XVII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Cartagena, Colombia, 30 oct. - 2 Nov. 2012
Governança eletrônica móvel no Brasil: situação atual e perspectivas
Everson Lopes de Aguiar
1 INTRODUÇÃO
Registros apontam que o Estado brasileiro vem utilizando as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) desde a década de 1960 por intermédio de empresas publicas de processamento de dados. Em nível federal, a instituição pioneira, foi o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) criado em dezembro de 1964. Já nos estados, a instituição que iniciou o uso desses recursos foi a Companhia de Processamento de Dados do Paraná (CELEPAR) criada por lei estadual, também no segundo semestre daquele ano.
Desde o final da década de 1980 as diversas esferas do governo brasileiro vem paulatinamente utilizando as TICs como instrumento de modernização administrativa dos processos e trâmites de governo bem como, para as interações com o Estado e a sociedade. Na década seguinte, de forma mais acentuada, ocorreu o movimento de reforma do Estado, de redução da máquina administrativa e de mudanças políticoadministrativas em paralelo ao desenvolvimento da Internet. No âmbito federal, esses avanços nos processos de gestão e de melhoria da prestação de serviços públicos estavam sob a coordenação da antiga Secretaria da Administração Federal da Presidência da República, que atualmente corresponde ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Para Diniz et al (2009) o conceito de governo eletrônico está relacionado ao uso das TICs e extrapola essa perspectiva. Eles retomam o pensamento de alguns teóricos e associam tal compreensão a modernização do Estado, a melhoria da eficiência dos processos operacionais e a prestação de serviços públicos eletrônicos disponibilizados por meio da internet. Segundo esses autores esse conceito emergiu após a consolidação e disseminação do comércio eletrônico e do uso das tecnologias nos diversos níveis de governo. Este conceito recebeu na literatura a simples denominação de ‘egov’ e tornouse objeto de várias áreas do conhecimento sendo que essas podem ter várias dimensões.
Estudiosos do assunto afirmam que o governo eletrônico emergiu entre a segunda e a terceira geração de reformas do Estado mais propriamente após o Consenso de Washington. Essas reformas da administração pública se sucederam com características, métodos e técnicas de naturezas diversas, no intuito de modernizar e flexibilizar a organização estatal para adequála às novas possibilidades e demandas que emergiram com a sociedade da informação.
Ressaltese que na década de 1990 o Brasil teve projeção internacional devido ao desenvolvimento de casos de sucesso em governo eletrônico tais como: a declaração do imposto de renda em meio eletrônico e seu envio pela internet, os portais Rede Governo e Comprasnet do Governo Federal, a votação eletrônica, as centrais de atendimento integrado como o Serviço de Atendimento ao Cidadão da Bahia (SAC), além de outros.
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Vale enfatizar que esse último caso, baseado no conceito de onestopgovernment, isto é, prestação de serviços a cidadãos e empresas em janela única, foi o que maior impacto gerou na sociedade, pois se tornou uma boa pratica de ‘egov’ e se replicou para todo o Brasil. Essas centrais colocam a disposição da sociedade uma série de serviços e informações antes dispersos em diversos órgãos do governo. Isso corresponde mais propriamente, às primeiras iniciativas de governo eletrônico focados nas necessidades da sociedade. Exemplos desse modelo são: o Poupatempo, em São Paulo; o Na Hora, em Brasília; o Rio Simples, no Rio de Janeiro; além de outros.
1.1 A Tendência Tecnológica da Mobilidade nos Governos
Segundo a União Internacional de Telecomunicações (UIT) o Brasil ocupa atualmente a sexta posição no ranking mundial de linhas habilitadas de celulares. O país é superado apenas por China, Índia, Estados Unidos, Rússia e Indonésia. Na América Latina, o país se situa na liderança seguido de México, Argentina, Colômbia, Venezuela e Chile, segundo o portal da consultoria Teleco. (Teleco s.d.)
O potencial dos aparelhos celulares para a entrega de serviços públicos é apontado na Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílio PNAD (2009). A análise dos dados desta pesquisa, demonstrou que a posse do telefone móvel se apresentou mais difundida na população (41,2%) que o acesso a Internet. Este estudo demonstrou também que em todas as grandes regiões brasileiras a posse de telefone móvel está em crescimento conforme a elevação do nível de instrução e que a uma relação direta da posse desse dispositivo com o aumento da faixa de rendimento mensal domiciliar per capita.
Corroborando a última afirmação acima, a pesquisa sobre o ‘Cenário atual das telecomunicações no Brasil’, realizada pelo Ibope Mídia no final do ano de 2006, revelou que pelo menos um quarto dos domicílios brasileiros tem ao menos duas linhas de telefone móvel. No entanto, o acesso a Internet por intermédio de celular ocorre apenas em 5,4% dos entrevistados.
Entre as funcionalidades proporcionadas por esses aparelhos que poderiam ou já estão sendo exploradas em iniciativas de governo móvel estão o envio do SMS, o desenvolvimento de aplicativos GPRS/EDGE, de apps e o acesso a Internet móvel por intermédio das tecnologias WAP em dispositivos simples. Não obstante pode ser explorando também o acesso a páginas HTML, XHTMLMP ou WML. Vale destacar que a experiência de mensagens com assinatura de notícias e leilões reversos na tv brasileira demonstrou que as pessoas podem estar dispostas a pagar pela utilização de serviços nesse canal.
Zago (2008) cita pesquisa do IDC Brasil realizada junto a empresas de médio e grande porte cujos resultados indicam que o mercado corporativo de mobilidade está em franco desenvolvimento e apresentou grande potencial no ano de 2008. O estudo destacou que o setor de serviços e o governo dispõem de parcela significativa de funcionários com atividades externas de campo uma vez que os empregados realizam aproximadamente 23% de suas atividades distantes de seus escritórios. O relatório apontou que há também um movimento de investimentos em redes sem fio internas e em aplicações como email pelo celular e acesso à Internet, destacase ainda, o uso de smartphones para acessar intranets das empresas e suas aplicações.
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Tanto no setor de serviços, quanto no âmbito governamental, os investimentos se justificam pelo aumento de eficiência em alguns processos gerados pela adoção de tecnologias móveis. Assim, já tarda o momento em que os gestores públicos, bem como a sociedade aproveitem e promovam a massificação dos benefícios advindos pela mobilidade tecnológica.
Segundo pesquisa da consultoria Gartner Group (Giurlanie, 2006) com CIOs, as aplicações que suportam mobilidade estavam em terceiro lugar no ranking das 15 tecnologias com maior índice de crescimento de investimentos até o ano de 2009. Desta forma, retomase os argumentos de Holanda & Souto (2006, p. 11) os quais afirmam que as “telecomunicações, computadores e softwares estão convergindo numa infraestrutura que tem, não apenas mudado o paradigma de comunicação, como construído uma plataforma para o desenvolvimento econômico e um meio para ampliar as interações sociais.”
O potencial de exploração de serviços de governo através de celulares é bastante amplo, haja vista que a penetração de celulares em 16 das unidades da federação é superior a um aparelho por pessoa (Atlas Brasileiro de Telecomunicações, 2011), pois a densidade nacional de celulares é de 123,87/ 100 hab (ANATEL, Dez2011). Dados da UIT apontam que o Brasil situase entre os 98 países do mundo com densidade maior que 100 cel/100 hab. Em dezembro passado o total de linhas habilitadas no ano totalizou 242,2 milhões (ANATEL). Somente em 2011 foram adicionadas a base mais de 29 milhões de novas linhas, o que correspondeu a um recorde desde o início do levantamento, pois ocorreu um crescimento de 19,36% em relação ao ano anterior.
Os serviços de terceira geração alcançaram no mesmo período 41,1 milhões dos quais 7,87 milhões equivalem a terminais de dados para acesso a web. Atualmente, a quase totalidade (99,99%) dos 5.565 municípios possuem serviços de telefonia móvel devido a mais de 53 mil estações rádio base (ANATEL, Dez11). Segundo Takayanagi (2007) o cenário do setor de telecomunicações é tão promissor que a agëncia reguladora prevë um crescimento exponencial até 2022 que ultrapassará os 320 milhões. Não obstante é importante destacar também que a ANATEL publicou o edital para licitação da Quarta geração de telefonia móvel de maneira que as cidades sedes das copas das confederações e da copa do mundo tenham os serviços disponíveis até o final de 2013.
O setor privado já percebeu a importância desse canal eletrônico e vem desde 2006 disponibilizando serviços bancários. Somente naquele período foram realizadas cerca de 25 milhões de transações em dispositivos portáteis. Apenas uma iniciativa de um banco governamental respondeu por quase 80% dessa demanda. Essa instituição realizava, na ocasião, mensalmente, algo em torno de 2 milhões de transações entre consultas, transferências, pagamentos e recargas. Esta boa prática de capilaridade em massa de serviços bancários atingiu em 2006 regularmente 340 mil usuários (Ferreira, 2007). Atualmente, esse banco envia mensalmente 20 milhões de mensagens de texto para seus clientes. (informação verbal).
A Pesquisa ‘TIC domicílios & Usuários de 2010’ do Comitê Gestor de Internet do Brasil (CGI), apontou que 79% dos entrevistados utilizaram telefone celular nos últimos três meses e 49% desses aproveitaram as facilidade do serviço de envio e recebimento de mensagens de texto. Todavia, apenas 26% dos entrevistados acessaram serviços de governo pela internet (CGI.br)
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Enfim, a evolução das tecnologias móveis, a facilidade de uso dos aparelhos celulares, a alta comunicabilidade e o baixo custo de aquisição desses dispositivos vêm provocando uma nova dinâmica no mercado ao passo que os cidadãos começam a pressionar o Estado pelas mesmas facilidades na prestação de serviços governamentais. Junto a isso, a comoditização de tecnologias integradas e convergentes em detrimento a canais tradicionais de contato com cidadãos e empresas pode ser um excelente caminho para ampliar a interação entre governo e sociedade.
Em pesquisa realizada recentemente junto as principais fontes públicas eletrônicas em bibliotecas virtuais e junto a sites de governos estaduais foram detectados poucos trabalhos acadêmicos que abordem casos específicos de iniciativas de governo móvel. Aliado a isso, há uma grande dicotomia entre as necessidades e a realidade da disponibilização de serviços públicos eletrônicos. Diante disso, esta investigação se apresenta como de grande relevância uma vez que há poucas produções acadêmicas sobre a governança eletrônica móvel no país, sobre o estágio atual dessa, bem como sobre iniciativas de Mserviços em governos.
