A construção social da cultura saloia

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1 III Jornadas sobre Cultura Saloia III Jornadas sobre Cultura Saloia III Jornadas sobre Cultura Saloia III Jornadas sobre Cultura Saloia 6 e 7 de Dezembro de 2000 6 e 7 de Dezembro de 2000 6 e 7 de Dezembro de 2000 6 e 7 de Dezembro de 2000 A construção social da identidade saloia em Bucelas A construção social da identidade saloia em Bucelas A construção social da identidade saloia em Bucelas A construção social da identidade saloia em Bucelas – Ana Durão Machado Ana Durão Machado Ana Durão Machado Ana Durão Machado A comunicação que venho apresentar tem como ponto de referência um trabalho realizado em 1997, em Bucelas, com o apoio do Programa Nacional de Bolsas de Investigação para Jovens Historiadores e Antropólogos, na sua 3ª Edição. Nesse trabalho, procurei efectuar um esboço das ligações simbólicas da cultura saloia, as suas memórias e sobrevivências e o modo como ainda são vividas pelos habitantes da freguesia de Bucelas, tentando descortinar assim, se a identidade saloia ainda é uma referência importante para os seus actores sociais, ou se é apenas uma representação cultural, actualizada e reinventada no plano festivo. Antes de desenvolver algumas das reflexões retiradas dessa pesquisa, que espero não estarem muito desactualizadas, mas em três anos muita coisa se altera, gostaria de localizar geograficamente a freguesia de Bucelas e salientar algumas imagens típicas que são construídas sobre a figura do “saloio”, nesta localidade. 1. 1. 1. 1. Bucelas Bucelas Bucelas Bucelas- A Localização Geográfica da Freguesia A Localização Geográfica da Freguesia A Localização Geográfica da Freguesia A Localização Geográfica da Freguesia Bucelas está localizada na parte setentrional do Concelho de Loures, distando de Lisboa 25 Kms aproximadamente. É a maior freguesia do Concelho em extensão, com cerca de 33 Km2, tendo cerca de 4.932 habitantes, à data do último censo. Ao contrário do que se verifica em muitas outras freguesias do Concelho, Bucelas tem visto crescer a sua população a um ritmo muito lento, tendo perdido inclusive habitantes entre 1981 e 1991, já que na primeira data, tinha cerca de 5.171 habitantes . Se tivermos em conta que em 1964, Bucelas tinha um dos valores demográficos mais altos do concelho, em relação às restantes freguesias – 2.074 habitantes – podemos pois afirmar que Bucelas parece ter estagnado a esse nível.

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III Jornadas sobre Cultura SaloiaIII Jornadas sobre Cultura SaloiaIII Jornadas sobre Cultura SaloiaIII Jornadas sobre Cultura Saloia 6 e 7 de Dezembro de 20006 e 7 de Dezembro de 20006 e 7 de Dezembro de 20006 e 7 de Dezembro de 2000

A construção social da identidade saloia em Bucelas A construção social da identidade saloia em Bucelas A construção social da identidade saloia em Bucelas A construção social da identidade saloia em Bucelas –––– Ana Durão MachadoAna Durão MachadoAna Durão MachadoAna Durão Machado

A comunicação que venho apresentar tem como ponto de referência um trabalho realizado em 1997, em Bucelas, com o apoio do Programa Nacional de Bolsas de Investigação para Jovens Historiadores e Antropólogos, na sua 3ª Edição. Nesse trabalho, procurei efectuar um esboço das ligações simbólicas da cultura saloia, as suas memórias e sobrevivências e o modo como ainda são vividas pelos habitantes da freguesia de Bucelas, tentando descortinar assim, se a identidade saloia ainda é uma referência importante para os seus actores sociais, ou se é apenas uma representação cultural, actualizada e reinventada no plano festivo.

Antes de desenvolver algumas das reflexões retiradas dessa pesquisa, que espero não estarem muito desactualizadas, mas em três anos muita coisa se altera, gostaria de localizar geograficamente a freguesia de Bucelas e salientar algumas imagens típicas que são construídas sobre a figura do “saloio”, nesta localidade.

1.1.1.1. BucelasBucelasBucelasBucelas---- A Localização Geográfica da FreguesiaA Localização Geográfica da FreguesiaA Localização Geográfica da FreguesiaA Localização Geográfica da Freguesia

Bucelas está localizada na parte setentrional do Concelho de Loures, distando de Lisboa 25 Kms aproximadamente. É a maior freguesia do Concelho em extensão, com cerca de 33 Km2, tendo cerca de 4.932 habitantes, à data do último censo. Ao contrário do que se verifica em muitas outras freguesias do Concelho, Bucelas tem visto crescer a sua população a um ritmo muito lento, tendo perdido inclusive habitantes entre 1981 e 1991, já que na primeira data, tinha cerca de 5.171 habitantes . Se tivermos em conta que em 1964, Bucelas tinha um dos valores demográficos mais altos do concelho, em relação às restantes freguesias – 2.074 habitantes – podemos pois afirmar que Bucelas parece ter estagnado a esse nível.

