A Benfeitora Hermenegilda Giselda Milheiro Guedes (c. 1845‑1898): considerações artísticas em...

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Homenagem a D. Manuel Clemente Inauguração da Casa da Prelada Inauguração do CAS SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO PORTO Revista Semestral • ANO XX • N.º 52 • Junho 2013 Distribuição Gratuita

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Homenagem a D. Manuel Clemente

Inauguração da Casa da Prelada

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Inauguração do CAS

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO PORTO

Revista Semestral • ANO XX • N.º 52 • Junho 2013Distribuição Gratuita

O novo projeto de iluminação da Igreja Privativa da SCMP, realça o requinte escultórico criado pelo risco de Nicolau Nasoni, desde o opulento frontão, constituído pelas armas reais, ladeadas por uma banquela (cruz e tocheiros), passando pelos dois andares em que a composição da fachada se desenvolve, com as três janelas altas recortadas, envoltas em conchas, grinaldas, elementos vegetalistas, cartelas e volutas, que completam uma das mais exuberantes cenografias criada por este artista italiano.

Casa da PreladaD. Francisco de Noronha e Menezes

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Santa Casa da Misercórdia do PortoRua das Flores, 5 • Apartado 60184051 ‑801 PORTOTelef. 222074710 • Fax 222050116www.scmp.pt • [email protected]

BOLETIM SEMESTRALNOVA SÉRIEANO XX • N.º 52 • JUNHO 2013

DirecçãoDr. António Tavares

Coordenação e RedacçãoDepartamento de Actividades Culturais

Execução GráficaSerSilito ‑Empresa Gráfica, Lda./Maia

ISSN 0872 ‑7171

Depósito legal 299090/09

Tiragem 1600 exemplares

A Revista “Misericórdia” obedece ao novo acordo ortográfico

Editorial

ContracapaEntrega do pálio de Arcebispo de Lisboa a D. Manuel Clemente pelo Papa Francisco

O ano de 2013, é um ano com um perfil algo estranho. Por um lado, estamos a viver a pior crise económica e financeira desde que temos democracia, crise essa que evoluiu para uma crise política. Por outro lado, assistimos à saída de D. Manuel Clemente para Patriarca de Lisboa.

Este número da nossa revista espelha, de um modo feliz, o que foi o desenvolvimento ao longo do último semestre do trabalho realizado.Desde a abertura de novos projetos de serviço à comunidade em varias modalidades, como a Casa e o Parque da Prelada, o Centro de Acolhimento Social D. Manuel Martins, a intervenção no Colégio de Nossa Senhora da Esperança entre outros, evidenciam a vontade de não só dotar a Misericórdia de novas respostas para com os mais desfavorecidos, como reabilitar alguns dos nossos mais emblemáticos equipamentos culturais.

A iluminação da Igreja Privativa, representa, de forma simbólica, uma luz de esperança num ano que ficará como dos mais difíceis desde 1974.

Os reajustamentos do programa de ajustamento financeiro, tiveram um impacto muito grande na vida da Misericórdia do Porto, esta nova realidade vai conduzir à realização de sucessivas reformas estruturais na instituição, muitas vezes adiadas, que possibilitem novas receitas e novos projetos.

Manifestámos ao Governo a nossa total disponibilidade para assumir a gestão do Centro de Reabilitação do Norte. Aguardamos a decisão final.

Neste ambiente turbulento e de incerteza, em que nunca sabemos como vai ser o dia de amanhã, temos procurado responder a um elevado número de solicitações, apesar de termos sofrido sucessivos cortes do Estado.

Estamos, assim, no olho do furacão a procurar encontrar um novo paradigma de vivência coletiva. A Misericórdia do Porto vive intensamente o presente, mas com os olhos postos no futuro.

A saída do Bispo do Porto para Patriarca de Lisboa, motivou que a cidade do Porto, em volta da sua Misericórdia, lhe prestasse uma justa e digna homenagem dos afetos, a um construtor de consensos.

O Porto ficou triste com a decisão justa do Papa Francisco, mas alegre por mais uma vez servir a Igreja e Portugal.

Boa sorte D. Manuel Clemente, sabemos que nunca se esquecerá do Porto.

O ProvedorAntónio Tavares

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No dia 26 de Junho,

o Palácio da Bolsa

acolheu cerimónia

que envolveu

todas as forças vivas

da Cidade do Porto

A Santa Casa da Misericórdia do Porto, por iniciativa da sua Mesa Administrativa, propôs à Cidade a realização

de uma homenagem ao Bispo do Porto e Patriarca eleito de Lisboa. A sessão em honra de D. Manuel Clemente decorreu ao fim da tarde, no Palácio da Bolsa, envolvendo instituições e cidadãos do Porto.

“Levo para Lisboa o Porto, porque Portugal precisa de ser um grande Porto, em todos os sentidos”, afirmou D. Manuel Clemente.

A Comissão Organizadora da homenagem da Cidade ao seu Bispo incluiu, ainda, a Associação Comercial do Porto, a Universidade do Porto, a Fundação de Serralves, a Câmara Municipal do Porto e a Universidade Católica do Porto.

“Homenagem dos afetos” a D. Manuel Clemente

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No entanto, muitas outras entidades se associaram a este momento, como as Misericórdias da diocese do Porto, instituições de solidariedade social, bombeiros, forças de segurança e poder local.

O ministro da Defesa Nacional, José Pedro Aguiar‑‑Branco, e o secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Marco António Costa, também marcaram presença.

O Pátio das Nações acolheu a sessão de homenagem e, perante mais de 500 pessoas, foram dados quatro testemunhos sobre D. Manuel Clemente.

Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, abriu a sessão que contou com as intervenções de José Marques dos Santos, reitor da Universidade do Porto, António Tavares, provedor da Misericórdia do Porto, Luís

Braga da Cruz, presidente da Fundação de Serralves, e Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto.

A Escola das Artes da Universidade Católica do Porto protagonizou, ainda, dois momentos musicais.

A homenagem a D. Manuel Clemente encerrou com uma sessão de cumprimentos na Sala dos Retratos.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto enalteceu a “disponibilidade diária e fiel” do Bispo do Porto às instituições da cidade. António Tavares afirmou, ainda, sentir um misto de “orgulho e tristeza”, designando D. Manuel Clemente como “um verdadeiro filho adotivo do Porto”. Para o provedor, esta homenagem da Cidade ao seu Bispo é uma “homenagem dos afetos”.

D. Manuel Clemente serviu a Cidade do Porto desde 2007 e assumirá o Patriarcado de Lisboa no próximo dia 6 de julho. M

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Senhor Patriarca de Lisboa, Senhor D. Manuel Clemente,Senhor Ministro da Defesa Nacional, Dr. José Pedro Aguiar Branco,Senhor Secretário de Estado da Segurança Social, Dr. Marco António Costa, Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Rio,Senhores Deputados,Magnifico Reitor da Universidade do Porto, Professor Doutor Marques dos Santos,Senhor Presidente da Fundação de Serralves, Engo Luis Braga da Cruz, Senhor Presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa, Professor Doutor Joaquim Azevedo,Senhores Bispos Auxiliares,Senhores Autarcas,Senhores Provedores das Misericórdias Portuguesas,Senhores representantes das instituições da sociedade civil e do Estado, Caros amigos e amigas,Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Desde o momento que soubemos da nomeação, pelo Papa Francisco, do Senhor D. Manuel Clemente como Patriarca de Lisboa, desde logo, no espírito de muitos de nós, se tornou imperativo evidenciar uma atitude de agradecimento recordando as suas palavras, à entrada na Diocese do Porto, em 25 de Março de 2007, quando dizia e cito “ tem sido esta Diocese, ao longo dos tempos, berço ou palco das mais diversas realizações apostólicas, de clérigos religiosos ou seculares, de vários tipos de vida consagrada e de inúmeros leigos, por si ou associados. Por toda a larga e densa Diocese portucalense, quase não há localidade em que uma rua, uma instituição, um monumento, ou a memória viva dos habitantes não lembre uma realização evangélica com redundância social ou cultural, artística ou genericamente filantrópica”.

Foi um compromisso, contratualizado numa forma informal, com o Porto, e no que ele representa de mais profundo e de mais genuíno, do ser das suas gentes e

nessa vontade inolvidável de liberdade que está no nosso código genético.

D. Manuel Clemente tinha compreendido que as gentes desta terra têm uma ideia concreta de qual o papel que o Porto deve ter na sociedade portuguesa.

Não fosse ele um Homem da História, com um profundo conhecimento do lado pioneiro e da contemporaneidade da nossa cidade e da sua Diocese, nomeadamente, entre o final do século XIX e o início do século XX.

Esta é, pois, uma homenagem dos afetos ao homem que, acima de tudo soube ser um construtor de consensos, divulgando a moderna Doutrina Social da Igreja e recuperando a sua importância para o debate dos direitos económicos e sociais.

Uma homenagem da cidadania a quem considera ser fundamental a responsabilização crescente dos leigos e da sua participação cívica nas instituições, com uma matriz de intervenção social, onde se sente a crise numa dimensão única: na primeira pessoa.

Para nós, a crise tem um rosto. Tem um nome. Tem uma identidade.

A crise não são só números ou previsões.

A crise é também expectativa numa esperança fundamentada em proximidade e em oportunidades que se traduz, no pensamento de Bento XVI, em ser “ocasião de discernimento e elaboração de nova planificação”.

O Bispo D. Manuel Clemente, ao assumir o ministério apostólico da Igreja, ao saber que o nosso tempo pede uma nova Evangelização, como alertava João Paulo II, sabia também da importância, quando dizia, estar no “centro de uma comunhão diocesana. Ativa promove e, de certa maneira, unifica tudo o que se faz nestas três realidades do Evangelho”.

Na esteira de D. António Barroso e de D. António Ferreira Gomes sabe da importância de estar atento à sociedade, aos tempos e dificuldades que vivemos, num constante diálogo, como ensinava Ortega y Gasset, entre “o eu e a sua circunstância”, fazendo da sua disponibilidade junto das instituições, uma atuação diária “fiel e muitas vezes

Um Testemunho sobre o Bispo do Porto uma Visão de Inclusão Social e de CidadaniaIntervenção na Sessão de Homenagem ao Senhor D. Manuel Clemente

Palácio da Bolsa, 26 de junho de 2013

António Tavares ‑ Provedor da SCMP

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5sofrida”, assente numa ideia do que deve ser, no século XXI, um Bispo do Porto.

No seu entender, sendo o Cristianismo uma casa para todos, a ação do Bispo terá de ser, na sua leitura, “uma ação solitária no centro de uma Igreja. Tudo o que seja dinamismos de participação, de partilha, de convivência, de cultura e de debate são prioritários. Aqui, não pode haver, como nalgumas corridas de bicicleta, uma fuga do pelotão, porque o Bispo vai no centro do pelotão. E às vezes até tem de ir atrás, como se dizia antes, no coço da procissão, empurrando, outras vezes terá de ir à frente.”

Este exemplo soube motivar muitas instituições como as Misericórdias, a Cáritas, a Obra Diocesana, os Bombeiros e muitas outras associações de solidariedade social para, em conjunto, saber fazer essa partilha, essa convivência e esse debate das ideias e das convicções.

D. Manuel Clemente tem uma ideia muito concreta do “seu” Porto que, cito: “vem das fraldas do Marão até ao mar” com uma “realidade muito diversificada e complexa” onde se salienta uma “grande concentração urbana, no Porto e nas cidades vizinhas, mas tem depois uma grande zona meio urbana ou ainda com muitas características de ruralidade”.

Num mundo, cada vez mais global e interdependente, de uma soma zero, onde os exemplos recentes do Brasil e da Turquia, mostram que para alguns ganharem, outros devem perder, saber estar junto das pessoas e das instituições, permitiu ‑lhe compreender melhor que esta crise económica e social que vivemos se projeta numa ideia abstrata de um “pós ‑modernismo” que, sendo efémero, se torna problemático e relativo quando se expressa, como defende Gilles Lipovetsky, numa certa forma de uma “sociedade da deceção”.

E deixava ‑nos ainda um outro desafio na forma de uma pergunta. “Se temos de nos ajudar como “pessoas” não devemos atender à sociabilidade básica que nos caracteriza, protegendo e promovendo as famílias e dando ‑lhes toda a viabilidade na respetiva constituição e manutenção inter ‑geracional, como valor social, cultural e até económico de primeira ordem?”

Num momento em que se discute qual é o papel da sociedade civil e das instituições de solidariedade social, urge definir com clareza a nossa resposta e a sua capacidade de intervenção junto dos nossos concidadãos mais carenciados.

Não podemos esquecer que, desde o século XV, as Misericórdias Portuguesas têm vindo a concretizar o Estado

Social, no que ele tem de mais importante, como uma solução para os problemas dos cidadãos, na promoção das condições base necessárias, para o desenvolvimento da economia social, da saúde, da assistência social, da cultura, da educação e de muitos outros interesses comunitários fundamentais.

Recusamos, assim, uma sociedade de pobreza assente na penalização do fator trabalho e da criação de riqueza.

Lembramos a importância do papel da escola e a necessidade de políticas de família, atentas às questões demográficas, com vista ao aumento da natalidade, porque uma sociedade sem renovação de gerações não terá futuro.

Neste caso, há que considerar, como prioridade, a viabilidade de uma atividade laboral compatível com a responsabilidade dos pais e a sua presença ativa. Torna ‑se imperioso encontrar modelos que lhes permitam conciliar a profissão e a família e, ainda, pensar nas possibilidades fiscais necessárias que apoiem essas mesmas famílias.

A aplicação consequente do princípio de subsidiariedade num Estado próximo ao cidadão, será também uma irrenunciável estratégia de futuro para, também, a consolidação de uma Europa unida.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Espectador comprometido, como diria Raymond Aron, neste “tempo de escombros” para identificar o título de um livro que escreveu, o nosso estado de alma, hoje aqui, culmina num tempo ingrato de tristeza porque, como disse, tal como Portugal, o Porto “é um cais onde se chega e donde se parte”, mas também é um tempo de júbilo na alegria que o Bispo do Porto se fez Patriarca de Lisboa porque, como o Senhor D. Manuel Clemente afirma, “por mais nómadas que sejamos, precisamos de algo que nos possa unir em torno de uma vida comum”.

A um outro propósito, Eduardo Lourenço escreveu: “Portugal é, neste momento, um país nu (...) Chegou a hora desse encontro secularmente adiado, para o qual ninguém sabe até que ponto estamos coletivamente preparados”.

Gostava de acrescentar, que o seu exemplo e o seu pensamento vai ‑nos ajudar a estar preparados para vencer esse encontro.

A distância entre o Porto e Lisboa, não será algo que nos separe, mas antes um espaço comum, onde saberemos continuar a contar com o Senhor D. Manuel Clemente, agora como um verdadeiro filho adotivo do Porto.

Muito obrigado.

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O projeto global prevê ainda uma forte intervenção no Parque da Prelada, que o reabilitará para o que

poderá ser um grande Parque Oriental da Cidade do Porto, onde funcionou até há meia dúzia de anos o Parque de Campismo do Porto. É desse lado que fica o lago com o castelo, fontes e outros elementos escultóricos também desenhados por Nasoni. As salas da Casa da Prelada receberam valioso património da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP) entre os quais mobiliário do século XVIII ao século XX, até agora disperso por vários equipamentos da instituição. Na Casa da Prelada passa a funcionar um Centro de Documentação que inclui o Arquivo Histórico da SCMP e uma biblioteca. A Casa da Prelada alberga agora um espólio documental

A Casa da Prelada, obra projetada

por Nicolau Nasoni no séc. XVIII,

e fechada ao público durante mais

de uma década, abriu as suas

portas a 12 de maio com

o nome "Casa da Prelada

D. Francisco Noronha e Meneses".

Com um investimento de

2,5 milhões de euros

(tudo financiado pela Misericórdia

do Porto), viu finalmente

a luz do dia.

