Ensaio de Notícia: uma análise das manchetes sobre as manifestações populares no Brasil em junho...

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Ensaio de Notícia: uma análise das manchetes sobre as manifestações populares no Brasil em junho de 2013 1 Maryellen Crisóstomo de ALMEIDA 2 Msc. Wolfgang TESKE 3 Resumo Ao longo da história política brasileira a população já protagonizou momentos decisivos no país com grande repercussão midiática. Entretanto, pela primeira vez, as manifestações que se espalharam pelo Brasil, tiveram o seu início nas redes sociais e não foram organizados por partidos políticos ou sindicatos. O estopim da crise foi em São Paulo em razão do aumento da passagem de ônibus, se desdobrando em outras reivindicações como os gastos públicos com a organização da Copa do Mundo, repúdio aos escândalos protagonizados pelos representantes políticos até a reforma política. No primeiro momento, a mídia tradicional tratou as manifestações de maneira supérflua atribuindo-as um pequeno grupo de vândalos. Objetivou-se, pois, nesse artigo, analisar as manchetes de capa de três jornais impressos de grande veiculação, a Folha de São Paulo, o Estadão e o Correio Brasiliense e de dois estrangeiros, o Clarín (Argentina) e El Mercurio (Chile) dos dias 15, 21 e 27/06/2013 sobre o foco deste evento no Brasil. Palavras-chave: Jornalismo. Manifestações Populares. Jornalismo Informativo. Mídia Impressa. Introdução Sendo um país democrático, o Brasil norteia as suas decisões com a participação do povo por meio das eleições, momento em que as pessoas escolhem os seus 1 Trabalho apresentado no GT de Jornalismo, integrante do 3º Encontro Regional Norte de História da Mídia, 2014. 2 Discente do curso de Comunicação Social/Jornalismo da Fundação Universidade Federal do Tocantins. E-mail: [email protected] 3 Docente do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Fundação Universidade Federal do Tocantins, Jornalista e Mestre em Ciências do Ambiente/Cultura e Meio Ambiente. E-mail: [email protected]

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Ensaio de Notícia: uma análise das manchetes sobre as manifestações

populares no Brasil em junho de 20131

Maryellen Crisóstomo de ALMEIDA2

Msc. Wolfgang TESKE3

Resumo

Ao longo da história política brasileira a população já protagonizou momentos decisivos

no país com grande repercussão midiática. Entretanto, pela primeira vez, as

manifestações que se espalharam pelo Brasil, tiveram o seu início nas redes sociais e

não foram organizados por partidos políticos ou sindicatos. O estopim da crise foi em

São Paulo em razão do aumento da passagem de ônibus, se desdobrando em outras

reivindicações como os gastos públicos com a organização da Copa do Mundo, repúdio

aos escândalos protagonizados pelos representantes políticos até a reforma política. No

primeiro momento, a mídia tradicional tratou as manifestações de maneira supérflua

atribuindo-as um pequeno grupo de vândalos. Objetivou-se, pois, nesse artigo, analisar

as manchetes de capa de três jornais impressos de grande veiculação, a Folha de São

Paulo, o Estadão e o Correio Brasiliense e de dois estrangeiros, o Clarín (Argentina) e

El Mercurio (Chile) dos dias 15, 21 e 27/06/2013 sobre o foco deste evento no Brasil.

Palavras-chave: Jornalismo. Manifestações Populares. Jornalismo Informativo. Mídia

Impressa.

Introdução

Sendo um país democrático, o Brasil norteia as suas decisões com a participação

do povo por meio das eleições, momento em que as pessoas escolhem os seus

1 Trabalho apresentado no GT de Jornalismo, integrante do 3º Encontro Regional Norte de História da

Mídia, 2014. 2 Discente do curso de Comunicação Social/Jornalismo da Fundação Universidade Federal do Tocantins.

E-mail: [email protected] 3 Docente do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Fundação Universidade Federal do Tocantins,

Jornalista e Mestre em Ciências do Ambiente/Cultura e Meio Ambiente. E-mail:

[email protected]

representantes. Por outro lado, desde a sua colonização, o país tem se deparado com a

instabilidade política e a insatisfação popular.

