Post on 22-Apr-2023
XVII Congresso Brasileiro de Sociologia
20 a 23 de Julho de 2015, Porto Alegre (RS)
Grupo de Trabalho (GT06) - Desigualdade e Estratificação Social
Famílias Políticas, Desigualdade e Estratificação Social no Brasil Contemporâneo.
Ricardo Costa de Oliveira Universidade Federal do Paraná
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Famílias Políticas, Desigualdade e Estratificação Social no Brasil Contemporâneo.
Autor - Ricardo Costa de Oliveira - rco2000@uol.com
Instituição - Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Resumo
Investigamos o conceito sociológico de família nas instituições estatais
brasileiras contemporâneas. De que maneira algumas famílias políticas
apresentam grande importância e destaque na dinâmica dos poderes
executivo, legislativo, judiciário e em instituições como os tribunais de contas,
ministério público e cartórios, em suas conexões sociais e políticas. As
relações familiares entre a mídia, as grandes empresas e os poderes estatais
institucionalizados. A estratificação social e a reprodução das desigualdades
como processos sociais, históricos e familiares. Apresentamos estudos de caso
empíricos de famílias políticas relacionadas com instituições públicas, na
concentração de capitais sociais e políticos produtores de desigualdades
sociais. Genealogias e trajetórias sociais de famílias políticas nas eleições de
2014. As relações entre estruturas de parentesco, poderes políticos e capitais
sociais no Brasil contemporâneo. Por que muitas das instituições políticas
brasileiras ainda são substancialmente atravessadas por famílias e formas de
nepotismos no Brasil moderno ? Apresentamos resultados e metodologias para
a conexão entre privilégios familiares acumulados, com as questões da
desigualdade e estratificação social existentes no Brasil.
Logo após a Proclamação da República foi enviado um telegrama no dia
21 de dezembro de 1889. “Vocês fizeram a República que não serviu para
nada. Aqui agora, como antes, continuam mandando os Caiado”. “Felicíssimo
do Espírito Santo Cardoso, ex-senador do Império e Capitão da Guarda
Nacional, para o filho Joaquim Inácio Cardoso, alferes do Exército. Joaquim
Inácio seria avô do futuro presidente da República Fernando Henrique
Cardoso, cujo governo, mais de um século depois da Proclamação da
República, contaria em Goiás com o apoio do deputado Ronaldo Caiado, ex-
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presidente da UDR (União Democrática Ruralista), organização dos grandes
proprietários de terra cujo adversário principal seria o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), que reivindica a reforma agrária, uma das
muitas promessas adiadas pelo regime republicano"1.
No dia 19 de maio de 2015 foi debatida, no Senado Federal, a indicação
do Jurista Luiz Edson Fachin ao cargo de ministro do Supremo Tribunal
Federal. Fachin foi indicado pela Presidente Dilma Rousseff. O diálogo entre o
Senador Ronaldo Caiado, do Partido dos Democratas, um partido político
conservador e o Jurista Fachin, representa o encontro entre dois tipos de ser
interior do Brasil. Duas camadas demográficas, étnicas, sociais, culturais,
políticas e históricas. A família Caiado de Goiás, uma família com uma antiga
genealogia no poder2, com cargos e privilégios desde o período colonial,
representa a nossa tradição antiga e arcaica da conquista, colonização e
povoamento dos sertões, no caso das oligarquias de Goiás. Grupo de quem
tem genealogia antiga e estabelecida no Brasil. Gente com conexões estatais
de longa duração, gente presente nas capitais regionais e nacionais, como o
Rio de Janeiro e Brasília. Eu também pertenço ao mesmo grupo social arcaico
e entendo como poucos sociólogos a este grupo social, que é uma antiga
classe social histórica. Somos a gente que chegou de Portugal no Brasil
Colonial, gente que foi escravista, ou conviveu com as fazendas escravistas e a
formação inicial do Brasil. Fachin já é um produto da imigração europeia vinda
muito depois da Independência, gente inicialmente formada por pequenos
agricultores, trabalhadores, ou gente convivendo com o seu trabalho braçal, a
sua própria força de trabalho, muitas vezes nas condições de pobreza e que
somente o duro estudo possibilitou o ingresso nas condições e instituições
superiores, instâncias em que o grupo anterior foi fundador e sempre esteve
bem instalado, com vantagens, privilégios e formas múltiplas de nepotismo. O
grande desafio do Brasil do século XXI é completar a transição para a plena
modernidade e cidadania. Somente com o apoio, a colaboração e a soma de 1 Laurentino Gomes. 1889. Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da Republica no Brasil. 341. Globo Livros.
2 Poder e Paixão - A Saga dos Caiado - 2 Vols. Lena Castello Branco Ferreira de Freitas. Cânone Editorial, 2009, Goiânia.
3
indivíduos "rebeldes" e quadros críticos das velhas famílias brasileiras poderá
este avanço ser completado e consolidado, junto com os novos emergentes da
imigração europeia, os afro-brasileiros, os mestiços, os índios a finalmente
serem plenamente incorporados em uma moderna República Brasileira de
todos.
A família política se tornou o grande “ponto cego” nas ciências sociais
brasileiras do século XXI. Como as famílias atravessam e agem dentro das
instituições políticas brasileiras foi uma questão central na gênese de certo
pensamento social e na própria formulação de uma ciência social brasileira no
início do século XX. Podemos discutir uma visão cética e realista na dimensão
do ensaísmo e das pesquisas de Oliveira Vianna. O "complexo da família
senhorial" e sua compreensão3. Outra visão democrática e otimista na
dimensão do ensaísmo e das pesquisas de Sérgio Buarque de Holanda.
Raízes do Brasil, a família patriarcal e o “homem cordial”4.