Inauguração da Casa da Prelada

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valiosíssimo, com mais de 500 anos, que ajuda a contar a história da Misericórdia, da cidade e de Portugal.

Entre os diversos documentos destacam ‑se os que se prendem com a Santa Casa e a Coroa, a Bula Papal, a Ata em que foi eleito provedor o Rei D. Pedro IV, ou ainda, o conjunto de documentos que mostram a importância que a Misericórdia do Porto teve na criação da Real Companhia do Alto Douro, no tempo do Marquês de Pombal.

O próximo passo será a construção do Jardim das Quatro Estações, que se virá a juntar aos atuais jardins históricos da Casa – o Jardim das Tílias, o Jardim das Camélias, o Jardim dos Buxos e Labirinto de bucho (na altura o maior da Península Ibérica), todos desenhados – por Nasoni. A utilização de um túnel, já existente, construído por baixo da VCI permitirá, que os visitantes possam aceder diretamente ao Parque da Prelada, voltando a unir as duas partes da antiga Quinta.

A Cerimónia de inauguração da Casa da Prelada, teve lugar no dia 12 de maio (domingo), dia de Nossa Senhora da Misericórdia, pelas 15h30, e contou com a participação

de centenas de pessoas, de onde se destacam inúmeras figuras públicas da cidade, representantes da Diocese do Porto, personalidades da vida cultural, deputados da Assembleia da República, autarcas e vizinhos da Casa.

A Casa da Prelada recebeu a Bênção de Sua Excelência Reverendíssima D. Manuel Clemente Bispo do Porto.

O programa de inauguração prosseguiu com as intervenções do Padre Américo Aguiar, Diretor do Departamento de Atividades Culturais, do Prof. Doutor Francisco Ribeiro da Silva, Mesário do Culto e da Cultura e do Prof. Doutor Valente de Oliveira que fez a apresentação do Livro Casa da Prelada – D. Francisco de Noronha e Menezes. O Dr. Estevão Samagaio agradeceu, emocionado, a homenagem prestada pela SCMP ao dar o seu nome ao Arquivo Histórico. A cerimónia de inauguração foi encerrada com a intervenção do Provedor, Dr. António Tavares, que com emoção, realçou o momento histórico da vida da instituição com a conclusão deste projeto que se arrastava há vários anos. Referiu o esforço feito pela Instituição ao ter conseguido levar a bom porto esta reabilitação, apenas com fundos da Instituição. No final da sua intervenção o Provedor descerrou a placa comemorativa da inauguração. De seguida, os convidados puderam visitar a casa e disfrutar de vários concertos de música pelos Jardins da casa.

A Casa da Prelada e os jardins, podem ser visitados mediante marcação prévia. Deverá entrar em contacto através do número de telefone 225 071 230 ou do e ‑mail [email protected]. O preçário será de 3 euros para a Casa e 3 euros para os Jardins, sendo que a visita aos 2 sítios ficará por 5 euros. M

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Inauguração do CAS ‑ Centro de Alojamento Social D. Manuel Martins

O CAS D. Manuel Martins resulta de uma parceria entre a Santa Casa da Misericórdia do Porto e a Segurança

Social, tendo como objetivo apoiar indivíduos ou famílias em situação aguda e imprevista, que as coloca em posição de especial vulnerabilidade e desproteção social, exigindo assim uma resposta imediata.

Este equipamento, propriedade da Misericórdia do Porto, tem uma área bruta de 1383m2 e terá capacidade para receber 40 pessoas, 10 das quais para situações de emergência social, dispondo, para além do serviço de alojamento, de uma lavandaria e de uma cozinha de apoio aos utentes.

O período de acolhimento previsto é de 3 meses, excecionalmente renovável até ao limite de 6 meses.

A resposta social abrangerá, num primeiro momento, sobretudo, famílias e pessoas que tem vindo a ser alojadas em pensões.

Com este tipo de resposta procurar ‑se ‑à não só responder às questões de alojamento, como também auxiliar essas pessoas/famílias a encontrar projetos de vida pessoal e profissional.

O CAS D. Manuel Martins está localizado na Rua Joaquim Vasconcelos, nº 55, Porto. M

O CAS (Centro de Alojamento Social)

D. Manuel Martins, foi inaugurado

no dia 17 de Junho, em cerimónia

presidida por sua Ex.a o Secretário

de Estado da Solidariedade

e da Segurança Social,

Marco António Costa.

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No sábado dia 15 de junho, ao início da tarde, a Santa Casa da Misericórdia do Porto e o Sport Club do Porto

celebraram o protocolo que estabelece a concretização do projeto Parque da Prelada ‑ Complexo Lúdico‑Desportivo, convidando também a cidade para “Um dia Diferente”.

Foi a terceira vez que o parque abriu as suas portas à cidade, mas a partir de hoje “começa a criar‑se uma dinâmica sistemática e recorrente” explicou o Provedor António Tavares.

No Parque da Prelada será instalado o centro hípico e a área de falcoaria do sport Club do Porto, faltando apenas concluir algumas obras de manutenção e recuperação de espaços para receber os animais.

Nessa tarde, houve demonstrações de hipismo, falcoaria e atividades de desporto aventura, para além de passeios pelos espaços “nasonianos” do parque, concebido pelo arquiteto italiano Nicolau Nasoni.

“A partir de hoje começa a criar‑se uma dinâmica para haver alguma atividade sistemática e recorrente” afirmou o Provedor António Tavares.

O presidente do Sport, Paulo Barros Vale, reconheceu que “valeu a pena este trajeto demorado, mas que permite uma base sustentável para o projeto que se quer levar a cabo” para o Parque da Prelada, acrescentando que “deste casamento de vontades pode sair um projeto interessante e que a população da cidade perceba que este é um espaço a pensar em si”.

Inauguração do Parque da PreladaUm Dia Diferente

O Parque da Prelada‑Complexo Lúdico Desportivo vai ocupar os 16 hectares onde até final de 2006 existia o parque de campismo. O novo projeto, com o traço do arquiteto Pedro Guimarães, vai ter numa primeira fase centro hípico, corredor equestre, picadeiro com dimensão olímpica, trilhos para caminhadas e passeios de bicicleta, assim como serão recuperadas as construções existentes.

As duas instituições entenderam que juntas poderiam proporcionar à cidade do Porto um equipamento em que o lazer e a cultura se possam encontrar.

O Provedor da SCMP relembrou que a zona em que está inserido o Parque da Prelada tem sido esquecida e apelou a que “a comunidade e os autarcas compreendam o que este equipamento possa significar para a cidade do Porto”, da mesma forma que recordou que “este esforço está a ser feito sem recursos a dinheiros públicos”. M

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Decorreu no dia 14 de Junho no Auditório da Fundação da Juventude, na Rua das Flores, o 5.º Encontro de

Quadros da Santa Casa da Misericórdia do Porto, cujo tema principal foi Cultura da Organização, Cultura de Solidariedade.

O Provedor, António Tavares, no seu discurso de boas vindas, falou dos objetivos do 5.º Encontro de Quadros: a Responsabilidade individual e os desafios 2020, bem como dos seus desafios e opções para a Misericórdia do Porto, tendo como objetivo principal proporcionar uma informação e formação sobre as envolventes sociais, politicas e técnicas da nossa sociedade e que determinam e condicionam a atividade da SCMP, em todas as suas vertentes.

Ao longo deste dia de trabalho, passaram pelo evento, um conjunto de personalidades de áreas e experiências

tão diversas, como por exemplo, o Dr. Eurico Castro Alves – Presidente do INFARMED, que nos falou da regulação na saúde: os cuidados de saúde (ERS) e o Medicamento (INFARMED); o Prof. Doutor Elísio Brandão da Faculdade de Economia do Porto, que falou da Influência das finanças na gestão da economia social; o Prof. Doutor Rui Nunes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto cujo tema da apresentação foi a Economia Social e o Estado – Que futuro?, para além do Dr. Agostinho Branquinho da Comissão executiva da SCMP que nos falou Das Organizações e a comunicação Interna num tempo Mediático.

O Programa do 5.º Encontro de Quadros terminou com a presença de Sua Exa. o Bispo Auxiliar do Porto D. João Lavrador. M

5.º Encontro de Quadros

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Galeria dos Benfeitores recebeu o 1º debate

A Sessão Inaugural e o primeiro en contro do ciclo de debates “Que Estado Social? Respostas do Sector

Solidário” realizou ‑se no dia 8 de janeiro, na Galeria dos Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto, pelas 16 horas.

Neste primeiro encontro foram oradores Carlos Andrade, Vice ‑Presidente da União das Misericórdias Portuguesas; José Manuel Canavarro em representação do Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança So cial, Marco António Costa; o ex ‑Secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro; e o Coor denador do Bloco de Esquerda, João Semedo.

O Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, en cerrou este primeiro Debate.

Depois da cidade do Porto, Viseu recebeu no dia 29 de janeiro o II ciclo de debates, para além do Provedor António Tavares; Manuel de Lemos, Presidente da União das Misericórdias, teve como oradores Joaquim Mourão, Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco; José António Jesus, Vice ‑Presidente da Câmara Municipal de Tondela; José Norte, Vice ‑Presidente da Câmara Municipal de Mortágua; Joaquim Seixas, Diretor da Segurança Social do Distrito de Viseu e Américo Nunes, Vice ‑Presidente da Câmara Municipal de Viseu.

Que Estado Social? Respostas do Sector Solidário

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Seguiu ‑se Évora a 5 de fevereiro a receber o III ciclo de debates tendo como oradores, o Provedor António Tavares; Manuel de Lemos, Presidente da União das Misericórdias; António Tavares e Manuel de Lemos, Pe. Lino Maia, Presidente da CNIS; José Carlos Bravo Nico, Docente da Universidade de Évora e Manuel Caldas de Almeida, Vogal do Secretariado Nacional da UMP.

Braga, no dia 26 do mesmo mês, recebeu o IV Ciclo de debates, e para além de António Tavares e Manuel de Lemos, teve também como oradores D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga; Tomás Correia, Presidente do Montepio Geral; Pedro Marques, Deputado do PS na Assembleia da República e Bernardo Reis, Vogal do Secretariado da UMP e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga.

Este contributo das Misericórdias Portuguesas para o debate nacional sobre o Estado Social será apresentado, em livro, ao Presidente da República, à Presidente da Assembleia da República, ao Primeiro ‑Ministro e ao Secretário ‑Geral do Partido Socialista, enquanto líder do maior partido da oposição.

Organizado pela Santa Casa da Misericór dia do Porto e pela União das Misericórdias Portuguesas, estes debates irão, contribuir para a defini ção de um Estado Social Inovador, mais Justo, mais Moderno e economicamente Sustenta do. M

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No dia 29 de maio pelas 14h30 realizou ‑se a conferência “Economia Social ‑ um instrumento

contra a crise” organizado pelo semanário Grande Porto em parceria com a Santa Casa da Misericórdia do Porto, na Universidade Lusíada do Porto.

A conferência centrou ‑se no tema “Economia Social”, e para a discussão deste tema foram convidados Marco António Costa, Secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social; Pedro Líbano Monteiro em representação do Montepio, Miguel Pavão do Mundo a Sorrir e José Fernando Figueiredo presidente da Garantia Mútua.

A sessão iniciou ‑se com a intervenção do Secretário de Estado, que foi moderada por Rogério Gomes do Semanário Grande Porto. Após o fim da sua intervenção foram colocadas algumas questões, que foram prontamente respondidas.

Após a abertura da sessão teve inicio o painel de discussão composto por Pedro Líbano Monteiro em representação do Montepio, o Miguel Pavão do Mundo a Sorrir e José Fernando Figueiredo presidente da Garantia Mútua e moderado por Manuel Queirós do Semanário Grande Porto. O painel abordou a questão do financiamento às organizações sociais, e como se processa este financiamento, foi também dado o exemplo de uma

organização de Economia Social ‑ a Mundo a Sorrir (com a qual a Misericórdia do Porto têm um protocolo). Depois do encerramento das intervenções, membros do painel, responderam a questões colocadas pelo público.

O fecho da sessão esteve a cargo do Provedor António Tavares que salientou a importância da Economia Social na sociedade atual e salientou também a importância de todos os players nela envolvida. M

Conferência Economia Socialum instrumento contra a crise

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A Santa Casa da Misericórdia do Por to assinalou, no dia 29 de Janeiro, o 429º aniversário da morte do

benfei tor D. Lopo de Almeida.

De acordo com a tradição, neste dia a Misericórdia dá cumprimento à vontade expressa no testamento do benfeitor, vestindo e alimentando cinco pobres.

Os beneficiários são todos utentes da Casa da Rua – D. Lopo de Almei da, estabelecimento que há mais de uma década auxilia pessoas vítimas de exclusão social ou em situação de vulnerabilidade.

Dos cinco utentes, três são residentes e dois realizam apenas as refeições.

Mais do que uma ação simbólica, a entrega de roupas aos cinco carencia dos integra ‑se num plano de inser ção social individual. Desta forma, procura ‑se que haja um incremento do seu projeto de vida, nomeada mente ao nível da autoestima e da apresentação, para que consigam ter um bom desempenho nas diversas situações quotidianas.

A comemoração do Dia de D. Lopo de Almeida iniciou ‑se pelas 11h30 com uma missa de sufrágio pela alma do benfeitor, na Igreja do Colégio de Nossa Senhora da

Esperança. A euca ristia foi presidida pelo Pe. Américo Aguiar, Capelão ‑Mor da Misericór dia do Porto, e concelebrada pelo Monsenhor Cónego Virgílio Resende, Capelão do Colégio.

Seguiu ‑se um almoço no Hospital de São Lázaro onde, além dos beneficia dos, estiveram presentes o Provedor António Tavares, Mesários, Diretores dos Departamentos e Estabelecimen tos e Coordenadores de Serviços. M

Misericórdia do Porto evoca memória de D. Lopo de Almeida

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Passados 130 anos, a comunidade foi convidada a participar nas comemorações do aniversário, que

contaram com o Provedor, António Tavares, membros da Mesa Administrativa e da Comissão de Apoio Executiva do Centro Hospitalar Conde de Ferreira (CHCF), Irmãos, colaboradores, os vereadores da Câmara Municipal do Porto Manuel Gonçalves (em representação do Presidente) e Guilhermina Rego, o deputado Manuel Pizarro, entre outros convidados.

Pelas 09h00 foi inaugurada uma exposição no Museu do estabelecimento dedicada ao aniversário, seguindo ‑se a eucaristia na capela do CHCF, presidida pelo Capelão‑‑Mor da Misericórdia do Porto, Pe. Américo Aguiar, e

130 anos com os olhos no futuroCentro Hospitalar Conde de Ferreira

O primeiro hospital construído

de raiz em Portugal na área da

saúde mental, por imposição

testamentária do Conde

de Ferreira, foi inaugurado

a 24 de Março de 1883.

