ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COM ÊNFASE NA EDUCAÇÃO VITÓRIA -ES...

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REDE DE ENSINO FACES FACULDADE DO ESPÍRITO SANTO CURSO DE DIREITO ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COM ÊNFASE NA EDUCAÇÃO

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REDE DE ENSINO FACESFACULDADE DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE DIREITO

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADADIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

COM ÊNFASE NA EDUCAÇÃO

VITÓRIA - ES2014

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADADIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

COM ÊNFASE NA EDUCAÇÃO

VITÓRIA - ES

2014

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................3

2)DIGNIDADE DA PESSOA

HUMANA........................................................

...............4

3) DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NO SISTEMA

JURÍDICO............................6

4) EDUCAÇÃO E DIGNIDADE

HUMANA .......................................................

...........8

5) EDUCAÇÃO E INCLUSÃO

DIGITAL.......................................................

.............11

6)UMA LUTA TRAVADA PARA GARANTIA DE

DIREITOS....................................12

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS ...............................................

.........................14

3

1 INTRODUÇÃO

A finalidade deste presente estudo consiste em desenvolver uma

reflexão sobre como direito a educação e a dignidade humana

trilham caminhos paralelos, são dignos de uma robusta proteção por

meios de medidas políticas e jurídicas e que ainda necessitam de

uma atenção especial para que todas as pessoas tenham acesso à

educação de maneira ampla.

É mediante a aprendizagem que o indivíduo passa a compreender

a si mesmo, o outro e o mundo em que se encontra inserido,

tudo isso e o resultado do processo educativo que dever ser

continuo e permanente, mas que infelizmente encontra

obstáculos e é necessário esforço humano pra vencê-los . Só a

educação possibilita tal conscientização e o pleno

desenvolvimento da pessoa, somente ela tem a capacidade de

libertar o indivíduo e os povos das amarras da ignorância.

É lamentável que não baste à existência de normas escritas

para que se evitem abusos e descasos, é de extrema importância

que a população seja suficientemente educada para o convívio

social a ponto de saber que, no regime democrático, cabe a

ela, pelos meios institucionais adequados, fazer com que os

seus direitos sejam respeitados e efetivados e que todos

possam gozar de tais direitos.

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2 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Constituição Federal de 1988

A dignidade da pessoa humana está consagrada no Art.1, inciso

III da Constituição Federal como um dos fundamentos da

República Federativa do Brasil, é tida como valor supremo e

considerada um atributo a todo ser humano, uma qualidade e não

um direito conferido exclusivamente pelo ordenamento jurídico.

A noção de dignidade humana deve ser concebida de forma

simples, abrangendo os mais diversos aspectos da vida humana.

Os desrespeitos aos direitos humanos são explícitos e podemos

verificar diuturnamente, sendo um ardoroso tema de reflexões

desde a antiguidade e seu processo de construção está longe de

ser esgotado.

Mas, qual é o conceito da dignidade Humana?

Em relação ao conceito de dignidade humana é inevitável

observar uma disputa doutrinaria filosófica, cultural,

política e histórica que envolve uma gama de considerações, o

ideal seria que houvesse a união de todas essas formulações

resultando num sentido eficaz de Dignidade.

Segundo Immanuel Kant, a dignidade humana se baseia na

natureza racional do ser humano, sendo este digno por

natureza, a dignidade sob este prisma, seria o valor de que se

reveste tudo aquilo que não tem preço, ou seja, não é possível

a substituição por equivalente, tem intima relação com o

direito natural, considerando que o direito natural é aquele

que nasce com o homem.

