A Batalha de Montes Claros e o conceito de Armas Combinadas

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LD LD LD 1st Bn Co A, 1st Bn Co B, 1st Bn 2nd Bn Co C, 6 A Batalha de Montes Claros 01 1º Semestre 2014 Revista Militar da Escola das Armas 12 Movimento e Manobra

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R e v i s t a M i l i t a r d a E s c o l a d a s A r m a s

12Movimento e Manobra

A r m a sCombinadas

Diretor:Cor Tir Inf Domingos Luís Dias Pascoal

Coordenação e redação:Cor Tir Art Luís António Morgado BaptistaCor Inf Nuno Correia Barrento de Lemos PiresCor Cav João Carlos Vaz Ribeiro Amaral BritesTCor Tm Rui Manuel Pimenta CoutoTCor Inf José Manuel Carvalho das Dores MoreiraTCor Inf António Manuel Gomes SilvaTCor Inf Rui Manuel Mendes DiasTCor Inf Rui Manuel Soares Pires

Relações Públicas e Protocolo:TCor Inf Rui Manuel Mendes Dias

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1000 exemplares

EditorialA Escola das Armas - Desafios e Oportunidades

Domingos Luís Dias PascoalCoronel Tirocinado de Infantaria

Esta primeira edição da revista Armas Combinadas corporiza o projeto da Escola das Armas (EA) que teve início efetivo no dia 01 de outubro de 2013.

O dia festivo da EA evoca a batalha de Montes Cla-ros travada a 17 de junho de 1665. A data escolhida releva uma das principais batalhas nas quais esteve em jogo a nos-sa independência e identidade. De par com esta relevância histórica tratou-se da batalha em que de forma marcante estiveram presentes as cinco Armas que, atuando de forma combinada, permitiram a vitória sobre um adversário à priori superior.

Trata-se de um projeto que contém riscos, desafios e oportunidades. Riscos na exata medida em que pode, se mal conduzido e apoiado, diluir a especificidade de cada Arma de per si ou, a contrário, proporcionar a oportunidade do ressurgimento das desativadas Escolas Práticas (EP), sobre outras quaisquer designações ou modalidades, como polos aglutinadores do conhecimento e da identidade das Armas. Desafios na exata medida em que, o seu quadro de missões e a forma como se encontra organizada diverge da perspe-tiva tradicional de organização das ex-EP, bem como da Re-gimental. Oportunidades dado que, mantendo a identidade

de cada Arma, importa encontrar novos quadros de pensamento e de funcionamento que potenciem e sinergizem as capacidades existentes.

Quanto aos desafios relevamos quatro. O primeiro reporta à integração do ex-CMEFD com a ex-EPI. Trata-se da integração de duas Unidades vizinhas mas que, pela natureza das suas missões, cultura e âmbito de atuação, sempre funcionaram de forma sepa-rada. Esta separação natural, que não se circunscreve a este caso particular mas que encontra expressão em todas as organizações, é o corolário do princípio da diferenciação. Este princípio diz-nos da tendência natural para que dois ou mais organismos ou entidades busquem de forma constante, mesmo que subconsciente, fatores que os diferenciem e distingam. Este princípio que nos é tão familiar, no denominado fenómeno das “quintas”, constitui uma preocupa-ção permanente do Comando já que, se generalizado, constitui uma das principais, se não a principal, ameaça à Unidade de Comando e de propósito da organização. A forma de integrar as duas Unidades passou pela centralização de valências comuns (cozinhas, refeitórios, bares, alojamentos de quadros), pela redesignação dos espaços da EA em corte com as designações das Unidades desativadas [Alto da Vela, Convento, São Januário (ex-CMEFD) e Tapada], bem como pela gestão e utilização dos espaços de forma unificada. Não se preten-deu qualquer absorção de uma Unidade pela outra, tanto mais que a junção das cinco EP o impossibilitou.

O segundo desafio, é corporizado pela reunião na EA das valências as cinco EP. Cada Arma detém, para além das especifi-cidades técnicas e táticas, uma cultura organizacional e tradições próprias. A postura do Comando da EA tem sido sempre a de análi-se destas culturas e tradições no sentido de descortinar se são pas-síveis de generalização às outras Armas, caso potenciem a coesão e o espirito de corpo da Escola como um todo, ou se devem ficar circunscritas à respetiva Arma. Exemplo finalizado desta abordagem foi a receção dos Tirocínios Para Oficial (TPO) e dos Cursos de For-mação de Sargentos (CFS), efetuada no passado dia 01 de outubro de 2013 em que, embora de forma não exclusiva, se adotou uma prática muito prezada pela Cavalaria, a designada “Espera”. Para a receção aos Oficiais tirocinantes e aos Sargentos que iniciaram a se-gunda parte dos respetivos CFS, convidaram-se os Oficiais no ativo, reserva ou reforma que tinham iniciado o seu tirocínio há 25 ou 50 anos, bem como os Sargentos que haviam iniciado a 2.ª parte dos seus CFS há 25 anos. Pese o encargo logístico de uma tal iniciati-va, que decorreu com sucesso, atendemos fundamentalmente aos propósitos pretendidos, que visaram e visam o reforço da coesão do Exército e da sua identidade, sendo que a partilha e a comuni-cação intergeracional constituiu a forma de o alcançar. No âmbito do reforço do espirito das Armas e da ligação dos seus militares à sua Escola decorreu na EA, a cerimónia de tomada de posse do Diretor Honorário da Arma de Infantaria (DHAI), Tenente-General Pereira Agostinho, a que se seguiu um jantar de homenagem ao DHAI cessante, Tenente-General Vaz Antunes. A Escola das Armas é de facto a Escola da cada Arma e como tal deve ser considerada uma Unidade de cada Arma. A tomada de posse dos Diretores Ho-

norários de cada Arma na sua Escola, a Escola das Armas, constitui um momento de especial relevância na identificação de todos os Oficiais e Sargentos com a sua Escola, pelo que em nosso entender deve ser doravante uma prática a reeditar.

Um terceiro desafio, prende-se com o facto de a função do 2.º Comandante ter sido orientado mais para o papel de diretor de ensino do que para a área administrativa, em linha com o fun-cionamento da Academia Militar e Instituto de Estudos Superiores Militares. Se esta perspetiva é compreensível pela relevância que os assuntos da formação e da doutrina assumem no âmbito da missão da EA, não deixa de ser uma alteração ao que era prática corrente nas ex-EP bem como nos Regimentos, pelo que há que encontrar a solução mais equilibrada.

O quarto desafio, inventariado decorre do facto de, quer a Direção de Formação quer a Unidade de Apoio à Formação es-tarem organizadas pelas cinco Funções de Combate. Trata-se de uma abordagem diferente da tradicional organização por Armas, embora estas estejam representadas nos respetivos gabinetes. Esta organização obriga-nos a uma reflexão que articule de forma coe-rente e sistemática as Funções de Combate com as Armas, sendo que a lógica das Funções as percorre transversalmente. Trata-se de uma abordagem focalizada nas finalidades - “ends”, nos resultados pretendidos, o que não invalida, antes dá sentido, à forma de serem alcançados - “ways”, bem como aos recursos a alocar para a sua prossecução -“means”.

As oportunidades são inúmeras e decorrem das sinergias que a partilha de espaços, equipamentos e conhecimentos propor-cionam. Exemplos destas sinergias, encontramo-las quer no simples facto de as aulas aos diferentes cursos serem lecionadas pelos Ofi-ciais e Sargentos das diferentes Armas que tutelam essas áreas es-pecíficas, quer na constatação da forma como os TPO e os CFS das diferentes Armas têm organizados os seus currículos. Neste último aspeto não está em questão a uniformização de currículos, dado não fazer qualquer sentido, mas sim a sua harmonização estrutural, materializada na orientação para as missões de combate das respe-tivas Subunidades, bem como em graus de exigência e de ambição equivalentes e adequados.

Outras oportunidades são proporcionadas pela dimensão e nível de ambição que poderá e deverá ser exponenciada no sentido de, em cada uma das suas áreas de intervenção, constituir uma re-ferência senão mesmo a referência. É possível e desejável ter na EA a Escola de cada Arma, bem como a da Educação Física Militar e Desportos e da Equitação do Exército, ao nível das suas congéneres de Exércitos amigos, quer no que respeita à doutrina e investigação, inovação e desenvolvimento, quer no que respeito à formação mi-nistrada por si ou nos Polos.

Fazer a coisa certa da forma certa, deverá guiar de forma constante o pensamento e a ação. Trata-se de um processo inter-minável que requer uma permanente postura orientada para a me-

lhoria contínua, o que requer uma persistente predisposição para

aprender, seja por via do estudo, seja por via da reflexão sobre as

práticas. Este é o propósito do dispositivo de Lições Aprendidas, que

visa dotar o Exército dos alicerces da era do conhecimento. De par

com este esforço individual e coletivo importa tirar o máximo par-

tido dos projetos de investigação e desenvolvimento, de produção

doutrinária e mesmo da cooperação técnico-militar em que a EA

está envolvida.

A escola em rede, na qual a EA detém um papel nuclear, requer níveis superiores de organização e de exigência, de forma a garantir que a formação é a adequada e que os requisitos de qua-lidade são integralmente satisfeitos, proporcionando as condições para uma formação credível e certificada. Este propósito serve a EA, os Polos e em suma o Exército na exata medida em que é da per-tinência e qualidade dos desempenhos, individuais e coletivos, que resulta o cumprimento das missões e a prossecução dos objetivos traçados.

Índice

A Batalha de Montes Claros e o

Conceito de Armas Combinadas

06

Movimento e Manobra

12

6 A Batalha de Montes Claros e o Conceito de Armas Combinadas

12 Movimento e Manobra

18 Função de Combate Proteção

22 A Escola das Armas, as Armas Combinadas e a Artilharia

28 Gabinete de Tecnologias Educativas

32 A Gestão de Qualidade e a Escola das Armas

38 Capacidade de Lições Aprendidas

44 O Apoio à Formação

52 As Comunicações e Sistemas de Informação na EA

O Apoio à Formação

44

O emprego de pequenos Sistemas Aéreos Não Tripulados numa UEB como FND no TO do Kosovo 70

56 A Coudelaria Militar

66 Rabdomiólise: Conhecer para Prevenir

70 O emprego de pequenos Sistemas Aéreos Não Tripulados numa UEB como FND no TO do Kosovo

76 A Escola das Armas e as Relações Externas de Defesa (I)

80 Urban Operations NATO Training Group Task Group

88 Combat Equipment for Dismount Soldier (CEDS)

96 Armas da Escola das Armas

6 - ARMAS COMBINADAS 01

A Batalha de Montes Claros e o Conceito de Armas Combinadas

Cor Inf Lemos Pires

ARMAS COMBINADAS 01 - 7

Felice contigente e improviza batalha dos Montes Claros q’ na primeira marcha do exercito de Portugal q’ sahio em socorro da praça de Vila Viçoza governado pello Marquez de Marialva foi acometido pello de Castella a ordem do Marquez de Caracena q’ com ardente e vigurozo impulso pode romper o corno esquerdo até a retaguarda donde foi rebatido tão rigurozamente q’ acabou em fugida o q’ comessou em vitoria e foi roto com perda total do exercito Castelhano de terna gloria dos portuguezes com perda de 3000 cavalos e seis mil infantes entre mortos e prizioneiros e prerza de toda a sua artelharia ultimo e memoravel combate entre as duas coroas.

Transcrição dos textos e dos nomes que figuram nos painéis de azulejos da Sala das Batalhas do Palácio Fronteira alusivo à Batalha de Montes Claros

8 - ARMAS COMBINADAS 01

Era o final da manhã do dia 17 de junho de 1665 e o primei-ro ataque espanhol sobre as forças portuguesas em Montes Cla-ros tinha falhado. No lado português pressente-se a oportunidade de aproveitar este momento decisivo e nada é deixado ao acaso, tomando-se várias iniciativas. Primeiro através das transmissões de ordens para se parar um novo ataque castelhano: a Estremoz, com quem se mantinha permanente ligação, o general da artilharia manda estafetas para trazer mais munições porque o tiro permanente das suas peças estão a ter um efeito demolidor sobre as avançadas inimigas e; na frente da batalha, entre as várias forças do dispositivo, para ajustar e mudar capacidades essenciais entre flancos, no refor-ço de pontos vulneráveis e na aplicação judiciosa da reserva. Depois de um novo ataque espanhol sem sucesso, às três da tarde, parecia que a vitória seria portuguesa: a artilharia espanhola já não disparava, a sua fortíssima cavalaria não conseguia penetrar o dispositivo, a in-fantaria atacava desordenada e começava a recuar. Os portugueses estavam coesos: Infantaria, Artilharia, Cavalaria combatiam como um só corpo de batalha; a Engenharia tinha melhorado as defesas de Es-tremoz e de Vila Viçosa, apoiara a mobilidade com o “equipamento sapador, destinados a facilitar o andamento das peças de artilharia que iam atrás” (Lousada, 2011: 307)1, as Transmissões, de ordens e so-bre o estado das forças, permitiam um contínuo ajustar da batalha, o chegar de reforços, de reabastecimentos, de preparar para a fase de perseguição e do ataque dos sitiantes em Vila Viçosa. Portugal aprendera e demonstrara que a sinergia entre as várias Armas Com-batentes era a forma mais eficaz de vencer um dos melhores exér-citos de mundo, mesmo encontrando-se em inferioridade numérica.

Em 1640 Portugal estava absolutamente indefeso. Uma po-pulação de 1,2 milhões de habitantes, não mais de 2000 homens disponíveis para a força armada porque grande parte emigrara para o Brasil ou participara nas expedições no ultramar e outros tantos estavam a combater na Flandres e na Itália pela glória dos Habsbur-gos. Em síntese: a marinha não tinha navios, as fronteiras estavam desguarnecidas e abandonadas, o exército não tinha nem armas, nem munições nem soldados e o país não tinha dinheiro.

Vivia-se em permanente situação de guerra. Combatia-se em várias áreas do globo e os recursos eram escassos ou, em al-gumas áreas, quase nenhuns. A Restauração (ou a Aclamação) em 1640 teve, por isso, de recorrer a políticas corajosas, coerentes e globais. No que respeita à estratégia militar, foi então criado um Con-selho de Guerra e uma Junta de Defesa das Fronteiras. Foram res-tauradas as “Ordenanças de 1570”, procedeu-se à organização do primeiro Exército permanente e revitalizou-se a marinha de guerra. Criaram-se os altos cargos de Tenente-General da Artilharia, Tenen-te-General da Cavalaria, Vedor-Geral do Exército, de Governador de Armas das províncias e de General do Mar para a Marinha. O Exér-cito foi organizado em três escalões: Ordenanças – destinadas a guarnecer as praças-fortes, em companhias de 240 homens cada, a servir como tropa irregular nas operações de pequena guerra, local e circunscrita, e a funcionar como depósito de recrutamento; Auxi-

1 “que levavam ferramentas para abaterem os valados e facilitarem os passos dificultosos” (Ericeira, 1946, IV, pg. 290).

liares ou Milícias – destinadas a acudir às fronteiras em situações de guerra, organizadas em terços com cerca de 600 homens; Exército de Linha ou Exército Regular – Exército permanente destinado à guerra de manobra, a Infantaria organizada em Terços de 2000 ho-mens e a Cavalaria em companhias de 100 homens num total de 20 000 a 26 000 infantes e 4000 cavaleiros2. À Engenharia portuguesa foi atribuída uma das mais importantes missões: edificação de forta-lezas no Brasil, reparação de castelos e fortalezas nos vários territó-rios portugueses espalhados pelo mundo e, no continente europeu, reforçar as fortalezas marítimas para a defesa de Lisboa e abertura de caminhos no restante país, em especial na província do Alentejo.

Por muitos autores tem sido usual considerar que esta guerra pode ser dividida em quatro fases, que brevemente se descreve:

1ª Fase: 1641-46Caracterizada pela atividade ofensiva dos portugueses que,

tanto no reino, como no Brasil, infligiram as primeiras derrotas aos espanhóis (1644 no Montijo) e holandeses (1645 em Tabocas). Os holandeses conquistaram em 1641 Sergipe, o Maranhão, a Ilha de S. Tomé, Angola, levaram Malaca à capitulação e, em 1642, conquista-ram o Forte de Axém. Esta fase terminou em 1646 com o combate indeciso de Telena e com a partida de uma esquadra naval portu-guesa para reforçar uma esquadra francesa no mediterrâneo.

É interessante notar a globalidade desta guerra pela sua ação em diversas partes do mundo e mesmo pelos seus atores, vindos também de todo o mundo. Como é habitual e prática co-mum na Europa desta época, Portugal contratou/procurou forças de outras nações. Desde os “ditos” regimentos do Cardeal Richelieu em 1641 compostos por franceses, italianos e irlandeses3, os regi-mentos de mercenários contratados nas Províncias Unidas (contra quem combatíamos em dois terços do Mundo) até aos regimentos franceses de 1661 e os ingleses em 1662.

2ª Fase: 1646-56Caracterizada pela atitude defensiva dos portugueses no

reino, que se limitava à cobertura e defesa das praças do Alentejo, Beira e Minho, ao passo que no Brasil e em África, mercê de uma ação ofensiva, conseguiu-se expulsar os holandeses de Pernambuco e Angola: Batalhas dos Guararapes no Brasil e reconquista de Luan-da (1648). Os holandeses são definitivamente expulsos do Brasil em 1654. Terminou esta 2ª fase com a morte de D. João IV e a perda do Forte de Calatué no Ceilão.

3ª Fase: 1656-59Começou com o cerco e tomada de Olivença (1656), carac-

terizada pelo malogro da enérgica ofensiva dos espanhóis, já livres de outras guerras e dificuldades na Europa Central. Em 1658 os ho-landeses tomaram Jafanapatão e assim perdeu-se definitivamente o 2 Um dos maiores exércitos europeus da altura (Chartrand, 2000, pg. 6); foi também nesta época que

o exército português combateu num verdadeiro conceito de armas combinadas (Espírito Santo, 2005, pg. 7).

3 “dos 4000 efetivos previstos não desembarcaram mais de 100 militares em Portugal” in Jorge de Freitas, XV Colóquio de História Militar, pág. 244 e seguintes: com muito detalhe pelo autor pode ser lido os efetivos que verdadeiramente reforçaram Portugal, as suas origens e a sua ação na guerra.

ARMAS COMBINADAS 01 - 9

Voltemos então à Batalha de Montes Claros.

Esta Batalha surgiu num momento em que a Es-panha se encontrava já em paz com a França e fora dos combates na Flandres, na Catalunha ou em Itália, ou seja, podia fazer um derradeiro esforço para recon-quistar Portugal. O Marquês de Caracena, vencedor do Marechal Turenne na Batalha de Valenciennes, substituiu D. João da Áustria (que tinha sido derrotado na Batalha do Ameixial em 1663) e traçou um plano ambicioso para ocupar Portugal: conquistar Vila Viçosa, para garantir as comunicações com a Espanha; marchar de forma ful-minante sobre Lisboa, por Setúbal, em conjugação com um ataque marítimo pela esquadra de Cádiz (com 8000 homens, 30 navios e 20 galés, plano muito idêntico ao do Duque de Alba em 1580).

Em maio de 1665 reuniu-se, em Estremoz, o Exér-cito do Alentejo, sob o comando do Marquês de Marial-va com 20 500 homens (15 000 de Infantaria, 5500 de Cavalaria) e 20 Bocas-de-fogo. Caracena acampou no Caia em 7 de junho de 1665, iniciou a sua campanha no dia seguinte (20 a 30 000 homens com 2000 de Infan-taria e 3000 cavalos alemães e 10 000 de Infantaria da Suíça e Itália) e conquistou Borba no dia 9. Sitiou de se-guida Vila Viçosa no dia 105, que possuía fortificações em mau estado e tinha uma pequena guarnição de menos de 2000 homens e 11 peças de Artilharia que, dotados de elevada moral, conseguiram repelir todas as ações dos castelhanos, embora com elevadas perdas.5 Evitou Elvas, contornou-a por Norte, e como estava senhor de Olivença e

Juromenha, abriu uma linha de comunicações com a Estremadura espanhola, a qual passava a Sul de Elvas e fora do alcance da mesma.

Ceilão. Restaram duas fortalezas portuguesas na

costa do Malabar: Cochim e Cananor; e outras

mais a norte: Goa, Bombaim, Salsete, Damão e

Diu. Terminou esta fase no Alentejo com a Ba-

talha das Linhas de Elvas em 1659.

4ª Fase: 1660-68Mais um tratado de paz com a Holanda

em 16614 e outro com Inglaterra em 1662 (que

se seguiu ao acordo para a o casamento do Rei

Carlos II com Catarina de Bragança, que entre

outras condições, incluiu no dote da princesa

as praças de Tânger, no norte de África e de

Bombaim na Índia), que permitiu o reforço de

milhares de militares e alguns navios; alteração

na ordem interna com um Golpe de Estado –

governo do Conde de Castelo Melhor – 1662;

perdeu-se Coxim para os holandeses em 1664.

Caracterizada pela reação enérgica dos por-

tugueses (as grandes e gloriosas batalhas do

Ameixial em 1663, Castelo Rodrigo em 1664

e Montes Claros em 1665). Com a Batalha de

Montes Claros, “a última de seis batalhas que os

portugueses ganharam aos castelhanos depois

da aclamação (…) e a vigésima primeira contan-

do as de outros séculos (Espírito Santo, 2005: pg.

6), Portugal assinou, finalmente, a paz com Espa-

nha, mediada por Carlos II de Inglaterra, em 1668.