A pesquisa das estruturas de parentesco e poder político exige o
profundo conhecimento empírico e genealógico de famílias regionais, o que
afasta e dificulta a compreensão do fenômeno por pesquisadores literalmente
pouco familiarizados com o objeto. É o caso em que o sujeito pesquisador
muitas vezes se torna o próprio objeto na análise e compreensão dos
fenômenos sociais e familiares.
Letícia Bicalho Canedo escreveu vários textos sobre a questão das
relações entre famílias e Estado. “Um Capital Político Multiplicado no Trabalho
genealógico”5. Pela análise das palavras-chave verificamos o recorte
conceitual: “Genealogia como instrumento político. Alianças matrimoniais.
Famílias de políticos. Controle de recursos políticos. Acumulação de capital
político e social. Produção simbólica”. Outro artigo de Letícia Bicalho Canedo,
"La production généalogique et les modes de transmission d'un capital politique
3 Oliveira Vianna. Instituições Políticas Brasileiras. Editorial do Senado Federal. 1999. 4 Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. UNB. 1963. 5 Revista Pós Ciências Sociais. V8, n15 (2011). UFMA http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/view/578 http://www.ppgcsoc.ufma.br/index.php?option=com_content&view=article&id=470&catid=82&Itemid=114
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familial dans le Minas Gerais Brésilien6", discorreu sobre os modos de
transmissão de um capital político familiar. Como grupos sociais e políticos
transmitem e se reproduzem ao longo de várias gerações nas Minas Gerais.
Obras como a Cid Rebelo Horta, “Familias Governamentais em Minas Gerais7”,
apresentada no II Seminário de Estudos Mineiros e a tese de Frances
Hagopian, The Politics of Oligarchy: the Persistence of the traditional Elites in
contemporary Brazil8, investigaram a relevância das famílias na política
mineira. Não se trata apenas de um fenômeno regional, fenômeno mineiro,
mas trata-se de fenômeno nacional em maior ou menor grau.
Por que os pesquisadores e a teoria sociológica e política não
conseguiram visualizar e entender a continuidade e o papel das organizações
familiares ao longo do final do século XX ? Outro texto de Letícia Bicalho
Canedo oferece pistas, o artigo “Caminhos da memória: parentesco e poder”,
de 19949.
“A implantação da moderna ciência política no Brasil, após a
redemocratização de 1946 e nas décadas posteriores, não trouxe e nem
comportou a categoria “família” nos estudos políticos daquela época em diante.
Uma ciência política com uma epistemologia importada e com novos
pesquisadores “colonizados” por tradições científicas estrangeiras não
conseguiram perceber a importância da continuidade conceitual das famílias
políticas no cenário da redemocratização de 1946 e posteriormente na Ditadura
Militar - “após 1946, pelo que pude observar através da historiografia, os
sociólogos políticos, impressionado s com a novidade do pluripartidarismo
praticado após o regime autoritário de Getúlio Vargas (1937-1945),
abandonaram o dilema clássico, voltando-se para as tradições do estudo
dos partidos políticos europeus. Com isto, desprezaram qualquer
6 Bicalho Canêdo Letícia. La production généalogique et les modes de transmission d'un capital politique dans le Minas Gerais Brésilien. In: Genèses, 31, 1998. pp. 4-28.doi : 10.3406/genes.1998.1507http://www.persee.fr/web/revues/home/prescript/article/genes_1155-3219_1998_num_31_1_1507
7 Belo Horizonte. UFMG, 1956. 8 PhD thesis, Massachussets University, 1990. http://www.gov.harvard.edu/files/resume/Hagopian_vitae_7-11.pdf 9 Textos de História. Textos Hist.2 [3](1994):85-122. http://periodicos.unb.br/index.php/textos/article/viewFile/5753/4760
5
possibilidade de ver, na tentativa de legitimação e consolidação dos
partidos (ou na dificuldade para a consolidação deles), a ação de reativar os
enraizamentos locais e as filiações ancestrais, como na prática acontecia.
Houve o que se poderia chamar de acomodação de objeto, sob o ponto
de vista normativo. Tornou-se impossível pensar o bom funcionamento da
democracia sem a referência aos partidos nos moldes classificados pelas
lideranças europeias. O caráter arcaico de tal ou tal modo de organização
também coloria a discussão, sempre permeada de críticas à tradição
brasileira de partidos nascidos e estruturados dentro da burocracia do
Estado” (Canedo: 1994, 92. Nota 9).
Importantes estudos revelaram a importância das famílias e das
genealogias no estudo e na compreensão da política no Brasil. Em 1995 foi
publicada a obra “Os Herdeiros do Poder”, de Francisco Antonio Doria10. A
percepção e visualização da importância das famílias e da genealogia também
formam parte de um habitus de classe vivido e experimentado por um grupo
social e familiar, com certa história e consciência de classe. Pessoas e
pesquisadores de fora desta classe social histórica sempre terão mais
dificuldades em “enxergar” esta realidade “oculta e silenciosa” dos poderes
familiares e dos nepotismos, ainda mais se nunca a experimentaram ou
viveram nas suas práticas e memórias familiares.
A análise e identificação de um conjunto de famílias e de genealogias
regionais, estruturas familiares de longa duração, formando uma classe social
histórica no Brasil, revela um conjunto de relações sociais e de formas sociais
de patrimônios e de tipos de rendas. A estrutura familiar apresenta vários
casamentos com famílias igualmente antigas, ou com novos ingressantes e
imigrantes ao longo do tempo. A definição de uma antiga estrutura familiar
apresenta os seguintes itens sociais, tipos de posições, com carreiras sociais e
políticas:
1 – Bases agrárias. Sesmarias, grandes propriedades, fazendas. A posse da
terra continua sendo questão central para os políticos. Alceu Castilho ressalta a
10 DORIA, Francisco Antonio. Com a colaboração de Carlos Barata, Jorge Ricardo Fonseca, Ricardo Teles Araújo e Gilson Nazareth. Prefácio de Joel Rufino dos Santos. Os herdeiros do poder. 2ª ed. revista e ampliada, Rio de Janeiro, Revan, 1995.
