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13
Correio Braziliense | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Crise eleva riscos e piora expectativasEconomia - 09/09/2021
16
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Radicais tentam invadir STFPolítica - 09/09/2021
18
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Luiz Carlos Azedo - O dia seguintePolítica - 09/09/2021
20
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
'Ninguém fechará esta corte', avisa FuxPolítica - 09/09/2021
22
Judiciário - STF, CNJ - Rosa Weber /
Armas na mira do STFPolítica - 09/09/2021
23
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Basta de autoritarismoOpinião - 09/09/2021
25
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Bolsa desaba e dólar sobeEconomia - 09/09/2021
26
Folha de S. Paulo | NacionalJudiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
'É crime'Opinião - 09/09/2021
2828
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Fux alerta para crime de Bolsonaro; Lira diz 'basta', mas não impeachment'Poder - 09/09/2021
33
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Reação é insuficiente para conter ímpeto golpista no PlanaltoPoder - 09/09/2021
36
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
PAINELPoder - 09/09/2021
38
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Ministro de Bolsonaro busca Gilmar para diálogo com STFPoder - 09/09/2021
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
41Veja potenciais crimes de Bolsonaro nos atos e possíveis consequênciasPoder - 09/09/2021
45
CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Ameaças travam acordo com Judiciário por Bolsa Família e precatóriosMercado - 09/09/2021
47
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Empresários querem que presidente mire retomada, não o STFPoder - 09/09/2021
49
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Em meio à radicalização, Congresso deve devolver a MP das fake newsPoder - 09/09/2021
52
CNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Presos /
Presídio em Porto Alegre tem primeira mulher no comandoCotidiano - 09/09/2021
55
O Estado de S. Paulo | NacionalJudiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
O País não vai se intimidarNotas e Informações - 09/09/2021
57
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Lira fala em diálogo'e ignora impeachmentPolítica - 09/09/2021
59
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Em resposta, Fux aponta crime de responsabilidadePolítica - 09/09/2021
61
CNJ - Luiz Fux /
ANÁLISEPolítica - 09/09/2021
62
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Caminhoneiros realizam protestos em estradas do PaísPolítica - 09/09/2021
65
Judiciário - Judiciário, CNJ - Luiz Fux /
CELSO MING - Como produzir crises e esconder problemasEconomia - 09/09/2021
67
CNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /
Com crise, Congresso deve segurar reformasEconomia - 09/09/2021
69
O Globo | NacionalJudiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Reação de Fux valoriza ordem institucional
Opinião - 09/09/2021
71
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
MALU GASPAR - Quem quer de verdade o impeachment?Opinião - 09/09/2021
73
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
MERCADO DESABA APOS 7 DE SETEMBROEconomia - 09/09/2021
75
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber /
EFEITO COLATERALPolítica - 09/09/2021
77
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber /
LIMITE TRAÇADOPolítica - 09/09/2021
81
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
O TOM DE LIRA E ARASPolítica - 09/09/2021
83
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber /
Tensão prossegue, e Supremo mantém reforço de segurançaPolítica - 09/09/2021
84
CNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Após discurso, solução para precatórios emperraEconomia - 09/09/2021
8686
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
SUPREMO <br> <br> E SENADO SOBRARAM NO CONTRAPONTO'Política - 09/09/2021
87
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
'QUANTO MAIS CONFRONTO, MAIOR SERÁ A REJEIÇÃO'Política - 09/09/2021
88
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
O sujeito do golpe é o chefe da NaçãoEconomia - 09/09/2021
90
Valor Econômico | NacionalCNJ - CNJ, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Cenário turbulento derruba mercadosFinanças - 09/09/2021
92
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
'STF não tolerará ameaças', afirma FuxPolítica - 09/09/2021
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
94Aras pede respeito ao processo legalPolítica - 09/09/2021
95
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Lira afasta chance de abertura de impeachmentPolítica - 09/09/2021
97
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
DEM e PSL dizem que é hora de colocar 'mãos à obra'Política - 09/09/2021
98
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Bolsonaro 'antissistema' incomoda ala políticaPolítica - 09/09/2021
100
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Crise deve inviabilizar aprovação de MendonçaPolítica - 09/09/2021
102
CNJ - CNJ, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Crise política eleva prêmio de risco e preocupa investidorFinanças - 09/09/2021
104
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux /
Escalada de Bolsonaro muda pouco reação das instituiçõesOpinião - 09/09/2021
106
Correio da Bahia | BahiaCNJ - Conselho Nacional de Justiça /
TJ-MS EXALTA PERÍODO DA MONARQUIANoticias - 08/09/2021
107107
Carta Capital Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Dólar dispara e Bolsa desaba no dia seguinte às ameaças golpistas de BolsonaroNoticias - 08/09/2021
109109
Correio Braziliense Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - Corregedoria Nacional de Justiça /
Fux manda Tribunal de Mato Grosso do Sul retirar bandeira do Brasil ImpérioNoticias - 08/09/2021
110110
CNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Cartórios do Brasil serão autorizados a registrar crianças com o sexo ignoradoNoticias - 08/09/2021
112112
Época Negócios | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Mercado baixa régua das expectativas após 7 de Setembro e manutenção de teto de gastos viralucroEconomia - 08/09/2021
114114
Folha de S. Paulo | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Presos /
Passavam por mim e iam direto a um homem, diz 1ª mulher a dirigir presídio no RSCotidiano - 08/09/2021
117
G1.Globo | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Cientista de dados está preso injustamente há mais de 20 diasRio de Janeiro - 08/09/2021
119119
Gazeta do Povo | ParanáCNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Resposta do STF a Bolsonaro virá dentro de inquéritos tocados por MoraesRepública - 08/09/2021
122
O Estado de S. Paulo - Blogs | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Conciliação /
Falsificação da ciência não deve ter lugar no JudiciárioNoticias - 08/09/2021
124124
O Globo Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Incerteza sobre contas públicas está ligada a 'processo eleitoral' e gera 'ruído' no mercado, dizpresidente do BCEconomia - 08/09/2021
126126
Tribuna do Norte | Rio Grande do NorteCNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Policiais do Rio Grande do Norte terão câmeras em uniformes - 08/09/2021 - NotíciaNoticias - 08/09/2021
129129
Valor Online | NacionalCNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Após reunião com líder do governo, presidente do Senado não cogita pronunciamentoPolítica - 08/09/2021
130
CNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Presidente do STF procura Lira e Pacheco após atos para reuniãoPolítica - 08/09/2021
131
Consultor Jurídico | São PauloCNJ - Conselho Nacional de Justiça, Judiciário - Sistema Carcerário, Judiciário - Fazendo Justiça, Judiciário - SistemaPrisional /
CNJ e MPT se unem para fortalecer trabalho no sistema prisionalNoticias - 08/09/2021
133
CNJ - Conselho Nacional de Justiça /
A Lei 14.195/2021 e a nova disciplina da citaçãoopinião - 08/09/2021
138
CNJ - Conselho Nacional de Justiça /
PEC propõe excluir precatórios do teto de gastos; OAB defende medidaNoticias - 08/09/2021
140140
CNJ - Conselho Nacional de Justiça /
CNJ suspende concurso para juiz substituto do Tribunal de Justiça do RioNoticias - 08/09/2021
142142
CNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - Ouvidoria do CNJ /
CNJ institui grupo de trabalho para modernizar resolução das OuvidoriasNoticias - 08/09/2021
144144
Diario de Pernambuco - Online | PernambucoCNJ - Conselho Nacional de Justiça, CNJ - Corregedoria Nacional de Justiça /
Fux manda Tribunal de Mato Grosso do Sul retirar bandeira do Brasil ImpérioPolitica - 08/09/2021
146146
CNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Cartórios do Brasil serão autorizados a registrar crianças com o sexo ignoradoUltimas DP - 08/09/2021
148
Rádio BandNews (90,5 FM - Brasília) | São PauloCNJ - Conselho Nacional de Justiça /
Jornalista comenta sobre O TJ-MT hastear bandeira do impérioO É da Coisa - 08/09/2021
150
Folha de S. Paulo | NacionalJudiciário - STF /
Casuísmo digitalOpinião - 09/09/2021
151
Judiciário - STF /
Abusos e ilegalidades do Supremo dão força ao bolsonarismoPoder - 09/09/2021
153
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /
Mourão diz que não há clima para impeachmentPoder - 09/09/2021
154154
Judiciário - STF /
Impeachment só sai com apoio de partido grande <br> <br> da ala do centrãoPoder - 09/09/2021
157
Judiciário - STF /
Caminhoneiros bloqueiam estradas durante protestos em 15 estadosMercado - 09/09/2021
159
Judiciário - Judiciário /
MÔNICA BERGAMOIlustrada - 09/09/2021
161
O Estado de S. Paulo | NacionalJudiciário - Judiciário, Judiciário - STF /
...e não acontece nadaEspaço Aberto - 09/09/2021
163
Judiciário - STF /
Centrais sindicais aderem a atos convocados por MBL e Vem pra RuaPolítica - 09/09/2021
165
Judiciário - STF /
DIRETO DA FONTENa Quarentena - 09/09/2021
167
Judiciário - STF /
COLUNA DO ESTADÃOPolítica - 09/09/2021
169
Judiciário - STF /
Sem decisãoPolítica - 09/09/2021
170
O Globo | NacionalJudiciário - STF /
Site bolsonarista tem pedido negado pelo STFPolítica - 09/09/2021
171
Judiciário - Judiciário /
MORTES DESIGUAISBrasil - 09/09/2021
174
Judiciário - STF /
Veiculos de empresas do agronegócio encorparam atoPolítica - 09/09/2021
176
Judiciário - STF /
OUTRA DERROTA À VISTAPolítica - 09/09/2021
178178
Valor Econômico | NacionalJudiciário - Judiciário /
Justiça valida demissões por WhatsApp e nega indenização a trabalhadoresLegislaçao e Tributos - 09/09/2021
180
Judiciário - Judiciário /
Posições de Bolsonaro esfriam mais as relações entre Brasil e AlemanhaBrasil - 09/09/2021
182
Judiciário - Judiciário /
* TJ-SP impede venda de réplicas de modelos da PorscheLegislaçao e Tributos - 09/09/2021
184
Judiciário - STF /
Poderes Caminhoneiros bloqueiam rodovias em oito EstadosPolítica - 09/09/2021
186
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /
Mourão afirma que não há clima para afastamentoPolítica - 09/09/2021
187
Judiciário - STF /
Doria critica Lira por 'falta de compromisso com democracia'Política - 09/09/2021
188188
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /
Piora do cenário político vai pesar sobre economia, diz Mendonça de BarrosBrasil - 09/09/2021
193
Judiciário - STF /
Nem impeachment nem golpe no horizonte, diz JungmannPolítica - 09/09/2021
195
Judiciário - Judiciário, Judiciário - STF /
Empresários veem Bolsonaro mais isolado e retomada econômica distantePolítica - 09/09/2021
197197
Folha de Londrina Online | ParanáJudiciário - Presos /
Passavam por mim e iam direto a um homem, diz 1ª mulher a dirigir presídio no RSNoticias - 09/09/2021
200200
O Globo Online | NacionalJudiciário - Conciliação /
Após atos, Bolsonaro discute com ministros como reagir ao STF e à inflaçãoPolítica - 08/09/2021
202202
Estado de Minas online | Minas GeraisJudiciário - Presos /
Deputadas denunciam série de suicídios de LGBTs em presídio na Grande BHNoticias - 08/09/2021
206
Gaúcha ZH | Rio Grande do SulJudiciário - Conciliação /
Lira dá luz alta para Bolsonaro e reafirma confiança na urna eletrônicaRosane de Oliveira - 08/09/2021
208
Jota | São PauloJudiciário - Conciliação /
Marco temporal não pacifica sequer a relação do Supremo com o agroNoticias - 08/09/2021
211211
Judiciário - Conciliação /
Conteúdo nas redes: maioria dos líderes é a favor de moderação por plataformas e Judiciário
Noticias - 08/09/2021
214
O Globo - Blogs | NacionalJudiciário - Conciliação /
Lira fez concessão indevida a BolsonaroMerval Pereira - 08/09/2021
215
Band (SP) | São PauloJudiciário - Conciliação /
Partidos avaliam ação conjunta aos ataques de Bolsonaro ao STFJornal da Band - 08/09/2021
216
Globo News | NacionalJudiciário - Conciliação /
Ayres Britto: Presidente não quer cumprir a constituiçãoEm Ponto - 08/09/2021
219219
TV Justiça | Rio de JaneiroJudiciário - STF /
STF retoma Sessão Plenária por videoconferência sobre o marco temporalJornal da Justiça - 08/09/2021
220
Judiciário - STF /
STF recebe apoio após ameaças feitas pelo presidente Jair BolsonaroJornal da Justiça - 08/09/2021
221221
Judiciário - STF /
Senador apresenta ao Supremo notícia-crime contra o presidente Jair BolsonaroJornal da Justiça - 08/09/2021
222222
Judiciário - STF /
Desprezo às decisões judiciais por chefe de Poderes representa atentado à democraciaJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021
223223
Judiciário - STF /
Ministro Luiz Fux convoca líderes do país para enfrentar as dificuldades imediatasJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021
224
Judiciário - STF /
Presidente do STF rebate discursos do presidente da RepúblicaJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021
225225
Judiciário - STF /
Ministro Luiz Fux fala sobre as manifestações que ocorreram no 7 de setembroJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021
226
Judiciário - STF /
STF julga liminar contra a tramitação do novo Código EleitoralJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021
Judiciário - STF /
227Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociaisJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021
228
Judiciário - STF /
Ministros do STF retomam julgamento de recurso da FunaiJornal da Justiça 2ª Ediçao - 08/09/2021
229
CBN (São Paulo) | NacionalJudiciário - Conciliação /
Especialistas comentam sobre as manifestações de sete de setembroEstúdio CBN - 08/09/2021
Crise eleva riscos e piora expectativas
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: ROSANA HESSEL FERNANDA FERNANDES
Os agentes econômicos reagiram da pior forma possível
às manifestações de 7 de Setembro e às declarações
do presidente Jair Bolsonaro intensificando o confronto
com os demais Poderes. O consenso entre analistas é
de que, daqui para a frente, o cenário, que já era
pessimista, ficou mais nebuloso devido ao aumento do
'custo Bolsonaro'. Comisso, a população terá de arcar
com a fatura da maior incerteza, via baixo crescimento
da economia e alta da inflação. A previsão é de que os
índices de preços podem chegar à casa dos dois
dígitos, como já acontece com os juros cobrados pelo
mercado para investir em títulos públicos. Os papéis
com vencimento em janeiro de 2031, por exemplo,
voltaram a ser negociados acima de 11% ao ano.
Os pronunciamentos, ontem, dos chefes do Judiciário
e do Legislativo, contrapondo-se ao presidente,
deixaram dúvidas sobre o que ainda virá no cenário
político. O mercado está também na expectativa em
relação às manifestações da oposição ao governo,
marcadas para o próximo domingo. Analistas avaliam
que Bolsonaro, apesar da queda na popularidade, ainda
conta com apoio de uma fatia da população que não
pode ser ignorada. Contudo, avaliam que o governo terá
muito mais dificuldade para avançar com reformas,
como a tributária e a administrativa, e, para piorar, vai
retroceder no ajuste fiscal. A previsão é de que o
Centrão cobrará caro para barrar o impeachment, e,
como não há espaço para novas despesas no
Orçamento de 2022, a saída deverá ser via estouro do
teto de gastos - regra constitucional que limita o
aumento de despesas à inflação.
Outro consenso entre os analistas é o de que, ao voltar
a desafiar o Supremo Tribunal Federal (STF),
Bolsonaro travou a saída que vinha sendo negociada
com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para o
problema dos precatórios, as dívidas judiciais da União.
No total, R$ 89, 1 bilhões devem ser pagos em 2022, o
que não deixa espaço para a promessa do presidente
de aumentar o valor dos benefícios do Bolsa Família
nos meses que antecedem as eleições do próximo ano.
'O risco fiscal aumentou e, se não houver solução para
os precatórios, o governo deverá estourar o teto', alertou
Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora
de Recursos.
Volatilidade
Não à toa, a piora nas expectativas derrubou a Bolsa de
Valores de São Paulo (B3) e fez o dólar subir com força,
ontem (veja matéria ao lado). De acordo com o
economista Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria, a
tendência é de muita volatilidade no mercado financeiro
até as eleições de 2022. 'As perspectivas pioraram.
Esse governo só entregou a reforma da Previdência e
não vai conseguir entregar mais nada, nem ajuste fiscal.
Se vier alguma coisa, será muito pontual', afirmou
Jensen. 'A reforma administrativa é pouco ambiciosa. E
a reforma do Imposto de Renda, é melhor enterrar,
porque ficou tão ruim que a melhor opção é não fazer',
acrescentou.
Jensen reduziu de 5, 2% para 4, 9% a previsão de alta
do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, mas manteve13
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
em 2, 4% a estimativa de expansão em 2022. Mais
pessimista, o economista-chefe do Banco Fator, José
Francisco de Lima Gonçalves, passou a prever altas de
4, 1%, neste ano, e de 1, 1% em 2022 - 'na melhor das
hipóteses', porque a estimativa não considera os efeitos
de um agravamento da crise hídrica.
'Tudo mudou de patamar e, agora, ninguém sabe o que
vai acontecer', disse Gonçalves. 'O país só não entra
em recessão por acaso', alertou. O economista, porém,
não descarta as chances de o país entrar em um
cenário de estagflação - baixíssimo crescimento com
inflação - já que o Banco Central continuará elevando os
juros para conter o processo inflacionário e,
consequentemente, ajudará a frear o PIB. 'Na melhor
das hipóteses, o país voltará a registrar taxas de
crescimento medíocres', frisou.
O economista e consultor Alexandre Schwartsman, ex-
diretor do Banco Central, que passou a prever altas do
PIB de 4, 9%, neste ano, e de 1, 5%, em 2022, observa
que o crescimento do país será 'modesto',
especialmente, devido à limitação do principal motor do
PIB: o consumo das famílias, que ficou estagnado no
segundo trimestre. Ele destacou que a recuperação do
consumo 'parece travada pelo mau desempenho do
mercado de trabalho'. 'Acredito que melhore na segunda
metade do ano, na esteira da vacinação, seja pelo
consumo maior de serviços seja pelo aumento do
emprego associado a esse setor, mas lembrando que o
sarrafo está baixo', disse. Investimentos
De acordo com a economista Silvia Matos,
coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro
de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre),
outro motor do crescimento do PIB, os investimentos,
não deve contribuir para taxas mais robustas da
atividade. 'A tendência é de queda dos investimentos
nos próximos trimestres devido ao efeito base, e eles
não devem ajudar na retomada', alertou.
Sílvia Mastros comentou ainda que acabou a
contabilidade criativa que vinha turbinando os
investimentos na segunda metade de 2020: as
reimportações fictícias de plataformas de petróleo
antigas, que, na verdade, nunca saíram do país.
Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating,
lembrou que a inevitável piora nas contas públicas está
freando o capital estrangeiro. 'Os investidores não estão
de costas para o Brasil, mas olhando para o país com
uma lupa gigantesca e começando a discutir ações de
garantia e maior prêmio de risco para investirem aqui',
resumiu.
Bolsa desaba e dólar sobe
Os atos do 7 de Setembro tiveram efeito devastador no
mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice da
Bolsa de Valores de São Paulo (B3), despencou 3, 78%
ontem, fechando o pregão aos 113. 413 pontos. Foi a
maior queda da Bolsa desde a anulação da condenação
do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), em março deste ano. Com a retração do valor
das ações, as empresas listadas na B3 sofreram uma
perda de R$ 195 bilhões em valor de mercado, segundo
dados da consultoria Economática. O Ibovespa acumula
recuo de 4, 52% no mês e perda de 4, 71% no ano.
Os ruídos e a animosidade no cenário político também
se refletiram no dólar, que teve alta de 2, 89%, fechando
a quarta-feira a R$ 5, 326. Cristiane Quartaroli,
economista do Banco Ourinvest, afirma que a moeda,
que já abriu em alta, subiu ainda mais após as
declarações do presidente do STF Luiz Fux, que reagiu
duramente às críticas que o presidente Jair Bolsonaro
vem fazendo à Corte - indicando que a temperatura
política continuará elevada. 'A sensação de piora da
crise institucional deve continuar aumentando tanto a
volatilidade quanto a aversão ao risco aqui no Brasil,
provocando pressão na nossa moeda', alertou
Quartaroli.
O economista Lívio Ribeiro, pesquisador associado do
Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação
Getúlio Vargas (FGV) e sócio da BRCG, reforçou que as
questões domésticas deverão continuar afetando o
mercado até que o clima político seja minimamente
pacificado. 'A instabilidade deve continuar enquanto a
gente estiver cercada de tantas incertezas, que14
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
afugentam investidores. Nesse ambiente pouco
favorável, não há como planejar investimentos',
pontuou.
Dos R$ 195 bilhões perdidos em valor de mercado,
ontem, pelas empresas da bolsa, R$ 28, 7 bi foram
referentes às três principais estatais brasileiras no
Ibovespa: Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil. De
acordo com o economista da Economática Einar Rivero,
a Petrobras foi a empresa que mais perdeu, R$ 19, 65
bilhões. A seguir vieram Ambev, com R$ 15, 4 bilhões;
Itaú, R$ 14, 3 bilhões; Bradesco, R$ 12, 2 bilhões; e
Vale, R$ 10, 1 bilhões.
As paralisações de caminhoneiros em algumas estradas
também ajudou a azedar o humor dos investidores,
explicou Daniel Miraglia, economista chefe da Integral
Group. 'Uma coisa é eles reivindicarem queda do preço
de diesel e gasolina, o que já não seria uma boa notícia,
mas as reivindicações estão ligadas ao discurso que o
presidente fez na terça-feira', ressaltou.
1
De mal a pior
Discursos do presidente Jair Bolsonaro no 7 de
Setembro aumentam pessimismo do mercado e
ampliam incertezas sobre retomada e melhora da
questão fiscal Evolução do PIB
Escalada Com expectativa de piora nas contas públicas,
mercado cobra mais prêmio de risco para investir em
títulos públicos
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário -
STF, CNJ - Luiz Fux
15
Radicais tentam invadir STF
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Autor: LUANA PATRIOLINO CRISTIANE NOBERTO
Centenas de apoiadores de Jair Bolsonaro que vieram
para a manifestação do 7 de setembro e
continuam acampados na Esplanada dos Ministérios,
tentaram invadir o Supremo Tribunal Federal, ontem,
atendendo ao chamamento do presidente - que várias
vezes, antes do ato de apoio a ele e ao governo, falou
em destituir os ministros da Corte. O vandalismo foi
depois que o presidente do STF, Luiz Fux, fez um duro
pronunciamento em resposta a Bolsonaro. Uma barreira
policial impediu que os manifestantes chegassem
próximo à sede do Judiciário.
Os ânimos ficaram exaltados sobretudo porque Fux
afirmou que não mais toleraria movimentos golpistas e
intransigência. E ainda frisou que as ameaças de
Bolsonaro, se colocadas em prática, configuram 'crime
de responsabilidade', o que pode levá-lo ao
impeachment.
Um carro de som no canteiro central da Esplanada
tornou-se palco dos apoiadores do presidente, que se
revezavam em discursos. Um dos manifestantes
bradava contra os ministros do Supremo. 'Urubus, vocês
não são supremos. Nós vamos derrubar VOCÊS',
ameaçou.
Já um dos bolsonaristas afirmou, também do alto do
carro de som, ter em mãos uma carta para entregar ao
presidente com reivindicações como a aprovação da
PEC 103, que trata do voto impresso - sepultada pelo
plenário da Câmara em julho -, a auditoria das eleições -
que já são auditadas -, além de recolhimento dos
passaportes e prisão dos 11 ministros do STE
Solidariedade
Os manifestantes ainda prestaram solidariedade ao
cantor e ex-deputado Sérgio Reis, ao presidente do
PTB, Roberto Jefferson - preso por incitação à violência
contra os membros do Supremo - e ao caminhoneiro
Marcos Antônio Pereira Gomes, 0 Zé Trovão, que está
com prisão preventiva decretada pelo ministro
Alexandre de Moraes, mas está foragido desde 3 de
setembro.
Os governistas anunciaram que protocolaram um
pedido de prisão contra Moraes, na noite de ontem -
mas não disseram onde. As justificativas do documento
são 'crimes de tortura' e 'decisões inconstitucionais', e
teria sido assinado pela Ordem dos Advogados
Conservadores do Brasil e pela Marcha da Família. O
grupo também pendurou várias faixas com dizeres
antidemocráticos e uma delas pede o fechamento do
Congresso e a instauração de um regime militar, atos
considerados criminosos pela Constituição. 'Exigimos a
imediata destituição de todos os ministros do STF e a
criminalização do comunismo', propõe uma delas.
Mais cedo, esse mesmo grupo de radicais tentou
agredir um grupo de jornalistas, que precisou se abrigar
na sede do Ministério da Saúde - que fica próximo ao
acampamento dos bolsonaristas. Em nota, o Sindicato
de Jornalistas do Distrito Federal afirmou que os
profissionais ficaram dentro da sede da pasta. Já a16
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
Polícia Militar informou ao Correio que se tratava de
uma 'confusão' entre os manifestantes e a imprensa -
mas ninguém saiu ferido ou escoltado.
O ministério confirmou a tentativa de invasão. 'O
pessoal (bolsonarista) tentou entrar, mas os seguranças
não deixaram', disse uma nota da assessoria de
comunicação.
O policiamento e as barreiras que isolam o STF
impediram que bolsonaristas avançassem contra a
Corte. Grupo está acampado na Esplanada
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Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
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Luiz Carlos Azedo - O dia seguinte
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Autor: Luiz Carlos Azedo
O presidente Jair Bolsonaro demonstrou grande
capacidade de mobilização no dia 7 de setembro. Maior
do que a oposição imaginava, porém, menor do que
gostaria que fosse, para ir adiante no seu projeto de
emparedar o Supremo Tribunal Federal (STF) e/ou dar
um golpe de Estado. Grande o suficiente para garantir
uma base parlamentar capaz de barrar um processo de
impeachment, como ficou claro no pronunciamento do
presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).
Não o suficiente para intimidar o STF, como deixou
claro o seu presidente, ministro Luiz Fux.
O país está prisioneiro de uma armadilha criada pelo
presidente da República. É um impasse no qual as
pesquisas de opinião apontam o seu enfraquecimento,
mas não ainda o suficiente para inviabilizar sua
presença no segundo turno. Bolsonaro perde a
expectativa de reeleição, mas continua controlando a
forma mais concentrada de poder: o governo, que
arrecada, normatiza e coage. Sua gestão é um desastre
multifacetado, que turva o horizonte político e
econômico e agrava os problemas sociais, é certo.
Mesmo assim, Bolsonaro contém a expetativa de poder
da oposição, gerada principalmente pelo favoritismo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a ameaça
de impedir as eleições ou não aceitar seu resultado. Ou
seja, de não deixar que o petista tome posse, caso
vença as eleições, como fizera Carlos Lacerda na
campanha eleitoral de 1950.
Como diria o Barão de Itararé, tudo seria fácil se não
fossem as dificuldades. Os episódios do Dia da
Independência e os de ontem, com os pronunciamentos
do presidente da Câmara e do presidente do Supremo,
refletem o outro lado da mobilização bolsonarista. Além
de uma fieira de crimes eleitorais - propaganda
antecipada, uso indevido de recursos públicos,
financiamento ilegal etc. -, Bolsonaro cometeu crime de
responsabilidade ao atacar o Supremo e dizer que não
aceitaria decisões do ministro Alexandre de Moraes. A
premissa de um processo de impeachment já está dada,
a forma, ainda não. É um processo político, que
somente começa quando o presidente da Câmara tira
da gaveta um dos pedidos de impeachment.
Bolsonaro lançar suas falanges políticas contra as
instituições, que trata como se fosse a oposição e não
Poderes e/ou agências de Estado, foi um erro crasso.
Em vez de sair do isolamento e retomar a capacidade
de iniciativa política, acabou mais isolado ainda. Criou
um clima favorável ao surgimento de uma candidatura
de centro, comprometida com a democracia, ou seja,
alternativa a ele próprio, e não a Lula. O monitoramento
das redes sociais pelas agências de risco aponta nessa
direção. Há pré-candidatos assumidos: Ciro Gomes
(PDT), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta
(DEM), Alessandro Vieira (Cidadania),
ou que se fingem de mortos - Sérgio Moro (sem partido)
e Rodrigo Pacheco (DEM). Quem conseguir galvanizar
'a direita da esquerda e a esquerda da direita' do
eleitorado pode emergir como alternativa de poder e
chegar ao segundo turno. Seus partidos já dialogam
intensamente, em busca de uma coalizão contra
Bolsonaro. Estado-maior18
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
É muito difícil entender a cabeça do presidente da
República, porque ele foge aos paradigmas tradicionais
da política e da normalidade institucional. Mas é
possível definir o caráter bonapartista de seu governo,
em conflito com a Constituição de 1988 e
hegemonizado por três generais amigos - o ministro da
Defesa, Braga Neto, o golpista; Luiz Ramos, secretário-
geral da Presidência, o mais amigo, e Augusto Heleno,
chefe do Serviço de Segurança Institucional, o ideólogo
-, e pelos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-
RJ), o articulador empresarial; o deputado Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP), que coordena os grupos de
extrema direta; e o vereador carioca Carlos Bolsonaro, o
grande operador de suas redes sociais. Os demais
ministros são meros coadjuvantes, mesmo o novo chefe
da Casa Civil, senador Ciro Nogueira (PP-PI), que
entrou no governo para tirar Bolsonaro do isolamento e
foi engolido pela radicalização.
A estratégia de Bolsonaro é politizar ao máximo
fracasso econômico e administrativo, deslocando o eixo
da discussão dos problemas reais da população e
transferindo responsabilidades para governadores,
prefeitos e os demais Poderes, na linha de que o
Judiciário não deixa o presidente da República
governar, nem o Congresso não aprova as reformas.
Bolsonaro têm uma interpretação do Poder delegado
pelos eleitores à Presidência que extrapola seus limites
constitucionais, daí vem o conflito institucional. Ontem,
apoiadores mais radicais e truculentos tentaram invadir
o Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro incitou-
os e sinalizou que pretende mobilizá-los para impedir as
eleições de 2022, uma ameaça muito grave à
democracia.
COLUNISTAS
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
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'Ninguém fechará esta corte', avisa Fux
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Autor: ISRAEL MEDEIROS - FERNANDA STRICKLAND
As ameaças do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo
Tribunal Federal, em mais um degrau da crise
institucional que se arrasta há meses, provocaram uma
forte reação dos demais Poderes republicanos. A
resposta mais contundente partiu do Judiciário, alvo
principal dos ataques de Bolsonaro nas manifestações
de Sete de Setembro. O ministro Luiz Fux, presidente
do STF, disse, em pronunciamento, que 'ninguém
fechará' a Corte. E lembrou o papel constitucional do
Congresso Nacional na apuração de crimes de
responsabilidade cometidos pelo chefe do Executivo. As
declarações inflamadas de Bolsonaro para multidões de
apoiadores também provocaram reações de
representantes do Parlamento, da Procuradoria-Geral
da República e de partidos políticos. Não há sinal de
distensionamento após o Dia da Independência,
sequestrado pela ideologia bolsonarista.
Na abertura da sessão de ontem do Supremo Tribunal
Federal, Luiz Fux expressou o sentimento recolhido
dos demais ministros na noite anterior. 'Ofender a honra
dos ministros e incitar a população a propagar discursos
de ódio contra a instituição do Supremo Tribunal
Federal e incentivar o descumprimento de decisões
judiciais são práticas antidemocráticas e ilícitas e
intoleráveis em respeito ao juramento constitucional que
todos nós fizemos ao assumirmos uma cadeira nesta
Corte', disparou Fux.
Após explicitar a defesa incondicional da democracia, o
presidente do STF alertou para as consequências de
desafiar o Poder Judiciário. 'Se o desprezo às decisões
judiciais ocorre por iniciativa do chefe de qualquer dos
Poderes, essa atitude, além de apresentar um atentado
à democracia, configura crime de responsabilidade, a
ser analisado pelo Congresso Nacional', disse Fux. Ele
acrescentou que as discordâncias e questionamentos a
decisões judiciais devem ser feitas de acordo com a lei,
através de recursos processuais e sem desobediência.
O ministro conclamou, ainda, os líderes do país a se
preocuparem com os reais problemas que assolam a
população, como a pandemia do novo coronavírus - que
já matou mais de 580 mil brasileiros -, o desemprego e
a inflação. O ministro fez, também, um apelo à
população. 'Estejamos atentos a esses falsos profetas
do patriotismo, que ignoram que democracias
verdadeiras não admitem que se coloque o povo contra
o povo ou o povo contra suas instituições', pontuou Fux.
'Povo brasileiro, não caia na tentação das narrativas
fáceis e messiânicas, que criam falsos inimigos da
nação. Mais do que nunca, nosso tempo requer respeito
aos poderes constituídos', completou. Impeachment
O discurso de Fux foi, em larga medida, a resposta mais
forte às investidas de Bolsonaro. E contrastou com o
tom adotado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), responsável por dar início a um processo de
impeachment. Lira disse que é hora de dar um 'basta'
na escalada da crise entre o Executivo e o Judiciário.
'Não vejo como possamos ter ainda mais espaço para
radicalismo e excessos', afirmou. Ele lamentou, ainda,
que "bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno
palanque deixaram de ser um elemento virtual e20
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade'.
Lira fez questão de externar o posicionamento da
Câmara, com recados para o Executivo e o Judiciário.
'Não posso admitir questionamentos sobre decisões
tomadas e superadas - como a do voto impresso. Uma
vez definida, vira-se a página. Assim como também vou
seguir defendendo o direito dos parlamentares à liVTe
expressão - e a nossa prerrogativa de puni-los
internamente se a Casa com sua soberania e
independência entender que cruzaram a linha", disse o
presidente da Câmara. Chefe de poder que mantém
mais contato com o Palácio do Planalto, Lira foi
procurado pelos ministros Ciro Nogueira e Flávia
Arruda. Reuniu-se com o presidente Bolsonaro, em uma
tentativa do governo de encontrar uma saída para o
impasse institucional.
O presidente do Senado também se pronunciou.
Rodrigo Pacheco (DEM-MG) afirmou que o Brasil vive
uma 'crise real', com a alta da inflação e do preço dos
combustíveis e afirmou que a solução para estes
problemas não está em questionar a democracia. 'Nós
vivemos em um país em crise. Uma crise real. De fome
e de miséria que bate à porta dos brasileiros,
sacrificando a dignidade das pessoas. (. . . ) A solução
não está no autoritarismo, não está nos arroubos
antidemocráticos, não está em questionar a democracia.
A solução está na maturidade política dos poderes
constituídos de buscar convergências para aquilo que
interessa aos brasileiros', disse.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, adotou
um tom igualmente moderado. Classificou as
manifestações como 'festa cívica" de uma 'sociedade
plural e aberta'. (Israel Medeiros, Jorge Vasconcellos,
Raphael Felice, Fernanda Strickland).
Estejamos atentos a esses falsos profetas do
patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras
não admitem que se coloque o povo contra O povo ou o
povo contra suas instituições. '
Luiz Fux,
presidente do STF
Nogueira (E) e Arruda (ao fundo) chamaram Lira (D)
para o Planalto
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
21
Armas na mira do STF
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
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Supremo Tribunal Federal marcou para 17 de
setembro o recomeço do julgamento de ações que
questionam a política armamentista do governo federal.
Isso porque, ontem, o ministro Alexandre de Moraes
devolveu os processos para os quais pedira vistas, o
que permitiu a retomada dos trabalhos.
O julgamento será por meio do plenário virtual, que
estará aberto para apresentação da decisão de cada
ministro até dia 24. Nesta modalidade de votação, os
ministros vão depositando os votos por escrito, sem a
necessidade de sessões presenciais ou por
videoconferência para que sejam lidos. As ações têm
como relatores a ministra Rosa Weber e os ministros
Edson Fachin e Alexandre de Moraes. E questionam os
seguintes temas: os decretos de 2019 que facilitaram a
posse de arma de fogo; a decisão da Câmara de
Comércio Exterior (Camex) de reduzir a zero a alíquota
para a importação de revólveres e pistolas; os decretos
de fevereiro passado sobre posse e porte de arma; o
aumento do limite, de dois para seis, de armas de fogo
que qualquer pessoa possa comprar; a portaria conjunta
dos ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança
Pública que subiu para 550 o número de munições que
podem ser adquiridas mensalmente por quem tem
posse ou porte de arma; a revogação pelo Exército de
portarias para que armas e munições sejam rastreadas
e marcadas. Campanha
Desde a campanha presidencial, Jair Bolsonaro tem
enfatizado que pretendia facilitar a obtenção de armas,
inclusive de grosso calibre, por qualquer cidadão.
Sempre que pode, ele enfatiza que pretende que as
pessoas andem armadas a título de se protegerem e
protegerem seus patrimônios.
Mas já deu vários indicativos de que pretende fazer
algum uso político desse consumo desenfreado de
armas de fogo. Além de repetir sempre que pode a
expressão 'povo armado jamais será escravizado', em
27 de agosto passado disse a apoiadores, na saída do
Palácio da Alvorada, que 'o CAC (Caçador, Atirador e
Colecionador) está podendo comprar fuzil. O CAC, que
é fazendeiro, compra fuzil, o 762. Tem que comprar é. .
. tem que todo mundo comprar fuzil, pô. . Eu sei que
custa caro. Tem um idiota: 'ah, tem que comprar é
feijão'. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o
saco de quem quer comprar'. Em 7 de setembro,
durante as manifestações governistas em São Paulo e
Brasília, Bolsonaro afirmou que não cumprirá decisões
que venham de Alexandre de Moraes.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Rosa Weber
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Basta de autoritarismo
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
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Aqueles que intencionam levar o Brasil para um regime
de exceção precisam ter claro que a sociedade jamais
abrirá mão da democracia. As mensagens passadas
pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado,
Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal,
Luiz Fux, um dia depois das manifestações de Sete de
Setembro em favor do presidente Jair Bolsonaro, dão a
exata dimensão de que não há espaço para arroubos
autoritários. As instituições estão prontas para agir.
A energia que vem sendo gasta pelo chefe do Executivo
para tumultuar o ambiente político deveria ser
dispendida para enfrentar os problemas do Brasil real,
que tendem a se agravar quanto maiores forem os
ruídos provocados por Brasília. Um sinal evidente de
repúdio a ameças ao Supremo Tribunal Federal e ao
Congresso veio do mercado financeiro. Somente ontem,
a Bolsa de Valores de São Paulo tombou quase 4% e o
dólar voltou a ficar acima de R$ 5, 30.
Bolsa em queda significa destruição de riqueza - foram
menos R$ 195 bilhões em apenas um dia. Dólar
subindo é mais inflação. Assim, quanto mais prolongado
for o quadro de desconfiança e de pessimismo, mais
rapidamente a economia caminhará para o precipício. A
inflação que está destruindo o orçamento da família -
acumula alta de 9% em 12 meses - tenderá a sair do
controle, desestruturando, também, o orçamento das
empresas. O desarranjo geral significará mais
desemprego. O caos social será enorme.
Não por acaso, o presidente do STF foi enfático: 'O
verdadeiro patriota não fecha os olhos para os
problemas reais e urgentes do Brasil. Pelo contrário,
procura enfrentá-los, tal como um incansável artesão,
tecendo consensos mínimos entre os grupos que
naturalmente pensam diferente. Só assim é possível
pacificar e revigorar uma nação inteira'. Arthur Lira
endossou: 'Bravatas em redes sociais, vídeos e um
eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e
passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O
Brasil que vê a gasolina chegar a R$ 7 e o dólar
valorizado em excesso'.
No entender de Rodrigo Pacheco, a solução para a
crise na qual o país está mergulhado não está no
autoritarismo, nos arroubos antidemocráticos, em
questionar a democracia. 'A solução está na maturidade
política dos Poderes constituídos de se entenderem, de
buscarem as convergências para aquilo que
verdadeiramente interessa aos brasileiros', afirmou. E
acrescentou: 'Não é com excessos, não é com
radicalismo, não é com extremismo, é com diálogo e
com respeito à Constituição que nós vamos conseguir
resolver os problemas dos brasileiros'.
A pacificação do país, portanto, é mais do que urgente.
Divergências sempre vão existir e fazem parte de um
ambiente democrático sólido. É por meio do debate que
se constroem soluções que beneficiam a maioria. Tentar
minar as instituições a fim de abrir espaço para
aventuras antidemocráticas foge totalmente desse
escopo de nação. É retrocesso. O Brasil não se curvará
ao autoritarismo.
COLUNISTAS
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Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
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Bolsa desaba e dólar sobe
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
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Os atos do 7 de Setembro t1veram efeito devastador no
mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice da
Bolsa de Valores de São Paulo (B3), despencou 3, 78%
ontem, fechando o pregão aos 113. 413 pontos. Foi a
maior queda da Bolsa desde a anulação da condenação
do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal
(STF), em março deste ano. Com a retração do valor
das ações, as empresas listadas na B3 sofreram uma
perda de R$ 195 bilhões em valor de mercado, segundo
dados da consultoria Economática. O Ibovespa acumula
recuo de 4, 52% no mês e perda de 4, 71% no ano.
Os ruídos e a animosidade no cenário político também
se refletiram no dólar, que teve alta de 2, 89%, fechando
a quarta-feira a R$ 5, 326. Cristiane Quartaroli,
economista do Banco Ourinvest, afirma que a moeda,
que já abriu em alta, subiu ainda mais após as
declarações do presidente do STF, Luiz Fux, que
reagiu duramente às críticas que o presidente Jair
Bolsonaro vem fazendo à Corte - indicando que a
temperatura política continuará elevada. 'A sensação de
piora da crise institucional deve continuar aumentando
tanto a volatilidade quanto a aversão ao risco aqui no
Brasil, provocando pressão na nossa moeda', alertou
Quartaroli.
O economista Lívio Ribeiro, pesquisador associado do
Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação
Getulio Vargas (FGV) e sócio da BRCG, reforçou que as
questões domésticas deverão continuar afetando o
mercado até que o clima político seja minimamente
pacificado. 'A instabilidade deve continuar enquanto a
gente estiver cercada de tantas incertezas, que
afugentam investidores. Nesse ambiente pouco
favorável, não há como planejar investimentos',
pontuou.
Dos R$ 195 bilhões perdidos em valor de mercado,
ontem, pelas empresas da bolsa, R$ 28, 7 bi foram
referentes às três principais estatais brasileiras no
Ibovespa: Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil. De
acordo com o economista da Economática Einar Rivero,
a Petrobras foi a empresa que mais perdeu, R$ 19, 65
bilhões. A seguir vieram Ambev, com R$ 15, 4 bilhões;
Itaú, R$ 14, 3 bilhões; Bradesco, R$ 12, 2 bilhões; e
Vale, R$ 10, 1 bilhões.
As paralisações de caminhoneiros em algumas estradas
também ajudou a azedar o humor dos investidores,
explicou Daniel Miraglia, economista chefe da Integral
Group. 'Uma coisa é eles reivindicarem queda do preço
de diesel e gasolina, o que já não seria uma boa notícia,
mas as reivindicações estão ligadas ao discurso que o
presidente fez na terça-feira', ressaltou.
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Luiz Fux
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'É crime'
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
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Coube ao presidente do Supremo Tribunal Federal,
ministro Luiz Fux, a reação mais enérgica à exibição
desabrida de golpismo com a qual Jair Bolsonaro
conspurcou o Dia da Independência.
Sem floreios ou meias palavras, o magistrado disse o
óbvio necessário -que o descumprimento de decisões
judiciais, pregado pelo presidente da República a uma
turba fanatizada, 'configura crime de responsabilidade a
ser analisado pelo Congresso Nacional' se levado a
cabo pelo chefe de um Poder.
'A crítica institucional não se confunde -nem se adequa-
com narrativas de descredibilização do STF e de seus
membros, tal como vêm sendo gravemente difundidas
pelo chefe da nação', apontou Fux.
