Açaí Mía Dos Humildes, e Ignorantes. D I A L G 0 Entre Hum ...

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A Ç A Í M í AD O S

HUM ILDES ,E I GNORANTES.

D I A L G 0

Entre hum Theologo hum Filofofo hum Enni

taõ e hum Soldado ,

No jitia de Nada Senhora da Con/alaçaõ

O B R A U T I L I S S I M APara todas as peíloas Eceíiaíticas e Secu lares que naõ tem

Livrarias (nas nem tempo Para l e aproveitaremdas publ lcas.

S U M MA E X C E LLENT EDe toda a TheologiaMoral Filofofia antiga e moderna

,

Mathematica D ireito C ivil e C anomco de todas

as Sciencias Artes Liberaes e Mecamcas .

C O M P E ND I O B R E V I S S I M ODe todas as noticias do mundo das fa as partes Imperio. Reynos C idade ;V i llas Cancllo, Fabricas nºtavels Conumcs Ri tºs Leya. Da n ua

de Chnao ªcnhor nono de ('

na Mãy Santnmxna de todos os Santostal

,Vencravcns mans conhccndos . De todos os Summos Ponuâccs , Imperado

rce ReyQ , Pu ncipu dcfdc o pn ncl pxo do Mundo , até ao plcfcntctempo.

De to l a a H iRom Sagrada Ecclc'ía lhca Secular. De todos os fuccelfm adm ra

ven q unGtos ; actodos m artcfaâ os,mccantfmos antigos , cmodemoe.

P O R

D. F. o. D . s. R . B. H.

T O M O 1 .

L I S B o A : MDCCLX I I .

Na Ocina de I GNA C I O NO G U E I RA X I S TC am add .: z u licença ; necrºjla ríax .

Vende na mafma Officina a Santo Antonio da Moura ria â ent rada da rua dos Cavalleiros aonde fe acharã o mam ae

xal dos feia Temos dam im ºbu s

ACAD EMIAD O S

H U M I L I E S »I G N o R A N T a s.

C ONFERENC IA I.

O firio deNo ÍTa Senhora da Confola

çaó recreyo deliciofo entre a Louri

nhaâ e Peniche , fejontáraó no dra

20 de Settembro,entremuitas peÍToas,humTheologo hum Filofofo hum

Ermitaõ , e hum Soldadoze depois de praâ icarcm

nos graves damnos da murmuraç xó e a necemdade da Eutrapelia nos que viviaõ (como elles

folitarios naquelle firio defde o terremoto ar

fentá raõ que ,para evitar aquelle damno, e pode-3

rem mu tuamente iníl ru ir- fe no miferavel citado

em que efiavaó fejuntan'

em com os romeiros

que a lli fo ll'

em huma vez cada femana e cadahum dilTelfe o que labia na materia que primei

ro occorrelfe na Conferencia e os ma is nas

que tivefi'

em com ella fimilhanç a de forte que

os humildes e ignorantes que os ouvifiem

ficaH'

em infi ruidos por elle facil meyo ; e comnºticias para communicarem a feus filhos aos

A,guacs

( 8 )e cevada em vaz ilha de muito pouco fundo emlugar quieto e com agoa da chuva ; porque ell

'

a

trás em (i as partes mais fubtis que ex hala a terra

nos vapores continuos. Em fim le quereis ver

notiClaS (ag radas ecuriol'

as de todo o mundo .

vinJ: as ou tras'

ConFere ncias que ino hojetoynada emcomparaçaõ do que fa lta para vos diz er.

F“

I MD A P R I M E I RA P ARTE.

— IM

L I S B O AComrodar ar licenças neceg

'arr

'

ar.

Anuo de r758.

C ONFERENC IA II .O dia vinte e fette de Settembro (ejuntá raõ osAcademidos ecom elles o R0meiro e oFiloto l

'

ocontinuou inítrucíç aõ que lhes déra na Conferencia paftada, diz endo:Eliemundo pois, irmaõ,

naõ he maciço e fólido mas lim todo por dentro

oco e compoito de cavernas e abobadas algumas tamanhas como Provincias autres como C idades humas demuitas legoas de comprimento ;outras menores pelas quaes como fe foli

'

em vês:de humcorpo correm tempre rios de agoa e defogo e outras eli aõ cheyas de betumes emine;raes e outras finalmente vaz ias : mascheyas de ar

groll'

o fedorento, ecapa de matar. Eu lou dili'

e

o Ermitaõ tell imnnha dez

que por baix o da rua deS . ]oz ê de Lisboa aonde morey pafIa hum no

caudalofo , os hõmens que rebaix araõ o meu

poço tiveraõ medo de cavar , porque ouviaõ

V iolencia com que o rio corria debaix o dos feus

pés o rioq tidiana l a ne - te , e vay iahir dahi

b amuy

t6

enfermos nús tuaõ muito e adormecem ruan;

do ,vem as viboras lamber o luar , e acorda o

enfermo faõ. Illo naõ pôde fer ; (dilfe o Solda

dº ) lede vós diÍl'

e o Filofolo o PadreK irker

deMagri tte , e lá o achareis ; e na Conferencia

que vemvos obrigarey crer e patmar.

F I MD A SEGU ND A PARTE.

LISBOA: Na Ofiicina de IgnacioNogueira Xilto.

Anno de 1 758.

O mrodar a: licenç a: nrcej'

ariar.

AC ADEMIAD O S

H U iM IE

LD E S ,

I G N O R A N T E &

C ONFERENC I A III.

O dia quatro deOutubro fe ajuntaraõos Academicos no titio da Gou lola

çaõ e com elles hum paffageiro, que

vinha de Peniche ara as Caldas da

Ruinha e começando a C on erencia pela ne

cellidade que tinha dos banhos e defejo de faber o ue eraõ C aldas ; e os feus effeitos dili

'

e

o Filofofo Bitimo voll'

a pergunta,porque eita

he a materia , que pertencia aproz ente Conterencia vitto fe tratar da creaçaõ domundo e

do que elle be por dentro e por fóra Caldas

íaõ todas as agnas nativas quentes ou tepidas,como caldos , dell as faõ as da Rainha iunto a

Obidos as de S. Pedro do Sul as do Gerezas de Gu imaraens noMinho , e as deMonchi

que no Algarve. D ill'

o ( refpondeo o Ermitaõ

fó eu vos poll'

o informar na Italia ha innume

raveis C aldas fé na Etruria fe contaõ mais de

quarenta ; em Calabria em Napoles , e Sici

na a cada palio ; emAlemªnha taõ cincoenta e

tres

ACADEMIA,

D O S

M I L E S,E

I G N O R A N T E S;

CONFERENC IA IV.

O dia ao de Abril fcjuntaraõ os Al

cadeº'

micos, e depois de contarem acaufa,quetiveraó para fe naõ verem em tanto tem

po difl'

e o Ermitaó que era necell'

ario

tontinuar as noticias do mundo,pelo que nelle ha“

Via,e fe goz ava, poisja ballantemente labiaõ o queelle efcondia; e logo continuou dizendo: Todo elle»"G lobo ellapovoado ,, e a inda a terra defconhecida,en tre muitos chamaõ quinta parte do mundo e

'

t et'

ra incognita Au ll ral ou do Sul dizem que he

muito povoada e de'

gente deforme na grandez a ;o

gue porém lcgoza habitado , e communicavel,di

vi em os Geografos em quatro partes, que fab:Europa,Az ia, Africa, e America. AEuropa cit,

/fquaft

toda na Zona temperada Septentrional ino he, da

p arte do Norte e a [na mayor ex tenfaó de Norte: Sul feraõ oitocentas legoas Francez as ,queconll aóde tres mil pall

'

os cada huma e deO riente a Po

ente teranovecentas legoas as principaes Provincias da Europa [3 6 Portugal , Hefpanha FrançaI talia ,Alemanha inferior que he Flandes cO lan- Í,da emdezafette 'Provincias eAlemanhaSuperior

D

( Bº lvergonharaõ de fe verem nús , e para fe cobrirem tiz eraô vefl idos de folhas de figueira D eos os

call igou, fentmciandº— os á morte,e a todos os feusdel

cendcntes,e condenou os homens a trabalhar toida a vida na terra e as mulheres à fujeiçaõdos homens e dores de parto fez a ambostunicas de pelles em (igual da ba nalidade ,

que os reduz ira a culpa e defordem emque ficavaó as paix oens contra o entendimento lançou- 08

fôra do Paraiz o , e pôs Cherubins , e efpada defogo à porta del le para guarda- lo e para que o

homem naõ comelle da arvore da Vida e vivell'

e

eternamente começou logo Adaõ a'

cultivar a terra no fegundo anno do mundo na lceo Caim ,

cdahi a cento e vinte e oito anuos matou a feu

irmaõ Abel,movido da inveja que lhecauz ou.

vêr que Deos mandava fogo a conlumir o que

lhe lacrificava Abel em fignal de que lhe em at:

ceito o feu facrilicio (endo allim que Abelfanto e I incé ro oli

'

crecia as melhores fez es do feurebanho , e C aim (ó otferecia fruél os : paffados

poucos anuos edificou Caim a primeira C idadedo mundo,chamada Eunachia, emmemoria de humfilho feu e pouco depois nalceo á Adaoo tercei

ro filho a quem chamou Seth : no anno de feif

centos e cincoenta e dous fo y Ca im morto por

feu terceiro neto Lamee , o qual fcndo ja velho ;e cego ,

a inda hia acaça guiado por hum moçoell e lhe dill

'

e que no mato fe movia huma féra e

elle difparando logo para a parte que o moço lhedill

'

e huma flecha ma tou a feu terceiro AvôC aim. Nene feculo floreceraõ Tubalcain primei

ro ferreiro , Noema, primeira tecedeira, e ]ubal, primeiro mufico,e inventor dacithara,e orgaómo anno

de

ACADEMIA

H U MD

ÍLS

L D E S ,

I G N O R A N T E S.

C ONFER ENC IA V.

U ntaraõ- feno dia 3 8 deAbril com varios Romeiros e o Soldado referio a noticia que ti

vera do Algarve no ultimo correio ,em que

lhe diz iaó pell'

oas fidedignas, que no caminhode Villa —nova de Portimaõ para Tavira , del

cob riraõ os caens duasmulheres mortas, nuas , e fu

perhcialmente enterradas, humajavelha, e outra de

quinz e annos com hum manguito encarnado emhum braço , as quaes eraõ mây e fi lha de humferreiro C all elhano morador ha muitos arma s emVilla — nova o qual as entregou a dous C aflclhanos

feus amigos , ecaz ados com parentas (nas para as

conduz irem viz itá - las , como ja outras vez es ti,

nhaõ feito no lugar doAz inhaljunto a C a ll roma ,

rim aonde elle e as parentas viviaõ e por ella

rcmcriminoz os em Ca llella os cabedaes , que le

va vao, eraõ os vcll idos a lias ruins , hum toli aõ

e huns ba tocas de ouro pequenos. Pa lmou o Er

mil aõ ouvindo ilio , e ex clamou diz endo Valha

me Deos o mundo ellaperdido ! O s homens conunca , ellaó preyaricados em tudo , e de to

E

do ! Soéegue irmaõ , dª! le o Theologo ) e t rês

o contr ,no, que o mundo agora a'

vill a do que foy ,

parece ladro ,e os

,ho.nens faõ melhores. do que

foraõ os antigos : quando D eos call igou o mundo

com dtluvro ,l'

ó ha vra oito. pelfoas jullas , que

eraõ : Noé , fur mulher ,tem tres filhos e tres

noras ; e hoje qu intos mil juttos haverá ! Apenasfe acabou o diluvio , e houve ballantes homens ,e mulheres ainda em vida domefmo Noé ) fi .z eraó huma torre para chegar ao C eo : Nemroclty rann iz ou a liberdade dos

homens — t'

e

Rey e fujeitando— os ,

'

alguns dil em'

'

ue elle em

fua vida os obrigara a que ,o adora em outros

que Ni no feu hlho os violentara a que adora ll'

em

a e liatu r de l'

u pay o certo he que cu taõ come

ç ou a idola tria que dura nos Gentios a tégora

negando o culto ao verdadeiro Deos , e ado ran,

do os homens , e mulherês de mayores vicios os

demonios os monll ros , e os brutos : os I lraclio

ras e l'

colhidos por Deos para feu povo ex trahi

dos do ca tiveiro com tantos prodrgtos e vendo

no del'

t rto a ca da pa lfo tantos adoráraõ hum he

zcrro dê ouro eltabelecidos que fa raó na terra

de promttfaõ ,adoráraõ innumeraveis vez es os

idolos Cos l'

eus V iz inhos e crel'

ceraõ delortcemv ícios que toy necellario deflrutr huma Trtbu in.

tetra em cali igo _

da la l'

civ ia ao mefmo tempoera ta l a tyrannia dos Reys viz inhos que Ado.

ntz ebcz ecRe y de jcru l'

alem tinha deba ix o da l'

un

ma u a l'

ete Reys com mãos e pés cortados :em hm tantos fo raõ os vicios , e idolatrias daquel

l e povo que até Salomaõ Idol atrou e mu ito s dos

leus del t endentes até que ,depois de ferem muiitas

5

morgado, fe naõ tinhgrimâos que o matafl'

em ,

os filhos l'

egundos . em quanto os naõ matavaõ

os morgados : acabou ell a Monarchia com a mor.

te de Dario e de tantos milhares de homens ; ao

p'

areceo a dosGregos mas como 0 (eu primeiro Imperador toy Alex andre Magno elle furto:tudo a todos conquill

'

ou quali todo o mundo, tic.

rou aos Rey s os Reynos e os thefouros e os lens

Soldados roubaraõ os va ll'

allos de todos os Reinos ; d ili

'

e que era Deos e filho de outro Deos

em fim partos de lafcivia e vinho demaliado VÓcios pub licos nelle e no (eu ex ercito mort

'

o

Alex andre c dividido o Imperio entre (eus C apitacns , foraõ taes as guerras , os vícios , e os fur.

tos que horas fa z iaõ aos outros de Reinos eProvincias thez ouros e liberdade dos va lla llos

que Afclepiodoro homem fabio de Alex andria ,toy por curio lidade verclics mil

'

eraveis Reynos e

em todos elles diz que ró achara tres homens quevrviaõ com alguma moderaç aõ decoftumes : deftruiraõ ell a Monarchra os Romanos (6 com a

d ifference: de e x cederem nos vicios aos Gregos e

na tyra nnra a todos os pa li'

ados ; á forç a de homicio'

dios fe eíiabcleceraõ quem queria ler Rey ma tava

o que governava até que veyo o governo a parar

em C onfu les e Magiltrados a idola tria crel'

ceonelle Imperio á mayor efiatura e lendo homensdoutos , foraõ os ma is tontos em fingir divinda

des infames e ridiculas : a lafcivia foy a mais clcanda loza emjogos publicos do Deos Bacho e

Venus : Seguiraõ— fe os Imperadores ; mas quando

havraõ emendar elles vícios elles mcfmos ex cep ã

tuando hurts poucos ) foraõ os que o fomentaraõ

lªiº“)

l ll ) dial) 3 i mã Chl

'

ml a n a do Oriente , e Santo Agofhnho l l'

O

cida-tnt no mefmo te n ,) diz ia «anta ;

m: que parece que g u ,“

,o. precei tº! D ia

nar ? Apertar ['

e — abba li f oír doar Dupont/m

limar. U ra ii iZe' i- ú e agóta ,Q oilb tr.n:tõ que m

tivo t endes para di z .:r que no tempo prez en

eltá'

o mundo perdtfo e'

qu os hom . os ett;

perdidos d : todo Leznb ray-

vos do u m ; tend

ouvido ,

e do que tendes Vitto nos'

Reinos eflr

nhos por onde tendçs pêregrinado. t tes em a

gtrma'

Monarchia C athol tca H er-

etica Mahorntaua , ou Gentilia ,

os vicios,e os efcmd «los q t

fe viraõ em todas , nps prllªajos leculos ? Nao

refportdeo o Ermitàõ .c'

ouTa quecom tiro fe preç a ;

'

ló º 'rio Imperio (ld

Grab'

Mogor he qualguma tyra

'

n nia , pq .

-

que'

nab fe cafi iga

prga o crime”com dinheiro , e morre o pobre

'

que naõ tem que dar _

mas nas outras Monarchras

( quando eu vbs cantar o que vi“

o'Mas, e tambem r

'

Mogor ) ,vere le

'

e vitaõ os peccados pub lie'r

com feveros s , e que naõ ha ty rannias qu

b ran tavnento de Leys, nem elcandalos; e ém ello

velho , e tenho li l o pauco e (6 me lemb ra tt

Ouvido , qae'

ilepois'

do diluvio ch'

egaraõ os hc

mens a tal eltrago de vícios efpecialmente t

fodo 'n ia que Deos em tres C idades [6 acha!

quatrojuftus que foraõ Loth'

, tua mu lher, e dufi lhas e qu : era tal amtferia dos homens da C id

de aonde Le th morava “

,

'

que todos- foraõ á l'ua po

ta pedir os Anjos que tinha emcaza para pçccrem con elles pa rque julgavaõ que eraõ

'

trt

maneebosg enns- homens e naõ fabizõ queÃrr

n

I G N O R A N T E S.

C ONFERENC IA VI .O dia tres de Mayo, fejuntáraõ muitoscuriofos na Conferencia,porquejá ccmecava aconvida- los a delicia de lítiº;e ouvindo os Academicos queix ar

- féhumRomeiro de que hum parente feu tiveío

le ido voluntario para a India dill'

e o Soldado

Vós Senhor,como naõ villes do mundo mais queell a pequena parte, que he o no ll

'

o Reino;julgaisque tudo o que naõ he elle , faõ matos, Terras, e

novas de dragoens poiscertamente eflais enganado porque naõ obliante as delicias do no lTo

Reino e as de todas as C idades da Europa que

naõ villes e [ali para ver , e admirar , as da Afianaõ lhes tem inveja: tem a Al ia defde Dardanelos

junto a Conll antinopla até o Ell reito dejell'

o

q uali duas .mil legoas decomprido,e de largo pero

to demil e quatrocentas occupa huma grande

parte da Zona torrida toda a temperada e al,

goma parte da Africa confina ao Nortecomomar Scitico peloGrimi

; como dosKaimachitas

43feiras que fqraõ de humArceb ifpo por defcuigdodos teus herdeiros que até llae deix araõ per

deres jardins,e cahir os palacios:podemos verdadeitamente dizer ,que l

'

ócomemcom gofto os quevivem na l ndia ia pela abundancia, dos guiz ador

'

, e doces ja pelo modo com que ,os tempe

rrõ,com o qual fe naõ podemcomparar os Franm es , e Italianos como.eu os ouvi confell

'

ar

js fina lmente pelo pouco.,-

que cu ltaõ : a deliciadystrio s de Goa e de Battavia excede á .de Vc,,M i ani comparaçaõ a lguma em fim del iç igerp,M er , beber venir para a vill a (óogo z a

—quem vive na Alia livre de trios inimigosda naturez a e com tudo o que he necella rio pao

ra fer a vida go iioz a : já qucm vio aRerfia ªf?l'

enta que nelle foy ou'

iefla ,o Para ísº terrcal

porque tem dous Versons no anno nelles to,,das as fruétas da Europa e Alia melhoradas to

das naquelle excellentiflimo clima aonde o a r he

taõ faudavel que nem o fereno e orvalho faz

damno a quem dorme nos terrados defpido nomcria ferrugem o ferro a todo o tempo ex poíio: lo

beja para fazeresconceito da Alia ver as preciofidades que lá vao bufcar todos os anuos todas

as Naçoens da Eurºpa em tantas nãos e o pou

co que levaõ para lá venderem : advertindo , que

dillo tudo, que levaõ , ha na Alia muito de fobejom elhorado e fó falta em a lgumas partes por fal

o

ta de commercio em outras por negligencia dos

habitadores porque papel vinho agoarden

te , prezuntos paya s e queijos vidros caniveres &c. em todas as

ªrmas da Alia fcpodiaõn

( 39 )

ACA D E M I AD O S

H U M I L D E'

S r

I G N O R AN T E S.

CONFERENC IA VII .

O dia leis deMayo foy grande o coneura

focom a noticia deque neflaa Conferemcias fe evitavaõ murmuraçoens e fe ad

quiriaõ boas noticias. O primeiro , querompeo lilencio foy o Ermitaõ de Nona Senhor do Livramento de Peniche , Sanª uario no

lavei delle Reino , de que a (eo tempo fe dará nºi

licia e elle homem lincero , e de ex emplar vida ;diffe que and

ava affiiãlo com a nºticia de humas

profecias de certa Religiufa de Beja de que al

na romeiros lhe deraõ noticias e defejava fa

que conceito havia fazer nella materia. Ao

que refpondeo o Theologo : O conceito que de

ve fazer noffo irmaõ de quali todas as prole.

ciaa que agora ouvir he que laõ illufoens

embuliea delirios , modos de querer adquirir ell i

macucas e quando menos , imaginaçoens melan

colia: e hypocondriacas agouros e fuperli i

ens de mulheres e de homens de igual capacida

ãg. Ouviraõ dizer que o dom da profecia era hu

ma graça dada eque Deos a tinha dado a Gentios

3 eo.

( so rcomo foy Balaõ e a podia dar a to los e todos

rem ler Profetas ; e como elie he o melhor m

para ferem efl imados , porque nada mais appcem os homens do que faber futuros , elles i

gina!) ou fingem huns delirios"

,

'

e os ignoramcomo nós accrelcentaõ outros. No anno de r7appareceraõ em Lisbºa as chamadas profeciasBandarra , humas trovas elcuras , e fem pés , r

cabe a mas em fim eraõ poucas quando vie

de ffranm z o porém dentro em p oucosfuccedeo— lh

ª

es o mefmo que as andorinhrs ; por

fe multiplicaraõ deforte que eu vi tres fo lhas

papel dellas efcritas de letra miuda e já de;do terremoto Ihe accrefcentáraõ mais tudo

bufie conhecido , e ridiculo. No tempo dos 1manos eraõ innumeraveis os livros das profecir

porêm D&aviano Augufio , Pontífice deite Gtilifmo (como refere Suetonio ) os mandou qt

mar todos ex cepto os das Sy billas : efias Gent

julgaõ Santo Agoflinho , e S. jeronymo , que tu

ra'

õ dom de profecia e que vaticinaraõ'

a vinda

Chrifio Senhor Nori'

o e varios T;;yrlerros da r

fa fanta Fé ; porêm Santo Ambrofio diz , que naõ

versó tal dom e fó efprrito fanatico , mundar

e enganoz o ; veja- fe s fua eXpofi ç aõ á primeirata de S. Paulo para os Corinthios no C ap.

fim C icero Pliniº“

, Plutarco e D iodoro Si

lo diz em que houve huma Sybilla Mariano J

ela diz que houve duas Solino diz que tr

liano quatro ,e Varraõ dez a hifioria Rom:

diz que a Sybilla C umea queimara leis livros

profecias porque Tarquino Soberbo lhe r

quiz dar cem elcudos por cada livro e que ró fi

( s: )ordinariamente as faz em para faberem quando hade vir a Não de Portugal

-

e quantas Náos vem

queru he u Vice-Rey novo &c. Na i lha de Salfete

do Norte fizersõ huma no anno de 1 71 7 houve

quem os denunciafie ao Commilfario do Santo Of

ficio que era hum Relrgtofo de Santo Agonia

nho eftecercou— lhes a es ta com huma companhiade Soldados e efcutou o que dentro fe diz ia ,ou

vio que todos perguntavaõ ao PBJF CCDIC energup

meno , fe efiavaõ feguros , ,

e o diabo pela boccedelle refpondia E/raôjeguriyimor ; l n b vezes lho

pergunta'

raõ e tres vez es relpondeo que eltavaõ

fegurrflimos : os inlenlatos perguntavaõ fe eflavaõ

l ivr. s de os colherem os Minifiros do Santo Of.

ficio e o diabo diz ia que eflavaõ legurrffimoe

porque nenhum dellea podia efcapar : allim fuccegdeo ; porque batendo logo o Cõmili

'

ario na porta

foraõ todos rezos e conduz idos para oscarceresdo Santo O cio. Já ouvi (dirl

'

e o Theologo ; elle

cafo e o ma is a peffoa que os vio fahir no A&o

publico da Fé em Goa. Porém continuando a materia das profecias , hum tal Alex andre AbonOtichita criou huma ferpente de Macedonia onde

ha cati a dellas , que naõ mordem e levando- a a

Paphlagonia lhe fez hum templo , e O raculó ,

diz endo que nelle affifi ia o deos Efculapio e dava

refpofl as por efcrito a tudo o que por efcrito felhe perguntava : todo o Gentilifmo do mundo concorria a confultar o O raculo davaõ em papeis as

perguntas e no dia feguinte dava Alex andre as

refpofias ªfºfiiªª em nºme da ferpente , com taes

Obfcuridades e duvidas, que femprcpared aoVer

.

daderras como as da India nasBagá tas. Rutilianlpo

3 3homem principal de Roma confultou elle celebre Oraculo , perguntando que Mefires havia de dar

ahum filho pequeno refpondeo que lhe delfe por

Melires a Py thagoras e Homero ja mortos haviamuitos annos jul rou o pay que rfio queria di.

ser que fe applica e o menino á liçao dos livrosde hum e outro ; porem o menino morrer? antes

de laber ler recorreo logo o pay ao O raculo , clamando que o tinha enganado ; e ref

'

pondeo'

Alexandre em nome da lerpente que o deos Efcula

pio- fallara verdade porque bem

.

claro lhe dilie.

ra que havia morrer o menino , pors lhe aconlelha.

ra que lhe .dé fle'

Mefi res defuntos. Em fim defis ca.

fla foraõ todos os Oraculos : e C icero lendo Gentio diz que le calaraõ todos os Oraculos depois

que os homens deix áraõ de ler tontos . Entre os Ro .

manos Gregos Perras Egypcios Hyperboreos ,e Getas

“numeraõ os Authores muitos Profetas

mas vilios os vaticinios , todos foraõ embuaeiros ,

Entre os hereges l'

uccede o mefmo ; e aind ano feenlo paffado fe publicáraõ tres Chrifiovaõ Kote r na

Silez ia baiXa Nicoláo Dravicio na Morav ia e

C hrifi ina Piniatovia , Freira apoflata tm l rrglarer.

ra ha a feita dos (l ushers ou tremedores que to

dos profetiz aõ em Holanda e Alemanha ha muitos, que le inculcaõ Profetas. Afiim he, diffe o F ilo .

fofo e tudo ifi'

o traz emos Authoresmais verdadei .

t os ; porêm vós naõ podeis negar que depoisda vinda de Chrillo houve muitos Santos com elpi ,

rito profetico. C reyo e confefi'

o (difle o Theolo .

go ) que tiveraõ ell'

e efpirito muitos Santos de

quem a Igreja faz mençaõ nas fuss vidas porém

creyo que a effes mefmos que faraó Profe tas verdadeiros

AC AD EM ID O S

H U M I L ) E S'

I G N O R

I

A N T E S.

C ONFERENCI A vm,

O dia fette deMayo fe repetio a Goufe

rencia e o Ermitaõ que tinha militado

naAfrica defejou perfuadir a lua bondade ao So ldado diz endo que ex cedia

todas as tres aquella parte do mundo e a todas

merecia o mayor refpeito pela fi tuaçaõ , e inde

pendencia. H e (diffe elle ) a mayor Peninfula do

mundo iflo he , quali Ilha porque fó deix a de

ter mar no pequeno afpaço , que medeya entre o

mar Rox o e o Mediterraneo a qual porçaõ deterra quiz jacortar o Graõ Turco e nifl

'

o faz ia a

todo o mundo o mayor beneficio porque fem pe

figos nem trabalhos em muito breve tempo

iriaõ'

ai India todos caminhando o marMediterra

neo, e fahindo pelo marRox o ao Oceano Indico,,e marArabico com ineXplicavel conveniencia dosPrincipes , e negociante: de todas as quatro partes;porêm tomada a al tura de hummar ; a refpe ito dooutro vio que era mayor o prejuiz o porque (

'

e

lhe a lagava o Egypto todo e muitas outras Pro

vincias utiliffimas Tem a

Iªfrica mil leiícentaa

k .

A C AD O S

H U M IE

L D E

I G N O R A N T Es

C ON FEREN C IA IX.

O dia oito deMayo continuáraõ a Con.

ferencia a que deo princípio o Ermi

taõ diz endo,que nas Conferencias pal“

fadas fe tinhaõ dito algumas coul'

as

que elle e os outros humildes e ignorantes pal ll cuja inflrucçaõ era ella Academia naõ as en

tenderaô bem. A iflo refpondeo o.

Frlo lofo: Teno

des raz aõ e eu ex plicarey tudo por modo taõclaro e humilde que perceba todo o ignorante, que he a noll

'

agente. E lle grande Globo doBen , que por todas as partes cerca o Globo dou_

lundo , bem allimcomo huma bóla maciça mettrda dentro de outra bóia oca muito mayor chalua- fe Globo celeíle ,

e'

nelle pôs Deos o SolaLua e ar Efl rellas ; confia demuitos Ceos e

Itaúvos digo quantos faõ, porque ell a illo emVida , huns diz em que (só fete , _

outros que (sótres, emEm a verdade he que fóDeos, e os Bemaventurados fabem quantos l

'

aõ : fobre o mais altoªlli o C eo Empyreo Palacio de Deos, e dosAn

lºê' ; ede todos os que fe tlalvaõ citeCeo

1

1

1

126

e

66 lhe bóla oca,como os outros mas fim direito ; e

tudo o que vos dillerem da lua grandez a e pre

cioz idade a ll'

entai que hementira porque cer

tamente he couz z m:.yor e diz o Apoltolo S.

Paulo que nem os o lhos viraõ nem os ouvidos

ouviraõ o ue Deos u . ll'

e C eo nos tem prepara.do nefles eos pois aonde

'

eli aõ o Sol Lua

Eltrellas , fuppoem os homens varios circulos e

os mel'

m s l'

uppoem no Globo do mundo ; e ain

da que rªrea lidad: naõ ha tres rilcos , nem li

nhas nemcirculos hacertamente tudo aquillo

para o que os luppoem nomeyo do Globo ima

ginaõ humcirculo á toda de todos elles Globosterraqueo e celeli e e a elle circulo chamaõl inha equinocial porque quando o Sol anda poreíl ecirculo faõ as noites iguacs aos dias

v, e ian

ftrcsecle duas vez es no anno a primeira a vinte

de Ma rç o e chama— l e equinocio do Verao, pc.

que dah: por diante começ a elle apraz ível tem:

po ; a l'

egunda a vinte e tres de Setembro e chama- l

'

e cquin'

ocio do Ouronu porque nelle comes

ç a defde ellecirculo até os Pólos—do mundo, qu;faõ as cabeças delta grande bóia contaõ novena

grãos cada grão d e dezoito legoas eu me ex

plico melhor as bólas dejogar tem no mayohum rifco e em cada cab :ça hum buraquinho,e a ll im vem tudrs do torno ; pois elle rifco quetemà roda no meyo he a linha equinocial e os

dous buraquinlros faõ os dºns Pólos hum doNorte outro do Sul , ora fupponde agora quetoda ell a bóla eflava chey a de rifcos , ou linhas

p intadas dcl'

de o buraquinho que pertence, e re

Prezenta o Sul ate o outro buraquinho , que re

pre

ACAD EM I AD O S

U M IE

L D E S,

I G N O R A N TE &

C ON FEREN C IA '

X .

