As Portas da Cerca de Lisboa a partir da geografia hispano-árabe

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In Arqveologia e História, vol.53: Actas do II Colóquio Temático - Estudos de Lisboa, (Séculos VIII - XV), Lisboa, Associação de Arqueólogos Portugueses / Colibri, 2001, pp. 35-43; As Portas da Cerca de Lisboa no período islâmico Estudo e reconstituição textual da notícia sobre as portas de Lisboa, a partir dos geógrafos árabes António Rei Investigador / Bolseiro FCT - PRAXIS XXI (CEAA / IICT Lisboa, 1996 - 2000) I - Introdução É nosso objectivo abordar as Portas da Cerca de Lisboa no período islâmico, a partir das notícias dadas pelos geógrafos muçulmanos. Partindo das informações desses geógrafos, confrontá-las-emos com o que os estudos arqueológicos e filológicos nos legaram sobre as portas e/ou áreas circunvizinhas, até ao momento presente. Tentaremos ainda, identificar a cadeia de transmissão da notícia, e, por último, reconstituir a notícia original. I . 1 - Ponto de situação O primeiro estudo em que são incluídas e estudadas as Portas, já tem mais de um século, pois foi em 1899, que Augusto Vieira da Silva, na primeira edição da sua “Cêrca Moura”, buscou a localização topográfica das mesmas. Mais tarde, na “Cêr ca Moura de Lisboa e o Esteiro do Rio Tejo”(1939a), e na 2ª edição(1939b), voltou a reproduzir essas informações, se bem que actualizadas com os resultados de algumas escavações levadas a efeito na zona das ruas das Canastras e Bacalhoeiros. As informações que Vieira da Silva nos legou são essencialmente de cariz arqueológico, e a sua importância é ainda de tal ordem, que se podem ainda hoje considerar inultrapassadas. Na área da filologia, David Lopes, em 1940 publicou um estudo em que comenta o

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In Arqveologia e História, vol.53: Actas do II Colóquio Temático - Estudos de Lisboa, (Séculos VIII - XV),

Lisboa, Associação de Arqueólogos Portugueses / Colibri, 2001, pp. 35-43;

As Portas da Cerca de Lisboa

no período islâmico

Estudo e reconstituição textual da notícia sobre as portas de Lisboa,

a partir dos geógrafos árabes

António Rei

Investigador / Bolseiro FCT - PRAXIS XXI

(CEAA / IICT – Lisboa, 1996 - 2000)

I - Introdução

É nosso objectivo abordar as Portas da Cerca de Lisboa no período islâmico, a partir

das notícias dadas pelos geógrafos muçulmanos.

Partindo das informações desses geógrafos, confrontá-las-emos com o que os estudos

arqueológicos e filológicos nos legaram sobre as portas e/ou áreas circunvizinhas, até ao

momento presente.

Tentaremos ainda, identificar a cadeia de transmissão da notícia, e, por último,

reconstituir a notícia original.

I . 1 - Ponto de situação

O primeiro estudo em que são incluídas e estudadas as Portas, já tem mais de um

século, pois foi em 1899, que Augusto Vieira da Silva, na primeira edição da sua “Cêrca

Moura”, buscou a localização topográfica das mesmas. Mais tarde, na “Cêrca Moura de

Lisboa e o Esteiro do Rio Tejo”(1939a), e na 2ª edição(1939b), voltou a reproduzir essas

informações, se bem que actualizadas com os resultados de algumas escavações levadas a

efeito na zona das ruas das Canastras e Bacalhoeiros. As informações que Vieira da Silva nos

legou são essencialmente de cariz arqueológico, e a sua importância é ainda de tal ordem, que

se podem ainda hoje considerar inultrapassadas.

Na área da filologia, David Lopes, em 1940 publicou um estudo em que comenta o

Rawd al-mi‘târ de al-Himyarî, entretanto editado e traduzido por E.Lévi-Provençal, em 1938.

Este trabalho aparecerá, repetido, mais tarde, nas colectâneas: Páginas Olisiponenses

(PO)(1968), pp.67-75, e nos Nomes Árabes de Terras Portuguesas (NATP)(1968), pp.187-

189. Nesse trabalho foi, pela primeira vez, divulgado, em Portugal, um texto árabe com uma

notícia sobre as portas de Lisboa. Mas David Lopes não se limitou apenas á tradução do

texto, tendo buscado também a contextualização espacial das informações, cotejando-as com

as pesquisas de Vieira da Silva.

