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Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Faculdade de Economia e Administração
Bruno Simonsen Allegro Scacciotti
A OPERAÇÃO LAVA JATO E SEUS EFEITOS NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DA COMPANHIA PETROBRAS S.A
São Paulo
2019
Bruno Simonsen Allegro Scacciotti
A operação Lava Jato e seus efeitos nas demonstrações contábeis da companhia Petrobras S.A.
Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Economia, do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientador: Prof. Camila Pereira Boscov
São Paulo 2019
Scacciotti, Bruno Simonsen Allegro
A operação Lava Jato e seus efeitos nas demonstrações contábeis da companhia Petrobras S.A
Bruno Simonsen Allegro Scacciotti. - São Paulo, 2019 57 f. Monografia: Faculdade de Economia e Administração. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, 2019
Orientador: Camila Pereira Boscov
1. Operação. 2. Lava Jato. 3. Demonstrações contábeis. 4. Resultados. 5. Companhia. 6. Petrobras. 6. Brasil. 7. Corrupção. 8. Lavagem de Dinheiro
Bruno Simonsen Allegro Scacciotti
A operação Lava Jato e seus efeitos nas demonstrações contábeis da
companhia Petrobras S.A
Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Economia, do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Orientador: Prof. Camila Pereira Boscov
Data de Aprovação: ___/___/___
Banca Examinadora
__________________________________________________________ Prof. Dra. Camila Pereira Boscov
Insper
_________________________________________________________ Prof. Dr. Antônio Bruno de Carvalho Morales
Insper
Resumo
Iniciada em março de 2014, pela justiça federal em Curitiba, a operação “Lava Jato” é
a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Ela
tinha por objetivo inicial investigar uma rede de postos de combustíveis e lava jato de
veículos para movimentar recursos ilícitos pertencentes a uma das organizações
criminosas inicialmente investigadas. A companhia Petrobras S.A, foi deflagrada
inicialmente na 2ª fase da operação, em 2014, quando a operação se desdobrou para
um imenso esquema de corrupção, descoberto pelo Ministério Público Federal,
envolvendo desvios de dinheiro do cofre da companhia. Segundo eles, o esquema
que durava a cerca de uma década, baseava-se no pagamento de propina, pelas
grandes empreiteiras, que organizavam entre sí, em licitações, para contratos
superfaturados da companhia estatal. Esse trabalho tem então por objetivo analisar o
efeito da operação “Lava Jato” nas demonstrações contábeis da maior companhia
estatal do país, a Petrobras. Para tal, foi elaborado uma análise qualitativa, com o
objetivo de analisar as demonstrações dos resultados da companhia e análise dos
indicadores econômico-financeiros descritos na metodologia. Por fim, este estudo
pode confirmar que a operação Lava Jato impactou significativamente em alguns
resultados e demonstrações contábeis da companhia estudada, porém, choques
externos como i) depreciação cambial; ii) recessão econômica; iii) queda no preço do
brent (petróleo); e iv) redução nas taxas de desconto, também tiveram relevância na
alteração dos resultados da Petrobras.
Palavras-chave: Operação. Lava Jato. Demonstrações contábeis. Resultados.
Companhia. Petrobras. Brasil. Corrupção. Lavagem de Dinheiro.
Abstract
Initiated in March 2014, by the federal court of Curitiba, the operation “Car Wash” is
the largest corruption investigation and money laundering that Brazil has ever had. It
was originally intended to investigate a network of gas stations and vehicle washes to
move illicit assets belonging to one of the criminal organizations initially investigated.
Petrobras S.A was initially set off in the second phase of the operation in 2014, when
the operation unfolded to a huge corruption scheme, discovered by the Federal Public
Prosecutor's Office, involving misappropriation of the company's safe deposit.
According to them, the scheme, which lasted for about a decade, was based on the
payment of bribes by the large contractors, who organized bids for overpriced state
company contracts. The purpose of this work is to analyze the effect of the Car Wash
operation on the financial statements of the country's largest state company, Petrobras
S.A. For this purpose, a qualitative analysis was prepared with the objective of
analyzing the company's income statements and analysis of the economic and
financial indicators described in the methodology. Finally, this study could have
confirmed that the Car-Wash operation had a significant impact on some results and
financial statements of the company studied; however, external shocks such as (i)
currency depreciation; ii) economic recession; (iii) decline in the price of brent (oil); and
iv) reduction in discount rates, were also relevant in the change in Petrobras' results.
Keywords: Operation. Car wash. Accounting statements. Results. Company.
Petrobras. Brazil. Corruption. Money laundry.
Lista de Figuras
Figura 1 - Mapa de pontuação segundo o IPC 2017...................................................10
Figura 2 - Descrição do imenso esquema de desvios de recursos da
Petrobras....................................................................................................................12
Figura 3 - Endividamento Líquido da Petrobras (2014) ..............................................41
Figura 4 - Impairment da Petrobras por área de negócio (2014) ................................46
Figura 5 - Impairment da Petrobras por área de negócio (2015) ................................47
Figura 6 - Baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente da Petrobras por
área de negócio (3T14) ..............................................................................................48
Figura 7 - Resultado Financeiro Líquido da Petrobras (2015) ....................................50
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Fases da Operação Lava Jato...................................................................12
Tabela 2 - Indicadores de Endividamento trimestral da Petrobras (1T13 – 4T15) ......36
Tabela 3 - Indicadores de Endividamento trimestral da Petrobras (1T16 – 4T18) ......36
Tabela 4 - Passivo Circulante e Não Circulante da Petrobras (1T13–4T15, R$mn). 37 Tabela 5 - Passivo Circulante e Não Circulante da Petrobras (1T16–4T18, R$mn). 38
Tabela 6 - Indicadores de Liquidez trimestral da Petrobras (1T13 – 4T15) .................41 Tabela 7 - Indicadores de Liquidez trimestral da Petrobras (1T16 – 4T18) .................41
Tabela 8 - Indicadores de Rentabilidade trimestral da Petrobras (1T13 – 4T15) ........43 Tabela 9 - Indicadores de Rentabilidade trimestral da Petrobras (1T16 – 4T18) ........44
Tabela 10 - Contas de Outras Despesas Operacionais da Petrobras de 1T13 – 4T15
(R$bn) ........................................................................................................................45 Tabela 11 - Contas de Outras Despesas Operacionais da Petrobras de 1T13 – 4T15
(R$bn) ........................................................................................................................46
Tabela 12 - EBIT da Petrobras (1T13 – 4T15) ............................................................50
Tabela 13 - Resultados dos Indicadores Econômico-financeiros................................53
Lista de Gráficos Gráfico 1 - Grau de Endividamento da Petrobrás trimestral (1T13 - 4T18, %) ...........37
Gráfico 2 - Dívida Líquida/EBITDA trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18) ................38
Gráfico 3 - Dívida Líquida trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18, R$mn) ...................39
Gráfico 4 - EBITDA da Petrobras (1T13 – 4T18, R$bn) .............................................40
Gráfico 5 - Taxa de Cambio BRL/USD (2013 - 2019) .................................................40
Gráfico 6 - Indicador de Liquidez Corrente trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18) ....42
Gráfico 7 - Indicador de Liquidez Geral trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18) ..........43
Gráfico 8 - Giro do Ativo trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18) .................................44
Gráfico 9 - Margens EBIT e Líquida trimestrais da Petrobras (1T13 – 4T18, %) ........45
Sumário
1. Introdução......................................................................................................10 2. Revisão da Literatura....................................................................................27 3. Metodologia...................................................................................................31
3.1 Indicadores de Endividamento..............................................................32
3.2 Indicadores de Liquidez........................................................................33
3.3 Indicadores de Rentabilidade...............................................................34
4. Resultados.......................................................................................................36 4.1 Indicadores de Endividamento..............................................................36
4.2 Indicadores de Liquidez.........................................................................41
4.3 Indicadores de Rentabilidade................................................................43
5. Conclusão........................................................................................................52 6. Referências Bibliográficas.............................................................................54
10
1. INTRODUÇÃO
Ao longo dos últimos anos é notável o aumento de noticiários a respeito de
escândalos ligados a lavagem de dinheiro, propina, corrupção, abuso de poder dentre
outros, no Brasil. São dezenas de escândalos que assolaram o país e seu sistema ao
longo dos anos. Dentre os que ficaram mais conhecidos e famosos estão: O
escândalo do Mensalão em 2009, Máfia dos Sanguessugas em 2006, Máfia dos
Vampiros em 2004, Operação Navalha em 2007, Operação Mãos Limpas em 2010, e
mais recentemente a Operação Lava Jato e Carne Fraca.
Juntas essas operações foram as grandes responsáveis em dizimar a
popularidade e a saúde politica nacional e internacional do país.
O país caiu 17 posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) em 2017,
ficando na 96a posição do ranking1. Ainda, segundo pesquisa realizada pelo Fórum
Econômico Mundial em 2017 na Suíça, o país é o 5º maior corrupto do mundo, ficando
atrás apenas de países como Chade, Republica Dominicana, Paraguai e Venezuela2.
Figura 1 – Mapa de pontuação segundo o IPC 2017: quanto mais próximo do
vermelho, maior a percepção da corrupção naquele país.
Fonte: Disponível em: https://www.ipc.transparenciainternacional.org.br/ (2017)
Alinhado a tal noticias, para 96% dos executivos brasileiros, corrupção, suborno
e lavagem de dinheiro são práticas que “ocorrem amplamente nos negócios de seu
1 Disponível em: https://www.ipc.transparenciainternacional.org.br/ 2 Disponível em: http://reports.weforum.org/global-competitiveness-index-2017-2018/competitiveness-rankings/?doing_wp_cron=1538090356.5854480266571044921875#series=GCI.A.01.01.02
11
país ou região”, segundo a “Global Fraud Survey”, realizada pela empresa de
consultoria Ernst & Young (EY) em 20183, maior do que o percentual médio de 52%
dos países emergentes.
Tais dados só vem aumentando nos últimos anos, principalmente pelo
momento que o país vive, com as operações recentes Lava Jato e Carne Fraca,
citadas anteriormente. Iniciada em março de 2014, pela justiça federal em Curitiba, a
operação Lava Jato é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que
o Brasil já teve. Ela tinha por objetivo inicial investigar uma rede de postos de
combustíveis e lava jato de veículos para movimentar recursos ilícitos pertencentes a
quatro companhias lideradas por doleiros, no mercado de câmbio.
A operação acabou se desdobrando na 2ª fase, em 2014, para um imenso
esquema de corrupção, descoberto pelo Ministério Público Federal, envolvendo
desvios de dinheiro do cofre da maior estatal do país, a Petrobras. Segundo eles, o
esquema que durava a cerca de uma década, baseava-se no pagamento de propina,
pelas grandes empreiteiras, que organizavam entre si, em licitações, para contratos
superfaturados da companhia estatal. O pagamento era realizado a altos executivos
e variava entre 1% a 5% do montante total. O desvio de dinheiro, estimado em bilhões
de reais, era distribuído através de operadores financeiros do esquema, incluindo os
doleiros investigados inicialmente.
A diretoria de Abastecimento da Petrobrás, ocupada por Paulo Roberto da
Costa entre 2004 e 2012, indicada pelo PP, a diretoria de Serviços, ocupada por
Renato Duque entre 2003 e 2012, de indicação do PT, e a diretoria Internacional,
ocupada por Nestor Cerveró entre 2003 e 2008, de indicação do PMDB, foi a
repartição política evidente no esquema da operação. O esquema é mostrado abaixo
na Figura 2.
