PROCEDIMENTO PARA DOSAGEM DE PASTAS PARA ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ELIZIANE JUBANSKI MARTINS PROCEDIMENTO PARA DOSAGEM DE PASTAS PARA ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE CURITIBA 2009

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Autora: ELIZIANE JUBANSKI MARTINSPROCEDIMENTO

Transcript of PROCEDIMENTO PARA DOSAGEM DE PASTAS PARA ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    ELIZIANE JUBANSKI MARTINS

    PROCEDIMENTO PARA DOSAGEM DE PASTAS PARA ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE

    CURITIBA

    2009

  • ELIZIANE JUBANSKI MARTINS

    PROCEDIMENTO PARA DOSAGEM DE PASTAS PARA

    ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE

    Dissertao apresentada como requisito parcial

    a obteno de grau de Mestre em Engenharia

    Civil, Programa de Ps-Graduao em

    Construo Civil, setor de Tecnologia,

    Universidade Federal do Paran.

    Orientadora: Prof. Dr. Marienne do Rocio de Mello Maron da Costa

    Co-Orientador: Prof. Dr. Vicente Coney Campiteli

    CURITIBA

    2009

  • FICHA CATALOGRFICA

  • Quando partes diferentes se

    renem num todo nico e slido, o que

    seria pedra, ferro e argila transforma-se

    na escultura de um tempo... Matria se

    junta a matria sob a liga tenaz do

    homem e todo o conhecimento de sua

    poca. Neste instante, o construtor de

    SONHOS constri IDEAIS e de ideais o

    mundo construdo!!!!"

    Autor Desconhecido

  • Dedico esse trabalho aos meus Pais

    Alceu e Eliane, aos meus Irmos

    Elizangela e Juninho e ao meu grande

    amor Bruno pelo seu Carinho, Dedicao

    e Compreenso.

  • AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS

    Agradeo primeiramente a Deus, por me oferecer sade, persistncia e

    serenidade no desenvolvimento desse trabalho e tambm pela proteo divina em

    todos os dias da minha vida.

    A minha orientadora Dr. Marienne do Rocio de Mello Maron da Costa que

    aceitou o desafio da argamassa auto-nivelante j no final da empreitada, porm

    sempre mostrando uma competncia e dedicao que poucos possuem. Prof. esse

    trabalho estaria longe de ser concludo sem sua contribuio to valiosa, obrigada

    por tudo.

    Ao meu co-orientador o Prof. Dr. Vicente Coney Campiteli, que tambm

    contribuiu de forma significativa ao longo desses dois anos de mestrado, sempre

    mostrando amor daquilo que faz. Melhora logo e continua passando esse sbio

    conhecimento a ns alunos! Obrigada.

    Aos professores Jos Marques Filho, Mauro Lacerda Santos Filho, Adriana de

    Paula Lacerda Santos, Kleber Franke Portella e Fernando Crema, Marienne Costa

    que ministraram disciplinas de grande importncia para o desenvolvimento este

    trabalho.

    Ao pessoal do LAME, Betina, Jeferson, Amanda, Marcelo, Aline, Luiz

    Fabiano, Cris e demais colegas por ter me recebido de portas abertas para que

    meus ensaios fossem desenvolvidos.

    Ao pessoal do LACTEC, Alessandra, Douglas, Leandro, Joo Henrique,

    tambm por ter me auxiliado na execuo dos ensaios de reologia e caracterizao

    dos aditivos, sempre prontos para auxiliar.

    Ao pessoal do LAMIR, J. Manoel, Elisiane, Rodrigo, Evelise, que me ajudaram

    na execuo dos ensaios de caracterizao do cimento, slica ativa e agregados.

    Obrigada pela fora e carinho com que me receberam!

    Ao Alecio, bolsista e estagirio que me ajudou na execuo dos ensaios com

    o viscosmetro, acompanhou minha trajetria dentro dos laboratrios, dividia sempre

    alguns materiais de ensaios comigo, inclusive a prof. em dias muito corridos... Acho

    que ganhei um grande parceiro de laboratrio. Valeu rapaz !

  • A secretria do PPGCC, Ziza, pelo carinho, pacincia e incentivo mostrando-

    se sempre pronta para ajudar.

    Aos amigos Louise, Carolina Toledo, Carolina Riedel e Polan ) por estarem de

    uma certa forma sempre por perto. A vida bem mais feliz com vocs por perto!

    Aos colegas de mestrado que foram chegando de mansinho e conquistando

    lugares especiais na minha vida, Leticia, Marcia, Sheila, Clara, Csar Daher, Kironi,

    Ariovaldo, Luiz, Cris, Rafael, Valmir... e a todos os colegas que de certa forma

    estiveram juntos nesses dois anos de estudos... Valeu pessoal!!

    Agradeo aos profissionais do SENAI, prof. Marcos Dallarme, Rodrigo, prof.

    Jan, prof. David, por terem me acolhido nesse perodo de estudos, conciliando meus

    horrios de aula e aos meus queridos alunos por terem sido um grande incentivo na

    aquisio dos novos conhecimentos.

    A LLMarques, Luiz Geraldo, Lcia e Valria excelentes profissionais e que

    tambm me ajudaram em vrias ocasies para que eu conseguisse concluir o

    mestrado. Muito Obrigada!

    A HOBIMIX, Fernando, Ricardo, Srgio e a todo o pessoal que me recebeu

    em Unio da Vitria, por me apresentarem esse novo desafio, oferecendo sempre

    todo o apoio quanto a duvidas tcnicas, materiais e equipamentos. Meu grande

    respeito e admirao pelo trabalho de vocs! Obrigada pela confiana.

    A todo o pessoal da VLB Engenharia, por me auxiliar, em vrios assuntos no

    decorrer desse trabalho. Obrigada!

    A minha irm caula Elizangela, por ser minha seguidora, protetora,

    companheira, cmplice e eterna amiga, mostrando sempre o lado bom de tudo e

    como ser alegre em todos os momentos da vida.

    Aos meus pais Alceu e Eliane que me ensinaram no s as primeiras

    palavras, os primeiros passos, mas tambm as lies de amor, carter, dignidade e

    persistncia. Obrigada por muitas vezes abrirem mo dos seus sonhos pelos meus.

    Amo vocs.

    Ao Bruno, grande amor da minha vida, por deixar meus dias mais alegres,

    fazer companhia nas minhas solitrias noites de estudo, sofrer comigo nos

    momentos difceis, rir comigo nas conquistas, mostrar o amor, carinho, apoio,

    proteo e incentivo no desenvolvimento desse trabalho. Amo voc!

  • No existe uma frmula para o sucesso. Mas, para o fracasso, h uma infalvel:

    tentar agradar a todo mundo". (Herbert Swope)

  • SSUUMMRRIIOO

    LISTA DE ILUSTRAES ___________________________________________ 12LISTA DE TABELAS________________________________________________ 15LISTA DE ABREVIATRAS E SMBOLOS ______________________________ 16RESUMO _________________________________________________________ 17ABSTRACT _______________________________________________________ 181. CAPTULO 1 INTRODUO _____________________________________ 191.1. CONSIDERAES INICIAIS ________________________________________ 191.1.1. APLICAO DA ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE_______________________ 211.2. HIPTESES ___________________________________________________ 231.3. OBJETIVOS ___________________________________________________ 231.4. JUSTIFICATIVAS ________________________________________________ 231.4.1. JUSTIFICATIVA TECNOLGICA ____________________________________ 241.4.2. JUSTIFICATIVA ECONMICA______________________________________ 251.4.3. JUSTIFICATIVA AMBIENTAL ______________________________________ 291.5. LIMITAES DA PESQUISA ________________________________________ 311.6. ESTRUTURA DA DISSERTAO _____________________________________ 322. CAPTULO 2 ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE_____________________ 332.1. DEFINIO____________________________________________________ 332.2. MATERIAIS EMPREGADOS PARA O ESTUDO DA PASTA VISANDO A ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE ___________________________________________________ 362.2.1. SELEO DOS MATERIAIS _______________________________________ 362.2.1.1. Cimento Portland ___________________________________________ 37

    2.2.1.2. Aditivo Qumico ____________________________________________ 37

    2.2.1.3. Aditivo Superplastificante (SP)_________________________________ 38

    2.2.1.4. Aditivo Modificador de Viscosidade (VMA) _______________________ 42

    2.2.1.5. Adies Minerais ___________________________________________ 44

    2.3. PROPRIEDADES DA PASTA NO ESTADO FRESCO________________________ 472.4. ENSAIOS PARA CARACTERIZAO DA PASTA AUTO-NIVELANTE ____________ 482.4.1. ENSAIOS COM CILINDRO ESPANHOL _______________________________ 492.4.2. ENSAIO COM O VISCOSMETRO ___________________________________ 533. CAPTULO 3 CONCEITOS BSICOS DA REOLOGIA ________________ 55

  • 3.1. CONCEITOS DA REOLOGIA ________________________________________ 553.2. PARMETROS REOLGICOS_______________________________________ 573.2.1. TENSO DE CISALHAMENTO _____________________________________ 573.2.2. DEFORMAO _______________________________________________ 583.2.3. VISCOSIDADE ________________________________________________ 583.3. CLASSIFICAO DO COMPORTAMENTO REOLGICO _____________________ 603.4. IMPORTNCIA DA REOLOGIA NAS ARGAMASSAS AUTO-NIVELANTE__________ 633.5. FATORES QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO REOLGICO _____________ 644. CAPTULO 4 PROGRAMA EXPERIMENTAL _______________________ 674.1. CARACTERIZAO DOS MATERIAIS _________________________________ 684.1.1. CIMENTO ___________________________________________________ 694.1.2. SLICA ATIVA ________________________________________________ 714.1.3. ADITIVOS ___________________________________________________ 724.1.3.1. Espectroscopia de Infravermelho_______________________________ 72

    4.2. CARACTERIZAO DA PASTA PARA ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE_______ 754.2.1. PROCEDIMENTO DE MISTURA ____________________________________ 764.2.2. PROCEDIMENTOS DE EXECUO DO ENSAIO COM O CILINDRO ESPANHOL ____ 774.2.3. ETAPA I: ENSAIOS PRELIMINARES COM A PASTA AUTO-NIVELANTE ________ 814.2.3.1. Parmetro Fixo_____________________________________________ 81

    4.2.3.2. Variveis Independentes ou de Controle _________________________ 82

    4.2.3.3. Variveis Dependentes ou de Resposta _________________________ 83

    4.2.3.4. Entrada de Dados __________________________________________ 83

    4.2.4. ETAPA II: ENSAIOS COM A PASTA AUTO-NIVELANTE PROPRIAMENTE DITA____ 854.2.4.1. Parmetro Fixo_____________________________________________ 85

    4.2.4.2. Variveis Independentes ou de Controle _________________________ 85

    4.2.4.3. Variveis Dependentes ou de Resposta _________________________ 86

    4.2.4.4. Entrada de Dados __________________________________________ 86

    4.2.5. ETAPA III - ENSAIOS COM O VISCOSMETRO __________________________ 884.2.5.1. Parmetros Fixos ___________________________________________ 90