Nultídaó deRomeiros nelle deliciofoGtío faz com que todos os dias hajaConferencia e no dia nove deMayo,

juntos todos , continuou o F ilofofoa inftrucç aõ diz endo «

'

Já feheis o queTropicos C limas , e legoas , agora

y , que Continente quer diz er terra lirme

o he o noíl'

o Reino C aflella França e to.

da a Eurºpa l lha he toda aquella terra que

por todas as partes eitacercada de mar ou de

agua doce Peninfula he aquella «terra que cªicercada de mar ourio de agoa doce porém naõ

dia toda cercada e tem huma pequena parte

tcpega com a terra firme ha innumeraveis dea e animcomo a ll

'

entaó que a America be amayor Ilha a Africa he a mayor Peninfula ,por.

que a America efta'

toda rodeada demar , e a Afri

pl tambem ; mas temhuma pequena parte entre olm Mediterranea , e o mar Ro x o que diz emlerá cincoenta legoas de largura e por e ll e grau

depedaço de terra pega,com a terra firme de Ati a,K e por

U MD

ZI L E s ,

I G N O R A N T E&

Ada vez hemayor o concurl'

o ne'

lle' litiodeliciolo a ouvir o que le trata nella hu

milde Academia e o Theologo a quem

pertenece I-

Iilloria Sagrada e Ec'

clelia f

trca de todo o mundo requereu que vill o ter jafal lado

'

em outras Conferencias na fahida deNoéda Arca , ainda que lhe naõ pertencia a H illoriadoReyno, na auz enç ia doSoldado queria princi“ ihr villo fer Tubal quinto l ilho? de

'

]aphetMeu pr imeiro hab i tador depois do diluvio ,

6 an

tes delle naõ haver memoria nem tradiçaõ al

goma. C a ll igado dill'

e elle o mundo com a

inundaç aõ univerfa l das agoss ferenado o Ceo

tell ituidos a'

lua harmonia os elementos defcan

çªda fobre a ponta da ferra de Ararat a Arca '

, cêlebre montanha da Armen ia fahioNoé , offereeeoSacrifício recebeo promeli

'

a , e fiança no Irisdenaõ haver outro diluvio , e outros bent liciosa_

ll'

egurado del les defeco ao campo chamado Mee

rradaõ porque eliava cheyo decadaveres e cl

Peél aculo horrivel da va idade humana al li fundou a C idade Saga lbina , Aillullre delenho das

M que.

( Dº )que teve depois todo o mundo que dividio,em tres

partes , quando fe achou com gentes para as po

voar toda'

Q : Az ia ficou a ['

eu filho Sem a Africa a Chan a Europa a japhet em Saga Albinaficou fua filhaArax a e pa ll

'

ou â Provincia de l r.lia : foy ella defpedicla depois que Nembrot pôspor obra a torre de Baby lonia , e Deos contundia as linguas e os obrigou a dividirem- fe para outras terras os que l

'

ó fe entendiaõ huns aos outros.

A Hefpanha pois troux e a lingua H ebrea com

ue e cnç raõ larqos (ca rlos , Tubal quisto

lho'

déYd'phet o'

qua navegando o mar Mediterranç o ve maoEmenta de—Gsbraltar dahi ao Pro ,

montorio ro até que furgindp na barra de Se

tuval convidado do apraz ivel do lítio , fertilidade do Quiz q amenidade.do rio fez aqui allento ,

e foy, a ppirngirp povoaç aõ,da'

Europa depo is do diinvio chamado,

- lhe Cetubala que lignilicaajuntamentq deTubal, Succeo illo no anno de dousmilfcento e Intent; da.creaç aõ do mundo centoa

çinqoenaadepnimdo diluvio dous mil cento e fet.tentamnses doNal

'

cimen to de,C hriflo. Ha via maio

decemanuwqueTuba!Ígovernava as na ll

'

as gentes,

quando lheswleo Ley s e crrtas e o rdenou ceremo

nias divinas,, para que entre fi viven'

em reâ os po

“ricos, , e diante de Deos religiofos , e reveren

te_s. Vç yp . nelle tempo a Hefpanha Noé vêr feu:

netos, e chegando; Setuva l admirou a notavel harmonia, c,om,que feu neto Tuba!governava ella nos

,

tavel povp aç aõ, eo cu lto que le dava ao verdadeiroDeos : feparando

- l'

e della pelo caminho de Bifcainha , nella fez jmita r o que em Setuval tinha admirado. : deo vo lta á I ts ila porque teu filho Chan,labendo ellax a auzente faz ia into lenç ias nºtaveis,

fa

I

fahíndo de Africa e a

ga rrando nas terras frontei

ras. Entretanto'

l'

ubal viz itava todas aspovoa ções,

que tinha fundado adminillrandojull iça ,e fazendo oblervar as luas Leya faz endo que os teus gadospall all

'

em nas margens do Tóio eGuadiana e

nomelhor do Algarve quando huma doença lhetirou a vida aos cento ecincoenta ecinco ru mos dofeu Reinado ,

em que vio e teve fallenta ecincdmil pelloas defcendentes de feus tres filhos foy le

pultado na ul tima parte de'

terra com grande dor ,o

pranto dos moradores de toda Hefpanha de queM uitoo venerarem muito o leu lepulchro e a

turfa em

ge elle elleve chamando - lhe Pron ou

torio fagra ou facto,que he omelmo ; a'

lé noo

primeiro Rey de Porto al ,Senhor ID. A—llonfo l ena

tiques defcobrindo ne e Promontorio o corpo deS. Vicente emmemoria lua ordenou fe chamall

'

e

Cabo de S. Vicente, na verdade duas vedes [agrado

pelo corpo deTubul, homem julio na Ley natural

ememoravel author das povoaçoens urbanas deHefpanha e (auto e [agrado por ter lido depo litotanto s anuos do corpo de S . VicenteaEmquamtoRa ma is Provincias, tudocreó guerras, e difeordias,aonotl

'

o Reyno tudo era paz e lon go ,cocul

prado- le todos em apercentar gadosr ecultivar fesm, contentescom os fruélos e veltido

'

s Q e daí

a o Paiz . ATubal fuccedeo no governo de todaaHefpanha l cuja cabeça, e povoaç aõ principal eraSetuval o mais lugares entre brenhas leu lilhoIbero que deo o nome ao rio Ebro e a H

'

efpanhatoda Iberia deo o nome ao rio porque foy o in

vea tor da pelearía e o primeiro que naquelle rio

aex ecutou e enlinou a faz er : taõ menino lig ou o

mundo depois do diluvio

lllque foraõ necelIarios

te

92

l'

eculos parasaprender o que antes delle f:.b iaõ to

dos ainda que o naõ uz aVaõ porque l'

o cumu õ

fruª os . Reinou trinta e fette anuos, e delles poucosentreos Portuguez es fuccedeo- lhe no governo de

efpanha toda em que Portugal fe comprehende,e comprehendia feu filho Jubalda ,

ou l dubada

no, quinto .anno do Ceu governo dez ejofo de ver

toda a ('

na gente en trou pelas terras que temosentre o Tejo , e

.Guadiana que he AlemtejoAlgarve principalmente,porém os habitadores doPaiz o receberaô triltes , ,porque defde que perderaõ ao feu venerado Tubal quecom efpecial amorcoll umat a viver entre os Portuguez es aborreceraõfilho Ibero e o netojubalda pouco lenticel le

illo,porque logo fe retirou para os montes a quemdeo nome,:a occupaiz- lona obfervaçaõ das Ellrellas,influent ia dos,Planetas e mutaçoens dos tempos

por fer-Allrologo ou Magico nos montes 0 al

cançou a morte e o enterraraõ com (chea ts e

quatro arma s de . Imperio ou de elludo por

que ,

fó, nellecuidou e naõ em o governo. Era inoanno demi l novecentos e (eis, quando lhe fuccedeonaCoroa de todaHel

'

panha feu filho Brigo,dill'

eren

te do pay .e avô em tudo , porque apenas entrou

no governo caminhou para elle Reyno e nelle

fez ak ntócom tanto amor aos feus moradores,que

ainda hoje o moli raõ os nomes das fundaçoens dellePrincipe op

- das que tomaraõ o feu nome comol'

aõ Lacobriga que hoje re chama Lagos ,ou foyVilla junto a Lagos Con ímbriga em cujo ln

ga r l'

uccedeo Coimbra junto ao Mondego ; Me

drobriga que foy junto a Porta legre Brigancia

hoje Braganç a, e -ou tros:fortilicou as povoaçoensáellavaõ fundadas e edilicou Caltellos em todas e

ou

( 96 )lh1 ,p 3 rque os Portuguez es ainda quenaõ tinhaõum de armas elh vaõ nas forç as corporaes taõ fu

periores que l'

ulh n taraõ o combate muitas horast'

ortiflimamente porém em Em morto Geriaõ

perderaõ os brios como fempre l'

uecede morto o

Rey na campanha fugiraõ e declarou— le por Ofiris a vic

'

toria, o qual uz ou della com ta l moderaçaõ,cclemencia,que facilmente fe naõ encontrará outranas hiltorias. Eil ava O li ris banhado em rangue das

feridas que tinha recebido,e naõconfentio que fe 6z ell

'

e o menor damno,ou roubo á s povoaçoensmema pell

'

oa alguma do ex ercito vencido : chamou os

tres filhos de Geriaõ chamadosLominios entre

gou a todos tres o Rey no de eu pay, recõmendando— lhes o bom trato dos vall

'

a llos pafmaraõ delta

clemencia todos e emagradecimento todos pe?

las mãos deOíiris entregaraõ as almas ao demonio,admittindo a idolatria dascoufascreadas,que O lirislhes propôs e enlinou e o contar os annos de

quatro mezes como os Egypcios erro que durou“

a té aconquilta dosRomanos. Perdidas as almas do!

H elpanhóes com a idolatria,pall

'

ou Ofiris a Egypto,deix ando a todos a maior faudade ficaraõ , algunsArabios feus Soldados,chamados C innitas, que hab itaraõ na boca do Guadiana,e delles fe chamou C initico o Promontorio facro. O nolin companheiroSoldado quando vier voscontará as vidas dos noll

'

os

Reys começ ando do Conde D . H enrique para

fatisfaz er o vollo grande defejo de as ouvir; e quando elle acabarcontinuarey eu eita que envolve as

vidas de todos os Príncipes que governaraõ Hel

panha.

F I MD a

,duodecima Parte. Anno de r758.

Com toda : ar licença: necej'

ariar .

ACAD EMIAD O S

H U M IE

L D E

r cN o R A N T e s.

C ON FEREN C IA X III.

M dia de Bartholomeu foy ne lle ti tio

deliciozo o concurro , porquejuntos todosno adro da Igreja , começou o Theologo a

contar a vida de N. Senhora com elpecialb revidade e energia : Contarvns

- hey difle elle

"ida deNo li'

a Mãy Maria Santillima,Pa trona de l

le noll'

o congrell'

o, e deNofl'

o Senhor ]e C hrjflo,conforme a merma Senhora a revelou a lua lerva,a

Veneravel Madre SororMaria dejefus de Agredaella o efcreveo nos excellentes livros chamadosAly/l im Ciudad de Dion nada accrelcentarey de

outro Author e 16 abbreviarey a billoris para vos

fer mais facil o percebe- la. Quando o mundo a li ava

mais perdido em vicios e efcandalns e Deos

mais efcanda liz ado dos homens entaõ fe compade

ceo mais delles , e toy fervido que nafcellem 8.

Joaquim e Santa Anna : S. joaquim tinha a fua

caza em Naz areth, povo de Va

n o iullo e muito douto nos My ll erios das Elcril utas fagradas muito humi lde, furo, lint êro ,como

pollo chonello : 8. Anna a luacaia em Belem

( mªl )de raz aõ com o qual ex ercitou logo os actos deFé ,Efperanç a, e C aridade , e das mais virtudes,com

que mereeeo mais naquelle inllante do que todo sos Santos na tua maior perfeiçaõ e teve hum taõa lto conhecimento da Divindade

, que nem fe ex e

pl ica nem percebe : ex ercitou logo aélos de virtudes em agradecimento dell es benelicios conheceo todos os Anjos da guarda e os convidou

para agradecerem com ella a Deos , o que lhe:ri;.nha feito conheceo toda a l

'

ua genealogia'

,e o

reito do povo de Deos derramou lagrimas pela

queda de Adaõ pedio ao Altillimo o remedio dos

homens e começou a fer medianeira da Reden

pç aó ; pedio por feus Pay s , e compôs logo can

t icos a Deos em que proteflava o agradecimento

de tantos, e ineXplicavets benefícios , e graças , e os

Anjos no Ceo e na terra déraõ a Deos graç as pec

los dons e favores que recebia a fua Rainha. Va

mos ara dentro louva— la dill'

c o Ermitaõ e o

mais que para as outras Conferencias interpoladas com as ditferentcs hiltoriascomeçadas e ou

tras novas.

F I MDA DECIMATERCEIRA PARTE.

L I S B O ACom toda : a: licença; meejb ríar.

Anno de 1758.

( 105 )

ACAD EMIA0 0 8

H U M IE

L D E S ,I G N O R. A N T E S;

C ONFERENC I A X IV .

O dia 27 de Agolto concorreraõ os Romeiros para fe delpedirem e hummais

curiofo dill'

e que fentia naõ poder aflifl ir

a todas as Conferencias ; porêm ja quenell

'

a unica, que goz am, tinha ouvido fallar nasma

ravilhas do mundo, defejava naõ fe defpedir fem ir

inll ruido nillo que ja ouvira gabar em outro tem

po, Fallâmos dilTe o Ermrtaõ ) nell'

a ma teria , na

vida de Se'lniramis porque os muros de Baby lonia,

que ella edificou forró huma dell'

as chamadas man vilhas ,

illo he fabricas em que fe efmerou

tanto o engenho , e arte que qualquer dellas pa

recia mais rodigio que obra de engenho huma

no : tinha eftes muros tres mil cento e vinte e

cinco pés de circuito, duz entos pés de alto, ecincoenta pé s de largu ra de forte que podiaõ bem ro

dar por elles leis carros emparelhados eraõ feitosem quadro robre abobadas tinhaõ jardins e hortas de recreyo em que fe diz havia arvore t. õ

grolla que dez homens a naõ podiaõ abarcar tio

nhaõ dentro humTemplogeJupiter Bello , ay de

t 08te ob ra Mo lalca e fe ignorairs o que he ella obravede a C apella de S. jn aõ em S . Roque de Lisboa

f ita pelo F ideliflimo Rey l) . joaõ V . e nella

ach reis tres pa ineis que parecendo ex cellente

p intura faõ feitos de bocados de pedra e illo he

que lechama obra Mois ica porque fechamava

Moy les 0 (Zu primeiro inventor. O Templo em,

que ell avia ella no tavel ell atua tinha de largo no

venta e cinco pés e o ma is á proporç aõ da largura tudo nelle era ouro pedras recio las e lavo

res ex quiz itos , porém a archite ura ex cedia a tu

do fo tinha o d :feito que ,lendo taõ grande

naõ era proporcionado para a ell atua deJupiter

porque le eltivelie em pé naõ caberia no Tem

p lo ; elle defeito notaraõ ao architeâ o , o qualrelpondeo que por ill

'

o fiz era a ell atua de materia

taõ pez ada para que nunca le levantall'

e. As piramides do Egypto fqraõ a lex ta maravilha , mandavaõ— nas faz er os Reys daqUella antiga Monark

quia, para mollrarem a ('

na riquez a, e para remediarem os feus va ll

'

allos,occupando

- os com lucrohouve piramide dellas que cada angulo dos qua-rt ro que tinha qccUpava trez entos e leti

'

ca ta e tres

pés de comprimento ; outra que galtaraõ em faz êl a vinte annos trez entos e fell

'

enta homens : outrasforaõ fabricadas em l

'

ettenta e oito annos e quatromez es ; huma no tavel occupava emcircuito dousm il novecentos e quarenta e oito pés outra maior ,t res mil quinhentos e trinta e dous pés ; todas eraõl avradas de ex cellentes pedras da Ethiopia , cadahuma com ex quiz ita architeâ ura em que le visóefculpidas as acçoens memoraveis dos Reys ,que asmandaraõ faz er. Afctima , e ultimamaravilha do

mundo

u z

pedra tiburtina e taõ alto que igualava com o

monte C elio ; durou ella obra doze annos trabaª

lhando nella trinta mil pell'

oas e accommodava emli com larguez a oitenta e cinco mil para verem as

feitas ; rclta delle ametade dedicou- o a Tito e no

dia da dedicaçaõ m_

orreraõ cinco mil féras de diª:verl

'

as efpecies . Ja que fois taõ curioz o fabei

que eraõ Baz ilicas dos Romanos, eraõ humascaz as

grandes aonde fe juntavaõ os negociantes e mer

.cadores a tratar dos feus pleitos e negocios : leisforaõ as mais notaveis a de Paulo : adornada de

formoz as columnas a Porcia que fez Cataõ lenª:do Cenl

'

or , à culta do povo, e nella alliltiaõ osTrihunos da plebeza Opimia junto ao Templo da Con.

cordia a deMacedio junto ao certo Flamineo i , :

de Conltantino junto ao Templo da Paz e a Ari

gentaria na praç a mayor : daqui vem chamarem os

C atholicos Baz ilicas em Roma e fõra della ásIgreja muito grandes . Balla dill

'

e o Soldado e

á manhãs venhaõ cedo porque mecabecontar asvidas dos noll

'

os Rey s de Portugal e ha de fer emtodas as Conferencias até fe acabarem para Mnaõ efquecerem.

F I MDA DECIMAQU ARTA PARTE.

L I S B O ACam rodar ar licença : neceíar iar .

Anno de 1 758.

( "S )

AC AD E 'M I

H U M IE

L ) S ,

G N o R A N T E s.

C ONFERENC I A . XV.

U ntos no dia 1 8 de Ago llo dille o Soldado Naõconto as vidas dOs Príncipes Gentios Hen ges e

( )a tholicos que teve e ll e Reyno ja lepa rado iau nido aocorpn de toda a Hefpanha

'

, porque i ll'

o

pertence ao noli'

n companheiro que nos rt fere a

hilloria de todo o mundo e nos ha de contar tudo if

loa feu tempo ; pertencem.-me os Soberanos de que tra

taõ os null'

os Elcritorea , e aonde começ a a genea logia

dos no ll'

os Serenillimos Rey s: o primeiro pois he o Conl deD. Henrique, na tural de Franç a . neto do prirm iro Du

que de Borgonha Roberto , filho quarto de feu primogenitoHenrique, fegundo,e terce iro o to dos antigos ReysdeFranç a Roberto, e Hogo C ap : to, e do fangue do lm

perador C arlos Magno,pela parte do pay defcendente do

Grande Paramundo Rey dos Francos e pe la pa rte da

My de H enrique, Duque primeiro de Sax onia,e deSantoAtaulfo , Duque de Moll

'

elana: de trinta annos veyo para

Helpanha adquirir fama nas guerras contra os Mouros, e

ªprender do famoz o C id C ampeador morreo n z ll'

e tem

PººRey de C all ella D . Fernan do, deix ou os Reinos tertidos pelos filhos feguiran

- fe guerras entre todos e

umchamado D. Sancho tirou ao irmaõ D . Ga rcra Rey"0de Portugal ,e ao i rmaõ D. Mi

'

nu to Reyno de Leaõ,ºbrigando

-om fe valeflcdo favor dos Barbaros para PÉl'

at

"6'

Pedio- lhcfoecorro lua cunhada Dona U rraca contra feumarido D. Atl

'

onfo o Imperador , Ray de Navarra , e

A-ragaõ que pertendaa fer tntor de hum frlho que do

pri a-

eito Ma trimonio teve a mefma Dona U rraca ; e o

rnefmo foy d, r— lhe o no ll'

o Cond foccorro que vencêlo e decidir o plei to. Duas vez 3 depo is foy cercado

pelos Mouros na C idade de Cº imbra, aos quaes r z ill io,obrigou a retirarem- fe fez os muros do Po rto quaz i

»t odos ,e os de Braga quaz i dos al i erles : porque os bar:b aros que a po lluiraõ mais de duz z ntos annos os dei

x araõ toraltnente dell ruidos . Eli ,.va liti .ndo a C idadede AÍiorga que em fun com o t i tulo de Conde , antes

de coz .,r com a filha do Rey L). Atlonfo quando lhedeo huma doença tal que em breves dias morreo comuniverfa l lentimen to , naõ fé dos Vall

'

a llos, e Rey s vi

z inhos mas a inda dos ma is diltantcs que veneravaõpfeu nome lingulares virtudes e necellitavaõ do l

'eu

valor para todas as occalioens de empenho , e defez a

Fa lleceo com fellcnta e fette annos de idade , mais de

vinte de governo de Portugal com o titulo de Conde

dez o ito annos de idade tinha teu filho D. Aflonlo que

fe achava com elle no litro de All orga o qual acompanhou o cadaver do pay com o melhor do ex ercito guar

dando o mais delle retaguarda e na Sé Primacia l de

Braga o fepultou aonde annos depois foy fepultada l'

un

mulher a Condell'

a Dona Therez a. Era decltatura pro

porcionada de formoz a e veneravel prefença ro ll o

b ranco olhos s z ucs e cabellos ruivos no feu retrato

antigo citá armadocom a efpada levantada. Teve tres li;lhos legí timos e hum fóra do Ma trimonio e de mà

'

ynobre : os legítimos foraõ D. Alfonfo Henriques que

lhe fuccedeo no titulo de Conde Infante depois Princie ultimamente Rey como logo onvireis Dona

herez a quecaz on com D . Fernando Nunes Senhor

Grande emGalliza Dona U rraca , que caz oncoul

t

a

D .

er

n o

dancia queria ellabelecer<para ti hum Imperio que cf.:

co lhera os Portuguez es p i ra levarem fua Ley a terra;remºtas que compuz ell

'

e o Efcudo das luas Armasdas luas cinco Chagas e dos trinta dinheiros , porquefora vendido e acceitall

'

e o titulo de Rey que pela manhã

'

a o ex ercito lhe havia dar pºltrado em terra e

abatido , proteftou Ali'

onlo , que a (“

na fé efcuz ava v'

r

z ocos , de que naõ era digno e agradecen ao Redem

ptor e lle favor li ngular vinha nafcendo o Sol quando

fe recolheo e o ex ercito movido po : Deos o cercoutodo batendo nos Efcudos chamando- lhe Rey acclamaç aõ que acceitou por ler ordem de Chrilto, pedindo.- lhe todos , com furor preternatural , le prez entall

'

e

logo a batalha , ecomeçou adispo - la. Ba lla drll eoTheo

logo ) acaba- le o dia vamos á Ladainha e na Confe

rencia de amanhi a acabarey de contar ella notavel vida;

F I M

DA DEC IMA QUINTA PARTE.

L I S B O ANaOllie. de FRANCISCO BORGES DE SOUSA:

Anno de t758.

Con: toda: ar licença: necej'

ariar.

( J Z !

ACA DEM I AD O S

M I L D E SI G N O R A N T E S.

U ntos no dia go deAgollo , continuou Solde o

do a vida do Serenillimo Veneravcl Rey D . All'

on

lo H enriquez Dizendo difpollo em batalha o pen

qucno ex ercito na confula e irregular fôrma naqu t lles tempos u ladu o noli

'

cRey fe prefenrou em qua

tro efquadrões e I lmar em doz e accõmetteraô fe osdous ex ercitos, durou leis horas o conHiéto ,com a emrios o fanguepelocampo,naõ fe piz avaõ mais quecor .

pormortos; e em lim declarou- l'

e pelosC atholicos a vi.

Guria huma das mai ores de que ha nºticia l'

oy al

cançada no campo de O urique em dia de S.Tiago no

anno de t ;9. Ilmar, vendo - fe perdido foy vingar fe

naCidade de Leiria que tomou e pa llou á e lpada os

defenll'

ores della,cativou oAlcaide, e C apitaô D. Pela

yoGutterrez ; acudio logo o nu ll'

o Rey e a inda que

achou muita reliflencia com tudo teíiaurou C idade,

_

etomeçou a meditar a conquill a de Santarem Praç ameltpugnavel

º

,mas para o ler votou edihcar o Mt (ieira

deAlcobaç a e dotá— lo com todas as terras que V ia

dº monte aonde ell ava no mclmo inllante revelou

Deos ell e voto a S. Bernardo em França o qual Chªrlpou logo dous Monges e os mandou para elleRei.noacomeçar fundaçaó e delde ell

'

e&o commu

Q.

SanchO '

tifrh tO loccorrido aos teus Valfallos naqt

c'

onliiâ o:os naturaewe os eltranho'

s o acelamaraõ

pre com o appellido Je Rey Santo e as luas con

ll as continuas lhe adquiriraõ em tudo o O rb e o to

nome de C onquill ador . teve quatro filhos legitim

que foraõ D.

Henrique. que morreo de poucos an

D ,Sancho, que lhe fuccedeon a Coroa, D.U rraca ,eal

'

ou comD.Pernando l l . Rey de Leao do qua l

feparada por ordem do Papa por ler parenta do tr

do, do qualja tinha hum filhochamado Alionl'

o

fuccedeo ao pay. no Reino de Leao e foy pay do ]Santo Fernando III. canoniz ado,para ella lepa rahouve humConcil io em Salamanca : D. Therez a , llher fegunda do primeiro F ilippe Conde deFlandaonde lhe chamaraõ Matildis, foy notavel Princez a

na aulencia de feu -marido foy e l'

erá memorá vel o

governo. Teve o noli'

o Rey tres filhos illeg'

ttimosPedro, que foy Meltre da

'

O rdem de S. ]oab emRoccliá fepultado em S.]oaó de Santarem; D. Therez afonfo, mulher de D . SanchoNunes, a quem a tirou

Pay e acafou com D .Pernando Martins oBravonhor de Bragança, e naõ tiveraõ tilbosi D-U ffªºªtlher de D. Pedro Alfonl

'

o Viegas (ilha de D .All'

o:

Viegas, e deD.Aldara Perez ,e neto de D.Egas MorAyo do Rey : a ma

'

y dellas duas fi lhas fe chamavaE lviraGualter. Ball a porhora o mais que pertencvida , e acçoens deiteVeneravel Rey diremos na C *

ferencia de tiF I M

n a D E C I MA S E X TA PARTE.

L I S B O ACom toda: ar Iwençar necejb

Anno de r75

[ C N o R'

A N T e s.

C ONFERENCIA XVII.

O primeiro de Setttmbro fejuntaraõ os Academicos,e pro leguio o Soldado a vida do no

fo Veneravel Rey D . Alionfo H enriques ,di

z endo: Libera lillimo foy o no lfu Monarcha , a

D. Gonç a lo Mendes de Amaya, fez feu Adea nta t 0mi r,e foy o un ico que teve elle Re)no,:tGonç a lo Rodrigues

Mordomo mór, a D. l h as Roup inha Almirante , a humElitangeiro cham ado Alberto C hance ller mór a D .

Gonçalo V iegas , lilho de leu ayo , fez Me l i to da O rdemdeAviz e todos foraõ os pr ime iro s nell es o fht iosComPôs nu llo Rey e lcudo das Armas do Re y no

Ellas por mais que os no ll'

os E lcrito res traba lhem em“terpretar as figuras delle crey o he impe rcepttvcl o“met ro porque fcperdeo a tradiçaõ do que lign ilh aVªõ : tem e tneo efcudos maiores az ues em campo braneu, e em fôrma de C ruz que d iz em foy querer obfervªra fórma do efcudo de (eu pay ,tem ou tro :, quatro menores em fórum quadrada d iz em que em memoria dos

quatro efquadroens com que accomme t teo os Mouros

nºcampo de Ourique emcircunferencial de todo s pôsºutros dez elcudos ligados com hum co rdaó os quaescºmos nove de dentro,contando duas vez es o do meio,fªzemvinte,que faõ_ osReys vencidos naquella batalha,

rgz

Meltre a vencer , e aproveitou de forte que fe bem t

appellido que lhe daõ os Efcritores he Povoa

dor , outros lhe chamaraõ Invencível outros o Ven

cedor ,'

vinte e leis annos tinha de idade , quando fahir

de Co imbra a primeira emprez a que era defenderas terras do Alemtejo a quem ameaç ava o poderoze

Rey Mouro de Sevilha acompanhou— o o pay a lguna

paifos fóta da C idade e a lli o abraç ou e lhe deo

bençaõ: os Mouros cuidadoz os mas ca lados o eltive'

raõ obfervando ,e vendo pa llar por Evora e Be

'

ja ,a té que atravell

'

ando a lerra Mourena fez pa imar ao

Rey de Sevulha porque eita era a primeira vez que dee:

po is de perdida Hefpanha tinhaõ chegado as armasC atholicas às portas de Sevilha : fahio

'

della o Mouro s

recebe- lo no campo de Ax a rafe com formi t lavel ex ercito o rdenou o Principe a t ua gente em cinco efqua

droens queconitavaõ de dous mil e trez entos C avalleio

ros ittveitira6 e os dous ex ercitos e no maio r auge

do conil iíto l'

e vio o nolfo D . Sancho cercado de intrumeraveisMouros fem poder ter aux ilio dos feus Portu

guez es entaõ o invencível langue do pay , animando-o

vigo roz anterite,defcarregou com tal violencia para Mia,e outra part : o montante ( era huma efpa t la muito uza

da naquelle tempo em que as forças conrelponJ—iaõ as

barbas tinha o rdinariamente hum fó có rte era,mui

to comprida larga e pez ada , de lo rte , que fe juga va com ambas a s mãos , e para as terem de lempedi .

das lançavaõ a tiracol as redéas ) de forte M atºu e feª

rio, e deo a conhecer as fo rç as, que os Mouros pº

tdidoo a lento e o Rey primeiro que todos viranco a s cof.

tas bufcaraõ a C idade rodando já no campo as prins

cipaas bandeiras a impul fos e golpes do montante dono li

'

n Principe : bufcaraõ confuz os a porta deTriana ;

porém como D . Sancho os perleguia fortemente aqui

pereceo o reito do ex ercito Mahometano aos fios da

cipa

r 6 rforte que quandomom o deix ou humvazo de

'

ourd'

ao

Summo Pontifice Innocencio II I. , para (e faz er humca liz

, repartio grande The l'

ouro com todas as Igrejasdo Reino de ix ou muito a feus filhos legi timos ja emd inheiro , ia em fenhorios de terra s e o mermo fez aosilleg itimos e fuas mãys e até a varios .Principes lóra

do Reino deix ou legados compe tentes à lua grandez a

naquelle icenlo e á Gaz a Santa de ]erufa lem num

bom donat ivo : lembra a Gi lcendade daquelle tem

po de ouro , vivamente retratada no teítamcnto delle

notavel Rey : nel le fez doaç oens e legados da

vacas das (nas egoas e das lu as porcas , em

[eus gados que ti nha em diverfos Gtzo s co

b em o dinheiro dividido por diverfas To rres

z ita rios porque as guerras continua

dell as cautellas para naõ arri l'

car em huma ló perda

o que havia fer remedio de todas Era o Rey demtº

diana efla tura, que parece quiz mo lh ar á naturez a , que ado Santo Rey leu pay hJVIª fer unica na Monarchia

Portun a tinha os membros avultados ,e nervos

robu lh lli vnos , de que lhe rez ultavaõ forç as ma is que

grandes na guerra foy fempre feliz e Vc edºf n.,

p az ex perimentou fempre o Geo contra o Re ino em!

caíhgos contínuos que tolerou com an imo taõ inteiro

como quem reconheci a a Deos t or Author Bail

que he no i te , á maa hãa conta rey o que falta defla vº

islinotavel.