Ao longo da história política brasileira, a população já foi protagonista de

momentos decisivos no país, como a Marcha da Família com Deus pela Liberdade4 em

março de 1964; a Abertura Política5 como busca da redemocratização do país; as

Diretas Já!6 em janeiro de 1984, que teve uma mobilização de mais de um milhão de

pessoas e o movimento Caras-Pintadas7 no início da década de 1990, que arrastou para

as ruas milhões de jovens e adolescentes o que culminou no impeachment do presidente

Collor.

Contudo, a população brasileira não estagnou e 21 (vinte e um) anos após a

última grande manifestação o povo volta às ruas. A partir de 11 de junho de 2013 eclode

uma nova reivindicação ampla que se inicia com a não aceitação do aumento da

passagem de transporte público urbano em São Paulo (SP) - de R$ 3,00 para R$ 3,20.

O diferencial dessa manifestação com relação às outras que outrora

redirecionaram o Brasil, não é simplesmente a rejeição aos R$ 0,20 (vinte centavos) a

mais na passagem do transporte urbano, mas, entre tantos motivos, o repúdio aos

escândalos protagonizados pelos representantes políticos do país. Além disso, esse

movimento foi claramente aversivo ao partidarismo e sindicalismo. O povo brasileiro,

independente dos grupos de pertencimento se uniu em exercício de cidadania em prol da

ética na política e da real democracia.

Apesar de toda essa movimentação com milhares de pessoas nas ruas, no

primeiro momento os impressos O Correio Brasiliense e a Folha de São Paulo

abordaram as manifestações de maneira muito supérflua, como se no dia seguinte tudo

fosse terminar bem, ou fosse um movimento passageiro. E, de maneira equivocada,

noticiaram os fatos sem transmitir as verdadeiras informações de que milhares de

pessoas nas ruas reivindicavam uma mudança radical na plataforma política do Brasil.

4 É um nome comum a uma série de eventos ocorridos em Março de 1964 em resposta à considerada

“ameaça comunista” [...] foi uma contribuição para o início do Governo Militar. 5 Processo de transição do Regime Militar de 1964 para uma ordem democrática, ocorrido no Brasil entre

meados da década de 70 e o ano de 1985. 6 Reconhecida como uma das maiores manifestações populares já ocorridas no país. 7 Rostos pintados em protesto devido aos acontecimentos dramáticos que vinham abalando o governo do

então presidente Fernando Collor de Mello.

Contudo, as redes sociais se impõem pautando e divulgando os fatos enquanto os

protestos ganharam novos objetivos a cada dia. Em contra-partida, a mídia tradicional

cumpria o seu papel em desfavor da pauta imposta pela população nas ruas. Fotografias,

textos e vídeos foram divulgados na íntegra pela web, com isso aumentava a quantidade

de adeptos ao movimento por causa da indiferença da mídia impressa e televisiva. Esta

por sua vez mudou o seu discurso que, inicialmente, se referia aos manifestantes como

vândalos e baderneiros.

As Manifestações Populares de Junho de 2013

As manifestações tiveram início com poucas pessoas lideradas pelo Movimento

Passe Livre (MPL) em frente ao Teatro Municipal no centro de São Paulo. O MPL já

milita há mais de duas décadas, mas como sempre aquela manifestação era apenas mais

uma. Conforme relata CONTI (2013, p. 8): “o Passe Livre conseguiu juntar duas mil

pessoas. Marcou passeata para o dia seguinte. Depois outra. Uma terceira. Elas atraíram

mais gente e ficaram parrudas [...]” o suficiente para incomodar o sossego do prefeito da

Capital e do governo do Estado de São Paulo, que estavam na Europa.

A mobilização começou nas capitais do Sudeste e a tentativa da polícia para

barrar a população não surtiu o efeito esperado, Conti (2013, p. 8) escreve que:

A polícia sentou bala de borracha em cima de quem viu pela frente.

As balas saíram pela culatra. Os protestos se multiplicaram em

progressão geométrica e se irradiaram pelo país todo. O pêndulo se

moveu de São Paulo para Rio, onde 300 mil pessoas se juntaram no

centro da cidade.

E assim novas bandeiras, não partidárias, mas, de revoltas agregaram motivos

aos atos públicos.