    4.2.5.2. Variveis Independentes ou de Controle _________________________ 90

    4.2.5.3. Variveis Dependentes ou de Resposta _________________________ 90

    4.2.5.4. Entrada de Dados __________________________________________ 91

    5. CAPTULO 5 APRESENTAO DE ANLISE E RESULTADOS________ 925.1. ETAPA I: ENSAIOS PRELIMINARES PARA ANLISE DA PASTA ______________ 925.1.1. COMPORTAMENTO DA MISTURA COM ADITIVO SP 0,5% _________________ 935.1.2. COMPORTAMENTO DA MISTURA COM ADITIVO SP = 0,8%________________ 96

  • 5.2. ETAPA II: ANLISE DO COMPORTAMENTO DA PASTA ____________________ 985.2.1. INFLUNCIA DO TEOR DE ADITIVO PROMOTOR DE VISCOSIDADE (VMA) ____ 1015.2.2. INFLUNCIA DO TEOR DE SLICA ATIVA (SA) ________________________ 1055.2.3. INFLUNCIA DA FORMULAO DA MISTURA NA PASTA IDEAL PARA ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE ________________________________________ 1085.3. ETAPA III: ENSAIOS COM O VISCOSMETRO___________________________ 1106. CAPTULO 6 CONSIDERAES FINAIS _________________________ 1166.1. SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ___________________________ 118ANEXO 1 RESULTADOS DOS ENSAIOS PRELIMINARES COM O CILINDRO ESPANHOL______________________________________________________ 119ANEXO 2 RESULTADOS DOS ENSAIOS COM O CILINDRO ESPANHOL __ 120ANEXO 3 RESULTADOS DOS ENSAIOS COM VISCOSMETRO _________ 123ANEXO 4 RESULTADOS DOS ENSAIOS COM VISCOSMETRO _________ 126ANEXO 5 RESULTADOS DOS ENSAIOS COM VISCOSMETRO _________ 129REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ___________________________________ 133

  • LLIISSTTAA DDEE IILLUUSSTTRRAAEESS

    FIGURA 1.1 - Formulao trazida pela empresa HOBIMIX da cidade de Valncia ES ........................................................................... 20

    FIGURA 1.2 - Execuo do contrapiso com argamassa auto-nivelante ..... 20 FIGURA 1.3 - Corte de um elemento do subsistema de vedao horizontal

    piso ..................................................................................... 22 FIGURA 1.4 - Mtodo Tradicional: Cama de Areia + Argamassa ............... 26 FIGURA 1.5 - Mtodo Tradicional: Cama de Areia + Argamassa +

    Argamassa Cola .................................................................... 26 FIGURA 1.6 - Mtodo Tradicional: Argamassa+ Isolamento Trmico ......... 27 FIGURA 1.7 - Mtodo Auto-Nivelante .......................................................... 27 FIGURA 1.8 - Grfico comparativo de custos .............................................. 28 FIGURA 2.1 - Alta fluidez da argamassa auto-nivelante ............................. 34 FIGURA 2.2 - Microestrutura da pasta auto-nivelante ................................. 35 FIGURA 2.3 - Monmero de um policarboxilato ......................................... 40 FIGURA 2.4 - Ao das molculas do aditivo superplastificante SP nas

    partculas do cimento ............................................................ 40 FIGURA 2.5 - Floculao entre as partculas do cimento, devido as foras

    de Van der Waals (a); Defloculao das partculas do cimento, devida a ao das molculas de aditivo adsorvidas (b) .......................................................................................... 41

    FIGURA 2.6 - Ao do aditivo VMA na mistura ........................................... 43 FIGURA 2.7 - Micrografia da Slica Ativa ..................................................... 46 FIGURA 2.8 - Dimenses do Cilindro Espanhol .......................................... 50 FIGURA 2.9 - Diagrama esquemtico do Cilindro Espanhol reproduzido

    no Brasil ................................................................................. 51 FIGURA 2.10 - Cilindro Espanhol utilizado nos ensaios com a pasta.

    Demonstrao do equipamento (a); A pasta escoando do copo do cilindro espanhol (b) ................................................ 52

    FIGURA 2.11 - Modelos de remetros. (a) Remetro BML baseado nos conceito cilindros coaxiais; (b) Remetro BTRHEOM baseado nos conceitos placa/placa ....................................... 53

    FIGURA 2.12 - Ensaios com o viscosmetro para a anlise da reologia da pasta. (a) Equipamento utilizado nos ensaios; (b) Componentes do equipamento ............................................. 54

    FIGURA 3.1 - Representao esquemtica para definio de viscosidade segundo modelo de Newton .................................................. 59

    FIGURA 3.2 - Classificao dos fludos segundo seu comportamento reolgico ................................................................................ 60

    LISTA DE ILUSTRAES

  • FIGURA 3.3 - Comportamento bsico de fluxo Newtonianos e no Newtonianos ......................................................................... 62

    FIGURA 3.4 - Reproduo esquemtica indicando o efeito da perturbao causada pela presena de partculas esfricas sobre as linhas de fluxo de um fluxo submetido ao cisalhamento: (a) linhas de fluxo sem perturbao, (b) perturbao causada por uma partcula com pequeno dimetro, (c) perturbao causada por uma partcula com grande dimetro, (d) perturbao causada por um aglomerado de partculas ....... 65

    FIGURA 3.5 - Efeito do formato das partculas na viscosidade da mistura . 66 FIGURA 4.1 - Esquema da metodologia empregada na pesquisa .............. 68 FIGURA 4.2 - Equipamento CILAS 1064 Granulometria a Laser ............ 70 FIGURA 4.3 - Curva granulomtrica do cimento CP V ARI RS ................... 70 FIGURA 4.4 - Curva granulomtrica da slica ativa ..................................... 72 FIGURA 4.5 - Resultado do Infravermelho para aditivo promotor de

    viscosidade ............................................................................ 74 FIGURA 4.6 - Resultado do Infravermelho para aditivo superplastificante. 74 FIGURA 4.7 - Etapas do estudo de formulaes da pasta .......................... 76 FIGURA 4.8 - Procedimento de mistura para a pasta de cimento ............... 77 FIGURA 4.9 - Equipamento utilizado na mistura da pastas ......................... 78 FIGURA 4.10 - Ensaio com cilindro espanhol. (a) Nomenclatura dos

    componentes do cilindro espanhol; (b) Escoamento da pasta atravs do orifcio do copo; (c) Determinao da abertura da pasta com base na mdia de dois dimetros (Dimetro 1 e Dimetro 2) ..................................................... 79

    FIGURA 4.11 - Anlise visual da borda da pasta escoada. (a) Pasta com borda desuniforme, (b) Pasta com borda uniforme ............... 80

    FIGURA 4.12 - Anlise visual da seqncia da pasta escoada. (a) Pasta sem tendncia segregao, (b) Pasta com tendncia segregao ............................................................................ 80

    FIGURA 4.13 - Programao de ensaios com o viscosmetro ...................... 88 FIGURA 4.14 - Ensaios com o viscosmetro para a anlise da reologia da

    pasta. (a) Equipamento utilizado nos ensaios; (b) Colocao da pasta na base do viscosmetro; (c) Incio do ensaio; (c) Componentes do equipamento ........................... 89

    FIGURA 5.1 - Visualizao das pastas nos ensaios preliminares com o cilindro espanhol. Formulao 1 (a); formulao 5 (b); formulao 8 (c) .................................................................... 95

    FIGURA 5.2 - Visualizao das pastas nos ensaios preliminares com o cilindro espanhol. Formulao 10 (a); formulao 14 (b) ..... 97

    FIGURA 5.3 - Grfico comparativo entre os trs teores de SP para relao a/ms 0,95 que relaciona espalhamento versus teor de aditivo VMA ........................................................................... 98

  • FIGURA 5.4 - Grfico comparativo entre os trs teores de SP para relao a/ms 0,67 que relaciona espalhamento versus teor de aditivo VMA ........................................................................... 98

    FIGURA 5.5 - Grfico referente ao espalhamento versus VMA. Relao a/ms 0,70 (a); Relao a/ms 0,75 (b); Relao a/ms 0,80 (c); Relao a/ms 0,85 (d) ..................................................... 102

    FIGURA 5.6 - Visualizao das pastas aps o escoamento com VMA 0,9%. Formulao 41 (a); formulao 44 (b); formulao 49 (c) .......................................................................................... 104

    FIGURA 5.7 - Relao verificada entre o espalhamento versus a/ms. Slica ativa 5% (a); slica ativa 6% (b); slica ativa 7% (c); slica ativa 8% (d) .................................................................. 106

    FIGURA 5.8 - Impacto do comportamento das pastas com o aumento da relao a/ms. Formulao 55 (a); formulao 51 (b); formulao 47 (c); formulao 43 (d) .................................... 107

    FIGURA 5.9 - Grfico referente aos resultado do viscosmetro quanto a viscosidade versus taxa de cisalhamento e tenso de cisalhamento versus taxa de cisalhamento para uma formulao de SA 5% e a/ms 0,8 .......................................... 111

    FIGURA 5.10 - Grfico referente aos resultado do viscosmetro quanto a viscosidade versus taxa de cisalhamento e tenso de cisalhamento versus taxa de cisalhamento. Formulao SA 5% e a/ms 0,75(a); formulao SA 6% e a/ms 0,80 (b);formulao SA 6% e a/ms 0,75 (c); formulao SA 7% e a/ms 0,80 (d); formulao SA 7% e a/ms 0,75 (e); formulao SA 8% e a/ms 0,80 (f); formulao SA 8% e a/ms 0,75 (g) ......................................................................... 114

  • LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS

    TABELA 1.1 - Comparativo de custos ........................................................ 28 TABELA 4.1 - Composio qumica do cimento CPV- ARI-RS da

    VOTORAN ........................................................................... 69 TABELA 4.2 - Composio fsica do cimento CPV-ARI-RS da VOTORAN 69 TABELA 4.3 - Composio qumica da slica ativa SILMIX da Camargo

    Corra Cimentos S/A .......................................................... 71 TABELA 4.4 - Caracterizao dos aditivos SP e VMA .............................. 75 TABELA 4.5 - Resumo das variveis independentes utilizadas na etapa I 83 TABELA 4.6 - Dados de entrada para a etapa I ......................................... 84 TABELA 4.7 - Resumo das variveis independentes utilizadas na etapa

    II .......................................................................................... 86 TABELA 4.8 - Dados de entrada utilizados para a etapa II ....................... 87 TABELA 4.9 - Resumo das variveis independentes utilizadas no ensaio

    do viscosmetro ................................................................... 91 TABELA 5.1 - Resultados numricos e anlise visual para 0,5% de

    aditivo SP ............................................................................ 94 TABELA 5.2 - Resultados numricos e anlise visual para 0,8% do

    aditivo SP ............................................................................ 96 TABELA 5.3 - Resultados do espalhamento e da anlise visual das

    pastas formuladas na etapa II da pesquisa ......................... 100 TABELA 5.4 - Resultados do espalhamento e da anlise visual das

    pastas formuladas na etapa II da pesquisa ......................... 109

    LISTA DE TABELAS

  • LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS EE SSMMBBOOLLOOSS

    AAN Argamassa auto-nivelante

    CAA Concreto auto-adensvel

    EFNARC European Federation of National Trade Associations Representing

    Producers and Institute Applicators of Specialist Building Product

    AS Slica Ativa

    SP Superplastificante

    VMA Modificador de Viscosidade

    Tenso de cisalhamento

    Taxa de cisalhamento

    Viscosidade

    U Borda Uniforme

    D Borda Desuniforme

    SS Sem segregao

    CS Com segregao

    D Dimetro

    a/c Relao gua/cimento

    a/ms Relao gua/materiais secos

    LISTA DE ABREVIATRAS E SMBOLOS

  • RREESSUUMMOO

    MARTINS, E. J. Procedimentos para a formulao de pastas para argamassa auto-nivelante. 2009. Dissertao (Mestrado em Engenharia Civil) Programa de Ps-Graduao em Construo Civil, UFPR, Curitiba.

