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8/6/2019 EMT-015 Roberta Batista de Jesus
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AS RELAES SOCIAIS DE PRODUO E A APROPRIAODESIGUAL DA NATUREZA: (RE) PENSANDO A ABORDAGEM AMBIENTAL
Roberta Batista de Jesus1
Mestranda em Geografia- UFBAAfiliao AGB- Brasil
RESUMO:
Esse trabalho aborda uma discusso terico-conceitual que busca as basesnecessrias ao entendimento da relao sociedade-natureza. Definindo oconceito de espao e territrio na Geografia, percebe-se que o segundo concebido a partir do primeiro. O espao formado mediante a produo dohomem, o territrio, quando h relaes de poder. Diante dessa anlise, ver-seque a sociedade se apropria da natureza atravs de tcnicas, humanizado-acada vez mais. No entanto, essa apropriao ocorre de forma desigual, regidapelas relaes sociais de produo prprias do capitalismo. Emborafundamental no discurso ambiental, a anlise das relaes de produo muitas vezes omitida. Como resultado tem-se vises limitadas do processocontraditrio de apropriao, focando apenas os efeitos e impactos. Torna-senecessrio para a Geografia um enfoque que no isole a sociedade danatureza, bem como as complexidades existente nessa relao.
PALAVRAS-CHAVE: Territrio, apropriao da natureza, relaes deproduo
1 INTRODUO
Estudar os elementos naturais e sociais, bem como as relaes
existentes entre ambos est no centro das discusses da Geografia. Ao se
apropriar dos elementos naturais, a humanidade provoca intensas mudanas
no meio natural, fato que acontece de forma diferenciada e contraditria sobre
o espao geogrfico, muitas vezes comprometendo a condio de vida da
sociedade.
A Geografia enquanto cincia social deve estar voltada para a
produo de pesquisas que discutem as contradies que a sociedade em
diferentes nveis promove ao apropriar-se da natureza.
nesse sentido que esse artigo foi elaborado, para dar suporte
terico dissertao que ser produzida, na qual se prope analisar os
aspectos socioambientais no distrito de Pradoso, localizado no municpio de
1 Bolsista da CAPES do Programa de Ps- graduao em Geografia- UFBA.
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Vitria da Conquista, regio sudoeste da Bahia. A escolha dessa localidade se
deu pela sua importncia no cenrio municipal e at mesmo nacional devido
explorao do minrio bentonita em seu territrio, fato que tem promovido
novas dinmicas espaciais para o distrito, somadas s prticas econmicas j
existentes.
No Pradoso a maioria dessas atividades desenvolvida de forma
predatria e geram problemas socioambientais como na produo de farinha
que resulta no descarte inadequado da manipueira2, a escavao do solo para
fabricao de tijolos que causa seu desgaste e eroso e consequentemente
perda da fertilidade para a prtica agrcola e a recente minerao da bentonita,
como foi mencionado, atraindo grandes empreendimentos que exploram e
beneficiam esse mineral.
Esse artigo foi produzido atravs de leituras e anlises de textos de
autores que discutem a temtica ambiental, produzindo assim uma discusso
que espera-se posteriormente dar suporte a pesquisa emprica da dissertao.
2 A ATUAO DA SOCIEDADE NA CONSTRUO DE ESPAOS E
TERRITRIOS
Sendo o espao um conceito-chave da Geografia, a sua abordagem de
fundamental importncia para compreenso das relaes estabelecidas na
sociedade. Para Santos (2008), a juno da sociedade com a paisagem forma
o espao, que dotado de ao e movimento. O espao abarca as formas
geogrficas que so relativamente permanentes e a sociedade com seu
contexto social, essa ltima responsvel por dr-lhe sentido. Sendo assim, o
espao resultante da ao humana intermediada por objetos naturais eartificiais.
Quando analisamos um dado espao, se ns cogitamos apenas dosseus elementos, da natureza desses elementos ou das possveisclasses desses elementos, no ultrapassamos o domnio daabstrao somente a relao que existe entre as coisas que nospermite realmente conhece-las e defini-las. Fatos isolados soabstraes e o que lhes d concretude a relao que mantm entresi (SANTOS, 1997, p.14).