As gigantescas manifestações que agora deram ao Brasil nova

fisionomia sociocultural não são propriamente uma novidade. Elas

surgem na esteira de um fenômeno mundial de levantes populares que

surgem e crescem à margem de partidos políticos e sindicatos

reivindicando mudanças nos costumes políticos e nas estruturas de

governação (CHAPARRO, 2013, p. 05).

Bauman se refere aos movimentos como inquietação social e que esta é fruto das

transformações da própria sociedade, pois,

Cada ordem tem suas próprias desordens; cada modelo de pureza tem

sua própria sujeira que precisa ser varrida. Mas, numa ordem durável

e resistente, que se reserve o futuro e envolva ainda, entre outros pré-

requisitos, a proibição da mudança, até a ocupação de limpeza e

varredura são partes da ordem [...] o que alcançou o nível de

consciência e desperta atenção não é tanto a rotina de eliminar a

sujeira quanto prevenir uma não-habitual e fortuita interrupção da

rotina (BAUMAN, 1997, p. 20).

A população brasileira adornou as ruas das grandes metrópoles do país e até

mesmo em cidades do interior, com faixas e cartazes nos quais expressavam sua

indignação diante da maneira como a política interna vem sendo gerida até aquele

momento.

Jornalismo Informativo

A informação jornalística é considerada fundamental na difusão das mensagens

que tangem a representatividade social e civil, tendo em vista a credibilidade do fazer

jornalismo. Sobretudo no Brasil onde a Legislação reza pela liberdade de expressão,

opinião e pelo estado Laico.

Um jornal é ou deveria ser um espelho da consciência crítica de uma

comunidade em determinado espaço de tempo. Um espelho que reflita

com nitidez a dimensão aproximada ou real dessa consciência. E que

não tema jamais ampliá-la. Pois se não lhe faltarem talento e coragem,

refletirá tão somente uma consciência que de todo ainda não

amanheceu. Mas que acabará por amanhecer (NOBLAT, 2008 p. 18).

Num momento em que o mundo olha para o Brasil para contemplar a beleza do

futebol, emerge dos anfitriões um movimento aparentemente simples, mas que, por sua

vez ofusca a rotina da nação e a mídia se permite equivocar-se ao se apressar para

anunciar os resultados dos jogos e dando às manifestações pouco crédito.

A pressa é a culpada, nas redações pelo aniquilamento de muitas

verdades, pela quantidade vergonhosa de pequenos grandes erros que

borram as páginas dos jornais e pela superficialidade de textos que

desestimulam a reflexão (NOBLAT, 2008, p. 33).

Diante da capacidade de reflexão, Castels e Cardoso (2005) chamam a atenção

para o desenvolvimento da sociedade em rede enquanto espaço de encontro e

articulação capaz de gerir e ser conduzido pelas pessoas, pois,

Com a difusão da sociedade em rede, e com a expansão das redes de

novas tecnologias de comunicação, dá-se uma explosão de redes

horizontais de comunicação bastante independentes do negócio dos

media e dos governos, o que permite a emergência daquilo a que

chamei de comunicação de massa autocomandada (CASTELS E

CARDOSO, 2005 p. 23).

E ainda explica o conceito de massa de autocomando apontando que:

É comunicação de massa porque é difundida em toda a internet,

podendo potencialmente chegar a todo planeta. É autocomandada

porque geralmente é iniciada por indivíduos ou grupos, por eles

próprios, sem a mediação do sistema de media (CASTELS E

CARDOSO, 2005, p. 23).

A abordagem jornalística remete ao compromisso social da mídia enquanto

difusora de informações. Conforme Conti (20013, p. 09) “a imprensa hostilizou os

‘vândalos’ e clamou pelas forças de ordem. O Brasil oficial se apartou da realidade”

ressalta.

Mídia Impressa

A grande mídia brasileira está ‘acostumada’ a ser referência e via de verdade

para a maioria da população e esta, por sua vez, considerada alienada devido à sua

incapacidade de questionar.

