Boletim Informativo do CIJ - MPSC

43
Boletim Informativo do C C I I J J Nº 12 - Dezembro, 2006 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - CIJ INFORMATIVO N.º 12 Florianópolis, dezembro de 2006 1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO CENTRO DE APOIO À INFÂNCIA E JUVENTUDE 1.1. DESTAQUE DA AGENDA DO MÊS No dia 4 de dezembro ocorreu reunião da Comissão Gestora APOMT, tendo como tema principal a divulgação de mídia do APOMT no Estado. Nos dias 5, 6 e 7, a Coordenadoria do CIJ participou do encontro do Fórum Nacional dos Centros de Apoio da Infância e Juventude – Foncaij, na cidade do Rio de Janeiro. Dia 13 foi realizada reunião com a Dra. Alice Borner, do Ministério Público do Trabalho, tendo como assunto o FONCAIJ e a proposta de Integração dos Ministérios Públicos do Trabalho e Estadual. A Coordenadoria do CIJ participou de reunião com a Secretária Zuleika Lenzi, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda (SST), onde foi tratado o pagamento de convênios para Abrigos no Estado. 1

Transcript of Boletim Informativo do CIJ - MPSC

BBoolleettiimm IInnffoorrmmaattiivvoo ddoo CCIIJJ

NNºº 1122 -- DDeezzeemmbbrroo,, 22000066

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - CIJ

INFORMATIVO N.º 12 Florianópolis, dezembro de 2006

1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO CENTRO DE APOIO À INFÂNCIA E

JUVENTUDE

1.1. DESTAQUE DA AGENDA DO MÊS

• No dia 4 de dezembro ocorreu reunião da Comissão Gestora APOMT,

tendo como tema principal a divulgação de mídia do APOMT no Estado.

• Nos dias 5, 6 e 7, a Coordenadoria do CIJ participou do encontro do Fórum

Nacional dos Centros de Apoio da Infância e Juventude – Foncaij, na

cidade do Rio de Janeiro.

• Dia 13 foi realizada reunião com a Dra. Alice Borner, do Ministério Público

do Trabalho, tendo como assunto o FONCAIJ e a proposta de Integração

dos Ministérios Públicos do Trabalho e Estadual.

• A Coordenadoria do CIJ participou de reunião com a Secretária Zuleika

Lenzi, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, Trabalho e

Renda (SST), onde foi tratado o pagamento de convênios para Abrigos no

Estado.

1

1.2. PROGRAMAS

DNA (Aguardando notícia de David)

2. INICIATIVAS DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

• A Promotoria de Justiça de São Miguel do Oeste, através de seu Promotor,

Dr. Gilberto Polli, ajuizou, no dia 14 de dezembro de 2006, Ação Civil

Pública em face para determinar o imediato afastamento da Sra. Maritana

Marcolin Schafer do cargo de Conselheira Tutelar de São Miguel do Oeste,

inclusive suspendendo o pagamento de qualquer benefício ou vencimento,

pelo fato de não satisfazer um dos requisitos exigidos pela legislação

municipal para o exercício desse mister (conclusão de Ensino Médio).

• A Dra. Cristiane Rosália Maestri Böell e o Dr. Gercino Gerson Gomes Neto,

ambos Promotores de Justiça da Capital, expediram Recomendação n.

010/06, recomendando que os requerimentos de expedição de alvará

judicial para a participação de crianças e adolescentes em eventos

realizados em Florianópolis sejam protocolados com antecedência no juízo

da Infância e Juventude da Comarca da Capital, a fim de evitar prejuízos

aos interessados, caso não haja manifestação ministerial em tempo hábil.

• A Promotora de Justiça Vera Butzke instaurou, com fundamentos no artigo

83, I, da Lei Complementar 197/00, e art. 26 da Lei 8.625/93, Inquérito

Civil, para o fim de investigar a atual situação do transporte escolar no

município de Rio dos Cedros, com vistas à tomada de futuras medidas para

regularizar referida atividade.

• Em 20 de dezembro o Ministério Público de Santa Catarina, através do

Promotor de Justiça Alan Boettger, firmou Termo de Ajustamento de

Conduta com os municípios de Ponte Serrada, Vargeão e Passos Maia,

2

fazendo com que os municípios de Vargeão e Passos Maia se

comprometam, dentre outras providências, a firmar convênio com o

Município de Ponte Serrada, no prazo de 60 (sessenta) dias, com efeitos a

partir do início do próximo ano, objetivando encaminhar recursos

financeiros para este último ente público para auxiliá-lo na manutenção e

funcionamento do abrigo municipal para crianças e adolescentes desta

cidade e comarca, com atendimento específico às seguintes despesas:

aluguel, luz, água, telefone, alimentação e funcionários. As despesas

referentes a remédios, vestuário, fraldas descartáveis serão suportadas por

cada um dos Municípios de acordo com a procedência das crianças e

adolescentes abrigados.

• O Ministério Público de Santa Catarina, através da 1ª Promotoria de Justiça

da Comarca de São Miguel do Oeste, curadoria da Infância e Juventude,

representado pelo Promotor de Justiça Gilberto Polli, entregou à Casa Lar

de São Miguel do Oeste, Entidade de Abrigamento de Crianças e

Adolescentes vinculada à Administração Municipal de São Miguel, bens

(novos e usados), oriundos de apreensões realizadas pela Receita Federal,

cuja destinação consiste na utilização exclusiva pela Casa Lar de São

Miguel do Oeste e seus abrigados.

3. ACOMPANHAMENTO LEGISLATIVO

• A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou no dia 12 de

dezembro parecer favorável ao projeto que determina a destinação de

valores adquiridos ilicitamente por agentes públicos e recuperados por

pessoas jurídicas de direito público para o Fundo Nacional para a Criança e

o Adolescente. O projeto (PLS 393/05) é de autoria da senadora Patrícia

Saboya (PSB-CE) e recebeu parecer favorável do relator, senador Arthur

Virgílio Neto (PSDB-AM). A matéria será, agora, examinada pela Comissão

de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde será votada em decisão

terminativa. Pelo projeto, serão destinados ao Fundo os valores adquiridos

ilicitamente pelos agentes públicos e recuperados, administrativa ou

3

judicialmente, pelas pessoas jurídicas de direito público integrantes da

administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da

União. Os recursos recuperados pelo poder público que estiverem

originalmente vinculados a determinada área, por determinação

constitucional, deverão permanecer com a mesma destinação, conforme o

projeto. É considerado ato ilícito qualquer ação ou omissão dolosa ou

culposa que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento

ou dilapidação dos bens ou haveres da administração direta, indireta ou

fundacional de qualquer dos poderes da União. De acordo com a proposta,

agente público é aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem

remuneração, cargo, emprego, vínculo ou função por eleição, nomeação,

designação ou contratação na administração direta, indireta ou fundacional

de qualquer dos Poderes da União. Na justificação do projeto, a senadora

diz que os recursos que constituem a receita do Fundo para a Criança e o

Adolescente decorrem de fontes governamentais e de doações de pessoas

físicas e jurídicas. Patrícia diz que são muitos os desafios, neste país, para

fazer valer os direitos das crianças e dos adolescentes, apesar dos avanços

que estão sendo obtidos para erradicar o trabalho infantil. - Nada mais

indicado, portanto, do que destinar os valores havidos ilicitamente por

agentes públicos e recuperados, administrativa ou judicialmente, pelas

pessoas jurídicas de direito público, para os fundos dos direitos das

crianças e adolescentes nos diversos níveis da Federação. Esse é o modo

mais adequado e decente de se aplicar, no futuro do Brasil, o dinheiro

ilegitimamente desviado no passado - disse Patrícia.

• Aguarda o recebimento de emendas o projeto de lei (PLS 150/06) que

define o crime organizado e dispõe sobre a investigação criminal, meios de

obtenção de prova, crimes correlatos e procedimento criminal a ser

aplicado. O projeto, de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT),

está tramitando em caráter terminativo na Comissão de Constituição,

Justiça e Cidadania (CCJ). O projeto define como crime organizado

promover, constituir, financiar, cooperar ou integrar associação, sob forma

lícita ou não, de cinco ou mais pessoas, com estabilidade, estrutura 4

organizacional hierárquica e divisão de tarefas para obter, direta ou

indiretamente, com o emprego de violência, ameaça, fraude, tráfico de

influência ou atos de corrupção, vantagem de qualquer natureza praticando

um ou mais dos 16 crimes enumerados no projeto. Entre os crimes

enumerados no projeto estão tráfico de drogas; terrorismo; contrabando ou

tráfico de armas; seqüestro; crimes contra a administração pública, o

sistema financeiro, a ordem tributária ou econômica, o meio ambiente e o

patrimônio cultural econtra empresas de transporte de valores ou cargas (e

a receptação dolosa dos bens ou produtos obtidos por este meio); tráfico de

mulheres; tráfico internacional de criança ou adolescente; lavagem de

dinheiro, ocultação de bens, direitos e valores; tráfico de órgãos; homicídio

qualificado; falsificação ou adulteração de produtos medicinais; e outros

crimes previstos em tratados ou convenções internacionais de que o Brasil

seja parte.

4. ACOMPANHAMENTO JURISPRUDENCIAL

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

• “AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PROGRAMA

SÓCIO-EDUCATIVO E PROTETIVO PREVISTOS NOS ARTS. 101 E 112 DO

ECA. INGERÊNCIA NA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL E VIOLAÇÃO DO

PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES CARACTERIZADA. OBRIGAÇÃO

DO PODER PÚBLICO QUE DEVE SER CUMPRIDA NA MEDIDA DE SUAS

CONDIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO RECONHECIDA.

