AS MANIFESTAÇÕES DA CLASSE DOS TRABALHADORES RURAIS ASSALARIADOS NA REGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO
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II Encontro Estadual de Geografia e Ensino e Maringá, 24 a 27 de outubro de 2011XX Semana de Geografiap. 000-000
AS MANIFSTAÇÕES DA CLASSE DOS TRABALHADORES RURAIS ASSALARIADOS NAREGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO
Fernando Veronezzi
Programa de Pós-Graduação em Geografia (PGE) da Universidade Estadual de Maringá[email protected]
RESUMO
A incorporação do capital nas atividades do meio rural écaracterizada pela exclusão do camponês do processo de acumulação.A mecanização das atividades e a consequente expropriação e atransformação do camponês em trabalhador rural assalariado(situações que acontecem de maneira associada), são condiçõesinerentes quando referimo-nos ao desenvolvimento do sistemacapitalista no campo brasileiro. Assim, pode-se compreender que, ocapital se expande em função da expropriação e da proletarização.Nesse sentido, o interior do estado de São Paulo é entendido comoa região onde o capital encontrou as condições essenciais para seudesenvolvimento, e a região de Ribeirão Preto, conhecida por meioda “pujança” do agronegócio, deve ser entendida como a região,onde o poder do capital está visivelmente mais concentrado eterritorializado, fato esse que provocou a expropriação e aproletarização de um contingente considerável de camponeses de seuterritório de origem. Ainda nesse contexto, cabe argumentarconforme destaca alguns estudos, que a região canavieira da regiãode Ribeirão Preto foi uma das que mais incorporou em suasatividades rurais, a utilização de equipamentos mecânicos,principalmente a partir dos anos de 1980. Por ser uma região ondeo latifúndio da cana-de-açúcar é predominante e uma das áreas ondehouve maior intensificação das atividades mecânicas, inúmerasmanifestações sociais emergiram a partir dessa transformação, edentre as quais se destaca a Greve de Guariba de 1984, cuja qual éobservada como uma mobilização coletiva que permitiu que ostrabalhadores rurais assalariados reivindicassem, dentre inúmerasquestões, por melhores condições de trabalho, além de possuir umcaráter de expressividade nacional no que se refere às lutas dessaclasse de trabalhadores.
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Palavras-Chave: expropriação, exploração, trabalhadores rurais,
greve de Guariba.
ABSTRACT
The incorporation of capital in rural activities ischaracterized by the exclusion of the peasants of the accumulationprocess. The mechanization of activities and theconsequent dispossession of the peasantry and thetransformation of the rural worker wage (situations thathappen so associated), conditions are inherent when we refer tothe development of the capitalist system in the Braziliancountryside. Thus, one can understand that capital expands as afunction of dispossession and proletarianization. In this sense,the interior of Sao Paulo state is understood as the region wherethe capital found the essential conditions for its development andthe region of Ribeirão Preto, known through the"strength" ofagribusiness, it should be understood as the region where thepower of capital is clearly more concentrated and territorialized,a fact that led to the dispossession and proletarianizationof a considerable number of peasants from their land of origin.Also in this context, it is argued, as some studieshave highlighted that the sugarcane region of RibeirãoPreto was one of the most incorporated into its rural activities,the use of mechanical equipment, mainly fromthe year 1980. Because it is a region wherethe plantation of sugar cane and is prevalent in areas where therewas a further intensification of mechanical activities in thefield, numerous social events emerged from this transformation,and among which stands out Guariba Strike of 1984 , which is mostnoted as a collective action which allowed employees toclaim rural workers, among many issues, for better workingconditions, besides having great national importance withregard to the struggles of the working class.
Keywords: Expropriation, exploitation, rural workers, strikeGuariba.
