Zoneamento de Risco a Incêndios Florestais para o Morro do Cristo em Juiz de Fora - MG

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE GEOGRAFIA Zoneamento de Risco a Incêndios Florestais para o Morro do Cristo em Juiz de Fora – MG Por Demetrius Vasconcelos Juiz de Fora - MG 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE GEOGRAFIA

Zoneamento de Risco a Incêndios Florestais para o Morro do Cristo em Juiz de Fora – MG

Por Demetrius Vasconcelos

Juiz de Fora - MG 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE GEOGRAFIA

Zoneamento de Risco a Incêndios Florestais para o Morro do Cristo em Juiz de Fora – MG

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Graduação em Geografia, habilitação Bacharelado. Orientador: Dr. Ricardo T. Zaidan Co-Orietador: Dr. Geraldo C. Rocha Aluno: Demetrius Vasconcelos

Juiz de Fora - MG 2008

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EXAME DE MONOGRAFIA

VASCONCELOS, D. Zoneamento de Risco a Incêndios Florestais para o Morro do Cristo em Juiz de Fora – MG. Monografia apresentada à Banca Examinadora do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora, Novembro de 2008.

À Banca Examinadora

__________________________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Tavares Zaidan (Orientador) __________________________________________________________ Prof. Dr. Geraldo César Rocha (Co-Orientador) __________________________________________________________ Prof. Ms. Pedro José de Oliveira Machado

Examinada a Monografia

Conceito_______

Em _____de________________ de 2008

3

Dedico este trabalho à minha Mãe Arlete

Vasconcelos, a quem presto todos os

elogios, pois, graças a ela pude chegar até

aqui.

4

AGRADECIMENTOS

A esta Energia inexplicável que se manifesta em todos os lugares e é a responsável

pelo movimento de todas as partículas.

A minha esposa Sandra e aos meus filhos Derick e Gabriel pelo apoio, sempre me

mostrando que é possível.

Ao meu Orientador Prof. Dr. Ricardo Tavares Zaidan pelos conhecimentos e pela

paciência.

Ao Prof. Dr. Geraldo Cesar Rocha, Co-orientador, pela idéia deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Ronaldo Viana Soares pelos conhecimentos que ele tão gentilmente

contribuiu para enriquecer meu trabalho.

A Professora Ms. Maria Aparecida Gonçalves pelo carinho e atanção ao corrigir

meus mapas.

Ao Professor Ms. Pedro José de Oliveira Machado.

A todos os Professores do Departamento de Geociências que contribuíram para

construir meu entendimento desta Geografia fantástica.

Ao Fabrício de Oliveira Loures do Departamento de Planejamento e Informação da

Secretaria de Planejamento Estratégica da Prefeitura de Juiz de Fora que foi o

importante elo desse departamento que gentilmente cederam informações para a

realização deste estudo.

A todos os amigos que acreditaram e me apoiaram.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para que fosse possível eu

chegar até a finalização deste trabalho.

5

“O fogo é assim, um fenômeno privilegiado

capaz de explicar tudo. Se tudo que muda

lentamente se explica pela vida, tudo que muda

velozmente se explica pelo fogo. O fogo é

ultrativo. O fogo é intimo e universal. Vive em

nosso coração. Vive no céu. Sobe das

profundezas da substância e se oferece como

um amor. Torna a descer a matéria e se oculta,

latente, contido como o ódio e a vingança.

Dentre todos os fenômenos, é realmente o único

capaz de receber tão nitidamente as duas

valorizações contrárias: o bem e o mal. Ele brilha

no Paraíso, abrasa no inferno. É doçura e

tortura. Cozinha e apocalipse. É prazer para a

criança sentada ajuizadamente junto à lareira;

castiga, no entanto, toda desobediência quando

se quer brincar demasiado de perto com suas

chamas. É um deus tutelar e terrível, bom e mal.

Pode contradizer-se por isso é um dos princípios

da explicação universal.”

(Gaston Bachelard, 1994)

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RESUMO

Nos dias atuais existe uma grande necessidade de compreender melhor os

fenômenos da natureza a fim de minimizar ainda mais os impactos que as ações

antrópicas vêm causando ao meio ambiente. Os Incêndios Florestais têm sido objeto

de estudos dos variados ramos das mais diversas ciências. Hoje mais do que nunca

se buscam respostas para melhor entender este fenômeno que está presente no

cotidiano dos seres humanos desde os mais remotos tempos.

Para reduzir e prevenir as causas antrópicas e colaborar nas diferentes

formas de prevenção e de atuação em caso de incêndios, é necessário que

informações a respeito dos incêndios florestais estejam acessíveis para as pessoas.

Nesse sentido, os Sistemas de Informações Geográficas (SIG’s) podem ser

utilizados para geração de mapas que auxiliem na identificação dos elementos que

compõem o território e também na obtenção de mapas de risco a incêndios, ou seja,

mapas que indiquem áreas mais vulneráveis a ocorrências de incêndios e assim

auxiliarem no planejamento, gestão e prevenção ao surgimento do fogo,

identificando previamente os locais que necessitam aceiros, restrição de acesso e

nos combates aos incêndios, com a localização rápida de estradas, mananciais de

água, núcleos urbanos.

Desta forma o objetivo deste trabalho é a geração de um zoneamento de risco

a incêndios com a localização dos possíveis pontos vulneráveis ao surgimento de

focos de incêndio, usando como área piloto o Morro do Cristo e arredores.

A idéia é contribuir para o processo de planejamento, de gestão, de

prevenção e de combate aos incêndios em fragmentos remanescentes de florestas,

corroborando desta forma com os esforços de preservar a pequena, mas muito

importante mancha de Mata Atlântica existente no centro da cidade de Juiz de Fora -

MG.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Triângulo e Fluxograma do Fogo 20

Figura 2: Propagação do Fogo por Transmissão de Calor. 24

Figura 3: Incêndio Subterrâneo. 27

Figura 4: Incêndios de Superfície e Incêndios de Copas. 28

Figura 5: As Partes do Incêndio. 30

Figura 6: Contorno do Incêndio. 31

Figura 7: Combustíveis Ligeiros. 35

Figura 8 Combustíveis Pesados. 36

Figura 9: Vegetação com alta densidade e estratificação contínua 38

Figura 10: Vegetação com baixa densidade e estratificação descontínua. 39

Figura 11: As Diversas Camadas de Mapas. 66

Figura 12: Mapa de Localização da Área de Trabalho 73

Figura 13: Visão parcial do Modelo Digital do Terreno do Morro do Cristo –

Juiz de Fora / MG

87

Figura 14: Seqüência do Processo da Geração do Mapa Base de Risco a

Incêndios Florestais.

92

Figura 15: Mapa de Uso e Ocupação do Solo 96

Figura 16: Mapa da Classificação da Vegetação à Eclosão do Fogo 97

Figura 17: Mapa das Zonas de Ameaça da Ocupação Urbana à Eclosão

do Fogo sobre a Vegetação

98

Figura 18: Mapa das Zonas de Ameaça da Rede Viária à Eclosão do Fogo

sobre a Vegetação

99

Figura 19: Mapa das Zonas de Influência da Rede de Drenagem sobre a

Vegetação

100

Figura 20: Representação em 2D do Modelo Digital do Terreno 101

Figura 21: Mapa das Zonas de Ameaça das Inclinações das Encostas à

Propagação do Fogo sobre a Vegetação

102

Figura 22: Mapa das Zonas de Ameaça das Orientações das Encostas à

Eclosão do Fogo sobre a Vegetação

103

Figura 23: Mapa das Zonas de Ameaça da Altimetria à Eclosão do Fogo

sobre a Vegetação

104

8

Figura 24: Mapa de Zoneamento de Risco a Incêndios Florestais 105

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. A vegetação e a propagação do fogo, as características dos

combustíveis.

42

Tabela 2. Definições de Ameaça, Vulnerabilidade e Risco. 69

Tabela 3. Classificação da Vegetação. 83

Tabela 4. Classificação da Proximidade da Ocupação Urbana. 84

Tabela 5. Classificação da Proximidade da Rede Viária. 85

Tabela 6. Classificação da Proximidade da Rede Hidrográfica. 86

Tabela 7. Classificação do Grau de Declividade das Encostas. 88

Tabela 8. Classificação da Orientação ou Exposição das Encostas. 90

Tabela 9. Classificação das Altitudes do Terreno. 91

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Relação Incêndios Florestais – Precipitação – Umidade Relativa para Juiz de Fora – MG entre 1995 a 2004.

76

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SUMÁRIO

1. – INTRODUÇÃO 12

2. – OBJETIVOS 14

3. – DO INCÊNDIO FLORESTAL AO RISCO 15

3.1 – A Complexidade dos Incêndios Florestais 15

3.2 – Comportamento do Fogo 23

3.3 – Tipos de Incêndios 26

3.4 – Fatores que Determinam o Comportamento do Fogo 31

3.4.1 – Os Combustíveis Vegetais 32

3.4.2 – Os Fatores Climatológicos 43

3.4.3 – A Topografia 50

3.5 – Fontes ou Causas do Fogo 53

3.6 – Prejuízos Ambientais 56

3.7 – Os Incêndios Florestais e a Geografia 58

3.8 – Sistemas de Informações Geográficas e os Incêndios Florestais 61

3.9 – Mapas de Risco 64

3.9.1 – Conceito de Risco 68

4. – O PARQUE URBANO DO MORRO DO CRISTO 71

5. – MATERIAIS E MÉTODOS 77

5.1 – O Uso e a Ocupação do Solo 82

5.1.1 – Vegetação 82

5.1.2 – Ocupação Urbana 83

5.1.3 – Rede Viária 84

5.1.4 – Rede Hidrográfica 85

5.2 – Fatores Topográficos 86

5.2.1 – Grau de Declividade das Encostas 88

5.2.2 – Orientação ou Exposição das Encostas 89

5.2.3 – Altitudes do Terreno 90

5.3 – Obtendo o Mapa de Risco a Incêndio Florestal 91

6. – RESULTADOS E DISCUSSÃO 93

7. – CONSIDERAÇÕES FINAIS 106

8. – BIBLIOGRAFIA 110

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1. INTRODUÇÃO

Com o crescente aumento do número de indivíduos da espécie humana,

cresce juntamente a necessidade de uso dos recursos do planeta. As intervenções

antrópicas sobre as florestas têm transformado estes sistemas brutalmente.

As florestas e mesmo seus fragmentos mais isolados são de extrema

importância para a manutenção e preservação da vida como um todo no planeta. As

matas e os fragmentos próximos às ocupações urbanas estão mais sujeitos às

diversas pressões antrópicas que incluem a eclosão do fogo, agente este

responsável pela maior destruição destes sistemas.

A cada novo dia faz-se necessário o uso mais racional e sustentável possível

de todos os recursos disponíveis, visto que já não é uma questão de se salvar o

planeta, mas sim de se preservar a vida e com isso a raça humana.

A maioria das pessoas não procura conhecer os fundamentos que regem a

complexa dinâmica da natureza, têm o mau hábito de não se preocupar muito como

as coisas funcionam, desde que as coisas estejam funcionando e as favorecendo de

alguma maneira.

As florestas formam reservas estratégicas de recursos com exigências cada

vez mais evidentes à sua preservação, proteção, desenvolvimento, uso racional e

sustentável. As florestas têm importante destaque nas questões sociais,

econômicas, ambientais e culturais da sociedade, são fontes de recursos renováveis

e fundamentais na manutenção da dinâmica do ambiente local e também global.

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Portanto para ajudar a proteger e a preservar é essencial conhecer também

quais são as condições em que se manifestam os incêndios florestais, fenômeno

capaz de destruir importantes recursos e favorecer a emissão de gases do efeito

estufa contribuindo para o aquecimento global.

Devido à maneira como se deu a ocupação e uso do solo na região da zona

da mata, hoje algumas matas estão cada vez mais reduzidas a fragmentos isolados

suscetíveis aos danos que o fogo pode produzir. Assim esperamos que este trabalho

possa contribuir para que ações de diagnóstico de risco a incêndios florestais de

outras áreas florestais aconteçam a fim de proteger esta rica biodiversidade que

mantém um imenso potencial e carrega consigo ainda muitos conhecimentos a

serem descobertos.

Nesse sentido, os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) podem ser

utilizados para geração de mapas estratégicos que auxiliarão no gerenciamento e no

manejo das matas e também na obtenção de mapas de risco a incêndios florestais

que indiquem áreas mais vulneráveis às ocorrências da eclosão do fogo podendo

assim auxiliar no planejamento, na gestão e na prevenção ao surgimento do

incêndio, contribuindo para identificar os locais que necessitam aceiros, restrição de

acesso, alocação de equipamentos para os combates aos incêndios, com a

localização rápida das estradas, dos mananciais de água e áreas verdes próximas

às aglomerações urbanas com maior necessidade de proteção.

A intenção é poder colaborar na diminuição e na prevenção dos incêndios

reduzindo assim os impactos decorrentes a este tipo de fenômeno. Logo que os

pontos mais susceptíveis à eclosão de possíveis focos de incêndios forem

determinados poderão ser realizadas ações para evitar que tais sinistros ocorram ou

pelo menos minimizar seus efeitos.

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2. OBJETIVOS

Criar uma base cartográfica digital para a área do Morro de Cristo – Juiz de

Fora - MG, capaz de auxiliar análises espaciais integradas às diversas influências:

cobertura vegetal, ocupação urbana, inclinação das encostas, exposição,

proximidade de vias de acesso e hidrografia para entendimento dos fatores que

possibilitam a manifestação e propagação dos incêndios florestais.

Demonstrar a capacidade de análise dos Sistemas de Informações

Geográficas (SIG) para emprego no gerenciamento das ações de prevenção aos

incêndios florestais.

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3. DO INCÊNDIO FLORESTAL AO RISCO.

3.1 A Complexidade dos Incêndios Florestais

Os Incêndios Florestais têm sido objeto de estudos dos mais variados ramos

das diversas ciências. Já há muito tempo e ainda hoje continuam as buscas de

respostas para melhor entender este fenômeno que está presente nas ações

humanas desde os mais remotos tempos.

O fogo sempre existiu na natureza e a própria teoria científica do início do universo está ligada a ele, através da explosão de uma matéria de altíssima densidade, o famoso “big bang”. O fogo, a água, a terra e o ar formaram o ambiente do planeta terra. Posteriormente à origem da atmosfera, à formação dos mares e ao surgimento da vida, os vegetais começaram, há mais de 300 milhões de anos, a colonizar a superfície da terra. Desde então começou a haver uma associação entre a vegetação e o fogo que perdura até hoje. O fogo foi o responsável pela formação de muitos ecossistemas, favorecendo certas espécies e eliminando outras (Soares e Batista, 2007).

Para se falar de incêndios florestais é preciso conhecer alguns conceitos a

respeito do fogo. É preciso entender um pouco da complexidade que envolve este

fenômeno natural tão presente no cotidiano das pessoas.

“Além de queimar e destruir florestas e outras formas de vegetação os

incêndios podem afetar negativamente outros elementos do ecossistema como solo,

fauna silvestre e o ar atmosférico”. (Batista e Soares, 1997).

Um dos principais agentes de degradação dos fragmentos ainda existentes

das matas têm sido os incêndios, tanto pela destruição direta das áreas afetadas,

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como também pelos efeitos causados mesmo por pequenos focos que ocorrem nas

adjacências destes fragmentos, alterando consideravelmente seus ciclos. Vale

lembrar que o fogo faz parte da dinâmica da natureza, o grande problema tem sido a

freqüência com que têm ocorrido e sua intensidade, logo os problemas decorrentes

com esta freqüência podem ser os mais variados possíveis desde erosão do solo, a

perda de biodiversidade, emissão de dióxido de carbono, etc.

De acordo com Cochrane (2000) vários pesquisadores, usando técnicas de

datação por carbono nas camadas de carvão, constataram que as queimadas

ocorreram periodicamente, mas com intervalos de séculos, e por vezes de milhares

de anos. Do ponto de vista evolutivo, isso significa que não há nenhum incentivo

para que as árvores desenvolvam mecanismos de defesa contra o fogo, ao

contrário, em regiões onde o fogo é historicamente mais freqüente, como no cerrado

da região central do Brasil, a vegetação sofreu adaptações evolutivas para

sobreviver. Umas das adaptações mais comuns em ecossistemas onde o fogo e

freqüente é o desenvolvimento de cascas mais grossas ao redor dos troncos das

árvores.