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Tem um povoamento disperso, já que engloba, além da vila que ocupa o local central da freguesia, outras áreas como: a Bemposta e Alrota, a Chamboeira, o Freixial, o Monte de Serves e Romeiras, a Vila Nova e Vila do Rei. Note-se que apenas 42% da população reside em lugares de 100 ou mais habitantes. É autenticamente uma zona verde, circundada a este pela Serra do Viso que a distancia do vale de Vila Franca de Xira. O rio Trancão outrora límpido e rico em peixes, atravessa Bucelas, sendo hoje um dos maiores pontos negros da região devido à excessiva poluição que contém. Bucelas é uma terra rodeada de hortas, plantações e vinhas. É a zona do vinho por excelência como os seus próprios habitantes lhe chamam, daí que tenha sido designada oficialmente em 1911 de “Região Demarcada de Bucelas”. Apesar das proximidades com a capital e com o próprio desenvolvimento do concelho, conserva ainda algumas zonas de economia agrícola e por conseguinte alguns traços rurais.

A vila de Bucelas é o ponto mais central de toda a freguesia, uma vez que é a sede da mesma. É nela que se encontra concentrada grande parte da população da freguesia, se bem que o povoamento desta, devido à sua extensão seja bastante disperso. Nesta pequena vila, tudo parece incidir em redor do Largo Espirito Santo ( situado em frente à Igreja). Neste, a vida ritual e quotidiana do bucelense parece interligar-se, complementando-se, sempre dotada de um sentido muito particular. Assim, não é só em alturas festivas que o Largo ganha vida, uma vez que no dia-a-dia, este não é só um espaço de passagem, é também um ponto de encontro, de reunião, de diálogo. Velhos e novos ali se reúnem, nos bancos do jardim do largo, em grupos diferentes. Cada geração parece ter o seu propósito, os seus temas, as suas conversas e ambas procuram o convívio e a inter-relação com os outros.

2. 2. 2. 2. A Caracterização Etnográfica do SaloioA Caracterização Etnográfica do SaloioA Caracterização Etnográfica do SaloioA Caracterização Etnográfica do Saloio Ao tentarmos fazer uma breve caracterização da etnografia da região, não podíamos deixar de falar nessa figura tão característica, típica e carismática do concelho de Loures: o saloio. Apesar de assumir cada vez mais nos tempos que correm uma nova vivência dos seus valores culturais e de ser quase só uma reminiscência dos tempos passados ,hoje o que resta da “cultura” do saloio marca ainda os habitantes deste concelho, nem que seja só pelo facto de ser uma referência identitária ligada à (H)istória da região.

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Bucelas como parte desse concelho não recusa a presença desta tão importante personagem, pelo contrário, acolhe-a, incentiva-a, valoriza-a, com receio do seu desaparecimento. Se bem que os tempos sejam outros, o bucelence mais idoso, é nesta medida, o verdadeiro “saloio” reencontrado, reflectindo ainda nos seus usos uma tradição que conservou e preservou, um conjunto de saberes e de experiências. Daí que ir ao seu encontro, seja um reavivar de uma memória e uma identidade que durante séculos marcou toda esta região.

A antiga região saloia (hoje quase só confinada ao concelho de Loures) estendia-se para além deste, incluindo algumas freguesias rurais do concelho de Lisboa, tais como a Ameixoeira, Benfica, Carnide, Lumiar e Olivais. Tocava também o concelho de Oeiras, abrangendo tanto as povoações do interior, situadas nas freguesias de Barcarena e Carnide, como as povoações mais costeiras, a vila de Oeiras, Santo Amaro, Paço de Arcos, Algés e Dafundo. Os concelhos de Cascais, Sintra e Mafra também faziam parte desta região saloia, tendo-se estendido para Torres Vedras, entre a Lourinhã e o Cadaval, chegando mesmo até Obidos. Nesta perspectiva, as terras saloias seriam todas aquelas que circundavam a cidade de Lisboa.

Bucelas foi e ainda é, se não tanto como outrora, uma região demarcadamente agrícola, rica em frutos e especialmente em vinho. Esse facto permitiu que tal, como noutras regiões do concelho de Loures, se desenvolvessem trocas comerciais com a capital, de forma a abastecer os lisboetas de produtos tão necessários à sua alimentação. Dessa troca, surgiram contactos “culturais” importantes. O vender queijos e leite, fruta ou hortaliça, levar a vaca até ao centro da cidade, ou assegurar outros cuidados de higiene aos lisboetas, foram algumas das facetas de um saloio na capital. A sua presença num meio que não lhe pertencia por definição, transformou o saloio numa “personagem” bizarra, considerada por muitos lisboetas, pelo seu arreigamento à terra, de provinciano e poucas maneiras. Era óbvio de que se tratava de duas culturas completamente distintas, o que opunha de um lado o citadino, habituado ao estilo cosmopolita e “bon vivant” e de outro o saloio com um modo rústico e natural, próprio de quem vive no campo. O saloio afirmava-se perante os outros através da sua identidade e simplicidade, que procurava não esconder. O seu trajo era bem exemplo disso, demarcando influências do seu próprio modo de vida e um atraso em relação às modas aristocráticas. As mulheres costumavam usar roupinha justa ao corpo, como era normal em todo o país as camponesas usarem, de cores vivas e berrantes, a