2 Substncia resultante do beneficiamento da mandioca que possui alto teor de toxidade devido
presena do cido ciandrico (HCN), cuja ingesto ou mesmo inalao representa srioperigo sade, podendo ocorrer casos extremos de envenenamento (CAGNON et al., 2002).
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O espao deve ser considerado como um conjunto indissocivel no qual
h participao, de um lado, de objetos geogrficos, naturais e sociais e, de
outro, da sociedade, da vida que os preenche e os anima dando-lhe
movimento. Portanto este no mero resultado da interao do homem com a
natureza primeira, mas, como diz Santos (2008) resultado da ao dos
homens sobre o prprio espao, por intermdio de objetos naturais e artificiais.
As relaes mencionadas pelo autor no so apenas bilaterais, mas
relaes generalizadas. Tambm no so relaes entre coisas em si ou por si
prprias, mas entre as qualidades e atributos intrnsecos a elas, formando um
verdadeiro sistema, comandado pelo modo de produo dominante nas suas
manifestaes escala do espao em questo.
Diante disso, o espao geogrfico deve ser visto em sua globalidade,
uma vez que seus elementos esto ntima e extensamente ligados, Bernardes
(1995) alerta que a problemtica espacial deve ser apreendida como derivao
da totalidade, uma vez que cada lugar parte de um todo.
Outra observao importante a ser feita que o espao por seu
dinamismo est em permanente transformao, que pode ser resultado de
fatores externos e internos, impondo mudanas espaciais e evoluo das suas
prprias estruturas, como considera Corra (1995):
No longo e infindvel processo de organizao do espao o Homemestabeleceu um conjunto de prticas atravs das quais so criadas,mantidas, desfeitas e refeitas as formas e as interaes espaciais.So as prticas espaciais, isto , um conjunto de aesespacialmente localizadas que impactam diretamente sobre oespao, alterando-o no todo ou em parte ou preservando-o em suasformas e interaes espaciais (CORRA, 1995, p.5).
Para Santos (1996), o ato de produzir , ao mesmo tempo, o ato de
produzir espao, so aes indissociveis. Ou seja, a partir do momento em
que o homem produz, retira da natureza elementos indispensveis
reproduo da vida, ele est produzindo o espao humano. Neste sentido, o
espao define-se como um conjunto de relaes sociais do passado e do
presente, cuja evoluo se faz de forma diferenciada em cada lugar, cada
tempo da humanidade se distingue pela maneira como se apresenta o espao.
Como diz Santos (2008 p. 96, 97): Toda ao humana trabalho e todo
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trabalho trabalho geogrfico. No h produo que no seja produo do
espao, no h produo do espao que se d sem trabalho. Viver para o
homem produzir espao.
Raffestin (1993) aborda que as relaes de poder que se inscrevem noespao, criam territrios, ou seja, o territrio formado no espao em
decorrncia de uma ao conduzida por um ator sintagmtico (que realiza um
programa) em qualquer escala. Quer dizer, o territrio uma produo a partir
do espao, fruto da projeo de um trabalho envolvendo informao e energia
e pressupe, conseqentemente, relaes de poder. Para reforar a distino
entre territrio e espao o referido autor salienta que o territrio se apia no
espao, mas no o espao, uma produo a partir do espao.
Souza (1995) concorda com Raffestin no sentido de que o territrio se
define a partir do espao e do poder, e, portanto, o espao anterior ao
territrio. Mas a divergncia entre ambos est no primeiro considerar
empobrecedor o fato de o segundo reduzir espao ao espao natural,
enquanto que o conceito de territrio torna-se automaticamente, quase que
sinnimo de espao social.
Mesmo privilegiando as transformaes do poder no territrio, para
Souza (1995) esse poder no se restringe ao Estado, nem se confunde com
violncia e dominao. Aps repensar o territrio, o autor prope o conceito de
territrio autnomo, como uma alternativa de desenvolvimento. Tal conceito,
no entanto, ser explorado nesse trabalho quando relacionado coletividades.