Porém, o acesso às redes sociais aumentaram por causa da popularização da

internet, e as pessoas descobrem nesses meios verdadeiros instrumentos de

comunicação alternativa. As mídias alternativas são um ensaio da implantação da

verdadeira democracia. Ao que Chaparro (2013, p. 05) afirma que:

Sem a capacidade mobilizadora das redes sociais e sem a expansão

universal do acontecimento pela NOTÍCIA EM TEMPO REAL, isto

é, sem a REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA que desorganizou e já

reorganiza as relações e as estruturas sociais, as manifestações não

teriam alcançado a grandeza mostrada ao mundo. Nem conquistariam

o poder discursivo que as tornou vitoriosas, contra governos e

governantes poderosos.

Enquanto milhares de paulistanos vão para as ruas reivindicar seus direitos, a

grande mídia tradicional cumpre o seu papel em desfavor social para não perder a

audiência da Copa das Confederações.

Dias após as primeiras manifestações e sem nenhum indício de término, pelo

contrário, o movimento contava com a participação da Nação e de brasileiros residentes

em outros países. Pois, a indignação não é apenas contra a diferença de R$ 0,20 (vinte

centavos), mas, contra a má gestão da política brasileira. Então, a mídia tradicional

reformula a sua maneira de noticiar os fatos. Insurge a Folha de São Paulo:

Se iniciaram os protestos contra o aumento das tarifas de transporte

em São Paulo, com seus episódios de vandalismo dos manifestantes e

de violência policial, um equívoco comum foi subestimar a

ressonância que o Movimento Passe Livre (MPL) poderia alcançar no

meio social (Editorial: Incógnita nas ruas. 19.06.2013 – 03h30min).

Antes, porém, grandes jornais impressos de circulação nacional, no caso ‘O

Correio Brasiliense’, a ‘Folha de São Paulo’ e o ‘Estadão’, de início ignoram noticiar o

fato com destaque nos objetivos das manifestações.

Manchetes

O enfoque maior dessa edição foi o jogo da Copa das Confederações. Mesmo

com a presidente, Dilma, vaiada no discurso de abertura do evento e muitos protestos do

lado de fora estádio em Brasília, a imprensa se permitiu subestimar as manifestações.

Para Noblat (2008, pág. 26) “a notícia está [...] no que é capaz de abalar pessoas,

estruturas, situações, não no que apascenta ou conforta; no drama e na tragédia e não na

comédia e no divertimento”, explica.

Como as manifestações iniciaram em São Paulo, a mídia deu enfoque maior,

porém, ainda não identificava ao certo quais eram os motivos dos protestos. Pena (2012,

pág. 202) faz a seguinte colocação: “[...] na maioria das vezes, as reportagens apenas

reproduzem declarações de pessoas interessadas nas denúncias e se escondem em uma

pretensa objetividade, ouvindo a defesa dos acusados.”

Após as sequências de protestos em todo o país, o Correio Brasiliense dedica a

manchete principal para os eventos que pautaram a mídia tradicional por meio das

mídias sociais e fizeram com que os acontecimentos influenciassem na produção

jornalística. Pena (2012, pág. 145) pondera que, “o que vale é o significado daquilo que

as pessoas estão expostas e, também, o impacto acumulativo dessa exposição, cuja

freqüência continuada e cotidiana influencia na cognição”.

A manchete passa a ideia de que o governo já sabe do que se tratam os protestos

e busca uma solução.

Nas palavras de Stuart Hall citado por Traquina, “esta interpretação

comanda a ação em todo o tratamento subseqüente e impõem os

termos de referência que nortearão todas as futuras coberturas ou

debates.” [...] Pessoas em cargos institucionais, como governadores,

prefeitos [...] funcionam como definidores primários. Eles norteiam o

trabalho da imprensa [...], pois, são os primeiros a serem procurados

para entrevista, por darem uma certa “legitimidade” ao depoimento,

segundo a lógica dos jornalistas. (NOBLAT, 2012, pág. 154)

A respeito da abordagem midiática, Gamson (2011, pág. 59) faz a seguinte

colocação

Assim, a ênfase midiática na forma narrativa tende a concretizar alvos

de modo que poderiam parecer capazes de instigar enquadramentos de

injustiça. Longe de servir às necessidades de controle social das

autoridades nesse âmbito, a cobertura midiática frequêntemente dá às

pessoas razões para ficarem com raiva de alguém. Claro que esse

“alguém” não precisa ser a fonte real da injustiça, mas apenas algum

substituto conveniente.