Com a altivez do presidente da corte contrastaram os
pronunciamentos dissimulados do presidente da
Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do
procurador geral da República, Augusto Aras, que
parecem ter se sentido obrigados a dizer algo diante da
infâmia de Bolsonaro, mas nem mesmo tiveram a
coragem de nominá-lo.
Mais do que repetir platitudes a respeito da importância
do respeito à Constituição, Lira e Aras precisam
demonstrar a disposição de agir como exigem seus
cargos.
Ao primeiro cabe a responsabilidade de deliberar sobre
mais de uma centena de pedidos de impeachment que
dormem em sua gaveta. Se os considera sem
fundamento, que os rejeite, e a decisão possa ser
submetida ao plenário. Inaceitável é que o Legislativo
não trate do tema enquanto o presidente da República
afronta as instituições.
Já do procurador-geral depende a iniciativa de
investigar o chefe de Estado por infrações penais
comuns, o que pode incluir desde a negligência no
combate à pandemia até a difusão de mentiras para
desacreditar as urnas eletrônicas.
Recorde-se que o Tribunal Superior Eleitoral abriu
inquérito administrativo sobre uma transmissão pela
internet em que Bolsonaro, sem apresentar uma mísera
evidência, acusou a instituição de fechar os olhos para
alegadas fraudes em pleitos passados.
A apuração pode ser ampliada para alcançar novas
suspeitas, como ade que o presidente, ao participar de
atos como os do 7 de Setembro, faz campanha eleitoral
antecipada ou abusa de seu poder político e econômico.
São ilegalidades que, em tese ao menos, podem tornar
o mandatário inelegível.
Uma investigação desse tipo teria mais peso com o aval
do procurador-geral, mas na Justiça Eleitoral -onde
tramita também processo que pode levar à cassação da
chapa Bolsonaro-Hamilton Mourão- isso não é
indispensável.
Fato é que as instituições se encontram na obrigação de
reagir, nos limites e rigores da lei, à escalada de
abusos, ameaças e transgressões. O mandatário
desmoraliza a cada dia os que com ele procuram26
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
contemporizar.
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Luiz Fux
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Fux alerta para crime de Bolsonaro; Lira diz 'basta', mas não
impeachment'
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - STF
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Autor: Marcelo Rocha, Danielle Brant , Ranier Bragon e
Renato Machado
Acusado pela oposição dese alinhar aos interesses do
Palácio do Planalto, o procurador-geral da República,
Augusto Aras, compareceu ao plenário do Supremo
nesta quarta -ele tem participado das sessões por
videoconferência- e também discursou sobre o 7 de
Setembro.
'Acompanhamos ontem [terça-feira] uma festa cívica,
com manifestações pacíficas, que ocorreram
hegemonicamente de forma ordeira pelas vias públicas
do Brasil', afirmou Aras.
O procurador-geral não citou as declarações do chefe
do Executivo, mas disse que não se pode desprezar 'o
devido processo legal, o devido processo legislativo, o
devido processo administrativo'.
Por meio dessas vias, frisou ele, 'assegura-se que as
minorias tenham voz e meios contra os excessos da
maioria, e também que os direitos da maioria sejam
preservados no processo decisório inerente às
democracias representativas ou diretas'.
Aras disse que discordâncias que extrapolem as
manifestações críticas devem ser tratadas pelas vias
adequadas, de modo a não criar constrangimentos,
dificuldades e até injustiças.
A atual crise institucional, patrocinada por Bolsonaro,
teve início quando o presidente disse que as eleições de
2022 somente seriam realizadas com a implementação
do sistema do voto impresso -mesmo depois de essa
proposta já ter sido derrubada pelo Congresso.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que levou a
PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto
impresso para votação do plenário após receber
compromisso de Bolsonaro de que respeitaria a decisão
da Casa. Nesta quarta, ele cobrou o mandatário sobre
este tema já rejeitado pelos deputados.
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Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - STF
'Não posso admitir questionamentos sobre decisões
tomadas e superadas, como a do voto impresso. Uma
vez definida, vira-se a página. "
Em agosto, Lira afirmou que estava com 'o botão
amarelo'" acionado e que não iria aderir a qualquer
mobilização para romper com 'a independência e
harmonia entre os Poderes'.
_ _ _ _
Doria diz que Lira não tem compromisso com a
democracia
Carolina Linhares
SÃO PAULO - O governador de São Paulo, João Doria
(PSDB), disse lamentar a declaração do presidente da
Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que não
mencionou o impeachment de Jair Bolsonaro nesta
quarta (8), o que foi lido como uma resistência em
pautar o tema.
Doria afirmou que Lira não tem compromisso coma
democracia e cobrou que ele dê andamento aos
pedidos de impeachment contra o presidente. 'Eu
lamento que ele não tenha compromisso com a
democracia, porque, se tivesse, estaria colocando em
pauta o impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Lamento sinceramente a postura, a atitude e o
descompromisso do presidente da Câmara Federal com
a democracia brasileira', afirmou o tucano nesta quarta.
Durante entrevista à imprensa, Doria recuperou a fala
de Lira, feita minutos antes em pronunciamento, de que
é 'hora de dar um basta à escalada de bravatas'.
'Se esta de fato é a posição, ele que faça o
encaminhamento de um dos pedidos de impeachment.
Não é apenas na palavra, mas na atitude que se faz
democracia', cobrou Doria.
'Depois dos arroubos, depois do afrontamento que
tivemos ontem [terça, 7] à Constituição, à democracia, à
Suprema Corte, o mínimo que poderia se esperar de um
presidente da Câmara era submeter aos seus
parlamentares -já que a decisão não é dele, não é
monocrática, é da Câmara e do Senado- que pudesse
submeter e dar andamento ao pedido de impeachment'
A defesa do impeachment de Bolsonaro voltou a ganhar
força entre partidos e políticos de oposição, na
esquerda ena direita, após as falas golpistas e as
ameaças ao STF do presidente nas manifestações de 7
de Setembro em Brasília e São Paulo.
Na terça, diante dos atos bolsonaristas, Doria defendeu
pela primeira vez que seu partido, o PSDB, apoie um
pedido contra Bolsonaro. A sigla se reuniu nesta quarta
e decidiu colocar-se formalmente como oposição ao
presidente.
'Nossa posição em São Paulo é de que o PSDB deve
ser oposição ao governo e apoiar o impeachment',
afirmou à Folha o tucano.
Os tucanos consideram 'gravíssimas' as declarações
golpistas de Bolsonaro no ato do 7 de Setembro em
Brasília. Doria é o principal rival estadual do presidente
e disputa as prévias do PSDB com Eduardo Leite (RS)
para ser o candidato do partido ao Planalto em 2022.
Doria falou ainda sobre as manifestações do domingo
(12) a favor do impeachment de Bolsonaro e
convocadas por grupos de oposição à direita, como
MBL e Vem Pra Rua. O governador disse avaliar se irá
comparecer.
'Como cidadão, como brasileiro, defendo e apoio todos
que se manifestarão, seja em São Paulo ou seja em
qualquer cidade do país, no próximo dia 12, a favor da
democracia, da liberdade, da Constituição e,
principalmente, da maioria expressiva dos brasileiros',
disse.
Com as ruas tomadas por manifestações recentes pró-
Bolsonaro e contra o presidente, sendo essas
mobilizadas pela esquerda e, consequentemente,
demonstrando apoio a Lula (PT), o próximo ato tem sido
identificado como um espaço da chamada terceira via -29
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - STF
embora os organizadores reforcem o mote único contra
Bolsonaro e defendam a participação de todos os
setores.
'Não se trata aqui de grupos simpáticos a mim ou não.
Mas sim grupos que defendem a democracia, defendem
a Constituição e defendem a liberdade, como eu
defendo', disse Doria.
Na coletiva, Doria também foi questionado sobre
eventual adesão do PSDB à iniciativa da presidente do
PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), de reunir
partidos de oposição para discutir os próximos passos
da campanha pelo impeachment.
O governador de São Paulo afirmou que cabe ao
presidente do seu partido, Bruno Araújo, avaliar a
questão.
A respeito da posição de governadores, disse que
vários se manifestaram contra Bolsonaro. Em meio a
sua fala em defesa da democracia, Doria afirmou que
São Paulo garante segurança ao ministro Alexander de
Moraes, do STF ameaçado por Bolsonaro e a outros
dois ministros que vivem no estado.
'Lamento que o presidente continue flertando com
autoritarismo. Aqui em São Paulo ele não terá eco junto
ao governo do estado', disse.
BRASÍLIA - O presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), Luiz Fux, fez duro discurso nesta quarta (8)
contra as falas golpistas de Jair Bolsonarono 7 de
Setembro e afirmou que ameaça do mandatário de
descumprir decisões judiciais do ministro Alexandre de
Moraes, se confirmada, configura 'crime de
responsabilidade'.
'Se o desprezo às decisões judiciais ocorre pori niciativa
do chefe de qualquer dos Poderes, essa atitude, além
de representar atentado à democracia, configura crime
de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso
Nacional", afirmou Fux, na abertura da sessão do
plenário. 'Ninguém fechará esta corte. Nós a
manteremos de pé, com suor e perseverança',
completou.
Na terça-feira (7), diante de milhares de apoiadores em
Brasília e em São Paulo, Bolsonaro fez ameaças
golpistas ao STF elevando a pressão da classe política
pela abertura de processo de impeachment.
O presidente disse que não aceitará que qualquer
autoridade tome medidas ou assine sentenças fora das
quatro linhas da Constituição e declarou que não
cumpriria mais decisões de Moraes.
Com o poder de mandar abrir um processo de
afastamento de Bolsonaro, o presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), elevou o tom de crítica ao
presidente, falou em 'basta', mas enviou sinais de
tentativa de apaziguamento e não falou sobre
impeachment -há mais de cem pedidos para isso na
Casa.
'É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito
looping negativo', afirmou, dizendo também que
'bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno
palanque deixaram de ser um elemento vir tual e
passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade'.
Em março e depois em agosto deste ano, Lira havia
dado recados a Bolsonaro em meio à crise institucional
provocada pelo presidente dizendo que estava com 'o
botão amarelo' acionado.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),
que suspendeu as sessões desta semana, afirmou que
o Brasil é um país em 'crise real' e criticou as falas de
Bolsonaro sem citar diretamente seu nome.
'É uma crise real que nós vivemos e que nós temos que
dar solução a ela. E essa solução não está no
autoritarismo, não está nos arroubos antidemocráticos,
não está em questionar a democracia, essa solução
está na maturidade política dos Poderes constituídos
dese entenderem, de buscarem as convergências para
aquilo que verdadeiramente interessa', afirmou
Pacheco.
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Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - STF
Os recados mais duros, porém, foram os de Fux,
presidente do Supremo, que se tornou o principal alvo
dos bolsonaristas no 7 de Setembro.
'Num ambiente político maduro, questionamentos às
decisões judiciais devem ser realizados não através da
desobediência, não através da desordem, e não através
do caos provocado, mas decerto pelos recursos, que
são as vias processuais próprias', disse.
'Ofender a honrados ministros, incitar a população a
propagar discursos de ódio contra a instituição do
Supremo Tribunal Federal e incentivar o
descumprimento de decisões judiciais são práticas
antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis, que não
podemos tolerar em respeito ao juramento
constitucional que fizemos ao assumir uma cadeira na
corte', afirmou o ministro.
De acordo com o presidente do STF o tribunal não
aceitará ameaças. 'Imbuído desse espírito democrático
e de vigor institucional, este Supremo Tribunal Federal
jamais aceitará ameaças à sua independência nem
intimidações ao exercício regular de suas funções. '
Sem citar nominalmente Bolsonaro, referindo-se a ele
como 'chefe da nação', Fux falou em 'falsos profetas do
patriotismo'.
'Infelizmente, tem sido cada vez mais comum que
alguns movimentos invoquem a democracia como
pretexto para a promoção de ideias antidemocráticas.
Estejamos atentos a esses falsos profetas do
patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras
não admitem que se coloque o povo contra o povo, ou o
povo contra as suas próprias instituições', disse. 'Povo
brasileiro, não caia na tentação das narrativas fáceis e
messiânicas, que criam falsos inimigos da nação',
ressaltou.
A manifestação de Fux foi combinada com os demais
ministros em reunião por vídeo na noite de terça,
quando decidiram que caberia ao presidente da corte
falar em nome de todos na sessão.
'Ou o chefe desse Poder enquadra o seu [ministro] ou
esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos',
disse Bolsonaro em Brasília na manhã de terça, em
recado ao presidente do Supremo.
O chefe do Executivo também fez referência a recentes
decisões de Moraes, relator da maioria das
investigações em curso no STF que miram Bolsonaro e
seus apoiadores. O ministro Luís Roberto Barroso,
presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), também
é alvo dos ataques nas últimas semanas em razão da
defesa que o magistrado faz do sistema eleitoral.
'Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos
respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se
enquadra ou pede para sair', disse Bolsonaro na terça-
feira.
À tarde, na avenida Paulista, o mandatário exortou
desobediência a decisões da Justiça.
'Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês,
determinar que todos os presos políticos sejam postos
em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente
não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se
esgotou', disse.
"Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa
do chefe de qualquer dos Poderes, essa atitude, além
de representar atentado à democracia, configura crime
de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso
Nacional"
Luiz Fux
presidente do STF
"É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito
looping negativo. [... ] Bravatas em redes sociais, vídeos
e um eterno palanque deixaram de ser um elemento
virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de
verdade"
Arthur Lira (PP-AL)
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Judiciário - STF
presidente da Câmara
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
32
Reação é insuficiente para conter ímpeto golpista no Planalto
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Judiciário - Judiciário
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Autor: íor Gielow
ANÁLISE
SÃO PAULO - Como acontece nos filmes B, o clímax do
capítulo 8 de setembro de 2021 da crise institucional
brasileira misturou previsibilidade e alguma
prestidigitação.
Na superfície, os discursos de Arthur Lira (PP-AL) e
Luiz Fux são peças que causariam espanto em
qualquer país que se diga democrático: chefes do
Legislativo e do Judiciário admoestaram o presidente
da República a se comportar dentro da lei.
Ora, Bolsonaro opera fora de parâmetros constitucionais
há bastante tempo, empilhando crimes de
responsabilidade em quase todas as áreas de sua
atuação. As manifestações do 7 de Setembro foram
apenas uma apoteose à espera do próximo capítulo.
Assim, quando o presidente do Supremo Tribunal
Federal afirmou que os ataques e ameaças do inquilino
do Alvorada constituíam práticas 'antidemocráticas,
ilícitas, intoleráveis', a pergunta se impõe: e então? O
ilícito já ocorreu, para ficar no que enseja resposta
efetiva.
Riscar a linha numa areia há muito revolvida apenas
parece incentivar a delinquência a buscar uma nova
oitava acima.
Obviamente, o próprio Fux tem a resposta: Bolsonaro
arrisca o pescoço com um processo de impeachment se
cumprir, por exemplo, a promessa de ignorar decisões
judiciais de Alexandre de Moraes, seu malvado favorito.
Pode ser, mas na prática como isso ocorreria se a
Polícia Federal que toca o inquérito das fake news o faz
com um delegado autônomo? Novamente, aqui parece
mais uma dessas pegadinhas autoritárias corrosivas de
Bolsonaro, talvez não elaboradas como tal.
Fux também prestou uma homenagem tão elaborada a
forças policiais que cumpriram seu dever e a militares
que não estavam na linha de frente no dia 7 que um
general questionou se no fundo aquilo não teria sido
uma demonstração de temor reverencial ou, pior,
fraqueza.
A presença de caminhoneiros radicalizados ameaçando
o Supremo e protagonizando relatos de uma tentativa
demovimento nacionalizado de apoio ao presidente,
além da crença dos bolsonaristas no golpe redentor,
emprestam tons dramáticos a isso.
Uma mensagem que circula entre empresários que
apoiam o presidente fala abertamente num golpe que
começaria com bloqueios de caminhões em estados
adversários, levando intervenções federais que
evoluiriam no delírio para a refundação do República ou
algo do gênero.
É de se questionar a qualidade do fast-food consumido
pelo pessoal, que ignora legislação e condições
políticas básicas.
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Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
Seja como for, aí o foco se vira para o presidente da
Câmara, que deixou claríssimo em sua fala que não
pretende colocar nenhuma discussão sobre
impeachment para andar. Ou seja, assim como seu
antecessor Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas por motivos
diversos, deixará os pedidos trancados na gaveta.
O rosário de encantos de Lira é o inaudito controle
sobre emendas orçamentárias, numa dobradinha com o
acossado Ciro Nogueira, que parece atordoado em sua
tentativa de extrair o máximo da sociedade anti-
impeachment que lhe foi proposta por Bolsonaro.
O manual prático de impeachments preconiza a
dissolução política, a crise econômica e as proverbiais
ruas para derrubar um presidente. Foi assim com
Fernando Collor e Dilma Rousseff, noves fora as
irregularidades atribuídas a ambos.
Se a inflação em dois dígitos, a desconfiança do
mercado, o risco de apagão, o desemprego e o nó fiscal
parecem pouco, há o risco de as ruas cheias do dia 7 de
setembro se tornarem transbordantes no domingo (12).
Concorre contra isso o fato de que os atos
antibolsonaristas estão sendo chamados pela antiga
direita que ajudou a erigir o pedestal rua do epitáfio
político de Dilma.
Isso não agradaria a esquerda por si, mas é importante
lembrar que o último interessado em ver Bolsonaro
removido da equação de 2022 chama-se Luiz Inácio
Lula da Silva (PT).
Mesmo para quem apoia abertamente o impedimento
hoje de difícil execução, como João Doria (PSDB-SP),
um Bolsonaro exangue talvez seja um melhor negócio
no enfrentamento das urnas.
Não é casual que Rodrigo Pacheco (DEM, já-já PSD-
MG) aja como bombeiro e até suspenda sessões no
Senado: sua esperança reside em de fato virar uma
alternativa na centro-direita.
E que o vice, general Hamilton Mourão, desfile gestos
de fidelidade ao chefe, apesar de ser tratado a pão e
água por Bolsonaro: ele pode querer a cadeira, mas não
quer a fama de Michel Temer (MDB).
Todo o movimento de atores centristas, encarnado na
criação da 'Comissão de Acompanhamento do
Impeachment' por Gilberto Kassab (PSD), mostra uma
mexida de peças. O risco para o mandato presidencial é
real.
Pouco importa se o impedimento virá: a pressão é que
se mantém alta, e agregada agora pelo risco objetivo de
o Supremo usar a bomba atômica ou um avanço notável
na cassação via Tribunal Superior Eleitoral.
O Tribunal de Contas da União esbraveja contra o
governo. Mesmo uma virada de casaca do procurador-
geral, Augusto Aras, vem sendo especulada entre
senadores que ventilam seu nome para o lugar da
indicação ora inviabilizada de André Mendonça para o
Supremo.
O seu anódino discurso na sessão do Supremo desta
quarta nada revelou sobre o homem que, com Lira,
serve de dupla de zaga jurídica-política de Bolsonaro.
O bode, afinal, segue na sala. O ponto de concordância
mais eloquente entre Fux e Lira foi a vocalização da
exasperação de políticos e do mercado ante a
inexistência de um governo funcional.
Para Bolsonaro, é o mundo possível em sua prolongada
agonia no cargo.
Ele fez a opção pela sugestão de imolação em nome da
travessia com apoio até a renovação do discurso da
eleição ilegítima em 2022, o que desautoriza qualquer
conversa sobre pacificação ou acomodação que dure
mais de algumas horas ou dias.
Nada aponta condições objetivas para golpe, autogolpe
ou bruxarias afins. Já confusão com efeitos
imprevisíveis estão aí para quem quiser ver.
E o golpismo de Bolsonaro seguirá vivo e bem com a34
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Judiciário - Judiciário
reação que inspirou até aqui das instituições.
[...]
"Riscar a linha numa areia há muito revolvida apenas
parece incentivar a delinquência presidencial a buscar
uma nova oitava acima"
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
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PAINEL
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Judiciário - STF
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Autor: Fábio Zanini (interino) com Fabio Serapião e
Guilherme Seto .
Cabo eleitoral
Os discursos de Jair Bolsonaro ajudaram a expandir o
ato pelo seu impeachment marcado para domingo (12),
antes restrito a setores da direita e do centro. Na
campanha Fora Bolsonaro, membros de movimentos
que a compõem, como MTST, MST e UNE, discutem
enviar representantes. A líder do MTSC (Movimento
Sem Teto do Centro), Carmen Silva, confirmou
presença. Também irão quatro centrais sindicais e
representantes de partidos de esquerda, casos de PDT,
PC do B e PSOL.
NÃO, OBRIGADO
A exceção, como esperado, fica por conta do PT e seu
braço sindical, a CUT. 'Não vemos muito sentido em ir
nesse ato, se inclui nem Lula, nem Bolsonaro', diz o
presidente do diretório paulistano petista, Laércio
Ribeiro. Dentro do partido, há vozes que defendem
enviar um dirigente, no entanto.
ETERNO
Para atrair a esquerda, o MBL, um dos organizadores,
diz que não haverá discussão sobre 2022 e pede para
ninguém levar símbolos políticos. Um ponto de honra é
evitar que apareça uma imagem de Getúlio Vargas já
usada antes pelo PDT. Os pedetistas dizem que não
receberam pedido e fazem mistério sobre a presença do
pai dos pobres.
MISTÉRIO
No PSDB, cuja Executiva aprovou nesta quarta (8)
juntar-se à oposição a Bolsonaro, a decisão também é
de participar. A presença do governador João Doria
ainda está indefinida, no entanto.
QUEM BANCA
O deputado Rui Falcão (PT-SP) e o advogado Marco
Aurélio de Carvalho entraram com requerimento no TSE
para que investigue o uso de recursos na organização
dos atos de apoio a Bolsonaro. A ideia é acrescentar
esse ponto ao inquérito que apura os ataques do
presidente às urnas eletrônicas.
EXEMPLAR
O ouvidor-geral das polícias de SP Elizeu Lopes, disse
que a corporação se comportou de maneira
'absolutamente técnica' nos atos de 7 de setembro. 'Foi
uma ação policial circunscrita à institucionalidade',
afirmou ele, que esteve nas manifestações de
bolsonaristas, na Paulista, e esquerdistas, no
Anhangabaú.
VACINA
Segundo ele, não houve relatos de participação de
pessoal da ativa, como se temia. Para Lopes, o
afastamento de um comandante no interior por ter
divulgado os atos foi importante para evitar o que seria36
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Judiciário - STF
'uma anomalia, a participação de policiais em um
protesto que atenta contra a institucionalidade'.
SENHA
Em seu discurso, o presidente do STF Luiz Fux,
mandou dois recados diretos aos apoiadores de Jair
Bolsonaro, ao falar em 'falsos profetas do patriotismo' e
dizer que o 'verdadeiro patriota' não fecha os olhos para
os problemas reais do país. 'Patriota' é o tratamento que
bolsonaristas costumam usar entre si.
DESTINATÁRIOS
Outros recados foram para o Congresso Nacional e a
Procuradoria-Geral da República. Ao afirmar que o não
cumprimento de ordens do Supremo é crime de
responsabilidade, o objetivo era indicar que caberá ao
Legislativo e ao chefe do Ministério Público agir.
FARDO
Ministros acreditam que o STF tem feito sua parte para
conter os arroubos de Bolsonaro ao autorizar a abertura
de investigações, mas que não cabe à corte acioná-lo
caso cometa crime.
CLIMÃO
Em meio à maior crise do seu governo, Bolsonaro vai se
encontrar nesta quinta-feira (9) com Xi Jinping,
presidente da China, país que foi seguidas vezes
atacado pelo mandatário brasileiro.
TURMA
Os dois participarão da 8ª Cúpula dos Brics, bloco
formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em nota, o Itamaraty afirma que 'está prevista
participação do Senhor Presidente da República'. O
evento, em formato virtual, será realizado das 9h às
10h30.
ESPANTALHO
A China é governada pelo Partido Comunista, cuja
ideologia é atacada por Bolsonaro. Ele diz, por exemplo,
que os governadores deram uma amostra de
comunismo ao implantar medidas de combate à
pandemia.
MURO DE SILÊNCIO
O Ministério Público do Rio prorrogou por quatro meses
a força-tarefa que investiga as 28 mortes na favela do
Jacarezinho, a mais letal da história do estado,
ocorridas em maio deste ano. O motivo é a falta de
conclusão sobre a atuação dos policiais envolvidos na
operação.
TIROTEIO
"Bolsonaro não está acostumado a ler nas entrelinhas,
mas o artigo 85 da Constituição é expresso Do
criminalista"
Sérgio Rosenthal, sobre o discurso de Luiz Fux em que
cita a possibilidade de o presidente cometer crime de
responsabilidade
COLUNISTAS
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
37
Ministro de Bolsonaro busca Gilmar para diálogo com STF
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Judiciário - Judiciário
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Autor: Marianna Holanda eJulia Chaib
BRASÍLIA - No dia seguinte às manifestações com falas
golpistas de Jair Bolsonaro no 7 de Setembro, o ministro
Ciro Nogueira (Casa Civil) e o presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), entraram em campo para tentar
abaixar a temperatura da crise com o STF (Supremo
Tribunal Federal).
Líderes do centrão, os dois tiveram uma reunião na
tarde desta quarta-feira (8), fora da agenda, com o
ministro Gilmar Mendes. O magistrado tentava costurar
uma alternativa jurídica ao impasse do rombo dos
precatórios, mas indicou a Lira e Ciro Nogueira que o
caso não tem solução.
O Supremo Tribunal Federal aguardava para levar
adiante as negociações dos precatórios à espera do fim
dos ataques de Bolsonaro à corte, o que não ocorreu.
Segundo interlocutores da dupla, com o presidente do
STF, Luiz Fux, a conversa seria mais institucional, mas
Gilmar é decano, atua nos bastidores, tem
representatividade entre os ministros.
O ministro é ainda presidente da Segunda Turma. Por
causa da prevenção dos processos envolvendo a Lava
Jato, a Segunda Turma julga a maioria dos casos
envolvendo políticos.
Logo após os atos de 7 de Setembro, o ministro e o
parlamentar entraram em contato com integrantes do
Supremo.
Apesar da tentativa, ministros do STF veem com
ceticismo o movimento de Ciro, que se autodenominou
'amortecedor' da República.
Dois magistrados de cortes superiores afirmaram à
Folha que o ministro não consegue controlar Bolsonaro.
Enquanto isso, o dia seguinte aos atos foi de silêncio
por parte do presidente da República. Jair Bolsonaro
teve uma longa reunião com ministros, que durou cerca
de três horas, e não fez, publicamente, novos ataques
ao Supremo até o início da noite desta quarta.
Lira antecipou sua volta a Brasília, chegando ainda no 7
de Setembro, para conversar com políticos e tirar a
temperatura da crise na capital. O deputado se
encontrou com Ciro Nogueira também.
Em seu discurso, nesta quarta, o presidente da Câmara
não citou o aumento pela pressão para o impeachment
de Bolsonaro, mas elevou o tom de crítica ao chefe do
Executivo e enviou sinais de tentativas de
apaziguamento.
'É hora de dar um basta a essa escalada, em um infinito
looping negativo', afirmou, dizendo também que
'bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno
palanque deixaram de ser um elemento virtual e
passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade'.
À tarde, depois do pronunciamento de Lira, Ciro
Nogueira e a ministra da Secretaria de Governo, Flávia
Arruda, estiveram na Câmara para uma conversa com38
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
ele. Depois, o chefe da Casa Civil e o presidente da
Casa seguiram para o Supremo.
Segundo interlocutores do presidente, Jair Bolsonaro
não deve mudar o tom de críticas e ataques ao
Judiciário. O saldo geral das manifestações, na
avaliação de governistas, foi positivo e acabou
empoderando o presidente para manter as críticas.
Também foi visto como positivo, segundo auxiliares de
Bolsonaro, o fato de as Forças Armadas terem
permanecido silenciosas antes e durante as
manifestações.
Diante dos pedidos de intervenção militar, e do que se
desenhava como atos de raiz golpista desde a semana
anterior, Os comandantes das Forças poderiam ter se
posicionado, soltado uma nota, como já fizeram antes,
defendendo a democracia.
O silêncio, na interpretação deles, foi visto como uma
crítica velada à forma como o Supremo tem tomado
suas decisões
Auxiliares que antes dos protestos faziam pedidos de
moderação agora falam em 'contenção' do presidente.
Dizem acreditar que Bolsonaro não demonstra mais
intenção de pisar no freio nas suas declarações.
Eles afirmam ter a dimensão política do quanto o
discurso do presidente pode agravar acrise entre os
Poderes e travar ainda mais a pauta no Congresso.
No caso do Auxílio Brasil, por exemplo, veem com ainda
maior dificuldade uma aprovação da PEC dos
Precatórios. A solução via Judiciário vinha sendo
costurada pelo ministro Gilmar Mendes com ajuda de
ministros do Tribunal de Contas da União.
Contudo, interlocutores do Planalto já haviam sido
avisados que, sem trégua nos ataques do presidente, a
solução para o rombo dos precatórios dificilmente
avançaria.
Essa expectativa, segundo integrantes do Supremo,
consolidou-se, e a perspectiva de uma saídavia
Judiciário é praticamente nula.
Outro tema que deve sofrer os impactos dos protestos
do 7 de Setembro é a indicação de André Mendonça
para a vaga do STF. Auxiliares de Bolsonaro já veem
como praticamente inviável a análise do nome do ex-
AGU pelos senadores, mas dizem que o presidente não
estuda plano B por ora.
Mendonça aguarda ser sabatinado pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado desde julho -um
recorde para indicações ao Supremo.
A resistência dos senadores não se dá ao nome do
advogado propriamente dito. Trata-se de uma forma de
retaliação aos ataques do presidente aos outros
Poderes, em especial, ao Judiciário.
Em discursos diante de milhares de apoiadores na terça
(7) em Brasília e São Paulo, o presidente Bolsonaro fez
ameaças golpistas contra o STF, exortou desobediência
a decisões da Justiça e disse que só sairá morto da
Presidência.
Pela manhã, na Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro
fez uma ameaça direta ao presidente do Supremo,
ministro Luiz Fux. 'Ou o chefe desse Poder [Fux]
enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer
aquilo que nós não queremos', disse, referindo-se às
recentes decisões de Moraes contra bolsonaristas.
'Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos
respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se
enquadra ou pede para sair', disse o presidente, em um
caminhão de som em frente ao Congresso.
Bolsonaro chegou a falar ainda em convocar reunião do
Conselho da República na manifestação de Brasília. De
acor do como artigo 9º da Constituição, o colegiado tem
a função dese pronunciar sobre estado desítio, estado
de defesa, intervenção federal e questões relativas à
estabilidade das instituições democráticas.
Lira, Pacheco e Fux disseram, no mesmo dia, não saber39
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
de reunião. Bolsonaro teria anunciado que os três
estariam presentes. O presidente do Supremo,
inclusive, sequer faz parte dos integrantes do conselho
previstos em lei.
No Planalto, auxiliares disseram que o presidente se
confundiu e se referia a reunião de Conselho de
Governo, como chamam o encontro entre ministros, o
presidente e o vice-presidente.
"Acho que o nosso governo tem a maioria confortável de
mais de 200 deputados lá dentro [da Câmara]. Não é
maioria para aprovar grandes projetos, mas é capaz de
impedir que algum processo [de impeachment] prospere
contra a pessoa do presidente da República"
Hamilton Mourão
vice-presidente da República
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
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Veja potenciais crimes de Bolsonaro nos atos e possíveis consequências
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Autor: Géssica Brandino, Renata Galf e Flávio Ferreira
FOLHA EXPLICA
COMO CHEGAMOS AQUI?
Ao agravar mais uma vez a crise institucional no país
durante as manifestações do 7 de Setembro, em que
ameaçou o STF (Supremo Tribunal Federal) e disse
que não cumprirá mais ordens judiciais do ministro
Alexandre de Moraes, o presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) cometeu crimes de responsabilidade que
podem levar à abertura de processos de impeachment,
segundo especialistas ouvidos pela Folha. Além dos
crimes de responsabilidade, que têm um caráter político
e jurídico, o presidente pode ter cometido também
crimes comuns, ilícitos eleitorais e ato de improbidade
administrativa, na avaliação de parte dos entrevistados.
SÃO PAULO
Quais crimes de responsabilidade podem ser
caracterizados pelo discurso de Bolsonaro nos atos do 7
de Setembro?
A lei 1.079, de 1950, conhecida como Lei do
Impeachment, estabelece no artigo 4º que é crime de
responsabilidade do presidente da República atentar
contra o livre exercício do Poder Judiciário e também
contra o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
A análise é que Bolsonaro praticou tais condutas ao
ameaçar o STF caso o presidente da corte, Luiz Fux,
não tome uma atitude contra o ministro Alexandre de
Moraes, e também quando afir
mou que não cumprirá decisões de Moraes.
'Ou o chefe desse Poder [Fux] enquadra o seu [ministro]
ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não
queremos", disse o presidente.
'Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes,
esse presidente não mais cumprirá. A paciência do
nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir
o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não
existe mais', afirmou no ato da avenida Paulista.
'Quando um presidente da República diz que um
ministro do STF deve 'se enquadrar' e se dirige a uma
multidão de pessoas para afirmar que não cumprirá
decisões do STF, se opõe ao livre exercício do Poder
Judiciário', diz o professor da FGV Direito Rio Thiago
Bottino.
A advogada criminalista Marina Coelho de Araújo,
presidente do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências
Criminais), entende que o presidente cometeu crime de
responsabilidade ao atentar contra o cumprimento das
decisões judiciárias e o livre exercício dos Poderes.
'As afirmações de que não cumprirá as decisões do
Supremo e de que não sairia do governo, se não morto
ou preso, são institucionalmente inadmissíveis na figura
do presidente. A Lei do Impeachment contempla
exatamente essas situações', diz ela.
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Judiciário - Judiciário
Para o diretor da Faculdade de Direito da USP, Floriano
Peixoto de Azevedo Marques Neto, Bolsonaro praticou
ato de improbidade administrativa ao desrespeitar o
princípio da lealdade às instituições.
'Ao desafiar descumprir ordem da Suprema Corte ele
viola este princípio e por decorrência pratica ato de
improbidade', diz. E acrescenta que essa conduta ilegal
leva também ao enquadramento no previsto no artigo
4º, inciso 5º, da Lei de Crimes de Responsabilidade,
sobre atos contra a probidade na administração.
O que seria preciso para que o impeachment ande?
Mais de 130 pedidos de impeachment de Bolsonaro já
foram protocolados na Câmara desde março de 2019.
Mas a prerrogativa de receber ou rejeitar as denúncias é
privativa do presidente da Casa, cargo hoje do deputado
Ar thur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro.
Se ele recebe o pedido, é preciso ainda o voto de 342
deputados para que o andamento do processo seja
autorizado. A instauração e o julgamento ocorrem no
Senado, onde é preciso o voto de 54 dos 81 senadores
para que o presidente perca o mandato.
Com uma condenação de Bolsonaro pelo Senado,
quem assume a Presidência é o vice, Hamilton Mourão
(PRTB).
Já no caso de a chapa Bolsonaro-Mourão ser cassada
pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por uma das
ações pendentes de julgamento na corte sobre
irregularidades na campanha de 2018, 0 próximo na
linha sucessória, em tese, seria Lira. Mas há decisão do
STF no sentido de que réus não podem ocupar a
Presidência, como é ocaso de Lira.
Rodolfo Viana, professor de direito constitucional da
UFMG, diz que os processos de impeachment dos ex-
presidentes Fernando Collor e Dilma Rousseff tornaram
o processo menos rígido, dependendo só da
caracterização de conduta na Lei do Impeachment e da
avaliação política.
'O impeachment acabou se transformando em um
mecanismo político lícito, válido, para a destituição de
um presidente da República, com critérios mais flexíveis
do que antes se supunha quando a Constituição foi
promulgada'.
Viana diz que é cedo para dizer se os atos do 7 de
Setembro podem pesar contra ou a favor de Bolsonaro
no Congresso, mas que já é claro que o impeachment
entrou na pauta de discussão do centrão.
Para Raquel Scalcon, professora de direito penal da
FGV Direito SP a situação de Bolsonaro evidencia que,
enquanto o presidente tiver apoio popular, não haverá
afastamento.
'Já há razões de sobra, do ponto de vista jurídico, para
um impeachment. São vários os crimes de
responsabilidade cometidos. Contudo, esse processo é
jurídico-político e, surpreendentemente, ainda não há
suficiente apoio político para o impeachment'.
Bottino diz que o comportamento reiterado do
presidente contra as instituições pode elevar a pressão
para que Lira decida sobre os pedidos, além do ônus
para o parlamentar, caso siga sem se manifestar.
Qual o potencial crime caso Bolsonaro não cumpra uma
decisão futura do Judiciário e de Moraes?
Além de caracterizar crime de responsabilidade
conforme o artigo 12 da Lei do Impeachment, Raquel
Scalcon diz que ao desrespeitar uma ordem judicial, ele
também poderia responder pelos crimes de resistência
e desobediência, previstos nos artigos 329 e 330 do
Código Penal.
'Se isso ocorrer, a conduta é gravíssima e dá ensejo a
crimes de responsabilidade e crimes comuns', diz. 'O
que tornaria urgente e mais do que justificado tanto um
processo de impeachment quanto uma denúncia pela
PGR'.
Quais crimes comuns Bolsonaro pode ter cometido
como os atos do 7 de Setembro? E como seria a42
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Judiciário - Judiciário
responsabilização?
Para advogados de direito penal, ao dizer a uma
multidão que não cumprirá ordens judiciais, Bolsonaro
não só atenta contra a ordem pública como incita e faz
apologia do cometimento de crimes, condutas previstas
no Código Penal, nos artigos 286 e 287.
O advogado criminalista Marinho Soares considera que
ao falar que não vai mais cumprir ordens de Moraes,
Bolsonaro está incitando o povo a ir contra as
instituições estabelecidas pela Constituição. 'O que é
muito temerário diante da envergadura dele como
presidente da República'
'Quando você está dizendo que vai desobedecer e que
está falando em nome do povo, você está fazendo uma
apologia do crime. Você está enaltecendo o crime, que
as pessoas vão de encontro ao ordenamento jurídico
penal'.
Assim como em outras manifestações, o presidente
também promoveu aglomerações e não respeitou
determinações de uso de máscara.
Como mostrou a Folha, advogados avaliam que tais
práticas podem configurar infração de medida sanitária
preventiva, crime previsto no artigo 268 do Código
Penal.
Ponto de menor consenso é se o presidente poderia ser
enquadrado no crime de emprego irregular de verbas ou
rendas públicas, previsto no artigo 315 do Código Penal.
Para Antonio Santoro, professor de direito processual
penal da UFRJ, não havia espaço ou justificativa para
emprego de verba pública em atos como estes. 'Isso
não é uma manifestação do Dia da Independência. É
uma manifestação de campanha antecipada, contra a
Constituição, contra direitos fundamentais, e
especialmente contra o livre exercício do Poder
Judiciário. '
Ele faz a ressalva, porém, de que seria preciso verificar
quais rubricas do Orçamento podem ter sido utilizadas,
para averiguar o enquadramento penal.
Já Raquel Scalcon afirma ver indícios do crime de
peculato, mas reforça que o enquadramento depende
da descrição clara do fato examinado e das provas
existentes.
Por outro lado, tanto Bottino quanto Viana discordam de
que haja elementos que possam caracterizar crime pelo
fato de Bolsonaro ter utilizado o aparato de segurança
presidencial. 'O problema não é do custo, mas a que
tipo de manifestação ele está indo e que tipo de
discurso ele faz', diz Bottino.
No caso dos crimes comuns, a denúncia contra o
presidente pode ser feita somente pelo procurador-geral
da República, cargo ocupado por Augusto Aras, que é
próximo de Bolsonaro.
E, caso uma denúncia seja : ]presentada, é preciso o
aval de 342 deputados para que o presidente seja
julgado pelo STF.
Do ponto de vista eleitoral, Bolsonaro teria cometido
irregularidades? Ele poderia ser declarado inelegível
pela Justiça Eleitoral?
Para Carla Nicolini, advogada eleitoral e integrante da
Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político
(Abradep), o ato não se configura como propaganda
antecipada, pois ela entende que, para tanto, seria
preciso que houvesse pedido explícito de voto.
A Justiça Eleitoral veda a propaganda eleitoral
antecipada, que seria aquela realizada antes de 5 de
julho em ano eleitoral.
Em junho, o vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill
de Goes, entrou com representação contra Bolsonaro
por propaganda eleitoral antecipada. Em uma cerimônia
oficial no Pará, o presidente ganhou de presente uma
camiseta com a mensagem 'É melhor Jair se
acostumando. Bolsonaro 2022', que ele levantou e
exibiu para o público depois de ler.
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Judiciário - Judiciário
Por outro lado, Nicolini vê que há um possível abuso de
poder por parte do presidente e que, no limite, pode
levar à sua inelegibilidade nas próximas eleições, por
meio de uma ação de investigação judicial eleitoral
(Aije).
Ela afirma que o governante não pode usar recursos
públicos para se promover eleitoralmente. 'A vinda dele
para São Paulo é um ato de campanha, não tem nada a
ver com ato de governo. '
A advogada explica que um pedido de cassação do
registro da chapa, com base no abuso do poder político
e econômico e no uso indevido dos meios de
comunicação, pode ser feito por partidos políticos e pelo
Ministério Público, no ano que vem, a partir do momento
em que a chapa é registrada. Isso não teria relação
portanto com a atual chapa, que já é alvo de ações por
fatos ocorridos em 2018.
Sobre o abuso de poder, Ricardo Penteado, advogado
especializado em direito político e eleitoral e consultor
da comissão de direito eleitoral da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) em SP, diz que não há um
processo eleitoral em andamento e que é comum
ocupantes de cargos políticos fazerem discursos para
suas bases, desde que não peçam votos, o que criaria a
desigualdade entre os candidatos.
O advogado diz ser gritante que Bolsonaro cometeu
crimes na seara comum, mas que'não reconhece de
forma alguma competência do TSE em relação às
condutas do presidente'.
'Inventar que a urna é fraudulenta ou coisas do gênero,
pode entrar numa outra esfera de ilicitudes, mas não é
ilicitude eleitoral', afirma.
"Quando você diz que vai desobedecer e que está
falando em nome do povo, está fazendo apologia do
crime
Marinho Soares
advogado criminalista
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
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Ameaças travam acordo com Judiciário por Bolsa Família e precatórios
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ
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Autor: Fábio Pupo e Renato Machado
As ameaças do presidente Jair Bolsonaro ao STF
(Supremo Tribunal Federal) travaram o acordo que
vinha sendo costurado com o Judiciário para o governo
deixar de pagar a totalidade dos precatórios em 2022.
O tema dos precatórios (dívidas a serem pagas pelo
Estado após decisões judiciais) é acompanhado de
perto pelo mercado - que teme o resultado das
discussões e as consequências para as contas públicas.
O impasse é um dos motivos mais citados entre
analistas para a queda de 3,78% da Bolsa de Valores
nesta quarta-feira (8).
A avaliação de diferentes envolvidos nas negociações
ouvidos pela Folha aponta que, mesmo com a
disposição dos atores para dialogar, não há clima para
discutir a proposta - a principal prioridade do ministro
Paulo Guedes (Economia) neste momento, ao lado do
Auxílio Brasil (o novo Bolsa Família).
Um dos principais articuladores chega a dizer que é
inviável continuar com as conversas no judiciário em
meio ao conflito gerado por Bolsonaro. Os precatórios
são considerados um detalhe diante da crise
institucional vivida entre os Poderes, comparada a um
incêndio em uma usina nuclear.
No STF (Supremo Tribunal Federal), os debates com
o presidente Luiz Fux não devem ficar totalmente
comprometidos porque o ministro busca manter
interlocução com os atores do governo - sobretudo com
Guedes - mesmo nos momentos mais tensos.
Apesar disso, é ressaltado por interlocutores do STF
que a solução para os precatórios terá que passar pelo
Congresso Nacional e que o CN1 (Conselho Nacional
de justiça) apenas regulamentaria o que for decidido
pelos parlamentares.