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17Reconstituição histórica, nas comemorações dos 130 anos do Centro Hospitalar Conde de Ferreira. Esta recriação deu vida a habitantes e visitantes célebres do hospital (Rei D. Manuel II, Camilo Castelo Branco, Raul Proença, Ângelo de Lima...), protagonizada por utentes e colaboradores da Misericórdia do Porto, com o apoio do Hospital Magalhães Lemos, TEP, Seiva Trupe, entre outras entidades.

co ‑celebrada pelo capelão do estabelecimento, Pe. José Lopes Baptista.

Após homenagem ao Benfeitor, com deposição de coroa de flores na estátua, o Provedor plantou a 130ª árvore e inaugurou o Largo Conde de Ferreira, totalmente reabilitado.

Seguiu ‑se uma reconstituição histórica, que deu vida a habitantes e visitantes célebres do hospital (Rei D. Manuel II, Camilo Castelo Branco, Raul Proença, Ângelo de Lima...), protagonizada por utentes e colaboradores da instituição, com o apoio do Hospital Magalhães Lemos, TEP, Seiva Trupe, entre outras entidades.

Na sua intervenção, o Provedor fez a ponte entre o passado, o presente e o futuro do CHCF, que volta a ganhar uma posição de destaque na Psiquiatria nacional. É exemplo o projeto de requalificação da quinta do CHCF, com mais de 4 hectares, apresentado publicamente. “Será um dos Projectos de maior dimensão europeia em termos da constituição de 286 hortas sociais, cuja função é de reabilitação e terapia para os doentes do centro hospitalar”, afirmou António Tavares.

O projeto “Horta à Porta” será desenvolvido em parceria com a LIPOR e estará aberto “à comunidade”, acrescentou o Provedor. O protocolo foi assinado durante a cerimónia de aniversário por António Tavares e por Manuel Gonçalves, Administrador (Porto) da LIPOR.

As comemorações do 130.º aniversário do CHCF terminaram com a atuação do Grupo de Folclore da Escola Infante D. Henrique, outra instituição da Invicta que comemora igualmente este ano 130 anos de existência.

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No dia 14 de Março comemora ‑se o aniversário da Fundação da Misericórdia do Porto, este ano, a

celebração decorreu no domingo seguinte, dia 17 de Março.

Uma data revestida de grande significado para todos os Irmãos e colaboradores, que dia após dia, continuam a realizar as 14 Obras de Misericórdia à luz da Moderna Doutrina Social da Igreja.

Assinalamos esta data num período em que o país e o mundo atravessam uma das maiores crises da sua história, esta grave situação não nos pode deixar de braços caídos, antes pelo contrário, nunca como hoje os mais fracos e desprotegidos precisam tanto do nosso apoio e dedicação, só uma Misericórdia pujante, moderna e capaz de estar à altura dos tempos, pode dar significado à sua existência.

Na sessão comemorativa saliente ‑se a presença do Provedor António Tavares e dos restantes membros da Mesa Administrativa, além dos Irmãos e colaboradores da instituição, bem como de vários convidados.

A cerimónia teve início pelas 16.00h com a celebração da eucaristia, que foi presidida por D. António Taipa, Bispo Auxiliar do Porto, e concelebrada pelo Capelão Mor,

Pe. Américo Aguiar, pelo Capelão do Estabelecimento Prisional Especial de Santa Cruz do Bispo Pe. Davide Matamá, pelo Capelão do Colégio Barão de Nova Sintra Pe. Abílio Rodrigues e o Diácono Fernando Almeida.

Após a eucaristia, decorreu, na Galeria dos Benfeitores, a entronização dos novos Irmãos. Os colaboradores aposentados em 2012 também foram homenageados, recebendo um saleiro da Misericórdia, e os que se dedicam à instituição há 25 anos também foram homenageados com um pin de prata da Instituição.

514 anos ao serviço dos que mais precisam

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Seguidamente foi apresentado o livro das Actas das primeiras jornadas do Património Artístico, pelo Prof. Doutor Gonçalo de Vasconcelos e Sousa.

Colaboradores com 25 anos de serviço em 2012: Fernando Pinto Sousa; Maria Celeste Ferreira Silva; Maria Conceição Silva Moreira; Maria de Fátima Santos Silva Villa; Maria da Graça S. Pereira Oliveira; Maria Helena Carvas.

Aposentados em 2012: Ana Fernanda Sousa Fernandes; António Joaquim Teixeira Mota; António Luís Abranches Canto Moniz; António Macedo Rocha; Armando Augusto Canhota; Artur Manuel Monteiro Batista; Eva Sousa Ramos; Ilda Oliveira Guimarães Silva; Manuel Miranda Marques; Maria de Fátima C. Silva Azevedo; Maria Fernandes Matos Nunes; Maria José Nascimento Magalhães; Maria Manuela Araújo Pinto Mesquita. M

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Como é tradição, no segundo domingo do mês de maio assinala ‑se o dia de Nossa Senhora da Misericórdia,

Padroeira da Santa Casa da Misericórdia do Porto.

Este ano, a cerimónia teve início pelas 11h00 na Igreja Privativa, onde foi celebrada uma eucaristia presidida pelo Pe. Américo Aguiar, Capelão Mor da Instituição.

Durante a homilia, o Pe. Américo Aguiar realçou o papel levado a cabo pela Santa Casa, através dos seus estabelecimentos, e pelas Ordens Terceiras no cumprimento das catorze obras de Misericórdia, neste contexto de crise social e económica, e elogiou o papel dos Homens e das Mulheres que diariamente dão o seu melhor junto dos mais carenciados.

A cerimónia contou com as presenças do Provedor António Tavares e dos restantes membros da Mesa Administrativa, dos Irmãos, dos Provedores das Ordens Terceiras da cidade do Porto, dos utentes e dos colaboradores da instituição.

No final da cerimónia, fez ‑se a apresentação do livro de Atas do II Congresso de História da Santa Casa da Misericórdia do Porto, o Mesário do Culto e da Cultura, Prof. Doutor Ribeiro da Silva realçou o facto de se ter conseguido publicar o Livro em tempo record, uma vez que o congresso se realizou em março do ano passado e em dezembro já estar pronto.

Para fazer a apresentação do livro, foi convidado o historiador Joel Cleto, que fez um resumo da obra, que considerou de grande interesse histórico para a cidade do Porto.

Seguiu ‑se a assinatura de um Protocolo entre o Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica do Porto representada pelo Dr. Matos Ferreira, e a Misericórdia do Porto, representada pelo Provedor, para a elaboração da História da Santa Casa da Misericórdia do Porto em quatro volumes.

O Provedor, António Tavares salientou a facto de ser da maior importância para a cidade e mesmo para o país a assinatura deste protocolo. M

Dia de Nossa Senhora da Misericórdia

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Hospital da Prelada

públicas ou privadas, prestadoras de cuidados de saúde, que se tenham destacado por promover e implementar princípios e ações de sustentabilidade com impacto tangível na saúde.

O Hospital da Prelada foi, uma vez mais, distinguido com a integração na shortlist final.

O “reconhecimento público do trabalho desenvolvido” pelo médico ao serviço da Instituição foi protagonizado pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares.

A cerimónia de homenagem ao cirurgião Canto Moniz decorreu no dia 13 de junho, pelas 18h30, no auditório do Hospital da Prelada (HP).

O evento contou com a participação do Vice ‑Provedor, José Caiano, do Vice ‑Provedor Fernando Gomes, mesários, diretores de departamentos e estabelecimentos da instituição, colaboradores do hospital, familiares e amigos do homenageado.

“Em nome pessoal, da Mesa Administrativa, da Santa Casa da Misericórdia do Porto e da sua comunidade de Irmãos e amigos, quero manifestar ‑lhe o nosso muito obrigado e a lembrança que a Misericórdia do Porto não o esquece”, destacou António Tavares.

“Obrigado por ter dado muito de si, como responsável médico, responsável clínico, cidadão e Irmão da Miseri‑córdia do Porto”, acrescentou.

Canto Moniz fez um discurso emocionado, recordando colaboradores e momentos marcantes do estabelecimento, do qual já foi diretor clínico. O médico enfatizou, ainda,

o caminho percorrido “de participação na comunidade, ao serviço da Misericórdia do Porto”. “Tive o prazer de participar na reestruturação que se verifica na área da saúde da instituição”, reforçou.

Após a cerimónia, os colaboradores do estabelecimento promoveram um jantar de homenagem ao médico, que decorreu no refeitório do HP.

Misericórdia homenageia Canto Moniz

Hospital da Prelada finalista dos Prémios Saúde Sustentável 2012O estabelecimento da Misericórdia foi selecionado, pelo segundo ano consecutivo, como um dos 5 melhores ao nível nacional na categoria “Cuidados Hospitalares e Unidades Locais de Saúde”.

A cerimónia de entrega dos Prémios Saúde Sustentável decorreu em Lisboa no dia 15 de abril. O Diretor Clínico do Hospital da Prelada, Varejão Pinto, e o Coordenador do Gabinete de Imagem e Comunicação da Misericórdia do Porto, Luís Pedro Martins, representaram a instituição durante o evento, que contou com a participação do Ministro da Saúde, Paulo Macedo.

Os Prémios Saúde Sustentável têm como objetivo dis‑tinguir e premiar entidades, individuais ou coletivas,

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O Hospital da Prelada foi o primeiro hospital IPSS em Portugal a receber a Acreditação em Qualidade por um organismo nacional ou internacional (2007), à época Health Quality Service (HQS), actual Caspe Healthcare Knowledge Systems (CHKS).

Entre os dias 18 e 22 de março, uma equipa de cinco auditores avaliou todas as áreas do estabelecimento em matéria de qualidade: Gestão, Serviços Clínicos, Serviços Não Clínicos, Serviços de Apoio e Administrativos.

O processo de reacreditação incluiu entrevistas à gestão de topo e chefias intermédias, consulta de documentos,

Áreas em que o HP se destaca ao nível da excelência clínica: Ortopedia (Artroplastias de Anca e do Joelho; Tratamento Cirúrgico da Fratura Proximal do Fémur) e Cirurgia de Ambulatório.

O SINAS avalia anualmente, desde 2010, a qualidade global das unidades de saúde e o estabelecimento da Misericórdia do Porto aderiu, desde o primeiro momento, a este projeto, obtendo sempre resultados de excelência.

Ortopedia e Ambulatório de excelênciaO Hospital da Prelada foi, uma vez mais, reconhecido como unidade de saúde 5 estrelas, sendo considerado um dos melhores ao nível nacional. O Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS), da Entidade Reguladora da Saúde, voltou a atribuir nota máxima ao estabelecimento da Misericórdia do Porto.

O HP cumpre todos os parâmetros de qualidade exigidos pelo SINAS, entre 162 hospitais públicos, privados e do setor social.

O estabelecimento recebeu nota positiva nas cinco dimensões da qualidade em análise: Excelência Clínica, Segurança do Doente, Adequação e Conforto das Ins‑talações, Focalização no Utente e Satisfação do Utente.

Reacreditação Total em Qualidade pelo CHKSvistorias às instalações (diurna e noturna) e contacto direto com colaboradores e utentes.

A auditoria culminou com uma sessão de feedback no auditório do hospital. Mais de uma centena de colabo‑radores tomaram conhecimento da avaliação preliminar, marcada pelas impressões positivas dos auditores.

A demonstração de uma prática clínica centrada no doente, a melhoria efetiva em matéria de qualidade, as boas e higiénicas instalações, aliadas a um grupo de trabalho motivado e envolvido na cultura de qualidade do estabelecimento estiveram em destaque.

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A apresentação das especialidades de Cirurgia Geral, Ortopedia, Urologia, Medicina Física e Reabilitação, Oftalmologia e Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética coube aos diretores dos serviços.

Varejão Pinto deu, ainda, a conhecer o Centro de Atendimento do Hospital da Prelada. O novo serviço assegura o atendimento rápido e eficiente em horário alargado (das 08h00 às 20h00, de segunda a sexta‑‑feira) e em ambiente multicanal (presencial, via telefone, fax e e ‑mail), respondendo às reais necessidades da população utente.

Perímetro de referenciação do Hospital da Prelada:

ACES – Distrito do Porto: Grande Porto II – Gondomar, Grande Porto III Maia/ Valongo, Grande Porto IV – Póvoa do Varzim/Vila do Conde, Grande Porto V – Porto Ocidental, Grande Porto VI – Porto Oriental, Grande Porto VII – Gaia

ACES – Distrito de Aveiro: Grande Porto VIII – Espinho Gaia

articulação entre setor público, privado e social. “Fazemos melhor com menos custos”, destacou o Provedor.

Lord Nigel Crisp esteve de visita ao nosso país no âmbito da ação do Health Cluster Portugal ‑ Pólo de Competitividade da Saúde, o qual integra a Misericórdia do Porto.

Provedor António Tavares recebeu o ex ‑Diretor do Serviço Nacional de Saúde inglês e deu a conhecer a oferta de saúde da instituição.

A receção de Lord Nigel Crisp decorreu no dia 20 de março, no auditório do Hospital da Prelada, e contou com a presença do Vice ‑Provedor José Caiano, do Administrador Executivo, Ilídio Lobão, e do Diretor Clínico, Varejão Pinto.

A tradição secular da Misericórdia do Porto na oferta de cuidados de saúde à comunidade foi enaltecida pelo Provedor, que criticou a tomada de decisões políticas em matérias estratégicas do país.

António Tavares apresentou os serviços e valências do HP e do Centro Hospitalar Conde de Ferreira, os respetivos indicadores de atividade e sugestões de melhoria na

Lord Nigel Crisp visita Misericórdia do Porto

Hospital da Prelada reuniu com Agrupamentos de Centros de Saúde Médicos de Família dos distritos de Porto e Aveiro receberam informação sobre a atividade do estabelecimento da Misericórdia do Porto.

A criação das Unidades de Saúde Familiar e a reorganização dos Centros de Saúde trouxeram novos procedimentos ao nível dos Cuidados de Saúde Primários, que visam responder com maior satisfação e eficácia às necessidades da população utente.

Neste sentido, os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) do perímetro de referenciação do Hospital da Prelada participaram numa sessão de esclarecimento sobre a referenciação via ALERT, os serviços, as principais patologias tratadas e as mais recentes técnicas utilizadas no estabelecimento.

O Provedor da Misericórdia do Porto, António Tavares, deu início à sessão, destacando a importância de uma “relação de proximidade” entre Médicos de Família e Hospital da Prelada.

Perante mais de 30 clínicos e representantes de ACES, o Diretor Clínico do hospital, Varejão Pinto, revelou alguns indicadores da atividade do estabelecimento em 2011 e 2012: número total de Consultas Externas, Cirurgias (Internamento e Ambulatório) e Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica.

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O médico do serviço de Medicina Física e Reabilitação (MFR) do Hospital da Prelada foi eleito representante da Europa, Mediterrâneo Oriental e África na Assembleia de Delegados da International Society of Phisical and Rehabilitation Medicine, a sociedade internacional da especialidade. “Pessoalmente é um motivo de orgulho”, atesta Renato Nunes.

“A ligação com as Sociedades Europeia e Mundial de MFR trouxe ‑me o reconhecimento dos colegas e das entidades”, acrescenta.

Membro da Sociedade Portuguesa de MFR há seis anos e Secretário Adjunto da Sociedade Europeia desde 2011, Renato Nunes acredita que esta distinção internacional “trará benefícios para o serviço de MFR e para o Hospital da Prelada”.