RECURSO DESPROVIDO”.

(Apelação Cível nº 1999.007671-7, da Capital. 3ª Câm. Dir. Públ. do TJSC, rel.

Des. Cesar Abreu, v. u., DJ 109, 06 dez. 2006, p. 131)

ATO INFRACIONAL

5

• “ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ATO INFRACIONAL -

ROUBO TENTADO - CERTEZA DA MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVAS

INFERIDA PELAS PALAVRAS DA VÍTIMA, RESPONSÁVEL PELO

RECONHECIMENTO PESSOAL E FOTOGRÁFICO DO APELANTE -

INOBSERVÂNCIA DA RECOMENDAÇÃO INSCULPIDA NO ART. 226 DO CPP

NÃO INVALIDADORA DA PROVA - NEGATIVA DE AUTORIA ISOLADA –

ABSOLVIÇÃO INVIÁVEL - RECURSO DESPROVIDO”.

(Apelação / Estatuto da Criança e do Adolescente n.º 2006.014695-7, de

Chapecó. 1ª Câm. Dir. Crim. do TJSC, rel. Des. Gaspar Rubik, v. u., DJ 118, 20

dez. 2006, p. 56)

DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR

• “APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE PÁTRIO PODER AJUIZADA

PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - CRIANÇAS RELEGADAS AO ABANDONO

MORAL E MATERIAL - INEXISTÊNCIA DE CONDIÇÕES MATERIAIS COMO

FUNDAMENTO À PERDA DO PODER FAMILIAR - ART. 23 DO ECA - PEDIDO

DE NOVA OPORTUNIDADE – IMPOSSIBILIDADE - EVIDENTE

DESCOMPROMETIMENTO COM DEZ INFANTES - CONJUNTO PROBATÓRIO

ELUCIDATIVO - NEGLIGÊNCIA E ABANDONO CARACTERIZADOS - HIGIENE

PRECÁRIA - CONSTANTES AGRESSÕES - INTELIGÊNCIA DO ART. 1638 DO

CC E ART. 24 DO ECA - DESINTERESSE TOTAL DOS GENITORES EM

PERMANECER NA GUARDA DOS FILHOS - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO

DESPROVIDO.

Os deveres inerentes ao pátrio poder, não podem ser ignorados pelos pais, que,

ao decidirem por gerar filhos, devem ter a consciência de que serão responsáveis

pela criação e desenvolvimento de seres humanos saudáveis, obrigação esta não

somente moral ou social, mas também legal.

Se, conforme farta prova testemunhal e documental, não apresentam os

pais/apelantes condições mínimas favoráveis para o pleno desenvolvimento dos

infantes, confirma-se a sentença que destituiu o pátrio poder”.

6

(Apelação Cível n.º 2006.023678-2, de Pomerode. 3a Câm. Dir. Civ. do TJSC, rel.

Des. Sérgio Izidoro Heil, v. u., DJ 112, 12 dez. 2006, p. 44)

GUARDA

• “1. APELAÇÃO CÍVEL - GUARDA E RESPONSABILIDADE - SENTENÇA DE

PROCEDÊNCIA - NULIDADE DO DECISUM POR INCOMPETÊNCIA DE JUÍZO -

INOCORRÊNCIA - EXEGESE DOS ARTS. 98, II, E 148, PARÁGRAFO ÚNICO,

ALÍNEA ‘A’ DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.

A Justiça da Infância e da Juventude é competente para analisar pedido de guarda

embasado em violação a direito de menor, por falta ou omissão de seus genitores

(arts. 98, II, e 148, parágrafo único, alínea ‘a’, do ECA).

2. GUARDA - EXCEPCIONALIDADE DO ART. 33, § 2º, DA LEI N. 8.069/90 -

HIPÓTESE EVIDENCIADA - PEDIDO DEFERIDO - DECISÃO MANTIDA.

É possível o pedido de guarda efetuado nos termos do art. 33, § 2º, do ECA, para

resguardar os direitos do infante (referentes a representação, educação, carinho e

alimentação),quando não observados pelos seus genitores, seja por falta de

condições financeiras, seja por falta de interesse.

3. RECURSO DESPROVIDO.

Não há declaração de voto vencido”.

(Apelação Cível 2005.002091-1 Joinville. 2ª Câm. Dir. Civ. do TJSC, rel. Des.

Mazoni Ferreira, DJ 106, 01 dez. 2006, p. 45)

• “AGRAVO DE INSTRUMENTO - DECISÃO QUE DETERMINA INCLUSÃO DE

CRIANÇA NO REGIME DE PREVIDÊNCIA ESTADUAL - ASSOCIADO COM

GUARDA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO - EXEGESE ART. 33 DA LEI N.

8.069/90 E ART. 12 DECRETO ESTADUAL N. 5.599/78 - DEVER DE

ASSISTÊNCIA QUE POSSIBILITA A INSCRIÇÃO NO IPESC.

7

O guardião se obriga a prestar assistência material, moral e educacional à criança

e ao adolescente colocados sob sua responsabilidade (art. 33 da Lei n. 8.069/90).

Em decorrência lógica, a guarda confere a condição de dependente para todos os

fins, inclusive previdenciários, desde que a intenção finalística não seja a inclusão

no Instituto de Previdência como dependente do associado.

Logo, o referido benefício é uma conseqüência inafastável da guarda (art. 12,

parágrafo único, do Decreto Estadual n. 5.599/78) quando este não for o fim em si

mesmo, justamente como se apresenta o caso em tela”.

(Agravo de Instrumento n.º 2006.009849-8, de Lages. 1ª Câm. Dir. Públ. do TJSC,

rel. Des. Volnei Carlin, v. u., DJ 110, 07 dez. 2006, p. 65)

HABEAS CORPUS

• “HABEAS CORPUS - ATO INFRACIONAL - ADOLESCENTE -

REPRESENTAÇÃO MINISTERIAL ACOLHIDA - INTERNAÇÃO DEFINITIVA

DETERMINADA – AUTORIDADE JUDICIÁRIA QUE TOMOU AS PROVIDÊNCIAS

QUE ERAM DEVIDAS, REQUISITANDO VAGA EM UM DOS CENTROS DE

EDUCAÇÃO REGIONAIS DO ESTADO - INEXISTÊNCIA, ADEMAIS, DE

DISPOSITIVO LEGAL QUE IMPEÇA A PERMANÊNCIA DO JOVEM INFRATOR

NO CENTRO DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA ENQUANTO AGUARDA A

CONCESSÃO DE VAGA - DEMORA QUE NÃO PODE SER ATRIBUÍDA AO

JUDICIÁRIO - INOCORRÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL A SER

REPARADO PELA VIA ELEITA.

INTERNAÇÃO DEFINITIVA - AUSÊNCIA DE LOCAL APROPRIADO NO

DOMICÍLIO DOS PAIS E FAMILIARES DO MENOR INFRATOR - ESTATUTO DA

CRIANÇA E DO ADOLESCENTE QUE FACULTA QUE O RECOLHIMENTO SE

DÊ NÃO NA MESMA LOCALIDADE, MAS NAQUELA MAIS PRÓXIMA DA

RESIDÊNCIA DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS - EXEGESE DO ART. 124, VI, DA

LEI N. 8.69/90 – NÃO OCORRÊNCIA DE COAÇÃO ILEGAL A SER SANADA.

8

VISITAS SEMANAIS - GARANTIA DO ADOLESCENTE PRIVADO DE

LIBERDADE - PRETENDIDO RECONHECIMENTO DO DIREITO À

INDENIZAÇÃO PELAS DESPESAS EFETUADAS COM AS FUTURAS VISITAS,

NO CASO DE INTERNAÇÃO DO MENOR LONGE DO LOCAL DA RESIDÊNCIA

DE SEUS PAIS - MATÉRIA QUE REFOGE AO ÂMBITO RESTRITO DO HABEAS

CORPUS, CUJO DESTINADO É ACAUTELAR A LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO.

ORDEM DENEGADA”.

(Habeas Corpus n.º 2006.042093-2, de Criciúma. 2ª Câm. Crim. do TJSC, rel.

Des. Jorge Mussi, v. u., DJ 117, 19 dez. 2006, p. 66)

• “HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO

INFRACIONAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. ALEGADO

CONSTRANGIMENTO ILEGAL EM VIRTUDE DE SE ENCONTRAR RECOLHIDO

AO CENTRO DE INTERNAMENTO PROVISÓRIO, QUANDO JÁ DEVERIA

ESTAR CUMPRINDO A MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA QUE LHE FOI IMPOSTA

POR SENTENÇA EM ALGUM CENTRO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE SANTA

CATARINA. ILEGALIDADE INEXISTENTE. ORDEM DENEGADA”.

(Habeas Corpus n.º 2006.042099-4, de Criciúma. 2ª Câm. Crim. do TJSC, rel.

Des. Sérgio Paladino, v. u., DJ 117, 19 dez. 2006, p. 66)

• “ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. SENTENÇA APLICANDO

MEDIDA DE INTERNAÇÃO. PRETENSÃO DE SUA LIBERAÇÃO EM RAZÃO DE

SE ENCONTRAR INTERNADO EM CENTRO DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA

AGUARDANDO SER ABERTA VAGA NO CENTRO EDUCACIONAL. VAGA JÁ

SOLICITADA PELA AUTORIDADE JUDICIÁRIA DE PRIMEIRA INSTÃNCIA.

AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO

QUANTO À ESPERA POR VAGA EM CENTRO DE INTERNAÇÃO PROVISÓRIA

NA LEI 8.069/90. PRECEDENTES. NÃO CONCESSÃO DA ORDEM”.

