eleito, definido pela preponderância das manifestações virtuais possibilitadas pelos novos formatos de comunicação, com destaque para o papel das redes sociais digitais. Assim, serão analisados os tweets publicados na conta oficial do então candidato no intervalo que tem início no dia 22 de julho de 2018, quando Bolsonaro lançou-se oficialmente candidato à presidência da República, até o dia 7 de outubro de 2018, data em que foi concluído o primeiro turno eleitoral, atentando-se para os elementos nacionalistas presentes nos textos. A metodologia adotada consistirá na técnica de Análise de Conteúdo, por meio da qual todos os tweets que contenham a estratégia discursiva de apelo ao nacionalismo e uso de símbolos nacionais serão categorizados e mensurados. A hipótese trabalhada é de que o discurso nacionalista e emprego dos símbolos nacionais se constituiu em um elemento que visava persuadir o eleitorado pelo seu caráter popular, atrelado a um viés religioso, que buscava atribuir ao candidato uma característica quase messiânica, erigido por uma retórica pautada em “heróis” nacionais. No atual contexto político, as redes sociais emergiram como instrumento substancial para a propagação de discursos políticos e consequente persuasão, fazendo-se necessária a realização de estudos a respeito dos discursos políticos que circulam nos diversos formatos de audiovisual. O Twitter, rede social que tem por característica central sua configuração de blog pessoal, tornou-se primordial para figuras políticas de grande importância. Atualmente, o presidente Jair Bolsonaro conta com cerca de 4,7 milhões de seguidores, fazendo uso frequente do microblog para anunciar medidas governamentais, disseminar propagandas positivas de sua gestão e refutar os opositores de seu governo. Palavras-chave: Nacionalismo. Estratégia Eleitoral. Twitter. Redes Sociais.

71 Isabella Vicari. Graduanda em Ciências Sociais. Universidade Federal de São Carlos. [email protected] 72 Sylvia Iasulaitis. Profa. Dra. do Departamento de Ciências Sociais. Universidade Federal de São Carlos. [email protected]

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REDES SOCIAIS E ELEIÇÕES: E-MARKETING POLÍTICO E ELEITORAL NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018

Stefanie Matos Freire 73

Resumo: A segunda metade do século XX trouxe consigo a revolução tecnológica na área da comunicação que permitiu o desenvolvimento da internet, meio de comunicação este que se tornou popular e acessível a população a partir de 1990. Atualmente alcançando 53% da população mundial (HOOTSUITE, WE ARE SOCIAL, 2018) e 50% da população brasileira (IBGE, 2015), a Internet transformou as relações sociais através da formação de redes sociais em de ambientes virtuais que permitem a interação não mediada entre os usuários e as informações. Diante dessa nova dinâmica, a pesquisa se propôs a estudar a utilização das redes sociais esfera política, com enfoque nas eleições presidenciais de 2018. Para tal, foram analisados o uso das redes sociais Facebook e Twitter pelos candidatos Jair Bolsonaro do Partido Social Liberal (PSL) e Fernando Haddad do Partido dos Trabalhadores (PT), durante o período pré-eleitoral e eleitoral das eleições para a Presidência da República do ano de 2018 no Brasil. Visou-se levantar dados sobre a utilização das redes sociais pelos então candidatos, juntamente com os conteúdos publicados em suas respectivas páginas, afim de debater sobre os impactos da utilização da Internet e redes sociais na promoção da participação política e debates públicos para a democracia brasileira, assim como a influência da mesma no resultado do pleito de 2018. Destaca-se que a Internet foi de fundamental importância para as eleições presidenciais, já que os dois candidatos que concorreram no segundo turno também foram aqueles com menor tempo de propaganda eleitoral na televisão, o que revela a crescente importância da Internet para as eleições diante dos demais meios comunicacionais, seguindo uma tendência mundial iniciada com a eleição de Barack Obama em 2008.

Palavras-chave: Internet. Eleições Presidenciais. Redes sociais.

73 Graduanda em Ciências Sociais. Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. [email protected]

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Confronto ou repressão? O discurso da imprensa sobre a violência policial contra o movimento secundarista paulista

Vanderlei de Castro Ezequiel74

Resumo: O objetivo deste trabalho foi verificar como a imprensa organiza a argumentação entre diferentes posições-sujeito materializadas no discurso sobre a violência policial contra o movimento estudantil. Especificamente, este trabalho vai examinar duas diferentes designações que remetem à luta pelo direito à escola pública: confronto e repressão. A principal orientação teórico-metodológica deste trabalho é a Análise de Discurso de linha francesa, entendendo o discurso político como enunciação de uma época. Para tanto, foram analisadas sequências discursivas extraídas de matérias jornalísticas – publicadas na editoria de educação do jornal Folha de São Paulo – durante as ocupações de escolas realizadas pelos estudantes secundaristas paulistas em 2015. No corpus foram analisadas as duas designações diferentes e opostas: confronto (dito discursivo) e repressão (não-dito discursivo) que remetem ao funcionamento da imprensa sobre o movimento estudantil, num sentido estrito sensu, e sobre a questão social num sentido lato sensu. Constatou-se que a designação confronto, que refere à posição-sujeito do governo estadual, apoia-se no direito à posse/administração do estabelecimento educacional, enquanto a designação repressão, que remete à posição-sujeito dos estudantes secundaristas, apoia-se no direito à educação. Essas designações mostram esse confronto de discursos, revelando a disputa de sentidos nas páginas do jornal paulista. Concluiu-se que, os argumentos que foram materializados no jornal são antagônicos entre si e representam o importante litígio social sobre a questão da educação no Brasil contemporâneo. Sendo antagônicos, não podem ser mobilizados pelo mesmo sujeito histórico e, dessa forma, só podem encontrar-se reunidos no interdiscurso. Entendendo o interdiscurso como o lugar onde todos os sentidos são possíveis, pois neste ponto os sentidos ainda não passaram pelo crivo de nenhuma formação discursiva. Certamente, as práticas discursivas e não-discursivas dos estudantes secundaristas paulistas podem ser entendidas como atividades políticas, pois pautaram demandas e conferiram maior visibilidade ao movimento. Por outro lado, isso não significa fidelidade quanto aos sentidos que circularam na imprensa, antes, verifica-se um processo de naturalização da repressão contra os movimentos sociais que demandam por direitos.

Palavras-chave: Questão Social; Movimento Estudantil; Imprensa; Violência; Direitos Humanos.

74 Doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita filho” – UNESP; E-mail: [email protected]

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A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL PELO VIÉS CATÓLICO: A GUERRA CIVIL ESPANHOLA COMO INFLUENCIADORA DESSE MODELO.

Daniel Fagundes de Carvalho Machado75

Resumo: O presente trabalho visa discutir a formação da identidade nacional no início do século XX, a partir das aspirações da imprensa católica mediante o evento da Guerra Civil Espanhola. O jornal em específico que será a base desse tema é o periódico A Cruz: Orgão da Parochia de S. João Baptista, no Rio de Janeiro. Dando início a suas tarefas em setembro de 1919 (e finalizando na década de 1970), o jornal abrangeu os paroquianos de Botafogo por meio de uma ação doutrinal e política. Inseridos no contexto do projeto ultramontano, que visou à restauração da autoridade e influência da Igreja Católica pelo mundo (ainda mais que no Brasil havia ocorrido o rompimento entre Estado e Igreja, e a educação também começou a passar pelas mãos da República), em detrimento das novas filosofias e doutrinas que ganhavam mais força, como o socialismo, liberalismo, espiritismo e protestantismo. O periódico visou combater todos esses “males” modernos e tentou cumprir sua “missão de resgate” de seus fiéis criando diversas associações, como a da organização dos operários católicos, por exemplo, que buscou ser um meio de tentar bloquear as ideias do comunismo, assim como já havia alertado em 1891 o papa Leão XIII em sua Encíclica “Rerum Novarum”. Por meio de uma publicação do A Cruz (RJ), será possível perceber os discursos de defesa de um nacionalismo católico, mas que também se cruzava com o nacionalismo exterior, como no caso da Espanha que em seu conflito em 1936 a 1939 possuiu forte influência da Igreja, o que pareceu ter criado uma rede de identificação da Igreja no Brasil que via em Francisco Franco o defensor dos valores cristãos ocidentais. Palavras-chave: Nacionalismo. Periódico. Espanha. Igreja Católica e Ultramontanismo.

75 Graduado em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Campus de Três Lagoas. Mestrando do PPGH da Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – Câmpus de Franca e bolsista pelo CNPQ. E-mail: [email protected]

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UMA ANÁLISE EDITORIAL DOS JORNAIS CARIOCAS TRIBUNA DA IMPRENSA E ÚLTIMA HORA NO SEGUNDO GOVERNO VARGAS (1951-1954)

Mateus Henrique Serrano

Carla Gandini Giani Martelli Resumo: É objetivo desta pesquisa expor por meio dos periódicos, Tribuna da Imprensa e Última Hora, o cenário de restauração democrática dos anos 50, especificamente no segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954). No decorrer da pesquisa apresentaremos como os jornais, com enfoque nos editoriais, tencionavam a opinião pública a seu favor se apropriando, na maioria das vezes, de sentimentos nacionais para recompor mensagens e restabelecer doutrinas. Para tanto, Carlos Lacerda e Samuel Wainer (Tribuna da Imprensa e Última Hora, respectivamente) modelaram o Distrito Federal – Rio de Janeiro – à sua maneira, compuseram interpretações variadas de um mesmo presidente, como também, construíram visões multifacetadas dos trabalhadores sindicalizados. A escolha por jornais divergentes foi uma estratégia cautelar adotada para nos esquivarmos de determinados enquadramentos do ambiente político, tendo em vista que motivado por entusiasmadas paixões o jornal pode subverter e transformar em sua escrita conteúdos e assuntos de interesse geral. Se faz objetivo, também, deste trabalho, destacar a participação de sindicatos na cena pública, contrariando os mecanismos da escrita jornalística, como gatekeepers e agenda setting. Atentamo-nos à preferência dada aos sindicalizados, em assuntos de convulsão nacional, na esfera da comunicação tradicional, muitas vezes relegados à característica de componentes de um cenário e meros coadjuvantes da política-pública. Conquistado seu espaço nos jornais, os sindicalizados farão deles seu veículo de queixa, mesmo que em momentos pontuais, e alternativa de comunicação direta com o governo. Todavia, é indispensável evidenciar que embora estes dois jornais referenciassem os sindicatos, é inconclusivo a afirmativa de que eles salvaguardavam os interesses desse conjunto de trabalhadores. Nesse intuito nos propomos analisar estas irrupções, o momento exato em que a ideologia do esclarecimento suplanta a ideologia do mercado editorial. Palavras-chave: Editorial, Enquadramentos, Escrita-Jornalística, Sindicatos, Conquista de espaços.

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A IMAGEM DE DILMA ROUSSEFF NA PERSPECTIVA DO ESTADÃO: UMA ANÁLISE DOS EDITORIAIS NA ABERTURA DO PROCESSO DE IMPEACHMENT

Nilson Gomes de Oliveira76

Resumo: No dia 02 dezembro de 2015 foi instaurado o processo de impeachment na Câmara dos Deputados, pelo então presidente da casa Eduardo Cunha (PMDB), com efeito, temos concomitantemente a produção e divulgação cotidiana dos Editoriais, do jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), que ao todo foram 23 editoriais no mês de dezembro de 2015. O referido jornal, constitui um dos veículos da grande imprensa. A partir disso temos a concepção de que a grande imprensa é a instituição nas sociedades complexas, capaz de simultaneamente publicizar, universalizar e sintetizar as linhas ideológicas, ou seja, dinamizadora de informações que atingem um determinado público, isto é, concilia interesses, em torno de uma causa. A partir do cenário exposto, temos a reemergência da direita brasileira que seria o entendimento, na qual, a direita não estava ausente do campo político. Portanto, temos os editoriais de dezembro do Estadão que exemplifica, o posicionamento do jornal para a construção de uma imagem de Dilma Rousseff, ou seja, nesse campo temos a relevância de investigar, qual imagem da presidente foi construída pelo O Estado de S. Paulo, a partir das análise de conteúdo dos editorais, portanto, configurando um fato inédito na conjuntura política brasileira, com intervenção direta na construção de uma agenda política em torno do debate de tramitação do processo de impeachment que foi processo marcado pela misoginia que evidenciou estereótipos de gênero que constituíram o debate jurídico-político.

Palavras-chave: processo de impeachment, Dilma Rousseff, O Estado de S. Paulo e conjuntura política.

76 Artigo oriundo de Iniciação Científica PROBIC – Projeto de Pesquisa: PIJ215-2017 – A construção da

imagem internacional do Brasil: uma análise da imprensa estrangeira, sob orientação da Professora Dra.

Camila Maria Risso Sales. Acadêmico Nilson Gomes de Oliveira do curso de Licenciatura em Sociologia

na Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. E-mail: [email protected]. Tel.: (96) 99204-9679

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Medo & Identidade

Renaldo Mazaro Jr.77 Resumo: Após a segunda Belle Époque e, em especial, a partir dos atentados de 11 de setembro, o mundo assistiu pela TV, pela imprensa, nos mass media e nos diversos produtos da indústria cultural, a uma avalanche de léxicos, textos, expressões marciais e belicosas. Elas surgiam em notícias, em imagens, em documentários, slogans, em vídeos, seriados, filmes, e hoje estão presentes em exposições, na moda, nas propagandas, nos desenhos animados, nos games, enfim, em parte significativa das expressões humanas - sejam elas artísticas ou não, oficiais e legítimas, corriqueiras e extraordinárias. Nessas manifestações os termos ligados à guerra ganharam mais e mais espaço e marcaram seus lugares na nova geometria da política mundial do século XXI. Se em princípio essa dinâmica foi um esboço, ela não tardou em alicerçar uma arquitetura social nova, pautada pelo medo e construída de maneira paradoxalmente destrutiva e perversa. Atualmente essas expressões e imagens cumprem um papel fundamental ao orquestramento capitalista e à manutenção do mundo contemporâneo sobre bases extremamente consumistas e desiguais, permitindo, com isso, a extração cada vez mais rápida e fácil de mais valor. A maneira que se habituou em propagar noções, ideias, projetos e programas de combate à dengue, ou de guerra à fome, em derrotar a miséria, a guerra preventiva ou a guerra humanitária, já denota a transformação que os conflitos e problemas humanos sofreram quando pensados por um viés do campo de batalha. Uma dinâmica que penetrou no imaginário coletivo e que vem amalgamando as relações sociais, delimitando as fronteiras do pensamento e das práticas humanas que dizem respeito ao outro, ao diferente, aos imigrantes, aos pretos, aos homossexuais, às mulheres, aos portadores de necessidades especiais, àqueles desconsiderados pela nova ordem mundial, os inadaptados, inaptos e incapazes de se manterem nos padrões de um sistema econômico avassalador. Um processo que divide, opõe mais e mais todas as pessoas nele implicadas em pares elementares - vencedoras e perdedoras -, dentro de um sistema autoproclamado meritocrático, mas que se sustenta pela presença constante do medo e pela insegurança permanente no futuro. Uma dinâmica capaz de fazer da arma (ou seu gesto) um ícone de identidade social, um símbolo de união e projeto político de nação. Palavras-chave: guerra, medo, identidade, mídia, desumanização.

77Renaldo Mazaro Jr, doutorando do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais, integrante do Grupo de Pesquisa em Sociologia Contemporânea, - UNESP/FCLAr, e bolsista CAPES/CNPq. [email protected]

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PENSAR A CIDADE: O PAPEL DO JORNAL DO BRASIL NO DESENVOLVIMENTO

URBANO DA BARRA DA TIJUCA (RJ)

Rodolfo Teixeira Alves78 Resumo: A proposta deste trabalho é apresentar os resultados parciais da pesquisa que estou desenvolvendo no mestrado, dedicada a um estudo sobre o desenvolvimento urbano da Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, com foco na construção material e simbólica da região. Tenho interesse em discutir a atuação do jornalista Luis Paulo Coutinho na Editoria Cidade do Jornal do Brasil, na segunda metade da década de 1960, com reportagens que redefiniram as políticas urbanas do Estado a partir de uma suposta “campanha de salvação urbanística da Barra” organizada pelo JB, que levou o governo a convidar o urbanista Lucio Costa para elaborar um plano piloto de urbanização da região (1969). Naquele contexto, uma série de obras públicas eram promovidas pelo governo de Negrão de Lima com o objetivo de resolver os “problemas urbanos” da cidade, e uma parte delas, a construção do Anel Rodoviário, colocou em questão no debate público as possíveis consequências da “abertura” de túneis e avenidas para a Baixada de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, área da cidade vista como “vazia”. Para a analisar esse processo de “expansão urbana”, o objetivo deste trabalho é ver como Luis Paulo Coutinho construiu o debate público em torno das transformações urbanas do Rio de Janeiro nos anos 1960 e discutir o papel da imprensa na formação de problemas públicos. A proposta é analisar as reportagens de Luis Paulo Coutinho sobre a Barra da Tijuca; sua formação e circulação como intelectual, mapeando sua inserção nos debates públicos sobre a cidade do Rio de Janeiro. Usando o acervo do Jornal do Brasil disponível na online na Hemeroteca Digital (Biblioteca Nacional), e outros jornais disponíveis no período, pretendo mapear a presença de Luis Paulo Coutinho na imprensa carioca e suas mediações na circulação de ideias. Procuro mapear também recepção de tais críticas por parte dos poderes públicos, cujo reconhecimento das possíveis consequências levantadas pelas reportagens de Luis Paulo Coutinho foram fundamentais para redefinir os projetos do Estado. Palavras-chave: Esfera pública. Imprensa. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. Desenvolvimento urbano.

78 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA/UFRJ), com projeto de pesquisa dedicado ao desenvolvimento urbano do Rio de Janeiro para Zona Oeste da cidade, com interesse especial na região da Baixada de Jacarepaguá e Barra da Tijuca. Este projeto conta com o financiamento da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) no quadro de bolsista Aluno Nota 10. Pesquisador associado ao núcleo de pesquisa URBANO – Laboratório de Estudos da Cidade (IFCS/UFRJ). E-mail: [email protected].

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O IDEALISMO DO CONSUMISMO ATRAVÉS DO DISPOSTIVO MÓVEL SMARTPHONE: O POTENCIAL SUBVERSIVO DA INTERATIVIDADE NO CASO

DA REDE MCDONALD'S

LUIZ, Solange Aparecida da Silva79 GALLO, Zildo80

Resumo: Os dispositivos móveis associados as redes sociais estão revolucionando a maneira como as pessoas estão se comunicando e ao mesmo tempo como as mesmas estão sendo conduzidas por oligopólios industriais a consumir. Nas últimas décadas a sociedade vem legitimando sua expansão e despertando a atenção das empresas capitalistas para conquistar e fidelizar seu público. Com o uso dessas novas tecnologias, o consumo passa a ser mais um fator dominante na sociedade contemporânea já que, a mesma vive conectada num mundo digital repleto de informações oscilantes e versáteis, disponibilizadas por meio dos smartphones, tablets, notebooks. O que se pode perceber é a facilidade e intimidade com que o ser humano se relaciona a esses dispositivos, principalmente o smartphone e seus aplicativos, sobretudo o fenômeno das redes sociais. Neste contexto, esta tese direciona o tema ao consumismo exacerbado, com objetivo geral de verificar a relação do uso do dispositivo móvel – smartphone como influenciador de um sistema de mercadorização juntamente a marca McDonald´s e seu marketing em rede social ‘Facebook’ na aceleração da cultura ao consumismo bem como suas consequências sociais e culturais para a sociedade. Levanta-se a hipótese que o ser humano possa ter uma compreensão e esclarecimento subjacentes as ações que a marca, com uma notoriedade global, explora sua publicidade através da comunicação e dos recursos interativos oferecidos na rede social ‘Facebook’ a induzir o mesmo ao consumo exagerado de alimentos e produtos colecionáveis. Como metodologia será válido o uso do método de abordagem de observação e pesquisa exploratória de caráter qualitativo e quantitativo realizado na página oficial da marca, isso também associado à pesquisa bibliográfica. Deste modo, a tese tonar-se necessária pelo relacionamento da sociedade de consumo e o uso do smartphone com interação a rede social ‘Facebook’ através do marketing da empresa McDonald´s que se englobam no processo da aceleração da cultura ao consumismo. Palavras-chave: Facebook; Smartphone; McDonald´s; Marketing; Consumismo.

79 Universidade de Araraquara UNIARA, Mestre e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente. Araraquara/SP. [email protected] 80 Universidade de Araraquara UNIARA, Orientador e Prof. Dr. do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado Stricto Sensu) em Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente. Araraquara/SP. [email protected]

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A PERFORMANCE E O FUTEBOL: UMA ANÁLISE DO DISCURSO DE ALTO DESEMPENHO EM ESCOLAS DE FUTEBOL INFANTIS EM ARARAQUARA-SP.

Thiago Alencar da Rocha; Larissa Nunes Ziviani81

Resumo: As últimas três décadas mudaram significativamente elementos políticos, culturais e econômicos e proporcionou o florescimento de novas formas de sociabilidade. Através de uma leitura panorâmica do atual contexto global é possível extrair características sociais que têm surgido com o passar dos anos, marcadamente influenciada pelo tempo lépido das máquinas, e são amparadas por narrativas individuais que buscam a glória pessoal e profissional. Essa histeria coletiva que visa melhores resultados, maiores conquistas, abatimento de metas e prestígio social foi descrita como manifestação direta de um culto pela performance, conforme Alain Ehrenberg. A realidade cotidiana do indivíduo contemporâneo tornou-se pragmaticamente uma competição em busca de sua superação, isto é, uma espécie de gamificação da vida pessoal e profissional. Tendo visto a impossibilidade de vitória constante, os indivíduos envolvidos neste jogo que não alcançam seus objetivos adentram em um círculo perenal de frustrações. O impacto deste culto pela performance invadiu diferentes esferas, sobretudo à dinâmica do mundo do trabalho, e é basicamente moldado por valores esportivos. Neste sentido, um dos maiores exemplos práticos desta questão é o futebol. Pensado como uma estrutura agonística de jogo que presume uma disputa demarcada entre um “eu” (ou nós) e um “outro” (ou outros) há sempre o desejo de vencer ou derrotar o adversário e mediante a isto, o culto pela performance está imbricado de tal modo que as possibilidades de usos do corpo se desenvolveram para a esta finalidade dentro das quatro linhas. Portanto, o presente artigo busca encontrar semelhanças entre o discurso performático evidenciado por Alain Ehrenberg no mundo corporativo e o cotidiano das escolas infantis de futebol inseridas nesta lógica de superação performática. Palavras-chave: Culto pela Performance. Futebol. Escolinhas de futebol.

81 Graduados em Ciências Sociais. Mestrandos em Ciências Sociais.FAPESP e CNPQ. Faculdade de Ciências e Letras – UNESP Araraquara. . E-mail: [email protected]/ E-mail: [email protected]

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A LINGUAGEM ECONÔMICA CONTEMPORÂNEA: UM DIAGNÓSTICO DE ÉPOCA E A PROPOSTA DE UM MODELO ANALÍTICO

Felipe Augusto Duarte 82

Resumo: Este trabalho discute a linguagem econômica que se tornou dominante ao longo das últimas décadas, uma linguagem que denota um novo sistema de valores e referências baseado na ressignificação da vida a partir das métricas do princípio competitivo dos mercado em termos coorporativos e do consumo acelerado. Uma linguagem econômica que se distância sobremaneira daquela fundada sobre o sistema de referências alicerçado no pacto de construção das democracias representativas e do Estado-social distributivo voltado à defesa dos direitos econômicos e sociais e dos valores do planejamento, da solidariedade social e da busca pelo pleno emprego. Uma nova gramática moral que domina a linguagem cotidiana e se torna onipresente criando, recriando e destruindo o senso e o significado de palavras e imagens que golpeiam consciências e emoções cotidianamente. Neste sentido, tematizar esse novo léxico econômico, científica e industrialmente fabricado e distribuído, é uma forma de contribuir com a análise da dinâmica social contemporânea, da globalização econômica e política e do neoliberalismo, acerca da natureza e do sentido das contradições e dos conflitos sociais. Assim, apresentamos um debate metateórico, ancorado a um diagnóstico de época, voltado para a construção das bases de um modelo analítico do léxico econômico contemporâneo. Um modelo que permita investigar, de maneira socialmente determinada e consequente, as batalhas culturais travadas através das linguagens da economia globalmente difundida pelos conglomerados de comunicação de massas. Batalhas que se valem das novas tecnologias de informação e comunicação e que, por vezes, são travadas para ocultar e suavizar a esmagadora contradição existente entre as promessas apoteóticas da globalização e do neoliberalismo, surgidas no fim da década de 1980, e o atual estado de crise ubíqua e permanente. Palavras-chave: Linguagem econômica. Batalhas Culturais. Neoliberalismo. Globalização.

82 Economista e Mestrando no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (PPGCS – UNESP/FCLAr). Bolsista CAPES. E-mail: [email protected]

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Interpretações sobre a burguesia industrial brasileira: estudos de Fernando Henrique Cardoso e Octavio Ianni

Alessandro Rodrigues Chaves83

Resumo: A projeção nacional e internacional alcançada por grandes empresas brasileiras na primeira década do século XXI reacendeu o debate sobre o caráter e as potencialidades da burguesia brasileira. Diversos autores destacam a expansão desses grupos devido à associação com os governos e às políticas econômicas adotadas. Percebem que setores selecionados ganharam prioridades políticas e econômicas de acordo com a orientação dos governos. Não há dúvidas de que frações da burguesia brasileira tiveram um salto quantitativo na primeira década do século XXI. Esse fato nos leva também a observar a sua capacidade política. Pois ao mesmo tempo em que se beneficiou das políticas e projetos estatais, certamente atuou para que tais decisões atendessem seus anseios. As ciências sociais brasileira muito produziu sobre a temática. Selecionamos dois autores importantes para a compreensão da caracterização da burguesia industrial brasileira. Interpretes do Brasil que foram contemporâneos, ambientaram o mesmo círculo acadêmico e produziram teorias distintas sobre as características do empresariado industrial. Trata-se de Octavio Ianni e Fernando Henrique Cardoso. A escolha de ambos se deve à contemporaneidade, aos estudos comuns e às divergências sobre a atuação das classes dirigentes – em especial a fração industrial. Ainda, ambos influenciaram trabalhos que partem de seus pressupostos para defender formulações distintas sobre a burguesia brasileira. Os dois autores identificaram, e isso é fundamental, a particularidade da formação histórica da burguesia e sua relação com o desenvolvimento do país, marcando, assim, uma trajetória radicalmente distinta dos países economicamente dominantes. Trata-se, portanto, de estudos, que ajudam a compreender o período atual, na medida em que fornecem as características essenciais da burguesia industrial brasileira. Os autores se concentraram no processo de formação da burguesia e o predomínio da fração industrial, são ricas formulações teóricas para se comparar com neodesenvolvimentismo e a expansão burguesa no Brasil do século XXI. Focalizamos nosso estudo na relação, exposta pelos autores, existente entre a burguesia brasileira e o mercado mundial. Em acordo com a bibliografia selecionada, partimos da seguinte hipótese: a fração burguesa dominante internamente será aquela em sintonia com o mercado mundial e com o momento específico da acumulação capitalista. Em nosso entendimento, essa é a questão que deve orientar os estudos sobre a relação entre governos e burguesia na primeira década do século XXI. Palavras-chave: Burguesia brasileira. Nacional-desenvolvimentismo. Neodesenvolvimentismo.

83 Doutorando em Ciências Sociais – UNESP campus Araraquara. O trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de financiamento 01. [email protected]

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O PRIMADO MORAL FORMATIVO REELABORADO NA CONTEMPORANEIDADE

Alessandro L. Crisostomo84 Resumo: O trabalho tratará inicialmente dos pressupostos que sustentam as afirmações, tanto de Kant, quanto de Adorno, sobre o primado moral na formação, enquanto princípio norteador dos processos pedagógicos. Em seguida, será discutida a recontextualização da temática moral na contemporaneidade, a partir do conceito de dialética moral negativa, um conceito derivado da dialética negativa de Adorno, aplicado aos problemas do campo ético. A análise discorrerá primeiramente sobre a concepção kantiana de educação, e o modo como o processo emancipatório, isto é, o desenvolvimento da individualidade guiada por uma razão autônoma, possui como pano de fundo e fator intrínseco a todas as fases, a construção do indivíduo propriamente moral. Será visto, ainda na teoria kantiana, como este primado da moralidade na formação é sustentado pelo projeto emancipatório da Modernidade, o qual possui valores como a liberdade e a autonomia em seu bojo contextual. Em seguida, em contraponto ao quadro teórico da Modernidade, haverá a discussão a respeito da repercussão contemporânea deste projeto emancipatório, tratando-se especificamente das afirmações de Adorno sobre a necessidade de direcionar a educação, antes de qualquer outro objetivo, para finalidades éticas. Esta afirmação de Adorno - o autor escolhido no estudo como representante da contemporaneidade - retoma em grande medida os princípios postulados na teoria kantiana para a educação. Pretende-se estabelecer conexões teóricas entre os autores que sejam relevantes na compreensão dos encaminhamentos fundamentais da educação. Finalizando, haverá a exposição da influência da dialética hegeliana em Adorno e a crítica desta por meio da sua dialética negativa, como forma de discutir princípios que, muito embora tenham sido forjados no campo epistemológico, serviriam para a reelaboração de objetivos morais na prática formativa. Diante de tais considerações, espera-se que o conceito de dialética moral negativa - um termo pouco conhecido do grande público, desenvolvido recentemente por Gerard Schweppenhäuser a partir dos estudos de Adorno - forneça elementos relevantes para a reformulação dos objetivos morais na formação, na medida em que estes sejam ancorados em fatores concretos da realidade social e histórica, e não em valores abstratos de segmentos específicos. Pretende-se lançar fundamentos para ações afirmativas que sustentem as tensões antitéticas da própria realidade, assumidas como estruturantes das relações sociais. Aprender com as antíteses e suporta-las como parte integrante das relações concretas significaria o efetivo encaminhamento da dialética moral negativa, no campo da formação, o qual, por sua vez, fundamenta as relações sociais em sentido mais amplo. Palavras-chave: Moral, Formação, Modernidade, Contemporaneidade, Dialética Negativa.

84 Mestre e doutorando em Filosofia da Educação. FEUSP. E-mail: [email protected]

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ABORDAGEM IDEACIONAL DE POPULISMO: LIMITES DA TEORIA

Ana Laura R. F. Ferrari85 Resumo: Populismo é um conceito contestado que assume sentidos diversos a depender da literatura utilizada. Este trabalho dialoga especificamente com a abordagem ideacional de populismo, que o define como uma ideologia antielitista e antipluralista e dá centralidade às ideias para a explicação do surgimento de movimentos e líderes populistas em épocas e regiões variadas. Como será detalhado, a abordagem ideacional traz vantagens analíticas relevantes para a especificação e a explicação do fenômeno político que se quer apreender, diferenciando-se assim de outras abordagens, como a política estratégica e o quadro teórico-normativo de Laclau e Mouffe. Apesar destas vantagens, o objetivo deste trabalho é realizar uma crítica interna à abordagem ideacional, questionando sua capacidade de considerar as consequências do populismo para o sistema político em que ele toma forma – a democracia liberal. Embora a literatura pontue que a lógica da ideologia populista sobre a unidade do povo e a construção de um inimigo comum pode levar a ações autoritárias por parte de governantes que a adotam, a abordagem ideacional, como desenvolvida atualmente, negligencia este ponto. A definição ideacional de populismo não é capaz de identificar, entre os casos de políticos que vencem eleições e governam enunciando discursos populistas, quais de fato implementam as ações autoritárias previstas secundariamente na teoria, e quais agem em conformidade com a democracia. A teoria ideacional, por sua vez, parte do pressuposto de que as ideias têm influência causal apenas para explicar o voto populista, deixando de abordar as consequências deste conjunto de ideias para a concretização de ações que enfraquecem as instituições democráticas. Investigar as limitações da abordagem ideacional é relevante porque o interesse no estudo de governos populistas não vem apenas da enunciação de discursos particulares, mas de sua característica comum de adotar ações governamentais autoritárias. Argumenta-se que há mais para explicar sobre o populismo do que a mobilização do eleitorado para o voto, e que uma conceitualização satisfatória de populismo deve ser capaz de identificar os casos em que há retrocesso democrático. Ao apontar para estas restrições, mas sustentar as vantagens de se considerar a influência causal das ideias para a definição e a explicação do populismo, este trabalho também indica caminhos para o desenvolvimento da abordagem ideacional. Palavras-chave: populismo; governo populista; discurso populista; abordagem ideacional; autoritarismo.

85 Bolsista CAPES. Mestranda em Ciência Política – Departamento de Ciência Política - Universidade de São Paulo (DCP-USP). E-mail: [email protected]

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CONCEITOS DE VIÉS WEBERIANO NA CONSTRUÇÃO DE UM CAMPO DE DISPUTAS BOURDIANO

Lucas Pinheiro Maciel Cioni86

Resumo: este artigo é parte de uma dissertação do programa de pós-graduação em sociologia (PPG-SOC) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tendo como objeto de pesquisa a natureza do campo de disputas de escritores brasileiros de ficção87, de 1990 até o momento atual, por meio de conceitos principalmente da teoria de campo do acadêmico Pierre Bourdieu, a pesquisa se preocupa em descobrir quais os agentes dominantes e dominados, as instâncias de consagração e, em escopo geral, o funcionamento do campo de disputa desses artistas. O interesse no objeto citado é proveniente do fato de autores de ficção científica e fantasia terem passado a ocupar lugar de destaque em grandes editoras e abrangentes meios de comunicação. A pesquisa defende que tal ocorrência tornou-se possível com o advento tecnológico e outras transformações socioculturais. Especificamente, o recorte aqui apresentado se debruça sobre conceitos de viés weberianos que podem ser mobilizados como referencial teórico na descrição e análise de um campo de disputas bourdiano. Ressalta-se que, sendo parte da área da sociologia da cultura, a principal ferramenta a ser utilizada na pesquisa são as trajetórias de vida dos escritores selecionados, considerando as características de seus meios sociais, além do sucesso obtido com suas obras: número de exemplares vendidos, editoras representantes, relevância nacional/internacional, entre outros. Enfim, a proposta de trabalho em voga pretende apresentar a base sociológica, por meio de importantes trabalhos de Max Weber, da composição de um campo de disputas de Pierre Bourdieu. . Palavras-chave: Sociologia da Cultura. Literatura. Trajetórias de Vida. Pierre Bourdieu. Max Weber.

86 Mestrando em sociologia (PPG-SOC). Bolsista Araucária (CNPQ). Universidade Estadual de Londrina (UEL), Centro de Letras e Ciências Humanas (CLCH). E-mail: [email protected] 87 Os autores são Affonso Solano, André Vianco, Eduardo Spohr, Leonel Caldela, Raphael Draccon, Raphael Montes e outros que adentrem à pesquisa conforme o levantamento é realizado.

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A SOCIALIZAÇÃO COSMOPOLITA em VINCENZO CICCHELLI88

Margareth Rogante89 Resumo: A importante contribuição teórica e metodológica do Prof. Dr. Vincenzo Cicchelli na obra “Plural e Comum: Sociologia de um mundo cosmopolita” é pensar a sociologia e a socialização cosmopolita como projeto para as ciências sociais e as humanidades nas sociedades contemporâneas. Na Parte I, o autor analisa que as sociedades globais são amplamente estudadas pelos “global studies” e que são o pano de fundo de inúmeros fenômenos que caracterizam a época contemporânea. Além disso, que os saberes amplos, massivos, dispersos, híbridos e reflexivos, que modificam o cotidiano dos indivíduos têm a narrativa da globalização como único critério de julgamento da realidade do mundo caracterizado pela interconexão das culturas. Assim, debruça-se sobre um profundo repertório teórico para analisar o cosmopolitismo dentro dos processos históricos e propõe fazer desta ferramenta um ponto de confronto com a narrativa da globalização. Para tanto, Cicchelli estabelece ligação entre o vasto corpus das teorias, conceitos e ferramentas metodológicas providos pelo “global studies”, o legado do pensamento cosmopolita clássico e contemporâneo, que construíram ideias de uma humanidade comum e os estudos atuais ambicionam responder as tensões entre o universalismo e o particularismo e um campo fecundo da sociologia, que analisa conceitos, fatos sobre o mundo cosmopolita comum e plural. Portanto, assegura que essas ferramentas conceituais e métodos específicos podem tornar operacional o neocosmopolitismo. Na Parte II, Cicchelli analisa os processos de socialização cosmopolita e os fundamentos do espírito cosmopolita na vida cotidiana do indivíduo. São processos reflexivos e híbridos que só podem ser entendidos a partir da investigação dos comportamentos e discursos desses indivíduos que podem tanto ser como tornar-se cosmopolitas. A proposta destas pesquisas pode nos levar a compreender em quais as circunstâncias o cosmopolitismo se dá ao longo das trocas e interações cotidianas em termos de narrativas e imaginários das experiências cosmopolitas dos atores sociais do mundo contemporâneo. O minucioso estudo é uma experiência obrigatória para quem se propõe investigar os indivíduos de pensamentos plurais e a socialização dos que podem criar e viver na “Cosmópolis Contemporânea” e, assim, contribuir com os estudos da socialização e narrativa cosmopolita. Palavras-chave: Cosmopolitismo, Socialização Cosmopolita, Espírito Cosmopolita Neocosmopolitismo e Globalização.

88VINCENZO CICCHELLI é doutor em sociologia, com pesquisas relacionadas a globalização e cosmopolitismo, sociologia da Europa e sociologia da juventude. É mestre de conferências na Universidade Paris-Descartes (Paris-V), entre outros. 89 Mestre em Sociologia. Universidade Estadual Paulista (Unesp/FCLAr) [email protected].

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LIBERALISMO COMO IDELOGIA: UM ESTUDO SOBRE A TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS

Pedro Luis Panigassi90

Resumo: A questão, a qual a pesquisa pretende deter-se, gira em torno do conceito de Ideologia. Este conceito, originário do filósofo francês Destutt de Tracy no século XVII desenvolveu-se de maneira heterogênea na história da filosofia e das demais ciências humanas, como nos mostra Terry Eagleton (1997), adquirindo uma considerável gama de significações, como, por exemplo, enquanto processo de produção de significados, valores, signos na vida social. As discussões em torno do conceito “ideologia” têm sido recorrentes desde o sentido que lhe foi atribuído por Karl Marx, enquanto um sistema complexo de falsas ideias, que surgem em determinados contextos sociais a fim de legitimar uma forma de poder dominante e, mais especificamente no caso de Marx e da tradição de pensamento marxista, as formas de dominação ideológica advindas do modo de produção capitalista. Na mais recente geração da Teoria Crítica, a filósofa alemã Rahel Jaeggi propõe uma atualização do conceito tendo em vista reabilitar a crítica da ideologia como forma de crítica imanente. O presente projeto propõe a possibilidade de uma análise do liberalismo político contemporâneo, na figura de John Rawls, segundo a crítica da ideologia tal como reabilitada por Jaeggi, enquanto um instrumento de análise e crítica, buscando demonstrar se há pertinência na hipótese de que o liberalismo de Rawls é ideológico, dado que extraí seus critérios de forma externa a realidade social, levando em conta sua ideia de “posição original”, expressão de um certo estágio de desenvolvimento do sistema econômico e social capitalista, produtor de formas de vida e práticas sociais. Nosso objetivo é explorar uma possibilidade até então não explorada de discussão no âmbito das teorias normativas, buscando realizar uma crítica imanente da teoria política de Ralws, a partir da revitalização da crítica da ideologia proposta por Jaeggi. Palavras-chave: Teoria-crítica. Liberalismo. Ideologia.

90 Graduando em Ciências Sociais. UNESP-FCLAR. [email protected] .

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TEORIA PÓS-DEMOCRÁTICA: PARA PENSARMOS A CRISE DA DEMOCRACIA LIBERAL NO SÉCULO XXI

Túlio Celini91

Resumo: Este trabalho busca dialogar criticamente com a chamada teoria pós-democrática. Essa teoria tem marcado a produção acadêmica atual ao problematizar a crise do modelo democrático hegemônico, desde o final da Guerra Fria. Contudo, o debate teórico-metodológico mobilizado pelos principais autores que buscam compreender esse fenômeno político, parte de uma narrativa que tem como base as democracias do chamado Norte global – ou seja, as democracias consideradas consolidadas pela literatura especializada. Dessa forma, embora esses estudos sejam capazes de fornecerem interessantes análises sobre a atual crise da democracia, também se mostram insuficientes para explicarem os processos de desdemocratização em curso, principalmente nos países periféricos. Uma vez que, os diagnósticos feitos por esses autores têm apontado como entraves à democracia problemas que fazem parte da história democrática de grande parte dos países do Sul global. Para isso, realizamos uma revisão teórica dos principais conceitos e eventos mobilizados por essa agenda de pesquisa. Pois, é urgente problematizarmos se, de fato, os processos recentes chamados de “desdemocratização” ou “pós-democracia” encontram sentido prático, ou se eles são a expressão da própria adequação histórica entre a economia capitalista e a democracia política, da qual a democracia liberal é derivada. Isso não significa perder de vista o fato de que existe um processo em curso de avanço do neoliberalismo e do conservadorismo sobre a democracia e suas instituições de forma ainda mais violenta e, também, que quaisquer mudanças nesse balanço instável são extremamente sensíveis para aqueles grupos que já acumulavam diferentes formas de exclusão e de opressão no arranjo democrático liberal, principalmente aqueles com passado colonial. Ao contrário, essa realidade evidencia, de forma ainda mais contundente, a necessidade de questionarmos o referencial democrático que adotamos, uma vez que ele mostrou-se muito restrito e passageiro. O caso brasileiro é capaz de exemplificar isso, visto que, temos assistido sucessivos eventos que atestam os limites do pacto democrático estabelecido no país, principalmente depois de 2016, ano em que a ex-presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), eleita democraticamente, foi afastada do cargo por meio de um controverso processo de impeachment. Palavras-chave: Pós-democracia; Democracia política; Economia capitalista; Brasil.

91 Graduando em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB). É pesquisador do Demodê – Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades. E-mail: [email protected].

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TEORIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS: UMA PERSPECTIVA CRÍTICA DE TOERIAS CLÁSSICAS

Brunna Felkl do Nascimento92

Resumo: A esquerda brasileira está nas ruas de novo, contra uma serie de projetos neoliberais do governo Bolsonaro. Para além de entendermos a conjuntura social e politica, é preciso, compreender as teorias que estudam os movimentos sociais, seus conceitos e suas diferenças. Deste modo, o estudo busca a compreensão destas teorias, apresentando as teorias clássicas e atuais, por meio da perspectiva de criticas direcionadas as primeiras. A pesquisa se da por meio de um estudo bibliográfico que busca conceituar as teorias clássicas dos movimentos sociais e as criticas a estas teorias, direcionadas por teorias contemporâneas. Em paralelo ao discurso teórico o estudo apresenta, como exemplos, estudos sobre os principiais movimentos sociais Brasileiros da atualidade. Parte da apresentação e conceituação da teoria da mobilização dos recursos (TMR), criada por McCarthy e Zaid em 1970. Deste modo a TMR compreende os movimentos sociais como racionalizados e não emotivos, sendo eles, resultados de cálculos racionais de custo e beneficio. Uma das criticas que recebeu esta teoria é que erroneamente não deu visibilidade para a cultura. Contrariando a teoria em comento, aparece a teoria do processo politico, criada por Tilly e Tarrow, que incorporou a cultura por meio do conceito de repertorio. Porém, a teoria em comento deu pouca visibilidade para as diferenças interiores do movimento social. A terceira e ultima teoria clássica, a teoria dos novos movimentos sociais, não tão unificada quanto as anteriores, aparece com Habermas, Touraine e Melucci em meados dos anos 1980 e 1990. Para eles, uma transformação macrossocial gerou um novo modo de dominação, eminentemente cultural, por meio da ciência e da tecnologia. Estas transformações afetaram questões subjetivas e transformaram também as zonas de conflitos. Deste modo, as demandas se encontram no cotidiano, apresentando novas identidades. É o caso do movimento feminista, estudantil, que serão analisados dentro desta e outras teorias contemporâneas. Com este cenário, os movimentos sociais passam a ser, para esta ultima teoria, ações pacificas e diretas, organizados de modo não hierárquico, descentralizado e desburocratizado. Visam não apenas o Estado, mas também a sociedade em si, em prol de transformações culturais. Teorias clássicas receberam criticas e estudos de Craig calhoung e Jean Cohen. E atualmente, Maria da Gloria Gohn, que por meio de estudos teóricos, busca compreender a primavera árabe e as jornadas de junho de 2013. Em síntese, o estudo busca apresentar teorias e como elas podem compreendera realidade dos atuais movimentos sociais. Palavras-chave: Palavras-chave. Palavras-chave. Palavras-chave. Palavras-chave.