F I M

n a DRC IWX SETTIMA PARTE.

L I S B O ANa OHicina de 14

L&ANÇ IDLU BU RGESDE SOU SA.

Anno de 1 758.

Cou: rodar dr licença : neceíarmr.

ACAD EM IAD O S

H U M IE

L D E S .

'

I G N O R A N T E S.

CONFERENCIA XVIII .U m grande auditoria deRomeiros no dia

dous

de Settembrocontinuou a vida do GrandeReyD . Sanchoo noffoSoldado , diz endo Poucos

eunos antes de morrer feuPay ,oVeneravelReyAffonlo H . nriques caz ou o nofl

'

o Rey D . Sancho

mDona Dulce, ou Aldonç a, filha do Principe D . Ra o

in Berenguer C onde de Barcelona e de Dona Petro o

hª ,Ra inha de Aragaõ e neta de D . Ramiro o Mon

foy Princez a admiravi l em todo o genero de virtu

com as quaes mereceo aDeos quatro filhas Santas

duas rez a jaa Igreja e das outras rez ará algum dia.

ynouo nolfoD .Sancho vinte e (e is annos,vi_

vcocincota e fette,morreo no anno de mil duz entos e doz e, eflá

mirado na C apella Mór de Santa C ruz de Coimbra

lado da Epiílola,defronte de feu pay , que tem o Mau

eo da parte do Evangelho : 0 Rey D. Manoel man

u abrir o leu (epulchro e achou o (eu cacava incorJto havendo qua trocentos an os que tinha fallecido,vilegio divino e conreirondente zi Opiniao que ti

noda Tua lantidade no feu retrato antigo eíl á comtoa Íohre o elmo ceptro na maõ , efpada á cinta , arªricas e manto carmelim teve nove filhos legiti

bs feis antes de caz ar o primeiro foi D . AH'

on l'

o

lhe luccedeo noReino , o legundo foy D. Fernao.

S do

l t4r

guimos em tudo o que vo , contamos nelle eftava oRey D .Sancho figurado a cava l lo com elpada levantada,nas redeas huma C ruz e em circuito a letra ln namingPatria

“ à "Filii Spir ifm' Sa rzã i da outra Pªrte

tllava o elcudo das Armas do Reyno com a letta: San.

aim Dei gratia P ortuga/lia: Rex . Emendou o oclloRey D.Sancho as Armas aoRe ino,tirando del las os dezel

'

eudetes ligados com o cordaõ que ("

eu pay lhe tinha

pollo, e os quatro que acompanhavaó a C ruz doscinco,tiles ló deix ou ficar ligados comcordaõ e ellas Armasuiíl eª

n hoje na familia dos Eças , a quem as deo oReyD. Pedro I . para que perfevera lfem no Reino as pri

l eiras Armas delle ja que todos os Reys as mudavaõ.

Tres dias depois da morte do Rey D. Sa ncho foy acmbra Rey dede Reino o Senhor D.

Affonfo, fegundo defle nome, que tinha nafcido na mcf

maCidade de Coimbra a vinte e cinco de Abril de un i

cento e oitenta coinco e agora fe achava com inte e

fette anuos de idade. Defde menino mo lh ou feu. pr: taí:

pouco amor aos irmãos , que pay teni endo pm ccct

fem neceÍIidades fe Iica li'

cm depend entes de lle a

todos deix ou tetras e dinheiros pa ra que podel'

e

fem paiTar a vida com a abundancia e faflo , que pdia o langue Real naquelle tempo em que todo s l

'

e

accomodavaõ com pouco e e li'

e pouco luz ia mot to

porem o'

no ll'

o Rey D . Aii'

onfo ap nas empunhnu o

ceptro revogou todas as doaçocns que pay fiz e ra

feus irmaõs,corno prejud'

ciacs á Coroa e bens d aReino

, que fendo ne li'

e tempo taõ p queno com efras dio

viloens e domínios Í'

eparados da Coroa ficava o Reyquati fé com o titulo porque as O rdens Mil i tares pofvfaiaõmuito ,as Religiocns Monachacs ou tro t .. n to e emfimera nada o que ficava ao Rcy para hon ra e [oitenta

çªõ do carat'

íier Rea l (ie e naõ outro i'

oy o mo tivo,porque logo mandou notificar a (eus irmaõs, que lheen

1 42 Jtrega il

'

ent as V illas de que eatavaõ ja de poll—e, emob

fervancia do te llamento de feu pay nullo nell a parte

porque naõ podia alienar os bens da Coroa os irmaõs

temendo as armas do Rey , deix araõ as terras,e o Reino

D . Fernando pa irou a C adella , e D. Pedro a Marrocos

as Infantas fortificaraõ —fe nas terras,que o pay lhes tinh

deix ado e o Rey lhes pôs cerco com tal porfia que

Beata Therez a pedio foccorro ao Rey de Leaõ o qua

veio pell'

oalmente, e foy obrando nelle Reino o queo:

Mouros tinhaõ feito os annos pali'

ados ; em Em cercou

ao Rey D.Ati'

onfo, quecitava cercando as irmâ'

as,vieraõ

os ex ercitos a'

s maõscomhorroroz a furia e o nofl'

oReycom os Portuguez es fe vio obrigado a deix ar ocampo,eo Rey de Leaõ recolhendo

- l'

e vitorioz o, ganhou as Vil

las de Va lença Melgaço Fulgozo Freyx o e outros

Lugares mais pequenos ,emenos importantes,nos quaes a

avarez a, e licençamilitar laqueou tudo ,o que puderaõ le

var os carros , as beftas e os homens e ao que ficou

lanç araõ fogo : auz ente o Rey deLeaõ e o (cu ex erci

to tornou o no llb Rey D . Allbnfo a perícguir z s ir,

mãas para que. lhe entregallcm as Villas que poll'

uiaõ

e ellas a i él as reco rreraõ ao Summo Pontífice Innocencio III. , o qua l interpondo a lua authoridade orde

nou ao no li'

a Rey com côminaçaõ das ma iorescenfuras,naõ inquietafie as irma

'

ás, até ler julgada d ia canz a cm '

forme a D ireito depois de ex aminado o que tinha

cada hum ás ditas Villa s e terras dez annos duraraõ

elias iuqii ietaço zns a té que no fim delles parece cantou

o Rey ou o i'

angue que he o certo o fez abrandar ,e fez paz es com a s irmaãs para fempre empregando da

o

hi por d ia nte os cu ida ro s nas acç te ns glo rioz as, que vos

conta retn os . Meditav a no do Rey a lguma emprez a

heroica qu i ndo p . !a barra de Lisboa entrou huma Armada dcnaç oens do No rte, que conli .va decem embar

caçocns dcil rcç idas de huma tcmpt ilade ; dill'

co Reyac

r 4efca lzivaõ a Praça a qu

cem4a naturez a fez incx pugnavel,

ontros combatiaõcom o ex ercito dos tres Reys no cam

po. Viaõ- fe milluradas gentes de linguas , e trajes eftranhos ouv iaõ- le inllrumentos belhcos dtHerentesvoavaõ tnlignias e bandeiras de diverlas cafl as,choviaõdardos frechas , lanças era tudo horror confuz aõelpanto , e fangue deforte , que diz huma memoriaantiga deita batalha que ainda de ois de a lcançada

pelos noll'

os a viEloria, deforte citava ba ta lhados (co l .

turne daquelle tempo em que fa l tando a polvora pa

ra matar deprell'

a muitos e os mais va loro l'

os era pre

ciz o deix ar a fôrma e confundiremd e para morreremá s pancadas os que b ali avaõ , para vencerem os vivos)

que muito tempo pelejaraõ (em necefiidade , e huns comontrosjulgando

- fe inimigos: em lim, declarou- fe a viã o .

ri a pelos no llos , entraraõ a Villa aonde todo deix ou a

vida nos fios da el'

pada morreraõ quatro Rey s e trin

ta mil Mouros os ma is falvaraõ as vidas nos pés proc

prios e nos dos cavallos foy o defpojo grande , e rico, por ler ell a V illa porto mari timo,e degrande cõmer.

cio naquelle l'

eculo ; tudo repartio pelos Elirangeiros

o Bifpo D. Mattheus de que ficaraõ todos l'

atisfeitos

e nenhum dos Portuguez es invejozo, porque (6honras,e viél orias defejavaõ todos. Balla , o mais contarei naConferencia feguinte.

F I M

DA DÉ C IMA OITAVA PARTE.

L I S B O ANa Ofiicina de FRANC ISCO BORGESDE SOU SA.

Anno de 1 758.

Com rodar ar licença: necej'

ariar .

AC AD EM I AD O S

H U M IE

L D E S,

I G N O R A N'

T E S.

CONFERENC IA XIX.

Relce o numero dos curiol'

os a ouvir as vi

das dos noll'

os Reys antigos , e juntando- feno dia cinco de Settembro muitos , continuou o Soldado a vida do memoravelRey

*D. Alfouro II. diz endo Impen ladamentecercá raõ .os

Mouros as V illas de Moura , e Serpa acudio pelToalmente o nolia Rey e cercando os cercadores os

obrigou a huma languinolenta batalha , em que a maiorrte dos inimigos perderaõ a vida : o noÍlo Rey pe'

ou com tal ancia e furor que ell eve em termos demorrer abafado na maior força do condiélo , porqueera muito gordo o tempo ex cellivamente ca lmoz o ,

a hora as doz e do dia o que tudojunto com o pezo

das armas o abafou deforte que o tiraraõ , da batalha

nos braços , e tiradas a , toda . a preffa as armas , o re

colheraõ a li tio frefco aonde o ar lhe rell ituiO'

oe

efpiritos ('

em nunca ce ll'

ar de eXpedir as ordens necefifarias , e animar os valfallos com recados e lembran

ç a das antigas viétorias fogiraõ em lim os Mouros ,o noffo Rey vié

'

torio lo, naõ perdendo tempo, buleutl

Rey d e Badajós zp que ufano com a : grandeza . do tcuex ercito , ameaçava naõ ró O

TAlemtejo , mas oRey.

no

( MG )no todo e nocampo de Alcocer commorte de trinlmil Mouros , o fez retirar cali igado e incapa z dnos perturbar a quietaçaõ no leu tempo. Reco lhidiLtsbõa,occupou os pentamentos na conquili a da Ter

ra Santa á quai defeiou ir pell'

oalmcnte como fetPay mas vendo que as necellidades da Monart hlto naõ permittiaõ , mandou huma luz ida Armada para aquella (anta emprez a , na qual o va lor Portuguezdeix ou o eterno nome , que em todos os Paizes elltanhos fempre adquiria : a fa lta de Efcri torep naqueliles feculos e a perturbaç aõ delles que (6 p_

drmittiao cuidado nas armas lem deix ar aos mais applicadatempo para elcrever hillorias , como tambem a foli

daõ e aulleridade em que viviaõ os Religiofos o:

quaes ló padiaõ faz er memoria dos heroico s tç'

nu

('

os dos Reys e va ll'

allos , foraõ cau l'

a de Hea d le

pulta das no efquecimento as acções notareis doRd)D . Alfonl

'

o e de outros muitos de lgraç a de que » !

cfcapou o Imperador Trajano» p erdendo- fem efcritorde Aurelio Vero, e FabioMarcello: a mcfma perdaMced eo com as guerras em varias Livrarias mamtas , em que le achavaõ algumas anriqniflimaa d u po

r ins ; a'

s quaes naõ perdoou a licenç a mi litar, con gave prejuíz o dos acredores delle gloria temporal . Salmmos ló que o Rey D . Affonfo e ra muito grollo -

pell

que lhe chamaraõ o'

gordo, e os hilla riadores o intituldo Legislador por l er o primeiro q ue começ ou v faO rdena'çaõ antiga de poucas l

ays, e breves ,porêmioh

fervadas á t il'

ea,e (em gloz a; di tmulava o Rey a muita

gordura corn a ellatura agigantada de que o dote!"natureza , tinha rollo formoz o , telta efpaçoz a o lhosalegres cabello ruivo que fempre traz ia loiro e bempenteado : no l

'

eu zretrato antigo te .

vê .com Con'

õ a nooitao .

,-cipada levantada ,.a rucz rico,mantocor denace!

com

( 1 48 )os lignaes de predeliinaç aõge para fermais publica, fue.

cedeo que o leu C onfetl'

or e llando no feu Conventoàs portas fechadas vio entrar no Côro huma grandemultidaõ de Relrgiofos de S. Francifco entre os

quaes fe diftinguiaõ cinco e a todos prez idia hum:

perguntando o dito C onte. (Por , que novrdadcera aquela,lhe refpon leraõ,que Deos os mandava faz er naquellinoite officio pela Ra inha que tinha fa llecido que oPrcz idente era Francifco e os cinco e raõ osMawtyres deMarrocos a quem ella vencrara ranto : logo

que acabaraõ as Marinas de defuntos dez appareceradª;

no'

mefmo tempo tocaraõ a portaria chamando a 'tb -f

da a prefla o C onl'

eli'

or, ara ali ili ir 6 Rainha, quecªl ªva eXpiranJofl

'

eve o no l o Rey D All'

onfo cinco filhoslegítimos hum baliardo. O primeiro foi D. Sancho

,

que lhe l'

uccedeo no Reyno. O legundo D . Affonfo

C onj de Bolonha por (“

na mulherMadama Matilda ,eªe foicha -n ado para Governador dell e Reyno ainda

em vida de Íeu irmaõ a quem'

fuccedeo no Ceptro. O

terceiro D. Fernando que chamaraõ de Serpa cazon

comDon : Sancha Fernandes filha de D. Fernando,

C ha de de Lara de queru fe diz que naeco Dona Lamdo Princípe de Dacia tem leu fepulchro

em Alcob rç a. quarto D. V icente que morfeo me

nino jaz no mefmo Moliceiro . O quinto Dona Leo

nor , qu: foi a Rainha de Dacia. O il legitimo l'

e chef

mou D. jnaõ Ari'

o río o qual com todas as luas '

acªª

ca ens eftá .fepultado em Alcobaça porque delle naõ

ha'

memoria a lgu'

na . l l lull rou e lle Reyno no feu tem

po a glori a de Po rtugal efpecia lmcntcde Lisbóa

o Senhor S anto Anro rio ; m s Armas 0 Bifpn de Lis

bõa D. Matthaus e m s virtu les que lhe mereceraó

Rngular fan s de (anti la le. D. Pedro ,Mefi re dos Tem

planos ; D . Gonçalo, Prior dos Maltezes queja dili'

e

"IOS

l º

mefmo dill inélo o daõ a cãnhecer os non'os Eícriptores . AV eneravel Rainha Dona U rraca lua mãy , , ptraz ia vertido com o H abito do grande Padre e Dougtor da Igreja Santo Agoli inho , para que o Santo Pa

l

triarcha o lrvralle das frequentes molell tas que padeciatendo menino. Foi Principe de genio dccil, e de naõd iHicil cond .:lcendencia dotado porémde animopia,:ex eeflivarnente gene rolo. A piedade o conduz ra comfrequencia aos Templos , adi ll indo com Regio ex emplo aos O liicios Divinos e á celebraç aõ dos Sagratdos My lierios da no li

'

a Religiaõ. Ageneroz idade Iheinfpirou fempre acções dignas do feu Real ampliâmo coraçaõ.Eftas, e outras virtudes,que l

'

e uniraõmamuy el eoncordia para formar o caraâ er e urnas,.Pe ll

'

oa deite Soberano , lhe adquiriraõ emH efpanha e em toda a Europa o Titulo,

foo e com ellas pudera chegar a conlegui

grão do Heroifmo , fe varios incidentes , dos queeromittimos a narraç aõ lhe naõ puz ell

'

em taõ fublillldfelicidade ou dtll ante ou certamente inalfequiyel

por varias e farses circunílancias Terriveis foraõ

do caz amento que contrahio naõ (em dez igualdadeiConle lheiros e pouco babeis para a deliberaçaõ dª .allianca, fa raó o amo r que tributou ti formofura da quefe lhe offereceo para Elpoz a e a dependencia dos quenelle caz amento muito te intere ll

'

araõ. Arrebatado derara bellez a 'de Dona Mecia Lopes. de Hªrro d q ualmhtro Rey Antíoco da formoz u-ra de huma DamaCalcic(e)viuva de D. Alvaro Pires de C all ro,filha de D . LºpoDias deHaro Senhor de Bifcay a e de Dona U rraceillegitime do zRey D. AEonl

'

o JX . deLeaõ ihe dea lmaõ dª Efpoz o , entregando- lhe á imitaç aõ do . ]mperador o coraç tõ o Ceptro , e o a lvedtno. Naõ foi..duReyno bemacceito elle defpnzmi

l

ºo'

e eu

C ONFER ENC IA XX.

U ntos no dia lette de Settembro continuou o Sol

dado a vida do nolin Rey D . Sm eh'

o II . , diz endo

Reinava nelle tempo em C ae lla D. Fernando

o Santo , de quem hoje rez a a Igreja e o no ÍI'

o

Rey, quemorfeo com Opiniaõ de Santo , bem merecida ,buleon a lua Corte,ecompanhia para confumma r a s vir

tudes hetoicas que havia tantos annos ex ercitava fez

caminho peloLugar de Moreira bem conhecido nelle

Reino no qual viviaõ a lguns Po rtuguez es valoroz useleacs va ll

'

a l los os principacs e raõ D. Garcia I) Iªcrnando Ga rcia, D . Fernando Lºpes , e D . Diogo Lopes,todos irmãos ; D . Ga rcia, que era o mais velho

,Í ahendo

que0Rev defcanç ava naquelle Lugar ve ll io o arnez ,e

acompa nhado ló de hum el'

cudeiro, tambem armadofoyaonde

"

elle eiiava e depois de lhe beija r a maõ d i lleMa u: r

'

r'

maõr ]aóenda'

que ca'

; Senlvor ejía ir aquiur envr

'

aã que ao: diga fejar'

r fervidafimr na Vr].la ; porque ar »o : vídar fer a

'

õ or mur ar que cer

.

iªmmte cor baõ de defender fempre em toda ellamarca como Rey , e Senhor delleRey no e fo

'

que»rema; que vor naõ acompanhe D . Ma rtim G:! que.

ºl prq/Eme o qual me ouve porque contra a

v mac

l 1 54voga reputaçaõ fa] can/

'

a ra ra! de tanta: aff rcçaemrui/criar que pa r/eee hoje dia Reyno [a

'

render goz o

do a m im de Ray ; que por ellis motivo var lamenta

mor e vemos hoje tre/?a eli [dº governada a onde

governar : e le elle drjer ocontr ar iº ,

z zz/io Ihe a ver dade. Reya certou o o llerecimento , e D . Ma rt im Gi l em

lou- fc e diz em os no lio s H tll orrado rcs efpecial.

.mente o GrandeManoel de Faria e Souz a que rllo foi

prova da lua cu lpa: mas, eu,que vio rncmOtias antigas delte cazo , achey que Martim Gil foy va lido

, pior fet

virtuo lo, e ('

e errou no, que aconÍelhava fempre ao ReyD. Sancho foy porque naõ entendia mais nem melhor ; porque a Tua intenç aõ foy fempre roa a e bemo moll rou em deix ar a patria e acompanhar emToledo n feu Rey a té elle acabar a vida e elle proter

tando o reflo procedimento quando Deos lhe t irou a

lua . Continuou o Rey ajornada , chegou a To ledo ,

aonde o Santo Rey D. Fernardo o recebeo como Santo parente e amigo e o fez re lpeita r tempre ccmo te ell tve li

'

e no ['

eu Reyno galiou em obras da Séde To ledo na Capella dos Reys com el

'

mõ las humincrivel thefouro naqttelles tempos que t inhaõ junto

º em Portugal os Reys l'

eus avós , e pay : foy pub licae a fpera a ua penitencia e com ella cdefgolios aprell'

ou a mo rte porêm taõ fel iz e de julio que S. Lao

z aro de quem era devo tillimo, lhe appareceo , r'

a lloitduas vez es em v ida ; dille- lhe o dia e hora em quehavia morrer e nella lhe aíli li io. Feliz Rey , a indaue todos lhe chamem defgraç ado que talvez perdefe

'

o Reyno eterno .ln goz all'

e o de Portugal pacifico: al iberáltdade, que uzou em Toledo

, lhe adq'

uirio'

o titulo_de Magnífico e

,entre os melhores de julio

'

e Vir“

tuoz o que para o ler bail ar-

a a paciencia ,comque lar.

gou

161,

t

ACAD EM IAD O S

H U M IE

L D E S,1 G N O R A N T E S.

'

CONFER ENC I A X X I .

O y tal odefejo , e aneia dos Romeiros em querer ouvir notavel acçaó de D. Payo ,q ue aca

o

had: Ladainha pedirao ao Soldado quiz ell'

e ter

com Conferencia o que elle fez continuando

thill oria. Trataraõ os Mouros com fumrno legredo a

mrega da Villa ao Rey D.Alfonfo e na hora l inalada

:ntrou nella o ocll'

oMonarcha acompanhado tô de dez

à valheiros fem que ninguemmais do Ex ercito fou

ieli'

e ino avrzaraõ D. Payo de que nao apparecia o

Rey em parte alguma ; fufpeitou que fe tinha arrifcadoalgum ex ame da Praç a e que osMouros o tinhaõ

ªtivo ou morto, ecomo Portuguez ,Religiofc, valen

tl'

, eH eroe com ira efpantofa Fez tocar as caix as

l ais inftrumentos de guerra e fez dar hum horroro l'

o

eíalto á V illa na mefma hora que era da noite e efcursllima os Portuguez es receando

'

o melmo que D .Paé

yo temia, cada humeu leaona avm ç ada e clcalladosmuros, e portas; osM uros, que t

'nhaõ o Rey den-z

troda Praça em boa paz ,quando viraõ d , repente aquelll novidade pa lmaraó ainda que fortemente te de

fªnderaõ o efcurQ dy ite horror, inflo e confu laófez que morre.

-[lemmuitos, e leriaõ todos te o Rey D.

Alfoufo naõ tubilfe a huma torre da V; l la aonde poreªtt: a gmeyas gritou ,

ao_

Ex ercito,e levantou 0lotª

xd

162

ço,moll rou a todos aschaves da Villa que tinha namaõ,

converteu - fe a ira em alegria,e vivas abriraõ- fe as

Rotª

tas e Íicáraõ os Mouros na Praç a tributarios ao eyD Alfonlo , allimcomo até aquelle tempo o crab doReyMiramolim licou coreó e fempre ell ará em duvida ,

qual foy mayorfaçanha (

'

e a do Rey D .Ali'

onfo emfe

li ar dos Mouros, acompanhado de dez C avalheiros ou

a dosMouros em guardarem fé palavra tendo-o

nas mãos a feu falvo nad lhe tirarem a vida polia :

daqui o nollb Rey a efcallarLoulé , Praça iá forumtempo dos Romanos como o teltrficaõ os eus muros,e depois memoravel como Convento , e allill enciaMTemplarios ti

'

oy edilicada das ruinas da antiga (lidadetaria a quemos terremotos e inundações do II I

dell ruiraõ mais dehuma vez e lendo hoje huma pegnona Aldea de cabanas no terremºto de 1755 perecer“todºs com morte de quali todos os moradores dellas ;porque apenas eeíl

'

ou o movimento da terra crel'

eeoo

mar deforte que acobrioquali no efpaço demey : lem,

deix ando- a coberta de peix es excellente: quando ('

e re

colheo aos teus l imites os quaes aproveitaraó algunscuriofos e conduz idos a Loulé , foraõ delicio l

'

os alia

mentos de muitos. Rendeo le ao noll'

o Rey V illa

Lorrlé e a meimo Fez a deAljez ur e logo Albofeiminex pugnavel pelo li tio em que ellafundada porêmjino Algarve nada tefi ll in á efpada Portuguez a e o nôff

fo Monarchs inli ltindo na conquill a vendo prolperufortuna rendea mais outros ugares fua obediencia;deforte que foy o noiro D .Aiionlo o Rey primeiroqoedepois de cento e oitenta arma s de habitaç ao dos Mou

ros nelle paiz os ex pull'

ou dia terras vilinhes aoReinºde Portugal e faltando- lhe dêm: modo o ex ercicio dalarmas occupou—fe na reftauraç aó e acerefcentarnenrtdas Praças todas defde os alicerl

'

es fundou a deEline

moz , rematou aeerelcentou,e fez inex puaaveis to

165nulher a Rainha B .Bea triz teve cinco filhos ecin e

,allardos. O primeiro do'

s Iegitimos foy I). D inizlhe fuccedeo no Reino. O l 'egundo D . Alfourohor da C idade de Portalegre e das V i llas de Ç a

ro de Vide Marvaó,e Arronches ; ca lou com

na V iolan te filha do Infante D . Manoel neta

Reys Dom Fernando o III. de C allella , e Dom

te I. deAragao foy l'

eu filho Do n Alfonl'

o Senhor

,eiria que morreo tem filhos. Dona l label que

mcom DomJoaoo torto lenhor de Bifcaya . Do

Sonllança quecalou comNuno Gonlalves de LaDona Maria com I). Tello , filho do Infante D . Aflo deMolina. Dona l label , que calou comD .Joaóonlo lenhar de Albuquerque rilho de D. Alicot

'

o

ches e neto do Rey D . D iniz . Terceiro filho foyFernando que motteo moço . Quarto D . Branca'

primeiro foy Abbadella doMolleiro de Lorvaõ ne

Reino , e depois Abbade ll'

a do Moll eiro deHuelgasBurgos emC allella e foy Senhora de muitosLugaem ambos os Reinos. quinto D . Conll ança , que'

reoem C allella quando a Rainha lua mã'

y foy vir Rey teu avô e pedir

- lhe o Algarve , ell á (epul

t em Alcobaça. 0 primeiro filho illegitimo foy DAtlonlo pay de I). Lourenço Gil Ballio da Igreja3. Braz

'

deLisboa aonde ell á lepultado. 0 legundo

Fernando Allonfo C avalleiro Templario , jaz na“

ma Igreja. Terceiro D . Allonl'

o Diniz ca loucomna Maria Ribeira a antiquillima e no

tlima C ala de Soufa vê na lua genealogia,tita na a mayor e legancia e

trell'

i c as em França, o trono

dell a i onlerva no Duque de

Foens. “onto havido em

t Moura t'

ormolillima do qual defcendem os Soulcs,chamar,Chichorros. O quinto foy DonaLeom x de.

( 1 69 )

A D E M I AD O S

M l L )

t o N o R A N T E s .

CONFERENC I A XXII.C abada aMilla no dia oitode Setembro quizo Theologo continuar a vida deN.Senhora

por ler o dia do feu fantill imoNafcimento ;porém todos dill

'

eraõ licalfe para a tarde eli'

a

a e agora acaball'

e o Soldado de referir_avidado noll

'

o Augullo Rey D D iniz por appellido o

Juito , o que elle fez diz endo : B elde que teve ulo de'raz aômollrou em todas as l uas acçoens reinavaõ em leucfpirito as virtudes da Verdade,Julliça, eLiberalidade,nas quaes depois ex cedeo a todos os feus antepalTados ,e amuitos dos futuros . Ng idade de dez oito anuos começou a governar pormorte de.

leu pay e lendo obe

dientillimo fummamente venerador em tudo daRai

nha l'

ua mâ'

y, naõ confentio que ella o acompanhall'

e no

emconta alguma dogoverno, diz endode hum homem da lua idade ler gover

a quatro anuos morejeitar a companhialendo taõmoço po

z o em emendar publi

era elle o ter- fedei

atural liberalidade

a que le laguio dar tanto em quatro anuos que quando

Qelleâ io no que tinha feitoYquali fe. achou lemcongª

( 1 77 )

A C A D E M I AD O S

H U M I L E SaE

l G N O R A N T E S.

C ONFER ENC IA XX III .

U ntos todos depois dejantar , dill'

e o Soldado Naõo b liante a ineXplicavel liberalidade do nollb Rey D .

D iniz deix ou por fua morte ht m grande tht l'

ouro

[ue encarecem todos os H ifloriadores de lle Rey no e afimcomo era promptillimo rompre em dar allªm era ininigo capital de aeceitar confa alguma de forte que alem

Íealleviar os vall'

allos de tributos e nunca permittir tof'

ein vex ados pelos poucos que pagavaõ e lhe eraõ de

tidos ; quando foi a Aragaõ depois de dar ao Rey l) .

laime dé graça , dobrado dinheiro do que elle lhe pedra

mpreílado naõ foi pa llivel acceitar mimo algum dos

'nnumerave is que elle ex cogitou para lhe oh

'

u ccer. Sa

hioa divertir— fe na caça em hum botque junto a Béja aon

le o accommetteo hum url'

o faltando— lhe de repente nas

Incas do cavallo e abracando— o de f orte que lhe impedia

oªmovimento dos braços pira a def

ez a vendo - fe nelle pe

rigo de vida porque elle)brutos todas as forças tem nos

braços e mataõ apertar tª'.nelles os outros gi itou porS.