José Domingos Garcia Domingues, arabista e discípulo de David Lopes, também

divulgou, mais tarde, textos árabes com informações sobre este mesmo objecto.

Mas enquanto n’ “O Garb Extremo do Ândalus e «Bortuqal» nos historiadores e

geógrafos árabes” (1960), faz um ponto de situação do que era conhecido desde David Lopes,

sobre al-Himyarî, em “Aspectos Geográficos da Lisboa Muçulmana”, (1967), já não repete

este último autor, fornecendo apenas informações inéditas a partir de traduções suas de

recente data (estes dois trabalhos podem encontrar-se hoje na colectânea póstuma Portugal e

o al-Andalus, Lisboa, Hugin, 1997, respectivamente, pp.79-116 e pp.117-130).

Garcia Domingues já dispunha em 1967 de mais informações do que antes tivera o

seu mestre, pois entretanto pudera traduzir: al-Qazwînî, que traz uma passagem de al-‘Udhrî;

e também Ibn al-Shabbât, que reproduz al-Bakrî, todos falando das portas de Lisboa. Garcia

Domingues, refere a importância da notícia deste último autor, pois revela a fonte de al-

Himyarî.

É no mínimo curioso, que ninguém, nem mesmo o próprio Garcia Domingues, tenha

pegado nesta tradução da notícia de Ibn al-Shabbât, e tivesse tentado estabelecer uma

comparação, minima que fosse, com a notícia de al-Himyarî, pois apresentam algumas

diferenças de importância. Esta não-confrontação textual acabou fazendo história, como

veremos mais adiante, no caso das termas de Alfama.

Enquanto arabista, o seu contributo deu-se precisamente ao nível das traduções das

várias notícias, não se ocupando a confirmar localizações no espaço.

António Borges Coelho na sua antologia Portugal na Espanha Árabe (PEA) (1ª ed.,

4vols., Lisboa, Seara Nova,1972-75; 2ª ed., 2vols., Lisboa, Caminho, 1989) inclui a notícia

das portas, a partir de E.Lévi-Provençal1, embora sem acrescentar nada.

Christophe Picard, no capítulo “Lisbonne - Al-Ushbûna” (pp. 208-218), que figura na

Histoire du Portugal et de l’Espagne Occidentale a l’Époque Musulmane (début VIII éme -

1Cf. 2ª ed, vol.I, pp.59-60. Não nos foi possível consultar a 1ª ed.

milieu XIII éme siècle) (1991) - sua Tese de Doutoramento-, também trata das Portas de

Lisboa. Metodologicamente, tentou novamente uma articulação das informações das fontes

árabes com as das intervenções arqueológicas. Usou na sua Bibliografia obras de Vieira da

Silva e David Lopes, mas equivocou-se nas localizações de algumas das portas.

No momento presente, haverá sem dúvida, que ter em conta obras que nos actualizem

as informações no relativo à arqueologia urbana de Lisboa, principalmente as que tragam

dados sobre esta zona da cidade. Por exemplo, Jorge de Alarcão, no seu Roman Portugal,

(1988); Clementino Amaro e José Luís de Matos, “Trabalhos Arqueológicos no Claustro da

Sé de Lisboa - Notícia preliminar”(1996); e Clementino Amaro, na síntese, “Arqueologia

Islâmica em Lisboa - um percurso possível”(1998), sem tratarem as Portas directamente,

dão-nos informações que nos permitem com mais segurança confirmar a localização das

mesmas.

Assim, e como conclusão provisória, teremos que, a partir dos textos árabes

traduzidos, se conhecem cinco portas à Lisboa islâmica, apesar de Ibn al-Shabbât e al-

Himyarî atribuírem um nome diferente à porta que apresentam em quinto lugar. Garcia

Domingues apresentou esta diferença como tratando-se de uma possível variante nos dois

textos 2.

I . 2 - As Portas de Lisboa nos geógrafos árabes

Neste momento sabemos que os geógrafos que trataram e descreveram as Portas da

Cerca de Lisboa durante o período islâmico, foram, por ordem cronológica, al-‘Udhrî [UD]3 e

al-Bakrî [BK]4, ambos do século XI, e que apenas conhecemos por referências de autores

posteriores.

No século XIII encontramos uma passagem relativa a uma porta em al-Qazwînî

[QZ]5. Em Ibn al-Shabbât [SB]

6, e em al-Himyarî [HM]

7, encontramos notícias extensas, em

2J.D.Garcia Domingues, “Aspectos Geográficos da Lisboa Muçulmana”, p.122,n.20

3Sobre UD, ver F.Pons Boigues, Ensayo...2ªed., p. 158, nº120; E.Molina Lopez, “La Cora de Tudmir

según al-Udhrî”, CHI 4, Granada, 1972, pp.7-10.