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Sendo a dignidade da pessoa humana um atributo e não

concessão por parte do Estado, não importa se o direito de

determinado ordenamento jurídico reconhece ou não. Ingo Sarlet

não expressa a impossibilidade de conceituar a dignidade da

pessoa humana, mas salienta que sempre terá um conceito

incompleto diante das situações com as quais o direito se

depara todos os dias, haja visto que cada momento histórico

tem sido tratado e visto de forma diferente, discorre sobre o

assunto:

‘’Dignidade Humana é a qualidade intrínseca e distintiva

reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo

respeito e consideração por parte do estado e da comunidade,

implicando ,neste sentido, um complexo de direitos e deveres

fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e

qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe

garantir as condições existenciais mínimas para uma vida

saudável , além de propiciar e promover sua participação

ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e

da vida em comunhão com os demais seres humanos , mediante o

devido respeito aos demais seres que integram a vida. É

importante afirmar que a dignidade independe de

circunstancias, ou seja, atitudes indignas do ser humano não o

privam da dignidade, mesmo o mais perverso dos criminosos

possui dignidade, pois é pessoa humana. (SARLET,2011)

Na visão de Maria Celina Bodin de Moraes “... será desumano,

isto é, contrário a dignidade da pessoa humana, tudo aquilo

que puder reduzir a pessoa (o sujeito de Direito) a condição

de objeto” (MORAES, PAG.85).

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Em caso de registro de índios, enquanto estes não forem

integrados, não estão obrigados a inscrição de nascimento,

podendo ser feitos em livro próprio do Órgão Federal de

Assistência ao Índio. (Art.50, p.2º)

Nascimentos ocorridos a bordo de quaisquer aeronaves, ou

navios estrangeiros, poderão ser registrados pelos pais

brasileiros no cartório ou em consulado do lugar de

desembarque, salvo nascimentos ocorridos em navio brasileiro

mercante, que estão sujeitos aos modos estabelecidos pela

legislação de Marinha.

Declarações de nascimento fora do prazo legal, o oficial, em

caso de dúvida, poderá fazer um requerimento ao juiz para que

haja esclarecimentos do fato. O juiz de menores sob sua

jurisdição poderá fazer o registro de menor abandonado.

De acordo com o Art. 59, quando se tratar de filho ilegítimo,

não será declarado o nome do pai sem que esse expressamente

autorize. Salvo se qualquer um dos dois forem declarantes.

Caso a criança morra na ocasião do parto, porém, a mesma tenha

respirado e evoluído á óbito serão feitos os dois registros,

nascimento e óbito. (Art.53§2°)

“A pessoa natural registra-se quando nasce e a pessoa

jurídica nasce porque se registra.” (STOLZE, pag.167.)

3 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NO SISTEMA JURÍDICO

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Após o período da Segunda Guerra Mundial onde a dignidade

humana desceu no seu nível mais ínfimo, gerou-se uma

consciência coletiva para alteração e de alguma forma

compensar as barbáries cometidas Em razão desta situação,

atualmente, o princípio da dignidade da pessoa humana se

encontra no ápice de toda Constituição.

Não se considera possível na existência de um Estado

Democrático de Direito com uma pura e simples interpretação a

partir da norma, é preciso extrair qual bem está sendo

resguardado com a tutela proposta pelo legislador, no momento

de interpretar a lei.

A própria Constituição Federal de 1988 em seu Art. 1, firmou

que a dignidade da pessoa humana como fundamento da República,

sendo o princípio matriz de todos os direitos fundamentais,

mas, no entanto, segundo Norberto Bobbio, em relação aos

direitos do homem e da sociedade, a teoria e a prática

percorrem duas estradas diversas e em velocidades distintas

(Era dos Direitos, 25).

A compreensão de que a simples previsão constitucional não

bastaria para efetivar a dignidade da pessoa humana, a

Constituinte de 1988 elaborou um amplo e aberto sistema de

direitos e garantias fundamentais que, direta ou

Indiretamente, buscam concretizar, na prática, esse princípio

fundamental.

Assim, a dignidade da pessoa humana ingressou no ordenamento

jurídico brasileiro como uma norma que engloba noções

valorativas e princípios lógicos, tornando-se preceito de

observação obrigatória, fundamento da República Federativa do

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Brasil cujo valor no ordenamento constitucional deve ser

considerado Superior e legitimador de toda e qualquer atuação

estatal e privada, individual ou coletiva.