A solução que estava sendo discutida entre Guedes,
Legislativo, judiciário e TCU (Tribunal de Contas da
União) criaria um limite anual para os precatórios por
meio de uma resolução do CNJ. Para 2022, por
exemplo, o limite seria de R$ 39,9 bilhões - de um total
de R$ 90 bilhões previstos para o ano.
Agora, o governo passa a depender mais de deputados
e senadores para deixar de pagar a maior parte dos
precatórios em 2022 e abrir espaço no Orçamento para
expandir o Bolsa Família e outras despesas em ano
eleitoral.
A solução via Congresso está neste momento na
Câmara, onde tramita a PEC (proposta de emenda à
Constituição) enviada pelo governo no mês passado
para parcelar grandes precatórios em até dez anos.
As discussões começaram depois que a fatura para
2022 chegou a R$ 89,1 bilhões, um crescimento de 61%
em relação a 2021. A conta dificulta os planos do
governo para diferentes medidas em ano eleitoral, como
o Auxílio Brasil, principalmente por causa do teto de
gastos - que impede o crescimento real das despesas
federais.
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ
Apesar da crise institucional, governo e aliados veem
pautas de interesse avançando na Câmara. O líder do
governo na Casa, deputado Ricardo Barros (PP-PR), diz
que as propostas continuarão avançando. 'Vamos votar
tudo', afirma.
Deputados de diferentes partidos de oposição, no
entanto, discordam e dizem que a agenda de Guedes
caiu por terra - inclusive um acordo pelos precatórios -
emmeio a um crescimento das discussões sobre
impeachment.
'Ele não se portou como um presidente da República.
Ele agrediu o Congresso ao falar sobre o voto impresso,
pois nós votamos [contra a proposta]', afirma o líder do
PT, deputado Bohn Gass (RS).
No Senado, o cenário é incerto após o presidente
Rodrigo Pacheco (DEM-MG) cancelar todas as sessões
desta semana. Mesmo antes do 7 de Setembro, a Casa
já havia imposto ao governo uma derrota na votação de
uma minirreforma trabalhista.
Além disso, Pacheco já vinha sinalizando resistência ao
projeto do Imposto de Renda (o senador tem defendido
a aprovação de outra proposta tributária, uma PEC de
autoria do Senado).
No dia seguinte às falas de Bolsonaro, o líder do
governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-
PE), manteve uma reunião com Pacheco.
O líder estaria buscando uma blindagem da pauta do
governo, em particular a econômica. Argumentou que
se- ria fundamental o avanço do projeto de lei que
estimula a navegação de cabotagem - criando a
chamada BR do Mar - além da proposta que altera as
regras do Imposto de Renda.
A resistência à proposta que altera o Imposto de Renda
não é apenas de Pacheco. 'Acho que não será fácil
aprová-la no Senado. Queremos uma reforma, não um
remendo malfeito', disse o líder do PSDB, Izalci Lucas
(PSDB-DF).
A aposta das lideranças do governo, tanto no Senado
como no Congresso, é que será preciso esperar 'abaixar
a poeira' dos eventos desta semana, para na próxima
iniciar a discussão de uma agenda econômica até o fim
do ano.
Mesmo entre lideranças que não compõem a base do
governo no Senado, há comentários de que o Auxílio
Brasil é uma agenda importante e, por isso, a proposta
dos precatórios tem chance de avanço. O próprio
Pacheco já discutiu o tema com o presidente da Câmara
dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e Guedes.
Além dos precatórios e das mudanças no Imposto de
Renda, o Senado tem na gaveta outras matérias de
interesse do governo Bolsonaro - como a proposta de
privatização dos Correios.
Outro ponto que deve sofrer um revés no Senado é a
criação de um marco das ferrovias. O tema já foi motivo
de discórdia, quando o governo encaminhou uma MP
(medida provisória) para tratar do tema, mesmo
havendo um projeto em tramitação no Senado.
A Comissão de Assuntos Econômicos da Casa chegou
a aprovar requerimento para que Pacheco devolvesse a
MP No mesmo dia, 31 de agosto, líderes se reuniram e
buscaram um acordo em conversa com o ministro
Tarcísio de Freitas (Infraestrutura).
Ficou inicialmente acertado que na próxima semana a
proposta do Senado, relatada por Jean Paul Prates
(PTRN), entraria na pauta do plenário, em um grande
acordo para contemplar as necessidades do governo
presentes na MP e também o projeto já em tramitação.
Com as falas de Bolsonaro, a avaliação de líderes agora
é que um acordo será difícil e que o Senado deve
encaminhar com sua própria pauta, independentemente
do governo.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - CNJ, Judiciário -
Judiciário, Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux46
Empresários querem que presidente mire retomada, não o STF
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Judiciário - STF
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Autor: Daniele Madureira
O alto executivo de uma das maiores redes de varejo do
país se disse 'horrorizado' com o discurso do presidente
da República, Jair Bolsonaro, no 7 de Setembro. O
ataque às instituições, com destaque para o STF, não
contempla em nada o interesse no povo brasileiro,
afirmou.
Na opinião desse executivo, era preciso discutir
inflação, desemprego, fome, para fazer a economia
voltar a girar, não as decisões de um ministro do STF -
no caso, Alexandre de Moraes - , que dizem respeito a
interesses particulares do presidente.
Para ele, o pronunciamento do presidente da Câmara
dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nesta quarta-feira
(8), a respeito de Bolsonaro, não enquadrou o
presidente como deveria. Ao contrário, Lira foi 'vaselina',
disse. Já o ministro do STF, Luiz Fux, foi mais
'contundente'.
Fux defendeu que 'ninguém fechará' a Corte brasileira e
que o desprezo a decisões judiciais por parte do chefe
de qualquer poder configura crime de responsabilidade.
Já Lira se limitou a defender a 'pacificação' entre os
Poderes e disse que o país tem compromisso com as
urnas eletrônicas em outubro de 2022, em referência às
próximas eleições do Executivo.
Pela Constituição, cabe ao presidente da Câmara dar
início ao processo de impeachment. Mas Lira, até
agora, não deu indícios de analisar amais de uma
centena de pedidos de impeachment feitos contra
Bolsonaro.
Quando lhe foi perguntado se o empresariado brasileiro
vai pressionar pela saída de Bolsonaro, o executivo
disse já começou uma movimentação desse tipo: os
empresários começam a acionar deputados e
senadores próximos, que sejam 'do seu
relacionamento', para avaliar se vale a pena abrir um
processo de impeachment.
O executivo disse que, neste mês, quando as empresas
começam a traçar o planejamento para 2022, um
episódio como odo 7 de Setembro deixa tudo em 'stand-
by'. Segundo ele, grandes investimentos e contratações
ficam em suspenso e o empresariado 'vai empurrando
com abarriga'.
Já o alto executivo de um grande banco de varejo
afirmou que está havendo uma verdadeira corrida das
empresas para se capitalizar ainda neste ano ou, no
máximo, até o Carnaval. A partir de então, disse o
executivo, as empresas têm muitas dúvidas sobre o que
pode acontecer com a economia do país e não querem
enfrentar o momento descapitalizadas.
O sentimento entre as companhias, afirmou, é o mesmo
desde o início da pandemia: necessidade de formar
caixa diante de um futuro nebuloso.
As grandes empresas têm voltado a captar mais
recursos no mercado de capitais via emissão de títulos
de dívida, venda de ações ou até mesmo operações de
IPO primário (quando o dinheiro da oferta pública inicial47
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de ações vai para a companhia).
A volatilidade política está acelerando este momento no
mercado de capitais, disse ele.
Já o presidente da companhia a érea Latam Brasil,
Jeróme Cadier, destaca que, neste momento, muitas
fronteiras estão fechadas para brasileiros devido à
reputação do Brasil no exterior, não necessariamente
devido à pandemia.
'A instabilidade institucional aumenta a insegurança
jurídica e o risco Brasil, trazendo danos à imagem do
país', diz Cadier 'A gente precisa de uma agenda que
ajude o país a crescer, a olhar para a frente, a construir
algo', diz ele, afirmando que o Brasil hoje tem
dificuldades em visualizar uma agenda positiva.
Para Cadier, equilíbrio e calma no ambiente institucional
são fundamentais para inspirar confiança, dentro e fora
do país. 'Tem que ter foco em crescimento, geração de
emprego, retomada da economia, principalmente agora,
com a pandemia começando a estar sob controle.'
Um alto executivo do setor de shopping centers afirma
que a fala de Bolsonaro não ajuda em nada a retomada,
mas que o ministro Alexandre de Moraes também leva o
caso para 'o lado pessoal'.
Na opinião desse executivo, o presidente ainda
lança'bravatas' porque quem quer atacar ataca logo,
não fica na ameaça. Para dele, tanto Bolsonaro quanto
Moraes agem como 'garotos' em 'briga de colégio',
desprezando os cargos e poderes que representam.
Enquanto isso, afirma, o Brasil navega em 'águas
turvas', 'sem controle', com diversos problemas se
acumulando: dólar alto, combustíveis e inflação em
ascensão, crise hídrica, reforma tributária 'ruim'.
Com décadas de experiência no varejo, o executivo da
rede varejista ouvido pela Folha relembra o processo de
impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992.
Ele classificou o episódio como 'terrível', lembrando o
momento de incerteza.
Mas, para ele, em compensação, hoje as instituições
estão mais sólidas e impedem mudanças bruscas nos
direitos e na vida do cidadão comum. Para esse
executivo, o momento é 'desesperador', mas Bolsonaro
'também passa'.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
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Em meio à radicalização, Congresso deve devolver a MP das fake news
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Judiciário - STF
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Autor: Renato Machado e Danielle Brant
BRASÍLIA - As ameaças do presidente Jair Bolsonaro
ao STF (Supremo Tribunal Federal) nos atos de 7 de
Setembro devem aumentar areação ao governo no
Congresso. As investidas dificultam uma relação já
complicada e afetam a pauta do Planalto.
Uma primeira resposta pode vir nesta quinta-feira (9),
coma decisão do presidente do Congresso, senador
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de devolver a MP (medida
provisória) que limita a remoção de conteúdo em redes
sociais.
Interlocutores de Pacheco dizem que já tem respaldo da
consultoria legislativa e que chegou a comunicar a
aliados que a devolução é a 'tendência'. A MP foi
enviada por Bolsonaro às vésperas do feriado e foi vista
como ação para mobilizar seus apoiadores para os
protestos, invocando uma questão que os afeta, pois
eles têm conteúdos deletados por espalhar fake news.
Na noite desta terça-feira (7), Pacheco anunciou o
cancelamento de sessões do Senado previstas para
esta semana, o que aliados veem como o primeiro
reflexo das ameaças de Bolsonaro.
O pós-7 de Setembro também aqueceu as discussões
de impeachment nos partidos de centro.
Depois de PSD e PSDB começarem a debater o tema, o
Solidariedade disse que vai se reunir na próxima
semana para fechar posição, eno MDB a pressão
interna para que o partido apoie a abertura do processo
só cresce.
Congressistas da oposição e de centro-direita reagiram
aos eventos de terça, após Bolsonaro ameaçar o STF.
Na primeira manifestação, em Brasília, ele disse que
participaria nesta quarta de uma reunião do Conselho
de República, órgão que tem a função de se pronunciar
sobre estado de sítio, estado de defesa, intervenção
federal e questões relativas à estabilidade das
instituições democráticas.
Os presidentes do STF, Luiz Fux, da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), e Pacheco disseram não haver previsão
para o encontro.
Mais tarde, na avenida Paulista, Bolsonaro disse que
não cumpriria ordens do ministro Alexandre de Moraes,
do STF e que suas únicas opções são ser preso, ser
morto ou a vitória, afirmando, na sequência, que nunca
será preso.
Comisso, aumentou a pressão de senadores para que
Pacheco devolva a MP apelidada de 'MP das fake
news'.
A medida muda o Marco Civil da Internet para limitar a
remoção de posts e passou a ser vista como proteção
ao próprio presidente e aliados, que são atingidos ao
propagarem notícias falsas.
O líder da minoria, Jean Paul Prates (PT-RN),
conversou com Pacheco, que teria dito que uma49
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Judiciário - STF
decisão sobre o assunto deve sair nesta quinta.
Pacheco internamente tem dito que vai conversar com
outros líderes antes de decidir. Mas reconhece que há
apoio quase unânime para a devolução e uma ação
contrária afetaria a harmonia no Senado.
Para aliados do presidente do Senado, a tendência de
rejeição da MP foi reforçada coma fala de Bolsonaro,
mas já havia elementos para isso.
Além da pressão política, uma análise da consultoria do
Senado detectou inconsistências no texto. Soma-se à
questão política a pressão de gigantes do setor, como
as empresas Google e Facebook.
A situação do governo na Casa deve ficar ainda mais
fragilizada, dificultando a apreciação de projetos
considerados vitais pela equipe econômica, como
mudanças no Imposto de Renda e a privatização dos
Correios.
Senadores dizem que outro efeito colateral das falas de
Bolsonaro é o aumento da resistência à indicação de
André Mendonça para uma vaga no STF, que já era
complicada, com o presidente da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça), Davi Alcolumbre (DEM-AP),
evitando marcar a data da sabatina.
Mais recentemente, Alcolumbre passou a articular
contra a indicação e disse a interlocutores que só poria
a indicação em votação se tivesse certeza de que seria
derrubada. Nesta quarta-feira (8), importante liderança
na Casa contou que já há entre 45 e 50 votos contra a
indicação.
Bolsonaro indicou Mendonça para cumprir sua
promessa de ter no STF alguém 'terrivelmente
evangélico'.
Essa fragilidade pode ser ainda escancarada com a
perda de líderes do governo.
Ainda na terça-feira, teve início nos bastidores o
questionamento de senadores da maior bancada, o
MDB, para que o líder do governo no Congresso,
Eduardo Gomes (TO), e no Senado, Fernando Bezerra
(PE), entreguem os cargos.
Mas nomes importantes na bancada dizem que isso não
está no radar. 'A gente respeita muito a projeção, a
especulação política, mas a gente vive de acordo com
fatos reais. O governo tem tido esforço bem grande,
com apoio das bancadas, inclusive do MDB, para
avançar uma agenda positiva para o país', afirmou
Gomes.
O senador se referia ao comunicado do presidente do
partido, o deputado Baleia Rossi (SP), no qual ele
afirmou que Bolsonaro 'erra ao usar o Dia da
Independência para afrontar os outros Poderes'.
Internamente, Baleia Rossi conversa com integrantes
dos diretórios estaduais para medir o apoio ao tema.
Além disso, o MDB estuda lançar a candidatura da
senadora Simone Tebet (MS) à Presidência na eleição
de 2022.
Enquanto isso, cresce no Congresso a sinalização de
apoio à abertura de processos de impeachment contra
Bolsonaro, movimento antes restrito à oposição.
O PSD, de Gilberto Kassab, decidiu criar nesta quarta
uma comissão para analisar os desdobramentos dos
atos de 7 de Setembro e avaliar reações às ameaças
feitas.
O colegiado será formado por Kassab e pelos líderes do
partido na Câmara, Antonio Brito, e no Senado, Nelson
Trad. Eles definirão os demais membros do grupo. 'A
cada dia vemos aumentar a instabilidade e o PSD está
acompanhando essa situação com muita atenção', disse
Kassab em nota.
O presidente do PSD qualificou as manifestações como
'duras, acima do tom' 'Começam a surgir indicativos
importantes, que podem justificar o impeachment. A fala
de que o presidente não vai acatar decisões judiciais é
muito preocupante', afirma.
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O PSDB também já sinalizou que vai tomar uma
decisão sobre o impeachment.
Em uma rede social, o presidente do partido, Bruno
Araújo, convocou reunião extraordinária nesta quarta
para, 'diante das gravíssimas declarações do presidente
da República no dia de hoje, discutira posição do partido
sobre abertura de impeachment e eventuais medidas
legais'.
Pouco depois, o Solidariedade foi na mesma linha. O
presidente do partido, Paulinho da Força, disse que o
partido ser reunirá na próxima segunda (13) ou terça-
feira (14).
'O meu posicionamento é favorável à abertura de um
impeachment. Acho que o Bolsonaro ultrapassou todos
os limites do bom senso. O país na beira do caos,
desemprego, milhões de pessoas paradas, passando
fome, e o presidente da República fazendo palhaçada
pela rua', disse.
Somados, MDB, PSD, PSDB e Solidariedade têm 115
deputados na Câmara. De olho nesse número, a
oposição, que tem cerca de 130 membros, decidiu
procurar os partidos para engrossar o placar favorável à
abertura de um processo.
Além desses, o Novo, com oito deputados, defende a
saída de Bolsonaro, assim como o Cidadania, que tem
sete. Ainda existe chance de apoio em outros partidos
de centro, como o PSL, rachado, e o DEM.
Mesmo no centrão há quem veja possibilidade de votos
favoráveis ao impeachment -o vice-presidente da
Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), respalda
publicamente a abertura do processo.
São necessários os votos de pelo menos 342 dos 513
deputados para autorizar o Senado a abrir o processo.
O presidente da Câmara é o responsável por analisar os
pedidos de impeachment e encaminhá-los. Atualmente,
Arthur Lira tem mais de 120 pedidos sob sua análise.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
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Presídio em Porto Alegre tem primeira mulher no comando
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Fernanda Canofre
PORTO ALEGRE - Ao entrar na sala da direção da
Cadeia Pública de Porto Alegre, o antigo Presídio
Central, na parede pintada de preto, à direita, se vê
escrito em giz branco: 'Quem está na trincheira contigo?
E isso importa? Mais do que a própria guerra!", atribuída
ali ao escritor norte-americano Ernest Hemingway.
A frase foi escolhida pela major Ana Maria Hermes, 46,
a primeira mulher a assumir a direção do presídio no
Rio Grande do Sul com quase 60 anos de existência,
que já foi considerado o pior do Brasil por uma CPI da
Câmara dos Deputados. Hoje vivem lá cerca de 3 400
presos.
'Essa frase demonstra a relevância dos policiais
militares, dos servidores que estão aqui comigo. À noite,
quando estou em casa dormindo, são eles que estão
aqui', diz ela.
Sem policiais militares na família, a atual major decidiu
entrar na corporação depois que um colega da
faculdade de direito na Unisc (Universidade de Santa
Cruz do Sul), oficial da Brigada Militar, a PM gaúcha,
sugeriu que ela fizesse o curso de oficiais.
Ela trabalhou por cinco anos na Polícia Civil, mas tinha
admiração pela farda militar e já tinha sonhado em
ingressar no Exército. 'Fiz com a intenção de ser a
guardiã das cidades, hoje sou guardiã de uma cidade
diferente'.
Na Brigada desde 2005, passou pela Força Nacional e
fez um curso sobre movimentos de massa que a
especializou para trabalhar com os chamados distúrbios
civis, atuando na Copa do Mundo de 2014 e nas
Olimpíadas de 2016.
Ela diz que sempre foi respeitada como mulher e
policial, mas cita como exemplo que, quando estava em
ações nas quais comandava outros policiais, na Força
Nacional, no Rio de Janeiro, as pessoas que buscavam
informações ou queriam falar com o responsável no
local passavam por ela e iam direto aos homens
presentes.
'As pessoas da comunidade vinham querer conversar
com alguém, passavam por mim, se dirigiam a alguém
masculino, mais forte, e queriam saber quem era o
responsável'
Para ela, ainda persiste a ideia da polícia que usa a
força. 'Mas essa força não precisa ser violenta, pode ser
através de equipamentos de menor potencial ofensivo,
por isso que mulheres conseguem operar dentro das
instituições. "
Sobre os presos, ela diz que, assim como outras
mulheres que trabalham com a população da Cadeia
Pública, reconhece que eles têm respeito.
'Eu já tinha contato com eles na condição de
subdiretora. Eu sempre tive um diálogo transparente, do
que é possível. Não tive nenhuma dificuldade com
relação a isso, em jargão de cadeia, é papo reto', afirma
ela.52
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
'Só de estar à frente da Cadeia Pública, já é um desafio
enorme, seja uma mulher ou um homem, afirma o padre
Diego da Silva Côrrea, responsável pela Pastoral
Carcerária na Arquidiocese de Porto Alegre. 'Tenho
certeza que a major vai manter o mesmo empenho e
dedicação dos diretores anteriores. '
A Cadeia Pública, que mudou de nome em 2017, no
governo de José Ivo Sartori (MDB), é uma das duas
unidades prisionais dirigidas pela Brigada Militar hoje no
Rio Grande do Sul. A corporação assumiu nos anos
1990 depois de uma série de motins e rebeliões no
sistema gaúcho.
A solução temporária de seis meses, porém, já dura 26
anos. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV
Cultura, em 2020, o governador Eduardo Leite (PSDB)
disse que seu governo estava buscando construir
unidades para distensionar a pressão no Central e que
elaboravam um plano para substituir os policiais por
agentes penitenciários.
A Seapen (Secretariada Administração Penitenciária),
criada na gestão dele, diz que estuda a questão, mas
não fala em previsões. No ano passado, quando a
chegada da Brigada ao comando do presídio completou
25 anos, a pasta previa o início da retirada dos policiais
em 2022.
'Apesar de haver desvio de função, não há forma de a
Brigada sair. Deverá haver um período de transição,
pois a Susepe (Superintendência de Serviços
Penitenciários) não possui efetivo para substituir', avalia
a juíza Sonáli da Cruz Zluhan, responsável pela Vara de
Execuções Criminais que fiscaliza a unidade.
'O presídio continua com a mesma estrutura em relação
aos itens de salubridade. O que pode ser considerado
um pouco melhor é que, pela logística da pandemia,
houve redução dos presos recolhidos no local em
quase mil presos a menos', avalia ela.
A estimativa é que a Cadeia Pública tenha hoje entre
3.400 e 3.500 presos num espaço com capacidade
para 1.824 - desses presos, 1. 989 são provisórios e 1.
459 condenados.
O local tem uma das primeiras alas para pessoas
LGBTQIA+ criadas em presídios no país e não recebe
criminosos sexuais. A diretora explica que isso se deve
ao fato de não ter espaço específico para eles.
Essa é a terceira passagem da major Ana Maria pela
unidade, onde teve seu primeiro contato com o sistema
carcerário, há dez anos. A primeira, entre 2011 e 2013,
foi como chefe da sala de visitas. Depois, entre 2018 e
2019, ela se tornou gestora de projetos e recursos
humanos. No ano passado, voltou para assumir a
subdireção.
Em 2013, a OEA (Organização dos Estados
Americanos) expediu medida cautelar pedindo que o
governo brasileiro adotasse medidas para solucionar a
situação caótica do Central. Segundo o governo do
estado, ela ainda é válida.
No ano seguinte, um mutirão do CNJ (Conselho
Nacional de Justiça) recomendou o esvaziamento da
unidade, e um dos pavilhões foi parcialmente derrubado
pelo governo Tarso Genro (PT).
'Aquela ideia de que estávamos na pior cadeia do país
tinha muito mais a ver coma questão estética, estrutural,
do que com os serviços que o estado levava até os
presos', diz a major. 'Não vou dizer que não temos
problemas, mas o status de pior presídio não condizia
com o trabalho de cada servidor aqui'.
A juíza Sonáli, que continuou visitando o local mesmo
durante a pandemia, conta que o que diferencia o
Central de outros presídios é o fato de não possuir celas
fechadas, apenas as galerias são trancadas, o que
acaba possibilitando que sejam colocados mais presos
no local ocupando os corredores e aumentando o risco
de contaminação e proliferação de doenças.
'Os maiores problemas são as questões de salubridade,
esgotos a céu aberto, caixas d'água abertas onde caem
dejetos de pássaros e baratas, há ratos e contaminação53
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
por sarna, por exemplo', ressalta.
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O País não vai se intimidar
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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O objetivo do presidente Jair Bolsonaro ao convocar as
manifestações do 7 de Setembro foi tão somente
intimidar os outros Poderes constituídos. Embora tenha
jurado respeitar a Constituição quando tomou posse, o
presidente avisou que não pretende cumprir ordens do
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), o que, na prática, significa afrontar o
Supremo e a própria Constituição. E ainda desafiou,
para delírio de seus adoradores: 'Quero dizer aos
canalhas que eu nunca serei preso'. Ressalte-se que
Bolsonaro não disse que sua conduta não é criminosa.
Ele apenas se recusa a se submeter a eventuais
medidas judiciais restritivas de liberdade porque não
reconhece, liminarmente, a legitimidade do juiz que
eventualmente vier a condená-lo.
Felizmente, contudo, a julgar pelo que se vê desde que
Bolsonaro assumiu a Presidência, o palavrório golpista
e o espetáculo das ameaças aos outros Poderes não
passam de esperneio, diante da constatação de que as
bravatas bolsonaristas têm encontrado firme resistência
institucional.
Em enérgico discurso como resposta ao repto de
Bolsonaro, o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux,
disse que 'o STF não tolerará ameaças à autoridade de
suas decisões' e que, havendo desobediência por parte
de um chefe de Poder. como é Bolsonaro,
'além de representar atentado à democracia, configura
crime de responsabilidade, a ser analisado pelo
Congresso'. Para completar, dirigiu-se aos golpistas
bolsonaristas que, incitados pelo presidente, atacam o
Supremo: 'Este Supremo jamais aceitará ameaças à
sua independência nem intimidações ao exercício
regular de suas funções'. Tal disposição indica que,
malgrado a tensão causada pelas inúmeras bravatas de
Jair Bolsonaro desde que chegou ao Palácio do
Planalto, a marcha golpista do presidente continuará a
ser obstada pelas instituições que, exercendo sua
independência constitucional, se empenham em
preservar a normalidade democrática.
São muitos os casos em que o Legislativo e o
Judiciário recordaram ao presidente da República seus
limites constitucionais. Por exemplo, o Congresso não
apenas rejeitou inúmeras medidas provisórias (MPs)
editadas desde 2019, como a presidência do Senado,
em junho
de 2020, devolveu de pronto a MP 979/2020, sobre a
nomeação de reitores, em razão de sua evidente
inconstitucionalidade. Merece menção especial o papel
do Senado na contenção dos arroubos presidenciais.
No mês passado, o presidente da Casa, Rodrigo
Pacheco, rejeitou a denúncia de Bolsonaro contra o
ministro Alexandre de Moraes, em razão de ausência de
justa causa. Ontem, Rodrigo Pacheco mostrou especial
prudência com a suspensão das sessões deliberativas
desta semana.
No STF, destacam-se três decisões especialmente
relevantes para o País. No ano passado, o Supremo
rejeitou a tentativa de centralização do Palácio do
Planalto e, em uma defesa histórica do princípio
federativo, reconheceu a competência de Estados e
municípios para editar medidas relativas à saúde55
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
pública no enfrentamento da pandemia de covid-19.
Em corajosa defesa do princípio da separação dos
Poderes, o STF reconheceu o dever da presidência do
Senado de instaurar a CPI da Covid, uma vez que
estavam preenchidos os requisitos constitucionais. Os
interesses do Palácio do Planalto não poderiam
prevalecer sobre a vontade dos parlamentares e,
principalmente, sobre a Constituição. Essa decisão do
Supremo permitiu que a população conhecesse não
apenas a extensão das omissões do Palácio do
Planalto, mas também como se deram algumas
negociações no Ministério da Saúde.
Destaca-se ainda, no âmbito do Supremo, a
manutenção das investigações sobre atos e
organizações contrários ao regime democrático. Apesar
das várias ameaças bolsonaristas, os trabalhos para
apurar eventuais condutas ilícitas estão avançando. Ao
investigar, entre outros, o presidente Bolsonaro e seus
filhos, o Supremo revela a qualidade, tão valorizada na
Operação Lava Jato, de que o sistema de Justiça não
deve fazer distinção de pessoas. Bolsonaro pode não
gostar, mas todos devem se submeter à mesma lei.
COLUNISTAS
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Lira fala em diálogo'e ignora impeachment
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Autor: Lauriberto Pompeu Camila Turtelli
O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL),
ignorou o tema impeachment em pronunciamento
ontem, um dia após o presidente Jair Bolsonaro, em
atos no 7 de Setembro, pregar desobediência a
decisões do Supremo Tribunal Federal. Sem citar o
chefe do Executivo, o deputado criticou 'radicalismo e
excessos', mas disse que é preciso 'diálogo', indicando
que não deve levar adiante qualquer pedido de
impedimento neste momento.
A decisão de aceitar ou não uma solicitação de
impeachment é do presidente da Câmara. Na gaveta de
Lira há 131 pedidos de impedimento do atual presidente
da República. Após a radicalização no discurso de
Bolsonaro, em que ele desafiou o Supremo, o debate
sobre um impeachment ganhou força.
'A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e
negociações para serenarmos. Para que todos
possamos nos voltar ao Brasil real que sofre com o
preço do gás, por exemplo', afirmou Lira, ontem. Ainda
segundo ele, a Câmara pode ser 'uma ponte de
pacificação entre o Judiciário e o Executivo'.
Eleito para o cargo de presidente da Câmara com o
apoio do Palácio do Planalto, Lira se tornou fiador das
pautas governistas no Congresso e tem adotado um
discurso de que não há clima para a abertura de um
processo de impeachment agora.
'Conversarei com todos e todos os Poderes. E hora de
dar um basta a essa escalada, em um infinito loop
negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um
eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e
passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade',
declarou o presidente da Câmara.
Mesmo pregando 'pacificação', em seu pronunciamento
Lira também mandou recados a Bolsonaro e a seus
apoiadores. Ele criticou a insistência na defesa do voto
impresso em 2022, proposta já rejeitada pela Câmara
dos Deputados no mês passado, mas que estava
presente em cartazes de manifestantes e no discurso do
próprio presidente, nos atos de anteontem.
'Não posso admitir questionamentos sobre decisões
tomadas e superadas, como o voto impresso. Uma vez
decidido, é página virada', afirmou e deputado. 'São nas
cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo
expressa sua soberania. Que até lá tenham os todos
serenidade e respeito às leis, à ordem e principalmente
à terra que todos amamos. '
Não é a primeira vez que Lira endurece o discurso
contra o governo Bolsonaro. O líder do Centrão já
mencionou, em dois discursos anteriores, um 'sinal
amarelo' para dizer que está alerta em relação a
arroubos autoritários. 'Vou seguir defendendo o direito
dos parlamentares à livre expressão e a nossa
prerrogativa de puni-los eventualmente se a Casa, com
sua soberania e independência, entender que cruzaram
a linha. ' Logo após o pronunciamento, a senadora
Simone Tebet (MDB-MS) publicou uma série de tuítes
defendendo uma reação institucional mais forte às
declarações de Bolsonaro. 'Mais que voz institucional, o57
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
momento exige ação dos poderes Judiciário e
Legislativo. Porque as palavras do presidente têm feição
de atos. E atos inconstitucionais. Ele não as diz por
coragem, mas por medo. Nós temos de mostrar
coragem não só para falar, mas para agir', afirmou a
parlamentar.
Pós-atos. Ainda ontem, Lira se reuniu como ministro do
Supremo Gilmar Mendes, um dos poucos que mantêm
diálogo com o Palácio do Planalto, para tentar conter
acrise entre os Poderes. Antes do encontro com o
ministro, o presidente da Câmara também esteve com
os ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Flávia
Arruda, da Secretaria de Governo. Ambos são da
articulação política do Planalto e têm tentado 'moderar'
as agressões feitas por Bolsonaro ao Poder Judiciário.
Em outro movimento, poucas horas depois de fazer um
discurso duro contra Bolsonaro e afirmar até que o
chefe do Executivo cometeu crime de responsabilidade,
o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, recebeu a
deputada bolsonarista e presidente da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Bia Kicis (PSL-
DF).
A parlamentar é crítica ferrenha da Corte e foi uma das
principais entusiastas das manifestações pró-governo e
contra o Supremo no Diada Independência. Apesar
disso, Bia declarou que a conversa foi amigável e negou
qualquer constrangimento por causa das falas de
Bolsonaro na véspera. A deputada afirmou que tratou
com Fux sobre'projetos de interesse do Supremo que
estão na CCJ'.
'Nosso governo tem maioria confortável, afirma Mourão
O vice-presidente da República, general Hamilton
Mourão, descartou ontem a possibilidade de um pedido
de impeachment do presidente Jair Bolsonaro prosperar
neste momento. 'Não vejo que haja clima para
impeachment. Clima tanto na população como um todo
como dentro do Congresso. Acho que nosso governo
tem maioria confortável de mais de 200 deputados. Não
é maioria para apoiar grandes projetos, mas é maioria
capaz de impedir que grandes projetos prosperem
contra a pessoa do presidente", disse Mourão a
jornalistas, ao chegar ao Planalto.
Depois de participar da cerimônia oficial pelo Dia da
Independência e de ato em Brasília, anteontem, Mourão
fez outro aceno a Bolsonaro, com quem tem relação
conflituosa, ao criticar o ministro do Supremo Tribunal
Federal Alexandre de Moraes. 'Eu tenho ideia clara que
o inquérito que é conduzido pelo Alexandre de Moraes
não está correto. Juiz não pode conduzir inquérito',
afirmou. O general, no entanto, não quis comentar as
falas antidemocráticas de Bolsonaro no 7 de Setembro.
/ EDUARDO GAYER
Conversas
'A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e
negociações para serenarmos. Para que todos
possamos nos voltar ao Brasil real que sofre com o
preço do gás, por exemplo. ' Arthur Lira (PP-AL)
PRESIDENTE DA CÂMARA
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Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
58
Em resposta, Fux aponta crime de responsabilidade
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Um dia após o presidente Jair Bolsonaro participar de
atos antidemocráticos e ameaçar 'descumprir' decisões
do Supremo Tribunal Federal, o presidente da Corte,
Luiz Fux, afirmou ontem que as atitudes do chefe do
Executivo representam um 'atentado à democracia'. O
discurso duro foi marcado por mensagens diretas ao
Palácio do Planalto de que os magistrados não vão
mais tolerar movimentos golpistas e intransigência. Fux
destacou que as ameaças do chefe do Executivo na
tarde de anteontem, se levadas adiante, configuram
'crime de responsabilidade', o que pode levá-lo ao
impeachment.
'Ninguém fechará esta Corte. Nós a manteremos de pé,
com suor e perseverança. No exercício de seu papel, o
Supremo Tribunal Federal não se cansará de pregar
fidelidade à Constituição e, ao assim proceder, esta
Corte reafirmará, ao longo de sua perene existência, o
seu necessário compromisso com a democracia, com
os direitos humanos e como respeito aos poderes e às
instituições deste País', disse Fux (mais informações na
pág. A1O).
Nas manifestações convocadas para o feriado de 7 de
Setembro, Bolsonaro disse que não vai mais acatar
decisões judiciais proferidas pelo ministro Alexandre de
Moraes, que chamou de 'canalha', e, sem citar
diretamente Fux, cobrou que o presidente da Corte
enquadre o magistrado - que é responsável pelos
inquéritos que apuram possíveis crimes do presidente.
Bolsonaro também voltou a atacar as urnas eletrônicas
e afirmou que só deixará a Presidência morto. 'Ou o
chefe desse Poder (Judiciário) enquadra o seu
(ministro) ou esse Poder vai sofrer aquilo que não
queremos', disse.
Areação ao presidente foi debatida entre os ministros do
STF na noite de anteontem e resultou em uma
contundente resposta ao Planalto. Na ocasião, cada
magistrado expressou sua avaliação sobre os atos de 7
de Setembro. Em comum, todos os integrantes do
tribunal, incluindo Kassio Nunes Marques - indicado ao
cargo por Bolsonaro prestaram solidariedade a Moraes.
O Estadão apurou que nessas reunião Fux foi cobrado a
dar uma resposta forte.
Em sua fala, Fux disse que o Supremo não aceitará
intimidações a sua independência e aos seus membros.
'Ofender a honrados ministros, incitara população a
propagar discurso de ódio contra a instituição do
Supremo Tribunal Federal e incentivar o
descumprimento de decisões judiciais são práticas
antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis. '
Em outro trecho do pronunciamento, o ministro disse
que Bolsonaro tenta 'descredibilizar' o tribunal e, caso
descumpra as decisões da Corte, poderá ser
enquadrado por crime de responsabilidade. E lembrou
que este tipo de crime precisa ser analisado pelo
Congresso.
'O Supremo Tribunal Federal também não tolerará
ameaças à autoridade de suas decisões. Se o desprezo
às decisões judiciais ocorre por iniciativa do chefe de
qualquer dos Poderes, essa atitude, além de
representar atentado à democracia, configura crime de59
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso
Nacional. '
A lei de impeachment (1. 079) inclui no rolde crimes de
responsabilidade, que podem levar ao impedimento do
presidente, o descumprimento de decisões judiciais e
'proceder de modo incompatível com a dignidade, a
honra e o decoro do cargo'. O artigo 85 do texto
constitucional define como crimes do presidente o ato
de'atentar contra o livre exercício do Poder Legislativo,
do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos
Poderes constitucionais das unidades da Federação'.
Em nome de todos os ministros, Fux fez um apelo à
população brasileira para que não 'caia na tentação de
narrativas fáceis e messiânicas que criam falsos
inimigos da Nação'.
Aras. Logo após o pronunciamento de Fux, o
procurador-geral da República, Augusto Aras, também
fez uma defesa da democracia. Reconduzido ao cargo
por Bolsonaro no mês passado, o procurador-geral citou
o ex-deputado constituinte Ulysses Guimarães para
defender a Constituição e a harmonia entre os Poderes.
Aras classificou os atos nas ruas como uma 'festa cívica
com manifestação pacífica' e defendeu diálogo e
soluções com 'ferramentas da institucionalidade' para
resolver os conflitos. O procurador-geral da República é
responsável por encaminhar eventuais denúncias contra
o presidente da República. Indicado por Bolsonaro para
o cargo, Aras vem sendo criticado e foi até acusado de
prevaricação por não avançar nas investigações contra
o chefe do Executivo. / RAYSSA MOTTA, WESLLEY
GALZO, DANIEL WETERMAN e AMANDA PUPO
Tensão política faz Bolsa cair 3, 78%; dólar vai a R$ 5,
32 Pág. B1
PARA LEMBRAR
Diálogo rompido com Bolsonaro
No dia 5 de agosto, o presidente do Supremo Tribunal
Federal, Luiz Fux, anunciou o cancelamento da reunião
entre os líderes dos Poderes sob o argumento de que o
presidente Jair Bolsonaro não estava interessado no
diálogo e não honra com a sua palavra. Os dois se
reuniram para selar um tratado de paz, mas, pouco
tempo depois do encontro, o presidente voltou a atacar
a Corte em sua campanha pelo voto impresso.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
60
ANÁLISE
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Luiz Fux
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Autor: Joaquim Falcão
Tudo está ficando mais claro. Quando o Supremo tem
que decidir questões circunstanciais, tem sido, às
Vezes, excessivamente monocrático. O ministro fala
sozinho. Mas quando o Supremo tem que decidir
questões institucionais, é coletivo. E é o caso. Nem
Alexandre de Moraes nem Luiz Fux estão agindo
circunstancialmente. Estão agindo institucionalmente.
Não são um. São todos. Atacar um é atacar todos. A
tática da personalização do Supremo morre no grito,
mas não se transforma em gesto. Erra o alvo. O
presidente da República conseguiu unir o Supremo.
Defendido e bem o Supremo, ao ministro Fux só faltou
falar como Cícero, grande orador do século I a. C. ,
disse a um senador que conspirava contra a República
Romana: 'Até quando abusarás da paciência nossa?'
Neste Dia da Independência, ficou claro. Importante
agora é cumprir a Constituição. E neste caso, não é o
Supremo que tem que fazer cumprir a Constituição. É o
deputado Arthur Lira, presidente da Câmara. A bola está
com ele. Ele tem de ter a coragem política de barrar ou
não os pedidos de impeachment. Justificando o porquê
da sua decisão nos mais de 130 pedidos parados. Um a
um. Parar os pedidos é uma forma de decidir contra
eles. É isto mesmo, deputado? O que se está pedindo é
que Lira venha à luz do sol, o melhor detergente contra
a pequena política. Diga institucionalmente suas razões.
E arque política e eleitoralmente com sua opção. O País
não quer mais ataques nem jogos velados, negociações
noturnas e soturnas.
O presidente Lira tem que dizer, ao recusar ou fazer
progredir os pedidos de impeachments, se mobilizar
uma multidão contra ministro do Supremo é constranger
juiz a fazer ou deixar de fazer ato do seu ofício,
conforme o artigo 6, 6, da Lei de Impeachment. Se
chamar um ministro do Supremo de canalha é proceder
de modo incompatível com decoro do cargo, conforme o
artigo 7, 9, da mesma lei.
Ele é o juiz nesta etapa. E não o Supremo. Se ele
pretende ser o Muro de Berlim que divide o País, que
seja. O direito de discricionariedade do sim ou do não é
seu. Desde que o exerça. No seu juízo de
admissibilidade inicial, não é suficiente palavras ao
vento. Nem ambíguas. Importa é colocá-las em ação. A
virtude na política se traduz na ação. Se o presidente da
República faz pressão no Supremo e no ministro
Moraes, o faz para desviar a pressão sobre Lira. É óbvia
tática.
Como Michelangelo disse para sua estátua de Moisés
quando pronta: 'Por que não falas, deputado?' E a hora
e vez de Arthur Lira.
* PROFESSOR DE DIREITO CONSTITUCIONAL
COLUNISTAS
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61
Caminhoneiros realizam protestos em estradas do País
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
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Caminhoneiros realizaram ontem paralisações e
bloqueios parciais em estradas de ao menos 12
Estados. O Ministério de Infraestrutura informou, em
boletim divulgado à noite, que a Polícia Rodoviária
Federal (PRF) atuava para desbloquear os trechos.
Segundo o órgão, em outros dois Estados também
foram constatados 'pontos de concentração' em
rodovias, mas sem ligação com o movimento dos
caminhoneiros.
No boletim anterior, às 17h, o ministério afirmava que a
PRF negociava para liberar o fluxo nas rodovias até a
meia-noite. No comunicado divulgado às 20h40, no
entanto, não havia mais essa previsão. 'Agentes
encontram-se nos locais identificados e iniciaram o
procedimento de desobstrução com a orientação de
liberar todos que quiserem seguir viagem', diz o
segundo boletim. De acordo com anota, os últimos
bloqueios totais foram registrados no Rio Grande do
Sul, mas eles também estavam sendo desmobilizados.
Os bloqueios começaram durante as manifestações do
7 de Setembro convocadas pelo presidente Jair
Bolsonaro, e se seguiram durante o dia de ontem. 'Ao
todo, já foram debeladas 117 ocorrências com
concentração de populares e tentativas de bloqueio total
ou parcial de rodovias durante as últimas horas', afirmou
o ministério. 'A disseminação de vídeos e fotos por meio
de redes sociais não necessariamente reflete o estado
atual da malha rodoviária. '
O boletim destaca que a composição das mobilizações
é heterogênea, 'não se limitando a demandas ligadas à
categoria', e afirma não haver previsão de que os
bloqueios nas rodovias afetemo abastecimento de
produtos no País. As concentrações preocupavam
distribuidoras de combustíveis, que temem
desabastecimento de produtos como gasolina e óleo
diesel. A situação mais crítica era em Santa Catarina e
em Mato Grosso.
Ontem, Bolsonaro enviou áudio a grupos de
caminhoneiros pedindo que liberassem as rodovias.
'Isso provoca desabastecimento, inflação, prejudica todo
mundo, em especial os mais pobres. Dá um toque nos
caras aí para liberar. Deixa com a gente em Brasília.
Não é fácil negociar com outras autoridades, mas
vamos fazer nossa parte, vamos buscar uma solução
para isso', diz Bolsonaro na mensagem. O ministro da
Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirmou a
autenticidade do áudio.
Um dos líderes do movimento intitulado Caminhoneiros
Patriotas, Francisco Burgardt, conhecido como Chicão
Caminhoneiro, disse que entregará um documento ao
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),
pedindo a destituição de ministros do Supremo
Tribunal Federal. 'O povo não aguenta mais esse
momento que o País está atravessando através da
forma impositiva que STF vem se posicionando. O povo
está aqui (na Esplanada dos Ministérios) buscando
solução e só vamos sair com solução na mão', disse
Chicão, que preside a União Brasileira dos
Caminhoneiros (UBC), em vídeo que circula nas redes
sociais. Segundo ele, o documento também será
entregue a Bolsonaro. Ele não foi localizado ontem.