4Sobre BK, ver E.Lévi-Provençal, “Abû ‘Ubayd al-Bakrî”, E.I.2 , t.I, pp. 159-61

5 Portas de Lisboa: Âthâr al-bilâd, ed. Beirute, pp.496-497; trad.parc.espanhola F.Roldán, El Occidente

de al-Andalus en el “Âthâr al-bilâd” de al-Qazwînî, p.91) Sobre QZ, ver IDEM,Ibidem, Introdução bio-

bibliográfica.

6Portas de Lisboa: Silat al-simt, ed. Al-‘Abbâdî, p.163. Sobre SB, ver E.de Santiago Simón, “Un

Fragmento de la obra de Ibn al-Shabbât sobre Granada”, CHI 5, 1978: a Introdução sobre o Autor.

que são descritas cinco portas. Como já foi dito atrás, HM fora tarduzido por David Lopes, e

QZ e SB foram-no por Garcia Domingues.

Uma notícia inédita, e com uma extensão similar às de SB e HM surge-nos na obra

anónima dos séculos XIV-XV, Dhikr bilâd al-Andalus[DK]8.

Esta última obra foi traduzida e editada, na década de 80, por Luis Molina, em

Espanha. Tratou-se de uma contribuição de muita importância, no relativo às portas de

Lisboa, pois trouxe-nos informações que vêm lançar ou relançar questões, mas que, por outro

lado, contribui para o esclarecimento dessas mesmas questões.

Apesar de publicada em 1983, Christophe Picard não chegou a usá-la na sua Tese.

Os dois primeiros autores, do século XI, eram andalusis. O terceiro era persa. Os

quarto, quinto e o compilador da obra anónima, eram todos do Magrebe.

Terá sido UD o que primeiro deu esta notícia, pois não se conhece nenhuma

referência a esta notícia anterior a UD. QZ refere-o explicitamente como fonte, ao recolher a

passagem relativa apenas a uma das portas de Lisboa, a Porta de Alfama. O facto de junto a

ela se encontrarem as fontes termais naturais, terá feito com que QZ a tivesse preferido às

demais, pois é conhecido o interesse deste autor pelos ‘ajâ’ib (as coisas extraordinárias)9; o

facto do próprio QZ dizer “ numa das portas de Lisboa”, sugere que teria conhecimento da

existência de outras portas em Lisboa.

O DK, segundo Luis Molina, é devedor a UD10

. Pela confrontação da notícia de DK

com a de QZ, e apesar desta última ser muito curta, ainda assim se detectam parentescos entre

ambas, que, curiosamente, não conseguimos estabelecer com SB e HM. Pelo que se pode

confirmar, nesta notícia a origem em UD.

BK, discípulo de UD, poderá ter recebido a notícia em causa directamente do seu

mestre. Foi, por sua vez a fonte de SB e de HM, embora talvez a partir de cópias diferentes.

As diferenças entre os textos dos três autores com as notícias mais extensas, são:

7Portas de Lisboa: (Rawd al- Mi‘târ, ed. I. ‘Abbâs: p. 61;ed. Lévi-Provençal, p.16; trad.Lévi-Provençal,

La Péninsule Ibérique au Moyen Âge..., p. 22). Sobre HM, ver T. Lewicki “Ibn ‘Abd al-Mun‘im al-Himyarî”,

E.I.2, t. III, pp.697-98.

8 Portas de Lisboa: ed.p. 51; trad. p. 57. Sobre DK e o seu compilador, ver ed. & tra.de Luis Molina,

Madrid, CSIC, 1983. Principalmente, no t. I, a Introdução; e no t. II, o Estudo.

9Cf.n. 5.

10Cf.n. 8.

Autores / obras fontes referidas portas nº de portas

SB

BK

5ª- Porta do Estreito

(apresenta 5 portas)

HM

(BK)

5ª- Porta do Cemitério

(apresenta 5 portas)

DK

(UD)

5ª- Porta do Estreito

Lisboa tem 6 portas

Que questões se lançam agora :

- Quantas portas teria Lisboa no período islâmico ? Cinco ou seis ?

- “Masniq” (G. Domingues) ou Madîq, serão más leituras de Maqbara, ou vice-versa ?