2 DESENVOLVIMENTO2.1 Governança, Governança eletrônica, Governança Eletrônica Móvel e o Governo móvel
BARBOSA, FARIA & PINTO (2007) afirmam que a governança se refere ao aperfeiçoamento da capacidade das instituições públicas através da adoção de princípios gerenciais centrados em resultados com destaque para mecanismos de controle, na adoção de boas práticas de gestão que possibilitem o efetivo monitoramento das iniciativas por parte da sociedade. Para a UNESCO o termo governança trata da autoridade econômica, política e administrativa compreendendo também, a participação cidadã e o exercício dos direitos e deveres. Bento (2003) afirma que esse termo referese ao conjunto de procedimentos e mecanismos relacionados com a dimensão participativa e plural da sociedade. Segundo as três fontes supracitadas os avanços das TICs e da internet geraram oportunidades para transformar as relações entre governos e cidadãos colaborando para a boa governança. Para VAZ (2005) as principais questões no que tange a promoção da governança eletrônica e da Internet estão relacionadas aos impactos na forma como os cidadãos se relacionam com os governos.
No documento intitulado ‘Gobernabilidad electrónica – fortalecimiento de la capacidades de governabilidad electrônica’ a UNESCO apresenta características de uma boa governança com destaques para participação, transparência e informação. Nesse documento se realça a oportunidade de otimização da mesma com os novos recursos tecnológicos, pois esses melhoraram a fluidez das interações, aprimoraram a prestação de serviços e estão promovendo a redução gradativa dos custos transacionais que por conseqüência tornam os serviços mais acessíveis. Para essa instituição o conceito de egovernança é mais amplo que o de governo eletrônico.
Frey (2007) alude a Hirst (2007) e Rhodes (2000) para afirmar que o conceito de governança é multifacetado. Todavia, esse autor chama atenção para o fato de que tal compreensão tende para uma gestão compartilhada e interinstitucional que envolve governo, empresas e o terceiro setor. Para as Nações Unidas a governança eletrônica “se refere ao uso das tecnologias da informação e comunicação para transformar e suportar os processos e estruturas de um sistema de governança” (UNPAN, s.d.).
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No entanto, esse organismo de cooperação internacional chama atenção para o fato de existirem muitas definições para esse termo. Ela depende estritamente da dimensão adotada de governança. Registrese que esse conceito inclui governo eletrônico agregandose a ele a participação, interação e o engajamento das partes interessadas.
Segundo Ruediger(2007, p. 4) a governança eletrônica (egovernance) é “ uma oportunidade de constituir um ‘estado virtual’, extensão do estado real, como ente facilitador de mudanças institucionais e espaço de promoção de uma reinvenção do próprio governo real.” Já para Fountain (2005) ela está associada ao uso estratégico das TICs como elemento que possibilita a institucionalização de um novo modelo de gestão.
Por fim, Gamos (2009, p. 2) compreende a egovernance como “a forma em que o setor público emprega TICs para melhorar a prestação de contas, a transparência, a eficácia, a prestação de serviços públicos e a participação cidadã na tomada de decisões.” Seja qual for o conceito considerado de governança eletrônica, ela trata das interações entre governo, cidadãos e empresas, bem como das operações internas do próprio governo para simplificar e melhorar a gestão. A governança eletrônica deve perseguir os mesmos objetivos da boa governança.
Para que a egovernance tenha bons resultados se faz necessário a celebração de compromissos dos líderes políticos, do setor privado e da sociedade civil a fim de que sejam implementadas transformações nas relações entre os atores. Isso é importante, pois como aponta Prates (2007, p. 117), ao discutir os dilemas da administração pública no país, o sistema de formulação e implementação de políticas públicas é fortemente centralizador. Para ele a solução perpassa “a motivação dos atores políticos para mobilizar energias que alimentam novos ou velhos sistemas de participação e representação na sociedade”.
Neste contexto a sociedade civil vem contribuindo para a elaboração de estratégias e agendas nacionais ao dar ênfase nas TICs. Ela deixa de ser espectadora e assume um papel protagônico no processo de tomada de decisões e na formulação e implementação de agendas digitais.
Derivado do conceito de egovernance a governança eletrônica móvel ou simplesmente Mgovernance é uma espécie de subconjunto da primeira. Shukla (2008) compreende a governança eletrônica móvel como o uso “das tecnologias e serviços móveis como uma plataforma de comunicação para melhorar a eficiência e a eficácia da governança.” Ao passo que para VIJAYAKUMAR, SABARISH & KRISHNAN (s.d.) a governança eletrônica móvel se define como “uma estratégia e sua implementação envolve a utilização de todos os tipos de serviços, aplicações e dispositivos sem fio para melhorar os benefícios para cidadãos, empresas e para todas as unidades do governo.”
Segundo Rannu (2004) a governança eletrônica complementa a governança eletrônica móvel principalmente, na entrega de serviços para a sociedade, bem como em novas formas de participação que emergem. Para esse estudioso isso se torna mais evidente em serviços de Mdemocracia e Madministração. Ele destaca que no primeiro caso podem ser explorados feedbacks de políticas e especificações, pesquisas de opinião, votações via celular, entre outras. Ao passo que no seguinte podem ser disponibilizados alertas climáticos, informações sobre trafego, entre outros.
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Cabe explicitar também neste marco teórico uma compreensão de governo móvel. Para isso revisitase a percepção de Aguiar (2009) segundo o qual o conceito permeia o uso intensivo de tecnologias e dispositivos portáteis por parte dos governos. Esse acesso pode ocorrer diretamente pelo usuário, como por exemplo, por intermédio de envio de um SMS ou por meio da interação humana em que unidades móveis (veículos) do Estado se deslocam para áreas longínquas para entregar serviços públicos. Se ressalte que esse autor apresenta em estudo sobre barreiras em iniciativas de governo móvel, todo um constructo teórico e destaca que o governo móvel se encontra em desenvolvimento.
Obstante Tavares (2009) chama atenção para o fato de que o cidadão pouco apóia a tomada de decisão governamental. Isso fica claro devido ao baixo índice de participação social nos processos democráticos seja por problemas de acesso aos ambientes ou devido a dificuldades de manifestação concisa por intermédio de portais e sítios públicos. No entanto, os canais portáteis poderão ser novos meios alternativos para os cidadãos acessaram a benefícios de participação e de apoio ao governo em suas decisões.
Cabe destacar que segundo Lallana (s.d.a) o governo das Filipinas vem estimulando a participação política por meio da exploração de iniciativas de governo móvel para expressar a opinião dos cidadãos em assuntos políticos, como ferramenta em processos eleitorais e meios para aprimorar a governabilidade democrática.
A exploração de iniciativas de governo móvel no Brasil teve início por volta do ano 2000. Naquele período o Estado da arte tecnológica era a tecnologia Wap. Mas foi somente em 2003 que se alavancou o desenvolvimento de iniciativas disponibilizadas por intermédio de canais móveis com a implementação de ambientes Java (GSM) e Brew (CDMA) os quais possibilitaram downloads de aplicações para aparelhos portáteis. Entretanto, Blazoudakis (2006, s.d.) afirma que somente em 2006 é que ocorreu a popularização do acesso a todas essas aplicações intermediadas de números únicos (unique short codes). CUNHA; ANNENBERG & AGUNE (2007) consideram que foi apenas naquele ano que se deu a consolidação de serviços de governo móvel ou Mserviços no país por meio do envio de mensagens de texto.
Enfim, compreendese por governança eletrônica móvel as diversas interações do governo realizadas por intermédio de tecnologias portáteis ou sem fio gerando transparência, eficácia, participação cidadã e a melhoria da prestação de serviços públicos. Com isso, se conclui a apresentação e o debate sobre o conceito de governança eletrônica móvel, primeiro objetivo intermediário deste estudo.
No entanto pesquisas nas três esferas do governo brasileiro demonstraram que ainda são poucas as iniciativas que exploram a interação com a sociedade por intermédio de canais móveis. Aguiar (2010) realizou levantamento de iniciativas de governo móvel por ocasião da 2ª Conferência Web W3C Brasil e identificou pouco mais de 70 serviços eletrônicos disponibilizados à sociedade por meio de dispositivos portáteis. Todavia, desses apenas quatro possibilitavam a interação bidirecional para fazer denúncias. São eles: o ‘SMS – Denúncia’ da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos; o ‘Sistema de automação de fiscalização com uso de PDA’s da Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo – PRODAM /SP e da Secretaria de Gestão do Município de São Paulo; e a Secretaria do Meio Ambiente em conjunto com a Companhia de Tecnologia de
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Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb) que permite a apuração de denúncias relativas a posturas. Também pode ser considerado o serviço ‘ordem do dia e correio eletrônico’ do Senado Federal.
Entre os casos pioneiros no Brasil Aguiar (2012) destaca o Projeto fortalecimento da cidadania, do governo de Paraná; Siscomex Móbile, do SERPRO;’Sefaz Móvel’, do governo da Bahia; Móvel governo estadual de Alagoas; SIGO, em Mato Grosso do Sul; em São Paulo o ‘Poupatempo móvel’, o ‘ePoupatempo Wireless’, o ‘Cidadão Móvel’, o ‘Perto de você’ e o ‘Labihc móvel’; a iniciativa ‘onde está seu bloco’ do governo da Bahia; o ‘Informa fácil’ do estado do Piauí e o ‘Pronto Atendimento Itinerante (PAI)’, do governo do Amazonas. Essas aplicações já demonstraram o quanto podem melhorar a vida da sociedade e ampliar a interação com o Estado. A seguir serão apresentadas algumas dessas iniciativas:
2.2 Alguns Casos Pioneiros de Aplicações de Governo Móvel no País2.2.1 Projeto fortalecimento da cidadania do governo do Paraná
Lanza (2007) afirma que o projeto de governo móvel do estado do Paraná denominado ‘Fortalecimento da cidadania’ teve início no ano de 2001. Tal projeto tinha o objetivo de promover a simplificação de processos e o foco no cidadão. A pesquisadora afirma que havia até 2007 os seguintes serviços disponibilizados pelo canal celular: aviso de vagas de emprego; andamento de processo de concurso público; cotações de produtos hortifrutigranjeiros da central de abastecimento agrícola (CEASA); a programação cultural do teatro Guaíra; notícias do governo estadual; informações sobre licenciamento e multas de veículos; alerta para a possibilidade de intempéries tais como: enchentes, secas e geadas; notícias da Secretaria de Comunicação do Governo; e, agendamento de reuniões de egov. Ortolani (2002) cita ainda, entre os serviços prestados por aquele governo, a consulta de antecedentes criminais por parte das autoridades de segurança; informações de detentos e sua situação; capacidade de unidades penitenciarias e vagas; localização de detentos; e, situação de empresas com relação a tributos estaduais.