E explica porquê: “O reconhecimento dos seus profissionais poderá aumentar o número de convites para formação e palestras, assim como trazer eventos científicos para o hospital, dinamizando a atividade científica do serviço”.

“Esta especialidade tem feito um percurso de afirmação, nomeadamente no estrangeiro. A Sociedade Portuguesa de MFR tem conseguido fazer esse trabalho, o que tem trazido muitos benefícios. O nosso modelo tem servido

de exemplo para outras sociedades organizarem a especialidade no seu próprio país”, revela o Fisiatra.

De acordo com Renato Nunes, “o contato e o contributo que podemos dar ao nível europeu e mundial é benéfico”. “Podemos avaliar como estão a funcionar os serviços de especialidade no estrangeiro, quais são as políticas de organização e daí recolher benefícios ao nível da Sociedade Portuguesa, de Portugal e do Hospital da Prelada”, conclui.

Renato Nunes reconhecido internacionalmente

O I Ciclo Cultural do serviço de Medicina Física e Reabilitação do Hospital da Prelada promoveu um sarau musical e a representação de uma peça de teatro, nos dias 2 de maio e 12 de junho, respetivamente.

Os espetáculos pretendem “minorar e adocicar um pouco os dias que os nossos doentes passam no hospital”, justificou Ruben Almeida, diretor do serviço.

Em junho, a peça “D. Perpétua Alegria, inconsolável viúva” levou à cena quatro atores do Grupo de Teatro da Universidade Sénior Rotary de Matosinhos (USRM). Pelas 17h00, as pancadas de Moliére deram início à representação.

À mesma hora, em maio, 12 elementos do Grupo de Violas e Cavaquinhos, sob a direção musical de Augusto Correia, protagonizaram o sarau musical, interpretando músicas de cariz popular.

“O nosso trabalho é essencialmente solidário, dando apoio e levando a nossa música a pessoas que, de outra forma, não nos ouviriam”, explicou Natália Vale, porta ‑voz da USRM.

Os dois eventos culturais contaram com cerca de 150 utentes do hospital, suas famílias, colaboradores e voluntários do estabelecimento.

Cinema de reabilitação

Em finais de 2012, o serviço de Medicina Física e Reabilitação promoveu sessões de cinema para os seus utentes, transformando o auditório do estabelecimento em sala de sétima arte.

A iniciativa decorreu nos dias 18 de outubro, 21 de novembro e 19 de dezembro, proporcionando uma tarde diferente aos doentes internados.

Teatro, música e cinema libertaram sorrisos no hospital

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Misericórdia do Porto e Câmara de Baião firmam protocoloO Provedor António Tavares, e o presidente da Câmara Municipal de Baião, José Luís Carneiro, assinaram no dia 11 de junho um protocolo que viabiliza a participação de Diana Coelho, atleta do DAHP – Desporto Adaptado do Hospital da Prelada, nos Campeonatos do Mundo de Orientação de Precisão 2013.

Natural de Baião, Diana Coelho é atleta do DAHP desde 2009, altura em que o núcleo relançou a modalidade de Orientação de Precisão em Portugal.

Os Campeonatos do Mundo de Orientação de Precisão vão decorrer entre os dias 6 e 14 de julho, na Finlândia, e contarão com mais atletas do DAHP: Ricardo Pinto (classe Paralímpica) e Joaquim Margarido (classe Aberta).

Hospital da Prelada é parceiro de investigação em engenharia biomédicaO serviço de Medicina Física e Reabilitação do Hospital da Prelada é o laboratório de experiências de João Lacerda e Tiago Marques no desenvolvimento de novas ferramentas nesta área, fruto de um protocolo entre a Santa Casa da Misericórdia do Porto e a Universidade do Minho.

“Para nós foi extremamente gratificante”, afirmou o Provedor da Misericórdia do Porto em entrevista à SIC. “Não o fizemos por questões de negócio propriamente dito mas, acima de tudo, por uma instituição, como a Misericórdia do Porto, que tem uma grande tradição na área da Medicina Física e Reabilitação”, acrescentou. É “importante estar ao lado daquelas que são, ou podem ser, as novas tendências de futuro neste domínio”, destacou António Tavares.

A parceria entre o HP e os Engenheiros Biomédicos, recém ‑licenciados, permitiu o desenvolvimento de um sistema que converte cadeiras de rodas manuais em elétricas. São mais leves, mais baratas e, acima de tudo, facilitam a autonomia dos doentes.

O desafio de conceber um apoio que corrija a postura de doentes com paralisia nos membros superiores também foi superado. A ortótese já recebeu os elogios da comunidade médica, colheu interesse de hospitais estrangeiros e foi premiada com o primeiro lugar do

“Prémio de Inovação Tecnológica Eng. Jaime Filipe 2012”, pelo Instituto Nacional de Reabilitação.

"A vantagem é a prevenção da dor no ombro, [que nos doentes] com AVC ou lesão vertebro ‑medular é derivada da sobreluxação que existe pelo peso do membro paralisado”, explicou Rúben Almeida, diretor do serviço de Medicina Física e Reabilitação. A ortótese “faz um bom apoio do ombro e, ao mesmo tempo, permite posicionar o membro contrariando a tendência para a deformidade, derivada da espasticidade”, acrescentou.

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A edição de março da revista da Federação Internacional de Orientação dedica duas páginas à modalidade de Orientação de Precisão (pp. 14 ‑15). “Falar de TrailO em Portugal é falar do DAHP ‑ Desporto Adaptado do Hospital da Prelada”, lê ‑se.

A “Inside Orienteering”, com seis publicações anuais, regista as principais competições da modalidade de Orientação ao nível mundial. Na segunda publicação de 2013 foi dado destaque à Orientação de Precisão (TrailO em inglês) e ao seu representante máximo no nosso país: o DAHP.

“Apoiado pelo Grupo Desportivo dos 4 Caminhos, um dos clubes portugueses mais ativos, o projeto ganhou vida a 14 de Março de 2009 com a presença de três atletas Paralímpicos do DAHP numa prova organizada no Porto", revela o artigo, recordando que “foi com um pequeno grupo de profissionais [do HP] que foi dada vida à ideia de fazer renascer o TrailO em Portugal”.

“Quatro anos depois, o TrailO é uma realidade sólida em Portugal e o DAHP continua a ser a maior referência da modalidade. Os dinâmicos elementos do grupo ‑ Fisiatras, Fisioterapeutas, Enfermeiros, Psicólogos e outros profissionais de saúde ‑ veem o TrailO como o desporto inclusivo por excelência”, lê ‑se.

“Entre muitas outras coisas que constituem a bonita história da Orientação de Precisão em Portugal e têm o selo do DAHP, destaca ‑se o Circuito de Orientação de Precisão “Todos Diferentes, Todos Iguais”; já decorreram 16 provas em pouco mais de dois anos”, continua o artigo.

A primeira representação de Portugal em Campeonatos do Mundo de Orientação (Junho de 2012, Escócia) com dois atletas – Ricardo Pinto (classe Paralímpica) e Joaquim Margarido (classe Aberta) – também não foi esquecida.

Revista “Inside Orienteering” destaca DAHP

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Carlos Lopes: Atleta pratica corrida de forma regular desde 2006, com uma média semanal de 70 km, tendo já participado em mais de 250 provas. Sem equipa, em algumas provas representa o Mirantense Futebol Clube. Em 2011 correu a Maratona de Lisboa com um carrinho de bebé, tendo feito o percurso em 3h45. Este ano fez o percurso em 4h06, empurrando a cadeira de rodas de Ricardo Pinto.

“A Minha Corrida é o Sorriso do Ricardo”A 27.ª Maratona de Lisboa, que decorreu a 09 de dezembro de 2012, ficou marcada pelo projeto solidário “A Minha Corrida é o Sorriso do Ricardo”.

Ricardo Pinto, atleta do DAHP – Desporto Adaptado do Hospital da Prelada, e o maratonista Carlos Lopes correram juntos os 42 quilómetros da prova, cumprindo assim o sonho de ambos. Os atletas precisaram de 04h06 para o trajeto, um tempo recorde tendo em conta que Carlos Lopes empurrou a cadeira de rodas do Ricardo durante todo o percurso.

A união entre os dois atletas surgiu do desejo do maratonista em dar a oportunidade a uma pessoa em cadeira de rodas de participar numa maratona. Para Ricardo Pinto, “é uma experiência a repetir”. “Foi muito cansativo mas muito bom. Tivemos muito apoio de todos os patrocinadores, aos quais agradecemos, e de muitos atletas que nos acompanharam ao longo do percurso, correndo a par connosco”, continua o atleta do DAHP.

Quem é?

Ricardo Pinto: Atleta do DAHP – Desporto Adaptado do Hospital da Prelada, utente deste estabelecimento de saúde da Santa Casa da Misericórdia do Porto, representou Portugal nos Campeonatos do Mundo de Orientação 2012 (Escócia), voltará a estar presente na edição 2013 (Finlândia) e é uma referência nacional da modalidade de Orientação de Precisão.

Desporto para Todos reuniu 400 participantesO DAHP – Desporto Adaptado do Hospital da Prelada organizou, com o apoio técnico e logístico do GD4C – Grupo Desportivo dos Quatro Caminhos, provas de Orientação em Viana do Castelo, mobilizando mais de 400 pessoas, incluindo alguns dos melhores atletas nacionais da modalidade.

No dia 01 de junho, 65 atletas participaram no "Troféu O ‑Precisão Viana do Castelo ‑ Fica no Coração", pontuável para a Taça de Portugal de Orientação de Precisão 2013 (etapa 5) e para o III Circuito de Orientação de Precisão (etapa 7).

Para além da prova de Orientação de Precisão (classes Aberta e Paralímpica), a Praia da Amorosa também proporcionou provas de Orientação Pedestre e Adaptada.

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Curso reuniu especialistas no Hospital da PreladaO estabelecimento de saúde acolheu, no dia 26 de janeiro, mais de 30 especialistas no âmbito do Curso de Ecografia Musculoesquelética.

Dirigido por Rúben Almeida, diretor do Serviço de Medicina Física e Reabilitação do Hospital da Prelada, Carmen Moragues, Reumatologista do Hospital Platon (Barcelona, Espanha), e Juan José de Agustín, Reumatologista do Hospital Vall d’Hebron (Barcelona, Espanha), o curso teórico ‑prático do aparelho locomotor incluiu práticas com casos clínicos selecionados.

Fisiatras, Ortopedistas e Reumatologistas de hospitais do norte do país receberam formação sobre exploração sistemática ecográfica e patologias mais frequentes das extremidades superiores e inferiores.

A componente teórica decorreu no Auditório do hospital e a prática realizou ‑se no Ginásio de Ambulatório, oferecendo excelentes condições de trabalho a formadores e formandos, com demonstrações ao vivo de exploração sistemática ecográfica (em pacientes e modelos sãos) e punções ecoguiadas.

Grupo terapêutico para pessoas com deficiência

“Somos sobreviventes”, afirmou a escritora e jornalista Luísa Castel ‑Branco no seu testemunho enquanto vítima de AVC.

O Grupo Terapêutico de Reflexão e Partilha “De Igual para Igual” reuniu mais de 70 participantes a 16 de janeiro, no Hospital da Prelada.

Dirigida a doentes do serviço de Medicina Física e Reabilitação, tanto em regime de internamento como de ambulatório, a sessão contou com o testemunho de convidados vítimas de Lesão Vertebro ‑Medular, de Traumatismo Crânio ‑Encefálico e de Acidente Vascular Cerebral.

Luísa Castel ‑Branco partilhou as suas experiências, incentivando ao debate. A escritora e jornalista interveio via Skype.

“Somos sobreviventes. Sinto ‑me totalmente vitoriosa por ter tido um AVC e ter sobrevivido. Essa é a principal lição de vida”, afirmou Luísa Castel ‑Branco.

Durante a sessão, a Psicóloga Sara Silva e a Assistente Social Teresa Soares apresentaram um Manual de Recursos e uma plataforma web que, sob o formato de pergunta e resposta, esclarecem as principais dúvidas dos doentes com deficiência. O Manual de Recursos é publicado pelo Hospital da Prelada e o site pode ser acedido em www.deigualparaigual.com.

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Voluntariado assinalou Dia Mundial da SaúdeSaúde e afetos serviram de mote à ação desenvolvida a 08 de abril. Ao longo do dia, o Serviço de Voluntariado do Hospital da Prelada distribuiu pelos utentes marcadores de livros personalizados.

À informação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a Hipertensão (riscos e prevenção) uniram ‑se mensagens pessoais de Voluntários do estabelecimento.

O serviço esteve representado por dez Voluntários, percorrendo todos os serviços de Internamento, os dois Ginásios de Medicina Física e Reabilitação, Consultas Externas, Imagiologia e Análises Clínicas.

Grupo de Obesidade participou na Corrida Dia do PaiA décima edição da EDP Gás Corrida Dia do Pai, no dia 17 de março, contou com a participação de um grupo do Hospital da Prelada. Cinco doentes do Grupo de Intervenção Psicológica em fase de Pós ‑Colocação de Banda Gástrica percorreram os 7 km da prova, com partida e chegada junto ao Parque da Cidade (Porto).

“A ideia de participar surgiu no âmbito do grupo de intervenção psicológica, iniciado a 26 de fevereiro. Na sessão dedicada à atividade física foi colocada a hipótese

de realizarmos a caminhada, como forma de motivar este grupo na promoção de um estilo de vida saudável e dá ‑lo como exemplo em futuras intervenções”, explica a psicóloga Clara Estima.

“As ações de intervenção em grupo dividem ‑se por oito sessões, contando com a participação das várias especialidades da equipa multidisciplinar do HP, envolvidas no tratamento cirúrgico da obesidade”, acrescenta a Psicóloga.

Enfermeiras aderem a flash mobO Dia Europeu do Enfermeiro Perioperatório foi assinalado a 15 de fevereiro com uma flash mob em frente à estação do Metro da Trindade. Pelas 15h30, cerca de 60 enfermeiros de todos os hospitais da cidade do Porto protagonizaram uma dança coreografada. O evento contou com a participação de quatro enfermeiras do Bloco Operatório do Hospital da Prelada.

A flash mob foi promovida pela Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações Portugueses e mobilizou cerca de 400 profissionais de Braga, Bragança, Porto, Coimbra, Anadia, Torres Vedras, Abrantes, Lisboa, Beja e Algarve.

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“Vamos cumprir os objetivos traçados para 2012”O Provedor, António Tavares, destacou o empenho de todos os colaboradores num discurso de união no Jantar de Natal do Hospital da Prelada, realizado no dia 17 de dezembro de 2012. A mensagem de “agradecimento e incentivo” pelo “trabalho desenvolvido ao longo do ano” destinou ‑se a “todos os colaboradores” do estabelecimento.

“Agradeço o empenho e a atitude que tiveram este ano. Estou certo que, a manter este comportamento, vamos cumprir os objetivos traçados para 2012”, reforçou António Tavares perante 150 colaboradores, elementos dos órgãos sociais e diretores de estabelecimentos e departamentos da Misericórdia do Porto.

O Provedor partilhou, ainda, que a reunião com o Ministro da Saúde, Paulo Macedo, a 14 de dezembro, permitiu abordar vários projetos da Instituição. “A abertura que o Governo manifestou na nossa candidatura à gestão do Centro de Reabilitação do Norte é uma oportunidade”, enfatizou António Tavares.