O territrio s realmente formado quando estiver contida nas
estratgias dos agentes individuais ou coletivos, a inteno de controle sobre
uma determinada rea, controle este que se expressar por intermdio de
delimitaes, de fronteiras e limites, o que para Santos (1996), so linhas
traadas de comum acordo ou pela fora. Diante disso, necessrio o cuidado
de no banalizar e confundir o territrio como sendo qualquer organizao de
atividades no espao.
3 RELAES SOCIEDADE- NATUREZA E RELAO SOCIEDADE-
SOCIEDADE NO ENFOQUE AMBIENTAL
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A manifestao das relaes de poder se faz, h muito tempo, sobre
a natureza e conseqentemente sobre os elementos oriundos dela. Contudo
essa relao produz intensos contrastes, pois a natureza transformou-se eminstrumento do modelo capitalista como ressalta Porto-Gonalves:
A natureza , em nossa sociedade, um objeto a ser dominado por umsujeito, o homem, muito embora saibamos que nem todos os homensso proprietrios da natureza. Assim, so alguns poucos homensque dela verdadeiramente se apropriam. A grande maioria dos outroshomens no passa, ela tambm, de objeto que pode at serdescartado (PORTO - GONALVES, 1990, p. 26, 27).
Santos (2008) destaca que a natureza passa por um processo de
mudanas cada vez mais intenso, tornando-se mais culturalizada,
artificializada e humanizada. Isso acontece porque as tcnicas vo se
incorporado natureza, esta vive um intenso processo de tecnificao, o que
resulta na sua socializao, trabalho de um nmero cada vez maior de
pessoas. A natureza converte-se assim num meio de produo, objeto de
uma apropriao social, atravessado por relaes de poder (LEFF, 2001, p.
66).
Na viso de Porto-Gonalves (1990) as tcnicas desenvolvidas pelo
homem so dependentes de um determinado contexto social, poltico e
cultural, so as mediaes entre o social e o natural. No apenas por uma
razo tcnica que a sociedade se desenvolve e se modifica. Isso porque
nenhuma tcnica tem razo em si mesma, o desenvolvimento e as
modificaes verificadas no meio social devem-se a um fator de ordem
poltica, evidenciado na tentativa de obter cada vez mais um controle sobre a
natureza.
Portanto, para o referido autor a soluo dos problemas ambientais no
simplesmente de natureza tcnica, mas poltica e cultural, pois para ele a
tcnica deve servir sociedade e no esta ficar subordinada quela.
Godard (1990) reconhece que a dinmica histrica dos bens naturais
exerce uma influncia sobre as formas econmicas de produo ou sobre o
desenvolvimento de certos modelos de relaes sociais, que esto associados
s formas tcnicas, assim a disponibilidade desses bens num dado momento
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tende a favorecer certas formas sociais de produo e certos modos de
organizao social, mencionando ainda as lutas e conflitos que a apropriao
desses recursos provoca. A criao de novas tcnicas e novos modos de
explorao torna possvel uma transformao da organizao social da
produo e das relaes sociais.
Morandi e Gil (2000) completam que no intudo de suprir todas as suas
necessidades o homem apropriou-se da natureza e o fez de forma desigual,
quase sempre num ritmo acelerado, o interesse ilimitado e a pressa na
conquista impulsionaram a necessidade de criao de tcnicas cada vez mais
ousadas e complexas que avanam sobre a natureza.
As tcnicas desenvolvidas no tm como prioridade os princpios bsicosde respeito natureza, e mesmo quelas que procuram agir de forma
responsvel no so democratizadas, ou seja, no favorecem a todos, ao
contrrio seguem interesses segmentados daqueles que as criaram e detm
os meios de produzi-las, geralmente so tcnicas de alto custo, por
conseguinte cada vez mais distantes da comunidade desprovida de recursos
para obt-las.
Diante desse fato o que se verifica so formas imediatistas e predatriasde explorao e relacionamento com a natureza por parte de alguns grupos,
esta por sua vez responde s agresses sofridas com solos improdutivos,
reas desrticas, guas contaminadas, dentre outros fenmenos conhecidos
que afetam a maioria da populao, especialmente as camadas mais
desprovidas que esto longe de lucrar com os benefcios dessa explorao,
restando para estas, na maioria das vezes, apenas os nus acima
mencionados.
