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Conselho Nacional de Justiça - CNJ Na Mídia

Índice Knewin Monitoring

13

Correio Braziliense | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Crise eleva riscos e piora expectativasEconomia - 09/09/2021

16

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Radicais tentam invadir STFPolítica - 09/09/2021

18

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Luiz Carlos Azedo - O dia seguintePolítica - 09/09/2021

20

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

'Ninguém fechará esta corte', avisa FuxPolítica - 09/09/2021

22

Judiciário - STF, CNJ - Rosa Weber /

Armas na mira do STFPolítica - 09/09/2021

23

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Basta de autoritarismoOpinião - 09/09/2021

25

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Bolsa desaba e dólar sobeEconomia - 09/09/2021

26

Folha de S. Paulo | NacionalJudiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

'É crime'Opinião - 09/09/2021

2828

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Fux alerta para crime de Bolsonaro; Lira diz 'basta', mas não impeachment'Poder - 09/09/2021

33

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Reação é insuficiente para conter ímpeto golpista no PlanaltoPoder - 09/09/2021

36

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

PAINELPoder - 09/09/2021

38

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Ministro de Bolsonaro busca Gilmar para diálogo com STFPoder - 09/09/2021

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

41Veja potenciais crimes de Bolsonaro nos atos e possíveis consequênciasPoder - 09/09/2021

45

CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Ameaças travam acordo com Judiciário por Bolsa Família e precatóriosMercado - 09/09/2021

47

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Empresários querem que presidente mire retomada, não o STFPoder - 09/09/2021

49

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Em meio à radicalização, Congresso deve devolver a MP das fake newsPoder - 09/09/2021

52

CNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Presos /

Presídio em Porto Alegre tem primeira mulher no comandoCotidiano - 09/09/2021

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O Estado de S. Paulo | NacionalJudiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

O País não vai se intimidarNotas e Informações - 09/09/2021

57

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Lira fala em diálogo'e ignora impeachmentPolítica - 09/09/2021

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Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Em resposta, Fux aponta crime de responsabilidadePolítica - 09/09/2021

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CNJ - Luiz Fux /

ANÁLISEPolítica - 09/09/2021

62

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Caminhoneiros realizam protestos em estradas do PaísPolítica - 09/09/2021

65

Judiciário - Judiciário, CNJ - Luiz Fux /

CELSO MING - Como produzir crises e esconder problemasEconomia - 09/09/2021

67

CNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /

Com crise, Congresso deve segurar reformasEconomia - 09/09/2021

69

O Globo | NacionalJudiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Reação de Fux valoriza ordem institucional

Opinião - 09/09/2021

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Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

MALU GASPAR - Quem quer de verdade o impeachment?Opinião - 09/09/2021

73

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

MERCADO DESABA APOS 7 DE SETEMBROEconomia - 09/09/2021

75

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber /

EFEITO COLATERALPolítica - 09/09/2021

77

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber /

LIMITE TRAÇADOPolítica - 09/09/2021

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Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

O TOM DE LIRA E ARASPolítica - 09/09/2021

83

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber /

Tensão prossegue, e Supremo mantém reforço de segurançaPolítica - 09/09/2021

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CNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Após discurso, solução para precatórios emperraEconomia - 09/09/2021

8686

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

SUPREMO <br> <br> E SENADO SOBRARAM NO CONTRAPONTO'Política - 09/09/2021

87

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

'QUANTO MAIS CONFRONTO, MAIOR SERÁ A REJEIÇÃO'Política - 09/09/2021

88

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

O sujeito do golpe é o chefe da NaçãoEconomia - 09/09/2021

90

Valor Econômico | NacionalCNJ - CNJ, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Cenário turbulento derruba mercadosFinanças - 09/09/2021

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Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

'STF não tolerará ameaças', afirma FuxPolítica - 09/09/2021

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

94Aras pede respeito ao processo legalPolítica - 09/09/2021

95

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Lira afasta chance de abertura de impeachmentPolítica - 09/09/2021

97

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

DEM e PSL dizem que é hora de colocar 'mãos à obra'Política - 09/09/2021

98

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Bolsonaro 'antissistema' incomoda ala políticaPolítica - 09/09/2021

100

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Crise deve inviabilizar aprovação de MendonçaPolítica - 09/09/2021

102

CNJ - CNJ, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Crise política eleva prêmio de risco e preocupa investidorFinanças - 09/09/2021

104

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /

Escalada de Bolsonaro muda pouco reação das instituiçõesOpinião - 09/09/2021

106

Correio da Bahia | BahiaCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

TJ-MS EXALTA PERÍODO DA MONARQUIANoticias - 08/09/2021

107107

Carta Capital Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Dólar dispara e Bolsa desaba no dia seguinte às ameaças golpistas de BolsonaroNoticias - 08/09/2021

109109

Correio Braziliense Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - Corregedoria Nacional de Justiça /

Fux manda Tribunal de Mato Grosso do Sul retirar bandeira do Brasil ImpérioNoticias - 08/09/2021

110110

CNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Cartórios do Brasil serão autorizados a registrar crianças com o sexo ignoradoNoticias - 08/09/2021

112112

Época Negócios | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Mercado baixa régua das expectativas após 7 de Setembro e manutenção de teto de gastos viralucroEconomia - 08/09/2021

114114

Folha de S. Paulo | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Presos /

Passavam por mim e iam direto a um homem, diz 1ª mulher a dirigir presídio no RSCotidiano - 08/09/2021

117

G1.Globo | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Cientista de dados está preso injustamente há mais de 20 diasRio de Janeiro - 08/09/2021

119119

Gazeta do Povo | ParanáCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Resposta do STF a Bolsonaro virá dentro de inquéritos tocados por MoraesRepública - 08/09/2021

122

O Estado de S. Paulo - Blogs | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Conciliação /

Falsificação da ciência não deve ter lugar no JudiciárioNoticias - 08/09/2021

124124

O Globo Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Incerteza sobre contas públicas está ligada a 'processo eleitoral' e gera 'ruído' no mercado, dizpresidente do BCEconomia - 08/09/2021

126126

Tribuna do Norte | Rio Grande do NorteCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Policiais do Rio Grande do Norte terão câmeras em uniformes - 08/09/2021 - NotíciaNoticias - 08/09/2021

129129

Valor Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Após reunião com líder do governo, presidente do Senado não cogita pronunciamentoPolítica - 08/09/2021

130

CNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Presidente do STF procura Lira e Pacheco após atos para reuniãoPolítica - 08/09/2021

131

Consultor Jurídico | São PauloCNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Sistema Carcerário, Judiciário - Fazendo Justiça, Judiciário - SistemaPrisional /

CNJ e MPT se unem para fortalecer trabalho no sistema prisionalNoticias - 08/09/2021

133

CNJ - Conselho Nacional de Justiça /

A Lei 14.195/2021 e a nova disciplina da citaçãoopinião - 08/09/2021

138

CNJ - Conselho Nacional de Justiça /

PEC propõe excluir precatórios do teto de gastos; OAB defende medidaNoticias - 08/09/2021

140140

CNJ - Conselho Nacional de Justiça /

CNJ suspende concurso para juiz substituto do Tribunal de Justiça do RioNoticias - 08/09/2021

142142

CNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - Ouvidoria do CNJ /

CNJ institui grupo de trabalho para modernizar resolução das OuvidoriasNoticias - 08/09/2021

144144

Diario de Pernambuco - Online | PernambucoCNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - Corregedoria Nacional de Justiça /

Fux manda Tribunal de Mato Grosso do Sul retirar bandeira do Brasil ImpérioPolitica - 08/09/2021

146146

CNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Cartórios do Brasil serão autorizados a registrar crianças com o sexo ignoradoUltimas DP - 08/09/2021

148

Rádio BandNews (90,5 FM - Brasília) | São PauloCNJ - Conselho Nacional de Justiça /

Jornalista comenta sobre O TJ-MT hastear bandeira do impérioO É da Coisa - 08/09/2021

150

Folha de S. Paulo | NacionalJudiciário - STF /

Casuísmo digitalOpinião - 09/09/2021

151

Judiciário - STF /

Abusos e ilegalidades do Supremo dão força ao bolsonarismoPoder - 09/09/2021

153

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /

Mourão diz que não há clima para impeachmentPoder - 09/09/2021

154154

Judiciário - STF /

Impeachment só sai com apoio de partido grande <br> <br> da ala do centrãoPoder - 09/09/2021

157

Judiciário - STF /

Caminhoneiros bloqueiam estradas durante protestos em 15 estadosMercado - 09/09/2021

159

Judiciário - Judiciário /

MÔNICA BERGAMOIlustrada - 09/09/2021

161

O Estado de S. Paulo | NacionalJudiciário - Judiciário, Judiciário - STF /

...e não acontece nadaEspaço Aberto - 09/09/2021

163

Judiciário - STF /

Centrais sindicais aderem a atos convocados por MBL e Vem pra RuaPolítica - 09/09/2021

165

Judiciário - STF /

DIRETO DA FONTENa Quarentena - 09/09/2021

167

Judiciário - STF /

COLUNA DO ESTADÃOPolítica - 09/09/2021

169

Judiciário - STF /

Sem decisãoPolítica - 09/09/2021

170

O Globo | NacionalJudiciário - STF /

Site bolsonarista tem pedido negado pelo STFPolítica - 09/09/2021

171

Judiciário - Judiciário /

MORTES DESIGUAISBrasil - 09/09/2021

174

Judiciário - STF /

Veiculos de empresas do agronegócio encorparam atoPolítica - 09/09/2021

176

Judiciário - STF /

OUTRA DERROTA À VISTAPolítica - 09/09/2021

178178

Valor Econômico | NacionalJudiciário - Judiciário /

Justiça valida demissões por WhatsApp e nega indenização a trabalhadoresLegislaçao e Tributos - 09/09/2021

180

Judiciário - Judiciário /

Posições de Bolsonaro esfriam mais as relações entre Brasil e AlemanhaBrasil - 09/09/2021

182

Judiciário - Judiciário /

* TJ-SP impede venda de réplicas de modelos da PorscheLegislaçao e Tributos - 09/09/2021

184

Judiciário - STF /

Poderes Caminhoneiros bloqueiam rodovias em oito EstadosPolítica - 09/09/2021

186

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /

Mourão afirma que não há clima para afastamentoPolítica - 09/09/2021

187

Judiciário - STF /

Doria critica Lira por 'falta de compromisso com democracia'Política - 09/09/2021

188188

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /

Piora do cenário político vai pesar sobre economia, diz Mendonça de BarrosBrasil - 09/09/2021

193

Judiciário - STF /

Nem impeachment nem golpe no horizonte, diz JungmannPolítica - 09/09/2021

195

Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /

Empresários veem Bolsonaro mais isolado e retomada econômica distantePolítica - 09/09/2021

197197

Folha de Londrina Online | ParanáJudiciário - Presos /

Passavam por mim e iam direto a um homem, diz 1ª mulher a dirigir presídio no RSNoticias - 09/09/2021

200200

O Globo Online | NacionalJudiciário - Conciliação /

Após atos, Bolsonaro discute com ministros como reagir ao STF e à inflaçãoPolítica - 08/09/2021

202202

Estado de Minas online | Minas GeraisJudiciário - Presos /

Deputadas denunciam série de suicídios de LGBTs em presídio na Grande BHNoticias - 08/09/2021

206

Gaúcha ZH | Rio Grande do SulJudiciário - Conciliação /

Lira dá luz alta para Bolsonaro e reafirma confiança na urna eletrônicaRosane de Oliveira - 08/09/2021

208

Jota | São PauloJudiciário - Conciliação /

Marco temporal não pacifica sequer a relação do Supremo com o agroNoticias - 08/09/2021

211211

Judiciário - Conciliação /

Conteúdo nas redes: maioria dos líderes é a favor de moderação por plataformas e Judiciário

Noticias - 08/09/2021

214

O Globo - Blogs | NacionalJudiciário - Conciliação /

Lira fez concessão indevida a BolsonaroMerval Pereira - 08/09/2021

215

Band (SP) | São PauloJudiciário - Conciliação /

Partidos avaliam ação conjunta aos ataques de Bolsonaro ao STFJornal da Band - 08/09/2021

216

Globo News | NacionalJudiciário - Conciliação /

Ayres Britto: Presidente não quer cumprir a constituiçãoEm Ponto - 08/09/2021

219219

TV Justiça | Rio de JaneiroJudiciário - STF /

STF retoma Sessão Plenária por videoconferência sobre o marco temporalJornal da Justiça - 08/09/2021

220

Judiciário - STF /

STF recebe apoio após ameaças feitas pelo presidente Jair BolsonaroJornal da Justiça - 08/09/2021

221221

Judiciário - STF /

Senador apresenta ao Supremo notícia-crime contra o presidente Jair BolsonaroJornal da Justiça - 08/09/2021

222222

Judiciário - STF /

Desprezo às decisões judiciais por chefe de Poderes representa atentado à democraciaJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021

223223

Judiciário - STF /

Ministro Luiz Fux convoca líderes do país para enfrentar as dificuldades imediatasJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021

224

Judiciário - STF /

Presidente do STF rebate discursos do presidente da RepúblicaJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021

225225

Judiciário - STF /

Ministro Luiz Fux fala sobre as manifestações que ocorreram no 7 de setembroJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021

226

Judiciário - STF /

STF julga liminar contra a tramitação do novo Código EleitoralJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021

Judiciário - STF /

227Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociaisJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021

228

Judiciário - STF /

Ministros do STF retomam julgamento de recurso da FunaiJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021

229

CBN (São Paulo) | NacionalJudiciário - Conciliação /

Especialistas comentam sobre as manifestações de sete de setembroEstúdio CBN - 08/09/2021

Crise eleva riscos e piora expectativas

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: ROSANA HESSEL FERNANDA FERNANDES

Os agentes econômicos reagiram da pior forma possível

às manifestações de 7 de Setembro e às declarações

do presidente Jair Bolsonaro intensificando o confronto

com os demais Poderes. O consenso entre analistas é

de que, daqui para a frente, o cenário, que já era

pessimista, ficou mais nebuloso devido ao aumento do

'custo Bolsonaro'. Comisso, a população terá de arcar

com a fatura da maior incerteza, via baixo crescimento

da economia e alta da inflação. A previsão é de que os

índices de preços podem chegar à casa dos dois

dígitos, como já acontece com os juros cobrados pelo

mercado para investir em títulos públicos. Os papéis

com vencimento em janeiro de 2031, por exemplo,

voltaram a ser negociados acima de 11% ao ano.

Os pronunciamentos, ontem, dos chefes do Judiciário

e do Legislativo, contrapondo-se ao presidente,

deixaram dúvidas sobre o que ainda virá no cenário

político. O mercado está também na expectativa em

relação às manifestações da oposição ao governo,

marcadas para o próximo domingo. Analistas avaliam

que Bolsonaro, apesar da queda na popularidade, ainda

conta com apoio de uma fatia da população que não

pode ser ignorada. Contudo, avaliam que o governo terá

muito mais dificuldade para avançar com reformas,

como a tributária e a administrativa, e, para piorar, vai

retroceder no ajuste fiscal. A previsão é de que o

Centrão cobrará caro para barrar o impeachment, e,

como não há espaço para novas despesas no

Orçamento de 2022, a saída deverá ser via estouro do

teto de gastos - regra constitucional que limita o

aumento de despesas à inflação.

Outro consenso entre os analistas é o de que, ao voltar

a desafiar o Supremo Tribunal Federal (STF),

Bolsonaro travou a saída que vinha sendo negociada

com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para o

problema dos precatórios, as dívidas judiciais da União.

No total, R$ 89, 1 bilhões devem ser pagos em 2022, o

que não deixa espaço para a promessa do presidente

de aumentar o valor dos benefícios do Bolsa Família

nos meses que antecedem as eleições do próximo ano.

'O risco fiscal aumentou e, se não houver solução para

os precatórios, o governo deverá estourar o teto', alertou

Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora

de Recursos.

Volatilidade

Não à toa, a piora nas expectativas derrubou a Bolsa de

Valores de São Paulo (B3) e fez o dólar subir com força,

ontem (veja matéria ao lado). De acordo com o

economista Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria, a

tendência é de muita volatilidade no mercado financeiro

até as eleições de 2022. 'As perspectivas pioraram.

Esse governo só entregou a reforma da Previdência e

não vai conseguir entregar mais nada, nem ajuste fiscal.

Se vier alguma coisa, será muito pontual', afirmou

Jensen. 'A reforma administrativa é pouco ambiciosa. E

a reforma do Imposto de Renda, é melhor enterrar,

porque ficou tão ruim que a melhor opção é não fazer',

acrescentou.

Jensen reduziu de 5, 2% para 4, 9% a previsão de alta

do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, mas manteve13

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

em 2, 4% a estimativa de expansão em 2022. Mais

pessimista, o economista-chefe do Banco Fator, José

Francisco de Lima Gonçalves, passou a prever altas de

4, 1%, neste ano, e de 1, 1% em 2022 - 'na melhor das

hipóteses', porque a estimativa não considera os efeitos

de um agravamento da crise hídrica.

'Tudo mudou de patamar e, agora, ninguém sabe o que

vai acontecer', disse Gonçalves. 'O país só não entra

em recessão por acaso', alertou. O economista, porém,

não descarta as chances de o país entrar em um

cenário de estagflação - baixíssimo crescimento com

inflação - já que o Banco Central continuará elevando os

juros para conter o processo inflacionário e,

consequentemente, ajudará a frear o PIB. 'Na melhor

das hipóteses, o país voltará a registrar taxas de

crescimento medíocres', frisou.

O economista e consultor Alexandre Schwartsman, ex-

diretor do Banco Central, que passou a prever altas do

PIB de 4, 9%, neste ano, e de 1, 5%, em 2022, observa

que o crescimento do país será 'modesto',

especialmente, devido à limitação do principal motor do

PIB: o consumo das famílias, que ficou estagnado no

segundo trimestre. Ele destacou que a recuperação do

consumo 'parece travada pelo mau desempenho do

mercado de trabalho'. 'Acredito que melhore na segunda

metade do ano, na esteira da vacinação, seja pelo

consumo maior de serviços seja pelo aumento do

emprego associado a esse setor, mas lembrando que o

sarrafo está baixo', disse. Investimentos

De acordo com a economista Silvia Matos,

coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro

de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre),

outro motor do crescimento do PIB, os investimentos,

não deve contribuir para taxas mais robustas da

atividade. 'A tendência é de queda dos investimentos

nos próximos trimestres devido ao efeito base, e eles

não devem ajudar na retomada', alertou.

Sílvia Mastros comentou ainda que acabou a

contabilidade criativa que vinha turbinando os

investimentos na segunda metade de 2020: as

reimportações fictícias de plataformas de petróleo

antigas, que, na verdade, nunca saíram do país.

Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating,

lembrou que a inevitável piora nas contas públicas está

freando o capital estrangeiro. 'Os investidores não estão

de costas para o Brasil, mas olhando para o país com

uma lupa gigantesca e começando a discutir ações de

garantia e maior prêmio de risco para investirem aqui',

resumiu.

Bolsa desaba e dólar sobe

Os atos do 7 de Setembro tiveram efeito devastador no

mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice da

Bolsa de Valores de São Paulo (B3), despencou 3, 78%

ontem, fechando o pregão aos 113. 413 pontos. Foi a

maior queda da Bolsa desde a anulação da condenação

do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal

(STF), em março deste ano. Com a retração do valor

das ações, as empresas listadas na B3 sofreram uma

perda de R$ 195 bilhões em valor de mercado, segundo

dados da consultoria Economática. O Ibovespa acumula

recuo de 4, 52% no mês e perda de 4, 71% no ano.

Os ruídos e a animosidade no cenário político também

se refletiram no dólar, que teve alta de 2, 89%, fechando

a quarta-feira a R$ 5, 326. Cristiane Quartaroli,

economista do Banco Ourinvest, afirma que a moeda,

que já abriu em alta, subiu ainda mais após as

declarações do presidente do STF Luiz Fux, que reagiu

duramente às críticas que o presidente Jair Bolsonaro

vem fazendo à Corte - indicando que a temperatura

política continuará elevada. 'A sensação de piora da

crise institucional deve continuar aumentando tanto a

volatilidade quanto a aversão ao risco aqui no Brasil,

provocando pressão na nossa moeda', alertou

Quartaroli.

O economista Lívio Ribeiro, pesquisador associado do

Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação

Getúlio Vargas (FGV) e sócio da BRCG, reforçou que as

questões domésticas deverão continuar afetando o

mercado até que o clima político seja minimamente

pacificado. 'A instabilidade deve continuar enquanto a

gente estiver cercada de tantas incertezas, que14

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

afugentam investidores. Nesse ambiente pouco

favorável, não há como planejar investimentos',

pontuou.

Dos R$ 195 bilhões perdidos em valor de mercado,

ontem, pelas empresas da bolsa, R$ 28, 7 bi foram

referentes às três principais estatais brasileiras no

Ibovespa: Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil. De

acordo com o economista da Economática Einar Rivero,

a Petrobras foi a empresa que mais perdeu, R$ 19, 65

bilhões. A seguir vieram Ambev, com R$ 15, 4 bilhões;

Itaú, R$ 14, 3 bilhões; Bradesco, R$ 12, 2 bilhões; e

Vale, R$ 10, 1 bilhões.

As paralisações de caminhoneiros em algumas estradas

também ajudou a azedar o humor dos investidores,

explicou Daniel Miraglia, economista chefe da Integral

Group. 'Uma coisa é eles reivindicarem queda do preço

de diesel e gasolina, o que já não seria uma boa notícia,

mas as reivindicações estão ligadas ao discurso que o

presidente fez na terça-feira', ressaltou.

1

De mal a pior

Discursos do presidente Jair Bolsonaro no 7 de

Setembro aumentam pessimismo do mercado e

ampliam incertezas sobre retomada e melhora da

questão fiscal Evolução do PIB

Escalada Com expectativa de piora nas contas públicas,

mercado cobra mais prêmio de risco para investir em

títulos públicos

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário -

STF, CNJ - Luiz Fux

15

Radicais tentam invadir STF

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: LUANA PATRIOLINO CRISTIANE NOBERTO

Centenas de apoiadores de Jair Bolsonaro que vieram

para a manifestação do 7 de setembro e

continuam acampados na Esplanada dos Ministérios,

tentaram invadir o Supremo Tribunal Federal, ontem,

atendendo ao chamamento do presidente - que várias

vezes, antes do ato de apoio a ele e ao governo, falou

em destituir os ministros da Corte. O vandalismo foi

depois que o presidente do STF, Luiz Fux, fez um duro

pronunciamento em resposta a Bolsonaro. Uma barreira

policial impediu que os manifestantes chegassem

próximo à sede do Judiciário.

Os ânimos ficaram exaltados sobretudo porque Fux

afirmou que não mais toleraria movimentos golpistas e

intransigência. E ainda frisou que as ameaças de

Bolsonaro, se colocadas em prática, configuram 'crime

de responsabilidade', o que pode levá-lo ao

impeachment.

Um carro de som no canteiro central da Esplanada

tornou-se palco dos apoiadores do presidente, que se

revezavam em discursos. Um dos manifestantes

bradava contra os ministros do Supremo. 'Urubus, vocês

não são supremos. Nós vamos derrubar VOCÊS',

ameaçou.

Já um dos bolsonaristas afirmou, também do alto do

carro de som, ter em mãos uma carta para entregar ao

presidente com reivindicações como a aprovação da

PEC 103, que trata do voto impresso - sepultada pelo

plenário da Câmara em julho -, a auditoria das eleições -

que já são auditadas -, além de recolhimento dos

passaportes e prisão dos 11 ministros do STE

Solidariedade

Os manifestantes ainda prestaram solidariedade ao

cantor e ex-deputado Sérgio Reis, ao presidente do

PTB, Roberto Jefferson - preso por incitação à violência

contra os membros do Supremo - e ao caminhoneiro

Marcos Antônio Pereira Gomes, 0 Zé Trovão, que está

com prisão preventiva decretada pelo ministro

Alexandre de Moraes, mas está foragido desde 3 de

setembro.

Os governistas anunciaram que protocolaram um

pedido de prisão contra Moraes, na noite de ontem -

mas não disseram onde. As justificativas do documento

são 'crimes de tortura' e 'decisões inconstitucionais', e

teria sido assinado pela Ordem dos Advogados

Conservadores do Brasil e pela Marcha da Família. O

grupo também pendurou várias faixas com dizeres

antidemocráticos e uma delas pede o fechamento do

Congresso e a instauração de um regime militar, atos

considerados criminosos pela Constituição. 'Exigimos a

imediata destituição de todos os ministros do STF e a

criminalização do comunismo', propõe uma delas.

Mais cedo, esse mesmo grupo de radicais tentou

agredir um grupo de jornalistas, que precisou se abrigar

na sede do Ministério da Saúde - que fica próximo ao

acampamento dos bolsonaristas. Em nota, o Sindicato

de Jornalistas do Distrito Federal afirmou que os

profissionais ficaram dentro da sede da pasta. Já a16

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

Polícia Militar informou ao Correio que se tratava de

uma 'confusão' entre os manifestantes e a imprensa -

mas ninguém saiu ferido ou escoltado.

O ministério confirmou a tentativa de invasão. 'O

pessoal (bolsonarista) tentou entrar, mas os seguranças

não deixaram', disse uma nota da assessoria de

comunicação.

O policiamento e as barreiras que isolam o STF

impediram que bolsonaristas avançassem contra a

Corte. Grupo está acampado na Esplanada

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

17

Luiz Carlos Azedo - O dia seguinte

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: Luiz Carlos Azedo

O presidente Jair Bolsonaro demonstrou grande

capacidade de mobilização no dia 7 de setembro. Maior

do que a oposição imaginava, porém, menor do que

gostaria que fosse, para ir adiante no seu projeto de

emparedar o Supremo Tribunal Federal (STF) e/ou dar

um golpe de Estado. Grande o suficiente para garantir

uma base parlamentar capaz de barrar um processo de

impeachment, como ficou claro no pronunciamento do

presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).

Não o suficiente para intimidar o STF, como deixou

claro o seu presidente, ministro Luiz Fux.

O país está prisioneiro de uma armadilha criada pelo

presidente da República. É um impasse no qual as

pesquisas de opinião apontam o seu enfraquecimento,

mas não ainda o suficiente para inviabilizar sua

presença no segundo turno. Bolsonaro perde a

expectativa de reeleição, mas continua controlando a

forma mais concentrada de poder: o governo, que

arrecada, normatiza e coage. Sua gestão é um desastre

multifacetado, que turva o horizonte político e

econômico e agrava os problemas sociais, é certo.

Mesmo assim, Bolsonaro contém a expetativa de poder

da oposição, gerada principalmente pelo favoritismo do

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a ameaça

de impedir as eleições ou não aceitar seu resultado. Ou

seja, de não deixar que o petista tome posse, caso

vença as eleições, como fizera Carlos Lacerda na

campanha eleitoral de 1950.

Como diria o Barão de Itararé, tudo seria fácil se não

fossem as dificuldades. Os episódios do Dia da

Independência e os de ontem, com os pronunciamentos

do presidente da Câmara e do presidente do Supremo,

refletem o outro lado da mobilização bolsonarista. Além

de uma fieira de crimes eleitorais - propaganda

antecipada, uso indevido de recursos públicos,

financiamento ilegal etc. -, Bolsonaro cometeu crime de

responsabilidade ao atacar o Supremo e dizer que não

aceitaria decisões do ministro Alexandre de Moraes. A

premissa de um processo de impeachment já está dada,

a forma, ainda não. É um processo político, que

somente começa quando o presidente da Câmara tira

da gaveta um dos pedidos de impeachment.

Bolsonaro lançar suas falanges políticas contra as

instituições, que trata como se fosse a oposição e não

Poderes e/ou agências de Estado, foi um erro crasso.

Em vez de sair do isolamento e retomar a capacidade

de iniciativa política, acabou mais isolado ainda. Criou

um clima favorável ao surgimento de uma candidatura

de centro, comprometida com a democracia, ou seja,

alternativa a ele próprio, e não a Lula. O monitoramento

das redes sociais pelas agências de risco aponta nessa

direção. Há pré-candidatos assumidos: Ciro Gomes

(PDT), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta

(DEM), Alessandro Vieira (Cidadania),

ou que se fingem de mortos - Sérgio Moro (sem partido)

e Rodrigo Pacheco (DEM). Quem conseguir galvanizar

'a direita da esquerda e a esquerda da direita' do

eleitorado pode emergir como alternativa de poder e

chegar ao segundo turno. Seus partidos já dialogam

intensamente, em busca de uma coalizão contra

Bolsonaro. Estado-maior18

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

É muito difícil entender a cabeça do presidente da

República, porque ele foge aos paradigmas tradicionais

da política e da normalidade institucional. Mas é

possível definir o caráter bonapartista de seu governo,

em conflito com a Constituição de 1988 e

hegemonizado por três generais amigos - o ministro da

Defesa, Braga Neto, o golpista; Luiz Ramos, secretário-

geral da Presidência, o mais amigo, e Augusto Heleno,

chefe do Serviço de Segurança Institucional, o ideólogo

-, e pelos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-

RJ), o articulador empresarial; o deputado Eduardo

Bolsonaro (PSL-SP), que coordena os grupos de

extrema direta; e o vereador carioca Carlos Bolsonaro, o

grande operador de suas redes sociais. Os demais

ministros são meros coadjuvantes, mesmo o novo chefe

da Casa Civil, senador Ciro Nogueira (PP-PI), que

entrou no governo para tirar Bolsonaro do isolamento e

foi engolido pela radicalização.

A estratégia de Bolsonaro é politizar ao máximo

fracasso econômico e administrativo, deslocando o eixo

da discussão dos problemas reais da população e

transferindo responsabilidades para governadores,

prefeitos e os demais Poderes, na linha de que o

Judiciário não deixa o presidente da República

governar, nem o Congresso não aprova as reformas.

Bolsonaro têm uma interpretação do Poder delegado

pelos eleitores à Presidência que extrapola seus limites

constitucionais, daí vem o conflito institucional. Ontem,

apoiadores mais radicais e truculentos tentaram invadir

o Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro incitou-

os e sinalizou que pretende mobilizá-los para impedir as

eleições de 2022, uma ameaça muito grave à

democracia.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

19

'Ninguém fechará esta corte', avisa Fux

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: ISRAEL MEDEIROS - FERNANDA STRICKLAND

As ameaças do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo

Tribunal Federal, em mais um degrau da crise

institucional que se arrasta há meses, provocaram uma

forte reação dos demais Poderes republicanos. A

resposta mais contundente partiu do Judiciário, alvo

principal dos ataques de Bolsonaro nas manifestações

de Sete de Setembro. O ministro Luiz Fux, presidente

do STF, disse, em pronunciamento, que 'ninguém

fechará' a Corte. E lembrou o papel constitucional do

Congresso Nacional na apuração de crimes de

responsabilidade cometidos pelo chefe do Executivo. As

declarações inflamadas de Bolsonaro para multidões de

apoiadores também provocaram reações de

representantes do Parlamento, da Procuradoria-Geral

da República e de partidos políticos. Não há sinal de

distensionamento após o Dia da Independência,

sequestrado pela ideologia bolsonarista.

Na abertura da sessão de ontem do Supremo Tribunal

Federal, Luiz Fux expressou o sentimento recolhido

dos demais ministros na noite anterior. 'Ofender a honra

dos ministros e incitar a população a propagar discursos

de ódio contra a instituição do Supremo Tribunal

Federal e incentivar o descumprimento de decisões

judiciais são práticas antidemocráticas e ilícitas e

intoleráveis em respeito ao juramento constitucional que

todos nós fizemos ao assumirmos uma cadeira nesta

Corte', disparou Fux.

Após explicitar a defesa incondicional da democracia, o

presidente do STF alertou para as consequências de

desafiar o Poder Judiciário. 'Se o desprezo às decisões

judiciais ocorre por iniciativa do chefe de qualquer dos

Poderes, essa atitude, além de apresentar um atentado

à democracia, configura crime de responsabilidade, a

ser analisado pelo Congresso Nacional', disse Fux. Ele

acrescentou que as discordâncias e questionamentos a

decisões judiciais devem ser feitas de acordo com a lei,

através de recursos processuais e sem desobediência.

O ministro conclamou, ainda, os líderes do país a se

preocuparem com os reais problemas que assolam a

população, como a pandemia do novo coronavírus - que

já matou mais de 580 mil brasileiros -, o desemprego e

a inflação. O ministro fez, também, um apelo à

população. 'Estejamos atentos a esses falsos profetas

do patriotismo, que ignoram que democracias

verdadeiras não admitem que se coloque o povo contra

o povo ou o povo contra suas instituições', pontuou Fux.

'Povo brasileiro, não caia na tentação das narrativas

fáceis e messiânicas, que criam falsos inimigos da

nação. Mais do que nunca, nosso tempo requer respeito

aos poderes constituídos', completou. Impeachment

O discurso de Fux foi, em larga medida, a resposta mais

forte às investidas de Bolsonaro. E contrastou com o

tom adotado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira

(PP-AL), responsável por dar início a um processo de

impeachment. Lira disse que é hora de dar um 'basta'

na escalada da crise entre o Executivo e o Judiciário.

'Não vejo como possamos ter ainda mais espaço para

radicalismo e excessos', afirmou. Ele lamentou, ainda,

que "bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno

palanque deixaram de ser um elemento virtual e20

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade'.

Lira fez questão de externar o posicionamento da

Câmara, com recados para o Executivo e o Judiciário.

'Não posso admitir questionamentos sobre decisões

tomadas e superadas - como a do voto impresso. Uma

vez definida, vira-se a página. Assim como também vou

seguir defendendo o direito dos parlamentares à liVTe

expressão - e a nossa prerrogativa de puni-los

internamente se a Casa com sua soberania e

independência entender que cruzaram a linha", disse o

presidente da Câmara. Chefe de poder que mantém

mais contato com o Palácio do Planalto, Lira foi

procurado pelos ministros Ciro Nogueira e Flávia

Arruda. Reuniu-se com o presidente Bolsonaro, em uma

tentativa do governo de encontrar uma saída para o

impasse institucional.

O presidente do Senado também se pronunciou.

Rodrigo Pacheco (DEM-MG) afirmou que o Brasil vive

uma 'crise real', com a alta da inflação e do preço dos

combustíveis e afirmou que a solução para estes

problemas não está em questionar a democracia. 'Nós

vivemos em um país em crise. Uma crise real. De fome

e de miséria que bate à porta dos brasileiros,

sacrificando a dignidade das pessoas. (. . . ) A solução

não está no autoritarismo, não está nos arroubos

antidemocráticos, não está em questionar a democracia.

A solução está na maturidade política dos poderes

constituídos de buscar convergências para aquilo que

interessa aos brasileiros', disse.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, adotou

um tom igualmente moderado. Classificou as

manifestações como 'festa cívica" de uma 'sociedade

plural e aberta'. (Israel Medeiros, Jorge Vasconcellos,

Raphael Felice, Fernanda Strickland).

Estejamos atentos a esses falsos profetas do

patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras

não admitem que se coloque o povo contra O povo ou o

povo contra suas instituições. '

Luiz Fux,

presidente do STF

Nogueira (E) e Arruda (ao fundo) chamaram Lira (D)

para o Planalto

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

21

Armas na mira do STF

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Supremo Tribunal Federal marcou para 17 de

setembro o recomeço do julgamento de ações que

questionam a política armamentista do governo federal.

Isso porque, ontem, o ministro Alexandre de Moraes

devolveu os processos para os quais pedira vistas, o

que permitiu a retomada dos trabalhos.

O julgamento será por meio do plenário virtual, que

estará aberto para apresentação da decisão de cada

ministro até dia 24. Nesta modalidade de votação, os

ministros vão depositando os votos por escrito, sem a

necessidade de sessões presenciais ou por

videoconferência para que sejam lidos. As ações têm

como relatores a ministra Rosa Weber e os ministros

Edson Fachin e Alexandre de Moraes. E questionam os

seguintes temas: os decretos de 2019 que facilitaram a

posse de arma de fogo; a decisão da Câmara de

Comércio Exterior (Camex) de reduzir a zero a alíquota

para a importação de revólveres e pistolas; os decretos

de fevereiro passado sobre posse e porte de arma; o

aumento do limite, de dois para seis, de armas de fogo

que qualquer pessoa possa comprar; a portaria conjunta

dos ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança

Pública que subiu para 550 o número de munições que

podem ser adquiridas mensalmente por quem tem

posse ou porte de arma; a revogação pelo Exército de

portarias para que armas e munições sejam rastreadas

e marcadas. Campanha

Desde a campanha presidencial, Jair Bolsonaro tem

enfatizado que pretendia facilitar a obtenção de armas,

inclusive de grosso calibre, por qualquer cidadão.

Sempre que pode, ele enfatiza que pretende que as

pessoas andem armadas a título de se protegerem e

protegerem seus patrimônios.

Mas já deu vários indicativos de que pretende fazer

algum uso político desse consumo desenfreado de

armas de fogo. Além de repetir sempre que pode a

expressão 'povo armado jamais será escravizado', em

27 de agosto passado disse a apoiadores, na saída do

Palácio da Alvorada, que 'o CAC (Caçador, Atirador e

Colecionador) está podendo comprar fuzil. O CAC, que

é fazendeiro, compra fuzil, o 762. Tem que comprar é. .

. tem que todo mundo comprar fuzil, pô. . Eu sei que

custa caro. Tem um idiota: 'ah, tem que comprar é

feijão'. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o

saco de quem quer comprar'. Em 7 de setembro,

durante as manifestações governistas em São Paulo e

Brasília, Bolsonaro afirmou que não cumprirá decisões

que venham de Alexandre de Moraes.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Rosa Weber

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Basta de autoritarismo

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Aqueles que intencionam levar o Brasil para um regime

de exceção precisam ter claro que a sociedade jamais

abrirá mão da democracia. As mensagens passadas

pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado,

Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal,

Luiz Fux, um dia depois das manifestações de Sete de

Setembro em favor do presidente Jair Bolsonaro, dão a

exata dimensão de que não há espaço para arroubos

autoritários. As instituições estão prontas para agir.

A energia que vem sendo gasta pelo chefe do Executivo

para tumultuar o ambiente político deveria ser

dispendida para enfrentar os problemas do Brasil real,

que tendem a se agravar quanto maiores forem os

ruídos provocados por Brasília. Um sinal evidente de

repúdio a ameças ao Supremo Tribunal Federal e ao

Congresso veio do mercado financeiro. Somente ontem,

a Bolsa de Valores de São Paulo tombou quase 4% e o

dólar voltou a ficar acima de R$ 5, 30.

Bolsa em queda significa destruição de riqueza - foram

menos R$ 195 bilhões em apenas um dia. Dólar

subindo é mais inflação. Assim, quanto mais prolongado

for o quadro de desconfiança e de pessimismo, mais

rapidamente a economia caminhará para o precipício. A

inflação que está destruindo o orçamento da família -

acumula alta de 9% em 12 meses - tenderá a sair do

controle, desestruturando, também, o orçamento das

empresas. O desarranjo geral significará mais

desemprego. O caos social será enorme.

Não por acaso, o presidente do STF foi enfático: 'O

verdadeiro patriota não fecha os olhos para os

problemas reais e urgentes do Brasil. Pelo contrário,

procura enfrentá-los, tal como um incansável artesão,

tecendo consensos mínimos entre os grupos que

naturalmente pensam diferente. Só assim é possível

pacificar e revigorar uma nação inteira'. Arthur Lira

endossou: 'Bravatas em redes sociais, vídeos e um

eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e

passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O

Brasil que vê a gasolina chegar a R$ 7 e o dólar

valorizado em excesso'.

No entender de Rodrigo Pacheco, a solução para a

crise na qual o país está mergulhado não está no

autoritarismo, nos arroubos antidemocráticos, em

questionar a democracia. 'A solução está na maturidade

política dos Poderes constituídos de se entenderem, de

buscarem as convergências para aquilo que

verdadeiramente interessa aos brasileiros', afirmou. E

acrescentou: 'Não é com excessos, não é com

radicalismo, não é com extremismo, é com diálogo e

com respeito à Constituição que nós vamos conseguir

resolver os problemas dos brasileiros'.

A pacificação do país, portanto, é mais do que urgente.

Divergências sempre vão existir e fazem parte de um

ambiente democrático sólido. É por meio do debate que

se constroem soluções que beneficiam a maioria. Tentar

minar as instituições a fim de abrir espaço para

aventuras antidemocráticas foge totalmente desse

escopo de nação. É retrocesso. O Brasil não se curvará

ao autoritarismo.

COLUNISTAS

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Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

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Bolsa desaba e dólar sobe

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Os atos do 7 de Setembro t1veram efeito devastador no

mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice da

Bolsa de Valores de São Paulo (B3), despencou 3, 78%

ontem, fechando o pregão aos 113. 413 pontos. Foi a

maior queda da Bolsa desde a anulação da condenação

do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal

(STF), em março deste ano. Com a retração do valor

das ações, as empresas listadas na B3 sofreram uma

perda de R$ 195 bilhões em valor de mercado, segundo

dados da consultoria Economática. O Ibovespa acumula

recuo de 4, 52% no mês e perda de 4, 71% no ano.

Os ruídos e a animosidade no cenário político também

se refletiram no dólar, que teve alta de 2, 89%, fechando

a quarta-feira a R$ 5, 326. Cristiane Quartaroli,

economista do Banco Ourinvest, afirma que a moeda,

que já abriu em alta, subiu ainda mais após as

declarações do presidente do STF, Luiz Fux, que

reagiu duramente às críticas que o presidente Jair

Bolsonaro vem fazendo à Corte - indicando que a

temperatura política continuará elevada. 'A sensação de

piora da crise institucional deve continuar aumentando

tanto a volatilidade quanto a aversão ao risco aqui no

Brasil, provocando pressão na nossa moeda', alertou

Quartaroli.

O economista Lívio Ribeiro, pesquisador associado do

Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação

Getulio Vargas (FGV) e sócio da BRCG, reforçou que as

questões domésticas deverão continuar afetando o

mercado até que o clima político seja minimamente

pacificado. 'A instabilidade deve continuar enquanto a

gente estiver cercada de tantas incertezas, que

afugentam investidores. Nesse ambiente pouco

favorável, não há como planejar investimentos',

pontuou.

Dos R$ 195 bilhões perdidos em valor de mercado,

ontem, pelas empresas da bolsa, R$ 28, 7 bi foram

referentes às três principais estatais brasileiras no

Ibovespa: Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil. De

acordo com o economista da Economática Einar Rivero,

a Petrobras foi a empresa que mais perdeu, R$ 19, 65

bilhões. A seguir vieram Ambev, com R$ 15, 4 bilhões;

Itaú, R$ 14, 3 bilhões; Bradesco, R$ 12, 2 bilhões; e

Vale, R$ 10, 1 bilhões.

As paralisações de caminhoneiros em algumas estradas

também ajudou a azedar o humor dos investidores,

explicou Daniel Miraglia, economista chefe da Integral

Group. 'Uma coisa é eles reivindicarem queda do preço

de diesel e gasolina, o que já não seria uma boa notícia,

mas as reivindicações estão ligadas ao discurso que o

presidente fez na terça-feira', ressaltou.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

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'É crime'

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Coube ao presidente do Supremo Tribunal Federal,

ministro Luiz Fux, a reação mais enérgica à exibição

desabrida de golpismo com a qual Jair Bolsonaro

conspurcou o Dia da Independência.

Sem floreios ou meias palavras, o magistrado disse o

óbvio necessário -que o descumprimento de decisões

judiciais, pregado pelo presidente da República a uma

turba fanatizada, 'configura crime de responsabilidade a

ser analisado pelo Congresso Nacional' se levado a

cabo pelo chefe de um Poder.

'A crítica institucional não se confunde -nem se adequa-

com narrativas de descredibilização do STF e de seus

membros, tal como vêm sendo gravemente difundidas

pelo chefe da nação', apontou Fux.

Com a altivez do presidente da corte contrastaram os

pronunciamentos dissimulados do presidente da

Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do

procurador geral da República, Augusto Aras, que

parecem ter se sentido obrigados a dizer algo diante da

infâmia de Bolsonaro, mas nem mesmo tiveram a

coragem de nominá-lo.

Mais do que repetir platitudes a respeito da importância

do respeito à Constituição, Lira e Aras precisam

demonstrar a disposição de agir como exigem seus

cargos.

Ao primeiro cabe a responsabilidade de deliberar sobre

mais de uma centena de pedidos de impeachment que

dormem em sua gaveta. Se os considera sem

fundamento, que os rejeite, e a decisão possa ser

submetida ao plenário. Inaceitável é que o Legislativo

não trate do tema enquanto o presidente da República

afronta as instituições.

Já do procurador-geral depende a iniciativa de

investigar o chefe de Estado por infrações penais

comuns, o que pode incluir desde a negligência no

combate à pandemia até a difusão de mentiras para

desacreditar as urnas eletrônicas.

Recorde-se que o Tribunal Superior Eleitoral abriu

inquérito administrativo sobre uma transmissão pela

internet em que Bolsonaro, sem apresentar uma mísera

evidência, acusou a instituição de fechar os olhos para

alegadas fraudes em pleitos passados.

A apuração pode ser ampliada para alcançar novas

suspeitas, como ade que o presidente, ao participar de

atos como os do 7 de Setembro, faz campanha eleitoral

antecipada ou abusa de seu poder político e econômico.

São ilegalidades que, em tese ao menos, podem tornar

o mandatário inelegível.

Uma investigação desse tipo teria mais peso com o aval

do procurador-geral, mas na Justiça Eleitoral -onde

tramita também processo que pode levar à cassação da

chapa Bolsonaro-Hamilton Mourão- isso não é

indispensável.

Fato é que as instituições se encontram na obrigação de

reagir, nos limites e rigores da lei, à escalada de

abusos, ameaças e transgressões. O mandatário

desmoraliza a cada dia os que com ele procuram26

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

contemporizar.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

27

Fux alerta para crime de Bolsonaro; Lira diz 'basta', mas não

impeachment'

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

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Autor: Marcelo Rocha, Danielle Brant , Ranier Bragon e

Renato Machado

Acusado pela oposição dese alinhar aos interesses do

Palácio do Planalto, o procurador-geral da República,

Augusto Aras, compareceu ao plenário do Supremo

nesta quarta -ele tem participado das sessões por

videoconferência- e também discursou sobre o 7 de

Setembro.

'Acompanhamos ontem [terça-feira] uma festa cívica,

com manifestações pacíficas, que ocorreram

hegemonicamente de forma ordeira pelas vias públicas

do Brasil', afirmou Aras.

O procurador-geral não citou as declarações do chefe

do Executivo, mas disse que não se pode desprezar 'o

devido processo legal, o devido processo legislativo, o

devido processo administrativo'.

Por meio dessas vias, frisou ele, 'assegura-se que as

minorias tenham voz e meios contra os excessos da

maioria, e também que os direitos da maioria sejam

preservados no processo decisório inerente às

democracias representativas ou diretas'.

Aras disse que discordâncias que extrapolem as

manifestações críticas devem ser tratadas pelas vias

adequadas, de modo a não criar constrangimentos,

dificuldades e até injustiças.

A atual crise institucional, patrocinada por Bolsonaro,

teve início quando o presidente disse que as eleições de

2022 somente seriam realizadas com a implementação

do sistema do voto impresso -mesmo depois de essa

proposta já ter sido derrubada pelo Congresso.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que levou a

PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto

impresso para votação do plenário após receber

compromisso de Bolsonaro de que respeitaria a decisão

da Casa. Nesta quarta, ele cobrou o mandatário sobre

este tema já rejeitado pelos deputados.

28

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

'Não posso admitir questionamentos sobre decisões

tomadas e superadas, como a do voto impresso. Uma

vez definida, vira-se a página. "

Em agosto, Lira afirmou que estava com 'o botão

amarelo'" acionado e que não iria aderir a qualquer

mobilização para romper com 'a independência e

harmonia entre os Poderes'.

_ _ _ _

Doria diz que Lira não tem compromisso com a

democracia

Carolina Linhares

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, João Doria

(PSDB), disse lamentar a declaração do presidente da

Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que não

mencionou o impeachment de Jair Bolsonaro nesta

quarta (8), o que foi lido como uma resistência em

pautar o tema.

Doria afirmou que Lira não tem compromisso coma

democracia e cobrou que ele dê andamento aos

pedidos de impeachment contra o presidente. 'Eu

lamento que ele não tenha compromisso com a

democracia, porque, se tivesse, estaria colocando em

pauta o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

Lamento sinceramente a postura, a atitude e o

descompromisso do presidente da Câmara Federal com

a democracia brasileira', afirmou o tucano nesta quarta.

Durante entrevista à imprensa, Doria recuperou a fala

de Lira, feita minutos antes em pronunciamento, de que

é 'hora de dar um basta à escalada de bravatas'.

'Se esta de fato é a posição, ele que faça o

encaminhamento de um dos pedidos de impeachment.

Não é apenas na palavra, mas na atitude que se faz

democracia', cobrou Doria.

'Depois dos arroubos, depois do afrontamento que

tivemos ontem [terça, 7] à Constituição, à democracia, à

Suprema Corte, o mínimo que poderia se esperar de um

presidente da Câmara era submeter aos seus

parlamentares -já que a decisão não é dele, não é

monocrática, é da Câmara e do Senado- que pudesse

submeter e dar andamento ao pedido de impeachment'

A defesa do impeachment de Bolsonaro voltou a ganhar

força entre partidos e políticos de oposição, na

esquerda ena direita, após as falas golpistas e as

ameaças ao STF do presidente nas manifestações de 7

de Setembro em Brasília e São Paulo.

Na terça, diante dos atos bolsonaristas, Doria defendeu

pela primeira vez que seu partido, o PSDB, apoie um

pedido contra Bolsonaro. A sigla se reuniu nesta quarta

e decidiu colocar-se formalmente como oposição ao

presidente.

'Nossa posição em São Paulo é de que o PSDB deve

ser oposição ao governo e apoiar o impeachment',

afirmou à Folha o tucano.

Os tucanos consideram 'gravíssimas' as declarações

golpistas de Bolsonaro no ato do 7 de Setembro em

Brasília. Doria é o principal rival estadual do presidente

e disputa as prévias do PSDB com Eduardo Leite (RS)

para ser o candidato do partido ao Planalto em 2022.

Doria falou ainda sobre as manifestações do domingo

(12) a favor do impeachment de Bolsonaro e

convocadas por grupos de oposição à direita, como

MBL e Vem Pra Rua. O governador disse avaliar se irá

comparecer.

'Como cidadão, como brasileiro, defendo e apoio todos

que se manifestarão, seja em São Paulo ou seja em

qualquer cidade do país, no próximo dia 12, a favor da

democracia, da liberdade, da Constituição e,

principalmente, da maioria expressiva dos brasileiros',

disse.

Com as ruas tomadas por manifestações recentes pró-

Bolsonaro e contra o presidente, sendo essas

mobilizadas pela esquerda e, consequentemente,

demonstrando apoio a Lula (PT), o próximo ato tem sido

identificado como um espaço da chamada terceira via -29

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

embora os organizadores reforcem o mote único contra

Bolsonaro e defendam a participação de todos os

setores.

'Não se trata aqui de grupos simpáticos a mim ou não.

Mas sim grupos que defendem a democracia, defendem

a Constituição e defendem a liberdade, como eu

defendo', disse Doria.

Na coletiva, Doria também foi questionado sobre

eventual adesão do PSDB à iniciativa da presidente do

PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), de reunir

partidos de oposição para discutir os próximos passos

da campanha pelo impeachment.

O governador de São Paulo afirmou que cabe ao

presidente do seu partido, Bruno Araújo, avaliar a

questão.

A respeito da posição de governadores, disse que

vários se manifestaram contra Bolsonaro. Em meio a

sua fala em defesa da democracia, Doria afirmou que

São Paulo garante segurança ao ministro Alexander de

Moraes, do STF ameaçado por Bolsonaro e a outros

dois ministros que vivem no estado.

'Lamento que o presidente continue flertando com

autoritarismo. Aqui em São Paulo ele não terá eco junto

ao governo do estado', disse.

BRASÍLIA - O presidente do STF (Supremo Tribunal

Federal), Luiz Fux, fez duro discurso nesta quarta (8)

contra as falas golpistas de Jair Bolsonarono 7 de

Setembro e afirmou que ameaça do mandatário de

descumprir decisões judiciais do ministro Alexandre de

Moraes, se confirmada, configura 'crime de

responsabilidade'.

'Se o desprezo às decisões judiciais ocorre pori niciativa

do chefe de qualquer dos Poderes, essa atitude, além

de representar atentado à democracia, configura crime

de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso

Nacional", afirmou Fux, na abertura da sessão do

plenário. 'Ninguém fechará esta corte. Nós a

manteremos de pé, com suor e perseverança',

completou.

Na terça-feira (7), diante de milhares de apoiadores em

Brasília e em São Paulo, Bolsonaro fez ameaças

golpistas ao STF elevando a pressão da classe política

pela abertura de processo de impeachment.

O presidente disse que não aceitará que qualquer

autoridade tome medidas ou assine sentenças fora das

quatro linhas da Constituição e declarou que não

cumpriria mais decisões de Moraes.

Com o poder de mandar abrir um processo de

afastamento de Bolsonaro, o presidente da Câmara,

Arthur Lira (PP-AL), elevou o tom de crítica ao

presidente, falou em 'basta', mas enviou sinais de

tentativa de apaziguamento e não falou sobre

impeachment -há mais de cem pedidos para isso na

Casa.

'É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito

looping negativo', afirmou, dizendo também que

'bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno

palanque deixaram de ser um elemento vir tual e

passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade'.

Em março e depois em agosto deste ano, Lira havia

dado recados a Bolsonaro em meio à crise institucional

provocada pelo presidente dizendo que estava com 'o

botão amarelo' acionado.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

que suspendeu as sessões desta semana, afirmou que

o Brasil é um país em 'crise real' e criticou as falas de

Bolsonaro sem citar diretamente seu nome.

'É uma crise real que nós vivemos e que nós temos que

dar solução a ela. E essa solução não está no

autoritarismo, não está nos arroubos antidemocráticos,

não está em questionar a democracia, essa solução

está na maturidade política dos Poderes constituídos

dese entenderem, de buscarem as convergências para

aquilo que verdadeiramente interessa', afirmou

Pacheco.

30

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

Os recados mais duros, porém, foram os de Fux,

presidente do Supremo, que se tornou o principal alvo

dos bolsonaristas no 7 de Setembro.

'Num ambiente político maduro, questionamentos às

decisões judiciais devem ser realizados não através da

desobediência, não através da desordem, e não através

do caos provocado, mas decerto pelos recursos, que

são as vias processuais próprias', disse.

'Ofender a honrados ministros, incitar a população a

propagar discursos de ódio contra a instituição do

Supremo Tribunal Federal e incentivar o

descumprimento de decisões judiciais são práticas

antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis, que não

podemos tolerar em respeito ao juramento

constitucional que fizemos ao assumir uma cadeira na

corte', afirmou o ministro.

De acordo com o presidente do STF o tribunal não

aceitará ameaças. 'Imbuído desse espírito democrático

e de vigor institucional, este Supremo Tribunal Federal

jamais aceitará ameaças à sua independência nem

intimidações ao exercício regular de suas funções. '

Sem citar nominalmente Bolsonaro, referindo-se a ele

como 'chefe da nação', Fux falou em 'falsos profetas do

patriotismo'.

'Infelizmente, tem sido cada vez mais comum que

alguns movimentos invoquem a democracia como

pretexto para a promoção de ideias antidemocráticas.

Estejamos atentos a esses falsos profetas do

patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras

não admitem que se coloque o povo contra o povo, ou o

povo contra as suas próprias instituições', disse. 'Povo

brasileiro, não caia na tentação das narrativas fáceis e

messiânicas, que criam falsos inimigos da nação',

ressaltou.

A manifestação de Fux foi combinada com os demais

ministros em reunião por vídeo na noite de terça,

quando decidiram que caberia ao presidente da corte

falar em nome de todos na sessão.

'Ou o chefe desse Poder enquadra o seu [ministro] ou

esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos',

disse Bolsonaro em Brasília na manhã de terça, em

recado ao presidente do Supremo.

O chefe do Executivo também fez referência a recentes

decisões de Moraes, relator da maioria das

investigações em curso no STF que miram Bolsonaro e

seus apoiadores. O ministro Luís Roberto Barroso,

presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), também

é alvo dos ataques nas últimas semanas em razão da

defesa que o magistrado faz do sistema eleitoral.

'Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos

respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se

enquadra ou pede para sair', disse Bolsonaro na terça-

feira.

À tarde, na avenida Paulista, o mandatário exortou

desobediência a decisões da Justiça.

'Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês,

determinar que todos os presos políticos sejam postos

em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente

não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se

esgotou', disse.

"Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa

do chefe de qualquer dos Poderes, essa atitude, além

de representar atentado à democracia, configura crime

de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso

Nacional"

Luiz Fux

presidente do STF

"É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito

looping negativo. [... ] Bravatas em redes sociais, vídeos

e um eterno palanque deixaram de ser um elemento

virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de

verdade"

Arthur Lira (PP-AL)

31

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

presidente da Câmara

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

32

Reação é insuficiente para conter ímpeto golpista no Planalto

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Judiciário - Judiciário

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Autor: íor Gielow

ANÁLISE

SÃO PAULO - Como acontece nos filmes B, o clímax do

capítulo 8 de setembro de 2021 da crise institucional

brasileira misturou previsibilidade e alguma

prestidigitação.

Na superfície, os discursos de Arthur Lira (PP-AL) e

Luiz Fux são peças que causariam espanto em

qualquer país que se diga democrático: chefes do

Legislativo e do Judiciário admoestaram o presidente

da República a se comportar dentro da lei.

Ora, Bolsonaro opera fora de parâmetros constitucionais

há bastante tempo, empilhando crimes de

responsabilidade em quase todas as áreas de sua

atuação. As manifestações do 7 de Setembro foram

apenas uma apoteose à espera do próximo capítulo.

Assim, quando o presidente do Supremo Tribunal

Federal afirmou que os ataques e ameaças do inquilino

do Alvorada constituíam práticas 'antidemocráticas,

ilícitas, intoleráveis', a pergunta se impõe: e então? O

ilícito já ocorreu, para ficar no que enseja resposta

efetiva.

Riscar a linha numa areia há muito revolvida apenas

parece incentivar a delinquência a buscar uma nova

oitava acima.

Obviamente, o próprio Fux tem a resposta: Bolsonaro

arrisca o pescoço com um processo de impeachment se

cumprir, por exemplo, a promessa de ignorar decisões

judiciais de Alexandre de Moraes, seu malvado favorito.

Pode ser, mas na prática como isso ocorreria se a

Polícia Federal que toca o inquérito das fake news o faz

com um delegado autônomo? Novamente, aqui parece

mais uma dessas pegadinhas autoritárias corrosivas de

Bolsonaro, talvez não elaboradas como tal.

Fux também prestou uma homenagem tão elaborada a

forças policiais que cumpriram seu dever e a militares

que não estavam na linha de frente no dia 7 que um

general questionou se no fundo aquilo não teria sido

uma demonstração de temor reverencial ou, pior,

fraqueza.

A presença de caminhoneiros radicalizados ameaçando

o Supremo e protagonizando relatos de uma tentativa

demovimento nacionalizado de apoio ao presidente,

além da crença dos bolsonaristas no golpe redentor,

emprestam tons dramáticos a isso.

Uma mensagem que circula entre empresários que

apoiam o presidente fala abertamente num golpe que

começaria com bloqueios de caminhões em estados

adversários, levando intervenções federais que

evoluiriam no delírio para a refundação do República ou

algo do gênero.

É de se questionar a qualidade do fast-food consumido

pelo pessoal, que ignora legislação e condições

políticas básicas.

33

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

Seja como for, aí o foco se vira para o presidente da

Câmara, que deixou claríssimo em sua fala que não

pretende colocar nenhuma discussão sobre

impeachment para andar. Ou seja, assim como seu

antecessor Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas por motivos

diversos, deixará os pedidos trancados na gaveta.

O rosário de encantos de Lira é o inaudito controle

sobre emendas orçamentárias, numa dobradinha com o

acossado Ciro Nogueira, que parece atordoado em sua

tentativa de extrair o máximo da sociedade anti-

impeachment que lhe foi proposta por Bolsonaro.

O manual prático de impeachments preconiza a

dissolução política, a crise econômica e as proverbiais

ruas para derrubar um presidente. Foi assim com

Fernando Collor e Dilma Rousseff, noves fora as

irregularidades atribuídas a ambos.

Se a inflação em dois dígitos, a desconfiança do

mercado, o risco de apagão, o desemprego e o nó fiscal

parecem pouco, há o risco de as ruas cheias do dia 7 de

setembro se tornarem transbordantes no domingo (12).

Concorre contra isso o fato de que os atos

antibolsonaristas estão sendo chamados pela antiga

direita que ajudou a erigir o pedestal rua do epitáfio

político de Dilma.

Isso não agradaria a esquerda por si, mas é importante

lembrar que o último interessado em ver Bolsonaro

removido da equação de 2022 chama-se Luiz Inácio

Lula da Silva (PT).

Mesmo para quem apoia abertamente o impedimento

hoje de difícil execução, como João Doria (PSDB-SP),

um Bolsonaro exangue talvez seja um melhor negócio

no enfrentamento das urnas.

Não é casual que Rodrigo Pacheco (DEM, já-já PSD-

MG) aja como bombeiro e até suspenda sessões no

Senado: sua esperança reside em de fato virar uma

alternativa na centro-direita.

E que o vice, general Hamilton Mourão, desfile gestos

de fidelidade ao chefe, apesar de ser tratado a pão e

água por Bolsonaro: ele pode querer a cadeira, mas não

quer a fama de Michel Temer (MDB).

Todo o movimento de atores centristas, encarnado na

criação da 'Comissão de Acompanhamento do

Impeachment' por Gilberto Kassab (PSD), mostra uma

mexida de peças. O risco para o mandato presidencial é

real.

Pouco importa se o impedimento virá: a pressão é que

se mantém alta, e agregada agora pelo risco objetivo de

o Supremo usar a bomba atômica ou um avanço notável

na cassação via Tribunal Superior Eleitoral.

O Tribunal de Contas da União esbraveja contra o

governo. Mesmo uma virada de casaca do procurador-

geral, Augusto Aras, vem sendo especulada entre

senadores que ventilam seu nome para o lugar da

indicação ora inviabilizada de André Mendonça para o

Supremo.

O seu anódino discurso na sessão do Supremo desta

quarta nada revelou sobre o homem que, com Lira,

serve de dupla de zaga jurídica-política de Bolsonaro.

O bode, afinal, segue na sala. O ponto de concordância

mais eloquente entre Fux e Lira foi a vocalização da

exasperação de políticos e do mercado ante a

inexistência de um governo funcional.

Para Bolsonaro, é o mundo possível em sua prolongada

agonia no cargo.

Ele fez a opção pela sugestão de imolação em nome da

travessia com apoio até a renovação do discurso da

eleição ilegítima em 2022, o que desautoriza qualquer

conversa sobre pacificação ou acomodação que dure

mais de algumas horas ou dias.

Nada aponta condições objetivas para golpe, autogolpe

ou bruxarias afins. Já confusão com efeitos

imprevisíveis estão aí para quem quiser ver.

E o golpismo de Bolsonaro seguirá vivo e bem com a34

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Judiciário - Judiciário

reação que inspirou até aqui das instituições.

[...]

"Riscar a linha numa areia há muito revolvida apenas

parece incentivar a delinquência presidencial a buscar

uma nova oitava acima"

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

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PAINEL

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Judiciário - STF

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Autor: Fábio Zanini (interino) com Fabio Serapião e

Guilherme Seto .

Cabo eleitoral

Os discursos de Jair Bolsonaro ajudaram a expandir o

ato pelo seu impeachment marcado para domingo (12),

antes restrito a setores da direita e do centro. Na

campanha Fora Bolsonaro, membros de movimentos

que a compõem, como MTST, MST e UNE, discutem

enviar representantes. A líder do MTSC (Movimento

Sem Teto do Centro), Carmen Silva, confirmou

presença. Também irão quatro centrais sindicais e

representantes de partidos de esquerda, casos de PDT,

PC do B e PSOL.

NÃO, OBRIGADO

A exceção, como esperado, fica por conta do PT e seu

braço sindical, a CUT. 'Não vemos muito sentido em ir

nesse ato, se inclui nem Lula, nem Bolsonaro', diz o

presidente do diretório paulistano petista, Laércio

Ribeiro. Dentro do partido, há vozes que defendem

enviar um dirigente, no entanto.

ETERNO

Para atrair a esquerda, o MBL, um dos organizadores,

diz que não haverá discussão sobre 2022 e pede para

ninguém levar símbolos políticos. Um ponto de honra é

evitar que apareça uma imagem de Getúlio Vargas já

usada antes pelo PDT. Os pedetistas dizem que não

receberam pedido e fazem mistério sobre a presença do

pai dos pobres.

