Boletim Informativo do CIJ - MPSC
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BBoolleettiimm IInnffoorrmmaattiivvoo ddoo CCIIJJ
NNºº 1122 -- DDeezzeemmbbrroo,, 22000066
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA
CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - CIJ
INFORMATIVO N.º 12 Florianópolis, dezembro de 2006
1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO CENTRO DE APOIO À INFÂNCIA E
JUVENTUDE
1.1. DESTAQUE DA AGENDA DO MÊS
• No dia 4 de dezembro ocorreu reunião da Comissão Gestora APOMT,
tendo como tema principal a divulgação de mídia do APOMT no Estado.
• Nos dias 5, 6 e 7, a Coordenadoria do CIJ participou do encontro do Fórum
Nacional dos Centros de Apoio da Infância e Juventude – Foncaij, na
cidade do Rio de Janeiro.
• Dia 13 foi realizada reunião com a Dra. Alice Borner, do Ministério Público
do Trabalho, tendo como assunto o FONCAIJ e a proposta de Integração
dos Ministérios Públicos do Trabalho e Estadual.
• A Coordenadoria do CIJ participou de reunião com a Secretária Zuleika
Lenzi, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Trabalho e
Renda (SST), onde foi tratado o pagamento de convênios para Abrigos no
Estado.
1
1.2. PROGRAMAS
DNA (Aguardando notícia de David)
2. INICIATIVAS DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
• A Promotoria de Justiça de São Miguel do Oeste, através de seu Promotor,
Dr. Gilberto Polli, ajuizou, no dia 14 de dezembro de 2006, Ação Civil
Pública em face para determinar o imediato afastamento da Sra. Maritana
Marcolin Schafer do cargo de Conselheira Tutelar de São Miguel do Oeste,
inclusive suspendendo o pagamento de qualquer benefício ou vencimento,
pelo fato de não satisfazer um dos requisitos exigidos pela legislação
municipal para o exercício desse mister (conclusão de Ensino Médio).
• A Dra. Cristiane Rosália Maestri Böell e o Dr. Gercino Gerson Gomes Neto,
ambos Promotores de Justiça da Capital, expediram Recomendação n.
010/06, recomendando que os requerimentos de expedição de alvará
judicial para a participação de crianças e adolescentes em eventos
realizados em Florianópolis sejam protocolados com antecedência no juízo
da Infância e Juventude da Comarca da Capital, a fim de evitar prejuízos
aos interessados, caso não haja manifestação ministerial em tempo hábil.
• A Promotora de Justiça Vera Butzke instaurou, com fundamentos no artigo
83, I, da Lei Complementar 197/00, e art. 26 da Lei 8.625/93, Inquérito
Civil, para o fim de investigar a atual situação do transporte escolar no
município de Rio dos Cedros, com vistas à tomada de futuras medidas para
regularizar referida atividade.
• Em 20 de dezembro o Ministério Público de Santa Catarina, através do
Promotor de Justiça Alan Boettger, firmou Termo de Ajustamento de
Conduta com os municípios de Ponte Serrada, Vargeão e Passos Maia,
2
fazendo com que os municípios de Vargeão e Passos Maia se
comprometam, dentre outras providências, a firmar convênio com o
Município de Ponte Serrada, no prazo de 60 (sessenta) dias, com efeitos a
partir do início do próximo ano, objetivando encaminhar recursos
financeiros para este último ente público para auxiliá-lo na manutenção e
funcionamento do abrigo municipal para crianças e adolescentes desta
cidade e comarca, com atendimento específico às seguintes despesas:
aluguel, luz, água, telefone, alimentação e funcionários. As despesas
referentes a remédios, vestuário, fraldas descartáveis serão suportadas por
cada um dos Municípios de acordo com a procedência das crianças e
adolescentes abrigados.
• O Ministério Público de Santa Catarina, através da 1ª Promotoria de Justiça
da Comarca de São Miguel do Oeste, curadoria da Infância e Juventude,
representado pelo Promotor de Justiça Gilberto Polli, entregou à Casa Lar
de São Miguel do Oeste, Entidade de Abrigamento de Crianças e
Adolescentes vinculada à Administração Municipal de São Miguel, bens
(novos e usados), oriundos de apreensões realizadas pela Receita Federal,
cuja destinação consiste na utilização exclusiva pela Casa Lar de São
Miguel do Oeste e seus abrigados.
3. ACOMPANHAMENTO LEGISLATIVO
• A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou no dia 12 de
dezembro parecer favorável ao projeto que determina a destinação de
valores adquiridos ilicitamente por agentes públicos e recuperados por
pessoas jurídicas de direito público para o Fundo Nacional para a Criança e
o Adolescente. O projeto (PLS 393/05) é de autoria da senadora Patrícia
Saboya (PSB-CE) e recebeu parecer favorável do relator, senador Arthur
Virgílio Neto (PSDB-AM). A matéria será, agora, examinada pela Comissão
de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde será votada em decisão
terminativa. Pelo projeto, serão destinados ao Fundo os valores adquiridos
ilicitamente pelos agentes públicos e recuperados, administrativa ou
3
judicialmente, pelas pessoas jurídicas de direito público integrantes da
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
União. Os recursos recuperados pelo poder público que estiverem
originalmente vinculados a determinada área, por determinação
constitucional, deverão permanecer com a mesma destinação, conforme o
projeto. É considerado ato ilícito qualquer ação ou omissão dolosa ou
culposa que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento
ou dilapidação dos bens ou haveres da administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos poderes da União. De acordo com a proposta,
agente público é aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, cargo, emprego, vínculo ou função por eleição, nomeação,
designação ou contratação na administração direta, indireta ou fundacional
de qualquer dos Poderes da União. Na justificação do projeto, a senadora
diz que os recursos que constituem a receita do Fundo para a Criança e o
Adolescente decorrem de fontes governamentais e de doações de pessoas
físicas e jurídicas. Patrícia diz que são muitos os desafios, neste país, para
fazer valer os direitos das crianças e dos adolescentes, apesar dos avanços
que estão sendo obtidos para erradicar o trabalho infantil. - Nada mais
indicado, portanto, do que destinar os valores havidos ilicitamente por
agentes públicos e recuperados, administrativa ou judicialmente, pelas
pessoas jurídicas de direito público, para os fundos dos direitos das
crianças e adolescentes nos diversos níveis da Federação. Esse é o modo
mais adequado e decente de se aplicar, no futuro do Brasil, o dinheiro
ilegitimamente desviado no passado - disse Patrícia.
• Aguarda o recebimento de emendas o projeto de lei (PLS 150/06) que
define o crime organizado e dispõe sobre a investigação criminal, meios de
obtenção de prova, crimes correlatos e procedimento criminal a ser
aplicado. O projeto, de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT),
está tramitando em caráter terminativo na Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ). O projeto define como crime organizado
promover, constituir, financiar, cooperar ou integrar associação, sob forma
lícita ou não, de cinco ou mais pessoas, com estabilidade, estrutura 4
organizacional hierárquica e divisão de tarefas para obter, direta ou
indiretamente, com o emprego de violência, ameaça, fraude, tráfico de
influência ou atos de corrupção, vantagem de qualquer natureza praticando
um ou mais dos 16 crimes enumerados no projeto. Entre os crimes
enumerados no projeto estão tráfico de drogas; terrorismo; contrabando ou
tráfico de armas; seqüestro; crimes contra a administração pública, o
sistema financeiro, a ordem tributária ou econômica, o meio ambiente e o
patrimônio cultural econtra empresas de transporte de valores ou cargas (e
a receptação dolosa dos bens ou produtos obtidos por este meio); tráfico de
mulheres; tráfico internacional de criança ou adolescente; lavagem de
dinheiro, ocultação de bens, direitos e valores; tráfico de órgãos; homicídio
qualificado; falsificação ou adulteração de produtos medicinais; e outros
crimes previstos em tratados ou convenções internacionais de que o Brasil
seja parte.
4. ACOMPANHAMENTO JURISPRUDENCIAL
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
• “AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PROGRAMA
SÓCIO-EDUCATIVO E PROTETIVO PREVISTOS NOS ARTS. 101 E 112 DO
ECA. INGERÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL E VIOLAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES CARACTERIZADA. OBRIGAÇÃO
DO PODER PÚBLICO QUE DEVE SER CUMPRIDA NA MEDIDA DE SUAS
CONDIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO RECONHECIDA.
RECURSO DESPROVIDO”.
(Apelação Cível nº 1999.007671-7, da Capital. 3ª Câm. Dir. Públ. do TJSC, rel.
Des. Cesar Abreu, v. u., DJ 109, 06 dez. 2006, p. 131)
ATO INFRACIONAL
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• “ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ATO INFRACIONAL -
ROUBO TENTADO - CERTEZA DA MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVAS
INFERIDA PELAS PALAVRAS DA VÍTIMA, RESPONSÁVEL PELO
RECONHECIMENTO PESSOAL E FOTOGRÁFICO DO APELANTE -
INOBSERVÂNCIA DA RECOMENDAÇÃO INSCULPIDA NO ART. 226 DO CPP
NÃO INVALIDADORA DA PROVA - NEGATIVA DE AUTORIA ISOLADA –
ABSOLVIÇÃO INVIÁVEL - RECURSO DESPROVIDO”.