6
importância da grande propriedade rural, associada com os atuais políticos
brasileiros, no livro “O partido da terra: como os políticos conquistam o território
brasileiro”11.
2 – Cargos políticos. “Homens bons” nas vilas. Cargos no Poder Legislativo no
Império e na República. Tribunais de Contas.
3 – Cargos políticos no Poder Executivo. Prefeituras, Governos dos Estados e
Secretarias, Governo Federal e Ministérios, cargos nas empresas estatais,
bancos públicos.
4 – Cargos no Poder Judiciário. Juízes nas vilas, Magistrados,
Desembargadores.
5 – Militarização. Ordenanças, Guarda Nacional, Forças Armadas. Oficiais
Superiores e Oficiais Generais. Comandos das Polícias.
¨6 – Clero, intelectuais, Escritores tradicionais, Professores Universitários
tradicionais. Donos de instituições de ensino. Donos das mídias.
7 – Ensino Superior. Advogados, Médicos, Engenheiros. Profissionais Liberais.
8 – Empresários. Comércio, indústria, serviços, licitações.
Trata-se de uma classe social histórica, que transmite e reproduz de
várias maneiras seu habitus de classe e seu ethos político para as novas
gerações. A velha classe dominante também transmite as velhas culturas do
“familismo” e do “nepotismo” para as novas famílias do poder, muitas das quais
possuíram origens migrantes, origens ascendentes e acabam casando com as
velhas famílias do poder. Muitas vezes o funcionamento e a lógica das
instituições operam mecanismos clientelísticos e formas de patronagem, que
11 Alceu Luís Castilho. O partido da terra: como os políticos conquistam o território brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012, 238p. Resenha de Camila Ferracini Origuéla: “Alceu Luís Castilho conclui afirmando que embora o livro seja uma espécie de reportagem, levanta a tese de que não existe apenas uma bancada ruralista no Brasil, mas, sim, um sistema político ruralista que controla parte do território nacional, formado por clãs familiares e financiado pelo agronegócio”. http://revista.fct.unesp.br/index.php/nera/article/viewFile/1858/1757
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beneficiam esquemas políticos familiares12. O tema das famílias é tema do
presente !
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) como estudo de caso
das relações entre Famílias e Poder nas Eleições de 2014.
O PSDB foi criado em 1988 como o resultado de insatisfações políticas
com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e com o processo
conduzido durante a Constituinte. O PSDB possuía a pretensão de ser um
partido político moderno e modernizador da política brasileira.
Verificamos na análise do perfil social e político dos principais
representantes do PSDB a condição da reprodução familiar e genealógica de
muitas das suas principais lideranças. O PSDB de 2014-2015 é um partido
constituído por poderosas oligarquias familiares.
Começamos pela análise do candidato do PSDB à Presidência da
República, em 2014, o Senador Aécio Neves. A análise genealógica de Aécio
Neves da Cunha é interessante e bastante representativa de sua classe social
histórica. A família possui muitas fazendas em diferentes municípios de Minas
Gerais13. O caso do aeroporto construído nas terras da família foi bastante
divulgado durante as eleições14. Uma das referências a uma das sedes de
fazenda é “Versalhes”15. Aécio é filho de Aécio Ferreira da Cunha, Deputado
Estadual e Deputado Federal pela ARENA e pelo PDS. Aécio Cunha foi
nomeado presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, posteriormente, conselheiro
de Furnas Centrais Elétricas e da Companhia Energética de Minas Gerais
(Cemig)16. O avô paterno de Aécio Neves, Tristão Ferreira da Cunha, também
foi Deputado Federal. A mãe de Aécio Neves foi Inês Maria Neves da Cunha,
12 Ver o nosso livro “O Silêncio dos Vencedores. Genealogia, Classe Dominante e Estado no Paraná”. Moinho do Verbo. 2001. Ricardo Costa de Oliveira. 1313 http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/07/como-familia-de-aecio-ficou-dona-de-terras-publicas-em-minas/ 14 http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,minas-fez-aeroporto-em-fazenda-de-tio-de-tucano-imp-,1531330 15 http://www.blogdacidadania.com.br/2014/07/aecio-chama-de-meu-palacio-de-versalhes-a-fazenda-em-que-construiu-aeroporto/ 16 Ayer, Flávia; Takahashi, Paula; Monteiro, Lilian. (4 de outubro de 2010). Morre pai de Aécio Neves. Jornal Estado de Minas. Caderno Gerais.