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1. Introdução
O processo de desenvolvimento do capital no campo fez
emergir e agravar inúmeras questões negativas para às populações
rurais. A concentração de terras e a mecanização das atividades
são algumas das situações mais evidentes no que se refere à
expansão/consolidação do modo de produção capitalista no meio
rural, principalmente quando o recorte espacial em questão é a
região de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. A
partir de condições engendradas tanto por políticas governamentais
preocupadas apenas com as questões econômicas, bem como por
interesses de acumulação de grandes empresários rurais da região é
que a consequente expropriação e transformação do camponês em
trabalhador assalariado tornou-se uma realidade.
Estudos realizados por Martins (1982) já sugeriam que essas
são as condições essenciais para o desenvolvimento do capital no
campo: o capital se expande em função da expropriação e da
proletarização, realidades que devem ser entendidas como uma
produzindo à outra.
Dessa maneira, este artigo tem por objetivo apresentar
contribuições teóricas para o entendimento da expropriação e
consequente proletarização dos camponeses na região canavieira de
Ribeirão Preto, além de compreender as reivindicações dos
trabalhadores rurais assalariados dessa região, no qual a Greve de
Guariba de 1984 aparece como uma manifestação dessa categoria e
obteve expressividade nacional pela sua grandeza.
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Para o desenvolvimento desse estudo, utilizou-se a revisão
literária como principal ferramenta para a sistematização das
informações aqui contidas. O levantamento bibliográfico de autores
e estudos já desenvolvidos sobre à temática na região foram de
suma importância para interpretação da realidade e para a
construção desse artigo.
2. Resultados e Discussões
Graziano da Silva, (1985) ao se referir ao desenvolvimento
do capital no campo, alega que as modificações, tanto nas bases de
produção como nas relações de trabalho fizeram com que aumentasse
cada vez mais a separação do pequeno proprietário do seu meio de
produção (a terra). Além disso, como alternativa de sobrevivência,
o pequeno proprietário, já desprovido de suas antigas condições de
produtor individual, se vê obrigado a vender sua força de
trabalho, pois todo o sistema foi engendrado para que ganhem os
grandes capitais. Sendo assim, essa realidade pode ser comprovada
nas palavras de Grzybowski, (1987, p. 51), onde o mesmo argumenta
que,
atrás de suas formas, a expansão capitalista nocampo se apresenta como um processo contraditóriocom duas faces geneticamente relacionadas econstantemente renovadas: a expropriação -separação dos trabalhadores rurais da terra e dos
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meios de produção; e a exploração – apropriação dosobretrabalho dos trabalhadores do campo.
Ainda contribuindo para a compreensão dessa realidade, Martins
(1982) explica de forma detalhada essa relação entre expropriação
e exploração ao destacar que,
A instauração do divórcio entre o trabalhador e ascoisas de que ele necessita para trabalhar – aterra, as ferramentas, as máquinas, as matérias-primas – é a primeira condição e o primeiro passopara que instaure, por sua vez, o reino do capitale a expansão do capitalismo. Essa separação, essedivórcio, é o que tecnicamente se chama deexpropriação – o trabalhador perde o que lhe épróprio, perde a propriedade de seus instrumentosde trabalho. Para trabalhar, terá que vender a suaforça de trabalho ao capitalista, que é quem temagora esses instrumentos (MARTINS, 1982, p, 54-55).
O desenvolvimento do modo de produção capitalista no meio
rural, ao mesmo tempo que gerou riquezas para alguns, excluiu a
grande maioria dos camponeses desse processo. Nesse panorama, as
mudanças nas relações de trabalho, ocasionadas pelo
desenvolvimento desse modo de produção, pode-se considerar que, “o
trabalhador manual [...] é progressivamente substituído por
instrumentos cada vez mais aperfeiçoados, até atingir níveis mais
elevados de produtividade através da utilização dos meios
mecânicos de produção [...]” (GUIMARÃES, 1979, p. 230).
Graziano da Silva, (1994) quando da análise dessa temática
alerta que o modo de produção capitalista possui um grau de
seletividade extremamente grande. O mesmo autor ainda considera
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que, essas foram as condições necessárias para que a
proletarização do camponês se tornasse uma realidade frequente
nesse sistema de produção.