Diversas atividades humanas junto às áreas florestais têm intensificado muito o problema dos incêndios. Isto porque, direta ou indiretamente, o homem interfere nos processos naturais, alterando as relações do fogo com os ecossistemas florestais (Batista e Soares, 1997).

Como o homem interfere nos processos naturais, isto confirma a necessidade

de trabalhos conjugados com conscientização e educação ambiental.

No Brasil, a quase totalidade das queimadas é causada por atividades antrópicas, devido ao uso inadequado de recursos naturais, como por exemplo, o desmatamento desordenado, as queimadas para limpeza de pasto e/ou preparo do terreno para plantio (Souza et al., 2004).

O fogo foi considerado pelas sociedades modernas como um evento

completamente negativo o que desencadeou grandes esforços para evitá-lo e/ou

17

suprimí-lo. Estas atitudes somadas à outras alterações no complexo equilíbrio do

planeta modificaram os ciclos naturais de ocorrência do fogo. Em conseqüência

quando ocorrem os incêndios estes podem afetar mais drasticamente os solos, a

vegetação e a fauna, dificultando também a regeneração natural.

Para Deppe e Paula (2003) os incêndios podem se constituir em fenômenos

naturais, no entanto, a susceptibilidade das florestas a incêndios está aumentando.

Isto não é somente causado por ações antrópicas, mas também causado por efeitos

de aquecimento global e mudanças climáticas, por exemplo, El Ninõ.

O “controle de incêndios florestais” está associado às ações administrativas e técnicas tomadas para realizar a prevenção e o combate ao fogo por uma instituição privada ou pública, seja ela municipal, estadual ou federal. (CEMIG, 2003)

Para evitar atos de negligência, reduzir e prevenir principalmente as causas

antrópicas e ainda, colaborar nas diferentes formas de prevenção e de atuação em

caso de incêndios, é necessário que informações esclarecedoras sobre o fogo

estejam acessíveis para as pessoas.

O fenômeno do fogo

Existem diversas linhas de pesquisa há respeito do fogo que geram diferentes

raciocínios. Há quem trate como diferentes o fogo e o incêndio, lembrando, mesmo o

incêndio é um fogo.

Alguns destes estudos qualificam o fogo, como habitualmente o conhecemos,

podendo este ser desde o “pequeno” fogo em um simples palito de fósforo ou até

mesmo o “grande” fogo capaz de fundir os metais em um forno de uma siderúrgica.

O que os iguala é o fato destes estarem sob controle e realizando uma ação prevista

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e desejada. Quanto ao incêndio, seria qualquer fogo que queime sem controle,

podendo ser o fogo em uma lixeira que se iniciou pelo descuido de um fumante ao

lançar uma ponta de cigarro acesa no referido cesto, ou um incêndio que destrói

casas e florestas. Incêndio é o fogo sem controle, que queima algo que não

desejamos ou planejamos.

Desta maneira, Incêndio Florestal é o termo usado para definir o fogo sem

controle que se propaga livremente e consome os diversos tipos de materiais

combustíveis existentes em uma floresta e nas demais formas de vegetação.

Para Torres et al. (2008) o próprio conceito de Incêndio Florestal acaba por

gerar algumas contradições, visto que o mesmo é utilizado como sinônimo de fogo

sem controle sobre qualquer tipo de vegetação, seja, ela pasto, campo ou floresta.

Contudo, o termo floresta, de acordo com o IBGE (2004 apud Torres et al., 2008) se

refere ao conjunto de sinúsias (comunidades estruturalmente definidas mediante a

consideração das formas de vida das espécies nelas incluídas), dominadas por

fanerófitos (plantas maiores que 25 cm) de alto porte, e apresentando quatro

estratos bem definidos: herbáceo, arbustivo, arvoreta e arbóreo. Deve ser também

levada em consideração a altura, para diferenciá-la das outras formações lenhosas

campestres, para Rizzini (1979 apud Torres et al., 2008), a definição de floresta ou

mata é sempre que as árvores superem 7 m de altura e toquem-se pelas copas.

No contexto da presença do fogo no meio florestal há ainda um termo que é a

“Queimada”, sendo esta uma técnica agropastoril regulamentada por lei, usada para

limpar os campos de plantio, que necessita também estar sob controle, caso

contrário será vista também como incêndio florestal.

Assim ainda de acordo com Torres et al. (2008) apesar de usual o termo de

incêndios florestais, dentro do meio científico, o leitor menos familiarizado, pode-se

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questionar quanto à sua utilização em uma área de pasto ou campo com vegetação

aberta. Sendo assim, sugerem-se as seguintes denominações:

Incêndio florestal – quando o mesmo ocorrer em áreas com predomínio de espécies

arbóreas seja elas plantadas ou nativas;

Incêndio em campo – quando ocorrer em áreas de pasto ou campo com predomínio

de vegetação herbácea e/ou arbustiva;

Incêndio em vegetação – termo generalista utilizado quando o mesmo ocorrer em

qualquer tipo de vegetação seja ela herbácea, arbustiva ou arbórea.

Definiremos neste estudo o uso abrangente do termo incêndio florestal, ou

seja, a manifestação do fogo em todo o tipo de vegetação, sem se ater às

características físicas ou tipo.

Tecnicamente o Fogo ou combustão é uma reação química de transformação

provocada pela pirólise (decomposição química da matéria pela ação do calor) de

materiais combustíveis e inflamáveis, que se processa em alta velocidade, com

liberação de energia sob a forma de calor e luz, visível ou não. Inicia-se por um

processo endotérmico (absorção de calor) dos materiais combustíveis e inflamáveis,

passando a exotérmico (desprendimento de calor), mantendo-se através da reação

em cadeia. (Figura 1)

20

Figura 1: Triângulo e Fluxograma do Fogo. Adaptado de Soares (1985)

É um consenso que a combustão existirá quando se unirem simultaneamente

os três lados de um triângulo imaginário (Figura 1), isto é a reunião de três

elementos agrupados, sendo: COMBUSTÍVEL (o material que queima, podendo ser,

sólidos inflamáveis, líquidos inflamáveis ou gases inflamáveis); COMBURENTE (aqui

o oxigênio presente no ar atmosférico que alimenta a chama); CALOR (agente ígneo

ou energia de ativação). Juntos em condições adequadas e equilibradas onde

possam proporcionar a contínua combinação do material combustível inflamável

com o comburente e o calor, gerando uma reação exotérmica também

autocatalisada devido à reação em cadeia. A Reação em Cadeia é a responsável

pela permanência do fogo, seria ela que manteria unidos os outros três elementos,

por isso ela também é vista por algumas linhas de pesquisa como sendo um quarto

elemento imprescindível à existência do fogo, onde neste raciocínio o fogo seria

representado por um losango. Para os estudos de combate e prevenção de

Combustíveis ( Sólidos / Líquidos /

Gasosos )

Oxigênio (Comburente)

Pirólise

Gases Combustíveis

Mistura de Gases em condições ideais

Inflamáveis

FOGO

Calor ( Agente Ígneo /

Energia de ativação)

Reação em Cadeia

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incêndios é com a quebra da união entre estes elementos que será possível eliminar

o fogo.

Concluímos então que o fogo existirá nas florestas quando uma fonte de calor

aquecer os materiais combustíveis (folhas, galhos, troncos etc.) aumentando a

temperatura a ponto de liberar gases que em presença do oxigênio (comburente),

este presente no ar atmosférico, permaneçam juntos a esta fonte de calor que

continuará fornecendo energia de ativação em quantidades suficientes até que estes

gases alcancem a temperatura do ponto de combustão de cada material em

questão, e se incendeiem.

No caso dos incêndios florestais o principal elemento são os combustíveis.

Para que estes combustíveis queimem com facilidade será necessário que estejam

muito secos. Constituídos basicamente, primeiro pelos resíduos vegetais mortos,

seguidos das plantas vivas que perderão umidade com o calor do incêndio se

transformando em mais combustível.

A queima ou combustão do combustível florestal compreende três fases

distintas, sendo: primeiro o pré-aquecimento, em segundo a decomposição ou

combustão dos gases e terceiro a incandescência ou consumo do carvão.

1ª Fase: Pré-aquecimento: Nesta fase inicia-se a transformação dos materiais, que

devido aos efeitos do aumento de temperatura serão aquecidos, desidratados, secos

e parcialmente decompostos, porém ainda não existirão chamas. O calor eliminará a

umidade contida nos vegetais e continuará aquecendo-os até a temperatura de

combustão (que variará entre 260 e 400 graus Celsius para a maioria dos materiais

combustíveis das florestas).

22

2ª Fase: Decomposição ou combustão dos gases: Nesta fase os gases combustíveis

que foram destilados dos vegetais (pirólise) se acenderão e queimarão, produzindo

chamas e altas temperaturas, que poderão atingir 1000 graus Celsius ou até um

pouco mais. Neste estágio do processo de combustão dos vegetais, os gases

continuarão queimando, o combustível estará incandescente liberando ainda mais

gases.

3ª Fase: Incandescência ou consumo de carvão: Nesta fase final o carvão será

consumido, restando apenas cinzas. O calor gerado será intenso, mas praticamente

não existirão chamas nem fumaça. A quantidade de calor liberada nessa fase

dependerá do tipo de vegetal que foi queimado.

Embora exista uma sobreposição entre elas, estas três fases da combustão

dos vegetais podem ser perfeitamente observadas em um incêndio florestal. A

primeira é o momento em que folhas e gramíneas se desidratam e enrolam devido à

perda de umidade, à medida que vão sendo aquecidas pelo calor das chamas que

se aproximam. Em seguida acontece a fase de combustão dos gases, ou queima

dos combustíveis secos, onde normalmente se destacam as chamas, no caso dos

incêndios florestais. Finalmente após a passagem das chamas vem a terceira fase, a

do consumo do carvão.

Os incêndios florestais em nossa região acontecem nos meses de inverno ou

período de estiagem, onde as precipitações são mais escassas e a umidade relativa

do ar está muito baixa provocando a secura dos combustíveis deixando-os em

condições ideais para que haja a combinação equilibrada do triângulo do fogo.

23

3.2 Comportamento do Fogo.

A Propagação do Fogo

O início de um incêndio florestal se dará devido à presença de uma fonte de

calor, podendo esta ser de origem natural ou antrópica, a partir da fonte de calor

diversas características ambientais ainda condicionarão a ocorrência do foco.

A propagação do fogo começará assim que surgir o primeiro foco do incêndio,

ela ocorrerá através da transmissão de calor provocada pela combustão que

aquecerá os demais combustíveis próximos ao foco inicial que ao aquecerem,

queimarão e assim sucessivamente.

A grande diversificação do ambiente como o tipo e a quantidade de

combustível disponível, a topografia, as condições climáticas, somadas às ações

realizadas para a prevenção e a supressão do fogo influenciarão sobremaneira o

modo como os incêndios se iniciarão e se manifestarão, ou seja, na propagação do

fogo e seu comportamento.

A propagação do fogo se dará principalmente pelas três formas de

transmissão de calor: Condução, Convecção e Radiação. (Figura 2)

24

Figura 2: Propagação do Fogo por Transmissão de Calor. Adaptado de Soares (1985)

Condução

Esta forma de transmissão de calor se dará quando existir contato direto entre

as plantas e/ou resíduos mortos de vegetação. É o processo pelo qual o calor será

transmitido de um corpo ao outro, acontecendo onde os materiais combustíveis

estão dispostos sem intervalos entre eles, ou seja, há continuidade da vegetação.

Convecção

Quando a massa de ar de determinado local se aquece, alcançando maiores

temperaturas, a tendência é a de elevar-se devido a sua menor densidade,

transportando consigo o calor que irá aquecer os elementos acima.

É o processo pelo qual o calor é transmitido de uma região para a outra

através do deslocamento de matéria aquecida. Ocorre com os gases e os líquidos.

25

O ar aquecido como conseqüência do desprendimento de calor gerado por

um incêndio retira a umidade das plantas que se encontram acima e à frente das

chamas, ressecando-as, favorecendo desta maneira a propagação do fogo. A

transmissão de calor por convecção favorece a propagação do fogo com grande

velocidade encosta acima, onde a topografia e os ventos entram como fatores

determinantes no comportamento do fogo.

A convecção, somada ao vento no caso dos incêndios florestais, favorecerá

também um fenômeno conhecido por “transporte de fagulhas”, onde uma pequena

porção inflamada de combustível será transportada para uma área fora do perímetro

do incêndio, ou seja, aonde as bordas do incêndio ainda não chegaram (Figura 6),

iniciando desta maneira um novo foco de incêndio que também é conhecido como

“foco secundário”.

Os efeitos da convecção em encostas com aclives acentuados são tão

complexos que tem se observado que técnicas de prevenção de incêndios florestais

acabam sendo ineficientes, como por exemplo, a construção de aceiros preventivos,

que pelo fato de às vezes necessitarem possuir uma grande largura, acabam

provocando erosão, e não são capazes de conter o avanço do fogo, pois, já foi

observado o transporte de fagulhas por mais de cem metros distantes da frente do

fogo.

Radiação

Na radiação o processo de transmissão de calor será através de ondas

caloríficas sem que exista o movimento do ar para isso, mas atingirá somente as

plantas que se encontrarem a curtas distâncias. A radiação nos incêndios florestais

26

favorecerá a propagação do fogo afetando as plantas que estão próximas das que

estiverem em combustão.

3.3 Tipos de Incêndios

De acordo com o tipo de estrato ou topografia por onde o fogo se propaga se

distinguirão três tipos de Incêndios Florestais:

Subterrâneo;

De Superfície;

De Copas;

Incêndios Subterrâneos

Avançam queimando a camada de serapilheira, a camada superficial de

material orgânico que cobre os solos consistindo de folhas, caules, ramos, cascas,

frutas, galhos mortos e raízes superficiais, ou seja, toda a matéria orgânica seca em

diferentes estágios de decomposição sobre o solo da floresta (Figura 3). São

incêndios de propagação lenta, sem chamas e com insignificante manifestação de

fumaça, tornando-os de difícil detecção e combate. Esses combustíveis são

geralmente de textura fina, relativamente compactados e consideravelmente

isolados da atmosfera, ou seja, com menor suprimento de oxigênio. Os incêndios

subterrâneos causam muitos danos à vegetação onde se manifestam, pelo fato de

destruírem as raízes superficiais das árvores onde passam. Acontecem geralmente

em matas e florestas que acumulam grande quantidade de serapilheira e em áreas

27

alagadiças (pântanos, brejos), que quando secam formam espessas camadas

abaixo da superfície.

Figura 3: Incêndio Subterrâneo. Adaptado de Soares (1985)

Incêndios de Superfície

São aqueles que propagam superficialmente sobre o terreno queimando a

vegetação que corresponde às plantas com altura menor que 2 metros, pequenas

árvores, arbustos, galhos secos, troncos caídos, gramíneas, e todo resto vegetal não

decomposto existente das florestas e dos pastos (Figura 4). Devido às

características destes combustíveis sua combustão é muito fácil e rápida tornando

sua velocidade de propagação variável, podendo se expandir, desde uns poucos

28

metros até quilômetros por hora, de acordo com a disponibilidade, tipo e o arranjo

destes combustíveis vegetais, ainda pela influência do clima e da topografia.

Os incêndios superficiais normalmente se iniciam através de um pequeno

foco que pode ser provocado por pontas de cigarros, velas de rituais religiosos,

fagulhas das descargas de veículos, pequenas fogueiras, curtos circuitos das redes

elétricas que passam sobre a vegetação etc., propagando para todos os lados,

tendo sua forma determinada principalmente pela ação dos ventos e das

características do terreno.

Os incêndios de superfície são os mais freqüentes e é a partir deles que

normalmente se iniciam os incêndios de copas e os subterrâneos.

Figura 4: Incêndios de Superfície e Incêndios de Copas. Adaptado de Soares (1985)

29

Incêndios de Copas

São os incêndios que se propagam em vegetações com mais de 2 metros de

altura e principalmente através das copas das árvores, são os que avançam mais

rapidamente pelo fato de se manifestarem em maior altura, onde os ventos

deslocam com maior velocidade e força que próximo ao solo (Figura 4).