8
filha do Presidente Tancredo Neves, que teve longa carreira política e também
foi Ministro da Justiça, Primeiro-Ministro do Brasil, Governador e Senador por
Minas Gerais. A genealogia e a família de Aécio Neves da Cunha representam
a tradicional origem na grande propriedade e múltiplos cargos nos poderes
executivo, legislativo, judiciário17, nos bancos estatais, nas empresas estatais
de eletricidade e outras instituições do Estado. O primeiro emprego mais
importante de Aécio foi uma diretoria da Caixa Econômica Federal, assinada
pelo parente Ministro Francisco Neves Dornelles18. A indicação de parentes e
formas de nepotismo são tradicionais e associadas com a família19:
- Oswaldo Borges da Costa Filho (genro do padrasto do governador),
presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico e Minas Gerais;
- Fernando Quinto Rocha Tolentino (primo), assessor do diretor-geral do
Departamento de Estradas e Rodagem (DER/MG);
- Guilherme Horta (primo), assessor especial do governador;
- Tânia Guimarães Campos (prima), secretária de agenda do governador;
- Frederico Pacheco de Medeiros (primo), secretário-adjunto de estado de
governo;
- Andréia Neves da Cunha (irmã), diretora-presidente do Serviço de Assistência
Social de Minas Gerais (Servas);
- Ana Guimarães Campos (prima), servidora do Servas;
- Júnia Guimarães Campos (prima), servidora do Servas;
-Tancredo Augusto Tolentino Neves (tio), diretor da área de apoio do Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
17 “Em 2011, descobriu-se que um desembargador atualmente aposentado, um advogado e o primo de Aécio Neves, Tancredo Tolentino, transformaram o Tribunal de Justiça de Minas Gerais em um balcão de negócios, vendendo sentenças que libertaram traficantes de droga que operavam no estado. Conforme consta na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal ao Superior Tribunal de Justiça”. http://www.plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=74272 18 Diário Oficial. 15 de maio de 1985. Ministério da Fazenda. Decretos assinados em 14 de maio de 1985. 19http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2014/07/aecio-usa-lei-para-contratar-parentes-no-governo-de-mg-6376.html
9
Outra marca das famílias da classe dominante é a participação nas
mídias. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à Presidência da
República, declarou ações da empresa Diários Associados S/A, grupo que
opera 10 emissoras de TV, 12 rádios e 11 jornais no país20.
Aécio declarou na imprensa comentários sobre o aeroporto construído
nas fazendas do município de Claudio, Minas Gerais e em outros aeroportos:
“Viajei em aeronaves de familiares, no caso a da família do empresário Gilberto
Faria, com quem minha mãe foi casada por 25 anos(...) o jatinho, um Hawker
800, de numeração PT-GAF, pertence à empresa Banjet Táxi Aéreo Ltda, que
tem dois proprietários: Clemente de Faria (filho do padrasto de Aécio) e
Oswaldo Borges da Costa Filho.” “Pois bem, Oswaldo Borges da Costa, um
dos donos do jatinho, foi indicado por Aécio, já na transição para seu sucessor,
para uma das mais estratégicas estatais de Minas Gerais, a Codemig”. 21
A trajetória social e política de Aécio Neves é um “tipo ideal” da classe
dominante tradicional brasileira em suas formações oligárquicas e familiares.
Da mesma maneira a explicação sociológica do Governador Carlos
Alberto Richa – Beto Richa. Filho do ex-governador e ex-senador José Richa,
um dos fundadores do PSDB. Beto Richa casou com Fernanda Vieira, da
família Andrade Vieira do Banco Bamerindus. A genealogia de Fernanda Vieira
Richa vem desde famílias latifundiárias, como a família Junqueira22 e do Barão
de Lavras. Uma família de origem imigrante alcançando o poder contrai
matrimônios com velhas famílias estabelecidas do status quo. A esposa,
Fernanda Richa, é Secretária de Estado e o irmão, José Richa Filho, também é
Secretário de Estado. O primo no DETRAN, Marcos Traad e o primo Luiz Abi
Antoun, que foi preso em um escândalo de licitações públicas. Já investigamos
a genealogia e a rede de nepotismo da família Richa em outros textos23. A
20 http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/08/01/candidatos-tem-32-emissoras-de-tv-e-141-radios-pratica-nao-e-regulamentada.htm 21 http://www.ocafezinho.com/2014/07/31/dono-do-aeciojato-ganhou-estatal/ 22 Fernanda Bernardi Vieira Richa e Carlos Alberto Richa - pg. 1107. Família Junqueira. http://www.familiajunqueira.com.br/busca.asp?texto=Fernanda+Bernardi+Vieira+Richa&Submit=ok 23 Ricardo Costa de Oliveira. Na Teia do Nepotismo. Sociologia Política das relações de parentesco e poder político no Paraná e no Brasil. Insight. 2012.
10
família Richa está envolvida em várias denúncias na Receita Estadual e em
outras acusações.
O Governador do Pará, Simão Jatene, eleito pelo PSDB em 2014, criou
uma nova Secretaria Extraordinária de Integração e de Políticas Sociais e
nomeou a filha, Izabela Jatene, como titular da pasta24. Ela ganhará cerca de
R$ 21.000,00 no cargo.
Análise dos parlamentares hereditários do PSDB e suas relações
baseadas no “familismo” e no “nepotismo”. Como a família é fator central na
elegibilidade da bancada federal do PSDB em 2014.