MISTÉRIO

No PSDB, cuja Executiva aprovou nesta quarta (8)

juntar-se à oposição a Bolsonaro, a decisão também é

de participar. A presença do governador João Doria

ainda está indefinida, no entanto.

QUEM BANCA

O deputado Rui Falcão (PT-SP) e o advogado Marco

Aurélio de Carvalho entraram com requerimento no TSE

para que investigue o uso de recursos na organização

dos atos de apoio a Bolsonaro. A ideia é acrescentar

esse ponto ao inquérito que apura os ataques do

presidente às urnas eletrônicas.

EXEMPLAR

O ouvidor-geral das polícias de SP Elizeu Lopes, disse

que a corporação se comportou de maneira

'absolutamente técnica' nos atos de 7 de setembro. 'Foi

uma ação policial circunscrita à institucionalidade',

afirmou ele, que esteve nas manifestações de

bolsonaristas, na Paulista, e esquerdistas, no

Anhangabaú.

VACINA

Segundo ele, não houve relatos de participação de

pessoal da ativa, como se temia. Para Lopes, o

afastamento de um comandante no interior por ter

divulgado os atos foi importante para evitar o que seria36

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

'uma anomalia, a participação de policiais em um

protesto que atenta contra a institucionalidade'.

SENHA

Em seu discurso, o presidente do STF Luiz Fux,

mandou dois recados diretos aos apoiadores de Jair

Bolsonaro, ao falar em 'falsos profetas do patriotismo' e

dizer que o 'verdadeiro patriota' não fecha os olhos para

os problemas reais do país. 'Patriota' é o tratamento que

bolsonaristas costumam usar entre si.

DESTINATÁRIOS

Outros recados foram para o Congresso Nacional e a

Procuradoria-Geral da República. Ao afirmar que o não

cumprimento de ordens do Supremo é crime de

responsabilidade, o objetivo era indicar que caberá ao

Legislativo e ao chefe do Ministério Público agir.

FARDO

Ministros acreditam que o STF tem feito sua parte para

conter os arroubos de Bolsonaro ao autorizar a abertura

de investigações, mas que não cabe à corte acioná-lo

caso cometa crime.

CLIMÃO

Em meio à maior crise do seu governo, Bolsonaro vai se

encontrar nesta quinta-feira (9) com Xi Jinping,

presidente da China, país que foi seguidas vezes

atacado pelo mandatário brasileiro.

TURMA

Os dois participarão da 8ª Cúpula dos Brics, bloco

formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Em nota, o Itamaraty afirma que 'está prevista

participação do Senhor Presidente da República'. O

evento, em formato virtual, será realizado das 9h às

10h30.

ESPANTALHO

A China é governada pelo Partido Comunista, cuja

ideologia é atacada por Bolsonaro. Ele diz, por exemplo,

que os governadores deram uma amostra de

comunismo ao implantar medidas de combate à

pandemia.

MURO DE SILÊNCIO

O Ministério Público do Rio prorrogou por quatro meses

a força-tarefa que investiga as 28 mortes na favela do

Jacarezinho, a mais letal da história do estado,

ocorridas em maio deste ano. O motivo é a falta de

conclusão sobre a atuação dos policiais envolvidos na

operação.

TIROTEIO

"Bolsonaro não está acostumado a ler nas entrelinhas,

mas o artigo 85 da Constituição é expresso Do

criminalista"

Sérgio Rosenthal, sobre o discurso de Luiz Fux em que

cita a possibilidade de o presidente cometer crime de

responsabilidade

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

37

Ministro de Bolsonaro busca Gilmar para diálogo com STF

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

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Autor: Marianna Holanda eJulia Chaib

BRASÍLIA - No dia seguinte às manifestações com falas

golpistas de Jair Bolsonaro no 7 de Setembro, o ministro

Ciro Nogueira (Casa Civil) e o presidente da Câmara,

Arthur Lira (PP-AL), entraram em campo para tentar

abaixar a temperatura da crise com o STF (Supremo

Tribunal Federal).

Líderes do centrão, os dois tiveram uma reunião na

tarde desta quarta-feira (8), fora da agenda, com o

ministro Gilmar Mendes. O magistrado tentava costurar

uma alternativa jurídica ao impasse do rombo dos

precatórios, mas indicou a Lira e Ciro Nogueira que o

caso não tem solução.

O Supremo Tribunal Federal aguardava para levar

adiante as negociações dos precatórios à espera do fim

dos ataques de Bolsonaro à corte, o que não ocorreu.

Segundo interlocutores da dupla, com o presidente do

STF, Luiz Fux, a conversa seria mais institucional, mas

Gilmar é decano, atua nos bastidores, tem

representatividade entre os ministros.

O ministro é ainda presidente da Segunda Turma. Por

causa da prevenção dos processos envolvendo a Lava

Jato, a Segunda Turma julga a maioria dos casos

envolvendo políticos.

Logo após os atos de 7 de Setembro, o ministro e o

parlamentar entraram em contato com integrantes do

Supremo.

Apesar da tentativa, ministros do STF veem com

ceticismo o movimento de Ciro, que se autodenominou

'amortecedor' da República.

Dois magistrados de cortes superiores afirmaram à

Folha que o ministro não consegue controlar Bolsonaro.

Enquanto isso, o dia seguinte aos atos foi de silêncio

por parte do presidente da República. Jair Bolsonaro

teve uma longa reunião com ministros, que durou cerca

de três horas, e não fez, publicamente, novos ataques

ao Supremo até o início da noite desta quarta.

Lira antecipou sua volta a Brasília, chegando ainda no 7

de Setembro, para conversar com políticos e tirar a

temperatura da crise na capital. O deputado se

encontrou com Ciro Nogueira também.

Em seu discurso, nesta quarta, o presidente da Câmara

não citou o aumento pela pressão para o impeachment

de Bolsonaro, mas elevou o tom de crítica ao chefe do

Executivo e enviou sinais de tentativas de

apaziguamento.

'É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito

looping negativo', afirmou, dizendo também que

'bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno

palanque deixaram de ser um elemento virtual e

passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade'.

À tarde, depois do pronunciamento de Lira, Ciro

Nogueira e a ministra da Secretaria de Governo, Flávia

Arruda, estiveram na Câmara para uma conversa com38

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

ele. Depois, o chefe da Casa Civil e o presidente da

Casa seguiram para o Supremo.

Segundo interlocutores do presidente, Jair Bolsonaro

não deve mudar o tom de críticas e ataques ao

Judiciário. O saldo geral das manifestações, na

avaliação de governistas, foi positivo e acabou

empoderando o presidente para manter as críticas.

Também foi visto como positivo, segundo auxiliares de

Bolsonaro, o fato de as Forças Armadas terem

permanecido silenciosas antes e durante as

manifestações.

Diante dos pedidos de intervenção militar, e do que se

desenhava como atos de raiz golpista desde a semana

anterior, Os comandantes das Forças poderiam ter se

posicionado, soltado uma nota, como já fizeram antes,

defendendo a democracia.

O silêncio, na interpretação deles, foi visto como uma

crítica velada à forma como o Supremo tem tomado

suas decisões

Auxiliares que antes dos protestos faziam pedidos de

moderação agora falam em 'contenção' do presidente.

Dizem acreditar que Bolsonaro não demonstra mais

intenção de pisar no freio nas suas declarações.

Eles afirmam ter a dimensão política do quanto o

discurso do presidente pode agravar acrise entre os

Poderes e travar ainda mais a pauta no Congresso.

No caso do Auxílio Brasil, por exemplo, veem com ainda

maior dificuldade uma aprovação da PEC dos

Precatórios. A solução via Judiciário vinha sendo

costurada pelo ministro Gilmar Mendes com ajuda de

ministros do Tribunal de Contas da União.

Contudo, interlocutores do Planalto já haviam sido

avisados que, sem trégua nos ataques do presidente, a

solução para o rombo dos precatórios dificilmente

avançaria.

Essa expectativa, segundo integrantes do Supremo,

consolidou-se, e a perspectiva de uma saídavia

Judiciário é praticamente nula.

Outro tema que deve sofrer os impactos dos protestos

do 7 de Setembro é a indicação de André Mendonça

para a vaga do STF. Auxiliares de Bolsonaro já veem

como praticamente inviável a análise do nome do ex-

AGU pelos senadores, mas dizem que o presidente não

estuda plano B por ora.

Mendonça aguarda ser sabatinado pela Comissão de

Constituição e Justiça (CCJ) do Senado desde julho -um

recorde para indicações ao Supremo.

A resistência dos senadores não se dá ao nome do

advogado propriamente dito. Trata-se de uma forma de

retaliação aos ataques do presidente aos outros

Poderes, em especial, ao Judiciário.

Em discursos diante de milhares de apoiadores na terça

(7) em Brasília e São Paulo, o presidente Bolsonaro fez

ameaças golpistas contra o STF, exortou desobediência

a decisões da Justiça e disse que só sairá morto da

Presidência.

Pela manhã, na Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro

fez uma ameaça direta ao presidente do Supremo,

ministro Luiz Fux. 'Ou o chefe desse Poder [Fux]

enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer

aquilo que nós não queremos', disse, referindo-se às

recentes decisões de Moraes contra bolsonaristas.

'Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos

respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se

enquadra ou pede para sair', disse o presidente, em um

caminhão de som em frente ao Congresso.

Bolsonaro chegou a falar ainda em convocar reunião do

Conselho da República na manifestação de Brasília. De

acor do como artigo 9º da Constituição, o colegiado tem

a função dese pronunciar sobre estado desítio, estado

de defesa, intervenção federal e questões relativas à

estabilidade das instituições democráticas.

Lira, Pacheco e Fux disseram, no mesmo dia, não saber39

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

de reunião. Bolsonaro teria anunciado que os três

estariam presentes. O presidente do Supremo,

inclusive, sequer faz parte dos integrantes do conselho

previstos em lei.

No Planalto, auxiliares disseram que o presidente se

confundiu e se referia a reunião de Conselho de

Governo, como chamam o encontro entre ministros, o

presidente e o vice-presidente.

"Acho que o nosso governo tem a maioria confortável de

mais de 200 deputados lá dentro [da Câmara]. Não é

maioria para aprovar grandes projetos, mas é capaz de

impedir que algum processo [de impeachment] prospere

contra a pessoa do presidente da República"

Hamilton Mourão

vice-presidente da República

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

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Veja potenciais crimes de Bolsonaro nos atos e possíveis consequências

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Judiciário - Judiciário

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Autor: Géssica Brandino, Renata Galf e Flávio Ferreira

FOLHA EXPLICA

COMO CHEGAMOS AQUI?

Ao agravar mais uma vez a crise institucional no país

durante as manifestações do 7 de Setembro, em que

ameaçou o STF (Supremo Tribunal Federal) e disse

que não cumprirá mais ordens judiciais do ministro

Alexandre de Moraes, o presidente Jair Bolsonaro (sem

partido) cometeu crimes de responsabilidade que

podem levar à abertura de processos de impeachment,

segundo especialistas ouvidos pela Folha. Além dos

crimes de responsabilidade, que têm um caráter político

e jurídico, o presidente pode ter cometido também

crimes comuns, ilícitos eleitorais e ato de improbidade

administrativa, na avaliação de parte dos entrevistados.

SÃO PAULO

Quais crimes de responsabilidade podem ser

caracterizados pelo discurso de Bolsonaro nos atos do 7

de Setembro?

A lei 1.079, de 1950, conhecida como Lei do

Impeachment, estabelece no artigo 4º que é crime de

responsabilidade do presidente da República atentar

contra o livre exercício do Poder Judiciário e também

contra o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

A análise é que Bolsonaro praticou tais condutas ao

ameaçar o STF caso o presidente da corte, Luiz Fux,

não tome uma atitude contra o ministro Alexandre de

Moraes, e também quando afir

mou que não cumprirá decisões de Moraes.

'Ou o chefe desse Poder [Fux] enquadra o seu [ministro]

ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não

queremos", disse o presidente.

'Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes,

esse presidente não mais cumprirá. A paciência do

nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir

o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não

existe mais', afirmou no ato da avenida Paulista.

'Quando um presidente da República diz que um

ministro do STF deve 'se enquadrar' e se dirige a uma

multidão de pessoas para afirmar que não cumprirá

decisões do STF, se opõe ao livre exercício do Poder

Judiciário', diz o professor da FGV Direito Rio Thiago

Bottino.

A advogada criminalista Marina Coelho de Araújo,

presidente do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências

Criminais), entende que o presidente cometeu crime de

responsabilidade ao atentar contra o cumprimento das

decisões judiciárias e o livre exercício dos Poderes.

'As afirmações de que não cumprirá as decisões do

Supremo e de que não sairia do governo, se não morto

ou preso, são institucionalmente inadmissíveis na figura

do presidente. A Lei do Impeachment contempla

exatamente essas situações', diz ela.

41

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

Para o diretor da Faculdade de Direito da USP, Floriano

Peixoto de Azevedo Marques Neto, Bolsonaro praticou

ato de improbidade administrativa ao desrespeitar o

princípio da lealdade às instituições.

'Ao desafiar descumprir ordem da Suprema Corte ele

viola este princípio e por decorrência pratica ato de

improbidade', diz. E acrescenta que essa conduta ilegal

leva também ao enquadramento no previsto no artigo

4º, inciso 5º, da Lei de Crimes de Responsabilidade,

sobre atos contra a probidade na administração.

O que seria preciso para que o impeachment ande?

Mais de 130 pedidos de impeachment de Bolsonaro já

foram protocolados na Câmara desde março de 2019.

Mas a prerrogativa de receber ou rejeitar as denúncias é

privativa do presidente da Casa, cargo hoje do deputado

Ar thur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro.

Se ele recebe o pedido, é preciso ainda o voto de 342

deputados para que o andamento do processo seja

autorizado. A instauração e o julgamento ocorrem no

Senado, onde é preciso o voto de 54 dos 81 senadores

para que o presidente perca o mandato.

Com uma condenação de Bolsonaro pelo Senado,

quem assume a Presidência é o vice, Hamilton Mourão

(PRTB).

Já no caso de a chapa Bolsonaro-Mourão ser cassada

pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por uma das

ações pendentes de julgamento na corte sobre

irregularidades na campanha de 2018, 0 próximo na

linha sucessória, em tese, seria Lira. Mas há decisão do

STF no sentido de que réus não podem ocupar a

Presidência, como é ocaso de Lira.

Rodolfo Viana, professor de direito constitucional da

UFMG, diz que os processos de impeachment dos ex-

presidentes Fernando Collor e Dilma Rousseff tornaram

o processo menos rígido, dependendo só da

caracterização de conduta na Lei do Impeachment e da

avaliação política.

'O impeachment acabou se transformando em um

mecanismo político lícito, válido, para a destituição de

um presidente da República, com critérios mais flexíveis

do que antes se supunha quando a Constituição foi

promulgada'.

Viana diz que é cedo para dizer se os atos do 7 de

Setembro podem pesar contra ou a favor de Bolsonaro

no Congresso, mas que já é claro que o impeachment

entrou na pauta de discussão do centrão.

Para Raquel Scalcon, professora de direito penal da

FGV Direito SP a situação de Bolsonaro evidencia que,

enquanto o presidente tiver apoio popular, não haverá

afastamento.

'Já há razões de sobra, do ponto de vista jurídico, para

um impeachment. São vários os crimes de

responsabilidade cometidos. Contudo, esse processo é

jurídico-político e, surpreendentemente, ainda não há

suficiente apoio político para o impeachment'.

Bottino diz que o comportamento reiterado do

presidente contra as instituições pode elevar a pressão

para que Lira decida sobre os pedidos, além do ônus

para o parlamentar, caso siga sem se manifestar.

Qual o potencial crime caso Bolsonaro não cumpra uma

decisão futura do Judiciário e de Moraes?

Além de caracterizar crime de responsabilidade

conforme o artigo 12 da Lei do Impeachment, Raquel

Scalcon diz que ao desrespeitar uma ordem judicial, ele

também poderia responder pelos crimes de resistência

e desobediência, previstos nos artigos 329 e 330 do

Código Penal.

'Se isso ocorrer, a conduta é gravíssima e dá ensejo a

crimes de responsabilidade e crimes comuns', diz. 'O

que tornaria urgente e mais do que justificado tanto um

processo de impeachment quanto uma denúncia pela

PGR'.

Quais crimes comuns Bolsonaro pode ter cometido

como os atos do 7 de Setembro? E como seria a42

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

responsabilização?

Para advogados de direito penal, ao dizer a uma

multidão que não cumprirá ordens judiciais, Bolsonaro

não só atenta contra a ordem pública como incita e faz

apologia do cometimento de crimes, condutas previstas

no Código Penal, nos artigos 286 e 287.

O advogado criminalista Marinho Soares considera que

ao falar que não vai mais cumprir ordens de Moraes,

Bolsonaro está incitando o povo a ir contra as

instituições estabelecidas pela Constituição. 'O que é

muito temerário diante da envergadura dele como

presidente da República'

'Quando você está dizendo que vai desobedecer e que

está falando em nome do povo, você está fazendo uma

apologia do crime. Você está enaltecendo o crime, que

as pessoas vão de encontro ao ordenamento jurídico

penal'.

Assim como em outras manifestações, o presidente

também promoveu aglomerações e não respeitou

determinações de uso de máscara.

Como mostrou a Folha, advogados avaliam que tais

práticas podem configurar infração de medida sanitária

preventiva, crime previsto no artigo 268 do Código

Penal.

Ponto de menor consenso é se o presidente poderia ser

enquadrado no crime de emprego irregular de verbas ou

rendas públicas, previsto no artigo 315 do Código Penal.

Para Antonio Santoro, professor de direito processual

penal da UFRJ, não havia espaço ou justificativa para

emprego de verba pública em atos como estes. 'Isso

não é uma manifestação do Dia da Independência. É

uma manifestação de campanha antecipada, contra a

Constituição, contra direitos fundamentais, e

especialmente contra o livre exercício do Poder

Judiciário. '

Ele faz a ressalva, porém, de que seria preciso verificar

quais rubricas do Orçamento podem ter sido utilizadas,

para averiguar o enquadramento penal.

Já Raquel Scalcon afirma ver indícios do crime de

peculato, mas reforça que o enquadramento depende

da descrição clara do fato examinado e das provas

existentes.

Por outro lado, tanto Bottino quanto Viana discordam de

que haja elementos que possam caracterizar crime pelo

fato de Bolsonaro ter utilizado o aparato de segurança

presidencial. 'O problema não é do custo, mas a que

tipo de manifestação ele está indo e que tipo de

discurso ele faz', diz Bottino.

No caso dos crimes comuns, a denúncia contra o

presidente pode ser feita somente pelo procurador-geral

da República, cargo ocupado por Augusto Aras, que é

próximo de Bolsonaro.

E, caso uma denúncia seja : ]presentada, é preciso o

aval de 342 deputados para que o presidente seja

julgado pelo STF.

Do ponto de vista eleitoral, Bolsonaro teria cometido

irregularidades? Ele poderia ser declarado inelegível

pela Justiça Eleitoral?

Para Carla Nicolini, advogada eleitoral e integrante da

Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político

(Abradep), o ato não se configura como propaganda

antecipada, pois ela entende que, para tanto, seria

preciso que houvesse pedido explícito de voto.

A Justiça Eleitoral veda a propaganda eleitoral

antecipada, que seria aquela realizada antes de 5 de

julho em ano eleitoral.

Em junho, o vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill

de Goes, entrou com representação contra Bolsonaro

por propaganda eleitoral antecipada. Em uma cerimônia

oficial no Pará, o presidente ganhou de presente uma

camiseta com a mensagem 'É melhor Jair se

acostumando. Bolsonaro 2022', que ele levantou e

exibiu para o público depois de ler.

43

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

Por outro lado, Nicolini vê que há um possível abuso de

poder por parte do presidente e que, no limite, pode

levar à sua inelegibilidade nas próximas eleições, por

meio de uma ação de investigação judicial eleitoral

(Aije).

Ela afirma que o governante não pode usar recursos

públicos para se promover eleitoralmente. 'A vinda dele

para São Paulo é um ato de campanha, não tem nada a

ver com ato de governo. '

A advogada explica que um pedido de cassação do

registro da chapa, com base no abuso do poder político

e econômico e no uso indevido dos meios de

comunicação, pode ser feito por partidos políticos e pelo

Ministério Público, no ano que vem, a partir do momento

em que a chapa é registrada. Isso não teria relação

portanto com a atual chapa, que já é alvo de ações por

fatos ocorridos em 2018.

Sobre o abuso de poder, Ricardo Penteado, advogado

especializado em direito político e eleitoral e consultor

da comissão de direito eleitoral da OAB (Ordem dos

Advogados do Brasil) em SP, diz que não há um

processo eleitoral em andamento e que é comum

ocupantes de cargos políticos fazerem discursos para

suas bases, desde que não peçam votos, o que criaria a

desigualdade entre os candidatos.

O advogado diz ser gritante que Bolsonaro cometeu

crimes na seara comum, mas que'não reconhece de

forma alguma competência do TSE em relação às

condutas do presidente'.

'Inventar que a urna é fraudulenta ou coisas do gênero,

pode entrar numa outra esfera de ilicitudes, mas não é

ilicitude eleitoral', afirma.

"Quando você diz que vai desobedecer e que está

falando em nome do povo, está fazendo apologia do

crime

Marinho Soares

advogado criminalista

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

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Ameaças travam acordo com Judiciário por Bolsa Família e precatórios

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Mercado

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ

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Autor: Fábio Pupo e Renato Machado

As ameaças do presidente Jair Bolsonaro ao STF

(Supremo Tribunal Federal) travaram o acordo que

vinha sendo costurado com o Judiciário para o governo

deixar de pagar a totalidade dos precatórios em 2022.

O tema dos precatórios (dívidas a serem pagas pelo

Estado após decisões judiciais) é acompanhado de

perto pelo mercado - que teme o resultado das

discussões e as consequências para as contas públicas.

O impasse é um dos motivos mais citados entre

analistas para a queda de 3,78% da Bolsa de Valores

nesta quarta-feira (8).

A avaliação de diferentes envolvidos nas negociações

ouvidos pela Folha aponta que, mesmo com a

disposição dos atores para dialogar, não há clima para

discutir a proposta - a principal prioridade do ministro

Paulo Guedes (Economia) neste momento, ao lado do

Auxílio Brasil (o novo Bolsa Família).

Um dos principais articuladores chega a dizer que é

inviável continuar com as conversas no judiciário em

meio ao conflito gerado por Bolsonaro. Os precatórios

são considerados um detalhe diante da crise

institucional vivida entre os Poderes, comparada a um

incêndio em uma usina nuclear.

No STF (Supremo Tribunal Federal), os debates com

o presidente Luiz Fux não devem ficar totalmente

comprometidos porque o ministro busca manter

interlocução com os atores do governo - sobretudo com

Guedes - mesmo nos momentos mais tensos.

Apesar disso, é ressaltado por interlocutores do STF

que a solução para os precatórios terá que passar pelo

Congresso Nacional e que o CN1 (Conselho Nacional

de justiça) apenas regulamentaria o que for decidido

pelos parlamentares.

A solução que estava sendo discutida entre Guedes,

Legislativo, judiciário e TCU (Tribunal de Contas da

União) criaria um limite anual para os precatórios por

meio de uma resolução do CNJ. Para 2022, por

exemplo, o limite seria de R$ 39,9 bilhões - de um total

de R$ 90 bilhões previstos para o ano.

Agora, o governo passa a depender mais de deputados

e senadores para deixar de pagar a maior parte dos

precatórios em 2022 e abrir espaço no Orçamento para

expandir o Bolsa Família e outras despesas em ano

eleitoral.

A solução via Congresso está neste momento na

Câmara, onde tramita a PEC (proposta de emenda à

Constituição) enviada pelo governo no mês passado

para parcelar grandes precatórios em até dez anos.

As discussões começaram depois que a fatura para

2022 chegou a R$ 89,1 bilhões, um crescimento de 61%

em relação a 2021. A conta dificulta os planos do

governo para diferentes medidas em ano eleitoral, como

o Auxílio Brasil, principalmente por causa do teto de

gastos - que impede o crescimento real das despesas

federais.

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Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Mercado

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ

Apesar da crise institucional, governo e aliados veem

pautas de interesse avançando na Câmara. O líder do

governo na Casa, deputado Ricardo Barros (PP-PR), diz

que as propostas continuarão avançando. 'Vamos votar

tudo', afirma.

Deputados de diferentes partidos de oposição, no

entanto, discordam e dizem que a agenda de Guedes

caiu por terra - inclusive um acordo pelos precatórios -

emmeio a um crescimento das discussões sobre

impeachment.

'Ele não se portou como um presidente da República.

Ele agrediu o Congresso ao falar sobre o voto impresso,

pois nós votamos [contra a proposta]', afirma o líder do

PT, deputado Bohn Gass (RS).

No Senado, o cenário é incerto após o presidente

Rodrigo Pacheco (DEM-MG) cancelar todas as sessões

desta semana. Mesmo antes do 7 de Setembro, a Casa

já havia imposto ao governo uma derrota na votação de

uma minirreforma trabalhista.

Além disso, Pacheco já vinha sinalizando resistência ao

projeto do Imposto de Renda (o senador tem defendido

a aprovação de outra proposta tributária, uma PEC de

autoria do Senado).

No dia seguinte às falas de Bolsonaro, o líder do

governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-

PE), manteve uma reunião com Pacheco.

O líder estaria buscando uma blindagem da pauta do

governo, em particular a econômica. Argumentou que

se- ria fundamental o avanço do projeto de lei que

estimula a navegação de cabotagem - criando a

chamada BR do Mar - além da proposta que altera as

regras do Imposto de Renda.

A resistência à proposta que altera o Imposto de Renda

não é apenas de Pacheco. 'Acho que não será fácil

aprová-la no Senado. Queremos uma reforma, não um

remendo malfeito', disse o líder do PSDB, Izalci Lucas

(PSDB-DF).

A aposta das lideranças do governo, tanto no Senado

como no Congresso, é que será preciso esperar 'abaixar

a poeira' dos eventos desta semana, para na próxima

iniciar a discussão de uma agenda econômica até o fim

do ano.

Mesmo entre lideranças que não compõem a base do

governo no Senado, há comentários de que o Auxílio

Brasil é uma agenda importante e, por isso, a proposta

dos precatórios tem chance de avanço. O próprio

Pacheco já discutiu o tema com o presidente da Câmara

dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e Guedes.

Além dos precatórios e das mudanças no Imposto de

Renda, o Senado tem na gaveta outras matérias de

interesse do governo Bolsonaro - como a proposta de

privatização dos Correios.

Outro ponto que deve sofrer um revés no Senado é a

criação de um marco das ferrovias. O tema já foi motivo

de discórdia, quando o governo encaminhou uma MP

(medida provisória) para tratar do tema, mesmo

havendo um projeto em tramitação no Senado.

A Comissão de Assuntos Econômicos da Casa chegou

a aprovar requerimento para que Pacheco devolvesse a

MP No mesmo dia, 31 de agosto, líderes se reuniram e

buscaram um acordo em conversa com o ministro

Tarcísio de Freitas (Infraestrutura).

Ficou inicialmente acertado que na próxima semana a

proposta do Senado, relatada por Jean Paul Prates

(PTRN), entraria na pauta do plenário, em um grande

acordo para contemplar as necessidades do governo

presentes na MP e também o projeto já em tramitação.

Com as falas de Bolsonaro, a avaliação de líderes agora

é que um acordo será difícil e que o Senado deve

encaminhar com sua própria pauta, independentemente

do governo.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - CNJ, Judiciário -

Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux46

Empresários querem que presidente mire retomada, não o STF

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

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Autor: Daniele Madureira

O alto executivo de uma das maiores redes de varejo do

país se disse 'horrorizado' com o discurso do presidente

da República, Jair Bolsonaro, no 7 de Setembro. O

ataque às instituições, com destaque para o STF, não

contempla em nada o interesse no povo brasileiro,

afirmou.

Na opinião desse executivo, era preciso discutir

inflação, desemprego, fome, para fazer a economia

voltar a girar, não as decisões de um ministro do STF -

no caso, Alexandre de Moraes - , que dizem respeito a

interesses particulares do presidente.

Para ele, o pronunciamento do presidente da Câmara

dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nesta quarta-feira

(8), a respeito de Bolsonaro, não enquadrou o

presidente como deveria. Ao contrário, Lira foi 'vaselina',

disse. Já o ministro do STF, Luiz Fux, foi mais

'contundente'.

Fux defendeu que 'ninguém fechará' a Corte brasileira e

que o desprezo a decisões judiciais por parte do chefe

de qualquer poder configura crime de responsabilidade.

Já Lira se limitou a defender a 'pacificação' entre os

Poderes e disse que o país tem compromisso com as

urnas eletrônicas em outubro de 2022, em referência às

próximas eleições do Executivo.

Pela Constituição, cabe ao presidente da Câmara dar

início ao processo de impeachment. Mas Lira, até

agora, não deu indícios de analisar amais de uma

centena de pedidos de impeachment feitos contra

Bolsonaro.

Quando lhe foi perguntado se o empresariado brasileiro

vai pressionar pela saída de Bolsonaro, o executivo

disse já começou uma movimentação desse tipo: os

empresários começam a acionar deputados e

senadores próximos, que sejam 'do seu

relacionamento', para avaliar se vale a pena abrir um

processo de impeachment.

O executivo disse que, neste mês, quando as empresas

começam a traçar o planejamento para 2022, um

episódio como odo 7 de Setembro deixa tudo em 'stand-

by'. Segundo ele, grandes investimentos e contratações

ficam em suspenso e o empresariado 'vai empurrando

com abarriga'.

Já o alto executivo de um grande banco de varejo

afirmou que está havendo uma verdadeira corrida das

empresas para se capitalizar ainda neste ano ou, no

máximo, até o Carnaval. A partir de então, disse o

executivo, as empresas têm muitas dúvidas sobre o que

pode acontecer com a economia do país e não querem

enfrentar o momento descapitalizadas.

O sentimento entre as companhias, afirmou, é o mesmo

desde o início da pandemia: necessidade de formar

caixa diante de um futuro nebuloso.

As grandes empresas têm voltado a captar mais

recursos no mercado de capitais via emissão de títulos

de dívida, venda de ações ou até mesmo operações de

IPO primário (quando o dinheiro da oferta pública inicial47

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

de ações vai para a companhia).

A volatilidade política está acelerando este momento no

mercado de capitais, disse ele.

Já o presidente da companhia a érea Latam Brasil,

Jeróme Cadier, destaca que, neste momento, muitas

fronteiras estão fechadas para brasileiros devido à

reputação do Brasil no exterior, não necessariamente

devido à pandemia.

'A instabilidade institucional aumenta a insegurança

jurídica e o risco Brasil, trazendo danos à imagem do

país', diz Cadier 'A gente precisa de uma agenda que

ajude o país a crescer, a olhar para a frente, a construir

algo', diz ele, afirmando que o Brasil hoje tem

dificuldades em visualizar uma agenda positiva.

Para Cadier, equilíbrio e calma no ambiente institucional

são fundamentais para inspirar confiança, dentro e fora

do país. 'Tem que ter foco em crescimento, geração de

emprego, retomada da economia, principalmente agora,

com a pandemia começando a estar sob controle.'

Um alto executivo do setor de shopping centers afirma

que a fala de Bolsonaro não ajuda em nada a retomada,

mas que o ministro Alexandre de Moraes também leva o

caso para 'o lado pessoal'.

Na opinião desse executivo, o presidente ainda

lança'bravatas' porque quem quer atacar ataca logo,

não fica na ameaça. Para dele, tanto Bolsonaro quanto

Moraes agem como 'garotos' em 'briga de colégio',

desprezando os cargos e poderes que representam.

Enquanto isso, afirma, o Brasil navega em 'águas

turvas', 'sem controle', com diversos problemas se

acumulando: dólar alto, combustíveis e inflação em

ascensão, crise hídrica, reforma tributária 'ruim'.

Com décadas de experiência no varejo, o executivo da

rede varejista ouvido pela Folha relembra o processo de

impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992.

Ele classificou o episódio como 'terrível', lembrando o

momento de incerteza.

Mas, para ele, em compensação, hoje as instituições

estão mais sólidas e impedem mudanças bruscas nos

direitos e na vida do cidadão comum. Para esse

executivo, o momento é 'desesperador', mas Bolsonaro

'também passa'.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

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Em meio à radicalização, Congresso deve devolver a MP das fake news

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

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Autor: Renato Machado e Danielle Brant

BRASÍLIA - As ameaças do presidente Jair Bolsonaro

ao STF (Supremo Tribunal Federal) nos atos de 7 de

Setembro devem aumentar areação ao governo no

Congresso. As investidas dificultam uma relação já

complicada e afetam a pauta do Planalto.

Uma primeira resposta pode vir nesta quinta-feira (9),

coma decisão do presidente do Congresso, senador

Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de devolver a MP (medida

provisória) que limita a remoção de conteúdo em redes

sociais.

Interlocutores de Pacheco dizem que já tem respaldo da

consultoria legislativa e que chegou a comunicar a

aliados que a devolução é a 'tendência'. A MP foi

enviada por Bolsonaro às vésperas do feriado e foi vista

como ação para mobilizar seus apoiadores para os

protestos, invocando uma questão que os afeta, pois

eles têm conteúdos deletados por espalhar fake news.

Na noite desta terça-feira (7), Pacheco anunciou o

cancelamento de sessões do Senado previstas para

esta semana, o que aliados veem como o primeiro

reflexo das ameaças de Bolsonaro.

O pós-7 de Setembro também aqueceu as discussões

de impeachment nos partidos de centro.

Depois de PSD e PSDB começarem a debater o tema, o

Solidariedade disse que vai se reunir na próxima

semana para fechar posição, eno MDB a pressão

interna para que o partido apoie a abertura do processo

só cresce.

Congressistas da oposição e de centro-direita reagiram

aos eventos de terça, após Bolsonaro ameaçar o STF.

Na primeira manifestação, em Brasília, ele disse que

participaria nesta quarta de uma reunião do Conselho

de República, órgão que tem a função de se pronunciar

sobre estado de sítio, estado de defesa, intervenção

federal e questões relativas à estabilidade das

instituições democráticas.

Os presidentes do STF, Luiz Fux, da Câmara, Arthur

Lira (PP-AL), e Pacheco disseram não haver previsão

para o encontro.

Mais tarde, na avenida Paulista, Bolsonaro disse que

não cumpriria ordens do ministro Alexandre de Moraes,

do STF e que suas únicas opções são ser preso, ser

morto ou a vitória, afirmando, na sequência, que nunca

será preso.

Comisso, aumentou a pressão de senadores para que

Pacheco devolva a MP apelidada de 'MP das fake

news'.

A medida muda o Marco Civil da Internet para limitar a

remoção de posts e passou a ser vista como proteção

ao próprio presidente e aliados, que são atingidos ao

propagarem notícias falsas.

O líder da minoria, Jean Paul Prates (PT-RN),

conversou com Pacheco, que teria dito que uma49

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

decisão sobre o assunto deve sair nesta quinta.

Pacheco internamente tem dito que vai conversar com

outros líderes antes de decidir. Mas reconhece que há

apoio quase unânime para a devolução e uma ação

contrária afetaria a harmonia no Senado.

Para aliados do presidente do Senado, a tendência de

rejeição da MP foi reforçada coma fala de Bolsonaro,

mas já havia elementos para isso.

Além da pressão política, uma análise da consultoria do

Senado detectou inconsistências no texto. Soma-se à

questão política a pressão de gigantes do setor, como

as empresas Google e Facebook.

A situação do governo na Casa deve ficar ainda mais

fragilizada, dificultando a apreciação de projetos

considerados vitais pela equipe econômica, como

mudanças no Imposto de Renda e a privatização dos

Correios.

Senadores dizem que outro efeito colateral das falas de

Bolsonaro é o aumento da resistência à indicação de

André Mendonça para uma vaga no STF, que já era

complicada, com o presidente da CCJ (Comissão de

Constituição e Justiça), Davi Alcolumbre (DEM-AP),

evitando marcar a data da sabatina.

Mais recentemente, Alcolumbre passou a articular

contra a indicação e disse a interlocutores que só poria

a indicação em votação se tivesse certeza de que seria

derrubada. Nesta quarta-feira (8), importante liderança

na Casa contou que já há entre 45 e 50 votos contra a

indicação.

Bolsonaro indicou Mendonça para cumprir sua

promessa de ter no STF alguém 'terrivelmente

evangélico'.

Essa fragilidade pode ser ainda escancarada com a

perda de líderes do governo.

Ainda na terça-feira, teve início nos bastidores o

questionamento de senadores da maior bancada, o

MDB, para que o líder do governo no Congresso,

Eduardo Gomes (TO), e no Senado, Fernando Bezerra

(PE), entreguem os cargos.

Mas nomes importantes na bancada dizem que isso não

está no radar. 'A gente respeita muito a projeção, a

especulação política, mas a gente vive de acordo com

fatos reais. O governo tem tido esforço bem grande,

com apoio das bancadas, inclusive do MDB, para

avançar uma agenda positiva para o país', afirmou

Gomes.

O senador se referia ao comunicado do presidente do

partido, o deputado Baleia Rossi (SP), no qual ele

afirmou que Bolsonaro 'erra ao usar o Dia da

Independência para afrontar os outros Poderes'.

Internamente, Baleia Rossi conversa com integrantes

dos diretórios estaduais para medir o apoio ao tema.

Além disso, o MDB estuda lançar a candidatura da

senadora Simone Tebet (MS) à Presidência na eleição

de 2022.

Enquanto isso, cresce no Congresso a sinalização de

apoio à abertura de processos de impeachment contra

Bolsonaro, movimento antes restrito à oposição.

O PSD, de Gilberto Kassab, decidiu criar nesta quarta

uma comissão para analisar os desdobramentos dos

atos de 7 de Setembro e avaliar reações às ameaças

feitas.

O colegiado será formado por Kassab e pelos líderes do

partido na Câmara, Antonio Brito, e no Senado, Nelson

Trad. Eles definirão os demais membros do grupo. 'A

cada dia vemos aumentar a instabilidade e o PSD está

acompanhando essa situação com muita atenção', disse

Kassab em nota.

O presidente do PSD qualificou as manifestações como

'duras, acima do tom' 'Começam a surgir indicativos

importantes, que podem justificar o impeachment. A fala

de que o presidente não vai acatar decisões judiciais é

muito preocupante', afirma.

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Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

O PSDB também já sinalizou que vai tomar uma

decisão sobre o impeachment.

Em uma rede social, o presidente do partido, Bruno

Araújo, convocou reunião extraordinária nesta quarta

para, 'diante das gravíssimas declarações do presidente

da República no dia de hoje, discutira posição do partido

sobre abertura de impeachment e eventuais medidas

legais'.

Pouco depois, o Solidariedade foi na mesma linha. O

presidente do partido, Paulinho da Força, disse que o

partido ser reunirá na próxima segunda (13) ou terça-

feira (14).

'O meu posicionamento é favorável à abertura de um

impeachment. Acho que o Bolsonaro ultrapassou todos

os limites do bom senso. O país na beira do caos,

desemprego, milhões de pessoas paradas, passando

fome, e o presidente da República fazendo palhaçada

pela rua', disse.

Somados, MDB, PSD, PSDB e Solidariedade têm 115

deputados na Câmara. De olho nesse número, a

oposição, que tem cerca de 130 membros, decidiu

procurar os partidos para engrossar o placar favorável à

abertura de um processo.

Além desses, o Novo, com oito deputados, defende a

saída de Bolsonaro, assim como o Cidadania, que tem

sete. Ainda existe chance de apoio em outros partidos

de centro, como o PSL, rachado, e o DEM.

Mesmo no centrão há quem veja possibilidade de votos

favoráveis ao impeachment -o vice-presidente da

Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), respalda

publicamente a abertura do processo.

São necessários os votos de pelo menos 342 dos 513

deputados para autorizar o Senado a abrir o processo.

O presidente da Câmara é o responsável por analisar os

pedidos de impeachment e encaminhá-los. Atualmente,

Arthur Lira tem mais de 120 pedidos sob sua análise.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

51

Presídio em Porto Alegre tem primeira mulher no comando

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Fernanda Canofre

PORTO ALEGRE - Ao entrar na sala da direção da

Cadeia Pública de Porto Alegre, o antigo Presídio

Central, na parede pintada de preto, à direita, se vê

escrito em giz branco: 'Quem está na trincheira contigo?

E isso importa? Mais do que a própria guerra!", atribuída

ali ao escritor norte-americano Ernest Hemingway.

A frase foi escolhida pela major Ana Maria Hermes, 46,

a primeira mulher a assumir a direção do presídio no

Rio Grande do Sul com quase 60 anos de existência,

que já foi considerado o pior do Brasil por uma CPI da

Câmara dos Deputados. Hoje vivem lá cerca de 3 400

presos.

'Essa frase demonstra a relevância dos policiais

militares, dos servidores que estão aqui comigo. À noite,

quando estou em casa dormindo, são eles que estão

aqui', diz ela.

Sem policiais militares na família, a atual major decidiu

entrar na corporação depois que um colega da

faculdade de direito na Unisc (Universidade de Santa

Cruz do Sul), oficial da Brigada Militar, a PM gaúcha,

sugeriu que ela fizesse o curso de oficiais.

Ela trabalhou por cinco anos na Polícia Civil, mas tinha

admiração pela farda militar e já tinha sonhado em

ingressar no Exército. 'Fiz com a intenção de ser a

guardiã das cidades, hoje sou guardiã de uma cidade

diferente'.

Na Brigada desde 2005, passou pela Força Nacional e

fez um curso sobre movimentos de massa que a

especializou para trabalhar com os chamados distúrbios

civis, atuando na Copa do Mundo de 2014 e nas

Olimpíadas de 2016.

Ela diz que sempre foi respeitada como mulher e

policial, mas cita como exemplo que, quando estava em

ações nas quais comandava outros policiais, na Força

Nacional, no Rio de Janeiro, as pessoas que buscavam

informações ou queriam falar com o responsável no

local passavam por ela e iam direto aos homens

presentes.

'As pessoas da comunidade vinham querer conversar

com alguém, passavam por mim, se dirigiam a alguém

masculino, mais forte, e queriam saber quem era o

responsável'

Para ela, ainda persiste a ideia da polícia que usa a

força. 'Mas essa força não precisa ser violenta, pode ser

através de equipamentos de menor potencial ofensivo,

por isso que mulheres conseguem operar dentro das

instituições. "

Sobre os presos, ela diz que, assim como outras

mulheres que trabalham com a população da Cadeia

Pública, reconhece que eles têm respeito.

'Eu já tinha contato com eles na condição de

subdiretora. Eu sempre tive um diálogo transparente, do

que é possível. Não tive nenhuma dificuldade com

relação a isso, em jargão de cadeia, é papo reto', afirma

ela.52

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

'Só de estar à frente da Cadeia Pública, já é um desafio

enorme, seja uma mulher ou um homem, afirma o padre

Diego da Silva Côrrea, responsável pela Pastoral

Carcerária na Arquidiocese de Porto Alegre. 'Tenho

certeza que a major vai manter o mesmo empenho e

dedicação dos diretores anteriores. '

A Cadeia Pública, que mudou de nome em 2017, no

governo de José Ivo Sartori (MDB), é uma das duas

unidades prisionais dirigidas pela Brigada Militar hoje no

Rio Grande do Sul. A corporação assumiu nos anos

1990 depois de uma série de motins e rebeliões no

sistema gaúcho.

A solução temporária de seis meses, porém, já dura 26

anos. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV

Cultura, em 2020, o governador Eduardo Leite (PSDB)

disse que seu governo estava buscando construir

unidades para distensionar a pressão no Central e que

elaboravam um plano para substituir os policiais por

agentes penitenciários.

A Seapen (Secretariada Administração Penitenciária),

criada na gestão dele, diz que estuda a questão, mas

não fala em previsões. No ano passado, quando a

chegada da Brigada ao comando do presídio completou

25 anos, a pasta previa o início da retirada dos policiais

em 2022.

'Apesar de haver desvio de função, não há forma de a

Brigada sair. Deverá haver um período de transição,

pois a Susepe (Superintendência de Serviços

Penitenciários) não possui efetivo para substituir', avalia

a juíza Sonáli da Cruz Zluhan, responsável pela Vara de

Execuções Criminais que fiscaliza a unidade.

'O presídio continua com a mesma estrutura em relação

aos itens de salubridade. O que pode ser considerado

um pouco melhor é que, pela logística da pandemia,

houve redução dos presos recolhidos no local em

quase mil presos a menos', avalia ela.

A estimativa é que a Cadeia Pública tenha hoje entre

3.400 e 3.500 presos num espaço com capacidade

para 1.824 - desses presos, 1. 989 são provisórios e 1.

459 condenados.

O local tem uma das primeiras alas para pessoas

LGBTQIA+ criadas em presídios no país e não recebe

criminosos sexuais. A diretora explica que isso se deve

ao fato de não ter espaço específico para eles.

Essa é a terceira passagem da major Ana Maria pela

unidade, onde teve seu primeiro contato com o sistema

carcerário, há dez anos. A primeira, entre 2011 e 2013,

foi como chefe da sala de visitas. Depois, entre 2018 e

2019, ela se tornou gestora de projetos e recursos

humanos. No ano passado, voltou para assumir a

subdireção.

Em 2013, a OEA (Organização dos Estados

Americanos) expediu medida cautelar pedindo que o

governo brasileiro adotasse medidas para solucionar a

situação caótica do Central. Segundo o governo do

estado, ela ainda é válida.

No ano seguinte, um mutirão do CNJ (Conselho

Nacional de Justiça) recomendou o esvaziamento da

unidade, e um dos pavilhões foi parcialmente derrubado

pelo governo Tarso Genro (PT).

'Aquela ideia de que estávamos na pior cadeia do país

tinha muito mais a ver coma questão estética, estrutural,

do que com os serviços que o estado levava até os

presos', diz a major. 'Não vou dizer que não temos

problemas, mas o status de pior presídio não condizia

com o trabalho de cada servidor aqui'.

A juíza Sonáli, que continuou visitando o local mesmo

durante a pandemia, conta que o que diferencia o

Central de outros presídios é o fato de não possuir celas

fechadas, apenas as galerias são trancadas, o que

acaba possibilitando que sejam colocados mais presos

no local ocupando os corredores e aumentando o risco

de contaminação e proliferação de doenças.

'Os maiores problemas são as questões de salubridade,

esgotos a céu aberto, caixas d'água abertas onde caem

dejetos de pássaros e baratas, há ratos e contaminação53

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

por sarna, por exemplo', ressalta.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Presos

54

O País não vai se intimidar

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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O objetivo do presidente Jair Bolsonaro ao convocar as

manifestações do 7 de Setembro foi tão somente

intimidar os outros Poderes constituídos. Embora tenha

jurado respeitar a Constituição quando tomou posse, o

presidente avisou que não pretende cumprir ordens do

ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal

Federal (STF), o que, na prática, significa afrontar o

Supremo e a própria Constituição. E ainda desafiou,

para delírio de seus adoradores: 'Quero dizer aos

canalhas que eu nunca serei preso'. Ressalte-se que

Bolsonaro não disse que sua conduta não é criminosa.

Ele apenas se recusa a se submeter a eventuais

medidas judiciais restritivas de liberdade porque não

reconhece, liminarmente, a legitimidade do juiz que

eventualmente vier a condená-lo.

Felizmente, contudo, a julgar pelo que se vê desde que

Bolsonaro assumiu a Presidência, o palavrório golpista

e o espetáculo das ameaças aos outros Poderes não

passam de esperneio, diante da constatação de que as

bravatas bolsonaristas têm encontrado firme resistência

institucional.

Em enérgico discurso como resposta ao repto de

Bolsonaro, o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux,

disse que 'o STF não tolerará ameaças à autoridade de

suas decisões' e que, havendo desobediência por parte

de um chefe de Poder. como é Bolsonaro,

'além de representar atentado à democracia, configura

crime de responsabilidade, a ser analisado pelo

Congresso'. Para completar, dirigiu-se aos golpistas

bolsonaristas que, incitados pelo presidente, atacam o

Supremo: 'Este Supremo jamais aceitará ameaças à

sua independência nem intimidações ao exercício

regular de suas funções'. Tal disposição indica que,

malgrado a tensão causada pelas inúmeras bravatas de

Jair Bolsonaro desde que chegou ao Palácio do

Planalto, a marcha golpista do presidente continuará a

ser obstada pelas instituições que, exercendo sua

independência constitucional, se empenham em

preservar a normalidade democrática.

São muitos os casos em que o Legislativo e o

Judiciário recordaram ao presidente da República seus

limites constitucionais. Por exemplo, o Congresso não

apenas rejeitou inúmeras medidas provisórias (MPs)

editadas desde 2019, como a presidência do Senado,

em junho

de 2020, devolveu de pronto a MP 979/2020, sobre a

nomeação de reitores, em razão de sua evidente

inconstitucionalidade. Merece menção especial o papel

do Senado na contenção dos arroubos presidenciais.

No mês passado, o presidente da Casa, Rodrigo

Pacheco, rejeitou a denúncia de Bolsonaro contra o

ministro Alexandre de Moraes, em razão de ausência de

justa causa. Ontem, Rodrigo Pacheco mostrou especial

prudência com a suspensão das sessões deliberativas

desta semana.

No STF, destacam-se três decisões especialmente

relevantes para o País. No ano passado, o Supremo

rejeitou a tentativa de centralização do Palácio do

Planalto e, em uma defesa histórica do princípio

federativo, reconheceu a competência de Estados e

municípios para editar medidas relativas à saúde55

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

pública no enfrentamento da pandemia de covid-19.

Em corajosa defesa do princípio da separação dos

Poderes, o STF reconheceu o dever da presidência do

Senado de instaurar a CPI da Covid, uma vez que

estavam preenchidos os requisitos constitucionais. Os

interesses do Palácio do Planalto não poderiam

prevalecer sobre a vontade dos parlamentares e,

principalmente, sobre a Constituição. Essa decisão do

Supremo permitiu que a população conhecesse não

apenas a extensão das omissões do Palácio do

Planalto, mas também como se deram algumas

negociações no Ministério da Saúde.

Destaca-se ainda, no âmbito do Supremo, a

manutenção das investigações sobre atos e

organizações contrários ao regime democrático. Apesar

das várias ameaças bolsonaristas, os trabalhos para

apurar eventuais condutas ilícitas estão avançando. Ao

investigar, entre outros, o presidente Bolsonaro e seus

filhos, o Supremo revela a qualidade, tão valorizada na

Operação Lava Jato, de que o sistema de Justiça não

deve fazer distinção de pessoas. Bolsonaro pode não

gostar, mas todos devem se submeter à mesma lei.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

56

Lira fala em diálogo'e ignora impeachment

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: Lauriberto Pompeu Camila Turtelli

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL),

ignorou o tema impeachment em pronunciamento

ontem, um dia após o presidente Jair Bolsonaro, em

atos no 7 de Setembro, pregar desobediência a

decisões do Supremo Tribunal Federal. Sem citar o

chefe do Executivo, o deputado criticou 'radicalismo e

excessos', mas disse que é preciso 'diálogo', indicando

que não deve levar adiante qualquer pedido de

impedimento neste momento.

A decisão de aceitar ou não uma solicitação de

impeachment é do presidente da Câmara. Na gaveta de

Lira há 131 pedidos de impedimento do atual presidente

da República. Após a radicalização no discurso de

Bolsonaro, em que ele desafiou o Supremo, o debate

sobre um impeachment ganhou força.

'A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e

negociações para serenarmos. Para que todos

possamos nos voltar ao Brasil real que sofre com o

preço do gás, por exemplo', afirmou Lira, ontem. Ainda

segundo ele, a Câmara pode ser 'uma ponte de

pacificação entre o Judiciário e o Executivo'.

Eleito para o cargo de presidente da Câmara com o

apoio do Palácio do Planalto, Lira se tornou fiador das

pautas governistas no Congresso e tem adotado um

discurso de que não há clima para a abertura de um

processo de impeachment agora.

'Conversarei com todos e todos os Poderes. E hora de

dar um basta a essa escalada, em um infinito loop

negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um

eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e

passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade',

declarou o presidente da Câmara.

Mesmo pregando 'pacificação', em seu pronunciamento

Lira também mandou recados a Bolsonaro e a seus

apoiadores. Ele criticou a insistência na defesa do voto

impresso em 2022, proposta já rejeitada pela Câmara

dos Deputados no mês passado, mas que estava

presente em cartazes de manifestantes e no discurso do

próprio presidente, nos atos de anteontem.

'Não posso admitir questionamentos sobre decisões

tomadas e superadas, como o voto impresso. Uma vez

decidido, é página virada', afirmou e deputado. 'São nas

cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo

expressa sua soberania. Que até lá tenham os todos

serenidade e respeito às leis, à ordem e principalmente

à terra que todos amamos. '

Não é a primeira vez que Lira endurece o discurso

contra o governo Bolsonaro. O líder do Centrão já

mencionou, em dois discursos anteriores, um 'sinal

amarelo' para dizer que está alerta em relação a

arroubos autoritários. 'Vou seguir defendendo o direito

dos parlamentares à livre expressão e a nossa

prerrogativa de puni-los eventualmente se a Casa, com

sua soberania e independência, entender que cruzaram

a linha. ' Logo após o pronunciamento, a senadora

Simone Tebet (MDB-MS) publicou uma série de tuítes

defendendo uma reação institucional mais forte às

declarações de Bolsonaro. 'Mais que voz institucional, o57

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

momento exige ação dos poderes Judiciário e

Legislativo. Porque as palavras do presidente têm feição

de atos. E atos inconstitucionais. Ele não as diz por

coragem, mas por medo. Nós temos de mostrar

coragem não só para falar, mas para agir', afirmou a

parlamentar.

Pós-atos. Ainda ontem, Lira se reuniu como ministro do

Supremo Gilmar Mendes, um dos poucos que mantêm

diálogo com o Palácio do Planalto, para tentar conter

acrise entre os Poderes. Antes do encontro com o

ministro, o presidente da Câmara também esteve com

os ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Flávia

Arruda, da Secretaria de Governo. Ambos são da

articulação política do Planalto e têm tentado 'moderar'

as agressões feitas por Bolsonaro ao Poder Judiciário.

Em outro movimento, poucas horas depois de fazer um

discurso duro contra Bolsonaro e afirmar até que o

chefe do Executivo cometeu crime de responsabilidade,

o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, recebeu a

deputada bolsonarista e presidente da Comissão de

Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Bia Kicis (PSL-

DF).

A parlamentar é crítica ferrenha da Corte e foi uma das

principais entusiastas das manifestações pró-governo e

contra o Supremo no Diada Independência. Apesar

disso, Bia declarou que a conversa foi amigável e negou

qualquer constrangimento por causa das falas de

Bolsonaro na véspera. A deputada afirmou que tratou

com Fux sobre'projetos de interesse do Supremo que

estão na CCJ'.

'Nosso governo tem maioria confortável, afirma Mourão

O vice-presidente da República, general Hamilton

Mourão, descartou ontem a possibilidade de um pedido

de impeachment do presidente Jair Bolsonaro prosperar

neste momento. 'Não vejo que haja clima para

impeachment. Clima tanto na população como um todo

como dentro do Congresso. Acho que nosso governo

tem maioria confortável de mais de 200 deputados. Não

é maioria para apoiar grandes projetos, mas é maioria

capaz de impedir que grandes projetos prosperem

contra a pessoa do presidente", disse Mourão a

jornalistas, ao chegar ao Planalto.

Depois de participar da cerimônia oficial pelo Dia da

Independência e de ato em Brasília, anteontem, Mourão

fez outro aceno a Bolsonaro, com quem tem relação

conflituosa, ao criticar o ministro do Supremo Tribunal

Federal Alexandre de Moraes. 'Eu tenho ideia clara que

o inquérito que é conduzido pelo Alexandre de Moraes

não está correto. Juiz não pode conduzir inquérito',

afirmou. O general, no entanto, não quis comentar as

falas antidemocráticas de Bolsonaro no 7 de Setembro.

/ EDUARDO GAYER

Conversas

'A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e

negociações para serenarmos. Para que todos

possamos nos voltar ao Brasil real que sofre com o

preço do gás, por exemplo. ' Arthur Lira (PP-AL)

PRESIDENTE DA CÂMARA

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

58

Em resposta, Fux aponta crime de responsabilidade

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Um dia após o presidente Jair Bolsonaro participar de

atos antidemocráticos e ameaçar 'descumprir' decisões

do Supremo Tribunal Federal, o presidente da Corte,

Luiz Fux, afirmou ontem que as atitudes do chefe do

Executivo representam um 'atentado à democracia'. O

discurso duro foi marcado por mensagens diretas ao

Palácio do Planalto de que os magistrados não vão

mais tolerar movimentos golpistas e intransigência. Fux

destacou que as ameaças do chefe do Executivo na

tarde de anteontem, se levadas adiante, configuram

'crime de responsabilidade', o que pode levá-lo ao

impeachment.

'Ninguém fechará esta Corte. Nós a manteremos de pé,

com suor e perseverança. No exercício de seu papel, o

Supremo Tribunal Federal não se cansará de pregar

fidelidade à Constituição e, ao assim proceder, esta

Corte reafirmará, ao longo de sua perene existência, o

seu necessário compromisso com a democracia, com

os direitos humanos e como respeito aos poderes e às

instituições deste País', disse Fux (mais informações na

pág. A1O).

Nas manifestações convocadas para o feriado de 7 de

Setembro, Bolsonaro disse que não vai mais acatar

decisões judiciais proferidas pelo ministro Alexandre de

Moraes, que chamou de 'canalha', e, sem citar

diretamente Fux, cobrou que o presidente da Corte

enquadre o magistrado - que é responsável pelos

inquéritos que apuram possíveis crimes do presidente.

Bolsonaro também voltou a atacar as urnas eletrônicas

e afirmou que só deixará a Presidência morto. 'Ou o

chefe desse Poder (Judiciário) enquadra o seu

(ministro) ou esse Poder vai sofrer aquilo que não

queremos', disse.

Areação ao presidente foi debatida entre os ministros do

STF na noite de anteontem e resultou em uma

contundente resposta ao Planalto. Na ocasião, cada

magistrado expressou sua avaliação sobre os atos de 7

de Setembro. Em comum, todos os integrantes do

tribunal, incluindo Kassio Nunes Marques - indicado ao

cargo por Bolsonaro prestaram solidariedade a Moraes.

O Estadão apurou que nessas reunião Fux foi cobrado a

dar uma resposta forte.

Em sua fala, Fux disse que o Supremo não aceitará

intimidações a sua independência e aos seus membros.

'Ofender a honrados ministros, incitara população a

propagar discurso de ódio contra a instituição do

Supremo Tribunal Federal e incentivar o

descumprimento de decisões judiciais são práticas

antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis. '

Em outro trecho do pronunciamento, o ministro disse

que Bolsonaro tenta 'descredibilizar' o tribunal e, caso

descumpra as decisões da Corte, poderá ser

enquadrado por crime de responsabilidade. E lembrou

que este tipo de crime precisa ser analisado pelo

Congresso.

'O Supremo Tribunal Federal também não tolerará

ameaças à autoridade de suas decisões. Se o desprezo

às decisões judiciais ocorre por iniciativa do chefe de

qualquer dos Poderes, essa atitude, além de

representar atentado à democracia, configura crime de59

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso

Nacional. '

A lei de impeachment (1. 079) inclui no rolde crimes de

responsabilidade, que podem levar ao impedimento do

presidente, o descumprimento de decisões judiciais e

'proceder de modo incompatível com a dignidade, a

honra e o decoro do cargo'. O artigo 85 do texto

constitucional define como crimes do presidente o ato

de'atentar contra o livre exercício do Poder Legislativo,

do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos

Poderes constitucionais das unidades da Federação'.

Em nome de todos os ministros, Fux fez um apelo à

população brasileira para que não 'caia na tentação de

narrativas fáceis e messiânicas que criam falsos

inimigos da Nação'.

Aras. Logo após o pronunciamento de Fux, o

procurador-geral da República, Augusto Aras, também

fez uma defesa da democracia. Reconduzido ao cargo

por Bolsonaro no mês passado, o procurador-geral citou

o ex-deputado constituinte Ulysses Guimarães para

defender a Constituição e a harmonia entre os Poderes.

Aras classificou os atos nas ruas como uma 'festa cívica

com manifestação pacífica' e defendeu diálogo e

soluções com 'ferramentas da institucionalidade' para

resolver os conflitos. O procurador-geral da República é

responsável por encaminhar eventuais denúncias contra

o presidente da República. Indicado por Bolsonaro para

o cargo, Aras vem sendo criticado e foi até acusado de

prevaricação por não avançar nas investigações contra

o chefe do Executivo. / RAYSSA MOTTA, WESLLEY

GALZO, DANIEL WETERMAN e AMANDA PUPO

Tensão política faz Bolsa cair 3, 78%; dólar vai a R$ 5,

32 Pág. B1

PARA LEMBRAR

Diálogo rompido com Bolsonaro

No dia 5 de agosto, o presidente do Supremo Tribunal

Federal, Luiz Fux, anunciou o cancelamento da reunião

entre os líderes dos Poderes sob o argumento de que o

presidente Jair Bolsonaro não estava interessado no

diálogo e não honra com a sua palavra. Os dois se

reuniram para selar um tratado de paz, mas, pouco

tempo depois do encontro, o presidente voltou a atacar

a Corte em sua campanha pelo voto impresso.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

60

ANÁLISE

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Luiz Fux

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Autor: Joaquim Falcão

Tudo está ficando mais claro. Quando o Supremo tem

que decidir questões circunstanciais, tem sido, às

Vezes, excessivamente monocrático. O ministro fala

sozinho. Mas quando o Supremo tem que decidir

questões institucionais, é coletivo. E é o caso. Nem

Alexandre de Moraes nem Luiz Fux estão agindo

circunstancialmente. Estão agindo institucionalmente.

Não são um. São todos. Atacar um é atacar todos. A

tática da personalização do Supremo morre no grito,

mas não se transforma em gesto. Erra o alvo. O

presidente da República conseguiu unir o Supremo.

Defendido e bem o Supremo, ao ministro Fux só faltou

falar como Cícero, grande orador do século I a. C. ,

disse a um senador que conspirava contra a República

Romana: 'Até quando abusarás da paciência nossa?'

Neste Dia da Independência, ficou claro. Importante

agora é cumprir a Constituição. E neste caso, não é o

Supremo que tem que fazer cumprir a Constituição. É o

deputado Arthur Lira, presidente da Câmara. A bola está

com ele. Ele tem de ter a coragem política de barrar ou

não os pedidos de impeachment. Justificando o porquê

da sua decisão nos mais de 130 pedidos parados. Um a

um. Parar os pedidos é uma forma de decidir contra

eles. É isto mesmo, deputado? O que se está pedindo é

que Lira venha à luz do sol, o melhor detergente contra

a pequena política. Diga institucionalmente suas razões.

E arque política e eleitoralmente com sua opção. O País

não quer mais ataques nem jogos velados, negociações

noturnas e soturnas.

O presidente Lira tem que dizer, ao recusar ou fazer

progredir os pedidos de impeachments, se mobilizar

uma multidão contra ministro do Supremo é constranger

juiz a fazer ou deixar de fazer ato do seu ofício,

conforme o artigo 6, 6, da Lei de Impeachment. Se

chamar um ministro do Supremo de canalha é proceder

de modo incompatível com decoro do cargo, conforme o

artigo 7, 9, da mesma lei.

Ele é o juiz nesta etapa. E não o Supremo. Se ele

pretende ser o Muro de Berlim que divide o País, que

seja. O direito de discricionariedade do sim ou do não é

seu. Desde que o exerça. No seu juízo de

admissibilidade inicial, não é suficiente palavras ao

vento. Nem ambíguas. Importa é colocá-las em ação. A

virtude na política se traduz na ação. Se o presidente da

República faz pressão no Supremo e no ministro

Moraes, o faz para desviar a pressão sobre Lira. É óbvia

tática.

Como Michelangelo disse para sua estátua de Moisés

quando pronta: 'Por que não falas, deputado?' E a hora

e vez de Arthur Lira.

* PROFESSOR DE DIREITO CONSTITUCIONAL

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Luiz Fux

61

Caminhoneiros realizam protestos em estradas do País

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Caminhoneiros realizaram ontem paralisações e

bloqueios parciais em estradas de ao menos 12

Estados. O Ministério de Infraestrutura informou, em

boletim divulgado à noite, que a Polícia Rodoviária

Federal (PRF) atuava para desbloquear os trechos.

Segundo o órgão, em outros dois Estados também

foram constatados 'pontos de concentração' em

rodovias, mas sem ligação com o movimento dos

caminhoneiros.

No boletim anterior, às 17h, o ministério afirmava que a

PRF negociava para liberar o fluxo nas rodovias até a

meia-noite. No comunicado divulgado às 20h40, no

entanto, não havia mais essa previsão. 'Agentes

encontram-se nos locais identificados e iniciaram o

procedimento de desobstrução com a orientação de

liberar todos que quiserem seguir viagem', diz o

segundo boletim. De acordo com anota, os últimos

bloqueios totais foram registrados no Rio Grande do

Sul, mas eles também estavam sendo desmobilizados.