Luiz Bifpo de Tolofu,;gáíÓrdem de S . l ªraneil'

co pouco

Conhecido e veneraclb nelleReino de Portugal porem

muito no do Algarve ,“mais emHefpanha, e com grandez a

ªmFrança : naõ era o Rey devoto do Santo porem tinha

ºuvido a (namulher aRainha 87anta Babel mima s sims

1 80

ra vez comDona Branca de Pogtel , e fegunda com Dona Maria X imenes

, Coronel de Aragaõ ,naõ teve filhos

O terceiro foiJoaõAffonfo ,de cuja vida

,e acçoens nat

ha noticia . quarto foi Fernando Sanches ellá fepultado no C onvento de S . Do n irrgos de Santarem. O quinto fo i Dona Ma ria que cafou com D . ]oa õ deLacerdafex to

,Dona Maria

, que morreo Fre ira emOdivellasA feu filho D . Pedro

,ba l 'a do

,deo o titu lo de C onde dr

Barcellos,e fo i o primeiro titulo que deraõ os nol

(os primeiros Ret s a Afi? info Sanches feu filho baBardo

,e o mais querido ,

o tiº lo de C onde deAlbuquer

que : a LourençoAnnes deu dignidade de Mefite daOr

dem de S. Tiago ,e foi o prime iro nell esReinos a Gi

Martins,Meli to da O rdem u e Av 17 fez Moliro da Orden

de brillo,e fo i o primeiro dos dez , que teve ella O_

r

dem antes de pallar aos Rev de lºortuy . e lie. dignidade

a V afco Martins de Soufa tez feu haut.ellermó r e fo

o primeiro . Governáraõ a Igreja de Deus no feu tempt

os Papas Martinho,H onorio

,e lNrcolao quartos Cela

ilino,e Bonifacio oitavos Benedit

ºl o X . e C lemente V

Frarrcez o qual mudou a C adeira dc;S . Pedro para Frm;

ç a ,aonde efteve fettenta annos noReinado de fette Pa

pas Francez es , e ]oaõ XX I I . I loreceraõ,S . Roque

Santa Birgida ,Santa C lara deMonte 1 alco

,em cujo co

raçaõ fe

achou efculpido de relevo hum C rucifix o ,e n

:

bolfa do fel tres globos , que com íingular prodígio tan

to pez ava hum ,como todos tres

,tell imunho do M) (lerit

da Trindade Santrr'

l'

ma Em letras foraõ notaveis,Nico

lao de Ly ra , Efcoto ,Durando ,

o Poeta Dante : viver

nelle tempo o grande'

I anmet o,e def e

nfor da Igrej.C arbolica contra os cifruas

,de ã

,

o a livrou,defde o dj:

da lu a canoniz açaõ, S .Nreorao Tolentino,cuja vida ou

vireis a feu tempo. l oraõ queimaJos publicamente por

ordem do Papa Bonifacio os olTos de H ermano,ou Het

maõ ,que, emmuitas terras eta venerado por Santo , tendt(ido

AC AB

U ME

I G N O R A N T B s

C ONFER EN C IA X X IV .

O dia nove de Scttembro profeguio a hinoria dos noíl

'

osReys o Soldado diz endo :Se

pultado emOdivéllas o noll'

o ditoz oMonar

chaD . Diniz,foy acclamadodahi a dousdias

feu filho D . Afi'

onfo quarto deite nome Rey fettimo

delleReyno,chamado por antonomaz ia oOuz adognaf

em emC oimbra aos oito_de Fevereiro do anao de mil

duz entos e noventa,primogenitodoRey D . Diniz ,e da

Rainha Santa Iz abel, ventura a mais digna de inveja, efimcomparaçaomais do que a C oroa dell esReinos

que nafcia logo nos ex ercicios de menino mo

ou tal esforço de animo, e tal vigor que lhe chama

taõ o Bravo .No princípio do ['

eu governo teve ba il an

tes del'

cr idos,porque fé o ex ercício da caça lhe levava

oscuidados,e até nosTribunaes,e Confelhos converfa

va nas féras que tinha morto ; porêm hum C avalheiro,

que ouvio com tal liberdade o reprehendeo qr e o

Rey cahindo em fi elbmando a liberdade por fer fi

lha de z elo e amor É al'

,agradecen o aviz o e emen

dou— fe de modo que apenas , para allivio do trab .U m

do governo, uz ava deite divertimento licito : na vida defeu Pay D.Diniz contamos a oppofiçaõ que elle tinha

Aa a (eu

O S

1 9!

o noil'

oMonarcha a ofl'

erta e elogio ; oremnada

eciton do precioz o ,dando— fe por fatis eito com o

unfo com que entrou ,e foy recebido na Corte deSe

vilha,ccomquemandaíi'

em algumas dasprincipaes ban

deiras ao Papa,e fé para entrar nefteReino com algum

i ignal de taõ mcmoravel viéioria efcolheo o traz er

eomfigo a Abohamó filho dehum dosReys vencidos,que o nollo Rey tinha cativado pela fua meó na bata

lha,e cinco eftandartes, que pendurou na Sé deLisboa:

pouco depois de entrar no Reino entre vivas e ap

plauz os deo liberdade de graça ao Infante Mouro;por

que feu Pay lhe otierecia por elle hum ex traordinaria

preço que o noll'

o Rey defprez ou para moítrar 0 ea

pricho Portuguez mal empregado em taõ vil canalha,

que nem confervou memoria de taõ raro beneficionem teve nunca brio para o imitar com hum I nfan tede Portugal , que lámorreomarty riz ado:em fim,

Mou

ros fundados na religiaõ por hum arrieiro e abominados em todo o mundo

,aonde a falta de uniaõ nos Pria

'

eipes C atholicos hecauz a de terem dominio taõ di laIªoy. prodigio z a eita v ic

ªtoria e como tar-a tte

Jéb ra H el'

panha , porque nella confeíiavaõ os Montorter Vitto Gigantes armados e cercados de refplando

r es ex traordinarios pelejando pelos C a tholicos .Ba lla ;omais contarei á manhaâ

'

.

DA V IGESIMAQU ARTA PARTE.

L I S B O ANa OHicina de Francifco Borges de Souz a.

Anno de 1 759.

Comtoda: a; lia upar necefa'iar.

A C AD E M IA

H U MD

ZI L ) E s ,

I G N O R A N T a s

C O N F ER ENC IA XXVOdos os que ouviraõ a notavel viEtoria do nor.

fo Rey D . Affonfo IV. efperavaõ com impaciencia a tarde quando o Soldado começou tri

fte a Conferencia diz endo Naõ pode ('

em l agri.

mas contar- vos o fim defla notavel vida compo li ade» Victorias e ex cellentes politicas porque comhonra refoluçaõ na velhice naõ muita mas com

guerras e trabalhos adiantada mais do que pediaõos z onos ) obrou o nofl

i

o Rey huma acçaó , que (6lagrimas a podiaõ contar : Morreo a Princez a DonaConfiança , mulher do noflo Principe I). Pedro e

naõ obftante eix ar dous filhos intentou o Principefegunda vez cafar com a Senhora Dona Ignez de C ª(tro parenta l

'

ua formofiflima que primeiro foi ("

eus

amores (em offenla da honra , e porque feu pay o que.:

ria eafar em outra parte aonde lhe e ia mayor conveniencia occultamente fe difpcrifou e a recebeo e

coníummado o matrimonio teve della quatro filhosfoube ino o Rey por boca de tres validos ,

. Pedro.

C oelho D iºgo Lopes e Alvaro Gonfalves os quaes

lhe aconfelharaó . que a mandafl'

e degolar : pouco .

foi-necell'

ario para o perfnadir e ella fabcndo da (enBb tenga

1 94tenç a ,

lhe foi fallar com os tilhon e netos doRey diantede ti a cuja vill a movido o fangue fe applacou o Rey ,

porém os tres va lidos a inda que a vit al) e conhg ç e .

raõ mud ado Rt y no que determinara naõ obflan

te os fans rogos , e o proteíl o deque le confult a l le

fegnnda vez o Rey que certamente ia a naõ manda

va matar e lles como gente vil infame e baix a

lhe l'

epararaõ o corpo da cabeça e ll a ty rannie que

todas asNaçoens f.: bem con taõ e abominaõ efcu

rcceo o nome e gloria do Ray Atlonlo . Morrco

em Lisboa no mez de May o com foll'

enta e lei te arma s

de idade trinta e hum e mey o deRey tinha o feu

jaz igo dentro da C ape lla Mór da Sé de Lisboa da parte do Evangelho em lugar al .o e no mefmo arco ef

tava [epultada ['

na mu lher a Ra inha Dona Beatriz ,

filha de D . Sancho Bravo , e quarto dell e nome Reyde C ail ella e da Ra inha Dona C a tharina filha do l n

fante D. Alr'

onfo de Molina o ró teve filho a lgumba liardo e de [

'

na mulher teve t'

eis . 0 primeiro D.

Atlon l'

o , que morn o menino e cita lepultado emS. Domingos de Santarem. O fegundo D. D rniz

que morreo na me l'

ma idade , jaz em Alcobaç a aos

pé s de (eu bifavõ Aílonlo l l l . 0 terce iro D. ]o aõ ,que mot teo menino e citá efculpido no (epulchro de

feu avô D . D iniz . em ()dive ilas . O qua rto Dona Ma

ria que toy Ra inha de C a llella mulher do Rey D .

Ali'

on i'

u X l pays do Ros y de C aitella D . Pedro

C ruel. Q_u into D . Pedro que lhe fucccdeo noRei

no . O fex ro Dona (leonor , Ra inha de Aragaõ , mu

lher fagunda«do Rey D . Pedro IV. , morfeo moç a

teve huma l'

ó filha chamada Dona Beatriz que vindo

* Portugal depois da morte de feu avô D . Alfonfo,

morn o menina , e chá fepultada com a Ra inha DonaBeatriz naSé deLisboa illullre elogio de norl

'

o Mo

natcha

zoo

nhamcnto,perguntou porque lhe ehamavaõ aquelle nome alfrontofo, econfell

'

n do todas era alcunha, porquefeu marido a forçara, antes de recebe

- la;mandou prender o marido que vinha na commitiva e logo no mefemo Htio o fez enforcar, dizendo, que elle pagará amu

Iber o que lhe devia pela forç a que lhe fiz era porém

que agora pagava á jufliç a o que lhe devia defde queforçara Certo Ecclefiaílico e grande doReyno era

adultero com efcandalo , quiz açoutá— lo com as fuas

mãos;: foi necelfario proíi rarem— Ie- lhe aos pés os gran

des para o venceremcompromefl'

a de emenda da cul

pado taõ publica como a tin

ªa lido a fua efcandalp fn

vida. Fez cortar as coítellas de umcavalheiro rico,por

que fiado na lua nobrez a e cabedaes por hum pique

de nenhuma entidade com hum lavrador mandou- Ihe

co rtar os arcos de huma cuba ou tonel emque tinha

o (eu vmho e todo o feu remedio para ill'

o traz ia

fempre eomfigo o a lgoz chamado commummente carrafco , e elle traz ia fempre no cinto hum az orrague

para os cell igos que pôde hum Rey decentemente ex e

cu tar com a fua maó,como efte do grande,e ontros ,quefecalaõ por elpecial politica . Ma is a lgunscall igos,que

parecem rrgorofos, e viftos com olhos defapaix onados,faó jull iflimos todos , le contaõ mandara faz er porémas memorias delles Íaõ tradiçoens do vulgo e a inda ar

íim fe os mandou faz er fez o que devia áJull iç a . Ef

ta a primeira imagem do noll'

oMonarcha em que a oh

fervancia lanta dasLey s ex ecuçao dellas , o fez pa

recer t igorofo . A“manhãa vereis a fegunda imagem

e fareis o verdadeiro conceito,FIM ' DAm es ma QU INTA PARTE.

LISBOA:Na Officina de IgnacioNogu : iraX ifto. 1760.

Com toda: ar licença rzecej'

arr'

ar.

( zor )

ACAD E M I A

H U M I L ) Er G N O R A N T E s

CO NF E RENC IA XXVI .

O dia doze de Setembrocontinuou a vida doRey D . Pedro 1. o Soldado. Viftes dill

'

e a

primeira imagem do noflo admiravel Princi

pe,que feudo toda de humMonarchajufto,osi nfenfatos lhe chamaraõ rigorofo: ora notai agora a (na

clemencia,affabilidade, grandez a, ecuidado da Monar

chia, e vereis que o ('

eu genio foi docil, benigno, fuavee fé o amor dajultiça, virtude alicerfe da Républica, oobrigou a parecer ngorofo , porque ninguem quer emfua cafa aquella virtude a mais precifa. As Ley s,que punha eraõ ob lervadas á rifca com veneraçaõ e temor

promulgou huma com pena de morte a todo o]u iz ,quodelfe fentenç a por empenhos, ou mimos e ex ecutou— fe

rigorofamente; porque hum,que fe de lcuido u, perdeo a

vida na forca: ordenou que naõ houvelfeLetrados, nemProcuradores, nem a menor dilaçaõ nos pleitos, refolu

ç aõ fantillima, que imitou Mathias Rey de U ngria de

lla forte em breves dias,e as vez es horas,fe acabavaõ no

feuReinado asdemandas com Iingularjufl iça,aflim como Roma goz ou a melhor faude em quanto naõ teve

Medicos,qtre depois chamou para ex tinguir o muitovo

,queja naõ podia Íultentar. Andava peíl'

oalmente por

todas as Cidades,Villas, eLugares dellesRevnos,ma is

C.; sã o:

1 04 Sz es de reinado. Era decorpo grande Real prez ençateita efpaçoz a olhos negros formozos e na conver,

íaçaõ muito alegres cabello ruivo humpouco efeuro

que fempre traz ia comprido e compofto boca naõ

pequena mas engraç ada , roRocomprido balbucienteno fallar bem confiderado nas refpoílas, ae içoado

â Poez ia como ainda le vê em obras (nas que andaõ

entre as dos Poetas illufl res daquelles tempos no leu

retrato antigo ellá com roupa Realcarmeíimcom forrode arminhos femeados de mofcas negras Ceptro na

maõ coroa na cabeç a : na fua morte naõ Ie viraõ dual

coufas que fe notaõ em quali todas as mortes dosReys : naõ houve quem a fedeja ll

'

e , nem quem della

cedo fe efquecefl'

e: ella fepultado emAlcobaçajuntoíua mulher Dona Ignez de Caltro efculpido natural .mente em cima do fepulchro. Da primeira mulher a

Senhora Dona Confiança teve tres filhos. O primeiroD . Luiz ,quemotteomenino. O fegundo D . Fernando,

que lhe fuccedeo no Reino. O terceiro Dona Maria

quecaz on com D . Fernando Infante de Aragaõ IiIho do Rey D . Affonfo IV. , e da Rainha Dona Leonor e naõ teve filhos. Da Senhora Dona Ignez de

C adro teve quatro . 0 primeiro D . Afl'

onfo que mor

reo menino. O fegundo D . Diniz , que por naõ querer

beijar maõ aRainha Dona Leonor mulher do ReyD. Fernando feu irmaõ , pafloo para C aflella aondeo

caz ou o Rey D .H enrique com huma filha baâ arda , foraõ feus filhos D . Pedro de C olmanerejo,D. Fernando

de Portugal que prez ando- Ie de [na Mà

'

y fe chamoude Torres appellido della foy caz ado duas vez . s e

teve muitos fi lhos. A Infante D . Beatriz que naõ caz ou outra que-caz ou comLopo Vaz da Cunha Senhor de Buen- dia e outras que foraõ Freiras efiá fe

pultado na Sacriftia de Guadalupe. O terceiro fi lhoe da Senhora Dona Ignez de Canto , —'foy

1 08mandou publicamente defa liar o Rey de Canella , oqual deo em refpolta a retirada que fez logo para Sevilha deix ando- nos com ella huma notavel gloria ; e oRey goltojo della cobrou novos animos para a tal consquilla de Caltella e para melhor augmentar o ex ercito convidou os Inglez es para accrefcentá

— lo, como feo valor Portuguez necelIitall

'

e de numero quando naõbalas mas brios naõ bombas mas for as animosdifputavaõ o campo ,e os triunfos vier os Inglez es,e foi tanto o damno que nos caufaraõ no Reyno ,que hum ex ercito inimigo naõ faria outro tanto , e

em quanto naõ chegaraõ para faz ê- lo as fronteiras intentaraõ ganhar fama naõ pouca conleguiraõ as

C allelhanas porém ex cederaõ as h oll'

as fortunas

porque das Comarcas de Medelhim tiramos ex traor

dinarias prez as ,de riqueza all

'

altamos Badajoz e

amétade ficou queimado , e feus campos perdidos , 0mefmo padeceo Inojoz a , que ja feguia as partes doRey D. Henrique e Sanfelices. Omais direi na Conferencia primeira.

F I MDA VIGESIMA SEXTA PARTE.

mmmmmmmmmm m mmmmm m

L I S B O A º

Na OfI'icina de Ignacio Nogueira X iflo.

Anno de 1 760.

Cem toda: a: licença: riecel ar iar .

A CAD EMIAD º z s

E

I G N O R A N T E S.

CONFERENC IA XXVII.U ntos os Academicos e Romeiros á noite , prol'

eguio a vida do Rey D . Fernando Soldado.

Voyo dille )o Rey..de C allella D . H enrique'

fo

bre a C idade Rodrigo , queja dill'

e obedecia aonollo Rey ,e derois de tres mez es de cerco a de i

x ou dez enganado de que a naõ rendia : mandou cercarC armona, e o feu GovernadorAl

'I'

onl'

o Lopes de Tejad a deo em refens dous filhos com a palavra de entregara Praça,fe naõ fo lie loccorridomaõ lhe veyo foccorro,e elle naõ quiz entregar a Praç a, de que rcz ultou matarem- Ihe os lilhos f em elle ceder

,nem faz er dili

'

ccafri.Sahio do Téjo a iiolfa Armada comporta de fem.

-

umembarcaçoê

'

s com luz ida gente entrou na Bahia de'

Cadiz e allblou toda aquella ex cellente I lha fahiraõ contra ella as Galeras de Ca lliella e ainda que

.nenhum damno Ihe liz eraõ fempre tiveraõ -hum no

tavcl lucro porque priz ionara õ numaNão Portugueza que patrocinada da Armada hia para Barrame

da carregada de dinheiro: Nefte mey o tempo cercamos nós Sevilha aonde a fóme e doenças nosconfumiraõ quali todo o —cx ercito ,

que era luz ido floren

Iº 8 .bemdifciplinado,porem retirou- fe vencido das

Dd

Gaza ,'

o contrarioc'

all rga Deos logo como vos tenhocontado porque a b ens pertence z e lar o bedienciadosRey s , que o rep i ez enta i

'

) e tuol l ituem no mun

do,como diz O li l—

Plu to Santo : Por ”(m l reír uô'

m'

r .cvr ,derermnmrj .a

'br jig/io a.: L ((i f/n :nrcr. C lamavaReyno contra c:: z amcnto porq re o Rey era pri

mo terceiro de Dona Leonor aflim e » :no o era f e

u

verdadeiro marido josõ Lourenço,porem e l l e dit'

pen

fado ,cReg fó ror men te joaõ Lourenço podia

dil'

penfa refe porem elle ella rdos a todos os avi

zosde pell'

oas dantas , e virtuoz as continuamõ a té a

morte no adultetio,e inceíl o . O Rey de C allella,ven

do fru ll rado ocaz amento de fua filha com o Rey dePortu gal e fem lhe ficarem em caz a as riquez as que

por timtIhante motivo goz ava o deAragaõ,cfobre illoconílando- lhe que o no llb Monarcha tinha communicaçaõ como de Inglaterra,e com o SenhorD .]oaõ Du

qUe del ,.encaíl ro, filho de Duarte terceiro

, pelo que jaclaramente rompia paz ,oo ni

'

ot'

trava emditl'

erentç s ac

çoé'

s,entrou nelleRe ino com ball ante ex ercito, pali

"

ou

por San ta rem, aonde o no llbRey q ll ava , chegou Lis

boa a ll'

en tm : arraia l no fino de S . Iªrancifco cvendo que os mo radores da ( l idade tinhaõ lançado fogo a

rua nova elle mandou lançar a tLdo o que pode

e o reílo que n. õ ardeo foy do f.:

que . O mefmo pa

decco á florida Prov incia de l intro Douro,e M inho

,

a indaq e la e x pe rimentou a lguma rcz iílencia cfpe

cialmente no ( . ªl lLllO de lºaria aonde he e terá eter

na a memoria da lea ld ade I'ortuguez a era C apítaõ ,

delle Nuno Gon !wlves , a .quem prenderaõ os C a lle

lhanos emhuma fuhldd'

e elle temendo que ('

eu filho:

a quemBeam o governq do C allello o entregado pa

ra refgata— lo dille aos C allelhanos que o leva ãl

'

etn

perto do Caltcllopara tallar feu filho e ordenar— lhe,

ACAD E M I AD O S

H U M IE

L )

t G N O R A N T E s

C O NFERENC IA XXVIII.

Amanhaà'

do dia treze juntos no Forte commuitos Romeiros que ehegaraõ na noite ante

cedente continuou o Soldado vida de D . Fer

nando diz endo : Neila guerra ultima do noffo Reycomo de Caflella obrou o noflo Conde 0.NunoAlvares Pereira a rimeira façanha , tendo vinte e humanuos de idade. ncontrou- fecomhuma grande partedo x ercito de Call ella perto deLisboa ( he tradiçaõ que

em Alcantara mas com duvida ) fugiraõ todos e elle

fé com o montante fuflentou o combate mataraõ- lhe

ocavallo e ficou- lhe a perna efquerda debaix o prez a ã

efpora na fi lha allim fe defendeo matando fempre

até que rota fi lha por humF idalgo que lhe aeudio, fu

g ir . o osC aflelhanos, vendo- o em pé . Agora continuan

do as acçoens do nofl'

oRey D. Fernando: publicadas as

paz es em hum e outro Reino e confiderando o Reyde (Janelle que o aflinar o tratado dellas era fua

maior affronta pelascondiçoens oneroz as que nelle

via reeuz ou aflinar: porém os Embaix adoresPortugues

zes vendo a ('

na ineonflaneia o dez afiaraõ logo emnome do (

'

eu Rey e elle ou fone cobardia, ou cºm :

fé creio ) prudencia para evitar oªell ragos da fua ,M0e nar

z r8narehia, firmou o tratado.e pa ll

'

ou Senhora Dona Bea

triz ter fua Efpofa depois de o fer de feu filho e de

quali to dos os Príncipes C athol icos , com quem feus

Pays, fummamente inconflantes,cada mez , ou cada an

no ajufl avaõ humcaz amento ecclebravaõ hum defpo

forio. C elebraraõ - fe as C apitu laçoens na C idade de li l

vas, aonde os no llos Reys deraõ huma notavel entrada,

lendo entre as coufas admiraveis della, a ma is digna deafmo nos olhos dos C aflelhanos a rara formo t

'

ura da

Rainha Dona Leonor de forte que todos defculparaõ

os.erros fem defculpa deite adulterio e incefto con

liderando o que he mileria humana com hum taõ no;tavel incentivoavilla Ex hauridoscom prodigalidades,e guerras os grandes thefouros , que herdou o ocll

'

o

Rey, fe vio na indigeneia de levantar o va lor do dinhei

ro conta que fempre cantou damno huns fe chamavaõ dinheiros , que hoje hehummarevidi outros gra

ves que valiaó quatorze dinheiros outros Barbudos

que valiaõ dous t'

oldos e os foldos doz e maravedis

p ilartes valiaõ fctte dinheiros :a eaufa dos nomes fo raõ,

porque os Soldados do feu tempo ufavaõ huns capa

cetes ou morrioens chamados Barbulas ontros lo

vavao bandeiras em humas varas , que chamavaõ graves e outros ufavaõ de efcudos a que chama raõ pi

lartes e depo is Portagraves aflim'

como no tempo de

Romulo fe chamava Manipulario ao que na campanhalevava hurn fei x e de feno , pendurado emhum pão

que foy a primeira eafla de bandeiras de guerra de que

ha nºticia depois fe feguio aguia pintada em hu rn

pendao o que a leva va fe chamou Aquilif'

er e hoje(corrupto ex traordinariamente o nome ) fe chama Alferez todas e ll as moédas tinhaõ de huma parte as

Armas de Portuga l e Algarve ,e da outra o capaceteou grave outras mandou lavrarcomas armas de

Em

08

t'

a

'

:

poflivel a defez a correo avªler—fe da Rainha que feachava fentada e com defmayo caulado da novidade

que via e naõ lhe valendo o chegar- fe tanto a ella, nos

feusbraços acabou a vida, deix ando- a bemcheia de fan

gue , e ella revell indo- le de valor e honra gritou di

z endo que morrera innocente mas que para memoravel próva da innocencia de ambos ella no outro dia fe

havia metter em huma fogueira , donde a veriaô fahir

illez a em lignai de que a lua honra nunca tivera mancha eu o creyo ainda que havendo tanta lenha nun

ca a teve para a fogueira promet tida em quanto o I II :

fante matava em Palacio Conde Andeiro corria porLisboa humcriado feu em humcavallo gritando que

acudiíl em ao Palacio aonde eflavaõ matando o Infan

te D . Joaõ e como o Infante era univerfalmente

amado de todos foy tal a pena e furor que conceberaõ que l ahindo cada hum com as armas que tinha ,

voaraõ ao Palacio e achando fechadas as portas , quiz eraó rompê- Ias com fogo e ferro proferindo b las

femiascontra o decóro da Rainha a quem certamentefaz iaõ em pedaços fe o Infante naõ chega ll

'

e a huma

janella e lhes tiralfe o fuflo di z endo que o morto era

o C onde Andeiro. 0 mais ouvirers na Conferenciafutura que tudo he goltozo nell a admiravel H iltoria.

F I MDA VIGÉ SIMA OITAVA PARTE.

L I S B O ANa Ofiicina de IgnacioNogueira K illo.

Anno de 1 760.

Com toda: ar licença: uêcqq'

ar iar.

( ª ! )

ACADEM IA

U M IZL E S ,1 G N o R A N T e s.

CONFER ENC IA XXIX .

A tarde domefmo dia trez e fejuntou innumeravel gente no arrayal entre o retiro da

Confolaçaó e Peniche echegando o Soldado continuou a vida do invencível Rey

D.Joaõ o I .

,dizendo:Naõ há caíligo mais bem empre

gado do que o que daó osReys'

a hum levantamento

dopovo todos os tormentos faõ poucos para caílígálo : já díffemos o motivo na vida doRey D . Fernan

do,e agora moflrou a ex periencia o que digo por

que oRey D .Joaõ para faber fe tinha o pôvo deLisboaafea favor por confelho de outros mandou o pagemaclamar pela C idade que o matavaõ em Palacio fe

guío- fe a cite faifo aviz o hum levantamento do povoecomo nelles fó entra gente bruta e que por alcunha

m juíz o naõ ló fíz eraõ o infame alarido no atrío doPalacio,mas vendo que D . Jcaô eílava vivo e o Conª? Andeiro era o morto, gritaraõ chá hando ao InfanteVingador título que lhe ficou para fempre entre nawr acs e eílranhos defenfor redos viva o Infanteª ª lguns viva o e virdo do Palacio cueªr a aonde hoje a R

'elaçaó e carceres c

'

o Linzre ízc

p orque fe cortou hum notavel nelle titio para tamu

Ff

n ó

ell'

a priz aõ) em tumulto até á Sé o Bifpo D . Mart

nho,C altelhano de naçaõ mas homem de l etras

virtudes heroicas ouvindo taes vozes defcompalfadecompanhado de outros Eccleliall icos graviflimosSeculares Fidalgos deix ando o Palacio aonde pcificamente converfavaõ fubiraõ ás torres da Igretodos : gritou

— lhes o povo ,vendo— os nas torres d

z endo que repíca lfem pelo Infante, defenfor do Re 1

no : qualquer delles e ftímaría muito a notícia fe a ouvrfe porémcomo as voz es eraõ muitas

,e coufuz al

porque cada hum fe a plicava por dífl'

erentes palavra

e a altura das torres e vento ló deix ava perceber pocas que juntas naõ díz íaõ confa alguma para o reg

que dilatou— fe e lle prudentemente ; porém o brutfem frayn illo he o povo rude fem temor de Deos

nem de Príncipe ,fufpeitando que a tardança do rep

que procedia de fer o Bifpo e os mais da parcialida tRainha efcalaraõ as paredes outros quebrar:

as portas fubíraõ ás torres e antes de repicar os .

nos Iançaraõ dellas abaix o o Bifpo D . Martinho

todos os Ecclelíaflícos que eltavaõ com elle : cahir:todos aos pés dos que com efpadas chuços lança

dardos , punhaes e montantes os efperavaõ no a

e pairando a mais a brutalidade depois de tod

elles lhes dare 'n eftocadas e cutiladas fem numert

quando ja qualquer dos feridos naõ as fentía def;dos avergonha com horror da piedade C arbolicaarra ltaraõ pelas ruas mais publicas até o rocio ao

tb diz em jantara'o Infante e duvidando a fua gra

de piedade e temor de Deos'

pôr- fe á mefa fem cl

hibir o , povo e faz er fepultar com a decencia devda o cadaver do Veneravel Bifpo,

e dos mais ; hou'

C avalheiros da primeira ]erarclua que lhe perfu

dir-td o contrario diz endo que: era necelI

'

arío n

( 1 1 8 )tima acceitou o convite juntou ex ercito e antes

de tudo prendeo afperamente o Infante de Portugal »

leg ítimo D . Joaõ que ja díll'

emos lá ellava fugido

e caz ado : diz em que o outro Irmaõ D . Diniz ainda

era vivo e tambem fora prezo e que ambos prez os

acabaraõ em breve tempo a vida porque a jull içacom que entrava a conquiltar— nos o Rey de C altellaera tirar a liberdade e vida aos leg ítimos f ucceffores da C or

ºoa Portuguez a ,Em ambos osReynos fe pre

paravaõ ex ercitos em ambos havia parcialidades e

diverfos juíz os e o nu llo Infante bem aconfelhadoconfultou occultamente certo Eremita .chamado Fr.