62
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Reação. À Frente Parlamentar Mista do Caminhoneiro
Autônomo e Celetista enviou ontem ofícios ao diretor-
geral da PRF, ao Ministério da Infraestrutura, à
Presidência da República e a outros órgãos em que
pedia ação das forças de segurança pública para
garantir o trânsito nas rodovias. A frente afirmou que,
em decorrência dos atos iniciados no 7 de Setembro,
ainda ocorriam obstruções em estradas federais 'com
madeiras, pedras e pneus'.
Presidente da frente, o deputado Nereu Crispim (PSL-
RS) afirmou haver 'ameaça à integridade física e danos
ao patrimônio com lançamento de pedras contra
caminhões de caminhoneiros e transportadores e contra
a nossa Constituição, no que se refere ao livre direito de
ir e vir'.
O fato de o ofício ter sido enviado pela frente reforça a
falta de unanimidade da categoria sobre as
paralisações. Entidades que representam
caminhoneiros autônomos não aderiram aos atos. Ao
menos nove entidades, entre associações,
confederações e sindicatos ligados à categoria
informaram ontem que não apoiam a paralisação e não
estão participando dos atos.
A Associação Nacional do Transporte de Cargas e
Logística (NTC&Logística), que diz congregar cerca de
4 mil empresas de transporte e mais de 50 entidades
patronais, manifestou repúdio aos bloqueios. Em nota, a
entidade afirma que as paralisações poderão causar
graves consequências para o abastecimento, que
poderão atingir o consumidor final e o comércio de
produtos de todas as naturezas, incluindo essenciais,
como alimentos, medicamentos e combustíveis.
O presidente da Associação Brasileira dos Condutores
de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim,
conhecido como Chorão, avaliou que o movimento é de
cunho político, com participação de empresários de
transporte e funcionários celetistas, e não de
transportadores autônomos. 'Os caminhoneiros estão
sendo usados como massa de manobra', disse Chorão,
que foi um dos principais líderes da categoria na greve
de 2018. 'Está claro que a pauta não é da categoria'.
O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Dahmer,
relatou ter visto alguns pontos de mobilizações de
caminhoneiros, 'conforme era esperado'. 'Vimos
veículos do agronegócio, como tratores e máquinas
agrícolas, e a ala de patriotas apoiadores do presidente
Bolsonaro. O transportador autônomo vai continuar
tentando trabalhar', disse. ACNTTL enviou
recentemente ofício ao presidente do STF, Luiz Fux,
repudiando atos 'extremistas' e as declarações do
cantor Sérgio Reis e do que chamou de 'pseudo
lideranças' de caminhoneiros, dizendo que não
compactua com atos antidemocráticos. / MARLLA
SABINO, AMANDA PUPO, ISADORA DUARTE, FÁBIO
GRELLET e LEVY TELES
Grupo tenta invadir Ministério da Saúde e agredir
jornalistas
Manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a sede do
Ministério da Saúde em Brasília ontem, mas foram
contidos por seguranças. Segundo a assessoria de
imprensa da pasta, jornalistas que estavam no local
foram hostilizados.
A Polícia Militar chegou a ser acionada, mas informou
que a confusão já havia sido encerrada quando os
policiais chegaram. Pró-governo, o grupo que tentou a
invasão está em Brasília desde terça-feira, quando foi
às ruas junto ao presidente Jair Bolsonaro com pautas
antidemocráticas.
Não havia informações sobre os motivos para a
tentativa de invasão ao prédio do ministério. Também
não havia registro de feridos durante a tentativa de
invasão.
A Federação Nacional das Empresas de Rádio e
Televisão (Fenaert) emitiu nota de repúdio. 'Reforçamos
que a imprensa deve ser livre para exercer seu papel
democrático e aos profissionais deve ser garantido o
respeito e a segurança para que possam levar
informação para o povo brasileiro', informou a nota da
entidade. A Fenaert disse ainda que 'se solidariza ainda63
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
com os profissionais vítimas dessa violência e reforça
que ataques de vândalos, como o que aconteceu hoje,
não podem se repetir e devem ser punidos. '
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal
informou que "por razões de segurança", a Praça dos
Três Poderes segue restrita a manifestações. /
EDUARDO GAYER e Interesse
'Os caminhoneiros estão sendo usados como massa de
manobra. Existe um movimento com interesse de
empresas e do agronegócio atrás do financiamento
desses atos. Está claro que a pauta não é da categoria.
' Wallace Landim (Chorão) PRESIDENTE DA ABRAVA
Fila. Caminhoneiros parados na rodovia Imigrantes, na
altura de Várzea Grande (MT); bloqueios começaram
durante as manifestações do 7 de Setembro
convocadas por Bolsonaro
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
64
CELSO MING - Como produzir crises e esconder problemas
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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O presidente Jair Bolsonaro se comporta como certos
moluscos que lançam jatos de líquidos escuros na água
para confundir e turvar a visão dos seus predadores.
Os inimigos reais do Brasil e do futuro político de
Bolsonaro não são o Judiciário nem o voto eletrônico,
como ele próprio apontou nos discursos de 7 de
Setembro em Brasília e São Paulo. Como avisou ontem
o presidente do Supremo, Luiz Fux, o inimigo de
Bolsonaro é o desemprego que alcança 14, 1% da
população ativa; a gasolina perto dos R$ 7 por litro; o
gás de cozinha que ultrapassa os R$ 100 por botijão; é
a inflação anual se avizinhando dos dois dígitos que
ajuda a corroer o poder aquisitivo do consumidor; a
puxada dos juros; é a cavalgada do dólar; o rombo fiscal
que se alarga; a ameaça de apagão; e a população
sendo dizimada pela covid-19. Contra esses inimigos,
Bolsonaro se mantém em estado catatônico, exime-se a
combatê-los.
Mas, ao tentar confundir a população, Bolsonaro resvala
para o crime de responsabilidade, como também
denunciou Fux. Incita à desobediência das decisões
judiciais, contesta matéria ultrapassada no Congresso,
como a da proposta do voto impresso auditável, prega
operações golpistas e o jogo autoritário.
A reação do presidente da Câmara, Arthur Lira, às
tentativas de Bolsonaro de criar o caos foi flácida e
pretensamente conciliatória. Limitou-se a avisar que a
questão do voto impresso é página virada, que não mais
admite contestação. Mas Lira não condenou os ataques
ao Supremo nem a grave incitação à desobediência a
suas sentenças. Não anunciou providências para coibir
os crimes de responsabilidade em que o presidente vem
incidindo. Quando avisou que os conflitos seriam
resolvidos no dia 3 de outubro de 2022, apenas se
recusou a participar do jogo golpista. Mas, ao mesmo
tempo, deixou claro que não apoia o processo de
impeachment contra Bolsonaro.
Ao apresentar-se como intermediário para a retomada
do diálogo entre Poderes em conflito, Lira pareceu
desconsiderar que o Legislativo também está sendo
atacado pelo presidente, tanto pelo discurso golpista
como pelo desrespeito à sua decisão em relação ao
voto impresso. E ignorou o fato de que Bolsonaro não
se mostra disposto a dialogar nem a aceitar as regras
do jogo democrático. Ao contrário, ele quer a
perpetuação do conflito e a destruição do processo
eleitoral.
No pronunciamento desta quarta-feira, Fux advertiu que
a atitude de Bolsonaro pode configurar crime de
responsabilidade que precisa ser examinado pelo
Congresso. E pediu mais contundência do presidente da
Câmara.
A parte as crises institucional e política, sobram, como
acima mencionado, os graves problemas de política
econômica e sanitária a resolver. Mas, nesses campos,
Bolsonaro se mantém desinteressado. Não se vê em
seu governo nenhum empenho sério em atacá-los. Está
aí a crise hídrica em fase de agravamento, enfrentada
até agora apenas com aumento da conta de luz e com
apelos inconsequentes à redução de consumo de
energia. No mais, há os jatos de tinta escura lançados65
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
na água pela criatura que se vê ameaçada.
* COMENTARISTA DE ECONOMIA
Fux e Bolsonaro: tensão
COLUNISTAS
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
CNJ - Luiz Fux
66
Com crise, Congresso deve segurar reformas
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Adriana Fernandes Idiana Tomazelli,
O agravamento da crise políticas institucional, após as
manifestações de teor antidemocrático no 7 de
Setembro, deve escantear de vez a agenda econômica
do ministro Paulo Guedes da pauta do Congresso
Nacional. Os parlamentares vão centrar esforços na
aprovação do Orçamento de 2022, que precisa ser
votado para não comprometer a execução de despesas
no ano que vem, mas a tarefa não será fácil.
Economistas do mercado estimam que a proposta
enviada pela equipe econômica tem um 'buraco' de
cerca de R$ 70 bilhões.
O valor a descoberto inclui a ampliação do Bolsa
Família, ainda sem espaço certo no Orçamento, a fatura
adicional provocada pela repercussão da inflação maior
sobre benefícios pagos pelo governo e negociações
políticas, como a renovação da política de desoneração
da folha para empresas e maior volume de emendas
parlamentares. A dúvida é quanto o Congresso vai abrir
de espaço para novos gastos em ano eleitoral, o que
provoca volatilidade adicional no mercado financeiro.
Segundo parlamentares, o governo dificilmente terá
condições de conseguir aprovar na Câmara e no
Senado prioridades da equipe econômica, como o
projeto que muda o Imposto de Renda e as reformas
administrativa e tributária.
Os ataques disparados pelo presidente Jair Bolsonaro,
que defendeu inclusive o descumprimento de decisões
do STF, empurraram partidos como MDB,
Solidariedade, Cidadania, PSDB e PSD para uma
postura mais refratária aos projetos do governo. Várias
dessas legendas passaram a discutir o impeachment de
Bolsonaro, e o PSDB anunciou que a partir de agora
será oposição ao governo.
Sem essas siglas, será bem mais difícil o governo
formar maioria para aprovar os projetos, mais ainda
Propostas de Emenda à Constituição, que precisam de
quórum de 3/5 para aprovação em dois turnos de
votação. São PECs a reforma administrativa e a
proposta para mudar o pagamento de precatórios.
Mesmo sem parcelamento, uma PEC para resolver o
'meteoro' de R$89, 1 bilhões em dívidas judiciais voltou
como alternativa depois de Bolsonaro queimar a 'ponte'
para uma solução por meio do Judiciário.
O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM),
afirma que o presidente da Casa, Arthur Lira
(ProgressistasAL), 'perde cartuchos' para aprovar as
pautas de interesse do governo. 'Diante de tantas
trapalhadas e tanto descumprimento de compromissos
por parte do governo, o presidente Lira, que até aqui
tem usado todo o seu prestígio, vai perdendo os seus
cartuchos para garantir sozinho as votações, que até
hoje são total e exclusivamente fruto da liderança dele',
diz. Para ele, o ano legislativo morreu para o governo
após os atos do último feriado.
Com o cenário pós-manifestações, Ramos avalia se
apresenta unam uma PEC para retirar as despesas com
precatórios do teto de gastos, a regra que limita o
crescimento das despesas à inflação. O texto está
praticamente pronto e daria uma folga de R$ 20 bilhões67
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
ao governo, o que viabilizaria o Auxílio Brasil com um
benefício médio de R$300 como quer Bolsonaro.
Um termômetro do apoio ao governo poderá ser
observado durante audiência na Câmara para debatera
PEC dos precatórios, marcada para hoje, com a
presença de integrantes do Ministério da Economia.
No Senado, onde o governo acumula derrotas, aliados
do Palácio do Planalto fizeram um apelo ao presidente
da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para que
projetos da agenda econômica sejam pautados, como a
reforma do Imposto de Renda e a privatização dos
Correios. Não houve, porém, compromisso com
avanços.
Sem acordo. Parlamento deve deixar de lado os
debates da pauta econômica: matérias não devem
avançar com crise
A AGENDA ECONÔMICA NO LEGISLATIVO
e PEC dos precatórios
O governo precisa de solução para "meteoro" de R$ 89,
1 bilhões em dívidas judiciais previstas para serem
quitadas em 2022, sob pena de não ter espaço para
outras políticas em ano eleitoral. Solução via Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) ficou mais difícil diante de
embates entre o presidente Jair Bolsonaro e o STF.
e Auxílio Brasil
Versão turbinada do Bolsa Família, precisa sair do papel
ainda neste ano para não esbarrar nas limitações da lei
eleitoral. No entanto, reajustes previstos nos benefícios
dependem da solução dos precatórios.
e Orçamento de 2022
Única medida com maior chance de avançar, carrega,
porém, dificuldades, como a própria fatura dos
precatórios e a falta de espaço para o Auxílio Brasil.
e Reforma do IR
Aprovada na Câmara dos Deputados, deve enfrentar
resistência no Senado e acumula críticas de
especialistas por distorcer ainda mais a tributação sobre
a renda no País.
e Reforma tributária
Reúne mudanças para além do IR, também depende de
maior consenso entre parlamentares, o que pode ser
difícil em meio a ambiente político conturbado.
e Reforma administrativa Muda as regras no serviço
público, mas não foi aprovada nem na Câmara nem no
Senado. Pode acabar perdendo força.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário -
STF
68
Reação de Fux valoriza ordem institucional
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Depois das ameaças golpistas e dos ataques
antidemocráticos no 7 de Setembro, era esperada a
reação do Supremo Tribunal Federal (STF), alvo da
incitação do presidente Jair Bolsonaro. O presidente da
Corte, ministro Luiz Fux, deu ontem uma resposta ao
mesmo tempo dura e serenei, incisiva e responsável,
enérgica e reparadora. Lá onde Bolsonaro tentou
semear o caos e a cizânia entre as instituições, Fux
trouxe a voz da razão e deu uma aula de democracia.
Reconheceu o caráter pacífico das manifestações, em
que os 'participantes exerceram liberdades de reunião e
expressão, direitos protegidos pelo Supremo'. Louvou o
papel das polícias e forças de segurança, que souberam
atuar para preservar a ordem e a paz, desmentindo o
temor de que seus integrantes se convertessem em
milícias bolsonaristas. 'Percebemos que policiais e
demais agentes atuaram conscientes de que a
democracia não é importante apenas para si, mas
também para seus filhos', afirmou.
Fux traçou com clareza meridiana a distinção entre, de
um lado, a 'convivência de visões diferentes', a 'crítica
institucional' e o 'respeito aos Poderes constituídos' -
inerentes a toda democracia - e, de outro, os 'falsos
profetas do patriotismo', a 'tentação das narrativas
fáceis e messiânicas' e o 'discurso do 'nós contra eles''
de quem 'não propaga a democracia, mas a política do
caos'.
Nesse contexto, citou explicitamente os ataques de
Bolsonaro e reagiu com veemência a seu discurso
golpista. 'Ofender a honra dos ministros, incitar a
população a propagar discursos de ódio contra a
instituição do STF e incentivar o descumprimento de
decisões judiciais são práticas antidemocráticas e
ilícitas, intoleráveis', disse.
Em resposta à bravata de Bolsonaro de que
descumprirá ordens do Supremo, Fux reiterou que o
tribunal 'não tolerará ameaças à autoridade de suas
decisões'. Num momento de óbvio conteúdo político,
relembrou o sentido constitucional de um presidente
ameaçar desobedecer a ordens judiciais : 'Essa atitude,
além de representar um atentado à democracia,
configura crime de responsabilidade, a ser analisado
pelo Congresso Nacional'.
Foi uma indireta ao presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), em cuja mesa repousam algo como 130
pedidos de impeachment de Bolsonaro. Depois de ficar
em silêncio no Dia da Independência, Lira também se
viu compelido a fazer um pronunciamento, mas em tom
mais apaziguador. Tentou colocar o Legislativo no papel
de 'ponte' para pacificar Executivo e Judiciário.
Condenou as 'bravatas em redes sociais' e o 'eterno
palanque', sem nem citar Bolsonaro. Deu a entender
que continua pequena a chance de acatar algum dos
pedidos de impeachment (até porque Bolsonaro disporia
de votos suficientes para barrá-lo). 'O único
compromisso inadiável e inquestionável está marcado
para 3 de outubro de 2022, com as umas eletrônicas',
afirmou Lira.
Mas como agir se o candidato que está no poder
ameaça não aceitar o resultado, com base em mentiras
sobre essas mesmas urnas? Para casos assim, a69
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
própria democracia dispõe de recursos institucionais - o
impeachment é um deles, embora talvez o mais
traumático. Seria desejável que, como quer Lira, tudo
pudesse ser resolvido nas eleições e não fosse
necessário usá-los. Bolsonaro, porém, continua a
apostar noutro caminho.
COLUNISTAS
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
70
MALU GASPAR - Quem quer de verdade o impeachment?
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Autor: MALU GASPAR
Fazia tempo que a palavra impeachment não aparecia
com tanta frequência no noticiário. Depois do discurso
golpista de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, virou
assunto não só nos jornais, nas TVs e nas redes
sociais, mas também nas conversas dos líderes
políticos do Congresso, do Judiciário e do próprio
governo. PSDB, PSD e DEM anunciaram a abertura de
discussões internas sobre o impeachment, e o PDT
apresentou uma notícia-crime contra o presidente por
crime de responsabilidade. E a primeira vez que o tema
ganha tal força, apesar do histórico de crises e de
motivos para um impedimento desde o início do governo
Bolsonaro.
A questão, portanto, não é se há razões para tirar
Bolsonaro do poder. Fernando Collor perdeu o cargo
por causa de um Fiat Elba, e Dilma Rousseff por
pedaladas fiscais que a maior parte dos brasileiros não
é capaz de entender até hoje. Já Lula passou incólume
pelo mensalão, e Michel Temer pelo Joesley Gate. O
que interessa saber, no fundo, é: quem quer de verdade
Bolsonaro fora do Palácio do Planalto e o que está
disposto a fazer para isso?
O presidente da Câmara, Arthur Lira, definitivamente
não está entre essas pessoas. Com seu
pronunciamento ensaboado de ontem, Lira deixou claro
que ainda não está disposto a comprar uma briga com o
bolsonarismo e abrir mão de seu largo quinhão na
divisão de poder hoje em funcionamento.
Também não dá para incluir nesse rol o presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco, que ontem criticou 'arroubos
autoritários' e defendeu a democracia, mas também
sugeriu uma reunião de pacificação entre os Poderes.
Depois da invasão da Esplanada por manifestantes, ele
cancelou as sessões do Senado até a semana que vem,
em nome da segurança. E um motivo válido, mas
também tira da oposição a tribuna para aproveitar o
momento e reforçar o discurso pró-impedimento. Joga
água na fervura, como se diz lá nas Minas Gerais de
Pacheco.
A reação mais enfática ao show golpista do presidente
da República veio de Luiz Fux, para quem, se
Bolsonaro cumprir a ameaça de não mais obedecer a
ordens judiciais vindas do STF, estará cometendo 'crime
de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso
Nacional'. Foi um discurso forte, mas desagradou aos
mais indignados no próprio tribunal, para quem Fux
deveria ter aberto logo de cara uma investigação contra
o presidente da República.
Toda essa hesitação na Praça dos Três Poderes se
explica pela constatação de que, apesar de estar cada
vez mais isolado, Bolsonaro ainda tem o apoio
entusiasmado de uma parcela da população. Não é
forte o suficiente para superar a crise, nem fraco o
bastante para cair.
E então chegamos aos oposicionistas. Por mais que
digam publicamente que o 7 de Setembro de Bolsonaro
flopou, nos bastidores muitos deles admitem que os
atos foram grandes e que, para o impeachment decolar,
é preciso pôr na rua contra o presidente mais gente do71
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
que foi se manifestar a favor.
A ocasião se oferece no próximo dia 12, para quando
está marcado um protesto pelo Fora Bolsonaro,
convocado pelo Movimento Brasil Livre, o MBL. A data
foi anunciada em julho, logo depois da entrevista
coletiva que anunciou um superpedido de impeachment,
que reuniu de Joice Hasselmann (PSL) a Guilherme
Boulos (PSOL), de Gleisi Hoffrnann (PT) a Kim Kataguiri
(DEM). 'Eu fico muito feliz de ver aqui que nós temos
pessoas que estão acima de qualquer questão
ideológica, mas que pensam no Brasil e que pensam na
nação', disse Joice, resumindo o teor das falas de vários
outros. 'Eu não titubeei em um único momento em
assinar esse superpedido de impeachment. Marcelo
Freixo [ ex-PSOL , hoje PSB] chegou e falou para mim:
'Joice, será que você assina?' Eu falei: 'agora, agora'.'
Hoje parece que a união ficou só na foto. Em vez de
estar mobilizada para encher as ruas de gente, a
oposição está rachada. Luiz Henrique Mandetta (DEM)
e Simone Tebet (MDB) confirmaram presença nos atos,
mas Boulos, Freixo e Ciro Gomes (PDT) ainda estão
avaliando, e os petistas dizem que não participarão de
uma passeata da direita convocada por um movimento
anti-Lula que defendeu o impeachment de Dilma.
Enquanto Kataguiri, fundador do MBL, se esfalfa para
atrair mais gente para os atos, uma facção do
movimento se recusa a abrir mão da ideia de inflar um
enorme Pixuleco na Paulista. Nas redes sociais, petistas
e direitistas anti-Bolsonaro se atacam, numa discussão
estéril sobre de quem é a culpa pelo resultado da
eleição de 2018 e qual seria a manifestação mais
legítima contra o presidente da República.
A sensação que dá é que não aprenderam nada com
três anos de bolsonarismo. Ou que talvez não queiram
tanto assim ver Bolsonaro fora do Palácio do Planalto.
COLUNISTAS
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux72
MERCADO DESABA APOS 7 DE SETEMBRO
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Autor: VITOR DA COSTA, STEPHANIE TONDO E
JOÃO SORIMA NETO
A reação do mercado aos atos do Sete de Setembro,
nos quais o presidente Jair Bolsonaro renovou seus
ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao
sistema eleitoral, foi fortemente negativa. O dólar
comercial deu um salto de 2, 93%, a R$ 5, 3276,
enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa
brasileira, sofreu um tombo de 3, 78%, aos 113412
pontos. A moeda americana teve a maior valorização
desde 24 de junho, quando avançou 3,35%. Com isso, o
real foi a divisa com o pior desempenho global ontem.
Já a Bolsa não caía com tanta força desde 8 de março,
quando perdeu 3, 99%, depois de o ministro Edson
Fachin, do STF, ter anulado condenações do ex-
presidente Lula. - O mercado tem sempre expectativa
de que o Bolsonaro pode recuar e moderar, porque já
fez isso. Mas, depois daquele discurso, a interpretação
é que o clima de destruição de pontes vai continuar. -
afirmou Anna Reis, sócia e economista da Gap Asset,
para quem o discurso de Bolsonaro intensificou o
conflito como STF.
Para o economista-chefe do banco Modalmais, Álvaro
Bandeira, mesmo que a agenda dos atos já fosse
esperada, o tom de Bolsonaro desagradou ao mercado:
- O tom piorou. Isso é ruim para a economia porque
atrasa a recuperação e suspende investimentos.
TEMOR COM REFORMAS
As falas dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do
STF, Luiz Fux, foram bem recebidas. Para Luiz
Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital, as
respostas foram à altura das declarações de Bolsonaro,
mas mantendo um tom conciliatório.
Lira afirmou que a Constituição 'jamais será rasgada' e
pediu 'um basta' à escalada da crise entre Poderes,
oferecendo-se para mediar o conflito entre Executivo e
Judiciário.
Já Fux adotou um tom mais duro. Ele afirmou que, caso
desrespeite ordem judicial da Corte, Bolsonaro vai
incorrer em crime de responsabilidade, o que pode
resultar na abertura um pedido de impeachment.
- PO Lira teve um comportamento esperado, pensando
no cargo que ocupa. Para o
Fux, já era esperado uma não aceitação do
comportamento do Executivo - disse o economista-
chefe da Ativa Investimentos, Etore Sanchez,
destacando que o mercado está mais reticente sobre as
possibilidades de avanços da agenda econômica.
A grande preocupação é com o andamento das
reformas e da agenda econômica em meio à crise
institucional. Um dos pontos de atenção é a questão dos
precatórios. O Ministério da Economia tentava negociar
uma saída judicial, o que agora parece mais distante.
Outro fator é o desejo de
Bolsonaro ter um programa social em ano de eleição.
- Com Bolsonaro se debatendo com a popularidade em73
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
baixa, aumentam as chances de o governo apelar ao
populismo e fazer o novo Bolsa Família fora do teto de
gastos - disse Anna, da Gap Asset.
O gestor de fundos da Arena Investimento, Mauricio
Pedrosa, ressalta que a crise política afasta o investidor
estrangeiro. E lembra que o Brasil ainda enfrenta
problemas graves como a crise hídrica e a inflação
elevada: - O país amanheceu com os mesmos
problemas, que esperam resposta há algum tempo, e
com um quadro político mais conflagrado e com menor
segurança jurídica.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do japonês Banco
Mizuho, conta que, cada vez mais, os investidores
buscam explicações para o clima de instabilidade
política no Brasil.
- Tenho explicado que o discurso do presidente é mais
retórico, para manter a base de apoio político engajada.
Por enquanto, não vejo como isso pode se traduzir em
algo concreto. As instituições democráticas são fortes
no país e não há um apoio amplo da sociedade para
que a ruptura aconteça - disse Rostagno.
PERDA DE R$195 BILHÕES
Com o tombo do Ibovespa, as empresas que compõem
o índice perderam R$ 195 bilhões em valor de mercado,
segundo levantamento da consultoria Economatica. A
maior queda foi da Petrobras, que perdeu R$ 19, 60
bilhões, seguida de Ambev (R$ 15, 43 bilhões) e Vale
(R$10, 67 bilhões).
As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Vale
caíram 2, 08%, e as da Ambev, 5, 70%. Já a Petrobras
viu seus papéis ON tombarem 5, 55%, e os
preferenciais (PN, sem voto) recuarem 5, 63%.
Itaú Unibanco perdeu 5, 34% (ON) e 4, 74% (PN).
Bradesco desabou 6, 35% (ON) e 5, 76% (PN).
Outro sinal de preocupação do mercado foi a alta dos
juros futuros, um termômetro do cenário à frente. O juro
do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro
de 2022 subiu de 6, 87% para 6, 96%, e o do DI para
janeiro de 2023 foi de 8, 63% para 8, 77%. O do
contrato para janeiro de 2025 avançou de 9, 80% para
10, 03%; e o do DI para janeiro de 2027 passou de 10,
27% a 10, 51%.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
74
EFEITO COLATERAL
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quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Autor: NATÁLIA PORTINARI, PAULO CAPPELLI E
JULIA LINDNER
As ameaças antidemocráticas feitas pelo presidente Jair
Bolsonaro durante os atos de 7 de setembro
complicaram ainda mais a indicação do ex-advogado-
geral da União André Mendonça ao Supremo Tribunal
Federal (STF), estagnada no Senado. Parlamentares já
discutem internamente a possibilidade de barrar o nome
do ex-AGU e trabalham para que o governo o substitua
pelo do procurador-geral da República (PGR), Augusto
Aras.
O presidente da Comissão de Constituição de Justiça
(CCJ), Davi Alcolumbre (DEM-AP), avisou ao presidente
do Senado e seu aliado, Rodrigo Pacheco (DEM-AP),
que não cogita pautar a indicação de Mendonça pelo
menos pelos próximos 15 dias. O colegiado é a primeira
etapa da tramitação de indicações. Nos bastidores,
Alcolumbre faz mais do que isso: movimenta-se em
favor de Augusto Aras há cerca de dois meses. Não só
ele. Há cerca de 15 dias, um senador ligado ao Palácio
do Planalto pediu a Bolsonaro para abraçar a opção
Aras em detrimento de Mendonça, mas ouviu do
presidente que ele não estava disposto a ceder neste
caso.
Na conversa com Pacheco, Alcolumbre afirmou que se
sentiu mais respaldado em não dar andamento ao
processo do ex AGU depois de ver o presidente do STF,
Luiz Fux, fazer o duro discurso de ontem no qual
rebateu as intimidações de Bolsonaro. Ao abrir a sessão
da Corte, o ministro respondeu o presidente da
República, que no dia anterior havia afirmado que não
cumpriria decisões proferidas por Alexandre de Moraes,
relator no Supremo de inquéritos em que Bolsonaro
figura como investigado. Fux, em seu discurso, disse
que o STF não toleraria ameaças e que o eventual
desrespeito a uma determinação judicial da Corte
configuraria crime de responsabilidade - o que pode
ensejar um pedido de impeachment.
Em outro indicativo de que o nome de Mendonça subiu
no telhado, até mesmo integrantes da linha de frente do
Palácio do Planalto no Senado admitem não haver clima
para se apreciar a indicação neste momento. Vice-lider
do governo, Marcos Rogério (DEM-RO), é a favor de
aguardar o ambiente e amainar.
- O melhor é esperar baixar a fervura. Os líderes devem
conversar mais e buscar - entendimento. Quem está à
frente dos Poderes, a par das divergências, precisa
buscar entendimento e tomar decisões que não
extrapolem o limite constitucional que se impõe a todos.
Mas isso deve valer para os chefes de todos os
Poderes, não apenas para um deles - justificou Rogério.
Embora tenham sido dirigidos majoritariamente contra o
Judiciário, os ataques de Bolsonaro agravaram
também a relação com o Congresso, onde o governo
patina na articulação especialmente no Senado.
Partidos como PSDB e PSD, pela primeira vez
anunciaram que vão deliberar sobre a possibilidade de
apoiar o pedido de afastamento do chefe do Executivo.
A demora no andamento do processo de Mendonça no
Senado já bateu recorde. Como mostrou o GLOBO no75
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mês passado, já se passaram mais de 40 dias de
espera desde que seu nome foi oficializado por
Bolsonaro, mas até agora ele não andou na CCJ. Entre
os atuais ocupantes do STF, a que mais aguardou até a
apreciação da CCJ foi Rosa Weber: 29 dias.
O ex-AGU é visto como um nome que agrada o nicho
do setor evangélico, mas não tem trânsito com partidos
de centro, principalmente, que o criticam por ele já ter
se posicionado favoravelmente à Operação Lava-Jato.
Nas últimas semanas, Mendonça vem tendo conversas
com senadores para diminuir o desagrado a seu nome.
OUTRAS RESISTÊNCIAS Além de Aras, outra opção
cogitada pelos senadores em uma eventual substituição
de Mendonça é o nome do ministro Humberto Martins,
do Superior Tribunal de Justiça (STJ ).
Os demais nomes apresentam alguns problemas para
Bolsonaro. No caso de Aras, ele deixaria a vaga aberta
na PGR e precisaria ser substituído, o que também
preocupa alguns parlamentares. O PGR, porém, é
elogiado por senadores do PP, PL e MDB, por exemplo,
por seu traquejo com o Congresso Nacional. Ele
agradou aos senadores durante a sabatina a que foi
submetido no mês passado na CCJ quando teve seu
nome aprovado para mais um mandato como
procurador-geral.
Já Martins é ligado à cúpula do MDB e a adversários do
presidente, como o senador Renan Calheiros (MDB-AL),
o que provoca maior resistência.
Obstáculos. Presidente da CCJ vai adiar ainda mais
sabatina de Mendonça, e até governistas veem
ambiente ruim
INSTITUIÇÕES SOB ATAQUE
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber
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LIMITE TRAÇADO
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Autor: MARIANA MUNIZ E JULIA LINDER
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Luiz Fux, fez ontem um duro discurso em reação às
ameaças do presidente Jair Bolsonaro de descumprir
ordens judiciais proferidas pelo ministro da Corte
Alexandre de Moraes. Fux afirmou que a desobediência,
se concretizada, será 'ilícita' e vai configurar 'crime de
responsabilidade' que deverá ser apreciado pelo
Congresso -este tipo de crime enseja a abertura de
processo de impeachment. E completou, sobre os atos
de viés golpista promovidos pelo presidente anteontem:
'Ninguém fechará esta Corte'.
Em declaração a apoiadores durante os atos do 7 de
Setembro - que, entre outras pautas antidemocráticas,
pediam a dissolução do STF e o afastamento de
ministros -, Bolsonaro xingou Moraes e afirmou que 'não
cumprirá' decisões do magistrado, relator de inquéritos
que investigam o chefe do Executivo e aliados.
- Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por
iniciativa do chefe de qualquer dos Poderes, essa
atitude, além de representar atentado à democracia,
conflgura crime de responsabilidade, a ser analisado
pelo Congresso Nacional - afirmou o presidente do STF.
Fux pediu respeito ao Supremo e às decisões judiciais,
que devem ser questionadas por meio de recursos, e
não da 'desobediência', e disse que o STF, como um
todo, observou a forma e o conteúdo dos dizeres contra
a Corte que foram vistos nas manifestações, 'muitas
delas também vocalizadas pelo Senhor Presidente da
República, em seus discursos em Brasília e em São
Paulo': - Ninguém fechará esta Corte. Nós a
manteremos de pé, com suor e perseverança.
Sem citar o nome do presidente, Fux disse que é
preciso estar atendo aos 'falsos profetas do patriotismo,
que ignoram democracias verdadeiras' e fez ainda um
alerta para que as pessoas não caiam 'na tentação das
narrativas fáceis e messiânicas, que criam falsos
inimigos da nação'.
Os novos ataques de Bolsonaro contra o Supremo
foram recebidos com indignação pelos ministros, que se
reuniram no final da tarde de terça, após as falas do
presidente em São Paulo, para discutir como seria a
resposta ao presidente. MATURIDADE POLÍTICA O
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),
também aguardou o dia de ontem para se pronunciar
sobre os atos golpistas. Ele declarou que a solução da
crise'não está no autoritarismo e em arroubos
antidemocráticos'.
- Nesse 7 de setembro, muitos brasileiros foram às ruas,
outros milhares não foram. E existe um ponto em
comum entre todos os brasileiros: nós vivemos num
país em crise. Uma crise real, de fome, de miséria que
bate à porta dos brasileiros, sacrificando a dignidade
das pessoas; de inflação com a perda do poder de
comprados brasileiros, as coisas estão mais caras; a
crise do desemprego; acrise energética; a crise hídrica;
uma pandemia que entristeceu muito o país. Então, é
uma crise real que nós vivemos e que nós temos que
dar solução a ela.
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E acrescentou: - Essa solução não está no
autoritarismo, não está nos arroubos antidemocráticos.
Essa solução está na maturidade política dos Poderes
constituídos de se entenderem, de buscarem as
convergências para aquilo que verdadeiramente
interessa aos brasileiros.
DECRETOS DAS ARMAS
Em outro movimento de reação do STF a Bolsonaro, o
ministro Alexandre de Moraes liberou ontem para
julgamento as ações que questionamos decretos que
flexibilizam a posse e o porte de arma de fogo no país,
uma das principais pautas de Bolsonaro.
Ao todo, são nove ações que contestam decretos
editados em 2019 e em 2021 pelo presidente, todos
facilitando a compra de armas. A análise de todas as
ações havia começado no plenário virtual da Corte, mas
foi suspensa após pedido de vista de Moraes.
Há a expectativa de que o plenário da Corte venha a
derrubar trechos desses decretos, como um que
dispensa a pessoa que comprar uma arma de
comprovar que realmente necessita dela. Com a
devolução dos casos por Moraes, o julgamento virtual
ocorrerá entre os próximos dias 17 e 24. O julgamento
recomeçará com o voto do ministro.
Dos nove processos, oito são relatados pela ministra
Rosa Weber e um pelo ministro Edson Fachin. Até
agora, apenas os dois votaram e avaliaram que os
decretos aumentam o risco de violência. Ambos
entendem que eles foram além do que prevê o Estatuto
de Desarmamento.
Reação. O presidente do STF, Luiz Fux, lê seu discurso
em defesa das instituições democráticas durante a
abertura da sessão de ontem do STF, ao lado do
procurador-geral da República, Augusto Aras
TRECHOS E CONTEXTOS DO DISCURSO DO
PRESIDENTE DO SUPREMO
FORÇAS DE SEGURANÇA
'É forçoso enaltecer a atuação das forças de segurança
do país, em especial as polícias militares e a Polícia
Federal, cujos membros não mediram esforços para a
preservação da ordem e da incolumidade do patrimônio
público, com integral respeito à dignidade dos
manifestantes'
O PRESIDENTE DO STF ACENA AOS POLICIAIS
MILITARES APÓS AS MANIFESTAÇÕES
ANTIDEMOCRÁTICAS NÃO REGISTRAREM
PARTICIPAÇÃO DA CATEGORIA. A POSSÍVEL
ADESÃO DE PMS DA ATIVA GEROU PREOCUPAÇÃO
DE GOVERNADORES, O QUE NÃO SE CONFIRMOU.
FORMA E CONTEÚDO
'Este Supremo Tribunal Federal também esteve atento
à forma e ao conteúdo dos atos realizados no dia de
ontem. Cartazes e palavras de ordem veicularam duras
críticas à Corte e aos seus membros, muitas delas
também vocalizadas pelo senhor presidente da
República, em seus discursos em Brasília e em São
Paulo'
CARTAZES COM PEDIDO DE FECHAMENTO DO
SUPREMO E COM ATAQUES A MINISTROS DA
CORTE FORAM RECORRENTES. BOLSONARO FEZ
ATAQUES DIRETOS AO MINISTRO ALEXANDRE DE
MORAES, A QUEM CHAMOU DE 'CANALHA'', E A
DECISÕES RECENTES DO MAGISTRADO.
DISCURSOS DE ÓDIO
'A crítica institucional não se confunde - e nem se
adéqua - com narrativas de descredibilização do
Supremo Tribunal Federal e de seus membros, tal
como vem sendo gravemente difundidas pelo Chefe da
Nação. Ofender a honra dos ministros, incitar a
população a propagar discursos e ódio contra a
instituição do Supremo Tribunal Federal e incentivar o
descumprimento de decisões judiciais
são práticas antidemocráticas e ilícitas'
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FUX ENVIA UM RECADO DIRETO A BOLSONARO. O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FALOU-EM
'ENQUADRAR"' A CORTE E AFIRMOU QUE NÃO IRÁ
MAIS CUMPRIR DECISÕES JUDICIAIS DE
ALEXANDRE DE MORAES.
FALSOS PROFETAS
'Estejamos atentos a esses falsos profetas do
patriotismo, que ignoram que democracias verdadeiras
não admitem que se coloque o povo contra o povo, ou o
povo contra as suas instituições. Todos sabemos que
quem promove o discurso do nós contra eles não
propaga democracia, mas a política do caos' NOS
TRECHOS, FUX SE REFERE À ESTRATÉGIA DE
BOLSONARO DE DESVIRTUAR O CONCEITO DE
DEMOCRACIA. O PRESIDENTE CITOU A DEFESA DA
DEMOCRACIA E QUE NÃO DEFENDE RUPTURA,
MAS FEZ ATAQUES GOLPISTAS AO STF.
NARRATIVAS MESSIÂNICAS
'Povo brasileiro, não caiana tentação das narrativas
fáceis e messiânicas, que criam falsos inimigos da
nação'
FUX APONTA PARA A ESTRATÉGIA DO
PRESIDENTE DE SE COLOCAR
COMO PORTA-VOZ DA POPULAÇÃO, EMBORA A
REJEIÇÃO AO SEU GOVERNO TENHA CRESCIDO, E
PARA O FATO DE O STF TER SE TORNADO
O PRINCIPAL ALVO DOS ATOS PRÓ-BOLSONARO.
INDEPENDÊNCIA
'Os juízes da Suprema Corte - e todos os mais de 20 mil
magistrados do país
- têm compromisso com a sua independência,
assegurada nesse documento sagrado que é a nossa
Constituição, que consafg*ra as aspirações do povo
brasileiro e f%z jus às lutas por direitos empreendidas
pelas gerações que nos antecederam'
FUX BUSCA DEMONSTRAR UNIDADE NÃO SÓ DO
STF COMO DE TODO O JUDICIÁRIO. DECISÕES DE
MORAES TÊM SIDO APOIADAS PUBLICAMENTE
POR INTEGRANTES DO TRIBUNAL. ASSOCIAÇÕES
DO JUDICIÁRIO TAMBÉM SE MANIFESTARAM EM
DEFESA DA CORTE.
CRIME DE RESPONSABILIDADE
'O Supremo Tribunal Federal também não tolerará
ameaças à autoridade de suas decisões. Se o desprezo
às decisões judiciais ocorre por iniciativa do chefe de
qualquer dos poderes, essa atitude, além de representar
um atentado à democracia, configura crime de
responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso
Nacional'
FUX VOLTA A FALAR QUE BOLSONARO COMETERÁ
CRIME, SE NÃO CUMPRIR DECISÕES JUDICIAIS, E
SE DIRIGE AO CONGRESSO, RESPONSÁVEL POR
ANALISAR UM EVENTUAL PEDIDO DE
IMPEACHMENT. PELO DESCUMPRIMENTO,
BOLSONARO PODERIA SER ACUSADO TANTO DE
CRIME COMUM,
O DE DESOBEDIÊNCIA, QUANTO DE CRIME DE
RESPONSABILIDADE.
PROBLEMAS REAIS
Em nome das ministras e dos ministros desta Casa,
conclamo'os líderes do nosso país a que se dediquem
aos problemas reais que assolam o nosso povo' FUX
ENFATIZA QUE AS MANIFESTAÇÕES
ANTIDEMOCRÁTICAS COM ATAQUES AO STF
OCORREM NUM MOMENTO EM QUE O PAÍS
ATRAVESSA UMA CONJUNÇÃO DE CRISES, COMO
A PANDEMIA, ALTA DA INFLAÇÃO E A CRISE
HÍDRICA. NESSE PERÍODO, BOLSONARO TAMBÉM
VIU SUA POPULARIDADE CAIR.
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O TOM DE LIRA E ARAS
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Autor: MARIANA MUNIZ, BRUNO GÓES E DIMITRIUS
DANTAS
As duas autoridades com prerrogativa constitucional de
investigar, processar ou abrir
uma ação de impeachment contra o presidente Jair
Bolsonaro, o procurador-geral da República, Augusto
Aras, e o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL),
adotaram tom semelhante no dia seguinte às
manifestações com viés golpista lideradas pelo
presidente. Ambos fizeram críticas ao radicalismo do
chefe do Executivo, num tom abaixo do adotado pelo
presidente do STF, Luiz Fux, e discursaram em defesa
das instituições democráticas, embora evitando se
comprometer com a adoção de gestos práticos contra
Bolsonaro.
No Supremo, Fux alertou que a Corte não toleraria
ameaças e que o presidente da República poderia
incorrerem crime de responsabilidade - o que pode
ensejar um pedido de afastamento - Lira e Aras não
sinalizaram com a possibilidade de recorrer a medidas
drásticas. Na terça, Bolsonaro afirmou
que não iria cumprir decisões judiciais de Alexandre de
Moraes, relator dos inquéritos contra ele no STF.
Lira gravou um vídeo em condenando o comportamento
do chefe do Planalto, de quem é aliado, mas não o citou
nominalmente, e sinalizou que, por ora, um processo de
impeachment não está próximo. Ele critica o fato de
Bolsonaro ter voltado a defender o voto impresso,
projeto que já foi rejeitado pela Câmara, diz que deve-se
conter o que chamou de 'escalada' 'em um infinito
looping negativo': - Conversarei com todos, de todos os
Poderes. É hora de dar um basta nessa escalada, em
um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais,
vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um
elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do
Brasil de verdade. O Brasil vê a gasolina chegar a R$ 7,
o dólar valorizado em excesso e a redução de
expectativas. Uma crise que é superdimensionada nas
redes sociais - disse Lira.
Mais adiante, ele deixa claro que uma mudança nos
rumos do país vira por meio da urna: - Por fim, vale
lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais
será rasgada. O único compromisso inadiável e
inquestionável que temos em nosso calendário está
marcado para 3 de outubro de 2022. Com as urnas
eletrônicas. Que até lá tenhamos todos, serenidade e
respeito às leis, à ordem e, principalmente, à terra que
todos nós amamos. REUNIÃO MINISTERIAL As
palavras de Lira agradaram ao governo. Representante
de um dos principais partidos do centrão, ele chegou ao
comando do Câmara com o apoio de Bolsonaro. Desde
então, além da possibilidade de indicar nomes para
cargos da máquina federal, tem sido um dos principais
responsáveis pela partilha de recursos de emendas
entre os deputados. Não lhe falta poder.
