Armadilha Do Destino - Dorothy Cork - baixardoc

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Armadilha do destino (Forget and Forgive) Dorothy Cork Sabrina no. 69 "Ingleses e franceses não conseguem entender, de jeito nenhum", pensava Brianna, com certa razão. O casamento da mãe, francesa, com o pai, inglês, tinha fracassado totalmente, dividindo a família ao meio: Brianna ficou na Inglaterra com o pai e sua irmã Isabelle foi para a França com a mãe. Ficaram muitos anos sem se ver. Agora, com a morte do pai, tinha chegado a hora de reencontrar a mãe e esquecer o passado. Brianna arrumou as malas, foi a Paris... e tudo teria sido fácil se não fosse a atração que sentia por Philippe, o enteado de sua mãe, um francês irresistível por quem Isabelle também estava apaixonada. Armadilha do Destino “FORGET AND FORGIVE” DOROTHY CORK Digitalização: Dores Cunha Correção: Edith Suli CAPITULO I - Você está louca, Bri - disse Peter Arden. Seguiu Brianna até a sala, acendeu a luz do abajur e sentou-se com a Livros Florzinha - 1 -

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Armadilha do destino (Forget and Forgive) Dorothy CorkSabrina no. 69

"Ingleses e franceses não conseguem entender, de jeito nenhum", pensava Brianna, com certa razão. O casamento da mãe, francesa, com o pai, inglês, tinha fracassado totalmente, dividindo a família ao meio: Brianna ficou na Inglaterra com o pai e sua irmã Isabelle foi para a França com a mãe. Ficaram muitos anos sem se ver. Agora,

com a morte do pai, tinha chegado a hora de reencontrar a mãe e esquecer o passado. Brianna arrumou as malas, foi a Paris... e tudo teria sido fácil se não fosse a atração

que sentia por Philippe, o enteado de sua mãe, um francês irresistível por quem Isabelle também estava apaixonada.

Armadilha do Destino

“FORGET AND FORGIVE”

DOROTHY CORKDigitalização: Dores Cunha

Correção: Edith Suli

CAPITULO I

- Você está louca, Bri - disse Peter Arden.Seguiu Brianna até a sala, acendeu a luz do abajur e sentou-se com a

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familiaridade de um velho amigo da casa. Ele e Brianna já eram amigos há dois anos, por isso sentia-se tão à vontade na casa dela. Desde a morte da avó, seis semanas antes, ela havia cedido parte da casa a um casal conhecido, conservando para seu uso particular uma saleta no andar superior, onde podia receber os amigos.- Louca por quê? - Ela perguntou por fim, sentando-se em uma poltrona, diante de Peter.- Sabe muito bem por quê. Lançar-se às cegas numa aventura, para reencontrar esses parentes que não ligam a mínima para você! Isso depois de ter dito milhares de vezes que sua verdadeira família é a que tem aqui em Canterbury.- Certo, Peter, mas agora que vovó morreu não tenho mais ninguém - disse Brianna. - E essa maneira de se referir aos franceses não é delicada. . . não se esqueçade que minha mãe é francesa!- Desculpe, eu sempre esqueço. Mas é que você é tão inglesa em tudo. . . e seu lugar sempre foi aqui. Acho que está procurando problemas. . . mentais, emocionais, o diabo. . .- Não acho. Mas, de qualquer maneira, já decidi e está acabado.- Gostaria de entender por que - disse Peter, enfático. Brianna suspirou. Gostava muito de Peter e sempre se deu muitobem com ele. Tinham um relacionamento fraternal, mas os pais dele, com quem haviam jantado naquela noite, queriam vê-los casados. Era a última noite de Brianna na Inglaterra e a senhora Arden pediu-lhe várias vezes que voltasse da França antes do fim do verão, pois todos, especialmente Peter, sentiram muita falta dela. Indiretamente, deixou claro que esperava que ela e o filho se casassem assim que ele terminasse o curso de professor. A moça sempre se fingia de desentendida e evitava o assunto, mas agora Peter estava começando a ficar insistente quanto às razões e os porquês da viagem a Paris. Apesar disso, tinha o bom senso de não falar em amor e casamento, idéia que atraía muito mais aos pais dele.O fato de Peter tentar fazê-la mudar de idéia, agora, levou-a a