O uso da tecnologia SMS para entrega de serviços públicos aos cidadãos no Paraná foi pioneiro, com o envio de torpedo para a CEASA. Ferrari & Sermoud (2006) em entrevista a Lanza afirmam que a cada 12 mensagens enviadas, uma vaga de emprego é preenchida. Eles ressaltam também que o número de agricultores cadastrados para o serviço de cotações agrícolas foi superior a 900 pessoas.
Para Lanza (2007), entre 2001 e 2007, aquele estado teve os seguintes avanços no projeto de governo móvel a: parceria com as operadoras, a identificação do cidadão/serviço, a padronização dos pontos menos polêmicos, a licitação pública e a definição de regras de uso corporativo. Informações recentes de janeiro de 2012 divulgadas no portal da CELEPAR relatam o lançamento do novo portal móvel daquele estado. Esse apresenta como diferencial a conversão do catálogo do portal de serviços para um ambiente multiplataforma.
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2.2.2 Siscomex mobile
Bosch (2007) apresentou no Mgov 2007 a aplicação piloto Siscomex Mobile customizada pelo SERPRO. Essa ação possibilita o acesso a informações de comércio exterior brasileiro para empresas de pequeno, médio e grande porte e a despachantes. Ela foi projetada para permitir o acesso a qualquer conteúdo de uma operação de comércio exterior de forma simples e rápida.
A ação desenvolvida pela integradora de conteúdo Mobigate consiste numa aplicação que utiliza o conceito de formulário e atalhos offline intercalado com comunicação GPRS de acesso a dados em tempo real. Isso faz com que o desenvolvimento tenha baixo custo, pois há uma redução do tráfego visto que as informações estáticas não trafegam e as características dos celulares são adquiridas apenas no momento da execução, isto é, sem a necessidade de arquivos de configuração. Segundo Bosch (2007) ela permite ainda, alta portabilidade uma vez que apresenta interface padronizada de comunicação com alta qualidade em textos, imagens e gráficos, independente do modelo do dispositivo e da operadora. Situase entre suas características a possibilidade de personalização de conteúdo e a flexibilidade do modelo de negócio.
2.2.3 Sefaz móvel
Além de iniciativas de governo eletrônico no modelo onestopgovernment, como mencionado na contextualização, o estado da Bahia apresenta iniciativas de Mserviços de governo como a ‘Sefaz Móvel’. Essa consiste numa aplicação eletrônica concebida para a área de fiscalização tributaria. Desenvolvida pela Secretaria de Fazenda daquele estado brasileiro, a aplicação é utilizada em iniciativas de campo e garante maior portabilidade, flexibilidade, velocidade de resposta e uma boa relação custo benefício. Para isso, segundo Oliveira (2007), houve a substituição dos dispositivos de comunicação via rádio por palms com recursos de comunicação de voz e dados. Esses últimos recursos permitem uma maior confiabilidade e segurança. O ‘Sefaz Móvel’ permite a consulta a dados cadastrais, compras, arrecadação, antecipação tributária, equipamento emissor de cupom fiscal, deferimento, passe fiscal, imposto sobre veículos entre outras consultas. Essa ação demonstrou uma satisfatória redução de custeio em 44% entre a antiga forma de comunicação e o uso de palms. Ela apresenta maior amigabilidade, facilidade e rapidez de reposição, possibilitou a elevação da quantidade de consultas e ampliou a motivação dos servidores. 2.2.4 Móvel – governo estadual de Alagoas
Percebendo o excelente instrumento de acesso a informações e serviços públicos que possibilitam os dispositivos móveis na nova ordem social, o governo do estado de Alagoas criou por intermédio do Instituto de Tecnologia em Informática e Informação (ITEC), um microportal wap. Segundo Ávila (2007) esse microportal permite o acesso a informações sobre processos administrativos, acompanhamento de trâmite no sistema de protocolo geral do estado, notícias, portarias, extrato de Leis e Decretos, consulta a informações sobre sinistro de roubo em veículos e informações sobre condutor.
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2.2.5 Sistema integrado de gestão operacional (SIGO)
Carneiro (2006) apresentou a iniciativa de governo móvel denominada Sistema Integrado de Gestão Operacional ‘SIGO’, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública do estado de Mato Grosso do Sul. Ela consiste numa rede que compila informações do instituto de identificação, da polícia técnica, do núcleo de inteligência, da área de patrulhamento, de abordagens e capturas de suspeitos bem como, informações de trânsito e de carceragem.
O SIGO possibilita o registro de infrações, a identificação de veículos, condutores e passageiros, permite o levantamento comportamental de crimes e objetos para Polícia técnica e auxilia no cumprimento de mandados de prisão para o setor de patrulhamento e para os agentes daquela secretaria de estado.
Com essa rede foram padronizadas as entradas de dados, as entregas de informações e as consultas legais. Ela foi desenvolvida com softwares Java, PHP e .Net em banco de dados MS SQL Server 2005 e trafega numa VPN com firewall. Por meio dela ocorre a comunicação de voz e dados em um único equipamento de forma que, o agente de segurança pública poderá estar em qualquer lugar ou meio de transporte e acessar a informação que desejar de maneira completa e instantânea.
2.2.6 São Paulo e seu governo multicanal
Annenberg (2006) cita as iniciativas de governo móvel do estado de São Paulo dentre as quais o ‘Poupatempo móvel’, o ‘epoupatempo wireless’, ‘o cidadão móvel’, o ‘Perto de Você’ e o ‘Labihc móvel – Laboratório Interação Homem Computador’. O ‘Poupatempo móvel’, também destaque entre as iniciativas de onestopgovernment, foi inaugurado no segundo semestre de 2004 e percorre a região periférica da cidade com um caminhão e um ônibus adaptados. O atendimento ocorre em horário comercial e o veículo fica aproximadamente 15 dias estacionado em cada localidade. Segundo Annenberg aquele serviço realizou mais de 250.000 atendimentos até meados de 2006. A unidade móvel oferece serviços de emissões de documentos pessoais, acesso gratuito a Internet, serviços públicos eletrônicos, recolhimento de taxas e serviços públicos eletrônicos do ‘ePoupatempo’.
Segundo esse estudioso o projeto ‘ePoupatempo’ consiste na disseminação de serviços públicos entregues a sociedade em salas construídas com conectividade sem fio onde os usuários são orientados para uso de suas necessidades em desktops. Nesse ambiente os atendentes dispõem de PDAS para registro do perfil dos usuários e principais dificuldades. O pesquisador afirma que já foram atendidas mais de 500 mil pessoas ate aquela apresentação (abril/ 2006). A coleta de dados ocorre por intermédio de 28 PDAS, 38 atendentes e 45 salas de atendimento de postos do ‘ePoupatempo’. Algumas unidades dispõem também de tablets wifi. Dentre as vantagens dessas salas de atendimento estão a aproximação do atendimento ao cidadão, a viabilidade para atendimento onde não há espaço físico para salas e a redução de filas nos postos do ‘Poupatempo’.
Em seqüência esse mesmo autor (idem) destaca o portal do cidadão do governo do estado de São Paulo em sua versão móvel construída para acesso via pdas e por celulares disponível pelo endereço http://m.cidadao.sp.gov.br/. O acesso por este canal ocorre desde o primeiro semestre de 2006.
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Essa ação de governo móvel disponibiliza atualmente (janeiro/2012) 1.381 serviços públicos para cidadãos e empresas.
O ‘Labihc móvel’ consiste num outro projeto desse governo que realiza testes de usabilidade e acessibilidade com cidadãos na unidade do ‘Poupatempo’ da cidade de Guarulhos. Essa ação visa identificar os perfis, as necessidades e as dificuldades populacionais quanto ao uso de serviços públicos eletrônicos entregues pelo canal Internet. A iniciativa se desdobra em um laboratório semelhante em uma unidade móvel. O mesmo pesquisador destaca também, entre as vantagens desses laboratórios, a possibilidade de compreender as dificuldades e os perfis dos usuários de áreas rurais ou em eventos específicos. Esses laboratórios móveis acompanham os trabalhos do ‘Poupatempo Móvel’.
O governo do estado de São Paulo também desenvolveu o serviço ‘Perto de Você’ o qual consiste num projeto em parceria com diversos órgãos e com uma fábrica de celulares para prestar informações sobre serviços públicos por meio de um portal de voz, de dispositivos portáteis e também por meio da Internet. Annenberg (2006) afirma que essa ação tem por finalidade tornar os serviços públicos acessíveis, promover a expansão dos meios de se obter serviços públicos e facilitar a procura de informações no local mais conveniente segundo seu contexto. O atendimento se dá por intermédio do fornecimento do endereço de onde o usuário se encontra ou pelo endereço informado por esse.
O serviço foi desenhado inicialmente com um rol de oito categorias, freqüentemente demandadas ao serviço 190 da Polícia Militar. Entre tais informações destaque para informações sobre hospitais, delegacias, escolas públicas, e demais equipamentos de utilidade pública. Por fim, esse pesquisador expõe entre as principais dificuldades dessa ação o localizador geográfico automático do cidadão que demanda o serviço, a base de dados da Polícia e da Fundação SEADE, bem como a definição de parcerias com empresas de telecomunicações.
Posteriormente, no final de 2008 a Secretaria de Gestão Pública do estado de São Paulo (SGP) criou o projeto ‘SMS Utilização de SMS em serviços públicos’. Esse projeto consiste numa solução corporativa daquele estado para o emprego de SMS em serviços públicos. Os parceiros provedores de conteúdo foram o Instituto do Coração (Incor), o Departamento de Trânsito do estado, o Poupatempo e a unidade de recursos humanos da Secretaria de Saúde. Ele tem o apoio técnico do Centro de Tecnologia Aplicada da Companhia de Processamento de Dados de São Paulo (PRODESP).
Este projeto disponibilizava informações sobre seu andamento por intermédio do blog do projeto: SMS Mensagens por celular em serviços do governo paulista, acessado pelo endereço http://smsigovsp.blogspot.com/. Segundo aquele diário eletrônico foram realizados os seguintes pilotos na ocasião: agendamento de serviços de 2a via de carteira de identidade no Poupatempo; resultado de concurso de bolsas de estudo a candidatos ao Programa Jovem Acolhedor; alerta de consultas agendadas no hospital InCor, serviços do departamento de trânsito (consulta de pontuação em carteira e multas de veículo) e alerta de cotação de preços de produtos agrícolas.
