Da Sardenha à revolução proletária: breves notas ... - Dialnet
AS ILHAS: DA NISSOLOGIA À NESOLOGIA
-
Upload
independent -
Category
Documents
-
view
4 -
download
0
Transcript of AS ILHAS: DA NISSOLOGIA À NESOLOGIA
ANUÁRIO
DO CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DO ATLÂNTICO
N.º 2
2010
SECRETARIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO E CULTURACENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DO ATLÂNTICO
FUNCHAL
3
TÍTULO: Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico
N.º: 2
ANO: 2010
EDIÇÃO:
Centro de Estudos de História do Atlântico
Rua das Mercês, n.º 8, 9000-224 Funchal
Telef.: 291 214970 / FAX: 291 223002
Email: ceha@madeira-edu.pt
Webpage: http://www.madeira-edu.pt/ceha
ISSN 1647-3949
O conteúdo dos Artigos é da exclusiva responsabilidade dos seus autores.
4
DIRECÇÃO
.
CONSELHO REDACTORIAL;
;
;
.
CONSELHO CONSULTIVO
, Universidad de La Laguna (Canárias);
, Universidad Central de Venezuela;
, Universidade do Porto;
, Universidad de La Laguna (Canárias);
, Universidad de Granada (Espanha);
, Universidade dos Açores;
, Universidad de Tucuman (Argentina);
, University of Michigan (EUA);
, Katholieke Universiteit Leuven (Bélgica);
, Universidade dos Açores;
, Universidade do Porto;
l, Real Academia de la Historia de Santo Domingo;
, Universidade do Porto;
, Center for Science Studies and History of Science (Bulgária);
, Universidad de Cádiz (Espanha);
, Instituto Galego de Estudos de Seguranza Internacional e da Paz (Galiza);
, Universidade de Coimbra;
, Universidade Federal da Bahia (Brasil);
, Universiteit Gent (Bélgica);
5
, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa;
, Editor, Tradutor e Revisor;
, Universidad Central de Venezuela;
, York University (Canadá);
, Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes;
, Universidade do Minho;
, Universidade de Lisboa;
, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria (Canárias);
, Universidade Aberta;
, Universidade de Coimbra;
, Universidade Católica Portuguesa;
, Centro de Literatura de Expressão Portuguesa da Universidade de Lisboa;
, doutorada em Literatura Moderna Portuguesa, Madeira;
, Universidade da Madeira;
, Academia de Ciencias de Cuba;
, Universität Potsdam (Alemanha);
, Gabinete Coordenador de Educação Artística, SREC – RAM (Madeira);
, Universidade de São Paulo (Brasil);
, The College of Charleston, South Carolina (EUA);
, Universidade de São Paulo (Brasil);
, University of Ottawa (Canadá).
6
7 Apresentação
8 Tema de Capa
Congresso: “O mundo das ilhas e as ilhas do mundo”
1041 VARIA
1155 Livros e Leituras / Recensões
1172 Notícias
SUMÁRIO
7
Apresentação
O presente volume do Anuário do CEHA é dedicado à publicação das actas do Congresso Internacional sobre o , que decorreu no Funchal de 26 a 30 de Julho de 2010, como principal evento de evocação dos 25 anos de actividade do CEHA.
Na sequência do encontro realizado em Outubro de 2009, que serviu de mote para a apresentação do primeiro número desta publicação, o CEHA decidiu como prioridade o estabelecimento de debates de carácter inter-disciplinar, como forma de dar corpo a NESOLOGIA, a nova ciência das ilhas. A presente publicação, fruto desse primeiro debate, de acordo com esta nova orientação, reúne as conferências e comunicações que serviram de ponto de partida a esta nova forma de intervir do CEHA. Para Junho de 2010 teremos novo encontro subordinado a painéis temáticos especializados, que contarão com a participação de especialistas de diversas áreas, convidados para debater questões em torno das problemáticas históricas e actuais que dão formam ao sistema de inter-relações que se estabeleceram entre os espaços insulares, a metrópole, os continentes próximos ou distantes. Disso se ocupará o próximo volume deste Anuário.
Das actas do presente encontro temos a destacar três aspectos, que a leitura do presente
madeirenses de distintas áreas, o que prova termos criado nos últimos anos um grupo capaz de estudar, debater e divulgar os temas que nos preocupam em termos da nossa realidade histórica
obrigatoriamente de assinalar. Por outro lado não podemos esquecer a participação numerosa de jovens investigadores do vizinho arquipélago de Canárias, que se assume como um incentivo
primeira vezes a outros espaços insulares no Mediterrâneo(Baleares e Córsega). Mas, neste caso, ainda estamos distante da meta que nos propomos de criar para as novas instalações do CEHA aquele espaço aberto de criação, debate e divulgação dos estudos insulares, numa perspectiva global. A crise que nos bateu à porta e alguns efeitos do temporal de 20 de Fevereiro de 2010, condicionaram este nosso desejo, que o tempo permitirá a sua concretização.