António Tavares anunciou, ainda, que o Festival Solidário, promovido pela Rádio Festival no dia 15 de dezembro, permitiu apoiar “mais 60 famílias”, face ao elevado número de produtos alimentares e de vestuário recolhidos ao longo do dia.

Dia Mundial do DoenteInstituído a 11 de fevereiro de 1992 pelo Papa João Paulo II, o Dia Mundial do Doente é consagrado à reflexão, partilha e oração. Este ano, o Papa Bento XVI convidou as comunidades católicas a intensificarem o serviço da caridade, em particular junto dos doentes, evocando

o exemplo de Madre Teresa de Calcutá (1910 ‑1997). No Hospital da Prelada, o Dia Mundial do Doente foi assinalado com uma missa na capela do estabelecimento e a oferta de flores. M

Hospital da Prelada assinalou 24.º aniversárioA música deu o tom para a comemoração de mais um aniversário do estabelecimento, a 26 de novembro de 2012. Os utentes foram surpreendidos, ao longo do dia, com alguns dos maiores clássicos do jazz e da bossa nova, interpretados pela vocalista Maria de Deus e o pianista António Carneiro.

Pelas 17h30, o auditório do Hospital da Prelada acolheu com uma sessão de honra. O Provedor, António Tavares, evocou “a memória coletiva” da Instituição e recordou a “decisão acertada do Provedor Dr. Domingos Braga da Cruz em criar o Hospital, tendo em conta o quadro da Saúde em Portugal, no qual o Norte era carenciado”.

“Estamos aqui para assinalar a abertura deste equipamento e indicar o caminho para o ano de 2013, lembrando os novos Voluntários”, continuou António Tavares. “Representam uma mensagem positiva da sociedade”, reforçou. “Em nome da Santa Casa da Misericórdia do Porto agradeço, de modo muito especial, terem aceitado o convite de integrarem este serviço. Para nós é um privilégio muito grande tê ‑los connosco”, afirmou.

“Sei que para muitos dos nossos colaboradores são momentos difíceis. Há uma promessa que posso deixar: continuar, todos os dias, nesta grande batalha do HP ser o melhor hospital em Portugal”, continuou António Tavares, deixando “uma nota de otimismo no futuro, alicerçado numa ideia de confiança, esperança e fé”.

Depois da Missa Comemorativa do Aniversário, na capela do estabelecimento descerrou‑se uma fotografia do Pe. António Pinho, capelão do hospital entre 1988‑2011.

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As novas 130 árvores do CondeAinda no âmbito das comemorações do 130º aniversário do estabelecimento da Misericórdia do Porto, o Centro Hospitalar Conde de Ferreira (CHCF) plantou tantas árvores quanto o número de anos de existência.

O plantio foi feito por Mesários, utentes e colaboradores do estabelecimento, com o apoio da equipa de Jardinagem e Terapêutica Ocupacional do CHCF e do Centro Integrado de Apoio à Deficiência.

Filo ‑café recordou Ângelo de Lima

Centro Hospitalar Conde de Ferreira

Atividades terapêuticasO Serviço de Terapia Ocupacional (STO) do Centro Hospita‑lar Conde de Ferreira promove, periodicamente, atividades para os utentes do estabelecimento, envolvendo todas as valências.

Em maio destacou ‑se a prática desportiva com uma competição de Jogos Tradicionais nos jardins do Centro de Dia para Doentes de Alzheimer e Outras Demências “S. João de Deus”. Entre os dias 21 e 23 houve Corrida de

Pés Atados, Jogo do Lenço, Tiro às Latas, Jogo da Macaca, Corrida das Colheres e Jogo do Balão. A cerimónia de entrega dos prémios aos três primeiros classificados de cada modalidade ficou reservada para o último dia.

Em abril, a competição centrou ‑se nos Jogos de Mesa. Mais de duas dezenas de utentes participaram no torneio de Damas, Sueca e Dominó, que decorreu nos dias 15, 16 e 18, no ginásio do estabelecimento.

A vida e obra do pintor e poeta portuense Ângelo de Lima, que esteve internado no Hospital Conde de Ferreira nos finais do século XIX, esteve em debate, no passado dia 15 de junho, no auditório deste estabelecimento da Misericórdia do Porto.

O evento, organizado pela Associação Cultural Extrapolar e pelo Centro Hospitalar Conde de Ferreira, reuniu cerca de 40 pessoas.

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32“Caça aos Ovos da Páscoa”

O peddy papper, organizado pelo Serviço de Terapia Ocupacional (STO) na manhã do dia 01 de abril, colocou desafios aos utentes do CHCF. Ao longo do percurso foram desvendadas perguntas sobre o estabelecimento, tendo como objetivo último encontrar ovos da Páscoa.

Festa de Carnaval

O STO organizou, no dia 07 de fevereiro, mais uma festa de Carnaval do estabelecimento, que ficou marcada pela originalidade das máscaras, música e farturas.

Ao longo da tarde, utentes e colaboradores das várias Enfermarias, do Hospital de Dia e do Centro de Dia para Doentes de Alzheimer e Outras Demências “S. João de Deus” participaram no evento.

O auditório do Centro Hospitalar Conde de Ferreira acolheu, a 05 de fevereiro, a comunidade hospitalar para a primeira atuação do ano do Grupo de Práticas Teatrais.

Os atores, utentes do estabelecimento, deram vida às personagens do livro “D. Quixote de la Mancha”, escrito pelo espanhol Miguel Cervantes.

O tom humorístico envolveu a representação das aventuras de D. Quixote e do seu escudeiro Sancho Pança, encenadas pelo professor de teatro João Pereira.

Noite Lírica de NatalA capela do Centro Hospitalar Conde de Ferreira acolheu, a 20 de dezembro de 2012, o espetáculo acústico “Sonata”, sob a direção musical do professor Rui Mesquita. A sonoridade lírica e clássica marcou as interpretações do tenor Nuno Oliveira Montalto, do pianista Rui Mesquita e da orquestra de cordas da escola de música “Arteduca”.

Pelas 21h30 teve início um espetáculo único, dirigido à comunidade intra e extra hospitalar, reforçando a oferta cultural da cidade do Porto nesta quadra Natalícia.

No mesmo dia, durante a tarde, decorreu a tradicional Festa de Natal do estabelecimento, mobilizando toda a comunidade hospitalar. Pelas 14h30, as enfermarias e unidades do CHCF subiram ao placo, protagonizando

pequenas atuações de música e dança. O Serviço de Terapia Ocupacional organizou a festa.

D. Quixote de la Mancha no palco do CondeRepresentação pelo Grupo de Práticas Teatrais do Centro Hospitalar Conde de Ferreira

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Cantar as JaneirasO CHCF acolheu, a 09 de janeiro de 2013, o Grupo de Folclore da Escola Secundária Infante D. Henrique. Trajado a rigor, com vestes tradicionais de princípios do século XX, o grupo cantou as Janeiras para os utentes do estabelecimento.

Ao som de instrumentos típicos como a viola, o bombo, o acordeão e o reco ‑reco, os utentes envolveram ‑se nas atuações, mantendo viva a cultura popular de assinalar o Dia de Reis.

O cantar das Janeiras percorreu todas as enfermarias do estabelecimento, a Unidade de Cuidados Continuados Integrados e o Centro de Dia para Doentes de Alzheimer.

II Colóquio de História da Psiquiatria contou com mais de uma centena de participantes Sob o tema “Nas Fronteiras da Psiquiatria? Da Neuropsiquiatria à Psicocirurgia”, o II Colóquio de História da Psiquiatria reuniu mais de uma centena de especialistas nacionais e internacionais, estudantes e profissionais da área da saúde.

O auditório do Centro Hospitalar Conde de Ferreira (CHCF) acolheu os trabalhos no dia 07 de dezembro de 2012, promovendo o debate ibérico sobre as relações históricas entre a Psiquiatria e a Neurologia.

“A Santa Casa da Misericórdia do Porto, devido ao histórico papel nesta área, não pode ficar indiferente e de costas voltadas para esta realidade”, destacou o Provedor, António Tavares, na sessão de abertura. “É de fronteiras que este colóquio trata, um tema que está em discussão na sociedade civil”, reforçou.

Para António Tavares, o CHCF “deve manter a ligação à comunidade científica”, quer pela organização de eventos, quer pela publicação das intervenções científicas. O Provedor fazia, assim, referência ao livro de atas do primeiro colóquio, decorrido em 2010 sob o título “Luzes e Sombras do Alienismo em Portugal”.

O lançamento da obra, publicada pela Misericórdia do Porto, esteve a cargo do Mesário e Presidente da Comissão de Apoio Executiva do CHCF, Filipe Macedo, e do Diretor Clínico do estabelecimento, Adrián Gramary. Foram oferecidos exemplares do livro aos autores das intervenções científicas.

Neste II Colóquio estiveram em debate as figuras do Professor Magalhães Lemos (paradigma do alienista neuropsiquiatra) e de Egas Moniz (criador da psicocirurgia), a relação entre a Psiquiatria de Portugal e Espanha e os Museus de História da Psiquiatria/Neurologia nacionais.

Destaca ‑se a participação dos palestrantes e moderadores João Lobo Antunes, Zbigniew Kotowicz, Manuel Correia, Jaime Milheiro, Ana Leonor Pereira, António Barbedo de Oliveira, José Pereira Monteiro, Ângela Salgueiro, Joaquim Ramos, David Simón Lorda, José Morgado Pereira, Carlos Mota Cardoso, Adrián Gramary, Maria da Luz Saraiva, José Álvaro da Silva Lavarinhas, Rosa Rodrigues e João Rui Pita.

O Mesário e Presidente da Comissão de Apoio Executiva do CHCF, Filipe Macedo, e o Administrador Executivo, António Monteiro, encerraram os trabalhos. M

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Diversas atividades foram realizadas ao longo deste semestre. O Projeto Transformers, que está a intervir

no CBNS durante este ano letivo, foi criado por uma associação juvenil que se dedica a combater problemas e desafios sociais emergentes e será desenvolvido por dois mentores na área do vídeo e ténis, atividades estas selecionadas pelas crianças e jovens da Instituição.

Com o Projeto “A Casa vai a Casa” foram realizadas, duas apresentações na Praça de Lisboa com as crianças e jovens do CBNS, a Associação dos Deficientes das Forças Armadas e o Centro Social Exército da Salvação. Este projeto realizado no CBNS durante os meses de outubro e novembro, teve como objetivo proporcionar uma vivência musical ativa e seguramente benéfica para quem não se pode deslocar à Casa da Música. O objetivo deste projeto foi também, junto de grupos com um acesso restrito ou inexistente à realização e expressão musical, desenvolverem um trabalho que contribuiu para a reabilitação da autoestima, promovendo o combate à exclusão social e incentivando o espírito de comunidade.

Iniciámos ainda o Programa de Desenvolvimento de Inteligência Emocional, destinado às crianças dos 8 aos 11 anos que tem como principais objetivos trabalhar várias competências emocionais, tais como: a Habilidade de vida e bem‑estar emocional, a consciência, o controlo e a autonomia emocional e habilidades sócio emocionais.

No seguimento do que foi realizado no ano letivo transato, retomámos a parceria com a Faculdade de Direito da Universidade do Porto, com o objetivo deste voluntariado estar incidido no horário do Estudo, no qual têm apoiado semanalmente algumas crianças e jovens do CBNS e terão uma presença importante em algumas atividades a programar fora do período escolar.

No dia 13 de dezembro, o CBNS celebrou a Festa de Natal com uma missa na capela celebrada pelo Exmo. Reverendíssimo Bispo do Porto D. Manuel Clemente e cocelebrada pelo Pe. Américo Aguiar e Pe. Abílio Rodrigues. Seguiu‑se um jantar com as crianças e jovens do Colégio, Provedor António Tavares e elementos da mesa administrativa. O serão incluiu a atuação das Tunas Masculina e Feminina da Faculdade de Direito da Universidade do Porto. A noite terminou no Salão de Festas do CBNS, com a presença das famílias das crianças e jovens e com estas a protagonizarem uma peça de

teatro, um número de dança, apresentação do projeto da Casa da Música e a atuação dos Pequenos Cantores.

No período de férias escolares, várias atividades foram desenvolvidas, deslocamo‑nos à Serra da Estrela, a Aveiro para visitar a Base Área de S. Jacinto e a Santa Maria da Feira para conhecer o Maior Presépio do Mundo. No Porto, as crianças e jovens foram conhecer o Pavilhão da Água (Parque da Cidade) e assistiram ao Musical “D’ Artagnan e os Três Mosqueteiros” no Teatro Sá da Bandeira. Dentro do CBNS realizámos oficinas de culinária, torneios de futebol e sessões de cinema. A Passagem de Ano, para alguns jovens, realizou‑se na Torreira, na Colónia de Férias Bissaya Barreto.

Com o início do ano, 2013, o mês de janeiro marcou o início do 2º período letivo e, com ele, o retomar dos projetos realizados ao longo do ano anterior.

No dia 3 de janeiro, o CBNS comemorou o Dia de Reis com uma missa na capela celebrada pelo Pe. Abílio Rodrigues. Seguiu‑se um jantar convívio com as crianças e jovens do Colégio que contaram com a presença da Albertina Amorim. A noite terminou no Salão de Festas do CBNS, com as crianças e jovens a protagonizarem uma peça de teatro e a apresentação de um número de Dança.

No seguimento desta peça de teatro realizada na festa do CBNS, a mesma foi protagonizada pelas crianças nos Lares de Idosos da Misericórdia e no Centro Integrado de Apoio à Deficiência. No dia 7 deslocaram‑se aos Departamentos Centrais da Misericórdia do Porto para cantar as janeiras. Os “Barõezinhos” cantaram para o António Tavares, para a Mesária Albertina Amorim, o Capelão‑Mor Pe. Américo Aguiar, para a Diretora do Departamento de Gestão Administrativa e do Património, D. Carolina Oliveira e para o Capelão do Colégio, Pe. Abílio Rodrigues. No fim da celebração, o Sr. Provedor ofereceu doces às crianças que estavam presentes.

Durante este mês, as crianças e jovens participaram também no 29º Aniversário da Associação dos Antigos Alunos do CBNS.

Para concluir e, no seguimento da avaliação realizada aos jovens do Lar, foram selecionados e, posteriormente integrados, dois jovens para o Projeto do Apartamento de Pré‑Autonomização preenchendo, assim, a capacidade desta resposta.

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35No mês de fevereiro, como forma de comemorar o Carnaval, as crianças e jovens realizaram um desfile com as suas máscaras, seguido de um lanche convívio. Durante o período de pausa escolar realizaram um passeio nos Autocarros Turísticos pela Cidade do Porto e participaram nas atividades no Palácio de Cristal e na Quinta da Bonjóia.

Aproveitámos também a pausa escolar para limpar e organizar o campo de futebol das Águas do Porto para, ser utilizado em diversas atividades. No final desta tarefa, as crianças e jovens foram mimadas com um lanche.

Este mês contámos ainda com a presença, durante dois dias, da RTP com o Programa Praça da Alegria. No primeiro dia, o principal objetivo foi demonstrar as atividades da responsabilidade do Projeto Transformers: Vídeo e Ténis. No segundo, foram demonstradas algumas das atividades que se realizam na Instituição ao longo do ano: Hapkido, Horta Pedagógica, Hora do Conto, Música, Teatro e Atelier de Artes Plásticas. O objetivo desta reportagem prendeu‑se com o facto de darmos a conhecer que o trabalho do CBNS não está focado apenas no suprimir as necessidades básicas mas também, complementar com atividades lúdico‑pedagógicas, fulcrais para o desenvolvimento das crianças e jovens.