Para Casseti (1995) o agravamento dos problemas ambientais nasce
com as relaes de propriedade privada e o antagonismo de classes. Ele
sintetiza que os problemas ambientais tm-se agravado em funo do maior
desenvolvimento anrquico das foras produtivas que estruturam o modo de
produo capitalista, enquanto as relaes de produo so relaes de
domnio e submisso.
Apesar da afirmao do autor, muitos discursos relativos s questes
ambientais se desviaram do foco das relaes de produo capitalistas, e
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reduziram a relao sociedade-natureza em um discurso naturalista, no qual a
sociedade vista apenas como fator antrpico degradante. Essa viso dilui a
questo ambiental, naturalizando-a e, assim, empobrecendo-a, posto que
repe o paradigma dicotmico que separa sociedade de natureza, natureza da
cultura, paradigma este que precisa ser superado de acordo Porto- Gonalves
(2001).
Para Carlos (1994), a viso exteriotipada do homem como destruidor -
depredador torna-se ingnua, para a autora tal ideia apaga as referncias
histricas e as desigualdades que esto no interior do processo de constituio
do espao. A sociedade torna-se uma abstrao, sem classes sociais, sem
antagonismos , sem contradies e conflitos.
As relaes homem-homem, bem como suas contradies, interesses e
formas de apropriao distintas no so levados em considerao, tornado
muitas vezes a discusso superficial. Para reforar essa constatao
concorda-se com Rodrigues (1996) quando diz que os problemas ecolgicos
parecem, primeira vista, referir-se apenas s relaes homem-natureza e
no as relaes dos homens entre si, suas culturas, seus iderios, seus
conflitos.
O alerta da autora se faz no sentido de ter cuidado para no ocultar a
existncia e as contradies de classes sociais para compreender a
problemtica ambiental em sua complexidade, pois os problemas ambientais
dizem respeito s formas como o homem em sociedade apropria-se da
natureza. Outra observao importante de Rodrigues (2009) que
O deslocamento discursivo de ambiente para meio ambiente, dedesenvolvimento para desenvolvimento sustentvel, de matrias-primas e energia para recursos naturais, de fora de trabalho pararecursos humanos oculta a existncia das classes sociais e aimportncia do territrio, desloca conflitos de classes para umsuposto conflito de geraes e os conflitos de apropriao dosterritrios para a natureza, o ambiente, o bem comum dahumanidade. (RODRIGUES 2009, p.199).
A anlise da sociedade organizada em classes permitir perceber
quem verdadeiramente se apropria da natureza e poder dar luz a
discusses mais concretas e corretamente fundadas. O discurso ambiental
visto nas ltimas dcadas tende a estar mais preocupado com a identificao
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dos efeitos imediatos locais do que com as causas, bem como com os
estudos da interpretao dos processos.
Retomando a ideia de Rodrigues (1996), a pauta do desenvolvimento
sustentvel est em querer preservar os recursos naturais para o bem dasgeraes futuras, esse ideal que vem sendo incorporado e propagado na
sociedade atual, no discurso poltico e at mesmo no cientfico, oculta a
necessidade da anlise crtica do modo de produo capitalista e legitima a
apropriao desigual da natureza por determinados grupos, alm disso,
transfere a responsabilidade de gerir os bens naturais sociedade como um
todo em prol das geraes futuras, portanto abstratas. Como pensar nas
geraes futuras se grande parte da gerao presente no tem participao
na apropriao das riquezas?
A questo ambiental requer uma anlise que no se restrinja a uma viso
superficialmente focada nos seus efeitos visveis, diante disso Porto-
Gonalves (2006) traz dimenses importantes para o desafio ambiental e que
so especficas das relaes com a natureza estabelecidas pelas sociedades
capitalistas, a primeira diz respeito separao que h entre quem produz e
quem consome (quem produz no proprietrio do produto), logo a produo
no se destina para o consumo direto dos produtores, assim como o lugar que
produz no necessariamente o lugar de destino da produo, como
exemplos as atividades mineradoras.