92 Graduanda de licenciatura em ciências sociais. Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected]

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A CATEGORIA DA TOTALIDADE EM G. LUKÁCS E L. GOLDMANN: APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS

Aline C. Ferreira93

Resumo: Marx defende que a realidade concreta só pode ser entendida como a síntese de múltiplas determinações, como a unidade do diverso. Por meio de um processo de abstração (que presume a chegada ao concreto), o “todo” imediato deixa de aparecer como “caótico” e passa a constituir a totalidade concreta. A totalidade, nesse sentido, é uma das principais categorias do método dialético. Sabe-se, no entanto, que este autor jamais escreveu algo sistematizado sobre seu método e sobre a totalidade. Tal missão foi atribuída aos continuadores do seu pensamento. É nesse sentido que Lukács torna-se um autor importante para o entendimento da totalidade, já que a partir de História e consciência de classe, de 1923, esta categoria é abordada de modo aprofundado. Neste livro, a totalidade é concebida de forma histórica e dialética, e não enquanto um amontoado de informações justapostas mecanicamente. Com o passar do tempo, tal obra é rechaçada pelo próprio Lukács. Todavia, a concepção de totalidade presente nela é resgatada por diferentes pensadores. Dentre eles está Lucien Goldmann, um sociólogo cujas bases intelectuais atravessam diferentes referenciais teóricos: desde as obras da juventude de Lukács (influenciado primeiramente pelo neokantismo, depois pelo hegelianismo e então pelo marxismo) até a epistemologia genética de Jean Piaget. A concepção de totalidade em Goldmann, portanto, adquire um caráter específico. O presente trabalho, nesse sentido, tem como objetivo apresentar as aproximações e os distanciamentos do significado da totalidade em Lukács de História e consciência de classe e em Lucien Goldmann. Para tanto, serão apresentados os principais conceitos desenvolvidos por este autor (visão de mundo, máximo de consciência possível, sujeito transindividual etc.) e de que modo eles estão relacionados à obra de 1923 de Lukács. Ao mesmo tempo, as divergências entre esses dois pensadores serão apontadas, especialmente no que se refere à questão da existência (ou não) da identidade entre sujeito e objeto do conhecimento e ao ponto de vista do proletariado. É importante ressaltar que as reflexões aqui presentes fazem parte de uma pesquisa de doutorado em andamento, havendo, assim, elementos que devem ser melhor explorados ao longo da pesquisa. Palavras-chave: Goldmann. Lukács. Marxismo. Totalidade. Método dialético.

93 Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras, campus de Araraquara. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. E-mail: [email protected]

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A TEORIA DA REVOLUÇÃO N’O CAPITAL E NOS GRUNDRISSE DE KARL MARX

Anderson Vinicius Dell Piagge Piva, 94

Resumo: Os escritos econômicos de Karl Marx permitem-nos vislumbrar dois caminhos para a solução das contradições históricas do capitalismo. De um lado a classe operária que agiria de modo ativo para a promoção da revolução, como se nota nos capítulos finais do primeiro livro de O Capital, ou seja, num ato político, ela “expropriaria os expropriadores”; de outro lado, em escritos como os Grundrisse, Marx parece apontar um caminho em que o capital encontra os seus limites naturais sem contar com a participação efetiva do proletariado. Este trabalho pretende investigar as duas formas que o processo revolucionário assume nos escritos econômicos da maturidade de Marx. Pretende-se, igualmente, debater quais as implicações de se abordar o processo revolucionário de um modo ou de outro: ou seja, quais são as conseqüências, para os partidos e movimentos políticos socialistas, quando se passa a entender a revolução não apenas como um processo condicionado pela ação política, mas também como algo que é gestado dentro da própria lógica do desenvolvimento das forças produtivas sob as relações de capital. Desse modo, a constatação de Karl Marx e Friedrich Engels segundo a qual a burguesia cria os seus próprios coveiros, ganha outra dimensão. Ou seja, ela não apenas traz à luz a classe que a enterraria (através de uma ação política e deliberada), mas, além disso, acaba por criar, involuntariamente, as condições para a superação das relações de capital e, assim, a sua própria existência como classe ou da própria sociedade de classes moderna. O processo de crescente contradição entre as forças produtivas baseadas, cada vez mais, na automação, e a utilização da força de trabalho como fundamento da criação de valor (e, portanto, mais-valor) é o ponto central de nosso trabalho. Palavras-chave: Marxismo. Capitalismo. Teoria da revolução.

Doutorando em Ciências Socias(UNESP/FCLAr), Cnpq, [email protected]

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A teoria da modernidade de Jürgen Habermas: entre Hegel e Max Weber

Augusto Moreira Magalhães95 Resumo: Este trabalho aborda a fundamentação teórica da teoria da modernidade de Jürgen Habermas a partir da apropriação das teorias de Hegel e Max Weber. O enfoque do mesmo é a compreensão da permanência da modernidade na contemporaneidade a partir dos conceitos mobilizados a partir dos dois autores citados. Em Hegel, Habermas busca estabelecer a autocompreensão da modernidade e o seu comportamento de retirada de critérios normativos a partir da própria modernidade, e não de momentos históricos anteriores. A dialética do esclarecimento estabelecida por Hegel, assim como a proposição do princípio de subjetividade, é também o fio condutor das análises habermasianas para abordar a crítica radical da razão, derivada de Nietzsche, e a situação de consciência continuada pelos jovens hegelianos, elementos estes que caracterizam o que Habermas chama de discurso filosófico da modernidade. Também será abordada a distinção entre trabalho e interação na filosofia hegeliana do período de Jena e suas respectivas implicações para a construção da teoria da modernidade habermasiana. A partir de Weber, Habermas se apropria da teoria da racionalização social oriunda do processo de modernização capitalista, que resulta no desencantamento do mundo e na separação das esferas culturais de valor. O desencanto do mundo é o resultado da cisão das imagens religiosas do mundo decorrentes da pressão do processo de modernização, ocorrendo a assim chamada dissolução das esferas de valor, a saber, ciência, moral e arte. Embora tanto a teoria hegeliana quanto a weberiana tenham sido de fundamental importância para a fundamentação da teoria da modernidade de Habermas, também serão brevemente elencados as diferenças da recepção deste para com a teoria daqueles. A abordagem deste trabalho é de natureza bibliográfica e tem seu objetivo na relevância da fundamentação das ciências sociais e sua importância para a compreensão de fenômenos sociais atuais a partir da mobilização de conceitos a partir da filosofia. Palavras-chave: Modernidade. Dialética do esclarecimento. Racionalização social.

95 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Araraquara. E-mail: [email protected]

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A crítica debordiana de 1988 e a crise de 1989

Erick Quintas Corrêa96 Resumo: Neste trabalho buscamos destacar a relação existente, tanto no plano histórico como no plano categorial, entre os Comentários sobre a sociedade do espetáculo, obra do situacionista francês Guy Debord publicada na França em 1988, e a crise de 1989-91, quando eventos como as chamadas Revoluções de 1989 (os protestos massivos ocorridos na praça de Tian’anmen em Pequim, a revolução romena disparada em Timişoara, a Queda do Muro de Berlim, respectivamente em maio-junho, novembro e dezembro daquele ano) e a consequente implosão do Bloco Socialista, concluindo o período da Guerra Fria, em 1991, marcariam os últimos pontos de inflexão do século 20. Tais processos revolucionários eram vistos por Debord como qualitativamente distintos daqueles ocorridos em Berlim oriental (1953), em Budapeste (1956) e em Praga (1968) pelo seu caráter implosivo, isto é, mais resultante de um colapso do que de um processo explosivo de libertação social. Contudo, eles precipitariam, ao mesmo tempo, tanto o fim da Guerra Fria como o início do século 21, momento esse, segundo Debord, “em que todos os aspectos da vida política internacional, e um número crescente dos que interessam à vida política interna, são conduzidos e mostrados no estilo dos serviços secretos” (Com., § XX). Esta tese, que faria a “má reputação” dos Comentários de 1988, seria no entanto amplamente lastreada pela realidade histórica nos anos subsequentes, como este trabalho procura demonstrar. De acordo com a crítica debordiana do espetáculo, a crise de 1989 (que este ano completa trinta anos), além de uma unificação substancial do capitalismo em escala global, assinala, no limite, o ponto de virada histórico em que a exceção já não mais se distingue da regra, a ditadura do Estado de direito, a guerra da paz, a barbárie da civilização: agora também em escala planetária.

Palavras-chave: Guy Debord; Comentários de 1988; Crise de 1989.

96 Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (UNESP/FCLAr). Mestre e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected].

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KARL KORSCH E A ANÁLISE MARXISTA DO MARXISMO

Gabriel Teles97 Resumo: A presente comunicação, fruto de uma tese de doutorado ainda em desenvolvimento, objetiva analisar a obra de Karl Korsch focalizando sua análise teórica a respeito da história e da historicidade do marxismo. Trata-se, portanto, de examinar a principal contribuição deste intelectual para o marxismo: a aplicação do materialismo histórico ao próprio materialismo histórico. Para Korsch, a análise do marxismo só pode ser feita de forma concreta caso se utilize de suas próprias ferramentas teóricas e metodológicas e sejam aplicadas a si mesmas. A partir desse princípio o autor conceitua marxismo, aponta o seu desenvolvimento histórico e o seu vínculo com a sociedade. Assim, tornam-se teoricamente explicáveis e compreensíveis as várias interpretações do marxismo que muitas vezes entram em contradição, já que se substitui a usual censura moral e voluntarista por uma explicação teórica, histórica e ligada às relações sociais concretas da sociedade capitalista. A aplicação do materialismo histórico a ele próprio foi inicialmente indicada e esboçada por Antônio Labriola (1979) em La Concepción Materialista de la História, de 1896, Rosa Luxemburgo (2011) em Paralisia e progresso no marxismo, de 1903 e, finalmente, Georg Lukács em História e Consciência de Classe (2012), de 1923. Mas é somente em Korsch que este procedimento aparece com todas suas consequências teóricas e desdobramentos metodológicos. Dessa forma, a análise do marxismo é uma constante em seus escritos. O caráter histórico desta corrente teórica é evidenciado desde Marxismo e Filosofia, que chancela o seu ingresso integral à teoria marxista, até o seu último texto não publicado em vida, Manuscript of Abolitions, escrito no final da década de 1950, em que busca desenvolver alguns aspectos da teoria marxista do desenvolvimento histórico. A nossa pesquisa, por esse ângulo, possui caráter teórico, o que significa a não necessidade de coleta de dados empíricos, aplicação de questionários, entrevistas e demais técnicas de investigação empírica. Isto revela que do ponto de vista dos procedimentos de pesquisa, utilizaremos a análise bibliográfica e o método utilizado serão os recursos heurísticos e sociológicos do método dialético. Palavras-chave: Karl Korsch. Marxismo. Materialismo Histórico. Método Dialético. História do Marxismo.

97 Doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo (PPGS/USP). Mestre em Sociologia pela UFG. Bolsista CNPq. E-mail: [email protected]

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Axel Honneth e os limites do liberalismo político

Matheus Garcia de Moura98 Resumo: O debate liberal-comunitarista em torno da formulação de uma teoria da justiça das democracias contemporâneas, que tem seu ponto de partida em Uma Teoria da Justiça, de John Rawls, em 1971, se desenvolve por pelo menos duas décadas. Num primeiro momento, durante a década de 1980, o debate ocorre, sobretudo, a partir das críticas (tanto das vertentes liberais quanto comunitaristas) às proposições dessa obra. Na década seguinte uma “nova onda” se desdobra na tentativa de superação da dicotomia gerada nos anos anteriores; seus interlocutores, em grande medida, buscam apresentar soluções visando um ponto médio, ou sintético, para os problemas evidenciados na primeira geração do debate. Entre os autores desse segundo momento é possível destacar o pensamento de Axel Honneth, que realiza uma crítica, sobretudo às concepções liberais de justiça, a fim de demonstrar os limites que tais compreensões engendram na formulação de seus argumentos. Para Honneth (1991), tanto as concepções liberais quanto as comunitaristas fracassam em seu intento: as primeiras por desconsiderarem a intersubjetividade como um dado presente geneticamente nas relações do ser humano em sociedade – sendo intrínseca à formação da identidade e à busca pela autorrealização individual; e as segundas por radicalizarem esse dado, atribuindo formas pré-determinadas de justiça social a partir dos contextos de ação. A fim de escapar desses dois lados, um consideravelmente apartado dos contextos sociais, e o outro restrito a esses contextos, Honneth busca uma saída que tome em consideração as práticas das relações sociais, considerando a formação das vontades e da autonomia dos sujeitos, mas sem apresenta-las com um conteúdo pré-definido. Dessa maneira, ele apresenta, a partir de Hegel, o conceito de “eticidade formal”, que estrutura três formas de reconhecimento como bases de relação mútua entre os sujeitos em sociedade. Além disso, com base nesse conceito de “eticidade”, tomado em consideração o dado da intersubjetividade, Honneth (2009) diagnostica deficiências em três pilares presentes nas principais concepções liberais sobre a justiça: na proposição de um esquema procedimentalista, na ideia de justiça distributiva, e na centralização da instituição do Estado de direito. Demonstrando as dificuldades que cada um desses elementos apresenta, Honneth tenta abrir caminho para uma concepção alternativa da justiça contemporânea. Palavras-chave: Reconhecimento. Liberalismo. Teorias da Justiça.

98 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Araraquara. Pesquisa financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail: [email protected]

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A OQUIDÃO DEMOCRÁTICA

Teófilo Vladimir Pereira99 Resumo: O presente trabalho se propõe a estabelecer análise crítica acerca da democracia, sobretudo da sua vertente de matriz liberal, onde pretendemos contrapor com referêncial do pensamento marxiano e marxista. O objetivo de tal proposta, visa expor os desígnios teóricos, do debate da democracia, e as lacunas da reivindicação liberal. Para isso promovo, um diálogo ensaístico com a obra de Giovanni Sartori, Teoria da Democracia Revisitada, salientando a crítica que Marx em seus textos de juventude já iluminava, que a expressão cidadã representativa contemporânea, é proclamada com base em filosofias e relações jurídicas de classe. Deste modo a democracia nos termos expostos pelos liberais constituiria a democracia em seu estado oco, uma participação restrita, controlada, pautada nos limites das necessidades reprodutivas do capital, e tendo escamoteada a influência ideológica da classe econômica hegemônica, como expõe Istivam Meszáros. Concluímos que existiriam limitações congênitas da democracia liberal devido a reprodução de sistema de produção econômica, orientado pelo monopopólio da dominação legal, dentro dos marcos regulatórios da lei da propriedade individual, nestes termos faz-se necessário que a democracia não seja efetiva, mas sim inofensiva e legitimada. Através da invulnerabilidade oferecida às formas jurídicas da propriedade privada a dominação classista é evidenciada tanto em sua formulação no direito, quanto pelas estruturas de dominação ideológica hegemônica, na leitura de Mészáros, apresentando assim as condições necessárias para a reprodutibilidade do Capital através da dominação da estrutura sociometabólica política de uma sociedade. Palavras-chave: Democracia, Liberalismo, Ideologia, Marx

99 Graduado em Ciências Sociais. Fclar Unesp Araraquara. [email protected]

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GT 2 – Estado, Sociedade e Políticas Públicas

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A SEGURIDADE SOCIAL NO NÍVEL LOCAL: O CASO DE ARARAQUARA, SP

Ariel Torres Alves 100

Luciléia Aparecida Colombo101 Resumo: Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988 houve diversos avanços na consolidação da Seguridade Social no Brasil, mudando a forma como a própria assistência social era percebida pela população brasileira possibilitando que o conceito de Seguridade Social assuma o perfil associado a ações públicas garantidoras de direitos sociais básicos, criando novos desenhos institucionais. A consolidação da Seguridade Social foi acompanhada por diversos artigos e trabalhos de assistentes sociais, entretanto percebe-se uma lacuna quanto a trabalhos teóricos referentes ao próprio desenho institucional da política pública por parte dos cientistas políticos. Ressalta-se que após a edição da Lei nº 12.435 o sistema descentralizado e participativo que organiza a assistência social passou a integrar o LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social), atribuindo aos municípios a competência de instalar secretarias de assistência social e seguir a regulamentação do Sistema Único de Assistência Social, criando, assim, estruturas similares em todos os municípios, de forma que a análise desse desenho institucional revela-se de suma importância. Foi escolhido para a análise o caso do município de Araraquara para o estudo deste desenho institucional. O objetivo do presente artigo é analisar o desenho institucional da assistência social no município de Araraquara, e como esta está organizada. Partimos de uma teoria respaldada no estudo das instituições e seus desenhos, em trabalhos desenvolvidos em autores como Goodin (2009), que ressalta: “Intentional design of institutions is only part of the story, though. To some extent, it is undeniably true that institutions do come about essentially by accident or that they evolve according to a logic of their own, in ways altogether impervious to intentional intervention and direct human design” (GOODIN, 2009, p. 29102). A metodologia do presente trabalho assenta-se nas formas primárias e secundárias; as primeiras, originam-se na análise das principais medidas relacionadas à área de Assistência Social contidas no site da Assistência Social da cidade de Araraquara, São Paulo. A metodologia de fonte secundária relaciona-se com a análise de material teórico pertinente sobre o tema. Convém ressaltar que a justificativa para a realização deste trabalho é que existe um grande número de trabalhos acadêmicos sobre o tema, contudo presente na área de Serviço Social, sendo as análises da ciência política ainda incipientes. Palavras-chave: Desenho institucional. Assistência Social. Políticas Públicas.

100 Mestrando no Programa de Ciências Sociais. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Campus Araraquara. [email protected] 101 Pós-Doutoranda no Programa de Ciências Sociais. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Campus Araraquara. [email protected]. Apoio Financeiro: CAPES. 102 GOODIN, ROBERT E. Institutions and Their Design. Cambridge University Press, 2009.

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O PAPEL DA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E DA RENOVAÇÃO CÍVICA NA CRISE DA DEMOCRACIA: UMA CRÍTICA A YASCHA MOUNK.

Caio Motta103

Laura Pimentel Barbosa104 Resumo: Nos últimos anos, temos observado no debate público e acadêmico a preocupação com uma possível crise da democracia. Esse debate, por sua vez, articula teses já desenvolvidas e trabalhadas por autores de diversos espectros teóricos e tem engajado os analistas políticos e cientistas sociais em desenvolver propostas para reverter esse processo de falência ou desestabilização democrática. Nesse sentido, destacamos o trabalho de Yascha Mounk: “O Povo contra a democracia: Por que nossa liberdade está em perigo e como salvá-la” por tentar justamente fazer um diagnóstico e propor meios para fortalecer a democracia. Nesse artigo, iremos primeiro retomar as teses teóricas usadas pelo autor para afirmar que estamos em uma crise da democracia, demonstrando como essas teses foram trabalhadas anteriormente por outros autores. As duas principais teses desenvolvidas na obra que sustentam a ideia de que vivemos em uma crise democrática são: (01) o crescente perigo da democracia liberal exacerbar seus aspectos liberais enquanto que nega seu caráter democrático e participativo, e (02) o perigo da democracia exacerbar seus aspectos democráticos enquanto nega seus aspectos liberais. A primeira remete a críticas de autores como Habermas e Offe e a segunda, a autores conservadores como Huntington, Watanuki e Crozier. Em seguida, e esse é o nosso objetivo principal, iremos desenvolver uma crítica das principais propostas apresentadas pelo autor para reverter essa aparente crise. Segundo Mounk, é preciso renovar a fé cívica, o ideal republicano, para fortalecer a democracia. Nossa crítica parte das reflexões de Jason Brennan e IIya Somin, que argumentam justamente o contrário, que para evitar um colapso democrático é preciso desencorajar a participação política e reduzir as esferas de ação estatal na vida dos cidadãos.

Palavras-chave: Crise da democracia; Renovação cívica; Participação política; Epistocracia; Estado Mínimo.

103 Graduando em Ciências Sociais pela UNESP Araraquara, FCLAR: Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. E-mail: [email protected]. 104 Doutoranda em Ciência Política pela USP, FFLCH: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Mestre em Ciências Sociais pela UNESP Araraquara. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected].

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DEMOCRACIA E REAÇÃO CONSERVADORA

Paulo Eduardo de Mattos Stipp105 Resumo: Este ensaio visa compreender a reconfiguração política da sociedade brasileira na década de 2010, pelo surgimento de uma onda conservadora que culminou na eleição do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro em 2018. Para tanto, este ensaio está subdividido em algumas seções: a primeira delas se centra na discussão movimentos sociais das Jornadas de Junho de 2013 e na reação aos megaevantos esportivos do ano seguinte. A segunda, analisa o período entre as eleições de 2014 e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Na terceira seção, investigou-se como que o progressivo desalinhamento do sistema partidário gerado pela quebra da polarização entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia (PSDB), produziu um vácuo de poder que possibilitou o surgimento e consolidação do discurso conservador e autoritário que saiu vencedor nas últimas eleições, ameaçando a estabilidade das instituições republicanas e democráticas. E por fim, a título de considerações finais, este ensaio busca enfatizar, como que, na sociedade brasileira contemporânea, o enfraquecimento das instituições políticas e sociais possibilitou a emergência da alternativa autoritária, do discurso violento e intolerante. Ante ao calor dos acontecimentos, sem o benefício do distanciamento do tempo, este ensaio lança mão da, ainda parca, bibliografia recente, artigos e resenhas jornalísticas e até mesmo dos recentes documentários. Este ensaio busca rascunhar algumas considerações sobre a história imediata a partir da revisão bibliográfica, sem a pretensão de se dar de maneira cabal ou mesmo conclusiva. Antes, estas considerações visam servir de material para trabalhos mais cuidadosos que, num futuro, possam acontecer. Palavras-chave: Estado. Movimentos Sociais. Conservadorismo. Autocracia totalitária.

105 Mestre em História pela Unicamp e docente do Curso de Direito na UNIFEV – Centro Universitário de Votuporanga – [email protected]

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CAMADAS MÉDIAS E LUTA POLÍTICA NOS ANOS 2000

Ederson Duda da Silva106

Resumo: O resumo aqui apresentado compõe o projeto de pesquisa em desenvolvimento que analisa a atuação política das camadas médias diante do conflito distributivo durante os anos 2000. O estudo constitui-se em uma análise bibliográfica e teórica sobre o conceito das camadas médias e seu processo de formação política, econômica, social e cultural na teoria marxista. Assim, com base em um estudo analítico e interpretativo propomo-nos a compreender as camadas médias e a luta política do ponto de vista do conflito distributivo, orientando-se pelo seguinte problema de pesquisa: como as camadas médias atuaram politicamente frente às políticas públicas de distribuição de renda durante os governos do PT? Procuraremos analisar a atuação política das camadas médias e as contradições advindas do conflito distributivo entre os anos de 2003 a 2016, ou seja, o período dos governos do PT. Partimos da hipótese de que a dinâmica da apropriação-distribuição da renda pode ser uma chave interpretativa para compreendermos a atuação política das camadas médias durante os anos 2000. As políticas de distribuição de renda no período dos governos do PT impactaram de forma relativa o “mundo das classes médias”, onde setores desse grupo experimentaram um jogo de soma zero, pois à medida que as transformações econômicas por via democrática modificaram a estrutura social e política em favor dos mais pobres, e de forma mais clara para os mais ricos, sua posição social e sua renda real eram ameaçadas concretamente. Para setores das camadas médias a “melhora” de vida e a mobilidade social ascendente dos trabalhadores teriam ocorrido devido a atuação direta do Estado e não pela via meritocrática. Entendemos que este pode ser um dos possíveis fatores para que setores das camadas médias passassem a se organizar e se manifestarem em protestos de rua. Ao analisarmos o perfil socioeconômico dos manifestantes que estiveram presentes nos atos pelo impedimento de Dilma Rousseff, a favor ou contra, verifica-se a forte presença de membros das camadas médias, o que, por si só, já nos levaria a investigar possíveis acontecimentos em determinado período histórico que levassem este grupo as ruas de forma reivindicativa e contestatória. Entendemos que as mobilizações pautadas pelo impedimento, contra a corrupção ou o moralismo na política, por exemplo, devem ser investigadas e interpretadas não pelo seu discurso aparente, mas sim através de sua base material, que para a presente pesquisa se expressa nas contradições do conflito distributivo e da luta de classes.

Palavras-chave: Camadas médias; Luta política; Marxismo; Relações de classe; Impedimento

106 Mestrando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo – Unifesp/Guarulhos.

E-mail: [email protected]

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A PARTICIPAÇÃO ELEITORAL COMO FORMA DE CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA NA GUINÉ-BISSAU

Emmanuel Pinto Monteiro107

Resumo: O século XX foi efetivamente um século de intensa disputa em torno da questão democrática. Essa disputa, travada ao final de cada uma das guerras mundiais e ao longo do período da guerra fria, envolvendo dois debates principais: na primeira metade do século o debate centrou-se em torno da desejabilidade da democracia (Weber, 19191; Schimitt, 1926; Kelsen, 1929; Michels, 1949; Schumpeter1942). Se, de um lado, tal debate foi resolvido em favor da desejabilidade da democracia como forma de governar, por outro lado, a proposta que se tornou hegemônica ao final das duas guerras mundiais implicou em uma restrição das formas de participação e soberania ampliada em favor de um consenso em torno de um procedimento eleitoral para formação de governo (Schumpeter, 1942). Situado na costa ocidental da África, a Guiné-Bissau entra nessa onda da desejabilidade da democracia a partir de 1994 (Séc. XX) com a realização da primeira eleição livre, justa e transparente após mais de 20 anos sob a governança do partido único. Com a democracia em curso o país conheceu vários períodos de instabilidade politica governativa que impossibilitou o termino dos mandatos ou legislaturas. Do outro lado a instabilidade inviabilizou a realização de objetivos de desenvolvimento, redução de pobreza e o cumprimento dos objetivos do milênio. Neste contexto politico e social marcada por disputa de interesse de diversas classes e setores da sociedade a participação seja em canais de decisão, no momento de votar e após as eleições tende a ser prejudicada. É neste sentido que o objetivo do estudo visa analisar o comportamento da participação eleitoral no período que vai de 1994 com a realização da primeira eleição ate 2014 data da ultima eleição presidencial. O foco principal da analise se centra nas eleições para o cargo de Presidente da Republica e para os cargos do Legislativo. Este objetivo é baseado em dois fatos importantes. Em primeiro lugar a importância do fenômeno da partição eleitoral dentro da jovem democracia guineense na consolidação da representatividade e em segundo lugar o fato do fenômeno da participação eleitoral ser muito novo e pouco debatido entre os principais atores sociais. Palavras-chave: Estado, Eleições, Cidadania e Legislação.

107Titulação: Pós-Graduando. Agência Financiadora: CAPES, Instituição: UNESP-Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. E-mail de Contato: [email protected].

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QUEM SÃO ELES? Reflexões sobre participação e representação no âmbito do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Beatriz Elena Barud Silva108

Resumo: As Instituições Participativas marcam o processo de redemocratização brasileiro e possuem a característica de serem espaços plurais, em que há debate de ideias, citamos como exemplo os Conselhos Gestores e Conferências Nacionais. Essas instituições ampliaram a participação social, cumprindo as determinações constitucionais. Novos atores foram incluídos na esfera pública sob o manto da diversidade, no entanto, pesquisas (AVRTIZER, 2012; IPEA, 2013) apontam para um padrão entre os que participam. Observando a composição dos representantes da Sociedade Civil em gestões do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda –, notamos que há uma repetição das entidades, que muitas vezes se alteram apenas entre suplentes e titulares. A reflexão proposta nesse artigo consistiu em verificar se a presença recorrente das mesmas entidades, em especial no âmbito do Conanda, não seria um fator que incide na efetividade das Conferências Nacionais da mesma area temática – Criança e Adolescente – pois, nessa seara os espaços possuem um relação de proximidade, uma vez que o conselho gestor, e seus conselheiros, são responsáveis por organizar as atividades e participar da dinâmica das Conferências. Ainda que tal hipótese demande a análise de outras variáveis, percebemos que a redução no quadro dos representantes da sociedade civil estrutura-se a partir da intenção de incorporar setores da sociedade civil que apresentem maior “legitimidade”, de modo que a participação e a representação em Instituições Participativas seguiriam a lógica dos mobilizados (LUCHAMNN, 2008). Não obstante a representação nas IPs apresente especificidades, que diferem da representação eleitoral, ainda encontramos limites em sua atuação e, embora elas tenham alterado a ordem social e incluído diferentes setores da sociedade civil, restam barreiras para que a participação social se efetive para todos. Palavras-chave: Instituições Participativas. Conselhos Gestores. Criança e Adolescente. Participação.

108Doutoranda em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUCSP (2019 – em andamento). Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: [email protected].

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INSTITUIÇÕES PARTICIPATIVAS: CONSELHOS GESTORES E CONFERÊNCIAS

DE POLÍTICAS PÚBLICAS - DIÁLOGOS E REFLEXÕES

Everton Henrique Faria109 Resumo: A Constituição Federal Brasileira de 1988, ao assegurar, dentre os seus princípios e diretrizes, “a participação da população por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis” (Art. 204), certamente instituía uma nova prática a ser implementada dentro da gestão pública que, por sua vez, transcendia as até então vigentes percepção e experiência de uma forma organizativa do Estado altamente centralizadora e avessa a formas alternativas, complexas e modernas de participação da sociedade civil brasileira. Neste sentido, este trabalho possibilita uma reflexão acerca da historicidade e importância das Instituições Participativas (IPs) para a democracia brasileira, especificamente a respeito dos Conselhos Gestores e Conferências de Políticas Públicas, refletindo sobre como estas instituições são capazes de estabelecer novos elos entre os diferentes atores presentes tanto na esfera pública quanto privada, mediante as relações de poder existentes no cenário político institucional. Em síntese, percebe-se que as IPs no Brasil tornaram-se importantes instrumentos de representação e participação para o fortalecimento da democracia, sobretudo, para a nova gestão pública, em que a gestão democrática consiste em um dos principais princípios, resultando, por sua vez, em discussões acerca de como estas instituições têm invertido a lógica centralizadora da gestão pública e implementado novos canais de diálogos entre o governo, as instituições sociais e a sociedade. Como metodologia foram utilizadas técnicas de pesquisa qualitativas como análises de produção bibliográfica e documental. Palavras-chave: Instituições Participativas, Gestão Pública, Conselhos Gestores de Políticas Públicas, Conferências de Políticas Públicas, Participação.

109 Doutorando em Ciências Sociais UNESP/FCLAR.

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POLITIZAÇÃO ÉTNICO-CULTURAL, DIREITOS DE GRUPO E DEMOCRATIZAÇÃO: O CASO DO ESTADO PLURINACIONAL DA BOLÍVIA

Laura Pimentel Barbosa 110

Resumo: A maioria das democracias ocidentais tem um nível substancial de diversidade cultural e muitas enfrentam conflitos étnico-culturais. Historicamente, a democracia Liberal tem sido confiante que ao promover os direitos individuais e estimular o desenvolvimento econômico, esse tipo de conflito interno se extinguiria. No entanto, especialmente após a Guerra Fria, conflitos étnico-culturais ainda existem e em alguns países se tornaram ainda mais violentos. Esse cenário levanta algumas questões: a diversidade é em si mesma perigosa para a democracia? Como nós podemos acomodar as reivindicações de grupos étnico-culturais na democracia Liberal? O caso da Bolívia é um exemplo interessante desse tipo de conflito e da implementação de mecanismos para resolver tal problema. O país passou por anos de intensos conflitos étnicos e inquietações sociais que criaram dificuldades para a melhora do sistema democrático. Em 2004, a Bolívia elegeu seu primeiro presidente indígena, Evo Morales, e implementou uma nova Constituição em 2009, que criou o Estado Plurinacional da Bolívia. Nós tentaremos abordar aquelas questões acima usando o estudo de caso como uma ilustração. Primeiro, iremos discutir as tensões entre heterogeneidade e homogeneidade na democracia Liberal, tanto teoricamente quando empiricamente, dando destaque ao período pós-Terceira Onda democrática. Depois, iremos rastrear o processo de eventos que levaram à eleição de Morales, destacando os movimentos indígenas e a politização étnica. Em seguida, iremos apresentar as principais mudanças constitucionais e a interação entre essas mudanças com o sentimento de coesão nacional e os indicadores democráticos para descobrir se esses processos e mudanças ajudaram a mitigar a polarização e melhorar o sistema democrático.

Palavras-chave: democratização. multiculturalismo. Direitos de grupo. Conflitos étnico-culturais. Estado Plurinacional da Bolívia.

110 Doutoranda em Ciência Política pela USP-FFLCH. Mestre em Ciências Sociais pela UNESP-FCLAr. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected].

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DA ESTRATÉGIA COLETIVA A INDIVIDUAL: A PARTICIPAÇÃO DE REPRESENTANTE DOS TRABALHADORES NO CONSELHO DE

ADMINISTRAÇÃO EM UMA EMPRESA ESTATAL.

Lucas Masteguin111 Resumo: Esta pesquisa tem como intuito analisar a participação de representantes dos trabalhadores no Conselho de Administração em uma empresa pública do setor elétrico brasileiro. A lei nº 12.353/2010 autoriza que representantes dos empregados possam participar da gestão das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e demais empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. A metodologia aplicada nesta pesquisa dispôs de leituras bibliográficas sobre a história do movimento operário brasileiro abordando as estratégias do sindicalismo em suas diferentes fases, recorte sobre a lei de responsabilidade das estatais, aprovada no ano de 2016, que estabeleceu diversos critérios como experiência profissional, educação acadêmica e vedações aos conselheiros que exerçam cargos em sindicatos e partidos políticos. Foram realizadas entrevistas com o conselheiro eleito e conjuntamente com o representante da Associação dos Funcionários. Como embasamento teórico, esta pesquisa utilizou-se dos conceitos de campo, estratégia, jogo social e imagem social e entre outros de Pierre Bourdieu que permitiu compreender as dificuldades e facilidades desse representante na mais alta cúpula administrativa de uma empresa estatal. Um dos resultados alcançados é que o conselho de administração permite a consagração devido à legitimidade da lógica administrativa e dos “rituais” da governança corporativa que o impõe o papel que os diretores e a legislação exigem, no entanto esse conselheiro faz uso da Associação de Funcionários como um importante instrumento de contato com os trabalhadores. Diante o discurso e a postura técnica, esses representantes tornam-se mediadores, diferente dos moldes sindicalistas, entre a empresa e os empregados. Palavras-chave: Conselho de Administração. Trabalhadores. Associação dos Funcionários. Estratégia.

111 Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais. UNESP- FCLAr. [email protected]

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GESTÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO ÂMBITO MUNICIPAL.

Natália de Alice Dalla Coletta112

Resumo: A presente pesquisa visa discutir aspectos inerentes aos processos de Monitoramento, Avaliação e Controle Social no âmbito municipal, os desafios ao gestor municipal dos projetos e serviços sociais que compõem a rede socioassistencial, suas dificuldades e potencialidades tendo como recorte geográfico a região de Bauru – SP, região de Guarapuava - PR e região metropolitana de Porto Alegre - RS, desde o início do Serviço Social no Brasil à contemporaneidade. Em um primeiro momento, analisamos as dificuldades e facilidades no desenvolvimento do M e A e sua importância na gestão pública municipal, em seguida, identificamos os mecanismos de Controle Social como ferramenta de participação democrática na formulação e avaliação das políticas públicas. O estudo visa discutir os aspectos conceituais e metodológicos que devem subsidiar o gestor social em sua prática de Planejamento, Monitoramento e Avaliação, tendo como principais reflexões: Qual o sentido em Monitorar e Avaliar? O processo de avaliação e monitoramento tem subsidiado os gestores para a tomada de decisão quanto aos esforços necessários para o aprimoramento dos programas, serviços e projetos ofertados à população? Neste movimento, observa-se a grande valia para gestões municipais em detrimento da fragilidade nas equipes e a deficiência na qualificação profissional. Identifica-se a necessidade de expansão de investimentos federais, estaduais e municipais nas políticas sociais, no que tange à ampliação das equipes gestoras municipais, visando o desenvolvimento de Monitoramento e Avaliação enquanto qualificadores do Sistema Único de Assistência Social. O artigo pretende contribuir com o Serviço Social na contemporaneidade, considerando as ações de Monitoramento e Avaliação enquanto ferramentas de extrema importância para a consolidação de políticas públicas sociais efetivas – que atendam as necessidades e busquem a consolidação e a garantia dos direitos sociais e a necessidade do Controle Social como insumo qualificador da política de Assistência Social – e instrumento de accountability e o empoderamento da população usuária desta política. Com este trabalho, espera-se incentivar os gestores municipais da assistência social à prática de Planejamento, Monitoramento e Avaliação, bem como a estruturação e estímulo aos meios de exercício do Controle Social enquanto instrumento democrático de representatividade das classes subalternas, defendendo as políticas sociais enquanto direitos do povo e dever do Estado. Palavras-chave: Política Pública. Avaliação. Gestão Pública Municipal.

112Especialista em Gestão Pública Municipal. UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo. - Campinas – SP – Brasil. [email protected]

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ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS NA GESTÃO PÚBLICA: PROJETOS DE BID E BANCO MUNDIAL DE COMBATE À CORRUPÇÃO NO BRASIL PÓS-REFORMA

DO ESTADO

Vitor Henrique Francisco dos Santos113 Resumo: Com o avanço da redemocratização brasileira dos anos 1990, floresce o conceito de Gestão Pública Gerencial no país, que precogniza accountability e transparência como bases para o bom funcionamento da gestão pública. Concomitantemente, na esfera internacional, materializa-se um regime de combate à corrupção em prol da eficiência do Estado e fortalecimento da democracia, capaz de levar ao desenvolvimento econômico mundial, e que passa a contar com a ação de Organizações Internacionais, fomentando alternativas para a eficiência da gestão pública e de combate à corrupção, intervindo direta e indiretamente na difusão de políticas públicas, por meio de arranjos administrativos e recursos financeiros. Assim, o objetivo deste trabalho é o de estudar os mecanismos na implementação dos projetos de fomento de Banco Interamericano de Desenvolvimento e Banco Mundial na gestão pública brasileira de combate à corrupção no período 2000-2018. Tem-se como objetivos específicos 1) levantar os acordos que originaram o financiamento; 2) analisá-los à luz do Neoinstitucionalismo da Ciência Política, quanto ao papel desempenhado pelos atores, suas características e escopo; e 3) aprofundar-se nas avaliações das instituições credoras sobre sua execução. Para tal, lança-se mão da metodologia de análise de conteúdo, devido ao seu caráter quantitativo-categórico, capaz de sistematizar informações e categorizar os 16 acordos encontrados nas bases de reservatórios de projetos e acordos disponibilizadas gratuitamente ao público nos sites das instituições mencionadas (www.iadb.org e www.worldbank.com), na aba de “Modernização do Estado”, situação “finalizado”, período “2000-2018”. O estudo se justifica à medida que, como indicam teóricos Neoinstitucionalistas da Política Internacional, o combate à corrupção excede às fronteiras dos Estados nacionais e conta com o apoio de Organizações Internacionais, em especial as de fomento, que consideram transparência e eficiência do Estado como fundamentais para a sustentação e fortalecimento do regime democrático e desenvolvimento econômico em um cenário de modernização e reforma do Estado. Finalmente, espera-se publicizar o montante recebido pelo Brasil para esses projetos, quem eram seus responsáveis, quais foram levados a cabo e o grau de satisfação das instituições credoras com sua execução. Palavras-chave: Combate à Corrupção. Brasil. Banco Mundial e BID. Gestão Pública.

113 Mestrando do Programa de Pós Graduação em Planejamento e Análise de Políticas Públicas (PPG-PAPP) da Unesp, Campus de Franca. MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas – São Paulo. Graduado em Relações Internacionais pela Unesp Campus de Franca. E-mail: [email protected]

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO TÉCNICO: HISTÓRICO E PRECONCEITO DE ORIGEM

Cesar Bento de Freitas114

Resumo: No Brasil a educação a distância já conta com mais de cem anos. O ensino técnico também já ultrapassou os cem anos: seu início formal foi em setembro de 1909, no governo de Nilo Peçanha. Ambos sofrem preconceito desde sua origem, que perdura até os dias atuais. O ensino técnico começou destinado aos pobres e desvalidos da sorte: uma educação prática destinada a operários em contraposição às escolas destinadas somente à elite. A educação a distância no surgiu como experimental e classificada como “título precário” pelos Conselhos Estaduais, pois não era regulamentada pela nossa legislação. O ensino profissional e a educação a distância possuem laços, uma vez que os primeiros cursos oferecidos nesta modalidade eram voltados para pessoas em busca de empregos, especialmente nos setores de comércio e serviços, voltando-se historicamente para formação de adultos, seja na formação inicial do profissional, seja na sua constante atualização. Palavras-chave: Ensino a Distância. Curso Técnico. Preconceito.

114 Doutorando em Ciências Socias, Unesp, Araraquara.

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ACERTANDO OS PONTEIROS: O OFÍCIO DO RELOJOEIRO NA CONTEMPORANEIDADE PAULISTANA.

André Pelizario Fiorelli 115

Resumo: O objetivo central da pesquisa é investigar o ofício de relojoeiro, compreendendo como este se configura na contemporaneidade, em especial na cidade de São Paulo. Para tanto, será analisado as transformações sofridas pelo ofício ao longo da modernidade à luz da análise acerca da noção de tempo de E.P Thompson (1998), Fredric Jameson (1997) e Walter Benjamin (1940), bem como de experiência (BENJAMIN,1986) nas sociedades ocidentais. Além disso, buscamos investigar em que sentido o ofício de relojoeiro, nas grandes cidades, relaciona-se com patrimônios culturais materiais - tais como Igrejas e empreendimentos públicos - , de forma que esse ofício seja resguardado. A hipótese que apresentamos é que a mudança sofrida pela noção de tempo e experiência, no contexto das Revoluções Industriais, contribui para a forma como se configura o ofício do relojoeiro: na primeira e Segunda Revolução Industrial, ocorre o auge daquele, sendo popularizado, devido a consolidação da noção do tempo da hora marcada pelo relógio mecânico, que passou a ser mais uma necessidade social do capitalismo industrial, do que um objeto de distinção e prestígio, com os capitalistas controlando o tempo de trabalho dos trabalhadores para o aumento de produtividade do trabalho, e aqueles tendo posse do relógio para saber quando dormir, levantar, trabalhar, comer, etc. Já a terceira Revolução Industrial representou o declínio do trabalho do relojoeiro, por realizar um avanço técnico que levou a mudança da noção de tempo do relógio mecânico para o tempo digital,a partir da digitalização dos relógios, e o empobrecimento da experiência deste ofício, decaindo o uso de relógios mecânicos e diminuindo o número de relojoeiros e de seus fregueses. Ademais, será realizada uma entrevista semiestruturada com relojoeiros da região metropolitana de São Paulo, de forma que se compreenda como esses trabalhadores, pela memória, narram as mudanças de seu ofício no decorrer da modernidade, como enxergam seu trabalho no contexto atual e as perspectivas deste para o futuro.

Palavras-chave: ofício, tempo, experiência, modernidade e memória.

115Graduado em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestrando em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). E-mail:[email protected]

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AS EMPREITEIRAS PARA ALÉM DO CAMPO DE OBRAS: estrutura organizacional e domínio econômico.

Gabriela Lanza Porcionato116

Resumo: A indústria de construção nacional é composta por um grande número de firmas de diferentes portes, ou muito grandes ou muito pequenas. A Revista é uma das mais importantes no segmento de construção no Brasil e elabora, anualmente, ranking com as maiores empresas construtoras que atuam no país. A observação histórica desse ranking, com o primeiro levantamento em 1971, é de que houve pouca, ou quase nenhuma, mudança nas empresas que ocupam as primeiras colocações. As construtoras Odebrecht, Camargo Correa e Andrade Gutierrez se intercalam nas primeiras colocações. Desta forma, passamos a indagar, quais as causas que garantiam tais posições e colocações nesse Ranking durante tantos anos, apesar da alternância de regimes. Passando por período ditatorial, redemocratização, políticas neoliberais [concessões e privatizações] e oscilações de demanda pública por obras de infraestrutura nacional, quais as características dessas empresas para se manter como dominantes no setor da construção nacional?A pesquisa se debruça sobre a heterogeneidade do campo da indústria da construção civil brasileiro a fim de analisar, a partir da sóciogênese do campo, as estratégias de legitimação da fração dominante desse campo ao longos dos últimos 20 anos. Objetivar as condições de existência dos grupos dominantes, as formas como reconstituem seu passado e justificam seus modos de ações é o objetivo desta pesquisa. A pesquisa tem como método a sociologia das elites (Monique de Saint-Martin), sociologia relacional e conceito de campo (Pierre Bourdieu); e sociologia dos escândalos (Roberto Grun, De Blic). Como metodologia foi realizado mapeamento da narrativa do setor a partir da literatura nativa; dados secundários do setor; trajetórias das empresas e agentes dos conselhos. As empresas dominantes, atualmente, possuem pouco mais de 30% de sua base de negócios sustentada no setor da construção. Ao longo dos anos, elas se diversificaram, aumentaram seu portfólio e se tornaram multinacionais. O Brasil é reconhecido internacionalmente pelos nomes dessas empresas, que passaram a atuar em dimensão global através de projetos em países de grande, média e baixa economia. Palavras-chave: Empreiteiras. Campo. Dominação.

116 Mestre em Ciências Sociais. CNPq. Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais (FCLAr/UNESP). [email protected].

