APSIG: UMA FERRAMENTA CRIADA PARA O AMBIENTE MOODLE QUE PERMITE O PLANEJAMENTO DE CURSOS A...
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APSIG: UMA FERRAMENTA CRIADA PARA O AMBIENTE MOODLE QUE
PERMITE O PLANEJAMENTO DE CURSOS A DISTÂNCIA, UTILIZANDO
MAPAS CONCEITUAIS
Saullo Haniell Galvão de Oliveira Graduando em Tecnologia em Banco de Dados pela FATEC - Indaiatuba, Instrutor de
Treinamentos na Kaizen Consultoria e Serviços
Dilermando Piva Junior Doutor em Engenharia Elétrica e da Computação pela UNICAMP, Coordenador e Professor do
curso de Ciência da Computação do CEUNSP, Professor da FATEC-Indaiatuba e Responsável
técnico do Centro Paula Souza no convênio com a UNIVESP (Universidade Virtual do Estado
de São Paulo). [email protected]
Resumo
Este trabalho pretende apresentar uma ferramenta computacional (APSIG) desenvolvida
para o Moodle, ambiente virtual de aprendizagem (AVA), que baseado em um
planejamento realizado através da construção de um mapa conceitual (MC) na
ferramenta CMapTools, ele gera, automaticamente, um curso no AVA. O planejamento
didático, sempre foi e continua sendo, uma fase que exige certa quantidade de tempo
dos docentes. E é este planejamento que muitas vezes incorpora em si o sucesso ou
fracasso discente. Quando o planejamento é feito em ferramentas gerenciadoras de
cursos online, como por exemplo, o Moodle, além do tempo “do pensar e elencar
conteúdos”, existe o tempo de criação da área da disciplina e de seus tópicos. Para cada
tópico, o docente com experiência no AVA pode despender um bom tempo, variável em
virtude das características do Servidor e da conexão. A ferramenta desenvolvida para o
ambiente Moodle (APSIG – Aprendizagem Significativa), poupa o docente dessa tarefa
“repetitiva e puramente operacional”, importando as informações contidas em um Mapa
Conceitual, que congrega o planejamento realizado de forma visual, elencando os
conceitos mais importantes e suas relações, e criando, automaticamente, os tópicos da
disciplina no ambiente virtual de aprendizagem. Para que o mapa pudesse ser
importado e os tópicos serem gerados com uma linha de prioridade e fluxo correto,
foram estipuladas seis regras para a criação, ou transformação, de um mapa conceitual a
ser utilizado como planejamento didático. Por fim, é demonstrada a utilização da
aplicação APSIG e a efetiva criação de um curso no Ambiente Moodle.
Palavras-chave: Mapas Conceituais, Planejamento Didático, Moodle, Cursos a
Distância, Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
1. Introdução
A dimensão tecnológica pressupõe uma nova forma de conhecimento. Essa
dimensão prioriza um novo conhecimento, um conhecimento que considera o
desenvolvimento do pensamento reflexivo e criativo como aspecto fundamental da
cognição humana.
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Nesse contexto, o planejamento didático é uma fase que exige uma certa
quantidade de tempo dos docentes. Quando o planejamento é feito em ferramentas
gerenciadoras de cursos online, como por exemplo o Moodle, além do tempo “do pensar
e elencar conteúdos”, existe o tempo de criação da área da disciplina e seus tópicos.
O presente artigo apresenta uma ferramenta desenvolvida para o ambiente
Moodle, que poupa o docente dessa tarefa “repetitiva e puramente operacional”,
importando as informações contidas em um Mapa Conceitual, que contem o
planejamento gráfico da disciplina, desenvolvido em CMapTools, criando,
automaticamente, os tópicos da disciplina no ambiente.