3 Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2018/04/brasil-mantem-1-lugar-em-ranking-de-percepcao-de-corrupcao.html
12
Figura 2 – Descrição do imenso esquema de desvios de recursos da Petrobrás.
Fonte: http://www.mpf.mp.br/para-o-cidadao/caso-lava-jato/entenda-o-caso (2017)
Ao todo a operação lava jato se desdobrou em cerca de 54 operações, com
objetivos diferentes e respectivos alvos diferentes. Cada fase é explicada na Tabela
1 abaixo.
Tabela 1 – Fases da Operação Lava Jato
Fase Data Objetivo/Foco Resultados Principais alvos
1a 17/03/2014
Investigação teve foco na investigação de
doleiros, que utilizavam empresas de terceiros.
Suas práticas utilizariam atividades ilícitas em
contas do Distrito Federal, mas que estenderiam suas
atividades criminosas a diversos outros estados
do país
Cumprimento de 81 mandatos de busca
e apreensão, 18 mandatos de prisão
preventiva, 10 mandados de prisão
temporária e 19 mandados de
condução coercitiva em 17 estados
Doleiros
2a 20/03/2014 Mesmo foco da primeira operação, mas estendida
a outros doleiros.
Foram cumpridos seis mandados de
busca e um de prisão temporária.
Doleiros e a prisão de Paulo Roberto Costa, até então
ex-diretor de abastecimento da
Petrobrás
13
3a 11/04/2014
Mesmo foco da primeira operação, mas sendo
identificada a participação, dentre
outros, de doleiro hoje colaborador da Justiça,
mediante acordo de colaboração com o MPF
Foram cumpridos 23 mandados: dois de
prisão temporária, seis de condução coercitiva
e 15 de busca e apreensão nas cidades
de São Paulo/SP, Campinas/SP, Rio de
Janeiro/RJ, Macaé/RJ e Niterói/RJ. Ainda, foram apreendidos R$ 70 mil em dinheiro e vários
documentos, inclusive na sede da Petrobras.
Doleiros
4a 11/06/2014 Desdobramento técnico das fases anteriores
PF cumpre 01 mandados de busca e 01 de prisão preventiva
Ex-diretor da área de
abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa.
5a 01/07/2014 Desdobramento técnico das fases anteriores
A PF cumpriu 9 mandados judiciais: sete de busca, um de prisão
temporária e um de condução coercitiva
Dois ''laranjas'' de Alberto
Youssef são presos
preventivamente: João
Procópio Junqueira
Pacheco de Almeida Prado e Iara Galdino
da Silva
6a 22/08/2014 Desdobramento técnico das fases anteriores
cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão, além de
uma condução coercitiva no Rio de
Janeiro/RJ
Empresas vinculadas ao ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa e seus
familiares
7a 14/11/2014
Deflagrada para cumprimento de
mandados de prisão cautelar, busca e
apreensão e sequestro de bens
Foram cumpridos 85 mandados judiciais: seis de prisão preventiva, 21
de prisão temporária, nove de condução coercitiva e 49 de
buscas nos estados do Paraná, São Paulo, Rio
de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco,
além do Distrito Federal e decretado o bloqueio
de aproximadamente R$ 720 milhões em bens
pertencentes a 36 investigados
Ex-diretor de Serviços da Petrobras
Renato Duque e 17 executivos
de grandes empreiteiras
14
8a 14/01/2015 Desdobramento técnico da fase anterior
Levou ao cumprimento de mandado de prisão
de ex-diretor internacional da PETROBRAS
Ex-diretor internacional da Petrobras
Nestor Cerveró
9a 05/02/2015
O aprofundamento das investigações pela Polícia
Federal permitiu verificar que o esquema de fraude das licitações da Petrobras e
consequente distribuição de propinas envolvia demais
diretorias da estatal
Deflagrada para cumprimento de 62 mandados judiciais:
um de prisão preventiva, três de
prisão temporária, 18 de condução coercitiva
e 40 de busca e apreensão e sequestro de bens nos estados de São Paulo, Rio de
Janeiro, Bahia e Santa Catarina
Operadores do esquema
de corrupção
10a 16/03/2015 A Operação My Way teve como alvo a Diretoria de Serviços da Petrobras e a BR Distribuidora.
Deflagrada para cumprimento de 18
ordens judiciais: dois de prisão preventiva,
quatro de prisão temporária e 12 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo/SP e Rio de
Janeiro/RJ
Ex-diretor da área de
serviços da Petrobras Renato Duque,
operadores e
beneficiários do
esquema.
11a 10/04/2015
A partir da baixa de procedimentos que tramitavam
perante o Supremo Tribunal Federal, teve por objetivo apurar fatos criminosos
atribuídos a três grupos de ex-agentes políticos. A
investigação abrange, além de fatos ocorridos no âmbito da
Petrobras, desvios de recursos ocorridos em outros órgãos
públicos federais
Cerca de 80 policiais federais cumpriram 32
mandados judiciais: sete de prisão, nove
de condução coercitiva e 16 de busca e apreensão nos
estados do Paraná, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São
Paulo
Políticos e ex-políticos
12a 15/04/2015
Destinada a dar cumprimento a mandado de prisão preventiva de tesoureiro de agremiação
político-partidária, identificado como recebedor de vantagens ilícitas decorrentes de fraudes
em contratos com a PETROBRAS, bem assim para prisão temporária e condução
coercitiva de outros associados
PF cumpre 1 mandado de busca e apreensão,
01 de prisão preventiva, 01 de
prisão temporária e 01 de condução
coercitiva.
Tesoureiro de
agremiação político-
partidária, e outros
associados
15
13a 21/05/2015 Desdobramento técnico da fase anterior
foram cumpridos 6 mandados judiciais,
sendo quatro de busca e apreensão,
um de condução coercitiva e um de
prisão preventiva nos estados do Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro
Operadores do esquema desvelado
14a 19/06/2015
Expandiu a investigação para os crimes de formação de cartel, fraude a licitações,
corrupção, desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro para duas grandes empreiteiras
com grande atuação no mercado nacional e
internacional
Deflagrada para cumprimento de 59 mandados judiciais:
oito de prisão preventiva, quatro de prisão temporária, 38 de busca e nove de condução coercitiva
Duas grandes
empreiteiras
15a 02/07/2015
O foco das investigações foi o recebimento de vantagens
ilícitas no âmbito da Diretoria Internacional da Petrobrás
Foram cumpridos quatro mandados de
buscas e um de prisão preventiva
Diretoria Internacional da Petrobrás
16a 28/07/2015
Outra frente da investigação apontou para a formação de
cartel e o prévio ajustamento de licitações, além do pagamento
indevido de vantagens financeiras a empregados da
estatal Eletronuclear
Foram cumpridos 30 mandados judiciais, sendo 23 de busca,
dois de prisão temporária e cinco de condução coercitiva
nas cidades de Brasília/DF, Rio de
Janeiro/RJ, Niterói/RJ, São Paulo/SP e
Barueri/SP
Presidente da estatal
Eletronuclear
17a 03/08/2015
Deflagrada para comprimento de mandados de prisão
preventiva de ex-ministro de Estado e de temporária em
desfavor de outros investigados, após desenvolvimento das
investigações por análise de material apreendido e
informações oferecidas a partir de colaboração premiada
Cerca de 200 policiais federais deram
cumprimento a 40 mandados judiciais, sendo 26 de busca,
três de prisão preventiva, cinco de prisão temporária e seis de condução
coercitiva no Rio de Janeiro e São Paulo,
além do Distrito Federal
Ex-ministro de Estado
18a 13/08/2015 Desdobramento técnico da fase anterior
com cumprimento de um mandado de
prisão temporária e 10 de busca e apreensão em Brasília/DF, Porto
Alegre/RS, São Paulo/SP e Curitiba/PR
Ex-ministro de Estado
16
19a 21/09/2015
Continuidade da investigação de um denunciado na 15ª Fase
– Conexão Mônaco e de empreiteiras já investigadas na
Operação Lava Jato
Ao todo, a Polícia Federal cumpriu 11 mandados judiciais, sendo sete de busca e apreensão, um de
prisão preventiva, um de prisão temporária e dois de condução
coercitiva nas cidades de Florianópolis, São
Paulo e Rio de Janeiro
Empreiteiras já
investigadas na operação
20a 16/11/2015
As ações policiais tiveram como alvo ex-funcionários de uma
estatal investigados pelo recebimento indevido de
valores por parte de representantes de empresas contratadas. Em um segundo
procedimento, foram cumpridas medidas que apuram a atuação de um novo operador financeiro identificado como facilitador na
movimentação de recursos indevidos pagos a integrantes
da diretoria dessa estatal
Foram cumpridos 11 mandados de busca e
apreensão, dois de prisão temporária e cinco de condução
coercitiva nas cidades do Rio de Janeiro/RJ,
Rio Bonito/RJ, Petrópolis/RJ, Niterói/RJ e Salvador/BA
Ex-funcionários de estatal e
novo operador financeiro
identificado
21a 24/11/2015
As investigações apontaram para complexas medidas de engenharia financeira que
foram utilizadas pelos investigados com o objetivo de ocultar a real destinação dos
valores indevidos pagos a agentes públicos e diretores da
estatal
Cerca de 140 policiais federais deram
cumprimento a 25 mandados de busca e
apreensão, um de prisão preventiva e seis de condução
coercitiva nas cidades de São Paulo/SP,
Lins/SP, Piracicaba/SP, Rio de
Janeiro/RJ, Campo Grande/MS,
Dourados/MS e Brasília/DF
Lobista José Carlos Bumlai,
apontado como amigo
do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Luiz Esteves,
sócio do banco de
investimentos BTG Pactual
17
22a 27/01/2016
Nesta etapa se apurou a existência de estrutura criminosa
destinada a proporcionar a investigados na operação policial
a abertura de empresas off-shore e contas no exterior para ocultar e dissimular o produto
dos crimes de corrupção, notadamente recursos oriundos de delitos praticados no âmbito
da PETROBRAS. Em outro aspecto, a investigação policial
apurou a ocultação de patrimônio através de um
empreendimento imobiliário, havendo fundadas suspeitas de
que uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato teria se utilizado do negócio
para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da mesma
estatal
Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão, seis de prisão temporária e dois de condução
coercitiva nas cidades de São Paulo/SP, Santo André/SP, São
Bernardo do Campo/SP e Joaçaba/SC
Senador Delcídio do Amaral e banqueiro
André Esteves, sócio do
banco BTG Pactual
23a 22/02/2016
Cumprimento de medidas cautelares relacionadas ao
pagamento e recebimentos de propinas
Cerca de 300 policiais federais
cumpriram 51 mandados judiciais, sendo 38 de busca,
dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução
coercitiva
Empresas pagadoras de propina,
um operador e
recebedores de propina
do esquema.
24a 04/03/2016
Destinada a esclarecer aparente recebimento de vantagens de
empreiteiras implicadas diretamente nas investigações da Operação Lava Jato, bem assim eventual ocultação de
patrimônio de diversas pessoas
Foram cumpridas 44 ordens judiciais: 33 de busca e 11 de
condução coercitiva nos estados de São
Paulo, Rio de Janeiro e Bahia
Ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, seu filho Fábio
Luiz Lula da Silva
25a 21/03/2016 Primeira fase internacional da Lava Jato
PF cumpre 1 mandado de prisão
01 de busca e apreensão, ambos
em Lisboa, Portugal
Operador Raul
Schmidt Felipe Junior.