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concluir que a perspectiva de que ela ficasse para sempre na Françaestava começando a torná-lo possessivo. Ele era um rapaz muito simpático, de cabelos e olhos castanhos, mas aparentava menos que seus vinte e um anos, tanto física quanto mentalmente.- Você sabe porque eu vou - respondeu ela. - Sempre me senti culpada pela atitude fria que assumi diante da minha mãe e da minha irmã. Agora que minha mãe tomou a iniciativa e me convidou para ir viver com ela não posso recusar a oportunidade, Peter. Ela passou muito tempo no hospital e acho que posso ser útil nesse período de convalescença. - Ergueu para ele os olhos suplicantes.- Ponha-se no meu lugar e imagine que não vê sua mãe há muitos anos, que nem mesmo tem notícias dela, . . não ia querer. . .- Pelo amor de Deus, Brianna, não me obrigue a fazer ginástica mental! - interrompeu. - A verdade é que sua mãe a abandonou quando você ainda era uma criança e, portanto, não merece nenhuma consideração.- Eu já tinha nove anos e ela não me abandonou, como você diz. Nesse caso, também se pode dizer que papai abandonou Isabelle. Ninguém tem culpa se o casamento deles não deu certo. Era muito natural que, com a separação, cada um ficasse com uma das filhas. E mais natural ainda que fosse eu a ficar na Inglaterra, já que era mais velha e estava na escola. Nas mesmas circunstâncias você e eu teríamos feito a mesma coisa.Peter deu um sorriso meio irónico. - Ora, Bri, não vai querer me convencer de que está tudo às mil maravilhas... Sei muito bem que não está. Sua avó já me contou muitas histórias. Os franceses fizeram muito mal a você levando-a para a França quando seu pai morreu. Sua avó me contou que levou meses para reparar os danos que eles causaram ao seu ego. Detestam ingleses e odeiam todos e tudo que não seja francês.- Vovó era um pouco exagerada -, disse Brianna, meio sem jeito, - E, além disso, tenho consciência de que me comportei terrivelmente mal nas poucas semanas que passei em Paris. - Mordeu os lábios. - Fico

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envergonhada quando penso em algumas das coisas que fiz e não vejo a hora de voltar para fazer as pazes com minha mãe e minha irmã.Peter tirou do bolso um maço de cigarros, que ofereceu mecanicamente a ela. Brianna recusou com um gesto, mergulhando nos próprios pensamentos. Sabia muito bem que não ia ser fácil. Talvez fosse até impossível restabelecer um bom entendimento com a família. Não tinha simpatizado com os franceses, nem eles com ela. Naquela época, era uma estudante de quase quinze anos, alta e desajeitada, sem inclinação para a vida social e imatura em todos os sentidos. Nessas circunstâncias, não era de estranhar que tivesse ficado revoltada quando a mãe se casou pela segunda vez. Mas só agora percebia que a responsável por essa revolta tinha sido a avó, embora não admitisse isso nem mesmo para Peter. A avó jamais simpatizara com a francesa que o filho levou para casa como esposa. E passou a odiá-la quando Lucie, menos de seis meses depois da morte do marido, tornou a se casar.- Casar tão pouco tempo depois da morte do seu pai, Brianna! Ela não tem sentimentos. . . só se interessa pelo que está do outro lado do canal. É bem provável que já tivesse um caso com esse Jacques d Hellier muito antes da morte de Malcolm. com certeza, abandonou seu pai por causa desse homem e só usou a mãe doente como desculpa. Não! Decididamente, não confio nos franceses! - dissera a avó na época.Nunca permitiu que Brianna voltasse à França, usando como argumento a idade e a saúde que piorava. Como a primeira experiência tinha fracassado, Brianna não insistiu em tentar outra vez, mas agora lamentava profundamente ter-se deixado levar pelo ódio irracional da avó.. .- É uma sensação horrível estar permanentemente em guerra com o próprio sangue e a própria carne - disse em voz alta. - Tudo que quero é esquecer o passado e começar de novo. Por isso, Peter, não comece a encher minha cabeça com idéias negativas. Dessa vez quero encontrar meu padrasto e a família dele de coração aberto e com