Joaõ que emhum afpero monte faz ia penítencia comvida ínculpavel e da confulta fahio taõ animofo quefe dífpôs brevemente para a defez a do Reyno. Entrou

o Rey de C allella pela Beira aonde o Bifpo da Guard

da D . Affonfo Correa lhe olfereceo. a C idade primeira conquilta Alegre deltruío campos e Lugares ;terrivel idea para attrahír animos Portuguez es ! Che

gou a Santarem outros diz em que a C oimbra non

de a Rainha fua fogra o efperava porém em breves

días quebrou a paz com ella e prez a a remetteo para

Caflella , aonde acabou a vida. O motivo para e lle

ex cell'

o foy que vagando nelle tempº“

o Rabinadomayor de Granada dignidade efpecíal dosJudeos

que naquella C idade viviaõ livres na Ley deMoyfés , a

Rainha D . Leonor pedio o oflicio ao genro para D . Judas e a Rainha de C adena fua filha Dona Beatriz o

pedio ao marido para D . David attendeo o Rey maisao empenho damulher do qtie ao da fogra aRainhaDona Leonor e deo o Rabinado a D . David ; cheyadecolera e rajva mulheril ella vendo- fe pouco attendida do genro , a quem ella chamava para dar— lhecfte Reyno entrou nas diligencias de o matar e pa

ra

n 9ti oconfeguír convidou o C onde D . Pedro primo

feu marido e por ell'

e princípio Rey deDefcobrío — fe míferavelmente o fegredo

a remetteo prez a para Tordeíilhas outros

para Huelgas de Burgos e o certohe quehum C onvento Reformado aonde

coraçaõ inquieto . Defembaraçado o

Rey doscuidados da fogra foy cercar Lisboa e en

tretanto o Conde D . Nuno juntando no Alemtejodeo aquella celebre batalha dos Atoleiros

emque os C altelhanos feudo muitos íicaraõ inteilamente derrotados e feguindo viél oria fez terri

veis entradas em C allella cujos negocios já moltravaõ declinaçaõ fatal mas riaõ declinava 9 brio e va

le r dos feus Capitaens. Preparou o Infante muitasG alleras em Lisboa e mandou - as ao Porto para vi

r em com outras que lá eítavaõ efperar neite a ArmadaC adelhana porém oRey adiantando a idéa cercouCidade do Porto pormar e terra fahiraõ os Por

tuguez es a combater- fe,com os Gallegos C apítaneaz

dos por D . Joaõ Manrique Arcebífpo de S. Tiago o

qual admirando o valor Portuguez levantou o cercofó pereceo nas maõs do [

'

eu ex ercito o C aftello deGay a a quem valorofamehte defendeo a mulher doAlcaide que fe achava fóra faqueando e deflruín

do huma aldêa entrou em fim no Téjo a noll'

a Armada

, formídavel á C aílelhana porêm travada a pelejas embarcaçoens e morfeo Ruynaval perdemos

Pereira o Rey v o- fe_com ell a pequena vantajem

deo all'

alto a Almada'

que logo fe rendeo apertou

o cerco de Lisboa e propôs varias condiçoens ao Infante fe a entrega defprezou elle generofamentetodos os partidos inas come ando a fóme na C idade a combater os animes terminou dae batalha

ae

ª i º

aoRey e ex por- fe afortuna em hum ró lance da el

pada : delles cuidados o livrou a pelle que deo lo

go no ex ercito C allelhano no qual morriaõ cada dia ,á lcm do ex cellivo numero dos foldados , os C abos prin

cipàes , e Senhores illuftriílimos , até que dando a pe

íle na Rainha , fe defenganaraõ , levantou- fe cer

co e marchou com prelTa o ex ercito C aítelhano me

nos em ligura Militar do que de enterro porque

diante de tudo caminhavaõ em andas os caix oens

em que hiaõ os corpos dos Fidalgos mortos com

peíte cobertos com pannos pretos e cercados detodos os feus Familiares veíl idos de — a fpero luto e

como eraõ muitos e pefl'

oas muito grandes os falle

cidos formavaõ huma trili illima e medonha van

guarda de afaudes e enlutados principalmente ot

dous Mell res de C alatrava defuntos a quem acom

panhavaõ com luto todos os feus C avalleiros quandovieraõ á conquilta tudo foraõ vivas e bem fundada:

efperanças porque ao tempo de cercar Lisboa fcc

guiaó ao Rey quarenta V illas e oito C idades em to

das as noll'

as Provincias e a mayor parte do Reyno dicz ia que o (

'

eu direito era legitimo ; agora feridos damaó doAltiflimo bufcavaõ as [nas terras acompanha.

dos de horriveis defenganos do que faõ cfperançarhumanas o Infante premiou a fidelidade de Lisboa ,e o C onde D . Nuno foy recobrando Praças á fua obediencia e em breve tempo feguiraô o partido do Infante as dez C idades principaes do eyno e mais de

quarenta Villas de bom nome m em quanto os Por»

tuguçz es lezes e valorofos fh'

e offegeciaõ as chaves deC idades V illas

,e C allellos

,outros indignos de os no

mearmos intentavaõ mata— lo era ,o primeiro o Condede Traftamara o mefmo que tinhzijufto com a RainhaDona Leonor matar o Rey de Caftella D. Pedro de

3 3 2

dos Callelhanos por S. Tiago ('

e inveltiraõ todos emtal ancia que foy o combate hum dos mais debatidt

naquellacampanha,e depois de muitas horas confegu

raõ os h oll'

os a vi!toria ficando nocampo mil Caíh

lhanos mortos fugindo fem ordem os poucos vivos

e deix ando nas maõs dos Portuguezes mil cargas d

notaveis alfayas, e peças de ouro,prata, e dinheiro,qu

levavaó roubado. C aminhava o Infante Defenfor

o Conde D . Nuno para C oimbra aonde fe tinha

convocado as Cortes e eítavaõja os Procuradores e

perando- os. Antes de entrar o Infante na C idade fur

cedeo humcaz o my lleriofo porque todos osmeniat

de Coimbra e feus contornos montados em cavalltdecana foraõ efperar o Infante Def

'

enfor aocaminho

gritando viva oRey D . Joaõ D .Joaô D .Joaó ptnovo Rey advertindo que Hz eraó into por fuperit

impull'

o porque ninguem os mandou nem lhes er

íinou o que haviaó diz er cada hum fabio de caía cora [na cana fem fe terem ajullado para coul

'

a alguma

e montados nellas os primeiros fe lhe foraõ ajuntardo outros muitos pelocaminho e allim eraõ innumcraveis quando chegaraó a encontrar o Infante qu

recebendo- os alegre atfavel benigno e liberal , dl

pois de admirar o my llerio da acçaõ e os tratar comcarinho que merece a innoce ncia a hum Principe ado.

nado de prudencia e grande ju iz o mandou diltribu

por todos commaó larga d inheiro e ellescaminhardo diante com fummo goz o fiz erad a entrada mais vilofa com a [

'

na mylteriofa t ravell'

ura . O mais á noite.

FIM DA VIGESIMANONA PARTE .

L I S E O ANa ºfi cina de Francifco Borges de Soufa .

441100 de 1759. Com todas as licenças ma goa-ins.

ACADEM IAD O S

U M IE

L E s ,I G N O R A N T E S

CONFER ENC IA X X X .

U ntos depois da Ladainha dill'

e o Soldado Eu

trou oRey D . joaõ acclamado pelos meninos emC oimbra quando os Procuradores das C idades

eVillas fó o efperavaõ para jura— lo em Côrtes Defenl'

or e Governador,até feus irmaõs fahirem da pri

zaõ de Callella e qualquer delles gofar ell a C oroaelle. era certamente o penl

'

amento de todos ; porém o

Conde D . Nuno com huma ex cellente praâ ica que

lhesfez molhando a impoflibilidade que tinha a folturados Infantes, eJoa

'

ó deRegras C avalheiro illuítreerico, e por iíl

'

o primeiroJarilla, que teve ell eReyno,Compolitor da Ordenaçaõ delle difcipulo que foy doBartholo e Baldo em Reynos ell ranhos com notavcis

difpendios tronco de famílias illull riflimas confe

guiraõ o confentimento dos Procuradores e povo, queuniformes acclamaraõ o Infante Meli fe deAviz Reydelles Reynos repugnava elle e certamente fem alfe

Ç laçaõ , (pormais que a p'

refumaô os que naopez aó alallaldade nas acçoens de hum Principe taõ grande )mas o clamor e afl

'

eélo do povo foy tal e com ellarepugnancia mais vigórol

'

o que acceitou a Coroa e

cºm ella as obrigaçoens que á ril'

ca cumpria ad

Gg

237

Mue parece incrivel que taõ poucos pudeflem tirar

avida a tantos. Rey de C aftella admirado dever a

deliruiçaõ de hum ex ercito formidavel em que fe de

via todo o General fiar foy tal a triflez a que o poflb io,

que fugindo a toda a prell'

a entrou em Santarem,donde

logo .em huma embarcaçaõ ligeira fabio para Sevilha

velho- fe de luto e fette anuos o troux e femadmittir

confolaçaõ alguma naõ por fer vencido diz ia elle )mas por fer vencido de quem naõ efperava alguns Por

tuguez es cativos nas guerras pali'

adas ferviaõ no Pala

cio ao Rey de C aftella e hum C aflelhano parecendolhe que faz ia ao Rey alguma lifonja os maltratou áfua v illa ; porém elle comoRey e dejuiz o preciofoe magnanimo notando a vilez a daquella vingança

dille Naõ be [e tratemojiínPortuguese: porque os

que me leguimõ morreroõ diante de uma o'

brondo foçou/Jormaravilha/or ; e or que foraõ contro nzim concorda? -me. Édito iflo lhes deo liberdade o nofI

'

o Rey o igualou

na acçaõ porque chegando a Santarem aonde o

Rey de C aftella deix ou os poucos C aflelhanos queefcaparaõ em Aljubarrota de mortos e cativos deo

liberdade a todos muitos ju íz os fe fiz eraõ della batalha attribuindo a perda de C aftella a que o Reyfe valera da prata das Igrejas para ell a guerra e ás tyrannias de C oimbra e Leiria ; porêm difcorraõ o quelhes parecer até o dia dojuiz o que a raz aõ porque

vencemos foy porque Deos o quiz e'

fé elle fabe os

motivos que teve para querer : porque fe bem entre

nós o Rey o C onde D . Nuno e outras pell'

oas il

lufl res eraõ tementes a Deos ; a efcoria da plebe que

era a que faz ia elle pequeno vulto tinhaõ fiº

ro ts e s

defacatos no Alcmtejo que barbaros os naõ fz nó em

paiz eflranho baflá diz er- vos por ex emplo t,

e cºl]

Evora reprehendendo— os huma Abbadefl'

a de certo.

fte tempo oRey de Caflella D . Joaõ de que fe feguioalgum defcanço aos dous Reynos com certas condi

çoens ,e tnegoas, que duraraõ pouco ; porque naõ cum

prindo D . H enrique terceiro que lhe fuccedeo o

que fe tinha eflipulado o noffoMonarcha cercou Badajoz e a ganhou ao mefmo tempo entrou emPortugal Rodrigo de Avalos pela Beira e Guadiana

,, e

fem fer relifl ido nem faz er grave damno fe recolheoairoz o ; porêm vindo logo de refrefco os Mcfl res dastres O rdens de C aftella com numeroz o ex ercito ar

lb laraõ os campos de Béja Serpa Moura e_Ouri

que fahiraõ - lhes ao encontro nofl'

oRey e o C onde D . Nuno com quatro mil lanças e derrotados os

obrigaraõ a retirarem— [e entrou depois D . Nuno emC aftella e ganhou C ilalva e o nofl

'

o Rey pôs durocerco a Tuy oRey de C aflella intentou foccorrê— la

,

porém em quanto fe preparava os Portuguez es efcalaraõ a C idade e a renderaõ . O mais vos contareymanhaâ de que ireis goflol

'

os e inflruidos.

F I MD A TR I GE S I M A P AR TE .

L I S B O ANa Ofi cina de Francifco

'

Bor-ges de Soul) .

Comtoda: a: licença; alemªn ha

Anno de 1 759.

( 241 )

ACAD E M IA

H U MD

ZI LD E s

1 G N o R A N T E s.

C ONFERENC IA XXXI.O dia vinte e (eis de Settembro foy o ajuntamento numerofomcontinuou a vrda do mc

moravci Rey D. ]oaõ o Soldado diz endo

Conquiftada a C idade de Tuy pelo nor

R ey fahiraõ de Serpa,eMoura varios C apitaens noflos,e em diverfos encontros Searaõ vencedores e algumas

v ez es ricos ; ja nell e tempo fe fallava em paz nos dous

Reynos feudo o de C aflella quem a pedia e fe ajuftaraõ trogons por dez annos tomaraõ a continuar tres

de guerras das quaes fe fepultaraõ no efquecimento

as verdadeiras memorias e fé nos ficou a tradiçaõ de

que nelles tres anuos fe occUpavaõ os noflos inimigos

em fe vingarem dos nor s triunfos pallados , e nós

ló nos occupavamos emcall igar- lhes o orgulho e evi

tar o damno ; naõ deix araõ porém de haver neffe tem

po alguns encontros notaveis, e H eroes Portuguez es

taõ accerrimos def'

enforcs da patria e inimigos de

C aftel la que até depois da morte quiz eraõ leflemos

a (na paix aõ na lepultura ; duas fe acharaõ junto aV illa de C hcvcs no tempo do Grande Manor ! de Fa

rra , em que jaz iaõ dou;Ifamoz os Capitaens dos queh mi

( 249

A C AD E I A

U MD

ZI L ) E s ,

1 C N o R A N T E s.

C ONFER ENC IA XXXII.Reíceo concurfo na tarde, e o Soldado diffe: Foy o no ÍI

'

o Memoravel Rey D .joaõ o I.taõ z eloz o da honra da C a la Real

,que fabendo a manchava o feu C amareiro mór, man

d ou prender e fugindo elle das mãos da juil iç a e re.

tugiando- fe em huma Igreja ,

Rey cheio de z elohonra fahio decafa da mefma forte que ellava palTando a ca lma fem ma is companhia nem mais compof.tura o foy pelloalmente tira r da Igreja co fez queimar logo. Efl ava a C ala realmente cheia de OHiciaescom falarios avultados, de lpedro muitos, occupando os

em cou las que lhe dellem para o luflento , e os lalarios

delles confgnou a pelfoas mais neccllarias para fervi

ço de toda a familia : para lavra r moéda no trrnpo da

guerra o Íoccoreraó voluntariamente com baliante

prata , lavraraõ- le reaes ,que chamava«6 deLey outros

que chamavaõ brancos, e dobras mourifcas , que va liaõcento e trinta maravediz . Foy de mediana eíiatura, rollocomprido , teíla pequena, cabello negro, pouco , e com

prido , olhos negros naõ grandes mas notavelmentevivos no feu retrato o vrmos arrr ado com C orôa noElmo , Manto negro torrado de arminhos brancos , u n

Hh

l 3 5do ou Chancellaria do C iv

sel ajoaõ Rodrigues de Sá

faz C amareira mór ofIicio que a té elle tempo ex ercitava 0.Repolteiro mór : a D. Fernando da Guerra feu Íobrinho Arcebilpo de Braga fez Regedo r da C afa dàSupplicaçaõ,que hoje vulgarmentechamamos Regedo rdas ]ull iç as; e todos elles ocioscreou de novo :mudouas Armas do Reino, deix ando fó cinco pontos emcadahum dos cinco efcudetes por ba ix o do efcudo pôs a

C ruz de Aviz de que foy Graõ Meltre ; e em memo

ria de haver tido habito daO rdemMilitar Inglez a de S.

J orge defde que ca lou pôs na Corôa por timbre a inli

g nia do Santo, e da O rdem, que he huma lcrp'

entecoma z

-

as o que a inda hoje fe conferva dell a penultima mu:

d ança: no feu tempo pa lfaraõ a Inglaterra os doz eC ava

l heiros Portuguez es pedidos a ell e Reyno pelas Damasl nglez as,para as defaggravarem da injuria,com que outros doz eInglez es tinhaõ proferido que as Damas do Pa

ç o «lo —Rey de Ingla terra eraõ feas , e que eltavaõ prom

p tos para defenderem o q tinhaõ dito,em publico dez a

lio:naõ houve quem as defendelfe naquelleReyno;porém

houve em Portugal va lor para illb , e palrando os noll'

os

doze a .Inglaterra ,venceraõ ,no dez alio os doz e Inglez es

com 'circunltancias noraveis , que onvireis a leu tempo .

Ell e foy feculo efpecialillimo emcrear V a roens illullres

em a rmas , tanto que naõ he pollivel numera- los tudo

fruãtos do ex emplo , e enfino dos dous ma io res Mellres

que admirou o mundo, o nolfo invencível MonarchaD.

]oaõ I .,e o invencível Condell avel do Reino o C ondede Arraiolos e Ourem D . Nuno Alvares Pereira no

feu tempo, e anno de'

1 41 8. ]oaõ Gonfalves Zart o ,Triflaõ Vaz Teix eira, e Bartholomeu Porell relo; defcobri

raõ a I lha de Porto Santo ,; depois a da Madeira , aondeacharaõ huma .Ermida,e letras que diz iaõ ter a lli aportado humlnglez chamadoMachim e Gil Annes mais

va

a 4valeroz o e intrepido pall

'

o

su del

'

cobrio o Cabo Boiador, e colocou em terra huma grande C ruz . Falleceº ono ll

'

o Rey D . Joao de e terna '

faudnde remedio dellaMonarchra naquelle tempo, e nelle, porque deix ou emfeu

_

fi lho O. Atl'

onfo fundada a Serenillima Cafa de Bra

gança que depois em mayor , ou igual npprell'

aõ doReyno, foy a no tl

'

a redemptora)no anno demil quatrocentos e trinta e tres ; onz e annos antes tinha pall

'

ado de'

lle mundo a goz ar do premio o Taumaturgo Portuguez

S. Gonç alo de Lagos natural da C idade delle nome no

Reino do Algarve Religiofo Eremita de Santo Agoltinho Calç ado aonde foy primeiro Reformador, Provincial e Prior de muitos Conventos em vida obrouinnumeraveis prodigios e depois de mo rto lôraõ tan

tos,e taes, que cento e trinta annos antes dos Decre tº:do Papa U rbano V III. t inha Confraria na Villa de Tory

res.vedras onde falleceo e ell aõ os feus olI'

os lendº

Juiz O,Vereador mais velho do Senadº e alliltindo cf

te ás Vefperas e Milla cantada no feu dia pºr vºtqlolemne da mzfma C amera que o elegeo por feu Prota

&or e os Arcebifpos de Li sboa por fuas Provifoettslhe deraõ o culto de Santo o que tudo esfriou com-a

perda do Rey D. Sebaltiaõ , e a teu tempo vos con tareya notavel vida delle Santo cujas oraçnens l

'

ultentaraõ

ao Rey D .joaõ a Coroa co Reinº fo y no tavel ln

to que ell e tomou pelo Rey defunto e durou tantº

tempo, que julgavaõ os Etl rangei ros que nunca uaar'

h õos Portuguez es de out ro ve ll ido: pou ca 8 dias depºis devirem da Ba ta lha os no tfo a l' rincip t s,eNobrez a, que foraõ acompanhN

'

o carro triuufú em queºo nºll'

º Rey foiconduz ido a t

'

epul tura toy- acclamado em Lisboa por

no lfo Monarcho, leu filho D . Duarte, chamado dos naturaes e efl ranhos o Eloquente tinha nafcido emV ileu aos trinta e hum deO utub ro do nonº demil trez en

IOS

( 3 57 )

ACAD EM IAD O S

U M I L E S a

1 o N o R A N T e s.

CONFERENCIA XXX I II ,Ntes da Ladainha ecea rogaraõ ao noll

'

o

Academico referilfe a infeliz conquilia deTangere,o que elle fatis l

'

ez diz endo. C ontra

os votos dosmais valoroz os,ex perimcntadºs,e prudentes Con l

'

elheiros,fegu indo o pa rece r dos fogo

z ns e roucoconliderados .por l ifongear os Infantes'

ambiciozos para quem todas as viél orias , e triunfos

de C euta eraõ pequenos: lahiraõ do Téjo quaz orz e milhomens em diverfas embarcaçoens luz idas,furgiraõ emCeuta e os Mouros de Tangere , temendo a lua ruina,mandaraõ aos Infantes Emba ix adores offerecendo - fc

para feus tributarios ; porém elles defprez ando todos, e

ma is honrados offerecimentos , li tiaraõ a C idade, e tres

Vez es a combatêraõ com nºtavel ardo r ; po rém quando

p rºcuravaõ as maqulnas para o quarto a ll'

a lto appare-e

ceraõ em foccorro dos cercados innumeraveisMouros,o s quaes,cercando o uo lfo ex ercito, de forte o combateraõ que para elcapagem as vidas de ll

'

e3 poucos Portuguez es , fo y necell

'

ario faz er tregoas adtn ittir parti

dos indecoroz os , lendo o primeiro ficar o Infante D.

Fernando em re lea s ,e penhor de que fe lhes entregariaa Praç a e Cidade de Ceuta IILºl

íprezo o Infantel l

só: l'

gular para eli'

e officio mas por fer Eªrl ugeii'

l

( diz iaõ ) naõ era julio tive ll'

e outro' imperio 'mais: que

nos li lhos que gerara e a quem tinha dado a málhorcriaç tõ que fe vio dar a filhos de Reys na

ropa ; e ella em tudo Matrona efpecialillimo Vendolhe dip tavaõ os va ll a llos fegundo emprego , vo

º

luntariamente deix ou hunb n o utro ja“

porque no feucoraçao nunca entrou vicio , ja porM tolerartgeniadill . rentes de fubditos e valla llos orgulhoaros ou in

terell'

ados. Teve o no li'

cRey tres filhos le itimos : Oprime iro D. Ali

'

onfo, que lhe Íuccedeo na rôa. O fe

gundo D . Fernando Duque de Vil'

eu Mellre das O r

dens de C hriflo, e S. Tiago , Condeíl avel do Reino,calou com Dona Beatriz ,li lha do Infante D . joaõ feu tio,delles nafceo Dona Leonor,mulher do Rey D . Joaõ ofegundo Dona l tabel que ca lou com o Duque

'

de

Bragança D. Fernando legundO'

vllDona Catharina ,que morreo moça ; D. ]oaõ, que lucª deo feu pay ; D ,

D iogo que l uceedco a feu irmaõ“

tiveraõ mais a D.

D uarte D . Diogo e D . Srmaõ que morreraõ meni

nos e a D . Manoel que depois foy o no ll'

o feliz

Rey . Ella o dito Infante D. Fernando fepultado.

no

Moll eiro da C onceiç aõ da C idade 'de Béja fundaçaõ

de fua mulher , e quatro filhas tambem legí timªs, Aprimeira do nono Rey foy Dona Filippa quemorreumoç a. A fegunda Dona Leonor quecafou comFederico terceiro ,

Imperador de Alemanha de quemnafceo o AuguGO

'Max imil iano avô de C arlosqurnro:A terceira filha D . C atha rina , q ue elleve d'efgóz ada emNfàvarra e r l nglaterra e antes de fe efleituar algumdos dons cafamento

'

s morrleo em Lisboa e ellafepulã

tada no Convento de 'Sab to Eloy da melma C idade!

(l uan a fi lha'

Dona jo snna que nafeeo depois de morto

feu pry ,*

ecafou cou ro Rey D. H enriquequartode Ca

l

if

te

264 lde taõ pouca , queeraõ feis anuos quando foy acclamado Rey começou a moítrar prendas de juizo vivezarara intrepidez e occUpaçaõ continua de que lhe

procedeo 0 “(Biº que todos lhe daõ de Lidador ; febem os mefmos depois fem raz aõ lhechamaraõ o Brobo : fuamãy em tudo memoravel o deix ou e ai to'

dos os mais filhos aggravada do Infante D. Pedro , e

mais Grandes do Reino pelo queja diliemos e paifando a C anella em Toledo acabou a vida porémfoy conduz ido o feu corpo a Portugal em obfervancitdo leu teflarnento , e jaz com, feu marido no Conventoda Batalha : foy aeeelerada a rez oluçaõ da Rainha ,porque fe n rõ deix a ll

'

e a tutela dos filhos ailimcomo

por torç a eix ava o governo do Reyno ,talvez naõ

l uceedeli'

e nelle reinado a acç aõ que efcanda liz on— o

mundo ; vendo hum fobrinhoRey matar hum tio

fogro Infante oraculo de noticias e (ciencias na

quelle feculo a quem devia a criaçaõ e Corôa e talvez que tambem a t id : e O peyor de tudo , fet por

hum modo taõ injull o fem crime , fempróva e temouvir a parte quando elle vinha pedir audiencia e

defender- Ie. O mais contarey depors decea eita noite; .

F I MDA TRIGESIMATERCEIRA PARTE.

L I S B O ANa Oflicina de lgnacro Nogueira X illm

Anno de 1 560.

»Com todª : ar licença : aécei ar iar .

ACAD EM IAD O S

-1 U M IE

L E s ,1 O N o R A N T e s.

CONFERENCIA XXX IV .

Epois decearem fejuntaraõ no Forte defe

jofos de ouvir a morte do Infante,que aindaentre os menos iníl ruidos conferva eternonome pelas noticias que deo e ainda fe

confervaõ nell e Reyno dosmuitos que vio

n quali todo o mundo chamando- lhe vulga rmente :

um do Infante D . P edro ; niflo converfavaõ com go

quando chegou o noÍI'

o Academico, e os fez calar,Zendo . Receberaõ todos a eleiçaõ da Ra inha para Go:madora do Reyno tao fôra do que colluma a Naç aõortuguez a que elegeraõ em feu lugar o Infante D .

edro para Governador do Reyno a pez ar de outrõs

nitos que pertendiaõ o mefmo emprego creyo que

amor do fobrinho e da patria o obrigou a tirar- ia

)m tantos anuos de focrgo de fua caia, e habitaçaõ deIoimbra porém com l icenç a das fuas veneraveiscin

ts a quem n'

uito refpeito ilIo ló o faz quem nun

t eíludou pelo livro do mundo unico volume que

ate os olhos a todo o mais rude fujeito porém o In

mte que o tinha viilo quafr tºdo , e em Cºimbra reti

Kk tado

l 1 6todá o mundo muitas vo lta

ºs mudaõ- le genios ad

quitem- fe ex periencias evitaõ - le precipícios . Chegou

a termos a de lconliança que o Duque con lultaneo o

leumerr orawl anngo Conde de Abranches aII'

entou

que era nece llario v ir a Lisboa, relponder ao que le Iheímput .va porém como o vir fem armas que fe lhe

tinhaõ pedido por medo dellas era espôr a vrda e vir

comellas augmenter a lnfpeíta , e provocar gtl erra ;como o addívinha r he prohibido elle e o C onde fccont

'

e lfaraõ e na manhâ'

a da ma rcha pa ra Lisboa el

tando o Sacerdo te p d a lhes dar a Cõmunhaõ, á villa de

C hrillo Senhor nolio na Eucharíflía tocando ambos a

H o ll ía C onfagrada juraraõ morrer hum aonde mo r

r e lfe o outro e r :pugnando o Sacerdote da r- lhe 3 Co

Imunhaõ vendo o toque da Partícula juramento e

ajude procedeo hum como Infante e o outro comoe lle ambos commungaraõ e com bandeiras novas

l em ínlígnias mas fó letreiros prºprios do feu íntf n

to em huma em outra Innocencio em ou tra

Lea ldade marchou para Lisboa o ex ercito do Infan

te Duque quandoja o fobrínho e genro Rey D . Af.

fon lo marchava a dílputar— lhe os tí tulos das bande iras

com as armas o tio vinha pacífico a dar fatrsfaçaõ ín

tcíra dos cargos que falfamentcIhe impu tavaõ o fo

brinho a pedir- lhecontas do que fal lamente lhe diz íaõ.

Avill'araõ — fe os dous ex ercítos qua tro legoas fóra deLisboa junto a hum vil ribeiro que fó mereceo ini

quamente nome por elle caz o , e Alfarrobeira foy o

feu antigo e tem mais acçaõ das mu itas que tio, e fo

b rínho (diz em tínhaõ .premedítado antes de cx çôr

nas armas a vida e o credito ,fem final de ínve llír

nem outros preparos cornmuns para a coleta Mili tarco.

2 º Icomo fe foli

'

em eflranhos,oíbarbaros, de forte febateraõ os dons ex ercitos que latigado de VCDCl

ma tar morreo o Infante Duque ex pondo- fe d

polito e cafo penfado nos may ores confl iél osforça dejull rç a os vencer todos ; e o Conde de Aclu s depo is de fenrir diminu ídas as forças em ti

das,conílando- lhe era morto oInfante D. Pedro,á lua Tenda , cpmeo paõ bebeo vinho para recros cfplritos e lahio a cumprir ojutamento fai lC o imbra , tocando a Holtia C onfagrada de m

aonde elle aeaball'

ea vída,e como quemja hia certte a perdê

— la fez tal eflrago e ma tou gente cc

ex cell'

o que elleve em termos de naõ cumprir e

mento por naõ haver quem o mata li'

e , e eu

fuccederia certamente , fe elle fatigado de mat.fem acordo ja para ir fortalecer— fe ou como ftnho ) (

'

em ter com que o faz er , porque ninguemta da morte fem forç as para mover ja o montfe deitou no chaõ o que víllo por Soldados ín

do ex ercito do Rey femconfiderarem o ab lurt

de matarem a hum notavel Genera l velho glon

Naçaõ em tantas vié'

torias, eMellre necellario pa

tras , devendo retirá— lo do campo comdecencí.z íoneíro de guerra , e prez entá

— lo ao Rey com re

do e polí tica ; pelo contrario com edrauha v.

defpíndo— lhe as armas , o que elle naõ repugnava

que ja naõ tinha forç as tiraraõ - lhe a vida com as

das e machadinhas e el le com valor fem igualdos os fecnlos vendo delpír

— fe e recebendo as

das fó diz ia a'

cada acç aõ dell as : Tar ta r r a,

C om a no ticia da lua morte ceifou o comba teveado cell ar quando morreo o Infante Duque

( 3 73 l

AC AD E M IA

i l l E S ,

I G

'

N o n A N T E S.

C ONFERENC IA XXXV .