(Habeas Corpus n.º 2006.042096-3, de Criciúma. 1ª Câm. Dir. Crim. do TJSC, rel.

Des. Jorge Schaefer Martins, v. u., DJ 118, 20 dez. 2006, p. 60)

9

INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA

• “ADMINISTRATIVO - HOSPEDAGEM DE ADOLESCENTE SEM

AUTORIZAÇÃO - INFRAÇÃO AOS ARTIGOS 82 E 250 DO ESTATUTO DA

CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RECURSO DESPROVIDO

Sujeita-se à pena do artigo 250 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o

estabelecimento que hospedar criança ou adolescente sem autorização dos pais,

responsáveis ou da autoridade judiciária.

Para responder pelo artigo 250 do Estatuto da Criança e do Adolescente, não

importa a designação constante do alvará de funcionamento. Basta que o

estabelecimento hospede criança ou adolescente sem autorização”.

(Apelação / Estatuto da Criança e do Adolescente n.º 2006.014068-7, de Balneário

Camboriú. 1ª Câm. Dir. Crim. do TJSC, rel. Des. Amaral e Silva, v. u., DJ 107, 04

dez. 2006, p. 67)

• “ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - IMPUGNAÇÃO POR

SECRETÁRIO MUNICIPAL À REQUISIÇÃO DE VAGA EM ESTABELECIMENTO

DE ENSINO INFANTIL FEITA PELO CONSELHO TUTELAR - RESPOSTA DA

ENTIDADE ACOMPANHADA DE REPRESENTAÇÃO POR INFRAÇÃO

ADMINISTRATIVA ELENCADA NO ART. 249 DA LEI N. 8.069/90 - ATIPICIDADE

DO FATO MANIFESTA – REPRESENTAÇÃO JURIDICAMENTE INVIÁVEL -

FALTA DE INTERESSE PARA A JUSTIFICAÇÃO - EXTINÇÃO DO PROCESSO

SEM JULGAMENTO DE MÉRITO - RECURSO PREJUDICADO”.

(Apelação/Estatuto da Criança e do Adolescente n.º 2005.011914-6, de Joinville.

1ª Câm. Dir. Crim. do TJSC, rel. Des. Gaspar Rubik, v. u., DJ 113, 13 dez. 2006,

p. 48)

VERIFICAÇÃO DE SITUAÇÃO DE RISCO

• “INCIDENTE DE VERIFICAÇÃO DE SITUAÇÃO DE RISCO DE MENORES -

DEFERIDA A COLOCAÇÃO DAS CRIANÇAS EM FAMÍLIA SUBSTITUTA -

GUARDA DEFERIDA À AVÓ PATERNA - AUSÊNCIA DE ESTUDO SOCIAL

10

PRÉVIO - GUARDIÃ QUE MORA NO MESMO TERRENO DO PAI DOS

MENORES - PAI QUE É O CAUSADOR DAS VIOLÊNCIAS FÍSICA E SEXUAL

PERPETRADAS CONTRA AQUELES - REQUERIMENTO MINISTERIAL PARA

CONFECÇÃO DE NOVO RELATÓRIO SOCIAL DO CASO PARA SE

AVERIGUAR O EFETIVO AFASTAMENTO DA SITUAÇÃO DE RISCO -

INDEFERIMENTO E EXTINÇÃO DO PROCEDIMENTO - APELAÇÃO DO

MINISTÉRIO PÚBLICO - SENTENÇA CASSADA - PREVALÊNCIA DO BEM-

ESTAR DOS MENORES - ARTS. 4º E 6º DO ECA - RECURSO PROVIDO.

- Não há como conceber deixar crianças em eventual situação de risco, em razão

de ser correto aguardar a atitude do Conselho Tutelar.

- ‘A teor do disposto no art. 6º da Lei n. 8.069/90, o interesse das crianças deve

sobrepujar as formalidades processuais eventualmente descumpridas ou

parcialmente inatendidas’ (AC n. 98.014263-6, de Taió, Rel.: Des. Anselmo

Cerello, julgado em 02/12/1999)”.

(Apelação Cível n.º 2005.035282-5, de Itajaí. 1ª Câm. Dir. Civ. do TJSC, rel. Des.

Sérgio Roberto Baasch Luz, v. u., DJ 109, 06 dez. 2006, p. 82)

5. NOTÍCIAS DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA

Psicólogos avaliam internação

Diário Catarinense

Psicólogos reclamam dos Centros de Internação Provisória (CIPs) e vão relatar a

situação à Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional da categoria no

Estado, durante o primeiro encontro regional, hoje em Florianópolis.

11

Em Santa Catarina, os 14 CIPs tem atendimento de psicólogos. As propostas de

melhorias discutidas serão encaminhadas para Brasília, num seminário nacional,

dia 8.

Além da necessidade de melhor qualificação destes profissionais, os problemas

levantados por eles nos abrigos serão colocados em discussão, já que no início

deste ano uma inspeção em 40 unidades de internação em todo o país mostrou a

precariedade e a gravidade da situação a que os adolescentes estão submetidos.

No Estado, foram encontrados centros onde apenas uma televisão pequena era

dividida entre 50 internos e com quartos que mais remetiam às celas de

presidiários, sem roupas de cama sequer, segundo o Conselho Regional.

Diário Catarinense, Florianópolis, 1/12/2006

Sinal de alerta com violência nas escolas

Diário Catarinense

Diretores de colégios de Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo se reuniram,

ontem à tarde, para discutir o tema violência nas escolas. A iniciativa do encontro

partiu da empresa de telefonia TIM, que leva oficinas de música para 15 mil alunos

carentes do Brasil - 1 mil só na Capital.

O debate foi na Escola América Dutra Machado, no Bairro Monte Cristo, um dos

locais mais pobres de Florianópolis. Em uma sala simples, os diretores contaram

suas experiências. Também participou do encontro a pedagoga e socióloga Flávia

Schilling, da Universidade de São Paulo.

De acordo com ela, a música é uma forma de unir estudantes e professores e

ajuda na diminuição dos índices de agressão física e emocional nas escolas.

12

- Em escolas onde nada acontece, a violência impera - defendeu.

Para a socióloga, a iniciativa serve para recompor a autoridade nos colégios. Há

negligência da sociedade para essas crianças carentes e a cultura tende a

canalizar o potencial ofensivo para um processo criativo.

- A sensibilidade dos alunos é extrema. É importante que sejam dadas

oportunidades a eles - disse a diretora da Escola América Dutra Machado, Maria

Clara Vinotti.

Em Florianópolis, quatro colégios participam do projeto TIM Música nas Escolas.

Os alunos dessas instituições formam uma bateria mirim com cerca de 120

integrantes.

Diário Catarinense, Fpólis, 2/12

Adolescente morre em festa na Barra Sul

Jornal de Santa Catarina, Balneário Camboriú, 4/12

Um adolescente de 15 anos matou a facadas um rapaz de 17 anos, em um bar na

Barra Sul. Durante uma discussão, o menor pegou uma faca e desferiu um golpe

no coração da vítima, que morreu no local. O adolescente está detido na

Delegacia da Mulher, da Criança e do Adolescente. Hoje, será encaminhado à

Vara da Infância e da Juventude.

Jovem foi seguido após boate e morto a tiros

Diário Catarinense

13

O motoboy Tiago Ferreira, 21 anos, foi assassinado a tiros de pistola após sair de

uma boate em Florianópolis, ontem de madrugada. Um adolescente de 16 anos e

outro de 17 foram detidos, acusados de envolvimento no crime. O mais novo

assumiu a autoria dos disparos. Outro suspeito prometeu se apresentar à polícia.

Tiago brigou com um homem durante uma festa na boate. Na volta, foi seguido e

cercado a cem metros da residência em que vivia, no Bairro Abraão, ao parar o

carro para deixar um amigo em casa. Ele foi rendido por dois rapazes e uma

garota que estavam em um Astra escuro.

A mãe do motoboy, Zadir Ferreira, disse que Tiago estava ajudando a organizar

uma festa surpresa para a avó, que fez 61 anos ontem.

- Meu filho saiu de casa dizendo que voltava logo, e acaba acontecendo uma

coisa louca dessas. E tudo isso aconteceu no dia do aniversário da avó, de quem

ele gostava tanto.

Tiago trabalhava em um escritório de contabilidade e faria vestibular para

Administração.

- Ele dizia que assim que recebesse o 13º salário iria atrás de vestibular, das

coisas da faculdade. Ele tinha planos de crescer - disse a mãe.

Um dos tios dele, Marcelo Ferreira, afirmou que Tiago gostava de esportes,

sobretudo de natação e de ciclismo. O motoboy foi sepultado às 18h de ontem no

Cemitério do Bairro Itacorubi, em Florianópolis.

Os dois adolescentes foram presos às 9h no Bairro Serraria, em São José. A

polícia usou imagens do circuito de segurança da boate, onde houve a briga, e de

um posto de combustível próximo ao local.

O investigador da Central de Polícia da Capital, Jean Gilberto Ribeiro, disse que o

adolescente de 16 anos assumiu a autoria dos disparos. O outro garoto teria

apenas guardado a arma do crime e não estaria no carro que cercou a vítima.

Suspeita que adolescente protege maior de 18 anos

14

A polícia suspeita que o adolescente confessou para inocentar o outro envolvido

no crime. Um homem com identidade não revelada, mas com idade superior a 18

anos. Segundo o investigador, o advogado já entrou em contato e prometeu

apresentar o cliente.