São os que apresentam maior dificuldade aos trabalhos de combate e

supressão do fogo.

Estes três tipos de incêndios nem sempre se manifestam de forma isolada,

sendo mais habitual a combinação dos três, e em especial a presença conjunta dos

incêndios de superfície e de copa, porém com velocidades distintas.

Formas e partes de um Incêndio

Após surgir o fogo em um ponto, as chamas irão se estender ao redor do foco

inicial, numa situação hipotética e rara, caso o terreno seja plano, a vegetação

uniforme e sem a presença de vento, o fogo avançará por igual em todas as

direções formando assim um contorno queimado de aparência circular. Quando há

vento ou o terreno é inclinado, a forma mais provável do contorno do perímetro em

chamas será de uma elipse, tendo o fogo velocidade e intensidades diferentes nos

diversos pontos do referido contorno (Figura 5).

30

Figura 5: As Partes do Incêndio. Adaptado de PATAE - UFF (1985)

Borda: todo o contorno que está queimando.

Cabeça ou frente: orientada pela direção do vento ou pela inclinação da encosta, é

a extremidade da elipse por onde o fogo avança mais rapidamente.

Flancos: são as bordas laterais da elipse que também serão nomeadas pela direção

do vento.

Retaguarda: é a área da elipse onde o fogo normalmente avança mais devagar e

tem menor intensidade, também identificada pela direção contrária a do vento.

A frente avançará mais rápido quanto mais forte for o vento e/ou quanto mais

inclinado for o terreno, pois assim as chamas irão desidratando e secando a

vegetação que está adiante ainda sem queimar, favorecendo o aumento do

perímetro da área queimada. É na frente onde existirá maior geração de calor e

onde os danos serão maiores. É também a parte do perímetro onde é mais difícil o

controle ou o combate.

Nos flancos e na retaguarda o fogo avançará com menor velocidade e

intensidade, o calor da queima normalmente aumenta gradualmente da retaguarda

31

passando pelos flancos chegando até a cabeça. É a partir dos flancos que se inicia o

combate direto ao incêndio podendo assim chegar até a cabeça.

Comumente a forma do contorno de um incêndio florestal não será uma

elíptica devido aos diversos fatores que determinam o comportamento do fogo. As

mudanças na composição da vegetação, as barreiras naturais, as variações do

terreno, etc. farão com que as bordas do incêndio assumam contornos irregulares

com o surgimento de dedos, que serão como frentes paralelas, dando ainda origem

às bolsas onde haverá uma menor progressão do fogo (Figura 6).

Figura 6: Contorno do Incêndio. Adaptado de Soares (1985)

3.4 Fatores que Determinam o Comportamento do Fogo

Os fatores que influenciam o comportamento do fogo são diversos e estão

sempre combinados entre si, sendo os principais: os combustíveis, os fatores

32

climatológicos e a topografia. Serão eles que definirão a forma e a evolução do

incêndio florestal.

Os combustíveis, ou cobertura vegetal, são um dos elementos do triângulo do

fogo e as condições que se apresentam no cenário tais como seu tamanho,

distribuição e o grau de umidade serão decisivos para o comportamento do fogo.

Será nos combustíveis o único dos elementos em que será possível atuar para

controlar e combater o incêndio florestal.

Os fatores climatológicos afetam o estado dos combustíveis através do

aumento de temperatura, regem o grau de umidade e pelo vento favorecem a

propagação do fogo.

A topografia é capaz de alterar as características tanto dos combustíveis

quanto do clima.

3.4.1 Os Combustíveis Vegetais

O tipo de cobertura florestal influencia o comportamento do fogo de várias

formas sendo, portanto, um fator importante ao se analisar este tipo de fenômeno. A

variação nas propriedades da cobertura vegetal pode causar mudanças de diversos

aspectos relacionados ao comportamento do fogo. Uma mata densa, cerrada e

pouca alterada mantêm um conteúdo de umidade mais elevado e estável que outra

mata alterada e aberta estando assim mais sujeita às ações do vento e da radiação

solar, por conseguinte mais propensa aos incêndios.

A vegetação de uma floresta pouco alterada exerce acentuada influência no

microclima da área onde está localizada e seus arredores. Uma floresta com árvores

de grande porte, variada diversidade, densa e cerrada, intercepta a radiação solar,

33

conservando a temperatura mais amena do ar e dos materiais combustíveis ali

presentes. Uma mata assim funciona como barreira evitando a livre passagem das

correntes de vento e reduzindo sua velocidade, proporcionando uma menor

evapotranspiração, deste modo, dificultando a perda de umidade do material

combustível da floresta.

Uma característica importante do material combustível está relacionada às suas dimensões, principalmente com a espessura ou com o diâmetro das partículas. Quanto mais finos forem os elementos individuais do combustível, mais rápida é a troca de umidade com o ar atmosférico. (CEMIG, 2003)

Nas florestas são considerados combustíveis todos os vegetais existentes de

diversos tipos, as plantas vivas e seus resíduos, mesmo que no final de um incêndio

seja possível observar vegetais que não inflamaram, isso porque, não atingiram a

temperatura de combustão.

Constituirão como combustíveis vivos os capins diversos, os cipós, os

arbustos, as árvores, etc..

Dentre os combustíveis mortos estarão os troncos, galhos, folhas etc., sendo

importante observar a camada formada por diversos restos de vegetação morta e de

tamanho reduzido denominados de serapilheira, estrato localizado acima do solo,

que proporcionará a fácil instalação do fogo e sua rápida propagação

Todos os tipos de combustíveis tanto vivos quanto mortos exercerão

influência sobre o fogo de acordo com as condições que apresentem tais como:

- Grau de combustibilidade;

- Quantidade disponível de combustível;

- Densidade da vegetação;

- Estratificação da vegetação;

34

- Grau de umidade dos combustíveis.

Grau de Combustibilidade.

O grau de combustibilidade ou inflamabilidade se refere à maior ou menor

capacidade que os combustíveis vegetais possuem para absorver calor e liberar

gases que entrarão em combustão. Os vegetais terão caracterizada sua

combustibilidade pelo tamanho, por sua estrutura, por sua capacidade de reter

umidade, por possuir ou não substâncias que atuarão como aceleradoras da

combustão como algumas resinas e pela fisiologia de cada espécie.

O destaque ficará por conta do volume de combustível morto e de espessura

mais fina disponível no cenário, devido ao fato de quanto mais fino e menor for o

material combustível maior será sua capacidade de perder umidade e receber calor

inflamando-se, aumentando consideravelmente o grau de combustibilidade da área

onde se encontram. Para os estudos de combate a incêndios florestais os

combustíveis são classificados em ligeiros e pesados

Combustíveis Ligeiros

Constituídos por materiais combustíveis finos, folhas, ervas, capins, pequenos

arbustos, etc., que se aquecem, perdem umidade e se incendeiam facilmente.

Queimam com grande rapidez contribuindo para a propagação do fogo (Figura 7).

35

Figura 7: Combustíveis Ligeiros. Adaptado de PATAE - UFF (1985)

Combustíveis Pesados:

Formados pelos materiais combustíveis de combustão lenta, troncos, cipós

grossos, as raízes, etc. (Figura 8), que exigem mais calor e tempo para se

incendiarem, serão mais lentamente consumidos pelo fogo devido seus diâmetros

mais volumosos e que também reterão mais água dificultando desta forma a pirólise,

porém quando o fogo se instala nestes combustíveis o combate é dificultoso e

necessitará de grande quantidade de água para se extinguir a combustão.

36

Figura 8 Combustíveis Pesados. Adaptado de PATAE - UFF (1985)

Em um incêndio florestal, o avanço e o comportamento do fogo dependerão

diretamente dos tipos de combustíveis que predominem na área em que se instalou

o fogo, da quantidade, de seu arranjo e principalmente do volume de combustíveis

ligeiros e pesados. Logo, a velocidade de propagação do fogo será mais rápida nas

pastagens do que em vegetações arbustivas predominantes e que será ainda menor

nas matas densas etc..

Temos ainda que levar em consideração que existirão espécies vegetais que

possuem em suas estruturas certas resinas que ao serem aquecidas liberarão gases

mais voláteis e com maior capacidade de queima aumentando assim o grau de

combustibilidade destes combustíveis.

Quantidade do Combustível

A quantidade de combustível tanto vivo quanto morto, por unidade de

superfície, será outro fator que influenciará sobremaneira o comportamento do fogo,

37

uma vez que quanto mais combustível maior será a intensidade do incêndio e maior

sua capacidade de provocar danos e prejuízos.

Com o grande acúmulo de resíduos caídos no solo da floresta e com a

alteração do ciclo do fogo, os incêndios tem se apresentado muito mais

devastadores em alguns lugares.

O material combustível de uma floresta pode ser quantificado, sendo o peso

médio de matéria seca existente por unidade de área, feito por amostragem,

normalmente sendo dada em kg/m² ou por ton/ha. A Prévia quantificação será

importante nos trabalhos de prevenção e futura caracterização e associação aos

efeitos do fogo na área queimada.

Também é possível qualificar os combustíveis de uma área, conhecendo suas

características de inflamabilidade e predominância, o que também previamente será

útil para a prevenção.

Densidade da Vegetação

A densidade será classificada como a extensão horizontal de cobertura do

solo pela vegetação existente, e indicará também a maior ou menor proximidade de

umas plantas para as outras, que ajudará a condicionar a velocidade de propagação

do fogo (Figura 9). Se a densidade é alta sem interrupções na cobertura do

combustível, o fogo se propagará mais rapidamente dispersando-se por longas

distâncias caso o teor de umidade seja muito baixo.

38

Figura 9: Vegetação com alta densidade e estratificação contínua. Adaptado de PATAE - UFF (1985)

Já em áreas onde o incêndio se instalou, se a densidade for muito reduzida,

ou existam porções sem combustível o fogo encontrará dificuldades para sua

propagação (Figura 10)

39

Figura 10: Vegetação com baixa densidade e estratificação descontínua. Adaptado de PATAE - UFF

(1985)

Estratificação da Vegetação

A distribuição da vegetação de acordo com um plano vertical se denomina

estratificação e se divide em uma série de camadas ou de estratos de diferentes

alturas, variando nas pastagens ou vegetações rasteiras, nas vegetações arbustivas

e nas matas, determinando o tipo de incêndio (subterrâneo, de superfície ou de

copas

Poderá ser estratificação contínua (Figura 9), onde os diferentes estratos se

sobrepõem permitindo assim que o fogo se propague de uns para os outros. Esta

condição favorecerá o fogo onde facilmente um incêndio de superfície se transforme

em incêndio de copas, ou ainda, estratificação descontínua (Figura 10), onde

40

existirão falhas entre os estratos. Neste caso um incêndio de superfície dificilmente

passará para as copas das árvores.

Para Anderson e Brown (1988 apud Batista, 2000) os combustíveis estão

dispostos por “continuidade” referindo-se à sua distribuição sobre uma área, tanto no

sentido horizontal quanto vertical. É uma característica muito importante porque

controla parcialmente onde o fogo pode ir e a velocidade com que se propaga.

Quando o material está distribuído uniformemente sobre uma área, não há

interrupção no combustível e as chamas irão se propagar sem obstáculos. Quando a

continuidade não é uniforme, isto é, quando o combustível está disposto de forma

dispersa, há dificuldade do fogo se propagar devido às interrupções do combustível

sobre a área.

Grau de Umidade dos Combustíveis

O conteúdo de água dos combustíveis vegetais tem grande importância no

comportamento do fogo, pela sua capacidade de até impedir um pequeno foco de se

espalhar quando os vegetais estão muito hidratados, quanto da possibilidade de se

iniciar a combustão e sua posterior evolução quando os vegetais se apresentarem

muito secos.

Para Schroeder e Buck (1970 apud Batista, 2000) o conteúdo de umidade é a

mais importante propriedade que controla a inflamabilidade dos combustíveis vivos e

mortos. A umidade do material reflete o clima e as condições metereológicas do

local, podendo variar rapidamente. Combustíveis vivos e mortos têm diferentes

mecanismos de retenção de água e reagem distintamente às variações das

condições metereológicas. O conteúdo de umidade dos combustíveis mortos flutua

41

principalmente em função da umidade relativa, temperatura do ar e a precipitação.

Partículas finas do combustível morto, tais como: folhas secas e pequenos ramos

podem variar o conteúdo de umidade em poucas horas. Ao contrário, são

necessários vários dias ou semanas para variar significativamente o conteúdo de

umidade de um tronco de árvore ou galho de grosso calibre caído ao solo.

O grau de umidade dos materiais combustíveis de uma floresta é medido pela

capacidade que estes materiais têm de reter ou armazenar água. São controlados,

em grande parte, pela umidade atmosférica, e pelos índices de precipitação.

De acordo com Batista e Soares (1997) existe uma troca contínua de vapor

d’água entre a atmosfera e o combustível depositado no piso da floresta. O material

seco absorve água de uma atmosfera úmida e libera água quando o ar está seco. A

quantidade de umidade que o material morto pode absorver do ar e reter depende

basicamente, da umidade do ar. Durante períodos extremamente secos, a baixa

umidade do ar pode inclusive afetar o conteúdo de umidade do material vivo.

A velocidade do avanço do fogo em um material florestal combustível qualquer é menor ou maior segundo o seu conteúdo de umidade no momento de entrar em combustão. O material combustível úmido absorve grande parte do calor que recebe para secar-se e só entra em combustão depois que a quantidade de umidade seja suficientemente nula e incapaz de impedir a ignição. Desta forma compreende-se que um material verde e com alto conteúdo de umidade, queima com dificuldade, tornando-se um agente retardante do fogo, e às vezes até impedindo o avanço das chamas, ao que o material que está seco entra em combustão imediatamente sendo campo ideal para a rápida propagação do incêndio. (PATAE-UFF, 1985)

Para Soares (1985) o conteúdo de umidade da vegetação viva varia

principalmente em resposta ao estágio estacional de desenvolvimento em que se

encontra. Geralmente, durante a estação de crescimento, período das chuvas

regulares, as árvores apresentam muita brotação e folhas novas, portanto possuem

um conteúdo de umidade bastante elevado, podendo chegar a 300% do peso seco.

42

No início do período de estiagem, inverno, quando as árvores começam a entrar em

dormência, apresentam teor de umidade próximos de 50%.

A concentração de calor mesmo em um combustível vegetal com alta

porcentagem de umidade fará primeiro com que se evapore este excesso de água

antes que a planta alcance temperatura suficiente para liberar gases que se

inflamem o que demonstra a importância da regularidade de chuvas no contexto dos

incêndios florestais. Agora quanto mais baixo o volume de água que um vegetal é

capaz de reter, mais seco estará este combustível e mais rapidamente se queimará.

O fogo se manifestará nos combustíveis de acordo com seu estado e suas

características conforme tabela 1.

Tabela 1. A vegetação e a propagação do fogo, as características dos combustíveis.

Maior Velocidade de Propagação Menor Velocidade de Propagação

Combustíveis Mortos Combustíveis Vivos

Combustíveis Ligeiros Combustíveis Pesados

Alta Densidade Baixa Densidade

Estratificação Contínua Estratificação Descontínua

Pastagens e Vegetações Rasteiras Matas Fechadas

Silviculturas onde predomine apenas uma

espécie.

Matas com grande diversidade, e com

pouca intervenção antrópica.

Combustíveis mais secos Combustíveis mais úmidos.

Como os combustíveis secos e mortos tem menor capacidade de reter água,

estão mais sujeitos a variação de temperatura e queda nos índices de pluviosidade,

pois perdem umidade mais rapidamente e entram em combustão com mais

facilidade, logo se existirem em grande quantidade em uma determinada área fará

43

com que o risco de se iniciar um incêndio seja maior e que sua propagação seja

mais rápida.