    A argamassa auto-nivelante um material pouco conhecido no Brasil, sua

    principal meta preencher espaos vazios e se auto-adensar apenas sob o efeito da gravidade e de sua prpria capacidade de fluxo, sem segregao e com nivelamento. O presente trabalho prope procedimentos de dosagem de pastas cimentcias auto-nivelante, que futuramente serviro de base para estudos com a argamassa auto-nivelante. A aplicao dessa argamassa voltada ao contrapiso, que geralmente no apresenta uma qualidade esperada.

    Os ensaios realizados com a pasta no puderam ser os mesmos realizados para pastas convencionais, j que a alta fluidez do material no permite a utilizao de equipamentos convencionais, por isso foi utilizado nessa pesquisa um equipamento novo vindo da Europa chamado de Cilindro Espanhol que foi adaptado para a realizao dos ensaios com pastas para argamassa auto-nivelante. J a anlise reolgica dessa pasta foi caracterizada pelo viscosmetro, que analisou a viscosidade de algumas formulaes, resultando em curvas de viscosidade e tenso de cisalhamento.

    Os materiais utilizados nos ensaios da pasta foram o cimento CP-V ARI RS, adio de slica ativa, aditivo superplastificante (SP) e aditivo promotor de viscosidade (VMA). O programa experimental foi desenvolvido a partir de um estudo procedente da cidade de Valncia (ES), onde a argamassa auto-nivelante j comercializada e os procedimentos de dosagens e ensaios com esse novo material j so conhecidos. Com alguns parmetros fornecidos a partir desses estudos em Valncia, pde ser desenvolvido um procedimento para dosagem de pastas cimentcia para a utilizao em argamassa auto-nivelante. As pastas foram avaliadas no estado fresco por esse novo procedimento e selecionadas as formulaes que resultaram simultaneamente em maior fluidez e resistncia segregao.

    Foi observado que o procedimento utilizado na composio das pastas foi satisfatrio, j que as formulaes empregadas mostraram eficcia e com comportamento coerente entre os constituintes da mistura. O Cilindro Espanhol mostrou-se uma ferramenta adequada na confeco das pastas para argamassas auto-nivelante e contribuiu para diferenciar o comportamento das pastas com diferentes formulaes.

    Palavras-chave: Argamassa auto-nivelante, pasta cimentcia, reologia.

    RESUMO

  • AABBSSTTRRAACCTT

    MARTINS, E. J. Procedure for pastes formularization for self-leveling mortars. 2009. M. Sc. Dissertation (Civil Engineering Masters) Civil Construction Post-Graduation Program, UFPR, Curitiba, Brazil.

    The self-leveling mortar is still a little-know material in Brazil and its proposal is to fill gaps and to get self-compacted only considering the effect of gravity and its own flow capability, with no segregation and with satisfactory leveling. The present work considers a study on procedures and formularizations regarding cimenticious paste that will be destined to self-leveling paste used on concrete screeded floors.

    The performed laboratory assays with the paste could not be the same as the one performed to regular pastes, once the high fluidity of this material does not allow the use of conventional equipment. Thus, a new European equipment called Spanish Cilinder was adopted to be used on the paste for self-leveling mortars assays. The rheological analysis of the paste was characterized by the viscosimeter, which resulted on viscosity curves and shear stresses.

    The materials used on the paste laboratory assay were CP-V ARI RS cement, active silica addition, superplasticizer additive (SP) and viscosity modifier additive (VMA). The experimental program was developed from a study made at the city of Valencia, Spanish, where the self-leveling mortar is already commercialized and the knowledge regarding its procedures and assays is already dominated. Considering some parameters taken from this study, a procedure for cimenticious pastes formularization for self-leveling mortars could be developed. The pastes were evaluated still fresh considering this new procedure and the formularization which resulted simultaneously on higher fluidity and segregation resistance were selected.

    It could be observed that the procedure used at the pastes composition was satisfactory, once the applied formularization showed effectiveness and coherence of behavior between the constituents of the mixture. The Spanish Cilinder was considered as being an adequate tool for the production process of pastes for self-leveling mortars and contributed to distinguish behaviors of paste with different formularizations.

    Keywords: Self-leveling mortar, cimenticious paste, rheolog

    ABSTRACT

  • 19

    CAPTULO 1

    INTRODUO

    11..11.. CCOONNSSIIDDEERRAAEESS IINNIICCIIAAIISS

    A argamassa auto-nivelante, tambm conhecida como auto-adensvel, ou

    at mesmo auto-escoante, um material relativamente novo no Brasil, e que

    comeou a ser estudada por empresas de construo civil e pesquisadores no incio

    de 2008. Na Europa esse material j foi patenteado por uma empresa potiguar de

    investimentos imobilirios, que em parcerias com construtoras locais j est

    empregando o produto em vrios empreendimentos.

    A principal caracterstica da argamassa auto-nivelante possuir uma

    elevada fluidez, em comparao as argamassas convencionais. A aplicao desse

    novo tipo de material executada com a ajuda de uma mangueira que espalha a

    argamassa em formas, moldes ou em lonas plsticas, sem a necessidade de uma

    energia de espalhamento. Outras questes relevantes com relao a aplicao da

    argamassa auto-nivelante, so: a diminuio de mo de obra e do tempo para a

    aplicao dessa argamassa, j que ela praticamente espalha-se em decorrncia de

    seu peso prprio.

    Estudos realizados na cidade de Valncia na Espanha serviram como

    modelo para o incio das pesquisas com argamassas auto-nivelantes. A empresa

    brasileira HOBIMIX visitou as instalaes de empresas na Espanha e trouxe

    modelos de formulaes e equipamentos utilizados naquela regio para o

    desenvolvimento de argamassa auto-nivelante com os materiais especficos

    existentes no Brasil.

    A Figura 1.1 mostra uma das dosagens trazidas da Espanha na forma de

    rascunho e afirma a importncia do conhecimento dos materiais empregados para

    se chegar a um mesmo objetivo, nesse caso a argamassa auto-nivelante. A

    1. CAPTULO 1 INTRODUO

  • 20

    diferena desses tipos de materiais empregados na Europa e os existentes no Brasil

    foi o grande desafio desse estudo e motivao para o incio dessa pesquisa.

    Figura 1.1 Formulao trazida pela empresa HOBIMIX da cidade de Valncia ES

    Fonte: HOBIMIX (2008)

    J Figura 1.2 mostra a argamassa auto-nivelante sendo aplicado no

    contrapiso de uma edificao na cidade de Valncia-ES. Essas imagens foram

    cedidas pela empresa HOBIMIX em uma das visitas feitas empresas que j

    utilizam a argamassa auto-nivelante em suas construes.

    Figura 1.2 Execuo do contrapiso com argamassa auto-nivelante

    Fonte: HOBIMIX (2008)

  • 21

    A proposta da argamassa auto-nivelante de permitir uma moldagem

    adequada, isenta de defeitos oriundos da falha de aplicao ou de tcnica

    inadequada de moldagem, sem uma grande exigncia na qualificao do operrio.

    Com relao aos materiais, a argamassa auto-nivelante no requer nenhum

    tipo de material especial, porm, os materiais devem possuir caractersticas

    especficas e teores na mistura que proporcionem a fluidez adequada sem haver

    segregao da mesma. J os equipamentos e procedimentos de dosagens ainda

    no foram normatizados, por esse motivo exigem estudos mais detalhados.

    Por se tratar de um tema ainda pouco conhecido nas reas tcnica e

    acadmica, esse trabalho visa auxiliar no avano dos estudos com argamassa auto-

    nivelante, atravs de proposio de procedimentos para a formulao de pastas

    para o desenvolvimento desta argamassa.

    O estudo com a argamassa no o escopo deste trabalho, j que para esse

    estudo necessitaria de um tempo maior de pesquisa, o estudo preliminar com o

    procedimento de dosagem de pastas para a argamassa auto-nivelante, j pode ser

    considerada de grande importncia ao meio cientfico.

    1.1.1. Aplicao da Argamassa Auto-Nivelante

    A construo civil um setor que abrange diversas atividades podendo ser

    exemplificado pela execuo de projetos at as tarefas rotineiras do canteiro de

    obras (execuo de estruturas, alvenaria, revestimentos, etc.). Porm no so todas

    as atividades executadas que recebem ateno merecida em sua execuo e esse

    o caso do subsistema piso onde est incluso o contrapiso.

    Encarada como uma atividade secundria, no contemplada com um

    projeto especfico, sendo executada por operrios que na maioria das vezes no

    possuem conhecimento tcnico suficiente para analisar as variveis que influenciam

    diretamente no processo de produo e execuo do contrapiso (BARROS e

    SABBATINI, 1991).

    Segundo BARROS e SABBATINI (1991), os resultados que se obtm a partir

    de procedimentos sem um mtodo padronizado e adequado, causam grandes

    problemas como:

  • 22

    Custo elevado pela m escolha no tipo de material utilizado e

    formulaes adequadas;

    Espessuras variveis do contrapiso;

    Falta de qualidade no produto final;

    Falta de padronizao na confeco do contrapiso.

    A Figura 1.3 detalha o subsistema piso, demonstrando todas as camadas

    que o constitui. O contrapiso uma dessas camadas que ter a finalidade de

    regularizar a base para a fixao do revestimento (nivelamento), vedao,

    estanqueidade, isolamento termo-acstico, permite embutimento de instalaes,

    entre outras. Por esse motivo a execuo do contrapiso deveria ser cuidadosamente

    planejada, j que essa camada servir de base para os acabamentos finais nas

    edificaes.

    A argamassa auto-nivelante contribui na execuo do contrapiso por

    ser um material com caractersticas especficas que garante a total horizontalidade

    do contrapiso.

    Figura 1.3 - Corte de um elemento do subsistema de vedao horizontal - piso Fonte: BARROS e SABBATINI (1991)

  • 23

    11..22.. HHIIPPTTEESSEESS

    Esse trabalho visa responder a seguinte questo: O procedimento adotado

    para a anlise da pasta auto-nivelante, com os materiais especficos, apropriado

    para o incio dos estudos com a argamassa auto-nivelante?

    O equipamento utilizado para testar a pasta auto-nivelante adequado e

    eficiente na anlise de suas caractersticas no estado fresco?

    Parte-se da hiptese de que aps uma formulao adequada de

    constituintes, ensaiada em um equipamento prprio de caracterizao de materiais

    auto-adensveis, seja possvel obter a pasta auto-nivelante que servir de base para

    os estudos posteriores com a argamassa auto-nivelante.