O PSDB virou uma federação de ricos nepotes eleitos dirigindo o atraso
político no país. O poder passa de avô e pai para filho. Dinheiro e poder familiar
simbolizam Aécio Neves e Beto Richa no executivo. Os principais Deputados
Federais eleitos pelo PSDB também formam novas oligarquias familiares e a
principal reprodução política do PSDB é a família. Bruno Covas (neto do
governador Mário Covas) em São Paulo, Artur Virgílio Bisneto (filho e neto
de Senadores) no Amazonas, Rodrigo de Castro (filho do Deputado Danilo de
Castro) em Minas Gerais, Nelson Marchezan Junior (filho de presidente da
Câmara dos Deputados) no Rio Grande do Sul, Sheridan (mulher do
governador “cassado” José Anchieta) em Roraima, Max Filho (filho do
governador Max Freitas Mauro) do Espírito Santo, Pedro Vilela (neto de
Teotônio Vilela e sobrinho do Governador Teotônio Vilela Filho) em Alagoas,
Pedro Cunha Lima (filho do Senador Cassio Cunha Lima e neto do ex-
governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima), Mariana Carvalho (filha do ex-
deputado federal Aparício Carvalho) em Rondônia, Rogério Marinho (neto do
ex-deputado Djalma Marinho) no Rio Grande do Norte, Otávio Leite (filho de
Fernando Prado Leite, ex-deputado estadual e neto de Júlio César Leite, ex-
senador) no Rio de Janeiro, Valdir Rossoni (pai do ex-prefeito de Bituruna
Rodrigo Rossoni cassado pelo abuso de poder econômico) no Paraná, Daniel
Coelho, (filho do ex-deputado João Ramos Coelho), em Pernambuco, Márcio
Monteiro (pai de Guilherme Monteiro, vereador de Jardim) no Mato Grosso do 24 http://www.valor.com.br/politica/3968060/governador-simao-jatene-psdb-cria-secretaria-no-para-e-nomeia-filha/
11
Sul, João Castelo (pai da Deputada Estadual Gardeninha Castelo) no
Maranhão. Praticamente todos os parlamentares citados foram os deputados
mais votados do PSDB, nos respectivos estados e todos aqui apresentam
conexões familiares na política.
- Mario Covas Neto25 “foi eleito vereador pelo PSDB com 60.697 votos e está
em seu primeiro mandato. Presidente do diretório paulistano do partido, o filho
do governador Mario Covas Júnior e de Florinda Gomes. Covas integrou a
equipe de coordenadores das campanhas majoritárias do pai nas eleições ao
Senado Federal (1986), ao Governo do Estado de São Paulo (1990, 1994 e
1998) e à Presidência da República (1989). Atuou também na campanha de
Fernando Henrique Cardoso ao Senado (1978) e como coordenador das
campanhas proporcionais de Tião Farias a vereador (2004), e Bruno Covas a
deputado estadual (2006). Ocupou ainda uma secretaria na Prefeitura de
Caraguatatuba, litoral Norte de São Paulo (2010 e 2011). Apaixonado por
automobilismo – chegou a conquistar dois títulos brasileiros como piloto: na
Stock Car, em 1999, e no Kart, em 1975. Também teve passagens pela
Fórmula Ford e Fórmula Fiat, e ocupou a presidência da Associação das
Equipes e Pilotos de Stock Car. Mario Covas Neto, o Zuzinha foi citado pelo
Ministério Público em acusações de superfaturamento e mediante recurso teve
seu sigilo bancário restabelecido”26 . Mario Covas Neto é o presidente do PSDB
no município de São Paulo.
- Bruno Covas Lopes27. “Eleito deputado estadual com 122.312 votos, o
santista Bruno Covas, de 34 anos, é neto de Mario Covas, seu maior inspirador
na política. É advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo São
Francisco (USP) e economista pela PUC-SP. Foi presidente estadual e
nacional da juventude do PSDB, ocupou cargos na Executiva Estadual e hoje é
secretário Geral do PSDB/SP”. Em 2006, foi eleito deputado estadual com
122.312 votos. Secretário do Meio Ambiente de São Paulo em 2011. Reeleito
Deputado Estadual em 2012 com 239.150 votos. “Foi eleito deputado federal,
em 2014, com 352.708 votos, quarta maior votação do Estado e deputado mais 25 http://www.mariocovasneto.com.br/perfil/ 26 http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,justica-impede-quebra-de-sigilo-do-filho-de-covas,272818 27 http://brunocovas.com.br/perfil/
12
votado do PSDB”. “No dia 27 de setembro, a Polícia Federal (PF) de São Paulo
apreendeu R$ 100 mil em espécie e 16 cheques com Mário Welber no
aeroporto de Congonhas. Mário Welber, servidor público estadual e apoiador
da campanha de Bruno Covas (PSDB) no interior paulista, pediu demissão da
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental”28”
- Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Bisneto, nascido em Brasília, 1/10/1979. Filho
do Prefeito de Manaus e ex-senador Arthur Virgílio Neto, nascido em 1945. Já
foi Deputado Estadual no Amazonas e presidente do PSDB local. O avô Arthur
Virgílio do Carmo Ribeiro Filho nasceu em 12 de fevereiro de 1921, em
Manaus, Amazonas, filho do magistrado Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro e
Luiza da Conceição do Carmo Ribeiro. Arthur Filho foi Senador na década de
196029. Eleito Deputado Federal pelo PSDB em 2014.
- Rodrigo Batista de Castro. Filho do ex-deputado federal e ex-secretário de
Estado do Governo de Minas Gerais, Danilo de Castro. Foi Chefe de Gabinete,
Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Estado de Minas Gerais,
Belo Horizonte, MG, 2003-2006. Deputado Federal desde 200730. É empresário
ligado à construção civil e detém concessão de radiodifusão31. Eleito Deputado
Federal pelo PSDB em 2014
- Nelson Marchezan Junior. Filho do ex-deputado federal Nelson Marchezan e
da professora Maria Helena Bolsson Marchezan. Marchezan é advogado,
formado pela Unisinos (São Leopoldo-RS). Foi diretor de Desenvolvimento,
Agronegócios e Governos do Banco do Estado do Rio Grande do Sul
(Banrisul). Nessa função, foi responsável por financiamentos para o setor
produtivo e de fomento e pelas relações com o setor público, especialmente
prefeituras. Em 2006, Marchezan foi eleito o Deputado Estadual mais votado
28 http://g1.globo.com/sao-paulo/eleicoes/2014/noticia/2014/10/apoiador-de-bruno-covas-que-teve-dinheiro-apreendido-pede-demissao.html 29 http://www.senado.leg.br/senado/grandesMomentos/arthur.shtm 30 http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=141531 31 http://www.atlaspolitico.com.br/perfil/2/138 http://noticias.uol.com.br/politica/politicos-brasil/2010/deputado-federal/14071971-rodrigo-de-castro.jhtm
13
da bancada do PSDB do Rio Grande do Sul32. Eleito Deputado Federal pelo
PSDB em 2014
- Shéridan Esterfany Oliveira de Anchieta. Mulher do Governador José de
Anchieta Júnior (PSDB). Foi primeira-dama de Roraima de dezembro de 2007
a Abril de 2014. Foi Secretaria Extraordinária da Promoção Humana e
Desenvolvimento33. José de Anchieta teve o mandato cassado em 2011 pelo
TRE e recorreu. Eleita Deputada Federal pelo PSDB em 2014.