26a 22/03/2016
Os trabalhos desenvolvidos nesta fase são um
desdobramento da 23ª fase (Operação Acarajé)
PF cumpre 67 mandados de busca e apreensão, 28 de condução coercitiva,
11 de prisão temporária e 04 de prisão preventiva
Grupo empresarial Odebrecht e operadores financeiros ligados ao mercado
paralelo de câmbio
18
27a 01/04/2016
A Polícia Federal realizou diligências como parte da 27ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Carbono
14, em referência a procedimentos utilizados pela
ciência para a datação de itens e a investigação de fatos
antigos
Cinquenta policiais federais cumpriram 12 ordens judiciais, sendo
oito mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão temporária e dois mandados de
condução coercitiva
Ex-secretário-
geral do PT, Silvio
Pereira, ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, e
empresários ligados ao esquema
28a 12/04/2016
A Polícia Federal realizou diligências como parte da 28ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Vitoria De
Pirro, em dois estados e no Distrito Federal
Cerca de 100 policiais federais deram
cumprimento a 22 ordens judiciais: 14
mandados de busca e apreensão, um
mandado de prisão preventiva, dois
mandados de prisão temporária e cinco
mandados de condução coercitiva
Ex-senador e vice-
presidente da CPI da Petrobras
Gim Argello
29a 23/05/2016
A Polícia Federal deflagrou a Operação Repescagem, para
dar prosseguimento às investigações de crimes de
formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e
corrupção passiva a ativa, envolvendo verbas desviadas
do esquema criminoso revelado no âmbito da
Petrobras
Policiais federais deram cumprimento a
seis mandados de busca e apreensão,
um mandado de prisão preventiva e dois
mandados de prisão temporária nas
cidades de Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ e
Recife/PE. Os mandados foram
expedidos pela 13ª Vara Federal de
Curitiba/PR
Ex-tesoureiro do Partido
Progressista João Cláudio
Genu e empresários ligados ao esquema
30a 24/05/2016
Essa fase, que contou com a participação da Receita
Federal, tratou de investigações inseridas no esquema de corrupção e
lavagem de ativos, decorrentes de contratos firmados com a
PETROBRAS
Cerca de 50 policiais federais e 10
servidores da Receita Federal cumpriram 28 mandados de busca e
apreensão, dois mandados de prisão
preventiva e nove mandados de
condução coercitiva, no Rio de Janeiro e em
São Paulo
Grupos empresariais, operadores,
e funcionários da Petrobras
19
31a 04/07/2016
A Polícia Federal deflagrou a Operação Abismo, que conta
com o apoio da Receita Federal, e teve por finalidade apurar fraude em processo licitatório e pagamentos de propinas a servidores da
Petrobras
Cerca de 110 policiais federais e 20 servidores
da Receita Federal deram cumprimento a 35
ordens judiciais: sete conduções coercitivas, quatro mandados de prisão temporária, um
mandado de prisão preventiva e 23
mandados de busca e apreensão, nos estados
de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito
Federal
Doleiros a empresas
que mantinham
relações com o ex
presidente da câmara de deputados Eduardo
Cunha. Ex-tesoureiro do
PT Paulo Ferreira, e
empresários
32a 07/07/2016
A Polícia Federal deflagrou a Operação Caça-Fantasmas, com o objetivo de investigar
instituição financeira panamenha e apurar
práticas de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional,
lavagem de ativos e organização criminosa
transnacional
Cerca de 60 policiais federais cumpriram 17 ordens judiciais: sete
conduções coercitivas e 10 mandados de busca
e apreensão, nas cidades de Santos, São Bernardo do Campo e São Paulo, todas em
São Paulo
Instituição bancária
clandestina FBP Bank.
33a 02/08/2016
A Polícia Federal deflagrou a 33ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Resta Um, tendo como
objeto principal a participação da Construtora Queiroz Galvão no chamado
“cartel das empreiteiras”, grupo de empresas que se organizaram com o objetivo
de executar obras contratadas pela Petrobras
Aproximadamente 150 policiais federais
cumpriram 32 ordens judiciais, sendo 23
mandados de busca e apreensão, dois
mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e
seis mandados de condução coercitiva nos estados de São Paulo,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas
Gerais
Dirigentes e funcionários
da construtora
Queiroz Galvão.
34a 22/09/2016
Intitulada Operação Arquivo X, com o objetivo de
investigar fatos relacionados à contratação pela Petrobras
de empresas para a construção de duas
plataformas (P-67 e P70) para a exploração de
petróleo na camada do pré-sal, as chamadas Floating
Storage Offloanding (FSPO's)
Aproximadamente 180 policiais federais e 30
auditores cumpriram 50 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca
e apreensão, nove mandados de prisão
temporária e oito mandados de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia
e Distrito Federal
Empresas Mendes Junior e
OSX, empresários e políticos
20
35a 26/09/2016
A Polícia Federal, com o apoio da Receita Federal,
deflagrou a 35ª fase da Operação Lava Jato,
intitulada Operação Omertà, com o objetivo de investigar
indícios de uma relação criminosa entre um ex-
ministro da Casa Civil e da Fazenda com o comando da principal empreiteira do
país
Aproximadamente 180 policiais federais e auditores fiscais
cumpriram 45 ordens judiciais, sendo 27
mandados de busca e apreensão, três andados de prisão temporária e
15 mandados de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito
Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul e Distrito Federal
Ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda
36a 10/11/2016
A Polícia Federal deflagrou a 36ª fase da Operação
Lava Jato, intitulada Operação Dragão, com o objetivo de investigar dois importantes operadores financeiros responsáveis pela movimentação de
recursos de origem ilegal, principalmente oriundos de relações criminosas entre empreiteiras e empresas sediadas no Brasil com
executivos e funcionários da Petrobras
Aproximadamente 90 policiais federais
cumpriram 18 ordens judiciais, sendo 16
mandados de busca e apreensão e dois
mandados de prisão preventiva em cidades dos estados do Ceará,
São Paulo e Paraná
Dois importantes operadores financeiros
37a 17/11/2016
A Polícia Federal deflagrou a 37ª fase da Operação
Lava Jato, intitulada Operação Descobridor.
As equipes policiais cumpriram 17 ordens
judiciais, sendo 14 mandados de busca e
apreensão, um mandado de prisão preventiva e
dois mandados de prisão temporária nas
cidades de São Paulo e Santo André, em São
Paulo, e Rio de Janeiro, Angra dos Reis e
Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro
Os fatos investigados
estão relacionados
principalmente a
irregularidades de obras no
Comperj, complexo de
Manguinhos e reforma do estádio do Maracanã
38a 23/02/2017
A Polícia Federal deflagrou a 38ª fase da Operação
Lava Jato, intitulada Operação Blackout, com o
objetivo de combater a atuação de operadores financeiros identificados
como facilitadores na movimentação de recursos
indevidos pagos a integrantes das diretorias
da Petrobras
Policiais federais cumpriram cinco
mandados de busca e apreensão e dois
mandados de prisão preventiva, no Estado do
Rio de Janeiro/RJ
Jorge Luz e Bruno Luz
21
39a 28/03/2017
A Polícia Federal deflagrou a 39ª fase da Operação
Lava Jato, intitulada Operação Paralelo, com o
objetivo de apurar a atuação de operadores no
mercado financeiro em benefício de investigados no âmbito da Operação
Lava Jato. A investigação recaiu sobre recursos pagos a executivos da Petrobrás
em contas secretas mantidas no exterior em nome de empresas off-
shore
Policiais Federais cumpriram 6
mandados, sendo 5 de busca e
apreensão e 1 de prisão preventiva
Sucessor de Pedro Barusco na
gerência de Engenharia da
Petrobras, Roberto Gonçalves
40a 04/05/2017
A Polícia Federal deflagrou a 40ª fase da Operação
Lava Jato, intitulada Operação Asfixia, com o
objetivo de investigar empresas e seus
respectivos sócios na operacionalização de um
esquema de repasses ilegais de empreiteiras para funcionários da Petrobrás
em decorrência da obtenção de contratos com
a empresa
Policiais Federais cumpriram 16
mandados de busca e apreensão, 2
mandados de prisão preventiva, 2
mandados de prisão temporária e 5 mandados de
condução coercitiva nos estados do Rio
de Janeiro, São Paulo e Minas
Gerais
Os alvos foram três ex-gerentes
da Petrobras (apenas um deles não foi preso, pois já era colaborador)
e seus intermediadores
41a 26/05/2017
A Polícia Federal deflagrou a 41ª fase da Operação
Lava Jato, intitulada Operação Poço Seco,
visando investigar complexas operações
financeiras realizadas a partir da aquisição pela Petrobras de direitos de
exploração de petróleo em Benin/África, com o objetivo de disponibilizar recursos
para o pagamento de vantagens indevidas a ex-
gerente da área de negócios internacionais da
empresa
Policiais Federais cumpriram oito
mandados de busca e apreensão, um
mandado de prisão preventiva, um
mandado de prisão temporária e três
mandados de condução coercitiva no Distrito Federal e nos estados do Rio de Janeiro e São
Paulo
Ex-gerente Pedro Augusto Cortes
Xavier Bastos e o dono do Banco
BVA, José Augusto Ferreira
dos Santos
22
42a 27/07/2017
A Polícia Federal deflagrou a 42ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Cobra, com o objetivo de
investigar o ex-presidente do BANCO DO BRASIL e da
PETROBRAS, bem como de pessoas a ele associadas, pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, dentre outros
Policiais Federais cumprem 11
mandados de busca e apreensão e 3
mandados de prisão temporária no Distrito
Federal e nos estados de
Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo
Ex-presidente da Petrobras e do
Banco do Brasil, Aldemir Bendine,
o publicitário André Gustavo Vieira da Silva,
representante de Bendine, e
Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior foram
presos
43a 18/08/2017
Na chamada Operação Sem Fronteiras é investigada a
relação entre executivos da Petrobras e grupo de
armadores estrangeiros para obtenção de informações
privilegiadas e favorecimento obtenção de contratos
milionários com a empresa brasileira
Policiais federais cumprem 46 ordens judiciais distribuídas em 29 mandados de busca e apreensão,
11 mandados de condução coercitiva e
6 mandados de prisão temporária em
São Paulo/SP, Santos/SP e Rio de
Janeiro/RJ
O ex-líder dos governos Lula e Dilma, Cândido
Vaccarezza (PTdoB)
44a 18/08/2017
Na Operação Abate, a ação visa desarticular grupo
criminoso que era apadrinhado por ex-
deputado federal, cuja influência era utilizada para a
obtenção de contratos da Petrobras com empresa
estrangeira
Mesma da anterior
O ex-líder dos governos Lula e Dilma, Cândido
Vaccarezza (PTdoB)
45a 23/08/2017
A Polícia Federal deflagrou a 45ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação
Abate II, com o objetivo de apurar a atuação de novos interlocutores que atuaram
junto à Petrobras para favorecer a contratação de
empresa privada e remunerar indevidamente
agentes públicos
Policiais Federais cumprem 4
mandados de busca e apreensão nas
cidades de Salvador/BA, Brasília/DF e
Cotia/SP
Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de
Contas da União (TCU), Aroldo
Cedraz, e o ex-deputado federal Sérgio Tourinho
Dantas foram alvos da operação
23
46a 21/11/2017
A Polícia Federal deflagrou a 46ª fase da Operação Lava Jato com o
objetivo de apurar a atuação de um grupo de executivos da Petrobrás que se uniu para beneficiar a empreiteira Odebrechet em contratações com a petroleira, mediante o pagamento de
valores de forma dissimulada em contas de empresas off-shores
estabelecidas no exterior
Policiais Federais cumprem 10
ordens judiciais nas cidades do
Rio de Janeiro/RJ e Recife/PE
José Antonio de Jesus, ex-gerente da Transpetro, subsidiária
da Petrobras.