Os bloqueios começaram durante as manifestações do

7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair

Bolsonaro, e se seguiram durante o dia de ontem. 'Ao

todo, já foram debeladas 117 ocorrências com

concentração de populares e tentativas de bloqueio total

ou parcial de rodovias durante as últimas horas', afirmou

o ministério. 'A disseminação de vídeos e fotos por meio

de redes sociais não necessariamente reflete o estado

atual da malha rodoviária. '

O boletim destaca que a composição das mobilizações

é heterogênea, 'não se limitando a demandas ligadas à

categoria', e afirma não haver previsão de que os

bloqueios nas rodovias afetemo abastecimento de

produtos no País. As concentrações preocupavam

distribuidoras de combustíveis, que temem

desabastecimento de produtos como gasolina e óleo

diesel. A situação mais crítica era em Santa Catarina e

em Mato Grosso.

Ontem, Bolsonaro enviou áudio a grupos de

caminhoneiros pedindo que liberassem as rodovias.

'Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo

mundo, em especial os mais pobres. Dá um toque nos

caras aí para liberar. Deixa com a gente em Brasília.

Não é fácil negociar com outras autoridades, mas

vamos fazer nossa parte, vamos buscar uma solução

para isso', diz Bolsonaro na mensagem. O ministro da

Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirmou a

autenticidade do áudio.

Um dos líderes do movimento intitulado Caminhoneiros

Patriotas, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão

Caminhoneiro, disse que entregará um documento ao

presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

pedindo a destituição de ministros do Supremo

Tribunal Federal. 'O povo não aguenta mais esse

momento que o País está atravessando através da

forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo

está aqui (na Esplanada dos Ministérios) buscando

solução e só vamos sair com solução na mão', disse

Chicão, que preside a União Brasileira dos

Caminhoneiros (UBC), em vídeo que circula nas redes

sociais. Segundo ele, o documento também será

entregue a Bolsonaro. Ele não foi localizado ontem.

62

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Reação. À Frente Parlamentar Mista do Caminhoneiro

Autônomo e Celetista enviou ontem ofícios ao diretor-

geral da PRF, ao Ministério da Infraestrutura, à

Presidência da República e a outros órgãos em que

pedia ação das forças de segurança pública para

garantir o trânsito nas rodovias. A frente afirmou que,

em decorrência dos atos iniciados no 7 de Setembro,

ainda ocorriam obstruções em estradas federais 'com

madeiras, pedras e pneus'.

Presidente da frente, o deputado Nereu Crispim (PSL-

RS) afirmou haver 'ameaça à integridade física e danos

ao patrimônio com lançamento de pedras contra

caminhões de caminhoneiros e transportadores e contra

a nossa Constituição, no que se refere ao livre direito de

ir e vir'.

O fato de o ofício ter sido enviado pela frente reforça a

falta de unanimidade da categoria sobre as

paralisações. Entidades que representam

caminhoneiros autônomos não aderiram aos atos. Ao

menos nove entidades, entre associações,

confederações e sindicatos ligados à categoria

informaram ontem que não apoiam a paralisação e não

estão participando dos atos.

A Associação Nacional do Transporte de Cargas e

Logística (NTC&Logística), que diz congregar cerca de

4 mil empresas de transporte e mais de 50 entidades

patronais, manifestou repúdio aos bloqueios. Em nota, a

entidade afirma que as paralisações poderão causar

graves consequências para o abastecimento, que

poderão atingir o consumidor final e o comércio de

produtos de todas as naturezas, incluindo essenciais,

como alimentos, medicamentos e combustíveis.

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores

de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim,

conhecido como Chorão, avaliou que o movimento é de

cunho político, com participação de empresários de

transporte e funcionários celetistas, e não de

transportadores autônomos. 'Os caminhoneiros estão

sendo usados como massa de manobra', disse Chorão,

que foi um dos principais líderes da categoria na greve

de 2018. 'Está claro que a pauta não é da categoria'.

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores

em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Dahmer,

relatou ter visto alguns pontos de mobilizações de

caminhoneiros, 'conforme era esperado'. 'Vimos

veículos do agronegócio, como tratores e máquinas

agrícolas, e a ala de patriotas apoiadores do presidente

Bolsonaro. O transportador autônomo vai continuar

tentando trabalhar', disse. ACNTTL enviou

recentemente ofício ao presidente do STF, Luiz Fux,

repudiando atos 'extremistas' e as declarações do

cantor Sérgio Reis e do que chamou de 'pseudo

lideranças' de caminhoneiros, dizendo que não

compactua com atos antidemocráticos. / MARLLA

SABINO, AMANDA PUPO, ISADORA DUARTE, FÁBIO

GRELLET e LEVY TELES

Grupo tenta invadir Ministério da Saúde e agredir

jornalistas

Manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a sede do

Ministério da Saúde em Brasília ontem, mas foram

contidos por seguranças. Segundo a assessoria de

imprensa da pasta, jornalistas que estavam no local

foram hostilizados.

A Polícia Militar chegou a ser acionada, mas informou

que a confusão já havia sido encerrada quando os

policiais chegaram. Pró-governo, o grupo que tentou a

invasão está em Brasília desde terça-feira, quando foi

às ruas junto ao presidente Jair Bolsonaro com pautas

antidemocráticas.

Não havia informações sobre os motivos para a

tentativa de invasão ao prédio do ministério. Também

não havia registro de feridos durante a tentativa de

invasão.

A Federação Nacional das Empresas de Rádio e

Televisão (Fenaert) emitiu nota de repúdio. 'Reforçamos

que a imprensa deve ser livre para exercer seu papel

democrático e aos profissionais deve ser garantido o

respeito e a segurança para que possam levar

informação para o povo brasileiro', informou a nota da

entidade. A Fenaert disse ainda que 'se solidariza ainda63

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

com os profissionais vítimas dessa violência e reforça

que ataques de vândalos, como o que aconteceu hoje,

não podem se repetir e devem ser punidos. '

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal

informou que "por razões de segurança", a Praça dos

Três Poderes segue restrita a manifestações. /

EDUARDO GAYER e Interesse

'Os caminhoneiros estão sendo usados como massa de

manobra. Existe um movimento com interesse de

empresas e do agronegócio atrás do financiamento

desses atos. Está claro que a pauta não é da categoria.

' Wallace Landim (Chorão) PRESIDENTE DA ABRAVA

Fila. Caminhoneiros parados na rodovia Imigrantes, na

altura de Várzea Grande (MT); bloqueios começaram

durante as manifestações do 7 de Setembro

convocadas por Bolsonaro

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

64

CELSO MING - Como produzir crises e esconder problemas

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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O presidente Jair Bolsonaro se comporta como certos

moluscos que lançam jatos de líquidos escuros na água

para confundir e turvar a visão dos seus predadores.

Os inimigos reais do Brasil e do futuro político de

Bolsonaro não são o Judiciário nem o voto eletrônico,

como ele próprio apontou nos discursos de 7 de

Setembro em Brasília e São Paulo. Como avisou ontem

o presidente do Supremo, Luiz Fux, o inimigo de

Bolsonaro é o desemprego que alcança 14, 1% da

população ativa; a gasolina perto dos R$ 7 por litro; o

gás de cozinha que ultrapassa os R$ 100 por botijão; é

a inflação anual se avizinhando dos dois dígitos que

ajuda a corroer o poder aquisitivo do consumidor; a

puxada dos juros; é a cavalgada do dólar; o rombo fiscal

que se alarga; a ameaça de apagão; e a população

sendo dizimada pela covid-19. Contra esses inimigos,

Bolsonaro se mantém em estado catatônico, exime-se a

combatê-los.

Mas, ao tentar confundir a população, Bolsonaro resvala

para o crime de responsabilidade, como também

denunciou Fux. Incita à desobediência das decisões

judiciais, contesta matéria ultrapassada no Congresso,

como a da proposta do voto impresso auditável, prega

operações golpistas e o jogo autoritário.

A reação do presidente da Câmara, Arthur Lira, às

tentativas de Bolsonaro de criar o caos foi flácida e

pretensamente conciliatória. Limitou-se a avisar que a

questão do voto impresso é página virada, que não mais

admite contestação. Mas Lira não condenou os ataques

ao Supremo nem a grave incitação à desobediência a

suas sentenças. Não anunciou providências para coibir

os crimes de responsabilidade em que o presidente vem

incidindo. Quando avisou que os conflitos seriam

resolvidos no dia 3 de outubro de 2022, apenas se

recusou a participar do jogo golpista. Mas, ao mesmo

tempo, deixou claro que não apoia o processo de

impeachment contra Bolsonaro.

Ao apresentar-se como intermediário para a retomada

do diálogo entre Poderes em conflito, Lira pareceu

desconsiderar que o Legislativo também está sendo

atacado pelo presidente, tanto pelo discurso golpista

como pelo desrespeito à sua decisão em relação ao

voto impresso. E ignorou o fato de que Bolsonaro não

se mostra disposto a dialogar nem a aceitar as regras

do jogo democrático. Ao contrário, ele quer a

perpetuação do conflito e a destruição do processo

eleitoral.

No pronunciamento desta quarta-feira, Fux advertiu que

a atitude de Bolsonaro pode configurar crime de

responsabilidade que precisa ser examinado pelo

Congresso. E pediu mais contundência do presidente da

Câmara.

A parte as crises institucional e política, sobram, como

acima mencionado, os graves problemas de política

econômica e sanitária a resolver. Mas, nesses campos,

Bolsonaro se mantém desinteressado. Não se vê em

seu governo nenhum empenho sério em atacá-los. Está

aí a crise hídrica em fase de agravamento, enfrentada

até agora apenas com aumento da conta de luz e com

apelos inconsequentes à redução de consumo de

energia. No mais, há os jatos de tinta escura lançados65

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

na água pela criatura que se vê ameaçada.

* COMENTARISTA DE ECONOMIA

Fux e Bolsonaro: tensão

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

CNJ - Luiz Fux

66

Com crise, Congresso deve segurar reformas

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Adriana Fernandes Idiana Tomazelli,

O agravamento da crise políticas institucional, após as

manifestações de teor antidemocrático no 7 de

Setembro, deve escantear de vez a agenda econômica

do ministro Paulo Guedes da pauta do Congresso

Nacional. Os parlamentares vão centrar esforços na

aprovação do Orçamento de 2022, que precisa ser

votado para não comprometer a execução de despesas

no ano que vem, mas a tarefa não será fácil.

Economistas do mercado estimam que a proposta

enviada pela equipe econômica tem um 'buraco' de

cerca de R$ 70 bilhões.

O valor a descoberto inclui a ampliação do Bolsa

Família, ainda sem espaço certo no Orçamento, a fatura

adicional provocada pela repercussão da inflação maior

sobre benefícios pagos pelo governo e negociações

políticas, como a renovação da política de desoneração

da folha para empresas e maior volume de emendas

parlamentares. A dúvida é quanto o Congresso vai abrir

de espaço para novos gastos em ano eleitoral, o que

provoca volatilidade adicional no mercado financeiro.

Segundo parlamentares, o governo dificilmente terá

condições de conseguir aprovar na Câmara e no

Senado prioridades da equipe econômica, como o

projeto que muda o Imposto de Renda e as reformas

administrativa e tributária.

Os ataques disparados pelo presidente Jair Bolsonaro,

que defendeu inclusive o descumprimento de decisões

do STF, empurraram partidos como MDB,

Solidariedade, Cidadania, PSDB e PSD para uma

postura mais refratária aos projetos do governo. Várias

dessas legendas passaram a discutir o impeachment de

Bolsonaro, e o PSDB anunciou que a partir de agora

será oposição ao governo.

Sem essas siglas, será bem mais difícil o governo

formar maioria para aprovar os projetos, mais ainda

Propostas de Emenda à Constituição, que precisam de

quórum de 3/5 para aprovação em dois turnos de

votação. São PECs a reforma administrativa e a

proposta para mudar o pagamento de precatórios.

Mesmo sem parcelamento, uma PEC para resolver o

'meteoro' de R$89, 1 bilhões em dívidas judiciais voltou

como alternativa depois de Bolsonaro queimar a 'ponte'

para uma solução por meio do Judiciário.

O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM),

afirma que o presidente da Casa, Arthur Lira

(ProgressistasAL), 'perde cartuchos' para aprovar as

pautas de interesse do governo. 'Diante de tantas

trapalhadas e tanto descumprimento de compromissos

por parte do governo, o presidente Lira, que até aqui

tem usado todo o seu prestígio, vai perdendo os seus

cartuchos para garantir sozinho as votações, que até

hoje são total e exclusivamente fruto da liderança dele',

diz. Para ele, o ano legislativo morreu para o governo

após os atos do último feriado.

Com o cenário pós-manifestações, Ramos avalia se

apresenta unam uma PEC para retirar as despesas com

precatórios do teto de gastos, a regra que limita o

crescimento das despesas à inflação. O texto está

praticamente pronto e daria uma folga de R$ 20 bilhões67

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

ao governo, o que viabilizaria o Auxílio Brasil com um

benefício médio de R$300 como quer Bolsonaro.

Um termômetro do apoio ao governo poderá ser

observado durante audiência na Câmara para debatera

PEC dos precatórios, marcada para hoje, com a

presença de integrantes do Ministério da Economia.

No Senado, onde o governo acumula derrotas, aliados

do Palácio do Planalto fizeram um apelo ao presidente

da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para que

projetos da agenda econômica sejam pautados, como a

reforma do Imposto de Renda e a privatização dos

Correios. Não houve, porém, compromisso com

avanços.

Sem acordo. Parlamento deve deixar de lado os

debates da pauta econômica: matérias não devem

avançar com crise

A AGENDA ECONÔMICA NO LEGISLATIVO

e PEC dos precatórios

O governo precisa de solução para "meteoro" de R$ 89,

1 bilhões em dívidas judiciais previstas para serem

quitadas em 2022, sob pena de não ter espaço para

outras políticas em ano eleitoral. Solução via Conselho

Nacional de Justiça (CNJ) ficou mais difícil diante de

embates entre o presidente Jair Bolsonaro e o STF.

e Auxílio Brasil

Versão turbinada do Bolsa Família, precisa sair do papel

ainda neste ano para não esbarrar nas limitações da lei

eleitoral. No entanto, reajustes previstos nos benefícios

dependem da solução dos precatórios.

e Orçamento de 2022

Única medida com maior chance de avançar, carrega,

porém, dificuldades, como a própria fatura dos

precatórios e a falta de espaço para o Auxílio Brasil.

e Reforma do IR

Aprovada na Câmara dos Deputados, deve enfrentar

resistência no Senado e acumula críticas de

especialistas por distorcer ainda mais a tributação sobre

a renda no País.

e Reforma tributária

Reúne mudanças para além do IR, também depende de

maior consenso entre parlamentares, o que pode ser

difícil em meio a ambiente político conturbado.

e Reforma administrativa Muda as regras no serviço

público, mas não foi aprovada nem na Câmara nem no

Senado. Pode acabar perdendo força.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário -

STF

68

Reação de Fux valoriza ordem institucional

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Depois das ameaças golpistas e dos ataques

antidemocráticos no 7 de Setembro, era esperada a

reação do Supremo Tribunal Federal (STF), alvo da

incitação do presidente Jair Bolsonaro. O presidente da

Corte, ministro Luiz Fux, deu ontem uma resposta ao

mesmo tempo dura e serenei, incisiva e responsável,

enérgica e reparadora. Lá onde Bolsonaro tentou

semear o caos e a cizânia entre as instituições, Fux

trouxe a voz da razão e deu uma aula de democracia.

Reconheceu o caráter pacífico das manifestações, em

que os 'participantes exerceram liberdades de reunião e

expressão, direitos protegidos pelo Supremo'. Louvou o

papel das polícias e forças de segurança, que souberam

atuar para preservar a ordem e a paz, desmentindo o

temor de que seus integrantes se convertessem em

milícias bolsonaristas. 'Percebemos que policiais e

demais agentes atuaram conscientes de que a

democracia não é importante apenas para si, mas

também para seus filhos', afirmou.

Fux traçou com clareza meridiana a distinção entre, de

um lado, a 'convivência de visões diferentes', a 'crítica

institucional' e o 'respeito aos Poderes constituídos' -

inerentes a toda democracia - e, de outro, os 'falsos

profetas do patriotismo', a 'tentação das narrativas

fáceis e messiânicas' e o 'discurso do 'nós contra eles''

de quem 'não propaga a democracia, mas a política do

caos'.

Nesse contexto, citou explicitamente os ataques de

Bolsonaro e reagiu com veemência a seu discurso

golpista. 'Ofender a honra dos ministros, incitar a

população a propagar discursos de ódio contra a

instituição do STF e incentivar o descumprimento de

decisões judiciais são práticas antidemocráticas e

ilícitas, intoleráveis', disse.

Em resposta à bravata de Bolsonaro de que

descumprirá ordens do Supremo, Fux reiterou que o

tribunal 'não tolerará ameaças à autoridade de suas

decisões'. Num momento de óbvio conteúdo político,

relembrou o sentido constitucional de um presidente

ameaçar desobedecer a ordens judiciais : 'Essa atitude,

além de representar um atentado à democracia,

configura crime de responsabilidade, a ser analisado

pelo Congresso Nacional'.

Foi uma indireta ao presidente da Câmara, Arthur Lira

(PP-AL), em cuja mesa repousam algo como 130

pedidos de impeachment de Bolsonaro. Depois de ficar

em silêncio no Dia da Independência, Lira também se

viu compelido a fazer um pronunciamento, mas em tom

mais apaziguador. Tentou colocar o Legislativo no papel

de 'ponte' para pacificar Executivo e Judiciário.

Condenou as 'bravatas em redes sociais' e o 'eterno

palanque', sem nem citar Bolsonaro. Deu a entender

que continua pequena a chance de acatar algum dos

pedidos de impeachment (até porque Bolsonaro disporia

de votos suficientes para barrá-lo). 'O único

compromisso inadiável e inquestionável está marcado

para 3 de outubro de 2022, com as umas eletrônicas',

afirmou Lira.

Mas como agir se o candidato que está no poder

ameaça não aceitar o resultado, com base em mentiras

sobre essas mesmas urnas? Para casos assim, a69

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

própria democracia dispõe de recursos institucionais - o

impeachment é um deles, embora talvez o mais

traumático. Seria desejável que, como quer Lira, tudo

pudesse ser resolvido nas eleições e não fosse

necessário usá-los. Bolsonaro, porém, continua a

apostar noutro caminho.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

70

MALU GASPAR - Quem quer de verdade o impeachment?

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: MALU GASPAR

Fazia tempo que a palavra impeachment não aparecia

com tanta frequência no noticiário. Depois do discurso

golpista de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, virou

assunto não só nos jornais, nas TVs e nas redes

sociais, mas também nas conversas dos líderes

políticos do Congresso, do Judiciário e do próprio

governo. PSDB, PSD e DEM anunciaram a abertura de

discussões internas sobre o impeachment, e o PDT

apresentou uma notícia-crime contra o presidente por

crime de responsabilidade. E a primeira vez que o tema

ganha tal força, apesar do histórico de crises e de

motivos para um impedimento desde o início do governo

Bolsonaro.

A questão, portanto, não é se há razões para tirar

Bolsonaro do poder. Fernando Collor perdeu o cargo

por causa de um Fiat Elba, e Dilma Rousseff por

pedaladas fiscais que a maior parte dos brasileiros não

é capaz de entender até hoje. Já Lula passou incólume

pelo mensalão, e Michel Temer pelo Joesley Gate. O

que interessa saber, no fundo, é: quem quer de verdade

Bolsonaro fora do Palácio do Planalto e o que está

disposto a fazer para isso?

O presidente da Câmara, Arthur Lira, definitivamente

não está entre essas pessoas. Com seu

pronunciamento ensaboado de ontem, Lira deixou claro

que ainda não está disposto a comprar uma briga com o

bolsonarismo e abrir mão de seu largo quinhão na

divisão de poder hoje em funcionamento.

Também não dá para incluir nesse rol o presidente do

Senado, Rodrigo Pacheco, que ontem criticou 'arroubos

autoritários' e defendeu a democracia, mas também

sugeriu uma reunião de pacificação entre os Poderes.

Depois da invasão da Esplanada por manifestantes, ele

cancelou as sessões do Senado até a semana que vem,

em nome da segurança. E um motivo válido, mas

também tira da oposição a tribuna para aproveitar o

momento e reforçar o discurso pró-impedimento. Joga

água na fervura, como se diz lá nas Minas Gerais de

Pacheco.

A reação mais enfática ao show golpista do presidente

da República veio de Luiz Fux, para quem, se

Bolsonaro cumprir a ameaça de não mais obedecer a

ordens judiciais vindas do STF, estará cometendo 'crime

de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso

Nacional'. Foi um discurso forte, mas desagradou aos

mais indignados no próprio tribunal, para quem Fux

deveria ter aberto logo de cara uma investigação contra

o presidente da República.

Toda essa hesitação na Praça dos Três Poderes se

explica pela constatação de que, apesar de estar cada

vez mais isolado, Bolsonaro ainda tem o apoio

entusiasmado de uma parcela da população. Não é

forte o suficiente para superar a crise, nem fraco o

bastante para cair.

E então chegamos aos oposicionistas. Por mais que

digam publicamente que o 7 de Setembro de Bolsonaro

flopou, nos bastidores muitos deles admitem que os

atos foram grandes e que, para o impeachment decolar,

é preciso pôr na rua contra o presidente mais gente do71

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

que foi se manifestar a favor.

A ocasião se oferece no próximo dia 12, para quando

está marcado um protesto pelo Fora Bolsonaro,

convocado pelo Movimento Brasil Livre, o MBL. A data

foi anunciada em julho, logo depois da entrevista

coletiva que anunciou um superpedido de impeachment,

que reuniu de Joice Hasselmann (PSL) a Guilherme

Boulos (PSOL), de Gleisi Hoffrnann (PT) a Kim Kataguiri

(DEM). 'Eu fico muito feliz de ver aqui que nós temos

pessoas que estão acima de qualquer questão

ideológica, mas que pensam no Brasil e que pensam na

nação', disse Joice, resumindo o teor das falas de vários

outros. 'Eu não titubeei em um único momento em

assinar esse superpedido de impeachment. Marcelo

Freixo [ ex-PSOL , hoje PSB] chegou e falou para mim:

'Joice, será que você assina?' Eu falei: 'agora, agora'.'

Hoje parece que a união ficou só na foto. Em vez de

estar mobilizada para encher as ruas de gente, a

oposição está rachada. Luiz Henrique Mandetta (DEM)

e Simone Tebet (MDB) confirmaram presença nos atos,

mas Boulos, Freixo e Ciro Gomes (PDT) ainda estão

avaliando, e os petistas dizem que não participarão de

uma passeata da direita convocada por um movimento

anti-Lula que defendeu o impeachment de Dilma.

Enquanto Kataguiri, fundador do MBL, se esfalfa para

atrair mais gente para os atos, uma facção do

movimento se recusa a abrir mão da ideia de inflar um

enorme Pixuleco na Paulista. Nas redes sociais, petistas

e direitistas anti-Bolsonaro se atacam, numa discussão

estéril sobre de quem é a culpa pelo resultado da

eleição de 2018 e qual seria a manifestação mais

legítima contra o presidente da República.

A sensação que dá é que não aprenderam nada com

três anos de bolsonarismo. Ou que talvez não queiram

tanto assim ver Bolsonaro fora do Palácio do Planalto.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux72

MERCADO DESABA APOS 7 DE SETEMBRO

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: VITOR DA COSTA, STEPHANIE TONDO E

JOÃO SORIMA NETO

A reação do mercado aos atos do Sete de Setembro,

nos quais o presidente Jair Bolsonaro renovou seus

ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao

sistema eleitoral, foi fortemente negativa. O dólar

comercial deu um salto de 2, 93%, a R$ 5, 3276,

enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa

brasileira, sofreu um tombo de 3, 78%, aos 113412

pontos. A moeda americana teve a maior valorização

desde 24 de junho, quando avançou 3,35%. Com isso, o

real foi a divisa com o pior desempenho global ontem.

Já a Bolsa não caía com tanta força desde 8 de março,

quando perdeu 3, 99%, depois de o ministro Edson

Fachin, do STF, ter anulado condenações do ex-

presidente Lula. - O mercado tem sempre expectativa

de que o Bolsonaro pode recuar e moderar, porque já

fez isso. Mas, depois daquele discurso, a interpretação

é que o clima de destruição de pontes vai continuar. -

afirmou Anna Reis, sócia e economista da Gap Asset,

para quem o discurso de Bolsonaro intensificou o

conflito como STF.

Para o economista-chefe do banco Modalmais, Álvaro

Bandeira, mesmo que a agenda dos atos já fosse

esperada, o tom de Bolsonaro desagradou ao mercado:

- O tom piorou. Isso é ruim para a economia porque

atrasa a recuperação e suspende investimentos.

TEMOR COM REFORMAS

As falas dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do

STF, Luiz Fux, foram bem recebidas. Para Luiz

Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital, as

respostas foram à altura das declarações de Bolsonaro,

mas mantendo um tom conciliatório.

Lira afirmou que a Constituição 'jamais será rasgada' e

pediu 'um basta' à escalada da crise entre Poderes,

oferecendo-se para mediar o conflito entre Executivo e

Judiciário.

Já Fux adotou um tom mais duro. Ele afirmou que, caso

desrespeite ordem judicial da Corte, Bolsonaro vai

incorrer em crime de responsabilidade, o que pode

resultar na abertura um pedido de impeachment.

- PO Lira teve um comportamento esperado, pensando

no cargo que ocupa. Para o

Fux, já era esperado uma não aceitação do

comportamento do Executivo - disse o economista-

chefe da Ativa Investimentos, Etore Sanchez,

destacando que o mercado está mais reticente sobre as

possibilidades de avanços da agenda econômica.

A grande preocupação é com o andamento das

reformas e da agenda econômica em meio à crise

institucional. Um dos pontos de atenção é a questão dos

precatórios. O Ministério da Economia tentava negociar

uma saída judicial, o que agora parece mais distante.

Outro fator é o desejo de

Bolsonaro ter um programa social em ano de eleição.

- Com Bolsonaro se debatendo com a popularidade em73

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

baixa, aumentam as chances de o governo apelar ao

populismo e fazer o novo Bolsa Família fora do teto de

gastos - disse Anna, da Gap Asset.

O gestor de fundos da Arena Investimento, Mauricio

Pedrosa, ressalta que a crise política afasta o investidor

estrangeiro. E lembra que o Brasil ainda enfrenta

problemas graves como a crise hídrica e a inflação

elevada: - O país amanheceu com os mesmos

problemas, que esperam resposta há algum tempo, e

com um quadro político mais conflagrado e com menor

segurança jurídica.

Luciano Rostagno, estrategista-chefe do japonês Banco

Mizuho, conta que, cada vez mais, os investidores

buscam explicações para o clima de instabilidade

política no Brasil.

- Tenho explicado que o discurso do presidente é mais

retórico, para manter a base de apoio político engajada.

Por enquanto, não vejo como isso pode se traduzir em

algo concreto. As instituições democráticas são fortes

no país e não há um apoio amplo da sociedade para

que a ruptura aconteça - disse Rostagno.

PERDA DE R$195 BILHÕES

Com o tombo do Ibovespa, as empresas que compõem

o índice perderam R$ 195 bilhões em valor de mercado,

segundo levantamento da consultoria Economatica. A

maior queda foi da Petrobras, que perdeu R$ 19, 60

bilhões, seguida de Ambev (R$ 15, 43 bilhões) e Vale

(R$10, 67 bilhões).

As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Vale

caíram 2, 08%, e as da Ambev, 5, 70%. Já a Petrobras

viu seus papéis ON tombarem 5, 55%, e os

preferenciais (PN, sem voto) recuarem 5, 63%.

Itaú Unibanco perdeu 5, 34% (ON) e 4, 74% (PN).

Bradesco desabou 6, 35% (ON) e 5, 76% (PN).

Outro sinal de preocupação do mercado foi a alta dos

juros futuros, um termômetro do cenário à frente. O juro

do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro

de 2022 subiu de 6, 87% para 6, 96%, e o do DI para

janeiro de 2023 foi de 8, 63% para 8, 77%. O do

contrato para janeiro de 2025 avançou de 9, 80% para

10, 03%; e o do DI para janeiro de 2027 passou de 10,

27% a 10, 51%.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

74

EFEITO COLATERAL

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Autor: NATÁLIA PORTINARI, PAULO CAPPELLI E

JULIA LINDNER

As ameaças antidemocráticas feitas pelo presidente Jair

Bolsonaro durante os atos de 7 de setembro

complicaram ainda mais a indicação do ex-advogado-

geral da União André Mendonça ao Supremo Tribunal

Federal (STF), estagnada no Senado. Parlamentares já

discutem internamente a possibilidade de barrar o nome

do ex-AGU e trabalham para que o governo o substitua

pelo do procurador-geral da República (PGR), Augusto

Aras.

O presidente da Comissão de Constituição de Justiça

(CCJ), Davi Alcolumbre (DEM-AP), avisou ao presidente

do Senado e seu aliado, Rodrigo Pacheco (DEM-AP),

que não cogita pautar a indicação de Mendonça pelo

menos pelos próximos 15 dias. O colegiado é a primeira

etapa da tramitação de indicações. Nos bastidores,

Alcolumbre faz mais do que isso: movimenta-se em

favor de Augusto Aras há cerca de dois meses. Não só

ele. Há cerca de 15 dias, um senador ligado ao Palácio

do Planalto pediu a Bolsonaro para abraçar a opção

Aras em detrimento de Mendonça, mas ouviu do

presidente que ele não estava disposto a ceder neste

caso.

Na conversa com Pacheco, Alcolumbre afirmou que se

sentiu mais respaldado em não dar andamento ao

processo do ex AGU depois de ver o presidente do STF,

Luiz Fux, fazer o duro discurso de ontem no qual

rebateu as intimidações de Bolsonaro. Ao abrir a sessão

da Corte, o ministro respondeu o presidente da

República, que no dia anterior havia afirmado que não

cumpriria decisões proferidas por Alexandre de Moraes,

relator no Supremo de inquéritos em que Bolsonaro

figura como investigado. Fux, em seu discurso, disse

que o STF não toleraria ameaças e que o eventual

desrespeito a uma determinação judicial da Corte

configuraria crime de responsabilidade - o que pode

ensejar um pedido de impeachment.

Em outro indicativo de que o nome de Mendonça subiu

no telhado, até mesmo integrantes da linha de frente do

Palácio do Planalto no Senado admitem não haver clima

para se apreciar a indicação neste momento. Vice-lider

do governo, Marcos Rogério (DEM-RO), é a favor de

aguardar o ambiente e amainar.

- O melhor é esperar baixar a fervura. Os líderes devem

conversar mais e buscar - entendimento. Quem está à

frente dos Poderes, a par das divergências, precisa

buscar entendimento e tomar decisões que não

extrapolem o limite constitucional que se impõe a todos.

Mas isso deve valer para os chefes de todos os

Poderes, não apenas para um deles - justificou Rogério.

Embora tenham sido dirigidos majoritariamente contra o

Judiciário, os ataques de Bolsonaro agravaram

também a relação com o Congresso, onde o governo

patina na articulação especialmente no Senado.

Partidos como PSDB e PSD, pela primeira vez

anunciaram que vão deliberar sobre a possibilidade de

apoiar o pedido de afastamento do chefe do Executivo.

A demora no andamento do processo de Mendonça no

Senado já bateu recorde. Como mostrou o GLOBO no75

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

mês passado, já se passaram mais de 40 dias de

espera desde que seu nome foi oficializado por

Bolsonaro, mas até agora ele não andou na CCJ. Entre

os atuais ocupantes do STF, a que mais aguardou até a

apreciação da CCJ foi Rosa Weber: 29 dias.

O ex-AGU é visto como um nome que agrada o nicho

do setor evangélico, mas não tem trânsito com partidos

de centro, principalmente, que o criticam por ele já ter

se posicionado favoravelmente à Operação Lava-Jato.

Nas últimas semanas, Mendonça vem tendo conversas

com senadores para diminuir o desagrado a seu nome.

OUTRAS RESISTÊNCIAS Além de Aras, outra opção

cogitada pelos senadores em uma eventual substituição

de Mendonça é o nome do ministro Humberto Martins,

do Superior Tribunal de Justiça (STJ ).

Os demais nomes apresentam alguns problemas para

Bolsonaro. No caso de Aras, ele deixaria a vaga aberta

na PGR e precisaria ser substituído, o que também

preocupa alguns parlamentares. O PGR, porém, é

elogiado por senadores do PP, PL e MDB, por exemplo,

por seu traquejo com o Congresso Nacional. Ele

agradou aos senadores durante a sabatina a que foi

submetido no mês passado na CCJ quando teve seu

nome aprovado para mais um mandato como

procurador-geral.

Já Martins é ligado à cúpula do MDB e a adversários do

presidente, como o senador Renan Calheiros (MDB-AL),

o que provoca maior resistência.

Obstáculos. Presidente da CCJ vai adiar ainda mais

sabatina de Mendonça, e até governistas veem

ambiente ruim

INSTITUIÇÕES SOB ATAQUE

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber

76

LIMITE TRAÇADO

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: MARIANA MUNIZ E JULIA LINDER

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),

Luiz Fux, fez ontem um duro discurso em reação às

ameaças do presidente Jair Bolsonaro de descumprir

ordens judiciais proferidas pelo ministro da Corte

Alexandre de Moraes. Fux afirmou que a desobediência,

se concretizada, será 'ilícita' e vai configurar 'crime de

responsabilidade' que deverá ser apreciado pelo

Congresso -este tipo de crime enseja a abertura de

processo de impeachment. E completou, sobre os atos

de viés golpista promovidos pelo presidente anteontem:

'Ninguém fechará esta Corte'.

Em declaração a apoiadores durante os atos do 7 de

Setembro - que, entre outras pautas antidemocráticas,

pediam a dissolução do STF e o afastamento de

ministros -, Bolsonaro xingou Moraes e afirmou que 'não

cumprirá' decisões do magistrado, relator de inquéritos

que investigam o chefe do Executivo e aliados.

- Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por

iniciativa do chefe de qualquer dos Poderes, essa

atitude, além de representar atentado à democracia,

conflgura crime de responsabilidade, a ser analisado

pelo Congresso Nacional - afirmou o presidente do STF.

Fux pediu respeito ao Supremo e às decisões judiciais,

que devem ser questionadas por meio de recursos, e

não da 'desobediência', e disse que o STF, como um

todo, observou a forma e o conteúdo dos dizeres contra

a Corte que foram vistos nas manifestações, 'muitas

delas também vocalizadas pelo Senhor Presidente da

República, em seus discursos em Brasília e em São

Paulo': - Ninguém fechará esta Corte. Nós a

manteremos de pé, com suor e perseverança.

Sem citar o nome do presidente, Fux disse que é

preciso estar atendo aos 'falsos profetas do patriotismo,

que ignoram democracias verdadeiras' e fez ainda um

alerta para que as pessoas não caiam 'na tentação das

narrativas fáceis e messiânicas, que criam falsos

inimigos da nação'.

Os novos ataques de Bolsonaro contra o Supremo

foram recebidos com indignação pelos ministros, que se

reuniram no final da tarde de terça, após as falas do

presidente em São Paulo, para discutir como seria a

resposta ao presidente. MATURIDADE POLÍTICA O

presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

também aguardou o dia de ontem para se pronunciar

sobre os atos golpistas. Ele declarou que a solução da

crise'não está no autoritarismo e em arroubos

antidemocráticos'.

- Nesse 7 de setembro, muitos brasileiros foram às ruas,

outros milhares não foram. E existe um ponto em

comum entre todos os brasileiros: nós vivemos num

país em crise. Uma crise real, de fome, de miséria que

bate à porta dos brasileiros, sacrificando a dignidade

das pessoas; de inflação com a perda do poder de

comprados brasileiros, as coisas estão mais caras; a

crise do desemprego; acrise energética; a crise hídrica;

uma pandemia que entristeceu muito o país. Então, é

uma crise real que nós vivemos e que nós temos que

dar solução a ela.

77

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

E acrescentou: - Essa solução não está no

autoritarismo, não está nos arroubos antidemocráticos.

Essa solução está na maturidade política dos Poderes

constituídos de se entenderem, de buscarem as

convergências para aquilo que verdadeiramente

interessa aos brasileiros.

DECRETOS DAS ARMAS

Em outro movimento de reação do STF a Bolsonaro, o

ministro Alexandre de Moraes liberou ontem para

julgamento as ações que questionamos decretos que

flexibilizam a posse e o porte de arma de fogo no país,

uma das principais pautas de Bolsonaro.

Ao todo, são nove ações que contestam decretos

editados em 2019 e em 2021 pelo presidente, todos

facilitando a compra de armas. A análise de todas as

ações havia começado no plenário virtual da Corte, mas

foi suspensa após pedido de vista de Moraes.

Há a expectativa de que o plenário da Corte venha a

derrubar trechos desses decretos, como um que

dispensa a pessoa que comprar uma arma de

comprovar que realmente necessita dela. Com a

devolução dos casos por Moraes, o julgamento virtual

ocorrerá entre os próximos dias 17 e 24. O julgamento

recomeçará com o voto do ministro.

Dos nove processos, oito são relatados pela ministra

Rosa Weber e um pelo ministro Edson Fachin. Até

agora, apenas os dois votaram e avaliaram que os

decretos aumentam o risco de violência. Ambos

entendem que eles foram além do que prevê o Estatuto

de Desarmamento.

Reação. O presidente do STF, Luiz Fux, lê seu discurso

em defesa das instituições democráticas durante a

abertura da sessão de ontem do STF, ao lado do

procurador-geral da República, Augusto Aras

TRECHOS E CONTEXTOS DO DISCURSO DO

PRESIDENTE DO SUPREMO

FORÇAS DE SEGURANÇA

'É forçoso enaltecer a atuação das forças de segurança

do país, em especial as polícias militares e a Polícia

Federal, cujos membros não mediram esforços para a

preservação da ordem e da incolumidade do patrimônio

público, com integral respeito à dignidade dos

manifestantes'

O PRESIDENTE DO STF ACENA AOS POLICIAIS

MILITARES APÓS AS MANIFESTAÇÕES

ANTIDEMOCRÁTICAS NÃO REGISTRAREM

PARTICIPAÇÃO DA CATEGORIA. A POSSÍVEL

ADESÃO DE PMS DA ATIVA GEROU PREOCUPAÇÃO

DE GOVERNADORES, O QUE NÃO SE CONFIRMOU.

FORMA E CONTEÚDO

'Este Supremo Tribunal Federal também esteve atento

à forma e ao conteúdo dos atos realizados no dia de

ontem. Cartazes e palavras de ordem veicularam duras

críticas à Corte e aos seus membros, muitas delas

também vocalizadas pelo senhor presidente da

República, em seus discursos em Brasília e em São

Paulo'

CARTAZES COM PEDIDO DE FECHAMENTO DO

SUPREMO E COM ATAQUES A MINISTROS DA

CORTE FORAM RECORRENTES. BOLSONARO FEZ

ATAQUES DIRETOS AO MINISTRO ALEXANDRE DE

MORAES, A QUEM CHAMOU DE 'CANALHA'', E A

DECISÕES RECENTES DO MAGISTRADO.

DISCURSOS DE ÓDIO

'A crítica institucional não se confunde - e nem se

adéqua - com narrativas de descredibilização do

Supremo Tribunal Federal e de seus membros, tal

como vem sendo gravemente difundidas pelo Chefe da

Nação. Ofender a honra dos ministros, incitar a

população a propagar discursos e ódio contra a

instituição do Supremo Tribunal Federal e incentivar o

descumprimento de decisões judiciais

são práticas antidemocráticas e ilícitas'

78

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

FUX ENVIA UM RECADO DIRETO A BOLSONARO. O

PRESIDENTE DA REPÚBLICA FALOU-EM

'ENQUADRAR"' A CORTE E AFIRMOU QUE NÃO IRÁ

MAIS CUMPRIR DECISÕES JUDICIAIS DE

ALEXANDRE DE MORAES.

FALSOS PROFETAS

'Estejamos atentos a esses falsos profetas do

patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras

não admitem que se coloque o povo contra o povo, ou o

povo contra as suas instituições. Todos sabemos que

quem promove o discurso do nós contra eles não

propaga democracia, mas a política do caos' NOS

TRECHOS, FUX SE REFERE À ESTRATÉGIA DE

BOLSONARO DE DESVIRTUAR O CONCEITO DE

DEMOCRACIA. O PRESIDENTE CITOU A DEFESA DA

DEMOCRACIA E QUE NÃO DEFENDE RUPTURA,

MAS FEZ ATAQUES GOLPISTAS AO STF.

NARRATIVAS MESSIÂNICAS

'Povo brasileiro, não caiana tentação das narrativas

fáceis e messiânicas, que criam falsos inimigos da

nação'

FUX APONTA PARA A ESTRATÉGIA DO

PRESIDENTE DE SE COLOCAR

COMO PORTA-VOZ DA POPULAÇÃO, EMBORA A

REJEIÇÃO AO SEU GOVERNO TENHA CRESCIDO, E

PARA O FATO DE O STF TER SE TORNADO

O PRINCIPAL ALVO DOS ATOS PRÓ-BOLSONARO.

INDEPENDÊNCIA

'Os juízes da Suprema Corte - e todos os mais de 20 mil

magistrados do país

- têm compromisso com a sua independência,

assegurada nesse documento sagrado que é a nossa

Constituição, que consafg*ra as aspirações do povo

brasileiro e f%z jus às lutas por direitos empreendidas

pelas gerações que nos antecederam'

FUX BUSCA DEMONSTRAR UNIDADE NÃO SÓ DO

STF COMO DE TODO O JUDICIÁRIO. DECISÕES DE

MORAES TÊM SIDO APOIADAS PUBLICAMENTE

POR INTEGRANTES DO TRIBUNAL. ASSOCIAÇÕES

DO JUDICIÁRIO TAMBÉM SE MANIFESTARAM EM

DEFESA DA CORTE.

CRIME DE RESPONSABILIDADE

'O Supremo Tribunal Federal também não tolerará

ameaças à autoridade de suas decisões. Se o desprezo

às decisões judiciais ocorre por iniciativa do chefe de

qualquer dos poderes, essa atitude, além de representar

um atentado à democracia, configura crime de

responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso

Nacional'

FUX VOLTA A FALAR QUE BOLSONARO COMETERÁ

CRIME, SE NÃO CUMPRIR DECISÕES JUDICIAIS, E

SE DIRIGE AO CONGRESSO, RESPONSÁVEL POR

ANALISAR UM EVENTUAL PEDIDO DE

IMPEACHMENT. PELO DESCUMPRIMENTO,

BOLSONARO PODERIA SER ACUSADO TANTO DE

CRIME COMUM,

O DE DESOBEDIÊNCIA, QUANTO DE CRIME DE

RESPONSABILIDADE.

PROBLEMAS REAIS

Em nome das ministras e dos ministros desta Casa,

conclamo'os líderes do nosso país a que se dediquem

aos problemas reais que assolam o nosso povo' FUX

ENFATIZA QUE AS MANIFESTAÇÕES

ANTIDEMOCRÁTICAS COM ATAQUES AO STF

OCORREM NUM MOMENTO EM QUE O PAÍS

ATRAVESSA UMA CONJUNÇÃO DE CRISES, COMO

A PANDEMIA, ALTA DA INFLAÇÃO E A CRISE

HÍDRICA. NESSE PERÍODO, BOLSONARO TAMBÉM

VIU SUA POPULARIDADE CAIR.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -79

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber

80

O TOM DE LIRA E ARAS

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: MARIANA MUNIZ, BRUNO GÓES E DIMITRIUS

DANTAS

As duas autoridades com prerrogativa constitucional de

investigar, processar ou abrir

uma ação de impeachment contra o presidente Jair

Bolsonaro, o procurador-geral da República, Augusto

Aras, e o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL),

adotaram tom semelhante no dia seguinte às

manifestações com viés golpista lideradas pelo

presidente. Ambos fizeram críticas ao radicalismo do

chefe do Executivo, num tom abaixo do adotado pelo

presidente do STF, Luiz Fux, e discursaram em defesa

das instituições democráticas, embora evitando se

comprometer com a adoção de gestos práticos contra

Bolsonaro.

No Supremo, Fux alertou que a Corte não toleraria

ameaças e que o presidente da República poderia

incorrerem crime de responsabilidade - o que pode

ensejar um pedido de afastamento - Lira e Aras não

sinalizaram com a possibilidade de recorrer a medidas

drásticas. Na terça, Bolsonaro afirmou

que não iria cumprir decisões judiciais de Alexandre de

Moraes, relator dos inquéritos contra ele no STF.

Lira gravou um vídeo em condenando o comportamento

do chefe do Planalto, de quem é aliado, mas não o citou

nominalmente, e sinalizou que, por ora, um processo de

impeachment não está próximo. Ele critica o fato de

Bolsonaro ter voltado a defender o voto impresso,

projeto que já foi rejeitado pela Câmara, diz que deve-se

conter o que chamou de 'escalada' 'em um infinito

looping negativo': - Conversarei com todos, de todos os

Poderes. É hora de dar um basta nessa escalada, em

um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais,

vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um

elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do

Brasil de verdade. O Brasil vê a gasolina chegar a R$ 7,

o dólar valorizado em excesso e a redução de

expectativas. Uma crise que é superdimensionada nas

redes sociais - disse Lira.

Mais adiante, ele deixa claro que uma mudança nos

rumos do país vira por meio da urna: - Por fim, vale

lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais

será rasgada. O único compromisso inadiável e

inquestionável que temos em nosso calendário está

marcado para 3 de outubro de 2022. Com as urnas

eletrônicas. Que até lá tenhamos todos, serenidade e

respeito às leis, à ordem e, principalmente, à terra que

todos nós amamos. REUNIÃO MINISTERIAL As

palavras de Lira agradaram ao governo. Representante

de um dos principais partidos do centrão, ele chegou ao

comando do Câmara com o apoio de Bolsonaro. Desde

então, além da possibilidade de indicar nomes para

cargos da máquina federal, tem sido um dos principais

responsáveis pela partilha de recursos de emendas

entre os deputados. Não lhe falta poder.

No Planalto, o discurso é de que faltam ambiente

político e votos para que um impeachment possa se

tornar uma ameaça real. Em reunião como ministros

ontem pela manhã, o próprio Bolsonaro tentou se

mostrar confiante de que nenhum deles avançará no81

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Congresso. O vice-presidente Hamilton Mourão também

procurou minimizar o risco.

- Não vejo que haja clima para o impeachment, tanto na

população como no Congresso. Nosso governo tem

uma maioria confortável de mais de 200 deputados lá

dentro (da Câmara). Não é a maioria para aprovar

grandes projetos, mas é capaz de impedir que algum

processo prospere contra a pessoa do presidente da

República -argumentou.

Pela manhã, na abertura dos trabalhos do STF, Luiz

Fux fora mais incisivo ao rebater as ameaças do

presidente ao deixar claro que estava flertando com

crime.

- O Supremo também não tolerará ameaças à

autoridade de suas decisões. Se o desprezo às

decisões judiciais ocorre por iniciativa do Chefe de

qualquer dos Poderes, essa atitude, além de

representar atentado à democracia, configura crime de

responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso

Nacional - afirmou.

Augusto Aras falou logo depois. Embora também tenha

feito críticas, não mencionou o nome do presidente e

tampouco sinalizou se vai agir contra as investidas

antidemocráticas de Bolsonaro.

- Então, como previsto na Constituição Federal de 1988

e no ordenamento jurídico erigido a partir dela, quando

discordâncias vão para além de manifestações críticas,

merecendo alguma providência, hão de ser

encaminhadas pelas vias adequadas, de modo a não

criarem constrangimentos e dificuldades, quiçá

injustiças, ao invés de soluções - afirmou, sem, porém,

dizer se tomará ele próprio qualquer providência.

Na sessão, Aras citou o expresidente da Câmara

Ulysses Guimarães, lembrando que a Constituição

'jamais deve ser afrontada'.

O PGR é o responsável por investigar e, se encontrar

provas, denunciar o presidente da República por crimes

cometidos no curso do mandato. O processo tramita no

Congresso. Na primeira etapa, os 513 deputados

podem acolhem ou não acusação. Caso a aceitem, o

mandatário do Palácio é afastado automaticamente do

cargo por 180 dias.

Vice-presidente, Mourão não vê clima nem votos para

um impeachment

Lira. Presidente da Câmara fez uma defesa incisiva da

urna eletrônica

Aras. Procurador-geral citou a separação de Poderes e

a Constituição

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

82

Tensão prossegue, e Supremo mantém reforço de segurança

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: MARIANA MUNIZ

Os ataques dirigidos pelo presidente Jair Bolsonaro

ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a movimentação

de manifestantes em Brasília mesmo após o 7 de

setembro fizeram com que a Corte permanecesse

ontem em estado de segurança máxima. O esquema

deverá permanecer até o fim de semana e, caso o clima

de instabilidade prossiga, ainda poderá ser prorrogado.

Ontem, cinco dos dez integrantes do Supremo

estiveram na sessão de maneira presencial: o

presidente da Corte, Luiz Fux, Rosa Weber, Gilmar

Mendes, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso.

Fora do edifício, localizado na Praça dos Três Poderes,

viaturas da Polícia Militar do Distrito Federal e da Polícia

Federal fizeram uma ronda contínua, e todos os

acessos ao prédio foram fechados. Como parte do

esquema de segurança, funcionários e veículos de

imprensa credenciados precisaram entrar por um

caminho alternativo - apenas uma entrada estava

aberta. Dentro do Supremo, integrantes do Comando de

Operações Táticas, a tropa de elite da Polícia Federal,

fiscalizavam os andares, portando armas de grosso

calibre, em uma cena que destoa do ambiente de

normalidade visto nos corredores da Corte diariamente.

Além dos agentes da PF, toda a equipe de segurança

interna do STF foi escalada para reforçar a segurança

do tribunal.

Apesar de todo o artefato de guerra, integrantes da

Corte garantem que não houve qualquer episódio

concreto de ameaça ao Supremo ontem. Algumas

pequenas intercorrências foram relatadas pela

segurança, uma delas protagonizada por um único

manifestante que insistia em entrar por uma barreira

colocada na entrada do prédio principal. O caso foi

controlado.

Na segunda-feira, Fux pediu reforço da segurança da

Praça dos Três Poderes e do edifício-sede ao

governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. A ligação

foi feita após manifestantes bolsonaristas romperem os

bloqueios de segurança e invadirem a Esplanada dos

Ministérios. TENTATIVA DE INVASÃO No início da

tarde de ontem, manifestantes pró-Bolsonaro discutiram

com um servidor aposentado do Ministério da Saúde

nas proximidades da sede da pasta e o perseguiram.

Seguranças levaram o homem para dentro do prédio e

houve uma tentativa de invasão, que foi controlada

pelos agentes. O grupo também foi atrás de uma equipe

da TV Record, que deixou o local com escoltada PM.

Alerta. Policiais e agentes de segurança do próprio STF

redobraram cuidados

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber

83

Após discurso, solução para precatórios emperra

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: FERNANDA TRISOTTO, GERALDA DOCA E

GABRIEL SHINOHARA

A radicalização do discurso do presidente Jair

Bolsonaro nos atos de 7 de setembro praticamente

enterrou uma solução que vinha sendo costurada entre

os Poderes para a dívida da União com precatórios -

decisões judiciais sem possibilidade de recurso - -que

subirão 62% em 2022, atingindo R$ 89, 1 bilhões.

Segundo fontes a par das discussões, os ataques do

presidente ao Judiciário minaram ainda mais a

disposição dos membros do Conselho Nacional de

Justiça (CNJ) de aprovar uma alternativa para segurar

a trajetória de alta desse tipo de despesa, aumentando

ainda mais o risco fiscal para o próximo ano.

Com dificuldades de aprovar uma proposta de emenda

constitucional (PEC) no Congresso para parcelar o

pagamento de precatórios em até dez anos, o governo

contava como apoio do Supremos Tribunal Federal

(STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) para

equacionar as contas com uma simples resolução do

CNJ, fixando um teto anual para essa despesa.

Essa seria a solução considerada de trâmite mais fácil e

abriria espaço para o governo aumentar o gasto social

como Auxílio Brasil, programa que substituiria o Bolsa

Família.

Sem essa solução e com dificuldades com a PEC, há

menos margem para o programa, que Bolsonaro

pretende usar como vitrine eleitoral em 2022.

FORA DO TETO DE GASTOS

A proposta negociada com a Justiça visava a congelar a

despesa com precatório no mesmo nível de 2016,

apenas corrigindo o limite pela inflação, quando foi

instituído o teto do gasto público que limita o

crescimento da despesa à inflação.

Dessa forma, o desembolso com decisões judiciais em

2022 seria limitado a R$ 39,9 bilhões. O restante seria

empurrado para os anos seguintes, corrigidos pelo

índice de preços.

O presidente do Supremo, Luiz Fux, já tinha

apresentado a ideia ao CNJ há alguns dias, e a

receptividade não foi boa, segundo relatos. Ministros

que integram o colegiado avaliaram que a proposta

poderia enfraquecer decisões judiciais, além do receio

de que a medida poderia ser caracterizada como calote.

A avaliação é que o clima ficou ainda mais desfavorável.

Diante da reação do CNJ, Fux alegou que primeiro será

preciso o Congresso aprovar a PEC para permitir que o

CNJ arbitre algum tipo de escalonamento dos

pagamentos. Contudo, o Executivo já foi avisado de que

o texto não passa conforme foi enviado.

Em outra linha de ação, integrantes da ala política

defendem retirar esse tipo de despesa do teto do gasto

público da União, o que o Ministério da Economia não

concorda porque esse tipo de gasto é permanente.

O relator da PEC dos Precatórios na Comissão de84

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Constituição e Justiça(CCJ) da Câmara, o deputado

Darci de Matos (PSD-SC), afirma que o texto precisaria

avançar no Congresso independentemente da solução a

ser adotada pelo CNJ para esse impasse: - Mesmo que

o acordo prosperasse, é a PEC que dá a segurança

jurídica para esse acordo e é a solução. Ela promove o

encontro de i contas com os municípios e estados, a

criação do fundo (de Liquidação de Passivos). A PEC

andaria de qualquer forma.

A avaliação de Matos é de que o acordo que vinha

sendo costurado com o CNJ está abalado, mas o

problema dos precatórios precisa ser resolvido e não há

um plano B.

- Agora eu acho mais difícil o acordo com o CNJ, em

vista das divergências da semana. À PEC é

constitucional, o parcelamento já existe, só vai ampliar.

Nós temos de resolver isso, houve um problema, um

aumento de quase R$ 40 bilhões de um ano para o

outro. E com que dinheiro (vai pagar), qual é a outra

solução? Qual é o plano B? Não tem plano B, então tem

que resolver isso -disse o deputado, lembrando que a

PEC é crucial para a reformulação do Bolsa Família.

Matos já apresentou seu parecer, favorável, à PEC na

CCJ. Para hoje está prevista audiência pública, para

discutir o tema. O deputado deve ler seu parecer na

próxima semana. À expectativa é de que haja um

pedido de vista coletivo, e o texto seja votado na

terceira semana de setembro.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo

Barros (PP-PR), disse que ainda não há solução para o

problema, que impede a ampliação de gastos com

investimento e o novo programa social do governo: -

Não temos solução para a PEC dos Precatórios, e eu

não vou ficar especulando. O Congresso precisa

encontrar uma saída na discussão do Orçamento.

BC VÊ RUÍDOS POLÍTICOS O presidente do Banco

Central (BC), Roberto Campos Neto, disse ontem que

parte relevante da incerteza fiscal do país está ligada às

eleições do próximo ano. Em um evento online, Campos

Neto ressaltou que as contas públicas este ano estão

mais equilibradas que o esperado antes da pandemia,

mas que a eleição está trazendo efeitos negativos no

mercado: - Os participantes do mercado associam

algumas mudanças estruturais, reformas, com a

disposição de produzir um Bolsa Família melhor, um

programa emergencial melhor como processo eleitoral e

isso cria um ruído.

'Não temos solução para a PEC dos Precatórios e eu

não vou ficar especulando'

Ricardo Barros, líder do governo na Câmara dos

Deputados 'Agora eu acho mais difícil o acordo com o

CNJ, em vista das divergências da semana'

Darci de Matos, relator da PEC dos Precatórios na

Comissão de Constituição e Justiça

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário -

STF, CNJ - Luiz Fux

85

SUPREMO <br> <br> E SENADO SOBRARAM NO

CONTRAPONTO'

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: SÉRGIO ROXO

Fernando Limongi / CIENTISTA POLÍTICO

Os discursos de Bolsonaro no 7 de Setembro são o

ensaio para um golpe?

A questão é sempre tentar interpretar o Bolsonaro e

tentar encontrar razão onde nunca há. Se foi um ensaio

de golpe, foi um ensaio malfeito. O que entendo é que

ele pretendia fazer uma

demonstração de força e que comisso forçaria outros

atores a um acordo. O que ele mostrou foi sobretudo

isolamento e completa falta de senso político. Por que

falta de senso político? É a avaliação que todos os

atores políticos estão fazendo. Com ele, não dá para

conversar. Ele não tem a menor capacidade de

entendimento da cena política, do que pode, do que não

pode, como se negocia e como se obtém resultados. Foi

realmente uma manifestação de fragilidade política, de

isolamento e de medo. Como vê a atuação do Centrão

nessa crise?

O Arthur Lira passou pano. O Ciro Nogueira não deu

declaração alguma desde que assumiu a Casa Civil e

disse que seria um amortecedor do governo. Está

desaparecido. OPPeo Centrão compraram um barco

furado. Eles agora têm que saber como é que vão

escapar do naufrágio. Se é que eles ainda têm tempo

de pular do barco.

O senhor acha que a blindagem do Centrão ao governo

está ameaçada?

Acho que sim. O acordo envolvia algum tipo de troca e

de tentativa de chegar a 2022 com viabilidade eleitoral.

Continuar com o Bolsonaro é abraço do afogado. Como

classifica a atuação do presidente do STF, Luiz Fux,

que disse que falas do presidente 'configuram crime de

responsabilidade'?

O Fux fez o que tinha que fazer. É óbvio que o Supremo

agora está peitando. E a instituição que sobrou. São

eles e o Senado que estão fazendo o contraponto, mas

contribuíram muito para o resultado que estamos tendo

agora.

Isolamento. Limongi diz que Bolsonaro demonstra falta

de senso político

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

86

'QUANTO MAIS CONFRONTO, MAIOR SERÁ A REJEIÇÃO'

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: GUSTAVO SCHMITT

Fernando Abrucio / CIENTISTA POLÍTICO

Como o senhor vê os gestos antidemocráticos de

Bolsonaro nos atos do dia 7? A aposta de Bolsonaro é

fidelizar o eleitorado radicalizado. Mas ele sabe que a

perspectiva eleitoral está mais difícil. E uma estratégia

arriscada que gera grande confusão. O que sobrou foi

um governo baseado numa guerra cultural. O problema

é que quanto mais fizer isso, mais crescerá sua rejeição

nos demais segmentos, que representa 75% a 80% da

população. O senhor vê risco de golpe ?

O problema do golpe é que não se tem a menor ideia do

que fazer no dia seguinte. Se isso ocorrer, grande parte

do mundo político e das potências vão romper relação

com o Brasil. O dólar iria a R$10, exportadores

perderiam receitas e aqueles que dependem de bens

internacionais quebrariam.

Areação de Arthur Lira (presidente da Câmara) está à

altura dos ataques feitos pelo presidente nos atos?

O Centrão ainda acredita que pode ter esse enorme

poder sobre o Orçamento. No entanto, o sinal do Lira

não é bom para Bolsonaro. Sua fala mostra que sentiu e

está balançado; não quer morrer afogado com

Bolsonaro. Viu também que as elites econômicas e

sociais estão abandonando o governo. Outro ponto é

que alguns desses membros do centrão perceberam

que eleitor do bolsonarismo não vai votar neles.

O presidente do STF, Luiz Fux, afirmou que as

ameaças de Bolsonaro de descumprir ordens judiciais

podem ser 'crime de responsabilidade'. Foi uma forma

de pressão sobre Lira?

Fux mostrou que no fundo não é o Supremo que decide.

Quem vai definir o destino do Bolsonaro é a economia e

a sociedade. E não só. Quem vai definir é o Congresso

e Lira. É o Congresso que decide, mas tem casos no

Supremo de investigações de deputados. Além disso,

foi um discurso para a sociedade, para o mundo, de

dizer que a democracia brasileira está em risco.

Segmentação. Para Abrucio, presidente fala para a sua

base radicalizada

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

87

O sujeito do golpe é o chefe da Nação

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: MÍRIAM LEITÃO

O presidente do STF, Luiz Fux, disse que o 'chefe da

Nação' tenta tirar a credibilidade do STF e de seus

membros e usou a expressão 'crime de

responsabilidade' para definira ameaçado presidente de

não cumprir uma ordem judicial. Isso é muito em um

país em que as autoridades preferem eufemismos ou

orações sem sujeito. É como se todos os poderes

estivessem em guerra, igualmente culpados. Não é isso.

Há um sujeito, o presidente da República, atacando

diariamente as bases da democracia brasileira. Ele sim,

Jair Bolsonaro, usou o 7 de setembro para escalar as

ameaças, o tom do golpismo. Meias palavras,

subentendidos, orações com sujeito indeterminado não

servem para defender as instituições.

A economia traz aflições diárias aos brasileiros, como

lembrou Fux em seu discurso. 'A inflação que corrói a

renda dos pobres', apontou. Hoje será divulgada a

inflação de agosto. O número deve ficar em 0, 73% na

previsão do professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.

O economista Roberto Padovani, do Banco BV, calcula

0, 71%. Os produtos que subiram mais foram carnes,

aves, leite, pão e café. Em setembro, a alta será maior

por causa da conta de luz. O índice de setembro pode

ficar em 0, 9%. A inflação pode chegar, com o dado de

hoje, a 9, 5% e com o Índice de setembro pode tocar os

10%. Um patamar inacreditável.

É desse problema real e concreto que Bolsonaro foge

com a sua retórica radical e seu plano golpista. Ele não

tem resposta para a inflação que corrói também sua

popularidade, não se importa com o alto nível do

desemprego. Da mesma forma que jamais se importou

com os nossos mortos, mais de 580 mil.

O caso de Bolsonaro não é apenas de mau governo. E

um perigo para o país deixá-lo no cargo. Lá ele está

usando recursos públicos, o aparato presidencial, a

máquina do Estado contra a democracia. Para uma

pessoa que sempre sonhou com a ditadura, ele está no

lugar certo. Por isso, a única defesa possível é o

impeachment, que já defendi neste espaço várias

vezes.

Impeachment porque ele é um inimigo da democracia,

impeachment porque ele cometeu inúmeros crimes de

responsabilidade, impeachment porque, como disse o

ex-ministro Celso de Mello, Bolsonaro é um político que

não está à altura do cargo que exerce, não tem estatura

presidencial e senso de estadista.

Fux, ao falar de crime de - responsabilidade,

acrescentou 'a ser analisado pelo Congresso Nacional'.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, contudo, não

deixou esperança em seu discurso de que analisará

qualquer dos muitos pedidos de impeachment que

jazem em sua gaveta.

A alguns interlocutores ele disse que ficara chocado

com dois pontos, a ameaça de Bolsonaro de não

cumprir ordem judicial e a insistência sobre o voto

impresso. Esse último ponto esteve em seu discurso.

'Não posso admitir questionamentos sobre decisões

tomadas e superadas, como a do voto impresso'. E

acrescentou: 'vire-se a página'.88

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

No mercado financeiro, a reação a esse aumento da

incerteza política brasileira arrastou-se durante todo o

dia. O Ibovespa amanheceu caindo e assim ficou,

aprofundando a queda quando as notícias eram as de

que caminhoneiros estavam bloqueando as estradas em

movimento a favor do governo. Caminhoneiros contra o

governo de Allende, no Chile, tiveram sucesso, mas um

'protesto a favor' já é bem mais duvidoso. O

desabastecimento, se ocorrer, sempre será

responsabilidade do governo.

No começo do pregão perguntei a um economista de

banco como seria o dia. 'Tenso', ele disse. Essa tensão

recairia, previu, sobre os preços, dólar, bolsa, juros

longos. Outro explicou que o problema agora é o

Orçamento. Todas as soluções para o problema

passariam ou por um entendimento com o Judiciário ou

por coesão no Congresso. E não se tem isso após os

ataques do presidente ao STF. 'Logo temos um

impasse. E impasses não agradam ao mercado'.

Bolsonaro atirou em seu próprio pé. As perdas em valor

de mercado na bolsa chegaram a R$ 195 bilhões em

um único dia, segundo a Economática. Somente a

Petrobras perdeu quase R$ 20 bi. A instabilidade

sempre bate nos preços e todos os economistas com os

quais falei disseram que já há contaminação de 2022,

com redução do crescimento e alta da previsão de

inflação. Os problemas econômicos pioram por causa

do presidente Bolsonaro, mas ele continua com o seu

projeto: um golpe contra a democracia. Ele é o sujeito

dessa ação.