(Apelação / Estatuto da Criança e do Adolescente n.º 2006.014695-7, de
Chapecó. 1ª Câm. Dir. Crim. do TJSC, rel. Des. Gaspar Rubik, v. u., DJ 118, 20
dez. 2006, p. 56)
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR
• “APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE PÁTRIO PODER AJUIZADA
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - CRIANÇAS RELEGADAS AO ABANDONO
MORAL E MATERIAL - INEXISTÊNCIA DE CONDIÇÕES MATERIAIS COMO
FUNDAMENTO À PERDA DO PODER FAMILIAR - ART. 23 DO ECA - PEDIDO
DE NOVA OPORTUNIDADE – IMPOSSIBILIDADE - EVIDENTE
DESCOMPROMETIMENTO COM DEZ INFANTES - CONJUNTO PROBATÓRIO
ELUCIDATIVO - NEGLIGÊNCIA E ABANDONO CARACTERIZADOS - HIGIENE
PRECÁRIA - CONSTANTES AGRESSÕES - INTELIGÊNCIA DO ART. 1638 DO
CC E ART. 24 DO ECA - DESINTERESSE TOTAL DOS GENITORES EM
PERMANECER NA GUARDA DOS FILHOS - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO
DESPROVIDO.
Os deveres inerentes ao pátrio poder, não podem ser ignorados pelos pais, que,
ao decidirem por gerar filhos, devem ter a consciência de que serão responsáveis
pela criação e desenvolvimento de seres humanos saudáveis, obrigação esta não
somente moral ou social, mas também legal.
Se, conforme farta prova testemunhal e documental, não apresentam os
pais/apelantes condições mínimas favoráveis para o pleno desenvolvimento dos
infantes, confirma-se a sentença que destituiu o pátrio poder”.
6
(Apelação Cível n.º 2006.023678-2, de Pomerode. 3a Câm. Dir. Civ. do TJSC, rel.
Des. Sérgio Izidoro Heil, v. u., DJ 112, 12 dez. 2006, p. 44)
GUARDA
• “1. APELAÇÃO CÍVEL - GUARDA E RESPONSABILIDADE - SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA - NULIDADE DO DECISUM POR INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO -
INOCORRÊNCIA - EXEGESE DOS ARTS. 98, II, E 148, PARÁGRAFO ÚNICO,
ALÍNEA ‘A’ DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
A Justiça da Infância e da Juventude é competente para analisar pedido de guarda
embasado em violação a direito de menor, por falta ou omissão de seus genitores
(arts. 98, II, e 148, parágrafo único, alínea ‘a’, do ECA).
2. GUARDA - EXCEPCIONALIDADE DO ART. 33, § 2º, DA LEI N. 8.069/90 -
HIPÓTESE EVIDENCIADA - PEDIDO DEFERIDO - DECISÃO MANTIDA.
É possível o pedido de guarda efetuado nos termos do art. 33, § 2º, do ECA, para
resguardar os direitos do infante (referentes a representação, educação, carinho e
alimentação),quando não observados pelos seus genitores, seja por falta de
condições financeiras, seja por falta de interesse.
3. RECURSO DESPROVIDO.
Não há declaração de voto vencido”.
(Apelação Cível 2005.002091-1 Joinville. 2ª Câm. Dir. Civ. do TJSC, rel. Des.
Mazoni Ferreira, DJ 106, 01 dez. 2006, p. 45)
• “AGRAVO DE INSTRUMENTO - DECISÃO QUE DETERMINA INCLUSÃO DE
CRIANÇA NO REGIME DE PREVIDÊNCIA ESTADUAL - ASSOCIADO COM
GUARDA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO - EXEGESE ART. 33 DA LEI N.
8.069/90 E ART. 12 DECRETO ESTADUAL N. 5.599/78 - DEVER DE
ASSISTÊNCIA QUE POSSIBILITA A INSCRIÇÃO NO IPESC.
7
O guardião se obriga a prestar assistência material, moral e educacional à criança
e ao adolescente colocados sob sua responsabilidade (art. 33 da Lei n. 8.069/90).
Em decorrência lógica, a guarda confere a condição de dependente para todos os
fins, inclusive previdenciários, desde que a intenção finalística não seja a inclusão
no Instituto de Previdência como dependente do associado.
Logo, o referido benefício é uma conseqüência inafastável da guarda (art. 12,
parágrafo único, do Decreto Estadual n. 5.599/78) quando este não for o fim em si
mesmo, justamente como se apresenta o caso em tela”.
(Agravo de Instrumento n.º 2006.009849-8, de Lages. 1ª Câm. Dir. Públ. do TJSC,
rel. Des. Volnei Carlin, v. u., DJ 110, 07 dez. 2006, p. 65)
HABEAS CORPUS
• “HABEAS CORPUS - ATO INFRACIONAL - ADOLESCENTE -
REPRESENTAÇÃO MINISTERIAL ACOLHIDA - INTERNAÇÃO DEFINITIVA
DETERMINADA – AUTORIDADE JUDICIÁRIA QUE TOMOU AS PROVIDÊNCIAS
QUE ERAM DEVIDAS, REQUISITANDO VAGA EM UM DOS CENTROS DE
EDUCAÇÃO REGIONAIS DO ESTADO - INEXISTÊNCIA, ADEMAIS, DE
DISPOSITIVO LEGAL QUE IMPEÇA A PERMANÊNCIA DO JOVEM INFRATOR
NO CENTRO DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA ENQUANTO AGUARDA A
CONCESSÃO DE VAGA - DEMORA QUE NÃO PODE SER ATRIBUÍDA AO
JUDICIÁRIO - INOCORRÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL A SER
REPARADO PELA VIA ELEITA.
INTERNAÇÃO DEFINITIVA - AUSÊNCIA DE LOCAL APROPRIADO NO
DOMICÍLIO DOS PAIS E FAMILIARES DO MENOR INFRATOR - ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE QUE FACULTA QUE O RECOLHIMENTO SE
DÊ NÃO NA MESMA LOCALIDADE, MAS NAQUELA MAIS PRÓXIMA DA
RESIDÊNCIA DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS - EXEGESE DO ART. 124, VI, DA
LEI N. 8.69/90 – NÃO OCORRÊNCIA DE COAÇÃO ILEGAL A SER SANADA.
8
VISITAS SEMANAIS - GARANTIA DO ADOLESCENTE PRIVADO DE
LIBERDADE - PRETENDIDO RECONHECIMENTO DO DIREITO À
INDENIZAÇÃO PELAS DESPESAS EFETUADAS COM AS FUTURAS VISITAS,
NO CASO DE INTERNAÇÃO DO MENOR LONGE DO LOCAL DA RESIDÊNCIA
DE SEUS PAIS - MATÉRIA QUE REFOGE AO ÂMBITO RESTRITO DO HABEAS
CORPUS, CUJO DESTINADO É ACAUTELAR A LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO.
ORDEM DENEGADA”.
(Habeas Corpus n.º 2006.042093-2, de Criciúma. 2ª Câm. Crim. do TJSC, rel.
Des. Jorge Mussi, v. u., DJ 117, 19 dez. 2006, p. 66)
• “HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO
INFRACIONAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. ALEGADO
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EM VIRTUDE DE SE ENCONTRAR RECOLHIDO
AO CENTRO DE INTERNAMENTO PROVISÓRIO, QUANDO JÁ DEVERIA
ESTAR CUMPRINDO A MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA QUE LHE FOI IMPOSTA
POR SENTENÇA EM ALGUM CENTRO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE SANTA
CATARINA. ILEGALIDADE INEXISTENTE. ORDEM DENEGADA”.
(Habeas Corpus n.º 2006.042099-4, de Criciúma. 2ª Câm. Crim. do TJSC, rel.
Des. Sérgio Paladino, v. u., DJ 117, 19 dez. 2006, p. 66)
• “ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. SENTENÇA APLICANDO
MEDIDA DE INTERNAÇÃO. PRETENSÃO DE SUA LIBERAÇÃO EM RAZÃO DE
SE ENCONTRAR INTERNADO EM CENTRO DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA
AGUARDANDO SER ABERTA VAGA NO CENTRO EDUCACIONAL. VAGA JÁ
SOLICITADA PELA AUTORIDADE JUDICIÁRIA DE PRIMEIRA INSTÃNCIA.
AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO
QUANTO À ESPERA POR VAGA EM CENTRO DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA
NA LEI 8.069/90. PRECEDENTES. NÃO CONCESSÃO DA ORDEM”.
(Habeas Corpus n.º 2006.042096-3, de Criciúma. 1ª Câm. Dir. Crim. do TJSC, rel.
Des. Jorge Schaefer Martins, v. u., DJ 118, 20 dez. 2006, p. 60)
9
INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
• “ADMINISTRATIVO - HOSPEDAGEM DE ADOLESCENTE SEM
AUTORIZAÇÃO - INFRAÇÃO AOS ARTIGOS 82 E 250 DO ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RECURSO DESPROVIDO
Sujeita-se à pena do artigo 250 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o
estabelecimento que hospedar criança ou adolescente sem autorização dos pais,
responsáveis ou da autoridade judiciária.
Para responder pelo artigo 250 do Estatuto da Criança e do Adolescente, não
importa a designação constante do alvará de funcionamento. Basta que o
estabelecimento hospede criança ou adolescente sem autorização”.