47a 21/11/2017
A Polícia Federal deflagrou a 47ª fase da Operação Lava Jato, intitulada
Operação Sothis, com o objetivo de investigar empresas e seus
respectivos sócios na operacionalização de um esquema de repasses ilegais de empreiteira para
funcionário da TRANSPETRO, subsidiária da Petrobrás, em
decorrência da obtenção de contratos para a empresa
Policiais Federais cumprem oito mandados de
busca e apreensão, um mandado de
prisão temporária e cinco mandados
de condução coercitiva nos
estados da Bahia, Sergipe, Santa Catarina e São
Paulo
José Antonio de Jesus, ex-gerente da Transpetro, subsidiária
da Petrobras.
48a 22/02/2018
A Polícia Federal deflagrou a 48ª fase da Operação Lava Jato, intitulada
Operação Integração, com o objetivo de investigar casos de corrupção
ligados aos procedimentos de concessão de rodovias federais no
Estado do Paraná que fazem parte do chamado Anel Da Integração
Policiais Federais cumprem 50 mandados de
busca e apreensão e 7 mandados de
prisão temporária nos estados do Paraná, Santa
Catarina, Rio de Janeiro e São
Paulo
Rodrigo Tecla
Duran, Adir Assad e Carlos
Nasser, assessor
do governador Beto Richa
49a 09/03/2018
A Polícia Federal deflagrou a 49ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Buona Fortuna, com o
objetivo de investigar pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos e políticos por parte de
consórcio de empreiteiras diretamente interessado nos
contratos de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte
Policiais Federais cumprem 9
mandados de busca e
apreensão, nos estados do
Paraná e São Paulo
Ex-ministro Delfim Netto e
seu sobrinho, o empresário
Luiz Appolonio
Neto
24
50a 23/03/2018
A Polícia Federal deflagrou a 50ª fase da Operação Lava Jato,
intitulada Operação Sothis II, com o objetivo de apurar o pagamento de
vantagens indevidas a agentes públicos e atos de lavagem de
dinheiro subsequentes em contratos da Transpetro
Policiais Federais cumprem três mandados de
busca e apreensão, nos
estados da Bahia, Paraná e São
Paulo
Transpetro
51a 08/05/2018
A Polícia Federal deflagrou a 51ª fase da Operação Lava Jato, intitulada Operação Dejà Vu, objetivando reunir elementos
probatórios da prática dos crimes de corrupção, associação criminosa, fraudes em contratações públicas, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e de lavagem de dinheiro,
dentre outros delitos
Policiais Federais cumprem 23
ordens judiciais, sendo quatro mandados de
prisão preventiva, dois mandados de prisão temporária e 17 mandados de
busca e apreensão, nos
estados do Rio de Janeiro, no
Espírito Santo e São Paulo
Angelo Lauria, que
seria o encarregado de entregar a propina
para políticos do
PMDB
52a 12/07/2018
A Polícia Federal deflagrou a 42ª fase da Operação Lava Jato,
intitulada Operação Cobra, com o objetivo de investigar o ex-
presidente do BANCO DO BRASIL e da PETROBRAS, bem como de pessoas a ele associadas, pela
prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, dentre outros
Policiais Federais cumprem 11 mandados de
busca e apreensão e 3 mandados de
prisão temporária no Distrito Federal e nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e São
Paulo
O ex-gerente da Petrobras
Djalma Rodrigues de Souza.
53a 11/10/2018
A Polícia Federal deflagrou a 42ª fase da Operação Lava Jato,
intitulada Operação Piloto, com o objetivo de investigar recebimento de favores por certos empresários,
pela Odebrecht.
A PF cumpriu outras 34 ordens judiciais em cinco
cidades na ocasião
O ex-governador do Paraná Beto Richa
(PSDB) foi o principal alvo da
operação ao lado da mulher,
Fernanda Richa
25
54a 24/10/2018
Na segunda fase internacional, a Lava-Jato fez buscas em endereços ligados ao ex-executivo da Petrobras Mário Ildeu de Miranda em Portugal.
A investigação o aponta como operador de propina para partidos
Não houve prisão
ex-executivo
da Petrobras
Mário Ildeu de Miranda
55a 26/10/2018
A PF cumpriu 19 mandados de prisão de envolvimento em esquema de
corrupção na concessão de rodovias federais no Paraná. O esquema teria movimentado R$ 55 milhões. Entre
os alvos da PF, estavam o ex-secretário de Infraestrutura do
Paraná, Pepe Richa, irmão do ex-governador Beto Richa
A PF cumpriu 19 mandados de
prisão Beto Richa
Fonte: Adaptado da Polícia Federal, 2018 e do site O Globo “Todas as fases da operação Lava Jato”
Muitos estudos tentam analisar qual é o impacto da corrupção para a sociedade
ou para o país. Estima-se que um aumento de 1% da corrupção, diminua em 0.72%
a taxa de crescimento do PIB do país (Mo, 2001). Segundo o estudo, os canais mais
importantes dos quais a corrupção afeta o crescimento econômico são instabilidade
política, o nível de capital humano empregado, e a porcentagem de investimento
privado.
Não há uma relação de causalidade entre corrupção e aumento da pobreza,
segundo a jornalista Maria Cristina Pinotti4, muitos defendem que a causa comum é a
qualidade das instituições do país. North (1990) explica que “as instituições são as
regras do jogo em uma sociedade”, são elas que determinam a diferença de
desempenho entre os países. Um país desenvolvido apresenta instituições claras que
orientam suas politicas para valores públicos, enquanto instituições de países menos
desenvolvidos são norteadas para valores e benefícios pessoais, o que explica o alto
grau de corrupção.
Meon e Sekkat (2005), por exemplo, mostraram em seu estudo que a corrupção
gera um impacto negativo nos investimentos e no crescimento do PIB, e que ainda,
esse efeito é ainda maior em países que sofrem de uma ineficiência governamental e
instituições legais fracas.
4 Disponível em: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,corrupcao-instituicoes-e-desenvolvimento,70002024864
26
Ainda, muitos estudos analisam não o efeito/impacto da corrupção na
economia do país, mas na contabilidade das empresas, efeito que será estudado aqui
nessa dissertação.
Mendes, Oleiro e Quintana (2008), buscaram estudar como a contabilidade, e
a auditoria governamental impactam na transparência pública, e por consequência,
impactam na corrupção, ou melhor, no combate a ela. Em seus estudos, eles
concluem que o país passou e ainda passa por um intenso processo de organização
e aperfeiçoamento que exige das companhias uma melhor transparência na
contabilidade e gestão dentro das empresas para conterem o possível conflito de
interesse entre os agentes e mitigar os possíveis efeitos da corrupção.
Rodrigues e Martins (2015), estudaram os impactos sofridos na parte contábil
da Petrobrás após as notificações do esquema da Lava Jato.
Esse estudo tem como objetivo mostrar então qual o impacto da Lava Jato nas demonstrações contábeis da companhia Petrobras S.A, envolvida na maior
operação de corrupção que o país já teve. Foi escolhido trabalhar e apresentar os
impactos apenas nesta companhia selecionada, apesar de terem muitas outras
envolvidas, pois a companhia Petrobrás foi uma das principais companhias afetadas
na operação e, principalmente, por se tratar da maior empresa do país, com valor de
mercado estimado de $98,8 bilhões. Portanto, a operação teve impactos significativos
para a sociedade e economia brasileira.
O estudo está dividido inicialmente em 4 partes, sendo essa primeira a
introdução e a motivação do tema, na segunda, será apresentada uma revisão de
literaturas que foram utilizadas para complementar a analise do tema, a seguinte será
descrevido a metodologia teórica utilizada, e por ultimo, os resultados esperados.
27
2. REVISÃO DA LITERATURA
Um estudo feito por Araújo, Rodrigues, Monte-Mor e Correia (2018) tenta
explicar o efeito da operação Lava Jato sobre o mercado de ações no Brasil. Segundo
eles, os resultados indicaram que a Lava Jato reduziu o valor de mercado das
empresas diretamente envolvidas na operação acima de variações que ocorreram no
mercado. Padula, Júlia, Albuquerque e Henrique (2018) buscaram entender se a
corrupção, mais precisamente também a operação Lava Jato, gerou efeitos benefícios
ou prejuízos no sistema público. O resultado se deu exatamente como o que era
esperado, a corrupção trouxe um prejuízo para o mercado de capitais brasileiro.
Tais fatos sobre a corrupção estão alinhados com a teoria de agência,
formalizadas por Jensen e Meckling (1976). A teoria se baseia na análise de conflitos
que surge em companhias – definida por eles como uma rede de contratos - devido a
assimetria de informação e a diferenças nos incentivos/interesses existentes entre o
principal (acionistas) e o agente (gestores). Para eles, quanto maior for a separação
entre os mesmos, maior será o conflito de interesses. Assim, a corrupção pode ser
explicada por essa assimetria de interesses, o que leva ao agente, por exemplo,
superfaturar contratos a favor de seus incentivos pessoais, gerando impactos
negativos para o principal, fato que ocorreu com a companhia Petrobrás.
Mecanismos de governança corporativa - sistema pelo qual as empresas e
demais organizações são dirigidas, monitoradas, e incentivadas, envolvendo os
relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de
fiscalização e controle e demais partes interessadas5 - tem por objetivo reduzir esse
conflito de interesses entre o principal e o agente. Assim, muitos estudos buscam
explicar os efeitos da governança corporativa no combate a corrupção, um exemplo é
o estudo de Massi e Lúcia (2016) em que as autoras mostram que os mecanismos de
governança recomendados no Código das Melhores Práticas em Governança
Corporativa, não são eficazes para prevenir ou combater a corrupção no Brasil.
Mo (2001) estimou que um aumento de 1% no nível de corrupção, diminuiu em
0.72% do crescimento do PIB. Segundo o estudo, os canais mais importantes dos
quais a corrupção afeta o crescimento econômico são instabilidade política, o nível de
capital humano empregado, e a porcentagem de investimento privado.
5 Disponível em: https://www.ibgc.org.br/governanca/governanca-corporativa
28
Mendes, Oleiro e Quintana (2008), buscaram estudar como a contabilidade, e
a auditoria governamental impactam na transparência pública, e por consequência,
impactam na corrupção, ou melhor, no combate a ela. Em seus estudos, eles
concluem que o país passou e ainda passa por um intenso processo de organização
e aperfeiçoamento que exige das companhias uma melhor transparência na
contabilidade e gestão dentro das empresas para conterem o possível conflito de
interesse entre os agentes e mitigar os possíveis efeitos da corrupção.
Martins e Rodrigues (2015), estudaram os efeitos sofridos na parte contábil da
Petrobrás após as notificações do esquema Lava Jato. Eles compararam as
informações de índice de endividamento de determinados períodos, assim como
estudo de valor de mercado e da dívida da companhia. Eles concluíram que após o
escândalo, a companhia teve uma queda em seu passivo circulante, seu valor de
mercado diminui em cerca de R$ 405 bilhões.
Pinho (2017), estudou os impactos nos indicadores econômico-financeiros da
Petrobrás causados pela corrupção desvendada na operação Lava Jato. Ele utilizou
um estudo de caso com uma abordagem qualitativa e quantitativa. Ele analisou alguns
indicadores como, por exemplo: Índice de Liquidez Corrente, Retorno sobre o
Patrimonio Liquido (ROE), Retorno sobre o Investimento (ROI). Ainda, estudou a
perda de impairment da companhia. Eles concluíram que os indicadores econômicos
tiveram um piora significativa e que ainda as perdas relacionadas a impairment,
parecem ter sido o agravante principal da queda de rentabilidade da companhia.