No Planalto, o discurso é de que faltam ambiente
político e votos para que um impeachment possa se
tornar uma ameaça real. Em reunião como ministros
ontem pela manhã, o próprio Bolsonaro tentou se
mostrar confiante de que nenhum deles avançará no81
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Congresso. O vice-presidente Hamilton Mourão também
procurou minimizar o risco.
- Não vejo que haja clima para o impeachment, tanto na
população como no Congresso. Nosso governo tem
uma maioria confortável de mais de 200 deputados lá
dentro (da Câmara). Não é a maioria para aprovar
grandes projetos, mas é capaz de impedir que algum
processo prospere contra a pessoa do presidente da
República -argumentou.
Pela manhã, na abertura dos trabalhos do STF, Luiz
Fux fora mais incisivo ao rebater as ameaças do
presidente ao deixar claro que estava flertando com
crime.
- O Supremo também não tolerará ameaças à
autoridade de suas decisões. Se o desprezo às
decisões judiciais ocorre por iniciativa do Chefe de
qualquer dos Poderes, essa atitude, além de
representar atentado à democracia, configura crime de
responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso
Nacional - afirmou.
Augusto Aras falou logo depois. Embora também tenha
feito críticas, não mencionou o nome do presidente e
tampouco sinalizou se vai agir contra as investidas
antidemocráticas de Bolsonaro.
- Então, como previsto na Constituição Federal de 1988
e no ordenamento jurídico erigido a partir dela, quando
discordâncias vão para além de manifestações críticas,
merecendo alguma providência, hão de ser
encaminhadas pelas vias adequadas, de modo a não
criarem constrangimentos e dificuldades, quiçá
injustiças, ao invés de soluções - afirmou, sem, porém,
dizer se tomará ele próprio qualquer providência.
Na sessão, Aras citou o expresidente da Câmara
Ulysses Guimarães, lembrando que a Constituição
'jamais deve ser afrontada'.
O PGR é o responsável por investigar e, se encontrar
provas, denunciar o presidente da República por crimes
cometidos no curso do mandato. O processo tramita no
Congresso. Na primeira etapa, os 513 deputados
podem acolhem ou não acusação. Caso a aceitem, o
mandatário do Palácio é afastado automaticamente do
cargo por 180 dias.
Vice-presidente, Mourão não vê clima nem votos para
um impeachment
Lira. Presidente da Câmara fez uma defesa incisiva da
urna eletrônica
Aras. Procurador-geral citou a separação de Poderes e
a Constituição
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Luiz Fux
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Tensão prossegue, e Supremo mantém reforço de segurança
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Autor: MARIANA MUNIZ
Os ataques dirigidos pelo presidente Jair Bolsonaro
ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a movimentação
de manifestantes em Brasília mesmo após o 7 de
setembro fizeram com que a Corte permanecesse
ontem em estado de segurança máxima. O esquema
deverá permanecer até o fim de semana e, caso o clima
de instabilidade prossiga, ainda poderá ser prorrogado.
Ontem, cinco dos dez integrantes do Supremo
estiveram na sessão de maneira presencial: o
presidente da Corte, Luiz Fux, Rosa Weber, Gilmar
Mendes, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso.
Fora do edifício, localizado na Praça dos Três Poderes,
viaturas da Polícia Militar do Distrito Federal e da Polícia
Federal fizeram uma ronda contínua, e todos os
acessos ao prédio foram fechados. Como parte do
esquema de segurança, funcionários e veículos de
imprensa credenciados precisaram entrar por um
caminho alternativo - apenas uma entrada estava
aberta. Dentro do Supremo, integrantes do Comando de
Operações Táticas, a tropa de elite da Polícia Federal,
fiscalizavam os andares, portando armas de grosso
calibre, em uma cena que destoa do ambiente de
normalidade visto nos corredores da Corte diariamente.
Além dos agentes da PF, toda a equipe de segurança
interna do STF foi escalada para reforçar a segurança
do tribunal.
Apesar de todo o artefato de guerra, integrantes da
Corte garantem que não houve qualquer episódio
concreto de ameaça ao Supremo ontem. Algumas
pequenas intercorrências foram relatadas pela
segurança, uma delas protagonizada por um único
manifestante que insistia em entrar por uma barreira
colocada na entrada do prédio principal. O caso foi
controlado.
Na segunda-feira, Fux pediu reforço da segurança da
Praça dos Três Poderes e do edifício-sede ao
governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. A ligação
foi feita após manifestantes bolsonaristas romperem os
bloqueios de segurança e invadirem a Esplanada dos
Ministérios. TENTATIVA DE INVASÃO No início da
tarde de ontem, manifestantes pró-Bolsonaro discutiram
com um servidor aposentado do Ministério da Saúde
nas proximidades da sede da pasta e o perseguiram.
Seguranças levaram o homem para dentro do prédio e
houve uma tentativa de invasão, que foi controlada
pelos agentes. O grupo também foi atrás de uma equipe
da TV Record, que deixou o local com escoltada PM.
Alerta. Policiais e agentes de segurança do próprio STF
redobraram cuidados
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Luiz Fux, CNJ - Rosa Weber
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Após discurso, solução para precatórios emperra
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia
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Autor: FERNANDA TRISOTTO, GERALDA DOCA E
GABRIEL SHINOHARA
A radicalização do discurso do presidente Jair
Bolsonaro nos atos de 7 de setembro praticamente
enterrou uma solução que vinha sendo costurada entre
os Poderes para a dívida da União com precatórios -
decisões judiciais sem possibilidade de recurso - -que
subirão 62% em 2022, atingindo R$ 89, 1 bilhões.
Segundo fontes a par das discussões, os ataques do
presidente ao Judiciário minaram ainda mais a
disposição dos membros do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) de aprovar uma alternativa para segurar
a trajetória de alta desse tipo de despesa, aumentando
ainda mais o risco fiscal para o próximo ano.
Com dificuldades de aprovar uma proposta de emenda
constitucional (PEC) no Congresso para parcelar o
pagamento de precatórios em até dez anos, o governo
contava como apoio do Supremos Tribunal Federal
(STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU) para
equacionar as contas com uma simples resolução do
CNJ, fixando um teto anual para essa despesa.
Essa seria a solução considerada de trâmite mais fácil e
abriria espaço para o governo aumentar o gasto social
como Auxílio Brasil, programa que substituiria o Bolsa
Família.
Sem essa solução e com dificuldades com a PEC, há
menos margem para o programa, que Bolsonaro
pretende usar como vitrine eleitoral em 2022.
FORA DO TETO DE GASTOS
A proposta negociada com a Justiça visava a congelar a
despesa com precatório no mesmo nível de 2016,
apenas corrigindo o limite pela inflação, quando foi
instituído o teto do gasto público que limita o
crescimento da despesa à inflação.
Dessa forma, o desembolso com decisões judiciais em
2022 seria limitado a R$ 39,9 bilhões. O restante seria
empurrado para os anos seguintes, corrigidos pelo
índice de preços.
O presidente do Supremo, Luiz Fux, já tinha
apresentado a ideia ao CNJ há alguns dias, e a
receptividade não foi boa, segundo relatos. Ministros
que integram o colegiado avaliaram que a proposta
poderia enfraquecer decisões judiciais, além do receio
de que a medida poderia ser caracterizada como calote.
A avaliação é que o clima ficou ainda mais desfavorável.
Diante da reação do CNJ, Fux alegou que primeiro será
preciso o Congresso aprovar a PEC para permitir que o
CNJ arbitre algum tipo de escalonamento dos
pagamentos. Contudo, o Executivo já foi avisado de que
o texto não passa conforme foi enviado.
Em outra linha de ação, integrantes da ala política
defendem retirar esse tipo de despesa do teto do gasto
público da União, o que o Ministério da Economia não
concorda porque esse tipo de gasto é permanente.
O relator da PEC dos Precatórios na Comissão de84
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Constituição e Justiça(CCJ) da Câmara, o deputado
Darci de Matos (PSD-SC), afirma que o texto precisaria
avançar no Congresso independentemente da solução a
ser adotada pelo CNJ para esse impasse: - Mesmo que
o acordo prosperasse, é a PEC que dá a segurança
jurídica para esse acordo e é a solução. Ela promove o
encontro de i contas com os municípios e estados, a
criação do fundo (de Liquidação de Passivos). A PEC
andaria de qualquer forma.
A avaliação de Matos é de que o acordo que vinha
sendo costurado com o CNJ está abalado, mas o
problema dos precatórios precisa ser resolvido e não há
um plano B.
- Agora eu acho mais difícil o acordo com o CNJ, em
vista das divergências da semana. À PEC é
constitucional, o parcelamento já existe, só vai ampliar.
Nós temos de resolver isso, houve um problema, um
aumento de quase R$ 40 bilhões de um ano para o
outro. E com que dinheiro (vai pagar), qual é a outra
solução? Qual é o plano B? Não tem plano B, então tem
que resolver isso -disse o deputado, lembrando que a
PEC é crucial para a reformulação do Bolsa Família.
Matos já apresentou seu parecer, favorável, à PEC na
CCJ. Para hoje está prevista audiência pública, para
discutir o tema. O deputado deve ler seu parecer na
próxima semana. À expectativa é de que haja um
pedido de vista coletivo, e o texto seja votado na
terceira semana de setembro.
O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo
Barros (PP-PR), disse que ainda não há solução para o
problema, que impede a ampliação de gastos com
investimento e o novo programa social do governo: -
Não temos solução para a PEC dos Precatórios, e eu
não vou ficar especulando. O Congresso precisa
encontrar uma saída na discussão do Orçamento.
BC VÊ RUÍDOS POLÍTICOS O presidente do Banco
Central (BC), Roberto Campos Neto, disse ontem que
parte relevante da incerteza fiscal do país está ligada às
eleições do próximo ano. Em um evento online, Campos
Neto ressaltou que as contas públicas este ano estão
mais equilibradas que o esperado antes da pandemia,
mas que a eleição está trazendo efeitos negativos no
mercado: - Os participantes do mercado associam
algumas mudanças estruturais, reformas, com a
disposição de produzir um Bolsa Família melhor, um
programa emergencial melhor como processo eleitoral e
isso cria um ruído.
'Não temos solução para a PEC dos Precatórios e eu
não vou ficar especulando'
Ricardo Barros, líder do governo na Câmara dos
Deputados 'Agora eu acho mais difícil o acordo com o
CNJ, em vista das divergências da semana'
Darci de Matos, relator da PEC dos Precatórios na
Comissão de Constituição e Justiça
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de Justiça, CNJ - CNJ, Judiciário - Judiciário, Judiciário -
STF, CNJ - Luiz Fux
85
SUPREMO <br> <br> E SENADO SOBRARAM NO
CONTRAPONTO'
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Autor: SÉRGIO ROXO
Fernando Limongi / CIENTISTA POLÍTICO
Os discursos de Bolsonaro no 7 de Setembro são o
ensaio para um golpe?
A questão é sempre tentar interpretar o Bolsonaro e
tentar encontrar razão onde nunca há. Se foi um ensaio
de golpe, foi um ensaio malfeito. O que entendo é que
ele pretendia fazer uma
demonstração de força e que comisso forçaria outros
atores a um acordo. O que ele mostrou foi sobretudo
isolamento e completa falta de senso político. Por que
falta de senso político? É a avaliação que todos os
atores políticos estão fazendo. Com ele, não dá para
conversar. Ele não tem a menor capacidade de
entendimento da cena política, do que pode, do que não
pode, como se negocia e como se obtém resultados. Foi
realmente uma manifestação de fragilidade política, de
isolamento e de medo. Como vê a atuação do Centrão
nessa crise?
O Arthur Lira passou pano. O Ciro Nogueira não deu
declaração alguma desde que assumiu a Casa Civil e
disse que seria um amortecedor do governo. Está
desaparecido. OPPeo Centrão compraram um barco
furado. Eles agora têm que saber como é que vão
escapar do naufrágio. Se é que eles ainda têm tempo
de pular do barco.
O senhor acha que a blindagem do Centrão ao governo
está ameaçada?
Acho que sim. O acordo envolvia algum tipo de troca e
de tentativa de chegar a 2022 com viabilidade eleitoral.
Continuar com o Bolsonaro é abraço do afogado. Como
classifica a atuação do presidente do STF, Luiz Fux,
que disse que falas do presidente 'configuram crime de
responsabilidade'?
O Fux fez o que tinha que fazer. É óbvio que o Supremo
agora está peitando. E a instituição que sobrou. São
eles e o Senado que estão fazendo o contraponto, mas
contribuíram muito para o resultado que estamos tendo
agora.
Isolamento. Limongi diz que Bolsonaro demonstra falta
de senso político
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
86
'QUANTO MAIS CONFRONTO, MAIOR SERÁ A REJEIÇÃO'
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
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Autor: GUSTAVO SCHMITT
Fernando Abrucio / CIENTISTA POLÍTICO
Como o senhor vê os gestos antidemocráticos de
Bolsonaro nos atos do dia 7? A aposta de Bolsonaro é
fidelizar o eleitorado radicalizado. Mas ele sabe que a
perspectiva eleitoral está mais difícil. E uma estratégia
arriscada que gera grande confusão. O que sobrou foi
um governo baseado numa guerra cultural. O problema
é que quanto mais fizer isso, mais crescerá sua rejeição
nos demais segmentos, que representa 75% a 80% da
população. O senhor vê risco de golpe ?
O problema do golpe é que não se tem a menor ideia do
que fazer no dia seguinte. Se isso ocorrer, grande parte
do mundo político e das potências vão romper relação
com o Brasil. O dólar iria a R$10, exportadores
perderiam receitas e aqueles que dependem de bens
internacionais quebrariam.
Areação de Arthur Lira (presidente da Câmara) está à
altura dos ataques feitos pelo presidente nos atos?
O Centrão ainda acredita que pode ter esse enorme
poder sobre o Orçamento. No entanto, o sinal do Lira
não é bom para Bolsonaro. Sua fala mostra que sentiu e
está balançado; não quer morrer afogado com
Bolsonaro. Viu também que as elites econômicas e
sociais estão abandonando o governo. Outro ponto é
que alguns desses membros do centrão perceberam
que eleitor do bolsonarismo não vai votar neles.
O presidente do STF, Luiz Fux, afirmou que as
ameaças de Bolsonaro de descumprir ordens judiciais
podem ser 'crime de responsabilidade'. Foi uma forma
de pressão sobre Lira?
Fux mostrou que no fundo não é o Supremo que decide.
Quem vai definir o destino do Bolsonaro é a economia e
a sociedade. E não só. Quem vai definir é o Congresso
e Lira. É o Congresso que decide, mas tem casos no
Supremo de investigações de deputados. Além disso,
foi um discurso para a sociedade, para o mundo, de
dizer que a democracia brasileira está em risco.
Segmentação. Para Abrucio, presidente fala para a sua
base radicalizada
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
87
O sujeito do golpe é o chefe da Nação
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Autor: MÍRIAM LEITÃO
O presidente do STF, Luiz Fux, disse que o 'chefe da
Nação' tenta tirar a credibilidade do STF e de seus
membros e usou a expressão 'crime de
responsabilidade' para definira ameaçado presidente de
não cumprir uma ordem judicial. Isso é muito em um
país em que as autoridades preferem eufemismos ou
orações sem sujeito. É como se todos os poderes
estivessem em guerra, igualmente culpados. Não é isso.
Há um sujeito, o presidente da República, atacando
diariamente as bases da democracia brasileira. Ele sim,
Jair Bolsonaro, usou o 7 de setembro para escalar as
ameaças, o tom do golpismo. Meias palavras,
subentendidos, orações com sujeito indeterminado não
servem para defender as instituições.
A economia traz aflições diárias aos brasileiros, como
lembrou Fux em seu discurso. 'A inflação que corrói a
renda dos pobres', apontou. Hoje será divulgada a
inflação de agosto. O número deve ficar em 0, 73% na
previsão do professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.
O economista Roberto Padovani, do Banco BV, calcula
0, 71%. Os produtos que subiram mais foram carnes,
aves, leite, pão e café. Em setembro, a alta será maior
por causa da conta de luz. O índice de setembro pode
ficar em 0, 9%. A inflação pode chegar, com o dado de
hoje, a 9, 5% e com o Índice de setembro pode tocar os
10%. Um patamar inacreditável.
É desse problema real e concreto que Bolsonaro foge
com a sua retórica radical e seu plano golpista. Ele não
tem resposta para a inflação que corrói também sua
popularidade, não se importa com o alto nível do
desemprego. Da mesma forma que jamais se importou
com os nossos mortos, mais de 580 mil.
O caso de Bolsonaro não é apenas de mau governo. E
um perigo para o país deixá-lo no cargo. Lá ele está
usando recursos públicos, o aparato presidencial, a
máquina do Estado contra a democracia. Para uma
pessoa que sempre sonhou com a ditadura, ele está no
lugar certo. Por isso, a única defesa possível é o
impeachment, que já defendi neste espaço várias
vezes.
Impeachment porque ele é um inimigo da democracia,
impeachment porque ele cometeu inúmeros crimes de
responsabilidade, impeachment porque, como disse o
ex-ministro Celso de Mello, Bolsonaro é um político que
não está à altura do cargo que exerce, não tem estatura
presidencial e senso de estadista.
Fux, ao falar de crime de - responsabilidade,
acrescentou 'a ser analisado pelo Congresso Nacional'.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, contudo, não
deixou esperança em seu discurso de que analisará
qualquer dos muitos pedidos de impeachment que
jazem em sua gaveta.
A alguns interlocutores ele disse que ficara chocado
com dois pontos, a ameaça de Bolsonaro de não
cumprir ordem judicial e a insistência sobre o voto
impresso. Esse último ponto esteve em seu discurso.
'Não posso admitir questionamentos sobre decisões
tomadas e superadas, como a do voto impresso'. E
acrescentou: 'vire-se a página'.88
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Economia
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
No mercado financeiro, a reação a esse aumento da
incerteza política brasileira arrastou-se durante todo o
dia. O Ibovespa amanheceu caindo e assim ficou,
aprofundando a queda quando as notícias eram as de
que caminhoneiros estavam bloqueando as estradas em
movimento a favor do governo. Caminhoneiros contra o
governo de Allende, no Chile, tiveram sucesso, mas um
'protesto a favor' já é bem mais duvidoso. O
desabastecimento, se ocorrer, sempre será
responsabilidade do governo.
No começo do pregão perguntei a um economista de
banco como seria o dia. 'Tenso', ele disse. Essa tensão
recairia, previu, sobre os preços, dólar, bolsa, juros
longos. Outro explicou que o problema agora é o
Orçamento. Todas as soluções para o problema
passariam ou por um entendimento com o Judiciário ou
por coesão no Congresso. E não se tem isso após os
ataques do presidente ao STF. 'Logo temos um
impasse. E impasses não agradam ao mercado'.
Bolsonaro atirou em seu próprio pé. As perdas em valor
de mercado na bolsa chegaram a R$ 195 bilhões em
um único dia, segundo a Economática. Somente a
Petrobras perdeu quase R$ 20 bi. A instabilidade
sempre bate nos preços e todos os economistas com os
quais falei disseram que já há contaminação de 2022,
com redução do crescimento e alta da previsão de
inflação. Os problemas econômicos pioram por causa
do presidente Bolsonaro, mas ele continua com o seu
projeto: um golpe contra a democracia. Ele é o sujeito
dessa ação.
Bolsonaro está usando recursos públicos, o aparato
presidencial, a máquina do Estado contra a democracia
COLUNISTAS
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
89
Cenário turbulento derruba mercados
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Finanças
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ
Autor: Marcelo Osakabe, Victor Rezende, Olívia Bulla e
Felipe Saturnino De São Paulo
O clima de tensão voltou a marcar os negócios no
mercado financeiro brasileiro. Após as manifestações
que marcaram o 7 de Setembro e a postura adotada
pelo presidente Jair Bolsonaro, a escalada nas tensões
entre os Poderes detonou um forte sentimento de
aversão arisco nos ativos locais.
Tradicional termômetro do humor dos investidores, o
dólar exibiu a maior alta diária desde 24 de junho de
2020, ao disparar 2, 93% e fechar a R$ 5, 3276. O
Ibovespa sofreu uma queda de 3, 78% e encerrou a
quarta-feira com 113413 pontos, no pior pregão desde 8
de março, quando o ministro Edson Fachin, do
Supremo Tribunal Federal, anulou as condenações do
ex-presidente Lula no âmbito da Lava Jato e, assim,
abriu caminho para a candidatura do petista em 2022.
Das 91 ações do índice, apenas cinco tiveram alta e as
'blue chips' foram duramente penalizadas. As ações
ordinárias da Petrobras caíram 5, 22% e as
preferenciais recuaram 5, 82%, enquanto os papéis
preferenciais do Bradesco perderam 5, 45% e os do Itaú
Unibanco cederam 4, 91%.
Se a avaliação dos eventos da terça-feira já havia sido
negativa, houve pouco ao que se agarrar durante o
pregão de ontem em termos de sinalização de
moderação ou apaziguamento. Em um dia também
marcado por paralisações de uma parte dos
caminhoneiros no interior do país, o presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ofereceu um dos poucos
respiros pontuais durante a sessão. O deputado adotou
um tom conciliador ao dizer que a Casa não vai
patrocinar a revisão de questões 'tomadas e superadas,
como a do voto impresso'. Já o presidente do Supremo
Tribunal Federal, Luiz Fux, afirmou que 'ninguém
fechará' o STF e ressaltou que desobediência é crime
de responsabilidade.
'Difícil ter outra visão que não seja negativa dado o
preço dos ativos. Por mais que não tenha tido quebra-
quebra, houve algum aumento e tensão', diz o diretor de
investimentos da EQI Asset, Ettore Marchetti. O
profissional pondera, no entanto, que o desfecho do 7
de Setembro não disparou uma reavaliação de cenário
ou algo parecido e que a situação atual, sem 'quebra-
quebra' como se chegou a temer, continua parecida
com a que havia até sexta-feira passada. 'O dia foi de
ânimos exaltados. Era até natural o Fux elevar o tom. '
Marchetti avalia, ainda, que uma eventual calmaria dos
próximos dias pode ser um sinal positivo para os
mercados. Em sua avaliação, o avanço da solução
costurada para os precatórios via CNJ pode ser um bom
sinal nesse sentido - ainda que essa chance tenha
diminuído após ataques de Bolsonaro a ministros do
STF.
Já o risco de um impeachment segue baixo, na
avaliação de Marchetti, dado o fato de que o presidente
demonstrou novamente manter apoio popular e conta
com o alinhamento de Lira na Câmara.
De olho nas incertezas contidas no cenário local, a AZ
Quest reduziu a exposição a ativos brasileiros. 'Os
ruídos políticos se sobrepuseram à agenda econômica e
observamos a queda da bolsa, alta do dólar e taxas
dejuros em elevação', dizem os profissionais da gestora
em carta. Eles notam que 'o mercado passou a
considerar um descumprimento do teto de gastos e um
eventual descontrole nas contas públicas em função das
questões envolvendo as dívidas com precatórios e o
novo programa de transferência de renda do governo'.
Embora mantenha viés construtivo no longo prazo, a AZ
Quest optou por reduzir posições nos mercados
domésticos, especialmente no câmbio, onde mantém
aposta na apreciação do real contra o dólar. Além disso,
a gestora também reduziu a exposição comprada em
bolsa.
Na visão do economista e estrategista de câmbio do
Wells Fargo, Brendan McKenna, o tom agressivo de90
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Finanças
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ
Bolsonaro contra o STF pode deixar o real sob pressão.
'Se Bolsonar continuar a pedir a seus apoiadores para
se manifestarem a seu favor, as condições podem se
tornar mais hostis. Caso esse cenário se concretize, a
venda generalizada de reais pode ser bastante
acentuada. A moeda já é frágil, mas o mercado de juros
poderá ficar igualmente fragilizado', diz McKenna.
Para Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de
renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, 'o
mercado exagera nos movimentos, mas se houvesse
risco de ruptura, ele estaria mais estressado'. Ainda
assim, complementa, o que resta é um 'cenário de maior
dificuldade para uma melhora. '
No mercado de juros, houve nova disparada das taxas.
No fechamento, a taxa do DI para janeiro de 2027
saltava de 10, 28% para 10, 51% e a do DI para janeiro
de 2031 escalava de 10, 75% para 10, 98%, após
chegara 11, 03%na máxima do dia.
Para Carlos Messa, sócio e gestor da Quasar Asset, a
turbulência em Brasília veio junto com uma piora nas
projeções econômicas, o que ampliou o impacto na
curva. 'Tivemos uma deterioração na perspectiva fiscal
com o risco de rompimento do teto de gastos, aumento
nas projeções de inflação para 2021 e 2022 e da
expectativa do ciclo de alta dos juros', diz o profissional.
'Vemos o cenário com muita cautela, mas não achamos
que seja um cenário de ruptura ou de uma crise mais
profunda', afirma.
Já Ulisses Nehmi, CEO da Sparta, pontua que a
exigência por prêmios de risco mais elevados resulta
'em perdas para os ativos de risco no curto prazo e,
potencialmente, em custos mais elevados para os
tomadores de recursos'. Nehmi aponta, adicionalmente,
que a Sparta tem acompanhado a evolução do cenário
macroeconômico e que, no momento, tem dado
preferência a posições em renda fixa pós-fixada ou
indexadas à inflação com prazos mais curtos.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - CNJ, Judiciário -
STF, CNJ - Luiz Fux
91
'STF não tolerará ameaças', afirma Fux
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Autor: Luísa Martins e Isadora Peron
Depois das pautas antidemocráticas que dominaram as
manifestações de 7 de setembro, o presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux,
subiu o tom contra o presidente Jair Bolsonaro e sugeriu
tratar-se de um 'falso profeta do patriotismo' e um
propagador da 'política do caos'.
Fux reagiu à ameaça de Bolsonaro de descumprir
decisões da Corte: 'O Supremo Tribunal Federal
também não tolerará ameaças à autoridade de suas
decisões. Se o desprezo às decisões judiciais ocorre
por iniciativa do Chefe de qualquer dos Poderes, essa
atitude, além de representar atentado à democracia,
configura crime de responsabilidade, a ser analisado
pelo Congresso Nacional'.
Categórico, Fux afirmou - em discurso proferido no
início da sessão plenária de ontem - que 'ninguém
fechará a Corte'. E apontou uma contradição nos
discursos proferidos por Bolsonaro nos atos de terça-
feira: 'Infelizmente, tem sido cada vez mais comum que
alguns movimentos invoquem a democracia como
pretexto para ideias antidemocráticas. '
Para Fux, ofender a honra dos ministros do Supremo,
incitar discursos de ódio e incentivar o descumprimento
de decisões judiciais 'são práticas antidemocráticas e
ilícitas' que não são toleradas pela Constituição. 'Crítica
institucional não se confunde - e nem se adequa - com
narrativas de descredibilização do STF e de seus
membros, tal como vem sendo gravemente difundidas
pelo chefe da nação', disse o presidente da Corte.
'Democracias verdadeiras não admitem colocar o povo
contra o povo ou o povo contra as suas próprias
instituições', prosseguiu.
Fux pediu que a sociedade 'não caia na tentação das
narrativas fáceis e messiânicas, que criam falsos
inimigos da nação' e conclamou os líderes do país a
focar nos 'problemas reais' enfrentados atualmente pelo
Brasil, como a pandemia, o desemprego, a inflação e a
crise hídrica que se avizinha como um entrave ao
desenvolvimento econômico.
'O verdadeiro patriota não fecha os olhos para os
problemas urgentes do país. Pelo contrário, procura
enfrentá-los, tal como um incansável artesão, tecendo
consensos mínimos entre os grupos que naturalmente
pensam diferente. Só assim é possível pacificar e
revigorar uma nação inteira', destacou.
Em nome dos colegas, o ministro ainda disse que o STF
'jamais aceitará ameaças à sua independência, nem
intimidações ao exercício regular de suas funções', ou
mesmo 'tolerará ameaças à autoridade de suas
decisões'. Anteontem, Bolsonaro disse expressamente
que não cumprirá eventuais ordens proferidas pelo
ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre
as milícias digitais.
'Essa atitude, além de representar atentado à
democracia, configura crime de responsabilidade a ser
analisado pelo Congresso Nacional. Num ambiente
político maduro, questionamentos às decisões judiciais
devem ser realizados não pela desobediência, mas
decerto pelos recursos, que são as vias processuais
próprias', frisou.
Fux afirmou que a Corte será 'mantida de pé com suor e
perseverança' e que o STF não vai se cansar de 'pregar
fidelidade à Constituição'. 'Esperança por dias melhores
é o nosso desejo, mas continuamos firmes na exigência
de narrativas verdadeiramente democráticas, à altura do
que o povo brasileiro almeja e merece. Não temos mais
tempo a perder', concluiu.
Na terça-feira, Fux montou uma espécie de 'sala de
situação' em sua casa, em Brasília, para monitorar as
manifestações. A equipe de inteligência e segurança da
Corte o acompanhou na tarefa.
Logo após os ataques de Bolsonaro, os ministros
fizeram uma reunião virtual para costurar os termos da
fala institucional de Fux. Eles conversaram por cerca de92
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
uma hora sobre as respostas que não poderiam faltar
no discurso.
Ao mesmo tempo, também defenderam outras frentes
de atuação, pelas vias judiciais. Ontem, por exemplo,
Moraes liberou para julgamento uma ação que
questiona os decretos do governo para flexibilizar a
aquisição de armas de fogo.
Outra frente seria derrubar a medida provisória (MP)
editada por Bolsonaro na véspera dos atos para
dificultar às plataformas digitais a remoção de perfis, e
publicações das redes sociais. A MP é alvo de cinco
ações no STF. Nos bastidores da Corte, considera-se
haver maioria para declarar a sua inconstitucionalidade.
Respostas também podem vir nos autos dos
procedimentos a que Bolsonaro responde na Justiça. Só
no STF, são quatro. Ele é investigado por supostamente
interferir na Polícia Federal; prevaricar nas negociações
da vacina Covaxin; vazar dados sigilosos; e espalhar
'fake news' sobre as urnas eletrônicas. Sobre esse
último tema, há também um inquérito no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), onde ainda tramitam as ações
que pedem a cassação da chapa eleita em 2018.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
93
Aras pede respeito ao processo legal
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
O procurador-geral da República, Augusto Aras,
classificou como 'festa cívica' as manifestações do dia 7
de setembro. Houve nos atos convocados por
bolsonaristas pedidos de fechamento do Supremo
Tribunal Federal (STF) e a intervenção militar. Ele,
porém, apontou que eventuais 'discordâncias' sobre
decisões judiciais devem ser resolvidas respeitando o
devido processo legal e constitucional.
Em um de seus discursos, anteontem, Bolsonaro
afirmou que não iria mais cumprir decisões do ministro
Alexandre de Moraes, que tem adotado medidas contra
apoiadores do governo.
'Como previsto na Constituição Federal de 1988 e em
nosso sistema de leis, discordâncias, sejam políticas ou
processuais, hão de ser tratadas com civismo e
respeitando o devido processo legal e constitucional',
disse Aras.
Para o procurador-geral da República, 'quando
discordâncias vão para além de manifestações críticas,
merecendo alguma providência, hão de ser
encaminhadas pelas vias adequadas, de modo a não
criarem constrangimentos e dificuldades, quiçá
injustiças, ao invés de soluções'.
O pedido de Aras para se manifestar, no início da
sessão do STF, pegou de surpresa o presidente da
Corte, Luiz Fux, que fez um duro discurso para
responder aos ataques de Bolsonaro. Fux terminou de
se pronunciar e chamou o julgamento que estava na
pauta, sem passar a palavra para o PGR. Em sua fala,
Aras citou uma frase de Ulysses Guimarães, que
presidiu Assembleia Constituinte de 1987: 'A
Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o
confessa ao admitir a reforma.
Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir,
jamais. Afrontá-la, nunca'.
Ele também disse que o Ministério Público brasileiro
'segue trabalhando pela sustentação da ordem jurídica e
democrática, pois não há estabilidade e legitimidade
fora dela'.
Citando 'Montesquieu, ele também defendeu o respeito
à separação dos Poderes. 'Dentre os alicerces do
constitucionalismo moderno está o da divisão, ou
separação, das estruturas de exercício do poder estatal.
Esse princípio está nas raízes do constitucionalismo. '
Segundo o procurador-geral, no Brasil, a separação e a
harmonia entre os Poderes 'integra a nossa história
constitucional, sendo um dos marcos estruturantes da
nossa República'.
O procurador-geral da República também destacou que
os atos foram pacíficos, por terem corrido
'hegemonicamente de forma ordeira pelas vias públicas
do Brasil'. 'As manifestações do 7 de setembro foram
uma expressão de uma sociedade plural e aberta,
característica de um regime democrático', disse.
Segundo ele, o avanço da vacinação permitiu a reunião
de milhares de pessoas nos protestos pró-governo. 'A
voz da rua é a voz da liberdade e do povo. Mas não só.
A voz das instituições, que funcionam a partir das
escolhas legítimas do povo e de seus representantes,
também é a voz da liberdade. '
Aras também defendeu a importância do diálogo e disse
que o Ministério Público atuará para mantê-lo. Segundo
ele, desde 1988, o povo brasileiro tem conseguido
'superar os desafios e crises que se impuseram ao
Brasil'.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
94
Lira afasta chance de abertura de impeachment
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Autor: Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro
Em um pronunciamento gravado de 4 minutos e 40
segundos, o presidente da Câmara dos Deputados,
Arthur Lira (PP-AL), disse ontem que 'é hora de dar um
basta a esta escalada' de conflitos e não deu margem
para especulações sobre a abertura do processo de
impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro - há
136 pedidos esperando decisão. Segundo ele, o único
compromisso inadiável e inquestionável que o país tem
no calendário é com as eleições de 2022, 'comas urnas
eletrônicas'.
Lira passou o dia em articulações. Antes de gravar o
pronunciamento, conversou com líderes partidários,
inclusive os de oposição, e decidiu realizar sessões de
plenário para dar espaço ao debate político em torno
dos atos de 7 de setembro.
No Senado, as sessões foram canceladas 'por falta de
clima político'. Os parlamentares aprovaram
requerimentos de urgência para três projetos sobre as
eleições e deixaram para votar o mérito hoje, junto com
o Código Eleitoral.
O presidente da Câmara reuniu-se, após o
pronunciamento, por cerca de 40 minutos com os
ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e de Governo,
Flávia Arruda, em seu gabinete para avaliar o cenário
político atual e as consequências das manifestações.
Os ministros pediram a líderes partidários a continuação
das votações e um clima de normalidade. Ele saiu de lá
acompanhado por Nogueira diretamente para um
encontro com ministros do Supremo, mas não se reuniu
com o presidente da Corte, Luiz Fux.
Fux fez um convite a Lira ainda na terça-feira para uma
reunião, segundo um parlamentar aliado do deputado
do PP. O presidente da Câmara aceitou o encontro,
mas pediu um lugar 'neutro' porque não queria o
simbolismo de ir ao prédio do STF se reunir com seu
presidente no dia seguinte aos protestos, o que poderia
ser mal interpretado no Executivo. Lira e Fux reuniram-
se várias vezes nas últimas semanas para tratar do
parcelamento de precatórios (dívidas judiciais) pelo
governo, mas o novo encontro ainda não tem data.
No pronunciamento, gravado no gabinete e sem espaço
para perguntas da imprensa, Lira falou em tom ameno,
exaltando aqueles que foram as ruas de forma pacífica
e sem mencionar diretamente Bolsonaro. Ele defendeu
harmonia entre os Poderes e disse que esperou para se
pronunciar para não ser contaminado pelos ânimos
'aquecidos'. 'A Câmara está aberta a conversas e
negociações para serenarmos. A Câmara apresenta-se
hoje como motor da pacificação. Na discórdia, todos
perdem, mas o Brasil e a nossa história têm ainda mais
o que perder', afirmou.
Disse, ainda, que 'é hora de dar um basta a esta
escalada, em um infinito looping' negativo', de conflitos
entre os Poderes. 'Bravatas em redes sociais, vídeos e
um eterno palanque deixaram de ser um elemento
virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de
verdade', pontuou o presidente da Câmara, indicando
influências da crise institucional na economia, no dólar e
no preço da gasolina.
Na parte mais incisiva em relação a Bolsonaro, mas
sem citá-lo nominalmente, Lira reclamou da insistência
na pauta do voto impresso, derrotada pelo plenário da
Câmara mês passado. 'Não posso admitir
questionamentos sobre decisões tomadas e superadas -
como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a
página', afirmou. O único compromisso inadiável e
inquestionável que o país tem no calendário é com as
eleições de 2022 , 'com as urnas eletrônicas', disse.
Lira tinha recebido a promessa de Bolsonaro de que, se
pautasse a proposta de emenda constitucional (PEC) do
voto impresso em plenário, o presidente pararia de
insistir no tema caso o projeto fosse derrotado. Ele
adotou uma prática inusual e colocou o projeto em
votação, apesar do parecer contrário da comissão
especial, e a PEC não teve votos suficientes para
aprovação.95
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Apesar disso, Bolsonaro voltou a insistir diversas vezes
no projeto, defender que as urnas não são seguras,
embora ele próprio tenha admitido não ter prova de
fraude, e ameaçar que as eleições de 2022 podem não
ocorrer sem a impressão de comprovantes do voto.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
96
DEM e PSL dizem que é hora de colocar 'mãos à obra'
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Autor: Andrea Jubé, Marcelo Ribeiro e Raphael Di
Cunto
Após o presidente Jair Bolsonaroreiterar ataques ao
Supremo Tribunal Federal (STF), dirigentes de
partidos de centro e de oposição reuniram-se na noite
de ontem, virtualmente, em busca de uma resposta
consensual para a crise.
Durante a tarde, a Executiva Nacional do PSDB reuniu-
se para discutir apoio a um pedido de impeachment.
Mas depois de horas de discussões, os tucanos apenas
voltaram a declarar que fazem oposição ao governo
Bolsonaro. A cúpula tucana acrescentou, entretanto,
que analisará, internamente, eventual apoio a um
pedido de impeachment.
'Por unanimidade PSDB anuncia oposição ao governo
Bolsonaro e início da discussão sobre a prática de
crimes de responsabilidade pelo presidente da
República', diz o comunicado divulgado no início da
noite.
Esse posicionamento, contudo, não é novo. Em
fevereiro, o presidente nacional da sigla, Bruno Araújo,
havia afirmado em uma entrevista que os tucanos fazem
oposição ao governo.
Ao Valor, o líder do PSDB e integrante da executiva,
senador Izalci Lucas (DF), explicou que a intenção do
comunicado foi reforçar a postura oposicionista da sigla.
Ele acrescentou, quanto ao eventual pedido de
impeachment, que o PSDB caminhará junto com os
demais partidos do centro que articulam a construção
de uma terceira via para a sucessão presidencial. Se o
bloco aderir ao impeachment, os tucanos acompanham.
'A ideia é caminhar juntos', ponderou.
Ainda na noite de 7 de setembro, DEM e PSL, em
comunicado conjunto, cobraram 'respostas enérgicas e
imediatas' à crise e disseram que é hora de colocar as
'mãos à obra'. 'O PSLe o Democratas entendem que a
liberdade é o principal instrumento democrático e não
pode ser usada para fins de discórdia, disseminação de
ódio, nem ameaças aos pilares da própria democracia',
diz o comunicado das duas siglas, que articulam uma
fusão nos bastidores.
A posição do DEM para endossar eventual pedido de
impeachment, entretanto, é delicada, porque tem dois
ministros no governo: Onyx Lorenzoni (Trabalho e
Previdência) e Tereza Cristina
(Agricultura). Simultaneamente, a sigla tem um pré-
candidato de oposição à Presidência: o ex-ministro Luiz
Henrique Mandetta.
A reunião virtual de ontem à noite somou dirigentes do
Solidariedade, PT, PDT, PSB, PCdoB, Psol, Cidadania,
Rede e PV. A avaliação do grupo é que o movimento
pluripartidário teria maior efeito sobre o governo federal.
'Vamos dialogar em busca de uma iniciativa que dê um
basta nessas reincidentes ações de Bolsonaro de
afronta à democracia. É importante uma unidade de
ação', defendeu o presidente nacional do PDT, Carlos
Lupi, ao Valor.
No entanto, a percepção de algunsdirigentes é que,
além do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não
ter demonstrado disposição em pautar um dos pedidos
de afastamento do presidente, não há votos para fazer a
matéria avançar. Mesmo assim, o presidente nacional
do Cidadania, Roberto Freire, sinalizou que um novo
pedido de afastamento pode se viabilizar, dentro do
bloco, a partir das declarações do presidente do STF,
Luiz Fux, de que o desprezo a decisões judiciais por
parte de chefe de qualquer Poder configura crime
deresponsabilidade.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF, CNJ -
Luiz Fux
97
Bolsonaro 'antissistema' incomoda ala política
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
Autor: Fabio Murakawa, Matheus Schuch e Raphael Di
Cunto aa
A radicalização cada vez maior do discurso e os
embates com ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) fazem parte de uma estratégia do presidente Jair
Bolsonaro de recriar o personagem 'antissistema' que o
levou ao Planalto em 2018 com vistas à eleição do ano
que vem. Essa estratégia, no entanto, tem causado
desconforto entre ministros da ala política do governo.
Ciro Nogueira (Casa Civil) Flávia Arruda (Secretaria de
Governo), por exemplo, participaram no 7 de setembro,
ao lado de Bolsonaro, da solenidade de hasteamento da
bandeira no Palácio da Alvorada, por ser um evento
'institucional'. Mas 'fugiram' das manifestações na
Esplanada dos Ministérios e na Avenida Paulista, onde
o presidente pregou a desobediência a ordens judiciais
e fez ameaças de ruptura institucional diante de
multidões de seguidores.
Além de não concordarem com reivindicações como o
fechamento do STF, intervenção militar e desobediência
civil, esses ministros palacianos entendem que essa
pauta não pertence ao seu grupo político, mas ao
núcleo mais radical do bolsonarismo. Além disso, não é
certo sequer se Centrão e bolsonarismo, que hoje
protagonizam um casamento de conveniência, estarão
juntos nas eleições de 2022. Pode haver, inclusive, um
desembarque do governo em abril.
Outros ministros da ala política, como Fábio Faria
(Comunicações) e João Roma (Cidadania), têm mantido
uma postura discreta, embora tenham acompanhado
Bolsonaro nas manifestações do 7 de setembro.
Ontem, em reunião do Conselho de Governo no Palácio
do Planalto, Bolsonaro disse que não recuará das
críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
E enfatizou que não combate a instituição STF, mas
uma pessoa que afronta a Constituição ao determinar
medidas 'autoritárias'.
Ao fazer um balanço das manifestações, Bolsonaro
afirmou que as multidões que conseguiu reunir em São
Paulo e Brasília sinalizam que está no caminho certo.
Um interlocutor afirma que, por trás dessa postura, há
uma estratégia do presidente para as eleições
presidenciais de 2022, Com o preço dos combustíveis
inflação e desemprego em alta, uma crise hídrica se
aproximando, e a popularidade em queda, o presidente
tem apostado na radicalização do discurso para
aglutinar sua base e se colocar novamente como um
candidato 'antissistema' em 2022.
Assim, em vez de ser responsabilizado pelas crises
econômica, energética, política e sanitária, ele se coloca
como vítima de um sistema que não o deixa governar.
Bolsonaro começou a ensaiar esse 'personagem' no
embate pelo voto impresso contra o ministro Luís
Roberto Barroso, do STF Moraes, com decisões aliados
classificam como controversas, se encaixa
perfeitamente no papel de 'vilão' e antagonista do
presidente.
A avaliação no entorno de Bolsonaro é que a estratégia
tem sido bem sucedida até o momento, pois ele tem
conseguido direcionar a agenda das autoridades e a
pauta da imprensa para esses temas.