- Max Freitas Mauro Filho. Filho do ex-governador do Espírito Santo e ex-
deputado Max Freitas Mauro. Foi Analista Judiciário do Tribunal Regional do
Trabalho (TRT), Vereador, Deputado Estadual e Prefeito de Vila Velha.
Deputado Federal34. Eleito Deputado Federal pelo PSDB em 2014
- Pedro Torres Brandão Vilela. Filho de Elias Brandão Vilela Neto e de Francine
Torres Vilela. Neto do usineiro e Senador Teotônio Brandão Vilela, o Menestrel
das Alagoas, e sobrinho do atual governador do Estado de Alagoas, Teotônio
Vilela Filho. Teotônio era irmão de Dom Avelar Brandão Vilela, Arcebispo
Primaz do Brasil. É atualmente presidente do Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB) em Alagoas. Foi Secretário de Esporte e Lazer, Prefeitura
Municipal, Maceió, AL, 2013-201435. Eleito Deputado Federal pelo PSDB em
2014
- Pedro Oliveira Cunha Lima. Filho do atual Governador da Paraíba Cassio
Cunha Lima e neto do ex-governador Ronaldo Cunha Lima. Advogado36. Eleito
Deputado Federal pelo PSDB em 2014
- Mariana Fonseca Ribeiro Carvalho de Moraes37. Filha de Aparício Carvalho
de Moraes, ex-vereador de Porto Velho, ex-deputado federal e ex-vice-
governador de Rondônia. Mariana foi Vereadora em Porto Velho. Eleita
Deputada Federal pelo PSDB em 2014.
32 http://www.marchezan.com.br/biografia 33 http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=178961 34 http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=178827 35 http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=178844 36 http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=178912 37 http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=178956
14
- Rogério Simonetti Marinho. Filho de Valério Djalma Marinho, presidente da
OAB no Rio Grande do Norte e neto do Deputado Federal Djalma Marinho
(UDN, ARENA, PDS). Foi vereador em Natal38. Eleito Deputado Federal pelo
PSDB em 2014
- Otávio Santos Silva Leite. Filho de Fernando Prado Leite, ex-deputado
estadual e neto de Júlio César Leite, ex-senador. É afilhado de batismo do ex-
presidente Juscelino Kubitschek39. Foi vereador, vice-prefeito do Rio de Janeiro
e Deputado Estadual. Eleito Deputado Federal pelo PSDB em 2014
- Valdir Rossoni. Pai de Rodrigo Rossoni, prefeito de Bituruna. Cassado pelo
TRE por denúncias de abuso econômico em Bituruna40. Eleito Deputado
Federal pelo PSDB em 2014
- Daniel Pires Coelho. Filho do ex-deputado João Ramos Coelho. Foi vereador
em Recife41 e Deputado Estadual. Eleito Deputado Federal por Pernambuco.
Eleito Deputado Federal pelo PSDB em 2014
- Márcio Monteiro. Pai de Guilherme Monteiro, vereador de Jardim, Mato
Grosso do Sul. Eleito Deputado Federal pelo Mato Grosso do Sul. Eleito
Deputado Federal pelo PSDB em 2014
- João Castelo Ribeiro Gonçaves. Foi da ARENA. Ex-prefeito de São Luís e ex-
governador do Estado do Maranhão. Pai da Deputada Estadual Gardeninha
Castelo, Maranhão. Eleito Deputado Federal pelo PSDB em 2014
Cargos públicos preparam carreiras parlamentares. Os candidatos se
beneficiam de estruturas de poder, redes sociais, redes políticas e redes de
nepotismo organizadas há muito tempo por seus parentes e familiares no
poder.
38 http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=141535 39 http://www.otavioleite.com.br/biografia 40 Rodrigo Rossoni, que é filho do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, foi denunciado pela contratação de 528 cabos eleitorais na campanha para a eleição suplementar http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/filho-de-rossoni-prefeito-de-bituruna-tem-o-mandato-cassado-7z8ml918wg8gdpsj1cmlmpopa 41 http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=178916
15
Uma das mais tradicionais e emblemáticas famílias atuante no
parlamento é a família Andrada, de Minas Gerais, descendente do Patriarca da
Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva. “No período, a família
produziu 15 deputados e senadores, quatro presidentes da Câmara, oito
ministros de Estado e dois ministros do STF, além de governadores, prefeitos e
vereadores. Ao todo, rendeu mais de 20 políticos e ocupantes de altos cargos
públicos42”
- Lafayette Luiz Doorgal de Andrada. Nasceu em Belo Horizonte, 17 de outubro
de 1966. Reeleito Deputado Estadual, em 2014, em Minas Gerais. “Lafayette é
o sétimo dos oito filhos do deputado federal Bonifácio José Tamm de Andrada
e Amália Borges de Andrada. Seu pai se dedica há mais de cinco décadas ao
parlamento, como deputado estadual e federal. Proveniente de uma família de
políticos tradicionais brasileiros. Lafayette Andrada é descendente direto do
patriarca da Independência no Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva”43.