    11..33.. OOBBJJEETTIIVVOOSS

    O presente trabalho tem como objetivo definir um procedimento de dosagem

    de pastas para argamassa auto-nivelante, no que diz respeito indicaes dos tipos

    e quantidades dos constituintes da mistura a partir de avaliaes laboratoriais de

    desempenho no estado fresco.

    A anlise da eficincia de outro tipo de equipamento tambm ser avaliada,

    j que a argamassa auto-nivelante apresenta uma consistncia bastante fluida no

    estado fresco. Os mtodos tradicionais para medir tais propriedades (Cone de

    Abrams, Squeeze Flow, Mesa de Consistncia, Dropping Ball, etc.) no so

    indicados trata-se da pasta e argamassa auto-nivelante obrigando a substituio

    desses ensaios por outros ajustados pasta auto-nivelante.

    11..44.. JJUUSSTTIIFFIICCAATTIIVVAASS

    A argamassa auto-nivelante representa uma evoluo dentro do universo

    das argamassas, capaz de proporcionar construo civil benefcios tecnolgicos,

    econmicos e ambientais. Esses benefcios sero justificados nos itens a seguir.

  • 24

    1.4.1. Justificativa Tecnolgica

    A argamassa auto-nivelante que foi introduzida na dcada de 80 na Europa,

    e ainda pouco difundida no Brasil, vem sendo motivo de estudos e pesquisas com

    relao ao seu comportamento, conceito, materiais, propriedades entre outros.

    Segundo NAKAKURA (1997) o estudo das argamassas em geral vem

    crescendo consideravelmente de uns anos para c, sendo que j existem estudos

    realizados junto ao Sindicato Nacional dos Produtos base de cimento

    (SINAPROCIM, 2001), que constatou a diviso das indstrias de argamassas em

    dois seguimentos. O primeiro seguimento refere-se a indstrias de pequeno a mdio

    porte produzindo argamassas colantes e argamassas de rejuntamento. J o

    segundo seguimento refere-se s argamassas de assentamento, revestimento e

    contrapiso.

    Uma das principais vantagens que a argamassa auto-nivelante apresenta

    a capacidade de se mover no interior de frmas, ou em uma determinada rea por

    ao do seu peso prprio, ou seja, sem a necessidade de aplicao de foras

    externas para o seu adensamento. Em conseqncia disso, o preenchimento de

    todos os espaos so executados de modo uniforme, fazendo com que a estrutura

    apresente-se com um grau de homogeneidade bastante alta, conseqentemente

    sem segregao e/ou exsudao.

    Segundo NAKAKURA (1997) e TUTIKIAN et. al. (2008), abaixo esto

    relacionadas outras vantagens da argamassa auto-nivelante:

    A espessura do piso/contrapiso pode ser reduzida a apenas 5,0 mm a

    10 mm, o que significa uma tima reduo no peso prprio e no

    consumo de cimento.

    A tendncia fissurao tambm reduzida praticamente a zero,

    com o acrscimo de aditivos qumicos retentores de gua e fibras

    orgnicas.

    As ondulaes ficam restringidas apenas s que podem ocorrer na

    superfcie de um lquido viscoso e, pela ao da gravidade sobre um

    lquido a horizontalidade e a reduo significativa de patologias ficam

    plenamente garantidas.

  • 25

    Na questo de produtividade a argamassa auto-nivelante tambm tm

    vantagem sobre a argamassa convencional, j que o material

    considerado fluido e sua aplicao consiste em literalmente

    esguichar esse material sobre o substrato ou a lona plstica sem a

    necessidade de desempenar e ainda garantindo a total

    horizontalidade do contrapiso.

    O tempo para a execuo do piso/contrapiso tambm tem uma

    reduo significativa e pode decorrer a um ritmo de 50 a 100m2.h-1

    por homem.

    Torna o local de trabalho mais seguro, j que h uma diminuio

    considervel no nmero de trabalhadores.

    A cura da argamassa auto-nivelante extremamente rpida, causada

    pelo tipo de cimento (CP V ARI-RS) e a combinao de aditivos e

    adies, sendo que aps decorridos 2 a 3 horas da sua aplicao j

    possvel pisar em sua superfcie.

    A textura tambm extremamente fina, j que a argamassa auto-

    nivelante contm uma grande quantidade de agregados com

    dimenses mxima caracterstica inferior a 0,60mm, inserida numa

    matriz rica em cimento, dispensando at alguns tipos de selantes

    adicionais.

    Existe um elevado ganho ecolgico, j que se utilizam alguns tipos de

    resduos industriais em sua composio como as adies: slica ativa,

    cinza volante, escria de alto forno, cinza de casca de arroz, entre

    outras.

    1.4.2. Justificativa Econmica

    Segundo ORTEGA (2003), o estudo sobre a argamassa auto-nivelante teve

    seu incio na dcada de 70, porm somente em 1999 algumas empresas

    Espanholas comearam a testar materiais e mtodos para a confeco desse novo

    material.

    Aps a percepo sobre a inovao tecnolgica proposta pela argamassa auto-

    nivelante comearam a serem desenvolvidos paralelamente aos estudos de

  • 26

    laboratrio, estudos econmicos e de mercado, que consistiam em algumas visitas

    em obras para eleger os mtodos mais utilizados nas obras chamados de Mtodos

    Tradicionais, demonstrados nas Figuras 1.4, 1.5 e 1.6 para que se conseguisse um

    comparativo ao novo Mtodo Auto-Nivelante, demonstrado pela Figura 1.7

    (ORTEGA, 2003).

    Figura 1.4 Mtodo Tradicional: Cama de Areia + Argamassa

    Fonte: ORTEGA (2003)

    Figura 1.5 Mtodo Tradicional: Cama de Areia + Argamassa + Argamassa Cola

    Fonte: ORTEGA (2003)

    Argamassa

    Cama de areia

    Argamassa Cola

    Forma

    Forma Cama de areia

    Argamassa

  • 27

    Figura 1.6 Mtodo Tradicional: Argamassa+ Isolamento Trmico

    Fonte: ORTEGA (2003)

    Figura 1.7 Mtodo Auto-Nivelante

    Fonte: ORTEGA (2003)

    A Figura 1.4 refere-se ao mtodo tradicional mais simples quando se

    utiliza somente a argamassa no subsistema piso, j a Figura 1.5 mostra a utilizao

    da argamassa para um8a provvel colocao de cermica, e por fim a Figura 1.6

    refere-se a utilizao de um revestimento de madeira sobre a argamassa em

    questo. Esses mtodos foram selecionados para que se fizesse uma mdia dos

    dados obtidos, fazendo com que a estatstica da anlise econmica fosse a mais

    real possvel.

    A partir da mdia dos resultados comparativos entre os trs mtodos

    tradicionais, foi possvel a comparao entre o mtodo tradicional e o mtodo com a

    argamassa auto-nivelante. Esses resultados podem ser visualizados na Tabela 1.1 e

    na Figura 1.8.

    Revestimento de madeira

    Isolamento

    Argamassa

    Lona Plstica

    Argamassa Cola

    Argamassa

    Forma

    Forma

  • 28

    Tabela 1.1 Comparativo de custos

    CUSTOS (R$/m) DESCRIO MDIA DOS

    TRS MTODOS

    AUTO-NIVELANTE

    Mo de Obra 16,13 3,00 Argamassa 6,12 16,57

    Argamassa Cola 0,39 1,16 Cama de Areia 0,74 0,48

    Junta Perimetral 0,39 1,46 Gabaritos 1,78 0,53

    Custos Indiretos 2,85 1,87 TOTAL 28,39 25,07

    Fonte: ORTEGA (2003)

    ORTEGA (2003) demonstra com esse estudo a eficincia da argamassa

    auto-nivelante em relao a argamassas tradicionais com relao a custos,

    indicando que o estudo com a argamassa auto-nivelante vivel.

    A diminuio de imperfeies no piso, rapidez na execuo tambm so

    fatores positivos na escolha por uma argamassa auto-nivelante e comprovados

    nesse estudo de ORTEGA (2003).

    Figura 1.8 Grfico comparativo de custos

    Fonte: ORTEGA (2003)

  • 29

    1.4.3. Justificativa Ambiental

    Segundo METHA (2008) a escolha de um material para a construo civil

    deve atender ao qudruplo enfoque iniciadas pela letra E: Engenharia, Economia,

    Energia e Ecologia.

    A busca do processo produtivo sustentvel, que significa a preservao dos

    recursos naturais e do meio ambiente, o gerenciamento da energia, do lixo e do

    transporte, continua sendo uma preocupao no meio tcnico, visto que, esto

    sendo muitos os investimentos em novas tecnologias para a reduo dos impactos

    ambientais.

    A fabricao do cimento responsvel pela maior parte da produo de

    dixido de carbono ou gs carbnico (CO2) emitido na atmosfera, sendo que nos

    ltimos 200 anos, a concentrao desse gs na atmosfera foi responsvel pelas

    alteraes climticas como o aumento da temperatura mdia do ar e dos oceanos

    que causaram degelo das calotas polares, elevao do nvel dos oceanos, entre

    outros.

    A relao que se estabelece na fabricao do cimento que a cada tonelada

    de clnquer produzido, corresponde a aproximadamente uma tonelada de gs

    carbnico emitido na atmosfera. A moagem do clnquer juntamente com as adies

    minerais resulta em um produto composto com mistura homogeneizada do cimento

    Portland. Ao se produzir em mdia 1,6 bilhes de toneladas/ano de cimento em todo

    o planeta, 7% desse material so transformados em dixido de carbono que

    lanado na atmosfera (HAWKEN, et. al, 1999).

    Alm da produo do gs carbnico, nocivo ao meio ambiente, fatores como

    a demanda de matrias-primas no renovveis como a argila e o calcrio, e a

    energia para a produo e moagem do clnquer, tambm so fatores relevantes

    quando se trata de impacto ambiental.

    Uma das solues para a diminuio da produo de cimento o uso do

    cimento composto com adies minerais como, por exemplo, cinzas volantes,

    pozolanas naturais, slica ativa, cinzas de casca de arroz entre outros, sendo que o

    uso dessas adies em argamassas e concretos tm se intensificado nas ultimas

    dcadas.

  • 30

    A utilizao desses materiais alternativos em substituio ao cimento se

    torna cada vez mais comum diante do custo de produo do cimento, j que o

    emprego desses materiais combinados tambm auxilia na questo da durabilidade e

    desempenho de argamassas e concretos (NEVILLE, 1997).

    A crescente demanda pelo uso desses resduos e subprodutos torna os

    estudos de suas aplicaes uma necessidade que contribui no s com o

    surgimento de um benefcio ecolgico mais tambm econmico e social (TASHIMA

    et. al, 2004).

    Neste trabalho o estudo da formulao da pasta prev a substituio de uma

    parcela do cimento pela slica ativa, pois alm de ser um subproduto da indstria

    metalrgica de ligas de ferro-silcio metlico, tem caractersticas especficas para a

    confeco da argamassa auto-nivelante, como por exemplo, suas partculas com

    grande rea superficial e um aumento na durabilidade do subsistema contrapiso.

    Outro benefcio da argamassa auto-nivelante com relao possibilidade de

    reduo da espessura do contrapiso, conseqentemente reduo da quantidade de

    pasta do sistema (economia de cimento), que passar de 8,0 mm a 15 mm

    aproximadamente (Classe de Trnsito Leve), para 5,0 mm a 10 mm com os

    benefcios da argamassa auto-nivelante.