O conteúdo de umidade do combustível controla sua inflamabilidade, é muito importante na determinação das condições de perigo de incêndio. O conteúdo de umidade dos materiais combustíveis mortos (cobertura morta, galhos, folhas, húmus) varia tremendamente dependendo dos índices pluviométricos. Ela raramente é menor que 20% mas pode exceder os 200%, como por exemplo, em madeira apodrecida ou no húmus, após prolongada chuva. (PATAE-UFF, 1985)

Este comportamento da perda de umidade da vegetação ocorre em

conseqüência do processo de transpiração, que é a evaporação devido à ação

fisiológica dos vegetais. As plantas, através de suas raízes, retiram do solo a água

para suas atividades vitais. Parte dessa água é cedida à atmosfera, sob a forma de

vapor, na superfície das folhas. Deste modo, a atmosfera atua como um dreno para

vapor d’ água, quanto mais seco estiver o ar (baixa umidade relativa), maior será a

força desse dreno e assim maior será a perda de água pela planta. Em vegetação

de pequeno porte, como gramíneas, a perda de umidade ocorre poucas horas

depois da chuva e dependendo do período sem chuvas ou com chuvas inferiores a

20 mm a recuperação da sua umidade é mais lenta, quando comparada com a

vegetação de floresta (VOLPATO, 2002).

3.4.2 Os Fatores Climatológicos

A ocorrência de Incêndios Florestais e sua propagação estão intrinsecamente

ligadas às condições climáticas da região onde se manifestam.

Os diversos fatores que configuram as características climatológicas de uma

área em que se instala um incêndio condicionarão também sua evolução, devido a

44

grande influência que exercerá nos três elementos que compõem o triângulo do

fogo. Entre estes fatores os que mais exercerão influência são:

- O vento;

- A Umidade do Ar;

- A Radiação Solar;

- A Precipitação Pluvial;

- A Temperatura.

O Vento

De grande importância no comportamento do fogo, por contribuir para a perda

de umidade dos vegetais e especialmente por determinar a velocidade de

propagação.

O vento é o movimento do ar em relação à superfície terrestre. É gerado pela ação de gradientes de pressão atmosférica, mas sofre influências modificadoras de movimento de rotação da Terra, da força centrífuga ao seu movimento e do atrito com a superfície terrestre. (Tubelis e Nascimento, 1984)

Devido a distribuição dos continentes dos mares e oceanos e as mudanças

das estações do ano sobre a superfície do planeta, se produzem temperaturas

diferentes (gradientes de pressão atmosférica) de certas regiões para outras o que

produz movimentos horizontais e verticais do ar constituindo assim os ventos gerais.

Em determinadas regiões devido também as diferenças de temperaturas

entre o dia e a noite e ainda devido as diversidades topográficas surgirão ventos

locais, cujas ações se somarão aos ventos gerais.

45

Os ventos afetam diretamente o comportamento do fogo e por sua vez as

variações de calor provocadas pelo incêndio alteram as características dos ventos

locais, produzindo correntes de ar ascendentes.

Os ventos de maior interesse no combate aos incêndios florestais são os

ventos de encosta, anabáticos ascendentes e catabáticos descendentes, que são

muito presentes em regiões de relevo acidentado.

O vento afeta o comportamento do fogo nas florestas de diversas maneiras. O vento leva para longe o ar carregado de umidade, acelerando a secagem dos combustíveis, ventos leves auxiliam certos materiais finos, considerados ligeiros, em brasa a dar início ao fogo. Uma vez iniciado o fogo, o vento auxilia a combustão pelo aumento no suprimento de oxigênio (comburente). O vento alastra o fogo através do transporte de materiais acesos ou aquecidos para novos locais ainda não incendiados, inclina as chamas para perto dos combustíveis ainda não queimados que estão na frente do incêndio. A direção e velocidade da propagação do fogo serão determinadas principalmente pelo vento. (Batista e Soares, 1997) O vento é fator fundamental nos incêndios de copas, onde transporta calor e chamas de árvore para árvore. Caso o vento parar, o fogo geralmente não tem continuidade nas copas. (PATAE-UFF, 1985)

O vento é o responsável pela rápida dispersão do fogo, já que é capaz de

transportar materiais acesos (brasas) gerando focos secundários.

Assim quanto mais forte o vento, mais rapidamente será a propagação do incêndio, isto porque o vento trás consigo um suprimento adicional de oxigênio, fazendo com que este alastre chamas, fagulhas e brasas em direção ao combustível que está adiante, provocando fogos intermitentes e esparsos. (PATAE-UFF, 1985)

A Umidade do Ar

Tubelis e Nascimento (1984) argumentam que a umidade do ar é a água, na

fase de vapor, que existe ma atmosfera. Suas fontes naturais são as superfícies de

água, gelo e neve, a superfície do solo, as massas vegetais e os animais. A

46

passagem para a fase de vapor é realizada pelos processos físicos de evaporação e

sublimação, e pela transpiração.

Para Ayoade (1996) o volume de vapor d’água na atmosfera pode variar

praticamente de zero, em regiões áridas, até cerca de 3 - 4% nos trópicos úmidos. O

conteúdo do vapor d’água está estreitamente relacionado com a temperatura do ar e

com a disponibilidade de água na superfície terrestre. Assim, nas latitudes médias é

maior no verão do que no inverno, quando a capacidade da atmosfera para reter a

umidade é pequena.

A importância da umidade do ar está intrinsecamente ligada à umidade dos

materiais combustíveis, ao risco da eclosão da combustão e ao comportamento do

fogo nos seus diversos estágios.

Concluímos juntamente com Batista e Soares (1997) que a umidade do ar é,

isoladamente, um dos mais importantes fatores na propagação dos incêndios

florestais, principalmente nas regiões onde a ocorrência de incêndios é

predominante no inverno, quando os índices pluviométricos são menores devido à

estiagem, como ocorre na maior parte do território Brasileiro. A umidade do ar é

também um elemento importante na avaliação do grau de dificuldade de combate

aos incêndios. Quando a umidade do ar desce ao nível de 30% ou menos, torna-se

extremamente difícil combater um incêndio.

A Radiação Solar

A radiação solar de acordo com Tubelis e Nascimento (1984) é a energia

recebida pela Terra, na forma de ondas eletromagnéticas, provenientes do sol. Ela é

a fonte primária de energia que o globo terrestre dispõe, e a sua distribuição variável

47

é a geratriz de todos os processos atmosféricos, influenciando sobremaneira o

comportamento dos incêndios florestais devido a capacidade de reduzir o teor de

umidade dos materiais combustíveis.

Afirmam Tubelis e Nascimento (1984) que as variações diárias do balanço de

radiação da superfície do solo ocorrem em função da trajetória diária do sol acima

do horizonte, enquanto que as variações estacionais em função da variação da

declinação do sol ao longo do ano. O balanço de radiação de uma superfície é

composto por uma entrada de energia, a radiação solar absorvida, e por uma

liberação de energia através da emissão efetiva terrestre. A radiação absorvida

ocorre durante o período em que o sol está acima do horizonte, e sua intensidade é

proporcional à altura do sol acima do horizonte, sendo máxima na sua passagem

meridiana. A emissão efetiva terrestre é crescente do nascer do sol até sua

passagem meridiana quando, passa a ser decrescente até o nascer seguinte.

“O padrão de distribuição da radiação solar é ligeiramente alterado sobre a

superfície terrestre, basicamente por causa do efeito da atmosfera que absorve,

reflete, difunde e reirradia a energia solar”. (Ayoade, 1996)

Acompanhando ainda o raciocínio de Tubelis e Nascimento (1984) a

quantidade de radiação solar em um determinado local depende da inclinação dos

raios solares, do comprimento do dia, da transmissividade da atmosfera e da

cobertura do céu. Superfícies com orientações e inclinações diferentes recebem

quantidades diferentes de radiação solar global em comparação com uma superfície

horizontal, em uma mesma localidade e época do ano. A importância deste fato é

que a produção de matéria vegetal é condicionada pela disponibilidade de energia

solar, ou seja, influenciando o comportamento do fogo.

48

A superfície do solo, com ou sem vegetação é o principal receptor da radiação

solar e da radiação atmosférica, sendo também um emissor de radiação. Seu

balanço de radiação, variável no decurso do dia e do ano, promove variações diárias

e anuais na temperatura do solo e do ar que somados aos diversos fatores que

influenciam os incêndios florestais irá contribuir para sua maior ou menor

manifestação.

A Precipitação Pluvial

Para os estudos da climatologia são diversas as formas de precipitação,

desde saraiva, granizo, neve, água etc.. Para os estudos dos incêndios florestais

nos interessa muito a quantidade de vapor d’água, condensado na atmosfera, que

cai sobre o planeta em forma de gotas comumente conhecida por chuva. As chuvas

quando regulares proporcionam que os combustíveis permaneçam úmidos, ou seja,

contribuem para que o teor de umidade dos vegetais esteja elevado tornado difícil o

surgimento do fogo e sua propagação.

Durante os períodos prolongados de estiagem são observados o aumento no

número de ocorrências de incêndios florestais, uma vez que devido ao longo período

sem chuvas, os materiais combustíveis acabam mesmo por ceder umidade ao

ambiente que se encontra mais seco, assim, tornando-se os vegetais mais

inflamáveis e suscetíveis ao surgimento do fogo.

De acordo com Batista (2000) as precipitações são importantes porque ao

manter o material florestal úmido, dificultam ou tornam impossível o início e a

propagação do fogo. Existe uma forte correlação entre os incêndios e prolongados

períodos de seca. Nestes períodos de seca prolongada o material cede umidade ao

49

ambiente, tornando as condições favoráveis às ocorrências de incêndios. Na

avaliação do efeito da precipitação, deve-se considerar não apenas a quantidade de

chuva que cai, mas também sua distribuição estacional. Se a distribuição das

chuvas em um determinado local é uniforme durante todo o ano, sem uma estação

seca definida, a possibilidade de ocorrência e propagação dos incêndios é menor do

que um local onde a estação chuvosa está concentrada em alguns meses, com

longos períodos de estiagem durante os outros meses.

Os níveis de chuva e distribuição sazonal são usados para se encontrar

inclusive índices que auxiliarão na previsão do período de risco a incêndios

florestais.

A Temperatura

Temperatura ou calor é um dos elementos do “triângulo do fogo”, ficando

clara a sua importância fundamental tanto na ignição (início) da combustão como na

propagação dos incêndios florestais.

Para Ayoade (1996) a temperatura de um corpo é o grau de calor medido por

um termômetro, pode ser definida em termos do movimento de moléculas, de modo

que quanto mais rápido o deslocamento destas, mais elevada será a temperatura,

logo sua definição relativa toma-se por base o grau de calor que um corpo possui.

De acordo co Batista e Soares (1997) embora o comportamento do fogo seja

afetado diretamente pela temperatura, a maioria dos efeitos são indiretos. Quanto

mais aquecido o ar e as partículas de combustível, menor a quantidade de calor

necessária para iniciar e continuar o processo de combustão. A temperatura também

50

afeta a capacidade do ar conter vapor d’água. Além disso, normalmente quando a

temperatura aumenta, a umidade decresce e, desse modo, ajuda a baixar o

conteúdo de umidade dos combustíveis, aumentando o risco de incêndios.

Então a elevação da temperatura aumenta o grau de combustibilidade dos

vegetais e da matéria morta ao favorecer maior evaporação e reduzir o grau de

umidade destes combustíveis, criando condições ideais para a manifestação dos

incêndios. Porém é necessário existir uma fonte de calor contínua capaz de elevar a

temperatura dos materiais combustíveis até seu ponto de ignição, observando que

para os vegetais vivos e verdes precisará ser mais intenso a ponto de levá-los à

desidratação e a queima.

3.4.3 A Topografia

A topografia é a configuração do relevo, ou seja, o aspecto assumido de um

terreno ou área com a posição de suas feições naturais ou artificiais.

Batista e Soares (1997) costumam dizer que a topografia faz o clima e

determina o tipo de combustível em uma determinada área. Considerando-se que o

comportamento do fogo é em grande parte o resultado do clima e do combustível

disponível, pode-se dizer também que topografia influi decisivamente no

comportamento do fogo. A topografia afeta profundamente as características dos

ventos, particularmente os ventos convectivos. Além disso, é responsável pela

localização dos diversos tipos de combustíveis, tendo influência sobre o seu

crescimento e inflamabilidade devido os seus efeitos sobre o clima.

Locais onde há grandes variações na altitude do terreno a vegetação que se

encontra no vale será mais abundante que aquela localizada no topo das encostas.

51

Para nosso entendimento os elementos da topografia que influenciam os incêndios

florestais são:

- A Inclinação da Encosta;

- A Exposição/Orientação;

- Altitude.

A Inclinação da Encosta.

As encostas (aclive do terreno) são um dos fatores que contribuem para

propagação do fogo, de acordo com o grau de inclinação, quanto mais acentuado

maior será a velocidade da frente do incêndio. Os incêndios sobem mais facilmente

as encostas por causa das ondas de calor tenderem a subir e também devido ao

fato da inclinação positiva contribuir para aproximar as chamas até os vegetais que

estão na parte mais adiante, assim o fogo aquece, seca e queima estes

combustíveis com maior intensidade que aqueles localizados abaixo. Favorecidas

pela inclinação do terreno as correntes de ar aquecidas (convecção), auxiliadas

pelos ventos, sobem aquecendo e secando a vegetação de forma mais ampla que

no plano horizontal onde só atuam até a altura final das copas.

A Exposição/Orientação.

São as posições em que as faces do terreno estão em relação aos pontos

cardeais, dados úteis para a compreensão de como a radiação solar contribui para o

crescimento da vegetação e o aquecimento da área.

52

Superfícies que possuem orientações norte e sul, com diferentes inclinações, recebem energia solar como se fossem horizontais e situadas em outra latitude, esta dependente da inclinação do terreno. Superfícies que possuem orientação leste ou oeste terão menores durações diárias da insolação, devido a um adiantamento do momento do pôr do sol para terrenos leste e atraso no momento do nascer do sol para terrenos oeste. A radiação solar global será a mesma para ambas as orientações na mesma inclinação. (Tubelis e Nascimento, 1984)

As informações a respeito das orientações em que os terrenos estão expostos

terão grande importância também ao se identificar a predominância da direção dos

ventos, já que estes são fatores que contribuirão fortemente no comportamento do

fogo.

Altitude

É a distância vertical de um ponto da superfície da Terra, que considera como

referência a relação ao nível zero dos oceanos.

De acordo com Batista et al (2002), a elevação do terreno, em relação ao

nível do mar, é relevante no estudo do risco de incêndio porque tem efeito sobre as

condições climáticas do local e conseqüentemente sobre as características de

umidade do material combustível. Com a elevação da altitude se observa um

decréscimo da temperatura acompanhado por um aumento na umidade relativa do

ar até determinadas altitudes. Logo, o risco de incêndio florestal é maior nas baixas

altitudes.

53

3.5 Fontes ou Causas do Fogo.

Os incêndios florestais são resultado da interação de diversos fatores, mas

principalmente pelas intervenções antrópicas diretas ou indiretas e pela falta de

informações dos seres humanos com relação aos aspectos da prevenção. Para os

estudos de combate a incêndios florestais as origens destes são classificadas em

Causas Naturais e Causas Humanas.

Para podermos entender e combater os incêndios florestais é preciso

conhecer suas origens, logo, como citado por Batista (2000) a análise das causas

dos incêndios, através dos registros de ocorrências de incêndios florestais, é uma

forma simples e prática de avaliar o grau de risco em função das principais fontes de

fogo.

De acordo com Ambiente Brasil (2008) as causas dos incêndios podem variar

bastante de uma determinada região para outra região do país de acordo com os

mais diversos e diferentes aspectos, tais como condições climáticas, atividades

agrícolas e florestais, proximidade de determinadas concentrações urbanas, cultura

destas populações, margens de rodovias, estradas de ferro, pastagens.

Causas Naturais

As causas naturais que podem dar origem ao fogo e que têm realmente

significância são os raios (descargas atmosféricas) e as combustões espontâneas.

Os raios são descargas elétricas entre as nuvens e o solo, no Brasil não

existem registros de grandes incêndios provocados por quedas de raios, uma vez

que o período ocorrências de raios coincide com a estação chuvosa, há relatos de

54

princípios de incêndios, principalmente em copas de árvore, mas que não se

propagam devido à chuva que cai posteriormente aumentando sobremaneira o teor

de umidade dos vegetais impedindo que o fogo se alastre.