Bastos, Rosa e Pimenta (2016) buscaram estudar o impacto da Lava Jato e da
Crise Internacional do Petróleo nos Retornos Anormais e Indicadores Contábeis da
Petrobrás de 2012 á 2015. Assim como no estudo de Pinho, eles utilizaram os
indicadores de rentabilidade ROE e ROI, mas, contudo, adicionaram e analisaram
uma série de outros indicadores de Rentabilidade, Endividamento e Liquidez.
Concluiu-se que após o anúncio da operação Lava Jato os retornos anormais
das ações ordinárias obtiveram uma reação positiva, enquanto que não houve efeito
na classe de ações preferencias. Ainda, houve uma queda nos indicadores financeiros
com significância estatísticas de 10%, 5% e 1%, e que não houve um efeito
considerável nos indicadores de liquidez da companhia. Quanto aos indicadores de
endividamento houve uma queda acentuada após a divulgação dos escândalos de
corrupção. O mesmo ocorreu para os indicadores de rentabilidade.
29
Outros estudos buscaram estudar o impacto econômico-financeiros más não
em empresas envolvidos nos escândalos de corrupção da operação Lava Jato, mas
outros escândalos de corrupção e desastre ambiental, como é o caso de Silva (2017),
que buscou estudar o impacto desses indicadores na Samarco Minerações S.A após
o desastre ambiental na Cidade de Mariana, Minas Gerais.
Silva (2017), analisou indicadores de Liquidez, Endividamento, Rentabilidade
da companhia, entre os anos de 2007 á 2016. Eles perceberam que após a queda da
barragem de Fundão, além de ter gerado um impacto ambiental enorme para a cidade
afetada, assim como para seus moradores, também prejudicou os indicadores
financeiros e os resultados da companhia Samarco Minerações S.A que era
responsável pela obra da barragem.
Apesar da operação Lava Jato ser um fato recente na economia brasileira,
podemos compara-la com outros casos de corrupção de ocorreram no Brasil e no
mundo. Um exemplo, é a operação Carne Fraca, iniciada em março de 2017. A
operação, investigada pela Policia Federal, mira fraudes laboratoriais no Ministério da
Agricultura, Pecuária, e Abastecimento e irregularidades cometidas por frigoríficos de
grandes companhias6. Ao todo, foram 30 frigoríficos investigados por oferecer propina
por certificados de qualidade adulterados na 1ª fase da operação. As empresas
investigadas foram a JBS, dona da Friboi e Seara, e a BRF, dona da Sadia e
Perdigão6.
Como consequência da operação, União Europeia, China, Chile e Coreia do
Sul imporão restrições a importações brasileiras, relacionadas a carne suína e de
frango, ao todo, estima-se que o país deixou de exportar 200 mil toneladas de carne
de frango e suína em 2017, segundo Associação Brasileira de Proteína Animal
(ABPA).
Em setembro de 2015, a Agencia de Proteção Ambiental dos Estados Unidos,
descobriu um escândalo de fraude envolvendo uma das maiores montadoras de
carros do mundo, a Volkswagen, caso que foi apelidado pela imprensa internacional
de Dieselgate. Segundo investigações apuradas, a montadora adulterava números de
emissão de poluentes, quando os carros eram submetidos a testes, por um software
6Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/governo-suspende-exportacao-de-21-
investigadas-na-operacao-carne-fraca.ghtml
30
que era instalado no momento de fabricação do automóvel. Assim, a montadora era
permitida a vender carros com motores a diesel, mas que poluíam em nível superior
ao permitido e ao indicado pela companhia. Como resultado, a companhia foi multada
em 1 bilhão de euros. Após Volkswagen assumir a culpa, outras montadoras de carro,
como a Porsche e a Audi, também foram descobertas no mesmo escândalo de fraude.
31
3. METODOLOGIA
A metodologia do trabalho será feita através da busca e análise dos dados das
demonstrações contábeis da companhia, através do sistema Economática, uma
ferramenta que consiste em um conjunto de módulos analíticos avançados que
operam em bases de grande largura, gerando informações de alta confiabilidade7.
Por meio desta ferramenta, será possível obter todos as demonstrações
financeiras consolidadas, em IFRS, da companhia estudada, dos anos que vão de
2013 á 2017. Como a operação Lava Jato foi deflagrada em 2014, foi utilizado a ano
de 2013 como base para ver como a companhia vinha “performando” antes da
operação, e, portanto, será comparado com os anos seguintes á 2014, para sabermos
se realmente houve um impacto da operação, na companhia.
Importante deixar claro, que a análise do trabalho, aqui proposto, será
integralmente qualitativa e descritiva, já que será analisado informações financeiras
da companhia, extraídas do Economática. Portanto, nossa base de dados é composta
por Demonstrações do Resultados do Exercício (DRE) dos anos de 2013 á 2018 da
companhia Petrobras, assim como suas Notas Explicativas, que servirá de guia para
analisar os números obtidos.
Segundo Marion (2012), “A Contabilidade propicia a tomada de decisões
adequadas, levando a obter uma boa administração [...], as empresas que possuem
escrituração total da contabilidade, deixam de ter informações necessárias para
analisarem sua própria empresa [...]”. Ainda, “A contabilidade surge como um eficaz
instrumento de gestão, possibilitando ao empresário planejar seu orçamento e suas
ações sem comprometer o equilíbrio do negócio, cuja base de sustentação reside no
“tripé”: liquidez – endividamento – rentabilidade.”
Assim, será analisado indicadores econômico-financeiros de Endividamento,
Liquidez e Rentabilidade, que segundo a autor representam o “tripé” da sustentação
da contabilidade e instrumento de gestão do negócio.
Os primeiros indicadores a serem analisados serão indicadores de
Endividamento, eles são: Grau de Endividamento e Dívida Liquida/EBITDA. De
maneira geral, os indicadores de Endividamento são utilizados com a finalidade de
7 Disponível em: https://www.fearp.usp.br/cinfo/softwares/1419-economatica.html
32
revelarem, como o próprio nome diz, o grau de endividamento de certa empresa.
Assim, a análise desse indicador mostra como é a politica de obtenção de recursos
pela empresa8.
Em seguida, será analisado alguns indicadores de Liquidez, como: Índice de
Liquidez Corrente e Índice de Liquidez Geral. Os indicadores de Liquidez buscam de
maneira geral, averiguar o crédito de uma empresa, ou seja, sua capacidade de arcar
com sus obrigações (passivos), portanto, de maneira geral eles avaliam a saúde da
empresa9.
Por último, será feita uma análise dos indicadores de Rentabilidade, eles são:
Giro do Ativo, Margem Liquida e Margem EBIT. A rentabilidade pode ser entendida
pelo grau de remuneração de certo negócio, assim estes indicadores são usados para
evidenciarem o quanto renderam os recursos aplicados em certa empresa10.
Tais indicadores, não foram escolhidos ao acaso ou aleatoriamente. Foram
escolhidos, pois como já fora mencionado no trabalho, segundo Marion (2012), o
equilíbrio e a sustentação de certa companhia, reside no tripé: liquidez –
endividamento – rentabilidade. Ainda, Pinho (2017), assim como Bastos, Rosa e
Pimenta (2016), utilizam-se destes mesmos três indicadores para se extrair o efeito
da operação Lava Jato sobre a companhia estudada, já que estes incorporam e
analisam as principais linhas contábeis de certa companhia.
Assim, portanto, eles serão úteis para mostrar qual impacto da operação Lava
Jato nas demonstrações contábeis da companhia Petrobras.
3.1 Indicadores de Endividamento
O primeiro indicador de endividamento a ser estudado, será o Grau de
Endividamento, mostrado na equação 1 abaixo.
(1)GraudeEndividamento = PassivoCirculanteExigivelTotal
8 Disponível em: https://professorrobertocesar.files.wordpress.com/2010/08/7-indice-de-endividamento.pdf 9 Disponível em: https://andrebona.com.br/indicadores-de-liquidez-corrente-seca-imediata-e-geral-entenda/ 10 Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/contabilidade/indices-de-rentabilidade/20009
33
Este indicador expressa a composição do endividamento total de uma
empresa, que vencerá no curto prazo (em até um ano). Ele é importante, pois se o
mesmo for alto, sinalizará que a companhia apresenta um risco alto de não conseguir
arcar com suas dívidas, já que ela tem pouco tempo para tal.
Este será útil aqui, pois irá determinar se o impacto da Lava Jato recaiu sobre
as obrigações de curto ou longo prazo, e, portanto, se a operação teve impacto no
perfil de endividamento da companhia estudada.
Na equação 2, é exemplificado o indicador econômico-financeiro Dívida
Líquida/EBITDA.
(2)DívidaLíquida/EBITDA =DívidaLíquida
EBITDA
Ele demostra a capacidade de a companhia honrar com sua dívida líquida,
apenas com a geração de caixa de sua operação (EBITDA).
No trabalho ele será importante, pois avaliara dois efeitos possíveis da
operação sobre a companhia. O primeiro, que analisara se a operação alterou o
resultado operacional, e o segundo, se alterou o volume de dívida liquida da
companhia.
3.2 Indicadores de Liquidez
O primeiro indicador de Liquidez a ser estudado, será o indicador de Liquidez
Corrente, exemplificado na equação 3.
(3)IndicadordeLiquidezCorrente = AtivoCirculantePassivoCirculante
Este é majoritariamente utilizado, para avaliar a capacidade de pagamento da
companhia e, portanto, se a companhia apresenta liquidez suficiente para arcar com
suas obrigações de curto prazo.
Na equação 4, é exemplificado o indicador de Liquidez Geral.
(4)IndicadordeLiquidezGeral = AtivoCirculante + RealizavelaLongoPrazoPassivoCirculante + ExigívelaLongoPrazo
34
Na equação 3, o indicador era utilizado para avaliar a capacidade de
pagamento da companhia com suas obrigações de curto prazo. Já em (4), o indicador
avalia a capacidade de honrar com suas obrigações de longo prazo.
Ambos serão estudados, pois determinarão se a capacidade de liquidez da
companhia foi alterada devido as penalidades sofridas, e se, a liquidez foi afetada
pelas obrigações de curto ou longo prazo.
3.3 Indicadores de Rentabilidade
O indicador apontado abaixo na equação 5, refere-se ao Giro do Ativo.
(5)GirodoAtivo = VendasAtivo
Este Indicador, indica o quanto que a companhia vendeu para cada R$1
investido em ativo. Quanto maior, melhor, já que implicará que a companhia apresenta
uma melhor rentabilidade de seus investimentos, dado que ela obtém uma receita
maior, pela mesma quantidade de ativo.
O indicador apontado na equação 6 abaixo, refere-se a Margem Líquida da
Companhia.
(6)MargemLíquida = LucroLíquido
Vendas
Ele demonstra quanto que a companhia realizou de lucro líquido a cada R$1
em vendas. Em outras palavras, o quanto a mesma conseguiu ser rentável ao final do
dia.
(7)MargemEBIT = EBITVendas
O indicador descrito na equação 7, refere-se a Margem EBIT da companhia.
Este indicador, mostra quanto que a empresa gerou de EBIT (resultado operacional)
para cada real realizado em receita. Importante analisa-lo aqui neste trabalho, pois
diferentemente de (6) o EBIT mostra se a operação da companhia foi rentável, ou
35
mesmo, quanto a companhia conseguiu gerar de caixa. Diferentemente do Lucro
Líquido, este não leva em consideração o resultado financeiro da companhia.