(Apelação / Estatuto da Criança e do Adolescente n.º 2006.014068-7, de Balneário
Camboriú. 1ª Câm. Dir. Crim. do TJSC, rel. Des. Amaral e Silva, v. u., DJ 107, 04
dez. 2006, p. 67)
• “ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - IMPUGNAÇÃO POR
SECRETÁRIO MUNICIPAL À REQUISIÇÃO DE VAGA EM ESTABELECIMENTO
DE ENSINO INFANTIL FEITA PELO CONSELHO TUTELAR - RESPOSTA DA
ENTIDADE ACOMPANHADA DE REPRESENTAÇÃO POR INFRAÇÃO
ADMINISTRATIVA ELENCADA NO ART. 249 DA LEI N. 8.069/90 - ATIPICIDADE
DO FATO MANIFESTA – REPRESENTAÇÃO JURIDICAMENTE INVIÁVEL -
FALTA DE INTERESSE PARA A JUSTIFICAÇÃO - EXTINÇÃO DO PROCESSO
SEM JULGAMENTO DE MÉRITO - RECURSO PREJUDICADO”.
(Apelação/Estatuto da Criança e do Adolescente n.º 2005.011914-6, de Joinville.
1ª Câm. Dir. Crim. do TJSC, rel. Des. Gaspar Rubik, v. u., DJ 113, 13 dez. 2006,
p. 48)
VERIFICAÇÃO DE SITUAÇÃO DE RISCO
• “INCIDENTE DE VERIFICAÇÃO DE SITUAÇÃO DE RISCO DE MENORES -
DEFERIDA A COLOCAÇÃO DAS CRIANÇAS EM FAMÍLIA SUBSTITUTA -
GUARDA DEFERIDA À AVÓ PATERNA - AUSÊNCIA DE ESTUDO SOCIAL
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PRÉVIO - GUARDIÃ QUE MORA NO MESMO TERRENO DO PAI DOS
MENORES - PAI QUE É O CAUSADOR DAS VIOLÊNCIAS FÍSICA E SEXUAL
PERPETRADAS CONTRA AQUELES - REQUERIMENTO MINISTERIAL PARA
CONFECÇÃO DE NOVO RELATÓRIO SOCIAL DO CASO PARA SE
AVERIGUAR O EFETIVO AFASTAMENTO DA SITUAÇÃO DE RISCO -
INDEFERIMENTO E EXTINÇÃO DO PROCEDIMENTO - APELAÇÃO DO
MINISTÉRIO PÚBLICO - SENTENÇA CASSADA - PREVALÊNCIA DO BEM-
ESTAR DOS MENORES - ARTS. 4º E 6º DO ECA - RECURSO PROVIDO.
- Não há como conceber deixar crianças em eventual situação de risco, em razão
de ser correto aguardar a atitude do Conselho Tutelar.
- ‘A teor do disposto no art. 6º da Lei n. 8.069/90, o interesse das crianças deve
sobrepujar as formalidades processuais eventualmente descumpridas ou
parcialmente inatendidas’ (AC n. 98.014263-6, de Taió, Rel.: Des. Anselmo
Cerello, julgado em 02/12/1999)”.
(Apelação Cível n.º 2005.035282-5, de Itajaí. 1ª Câm. Dir. Civ. do TJSC, rel. Des.
Sérgio Roberto Baasch Luz, v. u., DJ 109, 06 dez. 2006, p. 82)
5. NOTÍCIAS DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA
Psicólogos avaliam internação
Diário Catarinense
Psicólogos reclamam dos Centros de Internação Provisória (CIPs) e vão relatar a
situação à Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional da categoria no
Estado, durante o primeiro encontro regional, hoje em Florianópolis.
11
Em Santa Catarina, os 14 CIPs tem atendimento de psicólogos. As propostas de
melhorias discutidas serão encaminhadas para Brasília, num seminário nacional,
dia 8.
Além da necessidade de melhor qualificação destes profissionais, os problemas
levantados por eles nos abrigos serão colocados em discussão, já que no início
deste ano uma inspeção em 40 unidades de internação em todo o país mostrou a
precariedade e a gravidade da situação a que os adolescentes estão submetidos.
No Estado, foram encontrados centros onde apenas uma televisão pequena era
dividida entre 50 internos e com quartos que mais remetiam às celas de
presidiários, sem roupas de cama sequer, segundo o Conselho Regional.
Diário Catarinense, Florianópolis, 1/12/2006
Sinal de alerta com violência nas escolas
Diário Catarinense
Diretores de colégios de Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo se reuniram,
ontem à tarde, para discutir o tema violência nas escolas. A iniciativa do encontro
partiu da empresa de telefonia TIM, que leva oficinas de música para 15 mil alunos
carentes do Brasil - 1 mil só na Capital.
O debate foi na Escola América Dutra Machado, no Bairro Monte Cristo, um dos
locais mais pobres de Florianópolis. Em uma sala simples, os diretores contaram
suas experiências. Também participou do encontro a pedagoga e socióloga Flávia
Schilling, da Universidade de São Paulo.
De acordo com ela, a música é uma forma de unir estudantes e professores e
ajuda na diminuição dos índices de agressão física e emocional nas escolas.
12
- Em escolas onde nada acontece, a violência impera - defendeu.
Para a socióloga, a iniciativa serve para recompor a autoridade nos colégios. Há
negligência da sociedade para essas crianças carentes e a cultura tende a
canalizar o potencial ofensivo para um processo criativo.
- A sensibilidade dos alunos é extrema. É importante que sejam dadas
oportunidades a eles - disse a diretora da Escola América Dutra Machado, Maria
Clara Vinotti.
Em Florianópolis, quatro colégios participam do projeto TIM Música nas Escolas.
Os alunos dessas instituições formam uma bateria mirim com cerca de 120
integrantes.
Diário Catarinense, Fpólis, 2/12
Adolescente morre em festa na Barra Sul
Jornal de Santa Catarina, Balneário Camboriú, 4/12
Um adolescente de 15 anos matou a facadas um rapaz de 17 anos, em um bar na
Barra Sul. Durante uma discussão, o menor pegou uma faca e desferiu um golpe
no coração da vítima, que morreu no local. O adolescente está detido na
Delegacia da Mulher, da Criança e do Adolescente. Hoje, será encaminhado à
Vara da Infância e da Juventude.
Jovem foi seguido após boate e morto a tiros
Diário Catarinense
13
O motoboy Tiago Ferreira, 21 anos, foi assassinado a tiros de pistola após sair de
uma boate em Florianópolis, ontem de madrugada. Um adolescente de 16 anos e
outro de 17 foram detidos, acusados de envolvimento no crime. O mais novo
assumiu a autoria dos disparos. Outro suspeito prometeu se apresentar à polícia.
Tiago brigou com um homem durante uma festa na boate. Na volta, foi seguido e
cercado a cem metros da residência em que vivia, no Bairro Abraão, ao parar o
carro para deixar um amigo em casa. Ele foi rendido por dois rapazes e uma
garota que estavam em um Astra escuro.
A mãe do motoboy, Zadir Ferreira, disse que Tiago estava ajudando a organizar
uma festa surpresa para a avó, que fez 61 anos ontem.
- Meu filho saiu de casa dizendo que voltava logo, e acaba acontecendo uma
coisa louca dessas. E tudo isso aconteceu no dia do aniversário da avó, de quem
ele gostava tanto.
Tiago trabalhava em um escritório de contabilidade e faria vestibular para
Administração.
- Ele dizia que assim que recebesse o 13º salário iria atrás de vestibular, das
coisas da faculdade. Ele tinha planos de crescer - disse a mãe.
Um dos tios dele, Marcelo Ferreira, afirmou que Tiago gostava de esportes,
sobretudo de natação e de ciclismo. O motoboy foi sepultado às 18h de ontem no
Cemitério do Bairro Itacorubi, em Florianópolis.
Os dois adolescentes foram presos às 9h no Bairro Serraria, em São José. A
polícia usou imagens do circuito de segurança da boate, onde houve a briga, e de
um posto de combustível próximo ao local.
O investigador da Central de Polícia da Capital, Jean Gilberto Ribeiro, disse que o
adolescente de 16 anos assumiu a autoria dos disparos. O outro garoto teria
apenas guardado a arma do crime e não estaria no carro que cercou a vítima.
Suspeita que adolescente protege maior de 18 anos
14
A polícia suspeita que o adolescente confessou para inocentar o outro envolvido
no crime. Um homem com identidade não revelada, mas com idade superior a 18
anos. Segundo o investigador, o advogado já entrou em contato e prometeu
apresentar o cliente.
DC, Fpolis, 5/12
Justiça cobra 160 vagas em creches
Diário Catarinense
A Justiça determinou que Herval D'Oeste crie 160 vagas em creches e pré-escolas
até 26 de fevereiro de 2007 e as mantenha em todo o ano.
A medida, em caráter liminar, foi tomada depois que o promotor Marcus Vinícius
Ribeiro de Camillo ajuizou ação civil com base em uma representação de um
cidadão e diligências por parte da promotoria.
Conforme Camillo, foi constatado que o déficit era de 160. O promotor acredita
que o número seja maior. Um acordo foi tentado por várias vezes, mas com as
negativas do município, ele entrou com uma ação.
Para a juíza Alexandra Lorenzi da Silva, um agravante foi o critério de ordem de
preferência para os pais das crianças que já estivessem trabalhando. Isso fere o
princípio da isonomia previsto na Constituição e do direito à educação, segundo
ela.