DC, Fpolis, 5/12

Justiça cobra 160 vagas em creches

Diário Catarinense

A Justiça determinou que Herval D'Oeste crie 160 vagas em creches e pré-escolas

até 26 de fevereiro de 2007 e as mantenha em todo o ano.

A medida, em caráter liminar, foi tomada depois que o promotor Marcus Vinícius

Ribeiro de Camillo ajuizou ação civil com base em uma representação de um

cidadão e diligências por parte da promotoria.

Conforme Camillo, foi constatado que o déficit era de 160. O promotor acredita

que o número seja maior. Um acordo foi tentado por várias vezes, mas com as

negativas do município, ele entrou com uma ação.

Para a juíza Alexandra Lorenzi da Silva, um agravante foi o critério de ordem de

preferência para os pais das crianças que já estivessem trabalhando. Isso fere o

princípio da isonomia previsto na Constituição e do direito à educação, segundo

ela.

Caso o município não cumpra a determinação, passa a vigorar uma multa diária

de R$ 1 mil.

DC, Herval D’Oeste, 6/12

15

Trio invade cela e mata jovem

Diário Catarinense

Na cela da Delegacia de Proteção à Criança, à Mulher e ao Adolescente, um

garoto de 15 anos foi assassinado com dois tiros de revólver. Preso no sábado

sob acusação de ter matado um adolescente, na Barra Sul, o rapaz estava detido

na delegacia, segundo a Polícia Civil, por falta de vaga em centros de

internamento provisório da região.

Próximo à meia-noite de segunda-feira, três homens armados renderam o único

agente de plantão, pegaram a chave da cela e atiraram no garoto. O delegado

regional de Balneário Camboriú, Gilberto Cervi, admitiu que a delegacia não era o

local apropriado para manter o adolescente.

- Considero o local inadequado e insalubre - afirmou.

Para o delegado, trata-se de uma execução. O primeiro bandido pediu para entrar

simulando ser uma vítima que gostaria de registrar queixa. Quando o policial abriu

a porta, dois homens encapuzados entraram junto e seguiram direto para a cela

do adolescente.

O rapaz que estava com o rosto descoberto rendeu e amarrou as mãos do policial.

Segundo o plantonista, o trio teria fugido em um Ford Ka azul. Cervi reconheceu a

precariedade da delegacia.

- Infelizmente uma tragédia destas ocorreu. Talvez sirva para melhorar alguma

coisa na nossa estrutura - comentou.

Segundo ele, o efetivo aumentará durante a Operação Veraneio, mas considera a

medida paliativa. Para Cervi, o policiamento intensivo deveria se prolongar durante

o ano inteiro.

16

Desde ontem à tarde, o caso está sob responsabilidade do chefe da Central de

Investigações Policias (CIP), delegado Eliomar Beber.

DC, Balneário Camb, 6/12

Segurança ou invasão de privacidade?

Jornal de Santa Catarina

A tecnologia a serviço da segurança ganhou casas, empresas, prédios e lojas.

Câmeras de vigilância eletrônica, aparelhos de controle de acessos e sofisticados

sistemas digitais se tornaram aliados na tentativa de inibir a violência. O uso

destas novidades chega agora às escolas e levanta polêmica sobre os limites do

monitoramento.

Além de livros e cadernos, alunos da Educação Infantil da Escola Barão do Rio

Branco passaram a carregar um dispositivo eletrônico conectado à agenda, capaz

de controlar o acesso ao ambiente escolar. A tecnologia foi criada para

proporcionar mais tranqüilidade aos pais quanto à segurança dos alunos. Após

três meses, o projeto experimental terminou no final de novembro e envolveu mais

de 60 crianças de dois a seis anos.

Escola estuda implantação definitiva

Quando os alunos entravam e saíam da Educação Infantil, uma antena as

identificava por radiofreqüência. Neste instante, o sistema enviava pela internet

um torpedo para os celulares dos pais.

- A idéia não pode ser vista como uma forma de controle dos alunos. Não dá para

substituir o atendimento humano, com os guardas no portão, por exemplo -

enfatiza a coordenadora de Educação Infantil da escola, Marli Fey Probst.

17

O projeto pode ser adotado em definitivo pela escola, mas a decisão depende de

fatores como o custo e a aprovação da maioria dos pais. Marli reconhece a

necessidade de ajustes, caso a implantação aconteça. Segundo ela, a agenda é

inadequada para portar a etiqueta. É necessário definir um outro local para fixá-la.

Além disso, Marli acredita que o ideal seria implantar a antena no portão de

entrada da escola e não da Educação Infantil. Ela explica que às vezes as

crianças ultrapassavam a área destinada aos alunos de dois a seis anos, onde

estava o sensor, e mesmo permanecendo na escola, deixavam os pais

preocupados ao receberem a mensagem de que teriam saído.

Mãe de Mateus, 5 anos, Cláudia Deutschendorf aprovou a iniciativa. A empresária

vê o controle digital como um avanço tecnológico salutar aos usuários.

- Eu me tranqüilizava ao receber aquelas mensagens informando que meu filho

estava em sala de aula. Era como se ele me mandasse uma mensagem dizendo:

"oi, mãe, tô aqui!" - compara.

Especialistas questionam eficácia de sistema eletrônico

A ampliação do controle eletrônico para alunos adolescentes é ponto de

discordância entre especialistas. Enquanto a psicopedagoga Mônica Prinz acredita

que o resultado será mais eficaz se o sistema se restringir às crianças, Ângela

Ruediger, profissional da mesma área, entende que o sistema deveria ser

ampliado para os alunos de todas as faixas etárias.

- Se for monitorar o adolescente na escola para evitar problemas disciplinares,

será preciso monitorá-lo por toda a vida. As noções de responsabilidade e limites

devem ser construídas desde a infância - frisa Mônica.

Para ela, o dispositivo digital não vai resolver o problema de alunos que desejam

burlar a aula, por exemplo.

- A maioria das crianças é levada pelos pais aos portões do colégio e muitas

vezes até a sala de aula. Com o filho maior, o sistema também poderia cumprir a

função de segurança - destaca Ângela.

18

Mas, de acordo com a psicopedagoga, não adianta assegurar o acesso à

inovação tecnológica se os alunos não se conscientizarem de que o mecanismo

eletrônico tem a intenção de beneficiá-los e não de servir como fator repressor.

- Tudo o que for criado com o objetivo de trazer mais segurança é positivo. Mas

nada deve ser imposto. Caso contrário, o aluno vai encontrar formas de burlar o

sistema - destaca Ângela.

Por isso, para ela, decisões como o local adequado para a colocação da etiqueta

devem ser tomadas em conjunto com os estudantes, para que eles se sintam

envolvidos com o sistema e integrados à novidade.

- Do ponto de vista da segurança é importante, não temos como fugir dos

benefícios tecnológicos, mas não pode ser um controle comportamental. O aluno

precisa ter autonomia para decidir o que é certo e errado - afirmou Mônica.

Sociólogo teme a criação de uma sociedade vigiada 24h

O uso do controle digital nos estudantes é criticado pelo coordenador do Curso de

Ciências Sociais da Universidade Regional de Blumenau (Furb), Nelson Garcia

Santos. Ele lembra que a literatura sinalizava a tendência. No livro 1984, o escritor

inglês George Orwell fala de um mundo dominado pelo rígido controle e

monitoramento dos indivíduos. A obra foi escrita em 1948, mas segundo Santos já

alertava para os efeitos desta realidade:

- Caminhamos para uma situação em que seremos monitorados e vigiados 24

horas por dia, como previa Orwell. Torna-se mais fácil investir na segurança, ao

invés de atacar a desigualdade social e as causas do problema.

Para ele, à medida em que a sociedade evolui na área tecnológica, cria-se uma

falsa liberdade. De acordo com o sociólogo, o projeto experimental implantado na

escola de Blumenau é prejudicial ao desenvolvimento da criança porque não lhe

proporciona a possibilidade de escolha.

- Estes avanços nos aprisionam. Estamos criando crianças robotizadas, seres

mecanizados. Aquilo que antes era ficção, passa a ser realidade - resume.

19

Mesmo assim, o professor reconhece a dificuldade em frear os controles de

vigilância diante do crescimento da violência. Para ele, somente com um amplo

processo de reeducação social isso será possível.

Escolas já manifestam interesse em implantar sistema

O sistema levou cerca de três meses para ser criado. Foi desenvolvido pela

empresa blumenauense de etiquetas Haco, com o apoio de Tim Celular,

Sercompe (computadores HP e redes), S&C (antena de leitura e microchip) e

Premier (sistema de mensagem SMS). Ao todo, o projeto exigiu investimentos na

ordem de R$ 30 mil para a criação e manutenção. Não houve custos para a escola

e outros colégios já manifestaram o interesse em adotar o projeto.

De acordo com o gerente de Informática da Haco, Luciano André Mondini, o

sistema é pioneiro na América Latina. Inova ao associar as etiquetas de

radiofreqüência às mensagens celulares e ao aplicar a novidade ao ambiente

escolar.

- Imagine o filho sendo levado para a escola por um microônibus em um grande

centro urbano e o pai no trabalho, preocupado se ele realmente chegou. O

sistema é uma segurança, um conforto - definiu.

Luciano teve a oportunidade de vivenciar os dois lados da tecnologia. Além de ser

um dos idealizadores do controle de acesso digital, ele é pai de uma criança que

estuda na Educação Infantil da Escola Barão do Rio Branco, onde o aparelho foi

testado.

- Como minha profissão exige que eu viaje muito, é gratificante receber

informações sobre meu filho em qualquer lugar - declarou.