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saia era geralmente pregada e redonda, usavam também muitas vezes o avental ou sobressaia com algibeira, e era indispensável o uso de lenço na cabeça soqueixado, normalmente branco ou colorido. As botas altas, que se usaram até perto de finais dos anos 50, eram também uma imagem de marca da mulher saloia. Os homens costumavam usar barretes ou carapuços, geralmente pretos, com uma volumosa borla, uma cinta preta de franja na ponta, botas de canhão exterior, e um cajado ou também chamado varapau, o qual se usava muitas vezes em alturas de feira ou de grandes confusões para se defender.

Com o tempo, a saloia abandonou a saia redonda, a bota de cano, e o célebre lenço. A partir do momento em que as raparigas novas começaram a fixar-se na cidade como empregadas domésticas e os rapazes vieram prestar o seu serviço militar a Lisboa, os seus hábitos no vestuário também mudaram. Outras marcas características do seu viver eram também os seus instrumentos de trabalho - o arado, a grade, a enxada, a foice - ou ainda nas suas casas - a bilha de barro para a água ou o alguidar de madeira para o pão-. No que diz respeito à gastronomia, o saloio alimentava-se um pouco com aquilo que produzia, tendo-se tornado também num dado etnográfico importante para caracterizar a cultura saloia. Graças aos produtos ricos da região, às mãos prodigiosas das suas cozinheiras e à evolução das técnicas agrícolas, alimentos como o pão e o queijo tornam-se verdadeiros ex-libris. A saborosa sopa de favas, o bacalhau saloio e albardado, o coelho à caçador, o cozido saloio, a feijoada rica e os muitos doces são ainda pratos regionais que tornam a gastronomia do concelho numa das mais saborosas e apetecíveis do país. È por isso, que não faltam hoje restaurantes na localidade que sirvam esses pratos , sendo muito procurados pela fama que alcançaram.

A etnografia desta localidade é, neste medida, profundamente caracterizada pela presença do saloio. Saloio este que durante séculos, lavrou a terra, colheu os seus produtos e os vendeu na cidade ou nas feiras do concelho. Ligado ao campo desde sempre, hoje vê os seus dias contados, começando a ser invadido pelo urbanismo devido à crescente vaga migratória que se tem verificado nos últimos decénios. Contudo, apesar da descaracterização do saloio que começa a sentir-se, não é raro encontrarem-se nesta região concelhia, formas, ainda que um pouco adulteradas, de relembrar o passado e a presença saloia na região.

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3.3.3.3. As Representações Identitárias dos BucelensesAs Representações Identitárias dos BucelensesAs Representações Identitárias dos BucelensesAs Representações Identitárias dos Bucelenses

Após ter feito uma apresentação do saloio dentro do seu contexto

geográfico , e dos seus traços mais característicos, gostava agora de fazer uma breve análise, sobre o modo como as tradições e os costumes saloios são vividos pelos bucelenses e pelas diferentes faixas etárias. Através de um inquérito aplicado a 42 indivíduos, distribuídos por sexos e idades - jovens entre os 14 e os 17 anos, adultos entre os 20-55, e idosos, entre os 60 e 91 anos- foi possível delinear um esboço sobre a forma como a cultura saloia é interpretada e assimilada , embora uma amostra tão superficial não permita com todo o rigor divulgar a voz de todos os bucelenses. Ainda assim, achei importante o uso desta técnica, uma vez que nos apresenta dados representativos dos inquiridos.

3.1.3.1.3.1.3.1. Os jOs jOs jOs jovensovensovensovens

Os jovens entrevistados, estudantes na Escola Básica Integrada

de Bucelas, são na sua maioria ( 93%) naturais desta freguesia. Com uma vivência quotidiana muito forte do espaço físico envolvente

e uma grande ligação à terra, os jovens inquiridos manifestam ainda um grande interesse pela cultura saloia e tradição local. Desta forma, cerca de 86% das respostas referiram existir tradição em Bucelas, afirmação esta mais evidenciada pelo sexo feminino, com 100%, em relação aos 71,4% do sexo masculino. Este apelo à tradição deve-se, segundo estes, em grande parte às festas que se comemoram, nomeadamente a do Anjo Custódio e a Festa do Vinho e das Vindimas e porque existe uma certa tendência dos mais velhos para conservar as tradições. Se no que diz respeito à existência de tradição saloia as respostas foram positivas, quanto ao sentimento identitário da herança saloia, vamos encontrar uma maior dispersão, existindo apenas 50% dos inquiridos que se consideram saloios, sendo esta pertença mais fortemente sentida, mais uma vez, pelo sexo feminino, com 57% das respostas , em contraponto aos 43% do sexo masculino. Cerca de 36% recusam a identidade saloia ( parte dessas respostas provêm do sexo masculino 43%, em relação aos 28,5% do sexo feminino ). Através destes dados, podemos interpretar que são as raparigas, aquelas que defendem com maior veemência os valores culturais regionais.