As combustões espontâneas entre os vegetais são processos complexos que

podem ocorrer, por exemplo, quando há acúmulo de certos vegetais juntamente com

determinas resinas e óleos também de origem vegetal e estes pela ação de algumas

bactérias, entram em fermentação. A fermentação produz calor e libera gases que

se incendeiam. Estes materiais entram em combustão sem fonte externa de calor,

são materiais com baixo ponto de ignição e são considerados combustíveis com

grande inflamabilidade. A combustão espontânea ocorre então quando há mistura

de determinadas substâncias químicas, provocando uma reação lenta de oxidação,

onde esta combinação gera calor e libera gases até alcançar quantidades e

temperatura suficientes para iniciar a combustão em contato com o oxigênio.

Causas Humanas

As causas humanas como já citado, são maioria nas origens dos incêndios

Florestais, já que estes são iniciados principalmente em decorrência de algum tipo

de atividade humana, direta ou indiretamente.

De acordo com Soares (1996) as estatísticas mais recentes sobre incêndios

florestais no Brasil indicam que de acordo com a classificação da FAO (Food and

Agriculture Organization), as principais causas dos incêndios florestais são “queimas

para limpeza” e incendiários.

55

São diversas as causas humanas que dão origem aos incêndios florestais,

mas as que usualmente são usadas para entendimento e estudos relativos a os

incêndios são:

- Uso do fogo para fins agropastoris ou queima para “limpeza” é uma prática

bastante comum pela qual algumas pessoas, fazem uso do fogo para “limpeza” de

terrenos quer seja para fins florestais, agrícolas, pecuários ou ainda para controle de

pragas sem as devidas medidas de segurança, nesta categoria se encaixa também

a queima de restos vegetais ou da vegetação de lotes vagos, que são um grande

risco quando ocorrem nas imediações aos fragmentos florestais próximos às

concentrações urbanas.

- O uso do fogo para eliminar o lixo além de ser uma prática agressiva ao

meio ambiente quando realizado próximo às áreas verdes pode escapar ao controle

e gerar mais danos que o previsto.

- As fogueiras ou fogos campestres são comumente utilizados por

excursionistas, pescadores, caçadores e trabalhadores rurais, que as empregam

para diversos fins como cozinhar ou se aquecerem e as abandonam sem o cuidado

de apagá-las corretamente, dando início a incêndios.

- O uso de velas é comum nas práticas religiosas existindo rituais próximos às

áreas verdes e até mata adentro, onde as velas são deixadas acesas, aumentando

desta maneira a possibilidade de início de um incêndio.

- Incêndios provocados por incendiários normalmente são motivados por

pessoas que agem por vingança, ou que usam o incêndio para dificultar a

investigação de alguns crimes, existindo até pessoas que colocam fogo por mero

vandalismo; nesta categoria se encaixam também as pessoas que agem

inconscientemente, devido a desequilíbrios mentais.

56

- Fumantes normalmente provocam incêndios florestais próximos às estradas

e rodovias ao lançarem pontas de cigarros ou fósforos acesos na vegetação seca,

por negligência ou imprudência.

- Nas estradas de ferro ou linhas férreas sem as periódicas manutenções,

onde a vegetação cresce desordenadamente aproximando do leito da ferrovia, o

atrito das rodas dos trens com os trilhos geram centelhas que podem ocasionar

incêndios.

- Quando existem sobre as matas fios elétricos ou linhas de transmissão de

energia a cobertura vegetal fica sujeita aos possíveis acidentes que podem produzir

centelhas como acontece quando surgem os curtos-circuitos, as quedas de fios e

outros que acabam por dar origem a incêndios. A constante manutenção das áreas

onde passam estas linhas de transmissão e outras medidas de proteção da

vegetação abaixo delas pode reduzir as possibilidades de eclosão incêndios.

- Diversos ou acidentais: tais causas normalmente são o resultado de eventos

que ocorrem “independentemente” da vontade do ser humano. Estes acidentes ou

até “fatalidades” são provocados por mau funcionamento de equipamentos, que sob

uma determinada ótica, acaba sendo erro humano, quer seja por falta de

manutenção ou despreparo de quem opera.

3.6 Prejuízos Ambientais

O fogo está classificado como o principal agente de degradação ambiental

para as florestas em todo o mundo. Todos os anos são perdidos milhares de

hectares consumidos pelos incêndios, provocando prejuízos econômicos e acima de

tudo perdas ambientais incalculáveis.

57

De acordo com Clemente (2006) do ponto de vista ambiental, os danos

gerados pelos incêndios florestais, quando freqüentes, referem-se à alteração e até

a destruição de extensos ecossistemas, causando a perda de biodiversidade, erosão

e o empobrecimento dos solos e dos recursos hídricos, além de prejudicar o ciclo de

carbono na atmosfera.

Para Uhl e Buschbacher e Dean (1991, 1996 apud Deppe et al. 2003) por

causa de uma intensa freqüência de manifestação de incêndios florestais numa

mesma região, pode ser admitida até a hipótese de troca da paisagem, podendo

levar a perda irreversível de parte dos recursos genéticos, antes mesmo de se

conhecer seu potencial, como por exemplo, a produção de novos medicamentos e

alimentos.

O site Ambiente Brasil (2008) declara que os incêndios florestais, tanto os

casuais quanto os propositais, são causadores de grandes prejuízos para o meio

ambiente e ao próprio homem e suas atividades econômicas. No período de 1983 a

1988 no Brasil, os incêndios destruíram uma área de 201.262 hectares de

reflorestamento, que representa aproximadamente 154 milhões de dólares para o

seu replantio, fora o prejuízo direto de tempo.

Torres (2006) argumenta que as alterações causadas por processos

antrópicos tendem a produzir vários fatores, dentre eles os incêndios florestais

desempenham um papel significativo, visto que seus efeitos podem ser sentidos em

várias escalas. Dentre os efeitos podemos destacar: a influência na fertilidade dos

solos, a destruição da biodiversidade, a fragilização de ecossistemas, a destruição

de patrimônio público e privado, a produção de gases nocivos a saúde humana e

para a atmosfera terrestre, a diminuição da visibilidade atmosférica, o aumento de

acidentes em estradas e a limitação de tráfego aéreo entre outros.

58

Clemente (2006) cita que de acordo com dados apresentados pesquisadores

do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a emissão de gás

carbônico resultante do desmatamento e pelos incêndios somente na região

amazônica é mais que o dobro das emissões deste gás por queima de combustível

fóssil no Brasil, ou seja, cerca de 200 milhões de toneladas de gás carbônico são

lançados na atmosfera terrestre devido ao desmatamento e aos incêndios por ano

contra 95 milhões de toneladas ano lançadas pela queima de combustível fóssil.

Partindo do princípio que toda ajuda é necessária, vê-se a importância de se

entender e evitar os incêndios nos fragmentos florestais.

3.7 Os Incêndios Florestais e a Geografia

“A Geografia se interessa pelas relações sociais e por suas traduções

espaciais.” (Veyret, 2007). Os incêndios florestais são um tipo de manifestação que

envolve diversos fatores, por começar com sua extrema capacidade de modificar

rapidamente a paisagem. A Geografia é a ciência que tem como objeto de estudo a

compreensão da complexa interação entre a humanidade e o planeta Terra,

encontrando desta maneira nos incêndios florestais um campo para estudos que

envolvem diversos dos assuntos de interesse desta área.

Nas últimas décadas surgiu a necessidade de maior entendimento ambiental,

com isso os Geógrafos encontraram cada vez mais campo para desenvolver

trabalhos no sentido de contribuir para uma melhor relação entre o ser humano e o

meio, já que na Geografia existe a capacidade de analisar a totalidade dos

fenômenos de maneira interdisciplinar.

59

De acordo com Veyret (2007), para o geógrafo a tradução espacial do risco

constitui um tema de estudo indispensável. No domínio nuclear, por exemplo, o risco

ligado a uma nuvem radioativa não se detém diante das fronteiras dos países, mas

afeta vastos espaços (como no caso Chernobyl). As zonas de risco podem se

definidas, portanto, de formas e superfícies variáveis, mapeáveis em diferentes

escalas espaciais e temporais. O espaço sobre o qual pairam as ameaças não é

neutro, ele constitui a “componente extrínseca” do risco.

Os incêndios florestais são fenômenos territoriais capazes de alcançar

grandes extensões em curtos intervalos de tempo, tanto seus fatores quantos seus

efeitos se distribuem no espaço e são por ele influenciados, com isso evidenciamos

grande interesse para o campo da Geografia com as possibilidades de entendimento

dos mecanismos que envolvem os riscos e as conseqüências dos incêndios para o

meio ambiente. Hoje devido à crescente demanda de recursos naturais pela

humanidade para sua manutenção é preciso encontrar formas de utilização racional

dos meios disponíveis, o que deixa claro a necessidade da compreensão de um

fenômeno capaz de consumir e destruir bens gerando perdas e acima de tudo

produzindo prejuízos ambientais de grandes escalas.

São vários os fatores que irão contribuir para o comportamento do fogo nos

incêndios florestais, o tipo e o estado da vegetação, a topografia do local, as

condições climáticas, as atividades humanas no entorno, sendo todos assuntos de

interesse Geográfico juntamente com as causas e conseqüências decorrentes com a

manifestação do incêndio que se tornarão impactos ambientais e sociais tornando-

se então objeto de estudos e análises.

60

Estes fatores atuam de forma conjunta, necessitando análises que integrem

todos os elementos que agem no território, onde a interdisciplinaridade exercida pela

Geografia terá grande capacidade de compreensão deste tipo de fenômeno.

Para reduzir os impactos gerados pelos incêndios florestais é preciso

entender a manifestação deste fenômeno no espaço. Com as atuais ferramentas de

Sistemas de Informações Geográficas (SIG) disponíveis fica possível correlacionar

dados dos fatores que se integram e interagem no espaço estabelecendo índices e

gerando mapas que indiquem possíveis pontos de maior risco de eclosão de

incêndios, podendo deste modo, realizar ações de prevenção que impeçam sua

manifestação, ou caso aconteçam poder minimizar ao máximo seus efeitos, ações

estas que reduzirão os impactos decorrentes com o surgimento do fogo no

ambiente.

A quantificação das origens das manifestações dos incêndios florestais tem

suas causas prejudicadas nas estatísticas atuais, pois, como são em sua maior

parte resultado de ações humanas, sendo estas intencionais ou por descuido, ou

seja, sob o foco da lei são atos dolosos ou culposos, compelindo os autores a

ocultarem-se, dificultando assim o processo de quantificação dos mecanismos que

dão início à eclosão do fogo, mas que tem um lado positivo, pois, provoca desta

maneira avanços das pesquisas para se obter meios mais eficientes para se

identificar de outras formas os mecanismos de manifestação dos incêndios e com

isso minimizar e prevenir os riscos de ignição do fogo.

Nas últimas décadas as técnicas de análise ambiental evoluíram

consideravelmente e os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) tem contribuído

sobremaneira para melhor compreensão dos diversos fatores que influenciam nos

complexos impactos ambientais. Com os Sistemas de Informações Geográficas

61

torna-se possível obter valiosas informações da cobertura terrestre e realizar

análises de dados com inter-relações complexas capazes de produzir

conhecimentos que contribuirão para que os recursos disponíveis sejam utilizados

de maneiras mais eficazes.

3.8 Sistemas de Informações Geográficas e os Incêndios Florestais

Entende-se como Sistemas de Informações Geográficas (SIG) as diversas

tecnologias dentre elas os programas computacionais utilizados para processar

dados de forma georreferenciada e, com isso, promover o entendimento de diversos

fatos e fenômenos ambientais ou não que ocorrem no espaço geográfico. Estas

tecnologias podem ser definidas, com base em Matias et al. (1995 apud Nascimento

et al. 2007), como um conjunto integrado de equipamentos, programas,

metodologias, dados geográficos e pessoas (usuários), destinados a tornar possível

a captura, o armazenamento, o processamento, a análise e a apresentação de

dados referenciados geograficamente.

De acordo Câmara et al. (2001), o termo Geoprocessamento denota a

disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para

o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira

crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes,

Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional. As ferramentas

computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informações

Geográficas (SIG), permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de

62

diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados. Tornam ainda

possível automatizar a produção de documentos cartográficos.

Segundo Aronoff (1989), os sistemas de informações geográficas (SIG) são

sistemas com base computacional que usa procedimentos para armazenar e

manipular dados georreferenciados, com base na seguinte estrutura: a) entrada de

dados (input); b) gerenciamento de dados (armazenamento e recuperação de

(dados); c) manipulação e análise; e d) produção (output).

Ainda em conformidade com Câmara et al. (2001), podemos dizer, de forma

genérica, “Se onde é importante para seu negócio, então Geoprocessamento é sua

ferramenta de trabalho”. Sempre que o onde aparece, dentre as questões e

problemas que precisam ser resolvidos por um sistema informatizado, haverá uma

oportunidade para considerar a adoção de um Sistema de Informações Geográficas

(SIG).

Para o autor acima, num país de dimensão continental como o Brasil, com

uma grande carência de informações adequadas para a tomada de decisões sobre

os problemas urbanos, rurais e ambientais, o Geoprocessamento apresenta um

enorme potencial, principalmente se baseado em tecnologias de custo relativamente

baixo, em que o conhecimento seja adquirido localmente.

Nesse sentido, os sistemas de informações geográficas (SIG) mostram-se

excelente ferramenta para emprego no âmbito ambiental, por permitir a combinação

e a análise das mais diversas e complexas informações, ficando também evidente

sua importância no contexto das análises no campo dos incêndios florestais, uma

vez que com a ajuda desta tecnologia fica possível identificar as possíveis áreas

onde devido a um somatório de elementos que possuem maior risco intrínseco

possam ser avaliadas e com isso criar medidas para reduzir este risco.

63

Assim como citado por Pezzopane at al. (2001) os atuais recursos

computacionais facilitam bastante os estudos temporais e espaciais de previsão e

combate a incêndios. A detecção de locais de maior risco pode ser viabilizada com o

uso de sistemas de informações geográficas (SIG) que, segundo Martinez e Aguilera

(1995), é um eficiente componente no controle de incêndios por fornecer respostas

imediatas que otimizam os resultados de ações e decisões.

De acordo com Nogueira et al. (2002) existem hoje vários estudos de diversos

pesquisadores que envolvem os sistemas de informação geográfica (SIG) na

prevenção e no combate aos incêndios florestais. Segundo Van Wagtendonk (1990),

o SIG foi utilizado em pesquisa e manejo de incêndios florestais no Parque Nacional

de Yosemite, EUA, com vários objetivos, podendo-se citar: comparar dados

históricos sobre a incidência de fogo de acordo com a topografia e com o tipo de

vegetação; analisar a incidência de raios; e analisar o regime de fogo com base no

clima, na vegetação, no material combustível e na topografia. Green (1996)

apresentou um SIG denominado FIRE™, que integra dados espaciais de material

combustível e topografia com dados temporais, direção do vento e umidade do

material combustível, para predizer o comportamento dos incêndios florestais no

espaço e no tempo.

Chuvieco e Congalton (1989) relatam que o uso de um SIG torna possível

atualizar e recuperar informações espaciais, assim como produzir modelos

cartográficos por combinação de diversas maneiras, de planos de informações

incluídas no banco de dados. Para Alves (1990) estes sistemas manipulam dados de

diversas fontes, como mapas, imagens, cadastros e outras, permitindo recuperar e

combinar informações e efetuar os mais diversos tipos de análise sobre os dados.

64

Assim, citam Vetorazzi e Ferraz (1998) o sistema de informação geográfica

(SIG) pode ser considerado hoje uma técnica indispensável no mapeamento de risco

de incêndios, ou seja, a sua utilização viabiliza a aplicação prática do mapeamento

de risco de incêndio florestal.

3.9 Mapas de Risco

Para Show e Clarke (1953), a importância de se elaborar mapas de risco a

incêndios florestais tem sido evidenciada há muito tempo. Esses mapas, bastante

simples, eram resultado da plotagem das áreas atingidas pelos incêndios em um

mapa base, através de informações obtidas de relatório de incêndios de anos

anteriores. Desse modo, com os registros de vários anos, era definido um padrão

para as áreas de maior ocorrência e eram traçados limites que as caracterizavam

como áreas especiais de risco (Brown e Davis, 1973; Chandler et al., 1983; Soares,

1996).