O gerente de Informática adianta que antes de difundir o sistema é preciso rever

alguns detalhes, para evitar falhas detectadas nos três meses de experiência.

Uma das intenções é aumentar o número de antenas no colégio para facilitar a

identificação do aluno.

20

6/12, Blumenau

Pagamento de taxa provoca controvérsia

Diário Catarinense

A taxa de contribuição à Associação de Pais e Professores (APP) está entre os

documentos de matrícula pedidos em muitas escolas da Grande Florianópolis. Os

valores variam conforme a escola. Se for pública (municipal ou estadual), o

pagamento não é obrigatório.

A realidade é que muitos alunos têm medo de perder a vaga na escola caso não

façam o pagamento. Luis Eduardo da Silva, 20, que estuda na 2ª série do Ensino

Médio da Escola Estadual Osmar Cunha, em Canasvieiras, Norte da Ilha, é um

deles. Junto com outros colegas, que preferem não se identificar, ele conta que o

diretor do colégio comparou a taxa da escola à contribuição que se faz ao INSS

(Instituto Nacional de Seguridade Social). A arrecadação seria para pagar as

folhas usadas para as provas.

- A gente prefere não pagar, mas sabe que o colégio não tem condições. Só que o

governo é quem deveria bancar esses gastos, não os alunos - opina Luis.

O diretor adjunto da Escola Estadual Osmar da Cunha, Dirceu Cirilo de Souza,

conta que em 2005, quando a cobrança era facultativa, apenas 10% contribuíram.

Este ano a escola resolveu cobrar a taxa de todos, e pediu a quem não pudesse

contribuir que assinasse uma declaração.

- Nenhum aluno terá a vaga negada por não pagar. Queremos apenas que eles se

conscientizem da importância dessa contribuição para a escola - explica. O diretor

conta que a APP não sobreviveria sem este tipo de colaboração.

Contribuição pode ajudar alunos carentes

21

As despesas da escola, como salários de professores, estão inclusos no

orçamento da Secretaria Estadual de Educação.

- Mas algumas vezes a escola quer proporcionar aos alunos alguma atividade que

esteja além da rotina escolar, como uma festa ou a compra de óculos para algum

aluno carente. Isso o orçamento não cobre e fica ruim esperar por uma licitação -

diz a secretária Estadual de Educação, Elisabete Nunes Anderle.

Ela salienta que a cobrança obrigatória desta taxa, vinculada à disponibilidade de

vaga, é ilegal.

- O que esperamos é que os pais que têm condições ajudem a sua escola. Quem

não puder, ou não quiser pagar, não perderá a vaga.

DC, Fpolis, 7/12

Depoimentos sobre execução

Diário Catarinense, 7/12, Fpolis

As Centrais de Investigações Policiais de Itajaí e Balneário Camboriú começaram

a ouvir ontem testemunhas do assassinato do adolescente de 15 anos, preso em

uma cela da Delegacia de Proteção à Criança, à Mulher e ao Adolescente de

Balneário.

O garoto, que estava detido desde sábado suspeito de ter matado outro menor, de

17 anos, na Barra Sul, foi morto com dois tiros por três homens armados que

invadiram a delegacia.

Segundo o delegado Eliomar Beber, foram ouvidos ontem familiares dos dois

adolescentes, policiais e o detento que estava na cela ao lado.

Segundo testemunhas da morte do jovem de 17 anos, ambos teriam se agredido

por causa de um aparelho de MP3. O delegado regional de Balneário Camboriú,

22

Gilberto Cervi, admitiu que a delegacia não era o local apropriado para manter o

adolescente.

- Considero o local inadequado e insalubre - afirmou.

Mas, segundo Beber, os adolescentes costumam permanecer no local até a

finalização dos trâmites burocráticos do flagrante, em média de dois a três dias.

Para o delegado, não resta dúvidas que se tratou de uma execução.

Prefeitura tem prazo para criar 160 vagas

A Notícia, Herval D’oeste, 8/12

O pintor André Alves da Silva e a esposa Cleusa tentam conseguir uma vaga na

creche do bairro Nossa Senhora Aparecida, em Herval do Oeste, para o filho de

um ano. Cleusa, mulher de André, teve de deixar o emprego para cuidar do filho.

Agora, o problema tem prazo para ser resolvido. Ação civil pública do Ministério

Público de Santa Catarina (MPSC) obriga a Prefeitura a criar 160 vagas em

creches e pré-escolas da rede municipal para atender às necessidades do bairro.

André diz que no bairro havia uma creche que foi fechada para reforma e não

reabriu. "Essa foi a prioridade apontada pelo bairro na audiência pública. Só estou

exercendo meu direito de eleitor." A juíza Alexandra Lorenzi da Silva diz que as

crianças estão sendo privadas do acesso à educação por falta de vagas.

O promotor Marcus de Camillo, que ajuizou a ação, buscava solucionar o

problema desde janeiro. Como não obteve sucesso junto à Prefeitura, recorreu à

Justiça. A Prefeitura tem até 26 de fevereiro para criar as vagas ou pagará multa

diária de R$ 1 mil. Mas já antecipou que será difícil cumprir toda a exigência, que

depende da contratação de pessoal e da ampliação do espaço físico.

23

Nas estradas, meninas trocam sexo por comida

O Estado de S. Paulo, Recife, 11/12

Angela Lacerda

Ela tem 14 anos. Com jeitinho de menina, é educada e se expressa bem. O

sorriso desfalcado de alguns dentes é um dos poucos elementos externos que

revelam uma vida já marcada por experiências pesadas. Maria (nome fictício)

conhece a fome, o sexo em troca de um mimo qualquer. Bala, picolé, às vezes

centavos. Já abortou em casa, escondida, com o rádio ligado na altura máxima

para ninguém escutar os gemidos causados pelas contrações provocadas por chá

forte de ervas.

Como tantas outras meninas e adolescentes de Lagoa Grande, 'a terra da uva e

do vinho', no sertão do São Francisco, 22.381 habitantes, 39,9% da população

adulta analfabeta, a 655 quilômetros do Recife, Maria se enquadra no rótulo de um

dos problemas sociais que desafiam o País: a exploração sexual comercial de

menores. Atualmente, o termo prostituição infantil não é mais utilizado.

CAMINHONEIROS

Lagoa Grande é ponto de parada de caminhoneiros. Nela se cruzam as rodovias

federais BR-428 e BR-122, que levam ao Norte e ao Sul. As crianças e

adolescentes entram para o mundo da prostituição sem consciência. Atendidas

pela prefeitura, 34 delas dispõem de uma conquista recente: uma modesta casa

batizada de 'centro de referência', onde se reúnem para aprender a fazer bijuteria,

artesanato e danças populares, para conversar e participar de dinâmicas

orientadas por uma psicóloga e assistentes sociais.

Elas não admitem usar o corpo para sobreviver. Buscam diversão e a realização

de pequenos desejos. Questionadas sobre seu estilo de vida, reconhecem fazer

'algo errado'. Bebem cachaça, usam drogas, de maconha a crack, até cocaína. O

24

lema é sexo, drogas e forró. A maioria deixou a escola. Têm de 11 a 17 anos. Aos

18, mudam de categoria: são elevadas à condição de profissionais do sexo,

prostitutas. Uma escolha, por sua conta e risco.

AGENCIAMENTO

As histórias são perversas. Uma menina de 13 anos, ainda sem seios, é

supostamente agenciada por um tio. Supostamente porque a família nega, além

de discriminá-la. Deixou a escola porque era constrangida pelos estudantes. Uma

outra largou a escola porque aceitou dinheiro de colegas. Os meninos se

cotizaram para tirar a virgindade de um deles. Depois disso, ela se tornou alvo de

chacota e discriminação.

R. mora com os avós, tem 17 anos e cursou até a sétima série. 'Escola é muito

chato' e 'sou alegre porque bebo' foram declarações suas durante encontro com a

reportagem. J., mesma idade, fez até a terceira série e confessa não saber ler

nem escrever. Com um filho de 2 anos e a marca de uma facada que seu ex-

companheiro e pai da criança lhe desferiu no lado esquerdo do queixo, fala com o

intuito de chocar: 'Bebo cana, vou para onde quero, pago a alguém para ficar com

meu filho enquanto estou bebendo'. S., também mãe, se arrepende de ter 'pegado

bucho' aos 14 anos. Mas continua a perambular numa vida de risco que não a livra

de outra gravidez impensada.

SEM DADOS

O governo do Estado de Pernambuco não tem números da exploração sexual de

menores, mas pesquisa da Secretaria Especial de Direitos Humanos e do Fundo

das Nações Unidas para a Infância (Unicef) indicou 63 municípios pernambucanos

com o problema. Lagoa Grande entre eles. Mesmo não citados na pesquisa,

outros 38 municípios vivem a mesma situação, de acordo com relatos de

prefeituras à Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania.

Responsável pelas ações na área do abuso e exploração sexual, Sueli Emília

considera a situação 'grave', com exigência 'urgente e constante' da presença de

intervenções públicas.

25

Lagoa Grande recebeu destaque pela exploração sexual no relatório final da

pesquisa do Conselho Regional de Medicina (Cremepe), que, em caravana,

percorreu 104 dos 184 municípios pernambucanos entre 2005 e 2006. Com

especialistas de várias áreas da saúde, a Caravana do Cremepe fez um

levantamento das condições de saúde e da problemática das regiões visitadas.

Para a Secretaria de Assistência Social da cidade, essas meninas e adolescentes

exercem o 'sexo do R$ 1,99', em que se trocam por qualquer coisa oferecida.