Caso o município não cumpra a determinação, passa a vigorar uma multa diária
de R$ 1 mil.
DC, Herval D’Oeste, 6/12
15
Trio invade cela e mata jovem
Diário Catarinense
Na cela da Delegacia de Proteção à Criança, à Mulher e ao Adolescente, um
garoto de 15 anos foi assassinado com dois tiros de revólver. Preso no sábado
sob acusação de ter matado um adolescente, na Barra Sul, o rapaz estava detido
na delegacia, segundo a Polícia Civil, por falta de vaga em centros de
internamento provisório da região.
Próximo à meia-noite de segunda-feira, três homens armados renderam o único
agente de plantão, pegaram a chave da cela e atiraram no garoto. O delegado
regional de Balneário Camboriú, Gilberto Cervi, admitiu que a delegacia não era o
local apropriado para manter o adolescente.
- Considero o local inadequado e insalubre - afirmou.
Para o delegado, trata-se de uma execução. O primeiro bandido pediu para entrar
simulando ser uma vítima que gostaria de registrar queixa. Quando o policial abriu
a porta, dois homens encapuzados entraram junto e seguiram direto para a cela
do adolescente.
O rapaz que estava com o rosto descoberto rendeu e amarrou as mãos do policial.
Segundo o plantonista, o trio teria fugido em um Ford Ka azul. Cervi reconheceu a
precariedade da delegacia.
- Infelizmente uma tragédia destas ocorreu. Talvez sirva para melhorar alguma
coisa na nossa estrutura - comentou.
Segundo ele, o efetivo aumentará durante a Operação Veraneio, mas considera a
medida paliativa. Para Cervi, o policiamento intensivo deveria se prolongar durante
o ano inteiro.
16
Desde ontem à tarde, o caso está sob responsabilidade do chefe da Central de
Investigações Policias (CIP), delegado Eliomar Beber.
DC, Balneário Camb, 6/12
Segurança ou invasão de privacidade?
Jornal de Santa Catarina
A tecnologia a serviço da segurança ganhou casas, empresas, prédios e lojas.
Câmeras de vigilância eletrônica, aparelhos de controle de acessos e sofisticados
sistemas digitais se tornaram aliados na tentativa de inibir a violência. O uso
destas novidades chega agora às escolas e levanta polêmica sobre os limites do
monitoramento.
Além de livros e cadernos, alunos da Educação Infantil da Escola Barão do Rio
Branco passaram a carregar um dispositivo eletrônico conectado à agenda, capaz
de controlar o acesso ao ambiente escolar. A tecnologia foi criada para
proporcionar mais tranqüilidade aos pais quanto à segurança dos alunos. Após
três meses, o projeto experimental terminou no final de novembro e envolveu mais
de 60 crianças de dois a seis anos.
Escola estuda implantação definitiva
Quando os alunos entravam e saíam da Educação Infantil, uma antena as
identificava por radiofreqüência. Neste instante, o sistema enviava pela internet
um torpedo para os celulares dos pais.
- A idéia não pode ser vista como uma forma de controle dos alunos. Não dá para
substituir o atendimento humano, com os guardas no portão, por exemplo -
enfatiza a coordenadora de Educação Infantil da escola, Marli Fey Probst.
17
O projeto pode ser adotado em definitivo pela escola, mas a decisão depende de
fatores como o custo e a aprovação da maioria dos pais. Marli reconhece a
necessidade de ajustes, caso a implantação aconteça. Segundo ela, a agenda é
inadequada para portar a etiqueta. É necessário definir um outro local para fixá-la.
Além disso, Marli acredita que o ideal seria implantar a antena no portão de
entrada da escola e não da Educação Infantil. Ela explica que às vezes as
crianças ultrapassavam a área destinada aos alunos de dois a seis anos, onde
estava o sensor, e mesmo permanecendo na escola, deixavam os pais
preocupados ao receberem a mensagem de que teriam saído.
Mãe de Mateus, 5 anos, Cláudia Deutschendorf aprovou a iniciativa. A empresária
vê o controle digital como um avanço tecnológico salutar aos usuários.
- Eu me tranqüilizava ao receber aquelas mensagens informando que meu filho
estava em sala de aula. Era como se ele me mandasse uma mensagem dizendo:
"oi, mãe, tô aqui!" - compara.
Especialistas questionam eficácia de sistema eletrônico
A ampliação do controle eletrônico para alunos adolescentes é ponto de
discordância entre especialistas. Enquanto a psicopedagoga Mônica Prinz acredita
que o resultado será mais eficaz se o sistema se restringir às crianças, Ângela
Ruediger, profissional da mesma área, entende que o sistema deveria ser
ampliado para os alunos de todas as faixas etárias.
- Se for monitorar o adolescente na escola para evitar problemas disciplinares,
será preciso monitorá-lo por toda a vida. As noções de responsabilidade e limites
devem ser construídas desde a infância - frisa Mônica.
Para ela, o dispositivo digital não vai resolver o problema de alunos que desejam
burlar a aula, por exemplo.
- A maioria das crianças é levada pelos pais aos portões do colégio e muitas
vezes até a sala de aula. Com o filho maior, o sistema também poderia cumprir a
função de segurança - destaca Ângela.
18
Mas, de acordo com a psicopedagoga, não adianta assegurar o acesso à
inovação tecnológica se os alunos não se conscientizarem de que o mecanismo
eletrônico tem a intenção de beneficiá-los e não de servir como fator repressor.
- Tudo o que for criado com o objetivo de trazer mais segurança é positivo. Mas
nada deve ser imposto. Caso contrário, o aluno vai encontrar formas de burlar o
sistema - destaca Ângela.
Por isso, para ela, decisões como o local adequado para a colocação da etiqueta
devem ser tomadas em conjunto com os estudantes, para que eles se sintam
envolvidos com o sistema e integrados à novidade.
- Do ponto de vista da segurança é importante, não temos como fugir dos
benefícios tecnológicos, mas não pode ser um controle comportamental. O aluno
precisa ter autonomia para decidir o que é certo e errado - afirmou Mônica.
Sociólogo teme a criação de uma sociedade vigiada 24h
O uso do controle digital nos estudantes é criticado pelo coordenador do Curso de
Ciências Sociais da Universidade Regional de Blumenau (Furb), Nelson Garcia
Santos. Ele lembra que a literatura sinalizava a tendência. No livro 1984, o escritor
inglês George Orwell fala de um mundo dominado pelo rígido controle e
monitoramento dos indivíduos. A obra foi escrita em 1948, mas segundo Santos já
alertava para os efeitos desta realidade:
- Caminhamos para uma situação em que seremos monitorados e vigiados 24
horas por dia, como previa Orwell. Torna-se mais fácil investir na segurança, ao
invés de atacar a desigualdade social e as causas do problema.
Para ele, à medida em que a sociedade evolui na área tecnológica, cria-se uma
falsa liberdade. De acordo com o sociólogo, o projeto experimental implantado na
escola de Blumenau é prejudicial ao desenvolvimento da criança porque não lhe
proporciona a possibilidade de escolha.
- Estes avanços nos aprisionam. Estamos criando crianças robotizadas, seres
mecanizados. Aquilo que antes era ficção, passa a ser realidade - resume.
19
Mesmo assim, o professor reconhece a dificuldade em frear os controles de
vigilância diante do crescimento da violência. Para ele, somente com um amplo
processo de reeducação social isso será possível.
Escolas já manifestam interesse em implantar sistema
O sistema levou cerca de três meses para ser criado. Foi desenvolvido pela
empresa blumenauense de etiquetas Haco, com o apoio de Tim Celular,
Sercompe (computadores HP e redes), S&C (antena de leitura e microchip) e
Premier (sistema de mensagem SMS). Ao todo, o projeto exigiu investimentos na
ordem de R$ 30 mil para a criação e manutenção. Não houve custos para a escola
e outros colégios já manifestaram o interesse em adotar o projeto.
De acordo com o gerente de Informática da Haco, Luciano André Mondini, o
sistema é pioneiro na América Latina. Inova ao associar as etiquetas de
radiofreqüência às mensagens celulares e ao aplicar a novidade ao ambiente
escolar.
- Imagine o filho sendo levado para a escola por um microônibus em um grande
centro urbano e o pai no trabalho, preocupado se ele realmente chegou. O
sistema é uma segurança, um conforto - definiu.
Luciano teve a oportunidade de vivenciar os dois lados da tecnologia. Além de ser
um dos idealizadores do controle de acesso digital, ele é pai de uma criança que
estuda na Educação Infantil da Escola Barão do Rio Branco, onde o aparelho foi
testado.
- Como minha profissão exige que eu viaje muito, é gratificante receber
informações sobre meu filho em qualquer lugar - declarou.
O gerente de Informática adianta que antes de difundir o sistema é preciso rever
alguns detalhes, para evitar falhas detectadas nos três meses de experiência.
Uma das intenções é aumentar o número de antenas no colégio para facilitar a
identificação do aluno.
20
6/12, Blumenau
Pagamento de taxa provoca controvérsia
Diário Catarinense
A taxa de contribuição à Associação de Pais e Professores (APP) está entre os
documentos de matrícula pedidos em muitas escolas da Grande Florianópolis. Os
valores variam conforme a escola. Se for pública (municipal ou estadual), o
pagamento não é obrigatório.