4 Reconhece-se a soberania portuguesa sobre o Brasil, Angola e S. Tomé e a soberania holandesa do Ceilão, Malaca e Molucas e outras possessões no Oriente tomadas à força pelos holandeses.

10 - ARMAS COMBINADAS 01

A 15 de Junho saem de Estremoz o conde de Schomberg (efetivamente o Chefe de Estado-Maior), D. Luís de Menezes (Ge-neral da Artilharia), Dinis de Melo e Castro (General da Cavalaria) e outros oficiais para reconhecimento do itinerário que o Exército seguiria. Acompanha-os a maior parte da cavalaria. Encontraram o inimigo também em exploração sobre o qual carregaram e obriga-ram a fugir. Marialva deixou então Estremoz e marchou sobre Vila Viçosa. Caracena, informado do movimento português, decidiu pro-curar o confronto imediato, deixando à frente da praça um pequeno corpo de cavalaria com cerca de 1500 homens.

A 17 de Junho, quando as forças de reconhecimento avista-ram os castelhanos, noticiaram a existência de massas profundas de cavalaria espanhola no seu flanco esquerdo, o que levou Schomberg a deslocar para essa ala a maior parte da cavalaria. Ficou assim o dis-positivo das forças portuguesas no início da batalha: a SE de Rio de Moinhos, e na planície de Montes Claros, desenvolveu-se a cavalaria em 2 linhas, bem como 5 terços de infantaria (Marialva escolheu esta posição); no Alto do Mouro ocuparam os terços de Infantaria, que se estendia por um terreno de vinhedos (Schomberg ficou nesta po-sição) e, a artilharia, foi distribuída pelos cimos referidos e nos inter-valos da vanguarda. Os espanhóis tinham um dispositivo semelhante:

massa de cavalaria na esquerda (com o objetivo de carregar sobre o centro das nossas forças e cortar o nosso flanco direito) e infantaria na direita coberta nesse lado por pequenas forças de cavalaria (o Marquês de Caracena ficou no Alto da Vigária).

A Batalha iniciou-se às 10:00 da manhã do dia 17 de junho de 1765 com uma carga da cavalaria espanhola sobre o flanco di-reito e centro das forças portuguesas. Schomberg, apercebendo-se da intenção deste movimento, tinha feito transportar a cavalaria da esquerda para o flanco direito (ficando apenas nesse flanco 5 com-panhias de cavalaria). A cavalaria espanhola rompeu efetivamente as primeiras linhas de infantaria e da cavalaria6 mas a artilharia, através do seu fogo contínuo, obrigou-os a retirar. A vanguarda portuguesa ficou quase aniquilada devido ao ataque na esquerda da infantaria espanhola mas Schomberg reagiu a tempo e, transportando um ter-ço de infantaria da direita para o flanco esquerdo, conseguiu suster o avanço espanhol.

Deu-se então o momento que referimos no início do texto e que simbolizou a segunda tentativa espanhola, onde nos mesmos pontos de rotura, se obtiveram os mesmos resultados, ou seja, atin-

6 Que esperavam de piques em riste e arcabuzes apontados.

ARMAS COMBINADAS 01 - 11

gidos os terços da segunda linha (que constituiu a fase culminante e crítica da batalha). Schomberg, ao acudir rapidamente com cavalaria no centro-direita, conseguiu efetivamente parar este ataque e, uma consequente manobra decisiva do Marquês de Marialva, mudou o resultado a favor do dipositivo português: desguarnecendo um pouco o flanco direito, acorreu com alguns terços à esquerda, que passou a opor uma resistência eficaz ao inimigo, restabeleceu o equilíbrio no combate e obrigou os espanhóis a retirar nessa área.

Finalmente, e como terceira e última tentativa espanhola para tentar ainda inverter o rumo da batalha, a sua cavalaria simulou uma retirada e atacou de novo sobre o flanco direito português, mas já não teve o ímpeto das cargas anteriores. O Tenente-General D. João da Silva, na direita com a cavalaria, avisou Melo e Castro e este contra-atacou pela retaguarda, o que obrigou os espanhóis a debandar (fora o golpe decisivo). A luta entre as infantarias portugue-sas e espanholas continuava árdua mas Marialva, aproveitando este sucesso da cavalaria portuguesa, conseguiu envolver a infantaria es-panhola e esta foi obrigada a render-se.

Os espanhóis, face ao desgaste sofrido, resolveram então retirar-se de volta a Espanha. A exploração levada a efeito pelo Ge-

neral de Cavalaria Diniz de Mello e Castro conduziu ao aniquilamen-

to do inimigo e, simultaneamente, em Vila Viçosa, uma sortida dos

sitiados destroçou um corpo de 1800 arcabuzeiros e ao capturar de

toda a artilharia de sítio espanhola.

Montes Claros foi uma batalha decisiva entre dois exércitos

que desejavam o embate físico, a “prova de força” no campo de

batalha, o modo da estratégia direta. Foi a prova de que um uso

correto e inteligente entre as várias Armas do Exército, de forma

coordenada, combinada e em permanente ligação, exponenciava

o valor da força. Que mesmo em inferioridade numérica, se con-

seguia atingir os melhores resultados possíveis, quando uma força

era potenciada por uma liderança eficaz e uma boa rede de infor-

mações. A Batalha de Montes Claros, em 1665, fez Escola, provou a

essência da sinergia entre as várias Armas Combatentes e é assim,

naturalmente, a Batalha que evocamos como Escola das Armas no

século XXI.

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Movimento e Manobra

Cap Inf Rafael Lopes

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ARMAS COMBINADAS 01 - 13

previsivel, constituindo o carácter conjunto e combinado um mo-delo mitigador a possíveis vulnerabilidades de um ou outro sistema.

Movimento e manobra enquanto função de combateO potencial de combate de uma força é aplicado através de

oito elementos fundamentais, as funções de combate: movimento e manobra, informações, fogos, apoio de serviços, comando-missão e proteção e por dois fatores multiplicadores a liderança e a infor-mação.

A função de combate movimento e manobra, é compos-ta pelas tarefas e sistemas que movimentam forças para alcançar uma posição de vantagem sobre o Inimigo, congregando em si os efeitos psicológicos e físicos a obter sobre um determinado obje-tivo. O movimento e manobra inclui as seguintes tarefas: projeção de forças, manobra, movimentos táticos, fogo direto, ocupação de zonas de reunião, mobilidade e contramobilidade e obscurecimento do campo de batalha.

IntroduçãoO atual ambiente operacional, caraterizado pela diversidade

de influências consubstanciado na tipologia da ameaça, teatros de

operações diversificados e a presença da população civil, coloca

às forças militares extraodinários desafios não apenas do ponto de

vista organizacional, mas fundamentalmente no âmbito das técnicas,

táticas e procedimentos. Concomitantemente, sendo hoje o com-

bate fundamentalmente urbano, onde a ameaça se mistura com

a população, utilizando um modus operandi extremamente difícil

de tipificar, e onde os danos colaterais são reduzidos ao mínimo,

impele os soldados, os seus líderes e o Exército a treinar, equipar-se

e organizar-se para conduzir operações em todo o espetro: Ofen-

sivas, Defensivas, Estabilização e Apoio Civil, numa ótica conjunta e

combinada.

A formação, assume assim, um papel central e decisivo na

preparação dos soldados e líderes para este ambiente difuso e im-

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14 - ARMAS COMBINADAS 01

Figura 1: Organização do GTTMM

Organização interna do gabinete na DF e principais respon-sabilidades e atribuições

A diretiva ministerial n.º 149/MDN/2012 de S. Ex.ª o MDN

decorreu o processo de reorganização das Forças Armadas, sendo

que ao nível do Exército “optou-se por uma alteração da estrutura

de formação e instrução”. Neste âmbito, a criação da Escola das

Armas (EA) é o vetor mais relevante.

Nesse sentido, e sendo já noutros Exércitos de referência, e

mesmo em Quartéis-Generais Internacionais (exemplo: IJC/ISAF), a

organização por funções de combate uma realidade, foi entendido

que esta metodologia deveria ser implementada também nesta nova

estrutura da EA.

Os requisitos operacionais de uma força, de uma unidade ou

de uma organização são determinantes na sua organização e nos

seus processos. Todavia, a matriz organizativa não podendo estar

dissociada do ciclo de decisão a implementar, deve estar centrada

numa rede especializada consubstanciada nos seus recursos huma-

nos, procurando-se a partilha da informação, e o acompanhamento/

validação das operações.

O Gabinete de Tática e Técnica de Movimento e Mano-

bra (GTTMM), como “célula” ligada a esse conceito, encontra-se

na dependência direta do Departamento de Formação da Direção

de Formação da Escola das Armas e está organizado conforme a

figura 1.

Principais eixos de atividadeDe acordo com aquela que tem sido a sua atividade recen-

te, e decorrente das principais atribuições exaradas no programa funcional da Escola das Armas à Direção de Formação, o GTTMM restabeleceu a sua atividade em 4 eixos principais de atividade:

01. FormaçãoO GTTMM ministra formação aos diversos cursos da res-

ponsabilidade da Escola das Armas, em diversas áreas do saber cla-ramente identificadas no âmbito do departamento de formação, das quais se salientam as seguintes: Doutrina e Operações, Técnica de Estado-Maior 3ª Secção, Processo Operacional, Operações Ofensi-vas, Operações Defensivas, Estabilização e Apoio, Tática de Infanta-ria e Cavalaria, Combate em Áreas Edificadas, Treino Operacional, Ligação e Observação Militar e Mentoring, entre outras.

02. DoutrinaSendo este vetor um elemento fundamental da atividade

macro da EA, a Doutrina é um dos focos da atividade e deve ser também de cada um dos departamentos setoriais. Assim, o GTT-MM tem colaborado, de acordo com determinações superiores, no âmbito da produção doutrinária e tem já delineado um programa de implementação para a produção de um manual de Pelotão de Atiradores, especialmente vocacionado para apoio ao estudos dos Tirocínios e dos Cursos de Formação de Sargentos, e em fase de revisão o Manual Escolar 5-00 O Processo Operacional, para apoio ao trabalho de planeamento, preparação, execução e avaliação de uma operação.

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16 - ARMAS COMBINADAS 01

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03. Investigação

Na mesma linha dos vetores anteriormente referidos, a inves-

tigação é também um desiderato, tendo-se procurado na medida do

possível colaborar com o departamento de Doutrina, Estudos Téc-

nicos e Investigação e Desenvolvimento. Neste âmbito, o Tirocínio

Para Oficial de Infantaria (TPOI), tendo sido um curso que decorreu

na dependência direta do gabinete foi fundamental para que pudes-

sem ser “experimentadas” novas técnicas, táticas e procedimentos

ao nível do Combate em Áreas Edificadas (CAE), conjugando o co-

nhecimento adquirido por diversos Oficiais que frequentaram ações

de formação, estágios e/ou participaram em reuniões OTAN no âm-

bito desta temática. Esta metodologia, permitiu disponibilizar não só

novas ferramentas aos futuros Oficiais do Quadro Permanente do

Exército, mas também implementar e cimentar processos tendente

à objetivação dos benefícios para o Exército e para a Escola, dos

militares que efetuam estes intercâmbios com Exércitos de outros

países.

04. Apoio Geral

Concorrentemente, com os vetores anteriormente referidos,

e porque muita da atividade do gabinete é ainda pouco tipificada,

o capital humano disponível tem também sido empregue na linha

das suas competências em outras atividades, projetos e desafios

que concorrem em última análise para aquela que é a missão e as

possibilidades da EA. Nestas tarefas estão organizadas as seguintes:

• Elaboração de parceres técnicos no âmbito da produ-

ção de referenciais de curso;

• Elaboração de referenciais de curso;

• Direção de cursos à responsabilidade da Escola das

Armas dos quais se destacam pela sua importância o

Curso de Promoção a Capitão das Armas e Serviços,

Serviços Técnicos e Serviço de Saúde 2014, TPOI, Tiro-

ARMAS COMBINADAS 01 - 17

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cínio para Oficial de Cavalaria e Curso de Formação

Pedagógica Inicial de Formadores;

• Elaboração de notas, propostas e informações no âmbi-

to da sua área de atividade;

Principais desafiosOs desafios, constituindo-se em última análise como inspi-

rações e projetos para ultrapassar obstáculos, permite conjeturar

modalidades de ação para a procura da excelência enquanto Escola

e enquanto Exército.

Estando certos que, enquanto suborganização da Direção

de Formação e da EA, a nossa prioridade é a formação e como tal, é

aqui que iremos centrar sempre a nossa atividade primordial, procu-

rando novas metodologias, novas técnicas, táticas e procedimentos

baseadas no quadro doutrinário de referência.

Indicissociável da qualidade e excelência que se pretende

atingir, a implementação de processos facilitadores a montante e a

jusante, é também um pilar crucial para o desenvolvimento organi-

zativo, permitindo rentabilizar o capital humano disponível.

Assim, a formação deve orientar-se pela realidade operacio-

nal, replicando incertezas, fomentando o espírito crítico em ambien-

te combinado, maximizando as possibilidades que o momento atual

nos oferece, pensando e discutindo tática em ambiente combinado.

Concomitantemente, o caminho a percorrer no atual mode-

lo organizativo da EA reveste-se de enormes desafios onde a sin-

cronização, a integração e a sinergia de esforços deve constituir-se

como elemento central.

18 - ARMAS COMBINADAS 01

Função de Combate Proteção

Cap Eng Paulo Ferreira

Enquadramento Doutrinário

ARMAS COMBINADAS 01 - 19

Em 2005, o conceito de sistemas funcionais é substituído

por funções de combate, as quais os (...) comandantes integram e

coordenam (…) para sincronizar os efeitos do combate no tempo,

no espaço e na finalidade6. Estas funções seriam Manobra, Apoio

de Fogos, Informações, Mobilidade, Contramobilidade e Sobrevivên-

cia, Defesa Aérea, Apoio de Serviços e Comando e Controlo. Estas

funções de combate, fruto das alterações do ambiente operacional

(crescente na sua volatilidade e imprevisibilidade, com a omnipresen-

ça de uma ameaça multimodal e polimórfica) são alteradas em 2012.

Segundo o PDE 3-00, as funções de combate são agora definidas

como um (...) grupo de tarefas e sistemas (…) unidos por uma fina-

lidade comum que os comandantes aplicam para cumprir missões

operacionais e de treino (…) que são combinadas de forma a gerar

potencial de combate (...)7.

informações, de manobra, de engenharia, de artilharia de campanha, de apoio aéreo tático, de artilharia antiaérea, de guerra eletrónica e de apoio de serviços (RC 80-5 Brigada de Infantaria Independente, Estado-Maior do Exército,1991, p. 2-2).

6 RC Operações, p. 1-17.7 PDE 3-00, p. 2-24, 2012.

Até à década de 80, em Portugal, a aplicação do potencial de combate passava pelo planeamento do emprego das diferentes Armas1. Assim, segundo o método apresentado pelo Coronel Fer-reira Chaves2, a definição e atribuição de tarefas numa ordem de operações era feita segundo a seguinte ordem: infantaria, artilharia, carros, cavalaria, aeronáutica3, reserva e engenharia.

Na década de 80, com a adoção da doutrina da Airland Battle4 pelos países membros da Organização do Tratado do Atlânti-co Norte (OTAN), começou-se a planear segundo áreas ou sistemas funcionais de combate que integravam as armas e equipamentos disponíveis. As Grandes Unidades eram assim vistas como um con-junto de sistemas funcionais que não atuavam autonomamente, mas antes se apoiavam e integravam5.1 Atualmente, as Armas do Exército Português são Infantaria, Artilharia, Cavalaria, Engenharia e

Transmissões.2 Curso de Tática, pp 354-360.3 Na década de 30 a Aeronáutica assumia-se também como uma Arma, até à sua transformação na

década de 50, de Ramo distinto das Forças Armadas: a Força Aérea Portuguesa.4 A doutrina Airland Battle ou Batalha Ar-Terra começou a vigorar na moldura doutrinária portuguesa

em 1987, com a aprovação do RC 130-1.5 Os sistemas preconizados eram os sistemas de comando, controlo e comunicações, de

20 - ARMAS COMBINADAS 01

Dentre as seis funções de combate, destacamos no pre-sente artigo a Proteção, a qual (...) engloba as tarefas e sistemas que preservam a força para se dispor do máximo potencial de combate (...)8. A doutrina OTAN, esclarece ainda mais este conceito, definindo a Proteção como uma função que congrega os meios de preser-vação de potencial de combate de forma a que possa ser aplicado num local e tempo decisivos9. A doutrina nacional, no PDE 3-00, adotou as seguintes tarefas preconizadas já em 2009 pela doutrina norte-americana10:

Defesa antiaéreaProtegendo a força de ataques aéreos, de misseis e de vi-

gilância aérea.

Recolha de pessoal Que se foca na recolha de pessoal isolado ou desaparecido

antes que seja capturado, englobando esforços militares, diplomáti-cos e civis.

8 PDE 3-00, p. 2-36, 2012.9 ATP 3.2.1. Allied Land Tactics, p. 2-12, 2009.10 FM 3-37, p. 2-1 a 2-19, 2009.

Proteção de informação (INFOSEC)Através de medidas ativas e passivas que negam ao inimigo

a oportunidade de explorar informação e sistemas de informação

das forças amigas.

Medidas para evitar o fratricídioTais como a definição de uma estratégia de proteção que

enfatiza a prevenção da morte acidental das nossas forças por fogo

de forças amigas. Esta estratégia foca, fundamentalmente, duas

áreas, o conhecimento da situação e da identificação do alvo, de-

batendo-se com o desafio de reduzir a probabilidade de fratricídio

sem desencorajar a audácia essencial ao sucesso operacional.

Segurança de áreaProtegendo as instalações, itinerários e atividades numa Área

de Operações (AO) das forças amigas. Inclui a defesa de bases, a

segurança de recursos críticos, a protecção de nós de comando e

ARMAS COMBINADAS 01 - 21

controlo (C2), segurança de High-Risk Personnel11, segurança física,

forças de intervenção para ameaças de nível I, II ou III, segurança

das linhas de comunicação, estabelecimento de postos de controlo,

segurança a colunas, segurança de instalações portuárias, vigilância

e controlo de danos.

Antiterrorismo (AT)Incluindo-se o estabelecimento de um programa AT, recolha,

análise e disseminação de informação acerca da ameaça, avaliação

e redução de vulnerabilidades críticas, sensibilização AT, estabeleci-

mento de parcerias com entidades civis para incidentes terroristas,

estabelecimento do nível de ameaça terrorista e planeamento de

resposta a incidentes e condução de exercícios e avaliação de pla-

nos AT.11 Pessoal que devido ao seu posto, cargo desempenhado, valor simbólico ou isolamento apresentam-

se como alvos atrativos ou acessíveis para ações terroristas (FM 3-37, p. 2-8, 2009).

Prevenção de acidentes

Proteção sanitária

Incluindo medicina preventiva, serviços veterinários, controlo

de stress e serviços de laboratório.

Segurança das operações (OPSEC)

Através de um processo que permita identificar ações que

possam ser observadas pelos sistemas de informação adversários;

determinar indicadores acerca dos sistemas de informações hostis

de modo a que forneçam informação crítica em tempo; e selecio-

nar e executar medidas que eliminem ou reduzam para um nível

aceitável as vulnerabilidades de ações de forças amigas à explora-

ção adversária.

Inativação de engenhos explosivos (EOD - Explosive Ordnan-

ce Disposal)

Operações de defesa NBQR

Com o emprego de capacidades táticas que façam face a

toda a amplitude da ameaça NBQR12.

Sobrevivência

Entendida nas suas quatro áreas destinadas a mitigar as per-

das de forças amigas perante o ambiente ou ações hostis:

• Mobilidade, através da manutenção da liberdade de mo-

vimento e a ocupação constante novas posições.

• Compreensão situacional, analisando informação rele-

vante a fim de determinar as relações entre as variáveis

de missão e facilitar o processo de decisão;

• Reforço, com a utilização de materiais naturais ou arti-

ficiais para proteger pessoal, equipamento e instalações

de efeitos de sopro, fogos diretos ou indirectos, radiação

ou guerra electrónica. Mitiga assim os efeitos de um ata-

que, incluindo a construção de posições de tiro e de

proteção;

• Camuflagem, Dissimulação e Deceção13, destinados a

prevenir a deteção visual ou eletrónica de forças ami-

gas.

BibliografiaCHAVES, Ferreira (1930). Curso de Tática, Vol IV, Lisboa, Tipografia Maurício & Monteiro.

EXÉRCITO PORTUGUÊS (2005), RC Operações, Lisboa.

EXÉRCITO PORTUGUÊS (2012), PDE 3-00 Operações, Lisboa.

Department of the Army (2009). FM 3-37 Protection, Washington.

NATO (2009), ATP 3.2.1. Allied Land Tactics.12 De salientar que na doutrina nacional “excluem-se as atividades de descontaminação NBQR, as

quais se enquadram na função de combate apoio de serviços” (PDE 3-00, p. 2-37).13 Da nomenclatura anglo-saxónica Camouflage, Concealment and Deception (CCD).

22 - ARMAS COMBINADAS 01

A Escola das Armas, as Armas Combinadas e a Artilharia

Maj Art Vitor Lopes

ARMAS COMBINADAS 01 - 23

IntroduçãoO conceito de Armas Combinadas e o seu emprego no

Campo de Batalha não é, de forma alguma, recente, nem tão pouco do século passado. Contudo, a sua natureza e o nível organizacional a que se tem aplicado tem variado significativamente ao longo da história.