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OPEN GOVERNMENT PARTNERSHIP: LABORATÓRIO TEÓRICO COM A ANTROPOLOGIA DA TECNOLOGIA E A TEORIA ATOR-REDE

Matheus Henrique de Souza Santos117

Resumo: A Open Government Partnership é uma iniciativa global, sem estrutura institucional rígida, depende das organizações públicas, privadas e estatais que à integram e que, atualmente, conta com mais de 100 países. Seu objetivo é estabelecer entendimento global visando ressignificar o ideário, mas também a prática, da Administração Pública como um todo, por meio dos princípios: a) aumentar a disponibilidade de informações sobre as atividades governamentais; b) apoiar a participação cívica; c) implementar os mais altos padrões de integridade profissional por todas as nossas administrações e; d) ampliar o acesso a novas tecnologias para fins de abertura e prestação de contas. Compreender essa iniciativa com a lupa dos estudos da STS requer uma análise e averiguação dos conceitos estabelecidos no campo das Ciências Sociais, entendendo as áreas aplicadas. Dentre dos principais conceitos que esta pesquisa de doutoramento se esforça para (re) compreender é o de “ator-social”, procurando responder à duas reflexões: (i) reconhecer e estudar a Open Government Partnership como o ator e a (ii) importância da rede de atores para sua implementação nos países participantes. O conceito de ator nas Ciência Sociais é algo historicamente debatido e, de acordo com suas áreas – Política, Sociologia e Antropologia –, assumirá características peculiares, dessa forma, estabelecendo algumas, porém essenciais, distinções. Por esse motivo, aqui se decidiu abordar diretamente as elaborações da antropologia da tecnologia, no sentido de dedicar mais tempo à reflexão que nos interessa nesse momento. O presente manuscrito está divido em três seções e a conclusão. A primeira, “O que é a Open Government Partnership? ”, busca apresentar a iniciativa dando destaque às suas características que mais demarcam diálogo com o arcabouço teórico interpelado. Em seguida, “A OGP como ator a ser reconhecido e estudado”, fará os debates iniciais, dentro das formulações gerais da antropologia da tecnologia, para apresentar respostas às duas reflexões que norteiam o presente trabalho - os pontos (i) e (ii). A terceira seção, “A teoria Ator-Rede para a OGP”, é o entendimento desse método de investigação científica, oriundo da antropologia da tecnologia, como instrumento analítico da Open Government Partnership. Conclui-se que a OGP pode ser compreendida como ator dentro do campo científico da Science, Technolgy and Society (STS), caso a leitura analítica seja na área da Antropologia da Tecnologia, destacando os conceitos de fim do dualismo entre indivíduo/coletivo; a possibilidade de atores não-humanos; limites e avaliação fluídos e; a ideia de tecnologia adaptável, flexível e responsiva. Palavras-chave: Open Government Partnership. Antropologia da Tecnologia. Ator-Rede. Science, Technology and Society.

117 Doutorando no Programa de Pós-graduação em Política Científica e Tecnológica. Bolsista CAPES. Instituto de Geociências; Grupo de Análise de Políticas de Inovação (GAPI). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). [email protected].

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Desagregação e a cidade: um estudo de sociabilidades urbanas.

Murilo Petito Cavalcanti118 co-autor: Rafael Alves Orsi119

Resumo: Este trabalho é uma apresentação das reflexões realizadas e dos resultados obtidos no trabalho de conclusão de curso em Ciências Sociais. Estudamos que tipos de sociabilidades urbanas são produzidas a partir de um loteamento residencial murado de alto padrão na cidade de Araraquara, o Residencial Damha, da perspectiva de seus moradores. Por sociabilidades urbanas consideramos tanto as relações estabelecidas internamente, ou no intramuros; e nos vínculos, contatos e trocas estabelecidos com o espaço da cidade aberta, ou extramuros. Com apoio de bibliografia fundamental partimos do pressuposto de que esses empreendimentos urbanos, mais do que representarem um novo estilo de morar, são manifestações de um processo de autossegregação e distanciamento socioespacial. A proliferação desses empreendimentos, da metrópole às cidades médias, suscita a questão: Que tipos de sociabilidades específicas derivam dessa forma de distanciamento físico na cidade? Abarcando as especificidades de uma cidade média como Araraquara, verificamos como essa forma segregada de morar revela um desejo de exclusividade e distanciamento das mazelas sociais da cidade e reverbera num empobrecimento qualitativo das trocas e das vivências extramuros do ponto de vista dos residentes, sendo sintoma do esvaziamento do sentido da vida pública e da posição desprivilegiada do espaço público em nossa sociedade. O trabalho empírico desta pesquisa consistiu na realização de entrevistas com moradores do Residencial, averiguando a forma como pensam e se relacionam com o espaço público da cidade, o caráter da sociabilidade intramuros e demonstrando a imbricação entre o intra e o extramuros na constituição do que chamamos de sociabilidade cindida. Palavras-chave: Loteamentos residenciais murados. Sociabilidades urbanas. Distanciamento socioespacial. Autossegregação. Fragmentação socioespacial.

118 Mestrando em Ciências Sociais. Agência financiadora: CNPq. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e Letras – Câmpus de Araraquara. [email protected] 119 Professor Assistente Doutor no Departamento de Antropologia, Política e Filosofia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e Letras – Câmpus de Araraquara. [email protected]

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BIGDATA e as Ciências Sociais.

Oswaldo Soulé Junior120 Resumo: O objetivo deste trabalho é identificar os desafios e os impactos impostos as Ciências Sociais e aos Cientistas Sociais advindos do enorme crescimento no volume de dados ocorrido, principalmente a partir dos anos 2000. Este crescimento está totalmente associado a evolução dos recursos da Tecnologia da Informação e das Comunicações – TICs, em especial a Internet e, mais recentemente, a Internet of Things - IoT. Ao crescimento exponencial do volume de dados observados pela sociedade atual denominou-se de BigData. Para que ocorra o BigData, é necessária a observação de que seja atendido o que se chama de 5Vs: Volume, Variedade, Velocidade, Veracidade e Valor. A essência do BigData envolve trabalhar com grande Volume de dados, gerados a partir das mais Variadas fontes, em alta Velocidade, que possam ter sua Veracidade comprovada e que gerem Valor. Esses dados podem ser: Estruturados, Semi-Estruturados e Não Estruturados. Sendo a essência do Cientista Social a pesquisa, fazendo a análise dos seus resultados, extraindo a compreensão desses resultados frente as demandas das Ciências Sociais e da sociedade, esse enorme volume da dados pode trazer novas perspectivas em suas análises e inferências. O BigData e o arsenal de tecnologias a ele associado criam para o Cientista Social novos caminhos para o acesso, visualização e apresentação de informações que dificilmente seriam possíveis ou seriam absurdamente trabalhosas de serem obtidas pelas pesquisas tradicionais. No entanto, o seu acesso, armazenamento, análise, visualização e apresentação demandam novas expertises e o uso de tecnologias não familiares a esses profissionais. Compreender e dominar esse novo ambiente permite ao Cientista Social acomodar os problemas, identificar os dados envolvidos, fazer as análises necessárias e inferir, melhorando o seu trabalho e abrindo novas oportunidades de atuação profissional.

Palavras-chave: Bigdata. Cientista Social. Ciências Sociais.

120 Doutorando em Ciências Socias – Unesp Araraquara. [email protected]

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ÓRBITA PRISIONAL: AS MULTIFACETAS DO FEMININO EM ATIVIDADE ILÍCITA NA SÉRIE ORANGE IS THE NEW BLACK

Pamella Leandro dos Santos 121

Sylvia Iasulaitis 122 Resumo: A pauta da criminalidade feminina está em crescente aumento no cenário nacional brasileiro, informação que se ratifica ao checar as estatísticas dos últimos vinte anos. Dados de 2010 demonstram que a população carcerária feminina corresponde a 7% dos infratores, demonstrando um aumento de 300%. Desse percentual, grande parcela são afrodescendentes. Por exemplo, se tratando das mulheres fluminenses em situação de encarceramento, 42,9% são brancas, 24,8% são pardas e 30,7% são pretas, logo, averiguamos que o perfil racial da categoria não-brancas chega ao percentual de 56,4% do sistema prisional. Os filmes, com o passar dos anos foram ganhando uma importância cultural e social muito bem acentuada, através deles, o drama, o humor, a realidade nos permitem interpretar a vida, as relações sociais, construir críticas e, proporcionar o divertimento. Através da ferramenta da internet o processo de download sobre os conteúdos permitiu as pessoas a realizarem a transposição de arquivos. Em 2007 a plataforma do Netflix se adaptou aos novos formatos da internet, proporcionando o que chamamos de streaming. O fenômeno do encarceramento feminino abordado na série do Netflix chamada The Orange is the New Black (OITNB) está disparado no cenário nacional, por isso é preciso compreender as variáveis dessa problemática que tem preocupado a vida social e política, estudar o porquê essas mulheres encarceradas sofrem abandono jurídico, familiar e se filiam as atividades ilícitas, questionar os dados estatísticos e históricos que culminam na sociedade racista e machista a qual temos que lidar. O presente trabalho busca compreender e analisar o que a figura feminina perpassa sob o regime penitenciário na série OITNB, bem como almeja responder a seguinte questão: Mas, por que as mulheres negras representam o maior índice das estatísticas no cárcere? Para tanto, o método utilizado para o desenvolvimento da pesquisa será a análise do conteúdo. Embora não exista um método universal para praticar a análise fílmica, há dois caminhos importantes a serem seguidos: (i) descrição da produção e (ii) a interpretação dos componentes associados e diluídos. Sendo assim, a presente pesquisa será realizada mediante uma análise do conteúdo audiovisual da série, disponibilizado no Netflix. Ao final, espera-se compreender as situações que a figura feminina perpassa no cárcere, assim como compreender o porquê de as mulheres negras representarem as maiores estatísticas de cárcere. Palavras-chave: Encarceramento. Entrelinhas raciais. Críticas de gênero. Ilícito.

121 Graduanda em Ciências Sociais. Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected] 122 Professora Doutora. Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected].

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INFLUÊNCIA, TRADUÇÃO E INTERESSES: OS LIMITES DO INFORMAR DA CIÊNCIA CLIMÁTICA NOS PROCESSOS DE DECISÃO POLÍTICA

Patricia B. Ap. Braga123

Resumo: Desde a década de 1970, um discurso diplomático ambiental foi proferido exaustivamente em e por Organizações e agências internacionais: a necessidade de informações científicas pormenorizadas sobre questões ambientais e climáticas que pudessem envolver dimensões humanas (e econômicas) a fim de informar políticos sobre um problema em andamento não visível à cotidianidade e, em detrimento da existência desse problema, a necessidade de tomada de decisão global na resolução do problema. Esse entendimento normativo, de caráter universalizante, sobre o processo de tomada de decisão resultou na edificação de um conjunto de relatórios que demonstraram que o clima do planeta está sofrendo uma alteração anormal devido às ações antropogênicas derivadas essencialmente da queima de combustíveis fósseis. E, se no início da década de 1990 o entendimento científico do nexo entre ações humanas e mudanças climáticas era de provável, nos anos 2000 é de certeza. Contudo, o processo de tomada de decisão, seja em âmbito internacional e/ou nacional, não deriva exclusivamente da informação científica disponível e da densidade dessa informação, principalmente se a decisão está relacionada a salvaguarda futura de um bem-estar mínimo e não a respostas pós-fato. A presente reflexão visa debater as ideias estratégicas que permearam os agentes da informação climática, primeiramente por meio do poder de influência privada, em um segundo momento pela ideia da tradução do conhecimento científico ao político e atualmente, em detrimento do reconhecimento da natureza de interesse da classe política (tempo, custo e ganho de ações políticas), as tentativas de operacionalização descentralizada dentro e entre Estados, por meio de redes de conhecimento e de política. Conclui-se que há limites na capacidade de informar os agentes de decisão política, mas que diante desses limites, os agentes da informação, sejam esses cientistas, ativistas, burocratas, dentre outros, estruturaram na última década redes de conhecimento e de política descentralizadas (para além das decisões dos Estados), articulando ações que promovem troca de informações científicas e ações políticas mitigatórias e adaptativas. Palavras-chave: Informação Científica. Processos de Tomada de Decisão Política. Mudanças Climáticas. Descentralização Operacional.

123 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGPol) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail: [email protected].

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ÊNFASES TEMÁTICAS DA DIREITA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS DE 2018

Paulo Cesar dos Santos Gregorio124

Resumo: Movimentos de direita possuem ordem crescente na atualidade e encontram apoio nos pilares e na lógica da democracia moderna, sustentando ideais do liberalismo, conservadorismo, autoritarismo e populismo. Já as variações extremistas do conservadorismo tendem a se afastar das regras democráticas, constituindo grupos que demonstram desconforto extremo com a modernidade e buscam mobilizar o aparato estatal como forma de reação. No Brasil, atores sociais vinculados à direita, que estavam adormecidos há décadas, ganharam representatividade social e visibilidade principalmente após as manifestações de 2015. Com efeito, as manifestações culminaram em uma retomada do conservadorismo e do autoritarismo, ligados aos ideais da anticorrupção; à oposição frontal ao Partido dos Trabalhadores (PT), com suas políticas sociais e de afirmação de direitos e à exigência do impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Com um perfil ideológico conservador e posição social privilegiada, tais atores expuseram e defenderam suas convicções de cunho segregador e autoritário (MESSENBERG, 2017), alcançando resultados eleitorais positivos já em 2016. Esses atores encontrariam-se, nesse sentido, posicionados ideologicamente à direita no espectro político. Assim, definimos como objetivo deste paper verificar a variação das prioridades temáticas dos candidatos à Presidência do Brasil, posicionados ideologicamente à direita, nas eleições presidenciais de 2018. Para tanto, será conduzido através de um modelo específico de Análise de Conteúdo chamado de Manifesto Research on Political Representation (MARPOR), uma identificação, a partir manifestos de campanha destes partidos, das ênfases programáticas que seriam os instrumentos para a localização dos partidos no espaço de competição política. Defendemos a hipótese de que candidatos de centro-direita tenderiam a priorizar a temática da abertura comercial, enquanto que candidatos mais próximos à extrema-direita tenderiam a priorizar temáticas relacionadas à moralidade tradicional e à lei e a ordem pública. Esta hipótese se sustenta no argumento de Aldrich (2011) de que os políticos são constrangidos pelos militantes partidários a perseguirem valores e objetivos políticos e no argumento de Budge e Farlie (1983) de que os partidos buscam concentrar a atenção dos eleitores em temáticas mais vantajosas para si. Todavia, esse fenômeno característico da interação estratégica da Teoria da Competição Partidária de Antony Downs incorporado ao aumento de novos atores anti-establishment explicariam a mudança da agenda da direita a partir da manutenção da hegemonia da esquerda no poder (a partir de) de temáticas do eixo de agenda neoliberal. Palavras-chave: Candidatos. Direita. Anti-establishment. Eleições Presidenciais. Partidos.

124 PPGPOL/UFSCar, Mestrando, Capes, [email protected]

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A medicalização da sociedade e o aumento das doenças: um paradoxo contemporâneo

Pedro Rabello B. Corrêa125 Resumo: Para além de suas propriedades bioquímicas, os medicamentos são produtos farmacêuticos industrializados portadores de mana, ou seja: são objetos que exercem sobre os indivíduos uma força, uma eficácia, capaz de comunicar algo a fim de proporcionar um efeito terapêutico. A cura medicamentosa, sob essa perspectiva, é decorrente não apenas de fatores tecnicistas, como também simbólicos: os fármacos são coisas imbuídas de significados que ultrapassam sua mera materialidade, sendo facilmente intercambiáveis dentro de um sistema de trocas. De fato, há um conjunto de crenças e expectativas a respeito do funcionamento e resultado dos medicamentos, compartilhadas tanto pelos médicos que os prescrevem, como pelos indivíduos que os consomem. O efeito placebo, por exemplo, ilustra como tais crenças e expectativas podem proporcionar a cura até mesmo mediante pílulas, poções e procedimentos inertes. Embora a medicina moderna sustente um discurso objetivista acerca dos fármacos, é inegável, do ponto de vista antropológico, que esses exercem uma eficácia simbólica, sustentada pelas tradições que possuímos sobre o corpo e saúde/doença. Pouco a pouco, entretanto, essa eficácia simbólica vem sendo amenizada pelo caráter cada vez mais técnico-científico dos tratamentos médicos. O uso de fármacos vem adquirindo, em nossas sociedades contemporâneas, contornos pragmáticos, a partir dos quais a procura pela cura é substituída pelo anseio de encontrar um bom desempenho psíquico-fisiológico. Concomitantemente, o aumento exponencial da indústria farmacêutica nas últimas décadas, é acompanhado por uma crescente medicalização da sociedade: das vitrines das farmácias aos comerciais de televisão, os medicamentos tornaram-se objetos de consumo fáceis e desejáveis, adentrando no imaginário social como produtos capazes de propiciar bem-estar e felicidade. Paradoxalmente, há um aumento significativo de doenças psíquicas como depressão, síndrome de burnout, déficit de atenção, síndrome de hiperatividade, entre outras, que indicam um adoecimento progressivo de uma sociedade obstinada pela saúde, dietas, corpos fitness etc. Diante desse cenário, acreditamos que a medicalização e adoecimento são fenômenos sociais que se auto reproduzem, em prol não apenas da lucratividade da indústria farmacêutica, mas também de uma sociedade neoliberal pautada no excesso de trabalho. Em uma sociedade cada vez mais doente e, ao mesmo tempo, altamente medicada, os fármacos operam na estabilização das funções orgânicas e psicológicas dos indivíduos, com o propósito de recolocá-los no mercado, sem curá-los efetivamente. Propomo-nos investigar nesse trabalho, portanto, as relações simbólicas e de poder que envolvem a produção e consumo de medicamentos na contemporaneidade, através dos conceitos de biopolítica, de Michel Foucault, e psicopolítica, de Byung-Chul Han. Palavras-chave: Medicamentos; Medicalização; Adoecimento; Biopolítica; Psicopolítica.

125 Mestrando em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Universidade Federal de São Paulo/Unifesp. E-mail: [email protected].

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A luta por direitos: a exigência da garantia da cidadania a migrantes e refugiados no Brasil

Gabrielle Da Cunha126

Resumo: O presente texto busca refletir sobre como os mecanismos securitários utilizados pelos Estados no tratamento para com os refugiados a partir do conceito de poder e biopolítica traçados por Michel Foucault cerceiam a cidadania e dificultam o acesso a direitos nos países que se busca refúgio. Ao mesmo tempo, essa restrição a direitos leva os refugiados a resistirem na exigência de direitos e em muitas vezes isso é feito juntamente com a sociedade civil que reivindica políticas públicas que integrem, acolham e insiram o refugiado no acesso ao trabalho, saúde, educação, e no acesso ao idioma, entre outros direitos importantes. Um exemplo no Brasil da reivindicação por leis que protejam os imigrantes (e refugiados) feita juntamente com a sociedade civil, é a Lei de Migração (Lei n.º 13.445/2017) e sua grande conquista foi a migração ser tratada a partir dos direitos humanos e não como questão de segurança do país, como abordava a antiga lei, o Estatuto do Estrangeiro. Segundo a ONU em 2018, 70,8 milhões de pessoas foram forçadas a migrar, questionando não só o Brasil, mas toda a comunidade internacional sobre os direitos e políticas públicas a serem adotadas pelos Estados frente ao grande fluxo migratório imposto pelo sistema capitalista. Palavras-chave: Refugiados. Sociedade Civil. Biopolítica. Cidadania.

126 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da UFSCar. E-mail: [email protected]

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HÁ INFLUÊNCIA NORMATIVA DOS RELATÓRIOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DO PNUD EM DECISÕES JUDICIAIS REFERENTES AO TRABALHO

ESCRAVO NO BRASIL?

Baruana Calado dos Santos127 Resumo: Este trabalho visa divulgar o resultado de pesquisa de mestrado realizada entre 2016 e 2018. Pelo referencial da sociologia histórica processual proposta por Norbert Elias e pelo método da hermenêutica histórica, realizou-se um estudo interdisciplinar entre a Sociologia das Relações Internacionais e o Direito Internacional Público. Empenhou-se em investigar se as decisões judiciais brasileiras referentes ao trabalho escravo estariam recepcionando as recomendações do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD de 2015 quanto ao trabalho decente. Para tanto e tendo em vista as tendências transnormativas da atualidade, analisaram-se, primeiramente, as possibilidades dessas recomendações serem pensadas como fontes de direito internacional – se soft laws, se normas intersticiais ou se comandos de otimização, percebeu-se ser mais propício e coerente com os resultados e objetivos do estudo compreendê-las como comandos de otimização, de acordo com a teoria dos princípios de Robert Alexy. Em um segundo momento, foram elaboradas as discussões a respeito dos conceitos de trabalho escravo, trabalho decente, trabalho digno, direitos humanos e desenvolvimento humano, de modo a contextualizar, por um lado, a realidade brasileira, e, por outro, a produção do RDH de 2015 e suas prescrições. Em seguida, como estudos de caso, foram analisadas cinco (que se desdobraram em oito) decisões judiciais do Tribunal Superior do Trabalho a respeito de ações civis públicas que denunciaram casos de trabalho escravo. Verificou-se que suas fundamentações não acolhem as recomendações do PNUD - nem tampouco da OIT, mentora da Agenda do Trabalho Decente. Ou seja, nos casos analisados, as recomendações do RDH de 2015 atreladas ao trabalho decente nem otimizam nem são otimizadas no processo decisório quanto ao trabalho escravo. Na verdade, as decisões judiciais ainda se ocupam, essencialmente, em definir o conceito de trabalho escravo, o qual já foi muito debatido e definido tanto no âmbito internacional quanto no doméstico, e demonstram pouca eficácia na coibição do crime ao estipularem baixo valor indenizatório para os que se utilizam de mão de obra escravizada. Ao destacar a importância das estratégias sugeridas pelo PNUD, busca-se indicar caminhos para sua aplicabilidade como comandos de otimização na prática judicial brasileira. Palavras-chave: Relatório de Desenvolvimento Humano/RDH, Trabalho Decente, Trabalho Escravo, Decisões Judiciais, Comandos de Otimização.

127 Mestra em Ciências Sociais, bacharela em Direito e licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina/UEL. E-mail: [email protected]

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A Promoção da Igualdade Racial e Combate ao Racismo em Araraquara/SP: O Centro de Referência Afro

Claudemir Carlos PEREIRA128

Resumo: Este projeto visa analisar a importância sociohistórica, sociocultural, institucional e sociopolítica do Centro de Referência Afro “Mestre Jorge”, um espaço resultado da política pública do município de Araraquara/SP e da luta dos movimentos sociais e políticos da população negra em atendimento a implementação das legislações federais, estaduais e municipais pela Promoção da Igualdade Racial e combate ao racismo referente aos anos de 2006 a 2020. Valendo-se da abordagem teórica do neo-institucionalismo e da cultura política para compreender o desenvolvimento institucional do espaço referente. O projeto objetiva entender esta instituição utilizando-se de entrevistas semi-estruturadas para apreender a percepção de seguimentos (Movimento Negro, Poder Público Local, Administração Pública, Sociedade Civil) sobre o espaço Centro Afra (se conhecem o espaço, suas atividades e como percebem a importância do Centro Afro no combate ao preconceito, ao racismo, a discriminação e às desigualdades étnico-raciais). As entrevistas serão realizadas com membros atuais e anteriores (Secretária(o)s, Gestores, Coordenadores, Prefeitos) deste espaço sobre o histórico do trabalho e atividades do Centro Afro. Procuraremos através do material coletado compreender neste espaço como os atores articulam e promovem as ações para o desenvolvimento de consciência política e de combate ao racismo no município. Pretende-se também analisar as relações institucionais entre o Centro e o Poder Local de Araraquara (isto é, as instituições do Executivo, Legislativo e Administração Pública e Burocrática Municipal), bem como compreender de que maneira são debatidas as questões relativas sobre as políticas públicas de Promoção da Igualdade Racial, tanto no aspecto geral como na especificidade do município de Araraquara/SP.

Palavras-chave: Promoção da Igualdade Racial; Políticas Públicas; Combate ao Racismo.

128 Mestrando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras, Campus Araraquara. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected]

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Economia Criativa: fenômeno das feiras culturais no município de Araraquara

YOSHIOKA, Ana Paula129 Resumo: Ainda em período inicial, proponho apresentar as primeiras impressões da pesquisa que buscará investigar e analisar o fenômeno das feiras culturais que vem ocorrendo, com certa periocidade, no município de Araraquara. Popularizada no início desse século, a categoria economia criativa abrange atividades em que a criatividade dos indivíduos é a matéria-prima geradora de valor. Nesse compasso, a arte e a cultura têm se tornado importantes fontes de desenvolvimento econômico e social. No interior da economia criativa, é possível perceber a relevância do trabalho imaterial na geração de valor e de acúmulo de capital, e o aproveitamento do capital humano e da subjetividade do trabalhador. Desse modo, as feiras culturais podem ser entendidas a partir da chave da economia criativa por, aparentemente, apresentar entre os expositores, um nível mais elevado de capital cultural e pela valorização à cultura e à criatividade presente nos trabalhos. Além disso, é possível perceber um discurso ético/cultural permeado na abordagem desses expositores no momento da apresentação e venda desses produtos, evidenciando não se tratar de trocas comerciais pautadas meramente na questão de vantagem material. E num momento em que o trabalho assalariado está cada vez menos no horizonte dos trabalhadores, o empreendedorismo apresenta-se como algo palpável, seja por opção ou por falta dela. A política de criação do Simples Nacional, e dentro dela a opção do registro MEI – Microempreendedor Individual, favoreceu o desenvolvimento de tais atividades. Assim, com base nas teorias da economia criativa e nos elementos que configuram a lei que regulamentam as atividades do microempreendedor individual apresentarei os primeiros dados conseguidos a partir de conversas com alguns expositores e da observação do andamentos das feiras. Palavras-chave: Economia Criativa. Feiras culturais. Microempreendedor individual.

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A FEM-CUT/SP em um cenário adverso: impactos da crise, das contrarreformas e das transformações na indústria

na atuação sindical

Eduardo José Rezende Pereira130 Joelson Gonçalves de Carvalho131

Resumo: A crise econômica e as modificações no modo de produção vêm se aprofundando como um fenômeno global de transformação do sistema capitalista. Diante disto, diversas nações enfrentam os efeitos dessa crise buscando dar respostas à retomada das taxas de lucro, ao passo em que buscam readequar as suas formas de produção diante de um cenário de busca por aumento de produtividade industrial e de serviços mais interligada e inteligente. No caso brasileiro, os efeitos da crise econômica são somados à uma crise política, um golpe parlamentar e à vitória eleitoral de um projeto que elege os direitos sociais como alvo prioritário de ataques. Esses fenômenos, que aprofundam as desigualdades econômicas e sociais e aumentam a precariedade do trabalho impõem desafios às entidades representativas dos trabalhadores brasileiros em nível geral, e os da indústria em nível específico. Nosso objetivo é, portanto, compreender quais as respostas dadas pela Federação Estadual dos Sindicatos de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (FEM-CUT/SP) à esta crise macroconjuntural que, junto ao processo de desindustrialização, impõe a necessidade de mudanças na agenda, nas formas de ação e na organização sindical. Diante dos resultados — que foram obtidos por meio do levantamento bibliográfico e documental, de entrevistas e de pesquisa de campo —, classificamos as respostas da FEM-CUT/SP, para os desafios que estão dados, de forma interna e externa. Com o fim do imposto sindical compulsório — um dos ataques que vem somado à retirada de direitos trabalhistas —, a entidade buscou outras formas de arrecadação financeira, além de alterar o número e as competências dos seus cargos; também aprofundou a sua leitura sobre a crise e a desindustrialização; e alterou o seu plano de lutas e bandeiras políticas em pautas referentes à liberdade da ação política, de defesa da democracia, e pela permanência dos direitos conquistados. Ademais, a centralidade da formação política foi apresentada como uma estratégia de ação. Por fim, a pesquisa ganha maior relevância na medida em que se insere em um cenário no qual a desindustrialização, em meio a uma nova reestruturação produtiva denominada como indústria 4.0, aumenta a complexidade dos desafios do sindicalismo na atualidade.

Palavras-chave: Sindicalismo; Crise; Desindustrialização; Direitos trabalhistas; Indústria 4.0

130 Graduando do curso de Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), nas ênfases de Ciência Política e Sociologia. Sua pesquisa, “Novo sindicalismo, velhas estruturas: uma análise do sindicalismo metalúrgico da CUT/SP” é outorgada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). E-mail: [email protected] 131 Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor do Departamento de Ciências Sociais (DCSo) e dos Programas de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGPOL) e de Gestão de Organizações e Sistemas Públicos (PPGGOSP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: [email protected]

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A REDE QUE SE FAZ EM MOVIMENTO: UM ESTUDO DE CASO D’AS MARIAS

Carolina de Andrade Guarnieri132 Wander Luiz Cardioli Rodrigues dos Santos133

Resumo: Integrada majoritariamente por mulheres, a Associação das Mulheres Filhas de Maria do Pré-Assentamento Padre Josimo - As Marias, organiza-se sob modo de Economia Solidária (ES), e tem como principal produção, panificados e artesanatos em pacthwork. Fundada oficialmente em junho de 2016, a associação está sediada, como o próprio nome faz referência, no Pré-Assentamento Padre Josimo, vinculado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no município de Cruzeiro do Sul/PR. Dadas as suas características, o artigo tem por objetivo compreender em que medida As Marias faz-se ponto de intersecção entre os movimentos sociais em questão e outros atores políticos, considerando o modo pelo qual se organizam, bem como os mecanismos acionados e compartilhados pela ação coletiva e seus desdobramentos, através da perspectiva de rede. Para tanto, realizou-se revisão bibliográfica e análise documental, conjuntamente com entrevistas semiestruturadas, tendo como norteadores analíticos a Teoria do Processo Político (TPP), e o debate sobre o conceito de rede. Em seus resultados, inferimos que As Marias evidencia-se como ator político fundamental das redes próprias do MST e da ES, ao passo que as ampliam estabelecendo relações com outros atores. Logo, observar o modo como dá-se as dinâmicas desse coletivo, contribui a compreender as possibilidades e limites dos próprios movimentos sociais, e o quanto suas redes através de atores como a associação, se apresenta como estratégia e resistência real frente a trama ameaçadora que a conjuntura social e política que permeia o país.

Palavras-chave: Movimentos Sociais. Teoria dos Movimentos Sociais. Rede. MST. Economia Solidária.

132 Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atualmente cursando o Bacharelado em Ciências Sociais pela mesma instituição. E-mail: [email protected] 133 Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atualmente cursando o Bacharelado em Ciências Sociais pela mesma instituição. E-mail: [email protected]

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POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: O POSICIONAMENTO DO SETOR TÊXTIL E SUAS CONSEQUÊNCIAS FRENTE À NÃO OBRIGATORIEDADE

DA LOGÍSTICA REVERSA

Jorge Brunetti Suzuki134 Resumo: A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei Federal n° 12.305/2010) mostra-se como importante instrumento de proteção socioambiental ao implementar, dentre outros instrumentos e objetivos, valoração econômica do resíduo sólido, medidas de incentivo e proteção a cooperativas de catadores de recicláveis, responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e sistemas de logística reversa. A norma e seu regulamento, entretanto, optam por limitar a obrigatoriedade da logística reversa aos poucos setores produtivos arrolados na legislação. Um caso de setor desobrigado da implantação da logística reversa é o empresariado têxtil: trata-se de um segmento que, embora seja um grande explorador de recursos naturais e gere significativo volume de resíduos tanto no setor produtivo quanto no descarte de produtos finais, como uniformes e roupas pós-uso, panos, retalhos, estopas e afins, não possui obrigatoriedade de montar mecanismos pelos quais todos os atores envoltos na cadeia de consumo sejam responsáveis por fazer com que os descartes voltem à linha de produção. Com isso, ainda que a PNRS estabeleça como regra a ideia da reinserção dos resíduos na produção, especialmente via reuso, reciclagem e reaproveitamento, o setor têxtil tem referido tema como opção, ou seja, implementa somente se for do interesse do empresariado. Por tal razão, e ancorado na legislação e na literatura jurídica e acadêmica inerente ao tema, o presente trabalho se propõe a avaliar, no bojo da PNRS, como o setor têxtil lida com a questão da logística reversa e quais dos instrumentos e objetivos da legislação deixam de ser cumpridos frente à opção do legislador de isentar tal segmento econômico de referida obrigação. Palavras-chave: Política Nacional de Resíduos Sólidos; resíduos sólidos; setor têxtil; logística reversa.

134 Mestre em Planejamento e Análise de Políticas Públicas pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”; contato: [email protected].

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O avesso da moda: características gerais da fábrica de confecções têxteis de Auriflama, interior do Estado de São Paulo

Vitor Luiz Carvalho da Silva135

Resumo: Este trabalho procura trazer contribuições ao debate sobre o processo de reestruturação produtiva na indústria de confecções, procurando caracterizar a relação entre reestruturação produtiva e adoecimento no trabalho a partir de uma pesquisa em andamento na fábrica de confecções têxteis da cidade de Auriflama, interior do Estado de São Paulo. Assim, as dinâmicas estabelecidas na instrumentalização da divisão sexual do trabalho como estratégia do trabalho intensivo, de práticas tayloristas, baixos salários e inserção tecnológica, demonstram que a indústria de confecções ainda guarda relação profunda com processos pretéritos da manufatura. O crescimento da incidência dessas formas de adoecimentos se relaciona diretamente com a intensificação do trabalho, cujas características do processo de reestruturação produtiva da fábrica Ares Confecções, guardam semelhanças em relação a outros processos de âmbito mundial, este cenário apresentado sobre o trabalho feminino assalariado, revela os processos dinâmicos que expõem a mulher como elo mais vulnerável ao adoecimento, devido às condições de trabalho materiais e espirituais dessas trabalhadoras que desempenham, muitas vezes, um trabalho acima das suas capacidades físicas. A reestruturação da indústria de confecções tem levantado diversas discussões em torno das condições de vida e de trabalho das mulheres, uma vez que elas compõem a maior parte da força de trabalho desse setor. O autoritarismo presente nas relações de trabalho feminino submete a mulher a condições maiores de riscos de adoecimento. Neste sentido, o trabalho intensivo somado a tarefas repetitivas e práticas de gestão tem causado sobrecargas laborais, trabalho insalubre, assédios, adoecimentos físicos e mentais afetando a vida dos trabalhadores e trabalhadoras.

Palavras-chave: Adoecimento. Reestruturação Produtiva. Trabalho. Indústria de Confecções.

135 Mestrando em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista (UNESP); bolsista 2018/17185-7 Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e-mail: [email protected].

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Mobilização antiaborto: A formação do Movimento Nacional de Cidadania pela Vida - Brasil sem Aborto

Patricia Jimenez Rezende136

Esta proposta apresenta a conjuntura sócio-política e a dinâmica relacional que se estabeleceu entre mobilizações pró e contra o aborto nacional que desencadearam a formação do Movimento Nacional de Cidadania pela Vida - Brasil sem Aborto (MNCV - Brasil sem Aborto). Para tal, o trabalho está baseado no levantamento bibliográfico secundário e na busca documental e de registros jornalísticos das mobilizações e dos processos legislativos em torno do aborto no país. O mapeamento do campo de confronto mais amplo das mobilizações se deu através da coleta de dados em cinco fontes principais: Jornal Fêmea; base de notícias CFEMEA; base de notícias do MNCV - Brasil sem Aborto; base de notícias do Movimento em Defesa da Vida da Arquidiocese do RJ; e base de notícias da Câmara dos Deputados. Os materiais foram analisados à luz da teoria do confronto político, a qual entende os movimentos sociais como uma forma de política contenciosa com limites fluidos, com reivindicações sempre em relação de confronto com interesses de divergentes grupos, sejam eles o Estado ou mesmo outros movimentos sociais. Reunidos em torno de um objetivo e por identidades coletivas em uma rede de interação em um período de tempo sustentado, os movimentos sociais valem-se de um repertório de ação típico. A partir dos conceitos de contramobilização e de contramovimento, o ativismo antiaborto é entendido como um movimento social formado em antagonismo ao movimento feminista e sua mobilização pelo direito ao aborto. A pesquisa analisou o ambiente político nacional no qual grupos antiaborto se organizaram e se estruturam enquanto movimento social. Parte de um processo mais amplo de politização da sexualidade e da reprodução humana, desde os anos 60 a temática do aborto vem sendo dramatizada e ressignificada. A contramobilização ao aborto é também parte desse processo. Mudanças legais em torno do aborto nos Estados Unidos e países europeus, nos anos 1970, foram detonadores para a difusão da mobilização antiaborto internacionalmente, sobretudo, através da Igreja Católica. No Brasil, as mobilizações antiaborto tiveram ampla repercussão no contexto Constituinte (1988) e a partir de então têm se apresentado gradativamente na política nacional. Durante a primeira presidência do governo Lula (2003-2006), se por um lado possibilidades se abriram para a legalização/descriminalização do aborto; por outro lado grupos antiaborto se organizaram a partir do aparato institucional e, em 2005, através da I Frente Parlamentar em Defesa da Vida – Contra o Aborto formaram o MNCV - Brasil sem Aborto. Palavras-chave: Direitos Sexuais e Reprodutivos. Aborto. Mobilização Antiaborto. Movimentos Conservadores.

136 Os resultados apresentados neste resumo são parte da pesquisa ‘Movimentos sociais e contramovimentos: a mobilização antiaborto no Brasil contemporâneo’, realizada para a obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sob a orientação da Profª Drª. Débora Alves Maciel. A realização da pesquisa contou com o apoio financeiro da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (de 01/10/2013 a 31/10/2014) e com apoio financeiro da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, processo nº. 2014/13558-2 (de 01/11/2014 a 30/09/2015). A autora é Doutoranda em Sociologia na Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Contato eletrônico: [email protected].

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INTERPRETAÇÕES SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013

Renato Kendy Hidaka137 Resumo: Este trabalho examina algumas das diversas interpretações sobre as manifestações sociais ocorridas em junho de 2013 no Brasil. Em vista da ampla produção bibliográfica sobre o assunto, analisa-se aqui tão somente aquela produção desenvolvida com enfoque no conceito de classe. O objetivo consiste em evidenciar as diferentes formas de operacionalização do conceito de classe social bem como seus efeitos explicativos a respeito do referido acontecimento histórico nesses textos. A pesquisa está fundada em uma abordagem qualitativa de análise bibliográfica. As fontes são a produção textual acadêmica publicada no formato de livros ou no formato de artigos científicos encontrados em periódicos acadêmicos de 2013 a 2018. Conclui-se, a partir da análise realizada, que o conceito de classe, utilizado a partir de diferentes matrizes teóricas, permitiu a criação e o emprego de conceitos derivados, tais como “proletariado precarizado urbano”, “precariado”, “subproletariado”, “classe média”, “batalhadores”, “novo proletariado de serviços” e outros, e a conformação de um campo interpretativo em disputa, marcado pela problemática dos conflitos de classe. Palavras-chave: Junho. Manifestações. Classe.

137 Doutorando em Ciências Sociais. UNESP/Marília. E-mail: [email protected]

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AS VISÕES SOBRE A DESIGUALDADE SOCIAL E SEUS REFLEXOS NO BRASIL

Regis Gonçalves do Nascimento138 Resumo: Este trabalho demonstra as principais ideias e fundamentos teóricos sobre a desigualdade social ao longo do tempo. Inicia-se com a percepção geral utilizada antes do século XVIII, onde nas sociedades ocidentais, a desigualdade era vista como natural, produto da própria forma de organização da sociedade, fruto de uma vontade divina ou qualquer outro poder transcendente. Ao longo do tempo, as ideias dos cientistas sociais foram contra a concepção de que as desigualdades eram vistas como sobrenaturais, mas sim, pelo modo de como os indivíduos se organizam em sociedade. Neste artigo, é destacada as ideias dos pensadores que concebiam o problema desta forma. Atenta-se para os economistas mais adeptos do pensamento neoclássico da economia da segunda metade do século XX, principalmente pela figura de Simon Kuznets, cuja teoria que inspirou diversos trabalhos desta escola de pensamento, demonstrava que um aumento da desigualdade seria inevitável no início do processo de desenvolvimento dos países, onde depois da modernização da estrutura produtiva de uma nação, a distribuição seria mais igualitária. Muitos economistas desta linha, pregam que o crescimento por si só é capaz de ao longo do tempo resolver as mazelas da pobreza e da desigualdade nas sociedades contemporâneas, se baseando no que ficou conhecido aqui no Brasil na época da ditadura militar como “teoria do bolo”, base teórica onde idealizava que o progressivo crescimento da renda dos mais ricos, depois de um certo período de tempo, resultaria no aumento também da renda dos mais pobres. Chegando ao debate atual, a obra O Capital no Século XXI de Thomas Piketty, demonstra através de dados tributários que o 1% mais rico dos países do capitalismo avançado do mundo tem se tornado ainda mais ricos nas últimas década, acentuando o nível de desigualdade global. Ao que tudo indica, o interesse ao tema reacendeu nos últimos anos, principalmente entre os cientistas sociais, problematizando a relação de como a alta concentração de renda pode interferir na esfera política e consequentemente na democracia e no bem-estar das pessoas. Demonstra-se por estudos que se utilizaram da evidência empírica, que o Brasil sempre foi um país muito desigual, desde a época da sua colonização, onde o trabalho escravo era a principal forma de mão de obra utilizada para a acumulação de capital. Nestas primeiras décadas do século XXI, o país segue como um dos que mais concentra renda e riqueza no topo da pirâmide de distribuição de renda. Palavras-chave: Desigualdade de renda e riqueza. Desigualdade social. Economia.

138 Mestrando do programa de pós-graduação em Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) com bolsa de fomento da CAPES. [email protected]

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PLANEJAMENTO EM MOMENTOS DE CRISE: O MAPEAMENTO DAS INTENTADAS PRIVATISTAS NO ESTADO BRASILEIRO

Amanda Pavanello Alves dos Santos139

Eduardo Araujo Couto140 Resumo: O objetivo desta iniciativa de pesquisa ainda em estágio exploratório é mapear as diversas soluções propostas ou colocadas em prática na oscilação entre privatização e estatização dos serviços públicos, levando em conta as diferentes interpretações e disputas sobre o papel do Estado brasileiro ao longo do tempo, com destaque ao marco temporal da Constituição de 1988. Por um lado, retomar os debates anteriores a esta ruptura, analisando a pluralidade do próprio conceito de privatização nas linhagens do pensamento brasileiro, nos permitirá localizar os atores e compreender suas próprias interpretações de coisa pública ao longo das experiências político-institucionais brasileiras. Por outro, verificar as consequências de tais debates a partir da institucionalização e consolidação do processo decisório vigente nos ajudará a identificar porque se torna interessante investir recursos no redimensionamento – para menos – deste eixo. Partindo do pressuposto de que é em momentos de crise que o reposicionamento da ação do Estado é posto em questão a fim de ser redesenhado, a perenidade da ideia de lançar mão de capitais e estruturas privadas para gerir políticas e instituições públicas nos traz a possibilidade de reconstruir a flutuação, continuidades e rupturas do próprio conceito de privatização na disputa de ideias no núcleo duro do Estado nacional. Quais instituições e ações são colocadas em cheque enquanto coisa pública? Quais interesses são mobilizados, como meio ou fim, para os diversos atores envolvidos nos processos de tomada de decisão dentro desta problemática? Por que Executivo e Legislativo, cujos recursos de poder envolvem o manejo de cargos, orçamento e políticas, lançariam mão de não mais obtê-los? Palavras-chave: Estado; Instituições; Privatizações; Políticas Públicas; Crise.

139Doutoranda em Ciências Sociais pela FCLAr/UNESP Araraquara. Bolsista CAPES. [email protected] 140 Doutorando em Ciência Política pelo DCP/USP. Bolsista CAPES. [email protected]

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PRECARIZAÇÃO, DESINDUSTRIALIZAÇÃO E DESMONTE DO ENSINO PÚBLICO: UMA ANÁLISE DAS TRASNFORMAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO

E A REFORMA DO ENSINO MÉDIO

SANTOS, Karin Santana 141 TOTTI, Marcelo Augusto142

Resumo: Neste artigo pretendemos discutir como a educação brasileira passa por mudanças profundas e ataques do governo golpista que estabeleceu a partir de 2016. Para tal análise situaremos as relações existentes dentro do mundo do trabalho e seu complexo de acumulação flexível, através de uma condição ontológica, e seus desdobramentos. Na atual conjuntura, a educação passa por um processo de precarização, intensificada pela reforma do ensino médio, que retirou disciplinas, flexibilizou o currículo, acarretando uma perda significativa de conteúdo. Todo esse processo está diretamente ligado ao processo de produção e desindustrialização que ocorre no Brasil, também, deve ser mencionado que a diminuição de investimentos do setor público em ciência e tecnologia vem aprofundando o capitalismo dependente brasileiro. Palavras-chave: Acumulação Flexível. Desindustrialização. Precarização.

141Graduada em Pedagogia, Graduanda em Ciências Sociais, Mestranda em Sociologia pela UNESP- Marília, email:[email protected] 142 Doutor em Educação Escolar pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Responsável pelo departamento de Sociologia e Antropologia da FFC\Unesp-Campus de Marília. Email: [email protected]

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Institucionalismos, Corrupção e Procedimentos: um olhar teórico as CPIs no Brasil

Bruno Gracias Dio143 Resumo: Do ponto de vista histórico, os estudos sobre o fenômeno da corrupção tiveram a primeira onda de estudos mais recentes, nas décadas de 1950 e 1960, interligada ao processo de descolonização e no auge da teoria da modernização. A segunda (e atual) onda, teve início em meados da década de 1990, foi impulsionada pela frustração em muitos países do Terceiro Mundo, pelo colapso da União Soviética e pela crescente preocupação da comunidade internacional com os efeitos nocivos da corrupção. O presente trabalho está estruturado sob duas questões: o que se compreende por corrupção, a partir de autores clássicos, como Fernando Filgueiras (2006), Silva (2000), Kunicová (2006), e, como o neoinstitucionalismo pode ser utilizado nas reflexões sobre a temática da corrupção, com enfoque na discussão sobre a importância das instituições a partir de autores, como Peter Hall e Rosemary Taylor. Neste sentido, além da racionalidade individual, ou seja, o indivíduo que age visando fins (no caso, próprio, em detrimento de fins públicos), o debate avança em relação a como esse indivíduo é permeado por lógicas formais e informais (contextuais). Ao observarmos as características institucionais dos instrumentos de controle, seu funcionamento e as variáveis que neles influem, tais reflexões colaboram para elucidar o tema da corrupção, partindo a análise observando a estrutura e o desenho institucional do Brasil. Portanto, busca-se também refletir sobre o papel da burocracia e o funcionamento das instituições políticas brasileiras em relação ao accountability e funcionamento dos mecanismos de controle de corrupção, como por exemplo as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) as quais são instrumentos internos do Estado que possuem por essência o objetivos de investigar e elucidar condutas dos parlamentares como também do Executivo. Palavras-chave: Corrupção. Neoinstitucionalismo. CPI. Mecanismos de Controle.