Em caso afirmativo, Lisboa teria cinco portas, e as divergências de denominação,

seriam apenas más leituras de uma mesma palavra. Mas se entender que não é esse o caso,

então:

- É possível identificar seis portas na “cerca moura” ?

- Quais seriam e onde ficariam as : Porta do Estreito e Porta do Cemitério ?

É a estas questões que vamos tentar responder seguidamente. Começaremos por

apresentar, em sinopse, as várias informações / notícias sobre as portas de Lisboa no período

islâmico, e seguidamente tentaremos identificá-las, localizando-as no espaço.

II - Quadro Sinóptico da Notícia sobre as Portas de Lisboa

Autor

Fonte da notícia

Notícia

al-‘Udhrî

(séc.XI)

apud al-Qazwînî

Numa das portas de Lisboa, conhecida por Porta das Termas, há umas

termas perto do mar [onde] corre água quente e água fria . Quando a maré

sobe, oculta-a.

al-Bakrî

(séc.XI)

apud Ibn al-

Shabbât

A sua porta ocidental é sobrepujada por arcadas assentes sobre colunas

de mármore, que estão fixas em pedras também de mármore. Tem tam-

bém outra porta ocidental, conhecida como Porta do Postigo, abrindo -

sobre um vasto almargem, atravessada por dois arroios de água que se

lançam no mar . Tem uma porta meridional que é chamada Porta do Mar

, por onde entram as ondas quando da subida da maré, subindo nas suas

muralhas três pés. E uma porta também oriental conhecida por Porta das

Termas. As termas, próximas da porta e do mar, têm duas águas : água

quente e água fria. Quando a maré enche, encobre-as. E uma outra porta

também oriental conhecida como Porta do Estreito .

al-Qazwînî

(séc.XIII)

Athâr al-bilâd

Disse Ahmad ibn cUmar al-cUdri, autor do [livro] «al-mamâlik wa-l-

massâlik al-andalusiyya» :

“Numa das portas de Lisboa, conhecida por Porta das Termas, há umas

termas perto do mar [onde] corre água quente e água fria. Quando a maré

sobe, oculta-a.”

Ibn al-Shabbât

(séc.XIII)

Silat al-simt

Disse al-Bakri, que Deus tenha misericórdia dele :

[...]A sua porta ocidental é sobrepujada por arcadas assentes sobre

colunas de mármore, que estão fixas em pedras também de mármore.

Tem também outra porta ocidental, conhecida como Porta do Postigo,

abrindo sobre um vasto almargem, atravessada por dois arroios de água

que se lançam no mar . Tem uma porta meridional que é chamada Porta

do Mar , por onde entram as ondas quando da subida da maré, subindo

nas suas muralhas três pés. E uma porta também oriental conhecida por

Porta das Termas. As termas, próximas da porta e do mar, têm duas águas

: água quente e água fria. Quando a maré enche, encobre-as. E uma outra

porta também oriental conhecida como Porta do Estreito .

al-Himyarî

(séc.XIII ?)

Rawd al-mi‘târ

A sua porta ocidental é sobrepujada por arcadas sobrepostas, que

assentam sobre colunas de mármore, elas mesmas fixas em bases de

mármore . É a maior das suas portas . Lisboa tem uma outra porta que se

abre a Oeste : chamam-na Porta do Postigo ; domina um vasto espaço que

é atravessado por dois arroios que se lançam no mar. No sul, encontra-se

outra porta, a Porta do Mar, na qual penetram as ondas, ao subir e descer

da maré, subindo nas muralhas a uma altura de três braças. A leste, a

chamada Porta das Termas. As termas, próximas da porta e do mar, têm

duas águas : água quente e água fria. Quando a maré enche, encobre-as. E

uma outra porta oriental, conhecida como Porta do Cemitério.

Anónimo

(séc.XIV-XV)

Dhikr Bilâd

al-Andalus

Tem seis portas, dispostas numa ordem curiosa . Entre elas, a Porta

Grande, que é ocidental, e onde há arcadas sobrepostas assentes sobre

colunas de mármore, as quais estão cravadas em mármore branco. Outra

porta, também a oeste, conhecida como Porta do Postigo, que se abre para

um extenso e verde almargem, onde, no meio do qual, dois arroios o

cruzam até se lançarem no mar. A porta meridional é a chamada Porta do

Mar , por onde entram as ondas, que sobem nas suas muralhas cerca de

três braças. Uma delas, oriental, é conhecida como Porta das Termas,

estando as termas próximas dela. Nelas correm duas águas : uma água

quente e uma água fria, as quais estão perto do mar ; quando [o mar]

enche, encobre-as, e quando baixa, descobre-as . Outra porta, também

oriental, é a chamada Porta do Estreito.