Quando em 1907, o Major Gerald Gilbert1 afirmou: “Tornou--se moda falar sobre tática de cavalaria, tática de artilharia, e tática de infantaria. Esta distinção é tão-somente uma mera abstração. Existe apenas uma arte, que é a tática das armas combinadas2 (…)”, já era comum a existência de “Unidades de Armas Combinadas”, ainda assim poucos dos militares que aí prestavam serviço compreendiam a necessidade de alcançar este tipo de cooperação ou combinação entre as Armas, sobretudo ao nível das pequenas unidades.

Assim, não basta desenvolver táticas e doutrinas de empre-go das Armas de forma combinada. Para que as mesmas sejam efe-tivas, é fundamental que sejam ensinadas e disseminadas de forma consistente aos responsáveis pelo seu emprego – os atuais e futuros Comandantes. Serão eles que, em cada escalão, têm de compreen-der e acreditar que as “Armas Combinadas” são a forma mais eficaz de lidar com a incerteza do moderno ambiente operacional.

Mais do que a criação de novas doutrinas e táticas, o que os grandes líderes militares fizeram ao longo da história foi a com-1 Oficial do Exército Britânico, autor da obra The Evolution Of Tactics.2 Tradução livre do autor.

preender e difundir o seu emprego, treinar as suas tropas e aplicar

os resultados em combate. Exatamente como ocorreu em 1665 du-

rante a Batalha de Montes Claros que atualmente comemoramos

na Escola das Armas.

A Inevitabilidade das Armas Combinadas Na atualidade, os princípios e requisitos anteriormente referi-

dos mantem-se absolutamente válidos. Contudo, o ritmo acelerado

da alteração da tipologia e forma como se desenvolvem os confli-

tos, requer, cada vez mais, uma adequada e célere capacidade de

adaptação das forças militares a essa mesma realidade.

Conceptualmente, as Armas Combinadas, conciliam o em-

prego simultâneo e sincronizado das capacidades das funções de

combate Movimento e Manobra, Fogos, Informações, Proteção,

Sustentação, e Comando-missão, a fim de maximizar a eficácia de

uma força militar, alcançando-se desta forma um efeito superior ao

do emprego de cada Arma em separado ou de forma sequencial.

Na prática, estas seis funções de combate representam o

conjunto das tarefas e sistemas associados (pessoas, organização,

equipamentos, informação e processos), unidos por um objetivo co-

mum, e aos quais um comandante recorre para o cumprimento das

suas missões, empregando todas as suas capacidades de produção

de efeitos – letais, e não letais.

24 - ARMAS COMBINADAS 01

Inevitavelmente, para assegurar esta capacidade, os exér-citos (leia-se Forças Terrestres) terão necessariamente de enfatizar as metodologias da formação, do treino, e do desenvolvimento dos Comandantes (liderança) a fim de os tornar aptos a atuar de for-ma adequada perante esta incerteza, procurando materializar o seu emprego aos mais baixos escalões, e nas mais variadas tipologias de missões, objetivos para os quais a Escola das Armas poderá assegu-rar um importante contributo.

A Formação no âmbito das áreas do conhecimento da Ar-tilharia

O modelo de formação preconizado para a Escola das Ar-mas veio agora generalizar o conceito de Escola em Rede, que no caso da Artilharia era desde já há muitos anos uma realidade neces-sária, com a EPA no centro da rede e as outras Unidades de Artilha-ria como polos de formação, nomeadamente nas componentes de Artilharia Antiaérea e de Artilharia de Costa.

Apesar deste modelo de formação não ser inovador para os Artilheiros, é nova a realidade da formação em ambiente de Armas combinadas, que, embora ainda numa fase inicial, revela já os seus frutos, materializados através das várias experiências e oportunida-

des de interação formativa, com as outras Armas a beneficiar dos saberes específicos da Artilharia e, naturalmente, também a Artilharia a beneficiar dos saberes e competências da Infantaria, Cavalaria, Engenharia e Transmissões, integrados nas diferentes funções de combate.

Esta nova realidade veio alterar o paradigma anterior de for-mação nas várias disciplinas Artilheiras, que do antecedente ocorria no seio de uma “unidade pura”, impondo-se agora exigências e ri-gores adicionais, nomeadamente ao nível do planeamento e progra-mação das diversas atividades dos cursos, não só porque o volume e variedade das atividades de formação são ímpares numa única unidade do Exército, mas também porque existe a natural necessida-de de cada uma das Armas integrar os conhecimentos específicos das restantes na execução das ações de formação que anterior-mente eram, na sua quase totalidade, estanques a esta participação. Tornou-se assim um processo natural e veio provar que “pensar de forma combinada” é o caminho adequado.

Neste âmbito, a Artilharia tem tido uma participação ativa em diversos Cursos que não específicos da Arma de Artilharia, dos quais se destacam os diversos Cursos Formação Inicial e Progressão

6500 m

Tampella tipo B

ARMAS COMBINADAS 01 - 25

na Carreira, o Curso de Combate em Área Edificadas, o Curso de

Ligação e Observação Militar, o Curso de Contra vigilância, entre

outras situações e eventos, aos quais têm sido ministrados conteú-

dos nas áreas do conhecimento da Artilharia. Também na formação

dos cursos específicos da Artilharia, têm sido envolvidas as outras

Armas, colaboração da qual resulta franco benefício para os Arti-

lheiros.

Naturalmente, e sendo a vocação da Escola das Armas a

formação de cariz eminentemente prático, ao nível dos diversos

Cursos, tem existido a preocupação fundamental de manter e pri-

vilegiar uma abordagem essencialmente de índole prática, quer na

aprendizagem de novos conteúdos no âmbito dos materiais e equi-

pamentos de Artilharia, quer na aplicação dos conhecimentos ad-

quiridos na vertente técnica e tática da Arma, com vista à adequada

preparação e qualificação dos Oficiais e Sargentos de Artilharia para

o futuro desempenho de funções nas várias Unidades de Artilharia

de Campanha e Antiaérea.

Neste campo também as unidades operacionais da Artilha-

ria, na qualidade de polos de formação, têm tido um papel fulcral no

apoio às diversas atividades formativas à responsabilidade da Escola

das Armas.

A Artilharia na Escola das Armas – The Way Ahead

A Escola das Armas poderá futuramente representar uma

importante fonte de conhecimento no âmbito do desenvolvimento e

implementação das capacidades do Exército. Vocacionada sobretu-

do para os vetores de desenvolvimento Doutrina e Treino e Forma-

ção, reúne a massa crítica adequada para esse efeito, ao congregar

no seu seio as Armas do Exército e ao manter relações funcionais

privilegiadas com as unidades operacionais, fonte essencial de lições

aprendidas.

No âmbito da Artilharia, a Campanha integrada na função

de combate Fogos e a Antiaérea na função de combate Proteção,

poder-se-ão identificar inúmeros desafios para os quais a Escola das

Armas poderá dar um contributo significativo e assumir um papel

de liderança no desenvolvimento e exploração das oportunidades

que surgem, e que atualmente ainda se constituem como lacunas

no seio da Artilharia.

26 - ARMAS COMBINADAS 01

No campo das lições aprendidas, são diversas as atividades no âmbito da Artilharia que as participações recentes nas NATO Response Forces3 (NRF), em grandes eventos nacionais que exigiram a proteção antiaérea4, e a participação em exercícios e diversas ati-vidades com Forças Internacionais, constituem-se como excelentes oportunidades de consolidação e atualização de Doutrina e da For-mação através do processo de lições aprendidas, e no qual a Escola das Armas deverá e poderá dar os seus contributos.

No concernente aos Sistemas de Simulação, aproveitando materiais existentes no Exército e as práticas anteriores da utilização dos redutores de calibre, poderá a Artilharia promover e desenvol-ver a criação de um Polígono de Tiro para Calibres Reduzidos, na Tapada Militar de Mafra (e para o qual já deu os primeiros passos), que sirva os Sistemas de Armas da Artilharia, e também das outras Armas, permitindo treinar guarnições e procedimentos de forma próxima da situação real de tiro, representando uma solução de bai-xo custo, e que, embora não substitua no todo a realização de tiro real com esses sistemas, será uma forma de treino complementar à realização de tiro real. Esta tem sido uma das apostas de muitos exércitos com resultados francamente positivos na formação, treino e preparação das suas forças.

Através da sua participação e presença em diversos Grupos de Trabalho OTAN poderá seguramente ser fonte de conhecimento e divulgação da doutrina, mas também colaborar e promover e apoiar a Investigação e o Desenvolvimento de projetos nacionais de âmbito variado, nomeadamente nas vertentes das capacidades ISTAR e do Targeting, áreas em que a Artilharia e o saber dos Artilheiros têm reconhecidamente um papel determinante

Outra das potencialidades deste modelo é o papel con-gregador que poderá ter na uniformização dos conteúdos progra-máticos, atualização e otimização da oferta formativa ao nível dos Cursos de Artilharia, integrando áreas do conhecimento até à data pouco trabalhadas (por exemplo a componente dos fogos não le-tais) e inserindo nos programas de formação de outros cursos, de forma sólida, permanente e aos mais baixos escalões, as matérias referentes aos Fogos e à Proteção da Força nas suas áreas do saber específico.

Também neste aspeto deverá a Artilharia analisar as lições aprendidas das mais recentes experiências de outras forças nos di-versos Teatros de Operações e ser capaz de explorar o emprego de unidades táticas de baixos escalões em missões descentralizadas, incorporando estes ensinamentos na sua formação e treino nomea-damente ao nível das unidades de Armas Combinadas.

Muitas outras oportunidades e áreas de desenvolvimento poderão ser identificas e exploradas pela Escola das Armas no âm-bito da Artilharia, nomeadamente no campo das áreas edificadas, de técnicas de observação avançada com o apoio de UAV (projeto de 3 Através de uma BtrBF 105 mm LG do GAC/BrigRR na NRF 14, NRF 17 e NRF 2015.4 Destacam-se a visita apostólica do Papa Bento XVI a Portugal e a Cimeira da OTAN em Lisboa,

ambas em 2010.

desenvolvimento a cargo da Escola das Armas), o desenvolvimento

do emprego de fogos conjuntos através da formação e certificação

de observadores avançados5, entre muitas outras possíveis.

Considerações FinaisUma das melhores formas das forças militares combaterem

a incerteza do futuro ambiente operacional é através da adequada

formação, do estabelecimento de processos de aprendizagem sis-

temáticos e contínuos, e da permanente valorização, qualificação

e certificação dos seus Quadros e das suas Praças, componentes

estas que o Exército tem procurado valorizar.

O sucesso depende em larga escala de uma formação ade-

quada à realidade do emprego de forças, que criem as competên-

cias e a confiança necessárias ao desempenho dos vários cargos,

constituindo-se a Escola das Armas como polo de excelência para a

integração e desenvolvimento destas capacidades ao se materializar

como o fulcro da formação do Exército, por onde todos os quadros

do Exército passam, em algum momento da sua carreira, sendo esta

uma certeza no caso dos Oficiais e Sargentos das Armas que aqui

se encontrarão, por diversas vezes, e em marcos importantes da

sua carreira.

Para que tal tenha resultados, torna-se necessário criar e de-

senvolver a consciência comum da importância e indispensabilida-

de de cada uma das Armas e Funções de Combate associadas na

conduta das variadas tipologias, e por vezes simultâneas, das atuais

operações militares.

Cada vez mais e desde os mais baixos escalões, de forma

bem vincada, deveremos traduzir essa necessidade na formação,

na prática corrente dos exercícios, do treino das forças e na sua

doutrina, vetores onde a Escola das Armas deverá ter um papel de-

terminante, regulador e implementador.

A Artilharia, e cada uma das Armas do Exército, tem na sua

Escola (a das Armas) a oportunidade para apostar num conceito de

formação de futuro – As Armas Combinadas – que seguramente

se tornará, a breve trecho, uma realidade inegável e representará a

forma de fazer face às necessidades e desafios do futuro do Exér-

cito.

Bibliografia:Diretiva 55/CEME/13 – CRIAÇÃO DA ESCOLA DAS ARMAS;

EME, Programa Funcional da Escola das Armas, fev2013;

FT-04, Fundamentals of Combined Arms Maneuver, Paris, December 4, 2012, Centre de doctrine d’emploi des forces, Armeé de Terre

U.S. Army Training and Doctrine Command, TRADOC Pam 525-3-1, The United States Army Operating Concept 2016-2028, 19Ago2010

PDE 3-00 Operações, Publicação Doutrinária do Exército, Exército Português, abril 2012

ADP 3-09 Fires, Army Doctrine Publication, Headquarters Department of the Army, Washington, DC, 31 August 2012.

5 Atualmente em franco desenvolvimento no seio dos países da NATO, o Conceito de Joint Forward Observer.

ARMAS COMBINADAS 01 - 27

28 - ARMAS COMBINADAS 01

ARMAS COMBINADAS 01 - 29

Desde 01 de Outubro do ano transato que este é um diálogo recorrente para qualquer dos militares colocados no Gabinete de Tecnologias Educativas (GTE). Efetivamente, esta designação soa de forma estranha para a grande maioria dos militares quando são confrontados com a mesma. Frequentemente, respondemos utilizando palavras soltas como “referenciais de curso” ou “moodle”, procurando de uma forma sucinta esclarecer quem nos interrogou.

Este artigo encerra a oportunidade de esclarecer o leitor, de uma forma mais completa, sobre o que é este gabinete. Por outras palavras, o objetivo a que nos propomos com este breve texto é desmistificar o papel do GTE na Escola das Armas (EA), procurando responder a duas simples perguntas: “o que é o GTE?” e “o que tem feito o GTE?”.

O que é o GTE? Para podermos explicar o que é este gabinete, torna-se

obrigatória a definição do que são as tecnologias educativas (TE). Quando falamos em TE, falamos numa ciência multidisciplinar

Gabinete de Tecnologias Educativas

Ten Inf José Venâncio

que incide nos processos da aprendizagem humana e que se

complementacom um conjunto de técnicas, métodos, instrumentos

e meios que procuram tornar o processo formativo mais eficaz. Em

suma, falar em eficácia significa melhorar a aprendizagem.

A face mais visível da incorporação das novas tecnologias

multimédias no ensino, num processo ao qual o Exército também

não foi alheio, foi a proliferação de plataformas e-learning Moodle,

que permitiram tornar mais fácil a interação entre as abordagens

didáticas e o mundo, incorporando novos e variados meios na

educação.

No entanto, as TE não se confinam à plataforma Moodle.

De uma maneira geral, tudo o que gira em torno da componente

conceptual a montante da elaboração dos diversos documentos

que integram o Referencial de Curso (RC) é uma das áreas de

interesse do GTE.

30 - ARMAS COMBINADAS 01

Em termos organizacionais, as nossas fronteiras têm vindo

a definir-se durante estes primeiros meses de existência da EA.

Internamente, existe uma forte afinidade entre as áreas do saber

do GTE e o Departamento de Avaliação e Qualidade da EA.

Externamente, existe igualmente uma grande proximidade com a

Repartição de Tecnologias Educativas e Qualidade do Comando da

Instrução e Doutrina (CID).

O que tem feito o GTE?Feita a introdução sobre o que é e quais os temas tratados,

passamos agora a descrever quais os trabalhos onde o GTE tem estado envolvido:

01. Controlo técnico dos documentos integrantes dos RCA aprovação recente do MD 240-03 - Modelo de RC

veio dar um novo impulso à atualização dos mesmos. A EA vê-se

Estrutura dos documentos integrantes de um RC

ARMAS COMBINADAS 01 - 31

envolvida neste processo de duas formas diferentes. Enquanto Unidade Formadora, a EA é responsável por apoiar os Polos de Formação na elaboração dos documentos dos RC dos cursos que têm a responsabilidade de ministrar. Os Polos de Formação remetem

02. Participação em grupos de trabalho para elaboração de perfis

de cargo

A EA participou, em colaboração com o CID, Centro de

Psicologia Aplicada do Exército e Escola Prática dos Serviços, nos

diversos grupos de trabalho constituídos com a finalidade de

elaborar perfis de cargo. Os grupos onde o GTE esteve envolvido

visaram os seguintes cursos: Condutor VBR PANDUR II 8x8; Instrutor

Avançado de Tiro do Carro de Combate Leopard 2A6; Promoção a

Cabo (Parte Geral); Formação Geral Comum de Praças do Exército.

Nos dois primeiros casos, os trabalhos contemplavam a

elaboração de todos os documentos do RC, enquanto nos restantes

dois os trabalhos circunscreveram-se à elaboração do perfil de

cargo.

03. Elaboração do Guia Metodológico para elaboração de tarefas e

objetivos de formação

No sentido de apoiar a elaboração dos RC, foi constituído

um grupo de trabalho na EA que desenvolveu o “Guia Metodológico

para elaboração de tarefas e objetivos de formação”, onde se

procurou descrever o “como” elaborar perfis de cargo para

posteriormente desenvolver os objetivos de formação.

04. Administração da plataforma Moodle da EA

O GTE levou a cabo a integração e harmonização dos

conteúdos provenientes das diferentes unidades antecessoras da

EA, e é responsável por auxiliar os diretores de curso e formadores

na gestão dos diferentes cursos ou módulos disponíveis nesta

plataforma.

05. Participação em eventos

O GTE marcou presença no I Encontro Nacional de Forma-

dores, em Novembro de 2013 e, mais recentemente, em abril do pre-

sente ano, no Workshop promovido pela Agência Nacional para a

Qualificação e o Emprego Profissional onde foi efetuada a apresen-

tação do “Guia Metodológico: conceção de qualificações baseadas

em resultados de aprendizagem. De uma maneira geral, ambos os

eventos permitiram-nos compreender um pouco melhor qual o “es-

tado da arte” ao nível civil nas áreas de interesse do GTE.

ao GTE os RC para uma avaliação técnica dos diversos documentos, que são posteriormente submetidos à aprovação do CID.

Por outro lado, a EA é responsável pelo desenvolvimento de diversas ações de formação decorrentes do Plano de Formação Anual do Exército. Neste âmbito o GTE tem dado o seu apoio técnico às diversas subunidades da EA envolvidas na atualização dos RC, de modo a que também estes documentos sejam posteriormente enviados ao CID para validação.

32 - ARMAS COMBINADAS 01

ARMAS COMBINADAS 01 - 33

TCor Inf Couto Gomes

A motivação de implementar um Sistema de Gestão da Qua-

lidade

A adoção e implementação de um sistema de gestão da

qualidade (SGQ) deverá ser uma decisão estratégica da Escola das

Armas.

A conceção e a implementação de um sistema eficaz e útil

pode ser moroso mas originará um valor acrescentado para a Escola

porque a dinâmica de melhoria contínua introduz a capacidade de

desenvolver continuamente a nossa eficácia1.

1 Texto adaptado do referido na NP EN ISO 9001:2008, Pág. 7 e no Guia interpretativo da NP EN ISO 9001:2008 da APCER, Pág. 31.

O SGQ baseado na abordagem por processos

A abordagem da gestão como um sistema consiste em

identificar, compreender e gerir processos interrelacionados como

um sistema para que a organização atinja os seus objetivos com

eficácia e eficiência2.

Um processo consiste numa atividade ou conjunto de ativi-

dades utilizando recursos e gerido de forma a permitir a transforma-

ção de entradas (input) em saídas (output)3.

2 APCER: Guia interpretativo da NP EN ISO 9001:2008, Edição de 2010, Pág. 30.3 NP EN ISO 9001:2008, Pág. 7.

A Gestão de Qualidade e a Escola das Armas

34 - ARMAS COMBINADAS 01

Exemplo: Processo de ação de formação

• Entradas iniciais do processo: formandos, referencial de

curso e recursos

• Atividades do processo: programar para ministrar o cur-

so, Planear para ministrar o curso, preparar para ministrar

o curso e ministrar o curso ou, por outras palavras, Gerir,

Apoiar, Apoiar Administrativamente e Ministrar o Curso.

• Saídas finais do processo: As competências adquiridas

pelos formandos.

A gestão da qualidade baseada em processos assenta num

ciclo de qualidade que permite a melhoria contínua da organização.

A construção do Sistema de Gestão da Qualidade da Escola.A construção do Sistema de Gestão da Qualidade da Escola

deve obedecer aos requisitos da NP EN ISO 9001:2008:

• Requisitos da documentação;

• Responsabilidade da gestão;

• Gestão de recursos;

• Realização do produto;

• Medição, análise e melhoria.

Uma possível representação das relações dos macroproces-sos do sistema da Escola pode ser a ilustrada na próxima figura.

Formação

Medição, análise e melhoria

Responsabilidade do Comando da EA

Gestão de recursos

Ciclo da qualidade

(NP EN ISO 9001:2008, pág. 7)

Requ

isito

s da

form

ação

de

qual

idad

e e

nece

ssid

ades

de

form

ação

do

Exér

cito

Melhoria contínua do sistema de gestão de qualidade

Entrada SaídaProduto (serviço)

Competências necessárias ao de-sempenho da missão adquiridas

pelos militares

Produção

Satisfação dos requisitos de qualidade e das necessidades de formação do Exército

Fluxo de informação

ARMAS COMBINADAS 01 - 35

1979 - 2014

35

Gestão Supo

rte

Produ

ção

Avaliação e

melhoria

Constituído pelos processos que garantem a definição, a direção e a comunicação da política e dos objetivos da qualidade. São os processos que lideram todo o sistema de gestão da qualidade e que garantem a difusão da informação de forma permanente e atualizada.

Constituído pelos processos que garantem a ALIMENTAÇÃO dos processos de Gestão, Formação e Avaliação.São os processos que executam a gestão de recursos e a prestação de serviços que sustentam o Sistema de processos da Escola.

Constituído pelos processos que garantem a transmissão/distribuição de conhecimentos/competências necessá-rios ao Exército.Estas competências são transmitidas sob a forma de atividades formativas e atividades de I2D.