Ainda, no presente encontro iniciámos, no âmbito do Seminário sobre as , projecto que desenvolvemos anualmente em colaboração com o Centro Cultural John
dos Passos na Ponta de Sol, um painel temático dedicado ao tema que terá continuidade no próximo ano com a participação de instituições como
a de instituições como a Universidade de Santiago de Compostela, CETRAD/ISMAI, Universidade do País Vasco-Euskale da Universidade de Alcalá.
Mantemos as rubricas de Vária, Livros e Leituras, e Noticias do CEHA, no sentido de permitir que outros se juntem a nós neste debate anual a partir deste suporte, bem como de apresentar aos interessados informações que permitam aprofundar os conhecimentos sobre esta realidade, através de notas de leitura, como noticias de encontros a realizar-se no âmbito do propósito insular que nos une neste espaço.
Finalmente queremos recordar a todos os leitores deste espaço, insulares ou não, que abrimos esta porta à sua participação, estando abertos a qualquer contributo que permita trazer novas
9
ÍNDICE
14 Saudação aos Congressistas
Alberto Vieira
16 As Ilhas: Da Nissologia à Nesologia
Alberto Vieira
22 The Islands: From Nissology to Nesology
Alberto Vieira
27 Madeira
28 Post-1974 Economic Development of the Portuguese Autonomous Region Of Madeira: Which Key Opens The Door To Sustainable Development?
Rubina Everlien Berardo
57 Ideologia empresarial global e actores empresariais insulares: algumas evidências a partir
da Madeira
Ricardo Fabrício Rodrigues
69 Do Asilo de Mendicidade e Órfãos do Funchal ao Abrigo Infantil de Nossa Senhora da Conceição (1847-1959). Contributos para a história da assistência na Madeira.
José Vieira Gomes
115 Elisabeth Phelps – Da Grã-Bretanha para a Madeira
Cláudia Ferreira Faria
123
Joaquim da Costa Leite, Benedita Câmara
130 Ilha da Madeira e a Literatura de Viagens: o episódio de Machim
Marco Livramento
145 Duas Ilhas e um mesmo Oceano: Mitos, Símbolos e Identidade nas Lendas de São Francisco do Sul e da Ilha da Madeira
Andréa de Oliveira
182 A United States Exploring Expedition (1838-1842), e o seu Contributo para o Conhecimento da Botânica da Ilha da Madeira.
Nélio Pão
210 “Da insularidade: prolegómenos e contributo para o estudo dos paradigmas da Madeirensidade” (1910-1926)
Paulo Miguel Rodrigues
229 Manuel Pereira, entalhador e imaginário madeirense do século XVII, e os circuitos de divulgação de modelos para as periferias
Rita Rodrigues
338 A expressão do espaço insular na produção artística contemporânea da Madeira
Isabel Santa Clara
354: A Pesca na História da Madeira: Estado dos Conhecimentos e Problemáticas Futuras de Análise
Filipe dos Santos
398 Canárias
399 Tenerife y las Islas Atlánticas Portuguesas Durante la Primera Mitad del Siglo XVII
Javier Luis Álvarez Santos
411 Presente y Evolución de la Legislación Turística en las Islas Canarias
Óscar Amador García
419 La plasmación de los archipiélagos macaronésicos en los grabados de la colección del Parlamento de Canarias.
Jonás Armas Núñez
441 La memoria lusitana en la arquitectura de las Islas Canarias en el siglo XVIII.
Carlos Javier Castro Brunetto.
449 Ultraperiferia y autonomía: el caso de Canarias.
Israel Expósito Suárez
466 La periferia de la periferia. Una revisión del patrimonio artístico del interior de la isla de La Gomera.
Pablo Jerez Sabater
475 La Delimitación de las Aguas Territoriales en los Archipiélagos de Estado: Análisis Comparativo de las Islas Canarias y las Islas Portuguesas
Vicente J. Navarro Marchante
489 La Comunidad Autónoma de Canarias como modelo de descentralización para los Archipiélagos.
Fernando Ríos Rull & Israel Expósito Suárez
510 Inmigración y Prensa en la Frontera Sur de la UE. El Caso de la Línea Editorial del Periódico El Día, de Canarias (España)