143 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Política (PPgPol) da Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected].

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O PAPEL DA FRAÇÃO DE CLASSE BURGUESA NACIONAL BRASILEIRA NO FENÔMENO DO LULISMO.

Alexandre de Castro144

Resumo: Esta comunicação pretende problematizar algumas das teses contidas em Os sentidos do lulismo reforma gradual e pacto conservador (2012) propostas por André Singer. Consideraremos duas dentre as teses apresentadas no texto: a adesão de uma parcela importante de eleitores ao governo ocorrida a partir de 2006 denominada “realinhamento” e as reformas de natureza econômica que propiciaram relevantes modificações nos índices sociais brasileiros conhecida como “reformismo fraco”. Para Singer (2012), o governo, a partir do ponto de vista de sua base de sustentação, realizara uma arbitragem entre as classes de acordo com a correlação de forças de cada momento, ora aplicando políticas conservadoras, ora políticas progressistas. Tal concepção induziu muitos críticos à compreensão de que o governo mantinha os movimentos operário e popular sob controle propiciando o apoio da burguesia ao governo Lula. Mediante revisão bibliográfica foi possível problematizar essa concepção do posicionamento um tanto passivo da classe dominante destacando que, a partir de 2006, o lulismo contou com outra “base política” – fração de classe dominante – não tratada por Singer (2012). Trata-se, na argumentação de Boito Junior (2018), da fração de classe correspondente a “uma nova burguesia nacional” bastante presente na estrutura de poder no Brasil desde 2000 ascendendo política e economicamente durante o governo Lula. Portanto, relativizando argumentação de Singer (2012), enquanto perdurou o fenômeno do lulismo, além dos dois importantes apoios político presentes em sua base, a fração da burguesia nacional contribuiu para a manutenção do poder lulista ao mesmo tempo em que se defendia das investidas do capital internacional e tinha seus interesses atendidos pela política econômica adotada desde o primeiro mandato do governo Lula. Com o fim do lulismo assistimos ao início de uma era de incertezas e retrocessos contrariamente, não só com relação às expectativas de Singer (2012), bem como da grande maioria dos brasileiros, da possibilidade do governo promover a superação das gritantes desigualdades produzidas pelas contradições do capitalismo brasileiro. Palavras-chave: Lulismo. Subproletariado. Reformismo fraco. Classes sociais. Realinhamento.

144 Doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP/Câmpus de Marília SP. Possui graduação em Ciências Sociais-Bacharelado (1995) na mesma Universidade. Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Eurípedes de Marília - UNIVEM (2002), Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universitário Eurípedes de Marília - UNIVEM (2005). [email protected]

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Teoria Marxista da Dependência: uma contribuição crítica ao projeto neodesenvolvimentista

Carolina Michelle Brito145

Resumo: o objetivo deste trabalho é traçar algumas problematizaremos ao projeto neodesenvolvimentista, enquanto projeto de nação defendido pelo governo dos Partido dos Trabalhadores (2003 – 2016), através da retomada da teoria da dependência de viés marxista, que historicamente contestou o chamado subdesenvolvimento brasileiro e fez oposição as estratégias desenvolvimentista. Influênciados pelos estudos de Andre Gurder Frank, os intelectuais da dependência na corrente associativa ou marxista preocupavam-se em mostrar a responsabilidade das elites locais, também a industrial, pelo subdesenvolvimento, assim, rejeitavam fundamentalmente a tese de uma interpretação nacional-burguesal do ISEB e CEPAL. Os intelectuais Ruy Mauro Marini, Vania Bambirra e Theonio dos Santos em consonância aos debates da Polop começaram a esboçar a vertente marxista da dependência, que após o golpe continuam os estudo no Chile e em seguida no México. A principal objetivo era compreender a relação intríseca e parasitária entre o desenvolvimento dos sistema capitalista nas suas diversas fases nos países dos centro com o subdesenvolvimento dos países periféricos que já haviam sidos incorporados ao sistema capitalista no século XVI. Para tal, esse estudo será divido em duas seções. Primeiro, ao realizarmos um resgate histórico do desenvolvimentista e da teoria marxista da dependência no pensamento social brasileiro, destacamos a pertinência da retomada da interpretação marxista da dependência para contribuição à critíca do desenvolvimentismo. Na segunda seção, a partir das categoria padrão de acumulação e superexploração da força de trabalho, buscaremos caracterizar as políticas sociais do período do PT através da perspectiva da teoria marxista da dependência e o declínio do projeto neodesenvolvimentista. Dessa forma, problematizaremos o projeto neodesenvolvimentista do governo petista através da retomada da teoria da dependência de viés marxista, que historicamente contestou o chamado subdesenvolvimento brasileiro e fez oposição as estratégias desenvolvimentista. Palavras-chave: teoria marxista da dependência; projeto neodesenvolvimentista; governo PT

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ATUAÇÃO DO CONGRESSO ESTADUNIDENSE FRENTE ÀS NEGOCIAÇÕES DO

NAFTA/USMCA

Cristiano Cícero Santana da Silva 146 Resumo: A renegociação do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (NAFTA – sigla em inglês) decorre da promessa de campanha do presidente Trump, a partir das críticas estadunidenses ao acordo concluído em 1994, que alegam ter provocado uma perda de mais de 5 milhões de postos de trabalho nos EUA e provocar déficits comerciais com o México. Apesar do posicionamento crítico do governo estadunidense em relação ao acordo e sua postura de promover uma revisão ampla do mesmo, “(…) coalizações domésticas entre congressistas e entre governadores estaduais, e grupos de interesse locais têm pressionado pela permanência do país no acordo trilateral de livre comércio que abrange uma área geográfica cuja população é de 478 milhões de habitantes.” (MATTOS, 2018). Partindo do suposto de que os Parlamentos são espaços importantes para se compreender quais são os grupos de interesse que dão suporte às políticas externas implementadas por esses governos (MILNER, 1997; LIMA e SANTOS, 2001; NEVES, 2003; SANTOS, 2006), a análise do papel do Poder Legislativo no processo de renegociação do NAFTA permite refletir sobre os impactos internos dessa negociação e como estes atores reagiram à proposta estadunidense de revisão do acordo. Tendo como objeto de análise o legislativo estadunidense frente as negociações do USMCA (United States-Mexico-Canada Agreement) esta pesquisa objetiva realizar o mapeamento da participação do Congresso Estadunidense na formulação da política externa norte-americana; o mapeamento da concepção predominante sobre o acordo de livre-comércio no Congresso Estadunidense, verificando, inclusive, se há divisões entre os partidos políticos no que concerne ao posicionamento em relação às questões centrais renegociadas; observar os interesses e os atores relevantes na construção dos posicionamentos no processo de renegociação do NAFTA; analisar da percepção do Congresso Estadunidense no momento de ratificação do NAFTA no início dos anos 1990 e atualmente, durante a sua revisão e transformação em USMCA.

Palavras-chave: NAFTA. USMCA. Estados Unidos. Congresso. Livre-comércio.

146 Licenciado em Ciências Sociais pela UNESP/FCLAr. Bolsista Pibic/CNPq. [email protected]

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OS DESDOBRAMENTOS DO NEOLIBERALISMO NAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: O CASO DA ESCOLA ESTADUAL PAULISTA

Letícia Lima de Souza147

Maria Valéria Barbosa148 Resumo: Há mais de uma década, o estado de São Paulo conta com reestruturações nas políticas educacionais resultantes de reformas baseadas em pressupostos como padronização curricular e busca por qualidade através de gestões de caráter empresarial. As bonificações por mérito, o regime trabalhista do professorado precarizado e avaliações em larga escala que quantificam a aprendizagem por números e estatísticas revelam o processo de empresariamento da escola pública. As reestruturações da educação estão presentes em todo cenário nacional desde a década de 1990 e acompanham a tendência mundial de reestruturação do capital e da nova face do liberalismo econômico. Em São Paulo, essas reformas prometiam uma reviravolta nos resultados de desempenho escolar; porém, em todos esses anos, não houve melhorias substanciais no quadro da educação púbica e ao invés de seu fortalecimento, o ensino básico estadual apresentou uma crise estrutural, pois, as novas políticas adotadas visam o sucateamento do aparato educacional público em prol do beneficiamento de grandes redes educacionais privadas e das parcerias público-privadas. Assim, o mercado do ensino privado cresce exponencialmente a partir da oferta de diferenciais e complementos no ensino-aprendizagem de crianças e adolescentes – ao se tornar parte da lógica de livre mercado, a competição pelo melhor serviço educacional ofertado é o principal fator de concorrência. Nessa perspectiva, o domínio do Estado no âmbito educacional é prejudicial ao mercado e, portanto, sua interferência deve ser mínima. Para eliminá-lo do domínio desse novo âmbito mercadológico, entende-se que a educação deve deixar de ser um direito assegurado para se solidificar enquanto produto comercial. No atual momento de crise instaurado no país devido à ascensão da extrema direita e do ataque brutal do neoliberalismo, nota-se ameaça aos direitos constitucionalmente garantidos através do véu do livre mercado. Esse trabalho objetiva refletir sobre as origens do neoliberalismo educacional a partir do contexto histórico e político da educação pública estadual paulista da última década, a fim de destacar sua relação com o desmonte da educação pública brasileira.

Palavras-chave: Neoliberalismo. Políticas públicas educacionais. Educação Básica.

147 Pós-graduanda em Sociologia pelo Mestrado Profissional em Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO/ UNESP MARÍLIA), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Faculdade de Filosofia e Ciências – FFC/ UNESP MARÍLIA. E-mail: [email protected] 148 Professora doutora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Faculdade de Filosofia e Ciências – FCC/ UNESP MARÍLIA. E-mail: [email protected]

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A ATUAÇÃO DA FRENTE PARLAMENTAR DE SEGURANÇA PÚBLICA NO PROJETO DE LEI 3722/2012

Lucas Marcelino Santos149

Resumo: Essa pesquisa tem como objeto a Frente Parlamentar de Segurança Pública, que tem como coordenador o deputado Capitão Augusto (PL-SP). A frente foi criada em 2015 por um grupo de deputados que defendem pautas como aumento da autonomia policial, o endurecimento de penas, redução da maioridade penal, sendo conhecidos informalmente como Bancada da Bala. Outra pauta defendida por esse grupo é a alteração substancial da Lei 10.826, o Estatuto do Desarmamento, pela aprovação do Projeto de Lei 3722/2012 que dispõe as normas sobre aquisição, posse, porte e circulação de armas de fogo e munições em território nacional, propondo a revogação do Estatuto do Desarmamento. O objetivo dessa pesquisa é fazer a análise da atuação da Frente Parlamentar de Segurança Pública na discussão do PL 3722/2012 no Congresso Nacional no período que compreende 2015 a 2019. Será feita a análise das discussões promovidas entre os membros da Frente Parlamentar de Segurança Pública em torno do Projeto de Lei 3722/2012 e buscaremos quais são os interesses da frente na aprovação do projeto no Congresso Nacional. Para o desenvolvimento das análises será utilizada a abordagem Neoinstitucionalista da Escolha Racional, sendo esta abordagem mais utilizada para o estudo do comportamento legislativo no Brasil. As principais fontes de coletas de dados serão as sessões, reuniões, discursos, notícias e outras informações disponíveis no site da Câmara dos Deputados, além do histórico político partidário dos membros da frente e de dados disponibilizados por institutos especializados em Segurança Pública e em Controle de Armas, como Instituto Sou da Paz, Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Small Arms Survey. Palavras-chave: Desarmamento. Bancada da Bala. Legislativo. Segurança Pública.

149Mestrando. CAPES. Faculdade de Ciências e Letras – UNESP ARARAQUARA E-mail: [email protected]

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AS DIVERSAS FACES DO POPULISMO: discussão acerca das variações do conceito de populismo realizada com base no estudo das principais experiências

Mariana Guéleri DILUAR150

Resumo: A essência deste trabalho consiste na realização de uma análise do conceito de populismo e das diversas faces que ele assume e pode assumir, assim como um estudo das variáveis que, analisadas individual ou coletivamente – neste caso formando uma conjuntura –, são responsáveis pelas distintas vertentes que existem dentro da categoria de populismo. Ainda é possível notar dificuldade em definir e tratar o populismo como um conceito universal, apesar de todas as empreitadas dedicadas ao estudo do tema que foram realizadas no âmbito das ciências humanas e sociais, principalmente à partir do século XX. É nessa dificuldade que encontra-se a hipótese central desse trabalho, que trata da necessidade de alcançar uma definição comum que abranja aos mais diversos tipos de populismo – respeitando sempre as particularidades de cada caso –, tendo em vista que um impasse muito presente no estudo dessa temática é o fato de se incorrer no erro de classificar, ainda que superficialmente, governos, governantes e práticas políticas díspares, sob um mesmo rótulo, o que pode culminar em uma perda de identidade, sobretudo da ideologia governista em questão. Sendo assim, o objetivo principal do presente trabalho é investigar quais elementos criam os cenários que propiciam o surgimento dos mais diversos tipos de governos populistas, bem como a aparição comum desses elementos entre os casos estudados. Para tal fim, a metodologia utilizada foi a de análise comparativa, que se destaca pelo sucesso em estudos do tipo qualitativos e através da qual criam-se inferências que ajudam a determinar quais são os principais aspectos que afetam a essência de um governo, para que este assuma uma fisionomia com tais características. Palavras-chave: Análise comparativa. Governos populistas. Neopopulismo. Populismo. Populismo clássico.

150 Mestranda no Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – (UNESP), Campus de Araraquara, Araraquara – São Paulo – Brasil, E-mail: [email protected], Trabalho realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil (CNPq) – Código de financiamento:131341/2018-9.

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A suspensão do Paraguai no Mercosul: a construção regional na ótica de liderança brasileira

Matheus Felipe SILVA151

Resumo: O presente texto discute a suspensão do Paraguai no Mercosul em 2012. A suspensão do país antecedeu o ingresso da Venezuela, cujo ingresso ainda era bloqueado pelo Congresso Nacional paraguaio. Com a suspensão, os venezuelanos tornaram-se membros mesmo sem a aprovação de um dos membros fundadores, que veio com o reingresso paraguaio em 2013 e sua aprovação à Venezuela. A justificativa à suspensão deu-se pelo acelerado processo de impeachment sofrido pelo então presidente Fernando Lugo, do Frente Guazú. No entanto, a controvérsia era a de que o Protocolo de Ushuaia, que tratava da democracia na região, era vago em seus termos e que previa consultas ao país contestado na tentativa de resoluções diplomáticas. O contexto de presidentes progressistas na região e seu alinhamento com a Venezuela dá conta de que o Congresso paraguaio vetava um consenso já estabelecido pelos governos, inclusive o próprio Lugo. Mas acreditamos que encerrar a análise aí seja reducionista, uma vez que havia uma dinâmica regional e internacional, de forma mais ampla, no fenômeno da integração regional e da posição brasileira como potência emergente. Assim, concentramos nossas análises acerca de um olhar estratégico do Brasil em relação ao ingresso venezuelano no Mercosul no tocante às estratégias brasileiras de liderança em relação ao alargamento do bloco, à América do Sul e Latina. Nossas análises qualitativas dedutivas de bibliografias e notícias relevantes ao tema buscam evidenciar aspectos fundamentais daquela conjuntura do Mercosul, da América do Sul e da busca do Brasil por liderança na região enquanto fatores que favoreceram a suspensão do Paraguai. Palavras-chave: Mercosul, Paraguai, Brasil

151 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UNESP FCLAr); bolsista CAPES; [email protected]

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O GOVERNO DESENVOLVIMENTISTA DE ROUSSEFF: APONTAMENTO E REFLEXÕES

Thiago Emanuel Folgueiral152

Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar o tema desenvolvimento sobretudo, as novas contribuições teóricas, à luz do primeiro governo Dilma Rousseff (2011-2014). Ao final da última década, a economia brasileira indicava que os efeitos da crise econômica (2008) não atingiria a economia como ocorrera países centrais. De fato, o governo Lula (2003-2010) se encerrava apresentando índices positivos e inéditos, com diminuição da desigualdade social e crescimento econômico. Esses elementos, contribuíram para o surgimento de novas leituras acerca de um governo neodesenvolvimentista, do qual, se articulou pela primeira vez equidade social e crescimento econômico. No entanto, a partir de 2011, a economia mundial entra novamente em desaquecimento sobretudo, com a redução da atividade chinesa. Esses fatores contribuem para uma nova etapa da crise mundial, impactando fortemente as economias emergentes. Tendo no caso brasileiro, determinantes para o incipiente Governo Rousseff, da qual, um cenário doméstico adverso com novas variantes. O padrão de crescimento implantando até o momento dava mostra de seus limites, a pauta fiscal do Estado e o endividamento das famílias retratava o esgotamento do modelo iniciado a partir de 2008. Dessa forma, será evidenciado as leituras que tange as novas políticas implantadas pelo governo a partir de 2011. Palavras-chave: Desenvolvimento, Dilma Rousseff, Partido dos Trabalhadores

152 Faculdade de Filosofia e Ciências/ Unesp- Marília, Mestrando, [email protected]

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POLÍTICA DE DROGAS NO SÉCULO XXI: UMA ANÁLISE DO PANORAMA EUROPEU ATRAVÉS DOS RELATÓRIOS DO EMCDDA

Dércio Fernando Moraes Ferrari153

Resumo: O objetivo deste trabalho é identificar, através dos relatórios do EMCDDA (European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction), as rupturas e continuidades da política europeia no combate às drogas e de promoção da saúde pública. Nos dados mais recentes, observa-se uma nova abordagem ao problema das drogas, especificamente referente ao caso da cannabis, que aponta para uma tendência de flexibilização do consumo em grande parte dos países europeus. Ao promulgar seu último relatório em 2017 o EMCDDA lançou luz sobre as novas conjunturas de alguns países europeus na última década. O relatório apresenta a formação de várias alternativas ao tradicional combate às drogas a nível internacional, dentro e fora da Europa. A maior parte destas políticas foram formuladas na última década, indo de encontro com políticas desenvolvidas no Ocidente, como o caso do Uruguai, de alguns estados dos EUA e recentemente a experiência canadense. A principal questão apontada pelo relatório é referente ao aumento recentemente observado de discussões acerca do consumo de cannabis em a menos seis países europeus. Embora boa parte destas propostas de regulamentação do mercado e consumo tenham sido rejeitadas pelo legislativo de boa parte destes países, a introdução desta pauta nas discussões legais já representa uma mudança em relação ao comportamento observado em décadas anteriores. O relatório aponta ainda três caminhos seguidos por estes países, sendo: uso/porte versus oferta; uso medicinal e uso recreativo da cannabis; e reformas baseadas. Assim, busca-se ainda identificar neste trabalho cada um destes cenários e bem como estas novas conjunturas apresentam-se no cenário internacional. Palavras-chave: Cannabis. EMCDDA. Políticas públicas. Políticas sobre drogas.

153 Doutorando em Ciências Sociais (Unesp/Araraquara). E-mail: [email protected].

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POLÍTICA PÚBLICA E PARTICIPAÇÃO CIVIL: UM ESTUDO SOBRE A PLATAFORMA BRASILEIRA DE POLÍTICA DE DROGAS.

Jaqueline de Sousa Gomes154 Resumo: O presente trabalho dissertativo ainda em andamento, coloca sob escrutínio a análise da atuação da Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD) como ator institucional que influencia nas orientações para a construção de política de drogas no cenário de políticas públicas no Brasil. Se faz necessário para tanto entender a trajetória da formulação de políticas públicas e principalmente voltadas para a construção da políticas de drogas. A pergunta que norteia essa discussão centra em como a plataforma, atuando conjuntamente com uma rede de 57 organizações, se organizam para fazer advocacy e como a Plataforma Brasileira de Política de Drogas formula a agenda pressionando o Legislativo por políticas mais democráticas e que objetivam os direitos humanos dos usuários. A análise da atuação em rede dessa organização será embasada por meio da discussão de ator-rede (ANT) promovida por Bruno Latour (2012). Esse trabalho visa construir um conceito novo de REDE, centrando na atuação e papel dos atores principais da Plataforma que diferente de movimentos sociais, articula a agenda, think thank, militância e academia, ou seja, a compreensão da Plataforma e sua interface com os atores sociais, e a compreensão da própria articulação em REDE da Plataforma. Faz parte da metodologia deste trabalho a revisão bibliográfica sobre o tema de políticas de drogas e sobre as formulações de política pública, entrevistas com membros que atuaram e atuam na Plataforma Brasileira de Política de Drogas, a netnografia da plataforma digital, analisando o conteúdo das newslatters e a análise de discurso das publicações das newsletters da PBPD. Palavras-chave: política pública, política de drogas, participação civil, advocacy.

154 A autora é Licenciada em Ciências Sociais e Mestranda em Ciências Sociais. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Bolsista de aperfeiçoamento CAPES desde 2018. e-mail: [email protected].

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COMO “ENXUGAR” O ESTADO: AS THINK TANKS LIBERAIS BRASILEIRAS E A PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Evandro Coggo Cristofoletti155

Resumo: O objetivo do estudo é investigar as proposições de políticas públicas por parte das think tanks liberais no Brasil, com foco nas temáticas relativas à política econômica e reforma do Estado (desburocratização). Em outras palavras, objetiva-se apreender como procuraram desenvolver formas de aplicação política – através de recomendações e proposições de políticas públicas – do ideário liberal (sobretudo relativo à Escola Austríaca) nos últimos cinco anos. Grosso modo, as think tanks são organizações da sociedade civil, surgidas sobretudo na década de 1970 na América Latina (no Brasil, na década de 1980) sob influência direta de think tanks norte-americanas, destinadas a “travar a guerra das ideias” e contribuir à implementação do neoliberalismo na região. Para isso, procuram produzir conteúdos político-ideológicos à vista da disseminação do pensamento liberal-conservador, além de formar quadros próprios de intelectuais e lideranças políticas que assumirão postos em diversas outras organizações políticas (partidos, movimentos políticos, mídia, etc.), bem como no próprio Estado. Nesse sentido, procuram proceder à recomendações de políticas públicas, sobretudo com viés de enxugamento do Estado. Metodologicamente, partimos de um referencial gramsciano, especialmente o debate relativo à hegemonia e aos intelectuais orgânicos, juntamente à investigação da atuação destas think tanks nos processos históricos de implementação do neoliberalismo na AL e no Brasil, para traçar as características e modos gerais de atuação destas organizações – tais organizações fazem parte, hoje, no que vem sendo chamado de “Nova Direita” no Brasil. A partir daí, selecionamos e analisamos diversos materiais produzidos pelas organizações (artigos, livros, vídeos, cursos, palestras, cartilhas) cujo foco central é a recomendação de políticas públicas no campo da política econômica e da configuração político-administrativa do Estado. Buscamos analisar, para além do conteúdo das propostas (o que recomendam e porque recomendam), os objetivos da política, os principais atores considerados no texto da política, como procuram fazer com que tais propostas alcancem atores com a possibilidade de implementá-las (disseminação das proprostas), qual visão do Estado e da economia as políticas refletem, dentre outros. Especialmente, focou-se nas seguintes think tanks liberais: Instituto Ludwig Von Mises Brasil, Instituto Millenium e Centro Mackenzie de Liberdade Econômica. Palavras-chave: Think Tanks Liberais. Nova Direita. Neoliberalismo. Políticas Públicas.

155 Doutorando em Política Científica e Tecnológica. Universidade Estadual de Campinas. E-mail: [email protected]

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HOMOLOGIAS NARRATIVAS NA IMPRENSA BRASILEIRA APÓS A REDEMOCRATIZAÇÃO

Gabriel Papa Ribeiro Esteves156

Resumo: A história, a política e a cultura de cada sociedade são problemas em aberto e se entrelaçam, sendo o presente o lugar da história, o ponto de partida de sua realização, o lugar das problematizações. 50 anos após o golpe de Estado de 1964 a ditadura continua protagonizando, na sociedade brasileira, discussões importantes sobre as representações de sua memória. O espaço público da imprensa tem importante destaque na difusão desta pauta e no posicionamento opinativo e informativo do assunto. Identificar o modo uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler é um pressuposto para a compreensão de como determinados grupos têm forjado as representações do mundo social. Aqui realizamos a análise de conteúdo dos editoriais dos jornais: O Estado de S. Paulo; O Globo e Folha de S. Paulo na data que marca os 50 anos do golpe civil-militar brasileiro de 1964 para demonstrarmos como têm construído representações que geram justificativas para o autoritarismo ditatorial que se abateu sobre o Brasil. O trabalho consiste numa reflexão teórica que abarca as consequências dos meios de comunicação na sociedade contemporânea, relacionada com a problemática histórica de nosso objeto e, enfim, a análise dos editoriais publicados pelos jornais Folha de S. Paulo, Estadão e O Globo e que marcam os 50 anos do golpe de 1964, demonstrando discursos permeados de interesses, ambiguidades e semelhanças no que tange o norteamento do senso histórico da ditadura e suas representações. Pretendemos, a partir deste trabalho, oferecer uma contribuição para compreensão da dinâmica social de nosso país, buscando a descoberta de regularidades no passado e no presente, tomando os fatos como resultantes dos conjuntos de práticas culturais, no que se refere à análise de como é representado o golpe de Estado de 1964 e o regime que dele se seguiu à sociedade brasileira, no espaço público das mídias impressas.

Palavras-chave: Ditadura militar; redemocratização; imprensa; golpe de 1964.

156 Doutorando em Ciências Sociais – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/UNESP - FCLAr. E-mail: [email protected]

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ENTRE A LIBERDADE E O DESENVOLVIMENTO: O Programa Bolsa Família e a ampliação da cidadania no Brasil

Guilherme de Matos Floriano157

Resumo: O objetivo deste artigo é refletir sobre a ampliação de cidadania promovida pelo Programa Bolsa Família. Parte de uma pesquisa de mestrado já concluída, a dissertação da qual este artigo se origina refletiu sobre o programa em uma perspectiva pautada pela antropologia simétrica. Para cumprir tal objetivo, ele se divide em três principais seções. De início, considera-se na primeira seção, o contexto histórico, social e econômico no qual o programa é implementado, destacando-se a continuidade econômica entre o governo de Fernando Henrique Cardoso e o governo de Luís Inácio “Lula” da Silva. A seguir, discute-se como esses impactos podem ser relacionados às ideias de liberdade e desenvolvimento apresentadas por Amartya Sen. Tais impactos são percebidos como ampliadores de liberdade e desenvolvimento na medida em que os beneficiários passam a ter renda mínima para satisfazerem suas necessidades básicas, portanto viverem com o mínimo de dignidade e, assim, desenvolverem outras esferas de suas vidas. É desta maneira que o PBF contribui para a ampliação de cidadania no Brasil. Por fim, o que se põe em questão são duas perspectivas distintas acerca dos impactos efetivos do programa na ampliação da cidadania e dos direitos sociais: a primeira o percebe enquanto restrito às “necessidades básicas” e, por isso, não como capaz de ampliar a cidadania, na medida em que esta não pode estar vinculada aos direitos sociais; e outra que, ao contrário, afirma que a ampliação de cidadania ocorre justamente por tornar os cidadãos mais iguais. Chega-se à conclusão de que, por garantir o direito a ter direitos, e justamente por ampliar as condições de satisfação de necessidades básicas, o Programa Bolsa Família acaba por elevar as condições de cidadania no Brasil: a transferência direta de renda alivia a sensação imediata da pobreza e as condicionalidades existentes no programa impactarão futuramente na ampliação de liberdades das crianças cujas famílias são beneficiárias. Palavras-chave: Programa Bolsa Família; desenvolvimento; cidadania

157 Doutorando em Ciências Sociais. Bolsista CAPES. Universidade Estadual Paulista campus de Araraquara – Faculdade de Ciências e Letras (UNESP/FCLAr). [email protected]

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PLANO DIRETOR: LIMITES E POSSIBILIDADES

Jacques Iatchuk158 Resumo: O presente trabalho pretende compreender o papel do plano diretor enquanto política pública que visa à transformação da realidade do espaço urbano brasileiro, e avaliar a possibilidade de esse instrumento servir para a construção do Direito à Cidade. A fim de alcançar tal objetivo, o artigo é estruturado em três partes. Na primeira parte, busca-se evidenciar como o plano diretor se enquadra enquanto política pública, apresentando suas motivações e atribuições, bem como sua base jurídica e seus objetivos. Na segunda parte, utilizando as bases teóricas construídas pela sociologia urbana marxista, o trabalho conceitua o Direito à Cidade, explanando-o não como mera garantia de livre circulação pelo espaço urbano, mas como elemento central de uma profunda transformação social. Na terceira parte, tendo por referencial metodológico o materialismo histórico-dialético, analisa-se o papel do plano diretor na busca pelo Direito à Cidade, apontando os limites e os avanços possíveis, por meio de tal instrumental jurídico, em direção a outro modelo de espaço urbano. Por fim, à guisa de considerações finais, o trabalho é concluído com um balanço de que o plano diretor é uma política pública importante para trazer certas mudanças à realidade urbana vigente, mas essencialmente incapaz, por sua natureza jurídica, de servir de instrumento para a transformação profunda necessária para a efetivação do Direito à Cidade.

Palavras-chave: Políticas Públicas; Direito à Cidade; Sociologia Urbana; Direito Urbanístico.

158Mestrando em Planejamento e Análise de Políticas Públicas pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), bacharel em Direito pela mesma instituição. Email: [email protected]

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CONCEPÇÕES DE JUSTIÇA E A ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS SOB A TEORIA EQUITATIVA DE JOHN RAWLS

Jônatas Rodrigues da Silva159

Resumo: O trabalho propõe caracterizar política pública e sua formulação na esfera pública com influência de atores sociais hábeis, e a contrapor à concepção de justiça por meio do paradigma normativo de justiça distributiva alicerçado na teoria da justiça equitativa de John Rawls. Necessário, portanto, a abordagem da justiça distributiva proposta por Rawls e a análise da formulação de políticas públicas pelos agentes públicos e políticos, influenciados por grupos sociais organizados. A ideia de uma administração insulada, selecionada pela meritocracia como forma de mitigar o nepotismo e o favoritismo tem origem no EUA com Woodrow Wilson, professor de Ciência Política da Universidade de Princeton e, posteriormente, presidente dos Estados Unidos, em 1880. Ele acreditava que “o negócio do governo é organizar o interesse comum contra os interesses especiais” (SARAIVA, 2006). Saraiva (2006) afirma que na América Latina, com raríssimas exceções, e em setores específicos, políticas públicas são meros discursos políticos e tecnocráticos. Políticas públicas são pensadas por um viés ontológico e estruturadas com uma ordem procedimental, são descritivas, utilitaristas e visam setores específicos. O artigo apresenta outro paradigma para a formulação de políticas públicas, o de uma normatização fundamentada em princípios de justiça, onde o Estado opere na busca de uma distribuição equitativa de bens sociais primários. É através de políticas públicas que o Estado distribui bens e recursos sociais, e sua formulação é influenciada por grupos organizados que conseguem propor sua agenda. A habilidade política somada ao maior domínio do campo é o que, em grande parte das vezes, determina quais políticas públicas são escolhidas em detrimento a outras. Considerando que os recursos são escassos e o atores precisam fazer escolhas.

Palavras-chave: Políticas públicas. Justiça. Equidade.

159 Doutorando em Ciências Sociais, Unesp Araraquara. Mestre em Gestão de Organizações e Sistemas Públicos, UFSCar. Administrador, Unicep. E-mail: [email protected].

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DA LUTA PELA TERRA AO RECONHECIMENTO: CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRAJETÓRIA DAS FAMÍLIAS ASSENTADAS NO PDS SANTA HELENA E O

ACESSO A POLÍTICAS PÚBLICAS160

Bárbara El Khalil161 Joelson Gonçalves de Carvalho162

Resumo: A expansão do capitalismo no meio rural tem como consequência histórica o conflito entre o capital e as populações camponesas. Esse conflito se materializa, não somente, mas em grande parte, na luta pela terra e na dificuldade que as populações camponesas têm em acessar políticas públicas voltadas para um desenvolvimento rural compatível com a diversidade dos sujeitos e de suas formas de organização social presentes no rural brasileiro. Neste contexto, o presente trabalho pretende analisar a conflitualidade inerente à questão agrária brasileira a partir de um estudo de caso, a saber: o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Santa Helena, localizado no município de São Carlos, interior do estado de São Paulo. Nosso objetivo é reconstruir a trajetória de luta pela terra dos assentados, bem como compreender como se dá o acesso da comunidade assentada a outras políticas públicas. Nossa hipótese é a de que os agricultores do Santa Helena enfrentam dificuldades para serem reconhecidos como sujeitos que podem acessar políticas públicas, o que limita, por seu turno, a capacidade de produção e reprodução social e material desses assentados. Palavras-chave: Questão Agrária. Assentamentos Rurais. Luta Pela Terra. Reforma Agrária. Políticas Públicas.

160 Artigo completo publicado na Revista Retrato de Assentamentos: KALIL, B. E.; CARVALHO, J. G. Da luta pela terra ao reconhecimento: considerações sobre a trajetória das famílias assentadas no PDS Santa Helena e o acesso a políticas públicas. Retratos de Assentamentos, [S.l.], v. 22, n. 1, p. 171-194, fev. 2019. ISSN 2527-2594. Disponível em: <http://retratosdeassentamentos.com/index.php/retratos/article/view/342>. Acesso em: 19 jul. 2019. doi:http://dx.doi.org/10.25059/2527-2594/retratosdeassentamentos/2019.v22i1.342. 161 Mestra em Ciência Política pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGPol) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e graduanda em História pela Universidade Paulista (UNIP). E-mail: [email protected]. 162 Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected].

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A HABITAÇÃO SOCIAL DO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA COMO REFORÇO A GESTÃO SOCIAL DE POBREZA URBANA

Marina Urizzi163

Resumo: O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) é uma das políticas sociais mais importantes no Brasil contemporâneo. Em grande medida, o PMCMV foi lançado em 2009 para incentivar o setor da construção civil como resposta às consequências da crise econômica de 2008. Passados dez anos desde sua implantação, essa é a política de habitação de interesse social destaque no percurso histórico das tentativas de provisão de moradias por parte do Estado. Um dos motivos para tal evidência está no Programa apresentar resultados qualitativos excepcionais desde seu lançamento, além de ter atingido regiões diferentes do país, bem como populações de rendas mais baixas que não conseguiam acessar programas de financiamentos até então. No entanto, o que motiva a reflexão teórica desse trabalho são alguns aspectos contraditórios pertencentes ao PMCMV. O argumento desenvolvido é de que o Programa corresponde a mais uma forma de gestão social da pobreza urbana, nesse caso fortalecido pelo discurso da casa própria como elemento que confere dignidade ao beneficiário, tornando a pobreza cada vez mais útil para setores privados de construção civil e de mercado imobiliário. Para tal, a estrutura do artigo aborda os seguintes aspectos: 1) O incentivo em (re)produzir a segregação socioespacial dos beneficiários do PMCMV, sobretudo faixa 1, reforçando o lugar dos pobres nas periferias sem estrutura adequada para o cotidiano de vida nas cidades; 2) Simultaneamente, verifica-se a padronização arquitetônica das moradias e o reforço ao ideal moderno de habitação mínima, valorizando os modelos de condomínios fechados impactando nas sociabilidades dos moradores; 3)Por fim, a notável confluência do Estado com o setor privado no processo de funcionamento do PMCMV, operando na lógica de maximizar o lucro das empresas responsáveis, em todo o processo, nos empreendimentos para beneficiários de menor renda. Com esse esforço, o presente artigo objetiva compreender como o PMCMV compõe parte da conjuntura neoliberal que trata a pobreza urbana como gestão e negócio, onde o papel do Estado vem sendo o de desempenhar condições de atuação favoráveis para que o domínio do mercado privado seja legítimo, em novas formas de produção do espaço urbano contemporâneo.

Palavras-chave: PMCMV; políticas sociais; pobreza urbana; habitação social; mercado imobiliário.

163 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo- IAU USP. Email: [email protected]

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Intersecções Entre a Política Nacional Sobre Drogas e Comunidades Terapêuticas

Matheus Caracho Nunes164

Resumo: O isolamento de usuários de drogas em Comunidades Terapêuticas (CTs) é, sobretudo, um problema urbano. Etnografias e estatísticas levantadas pelo IPEA165 revelam que a maioria dos internos são homens pobres. Por trás do isolamento e da política pública que privilegia a abstinência, está o centro da questão urbana brasileira: violação dos direitos humanos e marginalização social estão no centro deste debate. A partir de prévia experiência com etnografias realizadas em diversas Comunidades Terapêuticas, o presente trabalho visa refletir sobre as transformações da Política Nacional sobre Drogas (PNAD) nos últimos vinte anos e compreender a importância de algumas instituições como a FEBRACT (Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas) e o IPH (Instituto Padre Haroldo) para estas transformações. Neste período, principalmente nos últimos cinco anos, salta aos olhos a força que as CTs passaram a desempenhar na PNAD, saindo do âmbito municipal e estadual, passando a atuar em escala federal e na elaboração e gestão de políticas públicas. De outro lado, houve significativa estagnação de equipamentos e iniciativas que privilegiam a Redução de Danos (RD). O aumento da influência de federações que representam o interesse das CTs e a significativa estagnação de investimentos em Redução de Danos estão na base da atual mudança de paradigma da Política de Drogas brasileira. Os objetivos deste trabalho são: i) refletir sobre as transformações da Política Nacional sobre Drogas (PNAD) nos últimos vinte anos ii) compreender a importância de algumas instituições como a FEBRACT (Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas) e o IPH (Instituto Padre Haroldo) para estas transformações. Os objetivos específicos são: a) entender os ordenamentos políticos que culminaram com a atual configuração da PNAD. b) entender as relações que se estabelecem entre a atual PNAD e a filosofia de tratamento das CTs normatizada pela FEBRACT e baseada no tripé: disciplina, trabalho e espiritualidade, tendo como principal propósito a transformação subjetiva dos residentes. O trabalho será amparado por pesquisa documental e etnográfica.

Palavras-chave: Política Nacional Sobre Drogas; Comunidades Terapêuticas; Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas; Drogas; Marginalização Social.

164 Doutorando em Ciências Sociais Unicamp. CNPQ. [email protected] 165 Perfil das Comunidades Terapêuticas Brasileiras. Brasília: IPEA, 2017.

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A POLÍTICA HABITACIONAL NO BRASIL (1988-2009) ATRAVÉS DA TEORIA DO EQUILÍBRIO PONTUADO: O PROJETO MORADIA

Alexandre José Romagnoli166

Resumo: As ideias organizadas neste resumo integram uma pesquisa de doutorado, atualmente em processo, que se baseia na análise da política habitacional brasileira durante o período de 1988 até o ano de 2009 através da aplicação do modelo teórico denominado Teoria do Equilíbrio Pontuado, proposto por Baungartner e Jones em 1993. Como parte dos indicadores de atenção utilizados pela pesquisa para o alcance de seus objetivos está o estudo sobre o Projeto Moradia desenvolvido pelo Instituto Cidadania no ano de 2000. O projeto reuniu especialistas, lideranças sociais e gestores públicos com a intenção de produzir uma proposta que fosse capaz de enfrentar o problema habitacional articulando a questão social, o crescimento econômico e a geração de emprego em nosso país. Após um ano de reunião da equipe responsável, o projeto é lançado baseado em três grandes eixos: 1) gestão e controle social; 2) projeto financeiro; e 3) a questão urbano-fundiária. O Projeto Moradia surge como um ponto de convergência das ideias já apresentadas e batalhadas pelos movimentos populares ligados à questão urbana, dentre elas: a criação de um sistema que reunisse e abordasse à questão urbana em sua totalidade; a utilização de recursos orçamentários e a reafirmação do Estatuto da Cidade e a importância da função social da propriedade. A análise do Projeto Moradia também nos permite identificar importantes atores e lideranças que posteriormente reaparecem ligados às conquistas urbanas/habitacionais. É o caso de Evaniza Rodrigues, grande representante dos movimentos populares, Nabil Bonduki, vereador de São Paulo, ex-secretário de recursos hídricos e ambiente urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ermínia Maricato, autora de livros e artigos sobre o assunto e ex Secretária Nacional de Habitação e, obviamente, o presidente da república, Luis Inácio Lula da Silva. O olhar sobre o Projeto Moradia pautado na literatura de análise de políticas públicas permite criar conexões acerca da política habitacional posteriormente concretizada pelo governo Lula, com destaque para a criação do maior programa da área denominado “Minha Casa, Minha Vida”. Identifica-se fortemente a influência de atores ligados ao Partido dos trabalhadores na construção da imagem política (policy image) antes mesmo da chegada do partido ao poder. Com isso, argumenta-se que as preferências importam, ou seja, o posicionamento político-ideológico do PT ao longo do tempo sobre a questão habitacional. Porém, como evidencia o modelo de análise em questão, não explicam isoladamente as mudanças na política nacional de habitação.

Palavras-chave: Políticas públicas. Habitação. Equilíbrio Pontuado

166 Mestre em Ciência Política. Doutorando no Programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara – UNESP. E-mail: [email protected]

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CAPITAL, TRABALHO E ESTADO NA POLÍTICA PÚBLICA DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA NO AGRONEGÓCIO: trilhas de uma pesquisa no Estado do Piauí

Paula Maria do Nascimento Masulo167

Maria Dione Carvalho de Morais168 Resumo: Negociações coletivas de trabalho são dispositivos legais do âmbito da política pública do trabalho, no Brasil, como em outras partes do mundo, com reconhecimento da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Realizam-se através da mediação entre Estado, iniciativa privada, e trabalhadores(as) urbanos ou rurais, em instâncias políticas de participação formal nas quais capital e trabalho se fazem representar pelos respectivos sindicatos. No Estado do Piauí, a primeira “Convenção da soja”, no âmbito da política pública de negociação coletiva do trabalho, data dos anos de 1990, visando a legitimar decisões tomadas em negociações relacionadas a salário e outras condições de trabalho, no agronegócio do complexo carnes/grãos para exportação. A análise de atores e processos nesse campo de disputas permite melhor compreender particularidades de uma trajetória na qual se destacam não só o papel regulador do Estado e limites do próprio Direito do Trabalho frente à incontornável aporia fundante das relações entre capital e trabalho, mas, ainda, como atuam trabalhadores(as) assalariados(as), no âmbito dos limites e possibilidades da ação sindical, sobretudo, em um contexto de crescente prevalência do negociado sobre o legislado. Palavras-chave: Negociação Coletiva do Trabalho. Agronegócio. Trabalhadores(as) rurais assalariados(as). Ação sindical. Piauí.

167 Bacharela em direito, mestra em sociologia, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas (PPGPP) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). E-mail: [email protected]. 168 Socióloga; profa. dra. na Universidade Federal do Piauí (UFPI), Departamento de Ciências Sociais (DCIES), Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL). PPGs em Politicas Públicas (PPGPP) e Sociologia (PPGS). E-mail: [email protected]

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O PROGRAMA “MINHA CASA, MINHA VIDA” SOB A PERSPECTIVA DOS ESTUDOS SOCIAIS DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA

Thais Aparecida Dibbern169

Resumo: Este trabalho tem como objetivo dissertar sobre a infraestrutura presente no âmbito do “Programa Minha Casa, Minha Vida” (PMCMV), tendo em vista a interpretação dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia (ESCT). Em outras palavras, buscar-se-á dissertar sobre o tema das “infraestruturas” enquanto um objeto sociológico a partir da apresentação do estudo de caso do PMCMV, atentando-se à caracterização geral da política (como, quando e por que surgiu?), bem como reiterando a sua caracterização específica, sendo esta realizada através da apresentação relativa ao imaginário sociotécnico compartilhado na sua emergência e criação, aos posicionamentos e representações dos atores envolvidos, aos instrumentos de política considerados, às controvérsias presentes em sua criação e, os riscos envolvidos no âmbito da controvérsia. Metologicamente, constituindo-se enquanto um estudo exploratório, este ensaio foi realizado com base em revisões bibliográficas acerca do estudo de caso proposto, considerando-se para isso, a abordagem dos ESCT. Observa-se, portanto, que tal política representou, para muitos brasileiros, a primeira oportunidade de se obter uma casa própria. Contudo, apesar de mitigar, de certa maneira, o déficit habitacional existente, a infraestrutura construída no âmbito do Programa é permeada por imaginários sociotécnicos, controvérsias em sua formulação e riscos inerentes aos empreendimentos e Unidades Habitacionais. Tais particularidades se devem ao fato da política ter sido implementada a partir de um modelo Top-Down, onde os únicos atores considerados em sua formulação e implementação referiu-se aos grandes empresários do setor da construção civil, ignorando as necessidades e demandas dos verdadeiros beneficiários da política: as famílias de baixa renda. Tratou-se, em outras palavras, de uma política pública que, de forma hierárquica, buscava atender às demandas do setor privado em detrimento das necessidades da sociedade civil. Palavras-chave: Políticas Públicas. Infraestrutura. Minha Casa, Minha Vida. ESCT.

169 Doutoranda em Política Científica e Tecnológica. Universidade Estadual de Campinas. E-mail: [email protected].

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A Guerra Suja e Social: Militarização e Estado de Exceção no México.