36
4. RESULTADOS
Como já foi mencionado neste trabalho antes, os resultados foram obtidos
através da análise das Demonstrações Financeiras Consolidadas da companhia, em
IFRS, dentre elas, a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), do Balanço
Patrimonial (BP) e Notas Explicativas da companhia selecionada, a Petrobrás. Todos
esses dados foram obtidos através do Economática, uma ferramenta que consiste em
um conjunto de módulos analíticos avançados que operam em bases de grande
largura, gerando informações de alta confiabilidade. Ainda, todos os dados obtidos
são trimestrais, dado que a companhia reporta trimestralmente, tendo 2013, um
período (ano) antes de ser deflagrado a operação Lava Jato, como seu ano base, e
sendo 2018 o último ano analisado.
4.1 Indicadores de Endividamento
Abaixo, é possível ver os dois indicadores de Endividamento da Petrobras
estudados, durante o período de 2013 á 2018.
Tabela 2 – Indicadores de Endividamento trimestral da Petrobras (1T13 – 4T15)
Fonte: Economatica, elaborador pelo autor
Tabela 3 – Indicadores de Endividamento trimestral da Petrobras (1T16 – 4T18)
Fonte: Economatica, elaborador pelo autor
Indicadores de Endividamento 1T13 2T13 3T13 4T13 1T14 2T14 3T14 4T14 1T15 2T15 3T15 4T15(1) Grau de Endividamento (%) 19,2% 16,7% 16,8% 20,4% 18,8% 17,2% 17,9% 17,1% 17,2% 18,3% 17,1% 17,4%(2) Dívida Líquida/EBITDA x 2,8 2,9 3,2 3,5 3,7 4,1 5,5 32,2 21,4 18,3 12,9 15,4
Indicadores de Endividamento 1T16 2T16 3T16 4T16 1T17 2T17 3T17 4T17 1T18 2T18 3T18 4T18(1) Grau de Endividamento (%) 18,1% 15,4% 15,3% 14,7% 14,9% 12,8% 13,2% 14,7% 14,3% 15,0% 16,5% 16,8%(2) Dívida Líquida/EBITDA x 14,8 12,9 25,8 4,8 4,3 3,9 3,0 3,5 3,2 3,3 3,1 2,5
37
Gráfico 1 – Grau de Endividamento da Petrobras trimestral (1T13 - 4T18, %)
Fonte: Economatica, elaborado pelo autor
No gráfico 1, verifica-se o Grau de Endividamento da Petrobras. Importante
destacar aqui, que a região cinza da figura, determina o período que a companhia foi
investigada e condenada na operação Lava Jato.
A partir dela, constata-se que durante o período, que a companhia foi
investigada na operação, houve um alongamento de suas obrigações, dado que o
indicador passa de 20,4% no primeiro trimestre de 2013 para cerca de 17,4% no
quarto de trimestre de 2015. O que indica, que a companhia passou a ter uma parcela
menor de exigíveis de curto prazo e, consequentemente, uma parcela maior de
exigíveis de longo prazo.
Isso aconteceu, devido ao fato de que conforme mostrado nas tabelas 4 e 5, a
companhia aumentou sua conta “passivo circulante” em aproximadamente 63%,
enquanto que, a conta “passivo não circulante” aumentou cerca de 84%, entre o
período de 2013 á 2015. Está última, fora afetada principalmente pela conta
“Financiamentos de Longo Prazo”, que representa cerca de 80% da mesma.
Tabela 4 – Passivo Circulante e Não Circulante da Petrobras (1T13 – 4T15, R$mn)
Fonte: Relatórios financeiros trimestrais da companhia, elaborado pelo autor
19,2%
16,7%
20,4%
17,2%
17,9%
17,1%
18,3%
17,4%15,4%
14,7%12,8%
14,7%
14,3%16,8%
5%7%9%
11%13%15%17%19%21%23%25%
1T13
2T13
3T13
4T13
1T14
2T14
3T14
4T14
1T15
2T15
3T15
4T15
1T16
2T16
3T16
4T16
1T17
2T17
3T17
4T17
1T18
2T18
3T18
4T18
Grau de Endividamento (%)
(R$ milhões) 1T13 2T13 3T13 4T13 1T14 2T14 3T14 4T14 1T15 2T15 3T15 4T15Passivo Circulante 68.529 68.164 69.960 82.525 83.746 75.256 84.708 82.659 90.359 100.596 109.719 111.572Financiamento de CP 14.244 17.875 17.867 18.477 21.803 23.495 28.204 31.523 39.675 44.610 53.332 57.334Passivo Não Circulante 289.119 340.838 345.370 321.108 362.499 362.874 388.637 399.994 435.877 449.300 530.861 530.633Financimento de LP 181.576 230.080 232.008 248.473 286.135 284.001 303.297 319.322 360.758 370.726 453.050 435.313
38
Tabela 5 – Passivo Circulante e Não Circulante da Petrobras (1T16 – 4T18, R$mn)
Fonte: Relatórios financeiros trimestrais da companhia, elaborado pelo autor
Conforme as notas explicativas da companhia, em dezembro de 2014 e 2015,
“Os empréstimos e financiamentos se destinam ao desenvolvimento de projetos de
produção de petróleo e gás natural, à construção de navios e de dutos, bem como à
construção e ampliação de unidades industriais, dentre outros usos diversos”.
Como fora mencionado antes, a operação Lava Jato, depurou contratos
superfaturados entre a companhia e empreiteiras. Portanto, os empréstimos e
financiamentos destinados aos projetos da Petrobras, poderiam ter sido menores,
caso não houvesse um superfaturamento dos contratos prestados, o que
consequentemente, pode ter afetado negativamente os financiamentos da
companhia.
No gráfico 2 abaixo, é apresentado a Relação Dívida Líquida/EBITDA da
Petrobras, durante o período de 2013 á 2018.
Gráfico 2 – Dívida Líquida/EBITDA trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18)
Fonte: Economatica, elaborado pelo autor
(R$ milhões) 1T16 2T16 3T16 4T16 1T17 2T17 3T17 4T17 1T18 2T18 3T18 4T18Passivo Circulante 107.458 83.681 82.830 81.167 78.477 69.968 71.248 82.535 78.116 84.649 94.072 97.068Financiamento de CP 62.076 36.433 37.045 31.796 34.904 25.912 23.346 23.160 15.389 15.266 16.146 14.207Passivo Não Circulante 485.319 459.359 458.360 471.035 449.053 476.942 468.103 479.371 468.284 478.185 476.509 479.862Financimento de LP 387.740 360.934 360.749 353.193 329.059 349.884 335.278 337.564 324.835 337.604 335.902 311.954
2,8 3,54,1
5,5
32,2
18,3
15,4 12,9
4,83,9
3,5 3,2 2,5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1T13
2T13
3T13
4T13
1T14
2T14
3T14
4T14
1T15
2T15
3T15
4T15
1T16
2T16
3T16
4T16
1T17
2T17
3T17
4T17
1T18
2T18
3T18
4T18
Dívida Líquida/EBITDA (x)
39
Conforme evidenciado na região cinza da figura, durante o período de
deflagração da operação Lava Jato, a relação Divida Líquida/EBITDA da companhia,
aumentou de 4x no primeiro trimestre de 2013, para 32x no quarto trimestre de 2014.
Isso implica, que a companhia precisaria de 32 trimestres (mantido EBITDA constante)
para pagar sua dívida líquida referente ao quarto trimestre de 2014. Vale ressaltar que
os resultados não foram ajustados conforme a companhia faz em seus relatórios, onde
o EBITDA é ajustado apenas pelas despesas recorrentes. Levou-se em consideração
neste trabalho, as despesas não recorrentes de impairment e “gastos capitalizados
indevidamente”, referentes principalmente a operação Lava Jato, dado que são
justamente estes resultados, que serão analisados aqui.
Os gráficos 3 e 4, mostra a evolução da dívida líquida e do EBITDA da
companhia. Durante os anos de 2014 e 2015 a dívida líquida cresceu
aproximadamente 84%, enquanto que, a companhia reportou um EBITDA negativo de
R$24.8 e R$30.7 bilhões de reais, respectivamente. Fato que, ocasionou o aumentou
considerável do indicador Dívida Líquida/EBITDA no ano de 2014 e 2015.
Gráfico 3 – Dívida Líquida trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18, R$mn)
Fonte: Economática, elaborado pelo autor
197251
308332
400
415
506
450
397
385
364
359
340
352
326
120
170
220
270
320
370
420
470
520
570
1T13
2T13
3T13
4T13
1T14
2T14
3T14
4T14
1T15
2T15
3T15
4T15
1T16
2T16
3T16
4T16
1T17
2T17
3T17
4T17
1T18
2T18
3T18
4T18
Dívida Líquida
40
Gráfico 4 – EBITDA da Petrobras (1T13 – 4T18, R$bn)
Fonte: Economática, elaborado pelo autor
De acordo com as notas explicativas da companhia, referentes ao ano de 2014
e 2015, o endividamento líquido da Petrobrás aumentou consideravelmente, em
decorrência principalmente de captações de longo prazo e impacto da depreciação
cambial de 13% e 47%, respectivamente (gráfico 5).
Gráfico 5 – Taxa de Cambio BRL/USD (2013 - 2019)
Fonte: Yahoo Finance
Ainda, de acordo com a figura 3, retirado das notas explicativas da Petrobrás
de 2014, a mesma possuía aproximadamente 82% de sua dívida em moeda
estrangeira, onde 72% era em dólar americano.
Vale ressaltar, que segundo a Economática, a Petrobras se tornou na época
(pós 2015) a segunda maior empresa aberta endividada da América Latina e dos EUA,
e ainda, a terceira maior do mundo.11
11 Disponível em: http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2015/11/petrobras-e-2-empresa-aberta-mais-endividada-da-america-latina-e-eua.html
16,4
18,5
13,6
14,4
14,9
16,5
2,2
-24,8
21,718,7
15,7
-30,7
21,219,5
2,5
21,8
25,6 26,019,1
9,5
28,4
27,928,7
22,5
-40-30-20-10
010203040
1T13
2T13
3T13
4T13
1T14
2T14
3T14
4T14
1T15
2T15
3T15
4T15
1T16
2T16
3T16
4T16
1T17
2T17
3T17
4T17
1T18
2T18
3T18
4T18
EBITDA
41
Figura 3 – Endividamento Líquido da Petrobras (2014)
Fonte: Demonstração financeira de 2014 da Petrobras
Apesar do maior impacto na dívida da companhia, ter sido a depreciação do
real frente ao dólar, as captações de longo prazo também aumentaram, o que pode
ter sido fortemente impactado pela operação Lava Jato, dado que a companhia sofreu
multas bilionárias, e dado que, usavam dinheiro da companhia – destinado a quitar
sua dívida financeira – para pagar propinas. Ainda, devido a menor geração de caixa
pela companhia (EBITDA), a mesma teve que se alavancar, emitindo mais dívida, o
que, portanto, afetou o endividamento negativamente também.
4.2 Indicadores de Liquidez
Abaixo, é mostrado os dois indicadores de Liquidez da Petrobras, durante o
período de 2013 á 2018, que serão analisados aqui neste trabalho.