Martins (1982) quando destaca a questão da expropriação,
explica que o capital tem como objetivo a expulsão do camponês de
seu território, e fazer com que esse sujeito fique sem condições
de possuir bens, a não ser, apenas s sua força de trabalho, da
qual o capital vai apropriar-se. E nesse mesmo contexto, tem-se
então que, “[...] o trabalhador transformou-se num operário sem
nenhum dos meios de produção, salvo o podão [...]. É contratado
apenas nas épocas, ocasiões, meses, semanas ou dias em que é
necessário para a continuidade da reprodução do capital
agroindustrial” (IANNI, 2004, p.72).
Para efeito de conceitualização, entende-se nesse artigo como
trabalhador rural assalariado “[...] todos que obtém do trabalho
assalariado pelo menos uma parte dos meios de sobrevivência”
(GRAZIANO DA SILVA, 1985, p. 70), proporcionado por atividades
provenientes do meio rural.
As mudanças nas relações de trabalho na agricultura e a troca
da força de trabalho humano por máquinas foram algumas das
principais condições para a transformação do “[...] colono em
bóia-fria” (GRAZIANO DA SILVA, 1985, p. 12), tornando-o um
assalariado no campo. Nessa realidade, o trabalhador rural
assalariado é caracterizado como a principal relação de trabalho
na agricultura modernizada (ALVES, 1993), e a exploração de sua
força de trabalho se torna característica desse processo.
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Novamente Martins (1982, p, 54-55) contribui para essa
discussão ao esclarecer que as condições de exploração são
compreendidas como uma segunda parte do processo de
desenvolvimento do capital. O autor destaca que à venda da força
de trabalho se dá nessa situação, a partir de regras ditadas pelo
mercado e já não mais conforme as necessidades do próprio
trabalhador e de sua família. Sendo assim, é o próprio capital
quem ditará às condições para o pagamento desse trabalhador
expropriado.
Com a utilização cada vez mais intensa de técnicas e produtos
modernos, uma parte dos trabalhadores “expulsos” do campo pelo
processo de desenvolvimento do capital no meio rural, se
transforma em trabalhadores volantes, assalariados no próprio
campo, como já dito anteriormente, e outros, por falta de
oportunidades, já que a modernização da agricultura elimina
diversos postos de trabalho, migram para as áreas periféricas dos
centros urbanos (ROMEIRO, 1994). Há ainda aqueles que arrendam
suas propriedades e mudam-se para os centros urbanos, ou tornam-se
trabalhadores assalariados por um determinado período do ano para
o arrendatário.
Nesse sentido, o interior do estado de São Paulo é entendido
como a região onde o capital encontrou as condições essenciais
para seu desenvolvimento (OLIVEIRA, 2001), e a região de Ribeirão
Preto (Mapa 1), é compreendida como [...] “a região, onde o poder
do capital está visivelmente mais concentrado e territorializado”
(FERNANDES; FELICIANO; WELCH, 2006, p. 112) , fato esse que
provocou a expropriação e a proletarização de um contingente
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considerável de camponeses de seu território de origem. E ainda
nesse contexto, cabe argumentar, conforme destaca Alves (1993),
que a agroindústria canavieira da região de Ribeirão Preto foi uma
das que mais incorporou em suas atividades, a utilização de
equipamentos tecnológicos, principalmente a partir dos anos de
1980.
Mapa 1 – Localização da região de Ribeirão Preto no estado de SãoPaulo
Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico do estado de São Paulo – IGC(2007)
Org: VERONEZZI, F, 2011.
Sendo assim, a região de Ribeirão Preto é caracterizada por
grandes extensões territoriais dedicadas ao cultivo da monocultura
de cana-de-açúcar. Segundo informações apresentadas por Fernandes;
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Feliciano; Welch (2006) a presença desse produto na região começou
durante a Segunda Guerra Mundial, aumentando sua área de produção
até meados da década de 70, quando a partir de incentivos do
governo militar , a fim de suportar a crise do petróleo da época,
estimulou a produção de álcool no país.