Rodrigo Fidel Rodríguez Borges
523
Francisco Javier Viña Rodríguez
534 El silencio de las pobladoras. La mujer en la colonización de Canarias.
Ana Viña Brito
549 Elementos Navales en Arquitectura: La Tipología Casa-Barco en la Isla de Tenerife
Eduardo Zalba González
569 Outras Ilhas
570 Turismo sustentável em contexto insular africano. Exemplos de boas práticas
Brígida Rocha Brito
581 Um Olhar Sobre Duas Ilhas – Fernando de Noronha e Trindade: Entre a História e a Literatura.
Washington Dener dos Santos Cunha
590 Peaceful Islands: Insular Communities as Nonkilling Societies
Joám Evans Pim
605 Développement touristique insulaire et qualité de vie des résidents : Une analyse critique des indicateurs de soutenabilité
Jean-Marie FURT, Marie Antoinette MAUPERTUIS, Pauline RIOT
624 ¿Más Allá de la Frontera? Aproximación teórica a la práctica artística caribeña actual.
Carlos Garrido Castellano
630 Tourism Versus Agriculture: Which Way Towards a Sustainable Land Allocation?
Sauveur GIANNONI and Caroline TAFANI
639 Políticas Públicas de Cultura e Educação: Contributos para um Estudo Nesológico
KAUPPILA, Ana Maria
656 Lugar como personaje: La representación simbólica de la Isla de Man en Cremaster 4 de Matthew Barney
Monika Keska
662 Un Plan de Acción para resolver la compleja relación entre la insularidad y las actividades agropesqueras en las Islas Baleares.
Antoni Miquel Lucas i Vidal
677 La insularidad en el Estado español. Una comparativa de los casos canario y balear.
Antoni Miquel Lucas i Vidal
693 A Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense: A Intervenção Associativa das Elites Sociais no Mundo Económico das Ilhas
Margarida Vaz do Rego Machado
705 Sports et nationalisme en Corse : des rapports ambigus (1966-1995).
Didier REY
714 Tourism and the dissemination of the image of the Balearic Islands
Catalina Aguiló Ribas and Maria José Mulet Gutiérrez
727 do Nascimento (Madeira), G. T. Didial (Cabo Verde) e João de Melo (Açores)”
Ana Salgueiro Rodrigues
747 Os Açores no Feminino: ser, viver e amar (1900-1925)
José Avelino Rocha Santos, Lúcia Tavares Santos
775
Marilene Rosa Nogueira da Silva
791 Outermost regions and economic development: dilemmas in built-up a resilient economy
António Almeida
798 A Exploração dos Recursos Marítimos numa Perspectiva Histórica: Uma Abordagem
Inês Amorim
815 ‘NANBAN’? sweets introduced by Portugal to Japan in the 16th-17th century
Miyo Arao
820 El Papel de las Islas Curazao y Trinidad en la Inmigración Portuguesa a Venezuela. Siglos XIX y XX. Autor:
Antonio de Abreu Xavier
833 Nós e os Outros
834 Writing Home: The Iberian Emigrant Letter and the Challenges of the History of Migration
Xosé M. Núñez Seixas
849 Escritura y comunicación epistolar en la España moderna y contemporánea
Antonio CASTILLO GÓMEZ
879 Cartas desde América. Dos Visiones de los Estados Unidos en la Correspondencia de Emigrantes Vascos.
Óscar ÁLVAREZ GILA
898 Escritas e representações de «Nós e os Outros» sobre a mobilidade de madeirenses
Elina Baptista
903 Escritas de Viagem: Destino Ilhas Sandwich : Diário de Bordo de Dois Madeirenses que Rumaram ao Hawaii [1887]
Susana Caldeira
915 La Correspondencia Interceptada: La Visión de la Situación Política Portuguesa a Comienzo del Segundo Periodo Liberal (1826) en las Cartas de los Emigrantes Gallegos.
Camilo Fernández Cortizo
932 “Aquí no se mira un velo, solo se usa yapeu”. Preservación de la identidad e integración a través de la correspondencia de emigrantes.