Epetemos Academicos a materia das Confeê

rencias a muitos dosRomeiros ; porque ell asnoticias refpeitaõ fó aos poucos, ou nada inflruidos

,por iflo tardou dous dias a continua

ç aõ dahillºnª que a vinte e nove do corrente ouvio a

Academia. Parece que dill'

co Soldado ) adivinhou o

Infante D.Pedro a foz defgraça no tempo em que mais

o lilongeava com o governo do Reyno ctutoria do

fobrinho a fortuna porque pedindo- lhe licença a C i

dade deLisboa para lhe levantar huma eflatua na Praç a

mais publica com elogios ás fuas heroicas virtudes

que no governo da Monarquia tinhaõ ex perimentado

todos naõ o permittio diz endc— lhes :Deix aí, que tem

povira'

em que voir e ar vai ar queórando or alba:

a'

inclina [ na queda, e ra iva . Aflim

ouvilles ja fecumprio na batalha de Alfarrobeira e jafabeis que Rey naõ teve mais culpa que faltar

- lhe a

idade e com ella o neceífario para conhecer a malícia,a Iiz onja inveja e tyrannia ; porém como efle he o

unico defeito de que cada hum todos os dias feconheo .

ce emendado , porque em todos certamente he maisLl ve

274 )velho ; o noflo admi ravel Rey D. Affonfo , crefcendo

nos anuos conheceo os fujeitos que na ua tenra idade

abuz araõ da innocencia della, t'

eparou- os da (

'

na companhia,e para osobrigar a que empregall

'

em melhor oscui

dados dalli por diante,publicou a conquiíl a deTa ngere

para vingar a morte do feu veneravel tio D. Fernando

marty r:commais de duzentas embarcaçoens difi'

erentes

cheias de Grandes do Reyno e Soldados de va lor conhecido entrou na barra de Tangere O M ITO ReyAlfonfo e paliando a Alcacer- Seguer delemba rcou

ca ll igandocom a efpada a puz adiacomque os Ba rbaros= =

pertenderaõ impedir- lhe o fahir a terra afl

'

altou logo

furiofamente a Praça e no fegundo a(l'

altoconfeguioviEloria : o que vendo os Mouros pediraõ as vidas

que o Rey lhesconcedeo com demaiiada d emencia

para gente vil que nunca uzou della purifica r

logo Mefquita dedicando— fe a Conceiç aõ PurillimaJde Nana Senhora e guarnecida a Praç a a entregou o

Rcy a D. Duarte de Menez es , Varaõ efclarecido qu=deix ou em Africa nome eterno , futlentando ella Praça.

emdous horriveis cercos que lhe pôs o Rey de Fez :acompanhado de innumeraveis barbaros dos quaes nzultima fahida que fiz eraõ os noll

'

os a inda efcaparaõ fu

gindo oitenta mil vivos Alcacer- Seguer na linguaArabica quer diz er Palacio pequeno fundmua Man

çor Rey e Pontífice de Marrocos dida de H elpanhafó tres legoas porto facil para a defez a ecommercio,e Praça rica. Retirou- le o noll

'

o Monarcha fa tisfeito com ell a viéloria pa li

'

ado o tempo queentaõ feconcedia ao defcanço fahio outra vez delle Re ino ,

feguido de teu irmaõ D. Fernando .com dez mil homens e defembarcando emAfrica feguro caminhou para a C idade deAnfa ou Afane o ex ercito

Pº“

276

fangue Portuguez o fubir aos muros e mu ito mais o

elcalar o Alcacer e a Mel'

quita aonde os Mouros ferecolheraõ para acabarem ou tedefenderem em fim

arvoradas as ondas bandeiras e mortos qua li todos os

defenlores que creó innumeraveis pelas nolinacl

padas fez o Rey purificar logo a Mefquita e [aben

do que tinha morrido no combate o Conde de Ma

rialva D. ]oaõ Cou tinho , com tal esforço , que pa

rece acabou porque era impollivel ter vida para obrar

mais mandou o Rey conduz ir o feu cadaver com as

honras Militares á nova Igreja e nella á vrfta dellearmou Cavalleiro a feu filho que o acabava de merecer pelo que tinha obrado e no fim do aflo lhe dif

fe á villa de todos_n e Devir af z elle ta !como 0601:

demorta que tin/Ja diante deji. no lin Principe D

Joaõ que a forç a de rogos e empenhos contegu icz

que o Rey o levall'

e comligo a ell a ex pediçaõ , ft z nell=taes proez as que o pay e todos os que as viraõ pa l

:

maraõ porque o Principe tinha fó dez afeis anuosnelles ex cedia aos homens valoroz os e mais a lema

dos ; o C onde deMonfanto D. Alvaro de Call ro fubindo com va lor Portuguez a muralha com a avarez a

miferavel perdeo a vida, porque diz endo— lhe humMou

ro que o naõ mattali'

e e promettelTe deix a- lo livre

que elle lhedefcobriria hum grande thefouro que tinhaefcondido, fubio o Conde, e lançou para dentro acabe

ça (”

em 0 refguardo do elcudo e efpada e o Mouro

que tinha a lua prompta de hum fó golpe lhe tironacabeça e a vida odefpojo foy riquillimo e a me lhorconfa delle foraõ cinco mil Catholicos , que dentro havia cativos,osquaes recuPeraraõa liberdade com dobrado gollo = apenas lctinha conqurftado a C idade appa.

reccoRey de Fez Muley Xeque, que vinha loccorrô- la,

277

po rém vendo— aja tomada naõ fez eoufa alguma pe

dio tregoas ao Rey . e que lhe dededuas mulheres l'

uas ,

dous filhos que tinha naquella C idade e ago ra eraõ

catrvos do no li'

n Monarcha em troco pelo corpo do

Infante m ., rtyr D . Fernando e feita a entrega retirou

fe. Os Mouros de Tangere labendo o que tinha fu t.

cedido ti C idade «de Arz rla que elles julgavaõ ma isdifliculto z a de ex pugnar , do que a lua ,

fugiraô to

dos de ix ando o que naõ puderaõ levar; o que fabendo

o ocll'

o Rey com l'

umma a legria entrou nella dando

a D eus graç as por ver que as a rmas l'o rtuguez asja alcanç avaõ na Africa viâ orras , antes de ferem V illas

adn —.i rando as difpoliçoens do Alttliimo que fez le

rende lle Tangere lem armas tendo lido procurada

qua tro vez es com o me lhor das noílas que fempre para a lua conqurfl a fe Julga raõ pequenas. Fez o Rey pu

rilicar a Melquita pelo Prior de S. V icente de fora de

Lisboa que fe achava prez ente e era ja nomeado Bif

po deTangere emdia de Santo Agoíhnho demil qua

trocentos e fettenta e hum foy a purificaç aõ e entre

gando a D. joaõ M arquez de Montemor o governoveyo para Lisboa,aonde foy recebido com luz ido triunfo. Efperavaõ osMi litares tempo para o defcan l

'

o,e para

cada hum feliciar com alegrias na paz , o que tinha

merecido quando teve principio outra peyor guerra

porque nunca deix ou de fer abominavel toda a quefoycontra os que profell aõ a melma Ley Divina . Achava- fe o noli

'

n Rey viuvo nell e tempo e Í'

olicitado doArcebilpo de Toledo D . Ali

'

onfo C arrilho e muitosSenhores deC ali ella , quafi como no reinado do Rey D .

Fernando, ajuíloucafer- fe com D. Joanna,lua (obt inha,filha herdeira do Re y L) Henrique de C a li ella ecomefl

'

eito ,jufto o defpoforto foy o noll'

o D . Alibnfo ac

1 78clamado Rey de C allelfa na C idade de Placencia o:

C atielhanos,que naõ queriaõ fobre li o noll'

ojugo,allimcomo nós naõ quiz emos fobre nós o feu, quando nega

mos a lirccefl'

aõ nefte Reino a Dona Beatriz ,filha de

Dona Leonor e do Rey D. Fernando diz endo que

á lcm da nullidade do matrimonio era pay de Dona

Beatriz o Conde Andeiro agora em eaítigo delle te

íi imunho falfo com que maculamos a honra de Dona

Leonor , houve em C all ella quem dtll'

e , que Dona

Ioanna efpoz a do notl'

o Rey , naõ era filha do Rey D.

H enrique e caz ando Dona l fahel com o Principe deAragaõ o acclamaraõ Rey de C aíb lla por fua mulhero noll

'

o Rey co no efpo lo da herdeira legitima entrou

com vinte mil homens por C aftella a tomar poll'

e da

quella C oroa vencendo Oppofiçoens de que naõ ha

e fpecial memoria verdadei ra chegou a C idade de

Touro cercou o Call ello que defendia o partido de

Dona I label aeudio o Principe de Aragaõ feu marido mas naõ obrando coufa alguma fe recolheo a V

lhadolid com mais temores do que elperanç as e o

nofl'

o Monarcha chamado Rey de Caflella , acompa

nhado do Arcebifpo , Duque de Arevalo e outros

G randes daquelle Reino paílou a Zamora e dahi às

terras do Duque aonde deo péfte no noli'

a ex ercitoe morreu grande parte : a llirl taraõ a Villa de Baltanas ,

que logo fe entregou , e outra chamada C a nta lapie

dra temendo a fua ruina leguio antes dill'

o melhorfortuna abrindo as partas depois de varias condições

pacíficas veyo o Inverno e diVidio- l'

e o ex ercito ,

ficando muitos em Zamora , outros recolh zndo - fe a

Portugal; porém feitas as contas ao que refiava de vinte mil homens com que o R—ey entrou em Cadena ;era pouco , ou nada porque muitos levou a epide

miª,

280ercito marchava fem ordem como quemhia para fuaCafa dtfpôs o noli

'

oRey a lua gente em dous corpos, etomou a vanguarda da parte do rio em quanto o Prin

cipe occupava e defendia a outra nas faldas do mon

te contra feis efquadroens que elle fez lºgo romper e

com muitas mortes fez retirar o pouco , que fem ordemficou no campo ; o Rey D . Fernando vendo o que o

noíl'

o Principe D . joaõ tinha obrado deix ou o que

reítava e nada val ia e fugindo ao perigo fe recolheuem Zamora mefmo fez o nolfo Rey ao mefmo tem

po porque vendo perdida a no lia gente por aquellelado defappareceo de lorte que ojulgaraõ morto e

el le ell ava em C aíl ronunho , e os que efcaparaõ dosfeus elquadroens vencidos huns foraõ recolher- fe a

Touro , outros querendo pall'

ar a nado o rio Douromorreraõ affogados. A

“tarde ouvireis o reito que h =

mais divertido.

F I MDA TRIGESIMA QU INTA PARTE.

L I S B O ANa O llicina de IgnacioNogueira Killo.

Anno de 1760.

Com toda: ar licença: necej'

ariar.

1 8t

ACAD EM I A

U M I L ) E

r G N O R A N T E s

ONFERENC IA XXXVI .

Ompeo o lileneio o Hermitaõ diz endo que

ouvira e lêra fempre nas memorias deH el

L pºnha que d ia chamava fue,

a viâ oria del

oro , emmemoria da qual amíiira a huma

que refpondco o So ldado com a Íinceridadede timbre dellaAcadtmia h

'

ecerto que os Ca l

tos e Ara onez escontaõ comgrave fundamenr fua ella vi oria mas he fazendo duas batalhasma porque o Rey D. Affonfo de Portugal e

D. Fernando de C allella Principe de Aragaõhumdividia em duas partes o (eu ex ercito , comoTemos , o noflo Rey perdeo a fua parte , e reti

para CaRronunho o Principe D . Fernando per

ua, e retirou

— fe para Zamora,quemficou nocamncedor da noll

'

a parte foy o nono Principe D.

e da parte de Callella o General que venceo osdroens do noll

'

o Rey : toda a noite elleve o no(ncipe e os feuscpm as armas na maõ efperaninimi o porém ao amanhecer vio que valen

do e curo da noite fe tinha auz entado , agora

vós quemfoy ovencedor e quemovencido e

Mm achas

( 28:achareis que a viéloria foy do nolfo Principe D. joaõque depors de vencer matar , e aflitge tar, e lperou

no campo o inimi que lhe fugio'

temen o—o : lahio o

noffo Rey de Ca ronunho obrigado ás finez as dePedro

deMendanha Alcaide daquel la Praça quecommora vel lea ldade o feguia e juntando com a gente

nollo Principe a pouca que lhe tellay a lizcraó inª

numeraveis damnos nos lugares viz inhos venceraóem differentes choques a muitos partidos Callelhanos ,de forte que o Rey I). Fernando , e a Rainha DonaIz abel le viraõemperigo de vida mais deh

'

uma pez

pall'

araõ daqui á coma rca de Sa lamanca que toda e

ferro e fogo ficou dellruida ; porém como inf

defl ru lr a Monarchia , a que chamava lua e elle ló

pertendia a Corôa della conduz ia o noffoRey gf ortugal a (un Efpoz a Dona Joanna e pall

'

ou a—P ranpa pedir pell

'

oa lmente foccorro aoReyLuiz duodecimo;para de huma vez fobjugar o Reino de Callella poa

rém vendo que o Rey de Franç a tudo convertia emob lequios e efperanças querendo antes perder a

C oroa , do que ver- le com ella fem profeguir a eru

prez a começ ada , mandou ordem a elleReyno para

que acclamall emRey leu filho D. ]oaõ e elle disfar

ç ado fem revelar o fegredo mais que a humcriado an

tigo e va loroz o fem (e delpedir do Rey deFrança

fe pôs a caminho para a terra Santa ; porém laben

do- o logo o Francez e os feus o feguiraõ com pré“:

e a lcanç ando- o no caminho o perfuadiraõ a que

(e recolhelfe ao leu Reyno aonde entrou depois de

acclamado o filho ,o qual com o mais raro ex emplo

de obediencia lhe entregou nd mefmo irritante o goe

verno todo repugnando o melmo pay acceitá- lo. jô

nelle tempo tinhaõ perdido o pejo emCaliella todos08

1 88Rey D.Alfouro foy taõ eloquente ; que chegaraõlul citar naõ diz iacoufa que naõ efcrevelie e enuda e , até que ex periencia os defenganou , que era

prenda herdada de ('

eu pay a quem muitos annos ara-gtes os Portuguez es e E ll rangeiros chamaraõ elo

quente titu lo que naõ déraõ ao filho ja por fer dopay ja porque lhe naõ efquecefl

'

e entre infinitos , queadquiriraõ o feu va lor genio liberalidade , e z el o, todos maiores que e lle poucas vezes ellimados em todosos feeulos como vimos na pellima fortdna dos maiores Romanos , que tiveraõ elfa prenda. Teve o noll

'

o

Rey D . Alfonfo tres filhos legí timos , e certamentenaõ teve nem procurou ter outros. O primá ro foyD .Joaõ quemorreo menino. O fegundo Santa Ioanna de quem hoje rez a

”o noli

'

o Reino Princez a formoli ll i '

na por forç a a ajudaraõ para caz ar emFranç a ,e o Delfim vendo o feu retrato o adorou de joelhos ;porém elle , e todo s os mais que a pertenderaõ pa,

ra e lpoz a morreraõ e ella com o habito de 3 . Do

mingos , pa ll'

ou do mundo para o C eo no Convento

de Religiofas da mefma O rdem na V illa de Aveiro,aonde refplandex em milagres o leu fepulcho. Falta

muito degolfe que naõ dilatarey morto aovollo defeim'

F I MDA TRIGESIMASEXTA PARTE.

L I S B O ANa OBicina de Ignacio Nogueira X iªo.

Anno de 1260.

Comtoda: as licença; nerej'

ariar.

ACA. EM IA

H U M IZL E

I G N O R A N T e s

CONFERENCIA XXX V II ,

O dia trinta de Settembrocontinuou a mate

ria da Conferencia paliada o Soldado Foi

terceiro filho do Rey D. Alfon lo V . o Se

nhor D . joaõ o II. que ja dilfemos reinar:antes do pay morrer: foy l iberal illimo em faz er mercês,de forte que nenhumRey leu antecellordeo tantos titulos novos como elle ainda feconfervaõ alguns de lletempo namefma defcendencia dos primeiros, a quem os

deo como he oMarquez ado de Villa— viçoz a na S t reoif

l ima C a la de Bragança, 0 V ifcondado de V illa- nova de

C erce'ira , e Alca idaria Mór de Ponte de Lima , fendo o primeiro D . Leonel de Lima outros ma is e en

tre elles o Condado de Arganil nos Bifpos de Coimbra no feu tempo houve muitos defcobrimentos Nuno Trill aõ e Antonio Gonfalves chegaraõ

'a C abo

branco que ella em vinte grãos e troux eraõ a Portu

gal Mouros negros cou la nunca villa em Hefpanha ;foy fegunda vez Nuno Trillaõ e defcohrio varias

Ilhas aGarça Arguim Lançaroºe , e Gilianes ou

tros diz emque ellas de l'

çobrio o feucompanheiro'Ao

taõ , ouAntonio (que he o mefmo'

)emquanto Nunoconduz ia mais efcravos de Cabo- branco o eu to he

NH que

292

regurocom a ex ercito vencedor da filha nell a batalhaca tivou priz ioneira de guerra ao grandeHeroe D. Hen

rique H enriquez , Conde de Alva de Lill e ; e era tala modeli ia politica , e generoz idade da noll

'

o Rey D.

]oaõ em tao poucos annas que depois de dar as ordensnect lla rias para cautela depois da viéta ria,conduz ia oC onde priz ioneiro velho veneravel á ('na tenda e

nella lhe pedia perdaõ de lhe ter tocado nas coll ascoma

quando andaraõ no ardor da peleja pafmau o

velho ouvindo da boca de hum l'rincip : cou l'

a taõ no

y a e depois de lhe agradecer efle honra nunca villa :Naõ i ntuir Sen/Jar dilleo Conde ) pair m

'

J'

o naõ

perco a honra que ganhei e”: tr ar bata/bar 6001pcom [cl i ente (l ivrar de nem taõ pouco voir a glor ia do que baja obra/ler ja ma r: ouvida de nenhumoutr a P r incipe. Tac? grande era a no ll

'

o D.jaaõ I I.que pode l l l

'

ª l'

elle elogio da boca de hum feu contrario C alielhano Conde , General velho alentado , e

verdadeiro. li dava leu pay em Call ella quando os

C aflelhanos ganharaõ a Villa deAlegrete e ell avajaem França quando elle cercou a s Cali t lhanos na mcfma V i lla tendo dez afe tte arma s de idade porémcomtal valor , e induliria Militar, que oscercadas pediraõ asvidas e a que pude ll

'

em levar às codes , e deix araõ aPraça o mefmo fiz era ?) logo a s dePedra- boa

,Ferrei

ra Noudar e outros Lugares mandando - lhe as chaves ao caminho por (cus Procuradores : O Commendada r ma ior de Leaõ l). Afi

'

a nfa de C ardenas que de!

pa is foy Madre de S. Tiago,e era Fronteira entre a Té

ja , e Guadiana ,entrou com tres mil lanças e trêz emil

Infantes até às po rtas de Evora : teve dillo noticia a

ua ffa Principe joaõ achava— le fem gente , nemmey a algum prompto para impedir- lhe a pall

'

a e me

nas vence- la ; porém intrepido , lhemandou diz e

d

r a

lº a

1 96a cabeç a e a vida. Contar- vos- hey humacauzamaravilhoz i próva de innocencia do Duque no femtir de muitas pell

'

o rs doutifIimas , mais rara elle ;todos os (eus a lceu l entes ( ex cepto a Infante ) e os

[: us t'

uec' fla res eltaõ fepultada s na Capella mór doC onvento deSanta Agolhnho dcVilla

- viçaz a,emMau

z ol eo s de pedra de notavel archifietura,começou ella

a bra o Rey l) . joaõ o IV. e acabou- a feu hlho D . Pe

dro I I. trasladando os anos do antigo depolito para ell e Convento e he certa porque eu efpeculeydepo is de outros de melhorjuiza que nem ao fazerdos Mauzoleos , nem antes , fe e ca lheraõ edras ele

peciaes e a o do Duque degolada mas um feitos

a s leis na C apella mór Ihe foraõ panda as portas

de pedra p ela ordem da fucceii'

aõ e antiguidade no

D u 3 ado de forte que por aca l'

o e por iffa myflerio ,coube ao Duque degolado hum Mauz oleo no qual

a naturez a efculpio hum cordeiro com as mãos ata

das na pedra de Montes C laros az ul e branca , mais

perfeito do que fe o tiz e li'

e o pincel do artihcema is prima ro z o e quanto mais fe retira do Manzo

l eo quem o obferva melhor parece e mais natu

ral : couz a he d ia que ainda naõ achei em Author al

gum e taõ CC t l a que eu a vi e fe vê na dita Igrejaa toda a hora e naõ julgar della my Ilerio parece rudez a ou tenacidade de juizo. Baila, vinde á manhâa feda.

F I MDA TRIGESIMASETTIMA PARTE.

L I S B O ANa Ofiicina de Ignacia

'

Nogueira X ille,Anna de 1 760,

Cam to! or or licença: neceíarmr.

" ( 1 97 l

ACAD E M I AD O S

H U M IE

L ) E s ,

1 G N 9 R A N T E s.

CONFERENCIA XXXVIII ;O tavel defengana (dilTe o Soldado no dia

primeiro de Outubro ) vos ofiere'

ci para def

prez ar o mundo e amar elle retiro ni icfgraça do Duque D . Fernando : a quem naõ

livrou a innocencia , grandez a parentefco , e va len

tia de aleivoz os e tra idores de caz a agora contarVOs- hey cauz a maior porque naõ he innocencia juridicamente cafl igada com próva que fempre ficouem dúvida

, pelo que ja dili'

e,mas fim conjuraç aõ horra

roz a e fem dúvida alguma juflifiimamente ca ll igada;D . D iogo Duque de V ileu irmaõ da Ra inha e pri.

mo do Rey a ll'

entou comfigo mata— lo e communi

cou a penfamento a D . Garcia deMenez es Bifpo de

Evora era entaõ fó Bifpado )D. Fernando feu irmaõ,

D . Pedro de Albuquerque , o Conde de Penamacor eu

irmaõ ,D . Gutterez Coutinho D . Alvaro de Attaide,D. Pedro feu filho e D . Fernando da Sy lveira to

las ell es approvaraõ o intento e fe ofi'

ereceraõ paraajudá - lo porque daquella morte fegu ia

- fe o fer Rey otal Duque de V il

'

eu pa rque o Rey naõ tinha fuceef'

aõ, porcaufa da delgraç ada morte do Principe filho

mica cficavaõ os traidores livres deLeys novas e.

00

CONFERENC IA XX XIX :

O dia quatro de Outubrohe que podecontiuuar a materia da Conferencia pali

'

ada o Soldado. Foy dille elle ) o Rey D . José II. o

inventor do uz o de artilheria nas embarcações

pequenas de que (e fegu io temerem os navios grandesdos Eíl rangeiros a qualquer dos noÍl

'

os pequenos barcºs : ao (

'

eu incanfavelcuidado ie devca o grande eílu

do que tiveraõ os Ma thema ticos do (eu tempo atédefcob rirem o modo de navegar tomando o Sol e governando- fe pelos grãos que elle cada dia anda da linha

para OS —TrOpiCOS ou dos Tropicos para a linha : foyauthor das homenagens que defde entaõ juraó os que

vaõ para os governos: ell aheleceoLeys tantas, e utililli.

mas com que fez refpeitados e obedecidos todos osMinill ros do defpacho, e dajuli iç y unico remedio para

a confervaç aõ da Republica ,cujo a licerfe he a obediencia ao Rey e aos (eusMinifl ros: uz ava de huma induíl ria para conhecer os affeâ os do povo,que era publicar

as eleições antes de as faz erznunca fe lheconheceo valido, de forte que perguntando o Rey Henrique fertimode Inglaterra ao fel) confa tinha viílo em

Pp Fºra l

AC A) E M I

H U MD

ZI L ) E.

I G N O R A N T E S.

C ONF EREN C IA XL.

E tarde profeguio a materia da Conferen

cia pallada o nolio Academico , contando

os defcobrimentos do Rey D . Joaõ o l l

Prometti ldille elle ex plicar o motivo , por

que melhor fe podia chamar ao C abo de Boa- E l'

pe'

rança Focinho de Africa do que Fronteira por .

que Fronteira fuppôem que adiante fe con tinua al

guma terra de outra Monarchia , e a delle Cabo fótem diante de l i o mar do Sul no qual fonharaõa terra incognita os .que le contradiz em a l i mef

mos ; porque huns diz em , que-he incogni ta e la eo

nhecida e delcoberta q ue faõ contraditorios , e ;

para mais fe condenarem diz em que lã foraõ def

cobridores Olandez es e Francez es que viraõ o Paiz

cheyo de arvoredo do tempo do Diluvio ao que

par ece pela fua inex plicavel grandez a ; e que dei

Xando alguns homens na terra , em quanto hiaõ bufca t familias para a po

'

voarem quando vieraõ come l las nem acharaõ os

ªromens nem final das cabaz

nas em que os deix a ra e ló viraõ na praya pega

das de homens do tamanho de hum covado cadaQq huma.

U MIE

L D E s,

I G N O R A N T E S.

C ONF ERENC IA X l'

O diacinco de Outubro juntos com os Romeiros dili

'

e o Ermitaõ ao Soldado : Queo fi lencio dos ouvintes e o goílo com quenas C onferencias pa li

'

adas attendia ao deli

iol'

o da hiftoria o obrigâra a naõ , lhe perguntar

luma coufa da India em '

que tinha notavel duvi

Ia e vinha a fer : (b e a naçaõ Portuguez a fegun

lo tinha lido , tivera as mayores guerras na Alia com:s Mouros e naõ com os Gentios e o mefmo emMombaç a Moçambique e outras Provincias de('

a Contra- Colla de Africa e d 'as naõ ufaõ dos man

;ilnentos que ufaõ os Gcntios , mas fim de todos os

;ue nós a ramos ex cepto carne de porco , e vinho ;de forte , que para ferem mais gloriofas , e memo'

aveia as noli'

es vié'

torias e Conquiílas na Alia naõ

ae necell'

ario recorrer ao ufo dos alimentos que

podem canl'

ar com o fora fucco mayores forças por-i

;ue elles e os Portug uez es ufavaõ os mefmos

traõ lummamente aleg ados o que le próva femduvida porque nas mez as dos Reys Portuguez esnunca fe ufou vinho , modetaç aô em todos os facu,

Xa

t 3 24 )do nelleReyno e ja ouvtítes na vida do Rey D.

]oaõ II . , e eXpulfou os que le naõ quiz eraõ converter obrou nillo o

i

noll'

o Monarcha com tanta li nceridade , innocencia z elo da Fé e caridade fantacomo feu anteccell

'

or , quando os admittio por hol':

edes e confervou efcravos ; porém o tempo moârou os damnos que agora fe confumá raõ todos :obrigavaõ a fahir todo o que fe naõ queria baptiz ar e tiravaõ- lhe as faz endas para o Fifco , or

que D. Joaõ os deix ou á condiç aõ de naõ po ui-e

remcoula alguma no Reyno , ex cepto ocommercio ;e naõ todo : diz em , que naõ fó lhes tiravaõ as fas

zendas aos contumaz es mas tambem os filhos pequenos para os baptiz arem ; o certo he , que fe bapti-fz avaõ muitos para naõ perderem as faz endas e os

filhos ; no ex terior (6 licavaõ C atholicos e no inte

rior ]udeos refinados e defde ell'

e tempo até o pre-5

lente nos moll ra a ex periencia que allim vivem ,

lendo elle o menor damno para o Reynº , º mªyºr

de todos , o que tem refultado dos feus cafamentosem quali tres feculos. Mandou que os Ecclefiall icosfoliem iz entos de pagar direitos Reaes. Alcançou a

fella da V ili taç aõ de N. Senhora a Santa Iz abel ; e

a do Anjo Cullodio do Reyno mercês do PapaAlex andre VI: que

lhe era obrigado naõ fb por da;divas e offertas ricas feitas a elle e á (anta Sé Apoflo lica mas por avilos que lhe fez para emendara lgumas defordens da C uria Romana o mefmo Pa

pa lhe concedeu que pudelIem ca lar os C ava lheirosdas tres O rdens Mili tares, C hriílo, San-Trago, e Aviz ,e que

'

nos Mell rados delles llrccedeflem os Reys

de f rrte que'

o Rey D . Manoel foy o primeiro qu e

po ll irio o Melh ado de C hrill o. A elle Papa e a

feu legundo l'

uccell'

or Leaó X . , mandou animaes daIndia

rssIndia e da America conduz idos corn inex plicavellrabalho de Falz es taõ diflantes a Lisboa e dahi aRoma , com elles offereceo os mais preciofos Pon.

.i licaes que Roma vio bordados de pérolas e pe.

l ras preciofas ; cujo va lor , e cu lto nunca fe pôdeª'

aber de certo e fôraõ depois com lallima e hor.'

or da Chrrll andade toda , roubados , e dividrdos en

se foldados no faque deRoma de que a feu temlo vos daremos noricia : dellas dadivas e ofl

'

ertas

efultou conceder- lhe a Sé Apºllolica muitas gra

;as , e indultos de louvores e ex quili tos títulos , em udar- lhe ultimamente o Enoque , e o

gorra com

p e fó collumava premiar os Reys que dilataõ a

trºpagaçaõ da Fé , e de quem recebe a lgre'

a Ros

nana algum benefício efpiritual . Foy rara a flua de

iOçaõ , piedade e temperança fundou mais 'de ein:b enta Igrejas ; jejuava a paõ e agoa todas as Se.

['as feiras do anno ; acompanhava o Santifiirno Sa:ramento nos tres dias e noites da femana Santa ;reflido de afpero luto e proll rado no chaõ da'Ca.

rella em que citava o Sepulchro ; acabou o fumptuo'

o Templo e Cafa da Mifericordia de Lisboa a

uem deo principio e rendas (“

ua irmã'

a a Ra inhaLeonor , como já vos dilTe ; veíl ia todos os an

tos todos os Religiofos de S. Fra ncilco dell es Rey .nos era Real a pompa _

da fua mefa porém religiob ,

e mortilicado o nfo della ; nunca provou vinho

,em az eite naõ ufar deite foy mortificaçaõ que doinho nunca u laraõ , nem u l

'

aõ os Reys , e Princires de Portugal ; ex emplo de temperança em toda

Europa : gollava da caça fellas , e danç as e a in.

la que naõ entrava nellas , mo ll rava a inclinaç aõ ;le que relultou cercarem- no os va lla llos muitas ve

es dançando disfarçados para diverti— lo mas ape.

nas

3 8

para a morte do Rey D . Joaõ de ferviro Rey e o

'

Rey no com a revelaçaõ dell e abomi:

navel e maldito ajulte agora em Africa adquirianovas glorias para o Rey e naçaõ na defez a de Arz ila , a quem governava e defendia do mais bon ivel cerco e affaltos que o Rey de Fez lhe davacom todo o poder de Africa conjurado a ex tinguirnella o nome Portuguez recuperando o que o fettinimitavel braço conquiflâra naõ tinha numero certamente o ex ercito Mourifco porque como entre

el les ha indulgencia e remill'

aõ de cul a , e pena

para todos os que militaõ contra ,os Cat olicos a

cada inll antcç hegavaõ ao Rey de Fez novos ex ercito!voluntarios com mantimentos proprios. juntemo -na

ledo para voscontar elle notavelcazo.

F I MDA QUADRAGESIMAÉRIMEIRA PARTE.

L I S B O A

Anno de 1759.

Cºmtoda: as licenças nereíariarã

ACAD E M I AD O S

U M IE

L ) EI G N O R A N T E S. .