Criança cai em buraco e morre

Diário Catarinense, Lages, 11/12

GUTO KUERTEN/ Especial DC

Igor Rodrigues, de 7 anos, acordou ontem de manhã para brincar com a bola que

tinha ganhado de Natal de sua mãe. Por volta das 10h, familiares e amigos

começaram a procurá-lo. Acabou sendo encontrado, por volta das 14h, já sem

vida, dentro de um buraco próximo ao local onde jogava futebol.

O buraco localizado na residência do borracheiro Telmo Coelho Batista, de 28

anos, foi aberto há mais de um mês por funcionários da Secretaria Municipal de

Águas e Saneamento (Semasa) para construção de uma fossa de banheiro.

Com dois filhos em casa, Telmo Batista ficou preocupado e chegou a pedir ao

pedreiro para fechar o buraco, que ficou cheio e encoberto pela água da chuva

dos últimos dias.

O menino morava com a mãe, o pai e a avó na Rua Eleotério da Silva Furtado, no

Bairro Centenário, a aproximadamente 50 metros onde ele caiu no buraco. Igor

brincava com a bola sozinho no local do acidente.

26

- Ainda não estamos acreditando no que ocorreu. A minha filha perdeu o único

filho ao brincar com a bola que havia ganhado dela de Natal. O sonho dele era ser

jogador de futebol - lembrou a avó Alzemir Pereira Dutra.

([email protected])

Contraponto

O secretário municipal de Águas e Saneamento, Zauri Tiaraju de Castro, foi

procurado pelo celular por 15 ocasiões ontem à tarde pela reportagem, mas

estava com o aparelho desligado.

Documentário sobre crianças é exibido hoje

Diário Catarinense, Fpolis, 11/12

O documentário O que o destino me mandar, que mostra o cotidiano de crianças

que vivem em abrigos, será exibido às 19h30min de hoje no auditório do Cecontur,

no Centro de Florianópolis. A promoção é da Associação dos Magistrados

Catarinenses, em parceria com Tribunal de Justiça, Corregedoria-Geral de Justiça,

Academia Judicial e Núcleo Estudos das Infância e Juventude. A entrada para o

evento é gratuita.

No Brasil, são 80 mil as crianças que vivem em abrigos. Em Santa Catarina, cerca

de 1,1 mil. São meninos e meninas que vivem entre o sonho de voltar para a

família de origem ou de serem adotados.

O filme tem 59 minutos, com roteiro e direção da jornalista Ângela Bastos, repórter

especial do Diário Catarinense.

O trabalho tem o apoio cultural da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)

e foi lançado nacionalmente no dia 16 de novembro, em Curitiba. No ano que vem,

a entidade deflagra uma campanha sobre a adoção legal no Brasil.

27

Em novembro de 2005, Ângela foi convidada pela Associação dos Magistrados

Catarinenses a exibir um outro documentário que dirigiu, Flor de Pessegueiro, em

um encontro estadual realizado na cidade de Concórdia.

A forma delicada e intensa como a questão da violência sexual contra crianças foi

tratada no vídeo por ela dirigido chamou a atenção dos magistrados.

Era o começo de um novo trabalho da repórter que tem o título de Jornalista

Amiga da Criança concedido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância

(Andi) e Fundo das Nações Unidas para a Infãncia (Unicef) e acumula prêmios na

área dos direitos das crianças e dos adolescentes.

O filme

Pesquisa, roteiro e direção: Ângela Bastos

Produção executiva: Juraci Perboni

Imagens: Mauro Fagundes

Edição de imagens: Stanley Costa

Trilha sonora: Miriam Moritz e Ricardo Fuji

Finalização e pós-produção: Gilberto Voorsluys

Brasil perde para nações mais pobres

A Notícia, Brasília DF, 11/12

Cláudio Prisco Paraíso

[email protected]

28

O relatório anual Situação Mundial da Infância do Fundo das Nações Unidas para

a Infância (Unicef), que será divulgado hoje, mostra que o Brasil avançou, mas

perdeu posições para países mais pobres que melhoraram com mais rapidez as

condições de vida de suas crianças. O País está em 86º lugar numa lista de 190

nações, preparada com base na mortalidade de crianças menores de cinco anos.

É o quinto ano consecutivo que o Brasil cai no ranking. Desde 2003, já perdeu

sete posições.

De acordo com o relatório, de cada grupo de mil crianças brasileiras nascidas

vivas, 33 morrem antes de completar cinco anos. No ranking anterior, o índice de

mortalidade era de 34 para cada grupo de mil. Pelos critérios definidos pelo

Unicef, o país de melhor desempenho entre todos os aferidos, San Marino, figura

na 190a posição. No ano passado, o Brasil era o 88º colocado. Em 2003, era o

93º. A comparação com os vizinhos da América Latina é dolorosa. Entre 21

países, o Brasil é o 15º. A maior economia da América Latina fica atrás de El

Salvador e República Dominicana, e muito longe de Argentina, Uruguai e Chile.

A queda do País na classificação geral é explicada pelo avanço de dois pequenos

países. Belize, na América Central, deu um salto surpreendente: aparecia atrás do

Brasil, na posição 81, e pulou para a 125. As Ilhas Salomão, que hoje ocupam a

posição que foi do Brasil três anos atrás, ainda era o 70º no ano passado. Para

completar, o Egito, que ficava duas posições atrás no levantamento anterior, hoje

já empata com o Brasil.

A baixa velocidade de avanços do País é uma constante nos estudos mundiais.

Assim foi no índice de desenvolvimento humano (IDH) deste ano, também

preparado pelas Nações Unidas. O País recuou uma posição, da 68 para 69,

embora seu índice tenha melhorado, de 0,788 para 0,792.

29

Mãe deixa bebê sozinho em casa

A Notícia, São José, 11/12

Um bebê de três meses foi deixado sozinho em casa pela mãe e pela tia, no bairro

Procasa, em São José, na Grande Florianópolis. A Polícia Militar (PM) recebeu

denúncia e chegou ao local por volta da meia-noite de sábado. O proprietário de

um bar localizado próximo à residência retirou o menino da casa e aguardou a

chegada dos policiais, que o encaminharam ao conselho tutelar do município.

A PM apurou que a mãe e a tia seriam garotas de programa. Conforme uma

conselheira tutelar, que preferiu manter o nome em sigilo, o estado de saúde da

criança era bom, mas nenhum outro dado poderia ser divulgado. "O processo é

mantido em sigilo para resguardar os envolvidos", explica. O bebê foi levado para

um abrigo, como medida de proteção.

Relatório sobre a situação será apresentado hoje para a juíza da Vara da Infância

de Juventude de São José, que definirá o destino da criança. Casos dessa

natureza ocorrem com freqüência, aponta a conselheira, que alerta para o dever

da sociedade em denunciar situações semelhantes.

Na Grande Florianópolis o telefone para denúncias é o 0800-643-1407. Cada

município tem um número específico, mas também é possível ligar para o telefone

de emergência da PM (190), que repassa os casos para o conselho tutelar.

Quando o conselho recebe denúncia vai até o local. Se a criança estiver sozinha,

tem liberdade para entrar na casa e retirá-la. Se o responsável estiver em casa, é

advertido de que não pode proceder dessa forma, caso contrário corre o risco de

perder a guarda. Somente o juiz da Vara da Infância de Juventude vai definir se a

criança passará por programa socioeducativo, se vai para abrigo, se poderá

receber visitas ou se o melhor é que seja encaminhada para a adoção.

30

Estado tem menos morte de crianças

Diário Catarinense, Fpolis, 12/12

Apesar de o Brasil estar em posição desconfortável no ranking mundial da

mortalidade infantil, Santa Catarina é o Estado brasileiro com menor número de

óbitos entre crianças com menos de cinco anos de idade. A Situação Mundial da

Infância foi divulgada ontem pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância

(Unicef).

A cada mil nascidos vivos, 33 morrem no Brasil. O índice catarinense está bem

abaixo da média brasileira, com 12,1 óbitos. O Brasil passou do 88º lugar para o

86º no ranking mundial sobre mortalidade de crianças de até cinco anos,

divulgado anualmente pelo Unicef. A lista engloba 193 países e aqueles com os

piores indicadores aparecem nas primeiras posições.

O coordenador do programa de saúde da criança da Secretaria de Estado da

Saúde, Halley Cruz, informou que o acesso aos serviços básicos de saúde e a

qualidade de vida da população contribuem para o progresso do quadro em Santa

Catarina. Em 2000, o número de mortes era maior, 15,7, mas ainda era baixo se

comparado à situação nacional.

Santa Catarina adere ao pacto nacional

Em setembro deste ano, o Estado aderiu ao Pacto Nacional de Redução da Morte

Materna e Neonatal, lançado pelo governo federal em 2004. Foram reforçadas

ações de planejamento e coordenação desenvolvidas pela secretaria, como

capacitação de pessoal, reconhecimento de riscos, equipes de saúde da família,

entre outras.

31

Em parceria com a rede pública de saúde, atua a Pastoral da Criança, coordenada

pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. No último trimestre, só em

Florianópolis foram atendidas 594 famílias.

A coordenadora paroquial de Canasvieiras, Elisabete Nunes, informou que as

gestantes são orientadas durante a gravidez e, após o nascimento do bebê, até

completar seis anos de idade.

Uma das beneficiadas é Sophia Mendes, de três anos. Ela nasceu com baixo

peso, apenas 1,5 quilo, e é acompanhada mensalmente pela pastoral. Hoje ainda

pesa menos do que o normal para sua idade, tem 9,6 quilos, mas está melhorando

gradativamente.