Domingo L. González Lopo
957 Escritas de Emigrantes - Uma abordagem à correspondência oitocentista
Henrique Rodrigues
1003 Infancia, Guerra y Escritura: la Historia de unas Cartas Perdidas
Verónica Sierra Blas
1028 Congresso das Ilhas - Imagens do evento
Bem-vindos
O Centro de Estudos de História do Atlântico [CEHA] organiza e acolhe o presente Con-gresso, num momento em que se evocam os 25 anos de fundação da instituição. Surgimos em 1985
-ronésia. Hoje, queremos ir mais longe e abrir novos caminhos para outro debate e uma diferente
O debate acerca das questões em torno das ilhas do mundo realizar-se-á em dois momentos. Agora, abrimos o palco para as diversas apresentações livres de todos aqueles que submeteram comunicações para o efeito. Teremos, assim, oportunidade de, durante vários dias, estabelecer contacto com muito do que se trabalha na vertente dos estudos insulares. Teremos, também, dois
-spectiva interdisciplinar; outro, resultado da junção de um seminário internacional sobre as Mobi-lidades Humanas [que realizamos, anualmente, com o , que pretende ser uma primeira abordagem sobre o tema e, por isso, terá lugar na vila da Ponta do Sol, sede deste Centro. Para o próximo ano, de 6 a 11 de Junho, ter-emos outros debates sob a forma de painéis temáticos: e
, ;
A estes, adicionar-se-ão outros dois: e
Desde 1985 que o CEHA apostou neste tipo de eventos como forma de promover o intercâmbio
ponto de encontro e partilha de informação, de convívio e de descoberta da História e das vivências culturais da nossa Ilha. Hoje, queremos acolher a todos, de forma especial, num novo espaço, que oferece condições dignas de acolhimento e de trabalho para todos os intervenientes. Os temas são
-das em inúmeros momentos e trabalhos publicados, nos enriquecerão com os seus conhecimentos.
A partir daqui, queremos instituir este espaço como uma plataforma de convergência dos inter--
verso das ilhas, no âmbito dos diversos saberes. Hoje, institucionaliza-se este espaço de debate do
divulgação das ilhas.
Alberto VIEIRAPresidente do CEHA e do Congresso
SAUDAÇÃO AOS CONGRESSISTAS
Cheerful Welcome,
The Centre for Studies in Atlantic History [CEHA] organizes and hosts this Congress, at a time when we evoke the 25th anniversary of the institution. It came up in 1985 to give voice, expression,
to go further and open new avenues for further debate and a different avowal of Islands’ Studies, calling the best of world’s specialists in this area.
The debate on the issues around the islands of the world will take place in two stages. Now, we open the stage for the free presentations of all those who submitted papers for this purpose. We shall therefore have the opportunity, for several days, to establish contact with much of the work that has been developed by specialists. We will also implement two panel discussions: one dedicated to the
international seminar on Human Mobility [held annually, with the , which
taking place in the charming little village of Ponta do Sol, the siege of the Centre. Next year, from 6th to June 11th, we shall put into practice other discussions in the form of thematic panels:
The CEHA has been betting on this kind of events, since 1985, as a way to promote exchanges between researchers of various insular spaces, foreseeing our culture events as a meeting point to share information and discover the History and the cultural practices of our island. At present, we welcome everyone, in a very special way, now in a new space, which offers warm reception and working conditions. This Congress provides, therefore, the ideal and accurate venue, in the Atlantic island, for an intense and renewed research work on Islands. The Congress topics are challenging and – we are sure – dealt by excellent researchers who will enrich and delight the audiences.
From now on, we want to promote this space as a platform for convergence of the different islands’ interests, an opportunity to catapult them into a more assertive position in the universe of
At present, this is the institutionalized for discussion of the insular world, a “spokesinstitu-tion” of all our concerns about the acknowledgment and the disclosure of the islands.
Alberto VIEIRAPresident of the CEHA and of the Congress
AS ILHAS: DA NISSOLOGIA À NESOLOGIA
ALBERTO VIEIRA1
CEHA-MADEIRA
. Texto atribuído a Gaspar Frutuoso 1522-1591
Jean-Jacques Rousseau, 1765
. Humberto Eco, 1995
1 CEHA, 1999 - Investigador Coordenador do CEHA, 1991- Doutor em História (área de História dos Descobrimentos e Expansão Portuguesa), na Universidade dos Açores.
PUBLICAÇÕES (apenas os livros): , Funchal, Bordal (com edição tb em inglês); 2005- , 213pp; 2005- de colaboração
com Filipe dos Santos, 418pp; 2005- de colaboração com Filipe dos Santos, 636pp; 2005-
Funchal, CEHA,585pp; 2001: [coordenação de manual de apoio ao ensino], 399pp; 2001: [cdrom]; 2001:
, ABVM. 131Pp; 2001: , NSR. 87Pp; 1999: , Funchal, 330pp; 1999: , SIRAM, 119pp; 1998:
CDROM: compilação de livros e introdução, Madrid, Fundación Historica Tavera; 1998: , compilação de livros e introdução, Madrid, Fundación Historica Tavera; 1998:
(com Constantino Palma), Lisboa, 143pp; 1998: , Expo 98. Pavilhão da Madeira, 64pp; 1998: Expo 98. Pavilhão da Madeira, 64pp; 1998:
, Funchal. CEHA, 224pp; 1997:Funchal. 167Pp; 1997: CDROM: de Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Menezes, coordenação da edição, Funchal, CEHA; 1997:
Funchal. CEHA, 273pp; 1996: , de Colaboração com Francisco Clode, Funchal, 220pp; 1995: , Funchal, 414pp; 1993: , Funchal, 431pp; 1992: , Madrid, 316pp; 1991: , Funchal, 544pp; 1989-1990:
, Ponta Delgada, 79pp +115pp; 1987: , Funchal (de colaboração com o Prof. Dr. Luís de Albuquerque). 73Pp; 1987:
, Funchal, 228pp
CONFERÊNCIAS
As ilhas.