Bolliger (2008) aponta em relatório ‘Proposta de solução corporativa do Estado’ disponível naquele blog que tal projeto visa a realização de pilotos de soluções tecnológicas e de negócios.
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Ele teve a finalidade também de disseminar a tecnologia de mensagens de texto junto aos provedores de serviços públicos. Segundo este autor entre os benefícios dessas aplicações figuram: o aumento da qualidade e da satisfação dos usuários de serviços públicos estaduais; uma maior efetividade na comunicação do Estado com os usuários; a maior eficiência na utilização de recursos públicos na comunicação com os usuários dos serviços públicos e conseqüente economia de recursos; a incorporação de inovação aos serviços públicos e a promoção da cultura da inovação entre seus provedores. Durante a execução do projeto foram realizadas entrevistas com usuários a fim de se avaliar a aceitação dos serviços, verificar usabilidade e coletar sugestões sobre cada piloto. Os serviços que estavam em prototipação foram aviso de vaga de emprego a candidatos do Programa Emprega São Paulo e o envio e recebimento de cotação de preços de produtos agrícolas.
Segundo o blog foi realizado a licitação para compra das mensagens de texto. A modalidade de contratação foi por Ata de Registro de Preço sendo que essa resultou num preço de R$ 0,09 por mensagem. O edital teve por órgãos participantes a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, a Secretaria de Gestão Pública e a PRODESP. A licitação permitiu a contratação de 4,603 milhões de mensagens que poderiam ser utilizadas em até doze meses por tais instituições. Essa modalidade de licitação facilitará a contratação das mensagens uma vez que eliminará os principais fatores jurídicoadministrativos que desestimulam a adoção dessa inovação. Cabe destacar que o valor unitário obtido por mensagem naquela ocasião era inferior a qualquer consulta às operadoras para as quantidades contratadas.
Enfim, a investigação das iniciativas desse governo estadual demonstrou a nítida preocupação com mobilidade e portabilidade. Em geral existe uma tentativa de que os projetos e os benefícios advindos pelos mesmos alcancem classes econômicas menos favorecidas. Percebeuse que há uma atenção especial a forma de disponibilização dos serviços com foco no cidadão o que denota a séria percepção estratégica de que o governo eletrônico deve ser multicanal.
2.2.7 O carnaval da Bahia também é móvel projeto ‘onde está seu bloco’
Ventura (2006) afirma que aproximadamente 900 mil turistas se deslocaram para o estado da Bahia no período de carnaval de 2006. Somase a isso a população local de aproximadamente 2,6 milhões de habitantes. Diante disso a Companhia de Governança Eletrônica de Salvador (COGEL) disponibilizou um serviço inovador denominado ‘onde está seu bloco.’ Aquele consiste no envio de informações sobre o horário do desfile e o percurso dos blocos de carnaval na cidade de Salvador.
O acesso ao serviço se dá por intermédio de cadastramento do número do celular no portal http://www.carnaval.salvador.ba.gov.br/v3.asp. A partir daí, o serviço envia uma mensagem de texto para o celular, conforme a solicitação. A consulta também pode ser realizada pela tecnologia Wap em celulares. Ventura (2006) afirma que somente no período de carnaval de 2006 (cinco dias) foram enviadas mais de 8.500 mensagens de texto.
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2.2.8 Informa fácil
O projeto Serviço Piauiense de Informações e Dados SPID via celular, também denominado ‘Informa fácil’, consiste em um suíte de microaplicativos desenvolvido sobre a plataforma Java Me (J2ME) que pode ser instalado em dispositivos portáteis. De forma que cada órgão público dispõe de um micro programa que possibilita a consulta a determinada base de dados. Essa ação móvel possibilita ao usuário o acesso a notícias do governo do estado; informações do departamento de trânsito como: multas, impostos, licenciamentos de veículos, seguro, dados de condutores de veículos; o acesso ao contracheque de servidores do estado, entre outros serviços.
Sousa (2006) afirma que a ação utiliza tecnologia GPRS (General Packet Radio Service), pois o custo para o usuário é somente do trafego de dados. Essa tecnologia também é considerada em aplicações de governo móvel por não ser tarifada por tempo de conexão. Entre as vantagens da utilização de tal tecnologia estão a utilização da rede independente da operadora, o serviço é disponível em toda a cobertura das redes das operadoras e por ele não trafegar tags de WAP, o que reduz o tráfego. Diniz & Gregório (2007) afirmam que o custo da ação desse projeto tornou a consulta mais acessível. Ainda, no que tange as ações ofertadas via sms é limitador a quantidade de caracteres de apenas 150 por mensagem de texto.
Segundo Sousa (2006) a ação tem possibilitado para a sociedade comodidade, facilidade de acesso, rapidez da informação, mobilidade, baixo custo e o fato de permitir o acesso a órgãos do governo ‘no bolso’. Ao passo que para o governo melhorou a integração da informação para segurança, auxilia na gestão e regularização da frota e do trafego do estado, ampliação da receita e da análise de pagamento de impostos de veículos e propicia a identificação do proprietários de veículos.
2.2.9 Pronto Atendimento Itinerante (PAI)
Cavalcante (2006) cita entre as iniciativas de governo móvel o ‘Pronto Atendimento Itinerante – PAI’, da Secretaria de Estado do Trabalho e Cidadania do governo do estado do Amazonas. O projeto foi concebido com o objetivo de prestar serviços aos cidadãos interioranos com foco em pessoas excluídas, que não dispõe de acesso a políticas públicas e programas sociais. O processo de entrega dos serviços se dá por intermédio de embarcações adaptadas com acomodação confortável, tecnologia de ponta para transmissão e recepção de dados via satélite, pessoal técnico qualificado e capacitado de forma a dispor em um único local de informações e serviços de governo das esferas federal e estadual e de instituições não governamentais.
Essa ação de governo móvel possibilita as populações ribeirinhas o acesso a serviços previdenciários, atendimento médico, exames laboratoriais e de imagem de diversas especialidades, emissão de documentos pessoais, assistência jurídica, acesso a lazer, entre outros benefícios sociais. O pesquisador afirma que aquela ação realizou até aquela palestra mais de 875 mil atendimentos em mais de 255 localidades. O aporte de recursos injetados no PAI superou R$ 16 bilhões de reais. A conectividade ocorre por intermédio do sistema Globalstar a qual interliga 48 satélites móveis de baixa órbita e tecnologia CDMA, o que permite redundância tripla do sinal de forma simultânea.
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Os gestores da ação estão estudando a migração da conectividade para um serviço com frame relay, uma vez que este suporta múltiplos aplicativos com interconexão de LAN/IP, acesso a Internet, videoconferência, voz corporativa e possibilita a transição para uma tecnologia de banda larga de maior velocidade.
2.2.10 Outras iniciativas
Outros projetos que também merecem destaque são as aplicações em nível Federal do Supremo Tribunal Federal que disponibiliza informações sobre o andamento de processos; a Polícia Federal que utiliza uma aplicação instalada em PDAs desenvolvida com tecnologias abertas com padrão XML para realizar perícias; a Caixa Econômica Federal, um banco público, que disponibiliza o saldo do fundo de garantia do trabalhador do setor privado, resultados de loterias, calendários de pagamentos do Bolsa Família, entre outros serviços por intermédio de celulares. Foram encontrados registros ainda, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que utilizou aplicações móveis durante a cobertura das eleições de 2010 e do envio de mensagens de texto para os inscritos na prova do ENEM com informações sobre os locais de prova, por parte do INEP/ MEC. Por fim, registrese o envio de mensagem de texto sobre a liberação de lotes de restituição do imposto de renda da Receita Federal do Brasil.
Contundo, mesmo diante de tais projetos Diniz & Gregório (2007, p. 690) enfatizam que “as iniciativas de governo móvel se tratam de projetos pontuais e não compõe estratégias de governo eletrônico sejam em nível de país ou de governos locais.”
2.3 A Estratégia Geral de Tecnologia da Informação (EGTI) do Governo Federal
Desenvolvida sob a gestão da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), a EGTI foi publicada pela primeira vez em 2008. Ela estabeleceu um plano de metas para o SISP com a finalidade de promover a melhoria da governança de TICs dessas organizações. Ressaltese que segundo BARBOSA, FARIA & PINTO (2007) esse tipo de governança é fundamental para estabelecimento da governança eletrônica, pois compreende perspectivas tanto interna quanto externa das instituições públicas. A primeira relacionada a área de tecnologia e as demandas das unidades de negócios. Enquanto a outra procura estruturar os processos dela própria.
A EGTI se tornou obrigatória por intermédio da Portaria SLTI n° 11, de 30 de dezembro de 2008. O processo de construção da mesma ocorreu em etapas. A primeira incluiu a elaboração de uma versão preliminar por equipe da SLTI. Em seguida, o documento recebeu contribuições de gestores de TICs dos órgãos seccionais e setoriais que compõem o SISP através de audiência pública presencial. Por fim, a mesma foi submetida a consulta publica virtual no portal das Comunidades Virtuais do Setor Publico, na comunidade do SISP, a fim de captar a percepção dos interessados em geral.
Essa estratégia é composta pelos seguintes itens: princípios norteadores, o modelo de governança do SISP e a sustentação desse modelo. Destaque entre os anexos para a orientação de constituição de comitês de TICs nos órgãos desse sistema normativo e as leis e normas vigentes, que deverão ser consideradas para a melhor gestão de TICs.
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Durante a descrição do modelo de Governança do SISP foram estruturados grupos de práticas para aperfeiçoamento da gestão de TICs; aprimoramento qualiquantitativo; melhoria do processo de contratação de TICs; construção e adoção de Padrões e modelos de apoio à gestão de TICs; e, segurança da informação. Também é destacado nessa agenda metas de referência para o exercício de 2009 para cada um desses grupos de práticas.
Ao tratar da sustentação do modelo, o documento aponta a estruturação de alguns recursos institucionais, de conhecimento e humanos tais como: alinhamento do planejamento institucional do órgão com a gestão de TICs; elaboração de Plano diretor de TICs; capacitação nesse último; elaboração do formulário de autodiagnóstico; elaboração do modelo mínimo de Plano de Metas; orientação aos órgãos sobre a importância da criação de fóruns gestores de TICs, com envolvimento de atores estratégicos; a estruturação da comissão de coordenação do SISP; entre outros. A EGTI também aponta que frameworks consagrados de governança de TICs são considerados referências para a construção do modelo de governança do SISP. Por fim, se aborda a gestão da informação sobre TICs do SISP e se conclui que esse documento visa ampliar a maturidade de TICs das instituições pertencentes a esse sistema normativo.