    Um comparativo pesquisado por BARROS (1991) demonstra uma grande

    economia no consumo de cimento, somente com uma diminuio de 2,0 cm na

    espessura de contrapiso. Essa pesquisa foi executada no universo da construo de

    edifcios residenciais em So Paulo no ano de 1990 e demonstra um consumo de

    cimento anual de aproximadamente 97.200 toneladas considerando uma espessura

    mdia do contrapiso de 6,0cm (com trao em volume de cimento e areia de 1:3).

    Com uma reduo de 2,0 cm na espessura do contrapiso e um consumo de cimento

    de 25 kg/m a reduo do consumo de aglomerante caiu para 36.000 toneladas,

    uma economia que significa a execuo da estrutura de concreto de

    aproximadamente 72 edifcios de 15 pavimentos e 500m de laje cada um, ou ainda,

    a execuo do contrapiso em mais de 6.000.000m.

  • 31

    11..55.. LLIIMMIITTAAEESS DDAA PPEESSQQUUIISSAA

    As limitaes que ocorreram nessa pesquisa foram em virtude do tempo

    restrito para a execuo da pesquisa que ao total de 24 meses e nenhum recurso

    disponvel, sendo assim necessrio eleger alguns dos inmeros fatores que

    influenciam na dosagem da pasta para argamassa auto-nivelante, dentre as quais:

    tipo de cimento, que foi fixado (CP V ARI RS), relao a/ms, tipo e quantidade de

    aditivos, teores de adies, entre outros.

    O presente trabalho foi restringido da seguinte forma:

    Utilizou-se o Cimento Portland de Alta Resistncia Inicial Resistente a

    Sulfatos (CP V ARI RS), pelo fato de que este cimento especfico apresenta uma das

    caractersticas que devem ser avaliadas na produo da argamassa auto-nivelante,

    que a sua finura, pois quanto maior a superfcie especifica dos gros, menor a

    tenso de escoamento e maior a viscosidade da mistura, justamente o que se

    necessita para o material em questo.

    Elegeram-se dois tipos de aditivos na produo de pastas para argamassas

    auto-nivelante, sendo eles o superplastificante a base de policarboxilato e o

    modificador de viscosidade. O superplastificante justificado pelo fato de permitir

    que se alcance alta fluidez na mistura, enquanto que o aditivo modificador de

    viscosidade oferece um aumento de coeso, prevenindo a exsudao e a

    segregao.

    Muitas poderiam ter sido as adies minerais utilizadas nessa pesquisa,

    porm a eleita foi a slica ativa, utilizada em substituio ao cimento pelo fato de que

    as partculas desse material apresentam uma grande rea especfica (partculas

    finas), caracterstica essa muito importante quando trata-se da pasta auto-nivelante,

    j que essa finura um dos fatores responsvel pela fluidez da mistura.

    Devido a falta de laboratrio adequado execuo dos ensaios da pasta

    auto-nivelante dessa pesquisa, no foi mensurado temperatura e umidade do

    laboratrio onde foi realizado todos os ensaios.

  • 32

    11..66.. EESSTTRRUUTTUURRAA DDAA DDIISSSSEERRTTAAOO

    O captulo 1 apresentar as consideraes iniciais do tema, seguido do

    captulo 2 que detalha a reviso bibliogrfica referente ao tema argamassa auto-

    nivelante, bem como suas definies, materiais empregados, propriedades

    relevantes e ensaios de caracterizao da pasta auto-nivelante.

    J o captulo 3 tambm se refere a uma reviso bibliogrfica, porm sob o

    tema da reologia: conceitos, parmetros, classificao dos comportamentos

    reolgicos, importncia da reologia nas argamassas auto-adensveis e os fatores

    que influenciam o comportamento reolgico.

    O captulo 4 detalha o programa experimental desenvolvido para essa

    pesquisa onde mostra a descrio da metodologia desenvolvida em laboratrio,

    caracterizao de todos os materiais e procedimentos utilizados e estudos

    desenvolvidos para o novo equipamento chamado de Cilindro Espanhol, utilizado

    nos ensaios de caracterizao da pasta auto-nivelante.

    Captulo 5 descreve a apresentao dos resultados obtidos, buscando

    determinar parmetros necessrios para o cumprimento dos objetivos definidos.

    O captulo 6 traz as concluses obtidas no decorrer do trabalho, bem como

    sugestes para trabalhos futuros.

    Do texto constam ainda as referncias bibliogrficas e os anexos com dados

    complementares da pesquisa experimental.

  • 33

    CAPTULO 2

    ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE

    Neste captulo so abordados os principais aspectos da literatura sobre

    conceitos relacionados argamassa auto-nivelante, incluindo definies, vantagens,

    materiais constituintes, propriedades e ensaios.

    A argamassa auto-nivelante proveniente da argamassa auto-adensvel,

    com a diferena que a argamassa auto-nivelante obrigatoriamente deve ser

    constituda de uma superfcie horizontalmente nivelada. Como a argamassa auto-

    nivelante ainda um assunto pouco discutido entre estudiosos e pesquisadores da

    rea, esse trabalho baseou-se em conceitos dos materiais auto-adensveis, j

    conhecidos, para que posteriormente se iniciasse estudos do comportamento da

    argamassa auto-nivelante propriamente dita.

    A aplicao desse novo tipo de material, a princpio, est voltada a pisos e

    contrapisos, j que esses sistemas ainda possuem certa carncia com relao

    qualidade de execuo e escolha dos materiais apropriados.

    22..11.. DDEEFFIINNIIOO

    Entende-se por argamassa auto-nivelante uma argamassa capaz de

    preencher os espaos vazios e se auto-adensar apenas sobre o efeito da gravidade

    e de sua prpria capacidade de fluxo, sendo caracterizada pela grande capacidade

    de fluir e se adensar, sem segregar. Essa capacidade obtida com o equilbrio entre

    alta fluidez com grande mobilidade e moderada viscosidade e coeso entre as

    partculas que constituem a mistura (Figura 2.1).

    CAPTULO 2 ARGAMASSA AUTO-NIVELANTE

  • 34

    Figura 2.1 Alta fluidez da argamassa auto-nivelante

    A argamassa auto-nivelante uma argamassa auto-adensvel, porm com

    caractersticas especficas ao apresentar sua superfcie lisa e regular, aceitando um

    desnvel de 1 mm a cada 4m de comprimento do elemento estrutural.

    Sob o ponto de vista reolgico define-se argamassa auto-nivelante como

    uma suspenso de partculas, ou seja, mistura do tipo slido/lquido na qual as

    partculas se distribuem de forma relativa e uniforme atravs do meio lquido. A

    argamassa auto-nivelante formada por agregado mido e pela pasta cimentcia.

    Essa pasta cimentcia est representada na Figura 2.2, que demonstra sua

    composio.

  • 35

    Figura 2.2 Microestrutura da pasta auto-nivelante

    H uma influncia na concentrao de slidos sobre o desempenho

    reolgico da argamassa e/ou pastas, pois se tratam de misturas granulares

    suspensas em gua (COSTA, 2007). Essa aglomerao das partculas do cimento

    ocorre antes da mistura com a gua, pelo fato de que o cimento j recebe influncias

    da prpria umidade do ar, sendo que a adio de gua de amassamento e outros

    aglomerantes tendem a formao de uma camada liquida na superfcie das

    partculas. Com o acrscimo gradativo de gua na mistura, comea a aumenta o

    nmero de partculas envolvidas por essa camada e somente quanto o teor de gua

    for suficiente para recobrir a superfcie das partculas e preencher os espaos

    vazios, o teor crtico de gua atingido. Somente com a ocorrncia desse fenmeno

    que comea a ocorrer a reduo da viscosidade da suspenso (PILEGGI, 2001;

    YOSHIOKA et. al. 2002 apud COSTA, 2007)

    A fluidez apresentada pela argamassa auto-nivelante decorre pelo elevado

    afastamento entre partculas maiores, diminuindo o contato entre elas. Esse

    comportamento torna-se possvel com a utilizao de um elevado teor de finos que

    utilizado na composio para conseguir tal efeito. Alguns problemas prticos podem

    ocorrer devido a esse elevado teor de finos, e a elevada fluidez como, por exemplo,

    a dificuldade de controlar o tempo de pega, a tendncia a segregao, controle de

    retrao de secagem e a dificuldade da sada de gua (PILEGGI, 1996).

    O procedimento de dosagem para a argamassa auto-nivelante ainda um

    desafio na rea tcnica e acadmica, porm algumas exigncias propostas por

    PILEGGI (1996) devem ser observadas.

  • 36

    1. Distribuio Granulomtrica: As argamassas no estado fresco so

    suspenses reativas de partculas sendo que sua quantidade e tamanho

    influenciam diretamente as propriedades reolgicas. A grande quantidade de

    finos representada pelas partculas do cimento, adies (slica ativa, fler

    calcrio etc.) e frao grada (agregados) deve ser analisada com cautela, j

    que esse grupo de partculas tem comportamentos distintos e que afetam

    diretamente as propriedades reolgicas das argamassas.

    2. Utilizao de Agentes Dispersantes: Os dois grupos de partculas se

    distinguem por foras de naturezas distintas, sendo elas: foras de superfcie,

    que se aplicam s partculas pequenas (sub-micromtricas e/ou

    micromtricas) com rea superficial especfica elevada, e foras mssicas,

    que se aplicam a partculas gradas (milimtricas) com rea superficial

    especfica pequena.

    3. Condies de Mistura: A matriz composta de partculas finas, aglomerantes,

    adies minerais, gua e aditivos, sendo ela de grande importncia, j que ela

    influencia diretamente o fluxo da mistura. Matriz em excesso

    conseqentemente ter uma viscosidade alta dificultando o fluxo da mistura,

    j a matriz em quantidades menores alm de ser muito fluida, possibilitar o

    choque entre agregados, com baixa tenso de escoamento, dificultando sua

    utilizao, dependendo da sua finalidade.

    22..22.. MMAATTEERRIIAAIISS EEMMPPRREEGGAADDOOSS PPAARRAA OO EESSTTUUDDOO DDAA PPAASSTTAA

    VVIISSAANNDDOO AA AARRGGAAMMAASSSSAA AAUUTTOO--NNIIVVEELLAANNTTEE

    2.2.1. Seleo dos Materiais

    Neste item abordam-se as principais caractersticas que os materiais

    constituintes da pasta auto-nivelante, visando futuros trabalhos sobre a argamassa

    auto-nivelante, devem possuir para serem adequados na sua produo. Ainda que a

    pasta auto-nivelante no requeira materiais especiais ou incomuns, esta exige o uso

    de materiais com algumas propriedades especficas em certos aspectos e que se

    no forem selecionadas criteriosamente podem ocasionar problemas ao produto final

    (AITCIN, 2000).

  • 37

    2.2.1.1. Cimento Portland

    O Cimento Portland definido como um material pulverulento, aglomerante

    hidrulico, composto por silicatos de clcio e aluminatos de clcio que em contato

    com a gua hidrata-se e depois de endurecido no se decompe, nem com nova

    presena de gua (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

    Na confeco da pasta auto-nivelante no existe um cimento especfico a

    ser utilizado, porm o cimento Portland por ser facilmente produzido e

    comercializado no Brasil, geralmente o mais empregado.