Os motivos que levam os jovens a sentirem-se saloios, ou pelo menos, herdeiros dessa cultura, prendem-se essencialmente, em cerca de 21,4% das respostas com o facto de viverem numa zona que é designada saloia, dedicada ao trabalho rural; 14,2% atribui essa identificação ao facto da sua família ser saloia , 14,2% designa-se saloio, porque gosta dessa cultura e 7%

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porque se sente orgulhoso em ser saloio. Podemos assim constatar que a ligação destes jovens a esses valores se explicam essencialmente através de factos geográficos e históricos, já que a grande maioria, dos que aceitam essa identidade, atribuem-na a factores exteriores. Dos que não se consideram saloios, perto de 21,4% afirma não gostar dessa cultura e 7% diz mesmo que isso não é coisa de jovens. Nesta atitude, podemos constatar existir uma falta de conhecimento e de transmissão do verdadeiro sentido da designação de saloio. Ser considerado saloio é para estes jovens um sinónimo de inferioridade económica e social, uma ligação com o passado, com a agricultura, que rejeitam como profissão, com os tempos difíceis que não querem repetir. Daí o seu afastamento e renúncia.

3.2 Os Adultos

Os indivíduos inquiridos nesta faixa etária são em grande parte naturais de Bucelas (64,2%) vivendo na freguesia praticamente desde que nasceram. Os restantes 36% representam aqueles que embora ali não tenham nascido, residem há muito tempo na freguesia, fazendo dela a sua terra já que se apropriaram dos seus usos e costumes. Segundo os dados apresentados pelo inquérito, 28,5% vive em Bucelas há mais de 10 anos e 14,2% há mais de 30 anos. Cerca de 57% vive em Bucelas, desde que nasceu, nunca se afastando muito do seu local de origem, trabalhando inclusive na freguesia, ou nos seus arredores. Em relação à sua identidade regional, perto de 80% dos inquiridos afirma-se saloio. O sexo masculino apresenta um maior índice de concordâncias nas respostas obtidas com 85,7%, enquanto que o sexo feminino fica apenas pelos 71,4% ( ao contrário do que tínhamos visto entre os mais jovens, onde era o sexo feminino que defendia mais esta pertença). Os que negam essa herança cultural são perto de 28,5%, existindo 14,2% de indecisos que não sabem ao certo se o são, ou não. Esse motivo prende-se, essencialmente, com as questões migratórias, já que muitos dos habitantes de Bucelas são naturais de outras regiões, denominadamente dos arredores do Ribatejo. No que concerne às causas que levam os indivíduos a fazer parte desta expressão cultural, constatamos que estas se prendem com as mesmas encontradas entre os jovens. Assim, 35,7% afirma ser saloio devido à tradição da zona em que vive, e 7% assume essa posição porque a sua própria família é saloia. Mais uma vez, temos diante de nós uma identidade que se constrói mediante factores geográficos e históricos. Inquiridos sobre o apelo à tradição em Bucelas, 71,4% dos entrevistados consideram que esta ainda tem uma certa importância nas suas condutas colectivas. Repare-se que é o sexo masculino quem dá mais

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importância à tradição, pois 100% respondeu afirmativamente enquanto que só 42,8%, do sexo feminino, considerou esse apelo ainda existente. Os motivos que levam a que essa tradição ainda esteja viva, são todos de âmbito festivo e ritual, como é o caso da Festa do Anjo Custódio(14,2%) e da Festa das vindimas (14,2%), assim como a Banda Recreativa (14,2%) e o Rancho Folclórico(14,2%). Os outros motivos atribuídos, prendem-se com o facto de defenderem que existem jovens com iniciativa na manutenção dessa tradição (14,2%); ou ainda, o bom vinho (7%) e os bons pratos regionais (7%). Em relação aos riscos de dissolução que a cultura saloia apresenta, 78,5% continua a apostar nela e a considerar que esta ainda não está perdida. Perto de 14,2% acredita, porém , que esta dimensão cultural está a diluir-se face ao ritmo de vida presente e às mudanças ocorridas.