Ontem, no Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi
questionado por uma apoiadora se havia alcançado o
objetivo com as manifestações. 'A gente vai buscar
solução para o caso, não é fácil mudar uma coisa que
está há décadas incrustrada no Poder', respondeu.
'Alguns querem que eu faça assim e resolva o assunto.
Ontem eu era mais um na multidão, nada sobe à minha
cabeça. Sei da responsabilidade e para onde o Brasil
está marchando. '
Parte dos ministros permaneceu no Planalto ontem para
acompanhar o pronunciamento do presidente da
Câmara, Arthur Lira, por volta das 13h30, que em
recado a Bolsonaro pediu o fim de 'bravatas' e defendeu98
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
a urna eletrônica. À fala foi vista como 'equilibrada' e
'dentro do que se esperava'.
Os ministros, porém, não estavam mais no Palácio
quando o presidente do STF, Luiz Fux, se pronunciou
sobre as falas golpistas do presidente, pouco depois
das 14h, em tom mais duro.
O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo
Barros (PP-PR), disse que Bolsonaro mostrou força
política com os atos de 7 de setembro 'contra o ativismo
do Judiciário' e que a reação contrária do Judiciário foi
muito fraca e amena. 'O presidente trucou e não ouviu
seis de ninguém', disse.
Para Barros, o tom da réplica de Fux, foi 'muito
tranquilo'. 'Não está escrito no livrinho que descumprir
ordem judicial é crime de responsabilidade? Não
falaram nada demais. Mas o presidente não cometeu
crime de responsabilidade, ele não descumpriu ordem
judicial, só deu o roteiro do que vai acontecer se o
[ministro] Alexandre de Moraes continuar nessa toada',
afirmou Barros.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
99
Crise deve inviabilizar aprovação de Mendonça
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
Autor: Renan Truffi
Os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo
Tribunal Federal (STF) provocaram consequências
diretas no ambiente político do Senado, onde o cenário
para o governo já era desfavorável. O presidente da
Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), reagiu ontem ao
discurso do chefe do Executivo e criticou tanto o
'autoritarismo' como os 'arroubos antidemocráticos' do 7
de setembro. Além disso, ele avalia devolver a medida
provisória editada por Bolsonaro que limita a remoção
de perfis e contas em redes sociais. O cenário também
pode afetar pautas econômicas e a indicação de André
Mendonça para o STF, que, segundo interlocutores,
'subiu no telhado'.
Pacheco se posicionou sobre a escalada da crise no fim
da quarta-feira, logo após os presidentes do STF, Luiz
Fux, e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também
reagirem. O presidente do Senado afirmou que o Brasil
está passando por uma crise 'real' em várias áreas, mas
defendeu que a solução para elas não está no
'autoritarismo', nos 'arroubos antidemocráticos' e 'no
questionamento da democracia'. Neste sentido, o
senador mineiro também rechaçou 'excessos',
'radicalismos' e 'extremismos', mas sem citar
diretamente o presidente da República.
Em seu discurso, gravado para a TV Senado, ele fez
questão de destacar ainda que outros 'milhares' de
brasileiros não estiveram nas ruas no Dia da
Independência. 'É fundamental e a gente deve trabalhar
muito por isso [solução], que os Poderes sentem à
mesa, se organizem, se respeitem, cada qual cumpra o
seu papel respeitando o papel do outro, e busque uma
harmonia que vai significar na solução do problema das
pessoas. Repito, não é com excessos, não é com
radicalismo, não é com extremismo', argumentou.
Antes mesmo de Pacheco decidir fazer esse
pronunciamento, a base do governo já atuava para
esfriar a temperatura na Casa. Logo no começo do dia,
o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra
Coelho (MDB-PE), foi à residência oficial para se reunir
com Pacheco e tentar contornara crise. Segundo fontes,
eles fizeram um balanço das manifestações e possíveis
consequências para os trabalhos legislativos.
Ainda assim, o presidente do Senado avalia devolver ao
Executivo a Medida Provisória 1. 068, que dificulta a
exclusão de conteúdos e perfis pelos provedores como
Facebook e Twitter. A assessoria de imprensa de
Pacheco nega que ele tenha tomado uma decisão, mas
o Valor apurou que técnicos recomendaram esse
entendimento por não haver urgência que justifique o
uso de uma MP. A medida foi anunciada e publicada na
segunda-feira, véspera dos atos em prol do governo
Bolsonaro, o que foi interpretado como um aceno aos
apoiadores do presidente.
Outra consequência direta da crise política é que a
indicação do ex-ministro da Justiça André Mendonça
para o STF pode ter perdido força de vez. Esta é
avaliação feita, em caráter reservado, por diversos
senadores de centro e oposição. Na linguagem dos
parlamentares, Mendonça 'subiu no telhado'. Repercutiu
negativamente entre os congressistas, por exemplo, a
afirmação de que Bolsonaro não pretende cumprir
nenhuma decisão de Alexandre de Moraes, do STF
Para eles, é uma 'incongruência' aprovar a indicação do
presidente para o Supremo ao mesmo tempo em que
ele anuncia que não respeitará o Judiciário.
O assunto foi discutido ontem num almoço que envolveu
entre oito e nove senadores. O encontro aconteceu fora
das dependências do Congresso e, na reunião, alguns
parlamentares disseram ter contabilizado
aproximadamente 50 votos contrários a Mendonça após
os protestos de 7 de setembro.
Na questão econômica, também estão paralisadas
discussões sobre pautas prioritárias para o governo,
como a reforma do Imposto de Renda e a privatização
dos Correios, que ainda não tem sequer relator
designado. Conhecido por ser um aliado de primeira100
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
hora de Bolsonaro, o senador Marcio Bittar (MDB-AC)
entrou nas articulações para tentar avançar com o
projeto de quebra de monopólio dos serviços postais. A
matéria está parada há semanas justamente porque
poucas bancadas têm mostrado interesse em defender
seu teor. No entanto, Bittar procurou seu partido, o
MDB, para pedir que a legenda o indique para esta
tarefa.
A proximidade do senador do Acre com o Palácio do
Planalto tem, inclusive, incomodado os emedebistas. A
legenda não vai atrapalhar sua relatoria, mas, por outro
lado, não deve endossar a defesa da privatização. A
tendência na sigla é que a maioria dos emedebistas se
coloque contra o projeto. A definição está agora com o
presidente da Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE), Otto Alencar (PSD-BA), que também é crítico da
proposta.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
101
Crise política eleva prêmio de risco e preocupa investidor
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Finanças
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ
Autor: Lucinda Pinto, Sérgio Tauhata, Felipe Saturnino e
Álvaro Campos De São Paulo
Investidores locais e, principalmente, estrangeiros,
torpedearam os telefones de bancos e gestoras ontem
tentando entender o que se passa no terreno pantanoso
da política brasileira. Se o país já não vinha se
mostrando um destino dos mais óbvios para alocação
de recursos, o receio só fez aumentar com os protestos
de 7 de setembro.
As ameaças de uma ruptura institucional tornaram-se
mais concretas com o discurso do presidente Jair
Bolsonaro, e encontram um país com crescimento em
desaceleração, inflação alta e às vésperas de um ano
eleitoral que promete ser tenso.
A dúvida é se o Brasil vale o risco. Essa questão se dá
sobretudo para o capital de longo prazo e produtivo, que
não combina com insegurança jurídica. O dinheiro de
curto prazo é mais volátil, mas acaba encontrando
oportunidades em qualquer situação.
Há uma preocupação imediata com o impacto da crise
sobre o encaminhamento da questão dos precatórios,
além da percepção de que a agenda de reformas é uma
promessa cada vez mais distante. Segundo fonte de um
banco local, houve forte movimento de estrangeiros se
desfazendo de posições ontem.
O saldo dos protestos é bastante negativo para a
agenda econômica, o que deve impor uma dose
adicional de prêmio de risco aos ativos, afirma o
economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel
Weeks. 'A 'solução CNJ' para os precatórios, que já
vinha perdendo espaço na semana passada, agora
ficou praticamente sem chance de avançar', diz. À
afirmação é uma referência à possibilidade levantada
pelo presidente do STF, Luiz Fux, de limitar os gastos
anuais com pagamento de precatórios, numa alternativa
à Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional no
início do mês.
Para Weeks, a piora do ambiente político eleva o risco
de que surjam propostas consideradas negativas pelo
mercado para acomodar demandas como as do Bolsa
Família. 'Se alguém tinha esperança de que, passado o
7 de setembro, haveria um alívio da tensão política, isso
não aconteceu. Segue uma tensão muito grande, o que
é ruim para a agenda econômica', diz. 'Está difícil achar
algo de bom para distensionar o cenário'
Na percepção de um executivo graduado de um grande
banco, Bolsonaro sai 'perdedor' e politicamente mais
isolado dos protestos. O risco-país tende a aumentar, o
que é ruim para investimentos num cenário em que já
vinham pesando dúvidas sobre a questão fiscal, a
inflação ? o crescimento da economia.
Todo esse caldo negativo, afirma, pode ter implicações
no crédito, que até agora tem ido muito bem. O aumento
dos riscos tende a pressionar juros e câmbio. Num
momento de inflação mais alta do que se esperava,
esse ambiente pode elevar o custo do crédito e reduzir
a disposição para emprestar, segundo essa fonte.
William Jackson, economista-chefe para mercados
emergentes da Capital Economics, afirma que a
incerteza sobre o futuro das instituições poderá inibir
investimentos de longo prazo no Brasil. Segundo ele, os
investidores já estavam preocupados com a escalada
da tensão política e agora ficarão ainda mais. 'Esses
desdobramentos provavelmente levarão a um prêmio de
risco mais alto sobre os ativos brasileiros, elevando os
rendimentos dos títulos públicos e pesando sobre a
moeda', afirma.
Os protestos colocaram na mesa um fator
imponderável, o que torna mais difícil construir cenários,
segundo a consultora econômica Zeina Latif.
'Obviamente impacta na economia, gera um compasso
de espera nas empresas, investidores', diz.
Na visão de Zeina, o país está vulnerável a uma
mudança nos ventos externos e Bolsonaro caminha102
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Finanças
quinta-feira, 9 de setembro de 2021CNJ - CNJ
para entregar um país pior do que encontrou na
economia. 'Ainda que se possa pensar que cenários
extremos estão descartados, tudo isso trouxe elementos
novos de incerteza sobre o que vai ser daqui para
frente. '
Segundo a economista, o investidor estrangeiro sempre
teve uma visão de que o Brasil, apesar de crescer
pouco, tem instituições que funcionam. 'Agora, a gente
vai perdendo isso, essa visão vai ficando manchada,
então é um retrocesso institucional. '
No entanto, para ter uma visão mais ampla do quadro
político é preciso esperar até o dia 12, quando estão
marcados os protestos da oposição, afirma o
economista sênior para América Latina da Oxford
Economics, Felipe Camargo. Segundo ele, a reação dos
mercados ontem 'soa mais como um reflexo do
comportamento dos ativos nos demais emergentes do
que uma resposta ao que se passou [ante]ontem no
país. '
O economista diz que o que mais importa é acompanhar
o desenrolar da corrida eleitoral para 2022. 'Saber quem
serão as equipes de cada candidato, se haverá
coordenação na terceira via etc. '
Impeachment não está no cenário-base da Oxford.
Reformas também não. 'Não esperamos nada além da
reforma tributária em mudanças relevantes no país até o
fim deste mandato', afirma. (Colaborou Talita Moreira)
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - CNJ, Judiciário -
STF, CNJ - Luiz Fux
103
Escalada de Bolsonaro muda pouco reação das instituições
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
As grandes manifestações bolsonaristas no dia 7 de
setembro foram o ensaio geral dos planos do presidente
Jair Bolsonaro para manter-se no poder, por vias legais
ou não. As multidões, convocadas pelo presidente, lhe
deram o cenário desejado para que prossiga no ataque
às instituições: ações diretas junto ao 'povo', -
representado por fanáticos apoiadores - com caráter
'plebiscitário'. Para Bolsonaro, basta-lhe um 'eu autorizo'
da minoria que o segue para avalizar seus propósitos
antidemocráticos.
As manifestações do Dia da Independência não foram
apenas mais uma delas. Pelas bandeiras e palavras de
ordem não houve defesa da democracia, apesar do
slogan da 'liberdade de expressão', o que para o
presidente da República significa simplesmente fazer o
que lhe der na telha, sem restrições legais ou
institucionais. Bolsonaro reuniu dezenas de milhares de
pessoas para dizer que 'canalhas' (do STF) jamais o
prenderiam, ameaçar o STF, que deveria conter o
ministro Alexandre de Moraes ou 'sofrer aquilo que não
queremos'. Depois, ao encarar Moraes como indivíduo e
não representante da Suprema Corte, disse que 'não
mais cumprirá' qualquer decisão dele.
Uma coisa é Bolsonaro resmungar em suas lives
semanais mambembes contra o Supremo, outra é
convocar multidões para riscar do mapa o Judiciário.
Houve uma diferença de qualidade no ataque às
instituições em relação aos anteriores. Luiz Fux,
presidente do STF, mostrou alinha que Bolsonaro
cruzou: é crime de responsabilidade descumprir
decisões Judiciais. A própria incitação e a ofensa a
ministro da Corte 'são práticas antidemocráticas e
ilícitas', afirmou.
A presença em peso de apoiadores do presidente não
foi só um expediente para que um mandatário fraco se
sinta fortalecido. A constante agitação civil contra a
democracia feita por Bolsonaro, que mais provoca e
incita do que governa, é um componente importante,
mas não tão vital, da sua tentativa de permanecer no
poder. O presidente conta que terá as Forças Armadas
ao seu lado, assim como as polícias, de cujas
comemorações e formaturas participa com regularidade
incomum para um presidente desde que foi eleito.
Bolsonaro não é um -C«--[*---. . . .
organizador das massas, sequer tem partido e não vê
um como necessário. A força decisiva que busca, ao
que parece, não está exatamente, ou apenas, nas ruas.
Após a mudança de grau na escalada de Bolsonaro, a
reação das instituições mostrou um quadro de forças
que moldarão os embates futuros provocados pelo
presidente, que certamente virão. A resistência aos
arreganhos autoritários do presidente cresceu, os
mercados desabaram no dia seguinte, se disseminou
mais a crença de que as reformas estão encerradas,
mas o mapa do poder das instituições dispostas a
conter Bolsonaro parece ter mudado pouco.
OSTF, alvo do ataque mais concentrado do governo até
agora, manteve-se firme e disse que a atitude de
Bolsonaro pode conduzir a um crime de
responsabilidade, logo a um impeachment ou ação
penal, a serem analisados pelo Congresso ou pelo
Procurador Geral da República. O presidente da
República conta, por enquanto, com demasiada
confiança, de que nada virá destes dois flancos.
O discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-
AL) foi diversionista: todos os Poderes devem respeitar
a Constituição - sem nomear que o Executivo não o está
-, deve haver harmonia entre eles - quando a cizânia
parte de um só- e elogiou os brasileiros que 'foram â rua
de modo pacífico' - pregar o fechamento do Supremo e
intervenção militar. O Centrão, e o PP de Lira, que
detém a Casa Civil e o destino de emendas bilionárias
no Congresso, deu sinais claros de que não
desembarcará do governo já e os pedidos de
impeachment de Bolsonaro seguirão na gaveta.
A manifestação do presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (DEM-MG)) foi mais contundente. Determinou,
em protesto, que por uma semana todas as reuniões104
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
deliberativas e de comissões sejam suspensas. A
reforma do IR e outras pautas de interesse do governo
estão lá. É no Senado que o apoio ao governo é
escasso, ao contrário da Câmara.
Augusto Aras, o procurador geral, disse que
discordâncias devem respeitar o 'devido processo legal'
e elogiou a 'festa cívica'. As manifestações foram
'expressão de uma sociedade plural e aberta,
característica de um regime democrático'. Em suma,
nada aconteceu que preocupasse o procurador, que
tem entre seus deveres fazer respeitar a Constituição.
- . 2s> «----
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF, CNJ - Luiz Fux
105
TJ-MS EXALTA PERÍODO DA MONARQUIA
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio da Bahia/Bahia - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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JUSTIÇA O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul
(TJ-MS) exaltou em uma rede social, ontem, o início da
monarquia constitucional no Brasil, como o "mais longo
e promissor período de estabilidade e progresso durante
a forma monárquica de governo".
A publicação veio logo após a retirada da bandeira do
Brasil Império da sede do Tribunal, em Campo Grande,
por determinação do presidente do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Luiz Fux.
Na postagem feita pela página "tjmsoficial" em uma rede
social, o Tribunal de Justiça destaca o dia 7 de
setembro, com uma bandeira do Brasil ao fundo, e
afirma que "há 199 anos o Brasil declarava a sua
independência de Portugal para se tornar uma
monarquia constitucional, tendo como Imperador D.
Pedro I".
A mensagem segue dizendo que "começou, então, o
mais longo e promissor período de estabilidade e
progresso durante a forma monárquica de governo",
finaliza. Pouco mais de 4 horas depois de ser publicada,
a postagem já tinha mais de 500 curtidas.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
106
Dólar dispara e Bolsa desaba no dia seguinte às ameaças golpistas de
Bolsonaro
Conselho Nacional de Justiça - CNJCarta Capital Online/Nacional - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: por CartaCapital
Dólar dispara e Bolsa desaba no dia seguinte às
ameaças golpistas de Bolsonaro
Reflexos na economia
Dólar dispara e Bolsa desaba no dia seguinte às
ameaças golpistas de Bolsonaro
por CartaCapital
8 de setembro de 2021 - 17:55
Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas
O dólar disparou nesta quarta-feira 8 e fechou o dia
cotado a 5,326 reais na venda, o maior valor em mais
de duas semanas. O Ibovespa, principal índice da Bolsa
brasileira, desabou 3,78%, a 113.412,84 pontos. Trata-
se da maior perda diária desde 8 de março.
Esse movimento ocorre um dia depois de o presidente
Jair Bolsonaro proferir dois discursos golpistas. Na
Avenida Paulista, em São Paulo, reiterou as ameaças
contidas em pronunciamento na Esplanada dos
Ministérios, em Brasília.
Bolsonaro atacou o Supremo Tribunal Federal,
estimulou a desobediência civil a decisões da Corte e
ofendeu diretamente o ministro Alexandre de Moraes, a
quem chamou de 'canalha'.
Setores do mercado avaliam que, além da incerteza
geral provocada pelos ataques de Bolsonaro, as
ameaças de golpe trazem impactos imediatos sobre
pautas que interessam a investidores, como a busca por
uma solução para o pagamento de precatórios em 2022.
Há uma proposta em discussão, com mediação do
Conselho Nacional de Justiça, para que seja definido
um teto de 39,9 bilhões para o pagamento dessas
dívidas judiciais no ano que vem. O restante seria pago
nos anos seguintes. Com a escalada de tensões,
porém, não se sabe quando uma saída será
encontrada.
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107
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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de Justiça
108
Fux manda Tribunal de Mato Grosso do Sul retirar bandeira do Brasil
Império
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense Online/Nacional - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Thays Martins
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz
Fux, determinou que seja retirada a bandeira do Brasil
Império do mastro principal do pavilhão do Tribunal de
Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). A decisão foi
tomada nesta segunda-feira (6/9) e se baseia no fato de
que essa bandeira não é um dos símbolos oficiais do
Poder Judiciário do Brasil.
A bandeira foi erguida por determinação do presidente
do TJMS, desembargador Carlos Eduardo Contar, e
deveria ficar hasteada entre 6 e 10 de setembro. De
acordo com nota do Tribunal, o gesto foi uma
homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil.
Porém, de acordo com Fux, a bandeira não é
compatível com a neutralidade e imparcialidade que um
tribunal deve ter. Na decisão, o ministro também cita
outras manifestações públicas do desembargador com
motivações politico-partidárias. 'A manutenção da
situação relatada tende a causar confusão na população
acerca do papel constitucional e institucional do Poder
Judiciário, na medida em que o Tribunal de Justiça de
Mato Grosso do Sul pretende diminuir os símbolos da
República Federativa do Brasil", disse Fux na decisão.
O caso ainda foi encaminhado para a Corregedoria
Nacional de Justiça para apurar eventual
responsabilidade do presidente do TJMS. Após a
retirada da bandeira, a página no Instagram do tribunal
exaltou o início da monarquia constitucional no Brasil.
De acordo com a publicação, o período foi o de mais
estabilidade e progresso durante a forma monárquica de
governo. Nos comentários, são muitas as críticas.
A ordem foi dada depois que membros do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) se manifestaram contra o
ato. A bandeira do Brasil Império foi usada entre 1822,
quando foi declarada a independência do Brasil, até
1889, quando foi proclamado o início da República. A
bandeira tem sido constantemente usada por
apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em
manifestações.
Em janeiro desde ano, na cerimônia de posse do
desembargador Carlos Eduardo Contar como
presidente do tribunal, ele defendeu que não fosse
adotado o isolamento social e o 'fim da palhaçada
midiática fúnebre'.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça, CNJ - Corregedoria Nacional de Justiça
109
Cartórios do Brasil serão autorizados a registrar crianças com o sexo
ignorado
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense Online/Nacional - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Rafaela Martins
Crianças que nascem sem a definção de masculino ou
feminino, em condição conhecida como Anomalia de
Diferenciação de Sexo (ADS), podem ser registradas
com o sexo 'ignorado' na certidão de nascimento, a
partir do próximo domingo (12/9). De forma gratuita, a
opção de designação de sexo em qualquer Cartório de
Registro Civil do Brasil poderá ser realizada sem a
necessidade de autorização judicial ou de comprovação
de cirurgia sexual, tratamento hormonal ou
apresentação de laudo médico ou psicológico.
O procedimento já era realizado com sucesso em cinco
estados do país: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul,
Maranhão e Goiás. A modificação busca ampliar o
processo para todas as unidades da federação com a
mesma agilidade e eficiência.
Para que a criança seja registrada com sexo ignorado é
necessário que na Declaração de Nascido Vivo (DNV),
documento emitido pelo médico que realizou o parto,
haja a constatação da ADS. Em cartório, o oficial deverá
orientar a utilização de um nome neutro, que poderá ser
aceito pelos pais do menor ou, em caso de maior de 12
anos (chamado registro tardio), com seu consentimento.
De acordo com o presidente da Associação Nacional
dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil)
Gustavo Fiscarelli, a nova norma permite que o
processo seja menos burocrático e garanta o acesso
imediato da criança a direitos fundamentais, como plano
de saúde e matrícula em creches. 'Anteriormente, o
registro não era feito até que o juiz autorizasse sua
emissão, fazendo com que o recém-nascido
permanecesse sem o documento até a finalização do
processo. Agora, só é necessário apresentar a
Declaração de Nascido Vivo (DNV)', conta o presidente.
Como funciona hoje?
Até então era necessário que a família entrasse com um
processo judicial para efetivar o registro da criança, o
que fazia com que ela ficasse sem a certidão de
nascimento até a definição do mesmo e,
consequentemente, sem acesso a direitos
fundamentais.
Segundo a advogada especialista em direito civil Anne
Ramos, do Kolbe Advogados Associados, a legislação
brasileira vigente é omissa acerca da situação
específica da intersexualidade. 'Até então, essa
mudança consta somente no Provimento nº 122/2021
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Esse provimento foi publicado na sexta-feira
(20/08/2021) e passa a produzir efeitos a partir do dia
de 12 de setembro de 2021', explica a advogada.
Benefícios
A nova medida possui natureza sigilosa, sendo que
apenas a pessoa - quando completar 18 anos -
110
Conselho Nacional de Justiça - CNJCorreio Braziliense Online/Nacional - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
,responsáveis legais do menor ou determinação judicial
podem solicitar em Cartório a expedição do registro
deste documento - conhecida como certidão de inteiro
teor. Tal informação não constará nas certidões
comumente emitidas em Cartórios de Registro Civil,
conhecidas como breve relato.
A advogada Anne Ramos explica que certidão de inteiro
teor é um documento extraído de um livro que reproduz
todas as palavras nele contidas. 'Certidão de inteiro teor
também pode ser uma certidão que apresenta todos os
atos praticados e os nomes dos envolvidos. Tem como
objetivo proporcionar informações completas acerca dos
dados dispostos no livro de registro, também conhecido
como livro de assento. Ao sermos registrados após o
nascimento, não é certidão de nascimento de inteiro
teor que recebemos', disse.
Já as certidões de breve relato são as mais conhecidas.
'São as certidões comuns, ou seja, as que são emitidas
quando ocorre um registro de nascimento ou
casamento, ou na solicitação de uma segunda via
atualizada. Ela contém as informações básicas sobre o
indivíduo, é um tipo de versão simplificada, somente
com as principais informações do registro realizado em
um determinado cartório', ressalta a especialista em
direito civil.
São as mesmas regras referentes ao procedimento de
registro que valem para a Declaração de Óbito (DO)
assinada pelo médico, e que deve ser apresentada em
cartório para a emissão do registro de óbito.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
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Mercado baixa régua das expectativas após 7 de Setembro e manutenção
de teto de gastos vira lucro
Conselho Nacional de Justiça - CNJÉpoca Negócios/Nacional - Economia
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Reuters
A retórica ainda mais dura do presidente Jair Bolsonaro
no discurso em São Paulo no 7 de Setembro está
arrastando os ativos locais ao pior desempenho global
nesta quarta-feira, e no mercado as conversas são de
que o patamar de risco de base agora é mais alto, com
reformas "decentes" praticamente inviáveis, chance
mais alta de a "bomba" dos precatórios explodir e a
preservação do teto de gastos se tornando a única meta
econômica crível do governo Bolsonaro.
O dólar à vista saltava 2% neste início de tarde e
chegou a cravar 5,31 reais na máxima do dia, pulando
mais de 10 centavos de real ante o fechamento de
segunda-feira e deixando o real com o título de pior
moeda nesta sessão. O Ibovespa recuava 2,8%, com
folga o pior desempenho entre os principais índices
acionários do Ocidente.
Os juros futuros de longo prazo subiam 14 pontos-base,
e o preço do Global 2028 emitido em 2017 caía ao
menor patamar desde o começo de maio.
O índice Dow Jones Brazil Titans 20 --composto pelos
principais recibos de ações brasileiras negociados em
Nova York-- perdia 4,2% nesta quarta, após na véspera
desacelerar a alta de 1,76% na máxima para 0,47% no
fechamento após o discurso de Bolsonaro na avenida
Paulista, em São Paulo.
Na ocasião, Bolsonaro atacou, diante de apoiadores, os
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre
de Moraes e Luís Roberto Barroso e ameaçou
descumprir decisões, dizendo que jamais será preso por
"canalhas". Bolsonaro repetiu que só sairia da
Presidência "preso, morto ou com vitória".
"Acredito que o patamar de risco mudou, ficou mais
alto", disse Carlos Duarte, planejador financeiro CFP
pela Planejar. "O foco agora é olhar para o STF, que
julga algumas 'pautas-bomba' para o governo, com
destaque para a dos Precatórios. Fica a dúvida agora se
a proposta costurada no STF vai ser tocada para
frente", acrescentou.
O STF está discutindo com integrantes do Legislativo --
via Conselho Nacional de Justiça (CNJ)-- a
possibilidade de imposição de limites aos pagamentos
dos precatórios de acordo com critérios semelhantes
aos hoje aplicados no teto de gastos (que restringe o
aumento de despesas à inflação).
Para Victor Scalet, estrategista macro da XP, o aumento
da temperatura política diminuiu consideravelmente as
chances de encaminhamento da questão dos
precatórios por esse meio.
"Se não for resolvido dessa maneira, teremos que nos
voltar para algum tipo de tramitação no Congresso, e o
mercado está com bastante receio de que avance uma
PEC sobre esse tema que acabe saindo pior do que
entrou, no clima político atual", explicou.
112
Conselho Nacional de Justiça - CNJÉpoca Negócios/Nacional - Economia
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
A proposta via CNJ é vista até mesmo pelo ministro da
Economia, Paulo Guedes, como melhor que a da PEC
dos precatórios, apresentada pelo próprio.
Sem ambas as propostas, o governo teria um gasto
adicional contratado para o ano que vem de quase 90
bilhões de reais, o que poderia sepultar o teto de gastos
no eleitoral ano de 2022.
Ao mesmo tempo que elevam a incerteza na frente
fiscal, os eventos do 7 de Setembro, aliados à escalada
geral de tom nos Poderes, minavam chances de
qualquer reforma econômica de maior efeito no atual
governo, segundo alguns participantes do mercado.
"(Bolsonaro) esticou demais a corda... Na minha visão o
governo já perdeu toda a capacidade de fazer reformas
decentes. Agora, quanto menos fizer e gastar tempo
com isso, melhor", disse Joaquim Kokudai, gestor na
JPP Capital. O profissional diz que suas posições em
caixa (as mais conservadoras) têm espaço para
aumento e "provavelmente é o que acontecerá".
TETO DE GASTOS, GUEDES E CAMPOS NETO
Com as reformas saindo do radar e atmosfera eleitoral
tomando de vez conta das pautas do governo, analistas
parecem se render à ideia de que agora a meta é evitar
disrupções mais severas no cenário --com a
preservação do teto de gastos na linha de frente.
"Se conseguir manter o teto de gastos já vai ser uma
ótima notícia", afirmou Kokudai, da JPP Capital.
"Só isso poderia colocar o mercado numa direção mais
benigna de novo. Mas ainda assim tem toda a questão
institucional. A corda ficou muito esticada, tem que ver
se isso vai ter desdobramento fiscal de fato", disse.
À medida que o governo parece já em modo eleição, há
dúvidas até mesmo se os líderes da equipe econômica -
-Paulo Guedes (Economia) e Roberto Campos Neto
(Banco Central) poderiam conter qualquer sanha
gastadora do chefe do Executivo.
"Pelos últimos discursos parece que Campos Neto e
Guedes estão muito mais alinhados para viabilizar as
intenções do governo do que de contê-las", afirmou
Carlos Duarte, da Planejar.
"O mercado hoje aceita o Guedes muito mais pelo medo
de quem viria depois do que por expectativa dos feitos
do ministro, mais pela ideia de que ele é alguém que
busca tapar os buracos dentro do jogo, mas sem força
política alguma."
Agora, disse Scalet, da XP, resta aos investidores
aguardar os próximos desdobramentos, ressaltando que
qualquer sinal de alívio na frente fiscal poderia dar uma
folga para os mercados brasileiros, cujos ativos já
embutiam prêmios de risco altos antes mesmo da queda
desta quarta-feira.
"Mas é preciso ter encaminhamento dos precatórios,
saber como vão ficar os gastos com o Bolsa Família no
ano que vem e ver se o teto vai ficar de pé."
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
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Passavam por mim e iam direto a um homem, diz 1ª mulher a dirigir
presídio no RS
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Fernanda Canofre
Ao entrar na sala da direção da Cadeia Pública de Porto
Alegre, o antigo Presídio Central, na parede pintada de
preto, à direita, se vê escrito em giz branco: 'Quem está
na trincheira contigo? E ISSO IMPORTA? Mais do que a
própria guerra!!!', atribuída ali ao escritor norte-
americano Ernest Hemingway.
A frase foi escolhida pela major Ana Maria Hermes, 46,
a primeira mulher a assumir a direção do presídio no
Rio Grande do Sul com quase 60 anos de existência,
que na prisão que já foi considerada a pior do Brasil por
uma CPI da Câmara dos Deputados, onde vivem hoje
cerca de 3.400 presos, população maior que muitos
municípios brasileiros. ?
'Essa frase demonstra a relevância dos policiais
militares, dos servidores que estão aqui comigo. À noite,
quando estou em casa dormindo, são eles que estão
aqui', diz ela.
Sem policiais militares na família, a atual major decidiu
entrar na corporação depois que um colega da
faculdade de direito na Unisc (Universidade de Santa
Cruz do Sul), oficial da Brigada Militar, a PM gaúcha,
sugeriu que ela fizesse o curso de oficiais.
Ela trabalhou por cinco anos na Polícia Civil, mas tinha
admiração pela farda militar e já tinha sonhado em
ingressar no Exército. 'Fiz com a intenção de ser a
guardiã das cidades, hoje sou guardiã de uma cidade
diferente'.
Na Brigada desde 2005, passou pela Força Nacional e
fez um curso sobre movimentos de massa que a
especializou para trabalhar com os chamados distúrbios
civis, atuando na Copa do Mundo de 2014 e nas
Olimpíadas de 2016.
Ela diz que sempre foi respeitada como mulher e
policial, mas cita como exemplo que, quando estava em
ações nas quais comandava outros policiais, na FN, no
Rio de Janeiro, as pessoas que buscavam informações
ou queriam falar com o responsável no local passavam
por ela e iam direto aos homens presentes.
"As pessoas da comunidade vinham querer conversar
com alguém, passavam por mim, se dirigiam a alguém
masculino, mais forte, e queriam saber quem era o
responsável", conta.
Para a major, ainda persiste a ideia da polícia que use a
força. "Mas essa força não precisa ser violenta, pode
ser através de equipamentos de menor potencial
ofensivo, por isso que mulheres conseguem operar
dentro das instituições."
Sobre os presos, ela diz que, assim como outras
mulheres que trabalham com a população da Cadeia
Pública, reconhece que eles têm respeito.
'Eu já tinha contato com eles na condição de
114
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
subdiretora. Eu sempre tive um diálogo transparente, do
que é possível. Não tive nenhuma dificuldade com
relação a isso, em jargão de cadeia, é papo-reto', afirma
ela.
'Só de estar à frente da Cadeia Pública, já é um desafio
enorme, seja uma mulher ou um homem', afirma o
padre Diego da Silva Côrrea, responsável pela Pastoral
Carcerária na Arquidiocese de Porto Alegre. "Tenho
certeza que a major vai manter o mesmo empenho e
dedicação dos diretores anteriores".
A Cadeia Pública, que mudou de nome em 2017, no
governo de José Ivo Sartori (MDB), é uma das duas
unidades prisionais dirigidas pela Brigada Militar hoje no
Rio Grande do Sul. A corporação assumiu nos anos
1990 depois de uma série de motins e rebeliões no
sistema gaúcho.
A solução temporária de seis meses, porém, já dura 26
anos. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV
Cultura, em 2020, o governador Eduardo Leite (PSDB)
disse que seu governo estava buscando construir novas
unidades para distensionar a pressão no Central e que
elaboravam um plano para substituir os policiais por
agentes penitenciários. 'Mas isso vai levar tempo, não
vai ser feito em um ano, dois anos'.
A Seapen (Secretaria da Administração Penitenciária),
criada na gestão dele, diz que estuda a questão, mas
não fala em previsões. No ano passado, quando a
chegada da Brigada ao comando do presídio completou
25 anos, a pasta previa o início da retirada dos policiais
em 2022.
'Apesar de haver desvio de função, não há forma de a
Brigada sair. Deverá haver um período de transição,
pois a Susepe (Superintendência de Serviços
Penitenciários) não possui efetivo para substituir', avalia
a juíza Sonáli da Cruz Zluhan, responsável pela Vara de
Execuções Criminais que fiscaliza a unidade.
'O presídio continua com a mesma estrutura em relação
aos itens de salubridade. O que pode ser considerado
um pouco melhor é que, pela logística da pandemia,
houve redução dos presos recolhidos no local em
quase mil presos a menos', avalia ela.
Hoje, a estimativa é de que Cadeia Pública tenha entre
3.400 e 3.500 presos em um espaço com capacidade
de engenharia para 1.824. Dados desta segunda-feira
(6) apontam que 1.989 ds são provisórios, outros 1.459,
condenados.
O local tem uma das primeiras alas para pessoas
LGBTQIA+ criadas em presídios no país e não recebe
criminosos sexuais. A nova diretora explica que isso se
deve ao fato de não ter espaço específico para eles. Ela
calcula hoje a presença de quatro facções criminosas
mais numerosas que as demais.
Essa é a terceira passagem da major Ana Maria pela
unidade, onde teve seu primeiro contato com o sistema
carcerário, há dez anos. A primeira, entre 2011 e 2013,
foi como chefe da sala de visitas. Depois, entre 2018 e
2019, ela se tornou gestora de projetos e recursos
humanos. No ano passado, voltou para assumir a
subdireção.
Em 2013, a OEA (Organização dos Estados
Americanos) expediu medida cautelar pedindo que o
governo brasileiro adotasse medidas para solucionar a
situação caótica do Central. Segundo o governo do
estado, ela ainda é válida.
No ano seguinte, um mutirão do CNJ (Conselho
Nacional de Justiça) recomendou o esvaziamento da
unidade, e um dos pavilhões chegou a ser parcialmente
derrubado pelo governo Tarso Genro (PT).
'Aquela ideia de que estávamos na pior cadeia do país
tinha muito mais a ver com a questão estética,
estrutural, do que com os serviços que o estado levava
até os presos", diz a major. "Não vou dizer que não
temos problemas, mas o status de pior presídio não
condizia com o trabalho de cada servidore aqui".
A juíza Sonáli, que seguiu visitando presencialmente o
local mesmo durante a pandemia, conta que o que
diferencia o Central de outros presídios é o fato de não115
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Cotidiano
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
possuir celas fechadas, apenas as galerias são
trancadas, o que acaba possibilitando que sejam
colocados mais presos no local ocupando os
corredores e aumentando o risco de contaminação e
proliferação de doenças.
'Os maiores problemas são as questões de salubridade,
esgotos a céu aberto, caixas d'água abertas onde caem
dejetos de pássaros e baratas, há ratos e contaminação
por sarna, por exemplo', ressalta ainda ela.
Com chimarrão em cima da mesa, a major Ana Maria
conta que, durante a sua gestão, pretende focar em
atrair parceiros para oportunidades de
profissionalização dos presos.
Ela diz acreditar na ressocialização. 'A hora que eu
perder a crença nisso, vou entregar essa cadeia e
arrumar outra coisa para fazer. Vou sair daqui com a
ideia de recuperar 100% das pessoas presas? Não.
Mas vamos trabalhar todos aqueles que estiverem em
condições de retornar ressocializados'.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça, Judiciário - Presos
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Cientista de dados está preso injustamente há mais de 20 dias
Conselho Nacional de Justiça - CNJG1.Globo/Nacional - Rio de Janeiroquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Um cientista de dados está preso há 22 dias, suspeito
de integrar uma milícia em Duque de Caxias, na
Baixada Fluminense. Como mostrou o RJ2 desta
quarta-feira (8), a família e a defesa dele dizem que
houve um erro na identificação do homem, e que ela foi
feita apenas por reconhecimento de fotos.
Raoni Lázaro Barbosa é um jovem cientista de dados,
formado pela PUC-Rio, com especialização no MIT, o
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados
Unidos. Ele é casado há quatro anos e há quase um
ano começou no emprego dos sonhos, em uma
multinacional.
Mas o mundo dele e da esposa, Erica, virou de cabeça
pra baixo no dia 17 de agosto. Raoni foi preso em uma
operação da Polícia Civil, conduzida pela delegada
assistente Thaianne Barbosa, da Draco.
Ele foi acusado de fazer parte de uma milícia em Duque
de Caxias - o que, segundo a defesa do homem, foi um
erro da polícia.
"Eu falei com eles: 'ele é funcionário', falei nome da
empresa, uma multinacional conhecida americana. Mas
até o momento ele só falaram que eu podia tirar fotos de
mandado de prisão e que ele estava sendo
encaminhado para Draco, da Cidade da Polícia. E aí
começou pesadelo", afirmou Erica.
No inquérito, a polícia acusa Raoni de ser responsável
pela cobrança de taxas de moradores e de
comerciantes de Caxias em um grupo de milicianos que
incluía policiais militares.
A defesa afirma que Raoni e a esposa moram em
Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, e nunca viveram
em Duque de Caxias. O reconhecimento de Raoni foi
feito por foto, uma prática que não é prevista em lei
brasileira.
A imagem usada na investigação foi a de um homem
identificado como Raony, com "y", também conhecido
como Gago, e apontado como integrante da milícia de
Duque de Caxias.
"Na realidade a gente verifica como um erro mesmo, um
erro judiciário na condução dessa prova que estava
sendo construída no bojo do inquérito policial. E a
gente, a todo o momento, se questionava se Raoni
estava lá custodiado em Benfica, desde o dia 17 de
agosto. Por que não se fez o reconhecimento pessoal?",
questionou a advogada Carolina Altoé.
"Ele está lá e nós apontamos o erro. Nós dissemos: 'não
se trata da mesma pessoa'. Então, faz um
reconhecimento por foto e a pessoa está lá em Benfica,
custodiada", acrescentou Altoé.
A defesa e a família apontam que a única semelhança
entre os dois é a cor da pele. Dados do Colégio
Nacional de defensores públicos-gerais, de 2012 a 2020
90 pessoas foram presas injustamente baseadas no
reconhecimento por foto.
Só no Rio, foram 73 - e 81% das pessoas apontadas
como suspeitas nesses inquéritos são negras. O117
Conselho Nacional de Justiça - CNJG1.Globo/Nacional - Rio de Janeiroquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
Conselho Nacional de Justiça criou na última semana
um grupo de trabalho para elaborar protocolos objetivos
para a identificação por foto.
Agora, a família teme pelo futuro de Raoni.
"A gente não sabe como é que vai ser daqui pra frente.
não sabe como é que vai ser com relação ao emprego
dele, se ele vai perder emprego, se ele vai deixar de
poder viajar", afirmou Érica.
"A gente não sabe como é que vai ser daqui pra frente.
não sabe como é que vai ser com relação ao emprego
dele, se ele vai perder emprego, se ele vai deixar de
poder viajar", afirmou Érica.
A defesa já entrou com um pedido de habeas corpus,
mas a desembargadora Denise Vaccari, da 1ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça negou um pedido
liminar, e ainda não analisou o erro na identificação.
O que afirma a polícia
A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas, a
Draco, informou que as testemunhas desfizeram o
reconhecimento e que a delegada responsável pelo
caso já pediu à Justiça a revogação da prisão de Raoni
Lázaro Barbosa.
A Secretaria de Polícia Civil afirmou que instaurou uma
sindicância interna para apurar o caso, porque a
orientação da atual gestão da pasta é para que o
reconhecimento fotográfico seja um dos elementos do
inquérito policial, e não o único fator determinante para
pedir a prisão de suspeitos.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
118
Resposta do STF a Bolsonaro virá dentro de inquéritos tocados por
Moraes
Conselho Nacional de Justiça - CNJGazeta do Povo/Paraná - Repúblicaquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Renan Ramalho
O duro discurso do presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), Luiz Fux, nesta quarta-feira (8), em
resposta à declaração do presidente Jair Bolsonaro de
que não vai cumprir ordens judiciais de Alexandre de
Moraes, não encerra a reação da Corte. Há um acordo
tácito entre os ministros que as respostas mais efetivas
devem se dar dentro dos quatro inquéritos abertos
contra o presidente em andamento no tribunal.
Três deles são conduzidos pelo próprio Alexandre de
Moraes: o que investiga a suposta interferência na
Polícia Federal; o que apura as acusações de fraude
nas urnas eletrônicas, dentro do inquérito das fake
news; e o que trata do vazamento da investigação
sigilosa da PF sobre a invasão hacker ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) em 2018. Um quarto inquérito,
sobre suposta prevaricação ante suspeitas de
irregularidades na encomenda da vacina indiana
Covaxin, é relatado por Rosa Weber - a ministra é vice-
presidente do STF e, internamente, tem se mostrado
bastante alarmada com as declarações de Bolsonaro.
Na noite desta terça, após o discurso de Bolsonaro na
Avenida Paulista, os ministros fizeram uma reunião por
videoconferência para avaliar as declarações e
combinarem o teor da resposta dada por Fux.
Consideraram "inaceitáveis" não só a intenção de
descumprir uma decisão judicial - que, se concretizada,
configura crime de responsabilidade, previsto no artigo
85, inciso VII, da Constituição - como também o que
entenderam como uma "ameaça" ao próprio STF,
expressa na seguinte declaração de Bolsonaro: "Ou o
chefe desse Poder [Fux] enquadra o seu [Moraes] ou
esse Poder vai sofrer aquilo que não queremos".
Para os ministros, com essas palavras, Bolsonaro
acabou produzindo mais provas contra si. A tendência é
que o próprio Moraes - que já tem fama de ser o
ministro mais linha-dura do STF - dobre a aposta e
endureça a investigação contra o presidente no
inquérito das fake news.