Conforme afirmado pouco acima, a EGTI trata da governança de TICs e não da governança eletrônica. Enquanto a governança de TICs estrutura os ativos de tecnologia da informação e comunicação, os pensamentos teóricos de governança eletrônica e por consequência de governança eletrônica móvel se referem às diversas interações do governo, que envolve a transparência, a eficácia, a participação cidadã e a melhoria da prestação de serviços públicos. Ressaltese que a governança de TICs para BARBOSA, FARIA & PINTO (2007) é essencial para o estabelecimento da governança eletrônica uma vez que apresenta uma visão externa, que trata da relação entre a área de tecnologia e as unidades de negócio, e a outra interna, que se refere a organização dos processo de TICs. Para esses autores a governança eletrônica no âmbito público compreende as seguintes dimensões: eserviços públicos, eadministração pública e edemocracia.
Então percebese que o governo federal brasileiro não efetua uma gerência sistematizada e coordenada de sua governança eletrônica. A leitura de relatório de atividades do Ministério do Planejamento referente ao ano 2009 demonstrou que embora haja avanços significativos da governança de TICs do SISP, essa não dispõe de um sistema de informação que suporte a operação, o apoio a tomada de decisões ou a gestão estratégica de tal sistema. Esse mesmo documento faz referência a Agenda Brasil Digital, que caso seja implementada poderá tratar propriamente, da governança eletrônica em âmbito federal e que talvez possa contemplar ou tratar da governança eletrônica móvel ou de aspectos referente a essas como por exemplo, de aplicações portáteis.
3 METODOLOGIA
Este capítulo trata da metodologia do estudo. Para isso revisitouse alguns teóricos para fundamentar conceitos como: pesquisa, tipos e classificação de pesquisa, a estratégia do estudo de múltiplos casos, o instrumento de coleta de dados e sua estruturação, a lista dos casos estudados, o universo e a classificação da amostra. A populaçãoalvo e a justificativa para a seleção da amostra também são expostos. Enfim, comentase a testagem e o perfil dos entrevistados.
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3.1 Tipos de Pesquisa
Visando o rigor científico e a credibilidade desta pesquisa se estabeleceu “um processo metodológico rígido que permita levar de maneira precisa uma investigação que seja desde o começo coerente, com o que se deseja realizar” (Arenas et al, 2004, p. 2). Então este estudo tentará tratar com excelência as questões teóricas e metodológicas. A relevância também será perseguida buscando gerar contribuições para as questões práticas de implementação de políticas públicas inovadoras visando a melhoria da prestação de serviços públicos disponibilizados por intermédio de canais automáticos.
Embora haja uma vasta literatura sobre metodologia científica revisitouse apenas alguns teóricos para construção deste capítulo como: Santos, Gil, Groves, Marconi & Lakatos, Gil, Appolinário e Vergara. Dentre esses destaquese a compreensão de Gil (1991) para quem a pesquisa deve ser um procedimento racional e sistemático com o objetivo de proporcionar respostas a problemas. Enquanto que para Groves et al (2004) a pesquisa consiste num processo sistemático a fim de se obter informações de unidades de uma determinada população.
Marconi & Lakatos (2009) afirmam que a classificação dos tipos de pesquisa varia de acordo com o enfoque do autor e as subdivisões dependem de interesses, metodologias, condições, objetivos, objetos de estudo, campos, situações, entre outros. No caso desta pesquisa considerouse a classificação de Appolinário (2007) segundo a qual a natureza da pesquisa equivale a qualitativa e será realizada em campo uma vez que ocorrerá em uma situação natural. Os estudos qualitativos permitem múltiplos significados que apresentam caráter exploratório isto é, que merecem estudos mais aprofundados. Ressaltese que na pesquisa qualitativa todos os detalhes são importantes.
A pesquisa foi do tipo transversal, pois avaliou a mesma variável numa única ocasião e em grupos diferentes de sujeitos, conforme classifica Vergara (2010). A estratégia de pesquisa será o estudo de múltiplos casos a fim de se realizar uma comparação entre eles sobre o estágio da Mgovernança nas esferas de governo. Os casos estudados foram dos governos do Paraná, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, de Alagoas, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, bem como do município de Salvador – BA, da percepção da diretoria de governo eletrônico da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Ministério das Cidades e do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/ MEC). A seleção de um representante do Ministério do Planejamento se deu pelo fato dessa ser responsável pelo SISP que tem abrangência em todo o Poder Executivo Federal e por esse órgão exercer a função de SecretariaExecutiva do Comitê Executivo de Governo Eletrônico (CEGE). Portanto, cabe a ele zelar pela implementação das diretrizes de governo eletrônico definidas por esse fórum. Segundo Santos (2005) por meio do estudo de caso é possível analisar fatos com profundidade a fim de se buscar conhecimento com uma grande riqueza de detalhes do objeto estudado.
O instrumento de coleta de dados utilizado no estudo foi a entrevista, uma vez que para Marconi & Lakatos (2009, p. 80) essa “é um procedimento utilizado na investigação social para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.” A seleção dessa forma de coleta de dados devese ao fato de que ela capta informações relevantes que não estão disponíveis em outras fontes documentais.
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Ela possibilita também, a coleta de informações mais precisas e permite ao entrevistador esclarecer a compreensão de eventuais perguntas do roteiro. Além disso, o uso da entrevista como instrumento de coleta de dados foi escolhido por permitir estudos mais precisos.
A literatura metodológica aponta que as entrevistas podem ser de três tipos: estruturada, semiestruturada ou aberta. No caso desta pesquisa as entrevistas foram semiestruturadas uma vez que apresentaram um roteiro de perguntas fechadas, abertas e fáceis de responder. Esse tipo de entrevista possibilitou um espaço para discussão livre e informal. A definição desse tipo de entrevista com questões padronizadas facilitou a comparação de respostas entre os respondentes dos casos analisados. Ela permitiu a reordenação das questões durante a entrevista, a formulação de perguntas flexíveis, o ajuste do nível de linguagem e o fato de poder esclarecer ou levantar dúvidas entre assuntos subseqüentes no processo de coleta. O roteiro da entrevista contemplou questões abertas devido a riqueza e utilidade de dados gerados, embora isto tenha provocado uma maior dificuldade na análise.
As perguntas da entrevista apresentaram linguagem simples e direta. O roteiro evitou questões longas e múltiplas, palavras desconhecidas, questões com viés e de opiniões. A coleta de informações procurou ser neutra a fim de se evitar induções a certas respostas. As perguntas foram do tipo informação, pois “buscam estabelecer o que as pessoas sabem sobre algo ou evento”, como afirma Santos (2005, p. 22).
3.2 Universo e Amostra
Para Vergara (2010, 46) população é “um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem as características que serão objeto de estudo”. O Universo considerado para o estudo foram os gestores, analistas e técnicos públicos das diversas esferas de governo que trabalham ou trabalharam em iniciativas brasileiras de governo móvel. A populaçãoalvo foram servidores ou gestores das diversas esferas do governo brasileiro. A população de pesquisa foi pelo menos um gestor, analista ou técnico que estejam ou tenham exercido esses cargos.
A amostra analisada foi nãoprobabilística ou por julgamento, conforme classifica Santos (2005). Ela se baseou nos seguintes critérios: pioneirismo e tempo de operação da iniciativa; potencial de capilaridade; e, portfólio de eserviços disponibilizados. Segundo esse autor, essa amostra ocorreu de forma intencional e por quotas. Nos casos em estudo ela foi intencional, pois atingiu apenas elementos disponíveis para compor a amostra. Marconi & Lakatos (2009) afirmam que essa amostragem permite ao pesquisador descobrir a opinião do entrevistado em determinados elementos da população, embora esses não sejam representativos dela.
3.3 Coleta de Dados
Appolinário (2007) afirma que a entrevista possibilita uma discussão livre e informal do tema que está sendo pesquisado o que permitiu a comparabilidade dos resultados. O pesquisador ficou atento, na medida do possível, a inflexões da voz, pois a expressão não verbal foi considerada na análise das respostas.
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Seguindo as boas práticas metodológicas esse roteiro foi prétestado, pois como argumenta Marconi & Lakatos (2009) o instrumento de coleta precisa ser aplicado em populações com características semelhantes a que será analisada, mas nunca na que será alvo de estudo. Para esses autores, a testagem deve apresentar três importantes elementos a saber: fidedignidade, validade e operatividade. Segundo elas (idem) o roteiro da entrevista deve ser centrado na avaliação dos instrumentos a fim de se garantir o que se deseja medir. Santos (2007) acredita que esse procedimento evita erros e desvios incontroláveis no processo de coleta propriamente. A testagem preliminar foi aplicada em dois técnicos que se envolveram direta ou indiretamente em projetos de Mserviços sendo um do governo federal e o outro que trabalhou no governo municipal de Salvador. No caso em questão, o préteste correspondeu propriamente ao roteiro da entrevista que foi focado no que se desejava mensurar.
Enfim, a realização do estudo ocorreu através de 11 entrevistas com gestores, exgestores, técnicos e extécnicos dos governos listados no item ‘3.1 tipos de pesquisa’.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
As entrevistas foram realizadas em dezembro de 2011. A principal forma de implementação do instrumento de coleta de dados se deu por meio de contato telefônico. Também ocorreram entrevistas por intermédio de mensagens de correio eletrônico. O tempo médio de duração da interação de cada caso foi em torno de 20 a 30 minutos. Nos casos de interação por correio eletrônico, essas geraram em média três mensagens. Esse último cômputo inclui, desde a interação inicial até a identificação e resposta por parte do perfil adequado para a entrevista, isto é, aquele definido pelo pesquisador.
A análise das respostas ocorreu por intermédio da comparação dos registros de cada entrevista através do software livre WEFTQDA na versão para sistema operacional Windows. Em arquivo dessa ferramenta foi compilado documento único com as percepções de todos os entrevistados sobre cada pergunta. O estudo sobre a governança eletrônica móvel demonstrou ainda, que o método e o instrumento utilizados foram eficazes, embora essa seja uma nova temática relacionada a governo eletrônico.