2. Aprendizagem Significativa
A teoria de aprendizagem significativa foi proposta por Novak e Ausubel em
1984. Tal teoria afirma que a aprendizagem se dá através do relacionamento entre
conceitos, podendo ser entre os conceitos pré-existentes na estrutura cognitiva do
aprendiz, também chamados de subsunçores, como também no relacionamento entre os
subsunçores e o novo conhecimento. Dessa forma, a aprendizagem é dita significativa
quando as novas informações se relacionam de maneira não arbitrária e substantiva à
estrutura cognitiva do aprendiz. Por não arbitrária entenda-se que o conhecimento
adquirido se relaciona com o conhecimento especificamente relevante do aprendiz, e
por substantividade entenda-se que é a substância do conhecimento e não as formas de
descrevê-lo que são armazenadas (MOREIRA, 1998, p.2).
Como o conhecimento prévio tem o papel fundamental de se relacionar com o
novo conhecimento, servindo de base para este, é possível destacar que a aprendizagem
significativa depende fortemente do conhecimento prévio do aprendiz, ou seja, “só
podemos aprender a partir daquilo que já sabemos” (MOREIRA, 2005, p.3). Outra
variável que influencia significativamente a aprendizagem significativa é que o aprendiz
deve apresentar uma pré-disposição em aprender significativamente, ou seja, deve partir
do aprendiz o esforço em relacionar os conceitos que já conhece com o material a ser
aprendido, buscando encontrar relações entre eles.
O relacionamento entre conceitos pré-existentes na estrutura cognitiva do
aprendiz é chamado de reconciliação integrativa, já que são descobertos novos
relacionamentos entre conceitos que já eram conhecidos. Quando o relacionamento se
dá entre os subsunçores e o novo conhecimento, ele é chamado de diferenciação
progressiva, já que os subsunçores vão adquirindo novos significados para o aprendiz
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progressivamente. Tal diferenciação pode, por exemplo, generalizar ou especificar o
conceito.
A aprendizagem significativa depende exclusivamente do aprendiz, no entanto, o
professor pode e deve incentivá-la, já que é sua responsabilidade compartilhar o novo
conhecimento. Dessa forma, foram desenvolvidas algumas técnicas para incentivar a
aprendizagem significativa, e uma delas é o uso de mapas conceituais, que são
discutidos na próxima seção.
3. Mapas Conceituais
Um mapa conceitual é uma representação gráfica de conceitos e seus
relacionamentos. Dessa forma, atuam como uma representação do conhecimento do
indivíduo ou grupo de indivíduos autores do mapa sobre um determinado domínio do
conhecimento. Num mapa conceitual os conceitos são representados por retângulos, e
os relacionamentos entre os conceitos por linhas com uma frase descrevendo a ligação.
O relacionamento entre os conceitos é chamado de proposição. A Figura 1 mostra um
mapa conceitual sobre os elementos de um mapa conceitual e evidencia um conceito e
uma proposição.
Figura 1: Exemplo de mapa conceitual
Existem diversas padronizações para a criação de mapas conceituais que são
adotadas em diversas instituições ou por diversos autores. No entanto, essas
padronizações não são obrigatórias, servem apenas para facilitar o entendimento dos
mapas conceituais. Mesmo assim, os mapas conceituais não são auto-explicativos,
devem ser explicados pelo autor. Como o aprendizado é sujeito a interpretação pessoal,
também não existem mapas conceituais corretos. Existem porém mapas que evidenciam
o não aprendizado.
Mapas conceituais podem ser utilizados nas mais diversas ocasiões, tanto em
avaliações instrucionais, como até mesmo na elaboração de currículo de um novo curso,
seja ele a distância, semipresencial ou presencial. A Figura 2 mostra um mapa
conceitual que pode ser utilizado no desenvolvimento de um curso sobre o
funcionamento da política brasileira.
Figura 2 – Mapa conceitual sobre o funcionamento da política brasileira.
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Existem alguns softwares que auxiliam o desenho de mapas conceituais, um de
grande destaque é o CmapTools desenvolvido pelo IHMC (Institute of Human and
Machine Cognition ). O CmapTools permite também o desenho colaborativo de mapas
conceituais, isto é, várias pessoas residindo em locais diferentes podem colaborar para o
desenvolvimento de um mesmo mapa conceitual. Outra característica importante do
CmapTools é que ele permite exportar o mapa desenhado no formato CXL, que é um
formato derivado do XML (eXtensible Markup Language – É uma linguagem de
marcação que busca definir estruturas em documentos não estruturados. Muito utilizado
em transferência de dados), facilitando assim a integração com outros softwares.