E de extrema importância ressaltar que a proteção ao direito a

educação era garantida apenas no âmbito do direito público

como direito fundamental. Todavia essa concepção de direito à

educação exigia a intervenção do Estado, que no processo

histórico essa pratica não ocorreu de forma satisfatoriamente,

uma vez que não existia punição para o Estado, caso não

proporcionasse para todos a educação gratuita e obrigatória.

 Mas com o advento da Constituição de 1988 modificou-se esta

situação, uma vez que agora está prevista na Lei magna punição

para o Estado, caso não proporcione a educação básica

obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos

de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos

os que a ela não tiveram acesso na idade própria (Art. 206,

inciso I; art. 208, inciso I, § 1º § 2º da CF). Aliás, direito

à educação corresponde, também, ao direito de matrícula como

direito constitucional fundamental que todos têm e o dever da

família e do Estado de efetuá-la e garanti-la na educação

básica (art. 4º, inciso I; art. 6º da LDB).

O maior desafio dos operadores de Direito não é estabelecer um

rol de direitos mais extensos, e sim proteger os direitos

conquistados sendo esses a base do princípio da vedação do

retrocesso. Acerca desse mesmo assunto Paulo Bonavides faz uma

consideração importante:

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“Nenhum princípio é mais valioso para compendiar a unidade

material da Constituição que o princípio da dignidade da

pessoa humana’’”. (BONAVIDES, Paulo, 2001)

Hoje o direito não e mais um conjunto de normas e não e mais

um sinônimo de leis, ele está contido além das leis e não é

admissível a desvalorização da pessoa humana e esse fenômeno

não e apenas nacional, o direito internacional é uma

necessidade lógica, como bem coloca Jose Eduardo Faria:

“A interdependência crescente dos países, desde o ponto de

vista econômico, financeiro, assim como a complexidade dos

problemas novos (meio-ambiente) e a rapidez das mudanças do

transtorno, levaram quer à impossibilidade da sequência desse

modo de produção e de aplicação das regras jurídicas, quer a

uma crise do direito. Crise que se reflete na dificuldade que

tem o Estado para aplicar seus programas legislativos, e no

reconhecimento da existência de um pluralismo jurídico. O

Estado perde sua pretensão na detenção do monopólio de

promulgar regras. A internacionalização e a maior mobilidade

das empresas comerciais e dos meios de produção permitem

àquelas “jogar” com maior facilidade e eficiência com as

diferentes legislações nacionais. Uma das consequências dessa

“conversão” de bens “imóveis” em bens “móveis”, é o

afloramento de capacidade coativa do Estado. Agora cada Estado

tem que levar em consideração a situação internacional para

promulgar leis de caráter nacional, em setores cada vez mais

numerosos”.

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EDUCAÇÃO E DIGNIDADE HUMANA

Em um mundo marcado por tantas violações aos direitos do ser

humano, o nobre princípio da dignidade da Pessoa Humana deve

ser utilizado justamente para combater as mais graves

violações, como a afronta ao direito à vida, a liberdade, ao

mínimo existencial necessário para uma condição satisfatória

de existência e a própria busca da felicidade.

A educação faz parte das condições para a existência digna de

uma pessoa, salientando que a mesma é um pré-requisito para

usufruir dos demais direitos civis. Todo ser humano é uma

pessoa dotada de personalidade, com direitos e deveres, membro

da sociedade onde vive e merecedor de uma existência humana e

não sub-humana, dentre outros direitos cada pessoa tem que ter

condições mínimas para que possa participar da vida social de

seu Estado, se relacionando com as pessoas ao seu redor e que

fazem parte da sociedade na qual vive, a educação faz parte

deste mínimo, na CF ART 6º consagra a educação como um direito

social.