“Quando era criança em Barbacena, meus irmãos, eu e nossos amigos
brincávamos de eleição. Fazíamos votação com caixa de sapato e papel de
rascunho. Inventávamos partidos. A gente ganhava e perdia”, conta o
secretário. O ambiente familiar fez com que o gosto pela política aflorasse de
maneira natural, segundo ele. “Nós nascemos nesse meio. Na minha infância e
juventude, meu pai e meu tio eram deputados, meu avô foi deputado. Meus
irmãos mais velhos eram vereadores. Nós nascemos em um ambiente que
respirava política. Minha vida foi apontando para esse caminho”, afirma”44.
Lafayette45 já foi vereador em Lavras. Secretário Municipal de Desenvolvimento
em Barbacena. Vereador em Juiz de Fora. Superintendente de Assuntos
Municipais no Governo de Aécio Neves. Secretário de Defesa Social no
Governo de Anastasia.
- Antônio Carlos Doorgal de Andrada. Nascido no Rio de Janeiro, 21 de janeiro
de 1961. Advogado. Foi Vereador, Prefeito de Barbacena e Deputado Estadual.
42 http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/familia-andrada-esta-no-congresso-ha-190-anos/ 43 http://lafayetteandrada.com.br/lafayette-andrada/formacao/ 44 http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/familia-andrada-esta-no-congresso-ha-190-anos/ 45 http://lafayetteandrada.com.br/lafayette-andrada/trajetoria/
16
Conselheiro do Tribunal de Contas de Minas Gerais. Renuncia ao Tribunal de
Contas e foi reeleito Prefeito de Barbacena em 2012, derrotando a então
prefeita Danuza Bias Fortes (PMDB), que antes havia vencido um de seus
irmãos, Martin Andrada (PSDB).46
- Doorgal Gustavo Borges de Andrada. Filho de Bonifácio José Tamm de
Andrada e de Amália Borges de Andrada. Advogado. Desembargador do
Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desde 18/02/200947.
- Bonifácio José Tamm de Andrada. Reeleito Deputado Federal pelo PSDB de
Minas Gerais em 2014. Bonifácio mantém um mandato parlamentar há 60 anos
ininterruptos. Nascido em Barbacena, em 14 de maio de 1930. Filho de José
Bonifácio Lafayette de Andrada, nascido em Barbacena, 1 de maio de 1904.
Falecido em Belo Horizonte, 18 de fevereiro de 1986. Foi um advogado e
político brasileiro, signatário do Manifesto dos Mineiros, constituinte estadual
em 1935 e membro da Assembleia Nacional Constituinte de 1946. Deputado
Federal por oito mandatos e presidente da Câmara dos Deputados (1968-
1970). José Bonifácio Lafayette Filho era neto do diplomata José Bonifácio de
Andrada e Silva e de Corina Lafayette de Andrada, sendo também sobrinho de
Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, Presidente de Minas Gerais (1926-1930),
autor da célebre frase: “façamos a revolução antes que o povo a faça”. O irmão
de Bonifácio José, José Bonifácio Tamm de Andrada, também foi Deputado
Federal. A complexa genealogia desta família nos últimos duzentos anos
revela importantes conexões com o Estado48.
- Jutahy Magalhães Junior. Eleito Deputado Federal pelo PSDB da Bahia em
2014. Nascido em Salvador, em 14/10/1955. Filho de Jutahy Borges
Magalhães, vereador, deputado estadual, deputado federal e senador pela
ARENA e PDS. Neto do Governador da Bahia (1931-1937 e 1953-1957) e
46 http://www2.em.com.br/app/noticia/especiais/eleicoes/eleicoes-zonadamata/2012/10/08/noticias_internas_eleicoes,322293/toninho-andrada-vence-a-tradicional-disputa-contra-os-bias-fortes-em-barbacena.shtml 47 http://ftp.tjmg.jus.br/institucional/desembargadores/curriculum/doorgalgustavoborgesdeandrada.html 48 Bibliografia Dicionário Biográfico de Minas Gerais - Período Republicano - 1889/1991, vol. 1, Coordenação: Norma de Góis Monteiro, ed. Assembléia Legislativa de Minas Gerais/Universidade Federal de Minas Gerais, 1994.
17
primeiro Presidente da Petrobras (1954), Juracy Montenegro Magalhães49.
Jutahy Junior foi eleito deputado federal por sete vezes, secretário estadual de
Justiça e Direitos Humanos e Ministro do Bem-Estar Social (1992-1993).
- Tasso Ribeiro Jereissati. Eleito Senador pelo PSDB do Ceará em 2014.
Nascido a 15 de dezembro de 1948, em Fortaleza, Tasso Jereissati é filho do
Senador Carlos Jereissati. Empresário e político. Tasso foi Governador do
Ceará (1987-1991 e 1995-2002) e Senador (2003-2011).
Conclusão
Observamos a generalidade dos fenômenos do nepotismo e do
familismo na moderna política brasileira. Fenômeno em expansão e distribuído
de maneira regular em todas as regiões do Brasil. As famílias políticas não
representam velhos arcaísmos e nem sobrevivências de um passado patriarcal,
mas formam estratégica unidade social de atuação das modernas famílias
políticas na contemporaneidade. A política brasileira se organiza na sua
infraestrutura pela dimensão familiar, muitas vezes mais orgânica e atuante do
que os partidos políticos, que muitas vezes apresentam apenas o papel de
viabilização eleitoral das parentelas políticas. Mais da metade da Câmara dos
Deputados apresenta vínculos de parentesco e praticamente dois terços do
Senado contam com parentescos e pertencimentos às famílias políticas50.