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idéias positivas.- Por acaso sua decisão tem alguma coisa a ver com aquele simpático meio irmão que veio visitá-la depois que sua avó morreu? perguntou Peter, enciumado.- Philippe? - Aborrecida, percebeu que tinha enrubescido. Que bobagem, claro que não! Por que teria?- Não sei, talvez você queira impressioná-lo. . .- Não quero impressionar ninguém - respondeu, tensa. - De minha parte, não o acho assim tão simpático. E, além do mais, ele mora em Burgundy e não em Paris.- Burgundy, na Cote d Or? Que romântico! - comentou Peter.- Não admira que minha mãe esteja insistindo tanto para que você volte logo. com certeza já imagina você caindo de amores por todo aquele charme francês.- Essa é a última coisa que vai me acontecer - disse Brianna. -- Nunca me envolveria com um francês depois do que aconteceu entre minha mãe e meu pai. Por experiência própria, sei que ingleses e franceses não combinam.- Se acredita mesmo nisso então está acabando de admitir que vai fazer uma loucura! - Olhou para o relógio e levantou-se. - Agora é melhor você ir para a cama, para poder enfrentar descansada a grande aventura. Para ser sincero, Bri, vou ficar torcendo para que os ingleses e os franceses continuem não combinando, assim você logo estará de volta. - Estendeu a mão e ajudou-a a levantar-se. - Acha que estou sendo muito maldoso? Está bem, concordo em fazer algumas pequenas concessões. . . Espero que consiga provar à sua mãe que já é uma moça simpática que sabe se comportar. E tem também minha permissão para impressionar favoravelmente sua irmãzinha. Depois disso, não vou me opor a que escreva sempre para elas e mande um presentinho de vez em quando. Quanto aos Hellier, espero que depois de vinte e quatro horas já esteja farta deles. - Calou-se, sorriu e admitiu: - vou sentir saudades. - Depois, antes que ela pudesse reagir, beijou-a.

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Brianna quase entrou em pânico. Mais um minuto e ele estaria dizendo que a amava. . .- É muita gentileza sua dizer isso, Peter - acrescentou depressa.- Mas nunca falei em ficar lá para sempre. Acho que mamãe está preocupada por eu estar aqui sozinha, mas a duração da minha permanência vai depender do meu relacionamento com ela. Provavelmente o período de adaptação vai ser um pouco longo, porque não se desfaz de um dia para o outro um ressentimento de tanto tempo. Mas também é possível que me chutem de lá! - terminou, bem-humorada.- Desculpe, mas espero que façam isso logo - disse Peter. bom, boa noite, Bri, e não se esqueça de me escrever.Depois que ele saiu ela arrumou a sala, esvaziou os cinzeiros e subiu para o quarto. A luz dos Martin já estava apagada e a casa, silenciosa. O quarto estava estranhamente vazio e as duas malas ainda abertas eram uma dolorosa recordação de que no dia seguinte àquela hora estaria deixando a Inglaterra. Vestiu a camisola e foi para a cama, mas não conseguiu dormir logo por causa dos pensamentos agitados que lhe ocupavam a cabeça.A senhora Arden estava redondamente enganada se pensava que Brianna sentia alguma atração por Philippe. Achava-o atraente, mas entre eles existia uma hostilidadeprofunda que não tinha desaparecido, nem mesmo depois de sete anos. Ele havia presenciado alguns dos piores momentos de Brianna no apartamento dos Hellier e ela ainda se lembrava dos olhares de desprezo que lhe dirigia, embora não fizesse o menor comentário. Tinha sido sincera ao dizer que não queria vê-lo com frequência, pois sua presença era perturbadora.Tinha sofrido mais do que o suportável durante os meses em que vivera na França com a nova família da mãe. A experiência tinha resultado num completo fracasso e, apesar das lágrimas que ela e a mãe derramaram na despedida, nunca sentiu desejo de voltar. Nunca.Aquelas poucas semanas foram de profundo sofrimento. Sentiu-se