A realidade é que muitos alunos têm medo de perder a vaga na escola caso não
façam o pagamento. Luis Eduardo da Silva, 20, que estuda na 2ª série do Ensino
Médio da Escola Estadual Osmar Cunha, em Canasvieiras, Norte da Ilha, é um
deles. Junto com outros colegas, que preferem não se identificar, ele conta que o
diretor do colégio comparou a taxa da escola à contribuição que se faz ao INSS
(Instituto Nacional de Seguridade Social). A arrecadação seria para pagar as
folhas usadas para as provas.
- A gente prefere não pagar, mas sabe que o colégio não tem condições. Só que o
governo é quem deveria bancar esses gastos, não os alunos - opina Luis.
O diretor adjunto da Escola Estadual Osmar da Cunha, Dirceu Cirilo de Souza,
conta que em 2005, quando a cobrança era facultativa, apenas 10% contribuíram.
Este ano a escola resolveu cobrar a taxa de todos, e pediu a quem não pudesse
contribuir que assinasse uma declaração.
- Nenhum aluno terá a vaga negada por não pagar. Queremos apenas que eles se
conscientizem da importância dessa contribuição para a escola - explica. O diretor
conta que a APP não sobreviveria sem este tipo de colaboração.
Contribuição pode ajudar alunos carentes
21
As despesas da escola, como salários de professores, estão inclusos no
orçamento da Secretaria Estadual de Educação.
- Mas algumas vezes a escola quer proporcionar aos alunos alguma atividade que
esteja além da rotina escolar, como uma festa ou a compra de óculos para algum
aluno carente. Isso o orçamento não cobre e fica ruim esperar por uma licitação -
diz a secretária Estadual de Educação, Elisabete Nunes Anderle.
Ela salienta que a cobrança obrigatória desta taxa, vinculada à disponibilidade de
vaga, é ilegal.
- O que esperamos é que os pais que têm condições ajudem a sua escola. Quem
não puder, ou não quiser pagar, não perderá a vaga.
DC, Fpolis, 7/12
Depoimentos sobre execução
Diário Catarinense, 7/12, Fpolis
As Centrais de Investigações Policiais de Itajaí e Balneário Camboriú começaram
a ouvir ontem testemunhas do assassinato do adolescente de 15 anos, preso em
uma cela da Delegacia de Proteção à Criança, à Mulher e ao Adolescente de
Balneário.
O garoto, que estava detido desde sábado suspeito de ter matado outro menor, de
17 anos, na Barra Sul, foi morto com dois tiros por três homens armados que
invadiram a delegacia.
Segundo o delegado Eliomar Beber, foram ouvidos ontem familiares dos dois
adolescentes, policiais e o detento que estava na cela ao lado.
Segundo testemunhas da morte do jovem de 17 anos, ambos teriam se agredido
por causa de um aparelho de MP3. O delegado regional de Balneário Camboriú,
22
Gilberto Cervi, admitiu que a delegacia não era o local apropriado para manter o
adolescente.
- Considero o local inadequado e insalubre - afirmou.
Mas, segundo Beber, os adolescentes costumam permanecer no local até a
finalização dos trâmites burocráticos do flagrante, em média de dois a três dias.
Para o delegado, não resta dúvidas que se tratou de uma execução.
Prefeitura tem prazo para criar 160 vagas
A Notícia, Herval D’oeste, 8/12
O pintor André Alves da Silva e a esposa Cleusa tentam conseguir uma vaga na
creche do bairro Nossa Senhora Aparecida, em Herval do Oeste, para o filho de
um ano. Cleusa, mulher de André, teve de deixar o emprego para cuidar do filho.
Agora, o problema tem prazo para ser resolvido. Ação civil pública do Ministério
Público de Santa Catarina (MPSC) obriga a Prefeitura a criar 160 vagas em
creches e pré-escolas da rede municipal para atender às necessidades do bairro.
André diz que no bairro havia uma creche que foi fechada para reforma e não
reabriu. "Essa foi a prioridade apontada pelo bairro na audiência pública. Só estou
exercendo meu direito de eleitor." A juíza Alexandra Lorenzi da Silva diz que as
crianças estão sendo privadas do acesso à educação por falta de vagas.
O promotor Marcus de Camillo, que ajuizou a ação, buscava solucionar o
problema desde janeiro. Como não obteve sucesso junto à Prefeitura, recorreu à
Justiça. A Prefeitura tem até 26 de fevereiro para criar as vagas ou pagará multa
diária de R$ 1 mil. Mas já antecipou que será difícil cumprir toda a exigência, que
depende da contratação de pessoal e da ampliação do espaço físico.
23
Nas estradas, meninas trocam sexo por comida
O Estado de S. Paulo, Recife, 11/12
Angela Lacerda
Ela tem 14 anos. Com jeitinho de menina, é educada e se expressa bem. O
sorriso desfalcado de alguns dentes é um dos poucos elementos externos que
revelam uma vida já marcada por experiências pesadas. Maria (nome fictício)
conhece a fome, o sexo em troca de um mimo qualquer. Bala, picolé, às vezes
centavos. Já abortou em casa, escondida, com o rádio ligado na altura máxima
para ninguém escutar os gemidos causados pelas contrações provocadas por chá
forte de ervas.
Como tantas outras meninas e adolescentes de Lagoa Grande, 'a terra da uva e
do vinho', no sertão do São Francisco, 22.381 habitantes, 39,9% da população
adulta analfabeta, a 655 quilômetros do Recife, Maria se enquadra no rótulo de um
dos problemas sociais que desafiam o País: a exploração sexual comercial de
menores. Atualmente, o termo prostituição infantil não é mais utilizado.
CAMINHONEIROS
Lagoa Grande é ponto de parada de caminhoneiros. Nela se cruzam as rodovias
federais BR-428 e BR-122, que levam ao Norte e ao Sul. As crianças e
adolescentes entram para o mundo da prostituição sem consciência. Atendidas
pela prefeitura, 34 delas dispõem de uma conquista recente: uma modesta casa
batizada de 'centro de referência', onde se reúnem para aprender a fazer bijuteria,
artesanato e danças populares, para conversar e participar de dinâmicas
orientadas por uma psicóloga e assistentes sociais.
Elas não admitem usar o corpo para sobreviver. Buscam diversão e a realização
de pequenos desejos. Questionadas sobre seu estilo de vida, reconhecem fazer
'algo errado'. Bebem cachaça, usam drogas, de maconha a crack, até cocaína. O
24
lema é sexo, drogas e forró. A maioria deixou a escola. Têm de 11 a 17 anos. Aos
18, mudam de categoria: são elevadas à condição de profissionais do sexo,
prostitutas. Uma escolha, por sua conta e risco.
AGENCIAMENTO
As histórias são perversas. Uma menina de 13 anos, ainda sem seios, é
supostamente agenciada por um tio. Supostamente porque a família nega, além
de discriminá-la. Deixou a escola porque era constrangida pelos estudantes. Uma
outra largou a escola porque aceitou dinheiro de colegas. Os meninos se
cotizaram para tirar a virgindade de um deles. Depois disso, ela se tornou alvo de
chacota e discriminação.
R. mora com os avós, tem 17 anos e cursou até a sétima série. 'Escola é muito
chato' e 'sou alegre porque bebo' foram declarações suas durante encontro com a
reportagem. J., mesma idade, fez até a terceira série e confessa não saber ler
nem escrever. Com um filho de 2 anos e a marca de uma facada que seu ex-
companheiro e pai da criança lhe desferiu no lado esquerdo do queixo, fala com o
intuito de chocar: 'Bebo cana, vou para onde quero, pago a alguém para ficar com
meu filho enquanto estou bebendo'. S., também mãe, se arrepende de ter 'pegado
bucho' aos 14 anos. Mas continua a perambular numa vida de risco que não a livra
de outra gravidez impensada.
SEM DADOS
O governo do Estado de Pernambuco não tem números da exploração sexual de
menores, mas pesquisa da Secretaria Especial de Direitos Humanos e do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef) indicou 63 municípios pernambucanos
com o problema. Lagoa Grande entre eles. Mesmo não citados na pesquisa,
outros 38 municípios vivem a mesma situação, de acordo com relatos de
prefeituras à Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania.
Responsável pelas ações na área do abuso e exploração sexual, Sueli Emília
considera a situação 'grave', com exigência 'urgente e constante' da presença de
intervenções públicas.
25
Lagoa Grande recebeu destaque pela exploração sexual no relatório final da
pesquisa do Conselho Regional de Medicina (Cremepe), que, em caravana,
percorreu 104 dos 184 municípios pernambucanos entre 2005 e 2006. Com
especialistas de várias áreas da saúde, a Caravana do Cremepe fez um
levantamento das condições de saúde e da problemática das regiões visitadas.
Para a Secretaria de Assistência Social da cidade, essas meninas e adolescentes
exercem o 'sexo do R$ 1,99', em que se trocam por qualquer coisa oferecida.
Criança cai em buraco e morre
Diário Catarinense, Lages, 11/12
GUTO KUERTEN/ Especial DC
Igor Rodrigues, de 7 anos, acordou ontem de manhã para brincar com a bola que
tinha ganhado de Natal de sua mãe. Por volta das 10h, familiares e amigos
começaram a procurá-lo. Acabou sendo encontrado, por volta das 14h, já sem
vida, dentro de um buraco próximo ao local onde jogava futebol.