A apresentação dos dados ocorrerá de forma textual nos próximos parágrafos, de acordo com os quatro itens destacados a seguir:
4.1 Vantagens e Benefícios da Exploração de Canais Móveis
Para os respondentes da pesquisa as principais vantagens e benefícios da exploração de canais móveis para cidadãos e empresas são: a conveniência e a comodidade gerada para cidadãos e empresas que com isto podem melhor usufruir de seu tempo; a redução dos deslocamentos desses para as centrais de atendimento ao cidadão ou para as instituições públicas responsáveis pela prestação de serviços; praticidade; e, a possibilidade de rápida comunicação entre governo e sociedade sendo essa preferencialmente bidirecional. Figuram entre essas vantagens ainda, a facilidade de uso e a flexibilidade de acesso de dispositivos portáteis em qualquer contexto.
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Segunda a entrevistada de Minas Gerais a principal vantagem dos canais móveis é aproximar a sociedade dos governos ou como essa bem destacou em sua entrevista, é promover a aproximação entre as iniciativas de governo e a quem esses serviços públicos se destinam.
Ao passo que para os governos o uso de dispositivos e plataformas móveis vem permitido a oferta de Mserviços de grande impacto, personalizados, com abrangência e com bastante alcance, devido ao grande uso dos dispositivos portáteis na população brasileira, em especial os celulares. A personalização foi inclusive uma das principais vantagens apontadas pelo entrevistado do governo de Alagoas. Não obstante, o uso de iniciativas de governo móvel tem propiciado a ampliação da visibilidade, a abertura e a maior transparência dos governos.
Segundo a percepção do entrevistado do Rio de Janeiro, o governo móvel é um canal complementar do governo eletrônico. Nesse sentido é oportuno retomar o pensamento de Aguiar (2011) segundo o qual as vantagens e benefícios do governo eletrônico são consolidados e ampliados com o governo móvel, uma vez que esse novo canal permite a entrega de serviços de forma personalizada, flexível e portátil. Alguns desses elementos foram destacados durante as entrevistas. Compreendese que o governo móvel no Brasil tem potencial para tornar o acesso a serviços eletrônicos universal, caso a tecnologia adotada seja o envio de mensagens de texto, uma vez que essa é a mais massificada na população.
Lallana (s.d.b) destaca entre as vantagens do governo móvel a ampliação dos canais de interação com o público; a otimização do serviço em termos de rapidez, melhora e economia; o incremento da produtividade e da efetividade do serviço público, graças a personalização na entrega; o baixo custo na condução para alta participação popular; o acesso a informações críticas para cidadãos e empresas, inclusive para tomadas de decisões, por vezes necessárias a cidadãos e empresas e para formar opiniões.
Ferrari et al (2005) destacam ainda, algumas vantagens e benefícios da utilização de serviços públicos móveis compreendidas no projeto UseMe, dentre elas: o Mgov é um novo e complementar canal de disseminação de informações e serviços públicos de várias naturezas (informações em geral, críticas e notificações específicas); elevação da acessibilidade, da transparência e da satisfação dos cidadãos; ampliação da imagem das cidades, organizações e governos; canal de comunicação entre autoridades e cidadãos/ empresas; redução do tempo médio de processamento, principalmente em simples notificações; instantaneidade e ubiqüidade do contato; redução de custos; maior disponibilidade de tempo para ser gasto em atividades particulares; satisfação de cidadãos e usuários; estímulo a participação democrática nos processos políticos; facilidade na detecção de problemas relatados por cidadãos; promoção e suporte a empresas; contribuição para sustentabilidade; e, por fim, o governo móvel pode também ser utilizado como veículo de promoção local (cultural, feiras, eventos, entre outros).
Enfim, embora exista a percepção por parte dos entrevistados, de que o governo móvel apresenta muitas vantagens e benefícios, as iniciativas não apresentam coesão e sinergia entre si e muita menos uma orquestração mínima da governança eletrônica móvel por parte de um fórum multi stakeholder. Alguns desses projetos chegam ao ponto de não serem nem projetizados metodologicamente, durante o processo de desenvolvimento.
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4.2 A Participação dos diversos Atores Sociais no Processo de Definição de Estratégias ou Políticas de Governança Eletrônica Móvel
Os relatos dos entrevistados do Rio Grande do Sul, de Alagoas e do INEP/ MEC foram de que as políticas de tecnologia da informação e comunicação (TICs) de seus governos ou das instituições em que trabalharam são discutidas por comitês interistitucionais ou câmaras técnicas que tratam dentre outras questões da disponibilização de Mserviços. O entrevistado de Alagoas afirmou inclusive que o plano diretor de tecnologia do estado está sendo revitalizado neste momento. Todavia, o debate sobre iniciativas de governo móvel e de governança eletrônica móvel nesses fóruns não é uma regra. O desenvolvimento dos serviços é independente na instituição proponente, com o envolvimento no máximo das empresas de tecnologia da esfera de governo.
No caso da CELEPAR, o fórum que discute a disponibilização de novos serviços eletrônicos é interno a instituição. Esse por sua vez interage com o demandante do serviço e com o ator temático responsável pelo conteúdo que se deseja disponibilizar. Segundo a entrevistada daquele estado, até 2006 todo serviço que era disponibilizado passava anteriormente por testes. Já no caso do Rio Grande do Sul, se pretende estender a discussão sobre estratégias e políticas de mobilidade à Secretaria de Comunicação e o Comitê de Governança de TIC do Estado.
A participação cidadã no estado do Paraná considera a interação entre os atores no delineamento e definição de estratégias e políticas de governo móvel por meio dos feedbacks da central de atendimento telefônico, do chat do portal institucional da empresa, do portal serviços do estado e de mensagens enviadas por correio eletrônico. Outra forma de interlocução citada pelo respondente do Paraná foram os retornos do programa de governo ‘Paraná em ação’. A entrevistada desse estado relatou ainda, que no passado havia reuniões periódicas com todos os atores do comitê e que está sendo estruturada uma câmara técnica. Ao passo que a entrevistada de Minas Gerais também externalizou preocupação do governo em receber as percepções da sociedade visando a contínua melhoria da prestação de serviços. Para isso, aquele governo informou realizar diversas pesquisas de satisfação e ter canais de comunicação abertos e disponíveis para a sociedade.
O entrevistado do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Rio de Janeiro (PRODERJ) afirmou que a participação das demais secretarias de estado em Mserviços ocorre por meio da priorização de demandas definidas pelo ‘Planejamento Estratégico Plurianual’ daquele governo. Essa percepção estratégica da temática da governança eletrônica também é percebida no governo de Minas Gerais que criou um projeto estruturador de governo eletrônico, no âmbito do planejamento estratégico do estado, segundo descrevem Da Rocha & Batista (2011). Os três serviços de governo móvel desse estado – avisos de licitação, agendamento de serviços de segurodesemprego e versão móvel do portal do estado, estão em operação desde 2009.
A percepção do Ministério do Planejamento sobre a participação é de que a sociedade pode e deve contribuir significativamente para disponibilização de novas aplicações. O entrevistado destaca as consultas públicas já realizadas pela Internet pelo governo federal que tratam de normas, especificações técnicas, entre outros assuntos. Todavia, ainda é baixa a participação nessas.
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Então se infere que a cidadania parece estar pouca habilitada ou interessada em colaborar nessas discussões, mas estudiosos afirmam que a participação tende a crescer exponencialmente, pelo fato das TICs estarem fortalecendo paulatinamente, a democracia participativa e a direta.
Obstante, alguns dos casos estudados relataram a importância da abertura e da participação social na discussão de políticas ou na disponibilização de serviços de governo móvel. O governo de São Paulo, por exemplo, está disposto a colaborar no desenvolvimento de aplicativos tal como ocorrido no Metrô de SP onde a sociedade customizou uma aplicação para acesso a esse serviço de governo e a disponibilizou no Android Market. Na opinião de uma dos entrevistados daquele estado os canais móveis não serão uma outra opção de acesso a serviços, mas tendem a ser tornar o principal canal de interação com os governos.
Registrese que no caso do Ministério das Cidades o processo de disponibilização tem discussões apenas internas à aquele órgão da administração direta, mas já considera o envolvimento futuro de universidades federais. Essa poderá ser, num primeiro momento, agentes de capacitação no uso da iniciativa ‘Brasil em Cidades móbile’ – um app disponibilizada para uso no sistema operacional aberto da Google e no da Sistema IOS da Apple. Essa aplicação permite registro e análise de informações e indicadores sobre saneamento, habitação e mobilidade urbana. Ressaltese que o desenvolvimento dessa iniciativa surpreendeu inclusive os gestores do projeto que obteve uma boa aceitação da sociedade tendo sido baixado por quase dez mil usuários no mês de lançamento, a partir do Android Market e da Apple Store. Sobre essa iniciativa, o entrevistador mencionou o fato dela ter bastante potencial de exploração devido ao seu baixo custo.
Enfim, no caso do RS Móvel a informação repassada pela entrevistada sobre consulta de serviços demandados pela sociedade, é que a mesma é feita por intermédio do portal do gabinete digital acessado pelo endereço http://www.gabinetedigital.rs.gov.br/. Após avaliação os serviços são disponibilizados para acesso por celulares.
4.3 Estágio Atual da Governança Eletrônica Móvel no Brasil, Ações para Aprimoramento e Recomendações
Tanto em nível federal como em estados e municípios se subentende que a governança eletrônica móvel se apresenta em estágio bastante inicial o que se reflete também no âmbito federal. Alguns casos estudados sofreram descontinuidade como ‘o projeto piloto de sms’ de São Paulo e os serviços de Alagoas. Outros ainda estão sendo reestruturados neste momento ou se focaram numa tecnologia como o Paraná que utilizava WAP e SMS e usufrui agora apenas dessa última. Cabe destacar que algumas iniciativas desenvolvidas recentemente como: RS Móvel, o Brasil em Cidades Mobile e as iniciativas do governo de Minas Gerais, vem trazendo novas perspectivas para a disponibilização de serviços de governo móvel.
Em geral os representantes dos governos apontam como tendência imediata a disponibilização de novas iniciativas de governo móvel. Isso com certeza exigirá um aprimoramento da governança eletrônica móvel no Brasil.