Bolsonaro está usando recursos públicos, o aparato

presidencial, a máquina do Estado contra a democracia

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

89

Cenário turbulento derruba mercados

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Finanças

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ

Autor: Marcelo Osakabe, Victor Rezende, Olívia Bulla e

Felipe Saturnino De São Paulo

O clima de tensão voltou a marcar os negócios no

mercado financeiro brasileiro. Após as manifestações

que marcaram o 7 de Setembro e a postura adotada

pelo presidente Jair Bolsonaro, a escalada nas tensões

entre os Poderes detonou um forte sentimento de

aversão arisco nos ativos locais.

Tradicional termômetro do humor dos investidores, o

dólar exibiu a maior alta diária desde 24 de junho de

2020, ao disparar 2, 93% e fechar a R$ 5, 3276. O

Ibovespa sofreu uma queda de 3, 78% e encerrou a

quarta-feira com 113413 pontos, no pior pregão desde 8

de março, quando o ministro Edson Fachin, do

Supremo Tribunal Federal, anulou as condenações do

ex-presidente Lula no âmbito da Lava Jato e, assim,

abriu caminho para a candidatura do petista em 2022.

Das 91 ações do índice, apenas cinco tiveram alta e as

'blue chips' foram duramente penalizadas. As ações

ordinárias da Petrobras caíram 5, 22% e as

preferenciais recuaram 5, 82%, enquanto os papéis

preferenciais do Bradesco perderam 5, 45% e os do Itaú

Unibanco cederam 4, 91%.

Se a avaliação dos eventos da terça-feira já havia sido

negativa, houve pouco ao que se agarrar durante o

pregão de ontem em termos de sinalização de

moderação ou apaziguamento. Em um dia também

marcado por paralisações de uma parte dos

caminhoneiros no interior do país, o presidente da

Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ofereceu um dos poucos

respiros pontuais durante a sessão. O deputado adotou

um tom conciliador ao dizer que a Casa não vai

patrocinar a revisão de questões 'tomadas e superadas,

como a do voto impresso'. Já o presidente do Supremo

Tribunal Federal, Luiz Fux, afirmou que 'ninguém

fechará' o STF e ressaltou que desobediência é crime

de responsabilidade.

'Difícil ter outra visão que não seja negativa dado o

preço dos ativos. Por mais que não tenha tido quebra-

quebra, houve algum aumento e tensão', diz o diretor de

investimentos da EQI Asset, Ettore Marchetti. O

profissional pondera, no entanto, que o desfecho do 7

de Setembro não disparou uma reavaliação de cenário

ou algo parecido e que a situação atual, sem 'quebra-

quebra' como se chegou a temer, continua parecida

com a que havia até sexta-feira passada. 'O dia foi de

ânimos exaltados. Era até natural o Fux elevar o tom. '

Marchetti avalia, ainda, que uma eventual calmaria dos

próximos dias pode ser um sinal positivo para os

mercados. Em sua avaliação, o avanço da solução

costurada para os precatórios via CNJ pode ser um bom

sinal nesse sentido - ainda que essa chance tenha

diminuído após ataques de Bolsonaro a ministros do

STF.

Já o risco de um impeachment segue baixo, na

avaliação de Marchetti, dado o fato de que o presidente

demonstrou novamente manter apoio popular e conta

com o alinhamento de Lira na Câmara.

De olho nas incertezas contidas no cenário local, a AZ

Quest reduziu a exposição a ativos brasileiros. 'Os

ruídos políticos se sobrepuseram à agenda econômica e

observamos a queda da bolsa, alta do dólar e taxas

dejuros em elevação', dizem os profissionais da gestora

em carta. Eles notam que 'o mercado passou a

considerar um descumprimento do teto de gastos e um

eventual descontrole nas contas públicas em função das

questões envolvendo as dívidas com precatórios e o

novo programa de transferência de renda do governo'.

Embora mantenha viés construtivo no longo prazo, a AZ

Quest optou por reduzir posições nos mercados

domésticos, especialmente no câmbio, onde mantém

aposta na apreciação do real contra o dólar. Além disso,

a gestora também reduziu a exposição comprada em

bolsa.

Na visão do economista e estrategista de câmbio do

Wells Fargo, Brendan McKenna, o tom agressivo de90

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Finanças

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ

Bolsonaro contra o STF pode deixar o real sob pressão.

'Se Bolsonar continuar a pedir a seus apoiadores para

se manifestarem a seu favor, as condições podem se

tornar mais hostis. Caso esse cenário se concretize, a

venda generalizada de reais pode ser bastante

acentuada. A moeda já é frágil, mas o mercado de juros

poderá ficar igualmente fragilizado', diz McKenna.

Para Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de

renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, 'o

mercado exagera nos movimentos, mas se houvesse

risco de ruptura, ele estaria mais estressado'. Ainda

assim, complementa, o que resta é um 'cenário de maior

dificuldade para uma melhora. '

No mercado de juros, houve nova disparada das taxas.

No fechamento, a taxa do DI para janeiro de 2027

saltava de 10, 28% para 10, 51% e a do DI para janeiro

de 2031 escalava de 10, 75% para 10, 98%, após

chegara 11, 03%na máxima do dia.

Para Carlos Messa, sócio e gestor da Quasar Asset, a

turbulência em Brasília veio junto com uma piora nas

projeções econômicas, o que ampliou o impacto na

curva. 'Tivemos uma deterioração na perspectiva fiscal

com o risco de rompimento do teto de gastos, aumento

nas projeções de inflação para 2021 e 2022 e da

expectativa do ciclo de alta dos juros', diz o profissional.

'Vemos o cenário com muita cautela, mas não achamos

que seja um cenário de ruptura ou de uma crise mais

profunda', afirma.

Já Ulisses Nehmi, CEO da Sparta, pontua que a

exigência por prêmios de risco mais elevados resulta

'em perdas para os ativos de risco no curto prazo e,

potencialmente, em custos mais elevados para os

tomadores de recursos'. Nehmi aponta, adicionalmente,

que a Sparta tem acompanhado a evolução do cenário

macroeconômico e que, no momento, tem dado

preferência a posições em renda fixa pós-fixada ou

indexadas à inflação com prazos mais curtos.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - CNJ, Judiciário -

STF, CNJ - Luiz Fux

91

'STF não tolerará ameaças', afirma Fux

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Autor: Luísa Martins e Isadora Peron

Depois das pautas antidemocráticas que dominaram as

manifestações de 7 de setembro, o presidente do

Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux,

subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro e sugeriu

tratar-se de um 'falso profeta do patriotismo' e um

propagador da 'política do caos'.

Fux reagiu à ameaça de Bolsonaro de descumprir

decisões da Corte: 'O Supremo Tribunal Federal

também não tolerará ameaças à autoridade de suas

decisões. Se o desprezo às decisões judiciais ocorre

por iniciativa do Chefe de qualquer dos Poderes, essa

atitude, além de representar atentado à democracia,

configura crime de responsabilidade, a ser analisado

pelo Congresso Nacional'.

Categórico, Fux afirmou - em discurso proferido no

início da sessão plenária de ontem - que 'ninguém

fechará a Corte'. E apontou uma contradição nos

discursos proferidos por Bolsonaro nos atos de terça-

feira: 'Infelizmente, tem sido cada vez mais comum que

alguns movimentos invoquem a democracia como

pretexto para ideias antidemocráticas. '

Para Fux, ofender a honra dos ministros do Supremo,

incitar discursos de ódio e incentivar o descumprimento

de decisões judiciais 'são práticas antidemocráticas e

ilícitas' que não são toleradas pela Constituição. 'Crítica

institucional não se confunde - e nem se adequa - com

narrativas de descredibilização do STF e de seus

membros, tal como vem sendo gravemente difundidas

pelo chefe da nação', disse o presidente da Corte.

'Democracias verdadeiras não admitem colocar o povo

contra o povo ou o povo contra as suas próprias

instituições', prosseguiu.

Fux pediu que a sociedade 'não caia na tentação das

narrativas fáceis e messiânicas, que criam falsos

inimigos da nação' e conclamou os líderes do país a

focar nos 'problemas reais' enfrentados atualmente pelo

Brasil, como a pandemia, o desemprego, a inflação e a

crise hídrica que se avizinha como um entrave ao

desenvolvimento econômico.

'O verdadeiro patriota não fecha os olhos para os

problemas urgentes do país. Pelo contrário, procura

enfrentá-los, tal como um incansável artesão, tecendo

consensos mínimos entre os grupos que naturalmente

pensam diferente. Só assim é possível pacificar e

revigorar uma nação inteira', destacou.

Em nome dos colegas, o ministro ainda disse que o STF

'jamais aceitará ameaças à sua independência, nem

intimidações ao exercício regular de suas funções', ou

mesmo 'tolerará ameaças à autoridade de suas

decisões'. Anteontem, Bolsonaro disse expressamente

que não cumprirá eventuais ordens proferidas pelo

ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre

as milícias digitais.

'Essa atitude, além de representar atentado à

democracia, configura crime de responsabilidade a ser

analisado pelo Congresso Nacional. Num ambiente

político maduro, questionamentos às decisões judiciais

devem ser realizados não pela desobediência, mas

decerto pelos recursos, que são as vias processuais

próprias', frisou.

Fux afirmou que a Corte será 'mantida de pé com suor e

perseverança' e que o STF não vai se cansar de 'pregar

fidelidade à Constituição'. 'Esperança por dias melhores

é o nosso desejo, mas continuamos firmes na exigência

de narrativas verdadeiramente democráticas, à altura do

que o povo brasileiro almeja e merece. Não temos mais

tempo a perder', concluiu.

Na terça-feira, Fux montou uma espécie de 'sala de

situação' em sua casa, em Brasília, para monitorar as

manifestações. A equipe de inteligência e segurança da

Corte o acompanhou na tarefa.

Logo após os ataques de Bolsonaro, os ministros

fizeram uma reunião virtual para costurar os termos da

fala institucional de Fux. Eles conversaram por cerca de92

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

uma hora sobre as respostas que não poderiam faltar

no discurso.

Ao mesmo tempo, também defenderam outras frentes

de atuação, pelas vias judiciais. Ontem, por exemplo,

Moraes liberou para julgamento uma ação que

questiona os decretos do governo para flexibilizar a

aquisição de armas de fogo.

Outra frente seria derrubar a medida provisória (MP)

editada por Bolsonaro na véspera dos atos para

dificultar às plataformas digitais a remoção de perfis, e

publicações das redes sociais. A MP é alvo de cinco

ações no STF. Nos bastidores da Corte, considera-se

haver maioria para declarar a sua inconstitucionalidade.

Respostas também podem vir nos autos dos

procedimentos a que Bolsonaro responde na Justiça. Só

no STF, são quatro. Ele é investigado por supostamente

interferir na Polícia Federal; prevaricar nas negociações

da vacina Covaxin; vazar dados sigilosos; e espalhar

'fake news' sobre as urnas eletrônicas. Sobre esse

último tema, há também um inquérito no Tribunal

Superior Eleitoral (TSE), onde ainda tramitam as ações

que pedem a cassação da chapa eleita em 2018.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

93

Aras pede respeito ao processo legal

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

O procurador-geral da República, Augusto Aras,

classificou como 'festa cívica' as manifestações do dia 7

de setembro. Houve nos atos convocados por

bolsonaristas pedidos de fechamento do Supremo

Tribunal Federal (STF) e a intervenção militar. Ele,

porém, apontou que eventuais 'discordâncias' sobre

decisões judiciais devem ser resolvidas respeitando o

devido processo legal e constitucional.

Em um de seus discursos, anteontem, Bolsonaro

afirmou que não iria mais cumprir decisões do ministro

Alexandre de Moraes, que tem adotado medidas contra

apoiadores do governo.

'Como previsto na Constituição Federal de 1988 e em

nosso sistema de leis, discordâncias, sejam políticas ou

processuais, hão de ser tratadas com civismo e

respeitando o devido processo legal e constitucional',

disse Aras.

Para o procurador-geral da República, 'quando

discordâncias vão para além de manifestações críticas,

merecendo alguma providência, hão de ser

encaminhadas pelas vias adequadas, de modo a não

criarem constrangimentos e dificuldades, quiçá

injustiças, ao invés de soluções'.

O pedido de Aras para se manifestar, no início da

sessão do STF, pegou de surpresa o presidente da

Corte, Luiz Fux, que fez um duro discurso para

responder aos ataques de Bolsonaro. Fux terminou de

se pronunciar e chamou o julgamento que estava na

pauta, sem passar a palavra para o PGR. Em sua fala,

Aras citou uma frase de Ulysses Guimarães, que

presidiu Assembleia Constituinte de 1987: 'A

Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o

confessa ao admitir a reforma.

Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir,

jamais. Afrontá-la, nunca'.

Ele também disse que o Ministério Público brasileiro

'segue trabalhando pela sustentação da ordem jurídica e

democrática, pois não há estabilidade e legitimidade

fora dela'.

Citando 'Montesquieu, ele também defendeu o respeito

à separação dos Poderes. 'Dentre os alicerces do

constitucionalismo moderno está o da divisão, ou

separação, das estruturas de exercício do poder estatal.

Esse princípio está nas raízes do constitucionalismo. '

Segundo o procurador-geral, no Brasil, a separação e a

harmonia entre os Poderes 'integra a nossa história

constitucional, sendo um dos marcos estruturantes da

nossa República'.

O procurador-geral da República também destacou que

os atos foram pacíficos, por terem corrido

'hegemonicamente de forma ordeira pelas vias públicas

do Brasil'. 'As manifestações do 7 de setembro foram

uma expressão de uma sociedade plural e aberta,

característica de um regime democrático', disse.

Segundo ele, o avanço da vacinação permitiu a reunião

de milhares de pessoas nos protestos pró-governo. 'A

voz da rua é a voz da liberdade e do povo. Mas não só.

A voz das instituições, que funcionam a partir das

escolhas legítimas do povo e de seus representantes,

também é a voz da liberdade. '

Aras também defendeu a importância do diálogo e disse

que o Ministério Público atuará para mantê-lo. Segundo

ele, desde 1988, o povo brasileiro tem conseguido

'superar os desafios e crises que se impuseram ao

Brasil'.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

94

Lira afasta chance de abertura de impeachment

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Autor: Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro

Em um pronunciamento gravado de 4 minutos e 40

segundos, o presidente da Câmara dos Deputados,

Arthur Lira (PP-AL), disse ontem que 'é hora de dar um

basta a esta escalada' de conflitos e não deu margem

para especulações sobre a abertura do processo de

impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro - há

136 pedidos esperando decisão. Segundo ele, o único

compromisso inadiável e inquestionável que o país tem

no calendário é com as eleições de 2022, 'comas urnas

eletrônicas'.

Lira passou o dia em articulações. Antes de gravar o

pronunciamento, conversou com líderes partidários,

inclusive os de oposição, e decidiu realizar sessões de

plenário para dar espaço ao debate político em torno

dos atos de 7 de setembro.

No Senado, as sessões foram canceladas 'por falta de

clima político'. Os parlamentares aprovaram

requerimentos de urgência para três projetos sobre as

eleições e deixaram para votar o mérito hoje, junto com

o Código Eleitoral.

O presidente da Câmara reuniu-se, após o

pronunciamento, por cerca de 40 minutos com os

ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e de Governo,

Flávia Arruda, em seu gabinete para avaliar o cenário

político atual e as consequências das manifestações.

Os ministros pediram a líderes partidários a continuação

das votações e um clima de normalidade. Ele saiu de lá

acompanhado por Nogueira diretamente para um

encontro com ministros do Supremo, mas não se reuniu

com o presidente da Corte, Luiz Fux.

Fux fez um convite a Lira ainda na terça-feira para uma

reunião, segundo um parlamentar aliado do deputado

do PP. O presidente da Câmara aceitou o encontro,

mas pediu um lugar 'neutro' porque não queria o

simbolismo de ir ao prédio do STF se reunir com seu

presidente no dia seguinte aos protestos, o que poderia

ser mal interpretado no Executivo. Lira e Fux reuniram-

se várias vezes nas últimas semanas para tratar do

parcelamento de precatórios (dívidas judiciais) pelo

governo, mas o novo encontro ainda não tem data.

No pronunciamento, gravado no gabinete e sem espaço

para perguntas da imprensa, Lira falou em tom ameno,

exaltando aqueles que foram as ruas de forma pacífica

e sem mencionar diretamente Bolsonaro. Ele defendeu

harmonia entre os Poderes e disse que esperou para se

pronunciar para não ser contaminado pelos ânimos

'aquecidos'. 'A Câmara está aberta a conversas e

negociações para serenarmos. A Câmara apresenta-se

hoje como motor da pacificação. Na discórdia, todos

perdem, mas o Brasil e a nossa história têm ainda mais

o que perder', afirmou.

Disse, ainda, que 'é hora de dar um basta a esta

escalada, em um infinito looping' negativo', de conflitos

entre os Poderes. 'Bravatas em redes sociais, vídeos e

um eterno palanque deixaram de ser um elemento

virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de

verdade', pontuou o presidente da Câmara, indicando

influências da crise institucional na economia, no dólar e

no preço da gasolina.

Na parte mais incisiva em relação a Bolsonaro, mas

sem citá-lo nominalmente, Lira reclamou da insistência

na pauta do voto impresso, derrotada pelo plenário da

Câmara mês passado. 'Não posso admitir

questionamentos sobre decisões tomadas e superadas -

como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a

página', afirmou. O único compromisso inadiável e

inquestionável que o país tem no calendário é com as

eleições de 2022 , 'com as urnas eletrônicas', disse.

Lira tinha recebido a promessa de Bolsonaro de que, se

pautasse a proposta de emenda constitucional (PEC) do

voto impresso em plenário, o presidente pararia de

insistir no tema caso o projeto fosse derrotado. Ele

adotou uma prática inusual e colocou o projeto em

votação, apesar do parecer contrário da comissão

especial, e a PEC não teve votos suficientes para

aprovação.95

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Apesar disso, Bolsonaro voltou a insistir diversas vezes

no projeto, defender que as urnas não são seguras,

embora ele próprio tenha admitido não ter prova de

fraude, e ameaçar que as eleições de 2022 podem não

ocorrer sem a impressão de comprovantes do voto.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

96

DEM e PSL dizem que é hora de colocar 'mãos à obra'

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Autor: Andrea Jubé, Marcelo Ribeiro e Raphael Di

Cunto

Após o presidente Jair Bolsonaroreiterar ataques ao

Supremo Tribunal Federal (STF), dirigentes de

partidos de centro e de oposição reuniram-se na noite

de ontem, virtualmente, em busca de uma resposta

consensual para a crise.

Durante a tarde, a Executiva Nacional do PSDB reuniu-

se para discutir apoio a um pedido de impeachment.

Mas depois de horas de discussões, os tucanos apenas

voltaram a declarar que fazem oposição ao governo

Bolsonaro. A cúpula tucana acrescentou, entretanto,

que analisará, internamente, eventual apoio a um

pedido de impeachment.

'Por unanimidade PSDB anuncia oposição ao governo

Bolsonaro e início da discussão sobre a prática de

crimes de responsabilidade pelo presidente da

República', diz o comunicado divulgado no início da

noite.

Esse posicionamento, contudo, não é novo. Em

fevereiro, o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo,

havia afirmado em uma entrevista que os tucanos fazem

oposição ao governo.

Ao Valor, o líder do PSDB e integrante da executiva,

senador Izalci Lucas (DF), explicou que a intenção do

comunicado foi reforçar a postura oposicionista da sigla.

Ele acrescentou, quanto ao eventual pedido de

impeachment, que o PSDB caminhará junto com os

demais partidos do centro que articulam a construção

de uma terceira via para a sucessão presidencial. Se o

bloco aderir ao impeachment, os tucanos acompanham.

'A ideia é caminhar juntos', ponderou.

Ainda na noite de 7 de setembro, DEM e PSL, em

comunicado conjunto, cobraram 'respostas enérgicas e

imediatas' à crise e disseram que é hora de colocar as

'mãos à obra'. 'O PSLe o Democratas entendem que a

liberdade é o principal instrumento democrático e não

pode ser usada para fins de discórdia, disseminação de

ódio, nem ameaças aos pilares da própria democracia',

diz o comunicado das duas siglas, que articulam uma

fusão nos bastidores.

A posição do DEM para endossar eventual pedido de

impeachment, entretanto, é delicada, porque tem dois

ministros no governo: Onyx Lorenzoni (Trabalho e

Previdência) e Tereza Cristina

(Agricultura). Simultaneamente, a sigla tem um pré-

candidato de oposição à Presidência: o ex-ministro Luiz

Henrique Mandetta.

A reunião virtual de ontem à noite somou dirigentes do

Solidariedade, PT, PDT, PSB, PCdoB, Psol, Cidadania,

Rede e PV. A avaliação do grupo é que o movimento

pluripartidário teria maior efeito sobre o governo federal.

'Vamos dialogar em busca de uma iniciativa que dê um

basta nessas reincidentes ações de Bolsonaro de

afronta à democracia. É importante uma unidade de

ação', defendeu o presidente nacional do PDT, Carlos

Lupi, ao Valor.

No entanto, a percepção de algunsdirigentes é que,

além do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não

ter demonstrado disposição em pautar um dos pedidos

de afastamento do presidente, não há votos para fazer a

matéria avançar. Mesmo assim, o presidente nacional

do Cidadania, Roberto Freire, sinalizou que um novo

pedido de afastamento pode se viabilizar, dentro do

bloco, a partir das declarações do presidente do STF,

Luiz Fux, de que o desprezo a decisões judiciais por

parte de chefe de qualquer Poder configura crime

deresponsabilidade.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -

Luiz Fux

97

Bolsonaro 'antissistema' incomoda ala política

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

Autor: Fabio Murakawa, Matheus Schuch e Raphael Di

Cunto aa

A radicalização cada vez maior do discurso e os

embates com ministros do Supremo Tribunal Federal

(STF) fazem parte de uma estratégia do presidente Jair

Bolsonaro de recriar o personagem 'antissistema' que o

levou ao Planalto em 2018 com vistas à eleição do ano

que vem. Essa estratégia, no entanto, tem causado

desconforto entre ministros da ala política do governo.

Ciro Nogueira (Casa Civil) Flávia Arruda (Secretaria de

Governo), por exemplo, participaram no 7 de setembro,

ao lado de Bolsonaro, da solenidade de hasteamento da

bandeira no Palácio da Alvorada, por ser um evento

'institucional'. Mas 'fugiram' das manifestações na

Esplanada dos Ministérios e na Avenida Paulista, onde

o presidente pregou a desobediência a ordens judiciais

e fez ameaças de ruptura institucional diante de

multidões de seguidores.

Além de não concordarem com reivindicações como o

fechamento do STF, intervenção militar e desobediência

civil, esses ministros palacianos entendem que essa

pauta não pertence ao seu grupo político, mas ao

núcleo mais radical do bolsonarismo. Além disso, não é

certo sequer se Centrão e bolsonarismo, que hoje

protagonizam um casamento de conveniência, estarão

juntos nas eleições de 2022. Pode haver, inclusive, um

desembarque do governo em abril.

Outros ministros da ala política, como Fábio Faria

(Comunicações) e João Roma (Cidadania), têm mantido

uma postura discreta, embora tenham acompanhado

Bolsonaro nas manifestações do 7 de setembro.

Ontem, em reunião do Conselho de Governo no Palácio

do Planalto, Bolsonaro disse que não recuará das

críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

E enfatizou que não combate a instituição STF, mas

uma pessoa que afronta a Constituição ao determinar

medidas 'autoritárias'.

Ao fazer um balanço das manifestações, Bolsonaro

afirmou que as multidões que conseguiu reunir em São

Paulo e Brasília sinalizam que está no caminho certo.

Um interlocutor afirma que, por trás dessa postura, há

uma estratégia do presidente para as eleições

presidenciais de 2022, Com o preço dos combustíveis

inflação e desemprego em alta, uma crise hídrica se

aproximando, e a popularidade em queda, o presidente

tem apostado na radicalização do discurso para

aglutinar sua base e se colocar novamente como um

candidato 'antissistema' em 2022.

Assim, em vez de ser responsabilizado pelas crises

econômica, energética, política e sanitária, ele se coloca

como vítima de um sistema que não o deixa governar.

Bolsonaro começou a ensaiar esse 'personagem' no

embate pelo voto impresso contra o ministro Luís

Roberto Barroso, do STF Moraes, com decisões aliados

classificam como controversas, se encaixa

perfeitamente no papel de 'vilão' e antagonista do

presidente.

A avaliação no entorno de Bolsonaro é que a estratégia

tem sido bem sucedida até o momento, pois ele tem

conseguido direcionar a agenda das autoridades e a

pauta da imprensa para esses temas.

Ontem, no Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi

questionado por uma apoiadora se havia alcançado o

objetivo com as manifestações. 'A gente vai buscar

solução para o caso, não é fácil mudar uma coisa que

está há décadas incrustrada no Poder', respondeu.

'Alguns querem que eu faça assim e resolva o assunto.

Ontem eu era mais um na multidão, nada sobe à minha

cabeça. Sei da responsabilidade e para onde o Brasil

está marchando. '

Parte dos ministros permaneceu no Planalto ontem para

acompanhar o pronunciamento do presidente da

Câmara, Arthur Lira, por volta das 13h30, que em

recado a Bolsonaro pediu o fim de 'bravatas' e defendeu98

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

a urna eletrônica. À fala foi vista como 'equilibrada' e

'dentro do que se esperava'.

Os ministros, porém, não estavam mais no Palácio

quando o presidente do STF, Luiz Fux, se pronunciou

sobre as falas golpistas do presidente, pouco depois

das 14h, em tom mais duro.

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo

Barros (PP-PR), disse que Bolsonaro mostrou força

política com os atos de 7 de setembro 'contra o ativismo

do Judiciário' e que a reação contrária do Judiciário foi

muito fraca e amena. 'O presidente trucou e não ouviu

seis de ninguém', disse.

Para Barros, o tom da réplica de Fux, foi 'muito

tranquilo'. 'Não está escrito no livrinho que descumprir

ordem judicial é crime de responsabilidade? Não

falaram nada demais. Mas o presidente não cometeu

crime de responsabilidade, ele não descumpriu ordem

judicial, só deu o roteiro do que vai acontecer se o

[ministro] Alexandre de Moraes continuar nessa toada',

afirmou Barros.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

99

Crise deve inviabilizar aprovação de Mendonça

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

Autor: Renan Truffi

Os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo

Tribunal Federal (STF) provocaram consequências

diretas no ambiente político do Senado, onde o cenário

para o governo já era desfavorável. O presidente da

Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), reagiu ontem ao

discurso do chefe do Executivo e criticou tanto o

'autoritarismo' como os 'arroubos antidemocráticos' do 7

de setembro. Além disso, ele avalia devolver a medida

provisória editada por Bolsonaro que limita a remoção

de perfis e contas em redes sociais. O cenário também

pode afetar pautas econômicas e a indicação de André

Mendonça para o STF, que, segundo interlocutores,

'subiu no telhado'.

Pacheco se posicionou sobre a escalada da crise no fim

da quarta-feira, logo após os presidentes do STF, Luiz

Fux, e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também

reagirem. O presidente do Senado afirmou que o Brasil

está passando por uma crise 'real' em várias áreas, mas

defendeu que a solução para elas não está no

'autoritarismo', nos 'arroubos antidemocráticos' e 'no

questionamento da democracia'. Neste sentido, o

senador mineiro também rechaçou 'excessos',

'radicalismos' e 'extremismos', mas sem citar

diretamente o presidente da República.

Em seu discurso, gravado para a TV Senado, ele fez

questão de destacar ainda que outros 'milhares' de

brasileiros não estiveram nas ruas no Dia da

Independência. 'É fundamental e a gente deve trabalhar

muito por isso [solução], que os Poderes sentem à

mesa, se organizem, se respeitem, cada qual cumpra o

seu papel respeitando o papel do outro, e busque uma

harmonia que vai significar na solução do problema das

pessoas. Repito, não é com excessos, não é com

radicalismo, não é com extremismo', argumentou.

Antes mesmo de Pacheco decidir fazer esse

pronunciamento, a base do governo já atuava para

esfriar a temperatura na Casa. Logo no começo do dia,

o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra

Coelho (MDB-PE), foi à residência oficial para se reunir

com Pacheco e tentar contornara crise. Segundo fontes,

eles fizeram um balanço das manifestações e possíveis

consequências para os trabalhos legislativos.

Ainda assim, o presidente do Senado avalia devolver ao

Executivo a Medida Provisória 1. 068, que dificulta a

exclusão de conteúdos e perfis pelos provedores como

Facebook e Twitter. A assessoria de imprensa de

Pacheco nega que ele tenha tomado uma decisão, mas

o Valor apurou que técnicos recomendaram esse

entendimento por não haver urgência que justifique o

uso de uma MP. A medida foi anunciada e publicada na

segunda-feira, véspera dos atos em prol do governo

Bolsonaro, o que foi interpretado como um aceno aos

apoiadores do presidente.

Outra consequência direta da crise política é que a

indicação do ex-ministro da Justiça André Mendonça

para o STF pode ter perdido força de vez. Esta é

avaliação feita, em caráter reservado, por diversos

senadores de centro e oposição. Na linguagem dos

parlamentares, Mendonça 'subiu no telhado'. Repercutiu

negativamente entre os congressistas, por exemplo, a

afirmação de que Bolsonaro não pretende cumprir

nenhuma decisão de Alexandre de Moraes, do STF

Para eles, é uma 'incongruência' aprovar a indicação do

presidente para o Supremo ao mesmo tempo em que

ele anuncia que não respeitará o Judiciário.

O assunto foi discutido ontem num almoço que envolveu

entre oito e nove senadores. O encontro aconteceu fora

das dependências do Congresso e, na reunião, alguns

parlamentares disseram ter contabilizado

aproximadamente 50 votos contrários a Mendonça após

os protestos de 7 de setembro.

Na questão econômica, também estão paralisadas

discussões sobre pautas prioritárias para o governo,

como a reforma do Imposto de Renda e a privatização

dos Correios, que ainda não tem sequer relator

designado. Conhecido por ser um aliado de primeira100

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

hora de Bolsonaro, o senador Marcio Bittar (MDB-AC)

entrou nas articulações para tentar avançar com o

projeto de quebra de monopólio dos serviços postais. A

matéria está parada há semanas justamente porque

poucas bancadas têm mostrado interesse em defender

seu teor. No entanto, Bittar procurou seu partido, o

MDB, para pedir que a legenda o indique para esta

tarefa.

A proximidade do senador do Acre com o Palácio do

Planalto tem, inclusive, incomodado os emedebistas. A

legenda não vai atrapalhar sua relatoria, mas, por outro

lado, não deve endossar a defesa da privatização. A

tendência na sigla é que a maioria dos emedebistas se

coloque contra o projeto. A definição está agora com o

presidente da Comissão de Assuntos Econômicos

(CAE), Otto Alencar (PSD-BA), que também é crítico da

proposta.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

101

Crise política eleva prêmio de risco e preocupa investidor

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Finanças

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ

Autor: Lucinda Pinto, Sérgio Tauhata, Felipe Saturnino e

Álvaro Campos De São Paulo

Investidores locais e, principalmente, estrangeiros,

torpedearam os telefones de bancos e gestoras ontem

tentando entender o que se passa no terreno pantanoso

da política brasileira. Se o país já não vinha se

mostrando um destino dos mais óbvios para alocação

de recursos, o receio só fez aumentar com os protestos

de 7 de setembro.

As ameaças de uma ruptura institucional tornaram-se

mais concretas com o discurso do presidente Jair

Bolsonaro, e encontram um país com crescimento em

desaceleração, inflação alta e às vésperas de um ano

eleitoral que promete ser tenso.

A dúvida é se o Brasil vale o risco. Essa questão se dá

sobretudo para o capital de longo prazo e produtivo, que

não combina com insegurança jurídica. O dinheiro de

curto prazo é mais volátil, mas acaba encontrando

oportunidades em qualquer situação.

Há uma preocupação imediata com o impacto da crise

sobre o encaminhamento da questão dos precatórios,

além da percepção de que a agenda de reformas é uma

promessa cada vez mais distante. Segundo fonte de um

banco local, houve forte movimento de estrangeiros se

desfazendo de posições ontem.

O saldo dos protestos é bastante negativo para a

agenda econômica, o que deve impor uma dose

adicional de prêmio de risco aos ativos, afirma o

economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel

Weeks. 'A 'solução CNJ' para os precatórios, que já

vinha perdendo espaço na semana passada, agora

ficou praticamente sem chance de avançar', diz. À

afirmação é uma referência à possibilidade levantada

pelo presidente do STF, Luiz Fux, de limitar os gastos

anuais com pagamento de precatórios, numa alternativa

à Proposta de Emenda à Constituição (PEC)

encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional no

início do mês.

Para Weeks, a piora do ambiente político eleva o risco

de que surjam propostas consideradas negativas pelo

mercado para acomodar demandas como as do Bolsa

Família. 'Se alguém tinha esperança de que, passado o

7 de setembro, haveria um alívio da tensão política, isso

não aconteceu. Segue uma tensão muito grande, o que

é ruim para a agenda econômica', diz. 'Está difícil achar

algo de bom para distensionar o cenário'

Na percepção de um executivo graduado de um grande

banco, Bolsonaro sai 'perdedor' e politicamente mais

isolado dos protestos. O risco-país tende a aumentar, o

que é ruim para investimentos num cenário em que já

vinham pesando dúvidas sobre a questão fiscal, a

inflação ? o crescimento da economia.

Todo esse caldo negativo, afirma, pode ter implicações

no crédito, que até agora tem ido muito bem. O aumento

dos riscos tende a pressionar juros e câmbio. Num

momento de inflação mais alta do que se esperava,

esse ambiente pode elevar o custo do crédito e reduzir

a disposição para emprestar, segundo essa fonte.

William Jackson, economista-chefe para mercados

emergentes da Capital Economics, afirma que a

incerteza sobre o futuro das instituições poderá inibir

investimentos de longo prazo no Brasil. Segundo ele, os

investidores já estavam preocupados com a escalada

da tensão política e agora ficarão ainda mais. 'Esses

desdobramentos provavelmente levarão a um prêmio de

risco mais alto sobre os ativos brasileiros, elevando os

rendimentos dos títulos públicos e pesando sobre a

moeda', afirma.

Os protestos colocaram na mesa um fator

imponderável, o que torna mais difícil construir cenários,

segundo a consultora econômica Zeina Latif.

'Obviamente impacta na economia, gera um compasso

de espera nas empresas, investidores', diz.

Na visão de Zeina, o país está vulnerável a uma

mudança nos ventos externos e Bolsonaro caminha102

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Finanças

quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ

para entregar um país pior do que encontrou na

economia. 'Ainda que se possa pensar que cenários

extremos estão descartados, tudo isso trouxe elementos

novos de incerteza sobre o que vai ser daqui para

frente. '

Segundo a economista, o investidor estrangeiro sempre

teve uma visão de que o Brasil, apesar de crescer

pouco, tem instituições que funcionam. 'Agora, a gente

vai perdendo isso, essa visão vai ficando manchada,

então é um retrocesso institucional. '

No entanto, para ter uma visão mais ampla do quadro

político é preciso esperar até o dia 12, quando estão

marcados os protestos da oposição, afirma o

economista sênior para América Latina da Oxford

Economics, Felipe Camargo. Segundo ele, a reação dos

mercados ontem 'soa mais como um reflexo do

comportamento dos ativos nos demais emergentes do

que uma resposta ao que se passou [ante]ontem no

país. '

O economista diz que o que mais importa é acompanhar

o desenrolar da corrida eleitoral para 2022. 'Saber quem

serão as equipes de cada candidato, se haverá

coordenação na terceira via etc. '

Impeachment não está no cenário-base da Oxford.

Reformas também não. 'Não esperamos nada além da

reforma tributária em mudanças relevantes no país até o

fim deste mandato', afirma. (Colaborou Talita Moreira)

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - CNJ, Judiciário -

STF, CNJ - Luiz Fux

103

Escalada de Bolsonaro muda pouco reação das instituições

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

As grandes manifestações bolsonaristas no dia 7 de

setembro foram o ensaio geral dos planos do presidente

Jair Bolsonaro para manter-se no poder, por vias legais

ou não. As multidões, convocadas pelo presidente, lhe

deram o cenário desejado para que prossiga no ataque

às instituições: ações diretas junto ao 'povo', -

representado por fanáticos apoiadores - com caráter

'plebiscitário'. Para Bolsonaro, basta-lhe um 'eu autorizo'

da minoria que o segue para avalizar seus propósitos

antidemocráticos.

As manifestações do Dia da Independência não foram

apenas mais uma delas. Pelas bandeiras e palavras de

ordem não houve defesa da democracia, apesar do

slogan da 'liberdade de expressão', o que para o

presidente da República significa simplesmente fazer o

que lhe der na telha, sem restrições legais ou

institucionais. Bolsonaro reuniu dezenas de milhares de

pessoas para dizer que 'canalhas' (do STF) jamais o

prenderiam, ameaçar o STF, que deveria conter o

ministro Alexandre de Moraes ou 'sofrer aquilo que não

queremos'. Depois, ao encarar Moraes como indivíduo e

não representante da Suprema Corte, disse que 'não

mais cumprirá' qualquer decisão dele.

Uma coisa é Bolsonaro resmungar em suas lives

semanais mambembes contra o Supremo, outra é

convocar multidões para riscar do mapa o Judiciário.

Houve uma diferença de qualidade no ataque às

instituições em relação aos anteriores. Luiz Fux,

presidente do STF, mostrou alinha que Bolsonaro

cruzou: é crime de responsabilidade descumprir

decisões Judiciais. A própria incitação e a ofensa a

ministro da Corte 'são práticas antidemocráticas e

ilícitas', afirmou.

A presença em peso de apoiadores do presidente não

foi só um expediente para que um mandatário fraco se

sinta fortalecido. A constante agitação civil contra a

democracia feita por Bolsonaro, que mais provoca e

incita do que governa, é um componente importante,

mas não tão vital, da sua tentativa de permanecer no

poder. O presidente conta que terá as Forças Armadas

ao seu lado, assim como as polícias, de cujas

comemorações e formaturas participa com regularidade

incomum para um presidente desde que foi eleito.

Bolsonaro não é um -C«--[*---. . . .

organizador das massas, sequer tem partido e não vê

um como necessário. A força decisiva que busca, ao

que parece, não está exatamente, ou apenas, nas ruas.

Após a mudança de grau na escalada de Bolsonaro, a

reação das instituições mostrou um quadro de forças

que moldarão os embates futuros provocados pelo

presidente, que certamente virão. A resistência aos

arreganhos autoritários do presidente cresceu, os

mercados desabaram no dia seguinte, se disseminou

mais a crença de que as reformas estão encerradas,

mas o mapa do poder das instituições dispostas a

conter Bolsonaro parece ter mudado pouco.

OSTF, alvo do ataque mais concentrado do governo até

agora, manteve-se firme e disse que a atitude de

Bolsonaro pode conduzir a um crime de

responsabilidade, logo a um impeachment ou ação

penal, a serem analisados pelo Congresso ou pelo

Procurador Geral da República. O presidente da

República conta, por enquanto, com demasiada

confiança, de que nada virá destes dois flancos.

O discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-

AL) foi diversionista: todos os Poderes devem respeitar

a Constituição - sem nomear que o Executivo não o está

-, deve haver harmonia entre eles - quando a cizânia

parte de um só- e elogiou os brasileiros que 'foram â rua

de modo pacífico' - pregar o fechamento do Supremo e

intervenção militar. O Centrão, e o PP de Lira, que

detém a Casa Civil e o destino de emendas bilionárias

no Congresso, deu sinais claros de que não

desembarcará do governo já e os pedidos de

impeachment de Bolsonaro seguirão na gaveta.

A manifestação do presidente do Senado, Rodrigo

Pacheco (DEM-MG)) foi mais contundente. Determinou,

em protesto, que por uma semana todas as reuniões104

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

deliberativas e de comissões sejam suspensas. A

reforma do IR e outras pautas de interesse do governo

estão lá. É no Senado que o apoio ao governo é

escasso, ao contrário da Câmara.

Augusto Aras, o procurador geral, disse que

discordâncias devem respeitar o 'devido processo legal'

e elogiou a 'festa cívica'. As manifestações foram

'expressão de uma sociedade plural e aberta,

característica de um regime democrático'. Em suma,

nada aconteceu que preocupasse o procurador, que

tem entre seus deveres fazer respeitar a Constituição.

- . 2s> «----

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux

105

TJ-MS EXALTA PERÍODO DA MONARQUIA

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio da Bahia/Bahia - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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JUSTIÇA O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

(TJ-MS) exaltou em uma rede social, ontem, o início da

monarquia constitucional no Brasil, como o "mais longo

e promissor período de estabilidade e progresso durante

a forma monárquica de governo".

A publicação veio logo após a retirada da bandeira do

Brasil Império da sede do Tribunal, em Campo Grande,

por determinação do presidente do Conselho Nacional

de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF),

ministro Luiz Fux.

Na postagem feita pela página "tjmsoficial" em uma rede

social, o Tribunal de Justiça destaca o dia 7 de

setembro, com uma bandeira do Brasil ao fundo, e

afirma que "há 199 anos o Brasil declarava a sua

independência de Portugal para se tornar uma

monarquia constitucional, tendo como Imperador D.

Pedro I".

A mensagem segue dizendo que "começou, então, o

mais longo e promissor período de estabilidade e

progresso durante a forma monárquica de governo",

finaliza. Pouco mais de 4 horas depois de ser publicada,

a postagem já tinha mais de 500 curtidas.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

106

Dólar dispara e Bolsa desaba no dia seguinte às ameaças golpistas de

Bolsonaro

Conselho Nacional de Justiça - CNJCarta Capital Online/Nacional - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: por CartaCapital

Dólar dispara e Bolsa desaba no dia seguinte às

ameaças golpistas de Bolsonaro

Reflexos na economia

Dólar dispara e Bolsa desaba no dia seguinte às

ameaças golpistas de Bolsonaro

por CartaCapital

8 de setembro de 2021 - 17:55

Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas

O dólar disparou nesta quarta-feira 8 e fechou o dia

cotado a 5,326 reais na venda, o maior valor em mais

de duas semanas. O Ibovespa, principal índice da Bolsa

brasileira, desabou 3,78%, a 113.412,84 pontos. Trata-

se da maior perda diária desde 8 de março.

Esse movimento ocorre um dia depois de o presidente

Jair Bolsonaro proferir dois discursos golpistas. Na

Avenida Paulista, em São Paulo, reiterou as ameaças

contidas em pronunciamento na Esplanada dos

Ministérios, em Brasília.

Bolsonaro atacou o Supremo Tribunal Federal,

estimulou a desobediência civil a decisões da Corte e

ofendeu diretamente o ministro Alexandre de Moraes, a

quem chamou de 'canalha'.

Setores do mercado avaliam que, além da incerteza

geral provocada pelos ataques de Bolsonaro, as

ameaças de golpe trazem impactos imediatos sobre

pautas que interessam a investidores, como a busca por

uma solução para o pagamento de precatórios em 2022.

Há uma proposta em discussão, com mediação do

Conselho Nacional de Justiça, para que seja definido

um teto de 39,9 bilhões para o pagamento dessas

dívidas judiciais no ano que vem. O restante seria pago

nos anos seguintes. Com a escalada de tensões,

porém, não se sabe quando uma saída será

encontrada.

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Conselho Nacional de Justiça - CNJCarta Capital Online/Nacional - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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de Justiça

108

Fux manda Tribunal de Mato Grosso do Sul retirar bandeira do Brasil

Império

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense Online/Nacional - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Thays Martins

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do

Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz

Fux, determinou que seja retirada a bandeira do Brasil

Império do mastro principal do pavilhão do Tribunal de

Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). A decisão foi

tomada nesta segunda-feira (6/9) e se baseia no fato de

que essa bandeira não é um dos símbolos oficiais do

Poder Judiciário do Brasil.

A bandeira foi erguida por determinação do presidente

do TJMS, desembargador Carlos Eduardo Contar, e

deveria ficar hasteada entre 6 e 10 de setembro. De

acordo com nota do Tribunal, o gesto foi uma

homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil.

Porém, de acordo com Fux, a bandeira não é

compatível com a neutralidade e imparcialidade que um

tribunal deve ter. Na decisão, o ministro também cita

outras manifestações públicas do desembargador com

motivações politico-partidárias. 'A manutenção da

situação relatada tende a causar confusão na população

acerca do papel constitucional e institucional do Poder

Judiciário, na medida em que o Tribunal de Justiça de

Mato Grosso do Sul pretende diminuir os símbolos da

República Federativa do Brasil", disse Fux na decisão.

O caso ainda foi encaminhado para a Corregedoria

Nacional de Justiça para apurar eventual

responsabilidade do presidente do TJMS. Após a

retirada da bandeira, a página no Instagram do tribunal

exaltou o início da monarquia constitucional no Brasil.

De acordo com a publicação, o período foi o de mais

estabilidade e progresso durante a forma monárquica de

governo. Nos comentários, são muitas as críticas.

A ordem foi dada depois que membros do Conselho

Nacional de Justiça (CNJ) se manifestaram contra o

ato. A bandeira do Brasil Império foi usada entre 1822,

quando foi declarada a independência do Brasil, até

1889, quando foi proclamado o início da República. A

bandeira tem sido constantemente usada por

apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em

manifestações.

Em janeiro desde ano, na cerimônia de posse do

desembargador Carlos Eduardo Contar como

presidente do tribunal, ele defendeu que não fosse

adotado o isolamento social e o 'fim da palhaçada

midiática fúnebre'.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, CNJ - Corregedoria Nacional de Justiça

109

Cartórios do Brasil serão autorizados a registrar crianças com o sexo

ignorado

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense Online/Nacional - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Rafaela Martins

Crianças que nascem sem a definção de masculino ou

feminino, em condição conhecida como Anomalia de

Diferenciação de Sexo (ADS), podem ser registradas

com o sexo 'ignorado' na certidão de nascimento, a

partir do próximo domingo (12/9). De forma gratuita, a

opção de designação de sexo em qualquer Cartório de

Registro Civil do Brasil poderá ser realizada sem a

necessidade de autorização judicial ou de comprovação

de cirurgia sexual, tratamento hormonal ou

apresentação de laudo médico ou psicológico.

O procedimento já era realizado com sucesso em cinco

estados do país: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul,

Maranhão e Goiás. A modificação busca ampliar o

processo para todas as unidades da federação com a

mesma agilidade e eficiência.

Para que a criança seja registrada com sexo ignorado é

necessário que na Declaração de Nascido Vivo (DNV),

documento emitido pelo médico que realizou o parto,

haja a constatação da ADS. Em cartório, o oficial deverá

orientar a utilização de um nome neutro, que poderá ser

aceito pelos pais do menor ou, em caso de maior de 12

anos (chamado registro tardio), com seu consentimento.

De acordo com o presidente da Associação Nacional

dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil)

Gustavo Fiscarelli, a nova norma permite que o

processo seja menos burocrático e garanta o acesso

imediato da criança a direitos fundamentais, como plano

de saúde e matrícula em creches. 'Anteriormente, o

registro não era feito até que o juiz autorizasse sua

emissão, fazendo com que o recém-nascido

permanecesse sem o documento até a finalização do

processo. Agora, só é necessário apresentar a

Declaração de Nascido Vivo (DNV)', conta o presidente.

Como funciona hoje?

Até então era necessário que a família entrasse com um

processo judicial para efetivar o registro da criança, o

que fazia com que ela ficasse sem a certidão de

nascimento até a definição do mesmo e,

consequentemente, sem acesso a direitos

fundamentais.

Segundo a advogada especialista em direito civil Anne

Ramos, do Kolbe Advogados Associados, a legislação

brasileira vigente é omissa acerca da situação

específica da intersexualidade. 'Até então, essa

mudança consta somente no Provimento nº 122/2021

do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Esse provimento foi publicado na sexta-feira

(20/08/2021) e passa a produzir efeitos a partir do dia

de 12 de setembro de 2021', explica a advogada.

Benefícios

A nova medida possui natureza sigilosa, sendo que

apenas a pessoa - quando completar 18 anos -

110

Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense Online/Nacional - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

,responsáveis legais do menor ou determinação judicial

podem solicitar em Cartório a expedição do registro

deste documento - conhecida como certidão de inteiro

teor. Tal informação não constará nas certidões

comumente emitidas em Cartórios de Registro Civil,

conhecidas como breve relato.

A advogada Anne Ramos explica que certidão de inteiro

teor é um documento extraído de um livro que reproduz

todas as palavras nele contidas. 'Certidão de inteiro teor

também pode ser uma certidão que apresenta todos os

atos praticados e os nomes dos envolvidos. Tem como

objetivo proporcionar informações completas acerca dos

dados dispostos no livro de registro, também conhecido

como livro de assento. Ao sermos registrados após o

nascimento, não é certidão de nascimento de inteiro

teor que recebemos', disse.

Já as certidões de breve relato são as mais conhecidas.

'São as certidões comuns, ou seja, as que são emitidas

quando ocorre um registro de nascimento ou

casamento, ou na solicitação de uma segunda via

atualizada. Ela contém as informações básicas sobre o

indivíduo, é um tipo de versão simplificada, somente

com as principais informações do registro realizado em

um determinado cartório', ressalta a especialista em

direito civil.

São as mesmas regras referentes ao procedimento de

registro que valem para a Declaração de Óbito (DO)

assinada pelo médico, e que deve ser apresentada em

cartório para a emissão do registro de óbito.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

111

Mercado baixa régua das expectativas após 7 de Setembro e manutenção

de teto de gastos vira lucro

Conselho Nacional de Justiça - CNJÉpoca Negócios/Nacional - Economia

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Reuters

A retórica ainda mais dura do presidente Jair Bolsonaro

no discurso em São Paulo no 7 de Setembro está

arrastando os ativos locais ao pior desempenho global

nesta quarta-feira, e no mercado as conversas são de

que o patamar de risco de base agora é mais alto, com

reformas "decentes" praticamente inviáveis, chance

mais alta de a "bomba" dos precatórios explodir e a

preservação do teto de gastos se tornando a única meta

econômica crível do governo Bolsonaro.

O dólar à vista saltava 2% neste início de tarde e

chegou a cravar 5,31 reais na máxima do dia, pulando

mais de 10 centavos de real ante o fechamento de

segunda-feira e deixando o real com o título de pior

moeda nesta sessão. O Ibovespa recuava 2,8%, com

folga o pior desempenho entre os principais índices

acionários do Ocidente.

Os juros futuros de longo prazo subiam 14 pontos-base,

e o preço do Global 2028 emitido em 2017 caía ao

menor patamar desde o começo de maio.

O índice Dow Jones Brazil Titans 20 --composto pelos

principais recibos de ações brasileiras negociados em

Nova York-- perdia 4,2% nesta quarta, após na véspera

desacelerar a alta de 1,76% na máxima para 0,47% no

fechamento após o discurso de Bolsonaro na avenida

Paulista, em São Paulo.

Na ocasião, Bolsonaro atacou, diante de apoiadores, os

ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre

de Moraes e Luís Roberto Barroso e ameaçou

descumprir decisões, dizendo que jamais será preso por

"canalhas". Bolsonaro repetiu que só sairia da

Presidência "preso, morto ou com vitória".

"Acredito que o patamar de risco mudou, ficou mais

alto", disse Carlos Duarte, planejador financeiro CFP

pela Planejar. "O foco agora é olhar para o STF, que

julga algumas 'pautas-bomba' para o governo, com

destaque para a dos Precatórios. Fica a dúvida agora se

a proposta costurada no STF vai ser tocada para

frente", acrescentou.

O STF está discutindo com integrantes do Legislativo --

via Conselho Nacional de Justiça (CNJ)-- a

possibilidade de imposição de limites aos pagamentos

dos precatórios de acordo com critérios semelhantes

aos hoje aplicados no teto de gastos (que restringe o

aumento de despesas à inflação).

Para Victor Scalet, estrategista macro da XP, o aumento

da temperatura política diminuiu consideravelmente as

chances de encaminhamento da questão dos

precatórios por esse meio.

"Se não for resolvido dessa maneira, teremos que nos

voltar para algum tipo de tramitação no Congresso, e o

mercado está com bastante receio de que avance uma

PEC sobre esse tema que acabe saindo pior do que

entrou, no clima político atual", explicou.

112

Conselho Nacional de Justiça - CNJÉpoca Negócios/Nacional - Economia

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

A proposta via CNJ é vista até mesmo pelo ministro da

Economia, Paulo Guedes, como melhor que a da PEC

dos precatórios, apresentada pelo próprio.

Sem ambas as propostas, o governo teria um gasto

adicional contratado para o ano que vem de quase 90

bilhões de reais, o que poderia sepultar o teto de gastos

no eleitoral ano de 2022.

Ao mesmo tempo que elevam a incerteza na frente

fiscal, os eventos do 7 de Setembro, aliados à escalada

geral de tom nos Poderes, minavam chances de

qualquer reforma econômica de maior efeito no atual

governo, segundo alguns participantes do mercado.

"(Bolsonaro) esticou demais a corda... Na minha visão o

governo já perdeu toda a capacidade de fazer reformas

decentes. Agora, quanto menos fizer e gastar tempo

com isso, melhor", disse Joaquim Kokudai, gestor na

JPP Capital. O profissional diz que suas posições em

caixa (as mais conservadoras) têm espaço para

aumento e "provavelmente é o que acontecerá".

TETO DE GASTOS, GUEDES E CAMPOS NETO

Com as reformas saindo do radar e atmosfera eleitoral

tomando de vez conta das pautas do governo, analistas

parecem se render à ideia de que agora a meta é evitar

disrupções mais severas no cenário --com a

preservação do teto de gastos na linha de frente.

"Se conseguir manter o teto de gastos já vai ser uma

ótima notícia", afirmou Kokudai, da JPP Capital.

"Só isso poderia colocar o mercado numa direção mais

benigna de novo. Mas ainda assim tem toda a questão

institucional. A corda ficou muito esticada, tem que ver

se isso vai ter desdobramento fiscal de fato", disse.

À medida que o governo parece já em modo eleição, há

dúvidas até mesmo se os líderes da equipe econômica -

-Paulo Guedes (Economia) e Roberto Campos Neto

(Banco Central) poderiam conter qualquer sanha

gastadora do chefe do Executivo.

"Pelos últimos discursos parece que Campos Neto e

Guedes estão muito mais alinhados para viabilizar as

intenções do governo do que de contê-las", afirmou

Carlos Duarte, da Planejar.

"O mercado hoje aceita o Guedes muito mais pelo medo

de quem viria depois do que por expectativa dos feitos

do ministro, mais pela ideia de que ele é alguém que

busca tapar os buracos dentro do jogo, mas sem força

política alguma."

Agora, disse Scalet, da XP, resta aos investidores

aguardar os próximos desdobramentos, ressaltando que

qualquer sinal de alívio na frente fiscal poderia dar uma

folga para os mercados brasileiros, cujos ativos já

embutiam prêmios de risco altos antes mesmo da queda

desta quarta-feira.

"Mas é preciso ter encaminhamento dos precatórios,

saber como vão ficar os gastos com o Bolsa Família no

ano que vem e ver se o teto vai ficar de pé."

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

113

Passavam por mim e iam direto a um homem, diz 1ª mulher a dirigir

presídio no RS

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Fernanda Canofre

Ao entrar na sala da direção da Cadeia Pública de Porto

Alegre, o antigo Presídio Central, na parede pintada de

preto, à direita, se vê escrito em giz branco: 'Quem está

na trincheira contigo? E ISSO IMPORTA? Mais do que a

própria guerra!!!', atribuída ali ao escritor norte-

americano Ernest Hemingway.

A frase foi escolhida pela major Ana Maria Hermes, 46,

a primeira mulher a assumir a direção do presídio no

Rio Grande do Sul com quase 60 anos de existência,

que na prisão que já foi considerada a pior do Brasil por

uma CPI da Câmara dos Deputados, onde vivem hoje

cerca de 3.400 presos, população maior que muitos

municípios brasileiros. ?

'Essa frase demonstra a relevância dos policiais

militares, dos servidores que estão aqui comigo. À noite,

quando estou em casa dormindo, são eles que estão

aqui', diz ela.

Sem policiais militares na família, a atual major decidiu

entrar na corporação depois que um colega da

faculdade de direito na Unisc (Universidade de Santa

Cruz do Sul), oficial da Brigada Militar, a PM gaúcha,

sugeriu que ela fizesse o curso de oficiais.

Ela trabalhou por cinco anos na Polícia Civil, mas tinha

admiração pela farda militar e já tinha sonhado em

ingressar no Exército. 'Fiz com a intenção de ser a

guardiã das cidades, hoje sou guardiã de uma cidade

diferente'.

Na Brigada desde 2005, passou pela Força Nacional e

fez um curso sobre movimentos de massa que a

especializou para trabalhar com os chamados distúrbios

civis, atuando na Copa do Mundo de 2014 e nas

Olimpíadas de 2016.

Ela diz que sempre foi respeitada como mulher e

policial, mas cita como exemplo que, quando estava em

ações nas quais comandava outros policiais, na FN, no

Rio de Janeiro, as pessoas que buscavam informações

ou queriam falar com o responsável no local passavam

por ela e iam direto aos homens presentes.

"As pessoas da comunidade vinham querer conversar

com alguém, passavam por mim, se dirigiam a alguém

masculino, mais forte, e queriam saber quem era o

responsável", conta.

Para a major, ainda persiste a ideia da polícia que use a

força. "Mas essa força não precisa ser violenta, pode

ser através de equipamentos de menor potencial

ofensivo, por isso que mulheres conseguem operar

dentro das instituições."

Sobre os presos, ela diz que, assim como outras

mulheres que trabalham com a população da Cadeia

Pública, reconhece que eles têm respeito.

'Eu já tinha contato com eles na condição de

114

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

subdiretora. Eu sempre tive um diálogo transparente, do

que é possível. Não tive nenhuma dificuldade com

relação a isso, em jargão de cadeia, é papo-reto', afirma

ela.

'Só de estar à frente da Cadeia Pública, já é um desafio

enorme, seja uma mulher ou um homem', afirma o

padre Diego da Silva Côrrea, responsável pela Pastoral

Carcerária na Arquidiocese de Porto Alegre. "Tenho

certeza que a major vai manter o mesmo empenho e

dedicação dos diretores anteriores".

A Cadeia Pública, que mudou de nome em 2017, no

governo de José Ivo Sartori (MDB), é uma das duas

unidades prisionais dirigidas pela Brigada Militar hoje no

Rio Grande do Sul. A corporação assumiu nos anos

1990 depois de uma série de motins e rebeliões no

sistema gaúcho.

A solução temporária de seis meses, porém, já dura 26

anos. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV

Cultura, em 2020, o governador Eduardo Leite (PSDB)

disse que seu governo estava buscando construir novas

unidades para distensionar a pressão no Central e que

elaboravam um plano para substituir os policiais por

agentes penitenciários. 'Mas isso vai levar tempo, não

vai ser feito em um ano, dois anos'.

A Seapen (Secretaria da Administração Penitenciária),

criada na gestão dele, diz que estuda a questão, mas

não fala em previsões. No ano passado, quando a

chegada da Brigada ao comando do presídio completou

25 anos, a pasta previa o início da retirada dos policiais

em 2022.

'Apesar de haver desvio de função, não há forma de a

Brigada sair. Deverá haver um período de transição,

pois a Susepe (Superintendência de Serviços

Penitenciários) não possui efetivo para substituir', avalia

a juíza Sonáli da Cruz Zluhan, responsável pela Vara de

Execuções Criminais que fiscaliza a unidade.

'O presídio continua com a mesma estrutura em relação

aos itens de salubridade. O que pode ser considerado

um pouco melhor é que, pela logística da pandemia,

houve redução dos presos recolhidos no local em

quase mil presos a menos', avalia ela.

Hoje, a estimativa é de que Cadeia Pública tenha entre

3.400 e 3.500 presos em um espaço com capacidade

de engenharia para 1.824. Dados desta segunda-feira

(6) apontam que 1.989 ds são provisórios, outros 1.459,

condenados.

O local tem uma das primeiras alas para pessoas

LGBTQIA+ criadas em presídios no país e não recebe

criminosos sexuais. A nova diretora explica que isso se

deve ao fato de não ter espaço específico para eles. Ela

calcula hoje a presença de quatro facções criminosas

mais numerosas que as demais.

Essa é a terceira passagem da major Ana Maria pela

unidade, onde teve seu primeiro contato com o sistema

carcerário, há dez anos. A primeira, entre 2011 e 2013,

foi como chefe da sala de visitas. Depois, entre 2018 e

2019, ela se tornou gestora de projetos e recursos

humanos. No ano passado, voltou para assumir a

subdireção.

Em 2013, a OEA (Organização dos Estados

Americanos) expediu medida cautelar pedindo que o

governo brasileiro adotasse medidas para solucionar a

situação caótica do Central. Segundo o governo do

estado, ela ainda é válida.

No ano seguinte, um mutirão do CNJ (Conselho

Nacional de Justiça) recomendou o esvaziamento da

unidade, e um dos pavilhões chegou a ser parcialmente

derrubado pelo governo Tarso Genro (PT).

'Aquela ideia de que estávamos na pior cadeia do país

tinha muito mais a ver com a questão estética,

estrutural, do que com os serviços que o estado levava

até os presos", diz a major. "Não vou dizer que não

temos problemas, mas o status de pior presídio não

condizia com o trabalho de cada servidore aqui".

A juíza Sonáli, que seguiu visitando presencialmente o

local mesmo durante a pandemia, conta que o que

diferencia o Central de outros presídios é o fato de não115

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

possuir celas fechadas, apenas as galerias são

trancadas, o que acaba possibilitando que sejam

colocados mais presos no local ocupando os

corredores e aumentando o risco de contaminação e

proliferação de doenças.

'Os maiores problemas são as questões de salubridade,

esgotos a céu aberto, caixas d'água abertas onde caem

dejetos de pássaros e baratas, há ratos e contaminação

por sarna, por exemplo', ressalta ainda ela.

Com chimarrão em cima da mesa, a major Ana Maria

conta que, durante a sua gestão, pretende focar em

atrair parceiros para oportunidades de

profissionalização dos presos.

Ela diz acreditar na ressocialização. 'A hora que eu

perder a crença nisso, vou entregar essa cadeia e

arrumar outra coisa para fazer. Vou sair daqui com a

ideia de recuperar 100% das pessoas presas? Não.

Mas vamos trabalhar todos aqueles que estiverem em

condições de retornar ressocializados'.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, Judiciário - Presos

116

Cientista de dados está preso injustamente há mais de 20 dias

Conselho Nacional de Justiça - CNJG1.Globo/Nacional - Rio de Janeiroquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Um cientista de dados está preso há 22 dias, suspeito

de integrar uma milícia em Duque de Caxias, na

Baixada Fluminense. Como mostrou o RJ2 desta

quarta-feira (8), a família e a defesa dele dizem que

houve um erro na identificação do homem, e que ela foi

feita apenas por reconhecimento de fotos.

Raoni Lázaro Barbosa é um jovem cientista de dados,

formado pela PUC-Rio, com especialização no MIT, o

Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados

Unidos. Ele é casado há quatro anos e há quase um

ano começou no emprego dos sonhos, em uma

multinacional.

Mas o mundo dele e da esposa, Erica, virou de cabeça

pra baixo no dia 17 de agosto. Raoni foi preso em uma

operação da Polícia Civil, conduzida pela delegada

assistente Thaianne Barbosa, da Draco.

Ele foi acusado de fazer parte de uma milícia em Duque

de Caxias - o que, segundo a defesa do homem, foi um

erro da polícia.

"Eu falei com eles: 'ele é funcionário', falei nome da

empresa, uma multinacional conhecida americana. Mas

até o momento ele só falaram que eu podia tirar fotos de

mandado de prisão e que ele estava sendo

encaminhado para Draco, da Cidade da Polícia. E aí

começou pesadelo", afirmou Erica.

No inquérito, a polícia acusa Raoni de ser responsável

pela cobrança de taxas de moradores e de

comerciantes de Caxias em um grupo de milicianos que

incluía policiais militares.

A defesa afirma que Raoni e a esposa moram em

Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, e nunca viveram

em Duque de Caxias. O reconhecimento de Raoni foi

feito por foto, uma prática que não é prevista em lei

brasileira.

A imagem usada na investigação foi a de um homem

identificado como Raony, com "y", também conhecido

como Gago, e apontado como integrante da milícia de

Duque de Caxias.

"Na realidade a gente verifica como um erro mesmo, um

erro judiciário na condução dessa prova que estava

sendo construída no bojo do inquérito policial. E a

gente, a todo o momento, se questionava se Raoni

estava lá custodiado em Benfica, desde o dia 17 de

agosto. Por que não se fez o reconhecimento pessoal?",

questionou a advogada Carolina Altoé.