CONFEREMCIA XLII:Ada inflante era mayor .

o ex ercito (dill'

e o

noflo Academico nelI'

a tarde e o Rey deFez vendo o fervor e devoçaõ com que

to la'

Africa concorria para ex pulfar della os

nmigos de Mafuma depois de ex hortar as C abeças

aquel le innumeravel ex ercito , e ellas aos foldados ;rando u conduz ir as efcada s feudo elle primei3 que in tentou fubi— las , para ganhar a mayor dasras malditas indulgencias ; acudiraõ os Generaes anpedí

- lo , e depois querendo fer cada hum o pri

leiro de forte , que a gloria immortal fem perigo ,

.te ju lgava cada hum confeguir , junta com o ex

npln do Rey de (a rte lhes excitou a colera e for

lecco de efpiritos o co raç aõ que D. Va lco , e os

aucos Po rtuguez es que tinha a Praça fendo todos

ineXplicavel esforço , qual i o perderaõ cançadosvencer porque f ndo

- lhes facil relillir á valenõa dos Mouros p ecia impollivel tirar a vida a

mtos , que fem defmayarem á vida dos mortos e

ridos íubiaõ com mais alento que os primeiros

eix ando a cada in'

llante os vencedores mais desfal-l

Ss

m re

'

começ ára defde entaõ a comer o mar e que'

o

Santo facudindo como os Apollolos o pó dos pés ,

quando fahia della pouco ou nada attendido difa

tera olhando para ella e parafdous l lhotes inhabi

taveis que t em é villa muito pequenos que humadaquellas i lhas fe havia fubmergir a inda fc

,conlerva

o arco por onde diz em fahira a embarcar o Santo

no li tio , que chamaõ'

a Ramada porém dell a pro:

fecia que eu ouvi emGoa naõ há tradiçaõ a lgumana I lha o que naõ obli ante poderá fer verda deira ;

porque como a gente em Moçambique vive pouco

crível he efquece llehuma tradiçaõ como ella em pou

co tempo alguns me dilleraõ , que o mar comia a

I lha porque citava muito perto do C onvento de S.

]oaõ de Deos , fendo certo que dasja nellas do No:viciado ninguem chegava com huma pedra ao mar

em outro tempo porém eu fuy holpede no dito

Convento os dous' mezes que ell ive nella Ilha e

fenda a obra da Igreja e claufura na verdade res

g ia e digna de huma C idade populofa , ló he del

prez ive l So Noviciado e Botica ; eita porque he

uma ca li nha muito pequena'

unto á porta , e como,que tem

, para Botica de um cu rrofo ,ainda fe

r a minima ; aquelle porque he huma fuliiciente ca

fa com tres janellas , fem repartiç aõ a lguma para as

camas fendo ex cellente como dille Igreja Con

vento Hofpital , e mais OHicinas : das janellas poisdo Noviciado fiz a ex periencia da pedra , e duvidan

do fcem mim leria falta de forç as convidei parao mefmo outros que as tin aõ grandes por taes

cbnhecidas , e ma is que todos hum Cha rilla unicohabitador doNoviciado e o Boticario do Conventoe nenhum delles chegou ao mar com a pedrada

nal deque omar naõ _come a Ilha e fempre foy taó

peque

lmada os livrou N. Senh

tor

ga

zílo Baluarte ; cazoM

vel certo , que fe refere todos os annos no Pulpitona feita da melma Senhora a que aiIiiIi porque iecelebra quando a Não de Portugal chega ,

,para tera gente elle goâ o , e ler mais luz ido o concurfo no

feilejo : he o caz o. Vencidas tres Armadas O laudaz as

_,mortos muitos mil homens e perdidas excel

lentes Náos em tres cercos , juntou a Républ ica to

das as fuas forças para reilaurar o credito da'

s fuasr

armas , e com a mais formidavel Armada que vio o*

Oceano Indico buicava a pequena I lha em humanoite efcura com chuva e nevoa : citava de guarda neite baluarte , dedicado a N. Senhora hum foldado veterano e temente a Deos taõ ignorante do

inimigo que vinha pelo mar , como todos os mais ;era meya noite quando ouvio huma voz fuave que

l he diz ia : D a'

fogo , julgou que era illulaõ da fanta

iia porque nem havia caufa nem tinha murraõ ;

porém ouvindo o mefmo terceira vez dili'

e : C o

mo ? Se naõ tenho murraõ : B ate com a efpada mia s

fre/la peça lhe reiponderaõ tirou o chumbo e

deo huma cutilada na peça junto á eicorva pegou

fogo ; diiparou a bala amotinou— i'

e a Fortalez a to -i

da contou o caz o julgaraõ ler prodrgio ; pela

manlríia viraõ «na peça a cutilada taõ funda como

fe ella fendo de o bronz e , foiI'

e de fay a ; fouberaõ

depo is que a bala dando ao lume da agoa na C api

tania da Armada a fundira e que os das outras at

muitos caminharaõ para a Indra vindo logo con

t rnuos avil'

os dos portos viiinho de que appareciaõ

nas fuas pray as O landez es mor os ; ultimamente fe

Vey o a iaber que a Armada toda eil ava à capa de

fronte dos dous l lhotes ; que naõ entr ara de no ite

porcaufa da nevoa e que depois'

de iubmerãida

.

a

apt

( 3 37 )

ACAD EM IAD O S

H U M IE

L E 8,

, e N o R A N T a s.

C ONF ERENC IA XLI II ,

U ntaraõ- ie antes daLadainha osAcademicos e

o Soldado continuou a billoris diz endo- lhes“

: EmMoçambique tomouVafco da Gama piloto Mou

ros negros para ieguir a fua viagem,vio omba

ça terra deliciofa ,

'

e a melhor naquella Colla deAfrica ; no. meu tempo a deix ou perder o feu Cover!n ador Alvaro Caetano quando mais fegura a tinha onoil

'

o dominio : os naturaas Mouros pretos naõ poedendo tolerar o jugo dos Arabios lembrados do i

'

ua

ve governo dos noil'

os Capitaens antigos nos convidaraõ para a cunquill a que q ner

'

a l Sampa o fez

com lingular induilria formando todos os Sol ados'

e marinheiros em huma (6 linha e mandando diz erao Arabio que tinha muitos mil hdmens em campo ,

ió perdoaria as vidas fe entregail'

em logo a Praça'

, e

as Armas : elles vendo a monil ruoia vanguarda do noiqfo ex ercito fantaiiico ; iuppondo

'

que detrás daquella:grande linha eilavaõ outras de igual numero , álem da

gente que i'

uppunhaõ eilar a bordo,entregaraõ a Praça,cujo governo iedeo aAlm a Caetano , homem dou.;

Tt ,;m.

31 U M I L )

I CN O R A N T E &

C ONFERENC IA XLIV.

Aõ gºitozºs vivemos nºil'

os Academicos,quetºdas as hºras defejaõ ouvir as vidas dos nºiins Monarchas deforte que depºis da Ladainha aiIentaraõ hºuvei

'

fe Cºnferencia na qualtile º Academico dell a feltz hrilºria ocºntrariº do que:dia a eiperança de tºda aAcademia.Cºm ºcadaver dºliciiiimo Rey D.Manoel parece fe fepultaraõ as for

mas de Pºrtugal ºu que tendº ellas chegadº ao Zetrh agºra cºmeç araõ a declinar acclamaraõ logº.ey ieu fi lho º Prrncipe t erceiro do nºmeRey decimoquinto ; tinha naicidº em Lisboa a feiaejunhº de mil quinhentºs e dous a tempo que ºs

lementºs formavaõ huma horrivel tempeiiade de chua , e vento ; e uando o levaraõ a baptiz ar houve

um incendio nº açº defºrte que fahiº a receber atz e arcommumcom agºa e a agoa Santa cºm fºgº,:az ºs de que entaõ ie iiz eraõ varios juíz os e pro

ºiiicos mas tºdºs de felicidades para º Rey e Reio cujo Principe naicia ºu dºminando elementos,'

.I feilejado' delles cºmo lhes era poilivel ohfe

VV qurá

3 5'

º

chamaraõ piedozo , porque naõ fez acçaõ que naõ fofafe acredora do titulo alguns lhe notaraõ , e notaõ

entrega das C idades de Africa que á lém de merecerem a confervaç aó pelo que tinhaõ cull ado e para

gloria no li'

a ló l'

e deviaõ entregarcom a vida depois'

de confagradas as Mel'

quitas celebrados lacriricios incruentos, e eltabelecida a fé dentro dos feus muros; porem o tempo moltrou que a culpa naõ fora delle masl im dos C onlelheiros os quaes depois o confelfaraóenvergonhados , e arrependidos e 0 lim que os moveoa todos foy a avarez a com que ja os Portuguez es (ócuidavaõ nas riquez as da India: no feu tempo a _

t'

oy i llu li

trar o Apaâ olo doOriente 8. Francifco de Xavier que

o Rey pedrocom outroscompanheiros a Santo Ignacio ;e quem fouber que naõ tem numero Os milhões de a lmas,

que ell e Santo na India baptiz ou ,converteoa melhor vida,emetteo no C eo

,poderá conjeélurar ascoroas que láterá o noll

'

o piedoz o Rey que o mandou : pedio— lh; na

delpedida que na primeira monç aõ lhe manda ll'

e huma

larga informaç aõ das coufas da India e o San to fo lhe

mandou diz er que na Indi a feconjugava o verbo Rapio

por todos os modos: achei lá tradicaoentre pell'

oas dou

tas e pias que a dita carta caminhomais palavras a

l'

aber : ºy ona India de erre am or para cima nin uem

fefa lva va ; como naõ vi a carta duvido que o dil'

ell'

e

ou fallaría na India no ellado em que a vio quando o

dill'

e porque hoje a vill a das no lI'

as terras da'America ,

6 Africa he a India ex emplar reformadilIima ; porém

como no tempo de Iºrancifco de Xavier e quali dous

feculos d . po is'

, foy certamente como conlla de tradi

ç oens verdadeiras em todo o Oriente nolI'

o valor igual

á no lfa avarez a incrí vel o lux o e lafcivia le he

certo tudo o que leconta naquelle vallo Imperio comra

'

tell e numero de fervas pãrque em cafa de Íeus pay.muitasfellas t inhaõ oitocentas que as fervill

'

em : nos

Cartori s de Goa allim do Governo como do Senado vi ella Apologia com as mefmaa palavras porqueambos t

'

e cppuz eraõ ao dito Veneravel Padre na continuaçaõ da ob ra daquelle Santuario o mayor da Monarchia Portuguez a porque em hum angulo lhecabe tº!do o Convento de Santa C lara deCoimbra e temdentro mais de leis milmulheres , fem opprell

'

aõ, confuz aõ ,nem damno , em paiz ardentillimo , e

'

ninguem pôdeduvidar (em temeridade, que elle Veneravel Religio l

'

o

entaõ dille , elcreveo e depois fe imprimia a verdade

que elles viaõ para com ella convencer a '

oppoz içaõ

com que o perturbavaõ. Teve o Rey D.]oaõ Il l . humfilho i llegitimo chamado D. Duarte Arcebifpo deB raga Principe piedozo pay de pobres humildeVigilante , benigno alfavel inteiro, e douto que nal ingua Latina deo principio Hrlloria Portuguez a quenaõ cont inuou como D .Jullo Bifpo Italiano chamado por joaõ o II. para ill

'

o : deo varios titulos ho

je ex tinítos ex cepto Marquez deFerreira nos Duquesdo Cadaval

, os mais, que (econfervaõ,ell aõ emdiverfasfamilias por heranç as como l

'

aõ. Mas balta quehe tarde pela manhaâ o direy com noticias deltetempo hor

a QU ADRAGES I MA QU ARTA PARTE.

L I S B O ANa O llie. de Francifco Borges deSoula.

Anno de 1 759.

mrodar ar licença: necel ar iar.

( 258 )

ACAD EM IAD O S

H U M IE

L D E s ,

I C N O R A N T E S;

C ONFER ENC IA X LV .

Inda que o frio ja naõ convida os Romeiros

para elle lítio deliciolillimo no Veraõ, elle an

nº por caula da nºlfaAcademia os teremos

agora,e no Inverno, caul'

a porque no dia leis

deOutubro houve Conferencia ,e dill'

e o Soldado:Con

tinuou o no llo Rey na caza dos Duques do C adaval

entaõ ló CondesdeTentuga l por nova mercê o titu

l o de Marquez es de Ferreira a D. ]ºaõ de Alenca lt ro filho mais velho dº Duque de Co imbra : a D.jor

ge fez Duque de Aveiro,cuja lingular Varonia ell á ex at iné

'

ta ; a D . Antonio de Attaide feu valido_

Conde

da C all anheira. As imprez as da India licaõ para quan

do pertencerem na hilloria porquemerecemnarraç aõ

mais dilatada do que a breve nºticia que dellas nos

deix araõ ºs principaes Chronillas della vida , e Reysdella Mºnarchia ; ló direi que na India no tempo dº

nonoRey morreo hum homem quecertamente viveotrez entos e trinta e cinco annos , le bem na India he

tradiçaõ que givera mais tem'

po e por ler ex traordi

nariocazo naõ o r'

ezervarei

ª“ : a hilloria da India8 CO '

”57

contou elle ocafo do -Inges a todos , allimefmo lo

go º inll ruiraõ na Fé e baptiz araõ e acabado Bapt il

'

mo elpirou nos braços do PadreGuardiaõ que lhe

t inha adminill radº º Sacramento ; com repiques la

grimas de gollo cantandº 0 TeD eum Laudamw,o le

varaõ osReligiofos nos feus hombres . para a l'

epu lru

ra em jaz igo ló para elles reférvado , pagando- lhe

agora no enterro a caridade cºm que elle levou pelas

agoas doGanges a S . Francilco. Até aqui o que me

pertence , agora continuay vós a H illoria. Reinaraõ

(continuou o Soldado ) na Igreja de Deos nelle tema.

po Adriano V I C lemente VII . , Paulo III. julioI I I. Marcello II. e Paulº IV. ,Foy coroado pelo

Summo Pontífice emBolºnha Carlos V . , funç aõ que

na lua vida vos con taremos a ('

eu tempo. Francifco priª

meiro Rey de Franç a perdeo a batalha de Pavia e li

cou priz ioneiro dº Imperador C arlos V . , foy condu

z ido a Madrid aonde ell eve prez o .Ganhou o Turco a

I lha de Rodes , aonde allilliaõ osC avalleiros deS. joaõdo Hofpital a quem º Imperador deo a I lha de Mal

ta para ('

e recolherem e dahi lechamaraõ Maltez es

chamando- fe antes della de l"

graça C ava lleiros Rodioso Monte Vefuvio lanç ou tanto fogo , que opprimio

muitas Villas ,eLugares viz inhoscom a cinz a emor

reraõ muitas pell'

oas , e gados : emBolonha osjudeoseonleguiraõ huma Holl ia confagrada , e

polla fobre

humi bofete , cada humcom feu punhal,—r foy pallando ,

e a cada punhalada lançºu hum rio de Sangue a Sacratillima Holl ia ca lo dos mais horrenda s , de que tra

taõ as H illorias e que nós devemos lentir nocoraç aõe faz er tºda a vida diligencias para delaggravar a

C hrillo Senhºr nºll'

o dell a , e demil injurias , comoellas, emaiores que lhe temfeitono 88. Sacramento

]udeos

zôo lthematico PedroNunes lhe diffe naõ fecoroall

'

e na:

quelle dia que. era o mefmo em que tinha nalcido ;

porque fe o fiz ell'

e havia fer ma l a fortunado comoC atholico , e fabio defprez ou o pronollico e no dia

de S. Seball iaõ de mil e qu inhentos e lelIenta e o itº fe

coroou : déraõ- lhe pªr ayo a D . Aleix o de Menezes ,

varaõ inligne em collumes , e virtudes e de langue

nºbilillimo Confellor o Padre Luiz Gonfalves da

Companhia que tinha lido feuMell re para o que o

mandou o C ardeal Infante vir de Roma a que fe fe

guio fer validºMartim Gonlalves da C amera irmaõ

do Confell'

or : leguem— fe caz os mayores que pedem

Conferencia dilatada.Aªtarde os direi.

F I MDA QUADRAGESIMAQU INTA PARTE.

L I S B O'A

NaOliic. de Francifcº Borges deSºula.

Anno de 1 759.

Comtoda: ar licença : neceíarr'

ar,

ACAD EMIAD O S

H U M I L D E S ,I C N O R A N T E S:

CONFERENCIA XLVI .A tarde do dia leis de Outubrºcontinuou a vi

da do Rey D . Seball iaõ o Soldado : Houve

defgollos grandes no Paço , porque pa ra fer

infallivel a no lla defgraç a o empenho todo era n . 6

d ttende lle o Rey aos confeihos de lua avó porque

todos eraõ fantos'

, jullos e unicos para o leu bem

e do Reyno : houve quem pertendeo tirar ao Car

deal Infante º Arcebilpado de Evora, e o OHicio deI nqu ilidor G era l e certamente º conlegu ia le o

C ardeal fe naõ va lelfe de Ftlrppe Segundo Rey de

H elpenha ; em lim a Ra inha conheceo o precipício

em que ellava o neto e ret irou- fe , naõ ró del le n as

de todos os ma is que o precipitavaõ,ló D . Aleix o de

Menez es digno de ellatuas aeonfelhava ao Rey º

que era julio com l iberdade fanta lem l izcnja mas

por illo era aborrecido dos outros todos, que lb uza

vaõ della : hum dia l'

ne dill'

e º Rey que de ta rde lhe

ma ridalle preparar hum cavallo bravo que nunca ti

nha lidomºntado, para elle lahir fôra; re lpondeo- lhe

D . Alerxmque o cava llo era incapaz para tll'

o, e antes

de fer domado naõ havia Sua Altez a montar n, lle e

espôr a vida : ateimou o Rey que nelle havia fahir ,Yy inflou

3 68valente podia ter medo quando foll

'

e velho;e refpon ;dendo todos que fim para o lifongear convenceoD . Joaõ Ma lcarenhas de fraco por velho , e que porill

'

o lhe aconle lhava que naõ folie a Africa humdosC oroneis delta ex pedrçaõ era Va leo da Sy lve ira homem dellemido e virtuo lo muito tempo antes deembarcar o feguio fempre huma voz fentrdad

'

em queville coufa alguma mas huma no ite em Almeirimlhe appareceo em figura de ex traordinaria grandez a,mayor quanto mars (e chegava e aperta da da porlia,e animo de Vafco qu : lhe perguntava a cama dos(eus gemidos dille : Choro-

,me a mim, a ti tecóor o,venda - te ja e aor que Iêmpre amey tamozel da/ventura , e a m . fma fan tafma vio no campode Alcacer junto á barraca do Rey na noite

'

ª l la

tes da batalha. Sahio o Rey da se com a bande ira,

principal do ex ercrt0,em que hia hgurado Chrillo Sernhor uolfo C rucificado, e querendo o Alferes defeurolá- la, naõ foy pollivel,pore

'

m ella por fi fe defenro

lou na ribeira emba rcou e fahindo no efca ler emLagos , fe achou na proa delle hum cadaver de ha :mem hum mulico que levava comligq foy profeta s

porque ordenando- lhecanta lTeJÓ lhe lembrou a poe

z ia feita ao Rey D. Rodrigo que perdea toda H et.

panha, que começa Ay erfui/la'

r Rey deH e/panba,qy noteneir uncolhi/o. V inde logo que a hillon ajendo tragica he divertida.

F I MDA QU ADRAGFSIMASPXTA PARTE .

LISBOA Na Oc. de Fra nt ilco Borges de Sou l: ,Anno de 1759.

Com toda: a sJrcençar necefa r ia r.

O

A CADEM IA

H U M IE

L D E S ,

1 G N o R A N T E s.

C ONFERENC IA XLVII.Penas l

'

e acabou a Ladainha ecearaõ jaell avaõjuntos para ouvir o noflo Academico que proleguio o afl

'

umpto diz en

do : Era o intento do Rey D. Seballiaõfaz er ella guerra fem ou tro mºtivo mais que

C onquilla doReyno de Marrocos propagaç aõ da

Fé emAfrica ex tincç aõ da Seita deMafoma ; porém os nolI

'

os peccadas foraõ caura de que fe pervertefle elle lim ranto com a vinda de Muley Ma.

homet Xarife a Portugal, a pedir— lhe foccorro con

tra feu tioMuley Maluco , o qual lhe ul'

urpava o

Reyno deMarrocos de forte,que, l'

endo a té agora

o fim da guerra Ianto agora era fó Real e brio

lo porque eraconquillar o Reyno s hum Mouro ,

para o dar a outro Mouro. De todos os agouros ,

que fecontaõ nella infeliz jornada e vos tenho di

to, 0mayor, que a minha ignorancia confidera, laõos odios e dilcordias em que embarcaraõ qualitodos. Ellemelmo juizo fez o Rey D . Allbnfo V .

quando foi tomarArz illa porque naõconferz tio feembarca lI

'

e pelIoa alguma fem primeiro le reconciliarcom as que tinha olfendido ou de quemell a

Zz va

'

t 372 lraõ e le entregaraõ pelos Oflicraes da Cal

'

aRealaosmel

'

mosReligiofos,comoconlla do aél o da en

trega . O conli iéto foi tal , que poucos viraõ morreros outros ; ao Rey nenhum mas fouberaõ que ti:nha morrido, uando hum Fidalgo o encontrou emtal ellado de eridas e debilidade que o naõ conheceo e lhe perguntou fe havia noticia do Reymas diz endo— lhe que elle era o Rey começou a

chorar, vendo- o taõ miferavel que o naõ podia cuinhecer.Os poucos que efcaparaõ dos que o Reylevou troux eraõ naArmada 0 cadaver que fe fee

pultou emBelem outros dill'

eraõ que elle vendo

tudo erdido fe mettêra na batalha eflando jafem e piritos nem langue , e armas rotas e quelá licaraõ em tantas migalhas , que le na pddia juêrar qual eraõ as fuas. Os que levaraõ o Rey foraõos quemais efcaparaõcom vida e.vendo que o pó

vo o queria apedrejar por ferem caul'

a da lua dife

graça levantaraõ a fabula e novela da fua vinda ,iz endo ao povo que o cadaver que vinha na Armada naõ era do Rey porque elle ficava vivo e

fôra a Reynos ex tranhos bul'

car loccorros para le

vingar dos barbaros e que (edo havia apparecerem Portugal vivo commuitos mil Soldados. Paramelhorcanoniz aremmentiras defla grandez a linª

gíraõ cartas felfas das quaes confiava, que elle apparecera em varias Provincias e paliando a dilatar

as efperanças, fingíraõ profecias , e o peyor he torfl eraõ calai- vos dilleo Theologo ) violentaraõ o

fagrado das profecias canonicas de Ifaías, Salamaõ,E ldras e com efpccialidade as do terceiro livro

que naõ he canonico e o que mais admira he darem- lhe credito homens dejuizo mas a ino le relª.

pondecomSantoAgoll inho ,que todas as hereliasforaõ

m )foraõ feitas pºrgrandes ta lentºs. Cºntinuar a hiflºr ia . Seguiu- fe defla novella difl

'

e o Soldadº ) atre

verem- fe homens baix os e via a diz erem, que eraõo Rey D, Sebafl iaõ: quatrº, ºu finco houve drfl es,

que forzojuftiç adºs e hum commui ta galantaria

quandº lhe deraõ a fentenç a drlTe H e o quepo'

de

jar jnúifarern bom homem por quererfer honrade no [na terra . No dia da infeliz batalha fôraõ vifiºs nº ar ex ercitº: peleijando lºbre algumas po

Voações delle Reyno o Sol em Africa appareceo

côr de fangue ;entre ºs dous ex ercitºs houve humabatalha de Aguias no ar e ficaraõ vencidas as queeflavaõ da nºll

'

a parte. Nefle Reyno revelou Deos

a varios fervos feus a perda e a bemaventurançaue hiaõ goz ar os que mºrrêraõ na batalha. Emaflella teve a mefma revelaçaõ Santa Therefa de

Jefus tambem diz em que D . Manoel de Menez es

B ifpo de Coimbra apparecêra aº Cardia! Infante

emAlcobaça cheyo de pó e fangue cºmo ficºunos campºs de Africa morto, e lhe differs Quanto

ao riomundo tudo elia'

perdido; quanto aodoCeo,0:mon [amor ganhador. Foy º Rey muitº z elºfº da

Religiaõ e taõ inimigº dºs fequaz es deMafoma

que por intervençaõ do Santo Pontifice Pio V. ti

nha fºllicitadq para Efpofa Margarita filha deEn

rique Rey deFranç a, querendo que ló fºfl'

e º do

te entrarem ºs Reys de França pºdºrºfamente nal iga contra o Turco. Naõ teve ell a diligencia o ef

feito defejado por ifl'

o emGuadalupe pedio a Pri-ª

ma aº Tiº. Fºi taõ venerador e devotº deN. Se

nhºra, que, levando- lhe para defpachar hum papel,

em que fe fallava nella ; e logo diante nel le di

z endº 0Rey nojo Senhor; ordenou que rifcaffemlºgº tºtalmente as pa lavrasNallaSaubar aporque

naº

f 3 74naõ era julio lhº chamaflem

quandº f'

e nbmeavaNºfl

'

a Senhora. Efl abeleceº º Tribunal do Santº

O fliciº na India ; fºi inimigº de víciºs, inclinado amifericºrdia prºmulgºu Leys fantas para refórmados cºflumes foi liberal com as Religiões honrador dos VafTallºs benemeritºs com dif

'

criçaõ agua

dez a, e liberalidade. Cºnflou— lhe huma faç anhaq uetinha obrado Miguel Telles de Mºura, e difl

'

e :Naõferia , ]

'

enaõM iguel Teller a naõ er D . Sebo/l ied.Taõ devoto do SautilIimº Sacramento que apenas

ouvia tocar em qualquer Fregrez ia de dia ou de

nºite, para elle fahir deix ava tudº para o acompanhar. Vifi tºu os fepulchros dºs Reys feus antecef

-jfores , vendº attentamente os feuscadaveres, e dila

tandº- fe femcontemplar,e diz er ºmuitº,que tinhaõd ilatadº o Reyno mas naõ via os que o naõ dila ta

raõ. Era demediana eflaturacom ex cellentecºrref

pºndencia de partes, brancº e ruivº,olhºs az u is ,afpeâ º foberanº , emageltºfo, dºtado dºs may o res

efpiritos de nada fe admirava e nada julgava impoflivel nemdiHicil Teve humcoraçaõ unicº ao

que parecema intreprdez ,e mºnfl ruºfas fºrç aszufºude Cºrda Imperial fechada e fºi º primerro comel la fe vê no feu retratº armadº com hum baftaõ.

Viveº vinte e quatro annos e o itº_

mez es reinou

dez e meyo : foi Rey vinte e hum porque de tresfoi acclamadº , e aºs quatºrz e tomou poffe do governo. Levantou º va lºr ás moedas de prata, deque

l e feguio pall arem para Reyno quali todas as de

C afl ellacom grande utilidade daquellaMºnarquia

e mayºr no ll'

a ; abaix ºu a de cºbre,cºm que evitºuhum graviflimo damno qual era º entrarmuitamoêda de cºbre ruim nº Reyno ; mandou lavrarmuitasde ouro grandes em tudº

,cºmºintentº de as traz er

cºm

( 376 5qual logº efcreveº aºRey humacarta emLatim e

mandºu dºus Mºnges cºm ella a fundar Alcºbaç a.

Nell : carta lhe prºgnofl icava as milagrofas vito

rias,que fempre alcançºu, e conquiflas nºtaveis dofeu Re inadº e no fim da carta diz ell as palavrasM a ndawar eller filho: quedem inteirocumpr imen to a piedoja tenpaõ do

0000voto fundandoburnM o/leiro na perpetuidade do qual e inteirefa te

rei: burn infa llr'vel [igna l dofuccejo do vagoReyno e di vidindo-fe ar r ender que lhe deix ares jedividirá a vol/

'

a Coroa . Emquantº os Rey s na õ

tºcaraõ nas rendas dell e veneravel Mºfl eirº Semi

nario fertilifl imº de Santºs e prºdígiºs que vos

contaremºs, tudo fºraõ venturas nº Reyno, e Succell

'

aõ na Corôa. Porém o Rey D. Sebafl iaõ, como

ja dille tirºu as mayores, emelhºres rendas de Al

cobaça cºm Bullas Apºflºlicas e fez huma Cornc

menda que deº aº Tiº C ardia! Infante; pormorte

dell e , andou fempre em Ecclefiafl icºs de rangue

Real a té que nº fegundº anno do Reinado do Senhºr I) . jºaõ o IV. vagou a dita Commenda pºr

mºrte dº Infante D . Fernandº de Caflella , e o pii

fimºMºnarca a desfez e refl ituíº as terras e ren

das aº Mºfl eiro de Alcºbaça cºmº feu fundadºr

lhas déra attribuindo cºmo certamente foi á l'

e

paraçaõ dellas a da Corôa tudº cºnfia do Padraõ

que feconferva. Vinde pela manhã:: ledo.

F I MDA QU ADRAGESIMASETIMA

'

PARTE.

L I S B O ANa O liicina de IgnaciºNogueira X iflo. Ann.r759.

Com rodar a: lrrengar need/af iar.

