ARBOVÍRUS: DENGUE · 2019. 12. 18. · VÍRUS DENGUE O DENV é um representante do grupo B dos...
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O termo Leishmaniose (ou Leishmaníase) engloba um grupo de Microbiologia
ARBOVÍRUS: DENGUE
• INTRODUÇÃO
A palavra “arbovírus” é utilizada para caracterizar os vírus que são transmitidos aos
hospedeiros vertebrados através da picada de vetores artrópodes, especialmente
mosquitos e carrapatos, sendo mantidos em ciclos silvestre e urbano. Entre os arbovírus,
os principais gêneros causadores de doenças no homem são: Flavivírus (vírus dengue,
zika vírus e vírus amarílico) e Alphavirus (vírus chikungunya) comumente transmitidos
por fêmeas do gênero Aedes (A. aegypti e A. albopictus), após repasto em um
hospedeiro humano virémico.
A ampla distribuição dos mosquitos vetores associados ao fenômeno da urbanização e
mudanças climáticas são alguns fatores que facilitam a cocirculação desses agentes
pelos hemisférios e, consequentemente, o aparecimento das doenças por eles
provocadas – as chamadas arboviroses. As mais conhecidas são as causadas por dengue
(DENV), zika (ZIKV), chikungunya (CHIKV) e vírus amarílico (YFV).
Os arbovírus DENV, ZIKV e CHIKV estão presentes em mais de 120 países das regiões
tropicais e subtropicais, emergindo em áreas urbanas pobres e porções periféricas do
mundo. Estima-se que cerca de 4 bilhões de pessoas estão expostas ao risco de infecção.
VÍRUS DENGUE
O DENV é um representante do grupo B dos arbovírus do gênero Flavivirus, pertencente
à família Flaviviridae. O termo “Vírus da dengue" refere-se a um grupo de quatro vírus
relacionados geneticamente e antigenicamente conhecidos como sorotipos DENV-1,
DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
Possuem genoma de RNA fita simples com senso positivo. O material genético é envolto
pela proteína do capsídeo e mais externamente pela membrana bilipídica da célula
hospedeira com a inclusão de 180 cópias de duas glicoproteínas virais.
• MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A Dengue (doença) é uma das mais importantes arboviroses com caráter endêmico
presente no território brasileiro. Quanto à fisiopatologia, ela é bem mais conhecida em
nosso sistema de saúde público. Normalmente, não fatal, autolimitada, que pode
ocorrer tanto em infecções primárias quanto secundárias, afetando adultos e crianças.
Os pacientes costumam desenvolver febre alta de maneira súbita. Esta fase febril aguda
dura cerca de 2-7 dias e é muitas vezes acompanhada de rubor facial, eritema cutâneo,
dor generalizada pelo corpo, mialgia, artralgia e dor de cabeça (principalmente, retro-
orbitária). Alguns pacientes podem, ainda, apresentar hiperemia conjuntival. Anorexia,
náuseas e vômitos, são comuns. Pode ser difícil distinguir, clinicamente, a Dengue de
outras doenças febris nesta fase inicial. Além disso, estas características clínicas do início
da infecção são indistinguíveis entre os casos graves e não-graves de dengue. Portanto,
o monitoramento dos sinais de alerta e outros parâmetros clínicos é crucial para
reconhecer a progressão para a fase crítica.
• CLASSIFICAÇÃO ATUAL
A partir de 2009, a OMS (Organização Mundial de Saúde) reclassificou a infecção
pelo DENV de forma binária, como: Dengue e Dengue Grave, analisando os sinais de
alerta, a fim de classificar o nível de gravidade e, assim, prevenir a sua evolução.
Fonte: Adaptado de OMS, 2009.
• DIAGNÓSTICO
O diagnóstico imunológico para Dengue está bem estabelecido, sendo possível a
pesquisa de anticorpos específicos IgM, IgG e do antígeno NS1, utilizando
principalmente kits comerciais. Na infeção por DENV, uma alta carga viral é observada
até o 5º dia de infecção, podendo o vírus ser isolado e/ou quantificado por metodologia
de amplificação e/ou detecção de NS1. Logo após, anticorpos IgM aparecem entre os
5º-8º dias, caracterizando a fase aguda da doença. Anticorpos IgG aparecem por volta
do 14º dia e permanecem por toda a vida, caracterizando a fase convalescente.
• TRATAMENTO
O tratamento da infecção pelos vírus Dengue é recomendado apenas para os
casos sintomáticos. Baseado no uso de Acetaminofeno (Paracetamol®) ou Dipirona®
para o controle da febre e manejo da dor, além da ingestão de líquidos, infusão de
fluidos e repouso.
Ainda não têm vacinas aprovadas disponíveis e não se recomenda o uso de ácido
acetilsalicílico (AAS ou Aspirina) e outros anti-inflamatórios, em função do risco
aumentado de complicações hemorrágicas.
• PROFILAXIA
A prevenção dessa arbovirose se baseia no controle vetorial (mosquitos do
gênero Aedes) e programas comunitários para manter o ambiente livre de potenciais
criadouros: armazenamento correto de pneus, garrafas, lixos, vedação das caixas d’água
e cuidados com os vasos de plantas.
Alguns programas de controle químico e/ou biológico pelo uso de inseticidas ou
larvicidas biológicos têm sido sugeridos. Entretanto, estas abordagens podem ocasionar
o surgimento de vetores mais resistentes. Na Fundação Oswaldo Cruz/RJ, o uso da
bactéria Wolbachia tem se mostrado muito eficiente no controle destes arbovírus sem
prejudicar a população de mosquitos.