O mapa a seguir (Mapa 2), elaborado por Aguiar; et al (2009),
representa a produção de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo na
safra de 2008-2009, no qual pode-se perceber, que de todas as
quinze regiões administrativas, a de Ribeirão Preto é a que possui
a maior extensão territorial dedicada ao cultivo dessa cultura
agrícola quando comparada com as demais.
Mapa 2 – Representação da produção de cana-de-açúcar no estado deSão Paulo (subdividido 15 em Regiões Administrativas) na safra 2008-2009
Fonte: AGUIAR, Daniel Alves de; et al, 2009.
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A partir da observação do mapa, pode-se perceber que o cultivo
de cana-de-açúcar na região de Ribeirão Preto é praticado na maior
parte da área. Como se sabe, o cultivo dessa cultura exige
extensas áreas de produção, e, conforme dados apresentados por
Fernandes; Feliciano; Welch (2006), em cerca de 98% da região é
praticado o cultivo da cana-de-açúcar e, o setor que mais se
destaca na região é o agroindustrial, que conta com cerca de 21
usinas de açúcar e álcool. Dessa forma, assim como afirma Silva et
al (2005, s.p), [...] as usinas tomaram conta da [...] paisagem da
região de Ribeirão Preto e com elas trouxeram o desenvolvimento,
mas também a agudização das desigualdades sociais [...]. Assim aumentou o
desemprego, o subemprego (seis meses por ano na produção da cana
[...]).
A informação acima descreve claramente a realidade de
contradições encontrada no meio rural da região de Ribeirão Preto.
Ao mesmo tempo em que a região é considerada uma das mais ricas do
estado de São Paulo, com um desempenho produtivo inquestionável,
verifica-se que, esses “ganhos” econômicos se dão em detrimento
das condições sociais, cuja qual a proletarização e a pauperização
dos pequenos proprietários e dos trabalhadores assalariados, com
suas duras jornadas e condições de trabalho, também são
encontradas na região, e a exploração da força de trabalho desses
trabalhadores é uma das características dessa categoria
profissional.
Por meio da reivindicação contra a exploração e por melhores
condições de trabalho e de vida, a organização, mobilização dos
trabalhadores rurais assalariados a fim de lutar por objetivos em
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comum começa aumentar, e no caso específico do campo, essas
manifestações/organizações passam a ser entendidas como “[...]
expressões das contradições não resolvidas e de interesses sociais
não atendidos [...] os trabalhadores rurais, em suas diversas
formas de trabalho e vida, continuam lutando e buscando fazer
valer seus interesses” (GRZYBOWSKI, p. 288, 1994), e por meio das
mobilizações sociais, os assalariados rurais puderam clamar para
que seus direitos fossem cumpridos e por melhores condições de
trabalho.
Como dito anteriormente, a organização dos pequenos
proprietários e trabalhadores rurais assalariados a fim de lutar
coletivamente por objetivos pertinentes à sua realidade se torna
mais frequente e desta forma, as greves de trabalhadores
assalariados se tornaram uma realidade. Na região de Ribeirão
Preto, a maior visibilidade social para as condições de vida dos
assalariados rurais foi dada a partir da greve de Guariba de 1984
que, conforme salienta Fernandes; Feliciano; Welch (2006) essa
mobilização camponesa ocorrida no município foi o resultado da
revolta dos trabalhadores contra as duras condições de trabalho
(além de inúmeros outros fatores) impostas pelos usineiros da
região. Cabe ressaltar ainda, conforme Alves (1993), que a greve
foi a principal forma empregada pelos trabalhadores rurais
assalariados a fim de buscar melhores condições de trabalho e
dignidade profissional.
Nesse contexto, é importante destacar, conforme as palavras de
Grzybowski, (p. 295, 1994) que essas organizações de trabalhadores
“[…] têm um papel fundamental também como forças sociais, que se
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contrapõem e constroem alternativas no tradicional poder dos
grandes proprietários no Brasil”.
Coletivamente e com objetivos pertinentes às suas condições de
vida e de trabalho, esses indivíduos adquirem mais força para
lutar em prol de melhorias efetivas e enquanto classe
trabalhadora, além de obterem mais expressividade no combate
contra as contradições manifestadas pelo desenvolvimento do
capital no campo.