"Ele está lá e nós apontamos o erro. Nós dissemos: 'não

se trata da mesma pessoa'. Então, faz um

reconhecimento por foto e a pessoa está lá em Benfica,

custodiada", acrescentou Altoé.

A defesa e a família apontam que a única semelhança

entre os dois é a cor da pele. Dados do Colégio

Nacional de defensores públicos-gerais, de 2012 a 2020

90 pessoas foram presas injustamente baseadas no

reconhecimento por foto.

Só no Rio, foram 73 - e 81% das pessoas apontadas

como suspeitas nesses inquéritos são negras. O117

Conselho Nacional de Justiça - CNJG1.Globo/Nacional - Rio de Janeiroquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Conselho Nacional de Justiça criou na última semana

um grupo de trabalho para elaborar protocolos objetivos

para a identificação por foto.

Agora, a família teme pelo futuro de Raoni.

"A gente não sabe como é que vai ser daqui pra frente.

não sabe como é que vai ser com relação ao emprego

dele, se ele vai perder emprego, se ele vai deixar de

poder viajar", afirmou Érica.

"A gente não sabe como é que vai ser daqui pra frente.

não sabe como é que vai ser com relação ao emprego

dele, se ele vai perder emprego, se ele vai deixar de

poder viajar", afirmou Érica.

A defesa já entrou com um pedido de habeas corpus,

mas a desembargadora Denise Vaccari, da 1ª Câmara

Criminal do Tribunal de Justiça negou um pedido

liminar, e ainda não analisou o erro na identificação.

O que afirma a polícia

A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas, a

Draco, informou que as testemunhas desfizeram o

reconhecimento e que a delegada responsável pelo

caso já pediu à Justiça a revogação da prisão de Raoni

Lázaro Barbosa.

A Secretaria de Polícia Civil afirmou que instaurou uma

sindicância interna para apurar o caso, porque a

orientação da atual gestão da pasta é para que o

reconhecimento fotográfico seja um dos elementos do

inquérito policial, e não o único fator determinante para

pedir a prisão de suspeitos.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

118

Resposta do STF a Bolsonaro virá dentro de inquéritos tocados por

Moraes

Conselho Nacional de Justiça - CNJGazeta do Povo/Paraná - Repúblicaquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Renan Ramalho

O duro discurso do presidente do Supremo Tribunal

Federal (STF), Luiz Fux, nesta quarta-feira (8), em

resposta à declaração do presidente Jair Bolsonaro de

que não vai cumprir ordens judiciais de Alexandre de

Moraes, não encerra a reação da Corte. Há um acordo

tácito entre os ministros que as respostas mais efetivas

devem se dar dentro dos quatro inquéritos abertos

contra o presidente em andamento no tribunal.

Três deles são conduzidos pelo próprio Alexandre de

Moraes: o que investiga a suposta interferência na

Polícia Federal; o que apura as acusações de fraude

nas urnas eletrônicas, dentro do inquérito das fake

news; e o que trata do vazamento da investigação

sigilosa da PF sobre a invasão hacker ao Tribunal

Superior Eleitoral (TSE) em 2018. Um quarto inquérito,

sobre suposta prevaricação ante suspeitas de

irregularidades na encomenda da vacina indiana

Covaxin, é relatado por Rosa Weber - a ministra é vice-

presidente do STF e, internamente, tem se mostrado

bastante alarmada com as declarações de Bolsonaro.

Na noite desta terça, após o discurso de Bolsonaro na

Avenida Paulista, os ministros fizeram uma reunião por

videoconferência para avaliar as declarações e

combinarem o teor da resposta dada por Fux.

Consideraram "inaceitáveis" não só a intenção de

descumprir uma decisão judicial - que, se concretizada,

configura crime de responsabilidade, previsto no artigo

85, inciso VII, da Constituição - como também o que

entenderam como uma "ameaça" ao próprio STF,

expressa na seguinte declaração de Bolsonaro: "Ou o

chefe desse Poder [Fux] enquadra o seu [Moraes] ou

esse Poder vai sofrer aquilo que não queremos".

Para os ministros, com essas palavras, Bolsonaro

acabou produzindo mais provas contra si. A tendência é

que o próprio Moraes - que já tem fama de ser o

ministro mais linha-dura do STF - dobre a aposta e

endureça a investigação contra o presidente no

inquérito das fake news.

Neste inquérito, ele tem determinado prisões e buscas e

apreensões somente a partir de pedidos da PF, no

caso, da delegada Denisse Ribeiro, que tem confiança e

relação estreita com ele. Se alguma diligência for pedida

contra Bolsonaro, o ministro consultará a Procuradoria-

Geral da República (PGR), mas já deixou claro que não

depende do aval do órgão para autorizar a coleta de

provas.

Não está no horizonte, porém, medidas mais duras,

como prisão ou um afastamento do cargo. Há o

entendimento na Corte que o STF tem limites e não

pode agir de maneira mais dura sem o aval da PGR.

Nas entrelinhas, o discurso de Fux buscou demonstrar

que, se Bolsonaro levar a cabo a intenção de

descumprir decisões judiciais, o maior responsável por

reprimi-lo deve ser o Congresso, num processo de

impeachment. Ao deixar claro que a conduta

configuraria crime de responsabilidade, o presidente do

119

Conselho Nacional de Justiça - CNJGazeta do Povo/Paraná - Repúblicaquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

STF também demonstrou que, por parte dos ministros,

não haveria qualquer objeção de caráter jurídico.

Reação também pode vir do TSE

O TSE, composto em parte por ministros do STF e do

Superior Tribunal de Justiça (STJ), também pode

endurecer. Chamaram a atenção deles as novas críticas

de Bolsonaro ao presidente da corte eleitoral, Luís

Roberto Barroso, que trabalhou contra a aprovação do

voto impresso na Câmara, o que contribuiu para a

rejeição da proposta.

O presidente disse que uma eleição sem o mecanismo

de auditagem seria uma "farsa". "Não podemos ter

eleições que pairem dúvidas sobre eleitores. Nós

queremos eleições limpas, auditáveis e com contagem

pública. Não posso participar de uma farsa, como essa

patrocinada ainda pelo presidente do Tribunal Superior

Eleitoral", afirmou.

Declarações do tipo são encaradas como uma tentativa

de desacreditar o processo eleitoral como um todo.

Entre os ministros, cresce o entendimento de que isso

poderia configurar abuso de poder político e uso

indevido dos meios de comunicação - delitos que

podem tornar um político inelegível -, porque, com base

na falsa premissa de que a eleição será

necessariamente fraudada, elas teriam o potencial de

afetar a livre vontade do eleitor na escolha dos

candidatos.

As novas declarações de Bolsonaro poderiam, assim,

constituir novas provas dentro da investigação aberta

pelo corregedor-geral eleitoral, ministro Luís Felipe

Salomão. No ano que vem, elas poderiam ser

aproveitadas por partidos e candidatos adversários para

processar e condenar o presidente, o que colocaria em

risco seu registro de candidatura.

É um caminho que pode contar também com o aval do

próprio Alexandre de Moraes, que assume a presidência

do TSE no ano que vem. Quando incluiu Bolsonaro no

caso, ele reprovou declarações de Bolsonaro com "o

nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir

o processo eleitoral, com ataques institucionais ao

Tribunal Superior Eleitoral e aos seu ministro presidente

[Luís Roberto Barroso]".

Outras frentes

Não é apenas nos inquéritos que Bolsonaro pode

receber más surpresas do STF. Há a possibilidade de

prejuízo à área econômica com o travamento de uma

resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que

aliviaria o caixa da União no pagamento de precatórios.

Desde julho, Luiz Fux dizia que estava disposto a

mediar uma solução, para a conta de R$ 89 bilhões

prevista para o ano que vem no pagamento dessas

dívidas, já reconhecidas pela Justiça.

Na semana retrasada, o vice-presidente do Tribunal de

Contas da União (TCU), Bruno Dantas, enviou ao CNJ

uma proposta para que o governo federal pague

somente R$ 39 bilhões em 2022 e os outros R$ 50 bi

em 2023. Em tese, essa solução dispensaria o caminho

mais difícil da aprovação de uma proposta de emenda à

Constituição no Congresso, que também parcelaria os

pagamentos ao longo dos próximos anos.

Mas, ainda antes das declarações desta terça (7) de

Bolsonaro, vários ministros do STF rechaçavam uma

mediação feita exclusivamente pelo CNJ. Consideram

agora que o órgão só poderá atuar no assunto após a

aprovação da PEC pelo Congresso e se assim for

autorizado.

Ainda nos bastidores, há quem cogite no STF um risco

político para o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ),

que aguarda o julgamento, na Segunda Turma, de um

recurso do Ministério Público que busca devolver à

primeira instância da Justiça o inquérito da rachadinha,

esquema de desvio de salários de funcionários de seu

antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de

Janeiro. No ano passado, ele conseguiu levar o caso

para a segunda instância, no Tribunal de Justiça, o que

facilitaria a anulação de praticamente todas as provas

colhidas pelo juiz que tocou o caso.

O recurso do MP seria julgado na semana passada, e120

Conselho Nacional de Justiça - CNJGazeta do Povo/Paraná - Repúblicaquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

uma vitória de Flávio era dada como certa. A pedido da

defesa, a análise ficou para o dia 14 e, agora, já se fala

num resultado desfavorável para Flávio. Essa chance

aumenta se Alexandre de Moraes migrar da Primeira

para a Segunda Turma, possibilidade que também já

circula entre os ministros.

Uma terceira retaliação, fora dos inquéritos contra

Bolsonaro, também começa a ser aventada. Está no

gabinete do ministro Ricardo Lewandowski uma ação da

oposição para forçar o presidente da Câmara, Arthur

Lira (PP-AL), a analisar pedidos de impeachment de

Bolsonaro. A jurisprudência do STF sempre foi pacífica

no sentido de que cabe somente a ele a prerrogativa de

decisão pela abertura do processo, inclusive mediante

avaliação política. Mas cresce uma tese de estipular um

prazo para isso, com base numa interpretação da Lei de

Processos Administrativos.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

121

Falsificação da ciência não deve ter lugar no Judiciário

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo - Blogs/Nacional - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: REDAÇÃO

Paulo Almeida, Psicólogo, Advogado e Diretor Executivo

do Instituto Questão de Ciência

Natalia Pasternak, Microbiologista, Presidente do

Instituto Questão de Ciência, Professora visitante na

FGV-SP, Membro do Committee for Skeptical Inquiry

(CSI) e Pesquisadora em Columbia University

O Brasil conta, desde 2006, com uma Política Nacional

de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)

inserida no Ministério da Saúde. Hoje, essa política

coloca 29 práticas alternativas - sem respaldo científico

- no Sistema Único de Saúde (SUS).

Na ausência de respaldo científico, o respaldo

burocrático dá-lhes um verniz de legitimidade que

facilita seu uso indiscriminado no âmbito do Estado.

Afinal, o Ministério da Saúde deve saber o que está

fazendo.

Os riscos, sociais e sanitários, que a mera existência do

PNPIC trazem, amplificados pela complacência

burocrática que o cerca, são perfeitamente

exemplificados no caso da Constelação Familiar, que

legitimada pelo PNPIC, chega ao Judiciário sob a

marca registrada de Direito Sistêmico.

Proposta por Bert Hellinger, um ex-padre jesuíta, a

Constelação Familiar é uma amálgama de

pseudoterapia performática e esoterismo. O terapeuta

sistêmico, ou 'constelador', orienta sessões nas quais o

paciente organiza um grupo de terceiros - os

representantes - na forma de uma 'constelação' que

contenha todos os elementos e atores de seu problema.

Há, normalmente, representantes do paciente, de

parentes e até de sentimentos e locais, como 'tristeza'

ou 'casa'. Orientado pelo constelador, o paciente dispõe

os representantes pela sala, conforme sua intuição.

Forças mágicas, ou quânticas, atuariam sobre os

representantes, fazendo com que adquiram traços dos

representados. A resolução do problema é obtida com o

rearranjo da constelação até que todos os elementos se

encontrem 'em harmonia'.

Não se exige que os consteladores tenham formação

em saúde mental. Pacientes em risco de suicídio ou

depressão encontram-se, portanto, abandonados à

própria sorte. além

Não menos preocupante, os textos de Hellinger trazem

diretrizes que relativizam situações de violência sexual,

patologizam homoafetividade e promovem uma

concepção de poder patriarcal absoluto.

Hellinger propõe, por exemplo, que um abuso sexual do

pai contra a filha menor pode ser justificado pela recusa

da mãe em 'servi-lo'. Não raro, constelações deste tipo

terminam com o facilitador incentivando a vítima a pedir

perdão, ou a declarar amor, ao abusador. É assim que a

prática chega ao Judiciário, como Direito Sistêmico®,

com a desculpa de desafogar o sistema, como parte das

medidas de conciliação e mediação.

122

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo - Blogs/Nacional - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Mediação e conciliação são, em si, medidas salutares.

O que há, contudo, é uma tentativa da inserção do

Direito Sistêmico® como ferramenta oficial para tanto,

em especial no Direito de Família. Com a marca

registrada e cursos caros, há dinheiro em jogo nessa

iniciativa.

Dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Direito

Sistêmico indicam que há mais de uma centena de

comissões de Direito Sistêmico em OABs Brasil afora. O

Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aceita a

Constelação Familiar/Direito Sistêmico, e diversos

Estados regulamentaram o seu uso. Universidades já

oferecem disciplinas do assunto, e começam a surgir

cursos de pós-graduação.

Trata-se de uma prática pseudocientífica que alça

operadores do direito à condição de terapeutas, com

base em uma paródia de ciência, e em uma concepção

de família que já era obsoleta no século 19.

Pessoas que recorrem à justiça veem-se expostas.

Forçar, sob os olhos e os auspícios do Judiciário, uma

dinâmica 'terapêutica' entre um agressor e um agredido

é reiterar a agressão.

É urgente que se repense o uso da Constelação

Familiar, e quaisquer outras pseudociências, no

cumprimento dos deveres do Estado.

O caminho a ser trilhado é o das políticas públicas

baseadas em evidência. Rigor na análise de propostas,

métricas de acompanhamento, avaliação periódica e

mecanismos de mudança de rota quando necessário.

Em matéria da UOL, o CNJ, quando acionado, não

soube dizer qual foi a quantidade de casos solucionados

com o uso de Constelação Familiar no Judiciário: não

há controle, ninguém se responsabiliza por determinar

se, afinal, a prática serve para alguma coisa - se não

multiplica traumas e injustiças, sob o pretexto de

produzir 'conciliações'. O brasileiro que recorre à justiça

merece melhor.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, Judiciário - Conciliação123

Incerteza sobre contas públicas está ligada a 'processo eleitoral' e gera

'ruído' no mercado, diz presidente do BC

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo Online/Nacional - Economia

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Gabriel Shinohara

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central (BC),

Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira que

parte relevante da incerteza fiscal do país está ligada às

eleições do próximo ano.

Em um evento on-line, Campos Neto ressaltou que os

números relativos às contas públicas neste ano estão

mais equilibrados que o esperado antes da pandemia,

mas que a eleição está trazendo efeitos negativos no

mercado.

Míriam Leitão:Empresas perdem R$ 195 bilhões em

valor de mercado após ameaça golpista de Bolsonaro

- Os participantes do mercado associam algumas

mudanças estruturais, reformas estruturais, com a

disposição de produzir um Bolsa Família melhor, um

programa emergencial melhor com o processo eleitoral

e isso cria um ruído - disse Campos Neto.

Nas últimas semanas, o mercado tem se preocupado

com a resolução da questão dos precatórios. Para 2022,

o governo tem de pagar R$ 89,1 bilhões em decisões

judiciais sem possibilidade de recurso.

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Scheinkman:'Situação é difícil para quem está pensando

em investir no país'

O governo tem tentado uma solução pelo Congresso,

com a aprovação de uma PEC que permite o

parcelamento desses pagamentos e outra pelo

judiciário, onde o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

estabeleceria um teto anual de pagamento, liberando

espaço no Orçamento para uma mudança no Bolsa

Família.

No entanto, a radicalização do presidente Jair Bolsonaro

exposta nos eventos de 7 de setembro tem prejudicado

o andamento de ambas as soluções.

Campos Neto afirmou que para resolver esses ruídos, o

ideal é 'virar a página' e o governo deixar claro qual é o

tipo de programa que vai fazer e como vai ser

financiado.

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- Acredito que uma vez que você supera isso, muito do

ruído vai diminuir. Infelizmente, as notícias ultimamente

apontam para a outra direção, para a direção que ainda

temos muito debate sobre com isso será feito -

comentou o presidente do BC.

Campos Neto ainda disse que vê uma janela para

aprovação de reformas por conta da vontade do

124

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo Online/Nacional - Economia

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Congresso. Como O GLOBO mostrou nesta quarta, a

radicalização dos movimentos do presidente Bolsonaro

tem colocado em risco o avanço da agena econômica.

- As reformas são muito importantes, nós ainda temos

muitas reformas que precisam ser feitas. Ainda temos

uma janela e o Congresso tem sido bem focado no

avanço nas reformas.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

125

Policiais do Rio Grande do Norte terão câmeras em uniformes -

08/09/2021 - Notícia

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da

Defesa Social do Rio Grande do Norte (Sesed/RN) irá

adquirir 15 câmeras corporais para o uso da atividade

policial no Estado. O processo para a aquisição está em

análise na Coordenadoria de Tecnologia (COTIC) da

pasta. Após as avaliações, segundo informações da

Sesed, o edital será pactuado para que seja dado início

a licitação. Conforme a Secretaria, ainda não há data

para a implementação do uso das câmeras.

Adriano Abreu

Equipamentos serão acoplados nas fardas dos policiais

e poderão fazer registros em áudio e vídeo. Cada

câmera custa em média R$ 30 mil, o que inclui o

software

As 15 câmeras serão utilizadas para teste. Após a

aquisição, a Polícia Militar do Estado (PMRN) deverá

destinar os equipamentos para a utilização de parte das

equipes da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas

(ROCAM). O projeto é viabilizado por meio de uma

emenda parlamentar federal. A Sesed informou que

mais de R$ 500 mil estão designados para a compra.

Cada câmera custa em média - junto com os softwares

de gerenciamento - R$ 30 mil.

As chamadas 'bodycams', são equipamentos acoplados

à farda do agente e podem fazer registros em áudio e

vídeo. No Brasil, a iniciativa já é adotada pelos Estados

de Santa Catarina, Rondônia e São Paulo. 'O processo

encontra-se na Coordenadoria de Tecnologia (COTIC)

da pasta para as últimas análises antes da publicação

do edital', esclareceu a Secretaria.

O titular da Sesed, coronel Francisco Araújo, explicou

que a adoção do uso dos equipamentos será testado

junto à ROCAM em razão da exposição desses

agentes.

'Por causa do patrulhamento nas ruas, esse policial está

em contato direto com o cidadão, muito exposto.

Também levamos em consideração o fato de que a

ROCAM tem uma mobilidade maior. A adoção do uso

desses equipamentos no RN se deve a uma

recomendação do Conselho Nacional de Justiça aos

Estados e também ao fato de que já existe adesão à

utilização dessas câmeras no País', afirmou o

secretário.

A expectativa da Sesed é estender o uso dos

equipamentos às viaturas policiais. 'A demanda de

câmeras como equipamento policial é nacional e já está

sendo adotada em diversos estados do País. E a

tendência é que, de fato, sejam incorporadas como

instrumento de trabalho do policial. Essa é uma

tendência nacional', explicou a Secretaria. 'Após os

testes, o Estado poderá buscar novos recursos para a

aquisição de mais equipamentos', revelou a pasta.

Projeto nacional

As equipes policiais de Santa Catarina, Rondônia e São

126

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Paulo já utilizam câmeras corporais durante o exercício

de suas atividades. O equipamento, que é individual,

tem capacidade para gravação e transmissão de áudio,

vídeo e localização geográfica. Esse tipo de câmera

também permite o monitoramento remoto e o

armazenamento em nuvem e é utilizada junto ao

uniforme do policial com o objetivo de registrar as

operações das quais o agente participa.

Os policiais não têm autonomia para desligar as

câmeras e as imagens podem ser acessadas a qualquer

momento pelos superiores.

O Estado de Santa Catarina foi a primeira unidade

federativa do País a adotar esse tipo de equipamento,

em 2019. Hoje, são 2,5 mil câmeras a serviço da PMSC.

Também em 2019, meses após a adoção dos

equipamentos em Santa Catarina, foi a vez de o Estado

de Rondônia aderir ao uso do equipamento. Lá, são

disponibilizadas 1 mil 'bodycams'.

Em 2020, São Paulo passou a usar 500 câmeras

corporais. Em junho deste ano, mais 2,5 mil unidades

chegaram a 18 batalhões do Estado paulista, a um

custo de R$ 1,2 milhão. A expectativa é que mais 7 mil

equipamentos sejam licitados e acoplados aos

uniformes dos agentes até o ano que vem. Nesse prazo,

todos os policiais da capital e da Grande São Paulo

deverão estar equipados, segundo a PMSP.

Mortes em ações policiais diminuíram

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de

2021, o Rio Grande do Norte registrou 160 mortes

decorrentes de intervenção policial em 2019 e 145 em

2020. Os registros envolvem policiais em serviço ou fora

dele.

Para o cientista social, especialista em segurança

pública e sistema prisional, Francisco Augusto Cruz, a

adoção das câmeras acopladas ao fardamento dos

policais faz parte de uma gestão eficiente para a

redução da letalidade em todo o Brasil, onde,

comparativamente com outros países, há um a taxa de

letalidade acima da média.

'Nós temos a Polícia Militar que mais mata em

intervenções, no mundo. Estudos realizados no Brasil

destacaram a necessidade de interferir diretamente no

processo de atuação do policial e a câmera foi

considerada uma das estratégias que podem trazer

resultados a curto prazo', destaca.

Para Francisco Augusto Cruz, as câmeras serão, ainda,

importantes aliadas para a proteção do próprio agente.

'Por incrível que pareça, a gente não discute a violência

que o policial sofre quando entra numa comunidade e

que, muitas vezes é intimidado ou até mesmo expulso

de alguns locais', afirma.

Cruz, que é professor do Instituto Federal do Rio

Grande do Norte (IFRN), aponta que, sob esse aspecto,

os benefícios serão direcionados à população e à

polícia. 'Essas câmeras, não são, especificamente, para

monitorar o comportamento dos policiais, o que de

imediato, a gente pode imaginar que seja. É preciso

considerar também que o monitoramento, no momento

da abordagem, intimida a atuação da pessoa suspeita,

porque ela será informada que está sendo filmada',

pontua.

O secretário de Segurança Pública e da Defesa Social

do Estado, Coronel Araújo, concorda que o uso dos

novos equipamentos será benéfico para o trabalho do

policial e para a sociedade, porque vai coibir abusos por

parte dos agentes, assim como impedirá que haja falsas

afirmações contra a polícia.

'É bom para o cidadão e para o agente, porque vai

garantir transparência ao trabalho policial. Vai impedir

excessos dos agentes, da mesma forma que vai

protegê-lo quando houver acusação de truculência sem

que tenha havido tal episódio', afirmou o secretário de

Segurança.

As imagens captadas pelas 'bodycams' poderão servir

como prova em eventuais inquéritos ou processos

judiciais, conforme detalha o professor Francisco

Augusto cruz. 'São provas documentais altamente

confiáveis. O Poder Judiciário, a partir do momento em127

Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

que tiver acesso a elas, irá somá-las a todas as demais

para dar andamento a um inquérito ou processo, por

exemplo', afirma.

O especialista destaca que o uso dos equipamentos

vem sendo adotado em todo o mundo, inclusive nos

países onde a polícia é considerada pacífica, uma prova

de que, segundo ele, o uso do equipamento vai além do

monitoramento do comportamento do policial. Cruz

avalia, no entanto, que esse é um ponto importante a

ser levado em consideração no Brasil, tendo em vista os

casos de abuso policial que rondam o País.

'O uso da força e a letalidade nas abordagens policiais

chegou a zero, pelo menos no início do uso dos

equipamentos no Estado de São Paulo. As denúncias e

reclamações contra arbitrariedades policiais também

diminuíram. Isso é um grande avanço', analis Francisco

Augusto Cruz.

Apesar de citar os diversos benefícios que o uso das

câmeras corporais podem trazer para melhorar a

relação entre a polícia e a população, Cruz é taxativo: 'A

mudança de comportamento da PM não passa

exclusivamente pela instalação de equipamentos de

segurança na farda do policial. A gente precisa

transformar a cultura e a forma como o policial se

identifica naquele trabalho que ele faz. A população

precisa melhorar o nível de confiança na PM', encerra.

A TRIBUNA DO NORTE procurou a Associação dos

Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares

do RN (ASSPMBMRN) e a Associação dos Cabos e

Soldados da PM/RN em duas oportunidades. A

TRIBUNA pediu que as associações fizessem uma

avaliação de como observam a inserção desses

equipamentos no dia-a-dia da atividade policial no Rio

Grande do Norte. A PM também foi procurada.

Nem as associações nem a Polícia Militar deram

resposta aos questionamentos da reportagem da

TRIBUNA DO NORTE.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça128

Após reunião com líder do governo, presidente do Senado não cogita

pronunciamento

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Online/Nacional - Política

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Autor: Renan Truffi

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),

se reuniu nesta quarta-feira (08) com o líder do governo

no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), para

discutir a escalada da crise política. O encontro entre os

dois aconteceu após Pacheco cancelar todas as

sessões deliberativas e reuniões de comissões

previstas para esta semana no Senado.

Leia mais: "Linhas da Constituição devem ser

respeitadas por todos", diz Lira em discurso

O motivo foi os . A avaliação da cúpula da Casa é que

não há clima político para votações de projetos, sejam

eles de interesse do Executivo ou não.

Leia mais: Fux deve alertar que descumprir ordem

judicial configura crime de responsabilidade

A decisão de Pacheco, no entanto, pegou de surpresa

ministros e auxiliares do Palácio do Planalto. O Senado

previa votar uma série de projetos de interesse do

governo nestes dias. Além disso, dizem interlocutores, o

presidente do Senado conseguiu, com isso, evitar que

os governistas celebrassem as manifestações de 7 de

Setembro com discursos no plenário da Casa.

Leia mais: Impeachment de Bolsonaro: Mourão 'não vê

clima' para processo

Apesar disso, não há previsão de qualquer

pronunciamento de Pacheco, por enquanto. Isso porque

ele já se posicionou sobre os protestos de terça-feira

(07), durante a manhã. Na ocasião, o presidente do

Senado defendeu o Estado democrático de direito. 'Ao

tempo em que se celebra o Dia da Independência,

expressão forte da liberdade nacional, não deixemos de

compreender a nossa mais evidente dependência de

algo que deve unir o Brasil: a absoluta defesa do Estado

Democrático de Direito', afirmou.

Integrantes da cúpula do Senado admitem em caráter

reservado, no entanto, que as manifestações e a

postura do presidente Jair Bolsonaro também devem

afetar as negociações em torno de pautas econômicas

de e do pagamento de R$ 89,1 bilhões de precatórios

no próximo ano, que estava sendo discutido junto ao

Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Há algumas semanas, Pacheco, o presidente da

Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do STF,

Luiz Fux, vinham tentando construir uma saída para a

questão dos precatórios, o que deve perder força,

segundo interlocutores.

'Todo o ambiente de negociações vai pelo ralo', admitiu

uma fonte próxima. O mesmo vale para pautas como a

reforma do Imposto de Renda, que deve chegar para os

senadores nos próximo dias. Em resumo, dizem, o

ambiente, que já era ruim para o governo no Senado,

deve ficar ainda pior.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

129

Presidente do STF procura Lira e Pacheco após atos para reunião

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Online/Nacional - Política

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Autor: Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz

Fux, pediu uma reunião com os presidentes da Câmara

dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado,

Rodrigo Pacheco (DEM-MG), após os ataques do

presidente Jair Bolsonaro ao ministro Alexandre de

Moraes e à Corte nos atos de 7 de setembro, mas, por

enquanto, o encontro ainda não foi marcado.

Leia mais: 'Ninguém fechará' o STF e ameaça de

desobediência é crime de responsabilidade, diz Fux

O pedido de encontro foi relatado ao Valor por um

parlamentar aliado de Lira. Segundo ele, o presidente

da Câmara topou a reunião, mas pediu um lugar 'neutro'

e não quer ir ao STF no dia seguinte aos protestos, o

que poderia ser mal interpretado no Executivo.

Leia mais: "Linhas da Constituição devem ser

respeitadas por todos", diz Lira em discurso

Fux queria discutir a situação. Nesta quarta-feira, ele fez

um discurso mais duro contra o presidente. Disse que,

'se o desprezo às decisões judiciais vem de chefe de

um Poder, essa atitude, além de representar atentado à

democracia, configura crime de responsabilidade a ser

analisado pelo Congresso'. Cabe a Lira abrir o processo

de impeachment.

Leia mais: Após reunião com líder do governo,

presidente do Senado não cogita pronunciamento

Momentos antes, o presidente da Câmara fez uma fala

mais amena e apaziguadora. Disse que é hora de 'dar

um basta nas escaladas' conflituosas e que as bravatas

em redes sociais estão afetando o Brasil real e a

economia, mas sequer citou nominalmente Bolsonaro,

não falou em impeachment e ainda exaltou aqueles que

foram as ruas de forma pacífica se manifestar.

Leia mais: Precatórios: Ataque de Bolsonaro ao STF

dificulta acordo no Congresso

Fux, Lira e Pacheco vinham se reunindo com frequência

nas últimas semanas para negociar uma alternativa

para o pagamento de precatórios (dívidas judiciais) pelo

governo federal. A intenção era que o Conselho

Nacional de Justiça (CNJ) baixasse uma norma para

evitar um aumento grande nos pagamentos, o que

inviabilizará a reformulação do Bolsa Família. Para

aliados do Executivo, os ataques de Bolsonaro ao STF

devem atrapalhar essas negociações.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

130

CNJ e MPT se unem para fortalecer trabalho no sistema prisional

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Garantir que pessoas que estiveram presas tenham

acesso a trabalho e geração de renda dignos é

fundamental para atender aos anseios da sociedade por

um país mais desenvolvido e inclusivo.

ReproduçãoNo Brasil, apenas 13% das pessoas

privadas de liberdade ocupam postos de trabalho

No entanto, segundo dados do Executivo federal,

apenas 13% das pessoas privadas de liberdade ocupam

postos de trabalho, sendo a maioria ligados a atividades

internas nas unidades prisionais ou à produção de

artesanato com fins de subsistência. Fora das prisões,

pessoas egressas continuam enfrentando estigmas para

recolocação em postos de trabalho.

Para reverter esse quadro, o Conselho Nacional de

Justiça e o Ministério Público do Trabalho assinaram a

Orientação Técnica Conjunta 1. O texto dá o passo a

passo para que representantes locais do sistema de

Justiça e outros atores garantam a contratação de

pessoas presas ou egressas prevista em lei pela

Administração Pública direta, autárquica e fundacional e

pelo Poder Judiciário.

O documento é fruto de termo de cooperação técnica

firmado em 2020 pelas duas entidades para qualificar o

cumprimento da Política Nacional de Trabalho no

âmbito do Sistema Prisional (PNAT), instituída pelo

Decreto 9.450/2018, e da Resolução CNJ 307/2019,

que criou a Política Judiciária Nacional de Atenção a

Pessoas Egressas.

O fortalecimento de trabalho e geração de renda no

contexto de privação de liberdade integra as ações do

programa Fazendo Justiça, parceria entre o CNJ e o

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

(Pnud), com apoio do Departamento Penitenciário

Nacional, para incidir em desafios estruturais na área.

Contexto

Citando arcabouço normativo nacional e internacional

sobre o tema, a orientação destaca que muitas

atualizações recentes ainda não foram incorporadas no

país. "As questões de gênero e orientação sexual, a

desregulamentação do trabalho mundial e suas

implicações para a inclusão produtiva no sistema

prisional e as relações entre entes públicos e privados

na geração de trabalho e renda no escopo da Justiça

criminal não se encontram abordadas nos documentos

e normas mais recentes, dentre eles o próprio Decreto

9.450/18", aponta o texto.

Como principal recomendação estruturante aos poderes

públicos locais, a normativa orienta a criação de grupos

de trabalho intersetoriais liderados pelos Grupos de

Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e

Sistema de Medidas Socioeducativas dos Tribunais de

Justiça (GMFs) e pelas Procuradorias Regionais do

Trabalho. Os escritórios sociais e outros serviços de

atenção às pessoas egressas devem apoiar a

coordenação local das ações.

O passo a passo para garantir o cumprimento da PNAT

inclui o mapeamento de normativas locais sobre o

assunto, o fomento a projetos de lei na ausência destas,131

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

o levantamento de contratos existentes entre a

Administração Pública e empresas privadas, a

identificação dos índices previstos em lei para o

cumprimento de cotas de contratação, assim como

medidas a serem adotadas em caso de

descumprimento. Por fim, aborda os diferentes papeis a

serem desempenhados para o monitoramento e

fiscalização dos contratos e os quesitos a serem

observados. Com informações da assessoria de

imprensa do CNJ.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, Judiciário - Sistema Carcerário, Judiciário -

Fazendo Justiça, Judiciário - Sistema Prisional

132

A Lei 14.195/2021 e a nova disciplina da citação

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Eduardo Calvert

A Lei 14.195, do último dia 25 de agosto, trata sobre

uma diversidade de assuntos, todos supostamente

ligados à desburocratização e à facilitação da atividade

empresarial. Em relação ao Código de Processo Civil

(CPC), sob a justificativa de operar uma "racionalização

processual", a lei trouxe importantes alterações no

tocante ao procedimento para a citação e às regras

aplicáveis à prescrição intercorrente.

No que diz respeito à citação, as alterações tiveram por

objetivo criar um sistema que permita a realização da

citação por meio eletrônico e que privilegie essa

modalidade de citação em detrimento das demais.

Nesse passo, a lei acrescentou ao artigo 77 do CPC o

dever das partes de "informar e manter atualizados seus

dados cadastrais perante os órgãos do Poder Judiciário

e, no caso do § 6º do art. 246 deste Código, da

Administração Tributária, para recebimento de citações

e intimações".

A grande alteração foi realizada no texto do artigo 246

do CPC, que teve sua redação quase que integralmente

refeita e passou a apontar a citação "por meio

eletrônico", "por meio dos endereços eletrônicos

indicados pelo citando no banco de dados do Poder

Judiciário, conforme regulamento do Conselho

Nacional de Justiça", como a forma preferencial de

citação do réu.

Segundo a nova disciplina, a citação eletrônica será

feita por e-mail, cuja confirmação de recebimento deve

ser encaminhada pelo réu no prazo de até três dias

úteis, sob pena de aplicação de multa de até 5% do

valor da causa por ato atentatório à dignidade da

Justiça. Se não houver confirmação de recebimento, a

citação não será considerada válida, sendo necessária

a sua realização por outros meios.

Em havendo a confirmação de recebimento, o início do

prazo para o réu tem começo no "quinto dia útil seguinte

à confirmação, na forma prevista na mensagem de

citação, do recebimento da citação realizada por meio

eletrônico", conforme agora dispõe o artigo 231, IX, do

CPC.

Mas qual o endereço de e-mail que deve ser utilizado

pelo Poder Judiciário para encaminhamento da citação?

Segundo as novas regras, deverá ser criado um banco

de dados do Poder Judiciário, a ser regulamento pelo

Conselho Nacional de Justiça, no qual as partes

deverão indicar o seu endereço eletrônico. No

momento, no entanto, esse banco de dados não existe

[1], de forma que a nova regra se mostra de difícil,

senão impossível, implementação.

O CPC prevê, ainda, que em relação às microempresas

e às pequenas empresas seja utilizado o endereço

eletrônico cadastrado junto ao sistema integrado da

Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da

Legalização de Empresas e Negócios (Redesim). Esse

cadastro refere-se a dados dos empresários junto ao

sistema da Receita Federal e demais entes da

administração tributária, devendo haver

compartilhamento de dados com o Poder Judiciário.133

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Na prática, a implementação das alterações depende da

criação de uma série de cadastros e de sistemas de

informação ainda não existentes. Atualmente, não é

possível consultar o endereço de e-mail das partes nos

cadastros previstos no caput ou no §6º do artigo 246 do

CPC.

Outra característica dessas novas regras que chama a

atenção é o fato de a citação não poder ser considerada

válida caso a parte não confirme o recebimento da

mensagem de e-mail, ainda que o endereço eletrônico

seja aquele informado junto aos cadastros do Poder

Judiciário. Ou seja, se o réu não confirmar o

recebimento do e-mail, será necessária a realização da

citação por outro meio, com possibilidade de aplicação

de multa por ato atentatório à dignidade da justiça.

Essa característica da nova disciplina, a nosso sentir,

enfraquece em muito a simplificação e a celeridade que

parece ter sido inspiradora das regras. Ora, a pretexto

de agilizar o andamento dos processos, a nova

disciplina acabou criando mais um incidente processual

e mais uma questão a ser debatida nos autos em

prejuízo da matéria principal.

Mas a maior dificuldade de compreensão da nova

disciplina parece ser a sua compatibilização com a

disciplina anterior existente sobre a realização de

citação por meio eletrônico.

Curiosamente, a citação por meio eletrônico já era

prevista no texto original do artigo 246 do CPC, no seu

inciso V e no §1º, o qual determinava sua preferência

em relação às demais formas de citação e a

obrigatoriedade de as "empresas públicas e privadas"

manterem cadastro nos sistemas que permitiriam a

realização da citação por esse meio.

A Lei 11.419/2006, que dispõe sobre a informatização

do processo judicial, prevê a realização de citação

eletrônica por meio de portal próprio do Poder Judiciário

(artigo 6º) e regulamenta a sua realização (artigos 2º, 5º

e 9º). Essa disciplina para a realização dos atos de

comunicação processual (intimação e citação) continua

vigente, nos termos da Lei 11.419/2006 e do artigo 246,

§§1º e 5º, do CPC.

A disciplina anterior detém uma vantagem gritante em

relação à nova: a desnecessidade de confirmação do

recebimento da citação eletrônica. Isso porque, nos

termos do artigo 5º, §3º, da Lei 11.419/2006, caso a

parte a ser intimada ou citada não realize a consulta do

ato em até dez dias corridos contados da data do envio

da intimação, será considerada a intimação

automaticamente realizada na data do término desse

prazo.

O CNJ regulamentou por meio da resolução

234/2016[2] a "plataforma de comunicações

processuais" do Poder Judiciário, disciplinando a

matéria de modo similar à Lei 11.419/2016 e apontando

a obrigatoriedade de cadastro "para a União, os

Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as

entidades da administração indireta, bem como as

empresas públicas e privadas, com exceção das

microempresas e empresas de pequeno porte" (artigo

8º, §1º) e a facultatividade de cadastro para "pessoas

físicas e jurídicas não previstas no parágrafo anterior"

(artigo 8º, § 2º).

Note-se que, apesar de se tratar de duas modalidades

de citação por meio eletrônico, as suas disciplinas e as

formas de realização são bastante diversas. No modelo

já existente, a citação ou a intimação se fazem por meio

de portais mantidos pelo Poder Judiciário, os quais são

acessados pelas partes; já no modelo novo, a citação se

faz por meio de encaminhamento de mensagem

eletrônica de e-mail junto aos endereços cadastrados.

O primeiro modelo funciona atualmente, mas tem

aplicação ainda bastante restrita, especialmente em

relação a entes públicos (procuradorias, Defensoria

Pública e Ministério Público) e a algumas pessoas

jurídicas cadastradas[3].

A dificuldade de implementação desse primeiro modelo

reside justamente na obrigatoriedade de as partes

manterem cadastro junto ao sistema de processo em

autos eletrônicos: apesar de ser obrigatório para as134

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

"empresas públicas e privadas" (CPC, artigo 246, §1º),

não há mecanismos eficientes para a imposição dessa

obrigatoriedade.

Ocorre que a mesma dificuldade para impor às partes a

manutenção do cadastro junto ao sistema vai existir no

tocante à imposição às partes da obrigatoriedade de

manter atualizado o seu endereço eletrônico junto ao

banco de dados a ser criado pelo CNJ...

Analisando-se com cuidado as novas disposições legais

e com olhos à convivência entre as duas modalidades

de citação, entendemos que a citação por meio do

portal próprio do Poder Judiciário continua vigente e

continua a ser o meio preferencial para a realização da

citação em relação às "empresas públicas e privadas" e

"à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos

Municípios e às entidades da administração indireta"

(nos termos do artigo 246, §§1º e 2º, do CPC).

Essa forma também será preferencial em relação às

microempresas e às pequenas empresas, desde que

não possuam endereço eletrônico cadastrado no

sistema integrado da Redesim (artigo 246, §5º, do

CPC).

Essa conclusão se extrai de dois fundamentos:

primeiramente, não houve revogação da Lei

11.419/2006; além disso, o artigo 246, §1º, do CPC

manteve a sua redação praticamente inalterada, de

modo que devemos entender que a modalidade de

citação eletrônica anteriormente existente continua

vigente (como já apontamos acima, essa modalidade é

diferente da citação por e-mail).

Analisando-se com cuidado as disposições do artigo

246 do CPC, percebe-se que o caput traz como regra

geral a citação "por meio dos endereços eletrônicos

indicados pelo citando no banco de dados do Poder

Judiciário, conforme regulamento do Conselho

Nacional de Justiça". No entanto, logo em seu §1º, o

mesmo artigo traz uma regra especializada aplicável às

"empresas públicas e privadas", prevendo a preferência

de citação por meio dos "sistemas de processo em

autos eletrônicos".

O §1º do artigo 246 traz uma regra especial em relação

ao caput, a qual se aplica também "à União, aos

Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às

entidades da administração indireta" (§2º) e as

microempresas e pequenas empresas que não

possuam endereço eletrônico cadastrado junto ao

sistema integrado da Redesim (§5º).

Anote-se, ainda, que essa parece ser a melhor

conclusão à luz do princípio da eficiência, tendo em

vista que a modalidade de citação por meio do próprio

sistema do Poder Judiciário mostra-se muito mais eficaz

e célere do que a citação por e-mail.

Em conclusão:

- A citação por meio dos sistemas de processo em autos

eletrônicos (portais do próprio Poder Judiciário, que têm

por maior expoente a plataforma de comunicações

processuais do CNJ) continua a ser o meio preferencial

de citação para as empresas públicas e privadas, para a

União, os estados, o Distrito Federal, os municípios e as

entidades da administração indireta e para as

microempresas e pequenas empresas que não tenham

o endereço eletrônico cadastrado junto ao sistema da

Redesim;

- A citação por correio eletrônico (ou seja, por

mensagem de e-mail a ser encaminhada para o

endereço previamente cadastrado pela parte no banco

de dados do Poder Judiciário) é preferencial para as

pessoas físicas e para as microempresas e pequenas

empresas que tenham seu endereço eletrônico

cadastrado junto ao sistema da Redesim. No entanto,

esse meio também pode ser utilizado em relação às

pessoas indicadas no item acima [4], desde que não

estejam cadastradas no sistema de processo em autos

eletrônicos do Poder Judiciário;

- Não sendo possível a citação por qualquer desses

meios eletrônicos, ou na hipótese de ausência de

confirmação de recebimento da citação por e-mail, a

citação deverá ser feita por correio (preferencialmente),

por oficial de justiça, pelo escrivão ou chefe da135

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

secretaria, se o citando comparecer em cartório, ou por

edital (artigo 246, §1º-A, do CPC).

Algumas considerações devem ainda ser feitas.

O artigo 247 do CPC, em sua nova redação, traz regras

de exceção à citação eletrônica que devem ser

analisadas com cuidado, uma vez que claramente o

legislador se descuidou na redação do dispositivo legal.

Assim, a citação por meio eletrônico ou por correio não

é admissível nas ações de Estado, quando o citando for

incapaz ou quando o autor, justificadamente, a requerer

de outra forma (incisos I, II e V do artigo 247).

Em relação às pessoas de direito público, a disposição

do artigo 247, III, claramente está em contradição com o

artigo 246, §§1º e 2º, do CPC. A melhor interpretação

desta disposição, à luz da regra expressa do artigo 246,

§§1º e 2º, do CPC é no sentido de que as pessoas de

direito público não podem ser citadas por correio ou por

e-mail, na forma do caput do artigo 246 do CPC, sendo

possível unicamente a citação eletrônica por meio do

sistema de processo em autos eletrônicos (como, aliás,

ocorre atualmente).

Da mesma forma, não parece fazer sentido impedir a

citação eletrônica na hipótese do inciso IV do artigo 247

do CPC, uma vez que, "quando o citando residir em

local não atendido pela entrega domiciliar de

correspondência" ele poderá ainda assim ser citado por

e-mail, não havendo qualquer impedimento para que

isso ocorra.

Em conclusão a essas breves anotações, entendemos

que a nova disciplina da citação trazida pela Lei

14.195/2021, apesar de bem intencionada, é confusa e

não enfrenta o principal problema que envolvia a citação

eletrônica já prevista no sistema anterior, que é a

obrigatoriedade de as partes (e, aqui, entenda-se

especialmente os grandes litigantes) manterem cadastro

junto aos sistemas do Poder Judiciário.

As duas modalidades de citação eletrônica padecem da

mesma dificuldade de implementação: em ambos os

casos a obrigatoriedade de prévio cadastramento da

parte (seja junto ao sistema de processo em autos

eletrônicos, seja junto aos bancos de dados do Poder

Judiciário) não detém meios eficientes de imposição.

Veja que a multa prevista no artigo 246, §1º-C, do CPC

não se aplica para a hipótese de ausência de cadastro,

mas, sim, para a hipótese de a parte, que já detenha

cadastro, deixar de confirmar o recebimento da citação

eletrônica. Ou seja, essa multa não resolve o principal

problema da modalidade eletrônica anteriormente

existente.

A nova modalidade de citação é, portanto, pouco

assertiva e dificilmente incrementará a eficiência do

processo (inclua-se aqui a celeridade e a economia

processual), uma vez que não traz solução para a

obrigatoriedade de manutenção de cadastros pelas

partes e cria uma modalidade de citação que depende

da confirmação da própria parte.

As novas disposições legais pecam pela atecnia e pela

falta de clareza: não está claro se a modalidade

eletrônica deve ser adotada preferencialmente em

relação a todo e qualquer litigante; não está clara a

convivência entre a nova citação eletrônica (por e-mail,

prevista no caput do artigo 246) e aquela anteriormente

prevista no CPC e disciplinada pela Lei 11.419/2006.

Entendemos, finalmente, que a modalidade de citação

eletrônica já vigente anteriormente, atualmente

disciplinada pela Lei 11.419/2006 e pela resolução

234/2016 do CNJ, deve ser mantida como forma

preferencial de citação para as empresas públicas e

privadas, para a União, os estados, o Distrito Federal,

os municípios e as entidades da administração indireta

e para as microempresas e pequenas empresas que

não tenham o endereço eletrônico cadastrado junto ao

sistema da Redesim.

A citação eletrônica por e-mail deve ser utilizada

residualmente, em relação às hipóteses em que não

seja possível a citação por meio dos sistemas de

processo em autos eletrônicos.

136

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

[1] Atualmente existe regulamentação no CNJ sobre a

plataforma de comunicações processuais do Poder

Judiciário, o que não se confunde com o banco de

dados previsto no atual caput do artigo 246 do CPC.

[2] Disponível no seguinte link:

https://atos.cnj.jus.br/files/compilado1716222021061160

c39a6687abc.pdf.

[3] A lista das empresas cadastradas junto ao portal do

Tribunal de Justiça de São Paulo para o recebimento de

citações eletrônicas conta atualmente com 43 (quarenta

e três) nomes e se encontra disponível neste link:

https://www.tjsp.jus.br/Download/SPI/Downloads/Lista_

CNPJS_IntimacaoEletronica.pdf?d=1630689028023.

[4] Com exceção das pessoas de direito público,

conforme veremos abaixo.

Eduardo Calvert é juiz de Direito e mestre em Processo

Civil pela USP.

Revista Consultor Jurídico, 8 de setembro de 2021,

10h43

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

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PEC propõe excluir precatórios do teto de gastos; OAB defende medida

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Diante da percepção de fragilidade das propostas que

foram apresentadas até agora para resolver a questão

do pagamentos dos precatórios, para o qual o governo

não se preparou, o deputado federal Marcelo Ramos

(PL-AM) apresentou uma PEC que propõe retirar essa

rubrica do teto de gastos do governo.

Pagamento dos R$ 89 bilhões em precatórios não pode

ser parcelado

Reprodução

O valor dos precatórios, forma de cobrança de uma

dívida do poder público estabelecida por condenação

judicial, vai chegar a R$ 89 bilhões em 2022. Esse valor

representa um aumento de cerca de 63% em relação

aos valores a serem pagos neste ano (R$ 54,7 bilhões).

O ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou ao

Congresso uma proposta de emenda à Constituição

(PEC 23/2021) para que o pagamento de parte dos

precatórios, em especial aqueles de maior valor, fosse

parcelado.

Diante da grande polêmica gerada em torno desta PEC,

que foi considerada uma forma de calote, o ministro Luiz

Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal,

recomendou como alternativa que a base de cálculo

para o pagamento dos precatórios retroaja aos valores

gastos em 2016, quando passou a vigorar a regra do

teto de gastos públicos e, a partir dessa data, o valor da

despesa anual seja limitado ao acréscimo da inflação.

Se essa for a regra definida, no ano de 2022 o valor

máximo a ser pago será de cerca de R$ 40 bilhões,

ficando fora do orçamento (e, portanto, não será pago

aos credores) aproximadamente R$ 49 bilhões.

A proposta do presidente do Supremo, no entanto,

também levantou controvérsias. Diante disso, o

deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), apresentou

uma PEC que altera o artigo 107 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias para retirar da

base de cálculo e dos limites do Novo Regime Fiscal as

despesas com pagamento de condenações judiciais.

Segundo o parlamentar, sua proposta abrirá espaço

adicional no teto de gastos em torno de R$ 20 bilhões, o

que ajudaria a reestruturar o Bolsa Família como

pretende Paulo Guedes. "Há, portanto, forma de

solucionar a questão, com respeito à Constituição e

responsabilidade fiscal. Só há desenvolvimento com

soluções democráticas e sérias. Propostas à margem

da Constituição e da democracia não serão acolhidas

pelo Congresso, nem pela sociedade Brasileira",

afirmou Ramos.

De acordo com a justificação da PEC, as dívidas

judiciais são obrigações cujo pagamento não está

sujeito a qualquer ingerência do Executivo, ou do

Congresso. O texto ressaltou que os precatórios devem

ser pagos aos credores que aguardam o recebimento e,

por consequência, não deveriam estar sujeitos à regra

do teto, que tem por objetivo nortear a melhor gestão, a

gestão possível, dos custos da máquina.

"O caráter obrigatório das condenações judiciais não138

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

comporta flexibilização interpretativa, sob pena de

comprometimento da efetividade das condenações

judiciais e, assim, do respeito e credibilidade do próprio

Poder Judiciário", disse a proposta.

Posição da OAB

Para a Ordem dos Advogados do Brasil, a sistemática e

objeto da PEC 23/2021, que introduz o parcelamento

em dez parcelas anuais e sucessivas, já foi

expressamente declarado inconstitucional pelo STF

quando do julgamento relativo à Emenda Constitucional

30/2000 (que previa o pagamento de precatórios no

mesmo número de parcelas proposto agora). O STF

considerou que parcelamento dessa ordem feriria a

separação de poderes, o direito de propriedade, a coisa

julgada, o acesso à jurisdição, dentre outros princípios.

Quanto à proposta do Conselho Nacional de Justiça

de editar resolução por meio da qual seria imposto um

limite de gastos com precatórios, a Ordem entende que

tal medida padece de vícios ainda mais graves do que

aqueles identificados na PEC 23/2021.

"É certo que Resolução do CNJ não tem o condão de

alterar a lei, muito menos o regime de pagamento de

precatórios, veiculado pelo texto constitucional. Além

disso, a medida criaria um inédito e gigantesco estoque

de precatórios federais inadimplidos, algo que nunca

ocorreu desde que o sistema de precatórios foi

introduzido no ordenamento jurídico brasileiro, em 1937.

Tal estoque rapidamente superaria a marca de R$ 1

trilhão (em 2032)", disse parecer da OAB.

A solução que a OAB considera "juridicamente correta,

além de adequada dos pontos de vista técnico e

orçamentário", é exatamente excluir os gastos com

condenações judiciais (precatórios e RPV) do limite do

teto de gastos, por meio de alteração do § 6º do art. 107

do ADCT.

Tal solução, conforme apontado no parecer, denota o

importante e necessário respeito à autoridade do Poder

Judiciário, "cujas determinações devem ser

irremediavelmente cumpridas sob o risco de ameaça do

equilíbrio democrático".

O documento também frisou que o aumento dos gastos

da União com condenações judiciais está crescendo na

mesma ordem e proporção em que cresce a

arrecadação de receitas federais - ambos viabilizados

pela maior efetividade e celeridade do Poder Judiciário.

Clique aqui para ler a PEC do deputado Marcelo Ramos

Clique aqui para ler o parecer da OAB

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

139

CNJ suspende concurso para juiz substituto do Tribunal de Justiça do

Rio

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Sérgio Rodas

Órgão público que promove concurso deve divulgar

espelhos de provas subjetivas, para se assegurar a

motivação do ato administrativo. Com esse

entendimento, o integrante do Conselho Nacional de

Justiça Mário Guerreiro concedeu, nesta quarta-feira

(8/9), liminar para suspender o XLVIII Concurso Público

para juiz substituto do Tribunal de Justiça do Rio de

Janeiro.

Provas de sentença do concurso para juiz do TJ-RJ

estavam marcadas para os dias 18 e 19 de setembro

Reprodução

Os autores foram aprovados na primeira etapa do

concurso e convocados para a prova subjetiva,

conduzida por comissão do TJ-RJ. De acordo com eles,

a comissão não divulgou espelhos, gabaritos,

pontuação dos critérios e quesitos de correção das

avaliações. Isso inviabilizou o conhecimento de

eventuais erros e a interposição de recursos nas vias

administrativa e judicial, disseram os autores.

Eles também sustentaram que a medida violou o

princípio da motivação e a Resolução CNJ 75/2009, que

trata de concursos para a magistratura. Como as provas

de sentença estavam marcadas para os dias 18 e 19 de

setembro, pediram liminar para suspensão da etapa. No

mérito, requereram a anulação das provas discursivas e

a realização de nova avaliação.

Em sua defesa, o TJ-RJ apontou que a Resolução CNJ

75/2009 prevê a divulgação do gabarito em apenas

duas fases do concurso: prova objetiva e prova de

títulos, o que ocorreu no caso. Além disso, a corte

alegou que há precedentes do CNJ declarando que não

é necessário divulgar o espelho.

O conselheiro Mário Guerreiro apontou que o TJ-RJ tem

razão quanto à ausência de previsão expressa na

Resolução CNJ 75/2009 sobre os espelhos e à

existência de precedentes do CNJ dispensando a

divulgação de espelho.

Contudo, Guerreiro destacou que recentes decisões do

Superior Tribunal de Justiça exigem a divulgação de

espelhos nas provas subjetivas, como forma de se

assegurar a motivação do ato administrativo (RMS

56.639 e 66.122).

"Desse modo, havendo indícios de que as regras

orientadoras do concurso em exame e os próprios

julgados do CNJ se afiguram em aparente dissonância

com o entendimento mais recente do STJ acerca da

garantia da motivação do ato administrativo e da devida

observância aos princípios da publicidade e da ampla

defesa, não se mostra prudente permitir que o certame

prossiga fundado em teses que supostamente violam

preceitos legais e constitucionais", disse o conselheiro.

Ele também ressaltou que há perigo na demora, uma

140

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

vez que as provas de sentença estavam marcadas para

os dias 18 e 19 de setembro e poderiam excluir

candidatos que, com acesso aos espelhos e a

interposição de recursos, poderiam estar habilitados

para a etapa.

Clique aqui para ler a decisão

Processo 0006497-25.2021.2.00.0000

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

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CNJ institui grupo de trabalho para modernizar resolução das

Ouvidorias

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Clique aqui para abrir a imagem

O Conselho Nacional de Justiça dará um passo

importante para auxiliar a gestão de ouvidorias dos

tribunais brasileiros. A Portaria CNJ 205/2021 instituiu

Grupo de Trabalho destinado ao estudo e à elaboração

de propostas voltadas à organização e à gestão das

ouvidorias do Poder Judiciário e à revisão da Resolução

CNJ 103/2010.

CNJCNJ institui grupo de trabalho para modernizar

resolução das Ouvidorias

O grupo será presidido pelo conselheiro André Godinho.

'Ao longo desses mais de 10 anos de funcionamento

das ouvidorias de justiça, vários foram os avanços

normativos no ordenamento jurídico referentes à

participação social na administração pública', explicou.

A norma em vigor dispõe sobre as atribuições da

Ouvidoria do Conselho Nacional de Justiça e

determinou a criação de ouvidorias no âmbito dos

tribunais.

Um dos desafios do GT é discutir a melhor maneira de

institucionalizar o funcionamento das ouvidorias frente

às realidades das cortes brasileiras. 'Algumas delas

carecem de melhor detalhamento e uniformização de

procedimentos em face das variadas realidades dos

tribunais', afirmou o conselheiro.

Godinho avalia que ainda não é possível mensurar o

impacto das alterações nas ouvidorias 'Nossa

perspectiva é a de promover e consolidar práticas que

fortaleçam a atuação das ouvidorias de justiça em seu

papel de órgão central de participação social e

transparência na gestão dos tribunais e de atendimento

efetivo ao jurisdicionado', explica.

Apesar de estar em vigor há mais de uma década, a

Resolução CNJ 103/2010 é considerada consistente. 'A

perspectiva é de fazer intervenções pontuais na

normativa, sem descaracteriza-la', avalia Godinho.

A primeira reunião do GT está marcada para a próxima

quarta-feira (8/9), quando serão debatidas as ações a

serem desenvolvidas. Aspectos relativos ao

recebimento e processamento de denúncias anônimas,

questões relativas a LGPD e a Lei de Acesso à

Informação serão tema de discussões, adianta o

conselheiro.

Colégios de ouvidores

A iniciativa é resultado de discussões sobre as

ouvidorias que já eram realizadas por entidades que

estarão representadas nas discussões, como o Colégio

Nacional de Ouvidores Judiciais, o Colégio de

Ouvidores da Justiça do Trabalho e o Colégio de

Ouvidores da Justiça Eleitoral, além das ouvidorias dos

tribunais superiores.

'Esse processo foi constatado e trazido à discussão, por

exemplo, pelos Colégios de Ouvidores, que ao longo

dos anos vem implementando e sistematizando essas

142

Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

boas práticas e os desafios inerentes ao atendimento de

qualidade aos jurisdicionado', afirma o conselheiro. Com

informações da assessoria de imprensa do CNJ.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça, CNJ - Ouvidoria do CNJ

143

Fux manda Tribunal de Mato Grosso do Sul retirar bandeira do Brasil

Império

Conselho Nacional de Justiça - CNJDiario de Pernambuco - Online/Pernambuco - Politica

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Notícia

Foto: TJMS/Reprodução

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do

Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz

Fux, determinou que seja retirada a bandeira do Brasil

Império do mastro principal do pavilhão do Tribunal de

Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). A decisão foi

tomada nesta segunda-feira (6/9) e se baseia no fato de

que essa bandeira não é um dos símbolos oficiais do

Poder Judiciário do Brasil.

A bandeira foi erguida por determinação do presidente

do TJMS, desembargador Carlos Eduardo Contar, e

deveria ficar hasteada entre 6 e 10 de setembro. De

acordo com nota do Tribunal, o gesto foi uma

homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil.

Porém, de acordo com Fux, a bandeira não é

compatível com a neutralidade e imparcialidade que um

tribunal deve ter. Na decisão, o ministro também cita

outras manifestações públicas do desembargador com

motivações politico-partidárias. 'A manutenção da

situação relatada tende a causar confusão na população

acerca do papel constitucional e institucional do Poder

Judiciário, na medida em que o Tribunal de Justiça de

Mato Grosso do Sul pretende diminuir os símbolos da

República Federativa do Brasil", disse Fux na decisão.

O caso ainda foi encaminhado para a Corregedoria

Nacional de Justiça para apurar eventual

responsabilidade do presidente do TJMS. Após a

retirada da bandeira, a página no Instagram do tribunal

exaltou o início da monarquia constitucional no Brasil.

De acordo com a publicação, o período foi o de mais

estabilidade e progresso durante a forma monárquica de

governo. Nos comentários, são muitas as críticas.

Ver essa foto no Instagram

Uma publicação compartilhada por Tribunal de Justiça

de MS (@tjmsoficial)

A ordem foi dada depois que membros do Conselho

Nacional de Justiça (CNJ) se manifestaram contra o

ato. A bandeira do Brasil Império foi usada entre 1822,

quando foi declarada a independência do Brasil, até

1889, quando foi proclamado o início da República. A

bandeira tem sido constantemente usada por

apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em

manifestações.

Em janeiro desde ano, na cerimônia de posse do

desembargador Carlos Eduardo Contar como

presidente do tribunal, ele defendeu que não fosse

adotado o isolamento social e o 'fim da palhaçada

midiática fúnebre'.

TAGS: 7 de Setembro | Mato Grosso do Sul | Luiz Fux |

independência | justiça | império | bandeira | brasil |

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

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Conselho Nacional de Justiça - CNJDiario de Pernambuco - Online/Pernambuco - Politica

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

de Justiça, CNJ - Corregedoria Nacional de Justiça

145

Cartórios do Brasil serão autorizados a registrar crianças com o sexo

ignorado

Conselho Nacional de Justiça - CNJ

Diario de Pernambuco - Online/Pernambuco - UltimasDP

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

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Autor: Rafaela Martis - Correio Braziliense

Foto: Arquivo/Agência Senado

Crianças que nascem sem a definção de masculino ou

feminino, em condição conhecida como Anomalia de

Diferenciação de Sexo (ADS), podem ser registradas

com o sexo 'ignorado' na certidão de nascimento, a

partir do próximo domingo (12). De forma gratuita, a

opção de designação de sexo em qualquer Cartório de

Registro Civil do Brasil poderá ser realizada sem a

necessidade de autorização judicial ou de comprovação

de cirurgia sexual, tratamento hormonal ou

apresentação de laudo médico ou psicológico.

O procedimento já era realizado com sucesso em cinco

estados do país: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul,

Maranhão e Goiás. A modificação busca ampliar o

processo para todas as unidades da federação com a

mesma agilidade e eficiência.

Para que a criança seja registrada com sexo ignorado é

necessário que na Declaração de Nascido Vivo (DNV),

documento emitido pelo médico que realizou o parto,

haja a constatação da ADS. Em cartório, o oficial deverá

orientar a utilização de um nome neutro, que poderá ser

aceito pelos pais do menor ou, em caso de maior de 12

anos (chamado registro tardio), com seu consentimento.

De acordo com o presidente da Associação Nacional

dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil)

Gustavo Fiscarelli, a nova norma permite que o

processo seja menos burocrático e garanta o acesso

imediato da criança a direitos fundamentais, como plano

de saúde e matrícula em creches. 'Anteriormente, o

registro não era feito até que o juiz autorizasse sua

emissão, fazendo com que o recém-nascido

permanecesse sem o documento até a finalização do

processo. Agora, só é necessário apresentar a

Declaração de Nascido Vivo (DNV)', conta o presidente.

Como funciona hoje?

Até então era necessário que a família entrasse com um

processo judicial para efetivar o registro da criança, o

que fazia com que ela ficasse sem a certidão de

nascimento até a definição do mesmo e,

consequentemente, sem acesso a direitos

fundamentais.

Segundo a advogada especialista em direito civil Anne

Ramos, do Kolbe Advogados Associados, a legislação

brasileira vigente é omissa acerca da situação

específica da intersexualidade. 'Até então, essa

mudança consta somente no Provimento nº 122/2021

do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Esse provimento foi publicado na sexta-feira

(20/08/2021) e passa a produzir efeitos a partir do dia

de 12 de setembro de 2021', explica a advogada.

Benefícios

146

Conselho Nacional de Justiça - CNJ

Diario de Pernambuco - Online/Pernambuco - UltimasDP

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

A nova medida possui natureza sigilosa, sendo que

apenas a pessoa - quando completar 18 anos -

,responsáveis legais do menor ou determinação judicial

podem solicitar em Cartório a expedição do registro

deste documento - conhecida como certidão de inteiro

teor. Tal informação não constará nas certidões

comumente emitidas em Cartórios de Registro Civil,

conhecidas como breve relato.

A advogada Anne Ramos explica que certidão de inteiro

teor é um documento extraído de um livro que reproduz

todas as palavras nele contidas. 'Certidão de inteiro teor

também pode ser uma certidão que apresenta todos os

atos praticados e os nomes dos envolvidos. Tem como

objetivo proporcionar informações completas acerca dos

dados dispostos no livro de registro, também conhecido

como livro de assento. Ao sermos registrados após o

nascimento, não é certidão de nascimento de inteiro

teor que recebemos', disse.

Já as certidões de breve relato são as mais conhecidas.