Constituído pelos processos que garantem a qualidade e a melhoria contínua de todos os processos da Escola. Avaliam o desempenho dos processos com base em indicadores de desempe-nho e corrigem/antecipam inconformi-dades e implementam medidas de melhoria nos processos.

SGQ da EA

36 - ARMAS COMBINADAS 01

A construção de processos da EA deverá conter obriga-toriamente um fluxograma do processo, o descritivo do processo,

indicadores de desempenho do processo e os descritivos de cargo de quem o executa.

Modelo de Fluxograma de Processos

A�vidadesEntradas Saídas Responsabilidades

Fase

(se

nece

ssár

io)

Fase

(se

nece

ssár

io)

Fase

(se

nece

ssár

io)

Fase

(se

nece

ssár

io)

Fase

(se

nece

ssár

io)

A�vidadeDescriminar as entradas na a�vidade

Descriminar as saídas da a�vidade

Decisão

Não

A�vidade

Sim

(Desenhar o processo até sealcançar o produto do processo)

Produto do Processo

Iden�ficar a en�dade ou en�dades envolvidas na execução da a�vidade

Descriminar as entradas na a�vidade.Estas entradas, normalmente, correspondem às saídas da a�vidade anterior

Descriminar as saídas da a�vidade

Descriminar as entradas na a�vidade.Estas entradas, normalmente, correspondem às saídas da a�vidade anterior

Descriminar as saídas da a�vidade

Iden�ficar a en�dade ou en�dades envolvidas na execução da a�vidade

Iden�ficar a en�dade ou en�dades envolvidas na execução da a�vidade

Iden�ficar a en�dade ou en�dades envolvidas na execução da a�vidade

Início/necessidadeDescriminar as entradas na a�vidade

Descriminar as saídas da a�vidade

Iden�ficar a en�dade ou en�dades envolvidas na execução da a�vidade

ARMAS COMBINADAS 01 - 37

1 (meses)

2

3 4 5 6

78

9

10

11

12

13 14

15

16

17

18

1

2

5

4

FormarSensibilizar

Definição dos processos

3

Implementação dos processos

Autoavaliação

Melhorar

Apoio

Melhorar

1

2

5

4

3

- Decisão do Comando para implementar o SGQ- Nomeação da equipa instaladora

- Decisão do Comando para implementar os processos desenhados

- Decisão do Comando de submeter candidatura de certificação SGQ

- Decisão do Comando de solicitar apoio à entidade certificadora

- Preparado para auditoria externa com vista à certificação

Um possível projeto de implementação do sistema de gestão da qualidade:

Passos:1º Passo - Decisão

Momento decisivo que consiste na deci-

são do Comando da Escola em alcançar o obje-

tivo de certificação de gestão da qualidade total.

Nomeação de uma equipa da qualidade

que irá implementar o SGQ da Escola.

2º Passo - Formação e sensibilização

Formação da equipa da qualidade sobre

a norma ISO 9001: 2008 e autoavaliação.

Ação de formação de sensibilização a

todos os militares sobre:

– O SGQ;

– Os benefícios do SGQ;

– Os princípios do SGQ;

– Os passos do projeto;

– A importância do envolvi-

mento de todos.

3º Passo - Definição dos processos

Neste passo é realizada uma análise das

práticas de trabalho com a finalidade de identifi-

car e desenhar os processos da Escola e definir

os indicadores de avaliação de desempenho dos

processos.

O desenho dos processos e a definição

dos indicadores de desempenho têm de ser de

acordo com os requisitos de qualidade que cons-

tam na ISO 9001:2008.

4º Passo - Implementação dos processos

Depois de estarem definidos os proces-

sos e de tomada a decisão do Comando da Es-

cola para os implementar devem ser seguidos os

seguintes procedimentos:

– Informar toda a Escola do início

da implementação dos proces-

sos definidos no passo anterior;

– Redefinir ou redesenhar os pro-

cessos, se necessário, ou seja

introduzir melhorias;

– Elaboração do manual da qua-

lidade. O manual da qualidade

pode ser substituído pela Direti-

va de Comando da Escola;

– Elaborar o Plano anual da Qua-

lidade.

5º Passo - Candidatura à certificação do

SGQ da Escola

O Comando da Escola toma a decisão

final da candidatura à certificação do SGQ e es-

colhe a entidade certificadora para o efeito.

A equipa realiza todos os procedimentos

de candidatura, que podem ser realizados com o

apoio da entidade certificadora selecionada.

6º Passo - Autoavaliação

A equipa de qualidade executa uma au-

toavaliação e elabora um plano de melhorias a

implementar.

7º Passo - Implementação das melhorias

A equipa de qualidade procede ao cum-

primento do plano de melhorias.

Neste passo poderá existir um apoio

técnico da entidade certificadora porque poderá

existir a necessidade de rever os processos.

8º Passo - Apoio à revisão

Este passo é a extensão do anterior em

que é solicitado o apoio à entidade certificadora

para executar as revisões e a implementação de

melhorias necessárias.

38 - ARMAS COMBINADAS 01

Maj Art Luís Custódio

IntroduçãoDa “longínqua” presença das nossas tropas em território ul-

tramarino aos dias de hoje com a participação de Forças Nacionais

Destacadas em variados Teatros de Operações era, e é ainda hoje,

importante e necessário colher ensinamentos das experiências ope-

racionais vividas.

Desta coleção de práticas, vivências, situações experimen-

tadas, sentidas, inclusivamente colhidas de outros países, é indispen-

sável retirar ensinamentos que possam identificar de forma estrutu-

rada e objetiva as causas do sucesso ou insucesso, possibilitando

que no futuro e em situações idênticas, similares ou aplicáveis, seja

possível evitar a repetição de erros e aumentar a probabilidade de

repetição de êxitos ou boas práticas.

O termo Lições Aprendidas (LA) descreve as atividades rela-

cionadas com a aprendizagem a partir da experiência para alcançar

melhorias.

A aprendizagem pode e deve ser empregue para funda-

mentar mudanças e/ou transformações que conduzam a uma me-

lhor execução e desempenho em atividades que decorrem ou que

venham a decorrer no futuro.

Capacidade de Lições Aprendidas

The best lessons learned are the ones learned the hard way.Anónimo

A implementação na Escola das Armas

ARMAS COMBINADAS 01 - 39

40 - ARMAS COMBINADAS 01

A finalidade do Processo de Lições Aprendidas é aprender de forma eficiente com a experiência e fornecer justificações váli-das para a alteração do modo de fazer as coisas, a fim de melhorar o desempenho – o valor de uma lição aprendida está na sua imple-mentação em atividades futuras.

A capacidade para criar melhorias através da partilha de ex-periências e conhecimento prático designa-se por Capacidade de Lições Aprendidas.

A capacidade de LA do Exército Português tem três elemen-tos estruturantes, plenamente desenvolvidos e ao dispor das dife-rentes U/E/O, assentes no órgão de LA do Exército – Repartição de Lições Aprendidas/Direção de Doutrina (RepLA/DD/CID):

• A Estrutura, consubstanciada na Diretiva 98/2012 de SExa o Gen CEME e igualmente prevista na publicação doutrinária PDE 0-32-00. Atualmente esta estrutura en-contra-se estratificada por patamares de responsabilida-de, onde existe um OfLA/OPR LA, assente na Ação de Comando das diferentes U/E/O, mas que permite fluir a informação ao longo da respetiva estrutura dedicada.

• O Processo, previsto em termos doutrinários na PDE 0-32-00.

• As Ferramentas, concretizadas no portal de LA do Exér-cito, administrado pela RepLA e respetiva base de dados.

A Capacidade de LA na Escola das Armas – A sua definiçãoCriar, desenvolver e manter a Capacidade de Lições Apren-

didas na Escola das Armas (EA) implicará uma Estrutura, um Processo e Ferramentas adequadas.

Assim considera-se que a Estrutura será válida quando tem pessoal qualificado em LA colocado nos postos adequados da organização, que o Processo deverá ser comum para desenvol-ver uma Observação, Lição ou Boa Prática (OLBP), incluindo a sua partilha/utilização correta e as Ferramentas constituirão os meios tecnológicos adequados para apoiar a recolha, armazenamento, processamento e partilha de informação.

Como articular a Estrutura?

A materialização da Capacidade de LA na EA será em pri-meira instância assegurada por uma estrutura dedicada ligando to-dos os níveis de Comando da Unidade, assente na liderança do Comandante da EA e refletida em Quadro Orgânico tendo como Entidade Primariamente Resonsável (EPR) a Direção de Avaliação e Qualidade (DAQ) e na afetação de um Oficial e um adjunto com o Curso de Lições Aprendidas.

Assentará ainda num 2º nível, com capacidade de decisão, nos Comandantes, Diretores ou Chefes da Direção de Avaliação e Qualidade (DAQ), Direção de Planeamento, Programação e Coor-denação (DPPC), Direção de Formação (DF), Unidade de Apoio à Formação (UAF) e Unidade de Apoio (UAp) e, por último, num 3º

nível, com capacidade para propor conclusões e recomendações válidas, nos Comandantes, Diretores ou Chefes de todos os departa-mentos, subunidades ou seções de Estado-Maior dos órgãos men-cionados no 2º nível.

A Estrutura descrita apoiar-se-á através da DAQ no órgão de LA do Exército.

Como descrever o Processo?

Os passos do Processo das LA a implementar na EA, obede-cendo à doutrina aprovada e adaptados à sua missão e tarefas, es-tará orientado tendo em vista descobrir o que pode ser melhorado, mitigando as causas, e procurará uma possível solução não tendo como referência a atribuição de responsabilidades ou a quantifica-ção do desempenho observado.

Deverá atender, também, aos princípios da Cooperação, da Coordenação e da Comunicação, bem como estar fundamentado no Ciclo de Boyd (Observar; Orientar; Decidir; Agir) que de forma sequencial compreenderá:

• A recolha de uma Observação ou Boa Prática, no qual se regista/observa um acontecimento, problema, proce-dimento ou boa prática. De forma sucinta ela procura-rá responder às seguintes questões: O que aconteceu? Qual a diferença do observado em relação ao que era esperado ou expectável? O que podemos aprender?

• Uma Fase de Análise cujo objetivo se materializa na produção de uma Lição Identificada (LI). Esta fase está muito dependente de uma boa capacidade de análise para que se possam produzir conclusões e propostas válidas (confiabilidade da Informação).

• Dando seguimento ao processo através da Fase da Ação Corretiva cujo objetivo se materializa na produ-ção de uma Lição Aprendida (LA), sendo que esta fase é muito dependente da capacidade de liderança.

• Culminando na Fase da Disseminação e publicação da informação obtida, através da colocação no Portal de LA da EA e/ou do Exército (ainda que a partilha de infor-mação deve ocorrer ao longo de todo o processo e não apenas após o culminar do mesmo).

Como concretizar as Ferramentas?

Serão materializadas através da rede de dados do Exército, do portal de LA da EA e do subsite Lições Aprendidas, construído e gerido pela DAQ para o efeito, que contemplará:

• A disponibilização e utilização do Formato Interno de Observação - “Anomalia, Consequências, Possíveis Cau-sas” - sob a forma de “modelo de inquérito”;

• Um conjunto de procedimentos e responsabilidades de-finidos em NEP;

• A constituição, administração e difusão de uma Base de Dados que permita o processamento, arquivo e pesqui-

ARMAS COMBINADAS 01 - 41

sa de informação, obedecendo aos requisitos de gestão de informação e segurança da mesma.

Quem serão então os intervenientes do processo na EA? E qual o contributo que se esperará de cada um de nós?

O Originador, produzirá uma observação, cingindo-se obje-tivamente a factos e situações de forma adequada e correta.

Os Comandantes/Diretores/Chefes têm um papel funda-mental nos diversos níveis de decisão e deverão assegurar o envol-vimento e participação de graduados e civis, sob o seu Comando, no processo, estabelecendo uma efetiva mentalidade de LA nos seus subordinados. Deverão, ainda, valorizar a aprendizagem de li-ções internas bem como a promoção da partilha das mesmas, as-segurando que as lições são efetivamente aprendidas em proveito da transformação da Unidade e do Exército. Para isso, nomearão os

Elementos de Ação e aprovarão, para a subsequente implementa-

ção, as Ações Corretivas. Deverão, igualmente, atribuir e estabelecer

os recursos necessários e adequados bem como estabelecer prio-

ridades às Lições e, por fim, acompanhar e monitorizar as tarefas

atribuídas assim como a condução da aprendizagem organizacional.

Ao Oficial de Lições Aprendidas (OfLA - especialista nesta

área) competirá apoiar o processo de LA, apoiar a partilha de infor-

mação de LA, rever e disseminar toda a informação pertinente de

LA, apoiar a comunidade de LA e a capacidade de LA como um

todo (na EA e no Exército).

A capacidade de LA na Escola das Armas – a sua ExecuçãoVárias questões se colocam e duas delas poderão ser: Qual

será a origem das lições? Qual será afinal o “Ponto de Partida”?

42 - ARMAS COMBINADAS 01

Ele decorrerá de um “qualquer evento” passado na Unida-

de, consequente das nossas tarefas/atividades/eventos diários, no-

meadamente: no seguimento de exercícios, atividades de treino e

formação, bem como do dia-a-dia da Unidade, decorrente de expe-

riências positivas e/ou negativas e do qual se efetuará uma Obser-

vação Direta ou um Relato; no seguimento da elaboração rotineira

de variada documentação e/ou relatórios (Relatório de Atividades,

Relatório de Curso e/ou Ação de Formação, Relatório Revisão Pós-a-

ção, Relatório Pós-evento relativos a apoios Internos e/ou Externos).

O ponto de partida será então constituído por uma Obser-

vação ou registo de Boa Prática, que decorrerá de um “qualquer

evento” supramencionado e passado na Unidade.

Decorrente daquele “evento”, o designado “Originador”

(qualquer um de nós), terá à sua disposição no portal da EA e no

subsite “Lições Aprendidas/DAQ”, no formato “modelo de inquérito”,

a possibilidade de submissão/registo e processamento da sua OB-

SERVAÇÃO e que consistirá muito simplesmente em reportar:

• A – de Anomalia (descrição do que aconteceu e que se

desviou da norma, constitui irregularidade/deformidade

ou mais simplesmente, “O que aconteceu? E qual a di-

ferença do verificado/observado em relação ao que era

esperado ou expectável?”);

• C – de Consequências (dos factos observados, qual o

resultado? No seguimento o que produziu/provocou ?);

• C – de possíveis Causas (origens, factos, motivos e

acontecimentos que antecederam ou que possam jus-

tificar o ocorrido).

Teremos assim o nosso modelo “ACC”, simples e intuitivo,

que uma vez submetido irá ser tratado de forma sequencial:

• Sendo recolhido informaticamente na DAQ; • Sendo tratado e analisado em reunião de coordenação

entre a DAQ e a cadeia de comando do Originador e este último;

• Se validado (a observação é considerada adequada e pertinente) será convertida no formato doutrinário: ODCR – Observação, Discussão, Conclusão, Recomen-dação e é incluída no Processo de Lições Aprendidas;

• Para se completar o formato ODCR, teremos a Fase da Análise em que se procurará descobrir e compreender a(s) causa(s)/raiz(es) do assunto observado e se deter-minarão e proporão a(s) Ações Corretivas (AC) e o(s) Elemento de Ação (EAc1) para a(s) implementar. O obje-tivo desta Fase materializar-se-á na produção de uma LI;

• Seguir-se-á a Fase da Ação Corretiva, sendo aprovadas e atribuídas tarefas. No seguimento as LI são desenvol-vidas e apresentadas à Cadeia de Comando, sendo aprovadas a(s) AC a desenvolver, sendo atribuídos os recursos humanos, materiais e financeiros bem como o tempo disponível, seguindo-se a nomeação do EAc responsável pela sua implementação. O próximo passo designa-se por Implementação e Monitorização - sen-do que o EAc prepara um Plano de Ação, implementa as AC anteriormente definidas e relata superiormente o progresso, competindo à Cadeia de Comando que atribui as tarefas, a monitorização contínua do trabalho que se desenvolve - e o OfLA apoia a Cadeia de Co-mando monitorizando a implementação. Depois da(s) AC ter(em) sido implementada(s), realiza-se a validação na procura da avaliação e verificação dos resultados.

1 Doutrinariamente e no contexto das Lições Aprendidas, a abreviatura EA designa o Elemento de Ação. No artigo, para não se confundir com a abreviatura da Escola das Armas (EA), adotou-se a abreviatura EAc.

ObservaçãoBoa Prática

LiçãoIdentificada

LiçãoAprendida

EventoFase da Análise Fase da Ação Corretiva Fase da Disseminação

O Problema/Boa Prática A Solução proposta Uma melhoria

Capacidade MelhoradaBase de Dados(Partilha)

Processo de Lições Aprendidas

ARMAS COMBINADAS 01 - 43

O Objetivo desta Fase materializar-se-á na produção

de uma LA, após a conclusão das AC e validação bem

sucedida, que deverá ter impacto num ou mais dos do-

mínios do conhecimento militar (DOTMLPF-I);

• Terminaremos com a Fase da Disseminação e publica-

ção da informação obtida através da colocação no Por-

tal de LA da EA, e quando pertinente, no Portal e Base

de Dados de LA do Exército. É de todo aconselhável e

útil que a partilha de informação deva ocorrer ao longo

de todo o processo e não apenas após o culminar do

mesmo.

Uma última questão que se impõe: Qual será a “Meta” deste

processo?

A produção de uma LI e/ou de uma LA, bem como a sua

partilha, corresponderá à nossa meta a atingir. O valor do processo

de LA só será alcançado quando a conhecimento e a informação

gerada pelo processo venha a estar disponível para quem e quando

necessita dela.

ConclusõesDos folhetos”Experiências de todos para todos”, aqui repro-

duzidos/recordados, à diversificada base de dados e à informação

atualmente produzida, disponibilizada e sistematizada pela RepLA,

decorreram algumas dezenas de anos mas o denominador comum,

suplantando a simples “coleção de experiências”, constitui a inten-

ção da experiência contribuir para a aprendizagem melhorando o

desempenho.

A incorporação deste processo na nossa estrutura orgânica

e procedimentos é possível.

“aprendente” e será decorrente de 3 fases: Análise, Ação

Corretiva e Disseminação. Permitirá alcançar uma Lição

Identificada e /ou uma Lição Aprendida e implicará que

sejam envolvidos todos os militares e civis da EA na

aprendizagem de lições para que a Capacidade de LA

seja uma realidade na Unidade. O Processo só é válido

se no final der origem a uma capacidade melhorada e

permitir a partilha de informação.

• Os diversos níveis de responsabilidade e decisão da EA

deverão nomear os Elementos de Ação responsáveis

pela implementação das Ações Corretivas, atribuir priori-

dades às lições, monitorizar a implementação das ações

corretivas e acompanhar os passos seguintes para as-

segurar que a Unidade aprende e dinamiza a partilha

de lições.

• Deverão recair no Oficial de Lições Aprendidas da EA as

responsabilidades de apoiar, o Processo LA, a Partilha de

informação LA, a Comunidade LA e a Capacidade LA,

bem como rever e disseminar internamente a informa-

ção pertinente proveniente das Lições Aprendidas.

Breve Glossário

• OfLA/OPR: Oficial de Lições Aprendidas/Oficial Primariamente

Responsável

• Originador: Somos todos nós, Oficiais, Sargentos, Praças e Civis

do Exército colocados na EA.

• AC - Ações Corretivas: O que precisa de ser feito para re-

solver o assunto identificado. Uma atividade ou conjunto de

atividades que corrige um assunto identificado para melhoria

ou facilita a implementação de uma boa prática.

• EAc - Elemento de Ação: A organização ou pessoa nomeada

para implementar a Ação Corretiva atribuída em associação

com a Lição Identificada.

• LI – Lição Identificada: É uma observação para a qual se de-

terminou uma ou várias causas que deram origem ao assunto

observado, recomendou uma Ação Corretiva e um Elemento

de Ação para a implementar e foi proposta à autoridade com-

petente para a aprovar.

• LA - Lição Aprendida: É uma capacidade melhorada ou um mel-

hor desempenho em qualquer um dos domínios do conheci-

mento militar, confirmada(o) pela validação quando necessária,

resultante da implementação de uma ou mais Ações Corretivas

decorrentes de uma LI.

• DOTMLPF-I ((Doutrina, Organização, Material, Liderança, Pes-

soal, Instalações (Facilities) e Interoperabilidade))

• As Lições Aprendidas, não sen-do o produto final, deverão ser consideradas como um proces-so formal de aprendizagem na EA. Terão origem em qualquer atividade e partem do contribu-to de qualquer “indivíduo” da Unidade. Terão como ponto de partida e com toda a certeza, uma Observação/Boa Prática.

• A implementação da Capa-cidade de Lições Aprendidas na Escola da Armas assentará numa Estrutura, Processo e Fer-ramentas bem definidas, bem como numa Liderança e Men-talidade adequadas.

• O Processo de Lições Apren-didas é o elemento essencial de uma EA que se pretende

ObservaçãoBoa Prática

LiçãoIdentificada

LiçãoAprendida

EventoFase da Análise Fase da Ação Corretiva Fase da Disseminação

O Problema/Boa Prática A Solução proposta Uma melhoria

Capacidade MelhoradaBase de Dados(Partilha)

44 - ARMAS COMBINADAS 01

O Apoio à Formação

Cap Tm Cláudio AlvesCap Eng Luís ConceiçãoCap Cav Gonçalo SilvestreCapArt Carlos CasquinhaCap Art Tiago Páscoa

ARMAS COMBINADAS 01 - 45

A Unidade de Apoio à Formação (UnApForm) é uma uni-dade de escalão batalhão e possui uma estrutura modular, onde estão representadas todas as Armas do Exército. Esta subunidade garante o apoio à formação técnica e tática em todas as funções de combate.