Jovens parlamentares quase sempre são eleitos com apoio de famílias
políticas. As famílias políticas possuem os maiores recursos financeiros e os
maiores capitais políticos familiares nas eleições. Mais dinheiro e maiores
redes políticas de influência e atuação de dentro do aparelho de Estado. Os
partidos políticos muitas vezes são controlados por famílias nas suas
dinâmicas institucionais.
49 Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001 http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/biografias/juraci_magalhaes 50 http://placar.eleicoes.uol.com.br/2014/1turno/pr/apuracao-no-estado/ http://infograficos.oglobo.globo.com/infograficos/dna-do-congresso.html http://oglobo.globo.com/brasil/no-congresso-renovado-familias-estao-em-alta-15211238?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O+Globo http://oglobo.globo.com/blogs/base-dados/posts/2015/02/09/deputados-com-parentes-na-politica-arrecadam-mais-para-campanha-560623.asp
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Muitos parlamentares atuam na forma de famílias políticas. Boa parte do
comando da política no Brasil ainda segue as orientações de grupos familiares
com interesses específicos e elitistas. Muitas agendas políticas e políticas
públicas votadas no Congresso Nacional dependem da sanção e das posições
políticas das oligarquias familiares no Poder Legislativo, quando não das
oligarquias familiares encasteladas em vários executivos nos Estados da
Federação, nos Tribunais de Contas, nos Judiciários, nos cartórios, nas mídias,
no empresariado.
As instituições são atravessadas pelos interesses das famílias
dominantes e as regras formais muitas vezes são manipuladas e distorcidas
em questões como os financiamentos e os mecanismos eleitorais. Conhecer a
realidade social e familiar da política brasileira é o primeiro passo para se
entender o que acontece nas relações entre as estruturas de parentesco e as
estruturas de poder político no Brasil. A desigualdade social também é mais um
produto da desigualdade familiar na representação do poder político, em que
famílias e grupos da classe dominante controlam e hegemonizam o poder
político, em detrimento de grupos sociais excluídos da classe trabalhadora, do
campesinato, dos pobres, negros, mulheres e muitos outros grupos subalternos
na sociedade brasileira. Grupos sociais estes desamparados de capitais sociais
e capitais políticos monopolizados pelas famílias dominantes. Um partido
político formado por oligarquias familiares não terá como objetivo a ampliação
dos direitos sociais. O descaso com a educação pública e as crises com os
professores nas greves de 2015 simbolizam o projeto de poder elitista de
grupos familiares com interesses privatizadores no Estado. A democracia e a
cidadania só podem ser construídas na esfera pública da inclusão social e da
distribuição de renda.
19
OLIGARQUIZAÇÃO FAMILIAR DO PSDB.
PARLAMENTARES DO PSDB EM 2015. FAMÍLIAS E PODER POLÍTICO:
Nome do Político
Cargo em 2015 Família Estado
Aécio Neves da
Cunha
Senador. Candidato à
Presidência em 2014
Avô - Tancredo
Neves. Presidente da
República eleito em
1985
Minas Gerais
Beto Richa Governador do
Paraná
Pai - José Richa.
Governador
Paraná
Simão Jatene
Governador do Pará
Filha - Izabela Jatene.
Secretária
Extraordinária.
Pará
Bruno Covas Lopes Deputado Federal Avô - Mário Covas.
Governador
São Paulo
Mário Covas Neto Vereador Pai - Mário Covas.
Governador
São Paulo
Arthur Virgílio Bisneto
Deputado Federal
Pai - Arthur Virgílio
Neto. Prefeito de
Manaus
Amazonas
Rodrigo de Castro Deputado Federal Pai - Danilo de Castro.
Deputado Federal
Minas Gerais
Nelson Marchezan
Junior
Deputado Federal
Pai - Nelson
Marchezan. Deputado
Federal
Rio Grande do Sul
Shéridan Esterfany
Oliveira de Anchieta
Deputada Federal
Marido – José de
Anchieta Junior
Roraima
Max Freitas Mauro
Filho
Deputado Federal Pai - Max Freitas
Mauro
Espírito Santo
Pedro Torres Brandão
Vilela
Deputado Federal
Tio – Teotônio Vilela.
Governador Alagoas
Alagoas
Pedro Oliveira Cunha
Lima
Deputado Federal Pai – Cássio Cunha
Lima
Paraíba
Mariana Fonseca
Ribeiro Carvalho de
Moraes
Deputada Federal
Pai. Deputado
Federal. Aparício
Carvalho de Moraes
Rondônia
Rogério Simonetti
Marinho
Deputado Federal Avô Djalma Marinho.
Deputado Federal.
Rio Grande do
Norte
20
Otávio Santos Silva
Leite
Deputado Federal
Pai. Fernando Prado
Leite. Deputado
Estadual.
Rio de Janeiro
Valdir Rossoni Deputado Federal Filho. Rodrigo
Rossoni. Prefeito de
Bituruna. Cassado !
Paraná
Daniel Pires Coelho
Deputado Federal
Pai. João Ramos
Coelho. Deputado.
Pernambuco
Márcio Monteiro
Deputado Federal
Filho. Guilherme
Monteiro. Vereador
em Jardim
Mato Grosso do Sul
João Castelo
Deputado Federal
Filha. Gardeninha
Castelo.
Maranhão
Bonifácio José Tamm
de Andrada
Deputado Federal
Clã Andrada
Minas Gerais
Jutahy Magalhães
Junior
Deputado Federal
Pai. Jutahy
Magalhães. Senador
Bahia
Tasso Ribeiro
Jereissati
Senador Pai. Carlos Jereissati
Senador
Ceará