Autor: André Andrade170 Resumo: O presente trabalho busca demonstrar a partir do caso mexicano como o México ser tornou-se um estado de exceção através da militarização de combate ao crime organizado. No México, o enfrentamento ao crime organizado é algo bem antigo e como isso ser tornou uma “política de estado”. Após a declaração o início da guerra ás drogas anunciada pelo governo do presidente Richard Nixon (1968-1974), só piorou a deterioração da segurança pública no país. Após a crise do capitalismo na década de 1980, o Fundo Monetário Internacional para empréstimos internacionais elabora uma cartilha de contenção de gastos por parte do Estado, em contrapartida as condições econômicas propostas pelo órgão deveriam ser adotadas para governos. O governo do presidente mexicano Miguel de La Madrid (1982-1988) começa-se adotar as medidas neoliberais no país, as condições de vida deterioram-se num curto espaço de tempo nas principais cidades mexicanas e ainda que as condições sociais se deteriora-se e a luta de classes só aumenta, diante dessa cenário de forte crise do bem estar social, muitos funcionários públicos são exonerados(entre muitos policiais e e militares. A partir desta condição os cartel de Sinaloa começou a recrutar para suas fileiras muitos agentes dessa região e o resultado e de que o mesmo amplia seu poder e hegemonia e se estabelece uma relação entre o Estado-Nação e o crime organizado. Nesta perspectiva, perpasso como o estado mexicano ser tornou-se um estado de exceção, a como é a estabelecida à relação entre os integrantes dos cartéis e os políticos. O caso do México é peculiar, pois não houve ditadura no país e mesmo sendo um república democrática desenvolveu-se e uma normalização do “Estado de Exceção” e como é descrito por Giorgio Agabem. Foram observadas “relações clientelares” entre Estado-Nação e crime organizado e por conseguinte, é imprescindível entender a questão do poder e política na perspectiva por Karl Von Clausewitz e Michel Foucault. Palavras-Chave: Estado de Exceção, Narcotráfico, México e Militarização

170 Graduando em História pela Universidade Federal Fluminense, e-mail:[email protected]

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A INDEPENDÊNCIA CONGOLESA COMO UM PROCESSO DE MANUTENÇÃO DO CONSERVADORISMO SOCIAL E ECONÔMICO

Felipe Antonio Honorato171

Paulo Cesar de Abreu Paiva Júnior172 Resumo: O presente trabalho objetiva analisar o processo de independência do então Congo Belga (atual República Democrática do Congo), que foi colônia do Estado belga de 1906 a 1960, como um fenômeno de manutenção do conservadorismo social e econômico. Isto porque, como se pode concluir, a então metrópole, Bélgica, almejava que, mesmo após a independência política de sua colônia africana, as relações econômicas neocoloniais seguissem as mesmas pautas do período colonial. Por isso, belgas, mesmo sem enfrentar resistência armada em seu território colonial – como ocorreu em outros contextos africanos durante o processo de descolonização - coordenaram um processo de transferência do poder para os congoleses que durou apenas 3 meses, processo este que Kabengelê Munanga chamou de “um cálculo maquiavélico orquestrado por uma ala da política belga e os representantes dos meios de negócios”173. O que ocorreu após a independência, em 1960, foi uma série de eventos que culminaram no período denominado Segunda República - a ditadura de Mobutu Sese Seko, que instaurou um governo que Peter Evans chamou de “Estado predatório”: “Desde que Joseph Mobutu Sese Seko assumiu o governo do Zaire em 1965, ele e seu círculo íntimo no interior do aparelho de Estado zairiano têm extraído enormes fortunas pessoais das receitas geradas pela exportação da impressionante riqueza mineral do país”174. Mobutu permaneceu no poder da República do Zaire até 1997, tendo sido considerado por anos o homem mais rico do mundo e sendo, ao menos até o fim da Guerra Fria, sempre bem-vindo tanto em Bruxelas, quando em Washington. A metodologia aqui utilizada foi a revisão bibliográfica. Palavras-chave: Independência congolesa. Congo Belga. República do Zaire. República Democrática do Congo. Bélgica.

171Mestre em Estudos Culturais pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). E-mail: [email protected] 172Mestre em Mudança Social e Participação Política pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). E-mail: [email protected] 173 MUNANGA, Kabengelê. A República Democrática do Congo - RDC. Disponível em: <http://www.casadasafricas.org.br/wp/wp-content/uploads/2011/09/A-Republica-Democratica-do-Congo.pdf>. Acesso em: 12/ 03/ 2016. 174EVANS, Peter. O Estado como problema e solução.Lua Nova, São Paulo , n. 28-29, p. 107-157, Abr. 1993 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451993000100006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 09/07/2018.

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Mecanismos de Defesa do Estado: militarização da Segurança Pública no Rio de Janeiro entre 2010 e 2018

João Paulo P. Leonardo175

Nalayne Mendonça Pinto176

Resumo: O presente trabalho busca apresentar quais foram os mecanismos de defesa do Estado brasileiro empenhados no Rio de Janeiro pelo Governo Federal e seus resultados, considerando a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) do Complexo do Alemão e da Penha (2010-2012) e a Intervenção Federal (2018). O trabalho se insere na discussão de militarização das cidades, fenômeno que pode ser estudado igualmente em diversos outros centros urbanos ao redor do mundo, apresentando os dados relacionados as participações das Forças Armadas na gestão da segurança pública no território fluminense, sobretudo no que diz respeito às regiões classificadas como favelas, usualmente retratadas como reduto do crime organizado. Para tanto, nos inserimos em um debate com a bibliografia pertinente ao tema sobre cidade e autoritarismo, analisando documentos oficiais do Estado brasileira (Constituição Federal e Decretos) e nos atendo à análise discursiva de matérias publicadas pela mídia fluminense no período pré e pós decretos publicados. Notou-se através dos dados produzidos pelo Observatório da Intervenção Federal (OIF) que o emprego das Forças Armadas para lidar com os problemas de ordem pública geraram resultados contraditórios quando observados os relatos de cidadãos e os dados relacionados a violência e segurança na cidade em contraste com o ano de 2017. Desse modo, nosso trabalho pretende problematizar as respostas apresentadas pelas autoridades no que diz respeito a solução do comprometimento da ordem pública no Rio de Janeiro, tendo em seu cerne sempre a mobilização do aparato das Forças Armadas para fins de confronto direto através das guerras de quarta geração.

Palavras-chave: (urbanismo militar; intervenção federal; forças armadas; estado brasileiro)

175 Bacharel em Relações Internacionais Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS/UFRRJ). E-mail: [email protected] 176 Doutora em Sociologia pela UFRJ. Professora Adjunta do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) / Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS). E-mail: [email protected]

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O USO INFORMAL DE UM APLICATIVO DE TROCA DE MENSAGENS INSTANTÂNEAS POR AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA.

Karina de Paula177

Resumo: O ascendente acesso à instrumentos de tecnologia da informação e comunicação (TIC’s) tem dado novos contornos à noção de anonimato e privacidade, além de estar modificando as formas de interação social em diferentes escalas. No âmbito das instituições públicas o uso de tecnologias móveis para a troca de mensagens, fotos, documentos, entre outros têm sido mobilizado para dinamizar o trabalho cotidiano, dando novos contornos aos saberes práticos dos profissionais. Na segurança pública a criação de novos softwares, projetados por setores públicos e privados, atendem a distintas finalidades, entre elas a demanda pela incorporação de instrumentos que promovam eficiência e transparência ao trabalho desenvolvido por agentes públicos. Seus usos, nem sempre regulado normativamente, suscita questões acerca das sensibilidades jurídicas acionadas quando a finalidade do uso desses instrumentos se relaciona com práticas promotoras de prevenção à violência e de administração de conflitos. A pesquisa de campo, iniciada através da observação do cotidiano de agentes do Programa Centro Presente, apresenta reflexões acerca do uso de um aplicativo móvel de troca de mensagens instantâneas com a finalidade de promover a comunicação e a interação entre diferentes atores sociais no centro da cidade do Rio de Janeiro. Apresentando a existência de diferentes interações promovidas pelo uso deste aplicativo, bem como diversas finalidades para o qual seu uso é acionado, entre os quais o atendimento de demandas burocrática-administrativa, a interação entre os agentes para realização de trabalhos do cotidiano, como instrumento de governança e como forma de ampliar o controle e a vigilância sobre as circularidades no território de atuação do Programa. Palavras-chave: Segurança Pública; Tecnologia da Comunicação e Informação; Estado em ação.

177 Mestranda em Antropologia no Programa de Pós Graduação da Universidade Federal Fluminense (PPGA/UFF). Pesquisadora vinculada ao Laboratório de Estudos em Cidadania e Segurança Pública (LAESP) e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Sujeitos, Sociedade e Estado do Instituto de Estudos em Administração de Conflitos - InEAC/UFF. Bolsista CNpQ/Capes. Email: [email protected].

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A SIMBIÓTICA RELAÇÃO ENTRE ESTADO E MERCADO NA INDÚSTRIA DE ARMAS DE FOGO PEQUENAS E LEVES NO BRASIL

Mateus Tobias Vieira178

Resumo: O mercado de armas de fogo pequenas e leves se mostra um negócio multibilionário, de acordo com o relatório anual Trade Update 2018: Sub-Saharan Africa in focus do Small Arms Survey os três maiores agentes desse mercado movimentaram em 2015 cerca de 2,2 bilhões de dólares, sendo que o Brasil ocupa a terceira posição entre os maiores exportadores. O mercado brasileiro de armas leves remonta os anos 20 do século XX (DREYFUS e LESSING, 2010), mas o grande impulso ao desenvolvimento da indústria armamentista brasileira seria dado pelo regime militar que governou o país entre 1964 e 1985, com uma política batizada de Doutrina de Segurança Nacional que se cristalizou através do Decreto-Lei nº. 314 de 13 de março de 1967, texto que demonstra o intento de reprimir qualquer tipo de perturbação interna, proteger-se de inimigos externos e garantir desenvolvimento econômico como forma de afastar os riscos, então entendidos, sobretudo, como os riscos do comunismo (SCHWAM-BAIRD, 1997), o Estado buscou aliar-se às empresas armamentistas privadas, elevar o nível de qualidade da produção nacional e afastar a possibilidade de eventual instalação de indústria estrangeira, protegendo a indústria nacional. A estratégia utilizada foi vender algumas indústrias de armas, para, algum tempo depois, repatriá-las, agregando assim a tecnologia estrangeira. Assim, a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) que havia sido vendida para a Remington Arms Company and Imperial Chemical Industries em 1930 foi repatriada em 1980, a Taurus foi vendida em 1964 para Smith & Wesson e renacionalizada (no sentido de controlada por acionistas brasileiros) em 1977 (DREYFUS e LESSING, 2010). A cooperação entre o Estado e o setor privado, envolveram grandes trocas de recursos, tecnologia e mão de obra qualificada, nesse processo, as armas pequenas e leves puderam açambarcar especial vitalidade, uma vez que, diferentemente das outras áreas do setor de defesa, essa categoria de armamento não depende, necessariamente, de tecnologia de ponta. (FRANKO-JONES, 1992). Palavras-chave: Sociologia econômica. Mercado de armas de fogo pequenas e leves. Construção social dos mercados.

178 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Araraquara. Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. E-mail: [email protected]

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Ações militares em meios democráticos: uma análise da garantia da lei e da ordem (GLO) durante a redemocratização brasileira

Lucas Vieira de Souza179

Resumo: Historicamente, as Forças Armadas tiveram participação intensa pela garantia da lei e da ordem. Passados décadas de história nacional, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu em seu artigo 142 que as Forças Armadas estão destinadas à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Apesar disso, essa lei somente veio a ser disciplinada em âmbito com a lei complementar nº 97/99 e sua regulamentação ocorre com o decreto nº 3.897/2001. Este artigo tem como propósito analisar constitucionalmente a lei responsável pela garantia da lei e da ordem (GLO) durante a redemocratização brasileira e sua consequentemente aplicação nas principais operações realizadas, como suas divergências e os desafios encontrados. De acordo com dados do Ministério da Defesa até o dia 03/04/2019 houve a realização de 136 operações realizadas. Palavras-chave: Forças Armadas; Garantia da Lei e da Ordem; Redemocratização

179 Mestre em Ciências Sociais pela UNIFESP. Pesquisador assistente no CEDEC. E-mail: [email protected]

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A CIBERSEGURANÇA NO BRASIL SOB O VIÉS DA SECURITIZAÇÃO: A INCORPORAÇÃO DA SEXTA DIRETRIZ DA ESTRATÉGIA NACIONAL DE

DEFESA ÀS RESPONSABILIDADES DAS FORÇAS ARMADAS.

Raquel Torrecilha Spiri180 Resumo: Publicada em 2008, a Estratégia Nacional de Defesa (END) foi estruturada como uma atualização da função das forças brasileiras frente às “ameaças do Século XXI”. Para chegar no resultado sistematizado pelo documento, o Ministério da Defesa e o então Secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República se organizaram considerando as mudanças fundamentais ocorridas nas relações sociais engendradas pelo avanço tecnológico e o conseguinte desenvolvimento de tecnologias da informação e comunicação. Em sua sexta diretriz, especificamente, a END propôs que a segurança cibernética recebesse atenção especial, assegurada pela proteção das Forças Armadas, em específico, o Exército Brasileiro. Desde então, medidas foram tomadas e centros militares especializados em segurança cibernética receberam investimentos do governo brasileiro, incentivando sua atuação. Sendo a Teoria de Securitização uma forma de análise desenvolvida pela Escola de Copenhague na década de 1990 que buscou contemplar as transformações ocorridas desde o fim da Guerra Fria considerando novos elementos nas dinâmicas de Segurança, partimos da hipótese que o governo brasileiro, a partir do demonstrado na Estratégia Nacional de Defesa, securitizou o seu espaço cibernético. Tendo em vista que “securitizar” uma questão significa leva-la para além de uma politização, ou seja, dar caráter emergencial para esta questão, mesmo que não necessariamente se apresente dessa forma naquele momento, consideramos que o Ministério da Defesa passou a securitizar o espaço cibernético brasileiro ao tutelar sua segurança a forças militares na figura do Exército. Dessa forma, objetiva-se compreender a forma pela qual se deu o processo de securitização do espaço cibernético no Brasil, considerando como elemento chave para a análise a publicação da END em 2008. Palavras-chave: Cibersegurança. Brasil. Estratégia Nacional de Defesa. Forças Armadas. Securitização.

180 Bacharel em Relações Internacionais. Bolsista pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Mestrado em andamento pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) Campus de Marília. [email protected].

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A POSSÍVEL CONSTRUÇÃO DE UMA “CULTURA DA BALA”: O “PACOTE ANTICRIME” DE SÉRGIO MORO E A NECROPOLÍTICA NO BRASIL

João Leonardo Duarte Vieira 181

Rosana dos Santos Martins 182 Welberte Ferreira de Araújo 183

Resumo: O Pacote Anticrime proposto pelo Ministro da Justiça Sérgio Moro, notabilizado por visar o combate à corrupção, aos crimes violentos e à criminalidade organizada a partir de mudanças em diversas leis incluindo o Código Penal, encontra-se em fase de tramitação junto ao Congresso Nacional e tem sido amplamente divulgado pela mídia e alvo de diversos debates. Tal medida, de certo modo, mostra-se enquanto defesa de uma das bandeiras do Presidente Jair Bolsonaro, qual seja a possibilidade – que no Pacote se dá nas hipóteses de “conflito armado ou em risco de iminente conflito armado” - de isenção de pena de policiais que causarem mortes durante a sua atividade. Em razão disso, objetivou-se verificar a relação existente entre o Pacote Anticrime de Sérgio Moro e a Necropolítica, notadamente no que tange ao efeito que dessa medida para a consolidação da Necropolítica no Brasil. Objetivou-se também, em específico, expor o Projeto Anticrime e sua proposta de ampliação das hipóteses de legítima defesa pelo agente policial ou de segurança pública, bem como apresentar as linhas gerais da Necropolítica como poder de determinação sobre a vida e a morte ao retirar o status político dos sujeitos que devem ser eliminados ou marginalizados. No que concerne à abordagem metodológica empregada, o estudo pode ser classificado como qualitativo, com enfoque na utilização da pesquisa de base documental e bibliográfica fundamentada nas obras de Achille Mbembe (2003), Flávia Medeiros (2016) e Alana Mendes (2019). Os resultados apontam que o Pacote Anticrime, na medida que visa intensificar a repressão policial a partir da ampliação das hipóteses de legítima defesa pelo agente policial ou de segurança pública, pode contribuir para a consolidação da Necropolítica no Brasil. À título de conclusão, constatou-se que a proposição do Projeto Anticrime e as diversas manifestações da Necropolítica verificadas no Brasil no primeiro semestre de 2019 contribuem, ao fim, para a concretização da “Cultura da bala” no Brasil, que representa a desigualdade, o atraso civilizatório e a possibilidade de sepultamento de conquistas sociais arduamente alcançadas pela sociedade brasileira nas últimas três décadas.

Palavras-chave: Necropolítica. Pacote Anticrime. Necropoder. Estado.

181 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Unimontes. [email protected]. 182 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. CAPES. Unimontes. [email protected]. 183 Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social. Unimontes. [email protected].

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O MERCADO INFORMAL DA SEGURANÇA: ANÁLISE SOBRE O “BICO” POLICIAL

Maria Eduarda Carneiro da Silva 184

Resumo: Richard Swedberg na obra Sociologia econômica: hoje e amanhã, utiliza Boltanski para argumentar que estaríamos hoje testemunhando a emergência de um novo tipo de capitalismo, o capitalismo de redes. O autor entende que todos os fenômenos econômicos são sociais por sua natureza; estando enraizados no conjunto ou em parte da estrutura social. Deste modo o fenômeno do Bico - prática que pode ser entendida, neste contexto, como o exercício, por parte dos policiais, de atividades, irregulares de segurança, remuneradas - não é isolado, sendo um fenômeno econômico-social. A necessidade de complementar a renda aliada ao assédio de empregadores informais que necessitam garantir a segurança de seu negócio, moradia, entre outros, resulta no acontecimento de atividades paralelas e trabalhos informais, que é proibido por lei, com condição de trabalho cada vez mais precarizadas. No entanto, ainda que tais atividades sejam ilegais e institucionalmente passíveis de punição, são tratadas com naturalidade pela sociedade que consome o serviço irregular e nas próprias corporações policiais, onde o exercício do “bico” é tratado com naturalidade entre pares. Ao verificar as limitações impostas à carreira do Policial Militar, encontra-se a realização de atividades informais remuneradas voltadas para o campo da segurança - leia-se a realização de bicos -, justamente para evitar o que se convenciona chamar de desvio de função. No entanto é comum haver Policiais Militares atuando como guardas particulares em diversos ambientes, em seus tempos livres; ou seja, o profissional que é encarregado de promover a segurança pública se vale do seu armamento e do poder da sua identidade profissional para atuar fora do tempo de serviço. Chama a atenção para a análise a convivência entre o formal e o informal dentro de uma das principais instituições do Estado os mesmos agentes responsáveis por manter a ordem, por “fazer cumprir a lei” vendem sua força de trabalho - e os mecanismos mobilizados no processo de formação policial - no que se constituiu enquanto um mercado informal. Nesse sentido, levanta-se questões para além das necessidades econômica individuais do profissional, mas sobre o enraizamento do discurso do empreendedorismo, a cultura do “gerenciamento da própria carreira”, deslegitimando o Estado, colocando-o como um obstáculo ao avanço do indivíduo. Podendo ser também uma resposta do Estado, partindo do sucateamento das instituições públicas, considerando como contrapartida o bico policial que reduz a demanda social e empresarial por segurança pública que na lógica do mercado informal do bico é privatizada. Palavras-chave: Mercado Informal. Bico. Polícia. Segurança. Trabalho informal.

184 Bacharela em Ciências Sociais / UFRGS; [email protected] / [email protected]

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GT 3 – Diversidade, Identidade e Direitos

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OS COSTUMES E AS MUDANÇAS DA CULTURA CIGANA – A QUESTÃO DO HIBRIDISMO CULTURAL

Bianca Ingredy Nazaré185

Resumo: O presente projeto de pesquisa pretende analisar o hibridismo cultural que seria como uma correlação da cultura cigana com outras culturas e a forma como esse hibridismo vem se tornando tangível, ao ponto dessa cultura se transformar constantemente. Acerca do conceito, optou-se pelo “lugar”, a princípio seria utilizada a definição de Yi-Fu Tuan, porém priorizou-se uma definição menos romantizada da Doreen Massey. O lugar não é inerte, é um processo que é conceituado a partir das relações sociais. O sentido de lugar para a autora, também não é concebido simplesmente por sua contraposição com o exterior, mas sim das suas particularidades em correlação a esse exterior, ou seja, o entendimento do “caráter” de lugar, só pode ser concebido por meio dessa correlação desse lugar com outros lugares. Essa definição do conceito de lugar também foi ao encontro de outra delimitação feita, que seria trabalhar a questão do hibridismo cultural e com essas características do conceito descrito por Massey foi possível expandir e explorar ainda mais, como Hall diz que(2014,p.52). Em toda parte, estão emergindo identidades culturais que não são fixas, mas que estão suspensas, em transição, entre diferentes posições; que retiram seus recursos, ao mesmo tempo, de diferentes tradições culturais; e que são o produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que são cada vez mais comuns num mundo globalizado. E então, a partir dos pressupostos citados acima surgiu à questão do conceito do espaço, visto que não é possível que exista o hibridismo fora do espaço, pois sem o espaço não há multiplicidade e sem multiplicidade não há espaço. Se o espaço é indiscutivelmente produto de inter-relações, então isso deve implicar na existência da pluralidade. Multiplicidade e espaço são co-constituitivos. (MASSEY, 2004, p.2). Essa esfera de possibilidade é a interação de culturas diferentes, que ao decorrer do tempo tem gerado o hibridismo cultural. Com o intuito de registrar fotografias a fim de quebrar o paradigma criado a respeito dessa cultura, está sendo feito uma pesquisa fotoetnográfica que tem por objetivo o aprofundamento no estudo sobre os ciganos, a fim de mostrar a realidade que eles constroem e vivem todos os dias, assim como, ilustrar a pesquisa escrita. Esta pesquisa nos possibilitou maior aproximação com a temática cultura cigana na Geografia, analisando os diferentes conceitos através do acampamento. Também foi possível através da pesquisa uma análise, que precisa ser mais pesquisada, da escola e do ensino para os ciganos. Palavras-chave: ciganos, cultura, hibridismo e geografia cultura.

185 Mestranda em Geografia. Universidade Federal Fluminense. [email protected]

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ABADIÂNIA PARA QUEM? A IDENTIDADE “JOÃO DE DEUS” NOS PROCESSOS MIGRATÓRIOS DA CIDADE

Autor: Bruno Silvestre Silva de Souza186

Co-autor: Marcelo Alario Ennes187 Co-autor: Marcelo Pereira Souza188

Resumo: Este trabalho traz como estudo os processos migratórios na cidade de Abadiânia-GO, a partir do estabelecimento do médium João de Deus e a criação por ele do centro de cura Casa de Dom Inácio de Loyola. Este estudo está centrado na relação existencial entre a chegada do médium, sua migração e o crescimento econômico da cidade. Para tanto, recorreu-se às organizações empresariais criadas, após sua chegada, utilizando como recorte de estudo entre 2008 e 2015, os empresários não enquadrados no rol entre aqueles considerados naturais da cidade. Empregou-se neste estudo a metodologia qualitativa, sendo que os métodos da pesquisa escolhidos foram o estudo de caso e a observação não participante; como técnica para auxiliar na coleta dos dados, utilizou-se a entrevista semi-estruturada; o locus da pesquisa ocorreu no bairro Lindo Horizonte, dada a conjuntura da territorialidade dos migrantes empresários. O efeito gerado foi que a pequena cidade de Abadiânia tem recebido, ao longo dos anos, milhares de pessoas de todas as regiões do Brasil. Diante dessa mobilidade, os aspectos socioeconômicos da cidade ajudam a promover a discussão sobre a atração de migrantes empresários para a cidade e, consequentemente, a constituição de um “território econômico” fruto dessas migrações. Desde os declarados espíritas ligados diretamente ao citado médium aos não declarados, percebe-se suas contribuições na formação do território econômico da cidade, pois o espiritismo enraizado por João de Deus está presente em diversos lugares na cidade: em nome de hotéis, de restaurantes e seus cardápios, na feira holística, em nomes de lojas e em seus produtos, bem como no branco encontrado nas vestes daqueles que circulam pelo bairro Lindo Horizonte. A grande circulação de visitantes na cidade em busca das curas espirituais do João de Deus não tornou a cidade espírita, visto que o espiritismo continua sendo a terceira religião mais praticada pelos que ali residem, entretanto, o comércio e os serviços, em certa medida, passaram a fortalecer o João de Deus em sua identidade religiosa. Se por um lado suas “curas” movimentaram a cidade economicamente, por outro, a cidade tem reafirmado sua identidade religiosa por meio do “comércio do espiritismo”. Palavras-chave: Identidade. Migração Interna. Territorialização.

186 Mestre em Consumo Cotidiano e Desenvolvimento Social (PGCDS/UFRPE). Especialista em Administração de Marketing (UFRPE). Graduado em Administração (FCAP/UPE). Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico no Instituto Federal de Alagoas (IFAL). E-mail: [email protected]. 187 Pós-Doutor em Migrações e Relações Interculturais (CEMRI/PORTUGAL). Doutorado e mestrado em Sociologia (UNESP). Graduação em Ciências Sociais (UNESP). Professor Associado II do Departamento de Ciências Sociais (DCS/UFS). Coordenador da Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS/UFS). Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Processos Identitários e Poder (GEPPIP/UFS). E-mail:[email protected] 188 Mestre em Sociologia (PPGS/UFS). Especialista em Administração Estratégica e Bacharel em Administração (FASE). Agência Financiadora CAPES. Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas Processos Identitários e Poder (GEPPIP/UFS). E-mail: [email protected]

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O USO CONTRA-HEGEMÔNICO DO DIREITO PELOS CAMPONESES NA LUTA PELA TERRA NO MUNICÍPIO DE GOIÁS-GOIÁS

Edma José Reis189

Resumo: Este trabalho busca interpretar mobilizações/organização de grupos camponeses remanescentes, de 1985 a 2004, município de Goiás-GO, em articulação tática e estratégica pela terra e direitos fundamentais, tendo por referência o uso do direito positivo. O enfoque centra em verificar se a junção da metodologia qualitativa com a catalogação de fontes documentais, específicas, acerca dos conflitos instituídos pelas relações de forças entre as classes agrárias fundamentais, na região, possibilita uma observação aprofundada ao fenômeno investigado. Isto devido se ter em perspectiva, uma triangulação com as teorias de referência. O objetivo central é compreender o fenômeno de transformação da terra, objeto e/ou elemento vital da disputa capitalista, em um de suas últimas fronteiras, em mercadoria, mediante a expropriação dos meios de vida das famílias de lavradores da região envolvidas. Outra expectativa é também efetuar um mapeamento das formas de resistência, dos estilos de produção e uso da terra pelas classes fundamentais em conflito, suas relações com a mediação ‘orgânica’ de determinados membros da Igreja e seus intelectuais, do patronato rural bem como com agentes estatais. Acredita-se que este processo sofreu uma judicialização nova. Daí ser necessário inventariar argumentos, aspectos e dados inscritos nos processos judiciais de assentamentos rurais para fins de reforma agrária, na região. Salienta-se que a abordagem recai sobre quatro (04), no universo e vinte e dois (22) processos de reforma agrária consolidados no município da Cidade de Goiás. A metodologia conjuga abordagens de teor sociológico e interpretativa do direito, bem como as técnicas de pesquisa: entrevistas semi-orientadas, processos judiciais e fontes documentais para cotejamento e uma triangulação entre os três recursos documentais. Por meio dessa abordagem busca-se uma reflexão acerca do processo de uso do direito pelos camponeses da região, partindo-se da iluminação e inspiração de conceitos de direito contra-hegemônico, pluralismo jurídico e “dualidade de poderes”, em Boaventura de Sousa Santos. Para interpretar criticamente os resultados empíricos parte-se de um recorte teórico crítico, fundamentado em Antonio Gramsci, José de Souza Martins, José Vicente Tavares dos Santos, Florestan Fernandes, os quais alocam o sujeito rural do trabalho como agente de poder, vez que estes compreendem manifestar-se uma pluralidade de forças no seio da luta por terra. Palavras-chave: resistência camponesa, direito contra-hegemônico, Município de Goiás, movimento social rural.

189 Docente curso de Direito, UFG Regional Goiás, doutoranda PPGS-UFG/2017. Goiânia-Goiás-Brasil. E-mail: [email protected].

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TRAJETÓRIAS E IDENTIDADES DOS EGRESSOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS DA UFSCAR E UNESP: UM ESTUDO COMPARADO

Érica Regina da Silva 190

Resumo: Este projeto inserido na linha de pesquisa da sociologia das profissões analisa não somente as tensões jurisdicionais as quais os sociólogos estão sujeitos, a construção e a desconstrução de sua identidade profissional inerentes a multiplicidade de suas atividades e áreas de atuação, mas intersecciona-se com as sociologias do trabalho e das organizações ao analisar a trajetória de emprego e condições de trabalho. Buscar-se-á entender de que maneira as escolhas na área profissional, nem sempre feitas espontaneamente, mas guiadas por oportunidades do mercado de trabalho relacionam-se com atuais imposições da relação capital-trabalho alteradas, substancialmente, pelas mudanças políticas e econômicas geradas pelo mundo globalizado. O universo de pesquisa se dará em duas universidades que tem seus programas de pós-graduação em sociologia “separado” das ciências sociais: a UFSCar e a Unesp – campus Araraquara. A contribuição deste estudo empírico é que, para além da elaboração de uma linha histórica, bem delineada e ampla sobre os egressos no geral e, particularmente, os egressos não pesquisadores acadêmicos das duas universidades em questão, o debate tanto do profissionalismo quanto da sua importância no cotidiano prático do mundo do trabalho, do mundo corporativo e dos hibridismos identitários serão confrontados. Como hipótese temos que, a análise das condições de trabalho dos sociólogos não acadêmicos, mas que atuam enquanto sociólogo, ao menos na forma discursiva de suas atividades, revelarão possíveis cenários de precarização do trabalho, hibridismo das lógicas ocupacional e organizacional do profissionalismo, assim como diferenciação de acordo com as relações de gênero gerando identidades disformes. Palavras-chave: Cientistas sociais, mercado de trabalho, identidades, relações de gênero, trajetória profissional, profissões.

190 Doutoranda em Sociologia pelo PPGS da UFSCar. E-mail: [email protected].

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A IDENTIDADE COREANA NO CAMPO DO TRABALHO: UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA

Marcelo Alario Ennes191 Marcelo Pereira Souza192

Resumo: Este trabalho traz como estudo um grupo de imigrantes da Coréia do Sul, cujo estabelecimento foi mapeado na cidade de Aracaju/SE. O objeto estudado recai sobre a (re) reconstrução dos processos identitários de um pequeno grupo constituído por quatro empresários coreanos, tendo em vista que a identidade empresarial está centrada na figura masculina. Durante os estudos de campo, nos estabelecimentos comerciais dos coreanos, buscamos constatar como ocorre a (re) construção dos processos identitários do grupo e a relação da trajetória de cada coreano com a sua identidade profissional. Não descartamos as relações e o laços constituídos pelo grupo na “atmosfera” empresarial durante a fase de pesquisa de campo, tendo em vista a dualidade encontrada no mesmo espaço: os coreanos vive do trabalho e no trabalho. Para alcançar os resultados esperados, empregamos em nossa análise a metodologia qualitativa, sendo que os métodos de pesquisa escolhidos foram o estudo de caso e a observação participante; como técnica para auxiliar na coleta de dados, recorremos a entrevista semi-estruturada. Com efeito, antes mesmo de chegar ao país-destino, os coreanos são conscientes das dificuldades que poderão enfrentar para alcançar a tão sonhada emancipação profissional. Dessa forma, inicialmente, a estratégia mais utilizada para alcançá-la perpassa por sua inserção em uma atividade laboral na condição de empregado. Geralmente, os coreanos trabalham para grandes empresas coreanas que se instalaram no país-destino, ou ainda, para os coreanos que assim como aqueles em trânsito, um dia foram empregados e agora se tornaram patrões. Na trajetória como empregados, a afinidade laboral contribui, em muitos casos, para o modelo de negócio que decidem abrir, como por exemplo, aqueles coreanos que trabalharam no ramo alimentício, inclinam-se para a abertura de negócios nesse ramo, como constatado no estudo. Contudo, a (re) construção da identidade profissional está relacionada diretamente com a trajetória dos imigrantes coreanos, quer seja pessoal, quer seja profissional, bem como pelas condições encontradas e enfrentadas no local-destino, principalmente, por aquelas que versam sobre a inserção e visibilidade profissional. Palavras-chave: Coreanos. Identidade Profissional. Imigração.

191 Pós-Doutor em Migrações e Relações Interculturais. Doutorado em Sociologia. Mestre em Sociologia. Graduação em Ciências Sociais. Professor Associado II do Departamento de Ciências Sociais (DCS/UFS). Coordenador da Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS/UFS). Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Processos Identitários e Poder (GEPPIP/UFS). E-mail: [email protected] 192 Mestre em Sociologia. Pós-Graduado em Administração Estratégica. Bacharel em Administração. Agência Financiadora CAPES. Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas Processos Identitários e Poder (GEPPIP/UFS). E-mail: [email protected]

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Um debate sobre a migração interna: o caso de Américo Brasiliense.

Iara Lalesca Calazans de Almeida193 Resumo: O trabalho aqui desenvolvido é resultado parcial de uma pesquisa de mestrado em andamento. Objetiva colaborar com as reflexões sobre os fluxos migratórios internos. Na pesquisa realizada, a preocupação se volta para a cidade de Américo Brasiliense onde virtualmente a migração nordestina tem predominância. Para tal, julgamos que o viés de análise pautado na concepção de cultura dinâmica, respaldada nos estudos antropológicos produzidos a partir de década de 60, seria adequado para os objetivos propostos. Por intermédio da categoria baiano, articulada pelos moradores de Américo Brasiliense para qualificar a dinâmica do município, estabelecemos que a narrativa hegemônica sobre a migração nordestina – imersa na categoria baiano – seria o ponto de partida para construção da pesquisa. De acordo com o censo de 2010, a população residente em Américo Brasiliense é de 34.478 habitantes, com uma população estimada para 2018 que se aproxima dos 39.962 habitantes. Deste número, 25.336 são da região Sudeste, 6.466 da região nordeste, 2.216 da região Sul, 210 da região Centro-oeste, 51 da região norte e 161 sem especificação de região. Em uma análise que integra os valores quantitativos e a observação qualitativa das relações entre estes grupos na cidade é possível notar aspectos problemáticos. Assim, percebemos que o problema da migração em Américo Brasiliense não está restringido à valores numéricos. Concebemos que o fenômeno migratório carrega em seu funcionamento paradigmas que se sobrepõe às estatísticas. As narrativas decorrentes de experiências pontuais colaboram para a identificação e estigmatização de grupos, definindo uma corrente migratória de modo hegemônico. Palavras-chave: migrações internas; Américo Brasiliense; dinâmica cultural.

193 Mestranda. CAPES. Fclar/Araraquara. [email protected]

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CONFIGURAÇÕES E VÍNCULOS TRABALHISTAS DA POPULAÇÃO IMIGRANTE NAS REGIÕES NORTE E NORDESTE DO BRASIL

Rosinadja Batista dos Santos Morato194

Marcelo Alario Ennes195 Resumo: Os imigrantes sempre tiveram participação importante em diversas etapas da constituição do Brasil, tanto no aspecto de força de trabalho, como na constituição cultural da nação. Há, no entanto, predominância de estudos voltados para as relações intersociais desses imigrantes, suas motivações, adaptações e contribuições, sendo o enfoque maior nas regiões sul e sudeste do país, notoriamente por serem os destinos mais procurados pelos estrangeiros. Nesse sentido, a proposta desse estudo, de caráter exploratório-descritivo, foi identificar as principais características dos imigrantes internacionais residentes e empregados formalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e os principais vínculos estabelecidos nas suas relações de trabalho. Optou-se por trabalhar inicialmente com os registros administrativos oriundos da RAIS, considerando tratar-se de registro com atualização anual obrigatória e que apresenta todas as variáveis de interesse referentes aos estrangeiros cuja relação de emprego está devidamente regularizada no Brasil. A partir dos resultados encontrados, é possível afirmar que o aumento do fluxo de estrangeiros no Brasil é constante e os indicadores de qualificação desses imigrantes também têm evoluído: a maioria (81%) têm no mínimo o ensino médio e, dentre estes, 45% são graduados. A renda desses imigrantes é 5 vezes maior que a renda per capita das regiões estudadas e o principal vínculo empregatício (80,4%) é do tipo CLT U/PJ IND. Entre os tipos de atividades econômicas da empresas/instituições que os contratam uma peculiaridade é a presença da “Administração Pública” como a de maior frequência individual (7,4%), seguida pela “Construção de Edifícios” (6,7%) e de “Restaurantes e Similares” ( 6,0%). A quarta atividade mais frequente, “Educação Superior – Graduação e Pós-graduação” (5%), traz uma informação agregada a outras atividades relacionadas à educação demonstrando, se somadas, que há uma tendência de estabelecimentos educacionais absorverem de forma mais frequente a mão de obra estrangeira. Corroborando com o exposto, das atividades exercidas “Professor da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Fundamental” é a de maior frequência (4,8%), que, quando associadas às demais ocupações referentes ao ensino, somam 12,3% no total. A pesquisa mostrou também que na última década o ingresso e os postos de trabalhos para estrangeiros permanecem em ascensão e há um aumento na qualificação e na renda desses imigrantes. Palavras-chave: Imigração. Região Norte-Nordeste. Relações de Trabalho. Ocupação.

194 Doutoranda em Sociologia. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Especialista em Gestão Urbana e Planejamento Municipal. Graduada em Administração. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Processos Identitários e Poder (GEPPIP/UFS). Analista de Planejamento, Gestão, Infraestrutura e Informações Geográficas e Supervisora das Pesquisas por Empresas (IBGE). E-mail: [email protected]. 195 Pós-Doutor em Migrações e Relações Interculturais. Doutor em Sociologia. Mestre em Sociologia. Graduação em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências e Letras/UNESP/Araraquara. Professor Associado III do Departamento de Ciências Sociais (DCS/UFS) e da Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS/UFS). Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas Processos Identitários e Poder (GEPPIP/UFS). E-mail: [email protected]

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RESSIGNIFICAÇÃO DA CULTURA CAIÇARA NA COMUNIDADE DE BRASÍLIA- ILHA DO MEL.

Caroline Liegel Dias

Resumo: A Ilha do Mel é conhecida pelo seu caráter turístico, mas além dos pontos turísticos mais famosos do litoral paranaense, quem é o morador da Ilha do Mel, e qual é a sua identidade cultural? Nosso trabalho visa fomentar o estudo sobre a continuidade da comunidade caiçara em um grupo social fortemente afetado após a criação de um Plano de Manejo sem um estudo prévio da população vivente, além de imposições governamentais intensas e um forte fluxo de turismo. Freire apresenta o conceito de Síntese Cultural, como compreensão de um instrumento libertador da cultura alienante, além de uma valorização da cultura popular. Esse conceito faz com que tracemos nosso projeto buscando apresentar como ocorre a ressignificação dos caiçaras, a partir da metodologia da Pesquisa Social de Minayo, tendo como método a entrevista. Ressignificar é alterar o modo como você vê algo, quando falamos sobre cultura em uma comunidade tradicional, numa sociedade onde o etnoconhecimento está tão enraizado, devemos pensar em como os moradores atuais estão alterando o modo de ser/ ser mais, dentro de uma comunidade possuidora de uma cultura mesmo que mutável, existente e apresentar como ocorre esse processo, para nós pesquisadores é escrever a história de uma comunidade que resiste apesar dos desmandos de um governo que vê o singular como erro e cada vez mais destrói as culturas tradicionais, seus conhecimentos e o meio ambiente. Palavras-chave: Cultura Caiçara. Ilha do Mel. Ressignificar.

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A ESTÉTICA DA PRODUÇÃO TÉCNICA: UMA ETNOGRAFIA DO FAZER TRADICIONAL DA PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA

Erivaldo Damião Santos 196

Resumo: O presente estudo versa sobre o processo da produção estética e técnica no modo de saber e fazer da farinha de mandioca que incorpora vários elementos simbólicos e subjetivos, dentro de uma moldura cultural específica que é evidenciada durante o processo de produção/transformação da mandioca em farinha. A principal abordagem teórica metodológica utilizada para a coleta dos dados foi a observação participante e a imersão no grupo estudado. Como também, nos utilizamos para o tratamento da temática uma antropologia do particular, do vivendo em determinado regime de entronização do cotidiano na interface das dimensões micro e macros culturais. Durante a produção tradicional da farinha de mandioca, estão, ininteligíveis vários outros processos culturais que se constituem em molduras culturais que são distribuídas na organização da vida local, e sua lógica de democratização do mundo. Além de demonstrar nesse quadro de eventos culturais e sociais que a pesquisa revelou, este patrimônio cultural imaterial do saber fazer a farinha de mandioca, está, aos poucos se perdendo com o tempo. A saber, ao final do presente estudo etnográfico, percebe-se que existe nessa forma tradicional de produção uma intensa divisão social do trabalho entre os gêneros, ou seja, trabalho dos homens e os trabalhos das mulheres. Todavia, durante esse processo técnico e estético da transformação da mandioca em farinha, há uma intensa revalorização da cultura oral presente na memoria social e coletiva. Além da divisão de trabalho ser baseado no gênero, existem, vários regimes de individualização da produção que emergi na maneira como o mestre farinheiro mexer a farinha no forno. Esse modo de operar o rodo, como mexer a farinha e como manter o forno equilibrado, revelam alguns valores culturais entronizados pelos mestres farinheiros durante sua construção como pessoa. Palavras chave: Farinha; Mandioca; Estética; Técnica; Memória

196 Mestrando em Antropologia Social. PPGAS – ICS .Universidade Federal de Alagoas - UFAL. [email protected]

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ÁGUA VERMELHA (1890-1960): O LUGAR PATRIMONIAL DE UM DISTRITO PAULISTA

João Pedro Volante; Leila Maria Massarão197

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo recuperar e contribuir para a preservação e divulgação do Patrimônio cultural do distrito de Água Vermelha, no município de São Carlos/SP, entre os anos de 1890 e 1960 – período temporal que abrange a chegada das ferrovias e as sucessivas mudanças socioeconômicas no distrito. Durante muito tempo, as concepções de Patrimônio estiveram restritas à bens materiais, especialmente edifícios, ligados a grupos socialmente privilegiados e de determinados períodos arquitetônicos, tanto no debate internacional, quanto no nacional. Nas últimas décadas, porém, a noção de Patrimônio se ampliou, incluindo a cultura material relacionada a minorias étnicas, grupos socialmente diferenciados e regiões diversas dos grandes ou tradicionais centros históricos. Ainda os bens imateriais, como lendas, festas, mitos e danças passaram a ser reconhecidos e estudados, o que enriqueceu a abordagem sobre o patrimônio. A partir desta perspectiva contemporânea sobre o Patrimônio, é possível estudar a relação do distrito de Água Vermelha com seus bens matérias e imateriais, assim como abordar o próprio distrito como sendo um Patrimônio de São Carlos. A partir desta perspectiva contemporânea sobre o Patrimônio, é possível estudar a relação do distrito de Água Vermelha com seus Patrimônios culturais, assim como abordar o próprio distrito como sendo um Patrimônio de São Carlos. Localizado na área norte do Município e com aproximadamente 3.500 habitantes, o distrito de Água Vermelha foi um importante entreposto na rota das ferrovias no final do século XIX na região, principalmente por estar cercado de fazendas produtoras de café. Sua população se formou a partir de negros e colonos imigrantes estrangeiros – em sua maioria italianos –, que vieram para o trabalho na lavoura cafeeira. A então “rota” Água Vermelha, tornou-se distrito apenas em 1948, por meio da Lei Estadual n. 23.233. Sua história tem sido, porém, ignorada dentro dos estudos sobre São Carlos. Este trabalho pretende, portando, a partir das inquietações de pesquisadores e dos próprios moradores de Água Vermelha a respeito da história do distrito, esquematizar as informações e dados que dizem respeito ao distrito de Água Vermelha, redimensionando e compreendendo sua participação na história local, além de contribuir ainda para as pesquisas sobre os distritos paulistas de forma geral. Para tanto, será utilizada uma metodologia de análise documental, assim como a história oral, especialmente a partir da memória de velhos e sua percepção sobre o passado. Palavras-chave: Patrimônio. São Carlos. Distritos. Imigração. Memória.