No dia 15 de fevereiro contámos com a presença de João Brites, criador do Projeto Transformers para dinamizar, juntamente com João Dantas, o Workshop “Identificação de Problemas e Design de Projetos Sociais”. Com este workshop juntámos diversos técnicos da área social,

para identificar problemas sociais e encontrar formas inovadoras de os resolver. No final do Workshop, João Brites, presenteou as crianças e jovens do CBNS com um número de dança e ensinou alguns passos aos mais curiosos. E com esta iniciativa conseguimos angariar fundos, que nos vão facilitar a execução e promoção de outras atividades, em prol das crianças e jovens.

Para concluir a descrição das atividades de fevereiro, no dia 21 premiamos cinco jovens pelo seu desempenho escolar para uma atividade diferente. Esta atividade foi do agrado de todos e prendeu‑se com um jantar no McDonald’s seguido de um jogo de bowling.

Ao longo do mês de Março diversas atividades foram promovidas às crianças e jovens e, os tempos livres foram aproveitados para recuperar e organizar o campo de futebol no espaço das Águas do Porto.

Este mês recebemos a apresentação do Projeto Rios, cujo objetivo é a conservação dos espaços fluviais, contribuindo para a implementação da Diretiva Quadro da Água. Este projeto propõe a adoção e monitorização de um troço de 500 metros de um rio ou ribeira.

Realizámos também um jogo de basquetebol com o Académico Futebol Clube e um jogo de futebol com o Núcleo de Desporto da Faculdade de Direito. Ambas as atividades foram organizadas juntamente com o voluntariado da Faculdade de Direito da Universidade do Porto e foi do agrado de todos os jovens que participaram.

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36No dia 14 de março os jovens visitaram a 11ª Mostra da Universidade do Porto, no Pavilhão Rosa Mota, esta exposição anual mostra a oferta formativa da Universidade de forma dinâmica e, deste modo, tentámos motivar os jovens que participaram a escolherem uma profissão futura. Nesse mesmo dia, dois jovens receberam um voucher, entregue pelo Provedor António Tavares e pela Mesária Albertina Amorim, de um curso de Informática Jovem a realizar nas férias da Páscoa na Rumos.

No dia seguinte, recebemos no Colégio, a RTP com a gravação em direto do Programa Portugal no Coração.

Retomámos também a noite dedicada ao Cinema, proposta que foi do agrado de todos os jovens.

No âmbito das comemorações Pascais realizámos a Via Sacra e celebrámos a Eucaristia com a bênção de Ramos. No dia 4 de abril realizou‑se a Visita Pascal que teve início com uma pequena celebração na Capela e concluiu‑se com um jantar convívio entre as crianças e jovens e os colaboradores.

Relativamente ao Projeto Transformers, durante o mês de Abril, as crianças que participam na atividade de Ténis, no dia 17, realizaram esta atividade no Clube de Ténis do Porto usufruindo, assim, de uma tarde diferente.

Durante a tarde do dia 27, a Associação dos Antigos Alunos do CBNS esteve presente no Campo das Águas do Porto, onde realizaram, juntamente com os nossos jovens, um jogo de futebol.

Para concluir a descrição das atividades de abril, no fim do mês, tal como aconteceu no final do primeiro período escolar, premiamos sete jovens pelo seu desempenho escolar para uma atividade diferente. Esta atividade foi

do agrado de todos e prendeu‑se com um jantar no McDonald’s seguido de duas partidas de bowling.

O mês de maio, caracterizado como o mês de Maria, as crianças e jovens têm rezado diariamente a novena na Capela do CBNS.

As crianças também participaram, no âmbito das comemorações dos 250 anos da Torre dos Clérigos, no lançamento do livro “Uma Aventura no Porto”. A apresentação contou com a presença das autoras Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães, seguindo‑se uma encenação do capítulo dedicado à Torre dos Clérigos protagonizada pelos alunos do Teatro do Rosário.

Na sequência do Projeto Transformers da atividade Ténis, os jovens foram ao Portugal Open, ao Jamor e realizaram no CBNS a atividade Payback, ou seja, os jovens são desafiados a usar o seu super poder (Ténis) que adquiriram ao longo deste período escolar, para transformar positivamente algo na sua comunidade. Desta forma, convidaram um amigo da escola para estar presente nesta atividade.

Na sequência do Projeto “Horta Pedagógica” o grupo das crianças deslocou‑se à Quinta do Covelo para adquirir alguns conhecimentos para poder aplicar, posteriormente, na Horta do CBNS.

Nos dias 23 e 24 de Maio, e tendo em conta o início das Celebrações do Colégio Barão de Nova Sintra, realizou‑se a 1ª Edição do Curso de Educação Parental, em parceria com a Associação Quero‑te Muito. Com a realização deste Curso reunimos um conjunto de profissionais e estudantes que desenvolveram e promoveram as suas competências e estratégias de trabalho direto com as famílias. E, com esta iniciativa, conseguimos angariar fundos para as atividades das crianças e jovens acolhidas no CBNS.

No dia 26 de Maio, em parceria com a Associação supracitada, realizou‑se a Palestra “Famílias Felizes” que teve como principal objetivo comemorar o Dia Da Família, promovendo algumas competências aos Pais das crianças e jovens acolhidos no CBNS. Após a Palestra, houve um almoço convívio com a presença dos pais, seguindo‑se da execução de telas e um jogo de futebol em família. Estas atividades desenvolvidas no âmbito do Dia da Família foram possíveis de realizar pois recebemos donativos e fizemos parcerias. Aproveitamos para agradecer: Associação Quero‑te Muito, Fábrica de Bolachas Paupério, Paróquia de Jovim, Pastelaria Paparoca da Foz e ao ITAU. M

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Em finais do mês de setembro do ano transato, o Colégio de Nossa Senhora da Esperança via a sua ala

nascente, do edifício antigo, entrar em obras. Integrado no programa de alargamento da rede pré ‑escolar, o primeiro piso foi totalmente intervencionado, criando condições para que a capacidade total da referida resposta fosse ampliada para 175 utentes.

O Colégio reorganizou ‑se internamente, transferindo as suas crianças para outras salas de atividades durante o período da obra, permitindo assim, que em condições de segurança “nascessem” sete salas, uma sala de acolhimento, uma sala de educadoras, um refeitório e um módulo de instalações sanitárias.

A ocupação dos novos espaços ocorreu no dia 02 de abril, coincidindo com o início do terceiro período letivo. Num momento especialmente criado para os pais, foi‑‑lhes dado a conhecer os novos caminhos de circula‑ção, apresentados os espaços e o seu funcionamento, culminando com um pequeno lanche partilhado entre crianças, educadoras e auxiliares.

Fruto de uma parceria estabelecida entre a Santa Casa da Misericórdia do Porto e o Instituto de Segurança Social, o Colégio constituiu ‑se como a opção para receber as crianças que frequentam o jardim infantil Abrigo dos Pequeninos, uma vez que o mesmo encerrará no final do corrente ano letivo e o CNSE integra a rede solidária de estabelecimentos com creche e educação pré ‑escolar. No sentido de dar a conhecer a nossa escola, o seu funcionamento e as suas instalações, no dia 20 de abril realizou ‑se um dia aberto.

Os segundo e terceiro períodos letivos recebem as atividades de maior envergadura e aquelas que maior envolvimento implicam na comunidade educativa. Assim, no dia 15 de março, todos trajaram a rigor à época romana. O dia intitulava ‑se “Romanos e Lusitanos”,

numa recriação da sua presença em Portugal. Os espa‑ços físicos transformaram ‑se para receber a abertura solene, a parada musical, a Dança das Fitas no pau e a Dança Romana; foi anda representado o Ritual Celta do nascimento da Primavera, a traição de Viriato, o “Consílio dos Deuses” e “Os Romanos na crucificação, morte e ressurreição de Cristo”. No âmbito da recriação, o Colégio recebeu o professor doutor Manuel Tedim, da Universidade Portucalense, que proferiu uma palestra intitulada “A romanização na Lusitânia”, para os alunos do ensino secundário. No final, realizou ‑se um jantar aberto a toda a comunidade, que contou com a presença de mais de trezentas pessoas.

O Departamento de Línguas preparou a o Momentos (Com)Texto, em abril, na forma de um chá literário. Com a participação da quase totalidade dos alunos do 5.º ano ao 12.º ano, o pavilhão gimnodesportivo foi minúsculo para tanta gente. Foram apresentados momentos de declamação, dramatização, dança e canto, nas várias línguas de oferta no colégio, inglês, francês, espanhol e alemão.

Como tem sido habitual nos últimos anos, o Colégio participou nas competições de Ciência, promovidas pela Universidade de Aveiro. Associou a esta iniciativa, a realização de uma sessão de divulgação de ciência, convidando a professora doutora Helena Mena Matos para nos falar sobre geometria fratal. Já no mês de maio, uma equipa do planetário do Porto deslocou ‑se ao colégio para uma sessão noturna de visualização do céu. De referir ainda a participação da aluna Catarina Borges, nas Olimpíadas da Física, tendo sido uma das representantes da região norte na final nacional, em Lisboa.

Um outro momento alto, já no terminar do ano, foi a comemoração do Dia do Colégio. Dividido em dois momentos, num primeiro, com grande formalidade, foi celebrada uma missa solene, na presença dos alunos e restante comunidade que se quis associar, seguida do descerrar de uma placa evocativa. No dia seguinte, coincidindo com o Dia Mundial da Criança, realizou ‑se uma caminhada urbana, partindo do Colégio, descendo à marginal junto ao Freixo e voltando a subir ao pé da ponte Luiz I. Seguiu ‑se um almoço convívio e uma tarde de diversão para os mais pequenos.

O ano letivo aproxima ‑se do final, momento de avaliações, exames e, naturalmente, a festa de final de ano e o habitual período dedicado à praia. M

Colégio Nossa Senhora da Esperança

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As atividades programadas para os últimos meses, têm sido pautadas pela tendência de proporcionar o

convívio/intercambio entre os clientes/utentes dos lares e da Casa da Rua. Esta tendência não é inocente, vindo uma vez mais salientar que todas as atividades que são programadas têm um objetivo e um propósito bem definido para determinado grupo alvo.

O convívio entre pessoas com outras realidades sociais, com outras histórias de vida, igualmente difíceis ou mais difíceis ainda, que as próprias, é pedagógico, pois permite criar a consciência que os próprios problemas às vezes não são tão complicados quanto imaginam, que as suas “dores” são relativas, pois têm à sua frente pessoas que têm dores e problemas maiores, quer na perspetiva do idoso ou do utente da Casa da Rua (CR).

Estes convívios permitem derrubar mitos que ainda existem na nossa sociedade, de que os utentes que recorrem à CR são coitadinhos, não têm higiene, não têm cultura, não têm estudos, etc…

No passeio realizado no transato dia 12 de abril à Serra da Estrela, foi possível constatar isso mesmo através dos comentários e das observações dos próprios idosos, que refletiam em como os clientes dos lares se confundiam com os utentes da CR, que tinham uma aparência cuidada,

que sabiam conversar, que eram simpáticos e educados, esta surpresa é fundamentada por aquilo que achavam que iam encontrar. É claro que não podemos generalizar, outros existem que recorrem aos serviços da CR com aparência mais descuidada e de trato não tão fácil, mas o trabalho técnico na CR, tem também por objetivo, tornar a exceção regra, e com treino de competências pessoais e sociais, conseguir alcançar essa mudança de comportamentos e atitudes.

A equipa técnica do terreno (Educadores e Animadores) optou por começar a direcionar as atividades para um outro rumo, em que o gosto de sair do lar, seja também fundamentado pelo facto de ir encontrar pessoas que embora diferentes são também iguais, pois são pura e simplesmente pessoas, seres humanos.

Exemplo disto mesmo é também a participação dos lares no projeto Som da Rua, uma orquestra pensada inicialmente para os sem ‑abrigo, mas que rapidamente se transformou numa orquestra de muitas outras vidas e de muitas outras histórias.

Esta parceria é ainda recente, mas o feedback obtido por parte dos idosos tem sido muito positivo, pois a quarta‑‑feira à tarde já está reservada no calendário de cada idoso, como sendo a tarde da música, dos instrumentos diferentes, das músicas à cidade do Porto.

Na perspetiva de quem já é “veterano” nesta orquestra é muito interessante e enriquecedor perceber que de certa forma se sentem responsáveis por ajudar os idosos, por colocarem as cadeiras para eles se sentarem, por lhes chegarem os instrumentos musicais para eles tocarem.

Está também planeada a participação de alguns uten‑tes do alojamento da CR, nos passeios à beira mar em conjunto com os lares, mais uma oportunidade para fomentar o convívio entre pares.

Na nossa perspetiva este é o verdadeiro significado da nosso trabalho, promover a inclusão, a socialização, a solidariedade entre pares. Ninguém é “coitadinho” e de certa forma todos necessitam de apoio ‑ Dentro da nossa diferença somos todos iguais.

Pois segundo Madre Teresa de Calcutá ‑ “A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.” M

Departamento de Intervenção Social e Gerontológica

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CSA e os acolhimentos de emergência

A criação do sistema de proteção à mulher vítima de violência doméstica teve um pendor, fundamental‑

mente, reativo. Sendo o fenómeno da violência familiar tão antigo quanto o próprio Ser Humano, apenas no final do século passado, resultado de uma forte visibilidade social e mediática, surgiram as primeiras respostas específicas para a violência doméstica. Estas foram suportadas por uma arquitetura legislativa primordial que, apenas a partir de 1980, se centrou diretamente na violência contra a mulher.

Como resultado, emergiram as casas abrigo, enquanto estruturas de acolhimento de fim ‑de ‑linha, de modo a dar resposta a mulheres que, não tendo outro tipo de retaguarda, necessitavam de sair da relação disfuncional. Sendo um fenómeno altamente publicitado (tendo aqui os media um papel determinante na consciencialização pública), tem ‑se registado um aumento crescente das situações de violência doméstica, nem sempre acom‑panhado por uma evolução adequada do sistema de proteção.

De modo a dar resposta a esta constatação, as casas abrigo foram convidadas a alargar a sua capacidade, passando a incluir, e tentando não desestruturar a dinâ‑mica existente, vagas de emergência. Como sempre a Misericórdia do Porto apresentou ‑se disponível para dar resposta ao solicitado. A Casa de Santo António, desde sempre disponível para problematizar e refletir sobre o próprio sistema de acolhimento, encontra ‑se a participar nesta experiência piloto, tendo duas vagas destinadas

a acolhimentos de emergência. Estes destinam ‑se a situações provisórias, que necessitam de resposta imediata e cujo acolhimento não deverá exceder as 72 horas, enquanto a equipa de encaminhamento tenta encontrar uma solução definitiva.

Estas novas respostas de emergência conseguem mini‑mizar acolhimentos em equipamentos não ajustados às necessidades das mulheres/agregados (como as pensões utilizadas pela Segurança Social em que as mulheres se encontravam expostas a outras problemáticas, como prostituição, toxicodependência, …), encaminhando para estruturas que, efetivamente, possuem uma resposta mais adequada/estruturada. Estas 72 horas, contudo, não permitem a realização de um trabalho e acompa‑nhamento que se considera fundamental neste tipo de situações.