O segredo é a multimistura, uma farinha feita com sementes, fubá, farinha de trigo,

farelos de nozes, arroz, gergelim, entre outros ingredientes indicados por uma

nutricionista. A mistura não tem gosto e pode ser misturada à comida. Sophia

toma na mamadeira ou come com feijão.

País registra queda na taxa de mortalidade

Apesar da queda no ranking, o Brasil registrou diminuição na taxa de mortalidade

de crianças.

O relatório traz dados referentes a 2005, quando a taxa brasileira era de 33 mortes

de crianças de até cinco anos para cada mil nascidas vivas. No ano anterior, esse

índice era de 34; e em 1990, de 60.

De acordo com o Unicef, o fato de o quadro ter melhorado no Brasil e ainda assim

o país ter piorado no ranking mundial é explicado pelo avanço de outros países,

com mais velocidade. Em primeiro lugar aparece Serra Leoa, país africano em que

32

a cada grupo de mil crianças nascidas vivas, 282 morreram antes de completar

cinco anos de idade em 2005.

Já os países com as menores taxas que dividem a 190ª posição são Andorra,

Cingapura, Islândia e San Marino. Em 2005, eles registraram três mortes de

crianças de até cinco anos a cada mil nascidas vivas.

Mortalidade Infantil

Número de óbitos por mil nascidos vivos

Brasil: 33

Santa Catarina: 12,1

Regiões mais críticas em SC

Joaçaba e Xanxerê: acima de 20

Lajes: 19,7

Regiões com menor índice em SC

Jaraguá do Sul, Blumenau, Araranguá, Joinville e Florianópolis - abaixo de 10

Ministério da Saúde contesta dados do Unicef

O Estado de S. Paulo, SP, 12/12

O Ministério da Saúde divulgou nota ontem contestando o relatório Situação

Mundial da Infância 2007, preparado pelo Fundo das Nações Unidas para a

Infância (Unicef), que coloca o Brasil em 86.º lugar entre 190 países (sendo 190.º

o melhor colocado). De acordo com o ministério, a metodologia usada pelo Unicef

¿superestima a mortalidade infantil¿ no País.

¿A estatística oficial estima taxa de mortalidade infantil de 22,58 óbitos por mil

nascidos vivos e de mortalidade na infância de 26,85 em 2004¿, diz a nota. O

Unicef calculou taxas de 31 e 33, respectivamente, em 2005.

33

Empresários convocam seminário sobre o tema

As entidades que representam os empresários na cadeia produtiva de folheados

de Limeira devem discutir, no início de 2007, soluções para os desafios

trabalhistas e ambientais do pólo. De acordo com o diretor do Instituto Brasileiro

de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) e do Sindicato da Indústria de Joalheria,

Ourivesaria, Bijuteria e Lapidação de Gemas do Estado de São Paulo (Sindijóias),

Écio Morais, a intenção é reunir todos os setores envolvidos na cadeia produtiva,

órgãos de fiscalização, imprensa e especialistas. ¿Não adianta dizer que a culpa é

só do empresário. Estamos todos envolvidos. O que acontece em Limeira é um

problema social.¿

Segundo Morais, o principal trabalho das associações e sindicatos, hoje, é

combater as empresas clandestinas, que destroem mercados produzindo com

custos baixíssimos de mão-de-obra.

Segundo levantamentos do IBGM, as cerca de 450 micro e pequenas empresas

do setor de bijuterias e folheados de Limeira absorvem, oficialmente, um terço da

população economicamente ativa local contratando entre 45 mil e 50 mil pessoas.

Somente as empresas da cidade produzem 50 toneladas de jóias, semijóias e

folheados por mês, cerca de 60% da produção nacional. A cidade também detém

50% da exportação de folheados brasileiros. O Brasil deve movimentar neste ano

US$ 150 milhões em folheados e US$ 70 milhões em bijuterias.

IMPACTO AMBIENTAL

Para piorar, as águas do Ribeirão Tatu, que corta Limeira, estão contaminadas por

metais pesados como zinco, cádmio, níquel e cobre em níveis que prejudicam o

ambiente e a vida aquática, segundo pesquisa do Laboratório de Ecotoxicologia

Aquática e Limnologia (Leal) da Unicamp.

34

De acordo com o coordenador do trabalho, o pesquisador Abílio Lopes de Oliveira

Neto, as análises foram feitas em efluentes brutos ou tratados por empresas que

trabalham com galvanoplastia, processo químico para dar aos folheados o aspecto

de ouro ou prata.

Produção de jóias em Limeira emprega 6 mil crianças e jovens

Absorta, Janaína, de 12 anos, fixa o olhar no alicate dentro do pequeno cômodo

de madeira da casa em que mora, em Limeira, a 150 km de São Paulo, onde

passa as tardes ajustando ganchos em brincos. A garota é uma das pelo menos 6

mil crianças e adolescentes de até 17 anos do sistema estadual de ensino,

segundo pesquisa da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), que

trabalham geralmente com as mães e os irmãos montando folheados brutos para

450 empresas do setor de bijuterias da cidade. Um contingente que pode chegar a

33 mil pessoas - levando-se em conta seus parentes - que opera

clandestinamente dentro de uma cadeia produtiva que deve faturar neste ano US$

220 milhões no País, 60% só em Limeira.

De acordo com o autor do Estudo de Riscos à Saúde do Trabalhador e ao Meio

Ambiente na Produção de Jóias em Limeira, o engenheiro de produção Marcos

Antônio Libardi Ferreira, a análise da Unimep, que pela primeira vez comprovou o

trabalho infantil no setor de folheados, levou em consideração 30.800 alunos da

rede estadual.

A investigação também identificou queixas das crianças de dores nos membros

superiores do corpo. Nos questionários, 62,1% afirmaram que realizam trabalhos

repetitivos, 32% sentem dores nas mãos e braços e 42% reclamam de dores nos

ombros, pescoço e coluna. ¿Isso sugere doenças relacionadas a LER (lesões por

esforços repetitivos)¿, diz.

Os danos causados pelo trabalho repetitivo rondam os cômodos e fundos de

quintais das casas onde são montadas as peças, no bairro José Cortez, periferia

de Limeira, que concentra o maior número de famílias realizando movimentos

35

idênticos para completar cada bijuteria. Sem garantias trabalhistas ou de saúde, a

mãe de Janaína, Ângela Maria Ribeiro, de 34 anos, há três montando folheados,

sente nas mãos e nos braços o peso das pelo menos cinco mil montagens que faz

por dia, quando tem matéria-prima para o trabalho.

¿Ganho R$ 5 por milheiro. Então tem de fazer bastante para tirar pelo menos uns

R$ 300 por mês. Com isso, o salário mínimo do marido e os R$ 95 do Bolsa-

Família, a gente monta uma renda¿, diz a mulher. Trabalham com ela as duas

filhas, Janaina e Jéssica, de 16 anos, e o garoto de 8. ¿As crianças de 5 e 3 não

fazem nada, só olham¿, garante.

Humberto Luiz Mussi de Albuquerque e Alvamari Cassillo Tebet, da Procuradoria

Regional do Trabalho da 15ª Região, em Campinas, buscam uma forma de lidar

com o assunto sem eliminar abruptamente a fonte de renda das famílias. ¿Não

podemos atuar diretamente na empresas pois corremos o risco de extinguir a

única fonte de renda de muitas famílias¿, diz Albuquerque.

REDUÇÃO DE CUSTOS

¿O que temos hoje, com a entrada da China e Índia no mercado mundial, é uma

disputa por expressiva redução do custo de produção, uma redução a qualquer

preço¿, diz Ricardo Antunes, pesquisador do Instituto de Filosofia e Ciências

Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Absorta, Janaína deixa de lado o alicate e vai para outra sala. Reclama que

precisa terminar a lição de casa que a professora da 5ª série deu aos alunos. Mas

garante que não deixa os estudos para não ter a mesma necessidade da mãe de

montar folheados para sobreviver em um bairro pobre da periferia. ¿Queria ser

professora¿, conta.

36

Adolescente resgatado

Diário Catarinense, Fpolis, 12/12

O adolescente de 14 anos resgatado na madrugada de 10 de outubro da cela da

6ª Delegacia da Capital, foi apreendido ontem pela manhã, no Morro da Macumba,

Bairro Saco dos Limões. A Polícia Militar recuperava uma moto furtada quando

encontrou o jovem. Um homem que acompanhava o infrator fugiu.

Quando os policiais localizaram, na Rua Elizeu de Aguiar, uma Tornado 250cc,

placas de Florianópolis, furtada no dia 3 deste mês, no Centro, se depararam com

o foragido. O jovem tentou fugir e acabou apreendido. A operação teve a

participação do helicóptero Águia da PM. A motocicleta foi encaminhada para a 2ª

DP.

- Recuperamos uma moto e encontramos o rapaz, que é conhecido da guarnição

pelos crimes de furto e de roubo. Ele foi recapturado em meio ao matagal - contou

um sargento da 6ª companhia PM, que não quis se identificar.

Foragido havia 65 dias, o adolescente voltou para a 6ª DP no mesmo plantão em

que foi resgatado. Em outubro, ele estava apreendido pelo crime de roubo a um

posto de combustível no Bairro Pantanal.

Perto das 2h, dois homens chegaram na 6ª DP da Capital e foram recebidos por

dois policiais. Armados com pistolas, eles renderam os policiais e resgataram dois

adolescentes. Os policiais civis rendidos ficaram presos na cela.

- Eles queriam resgatar o adolescente recapturado hoje (ontem), porque o outro já

seria liberado. Havia um terceiro homem que acompanhava a operação a

distância em uma moto - disse um dos policiais da equipe que trabalhava no dia

do resgate.