197 João Pedro Volante é graduado em Ciências Sociais pela UFSCar, atualmente é mestrando em Sociologia pela mesma universidade. Seu projeto de mestrado é financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Aluno do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar (PPGS). E-mail para contato: [email protected] Leila Maria Massarão é graduada e mestre em História pela UNICAMP. É historiadora de carreira da Fundação Pró-memória de São Carlos e atualmente exerce a função de chefe da Divisão de Pesquisa e Divulgação da mesma instituição. E-mail para contato: [email protected]

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Os sentidos de comunidade entre os atingidos de Paracatu de Baixo (MG)

Gabriela de Paula Marcurio198

Resumo: Pretendo mostrar neste trabalho como o termo comunidade é articulado de diferentes maneiras em relação ao povoado de Paracatu de Baixo, no município de Mariana (MG). A maior parte da área desse subdistrito rural foi devastada pelos rejeitos minerais da barragem de Fundão, rompida em novembro de 2015. Os moradores foram deslocados compulsoriamente para a sede municipal, onde vivem dispersos pelos bairros urbanos. A partir de conversas pessoais e de falas públicas em reuniões organizadas pela Comissão de Atingidos e pela Fundação Renova (representante das mineradoras Samarco, Vale e BHP-Billiton), percebi diferentes articulações em torno do termo comunidade. As (os) atingidas (os) usam esse termo em referência à terra natal, aos moradores e aos modos de vida, seja relativo ao passado, considerando que a comunidade ‘acabou’, ou ao presente, pensando nos moradores, mesmo separados e impedidos de viver em conjunto. Ao passo que, para a Fundação Renova, a comunidade é uma forma de organizar e identificar as famílias a serem indenizadas, os agrupamentos e atividades que necessitam de “reparação” e “compensação”. Argumento que as (os) atingidas (os) formulam definições para suas vidas no passado e no presente, compondo várias formas de ser e viver em Paracatu de Baixo, que não se reduzem à forma coercitiva e estritamente jurídica definida pelas mineradoras. Sendo assim, se por um lado comunidade se refere a multiplicidades de seres e modos de vida que se combinam e se misturam no passado e no presente, por outro, os responsáveis pelos processos de devastação tentam fixar uma definição única e atemporal que pode ser destruída, reconstruída e mantida.

Palavras-chave: Desastre. Memória. Comunidade. Mariana.

198 Graduanda em Ciências Sociais, com ênfase em Antropologia, na Universidade Federal de São Carlos. Este trabalho é decorrente da pesquisa de iniciação científica, processo nº 2018/07693-5, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), orientada pelo Prof. Dr. Jorge Villela. E-mail: [email protected].

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UM OLHAR SOBRE A PALMEIRA JUÇARA: MEDIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE COMUNIDADES TRADICIONAIS E O MEIO EM QUE ESTÃO INSERIDAS

Marília de Azevedo Pereira199

Resumo: Com o presente estudo, que ainda está em seus estágios iniciais, pretende-se desenvolver um experimento circundando o tema de minha monografia e de meu projeto de mestrado, ambos sobre as comunidades remanescentes de quilombo de Ubatuba, no litoral norte do estado de São Paulo. Mais especificamente, pretende-se relacionar a ideia de redes (LATOUR, 1994) aos afetos (FAVRET-SAADA, 1990; STRATHERN, 1999) que estamos sujeitos em campo, já que a ideia para este experimento surge com minha primeira visita a Comunidade Remanescente de Quilombo do Camburi, uma das quatro territorialmente estabelecidas há mais de 150 anos no município de Ubatuba. Neste primeiro e breve campo, realizado em abril de 2019, a palmeira Juçara, considerada um objeto técnico não-humano (LATOUR, 1994) neste estudo, uma vez que media a relação entre comunidades tradicionais e o meio em que estão inseridas, além de articular redes de conhecimento compartilhado entre as comunidades tradicionais da região e de outras regiões do Brasil, se lançou sobre meu olhar em diferentes momentos, se tornando, sem que eu percebesse, um dos pontos centrais de meu diário de campo na ocasião. Ao retornar do campo, instigada a investigar mais a fundo a relação da palmeira com a comunidade e, dessa forma, da própria comunidade com o meio ambiente, tem início a pesquisa bibliográfica acerca da chamada Rede da Juçara, que perpassa diversas áreas do conhecimento acadêmico e científico, enfatizando a importância da relação entre uma comunidade tradicional e o meio em que a mesma está inserida, bem como do desenvolvimento de projetos que possibilitem que esta relação permaneça em equilíbrio, levando em consideração os mecanismos e os conhecimentos tradicionais próprios destas comunidades sobre a terra e seus fenômenos naturais. Palavras-chave: Juçara. Redes. Afetos. Comunidades Tradicionais. Ubatuba.

199 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Campus da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (FCL/Ar), bolsista do Conselho Nacional Científico e Tecnológico (CNPq). E-mail para contato: [email protected].

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O SAMBA BRASILEIRO: reflexão sobre a ideia de samba nacional

Rafael Andrade Caldas200 Resumo: Nosso objetivo é problematizar a ideia de samba nacional, reflexão que fez parte do estudo bibliográfico de nossa pesquisa: ETNOGRAFIA DE UMA RODA DE SAMBA: a experiência do samba no Alto Alegre. A etapa de leitura foi importante para refletir sobre a produção acadêmica, nela nos familiarizamos com os debates, os conceitos, categorias e termos relacionados ao tema e, formulamos questões para o campo. Os dossiês do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) (2011) e os textos sobre teoria antropológica, entre outros, foram referências importantes para a discussão. A literatura foi levantada nos acervos do IPHAN, da Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas e Universidade Estadual Paulista. O samba se fez adequado como símbolo de brasilidade por guardar a ideia de mestiçagem da formação do Brasil, sendo ao mesmo tempo admitido e rejeitado (JOSÉ MIGUEL WISNIK, 2011). Mas, o que se chama de universal às vezes não passe de um particular de alguém imposto para todos (JOSÉ RAMOS TINHORÃO, 1998). Assim, o samba símbolo de brasilidade foi um modelo particular do Rio de Janeiro disseminado pelo território através da rádio e das políticas culturais do Estado Novo na primeira metade do século XX, fenômeno chamado de colonização interna. Esse samba autêntico na verdade teria sido autenticado com a construção de um modelo como gênero musical moderno sobre a ideia de um país civilizado, tomando como exemplo o que se produzia na capital da época (HERMANO VIANNA, 2007). Dessa maneira, as diferentes formas de se praticar sambas pelo país foram compreendidas como primitivas ou como não autênticas, destacando nelas a concepção de tradição ou seu aspecto de mistura. Mas a cultura é um processo constante de misturas, criações e sínteses realizadas consciente e inconscientemente por nós, através de nossas relações internas como grupo e externas com outros. Não existindo uma cultura pura e autêntica (CLAUDE LÉVI-STRAUSS, 2010; ROQUE LARAIA DE BARROS, 1992; SHERRY BETH ORTNER, 2011). Portanto, expressões culturais devem ser interpretadas através de conceitos abertos, como processos de permanências e mudanças de sua constituição e com histórias próprias, cheias de ligações com diversos contextos e formas de expressões. Os sambas em contextos chamados de tradicionais são dinâmicos e perduram com relativa autonomia, não sendo primitivos. Os mesmos não são a origem do samba chamado de nacional, pois eles não seriam sua única influência e não são os mesmos do passado (NINA GRAEFF, 2015). Palavras-chave: Cultura. Nacional. Tradição. Samba.

200 Graduando em Ciências Sociais (habilitação: licenciatura e bacharel com ênfase em Antropologia) pela Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), campus de Marília, da Universidade Estadual Paulista (UNESP). E-mail: [email protected]. Iniciação científica (IC) pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

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“O ‘ser’ em questão: um debate sociológico sobre ações afirmativas nas universidades brasileiras; heteroatribuição racial e discurso colonial”

Beatriz de Paula Azevedo201

Priscila Martins de Medeiros202 Resumo: Neste trabalho apresentamos reflexões sociológicas suscitadas ao longo da pesquisa da presente iniciação científica, na qual são analisadas algumas experiências de bancas de verificação étnico-racial implementadas em universidades públicas brasileiras. As ações afirmativas para o acesso e a permanência no ensino superior são resultantes de lutas sociais por reconhecimento e reparação dos grupos sociais historicamente estigmatizados e marginalizados na sociedade brasileira. São também, sobretudo, a afirmação de que nossa sociedade é heterogênea e estruturalmente racializada, diferentemente daquela narrativa que apregoava uma suposta democracia racial brasileira. Desse modo, é imprescindível que a política de ações afirmativas de fato atenda aos grupos sociais de direito - pretos, pardos e indígenas. Do ponto de vista histórico e sociológico, no entanto, não podemos perder de vista que o atual processo de implementação das bancas de verificação racial contém antagonismos e contradições, que contrastam diretamente com os principais pilares argumentativos construídos em defesa das ações afirmativas. O principal pilar que fundamentou a luta social por ações afirmativas foi a dessencialização do debate público e o reconhecimento de que a raça é um fenômeno social, construído e difundido através dos discursos e dos sistemas de representação social (HALL, 2016). Nesse sentido, não nos furtamos de fazer as reflexões sociológicas necessárias para compreendermos a atual conjuntura. Nosso debate se baseia especialmente nas contribuições dos Estudos Culturais e Pós-Coloniais, com foco sobre a análise das categorizações criadas pelo processo colonial, os sistemas de representação e sobre as possibilidades de agência do sujeito negro. Nosso argumento é de que a universidade pública e os Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (NEABs) vivem um momento oportuno para aprofundarmos nossas ações naquilo que é nosso papel social: o de promover conhecimento científico e formação crítica em prol da construção de canais criativos de diálogo com a sociedade e os organismos públicos. A oportunidade histórica é a de aprofundarmos pesquisas e ações de formação sobre o racismo no Brasil, qualificando o debate sobre o processo de diáspora negra e sobre as formas de resistências criativas, construídas historicamente para se fazer frente aos mecanismos coloniais de racialização. Palavras-Chave: Ações afirmativas; Autodeclaração racial; Heteroidentificação racial.

201 Graduanda de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos. É membro participante do grupo de estudos Texturas da Experiência: Sociologia e Estudos da Diáspora Africana coordenado pela Profª. Drª. Priscila Martins Medeiros e vinculado ao Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB/UFSCar). E-mail: [email protected] 202 Docente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e do curso de Bacharelado em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). É pesquisadora membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFSCar (NEAB/UFSCar) e líder do Grupo de Pesquisa Sociologia e Estudos da Diáspora Africana (CNPQ). Vem atuando principalmente nos seguintes temas: Relações Raciais, Sociologia Brasileira e Estudos Pós-Coloniais. E-mail: [email protected]

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MULHERES NEGRAS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: GÊNERO, RAÇA, CLASSE E TERRITORIALIDADE

Joyce Grasielle Chaves Fonseca203

Leonardo Figueiredo de Souza204 Jackeline Chaves Fonseca205

Resumo: Considerando que a região amazônica brasileira é uma das regiões mais complexas do país, devido a vários fatores, entre eles sua formação socioeconômica específica que contribui para que as relações sociais na região não sejam as mesmas do restante do país, o que significa que as opressões de gênero, raça e classe assumem características especificas nesta região. Nessas condições se faz necessário o debate sobre territorialidade, pois, este é um fator que influencia diretamente nas outras opressões que atingem as mulheres negras que vivem na Amazônia brasileira. Atualmente há um intenso debate promovido pelo feminismo negro brasileiro a respeito de opressões como o machismo e o racismo, entretanto, as teorias deste movimento não incorporaram a territorialidade em suas discussões e por isso, objetivou-se neste trabalho analisar os limites das análises do feminismo negro brasileiro, especificamente o do sul e sudeste do país, no que se refere ao debate sobre as opressões de gênero, raça, classe e territorialidade na Amazônia. Para tanto, procede-se à uma revisão bibliográfica das obras dos principais autores do feminismo negro brasileiro, de autores que tratem do que se refere às opressões na região amazônica, bem como da formação social e econômica desta região. A partir disso, foi possível observar que o debate a respeito dessas opressões desenvolvido pelo feminismo negro brasileiro do sul e sudeste do país não é capaz de compreender a complexidade dos problemas existentes na realidade amazônica e as múltiplas opressões vivenciadas pelas mulheres negras da região, pois, neste não está inserido o debate sobre territorialidade, o que permite concluir que é necessário a construção de teorias que considerem os aspectos específicos da região amazônica e que insira a Amazônia no debate nacional. Palavras-chave: Feminismo Negro; Mulheres Negras; Amazônia; Territorialidade.

203 Graduanda de Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará. Email: [email protected] 204 Graduando de Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará. Email: [email protected]

205 Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Pará. Email: [email protected]

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Subjetividade em construção: Sofrimento psíquico e alienação na estruturação identitária de negros brasileiros.

Marcelo Rodrigo Martins da Silva; Dagoberto José Fonseca

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo investigar a prevalência de sofrimento psíquico de negros brasileiros em ascensão social, se tem havido iniciativas de cuidados por parte dos serviços de saúde nos campos governamental e privado, bem como, detectar indícios de alienação social, levando em conta os vieses das relações raciais no Brasil. A literatura tem apontado que quanto mais o negro ascende socialmente, mais exigências de negação às suas origens lhes são feitas, sem que isso signifique aceitação, espaço ou valoração social. Em razão do preconceito racial, por mais que avance no ideal de ego de orientação branca socialmente imposto, sempre será negro, significando que não há esforço suficiente. A partir de tal realidade esse trabalho tem como hipótese a possibilidade de que haja desdobramentos psicológicos nessa população pela evidência de desconexão com objeto internalizado na construção narcísica, algo sugerido pela impossibilidade de alcançá-lo. Freud afirma que relações desastrosas com o objeto direcionam o sujeito à desorganização mental grave, capaz de proporcionar o desapego pela vida. A fim de apreender o entendimento e as impressões dos sujeitos sobre o tema, a metodologia cientifica aplicada é a fenomenológica, proposta por Husserl. Tal técnica investigativa visa perceber a realidade do ponto de vista do sujeito inserido no contexto a que se propõe a estudar, algo convergente com a proposta desse trabalho, pois busca-se aqui o entendimento do sujeito sobre ascensão social, sua percepção ou não sofrimento psíquico ou sensação de acolhimento igualitário pela sociedade a que se insere. Assim sendo, a pesquisa é de cunho qualitativo e conta com entrevistas semiestruturadas para coleta dos dados que serão realizados com negros de Ribeirão Preto, estado de São Paulo. Essa cidade foi escolhida por figurar no ideário nacional como próspera e financeiramente bem conceituada, supondo que em tal cenário, os investigados sintam-se incentivados a ascender socialmente e consequentemente lidar com os vieses de tal decisão. Enfim, observamos que há idéias no meio social, como as de democracia racial, as quais produzem a crença de convivência e oportunidades igualitárias, baseadas no fato de no Brasil não existirem instrumentos oficiais de segregação. No entanto, pesquisas recentes, realizadas por órgãos socialmente reconhecidos, dão conta da predominância de preconceito racial na população. A teoria de igualdade racial libera a sociedade de se solidarizar com as violências vividas pela população negra e seus desdobramentos psicológicos, algo que o presente trabalho se propõe investigar. Palavras chave: negros, alienação, identidade, sofrimento psíquico

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O RACISMO CONTRA O NEGRO

Osvaldo José da Silva206

Resumo: Este artigo tem como objetivo contribuir para a reflexão acerca do racismo contra a comunidade do povo negro no Brasil, o negro representa o grupo étnico protagonista e pilar na formação da sociedade brasileira. O artigo irá demonstrar que, em decorrência do Racismo Contra o Negro, este protagonismo não é reconhecido. Tem como referência o primeiro capítulo da obra A Condição Humana, que possui o mesmo título: A Condição Humana, obra da pensadora política alemã Hannah Arendt (1906–1975). Com essa referência, o trabalho traça um paralelo com as provocações sobre o protagonismo dos negros na formação social, política e econômica do Brasil lançadas pelo pensador político brasileiro, Manuel Querino (1851–1923), e corroboradas por autores pensadores da negritude. No primeiro capítulo é abordado A Condição Escravista no Cenário Imperialista Europeu, no qual é analisado o desenrolar da geopolítica do imperialismo; seguindo do segundo capítulo O Negro na Condição de Escravizado, contextualizando o processo do tráfico negreiro; o terceiro capítulo compreende Dimensão da Vita Activa do Negro Escravizado no Brasil, em que é apresentado o Ser negro no caos da discriminação racial; será finalizado com o capítulo Condição da Imortalidade e a Eternidade do Ser Negro, momento em que é evidenciada a identidade negra entre o passado e o futuro. Conclui-se que, é possível desvelar na modernidade os mecanismos nos quais foram invisibilizados os negros na sua condição humana, mas por outro lado, evidenciam-se também possibilidades da comunidade do grupo étnico negro aparecer no espaço público e político, para resgatar seu protagonismo consolidado na sociedade brasileira como forma de resistência ao racismo estrutural, institucional e de Estado contra o negro. Palavras-chave: Condição Humana. Escravismo. Negro. Racismo.

206 Doutorando em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade de São Paulo PUC – SP. Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista UNESP FCL-Araraquara. Graduado em Filosofia e Economia pela PUC - SP.

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Ancestralidade como categoria analítica no contexto de movimentos negros

Ayni Estevão de Araujo207 Resumo: Nesta comunicação apresento a noção de ancestralidade, muito recorrentemente mobilizada nos movimentos negros, enquanto uma possível categoria analítica para se pensar essas movimentações políticas. A noção de ancestralidade não só aparece nos enunciados verbais mas também nos significados que os corpos são capazes de enunciar, por exemplo, a partir da estética marcada pelas vestimentas e referências ao continente africano, tão comum aos movimentos negros. A complexidade dessa noção se faz patente pelo fato de carregar em si uma série de questões que são caras aos movimentos em questão, como memória, geração e tempo. Nela se explicita, ao trazer à luz a memória do continente africano e de seus descendentes, um questionamento de narrativas hegemônicas que ocultam a presença das culturas negras na formação das culturas brasileiras. Assim, na medida em que, como defende Michel Foucault, todo discurso é da ordem do pólemos e portanto da disputa e da estratégia; a noção de ancestralidade tal como é acionada nesses movimentos pode ser vista sob a perspectiva da construção de um discurso anti-hegemônico que nega um modus operandi no fazer política o qual tem por égide uma moral judaico-cristã e branca. Analisar noções como essas e mobilizá-las enquanto possíveis instrumentos analíticos para a compreensão não apenas das pautas desses movimentos, mas também dos métodos com os quais se organizam, pode ser, portanto, um rico exercício para se pensar tanto a construção de estratégias de enfrentamento político, como também a construção de conhecimentos e epistemologias. Palavras-chave: ancestralidade, movimento negro, discurso.

207 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Estadual Paulista- campus Araraquara. [email protected]

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Questões quilombolas, insurreições e resistências: do período colonial aos sistemas de uso fruto comum da terra – o caso das comunidades quilombolas de Peritoró - MA

Rosângela de Sousa Veras208

Resumo: Nos sistemas de uso comum o controle da terra e dos recursos não é exercido de forma livre ou individual ou por um grupo doméstico de pequenos produtores, na verdade, não se procedeu uma divisão de terras em parcelas, mas sim são sistemas que representam soluções elaboradas historicamente por grupos sociais que compõem uma unidade social para assegurar o acesso à terra. Este é o conceito uso comum da terra cunhado pelo antropólogo Alfredo Wagner. Esses sistemas são tidos como ultrapassados, que existiriam apenas como resquícios de um passado remoto. Entretanto, comunidades como as comunidades quilombolas da atualidade em que seus descendentes estão ligados à terra por gerações, são exemplos de que a territorialidade funciona como fator de identificação e resistência cultural. Baseado nesta afirmação este artigo pretende apresentar um pequeno histórico do período colonial escravocrata do Estado do Maranhão até a caracterização das comunidades quilombolas dos dias atuais. Apresenta duas comunidades quilombolas do interior de Peritoró como herdeiras históricas da estrutura de desigualdade da sociedade brasileira e também da resistência à dinâmica capitalista. No século XIX, Maranhão chegou a ser considerado a quinta maior província em importância econômica, e a principal mão de obra utilizada era a escrava negra. Muitos autores da época apontam que, na época, a província tinha mais cativos que libertos. Como consequência ao grande número de escravizados, O Maranhão teve muitos episódios de resistência negra que se configuraram em fugas, ataques às fazendas e formação de numerosos quilombos. Atualmente, segundo a Fundação Cultural Palmares, este Estado tem reconhecido e titulado mais de 700 comunidades remanescente dessa história. Para apresentar os traços dessa história até os dias atuais, este artigo situa que o termo quilombola é ressemantizado a partir da Constituição e 1988 e que outrora as terras às quais estão ligados os descendentes dos africanos escravizados, no Maranhão, eram chamadas de “terras de pretos”. Para a análise, o artigo se apoia em estudos de historiadores e faz a crítica a partir dos estudos pós-colonial. Palavras-chave: Quilombo. Quilombola. Resistência. Ancestralidade.

208 Doutoranda em Ciências Sociais do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara da Universidade Estadual Paulista. Professora de Sociologia do Instituto Federal do Maranhão; São Luís, Maranhão, Brasil; [email protected]

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O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: ACESSO E PERMANÊNCIA DE PROFESSORES NEGROS NA DOCÊNCIA

Lucas Almeida Dias209

Márcia Aparecida de Moura Clemente210 Resumo: “Quantos professores negros você já teve?”. Esta indagação pode nos transportar a uma longa reflexão acerca do espaço e da representatividade da população negra na docência, em todas as etapas escolares. Diante da diversidade étnico-racial do povo brasileiro, a pergunta supracitada torna-se amplamente antagônica, pois mais da metade da população se autodeclara preta ou parda, revelando, assim, o racismo velado e a segregação social vivenciada por afro-brasileiros ao longo da história do nosso país. Os censos promovidos por órgãos oficiais elucidaram, ao longo do século XX, o pequeno e limitado espaço da população negra no acesso e permanência nas escolas e universidades, influenciando questões de identidade e representatividade cultural. Os cinco primeiros séculos de Brasil pouco se importaram com esta questão, sendo estas problemáticas recentemente debatidas, pelo poder da Lei, por intermédio das ações afirmativas. Diante dos dados apresentados nos censos demográficos que sucederam o treze de Maio de 1888, qualquer pessoa que não fosse obviamente negra acabava se autodeclarando como branca ou parda, fazendo com que o número de negros diminuísse bruscamente na elaboração dos primeiros recenseamentos promovidos pelo IBGE, só voltando a aumentar após a promoção de políticas públicas de justiça racial. Esta redução não foi influenciada apenas por fatores de miscigenação entre grupos étnicos, mas também, por contínuos processos de transculturação, além da contínua desvalorização da cultura negra, adotado com veemência no discurso sanitarista incorporado ao discurso ideológico da época, o qual serviu como base para o ranço do racismo contemporâneo. O presente trabalho visa analisar, através de revisão bibliográfica, a presença da população negra na docência contemporânea e seu retrato frente a utópica democracia racial defendida por Gilberto Freyre e contestada por outros pesquisadores, bem como a presença de valores culturais da comunidade afro-brasileira nas diretrizes curriculares da educação básica e a vivência livre da negritude e da existência de políticas públicas e ações afirmativas. Palavras-chave: Professores negros. Ações afirmativas. Políticas públicas.

209Geógrafo, licenciado em Geografia pela Universidade do Sagrado Coração. Especialista em Ciência Política pela Faculdade São Luís. 210 Bacharel em Direito, Mestranda em Direito pela Universidade Portucalense.

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ÀS MARGENS DA PERIFERIA: OS NEGROS DA “ÚLTIMA RUA”.

Simone de Loiola Ferreira Fonseca211 Resumo: Esse trabalho é produto das hipóteses e dos diálogos que estabelecemos com a nossa tese de doutorado e, ainda, dos dados que colhemos e das observações participantes que realizamos junto aos jovens atendidos no projeto Reciclando Vidas da Prefeitura Municipal de Araraquara (2008), na Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo do Estado de São Paulo – Fundação Casa - também no município de Araraquara (2013), bem como de entrevistas realizadas na cidade de Uberlândia durante pesquisa acadêmica iniciada no Mestrado (2010) que mostraram para nós que os diferentes processos migratórios na história brasileira, sejam pelo transladado de maneira compulsória durante a migração de negros escravizados do continente africano para o Brasil (RIBEIRO, 1995), seja nas migrações internas que ocorreram ao longo da história brasileira em diferentes contextos que procuraremos abordar aqui, têm resultado numa espécie de “não integração”, de “não reconhecimento” entre “negros estabelecidos” e “jovens negros não integrados” que compõem a sociedade brasileira em seus diferentes tempos (FERREIRA, 2010). Nesse caso, procuraremos explorar o contexto social contemporâneo no qual esses sujeitos estão inseridos a partir do seguinte questionamento: se houvesse “o reconhecimento” por parte dos “Negros estabelecidos” em relação aos “Jovens Negros não integrados” que se encontram às margens da periferia da organização social com tudo aquilo que acompanha tal condição – o não acesso à educação, ao trabalho com dignidade, o conflito com a lei, a privação da liberdade – teríamos maiores possibilidades para a construção de capital cultural, social, político e econômico aos Negros como um todo na sociedade brasileira para que, assim, possam ter de maneira mais justa e igualitária, o acesso às melhores oportunidades de desenvolvimento humano? Para tanto, abordaremos nesse artigo, primeiramente, o que chamamos de “Negros estabelecidos” e de “Jovens Negros não integrados”; a partir do que entendemos por um indivíduo jovem no Brasil, em que buscaremos entendê-lo por sua historicidade, daquilo que atravessam desde o nascimento até a idade adulta. Em seguida, traremos uma discussão sobre a importância de pensarmos essa categoria a partir do ponto de vista teórico crítico de que devemos entendê-los como são e não como deveriam ser (NOBRE, 2003), saindo assim da lógica de reprodução de conhecimento (BOURDIER, 1982) ao analisar o contexto global, nacional, a realidade social contemporânea em que estão inseridos nessa condição de “não reconhecimento” (HONNETH, 2003), de “não compartilhamento” da identidade social (HALL, 2005) entre sujeitos pertencentes a um mesmo grupo etnicorracial: os negros.

Palavras-chave: Negros estabelecidos; Jovens Negros; Integração; Reconhecimento; Processo Imigratório.

211 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, Campus Araraquara. O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de financiamento 001.

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Protagonismo de mulheres negras na formação de uma cosmovisão política brasileira

Janaina Aparecida Alves Gomes de Olivera212 Bianca Dantas Alves Gomes da Silva213

Resumo: Neste trabalho buscamos compreender a contribuição de mulheres negras à formação do pensamento político brasileiro, observando de que modo a condição de tripla opressão acarretou um posicionamento estratégico de agência e transformação social. Segundo Beatriz Nascimento (apud RATTS, 2006) até meados dos anos de 1970, os estudos etnográficos e sociológicos que se dedicaram a investigar a História da população negra no Brasil se remetiam a perspectiva da escravização, realizando análises de âmbito econômico e por vezes desconsiderando aspectos socioculturais. As contribuições de Lélia Gonzales (1982), Beatriz Nascimento (ibidem) e Sueli Carneiro (2003) apresentam um contraponto a essa prerrogativa, por demonstrarem a atuação das mulheres negras na formação da sociedade brasileira em suas diferentes concepções: social, econômico, político e cultural. A partir de um panorama histórico tais autoras demonstram o protagonismo de mulheres negras em diferentes momentos da história do Brasil: na formação dos quilombos construindo formas de resistência; enquanto amas de leite ao ensinarem o pretuguês aos filhos das sinhás; na formação dos terreiros de Candomblé ocupando os espaços de poder; enquanto empregadas domésticas ao se tornarem chefes de família; na luta pela inserção no mercado de trabalho formal ao contestar os processos seletivos de empresas que se fundamentavam em traços fenotípicos para a contratação; no enfrentamento da solidão da mulher negra ao encontrarem outras formas de se relacionar afetivamente; na alteração do conceito de amar, deixando de romantiza-lo e politizando o sentir; na crítica aos movimentos feministas que neutralizavam a problemática da discriminação racial no país; nas pesquisas por epistemologias teóricas no interior das academias que fossem condizentes com a realidade étnica brasileira e na conscientização política nas favelas, periferias e prisões. Palavras-chave: Mulheres negras; Protagonismo; Formação do pensamento político brasileiro.

212 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Universidade Estadual Paulista (UNESP/FCLAr); Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero de Araraquara (NEGAr/UNESP/FCLAr) e membro do AKOMA Grupo de Estudos em Africanidades, Culturas, Diversidade & Memórias/CLADIN/LEAD/NUPE/UNESP Araraquara. CAPES. [email protected]. 213 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Universidade Estadual Paulista (UNESP/FCLAr); Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero de Araraquara (NEGAr/UNESP/FCLAr) e membro do AKOMA Grupo de Estudos em Africanidades, Culturas, Diversidade & Memórias/CLADIN/LEAD/NUPE/UNESP Araraquara. CNPq. [email protected].

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LÉLIA GONZALEZ E O FEMINISMO DECOLONIAL NO BRASIL

Ana Carolina dos Reis Fernandes214 Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de apresentar as contribuições de Lélia González para a construção do pensamento feminista negro no Brasil. Tomamos como referência metodológica a vertente crítica decolonial buscando apresentar as imbricações existentes entre a produção de Lélia e esta corrente, sobretudo no modo como epistemologia e práxis estão presentes nos textos da autora que propõe um rompimento com os paradigmas de pensamento advindos de uma matriz colonial de poder (ou o que se denomina colonialidade do genêro [do saber]). O discurso de Lélia torna-se parte da crítica feminista terceiro-mundista, pois busca através de uma interpretação histórica sobre as mulheres negras, desconstruir a produção colonialista marcadamente presente em nossa sociedade. Para tal crítica, a autora ressalta a importância destas mulheres enquanto sujeitos históricos e, ao trabalhar na conjuntura política do período (Brasil, anos 60-70) traz, através de sua fala, a importância da reinserção destas mulheres em nossa sociedade, não enquanto objetos de uma construção presa aos resquícios coloniais, mas enquanto sujeitos históricos agenciadores de uma luta necessária no contexto globalizante, no qual se insere a sociedade brasileira no referido século XX. Racismo e sexismo são temas que permeiam seus textos e, conforme suas análises, devido à história de nossa colonização, a mulher negra enfrentaria um triplo processo de discriminação social, envolvendo as categorias gênero e raça e os problemas derivados da luta de classes, em sua proposição marxista. Neste sentido, a autora defende uma questão relevante a ser pontuada pelos movimentos de mulheres no Brasil: qual é o lugar da mulher negra nesta sociedade de classes?

Palavras-chave: feminismo negro; Lélia Gonzalez; crítica decolonial

214 Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCLAr) ; pesquisa financiada pela CAPES (2014-2016). Endereço eletrônico: [email protected]

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A TEORIA DA LITERATURA AFRO-AMERICANA DE HENRY LOUIS GATES JR: EXU, O SIGNIFYIN(G) MACACO E O CÂNONE

Cauê Gomes Flor 215

Resumo. Não sem controvérsias, tensões e (re)avaliações o crítico literário afro-americano Henry Louis Gates Jr tem ocupado, ao menos desde de meados dos anos 1980, um papel central na crítica literária afro-americana contemporânea. A partir de dois textos complementares, o primeiro, The Signifying Monkey: a Theory of African-American Literary Criticism (1988), a principio publicado como artigo crítico em 1983, e, “Race”, wrinting, and differance (1986), Gates, a uma só tempo tem, de um lado, investido na edição e publicação de numerosas antologias acerca do cânone e formação da tradição literária afro-americana e, de outro lado, na publicação de livros sobre teoria literária negra, capazes de deslocar verticalmente o lugar marginal atribuído ao cânone literário africano e afro-americano para o centro-topo do debate. Este trabalho, portanto, tem por objetivo apresentar um arrazoado da teoria acerca da literatura afro-americana de Henry Louis Gates Jr. Espera-se, ao fim, tornar inteligível os procedimentos metodológicos e a natureza do deslocamento epistemológico que o autor propõe, qualificando de modo mais adequado a relação entre os seus pressupostos teóricos e agenda política, ou como o pesquisador recorrente enuncia, a luta pelos cânones perdidos.

Palavras-chave: Henry Louis Gates Jr. Teoria literária afro-americana. Signifying Monkey. Sujeito significante.

215 Doutorando em Ciências Sociais pelo Programa em Ciências Sociais da Unesp de Marília. Bolsista da Fundação de Amparo a Pesquisa ao Estado de São Paulo (FAPESP). [email protected]

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A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO SUJEITO NEGRO: uma análise sobre o debate racial presente na teledramaturgia brasileira contemporânea

Luana Gabriela Ruy216

Resumo: A telenovela se configura como um dos principais produtos televisivos no Brasil, operando enquanto elemento simbólico e cultural, assim como potente ferramenta para a constituição de um imaginário social. Ao assumir o papel de narrar a realidade social brasileira, a telenovela pode ser compreendida como instrumento fundamental, tanto para visibilizar certos assuntos, quanto para silenciar outros. Deste modo, a telenovela no Brasil assume uma importante posição frente aos sentidos em circulação na sociedade. Pensando nisso, o presente trabalho tem como objeto de estudo a representação social do sujeito negro na teledramaturgia brasileira, com foco em duas produções contemporâneas, sendo elas: Lado a Lado (2012) e Babilônia (2015). O recorte temporal é justificado, pois consideramos os últimos anos como um período marcado por um debate sobre relações raciais no Brasil, especialmente no que tange à implementação de políticas públicas para a população negra. Considerando este recorte, o objetivo do presente trabalho foi compreender em que medida essas produções incorporaram o debate racial do período. Em outros termos, em que medida essas obras buscam situar o espectador sobre as questões em disputa, especificamente, no campo das relações étnico-raciais. Tendo como pano de fundo a ideia de que as telenovelas buscam remontar ou construir narrativas da nação, buscamos compreender como estas elaboraram suas narrativas em períodos de profundas transformações na conjuntura social brasileira. No Brasil a mídia de massa, de uma forma geral, sobretudo as telenovelas, fomentam os principais debates entre as massas. É comum percebermos que quando alguma temática é abordada, aquele tema passa a circular entre as mais diversas camadas sociais. Isso porque as telenovelas são potentes veículos de comunicação para o grande público, cuja socialização e a narrativa da nação se constroem, em grande medida, a partir deste meio de comunicação. Este estudo sinaliza que ainda que algumas mudanças nas narrativas sejam visíveis, ainda há um longo caminho a ser percorrido. E por mais que mudanças na conjuntura social abram possibilidades para a construção de novas ferramentas de representação, as representações do negro ainda são produzidas com base em alguns códigos culturais enraizados na sociedade brasileira. Para alcançar os resultados de pesquisa utilizamos as contribuições teóricas dos Estudos Culturais e Pós-coloniais e, em termos metodológicos, aplicamos as técnicas da Análise de Conteúdo. Palavras-chave: Representação social, Relações étnico-raciais, Estudos Culturais e Pós-Coloniais, Teledramaturgia brasileira

216Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos. Desenvolveu a presente pesquisa com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (nº do processo:2017/12101-7). Atualmente é mestranda no Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFSCar, pesquisadora na área de Sociologia das Relações Étnico-raciais e Sociologia das Diferenças com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (nº do processo: 2019/02284-2). E-mail para contato: [email protected]

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PARADIGMAS DA CONSTRUÇÃO DE SABERES NO BRASIL: O GRAFOCENTRISMO OCIDENTAL E A ORALIDADE AFRICANA

Nara Eliza Marques217

Resumo: O mundo está vivendo um momento de mudança de paradigmas e isso tem reverberado em forma de questionamento de cânones que nunca antes foram colocados em reflexão. Até há pouco tempo tínhamos apenas uma forma de construir saber/conhecimento aceito como válido no Ocidente, porém tal paradigma vem sendo cada vez mais desconstruído, principalmente com a ocupação de espaços de fala e de agência por segmentos sociais até então silenciados. O presente artigo busca, então, pensar duas das perspectivas metodológicas de construção de saberes que foram fundantes à sociedade brasileira: o grafocentrismo característico das sociedades ocidentais, ou seja, a Europa colonizadora, e a tradição oral, base também dos povos ameríndios, mas que nesse artigo será analisada a partir do viés da herança dos povos africanos que vieram escravizados para o Brasil. Intenta-se fazer uma reflexão dos modus operandi dessas duas formas de construir o pensamento e para tanto precisaremos lançar o olhar aos códigos fundamentais em que se baseiam cada uma dessas culturas, para com isso entender que são apenas sistemas de pensamento diferentes e que a hierarquização e valoração foi algo forjado com vistas a dominação e submissão dos povos não-europeus, como bem sabemos. Porém, apesar de cientes dessa submissão, ainda não agimos efetivamente para a desconstrução dessa hierarquização de saberes no Brasil, sociedade que foi construída atravessada mutuamente por aquelas duas formas de produção de conhecimento e que, apesar disso, não ocupam o mesmo status de validade. Entender o que compõe nosso código fundante é necessário para nos entendermos enquanto nação e cada vez mais assumirmos nossa identidade. Palavras-chave: paradigmas, metodologia, oralidade, grafocentrismo.

217 Mestranda em Ciências Sociais financiada pelo CNPq na UNESP-FCLAr -Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara; [email protected]

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INTELECTUAIS NEGRAS E A QUESTÃO DA SUBALTERNIDADE

Nayhara Almeida de Sousa218 Resumo: Este artigo apresenta o resultado de pesquisa desenvolvida no âmbito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul219, e trata das reflexões que relacionam as produções intelectuais de mulheres negras e a questão da subalternidade. Parte-se de uma análise preliminar que busca problematizar como intelectuais negras têm utilizado, no Brasil, nas Américas e em outras partes do mundo, suas produções acadêmicas de modo a interrogar um suposto território de subalternidade para onde seriam remetidas as mulheres negras. O tema escolhido decorre da leitura de produções de intelectuais, que veem há algum tempo problematizando os essencialismos que envolvem a condição de ser negro, em especial, de ser mulher negra e intelectual. Considerando a contribuição de Gayatri Chakravorty Spivak (2010), Patrícia Hill Collins (2016), bell hooks (2015), Lélia Gonzalez (1984), entre outras/os autoras/es, busca-se elementos de compreensão para esta chave da suposta subalternidade. Na sequência desta reflexão, pretende-se expor as possibilidades de contestação da condição de subalternidade e silenciamento levantadas por algumas produções de intelectuais negras. Dessa maneira, este artigo está dividido em três partes. Na primeira parte trazemos as contribuições de Spivak (2010) sobre a questão da subalternidade. A intenção é estabelecer uma discussão entre suas afirmações sobre a impossibilidade de fala do sujeito subalterno e algumas críticas trazidas por autores como Carvalho (2011) e Aguiar (2016). Na segunda parte tratamos de expor as possibilidades de contestação da condição de subalternidade e silenciamento levantados por algumas produções de intelectuais negras. Na última parte trazemos a considerações finais. Ao longo de toda a pesquisa, a utilização de metodologias qualitativas e o uso da revisão bibliográfica são os aspectos metodológicos que merecem apontamento.

Palavras-chave: intelectuais negras; mulheres negras; subalternidade.

218 Mestranda em Sociologia pelo Programa de Pós Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos. Pesquisa financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES/Brasil. E-mail: [email protected] 219 Este trabalho aparece como resultado do trabalho de conclusão para o curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Relações étnico-raciais, gênero e diferenças, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Sob a orientação Prof. Dr. Paulo Alberto dos Santos Vieira.

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A reconfiguração dos espaços possíveis para a autodefinição das mulheres negras

Vanessa Florêncio de Oliveira220 Resumo: O presente trabalho se propõe a fazer uma reflexão sobre o conceito de autodefinição da intelectual negra Patricia Hill Collins, sendo essa reflexão parte de uma pesquisa de mestrado a qual procura a partir da análise de alguns canais do youtube realizar uma reflexão mais aprofundada sobre o significado do processo de valorização das estéticas negras, através do fenômeno da transição capilar. O conceito de autodefinição de Collins (2000) se apresenta da perspectiva do feminismo negro uma vez que, ele se configura como uma forma das mulheres negras se fazerem por elas mesmas, isto é, em coletividade com outras mulheres negras. Dessa forma, o trabalho pretender a partir dos conteúdos produzido no ciberespaço por mulheres negras, entender a importância da valorização dessas estéticas negras para a autodefinição dessas mulheres. Para Collins as mulheres negras norte americanas encontram poucos espaços seguros para dialogar e refletir uma com as outras sobre as questões que as oprime, mas existem alguns lugares onde isso é possível como nas relações íntimas de amizade umas com as outras, nas canções de Blues ou em locais institucionalizados como nos textos produzidos por autoras negras. Com isso em vista, o trabalho pretende evidenciar que os vídeos produzidos pelas mulheres negras em ciberespaços como o youtube, tem se configurado, mesmo que de maneira menos segura, em espaços de troca de experiência entre essas mulheres, colaborando para a sua autodefinição. Sendo assim, o conceito de autodefinição de Collins torna-se fundamental para compreender que os movimentos de valorização das estéticas negras vão além da estética.

Palavras chaves: Autodefinição, feminismo negro, estética negra, ciberespaço, lugares seguros

220 Mestranda na Pós graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho UNESP - Campus de Araraquara, agência financiadora CNPq, email: [email protected]

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Afetos em movimento: trajetória de mulheres na Economia Solidária e no MST.

Flávia Cunha Pacheco221 Carolina de Andrade Guarnieri222

Carla Cecília Rodrigues de Almeida223 Luna Carulina Mendes Filgueiras224

Maria Therezinha Loddi Liboni225 Resumo: Considerando o atual contexto social, geográfico, econômico e cultural do país, tem-se presenciado uma frequente confluência de movimentos sociais que acabam por se interseccionarem e se tornarem um forte instrumento do povo, como o é a vinculação da Economia Solidária e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Contudo, sabe-se que movimentos sociais como estes vem sofrendo uma série de boicotes e ataques interpessoais e institucionais, que acabam por afetar tanto de forma direta seus integrantes quanto a própria organização e implicação ao movimento. Deste modo, o artigo tem como objetivo compreender o envolvimento de mulheres militantes para com a ação coletiva dos movimentos sociais permeados pelo afeto. Estes escritos são carregados de energias trocadas, projetadas e incorporadas da relação entre mulheres de um Empreendimento Econômico Solidário, que acontece no bojo de um pré-assentamento do norte do Paraná, e uma equipe de trabalho que compõe um projeto de extensão fomentado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior/PR, a partir do Programa Universidade Sem Fronteiras (USF). Visamos com este trabalho, trinchar um espaço de reflexão em qual se considere a identidade cultural e seus conflitos, resistência e memórias do coletivo citado, tal qual é este grupo de mulheres afetadas em duas instâncias de direito: pela luta por uma alternativa de economia social, como o é a Economia Solidária, e por um movimento de trabalhadoras rurais, que tem como orientação a democratização da terra, a Reforma Agrária e a Transformação Social. Para tanto, realizamos entrevistas semiestruturadas com essas mulheres do MST que produzem panificados e patchworks sob modo de Economia Solidária. As entrevistas foram registradas na metodologia de diário de campo (MINAYO, 2001) e analisadas sob o método de análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Com o processo de elaboração deste trabalho, se evidenciam que as narrativas dessas mulheres se encontram em eixos temático tais como: contexto familiar e inserção no movimento; engajamento político; o uso de serviços e produção de sofrimento a partir de estereótipos; participação na associação e as relações de trabalho; conjuntura política e organização social, os quais nos propõe a refletir e melhor compreender suas histórias de vida, bem como a organização e trajetória da luta coletiva, considerando de modo interseccional o gênero, classe e raça.

Palavras-chave: Economia Solidária. MST. Mulheres. Conflitos. Resistência.

221 Mestranda em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduada em Psicologia na UEM. E-mail: [email protected] 222 Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atualmente cursando o Bacharelado em Ciências Sociais pela mesma instituição. E-mail: [email protected] 223 Docente do curso de Ciências Sociais na Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: [email protected] 224 Graduada em Publicidade e Propaganda pela Pontifica Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Graduanda de Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: [email protected] 225 Docente do curso de Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: [email protected]

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CAÇA AO GÊNERO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO

Camila Camargo Ferreira226 Resumo: A proposta desta comunicação é apresentar os resultados de uma pesquisa qualitativa baseada na análise genealógica de documentos que abordou a capilarização de discursos antigênero no cenário político brasileiro. Buscou-se compreender as mobilizações contra o que tem sido chamado nos tensionamentos acerca das questões de gênero e sexualidade de “ideologia de gênero”. O foco da análise foi constituído a partir dos discursos que permearam a tramitação dos projetos de lei no Congresso Nacional voltados à proibição da chamada “ideologia de gênero” e à instituição do Programa Escola Sem Partido nas principais diretrizes educacionais brasileiras. O objetivo foi compreender as relações de poder e os pontos de resistência que constituem e atravessam as formações discursivas que estão em jogo na luta contra a presença nas escolas a chamada “ideologia de gênero”. Entende-se que por detrás do levante de discursos antigênero residem narrativas que patologizam os sujeitos que não se adequam às normas e aos estereótipos de gênero e um imperativo político e panfletário de garantir a reprodução do regime de saberes que sustentam as normas e as relações de gênero. As campanhas antigênero delineadas no campo da educação são lócus privilegiado de análise, pois elas condensam temores sociais diversos com relação às transformações que podem ser operadas na matriz heterossexual a partir do atendimento às demandas dos movimentos feministas e LGBT. Assim, a principal contribuição do trabalho é a análise dos discursos que permeiam essas mobilizações específicas através da qual é possível perceber os sentidos e significados atribuídos às minorias sexuais, bem como identificar a influência do ativismo conservador sobre o campo das políticas públicas em gênero e sexualidade.

Palavras-chave: Ideologia de gênero. Heteronormativade. Conservadorismo.