'São as certidões comuns, ou seja, as que são emitidas

quando ocorre um registro de nascimento ou

casamento, ou na solicitação de uma segunda via

atualizada. Ela contém as informações básicas sobre o

indivíduo, é um tipo de versão simplificada, somente

com as principais informações do registro realizado em

um determinado cartório', ressalta a especialista em

direito civil.

São as mesmas regras referentes ao procedimento de

registro que valem para a Declaração de Óbito (DO)

assinada pelo médico, e que deve ser apresentada em

cartório para a emissão do registro de óbito.

TAGS: certidão de nascimento | sexo ignorado |

crianças | cartórios | registro |

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

147

Jornalista comenta sobre O TJ-MT hastear bandeira do império

Conselho Nacional de Justiça - CNJ

Rádio BandNews (90,5 FM - Brasília)/São Paulo - O Éda Coisa

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

Nossa Reinaldo não vai.

A história é boa o conselho nacional de justiça vai

analisar por estes do tribunal de justiça de Mato Grosso

do Sul exaltam o período da monarquia as postagens

foram publicadas ontem sete de setembro o perfil do TJ

chama monarquia de ou mais.

Longo e promissor período de estabilidade e progresso

no Brasil a corte se envolveu em outra polêmica nos

últimos dias ao hastear uma bandeira do Brasil império

o item acabou sendo retirado por determinação do

ministro Luiz Fux presidente do supremo e do CNJ.

Lembrando que o presidente do TJ do de Mato Grosso

do Sul desembargador Carlos Eduardo com tarde o seu

nariz está ele virou manchete em janeiro deste ano ao

tomar posse como presidente do tribunal o

desembargador disse que quem recomenda isolamento

social.

E careta e covarde.

Corajoso é quem faz isso aí.

Não você até pode falar o período de estabilidade do

império inclusive ignorando revoltas que houve e e

sérias.

Não é.

É não pode exaltar a figura de Dom Pedro segundo por

exemplo que era um homem indiano.

Tudo bem agora assistir a bandeira do império.

Sob o pretexto de comemorar a independência.

Não é.

É por decisão de alguém que.

Se pronunciando sobre um tema científico disse.

Que quem faz isolamento social picareta e covarde.

Não é.

Então aqui é o caso olha criminalizando opinião agora

eu não posso nem mais usar um órgão da justiça para

hastear a bandeira imperial não enfim não não pode.

Presa né.

Olha que coisa.

O Brasil tem uma bandeira.

Não é.

Que deve tremular nos tribunais.

Só quer virar militante Bolsonaro lista.

É a prova.

Bolsonaro e está é monarquista o diabo a quatro.

Pede a aposentadoria.

Vai ganhar inclusive pensão integral ou proporcional ao

tempo.

E vira militante político.

Para você.

Enquanto tiver o dever da neutralidade da justiça de

acordo com as regras do jogo.

No Brasil a resposta é não.

O Bolsonaro depende de vitalmente de negociar com o

supremo ou uma PEC pra liberar de para pagar menos

para dar calote nos precatórios para poder fazer o seu

programa de bolsa família.148

Conselho Nacional de Justiça - CNJ

Rádio BandNews (90,5 FM - Brasília)/São Paulo - O Éda Coisa

quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça

De ampliação o problema é que tem fila no bolsa família

rapidinho vai.

Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional

de Justiça

149

Casuísmo digital

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Opinião

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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As primeiras manifestações de repúdio do mundo

político à medida provisória que impede as plataformas

da internet de remover conteúdo nocivo das redes

sociais sugerem que ela terá vida breve, como tantas

outras iniciativas atrabiliárias de Jair Bolsonaro.

Três legendas já protocolaram ações no Supremo

Tribunal Federal para que a peça seja declarada

inconstitucional. Líderes partidários cogitam devolvê-la

ao Executivo, por falta de urgência que a justifique.

Espera-se que o façam.

Assinada pelo presidente na véspera das manifestações

golpistas do 7 de Setembro, a medida teve a clara

intenção de insuflar seus apoiadores mais radicais e

não disfarça sua concepção autoritária.

O texto impede plataformas como o Facebook e o

Twitter de seguir suas políticas de moderação e as

obriga a obedeceras novas regras estabelecidas pelo

governo, que só autorizam a remoção de conteúdos

classificados como impróprios pela medida provisória.

Alista arbitrária de proibições inclui nudez, apologia a

drogas ilícitas e incitação ao crime, por exemplo, mas

não impõe restrições à disseminação de notícias falsas

e outros comportamentos que as empresas têm

desejado coibir.

As novas regras se aplicam a plataformas com mais de

10 milhões de usuários, mas poupam aplicativos

emergentes que têm sido cada vez mais usados por

militantes para contornar as barreiras encontradas nas

redes maiores.

O governo apresentou a MP como um instrumento para

defender a liberdade de expressão do poder arbitrário

das empresas que administram às plataformas, mas

Bolsonaro age em causa própria.

O texto limita as circunstâncias em que as empresas

podem suspender contas dos que desrespeitam suas

políticas, possibilidade que assombra bolsonaristas.

Alinhavada a portas fechadas, a MP trai o espírito que

levou à construção do Marco Civil da Internet, aprovado

após amplo debate público há sete anos, e passa por

cima do projeto que busca coibir a desinformação nas

redes, em tramitação no Congresso.

Não há dúvida sobre a relevância de discutir a conduta

nas redes sociais, mas é certo que o ambiente

adequado para tal não são gabinetes daqueles que

usam a internet para fomentar o ódio e a mentira.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

150

Abusos e ilegalidades do Supremo dão força ao bolsonarismo

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

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Autor: Leandro Narloch Jornalista, colunista da Folha e

autor do ?Guia Politicamente Incorreto da História

OPINIÃO

Por que, depois de tantas decepções, alguém ainda

defende Jair Bolsonaro? Um motivo trivial, mas

poderoso, é ódio. Foi o ódio ao STF que levou tanta

gente à rua nesta terça-feira (7).

Gostamos de acreditar que cidadãos são movidos pela

razão ou por bons sentimentos; a verdade crua é que o

ódio -e o sentimento de injustiça- são os motores mais

potentes de mobilização.

Anos atrás, o ódio a Dilma Rousseff e aos escândalos

de corrupção do PT formavam a agenda negativa que

unificava pessoas diversas. Era possível ver Eduardo

Leite e Levy Fidélix na mesma passeata, unidos pelo

antipetismo.

Agora, Alexandre de Moraes e o STF como um todo

geram a repulsa a carregar as baterias, que andavam

meio arriadas, do bolsonarismo.

Seus abusos e ilegalidades, suas interpretações

criativas e super abrangentes da Constituição fazem

reavivar o bolsonarismo mesmo em quem já começava

a se arrepender de apoiar o presidente.

É fácil tomar como loucos e inebriados por fake news os

brasileiros que chamam o STF de vergonha nacional.

Mais difícil é fazer uma autocrítica e admitir que

diversos ministros do Supremo tomaram algumas

atitudes pra lá de vergonhosas.

O STF proibiu o TCU de examinar denúncias de

mordomias concedidas pela Itaipu a... ministros do STF.

Proibiu a investigação contra Dias Toffoli, apesar dos

fortes indícios de venda de sentenças do TSE (curioso

esse fato não ter gerado um clamor na imprensa

equivalente ao caso Temer e JBS).

O STF enterrou a Lava Jato em Brasília, sendo que ele

próprio tinha determinado que o lugar dela era no

Paraná.

Alexandre de Moraes assopra a brasa do bolsonarismo

quando mantém inquéritos ilegais, bloqueia a conta de

organizadores de passeatas ou prende deputados

baseado em termos controversos como o 'mandado de

prisão em flagrante".

A melhor forma de conquistar respeito é fazer por

merecê-lo. Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Alexandre de

Moraes e Ricardo Lewandowski não contribuem para a

respeitabilidade do STF quando contrariamo que diz

com toda a clareza a Constituição.

Foi o caso de voto desses quatro ministros a favor da

possibilidade de reeleição de Maia e Alcolumbre. Ou a

decisão de Lewandowski de manter os direitos políticos

de Dilma, em 2016.

Quando os ministros se incumbem da tarefa de

determinar o que é fake news ou 'anticientífico', sem151

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

haver nas leis nacionais um parágrafo dizendo que a

sociedade cedeu ao Estado o direito de determinar o

que é científico, o STF perde respeito e gera ódio.

É verdade que juízes não devem tomar decisões

pensando em popularidade, e sim no que é

juridicamente correto. Mas isso não lhes dá o direito de

agir como políticos. Está claro, para muitos brasileiros,

que boa parte dos ministros do Supremo é de atores

políticos, e não juízes imparciais.

Se querem deter o bolsonarismo, os ministros do STF

precisam parar de dar motivos tão óbvios para

bolsonaristas se mobilizarem.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

152

Mourão diz que não há clima para impeachment

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

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Autor: Mateus Vargas

BRASÍLIA - Um dia após participar da manifestação de

raiz golpista no 7 de Setembro, o vice-presidente

Hamilton Mourão (PRTB) disse que não há clima no

Congresso para aprovar o impeachment de Jair

Bolsonaro.

O general da reserva classificou como 'expressiva' a

adesão da população aos protestos promovidos pelo

presidente. 'Não vejo que haja clima para o

impeachment do presidente. Clima tanto na população,

como um todo, como dentro do próprio Congresso",

disse.

As ameaças golpistas do presidente devem aumentar a

reação ao governo no Congresso. O pós-7 de Setembro

também teve como efeito colateral um aquecimento das

discussões de impeachment nos partidos de centro.

'Acho que o nosso governo tema maioria confortável de

mais de 200 deputados lá dentro. Não é maioria para

aprovar grandes projetos, mas é capaz de impedir que

algum processo prospere contra a pessoa do presidente

da República', completou.

Mourão também cobrou medidas para 'distensionar' a

relação de Bolsonaro com o Judiciário. Para o vice, a

saída é passar para a PGR (Procuradoria-Geral da

República) a condução de inquéritos hoje relatados pelo

ministro Alexandre de Moraes, do STF.

'A gente precisa distensionar [com o Judiciário]. Acho

que existem cabeças ali dentro que entendem que isso

foi além do que era necessário. Conversando a gente se

entende', disse Mourão. Ele quis comentar o teor dos

discursos de Bolsonaro nos protestos.

'Houve uma concentração expressiva da população

brasileira [nos atos]. É uma mudança. As ruas sempre

foram domínios dos segmentos de esquerda', disse

Mourão.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF

153

Impeachment só sai com apoio de partido grande <br> <br> da ala do

centrão

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

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Autor: Ranier Bragon, Danielle Brant, Julia Chaib e

Thiago Resende

BRASÍLIA - Mesmo com a tímida inclinação da centro-

direita a engrossar a pressão pelo impeachment de Jair

Bolsonaro (sem partido), ainda seria necessária a

adesão de pelo menos um dos grandes par tidos do

centrão para reunir, formalmente, os 342 votos

necessários para que a Câmara autorize a abertura do

processo para a saída do presidente.

Depois dos atos bolsonaristas, siglas como o PSD e o

PSDB anunciaram a intenção de debater a adesão ao

movimento pró-impeachment. Aliado a isso, essas e

outras siglas foram chamadas a dialogar com a

esquerda, para a tentativa de uma ação conjunta.

As legendas independentes na Câmara têm 187

deputados. A oposição tem 132, o que dá um total de

319 par lamentares. Soma-se a esse grupo cerca de 20

parlamentares do PSL que ficaram alinhados ao

presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), no racha que

acabou levando à saída de Bolsonaro do partido.

Ou seja, mesmo que não houvesse nenhuma

dissidência nesse grupo, faltariam ainda três votos para

se chegar aos 342 necessários (dois terços da Câmara).

Essa é a contabilidade for mal. Na prática, há ainda

substancial apoio a Bolsonaro nas siglas de centro-

direita hoje independentes, como PSD e MDB. Além

disso, o Podemos (10 deputados) anunciou ser contra o

impeachment.

Com isso, seria necessária uma dissidência

representativa no centrão pró-impeachment ou a

adesão formal de uma das principais siglas. O PP (41

deputados) e o PL (42), os maiores, estão nos

ministérios da articulação política de Bolsonaro. O

Republicanos (31), ligado à Igreja Universal do Reino de

Deus, também mantém apoio ao mandatário, além de

ter um nome no Ministério da Cidadania.

Nesta quarta, o presidente do Republicanos, o deputado

Marcos Pereira (SP), divulgou um vídeo em que afirma,

sem citar Bolsonaro, que alguns 'gastam tempo e

energia promovendo disputas'.

O PSD de Gilberto Kassab anunciou uma comissão

para analisar o pós-atos e avaliar apoio ao

impeachment.

Reunida nesta quarta, a bancada do PSDB na Câmara

afirmou ter decidido, por unanimidade, virar oposição ao

governo Bolsonaro. A sigla também conclamou os

demais partidos independentes a se unir na oposição

'para evitar a volta do modelo político econômico

petista'.

Não é necessário haver os 342 votos para que algum

dos cerca de 130 pedidos de impeachment tenha

sequência na Câmara. Para que isso ocorra, basta uma

decisão monocrática do presidente da Câmara, Arthur

154

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

Lira (PP-AL). Ele é aliado de Bolsonaro e, em

pronunciamento nesta quarta, não citou a palavra

impeachment nem deu indicação de que pretenda tomar

alguma decisão nesse sentido.

Os dois terços da Câmara são necessários na votação

em plenário, após análise de uma comissão especial.

Caso haja esse resultado, o Senado é autorizado a abrir

o processo, momento em que o presidente é afastado

do cargo.

Ministros da ala política do governo dizem não ver

chance de um pedido de impeachment prosperar. Por

mais que a paciência de líderes do centrão com

Bolsonaro esteja se esgotando, nas palavras de um

parlamentar, ainda fala mais alto a participação no

governo, com cargos na máquina federal e a prioridade

na liberação de emendas.

O desembarque do governo é visto cada vez mais como

inevitável por dirigentes políticos, mas só no ano que

vem. Isso porque, sem a retomada da economia, a

perspectiva é que Bolsonaro continue com a

popularidade em queda.

Parlamentares avaliam que a única chance de o

afastamento de Bolsonaro ganhar corpo será se as

siglas de centro-direita e parte do mercado financeiro

decidirem efetivamente pregar o impeachment e

passarem a pressionar Lira.

Já a esquerda avalia que a adesão da centro-direita

pode criar uma onda irreversível.

Integrantes da cúpula do PT, porém, enxergam

oportunismo no movimento de partidos de centro-direita.

Eleitoralmente, avaliam que o ideal seria sangrar

Bolsonaro até outubro do ano que vem.

Presidentes de partidos de centro-direita foram

convidados para o encontro do campo da esquerda, que

já estava marcado para a noite desta quarta (8). Pelo

menos dois dirigentes partidários devem participar. O

objetivo é fazer uma avaliação dos atos de Bolsonaro e

discutir uma reação conjunta.

Qual o caminho do impeachment?

Onde estão as regras que regulam o impeachment?

* Constituição Federal

* Lei do Impeachment (1079/1950)

* Regimentos da Câmara e do Senado

* Decisões do STF

1. Apresentação da denúncia

É permitido a qualquer cidadão denunciar o presidente

da República por crime de responsabilidade

Requisitos

* Assinada e com firma reconhecida

* Acompanhada dos documentos que a comprovem (ou

com indicação de onde podem ser encontrados) *

Indicação do rol das testemunhas (se houver)

Art. 14 e 16, Lei do Impeachment

O que diz a Lei do Impeachment?

Art. 19

Recebida a denúncia, será lida no expediente da sessão

seguinte e despachada a uma comissão especial

Qual a diferença?

O regimento inclui uma etapa a mais, estabelecendo

que cabe ao presidente da Câmara o recebimento da

denúncia, incluindo exame de itens formais, mas não

especifica um prazo para isso acontecer

O que diz o Regimento da Câmara?

Art. 218; parágrafo 2º155

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - STF

Recebida a denúncia pelo presidente da Câmara,

verificada a existência dos requisitos (assinatura,

documentos ou rol de testemunhas) será lida no

expediente da sessão seguinte e despachada à

comissão especial

2. Presidente da Câmara dos Deputados

Arthur Lira (PP-AL), atual ocupante do cargo

"O regimento da Câmara prevê possibilidade E de

recurso ao plenário, no caso de indeferimento da

denúncia pelo presidente

Párágrafo 3º, artigo 218

4. Impossibilidade de recorrer

No caso de o presidente da Câmara nem indeferir nem

receber a denúncia, não é possível apresentar recurso

5. Ação no Supremo

Na área do direito, professores e advogados têm

defendido que o presidente da Câmara não tem o poder

de segurar indefinidamente os pedidos

Segundo esta tese, a avaliação é de que o Supremo

poderia determinar ao presidente da Câmara analisar os

pedidos, ou seja, teria que receber ou rejeitar a

denúncia

6. Denúncia é lida na Câmara

Ao ser recebida a denúncia, uma . comissão especial

deverá analisar a denúncia e submetê-la ao plenário

7. Comissão especial da Câmara

Comissão elabora parecer pela abertura ou pelo

arquivamento do pedido de impeachment, que,

aprovado, segue para o plenário

8. O processo de impeachment é autorizado com o

apoio de pelo menos i 342 de 513 deputados

9. Rito do impeachment prossegue no Senado, que é o

órgão responsável pelo julgamento em si

Se o Senado decidir pela instauração do processo de

impeachment, o presidente é afastado do cargo até a

conclusão do julgamento e é substituído pelo vice

10. Para a condenação são necessários votos de 54

dos 81 senadores

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

156

Caminhoneiros bloqueiam estradas durante protestos em 15 estados

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Mercado

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: Amanda Lemos, Paula Soprana, Patrícia Campos

Mello,

Caminhoneiros realizaram paralisações em trechos de

rodovias em dez estados nesta quarta feira (8), um dia

após os atos de raiz golpista convocados pelo

presidente Jair Bolsonaro. Sem apoio formal de

entidades da categoria, os motoristas são alinhados

politicamente ao governo ou ligados ao agronegócio.

No fim da tarde, por volta das 1730, foram registrados

pontos de concentração na Bahia, no Espírito Santo, no

Paraná, no Maranhão, no Rio Grande do Sul, em Mato

Grosso, em Mato Grosso do Sul e em Santa Catarina,

de acordo com o Ministério da Infraestrutura.

Também houve bloqueios no Rio e em Roraima, onde

um grupo de caminhoneiros autônomos interrompeu o

tráfego na BR-174, estrada que é a única ligação do

estado com o resto do país. Caminhoneiros interditaram

as duas vias por volta de i6h, na altura do quilômetro

482.

A Polícia Rodoviária Federal de Roraima informou à

Folha que está no local para monitorara manifestação.

Segundo o jornal Folha de Boa Vista, os caminhoneiros

afirmam que o bloqueio é em apoio ao presidente

Bolsonaro e contra o aumento nos preços dos

combustíveis, e que irão manter a estrada fechada

enquanto 'o povo' quiser.

Em Santa Catarina, a PRF comunicou no fim da tarde

bloqueio em 22 pontos, atingindo praticamente todas as

regiões do estado. A situação já começou a afetar a

distribuição de combustíveis.

Até as 17I1, cerca de 30 postos da região norte de

Santa Catarina, onde fica Joinville, a cidade mais

populosa do estado, relataram falta de gasolina e diesel

nas bombas, segundo levantamento do Sindipetro-SC

(Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de

Petróleo de Santa Catarina).

A região é abastecida por distribuidoras em Guaramirim

e Itajaí, cidades com pontos de paralisação de

caminhoneiros, e os postos estavam sem receber

combustíveis desde a manhã desta quarta-feira.

Pontos da BR-163, principal rodovia para escoamento

de grãos do Centro-Oeste, também concentravam

caminhoneiros no fim do dia, o que deixou em alerta

empresas ligadas à exportação.

A Anec (Associação Nacional dos Exportadores de

Cereais) disse à Reuters que os protestos não afetaram

o escoamento.

Paranaguá foi uma das cidades do Paraná com registro

de bloqueios, que também ocorreram em Maringá e em

Paranavai, nas regiões norte e nordeste do estado.

No Rio de Janeiro, houve atos em Campos dos

Goytacazes, no km 75 da BR- 101, e em Seropédica,

onde os manifestantes pediam para a polícia para

manter o protesto até esta quinta-feira (9).

Segundo a polícia, eles ocupavam uma faixa de 1,5 km157

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Mercado

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

de uma via lateral à BR-465.

Segundo o Ministério da Infraestrutura, os protestos 'não

se limitam às demandas ligadas à categoria'. As

principais pautas dos caminhoneiros hoje são preço do

combustível e piso mínimo do frete. 'Não há

coordenação de qualquer entidade setorial do transporte

rodoviário de cargas', afirmou a pasta. Entidades de

caminhoneiros corroboram ess aposição.

'Não tem pauta caminhoneira na mobilização, é

movimento ideológico', diz Joelmis Correia, do

Movimento GBN (Galera da Boleia da Normatização

Pró-Caminhoneiro). Segundo ele, há 'neutralidade da

categoria', para que cada motorista decida se quer

protestar em apoio ao governo ou não. 'Não há muito o

que comemorar.'

Na véspera dos atos bolsonaristas, o caminhoneiro

Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé

Trovão, que está foragido, publicou um vídeo nas redes

sociais convocando manifestantes ao protesto em

Brasília. Segundo motoristas ouvidos pela Folha, ele

tem alto poder de mobilização na categoria.

Trovão defendeu o impeachment de ministros do STF

(Supremo Tribunal Federal) e desafiou o ministro

Alexandre de Moraes aprendê-lo.

Moraes decretou a prisão do caminhoneiro na sexta-

feira (3). Ele é acusado de promover a incitação de atos

violentos contra o Congresso Nacional e o STF.

Além do apoio ao governo, ruralistas tem três ações

diretas de inconstitucionalidade no STF que ainda não

foram julgadas pela corte. Elas questionam a política

nacional de piso mínimo, implementada por meio de lei

durante o governo Michel Temer (MDB), após a greve

de 2018.

Desde antes do 7 de Setembro, a categoria já

demonstrava divisão nos grupos de WhatsApp. As

lideranças de movimentos organizados afirmaram que

não iriam convocar caminhoneiros, como a Abrava e o

CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário

de Cargas).

Mesmo assim, muitos motoristas ligados a

transportadoras ou apenas apoiadores de Bolsonaro

decidiram aderir. Caminhoneiros ligados ao agronegócio

permaneciam em Brasília até a noite desta quarta.

Em 3 de setembro, o CNTRC enviou oficio ao STF

declarando 'repúdio aos atos antidemocráticos, sobre as

manifestações de ódio oriundas das publicações nas

plataformas digitais que se agravaram com a

organização para o dia 7'.

Em nota, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) afirmou

que a tendência de fim da mobilização é à oh desta

quinta (9).

'Ao todo, já foram debeladas 67 ocorrências com

concentração de populares e tentativas de bloqueio total

ou parcial de rodovias durante as últimas horas', disse a

PRF, em nota, que foi reproduzida pelo Ministério de

Infraestrutura.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

158

MÔNICA BERGAMO

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: MÔNICA BERGAMO

EM MUITO TEMPO

O estado de SP fechou o mês de agosto sem registrar

mortes por Covid-19 em seus 179 presídios. Esta é a

primeira vez desde abril de 2020 que o sistema paulista

não tem nenhum óbito pela doença.

NO BRAÇO A Secretaria da Administração

Penitenciária (SAP), responsável pelas unidades, atribui

a marca à imunização em massa da população

carcerária e de seus servidores. Até quarta-feira (8),

213. 988 custodiados haviam recebido pelo menos a

primeira dose da vacina.

DE OLHO O presidente do TSE (Tribunal Superior

Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, divulga nesta

quinta (9) os integrantes da comissão e do observatório

de transparência das eleições que acompanharão os

preparativos para o pleito de 2022. O grupo terá como

representante militar o general de divisão Heber Garcia

Portella, do Comando de Defesa Cibernética do

Exército.

MEMBROS O comitê também terá como integrantes o

senador Antonio Anastasia (PSDMG) e o ministro do

TCU Benjamin Zymler. Um dos objetivos do grupo é

acompanhar a segurança e a integridade das urnas

eletrônicas.

FORA DO AR A Polícia do Senado solicitou ao Twitter

que exclua postagem feita contra o senador Rogério

Carvalho (PT-SE), integrante da CPI da Covid. Na

publicação citada, um perfil que se identifica como

Richards Pozzer acusa o parlamentar da prática de

'rachadinha' em seu gabinete.

REDE Em ofício enviado ao Twitter, a Polícia Legislativa

afirma haver 'grave repercussão negativa em desfavor

da vítima'. A notícia falsa chegou a ser replicada pelo

site Farol da Bahia, que excluiu o texto após

contestação.

PÚBLICO A investigação foi iniciada a pedido de

Rogério Carvalho, que diz que todas as despesas

citadas por Richards Pozzer constam no portal de

transparência do Senado e passaram por auditoria.

EXTRATO Pozzer também está na mira da CPI da

Covid por causa de múltiplas postagens contrárias à

vacinação e em defesa do chamado 'tratamento

precoce' feitas por ele. A comissão solicitou ao Coaf

(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) um

relatório sobre suas movimentações financeiras.

EFEITO DOMINÓ Um estudo realizado pelo Conselho

Regional de Enfermagem (Coren) de São Paulo aponta

que 62, 1%dos profissionais de enfermagem do estado

afirmam ter sofrimento mental relacionado ao trabalho

desde o início da epidemia da Covid-19.

DOMINÓ2 Desse total, 70, 2% dizem ter sintomas

físicos, como fraqueza, tonturas e esgotamento, e 64,

5% citam sintomas emocionais, como medo e pânico.

LUPA O levantamento, que aborda os impactos da159

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

epidemia na saúde mental desses profissionais, ouviu

10. 329 pessoas entre 10 e 22 de agosto. Ele aponta

ainda que 714% dos entrevistados relacionam esses

sintomas à sobrecarga de trabalho e 40, 1% às

condições de trabalho.

CONVIDADA O Senado receberá a ativista sueca Greta

Thunberg para um debate sobre o último relatório

divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre

Mudanças Climáticas. A sessão virtual ocorrerá na

próxima sexta (10) e será presidida pelo presidente da

Comissão de Meio Ambiente da Casa, Jaques Wagner

(PT-BA).

DE OLHO O Instituto de Advocacia Racial e Ambiental

(Iara) solicitou à Justiça do Trabalho do Distrito Federal

sua admissão como amicus curiae (amigo da corte) em

ação do Ministério Público do Trabalho que pede o

afastamento de Sérgio Camargo da presidência da

Fundação Palmares. Ele é denunciado por assédio

moral, perseguição ideológica e discriminação contra

funcionários da instituição.

OLHO2 'Espero que outras entidades do movimento

negro ingressem na ação também. Todo dia Sérgio

Camargo provoca algum fato que, na nossa opinião, é

uma atividade ilícita, praticando atos de improbidade

administrativa. E o Judiciário e órgãos de fiscalização

vêm agindo com alguma complacência e tolerância', diz

o advogado Humberto Adami, diretor do Iara.

TRAÇO O quadrinista Carlos Ruas lançará na sexta

(10) seu novo livro, 'De Onde Viemos', pelo Catarse. A

obra explora a origem do universo sob a ótica de 12

crenças distintas e conta com artistas convidados.

A chef Bela Gil H compartilhou foto com a cantora Fafá

de Belém, que visitou seu restaurante. A cantora

Mart'nalia celebrou seus 56 anos. "Parabéns pra mim!

Bonjour'", escreveu. À atriz Martha Nowill E registrou

seu passeio no MuBE, em SP com Bruno B. Soraggi,

Bianka Vieira e Victoria Azevedo

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário

160

...e não acontece nada

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: Eugênio Bucci

Podem dizer que, depois dos comícios golpistas de

anteontem, o presidente da República encolheu. Podem

dizer que ele se isolou ainda mais ao bradar que não vai

mais cumprir determinações do Supremo Tribunal

Federal. Podem dizer que empregou indevidamente

recursos públicos, como aviões e helicópteros, para

promover atos de caráter anti-institucional e antioficial.

Podem dizer que seus pronunciamentos incendiários e

arruaceiros fazem dele mais um chefe de gangue do

que um chefe de Estado. Podem dizer que, em Brasília

e, mais ainda, em São Paulo, ao conclamar a audiência

a xingar o Judiciário e ao chamar de 'farsa' o sistema

eleitoral brasileiro, ele incorreu numa conduta de

legalidade, no mínimo, duvidosa. Podem dizer que o

governante lancinante, ao agir como agiu, perdeu

apoios entre parlamentares e até mesmo entre os donos

do dinheiro. Podem dizer que o beócio comparecimento

dos canarinhos fascistinhas não foi espontâneo, mas

anabolizado pelos latifundiários desmiolados - de zonas

rurais ou urbanas, tanto faz -, que cederam caminhões,

lanchinhos e faixas propondo golpe de Estado em letra

de forma, em inglês e português (ruim). Podem dizer

que o presidente da República, sem máscara, no meio

da aglomeração de suas plateias de aluguel e de seus

aduladores de boné, também sem máscara e sem

dignidade, atentou contra a saúde pública. Podem dizer

que o vice-presidente e os ministros empertigados no

palanque assumiram que são cúmplices deste crime em

progressão desordenada.

Podem dizer tudo isso e, se disserem, não estarão

mentindo. O presidente saiu do Sete de Setembro

menor do que entrou, é fato. Sua malignidade

intencional nunca esteve tão evidente. Depois de mais

esse acesso antidemocrático, inviabilizou-se ainda mais.

Suas investidas autoritárias

perderam efetividade. Mesmo assim, no entanto,

mesmo tendo gerado fraqueza ao tentar exibir força, o

que aconteceu no Brasil no feriado que deveria festejar

a independência nacional foi uma surra no Estado

Democrático de Direito. A democracia brasileira

apanhou de forma humilhante, foi insultada em praça

pública, sofreu enxovalhos que não merecia, calada.

Então, a gente se pergunta: como pode isso? Como

pode um presidente da República fazer o que faz este

que está aí? A nossa democracia já não se respeita?

Quando foi que passamos a engolir um chefe de Estado

que vai para o meio da rua, sobe num carro de som e

chama de 'canalhas' os representantes de outro Poder?

O que houve com os tais líderes da sociedade civil que

olham para isso e fazem cara de 'as instituições

funcionam normalmente'? A nossa coluna vertebral

cívica virou água de esgoto?

A medida do escândalo não está mais nas alturas

atingidas pelo volume das afrontas do chefe do

Executivo, mas nos abismos a que se rebaixa o cinismo

do tal do 'campo democrático'. Um dia, se nos restarem

dias, cobriremos o rosto de vergonha só de pensar no

que está acontecendo hoje. Como deixamos que o dito

capitão ficasse tanto tempo no cargo, praticando

diariamente crimes de responsabilidade e destroçando

vidas e direitos?161

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

Não nos esqueçamos: Dilma Rousseff foi destituída em

nome de umas tais 'pedaladas fiscais' que nenhum

administrativista conseguiu explicar direito e nenhum

cidadão conseguiu entender; nem os parlamentares que

votaram pelo impeachment de 2016 entenderam aquilo

lá. Agora, o atual presidente fala atrocidades várias

vezes por dia e nada acontece. Este é o pior de todos

os escândalos: nada acontece.

O Brasil, que antes era um coro ensaiadinho contra a

impunidade dos corruptos, descambou numa gosma

afeita à impunidade dos que bombardeiam o edifício

inteiro da Justiça. O mesmo país que buscava

aumentativos implacáveis para execrar a corrupção de

ontem ('mensalão', 'petrolão') agora se resigna ao

diminutivo afetivo para tolerar novos crimes. Dizemos

'rachadinhas', mesmo sabendo que elas ocorrem em

escala industrial, com milicientas engrenagens

engraxadas de sangue.

O Brasil só tem uma saída: votar o impeachment de

Bolsonaro. Não se pode contemporizar com o

desgoverno do morticínio, da inflação, do desemprego,

da seca, do apagão, do negacionismo e do culto das

armas e da violência. Os setores de oposição que

querem o presidente na função até 2022 porque avaliam

que, contra ele, será mais fácil vencer nas urnas

precisam entender que a democracia vale mais que um

cálculo eleitoral mal feito. O pessoal da dita 'terceira via',

que só tem chance de ir para o segundo turno se

Bolsonaro estiver fora do páreo, precisa exigir o

impeachment já, mas não por uma agenda interesseira.

Chega de esperteza suicida.

Ou o tal do 'campo democrático' mostra a cara e se une,

da direita à esquerda, para convocar atos públicos

unificados pelo impeachment, ou talvez não sobre

democracia em 2022. Democracias morrem também de

morte morrida. Quando o tal do 'campo democrático'

decide aceitar o inaceitável, a democracia começa a

morrer. Se não fizermos nada, o Sete de Setembro do

ano que vem será pior.

No 7 de Setembro, a democracia brasileira apanhou,

calada, de forma humilhante

JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF

162

Centrais sindicais aderem a atos convocados por MBL e Vem pra Rua

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: Bruno Ribeiro

Após as ameaças do presidente Jair Bolsonaro nas

manifestações do 7 de Setembro, centrais sindicais

decidiram ontem aderir ao protesto pró-impeachment

marcado por grupos de centro-direita, como o Vem Pra

Rua, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Livres que,

num aceno, recuaram de da ideia de convocar

manifestantes apelando para o mote 'nem Bolsonaro,

nem Lula'. Em São Paulo, o ato será realizado no

domingo, às 14h, na Avenida Paulista.

A Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores

(UGT), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e a

Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST)

divulgaram nota conjunta classificando como

'deplorável' a participação do presidente na

manifestação de 7 de Setembro e seus ataques ao

Supremo Tribunal Federal (STF).

'É inquestionável que o objetivo do presidente e de seus

apoiadores é dividir a Nação, empurrar o País para a

insegurança, o caos e a anarquia, resultado da reiterada

incitação ao rompimento da legalidade institucional, do

descumprimento dos preceitos contidos na nossa

Constituição democrática', afirma a nota.

O PDT de São Paulo também anunciou que participará

da manifestação. 'Com ataques diários à democracia, às

instituições e à Constituição, Bolsonaro segue

cometendo dúzias de crimes de responsabilidade', diz o

texto assinado por Antônio Neto, presidente do PDT em

São Paulo e presidente da central CSB.

O protesto de domingo é organizado desde julho e deve

ocorrerem São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília. Os

organizadores esperam maior adesão após as falas do

presidente no 7 de Setembro.

A presença de grupos de esquerda vinha sendo uma

das dúvidas com relação a esses atos. Até o momento,

os partidos desse campo do espectro político não

manifestaram apoio aos atos. Mas o discurso de

radicalização proferido por Bolsonaro pode ter mudado

esse quadro.

'As ações de ontem repercutiram e acabaram

reverberando na população que não compactua com

esse governo, uma aderência à manifestação do 12',

disse a advogada Luciana Alberto, do Vem Pra Rua.

O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), do MBL,

destaca que a fala do presidente fortalece a

necessidade de impeachment. 'O presidente foi explícito

em suas intenções: não sair do poder exceto morto ou

preso', e descumpriras determinações judiciais do STF.

Isso é gravíssimo e soma mais razões ao pedido de

impeachment', afirmou.

Repercussão

'As ações (de Bolsonaro nos atos) repercutiram e

acabaram reverberando na população que não

compactua com esse governo. '

Luciana Alberto

163

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

PORTA VOZ DO VEM PRA RUA.

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164

DIRETO DA FONTE

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Na Quarentena

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: Sonia Racy;

POLÍTICA

'ESPERO QUE BOLSONARO TENHA UM ATAQUE DE

SENSATEZ'

Tentar projetar o que pode acontecer no Brasil, ante a

briga irracional entre os três Poderes seria a mesma

coisa que tentar saber como e quando o mundo sairá da

pandemia da covid-19. 'A covid está mais democrática',

ironizou Delfim Netto, em conversa com a coluna ontem.

Se Bolsonaro for intimado pelo STF e não cumprir a

ordem, o que pode acontecer? 'A Polícia Federal vai

prendê-lo. Não tenho a menor dúvida'. E qual seria a

reação do Exército? 'Simplesmente aplaudir o

cumprimento da lei. É uma ilusão pensar que as Forças

Armadas são propriedade do Bolsonaro. Elas são

instituições nacionais que respeitam a lei, portanto

respeitam decisões do Supremo'.

A coluna lembra que Renan Calheiros, quando

presidente do Senado, não cumpriu ordem do STF e

nada aconteceu. 'Aí desvalorizou-se o Supremo. Só que

agora, nós não podemos imaginar que isso possa

acontecer de novo', frisa o economista, ex-ministro e ex-

deputado federal. Aqui vão trechos da conversa.

Ministro, a agressividade está solta. Há possibilidade de

apaziguamento?

Deixa eu lhe dizer, nós precisamos voltar a respeitar as

instituições. Não é possível que a falta de educação

seja um comportamento normal. No caso do ministro do

Supremo, defendo que as decisões pessoais não

devem sobreviver. As decisões do STF só são decisões

quando o pleno decide. Nenhum ministro deve decidir

de maneira monocrática, nenhum tem esse poder.

Quem decide é o pleno.

Alguma possibilidade das Forças Armadas entrarem

nessa confusão?

Não. Elas hoje são instituições do Estado graças à

contribuição do presidente Castello Branco. Não

existem mais aqueles generais que ficavam 20 anos e

faziam um grupo que impunha a sua vontade. O

primitivismo acabou. Somos hoje um País mais muito

mais civilizado graças a Castello. Hoje, um general de

brigada, em 4 anos, ou é promovido ao Exército ou é

aposentado.

E quando Bolsonaro se refere ao 'meu' Exército?

Um abuso de linguagem. O Exército não é dele, não é

de ninguém. Cumpre suas missões. Bolsonaro é um

corajoso sem respeito pelas instituições. Vamos ver se

ele tem um ataque de lucidez. ? O que podemos

esperar nas próximas semanas, no curto prazo?

Olha, do Bolsonaro eu espero um pouco mais de

educação e de respeito às instituições do País. E dos

ministros do Supremo que ajam sempre através do

pleno, que usem menos as decisões pessoais.

O senhor acredita em impeachment?165

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Na Quarentena

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Se ele continuar provocando, seria a solução. Espero

que ele tenha um ataque de lucidez. A única coisa que

você não pode dizer é que o Bolsonaro seja um fraco. O

que falta a ele é o respeito pelas instituições. A solução

mais adequada, já que ele entrou pelo voto, que saia

também pelo voto.

Se Lula for eleito em 2022, o Exército acata a decisão

da população?

Mas é evidente. Nós estamos confundindo, o Lula fez

um governo maravilhoso. Nós estamos confundindo a

Dilma com o Lula. Quem destruiu tudo foi a Dilma. E o

Exército não tem que aceitar nada. Vai ficar no quartel.

O presidente da República é o chefe das Forças

Armadas.

E a economia no Brasil?

A economia está funcionando quase que independente

da política. Essa que é a verdade. O Brasil se cansou

de ficar esperando um presidente que seja capaz de

fazer uma política econômica realmente para o

crescimento.

Em família

Sérgio Reis, que perdeu contratos musicais por aderir

ao estilo Bolsonaro, ganhou o apoio do filho, Marco

Bavini, direto da manifestação do dia 7 de setembro, na

Avenida Paulista: 'Pai estou aqui te representando,

sempre ao seu lado', postou o produtor.

Coloriu

Eliane Giardini, em live sobre o centenário da Semana

de Arte Moderna de 22, contou que Tarsila do Amaral

foi umas das melhores personagens que já viveu. E ao

visitar seu túmulo, no cemitério da Consolação, para

encarná-la na novela da Globo. se deparou com. . uma

excursão escolar. 'Um menino recitou para mim poema

que Oswald de Andrade fez para Tarsila e eu me

emocionei muito', lembrou.

Arte do bem

Como parte da programação da ArtRio - que começou

ontem a Move Rio promove a 10º edição de seu leilão

beneficente virtual. As 31 obras doadas - de artistas

como Antonio Bokel, Maria Lynch, Nazareno e René

Machado, entre outros - serão expostas durante a

mostra que termina domingo.

Confissão em tela

Os atores Luiz Guilherme e Juno Andrade contracenam

no filme O Velho - história de um homem de 80 anos

que revela ter cometido mais de 40 crimes. Os ensaios -

feitos durante dois meses, três vezes por semana

terminaram.

Daniel Talento dirigiu os ensaios presenciais dos atores

via zoom, de Salvador.

Hoje, quando completa 36 anos, Rincon Sapiência

lança, nas plataformas digitais, o videoclipe da música

Sol, gravada em conjunto com Marissol Mwaba. 'Não sei

se está relacionado ao nosso signo solar, mas eu e

Marissol temos muito em comum. Ela é uma das

pessoas que tenho mais facilidade de trabalhar, mais

sinergia no estúdio e ainda foi incrível poder celebrar

com ela', disse o cantor à coluna.

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

166

COLUNA DO ESTADÃO

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: Alberto Bombig;

Organizadores do protesto do próximo domingo, 12,

como MBL, Vem Pra Rua e Livres, recuaram nesta

quarta-feira, 8, da ideia de convocar manifestantes

apelando para o mote 'nem Bolsonaro, nem Lula'. O

foco passou a ser um só: contra o presidente da

República. O consenso não veio de forma tranquila.

Houve muita resistência em considerar a possibilidade

de abrir espaço à esquerda lulista nos protestos. Por

razões óbvias: os organizadores foram algozes de

Dilma Rousseff. A ideia de um ato sem bandeiras de

partidos também foi pelos ares.

» Paz. Ciro Gomes (PDT), que já chamou integrantes do

MBL de 'Zé Bostinhas', considera estar no caminhão de

som do movimento no próximo domingo.

» Aí, não. Organizadores dos atos da esquerda contra

Bolsonaro se dividiram. O Acredito e centrais sindicais

vão aderir ao protesto do dia 12; a CMP e as frentes

Brasil Popular e Povo Sem Medo avisaram que não vão

se misturar.

» Falando. . . A hashtag #DomingoForaBolsonaro até

'trendou' nesta quarta-feira, 8, impulsionada por MBL e

Vem Pra Rua para tentar atrair opositores do presidente

de diferentes frentes e colorações.

» . . . sozinho. Mas levantamento da consultoria Bites

para a Coluna mostrou que até o início da noite o uso

da tag ficou praticamente restrito a. . . militantes do MBL

e Vem Pra Rua.

» Siglas. Representantes de pelo menos 14 partidos vão

defender o impeachment de Bolsonaro em evento da

coalizão Direitos Já na próxima quarta, 15, O Dia

Internacional da Democracia, em São Paulo.

» Estamos. . . O grupo Prerrogativas, formado por

profissionais da área jurídica, divulgará nota em apoio a

Alexandre de Moraes. 'O ministro goza do pleno

respeito da comunidade jurídica pelo idôneo

desempenho de seus encargos. '

» . . . aqui. 'As irresponsáveis e golpistas ameaças do

presidente da República contra a autoridade de seus

votos e decisões, e até mesmo à sua permanência no

STF, constituem práticas de alta traição ao juramento

que os chefes de Estado são obrigados a observar. '

» Mourão. . . Leituras atentas, feitas por quem conhece

os bastidores de Brasília, do que disseram Arthur Lira e

Hamilton Mourão no day after dos atos: o vice/general

deixou claro que está ligado no mapa da guerra do

impeachment na Câmara e tem a planilha de votos na

ponta da língua.

» . . . e Lira. O presidente da Câmara se esforçou

sobremaneira para transmitir a imagem de fiador da

estabilidade 'socioeconômica'.

» O que isso. . . Se em algum momento decidir se

colocar publicamente como alternativa de poder,

Mourão quer antes ver transformado em votos na

planilha o apoio indicado pelos partidos de centro ao167

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

impeachment. Sem cheiro de vitória, queimará a largada

e ganhará a pecha de traidor.

» . . significa? Usando um inédito teleprompter, Lira

acenou para o mercado financeiro e o setor produtivo

como alternativa de estabilidade política e econômica se

a chapa Bolsonaro Mourão for cassada.

» Dentro. Lula, via assessoria, disse à Coluna que apoia

o impeachment de Bolsonaro faz tempo.

CLICK. Ciro Gomes, Giselle Bezerra e Gael, filho do

casal: live do presidenciável após atos bolsonaristas do

7 de Setembro já teve mais de 200 mil visualizações.

COM MATHEUS LARA

SINAIS PARTICULARES.

Janaina Paschoal (PSL-SP), deputada estadual

COLUNISTAS

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

168

Sem decisão

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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou o quarto

dia do julgamento do 'marco temporal' das terras

indígenas sem que os ministros começassem a votar. O

relator Edson Fachin deve ler seu parecer hoje.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

169

Site bolsonarista tem pedido negado pelo STF

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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Cármem Lúcia proíbe acesso a inquérito do TSE sobre

ataque a urnas eletrônicas

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

170

MORTES DESIGUAIS

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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

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Autor: MELISSA DUARTE, RAPHAELA RAMOS E

GABRIELA MEDEIROS

'Tô cansada, tô estressada, hoje eu não vou bater boca

com ninguém'. Era uma brincadeira que a digital

influencer Bruna Quirino postou no sábado sobre o

marido, que era seu empresário. Aos 38 anos, Bruna

ganhava projeção em Valinhos, no interior de São

Paulo, dando dicas principalmente sobre cabelo voltado

para o público afro, ora em penteados de dreads, ora

com black power mais comprido. Um dia depois da

postagem, ela foi morta a facadas por Rodrigo Quirino,

de 40 anos, com quem era casada há 20 anos e tinha

uma filha, que presenciou o crime. Rodrigo se suicidou .

Na madrugada do dia 1º de setembro, a modelo de 20

anos Geordana Farias foi morta a facadas pelo ex-

namorado em Ananindeua, na região metropolitana de

Belém. O criminoso, que teve um relacionamento

amoroso por quatro anos com a vítima, foi preso em

flagrante na manhã do mesmo dia pela Polícia Civil do

Pará.

O assassinato de Geordana provocou revolta e

manifestações em Ananindeua, com pedidos de

políticas públicas de combate à violência contra a

mulher no município. O de Bruna, pela natureza de seu

trabalho, ultrapassou os limites de Valinhos e causou

comoção e indignação nas redes sociais. Os dois

crimes compõem um quadro de desigualdade que

atinge as mulheres negras em uma realidade que já é

trágica, a das estatísticas de feminicídio no Brasil.

Enquanto o número de mortes por violência de gênero

no Brasil se reduziram, o feminicídio de mulheres

negras não só não seguiu essa tendência como

aumentou.

EXCLUSÃO SOCIAL

Dados do Atlas da Violência 2021, publicado pelo

Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto

de Pesquisas Econômicas Aplicadas, mostram que os

feminicídios entre mulheres negras cresceram na última

-'década, quando 50. 056 mulheres foram assassinadas

por companheiros no país.

Numa das pesquisas mais completas sobre violência no

Brasil, que reuniu dados entre 2009 e 2019, é possível

ver que os assassinatos contra mulheres brancas,

amarelas e indígenas diminuíram 26, 9% no período,

caindo de 1. 636 para 1. 196 casos. Já o total de negras

vítimas desse tipo de crime cresceu 2%: foram 2. 468

vítimas em 2019 ante 2. 419 dez anos antes.

O feminicídio, embora esteja em níveis muito altos no

país, tem uma face mais trágica entre a população mais

excluída. Além do recorte de gênero, é preciso

considerar a classe social: - Nós (mulheres negras)

somos a maioria e as primeiras na categoria da

pobreza. Hoje, você tem uma educação contra a

violência doméstica muito forte, mas quem mora em

periferia ainda tem dificuldade de ser ouvida - explica a

advogada Patrícia Guimarães, presidente da Comissão

de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil

do Distrito Federal.

Para a advogada , especializada em Direito da Família,171

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Brasil

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

as estatísticas não são capazes de dimensionar

totalmente a violência doméstica e familiar, já que

muitas mulheres sofrem caladas, em segredo, por medo

de serem julgadas perante a sociedade. Segundo

Patrícia, é preciso considerar os entraves judiciais.

- Existe a discriminação dentro da própria delegacia, o

tabu. Se você for sozinha, encontra uma resistência

para que esse boletim ocorra. As perguntas são

constrangedoras. Muitas deixam de ir ou de ir pela

segunda vez porque já sabem o que vão ouvir -

comenta.

Em 2019, 66% do total de vítimas de feminicídios no

Brasil eram mulheres negras - o total contabiliza pretas

e pardas, segundo a classificação do IBGE. De acordo

com o Mapa da Violência, o risco de homicídios para

mulheres brancas, amarelas e indígenas era de 2, 5 e

saltava para 4, 1 quando em relação às negras.

- O feminicídio é um termo relativamente novo no nosso

vocabulário, mas dá nome a um problema muito antigo -

alerta a coordenadora-geral da Rede Feminista de

Juristas, a advogada Amarílis Costa.

Segundo Amarílis, ainda há aprovação da sociedade a

esse tipo de crime e mecanismos que incentivam essa

forma de violência.

- A violência de gênero começa de maneira subjetiva

nas ruas, nas escolas, nos espaços familiares e se

materializa por meio de agressões físicas e, por vezes,

do feminicídio - detalha a jurista.

A coordenadora-geral da rede acrescenta que o

combate à violência contra mulher exige um pacto

social, ético e moral: - Pensar na violência de gênero

sem pensar na raiz do problema não faz sentido. É

preciso um debate que fale das desigualdades de poder

e das dinâmicas históricas que fazem com que o gênero

masculino estruture uma dinâmica de opressão. E

preciso pensar num Judiciário antirracista, que não

seja machista e misógino, e que comece a construir

jurisprudências que sejam de vanguarda e focadas na

equidade de gênero.

UM CRIME ÍNTIMO Pesquisadora do Instituto Igarapé,

Renata Giannini confirma que o principal motivo para os

altos índices de feminicídios no Brasil é a desigualdade

de gênero. Ela explica que o feminicídio normalmente é

o fim de um processo que é antecedido por outras

violências: - Existe uma percepção sobre um status

inferior de mulheres, sua liberdade e seus corpos, que

acaba impactando na violência cometida contra elas. É

importante olhar para outros tipos de violência: porque

normalmente não acontece do nada, é um crime íntimo,

que costuma ser cometido por uma pessoa próxima da

vítima - diz Renata, em uma análise que combina com a

forma como morreram Bruna e Geordana.

O Igarapé realizou um levantamento sobre feminicídios

e registros de crimes relacionado contra mulheres em

2020. Outros tipos de violência diminuíram na pandemia

mas o feminicídio aumentou: -E um indicativo de que as

mulheres, no processo de isolamento e super

convivência com possíveis agressores, tiveram mais

dificuldade para relatar.

No primeiro semestre de 2021, 33 casos de feminicídios

foram registrados no Pará e 86 em São Paulo, números

próximos aos do mesmo período no ano passado,

segundo registros das secretarias de segurança destes

estados. Os índices também se mantiveram

semelhantes no Rio Grande do Sul, Ceará, Amazonas,

Goiás e Santa Catarina. O Rio de Janeiro teve o maior

aumento nos números, passando de 35 feminicídios de

janeiro a junho de 2020 para 48 nos mesmos meses em

2021.

20,9% Redução de mortes de brancas, indígenas e

amarelas de 2009 a 2019, segundo o Atlas da Violência

2021, caindo de 1.636 para 1.196 casos

2% Aumento de feminicídios de vítimas negras de 2009

a 2019, segundo o Atlas da Violência 2021, passando

de 2. 419 para 2468 mortes

'O feminicídio é um termo relativamente Novo no nosso

vocabulário, mas dá nome a um problema muito antigo '

172

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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

Amarílis Costa, Rede Feminista de Juristas 'Existe a

discriminação dentro da própria delegacia, o tabu.

Quem mora em periferia ainda tem dificuldade de ser

ouvida'

Patrícia Guimarães, Comissão de Igualdade Racial da

OAB-DF

Vítima do marido. Influenciadora Bruna Quirino foi

assassinada em Valinhos (SP) e crime causou revolta

nas redes

Vítima do ex. Modelo Geordana Farias foi esfaqueada

por homem que foi seu namorado por quatro anos;

homicídio gerou protestos de população de Ananindeua,

na região metropolitana de Belém

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário

173

Veiculos de empresas do agronegócio encorparam ato

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Autor: MARIANA CARNEIRO ETOHANNS ELLER

Jair Bolsonaro já tinha deixado a Esplanada dos

Ministérios, na manhã da terça-feira, mas um caminhão

estampado com um adesivo da bandeira do Brasil ainda

atraía a atenção de manifestantes. Faziam fila para

subir no veículo, que havia se tornado um ponto para

selfies. Um deles escalou a cabine do caminhão para

fazer um video gritando 'mito' e'é Bolsonaro, porra'.

Em outro ponto, uma mulher fazia pose montada numa

moto, colocada estrategicamente nos fundos de um

caminhão graneleiro. O cartaz preso ao veículo dizia:

'Os produtores rurais de Santa Juliana-MG apoiam este

movimento', e levava o logotipo do Sindicato Rural da

cidade.

No protesto contra o Supremo e pró-Bolsonaro na

capital federal, era a grande quantidade de caminhões

que fazia a diferença, mais do que o número de

manifestantes.

Embora não haja estimativas oficiais de veículos, só

numa foto aérea é possível contar pelo menos 40

espalhados pela Esplanada dos Ministérios. Colocados

diante do carro de som lado a lado, alguns deles

formavam uma parede delimitando o espaço da

multidão que ouvia Bolsonaro falar. Assim distribuídos,

aumentavam o volume do protesto. Boa parte trazia o

logotipo de empresas como a grande produtora de soja

e sementes Agrofava, ou da Formosa Logística, que

também serve ao agronegócio, mas que na terça-feira

sustentava bandeiras do Brasil e uma placa em inglês

que pedia a remoção dos ministros do STF.

Para o líder caminhoneiro Wallace Landim, conhecido

como Chorão, que era contra a participação da

categoria no protesto, tamanho comparecimento indica

um movimento orquestrado: - Com certeza tem

investimento por trás. Sabemos que o custo é muito alto

para manter (os caminhões em Brasília).

Dono da Mira Transportes e vice-presidente de

Segurança da NTC & Logística, entidade que

compreende 60% da frota do país, Roberto Mira nega

ter fornecido caminhões da transportadora para o

movimento, mas conta ter encorajado a participação de

seus motoristas autônomos nos protestos. Outra

decisão de Mira que reforçou a mobilização bolsonarista

foi a de retirar os caminhões das estradas no feriado, o

que liberou os motoristas autônomos para engrossarem

o movimento. Além das transportadoras, a presença de

caminhões ligados ao agronegócio na Esplanada

demonstrou que, apesar do racha no setor - uma carta

assinada por entidades exportadoras defenderam o

respeito

à democracia - o agro segue bastante ligado a

Bolsonaro.

Muitos caminhões levavam um adesivo do Movimento

Brasil Verde-Amarelo. O grupo é o mesmo que

organizou, em maio, uma marcha em favor do voto

impresso e na qual Bolsonaro apareceu montado a

cavalo.

O movimento é patrocinado por produtores rurais como174

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

a gigante Aprosoja, entidade que reúne produtores do

Centro-Oeste e de outras regiões do país. Seu

presidente é Antônio Galvan, investigado em inquérito

que apura o financiamento a atos antidemocráticos.

José Fava Neto, sócio da Agrofava, cujo logotipo pôde

ser visto em caminhões nos atos, também é dirigente da

Aprosoja em Goiás. (Colaborou Rayanderson Guerra).

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

175

OUTRA DERROTA À VISTA

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

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Autor: TULIA LINDNER

A primeira resposta concreta do presidente - do Senado,

Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ao presidente Jair

Bolsonaro após os atos de 7 de setembro deve ocorrer

através da devolução da Medida Provisória que altera o

Marco CivildaInternet, apelidada de MP das Fake News.

Pacheco pretende se basear em parecer da Advocacia-

Geral da Casa sobre o tema para justificar a decisão,

que torna inválido o texto presidencial. A medida editada

pelo presidente da República limita a atuação de

plataformas das redes sociais para remover conteúdo

publicado que dissemine informações falsas - e foi

criticado tanto por especialistas quanto pelas próprias

empresas.

A proposta da MP das Fake News provocou forte

reação da oposição, que acionou o Supremo Tribunal

Federal contra a medida. O senador Alessandro Vieira

(Cidadania-SE) entrou ontem com um mandado de

segurança na

Corte para suspender o texto.

Vieira avaliou que há 'flagrante inconstitucionalidade' na

MP, que, para ele, serve como 'garantia para a

propagação de material ilegal e antidemocrático'.

- O presidente (do Senado) deveria devolver essa MP o

mais rápido possível. O seu conteúdo busca garantir a

continuidade da utilização indevida das redes sociais,

impunemente, para a propagação de notícias falsas -

disse Humberto Costa (PT-PE).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou a

MP como grave.

'Ao tentar restringir a exclusão de contas que propagam

fake news ou que firam as regras da plataforma, o que

Bolsonaro quer é liberar ataques e promover mentiras!',

escreveu Randolfe em suas redes sociais.

AREAÇÃO DAS PLATAFORMAS Bolsonaro assinou a

MP na segunda-feira, véspera dos atos de 7 de

Setembro. O texto dificulta a atuação das redes sociais

para apagar conteúdos de usuários e foi elaborada

como uma resposta do governo à atuação das principais

plataformas da internet e um aceno à militância digital

bolsonarista,

que tem sido alvo de remoções nas redes sob acusação

de propagar conteúdos falsos. Especialistas acreditam

que a MP pode permitir a propagação de informações

falsas e o discurso de ódio. As principais plataformas

digitais em operação no país criticaram a medida

provisória.

O Facebook, que também é dono do Instagram e do

WhatsApp, foi o mais enfático na crítica ao texto editado

por Bolsonaro. Segundo a plataforma, a medida 'limita

de forma significativa a capacidade de conter abusos'

nas plataformas, o que classificou como 'fundamental

para oferecer às pessoas um espaço seguro de

expressão e conexão online'. A rede também ressaltou

que 'concorda coma manifestação de diversos

especialistas e juristas, que afirmam que a proposta

viola direitos e garantias constitucionais',176

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Já o Twitter afirmou, que o Marco Civil da Internet 'foi

fruto de um amplo e democrático processo de discussão

coma sociedade civil' e 'permitiu a elaboração de uma

lei considerada de vanguarda na proteção dos direitos

dos usuários'. Ainda segundo a plataforma, o texto da

medida provisória 'contraria tudo o que esse processo

foi e o que com ele foi construído',

O YouTube, por sua vez, informou que analisa os

impactos da medida provisória, mas declarou que sua

políticas de comunidade são resultado de um processo

colaborativo com especialistas técnicos, sociedade civil

e academia. 'Acreditamos que a liberdade para aplicar e

atualizar regras é essencial para que o YouTube possa

colaborar com a construção da internet livre e aberta

que transforma a vida de milhões de brasileiros todos os

dias', afirmou a empresa.

SEM TRIBUNA

Incomodado com a participação de Bolsonaro em atos

antidemocráticos durante o feriado, Pacheco decidiu

cancelar as sessões deliberativas e reuniões de

comissões da Casa previstas para esta semana.

A atitude, conforme informou o colunista Lauro Jardim,

não agradou a boa parte da Casa, já que parlamentares

ficaram sem espaço para se posicionar um dia depois

dos discursos de Jair Bolsonaro contra o Supremo

Tribunal Federal (STF).

Orientação. Rodrigo Pacheco pretende se basear em

parecer da Advocacia-Geral da Casa para justificar

decisão

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

177

Justiça valida demissões por WhatsApp e nega indenização a

trabalhadores

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Legislaçao e Tributos

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

Autor: Arthur Rosa e Adriana Aguiar

A Justiça do Trabalho tem validado demissões feitas por

meio de aplicativos de conversa, como o WhatsApp. As

decisões ainda negam indenização por danos morais

aos trabalhadores. Para os julgadores, o uso da

ferramenta, por si só, não causa constrangimento ou

humilhação e pode ser adotada pelos empregadores,

especialmente em meio à pandemia da covid-19.

A discussão, segundo advogados, ganhou importância

com as medidas de isolamento e a consolidação dos

aplicativos de conversa como ferramenta de trabalho. O

próprio Judiciário, acrescentam, já vinha utilizando,

antes da pandemia, o WhatsApp para atos oficiais -

como a intimação das partes, advogados e testemunhas

para o comparecimento às audiências.

Levantamento da plataforma de jurimetria Data Lawyer

Insights mostra que de 2017 ao dia 1º deste mês foram

ajuizados cerca de 144 mil processos com as palavras

demissão, WhatsApp ou aplicativo e danos morais.

Deste total, 103 mil a partir de março de 2020, com a

pandemia. Nem todos, porém, discutem a utilização da

ferramenta para a dispensa de trabalhador.

'Em um cenário em que é possível ao trabalhador

desenvolver suas atividades em qualquer localidade do

mundo, por que se exigiria que a comunicação e os

demais procedimentos da dispensa ocorressem de

forma presencial?', questiona o advogado Matheus

Cantarella Vieira, doescritório Souza, Mello e Torres.

Ele explica que, ao analisar um caso, a Justiça do

Trabalho leva em consideração o modo como o

empregador comunicou a demissão. 'Deve ser pautada

por regras de respeito, urbanidade e consideração entre

as partes, especialmente por ser uma ocorrência já

naturalmente desgastante. '

Em Minas Gerais, o juiz Márcio Toledo Gonçalves, da

33º Vara do Trabalho de Belo Horizonte, negou

recentemente o pedido de indenização por danos

morais a uma professora, Ela alegou ter sido

dispensada por WhatsApp e não ter recebido as verbas

rescisórias (processo nº 0010024-04. 2021. 5. 03.

0112).

Ao analisar o pedido, o juiz entendeu que 'não é

ofensiva a comunicação da dispensa através de

mensagem de WhatsApp, dado ao contexto em que se

encontra a ré [a escola], diante do cenário de pandemia

da covid-19'.

Sobre o atraso no pagamento das verbas rescisórias,

afirma que, 'em que pese tratar-se de uma atitude

merecedora de desaprovação pelo Poder Judiciário e

pela sociedade, por si só, não gera direito a

indenização'.

O TRT de São Paulo (2º Região) também confirmou

recentemente a dispensa de uma coordenadora

pedagógica por meio do WhatsApp.

Ela alegou que as conversas com sua supervisora

tratavam de 'suspensão' do contrato de trabalho e que o

aviso-prévio não poderia ser substituído por simples

mensagem, o que invalidaria a rescisão (processo nº

1001180-76. 2020. 5. 02. 0608).

No julgamento, porém, os desembargadores da 18º

Turma consideraram que foram apresentadas provas

legais - como a baixa da carteira de trabalho - e da

comunicação do encerramento do contrato de trabalho.

'As conversas de WhatsApp colacionadas pela

reclamante [a escola] são plenamente válidas como

meio de prova, mas não favorecem a tese autora', diz a

relatora do caso, desembargadora Rilma Aparecida

Hemetério.

Ela lembra, no voto, que o WhatSApp 'se tornou um

grande aliado', especialmente em 2020, com a

178

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Legislaçao e Tributos

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

pandemia. E acrescenta: 'Não é demais recordar que o

contrato de trabalho prescinde de formalidades

excessivas e pode ser firmado até mesmo de maneira

verbal, inteligência do artigo3º da CLT'.

No TRT do Rio de Janeiro, a 2º Turma validou a

demissão feita por uma empresa de sistemas de

segurança e negou indenização ao trabalhador. Para os

desembargadores, 'a dispensa em questão, por meio do

WhatsApp, não deve gerar dano moral, pois o fato não

foi exposto a terceiros, uma vez que não se tratou de

uma conversa mantida em grupo criado no aplicativo,

mas sim de forma privada, sem qualquer indicativo de

mau trato que pudesse causar constrangimento ou

humilhação ao autor' (processo nº0102189-19. 2017. 5.

01. 0451).

A advogada Juliana Bracks, sócia do Bracks

Advogados, afirma que tem feito pareceres sobre o

assunto. 'Tudo é o tom, como a coisa se dá', diz. Para

ela, o curioso é que trabalhadores, principalmente

empregados domésticos, comunicam-se hoje em dia

com os patrões sempre pelo WhatsApp, até para pedir

demissão. 'E nenhum juiz vai condenar o trabalhador

em dano moral porque pediu demissão por mensagem. '

Foi justamente o tom da conversa travada entre um

empregador e uma empregada doméstica que levou o

Tribunal Superior do Trabalho (TST) a manter a decisão

do TRT em Campinas (15º Região) favorável ao

pagamento de indenização por danos morais, no valor

de três salários. 'O que se avalia é o modo como o

reclamado comunicou a cessação do Vínculo de

emprego à trabalhadora', diz a relatora do caso na 6º

Turma, ministra Kátia Magalhães Arruda. Para ela, a

mensagem reproduzida no processo 'fala por si'. 'Bom

dia. Você está demitida. Devolva as chaves e o cartão

da minha casa. Receberá contato em breve para

assinar documentos. ' O ideal, explica, seria analisar o

contexto, e não apenas o texto. Não há, porém,

acrescenta, nem no acórdão nem no recurso

informações a respeito (AIRR-10405-64. 2017. 5. 15.