III - As Portas de Lisboa

- estudo identificativo

A Lisboa islâmica, al-Ushbûna ou Lushbûna, tinha seis portas 11

, sabe-se hoje,

através de uma fonte árabe. Informação que a De Expugnatione Lyxbonensi 12

parece

confirmar .

Os textos árabes referem apenas as portas da cidade ou madina para o exterior, sem

referirem qualquer abertura a norte, que desse passagem para a alcáçova13

.

Embora os lanços de muralhas onde elas estavam incrustadas sejam referidos no

sentido oeste-sul-leste, a sequência por que são apresentadas as várias portas, põe a hipótese

de que tenha sido a importância das mesmas o principal critério que terá presidido à sua

ordenação.

Sigamos pois a ordem que nos legaram os autores muçulmanos.

1)Al-Bâb al-Kabîr/ al-Gharbî = Porta Grande / Ocidental > Férrea ou do Ferro

A primeira é a Porta Ocidental ou Porta Grande 14

. Abre a ocidente, e é “a maior de

11

Dhikr...,ed.p. 51; trad.p. 57. Sobre a articulação das Portas de Lisboa com a periferia urbana da

cidade, e a sua importância económica, viária e urbanística no período islâmico, ver o nosso trabalho “Lisboa

fora-de-portas, entre os sécs. VIII e XII”, Media AEtas 3, no prelo.

12De Expugnatione Lyxbonensi(DExpLys), ed.José da Felicidade Alves, A Conquista de Lisboa aos

Mouros em 1147 - Carta de um cruzado Inglês, p.52; também Ch.Picard, ob.cit., refere as 6 portas (p.210) e na

n.49 - p .210 transcreve, corroborando :« [...] contra nos tres portas habentes, II in latere et unam contra mare

[...]».

13Existiu uma porta, a norte da cidade, que dava passagem para a alcáçova. Ficaria situada sobre o

Chão da Feira. Cf. A. Vieira da Silva, ob.cit.,p.8

14As fontes árabes que a designam por «Porta Ocidental», são Ibn al-Shabbât, ob.cit., p.163 e al-

Himyarî, ob.cit.,p.61,(trad.Levi-Provençal,ob.cit., p. 22); O Dhikr..., ed.p. 51 e trad.p. 57, chama-lhe «Porta

Grande». Ch.Picard, ob.cit., p. 211, chama-lhe “Porta das Colunas de Mármore”, e J.D.Garcia Domingues, “O

Garb extremo do Ândalus...” p. 101, chama-lhe “Bâb al-Garb” e “Porta do Ocidente”. Nenhuma das designações

usadas por estes dois investigadores, provém de alguma das fontes que conheçamos, nem eles remetam para

qualquer outra fonte.

todas as suas portas”15

.

Situar-se-ia no actual Largo de Stº António da Sé, entre as Igrejas de Stº António e da

Madalena 16

.

As suas avantajadas estruturas, e a sua citação em primeiro lugar em todos os textos,

coloca-nos em frente da que seria a mais importante porta de Lisboa, naquele período.

Um facto certamente importante, relativo a esta Porta, é o de que, tanto quanto se

sabe até este momento, estas fontes medievais árabes são as únicas a trazer referências

escritas àcerca de estruturas aequitectónicas que terão pertencido ao forum da Olisipo

romana, de que se conhece a existência através informações arqueológicas que o situam nessa

área da cidade 17

.

As arcadas de mármore, ao serem identificadas enquanto tal, e o facto de ser dito que

estavam ainda assentes em bases também de mármore, faz-nos supor que a muralha poderia

ter eventualmente sido construída aproveitando e integrando arcadas completas de um dos

lados do forum. Seriam, portanto, pelo menos uma parte das muralhas tardo-romanas ou

germânicas de Lisboa, ainda em uso no período islâmico.

Trata-se da depois denominada Porta do Ferro, ou Porta Férrea. Esta denominação

dever-se-ia ao uso de chapas de ferro que evitavam que a porta fosse incendiada pelos

inimigos durante os ataques 18

.

2) Bâb al-Khawkha = Porta do Postigo > da Alfofa

A Porta do Postigo era a segunda na relação. Permaneceu conhecida, pelo menos até à

segunda metade do século XVI 19

, como Porta da Alfofa 20

.