3.3 3.3 3.3 3.3 Os idososOs idososOs idososOs idosos

Os indivíduos inquiridos nesta faixa etária constituem os representantes dos valores tradicionais, aqueles que viveram de perto e sentiram na pele as dificuldades de uma vida árdua de trabalho e sacrifício. Quase todos tiveram profissões ligadas à agricultura, principalmente as mulheres, em 100% dos casos e 14, 2% dos homens Começaram a trabalhar muito cedo, por isso a maior parte deles ( 50%) não foi à escola, nem sabe ler nem escrever e os que foram à escola (21%) acabaram por não completar a instrução primária. A escolaridade, dizem, naquela altura não era obrigatória e os pais precisavam deles para outras funções. Mesmo assim, dos que conseguiram ir à escola, foram maioritariamente rapazes, o que demonstra a tendência de antigamente em conservar as raparigas em casa para ajudar nos trabalhos domésticos ou do campo.1 Dos indivíduos inquiridos, perto de 42,8% são da freguesia de Bucelas, mas no entanto, 57,2% são de fora da freguesia e do concelho de Loures, sendo oriundos do Alentejo, em 28,5% dos casos, do Ribatejo (7%), Arruda dos Vinhos (7%) e Alenquer (7%). Poucos são, portanto, dos inquiridos, aqueles que nasceram em Bucelas, registando-se apenas 36%. A maior parte foi-se instalando ao longo dos anos, sendo trazidos quer por motivos profissionais ou mesmo pessoais. Apesar de representarem a faixa etária que melhor poderia caracterizar os saloios, só assim se consideram 57%, embora o sexo feminino (oriundo na sua maioria de Bucelas) seja desse modo que gosta de ser

1 Tal conduta levou a que Bucelas se tornasse numa das freguesias do concelho de Loures, onde existe uma elevada percentagem de analfabetismo, perto de 12% de pessoas com mais de 60 anos.

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designada, respondendo afirmativamente 71,4%, contra 42,8%, do sexo masculino. Estes últimos por serem maioritariamente os que vêm de fora, não se consideram completamente saloios, daí que respondam em 57% ,de forma negativa. Os que afirmam as suas raízes culturais saloias, dão como principais razões, o facto de terem nascido e crescido no campo (35,7%); por serem trabalhadores (14,2%); honestos (7%); saberem amanhar a terra (7%), tudo motivos que ligados à agricultura traduzem a sua ligação a esta e o modo de existência do saloio. No que diz respeito à cultura saloia poder estar em vias de se perder, 50% das respostas apontaram para um não categórico, sendo estas veículadas principalmente pelas mulheres (71,4%). O sexo masculino respondeu que a cultura saloia estaria já perdida em 43% dos casos. Os motivos que lhes parecem mais fortes para este tipo de dissolução poderão ter a ver com a agricultura começar a ficar desprezada, com o facto de os jovens não quererem saber da vida de antigamente, nem querem trabalhar na agricultura. Por outro lado, quem defende que a cultura saloia está viva, defende-o com base na honestidade das pessoas, nas tradições que se mantêm, na importância da Festa das Vindimas e na Banda Recreativa de Bucelas.

Deste modo, o apelo à tradição na freguesia é algo que ainda se sente e é testemunhado por estas gerações, correspondendo a 78,5% de respostas afirmativas. Ainda assim, há quem pense que a tradição acabou, com um índice de concordâncias que ronda os 14,2%. A justificação da tradição tem a ver com a Festa das Vindimas (42,8%); os ranchos folclóricos (14,2%); a Festa do Anjo Custódio (14,2%); os bailaricos (14,2%); as marchas populares (7%) e as colectividades (7%).

4.4.4.4. A Ritualização da Memória SaloiaA Ritualização da Memória SaloiaA Ritualização da Memória SaloiaA Ritualização da Memória Saloia Antes de concluir esta comunicação , gostava de referir com um

pouco mais de precisão, a importância que têm para Bucelas os aspectos rituais e festivos na dinamização e conservação dos valores da cultura saloia, como é o caso da Festa do Vinho e das Vindimas, apesar da sua introdução recente , do Rancho Folclórico “Ceifeiros da Bemposta” e do seu núcleo museológico.

A Festa do Vinho e das Vindimas surgiu do desfile que se realizou em Dezembro de 1986, quando o Concelho de Loures comemorou o seu centenário. Nesse desfile, muitos foram os carros alegóricos que