A educação em si é um pilar da cidadania, e a educação básica

o condão que reúne as três etapas que constituem a educação

infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. O seu

reconhecimento positivado dentro de um Estado Democrático de

Direito como direito do cidadão e dever do Estado percorreu um

longo caminho, desde a instrução própria das primeiras letras

no império, ao ensino primário de quatro anos nos estados da

Velha República, do ensino primário obrigatório e gratuito da

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CF de 1934 a sua extensão para oito anos em 1967, derrubando a

barreira dos exames de admissão, enfim chegamos ao direito

público e subjetivo e ao novo conceito ora analisado. E como

se trata de um direito juridicamente protegido é preciso que

ele seja garantido e cercado de todas as condições, a Lei de

Diretrizes e bases da educação Nacional (LDBEN) onde a

educação básica e objeto de uma política educacional de

igualdade concreta fazendo jus como o primeiro dos direitos

sociais.

A educação básica, por ser um momento privilegiado em que a

igualdade cruza com a equidade, tomou a si a formalização

legal do atendimento a determinados grupos sociais, como as

pessoas portadoras de necessidades educacionais especiais,

como os afrodescendentes, que devem ser sujeitos de uma

desconstrução de estereótipos, preconceitos e discriminações,

tanto pelo papel socializa dor da escola quanto pelo seu papel

de transmissão de conhecimentos científicos, verazes e

significativos.

Já os jovens e adultos que não tiveram oportunidade de se

escolarizar na idade própria podem e deve ser sujeitos de um

modelo pedagógico próprio e apoiados com recursos que os façam

recomeçar sua escolaridade sem a sombra de um novo fracasso.

As comunidades indígenas também devem ser sujeitas de um

modelo próprio de escola, guarnecido por recursos e respeito à

sua identidade cultural peculiar.

O reconhecimento das diferenças nesse momento da escolaridade

é factível com o reconhecimento da igualdade.

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A função social da educação assume a igualdade como

pressuposto fundamental do direito à educação, sobretudo nas

sociedades politicamente democráticas e socialmente desejosas

de maior igualdade entre as classes sociais e entre os

indivíduos que as compõem e as expressam. Ainda que ofertada

pela iniciativa privada por ser um direito universal e um

dever estatal, não anula ou diminui a obrigação de intervenção

no campo das desigualdades sociais. 

E de extrema importância ressaltar que a educação como

formação torna o ser humano ao mesmo tempo mais consciente de

sua dignidade e da de seus semelhantes _o que garante o valor

da solidariedade assim como mais apto para exercer a sua

soberania como cidadão. Infelizmente o Estado não consegue

prover a todos uma educação de qualidade, ficando visível o

desrespeito a dignidade humana, muitas vezes em virtude de

ideais políticos, interesses pessoais e de grupos. Norberto

Bobbio enfatiza que não devemos perder as esperanças e nem

desacreditar na Declaração Universal dos Direitos Humanos,

crendo ele que a mesma representa um resumo do passado e uma

inspiração para o futuro. Adverte também para a necessidade de

uma educação que forme cidadãos ativos, participantes, capazes

de julgar e escolher, indispensáveis numa democracia, mas não

necessariamente preferidos por governantes que confiam na

tranquilidade dos cidadãos passivos, sinônimos de súditos

dóceis ou indiferentes.

Segundo Paulo Freire, patrono da educação brasileira, basta o

trabalho educacional e teremos o que queremos uma educação

verdadeira que de conta da mudança da realidade, dessa forma a

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educação não é uma doação ou imposição, mas uma devolução dos

conteúdos coletados na própria sociedade, que depois de

sistematizados e organizados são devolvidos aos indivíduos na

busca de uma construção de consciências críticas frente ao

mundo, assim sendo, o homem, um ser inacabado, toma

consciência de seu inacabamento e busca através da educação

realizar plenamente sua pessoalidade. Não há seres educados e

não educados, todos estão em processo de educação, frisa

também que a educação não pode ser uma experiência fria, onde

os sonhos e a ideias não podem ser reprimidos por uma forma de

ditadura. Enfatiza também o trabalho do educador, crendo que a

arte de ensinar é uma forma de intervenção no mundo, e que

deve haver troca entre o educador e o educando, resultando num

ato de libertação e jamais dominação ou de domesticação,

direcionando para um auto reflexão que resultara em sua

inserção na história não mais como expectadores, mas como

figurantes e autores.