Se, efetivamente, se torna necessário criar estruturas que se substituam a pensões ou similares, esta opção não é, contudo, a mais adequada, apresentando algumas fragilidades, que deverão ser analisadas futuramente a nível dos decisores políticos. A nível individual contribui para um falso sentido de tranquilidade/segurança por parte da mulher acolhida, prolongando o seu percurso de vitimação e adiando uma estabilidade desejada. A nível institucional, expõe uma casa que se pretende sigilosa a uma movimentação desajustada à missão da casa abrigo.

O acolhimento de emergência deverá ser entendido como uma prioridade interventiva, contudo, em estruturas ade‑quadas, que não comprometam a resposta institucional já implementada e a estabilidade do grupo em acolhimento. M

Casa de Santo António

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Centro Integrado de Apoio à DeficiênciaUm trabalho nunca terminado

O Centro Integrado de Apoio à Deficiência (CIAD) encontra ‑se a completar um percurso que iniciou

há dois anos visando a certificação EQUASS Assurance. Mais do que um qualquer certificado de qualidade, este foi um processo coletivo que envolveu novas aprendi‑zagens mas, fundamentalmente, uma consolidação das boas ‑práticas e readaptações metodológicas centradas, sempre, na promoção da qualidade de vida dos nossos clientes e famílias/significativos. Cremos que este é o momento de partilha de algumas conclusões sobre este trajeto institucional.

Em primeiro lugar, este não é um percurso individual. Foi, desde o início, uma jornada coletiva, congregando os diferentes saberes dos nossos clientes, das famílias e significativos e, igualmente, dos nossos colaboradores. Se todo este processo visa reforçar a atenção e quali‑dade dos serviços que são prestados aos clientes, tal só pode ocorrer quando toda a instituição é repensada por todos e para todos. Atendendo a que o CIAD não é uma instituição autónoma, este processo envolveu, diretamente, outras valências e serviços da Misericórdia do Porto que acompanharam de perto este trabalho, como o Departamento de Gestão Administrativa e Património e Departamento de Contabilidade e Finanças, contribuindo para o produto final.

Com este envolvimento coletivo, conseguiu ‑se:• Uma intervenção no espaço físico do CIAD, aumentando a

funcionalidade do mesmo ao mesmo tempo que foi tornado mais personalizado e acolhedor;

• Uma reestruturação funcional de suporte à intervenção técnica e de apoio, com a implementação de uma rede virtual que, recorrendo a ferramentas digitais gratuitas, potenciaram uma troca de informação célere e segura, fundamental ao desenvolvimento das atividades quotidianas com os clientes, bem como à estruturação dos seus planos individuais;

• Definição e implementação de um conjunto de documentos estruturantes, como Missão, Visão e Valores; Políticas e Compromissos; Carta Acessível de Direitos (disponíveis em: http://tiny.cc/gypnww)

• Uma revisão e reforço dos planos individuais dos clientes, tornando ‑os instrumentos vivos da gestão funcional, tera‑pêutica e ocupacional, organizados em torno de expetativas, necessidades e potencialidades;

• Uma ênfase na participação, autodeterminação e represen‑tatividade dos clientes – e.g.: grupo de autorepresentantes, levantamento de acessibilidades (disponível em: http://tiny.cc/jwpnww)

• Um reforço com a comunidade envolvente, alargando o leque de parceiros e parcerias, resultando em benefícios tangíveis para os clientes;

• Uma reaproximação às famílias, gerando novas dinâmicas de envolvimento e participação – e.g.: reuniões temáticas, avaliação de satisfação (disponível em: http://tiny.cc/jnpnww), clube de pais, …;

Este trabalho de revisão interna tem ‑se revelado crucial na melhoria dos serviços mas, igualmente, nos elementos mais dificilmente objetiváveis, mas que se revelam fulcrais nas dinâmicas quotidianas – As relações interpessoais. Ao longo destes dois anos, têm sido evidentes as diferenças no relacionamento entre colaboradores e entre estes e clientes. Mais do que mensurável, no caso do CIAD, a qualidade sente ‑se. M

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A Santa Casa da Misericórdia do Porto mantém ‑se fiel aos ditames do Protocolo celebrado com a

Direção Geral Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) pelo que, durante o 1.º semestre de 2013 contribuiu para a concretização dos objetivos(re) socializadores que norteiam o tratamento penitenciário que o Estado proporciona à população reclusa, nomeadamente no âmbito das atividades laborais, escolares, formativas, artesanais e ocupacionais e de assistência médica.

Iniciamos o ano com os preparativos para o espectáculo inserido no curso de animadores musicais da Casa da Música, e deu ‑se igualmente início às sessões para dois projetos a realizar ainda durante o 1.º semestre deste ano, o espectáculo com a Companhia de Ballet Contemporâneo do Norte e a participação no «Corpo, Casa, Rua» das Produções Visões Úteis.

Os Serviços Clínicos do Estabelecimento Prisional Especial Santa Cruz do Bispo (EPESB), da responsabilidade da SCMP, organizaram em fevereiro o Master Class sobre Emergência Clínica em Contexto Prisional, Suporte Básico de Vida e Desfibrilhação Automática Externa. Tratou ‑se de uma iniciativa inédita e dirigida ao Corpo da Guarda Prisional e profissionais que lidam de perto com a população reclusa, tendo sido transmitidos conhecimentos que poderão fazer toda a diferença em situações de emergência médica. Dada a oportunidade e pertinência dos temas abordados, os Serviços Clínicos do EPESCB foram, uma vez mais, felicitados pela DGRSP pelo profissionalismo e espírito pioneiro de todas as iniciativas.

Estabelecimento Prisional EspecialSanta Cruz do Bispo

A música é uma das formas de expressão artística que provoca mais emoções e motiva as pessoas a serem mais empenhadas na busca pela felicidade. As experiencias musicais que a Casa da Música tem proporcionado à popu‑lação prisional (desde 2005) potenciam indiscutivelmente competências pessoais e sociais, contribuindo assim para o seu processo (re)socializador. A musica pode amenizar ou até resolver dificuldades de expressão, comunicação, socialização e até de coordenação motora, sendo que as limitações sensoriais, emocionais e/ou cognitivas poderão ser determinantes na (re)integração da população reclusa.

Desde janeiro que os formandos do curso de animadores musicais da Casa da Música se encontram a preparar um espectáculo com 23 reclusas, enquadrado nas come‑morações do centenário da Sagração da Primavera de Igor Stravinsky, com a direcção musical de Tim Steiner.

Para além do espetáculo ser apresentado a reclusas no Estabelecimento Prisional Especial de Santa Cruz do Bispo, estas, também atuaram juntamente com a Orquestra da Casa da Música dia 4 de maio na sala Suggia. Viveram ‑se momentos de grande emoção, quer pela peça musical apresentada, quer pelo simbolismo do facto de serem pessoas privadas da sua liberdade a tocarem uma peça musical tão libertadora da rigidez dos parâmetros musicais tradicionais e clássicos.

Por momentos as reclusas de Santa Cruz do Bispo foram livres na sua expressão artística e perpassaram emoções e sentimentos inolvidáveis ao público que encheu a sala Suggia para assistir à Sagração da Primavera vista através das grades de uma prisão. M

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As reservas e o centro de conservação e restauro do Património Artístico da SCMP passaram a ter

novas instalações. Aproveitando a transferência das artes gráficas para o CHCF e, encontrando ‑se devoluto aquele edifício, sito à Rua do Barão de Nova Sintra (que integra o próprio Colégio), foi este submetido a obras de reabilitação, nomeadamente, a substituição de caixilharias e de pintura. Ao mesmo tempo, foram adotadas as medidas de segurança adequadas e específicas ao novo uso deste equipamento.

Foi assim dada a possibilidade, graças à Administração da SCMP, de centralizar no mesmo espaço vários serviços e reservas que funcionavam de forma dispersa e em condições precárias, em diversos estabelecimentos da instituição.

O transporte dos acervos foi realizado por uma empresa especializada no transporte de obras de arte.

Atendendo à área total do edifício, foi possível criar áreas técnicas diferenciadas, em conformidade com as boas práticas da conservação preventiva. No que diz respeito às reservas, as coleções estão organizadas tendo como critério a separação por salas, de obras tratadas daquelas que aguardam tratamento. Nestes conjuntos procedeu ‑se também à separação dos acervos de artes plásticas e artes decorativas.

Relativamente às áreas de trabalho da conservação e restauro, foram organizados espaços específicos, necessários e adequados às diferentes fases das intervenções, dispondo o serviço de um espaço próprio para a conservação e restauro de pintura e de outro para o tratamento de suportes em madeira.

Atendendo ainda à área disponível do edifício, foi criado o depósito geral das publicações da SCMP, que ali se encontra custodiado e à guarda do DAC – Património Artístico. A gestão das publicações é gerida através de um programa informatizado de gestão das existências, desenvolvido para este fim. M

Departamento de Actividades CulturaisPatrimónio ArtísticoReservas Museológicas e Centro de Conservação e Restauro: novas instalações

Fig. 3 – Sala de reservas (pormenor)

Fig. 1 – Sala de conservação de pintura de cavalete (pormenor)

Fig. 2 – Sala de conservação de suportes em madeira (pormenor)

Fig. 4 – Depósito de publicações (pormenor)

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Introdução

A Santa Casa da Misericórdia do Porto, através da prática da encomenda dos Retratos dos seus Benfeitores, fomentou um ativo artístico bem documentado e estilisticamente informado. Por um lado, contribuiu para manter viva a memória dos que a distinguiram nas suas últimas vontades e, por outro, foi um importante suporte para a atividade dos Pintores retratistas portuenses.

Mas quem foi a Benfeitora Hermenegilda Giselda? As figuras masculinas da Galeria de retratos são facilmente reconhecidas pelos cargos que ocuparam, pela situação vantajosa no comércio ou na indústria, por ações filantrópicas, em suma, pela proeminência social. Pela sua índole mais reservada, apenas as breves aparições em eventos públicos nos permitem aceder ao universo do género feminino. Relativamente a D. Giselda Milheiro, como era conhecida, foi o seu gosto pelas Belas Artes1 que nos proporcionou a chave para conhecer a pessoa por detrás do retrato.

O retrato

O retrato de D. Giselda Milheiro faz parte da Galeria de Retratos de Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto2, e foi pintado por Júlio Gonzaga Ramos (1868‑‑1945), pela quantia de 45$000 reis3.

Este pintor portuense, nascido a 21 de Julho de 1868, foi batizado na Sé como filho de António Caetano Ferreira, empregado publico, e de Maria Preciosa de Souza. Ingressou aos 14 anos na Academia Portuense de Belas Artes (1882) e progrediu na sua aprendizagem sob o ascendente estético do Naturalismo. De 1882 a 1887 fez

1 MONCóVIO, Susana ‑ Prenda ou Arte? A participação feminina nas Exposições Trienais da Academia Portuense de Belas Artes (1842 ‑ 1887). Porto: Universidade do Porto. Faculdade de Letras, 2009, 3 volumes. Em linha. URL: <http://repositorio ‑aberto.up.pt/handle/10216/20204> em 30.01.2013.

2 SANTA CASA DA MISERCóRDIA DO PORTO. Arquivo ‑ Suplemento ao Catálogo provisório dos quadros existentes na galeria de benfeitores da Misericórdia do Porto. Porto: Instituto de Surdos ‑mudos Araújo Porto, 1907, Entrada nº 280: Hermenegilda (D.) Giselda Milheiro Guedes. Faleceu em 19 de Março de 1898, p. 4.

3 SANTA CASA DA MISERCóRDIA DO PORTO. Património Artístico: Galeria de Benfeitores ‑ Ficha de Inventário. N.º Peça RT ‑0178. Designação: Hermenegilda Giselda Milheiro Guedes. Autor: Júlio Ramos. Data: 1898.

A Benfeitora Hermenegilda Giselda Milheiro Guedes (c. 1845 ‑1898):considerações artísticas em torno do seu retrato

RAMOS, Júlio Gonzaga (1868 ‑1945)“Retrato de D. Hermenegilda Giselda Milheiro Guedes. Faleceu em 19 de Março de 1898”, 1898Santa Casa da Misericórdia do Porto. Inv. RT ‑178

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o curso completo de Desenho Histórico, frequentou ainda o curso de Pintura Histórica (de 1887 a 1891), o curso de Arquitetura (de 1882 a 1889) e o de Escultura (de 1884 a 1891)4. Em 1891 fez o Concurso para Pensionista do Estado em Pintura, com Alberto Carlos de Sousa Pinto (o vencedor) e Eduardo de Moura, mas foi estudar para Paris com apoio de mecenas, onde permaneceu de 1891 a 1897, frequentando a École des Beaux ‑arts e a Academia Julian (ensino particular), chegando a expor no Salon5.

Em 1898, a imprensa dedica ‑lhe algumas linhas de apreço: “Entre os artistas portuguezes, Julio Ramos occupa, já, proeminente lugar. É um novo, que ainda há pouco concluiu distinctamente, em Paris, a sua educação artística”6. Atendendo à cronologia, a realização do retrato

4 UNIVERSIDADE DO PORTO. Arquivo da Faculdade de Belas Artes ‑ Processo do Aluno Júlio Gonzaga Ramos. [15 Documentos de 1882 a 1890].

5 PAMPLONA, Fernando de ‑ Dicionário de Pintores e Escultores portugueses. 2.ª Edição actualizada. Barcelos: Livraria Civilização Editora, 1988, p. 15; EXPOSIÇÃO retrospectiva e de homenagem ao Mestre ‑Pintor Júlio Ramos. Porto, Dezembro 1943. Porto: [Salão Silva Porto], 1943, pp. 58 ‑58.

6 P., O. ‑ Júlio Ramos (Disctinto pintor). A Illustração Moderna. Revista Mensal de Litteratura e Arte. Diretor Literário Oliveira Passos. Diretor Artístico Marques Abreu. Porto: Typ. Cunha & Com.ª. 2.ª Série. 1.º Ano, n.º 1 (1 de Novembro de 1898), p. 5.

para a Galeria da Santa Casa terá sido das primeiras obras que efetua como artista “novo”, no mercado da arte do Porto.

O retrato de D. Giselda Milheiro foi executado em meio corpo, com o rosto voltado para a direita, sem estabelecer contato com o observador. O fundo e a cor escura da indumentária, um vestido com mangas tufadas nos ombros e gola levantada com interior em renda, sem joias de ostentação, colocam em destaque o rosto expressivo, emoldurado pelo farto cabelo grisalho, cuja idade aparente se aproxima da idade real. A suave modelação e correta carnação tornam viva a sua fisionomia, que atrai pelo olhar atento, semblante amável e inteligente. Mas quem foi a retratada?

Ensino e sociabilidade entre os cultores das Belas Artes

Nascida como filha natural (c. 1845), foi legitimada e reconhecida como Hermenegilda, filha de António da Silva Milheiro e de Maria Emília da Silva, aquando do casamento dos seus pais, em 1854. (Doc. 1).

Nos meados do século XIX, o ensino do Desenho e da Pintura insere ‑se no modelo de Educação vigente mas é no seio familiar ou em pequenos círculos que se desenvolve como prática artística. A vida da benfeitora Giselda Milheiro integra ‑se na sociedade da sua época e o seu retrato vem dar rosto a uma atividade, quase sempre anónima, mas que integra o curso da História da Arte oitocentista ‑ a ação das “Amadoras”; uma designação e categoria historiográfica a merecer revisão crítica7.