E nesse sentido, portanto, a greve de Guariba de 1984 pode ser
observada como uma manifestação social na qual as reivindicações
dos trabalhadores rurais ganharam visibilidade pela sociedade como
um todo, já que por meio dessa demonstração, os trabalhadores
revelaram para a população suas cruéis realidades de exploração do
trabalho, a baixa remuneração, a falta de fornecimento pelas
usinas e grandes proprietários de equipamentos adequados para a
proteção individual, enfim, da falta de condições humanas de
trabalho a que eram obrigados a se dedicar diariamente.
Foi por meio da exposição dessas reivindicações, conforme
coloca Alves (1993), que a sociedade reconheceu às duras condições
de trabalho que eram impostas aos assalariados da cana, que
contribuíram (e contribuem) para a pujança da agricultura no
estado de São Paulo. Esse fato pode ser comprovado a partir das
contribuições de Grzybowski, (1987, p.88) o qual sugere que por
meio desses movimentos, manifestações e organizações, “[…] os
trabalhadores rurais elaboram as suas diferentes identidades
sociais, ampliam a sua presença na arena política e impõem para a
sociedade o reconhecimento de sua existência e de sua cidadania” a
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fim de que se reconheçam suas reais condições de trabalho bem como
suas aspirações enquanto classe trabalhadora.
Além disso, ainda é importante ressaltar conforme relata
Grzybowski, (1987, p. 55) em relação às demonstrações públicas das
reais condições dos trabalhadores assalariados do interior do
estado de São Paulo, o autor destaca que eles “[…] se
transformaram em sujeitos da luta num processo em que passam de
bóias-frias […], a se autoidentificarem como a categoria de
cortadores de cana.”. Ou seja, é possível considerar que, além da
busca por melhores condições de vida, os assalariados buscaram
também, ser reconhecidos por meio da atividade que exerciam,
buscavam sua identidade enquanto categoria: a de cortadores de
cana.
Dentre as consequências positivas emanadas da manifestação de
Guariba, a criação de novos sindicatos em municípios onde ainda
não havia essa representatividade política da classe, bem como o
surgimento de representantes engajados na luta dos trabalhadores
assalariados do campo estão entre as grandes conquistas.
3. Considerações Finais
O modo de produção capitalista no meio rural, assim como
promove aumento considerável nos índices de produtividade
agrícola, a pujança econômica e ascensão para uma determinada
classe (a dos fazendeiros) provoca também a intensificação de
problemas de ordem social, como a expropriação e a exclusão dos
camponeses desse processo de acumulação. As mudanças nas bases de
produção e nas relações de trabalho na agricultura brasileira são
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consideradas como as consequências sociais mais expressivas na
relação contraditória do desenvolvimento do capital no território
rural.
Na região de Ribeirão Preto, o latifúndio canavieiro
representa uma expressividade bastante grande no que se refere a
caracterização fundiária desse território rural. E nesse caso, os
movimentos sociais do campo e as organizações da classe
trabalhadora, possuem um papel fundamental no que refere à luta
dos camponeses e trabalhadores rurais assalariados, que buscam de
forma exemplar combater (minimizar) o poder do agronegócio, além
de militar pela utilização mais consciente da terra na região e
por condições dignas de trabalho.
Sendo assim, mobilizações da classe são fundamentais na luta
contra as imposições do capital e a exploração das forças de
trabalho, e a greve de Guariba, ocorrida no ano de 1984 é
entendida como uma das reivindicações sociais mais visíveis,
organizada por trabalhadores rurais assalariados no interior de
São Paulo, sendo reconhecida como uma luta coletiva em busca de
melhora nas condições de vida desses indivíduos, que frente ao
panorama de expropriação da terra, modernização das atividades,
baixas remunerações e péssimas condições de trabalho decidiram se
mobilizar contra as mazelas que os assolava e fazia parte do
cotidiano da classe.
4. Referências
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