É constituída por uma Companhia de Formação, um Módulo de Apoio à Formação Manobra, um Módulo de Apoio à Forma-ção Apoio de Fogos, um Módulo de Apoio à Formação Apoio de Combate e um Módulo de Apoio à Formação Comunicações & Informações.

A UnApForm tem como principais tarefas:

• Apoiar a execução dos tirocínios, estágios, cursos de formação inicial, progressão na carreira e formação con-tínua aos militares dos Quadro Permanente (QP);

• Apoiar a realização de estudos técnicos associados à experimentação de material e emprego das unidades das Armas;

• lanear e conduzir os cursos de formação de Oficiais e Sargentos para Regime de Voluntariado/Contrato (RV/RC);

• Operar o Centro de Formação e Treino de Combate em Áreas Edificadas (CFTCAE).

A Companhia de Formação (CompForm) é constituída pelo Comando e por três Pelotões de Formação, num total de 14 militares (05 Oficiais, 05 Sargentos e 04 Praças).

A Companhia efetua o controlo administrativo de todos os

militares que se encontram na Escola das Armas (EA) em ativida-

des formativas, nomeadamente, nos tirocínios, estágios, cursos de

formação inicial, progressão na carreira e formação contínua dos

militares do QP. Tem a responsabilidade de receber e enquadrar os

formandos do Curso de Formação de Oficiais (CFO) e Curso de

Formação de Sargentos (CFS) em Regime de Voluntariado e Con-

trato (RV/RC). É sobre este último que recai, igualmente, a tarefa

de Direção do Curso, com responsabilidades acrescidas não só na

condução do curso mas também na formação militar e comporta-

mental dos formandos.

A responsabilidade primária de alojamento dos formandos é

uma tarefa da CompForm. Para isso, a Companhia conta com dois

edifícios de alojamento na área do Alto da Vela, com capacidade

para alojar 228 militares, e com as Casernas 1 e 2, na área conven-

tual, com capacidade de alojamento na ordem dos 176 militares.

Complementarmente, a CompForm presta igualmente apoio de alo-

jamento a diversos estágios de campeonatos desportivos militares e

a outras atividades com instituições/empresas civis.

O Módulo de Apoio à Formação Manobra (MAFM) é uma

subunidade de escalão companhia, constituída pelo Comando, por

um Pelotão de Atiradores, um Pelotão de Apoio, um Pelotão de Re-

conhecimento, um Pelotão de Polícia do Exército e por uma Secção

de Vigilância do Campo de Batalha, num total de 84 militares (05

oficiais, 15 sargentos e 64 praças). Os Oficiais e Sargentos colocados

no Módulo pertencem às Armas de Infantaria e Cavalaria.

Este Módulo é responsável por uma parte significativa do ar-

mamento, material, equipamento e viaturas existentes na UnApForm.

46 - ARMAS COMBINADAS 01

Este Módulo ministra formação e presta o apoio à função de Combate Manobra, especificamente aos Tirocínios para Oficiais (TPO) e aos Cursos de Formação de Sargentos (CFS) das Armas de Infantaria e de Cavalaria.

Apoia, igualmente, a formação dos diversos cursos minis-trados na Escola das Armas (EA). Para além deste apoio, o MAFM executa o Curso Elementar de Operações de Apoio à Paz, Curso Elementar de Combate em Áreas Edificadas, Curso de Chefe de Viatura Blindada de Transporte de Pessoal M113 e o Curso de Apoio de Combate.

Dentro das suas capacidades, presta apoio aos Cursos da

Academia Militar e da Escola de Sargentos do Exército na execução

de exercícios inseridos nos respetivos blocos de formação militar.

Garante, também, o apoio aos Elementos da Componente

Operacional do Sistema de Forças que, aproveitando as capacida-

des instaladas na EA, aqui efetuam parte do seu aprontamento ope-

racional, tanto na disponibilização de infraestruturas [caso do Centro

de Formação e Treino de Combate em Áreas Edificadas (CFTCAE)]

como de materiais e equipamentos.

ARMAS COMBINADAS 01 - 47

Destacam-se os apoios prestados ao aprontamento do

1ºBatalhão de Infantaria Mecanizado, com vista à sua projeção para

o Teatro de Operações do Kosovo, em novembro de 2013; ao Cen-

tro de Tropas Comandos no treino das suas companhias operacio-

nais e ao Centro de Tropas de Operações Especiais no decorrer do

Curso de Operações Especiais do QP;

Presta ainda apoio às Forças de Segurança e outras orga-

nizações.

É também responsável pela execução de demonstrações de capacidades sempre que determinado pelo Comando da EA. Estas demonstrações poderão ser essencialmente de 3 tipos: Three Block War; Operações Ofensivas e Defensivas (no âmbito do Art.º V) e exposições de armamento, material e equipamento.

Estas demonstrações são efetuadas aos cursos que se en-contram plasmados no Plano de Formação Anual, mas também a entidades militares estrangeiras que visitam a EA (caso dos CEMGFA de Angola e do MDN de Moçambique) e entidades civis no âmbito de exercícios de liderança e de Team Work (caso da NESPRESSO).

48 - ARMAS COMBINADAS 01

O Módulo de Apoio à Formação Fogos (MAFF) é constituí-do pelo Comando, por uma Seção de Obuses, um Equipa de Topo-grafia e uma Seção de Artilharia Antiaérea num total de 24 militares (01 Oficial, 05 Sargentos e 18 Praças). Todos os Oficiais e Sargentos são da Arma de Artilharia.

Este Módulo apoia a formação dos cursos da EA que in-cluam no seu programa de formação matérias no âmbito da Arti-lharia de Campanha (AC) e Artilharia Antiaérea (AAA) como sejam o TPO de Artilharia, o CFS de Artilharia, o Curso de Promoção a Sargento-Ajudante (CPSA) de Artilharia, o Curso de Promoção a Capitão (CPC) de Artilharia e o Curso Complementar de Topografia (CCTOP), do qual é o responsável pela sua execução.

Ministra, igualmente, formação ao CFO/CFS em RV/RC com a especialidade de Campanha e Direção do Tiro (CDT).

Dentro das várias áreas da sua especialidade, ministra for-mação no âmbito das disciplinas de Topografia, Tática de AC, Tática de AAA, Tiro de AC e Tiro de AAA, Planeamento e Organização do Apoio de Fogos (CFSA) e Organização de Artilharia de Campanha (CFSA). Complementarmente, o MAFF ministra sessões específicas de Artilharia aos Cursos das outras Armas, nomeadamente palestras especificando o modo como a AC apoia a Manobra e como a AC cumpre determinadas missões específicas.

Para isso, o MAFF está dotado de material de AC e de AAA, nomeadamente, obuses M114 155 mm Rebocado, M119 LG 105 mm Rebocado e Bitubo 20 mm.

No apoio à formação, o Módulo guarneceu as Secções de Obuses e de AAA que prestaram apoio nos fogos reais do TPO e CFS de Artilharia e dos Cadetes da Academia Militar.

O Módulo de Apoio à Formação Apoio de Combate (MA-FAC) é constituído pelo Comando, por uma Secção de Defesa Nu-clear, Biológica e Química (NBQ) e uma Seção de Sapadores, num total de 19 militares (01 Oficial, 04 Sargentos e 14 Praças). Este Módu-lo integra as valências tipicamente ligadas à engenharia militar per-tencendo todos os seus Oficiais e Sargentos à Arma de Engenharia.

No que concerne às atividades desenvolvidas pelo MAFAC, no presente ano letivo, estas têm sido eminentemente vocacionadas para o apoio à formação nos cursos que integram as matérias da Defesa NBQ e dos Sapadores nos seus currículos.

No caso da Defesa NBQ, todos os TPO, com base no de-finido no programa de Curso, integraram este ano um módulo de formação alusivo a esta temática, o qual versou sobre a caracteri-zação da ameaça NBQ, os equipamentos de proteção individual e os equipamentos para reconhecimento e descontaminação. A par dos TPO, também alguns dos CFS do QP receberam este tipo de formação, bem como o CFS em RV/RC de Sapador de Engenharia.

ARMAS COMBINADAS 01 - 49

Também nesta área, na sequência da

deslocalização do Curso Defesa NBQ para a

EA, o Módulo apoiou e acompanhou a for-

mação deste curso, em especial nas áreas do

reconhecimento e da descontaminação. Nes-

te contexto, importa ressalvar que o MAFAC

permitiu potenciar a ação do Gabinete de

Tática e Técnica de Proteção (GT2P) da EA,

Entidade Primariamente Responsável pelo Cur-

so Defesa NBQ, fruto de uma muito profícua

ligação que existe entre estas duas entidades,

que teve como corolário uma primeira edição

do Curso de Defesa NBQ na EA de elevada e

reconhecida qualidade.

O mesmo se passou no que diz res-

peito à formação na área dos Sapadores, em

especial nos Cursos de Engenharia e de Infan-

taria dos TPO e CFS QP. De um modo geral, a

formação incidiu sobre os materiais e técnicas

de sapadores, os explosivos, as destruições, as

minas e armadilhas e a fortificação. O período

de vivência em comum das várias Armas na

EA permitiu identificar esta área como uma

das que mais facilmente pode contribuir para a

criação de sinergias inter-armas para além um

contexto padrão de operações convencionais

de armas combinadas.

50 - ARMAS COMBINADAS 01

A par das duas áreas de formação supramencionadas, o MAFAC tem também ministrado formação nas áreas da Contra-vi-gilância (CV), dos Reconhecimentos de Engenharia e do Counter-Im-provised Explosive Device (C-IED), bem como noutras áreas em que alguns do seus militares se encontram habilitados.

A formação nos domínios da CV e dos Reconhecimentos de Engenharia está relacionada, maioritariamente, com o TPO e o CFS de Engenharia, não sendo, todavia, exclusiva destes dois cursos. No que respeita à formação C-IED, esta está presente em alguns dos cursos que decorrem na EA, quer cursos de formação inicial, quer de qualificação. Não obstante o MAFAC ter já militares habilitados

nesta área, foi feito um esforço com vista a aumentar a capacidade

de formação, fruto da realidade do que tem sido a formação C-IED

na EA.

O Módulo de Apoio à Formação Comunicações & Iinfor-

mações (MAFCI) é constituído pelo Comando, por uma Seção de

Comunicações, uma Seção de Sistemas de Informação, uma Secção

da Guerra da Informação e de um Módulo Tático de Transmissões

num total de 19 militares (01 Oficial, 08 Sargentos e 10 Praças). Todos

os Oficiais e Sargentos são da Arma de Transmissões e são deten-

tores de conhecimentos técnicos que abrangem diferentes áreas de

ARMAS COMBINADAS 01 - 51

operação, desde o nível de desenvolvimento, passando pela área de

networking, segurança e comunicações.

Este Módulo é responsável pela formação, treino e demons-

tração no âmbito das Transmissões, garantindo o apoio ao nível de

Comunicações e Sistemas de Informação (CSI) em áreas diferencia-

doras. Neste sentido, é responsável por garantir os recursos huma-

nos e materiais necessários ao bom funcionamento dos cursos na

área das comunicações, multimédia e webmaster, base de dados,

entre outros.

Além disso, garante a gestão dos recursos materiais que

possui à sua carga, bem como a manutenção do sistema de moni-

torização e controlo remoto de vídeo/áudio instalado no CFTCAE.

Em complemento à formação, desenvolve soluções para a

EA que melhorem procedimentos, bem como o acesso à informa-

ção de forma mais eficaz e eficiente.

Em termos futuros, pretende-se que este Módulo adquira

competências adicionais em áreas do conhecimento pouco explo-

radas, como a cibersegurança e o desenvolvimento aplicacional.

52 - ARMAS COMBINADAS 01

ARMAS COMBINADAS 01 - 53

Cap TExpTm Faustino Pereirinha

As Comunicações e Sistemas de Informação na EA

54 - ARMAS COMBINADAS 01

As comunicações são atualmente um manancial de meios,

sistemas e tecnologias de informação em constante evolução. É,

talvez, um dos domínios do conhecimento que mais tem evoluído

nos últimos anos, acompanhando de perto a evolução das técnicas

impulsionadas pelas crescentes necessidades da sociedade nos vá-

rios domínios: económico, social, político e militar.

As comunicações militares têm por finalidade fornecer

apoio estratégico, tático, administrativo e técnico às autoridades mi-

litares, comandos, forças e unidades, com vista ao cumprimento das

suas tarefas. Devem assegurar o comando e o controlo eficazes das

forças; garantir a recolha e a permuta de informações pertinentes,

quer em contextos pacíficos, ou de tensão, crise ou guerra e facilitar

a ligação entre diferentes entidades e autoridades militares. Devem

assegurar assertivamente as comunicações em qualquer conjuntura

(permanente ou tática), sendo o seu objetivo primordial “Servir o

Comando”, isto é, permitir ao comandante exercer a sua influência

pessoal e direta no exercício de comando e controlo das operações

da sua unidade. E como objetivo secundário o de facilitar a prosse-

cução em tempo útil da troca de informações entre executantes e

utilizadores.

A evolução das tecnologias de informação e de comuni-

cações que se tem vindo a verificar alterou a forma de interliga-

ção dos meios de Comunicações e Sistemas de Informação (CSI),

proporcionando formas diferenciadas de transmissão da informação

entre as forças.

Com a criação da Escola das Armas (EA), o Quadro Orgâni-

co passou a contemplar um Centro de Comunicações e Informação

(CCI), cuja missão é estudar, planear, dirigir e executar as atividades

nas áreas das comunicações, sistemas e tecnologias de informação

e da segurança das comunicações e de informação da EA.

Este CCI reflete o novo conceito de Centro de Comunica-

ções, que se quer abrangente e de excelência, em que os recursos

tecnológicos têm um impacto relevante na eficácia e eficiência, po-

tenciando a operacionalização competente de todos os serviços de

voz, dados e imagem, e garantindo a transmissão da informação no

cabal cumprimento dos princípios das comunicações militares, tais

como: a Confiança, Segurança e Rapidez.

Para isso, o CCI da Escola das Armas é estruturado em duas

áreas:

Seção de Comunicações e Segurança da Informação (SCSI)

A SCSI tem como missão específica a gestão das mensa-

gens e do serviço telefónico e como principais tarefas:

• A gestão e controlo de todos os documentos escritos que passam pelo Centro de Comunicações;

• O processamento do tráfego a expedir, distribuindo-o pelos meios a serem utilizados na sua transmissão;

• O manuseamento dos documentos em suporte digital ou em papel, cumprindo os requisitos de segurança;

• A conferência do tráfego recebido, procedendo ao seu reencaminhamento ou entregando-o aos seus destina-tários;

• O arquivamento dos documentos em suporte digital ou em papel em locais próprios.

• O processamento de documentos com classificação superior a reservado;

• A execução de chamadas telefónicas, quer internamen-te quer com o exterior.

Seção de Sistemas de Informação,

Esta secção tem como principal objetivo:

• O desenvolvimento e manutenção das infraestruturas tecnológicas de informática;

• A administração de redes; • O tratamento de hardware e software de todo o parque

informático; • A manutenção e adaptação da estrutura da rede de

dados, conforme necessidades e exigências da EA; • O apoiar e orientação dos utilizadores da Escola em

questões informáticas, entre outras.

A ligação da Escola das Armas com o exterior (serviços de voz, dados e imagem) é efetivada através de diferentes redes de dados (intranet e internet), VTC, TPF (militar e civil), faxe e STM3. Aguarda-se a aprovação, com vista à sua implementação, do siste-ma MMHS, ficando a EA, a partir desse momento, apetrechada com melhores recursos de transmissão de tráfego classificado.

Em paralelo a estas competências, o CCI providencia todo o apoio sustentado à EA nas vertentes de som e multimédia, efe-tuando a cobertura geral de todos os eventos, cerimónias come-morativas, visitas, actividades desportivas e demais acontecimentos realizados na Escola.

Uma vez que, as instalações da EA estão implementadas, maioritariamente, na área conventual, as infraestruturas de suporte das comunicações encontram-se saturadas, obsoletas e desade-quadas ao cumprimento dos seus objetivos, levando a constantes quebras de sinal de comunicações. Esta situação cria desafios cons-tantes e obriga a intervenções atentas e competentes por parte do pessoal do CCI e, por conseguinte, provoca instabilidade de funcio-namento nas várias redes.

Aguarda-se para breve a regularização desta situação atra-vés da remodelação de toda a infraestrutura física da área conven-tual, substituindo-a pelos sistemas de tecnologia VOIP (Voice Over Internet Protocol).

ARMAS COMBINADAS 01 - 55

Este sistema potenciará uma redução significativa de ativos

na rede e aumentará a qualidade e funcionalidade das comunica-

ções contribuindo, assim, para uma maior fiabilidade dos CSI da Es-

cola e aproximando-se da excelência de qualidade que se deseja.

Neste contexto as comunicações e sistemas de informação

deverão ser prestadas através da implementação em rede, assente

em equipamentos e tecnologias que garantam a total interoperabi-lidade e integração nos Sistemas de Informação e Comunicações.

A continuidade de uma gestão integrada e competente dos serviços de voz, dados e multimédia, a todos os utilizadores da rede, pressupõe umas comunicações eficazes e eficientes, onde todos os militares da Escola das Armas SE MOSTRARÃO NAS ARMAS SINGULARES.

56 - ARMAS COMBINADAS 01

A Coudelaria Militar

TCor Cav Gomes da Silva

ARMAS COMBINADAS 01 - 57

Realizando uma análise mais cuidada, verificamos que o es-pectro de responsabilidades e atribuições da Coudelaria Militar, pode ser dividido (mas não separado) em duas vertentes distintas, mas intrinsecamente ligadas, que são: a Formação e o Apoio à Formação.

Organicamente, as responsabilidades da Formação estão cometidas à Direção de Formação da Escola das Armas enquanto as responsabilidades de Apoio à Formação de Equitação estão atri-buídas à Coudelaria Militar.

Neste âmbito, o Departamento de Doutrina, Estudos Téc-nicos e Investigação e Desenvolvimento (DDETID) da Direção de

Com o objetivo de manter e aperfeiçoar a prática e o en-

sino da Equitação Militar, a Escola das Armas dispõe da Coudelaria

Militar, herdeira das responsabilidades e atribuições das anteriores

“Direcções de Ensino de Equitação – DEEq”, “Secções de Ensino

de Equitação” e, nos últimos tempos “Subsecções de Formação de

Equitação”. De referir que a Coudelaria Militar, para além das res-

ponsabilidades e atribuições do ex-CMEFD, recebeu também as da

Escola Prática de Cavalaria, tanto no que se refere à formação (TPO

e CFS), como ao material e cavalos, levando a um incremento do

efectivo e fazendo com que as cavalariças se encontrem com os

lugares praticamente todos ocupados.

58 - ARMAS COMBINADAS 01

Formação dispõe de um Gabinete de Estudos de Educação Física

Militar, Equitação e Tiro (GEEFMET), ao qual estão cometidas as res-

ponsabilidades directamente relacionadas com os estudos relacio-

nados com a formação.

Ainda na Direção de Formação, existe no Departamento de

Formação, um Gabinete de Educação Física Militar, Equitação e Tiro,

onde estão sediados os formadores.

A par com estes Gabinetes, a Coudelaria Militar tem a res-ponsabilidade de garantir os meios necessários para que a formação de Equitação decorra com a qualidade e rigor que sempre caracte-rizaram a formação da equitação militar.

No entanto, e porque o Quadro Orgânico de Pessoal con-templa, no Gabinete de Educação Física Militar, Equitação e Tiro so-mente um Oficial habilitado com o Curso de Instrutor de Equitação e um Sargento habilitado com o Curso de Monitor de Equitação,

ARMAS COMBINADAS 01 - 59

e também porque a Equitação têm sempre que ser equacionados os factores “cavalo, material e pessoal (cavaleiro e tratador-hipo)”, as responsabilidades e atribuições relativas aos assuntos equestres acabam por se fundir entre a Direção de Formação e a Coudelaria Militar.

Com base nestes pressupostos compete à Coudelaria Mi-litar, interligada com os Gabinetes acima mencionados, assegurar:

• O maneio e tratamento dos solípedes colocados na EA;

• A manutenção das infra-estruturas relacionadas com a prática e o ensino da Equitação;

• O Desbaste, Recuperação e Reensino dos solípedes criados e/ou adquiridos pelo Exército;

• A criação cavalar do Exército;

• A manutenção, aperfeiçoamento e apresentação da “Reprise da Escola de Mafra”;

• O apoio, em solípedes, material e pessoal, para todas as acções relacionadas com a prática e o ensino da Equitação;

• O apoio das Competições Desportivas Miliares/Equi-tação, através da cedência de pessoal tecnicamente

habilitado e de material solicitado pelas Unidades orga-

nizadoras;

• O planeamento, preparação, organização e execução

de Poules Hípicas da escola das Armas;

• O planeamento, preparação, organização e execução

de, pelo menos um Concurso Nacional Combinado;

• O planeamento, preparação, organização e execução

da “Semana Equestre Militar”;

• Todo o apoio necessário à Comissão Técnica de Equi-

tação e Remonta;

• A formação de Tratadores-Hipo;

• A formação de Formadores de Equitação Militar, no-

meadamente, Ajudantes de Monitor, Monitores, Instruto-

res e Mestres de Equitação;

• A formação curricular e extra-curricular de Equitação

aos Aspirantes Tirocinantes e aos Cursos de Formação

de Sargentos

Para cumprir as suas atribuições, foi definida a seguinte estru-

tura orgânica para a Coudelaria Militar:

60 - ARMAS COMBINADAS 01

Da sua análise sobressai o reduzido efectivo tanto no que

respeita a Oficiais e Sargentos como no que diz respeito a Praças

Tratadores-Hipo.