37

A delegada Andréa Pacheco ouviu, ontem, o depoimento do jovem para

prosseguir a investigação sobre o seu resgate. O caso é prioridade para os

policiais da delegacia.

Homem preso por explorar menor

A Notícia, Balneário C., 14/12

Erisvaldo Costa Vieira, 27 anos, foi autuado em flagrante por lesões corporais,

ameaça e corrupção de menor, por estimular a prostituição de uma adolescente

de 14 anos. Foi flagrado agredindo a jovem, na avenida Marginal Oeste, em

Balneário Camboriú. Na Delegacia de Proteção à Mulher, à Criança e ao

Adolescente, ela admitiu se prostituir e usar crack. Porém, disse que nos últimos

30 dias, Vieira a obrigava a entregar todo o dinheiro que ganhava

Garoto algemado em pilar de delegacia

Diário Catarinense, Palhoça, 15/12

Abraçado e algemado a um pilar da Delegacia de Palhoça (DP), na Grande

Florianópolis, um garoto de 14 anos espera desde a segunda-feira pela liberação

de vaga em um centro educacional para adolescentes infratores. Ele ironiza a

própria cena a que está submetido e comenta apenas que durante o dia fica ali e à

noite dorme em um espaço na entrada da cela da Delegacia de Polícia.

O adolescente foi detido sob acusação de roubo e tentativa de homicídio ocorridos

no fim de semana. Policiais que não quiseram se identificar contaram que ele teria

jurado matar o menino de quem havia roubado objetos, depois que o pai da vítima

38

registrou boletim de ocorrência na delegacia. Foi apreendido com uma pistola,

depois de ter disparado cinco tiros contra o jovem.

Detido, não havia vagas em nenhum centro para interná-lo. Em casos como esse,

o adolescente deve ser encaminhado para a Delegacia de Proteção à Mulher, à

Criança e ao Adolescente (6ª DP). No entanto, o lugar teria espaço para duas

pessoas e já estaria com 12. Por isso, a solução foi deixado na DP de Palhoça.

Os policiais garantem que a promotoria e o juizado têm conhecimento da situação.

Essa versão não foi confirmada pela reportagem, pois os representantes dos

órgãos citados não foram encontrados ontem.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do

Brasil (OAB), Reinaldo Pereira, soube do caso e encaminhou ofício em que

comunicava o problema ao Juizado da Infância e Juventude.

- Isso é descumprimento do estatuto (da Criança e do Adolescente). A falta de

vagas não autoriza que garantias individuais constitucionalmente previstas sejam

desrespeitadas - observou.

Em 14 de novembro, a equipe de reportagem já havia flagrado outro adolescente

detido junto ao pilar da mesma delegacia. O rapaz de 16 anos também estava

algemado. Ele havia roubado 12 panelas, cinco quilos de açúcar, bolsas com

roupas e um celular de uma casa.

Internos do São Lucas concluem curso

A Notícia, São José, 15/12

39

Um grupo de 27 internos do Centro Educacional São Lucas concluiu ontem o

curso de Inclusão Digital. Além dos internos, três servidores também participaram

das aulas. A formatura ocorreu às 15 horas, quando os 30 participantes

receberam o diploma. O curso, fruto de convênio entre o São Lucas e o Centro

Federal de Educação Tecnológica (Cefet), iniciou no dia 30 de outubro. Foram

quatro módulos em que os integrantes aprenderam informática básica e

receberam capacitação para trabalhar em diferentes programas de computação.

A formatura de ontem foi restrita aos internos, pois os pais já haviam realizado

visita em eventos da Pastoral da Criança, durante o fim de semana. A gerente do

São Lucas, Isa Maria de Andrade, aponta que muitos dos alunos nunca tiveram

acesso ao computador. "Essa é mais uma forma de ajudá-los no currículo",

declara.

Em janeiro mais três cursos profissionalizantes serão realizados para os internos

do São Lucas. Com duração de cinco meses haverá aulas de culinária, expressão

corporal, manutenção de computadores e aulas e manutenção de instrumentos

musicais. "O São Lucas está aberto para qualquer instituição que queria realizar

cursos aqui dentro", ressalta Isa. Outra intenção, segundo ela, é integrar a família

e os internos.

Eu vou matar, diz adolescente

A Notícia, Fpolis, 16/12

Ainá Vietro

Palhoça

Com apenas 14 anos, ele exibe tatuagens pelo corpo e personalidade forte. O

adolescente que aguardava até a noite de ontem vaga em centro de internação

provisória do Estado, algemado a um pilar na Delegacia de Polícia de Palhoça, na

40

Grande Florianópolis, não tem receio de falar que realmente tentou matar um rival.

Também não esconde de ninguém o que pretende fazer quando sair de lá. "Eu

vou matar. Prefiro que a mãe dele chore a morte, do que a minha", disse, mesmo

não sabendo onde mora a própria mãe, que fugiu de casa e o deixou aos cuidados

do pai.

O caçula entre três filhos é precoce não só no mundo do crime. Também foi

precoce ao abandonar os estudos, na terceira série do ensino fundamental, depois

de ter sido expulso de três colégios na região da Ponte do Imaruim, em Palhoça.

Com ficha criminal extensa para a pouca idade, já foi detido por assalto e tráfico

de drogas, além do flagrante por tentativa de homicídio e porte ilegal de arma, na

segunda-feira. Depois de ser acusado de um roubo, ele deu cinco tiros na suposta

vítima. Sem medir as palavras, afirma ser viciado em maconha e expõe a

facilidade em conseguir uma arma. "É só conhecer as pessoas certas. Já havia

pegado em arma e atirado contra paredes, mas essa foi a primeira vez que atirei

em alguém", comenta.

Algemá-lo a um pilar foi a forma que o delegado Wilson Carvalho encontrou para

evitar uma tragédia. "Tenho responsabilidade pela integridade dele, não posso

deixá-lo solto, possibilitando uma fuga, e também tenho que preservar meus

funcionários", explica. Como foi detido em flagrante, o juiz José Maurício Lisboa

determinou que fosse internado por 45 dias no centro de internação provisória

mais próximo. Como não há vagas, o garoto aguarda na delegacia. Procurado

pela equipe de A Notícia, Lisboa avisou ontem que não atende a jornalistas.

O promotor da Infância e Juventude, Daniel Paladino, frisou que sabia que o

acusado aguardava liberação na delegacia, mas somente na manhã de ontem

tomou conhecimento de que estaria algemado a um pilar. "Isso demonstra a que

ponto chegou a situação. Esse adolescente deveria estar em um centro de

internação provisória, mas não existe vaga", indigna-se. Paladino ressalta que

quando soube que o garoto havia sido detido ligou pessoalmente para a

41

responsável pela gerência do sistema, expôs a situação e encaminhou pedido por

fax. Acreditou que o problema estivesse equacionado. O representante do

Ministério Público (MP) conclui que a responsabilidade é do Estado.

[email protected]

Secretário questiona perpetuação de ações criminosas

Diogo Vargas

Florianópolis

A cena do garoto preso ao pilar piorou ainda mais a imagem do crítico sistema

prisional catarinense. O secretário da Segurança Pública e Defesa do Cidadão

(SSP), coronel Dejair Vicente Pinto, considerou lamentável o modo e o local em

que os policiais civis de Palhoça encontraram para manter apreendido o

adolescente infrator. Porém, disse que o episódio reflete a falta de vagas e a

dificuldade da polícia em encontrar lugar adequado para os detentos.

O titular da SSP prometeu a abertura de 40 novas vagas para adolescentes

infratores a partir de janeiro, com a contratação de 80 servidores. Serão 20 no

Centro Educacional São Lucas, em São José, na Grande Florianópolis, dez no

centro de internação de Chapecó e dez no de Lages.

"Essa realidade é problema social. Os presos e seus familiares ficam preocupados

por estarem em locais insalubres, divulgados até de forma sensacionalista, mas

continuam se perpetuando nas organizações criminosas", raciocina Dejair. "É

preocupação exacerbada com o meliante e não com as vítimas dos bandidos",

emenda.

O quadro da falta de vagas no sistema carcerário é tratado como a principal

problemática do governo na área da segurança pública. Recentemente, o próprio

42

governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) pediu esclarecimentos ao secretário.

Moreira, na verdade, foi indagado anteriormente pelo presidente da Comissão de

Direitos Humanos da OAB/SC, Reinaldo Pereira e Silva. O advogado falou em

tratamento desumano e degradante aos detentos.

No ofício ao integrante da OAB, o secretário comparou a suposta abertura de 187

vagas no sistema pelo governo estadual passado e as três mil do atual.

[email protected]

Conselho alerta para aumento da criminalidade

Assim como a maioria dos grandes municípios do Estado, Palhoça enfrenta a dura

realidade com a criminalidade juvenil. Os bairros Frei Damião, Pontal e Bela Vista

são apontados como os mais críticos, de acordo com o Conselho Tutelar.

Segundo os conselheiros, as famílias desestruturadas ajudam a dilacerar ainda

mais a personalidade dos adolescentes, marcados por um perfil destemido

perante à sociedade. O órgão faz mais de 200 atendimentos por mês.

Garotos integrantes de classe média figuram entre os que protagonizam o maior

número de atos infracionais. Há disputas entre gangues, seja por valentia,

relacionamentos amorosos ou por território. Em São José, município vizinho, a

polícia mapeou neste ano grupos que tinham como princípio de vida cometer

delitos, como arruaças e arrombamentos de veículos. As práticas terminavam, às

vezes, em divergências internas e homicídios ocorreram. (DV)

43