O buraco localizado na residência do borracheiro Telmo Coelho Batista, de 28
anos, foi aberto há mais de um mês por funcionários da Secretaria Municipal de
Águas e Saneamento (Semasa) para construção de uma fossa de banheiro.
Com dois filhos em casa, Telmo Batista ficou preocupado e chegou a pedir ao
pedreiro para fechar o buraco, que ficou cheio e encoberto pela água da chuva
dos últimos dias.
O menino morava com a mãe, o pai e a avó na Rua Eleotério da Silva Furtado, no
Bairro Centenário, a aproximadamente 50 metros onde ele caiu no buraco. Igor
brincava com a bola sozinho no local do acidente.
26
- Ainda não estamos acreditando no que ocorreu. A minha filha perdeu o único
filho ao brincar com a bola que havia ganhado dela de Natal. O sonho dele era ser
jogador de futebol - lembrou a avó Alzemir Pereira Dutra.
Contraponto
O secretário municipal de Águas e Saneamento, Zauri Tiaraju de Castro, foi
procurado pelo celular por 15 ocasiões ontem à tarde pela reportagem, mas
estava com o aparelho desligado.
Documentário sobre crianças é exibido hoje
Diário Catarinense, Fpolis, 11/12
O documentário O que o destino me mandar, que mostra o cotidiano de crianças
que vivem em abrigos, será exibido às 19h30min de hoje no auditório do Cecontur,
no Centro de Florianópolis. A promoção é da Associação dos Magistrados
Catarinenses, em parceria com Tribunal de Justiça, Corregedoria-Geral de Justiça,
Academia Judicial e Núcleo Estudos das Infância e Juventude. A entrada para o
evento é gratuita.
No Brasil, são 80 mil as crianças que vivem em abrigos. Em Santa Catarina, cerca
de 1,1 mil. São meninos e meninas que vivem entre o sonho de voltar para a
família de origem ou de serem adotados.
O filme tem 59 minutos, com roteiro e direção da jornalista Ângela Bastos, repórter
especial do Diário Catarinense.
O trabalho tem o apoio cultural da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)
e foi lançado nacionalmente no dia 16 de novembro, em Curitiba. No ano que vem,
a entidade deflagra uma campanha sobre a adoção legal no Brasil.
27
Em novembro de 2005, Ângela foi convidada pela Associação dos Magistrados
Catarinenses a exibir um outro documentário que dirigiu, Flor de Pessegueiro, em
um encontro estadual realizado na cidade de Concórdia.
A forma delicada e intensa como a questão da violência sexual contra crianças foi
tratada no vídeo por ela dirigido chamou a atenção dos magistrados.
Era o começo de um novo trabalho da repórter que tem o título de Jornalista
Amiga da Criança concedido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância
(Andi) e Fundo das Nações Unidas para a Infãncia (Unicef) e acumula prêmios na
área dos direitos das crianças e dos adolescentes.
O filme
Pesquisa, roteiro e direção: Ângela Bastos
Produção executiva: Juraci Perboni
Imagens: Mauro Fagundes
Edição de imagens: Stanley Costa
Trilha sonora: Miriam Moritz e Ricardo Fuji
Finalização e pós-produção: Gilberto Voorsluys
Brasil perde para nações mais pobres
A Notícia, Brasília DF, 11/12
Cláudio Prisco Paraíso
28
O relatório anual Situação Mundial da Infância do Fundo das Nações Unidas para
a Infância (Unicef), que será divulgado hoje, mostra que o Brasil avançou, mas
perdeu posições para países mais pobres que melhoraram com mais rapidez as
condições de vida de suas crianças. O País está em 86º lugar numa lista de 190
nações, preparada com base na mortalidade de crianças menores de cinco anos.
É o quinto ano consecutivo que o Brasil cai no ranking. Desde 2003, já perdeu
sete posições.
De acordo com o relatório, de cada grupo de mil crianças brasileiras nascidas
vivas, 33 morrem antes de completar cinco anos. No ranking anterior, o índice de
mortalidade era de 34 para cada grupo de mil. Pelos critérios definidos pelo
Unicef, o país de melhor desempenho entre todos os aferidos, San Marino, figura
na 190a posição. No ano passado, o Brasil era o 88º colocado. Em 2003, era o
93º. A comparação com os vizinhos da América Latina é dolorosa. Entre 21
países, o Brasil é o 15º. A maior economia da América Latina fica atrás de El
Salvador e República Dominicana, e muito longe de Argentina, Uruguai e Chile.
A queda do País na classificação geral é explicada pelo avanço de dois pequenos
países. Belize, na América Central, deu um salto surpreendente: aparecia atrás do
Brasil, na posição 81, e pulou para a 125. As Ilhas Salomão, que hoje ocupam a
posição que foi do Brasil três anos atrás, ainda era o 70º no ano passado. Para
completar, o Egito, que ficava duas posições atrás no levantamento anterior, hoje
já empata com o Brasil.
A baixa velocidade de avanços do País é uma constante nos estudos mundiais.
Assim foi no índice de desenvolvimento humano (IDH) deste ano, também
preparado pelas Nações Unidas. O País recuou uma posição, da 68 para 69,
embora seu índice tenha melhorado, de 0,788 para 0,792.
29
Mãe deixa bebê sozinho em casa
A Notícia, São José, 11/12
Um bebê de três meses foi deixado sozinho em casa pela mãe e pela tia, no bairro
Procasa, em São José, na Grande Florianópolis. A Polícia Militar (PM) recebeu
denúncia e chegou ao local por volta da meia-noite de sábado. O proprietário de
um bar localizado próximo à residência retirou o menino da casa e aguardou a
chegada dos policiais, que o encaminharam ao conselho tutelar do município.
A PM apurou que a mãe e a tia seriam garotas de programa. Conforme uma
conselheira tutelar, que preferiu manter o nome em sigilo, o estado de saúde da
criança era bom, mas nenhum outro dado poderia ser divulgado. "O processo é
mantido em sigilo para resguardar os envolvidos", explica. O bebê foi levado para
um abrigo, como medida de proteção.
Relatório sobre a situação será apresentado hoje para a juíza da Vara da Infância
de Juventude de São José, que definirá o destino da criança. Casos dessa
natureza ocorrem com freqüência, aponta a conselheira, que alerta para o dever
da sociedade em denunciar situações semelhantes.
Na Grande Florianópolis o telefone para denúncias é o 0800-643-1407. Cada
município tem um número específico, mas também é possível ligar para o telefone
de emergência da PM (190), que repassa os casos para o conselho tutelar.
Quando o conselho recebe denúncia vai até o local. Se a criança estiver sozinha,
tem liberdade para entrar na casa e retirá-la. Se o responsável estiver em casa, é
advertido de que não pode proceder dessa forma, caso contrário corre o risco de
perder a guarda. Somente o juiz da Vara da Infância de Juventude vai definir se a
criança passará por programa socioeducativo, se vai para abrigo, se poderá
receber visitas ou se o melhor é que seja encaminhada para a adoção.
30
Estado tem menos morte de crianças
Diário Catarinense, Fpolis, 12/12
Apesar de o Brasil estar em posição desconfortável no ranking mundial da
mortalidade infantil, Santa Catarina é o Estado brasileiro com menor número de
óbitos entre crianças com menos de cinco anos de idade. A Situação Mundial da
Infância foi divulgada ontem pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef).
A cada mil nascidos vivos, 33 morrem no Brasil. O índice catarinense está bem
abaixo da média brasileira, com 12,1 óbitos. O Brasil passou do 88º lugar para o
86º no ranking mundial sobre mortalidade de crianças de até cinco anos,
divulgado anualmente pelo Unicef. A lista engloba 193 países e aqueles com os
piores indicadores aparecem nas primeiras posições.
O coordenador do programa de saúde da criança da Secretaria de Estado da
Saúde, Halley Cruz, informou que o acesso aos serviços básicos de saúde e a
qualidade de vida da população contribuem para o progresso do quadro em Santa
Catarina. Em 2000, o número de mortes era maior, 15,7, mas ainda era baixo se
comparado à situação nacional.
Santa Catarina adere ao pacto nacional
Em setembro deste ano, o Estado aderiu ao Pacto Nacional de Redução da Morte
Materna e Neonatal, lançado pelo governo federal em 2004. Foram reforçadas
ações de planejamento e coordenação desenvolvidas pela secretaria, como
capacitação de pessoal, reconhecimento de riscos, equipes de saúde da família,
entre outras.
31
Em parceria com a rede pública de saúde, atua a Pastoral da Criança, coordenada
pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. No último trimestre, só em
Florianópolis foram atendidas 594 famílias.
A coordenadora paroquial de Canasvieiras, Elisabete Nunes, informou que as
gestantes são orientadas durante a gravidez e, após o nascimento do bebê, até
completar seis anos de idade.
Uma das beneficiadas é Sophia Mendes, de três anos. Ela nasceu com baixo
peso, apenas 1,5 quilo, e é acompanhada mensalmente pela pastoral. Hoje ainda
pesa menos do que o normal para sua idade, tem 9,6 quilos, mas está melhorando
gradativamente.
O segredo é a multimistura, uma farinha feita com sementes, fubá, farinha de trigo,
farelos de nozes, arroz, gergelim, entre outros ingredientes indicados por uma
nutricionista. A mistura não tem gosto e pode ser misturada à comida. Sophia
toma na mamadeira ou come com feijão.