Assim sendo, e considerando a variedade das tarefas a se-

rem executadas diariamente e a extensão das áreas que se encon-

tram debaixo da responsabilidade da Coudelaria Militar, rapidamente

somos obrigados a concluir que os meios humanos serão escassos.

O fato de estar prevista a existência de dezanove Funcionários Civis,

não colmata as lacunas acima referidas, não só pelo fato de estes

Funcionários Civis não existirem nem se prever que venham a existir,

como também pelo importante motivo que as escalas de serviço

diárias (de segurança às cavalariças) não serem guarnecidas por es-

tes últimos, mas sim pelos militares.

Ao abordar a Coudelaria Militar, não poderia deixar de referir

os Militares e Civis que garantem diariamente que a sua missão é

cumprida, e também a transmissão de Doutrina e conhecimentos,

tanto teóricos como práticos.

Tendo sidos abordados aspectos como os cavalos e o pes-soal, não queria deixar de aqui referir outro não menos importante,

que são as infra-estruturas. Nestas, incluímos as cavalariças, os pica-

deiros, os duches para cavalos, o palheiro e celeiro, e toda a área ex-

terior que permite a criação cavalar e o trabalho dos cavalos. Todo

este conjunto faz com que seja considerada uma referência a nível

Nacional e Internacional, principalmente pelas excelentes condições

proporcionadas pelas Tapadas de Mafra. É de toda a justiça realçar

o esforço desenvolvido para recuperar a cobertura (telhado) da “Ca-

valariça A-B”, cavalariças reais que, mantendo a sua traça original

permitirá, depois de ser recuperado o seu interior, o realojamento

de cavalos. Também a perspectiva de recuperação do “Potril” que

foi vítima de um malfadado incêndio, prevendo-se a sua adaptação

para picadeiro primariamente destinado a trabalho e apresentações

da “Reprise da Escola de Mafra”, faz com que encaremos o futuro

com a vontade de continuar a melhorar o trabalho da Equitação

Militar.

ARMAS COMBINADAS 01 - 61

Quartel da Cavalaria da Brigada Mecanizada em Santa Margarida);

• Participação em provas do calendário da Federação Equestre Portuguesa, nas modalidades de Obstáculos e de Concurso Completo de Equitação;

• Realização de Poules Semanais de Ensino e de Obstá-culos;

• Apoio a todos os cavaleiros militares da Escola das Ar-mas;

• Apoio a entidades exteriores (Câmara Municipal de Ma-fra, Associação Portuguesa de Atrelagem, etc.)

• Receção e apresentação a entidades que visitam a EA;

• Curso de Tratador-Hipo;

• Curso de Ajudante de Monitor de Equitação;

Por fim, gostaria de elencar, de forma resumida e em jeito de

balanço, as actividades equestres mais relevantes, umas já realizadas

outras previstas, desde o dia 01 de Outubro de 2013:

• “Espera” dos Aspirantes Tirocinantes de Cavalaria;

• Poule Hípica de “S. Martinho”;

• Poule Hípica de Natal;

• Planeamento, Preparação, Organização e Realização do

“I Concurso Nacional Combinado da Escola das Armas”;

• Planeamento, Preparação, Organização e Realização da

“LVIII Semana Equestre Militar”;

• Participação nas Competições Desportivas Militares –

Equitação (NP-RAME em Abrantes, Regimento de Ca-

valaria n.º 3 em Estremoz, Regimento de Cavalaria n.º 6

em Braga, Regimento de Lanceiros n.º 2 em Lisboa e no

62 - ARMAS COMBINADAS 01

• Curso de Monitor de Equitação;

• Curso de Instrutor de Equitação;

• Instrução de Equitação:

– Tirocínio para Oficial; – Curso de Formação de Sargentos; – Curso de Promoção a Capitão; – Curso de Educação Física Militar

• Apresentação da Reprise da Escola de Mafra:

– Nas Comemorações do Dia do Exército 2013, em Lamego;

– Na Festa de Natal da Escola das Armas; – Nas comemorações do Dia da Escola das Armas; – Nas Festas de S. João, em Évora;

– Na LVIII Semana Equestre Militar 2014

• Atividades relacionadas com a Comissão Técnica de

Equitação e Remonta:

– Reuniões;

– Estágios da Equipa de Hipismo do Exército;

• Criação cavalar: éguas de ventre, poldros, cobrições;

• Manutenção de infraestruturas: Cavalariças, palheiro e

celeiro, picadeiros cobertos, picadeiros descobertos,

campos de obstáculos (de areia e relvado), parques de

obstáculos, guias mecânicas, duches para cavalos, ar-

ARMAS COMBINADAS 01 - 63

recadações de arreios (instrução e Reprise), “Cerrado”, Pistas de Crosse, pastos para cavalos, etc.);

• Elaboração, atualização e aperfeiçoamento dos Referen-ciais dos Cursos de Equitação.

Dentro das atividades relacionadas com a Equitação Militar relembro que a “Semana Equestre Militar”, evento que se realiza anualmente desde 1955, é actualmente o maior acontecimento des-portivo castrense, tendo como objetivos, entre outros, a apreciação e a classificação dos conjuntos militares, tendo em vista a sua parti-cipação nos vários níveis de competições desta modalidade. Todos os cavaleiros militares têm a obrigação de se apresentar nas diversas provas que decorrem durante a Semana Equestre Militar.

Outras das actividades que contribuem para a manutenção e divulgação da Equitação Militar, são as desenvolvidas pela “Reprise da Escola de Mafra” que (…) não sendo mais do que a demons-

tração da doutrina desta escola, feita pelos “seus” professores, tem um papel relevante na representação da instituição militar perante numeroso público civil, como o demonstram os convites para se apresentar nos mais diversos eventos no país e no estrangeiro (TCor Portela Ribeiro, Revista do CMEFD, Equitação).

Em 1949 o Depósito de Remonta passou a ser a Escola Mili-tar de Equitação com a missão de dar continuidade à uniformização do ensino da Equitação em Portugal.

Neste âmbito, com o regresso a Portugal dos Capitães Fer-nando Paes e Reymão Nogueira, que tinham sido enviados a Fon-tainebleu e Saumur e contando com a orientação do Capitão Saint André, surgiu (um pouco à imagem do Cadre Noir - os cavalos cru-zados, lazões ou castanhos) a “REPRISE da ESCOLA de MAFRA”.

Em Outubro do mesmo ano deu-se a primeira apresentação pública da Reprise, aquando da visita oficial a Portugal do Generalís-

64 - ARMAS COMBINADAS 01

simo Franco, seguida outra no decorrer do Concurso Hípico Inter-nacional de Lisboa, no dia do Santo Condestável, a 6 de Novembro do mesmo ano.

Em 1999 o Serviço Nacional Coudélico e o Estado-Maior do Exército assinaram um protocolo. Considerando o interesse do Exército em contribuir para o apuramento e selecção de uma raça possuidora de um valioso património genético nacional, e dotando a “Escola de Mafra” com cavalos “Puro-Sangue Lusitano”, passou a “Reprise” a ser um dos palcos de selecção desta raça, para posterior aprovação como garanhões.

A “Escola de Mafra” ficará mais próxima de algumas das suas congéneres Europeias, pela utilização do cavalo do tipo “Bar-roco”.

Desde 2002 as apresentações da “Reprise” têm sido com cavalos cruzados (lazões e castanhos) e Puro-Sangue Lusitanos (ru-ços) da Coudelaria Nacional – ganhou a designação de “Reprise Mista”. Esta nova plástica da “Reprise” surpreendeu o público pela positiva, que não foi indiferente a este “ballet policromático”.

Já num passado mais recente, a “Escola Equestre” mais anti-ga de Portugal, foi galardoada com os “Prémio Escola” atribuído pela Federação Equestre Portuguesa aquando do seu 75º aniversário, e com o “Prémio Carreira 2004”, atribuído pela revista “Equitação” e entregue na Feira Nacional do Cavalo na Golegã (SAjud Luís Matos).

Desde o seu início, até à presente data, a “Reprise da Es-cola de Mafra” realizou inúmeras apresentações em Portugal e no Estrangeiro.

ARMAS COMBINADAS 01 - 65

Em Portugal, podemos referir que já foram percorridos mui-

tos quilómetros, desde a Capital até aos locais mais afastados, de

Norte a Sul, do Litoral ao Interior. Destas, chamo à atenção para as

que foram realizadas em 2007 à “porta de casa”, mais especifica-

mente em frente ao Palácio Nacional de Mafra, dando expressão a

um sonho do saudoso Cor Jorge Mathias, e que tão bem resultaram,

tanto para o Exército como para as gentes de Mafra.

Quanto às apresentações no estrangeiro, é de toda a justiça

realçar as realizadas na Suíça, em Espanha, França e, por último, pela

primeira vez extravasando para além das fronteiras do Continente

Europeu, as apresentações que se realizaram em Continente Africa-

no, no Reino de Marrocos, publicamente elogiadas pelos membros

da Família Real e pelo público em geral, e que muito contribuíram

para divulgar o que de qualidade se faz em Portugal e, mais especi-ficamente, no Exército Português.

E, com esta breve abordagem equestre da Escola das Armas, dou por terminada esta minha intervenção, deixando o convite para que nos visitem e apreciem as excelentes condições que sempre existiram e continuam a existir em Mafra, para a prática e o ensino da Equitação Militar e relembrando que no próximo mês de Julho terá lugar a “LVIII Semana Equestre Militar” que decorrerá de 11 a 20 de Julho de 2014 e que, para além das provas de Ensino, Obstáculos e Concurso Completo de Equitação, contará com a preciosa cola-boração do Centro Equestre da Lezíria Grande (Mestre Luís Valença) e da Escola Portuguesa de Arte Equestre, com dois espectáculos que se vislumbram como uma mais-valia para a 58ª edição deste importante evento desportivo castrense.

66 - ARMAS COMBINADAS 01

A noção de que a coragem e o espírito de corpo podem, de algum modo, derrotar os princípios da fisiologia é, não só errada, mas

perigosamente errada.

Sir Roger Bannister (médico-inglês)

ARMAS COMBINADAS 01 - 67

A Escola das Armas é uma unidade direcionada para a ins-

trução e treino militar, onde são ministrados cursos com exigências

físicas muito elevadas, sendo a Rabdomiólise muito prevalente. Todos

os militares envolvidos no treino físico e operacional, desde coman-

dantes, serviço de saúde, instrutores e instruendos, devem conhecer

a patologia, tratamento, consequências e estratégias preventivas. A

compreensão desta patologia permitirá a adoção de comportamen-

tos que diminuam os riscos de rabdomiólise e evitar que acidentes/

incidentes possam ocorrer.

Neste sentido, desenvolveu-se este artigo com o objetivo de

esclarecer várias dúvidas que surgem frequentemente associadas a

esta patologia.

O que é a rabdomiólise?A rabdomiólise é uma entidade clínico-laboratorial caracteri-

zada pela destruição maciça de fibras musculares esqueléticas, com

consequente libertação dos vários constituintes intracelulares para

a circulação sanguínea, que passam a exercer uma ação tóxica

sobre diversos órgãos, nomeadamente órgãos vitais (rim, cérebro,

coração,…).

Rabdomiólise: Conhecer para Prevenir

Ten Med Francisco Rosa, SAj Enf Luís Manuel, SAj Enf Vítor Camocho, 1Sar Enf Luís Pinto

Quais as causas dessa destruição muscular?A atividade muscular excessiva em condições não controla-

das é uma das causas mais frequentes de rabdomiólise. O consumo de álcool, o esmagamento traumático muscular (ex. acidentes de viação), a utilização de determinados fármacos e drogas, as convul-sões e o aumento da temperatura corporal também potenciam a morte de células musculares.

Quais são as pessoas que estão em maior risco de desenvol-ver rabdomiólise?

Encontram-se em risco acrescido de rabdomiólise os indiví-duos que praticam atividade física muito intensa, especialmente se não preparados fisicamente, desidratados e submetidos a condições climatéricas adversas (ex. calor ou frio extremo).

Os militares são um grupo de risco?A rabdomiólise induzida pelo exercício físico foi inicial-

mente associada quase exclusivamente ao treino militar, contudo pode ocorrer noutras situações de exercício físico violento (ex. Ultramaratonas). A primeira descrição de rabdomiólise associada a insuficiência renal aguda (IRA) foi estabelecida em militares duran-te a 2ª Guerra Mundial. No Exército Português, todos os militares

Texto baseado na palestra apresentada na Escola das Armas a 17 de Fevereiro de 2014 subordinado ao tema: ”Prevenção de lesões em instrução”.

68 - ARMAS COMBINADAS 01

estão sujeitos pontualmente a períodos de maior exigência física associada a rabdomiólise. Existem contudo, alguns grupos em que a atividade física é muito acentuada, como é o caso dos Comandos, Operações Especiais e Paraquedistas. Estes, realizam com frequência atividades de grande exigência física, muitas vezes em ambientes extremos e situações climatéricas adversas, constituindo por isso um grupo profissional com risco aumentado.

A rabdomiólise também ocorre nos militares da Escola das Armas?

Sim, a rabdomiólise induzida pelo exercício pode afetar qualquer militar. Na Escola das Armas (EA) dada a sua responsabi-lidade de formação, o risco de rabdomiólise está sempre presente. Os militares que frequentam o Tirocínio para Oficiais de Infantaria (TPOI) e o Curso de Formação de Sargentos de Infantaria (CFSI) apresentam risco aumentado pois realizam exercícios de grande exigência física. A experiência tem demonstrado que todos os anos vários militares que frequentam estes cursos apresentam sintomas de rabdomiólise com graus variáveis de gravidade.

Quais são os sintomas de rabdomiólise?As manifestações clínicas da rabdomiólise podem ser extre-

mamente variáveis e discretas, mas habitualmente caracterizam-se

pela tríade: mialgia (dor muscular/cãibra), fraqueza muscular e urina de cor escura (castanho-avermelhada). Podem estar presentes ou-tras queixas como sensação de mal-estar geral, alteração do estado de consciência, náuseas, vómitos, febre, palpitações e diminuição do débito urinário. O quadro clínico varia desde casos sem gravida-de significativa até casos complicados por insuficiência renal aguda (IRA), arritmias cardíacas e morte.

Como se faz o diagnóstico de rabdomiólise?O diagnóstico definitivo assenta na clínica (através dos sinto-

mas enumerados anteriormente) e em dados laboratoriais analíticos, sendo a creatino-fosfoquinase (CPK) o parâmetro mais utilizado. A CPK é um componente intracelular que é libertado na corrente san-guínea após a morte das células musculares. O diagnóstico de rab-domiólise é feito quando os valores de CPK são iguais ou superiores a 1000UI/L. No entanto, interpretar os resultados analíticos de forma prudente pois valores pontualmente elevados de CPK são comuns em militares ou atletas que pratiquem exercícios físicos exigentes sem qualquer sintomatologia associada.

Qual é o tratamento da rabdomiólise?O tratamento existe e deve ser iniciado o mais precocemen-

te possível para diminuir o risco de complicações. A identificação

ARMAS COMBINADAS 01 - 69

de manifestações clínicas que levantem a suspeita de rabdomiólise

deve motivar a procura de cuidados médicos o mais rapidamente

possível para se dar início ao tratamento.

O tratamento baseia-se em três princípios: 1º Remoção dos

fatores precipitantes; 2º Tratamento das complicações bioquímicas

e 3º Prevenção da insuficiência renal aguda com hidratação endo-

venosa agressiva.

A insuficiência renal aguda é frequente na rabdomiólise?Um das complicações mais graves da rabdomiólise é a in-

suficiência renal aguda. Como consequência da morte de células

musculares existe a libertação na circulação sanguínea de uma

quantidade extremamente elevada de proteínas musculares (ex.

mioglobina). Se a este processo se associar a desidratação, existe

acumulação destas proteínas no rim, provocando insuficiência renal

por obstrução, ou seja, o rim “para de funcionar”, e todas as subs-

tâncias tóxicas que deveriam ser filtradas a nível renal vão acumu-

lar-se na corrente sanguínea com consequências graves sistémicas

(ex. coração e cérebro). A insuficiência renal aguda ocorre em 30%

dos casos de rabdomiólise, e nos casos mais graves é necessária

hemodiálise.

Como prevenir a rabdomiólise?A PREVENÇÃO é sempre o MELHOR TRATAMENTO. O

planeamento do treino, instrução ou missão deve ter sempre em consideração os seguintes fatores: as condições climatéricas, o es-forço físico exigido, a capacidade física dos militares, o equipamen-to disponível, e os abastecimentos (que devem ser adequados em quantidade e qualidade). Neste último ponto devemos relembrar que a melhor forma de evitar a rabdomiólise durante o exercício consis-te na administração programada e preventiva de água, se possível associada a bebidas isotónicas. A hidratação deve ser realizada, in-dependentemente do mecanismo da sede, o qual é um mau indica-dor para orientar a ingestão de líquidos, pois conduz a um estado de desidratação, designada como “voluntária”. Devemos também estar alerta para o abuso de bebidas alcoólicas, cafeína, drogas ilícitas, de suplementos alimentares “estimulantes” e bebidas energéticas que são fatores que mascaram o cansaço e potenciam o quadro de rabdomiólise.

É importante diagnosticar a desidratação?Sim, é muito importante. A desidratação pode ser diagnosti-

cada precocemente através de 4 sinais: sede, urina escura/concen-trada, mucosas secas e diminuição da elasticidade da pele (sinal da “prega cutânea”).

70 - ARMAS COMBINADAS 01

1BIMec/KFOR

O emprego de pequenos Sistemas Aéreos Não Tripulados numa UEB como FND no TO do Kosovo

ARMAS COMBINADAS 01 - 71

O emprego de pequenos Sistemas Aéreos Não Tripulados numa UEB como FND no TO do Kosovo

72 - ARMAS COMBINADAS 01

Contextualização e Integração do Projeto No âmbito do projeto celebrado entre o Exército Português,

em que participaram no levantamento de requisitos operacionais e

na testagem do sistema, inicialmente, a Escola Prática de Infantaria

e agora a Escola das Armas, entre outras Unidades, a empresa TE-

KEVER e a Universidade de Aveiro, foram projetados para o teatro

de operações (TO) do KOSOVO, em 07abr2014, com o 1BIMec/

KFOR, dois sistemas1 LIGHT RAY com a finalidade de os utilizar em

contexto operacional.

Esta fase do projeto surge na sequência de um programa de

treino de emprego tático que decorreu no 1BIMec/BrigMec, durante

a fase de aprontamento do 1BIMec/KFOR, no período de 12fev2014

e 28fev2014, no qual participaram 20 militares, 10 (dez) oriundos do

1BIMec, e os outros 10 (dez) das diferentes unidades da BrigMec.

No seguimento do treino de emprego tático referido, e no âmbito

do Exercício final de Aprontamento PRISTINA 141, o 1BIMec/KFOR

teve em acumulação de funções, 5 equipas treinadas com dois sis-

temas LIGHT RAY centralizados nas Operações do Batalhão. Respe-

tivamente: três equipas na companhia de manobra BCoy (uma por

Pelotão), uma no Estado-Maior e uma no Módulo de Apoio. Cada

uma destas equipas é constituída por 2 elementos – um Sargento

(Operador GCS) e uma Praça (Condutor/Lançador/Operador de Te-

lecomunicações).

Emprego Tático no TO do KosovoA formação e treino obtidos em Território Nacional (TN) per-

mitiram, após 6 (seis) dias da chegada ao TO, e depois se ter esclare-

cido com o Comando da KFOR a forma e os requisitos necessários

para o emprego do LIGHT RAY, como por exemplo a utilização

1 Cada sistema Mini-UAV contempla uma Ground Control Station (GCS), duas aeronaves, um equipamento auxiliar de comunicações (DATA LINK) , um Remote Video Terminal (RVT) e um conjunto de acessórios de apoio ao seu funcionamento e manutenção.

de uma Restricted Operating Zone2 (ROZ), foi pela primeira vez lançado um Mini-UAV por uma unidade do Exército, em TO, para efeitos da proteção da força. A receção de imagem em tempo real contribuiu para o sucesso da missão no exercício FOX da reserva tática do comandante da KFOR – KFOR TACTICAL RESERVE MA-NOUVRE BATTALION (KTM), exercício este integrado no processo de declaração da completa capacidade operacional (FOC) da KTM que se realizou em 12ABR14 nos arredores de PRISTINA.

O sucesso do lançamento do LIGHT RAY permitiu ao 1BIMec/KFOR participar, no treino cruzado, combinado, com três dos quatro Small Unmanned Aerial Systems (SUAS) presentes no teatro de operações do KOSOVO. Os Estados Unidos apresentaram o PUMA, a Alemanha o MIKADO e ALADIN (não testado), e Portugal o LIGHT RAY.

Quase todos os sistemas, equipamentos e operadores, de-monstraram as suas capacidades e limitações, denotando vontade de partilhar conhecimento e de evidenciar capacidades num espírito de cooperação e partilha de informação entre as forças que detêm este tipo de meios na KFOR.