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representaram as actividades agrícolas da região, aquelas que em tempos marcaram decisivamente a história do concelho de Loures. Mercê desta iniciativa, pensou-se que seria interessante reavivar as tradições, contribuir para uma renovação da cultura saloia e assim aproximar os jovens ao contacto dessas realidades, reforçando-lhes a ligação com a terra em que vivem. Em Outubro de 1988, por iniciativa da Junta de Freguesia de Bucelas e com o apoio das muitas colectividades, a festa realizou-se pela primeira vez. Não tardou muito para que a Câmara Municipal de Loures mostrasse também o seu apoio e o seu agrado, por verificar a existência de um património cultural ainda tão vivo. Desde 1988, até hoje a sua fama nunca mais acabou, chamando até si cada vez mais visitantes, não só os da freguesia, que estão implicados na sua realização, como os de todo o concelho de Loures e até de outras regiões mais distantes. A peculiaridade desta festa atrai, deste modo, todo o tipo de gentes de todas as idades. Celebrando o vinho, a terra e o Homem que sempre se dedicou a este tipo de actividade, esta festa é uma viagem ao passado e uma homenagem à própria história de Bucelas e aos principais actores sociais que nela se destacaram. A Festa do vinho e das Vindimas, tal como o próprio nome indica, costuma realizar-se após as vindimas. Daí que, normalmente seja feita nos princípios do mês de Outubro. O Largo Espirito Santo, transfigura-se, dando lugar a muitas barraquinhas onde se vende de tudo um pouco, desde que devidamente tradicional. Não falta a água pé, os vinhos tintos e brancos (para todos os gostos), o pão com chouriço, em forno de lenha e também uma quermesse. A venda de jarros e copos de barro, a exposição de barris de todos os tamanhos, feitos na tanoaria do “Zé Espiga”, completam o cenário. As ruas enfeitam-se para a ocasião e as montras das lojas têm também uma decoração apropriada, existindo uma grande participação do comércio local na festa.

O cortejo desfila pelas principais ruas da vila, acompanhado pela Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Bucelas, que vão marcando o ritmo. É um cortejo geralmente muito animado, já que inclui muitas vezes a distribuição de copos de vinho, o que causa uma verdadeira agitação por parte dos espectadores mais afoitos, pois todos querem prová-lo. Os carros que desfilam no cortejo representam, todas as fases do trabalho ligado a esta actividade, assim como outras artesanais, que embora se relacionem com o vinho, já se extinguiram há muito tempo.

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A riqueza deste desfile etnográfico consiste no pormenor com que é preparado e protagonizado pela população de Bucelas e aldeias vizinhas, que integram a freguesia, com o devido apoio das colectividades. Muitos são os figurantes que ajudam a recriar, com maior rigor todo um ambiente passado. Os trajes, também não são esquecidos, sendo empregados todos os que de alguma maneira caracterizaram as gentes saloias nas suas fainas vinícolas. No cortejo, os carros alegóricos sucedem-se:

“Carro dos Patrões, Surriba, Bacelo, Enxertia, Escava, Poda, Empa, Cava, Enxoframento, Sulfatação, Cesteiro, Tanoeiro, Latoeiro, Vindimas, Carro de bois com dorna, Almoço nas vindimas, Pisa, No lugar a fazer o pé com vara, Lagar com fuso, Lavagem de vasilhame, Destilação da aguardente, Secagem do folhelho, Adega, Carro com bois com pipa, Taberna e Galera.”

Depois dos discursos oficiais dos representantes autárquicos, a altura é de convívio, alegria, música (com bandas e folclore) mas também e sobretudo de comes e bebes. E como se trata de uma festa de vinhos, o dia é mesmo de excessos e de consumo imoderado, pelo que muitos acabam por festejar muito mais animadamente. Podemos verificar, assim, que apesar de recente, esta festa é já insubstituível. Invoca tradições e memórias colectivas e salvaguarda um património cultural que outrora fez parte do quotidiano do trabalho da vinha. Outra das sobrevivências da memória saloia na freguesia de Bucelas são os “Ceifeiros da Bemposta”, rancho folcórico etnográfico da aldeia da Bemposta. Fundado em Setembro de 1967, este rancho faz parte das muitas actividades da colectividade Grupo Musical e Recreativo da Bemposta. Nos últimos anos, muitos têm sido os ranchos folclóricos e etnográficos que se criaram dentro da extensa região saloia, interessados em desempenhar um papel activo no que respeita à divulgação de certas tradições antigas. Salvaguardar os costumes e recriar entre os mais jovens o gosto pelas danças e cantares tradicionais, parece ser assim o seu principal objectivo. É nesta medida, que os ranchos folclóricos constituem ainda um poderoso veículo de transmissão cultural e um importante elo com o passado.