15

Al-Himyarî, ob.cit. ,ed. p.61, trad.Levi-Provençal,p. 22

16 Augusto Vieira da Silva, ob.cit., pp. 83-84 ; David Lopes, PO, pp. 69-71

17A planta 1: 2 500 de Lisboa, em que A. Vieira da Silva reconstituíu a Cerca Moura, apresenta uma

leitura topográfica e arqueológica que coincide com as descrições dos autores árabes: é a maior das portas de

Lisboa, e abre a oeste. Tratando-se de uma confirmação a posteriori, e em desconhecimento das mesmas fontes

árabes, mais engrandece e reitera a investigação de Vieira da Silva.

Sobre o forum de Lisboa, cf. Jorge de Alarcão, Roman Portugal, vol.2,fasc. 2, p.124; Clementino

Amaro e José Luís de Matos, “Trabalhos Arqueológicos no Claustro da Sé de Lisboa - Notícia preliminar”, p.

219

18Leopoldo Torres Balbas, Ciudades Hispano-Musulmanas,Tomo II, p. 652

19 A.Borges Coelho, Quadros para uma Viagem a Portugal no Século XVI, pp. 45-46

20 “Al-Khawkha” significa “o postigo”. Esta transcrição de “al-Khawkha” por “Alfofa”, segue a regra

geral na língua portuguesa, em que os sons aspirados do árabe se transformam em f. Cf. Arnald Steiger, “

Contribución a la Fonética del Hispano-Árabe y de los Arabismos en el Ibero-Románico y el Siciliano”, pp.

Situar-se-ia onde as Escadinhas de S.Crispim entroncam na Rua da Costa do

Castelo21

, abrindo sobre a zona dos actuais Rossio e Praça da Figueira, espaço que era uma

vasta pradaria ou almargem, atravessada por dois arroios de água 22

.

Pela sua topografia, esta era a porta que daria acesso ao arrabalde moçárabe de

Alcamim, que se situava a noroeste da cidade, e a leste da alcáçova23

.

3) Bâb al-Bahr = Porta do Mar

Do lado do meridião abria-se a Porta do Mar. Estava tão próxima da água, que, quan-

do a maré subia, as ondas entravam por ela, e subiam pelas muralhas 24

. O “Arco das Portas

do Mar”, que ainda hoje se encontra abrindo para o Campo das Cebolas será o que resta dessa

Porta.

Vieira da Silva e David Lopes, hesitam, na localização desta porta, entre o Arco das

Portas do Mar e o Arco Escuro25

. Nós optamos pelo primeiro, pois encontra-se mais próximo

da borda d’água; ou seja, pela sua localização, seria a porta (a única referida pelos autores

218, 249, 269, 272.

Junto a esta Porta da Alfofa havia uma cisterna, que pelas dimensões apresentadas, “ 5,8m x 5,8m em

planta, e 5,4m de altura até ao fecho da abóbada”, medidas pessoalmente por Vieira da Silva, poderia

perfeitamente ser islâmica, pois pode-se-lhe atribuir como módulo-base o côvado andalusi de 0,558m. Ou seja,

uma estrutura cúbica (10 x 10 x 10 côvados) coberta por abóbada. É possível que os valores da planta tenham

sido obtidas no exterior, advindo a diferença de 5,58 ou 5,6m para 5,8m, da irregularidade das paredes e também

em consequência de sucessivos rebôcos, prática muito comum. Sobre o côvado andalusi, ver Joaquín Vallvé

Bermejo, “Notas de Metrologia Hispano-Árabe - El codo en la España Musulmana”, Al-Andalus, XLI (1976),

pp.339-354.

21 A. Vieira da Silva, ob.cit.,p. 9

15 Essa pradaria, que é a mesma para onde abre a Porta Grande, para além de usos agrícolas, serviria

também de pastagem aos rebanhos da cidade. Os dois arroios que corriam na pradaria sobre a qual dominava

esta porta, eram os cursos de água que cruzavam os talvegues que hoje são a Av. da Liberdade - Restauradores,

a oeste, e a Av. Almirante Reis-Martim Moniz a leste, e que se encontravam algures onde hoje é a Rua do Ouro.

Cf. Ibidem., planta topográfica de Lisboa..., escala 1:10.000

23 Ibid. A hipótese de Ruy de Azevedo (Cf. “Período de formação territorial”, História da Expansão

Portuguesa no Mundo, vol.I, pp.7-64) apresentada no mapa extratexto entre pp.56 e 57, e em que faz sair a porta

da Alfofa para a Rua da Costa do Castelo (como actualmente), parece condicionada pelo actual urbanismo: a

igreja de S. Cristóvão, antiga Igreja de Santa Maria de Alcamim, ficava mesmo no enfiamento da Porta da

Alfofa, em direcção a nordeste, o que apontaria para uma outra direcção viária diferente da actual, e que levaria

directamente a essa mesma igreja e arrabalde.