O LIGHT RAY provou ser um sistema leve e portátil, de emprego rápido, permitindo flexibilidade no emprego para opera-ções, quando comparado com os restantes sistemas. Foi atestada a possibilidade de o montar rapidamente, lançar, operar e aterrar de uma forma precisa e suave graças à existência de um paraquedas no sistema. Esta componente do sistema, foi alvo de uma grande curiosidade por parte da audiência, pois era o único sistema que a possuía, admitindo constituir-se como uma mais-valia para a preser-vação dos equipamentos e precisão na recolha do sistema.

2 A ROZ é pedida com 72 horas de antecedência e tem como finalidade, neste TO, sincronizar o emprego de SUAS com helicópteros. Em virtude do LIGHT RAY voar abaixo dos 500 m de altitude, esta necessidade de coordenação é diminuta.

Fig. 1: Planeamento e monitorização de missão

ARMAS COMBINADAS 01 - 73

A natureza da missão evidencia uma elevada utilidade dos SUAS, no âmbito da proteção da força, no acelerar do ciclo de planeamento e tomada de decisão, na actualização do Situational Awareness (SA) dos comandantes aos diferentes escalões e em contacto, em resultado do conhecimento da situação, fornecido em tempo real pelos sistemas – dia e noite.

As observações recolhidas, no decorrer do evento de treino operacional combinado com SUAS, alavancam o desenvolvimento de conhecimento dos requisitos operacionais e técnicos associados ao emprego tático de SUAS pelo Exército. O 1BIMec coligiu dados e elaborou um relatório oficial com a finalidade de, eventualmente, permitir um aperfeiçoamento técnico do sistema LIGHT RAY.

A utilização intensa do LIGHT RAY suscitou a necessidade de trabalhos de manutenção dos sistemas, para os quais apenas ele-mentos especializados estariam em condições de os realizar. Nesse sentido, e de acordo com o protocolo em vigor, a vinda de dois engenheiros da TEKEVER resultou em pleno, porquanto, os proble-mas de manutenção dos sistemas existiam, foram diagnosticados e resolvidos. Durante uma semana aperfeiçoaram particularidades do sistema e formaram especificamente as 5 equipas no que concerne à manutenção preventiva e corretiva do sistema. Responderam, ain-da, a algumas questões técnicas, que se julgam permitir desenvolver o emprego do sistema às necessidades táticas das operações, dos requisitos de informação existentes.

Lições Aprendidas com o emprego dos SistemasO LIGHT RAY, até à presente data, foi empregue nos exercí-

cios FOX, SILVER BAYONET, TURUL e SILVER SABER da KFOR, para validar critérios de Comando e Controlo, Táticas, Técnicas e Proce-dimentos (TTP) e Interoperabilidade; foi ainda executada uma opera-ção de escolta, desde o ponto de entrada no Kosovo até ao Campo Slim Lines, no qual esteve montado um dispositivo tático que envol-veu, em simultâneo, o emprego de sistemas aéreos não tripulados.

Resumidamente, as principais missões táticas executadas pelas equipas que operam o LIGHT RAY foram as seguintes:

• Reconhecimento de um Itinerário; • Monitorização de pontos sensíveis no empenhamento

das Companhias em Controlo de Tumultos para remo-ção de barricadas;

• Segurança de um Itinerário; • Segurança a uma Escolta.

Fruto do emprego dos sistemas no treino operacional e em operações surgiu a necessidade de sistematizar procedimentos. De-senvolveu-se uma NEP de emprego dos sistemas, que concentra as verificações julgadas necessárias para empregar os SUAS, bem como, dados de planeamento, capacidades e limitações e inclusive o 7 Line ROZ (informar via rádio a iniciação e a monitorização de uma ROZ numa missão de voo).Fig. 2: Aterragem do LIGHT RAY

74 - ARMAS COMBINADAS 01

Esta sistematização de procedimentos, permite às equipas o emprego dos sistemas de forma sincronizada, segura e sistemá-tica, focando o emprego do sistema na recolha de uma de uma Common Operational Picture (COP). Requer um domínio técnico do sistema para o adaptar às necessidades de recolha de informação do Tactical Operations Centre (TOC), denotando-se um acelerar do processo de tomada de decisão para o empenhamento da força e meios disponíveis.

No caso especifico de operações de controlo de tumultos, e resultante do emprego de equipas integradas com o planeamento do TOC, destacam-se as seguintes lições identificadas: identificar a localização da aeronave e da GCS tentando garantir se possível a linha de vista; calcular o período de tempo de voo necessário; e a adaptação das capacidades e limitações da aeronave, que permi-tam, de forma sincronizada, informar da aproximação de manifes-tantes, da sua perigosidade e dos meios que possuem.

Assim, foi possível preparar as forças de controlo de tumultos para a ameaça numa remoção de uma barricada, preparando a força previamente para a utilização dos elementos disponíveis na gradação da força. Releva-se, ainda, o contributo para a sincronização de meios entre as companhias de manobra e o Tactical Psyops Team (TPT); o emprego do canhão de água; o uso de granadas de lacrimogénio, a simples preparação da máscara BQ pelos elementos no terreno antes de chegar a uma barricada; o acelerar do emprego e a autorização necessária para utilizar armas não letais em situações de extrema ameaça para a integridade da força (uso de Cocktails Molotov por parte dos manifestantes); o acelerar do emprego dos elementos do Freedom of Movement Detachment (FOMD) na remoção de uma barricada; a preparação

atempada de subunidades para reforçar os escalões em contacto

Relief in Place (RIP); ou, em caso de ameaça letal, a projecção

atempada com recurso a helicópteros de uma companhia numa

Forward Operating Base (FOB) com um reduzido Notice to Move

(NTM).

ConclusõesA aplicação prática do sistema em contexto operacional fe-

z-nos operacionalizar a sua utilização. Existe em nós uma motivação

e preocupação acrescida no 1BIMec/BrigMec com a finalidade, de

cada subunidade ou módulo, de tirar o maior proveito do sistema

tendo em conta a tática, técnica, as limitações, as possibilidades, os

factores de decisão e a recolha de informação, bem como, o acom-

panhamento premente, no planeamento e na tomada de decisão.

O Conhecimento adquirido permite-nos de forma susten-

tada, trocar ideias, debater as possibilidades de emprego de SUAS

com forças de outros países (i.e. EUA). Refina a nossa motivação e

resiliência para aperfeiçoar, de forma contínua, no Exército e nas For-

ças Armadas Portuguesas, o conhecimento sobre o emprego tático

destes sistemas em operações de Defesa e Segurança.

Do ponto de vista da tática, os SUAS são, na realidade, um

multiplicador do potencial de combate: materializam para o Exército

a utilização do eixo de aproximação designado de sobressolo (espa-

ço de “terreno” até aos 500 m que não necessita de coordenação

de espaço aéreo); representam o posto de observação do século

XXI, complementando os sensores humanos e outros meios aéreos;

alavancam o processo de decisão militar, eventualmente, com me-

nos incertezas, tornando-o célere, contribuindo para a doutrina da

Fig. 3: Monitorização do voo do LIGHT RAY

ARMAS COMBINADAS 01 - 75

manobra da Força em detrimento da Atrição; em síntese, obtém-se maior Proteção da Força.

O 1BIMec/BrigMec, teve a oportunidade de ser a primeira unidade a empregar SUAS em Operações, constituindo para nós, este facto, um motivo de orgulho e um privilégio.

De orgulho, pela tomada de decisão em tempo oportuno, da cadeia de comando nacional, fomentando a CONFIANÇA,

RESILIÊNCIA e INOVAÇÃO nos quadros, e que se materializa com

a pesquisa, discussão, e contribuição escrita em termos táticos e

técnicos para o desenvolvimento do sistema.

Um privilégio, pela oportunidade de concretizar e de aper-

feiçoar o conhecimento tático aplicado sobre o emprego de SUAS

em operações em todo o espetro do conflito e, em particular, nas

operações em curso no TO do KOSOVO.

Fig. 4: Exposição sobre as características do LIGHT RAY

Fig. 5: Exercício de Controlo de Tumultos

76 - ARMAS COMBINADAS 01

TCor Inf Soares Pires

A Escola das Armas e as Relações Externas de Defesa (I)

ARMAS COMBINADAS 01 - 77

O presente artigo constitui a primeira parte de um mais am-plo que visa ilustrar as atividades desenvolvidas pela Escola das Ar-mas (EA) em apoio à Política Externa do Estado Português.

Nesta primeira parte, iremos representar essas mesmas ati-vidades, agrupando-as em conjuntos homogéneos para mais fácil caracterização.

As denominadas Relações Externas de Defesa compreen-dem todas as atividades desenvolvidas, no âmbito da Defesa, entre Portugal e os nossos países aliados ou amigos tanto isoladamente como no seio de organizações multilaterais em que estamos inseri-dos e, para efeitos de organização, podemos dividi-las em Atividades

de Cooperação Militar Bilateral e Atividades de Cooperação Militar Multilateral.

As primeiras, por sua vez, poderão ser subdivididas em Coo-peração Técnico-Militar (CTM) e Relações Bilaterais propriamente ditas.

A CTM é uma atividade de Cooperação Militar Bilateral efetuada com os países lusófonos com exceção do Brasil. Esta ati-vidade compreende um conjunto de ações que constituem simul-taneamente um vetor para a consolidação do sistema democráti-co dos países beneficiários, através da organização/formação de Forças Armadas apartidárias, garante do regular funcionamento das

78 - ARMAS COMBINADAS 01

instituições e vetor do desenvolvimento económico e social, através da formação de quadros e organização de estruturas funcionais (Mi-nistério da Defesa Nacional, 2005, p. 52).

Estas ações, que compreendem as assessorias técnicas, a formação de pessoal, o fornecimentos de material e a prestação de serviços, são integradas em projetos que enformam os Programas--Quadro aprovados bilateralmente.

As Relações Bilaterais propriamente ditas, que podem ser de iniciativa do Exército ou do Ministério de Defesa Nacional (MDN), compreendem as atividades de Cooperação Militar Bilateral efetua-da com os países aliados e amigos (com exceção dos abrangidos pela CTM).

Estas atividades, que de acordo com a natureza da sua ini-ciativa obedecem a processos de planeamento diferenciados, en-globam um amplo conjunto de ações como sejam, entre outras, a participação em exercícios, participação em seminários, reuniões e workshops, visitas institucionais, formação no exterior e a troca de experiências.

A Cooperação Militar Multilateral é uma atividade desenvol-vida por várias nações que trabalham juntas no sentido de aumentar a capacidade militar. Pode incluir a realização de contactos, esta-belecimento de representações permanentes, treinos e exercícios combinados, adoção de doutrina comum, desenvolvimento comum de equipamento e a participação em forças multinacionais. As na-ções podem cooperar numa base de igualdade ou havendo uma ou mais nações que lideram e fornecem a estrutura para a qual as outras contribuem numa menor escala. Normalmente as nações mantêm o controlo sobre as suas próprias forças1.

Embora para efeitos de organização e mais fácil caracteri-zação possamos seguir esta divisão, as atividades poderão não ser estanques e podem ser inseridas em mais do que um grupo.

Por exemplo, uma atividade inicialmente planeada para ser desenvolvida como de âmbito bilateral com o Exército do Reino de Marrocos pode, mais tarde, ser inserida no conjunto de atividades a desenvolver com os países integrantes da Iniciativa 5+52 ou discutida no âmbito do Diálogo do Mediterrânio. Igualmente, uma atividade de CTM com um dos países que dela beneficiam pode, pela sua

1 Adaptado e traduzido pelo autor. We define Multinational Defence Co-operation (MDC) as any arrangement where two or more nations work together to enhance military capability. This can include exchanges and liaison, training and exercising, common doctrine, collaborative equipment procurement, or multinational formations. Nations can either co-operate on a roughly equal basis, or with one or more taking the lead and providing a framework within which others make smaller contributions. In most co-operative arrangements, nations can - and usually do – retain national control over their own forces (MINISTRY OF DEFENCE, 2004). Os britânicos englobam nesta definição também a cooperação bilateral.

2 Criada em dezembro de 2004, a “Iniciativa 5+5” Defesa tem como objetivo o desenvolvimento da cooperação multilateral entre os países signatários (Argélia, França, Itália, Líbia, Malta, Mauritânia, Portugal, Espanha e a Tunísia) com vista à promoção da segurança no Mediterrâneo Ocidental.

Constitui-se como um fórum de encontro para os países que partilham um mesmo espaço geográfico em torno do Mediterrâneo para a partilha de conhecimentos e experiências promovendo a realização de atividades práticas em campos de interesse comum para o reforço da segurança na zona e constituindo-se por outro lado num possível modelo inspirador para outros formatos mais complexos, tais como o Processo de Barcelona (UE) ou o Diálogo do Mediterrâneo (OTAN).

importância ou transversalidade, evoluir para o seio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

Refira-se também que, desde janeiro de 2012, as Relações Externas de Defesa obedecem a um Plano Anual de Acção Externa no Âmbito da Defesa que promova a concertação das actividades externas a desenvolver pelos vários órgãos no âmbito do Ministério da Defesa Nacional que prosseguem essas actividades, aos níveis bilaterais e multilaterais, e que inclua as linhas orientadoras para o desenvolvimento das acções.

A EA, com a desativação das Escolas Práticas e do Centro Militar de Educação Física e Desportos, assumiu as responsabilidades

Fase 1Pedidos

Fase 2Planeamento

Reunião

Bilateral

Resultados CmdFunc.

Unidades, Estabelecimentos e Órgãos do Exército

Ciclo de Planeamento das Relações Bilaterais da iniciativa do MDN

ARMAS COMBINADAS 01 - 79

daqueles nas mais diferentes áreas incluindo as que se inserem no apoio à Política Externa do Estado Português.

Dentro destas, ao nível da Cooperação Militar Bilateral, participa em variados projetos de CTM, incluindo a Formação em Portugal, e tem desenvolvido atividades de cooperação com forças de diferentes países, quer de iniciativa do Exército quer do MDN, algumas delas em apoio de outras Unidades.

No âmbito da Cooperação Militar Multilateral, integra dife-rentes Grupos de Trabalho Internacionais da Organização do Tra-tado do Atlântico Norte, participa no Programa Combat Equipment for Dismount Soldier, da Agência de Defesa Europeia e participa na

missão militar da União Europeia que contribui para o treino das

forças de segurança somalis (EUTM-Somalia).

Em próximas partes iremos desenvolver as atividades que

têm vindo a ser realizadas pela EA.

Bibliografia:MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL (2005). Anuário Estatístico da Defesa Nacional –

2003.Lisboa, Portugal.

MINISTRY OF DEFENCE (2004). Multinational Defence Co-operation [Em linha]. Londres:

Ministério da Defesa, Fevereiro. Paper n.º 2 [Consult. 10 Mai. 2014]. Disponível

em WWW:<URL: http://webarchive.nationalarchives.gov.uk/20040105071548/

http://www.mod.uk/issues/cooperation/index.htm >.

Fase 2Planeamento

Fase 3Consolidação

Fase 4Execução

CmdFunc.

EME

Unidades, Estabelecimentos e Órgãos do Exército

CmdFunc.

EME

Unidades, Esta-belecimentos e

Órgãos do Exército

Execução

Ciclo de Planeamento das Relações Bilaterais da iniciativa do MDN

Urban Operations NATO Training Group Task Group

80 - ARMAS COMBINADAS 01

Urban Operations NATO Training Group Task Group

ARMAS COMBINADAS 01 - 81

82 - ARMAS COMBINADAS 01

O objetivo do NATO Urban Operations NATO Training

Group Task Group (NUONTGTG9 é o de melhorar, o profissionalis-

mo, a interoperabilidade e a estandardização entre forças aliadas e

parceiras, através de melhor coordenação da Formação e do Treino.

O grupo reúne-se duas vezes por ano, em sistema de

rotação entre os participantes, sejam eles membros OTAN ou

Partners for Peace (PfP), normalmente em unidades que dispõem de

infraestruturas e equipamentos de treino para operações em áreas

edificadas.

A última reunião do grupo decorreu nos Estados Unidos da

América, no Estado do Indiana, nas instalações da National Guard,

no Muscatatuck Urban Training Center, de 07Abr2014 a 11Abr2014.

O objetivo para esta reunião, que decorre do mandato ema-

nado pelo Military Committee (MC 0238/5), foi o de finalizar a ela-

boração do draft do STANAG 2593 (acrescentar a designação) e o

ATP Urban Tactics.

Paralelamente continuou da discussão em torno do futuro

do NUONTGTG no seio da OTAN.

Participaram nesta reunião 21 elementos de 17 países dife-

rentes (Suécia, Inglaterra, Dinamarca, Finlândia, Grécia, Suíça, Áustria,

Bélgica, EUA, Portugal, Alemanha, Holanda, Noruega, Canadá, Itália,

Emirados Árabes Unidos, França).

Para além dos pontos anteriormente referidos, como vem

sendo hábito das reuniões do grupo, os elementos do grupo tiveram

a oportunidade de visitar a área de treino e conhecer as suas cara-

terísticas, bem como equipamentos utilizados na mesma para treino,

bem como assistir a uma mostra de equipamentos com aplicabilida-

de na formação e treino em áreas edificadas.

Muscatatuck Urban Trainig Center (MUTC)O MUTC surgiu da crescente necessidade de treinar forças

para atuarem neste tipo específico de ambiente. Desenvolvido pela

National Guard, este Centro pretende responder às necessidades de

diferentes tipos de forças (Army, Marines, National Guard, SWAT, Fire

Department, etc.).

O conceito do MUTC é ser, nas palavras do seu Comandan-

te, “has real has it gets” e “a living breading city”.

Neste sentido, todos os elementos que o constituem são,

ao mesmo tempo que executam as suas tarefas diárias, role players

desta “cidade”, constituída por aproximadamente 1000 infraestrutu-

ras, trabalhando muitas vezes à civil para criar cenário.

…three certainties for the future: we will fight, we will fight has a coalition, we will fight has a coalition in urban environment…

MGen TooleyCap Inf Araújo e Silva

ARMAS COMBINADAS 01 - 83

A criação desta área obedeceu ao princípio de ser feita

com um baixo custo e realista. Assim este centro nasceu de um

conjunto de infraestruturas estatais já existentes e que foram aban-

donadas (hospital psiquiátrico), sendo posteriormente ampliada com

fundos específicos para infraestruturas de treino, para uma maior

dimensão e com mais tipos de infraestruturas.

Parte das infraestruturas são de duplo uso, por exemplo, o

refeitório, para além da sua óbvia utilização para ministrar as re-

feições para todos os elementos que treinam e têm formação no

MUTC, fruto da sua localização no contexto do Centro, poderá ser

utilizado para treino. Isto aplica-se aos alojamentos, edifícios admi-

nistrativos e outras infraestruturas de apoio.

Importa referir que o MUTC encontra-se constantemente

em expansão fruto das necessidades expressas pelos diferentes ti-

pos de forças e entidades que o utilizam.

Possibilitando uma utilização realista, com encargos redu-

zidos e versátil ao permitir criar diferentes cenários, levou a um au-

mento da sua procura ao longo dos anos.

ParticularidadesComo já referido são muito variadas as forças e entidades

que utilizam a infraestrutura para treino, isto torna muito interessante

a diversidade de infraestruturas existentes.

Um dos grandes utilizadores são naturalmente as forças mili-

tares dos diferentes ramos e de diferentes nacionalidades.

O MUTC compreende um alargado e diversificado conjun-

to de infraestruturas (exemplos: embaixada, hospital, prisão, edifí-

cios de habitação diversos, etc.), respondendo às necessidades das

forças em treino. Espelhando algumas necessidades particulares de

alguns teatros de operações onde operam de momento, pode-se

encontrar uma “aldeia afegã” ou uma “favela” ou ainda cenários de

84 - ARMAS COMBINADAS 01

ARMAS COMBINADAS 01 - 85

86 - ARMAS COMBINADAS 01

destruição com avenidas cheias de destroços ou um “mercado de

rua”.

Uma das suas grandes valências é a integração de todos os

constituintes da tríade urbana: o terreno físico, a população e os

sistemas urbanos. Assim, para além das infraestruturas, a existência

de população é uma realidade, sendo que a sua interação com a

atividade das forças em treino é condicionada pelos objetivos defi-

nidos por esta força para a atividade desenvolvida.

A existência de sistemas urbanos complementa o realismo

do cenário, são exemplos disso os sistemas de esgotos e tratamento

de águas, produção e distribuição de energia, rede de telefones mó-

vel (específica do centro), emissora rádio, entre outros.

Uma força que opere no MUTC necessita de pensar todas

as dimensões para ser bem-sucedida na sua operação.

Falando da utilização por parte de entidades policiais e de

apoio civil, existem algumas infraestruturas que existem para respon-

der às suas necessidades de treino, sejam destroços de edifícios seja

um bairro alagável para treino de busca e salvamento em situações

de catástrofe, parques de caravanas estações de metro e comboio,

entre outras.

A utilização por parte de entidades não exclusivamente mi-litares é uma das grandes diferenças para outros centros de treino de operações em áreas edificadas, a par da riqueza e diversidade de cenários.

Futuro do NUONTGTGApesar de identificada a importância desta temática bem

como a da existência de um fórum de partilha e discussão de assun-tos específicos sobre áreas edificadas no que se refere a formação e treino, doutrina e equipamento, no seio da OTAN, o futuro do grupo ainda não é certo.

Para já, é certo que passará, numa primeira fase, pelo cum-primento do mandato (2015) e das tarefas atribuídas por este, estan-do já agendadas duas reuniões: 2º semestre de 2014 na Bélgica e 1º semestre de 2015 na Dinamarca.

Consciente desse facto, o grupo tem trabalhado para tornar permanente a sua existência. Esta existência permanente poderá passar pela sua ligação a um futuro Centro de Excelência OTAN de Áreas Edificadas, sendo o mais provável a sua passagem a grupo permanente do Executive Working Group NTG.