226 Doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos, mestre em Sociologia e licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Grande Dourados. Pesquisa financiada pela CAPES. E-mail:[email protected]

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GÊNERO E SEXUALIDADE NO ENSINO DE SOCIOLOGIA PARA OS JOVENS DAS ESCOLAS PÚBLICAS EM FORTALEZA/CE

José Anchieta de Souza Filho227

Demóstenes Dantas Vieira228

Resumo: Este artigo consiste no relato de experiência desenvolvida em salas de aulas de duas escolas públicas com o ensino de sociologia em Fortaleza/Ce. Procurou-se compreender a temática sobre gênero e sexualidade como um fenômeno social presente em nossa sociedade. Como procedimentos metodológicos, realizaram-se discussões teóricas acerca de questões ligadas à temática na perspectiva da diversidade cultural. A partir de uma palestra realizada na abertura da 4ª etapa letiva de 2018, foram realizadas atividades sobre as impressões iniciais dos jovens da segunda e terceira séries do ensino médio acerca do tema, bem como no decorrer do processo e encerramento do período letivo, cuja finalidade incidia sobre as reflexões travadas no percurso das aulas. Como fundamentação teórica estabeleceu-se diálogos com Moraes (2004), Sarandy (2004), Freire (2004), Guacira Louro (2002), entre outros. Na análise, foram considerados os textos produzidos pelos discentes, os quais revelam que as reflexões contribuíram para desconstruir preconceitos e visões limitadas a respeito do tema. Considera-se que nas duas escolas investigadas os estudos apresentados a partir dos saberes das ciências sociais sobre a temática gênero e sexualidade permitiram a compreensão dos processos sociais e das problemáticas contemporâneas acerca do referido assunto demonstrado através das observações e análises construídas dos textos produzidos pelos jovens no processo de realização da prática docente no ensino de sociologia na educação básica.

Palavras-Chave: Ensino de Sociologia– Gênero- Fortaleza/Ce

227 Profº de Sociologia em Fortaleza/Ce. SEDUC/CE. Mestre em Ciências Sociais e Humanas/UERN. [email protected]

228 Profº de Língua Portuguesa/IFRN. Doutorando em Letras/UFPE. [email protected]

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“PEQUENAS MORTES INVISÍVEIS” AS AUSÊNCIAS E AS PRESENÇAS DO ESTADO

Hannah Lima Alcantara de Vasconcellos 229

Resumo: As ausências e as presenças do Estado geram impactos nas subjetividades das mulheres negras do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Quando a sociedade e o Estado se encontram, emoções emergem e formam uma complexa teia. Os relatos de Joana, Maria e Juliana possibilitam a imersão no território favelado, nas experiências de ser uma mulher negra na favela e no entendimento do que se segue quando o Estado se faz presente e quando se faz ausente. De que maneira as políticas públicas impactam nas subjetividades das mulheres negras moradoras da Maré? O senso comum tem como verdade que o Estado é ausente nas favelas. ‘A gente não tá falando de ausências’, me disse Joana. Os tiros das armas dos policiais que invadem a favela são um exemplo de políticas públicas. O Estado não é ausente na favela, e é a presença dele que muitas vezes atormenta quem mora lá. A desimportância dada a questões subjetivas alimenta um sistema que produz pequenas mortes cotidianas. ‘Eles mata a gente um pouco todo dia.’ Essa frase foi dita por uma mulher negra, moradora da Divisa, a região com mais confrontos do complexo. Conversamos uma única vez e durou menos de 30 minutos. Ela só contou uma história. Durante uma madrugada de operação policial na favela, em março de 2018, ela foi acordada por barulhos de porta sendo arrombada, passos apressados escada acima, discussão e tiros na laje da sua casa. Fingiu que estava dormindo, com medo. Depois dos tiros, ouviu passos indo embora. Passou a madrugada acordada. Levantou às 6h e foi até a laje. O corpo de um menino negro com cerca de 12 anos estava lá, com uma arma na mão. Ela desceu para a sala, ligou para a ONG Redes da Maré e foi trocar de roupa. A equipe da Redes chegou e a cena descrita por eles revela a pequena morte cotidiana: ela estava sentada na porta da laje esperando a equipe, arrumada para trabalhar, com a expressão vazia, sem emoção. A morte do menino foi contabilizada, a ‘pequena morte’ da mulher, não. O artigo “’Pequenas mortes invisíveis’: as ausências e as presenças do Estado” é sobre o que sentem três mulheres negras moradoras da Maré quando entram em contato com o governo e com o Estado. Em meio a lembranças dolorosas e experiências cansativas, Joana, Maria e Juliana conseguiram mostrar suas dores e potências. Palavras-chave: Estado. mulher negra. Maré. subjetividade.

229 Mestre em Políticas Públicas em Direitos Humanos (UFRJ/CAPES) e doutoranda em Antropologia Social (Museu Nacional/CNPq). [email protected]

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IDENTIDADES A MARGEM: O IMPACTO DA COLONIZAÇÃO BRITÂNICA NA CRIMINALIZAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE NO ESTADO DO ZIMBÁBUE E A

MARGINALIZAÇÃO DOS LGBTQ+

ARAUJO, João Lazaro Souza230 Resumo: A criminalização da homossexualidade e o cerceamento dos direitos destes indivíduos são, atualmente, problemas latentes em todo o globo, e principalmente no Continente Africano, onde a criminalização atinge esferas mais amplas e penalidades que abrangem até a pena de morte são normalizadas. Nesse sentido, o Zimbábue, um Estado localizado no Sul da África, não tem sido exceção. Diante do exposto, esta pesquisa tem como objetivo inicial analisar as atuais formas de repressão e criminalização da homossexualidade através do aparelho estatal, repressão esta que se tornou mais evidente com a ascensão do ex-presidente Robert Mugabe ao poder, visto que este governante, desde a década de 1990, defende a morte dos indivíduos LGBTQ+ no Estado. A retórica usada é de que a homossexualidade ameaça, assim como, causa rupturas às “tradições africanas”, sustentando a tese que a homossexualidade adveio como o processo de colonização, não sendo inerente ao Continente Africano. Nesta pesquisa, objetivo refutar esta tese, e para alcançar o objetivo proposto, identificar-se-á, em um primeiro momento, as múltiplas formas de relações amorosas e sexuais no Zimbábue no período pré-colonização, posteriormente, será feita uma análise dos impactos da Colonização Britânica sobre a sexualidade dos indivíduos nativos, através da incorporação do código legal indiano e da propagação deste para as colônias africanas, incluindo o Zimbábue, e o posterior processo de continuidade da dominação colonial no contexto pós colonização através da reprodução legal, que continua marginalizando e criminalizado os indivíduos homossexuais na figura de Robert Mugabe, que ao invés de romper com as dominações coloniais, como defende em suas afirmações, as reproduz. Palavras chave: Criminalização. Homossexualidade. Zimbábue.

230 Graduando em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Uberlândia - email: [email protected] - projeto de Iniciação Científica Voluntária (PIVIC).

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A INFLUÊCIA DO MARCADOR SOCIAL DA DIFERENÇA DE GÊNERO NA VIVÊNCIA DE BULLYING: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA

Sylvia Iasulaitis231

João Victor Borri de Oliveira232 Resumo: Na atual conjuntura brasileira, vemos que o estrato social enquadrado na categoria LGBTQIA+ vivencia uma condição de inúmeras formas de violência, o que é comprovado estatisticamente pelos indicadores da ONG Grupo Gay da Bahia, que demonstram que em 2017 foram registradas 445 mortes de LGBTs no Brasil, que é a forma de violência mais extrema; em 2000 este número estava na média de 140 mortes. A LGBTfobia é uma situação que percorre a vida do desobediente de gênero desde seu esclarecimento até sua vivência cotidiana. Mais especificamente durante o Ensino Médio, os estudantes encontram-se em uma faixa etária marcada pela hiperssexualização e autoafirmação em sentido extremo, onde posições de hipermasculinidade são acentuadas e, consequentemente, de aversão a indivíduos não enquadrados na heteronormatividade. Neste sentido, o intuito deste artigo será construir uma ferramenta metodológica para identificar se e em que medida adolescentes com sexualidades não hegemônicas atravessam maiores dificuldades em comparação aos heteronormativos na vivência cotidiana escolar durante o Ensino Médio. Nossa hipótese é de que desobedientes de Gênero são alvos mais frequentes de bullying no ambiente escolar e buscaremos confirmar ou refutar nossa hipótese com um instrumento analítico adequado a esse propósito, que nos permita analisar quais outros marcadores sociais associados ao gênero explicam o bullying no ambiente escolar, tais como: classe, raça, origem, corporalidade capacitismo, dentre outros, a partir de uma perspectiva teórica interseccional, que alia diversos marcadores sociais da diferença sobrepostos para explicação da violência. Nossa hipótese é sustentada por uma pesquisa que foi realizada em alguns países da América Latina pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e outras instituições no período de 2015/2016. No Brasil, 1.016 estudantes foram indagados e observou-se que 70% não se sentem seguros na escola, 73% foram agredidos verbalmente, 48% ouvem comentários homofóbicos e 27% foram agredidos fisicamente. Para este artigo, apresentaremos uma ferramenta de análise da LGBTfobia no ambiente escolar de cunho interseccional: ou seja, de que maneira podemos pesquisar a ocorrência de bullying e identificar quais marcadores sociais das diferenças aumentam a condição de vulnerabilidade do indivíduo. A ferramenta de análise interseccional a ser apresentada foi criada e testada empiricamente a partir de um projeto de extensão mais amplo realizado com apoio da Pró Reitoria de Extensão da UFSCar, e será adaptada e aprimorada para o propósito específico de investigar a violência intraescolar motivada pela LGBTFobia, em conjunto com outros marcadores da diferença. Palavras-chave: LGBTfobia. Bullying. Metodologia de pesquisa. Análise interseccional.

231 Sylvia Iasulaitis. Profa. Dra. do Departamento de Ciências Sociais. Universidade Federal de São Carlos. [email protected] 232 João Victor Borri de Oliveira. Graduando de Ciências Sociais. Universidade Federal de São Carlos. [email protected]

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Currículo e práticas emancipatórias: um estudo de caso

Juliana de Souza Ramos233

Resumo: Este estudo pretende tomar como categoria de análise a influência causada nas relações escolares, a partir da reflexão trazida nos índices de procura, matrícula e formação nos cursos técnicos e Ensino Médio nas ETECs da grande São Paulo e a produção discente nas disciplinas de História e Sociologia, no primeiros anos do século XXI, bem como a produção não oficial discente, no cotidiano escolar. Pretende para tanto, evidenciar neste referencial as representações sobre o feminino e suas percepções, mudanças, rupturas e permanências, trabalhadas por intermédio das disciplinas de História e Sociologia e suas repercussões estabelecidas entre os representantes de diferentes grupos que atuam no ambiente escolar do Ensino Médio. Para esta análise, as repercussões identificadas engendram um modo de interpretar, comunicar e sobre o modo de produzir e elaborar conhecimentos. Ou seja, uma análise que toma o impacto mencionado como fenômeno, portador de saberes e crenças dos grupos envolvidos, objetivando na sua tradução, a produção e a elaboração de conhecimento. Os principais resultados obtidos foram a promoção de poder, autoridade e afirmação, das adolescentes, em especial pretas e pardas no contexto da escola pública; delegação e reconhecimento de identidade. A alta mobilização e participação nos projetos sobre a temática entre discentes e docentes. Palavras-chave: Educação. Currículo. Gênero. Etnia.

233 Doutoranda em Ciências Sociais na UNESP Araraquara. Mestra em Ciências Sociais e Especialista em História pela PUC-SP, Licenciada em Ciências Sociais pela Fundação Santo André e História pela Universidade Claretiano. Professora de História, Sociologia e Ética na rede pública e particular. Professora a onze anos na Etec Juscelino Kubitschek de Oliveira. E-mail: [email protected].

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Uma análise documental sobre a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio

Larissa Fassa La Scalea234 Sylvia Iasulaitis235

Resumo: O Brasil sempre se caracterizou como um país com alto índice de violência contra a mulher, sendo instaurada, em 2006, a Lei Maria da Penha e, em 2015, a Lei do Feminicídio, buscando proteger as mulheres de seus agressores. Assim, busca-se estudar qual é a efetividade de tais leis no que se refere à diminuição de casos de violência contra a mulher no Brasil? Quais são os dispositivos legais criados e o que pretendem? O objetivo então é (1) levantar dados estatísticos sobre a violência contra a mulher, bem como de mortes femininas ocasionadas pelo fato das vítimas serem mulheres; (2) analisar o contexto histórico de criação de ambas as leis e (3) analisar o conteúdo das leis e de seus institutos e inovações pertinentes para combater a violência contra a mulher. Do ponto de vista metodológico será adotada a análise de dados estatísticos de fontes secundárias, análise documental das leis e análise crítica de conteúdo, visando identificar a caracterização que fazem dos crimes de violência contra a mulher, bem como seu viés protetivo e punitivista. Dados preliminares demonstram uma acentuação dos crimes de violência contra a mulher, mesmo após a vigência das leis, sendo o 5° lugar do ranking de países com maiores taxas de feminicídio ocupado pelo Brasil. A lei Maria da Penha foi desenvolvida a partir da história de Maria da Penha, uma das mulheres brasileiras que sofreu violência doméstica. Houve uma grande repercussão sobre o caso, chegando-se a conclusão da necessidade uma lei que visasse à proteção das vítimas de violência doméstica, tendo essa lei um viés protetivo. A lei do Feminicídio é uma lei recente, que foi inserida no Código Penal a partir da concepção de que uma mulher foi assassinada pelo simples fato de ser mulher. A criação dessas duas leis demonstra um avanço na preocupação com a violência contra a mulher, porém há indícios que podem levantar um questionamento maior sobre a efetividade delas, sendo essa a razão do tema escolhido para o artigo, a fim de entender mais a fundo as leis, a partir da análise documental e de conteúdo das mesmas, embora a literatura temática venha apontando que dados estatísticos devem ser analisados isoladamente com parcimônia, pois se deve considerar que o número de denúncias contra a violência doméstica e o assassinato de mulheres com motivação de gênero tenha aumentado, dando uma impressão de aumento das agressões.

Palavras-chave: Lei Maria da Penha; Lei do Feminicídio; Violência contra a mulher; Violência doméstica.

234 235

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DE VÍTIMAS A MILITANTES: A CONDIÇÃO SOCIAL DAS MULHERES IRAQUIANAS NA GUERRA DO IRAQUE (2003-2008)

Sophia Teixeira e Souza236

Resumo: Esta pesquisa de mestrado em andamento propõe-se a examinar os efeitos causados pela intervenção militar estadunidense sobre os direitos e a organização política das mulheres iraquianas durante a Guerra do Iraque (2003-2008). As graves violações dos direitos humanos durante a Segunda Guerra Mundial suscitaram a publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos há 70 anos. Entretanto, iniciativas específicas visando o respeito aos direitos da mulheres são bem mais recentes. Apenas em 08 de março de 2000 os membros do Conselho de Segurança da ONU “reconhecem que a paz está inextricavelmente vinculada à igualdade entre mulheres e homens” e “a importância de promover uma política ativa e visível de integrar uma perspectiva de gênero em todas as políticas e programas quando abordar conflitos armados ou outros”. Não obstante, as guerras do século XX também abriram o caminho para a ampliação dos direitos das mulheres. As violações dos direitos humanos, paradoxalmente, abrem uma oportunidade para a luta pela conquista, ampliação e consolidação de direitos. Destarte, indaga-se como o conflito afetou a situação dos direitos das mulheres iraquianas e se, a despeito de suas mazelas, representou uma oportunidade para a independência política feminina. Com este fim, são estudadas as políticas de gênero estadunidenses para o Iraque e o sectarismo político interno entre setores da população civil favoráveis à secularização e aqueles à Sharia durante o período, bem como a heterogeneidade político-identitária da categoria analítica “mulheres iraquianas”. Adotando-se a perspectiva feminista sobre as Relações Internacionais, de que o individual é internacional, buscam-se os vínculos entre a intervenção militar estrangeira, a resultante reestruturação do aparelho estatal iraquiano e as condições de participação pública para as mulheres. O estudo é baseado na revisão bibliográfica e análise de documentos, bem como em relatórios de agências e organizações não-governamentais. Dessa maneira, observando-se as mudanças nas condições de vida nas grandes cidades do país e seu impacto sobre a atuação política das mulheres durante a guerra, verificaremos como a intervenção estrangeira modificou seus projetos de ação. Palavras-chave: Direitos Humanos. Mulheres. Feminismo. Atuação Política. Guerra do Iraque.

236 Mestranda em Relações Internacionais (PRI-UFABC). Bolsista UFABC. E-mail: [email protected]

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FALAR OU CALLAR?: REALIDADES DE MULHERES SOBREVIVENTES FRENTE

A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. BRASIL E URUGUAI (2002-2006)

Camila Rodrigues da Silva237 Resumo: A presente pesquisa visa identificar o impacto no que se refere a implementação da Lei de Violência Doméstica instaurada no Uruguai em 2002 frente a Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha no Brasil, bem como suas possíveis mudanças, permanências e conflitos no cotidiano de mulheres urbanas e todos os níveis sociais. A ideia em privilegiar as cidades de São Paulo e Montevidéu como foco de análise deve-se ao fato de que nestas cidades as transformações e mudanças provocadas pelo movimento feminista assumiram novas configurações e novas formulações produzindo novos modos de vida. Fui guiada pela morosidade do judiciário brasileiro e as dificuldades de aprovação e real implementação da Lei Maria da Penha (constatações realizadas em minha pesquisa de mestrado na cidade de Marília em 2012) e o cenário de lutas das mulheres uruguaias e as inúmeras dificuldades apresentadas para a aprovação e efetivação da Lei de combate a Violência Doméstica no Uruguai. Essas realidades que se assemelham, também são observadas nas participações em eventos internacionais que motivaram e influenciaram na luta pelos direitos e combate a violência contra as mulheres que, entendidos como processos, resultaram nas instaurações das Leis de Combate a Violência Contra as Mulheres em cada país. Como metodologia de análise utilizo o olhar comparativo sob a perspectiva das histórias cruzadas frente as realidades jurídicas nas cidades de São Paulo e Montevidéu, pertencentes a países latino-americanos inseridos no bojo de mudanças e transformações dos movimentos feministas contemporâneos que assumem novas reconfigurações e formulações. O uso dessa metodologia me permite buscar especificidades destas configurações que não são isoladas e que se cruzam e entrecruzam evidenciando as tramas de vida, as experiências e cotidianos distintos de mulheres que, diante de anos de silêncio, decidiram contar a sua história vivenciando uma condição além-sobrevivência. Diante de um novo contexto latino-americano que evidencia as diferenças entre as mulheres e suas demandas ressaltando lugares de poderes privilégios, geradas por classe, raça/cultura, identidade sexual, lugar ou idade que o trabalho se propõe trazer colaborações para o campo das pesquisas sobre violência de gênero e experiências subjetivas de mulheres sobreviventes frente ao impacto das leis de combate a violência contra a mulher. Palavras-chave: Violência Doméstica. Histórias Cruzadas. Relatos Orais. Brasil e Uruguai.

237 Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília. Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília (2016). Pesquisa financiada pela CAPES. E-mail: [email protected]

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CARACTERIZAÇÃO DO ASSÉDIO SEXUAL AMBIENTAL CONTRA A MULHER NAS RELAÇÕES DE TRABALHO SOB A PERSPECTIVA DA JURISPRUDÊNCIA

DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO DA 2ª E DA 15ª REGIÕES

Ana Clara Tristão238 Victor Hugo de Almeida239

Resumo: Dentre as diversas formas de desigualdade e discriminação às quais as mulheres ainda estão sujeitas no contexto laboral, destaca-se o assédio sexual, entendido doutrinariamente como toda e qualquer conduta abusiva capaz de lesar os direitos da personalidade, a dignidade ou a integridade psicofísica da trabalhadora, culminando em degradação labor-ambiental. Devido à sua situação de maior vulnerabilidade, deve-se abordar a prática de assédio sexual contra a mulher para além de sua espécie tipificada penalmente, qual seja, o assédio sexual por chantagem ou quid pro quo, e reconhecer o assédio sexual ambiental ou por intimidação como um dano labor-ambiental, considerando que a condição de ascendência do agressor não se trata de um elemento obrigatório para que se verifique a prática de assédio sexual na perspectiva trabalhista. Dessa forma, o objetivo da presente pesquisa é analisar o entendimento da Justiça do Trabalho acerca da caracterização do assédio sexual ambiental ou por intimidação contra a mulher nas relações de trabalho. Para tanto, serão utilizados, como métodos de procedimento, a pesquisa bibliográfica e a pesquisa jurisprudencial junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região e ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região e, como método de abordagem, o indutivo. Palavras-chave: Assédio sexual ambiental ou por intimidação. Meio ambiente de trabalho. Saúde da trabalhadora.

238 Mestranda em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCHS/UNESP). E-mail: [email protected]. 239 Doutor pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – Largo São Francisco (FADUSP). Mestre pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP). Docente; Chefe do Departamento de Direito Privado, de Processo Civil e do Trabalho; Vice-Coordenador do Curso de Graduação em Direito; e Vice-Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Direito da UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Campus de Franca (FCHS/UNESP). Membro Pesquisador do Grupo de Pesquisa (CNPQ) "A transformação do Direito do Trabalho na sociedade pós-moderna e seus reflexos no mundo do trabalho" da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP/USP); e do "Consorcio Latinoamericano de Posgrado en Derechos Humanos – Políticas de regulación das empresas transnacionales por las violaciones de los derechos humanos en América Latina". E-mail: [email protected].

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Identidades de gênero e abjeção: breves reflexões sobre os limites do reconhecimento humano

Lucas Henrique de Sousa 240

Resumo: As discussões acadêmicas e políticas que orbitam acerca das identidades em geral vêm ganhando fôlego nos últimos anos. Dentre esse conjunto amplo de debates sobre as identidades, existem as questões que versam sobre as identidades de gênero. A qualidade das reflexões trazidas por esses estudos deslocam, entre outras coisas, o gênero como um dos fatores identitários que atravessam a formação dos sujeitos e os posicionam em contextos específicos. Dessa forma, mobilizar o gênero como um instrumento analítico possibilita que (re)pensemos a consolidação dos indivíduos no âmbito da cultura. Os sujeitos passam a existir e a serem reconhecidos também a partir do gênero. Em outras palavras, o reconhecimento da condição de sujeito pertencente a determinados contextos está intrinsecamente ligado com a coerência que os indivíduos precisam manter com relação a determinados fatores sociais e culturais. Dentre diferentes teóricas e teóricos que de debruçam sobre as análises de identidade de gênero, a filósofa Judith Butler vêm ganhando notoriedade. Com uma proposta para tensionar criticamente as teorias que dialogam sobre esse assunto, a autora propõe (re)pensar as identidades de gênero através de um debate que tensiona a produção dessas identidades no campo do poder. O gênero é parte daquilo que possibilita aos indivíduos ascenderem à categoria de sujeitos e, além disso, é também através desses códigos culturais que de modo mais amplo podemos conseguir o reconhecimento da humanidade. A proposta desse trabalho é discutir primeiro o gênero como categoria analítica para pesarmos os sujeitos na contemporaneidade e, posteriormente lançarmos alguns apontamentos sobre o processo de desumanização decorrente das dissidências de gênero que escapam desses moldes hegemônicos do que se entende como masculino e feminino.

Palavras-chave: Gênero. Abjeção. Identidades.

240Mestrando o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista – UNESP/FCLAr. Financiamento de pesquisa pela Capes. [email protected]

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A maternidade e a percepção social de suas implicações

Maria Luíza Rossetto Marvulo 241

Sylvia Iasulaitis 2

Resumo: Ao longo da história, a concepção do que é o feminino se constrói e reconstrói socialmente, incluindo as representações sobre o papel da mulher tanto na sociedade, quanto no núcleo familiar. Não obstante, um debate sempre cercou as mulheres: a maternidade. Por serem corpos que fisiologicamente geram outras vidas, pode-se identificar um caráter de compulsoriedade da maternidade à mulher, visando a perpetuação da espécie. A maternidade, de uma perspectiva natural e biológica, já foi amplamente estudada pelas áreas das ciências tidas como “duras”: para a manutenção da espécie, é preciso que um ser com útero gere um novo ser. Porém, o caráter social da maternidade ainda necessita ser pesquisado com maior profundidade. Na perspectiva das Ciências Sociais, a maternidade, além de elemento para a perpetuação da espécie, pode ser também instrumento para a opressão masculina e justificativa política para a divisão sexual do trabalho e da polarização entre quem deve estar no espaço doméstico e quem deve ocupar o espaço público. Por isso, é necessário questionar a construção social das necessidades que essa organização institucional impõe, assim como é necessário debater as relações de gênero, as relações de trabalho e o relacionamento da maternidade com o avanço das tecnologias reprodutivas. Neste sentido, o objetivo desta proposta é realizar um levantamento do estado da arte da literatura temática na área de Ciências Sociais sobre a maternidade e suas implicações, a partir de uma perspectiva de sua construção social e das relações de gênero, buscando identificar como o tema é abordado nas diferentes correntes feministas. O trabalho proposto será teórico, com metodologia de pesquisa bibliográfica. Palavras-chave: Maternidade; Relações de Gênero; Construção Social.

241Graduanda em Ciências Sociais. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). [email protected] ²Doutora em Ciência Política. Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). [email protected]

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O PENSAMENTO AUTORITÁRIO E O DISCURSO MÉDICO-PSIQUIÁTRICO SOBRE AS MULHERES “SUBVERSIVAS” NA DÉCADA DE 1970 NO BRASIL.

Marina Soares Oliveira242

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo abordar uma problematização do discurso médico-psiquiátrico, bem como de outros profissionais “psi”, no que diz respeito a mulheres tidas como “subversivas” durante a Ditadura Civil-Militar brasileira, com ênfase nos anos 1970, e constitui parte de dissertação de mestrado em andamento. Longe de acreditarmos na possibilidade do ser social ser imparcial em relação ao mundo em que vive, inclusive no que tange ao exercício de sua profissão, compreendemos que tais profissionais estavam inseridos em um contexto político-ideológico autoritário, em um mundo de geopolítica bipolar, dicotômica e antagônica. Não sendo capazes de manterem-se neutros justamente por tratar-se de seres sociais, argumentamos que, fossem civis ou militares, estes médicos produziram um discurso de loucura e anormalidade sobre as mulheres militantes com base em uma moralidade conservadora, porém, o apresentaram como dotado de objetividade científica. Sob o manto da neutralidade, os médicos impuseram uma normatização dos corpos, comportamentos e sexualidades das mulheres, sustentando-os, na verdade, sob os valores morais conservadores, difundidos pelo próprio regime autoritário. Desta maneira, mulheres estiveram sob o estigma - e enquadramento - da loucura ao ousarem romper com os padrões de gênero impostos e adentrarem à vida pública, rompendo com o papel social exclusivo de esposas, mães e donas-de casa, ocupando um espaço majoritariamente masculino e, ainda, de inimigo interno da nação. Portanto, como duplamente criminosas, isto é, por saírem da esfera privada e ainda serem “comunistas”, atores sociais mobilizaram diferentes formas de puni-las, fosse a tortura física ou a psicológica, o que incluía, como defendemos, as internações psiquiátricas. Palavras-chave: Psiquiatria; Mulheres; Ditadura Civil-Militar; Discurso Científico; Moralidade.

242 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected].

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REDES DE SOCIABILIDADE, CONSUMO DE ESPAÇOS E PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO DA COMUNIDADE LGBT NO MUNÍPIO DE ARARAQUARA,

INTERIOR DE SÃO PAULO - BRASIL

Mateus Rodrigues dos Santos243

Resumo: Baseando-se inicialmente na discussão teórica a respeito das questões de gênero e sexualidade, e no mapeamento histórico da movimentação social, cultural e política dos grupos LGBTs no Brasil, este trabalho vem avançando na busca de compreensões acerca das variadas formas como indivíduos LGBTs do município de Araraquara (cidade do interior do Estado de São Paulo), através dos diversos usos e das características próprias da cidade, constroem relações entre si, se sociabilizam, produzem suas subjetividades, identificações e redes de relacionamentos a partir de espaços de entretenimento dedicados a estes públicos. Além disso, procura analisar as formas pelas quais os ambientes e os bens de consumo mantém as relações sociais destes sujeitos estabelecendo comunicabilidade entre eles. Este percurso se tornou possível com o aprofundamento nas leituras e reflexões em vários segmentos da Antropologia, como os estudiosos das relações culturais e simbólicas dos indivíduos no espaço urbano e a problematização do consumo como instrumento de construção e manutenção das relações sociais. Outro ganho nessa trajetória até este momento, foi a inserção ao trabalho de campo, pela observação e contato com interlocutores, promovendo na prática uma experiência de cunho etnográfico. Estas questões foram levantadas em um trabalho de Iniciação Científica desenvolvida de 2018 até maio de 2019, e neste momento, seus principais resultados estão em formatação e serão apresentados na Monografia para conclusão do curso de graduação. Como projeto futuro, esperamos expandir a investigação, ampliando recortes empíricos para, possivelmente, mapearmos os focos de entretenimento, consumo e sociabilidade LGBTs na microrregião de Araraquara, suas particularidades, diferenciações e aproximações com maiores centros de circulação e aglomeração LGBT. Palavras-chave: Gênero, LGBT, sociabilidade, espaços e bens como consumo.

243Licenciado e bacharelando em Ciências Sociais pela UNESP/FCLAr. [email protected]

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IDENTIDADE, CORPO E IGREJA: UMA ANÁLISE DOCUMENTAL E EXPERIÊNCIAS DE VIDA DE GAYS CATÓLICOS EM MOSSORÓ-RN

Francisco de Assis da Costa Filho244

Resumo: Este artigo consiste em analisar a posição do espaço Católico sobre o tema, por meio de documentos oficiais, entendendo como esta posição influencia na formação da identidade do cristão católico, engajado ou não em movimento de três paróquias da cidade de Mossoró –RN. A partir dos documentos oficiais da Igreja Católica levantamos problemáticas a respeito dos conceitos sobre gênero, identidade, homoafetividade e religião de modo a compreender os discursos presentes nesses textos orientadores de uma moral religiosa que deve ser praticado pelos leigos cristãos. Essas discussões foram sendo acompanhadas por estudos e teorias sociológicas a respeito da temática “Gênero”. Em seguida apresentamos as falas dos leigos de modo a registrar como estes percebem os discursos da Igreja Católica sobre sua conduta cristã sendo homoafetivo. Como fundamentação teórica estabeleceu-se diálogos com alguns documentos elaborados pela Igreja, que também foram analisados à luz de autores como: Araujo (2014), Bimbi (2013), Lima (2008), Valle (2014), Picazio (1998) dentre outros. Tais análises permitiram que tivéssemos uma visão mais aprofundada do tema da homoafetividade, religião e religioso e seu construto social e subjetividade. Consideramos que os agentes de pastorais entrevistados revelam que as reflexões contribuíram para desconstruir preconceitos e visões limitadas a respeito do tema.

Palavras-Chave: Religião; Homoafetividade; Preconceito.

244 Profº de História e Sociologia em Fortaleza/Ce. SEDUC/CE. Mestre em Ciências Sociais e Humanas/UERN. [email protected]

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A FORMAÇÃO DE PÚBLICOS DE JURISTAS EVANGÉLICOS NA ARENA DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL

Cleto Junior Pinto de Abreu

Resumo: A Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) surgiu em 2012, após a mobilização de líderes e parlamentares cristãos contra a aprovação do então PL 122/2006, que criminalizava a homofobia no Brasil. A entidade tem parcerias com associações nacionais e internacionais engajadas na promoção do ativismo público cristão em torno de temas morais e mobiliza corpo significativo de juristas evangélicos nos estados. Confrontando estratégias dos movimentos feministas e LGBTs, a associação vem trabalhando na construção da legitimidade da ideia de objeção de consciência, princípio jurídico pelo qual uma pessoa pode negar-se legitimamente ao exercício de uma ação que por lei é obrigada a realizar, nas ocasiões em que esta entra em conflito com suas convicções morais e religiosas. Esse princípio está atualmente formalizado em lei estadual (Lei nº 6998/2015, da ALERJ) e aparece no PL 6335/2009, do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), que tramita no Congresso Nacional. Podem fazer uso desse dispositivo profissionais de saúde que, por convicções religiosas, queiram se recusar a realizar procedimentos abortivos em mulheres que tenham conquistado esse direito na justiça ou funcionários de cartórios que, devido às suas crenças, se recusem a realizar casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo. A defesa da objeção de consciência é parte das atividades que os membros da ANAJURE realizam em torno da ideia de liberdade civil e religiosa e constitui uma das bases a partir das quais buscam atuar legitimamente na agenda dos direitos humanos. O texto descreve e analisa o processo pelo qual públicos evangélicos se constituem como parte integrante do debate em torno da promoção de direitos no Brasil. Além da análise de fontes documentais, falas públicas encontradas em diferentes mídias e mensagens veiculadas no Twitter e Facebook, a investigação inclui também observação de campo de eventos organizados pela associação. A hipótese é de que no contexto do secularismo brasileiro, o dispositivo da objeção de consciência é uma solução encontrada por esses públicos religiosos para o problema da negociação das diferenças. Esse dispositivo caracteriza uma forma particular e conflituosa de acomodação desses atores à gramática pluralista e de respeito à diferença normatizada pela Constituição de 1988, sem que, para tanto, sejam negados os princípios constitucionais de acesso e implementação de direitos pelo Estado. Palavras-chave: Evangélicos. Direitos humanos e sociais. Poder judiciário. Objeção de consciência. Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE)

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O CONCEITO DE PATRIARCADO EM HELEIETH SAFFIOTI

Viviane Modda Oliveira245 Resumo: O livro A mulher na sociedade de classes: mito e realidade de Heleieth Saffioti (1969) é considerado um marco nos estudos de mulher no Brasil, sendo pioneiro e inaugurante de todo um campo de estudos na área da sociologia brasileira. Os desdobramentos teóricos que envolvem a referida tese de livre-docência da autora são vastos, bem como seu uso na teoria feminista, sendo tido como referência. Discute-se, neste trabalho, a contribuição de Heleieth Saffioti para a teoria feminista brasileira, principalmente com o conceito de patriarcado, posto aqui como embrionário em A mulher na sociedade de classes, ainda com o uso do conceito de patriarcalismo, para o principal salto teórico da autora: a ideia de patriarcado-racismo-capitalismo, conhecida como “nó”, publicada no livro O poder do macho (1988). Aborda-se a metodologia envolvida na construção de tal conceito, tanto em A mulher na sociedade de classes: mito e realidade como em O poder do macho; a construção do fio condutor de pensamento, analisada pelo método de cotejo; e traz uma breve apresentação sobre os diferentes usos do conceito de patriarcado na teoria feminista contemporâneas ao trabalho de Saffioti, bem como se utiliza hoje, tanto do ponto de vista metodológico como do ponto de vista político, por diversas perspectivas teóricas. A metodologia utilizada para este trabalho é de caráter, principalmente, bibliográfico. Este trabalho é parte integrante da dissertação de mestrado “Revisitando Heleieth Saffioti: o conceito de patriarcado”. Palavras Chave: Teoria feminista; Heleieth Saffioti; patriarcado; estudos feministas; patriarcado-racismo-capitalismo

245 Mestra em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected]

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“EXPERIÊNCIAS ÚNICAS DE PESSOAS SINGULARES”: ESTILO E INDIVIDUALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA APARÊNCIA PELOS DISCURSOS DA

REVISTA VOGUE BRASIL

Beatriz Sumaya Malavasi Haddad246

Resumo: Partindo do pressuposto de que há uma forte relação entre o discurso de individualização e a difusão do termo “estilo” – relacionado a construção da aparência, que envolve o “vestir-se” – este texto buscou analisar os discursos de uma importante revista de moda, de grande circulação: a Vogue Brasil. A partir de uma análise temática das edições de aniversário – de 1970 a 2010 – identificamos uma tendência a individualizar a ação do vestir, que encontra na palavra “estilo” um caminho para disseminar valores subjetivos associados a dinâmica contemporânea sustentada pela efemeridade, fluidez e liquidez das relações (Bauman, 2001). “Experiências únicas de pessoas singulares” (Vogue, maio/03) é uma matéria da Vogue que marca o início da nossa reflexão, presumindo uma noção de indivíduo que só pode ser compreendida no cerne da história, que buscamos examinar neste texto. O presente trabalho é parte da pesquisa, em andamento, de doutorado intitulada “Da produção do discurso aos usos sociais: os discursos sobre moda e estilo na revista Vogue Brasil”, que tem como objetivo contribuir para a compreensão acerca das relações entre a preocupação crescente com a construção da aparência - que marca a experiência social contemporânea – e as transformações sociais, políticas e culturais que veem se processando, as quais constituem um tipo de racionalidade que valoriza o cálculo individual e a otimização dos “lucros” advindos da performance social. Palavras-chave: Estilo. Individualização. Moda. Identidade.

246 Doutoranda pelo Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara - UNESP. Agência financiadora da pesquisa: CNPq. E-mail: [email protected]

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PERCEPÇÕES SOBRE CULTURA E POLÍTICA ENTRE JOVENS ARTISTAS E PRODUTORES CULTURAIS DA PERIFERIA

Marcello Sena 247

Resumo: O objetivo deste trabalho é compreender e explicar as percepções de jovens artistas e produtores culturais que atuam num bairro periférico da Cidade do Rio de Janeiro a respeito das políticas culturais. O problema que originou esta pesquisa foi verificar quais são os enfrentamentos que estes jovens empreendem para disporem e utilizarem áreas para ensaios e apresentações de suas práticas artísticas e literárias. O método empregado foi o do caso estendido desenvolvido por Michael Burawoy Aplicando-se à etnografia ciência reflexiva foi feito o acompanhamento de um grupo de dança que articulava os demais grupos e artistas da região em atividades culturais e políticas. Os dados obtidos permitiram verificar que a utilização dos espaços para o desenvolvimento das práticas artísticas é, de modo geral, percebido como ilegal, mas considerado legítimo devido à anuência do Estado que patrocina ou chancela estas atividades. Invasões em áreas públicas e privadas e intervenções clandestinas são recorrentes entre os indivíduos e grupos que compõem esta amostra, no entanto, diversos grupos conquistaram prêmios e fomentos promovidos pelos diferentes níveis do Estado. Concluiu-se que estas práticas decorrem de mudanças no pacto federativo de políticas culturais que engendram o que Bookchin chamou de dualidade de poder, ou seja, apesar da manutenção da heteronomia do Estado, existem recursos estatais que podem ser eventualmente apropriados pela sociedade civil sem descaracterizar a autonomia, tal como Castoriadis a define, presente nas práticas de jovens aristas e produtores culturais de periferia. Palavras-chave: Políticas Culturais. Dualidade de Poder. Autonomia. Periferia

247 Doutoranado do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UENF. Bolsista UENF/FAPRJ. [email protected]

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XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais 17 a 19 de Setembro de 2019

Faculdade de Ciências e Letras, Campus Araraquara.

ISBN online: 978-85-8359-075-0

Entre textos e imagens: considerações sobre a relação entre antropologia e fotografia.

Isis Caroline Nagami248

Resumo: Este artigo se propõe a percorrer alguns debates sobre como as fotografias foram olhadas e utilizadas no fazer antropológico de Malinowski (1922, 1929, 1935) e em Balinese Character (1942), de Bateson e Mead. A criação da fotografia e o nascimento da antropologia como disciplina acadêmica tiveram início em um mesmo período histórico. O uso desta nova possibilidade de capturar o mundo, e representá-lo, trouxe um aliado importante ao trabalho etnográfico. Por ser percebida como uma gravação tangível da realidada, a imagem foi utilizada como comprovação material de um “estar lá”. Nesse período fazia-se a analogia entre a câmara escura e o globo ocular, pensando a funcionalidade da câmara como cópia do olhar, e, portanto, do real. Isto seria a garantia e evidência que justificariam a objetividade e realidade da imagem capturada pelo artifício tecnológico da época. Nas fotografias de Malinowski, observamos que, ao mesmo tempo em que o pesquisador fotógrafo afirma a sua presença em campo, por outro, tenta ausentar-se para dar mais neutralidade na seleção dos fragmentos de realidade que deseja registrar. Nas fotografias de Balinese Character, as escolhas por apresentar as imagens em conjuntos estruturais e sequenciais, como uma relação entre imagens, nos traz a percepção das associações que são estabelecidas para conhecer o que é o ethos balinês. Ao colocar em relação estes dois modos de olhar as imagens, consideramos as mudanças pelas quais tanto a fotografia, quanto a antropologia tem atravessado. Pensar sobre o “entre” nas imagens, considerando este espaço como uma relação por diferenças e/ou continuidades, nos permite perceber que ao serem relacionadas, as imagens trazem para o campo do visível os conflitos sobre os modos de pensar, relacionar e escrever. Palavras-chave: fotografia; etnografia; olhar;

248 Doutoranda em Ciências Sociais, UNESP/FCLAr. Agência de fomento, CAPES. E-mail: [email protected].

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TRANSFORMAÇÕES DE PAISAGEM NO BAIXO AUGUSTA: ABORDAGENS CONCEITUAIS

Beatriz Salgado Cardoso de Oliveira249

Resumo: A Augusta é, sem dúvida, umas das regiões mais conhecidas da capital paulistana. Inaugurada no século XIX, sofreu muitas transformações em seus usos, espaços e paisagens ao longo de sua história e, hoje, é conhecida, especialmente, por comportar o “Baixo Augusta”, região importante do circuito de lazer jovem de São Paulo. A partir da década de 2000, um processo de boom imobiliário fez subir grandes empreendimentos comerciais e residenciais, que rasgaram verticalmente as paisagens desta região. Diante deste cenário, esta comunicação objetiva apresentar a problemática teórica do desenvolvimento de minha pesquisa de doutorado sobre as transformações paisagísticas da região do Baixo Augusta. Dentro da área de estudos da Antropologia Urbana, apresento o conceito “paisagem” em uma pluralidade de sentidos: como dispositivo epistemológico; forma simbólica; e realidade da produção e reprodução do espaço. Palavras-chave: Paisagem. Baixo Augusta. Antropologia Urbana.

249 Doutoranda em Ciências Sociais (UNESP), Bolsista CAPES. [email protected]

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Arquivos, biografias e trajetórias: pensando a sociedade através do olhar de imigrantes fotógrafos

Rafael F. A. Bezzon250

Resumo: Essa comunicação tem por objetivo refletir sobre a pesquisa de doutorado que venho realizando junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual Paulista – UNESP, que se propõe a realizar através de uma etnografia com os arquivos – seus espaços, sentidos e experiências -, as pessoas envolvidas em sua produção, organização e as imagens produzidas pelos fotógrafos japoneses: Haruo Ohara, Hidetaka Hasegawa, Kenji Ueta e Tony Miyasaka. Partindo da perspectiva teórica e metodológica orientada pela chamada “virada fenomenológica” no estudo das ciências sociais com imagens, em que se valoriza a experiência vivida junto às fotos e seus arquivos, associado à qualidade das fotografias em serem uma forma de se falar e refletir sobre a sociedade, procuro compreender através da produção desses fotógrafos e seus arquivos aspectos culturais, econômicos, políticos e sociais envolvendo os anos de 1950 e 1960. Assim, proponho pensar a produção dos fotógrafos por meio de suas trajetórias, de suas formas expressivas e ainda aspectos temáticos registrados por suas lentes e sua relação com as transformações vividas pela sociedade brasileira. Palavras-chave: Arquivos; Antropologia e Imagem; Imigração; Trajetórias.

250 Doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Bolsista CAPES. Universidade Estadual Paulista – UNESP. [email protected]

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A construção sensível da autoridade no Projeto Bastos: um exercício etnográfico no Centro de Treinamento Uichiro Umakakeba

Aaron França Teófilo251

Carlos Tadeu Siepierski252 Resumo: A dicotomia corpo e mente é uma dentre as antinomias centrais da épistémè moderna. Tal dicotomia tem como sua noção fundadora a primazia do intelecto em detrimento do corpo na produção do conhecimento que se pretende científico, pois sobre o corpóreo, e os sentidos, incide não só uma profunda suspeição, mas, sobretudo, um processo de deslegitimação nos empreendimentos de apreensão dos fenômenos cientificamente abordados. Esse postulado epistemológico se torna uma questão a ser repensada quando buscamos compreender, antropologicamente, a legitimação da autoridade do senseis (“professores”) no ensino, intensamente corporal, do estilo de luta de origem japonesa, chamado Judô. Nos anos 1990 emerge no âmbito da Educação Básica brasileira, a sensação e a alegação de uma crise da autoridade docente. Desde então, o tema da autoridade nas relações educacionais suscita debates no campo das pesquisas em Educação conduzidas no Brasil. A partir de um estudo etnográfico buscamos interpretar o fenômeno inverso ao amiúde encontrado nas escolas do país: a legitimação da relação de autoridade entre senseis (“professores”) e jovens aprendizes, no cotidiano do Projeto Bastos, cujo objetivo é o desenvolvimento de um alto desempenho esportivo. No presente trabalho propomos então suscitar uma reflexão sobre o corpo na produção do conhecimento antropológico, por meio de um relato etnográfico acerca da relação de autoridade entre senseis e aprendizes engajados na prática educativa do Judô, no Centro de Treinamento Uichiro Umakakeba, na cidade de Bastos, Estado de São Paulo. Em conclusão, apontamos que o ensino e a aprendizagem do Judô sob o signo da competitividade, no locus do trabalho de campo etnográfico, é um mecanismo cultural educativo da sensibilidade corpórea dos jovens aprendizes. E destacamos que a relação de “autoridade” abordada é um vínculo entretecido no reconhecimento, pelos sentidos dos jovens aprendizes, de certas características expressas pelos senseis, consideradas cruciais para o alcance de um alto rendimento competitivo. Palavras-chave: Autoridade. Judô. Corpo. Educação não escolar. Etnografia.