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como uma estranha entre os Hellier, que não demonstraram o menor interesse em comunicar-se com ela em inglês. Além disso, sentia-se horrivelmente diferente dos outros membros da família, até nas roupas. Mesmo a pequena Isabelle parecia mais bem informada sobre moda do que Brianna, cujo guarda-roupa era escolhido pela avó. As moças da família Hellier, Honorine, de dezessete anos, e MarieClaude, um pouco mais nova que Brianna, eram muito chiques. Marie-Claude fazia piadas sobre ela da maneira mais insensível. Não era nada agradável ser criticada por uma garota mais nova e infinitamente mais segura. Sentindo profundo ódio por todos, passava a maior parte do tempo escondida no quarto.A mãe não tinha habilidade para lidar com a agressividade das meninas e, além disso, passava grande parte do tempo ocupada com Isabelle, uma menina fraca, doentia e ligeiramente neurótica. Certa vez, quando Marie-Claude zombou do seu sotaque, Brianna atirou-lhe um livro no rosto e foi chamada pela mãe de pequena selvagem.Havia também dois garotos na família Hellier. Paul, o mais novo, já trabalhava com o pai, um comerciante e exportador de vinhos com escritórios em Paris e Dijon, e Philippe, que só esteve em casa por dois dias odiosos para ela, pois passava a maior parte do tempo em Burgundy com o avô paterno, aprendendo a arte de fabricar um bom vinho. Em relação ao senhor Hellier, um homem alto e moreno, quatorze ou quinze anos mais velho que a mãe de Brianna, procurou manter a maior distância possível.Às vezes ficava imaginando se não teria tentado ser mais gentil com os membros daquela família se a avó não lhe tivesse incutido a idéia de que seria terrivelmente infeliz entre os estrangeiros, garantindo-lhe que podia voltar quando quisesse para a Inglaterra - "seu verdadeiro lar".- Você é necessária aqui, querida! Você é tudo que tenho. Lá não é necessária nem querida, mas sua mãe a chamou e tenho quedeixá-la ir, embora saiba perfeitamenteque não vai se adaptar. Os franceses não são como nós e vão fazê-la

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sofrer! - foram suas palavras quando Brianna partiu.Honorine e Paul estavam casados, conforme tinha dito Philippe, mas Marie-Claude não. A detestável Marie-Claude, que tantas vezesjogou no rosto de Brianna o fato de ser uma estranha naquela casa, onde tudo pertencia aos Hellier. A xícara que Brianna quebrou "sua inglesinha desastrada!" -, o tapete caro em que derramou um pouco de café, o enorme travesseiro quadrado do qual Brianna se queixava. . . tudo pertencia ao senhor Hellier. Brianna era a inglesa ignorante, incapaz de apreciar esses refinamentos.Talvez Peter estivesse certo ao dizer que era uma louca em voltar para junto daquela família, praticamente colocando a cabeça dentro da boca do leão.Se fosse apenas por Isabelle e pela mãe, estaria tudo bem. Mas não! Havia também os outros membros da família, todos muito unidos. A mãe chegou mesmo a mandar Philippe ii Canterburypara ver se Brianna precisava de ajuda, depois da morte da avó. Não se preocupou em ir ela própria, mas Brianna a perdoou, já que não estava bem de saúde.Ele chegou sem avisar, um dia depois do enterro, numa tarde em que ela estava sozinha em casa, meditando sobre as mudanças que ocorreriam daí para a frente na sua vida. A avó estava semiparalítica há dois anos, por isso Brianna não trabalhava em tempo integral. O trabalho era só um passatempo, pois o dinheiro deixado pelo pai e os rendimentos proporcionados pelas propriedades da avó davam muito bem para mante-las com tranquilidade. Trabalhava parte do dia na livraria do pai de Peter e fazia um curso de francês. Tinha estudado francês, mas as zombarias de Marie-Claude deram a ela a dolorosa consciência de que os conhecimentos proporcionados pela escola não eram suficientes. Suficientes para quê, ela não sabia muito bem - talvez por uma questão de orgulho ferido. Não daria motivos para novas zombarias caso encontrasse Marie-Claude outra vez.Nunca pensou que esse reencontro pudesse acontecer, pois o único contato que mantinha com os Hellier era através de uma carta por