ConclusõesA participação neste fórum de excelência para debate e

partilha de informação sobre a temática das áreas edificadas per-

ARMAS COMBINADAS 01 - 87

mite-nos estar na vanguarda das boas práticas no seio da OTAN,

colher ensinamentos que, inseridos nos nossos programas de forma-

ção e treino, traduzir-se-ão numa melhor capacidade de desempe-

nho dos nossos militares, bem como suportar a criação de doutrina

nacional.

Constitui também uma oportunidade para observar equipa-

mentos e infraestruturas, testadas e validadas por outros parceiros,

passiveis de serem utilizadas para melhor responder às necessidades

das forças que treinam neste tipo de ambiente.

Tendo tido a oportunidade e o privilégio de ter participado

em várias reuniões do NUONTGTG, interagido com os diferentes

delegados, observando os métodos de formação e treino e as in-

fraestruturas utilizadas em vários países , podemos concluir que, esta

temática, é levada muito a sério levando a avultados investimentos

em alguns desses países.

Outro ponto, consensual, consiste numa abordagem diferen-

te do tema alargando o “combate” para as “operações” em áreas

edificadas, aumentando amplamente a variedade de emprego de

forças, tendo como denominador comum o ambiente específico.

Falando particularmente neste centro de treino (MUTC), esta transversalidade estende-se ainda mais, alcançando as entidades ci-vis de segurança, emergência e socorro.

Outra realidade identificada é a interação, cada vez a esca-lões mais baixos, entre as diferentes armas e serviços, como multipli-cador de potencial de combate neste tipo de ambiente.

Facilmente se observa treino e operações com engenharia e carros de combate inseridos nas pequenas unidades de infantaria. Sendo o treino neste ambiente sempre integrado.

Para terminar e abordando a temática da gestão e controlo das áreas de formação e treino de operações em áreas edificadas, verificamos que a ampla maioria dos países que participam neste grupo têm equipas exclusivamente dedicadas. Estas equipas, que variam de pais para país (de meia dúzia a centenas) conforme a sua dimensão, dedicam-se a todas as áreas referentes às operações em áreas edificadas no seu país, desde a gestão da infraestrutura e equi-pamentos específicos, à formação e treino, certificação de forças, desenvolvimento de doutrina, participação em projetos de investiga-ção, teste de equipamentos, entre outras atividades. Apenas assim conseguem garantir continuidade e qualidade na forma de abordar a temática, para além de otimizar os conhecimentos nesta área.

88 - ARMAS COMBINADAS 01

TCor Art Norberto SerraTCor Tm Jorge AzevedoTCor Inf Nuno RodriguesTCor Cav Alfredo FilipeMaj Eng João FerreiraCap Inf Ricardo Camilo

Combat Equipment for Dismount Soldier (CEDS)Feasibility Study Programme

ARMAS COMBINADAS 01 - 89

A maioria dos Estados-Membros participantes da Agência Europeia de Defesa (EDA) possui o seu prórpio programa de estu-do e desenvolvimento do que será o futuro Soldado no campo de batalha.

A crescente complexidade dos sistemas que equipam o soldado de infantaria transformaram-nos em plataformas indepen-dentes.

Embora a extensão e o desenvolvimento desses programas difiram uns dos outros, todos eles seguem os mesmos objetivos téc-nicos como sejam a redução do peso do equipamento bem como o aumento da energia disponível para alimentar esses mesmos equi-pamentos.

Esta situação resulta numa duplicação do esforço de pes-quisa, desenvolvimento e avaliação (testagem), com os custos daí resultantes. Além do mais, esses equipamentos tendem a não ser

completamente interoperáveis entre forças que integram operações multinacionais.

O Programa CEDS é baseado num corpo comum que su-porta as diversas funcionalidades já identificadas.

Neste sentido, os diferentes delegados nacionais agregados ao desenvolvimento de capacidades do CEDS, identificaram e defi-niram um conjunto de requisitos para o soldado apeado.

Estes requisitos cobrem, em detalhe, as áreas do Coman-do e Controlo, Comunicações, Computadores e Informações (C4I), Empenhamento, Projeção e Mobilidade, Proteção e Sobrevivência, Sustentabilidade e Logística e a Formação e Treino.

Tendo como referência os ambiciosos requisitos definidos, especialistas em tecnologia dos Estados-Membros contribuintes, es-tão a analisá-los, neste momento, com o objetivo de os transformar

90 - ARMAS COMBINADAS 01

em soluções tecnológicas, incluindo atividades de Investigação e

Desenvolvimento.

Esta análise, em particular, toma o formato de CEDS Feasibi-

lity Study Programme (CEDS-FSP).

Durante o ano de 2013, os oito países que integram o Pro-

grama CEDS (Alemanha, Aústria, Espanha, Finlândia, França, Portugal,

Roménia e Suécia) lançaram um FSP para o estudo de tecnologias

para o sistema do Soldado do Futuro nas áreas da energia, sobre-

vivência, fatores humanos e observação, na expectativa de serem

propostas, a médio prazo, soluções tecnológicas comuns.

Ainda nesse ano, fruto de ter delegados seus nos diferentes

Capability Technologies (CapTechs), o Exército Português, através da

Escola das Armas, foi convidado a participar com representantes nos

Project Management Group (PMG) de seis estudos aprovados do

CEDS-FSP, que integram especialistas e empresários nacionais e dos

outros países que integram o CEDS:

• ACCLITEXSYS - ACCLImatization TEXtile SYStem;

• SPER PACK - Soldier Portable Energy Reserve Pack;

• iHELMMAT - Innovative HELMet MATerials for soldier

headprotection;

• LiVEST - ULtralight Weight Bullet Proof VESTs;

• ACAMS - Adaptive CAMouflage for the Soldier

• PT - Precision Targeting Study.

ACCLITEXSYS

A finalidade deste estudo é o desenvolvimento conceptual

e a avaliação das diferentes abordagens e tecnologias para a estabi-

lização da temperatura do corpo do soldado.

O consórcio propõe-se estudar as soluções mais promis-

soras para a estabilização da temperatura corporal, levando-se em

consideração as condições climáticas entre as categorias climáticas

extremas (A – zonas de alta temperatura e C – zonas de baixa

temperatura). O estudo levará em consideração os diferentes níveis

de atividades desenvolvidas pelo militar, procurando identificar as

soluções mais versáteis para a regulação da temperatura corporal.

O objetivo principal é estudar a viabilidade de um sistema

têxtil multifuncional, baseado em tecnologias ativas e/ou passivas,

que podem atuar como um regulador de temperatura, monitorando

e respondendo às necessidades do corpo dos soldados.

O consórcio que se encontra a desenvolver o projeto é

constituído pelas seguintes entidades/empresas:

• CITEVE - Portugal;

• DAMEL - Portugal;

• AITEX - Espanha;

• SAGEM - França.

Para concretizar os objetivos propostos, este projeto foi di-

vidido em sete blocos de trabalho:

• Levantamento dos requisitos para o fardamento dos sol-

dados (SAGEM);

• Tecnologias existentes e abordagem das diversas arqui-

teturas (CITEVE);

• Estudo técnico do sistema de estabilização de tempera-

tura corporal (AITEX);

• Integração dos sistemas identificados (CITEVE);

• Produtibilidade (Damel);

• Métodos de avaliação de conforto e de ergonomia das

soluções propostas (CITEVE);

• Projeto e difusão (CITEVE).

A próxima reunião está agendada para o próximo mês de

setembro em Espanha.

SPER PACKO SPER PACK tem como finalidade conceber um sistema

de energia portátil, capaz de utilizar diferentes fontes de energia, de

as gerir e distribuir de uma forma inteligente, por forma a alimentar

os vários equipamentos individuais e portáteis, que o militar utiliza

em operações.

As empresas (contractors) responsáveis pela execução e de-

senvolvimento dos trabalhos deste projeto são as seguintes:

• TEKEVER - Portugal

• CEA LITEN - França

• FOI - Suécia

• SAGEM - França

Os sistemas de combate existentes no soldado operam a

partir de uma única fonte clássica de energia, principalmente as ba-

terias.

O SPER PACK tem por missão estudar e desenvolver o esta-

do da arte, propondo um conceito misto de abastecimento de ener-

gia e gestão da sua alimentação. O principal objetivo do SPER PACK

é o de propor um sistema capaz de lidar com diferentes fontes de

energia (por exemplo, baterias, micro-geradores, células de combus-

tível e armazenamento de energia) e efetuar a gestão da energia

proveniente das várias fontes de forma uma inteligente e eficiente,

distribuindo-a pelos vários equipamentos utilizados pelo militar.

Os requisitos técnicos definidos como essenciais para o sis-

tema são os seguintes:

ARMAS COMBINADAS 01 - 91

Programa de desenvolvimentodo Estudo

21jan2014Portugal

Kick-Off Meeting 03jun2014Suécia

1st Progress Meeting

França2nd Progress Meeting

França

Final Meeting

jan2015

23set2014

• Fornecer a alimentação do sistema com energia média de 20 W por um período de 72 h;

• Garantir o funcionamento do sistema sob todas as con-dições meteorológicas;

• Volume e peso mínimos; • Indicação de energia restante; • Flexibilidade e design reconfigurável; • Permitir operar em modo degradado; • Garantir a logística e a manutenção do sistema; • Ergonomia e conforto; • Interface com outros sistemas elétricos e mecânicos.

No âmbito da gestão do estudo, foram estabelecidas um conjunto de reuniões de controlo para acompanhamento e análise do desenvolvimento dos trabalhos.

iHELMMAT

Este estudo visa a criação de um capacete de proteção para

o militar apeado.

O consórcio que irá desenvolver o estudo é constituído pe-

las seguintes empresas:

• AITEX - Espanha;

• FECSA - Espanha;

• FY-COMPOSITES - Finlândia;

• MOLDING - Portugal;

• GLOBALTRONIC - Portugal.

92 - ARMAS COMBINADAS 01

O capacete a desenvolver, tendo como base os ensinamen-

tos colhidos nos mais recentes conflitos (Iraque, Afeganistão, etc.),

deverá responder, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

• Melhoria da capacidade de proteção balística;

• Novos materiais e nova conceção para a suspensão;

• Melhoria do comportamento térmico;

• Novo design;

• Capacidade de interoperabilidade com equipamentos

adicionais.

Para a melhoria da capacidade de proteção balística, es-

tão a ser desenvolvidas fibras com recurso a várias materiais e que

serão sujeitas a testes de resistência balística, tendo por base as

condições climatéricas e de utilização, e a própria forma do capace-

te. Relativamente à forma, estão a ser desenvolvidos modelos, com

recurso ao cálculo com elemento finitos, que permitam obter uma

configuração que seja simultaneamente ergonómica e resistente.

Quanto ao conforto térmico, existem dois vetores de desenvolvi-

mento: por um lado o sistema de ventilação natural e com recurso

a materiais com comportamento térmico adequado; por outro, a

utilização de sistema interno de ar condicionado com integração de

alimentação externa.

A próxima reunião de trabalho está agendada para o início

de julho, a ocorrer na Finlândia

LiVESTEste estudo consiste na definição dos requisitos operacio-

nais, definição das necessidades dos utilizadores e testagem de so-luções e equipamento com vista ao desenvolvimento de um novo modelo de colete balístico, que se pretende que utilize proteção balística, nova e ultraleve com a integração de têxteis “inteligentes”, baseado na combinação de materiais de alta resistência mecânica com estruturas tridimensionais.

As empresas/centros tecnológicos envolvidas neste consór-cio são:

• AITEX - Espanha; • Paul Boyé Technologies - França; • CITEVE – Portugal; • TEKEVER - Portugal.

O CITEVE é a entidade portuguesa parceira do estudo na área têxtil e a TEKEVER é a entidade para a área de sensores, moni-torização e controlo.

Em março do corrente ano teve lugar, no CITEVE, em Vila Nova de Famalicão, a primeira reunião de acompanhamento onde foram apresentados os dois primeiros relatórios, em que o objetivo do primeiro foi estabelecer os requisitos de proteção balística e de conforto e conhecer as necessidades dos utilizadores de coletes balísticos e as condições e requisitos estabelecidos pelas normas

reguladoras. Por sua vez, o segundo relatório dispõe de informação acerca dos materiais dos coletes e como montá-los, nomeadamente sobre o desempe-nho das fibras e estabelece uma aproximação aos custos reais da proteção balística

Nesta reunião, ficou acordado que, em termos de road-map para o 1º Semestre de 2014, seria expectável que se concretizassem os estudos conducentes aos cinco primeiros Working Packages (WP) e que sumariamente são os que a seguir se apresentam:

• Estabelecimento de requisitos técnicos e de conforto;

• Estudo dos materiais a utilizar, bem com como da estrutura e do modelo de co-lete;

• Desenvolvimento e monitorização do têxtil em 3D;

• Estudo do processo de produção e estu-do da solução balística em 3D.

Todos estes WP têm o seu desenvolvimento previsto até ao final de junho do corrente ano.

Para a prossecução das fases seguintes, está prevista uma reunião em julho onde serão sujeitos a aprovação os relatórios correspondes aos restantes

ARMAS COMBINADAS 01 - 93

três WP previstos para o 1º semestre. Para o 2º semestre está previs-to o desenvolvimento de mais dois objetivos: o estudo e validação de comportamento do protótipo em 3D e o estudo da viabilidade técnica e económica da proteção balística.

ACAMSO objetivo deste projeto é estudar os métodos ativos e pas-

sivos para a camuflagem, dissimulação e deceção, adaptáveis aos diferentes ambientes operacionais. O enfoque é evitar a deteção e identificação do soldado por sensores inimigos e o seu reconheci-mento através da radiação eletromagnética emitida (nas diferentes bandas de comprimento de onda, o grau e os mecanismos de adap-tação e técnicas multiespectrais viáveis).

O consórcio propõe-se analisar as vantagens e desvanta-gens dos vários sistemas de adaptação, que podem ser transforma-das em soluções inovadoras para o equipamento do soldado. Para isso, o consórcio vai estudar e analisar materiais comercialmente disponíveis que são adequados para a camuflagem adaptável do soldado, tais como díodos emissores de luz orgânicos, elementos Peltier e superfícies nanoestruturadas. O estudo também incluirá a investigação de soluções têxteis, com enfoque nas fibras e revesti-mentos com propriedades óticas, magnéticas e elétricas, bem como as que apresentam propriedades de coloração ajustáveis a todo o espectro visível, bem como a região do infravermelho e ultravioleta do espectro eletromagnético.

O objetivo é sugerir e avaliar uma solução para uma ca-muflagem adaptável, que possa reagir aos impulsos dos diferentes ambientes, ou quaisquer outros estímulos (têxteis inteligentes), sendo capaz de se adaptar a esses ambientes e minimizar a assinatura visual e infravermelha do soldado.

O consórcio que se propõe desenvolver o estudo é consti-tuído pelas seguintes entidades/empresas:

• FOI - Suécia; • IOSB - Alemanha; • CITEVE - Portugal; • Damel - Portugal.

Para concretizar os objetivos propostos, este projeto foi di-vidido em sete blocos de trabalho:

• Estudo dos mecanismos de adaptação (IOSB); • Análise da ameaça: Sensores e bandas espectrais (FOI); • Estudo dos múltiplos ambientes operacionais (FOI); • Integração dos sistemas (CITEVE); • Produtibilidade (Damel); • Métodos de avaliação para a camuflagem adaptativa

(IOSB); • Projeto e difusão (FOI).

A próxima reunião de trabalho irá decorrer em Portugal du-rante o mês de junho.

PT

Este estudo está ao encargo de um consórcio de duas em-

presas e de uma universidade, a GMV (Espanha), a ESG (Alemanha)

e o Laboratório de Óptica, Lasers & Sistemas da Fundação da Facul-

dade de Ciências da Universidade de Lisboa (LOLS/FFCUL) (Portugal).

O objetivo deste projeto é o desenvolvimento da arquite-

tura para um Fire Control System (FCS) para o Dismounted Soldier

(DS), com os seguintes produtos a serem desenvolvidos: Identifica-

ção dos requisitos operacionais e técnicos do FCS; Identificação dos

requisitos operacionais e técnicos de balística; Identificação dos re-

quisitos operacionais e técnicos de visão noturna; Identificação dos

requisitos operacionais e técnicos de Man-Machine Interface (MMI);

Identificação dos diversos componentes do FCS; Identificação de

requisitos comuns entre os componentes e Definição de protocolos

para o FCS.

O LOLS/FFCUL é a entidade responsável pelo desenvolvi-

mento dos requisitos operacionais e técnicos para a visão noturna

(incluindo intensificação de imagem, imagem térmica, lasers e ópti-

cas) do FCS.

Apoio da Escola das Armas para o estudo CEDS - FSP - PT

No dia 25mar2014 decorreu, na Escola das Armas, o

Workshop CEDS-FSP-PT que reuniu um Team of Experts com o

objetivo de contribuir com elementos para a identificação dos

requisitos operacionais e técnicos para os equipamentos de visão

noturna, no âmbito do FCS.

No evento participaram elementos das seguintes entidades:

Laboratório de Óptica, Lasers & Sistemas da Faculdade de Ciências

da Universidade de Lisboa; Direction Générale de l’Armement de la

France; GMV IS Portugal; Direção-Geral de Armamento e Infraes-

truturas de Defesa/Ministério da Defesa Nacional; Repartição de

Capacidades/Divisão de Planeamento de Forças/Estado-Maior do

Exército; Centro de Tropas Comandos/Brigada de Reação Rápida;

Centro de Operações Especiais/Brigada de Reação Rápida; Escola

de Tropas Paraquedistas/Brigada de Reação Rápida; Regimento de

Infantaria n.º 10/Brigada de Reação Rápida; Regimento de Infantaria

n.º 15/Brigada de Reação Rápida; 1º Batalhão de Infantaria Mecani-

zado/Brigada Mecanizada; Regimento de Infantaria n.º 13/Brigada de

Intervenção; Regimento de Infantaria n. º 14/Brigada de Intervenção.

94 - ARMAS COMBINADAS 01

Output do WorkshopFoi elaborado um documento com base nas conclusões do

evento, identificando os requisitos operacionais para o FCS, no âm-

bito da visão noturna, essencial para o desenvolvimento do projeto.

1st Progress Meeting A 1st Progress Meeting decorreu no dia 29abr2014 na sede

da Empresa ESG, em Munique/Alemanha.

As Progress Meetings têm como objetivo a verificação dos

estudos realizados pelo consórcio à presente data, de acordo com

o contrato estabelecido com a EDA.

Este acompanhamento é feito pelos representantes, no PMG,

dos diversos países a que pertencem as empresas que compõem o

consórcio e por um representante da EDA.

Programa de desenvolvimentodo Estudo

13jan2014Espanha

Kick-Off Meeting

21jan2014Portugal

Rn de Coordenação entre PMG e PM

25mar2014Portugal

Workshop

Alemanha

1st Progress Meeting Espanha2nd Progress Meeting

29abr2014

Bélgica

Final Meeting

13jan2015

09set2014

O output final é um Progress Report que, após validado, é

enviado para a EDA.

Nesta primeira reunião de acompanhamento participaram

os seguintes elementos:

• Representante no PMG do Ministerio de Defensa de

Espanha;

• Representante no PMG do MDN de Portugal;

• Representante no PMG da EDA;

• Project Manager (PM) da empresa GMV (Espanha);

• PM da empresa ESG (Alemanha);

• PM do LOLS/FFCUL (Portugal).

ARMAS COMBINADAS 01 - 95

ã1st Progress Meeting - apresentação de protótipo de um FCS desenvolvido pela empresa ESG

Workshop na Escola das Armasâ

96 - ARMAS COMBINADAS 01

Armas da Escola das Armas

Estandarte da Escola das Armas

Escudo de Peito

ARMAS – Escudo de vermelho, uma lucerna de prata acesa de vermelho perfilada do segundo, um chefe de prata carregado de cinco

escudetes de vermelho; – Elmo militar de prata, forrado de vermelho, a três quartos para a dextra; – Correia de vermelho perfilada de ouro; – Paquife e virol de vermelho e prata; – Timbre: um leão rampante de prata, sustendo à sinistra um livro antigo aberto de prata com correias fiveladas de ouro, sobre

o mesmo na vertical a espada com lâmina antiga de prata, guarnecida, empunhada e macenetada de ouro, sustida pela mão dextra;

– Divisa: num listel de prata, ondulado, sotoposto ao escudo, em letras de negro, maiúsculas, de estilo elzevir «SE MOSTRARÃO NAS ARMAS SINGULARES» (Divisa inspirada nos Lusíadas, Canto III est. 24 “Se mostraram nas armas singulares).

SIMBOLOGIA: – O VERMELHO do campo simboliza a vitória na luta contra as adversidades e persecução dos objetivos a atingir; – A LUCERNA símbolo da luz do espírito e da força da sabedoria; – O CHEFE de prata simboliza a aglutinação das diversas áreas que estão na origem da Escola das Armas; – Os ESCUDETES de vermelho simbolizam as cinco unidades que estão na origem da formação da Escola das Armas – O LEÂO, símbolo de coragem e força empunhando a ESPADA do Exército e o LIVRO ANTIGO simbolizam também a verti-

calidade, o aprumo, a tradição e a formação – A DIVISA «SE MOSTRARÃO NAS ARMAS SINGULARES» (Divisa inspirada nos Lusíadas, Canto III est. 24 “Se mostraram nas

armas singulares”). – Os esmaltes significam:

• O VERMELHO a bravura e a força; • A PRATA a humildade e riqueza; • O OURO a sabedoria e o rigor.

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