4. APSIG
O APSIG é um software desenvolvido para ser utilizado com o Moodle. Ele
transforma um mapa conceitual em um curso no Moodle, seguindo algumas regras. Para
que a transformação seja realizada com sucesso, essas regras devem ser aplicadas no
desenvolvimento do mapa conceitual e serão explicadas na próxima seção. Sendo assim,
o APSIG é recomendado para os criadores de curso no ambiente Moodle, pois permite
criar cursos a partir de mapas conceituais e assim desfrutar de todas as vantagens que o
uso de mapas conceituais oferece. A Figura 3 exibe a tela do APSIG.
Figura 3 – Tela do APSIG
A instalação do APSIG é bem simples, bastando colocar a pasta que contém os
seus arquivos no diretório raiz do Moodle, como mostra a Figura 4, em seguida é só
acessar o Moodle e adicionar no final da sua URL o texto “/apsig” como exibido na
Figura 5.
Figura 4 – Pasta do APSIG no diretório raiz do Moodle
Figura 5 - Exemplo de endereço de acesso do APSIG
A utilização do APSIG é simples, sendo necessário já ter criado o mapa
conceitual e o curso no Moodle. Um detalhe importante é que o curso criado no Moodle
deve estar no formato de tópicos. Já a quantidade de tópicos é indiferente, pois o APSIG
configura este valor para adequar ao resultado do processamento do mapa conceitual.
Em seguida carrega-se o mapa conceitual no formato CXL e escolhe-se o curso que se
deseja aplicar o mapa conceitual. Para concluir, basta pressionar o botão “Salvar
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Mudanças” e o APSIG irá processar o mapa conceitual e redirecionar para o curso já
configurado. A seguir serão discutidas as regras necessárias para o uso do APSIG e em
seguida seu uso será exemplificado.
5. Regras do APSIG
O APSIG transforma os conceitos do mapa conceitual em tópicos de um curso
no Moodle. Para que isso seja feito com sucesso, o APSIG segue 6 regras, que definem
a seqüência de leitura e padronizam o desenvolvimento do mapa conceitual. São elas:
1. Tudo aquilo que o criador do curso desejar que se tornem tópicos no
Moodle, deve ser criado como conceito no mapa conceitual.
2. O mapa conceitual deve dispor os conceitos de forma que os mais gerais
fiquem na parte superior do mapa, e os conceitos mais específicos
fiquem na parte inferior.
3. Não devem existir conceitos isolados (que não participam de
proposições).
4. Os conceitos serão transformados em tópicos na seqüência de leitura de
cima para baixo e da esquerda para a direita.
5. O nível de detalhes do mapa conceitual irá afetar diretamente a
quantidade de tópicos no Moodle.
6. O uso de setas direcionais não afeta a leitura do mapa.
Se as regras forem verificadas no mapa conceitual da Figura 2, nota-se que a
seqüência de transformação dos conceitos do mapa em tópicos no curso do Moodle,
seria:
1. Política Brasileira
2. Poder Judiciário
3. Poder Executivo
4. Prefeitos Municipais
5. Presidente da República
6. Governadores Estaduais
7. Poder Legislativo
8. Deputados Federais
9. Deputados Estaduais
10. Vereadores
11. Senadores
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Na próxima seção, será demonstrada a utilização do APSIG no mapa conceitual
da Figura 2.
6. Utilização do APSIG
Para que o mapa conceitual seja lido pelo APSIG é necessário que ele possua o
formato CXL. A Figura 6 mostra como realizar esta transformação utilizando o
CmapTools.
Figura 6 – Exportar mapa conceitual para o formato CXL. Selecionar a opção
Arquivo > Export Cmap As > Arquivo CXL.
Após exportar o arquivo no formato CXL, é necessário criar um curso no
Moodle. Para criar um curso no Moodle deve-se acessar a área administrativa e
pressionar o botão “Criar um novo curso” como destacado na Figura 7.