    Dentre as principais caractersticas que o cimento deve apresentar na

    produo de argamassas auto-nivelante, deve-se destacar sua finura e sua

    capacidade de adsorver o aditivo superplastificante, j que essa adsoro ocorre

    preferencialmente nos aluminatos (C3A Aluminato de Triclcico e C4AF

    Ferroaluminato tetraclcico) (AITCIN, 2000; NEVILLE, 1997).

    A EFNARC (2002) determina limites para o consumo do cimento, sendo o

    mximo 500 kg/m de cimento para controlar a retrao e mnimo de 300 kg/m. A

    substituio de uma porcentagem de cimento por algum tipo de adio mineral em

    sua composio pode ser a soluo para evitar ou diminuir problemas ocasionados

    pelo cimento.

    2.2.1.2. Aditivo Qumico

    A procura por concretos e argamassas cada vez mais resistentes,

    trabalhveis e a grande exigncia em relao ao custo, trouxe ao mercado da

    construo civil, o desenvolvimento dos aditivos. Inicialmente desenvolvidos no

    Japo e na Alemanha no incio da dcada de 60, hoje so empregados em larga

    escala em obras de construo civil em todo o mundo (GRAEFF e FILHO, 2002).

    De acordo com o ACI 212.3R (1996), os aditivos, so produtos qumicos

    utilizados em argamassas e concretos, com a finalidade de modificar suas

    propriedades no estado fresco e/ou endurecido, tornando-os mais adequado em

    termos de trabalho, manuseio, custo entre outros (MELO, 2005).

  • 38

    O comportamento dos aditivos se deve a inmeras variveis, como sua

    natureza e quantidade empregada, composio e superfcie especfica do cimento,

    natureza e proporcionalidade dos agregados, compatibilidade entre materiais e

    adies, relao gua/cimento, condies de cura, entre diversos outros

    (MAILVAGANAM, 1999).

    Para o estudo da pasta auto-nivelante, indispensvel o uso de aditivos,

    que visa obter caractersticas reolgicas desejadas. Deve ser aplicado o aditivo

    superplastificante para garantir uma fluidez adequada e reduzir a tenso de

    escoamento e o aditivo promotor de viscosidade para auxiliar na estabilidade da

    mistura.

    Podem-se destacar os superplastificantes, que so indispensveis para

    garantir as principais caractersticas no seu estado fresco, sendo ele responsvel

    pela alta fluidez da mistura devido a sua capacidade de reduo de gua

    (RONCERO, 2002).

    Utilizam-se tambm em alguns casos, aceleradores de pega, aditivos

    modificador de viscosidade, incorporadores de ar, retardador de pega entre outros,

    conforme a necessidade da mistura (MELO, 2005).

    A seguir sero apresentados os aditivos superplastificante e modificador de

    viscosidade utilizados nessa pesquisa para a confeco da pasta auto-nivelante.

    2.2.1.3. Aditivo Superplastificante (SP)

    Desde sua descoberta na Amrica do Norte no ano de 1974, o aditivo

    superplastificante (SP) torna-se parte integrante de concretos e argamassas de alta

    resistncia. Atualmente o consumo de SP chega a 500 milhes de litros, nos quais

    75% so de aditivo SP a base de naftaleno sulfonato (LEIDHODT, 2000 et al.).

    J no Brasil, segundo dois dos fabricantes (GRACE e DEGUSA-

    Comunicao verbal 2002) o consumo desses aditivos foi de aproximadamente 67

    toneladas no ano de 2000, quando efetivamente tais produtos comearam a ser

    empregados (HARTMANN, 2002). Os aditivos mais utilizados so geralmente base

    de lignossulfonato, melamina sulfonato, naftaleno sulfonato e policarboxilatos

    (MONTE, 2003).

  • 39

    O uso desses aditivos em conjunto tende a garantir elevada fluidez e

    estabilidade adequada s misturas, evitando a segregao ou a exsudao, efeitos

    indesejados que podem decorrer da dosagem errnea desses aditivos (BARTOS

    et.al., 1999).

    A finalidade dos aditivos superplastificantes, segundo alguns autores, est

    descrita abaixo (COLLEPARDI et. al., 1999; DE LARRARD, 1999; TATTERSALL,

    1991):

    Reduo do consumo de gua para uma mesma consistncia,

    conseqentemente aumentando a resistncia e a durabilidade de concretos e

    argamassas;

    Aumento da fluidez da mistura sem modificar a quantidade de gua;

    Reduo no consumo de cimento, mantendo a consistncia e a resistncia

    compresso com o objetivo de reduzir custos e ainda reduzir a retrao,

    fluncia e tenses trmicas.

    Geralmente base de lignossulfonato, os aditivos plastificantes

    convencionais promovem uma reduo da quantidade de gua de amassamento de

    at 15% (RIXON et. al., 1999). A quantidade de reduo de gua de amassamento

    a principal diferena entre os aditivos plastificantes e os aditivos superplastificantes,

    pois os superplastificantes podem reduzir essa gua de amassamento em at 30%

    (VERHASSELT e PAIRON, 1989).

    Desde o incio da dcada de 90, pesquisas vm sendo desenvolvidas no

    Japo, dando incio a uma grande inovao da tecnologia dos dispersantes de

    cimento, definida pelo advento de aditivos SP a base de policarboxilatos

    (HARTMANN, 2002). No Brasil, o aditivo SP ainda considerado um material novo e

    com preo elevado.

    O SP base de policarboxilato atua de forma mais completa nas partculas

    de cimento. Somado ao eletrosttica conseguida pelo carregamento nas

    partculas de cimento de cargas de mesmo sinal, o policarboxilato possui longas

    cadeias laterais (side chains), responsveis pelo chamado efeito estrio. Essas

    longas cadeias laterais que so responsveis pela reduo de gua acima de 40%

    (www.basf.com.br/aditivos consultado em 12/06/08).

    A estrutura qumica do policarboxilato pode ser visualizada pela Figura 2.3:

  • 40

    Figura 2.3 Monmero de um policarboxilato

    Fonte: RAMACHANDRAN (1998)

    A ao qumica dos superplastificantes em geral consiste em trs fases:

    Adsoro superficial;

    Carga eletrosttica sobre a partcula de cimento;

    Disperso.

    O aditivo envolve um sistema de partculas carregando-o com cargas de

    mesmo sinal. Por efeito da repulso eletrosttica, o SP vai dispersar as partculas de

    cimento, fazendo com que se necessite de menos gua para se atingir uma mesma

    trabalhabilidade. Esse fenmeno pode ser mais bem visualizado pela Figura 2.4.

    Figura 2.4 Ao das molculas do aditivo superplastificante SP nas partculas do cimento

    Fonte: www.basf.com.br (2008)

  • 41

    As partculas de cimento apresentam forte tendncia floculao devido

    induo de foras de Van der Waals (foras eletrostticas entre as regies com

    cargas opostas, resultante da fabricao do cimento) entre as mesmas (AITCIN,

    1994). A floculao causa alteraes na mistura como, por exemplo, o aumento da

    viscosidade da pasta, reduo da fluidez e tambm absorve parte da gua

    disponvel para a fluidificao da mistura e hidratao das partculas do cimento

    (MONTE, 2003). A Figura 2.5 ilustra a interao entre as partculas de cimento.

    (a) (b) Figura 2.5 Floculao entre as partculas do cimento, devido as foras de Van der Waals

    (a). Defloculao das partculas do cimento, devida a ao das molculas de aditivo

    adsorvidas (b)

    Fonte: MONTE apud AITCIN (1994)

    Os aditivos SP a base de policarboxilatos alm de agirem por repulso

    eletrosttica agem tambm na forma de repulso estrica, que produzida pela

    presena de uma longa cadeia lateral ligada em vrios pontos na cadeia central do

    polmero, e conseqentemente produz forte efeito dispersante, pois o impedimento

    do entrelaamento das cadeias laterais de diferentes molculas de aditivos cria uma

    capa de adsoro de grande volume impedindo a aproximao das partculas de

    cimento (GETTU et.al., 1998).

  • 42

    Outra influncia fsica pode ser descrita com a formao de uma camada

    protetora ao redor das partculas de cimento, que impedem sua floculao e ainda

    altera a tenso superficial da gua (HARTMANN, 2002).

    Em determinadas situaes a ao do aditivo nas partculas de cimento

    ocorre um comportamento inesperado e indesejado entre cimento e aditivo, esse

    fenmeno conhecido como incompatibilidade entre cimento-aditivo. Esse

    fenmeno influenciado por alguns fatores como, por exemplo, a variedade de SP

    que existem atualmente no mercado com diferentes composies qumicas, ou

    ento, os diversos tipos de cimentos que tambm apresentam diferentes

    composies mineralgicas, ou ainda, a utilizao cada vez mais freqente das

    adies (cinza de casca de arroz, slica ativa, pozolanas, escrias entre outras)

    (AITCIN, et. al, 1994).

    A discusso no meio tcnico ainda grande sobre a quantidade de aditivo

    que deve ser adicionado concretos/argamassas/pastas, porm ainda h um

    consenso quanto necessidade de uma metodologia confivel que permita o correto

    teor desse material. O uso em excesso do aditivo SP pode resultar em efeitos

    indesejados como, por exemplo, a segregao entre partculas (MONTE, 2003).

    2.2.1.4. Aditivo Modificador de Viscosidade (VMA)

    Na confeco da argamassa auto-nivelante outro aditivo de grande

    importncia o modificador de viscosidade - viscosity modify admixture (VMA), pois

    ele pode ser empregado quando o teor de finos for limitado, ajudando a promover a

    viscosidade adequada garantindo assim a resistncia segregao,

    homogeneidade da mistura e diminui a exsudao (MELO, 2005).

    O aditivo promotor de viscosidade formado por cadeias longas de base

    celulose, polissacardea, acrlico ou glicol e outros agentes inorgnicos (RIXOM e

    MAILVAGANAM, 1999).

    Segundo a EFNARC (2005), o VMA tambm pode ser usado para ajudar a

    reduzir a segregao e a sensibilidade da mistura devida variao de outros

    componentes, principalmente sobre a parcela de umidade. Desta maneira, o VMA

    atua na gua da mistura promovendo uma viscosidade moderada por meio de uma

    formao de rede, que detm a gua e que mantm as partculas finas da mistura

  • 43

    suspensas, fornecendo maior coeso, conseqentemente evitando a ocorrncia de

    segregao e exsudao, conforme demonstrada na Figura 2.6.

    Figura 2.6 Ao do aditivo VMA na mistura

    Fonte: www.basf.com.br (2008)

    Outra maneira de funcionamento do aditivo na mistura ocorre quando as

    partculas de cimento absorvem o VMA, ou seja, com a superfcie do gro de

    cimento completamente saturada do aditivo, no ocorre uma adsoro adequada do

    aditivo redutor de gua, fazendo com que a mistura torne-se coesa e menos fluida

    (RIXON e MAILVAGANAM, 1999).