24Ibn al-Shabbât, ob.cit., p. 163; al-Himyarî, ob.cit., ed. p. 61, e trad.Levi-Provençal,ob.cit., p. 22;

Dhikr..., ed. p. 51 e trad. p. 57.

25 Vieira da Silva (ob.cit.,p.13) e David Lopes (PO, p.71; NATP, p.188). Este último seguindo o

anterior, o que é, no mínimo, curioso, pois David Lopes já dispunha de mais informação sobre esta porta. Aliás

a informação sobre esta porta era, para o grande arabista, exactamente a mesma de que dispomos hoje.

árabes) a ser molhada na enchente da maré 26

.

4) Bâb al-Hamma = Porta das Termas > de Alfama

Tinha uma porta oriental conhecida por Porta das Termas, ou Porta de Alfama27

. As

termas, já antes conhecidas e usadas pelos romanos 28

, situavam-se próximas da porta e do

mar, e tinham nascentes naturais de água quente e de água fria; a preia-mar encobria as

nascentes 29

. Situar-se-ia esta porta algures a meio da actual Rua de S.João da Praça 30

.

5) Bâb al Madîq = Porta do Estreito > do Furadoiro

Uma outra abertura, (“também oriental”, segundo os autores árabes), a do Estreito.

Estaria na realidade, não a leste mas a sudeste, embora situda num pequeno lanço da

muralha que inflete para leste. Este antigo acesso da Cerca Moura nos séculos XIV e XV

chamava-se “furadoiro” ou “Porta do Furadoiro”31

.

Estreito e furadoiro, têm semelhanças semânticas, relacionadas precisamente com

“passagem apertada”. O significado inicial ter-se-á assim mantido, embora expresso sob

forma diferente. Faria o acesso da actual Rua de S.João da Praça para a praia que tinha o

mesmo nome: “do Furadoiro”32

, e que ficava, com o Cais de Santarém, logo a leste 33

.

26

Cf. Vieira da Silva, ob.cit., planta 1:2.500.

27Em árabe “termas” é “al-hamma”, donde “alfama”. O fenómeno que deu al-hamma > alfama, é o

mesmo que em al-khawkha > alfofa, cf.supra n.19. Sobre Alfama, ver J.P. Machado, Dic.Onom.Etim.Língua

Portugª, vol. I, p. 91

28Clementino Amaro, “Arqueologia Islâmica em Lisboa...”, p.68

29Ibn al-Shabbât, ob.cit., p. 163; al-Himyarî, ob.cit., ed. p. 61, e trad.Levi-Provençal, ob.cit., p. 22;

Dhikr...,ed. p.51 e trad.p. 57. A informação dada por E.Lévi-Provençal, nas suas edição(p.16) e tradução (p.22)

de HM, de que as termas de Lisboa seriam “abobadadas”, provém de uma má leitura do próprio ou de quem

copiou o texto que lhe chegou às mãos. Para aquilatar deste lapso, basta ver a notícia de HM (ed. de I.‘Abbâs,

Beirute, 1980) que apresentamos no Quadro Sinóptico supra, e confrontá-la com as de SB e DK. Como já

dissémos atrás, apesar de Garcia Domingues ter traduzido SB, cuja notícia difere neste ponto, ninguém fez essa

confrontação. Parece que esta informação diferente escapou a todos, o tradutor incluído. E também a tradução

não teve muita divulgação, pois na PEA , relativamente às termas de Alfama, continuou a aparecer a mesma

versão de HM; igualmente na Tese de Ch.Picard. A informação das “termas abobadadas” ganhou raízes pois

ainda se constata na História de Portugal, dirigida pelo Prof. João Medina (1993): Helena Catarino, “A

Ocupação Islâmica”, vol.III, p.86; e na Nova História de Portugal, dir. A.H.Oliveira Marques e Joel Serrão

(1990-...): A.H.Oliveira Marques,“O «Portugal» Islâmico”, vol.II, p.232.