O autor completa seu pensamento dizendo que [...] sob o capitalismo,
haver, sempre, relaes espaciais de dominao/ explorao, tirando dos
lugares e, mais, dos do lugar, o poder de definir o destino dos recursos com os
quais vivem (PORTO-GONALVES, 2006, p. 290, grifo do autor). Dessa
constatao se materializam as relaes sociais de poder. Outra considerao
importante a ser feita por Leff (2007) que
A problemtica ambiental no ideologicamente neutra nem alheiaa interesses econmicos e sociais. Sua gnese d-se num processohistrico dominado pela expanso do modo de produo capitalista,pelos padres tecnolgicos gerados por uma racionalidadeeconmica guiada pelo propsito de maximizar lucros e osexcedentes econmicos a curto prazo, numa ordem econmicamundial marcada pela desigualdade de naes de classes sociais( LEFF, 2007, p. 64).
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Para Leff (2001), a discusso das questes ambientais , sobretudo, um
convite ao dos cidados para participar na produo de suas condies de
existncia e seus projetos de vida, oferecendo novos princpios aos processos
de democratizao da sociedade que induzem participao direta das
comunidades na apropriao e transformao de seus bens naturais.
As comunidades e grupos locais constituem oportunidades para que as
pessoas expressem suas preocupaes e sugestes para a criao de meios
eficazes a serem aplicados no seu dia a dia. Como defende Souza (2009) no
conceito de territrios autnomos, tais comunidades carecem de autonomia,
fundamento da participao e base do desenvolvimento, o poder de uma
coletividade se reger por si prpria. Retomando a discusso sobre territrio
pode-se considerar que
Uma sociedade autnoma aquela que logra defender e gerirlivremente seu territrio, catalisador de uma identidade cultural e aomesmo tempo continente de recursos, recursos cuja acessibilidadese d, potencialmente, de maneira igual para todos (SOUZA, 2009,p. 106).
Para essas coletividades gerir autonomamente o seu territrio e
autogerir-se so condies para uma gesto socialmente justa dos recursos ali
contidos. Essas pessoas precisam de autoridade, poder e conhecimento para
agir. Aqueles que se organizam para trabalhar pela melhor conduta nas
atividades em seus grupos sociais podem construir uma fora efetiva, capaz
de propiciar bons resultados, suprindo suas necessidades essenciais de
maneira sustentvel conservando seu meio ambiente ao mesmo tempo.
Para tanto as comunidades precisam ter controle efetivo sobre seus
prprios assuntos, acesso garantido aos recursos disponveis e participao
igualitria sobre o controle destes, alm de direitos de participao de
decises, treinamento e educao, o poder de decidir dentro e fora da
comunidade sobre a alocao de recursos comuns.
Vale ressaltar ainda que a coletividade deve dispor de mecanismos
eficazes para influenciar a conduo da mquina pblica, tendo acesso aos
meios de comunicao, dispondo de informaes. Dessa forma as aes
ambientais que normalmente esto voltadas para grandes centros urbanos ou
para importantes reservas ecolgicas, atingiro tambm os distritos e suas
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reas rurais, nas quais a necessidade de conteno do processo degradante
da natureza no apenas por questes ecolgicas, mas pela prpria
sobrevivncia dessas comunidades, cujas atividades esto estreitamente
ligadas natureza e os bens que proporciona.
CONSIDERAES FINAIS
Pretendeu-se nesse trabalho propiciar uma discusso terico-conceitual
sobre a importncia da anlise socioambiental a partir das relaes de
produo, que ser base fundamental na pesquisa sobre o Distrito de Pradoso,
localizado no municpio de Vitria da Conquista- Ba. A anlise aqui proposta
procurou distanciar-se da superficialidade em que muitas discusses
ambientais esto submetidas, um enfoque apenas nos aspectos naturais,
distanciando a sociedade bem como suas contradies e complexidade do
centro da questo. A inteno foi discutir a problemtica ambiental numa
abordagem que integre sociedade e natureza, tendo como ponto de partida os
interesses diferenciados de apropriao gerados pelo modo de produocapitalista, que resultam numa distribuio desigual de rejeitos e proveitos,
movidos pelo interesse do capital. Para tanto, houve o dilogo com autores
que levantam essa temtica, fornecendo assim as bases conceituais
necessrias para uma discusso ambiental consistente.
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