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Contudo, os entrevistados de alguns governos como São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro apontaram a necessidade urgente de redução de preços e tarifas de uso de serviços móveis principalmente, de pacotes de tráfego de dados e de mensagens de texto. Cabe destacar também que aparelhos com maior sofisticação tecnológica como smartphones ainda não são acessíveis sob o aspecto financeiro. Para a entrevistada do governo do Paraná, a agência reguladora deveria se envolver nessa discussão. Nesse sentido revisitase o pensamento de Aguiar (2009) segundo o qual há necessidade de que haja uma redução fiscal sobre o setor de telecomunicações, pois os tributos desse segmento se constitui nos mais elevados do mundo. Estudo sobre barreiras em iniciativas de governo móvel desse estudioso apontou em 47,30% dos respondentes que isso tem ‘média’ ou ‘muita importância’ no desenvolvimento de iniciativas de governo móvel.
Os entrevistados do Paraná, de Alagoas, de Minas Gerais e do INEP/ MEC compreendem a necessidade de que haja uma política federal de uso de dispositivos móveis com ações de envergadura ou pelo menos a definição de diretrizes. O representante do Instituto de Tecnologia em Informática e Informação do Estado de Alagoas (ITEC) defende a necessidade de que haja uma discussão mais intensa e ampla, por meio de um evento com estudiosos, representantes das diversas esferas de governo e atores chaves empoderados, visando o desenvolvimento de uma política nacional de disponibilização de serviços públicos para acesso multiplataforma. Nesse sentido, a entrevistada de Minas sugeriu a criação de fóruns para discussão de políticas e estratégias de governo móvel, a fim de se estimular o compartilhamento de experiências e a discussão da governança eletrônica nacional. Dessa forma, o Estado terá um canal unificado de comunicação com a sociedade.
Registrese que nenhum dos entrevistados relatou a existência de uma política formalizada ou uma estratégia de governo móvel. Um dos entrevistados de São Paulo mencionou a preocupação e o alinhamento com o consórcio internacional para a Web (W3C). Enquanto o outro recomendou a criação de um fórum comum de discussão para políticas de disponibilização de serviços com foco em canais móveis.
Os entrevistados sugeriram a criação de uma infraestrutura nacional comum de serviços eletrônicos – uma plataforma integrada de governo orientada a serviços, nos moldes da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais ou da Infraestrutura Nacional de Dados Abertos, ambas para otimizar esse projeto. Poderia ser definido conjuntamente com as esferas de governo, uma aplicação padronizada. Com isso, se elevaria a sofisticação tecnológica dos serviços eletrônicos disponibilizados pelo estado brasileiro, o que foi lembrado pela entrevistada de Salvador. Os representantes dos governos do Paraná, de Minas e do Rio de Janeiro também mencionaram a necessidade de desenho de um plano de comunicação para tal política ou estratégia, tal como é recomendado em projetos de governo eletrônico contemplando inclusive, a exploração de mídias sociais, como sugerido pela entrevistada do município de Salvador, bem como pela representante do Rio Grande do Sul. Isso permitiria ainda, a disponibilização de serviços multicanais.
Ao passo que o relato do representante do Ministério do Planejamento descreveu o início de um processo de contratação conjunta, de vários órgãos federais, de volume significativo de mensagens de texto e de definição de serviços eletrônicos que poderão ser disponibilizados por canais móveis.
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É salutar destacar ainda, que na opinião de alguns entrevistados dos estados de São Paulo, Alagoas e do município de Salvador, que algumas políticas de governança eletrônica ou de governança de TICs podem melhorar a governança eletrônica móvel e o governo móvel como as iniciativas de Governo Aberto, crowdsourcing e a criação de prêmios para aplicativos desenvolvidos pela sociedade, como o BigApps na cidade de Nova Iorque e o Rio Idéias, criado recentemente pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, descrita por um dos entrevistados de São Paulo. Referência foi feita também para as políticas e diretrizes de governo eletrônico do governo federal brasileiro como: a arquitetura de interoperabilidade de governo eletrônico (ePing), o uso de tecnologias abertas e livres, entre outras. A entrevistada que trabalhava no governo de Salvador também defendeu a necessidade de definição de padrões e métricas para eficiência e eficácia dos processos de atendimento público, que podem ser oriundos de dados das centrais de atendimento ao cidadão.
No caso do serviço RS Móvel do Rio Grande do Sul as informações obtidas foram de que será ampliado o portfólio de serviços sempre com uma preocupação de integração com outras áreas de governo. Enquanto o Paraná disponibilizará, em breve, serviços inéditos, isto é que não são acessados pela internet. O entrevistado do Rio de Janeiro destaca a necessidade de maior interação e transparência entre as instituições, bem como de melhora da infraestrutura de comunicação de dados das instituições.
Segundo o entrevistado do Ministério das Cidades, em 2012 será lançado duas novas versões do software sob sua gestão, além de outras duas aplicações. Aquele ministério também corrigirá possíveis falhas da solução e será mais efetivo em relação aos questionamentos feitos pelos usuários. Ele chama atenção para a necessidade de convencimento dos gestores das instituições públicas sobre a importância da mobilidade em governo e para as dificuldades de organização e acesso as informações de forma geral.
Cabe recomendar o registro de boas práticas e de lições aprendidas para posterior compartilhamento como ocorrido no governo de Minas, descritas por Da Rocha & Batista (2011) que pesquisaram outras iniciativas de governo móvel durante o desenvolvimento de seu projeto e documentaram as lições com destaque para: agilidade de procedimentos, redução de tarefas sobre os serviços disponibilizados na central de atendimento presencial, transparência, crescimento na participação das concorrências e maior nível de publicidade das licitações. Eles também realizaram um estudo prévio do contexto em que foram disponibilizados os serviços e se focaram em necessidades prioritárias que gerassem impactos positivos para a sociedade.
Enfim, cabe ressaltar a percepção do entrevistado do INEP/ MEC segundo o qual o país apresenta uma realidade bastante heterogênea geográfica e sócioeconomicamente. Esses fatores são de suma importância e precisam ser considerados no processo de disponibilização de Mserviços de governo móvel.
4.4 Expectativas da Sociedade em Relação a Governança Eletrônica Móvel
De forma geral, os entrevistados compreendem que a exploração de serviços de governo móvel tendem a se massificar e que a sociedade pode esperar um portfólio amplo de serviços disponíveis por canais
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móveis. Isto ocorrerá também devido a demanda das novas gerações. Todavia, como ressalta um dos entrevistados de São Paulo, isso dependerá de apoio político e de aportes orçamentários e financeiros.
A entrevistada do governo do Rio Grande do Sul afirmou que aquele estado vem aprimorando seu governo móvel para a disponibilização de soluções georeferenciadas. Enquanto o entrevistado sobre o projeto de governo móvel de Alagoas afirmou vislumbrar condições de avanços de serviços móveis nas áreas de trânsito, registro de empresas e agropecuária. Já a representante do governo de Minas Gerais enfatizou a preocupação daquele estado em investir em tecnologias e na prestação de serviços tecnicamente e financeiramente viáveis com foco na cidadania.
É importante registrar que na percepção do entrevistado de Alagoas a governança eletrônica deve considerar o desenvolvimento de ações estruturantes e prioritárias de governo que potencializem a mobilidade para as áreas de teletrabalho, teleducação e telemedicina. A prestação de Mserviços de governo também podem ser explorados para dar alertas, lembrar compromissos agendados, permitir consulta a informações, avisar de alterações e operações originadas no poder público, informar acompanhamentos de processos, enviar comunicados de utilidade pública, entre outros, conforme descrito no documento ‘Possíveis aplicações do SMS em serviços públicos’ vinculado ao projeto ‘SMS Utilização de SMS em serviços públicos’, já comentado entre os casos de sucesso. De forma mais imediata também poderia apoiar a gestão de catástrofes climáticas, pois essas estão se tornando cada vez mais comum no país e o Ministério da Ciência e Tecnologia já dispõe de sistema de informação que monitora intempéries. Dessa forma, além das sirenas de alerta à sociedade os governos poderiam enviar mensagens de texto para cidadãos informando previamente incidentes ou como proceder durante e após esses.
Diniz et al (2009) destacam a perda de prioridade da agenda de governo do programa governo eletrônico demonstrado pela ausência do Ministro Chefe da Casa Civil nas reuniões do Comitê Executivo de Governo Eletrônico, no período da crise energética de 2001, o que por conseqüência provocou a redução das ações do programa. O MP também, não resistiu a coordenação do CEGE por parte da participação da Casa Civil. Enfim, isto impactou diretamente tanto na governança eletrônica quanto na governança eletrônica móvel.
Por fim, o diretor de governo eletrônico do Ministério do Planejamento, afirmou que o governo federal vem trabalhando na definição de serviços móveis pilotos. Enquanto o representante do governo do Rio de Janeiro destacou a necessidade de conscientização dos gestores sobre os benefícios que podem advir com a governança eletrônica por ela estreitar o relacionamento estadosociedade, promover inovação e modernidade no acesso a serviços de governo e melhorar a própria imagem dos governos.
5 CONCLUSÕES E PRÓXIMOS PASSOS
Este capítulo trata das conclusões do estudo apresentando uma rápida percepção sobre o método utilizado e proposições para políticas de governança eletrônica móvel. A entrevista se demonstrou como um excelente método de pesquisa de campo. Todavia, a qualidade dos resultados poderia ter sido melhor se o entrevistador tivesse um pouco mais de experiência no uso deste instrumento, bem como se as pessoas entrevistadas pudessem ter dedicado um pouco mais de atenção para com o estudo.
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No que tange as proposições para políticas de governança eletrônica móvel se apresenta a seguir um item que detalhará sugestões para políticas dessa natureza.
5.1 Proposições para Políticas de Governança Eletrônica Móvel
O estudo permitiu concluir que de fato o governo móvel trás uma nova dinâmica para a prestação de serviços públicos eletrônicos. Compreendese que a governança eletrônica móvel, mesmo em estágio inicial e com pouca estruturação, fortalece a governança e a governabilidade eletrônica em qualquer esfera de governo, o que contribui para o aprimoramento do estado democrático de direito no país. Percebese também, que a governança eletrônica móvel se trata de uma compreensão em desenvolvimento semelhante as concepções de governo móvel.
A análise dos casos demonstrou também que o tema mobilidade em governo e seus desdobramentos ainda é considerado com reservas. Mesmo existindo no país cerca de 87 iniciativas de governo móvel categorizadas em: eletrônicas, físicas e espaciais, segundo levantamento feito por Aguiar (2010). Faltam aos gestores públicos de alto nível, percepção estratégica e visão sobre a necessidade de implementação de um governo único e multicanal.