Tabela 6 – Indicadores de Liquidez trimestral da Petrobras (1T13 – 4T15)
Fonte: Economatica, elaborador pelo autor
Tabela 7 – Indicadores de Liquidez trimestral da Petrobras (1T16 – 4T18)
Fonte: Economatica, elaborador pelo autor
Indicadores de Liquidez 1T13 2T13 3T13 4T13 1T14 2T14 3T14 4T14 1T15 2T15 3T15 4T15(3) Indicador de liquidez Corrente 1,7 2,1 2,0 1,5 1,9 1,9 1,7 1,6 1,5 1,6 1,6 1,5(4) Indicador de Liquidez Geral 0,5 0,5 0,5 0,4 0,5 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
Indicadores de Liquidez 1T16 2T16 3T16 4T16 1T17 2T17 3T17 4T17 1T18 2T18 3T18 4T18(3) Indicador de liquidez Corrente 1,4 1,6 1,7 1,8 1,7 2,0 2,0 1,9 1,9 1,7 1,6 1,5(4) Indicador de Liquidez Geral 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
42
Gráfico 6 – Indicador de Liquidez Corrente trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18)
Fonte: Economatica, elaborado pelo autor
Em relação ao Indicador de Liquidez Corrente da Petrobras, evidenciado no
gráfico 6, é possível ver que a companhia manteve sua relação “ativo circulante” sobre
“passivo circulante” equalizada durante o todo o período, não havendo mudança
significativa durante os anos de 2014 e 2015. Portanto, a capacidade de a companhia
quitar suas obrigações de curto prazo, através da liquidação de seus ativos
circulantes, não fora impactada pelos acontecimentos da operação Lava Jato.
A companhia também manteve, durante todo o período estudado, uma boa
liquidez corrente de seus ativos financeiros. Isto porque, durante o período de 2013 á
2018 o indicador se manteve maior que 1, o que indica que seus ativos circulantes
foram maiores que seus passivos circulantes, e, portanto, a companhia conseguiria
liquidar suas obrigações de curto prazo facilmente com seus ativos líquidos, caso
precisasse, dado as condições da operação Lava Jato.
Diferentemente do gráfico 6, o gráfico 7, evidencia a Liquidez Geral da
Petrobrás durante o período. Na região cinza da figura, é possível ver que a
companhia certamente reduziu sua Liquidez Geral (já que passou de 0.46 no primeiro
trimestre de 2014 para 0.38 no ultimo trimestre de 2015). Ou seja, a companhia
reduziu sua capacidade de liquidar seus exigíveis de curto e longo prazo, e, portanto,
reduziu sua capacidade em arcar com suas obrigações totais apenas com seus ativos
não permanentes, que possuem maior liquidez.
1,7
2,1
1,5
1,91,6
1,61,5
1,4
1,7 1,81,7
2,01,9
1,71,5
0
1
2
31T
13
2T13
3T13
4T13
1T14
2T14
3T14
4T14
1T15
2T15
3T15
4T15
1T16
2T16
3T16
4T16
1T17
2T17
3T17
4T17
1T18
2T18
3T18
4T18
Indicador de liquidez Corrente
43
Gráfico 7 – Indicador de Liquidez Geral trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18)
Fonte: Economatica, elaborado pelo autor
Como já foi mencionado anteriormente, isso aconteceu devido ao fato da
companhia ter aumentou consideravelmente seus exigíveis de longo prazo durante a
operação, o que fora impactado principalmente pelo aumento dos seus
financiamentos de longo prazo.
O indicador de Liquidez Geral da companhia, indicado no gráfico 7 acima,
indica que a companhia não possuía uma boa liquidez sobre suas obrigações de longo
prazo, o que de certo modo acarreta em um risco para a mesma.
4.3 Indicadores de Rentabilidade
Abaixo, é possível ver os indicadores de Rentabilidade da Petrobras, durante o
período de 2013 á 2018.
Tabela 8 – Indicadores de Rentabilidade trimestral da Petrobras (1T13 – 4T15)
Fonte: Economatica, elaborador pelo autor
0,480,50
0,41
0,46
0,43
0,38
0,390,38
0,36 0,35
0,38
0,370,39
0,40
0,40
0,3
0,4
0,5
0,61T
132T
133T
134T
131T
142T
143T
144T
141T
152T
153T
154T
151T
162T
163T
164T
161T
172T
173T
174T
171T
182T
183T
184T
18
Indicador de Liquidez Geral
Indicadores de Rentabilidade 1T13 2T13 3T13 4T13 1T14 2T14 3T14 4T14 1T15 2T15 3T15 4T15(5) Giro do Ativo 0,10 0,10 0,10 0,11 0,10 0,10 0,11 0,11 0,09 0,09 0,09 0,09
(6) Margem Líquida (%) 11% 8% 5% 7% 7% 6% -7% -32% 6% 1% -6% -42%(7) Margem EBIT (%) 14% 16% 8% 8% 10% 11% -5% -40% 18% 12% 8% -50%(8) ROI 1% 1% 0% 1% 1% 1% -1% -3% 1% 0% -1% -4%(9) ROE 2% 2% 1% 2% 2% 1% -2% -9% 1% 0% -2% -14%
44
Tabela 9 – Indicadores de Rentabilidade trimestral da Petrobras (1T16 – 4T18)
Fonte: Economatica, elaborador pelo autor
Gráfico 8 – Giro do Ativo trimestral da Petrobras (1T13 – 4T18)
Fonte: Economática, elaborador pelo autor
Pelo gráfico 8 acima, é possível ver que a companhia manteve estável o giro
dos seus ativos, isto é, sua quantidade de vendas para cada quantidade de ativo, que
a mesma possui. Ainda, manteve-se estável mesmo durante os anos de 2014 e 2015,
período que a Petrobrás foi indiciada na operação Lava Jato.
Isso aconteceu, pois, o aumento da quantidade de ativos da Petroleira, mais
precisamente os imobilizados, devido as contas de impairment e “baixa de gastos
adicionais capitalizados indevidamente” (usados para capitalizar os contratos
superfaturados e a multa diferido pelo Ministério Público), foram contrabalanceados
pelo aumento da receita em 2014. Ou seja, a operação Lava Jato não impactou
negativamente nas vendas da companhia, como era inicialmente esperado, dado que
seu risco de imagem fora impactado pela operação.
Indicadores de Rentabilidade 1T16 2T16 3T16 4T16 1T17 2T17 3T17 4T17 1T18 2T18 3T18 4T18(5) Giro do Ativo 0,08 0,09 0,09 0,09 0,09 0,08 0,09 0,09 0,09 0,10 0,11 0,11
(6) Margem Líquida (%) -1% 1% -23% 4% 7% 0% 1% -7% 10% 11% 7% 3%(7) Margem EBIT (%) 12% 11% -14% 15% 22% 23% 11% -1% 25% 20% 18% 12%(8) ROI 0% 0% -2% 0% 1% 0% 0% -1% 1% 1% 1% 0%(9) ROE 0% 0% -6% 1% 2% 0% 0% -2% 3% 3% 2% 1%
0,100,10
0,10 0,110,10
0,10 0,110,090,09 0,09
0,080,090,09
0,08
0,090,09
0,100,11
0,05
0,10
0,15
0,20
1T13
2T13
3T13
4T13
1T14
2T14
3T14
4T14
1T15
2T15
3T15
4T15
1T16
2T16
3T16
4T16
1T17
2T17
3T17
4T17
1T18
2T18
3T18
4T18
Giro do Ativo
45
Gráfico 9 – Margens EBIT e Líquida trimestrais da Petrobras (1T13 – 4T18, %)
Fonte: Economatica, elaborador pelo autor
Quanto aos indicadores de Margem Líquida e EBIT, a operação teve um
impacto extremamente negativo para a companhia. Pelo gráfico 9, durante o último
trimestre de 2014, a Margem Líquida e EBIT da companhia chegaram a atingir -32%
e -40%, respectivamente. Isso devido ao fato da companhia ter reportado resultados
negativos devido ao aumento considerável da conta de “Outras Despesas
Operacionais”, contabilizados na DRE.
Ao analisar essa conta, nas demonstrações financeiras da companhia, foi
extraído as seguintes informações, contidas nas tabelas 10 e 11 abaixo.
Tabela 10 – Contas de Outras Despesas Operacionais da Petrobras de 1T13 – 4T15
(R$bi)
Fonte: Relatórios financeiros trimestrais da companhia, elaborador pelo autor
11%8% 5% 7%
6%
-7%
-32%
6%1%
-6%
-42%
-1%1%
-23%
4%7%
0%-7%
10%11%
7% 3%
14% 16%8% 8% 11%
-5%
-40%
18%12%
8%
-50%
12%11%
-14%
15%22%23%
11%
-1%
25%20%
18%12%
-60%
-40%
-20%
0%
20%
40%
60%1T
132T
133T
134T
131T
142T
143T
144T
141T
152T
153T
154T
151T
162T
163T
164T
161T
172T
173T
174T
171T
182T
183T
184T
18
Margem Líquida (%) Margem EBIT (%)
Despesas Operacionais 1T13 2T13 3T13 4T13 1T14 2T14 3T14 4T14 1T15 2T15 3T15 4T15Outras Despesas Operacionais (4,24) (2,46) (5,43) (4,42) (6,93) (5,13) (15,56) (47,99) (4,98) (9,45) (11,10) (58,51) Perdas na recuperação de ativos - impairment 0,00 0,00 0,00 (1,20) 0,00 0,00 (0,29) (44,30) 0,00 (1,29) 0,00 (46,39)Baixa de gastos adicionais capitalizados 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 (6,19) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00EBIT 10,01 11,50 5,99 6,87 7,76 8,81 -4,85 -33,64 13,17 9,63 6,25 -42,23
46
Tabela 11 – Contas de Outras Despesas Operacionais da Petrobras de 1T16 – 4T18
(R$bi)
Fonte: Relatórios financeiros trimestrais da companhia, elaborador pelo autor
De acordo com a tabela 10, a companhia realizou resultados operacionais
(EBIT) negativos de R$33,64 bilhões e R$42,23 bilhões, no 4T14 e 4T15,
respectivamente. Isto porque, foi contabilizado um prejuízo de R$44,3 e R$ 46,4
bilhões de reais, devido a “Perdas na recuperação de ativos – impairment” nos dois
trimestres.
Segundo trecho das notas explicativas da Petrobras (2014, p. 28), um
impairment é contabilizado quando:
ativos do imobilizado e do intangível com vida útil definida quando há indicativos de não recuperação do seu valor contábil. [...] Os ativos vinculados à exploração e desenvolvimento da produção de petróleo e gás natural e aqueles que têm uma vida útil indefinida, como o ágio (goodwill), oriundos de uma combinação de negócios, têm a recuperação do seu valor testada anualmente, independentemente de haver indicativos de perda de valor.
E são contabilizados da seguinte maneira (2014, p. 28):
O valor contábil de um ativo ou unidade geradora de caixa é comparado com o seu valor recuperável. O valor recuperável é o maior valor entre o valor líquido de venda de um ativo e seu valor em uso. Considerando-se as particularidades dos ativos da Companhia, o valor recuperável utilizado para avaliação do teste de redução ao valor recuperável é o valor em uso, exceto quando especificamente indicado.
As figuras 4 e 5 abaixo, foram retiradas das notas explicativas da companhia
de 2014 e 2015, e demonstram justamente as contas de impairment, desses anos.