0032). Daniela Yuassa, sócia do Stocche Forbes

Advogados, entende não ser recomendável a demissão

por WhatsApp. Mas se for necessário o uso da

ferramenta, afirma, o empregador deve ter cuidado e, de

preferência, adotar orecursode imagem. 'É um meio de

comunicação válido. Mas é preciso tomar cuidado com

o texto a ser enviado. É preciso criar uma situação de

respeito. ' A advogada Mayra Palópoli, sócia do Palópoli

& Albrecht Advogados, também concorda. 'Quer na

dispensa presencial, quer na dispensa por aplicativos de

áudio ou vídeo, o importante é que seja feito com

respeito e cordialidade', diz ela, que também recomenda

aos clientes que a dispensa seja feita por chamada de

vídeo gravada, conduzida por pessoa capacitada

naárea de recursos humanos.

Advogado Matheus Cantarella Vieira: medida deve ser

pautada por regras de respeito, urbanidade e

consideração

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário

179

Posições de Bolsonaro esfriam mais as relações entre Brasil e Alemanha

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

Autor: Assis Moreira

Qualquer que seja o governo eleito na Alemanha, no dia

26, tende a prolongar o congelamento da relação

europeia e alemã com o Brasil, devido aos rumos do

governo de Jair Bolsonaro. Eisso tem impacto

econômico ao não melhorar as condições para atrair

mais investimentos, por exemplo, concordam analistas.

As posições de Bolsonaro vão provocar também mais

exigências do lado europeu para assinatura do acordo

União Europeia-Mercosul, algo que, de toda forma,

deverá demorar bem além da eleição na França no ano

que vem.

'Com posições radicais, discursos de ódio, ameaças e

insultos, Bolsonaro dispara, pelo menos verbalmente, a

destruição da Amazônia em nome do 'progresso' e

legitima ataques a grupos sociais marginalizados',

observa Ginther Maihold, vice-diretor do Instituto

Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança

(SWP), think tank vinculado ao Bundestag (Parlamento

alemão). 'Agora, ele parece gerar uma situação próxima

ao defunto governo Trump, atacando o Parlamento e o

Judiciário. '

'Portanto, a Alemanha insistirá na aplicação do Estado

de Direito e na proteção da democracia. Isto será

interpretado pelo governo Bolsonaro como uma intrusão

nos assuntos internos, enquanto na Alemanha faz parte

de uma política internacional de resiliência democrática.

Assim, a fissura entre os dois países no próximo mês

pode se tornar ainda maior', declarou.

Para a professora Barbara Fritz, da Freie Universitát,

em Berlim, se Bolsonaro convencer os militares a um

golpe, 'certamente não terá reconhecimento do governo

[alemão], terá rejeição, sanções econômicas e políticas'.

Observa, porém, que o país continua a ter instituições

que funcionam. 'Tomara que Bolsonaro seja um

parênteses na história e passe. Mas, com certeza, ele já

teve muito efeito destrutivo. '

O professor Detlef Nolte, do Instituto de Estudos Latino-

Americanos de Hamburgo, diz que, nos meios políticos

e intelectuais da Alemanha, a visão sobre o Brasil com

Bolsonaro 'é muito crítica por causa da Amazônia, das

tendências autoritárias' e visivelmente só a extrema

direita o suporta.

Na União Europeia (UE) em geral, toda interlocução do

mais alto nível com a liderança brasileira está parada.

Não existe nem de forma virtual. Com a Alemanha, líder

no bloco e motor da economia europeia, a situação é

ainda pior. O setor privado alemão insistiu para Berlim

retomar diálogo com o governo brasileiro, sem sucesso.

A primeira edição do mecanismo de consultas bilaterais

de alto nível, para os dois governos tratarem

periodicamente das questões mais relevantes, ocorreu

em 2015, quando Angela Merkel foi a Brasília com sete

ministros. A reunião seguinte deveria se realizar em

2017 na Alemanha, mas o governo de Angela Merkel

colocou o freio na iniciativa. Primeiro alegou que 0 então

governo de Michel Temer era de transição. Depois veio

Bolsonaro e o esfriamento das relações se consolidou.

Na crise da pandemia de covid19, Merkel telefonou para

os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do

Chile, Sebastián Pifera. Mas ignorou Bolsonaro, em

meio ao espanto na Alemanha com sua postura contra a

ciência e contra vacinas, por exemplo.

O empresariado alemão respira aliviado no momento

pelo menos como o fato de o acordo UE-Mercosul não

ter entrado na campanha eleitoral. O temor era de a

questão ser politizada, com ONGs pressionando mais

os partidos políticos antes da eleição por um

posicionamento contra o entendimento.

Isso não ocorre até porque a América Latina em geral é

ignorada na campanha, como ocorre na Europa em

geral. 'A América Latina é muito distante, e a escala de

importância para a Alemanha é: a Europa, a Rússia pela

proximidade, os EUA com a aliança militar, a China pela

importância econômica, o Oriente Médio pelos180

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

problemas de refugiados e a África pelas questões de

migração', diz Nolte.

A visão na Alemanha é de que o Brasil e a América

Latina como um todo correm risco de mais

marginalização na política internacional. Na agenda de

mudanças climáticas, transição energética, saúde

global, a América Latina é considerada um parceiro

estratégico. No entanto, a avaliação é de interesse

limitado na região sobre esses temas. Ao mesmo

tempo, o cenário é altamente polarizado tanto

internamente como em nível regional. 'Há necessidade

de um novo impulso das lideranças das duas regiões a

fim de superar a crise de relacionamento em que nos

encontramos', diz Maihold.

Após a eleição federal alemã no dia 26, virá o momento

decisivo, que será a negociação da coalizão e do

contrato de governo. Parece claro que o Partido Verde,

hoje com 17% de intenção de votos, poderá participar

de qualquer coalizão.

Para Maihold, em todo caso haverá a continuação da

resistência à ratificação do acordo UE-Mercosul em

vários países-membros, que se deve, em grande parte,

a grupos de lobby internos.

Com certeza, diz, os verdes no governo 'pediriam uma

espécie de renegociação do acordo que mudaria

elementos centrais da regulamentação atual sobre

ecologia, direitos humanos, normas trabalhistas etc. , o

que neste momento parece ser ambicioso com o

governo brasileiro de Bolsonaro'.

Assim, a relação bilateral Alemanha-Brasil continuará

longe de atingir seu pleno potencial. 'A problemática

relação comercial não ajuda a resolver esta situação,

pois os atores alemães continuarão insistindo na

proteção da Amazônia, na mudança climática e

considerando-a como um bem público global com uma

responsabilidade conjunta', diz Maihold.

Para Nolte, os verdes vão pedir mais garantias sobre o

acordo birregional. Mas, 'se a maioria [dos países

europeus)] estiver a favor, a Alemanha, mesmo com os

verdes, vai aceitar o acordo', diz.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário

181

* TJ-SP impede venda de réplicas de modelos da Porsche

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Legislaçao e Tributos

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

Autor: Adriana Aguiar

A Porsche obteve decisão definitiva no Tribunal de

Justiça de São Paulo (TJ-SP) para impedir a produção e

a comercialização de réplicas em tamanho real dos

modelos Cayman e Gulf, além de assentos para

automóveis com a marca. Também deve receber

indenização por danos morais, no valor de R$ 50 mil, e

por danos materiais, a serem definidos na liquidação da

sentença.

Os produtos eram anunciados no site e nas redes

sociais da AC Design Comércio e Projetos de Peças

Especiais e de Adhemar Cabral, proprietário da

empresa. Uma réplica do veículo Porsche Gulf, por

exemplo, era vendida por R$ 120 mil sem motor e R$

220 mil com motor. O modelo original pode chegar a

custar milhões de reais.

No processo, a Porsche alega que identificou em 2017

que a AC Design vinha fabricando e comercializando,

sem autorização, as réplicas e outros itens com a marca

Porsche. Antes de ir à Justiça, a fabricante alemã tentou

um acordo. Porém, sem sucesso.

Segundo o advogado que assessorou a Porsche,

Philippe Bhering, do Bhering Advogados, trata-se de

flagrante caso de violação à marca registrada, violação

de desenho industrial registrado, no caso do veículo

Cayman, e prática de concorrência desleal.

'O consumidor pode ser levado a crer que se trata de

um Porsche. E, nesse caso, o prejuízo ainda pode ser

mais grave porque são veículos motorizados, fabricados

em oficinas informais, que podem rodar nas ruas dos

país sem obedecer aos padrões de qualidade e

segurança dos fabricantes de automóveis', diz.

Ao analisar o caso, em julho de 2020, o juiz Luis Felipe

Ferrari Bedendi, da 1º Vara Empresarial e Conflitos de

Arbitragem de São Paulo, entendeu que a Porsche

comprovou a titularidade do registro das marcas

Porsche e Porsche Stuttgart. E que as reproduções de

conversas por aplicativo indicam que AC Design

utilizava as marcas para comercializar produtos como

automóveis do tipo buggy e poltronas, além de 'réplicas'

de carros a preços elevados.

Para o juiz, essa conduta deve ser configurada como

ato de concorrência desleal, prevista no artigo 195,

inciso IV, da Lei nº 9. 279, de 1996. Pelo dispositivo,

comete crime de concorrência desleal quem usa

expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita,

de modo a criar confusão entre os produtos ou

estabelecimentos.

'Em que pese seja permitido à é tentar conquistar a

clientela e fazer prevalecer o seu negócio, os meios

empregados não podem ser capazes de enganar os

consumidores em relação à origem dos produtos, como

ocorre na hipótese, sendo o que basta para confirmar a

violação do direito e a necessidade de pagamento de

indenização por danos materiais e morais', diz.

A AC Design recorreu ao TJ-SP. O caso foi analisado

pela 2º Câmara Reservada de Direito Empresarial, que

manteve integralmente a sentença. O processo (nº

1129898-79. 2019. 8. 26. 0100) transitou em julgado

(não cabe mais recurso) no dia 13 de julho.

A decisão, afirma Philippe Bhering, 'sinaliza que esse

tipo de prática ilícita não será tolerada no Judiciário'. A

Porsche, acrescenta o advogado, tem mapeado as

empresas que utilizam indevidamente a sua marca no

Brasil e foram realizados cerca de dez acordos neste

ano.

São casos que envolvem confecções, oficinas

mecânicas e até locadoras de veículos que utilizam a

marca Porsche. Apenas em um outro caso que também

trata de réplica de automóveis não houve acordo. A

fabricante aguarda o desfecho na Justiça.

Procurado pelo Valor, Adhemar Cabral afirma, por nota,

que lamenta a decisão, que classifica como

'desastrosa'. De acordo com ele, uma das réplicas é do182

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Legislaçao e Tributos

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

modelo Gulf917, que foi lançado há 52 anos e estaria

em domínio público. Já a Cayman, que a Porsche

afirma ser réplica, acrescenta, é 'original e customizada'.

Philippe Bhering: decisão sinaliza que prática não será

tolerada no Judiciário

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário

183

Poderes Caminhoneiros bloqueiam rodovias em oito Estados

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Autor: Cristiane Agostine, André Guilherme Vieira,

Fernanda Pressi

Caminhoneiros bloquearam ontem trechos de rodovias

de ao menos oito Estados, em apoio ao presidente Jair

Bolsonaro. O movimento é heterogêneo, organizado por

motoristas autônomos e defende pautas diversas, desde

o controle dos preços dos combustíveis até bandeiras

antidemocráticas como o fechamento do Supremo

Tribunal Federal (STF). As maiores entidades do setor

de transporte rodoviário de cargas não deram apoio

formal à mobilização.

As ações, segundo o relato de caminhoneiros, são um

desdobramento dos atos realizados no domingo, 7 de

setembro, em apoio a Bolsonaro, nos quais foram

defendidas agendas contra a democracia, como

intervenção militar e a remoção de ministros do STF.

Santa Catarina concentrou ontem a maior parte dos

bloqueios parciais de rodovias. Houve registros também

no Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Bahia até o

fim da tarde de ontem, de acordo com o Ministério da

Integração, com base em informações da Polícia

Rodoviária Federal.

O Ministério da Integração disse que em nenhum trecho

das rodovias foi registrado bloqueio total da pista.

Ontem, foram debeladas 67 ocorrências com

manifestação de populares e tentativas de bloqueio de

rodovias.

Houve protesto também em Brasília, na Esplanada dos

Ministérios. O movimento na capital federal tem relação

com empresas do agronegócio de São Paulo, Santa

Catarina e Goiás.

Dos mais de 100 caminhões estacionados na

Esplanada dos Ministérios, ao menos 17 estavam

identificados como pertencentes ao Grupo Grão

Dourado, com sede em Piracanjuba(GO). Trata-se de

uma maiores produtoras de grãos de Goiás.

O grupo tem como sócios os irmãos Nilton, Ivan e Jonas

Pinheiro de Melo. Os três estão identificados como

produtores rurais no processo de recuperação judicial

do grupo que tramita desde agosto de 2012 na 1º Vara

Cível de Piracanjuba. Além da produção de soja, milho,

sorgo e feijão, as empresas do Grupo Grão Dourado

também atuam na produção de insumos e defensivos

agrícolas, logística e transporte de grãos para o

agronegócio, suinocultura e distribuição de carnes e

derivados.

O Valor procurou a empresa por telefone ontem, mas

não recebeu resposta aos contatos. Também foi

enviado e-mail solicitando informações sobre o

envolvimento do grupo com os atos que pedem

interferência no STF Não houve resposta até o

fechamento desta edição.

As manifestações, segundo a Polícia Rodoviária

Federal, não são coordenadas por entidades setoriais,

não se limitam a demandas ligadas aos caminhoneiros

e têm 'composição heterogênea'. Entretanto, o

caminhoneiro Fabiano Márcio da Silva, um dos líderes

da paralisação de 2018, afirmou ao Valor que o

caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes,

conhecido como Zé Trovão, está fazendo a 'ponte' entre

o agronegócio e os motoristas autônomos.

De acordo com vídeo publicado por Zé Trovão nas

redes sociais ontem, o objetivo desses atos é pressionar

pelo impeachment de ministros do Supremo. Zé Trovão

está foragido desde o dia 3, quando a Procuradoria-

Geral da República (PGR) solicitou e o ministro do STF

Alexandre de Moraes determinou sua prisão.

O vídeo circula em vários grupos de mensagens de

caminhoneiros, mas as manifestações sobre ele

são muito contraditórias. Há caminhoneiros apoiando

essa paralisação em nome do 'Brasil melhor e nosso' e

há os que repetem que estão sendo 'usados como

massa de manobra do governo'.184

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Um dos críticos mais contundentes é o caminhoneiro

Aldacir Cadore, do interior de São Paulo. Ele disse:

'Ninguém queria outro discurso de campanha. A gente

quer ação. O que vai ser feito? Quem vai sair do

governo? Quem fica? Deveríamos nos limitar aos pleitos

de nossa categoria. '

Como as pautas se misturam nos grupos dos

caminhoneiros, há também aqueles que querem usar

essas paralisações para reivindicar controle do preço

dos combustíveis e reajuste de preços dos fretes.

A ascensão do caminhoneiro Zé Trovão como um dos

líderes da categoria é questionada pelo governo. Uma

fonte do Ministério da Infraestrutura disse desconhecer

Zé Trovão e afirmou que só soube quem é o

caminhoneiro depois que a Procuradoria-Geral da

República pediu sua prisão, determinada pelo ministro

Alexandre de Moraes, do STF, como parte do inquérito

que investigava ameaças à democracia nos atos de 7

de setembro. 'Precisamos ter muito cuidado para eleger

um suposto líder desse movimento que na verdade não

tem representatividade com a categoria. ele se tornou

uma pessoa influente dentro do bolsonarismo, mas não

é uma liderança setorial relevante', disse ao Valor.

Além dos bloqueios nas rodovias, manifestantes

bolsonaristas tentaram invadir ontem o Ministério da

Saúde, em Brasília, mas foram contidos por

seguranças. O grupo hostilizou os jornalistas que

estavam no local, que foram agredidos com empurrões

e xingamentos.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

185

Mourão afirma que não há clima para afastamento

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

Autor: Matheus Schuch

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão,

afirmou ontem que 'não vê clima" para o impeachment

do presidente Jair Bolsonaro, mesmo após os discursos

em tom golpista na última terça-feira. Para o vice,

Bolsonaro tem 'maioria confortável' para evitar o avanço

de um eventual processo de impedimento na Câmara.

'Não vejo que haja clima para o impeachment do

presidente, tanto na população, como um todo, como

dentro do próprio Congresso. Acho que o governo tem

uma maioria confortável de mais de 200 deputados lá

dentro. Não é a maioria para aprovar grandes projetos,

mas é uma maioria capaz de impedir que algum

processo prospere contra a pessoa do presidente da

República', argumentou o vice, ao embarcar na capital

federal para um sobrevoo à Amazônia com chefes de

missões diplomáticas.

Mourão, que esteve no ato em Brasília ao lado do

presidente, opinou que há excessos no inquérito das

'fake news', conduzido pelo ministro Alexandre de

Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). A

abertura das investigações foi ratificada pelo plenário da

Corte.

'Na minha visão, existe um tensionamento,

principalmente entre Judiciário e o Executivo, eu tenho

a ideia muito clara que o inquérito conduzido pelo

ministro Alexandre de Moraes não está correto, um juiz

não pode conduzir inquérito, eu acho que tudo se

resolveria se o inquérito passasse para a mão da PGR e

acabou, isso aí distensionaria todos os problemas',

pontuou. 'Eu acho que existem cabeças ali dentro que

entendem que isso foi além do que era necessário e eu

acho que conversando a gente se entende. '

As manifestações, na visão de Mourão, tiveram

'concentração expressiva da população brasileira', O

vice evitou comentar o conteúdo das declarações de

Bolsonaro, que ameaçou não cumprir eventuais

decisões judiciais determinadas por Moraes.

'É uma mudança porque as ruas sempre foram domínio

dos segmentos da esquerda. Ontem, você viu uma

quantidade enorme, estive aqui na manifestação de

Brasília, em torno de 150 mil pessoas estavam ali

reunidas, acredito que no Rio de Janeiro e São Paulo

chegou também ao redor deste número. Então, é uma

manifestação expressiva, deixo de comentar discursos

que foram feitos porque é uma questão ética minha, não

é o caso de eu comentar', frisou.

Mourão embarcou para a Amazônia horas antes da

reunião do Conselho de Governo, do qual faz parte, por

isso ficou de fora das avaliações de Bolsonaro e seus

ministros sobre o 7 de setembro. A viagem foi marcada

com antecedência.

Durante três dias, o vice levará representantes de

missões diplomáticas e autoridades brasileiras para

sobrevoar e conhecer projetos do governo em regiões

do Pará. Presidente do Conselho Nacional da

Amazônia, Mourão mostrará projetos de preservação da

floresta e desenvolvimento da região.

O Pará concentra os piores resultados de

desmatamento na região amazônica. A área sob alerta

durante o primeiro semestre deste ano é a maior em

seis anos, de acordo com sistema de monitoramento do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O

governo local pondera que há uma redução dos alertas

de desmatamento nas áreas estaduais.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF

186

Doria critica Lira por 'falta de compromisso com democracia'

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Autor: Cristiane Agostine

Pré-candidato à Presidência, o governador de São

Paulo, João Doria (PSDB), criticou ontem o presidente

da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por não pautar os

pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro, mesmo

diante de ameaças antidemocráticas feitas pelo

presidente da República. Doria atacou Lira por sua

'postura, atitude e descompromisso' com a democracia

no país.

'Lamento que ele [Lira] não tenha compromisso com a

democracia, porque se tivesse estaria colocando em

pauta o impeachment do presidente Jair Bolsonaro',

afirmou Doria ontem, em entrevista coletiva. 'Eu

lamento, sinceramente, a postura, a atitude e o

descompromisso do presidente da Câmara com a

democracia brasileira', disse.

O governador afirmou ainda que depois dos 'arroubos

autoritários' de Bolsonaro contra a Constituição,

democracia e ao Supremo Tribunal Federal, 'o mínimo

que poderia se esperar' do presidente da Câmara era

submeter os pedidos de impeachment contra Bolsonaro

aos parlamentares e dar andamento ao processo. 'A

decisão não é dele, não é monocrática, e sim da

Câmara e do Senado', disse Doria.

O tucano lembrou que há mais de 130 pedidos de

afastamento do presidente 'engavetados' no gabinete de

Lira e que o presidente da Câmara deve agir para tirar

Bolsonaro do cargo. 'Não é apenas na palavra, é na

atitude que se faz democracia. '

Um dia depois de defender publicamente o

impeachment de Bolsonaro, Doria disse que o

presidente tem 'flertado com o autoritarismo' e tenta

'molestar e emparedar' a democracia com suas palavras

e atitudes.

O governador paulista afirmou que garantirá a

segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal

(STF) que moram em São Paulo, como Alexandre de

Moraes, e de seus familiares.

'Aqui em São Paulo ele não terá eco junto ao governo

do Estado para prosseguir falando o inadequado e com

a impropriedade e ameaçar qualquer ministro do

Supremo Tribunal Federal', afirmou.

Em meio a acenos feitos pelo PT e por outros partidos

da oposição ao PSDB para compor uma frente

democrática, Doria desconversou sobre uma possível

união contra Bolsonaro e disse que essa é uma decisão

que deve ser tomada por seu partido. 'Cabe ao

presidente nacional do PSDB. É questão partidária e

deve manter entendimento com Bruno Araújo. Minha

posição é a forte reprovação contra os arroubos

autoritários do presidente Jair Bolsonaro, ameaçando a

Suprema Corte, um de seus ministros nominalmente,

Alexandre de Moraes, a democracia e as instituições do

Brasil.

É o tipo de arroubo autoritário que não queremos ver no

país e não queremos voltar ao tempo da ditadura, de

triste memória do nosso país.

Doria evitou falar também sobre sua eventual

participação no ato previsto para o dia 12 contra

Bolsonaro, organizado por grupos conservadores como

o Movimento Brasil Livre (MBL), o Livres e o Vem Pra

Rua, mas disse que está analisando essa possibilidade.

Desconversou ainda sobre uma possível articulação

entre os governadores contra Bolsonaro.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

187

Piora do cenário político vai pesar sobre economia, diz Mendonça de

Barros

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

Autor: Lucinda Pinto e Ana Conceição

A piora do ambiente político após a escalada dos

ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Judiciário

durante as comemorações do 7 de Setembro deve levar

a uma deterioração adicional do cenário econômico, o

que pode causar alguma recessão entre o fim deste ano

e o início do próximo, afirma o economista José Roberto

Mendonça de Barros, da MB Associados. Para ele, é

possível ver um crescimento do Produto Interno Bruto

(PIB) abaixo de 1% em 2022. A estimativa atualda casa

é de 1, 4%.

Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da

Fazenda entre 1995 e 1998, Mendonça de Barros diz

que a consequência mais importante é a possibilidade

de uma elevação ainda mais forte do juro básico,

aumentando o custo da dívida e do crédito,

atrapalhando a recuperação da atividade.

Já houve uma piora significativa das expectativas desde

maio, quando o mercado trabalhava com um cenário

mais positivo, calcado em uma visão construtiva da

questão fiscal, das reformas, e de uma expectativa de

que a recuperação seria sólida e acabaria chegando ao

mercado de trabalho, avalia o economista.

De lá para cá o cenário político-econômico se

deteriorou, com revisões para cima na inflação e para

baixo no PIB, reformas mal feitas a toque de caixa,

como a do Imposto de Renda, aprovação de um

Orçamento 'fantasma' e falta de solução para os

precatórios, que agora parece ter ficado mais distante,

já que a 'boa vontade' do STF para construir uma

solução pode ter desaparecido, segundo ele.

Os eventos de terça-feira se somam a esse cenário ruim

e terão impacto sobre as expectativas e as decisões de

investimentos. 'Há uma mudança qualitativa de cenário,

que caminha para uma piora significativa. Não é fora de

propósito ocorrer uma pequena recessão no fim de

deste ano e começo do ano que vem. O sonho de maio

vai se tornar uma miragem', afirma.

Os investimentos, diz, estão parados e devem

permanecer assim até a definição da eleição

presidencial. 'Não tem mais estrangeiro vindo para o

Brasil. Tem gente que já está aqui [investindo], mas não

em escala razoável. A pouco mais de um ano da eleição

o que mais a gente escuta é: Vou deixar para depois de

2022'

Do ponto de vista político, Mendonça de Barros diz que

as manifestações foram consistentes com um

presidente que tem em torno de 25% de suporte da

população. Sem entrar no mérito de um eventual

impeachment, o economista considera que, dada a

deterioração econômica do país nos últimos seis anos,

pouco mais de um ano até a eleição 'parece muito

tempo'.

De certeza, afirma, os eventos de terça-feira apontaram

na direção do fortalecimento de uma via alternativa a

Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

'Acho que todos concordam em uma coisa: a

necessidade de uma terceira via cresceu.' A

consolidação dessa via, diz Mendonça de Barros, deve

acelerar o 'desembarque' de empresários no apoio ao

governo.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Valor: Qual a sua avaliação das manifestações do 7 de

Setembro? O risco político se agravou?

José Roberto Mendonça de Barros: Foram

manifestações organizadas durante dois meses,

relevantes, consistentes com alguém que tem pelo

menos 25% [da população] de suporte, como

demonstrado pelas pesquisas. Na minha percepção,

houve uma mudança de qualidade, tanto no cenário

político quanto no econômico. E, nos dois casos, para

188

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

pior. No caso do cenário político, ficou bastante claro o

peso central de pautas não democráticas. E não dá

mais para encarar apenas como 'um jeito de falar' [do

presidente Jair Bolsonaro]. Isso Significa que temos

algo mais difícil no cenário político. No cenário

econômico também é inequívoco que haverá uma piora.

Valor: Como se reflete essa piora sobre a economia?

Mendonça de Barros: Em maio, boa parte dos analistas

do chamado mercado trabalhava com um cenário muito

otimista, que, resumidamente, tinha três pilares: uma

visão construtiva da questão fiscal, em relação a

reformas, dado o acordo do governo com o Centrão, e

uma expectativa de que a recuperação seria sólida e

acabaria chegando mais fortemente ao mercado de

trabalho. Tendo isso como pano de fundo, o cenário até

o dia 5 de setembro já havia mudado de forma

significativa. A situação fiscal não é nem um pouco

construtiva como se imaginava porque uma parte da

queda da relação dívida/PIB é temporária. A inflação

acelerou, o PIB nominal vai para dois dígitos, e o

estoque nominal da dívida não sobe na mesma

proporção. No ano que vem vai ter um 'catch-up' disso.

A segunda coisa é a arrecadação, que foi espetacular

nesse período, mas isso não se projeta para adiante.

Primeiro, porque o preço das commodities já deu uma

bela acomodada em relação aos picos. Além disso, o

efeito base - que ocorreu porque no ano passado houve

muita postergação de imposto - vai acabar. E porque a

recuperação econômica vai ser muito menor do que se

projetava - um pouco neste ano, bastante no ano que

vem. E houve um corte de despesas gigantesco. A

experiência mostra que, quando se corta despesas

orçamentárias muito além de um certo ponto, sem que

isso tenha alguma reforma como contrapartida, a

pressão no ano seguinte fica insuportável e a despesa

aumenta. E o ano que vem é ano de eleição. Então, o

que aconteceu na despesa corrente não financeira não

vai se repetir na mesma proporção. Quando se soma

tudo ao fato de que a inflação segue sendo maior do

que a projetada pelas autoridades, todos seus efeitos

negativos serão maiores do que se projetava em maio.

Valor: A inflação piora muito o ambiente?

Mendonça de Barros: Como consequência mais

importante, o Banco Central, que no meu entendimento

está atrás da curva desde o ano passado, vai ter que

subir o juro muito mais, aumentando o custo da dívida, o

custo do crédito, e atrapalhando a recuperação e a

atividade. E algo que já era perceptível em maio, mas

que não estava no cenário positivo é o risco hidrológico.

De lá para cá, o cenário vem piorando. É só olhar o

Focus da segunda-feira: a projeção de inflação para

este ano caminhou para 7, 58% e a do crescimento do

PIB recuou para 5, 15%; para o ano que vem, a de

inflação subiu para 3, 98% e a do PIB caiu para 1, 93%.

Então, a gente já tinha antes desses eventos uma

degradação grande desse cenário, um processo grande

de revisão de todas as áreas do cenário: inflação maior

do que o esperado, juro maior do que o esperado, PIB

menor do que o esperado, risco hidrológico e questão

fiscal não vai ser a maravilha que se imaginava. E

adiciono um último fato de que as reformas pararam. O

trator do deputado Arthur Lira [presidente da Câmara]

funciona. Só que está cada vez mais claro que ser

aprovado na Câmara não é garantia de ser aprovado no

Senado. Já tivemos esse exemplo na MP da

minirreforma tributária. E, evidentemente, vai acontecer

isso com a reforma do Imposto de Renda, erroneamente

definido como reforma tributária, e que é um projeto

horroroso sob qualquer critério. Somando tudo isso, já

tínhamos um cenário ruim. Aí acrescentamos os

eventos de terça-feira e os impactos esperados em cima

de expectativas - postergação de investimentos,

incerteza -, tudo isso gera uma mudança qualitativa do

cenário. Não é fora de propósito pensar até em uma

pequena recessão no fim deste ano e começo do ano

que vem.

Valor: E tem os precatórios.

Mendonça de Barros: O que sobra do resultado do

evento de terça-feira é que não sabemos o que o STF

vai fazer, mas a hipótese é que a boa vontade para se

construir uma solução para os precatórios desapareceu.

O Orçamento do ano que vem é um fantasma. E você

não monta Orçamento sem saber o que será dos

precatórios. Aí não dá para saber o que será do Bolsa189

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

Família e do Orçamento como um todo. Então, a política

tem muita incerteza. Mas na economia não tem dúvida,

vai piorar significativamente. Aquele sonho de maio vai

ficar apenas uma miragem.

Valor: A sua estimativa para o PIB de 2022 é de

crescimento de 1, 4%. Existe a possibilidade de ser um

resultado ainda pior?

Mendonça de Barros: Sim. Não é fora de propósito ficar

abaixo de 1%. Não temos estimativa por enquanto, mas

não temos dúvida, falando com clientes, que o viés é de

baixa.

Valor: O senhor acha que essa elevação de tom do

presidente fortalece ou acaba enfraquecendo as

chances do surgimento de uma terceira via competitiva?

Mendonça de Barros: Acho que todos concordam em

uma coisa: a necessidade de uma terceira via cresceu.

Agora, fácil não é. Muita gente se pergunta sobre quem

é o nome. Mesmo que ele porventura existisse, ele não

seria anunciado agora, porque ninguém vai ficar na

chuva sendo erodido esse tempo todo. Logicamente, a

decisão só vai acontecer no começo do ano que vem,

por isso é uma dúvida mesmo. Eu acho que se definir

uma terceira via como um único candidato talvez seja

difícil. Mas se definir um candidato que tem o apoio de

muitos líderes e muitos ex-candidatos, acho que é

possível. Nenhum dos dois polos tem uma proposta que

possa minimamente se apresentar como um cenário de

futuro razoável. E isso aumenta a ansiedade e, ao

mesmo tempo, aumenta a pressão da sociedade para

que o sistema político seja capaz de encaminhar para

uma solução que vai se chamar de terceira via. Acho

que cresceu a probabilidade de uma terceira via. Até

porque já estamos vendo alguns candidatos saindo

oficiosamente da disputa em favor de apoiar outra

alternativa.

Valor: O sr. mencionou recentemente que estaria

havendo um desembarque de empresários, no sentido

de apoio ao governo. Esse movimento deve aumentar?

Mendonça de Barros: Embarcados no governo ainda

existem, é só pensar que alguns empresários pagaram

ônibus para as manifestações. Ainda acho que tem

bastante. Penso que, especialmente na área urbana,

esse desembarque já aconteceu em larga escala. Mas

ele só se materializará em muitos casos na hora em que

aparecer a tal da terceira via.

Valor: Desde ontem aumentou a mobilização dos

partidos políticos em torno de um eventual impeachment

do presidente Jair Bolsonaro. Sob o ponto de vista

econômico, é melhor o impedimento ou esperar as

eleições no ano que vem?

Mendonça de Barros: Acho que não tem resposta a

priori disso. Só que no caso atual, a situação econômica

é ruim. Temos que lembrar que convivemos com a

pandemia e seus custos, ela ainda não terminou. O que

temos hoje, na verdade, é uma crise que começou em

2015, da qual nunca saímos. Emendamos uma crise na

outra. Mercado de trabalho e as pessoas depauperados,

uma situação de piora na distribuição de renda e de

esfarelamento do capital social muito grande. Em cima

disso você põe a incerteza, o medo, os custos

espantosos da covid-19, as sequelas que vão ficar. Ou

seja, há uma situação difícil de ver qualquer tipo de

saída. Olhando dessa forma, pouco mais de um ano é

muito tempo. Não tenho a menor ideia do que vai

acontecer. Estou dizendo o seguinte, está claro que em

maio para muita gente iria melhorar. Agora, de um mês

e meio para cá, e mais hoje do que ontem, está óbvio

para todos: você pode até continuar apoiando o

governo, mas está óbvio que não tem como melhorar a

situação. É isso que talvez esteja começando a mover

os partidos.

Valor: O país vai demorar mais para conseguir alcançar

um crescimento sustentado?

Mendonça de Barros: Há uma diferença do Brasil para a

Europa, os Estados Unidos e a Ásia, que saíram do

buraco da covid para um crescimento que,

provavelmente, será sustentado. Eles saíram com

enorme capex [gasto em investimento]. E nós estamos

saindo disso sem capex, com uma taxa de investimento

medíocre. É muito complicado.190

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

Valor: Os analistas destacam muito as questões fiscais.

Mas, pelo que o sr. tem colocado, a crise vai bem além..

.

Mendonça de Barros: A crise é muito mais profunda,

mais geral. E isso muitas vezes os meninos da Faria

Lima não entendem. Eles acham que o mundo se

resolve ao mover duas pedras e resolver a situação

fiscal. Não é assim que funciona. Acumulamos um

conjunto de questões muito complexas. E, mais que

isso, para sair do buraco, a gente precisa parar de

cavar. Infelizmente o Brasil continua cavando.

Valor: O sr, que tem muito contato com empresários, já

vê adiamento de projetos de investimento?

Mendonça de Barros: Primeiro, há poucos projetos. E os

indicadores são os mais variados. Estima-se que há

US$ 45 bilhões de exportadores estacionados lá fora.

Por que não vêm? Porque é melhor ficar lá fora. Hoje, a

proporção de ativos brasileiros que sai de real e vai para

aplicações internacionais não para de crescer. Não tem

mais estrangeiro vindo para o Brasil. Exceto os

'faiscadores' de ouro, esses que vêm dar uma

bicadinha, ficam dois meses na bolsa e caem fora. Não

é investidor de projetos no mundo real. Tem gente que

já está aqui etc. Mas em escala razoável não tem mais.

A pouco mais de um ano da eleição, o que mais a gente

escuta é 'vou deixar para depois de 2022'. E isso pega

mais que tudo a infraestrutura. Até o ministro [Tarcísio

de Freitas] outro dia concordou que não seria fácil fazer

um road show lá fora [para vender projetos no Brasil].

Não vai ser mesmo.

Valor: E isso em meio ao aumento do juros. . .

Mendonça de Barros: É algo que ainda não assentou

nas pessoas. O dinheiro vai ficar muito caro. Muito caro.

Nós achamos que a Selic vai passar de 8% ao ano. O

dinheiro de dez anos já está acima de 10%. Não vai ter

investimento. O único setor que está numa canaleta

própria é o agropecuário. Está funcionando bem. Ainda

assim essa pancada no juro vai machucar porque tem

muita gente alavancada.

Valor: Como o sr. vê o cenário de crise hídrica?

Mendonça de Barros: É mais um caso em que o

governo sabe e não fez nada. O cenário que eu

conheço para o segundo semestre, mesmo

considerando uma demanda de energia reduzida em

relação ao primeiro semestre, é que o risco de apagão

está em 30%. Historicamente, o risco máximo admitido

nos modelos de simulação é de 5%.

Valor: Problemas no abastecimento estão contratados,

então.

Mendonça de Barros: É certeza que vai ter algum

problema. Até porque todas as usinas já estão em

operação. Se der qualquer problema em novembro, vai

ter falha mesmo, não tem muito escape disso.

Lembrando que neste ano, com as commodities em

alta, os grandes consumidores industriais de energia

elétrica estão totalmente vendidos, no sentido de terem

vendido a produção. E neste ano a quebra da safra de

cana foi espetacular, com a seca e três geadas em

julho. Em 2020, no Centro Sul, colhemos 605 milhões

de toneladas de cana, neste ano 520 milhões e pode

ser menos. Isso significa que quando chegar em

outubro, boa parte das usinas vai encerrar a colheita,

porque não tem mais cana. Não terá mais bagaço de

cana, e elas não vão produzir energia elétrica excedente

para colocar no grid [sistema] a partir de outubro. Isso

pode resultar em 2 Mil MW a menos, que não é nada,

mas na margem, na hora em que estiver faltando, isso

fará diferença e não está na conta do governo esse tipo

de dificuldade.

Valor: Há algum cálculo de risco na oferta de energia

para 2022?

Mendonça de Barros: Não que eu conheça. O consolo

dos economistas são os climatologistas, que erram mais

que a gente. Mas num caso desse é muito complicado

mesmo. Não temos sequer certeza se haverá o

fenômeno La Niõa ou não. É incerto o que será o ano

que vem. Mas só registro que a crise deste ano é uma

redução na margem na hidroeletricidade, que já foi 85%191

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021

Judiciário - Judiciário

[da matriz energética] e hoje é 60% e poucos. Esta seca

é a maior de todas e tem que chover um dilúvio no

verão para recuperar os reservatórios. Não é chuva

normal. Precisamos de dois a três anos de dilúvio. Um

exemplo é o rio São Francisco, que lá atrás esvaziou e

levou cinco anos para os reservatórios do Nordeste

chegarem a 50%. O que significa que a gente vai abrir o

ano, mesmo que não aconteça nada, com uma restrição

que vai valer para 2022 inteiro. É um problema muito

mais grave do que governo está colocando. É um

problemaço que o governo está minimizando.

Não tem mais investidor vindo para o Brasil. Entre os

locais, o que mais a gente escuta é 'vou deixar para

depois de 2022"'

Após o 7 de Setembro, acho que todos concordam que

a necessidade de uma terceira via cresceu. Agora, fácil

não é'

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF

192

Nem impeachment nem golpe no horizonte, diz Jungmann

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

Autor: Ricardo Mendonça

Ex-ministro da Defesa e ex-deputado federal, Raul

Jungmann sustenta que o presidente Jair Bolsonaro, ao

ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF), oferece,

mais uma vez, motivo para o impeachment. Mas, por

razões conjunturais, seu afastamento não está no

horizonte, sustenta.

Jungmann também rechaça a hipótese de embarque de

militares num golpe. A demissão dos três comandantes

e do ministro da Defesa em março, diz, mostrou que

eles não estão disponíveis para isso. Para o ex-ministro,

o atual impasse político só será resolvido, 'a duríssimas

penas', em 2022. A seguir os principais trechos da

entrevista:

7 de setembro

As coisas transcorreram normalmente, o que é ótimo. A

manifestação não foi nem de longe o que se anunciava,

1, 2 milhão de pessoas. A PM calculou um décimo

disso. Mas foi expressiva. O ponto destoante é a fala do

presidente, que incidiu em novas provocações e

constrangimentos em relação ao STF. Novamente uma

ameaça muito clara, inteiramente inadequada,

antidemocrática. Outra surpresa foi dizer que convocará

o Conselho da República.

As ameaças de Bolsonaro

Constitucionalmente, o único remédio para lidar com as

ameaças constantes do presidente é o impeachment.

Não há outra previsão para um presidente que resolve

depredar a institucionalidade, constranger e ameaçar

outros Poderes. Ele já incidiu em vários crimes. Mas a

verdade é que as chamadas condições objetivas para o

impeachment não favorecem. Por conta da pandemia e

porque deixaria o país ainda mais exposto à

polarização.

Oposição dividida

Também não há unidade no seio das oposições. Parte

da centro-esquerda não aceita compor com a centro-

direita - não-bolsonarista. Contrariamente ao que

aconteceu no impeachment de Collor ou na retomada

da democracia. Temos algo mais parecido com o que

ocorreu no processo da Dilma. Ali não houve unidade. E

uma das sequelas disso manifesta-se agora. Outra

coisa que atrapalha é que estamos próximos das

eleições. O cálculo que tem sido feito não é o político,

mas o eleitoral. Não vejo horizonte para impeachment.

Precisaria também de um alinhamento STF-Congresso.

Então não há um 'basta' claro. Há algumas reações. O

empresariado começa a dar sinais, a sociedade se

move, o

STF toma decisões, tem a CPI. Mas se tudo

permanecer nas condições atuais, só vamos resolver

esse impasse, a duríssimas penas, em outubro de 2022.

Golpe com apoio de militares

O golpe clássico latino-americano é o que reúne forças

civis e militares. Isso não tem chance de acontecer. Os

militares não estão disponíveis para isso. E cada vez

menos. Não há outra justificativa para a demissão

inédita dos comandantes do Exército, Marinha e

Aeronáutica e do ministro da Defesa: é porque não

quiseram endossar atos e ameaças do presidente.

Evidentemente, tivemos derrapagens depois disso. Mas

não compromete a análise geral de que os militares não

estarão disponíveis para um golpe.

O método Bolsonaro

O presidente aposta no distúrbio, no conflito, na

radicalização. Aposta, se possível, na suspensão do

calendário eleitoral. Em não aceitar o resultado da

eleição se perder. Aposta no confronto.

Constrangimento a militares

O ministro da Defesa, Braga Netto, é um general da

reserva num cargo político. É preciso separar isso das193

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF

instituições militares. As instituições são organizadas

segundo o critério de hierarquia e disciplina. Se o

presidente ordena algo que não está fora da lei, elas

têm de cumprir. Exemplo: o desfile dos tanques [no dia

da votação do voto impresso]. Se o presidente pede ou

aceita sugestão [do desfile], isso não é ilegalidade.

Politicamente é equivocado, antidemocrático. Uma

ameaça simbólica ou real. Mas eles [os militares] não

têm como desobedecer. As Forças Armadas desfilam

em qualquer ponto do

território. Se a ordem não é ilegal, eles vão cumprir.

Envolvimento involuntário

Quem tem falado são os ministros militares, generais da

reserva. É inadequado? É. Mas não falam pelas

instituições militares. No caso da nota crítica à CPI

[assinada também pelos comandantes], a informação

que tenho, não estou dizendo que é oficial, é que o

comandante do Exército estava em voo para Porto

Alegre. Quando chegou lá tinha uma nota assinada. O

que ele vai dizer? Vai desmentir o ministro? Impensável.

Ele pode fazer [uma reclamação] internamente, mas

não para fora. Não sei se os outros comandantes foram

consultados ou só informados. Não é comum uma coisa

dessa, claro que não. Agora, se o ministro bota o nome

e o cara não concorda, ele pede demissão. Vai abrir um

processo? Não.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

194

Empresários veem Bolsonaro mais isolado e retomada econômica distante

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

Autor: Mônica Searamuzzo

O discurso de radicalização do presidente Jair

Bolsonaro, que convocou seus militantes às ruas no

feriado de 7 de setembro e fez ameaças ao Supremo

Tribunal Federal (STF), vai deixá-lo ainda mais isolado

e enterrar de vez as possibilidades de aprovação de

agenda de reformas estruturantes para economia do

país, segundo empresários ouvidos pelo Valor.

'A ameaça de ruptura ficou mais clara. Vai ser um

grande teste ver como a Câmara, o Senado e o

Judiciário vão conduzir essa crise', afirmou Jayme

Garfinkel, presidente do conselho de administração da

Porto Seguro.

Para Pedro Passos, um dos acionistas da Natura, e

Pedro Wongtschowski, presidente do conselho de

administração do grupo Ultra, há uma preocupação

cada vez mais crescente do empresariado, de forma

geral, sobre como a atual crise política vai agravar a

economia.

Com o agravamento da turbulência política,

Wongtschowski vê a retomada econômica cada vez

mais distante. 'Estamos diante de um cenário de

inflação em alta e aumento da taxas de juros. Com a

economia paralisada, as chances de reduzir o

desemprego são mínimas. '

A escalada de agressividade no discurso do presidente,

segundo os empresários, aumentará o risco-Brasil.

Diminuem as expectativas de aprovação das reformas

administrativa e tributária - com o ministro da Economia,

Paulo Guedes, cada vez mais desacreditado pelo

mercado.

Diante das declarações do presidente da Câmara dos

Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que tentou

contemporizar a crise política e disse ontem que 'é hora

de dar um basta a esta escalada' de conflitos, a elite

industrial não vê ainda muita pressão política para

abertura de um processo de impeachment. No

entanto, não mais descartam esse movimento

totalmente, como há poucos meses.

'Há uma decepção do empresariado, de modo geral,

com os [rumos] do Brasil, que vai se distanciando do

resto mundo', disse o empresário Horácio Piva.

Para ele, Bolsonaro mudou o seu foco de discurso, que

antes estava voltado contra a esquerda, sobretudo

contra o PT, e que agora elegeu como inimigo o Poder

Judiciário. 'Ele está testando o limite da sociedade e

das instituições', observou Piva.

Segundo Piva, não se pode desprezar, contudo, o

número de apoiadores do presidente que foram para as

Tuas.

De acordo com um industrial, que também preferiu não

se identificar, o apoio de Bolsonaro está restrito hoje 'a

um pequeno grupo' e a agenda do presidente 'está

limitada a pautas irrelevantes', citando como exemplo o

voto impresso e armamento da população.

O enfraquecimento de Bolsonaro poderá deixá-lo de

fora da disputa às eleições presidenciais de 2022. 'Uma

discussão sobre um nome para terceira via, neste

momento, fica em suspenso, considerando toda essa

vulnerabilidade pela qual o país passa', apontou

Garfinkel.

O empresariado tem discutido nos últimos meses

nomes que podem chegar competitivos para fazerem

frente à polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente

petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Com o agravamento da crise institucional, o presidente

poderá perder o apoio político do Centrão, disse outro

empresário, que também preferiu manter o anonimato.

Para Wanderley Rigatieri, CEO da WDC Networks,

empresa brasileira de tecnologia, que abriu capital na

B3 em julho, o discurso agressivo de Bolsonaro contra o195

Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário

STF nas manifestações pró-governo 'foi uma

demonstração de pouco caso com o país'.

'O empresário do setor [de tecnologia] tem problemas

com fornecimento de equipamentos e logística

internacional, que são dificilmente controláveis', disse o

executivo referindo-se à escassez global de

componentes que afeta toda a cadeia de

eletroeletrônicos. 'A gente precisa de um governo que

resolva problemas', afirmou. 'Não precisávamos dessa

crise criada entre os Três Poderes. '

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,

Judiciário - STF

196

Passavam por mim e iam direto a um homem, diz 1ª mulher a dirigir

presídio no RS

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Londrina Online/Paraná - Noticias

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Presos

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PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Ao entrar na

sala da direção da Cadeia Pública de Porto Alegre, o

antigo Presídio Central, na parede pintada de preto, à

direita, se vê escrito em giz branco: "Quem está na

trincheira contigo? E ISSO IMPORTA? Mais do que a

própria guerra!!!", atribuída ali ao escritor norte-

americano Ernest Hemingway.

A frase foi escolhida pela major Ana Maria Hermes, 46,

a primeira mulher a assumir a direção do presídio no

Rio Grande do Sul com quase 60 anos de existência,

que na prisão que já foi considerada a pior do Brasil por

uma CPI da Câmara dos Deputados, onde vivem hoje

cerca de 3.400 presos, população maior que muitos

municípios brasileiros.

"Essa frase demonstra a relevância dos policiais

militares, dos servidores que estão aqui comigo. À noite,

quando estou em casa dormindo, são eles que estão

aqui", diz ela.

Sem policiais militares na família, a atual major decidiu

entrar na corporação depois que um colega da

faculdade de direito na Unisc (Universidade de Santa

Cruz do Sul), oficial da Brigada Militar, a PM gaúcha,

sugeriu que ela fizesse o curso de oficiais.

Ela trabalhou por cinco anos na Polícia Civil, mas tinha

admiração pela farda militar e já tinha sonhado em

ingressar no Exército. "Fiz com a intenção de ser a

guardiã das cidades, hoje sou guardiã de uma cidade

diferente".

Na Brigada desde 2005, passou pela Força Nacional e

fez um curso sobre movimentos de massa que a

especializou para trabalhar com os chamados distúrbios

civis, atuando na Copa do Mundo de 2014 e nas

Olimpíadas de 2016.

Ela diz que sempre foi respeitada como mulher e

policial, mas cita como exemplo que, quando estava em

ações nas quais comandava outros policiais, na FN, no

Rio de Janeiro, as pessoas que buscavam informações

ou queriam falar com o responsável no local passavam

por ela e iam direto aos homens presentes.

"As pessoas da comunidade vinham querer conversar

com alguém, passavam por mim, se dirigiam a alguém

masculino, mais forte, e queriam saber quem era o

responsável", conta.

Para a major, ainda persiste a ideia da polícia que use a

força. "Mas essa força não precisa ser violenta, pode

ser através de equipamentos de menor potencial

ofensivo, por isso que mulheres conseguem operar

dentro das instituições."

Sobre os presos, ela diz que, assim como outras

mulheres que trabalham com a população da Cadeia

Pública, reconhece que eles têm respeito.

"Eu já tinha contato com eles na condição de

subdiretora. Eu sempre tive um diálogo transparente, do

197

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Londrina Online/Paraná - Noticias

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Presos

que é possível. Não tive nenhuma dificuldade com

relação a isso, em jargão de cadeia, é papo-reto", afirma

ela.

"Só de estar à frente da Cadeia Pública, já é um desafio

enorme, seja uma mulher ou um homem", afirma o

padre Diego da Silva Côrrea, responsável pela Pastoral

Carcerária na Arquidiocese de Porto Alegre. "Tenho

certeza que a major vai manter o mesmo empenho e

dedicação dos diretores anteriores".

A Cadeia Pública, que mudou de nome em 2017, no

governo de José Ivo Sartori (MDB), é uma das duas

unidades prisionais dirigidas pela Brigada Militar hoje no

Rio Grande do Sul. A corporação assumiu nos anos

1990 depois de uma série de motins e rebeliões no

sistema gaúcho.

A solução temporária de seis meses, porém, já dura 26

anos. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV

Cultura, em 2020, o governador Eduardo Leite (PSDB)

disse que seu governo estava buscando construir novas

unidades para distensionar a pressão no Central e que

elaboravam um plano para substituir os policiais por

agentes penitenciários. "Mas isso vai levar tempo, não

vai ser feito em um ano, dois anos".

A Seapen (Secretaria da Administração Penitenciária),

criada na gestão dele, diz que estuda a questão, mas

não fala em previsões. No ano passado, quando a

chegada da Brigada ao comando do presídio completou

25 anos, a pasta previa o início da retirada dos policiais

em 2022.

"Apesar de haver desvio de função, não há forma de a

Brigada sair. Deverá haver um período de transição,

pois a Susepe (Superintendência de Serviços

Penitenciários) não possui efetivo para substituir", avalia

a juíza Sonáli da Cruz Zluhan, responsável pela Vara de

Execuções Criminais que fiscaliza a unidade.

"O presídio continua com a mesma estrutura em relação

aos itens de salubridade. O que pode ser considerado

um pouco melhor é que, pela logística da pandemia,

houve redução dos presos recolhidos no local em

quase mil presos a menos", avalia ela.

Hoje, a estimativa é de que Cadeia Pública tenha entre

3.400 e 3.500 presos em um espaço com capacidade

de engenharia para 1.824. Dados desta segunda-feira

(6) apontam que 1.989 ds são provisórios, outros 1.459,

condenados.

O local tem uma das primeiras alas para pessoas

LGBTQIA+ criadas em presídios no país e não recebe

criminosos sexuais. A nova diretora explica que isso se

deve ao fato de não ter espaço específico para eles. Ela

calcula hoje a presença de quatro facções criminosas

mais numerosas que as demais.

Essa é a terceira passagem da major Ana Maria pela

unidade, onde teve seu primeiro contato com o sistema

carcerário, há dez anos. A primeira, entre 2011 e 2013,

foi como chefe da sala de visitas. Depois, entre 2018 e

2019, ela se tornou gestora de projetos e recursos

humanos. No ano passado, voltou para assumir a

subdireção.

Em 2013, a OEA (Organização dos Estados

Americanos) expediu medida cautelar pedindo que o

governo brasileiro adotasse medidas para solucionar a

situação caótica do Central. Segundo o governo do

estado, ela ainda é válida.

No ano seguinte, um mutirão do CNJ (Conselho

Nacional de Justiça) recomendou o esvaziamento da

unidade, e um dos pavilhões chegou a ser parcialmente

derrubado pelo governo Tarso Genro (PT).

"Aquela ideia de que estávamos na pior cadeia do país

tinha muito mais a ver com a questão estética,

estrutural, do que com os serviços que o estado levava

até os presos", diz a major. "Não vou dizer que não

temos problemas, mas o status de pior presídio não

condizia com o trabalho de cada servidore aqui".

A juíza Sonáli, que seguiu visitando presencialmente o

local mesmo durante a pandemia, conta que o que

diferencia o Central de outros presídios é o fato de não

possuir celas fechadas, apenas as galerias são198

Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Londrina Online/Paraná - Noticias

quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Presos

trancadas, o que acaba possibilitando que sejam

colocados mais presos no local ocupando os

corredores e aumentando o risco de contaminação e

proliferação de doenças.

"Os maiores problemas são as questões de salubridade,

esgotos a céu aberto, caixas d'água abertas onde caem

dejetos de pássaros e baratas, há ratos e contaminação

por sarna, por exemplo", ressalta ainda ela.

Com chimarrão em cima da mesa, a major Ana Maria

conta que, durante a sua gestão, pretende focar em

atrair parceiros para oportunidades de

profissionalização dos presos.

Ela diz acreditar na ressocialização. "A hora que eu

perder a crença nisso, vou entregar essa cadeia e

arrumar outra coisa para fazer. Vou sair daqui com a

ideia de recuperar 100% das pessoas presas? Não.

Mas vamos trabalhar todos aqueles que estiverem em

condições de retornar ressocializados".

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Presos

199

Após atos, Bolsonaro discute com ministros como reagir ao STF e à

inflação

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo Online/Nacional - Políticaquarta-feira, 8 de setembro de 2021

Judiciário - Conciliação

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Autor: Jussara Soares, Naira Trindade e Mariana Muniz

BRASÍLIA - Pressionado pelas reações que

condenaram suas falas antidemocráticas nas

manifestações de 7 de setembro, Jair Bolsonaro não

demonstrou disposição em fazer recuos na sua cruzada

contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Em reunião

com ministros na manhã desta quarta-feira, o presidente

discutiu possibilidades de reagir às decisões judiciais e

também demostrou preocupação com a alta da inflação.

Paralelamente, dois importantes aliados de Bolsonaro --

o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o chefe

da Casa Civil, Ciro Nogueira -- foram à Corte para

debater a crise institucional com o ministro Gilmar

Mendes.

Em discurso aos apoiadores no ato em São Paulo,

Bolsonaro disse que não vai mais cumprir

determinações do ministro Alexandre de Moraes,

responsável pelo inquérito das Fake News, e chamado

por ele de "canalha".

No dia seguinte às manifestações, Bolsonaro

demonstrou confiança de que as ameaças de abertura

do processo de impeachment de no Congresso não

devem avançar já que o presidente acredita ter

demonstrado força ao colocar a militância nas ruas. O

presidente então usou a reunião com seus

subordinados para pedir 'humildade'. Incomodado com

as repercussões, o presidente reforçou que não quer

demitir seus ministros, mas que precisa que todos

trabalhem coordenados para solucionar os problemas

que o País vem enfrentando.

A pauta econômica dominou boa parte da reunião

ministerial. As críticas apontadas à condução a

economia pelo ministro Paulo Guedes o deixaram

irritado e não participou do seleto grupo que almoçou

com o presidente após a reunião. O ministro tem sido

alvo de reiteradas críticas por não conseguir conter a

alta da inflação. Para tentar impedir que a popularidade

de Bolsonaro derreta com a crise econômica, um

ministro sugeriu aumentar para R$ 300 o novo Bolsa

Família.

A primeira reunião ministerial após as manifestações foi

uma das mais longas. Em meio às declarações,

ministros fizeram uma pausa para ouvir o discurso do

presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que pedia

um 'um basta' à escalada da crise entre Poderes e se

ofereceu para mediar o conflito entre Executivo e

Judiciário. Sem conseguir acessar o discurso pela

televisão, Bolsonaro e os ministros assistiram às falas

pelo celular.

Leia: Entenda os recados de Fux a Bolsonaro e leia a

íntegra do discurso

Após ouvir, Bolsonaro elogiou o aliado. O presidente

gostou do que considerou de tom respeitoso que Lira

usou no discurso. Em discurso gravado, Lira evitou citar

qualquer possibilidade de impeachment. Em outras

duas ocasiões, também em momentos sensíveis para o

200

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo Online/Nacional - Políticaquarta-feira, 8 de setembro de 2021

Judiciário - Conciliação

governo, o presidente da Câmara citou a figura

alegórica de um 'botão amarelo'. O mecanismo estaria

sendo 'apertado' por Lira: um aviso de que ele poderia

tomar uma atitude drástica.

Ao longo do dia de ontem o clima no Palácio do Planalto

era de tensão principalmente após o discurso do

presidente do STF, Luiz Fux, que afirmou que o

desprezo às decisões judiciais, 'além de um atentado à

democracia, configura crime de responsabilidade.' O

pronunciamento foi visto como um recado que o

governo não terá vida fácil e que, embora Lira tenha se

colocado como uma ponte para conciliação entre

Executivo e Judiciário, não terá êxito.

Entenda: Como Alexandre de Moraes se tornou 'inimigo

nº 1' de Bolsonaro

À tarde, Lira e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira,

estiveram no Supremo Tribunal Federal para uma

reunião com o ministro Gilmar Mendes. Nogueira,

responsável pela articulação política e institucional, não

compareceu aos atos de 7 de Setembro justamente

porque tem tentado atenuar o desgaste em meio à

escalada da crise motivada pelas falas de Bolsonaro.

Interlocutores da Corte ouvidos pelo GLOBO dão conta

que a reunião entre o presidente da Câmara, o chefe da

Casa Civil e o decano do Supremo passou a ser

articulada ainda na terça-feira, após os discursos do

presidente Jair Bolsonaro contra o STF.

Na pauta da conversa entre Lira, Ciro e Gilmar, o

contexto geral de crise institucional que parece ter

subido um novo degrau com os ataques do presidente

ao ministro Alexandre de Moraes e declarações de que

não irá cumprir as decisões determinadas pelo ministro

do STF. Moraes é relator de quatro investigações que

correm contra o presidente dia Corte.

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Os mininistros foram convocados para a reunião do

Conselho de Governo após o presiednte dizer na

manifestação que convocaria o Conselho da República,

integrantes do Palácio do Planalto alegaram que o

presidente se 'equivocou' ao mencionar o colegiado

que, entre outras atribuições, discute 'estabilidade das

instituições democráticas de direito'.

Convocado pelo presidente, o conselho tem a atribuição

de deliberar sobre a decretação de medidas radicais,

como intervenção federal, estados de defesa e sítio,

além de discutir questões relevantes para a estabilidade

das instituições democráticas. Tais instrumentos, no

entanto, precisam do aval do Congresso para serem

postas em prática.

Criado em 1988, o Conselho da República só se reuniu

uma vez, 30 anos depois. Isso ocorreu durante o

governo de Michel Temer para discutir a intervenção

federal no Rio, ocorrida em 2018. Na ocasião, foi

nomeado interventor o atual ministro da Defesa, Walter

Braga Netto.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Conciliação

201

Deputadas denunciam série de suicídios de LGBTs em presídio na

Grande BH

Conselho Nacional de Justiça - CNJEstado de Minas online/Minas Gerais - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Presos

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O 1º Juizado Especial Cível da comarca de Igarapé

determinou que o governo estadual tomasse

providências

Uma série de suicídios na ala destinada à população

LGBTQIA+, localizada no Penitenciária Jason Soares

Albergaria, no município de São Joaquim de Bicas,

Grande BH, gerou denúncias da Defensoria Pública

acerca das condições de acautelamento. Entre janeiro e

junho deste ano, foram cinco suicídios e cinco

tentativas.

Esse foi o tema da reunião realizada pela Comissão de

Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas

Gerais (ALMG), que começou às 14h30 no Auditório

José Alencar e durou mais de três horas. O

requerimento é da deputada Andréia de Jesus (PSOL).

Depois da denúncia da Defensoria Pública, o governo

estadual anunciou que a unidade passaria a ser

exclusiva da população LGBTQIA+ , que deixaria de

ocupar só uma ala do estabelecimento penal.

A 1ª Vara Cível e Juizado Especial Cível da comarca de

Igarapé determinou, ainda, que o governo estadual

tomasse outras providências, como a contratação de

pelo menos dez profissionais de saúde e assistência

social para a penitenciária.

Pouco mais de dois meses depois das denúncias e das

decisões judiciais, a Comissão de Direitos Humanos da

ALMG discutiu as ações do governo e a situação atual

da unidade.

Para a defensora pública da comarca de Igarapé,

Camila Sousa dos Reis, houve omissão por parte do

estado na preservação da vida destas pessoas. ''Já

havia indicativos de que essas pessoas não estavam

bem e o estado falhou em providenciar saúde às

pessoas privadas de liberdade'', disse.

Ela conta que um companheiro da cela de uma das

vítimas relatou desamparo por parte do sistema

penitenciário ao não atender a pessoa com sinais de

intoxicação. ''Policiais penais não tomaram providencias

para evitar a morte'', disse Camila em audiência. Para

além disso, ela ainda denuncia um descontrole para o

acesso aos medicamentos por parte das detentas.

A vereadora Duda Salabert também participou do

debate. ''Já são pessoas excluídas, marginalizadas.

Muitas das vezes cometem um crime e pagam uma

pena dobrada, uma vez que dentro desses espaços

encontram outros tipos de violência ligada à questão

indenitária'', disse. Duda denunciou ações violentas por

parte dos agentes que integram o grupo de intervenção

rápida que atua dentro do presídio.

Deputadas, membros da OAB, ativistas e defensoria

ainda questionaram a falta de dados relativos à

população LGBT para a realização de consultas

públicas específicas, o respeito ao nome social e a

garantia ao processo de harmonização.

202

Conselho Nacional de Justiça - CNJEstado de Minas online/Minas Gerais - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Presos

O professor Flávio Tófani, idealizador e criador do

movimento Tio Flávio Cultural, aponta a falta de kits

básicos que reflete o abandono por parte de familiares.

''Famílias abandonam por pobreza ou por preconceito.

Elas querem contato com a família e a família não quer.

Precisamos investir em saúde e educação para que elas

não saiam sem perspectiva'', disse.

A Superintendente de Humanização e Atendimento do

Depen-MG, Michelle Tatiane Lopes, afirmou que

medidas estão sendo tomadas pela Secretaria de

Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) como,

por exemplo, disponibilidade de oficinas, ampliação dos

dias de salão de beleza com o objetivo de trabalhar a

autoestima e cursos de especialização.

''Com a ampliação da vacinação, vamos retomar as

atividades presenciais'', explicou. Respondendo aos

questionamentos feitos durante o encontro, ela informou

que a equipe de saúde foi orientada para realizar a

medicação do psicotrópicos de forma assistida.

Ainda de acordo com Michelle, trabalham na unidade 14

profissionais da saúde. Entre eles: dentista, médico,

enfermeiro, psicólogos, pedagogas e outros para o

acompanhamento das pessoas privadas de liberdade.

Na próxima semana, a pasta informou que vai inaugurar

um programa para o atendimento de pessoas LGBTs

com comissão permanente e estudo aprimorado para

políticas específicas para a população.

SEJUSP COMENTA

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e

Segurança Pública (Sejusp), por meio Departamento

Penitenciário de Minas Gerias (Depen-MG), informou

que:

"Administra 188 unidades prisionais em Minas, com

população prisional de aproximadamente 60 mil presos.

Conforme o último levantamento do Depen-MG, de

junho de 2021, há 1.010 indivíduos privados de

liberdade autodeclarados LGBTs em todo Estado.

Desse total, 47 são mulheres trans e 17 são homens

trans.

Minas Gerais conta com uma unidade prisional

exclusiva para o público LGBTQIA+, a Penitenciária de

São Joaquim de Bicas I - Professor Jason Soares

Albergaria. Quando acautelados em outras regiões do

Estado esse público é separado em alas LGBTQIA+.

Homens trans também são divididos em alas

específicas; a unidade prisional referência, em Minas,

nestes casos é a Penitenciária de Belo Horizonte I -

Estevão Pinto.