Neste inquérito, ele tem determinado prisões e buscas e
apreensões somente a partir de pedidos da PF, no
caso, da delegada Denisse Ribeiro, que tem confiança e
relação estreita com ele. Se alguma diligência for pedida
contra Bolsonaro, o ministro consultará a Procuradoria-
Geral da República (PGR), mas já deixou claro que não
depende do aval do órgão para autorizar a coleta de
provas.
Não está no horizonte, porém, medidas mais duras,
como prisão ou um afastamento do cargo. Há o
entendimento na Corte que o STF tem limites e não
pode agir de maneira mais dura sem o aval da PGR.
Nas entrelinhas, o discurso de Fux buscou demonstrar
que, se Bolsonaro levar a cabo a intenção de
descumprir decisões judiciais, o maior responsável por
reprimi-lo deve ser o Congresso, num processo de
impeachment. Ao deixar claro que a conduta
configuraria crime de responsabilidade, o presidente do
119
Conselho Nacional de Justiça - CNJGazeta do Povo/Paraná - Repúblicaquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
STF também demonstrou que, por parte dos ministros,
não haveria qualquer objeção de caráter jurídico.
Reação também pode vir do TSE
O TSE, composto em parte por ministros do STF e do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), também pode
endurecer. Chamaram a atenção deles as novas críticas
de Bolsonaro ao presidente da corte eleitoral, Luís
Roberto Barroso, que trabalhou contra a aprovação do
voto impresso na Câmara, o que contribuiu para a
rejeição da proposta.
O presidente disse que uma eleição sem o mecanismo
de auditagem seria uma "farsa". "Não podemos ter
eleições que pairem dúvidas sobre eleitores. Nós
queremos eleições limpas, auditáveis e com contagem
pública. Não posso participar de uma farsa, como essa
patrocinada ainda pelo presidente do Tribunal Superior
Eleitoral", afirmou.
Declarações do tipo são encaradas como uma tentativa
de desacreditar o processo eleitoral como um todo.
Entre os ministros, cresce o entendimento de que isso
poderia configurar abuso de poder político e uso
indevido dos meios de comunicação - delitos que
podem tornar um político inelegível -, porque, com base
na falsa premissa de que a eleição será
necessariamente fraudada, elas teriam o potencial de
afetar a livre vontade do eleitor na escolha dos
candidatos.
As novas declarações de Bolsonaro poderiam, assim,
constituir novas provas dentro da investigação aberta
pelo corregedor-geral eleitoral, ministro Luís Felipe
Salomão. No ano que vem, elas poderiam ser
aproveitadas por partidos e candidatos adversários para
processar e condenar o presidente, o que colocaria em
risco seu registro de candidatura.
É um caminho que pode contar também com o aval do
próprio Alexandre de Moraes, que assume a presidência
do TSE no ano que vem. Quando incluiu Bolsonaro no
caso, ele reprovou declarações de Bolsonaro com "o
nítido objetivo de tumultuar, dificultar, frustrar ou impedir
o processo eleitoral, com ataques institucionais ao
Tribunal Superior Eleitoral e aos seu ministro presidente
[Luís Roberto Barroso]".
Outras frentes
Não é apenas nos inquéritos que Bolsonaro pode
receber más surpresas do STF. Há a possibilidade de
prejuízo à área econômica com o travamento de uma
resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que
aliviaria o caixa da União no pagamento de precatórios.
Desde julho, Luiz Fux dizia que estava disposto a
mediar uma solução, para a conta de R$ 89 bilhões
prevista para o ano que vem no pagamento dessas
dívidas, já reconhecidas pela Justiça.
Na semana retrasada, o vice-presidente do Tribunal de
Contas da União (TCU), Bruno Dantas, enviou ao CNJ
uma proposta para que o governo federal pague
somente R$ 39 bilhões em 2022 e os outros R$ 50 bi
em 2023. Em tese, essa solução dispensaria o caminho
mais difícil da aprovação de uma proposta de emenda à
Constituição no Congresso, que também parcelaria os
pagamentos ao longo dos próximos anos.
Mas, ainda antes das declarações desta terça (7) de
Bolsonaro, vários ministros do STF rechaçavam uma
mediação feita exclusivamente pelo CNJ. Consideram
agora que o órgão só poderá atuar no assunto após a
aprovação da PEC pelo Congresso e se assim for
autorizado.
Ainda nos bastidores, há quem cogite no STF um risco
político para o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ),
que aguarda o julgamento, na Segunda Turma, de um
recurso do Ministério Público que busca devolver à
primeira instância da Justiça o inquérito da rachadinha,
esquema de desvio de salários de funcionários de seu
antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro. No ano passado, ele conseguiu levar o caso
para a segunda instância, no Tribunal de Justiça, o que
facilitaria a anulação de praticamente todas as provas
colhidas pelo juiz que tocou o caso.
O recurso do MP seria julgado na semana passada, e120
Conselho Nacional de Justiça - CNJGazeta do Povo/Paraná - Repúblicaquarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
uma vitória de Flávio era dada como certa. A pedido da
defesa, a análise ficou para o dia 14 e, agora, já se fala
num resultado desfavorável para Flávio. Essa chance
aumenta se Alexandre de Moraes migrar da Primeira
para a Segunda Turma, possibilidade que também já
circula entre os ministros.
Uma terceira retaliação, fora dos inquéritos contra
Bolsonaro, também começa a ser aventada. Está no
gabinete do ministro Ricardo Lewandowski uma ação da
oposição para forçar o presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), a analisar pedidos de impeachment de
Bolsonaro. A jurisprudência do STF sempre foi pacífica
no sentido de que cabe somente a ele a prerrogativa de
decisão pela abertura do processo, inclusive mediante
avaliação política. Mas cresce uma tese de estipular um
prazo para isso, com base numa interpretação da Lei de
Processos Administrativos.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
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121
Falsificação da ciência não deve ter lugar no Judiciário
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Autor: REDAÇÃO
Paulo Almeida, Psicólogo, Advogado e Diretor Executivo
do Instituto Questão de Ciência
Natalia Pasternak, Microbiologista, Presidente do
Instituto Questão de Ciência, Professora visitante na
FGV-SP, Membro do Committee for Skeptical Inquiry
(CSI) e Pesquisadora em Columbia University
O Brasil conta, desde 2006, com uma Política Nacional
de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
inserida no Ministério da Saúde. Hoje, essa política
coloca 29 práticas alternativas - sem respaldo científico
- no Sistema Único de Saúde (SUS).
Na ausência de respaldo científico, o respaldo
burocrático dá-lhes um verniz de legitimidade que
facilita seu uso indiscriminado no âmbito do Estado.
Afinal, o Ministério da Saúde deve saber o que está
fazendo.
Os riscos, sociais e sanitários, que a mera existência do
PNPIC trazem, amplificados pela complacência
burocrática que o cerca, são perfeitamente
exemplificados no caso da Constelação Familiar, que
legitimada pelo PNPIC, chega ao Judiciário sob a
marca registrada de Direito Sistêmico.
Proposta por Bert Hellinger, um ex-padre jesuíta, a
Constelação Familiar é uma amálgama de
pseudoterapia performática e esoterismo. O terapeuta
sistêmico, ou 'constelador', orienta sessões nas quais o
paciente organiza um grupo de terceiros - os
representantes - na forma de uma 'constelação' que
contenha todos os elementos e atores de seu problema.
Há, normalmente, representantes do paciente, de
parentes e até de sentimentos e locais, como 'tristeza'
ou 'casa'. Orientado pelo constelador, o paciente dispõe
os representantes pela sala, conforme sua intuição.
Forças mágicas, ou quânticas, atuariam sobre os
representantes, fazendo com que adquiram traços dos
representados. A resolução do problema é obtida com o
rearranjo da constelação até que todos os elementos se
encontrem 'em harmonia'.
Não se exige que os consteladores tenham formação
em saúde mental. Pacientes em risco de suicídio ou
depressão encontram-se, portanto, abandonados à
própria sorte. além
Não menos preocupante, os textos de Hellinger trazem
diretrizes que relativizam situações de violência sexual,
patologizam homoafetividade e promovem uma
concepção de poder patriarcal absoluto.
Hellinger propõe, por exemplo, que um abuso sexual do
pai contra a filha menor pode ser justificado pela recusa
da mãe em 'servi-lo'. Não raro, constelações deste tipo
terminam com o facilitador incentivando a vítima a pedir
perdão, ou a declarar amor, ao abusador. É assim que a
prática chega ao Judiciário, como Direito Sistêmico®,
com a desculpa de desafogar o sistema, como parte das
medidas de conciliação e mediação.
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Conselho Nacional de Justiça - CNJO Estado de S. Paulo - Blogs/Nacional - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
Mediação e conciliação são, em si, medidas salutares.
O que há, contudo, é uma tentativa da inserção do
Direito Sistêmico® como ferramenta oficial para tanto,
em especial no Direito de Família. Com a marca
registrada e cursos caros, há dinheiro em jogo nessa
iniciativa.
Dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Direito
Sistêmico indicam que há mais de uma centena de
comissões de Direito Sistêmico em OABs Brasil afora. O
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aceita a
Constelação Familiar/Direito Sistêmico, e diversos
Estados regulamentaram o seu uso. Universidades já
oferecem disciplinas do assunto, e começam a surgir
cursos de pós-graduação.
Trata-se de uma prática pseudocientífica que alça
operadores do direito à condição de terapeutas, com
base em uma paródia de ciência, e em uma concepção
de família que já era obsoleta no século 19.
Pessoas que recorrem à justiça veem-se expostas.
Forçar, sob os olhos e os auspícios do Judiciário, uma
dinâmica 'terapêutica' entre um agressor e um agredido
é reiterar a agressão.
É urgente que se repense o uso da Constelação
Familiar, e quaisquer outras pseudociências, no
cumprimento dos deveres do Estado.
O caminho a ser trilhado é o das políticas públicas
baseadas em evidência. Rigor na análise de propostas,
métricas de acompanhamento, avaliação periódica e
mecanismos de mudança de rota quando necessário.
Em matéria da UOL, o CNJ, quando acionado, não
soube dizer qual foi a quantidade de casos solucionados
com o uso de Constelação Familiar no Judiciário: não
há controle, ninguém se responsabiliza por determinar
se, afinal, a prática serve para alguma coisa - se não
multiplica traumas e injustiças, sob o pretexto de
produzir 'conciliações'. O brasileiro que recorre à justiça
merece melhor.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça, Judiciário - Conciliação123
Incerteza sobre contas públicas está ligada a 'processo eleitoral' e gera
'ruído' no mercado, diz presidente do BC
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo Online/Nacional - Economia
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Gabriel Shinohara
BRASÍLIA - O presidente do Banco Central (BC),
Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira que
parte relevante da incerteza fiscal do país está ligada às
eleições do próximo ano.
Em um evento on-line, Campos Neto ressaltou que os
números relativos às contas públicas neste ano estão
mais equilibrados que o esperado antes da pandemia,
mas que a eleição está trazendo efeitos negativos no
mercado.
Míriam Leitão:Empresas perdem R$ 195 bilhões em
valor de mercado após ameaça golpista de Bolsonaro
- Os participantes do mercado associam algumas
mudanças estruturais, reformas estruturais, com a
disposição de produzir um Bolsa Família melhor, um
programa emergencial melhor com o processo eleitoral
e isso cria um ruído - disse Campos Neto.
Nas últimas semanas, o mercado tem se preocupado
com a resolução da questão dos precatórios. Para 2022,
o governo tem de pagar R$ 89,1 bilhões em decisões
judiciais sem possibilidade de recurso.
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Scheinkman:'Situação é difícil para quem está pensando
em investir no país'
O governo tem tentado uma solução pelo Congresso,
com a aprovação de uma PEC que permite o
parcelamento desses pagamentos e outra pelo
judiciário, onde o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
estabeleceria um teto anual de pagamento, liberando
espaço no Orçamento para uma mudança no Bolsa
Família.
No entanto, a radicalização do presidente Jair Bolsonaro
exposta nos eventos de 7 de setembro tem prejudicado
o andamento de ambas as soluções.
Campos Neto afirmou que para resolver esses ruídos, o
ideal é 'virar a página' e o governo deixar claro qual é o
tipo de programa que vai fazer e como vai ser
financiado.
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- Acredito que uma vez que você supera isso, muito do
ruído vai diminuir. Infelizmente, as notícias ultimamente
apontam para a outra direção, para a direção que ainda
temos muito debate sobre com isso será feito -
comentou o presidente do BC.
Campos Neto ainda disse que vê uma janela para
aprovação de reformas por conta da vontade do
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Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo Online/Nacional - Economia
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
Congresso. Como O GLOBO mostrou nesta quarta, a
radicalização dos movimentos do presidente Bolsonaro
tem colocado em risco o avanço da agena econômica.
- As reformas são muito importantes, nós ainda temos
muitas reformas que precisam ser feitas. Ainda temos
uma janela e o Congresso tem sido bem focado no
avanço nas reformas.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
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Policiais do Rio Grande do Norte terão câmeras em uniformes -
08/09/2021 - Notícia
Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da
Defesa Social do Rio Grande do Norte (Sesed/RN) irá
adquirir 15 câmeras corporais para o uso da atividade
policial no Estado. O processo para a aquisição está em
análise na Coordenadoria de Tecnologia (COTIC) da
pasta. Após as avaliações, segundo informações da
Sesed, o edital será pactuado para que seja dado início
a licitação. Conforme a Secretaria, ainda não há data
para a implementação do uso das câmeras.
Adriano Abreu
Equipamentos serão acoplados nas fardas dos policiais
e poderão fazer registros em áudio e vídeo. Cada
câmera custa em média R$ 30 mil, o que inclui o
software
As 15 câmeras serão utilizadas para teste. Após a
aquisição, a Polícia Militar do Estado (PMRN) deverá
destinar os equipamentos para a utilização de parte das
equipes da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas
(ROCAM). O projeto é viabilizado por meio de uma
emenda parlamentar federal. A Sesed informou que
mais de R$ 500 mil estão designados para a compra.
Cada câmera custa em média - junto com os softwares
de gerenciamento - R$ 30 mil.
As chamadas 'bodycams', são equipamentos acoplados
à farda do agente e podem fazer registros em áudio e
vídeo. No Brasil, a iniciativa já é adotada pelos Estados
de Santa Catarina, Rondônia e São Paulo. 'O processo
encontra-se na Coordenadoria de Tecnologia (COTIC)
da pasta para as últimas análises antes da publicação
do edital', esclareceu a Secretaria.
O titular da Sesed, coronel Francisco Araújo, explicou
que a adoção do uso dos equipamentos será testado
junto à ROCAM em razão da exposição desses
agentes.
'Por causa do patrulhamento nas ruas, esse policial está
em contato direto com o cidadão, muito exposto.
Também levamos em consideração o fato de que a
ROCAM tem uma mobilidade maior. A adoção do uso
desses equipamentos no RN se deve a uma
recomendação do Conselho Nacional de Justiça aos
Estados e também ao fato de que já existe adesão à
utilização dessas câmeras no País', afirmou o
secretário.
A expectativa da Sesed é estender o uso dos
equipamentos às viaturas policiais. 'A demanda de
câmeras como equipamento policial é nacional e já está
sendo adotada em diversos estados do País. E a
tendência é que, de fato, sejam incorporadas como
instrumento de trabalho do policial. Essa é uma
tendência nacional', explicou a Secretaria. 'Após os
testes, o Estado poderá buscar novos recursos para a
aquisição de mais equipamentos', revelou a pasta.
Projeto nacional
As equipes policiais de Santa Catarina, Rondônia e São
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Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
Paulo já utilizam câmeras corporais durante o exercício
de suas atividades. O equipamento, que é individual,
tem capacidade para gravação e transmissão de áudio,
vídeo e localização geográfica. Esse tipo de câmera
também permite o monitoramento remoto e o
armazenamento em nuvem e é utilizada junto ao
uniforme do policial com o objetivo de registrar as
operações das quais o agente participa.
Os policiais não têm autonomia para desligar as
câmeras e as imagens podem ser acessadas a qualquer
momento pelos superiores.
O Estado de Santa Catarina foi a primeira unidade
federativa do País a adotar esse tipo de equipamento,
em 2019. Hoje, são 2,5 mil câmeras a serviço da PMSC.
Também em 2019, meses após a adoção dos
equipamentos em Santa Catarina, foi a vez de o Estado
de Rondônia aderir ao uso do equipamento. Lá, são
disponibilizadas 1 mil 'bodycams'.
Em 2020, São Paulo passou a usar 500 câmeras
corporais. Em junho deste ano, mais 2,5 mil unidades
chegaram a 18 batalhões do Estado paulista, a um
custo de R$ 1,2 milhão. A expectativa é que mais 7 mil
equipamentos sejam licitados e acoplados aos
uniformes dos agentes até o ano que vem. Nesse prazo,
todos os policiais da capital e da Grande São Paulo
deverão estar equipados, segundo a PMSP.
Mortes em ações policiais diminuíram
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de
2021, o Rio Grande do Norte registrou 160 mortes
decorrentes de intervenção policial em 2019 e 145 em
2020. Os registros envolvem policiais em serviço ou fora
dele.
Para o cientista social, especialista em segurança
pública e sistema prisional, Francisco Augusto Cruz, a
adoção das câmeras acopladas ao fardamento dos
policais faz parte de uma gestão eficiente para a
redução da letalidade em todo o Brasil, onde,
comparativamente com outros países, há um a taxa de
letalidade acima da média.
'Nós temos a Polícia Militar que mais mata em
intervenções, no mundo. Estudos realizados no Brasil
destacaram a necessidade de interferir diretamente no
processo de atuação do policial e a câmera foi
considerada uma das estratégias que podem trazer
resultados a curto prazo', destaca.
Para Francisco Augusto Cruz, as câmeras serão, ainda,
importantes aliadas para a proteção do próprio agente.
'Por incrível que pareça, a gente não discute a violência
que o policial sofre quando entra numa comunidade e
que, muitas vezes é intimidado ou até mesmo expulso
de alguns locais', afirma.
Cruz, que é professor do Instituto Federal do Rio
Grande do Norte (IFRN), aponta que, sob esse aspecto,
os benefícios serão direcionados à população e à
polícia. 'Essas câmeras, não são, especificamente, para
monitorar o comportamento dos policiais, o que de
imediato, a gente pode imaginar que seja. É preciso
considerar também que o monitoramento, no momento
da abordagem, intimida a atuação da pessoa suspeita,
porque ela será informada que está sendo filmada',
pontua.
O secretário de Segurança Pública e da Defesa Social
do Estado, Coronel Araújo, concorda que o uso dos
novos equipamentos será benéfico para o trabalho do
policial e para a sociedade, porque vai coibir abusos por
parte dos agentes, assim como impedirá que haja falsas
afirmações contra a polícia.
'É bom para o cidadão e para o agente, porque vai
garantir transparência ao trabalho policial. Vai impedir
excessos dos agentes, da mesma forma que vai
protegê-lo quando houver acusação de truculência sem
que tenha havido tal episódio', afirmou o secretário de
Segurança.
As imagens captadas pelas 'bodycams' poderão servir
como prova em eventuais inquéritos ou processos
judiciais, conforme detalha o professor Francisco
Augusto cruz. 'São provas documentais altamente
confiáveis. O Poder Judiciário, a partir do momento em127
Conselho Nacional de Justiça - CNJTribuna do Norte/Rio Grande do Norte - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
que tiver acesso a elas, irá somá-las a todas as demais
para dar andamento a um inquérito ou processo, por
exemplo', afirma.
O especialista destaca que o uso dos equipamentos
vem sendo adotado em todo o mundo, inclusive nos
países onde a polícia é considerada pacífica, uma prova
de que, segundo ele, o uso do equipamento vai além do
monitoramento do comportamento do policial. Cruz
avalia, no entanto, que esse é um ponto importante a
ser levado em consideração no Brasil, tendo em vista os
casos de abuso policial que rondam o País.
'O uso da força e a letalidade nas abordagens policiais
chegou a zero, pelo menos no início do uso dos
equipamentos no Estado de São Paulo. As denúncias e
reclamações contra arbitrariedades policiais também
diminuíram. Isso é um grande avanço', analis Francisco
Augusto Cruz.
Apesar de citar os diversos benefícios que o uso das
câmeras corporais podem trazer para melhorar a
relação entre a polícia e a população, Cruz é taxativo: 'A
mudança de comportamento da PM não passa
exclusivamente pela instalação de equipamentos de
segurança na farda do policial. A gente precisa
transformar a cultura e a forma como o policial se
identifica naquele trabalho que ele faz. A população
precisa melhorar o nível de confiança na PM', encerra.
A TRIBUNA DO NORTE procurou a Associação dos
Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares
do RN (ASSPMBMRN) e a Associação dos Cabos e
Soldados da PM/RN em duas oportunidades. A
TRIBUNA pediu que as associações fizessem uma
avaliação de como observam a inserção desses
equipamentos no dia-a-dia da atividade policial no Rio
Grande do Norte. A PM também foi procurada.
Nem as associações nem a Polícia Militar deram
resposta aos questionamentos da reportagem da
TRIBUNA DO NORTE.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça128
Após reunião com líder do governo, presidente do Senado não cogita
pronunciamento
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Online/Nacional - Política
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
Autor: Renan Truffi
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG),
se reuniu nesta quarta-feira (08) com o líder do governo
no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), para
discutir a escalada da crise política. O encontro entre os
dois aconteceu após Pacheco cancelar todas as
sessões deliberativas e reuniões de comissões
previstas para esta semana no Senado.
Leia mais: "Linhas da Constituição devem ser
respeitadas por todos", diz Lira em discurso
O motivo foi os . A avaliação da cúpula da Casa é que
não há clima político para votações de projetos, sejam
eles de interesse do Executivo ou não.
Leia mais: Fux deve alertar que descumprir ordem
judicial configura crime de responsabilidade
A decisão de Pacheco, no entanto, pegou de surpresa
ministros e auxiliares do Palácio do Planalto. O Senado
previa votar uma série de projetos de interesse do
governo nestes dias. Além disso, dizem interlocutores, o
presidente do Senado conseguiu, com isso, evitar que
os governistas celebrassem as manifestações de 7 de
Setembro com discursos no plenário da Casa.
Leia mais: Impeachment de Bolsonaro: Mourão 'não vê
clima' para processo
Apesar disso, não há previsão de qualquer
pronunciamento de Pacheco, por enquanto. Isso porque
ele já se posicionou sobre os protestos de terça-feira
(07), durante a manhã. Na ocasião, o presidente do
Senado defendeu o Estado democrático de direito. 'Ao
tempo em que se celebra o Dia da Independência,
expressão forte da liberdade nacional, não deixemos de
compreender a nossa mais evidente dependência de
algo que deve unir o Brasil: a absoluta defesa do Estado
Democrático de Direito', afirmou.
Integrantes da cúpula do Senado admitem em caráter
reservado, no entanto, que as manifestações e a
postura do presidente Jair Bolsonaro também devem
afetar as negociações em torno de pautas econômicas
de e do pagamento de R$ 89,1 bilhões de precatórios
no próximo ano, que estava sendo discutido junto ao
Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Há algumas semanas, Pacheco, o presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do STF,
Luiz Fux, vinham tentando construir uma saída para a
questão dos precatórios, o que deve perder força,
segundo interlocutores.
'Todo o ambiente de negociações vai pelo ralo', admitiu
uma fonte próxima. O mesmo vale para pautas como a
reforma do Imposto de Renda, que deve chegar para os
senadores nos próximo dias. Em resumo, dizem, o
ambiente, que já era ruim para o governo no Senado,
deve ficar ainda pior.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
129
Presidente do STF procura Lira e Pacheco após atos para reunião
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Online/Nacional - Política
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
Autor: Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz
Fux, pediu uma reunião com os presidentes da Câmara
dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado,
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), após os ataques do
presidente Jair Bolsonaro ao ministro Alexandre de
Moraes e à Corte nos atos de 7 de setembro, mas, por
enquanto, o encontro ainda não foi marcado.
Leia mais: 'Ninguém fechará' o STF e ameaça de
desobediência é crime de responsabilidade, diz Fux
O pedido de encontro foi relatado ao Valor por um
parlamentar aliado de Lira. Segundo ele, o presidente
da Câmara topou a reunião, mas pediu um lugar 'neutro'
e não quer ir ao STF no dia seguinte aos protestos, o
que poderia ser mal interpretado no Executivo.
Leia mais: "Linhas da Constituição devem ser
respeitadas por todos", diz Lira em discurso
Fux queria discutir a situação. Nesta quarta-feira, ele fez
um discurso mais duro contra o presidente. Disse que,
'se o desprezo às decisões judiciais vem de chefe de
um Poder, essa atitude, além de representar atentado à
democracia, configura crime de responsabilidade a ser
analisado pelo Congresso'. Cabe a Lira abrir o processo
de impeachment.
Leia mais: Após reunião com líder do governo,
presidente do Senado não cogita pronunciamento
Momentos antes, o presidente da Câmara fez uma fala
mais amena e apaziguadora. Disse que é hora de 'dar
um basta nas escaladas' conflituosas e que as bravatas
em redes sociais estão afetando o Brasil real e a
economia, mas sequer citou nominalmente Bolsonaro,
não falou em impeachment e ainda exaltou aqueles que
foram as ruas de forma pacífica se manifestar.
Leia mais: Precatórios: Ataque de Bolsonaro ao STF
dificulta acordo no Congresso
Fux, Lira e Pacheco vinham se reunindo com frequência
nas últimas semanas para negociar uma alternativa
para o pagamento de precatórios (dívidas judiciais) pelo
governo federal. A intenção era que o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) baixasse uma norma para
evitar um aumento grande nos pagamentos, o que
inviabilizará a reformulação do Bolsa Família. Para
aliados do Executivo, os ataques de Bolsonaro ao STF
devem atrapalhar essas negociações.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
130
CNJ e MPT se unem para fortalecer trabalho no sistema prisional
Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Garantir que pessoas que estiveram presas tenham
acesso a trabalho e geração de renda dignos é
fundamental para atender aos anseios da sociedade por
um país mais desenvolvido e inclusivo.
ReproduçãoNo Brasil, apenas 13% das pessoas
privadas de liberdade ocupam postos de trabalho
No entanto, segundo dados do Executivo federal,
apenas 13% das pessoas privadas de liberdade ocupam
postos de trabalho, sendo a maioria ligados a atividades
internas nas unidades prisionais ou à produção de
artesanato com fins de subsistência. Fora das prisões,
pessoas egressas continuam enfrentando estigmas para
recolocação em postos de trabalho.
Para reverter esse quadro, o Conselho Nacional de
Justiça e o Ministério Público do Trabalho assinaram a
Orientação Técnica Conjunta 1. O texto dá o passo a
passo para que representantes locais do sistema de
Justiça e outros atores garantam a contratação de
pessoas presas ou egressas prevista em lei pela
Administração Pública direta, autárquica e fundacional e
pelo Poder Judiciário.
O documento é fruto de termo de cooperação técnica
firmado em 2020 pelas duas entidades para qualificar o
cumprimento da Política Nacional de Trabalho no
âmbito do Sistema Prisional (PNAT), instituída pelo
Decreto 9.450/2018, e da Resolução CNJ 307/2019,
que criou a Política Judiciária Nacional de Atenção a
Pessoas Egressas.
O fortalecimento de trabalho e geração de renda no
contexto de privação de liberdade integra as ações do
programa Fazendo Justiça, parceria entre o CNJ e o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(Pnud), com apoio do Departamento Penitenciário
Nacional, para incidir em desafios estruturais na área.
Contexto
Citando arcabouço normativo nacional e internacional
sobre o tema, a orientação destaca que muitas
atualizações recentes ainda não foram incorporadas no
país. "As questões de gênero e orientação sexual, a
desregulamentação do trabalho mundial e suas
implicações para a inclusão produtiva no sistema
prisional e as relações entre entes públicos e privados
na geração de trabalho e renda no escopo da Justiça
criminal não se encontram abordadas nos documentos
e normas mais recentes, dentre eles o próprio Decreto
9.450/18", aponta o texto.
Como principal recomendação estruturante aos poderes
públicos locais, a normativa orienta a criação de grupos
de trabalho intersetoriais liderados pelos Grupos de
Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e
Sistema de Medidas Socioeducativas dos Tribunais de
Justiça (GMFs) e pelas Procuradorias Regionais do
Trabalho. Os escritórios sociais e outros serviços de
atenção às pessoas egressas devem apoiar a
coordenação local das ações.
O passo a passo para garantir o cumprimento da PNAT
inclui o mapeamento de normativas locais sobre o
assunto, o fomento a projetos de lei na ausência destas,131
Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
o levantamento de contratos existentes entre a
Administração Pública e empresas privadas, a
identificação dos índices previstos em lei para o
cumprimento de cotas de contratação, assim como
medidas a serem adotadas em caso de
descumprimento. Por fim, aborda os diferentes papeis a
serem desempenhados para o monitoramento e
fiscalização dos contratos e os quesitos a serem
observados. Com informações da assessoria de
imprensa do CNJ.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça, Judiciário - Sistema Carcerário, Judiciário -
Fazendo Justiça, Judiciário - Sistema Prisional
132
A Lei 14.195/2021 e a nova disciplina da citação
Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Eduardo Calvert
A Lei 14.195, do último dia 25 de agosto, trata sobre
uma diversidade de assuntos, todos supostamente
ligados à desburocratização e à facilitação da atividade
empresarial. Em relação ao Código de Processo Civil
(CPC), sob a justificativa de operar uma "racionalização
processual", a lei trouxe importantes alterações no
tocante ao procedimento para a citação e às regras
aplicáveis à prescrição intercorrente.
No que diz respeito à citação, as alterações tiveram por
objetivo criar um sistema que permita a realização da
citação por meio eletrônico e que privilegie essa
modalidade de citação em detrimento das demais.
Nesse passo, a lei acrescentou ao artigo 77 do CPC o
dever das partes de "informar e manter atualizados seus
dados cadastrais perante os órgãos do Poder Judiciário
e, no caso do § 6º do art. 246 deste Código, da
Administração Tributária, para recebimento de citações
e intimações".
A grande alteração foi realizada no texto do artigo 246
do CPC, que teve sua redação quase que integralmente
refeita e passou a apontar a citação "por meio
eletrônico", "por meio dos endereços eletrônicos
indicados pelo citando no banco de dados do Poder
Judiciário, conforme regulamento do Conselho
Nacional de Justiça", como a forma preferencial de
citação do réu.
Segundo a nova disciplina, a citação eletrônica será
feita por e-mail, cuja confirmação de recebimento deve
ser encaminhada pelo réu no prazo de até três dias
úteis, sob pena de aplicação de multa de até 5% do
valor da causa por ato atentatório à dignidade da
Justiça. Se não houver confirmação de recebimento, a
citação não será considerada válida, sendo necessária
a sua realização por outros meios.
Em havendo a confirmação de recebimento, o início do
prazo para o réu tem começo no "quinto dia útil seguinte
à confirmação, na forma prevista na mensagem de
citação, do recebimento da citação realizada por meio
eletrônico", conforme agora dispõe o artigo 231, IX, do
CPC.
Mas qual o endereço de e-mail que deve ser utilizado
pelo Poder Judiciário para encaminhamento da citação?
Segundo as novas regras, deverá ser criado um banco
de dados do Poder Judiciário, a ser regulamento pelo
Conselho Nacional de Justiça, no qual as partes
deverão indicar o seu endereço eletrônico. No
momento, no entanto, esse banco de dados não existe
[1], de forma que a nova regra se mostra de difícil,
senão impossível, implementação.
O CPC prevê, ainda, que em relação às microempresas
e às pequenas empresas seja utilizado o endereço
eletrônico cadastrado junto ao sistema integrado da
Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da
Legalização de Empresas e Negócios (Redesim). Esse
cadastro refere-se a dados dos empresários junto ao
sistema da Receita Federal e demais entes da
administração tributária, devendo haver
compartilhamento de dados com o Poder Judiciário.133
Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
Na prática, a implementação das alterações depende da
criação de uma série de cadastros e de sistemas de
informação ainda não existentes. Atualmente, não é
possível consultar o endereço de e-mail das partes nos
cadastros previstos no caput ou no §6º do artigo 246 do
CPC.
Outra característica dessas novas regras que chama a
atenção é o fato de a citação não poder ser considerada
válida caso a parte não confirme o recebimento da
mensagem de e-mail, ainda que o endereço eletrônico
seja aquele informado junto aos cadastros do Poder
Judiciário. Ou seja, se o réu não confirmar o
recebimento do e-mail, será necessária a realização da
citação por outro meio, com possibilidade de aplicação
de multa por ato atentatório à dignidade da justiça.
Essa característica da nova disciplina, a nosso sentir,
enfraquece em muito a simplificação e a celeridade que
parece ter sido inspiradora das regras. Ora, a pretexto
de agilizar o andamento dos processos, a nova
disciplina acabou criando mais um incidente processual
e mais uma questão a ser debatida nos autos em
prejuízo da matéria principal.
Mas a maior dificuldade de compreensão da nova
disciplina parece ser a sua compatibilização com a
disciplina anterior existente sobre a realização de
citação por meio eletrônico.
Curiosamente, a citação por meio eletrônico já era
prevista no texto original do artigo 246 do CPC, no seu
inciso V e no §1º, o qual determinava sua preferência
em relação às demais formas de citação e a
obrigatoriedade de as "empresas públicas e privadas"
manterem cadastro nos sistemas que permitiriam a
realização da citação por esse meio.
A Lei 11.419/2006, que dispõe sobre a informatização
do processo judicial, prevê a realização de citação
eletrônica por meio de portal próprio do Poder Judiciário
(artigo 6º) e regulamenta a sua realização (artigos 2º, 5º
e 9º). Essa disciplina para a realização dos atos de
comunicação processual (intimação e citação) continua
vigente, nos termos da Lei 11.419/2006 e do artigo 246,
§§1º e 5º, do CPC.
A disciplina anterior detém uma vantagem gritante em
relação à nova: a desnecessidade de confirmação do
recebimento da citação eletrônica. Isso porque, nos
termos do artigo 5º, §3º, da Lei 11.419/2006, caso a
parte a ser intimada ou citada não realize a consulta do
ato em até dez dias corridos contados da data do envio
da intimação, será considerada a intimação
automaticamente realizada na data do término desse
prazo.
O CNJ regulamentou por meio da resolução
234/2016[2] a "plataforma de comunicações
processuais" do Poder Judiciário, disciplinando a
matéria de modo similar à Lei 11.419/2016 e apontando
a obrigatoriedade de cadastro "para a União, os
Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as
entidades da administração indireta, bem como as
empresas públicas e privadas, com exceção das
microempresas e empresas de pequeno porte" (artigo
8º, §1º) e a facultatividade de cadastro para "pessoas
físicas e jurídicas não previstas no parágrafo anterior"
(artigo 8º, § 2º).
Note-se que, apesar de se tratar de duas modalidades
de citação por meio eletrônico, as suas disciplinas e as
formas de realização são bastante diversas. No modelo
já existente, a citação ou a intimação se fazem por meio
de portais mantidos pelo Poder Judiciário, os quais são
acessados pelas partes; já no modelo novo, a citação se
faz por meio de encaminhamento de mensagem
eletrônica de e-mail junto aos endereços cadastrados.
O primeiro modelo funciona atualmente, mas tem
aplicação ainda bastante restrita, especialmente em
relação a entes públicos (procuradorias, Defensoria
Pública e Ministério Público) e a algumas pessoas
jurídicas cadastradas[3].
A dificuldade de implementação desse primeiro modelo
reside justamente na obrigatoriedade de as partes
manterem cadastro junto ao sistema de processo em
autos eletrônicos: apesar de ser obrigatório para as134
Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
"empresas públicas e privadas" (CPC, artigo 246, §1º),
não há mecanismos eficientes para a imposição dessa
obrigatoriedade.
Ocorre que a mesma dificuldade para impor às partes a
manutenção do cadastro junto ao sistema vai existir no
tocante à imposição às partes da obrigatoriedade de
manter atualizado o seu endereço eletrônico junto ao
banco de dados a ser criado pelo CNJ...
Analisando-se com cuidado as novas disposições legais
e com olhos à convivência entre as duas modalidades
de citação, entendemos que a citação por meio do
portal próprio do Poder Judiciário continua vigente e
continua a ser o meio preferencial para a realização da
citação em relação às "empresas públicas e privadas" e
"à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios e às entidades da administração indireta"
(nos termos do artigo 246, §§1º e 2º, do CPC).
Essa forma também será preferencial em relação às
microempresas e às pequenas empresas, desde que
não possuam endereço eletrônico cadastrado no
sistema integrado da Redesim (artigo 246, §5º, do
CPC).
Essa conclusão se extrai de dois fundamentos:
primeiramente, não houve revogação da Lei
11.419/2006; além disso, o artigo 246, §1º, do CPC
manteve a sua redação praticamente inalterada, de
modo que devemos entender que a modalidade de
citação eletrônica anteriormente existente continua
vigente (como já apontamos acima, essa modalidade é
diferente da citação por e-mail).
Analisando-se com cuidado as disposições do artigo
246 do CPC, percebe-se que o caput traz como regra
geral a citação "por meio dos endereços eletrônicos
indicados pelo citando no banco de dados do Poder
Judiciário, conforme regulamento do Conselho
Nacional de Justiça". No entanto, logo em seu §1º, o
mesmo artigo traz uma regra especializada aplicável às
"empresas públicas e privadas", prevendo a preferência
de citação por meio dos "sistemas de processo em
autos eletrônicos".
O §1º do artigo 246 traz uma regra especial em relação
ao caput, a qual se aplica também "à União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às
entidades da administração indireta" (§2º) e as
microempresas e pequenas empresas que não
possuam endereço eletrônico cadastrado junto ao
sistema integrado da Redesim (§5º).
Anote-se, ainda, que essa parece ser a melhor
conclusão à luz do princípio da eficiência, tendo em
vista que a modalidade de citação por meio do próprio
sistema do Poder Judiciário mostra-se muito mais eficaz
e célere do que a citação por e-mail.
Em conclusão:
- A citação por meio dos sistemas de processo em autos
eletrônicos (portais do próprio Poder Judiciário, que têm
por maior expoente a plataforma de comunicações
processuais do CNJ) continua a ser o meio preferencial
de citação para as empresas públicas e privadas, para a
União, os estados, o Distrito Federal, os municípios e as
entidades da administração indireta e para as
microempresas e pequenas empresas que não tenham
o endereço eletrônico cadastrado junto ao sistema da
Redesim;
- A citação por correio eletrônico (ou seja, por
mensagem de e-mail a ser encaminhada para o
endereço previamente cadastrado pela parte no banco
de dados do Poder Judiciário) é preferencial para as
pessoas físicas e para as microempresas e pequenas
empresas que tenham seu endereço eletrônico
cadastrado junto ao sistema da Redesim. No entanto,
esse meio também pode ser utilizado em relação às
pessoas indicadas no item acima [4], desde que não
estejam cadastradas no sistema de processo em autos
eletrônicos do Poder Judiciário;
- Não sendo possível a citação por qualquer desses
meios eletrônicos, ou na hipótese de ausência de
confirmação de recebimento da citação por e-mail, a
citação deverá ser feita por correio (preferencialmente),
por oficial de justiça, pelo escrivão ou chefe da135
Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
secretaria, se o citando comparecer em cartório, ou por
edital (artigo 246, §1º-A, do CPC).
Algumas considerações devem ainda ser feitas.
O artigo 247 do CPC, em sua nova redação, traz regras
de exceção à citação eletrônica que devem ser
analisadas com cuidado, uma vez que claramente o
legislador se descuidou na redação do dispositivo legal.
Assim, a citação por meio eletrônico ou por correio não
é admissível nas ações de Estado, quando o citando for
incapaz ou quando o autor, justificadamente, a requerer
de outra forma (incisos I, II e V do artigo 247).
Em relação às pessoas de direito público, a disposição
do artigo 247, III, claramente está em contradição com o
artigo 246, §§1º e 2º, do CPC. A melhor interpretação
desta disposição, à luz da regra expressa do artigo 246,
§§1º e 2º, do CPC é no sentido de que as pessoas de
direito público não podem ser citadas por correio ou por
e-mail, na forma do caput do artigo 246 do CPC, sendo
possível unicamente a citação eletrônica por meio do
sistema de processo em autos eletrônicos (como, aliás,
ocorre atualmente).
Da mesma forma, não parece fazer sentido impedir a
citação eletrônica na hipótese do inciso IV do artigo 247
do CPC, uma vez que, "quando o citando residir em
local não atendido pela entrega domiciliar de
correspondência" ele poderá ainda assim ser citado por
e-mail, não havendo qualquer impedimento para que
isso ocorra.
Em conclusão a essas breves anotações, entendemos
que a nova disciplina da citação trazida pela Lei
14.195/2021, apesar de bem intencionada, é confusa e
não enfrenta o principal problema que envolvia a citação
eletrônica já prevista no sistema anterior, que é a
obrigatoriedade de as partes (e, aqui, entenda-se
especialmente os grandes litigantes) manterem cadastro
junto aos sistemas do Poder Judiciário.
As duas modalidades de citação eletrônica padecem da
mesma dificuldade de implementação: em ambos os
casos a obrigatoriedade de prévio cadastramento da
parte (seja junto ao sistema de processo em autos
eletrônicos, seja junto aos bancos de dados do Poder
Judiciário) não detém meios eficientes de imposição.
Veja que a multa prevista no artigo 246, §1º-C, do CPC
não se aplica para a hipótese de ausência de cadastro,
mas, sim, para a hipótese de a parte, que já detenha
cadastro, deixar de confirmar o recebimento da citação
eletrônica. Ou seja, essa multa não resolve o principal
problema da modalidade eletrônica anteriormente
existente.
A nova modalidade de citação é, portanto, pouco
assertiva e dificilmente incrementará a eficiência do
processo (inclua-se aqui a celeridade e a economia
processual), uma vez que não traz solução para a
obrigatoriedade de manutenção de cadastros pelas
partes e cria uma modalidade de citação que depende
da confirmação da própria parte.
As novas disposições legais pecam pela atecnia e pela
falta de clareza: não está claro se a modalidade
eletrônica deve ser adotada preferencialmente em
relação a todo e qualquer litigante; não está clara a
convivência entre a nova citação eletrônica (por e-mail,
prevista no caput do artigo 246) e aquela anteriormente
prevista no CPC e disciplinada pela Lei 11.419/2006.
Entendemos, finalmente, que a modalidade de citação
eletrônica já vigente anteriormente, atualmente
disciplinada pela Lei 11.419/2006 e pela resolução
234/2016 do CNJ, deve ser mantida como forma
preferencial de citação para as empresas públicas e
privadas, para a União, os estados, o Distrito Federal,
os municípios e as entidades da administração indireta
e para as microempresas e pequenas empresas que
não tenham o endereço eletrônico cadastrado junto ao
sistema da Redesim.
A citação eletrônica por e-mail deve ser utilizada
residualmente, em relação às hipóteses em que não
seja possível a citação por meio dos sistemas de
processo em autos eletrônicos.
136
Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - opinião
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
[1] Atualmente existe regulamentação no CNJ sobre a
plataforma de comunicações processuais do Poder
Judiciário, o que não se confunde com o banco de
dados previsto no atual caput do artigo 246 do CPC.
[2] Disponível no seguinte link:
https://atos.cnj.jus.br/files/compilado1716222021061160
c39a6687abc.pdf.
[3] A lista das empresas cadastradas junto ao portal do
Tribunal de Justiça de São Paulo para o recebimento de
citações eletrônicas conta atualmente com 43 (quarenta
e três) nomes e se encontra disponível neste link:
https://www.tjsp.jus.br/Download/SPI/Downloads/Lista_
CNPJS_IntimacaoEletronica.pdf?d=1630689028023.
[4] Com exceção das pessoas de direito público,
conforme veremos abaixo.
Eduardo Calvert é juiz de Direito e mestre em Processo
Civil pela USP.