Figura 4 – Impairment da Petrobras por área de negócio (2014)
Fonte: ITR da Petrobras de 2014
Despesas Operacionais 1T16 2T16 3T16 4T16 1T17 2T17 3T17 4T17 1T18 2T18 3T18 4T18Outras Despesas Operacionais -6,457 -9,103 -26,995 -5,005 -4,819 -0,269 -6,771 -20,288 -2,688 -8,003 -9,513 -15,589 Perdas na recuperação de ativos - impairment -0,29 -1,184 -15,292 -3,527 0,021 -0,228 -0,144 -3,511 -0,058 0,177 -1,51 -6,307Baixa de gastos adicionais capitalizados 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0EBIT 8,536 7,582 -10,172 10,536 14,882 15,605 8,216 -0,93 18,326 16,976 17,994 11,58
47
De acordo com a figura 4, o impairment de 2014 fora impactado,
principalmente, pela conta de R$33,954 bilhões da unidade de negócio de
“Abastecimento” da Petrobras. Segundo a companhia esse valor se deve á:
“refino no país (R$ 30.976 milhões), devido à avaliação dos projetos do
2º trem da Refinaria Abreu e Lima (RNEST) e do Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (COMPERJ) separadamente da unidade geradora de caixa do
refino, tendo em vista a postergação desses projetos por extenso período,
motivada por medidas de preservação do caixa e problemas na cadeia de
fornecedores oriundos das investigações da Operação Lava Jato. As
perdas resultaram de problemas no planejamento dos projetos, utilização de taxa de desconto com maior prêmio de risco, postergação da expectativa de
entrada de caixa e menor crescimento econômico” (Release de resultados
4T14, p. 1, grifo do autor)
Portanto, o resultado negativo de R$44,6 bilhões de reais, realizado como
impairment, foi oriundo da operação Lava Jato, conforme explicou a companhia.
Figura 5 – Impairment da Petrobras por área de negócio (2015)
Fonte: ITR da Petrobras de 2015
Já em 2015, conforme a figura 5 acima, o impairment fora impactado,
principalmente, pela conta de R$38,292 bilhões da unidade de negócio de “Exploração
e Produção”. Segundo o release de resultado do 4T15 (2015, p. 1, grifo do autor) esse
valor se deve a “função do declínio dos preços do petróleo e incremento nas taxas de desconto, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda do grau de
investimento (R$ 49.748 milhões)”.
48
Portanto, esse resultado fora devido a efeitos e choques externos a companhia,
que impactaram no resultado da mesma, e não devidamente a operação Lava Jato.
Importante destacar aqui, que esses resultados se deram no período que a
Petrobrás foi condenada na operação, e pela tabela 11, é possível ver que os
resultados relacionados ao impairment, foram estabilizados e quase nulos durante os
outros anos (apenas no terceiro trimestre de 2015 e no último trimestre de 2018 a
companhia obteve um impairment relevante, mas fora devido a depreciação do real,
aumentos na taxa de desconto e queda no preço do petróleo brent, segundo reportou
a companhia).
Também, no terceiro trimestre de 2014 a companhia passou a contabilizar em
“Outras Despesas operacionais” uma conta de “Baixa de gastos capitalizados
indevidamente” (figura 6).
Figura 6 – Baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente da Petrobras por
área de negócio (3T14)
Fonte: ITR da Petrobras do terceiro trimestre de 2014
Segundo a companhia (Release de Resultados 3T14, p.1, grifo do autor), esse
valor foi contabilizado devido a “ativo imobilizado oriundos do esquema de pagamentos indevidos descoberto pelas investigações da Operação Lava Jato”.
Conforme dito anteriormente, e explicado em notícia pelo G1 (2015), “as
empreiteiras se organizavam em cartel para vencer licitações e se beneficiar de
aditivos aos contratos. Essas empresas pagavam propina a diretores e gerentes da
Petrobras, operadores e a partidos políticos como PP, PT e PMDB por doação
eleitoral.”12
12 Disponível em: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/11/pf-estima-que-prejuizo-da-petrobras-com-corrupcao-pode-ser-de-r-42-bi.html
49
Segundo apurou o Ministério Público Federal (MPF), estima-se que o prejuízo
que fora desviado dos cofres da estatal, passa dos R$20 bilhões de reais. E ainda, de
acordo com a tabela de pagamentos indevidos envolvendo as 27 empresas acusadas,
que fora apreendida pela Polícia federal, aponta-se que R$42 bilhões foram desviados
da petroleira.
Apesar dos valores mencionados acima, a companhia Petrobras, contabilizou
apenas R$6,194 bilhões de reais como prejuízo, no quarto trimestre de 2014. De
acordo com a Polícia Federal e o MPF, esse valor está muito aquém do que foi
estimado acima pelos órgãos federais, pois considera, um percentual de apenas 3%
- percentual definido em delação premiada pelo acusado e ex-diretor de
abastecimento Paulo Roberto Costa - de superfaturamento do valor dos contratos e
aditivos (vide figura 6). Mas na verdade, de acordo com matéria publicada na internet
pelo G1 (2015), considera-se que “muitos contratos foram fechados em percentuais
próximos do valor máximo de 20% [...] Em especial, os contratos envolvendo obras
para implantação da Refinaria Abreu e Lima (RNEST) e do Complexo Petroquímico
do Rio de Janeiro (COMPERJ)”.13
Assim, conclui-se que a margem e o resultado EBIT, da petroleira em 2014,
foram impactados, principalmente, pelo efeito negativo da operação Lava Jato,
contabilizados através de impairment e da conta “baixa de gastos adicionais
capitalizados indevidamente”. Já em 2015, a companhia não foi prejudicada pelos
efeitos da operação, mas sim por declínios no preço do petróleo e incrementos nas
taxas de descontos, devido a crise financeira que assolou o país na época, e
contabilizados na linha “Outras Despesas Operacionais” na Demonstração de
Resultado do Exercício da Petrobrás (DRE).
Após 2015, esses resultados foram normalizados e não impactaram nos
resultados operacionais da companhia, dado que a companhia não fora deflagrada
em nenhum outro escândalo de corrupção.
Na tabela 12 abaixo, é apresentado o EBT ou LAIR – lucro antes do imposto
de renda - em português, trimestral da Petrobrás durante 2013, 2014 e 2015.
13 Disponível em: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2015/11/pf-estima-que-prejuizo-da-petrobras-com-corrupcao-pode-ser-de-r-42-bi.html
50
Tabela 12 – EBIT da Petrobras (1T13 – 4T15)
Fonte: Relatórios financeiros trimestrais da companhia, elaborador pelo autor
Os resultados negativos no EBIT da companhia, verificados no quarto trimestre
de 2014 e 2015 já foram explicados anteriormente. Agora, de acordo com a tabela 12
acima, a companhia reportou, em 2015, um Resultado Financeiro muito aquém dos
últimos anos, isso porque, houve um aumento significativo das Despesas Financeiras
da companhia, nesse ano.
Figura 7 – Resultado Financeiro Líquido da Petrobras (2015)
Fonte: ITR da Petrobras de 2015
Segundo a figura 7 acima, o principal fator gerador, que aumentou a Despesa
Financeira da companhia em 2015, foi a conta “Variações cambiais e monetárias s/
endividamento líquido”. Ou seja, o resultado foi impactado pela forte depreciação do
real frente ao dólar em 2015. Isso porque, em 2015 o país estava em sua pior recessão
da história e, portanto, o fluxo de investimento no país diminuiu consideravelmente, o
que impactou negativamente no valor do real.
Ainda, como foi dito anteriormente nesse trabalho, as Despesas Financeiras,
foram impactadas também pelo aumento do endividamento da companhia durante a
operação Lava Jato, dado as maiores despesas com juros.
EBIT (R$ bilhões) 1T13 2T13 3T13 4T13 1T14 2T14 3T14 4T14 1T15 2T15 3T15 4T15EBIT 10,0 11,5 6,0 6,9 7,8 8,8 -4,9 -33,6 13,2 9,6 6,2 -42,2Receitas Financeiras 2,6 -0,7 1,2 0,8 1,7 1,3 1,3 1,1 0,7 0,6 1,9 1,7Despesas Financeiras 1,2 2,8 2,2 3,8 1,8 2,2 2,3 2,9 6,4 6,7 13,3 6,6EBT 11,4 7,9 5,0 3,8 7,6 7,9 -5,8 -35,5 7,6 3,6 -5,2 -47,2
51
Portanto, podemos concluir que a Margem Líquida da companhia em 2014 e
2015, evidenciada na figura 9, foi claramente impactada pelo resultado ruim do EBIT,
devido principalmente aos impactos decorridos da operação Lava Jato, contabilizados
como impairment e “baixa de gastos adicionais capitalizados indevidamente”, e ainda,
pelas despesas financeiras, que foram impactadas pelo maior endividamento da
companhia e, principalmente, pela desvalorização do real frente ao dólar.
52
5. CONCLUSÃO
Ao longo dos últimos anos é notável o aumento de noticiários a respeito de
escândalos ligados a lavagem de dinheiro, propina, corrupção, abuso de poder dentre
outros, no Brasil. São dezenas de escândalos que assolaram o país e seu sistema ao
longo dos anos.
O país caiu 17 posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) em 2017,
e se tornou o 5º maior corrupto do mundo, de acordo com o Fórum Econômico
Mundial, realizado em 2017.
Dentre os que ficaram mais conhecidos e famosos estão: O escândalo do
Mensalão em 2009, Máfia dos Sanguessugas em 2006, Máfia dos Vampiros em 2004,
Operação Navalha em 2007, Operação Mãos Limpas em 2010, e mais recentemente
a Operação Lava Jato e Carne Fraca.
A operação Lava Jato, iniciada em março de 2014, pela justiça federal de
Curitiba, tinha por objetivo inicial, investigar uma rede de postos de combustíveis e
lava jato de veículos, que movimentavam recursos ilícitos pertencentes a quatro
companhias liderados por doleiros.
Na segunda fase, ainda em 2014, o esquema acabou se desdobrando para um
esquema muito maior do que se imaginava, e envolvia desvios de dinheiros do cofre
da maior companhia estatal do país, a Petrobras.
Neste presente estudo, escolheu-se analisar então, os impactos da maior
investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve, a operação Lava Jato, nas demonstrações contábeis da maior empresa estatal do país, a Petrobras.
O estudo propôs uma analise qualitativa, com o objetivo de analisar as
demonstrações dos resultados da companhia e análise dos indicadores econômico-
financeiros de endividamento, liquidez e rentabilidade, dado que, de acordo com
Marion (2012), o equilíbrio de um negócio, sustenta-se no tripé: liquidez,
endividamento e rentabilidade.
Conforme foi apresentado nos resultados, a operação Lava Jato impactou
significativamente em alguns resultados e demonstrações contábeis da Petrobrás,
principalmente na margem operacional da companhia (EBIT) no ano de 2014, dado
que a mesma reduziu sua capacidade de geração de caixa devido ao resultado
53
negativo anormal contabilizado em “Outras despesas operacionais”, que antes e
depois de 2014 e 2015, não tiveram relevância para a companhia.
Como foi mostrado, essa conta foi impactada negativamente por: 1) perdas na
recuperação de ativos – impairment; e 2) baixa de gastos adicionais capitalizados
indevidamente. E que conforme foi explicado pelas notas explicativas da companhia,
derivam-se da operação Lava Jato.
Já em 2015, o resultado operacional e líquido negativo, reportado pela
petroleira, foi impactado, principalmente, por choques externos que culminaram na
depreciação do real frente ao dólar e na queda do preço do brent (petróleo).
Abaixo, resume-se todos os indicadores estudados aqui neste presente
trabalho:
Tabela 13 – Resultados dos Indicadores Econômico-financeiros
Fonte: Elaborado pelo autor
Importante mencionar, que o trabalho possui certas limitações, devido a, como
já foi mencionado, choques externos: i) depreciação cambial; ii) recessão econômica;
iii) queda no preço do brent (petróleo); e iv) redução nas taxas de desconto, que
também tiveram relevância na alteração dos resultados da Petrobrás, principalmente
no ano de 2015.
Indicadores Foi impactado pela Lava Jato?Grau de Endividamento (%) SimDívida Líquida/EBITDA (x) SimIndicador de liquidez Corrente NãoIndicador de Liquidez Geral SimGiro do Ativo NãoMargem Líquida (%) SimMargem EBIT (%) Sim
54
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