    A utilizao desse aditivo pode gerar em concretos e argamassas um

    comportamento pseudoplstico, ou seja, reduo da viscosidade em funo do

    aumento da taxa de cisalhamento aplicada. Como a argamassa auto-nivelante trata-

    se de um material fluido, com uma alta taxa de cisalhamento, a viscosidade diminui,

    facilitando a execuo. Sendo assim, aps a aplicao da argamassa fluida, a

    viscosidade tende a aumentar e garante a capacidade de reter gua e manter a

    sustentabilidade das partculas (MELO, 2005).

    Algumas vantagens so observadas com a utilizao do aditivo modificador

    de viscosidade, sendo elas:

    Flexibilidade na escolha de materiais e procedimentos de lanamentos;

    Obteno de nveis de fluidez que fazem com que o concreto seja capaz de

    vencer grandes distncias horizontais;

    Partculas de cimento

    Formao de redes Aditivo VMA

    agindo tambm nas partculas

    do cimento hidratado

  • 44

    Melhoria da homogeneidade na mistura;

    Permanncia da coeso durante queda livre.

    RIXOM e MAILVAGANAM (1999) citam alguns problemas relacionados a

    utilizao desse aditivo como a incorporao de ar, devido a sua capacidade de

    reduo da tenso superficial da gua da mistura, e a incompatibilidade com certos

    aditivos plastificantes, justificada pela capacidade de adsoro de partculas de

    cimento. J para REPETTE (2005) o problema est na retrao por secagem

    quando o VMA utilizado em doses elevadas.

    2.2.1.5. Adies Minerais

    Segundo METHA e MONTEIRO (2008), as adies minerais so materiais

    silicosos finamente modos, que so adicionados aos concretos e argamassas em

    grandes quantidades que variam de 20% a 70% por massa de material cimentcio

    total. Usinas de energia eltrica e alto-fornos metalrgicos so as principais fontes

    desses subprodutos que so produzidos em larga escala.

    As adies podem ser classificadas de acordo com sua reatividade, ou seja,

    as inertes e as reativas. As inertes promovem uma ao fsica, aumentando a

    compacidade da mistura. Essas adies so representadas pelos flers calcrio,

    quartzo modo, entre outros. J as adies reativas contribuem para a formao de

    hidratos sendo empregadas em substituio ao cimento em teores de at 30%, e

    so exemplificadas pela cinza volante, cinza de casca de arroz, metacaulim, escria

    de alto forno e o fumo de slica (microsslica). Geralmente as adies inertes e

    reativas podem ser utilizadas em conjunto (METHA e MONTEIRO 2008).

    A substituio de parte do cimento pelas adies minerais contribui para a

    obteno das condies mais favorveis de fluidez da mistura e tambm para a

    formao do esqueleto granular, de modo a favorecer as propriedades mecnicas

    para argamassas auto-nivelantes (ALCANTARA, et. al., 2004).

    Segundo KECK (2001), durante o processo de hidratao do cimento, os

    compostos C3S e C2S formam silicatos de clcio hidratados, C-S-H, e tambm, o

    hidrxido de clcio, Ca(OH)2, sendo este composto solvel em gua, podendo

    evaporar da mistura, deixando vazios na pasta aumentando a permeabilidade do

    concreto. Desta forma, o efeito qumico das adies minerais beneficia concretos e

  • 45

    argamassas, sendo que ele diminui a quantidade de Ca(OH)2 livre, j que a slica e

    alumina presentes nas adies minerais reagem com esses compostos, fazendo

    com que diminua sua quantidade, formando C-S-H atravs das reao pozolnica

    (ACI, 1996).

    Uma das desvantagens da utilizao destes materiais a possibilidade de

    ocorrer retardo de pega e aumento de retrao, ou seja, a utilizao de grandes

    quantidades de finos pode levar ao desenvolvimento de um alto calor de hidratao

    ocorrendo o surgimento de fissuras. (MALHOTRA, 1987; POPPE e SCHUTTER,

    2003).

    No item seguinte sero apresentadas algumas caractersticas e

    comportamentos, referente slica ativa, sendo essa a adio mineral utilizada no

    programa experimental desta pesquisa.

    2.2.1.6. Slica Ativa

    Existem vrias denominaes para esse material, como por exemplo, fumo

    de slica condensada, slica volatilizada, slica ativa, fumo de slica, porm segundo a

    norma NBR 13956 (1997) estabeleceu-se como slica ativa a denominao padro

    desse rejeito no Brasil.

    As primeiras investigaes sobre a utilizao da slica ativa foram realizadas

    na Noruega, na dcada de 60, j no Brasil s em 1984 que a slica ativa comeou

    a ser debatida nos eventos e congressos tcnicos (DAL MOLIN, 1995).

    A slica ativa uma pozolana, de elevada rea especfica, vtrea, constituda

    predominantemente de silcio. Trata-se de um subproduto desse silcio ou de ligas

    de ferro-silcio a partir do quartzo de elevada pureza e carvo em forno eltrico de

    eletrodo de arco submerso. Monxido de silcio gasoso (SiO) se desprende na forma

    de gs oxida-se e se condensa, formando partculas esfricas muito pequenas de

    slica amorfa (SiO2) que se apresenta com uma colocao que pode variar do cinza

    claro ao escuro (CARMO, 2006).

    DAL MOLIN (1995) cita que a cor da slica ativa mais clara resultado da

    temperatura mais alta na parte superior do forno, fazendo com que a maior parte do

    carvo ascendente seja queimada. O teor de ferro, em menor escala, tende a

    tambm apresentar uma influncia na cor desta pozolana.

  • 46

    Segundo NEVILLE (1997), as partculas de slica ativa so muito pequenas

    (Figura 2.7), isso pode ser comprovado com o Blaine por adsoro de nitrognio,

    que chega a valores como 20.000m2/kg, ou seja, 13 a 20 vezes maior do que a rea

    especfica de outros materiais pozolnicos. J os gros da slica ativa tm seu

    dimetro entre 0,03mm e 0,3mm, e sua massa unitria muito baixa, variantes entre

    200 kg/m a 300kg/m, dificultando at mesmo seu manuseio.

    Figura 2.7 Micrografia da Slica Ativa Fonte: KULAKOWSKI (2002)

    Existem dois tipos de efeitos que ocorrem com a slica ativa, sendo eles:

    qumica e a fsica. A reao qumica, tambm conhecida como reao pozolnica,

    ocorre quando a slica colocada em contato com concretos e argamassas no

    estado fresco reagindo quimicamente com o hidrxido de clcio (CH) para produzir

    uma quantidade adicional de silicato de clcio hidratado (C-S-H), fonte de resistncia

    do concreto. Essa reao causa a obstruo dos poros, que conseqentemente

    reduz a permeabilidade (CARNEIRO, et. al., 2004).

    Ainda segundo CARNEIRO, et. al. (2004) o efeito fler, que preenche os

    vazios criados pela gua livre na matriz, causando um melhor empacotamento.

    Porm como a slica muito mais fina que o cimento, acaba causando problemas na

    plasticidade e aumenta o consumo de gua do concreto e argamassas,

    principalmente para altos teores de substituio, necessitando-se de maiores

    quantidades de aditivos superplastificantes.

    Deste modo, os gros finos e esfricos da slica ativa produzem um

    mecanismo fsico responsvel pela reduo de exsudao, j que os canais de

  • 47

    fluxos da gua so bloqueados, gerando um melhor empacotamento das partculas

    finas na superfcie dos agregados. A formao de grandes cristais de hidrxido de

    clcio devido a vrios pontos de nucleao tambm minimizada. Esses efeitos em

    conjunto proporcionam uma evoluo na microestrutura dos materiais cimentcios,

    melhorando as caractersticas da zona de transio pasta-agregado, tornando essa

    pasta mais densa, conseqentemente diminuindo a permeabilidade (SILVA, 2006).

    Alguns dos efeitos da slica ativa nas propriedades de concretos e

    argamassas no estado fresco foram citados por MELO (2005):

    Maior coeso, proporcionando misturas mais estveis;

    Aumento da fluidez do concreto e argamassas, sem exsudao, devido a

    reduo no tamanho das partculas;

    Aumento na quantidade de gua;

    Diminuio da retrao plstica;

    Reduo no calor de hidratao, juntamente com o aumento das resistncias

    a compresso, tendo em vista a maior densificao da matriz do cimento.

    22..33.. PPRROOPPRRIIEEDDAADDEESS DDAA PPAASSTTAA NNOO EESSTTAADDOO FFRREESSCCOO

    Algumas propriedades da argamassa auto-nivelante no estado fresco,

    devem ser analisadas para uma garantia de qualidade no estado endurecido, porm,

    algumas delas so eleitas como as fundamentais para definir ou caracterizar a auto-

    adensabilidade dessa argamassa.

    As propriedades que se destacam para a argamassa auto-nivelante no

    estado fresco so:

    Consistncia: A capacidade de preencher completamente todos os espaos em

    que foi lanado, apenas sob a ao do peso prprio, sendo que a nata se

    espalhar sob o substrato formando uma superfcie plana adequada finalidade

    da camada de regularizao e at de acabamento.

    Resistncia Segregao: Argamassas com elevada fluidez tendem a

    apresentar segregao, devido flutuao das partculas maiores. Evitar

    segregao manter a mistura sempre homognea sem essa dissoluo de

    partculas.

  • 48

    Segundo EFNARC (2002), para que um material auto-adensvel tenha um

    timo desempenho, uma complexa combinao de propriedades como fluidez,

    coeso, trabalhabilidade, compatibilidade entre cimento-aditivos e viscosidade

    devero ser trabalhadas harmonicamente.

    A coeso e a viscosidade da argamassa auto-nivelante so caractersticas

    essenciais para evitar a segregao e a exsudao da mistura. A resistncia de

    segregao alcanada reduzindo a relao a/ms, ou at mesmo uma combinao

    entre a utilizao de um aditivo superplastificante com uma grande quantidade de

    materiais finos, de forma que a relao a/ms seja suficientemente viscosa para

    manter homognea a pasta com os agregados (DE LARRARD, 1999).

    A viscosidade tambm um fator que requer certo controle, j que uma

    argamassa muito viscosa corre o risco de no conseguir passar pelos obstculos,

    como por exemplo, armaduras malhas, dificultando seu prprio espalhamento. Por

    outro lado, se a viscosidade for muito baixa a estabilidade da mistura pode ser

    afetada ocorrendo exsudao e segregao.

    Por conta desta complexibilidade na dosagem dos materiais para a

    confeco da argamassa auto-nivelante, que essas propriedades devem ser

    observadas, j que, como j foram citadas anteriormente, estas propriedades no

    estado fresco iro influenciar diretamente as propriedades no estado endurecido.

    22..44.. EENNSSAAIIOOSS PPAARRAA CCAARRAACCTTEERRIIZZAAOO DDAA PPAASSTTAA AAUUTTOO--

    NNIIVVEELLAANNTTEE

    A pasta auto-nivelante, medida em termos de consistncia, j que sua

    fluidez uma das suas caractersticas mais importantes, por isso ela se difere de

    pastas convencionais com relao aos ensaios para sua caracterizao. De acordo

    com essa diferena apresentada observa-se ento que a pasta auto-nivelante no

    deve ser avaliada a partir de procedimentos de ensaios convencionais, como o

    caso do ensaio de mesa de consistncia utilizado para avaliar a viscosidade, j

    que a pasta para argamassa auto-nivelante possui uma elevada fluidez.