Ninguém pode, hoje, negar a omnipresença das ilhas no nosso quotidiano. Elas estão presentes
Valorizam-se pelos mitos da literatura clássica, como pela Religião. O éden, o lugar dos eleitos e bem-aventurados, para cristãos muçulmanos e taoistas é uma ilha. A ilha, como espaço mítico, pode estar presente ou ausente. Talvez por alguma presença o geógrafo Yi-Fu Tuan não hesite
A presença
última dimensão que aparece, muitas vezes, a povoar o imaginário de escribas e leitores. Como ideia ou realidade espacial e histórica, é mesmo um caso de sucesso editorial, na nossa sociedade. A Literatura, desde a Antiguidade Clássica, tem contribuído para esta imortalização da imagem
na verdade, um bom motivo, tanto para a escrita como para leitura4.
Todos temos a nossa ilha mas, para o ilhéu, esta está presente de diversas formas e tem representação espacial, aquilo que falta ao continental, que se perde na imensidão da planície ou das cordilheiras montanhosas. Todos, ou quase todos, idealizamos uma ilha, da utopia ou do
é a nossa referência oceânica, a nossa morada real ou imaginada. Todos temos dentro de nós um “Robison Crusoe” e somos detentores de uma “ilha do Tesouro”, por isso os ilhéus se diferenciam dos continentais.
A globalização matou a nossa ilha e tende a criar a ideia de que elas são extensões dos continentes. Pretende amarrar-nos ao universo continental que nos escapa e nada tem a ver com a nossa identidade. O turismo do século XX partiu à descoberta das ilhas e fez com que o mundo das mesmas se amarrasse aos continentes. Obrigou-nos a partilhar o nosso pequeno mundo e abri-lo ao usufruto dos continentes.
Actualidade: o século das ilhas
A ilha não é algo desconhecido, nem esquecido. Está presente de forma quotidiana no discurso do político, como na escrita do poeta e escritor. Vende-se como turismo que procura reinventar e descobrir os recantos do Paraíso. Reivindica-se pela força das armas, pela sua importância estratégica económica e histórica. Foi assim desde tempos imemoriais e continuará a sê-lo nos próximos. Tanto assim é que, segundo alguns estudiosos, o presente milénio e o das ilhas. Das
força do aquecimento global. Como posicionar as ilhas neste processo global de mudanças que ocorrem no planeta, como poderão os ilhéus preservar a sua identidade perante a globalização e a voracidade dos espaços continentais?
que por vezes parecem não existir. Esta forma de leitura dos espaços insulares a partir da orla
escravidão e controlo.
uma das facetas mais evidenciadas da nossa História Os chineses entenderam bem essa estratégia
que esteve subjacente ao expansionismo português a ponto de criarem um provérbio que, de forma
Esta vocação ribeirinha, da presença constante do mar e de um olhar sempre virado para ele fez construir esta realidade de ilha, mesmo em continentes, desde que estivesse próximo o mar. Estamos perante o império anfíbio, no dizer de
como a via privilegiada de circulação. Os portugueses serviram-se de ilhas para consolidar a sua estratégia expansionista, em termos políticos e económicos e onde elas não existiam procuram criá-las através de construções que lhes permitissem isolar-se do continente, pois a sua principal habilidade prendia-se com o universo das ilhas. Quem sabe se mesmo a independência alcançada na península ibérica não terá sido também uma forma de -se?
Os estudos insulares. Perante este posicionamento das ilhas face às estratégias hegemónicas
apropriações. A nossa História esteve, por muito tempo, a eles entregue, mas hoje, que procuramos
Insulares que parte de dentro para fora e não o inverso. Os anos oitenta foram um momento muito
insulares. Em diversos sítios e lugares das ilhas começou a discutir-se as múltiplas questões que as diversas áreas do conhecimento atribuem ao mundo das ilhas. Mas tudo isso só foi possível
”
Daqui resultaram novos discursos, ou práticas discursivas, que intervêm nos Estudos Insulares.
”. Assim, teremos que dar mais atenção a determinados conceitos operatórios, como determinar uma diferente postura no âmbito das
.
Estamos perante três conceitos básicos que dão corpo a uma realidade que deverá ser materializada numa prática discursiva e de investigação.