A realização de estudos para a avaliação do risco de incêndio constitui a melhor possibilidade para a salvaguarda de vidas humanas, de propriedades, e de recursos naturais. A estimação do risco de incêndio a curto prazo tem em vista o apoio à tomada de decisões atualizadas sobre atividades de pré-supressão e supressão num plano de mitigação de fogo, e pode ser usada para diversos fins. Estes podem incluir a difusão de avisos, o estabelecimento de limitações a certas atividades recreativas ao ar livre, ou o planejamento de ações de vigilância e prevenção. Para a prevenção e combate a incêndios, estes índices são especialmente úteis quando são especializados na forma de mapas de risco. Estes mapas variam de cobertura local a cobertura global, são produzidos com diferentes resoluções espaciais e podem abranger períodos curtos ou longos. Segundo Chuvieco et al. (1997), a produção destes mapas deve basear-se em dados meteorológicos, e requer a seguinte informação de input: informação de base sobre a vegetação (mapa de ocupação do solo), monitoração diária a semanal do estado ou vigor da vegetação, e monitoração diária do estado do tempo. Para fins de prevenção é desejável

65

uma freqüência de atualização de mapas de risco de um dia ou menos. (FREIRE et al., 2004)

Atualmente com a maior disponibilidade dos recursos tecnológicos, vários

pesquisadores têm desenvolvido zoneamentos ou mapeamentos de riscos a

incêndios florestais utilizando metodologias que permitem associar os fatores

ambientais de uma região com os incêndios florestais dessa região em função da

sensibilidade dos fatores analisados em relação ao fogo. (Macedo e Sardinha, 1987;

Salas e Chuvieco, 1994; Souza et al., 1996; Smith, 1999 apud Batista, 2000).

Estes mapas são criados de acordo com uma classificação antecipada dos

fatores estabelecidos como necessários onde são aplicados valores para cada um

dos fatores de acordo com a região analisada. O uso destes mapas tem se mostrado

muito útil nas ações de manejo e gerenciamento das áreas verdes, tanto para sua

conservação quanto nos combates aos diversos fatores que as ameaçam.

De acordo com Cheney (1968), os índices de previsão de risco a incêndios

florestais mais utilizados para criação de mapas para este fim, apresentam um

acerto ao redor de 80%, considerado suficiente para um planejamento eficiente no

controle e prevenção ao fogo.

Para Batista (1998) o mapa de risco a incêndios é o resultado de

sobreposição dos vários mapas temáticos desenvolvidos para este fim (Figura 11).

Na realidade, o mapa de risco não consiste na simples sobreposição dos mapas

temáticos, mas da delimitação de áreas de acordo com o nível de risco em função

de uma somatória ponderada dos riscos parciais de cada variável analisada na

camada que foi desenvolvida.

66

Figura 11: As diversas Camadas de Mapas, Santiago (2005)

Ainda de acordo com Batista (2000) a análise detalhada e criteriosa de cada

variável ou fator associado ao risco a incêndios permite estabelecer graus ou níveis

de risco, de acordo com a influência maior ou menor dessa variável sobre a ignição

e a propagação do fogo em cada local considerado. Desta forma é possível se

construir mapas temáticos de risco a incêndios para uma determinada região,

associando-se a variável fonte de fogo ou de propagação ao risco a incêndios

florestais. Definir os níveis de risco a incêndios para cada variável analisada é a

parte mais importante e também a que oferece maior dificuldade na elaboração do

mapa de risco a incêndios.

Para Couto e Cândido (1992) um estudo que envolva o uso atual da terra,

vegetação (material combustível), condições topográficas, exposição do terreno,

proximidade de concentrações urbanas e malhas viárias, entre outros, pode auxiliar

na detecção de locais que apresentam maior risco de ocorrência de incêndio, o que

67

facilita o planejamento e as estratégias de prevenção e combate a estes tipos de

sinistros.

Para Freire et al (2004) a criação computacional de índices de risco de

incêndio, potencial de incêndio, ou perigo de incêndio constituem tentativas de

quantificar a probabilidade de um fogo ocorrer e se propagar quando existe uma

fonte de ignição. No entanto, equações ou fórmulas relacionadas com as condições

de umidade dos combustíveis podem igualmente ser usadas para a modelação da

propagação do fogo, dado que, o estado da vegetação aferido por estes indicadores

é um elemento crucial no comportamento do fogo. Idealmente, estas fórmulas são

representadas por um único número, e deverão ser avaliadas diariamente usando

dados observados ou medidos (Viegas 1997). O risco de incêndio está estreitamente

relacionado com as condições determinadas pela meteorologia que influenciam o

estado de stress da vegetação, tais como a temperatura, a umidade do ar e o vento.

No entanto, a avaliação desse risco considera igualmente fatores como a ocupação

do solo, histórico de incêndios, demografia, infra-estruturas e a interface entre

floresta e meio urbano.

Acompanhando o raciocínio de Vetorazzi e Ferraz (1998) o zoneamento ou

mapeamento de áreas com maior risco de eclosão de incêndios em fragmentos ou

grandes áreas florestais pode ser realizado para análises em duas escalas ou níveis:

locais e regionais. Em escala local o foco de atenção são os fragmentos individuais,

selecionados por seu grau de importância, sendo estes fragmentos de potencial

estratégico ou prioritário, onde os trabalhos são realizados com riqueza de detalhes.

Nas escalas regionais, são trabalhos realizados em áreas maiores, podendo ser um

município, uma bacia hidrográfica ou ainda outra unidade de trabalho, como por

exemplo, um estado todo como o caso do Paraná e da Amazônia no Brasil que

68

possuem este tipo de trabalho sendo desenvolvidos, ou ainda, diversos estados de

um mesmo país como no Canadá e Estados Unidos ou ainda um país inteiro como

Portugal e Espanha.

3.9.1 Conceito de Risco

Para melhor entendimento faz se necessário esclarecer algumas

conceituações de risco. De acordo com Rocha (2005) o risco ambiental é definido

como a combinação da freqüência (número de ocorrências de um acidente por

unidade de tempo) com a conseqüência (impacto de um acidente nas pessoas, no

ambiente e na propriedade) de eventos indesejáveis, envolvendo algum tipo de

perda.

O mesmo autor define perigo como uma situação com o potencial de ameaçar

a vida humana, a saúde, propriedade ou o ambiente.

Devido ao grande número de incêndios florestais que ocorrem atualmente e

sua freqüência, é óbvio que existe para os fragmentos de floresta próximos as

concentrações humanas um risco maior de eclosão do fogo e conseqüentes perdas

de recursos importantes, gerando desta forma também o perigo, já que com os

incêndios florestais teremos ameaçadas conjuntamente a vida humana, a saúde, a

propriedade e principalmente o ambiente.

Para Veyret (2007) o risco é uma construção social. A percepção que os

indivíduos têm de algo que representa um perigo para eles próprios, para os outros

e seus bens, contribui para construir o risco que não depende unicamente de fatos

ou processos objetivos. Assim o risco, objeto social, define-se como a percepção do

perigo da catástrofe possível. Ele existe apenas em relação a um indivíduo e a um

69

grupo social ou profissional, uma comunidade, uma sociedade que o apreende por

meio de representações mentais e com ele convive por meio de práticas específicas.

O risco é a tradução de uma ameaça, de um perigo para aquele que está sujeito ele,

o percebe como tal e pode sofrer seus efeitos.

Ainda segundo Rocha (2005) o risco se origina em uma relação à priori entre

a ameaça e a vulnerabilidade (tabela 2). O risco se considera intrínseco e latente

dentro da sociedade, porém o seu nível, grau de percepção e meios para enfrentá-lo

podem variar segundo os direcionamentos que a mesma sociedade eleja.

Tabela 2. Definições de Ameaça, Vulnerabilidade e Risco.

Ameaça Vulnerabilidade Risco

Fenômenos Naturais. Grau de exposição e

fragilidade valor econômico.

Probabilidade de que

ocorra um evento, com

espaço e tempo

determinados, com

intensidade suficiente para

produzir danos.

Probabilidade em que a

perda, a intensidade do

evento e a fragilidade dos

elementos expostos ocorram

danos a: economia, a vida

humana e ao ambiente.

Probabilidade combinada

entre os parâmetros

anteriores.

Fonte: Rocha (2005).

Segundo Castro (2001 apud Rocha, 2005), o termo vulnerabilidade define a

probabilidade de que uma comunidade exposta ao impacto de uma ameaça natural

possa sofrer danos, segundo o grau de fragilidade de seus elementos (infra-

estrutura, construções, atividades produtivas). Esses danos podem ser

70

representados pelo impacto sobre o desenvolvimento, economia e sobre os meios

que criam e melhoram a qualidade de vida.

Para Phillips e Nickey (1978) o risco de incêndios, ou expectativa de

ocorrência de fogo, é a medida da probabilidade de ocorrência de incêndios em uma

determinada área, durante um período específico de tempo.

Nos estudos acerca dos incêndios florestais o conceito de perigo tem várias

definições dadas por diversos autores. Cheney (1968 apud Soares 1972) menciona

que o perigo de incêndio é um termo geral que expressa o resultado de ambos

(constantes e variáveis) fatores de perigo, os quais afetam as chances de um

incêndio começar, propagar e produzir danos. Praticamente todas as áreas florestais

estão potencialmente ameaçadas de danos pelo fogo, isto é, existe um certo grau de

perigo de fogo para cada área florestal.

A probabilidade de incêndios em qualquer área pode ser previsto se

conhecemos quantitativamente o risco, que para os estudos de incêndios florestais

será definido pela quantidade possível de fontes de fogo que possam surgir em uma

determinada área somada às probabilidades de ignição, ou seja, a chance de

qualquer fonte de fogo, se presente, dar origem a um foco de incêndio que de

acordo com as características da topografia e do clima irá se propagar.

O risco, para qualquer área, será determinado pelo número avaliável de

fontes de fogo, tanto de fontes de origem humana quanto as fontes de causas

naturais. A probabilidade de ignição será determinada pelos fatores do meio

ambiente, incluindo condições climáticas, combustível disponível e topografia,

juntamente com as características da fonte de fogo.

Logo, para que exista o perigo de incêndios terão que existir as possíveis

fontes de fogo que resultarão no provável risco de incêndio.

71

4. O PARQUE URBANO DO MORRO DO CRISTO

Os fragmentos florestais da área de estudos foram escolhidos a partir de sua

importância para a cidade de Juiz de Fora – MG, que além de exercerem papel

ecológico, incluindo a manutenção da biodiversidade, contribuem para o equilíbrio

das condições climáticas, para estabilização das encostas, por possuírem valor

paisagístico, potencial recreativo para a população, e principalmente por estarem

completamente cercados por ocupações urbanas sofrendo com isso freqüente

pressão antrópica, fato este que resulta na atual condição das áreas verdes ainda

remanescentes do local, que só permanecem devido à dificuldade de ocupação por

causa da elevada inclinação das encostas.

A área de estudos foi estabelecida a partir do reconhecimento dos fragmentos

de matas ainda existentes nomeados como Parque Urbano do Morro do Cristo

realizado pela Prefeitura de Juiz de Fora constante no Plano Diretor de

Desenvolvimento Urbano de 2004, onde de acordo com o PJF (2004) o local está na

condição de Área de Proteção Ambiental possuindo cerca de 78 hectares e

protegida pelos Decretos Municipais 4312/90 e 4355/93. A área fica localizada

aproximadamente entre as coordenadas 21°45’00’’S - 21°47’00’’S e 43°21’00’’W –

43°23’00’’W conforme (figura 12) Mapa de Localização.

O Morro do Cristo fica praticamente no centro urbano da cidade de Juiz de

Fora – MG que de acordo com PJF (2004) está localizada na Unidade Serrana da

Zona da Mata Mineira, pertencente à Região Mantiqueira Setentrional. A região

72

possui altitudes médias próximas aos 800 metros, chegando aos 1000 metros nos

pontos mais elevados, e cerca de 670 a 750 metros nos vales do Rio Paraibuna.

A presença de vales profundos associados a encostas com elevadas

declividades e um relevo constituído predominantemente por morros e morrotes,

sujeitos a chuvas com índices anuais elevados, constituem os principais fatores que

imprimem à região uma dinâmica superficial bastante intensa.

Sendo assim uma região caracterizada por um relevo variado com encostas e

vales alternados, existindo variações altimétricos de mais de 200 metros, que

influenciam sobremaneira o comportamento do fogo não somente pelos efeitos

diretos, mas também pelo fato de condicionar a vegetação e o clima.

73

Figura 12: Mapa de Localização da Área de Estudos. Fonte: IBGE (2008)/PJF-IPPLAN (1983)

Ainda de acordo com o PJF (2004) o município está enquadrado na região

fitoecológica denominada Floresta Estacional Semidecidual (Veloso e Góes, 1982)

típica de climas com duas estações bem definidas.

A mata ali presente é mata nativa, considerada altamente vulnerável e ameaçada, e só não foi ainda totalmente destruída por se localizar em terreno íngreme e de difícil acesso... A mata do Morro do Cristo, localizada no município de Juiz de Fora, Zona da Mata Mineira, está dentro dos limites da Floresta Estacional Semidecidual incluída no complexo de Mata Atlântica e é um dos

74

pequenos fragmentos dispersos da floresta estacional semidecidual outrora existente na região. (Poncinelli, 2007)

Estes fatos deixam nítida a necessidade de ações para preservar os

fragmentos florestais ainda existentes e preferencialmente reflorestar outros locais

aumentando as desta maneira as áreas verdes do perímetro urbano tão

agressivamente degradado, como citado no PJF (2004), são necessários reflorestar

cerca de 285 km² para somar aos 142 km² existentes no município para desta forma

alcançar os índices internacionais de equilíbrio ambiental, que são 30% do território

cobertos por matas, que terão importante função na manutenção do ecossistema

local, na biodiversidade, como regulador do clima e dos regimes hídricos locais.

Como citado por Machado (2000) o tipo climático predominante em Juiz de

Fora, de acordo com a classificação climática proposta por W. Köppen (1900-1918)

e tendo como base os dados coletados pela Estação Climatológica Principal da

Universidade Federal de Juiz de Fora (n.°83.692)/5° Distrito de Meteorologia (5°

DISME – Belo Horizonte) é o Cwb, ou seja, um tipo climático mesotérmico, que

apresenta concentração destacada das chuvas no período de verão e verões

brandos ou moderadamente quentes, tendo por definição, de acordo com Ayoade

(1991), “o seu mês mais quente com temperatura média inferior a 22°C”. Se

caracteriza, assim, pela ocorrência de duas “estações” bem definidas: uma que vai

de outubro a abril, onde as temperaturas são mais elevadas e ocorre um maior

volume de precipitação (“estação quente e chuvosa”) e outra, que vai de maio a

setembro, que corresponde ao período de inverno e de menor presença de chuvas

(“estação fria e estiagem”).

Torres (2006) cita que este clima também pode se definido, genericamente,

como Tropical de Altitude, por corresponder a um tipo tropical influenciado pelos

75

fatores altimétricos, em vista do relevo local apresentar altitudes médias entre 700 m

e 900m (IBGE 1976), que contribuem para a amenização de suas temperaturas.

Ainda conforme Machado (2000), o índice pluviométrico apresenta um valor

médio anual em torno dos 1539 mm, sendo que as precipitações mais intensas

ocorrem em janeiro, atingindo este mês a maior precipitação média mensal, com

cerca de 296 mm.

A influência do clima nas ocorrências de incêndios florestais na cidade de Juiz

de Fora – (MG) é nítida conforme estudo realizado por Torres (2006), onde o autor

usando dados estatísticos fornecidos pelo Laboratório de Climatologia e análise

Ambiental (LabCAA) da Universidade Federal de Juiz de Fora e pelo Quarto

Batalhão de Bombeiros Militar entre os anos de 1995 a 2004, compara registros de

níveis mensais de pluviosidade, umidade relativa do ar e número de incêndios

durante os meses do ano, conforme mostra o gráfico 1. Pelo gráfico é possível

visualizar que nos meses do período de estiagem, entre maio e setembro, quando o

volume de precipitação (chuvas) cai consideravelmente e com isso também os

índices de umidade relativa do ar, aumentam os números de incidência de

incêndios.

76

Gráfico 1: Relação Incêndios Florestais – Precipitação – Umidade Relativa para Juiz de Fora – MG entre 1995 a 2004.