251 Graduado em Ciências Sociais e Mestrando em Educação, ambos pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG). E-mail: [email protected] 252 Graduado em Ciências Sociais e Doutorado direto em Antropologia Social, ambos pela Universidade de São Paulo (USP). Professor de Antropologia da Unifal-MG. E-mail: [email protected]

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OS CAMINHOS DA ANTROPOLOGIA ANTE AS MUDANÇAS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Rodrigo Dantas de Medeiros253

Resumo: O presente artigo traz uma discussão sobre o papel da Antropologia frente às relevantes mudanças que afetaram o mundo contemporâneo, com a expansão da influência da civilização ocidental, chegando aos rincões mais distantes do mundo. O crescimento de impérios coloniais como a França e a Inglaterra que se espalharam pelo planeta, provocaram o recrutamento de antropólogos, para que desenvolvessem estudos sobre suas colônias que estavam sendo estabelecidas, alimentando os interesses de seus senhores. Porém, o advento do mundo pós-colonial, provocou a ascensão de outra potência Ocidental, os Estados Unidos da América, que liderou o ocidente durante boa parte do século XX, até o declínio de sua influência pelo mundo. A característica hodierna é o estabelecimento da diversidade cultural, bem como a incorporação deste conceito na sociedade presente, fazendo com que as mutações trazidas, provoquem desafios na elaboração de pesquisas e investigações, obrigando o antropólogo a se desfazer de certos objetos antropológicos do passado, e procurar se adaptar, formulando e desenvolvendo instrumentos teóricos, na busca pela ideia de Homem e de Cultura no século XXI. De fato, com a crise estabelecida pelo desenvolvimento econômico e pelo fim da esperança que o progressismo poderia trazer à humanidade, bem como a ruptura entre os interesses da classe política e da sociedade, a Antropologia deve se adequar, para ter algo a dizer diante de tão complexas mudanças, pensando o poder e os conflitos nessas sociedades, bem como o contexto social, econômico e político em que estão inseridas, não ficando limitada a uma análise microscópica. Daí a necessidade de uma íntima relação e diálogo com outras ciências, que já possuem extensos trabalhos em certas áreas, que poderão muito contribuir na aplicação e desenvolvimento das pesquisas antropológicas, bem como a incorporação de métodos de pesquisa que fazem jus ao dinamismo do mundo contemporâneo.

Palavras-chave: Antropologia. Ciências Sociais. Método. Contemporaneidade.

253 Mestrando em Ciências Sociais. Agência financiadora da pesquisa: CAPES. Universidade Estadual Paulista/Unesp – Fclar. Araraquara/SP. E-mail: [email protected].

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WAMAN PUMA DE AYALA: PARA UMA GENEALOGÍA DA DECOLONIZAÇÃO DA IMAGEM

Dalia Mercedes Espino Vegas

Resumo: A seguinte investigação apresenta uma narrativa de três capítulos, que em primeiro lugar discute os dados bibliográficos do cronista e artista Waman Puma de Ayala, assim como a história do manuscrito “Nueva corónica y buen gobierno”, que aborda suas principais temáticas e aventuras desde o seu descobrimento em 1908 até sua publicação. Em segunda seção encontraremos uma reflexão sobre como o autor constrói o seu discurso, a partir do diálogo entre oralidade-texto-imagem; revisando cada conceito respectivamente, porém, enfatizando a relação texto-imagem na obra. A partir daqui, empreenderemos a visualidade dos traços de Waman Puma desde a metodologia da lateralidade; dando conta que a questão propriamente indígena se expressa na estrutura e no pensamento do cronista, mediante a distribuição e ordem de todas as partes, especificamente, no direito e esquerdo correspondente as conotações que estas pressupõem para a cosmovisão andina. Desde essa perspectiva analisamos, o encontro de Cajamarca em 1532. Finalmente, fazemos uma revisão do término decolonial desde a ótica da arte e da sociologia da imagem, encarando na metodologia da lateralidade que Waman Puma utiliza em sua proposta visual singular; situando ao artista em início de uma genealogia visual decolonial do Peru. Palavras-chave: Mediação Cultural. Decolonização da imagem. Nueva corónica y buen gobierno. Waman Puma de Ayala.

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A CONSTRUÇÃO DE UM CAMPO: TRAJETÓRIAS SOCIAIS EM ANÁLISE

Alexandre Aparecido dos Santos254 Resumo: Este trabalho apresenta parte de uma análise, sobre as relações entre os campos da mídia e o da política, que vem sendo construída a partir de um olhar antropológico sobre as práticas discursivas de agentes que, enquanto eleitores e consumidores dos bens simbólicos produzidos pelos dispositivos do campo midiático nacional, conferem materialidade as relações entre estes campos. O objetivo central aqui é estabelecer uma reflexão sobre as possíveis agências, que podem ser expressas por estes discursos sobre a política, em um movimento que visa entender se as práticas políticas de eleitores profanos, aqueles que não dominam as regras de funcionamento do campo político nacional, escapariam ou não às agendas políticas apresentadas pelos dispositivos do campo midiático. A presente investigação se justifica pelo grande número de trabalhos que, ao refletirem sobre as relações contemporâneas entre mídia e política, encaram de maneira uniforme os possíveis efeitos dos discursos midiáticos sobre seus consumidores, deixando assim de olhar para o ponto aqui proposto: a produção de sentido expressa pelo discurso político do eleitor. Por hora, apresentamos o momento inicial deste estudo que vem sendo desenvolvido junto ao eleitorado do município de Américo Brasiliense, cidade localizada entre três importantes centros econômicos e políticos do interior paulista: Araraquara, São Carlos e Ribeirão Preto. Palavras-chave: Trajetória. Discurso. Política. Mídia. Eleitores.

254 O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNESP/Araraquara. Contato: [email protected]

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AUTO-DIDATISMO, LINKEDIN E O DISCURSO MOTIVACIONAL DO "FAÇA-VOCÊ-MESMO": O TRABALHADOR DE TI COMO MERCADORIA

Angelina Michelle de Lucena Moreno255

Resumo: O artigo aqui apresentado trata-se dos resultados parciais de uma pesquisa de doutorado em andamento, e que tem por finalidade analisar criticamente o impacto das Novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs) e a produção do trabalho imaterial no setor de Tecnologia da Informação (TI). Esta pesquisa está ancorada em uma incursão empírica com os trabalhadores desse setor na cidade de São Paulo e que estão vinculados contratualmente ou mesmo já tiveram experiências com start-ups, pequenas e médias empresas, ou home office. A partir dessa perspectiva, analisamos de que forma esses trabalhadores sistematizam suas rotinas diárias, com a reprodução, ou não, dos valores empreendedoristas e da expressão de práticas de comprometimento motivacional, com a realização do trabalho para além do local no qual a empresa está instalada. A partir das condições propiciadas pela cidade de São Paulo, considerada por conter um dos maiores contingentes de trabalhadores de TI do território brasileiro, analisaremos também de que modo se configurou as relações e conflitos destes trabalhadores frente a consolidação de um grande volume de contratações irregulares e informais, e uma perda relativa da atuação e influência exercida pelos sindicatos. Pautada nas discussões recentes realizadas pela sociologia contemporânea e do trabalho, observaremos também se existem formas de organização, resistências e mobilizações trabalhistas relacionadas a atuação desses trabalhadores, e quais suas principais formas de ação. Nesse sentido, compreendemos que com a rápida expansão desse setor na última década, que concentrou grandes transformações econômico-produtivas nas principais capitais do estado brasileiro, uma das principais consequências foi a rápida adesão desses trabalhadores as redes sociais direcionadas a formação de currículo profissional, exemplificadas pelo fenômeno da plataforma LinkedIn. Dessa forma, visualizamos a vinculação gradativa de valores pessoais com as relações de trabalho, trazendo empecilhos para a capacidade organizativa e a percepção de pertencimento coletivo desses trabalhadores.

Palavras-chave: Tecnologia da informação. Trabalho imaterial. Condições de trabalho. Empreendedorismo. Relações de classes.

255 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP-FCLAr). Pesquisa financiada pela agência de fomento à pesquisa CNPq, número de processo - 141569/2017-4 (modalidade GM/GD). E-mail para contato: [email protected]

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UMA ANÁLISE SOBRE SITES E REDES SOCIAIS DE UMA AGÊNCIA DE EMPREGADAS DOMÉSTICAS EM BELO HORIZONTE

Júlia Vargas256

Resumo: A internet pode ser considerada um espaço não desligado do mundo “offline” e é também por meio dela que se busca uma série de serviços, inclusive de trabalho doméstico. Além dos anúncios individuais, destacam-se também sites de agências de trabalho doméstico. Essas agências, em geral, possuem sedes físicas e, no caso, prestam serviço para Belo Horizonte e região metropolitana. Numa rápida pesquisa online, é possível identificar dezenas de agências em Belo Horizonte, sendo grande parte delas localizadas nas regiões Sul e Centro-Sul da cidade, áreas de classe média alta e alta. Considerando que o trabalho doméstico, essencialmente, corresponde a atividades relacionadas à esfera do trabalho reprodutivo, definido por Colen (1995) como o trabalho “físico, mental e emocional necessário para a geração, criação e socialização de crianças, assim como a manutenção de casas e pessoas (da infância até a velhice)” (COLEN, 1995, p. 78 apud BRITES, 2007, p. 94), e que este trabalho é permeado por uma série de relações ambíguas de afetos e de desigualdades (BRITES, 2007; KOFES, 2001), não basta a capacitação técnica ou apenas um bom currículo para uma contratação bem sucedida. Justamente pela complexidade das relações envolvidas no trabalho doméstico, elementos como confiabilidade e discrição são acionados como desejáveis aos profissionais. É fundamentalmente nesse contexto que as agências se elegem como prestadoras de um serviço vantajoso e seguro, em que a garantia de profissionais confiáveis e capacitados, escolhidos de forma personalizada para cada demanda, é assegurada aos contratantes. Pesquisando um pouco mais, é possível notar que em todas as seções de todos os sites dessas empresas a quase totalidade das imagens apresentadas trazem pessoas brancas, tanto representando empregadores quanto empregadas. Num contexto em que grande parte das pessoas que ofertam esse tipo de serviço são pessoas não brancas, sobretudo mulheres negras e pobres (BRITES, 2007; KOFES 2001; ÁVILA, 2009; PEREIRA, 2011), identifiquei uma curiosidade no fato de que a maior parte das representações corresponderem a determinados ideais estéticos, principalmente associados à branquitude. Dessa forma, por meio de pesquisas em sites, canais no Youtube e outras redes sociais online, além de uma incursão bibliográfica sobre trabalho doméstico no Brasil, interseccionalidade, branquitude e antropologia e internet, busco analisar os materiais de uma das agências de Belo Horizonte que aparecem como mais relevantes nas buscas online. Este trabalho também se constitui como parte inicial da minha pesquisa de monografia, onde pretendo visitar algumas agências e realizar etnografia presencial futuramente. Palavras-chave: Trabalho doméstico. Interseccionalidade. Branquitude. Agências. Internet.

256 Graduanda em Antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected].

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REPRESENTAÇÃO NAS TELINHAS: A TRANSIÇÃO CAPILAR E A PUBLICIDADE DE COSMÉTICOS VEICULADA ATRAVÉS DE MÍDIAS DIGITAIS257

Karina de Camargo258

Resumo: Este trabalho tem como objetivo discutir as possibilidades de articulação teórico-metodológica entre as contribuições de estudos de mídias digitais e os Estudos Pós-Coloniais, em específico, na análise das práticas de representação que têm sido mobilizadas a partir e através de plataformas de comunicação mediada. Para este fim foi tomado como objeto de estudo as estratégias publicitárias da empresa Salon Line voltadas para a venda de produtos destinados ao cuidado de cabelos crespos e cacheados e que são veiculadas através de plataformas de redes sociais na internet. A pesquisa vem sendo realizada através de uma etnografia por meio das mídias digitais, de maneira combinada a técnicas de análise de conteúdo, entrevistas estruturadas e, em termos teóricos, pela mobilização de Estudos Pós-Coloniais e os estudos sobre usos de mídias digitais. A partir da experiência de pesquisa acumulada nesta temática, na graduação e pós-graduação, foi possível compreender que os estudos de mídias digitais, em especial aqueles que consideram os diferentes usos destas mídias enquanto inseridos em um contexto social mais amplo e que identificam que há possibilidades criativas em tais usos, possibilitam aproximações com o estudo das representações propostas por Stuart Hall (2016), visando analisar seus conteúdos e sua produção. Tais articulações têm possibilitado construir um olhar revisitado sobre a dinâmica das representações sociais, tensionado formas de compreender as clivagens entre raça, gênero, classe e sexualidade junto das problemáticas contemporâneas postas pelos impactos técnicos, políticos e subjetivos das mídias digitais. Palavras-chave: Práticas de Representação. Mídias digitais. Metodologias de pesquisa. Transição Capilar.

257 Esta apresentação articula resultados de uma pesquisa de iniciação científica desenvolvida com apoio da FAPESP, processo nº2017/09477-5, com os resultados iniciais da pesquisa que tem sido desenvolvida no Mestrado, com apoio PROEX-CAPES, ambas sob orientação da Profa. Dra. Priscila Martins Medeiros, professora adjunta da Universidade Federal de São Carlos. 258 Universidade Federal de São Carlos, bacharela em Ciências Sociais e mestranda no Programa de Pós-Graduação da UFSCar, PROEX-CAPES, [email protected].

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“OI BENINAS, TURO BOM?” – UMA ANÁLISE DAS VLOGUEIRAS MAIS FAMOSAS DO BRASIL SOB UMA PERSPECTIVA FEMINISTA E

INTERSECCIONAL

Flora Villas Carvalho259 Júlia Vargas260

Resumo: O Youtube, plataforma online voltada para o compartilhamento de vídeos, conta com o acesso mensal de mais de 1,9 bilhões de usuários logados (YOUTUBE, 2019), sendo o segundo site mais acessado do mundo - 22,7 bilhões de acessos mensais (FORBES, 2019). O Youtube concentra uma grande diversidade de conteúdo e de criadores de conteúdo, o que não necessariamente implica uma distribuição igualitária de acessos e visibilidade entre youtubers e conteúdos quanto a gênero, sexualidade, raça, nacionalidade, regionalidade, classe, etc. Exemplo disso é o fato de que no Brasil há apenas um canal que não é protagonizado por homens dentre os dez com maior número de inscritos, sendo este um canal voltado para o público infantil (ver anexo). Além disso, dentre os 50 canais mais populares do Youtube no Brasil, somente nove são de protagonizados por mulheres. Partindo desse contexto e considerando que a internet é, cada vez mais, local de produções socio-culturais, afetivas, relacionais e laborais com papel essencial em nossa sociedade biotecnologicamente mediada e que o papel das e dos youtubers como influências midiáticas (mas não apenas) vêm crescendo cada vez mais desde 2012, pretendemos analisar aspectos como: a distribuição desigual de acessos, visualizações, inscritos, visibilidade, influência e dinheiro na profissão de acordo com os diferentes arranjos interseccionados das vlogueiras; a pauta da “representatividade” apontando não apenas sua relevância política, mas também as problemáticas que levanta; as práticas performativas de gênero destas mulheres e em que medida elas acionam, remetem e/ou transgridem as normas estabelecidas pela matriz heterossexual (BUTLER, 2003); a materialidade que perpassam essas experiências de vlogs, analisando tanto a materialidade de seus corpos quanto das redes sociotécnicas (LATOUR, 1994) e ciborgues (HARAWAY, 1985) em que se inserem. Para desenvolvimento desta pesquisa, realizamos uma busca e análise dos vídeos e outras publicações das vlogueiras/canais (assim como seus perfis em outras redes sociais), delimitados/selecionados a partir dos Trending Topics do Youtube elencados no site Social Blade. Ao todo analisamos 50 vídeos, 5 de cada youtuber, sendo eles os 3 vídeos com maior número de visualizações, o vídeo de destaque escolhidos por elas que se situa no início do canal e o vídeo elencado como mais recente de cada uma. Palavras-chave: Gênero; Sexualidade; Matriz heterossexual; Youtube; vlogueiras.

259 Graduanda em Antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected]. 260 Graduanda em Antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected].

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NÃO É SÓ ENTRETENIMENTO: UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA DOS USOS SOCIAIS DOS SERVIÇOS COMERCIAIS DE BUSCA DE PARCEIROS ONLINE

Felipe Padilha261

Resumo: Este trabalho analisa os usos sociais dos serviços comerciais de busca de parceiros online. O campo de pesquisa é construído a partir da rede de conexões que estabeleço com meus interlocutores: homens nascidos entre as décadas de 1975 e 2000, de classes populares, que vivem no interior paulista e que fazem uso de serviços comerciais de busca de parceiros para homens gays. A partir de uma abordagem etnográfica, combinada a fontes culturais, históricas e sociológicas, analiso as conexões entre os usos sociais dos serviços de busca de parceiros online e as formas de interação preexistentes à tecnologia. O objetivo é compreender as maneiras pelas quais essas tecnologias são modeladas aos contextos locais gerando oportunidades, mas também consequências com as quais os sujeitos precisam lidar. O trabalho busca esmiuçar as lógicas subjacentes ao modelo de negócios que orienta o desenvolvimento de plataformas de relacionamento online. Os usos situados em contextos empíricos mostram como os sujeitos mobilizam a tecnologia também para responder às contingências que os cercam. Considerando o caso da busca entre homens, sobretudo para os aqueles que vivem suas experiências sexuais com outros homens em segredo, as interfaces digitais podem ser lidas como um ambiente privado e seguro, mas que exige do sujeito uma postura de controle ativo sobre a situação social. A hipótese explorada é que os aplicativos geram um procedimento para as interações sociais e, ao fazê-lo legitimam as práticas que engendram. Palavras-chave: Usos sociais das mídias digitais. Aplicativos de busca de parceiros. Homossexualidades. Interior paulista. Etnografia.

261 Doutor em Sociologia. Pesquisa desenvolvida com bolsa de doutorado concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Pesquisador associado ao Núcleo de Estudos em Ambiente, Cultura e Tecnologia (NAMCULT) da UFSCar. E-mail:[email protected]

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MASCULINIDADES EMPREENDEDORAS NO TINDER: notas sobre uma pesquisa exploratória acerca da influência do consumo publicitário e pornográfico entre homens

gays que fazem uso de app de online dating no interior paulista

Vanderzinho Dias Horácio 262 Resumo: O seguinte trabalho se origina a partir de um estudo resultante de uma dissertação de mestrado em andamento que visou observar a performance de masculinidades de usuários entre 18 e 30 anos que fazem uso do aplicativo Tinder e estão em busca de outros parceiros homens na região de Araraquara e São Carlos. Neste processo, foram analisados mais de duzentos perfis no período de 2018-2019. Buscou-se compreender como aparece o consumo a partir da propaganda publicitária e da pornografia e, se possivelmente são dois elementos capazes de nortear uma lógica empreendedora dos homens usuários deste serviço, tornando este espaço um circuito de prestígio corporificado que segue majoritariamente princípios relativos a uma cultura hegemonicamente branca e heteronormativa. O trabalho foi possível a partir de observação não interativa (lurking) técnica citada por Adelman et ali (2015) tida como vantajosa para ser utilizada em mídias digitais, uma vez que coloca o pesquisador em contato com os sujeitos de pesquisa numa relação de espreita, evitando constrangimentos, ademais, estes espaços voltados a busca de outros parceiros muitas vezes são regidos pela ótica de discrição e sigilo, decorrente dos processos de regime de visibilidade que estão diretamente ligados ao fato de nossa sociedade viver sob a égide cultural do desejo heterossexual. O uso dessas mídias efetuado por homossexuais não só se pauta por motivação de mercado, como também se construiu historicamente enquanto uma saída para sanar a recusa e a reprovação social à manifestação do desejo homoafetivo, outro motivo é a questão da preservação de imagem e a busca por anonimato dos envolvidos, aspecto relevante e de uso estratégico em cidades do interior. Um conceito sociológico que pode ser bem alocado à pesquisa é a ideia de reconhecimento que surge recorrentemente em diferentes chaves. Do contato com o aplicativo tem sido feito levantamentos e análise de dados a partir da visualização dos conteúdos imagéticos presentes sob a luz de interpretação dos estudos de gênero, em especial a partir da teoria da performatividade de Judith Butler e de estudos prévios feitos no Brasil sobre o uso de dessas tecnologias de online dating. Palavras-chave: Masculinidades. Performatividade. Consumo. Online dating. Reconhecimento.

262Mestrando em Sociologia. Bolsista CAPES. Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos. E-mail: [email protected]

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XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais 17 a 19 de Setembro de 2019

Faculdade de Ciências e Letras, Campus Araraquara.

ISBN online: 978-85-8359-075-0

A construção da identidade e reterritorialização Tupi Guarani

Vladimir Bertapeli 263 Resumo: A presente comunicação versa sobre o processo de reterritorialização e identidade dos Tupi Guarani que habitam as terras indígenas na costa meridional atlântica do continente. Partindo de uma crítica à etnonímia compósita Tupi, Guarani e Tupi Guarani, o presente estudo trata de apontar os caminhos para uma reconstituição genealógica das relações entre parentelas e grupos locais Tupi, Guarani e Tupi Guarani em suas múltiplas articulações identitárias nuançadas no tempo e no espaço. Para isso, a reconstituição remonta ao final do século XIX, referenciada ao alcance da memória oral Tupi e Tupi Guarani, por um lado e, por outro, aos primeiros registros destes etnônimos nas fontes documentais disponíveis, e abrange o processo de retomada territorial que culmina na primeira década do século XXI. Tem como marcador temporal a memória oral dos Tupi e Tupi Guarani quanto ao processo de retomada e o momento em que surgem os primeiros registros documentais relacionados ao uso dos mencionados etnônimos. Para tanto, articula-se uma etnografia histórica, coligindo narrativas referentes ao passado dos habitantes mais idosos das atuais aldeias Tupi Guarani, os txeramôes e txedjrays, à pesquisa historiográfica, baseada na crítica de fontes primárias e secundárias dos acervos do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), do Arquivo Público do Estado de São Paulo e dos arquivos municipais e cartórios particulares das cidades litorâneas paulistas.

Palavras-chave: Tupi Guarani. Identidade. Reterritorialização.

263 Doutorando em Ciências sociais. Bolsista CAPES. PPCS-FCLAr-UNESP. [email protected]

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A CONVERSÃO DOS TAUREPÁNG À RELIGIÃO DO SÉTIMO DIA: UMA ANÁLISE

Caio Monticelli264 Resumo: O objetivo desse trabalho é analisar a conversão dos Taurepáng à Religião Adventista do Sétimo Dia. Trata-se de uma população Karib que no Brasil habita o norte do estado de Roraima, sobretudo a parte setentrional da Terra Indígena São Marcos, próximos da serra de Pacaraima, uma região de floresta ombrófila densa que faz fronteira com a Venezuela. Foi em lado venezuelano que, no início do século XX, os Taurepáng que residiam em aldeias na base do monte Roraima tiveram seus primeiros contatos com os missionários adventistas, bem como com o tipo de conhecimento que anunciavam. Desde então, após convertidos e batizados na “verdadeira mensagem de Deus”, seguem elaborando uma forma bastante local de cristianismo, com destaque para a dinâmica interna de suas aldeias ser cadenciada por cultos semanais proferidos em seu próprio idioma. A argumentação que se propõe é chamar a atenção para as possíveis conexões parciais entre as restrições alimentares colocadas pelo adventismo e a vivência dos Taurepáng em um mundo marcado pela predação interespecífica. Práticas religiosas que de alguma forma não envolvem o consumo de determinados animais teriam influenciado seu interesse pelo conhecimento trazido pelos missionários, afinal muitos dos animais proibidos são entendidos como “filhos” de seres responsáveis por roubar-lhes a alma. Mas mais do que isso, o aprendizado das novas palavras presentes no livro que contém as palavras do Criador teria sido igualmente decisivo para sua conversão em massa. Nessa chave, a atuação dos ekamanin (pregadores) é imprescindível. São especialistas responsáveis em capturar o conhecimento contido na bíblia e transmiti-lo, de maneira elaborada na forma de sermões, aos demais moradores, sempre enfatizando o lugar no céu preparado por Jeshikrai (Jesus Cristo). Um lugar onde não haverá nem fome nem mortes, um lugar de glória e de luz que é exatamente o oposto dessa terra estragada pelo pecado, onde Makoi (Diabo) e seus “anjos caídos” são os principais responsáveis por desvirtuar os Taurepáng do verdadeiro caminho da salvação eterna. Palavras-chave: Etnologia Indígena. Roraima. Taurepáng. Conversão. Perspectivismo.

264 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. E-mail: [email protected]

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(REEN) CANTANDO O MUNDO

Fabio do Espírito Santo Martins265 Resumo: É inegável e inconteste que o atual governo federal não apenas posicionou-se como antagonista aos povos indígenas, assim como também, os elegeu publicamente enquanto alvo preferencial do seu autoritarismo e desmandos que caracterizam o processo em curso de precarização dos direitos constitucionais destas populações. Direitos estes, conquistados legitimamente, e assegurados de maneira específica, pelo Art. 231 e Art. 232 da Constituição Federal de 1988. Deste modo, tal contexto é bastante visível e evidente, por exemplo, tanto nas declarações do presidente da república, de que em todo o seu governo sequer um centímetro de terra será demarcado como território indígena, como também, em trâmites jurídicos impulsionados pelo Estado, podendo aqui, serem citados: a “Tese do Marco Temporal”, precedente que vem de maneira sistemática, sendo aplicado pelo Poder Judiciário em suas decisões naquilo que se refere aos conflitos fundiários que envolvam povos indígenas; além da Medida Provisória nº886/19, editada pelo Poder Executivo, e que, determina que as atribuições legais quanto à demarcação das Terras Indígenas sejam transferidas da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) para o Ministério da Agricultura, e, portanto, submetidas aos interesses do agronegócio, que, por sua vez, se encontram representados por esta instância do governo federal. Assim, diante desta situação histórica, politicamente bastante assimétrica para os povos indígenas, naquilo que se refere às suas relações com o Estado, este trabalho utilizará uma perspectiva diversa para tratar de tais relações, ou seja, nestas análises, irá ser privilegiada a agência indígena, o seu protagonismo nos processos de recriações culturais derivadas das experiências de contato. Portanto, de maneira específica, e, considerando a etnohistória que circunscreve as populações indígenas do nordeste do país, propõe-se aqui, a partir do registro etnográfico do ritual do Toré, realizado pelos povos Pankararu, Kariri-Xocó e Pataxó, problematizar a condição de performance, e consequentemente, de narrativa política que passam a assumir. Tal problematização e posteriores análises, serão realizadas a partir da captação e contextualização política e histórica das Toantes, isto é, dos cantos apresentados por cada um daqueles povos nos referidos rituais do Toré. Palavras-chave: Povos Indígenas. Cantos. Protagonismo. Democracia.

265 Doutorando do PPGCS da UNESP/FCLAr. Bolsista CNPq. E mail: [email protected]

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Uma breve análise sobre o Mbaraka Mirim.

Isabelle Ceddia Gertrudes266

Resumo: Esta pesquisa em andamento buscará suscitar pontos acerca de como os Mbya Guarani compreendem a produção e uso do Mbaraka Miri (chocalho), instrumento percussivo que ocupa lugar expressivo nas narrativas mitológicas e sua utilização perdura até os dias atuais, seja na Opy (casa de reza), ou acompanhando os cantos dos corais das crianças. No entanto, nos deteremos ao uso ritual. Isto é, a esfera religiosa mostra-se essencial para um entendimento da cultura Mbya, e de sua coesão social, sendo o Mbaraka Miri uma de suas principais expressões. Ligando deste modo o mbaraka miri a um instrumento de percussão de categoria narrativa, isto é, recorrente na mitologia, simbolizando os saberes ancestrais e as forças espirituais, parece configurar-se como um mediador entre os seres humanos e os não-humanos ou divinos, podendo assim, o instrumento personificar forças como por exemplo, a de uma figura de herói cultural. Tendo em vista a riqueza desse elemento, este trabalho tentará contextualizar seu papel dentro do sistema cultural, observando como a forma de produzir e o próprio objeto se relacionam com diversas esferas da cosmologia e do modo de vida da população Mbya do tekoá Jaexaá Porã (Aldeia Boa Vista), localizado no município de Ubatuba (SP).

Palavras Chaves: Mbaraka Miri, Chocalho, Mbya Guarani, Boa Vista, Ubatuba.

266 Faculdade de Ciências e Letras – Unesp Araraquara. Graduação. E-mail: [email protected]

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“COSI EWÉ, COSI ORISÁ”: O uso das ervas e as práticas de cura nas religiões de matriz africana.

Geander Barbosa das Mercês¹

Marina Soares Straci²

Resumo: “Cosi ewé, cosi orisá” é uma expressão yorubana cujo significado é “sem folha, não há orisá”. Assim sendo, partimos dessa máxima para evidenciar a importância das plantas nos processos de cura dentro das religiões de matriz africana, tratando especificamente da realidade ritualística umbandista. Os orisás são divindades fundamentais nas religiões de matriz africana, nas quais cada deidade tem um conjunto de características e ervas ritualísticas específicas que são recomendadas aos fiéis em diversas situações que vão desde a limpeza energética à cura de enfermidades. As ervas carregam o “asé”, a força vital, elemento máximo das religiões de matriz africana. Cabe mencionar que o asé pode ser transportado via sangue, ervas, minérios (SANTOS, 2018). Isto posto, entendemos que a Umbanda contribui para a formação e difusão de conhecimentos das Ciências Biológicas (Medicina, Farmácia, Biologia, dentre outras). A Umbanda, religião urbana e tipicamente brasileira, é procurada por diferentes segmentos sociais que normalmente optam por um tratamento médico especializado a um tratamento espiritual. Desta forma, a Umbanda com o auxílio das ervas possibilita o indivíduo, em seu meio sociocultural, trazer para si explicações que vão ao encontro de suas convicções de existência, fator que contribui para a reorganização dos estados mentais psíquicos e físicos da pessoa que está sendo tratada. Esta comunicação tem como objetivo principal abordar as principais ervas que são receitadas em um dos mais de 170 terreiros de Umbanda da cidade de Araraquara-SP, o “Índio Pedra Preta”. O escolhemos por ser é um dos mais antigos e mais frequentados da região. Com isso, buscamos identificar e classificar as ervas e suas propriedades nos processos de cura vinculados ao saber religioso popular. Em linhas gerais, queremos evidenciar a importância da Umbanda os saberes vinculados as ervas. Palavras-chave: Umbanda. Medicina popular. Orisá. Ervas.

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Patrões e dívidas em São Gabriel da Cachoeira(AM): a experiência dos Yuhupdeh na cidade

Michel Paes Barbará267

Resumo: O objetivo do trabalho é desenvolver algumas reflexões a respeito da relação dos Yuhupdeh, povo indígena do Alto Rio Negro, com os “patrões” na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), com base em observações sistematizadas a partir da pesquisa de campo realizada no município. No período de férias escolares, entre dezembro e março, agrupamentos oriundos das comunidades indígenas do Alto Rio Negro, território habitado tradicionalmente pelos povos Tukano Oriental, Aruak e Maku, deslocam-se à cidade para resolverem uma série de questões, desde pendências burocráticas de professores, saque de benefícios sociais, expedição de documentos ou até mesmo acompanhar parentes, de modo que a presença de um grande contingente de pessoas é notável na cidade durante esse período, onde permanecem em barracões da prefeitura ou acampados nos arredores do porto Queiroz Galvão, local que ficou conhecido como “beiradão”. Os agrupamentos Yuhupdeh que se deslocam à cidade passam todo o período acampados em condições significativamente desfavoráveis, sendo comum a reincidência de doenças como malária e viroses durante todo o período. Ao mesmo tempo que a cidade oferece uma grande quantidade de mercadorias, encerra igualmente muitos perigos, seja por conta da violência de alguns patrões ou mesmo as tensões com outros grupos indígenas da região. Devido aos custos da viagem, os alimentos escassos e os prazos burocráticos que estendem consideravelmente o período na cidade, os Yuhupdeh acionam diferentes atores, como instituições públicas, comerciantes, antropólogos, pastores e demais conhecidos na cidade como forma de lidarem com os percalços das situações urbanas. O sistema de dívidas, ou “aviamento”, é um importante aspecto da sociologia do noroeste amazônico, cujo processo de colonização iniciou-se por volta dos séculos XVII-XVIII, atravessando a circulação de mercadorias na região e regendo as relações entre indígenas e não indígenas. Atualmente, os benefícios sociais, assistenciais e previdenciários, intensificaram a circulação de dinheiro entre os indígenas, proporcionando a aquisição de mercadorias diretamente na cidade. No entanto, o sistema de dívidas, enraizado na economia regional, foi conservado e atualizado por meio de novas práticas, como a retenção de documentos e cartões magnéticos, além da representação legal dos indígenas por meio de “procurações”, as quais permitem que os patrões realizem operações financeiras em nome dos fregueses. Desse modo, pretendo discutir as formas pelas quais os Yuhupdeh constroem e se engajam nas relações com os patrões na cidade, buscando delinear como certos artefatos, como mercadorias, dinheiro e documentos atravessam a relação com os comerciantes. Palavras-chave: Alto Rio Negro. Yuhupdeh. Patrões. Benefícios sociais. Dívidas

267 Mestrando do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). [email protected]

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Farsa, ofensa e fofocas: o caso da pomba-gira em casas de santo em Maceió/AL

Rangel Ferreira Fideles do Nascimento268

Resumo: Neste texto, acusações sobre a veracidade da incorporação de entidades em casas de santo é focalizada. Retomo cenas de acusação, tomando como fio condutor, a estética na incorporação de entidades femininas por parte de lideranças religiosas homossexuais masculinas. Neste sentido, meu argumento é que concepções de gênero são significativas de mudanças na estrutura de associação entre as casas de santo, o que aponta para novas formas de controle e tecnologia sobre os corpos levando em conta como os indivíduos constituem formas de sociação a partir de determinados elementos da vida cotidiana (ELIAS, 1994; SIMMEL, 1993a; 2006b; WEBER, 2006;). Saliento que os resultados aqui apresentados derivam de trabalho de campo conduzido de 2015 a 2018 em casas de santo de Maceió/AL. Foram produzidos registros etnográficos sobre festas religiosas, assim como outros eventos religiosos. Analiticamente, reconstruí as interações observadas em campo através de cenas etnográficas, grande parte inspirado em contribuições recentes que tem chamado atenção para as possibilidades desse recurso (WEBER, 2009) para a construção analítica. Levando em conta a literatura específica sobre o tema (LANDES, 2002; FRY, 1982; BIRMAN, 1995; RIOS, 2012), pretende-se como conclusão pontuar como concepções sobre gênero e sexualidade se articulam a desconfianças da veracidade da incorporação à medida que o gênero constituiria um dos polos através do qual disputas em relação a narrativas sobre sistematização ritual ganham forma.

Palavras-chave: Casas de santo, candomblé, pomba-gira, umbanda, disputa ritual

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268 Mestrando em Sociologia. Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos, PPGS/UFSCAR. Pesquisador vinculado ao Grupo de Pesquisas em Periferia, Afetos e Economia das Simbolizações – GRUPPAES.

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O Santo Daime em Portugal: Apontamentos Sobre uma Diáspora Religiosa no Contexto da Modernidade

Paulina Valamiel Lopes269

Resumo: O presente trabalho analisa o Santo Daime em Portugal, onde a ilegalidade do consumo do chá da ayahuasca no País e busca da Associação Daimista de Portugal pelo reconhecimento do Santo Daime enquanto uma instituição religiosa, constituem parte fundamental das condições nas quais o grupo se estabelece neste cenário. A pesquisa tem como objetivo, estudar, a partir do processo de consolidação do Santo Daime em Portugal os atravessamentos culturais inerentes a condição dessa diáspora, que envolvem elementos como a migração de brasileiros e europeus, a criação de um ideal amazônico proporcionado pela possibilidade de prática de uma religião sem mácula, bem como aspectos inerentes ao movimento New Age e a inserção do Santo Daime nos fluxos globais religiosos a partir da aderência de um novo arquétipo de adeptos dessa religião: o jovem de classe média. A observação participante nos rituais, o uso de entrevistas e utilização da técnica do relato de vida realizados na igreja Céu do Cruzeiro de Luz em Lisboa constituem os recursos metodológicos utilizados para o desenvolvimento da pesquisa e possibilitaram grande aproximação com o campo estudado. A pesquisa encontra-se em desenvolvimento desde seu início no segundo semestre de 2017. Até o momento, podemos visualizar que, embora haja fatores condicionantes desta diáspora, podemos visualizar que o grupo se encontra em uma zona de acinzentamento, ou seja, na liminaridade entre o ilegal e estreitos vislumbres de legalidade. Existem fortes tendências que apontam para a intenção da Associação Daimista de Portugal em dar continuidade aos rituais realizados pela igreja Céu do Cruzeiro de Luz. O grupo compreende que a luta pela legitimidade da religião daimista em Portugal é parte de uma causa mística, da religião do Santo Daime como um todo. Desse modo, embora o Santo Daime passe por processos semelhantes inerente à sua transnacionalização nos mais de quarenta países nos quais tem se consolidado, o campo em Portugal revela especificidades desta diáspora, onde os vínculos estabelecidos entre portugueses brasileiros desde a colonização do Brasil, apresentam suas contradições modernas. Palavras-chave: Santo Daime. Diáspora. Religião. Ayahuasca.

269 Mestranda. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. [email protected]

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A PERSPECTIVA INDÍGENA DO FAZER CIENTÍFICO: NOVOS SUJEITOS EPISTÊMICOS E SUAS REFLEXÕES TEÓRICO-METODOLOGICAS

Priscila da Silva Nascimento270

Resumo: Analisamos neste trabalho a trajetória de constituição de uma ciência nativa ou paradigma investigativo indígena proposto por intelectuais indígenas de países como África do Sul, Nova Zelândia, Austrália, Estados Unidos e Canadá a partir da década de 1970. Críticos das categorias teórico-metodológicas consolidadas pelo fazer científico moderno para pensar processos que envolvem os povos indígenas propõem a construção de uma epistemologia própria, que ora dialoga, ora opõe ou mesmo amplia a compreensão de ciência que temos, pluralizando as perspectivas de compreensão da realidade social. Assim, questionando o sujeito epistêmico moderno, a saber, branco, sem sexualidade, gênero ou etnia e seus fundamentos epistemológicos baseados na racionalidade, objetividade e universalidade advertem para a necessidade de se construir uma ciência onde questões relativas ao universo cosmológico não sejam ignoradas nos estudos sobre a realidade indígena. Neste sentido, acionam a noção de relacionalidade presente em distintas cosmovisões indígenas na qual a realidade é entendida como uma totalidade onde tudo o que vive se encontra unido. Depreende-se desta epistemologia relacional a importância de fatores como o contexto, as cosmovisões ancestrais, as relações interpessoais e com os seres não-humanos e o conhecimento como um procedimento coletivo. Neste sentido, contextualizamos algumas obras relevantes e seus autores para a consolidação de uma perspectiva indígena do fazer cientifico, bem como, debatemos como a critica pós-colonial, ao protagonizar reflexões conceituais que abriram possibilidades para novas formas de se pensar e fazer ciência contribuiu para o processo de descolonização do pensamento cientifico e visibilizou a emergência de novos sujeitos cognitivos, a exemplo dos intelectuais indígenas que estão construindo ciência a partir dos universos simbólicos de seus grupos de pertencimento. Palavras-chave: Epistemologia. Ciência. Indígena.

270 Mestra e Doutoranda em Ciências Sociais na Universidade Estadual Paulista (UNESP). E-mail: [email protected]

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MEDIUNIDADE NA UMBANDA E A NOÇÃO DE PESSOA

Carlos Tadeu Siepierski 271 Larissa Teodoro Sousa 272

Resumo: A Umbanda, considerada por seus praticantes e mesmo por muitos pesquisadores como uma religião autenticamente brasileira, tem no centro da sua prática a incorporação de entidades, chamadas de guias espirituais, que, ao se manifestarem, fazem a ligação entre o mundo material e o mundo espiritual por intermédio do corpo do fiel. No entanto, essas incorporações são bastante singulares em relação às demais religiões que lidam com a mediunidade. Na Umbanda, durante as incorporações, se presencia a completa transformação da pessoa por meio do transe, a ponto de suas feições e comportamentos se tornarem irreconhecíveis para os que convivem cotidianamente com ela. Diferente de religiões em que os espíritos são exorcizados, na Umbanda se aceita – e mesmo se busca - a presença deles nos corpos dos médiuns sob o argumento de que esses espíritos podem trazer benefícios aos vivos, através das operações sobrenaturais que podem realizar em favor deles. Tais espíritos são concebidos como antepassados, geralmente negros e indígenas, que por meio da incorporação nos médiuns, buscam completar seu processo evolutivo. A mediunidade na Umbanda, já tratada na ciência como um distúrbio psicológico ou psiquiátrico, nos traz, portanto, uma importante questão. Como é possível ao sujeito ser o que ele concebe como “ele mesmo” e, concomitantemente, manifestar em seu corpo diversos outros personagens que se distanciam da identidade que ele mobiliza em seu cotidiano? Para analisarmos esse fenômeno estamos utilizando a “noção de pessoa”, tal como proposto por Mauss. Tal noção, ou “conceito de sujeito” como chamado atualmente, passou por uma longa discussão na Antropologia. As discussões mais recentes apontam para sujeitos fragmentados e descentrados, que não possuem uma identidade permanente. Dentro deles há identidades contraditórias que os movem em diferentes direções e suas identificações são continuamente deslocadas, conforme as necessidades de significações que se colocam. Na pesquisa, que se encontra em andamento, buscamos, através de uma abordagem etnográfica nos terreiros e com médiuns umbandista na cidade de Alfenas, no sul de Minas Gerais, compreender como essa fragmentação da identidade se manifesta tendo a mediunidade como suporte, bem como suas implicações na concepção dos sujeitos sobre si mesmos ao utilizarem seus corpos como instrumento de mediação com o sagrado. Palavras-chave: Mediunidade. Umbanda. Noção de Pessoa.

271 Doutor em Antropologia Social. Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG). [email protected] 272 Bacharelanda em Ciências Sociais. Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG). [email protected]

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TRANÇANDO O COTIDIANO

Tainá Rabatini Fazanaro273 Resumo: Este projeto de pesquisa visa uma abordagem sobre o universo da produção da cultura material guarani Mbyá da Terra Indígena Boa Vista do Sertão do Promirim, localizada na cidade de Ubatuba. estado de São Paulo. Com o intuito de abordar o tema da agência da arte e artefato indígena. Procuramos observar a relação entre produção, uso e venda do artesanato guarani, no sentido de compreender como o mesmo passou da esfera do uso tradicional para o comercial. O trabalho visa contribuir com o campo da antropologia da arte indígena, neste caso, Guarani, no sentido de destacar além da valorização da arte em si, a valorização dos povos que as produzem, uma vez que não se pode pensar a cultura material indígena separa do contexto da aldeia onde a mesma foi produzida. Além de contribuir para o debate do processo de mercantilização de artefatos que antes eram de uso estritamente tradicional. Pretendemos, ainda, expandir a análise à esfera do gênero, uma vez que, usualmente, a produção e venda do artesanato são protagonizadas pelas mulheres guarani, desse modo, a ênfase recai sobre de que modo a produção do artesanato engendra redes de relações, nas quais estas mulheres são protagonistas dentro da aldeia entre as famílias guaranis, assim como, na cidade, onde acontecem as vendas e onde se tem contato com o outro. Buscamos ressaltar então a contribuição da mulher indígena para além da esfera doméstico, onde usualmente ela é colocada, transpondo-a e se inserindo na esfera pública estabelecendo com os ditos “outros” na comercialização dos artesanato tradicional.

Palavras-chave: Guarani Mbyá, etnologia, cultura material, gênero.

273 Estudante de mestrado em Antropologia Social pela UFSCar, com pesquisa financiada pela Capes. E-mail para contato: [email protected]

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Rotinas ou ritos? Uma análise da percepção e aprendizagem antropológica a partir de Mary Douglas

Gabriel Ferreira de Brito274

Resumo: O objetivo deste trabalho é comparar o conceito de ritos a partir de Mary Douglas com um conceito desenvolvido pelo autor deste trabalho durante sua pesquisa de mestrado sobre a produção de fatos científicos sobre o vírus Zika em um laboratório de Entomologia da Fiocruz, Instituto Aggeu Magalhães, no Recife-PE. Tal conceito vem sendo empregado em sua pesquisa de doutorado cujo objetivo é investigar quais foram as possíveis contribuições de antropólogos/as no combate à mesma epidemia de Zika. Como método, a observação participante foi escolhida a partir dados obtidos na pesquisa anterior e com os dados que foram coletados durante a observação participante das aulas de mestrado e doutorado em Antropologia do primeiro semestre letivo de 2019 na Universidade Federal de Pernambuco. O objeto de análise, portanto, é a própria percepção antropológica da realidade e a relação entre percepção e rotinas (ou ritos). Os dados da observação de rotinas de laboratório – área de Entomologia – serão utilizados como comparativos. Aqui, levar-se-á a teoria ator-rede como influência para abordar a agência não humana sobre a percepção durante as rotinas. A hipótese de trabalho é a de que se os ritos estruturam a experiência, expressando-a, como sugere Douglas e, ainda, se for possível extrair da autora uma aproximação com o conceito de rotinas, então as rotinas de aprendizagem antropológica serão consideradas como geradoras de efeitos sobre a percepção da realidade por parte dos antropólogos e antropólogas. Como resultado, espera-se demonstrar que o conceito de rotinas pode ser utilizado como o conceito de ritual. O que se possibilitará, finalmente, demonstrar a importância do trabalho de Douglas nos dias atuais. Palavras-chave: Aprendizagem-antropológica. Mary Douglas. Percepção. Rotinas. Ritos.

274 Mestre em Sociologia e Doutorando em Antropologia. Pesquisa financiada pela Capes. PPGA-UFPE. [email protected].

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