A insularidade refere-se à identidade cultural do ilhéu diferenciada do continental, mas é resultante das práticas económicas e sociais em um espaço limitado, cercado pelo oceano”. Enquanto “
. Para nos apropriarmos das designações de Vilma L. da Fonseca (2001)
NESOLOGIA
Daqui partimos, de imediato, à descoberta da nova ciência que surgiu na década de oitenta, do século XX, e que, actualmente, ganhou um espaço privilegiado no debate sobre os Estudos Insulares. Estamos perante a Ciência das ilhas que faz jus à sua real importância sem necessidade de qualquer vinculação continental. McCall (1996):
Esta foi complementada por achegas de outros intervenientes, como G. Baldacchino (2008) que direcciona o olhar de dentro para fora:
Não bastando
do conhecimento não se faz através da especialização dos debates e investigação, mas sim através de posturas discursivas e de investigação abertas e de partilha dos diversos ramos do conhecimento. Assistimos a uma evolução da interdisciplinaridade até chegarmos à transdisciplinaridade. O primeiro passo foi o ponto de ruptura com o discurso positivista e o avançar para uma forma de integração das disciplinas e campos de conhecimento para que, segundo Palmade (1979), fosse possível “
” .
Romper com o racionalismo positivista da Revolução industrial implica, também, avançar mais
”, mas devemos ir mais adiante de forma a podermos encontrar aquilo que está presente em simultâneo
’ indica, ela diz respeito ao que está ao mesmo tempo entre as disciplinas e para além de cada uma delas em particular e que só pode ser encontrado
’ que, em 1970, não passava de um sonho para Piaget, mas que hoje se tornou uma realidade.
‘ ’. De acordo com o seu artigo quarto “
.
Ainda, desta carta, retivemos mais dois artigos que poderão funcionar como alerta e recomendação. No artigo décimo terceiro recomenda-se que “
”; para, depois, referir que “
NISSOLOGIA/NESOLOGIA
São múltiplas as formas como tem sido substantivada esta nova Ciência das Ilhas. O movimento actual parte do estudo publicado em 1982 por A. Moles2, (Labyrinthes , París, pp. 47-66) onde aparece como “ciência das ilhas”. Passados dez anos, outros investigadores de temas insulares retomam a ideia e abriram o caminho para a vulgarização da nova ciência. Temos assim Nissologie (Depraetere, 1990) e, depois, Nissology (Grant McCall,
.
No debate sobre os Estudos Insulares que realizámos em Outubro de 2009, por proposta do Dr. José Pereira da Costa, decidimos alterar esta designação de ciência das ilhas para NESSOLOGIA mas, depois disto, ao continuarmos os nossos estudos, fomos confrontados com designações diferentes para este conceito: uma que se reporta ao monstro de Loch Ness, e outra com a apropriada, apresentada já em 1998, pelo especialista em estudos clássicos Marcos Martinez: ...
. Ao confrontarmos, ainda este ano, o autor com esta mais usual designação de Nissologia comunicou-nos o seguinte:
. A corroborar esta ideia tínhamos já encontrado, nas diversas pesquisas realizadas, a referência a esta mesma em estudo de um geógrafo alemão, Bernardo Varenio de 1650.
Perante esta situação parece-nos, assim, que a designação mais apropriada para esta ciência das Ilhas é NESOLOGIA, e não NISSOLOGIA, ou NESSOLOGIA. As evidências assim o provam e clamam que, mesmo em questões de terminologia, deveremos ter o máximo de cuidado e ser sérios. Em prol da seriedade e adequada fundamentação que pretendemos para este novo conhecimento
esta questão da nomenclatura que nos parece acessória no conjunto global. Importa sim, a partir de
dos diversos actos que a fundamentam, criar mecanismos para a sua plena concretização através de novas práticas e discursos transdisciplinares. Desta forma, temos que rever todas as nossas práticas de investigação se pretendemos que aquilo que fazemos se enquadre neste chapéu da
2 .Moles, A. A. 1982. “Nissonologie ou science des îles”. , Nr 4: 281-89.:
. (Péron, F. (2004)
Nesologia. A aposta em projectos com equipas de trabalho e espaços de discussão transdisciplinar é o meio seguro para mostrarmos que estamos no caminho certo da NESOLGIA.
Nos últimos tempos, os diversos debates em torno desta nova ciência clamam por uma nova postura de investigação, que passa pela procura de novos temas ( -
)3, o recurso a diferentes metodologias e o uso de distintos conceitos ().