Observouse ainda, que a estruturação de comitês de TICs nas diversas esferas de governo vem melhorando a governança de TICs, a governança eletrônica e podem aprimorar a governança eletrônica móvel. Todavia, esses fóruns precisam ser mais empoderados, conter respaldo político e vínculos, na medida do possível, com os principais líderes do poder executivo. Os comitês devem também ampliar a participação de mais instituições públicas e desenvolverem planos estruturantes, considerando as TICs como suporte a modernização dos governos.
Os governos devem considerar em suas políticas ou estratégias de governança eletrônica móvel a percepção de cidadãos e empresas, pois como relatado na análise das entrevistas e ao longo deste estudo, a sociedade cada vez mais exige do Estado eficiência e melhores serviços públicos. Essa colaboração pode ocorrer tanto no processo de formulação de políticas públicas como na implementação e avaliação dessas. Iniciativas exitosas de governo eletrônico requerem um minucioso processo de planejamento envolvendo diferentes atores. Isso se aplica também as iniciativas de governo móvel. Essas últimas por sua vez devem considerar as expectativas sociais a fim de aperfeiçoar a governança eletrônica móvel.
É importante registrar também a importância da sustentabilidade da iniciativa que apresenta relação direta com o modelo de negócio. O custo do serviço pode ser uma barreira para o uso e a continuidade da iniciativa, como destaca Aguiar (2009). Não obstante essa barreira apresenta relação direta com a barreira vontade política, pois muitas iniciativas de Mserviços, pioneiras no país, foram interrompidas, como descrito na análise dos resultados.
Os múltiplos casos analisados permitem afirmar que as iniciativas de governo móvel no país são pontuais, desenvolvidas em instituições que são referências ou ilhas de excelência. Em geral essas iniciativas foram implementadas de forma reativa a demandas institucionais isoladas, das diversas esferas de governos.
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Enfim, não há uma política ou estratégia articulada e sinérgica de disponibilização de serviços públicos por meio de dispositivos portáteis e com visão de futuro de onde se deseja atingir. Num projeto bem estruturado de Mgovernança essas iniciativas devem ser consideradas como objetivo estratégico de programas de governo eletrônico tal como fizeram os governos de Malta, Dubai, Reino Unido, Coréia, a Nova Zelândia, a China, Cingapura, a Suécia, o Japão, a África do Sul e Hong Kong. Para se ter uma noção de como o tema está evoluindo internacionalmente, em El Salvador o Estado definiu em sua estratégia de governo eletrônico normas para ampliar o uso de celular para prover serviços principalmente, em aplicações para a gestão interna. Assim, se faz necessário que o governo brasileiro tenha a mesma percepção.
Neste sentido se ressalte a necessidade urgente de reformulação do CEGE – fórum de alto nível responsável pela formulação das políticas de egov em nível federal. Essa, inclusive, é uma das recomendações do Tribunal de Contas da União explicitada no Acórdão no 1.386 de 2006, resultado de uma auditoria operacional daquele órgão de controle e direcionada para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e à Casa Civil da Presidência da República. Esse fórum deverá ter nova composição e sua gerência exercida pelo Ministro do Planejamento. Nesse sentido sugerese que esse fórum disponibilize assento para participantes da sociedade civil, como já vem ocorrendo em conselhos de agências reguladoras. Isso contribuirá para que a governança eletrônica móvel no país seja estruturada.
O novo modelo do programa governo eletrônico brasileiro deverá propiciar uma fluída e sinérgica interação entre os atores e fatores influenciadores de suas diretrizes e políticas, pois como defendem Diniz et al (2009) um programa dessa natureza deve compreender um processo composto que engloba várias etapas onde se apresentam processos políticos, técnicos e organizacionais dentro do ciclo de políticas, isto é, formulação, implementação e avaliação, que podem variar de acordo com o número de etapas e o enfoque que se deseja atribuir à temática. Esses autores propõem um modelo composto por três níveis de atores: a alta cúpula do governo, a alta cúpula local e a equipe técnica.
Essas diretrizes poderão ser implementadas por intermédio de um plano de ação que contemple uma política federativa, uma vez que a maioria dos serviços prestados pelo Estado brasileiro são disponibilizados por estados e municípios. Para tanto poderão ser desenvolvidos inicialmente, uma cesta de serviços móveis, identificados a partir da pesquisa TIC Governo eletrônico 2010 (CGI.br), conforme propõe Aguiar & Oliveira (2011), isto é mensagens de texto para envio de informações sobre: locais de prova de concursos públicos federais; endereços de órgãos de defesa do consumidor; vagas de emprego registradas no Sistema Nacional de Empregos (SINE); e chamadas do Serviço Móvel de Urgência (SAMU). Cabe enfatizar que um dos entrevistados de São Paulo mencionou a discussão, neste momento, de uma plano de ação para serviços de governo móvel. A preocupação com a demanda e o consumo dos Mserviços são de fundamental importância para os projetos, como ressaltado pelo entrevistado de Alagoas. Esse último colaborador argumenta que: “nem todo serviço eletrônico pode ser móvel.”
O uso desses protótipos deverá ganhar escala, pois neste momento, as principais operadoras de telefonia móvel do país, fazem promoções de pacotes de mensagem de texto (R$ 0,10/unid) e para acesso a redes sociais (R$ 9,90/ mês) para os usuários de serviços prépago da telefonia celular.
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Então se sugere que o governo federal solicite as operadoras a incorporação de tais protótipos as páginas iniciais de seus portais móveis visando facilitar o acesso a tais Mserviços.
Outra recomendação é que, após a implementação desses pilotos poderá ser desenvolvida uma plataforma de serviços eletrônicos que será uma entrada única de acesso a serviços públicos como ocorrido no estado de Kerala na Índia, onde foi desenvolvido um projeto que convergiu iniciativas de governo móvel de mais de 60 departamentos. Segundo Kofuji (2006) a plataforma é um recurso compartilhado e sua exploração ocorre por intermédio de modelos de negócios que possibilitam a entrega de serviços móveis a baixo custo em localidades com pouca penetração da Internet conciliando, a diversidade de interesses entre atores e participantes na exploração dessa estrutura. Poderão ser desenvolvidas também, versões simplificadas dos portais de serviços das três esferas do governo brasileiro.
Pesquisouse ainda, informações complementares ao relato do entrevistado do Ministério do Planejamento e descobriuse que a contratação conjunta de mensagens de texto foi deixada em segundo plano naquela pasta devido a outras agendas prioritárias (informação verbal). Assim, recomendase a priorização de tal iniciativa em 2012. Cabe enfatizar neste sentido que segundo Da Rocha & Batista (2011) o governo de Minas realizou pregão eletrônico e conseguiu adquirir mensagens de texto para a entrega de serviços móveis no valor de R$ 0,0899.
Para facilitar a implementação de uma boa governança eletrônica móvel se propõe o desenvolvimento de iniciativas de governo móvel orientadas a cidadãos e empresas, afim de se promover o máximo de sinergia possível e de complementaridade entre governos, iniciativa privada e a sociedade civil, o que foi lembrado pela entrevistada do município de Salvador.
Segundo relatórios de atividades do Ministério do Planejamento a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação vem desenvolvendo desde 2008 uma Agenda Brasil Digital. Assim, sugerese que esse documento de planejamento estratégico seja um norteador da governança eletrônica e também da governança eletrônica móvel no Brasil e aponte diretrizes para disponibilização de serviços públicos eletrônicos por múltiplos meios de acesso, inclusive os canais móveis, tendo em conta a capilaridade dos celulares no país.
Por fim, conforme defende Aguiar (2010), as iniciativas de governo móvel devem ser construídas e consolidadas como projeto de Estado para que sejam garantidas a continuidade, a confiabilidade e a credibilidade das mesmas. Assim, finalizamos este estudo parafraseando colega do Ministério do Planejamento que colaborou no préteste do roteiro da entrevista, segundo o qual a mobilidade não é uma tendência e sim uma realidade que os governos precisam aderir urgentemente.
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VIJAYAKUMAR, Sanjay; SABARISH, K & KRISHNAN, Gokul (s.d.). Innovation and MGovernance : The Kerala Mobile Governance Experience and RoadMap for a Comprehensive MGovernance Strategy. MobME Wireless Solutions, India. Disponível: http://www.w3cindia.in/confsite/Sanjay%2520Vijaykumar%2520mobme%2520Innovation%2520and%2520MGovernance%2520%2520The%2520Kerala%2520Mobile%2520Governance%2520Experience%2520and%2520RoadMap%2520for%2520a%2520Comprehensive%2520MGovernance%2520Strategy.pdf. Acesso: 23/7/2011.
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RESENHA BIOGRÁFICA
Everson Lopes de AguiarCoordenadorGeral da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo Federal brasileiro. Graduado em Filosofia pela Universidade Católica de Brasília, Especialista em Sistemas de Informação e em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Apresenta diversos diplomas de instituições internacionais na área de governo eletrônico e está finalizando Magíster en Gobierno Electrónico pela Universidad Tecnológica Metropolitana do Chile. É funcionário público vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior desde 1995. O autor pode ser contatado pelo telefone: 55 61 20201562, pelo email [email protected] ou por carta no endereço: Esplanada dos Ministérios Bloco C 9º andar sala 906, Brasília DF, Brasil.
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XVII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Cartagena, Colombia, 30 oct. - 2 Nov. 2012
TABELA
A seguir se apresenta tabela com os colaboradores da pesquisa e as instituições que esses estão ou estiveram vinculados:
Nome Cargo Instituição Período* Álvaro Gregório Técnico do GATI Secretaria de Gestão/ SP 2011Beatriz Barreto B. Lanza Analista Organizacional Celepar 2011Gerson Barrey exDiretor de Tecnologia INEP/ MEC 2007/09Gleide Bacelar de Mello exGerente de Projetos COGEL 2001/09
João Batista F. de Oliveira Diretor de Governo Eletrônico Ministério do Planej., Orçamento e Gestão
2011
Karen Gross Lopes Analista de planejamento PROCERGS 2011
Keren Oliveira BatistaEspecialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental
Superintendência de Governança Eletrônica/
SEPLANMG2011
Márcio Oliveira Gerente de Projetos MinCidades 2011Sérgio Bolliger Técnico do GATI Secretaria de Gestão/ SP 2011Thiago Ávila ExDiretor de Tecnologia ITEC 2006/08Umberto Casellato Gerente de Inov.Tecnológica PRODERJ 2011* Corresponde ao período em que a pessoa colaborou ou gerenciou o projeto
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