Jornais internacionais: América do Sul

Os protestos enquanto fator atípico começam a ganhar espaço na mídia

internacional, tamanho é incômodo que provoca ao Brasil.

O Jornal do Chile dedica espaço na capa principal para as torrentes de

manifestações que eclodiram no Brasil.

Após pautar a mídia nacional, a divulgação das manifestações através das mídias

sociais também ganhou espaço na mídia internacional. Pena (2012, pág. 145) diz que:

“o que vale é o significado daquilo a que as pessoas estão expostas e, também, o

impacto acumulamento dessa exposição”, ressalta ao comentar a hipótese do

agendamento. Teoria que explica o fato da mídia pautar os discursos a ser

desenvolvidos pela sociedade, uma vez que a mídia é propulsora dos interesses das

empresas de comunicação quando a própria sociedade apresenta os seus assuntos, como

é o caso das manifestações de junho de 2013 no Brasil.

No final da Copa das Confederações o espaço no Jornal El Mercurio diminui

para noticiar os manifestos ainda em evidência no Brasil.

Pena (2012, pág. 160) faz a seguinte colocação,

A mídia reconstrói o acontecimento na operação jornalística [...]. O

jornalismo é um dos principais agentes da comunicação de massas,

mas parece perdido diante das mudanças paradigmáticas das diversas

disciplinas da atualidade, que, entre outros fatores, rediscutem “a

fidelidade aos fatos”, tão apregoada pelos manuais de redação.

Sobre as mobilizações sociais capazes de redefinir a realidade na qual estão

inseridas Gamson (2011, p. 27) acrescenta:

[...] a ação coletiva é mais do que um problema de consciência

política. Podemos estar completamente convencidos de quanto é

desejável a mudança de uma situação enquanto duvidamos

gravemente da possibilidade de alterá-la. Crenças sobre a eficácia são

tão importantes quanto o entendimento de quais mudanças sociais são

necessárias. Além disso, com base em muitos estudos sobre

movimentos sociais, sabemos a importância das redes sociais para

recrutar as pessoas e inseri-las na ação política com seus amigos. As

pessoas às vezes agem primeiro e, somente por meio da participação,

desenvolvem a consciência política que sustenta a ação. [...] mudanças

na ampla estrutura e no clima político podem favorecer ou impedir a

chance para que a ação coletiva tenha impacto.

Considerações Finais

Conclui-se que diante dos fatos em questão, o Brasil precisa muito mais do que

uma reforma política, do ponto de vista governamental, muitas outras estruturas têm que

repensar a sua função social no país, entre elas a mídia, sobretudo, a tradicional.

A maneira como as manifestações ganharam destaque, através das mídias

sociais, obrigam os jornais e jornalistas a se reposicionarem. Não estamos restritos a

uma época na qual o impresso, a TV e o rádio eram os únicos meios difusores das

notícias. Essas mídias não pautam por si só o que devem ser debatido, veiculado e tão

logo, o que a população deve saber.

O imediatismo e a popularização das mídias alternativas por vezes chegam a

questionar a credibilidade do fazer jornalístico. Sobretudo neste tempo em que a

redução de gastos é tão importante para as redações das grandes empresas de

comunicação.

Pode-se, portanto, apresentar alguns resultados dos apelos coletivos da

população brasileira, a tarifa de transporte coletivo em São Paulo - SP aonde iniciou os

protestos, permaneceu por R$ 3,00 (três reais) e não teve o acréscimo de R$ 0,20 (vinte

centavos), conforme anúncio que precedeu as manifestações. Goiânia – GO, também

retrocedeu o aumento da passagem de transporte coletivo. E, em Palmas-TO, a

Assembleia Legislativa indeferiu o projeto de auxílio moradia para parlamentares,

proposta pelos próprios deputados.

Em suma, embora a população brasileira não esteja completamente satisfeita, já

foi possível perceber que ela ainda pode interferir no percurso político do país e

reformular a sua história como fizera ao longo do século XX.

REFERÊNCIAS

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