Daqui resulta o apelo da Nesologia para que a identidade dos espaços insulares deva ser construída e estudada pelos próprios. Por outro lado, os estudos nesológicos são a expressão universal do mundo insular, que se alheia dos espaços oceânicos, da cor da bandeira, da língua
papéis: espaços económicos, de apoio à navegação oceânica e ensaios nucleares. Também sabemos que de escalas se transformaram em espaços aprazíveis, para a cura da tísica pulmonar, repouso e deleite de aristocratas e aventureiros e hoje dos turistas.
Actualmente, as ilhas continuam a ser um campo privilegiado de inspiração, estudo e debate. E, sem dúvida que o conhecimento que tivermos delas será fundamental para a compreensão do passado e presente dos espaços oceânicos e continentais.
NOTA BIBLIOGRÁFICAdisponível no texto que publicámos no
, 2009, pp.16-59.
3 relative spaces – bounded but porous; isolated, connected, colonized, postcolonial; redolent of the performative imaginary; vulnerable to linguistic, cultural, environmental change; robust and able to absorb and modify; … utopian and dystopian, tourist meccas, ecological refugia…” (Stratford, E. (2003) ‘Editorial: Flows and Boundaries: Small Island Discourses and the Challenge of Sustainability, Community and Local Environments’, , Vol.8, No. 5,p. 495).
THE ISLANDS: FROM NISSOLOGY TO NESOLOGY
ALBERTO VIEIRACEHA-MADEIRA
Text
Attributed to Gaspar Frutuoso 1522-1591
Jean-Jacques
Rousseau, 1765
Humberto Eco, 1995
Islands. It is hard to deny the prevalence of the islands in our daily lives, nowadays. They are present in almost everything and assume an importance that transcends, all in all, their geographical dimension. They are valued through the myths of Classical Literature as well as through Religion. Eden, the place of the elect and blessed is - for Christians, Muslims and Taoists - an island. The island, as a mythical space, may be present or absent. But perhaps because of some unquestionable presence the geographer Yi-Fu Tuan does not hesitate stating that
. The presence of an island in the human imagination is constant, asserting itself by means of legends and myths. It is in this last dimension that it often appears inhabiting the fantasies of writers and readers. As an idea or a spatial and historical reality, it is in fact a case of literary success, in our society. Since the classical Antiquity, Literature has contributed to the immortalization of this idyllic image. It is a reference as the perfect stage for the
We can all fancy an island of our own, but to the islander, it is present in various forms and has a spatial representation, that which lacks the continental, which is lost in the immensity of plains or mountain ranges. We all, or almost all, idealize a utopia island or the one of the dream to come true; the one that guards and acknowledges our world, our identity and that is our oceanic reference,
our real or imagined home. We all hide a “Robinson Crusoe” and we are all holders of a “Treasure Island”, so this is why islanders are different from continentals.
Globalization has killed our island and tends to create the idea that islands are extensions of the continents; it wants to tie us to the continental universe that eludes us and has nothing to do with our identity. In the twentieth century, tourism set off to the discovery of islands and tied them to the continents. It forced us to share our little world thus opening it to the fruition of continents.
In this day and age: the century of the islands. The island is neither unknown nor forgotten. It is daily present in the political discourse, as in the words of the poet and the writer. It sells itself as tourism seeking to reinvent and uncover the havens of Paradise. It is claimed by the force of weapons, for its strategic importance, both economical and historical. It has been so since ancient times and will continue to be so in the future. According to some scholars, this present millennium is
those which sink due to global warming. How to situate the islands in this global process of change occurring on the planet, how can the islanders preserve their identity in the presence of globalization and the voracity of continental spaces?
History and its authors acknowledge their expression of islands’ avowal, not of the islanders, who every so often seem not to exist. This form of interpreting insular spaces from the continental
1949, the French historian F. Braudel said that . It is this oppression of the islands,
regarding the hegemonic and expansionist interests of the continents, one of the most prevalent facets of our History. The Chinese understood well that strategy which underlyed the Portuguese
them. This seafaring vocation of the constant presence of the sea and the constant glance at it, built this island reality, even in continents, as long as the sea was nearby. We face the amphibian empire, in the words of Luís de Albuquerque, which was gradually built with the revelation of the different seas that became a privileged path for circulation. The Portuguese have used the islands to consolidate their expansionist strategy, politically and economically and, where there were none, they sought to create them by constructions that allowed them to depart from the mainland because their major ability was assigned to the universe of the islands. Who knows if even the independence achieved in the Iberian Peninsula has not also been a way to ?
Island Studies. Given this positioning of the islands concerning the hegemonic strategies of
issued from this European matrix and has risen almost exclusively to validate these intrusions and
difference and identity, we should therefore get involved and create another discourse: the one of the Island Studies that derives from the inside out and not the reverse. The eighties represented a
monographic research. Academic journals were published and were the advocate for this new reality and discourse of the islanders. In several islands’ locations and places, a discussion was started about the multiple issues concerning the various areas of knowledge attributed to the world of islands. But all this was only possible due to a new attitude, as stated by Godfrey Baldacchino “
”This resulted in new discourses or discursive practices, which are part of Island Studies.