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Dizem as pessoas mais idosas e os registos antigos, que o baile sempre foi muito apreciado pelos saloios, servindo de lazer aos domingos, na chamada Casa da Brincadeira (casa coberta emprestada por alguém de posses ou alugada). Era uma “brincadeira” que saía cara pois exigia despesas com a iluminação (de petróleo ou de azeite) e por vezes com um tocador. Mas, para o saloio a dança sempre foi um gosto que podia ser executada com música ou não, bastava-lhe as palmas para marcar o compasso.2 Estes hábitos, estas vivências são trazidos ao presente pelos ranchos folclóricos actuais. No caso dos “Ceifeiros da Bemposta”, esse aspecto torna-se evidente, já que o seu lema consiste em que “o folclore não é só dançar”. Para isso, muitas são as pesquisas e as recolhas que o grupo tem efectuado ao longo dos anos. Só desta maneira é possível fazer renascer certos costumes do século passado, como as adiafas, os bailaricos e as tradicionais prosas dos homens. No que diz respeito aos trajes usados, há uma preocupação e um cuidado de retratarem ao pormenor a vida de antigamente. Nesse sentido, a maior parte dos trajes são realizados a partir de peças originais, fotografias e outras recolhas , para que o resultado final seja o mais verosímil possível. Os trajes que costumam apresentar nas suas actuações, evidenciam a realidade económica, social e cultural que caracterizou a região: o vindimador, o ceifeiro, a vendedora de caldo da fava rica, a leiteira, o cevador, a lavadeira, a despedida de solteiro, traje de noivos, trajes domingueiros e religiosos. Este rancho é o mais antigo do concelho de Loures e durante os seus 30 anos de existência, nunca se cansou de elevar a cultura saloia, tendo participado em inúmeros desfiles folclóricos e etnográficos, em festivais regionais, nacionais e até mesmo internacionais. Quanto à faixa etária dos seus componentes, esta é bastante heterogénea, já que o rancho se divide em dois grupos: um infantil e um adulto. As idades rondam entre os 4 e os 70 e muitos anos. Procurando reunir várias gerações, este rancho aposta seriamente na juventude. O seu intuito é que estes cresçam dentro do grupo e vão recebendo, desde novos, através do contacto com as vivências do passado e do convívio com os mais velhos, os ensinamentos culturais dos seus avós. Só assim os podem vir a valorizar e respeitar.

2 O bailarico saloio era uma dança ligeira e fácil. Os bailarinos não deveriam formar um grupo superior a seis pares. Depois formavam um círculo, voltavam os membros de cada par um para o outro e com os braços levantados à altura dos cotovelos, começavam a girar num só sentido. Depois maneando o corpo e dando estalinhos no ar, assim dançavam sem parar. No fim da dança, cada par enlaçava-se, rodopiava e rematava a cantiga com um pequeno salto. As principais danças saloias, fruto de inúmeras influências, eram o bailarico, já referido em cima, o verde-gaio, o fandango, a xotiça, a caninha verde, entre outras danças com origens não propriamente rurais.

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No seguimento da frequente actividade de recolha, estudo e preservação dos costumes tradicionais saloios, efectuado pelo Rancho de Folclore e Etnografia “Os Ceifeiros da Bemposta”, foi-se constituindo um importante espólio etnográfico. Num pequeno espaço, situado numa sala do 1º andar da colectividade, podemos encontrar peças raríssimas que marcaram a vida quotidiana do saloio nesta região. Temos, pois, a oportunidade de observar a reconstituição de uma cozinha antiga, com os seus armários e louças, tachos, cafeteiras, potes e candeeiros a petróleo (algo que ainda há poucos anos muita gente usava na Bemposta) e até uma máquina de costura com cerca de 80 anos. Ofícios como os do ferreiro e do tanoeiro, estão, neste núcleo museológico, também representados, por serem antigamente dois dos mais significativos da região (o primeiro devido à constante deslocação à cidade, feita através de tracção animal; o segundo porque o vinho sempre foi uma actividade de destaque em Bucelas). Peças como o fole (no caso do ferreiro) ou as plainas, a bigorna, os maços, os martelos, os compassos (instrumentos de trabalho do tanoeiro) também não foram esquecidos. Este núcleo museológico representa, deste modo, um grande trabalho de recolha e de preservação de um património feito de memórias colectivas que projecta no presente, imagens do passado.

5.5.5.5. ReflexõesReflexõesReflexõesReflexões A cultura saloia, ainda vivida na freguesia de Bucelas, é sustentada por

uma maioria de idosos, que apregoam com orgulho algumas das facetas que caracterizaram a vida destas gentes noutros tempos, apesar de nem todos os inquiridos serem naturais da região. Este grupo tenta a todo o custo manter a sua identidade, defender os seus valores e normas, dar a conhecer aos mais novos o conteúdo das suas vidas, de forma a oferecer resistência às mudanças que vêm do exterior e que põem em causa a continuidade de certos padrões culturais. Os adultos (gerações que estabeleci entre os 20 e os 55 anos) são aqueles que ligam o passado e o presente, aqueles cuja responsabilidade é transmitir aos mais jovens alguns ensinamentos saloios. São aqueles que embora, não cumpram na íntegra, algumas tradições, sentem uma ligação muito directa à terra, tentando seguir o que viram fazer os seus pais e avós. Cada vez mais fascinados e aculturados pelos valores da sociedade consumista, os interesses dos jovens não poderão ser os mesmos dos seus antecedentes. Negando o cultivo da terra e uma dedicação a esta cem por cento , acabam por rejeitar uma parte da cultura saloia, já que para os mais

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velhos é principalmente a agricultura o que define este grupo. Para os mais novos, o trabalho difícil e moroso e os sacrifícios do passado, são algo que não tem para eles grande significado, procuram outras actividades mais lucrativas e investem muito mais nos seus estudos. No que diz respeito à sua continuidade em Bucelas, também ela está ameaçada por falta de condições na habitação. A falta de meios existentes expulsa os jovens para outras freguesias do concelho de Loures, mais urbanizadas, para um tipo de construção uniformizada que nada tem a ver com a peculiaridade da habitação saloia. Tal como hoje já começa a acontecer por toda a freguesia, a tendência dominante é reenviar o que resta da cultura saloia para um plano festivo e ritual, como é o caso da Festa do Vinho e das Vindimas, ou mesmo das actuações dos “Ceifeiros da Bemposta” e a valorização do seu espólio museológico. Tudo o resto, é algo que com a mutação dos tempos, irá desaparecendo gradualmente e é necessário , por isso, preservar.