( 3 77 )

ACAD EM I

H U M I L n as ,

1 G N o R A N T a s

CONFERENCIA XLVIII.Chava- fe diffe o Soldado ) emAlcoba

ça o Cardiol Infante quando teve a nos

ticia damorte do fobrinho , perda da baº

talha dell ruíç aõ do Reyno : veyo logº a

Lisboa que º recebeº com lagrimas vendo os

dºus ex tremos emque fe eli ríbára a nofl'

a difgra

ç a D . Sebaffíaõ acclamado . na idade de tres anº

nos elle na de fefl'

enta e feia annos e fete mezes

aquelle pºr menino ell e por velho incapaz es pe

rigol'

os e infelices. Na Igreja dº Hofpzta l Real deLisbºa o acclamá raõ Re, a º C amereíro mor

chºrando muitas lagrimas lhe entregou o Sceptro,

que elle recebeº derramandº muitas. Acçaõ fo i ella

a mais bem cºnliderada naquelle tempº porque

hum Rey taõ velhº , e achacado que tomava o

Sceptro de humReyno taõ enfermº , tô no Hofpí

tal devia fer acclamado. Apenas º viraõ nº Solio

os Príncipes da Eurºpa , quando quali todºs com

os p'

ez ames , ep arabens lhe mandáraõ diz er que

creó feusherdeirºs.Ainda fe naõ vio Clerigo ricoAaa que

3 78,

que'

deíx all'

e de l'

er prefegurdº de fºbrrnhos e pa

rentes quahdº velhº efperandº cada hum lhe

deix e tudº elle fºi o C lorigo mais rico'

que teve

efte Reyno tºdºs ºs fobrinhºs e parentes o cercavaõ agºra noSºliº para herdá llº:creó elles D. Fi.

lippe II . Rey deEfpanha , o fegundº D . C atharina de Bragança terceirº o Duque de Saboya, qudr

to º Príncipe de Parma quintº Antºniº Priºr

do C rato fex tº o Summo Pontífice reprimo a

Rainha I l'

abel de Inglaterra oitavº a Rainha deF rança , nºno ( efte . era e vo

do Reyno diz endoíIhe perteneía d lí

vremente a quem quiz efle ; pºrque elle a dera ao

Rey D. Afi'

onço Henriques e a D._]ºaõ I . Deix º

vofla confideraçaõ os tumultos cºnciliabulºs ,difcordias ,

' ídéas parcialidades em que a rdeo ellamíl

'

eravel Républica cºm oito Embaix adºres o itºPertendentes allegando cada hum o feu direitº

follrcitandº o confentimentº daNºbrez a e Pôvo

e efte monll ro quafí defenfreadº ,querendo fer Arb itro, eJuíz femcabeç a nemjuizo . Affiía o fe via

o veneravel Rey velho perfeguído de tantºs ; e cºmo a raiz defta perfeguíçaõ era o fer C lerigo reª

folveo— f'

e a deix ar de o fer para que elles deix affem de º perfeguir ; pedio ao Papa difpenfa paracafar e em quantº ella naõ vinha cºmeçou novadílcºrdia na efcºlha da nºiva huns votá raõ na fºi

brinha filha do Duque de Braganç a outrºs queo julgavaõ incapaz para dºnzellas lhe aeºnfelhaavaõ as viuvas ; ecom eff

'

eito mandou vªn o retratoda Rainha mãy de França ; em fim tudo era bufcar Medicºs , fem tomar os remedios ; o Rey tinhª emcafa a mulher pintada e hacomo .

.epºdiªter

380

pºdíamºs reliflir às armas'

de Ef ha ; e difpen:dendº innumeravel dinheiro nos re gates deAfri.ca feudº o primeiro que veyo refgatadº

nheirº de Call ella o filhº do Duque de Bragançaao qual f

'

e feguíraõ muitºs Grandes dºReyno quelá eftavaõ penandº. O Cardia l Rey ºra fe inclinava a fºbrinha Duquez a de Braganç a ºra ao fºb rinho D. Antoniº filho illegitimo do InfanteD . Luíz aº qual tinha obrigado a tomar ordensdeE vangelhº ; e depºis favºrecido dº Rey de É l

panha confeguío ufar elpada e cºm ella º re

echeo º tiº Rey agora em Lisbºa alegre , fefl ivo e muitº inclinadº ; intentou elle prºvar queera filhº legitimº dº Infante D. Luiz , e da Pelicana Viºlante Gºmes dandº teflímunhas compradas que juravaõ a tinha recebido º Infante pºrl ua mulher ºccultamente : no tempo do feu captivGrº emAfrica eftudºu bem º pºntº e agºra en

tre os tumultºs da Côrte achºu tºdº o necefTario para º intento e º mais he o Rey Filippe deC aftella feu patrºno de forteque prºvadº o fer

filho legitimo do Infante D . Luíz ninguem lhe podia dif

'

putar a Corôa e º ler º legí timo e verda

deiro Rey defla Mºnarquia ; pºrque fe feu pay fof

fe vivo havia fer o Rey e naõ o Cardíal quefoi o itavo filhº dº Rey D .Manºel e D.Luiz payde D. Antºnio quintº filhº dº mefmo Rey. Mas

e ll e grande negºcio moftrava de inftante para inftante hum rollo differente º tiº , que º recebeºnos braços quando chegºu docaptiveírº deAfrica agºra vendo que elle intentava moftrar quefeuirmaõ D .Luíz fõra caladocºmmulher de taõ bai,x a esfera evocoua fi ºs autos deu fentença con

tra

ACADEM I AD O S

H U M I L D E Si G NO R h K T E s

"C ONEE

'

REDICíAX LIX .

Orreo o CardialRey continuou o no((o Academico ) .na »Villa de Almeirimacabou em hum'Enrique o K ey ah que

dm outro Enrique t inha começam i e

p'

odendo“

evitar- nos 0'

prefente' infortunio, nomeara

do luccefl'

or no teflamento ló nomeouGoverna .

dores e juiz es para faz eremdepo is fd a fua morteo que elle devia e podia . ter- feito em vida comfumma facilidade

'

dandb—lhe Deos quati ; anno e

meyo para nomearfquem lhe devia ccrder tem

po fuperabundaute para ill'

o ,e para o deix ar jumdo obedecido fortificado e fem perigo lendo

certo que osmefmos Juizes em quem por mortedepôs a confcieneia,melhor podiaõ fegurar

- lha . emvida, fentenceando (em tumu ltos do Pôvo e.medodos ex ercitos eita gran pre l

'

ença

citava porém allita det Fo i o

Rey C ardial chamado por ant C ello ,

appellido que merecen toda ;a !vida com rarº ex

emplo. Era de ellatura pequena branco , e ruimBbb olhos

( 3 93 )mas fimos dará aos parentes mais chegados dosdefuntos ou a outros Portuguez es benemeritos. Duo

decimo que nas Ordens Militares fe naõ innovaracouta alguma. Decimo terceiro , que os Fida lgosvenç aõ as (na: moradias com doz e anuos de idade;e que SuaMagell ade e « eus Succell

'

ores tomaraõcada annd duz entos criados Portuguez es que ven;

ç aõ a mefma moradia ; e os que naõ tiverem fô rade Fidalgos li rvaõ nas Armadas do Reyno. Decimo quarto , q ue quando Sua Mageflade e feus

SucceÍl'

ores vierema ell es Reynos naõ ie toma ráôcafas de apofentadoría conforme o ufo de C anella,mas (imcomo em Portugal fe ufa . Decimo quirito que , citando Sua Magellade , ou (eus Succellores fóra delles Reynos, teraõ femp recomfigo humConcelho chamado de Portugal. Juntem- fe logo ;

porque relta muito e o principal que na Confearencir palli da vos prometti.

F I M .

DAQUADRAGESIMANONA PARTE.

L I S B O ANa Oflicina de IgnacioNogueira K illo.

Anno de 1 759.

Cemrodar o: liceuça: ma l aria:

ACAD EMIAD O S

H U M IE

L D E S ,I G N O R A N T E S;

C ONFER ENC I A'

L.

Decimo quinto artigo quejurou o Reydillep noil

'

oAcademico)ja vos dill'

e,era,

que fempre andaria junto à peli'

ca do Reyem toda a parte hum Concelho chamado

de Portugal compolto de hum Ecclefra ll ico hum

Vedor da Faz enda, hum Secretario,humC hancellér

mór e dous Ouvidores todos Portuguez es, com os

quaes del'

pachariaSuaMageíiade os negocios dell esReynos e alem dillo em Madrid haveria fempre

dous Efcrivâes da Faz enda, e dous da C amera,parao que l

'

uccedell'

e,e feguiriaõ a Côrte : e quando Sua

Mageltade e feus Succefl'

ores viell'

em a eftes Reynos, trariaõ comfigo o dito Concelho. Decimo lex

to que todos os Corregedores,ceargos deJuíl iç a,Provedores e Contadores proverá Sua Mageltade

como lecolluma ao prefente, Decirho feptimo, quetodas as caul

'

es , de qualquer qualidade que l'

ejaõ, fedeterminaráõ, e ex ecutaráõ nell es Reynos. Decrmo

oitavo que Sua Mageílade , e feus Succe ÍTo rcs te

raõ no Paço de Lisboa C apella Rea l onde le cele

brem os Ofiicios D ivinos. Decimo nono que ad

mittirá SuaMageliade os Portuguez es aosOíiicios.Ccc da

398miguerro de bichoS que nunca fe ex trnguiraõ ,arttes (e multiplmavaõ . Chamou o Principe feu filhoherdeiro de tantos e taes Reynos e abrindo acaoma lhe mofl rou aquelle horrivel e hediondo efpe.

&aculo d iz endo- lhe: Filho ifl a be a Mage/fade,rrrjia vem a pa rar tomo ex emplopara conhecer a: oque er e o que fui eu que tegerei

tomar Vaf l ito: conhecendo qu! tu mardomefmopo

'

. Pedio ao feu Confell'

or lhe espl ica !fe como te miniftrava o Sacramento da Ex tremaU nç aõ e fe recebia porque nunca o tinha viflominill rar: e depois de fe defpedir do Principe,C on,:felheiros e Grandes dando naquella hora a todosas mayores luz es em documentos que fempre exccutou na vida em todas as acções a inda partículares fa llecen na idade e anno que ja dille a dez a(ele de Setembro tendo reinado em Efpanha quarenta e tres annos. Foi hum dos mayores Príncipes,que teve o mundo a quem naõconfia igualafl

'

e ou

t ro até o prefente reculo e o primeiro que domi

nou toda Efpanha depois que a perdeo o ultimo

Rey Godo D. Rodrigo. Nelle fe viaõ juntas tantasvirtudes que divididas podraõ fazer memoraveistodos os Príncipes. C uidava com tal vigilancia nofeu officio que nunca no feu tempo ficou em todosos Reyno: benemerito lem premio nemculpadofem cafl igo. Ell e elogio que le lê no C artorio dosMarquez as de (Zanella

- Rodrigo ballava politica

mente para canoniz állo: tinha horas repartidas para

os defpachos dos Rcy nos,para os naõ confundir;ou

via todose a todos refpundia naõ com genera lida

des mas com noticia certa das luas pertenções e

dos termos em que fe achavaõ; e para melhor def

pachar todos elle to da l'

unmaõ efcrevia mais

que

c4»Reynos D.Marta que morreomenina. Deomuitos titulos aos Fidalgos dell eReyno ; ao Marquezde V illa- Real D.Manoel deMenez es fez Duquedamerma Villa aos Primogenitos dos Duques deAveiro, Duques de Torres

novas a D.Antonio deC altro Conde de Monfanto a D. F rancifeo Malecarenhas Conde de Sarna C ruz aRuy Gonlalvesda C amera, Conde de Vi lla

— Franca; a D . FrancifcoManoel Conde de Attalaya; a D. Fernando deNoronha Conde de Linhares ; a D. Fernando de Ç a

ll ro Conde de Ball o; a D. Pedro de Alcaçova C ameiro, Conde de Idanha; a D. Duarte de Menez es,Conde de Tarouca;a D. Chriltovaõ deMoura,Conde de Centella Rodrigo. No feu tempo reformou a

Mill'

al e Ritos S. Pio V . e concluía a refórma do

anno Gregorio X III .; _

teve principio o ulo dell a re.

fórma no anno de mil quinhentos e oitenta e deus ,“

no qual celebrada a feita de S. Francifco a quatro

de Outubro no dia feguinte fe contáraõ quinzedo mefmo mez de Outubro correcçaõ notavel

com que fe evitou o erro antigo dos oito minutos ;de que a [

'

eu tempo fallaremos. Naõ tardeis em

F I M- DA QU INQUAGESIMA PARTE.

L I S B O ANa Officina de Ignacio Nogueira Killo.

Anno den .occu x .

Cant toda: ar licença : «necel ar iar.

H ºl )

ACAD EM IA0 0 8

H U M I L S'

E

I G N O R A N T E S

CONFERENC IA LI .

Om notavel concurl'

o no Domingo, —

8 deObtubro,continuou hill oria o no ll

'

oA' demico. Morto o

-Rey D Filippe I.de Portugal acclamaraõ nelle feu Filho Filip

pe II. ; e como de todos os Reys de Efpanha até

D . Filippe V . vos havemos dar noticia,agora fb di,

remos o que nelle Rey no obrá raõ .No anno de mil

e feifcentos e dez anove veyo vili tar elleReyno ,traz endo em l

'

ua companhia o P rincipe D . F ilippe

D . Ifabel e D . Maria dia de S. Pedro , como (euPay entrou emLisboa a qual o recebeo com taes

feitas, apparatos, e dilpendios ,que, faltando a todos

cabedal para o admirandili'

e o Rey : Quejo'

naquel

le dia ofó'

ra . C elebrou no Palacio Côrtes em quefoi jurado .o Príncipe D . Filippe herdeiro do Reyno e paliados fete mez es nos delpachos e depen

dencias delles Reynos le recolheo a Madrid (um

momente alfeiçoado á Naç aõ Portuguez! como_o

moitron nas muitasmercês que fez aos Grandes

de"? i e faria muitas mais, fe lhe dura ll 'e vida, que

acabou no ul timo de Março de mil leifcentos e

vint'

é'

te hum com q'lrarenta e tres eunos de idade ,

Ddd

104Gilberto porto da cidade de S. Salvador

'

t lca ei

abundantiflima; :porém allim ella,como todas as no(fas Conquillas da America na verdade l

'

aõ inex pu-ª

gnaveis; porque aindaque lhe tomem as cidades, eV i llas, le naõ houver péfle (mal, que até o preÍentenunca li bouve,e deque Deos as livre) para con lumir os habitadores no mato, (emarmas bade .o ini

migo i'

,bir das terrasiporquedo mato lhe vem todo

o lullºm to e nelle he impollivel ex pugnar os que lále tem refugiado : o tempoma lifou o que digo e o

digo porque o mo ll'rou a ex periencia, e tempo,co

mo voscontarei goflofo. Entrou aArmada,batêraõ

com artilharia gro ll'

a a rua da praya e o Forte do

mar, entaõ apenas começado,e hoje total defefa da

quelle Empcrio; no Forte citava Antonio de Meu

donç a filho doGovernador D iogo deMendonç a

compouca gentefe reparos, de forte, que perleguiado da ar—tilh ria inimiga deix ouo poll o delemba

cá raõ milma rqueteiros, á destilada bufcavaõ a cidade fem encontrarem a menor refiflencia iiz eraõ al

to no arraba lde deS. Bento; tanto que foi no ite l'

a

hlraõ to los osmoradores,âcou fé o Governador

perando em'cafa.os O landez es, que o levá raõ ptero

para aC api tania daArmada;oBifpoD,MarcosTei

x eira com os Conegos,e C lerigos armados l'

e tinha

oflerecido ao Governador para a defela da cidade

porémcomo o naõ admittio, retirou- fe a huma Aldêa com ordem, e concertoMilitar. Mathias deAl

buquerque, Governador de Pernambuco,cidade di

llantacem legoas, era a quemp ertencia fucceder ao

Governador prefo , mas era ao melmo tempo firm

mamente nece ll'

ariu é mePernambuco , a quem amea

ç ava igual perigo. Aviz ou,oRey com a prê ll'

a pol?

vel; echegºu noticia emJulho de 163 4: elcrl

eveo

ogo

08do que Catholicos RonIanos. Chegáraõ asArm!das em Sex ta feira Santa ; fahiraõ logo a terra qua

tro mil homenscom facilidade ; oGeneral D . Ma

noel de Menez es e o Almirante D . joaõ licáraõ a

bórdo formando com os Navios huma meya Lua

para evitarem ao inimigo fugida. O Marquez de

C ropani Pedro Rodrigues de Santo Eftevaõ fºimarchando para a cidade com os quatro mil a

quem feguio D . Fradique ; iiz eraõ alto ecomeçáraõ os ataques : fahiraõ trez entos O landez es a imo

pe'

dillos morrêraõ muitos retiraraõ - fe medro los;mas nós ficámos com perda de fincoenta peli

'

cas deambas asNações todos C avalheiros importantes.

De prelI'

a nos vingou a artilheria das nollasAmia

das e dos ataques matando infinitos e arraz ando

os edificios todos ao mefmo tempo em que o G e

neral Portuguez com fortuna lhe metria no fundo

osNavios. Pede mais vagar o cafa vinde logo.

F I M

DA'

QUADRAGESIMAPRIMEIRA PARTE.

L I S B O ANa Ollie.de IgnacioNogueira X illo . Ann. de 1759.

Corn rodar'

ar licença: neeeícriar.

ACAD EM ID O S

U M I L I E S1 6 N 0 R A N T a s.

C ONFER ENC I A LII.

Onco tardáraõ os Academicos cRomei

ros ; e o Soldado continuou em infl ruillos .

O Coronel dos O landez es animofo fez

conduz ir para dentro das eftacadas todos

os víveres que tinha a inda nos outros arrabaldes

patenteou os dos Armaz ens, que naõ tinha abertº,guardando tudo para fuftentar hum dilatado alle:dio e agora julgando que fé a villa de taõ raraabundancia a tempo que a fome os opprimia era

fuperabundante eflimulo para focegar o levanta

mento , que já tinha principio e animar todos à de

fefa até chegar o foccorro que por infh ntes «fla

vaà efperando. Rara foi efla politica ,mas dilgraç ajda

, deix ar padecer o ex erci to, paraconhecer os antmos dos C abos

,e Soldados, e depo is deconhed dcs

o s confiantes para a defefa dos pólios e Bança das

acções de va lor , conflancia, e brio , an imar os defIeaes e ba ix os com abundancia de mantimentt 3 i

'

Pºr fer gente que fó afpira ao premio dos brutos, :

Taõ rara foi ell a idea que ainda nefle feculp ha na ,

BAhia a mais fabida quando outras mayores na'

õ

mereceraõ lembrança eu pâfmei no tempo que

-l á !

ee

IG lhe difficultofo nelleReyno onde derde o tempo

doRey D. Manoel acabou com elle qual i toda

curiofidade em fufl entar enimaca feroz es , e della

forte a revelaçaõ do fegrcdo he ló em benefício dos

Principes : pºrém eu f'

endo neceffa rio )'

tomo a

Deos por tefl imunha da verdade ex perimen ta l

que digo fem temer o efcarnio dos Medicos que

julgaõ (aber pelos livros o que fé no do rmindoadquirem,

e fabemmuitos com incriveis trabalhos.H e pois o remedio infallivel dar a comer ao meni.

no, que ainda naõ teve bex igas,carne de .Tigre guiz ada como elle melhor gofl ar , duas, ou tres vez es;quantasmais foremmelhor;porque fe pafTar de tres,naõ terá huma ló ; a D . Simaõ de Cafl ro Oraculõda Medicina delle feculo, Fifico mór daquelleE llado, que pafmou das ex periencias delle remedio,ou.

vi diz er fe per luadia pela analogia e fimilhan

ç a que toda a carne dos ga tos bravos, e a inda domefl icos teria a mefma virtude. e l aõ t oufas de

mayor goflo para as Conferencias feguintcs ; ecomo faõ trabalholas , hejullo dividíllasJ untemoneelogo para ifl

'

o.

F I MDA QU INQUAGESIMASEGUNDA PAR

TE.

L I S B O ANAOflicina de Ignacio Nºgueira Killo.

Anno de 1759.

Comrodar as licenças neceg'

arr'

ar.

Hum ex ecrando na CapellaReal . 44. 348.

O do Rey D. Sebaítiaõ na jornada deAfrica .47.

ogadorer . Que caftigo fe deo a huns neite Reyno. 39. 3 06.oanna d

êLorena Paitora de França . Epílogo da tua vida.

Suissa joanna Princez a . Epilo o da lua vida. 36. 288.

D . joauna Princez a Filha do mperador Carlos V. Seucaraéter. 44. 3 48.

joaoda rReggae. lnlignejurill a. Seucaraaer. go. 1 3 3 .Acon

y mental e foi o primeiro que pedia difpenfadella . 1 60.

D. fíoaõ Aunria. Seu caraªer , e façanhas, 47. 375.

3 046 deBarros. O_uando Bo receo . 45. 3 44.

.D. oaõ deMenez es . Seu encomio. 42. ”I .

D , oaõ Infante filho de D. Ignez de Caltro e do ReyD. Pedro o I. de Portuga l . Sua hiltoria . 3 6. 1 04.

3 046 Lourençoda Ca rlla. Quem foi e timbre que traz ia emC aite lla . 1 7. a t r .

joaoMalcarenbac. Seu caraa er ; e o que delle dill'

e o

Rey D. Sebaíl iaõ. 46. 568.

D , joaoMejire de Aviz aodepoir R;] dePort ugal o 1 . donome. Sua h ilto ria e acçoé

'

s . 1 8. n a ,

D . 38

005 0II . Rey de Portugal . Sua hrítoria e acçoés. 37.a 9.

D . fjoaõ o III,Rey de Portugal . Sua vida e acçoés. 44. 3 45.

D . fíoaõ Prrncipe â lho do Rey D. Afonfo V. Soa valentm. 55. 1 79.

D,. joao Principe filho do Rey D. Joaoo III. Sua paix aó.

44 . 3 47º

D. joaoTellodeMenez es. Seu caraéter e o que del le fe difíe ao Rey de Cadena. 47. 3 8 3 .

ar,,

Seu Carafter e Marty rio , 43 . 3 44 .

br. fjoaõ ,»Eremita no temmdsEl-Rey D.Joaõ o I. de Por

tugal. Seu caraa er. 21 8.

,S'

. joaquim Pa y de MA IASantillima Senhora mira . Seucaraâ er e onde tinha a (na cafa . rg. 97.

;ogadarer. Que call igo e deo a huns neile Reyno. 3 9. 3 06.

ornadª , AdoRey D,Ad'

oªfo III. a Hefpauha para queI l s

M

Adama Matilde: Condefia de Bolonha com quem foicalada . 1 9. t ç r .

M adeiras. As da America faõ as melhores do mundo . 8. 63 .

1) .M efulan ,Raínha mulher do Rey D. Affonfo Henri

ques quem foraõ feus pays. 1 6. n ó.

M afoma . Que oflicio teve . 24 . r9z .

M afra ,Vil la . Quem a conquiftou aos Mouros. tô. n a .

Mage/ladra. Aque Rey Portuguez ie deo primeiro . 4 54x .

M a nanimocoraçaõ . 0 d'E l — Rey D. Pedro o I. 1 6. ao : .

M aiíca . Por uem foi defcoberta . 40. 520.

J'

. Ma lacbiar. ue fe merecem as fuas profecias. 7. 54.

M a l . O que obraracontra Portuga l ,confell'

ou ahora da motte humRey de C aftel la . n . r7r .

Malta Ilha . Quem a deo aos C avalheiros de S. Joao. 45.

fruétas faõ. 6. 46.

O_ue ofiicio era . 28. z r8.

Seu encomto. 1 8 . t 4o .

Manoel de U ma Biji'

onde. Sua heroicidade. 52. 4 !

Manoel Rey de Portugal . Sua vida e acçoês. 39. 3 1 1 ,

M aravilha ] . As do mundo raõ fere e fe deferevemn a. ros'

.

M ar . O que he . to. 74. Ma r Ca fpio . O que he e lua qual idade . ro . O mar negro como lecommunies com o

C a fpio . to . O mar Mediterraneo ,e vermelho k

parados po r pequeno efpaç o . 57.

M ares . Os que tem communicaçaõ fubterranea . I O ,

MARIA ,S'

aucijinra . Hifioria da fua admirave l vida . 1 3 . 97.

Seu Santifiimo Naícimento , e circunfi ancias del le. 25. 1 8 1 .M rrtim de Freitar. Sua hero ica â delidade . ao . 1 57.

D . Martinho Bifpo de Lijboa . Precipitado da Torre da Sé.

Quando ; e porque. 29. agr .

M ar ty re: de M ar rocos. Po r quem fo raõ hofpedados nell eRe yno . 1 8. rs8. Sua profecia cumprida. Em quem. 1 9 r47 .

Matªdores de Dona I nez de C a ftro

.quem e qua ntos fofªq 25. 1 93 . Cal igg dedous delles. 1 5.

«trt

Matrinronio. Poi aborrecido pelo Rey D. Sebaltiaõ. 45. 3 59.

O doRey D. Sancho o Capel lo feparado e porque. 1 9.

t 5r.

Matrimonior. Os do Rey D. Manoel quaes foraõ e que filhos teve delles, 4 3 . 342.

D . Matthew ,Iii/podeLyboa. FoiGeneral contra os Mou

Onde foi Governador. gr . 404.

Por quem foi imitado e em que.

1 6 , 20 1 .

Maufoleo. O que era e lua raridade. 1 4. roó. O de D.

Fernando I I. Duque de Bragança. Sua ra ridade. 37. 296.MedicoMirandella . Seu picante dito. 34. 1 68.

Medicos. Chamados a Roma ; e pa taque. 1 6. 20 1 . Os daChina como entaõ ,

e fe lhes paga . 6. 47.

Mediterranea ,mar . Communies - fe com o vermelho. I O,

Medos. Sua Monarchia, 3 5.

Meios reatarde pra ta . Moeda de Po rtugal, 39.

Memoria . Foi feliciflima a doRey D.Joao o III . de Portu

gªl 44; 349MenRodr

êguer. Sua pez ada refpoíta ;

"e a queRey . ;o . 1 3 8.

JW Z);

SUS de Santarem. Quandocomeçou venerar- fe .

a t . 1 7.

Meninos. Acç aõ , que ii z eraõ vinte mil. 1 9. mg. Os deCoimbra . Seu my fteriofo ajuntamento . 1 9. agr .

Mental , Ley . Como he , e paraque foi infl itu ida . 3 3 . 1 60.

As que fez o Rey D. Joaó o I. 52. 1 51 .

Mejiradot das Ordem. Quando fe â ncorporá raõ na Corda.

Ordem deChá/fo. Quem foi O primeiro , e quan.

tos houve antes de pa ar aos Re 8. 1 5. 1 80 .

Mejlre da Ordem deAviz . Q uem oi o primeiro em Portual. 1 7. 1 29. Foi Mefi te de Aviz D. ]oaõ o I . Rey doo rtugal , começ a a lua vida ,

e acç a õ» . 28. 222.

Me./ires das tres Ordens faõ os Reys e po rque . 20. r ;9.

Os Me ltres ,e Coufelheiros perderaõ ao Rey D. Seba

ª íªº 47 w.

Mejirer da Milian, Qyªes toreó os ma iores que juntos ad

Repudiada . Foi a CondellaMethilde porD. Alouf'

a e por

que. ao . r58.

Refãatador . PorC aftel la o foraõ alguns Portuguez es que 5 .

craõ captivos em Africa depois da perda do Rey B .Seba .

Riaõ. 48. 3 80 .

Refgate. O do Santo Infante D. Fernando lmpollibilitado ,e

porque . 3 3 . 1 58.

Rejoluçuõ . A accelerada da Rainha D . Leonor mulhe r doRey D. Duarte foi prejudicial ; e porque. 3 3 . 264.

Rejolnçaõ ca thol icamente heroica de humInfanteCardealPortuguez . ; x . 1 50 . Era breve a do Rey D. joaõ o I I. ecomo . 3 8. 3 04. Fo i va lente do Rey D. Affonfoo lv. de

Portugal . 1 4 . 1 90 .

Rejpopa aguda de Fidias célebre Eli atuario. 1 4. 108 .

Revelaçoent . Como fe entendem. 1 5. 100.

Rey de P ate'

. Seu caracter. 8 58.

Rey de Portugal e doAlgarve. Q uemcomeçou a ufa r dell etitulo . n . 1 66.

Re

y . Nemrod foi o primeiro que houve no mundo. 3 4 .

Rey no. Deix ou- o D. Sancho C apello ;'

e porque. i q . 1 5 1 .

O que delle dividido dille Chrilto. 48. 584. O (lo -Papa

o que he . r r . 85.

Rey nos. Os da Europa quaes faõ . 4. 1 7. Os de Mex ico . Seu

governo . 8. 62.

Rey s. Seu caracter he ferem Vice - Deofes. 1 7. z u .

Rbodano Rio em França. Corre po r ba ix o da terra. r r .

Rboder. Tomá raõ - a osTurcos aos C aval leiros de S.]oaõ e

,Pºfºlºª 45 3 77.

RI?Hum lubterraneo há na Freguez ia de Joz é em Luf

os . 9Riot . Os que tem curio fubte rraneo . t t .

Ritos. Os Africanos enlinou Geriaõ aos Portuguez es. u . 94.

Rochedo. Hum no meio do marcom agua doce. r$.Romanos. Sua Mona rchia . 36.

Roma . Q uando ell eve femMedicos goz ou a melhor fande .

26. 20 1 ,

S.Roque. Emque tempo Boreceo . 1 3 . r83 .

Rutilia no. Con ultou humOraculo refpofta que tevê.

017) gS

o

O, s

fujam). O de Portugal levou para Canel la oRey D. Sancho Cª pello. 1 9. rs ! .

Yigre. A

218 carne comida preferva de bex iga: «menina: .

1 . t

Tyíarmgz. A de Adonibez ec. 3 4.

T_y mnnim . As dos grandes contra os pequenos cohibioD . Diniz . n . 1 70. As dos C aftelhanos nas Coma rPinhel

,Vifeu e Trancofo ; e quando. 1 9. agr.

Titular. Os que deo D. Fernando Rey de Portugal . n o.

Os que deo D.Joaõ o III. Rey de Portugal . 45. 3 53 . Os

que deo Filippe de Portuga l .Ffo . 400. Os que deo FÍ

l tppe II. 5 1 . 402. Os que deo ll ippe III. 5 3 . 4x 4 .

Tomêtda . A de Santarem e fnas circunítancias milagrofaSo

o 1 3 2.

A que iiz eraõ os homens parache ar ao Ceo. 3 4.

Acç aõ , que com hum obrou o ey D. joaó I I. dePortugal . 3 9. 309.

Yi'a tamentol . Os ordinarios que os Reys tem tido. 4 3 . 3 4 1 .

Tra ta me nto de Eme/lenda . Que Papa o deo hum Rey de

Portugal. 4 3 . 3 42.

Tre: dizu no campo eftavaõ os vencedores. 3 4. 1 71 .

Tributo. que e ll e Reyno pagava á Sé Apnílolica . 1 6 , I n .

Tri/13 251 . A profunda do Rey D. Jnaõ o III. e porque.44 . 3 48.Tropícwí Q uantos faõ ; e de que fervem. 9. 67.

Tuba]. Onde fo i enterrado . t t . 9x .

Tamor . Hum cuja materia dourou os inftrumentos do C lrurgiaõ . 1 8.

Tuner . A“ fua conquiita quem foi. 44 . 3 47.Tuz aô

'

de ouro Ordem Milita r . Q uando fe lnih tuhto. 5 1 .

z sr . O que he. 4 x . 3 27.

Tymbre. O das Armas de Portugal hchuma Serpente ; e

porque. 3 2. 3 53 .

Atente rejoluçaõ'

. Ado Rey D. Aironfo IV. de Porta

gal . 1 4. 190.

Valº,Hum horrivel em Puzolla. 3 . 1 8.