Adaptado de Torres (2006)

No gráfico é possível verificar que o número dos incêndios florestais é

inversamente proporcional aos índices de precipitação e umidade relativa, a maior

alta nos registros de incêndios ocorre nos meses de agosto quando o estado da

vegetação se encontra muito seco devido a perda contínua de umidade para o ar por

causa da escassez de chuvas.

77

5. MATERIAIS E MÉTODOS

É tarefa difícil planejar com a intenção de preservar qualquer área quando

não se tem as corretas informações a seu respeito; assim para gerenciar o risco de

incêndio florestal é necessário conhecer as características da vegetação que está

sujeita ao risco da eclosão do fogo, as características espaciais do terreno onde está

a vegetação e as fontes e causas do fogo que contribuem para a existência deste

risco.

Para entendimento dos incêndios florestais é necessário análises especificas

das características do território e das interações ocorridas no ambiente da área

estudada.

Para iniciar o presente estudo foram utilizados como fontes os arquivos em

formato DWG (Cad - Computer-Aided Design), cedidos pelo Departamento de

Planejamento e Informação da atual Secretaria de Planejamento e Gestão

Estratégica órgão da Prefeitura de Juiz de Fora, os quais são originados do

levantamento aerofotográfico de 1983, PJF/IPPLAN (1983), base esta que

possibilitou a criação de fotortocartas na escala de 1:10.000. A partir destes arquivos

foram identificadas as características relevantes para a confecção dos mapas

temáticos (“Layers”) que foram convertidos do formato DWG (Cad) para SHP,

(shape) formato de arquivo utilizado pelo pacote de programas ARCGIS da ESRI,

um sistema de informações geográficas (SIG), ou seja, ambiente computacional

78

destinado a análises georreferenciadas, onde foi possível realizar as ações para

obtenção do Mapa de Zoneamento Risco a Incêndio Florestal.

Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) são ferramentas valiosas

para tal tarefa, possibilitando modelar cenários, identificar áreas vulneráveis e

auxiliar na formulação de ações para lidar com os problemas antecipadamente.

O mapa de Zoneamento de risco a incêndio florestal foi produzido através de

um modelo que utilizou as características que pudessem ser inseridas no ambiente

de análises computacionais de maneira que a variabilidade espacial do risco a

incêndio florestal pudesse ser analisada e entendida. A metodologia permitiu a

produção cartográfica relativa ao risco de incêndio em um dado momento, e atende

ainda a perspectiva de eventuais atualizações do mapa decorrentes da variação das

condições do terreno e de outros fatores que forem modificados.

Para a aplicação do modelo foi preciso realizar a “rasterização” dos mapas

temáticos da área escolhida, usando o pacote de programas computacionais, Arcgis

da ESRI, sistema de informação geográfica (sig) de base “raster” para a criação,

organização e classificação de todos os dados a serem analisados.

A estrutura de dados “raster” consiste numa matriz de células (pixels)

quadrangulares, referenciadas por uma linha e por uma coluna, contendo um

numero que representa o valor do atributo correspondente a cada célula. Uma célula

corresponde uma determinada área de terreno, (quanto menor a área que cada

célula representa maior será a resolução da quadrícula e conseqüentemente do

mapa gerado).

Para cada mapa temático foi atribuído uma importância referente à sua

variável, ou seja, um valor diferenciado para cada uma das camadas, uma vez que

79

cada uma das características de cada camada influenciará de maneira diferente o

risco de ignição e propagação do fogo.

Assim o mapa de risco a incêndio florestal foi obtido, grosseiramente dizendo,

através da “sobreposição” dos diversos mapas temáticos “rasterizados” e

classificados, onde também as células (pixels) que compõem cada camada foram

reclassificados em função da contribuição da característica que ele representa para

o risco de manifestação e continuidade do fogo. Os mapas temáticos foram

organizados de forma que no final puderam ser submetidos a um índice (fórmula) de

risco de incêndio, onde cada mapa temático recebeu de acordo com suas

características ou influências um coeficiente de risco, e em cada unidade de análise

foi atribuída pontuação entre 01 (baixíssimo) e 05 (altíssimo) devido a amplitude de

características existentes em cada mapa temático.

Há de se observar que alguns mapas temáticos possuem uma menor

amplitude; devido ao fato que não se observar características na área de estudos

que preenchessem todos os campos de análise, resultando assim algumas camadas

que possuem apenas duas características, mas que não trouxeram perdas para as

análises finais.

O cálculo dos coeficientes que apresentam relevância para o risco de cada

variável ou camada ("layer") foi calculado e ponderado utilizando uma análise de

processamento hierárquico, que tem como base os trabalhos já realizados neste

campo de risco a incêndios florestais.

Para o cálculo do índice de risco a incêndio neste trabalho foi utilizado um

modelo simples de soma ponderada, adaptado a partir do modelo proposto por

Chuvieco e Congalton, (1989), índice já utilizado em outros diversos trabalhos como

por exemplo: Ferraz e Vetorazzi (1998), Batista e Soares (2002), Santos (2007).

80

Foram classificados os mapas temáticos ou variáveis que possibilitaram uma

análise estrutural do risco de incêndio florestal. Variáveis estruturais ou de longo

prazo são derivados de fatores que não se modificam rapidamente em um curto

espaço de tempo, como a topografia, a hidrografia ou uso e ocupação do solo.

Para Freire et al (2004) um índice estrutural de risco baseia-se na

combinação de variáveis que pouco variam num curto espaço de tempo e pode ser

calculado com recurso da combinação de diversos tipos de variáveis, tais como:

cobertura vegetal (tipo de combustível), altitude, declive, orientação, características

climáticas médias, estradas, áreas urbanas, solos, histórico de incêndios e

densidade populacional (Chuvieco e Congalton, 1989; Salas e Chuvieco, 1992;

Chuvieco e Salas, 1996; Aranha e Alves, 2001). Assim, para caracterizar o risco de

uma forma realista, este índice necessita apenas de ser calculado antes do início da

época anual de incêndios, para auxiliar o planejamento das atividades e gestão dos

recursos necessários à sua prevenção.

Para a criação dos mapas temáticos foi utilizado o Arcmap, que é um dos

módulos do pacote de programas Arcgis da ESRI, destinado a criação e edição de

dados para as diversas análises voltadas para o entendimento de diversos

fenômenos espaciais.

No Arcmap foi possível gerar e combinar os mapas temáticos fazendo uso

das ferramentas Spatial Analyst (Análise Espacial), 3D Analyst (Análise 3D) e com

a ferramenta Raster Calculator (Calculadora de Raster) foi possível aplicar as

álgebras que resultaram no mapa de risco de incêndio florestal para o Parque

Urbano do Morro do Cristo em Juiz de Fora – MG.

Para delimitar a área de estudos primeiramente foram identificados os

fragmentos de matas existentes e admitidos pela Prefeitura de Juiz de Fora, de

81

acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de 2004, como Parque

Urbano do Morro do Cristo. Após reconhecer e identificar os fragmentos de mata

que partem da cumeeira da referida área, tendo como marco inicial o mirante que

recebe o mesmo nome e se encontra localizado em um dos pontos mais elevados

do local foi criado um raio de influência de 300 metros no entorno de todos os

fragmentos de mata ali presentes.

Para gerar o mapa de risco de incêndio florestal do Parque Urbano do Morro

do Cristo foram gerados os seguintes mapas temáticos ou camadas (“layers”): o uso

e a ocupação do solo, (representado pelas matas e as áreas de vegetação rasteira,

a proximidade da ocupação urbana, a proximidade da rede viária e a influência da

rede hidrográfica) e usando também informações dos fatores topográficos, extraídas

do modelo digital do terreno (representado pelo grau de declividade das encostas, a

orientação ou exposição das encostas e as altitudes).

Com auxílio da cobertura aerofotográfica da CESAMA/PJF (2000), cedidas

pelo Departamento de Planejamento e Informação da Prefeitura de Juiz de Fora foi

possível realizar atualizações, ajustes e reconhecimentos dos fatores e

características relevantes a este estudo nos cartogramas originados do levantamento

aerofotográfico de 1983 também da PJF.

Com a definição da área a ser trabalhada foram criados os mapas temáticos

com características específicas para a análise e criação do mapa de risco de

incêndio florestal.

82

5.1 O Uso e a Ocupação do Solo

Os mapas temáticos de uso e ocupação do solo foram criados a partir dos

cartogramas fornecidos pela PJF e adaptados para uso no ambiente do pacote de

programas Arcgis, onde foram identificadas as seguintes feições: Vegetação,

Ocupação Urbana, Rede Viária e Rede Hidrográfica.

5.1.1 Vegetação

A vegetação é o fator principal de análises deste estudo; assim, as

concentrações florísticas foram identificadas e suas áreas delimitadas, para então

classificar como sendo mata, as manchas que possuem dossel diferenciado pela

altura e pela densidade, observando o conceito de mata de acordo com Rizzini

(1979), onde a definição de floresta ou mata é sempre as vegetações em que as

árvores superem 7 metros de altura e toquem-se pelas copas.

Como vegetação rasteira foram consideradas as concentrações onde

predominam as gramíneas, às vezes com presença de arbustos e espécies arbóreas

esparsas e com alturas inferiores a 7 metros.

Não foram identificados na área de estudos concentrações significativas que

pudessem ser consideradas como campos agrícolas.

O mapa temático de vegetação teve suas áreas classificadas conforme tabela

3.

83

Tabela 3. Classificação da Vegetação.

Mapas

Temáticos

Importância da

variável

Amplitude dos

Atributos

Valor de risco para cada

atributo (min.=1/ Max.=5)

Mata 3 – Moderado Vegetação 30

Veg. rasteira 5 – Altíssimo

Fonte: Adaptada de Ferraz e Vettorazzi (1998)

5.1.2 Ocupação Urbana

Foram consideradas como ocupação urbana todas as edificações como:

casas, prédios, instalações comerciais, postos de gasolina etc. sem se ater à

condição de maior ou menor risco que cada ocupação pode oferecer aos fragmentos

florestais quanto a manifestação do fogo, sendo considerado apenas a proximidade

destas edificações junto às respectivas aglomerações de vegetação reconhecidas

como fragmentos florestais que são objeto de estudo deste trabalho.

A partir da identificação e criação do mapa temático das edificações, foi

gerado um sistema de raios de influência para a classificação das zonas de

ameaças observando as distâncias das faixas de proximidade que foram

determinadas de maior ou menor ameaça de acordo com a tabela 4.

84

Tabela 4. Classificação da Proximidade da Ocupação Urbana.

Mapas

Temáticos

Importância da

variável

Amplitude dos

Atributos

Valor de risco para cada

atributo (min.=1/ Max.=5)

<50m 5 – Altíssimo

50-100m 4 – Alto

100-200 m 3 – Moderado

200-400m 2 – Baixo

Ocupação

Urbana 15

>400 1 – Baixíssimo

Fonte: Adaptado de CRIF (2008); STRINO et al (2007)

5.1.3 Rede Viária

A proximidade a rede viária é fator relevante aos diversos processos de

degradação ocorridos nos fragmentos florestais, provoca a interrupção do dossel,

permite a maior circulação dos ventos diminuindo a umidade dos vegetais, facilita o

acesso para exploração, caça, realização de cultos etc.

A partir da identificação e criação do mapa temático da rede viária, foi gerado

um sistema de raios de influência para a classificação das zonas de ameaças

observando as distâncias das faixas de proximidade que foram determinadas de

maior ou menor ameaça de acordo com a tabela 5.

É importante observar que a rede viária distingue da ocupação urbana pelo

índice atribuído a variável do mapa temático.

85

Tabela 5. Classificação da Proximidade da Rede Viária.

Mapas

Temáticos

Importância da

variável

Amplitude dos

Atributos

Valor de risco para cada

atributo (min.=1/ Max.=5)

<25m 5 – Altíssimo

25-50m 4 – Alto

50-100m 3 – Moderado

100-150m 2 – Baixo

Rede Viária 10

> 150 m 1 – Baixíssimo

Fonte: Adaptado de CRIF (2008)

5.1.4 Rede Hidrográfica.

A vegetação próxima aos pontos perenes de água como, por exemplo:

açudes, rios e córregos têm aumentado seu teor de umidade, ampliando desta

forma, a resistência das plantas à ignição do fogo.

O mapa temático da rede hidrográfica foi gerado da mesma forma dos de

ocupação urbana e rede viária, onde um sistema de raios de influência para a

classificação das zonas de ameaças foi criado, para assim, observar as distâncias

das faixas de proximidade que foram determinadas de maior ou menor ameaça.

Assim para a vegetação próxima 30m das fontes de água foi atribuído um

valor menor de risco ao fogo, e para o raio maior que 30m um fator maior como visto

na tabela 6.

86

Tabela 6. Classificação da Proximidade da Rede Hidrográfica.

Mapas

Temáticos

Importância da

variável

Amplitude dos

Atributos

Valor de risco para cada

atributo (min.=1/ Max.=5)

0-30m 1 – Baixíssimo Rede

Hidrografia 5

>30m 3 – Moderado

Fonte: Adaptado de CRIF (2008)

5.2 Fatores Topográficos

Para inserir no estudo os fatores topográficos da área foi necessário gerar um

modelo digital do terreno (MDT) usando as cotas altimétricas presentes nos dados

do levantamento aerofotográfico de 1983 da Prefeitura de Juiz de Fora, MG.

A representação do relevo é um fator importante para obtenção do mapa de

risco a incêndio florestal. Um modelo digital do terreno (MDT) ou DTM Digital

Elevation Model, é uma representação numérica de uma superfície terrestre

escolhida para análise em ambiente computacional, com base num conjunto de

pontos que a definem e que têm as coordenadas x, y e z, sendo o z os pontos que

representam as cotas altimétricas. O uso de um modelo digital do terreno é o

método mais eficiente de visualizar e analisar uma determinada região, pois permite

diversas opções de visualização e estudo, tais como: distinguir as feições do relevo,

identificar em ambiente computacional as angulações das encostas e suas

orientações, observar a imagem a três dimensões, criar perfis, etc.

87

Para Galheigo (2006) Um Modelo Digital de Terreno (MDT) é uma

representação digital da superfície terrestre, ou parte dela, e suas características.

Um MDT é construído a partir de um processo de amostragem, construído com a

ajuda de equipamentos de medição como sensores, satélites, imagens aéreas,

documentos cartográficos e aparelhos GPSs (Sistemas de Posicionamento Global).

Esses equipamentos possibilitam capturar as informações para mapear uma região

de interesse, como os dados que serão utilizados na aplicação, exemplo: relevo,

hidrografia, uso e ocupação etc. Um MDT armazena esses dados, em forma digital,

em uma estrutura de dados e como suporte, possui um conjunto de procedimentos

que permitem a visualização e manipulação das características obtidas de acordo

com a necessidade da aplicação. (figura 13)

Figura 13: Visão parcial do Modelo Digital do Terreno do Morro do Cristo – Juiz de Fora/MG

Com a obtenção do modelo digital de terreno (MDT) foi possível gerar os

seguintes mapas temáticos: grau de declividade das encostas, orientação ou

88

exposição das encostas e altitudes do terreno, camadas importantes para o

entendimento dos fatores que contribuem para o risco de incêndios florestais.

5.2.1 Grau de Declividade das Encostas

O grau de declividade das encostas é uma característica muito importante no

contexto dos estudos referentes aos incêndios florestais, uma vez que quanto maior

for o grau de inclinação do terreno mais fácil e maior será a propagação do fogo.

Após a criação do modelo digital de terreno (mdt) foi gerado o mapa temático

corresponde a declividade das encostas do local, onde assim, foi possível atribuir

uma classificação às diversas faixas de inclinações existentes na área de estudos do

Parque Urbano do Morro do Cristo.

As faixas de inclinações foram classificadas de acordo com o grau de ameaça

que cada uma representa para o risco a incêndio florestal, conforme a tabela 7.

Tabela 7. Classificação do Grau de Declividade das Encostas.