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AnexosAnexosAnexosAnexos

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Jovens (14-17 anos) Opinião sobre o apelo à tradição em Bucelas:

Existe tradição

Não existe

tradição

Talvez Não sabe

Sexo feminino

100% 0 0 0

Sexo masculino

71,4% 0 14,2% 14,2%

Total 85,7% 0 14,2% 14,2%

Total Sexo femin.

Sexo masculi.

Existe tradição

As festas ainda se comemoram

28,5%

57% 0

Porque: Existe uma tendência para manter tradições

14,2%

0 28,5%

Em relação à identidade saloia:

Sentem-se herdeiros da cultura saloia

Não se sentem herdeiros da cultura saloia

Talvez

Sexo feminino

57% 28,5% 14,2%

Sexo masculino

42,8% 42,8% 14,2%

Total 50% 35,7% 14,2%

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Total Identidade saloia

Vivem numa zona saloia e rural

21,4%

Porque: Pertencem a uma família saloia

14,2%

Gostam da cultura saloia

14,2%

Têm orgulho em ser saloios

7,1%

Total Não identidade com a cultura saloia porque:

Não gostam 21,4 %

Não é coisa de jovens

7,1%

Adultos : 20-55 anos Opinião sobre o apelo à tradição em Bucelas

Existe tradição

Não existe tradição

Não responde

Sexo feminino

42,8% 42,8% 14,2%

Sexo masculino

100% 0 0

Total 71,4% 21,4% 7,1%

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Sexo

feminino Sexo

masculino Total

Existe tradição porque:

Existe o rancho folclórico

0 28,5% 14,2%

Existe a banda recreativa

14,2% 14,2% 14,2%

Existe a Festa do Anjo Custódio

14,2% 14,2% 14,2%

Existe a festa das vindimas

14,2% 14,2% 14,2%

Existem jovens com iniciativa

28,5% 0 14,2%

Existe bom vinho

0 14,2% 7,1%

Existem pratos regionais

0 14,2% 7,1%

Existe trabalho rural

0 14,2% 7,1%

Em relação à identidade saloia

Consideram-se saloios

Não se consideram saloios

Não sabe

Sexo feminino

71,4% 28,5% 0

Sexo masculino

85,7% 0 14,2%

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% Identidade saloia porque:

É uma tradição da zona em que vivem

35,7%

A família é saloia

7,1%

% Não identidade com a cultura saloia porque:

Não nasceram ali

14,2%

Cultura saloia perdida?

Sim Não Não sabe

Sexo feminino

14,2%

71,4% 14,2%

Sexo masculino

14,2%

85,7% 0

Total 14,2%

78,5% 7,1%

Total

porque não está perdida

Há jovens com iniciativas

14,2%

As colectividades estão a salvar as tradições

14,2%

Instauração da festa das vindimas

14,2%

As marchas populares

14,2%

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Idosos : 60-91 Opinião sobre o apelo à tradição em Bucelas

Existe tradição

Não existe tradição

Talvez Não sabe

Sexo feminino

71,4% 14,2% 0 14,2%

Sexo masculino

85,7% 14,2% 0 0

Total 78,5% 14,2% 0 7,1%

Sexo feminino

Sexo masculino

Total

Existe tradição porque:

Existe a festa das vindimas

71,4% 14,2% 42,8%

Existem ranchos folclóricos

14,2% 14,2% 14,2%

Existe a festa do Anjo Custódio

14,2% 14,2% 14,2%

Existem bailaricos 0 28,5% 14,2%

Existem marchas 14,2% 0 7,1% Existem colectividades

0 14,2% 7,1%

Em relação à identidade saloia:

Consideram-se saloios

Não se consideram saloios

Sexo feminino

71,4% 28,5%

Sexo masculino

42,8% 57%

Total 57% 42,8%

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Total

Identidade saloia porque:

Nasceram e criaram-se no campo

35,7%

São trabalhadores

14,2%

São honestos 7,1% Sabem amanhar a terra

7,1%

Não sabem 7,1%

Total Não identidade com a cultura saloia porque:

Não nasceram ali

42,8%

Cultura saloia perdida?

Sim Não

Sexo feminino

28,5% 71,4%

Sexo masculino

42,8% 28,5%

Total 35,7% 50%

Porque não está perdida:

As pessoas são honestas

14,2%

Mantém-se tradições

14,2%

Festa das vindimas

7,1%

Banda 7,1%

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