30A.Vieira da Silva, ob.cit., planta 1: 2 500. Próximo deste local existem ainda uns banhos públicos que

continuam a utilizar as águas quentes das mesmas nascentes naturais. Ibidem, p. 19

31Ibidem, pp.15-16

32Ibidem

6) Bâb al-Maqbara= Porta do Cemitério > do Sol

E uma última, também oriental, conhecida como Porta do Cemitério. Será a actual

Porta do Sol. Daria acesso a um ou a dois dos cemitérios islâmicos de Lisboa.

Um deles, a nordeste da cidade, situar-se-ia na encosta da Graça. Depois da conquista

cristã, entre 1147 e 1496, continuou a ser utilizado como cemitério da Comuna dos Mouros

de Lisboa 34

. O outro cemitério islâmico, ficaria situado mais para leste, nas encostas que hoje

levam a S. Vicente de Fora35

. Junto a este último ainda existia o cemitério judaico36

.

As Portas de Lisboa

- tentativa de reconstituição da cadeia de transmissão da notícia –

UD

. . . . . . . . . . . . . . . : . . . . . . . . . . . . . . .

: : :

BK : :

: : :

. . . . . . . . . . . . . : :

: : : :

: : : :

: : : :

: : : :

SB HM QZ DK

33

Ibidem, planta 1 : 10 000

34O cemitério islâmico na actual encosta da Graça: cf. Mª Filomena L. de Barros, “Mouraria (Sécs. XII

a XV)”, Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, p.591; IDEM, A Comuna Muçulmana de Lisboa, p. 143;

Clementino Amaro, “Arqueologia Islâmica em Lisboa...”, p. 62; A.H. de Oliveira Marques, “A Persistência do

Elemento Muçulmano na História de Portugal após a «Reconquista». O Exemplo de Lisboa”, p.105; Luís Filipe

Oliveira e Mário Viana, “A Mouraria de Lisboa no Século XV”, p.192.

35O cemitério islâmico junto a S.Vicente de Fora: cf. Clementino Amaro, “Arqueologia Islâmica de

Lisboa...”, p. 62; Santiago Macias, “Espaços funerários no Gharb al-Andalus”, no prelo.

36Clementino Amaro, “Arqueologia Islâmica de Lisboa...”, p.62.

Reconstituição crítica da notícia

Nota prévia : o texto-base será o do DK, pois é a notícia mais extensa que depende

directamente de UD.

O DK terá a letra normal, os excertos de HM virão em negrito itálico; e as de SB em negrito

simples.

Notícia reconstituída

Tem seis portas, dispostas numa ordem curiosa .

(A) A Porta Grande, que é ocidental, e onde há arcadas sobrepostas assentes sobre

colunas de mármore, as quais estão cravadas em mármore branco. É a maior das suas

portas.

Outra porta, também a oeste, conhecida como Porta do Postigo, que se abre para

um extenso e verde almargem, onde, no meio do qual, dois arroios o cruzam até se

lançarem no mar.

A porta meridional é a chamada Porta do Mar , por onde entram as ondas, que

sobem pelas suas muralhas cerca de três pés (B)

.Uma delas, oriental, é conhecida como

Porta das Termas, estando as termas próximas dela e do mar. Nelas correm duas águas :

uma água quente e uma água fria (C)

; quando [o mar] enche, encobre-as, e quando baixa,

descobre-as.

Outra porta, também oriental, é a chamada Porta do Estreito.

E uma outra porta oriental, conhecida como Porta do Cemitério.

Notas à reconstituição textual

(A) “Entre elas,” - omitimos esta passagem, claramente de compromisso, entre

um enunciado de seis portas, e um descrição de apenas cinco, agora que podemos reconstituir

a notícia com as seis.

(B) braças vs. pés - HM e DK apresentam para a medida da muralha que se

molhava com a maré, braças, o que daría cerca de 6,5m de altura, o que nos parece muito. Esta

medida, que nos parece exagerada, provavelmente excederia a altura da própria porta. Assim,

corrigímo-la pela medida que SB apresenta, pés. Neste caso teríamos uma altura de cerca de

1m. O que parece mais consentâneo. Sobre medidas lineares islâmicas em al-Andalus, ver

Joaquin Vallvé Bermejo, “Notas de metrologia hispano-árabe - El codo en la España

musulmana”, Al-Andalus LXI (1976), pp. 339-354.

(C) “as quais estão perto do mar” - omite-se esta passagem porque se trata de

uma paráfrase, que restituímos no início da frase, de acordo ao texto de QZ, embora usando a

forma encontrada em HM, e também em SB. Introduzímos seguidamente [o mar], para

identificar o sujeito que ficaria em falta, com a omissão da frase anterior.

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