Mapas

Temáticos

Importância da

variável

Amplitude dos

Atributos

Valor de risco para cada

atributo (min.=1/ Max.=5)

0-15% 1 – Baixíssimo

15-25% 2 – Baixo

25-35% 3 – Moderado

35-45% 4 – Alto

Declividade 20

>45% 5 – Altíssimo

Fonte: Adaptado de Soares (1985)

89

5.2.2 Orientação ou Exposição das Encostas

A exposição corresponde à orientação geográfica das faces de um terreno. A

quantidade de radiação solar recebida varia para as diferentes exposições, assim a

umidade relativa e a temperatura do ar e do solo vão variar pontualmente, como

também o tipo e quantidade da vegetação.

O mapa temático de orientação das encostas de acordo com Batista et al

(2002) representa indiretamente, o efeito da exposição ao sol sobre o conteúdo de

umidade do material combustível. Assim, as encostas voltadas para o norte são

iluminadas diretamente pelo sol no período mais quente do dia, o que sugere que a

vegetação que recobre estas encostas está mais seca do que a vegetação situada

nas encostas voltadas para o sul.

Segundo OLIVEIRA et al. (1995), as encostas voltadas para o sul possuem

serapilheira em média 41,9% mais úmida que as voltadas para o norte. Além disso,

esses autores ainda afirmam que a perda desta umidade também se dá muito mais

rápido nas encostas voltadas para o norte, pois as voltadas para o sul retêm a

umidade 1,6 vezes mais que a norte. Esta variação de umidade se reflete

basicamente em função dos diferentes índices de temperatura destes dois tipos de

encostas, visto que as encostas voltadas para o norte são significativamente mais

quentes devido à maior incidência de calor que as voltadas para o sul, com 98% de

ocorrência de temperaturas máximas naquelas encostas.

Logo as vegetações situadas nas faces que possuem orientação voltadas

para o norte estão mais sujeitas à eclosão e propagação do fogo que aquelas

localizadas nas encostas orientadas a sul.

90

A partir do modelo digital de terreno (mdt) foi possível, gerar o mapa temático

referente às orientações das encostas e assim atribuir um valor para as faixas das

faces que recebem maior ou menor quantidade de luz solar durante o dia, de acordo

com a tabela 8.

Tabela 8. Classificação da Orientação ou Exposição das Encostas.

Mapas

Temáticos

Importância da

variável

Amplitude dos

Atributos

Valor de risco para cada

atributo (min.=1/ Max.=5)

112,5°-247,5° 1 – Baixíssimo

67,5°-112,5° 2 – Baixo

22,5°-67,5° 3 – Moderado

247,5°-337,5° 4 – Alto

Exposição 12

337,5°-22,5° 5 – Altíssimo

Fonte: Adaptado de Ferraz e Vettorazzi (1998)

5.2.3 Altitudes do Terreno

De acordo com Batista et al (2002), como já citado anteriormente, a elevação

do terreno, em relação ao nível do mar, é relevante no estudo do risco de incêndio

porque tem efeito sobre as condições climáticas do local e conseqüentemente sobre

as características de umidade do material combustível. Com a elevação da altitude

se observa um decréscimo da temperatura acompanhado por um aumento na

umidade relativa do ar, até determinadas altitudes. Assim o risco de incêndio

florestal pode ser maior nas baixas altitudes do que nas altas.

91

Com o modelo digital do terreno também foi possível gerar o mapa temático

referente às faixas altimétricas presentes no estudo, e assim classificá-las de acordo

com a tabela 9.

Tabela 9. Classificação das Altitudes do Terreno.

Mapas

Temáticos

Importância da

variável

Amplitude dos

Atributos

Valor de risco para cada

atributo (min.=1/ Max.=5)

600-900m 4 – Alto

Altitude 8

900-1200m 3 – Moderado

Fonte: Adaptado de Salas e Chuvieco (1994)

5.3 Obtendo o Mapa de Risco a Incêndio Florestal

Após a criação de todos os mapas temáticos (Figura 14) e com suas

respectivas classificações quanto à importância das variáveis e pontuações quanto a

amplitudes foi usado o seguinte índice para realização da álgebra entre os

cartogramas e obtenção do Risco de Incêndio Florestal para o Morro do Cristo:

RIF = Veg × Ip + Dec × Ip + Ocup × Ip + Ori × Ip + Via × Ip + Alt × Ip + Hid × Ip

Onde respectivamente correspondem:

RIF.: Risco de Incêndio Florestal

Veg.: Vegetação

Dec.: Declividade das Encostas

Ocup.: Ocupação Urbana

92

Ori.: Orientação das Encostas

Via.: Rede Viária

Alt.: Altimétria

Hid.: Rede Hidrográfica

Ip.: Importância da Variável

Após inserir estes dados na ferramenta Raster Calculator do Spatial Analyst

do módulo Arcmap do pacote de programas ArcGis foi gerado o resultado final do

Zoneamento de Risco de Incêndios Florestais para o Morro do Cristo – Juiz de Fora

– MG.

Figura 14: Seqüência do Processo da Geração do Mapa Base de Risco a Incêndios Florestais. Fonte: Adaptado de Vettorazzi e Ferraz (1998)

93

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O cartograma de uso e ocupação do solo (figura 15) mostra as condições em

que estão dispostos e agrupados os elementos que foram usados como fatores

presentes na área de estudo para as analises deste trabalho.

O mapa temático de classificação da vegetação à eclosão do fogo (figura 16)

mostra o foco principal deste estudo, onde se observa que a grande área ocupada

por vegetação rasteira, que tem maior possibilidade de ignição do fogo faz fronteira

com os fragmentos florestais, detalhe que merece atenção pelo fato das bordas dos

fragmentos florestais que também podem ser entendidas como zonas de

amortecimento por estarem mais sujeitas às pressões externas, e que neste estudo

visa principalmente das ações de recebimento de luz solar e dos ventos, elementos

capazes de reduzir os teores de umidade das plantas, assim o contato com a

vegetação rasteira aumenta o risco para os fragmentos de mata.

Os fragmentos de floresta ainda existentes que formam o Parque Urbano do

Morro do Cristo e demais fragmentos limítrofes encontram-se completamente

cercados pela ocupação urbana e quando criadas as zonas de ameaça deste fator

se verifica que o alcance da influência cobre toda a extensão da área de estudos

(figura 17), sendo a presença humana neste trabalho considerada como maior fonte

de causa de ignição do fogo, evidencia-se então a necessidade de ações da

população para minimizar os riscos.

94

Devido a extensão da ocupação urbana existente na área analisada há

também a proximidade de grande número de vias de acesso (figura 18) que são

consideradas ameaças às matas do local devido ao fluxo de pessoas e veículos,

sendo ainda mais evidenciadas quando criadas as zonas de ameaça que mostram o

alcance da influência destes fatores no estudo.

A rede hidrográfica (figura 19) neste estudo é o único dos fatores presentes

que atua reduzindo o risco mesmo sendo uma zona de influência reduzida.

Para integração da topografia à análise, as informações foram inseridas

através do modelo digital de terreno (figura 20), aqui representado pelas curvas de

nível e o efeito conhecido por sombreamento realizado pela ferramenta Spatial

Analyst do módulo Arcmap do ArcGis, que com isso possibilitou a criação dos mapas

temáticos que foram usados para se obter as informações referentes às

características físicas da área de estudos.

No cartograma referente a Inclinação das encostas (figura 21) é possível

observar que na área analisada existe grande extensão com inclinações

acentuadas, fato este que contribui sensivelmente para a rápida progressão dos

incêndios. As Zonas de Ameaça das Inclinações das Encostas nos mostra que caso

ocorra a eclosão do fogo nas áreas em que o terreno é mais inclinado o incêndio

destruirá a vegetação rapidamente devido ao efeito da convecção e pelo fato de

dificultar a chegada de equipes de combate aos locais

O cartograma que mostra as análises que cada face do terreno esta exposta

quanto ao maior recebimento de luz solar é o de Zonas de Ameaça das Orientações

das Encostas sobre a Vegetação (figura 22), que possibilita identificar as

vegetações localizadas na área de estudos mais sujeitas às ações de aumento de

temperatura e perda de teor de umidade devido à orientação das encostas. Este

95

cartograma nos mostra que devido a configuração do relevo local apresentar fortes

ondulações e faces voltadas para todas a direções a vegetação dos fragmentos fica

exposta às radiações solares e aos efeitos dos ventos predominantes.

O cartograma que representa a variável referente à altimetria (figura 23)

mostra que a maior extensão da área analisada está entre as cotas de 600 a 900

metros do nível do mar, ficando então a maior extensão dos fragmentos de mata e

vegetação rasteira em mais uma condição que propicia a ignição e a propagação do

fogo.

Com a integração dos mapas temáticos foi possível obter o mapa de

Zoneamento de Risco a Incêndios Florestais do Morro do Cristo de Juiz de Fora –

MG (figura 24) onde com a álgebra dos fatores de influenciam a ignição e a

propagação do fogo foi possível identificar os pontos da área estudada que

necessitam alguma intervenção antes do período de estiagem considerado como a

fase de maior probabilidade de manifestação do fogo nesta região.

Neste cartograma de Zoneamento de Risco a Incêndios Florestais podemos

verificar que as áreas cobertas por vegetação rasteira são as mais susceptíveis à

eclosão do fogo, fator agravado pela presença da ocupação urbana, existência de

vias de acesso e dos fatores topográficos como grandes inclinações e vertentes

voltadas principalmente para norte e noroeste.

96

Figura 15: Uso e Ocupação do Solo

97

Figura 16: Classificação da Vegetação à Eclosão do Fogo

98

Figura 17: Zonas de Ameaça da Ocupação Urbana à Eclosão do Fogo sobre a Vegetação

99

Figura 18: Zonas de Ameaça da Rede Viária à Eclosão do Fogo sobre a Vegetação

100

Figura 19: Zonas de Influência da Rede Hidrográfica sobre a Vegetação

101

Figura 20: Representação em 2D do Modelo Digital do Terreno

102

Figura 21: Zonas de Ameaça das Inclinações das Encostas sobre a Vegetação

103

Figura 22: Zonas de Ameaça das Orientações das Encostas sobre a Vegetação

104

Figura 23: Zonas de Ameaça da Altimetria à Eclosão do Fogo sobre a Vegetação

105

Figura 24: Zoneamento de Risco a Incêndios Florestais

106

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a conclusão deste trabalho verificamos que os Sistemas de Informações

Geográficas são recursos eficientes com vasto leque de opções que proporcionam a

integração das informações, auxiliando na identificação de diversos fenômenos, eles

demonstraram ser excelentes ferramentas de suporte nos estudos e análises dos

potenciais riscos ambientais.

Com as informações aqui reunidas neste trabalho, será possível às pessoas

que tem interesse pelo assunto, compreender algumas das complexidades que

envolvem os incêndios florestais, e aquelas que desejarem saber mais poderão usá-

lo como uma referência.

A intenção de se identificar e localizar as áreas onde os fatores conhecidos e

reunidos podem favorecer a eclosão do fogo e sua propagação foi alcançada. Existe

agora a necessidade de acompanhamento destes locais criando um banco de dados

dos focos de incêndio que surgirem, para que desta maneira possa se comparar as

informações geradas por este estudo de forma a ajudar a compreender melhor este

fenômeno em nossa região. Seria de suma importância para os estudos de

prevenção aos incêndios que se mantivesse uma cuidadosa e constante coleta de

dados e aperfeiçoamento das técnicas, somente assim se poderia encontrar

soluções realmente eficazes para este tipo de fenômeno.

Devido a inexistência deste banco de dados específico e adaptado para uso

em um Sistema de Informações Geográficas não foi realizada uma análise quanto à

107

validação dos dados gerados neste estudo, ficando assim para o futuro a realização

de uma estatística para quantificar a relação entre as áreas de maior risco

identificadas por este zoneamento de risco a incêndios florestais e as reais

ocorrências que surgirem daqui por diante.

Os cartogramas obtidos poderão ser usados como futura fonte de consulta

para análises a respeito dos progressos em relação às ações de prevenção e

redução aos incêndios florestais.

O resultado das análises mostrou que devido à grande pressão exercida pela

concentração urbana e as características das feições topográficas do local tornam

os fragmentos de floresta ainda existentes na área estudada muito vulneráveis às

diversas formas de degradação e principalmente susceptíveis à ignição e a

propagação do fogo.

Os fragmentos florestais ainda existentes do Parque Urbano do Morro do

Cristo de acordo com o PJF (2004) somados resultam em cerca de 78 hectares

como já citado anteriormente, após serem identificados e preparados para análise

conforme explicado no capítulo 5, constatamos que o Limite da Área de Estudos

abrange um total de 651 hectares, onde 338 hectares são cobertos por algum tipo

de vegetação, sendo estas classificadas como vegetação rasteira (231 hectares) e

mata (157 hectares). De toda a vegetação apenas 25,86% está dentro de um

patamar de risco “baixo” ou “baixíssimo” situação fora de risco; 32,75% estão em

uma faixa considerada como moderada, ou seja, em situação controlada;

infelizmente de acordo com os resultados, a maior extensão, 41,39%, da vegetação

da área se encontra dentro de uma faixa de risco considerada “alto” e “altíssimo” que

necessitam de ações eficazes de prevenção a eclosão do fogo.

108

A presença de inúmeras vias no entorno e no interior da área constituem

outro fator considerável à eclosão do fogo. As áreas identificadas com vegetação

rasteira ou herbácea próximas às vias de acesso, ou seja, onde há maior presença

de pessoas e maior fluxo de automóveis, merecem mais atenção, com notável

relevância para as Ruas Engenheiro Gentil Forn e Antônio Fellet, juntamente com

suas ligações, que seccionam a continuidade do dossel na área do Morro do Cristo

próximo aos bairros “Vale do Ipê” e “Borboleta”, contribuindo para um aumento do

risco de eclosão do fogo e modificando a rotina da fauna local, expondo estes

animais a um risco maior de morte por atropelamento devido ao intenso fluxo de

veículos no local.

Assim as áreas de vegetação contíguas com as vias de acesso necessitam

maior monitoramento e manutenção de seus aceiros em toda a extensão, como

forma de contribuir para a prevenção da eclosão do fogo e o controle dos focos de

incêndio que por ventura possam ocorrer.

Este trabalho poderá ainda ser aperfeiçoado quando forem integradas a ele

informações a respeito das características das qualificações das combustibilidades

das espécies vegetais ali presentes, processo este obtido por diversos pontos de

amostragem das espécies vegetais presentes na área de estudos. A precisão dos

dados também será melhorada quando forem integradas neste estudo as

informações referentes às condições climáticas como pluviosidade, umidade relativa,

intensidade e direção dominante dos ventos e intensidade de radiação solar.

A prevenção aos incêndios florestais na área poderá ser inicializada através

de campanhas educativas buscando conscientizar e informar a população do

entorno e proximidades principalmente, e com a criação e manutenção de aceiros.

109

Nas proximidades das áreas que foram detectadas como zonas de “alto” e

“altíssimo” risco as ações devem ser prioritárias.

Segundo Lima (1998), as campanhas educativas, com o objetivo de orientar a

população da importância ambiental, são formas de prevenir a ocorrência de

incêndios florestais, principalmente os que têm origem antrópica, sendo assim

imprescindíveis todos os esforços no sentido de se evitar a eclosão do fogo.

Nestas campanhas é preciso focar principalmente os danos que os incêndios

florestais ocasionam para o meio ambiente e ao ser humano, fazendo uso de

informações concretas dos impactos ambientais causados pelo fogo na área.

Com este estudo podemos concluir que a criação deste tipo de base

cartográfica contribui para a preservação e manutenção dos fragmentos florestais do

Morro do Cristo em Juiz de Fora – MG, podendo orientar os órgãos competentes

para que possam planejar não só estratégias de prevenção e combate a sinistros

como também monitorar a ocupação urbana e a degradação ambiental provocadas

pelas intervenções antrópicas diversas. Este tipo de estudo permite pontuar e

quantificar as vulnerabilidades da área estudada, podendo ser usado para guiar

diversas ações não somente na área do Morro do Cristo, mas também nos diversos

outros fragmentos florestais existentes na cidade de Juiz de Fora – MG.

Fica então a sugestão para que estudos como este sejam aprimorados e

realizados em todas as unidades de conservação ambiental da cidade, uma vez que

o fogo é uma ameaça a todas, com isso poderemos minimizar os impactos dos

incêndios florestais melhorando e tornando o uso das áreas de florestas mais

proveitoso para toda a população.

110

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