País registra queda na taxa de mortalidade
Apesar da queda no ranking, o Brasil registrou diminuição na taxa de mortalidade
de crianças.
O relatório traz dados referentes a 2005, quando a taxa brasileira era de 33 mortes
de crianças de até cinco anos para cada mil nascidas vivas. No ano anterior, esse
índice era de 34; e em 1990, de 60.
De acordo com o Unicef, o fato de o quadro ter melhorado no Brasil e ainda assim
o país ter piorado no ranking mundial é explicado pelo avanço de outros países,
com mais velocidade. Em primeiro lugar aparece Serra Leoa, país africano em que
32
a cada grupo de mil crianças nascidas vivas, 282 morreram antes de completar
cinco anos de idade em 2005.
Já os países com as menores taxas que dividem a 190ª posição são Andorra,
Cingapura, Islândia e San Marino. Em 2005, eles registraram três mortes de
crianças de até cinco anos a cada mil nascidas vivas.
Mortalidade Infantil
Número de óbitos por mil nascidos vivos
Brasil: 33
Santa Catarina: 12,1
Regiões mais críticas em SC
Joaçaba e Xanxerê: acima de 20
Lajes: 19,7
Regiões com menor índice em SC
Jaraguá do Sul, Blumenau, Araranguá, Joinville e Florianópolis - abaixo de 10
Ministério da Saúde contesta dados do Unicef
O Estado de S. Paulo, SP, 12/12
O Ministério da Saúde divulgou nota ontem contestando o relatório Situação
Mundial da Infância 2007, preparado pelo Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef), que coloca o Brasil em 86.º lugar entre 190 países (sendo 190.º
o melhor colocado). De acordo com o ministério, a metodologia usada pelo Unicef
¿superestima a mortalidade infantil¿ no País.
¿A estatística oficial estima taxa de mortalidade infantil de 22,58 óbitos por mil
nascidos vivos e de mortalidade na infância de 26,85 em 2004¿, diz a nota. O
Unicef calculou taxas de 31 e 33, respectivamente, em 2005.
33
Empresários convocam seminário sobre o tema
As entidades que representam os empresários na cadeia produtiva de folheados
de Limeira devem discutir, no início de 2007, soluções para os desafios
trabalhistas e ambientais do pólo. De acordo com o diretor do Instituto Brasileiro
de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) e do Sindicato da Indústria de Joalheria,
Ourivesaria, Bijuteria e Lapidação de Gemas do Estado de São Paulo (Sindijóias),
Écio Morais, a intenção é reunir todos os setores envolvidos na cadeia produtiva,
órgãos de fiscalização, imprensa e especialistas. ¿Não adianta dizer que a culpa é
só do empresário. Estamos todos envolvidos. O que acontece em Limeira é um
problema social.¿
Segundo Morais, o principal trabalho das associações e sindicatos, hoje, é
combater as empresas clandestinas, que destroem mercados produzindo com
custos baixíssimos de mão-de-obra.
Segundo levantamentos do IBGM, as cerca de 450 micro e pequenas empresas
do setor de bijuterias e folheados de Limeira absorvem, oficialmente, um terço da
população economicamente ativa local contratando entre 45 mil e 50 mil pessoas.
Somente as empresas da cidade produzem 50 toneladas de jóias, semijóias e
folheados por mês, cerca de 60% da produção nacional. A cidade também detém
50% da exportação de folheados brasileiros. O Brasil deve movimentar neste ano
US$ 150 milhões em folheados e US$ 70 milhões em bijuterias.
IMPACTO AMBIENTAL
Para piorar, as águas do Ribeirão Tatu, que corta Limeira, estão contaminadas por
metais pesados como zinco, cádmio, níquel e cobre em níveis que prejudicam o
ambiente e a vida aquática, segundo pesquisa do Laboratório de Ecotoxicologia
Aquática e Limnologia (Leal) da Unicamp.
34
De acordo com o coordenador do trabalho, o pesquisador Abílio Lopes de Oliveira
Neto, as análises foram feitas em efluentes brutos ou tratados por empresas que
trabalham com galvanoplastia, processo químico para dar aos folheados o aspecto
de ouro ou prata.
Produção de jóias em Limeira emprega 6 mil crianças e jovens
Absorta, Janaína, de 12 anos, fixa o olhar no alicate dentro do pequeno cômodo
de madeira da casa em que mora, em Limeira, a 150 km de São Paulo, onde
passa as tardes ajustando ganchos em brincos. A garota é uma das pelo menos 6
mil crianças e adolescentes de até 17 anos do sistema estadual de ensino,
segundo pesquisa da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), que
trabalham geralmente com as mães e os irmãos montando folheados brutos para
450 empresas do setor de bijuterias da cidade. Um contingente que pode chegar a
33 mil pessoas - levando-se em conta seus parentes - que opera
clandestinamente dentro de uma cadeia produtiva que deve faturar neste ano US$
220 milhões no País, 60% só em Limeira.
De acordo com o autor do Estudo de Riscos à Saúde do Trabalhador e ao Meio
Ambiente na Produção de Jóias em Limeira, o engenheiro de produção Marcos
Antônio Libardi Ferreira, a análise da Unimep, que pela primeira vez comprovou o
trabalho infantil no setor de folheados, levou em consideração 30.800 alunos da
rede estadual.
A investigação também identificou queixas das crianças de dores nos membros
superiores do corpo. Nos questionários, 62,1% afirmaram que realizam trabalhos
repetitivos, 32% sentem dores nas mãos e braços e 42% reclamam de dores nos
ombros, pescoço e coluna. ¿Isso sugere doenças relacionadas a LER (lesões por
esforços repetitivos)¿, diz.
Os danos causados pelo trabalho repetitivo rondam os cômodos e fundos de
quintais das casas onde são montadas as peças, no bairro José Cortez, periferia
de Limeira, que concentra o maior número de famílias realizando movimentos
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idênticos para completar cada bijuteria. Sem garantias trabalhistas ou de saúde, a
mãe de Janaína, Ângela Maria Ribeiro, de 34 anos, há três montando folheados,
sente nas mãos e nos braços o peso das pelo menos cinco mil montagens que faz
por dia, quando tem matéria-prima para o trabalho.
¿Ganho R$ 5 por milheiro. Então tem de fazer bastante para tirar pelo menos uns
R$ 300 por mês. Com isso, o salário mínimo do marido e os R$ 95 do Bolsa-
Família, a gente monta uma renda¿, diz a mulher. Trabalham com ela as duas
filhas, Janaina e Jéssica, de 16 anos, e o garoto de 8. ¿As crianças de 5 e 3 não
fazem nada, só olham¿, garante.
Humberto Luiz Mussi de Albuquerque e Alvamari Cassillo Tebet, da Procuradoria
Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas, buscam uma forma de lidar
com o assunto sem eliminar abruptamente a fonte de renda das famílias. ¿Não
podemos atuar diretamente na empresas pois corremos o risco de extinguir a
única fonte de renda de muitas famílias¿, diz Albuquerque.
REDUÇÃO DE CUSTOS
¿O que temos hoje, com a entrada da China e Índia no mercado mundial, é uma
disputa por expressiva redução do custo de produção, uma redução a qualquer
preço¿, diz Ricardo Antunes, pesquisador do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Absorta, Janaína deixa de lado o alicate e vai para outra sala. Reclama que
precisa terminar a lição de casa que a professora da 5ª série deu aos alunos. Mas
garante que não deixa os estudos para não ter a mesma necessidade da mãe de
montar folheados para sobreviver em um bairro pobre da periferia. ¿Queria ser
professora¿, conta.
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Adolescente resgatado
Diário Catarinense, Fpolis, 12/12
O adolescente de 14 anos resgatado na madrugada de 10 de outubro da cela da
6ª Delegacia da Capital, foi apreendido ontem pela manhã, no Morro da Macumba,
Bairro Saco dos Limões. A Polícia Militar recuperava uma moto furtada quando
encontrou o jovem. Um homem que acompanhava o infrator fugiu.
Quando os policiais localizaram, na Rua Elizeu de Aguiar, uma Tornado 250cc,
placas de Florianópolis, furtada no dia 3 deste mês, no Centro, se depararam com
o foragido. O jovem tentou fugir e acabou apreendido. A operação teve a
participação do helicóptero Águia da PM. A motocicleta foi encaminhada para a 2ª
DP.
- Recuperamos uma moto e encontramos o rapaz, que é conhecido da guarnição
pelos crimes de furto e de roubo. Ele foi recapturado em meio ao matagal - contou
um sargento da 6ª companhia PM, que não quis se identificar.
Foragido havia 65 dias, o adolescente voltou para a 6ª DP no mesmo plantão em
que foi resgatado. Em outubro, ele estava apreendido pelo crime de roubo a um
posto de combustível no Bairro Pantanal.
Perto das 2h, dois homens chegaram na 6ª DP da Capital e foram recebidos por
dois policiais. Armados com pistolas, eles renderam os policiais e resgataram dois
adolescentes. Os policiais civis rendidos ficaram presos na cela.
- Eles queriam resgatar o adolescente recapturado hoje (ontem), porque o outro já
seria liberado. Havia um terceiro homem que acompanhava a operação a
distância em uma moto - disse um dos policiais da equipe que trabalhava no dia
do resgate.