A ausência da educação impossibilita ao ser humano o evoluir

de suas próprias potencialidades. Somente o processo

educacional pode possibilitar o mais amplo desabrochar e a

mais larga atuação das faculdades físicas e psíquicas de cada

indivíduo, trazendo lhe o autoconhecimento.

Nas palavras de Rousseau, um clássico educador político: "A

pátria não subsiste sem liberdade, nem a liberdade sem a

virtude, nem a virtude sem os cidadãos (...). Ora, formar

cidadãos não é questão de dias, e para tê-los adultos é

preciso educá-los desde crianças" (Sur L´économie politique)

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Na obra Direito e Ensino jurídico, Eduardo Bittar diz o

seguinte:

“O direito à educação carrega em si as características dos

direitos personalidade, ou seja, trata-se de um direito

natural, imanente, absoluto, oponível erga omnes, inalienável,

impenhorável, imprescritível, irrenunciável [...] não se

sujeitando aos caprichos do Estado ou à vontade do legislador,

pois trata-se de algo ínsito à personalidade humana

desenvolver, conforme a própria estrutura e constituição

humana” (p.158)

EDUCAÇÃO E INCLUSÃO DIGITAL

Vivemos em um globalizado, numa sociedade da informação e do

conhecimento, a inclusão digital faz parte do direito à

educação, até mesmo porque toda a inovação tecnológica tem

influência direta no processo ensino-aprendizado. Com o

surgimento de novas formas de relações sociais criadas pela

sociedade em rede, foram abertas possibilidades de

comunicações e informações imediatas, a internet e a

informática são instrumentos valiosos para a educação.

As escolas estão cada vez mais conectadas com a internet, mas

apesar dos avanços, a realidade desigual em relação aos

recursos e políticas públicas na área da educação deixa muito

a desejar, principalmente nas redes públicas da educação

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básica onde é extremamente necessária a ação do poder público

para que se possa garantir a inserção tecnológica.

UMA LUTA TRAVADA PARA GARANTIA DE DIREITOS

No Brasil temos vários casos de violação ao direito essencial

da educação, casos que a sociedade não devem jamais ignorar,

mas uma ativista paquistanesa de apenas dezessete anos que

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luta pela defesa dos direitos humanos e acesso à educação na

sua região natal ,Vale do Swat, localizado no nordeste do

Paquistão, onde os talibãs impedem as jovens de frequentarem a

escola ,fez a diferença e teve

Repercussão mundial, ganhadora do prêmio Nobel MALALA

YOUSAFZAI.

Desafiando os radicais islâmicos do Talibã por querer estudar,

quase pagando com a própria vida por isso, Malala, filha de um

professor, Ziauddin Yousafzai, que contrariou os hábitos

locais, enxergando em sua filha uma aluna curiosa e vivaz

estimulou Malala a gostar de física e literatura e a se

indignar com as injustiças do mundo. Vivendo num ambiente

opressor, sob o governo paralelo da milícia fundamentalista, a

ponto de escolas serem dinamitadas por desobedecerem a ordem

de fecharem suas portas, não inibiu de forma alguma sua força

de vontade de reivindicar seu direito a educação, não só para

si, mas para toda classe feminina que e tão deprimida em sua

região.