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ocasião do Natal. Às vezes sentia-se um pouco triste com esse afastamento e certo dia expressou seus sentimentos à avó, que a tranquilizou, dizendo:- Não se preocupe com eles. querida, porque eles também não se preocupam com você. Estão contentes uns com os outros e você está contente comigo e com seus amigos, não está?Sim, Brianna achava que estava feliz e tentava esquecer as tristezas.Tinha escrito à mãe comunicando a morte da avó e, em resposta, recebeu uma calorosa carta de condolências, o que de certa forma a surpreendeu. Surpreendeu-a também o convite para ir viver em Paris.agora que estava sozinha, como se o passado tivesse sido perdoado e esquecido. Seu primeiro impulso foi ir imediatamente, mas decidiu esperar até que todos os problemas relativos à morte da avó estivessem resolvidos. Além do mais, concluiu que seria um contra enso viajar só por poucos dias.Pensou que talvez fosse bom discutir o assunto com a senhora Arden, mas por outro lado achava que esse era um problema muito pessoal e que devia resolvê-lo sozinha. Também ficou em dúvida quanto ao significado do convite - se a mãe queria que ela fosse viver com os Hellier como parte da família ou estava só tentando ser gentil.. Na verdade, não estava sozinha no mundo, pois tinha os Arden e muitos outros amigos, além do dinheiro necessário para se sustentar. Decidiu que a melhor coisa a fazer seria escrever uma resposta cheia de calor dizendo que adoraria ir, mas que no momento tinha muitos assuntos a resolver na Inglaterra. Depois disso esperaria até receber um convite mais preciso da mãe: "Venha passar uma semana, ou um mês, ou o resto da vida. . ."Estava ocupada com a carta quando a campainha tocou. Ao atender, defrontou-se com um homem que reconheceu imediatamente, com profunda sensação de choque, como Philippe d Hellier.Durante alguns instantes apenas se olharam em silêncio, enquanto ela imaginava o que estaria se passando na cabeça dele. Ele devia saber quem ela era, já que tinha vindo à sua casa. Mas, por outro lado, ela

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estava consciente de não ser mais aquela estudante desajeitada, rebelde e teimosa que era da última vez que se encontraram. O que ele via agora era uma moça alta, esbelta, vestida com sirriblicidade e de rosto sem pintura, cujos cabelos castanhos caíam soltos sobre o rosto. Não era nenhum modelo de sofisticação, mas tinha melhorado bastante.Ele agora era um homem maduro, alto e de ombros largos. Tinha um nariz bem-feito, boca sensual e rosto inteligente, dominado por penetrantes olhos cor de safira.com esforço conseguiu desviar o olhar daqueles olhos, sentindo que ficava pálida. Ele se adiantou e, com um sorriso frio, disse:- Você é Brianna Gaze, não é?- Sou. - Surpreendeu-se com a quase ausência de sotaque no inglês dele. - E você é Philippe d Hellier, não? Não o esperava. Quer entrar?- Obrigado.Conduziu-o até a sala, consciente do próprio nervosismo. A presença dele a deixara abalada. Percebeu que ele lançava um olhar de aprovação à sala bem mobiliada,que, embora não chegasse aos pés da sala de estar dos Hellier, tinha certo encanto. Os quadros não eram originais, mas podiam ser considerados excelentes reproduções dos grandes mestres. com certeza não correspondiam ao gosto dele, mas por que haveria de se preocupar com isso?Os minutos que se seguiram foram um tormento. Ela mal o ouviu expressar condolências e desculpar-se pela ausência dos Hellier durante o enterro. Foi completamente dominada por uma onda incontrolável de recordações dolorosas que vieram à tona, depois de reprimidas por tanto tempo - recordações dos três dias passados em Paris, quando a situação atingiu tal gravidade que Brianna foi mandada de volta à Inglaterra. Revoltada, aterrorizada, ela fugiu de casa, passando todo um dia no metro enquanto a mãe, desesperada, andava à procura dela. Quando as buscas fracassaram, a família, exausta, chamou a polícia.

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