A classificação é realizada pela Diretoria de

Classificação Técnica do Depen-MG, em parceria com o

Núcleo de Atenção a Mulheres e Grupos Específicos -

NuGE+, a partir de um trabalho minucioso e sistemático,

em que cada caso é analisado individualmente,

respeitando as singularidades dos custodiados e com

atenção às suas particularidades e potencialidades.

O Depen-MG informa ainda que todas as ocorrências de

óbitos são sempre acompanhadas por profissionais da

Polícia Civil, a quem compete a realização de

investigações e laudos periciais técnicos e imparciais.

Os registros de óbitos seguem rigorosos protocolos de

atuação, tanto por parte da Polícia Penal, quanto por

parte da Polícia Civil, que é prontamente acionada

quando qualquer registro desta natureza ocorre em

unidades prisionais. Administrativamente, o Depen-MG

abre um procedimento interno para apurar os fatos.

Todo o processo é sistemático e transparente, publicado

no Diário Oficial do Estado, e envolve o trabalho de

diversos profissionais, unidades e instituições de

Segurança Pública atuantes em Minas.

Por fim, não procede a informação de que os óbitos por

autoextermínio sejam crescentes em unidades

prisionais de Minas. Conforme o último levantamento

disponível, do Sispri/Depen-MG, houve redução de 18%

no número de casos quando comparados os dados dos

sete primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo

período do ano anterior. Foram registradas 22 mortes

por autoextermínio entre janeiro e julho de 2020, em

comparação a 18 nos sete primeiros meses de 2021."203

Conselho Nacional de Justiça - CNJEstado de Minas online/Minas Gerais - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Presos

O que é homofobia?

A palavra 'homo' vem do gregro antigo

%u1F41?%u03CC? (homos), que significa igual, e

'fobia', que significa medo ou aversão. Em definição, a

homofobia é uma 'aversão irreprimível, repugnância,

medo, ódio e preconceito' contra casais do mesmo

sexo, no caso, homossexuais.

Entretanto, a comunidade LGBTQIA+ engloba mais

sexualidades e identidades de gênero. Assim, o termo

LGBTQIA fobia é definida como 'medo, fobia, aversão

irreprimível, repugnância e preconceito' contra lésbicas,

gays, bissexuais, transsexuais, não-bináres, queers

(que é toda pessoa que não se encaixa no padrão cis-

hetero normativo), itersexo, assexual, entre outras

siglas.

A LGBTQIA fobia e a homofobia resultam em agressões

físicas, morais e psicológicas contra pessoas LGBTQIA

.

Homossexualidade não é doença

Desde 17 de maio de 1990, a a Organização Mundial da

Saúde (OMS) excluiu homossexualidade da

Classificação Internacional de Doenças (CID). Antes

desta data, o amor entre pessoas do mesmos sexo era

chamado de "homossexualismo', com o sufixo 'ismo', e

era considerado um 'transtorno mental'.

O que diz a legislação?

Atos LGBTQIA fobicos são considerados crime no

Brasil. Entretanto, não há uma lei exclusiva para crimes

homofóbicos.

Em 2019, após uma Ação Direta de

Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 26), o

Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os crimes

LGBTQIA devem ser "equiparados ao racismo". Assim,

os crimes LGBTQIA fobicos são julgados pela Lei do

Racismo (Lei 7.716, de 1989) e podem ter pena de até 5

anos de prisão.

O que decidiu o STF sobre casos de LGBTQIA+fobia

"Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou

preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa

poderá ser considerado crime

A pena será de um a três anos, além de multa

Se houver divulgação ampla de ato homofóbico em

meios de comunicação, como publicação em rede

social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa

Criminalização no Brasil

Há um Projeto de Lei (PL) que visa criminalizar o

preconceito contra pessoas LGBTQIA no Brasil. Mas,

em 2015, o Projeto de Lei 122, de 2006, PLC 122/2006

ou PL 122, foi arquivado e ainda não tem previsão de

ser reaberto no Congresso.

Desde 2011, o casamento homossexual é legalizado no

Brasil. Além disso, dois anos mais tarde, em 2013, o

Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou e

regulamentou o casamento civil LGBTQIA no Brasil.

Leia mais: Influenciadores digitais explicam a sigla

LGBTQIA e suas lutas; veja vídeo

Direitos reconhecidos

Assim, os casais homossexuais têm os mesmos 'direitos

e deveres que um casal heterossexual no país, podendo

se casar em qualquer cartório brasileiro, mudar o

sobrenome, adotar filhos e ter participação na herança

do cônjuge'. Além disso, os casais LGBTQIA podem

mudar o status civil para 'casado' ou 'casada'.

Caso um cartório recuse realizar casamentos entre

pessoas LGBTQIA , os responsáveis podem ser

punidos.

Leia mais: Mesmo com decisão do STF, barreiras

impedem a criminalização da LGBTQIA fobia

204

Conselho Nacional de Justiça - CNJEstado de Minas online/Minas Gerais - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Presos

Como denunciar casos de LGBTQIA+fobia?

As denúncias de LGBTQIA fobia podem ser feitas pelo

número 190 (Polícia Militar) e pelo Disque 100

(Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos

Humanos).

O aplicativo Oi Advogado, que ajuda a conectar

pessoas a advogados, criou uma ferramenta que

localiza profissionais especializados em denunciar

crimes de homofobia.

Para casos de LGBTQIA fobia online, seja em páginas

na internet ou redes sociais, você pode denunciar no

portal da Safernet.

Além disso, também é possível denunciar o crime por

meio do aplicativo e do site Todxs, que conscientiza

sobre os direitos e apoia pessoas da comunidade

LGBTQIA .

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Presos

205

Lira dá luz alta para Bolsonaro e reafirma confiança na urna eletrônica

Conselho Nacional de Justiça - CNJGaúcha ZH/Rio Grande do Sul - Rosane de Oliveira

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

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Autor: Rosane de Oliveira

A primeira manifestação do presidente da Câmara,

Arthur Lira (PP-AL), depois dos atos do Sete de

Setembro foi pensada palavra por palavra para não

incorrer nos riscos do improviso. O texto lido e gravado

é uma espécie de luz alta para o presidente Jair

Bolsonaro, que na véspera ameaçou descumprir ordens

judiciais e ressuscitou o tema do voto impresso para

sinalizar que, em caso de derrota, não aceitará o

resultado da eleição.

Sem citar o nome de Bolsonaro, Lira fez um apelo à

conciliação e disse que a Câmara quer ser a ponte

entre o Executivo e o Judiciário para dar um basta à

escalada de uma crise que já foi longe demais. O

presidente da Câmara relatou ter esperado até o início

da tarde desta quarta-feira porque não queria 'ser

contaminado pelo calor de um ambiente já por demais

aquecido'.

- Diante dos acontecimentos de ontem, quando abrimos

as comemorações dos 200 anos como nação livre e

independente, não vejo como possamos ter mais

espaço para radicalismos e excessos.

Logo no início, o deputado disse que a Câmara tem

compromisso com o Brasil real, que vem sofrendo com

a pandemia, o desemprego e a falta de oportunidades.

Lembrou que os parlamentares aprovaram o auxílio

emergencial e votaram leis que facilitaram o acesso à

vacinação.

- A casa do povo seguiu adiante com as pautas do

Brasil, especialmente as reformas. Nunca faltamos com

o Brasil. A Câmara não parou diante de crises que só

fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder

oportunidades de progredir.

Também sem mencionar o trecho do discurso em que

Bolsonaro atacou o sistema eleitoral de defendeu 'o voto

auditável com contagem pública', Lira foi cirúrgico:

- Não posso permitir questionamentos sobre decisões

tomadas e superadas como a do voto impresso. Uma

vez definida, vira-se a página

Sem se aprofundar, Lira dirigiu uma farpa ao Supremo

Tribunal Federal ao afirmar que defende o direito dos

parlamentares à livre manifestação e que, pelo princípio

da soberania, cabe à Câmara puni-los quando achar

que 'cruzaram a linha'.

Lira foi mais duro do que costuma ser em suas

manifestações:

- Conversarei com todos, de todos os poderes. É hora

de dar um basta nessa escalada, em um infinito looping

negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um

eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e

passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O

Brasil vê a gasolina chegar a R$ 7, o dólar valorizado

em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que

206

Conselho Nacional de Justiça - CNJGaúcha ZH/Rio Grande do Sul - Rosane de Oliveira

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

infelizmente é superdimensionada nas redes sociais.

O presidente da Câmara enalteceu os brasileiros que

foram às ruas e disse que uma democracia vibrante

pressupõe o respeito à opinião do outro:

- Na discórdia, todos perdem, mas o Brasil, a nossa

história tem ainda mais o que perder.

Ao final, voltou ao tema da eleição:

- Vale lembrar que temos a nossa Constituição, que

jamais será rasgada. O único compromisso que temos

inadiável no nosso calendário está marcado para 3 de

outubro de 2022, com as urnas eletrônicas. É nas

cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo

expressa sua soberania.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Conciliação

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Marco temporal não pacifica sequer a relação do Supremo com o agro

Conselho Nacional de Justiça - CNJJota/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

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Autor: Conrado Hübner Mendes Carolina Santana

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF)

retomou o julgamento do Recurso Extraordinário n.

101.736-35, que decidirá se os indígenas possuem ou

não direito sobre as terras que tradicionalmente

ocupam.

Embora pareça, não se trata apenas de decisão sobre

marco temporal de ocupação da terra (seja lá qual for a

data exata que a criatividade jurídica venha

estabelecer). O STF decidirá se as terras indígenas

serão reconhecidas aos indígenas, como estabelece a

Constituição, ou se, uma vez mais, indígenas padecerão

de um novo malabarismo analítico para impedir que o

artigo 231 seja respeitado.

Levasse mais a sério os direitos indígenas, o Poder

Judiciário sequer teria chegado a este ponto. A

linguagem utilizada pelo constituinte é reveladora das

escolhas protetivas que fizemos enquanto sociedade

naquela ocasião: inalienabilidade, imprescritibilidade e

indisponibilidade são os termos que definem as terras

indígenas no texto Constitucional. A Constituição afirma

serem 'reconhecidos aos índios (?) os direitos

originários sobre as terras que tradicionalmente

ocupam'. O 'reconhecer' para o Direito é diferente do

'outorgar' ou 'conceder'. O conceder obedece à lógica

do doravante; o reconhecer obedece à lógica do desde

sempre.

Levasse mais a sério os direitos indígenas o Poder

Judiciário leria juristas indígenas e saberia que está

acolhendo uma tese que não encontrou solo fértil no

Legislativo, como explica em sua tese doutoral o

advogado Luiz Eloy Terena. Solo fértil que encontrou no

Judiciário, apesar de inconstitucional.

As sustentações orais realizadas pelos advogados do

agronegócio que combate direitos indígenas tentaram

convencer os ministros de que instituir o marco temporal

não desrespeitaria a Constituição. Seria, na verdade, o

contrário: uma oportunidade de pacificar os conflitos

entre indígenas e fazendeiros.

O mesmo argumento foi articulado pelo ministro Ayres

Britto em seu voto na Pet. 3388. Lá afirmou, contudo,

que a tese se aplicava (e 'pacificava') apenas aquele

caso específico, o que se confirmou nos Embargos

Declaratórios.

A ideia de 'equilíbrio' e 'conciliação' entre indígenas e

fazendeiros em prol da segurança jurídica do direito de

propriedade é tão falaciosa quanto dizer que o Brasil

inteiro será demarcado se a tese do marco temporal for

afastada.

Não cabe à jurisdição, quando se discute respeito ou

violação de direito fundamental, a tarefa de pacificar,

compor ou conciliar dois grupos em conflito, nem chegar

a um 'meio-termo'. Há que decidir conforme uma

interpretação convincente do texto constitucional, em

sintonia com a filosofia que inspira o artigo 231 e a

normativa internacional de direitos humanos a respeito,

de força materialmente constitucional,

independentemente de qualquer rito. A polissemia dos

textos jurídicos jamais deve resultar em interpretação208

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

diametralmente oposta aos debates travados na

Constituinte.

Seguindo a linha conciliatória, a Procuradoria-Geral da

República (PGR) apresentou uma pretensa 'terceira via'.

O marco temporal, nessa perspectiva, deveria ser

analisado caso a caso e, em sendo comprovado o

esbulho, deveria ser afastado. Duas são as formas

admitidas pelo STF para a comprovação do esbulho:

provar a existência de controvérsia possessória

judicializada à época, ou utilizar circunstâncias de fato.

Até 1988 os povos indígenas eram tutelados e não

podiam judicializar reivindicações; fazendeiros, por sua

vez, também não judicializavam, pois era mais barato

contratar grupos armados para expulsar indígenas da

terra; a Funai, por seu turno, não judicializava, pois era

um braço do Estado responsável por confinar indígenas

em reservas artificiais, abrindo terras para a fronteira

agrícola. Os Terena, da Terra Indígena Limão Verde,

tentaram comprovar esbulho para afastar a tese do

marco temporal que anulou a demarcação de suas

terras, juntando documentos oficiais da Funai que

comprovavam seu desejo de voltar para a terra à época

da Constituição. Os malabares da retórica jurídica

construíram argumento para rejeitar as circunstâncias

de fato (Agravo Regimental n. 803462).

Analisar os direitos territoriais indígenas caso a caso

garante a diversidade. É isso que os indígenas pedem

há décadas. Analisar os direitos territoriais indígenas

caso a caso, à luz da presunção de aplicabilidade do

marco temporal na ausência de prova formalista do

esbulho possessório, é falácia para destituir direitos.

Se, do ponto de vista jurídico, a tese da 'conciliação'

entre violadores de direitos e vítimas de violação de

direitos não é digna de respeito, do ponto de vista

político, o STF enfrenta uma armadilha.

Jair Bolsonaro escolheu o STF como porta de entrada

da ruptura democrática. Seus desafios verbais e

institucionais ao tribunal, que suscitam até mesmo a

hipótese de seu fechamento e de intervenção militar,

precedem sua própria vitória eleitoral. Nesta terça-feira

(07/09), chegou ao ponto de avisar, diante de multidão

na Avenida Paulista, que não mais respeitará decisões

do STF que o desagradem.

Rejeitar o marco temporal, nessas circunstâncias, pode

parecer uma sábia estratégia de sobrevivência. Sob o

verniz da conciliação entre indígenas e fazendeiros, ou

de direitos territoriais de povos originários com o direito

de propriedade, a decisão almejaria pacificação

momentânea entre o STF e o bolsonarismo.

'Pacificar' é fetiche jurídico extremamente moderno e

ocidental. Jesuítas também desejavam 'pacificar'

indígenas no séc. XVI, obrigando-os a se vestirem e a

orar. Utilizar-se da retórica de que a segurança jurídica

da propriedade privada promoverá pacificação de

conflitos territoriais é tão ingênuo quanto isso. Suprimir

direitos indígenas em favor de propriedade ilegítima de

forças neocoloniais não contribuirá sequer para a

sobrevivência do tribunal diante da ameaça

bolsonarista. Mas contribuirá para deixar outra mancha

na história mal-contada do quanto o tribunal, por trás de

decisões canônicas que protegeram direitos

fundamentais, contribuiu outro tanto para a manutenção

da violência e da violação de outros direitos

fundamentais de grupos vulneráveis.

O STF somente pode promover justiça e, talvez, mitigar

conflitos, se abandonar o ideal de pacificação e

negociação. Resolver conflitos com autoridade e bom

argumento jurídico é a síntese de sua responsabilidade

constitucional.

Nossa escolha coletiva, no evento mais extraordinário

de nossa história política - a Constituinte de 1987-88, foi

a de proteger direitos territoriais indígenas. De 1988 até

hoje, quase a totalidade dos processos no STF que

envolvem povos indígenas reavivam os mesmos

argumentos anti-indígenas já superados durante a

Constituinte. O STF tem a oportunidade de colocar um

fim nesse eterno retorno e garantir aos indígenas o

cumprimento daquilo que eles ajudaram a escrever no

texto constitucional.

Conrado Hübner Mendes - Professor de direito209

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

constitucional da Faculdade de Direito da USP. Doutor

em direito pela Universidade de Edimburgo, Doutor em

ciência política pela USP.

Carolina Santana - Advogada. Indigenista. Doutoranda

em Direito na UnB. Pesquisadora Visitante do ICS da

Universidade de Lisboa. Assessora Jurídica do

Observatório dos Direitos Humanos dos Povos

Indígenas Isolados e de Recente Contato e Membro do

Indigenous Peoples Rights International no Brasil.

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Conteúdo nas redes: maioria dos líderes é a favor de moderação por

plataformas e Judiciário

Conselho Nacional de Justiça - CNJJota/São Paulo - Noticias

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

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Autor: Érico Oyama João Porto Raquel Alves

Levantamento realizado pelo JOTA com mais de duas

dezenas de lideranças do Congresso mostra que a

maioria dos parlamentares é a favor da autonomia das

plataformas na moderação de conteúdo nas redes

sociais. Essa foi a avaliação de 45,5% dos

entrevistados. Outros 31,8% entendem que a decisão

sobre a remoção de conteúdo deve ser do Judiciário.

Os parlamentares foram confrontados com o seguinte

questionamento: quem deve ser responsável por

remover conteúdos das redes sociais? O porcentual das

respostas foi o seguinte:

Plataformas: 45,5%

Judiciário: 31,8%

Legislativo: 13,7%

Entidade multissetorial: 4,5%

Não sabe/não respondeu: 4,5%

Entre aqueles que responderam que as próprias

plataformas devem fazer a remoção, há a ressalva de

que as regras precisam ser claras. 'Quem deve atuar

frontalmente contra a desinformação são, sim, as

plataformas, prevendo prazos e mecanismos para

negociação, mediação, conciliação e decisões

privadas', defende o líder do Novo na Câmara dos

Deputados, Vinícius Poit (SP), coordenador da Frente

Parlamentar Mista da Economia e Cidadania Digital.

Poit cita como exemplo de êxito nesse quesito o

Conselho de Supervisão criado pelo Facebook. 'Um

conselho independente e composto por 20 pessoas, e

tem por objetivo proteger a liberdade de expressão e

promover a saúde das comunicações online'.

A cobrança por transparência nas ações das

plataformas também foi citada pela deputada Natália

Bonavides (PT-RN), que faz parte do Grupo de Trabalho

da Câmara para discutir o PL das Fake News. 'É preciso

estabelecer regras para que elas realizem essa

moderação de conteúdo, é preciso dar transparência às

decisões das plataformas e estabelecer mecanismos

para que os usuários controlem essa ação nas

empresas', afirma.

Vice-líder do Podemos no Senado, Oriovisto Guimarães

(PR) entende que as plataformas devem agir de forma

imediata quando se trata de conteúdos que infringem

alguma lei. 'Acho que as plataformas devem ter a

liberdade de remover tudo que é obviamente

discriminatório, preconceituoso e que ofendam a lei,

independentemente de parecer do Judiciário', diz.

'Aquilo que já está previsto na lei, que a pessoa não

pode fazer no mundo real vale para o meio virtual, é a

mesma coisa', completa.

Na mesma linha de raciocínio, a deputada Perpétua

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Almeida (AC), vice-líder do PCdoB na Câmara, defende

a exclusão imediata pelas plataformas de conteúdos

que nitidamente são inadequados. 'Penso que aquilo

que é explícito, como fake news, discurso de ódio,

discriminação, racismo, precisa ser retirado

imediatamente pela plataforma. Outras questões, é

preciso ter outros fóruns', diz.

No entendimento do líder do Cidadania na Câmara, Alex

Manente (SP), somente em casos de ofensas cabe a

ação da plataforma para retirar conteúdo. 'A plataforma

tem que ter responsabilidade nas ofensas, e isso tem

que ser vetado. Na minha opinião, a plataforma tem

responsabilidade, porque é através dela que as ofensas

são divulgadas', avalia. 'Em relação a mentiras, é muito

difícil você dar à plataforma a responsabilidade. Eu acho

que mentira e fake news, você só consegue coibir com

a Justiça. Para isso, tem que responsabilizar o líder da

propagação da notícia'.

Aprovômetro: Ferramenta que prevê as chances de

aprovação de proposições legislativas que tramitam no

Congresso Nacional. Confira!

Um caminho do meio, com moderação compartilhada,

seria o ideal para o deputado Israel Batista (PV-DF),

vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da

Economia e Cidadania Digital. 'Acredito que a

fiscalização nas redes deve ser compartilhada. Em

diversos momentos a nossa sociedade se mostrou uma

aliada no controle às redes sociais, sobretudo no

combate às fake news, aos discursos de ódios', lembra.

'As próprias plataformas também possuem as suas

próprias equipes de análise, e muitas vezes agem em

colaboração com empresas de fact checking', destaca.

'Em casos extremos, o Poder Judiciário também pode

ter o seu papel. Acho que é preciso uma corrente de

atores sociais que garanta a segurança da informação

nas redes'.

Em contrapartida, há parlamentares que consideram

mais apropriado a moderação ficar sob

responsabilidade do Judiciário. 'O Judiciário é o

guardião da Constituição. A internet é livre, mas

encontra esse limite. É um direito de quem tenha

violado seus direitos constitucionais recorrer ao

Judiciário para sustar publicações e buscar a

reparação de danos morais e materiais advindas do

ilícito', diz o líder do PL no Senado, Carlos Portinho

(RJ).

Para a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), uma das

parlamentares mais próximas ao presidente Jair

Bolsonaro, as plataformas só devem agir em casos

extremo, como pornografia, incitação à violência e

violação de direitos autorais. Do contrário, sua avaliação

é que a moderação deve ser do Judiciário. 'Eu, por

exemplo, já tive conteúdos excluídos por ordem judicial.

O que me posiciono contra é quando a própria

plataforma, que é gerida por uma empresa em outro

país, use de sua própria vontade para tirar do ar algo

que entenda não ser viável, sem que haja uma

Legislação do nosso território que oriente a respeito',

diz. 'Isso viola a garantia da liberdade de expressão,

que está garantida pela Constituição Federal'.

Zambelli foi a única parlamentar a responder ao JOTA

ser favorável a um decreto em estudo pelo Executivo

que proibiria as plataformas de removerem conteúdo

sem ordem judicial. 'Enquanto não existe uma

Legislação detalhada e vigente no país que trate deste

assunto, cabe à Justiça, quando provocada, determinar

se o conteúdo deve ou não sair do ar', defende

Zambelli.

Ampla maioria dos parlamentares entrevistados

respondeu ser contra o decreto:

Contra: 86,4%

Favor: 4,6%

Não sabe/não respondeu: 9%

Vice-líder da Minoria no Congresso, o deputado Afonso

Florence (PT-BA), considera o decreto um risco por

abrir brecha à ampliação de discursos de ódio. 'É um

decreto para proteger um crime, um crime cometido por

eles [do governo]. Isso não é para o bem das redes, no

sentido de aperfeiçoar o uso das redes. É para permitir212

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

ataques odiosos, racismo, para liberar para as milícias

sociais', diz.

O deputado Fausto Pinato (PP-SP) também não vê

sentido no decreto: 'Sou contra, tendo em vista que

essa ala radical do governo é a grande responsável pela

desinformação da população'.

Érico Oyama - Repórter em Brasília. Cobre o Congresso

Nacional, Ministério da Economia e temas ligados a

relações institucionais e governamentais (RIG). Antes,

foi editor da rádio BandNews FM e repórter da revista

Veja. E-mail: [email protected]

João Porto - Repórter freelancer em Brasília

Raquel Alves - Analista política em Brasília. Cobre

Congresso Nacional. Passou pelas redações da extinta

Radiobrás, Agência Nordeste, jornal DCI, TV Record e

Agência CMA. Email: [email protected]

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Lira fez concessão indevida a Bolsonaro

Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo - Blogs/Nacional - Merval Pereira

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, foi

cuidadoso demais com o presidente Bolsonaro em sua

fala nesta tarde. Fez uma concessão indevida a ele,

evitou falar do STF e colocou o Executivo no mesmo

nível do Judiciário, o que não é verdade. É o

presidente da República quem ataca o Supremo

Tribunal Federal. Foi muito nobre a ideia dele de achar

que o Congresso será a ponte para um acordo com

Bolsonaro, mas isso já foi rasgado várias vezes. É

impossível qualquer tipo de conciliação com ele.

No entanto, ele passou alguns recados, colocou limtes,

afirmou que não aceita discutir decisões já tomadas

pela Câmara, como voto impresso, e que as eleições

serão digitais, como Bolsonaro não quer. Posso

imaginar que Lira fez um apelo e na próxima vez que

Bolsonaro queimar suas caravelas, a Câmara vai tomar

uma providência. Também não falou em impeachment,

mas certamente está sendo muito pressionado nos

bastidores, e a pressão vai continuar. Kassab já fala

abertamente e os partidos de oposição estão se

articulando. Acredito que muita coisa ainda vai

acontecer, porque não acredito na possibilidade de

Bolsonaro se conter e ele próprio vai fazer com que a

negociação sobre o impeachment cresça, até obrigar

Arthur Lira a abrir um processo.

Ouçam os comentários da rádio CBN:

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Partidos avaliam ação conjunta aos ataques de Bolsonaro ao STF

Conselho Nacional de Justiça - CNJBand (SP)/São Paulo - Jornal da Band

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

Voltando pro Brasil em Brasília a nossa crise o senado

suspendeu as atividades até amanhã em reação aos

ataques do presidente Bolsonaro feitos ao poder

judiciário já o presidente da câmara pregou

entendimento entre os poderes.

Quer dizer foi o presidente da câmara foi direto disse

que não vê mais espaço para radicalismos e colocou a

câmara no papel de pacificador dos poderes esta casa

tem prerrogativas que seguem vivas.

E quer seguir votando e aprovando o que é do interesse

público e estende a mão aos demais poderes.

Para que se voltem para o trabalho encerrando

desentendimentos.

Por fim vale lembrar que temos a nossa constituição

que jamais será rasgada na discórdia todos perdem.

Mas o Brasil a nossa história tem ainda mais o que

perder Artur lira subiu o tom ao afirmar que o voto

impresso citado mais uma vez por Bolsonaro é assunto

encerrado não posso admitir questionamentos.

Sobre decisões tomadas e superadas como a do voto

impresso.

Uma vez definida vira se a página parlamentares da

oposição e o governador de São Paulo criticaram o

discurso de Lira depois dos arroubos depois.

Do afrontamento que tivemos ontem a constituição a

democracia a suprema corte o mínimo que poderia se

esperar.

De um presidente de uma câmera era submeter aos

seus parlamentares dar andamento ao pedido de

impeachment partidos como PDT PMDB e PT e PSB

estuda uma resposta conjunta.

Após uma reunião a executiva nacional do PSDB

anunciou hoje oposição ao governo Bolsonaro e vai

analisar se ele cometeu crime de responsabilidade ao

afirmar que não cumpriria a decisões do ministro

Alexandre de Moraes.

O líder do governo na câmara disse que o presidente

não ofendeu nenhuma instituição presidente não se

referiu ao supremo tribunal federal de deixar referiu ao

ministro Alexandre de Moraes este inquérito que ele.

É está tocando lá onde.

É é vítima é inquisitor e é jogador ele tem um ele é

muito contraditado por toda a classe jurídica inclusive o

presidente do senado ou cancelou a sessão remota

esse reuniões de comissões.

Previstas para a quarta e quinta.

No fim do dia Rodrigo Pacheco se pronunciou disse que

o Brasil vive uma crise real que precisa de união para

ser atacada e defendeu a conciliação entre os poderes

não é com excesso.

Não é com radicalismo não é com o extremismo é com

o diálogo e com respeito à constituição que nós vamos

conseguir resolver os problemas dos brasileiros.

Um dia depois das manifestações pró Bolsonaro hoje

ainda teve tensão em Brasília.

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Ayres Britto: Presidente não quer cumprir a constituição

Conselho Nacional de Justiça - CNJGlobo News/Nacional - Em Ponto

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

Bom a gente retomou a conversa com o ministro Aires

Brito eu estava ia fazer uma pergunta pro ministro

senhor quiser depois da pergunta adotar complementar

também uma o resto da resposta anterior ministro fique

à vontade.

É porque minha pergunta vai em cima do que o senhor

estava explicando né que tudo começa com o legislativo

formule a lei e depois vem o executivo pra executar a lei

e o judiciário como um poder ali é independente

analisasse.

É quem fez a lei e respeitou a constituição e quem está

executando a ler quem está no executivo está

executando de acordo com a lei.

No entanto fala se muito em ativismo judiciário.

Aí eu vou dar um exemplo possuem uma armadilha que

o STF está caindo aqui no Rio de Janeiro tem a linha

amarela uma via expressa cujo pedágio o valor do

pedágio foi determinado pelo Fux foi sugerido pelo fluxo

numa reunião de.

De conciliação.

Não é papel de um presidente do STF determinar o

preço do pedágio mas por que que isso aconteceu

primeiro porque a câmara municipal tinha uma

concessão sob suspeita fez CPI não conseguiu resolver

o problema.

Depois teve um prefeito populista que botou um trator

para passar por cima é dás das cabines de pedágio.

Então você tinha um legislativo omisso você tinha um

executivo populista demagógico ali completamente fora

do padrão.

E a bomba cai no colo do STF aí o STF resolve a

questão ou tentam resolver a questão ditando é o preço

do pedágio e passa a sensação.

De que eu ou é essa ordem primeiro segundo terceiro

não está sendo cumprido que o judiciário um

superpoder.

Eu vou falar também da questão da prisão da segunda

instância caberia ao legislativo e aí senhor me corrija se

eu estiver errado desse esclarecer essa questão fazer

uma lei definitiva sobre isso.

Não quiseram se meter nisso deixe o desgaste por

supremo então o supremo também é não cai na

armadilha do ativismo judiciário.

Quando ele não denuncia a passividade do legislativo

ou a passividade do executivo.

Ben.

Muito bem Otávio vou responder ao tentar responder.

Mas eu estava dizendo não é que nas coisas do estado.

Quem entra primeiro nas quatro linhas do campo.

E o legislativo depois do executivo e entra um terceiro

que é um juiz é o árbitro desse jogo.

Quer o poder judiciário que tanto decide

monocraticamente.

Por exemplo o ministro Alexandre de Moraes.

Podre de tomar decisões singulares.

Unipessoais.

Quanto decide o poder judiciário fracionamento seja

por suas turmas suas câmaras conforme o caso como

plenamente não é pela sua totalidade pela totalidade

dos seus membros no caso do supremo são onze

ministro.

As regras do jogo são esses.216

Conselho Nacional de Justiça - CNJGlobo News/Nacional - Em Ponto

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

Os dois protagonistas.

E o árbitro e o árbitro não é o poder executivo no Enem

não é nenhum poder.

Legislativa a não ser que a matéria comporta e uma

nova lei sobre o tema não é sobre ela mesma.

Quanto ativismo Otávio é bom lembrar o seguinte o

ativismo.

Significa o poder do judiciário e além do que pôde.

Ele deixa de ir.

Aplicar.

Uma norma pra ele ditar a norma do caso concreto.

O judiciário tem que desentranhada norma geral em

pessoal abstrata das leis o conteúdo os conteúdos

dessas normas gerais em pessoais e abstratas.

É um trabalho de descrição não é de criação.

Porém é preciso não com e o judiciário não pôde fazer

isso.

Porém é preciso não confundir ativismo pró atividade

interpretativa às vezes o judiciário desentranhe da lei

desata.

Das leis conteúdos.

Que o público leigo não percebe.

É preciso ter formação técnica científica experiência

jurídica vocação.

Para fazer a lei render normativamente.

Isso se chama pró atividade se o judiciário não pôde ir

além.

Da norma geral a aplicar a interpretar e aplicar ele

também não deve ficar aquém.

Quando ele vai além.

Incide em inconstitucionalidade.

Isso é ativismo e se usurpação de função legislativa

mas quando ele fica aquém do potencial normativo da

lei.

Ele a mesquinha sua própria função.

E o direito podendo cumprir por exemplo mas de uma

função cumpre apenas uma.

O direito tem é nas leis.

Possibilidades de.

Produzir efeitos é preciso exaurir essas possibilidades

isso se chama pró atividade interpretativa.

E a constituição Otávio habilita também ao judiciário a

atuar naqueles casos em que faltam lei.

Por exemplo quando se trata de direito fundamental.

Daí o mandado de injunção.

Daí a ação direta de inconstitucionalidade por omissão

legislativa.

A própria constituição habilita em matéria de direitos e

garantias fundamentais o judiciário a preencher esses

vazios de normatividade quando direito fundamental

deixa de ser exercida a falta de norma regulamentadora.

A constituição diz que essa lacuna pode ser preenchida

com matado.

Não seja por mandado de injunção quem vai julgar o

judiciário seja apuração direta de inconstitucionalidade

por omissão.

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Conselho Nacional de Justiça - CNJGlobo News/Nacional - Em Ponto

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

Quem vai julgar o poder judiciário isso faz parte das

regras do jogo.

Além da conciliação que o judiciário pode conciliar as

partes.

Passar então ministro muito obrigada pela presença do

senhor aqui nos ajudando a entender que que você

pode o que que nos posto que diz a constituição nesse

momento crítico.

Para datar rapidamente o árbitro é quando o ministro

decide monocraticamente o senhor já pode colocar na

tua imagem o var que aí é quando o colegiado.

Muito bem muito boa analogia perfeita para um abraço a

todos obrigado pela honra da do convite.

Pró atividade notável aqui um abraço senhor até até a

trouxe.

Para ela a pró atividade que ele estava falando da

minha escapou agora é Freud e dez.

Potável vamos lá vamos falar sobre o assunto anterior a

gente teve esse probleminha de conexão com o ministro

mas vamos resgatar então essa discussão sobre.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Conciliação

218

STF retoma Sessão Plenária por videoconferência sobre o marco

temporal

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

Ministros retomam hoje o julgamento do recurso

extraordinário que trata do marco temporal para a

demarcação de terras indígenas. A sessão será

retomada com os votos dos ministros.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

219

STF recebe apoio após ameaças feitas pelo presidente Jair Bolsonaro

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

O Supremo Tribunal Federal e seus integrantes

receberam manifestações de apoio depois das ameaças

feitas por Jair Bolsonaro neste feriado da

Independência. Nos discursos a apoiadores tanto em

Brasília quanto em São Paulo, Jair Bolsonaro atacou o

STF, em especial os ministros Alexandre de Moraes e

Luiz Fux, e avisou que não vai cumprir decisões

judiciais.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

220

Senador apresenta ao Supremo notícia-crime contra o presidente Jair

Bolsonaro

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

O senador Randolfe Rodrigues apresentou ao Supremo

uma notícia-crime contra Jair Bolsonaro. O parlamentar

quer que o presidente da República seja investigado

pela prática de crimes de atentado contra a ordem

constitucional, o Estado democrático de direito e a

separação dos Poderes. De forma específica, a ação

pede a abertura de inquérito para apurar grave ameaça

ao livre funcionamento do Judiciário e o uso de recursos

públicos para financiar atos antidemocráticos. Também

pede investigação sobre eventual financiamento das

manifestações de 07 de setembro e suposta utilização

indevida da máquina pública em favor desses atos.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

221

Desprezo às decisões judiciais por chefe de Poderes representa atentado à

democracia

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

A respeito da afirmação de Bolsonaro de que não mais

cumprirá decisões do Supremo Tribunal Federal, o

presidente da Corte lembrou que o desprezo às

decisões judiciais pelo chefe de qualquer dos Poderes,

além de representar atentado à democracia, configura

crime de responsabilidade a ser analisado pelo

Congresso Nacional.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

222

Ministro Luiz Fux convoca líderes do país para enfrentar as dificuldades

imediatas

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

Para o ministro Luiz Fux, o verdadeiro patriota não

fecha os olhos para os problemas reais e urgentes do

Brasil. Pelo contrário, procura enfrentá-los, tecendo

consensos mínimos entre os grupos que naturalmente

pensam diferentes. O presidente do Supremo Tribunal

Federal concluiu o pronunciamento convocando os

líderes do país para enfrentar as dificuldades imediatas.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

223

Presidente do STF rebate discursos do presidente da República

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

Em pronunciamento nesta quarta-feira (8), na abertura

da Sessão Plenária, o presidente do Supremo Tribunal

Federal, ministro Luiz Fux, rebateu discursos do

presidente da República, Jair Bolsonaro, realizados em

Brasília e São Paulo durante manifestações no feriado

da Independência do Brasil.

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224

Ministro Luiz Fux fala sobre as manifestações que ocorreram no 7 de

setembro

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz

Fux, afirma que, infelizmente, tem sido cada vez mais

comum que alguns movimentos invoquem a democracia

como pretexto para a promoção de ideias

antidemocráticas.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

225

STF julga liminar contra a tramitação do novo Código Eleitoral

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

Ministros do Supremo Tribunal Federal julgam liminar

contra a tramitação do novo Código Eleitoral. Um grupo

de parlamentares argumenta que a proposta reúne em

único ato normativo toda a legislação referente ao

processo democrático, inclusive o atual Código Eleitoral.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

226

Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

Supremo Tribunal Federal recebe cinco ações

ajuizadas por partidos políticos contra a medida

provisória que restringe a exclusão de conteúdo e de

perfis de usuários das redes sociais. A norma foi

assinada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro,

e altera dispositivos do Marco Civil da Internet e da Lei

dos Direitos Autorais.

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

227

Ministros do STF retomam julgamento de recurso da Funai

Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF

Ministros do Supremo Tribunal Federal retomam

julgamento de recurso da Funai que questiona o uso do

marco temporal na demarcação de terra indígena. O

relator, ministro Edson Fachin, deu explicações

preliminares sobre seu voto, que deve ser apresentado

amanhã (9).

Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF

228

Especialistas comentam sobre as manifestações de sete de setembro

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

Um beijo tática Fernanda até amanhã votadas o vince e

aí às três horas e quinze minutos agente trouxe uma

grande dupla aqui por nós.

Sem dúvida tiveram seu ápice no dia de ontem com

falas e comportamentos golpistas do presidente da

República e a reação dos demais poderes a gente vem.

Acompanhando desde então estão conosco professor

de direito constitucional da Fundação Getúlio Vargas em

São Paulo coordenador do centro de pesquisa supremo

em pauta Rubens Glésia Rubens bem vindo.

A de Fernando Marques todo bom o prazer é um abraço

todos ouvintes Marcos é um marcos nobre professor de

filosofia da única up presidente do centro brasileiro de

análise e planejamento Sebrae bem vindo Marcos.

Obrigado Tatiana prazer estar aqui com vocês falando

com todo mundo apesar do assunto ser grave.

É um prazer conversar com vocês sempre estaríamos

sempre melhor se estivéssemos numa mesa de bar não

é mesmo falando despretensiosamente sobre o país

porém estamos aqui nesse estúdio CBN falando muito

sério sobre assuntos sérios e muito preocupantes.

Que a gente tem observado desde ontem eu é Maria

Cristina nos ajudou um pouco a organizar as coisas

porque muita coisa né desde ontem não sei nem

exatamente por onde começar com vocês é que

começa a fé eu falei tanto com Maria Cristina.

Vamos começar com o fato de ontem de bus de

Bolsonaro dizer textualmente que não cumprirá mais

decisões do STF insuflou a população contra o ministro

Alexandre de Moraes.

Outra coisa ou a máquina pública para se locomover do

jeito que se locomoveu ontem pelo Brasil e participou de

dois atos é Rubens Cleder o que dizer sobre esses

pontos pode não cumprir mais decisões do ministro

Alexandre de Moraes.

Bom é acho que não é novidade pra ninguém que é

crime de responsabilidade não é a.

Quando a gente fala quando a lei de impeachment de

responsabilidade fala no seu artigo sexto que são

crimes de responsabilidade contra o livre exercício dos

poderes legislativo judiciário.

Os seguintes Liz está o seguinte usar de violência uma

ameaça para constranger juiz o jurado a proferir ou

deixar de proferir despacho sentença o voto ou fazer ou

deixar te fazer uma tem seu ofício.

Ou é terça diretamente e por fatos ao livre exercício do

poder judiciário obstar por mês violentos o efeito dos

seus atos mandados ou sentença você está aí são

jovens.

Eu tô é a lei de impeachment perfeito na lei mil e

setenta e nove de cinquenta então assim não insistir

dúvida nenhuma de que.

Essa ameaça aberta nem um pouco disfarçada é mais

um que os tantos a crimes de responsabilidade do

presidente e nisso há algo te falar data correta a

questão do processo de impeachment.

E acertar os poderes os limites do poder do presidente

da câmara dos deputados pra sentar por tempo

indeterminado nos processos de impeachment é o que

merece resolvido com urgência o supremo teve duas

oportunidades de rever isso.

E nos dois casos foram ignoradas eu acho que mais

forte do que uma nota de repúdio é reajustar as

relações de poderes entre executivo e eles batem e aí a

partir disso quando a gente ouve.

A figura que pode processar o presidente inclusive por é

crime de responsabilidade que é o procurador geral da

República.

229

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

É dizer fazer um discurso absolutamente genérico é

Maria Cristina é pelo menos assim interpretou né

concordou eu entendi que foi um discurso muito

genérico caberia hoje caberia como.

Em qualquer outro dia da nossa é tão Kobayashi da

democracia então exalta a democracia.

É fala sobre a harmonia entre os poderes harmonia

institucional equilíbrio entre os poderes é tudo isso com

a gente está buscando aqui não é nada disso que a

gente tem visto aqui e ele nem citou crime de

responsabilidade nem citou a possibilidade do

presidente.

Ter cometido o crime de responsabilidade algo que está

sob a responsabilidade dele não Rubens.

Na prática é exatamente o que ela não é só neutras

genérico no contexto foi um balde de água fria na

fervura ele fala do ministro presidente Luiz Fux aqui.

Pra quem é da política é leve mas pra quem é do

mundo jurídico é muito pesado foi super assertivo não

costuma ser assim foi crime de responsabilidade essa

corte não foi fechado é inadmissível.

Não é muito claro na sua fala fala da.

Procurador geral da República veio colocou uma fala

que é ambígua e que permite responsabilizar o STF tem

quando se fala assim olha não está sendo respeitada a

harmonia dos poderes Helga e precisa responder bom

quem não estava respondendo e aí entra um pouco

nessa.

É nesse aspecto muito problemático de uma cultura

jurídica que respeitosa demais que numa situação como

aquela o presidente tinha que perguntar mas quem está

ofendendo somos nós.

A cultura jurídica que é respeitosa demais que numa

situação como aquela o presidente tinha que perguntar

mas quem está ofendendo.

Mas não somos nós que tem de creme de

responsabilidade o que o senhor acha que aconteceu

ao senhor PGR já temos o senhor aqui é e perguntar

porque daí fica uma troca de elogios um cinzeiro no

final.

Que pra quem assiste fica com o Wade de encenação

que aquilo não é importante que não é grave então

achei muito infeliz todo episódio da fala e o que se

seguiu à ela.

Marcos nobre vou pegar só uma fala que é de Luiz Fux

pra dizer que ninguém fecha essa corte que recado é

esse.

Você é ou ou ou o recado a ele dizer olha não vamos

ser intimidados.

Certo aqui é muito importante mas se a gente foi pegar

tudo que o Rubens falou.

No fundo os dois guardiões do presidente estão lá

filmes.

O Artur lira não falou em nenhum momento do crime

não falam em um momento impeachment e o Augusto

aras de uma uma aula de Pedro primeiro ano de

faculdade de direito.

Sam.

É que qualquer faculdade de direito em qualquer ano

sabe ao certo a aula como inclusive então é o que que

que é o recado um recado é olha.

O STF não vai entrar.

É nesse jogo o STF não vai participar.

Dessa palhaçada foi isso que o ministro Fux disse.

Sabe ao passo que o presidente do poder legislativos

de skip topa participar.

E o procurador geral da República disse não nem viu230

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

nada por isso ele não se manifestou então acho que foi

muito significativo inclusive é o fato do presidente Fux.

É ter se esquecido do procurador geral da República

mas vocês vocês vilões mas é que sei lá eu vou

desculpe eu devia ter passado a bravo porque das duas

uma só vez ou você não pertence a isso do que no

fundo está dizendo ou então você não tem nada a dizer.

E você vai atrapalhar o momento grave é da república

está certo então acho que tem esse sentido a falam

como disse Rubens assertiva dizendo nós não vamos

participar do cambalacho.

Sam.

Eu perguntava pra Maria Cristina se a gente está a

exemplo do que acontece com nosso meio ambiente.

E se aproximando.

De um ponto de não retorno.

Porque o presidente da câmara falou.

Em conciliação.

Já já passou talvez é justamente o é um erro que eu

ouço e fico mas ele está falando exatamente do que

como haras hoje ouvir o procurador geral da República

falando parecia que ele estava falando de um país.

De outro país de um país com uma democracia ainda

um pouco mais estruturada do que está nossa quer

dizer a que a que distância a gente está do ponto do

não retorno democraticamente é quando a gente olha

pra nossa democracia Marcos.

Não olha só eu ou o barco golpista já partiu.

Agora.

É nós não vamos deixar ele arrastar o país.

Essa é outra história.

Agora que partiu partiu nunca o que não tem volta.

É o o cronômetro lado não gozaram em relação ao

golpe.

Ele ligou contagem regressiva do golpe.

Está bem.

Então é ligada sou tão assim é assustador mas ontem

sete de setembro foi só o começo.

Ligou o reloginho.

Certo nós vamos ter vários momentos ainda é que nós

vamos ter que ser firmes.

Eu até que a gente consiga Pará é essa bunda nós

quem a gente acabou de ouvir os presidente dos

demais poderes pratas nós democratas nossa

sociedade nós instituições e a parte das instituições que

estão comprometidas.

Com a democracia brasileira.

Então é é claro que.

Você é não pode permitir.

É que isso avance é sempre uma reação da sociedade

então assim qual que é a reação da sociedade.

A reação da sociedade é cobrado às instituições.

Quis homem.

O presidente da República.

Aí você tem que se cobrar como é que se isola para

entender.

Primeira coisa é impeachment.

Isso é isolar a extrema direita brasileira está certo e é231

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

esse o objetivo tem que ser um objetivo.

Pactuado entre todas as forças do campo democrático.

É o o marcos nobre deu uma entrevista grande e

profunda e e ampla pra folha de São Paulo ontem.

Saiu ontem o rebanhão exato você falava um pouco

sobre isso.

O que a gente tem visto desde que Bolsonaro foi eleito

é uma bateção de cabeça sem fim.

E Bolsonaro e a extrema direita é obviamente não se

aproveitam dessa bate bateção de cabeça pra ir como

você disse avançando o barco golpista ou para pra

para.

Parafrasear o ex ministro ir.

Passando a boiada é.

O que que vai precisar acontecer pra que os

democratas acordem e façam algo efetivo.

Pra parar o barco golpista na sua visão.

Já aconteceu aconteceu ontem.

E ficou muito claro pra todo mundo porque tem um

determinado momento em que não me engana que eu

gosto não funciona mais.

Tá certo hum então vamos fingir que ele não é golpista.

Vamos fingir que ele pode ser controlado.

Que ele pode ser domado que ele pode ser tão com

discurso do presidente da câmara hoje foi o que deixa

comigo que o dono do bicho.

Está certo é mais uma vez todas as vezes porque

porque existem cálculo eleitoral sendo feito.

Que é o seguinte há como não o o adversário do bolso

na hoje o favorito é o Lula se eu fizer alguma coisa

contra Bolsonaro do beneficiando Lula.

Acontece que esse cálculo eleitoral ele parte do

princípio de que haverá eleições.

Ou seja de que a democracia vai continuar funcionando

ou seja até nessa certeza os democratas estão

menosprezando o que está acontecendo.

Exatamente exatamente nessa entrevista pela folha eu

falei olha o campo democrático está jogando

amarelinha.

E o Bolsonaro está construindo um octógono de MMA

que a versão dele das quatro linhas da constituição para

ele se transforma em oito.

E vai matar quem entramos no ringue lá com com ele e

conclamo as pessoas a darem a vida né a há e ele

estimula a violência.

Bem se colocarem ministros do STF dentro do octógono

e baterem uns ministros.

É e é isso que é a democracia do Bolsonaro.

Está certo então ontem aconteceu uma coisa aí você

fala bom é que agora vai não sei.

Mas precisa ter duas coisas primeiro uma clareza de

que não dá pra voltar atrás que foi o que aconteceu

ontem e segundo.

Muita gente na rua.

Muita gente fazendo pressão e dizendo.

Uma minoria que hoje é de vinte cinco por cento mas

pode ser menor no futuro não pode decidir os destinos

deste país.

Muito menos.

Pode decidir tirar de nós a possibilidade de que a gente232

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

decide o que a gente queira tirar da gente a democracia

entendeu.

Isso não é possível não é aceitável uma minoria não

pode se impor a maioria porque como Bolsonaro não

tem maioria o único jeito de se impor.

É por um golpe de força sim sim senhor eu vou te fazer

mais uma pergunta antes do repórter CBN vou pedir daí

pra vocês aguardarem a gente vai voltar e a gente volta

com as questões jurídicas.

Porque não são poucas e são importantes pro Rubens

te surpreender de alguma maneira a quantidade de

gente na rua ontem apoiando.

Essas pautas antidemocráticas é insuflado pelo

presidente da República Marco.

Tem muitos têm muitas comparações possíveis a

primeira comparação é com a expectativa de que eles

tinha comparado com a expectativa foi um fracasso.

Não é comparado com quem lutou pela democratização

do país com quem lutou para que ele teve tivesse

democracia hoje é triste.

É triste ver tanta gente.

Que não se convence de que a democracia é o melhor

caminho.

Sabe é triste porque isso foi uma falha no nosso país.

Nós não termos conseguido convencer as pessoas.

Todas de que a democracia melhor forma de governo é

uma falha nossa mas se elas não acham que elas estão

sendo democráticas apesar de defenderem altas

antidemocráticas eu acho que sei lá de repente o

entendimento nem passa por aí.

Uma parte dela assim porque o problema é que essa

base do funcionalismo que vão dizer é alguma coisa

como um quarto da população o quarto do eleitorado

uma parte dela provavelmente metade algo como

metade é autoritária de verdade.

Assim quer mesmo uma ditadura assim não é

brincadeira.

Então tem muita gente que se foi a rua e que não quer

de fato uma ditadura.

O problema é que quando começa o reloginho do golpe

essas pessoas vão ser arrastadas.

Elas não vão conseguir voltar atrás.

Desde então é uma obrigação do campo democrático

convencer essas pessoas que não são autoritárias mas

estão sendo levadas para um projeto autoritário.

Mas estão sendo levadas para um projeto autoritário.

De que não isso não vale a pena de que elas vão perder

o que elas têm de mais precioso agora tem uma parte

de apoio do russo nada.

Que é o dente é autoritária e nós temos que aceitar isso

também no sentido de que nós temos que lidar com

isso.

Isso faz parte da nossa sociedade e nós vamos ter que

saber isolar a extrema direita brasileira uma coisa que a

gente nunca teve que fazer desde a redemocratização

está certo por quê.

Que ela nunca tinham se organizado nunca tinha tido

uma cara única e muito menos chegada à presidência

da República e levar o centrão então a gente nem

imaginava né que isso pudesse acontecer aqui ou.

Tem agido os de centro inclusive fossem se unir à

extrema direita o centro não é do centro é bem essa é

outra discussão é bem verdade o centrão não é do

centro minhas muletas.

Deixa eu interromper o Marcos um pouquinho a gente

vai pro repórter da CBN e estamos falando sobre o233

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

Brasil gente tá difícil e a gente traz aqui o Rubens

Glésia professor de direito constitucional da FGV e o

marcos nobre.

Presidente do centro brasileiro de análise e

planejamento Sebrae pra.

É colocar as coisas ali nos lugares de acordo com as

visões deles obviamente ajudar agente a entender.

Essa bagunça que virou esse país vamos para o

repórter CBN na sequência a gente vai pra quatro

minutos de informação na sua cidade a gente está

devendo nesse intervalo indo aí e volta com a nossa

dupla na em seguida não sai daí.

Rede CBN top de cinco segundos.

Estúdio CBN.

São três horas e quarenta minutos a gente volta a

conversar com marcos nobre professor de filosofia da

hora em campo e presidente do centro brasileiro de

análise e planejamento Sebrae e com Rubens Glésia

que é professor de direito constitucional da Fundação

Getúlio Vargas.

São Paulo coordenador do centro de pesquisa supremo

em alta eu queria voltar com uma mensagem de ouvinte

que não não é rara.

A que.

O Maicon.

Michel.

Cavalcante.

Gosto do programa mas com todo respeito eu não

concordo com nada que está sendo dito aí está explícito

que vocês escolheram um lado isso faz tempo.

Maicon também faz tempo que a democracia está

sendo ameaçada nesse país e pra gente é muito fácil

escolher um lado porque é nosso dever.

Enquanto jornalista defender a democracia seguimos

aqui com os nossos convidados.

Eu quero voltar a falar do presidente da câmara dos

deputados é eu quero saber de vocês a percepção que

vocês têm mesmo depois da fala dele hoje se.

É os atos golpistas de ontem aumentam ou não a

pressão sobre Artur lira e o cento e vinte seis é pedidos

de impeachment contra Bolsonaro.

Sobre os quais ele está sentado na presidência da

câmara qual é a chance real de lira e considerando

sobretudo a fala dele hoje colocar um deles pra andar

Maria Cristina Fernandes por exemplo disse agora há

pouco esquece.

Enquanto tiver gordura para queimar lira estará lá com o

foguinho aceso pra queimar.

A gordura a quem interessa.

Vou fazer várias eu vou dar esse truque de fazer

algumas perguntas aqui juntas a quem interessa dar

esse ar de normalidade que lira tentou dar na

manifestação dele hoje vou começar pelo Rubens que

faz tempo que não fala aqui com a gente fala Rubens.

Lira e os impeachment.

Ana velha bom acho que a chance real é pouca.

Porque ele tem uma vantagem negocial muito alta é é

uma falha do nosso desenho institucional estar

amparado por uma interpretação equivocada não está

escrito em lugar nenhum que ele tem esse poder sentar

em sim isso foi sem dor.

Tolerado de alguma maneira então eu tenho o poder de

decidir se estão preenchidos os requisitos eu não

deveria te indeferir é só que hoje quando o presidente

da câmara de deputados.

234

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

Use essa prerrogativa pra represar os pedidos o que ele

tem uma.

Constante máquina de negociação até de chantagem do

presidente da República que pode ser utilizada por bem

ou pro mal pra um lado pro outro tanto faz então quando

eu era o mandato da presidente Dilma.

O presidente da câmara Eduardo Cunha usava

explicitamente como moeda de troca para que fosse

interromper esse processo na lava jato à sua

investigação na pressão na nossa comissão de ética.

É pelo que parece das notícias hoje a moeda de troca é

orçamentária.

Orçamentária era o dorso me secretos muitas outras

nesse sentido então parece que o que é necessário é

que nós tenhamos a atores externos.

Que faz um curto circuito que faça um rearranjo que não

veio toda essa concentração de poder que se o

presidente vai escapar de um impeachment qualquer

presidente é porque ele construiu o escudo legislativo

que lhe dá o apoio de pelo menos o texto na câmara

dos deputados.

E no senado federal esse é o desenho é uma é uma

composição com maiorias.

Não é uma composição com uma pessoa que

capturavam então assim é dever do supremo composto

consertar esse erro de desenho Marcos a Maria Cristina

também disse que ele parece o parece a ela um erro de

estratégia.

Da oposição não sentirá pressão.

Em Artur lira e ela até fez menção a próxima

manifestação teremos uma agora.

Você não me engano convite convocada pelos

movimentos que convocaram os manifestações contra a

presidente ex presidente Dilma Rousseau chefe.

É dia doze fez sábados e ela até levantava essa

possibilidade estarei então observando se nessas

manifestações haverá também entre os democratas

como você disse.

É que estão hoje na oposição a esse governo se entrar

em fogo aí não presidente da câmara queria te ouvir

sobre isso.

Então sobre o o presidente Artur lira.

É ele como bem disse Rubens ele cobrou bem caro por

não dar prosseguimento ao processo de impeachment

que é justamente a tal da emenda do relator.

Sobre a qual ele tem controle.

Ou seja verba pública recurso público.

Está certo para ser alocado da maneira como ele bem

entende.

Então você nunca nenhum presidente da câmara

cobrou tão caro.

Pelo pela proteção contra gripe.

Sabe isso precisa ficar muito claro e que portanto ele

tem muito a perder se em processo de impeachment.

Foi adiante.

Mas você diz bom que condições isso acontece isso

acontece você de fato do ponto de vista dos partidos do

ponto de vista da sociedade ficar insustentável a

posição dele.

Uma das coisas que ele se colocou hoje mais uma vez

foi como grande mediador.

Queremos se colocar entre a besta fera que é o

Bolsonaro e o país e dizendo eu vou domar.

Por que que ele teve que fazer isso porque pegou muito

mal no mercado financeiro o que aconteceu ontem a235

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

bolsa despencou.

E o Artur lira ele está lá com seu orçamento secreto

mas ele também está preocupado em ficar bem com o

pessoal da faria Lima.

Então ele tem de fazer o impossível e foi o que ele está

tentando sabe então isso um lado da história o outro

quando se fala da do dia doze é o seguinte é muito

cedo.

Tá então existe um descompasso organizacional.

Entre o projeto golpista e a defesa da democracia.

Projeto com vista está muito melhor organizado.

Muito mais bem organizado.

Do que a defesa da democracia.

Esse descompasso é que precisa diminuir.

Ou seja um campo democrático tem que ser capaz de

se organizar mais rapidamente para poder se contrapor

ao golpe.

Então o ato do dia dois eu diria claro tem que colocar

pressão sobre Artur lira tenho a menor dúvida disso.

Agora eu acho que nós não devemos esperar do ato do

dia doze.

Algo que no caso do ato de sete de setembro bolsa

analista foi preparado durante mais de dois meses.

Certo então essa comparação a primeira e tem uma

coisa que não é só quantitativo organizacional mas é

qualitativa organizacional ou seja que o campo

democrático de fato entenda.

Que as divisões eleitorais tem que ser colocadas de

lado.

Quando a democracia está em risco.

E que não pode ser o cálculo eleitoral.

Aqui vai é fazer com que sentem à mesa ou não pra

negociar uma frente ampla para defesa da democracia

então são várias tarefas.

Mas o tempo.

O relógio o cronômetro contagem regressiva foi iniciada.

E não é dado mas ninguém me ignorar.

Seja pra quem apoia.

Essa bomba que vai destruir a nossa democracia seja

pra quem não apoia.

Certo então voltando à intervenção do do ouvinte do

lixão Micael é não não existe lado quando se trata da

democracia.

Obrigado por este lado está certo é existe a democracia

são o outro lado é não democracia aqui pra gente não

existe porque Adriano Grassi único regime no qual

podem haver lábios.

Não eu eu eu tenho com quem eu tenho falado sobre

isso eu não vejo a hora de voltar a discordar.

Dos meus amigos né dentro do campo democrático sem

ter que ficar a é reafirmando o óbvio né é o básico

básico ponto da onde a gente precisa.

Partir justamente pra ter discussão de ideias diferentes

mais tarde a gente tem que entender que a tática muito

boa é que quem quer destruir a democracia.

Falo em nome da democracia isso.

Então você é em nome da democracia que ataca uma

democracia dizendo que a democracia não é

verdadeiramente democrática e que usa joias e a tarja

de expressão.

236

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

Exatamente quando mas sabe que esse artifício ele é

muito difícil de desconstruir desculpem interromper mas

mas.

É porque ele ele não é ele mistura de verdade mentiria

do exagero aspectos da verdade então é isso aí

liberdade de expressão por deputado que ameaça

matar o ministro do STF mas por professor em sala de

aula não.

É liberdade pra você tenho a arma aí o povo indígena

pra manter sob não aí não né então é esse e liberalismo

não é que ele não tem nenhuma liberdade é uma

distribuição absolutamente assimétrico e desigual de

liberdade.

A liberdade por ser o de aplicação da lei ela é toda

desigual então esses exageros né e apontando os erros

do supremo tribunal federal os e do sistema partidário.

Que são reais mas exagerando e pra destruir o sistema

acho que é isso que tem que ficar muito claro tem que

ter crítica tem que revisar o sistema mas acho que a

gente tem que desmarcar muito claramente quem quer

revisar pra destruir quem quer revisar pra melhorar a

qualidade.

Jason Hughes de aproveitar e.

A melhorar a qualidade.

Jason Hughes de aproveitar e perguntar o seguinte

Bolsonaro hoje ele é alvo de quatro investigações no

supremo com interferência na polícia federal.

Prevaricação na compra de vacina Covaxin ataque as

urnas eletrônicas aí está dentro do inquérito das fake

news.

E vazamento de dados sigilosos da polícia federal tem

outro no tribunal superior eleitora eleitoral sob ataque

sem provas ao sistema de votação eletrônica está no

chat estava ávido pra gente começar a falar sobre

corrupção fé.

Entende qual deles mais preocupa o deve preocupar

Jair Bolsonaro sem falar nos processos que envolvem

filhos como a rachadura que a corrupção envolvendo o

Flávio Bolsonaro Rubens.

Olha acho que.

O inquérito das fake news é o que mais preocupa.

Porque ele de fato desarticula parece ser o grande

projeto do governo mas estávamos falando que tem que

ter para ter estabilidade equilíbrio entre as instituições

mas que parece equilíbrio da Tam pra ter um governo

que não tem projeto.

Pro país a não ser te imobilizar o sistema de proteção

ambiental atacar por pluralidade na escola no sistema

cultural e armar a população.

Está na falta destes projetos a me parece que algo que

foi realizado tem a ver um ano um aparelhamento e o

enfraquecimento das investigações de controle.

É das desculpe das instituições de investigação e

controle e tudo por meios administrativos e burocráticos

é o MPF foi fragilizado a receita federal foi fragilizada

polícia federal foi fragilizada então é muito difícil.

Ah você construir uma investigação comum aí só que o

inquérito das fake news ele tem total autonomia por

supremo e ele diz mobiliza.

Essa atuação essa coordenação de informações muito

eficiente que tem na internet mas acho que não dá pra

ter ilusão seguinte a uma denúncia criminal contra o

presidente da República ela só anda.

Depois se não for autorizado por dois terços da câmara

dos deputados.

Então existe um equacionamento político muito parecido

com.

Ah o processo de impeachment e depois tenham justa

causa e depois tem todo o trâmite então eu acho que237

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

essa esperança que desligar o controle de um executivo

com pretensões autoritárias.

A pro judiciário é uma estratégia equivocada.

Eu acho que nenhum país no mundo uma corte

constitucional conseguiu deter sozinho é isso o que ela

deve fazer e desculpas se estiverem ouvindo a obra do

meu desígnio armas.

E o bom senso de fazer uma obra de se trocar o piso no

meio do nada e então um beijo para os demais.

Hã.

Acho que eu perdi um pouquinho você disse que o

judiciário sozinho não faz isso.

O judiciário não faz então qual é a rota dele habilitar.

Os as outras instituições os governadores o senado a

câmara pra realizar oposição nos outros países em que

a corte constitucional tentou.

Pense sozinho esse braço de ferro elas se de uma

nobre é você precisa ir embora mas eu tenho uma

última questão que é o seguinte é.

Na entrevista que a tarte se referiu na folha você diz que

há três possibilidades de golpe uma via eleitoral pura.

Um golpe antes da eleição e um golpe combinado com

eleição você pode explicar quais são essas

possibilidades.

É o o Rubens também se referiu a isso quando ele

estava falando do regime de liberais e tal é veja é o

autoritarismo dos anos dois mil e dez.

Estilo Hungria estilo os Estados Unidos etc é um

autoritarismo que ganha eleição e vai destruir a

democracia por dentro.

Então se havia puramente eleitoral então é mais ampla

literatura a respeito nas obras.

Têm.

Tem bastante gente já sabe muito isso é e tem as as

duas outras possibilidades que é o seguinte como

horizonte eleitoral por Bolsonaro.

Está cada vez mais distante que dizer a possibilidade de

ele conseguir de fato a reeleição o que ele tem que

conseguir fazer.

É dividir o país.

Ou seja ele tem que conseguir chegar ao segundo turno

e ele tem conseguindo o segundo turno diminuir a

distância pra quem quer que estejam enfrentando

Bolsonaro no segundo turno e que se ele consegue é

uma divisão do tipo quarenta por cento a sessenta por

cento.

Dos votos.

Ele vai dizer o país está dividido e ele não pode ser

unificada único jeito de verificar dar um golpe.

Tem então vou ver você usa a eleição como um

elemento do golpe.

Está certo agora pode ser que não dei.

Porque pode ser que ele não consiga sequer.

Ter condições chegar ao segundo turno e se ele avalia.

Daí que eles são aí você diz bom uma coisa é o

seguinte uma coisa é uma pessoa tentar um golpe.

Outra coisa ela ser bem sucedida nisso sabe até apoio

inclusive.

Isso então precisa ter apoio agora nós temos também

exemplos diferentes aí está nós temos exemplos de

golpes que foram dados pelas polícias.

Não foram dados pelas forças armadas forças armadas238

Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN

quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação

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