Accordingly, the Brazilian anthropologist Manuel Diegues (1998) states that
So we have to pay more attention to certain operational concepts, in order to determine a different approach in the context of our investigations, as stated by the mentioned author “
”. There are three basic concepts that embody a reality that must be materialized in a discursive
practice and in research.
. “Insularity refers to the cultural identity of the islander distinctive from the continental but it is a result of economical and social practices in a limited space, surrounded by the ocean”; while
, as stated by Vilma L. da
NESOLOGY. From here we set off to the discovery of the new Science that emerged in the eighties of the twentieth century and which has presently won emphasis within the debate on Insular Studies. We acknowledge the Science of the islands that does justice to their real importance without
This was supplemented by additional remarks from other experts such as G. Baldacchino (2008) who aims the view from the inside out:
However, this posture is not satisfactory to enable a Science, and as determined by C Depraetere (2008)
of knowledge is not accomplished through specialization but through open discourse and research,
according to Palmade (1979), it was possible to
Breaking from the Industrial Revolution positivist rationalism, also means to move further in
, but we must
it concerns what is, at the same time, common to the disciplines and beyond each one of them in
particular and that can only be found through the mutual contribution of all. This is what is called ‘transdisciplinary discourse’ (cross curriculum) which in 1970 was merely a dream for Piaget but that has now become a reality.
In 1994, at a conference held at the Convent of Arrábida, in Portugal, the Cross Curriculum ‘ was established. According to its fourth article
We have still highlighted from this Charter two more articles that could serve both as a warning and a recommendation. In the thirteenth article it is recommended that
. It still adds that
NISSOLOGY / NESOLOGY There are multiple ways to name this new Science of the Islands. The present movement arises from the study published in 1982 by A. Moles1 ( , Paris, pp. 47-66) where appears as “science of the islands”. Ten years later, researchers from other insular topics have incorporated the idea and opened way for the spread of the new science. Thus emerges Nissologie (Depraetere, 1990) and then Nissology (Grant
.At some stage in the debate on Insular Studies, held in October 2009, by suggestion of Dr. José
Pereira da Costa, we decided to change this designation of science of the islands to but as we pursued our studies, we were confronted with different meanings for this concept: one that refers to the Loch Ness Monster, and another one already presented in 1998 by an expert in classical studies, Marcos Martinez:..
As we recently confronted the author with this, more frequent, designation of he informed the following:
. Corroborating this idea we had already found, in various investigations carried out, the reference to this same study by a German geographer, Bernardo Varenio 1650.
1 .Moles, A. A. 1982. “Nissonologie ou science des îles”. , Nr 4: 281-89.:
. (Péron, F. (2004)
Given this situation it seems that the most appropriate designation for this science of the islands is NESOLOGY, not NISSOLOGY, nor NESSOLOGY. The evidence proves and claims that, even in matters of terminology, we must take the utmost caution and seriousness. Taking into consideration the earnestness and adequate grounds that we intend for this new knowledge, we will designate
that seems to be accessory within the global context. From now on it is important to consider
in which it is based, creating mechanisms for their full implementation through new practices and
under the umbrella of Nesology. The bet on projects with work teams and transdisciplinary areas of discussion is the safest way to show that we are on the exact path of NESOLGY.
Lately, the various debates around this new science call for a new approach to research, which involves the search for new themes ( )2, the use of different methodologies and the use of different .
Subsequently, Nesology’s appeal so that the identity of the insular spaces should be constructed and studied by islanders. Furthermore, studies are the universal expression of the
language, the geographical dimension and the political condition. Only then will we be able to say that islands, despite their geographical dimension, were and still are great in political, economic,
from port of call places, islands have become pleasant spaces, for the cure of pulmonary phthisis, recreation and enjoyment of aristocrats, adventurers and tourists, at the present time.
that the knowledge we have of them will be key for understanding the past and present of oceanic and continental spaces.
BIBLIOGRAPHIC NOTE: the bibliography used in this paper is available in the text published in
, 2009, pp.16-59.
2 relative spaces – bounded but porous; isolated, connected, colonized, postcolonial; redolent of the performative imaginary; vulnerable to linguistic, cultural, environmental change; robust and able to absorb and modify; … utopian and dystopian, tourist meccas, ecological refugia…” (Stratford, E. (2003) ‘Editorial: Flows and Boundaries: Small Island Discourses and the Challenge of Sustainability, Community and Local Environments’, , Vol.8, No. 5,p. 495).