Sua trajetória de luta se inicia aos 11 anos quando sob

pseudônimo, escrevia para BBC (emissora pública de rádio e

televisão fundada em 1922), detalhando o seu cotidiano durante

a ocupação do talibã, sua popularidade aumentou

consideravelmente dando entrevistas, quando o ativista sul

africano Desmond Tutu nomeou para o Prêmio Internacional da

Criança. Em outubro de 2012, Malala sofre um atentado, seus

ideais já incomodavam e faziam à diferença, quando se dirigia

a escola, um homem a chamou pelo nome apontou-lhe uma pistola

e disparou três tiros, uma das balas atingiu o lado esquerdo

da testa, Malala esteve em estado grave, assim que se

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estabilizou e teve condições de transferência, foi levada para

um Hospital na Inglaterra, onde teve uma melhora

surpreendente, após três meses de internação , em 04 de

janeiro de 2013 Malala deixa o hospital . Essa tentativa de

assassinato desencadeou um movimento de apoio nacional e

internacional, passou a ganhar mais e mais adeptos e foi

revogada a proibição, logo os adversários passaram a inimigos,

e o combate transformou-se em guerra, visando calar sua voz. O

enviado especial das Nações Unidas para a educação global

Gordon Brown, lançou uma petição da ONU, em nome de Malala

exigindo que todas as crianças do mundo estivessem inscritas

em escolas até o fim de 2015, petição que impulsionou a

retificação da primeira lei de direito a educação no

Paquistão.

Em 12 de Julho de 2013, Malala comemora seu aniversário de 16

anos discursando na Assembleia da Juventude na Organização das

Nações Unidas em Nova Iorque: (...)’’ Vamos pegar nossos

livros e canetas. Eles são nossas armas mais poderosas. Uma

criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o

mundo. “A educação é a única solução”. (...). Sendo essa sua

primeira aparição pública após o atentado.

Em 10 de Outubro de 2014, o Comitê do Nobel anunciou

oficialmente a entrega do prêmio a Malala, ao qual partilhou

com o ativista indiano Kailash Satyarthi, 60 anos.

A Educação “(...) jamais pode ser neutra, tanto pode estar a

serviço da decisão, da transformação do mundo, da inserção

crítica nele, quanto a serviço da imobilização, da permanência

possível das estruturas injustas, da acomodação dos seres

humanos à realidade tida como intocável.” Paulo Freire.

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Podemos então afirmar trazendo como exemplo a trajetória de

Malala que o direito a educação é uma arma não violenta, é um

instrumento de redução de desigualdade e discriminação e

possibilita a aproximação pacifica dentro os povos de todo o

mundo, e que a educação sozinha não muda a sociedade, tampouco

sem ela a sociedade não muda.

A educação em seu sentido amplo é indispensável para uma vida

com dignidade, não se referindo somente à educação escolar, o

processo educativo começa com o nascimento e termina apenas no

momento da morte e na medida em que possibilita o acesso aos

demais direitos ela se torna um bem público da sociedade.

“Nascemos fracos, precisamos de força; nascemos

carentes de tudo, precisamos de assistência; nascemos

estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao

nascer e de que precisamos quando grandes nos e dado

pela educação”. (J.J. Rousseau)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITTAR, Eduardo C. B. Direito e Ensino Jurídico, p. 158

20

BOBBIO, N. A Era dos direitos, Rio de Janeiro: Campus, 1992.     

BONAVIDES, Paulo. Teoria Constitucional da Democracia Participativa. São

Paulo: Malheiros, 2001.

BRASIL. Constituição Federal do Brasil. Brasília: Senado, 1988. 

FÁVERO, O. (org.) A Educação nas Constituintes Brasileiras: 1823-1988. Campinas: Autores Associados, 1996.      

FREIRE, Paulo. Educação como pratica de liberdade .5, ED Rio de Janeiro PAZ E TERRA .1975.

FREIRE, Paulo, Pedagogia da Indignação, cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000.

MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana. p. 85.

SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 9. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011.

MARCOS CORONATO E JULIA KORTE. Com a energia de uma adolescente brigona. Época a Mancha do Petrolão, São Paulo, n.º 854, p. 16, 13 de outubro 2014.

Referência a obra “levando os direitos a sério “(Cfr. DWORKIN,Ronald. São Paulo, Martins Fontes, 2002).