  • 49

    Portanto, tanto para pasta, quanto para a prpria argamassa auto-nivelante

    necessrio aplicar uma metodologia prpria para avaliar esse novo tipo de

    material. Para atender os requisitos de qualidade exigidos argamassa auto-

    nivelante de grande importncia avaliar a pasta quanto:

    Homogeneidade na mistura;

    Coeso entre as partculas;

    Fluidez adequada.

    Os equipamentos utilizados para a caracterizao da pasta no estado fresco

    so o Cilindro espanhol ainda no normatizado, e o remetro/viscosmetro.

    2.4.1. Ensaios com Cilindro Espanhol

    O equipamento que realiza os ensaios da pasta cimentcia e possibilita a

    avaliao (mesmo que visual), da tendncia da pasta a fluidez e a segregao, foi

    especificamente desenvolvido para a argamassa auto-nivelante. importante

    salientar que esse ensaio ainda no foi normalizado e como qualquer procedimento

    sem normalizao, pode haver divergncias quanto s especificaes e medidas.

    O equipamento Cilindro Espanhol foi desenvolvido por um grupo de

    pesquisadores e profissionais da rea de argamassas na cidade de Valncia na

    Espanha, com o propsito de avaliar a pasta auto-nivelante no estado fresco e suas

    caractersticas. Como nenhum equipamento especfico existe para estudar o

    comportamento de pastas e argamassas com fluidez elevada, foi necessrio

    desenvolver um novo tipo de equipamento que analisasse essas propriedades desse

    novo tipo de material.

    O ensaio com o Cilindro Espanhol semelhante ao ensaio com do Cone de

    Marsh, porm o Cilindro Espanhol alm de necessitar de uma quantidade menor de

    material utilizado no ensaio, tambm demonstra uma sensibilidade maior na anlise

    das caractersticas principais da pasta.

    O orifcio na superfcie inferior do cilindro limitado em 5,0 mm acaba

    restringindo esse ensaio a pastas auto-nivelantes, j que esse material requer gros

  • 50

    com pequenos dimetros e uma com uma fluidez acima de uma argamassa

    convencional.

    Na extremidade de uma das hastes de ferro acoplado um cilindro com

    dimetro da base de 60 mm e altura de 90 mm (volume de 254,34 cm), que contm

    um orifcio de dimetro de 5,0 mm em sua superfcie inferior, por onde ir escorrer a

    pasta. Dessa superfcie inferior do cilindro at o recipiente completamente nivelado

    h uma distncia de 150 mm conforme demonstra a Figura 2.8.

    Figura 2.8 Dimenses do Cilindro Espanhol

    Fonte: HOBIMIX (2008)

    A Figura 2.9 apresenta o cilindro espanhol na forma de perspectiva, e mostra

    os detalhes que o equipamento apresenta para os ensaios de pasta para argamassa

    auto-nivelante.

    150 mm

    60 mm

    90 mm

    5mm

  • 51

    (a)

    (b)

    (c)

    (d)

    Figura 2.9 Diagrama esquemtico do Cilindro Espanhol reproduzido no Brasil

  • 52

    O procedimento realizado para esse ensaio consiste no preenchimento do

    cilindro com a amostra de pasta cimentcia e com a ajuda de um cronometro

    medido o tempo de escoamento do material. O dimetro medido em dois sentidos da

    pasta escoada e o tempo para esse escoamento so os parmetros a serem

    analisados.

    (a)

    (b)

    Figura 2.10 Cilindro Espanhol utilizado nos ensaios com a pasta. Demonstrao do equipamento (a); A pasta escoando do copo do cilindro espanhol (b)

    A Figura 2.10 (a) mostra o equipamento Cilindro Espanhol, criado na

    Espanha e reproduzido no Brasil, para os ensaios com a pasta cimentcia, com a

    finalidade de dar incios as pesquisas com argamassas auto-nivelante no Brasil. J a

    Figura 2.10 (b) mostra como o ensaio se desenvolve, ou seja, a pasta escoando no

    recipiente nivelando.

    O Cilindro Espanhol ainda um equipamento que est na fase de testes, j

    que suas dimenses necessitam de estudos mais especficos.

  • 53

    2.4.2. Ensaio com o Viscosmetro

    Os remetros so equipamentos relativamente complexos e com custo

    bastante elevado, porm, seus resultados mostram-se precisos e sua utilizao no

    apenas para pesquisas, mais tambm para estudos prticos, como o caso de

    controle de qualidade de certos materiais (DE LARRARD, 1996).

    Em 1968, POWERS desenvolveu o primeiro remetro, modelo cilndrico

    coaxial (Figura 2.11) utilizado para caracterizao de concretos e argamassas. Aps

    essa inveno uma srie de outros modelos foram desenvolvidos, como por

    exemplo, o BTRHEOM desenvolvido por DE LARRARD, com o sistema placa-placa

    e o IBB desenvolvido por BEAUPR, com o sistema planetrio (CASTRO, 2007).

    (a)

    (b)

    Figura 2.11 Modelos de remetros. Remetro BML baseado nos conceito cilindros coaxiais (a); Remetro BTRHEOM baseado nos conceitos placa/placa (b)

    Fonte: BANFILL (2001)

    O funcionamento do remetro cilindro coaxial se inicia quando a amostra

    colocada entre dois cilindros concntricos, medindo-se o torque aplicado no cilindro

    externo a partir da rotao do cilindro interno. Este ensaio sofre certos problemas, j

    que quase inevitvel a formao de uma camada lubrificante em torno das

    paredes dos cilindros, fazendo com que a amostra escorregue, dificultando um real

  • 54

    comportamento do material. Uma soluo adotada para resolver esse problema

    conferir uma textura rugosa superfcie dos cilindros (SAAK et al,. 2001 apud

    MELO, 2005).

    Para pastas e argamassas esse ensaio pode ser substitudo por

    equipamentos com dimenses menores chamados de viscosmetro (MELO, 2005).

    Para os ensaios com a pasta para argamassas auto-nivelante foi utilizado o

    viscosmetro placa/placa.

    (a)

    (b)

    Figura 2.12 Ensaios com o viscosmetro para a anlise da reologia da pasta. (a) Equipamento utilizado nos ensaios; (b) Componentes do equipamento

    ROTAO SPINDLE

    PASTA

    BASE

  • 55

    CAPTULO 3

    CONCEITOS BSICOS DA REOLOGIA

    Neste captulo tambm apresentado uma reviso da literatura relevante

    sobre os recentes estudos relacionados reologia aplicada as argamassas. Os itens

    abordados so os conceitos sobre reologia, seus parmetros reolgicos (tenso de

    cisalhamento, deformao e viscosidade), a classificao do comportamento

    reolgico, importncia da reologia nas argamassas auto-nivelantes e finaliza com os

    fatores que influenciam o comportamento reolgico.

    33..11.. CCOONNCCEEIITTOOSS DDAA RREEOOLLOOGGIIAA

    Apesar do conhecimento da reologia por Newton e Hooke j no sculo XVII,

    foi no ano de 1920, quando o comportamento mecnico de materiais industriais,

    exemplificados pela borracha, o plstico, a cermica, tintas e os fluidos biolgicos,

    passaram a ser interessante para a fsica, mecnica, matemtica e a qumica o

    estudo da reologia (TANNER, 1988).

    No Brasil, os conceitos relacionados reologia s comearam a ser

    estudados no ano de 2005, onde vrios pesquisadores como CARDOSO, et. al.

    (2005), COSTA (2005), ANTUNES et. al. (2005) e SILVA (2005), foram

    apresentados ao SBTA-Simpsio Brasileiro Tecnolgico de Argamassas (SILVA,

    2006).

    De acordo com OLIVEIRA et. al. (2000), a reologia indicada pelos radicais

    de origem grega rheos (fluir) e logos (estudos), a reologia a cincia que estuda o

    fluxo e a deformao dos materiais quando submetida a uma determinada tenso ou

    solicitao mecnica externa. Em slidos e lquidos perfeitos a relao tenso/

    CAPTULO 3 CONCEITOS BSICOS DA REOLOGIA

  • 56

    deformao o resultante linear, j no caso dos slidos elsticos, a deformao

    proporcional a carga aplicada.

    Na prtica, a reologia foca os materiais que tem suas propriedades de

    escoamento mais complicadas do que as de um fluido simples (lquido ou gs) ou as

    de um slido elstico ideal, apesar de ser observado que um material, com

    comportamento simples sob uma limitada variao da condio do ensaio, poder

    mostrar um comportamento mais complexo sob outras condies (TATTERSALL &

    BANFILL, 1983).

    As caractersticas da argamassa auto-nivelante so muito influenciadas por

    suas propriedades reolgicas, definidas basicamente pela tenso de escoamento

    () e a viscosidade plstica (), descritas pelo modelo de Bingham e definida pela

    Equao 3.1.(BANFILL, 1994).

    (Equao 3.1.)

    Onde:

    Tenso de Cisalhamento (N/m=Pa);

    Viscosidade (Pa.s);

    Taxa de Cisalhamento (s-1).

    Na auto-adensabilidade da argamassa auto-nivelante, a tenso de

    escoamento deve ser baixa para garantir o aumento da fluidez, j viscosidade

    deve ser moderada para que ocorra a estabilidade necessria (GOMES, 2002).

    A determinao das propriedades reolgicas de pastas, argamassas e

    concretos so executadas por meio de equipamentos denominados de remetros

    e/ou viscosmetros, cujos procedimentos de ensaio sero apresentados nas sees

    posteriores.

  • 57

    33..22.. PPAARRMMEETTRROOSS RREEOOLLGGIICCOOSS

    No caso dos fluidos, a reologia est relacionada aplicao de uma fora

    que resulta no escoamento. Para o melhor entendimento seguem nos prximos itens

    os conceitos relacionados tenso, deformao e viscosidade.

    3.2.1. Tenso de Cisalhamento

    Quando um fluido est em movimento, vrias foras atuam sobre ele, sendo

    elas as foras de conveco, que surgem devido ao seu movimento, as foras de

    campo, que so foras relacionadas ao da gravidade e as foras de superfcie

    que so foras relacionadas aos gradientes de presso e s interaes entre as

    molculas do fluido (BRETAS e D`VILA, 2000).

    A tenso de cisalhamento definida pela equao:

    (Equao 3.2.)

    Onde:

    F Fora (N);

    A rea (m);

    Tenso de Cisalhamento (N/m=Pa);

    Viscosidade (Pa.s);

    Taxa de Cisalhamento (s-1).

    Segundo OLIVEIRA (2000), de acordo com a Equao 3.2., quanto menor a

    viscosidade de um fluido, menor a tenso necessria para submet-la a uma

    determinada taxa de cisalhamento constante. Do ponto de vista fsico, a viscosidade

    , de modo geral, um indicativo de coeso entre as molculas que constituem as

    lminas adjacentes do fluido. Portanto, de se esperar que as molculas de fluidos

    mais viscosos como, por exemplo, o mel sejam mais coesos entre si do que

    molculas de fluidos menos viscoso como a gua.

  • 58

    3.2.2. Deformao

    A deformao pode ser definida como uma mudana nas posies relativas

    das par