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A delegada Andréa Pacheco ouviu, ontem, o depoimento do jovem para
prosseguir a investigação sobre o seu resgate. O caso é prioridade para os
policiais da delegacia.
Homem preso por explorar menor
A Notícia, Balneário C., 14/12
Erisvaldo Costa Vieira, 27 anos, foi autuado em flagrante por lesões corporais,
ameaça e corrupção de menor, por estimular a prostituição de uma adolescente
de 14 anos. Foi flagrado agredindo a jovem, na avenida Marginal Oeste, em
Balneário Camboriú. Na Delegacia de Proteção à Mulher, à Criança e ao
Adolescente, ela admitiu se prostituir e usar crack. Porém, disse que nos últimos
30 dias, Vieira a obrigava a entregar todo o dinheiro que ganhava
Garoto algemado em pilar de delegacia
Diário Catarinense, Palhoça, 15/12
Abraçado e algemado a um pilar da Delegacia de Palhoça (DP), na Grande
Florianópolis, um garoto de 14 anos espera desde a segunda-feira pela liberação
de vaga em um centro educacional para adolescentes infratores. Ele ironiza a
própria cena a que está submetido e comenta apenas que durante o dia fica ali e à
noite dorme em um espaço na entrada da cela da Delegacia de Polícia.
O adolescente foi detido sob acusação de roubo e tentativa de homicídio ocorridos
no fim de semana. Policiais que não quiseram se identificar contaram que ele teria
jurado matar o menino de quem havia roubado objetos, depois que o pai da vítima
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registrou boletim de ocorrência na delegacia. Foi apreendido com uma pistola,
depois de ter disparado cinco tiros contra o jovem.
Detido, não havia vagas em nenhum centro para interná-lo. Em casos como esse,
o adolescente deve ser encaminhado para a Delegacia de Proteção à Mulher, à
Criança e ao Adolescente (6ª DP). No entanto, o lugar teria espaço para duas
pessoas e já estaria com 12. Por isso, a solução foi deixado na DP de Palhoça.
Os policiais garantem que a promotoria e o juizado têm conhecimento da situação.
Essa versão não foi confirmada pela reportagem, pois os representantes dos
órgãos citados não foram encontrados ontem.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), Reinaldo Pereira, soube do caso e encaminhou ofício em que
comunicava o problema ao Juizado da Infância e Juventude.
- Isso é descumprimento do estatuto (da Criança e do Adolescente). A falta de
vagas não autoriza que garantias individuais constitucionalmente previstas sejam
desrespeitadas - observou.
Em 14 de novembro, a equipe de reportagem já havia flagrado outro adolescente
detido junto ao pilar da mesma delegacia. O rapaz de 16 anos também estava
algemado. Ele havia roubado 12 panelas, cinco quilos de açúcar, bolsas com
roupas e um celular de uma casa.
Internos do São Lucas concluem curso
A Notícia, São José, 15/12
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Um grupo de 27 internos do Centro Educacional São Lucas concluiu ontem o
curso de Inclusão Digital. Além dos internos, três servidores também participaram
das aulas. A formatura ocorreu às 15 horas, quando os 30 participantes
receberam o diploma. O curso, fruto de convênio entre o São Lucas e o Centro
Federal de Educação Tecnológica (Cefet), iniciou no dia 30 de outubro. Foram
quatro módulos em que os integrantes aprenderam informática básica e
receberam capacitação para trabalhar em diferentes programas de computação.
A formatura de ontem foi restrita aos internos, pois os pais já haviam realizado
visita em eventos da Pastoral da Criança, durante o fim de semana. A gerente do
São Lucas, Isa Maria de Andrade, aponta que muitos dos alunos nunca tiveram
acesso ao computador. "Essa é mais uma forma de ajudá-los no currículo",
declara.
Em janeiro mais três cursos profissionalizantes serão realizados para os internos
do São Lucas. Com duração de cinco meses haverá aulas de culinária, expressão
corporal, manutenção de computadores e aulas e manutenção de instrumentos
musicais. "O São Lucas está aberto para qualquer instituição que queria realizar
cursos aqui dentro", ressalta Isa. Outra intenção, segundo ela, é integrar a família
e os internos.
Eu vou matar, diz adolescente
A Notícia, Fpolis, 16/12
Ainá Vietro
Palhoça
Com apenas 14 anos, ele exibe tatuagens pelo corpo e personalidade forte. O
adolescente que aguardava até a noite de ontem vaga em centro de internação
provisória do Estado, algemado a um pilar na Delegacia de Polícia de Palhoça, na
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Grande Florianópolis, não tem receio de falar que realmente tentou matar um rival.
Também não esconde de ninguém o que pretende fazer quando sair de lá. "Eu
vou matar. Prefiro que a mãe dele chore a morte, do que a minha", disse, mesmo
não sabendo onde mora a própria mãe, que fugiu de casa e o deixou aos cuidados
do pai.
O caçula entre três filhos é precoce não só no mundo do crime. Também foi
precoce ao abandonar os estudos, na terceira série do ensino fundamental, depois
de ter sido expulso de três colégios na região da Ponte do Imaruim, em Palhoça.
Com ficha criminal extensa para a pouca idade, já foi detido por assalto e tráfico
de drogas, além do flagrante por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma, na
segunda-feira. Depois de ser acusado de um roubo, ele deu cinco tiros na suposta
vítima. Sem medir as palavras, afirma ser viciado em maconha e expõe a
facilidade em conseguir uma arma. "É só conhecer as pessoas certas. Já havia
pegado em arma e atirado contra paredes, mas essa foi a primeira vez que atirei
em alguém", comenta.
Algemá-lo a um pilar foi a forma que o delegado Wilson Carvalho encontrou para
evitar uma tragédia. "Tenho responsabilidade pela integridade dele, não posso
deixá-lo solto, possibilitando uma fuga, e também tenho que preservar meus
funcionários", explica. Como foi detido em flagrante, o juiz José Maurício Lisboa
determinou que fosse internado por 45 dias no centro de internação provisória
mais próximo. Como não há vagas, o garoto aguarda na delegacia. Procurado
pela equipe de A Notícia, Lisboa avisou ontem que não atende a jornalistas.
O promotor da Infância e Juventude, Daniel Paladino, frisou que sabia que o
acusado aguardava liberação na delegacia, mas somente na manhã de ontem
tomou conhecimento de que estaria algemado a um pilar. "Isso demonstra a que
ponto chegou a situação. Esse adolescente deveria estar em um centro de
internação provisória, mas não existe vaga", indigna-se. Paladino ressalta que
quando soube que o garoto havia sido detido ligou pessoalmente para a
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responsável pela gerência do sistema, expôs a situação e encaminhou pedido por
fax. Acreditou que o problema estivesse equacionado. O representante do
Ministério Público (MP) conclui que a responsabilidade é do Estado.
Secretário questiona perpetuação de ações criminosas
Diogo Vargas
Florianópolis
A cena do garoto preso ao pilar piorou ainda mais a imagem do crítico sistema
prisional catarinense. O secretário da Segurança Pública e Defesa do Cidadão
(SSP), coronel Dejair Vicente Pinto, considerou lamentável o modo e o local em
que os policiais civis de Palhoça encontraram para manter apreendido o
adolescente infrator. Porém, disse que o episódio reflete a falta de vagas e a
dificuldade da polícia em encontrar lugar adequado para os detentos.
O titular da SSP prometeu a abertura de 40 novas vagas para adolescentes
infratores a partir de janeiro, com a contratação de 80 servidores. Serão 20 no
Centro Educacional São Lucas, em São José, na Grande Florianópolis, dez no
centro de internação de Chapecó e dez no de Lages.
"Essa realidade é problema social. Os presos e seus familiares ficam preocupados
por estarem em locais insalubres, divulgados até de forma sensacionalista, mas
continuam se perpetuando nas organizações criminosas", raciocina Dejair. "É
preocupação exacerbada com o meliante e não com as vítimas dos bandidos",
emenda.
O quadro da falta de vagas no sistema carcerário é tratado como a principal
problemática do governo na área da segurança pública. Recentemente, o próprio
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governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) pediu esclarecimentos ao secretário.
Moreira, na verdade, foi indagado anteriormente pelo presidente da Comissão de
Direitos Humanos da OAB/SC, Reinaldo Pereira e Silva. O advogado falou em
tratamento desumano e degradante aos detentos.
No ofício ao integrante da OAB, o secretário comparou a suposta abertura de 187
vagas no sistema pelo governo estadual passado e as três mil do atual.
Conselho alerta para aumento da criminalidade
Assim como a maioria dos grandes municípios do Estado, Palhoça enfrenta a dura
realidade com a criminalidade juvenil. Os bairros Frei Damião, Pontal e Bela Vista
são apontados como os mais críticos, de acordo com o Conselho Tutelar.
Segundo os conselheiros, as famílias desestruturadas ajudam a dilacerar ainda
mais a personalidade dos adolescentes, marcados por um perfil destemido
perante à sociedade. O órgão faz mais de 200 atendimentos por mês.
Garotos integrantes de classe média figuram entre os que protagonizam o maior
número de atos infracionais. Há disputas entre gangues, seja por valentia,
relacionamentos amorosos ou por território. Em São José, município vizinho, a
polícia mapeou neste ano grupos que tinham como princípio de vida cometer
delitos, como arruaças e arrombamentos de veículos. As práticas terminavam, às
vezes, em divergências internas e homicídios ocorreram. (DV)
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