Figura 7 – Acessando a criação de um curso no Moodle. Selecionar a opção
Cursos > Acrescentar/modificar cursos, e na página principal “Criar um novo
curso”
Na página de criação do curso, é necessário configurar o nome do curso, o nome
breve e o formato que deve ser “Tópicos”. Como dito anteriormente, a quantidade de
tópicos não produz impacto na utilização do APSIG pois ele irá configurar este valor de
acordo com a quantidade de tópicos do mapa conceitual. A Figura 8 mostra a criação do
curso.
Figura 8 – Criação do curso “Política Brasileira”
Feito isso, basta acessar o APSIG, escolher o curso criado e escolher o arquivo
CXL referente ao mapa conceitual desejado, que neste caso é o mapa da Figura 2.2. Ao
pressionar o botão “Salvar Mudanças”, o APSIG irá processar o mapa conceitual e
redirecionar para a página do curso já configurada. A Figura 9 mostra o curso “Política
Brasileira” resultante do processamento do mapa conceitual da Figura 2.
Figura 9 – Tópicos do curso “Política Brasileira” configurados pelo APSIG
7. Conclusão
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Antes de pretender esgotar o assunto, este trabalho apresentou, a partir da
utilização de ferramentas amplamente difundidas, como o CMapTools e o Moodle, uma
forma de planejamento educacional, envolvendo a aprendizagem significativa e a
montagem visual do planejamento realizadas pela construção de mapas conceituais.
Neste contexto, há um destaque especial para a redução do impacto “tempo” no
planejamento docente, além de poupar o docente de tarefas “operacionais e rotineiras”.
Os resultados práticos obtidos com uma experimentação inicial, ainda que
limitada, demonstrou que a ferramenta APSIG atende os propostos básicos que
nortearam seu desenvolvimento. Na medida em que ampliou a possibilidade do
professor na percepção visual do todo, no que diz respeito ao curso e aos tópicos
ministrados.
Busca-se, em síntese, ampliar o potencial e efetividade do planejamento docente
utilizando tecnologias baseadas no ensino online. É um novo campo de possibilidades
que poderá trazer soluções inovadoras para o ambiente da sala de aula virtual e auxiliar
na quebra do atual paradigma de planejamento didático, abrindo as portas para o
fantástico mundo da aprendizagem significativa.
Há de se ressaltar que a ferramenta APSIG deverá sofrer melhorias,
principalmente no que diz respeito a relação com o Moodle, tornando os processos mais
simples e significativos.
8. Referências Bibliográficas
Filho, A.; Conte com o Moodle no próximo semestre. Brasília: Creative Commons,
2009.
Michael. In pursuit of meaningful learning. Advances in physiology education,
Illinois, v. 25, n. 3, p. 145 – 158, 2001.
Moreira, M.; Linguagem e aprendizagem significativa. In: II Encontro
Internacional: Linguagem, Cultura e Cognição. Mesa redonda Linguagem e Cognição
na Sala de Aula de Ciências. Belo Horizonte, MG, Brasil, 16-18/jul/2003. Disponível
em <www.if.ufrgs.br/~moreira>.
Moreira, M.; Aprendizagem significativa crítica. Porto Alegre. 2005.
Novak, J. D. e Gowin, D. B.; Learning How to Learn; New York: Cambridge
University Press; 1984.
Tavares. R. (2007). Construindo mapas conceituais. Ciências & Cognição; Ano 04, Vol
12. Disponível em www.cienciasecognicao.org
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Figuras
Figura 1: Exemplo de mapa conceitual
Figura 2 – Mapa conceitual sobre o funcionamento da política brasileira.
Conceito
Proposição
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Figura 3 – Tela do APSIG
Figura 4 – Pasta do APSIG no diretório raiz do Moodle
Figura 5 - Exemplo de endereço de acesso do APSIG
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Figura 6 – Exportar mapa conceitual para o formato CXL. Selecionar a opção Arquivo
> Export Cmap As > Arquivo CXL.
Figura 7 – Acessando a criação de um curso no Moodle. Selecionar a opção
Cursos > Acrescentar/modificar cursos, e na página principal “Criar um novo curso”