Em 1866, participa na 9.ª Exposição Trienal da Academia Portuense de Belas Artes (fundada em 1836), nas categorias de Desenho e de Pintura; conta 21 anos, morava então no Largo de Santo Ildefonso, n.º 2. Expõe como discípula de Tadeu Maria de Almeida Furtado (1813 ‑1901), professor de Desenho Histórico da mesma Academia, e filho do pintor e

7 AMADOR, ORA, s.m. ou do lat. amator, fr. amateur, it. virtuoso, hesp. amador, ing. a lover, amante, amoroso: é vocábulo peculiar das artes do desenho, ainda pouco usado em Portugal, e aplica‑‑se a todo o cavalheiro ou senhoras, que não sendo artista de profissão ama as bellas artes, exercita ‑as, tem um gosto decidido, e talvez paixão pelas pinturas, estatuas, camafeus, etc. Os italianos chamam ‑lhes virtuoso ‑ dilettante; os nossos clássicos ‑ curioso. D´estes amadores, distinctos pelo seu gosto, ilustração e literatura, é costume eleger os sócios honorários nas academias de bellas artes. ‑ Cf. RODRIGUES, Francisco de Assis ‑ Dicionario technico e histórico de Pintura, Esculptura, Architectura e Gravura. Lisboa: Imprensa Nacional, 1875, p. 33.

Retrato de Júlio Ramos, 1898(in A Illustração Moderna. Porto, n.º 1 (1 Nov. 1898), p. 5)

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miniaturista visiense José de Almeida Furtado (1778 ‑1831), dito o Gata8. Das seis obras apresentadas9: três desenhos correspondem ao exercício de cópias a partir de estampas, método que privilegia o contorno linear das figuras, de acordo com o processo de aprendizagem progressiva do Desenho; em Pintura, as três aguadas concorrem para o desenvolvimento da aguarela, técnica pictórica pouco cultivada na época, em Portugal10. [Tabela 1]

O falecimento da mãe, D. Maria Emília da Silva Milheiro, aos 52 anos, ocorre em 1868, na Praça da Batalha, n.º 211. No ano seguinte volta a participar na 10.ª Exposição Trienal da A.P.B.A. (1869), pela mão do mesmo professor, tem então 24 anos e continua a morar no Largo de Santo Ildefonso12. Expõe dois Desenhos

8 Sobre esta família de pintores e miniaturistas ‑ Cf. Arte em família. Os Almeida Furtado. Museu de Grão Vasco. Viseu. Exposição de 24 Jul. a 30 Set. 1998. Catálogo. [s.l.]: Instituto Português de Museus, 1998.

9 Catálogo das obras apresentadas na 9.ª Exposição Triennal e discurso pronunciado pelo Ill. e Ex.mo Snr. Conde de Samodães, vice ‑inspector da Academia Portuense das Bellas ‑Artes, na respectiva sessão pública e distribuição de prémios da mesma Academia no dia 31 do mez d´Outubro de 1866. Porto: Typographia de Manoel José Pereira, 1866, pp. 18 ‑19, p. 25.

10 RESENDE, F. J. ‑ Bellas Artes. O Commercio do Porto. Porto. XVI Ano, n.º 292 (16 Dez. 1869), p. 1.

11 ARQUIVO DISTRITAL DO PORTO ‑ Paróquia de Santo Ildefonso. Código de Referência <PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0032> URL: <http://pesquisa.adporto.pt/CRAVFrontOffice?ID=831107>

12 Largo de Santo Ildefonso, n.º 2 / Praça da Batalha, n.º 2: designação para a mesma localização (?).

realizados a partir do baixo ‑relevo13, significando que progrediu para o estudo inicial dos volumes, sendo o desenho trabalhado a claro ‑escuro. [Tabela 1]

Casou com José Guedes de Castro Carvalho (c.1814 ‑1873), que, no período da Junta da Patuleia (1846 ‑1847), foi Tenente do Corpo do Estado Maior do Exercito às ordens do Tenente General, Conde de Antas, comandante em chefe das operações, na Junta Provisória do Governo Supremo do Reino14, de quem ficou viúva aos 28 anos. Faleceu em 1873, no posto de Major do Estado ‑Maior, aos 59 anos, casado com “Dona Hermenegilda Giselda Milheiro Guedes”, na Rua de Malmerendas, n.º 3215. (Doc. 2)

Esta benfeitora morava na Rua de Santa Catarina, n.º 996, quando, em 1897, elaborou o seu testamento. Foi aí que faleceu, no dia 19 de Março de 1898. (Doc. 3). Entre as disposições finais, salientamos a mais significativa

13 Catálogo das obras apresentadas na 10.ª Exposição Triennal e discurso pronunciado pelo Ill. e Ex.mo Snr. Conde de Samodães, vice‑‑inspector da Academia Portuense das Bellas ‑Artes, na respectiva sessão pública e distribuição de prémios da mesma Academia no dia 31 do mez d´Outubro de 1869. Porto: Na Typ. de Manoel José Pereira, 1869, p. 24.

14 PINA, Miguel Esperança; BORREGO, Nuno; FREITAS, Lourenço Vilhena de ‑ Os Titulares e os Oficiais da Patuleia. Ordens Gerais da Junta Provisória do Governo Supremo do Reino (1846 ‑1847). Lisboa: Tribuna da História, 2006, p. 8.

15 ARQUIVO DISTRITAL DO PORTO ‑ Paróquia de Santo Ildefonso. Código de Referência <PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0037> URL: <http://pesquisa.adporto.pt/CRAVFrontOffice?ID=831113>

TABELA 1 ‑ Obras de Giselda Milheiro nas Exposições da Academia Portuense de Belas Artes

Exposição Título Técnica Observações Professor9.

ª Ex

posi

ção

Trie

nal

1866 Cabeça de velho Desenho Esfuminho Cópia /Litografia

Tadeu Maria Almeida Furtado

1866 Grupo de duas ceifadoras Desenho Esfuminho Cópia /Litografia

Idem

1866 Grupo de dois Romanos (De A morte de César)

Desenho Cópia / Dois lápis em papel de cor

Idem

1866 Um quadro de flores e frutas Aguada Cópia de … Idem

1866 Um quadro de flores e frutos Aguada Cópia de … Idem

1866 Lição de leitura Aguada Cópia de … Idem

10.ª

Exp

osiç

ão

Trie

nal

1869 Um menino com um feixe de trigo (Alegoria do Estio)

Desenho Esfuminho Por baixo ‑relevo (gesso)

Idem

1860 Um menino com uma porção de cachos de uvas (Alegoria do Outono)

Desenho Esfuminho Por baixo ‑relevo (gesso)

Idem

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para este estudo: – “ (…) Deixo a Dona digo Deixo às Senhoras Dona Francisca e Dona Rosa d´Almeida Furtado, (…), todas residentes n´esta cidade, uma obrigação da Camara a cada uma. (…) ”, como testemunha assina o seu antigo mestre de Desenho, Tadeu Maria de Almeida Furtado16.

Esta afinidade faz ‑nos colocar a hipótese de terem sido elas as orientadoras dos seus estudos artísticos já que, as irmãs Almeida Furtado: Maria das Dores, Eugénia e Rosa, nascidas em Salamanca, Francisca (1826 ‑1918) e Doroteia (n. 1829), nascidas em Viseu, eram bem conhecidas por se dedicarem á pintura de Miniatura. Lembramos que Francisca e Doroteia de Almeida Furtado foram nomeadas académicas de mérito da Academia Portuense de Belas Artes (1852)17. E, Francisca foi

16 SANTA CASA DA MISERICóRDIA DO PORTO. Arquivo ‑ Livro de Tes‑tamentos. Coleção H, Banco 6, N.º 43, fls. 235 ‑241.

17 UNIVERSIDADE DO PORTO. Arquivo da Faculdade de Belas Artes ‑ Livro de Atas das Conferências Gerais da Academia Portuense de Belas Artes (1842 ‑1896). Sessão Extraordinária de 13.07.1852, fl. 14v.

professora de Desenho num Colégio feminino, alcança o reconhecimento público no domínio da Miniatura, e a ela se deve, em grande parte, a elevação da condição artística da Aguarela, no Porto.

Conclusão

A História da Arte é, em última instância, a história de vidas e suas circunstâncias. Neste breve estudo, em torno de um retrato da Galeria de Benfeitores da S.C.M.P., evidenciamos métodos do ensino particular na formação artística do sexo feminino, nos anos 1860s; a estreita relação entre o ensino privado e a exposição pública na Academia Portuense de Belas Artes. Embora assentem em relações de amizade, estas sociabilidades artísticas merecem um olhar mais atento pois, a produção, na perspetiva coeva (filtro do género), cai invariavelmente na designação de Amadora. M

Susana Moncóvio Investigadora em História de Arte

ALMEIDA FURTADO, Tadeu (1813 ‑1901) Desenhando um retrato, [autorretrato], 1869Museu Faculdade Belas Artes. Porto. Inv. 98.1.283a

ALMEIDA FURTADO, Francisca (1826 ‑1918) Autorretrato, 1865Museu Nacional de Arte Antiga. Lisboa. Inv. 51 min

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Documento n.º 21873, Fevereiro, 3 – Porto: Paróquia de Santo Ildefonso

Assento de óbito de José Guedes de Castro Carvalho, de 59 anos, na Rua das Malmerendas, 32

A.D.P. ‑ Paróquia de Santo Ildefonso. Código de Referência <PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/003/0037> URL: <http://pesquisa.adporto.pt/CRAVFrontOffice?ID=831113>

Aos três dias do mez de Fevereiro do anno de mil oitocentos setenta e três n´esta freguesia de Santo Ildefonso, da Cidade e Diocese do Porto, na casa numero trinta e dous, às duas horas da tarde, falleceu com todos os Sacramentos, digo sem o Sacramento da Extrema Unção, um individuo do sexo masculino por nome José Guedes de Castro Carvalho, de idade de cincoenta e nove annos, Major do Estado Maior, casado com Dona Hermenegilda Giselda Milheiro Guedes, natural de Peso da Regua, e morador na Rua das Malmerendas, filho de Francisco João do Vallle e de Dona Joanna Emilia de Castro Carvalho, e foi sepultado no cemitério do Repouso.

E para constar se lavrou em duplicado este assento, que assigno. Era ut supra

O Coadjutor João José dos Santos

Documento n.º 31898, Março, 19 ‑ Porto: Paróquia de Bonfim

Assento de óbito de D Hermenegilda Gizalda Malheiro Guedes, de 53 anos

A.D.P. ‑ Paróquia do Bonfim. Código de Referência <PT/ADPRT/PRQ/PPRT02/003/0131> URL: <http://pesquisa.adporto.pt/CRAVFrontOffice?ID=829419>

Aos dezanove dias do mez de Março do anno de mil oito‑centos e noventa e oito, às ‑ ‑ ‑ horas da ‑ ‑ ‑, na casa n.º novecentos noventa e seis da rua de Santa Catharina, d´esta freguezia do Senhor do Bomfim, bairro Oriental da Cidade do Porto, falleceu não tendo recebido os Sacra‑mentos da Santa Egreja, um individuo do sexo feminino por nome Dona Hermenegilda Gizalda Malheiro Guedes, de idade de cincoenta e três annos, viúva de José Guedes de Castro e Carvalho, doméstica, natural da freguesia de Santo Ildefonso, moradora na dita rua, filha de António da Silva Malheiro e de mãe incógnita, proprietário, a qual fez testamento não deixando filhos e foi sepultada no Repouso.

E para constar se lavrou em duplicado este assento, que assigno. Era ut supra

O Coadjutor Pedro Barros Alves Pereira

Documento n.º 1 1854, Maio, 19 ‑ Porto: Paróquia de Santo Ildefonso

Casamento de consciência de António da Silva Milheiro com Maria Emília da Silva e reconhecimento de uma filha, de nome Hermenegilda

A.D.P. ‑ Paróquia de Santo Ildefonso. Código de Referência <PT/ADPRT/PRQ/PPRT12/002/0030> URL: <http://pesquisa.adporto.pt/CRAVFrontOffice?ID=830796>

António da Silva Milheiro = Com Maria Emília da Silva = aos dezanove de Maio de mil oito centos e sincoenta e quatro nesta Igreja e Abbadia digo na casa da residência do Contrahente, na Rua de Santo António, por se achar em perigo de vida e com licença do Senhor Vigário Capitular do Bispado se receberam por palavras de presente na forma do Sagrado Concilio Tridentino e Constituição do Bispado, António da Silva Milheiro, viúvo que ficou de Hermenegilda Cândida, fallecida nesta Freguesia = com Maria Emília da Silva, filha legítima de Manoel Lopes da Silva e de Jacintha Maria, natural da freguesia da Sé da Cidade do Funchal, na Ilha da Madeira; neta paterna de António Lopes da Silva e de Maria Rodrigues da Silva; e materna de Avô incógnito e de Anna Maria Gertrudes = Declaro que forão dispensados na certidão do Baptismo da contrahente por não haver tempo para a obter, e no sello da Lei por ser casamento de consciência. Neste acto declararão ter de entre elles hua filha, por nome Hermenegilda que reconheceram por sua legítima filha: do que tudo forão testemunhas o Doutor Miguel Joaquim Gomes Cardoso, José Estanislau de Barros, morador na Batalha e José Gonçalves de Campos Vianna, todos soltheiros, e morador na Rua de Santa Catharina. Porto, era ut supra.

(Assinatura:) / O Abbade José de Souza e Alves Gs. / Miguel Joaquim Gomes Cardoso / Jose Estanislau de Barros / José Glz de Campos Vianna

[Nota marginal na perpendicular: Declaro que fui eu, Abbade desta Parochial Ig.ª que assisti ao Matrimónio destes Contrahentes. Ass: O Abbade José de S.ª Alves Gs.

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Misericórdia de A a Z

A — AmbiçãoB — BeneméritoC — CompetênciasD — DádivaE — EmpenhoF — FunçõesG — GaranteH — Honestidade

António Pinto, de 52 anos, trabalha na Misericórdia do Porto há 39 anos.

Natural de Miragaia, concelho do Porto, António Maria Canceles Pinto tem um filho e trabalha na Santa Casa da Misericórdia desde o dia 8 de outubro de 1974.

É Carpinteiro Principal do Hospital da Prelada. Está no último ano da licenciatura em Gestão de Recursos Humanos (ISLA). Faz também parte do Grupo Coral do HP e é voluntário da UNICEF há 20 anos.

I — InovaçõesJ — JustiçaL — LiderançaM — MotivaçãoN — NecessidadeO — ObjetivoP — PosturaQ — Qualidade

R — RecursosS — SocializaçãoT — TemáticaU — UtilizarV — ValoresX — XadrezY — YogaZ — Zoar

O novo projeto de iluminação da Igreja Privativa da SCMP, realça o requinte escultórico criado pelo risco de Nicolau Nasoni, desde o opulento frontão, constituído pelas armas reais, ladeadas por uma banquela (cruz e tocheiros), passando pelos dois andares em que a composição da fachada se desenvolve, com as três janelas altas recortadas, envoltas em conchas, grinaldas, elementos vegetalistas, cartelas e volutas, que completam uma das mais exuberantes cenografias criada por este artista italiano.

Casa da PreladaD. Francisco de Noronha e Menezes

Homenagem a D. Manuel Clemente

Inauguração da Casa da Prelada

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Inauguração do CAS

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO PORTO

Revista Semestral • ANO XX • N.º 52 • Junho 2013Distribuição Gratuita