Revista Consultor Jurídico, 8 de setembro de 2021,
10h43
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
137
PEC propõe excluir precatórios do teto de gastos; OAB defende medida
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Diante da percepção de fragilidade das propostas que
foram apresentadas até agora para resolver a questão
do pagamentos dos precatórios, para o qual o governo
não se preparou, o deputado federal Marcelo Ramos
(PL-AM) apresentou uma PEC que propõe retirar essa
rubrica do teto de gastos do governo.
Pagamento dos R$ 89 bilhões em precatórios não pode
ser parcelado
Reprodução
O valor dos precatórios, forma de cobrança de uma
dívida do poder público estabelecida por condenação
judicial, vai chegar a R$ 89 bilhões em 2022. Esse valor
representa um aumento de cerca de 63% em relação
aos valores a serem pagos neste ano (R$ 54,7 bilhões).
O ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou ao
Congresso uma proposta de emenda à Constituição
(PEC 23/2021) para que o pagamento de parte dos
precatórios, em especial aqueles de maior valor, fosse
parcelado.
Diante da grande polêmica gerada em torno desta PEC,
que foi considerada uma forma de calote, o ministro Luiz
Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal,
recomendou como alternativa que a base de cálculo
para o pagamento dos precatórios retroaja aos valores
gastos em 2016, quando passou a vigorar a regra do
teto de gastos públicos e, a partir dessa data, o valor da
despesa anual seja limitado ao acréscimo da inflação.
Se essa for a regra definida, no ano de 2022 o valor
máximo a ser pago será de cerca de R$ 40 bilhões,
ficando fora do orçamento (e, portanto, não será pago
aos credores) aproximadamente R$ 49 bilhões.
A proposta do presidente do Supremo, no entanto,
também levantou controvérsias. Diante disso, o
deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), apresentou
uma PEC que altera o artigo 107 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias para retirar da
base de cálculo e dos limites do Novo Regime Fiscal as
despesas com pagamento de condenações judiciais.
Segundo o parlamentar, sua proposta abrirá espaço
adicional no teto de gastos em torno de R$ 20 bilhões, o
que ajudaria a reestruturar o Bolsa Família como
pretende Paulo Guedes. "Há, portanto, forma de
solucionar a questão, com respeito à Constituição e
responsabilidade fiscal. Só há desenvolvimento com
soluções democráticas e sérias. Propostas à margem
da Constituição e da democracia não serão acolhidas
pelo Congresso, nem pela sociedade Brasileira",
afirmou Ramos.
De acordo com a justificação da PEC, as dívidas
judiciais são obrigações cujo pagamento não está
sujeito a qualquer ingerência do Executivo, ou do
Congresso. O texto ressaltou que os precatórios devem
ser pagos aos credores que aguardam o recebimento e,
por consequência, não deveriam estar sujeitos à regra
do teto, que tem por objetivo nortear a melhor gestão, a
gestão possível, dos custos da máquina.
"O caráter obrigatório das condenações judiciais não138
Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
comporta flexibilização interpretativa, sob pena de
comprometimento da efetividade das condenações
judiciais e, assim, do respeito e credibilidade do próprio
Poder Judiciário", disse a proposta.
Posição da OAB
Para a Ordem dos Advogados do Brasil, a sistemática e
objeto da PEC 23/2021, que introduz o parcelamento
em dez parcelas anuais e sucessivas, já foi
expressamente declarado inconstitucional pelo STF
quando do julgamento relativo à Emenda Constitucional
30/2000 (que previa o pagamento de precatórios no
mesmo número de parcelas proposto agora). O STF
considerou que parcelamento dessa ordem feriria a
separação de poderes, o direito de propriedade, a coisa
julgada, o acesso à jurisdição, dentre outros princípios.
Quanto à proposta do Conselho Nacional de Justiça
de editar resolução por meio da qual seria imposto um
limite de gastos com precatórios, a Ordem entende que
tal medida padece de vícios ainda mais graves do que
aqueles identificados na PEC 23/2021.
"É certo que Resolução do CNJ não tem o condão de
alterar a lei, muito menos o regime de pagamento de
precatórios, veiculado pelo texto constitucional. Além
disso, a medida criaria um inédito e gigantesco estoque
de precatórios federais inadimplidos, algo que nunca
ocorreu desde que o sistema de precatórios foi
introduzido no ordenamento jurídico brasileiro, em 1937.
Tal estoque rapidamente superaria a marca de R$ 1
trilhão (em 2032)", disse parecer da OAB.
A solução que a OAB considera "juridicamente correta,
além de adequada dos pontos de vista técnico e
orçamentário", é exatamente excluir os gastos com
condenações judiciais (precatórios e RPV) do limite do
teto de gastos, por meio de alteração do § 6º do art. 107
do ADCT.
Tal solução, conforme apontado no parecer, denota o
importante e necessário respeito à autoridade do Poder
Judiciário, "cujas determinações devem ser
irremediavelmente cumpridas sob o risco de ameaça do
equilíbrio democrático".
O documento também frisou que o aumento dos gastos
da União com condenações judiciais está crescendo na
mesma ordem e proporção em que cresce a
arrecadação de receitas federais - ambos viabilizados
pela maior efetividade e celeridade do Poder Judiciário.
Clique aqui para ler a PEC do deputado Marcelo Ramos
Clique aqui para ler o parecer da OAB
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
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CNJ suspende concurso para juiz substituto do Tribunal de Justiça do
Rio
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Sérgio Rodas
Órgão público que promove concurso deve divulgar
espelhos de provas subjetivas, para se assegurar a
motivação do ato administrativo. Com esse
entendimento, o integrante do Conselho Nacional de
Justiça Mário Guerreiro concedeu, nesta quarta-feira
(8/9), liminar para suspender o XLVIII Concurso Público
para juiz substituto do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro.
Provas de sentença do concurso para juiz do TJ-RJ
estavam marcadas para os dias 18 e 19 de setembro
Reprodução
Os autores foram aprovados na primeira etapa do
concurso e convocados para a prova subjetiva,
conduzida por comissão do TJ-RJ. De acordo com eles,
a comissão não divulgou espelhos, gabaritos,
pontuação dos critérios e quesitos de correção das
avaliações. Isso inviabilizou o conhecimento de
eventuais erros e a interposição de recursos nas vias
administrativa e judicial, disseram os autores.
Eles também sustentaram que a medida violou o
princípio da motivação e a Resolução CNJ 75/2009, que
trata de concursos para a magistratura. Como as provas
de sentença estavam marcadas para os dias 18 e 19 de
setembro, pediram liminar para suspensão da etapa. No
mérito, requereram a anulação das provas discursivas e
a realização de nova avaliação.
Em sua defesa, o TJ-RJ apontou que a Resolução CNJ
75/2009 prevê a divulgação do gabarito em apenas
duas fases do concurso: prova objetiva e prova de
títulos, o que ocorreu no caso. Além disso, a corte
alegou que há precedentes do CNJ declarando que não
é necessário divulgar o espelho.
O conselheiro Mário Guerreiro apontou que o TJ-RJ tem
razão quanto à ausência de previsão expressa na
Resolução CNJ 75/2009 sobre os espelhos e à
existência de precedentes do CNJ dispensando a
divulgação de espelho.
Contudo, Guerreiro destacou que recentes decisões do
Superior Tribunal de Justiça exigem a divulgação de
espelhos nas provas subjetivas, como forma de se
assegurar a motivação do ato administrativo (RMS
56.639 e 66.122).
"Desse modo, havendo indícios de que as regras
orientadoras do concurso em exame e os próprios
julgados do CNJ se afiguram em aparente dissonância
com o entendimento mais recente do STJ acerca da
garantia da motivação do ato administrativo e da devida
observância aos princípios da publicidade e da ampla
defesa, não se mostra prudente permitir que o certame
prossiga fundado em teses que supostamente violam
preceitos legais e constitucionais", disse o conselheiro.
Ele também ressaltou que há perigo na demora, uma
140
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
vez que as provas de sentença estavam marcadas para
os dias 18 e 19 de setembro e poderiam excluir
candidatos que, com acesso aos espelhos e a
interposição de recursos, poderiam estar habilitados
para a etapa.
Clique aqui para ler a decisão
Processo 0006497-25.2021.2.00.0000
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
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CNJ institui grupo de trabalho para modernizar resolução das
Ouvidorias
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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O Conselho Nacional de Justiça dará um passo
importante para auxiliar a gestão de ouvidorias dos
tribunais brasileiros. A Portaria CNJ 205/2021 instituiu
Grupo de Trabalho destinado ao estudo e à elaboração
de propostas voltadas à organização e à gestão das
ouvidorias do Poder Judiciário e à revisão da Resolução
CNJ 103/2010.
CNJCNJ institui grupo de trabalho para modernizar
resolução das Ouvidorias
O grupo será presidido pelo conselheiro André Godinho.
'Ao longo desses mais de 10 anos de funcionamento
das ouvidorias de justiça, vários foram os avanços
normativos no ordenamento jurídico referentes à
participação social na administração pública', explicou.
A norma em vigor dispõe sobre as atribuições da
Ouvidoria do Conselho Nacional de Justiça e
determinou a criação de ouvidorias no âmbito dos
tribunais.
Um dos desafios do GT é discutir a melhor maneira de
institucionalizar o funcionamento das ouvidorias frente
às realidades das cortes brasileiras. 'Algumas delas
carecem de melhor detalhamento e uniformização de
procedimentos em face das variadas realidades dos
tribunais', afirmou o conselheiro.
Godinho avalia que ainda não é possível mensurar o
impacto das alterações nas ouvidorias 'Nossa
perspectiva é a de promover e consolidar práticas que
fortaleçam a atuação das ouvidorias de justiça em seu
papel de órgão central de participação social e
transparência na gestão dos tribunais e de atendimento
efetivo ao jurisdicionado', explica.
Apesar de estar em vigor há mais de uma década, a
Resolução CNJ 103/2010 é considerada consistente. 'A
perspectiva é de fazer intervenções pontuais na
normativa, sem descaracteriza-la', avalia Godinho.
A primeira reunião do GT está marcada para a próxima
quarta-feira (8/9), quando serão debatidas as ações a
serem desenvolvidas. Aspectos relativos ao
recebimento e processamento de denúncias anônimas,
questões relativas a LGPD e a Lei de Acesso à
Informação serão tema de discussões, adianta o
conselheiro.
Colégios de ouvidores
A iniciativa é resultado de discussões sobre as
ouvidorias que já eram realizadas por entidades que
estarão representadas nas discussões, como o Colégio
Nacional de Ouvidores Judiciais, o Colégio de
Ouvidores da Justiça do Trabalho e o Colégio de
Ouvidores da Justiça Eleitoral, além das ouvidorias dos
tribunais superiores.
'Esse processo foi constatado e trazido à discussão, por
exemplo, pelos Colégios de Ouvidores, que ao longo
dos anos vem implementando e sistematizando essas
142
Conselho Nacional de Justiça - CNJConsultor Jurídico/São Paulo - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
boas práticas e os desafios inerentes ao atendimento de
qualidade aos jurisdicionado', afirma o conselheiro. Com
informações da assessoria de imprensa do CNJ.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça, CNJ - Ouvidoria do CNJ
143
Fux manda Tribunal de Mato Grosso do Sul retirar bandeira do Brasil
Império
Conselho Nacional de Justiça - CNJDiario de Pernambuco - Online/Pernambuco - Politica
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Notícia
Foto: TJMS/Reprodução
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz
Fux, determinou que seja retirada a bandeira do Brasil
Império do mastro principal do pavilhão do Tribunal de
Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). A decisão foi
tomada nesta segunda-feira (6/9) e se baseia no fato de
que essa bandeira não é um dos símbolos oficiais do
Poder Judiciário do Brasil.
A bandeira foi erguida por determinação do presidente
do TJMS, desembargador Carlos Eduardo Contar, e
deveria ficar hasteada entre 6 e 10 de setembro. De
acordo com nota do Tribunal, o gesto foi uma
homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil.
Porém, de acordo com Fux, a bandeira não é
compatível com a neutralidade e imparcialidade que um
tribunal deve ter. Na decisão, o ministro também cita
outras manifestações públicas do desembargador com
motivações politico-partidárias. 'A manutenção da
situação relatada tende a causar confusão na população
acerca do papel constitucional e institucional do Poder
Judiciário, na medida em que o Tribunal de Justiça de
Mato Grosso do Sul pretende diminuir os símbolos da
República Federativa do Brasil", disse Fux na decisão.
O caso ainda foi encaminhado para a Corregedoria
Nacional de Justiça para apurar eventual
responsabilidade do presidente do TJMS. Após a
retirada da bandeira, a página no Instagram do tribunal
exaltou o início da monarquia constitucional no Brasil.
De acordo com a publicação, o período foi o de mais
estabilidade e progresso durante a forma monárquica de
governo. Nos comentários, são muitas as críticas.
Ver essa foto no Instagram
Uma publicação compartilhada por Tribunal de Justiça
de MS (@tjmsoficial)
A ordem foi dada depois que membros do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) se manifestaram contra o
ato. A bandeira do Brasil Império foi usada entre 1822,
quando foi declarada a independência do Brasil, até
1889, quando foi proclamado o início da República. A
bandeira tem sido constantemente usada por
apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em
manifestações.
Em janeiro desde ano, na cerimônia de posse do
desembargador Carlos Eduardo Contar como
presidente do tribunal, ele defendeu que não fosse
adotado o isolamento social e o 'fim da palhaçada
midiática fúnebre'.
TAGS: 7 de Setembro | Mato Grosso do Sul | Luiz Fux |
independência | justiça | império | bandeira | brasil |
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
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Conselho Nacional de Justiça - CNJDiario de Pernambuco - Online/Pernambuco - Politica
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
de Justiça, CNJ - Corregedoria Nacional de Justiça
145
Cartórios do Brasil serão autorizados a registrar crianças com o sexo
ignorado
Conselho Nacional de Justiça - CNJ
Diario de Pernambuco - Online/Pernambuco - UltimasDP
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
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Autor: Rafaela Martis - Correio Braziliense
Foto: Arquivo/Agência Senado
Crianças que nascem sem a definção de masculino ou
feminino, em condição conhecida como Anomalia de
Diferenciação de Sexo (ADS), podem ser registradas
com o sexo 'ignorado' na certidão de nascimento, a
partir do próximo domingo (12). De forma gratuita, a
opção de designação de sexo em qualquer Cartório de
Registro Civil do Brasil poderá ser realizada sem a
necessidade de autorização judicial ou de comprovação
de cirurgia sexual, tratamento hormonal ou
apresentação de laudo médico ou psicológico.
O procedimento já era realizado com sucesso em cinco
estados do país: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul,
Maranhão e Goiás. A modificação busca ampliar o
processo para todas as unidades da federação com a
mesma agilidade e eficiência.
Para que a criança seja registrada com sexo ignorado é
necessário que na Declaração de Nascido Vivo (DNV),
documento emitido pelo médico que realizou o parto,
haja a constatação da ADS. Em cartório, o oficial deverá
orientar a utilização de um nome neutro, que poderá ser
aceito pelos pais do menor ou, em caso de maior de 12
anos (chamado registro tardio), com seu consentimento.
De acordo com o presidente da Associação Nacional
dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil)
Gustavo Fiscarelli, a nova norma permite que o
processo seja menos burocrático e garanta o acesso
imediato da criança a direitos fundamentais, como plano
de saúde e matrícula em creches. 'Anteriormente, o
registro não era feito até que o juiz autorizasse sua
emissão, fazendo com que o recém-nascido
permanecesse sem o documento até a finalização do
processo. Agora, só é necessário apresentar a
Declaração de Nascido Vivo (DNV)', conta o presidente.
Como funciona hoje?
Até então era necessário que a família entrasse com um
processo judicial para efetivar o registro da criança, o
que fazia com que ela ficasse sem a certidão de
nascimento até a definição do mesmo e,
consequentemente, sem acesso a direitos
fundamentais.
Segundo a advogada especialista em direito civil Anne
Ramos, do Kolbe Advogados Associados, a legislação
brasileira vigente é omissa acerca da situação
específica da intersexualidade. 'Até então, essa
mudança consta somente no Provimento nº 122/2021
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Esse provimento foi publicado na sexta-feira
(20/08/2021) e passa a produzir efeitos a partir do dia
de 12 de setembro de 2021', explica a advogada.
Benefícios
146
Conselho Nacional de Justiça - CNJ
Diario de Pernambuco - Online/Pernambuco - UltimasDP
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
A nova medida possui natureza sigilosa, sendo que
apenas a pessoa - quando completar 18 anos -
,responsáveis legais do menor ou determinação judicial
podem solicitar em Cartório a expedição do registro
deste documento - conhecida como certidão de inteiro
teor. Tal informação não constará nas certidões
comumente emitidas em Cartórios de Registro Civil,
conhecidas como breve relato.
A advogada Anne Ramos explica que certidão de inteiro
teor é um documento extraído de um livro que reproduz
todas as palavras nele contidas. 'Certidão de inteiro teor
também pode ser uma certidão que apresenta todos os
atos praticados e os nomes dos envolvidos. Tem como
objetivo proporcionar informações completas acerca dos
dados dispostos no livro de registro, também conhecido
como livro de assento. Ao sermos registrados após o
nascimento, não é certidão de nascimento de inteiro
teor que recebemos', disse.
Já as certidões de breve relato são as mais conhecidas.
'São as certidões comuns, ou seja, as que são emitidas
quando ocorre um registro de nascimento ou
casamento, ou na solicitação de uma segunda via
atualizada. Ela contém as informações básicas sobre o
indivíduo, é um tipo de versão simplificada, somente
com as principais informações do registro realizado em
um determinado cartório', ressalta a especialista em
direito civil.
São as mesmas regras referentes ao procedimento de
registro que valem para a Declaração de Óbito (DO)
assinada pelo médico, e que deve ser apresentada em
cartório para a emissão do registro de óbito.
TAGS: certidão de nascimento | sexo ignorado |
crianças | cartórios | registro |
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
147
Jornalista comenta sobre O TJ-MT hastear bandeira do império
Conselho Nacional de Justiça - CNJ
Rádio BandNews (90,5 FM - Brasília)/São Paulo - O Éda Coisa
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
Nossa Reinaldo não vai.
A história é boa o conselho nacional de justiça vai
analisar por estes do tribunal de justiça de Mato Grosso
do Sul exaltam o período da monarquia as postagens
foram publicadas ontem sete de setembro o perfil do TJ
chama monarquia de ou mais.
Longo e promissor período de estabilidade e progresso
no Brasil a corte se envolveu em outra polêmica nos
últimos dias ao hastear uma bandeira do Brasil império
o item acabou sendo retirado por determinação do
ministro Luiz Fux presidente do supremo e do CNJ.
Lembrando que o presidente do TJ do de Mato Grosso
do Sul desembargador Carlos Eduardo com tarde o seu
nariz está ele virou manchete em janeiro deste ano ao
tomar posse como presidente do tribunal o
desembargador disse que quem recomenda isolamento
social.
E careta e covarde.
Corajoso é quem faz isso aí.
Não você até pode falar o período de estabilidade do
império inclusive ignorando revoltas que houve e e
sérias.
Não é.
É não pode exaltar a figura de Dom Pedro segundo por
exemplo que era um homem indiano.
Tudo bem agora assistir a bandeira do império.
Sob o pretexto de comemorar a independência.
Não é.
É por decisão de alguém que.
Se pronunciando sobre um tema científico disse.
Que quem faz isolamento social picareta e covarde.
Não é.
Então aqui é o caso olha criminalizando opinião agora
eu não posso nem mais usar um órgão da justiça para
hastear a bandeira imperial não enfim não não pode.
Presa né.
Olha que coisa.
O Brasil tem uma bandeira.
Não é.
Que deve tremular nos tribunais.
Só quer virar militante Bolsonaro lista.
É a prova.
Bolsonaro e está é monarquista o diabo a quatro.
Pede a aposentadoria.
Vai ganhar inclusive pensão integral ou proporcional ao
tempo.
E vira militante político.
Para você.
Enquanto tiver o dever da neutralidade da justiça de
acordo com as regras do jogo.
No Brasil a resposta é não.
O Bolsonaro depende de vitalmente de negociar com o
supremo ou uma PEC pra liberar de para pagar menos
para dar calote nos precatórios para poder fazer o seu
programa de bolsa família.148
Conselho Nacional de Justiça - CNJ
Rádio BandNews (90,5 FM - Brasília)/São Paulo - O Éda Coisa
quarta-feira, 8 de setembro de 2021CNJ - Conselho Nacional de Justiça
De ampliação o problema é que tem fila no bolsa família
rapidinho vai.
Assuntos e Palavras-Chave: CNJ - Conselho Nacional
de Justiça
149
Casuísmo digital
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Opinião
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
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As primeiras manifestações de repúdio do mundo
político à medida provisória que impede as plataformas
da internet de remover conteúdo nocivo das redes
sociais sugerem que ela terá vida breve, como tantas
outras iniciativas atrabiliárias de Jair Bolsonaro.
Três legendas já protocolaram ações no Supremo
Tribunal Federal para que a peça seja declarada
inconstitucional. Líderes partidários cogitam devolvê-la
ao Executivo, por falta de urgência que a justifique.
Espera-se que o façam.
Assinada pelo presidente na véspera das manifestações
golpistas do 7 de Setembro, a medida teve a clara
intenção de insuflar seus apoiadores mais radicais e
não disfarça sua concepção autoritária.
O texto impede plataformas como o Facebook e o
Twitter de seguir suas políticas de moderação e as
obriga a obedeceras novas regras estabelecidas pelo
governo, que só autorizam a remoção de conteúdos
classificados como impróprios pela medida provisória.
Alista arbitrária de proibições inclui nudez, apologia a
drogas ilícitas e incitação ao crime, por exemplo, mas
não impõe restrições à disseminação de notícias falsas
e outros comportamentos que as empresas têm
desejado coibir.
As novas regras se aplicam a plataformas com mais de
10 milhões de usuários, mas poupam aplicativos
emergentes que têm sido cada vez mais usados por
militantes para contornar as barreiras encontradas nas
redes maiores.
O governo apresentou a MP como um instrumento para
defender a liberdade de expressão do poder arbitrário
das empresas que administram às plataformas, mas
Bolsonaro age em causa própria.
O texto limita as circunstâncias em que as empresas
podem suspender contas dos que desrespeitam suas
políticas, possibilidade que assombra bolsonaristas.
Alinhavada a portas fechadas, a MP trai o espírito que
levou à construção do Marco Civil da Internet, aprovado
após amplo debate público há sete anos, e passa por
cima do projeto que busca coibir a desinformação nas
redes, em tramitação no Congresso.
Não há dúvida sobre a relevância de discutir a conduta
nas redes sociais, mas é certo que o ambiente
adequado para tal não são gabinetes daqueles que
usam a internet para fomentar o ódio e a mentira.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
150
Abusos e ilegalidades do Supremo dão força ao bolsonarismo
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - STF
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Autor: Leandro Narloch Jornalista, colunista da Folha e
autor do ?Guia Politicamente Incorreto da História
OPINIÃO
Por que, depois de tantas decepções, alguém ainda
defende Jair Bolsonaro? Um motivo trivial, mas
poderoso, é ódio. Foi o ódio ao STF que levou tanta
gente à rua nesta terça-feira (7).
Gostamos de acreditar que cidadãos são movidos pela
razão ou por bons sentimentos; a verdade crua é que o
ódio -e o sentimento de injustiça- são os motores mais
potentes de mobilização.
Anos atrás, o ódio a Dilma Rousseff e aos escândalos
de corrupção do PT formavam a agenda negativa que
unificava pessoas diversas. Era possível ver Eduardo
Leite e Levy Fidélix na mesma passeata, unidos pelo
antipetismo.
Agora, Alexandre de Moraes e o STF como um todo
geram a repulsa a carregar as baterias, que andavam
meio arriadas, do bolsonarismo.
Seus abusos e ilegalidades, suas interpretações
criativas e super abrangentes da Constituição fazem
reavivar o bolsonarismo mesmo em quem já começava
a se arrepender de apoiar o presidente.
É fácil tomar como loucos e inebriados por fake news os
brasileiros que chamam o STF de vergonha nacional.
Mais difícil é fazer uma autocrítica e admitir que
diversos ministros do Supremo tomaram algumas
atitudes pra lá de vergonhosas.
O STF proibiu o TCU de examinar denúncias de
mordomias concedidas pela Itaipu a... ministros do STF.
Proibiu a investigação contra Dias Toffoli, apesar dos
fortes indícios de venda de sentenças do TSE (curioso
esse fato não ter gerado um clamor na imprensa
equivalente ao caso Temer e JBS).
O STF enterrou a Lava Jato em Brasília, sendo que ele
próprio tinha determinado que o lugar dela era no
Paraná.
Alexandre de Moraes assopra a brasa do bolsonarismo
quando mantém inquéritos ilegais, bloqueia a conta de
organizadores de passeatas ou prende deputados
baseado em termos controversos como o 'mandado de
prisão em flagrante".
A melhor forma de conquistar respeito é fazer por
merecê-lo. Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Alexandre de
Moraes e Ricardo Lewandowski não contribuem para a
respeitabilidade do STF quando contrariamo que diz
com toda a clareza a Constituição.
Foi o caso de voto desses quatro ministros a favor da
possibilidade de reeleição de Maia e Alcolumbre. Ou a
decisão de Lewandowski de manter os direitos políticos
de Dilma, em 2016.
Quando os ministros se incumbem da tarefa de
determinar o que é fake news ou 'anticientífico', sem151
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - STF
haver nas leis nacionais um parágrafo dizendo que a
sociedade cedeu ao Estado o direito de determinar o
que é científico, o STF perde respeito e gera ódio.
É verdade que juízes não devem tomar decisões
pensando em popularidade, e sim no que é
juridicamente correto. Mas isso não lhes dá o direito de
agir como políticos. Está claro, para muitos brasileiros,
que boa parte dos ministros do Supremo é de atores
políticos, e não juízes imparciais.
Se querem deter o bolsonarismo, os ministros do STF
precisam parar de dar motivos tão óbvios para
bolsonaristas se mobilizarem.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
152
Mourão diz que não há clima para impeachment
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
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Autor: Mateus Vargas
BRASÍLIA - Um dia após participar da manifestação de
raiz golpista no 7 de Setembro, o vice-presidente
Hamilton Mourão (PRTB) disse que não há clima no
Congresso para aprovar o impeachment de Jair
Bolsonaro.
O general da reserva classificou como 'expressiva' a
adesão da população aos protestos promovidos pelo
presidente. 'Não vejo que haja clima para o
impeachment do presidente. Clima tanto na população,
como um todo, como dentro do próprio Congresso",
disse.
As ameaças golpistas do presidente devem aumentar a
reação ao governo no Congresso. O pós-7 de Setembro
também teve como efeito colateral um aquecimento das
discussões de impeachment nos partidos de centro.
'Acho que o nosso governo tema maioria confortável de
mais de 200 deputados lá dentro. Não é maioria para
aprovar grandes projetos, mas é capaz de impedir que
algum processo prospere contra a pessoa do presidente
da República', completou.
Mourão também cobrou medidas para 'distensionar' a
relação de Bolsonaro com o Judiciário. Para o vice, a
saída é passar para a PGR (Procuradoria-Geral da
República) a condução de inquéritos hoje relatados pelo
ministro Alexandre de Moraes, do STF.
'A gente precisa distensionar [com o Judiciário]. Acho
que existem cabeças ali dentro que entendem que isso
foi além do que era necessário. Conversando a gente se
entende', disse Mourão. Ele quis comentar o teor dos
discursos de Bolsonaro nos protestos.
'Houve uma concentração expressiva da população
brasileira [nos atos]. É uma mudança. As ruas sempre
foram domínios dos segmentos de esquerda', disse
Mourão.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF
153
Impeachment só sai com apoio de partido grande <br> <br> da ala do
centrão
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - STF
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Autor: Ranier Bragon, Danielle Brant, Julia Chaib e
Thiago Resende
BRASÍLIA - Mesmo com a tímida inclinação da centro-
direita a engrossar a pressão pelo impeachment de Jair
Bolsonaro (sem partido), ainda seria necessária a
adesão de pelo menos um dos grandes par tidos do
centrão para reunir, formalmente, os 342 votos
necessários para que a Câmara autorize a abertura do
processo para a saída do presidente.
Depois dos atos bolsonaristas, siglas como o PSD e o
PSDB anunciaram a intenção de debater a adesão ao
movimento pró-impeachment. Aliado a isso, essas e
outras siglas foram chamadas a dialogar com a
esquerda, para a tentativa de uma ação conjunta.
As legendas independentes na Câmara têm 187
deputados. A oposição tem 132, o que dá um total de
319 par lamentares. Soma-se a esse grupo cerca de 20
parlamentares do PSL que ficaram alinhados ao
presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), no racha que
acabou levando à saída de Bolsonaro do partido.
Ou seja, mesmo que não houvesse nenhuma
dissidência nesse grupo, faltariam ainda três votos para
se chegar aos 342 necessários (dois terços da Câmara).
Essa é a contabilidade for mal. Na prática, há ainda
substancial apoio a Bolsonaro nas siglas de centro-
direita hoje independentes, como PSD e MDB. Além
disso, o Podemos (10 deputados) anunciou ser contra o
impeachment.
Com isso, seria necessária uma dissidência
representativa no centrão pró-impeachment ou a
adesão formal de uma das principais siglas. O PP (41
deputados) e o PL (42), os maiores, estão nos
ministérios da articulação política de Bolsonaro. O
Republicanos (31), ligado à Igreja Universal do Reino de
Deus, também mantém apoio ao mandatário, além de
ter um nome no Ministério da Cidadania.
Nesta quarta, o presidente do Republicanos, o deputado
Marcos Pereira (SP), divulgou um vídeo em que afirma,
sem citar Bolsonaro, que alguns 'gastam tempo e
energia promovendo disputas'.
O PSD de Gilberto Kassab anunciou uma comissão
para analisar o pós-atos e avaliar apoio ao
impeachment.
Reunida nesta quarta, a bancada do PSDB na Câmara
afirmou ter decidido, por unanimidade, virar oposição ao
governo Bolsonaro. A sigla também conclamou os
demais partidos independentes a se unir na oposição
'para evitar a volta do modelo político econômico
petista'.
Não é necessário haver os 342 votos para que algum
dos cerca de 130 pedidos de impeachment tenha
sequência na Câmara. Para que isso ocorra, basta uma
decisão monocrática do presidente da Câmara, Arthur
154
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - STF
Lira (PP-AL). Ele é aliado de Bolsonaro e, em
pronunciamento nesta quarta, não citou a palavra
impeachment nem deu indicação de que pretenda tomar
alguma decisão nesse sentido.
Os dois terços da Câmara são necessários na votação
em plenário, após análise de uma comissão especial.
Caso haja esse resultado, o Senado é autorizado a abrir
o processo, momento em que o presidente é afastado
do cargo.
Ministros da ala política do governo dizem não ver
chance de um pedido de impeachment prosperar. Por
mais que a paciência de líderes do centrão com
Bolsonaro esteja se esgotando, nas palavras de um
parlamentar, ainda fala mais alto a participação no
governo, com cargos na máquina federal e a prioridade
na liberação de emendas.
O desembarque do governo é visto cada vez mais como
inevitável por dirigentes políticos, mas só no ano que
vem. Isso porque, sem a retomada da economia, a
perspectiva é que Bolsonaro continue com a
popularidade em queda.
Parlamentares avaliam que a única chance de o
afastamento de Bolsonaro ganhar corpo será se as
siglas de centro-direita e parte do mercado financeiro
decidirem efetivamente pregar o impeachment e
passarem a pressionar Lira.
Já a esquerda avalia que a adesão da centro-direita
pode criar uma onda irreversível.
Integrantes da cúpula do PT, porém, enxergam
oportunismo no movimento de partidos de centro-direita.
Eleitoralmente, avaliam que o ideal seria sangrar
Bolsonaro até outubro do ano que vem.
Presidentes de partidos de centro-direita foram
convidados para o encontro do campo da esquerda, que
já estava marcado para a noite desta quarta (8). Pelo
menos dois dirigentes partidários devem participar. O
objetivo é fazer uma avaliação dos atos de Bolsonaro e
discutir uma reação conjunta.
Qual o caminho do impeachment?
Onde estão as regras que regulam o impeachment?
* Constituição Federal
* Lei do Impeachment (1079/1950)
* Regimentos da Câmara e do Senado
* Decisões do STF
1. Apresentação da denúncia
É permitido a qualquer cidadão denunciar o presidente
da República por crime de responsabilidade
Requisitos
* Assinada e com firma reconhecida
* Acompanhada dos documentos que a comprovem (ou
com indicação de onde podem ser encontrados) *
Indicação do rol das testemunhas (se houver)
Art. 14 e 16, Lei do Impeachment
O que diz a Lei do Impeachment?
Art. 19
Recebida a denúncia, será lida no expediente da sessão
seguinte e despachada a uma comissão especial
Qual a diferença?
O regimento inclui uma etapa a mais, estabelecendo
que cabe ao presidente da Câmara o recebimento da
denúncia, incluindo exame de itens formais, mas não
especifica um prazo para isso acontecer
O que diz o Regimento da Câmara?
Art. 218; parágrafo 2º155
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Poderquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - STF
Recebida a denúncia pelo presidente da Câmara,
verificada a existência dos requisitos (assinatura,
documentos ou rol de testemunhas) será lida no
expediente da sessão seguinte e despachada à
comissão especial
2. Presidente da Câmara dos Deputados
Arthur Lira (PP-AL), atual ocupante do cargo
"O regimento da Câmara prevê possibilidade E de
recurso ao plenário, no caso de indeferimento da
denúncia pelo presidente
Párágrafo 3º, artigo 218
4. Impossibilidade de recorrer
No caso de o presidente da Câmara nem indeferir nem
receber a denúncia, não é possível apresentar recurso
5. Ação no Supremo
Na área do direito, professores e advogados têm
defendido que o presidente da Câmara não tem o poder
de segurar indefinidamente os pedidos
Segundo esta tese, a avaliação é de que o Supremo
poderia determinar ao presidente da Câmara analisar os
pedidos, ou seja, teria que receber ou rejeitar a
denúncia
6. Denúncia é lida na Câmara
Ao ser recebida a denúncia, uma . comissão especial
deverá analisar a denúncia e submetê-la ao plenário
7. Comissão especial da Câmara
Comissão elabora parecer pela abertura ou pelo
arquivamento do pedido de impeachment, que,
aprovado, segue para o plenário
8. O processo de impeachment é autorizado com o
apoio de pelo menos i 342 de 513 deputados
9. Rito do impeachment prossegue no Senado, que é o
órgão responsável pelo julgamento em si
Se o Senado decidir pela instauração do processo de
impeachment, o presidente é afastado do cargo até a
conclusão do julgamento e é substituído pelo vice
10. Para a condenação são necessários votos de 54
dos 81 senadores
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
156
Caminhoneiros bloqueiam estradas durante protestos em 15 estados
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
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Autor: Amanda Lemos, Paula Soprana, Patrícia Campos
Mello,
Caminhoneiros realizaram paralisações em trechos de
rodovias em dez estados nesta quarta feira (8), um dia
após os atos de raiz golpista convocados pelo
presidente Jair Bolsonaro. Sem apoio formal de
entidades da categoria, os motoristas são alinhados
politicamente ao governo ou ligados ao agronegócio.
No fim da tarde, por volta das 1730, foram registrados
pontos de concentração na Bahia, no Espírito Santo, no
Paraná, no Maranhão, no Rio Grande do Sul, em Mato
Grosso, em Mato Grosso do Sul e em Santa Catarina,
de acordo com o Ministério da Infraestrutura.
Também houve bloqueios no Rio e em Roraima, onde
um grupo de caminhoneiros autônomos interrompeu o
tráfego na BR-174, estrada que é a única ligação do
estado com o resto do país. Caminhoneiros interditaram
as duas vias por volta de i6h, na altura do quilômetro
482.
A Polícia Rodoviária Federal de Roraima informou à
Folha que está no local para monitorara manifestação.
Segundo o jornal Folha de Boa Vista, os caminhoneiros
afirmam que o bloqueio é em apoio ao presidente
Bolsonaro e contra o aumento nos preços dos
combustíveis, e que irão manter a estrada fechada
enquanto 'o povo' quiser.
Em Santa Catarina, a PRF comunicou no fim da tarde
bloqueio em 22 pontos, atingindo praticamente todas as
regiões do estado. A situação já começou a afetar a
distribuição de combustíveis.
Até as 17I1, cerca de 30 postos da região norte de
Santa Catarina, onde fica Joinville, a cidade mais
populosa do estado, relataram falta de gasolina e diesel
nas bombas, segundo levantamento do Sindipetro-SC
(Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de
Petróleo de Santa Catarina).
A região é abastecida por distribuidoras em Guaramirim
e Itajaí, cidades com pontos de paralisação de
caminhoneiros, e os postos estavam sem receber
combustíveis desde a manhã desta quarta-feira.
Pontos da BR-163, principal rodovia para escoamento
de grãos do Centro-Oeste, também concentravam
caminhoneiros no fim do dia, o que deixou em alerta
empresas ligadas à exportação.
A Anec (Associação Nacional dos Exportadores de
Cereais) disse à Reuters que os protestos não afetaram
o escoamento.
Paranaguá foi uma das cidades do Paraná com registro
de bloqueios, que também ocorreram em Maringá e em
Paranavai, nas regiões norte e nordeste do estado.
No Rio de Janeiro, houve atos em Campos dos
Goytacazes, no km 75 da BR- 101, e em Seropédica,
onde os manifestantes pediam para a polícia para
manter o protesto até esta quinta-feira (9).
Segundo a polícia, eles ocupavam uma faixa de 1,5 km157
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Mercado
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
de uma via lateral à BR-465.
Segundo o Ministério da Infraestrutura, os protestos 'não
se limitam às demandas ligadas à categoria'. As
principais pautas dos caminhoneiros hoje são preço do
combustível e piso mínimo do frete. 'Não há
coordenação de qualquer entidade setorial do transporte
rodoviário de cargas', afirmou a pasta. Entidades de
caminhoneiros corroboram ess aposição.
'Não tem pauta caminhoneira na mobilização, é
movimento ideológico', diz Joelmis Correia, do
Movimento GBN (Galera da Boleia da Normatização
Pró-Caminhoneiro). Segundo ele, há 'neutralidade da
categoria', para que cada motorista decida se quer
protestar em apoio ao governo ou não. 'Não há muito o
que comemorar.'
Na véspera dos atos bolsonaristas, o caminhoneiro
Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé
Trovão, que está foragido, publicou um vídeo nas redes
sociais convocando manifestantes ao protesto em
Brasília. Segundo motoristas ouvidos pela Folha, ele
tem alto poder de mobilização na categoria.
Trovão defendeu o impeachment de ministros do STF
(Supremo Tribunal Federal) e desafiou o ministro
Alexandre de Moraes aprendê-lo.
Moraes decretou a prisão do caminhoneiro na sexta-
feira (3). Ele é acusado de promover a incitação de atos
violentos contra o Congresso Nacional e o STF.
Além do apoio ao governo, ruralistas tem três ações
diretas de inconstitucionalidade no STF que ainda não
foram julgadas pela corte. Elas questionam a política
nacional de piso mínimo, implementada por meio de lei
durante o governo Michel Temer (MDB), após a greve
de 2018.
Desde antes do 7 de Setembro, a categoria já
demonstrava divisão nos grupos de WhatsApp. As
lideranças de movimentos organizados afirmaram que
não iriam convocar caminhoneiros, como a Abrava e o
CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário
de Cargas).
Mesmo assim, muitos motoristas ligados a
transportadoras ou apenas apoiadores de Bolsonaro
decidiram aderir. Caminhoneiros ligados ao agronegócio
permaneciam em Brasília até a noite desta quarta.
Em 3 de setembro, o CNTRC enviou oficio ao STF
declarando 'repúdio aos atos antidemocráticos, sobre as
manifestações de ódio oriundas das publicações nas
plataformas digitais que se agravaram com a
organização para o dia 7'.
Em nota, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) afirmou
que a tendência de fim da mobilização é à oh desta
quinta (9).
'Ao todo, já foram debeladas 67 ocorrências com
concentração de populares e tentativas de bloqueio total
ou parcial de rodovias durante as últimas horas', disse a
PRF, em nota, que foi reproduzida pelo Ministério de
Infraestrutura.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
158
MÔNICA BERGAMO
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
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Autor: MÔNICA BERGAMO
EM MUITO TEMPO
O estado de SP fechou o mês de agosto sem registrar
mortes por Covid-19 em seus 179 presídios. Esta é a
primeira vez desde abril de 2020 que o sistema paulista
não tem nenhum óbito pela doença.
NO BRAÇO A Secretaria da Administração
Penitenciária (SAP), responsável pelas unidades, atribui
a marca à imunização em massa da população
carcerária e de seus servidores. Até quarta-feira (8),
213. 988 custodiados haviam recebido pelo menos a
primeira dose da vacina.
DE OLHO O presidente do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, divulga nesta
quinta (9) os integrantes da comissão e do observatório
de transparência das eleições que acompanharão os
preparativos para o pleito de 2022. O grupo terá como
representante militar o general de divisão Heber Garcia
Portella, do Comando de Defesa Cibernética do
Exército.
MEMBROS O comitê também terá como integrantes o
senador Antonio Anastasia (PSDMG) e o ministro do
TCU Benjamin Zymler. Um dos objetivos do grupo é
acompanhar a segurança e a integridade das urnas
eletrônicas.
FORA DO AR A Polícia do Senado solicitou ao Twitter
que exclua postagem feita contra o senador Rogério
Carvalho (PT-SE), integrante da CPI da Covid. Na
publicação citada, um perfil que se identifica como
Richards Pozzer acusa o parlamentar da prática de
'rachadinha' em seu gabinete.
REDE Em ofício enviado ao Twitter, a Polícia Legislativa
afirma haver 'grave repercussão negativa em desfavor
da vítima'. A notícia falsa chegou a ser replicada pelo
site Farol da Bahia, que excluiu o texto após
contestação.
PÚBLICO A investigação foi iniciada a pedido de
Rogério Carvalho, que diz que todas as despesas
citadas por Richards Pozzer constam no portal de
transparência do Senado e passaram por auditoria.
EXTRATO Pozzer também está na mira da CPI da
Covid por causa de múltiplas postagens contrárias à
vacinação e em defesa do chamado 'tratamento
precoce' feitas por ele. A comissão solicitou ao Coaf
(Conselho de Controle de Atividades Financeiras) um
relatório sobre suas movimentações financeiras.
EFEITO DOMINÓ Um estudo realizado pelo Conselho
Regional de Enfermagem (Coren) de São Paulo aponta
que 62, 1%dos profissionais de enfermagem do estado
afirmam ter sofrimento mental relacionado ao trabalho
desde o início da epidemia da Covid-19.
DOMINÓ2 Desse total, 70, 2% dizem ter sintomas
físicos, como fraqueza, tonturas e esgotamento, e 64,
5% citam sintomas emocionais, como medo e pânico.
LUPA O levantamento, que aborda os impactos da159
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
epidemia na saúde mental desses profissionais, ouviu
10. 329 pessoas entre 10 e 22 de agosto. Ele aponta
ainda que 714% dos entrevistados relacionam esses
sintomas à sobrecarga de trabalho e 40, 1% às
condições de trabalho.
CONVIDADA O Senado receberá a ativista sueca Greta
Thunberg para um debate sobre o último relatório
divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas. A sessão virtual ocorrerá na
próxima sexta (10) e será presidida pelo presidente da
Comissão de Meio Ambiente da Casa, Jaques Wagner
(PT-BA).
DE OLHO O Instituto de Advocacia Racial e Ambiental
(Iara) solicitou à Justiça do Trabalho do Distrito Federal
sua admissão como amicus curiae (amigo da corte) em
ação do Ministério Público do Trabalho que pede o
afastamento de Sérgio Camargo da presidência da
Fundação Palmares. Ele é denunciado por assédio
moral, perseguição ideológica e discriminação contra
funcionários da instituição.
OLHO2 'Espero que outras entidades do movimento
negro ingressem na ação também. Todo dia Sérgio
Camargo provoca algum fato que, na nossa opinião, é
uma atividade ilícita, praticando atos de improbidade
administrativa. E o Judiciário e órgãos de fiscalização
vêm agindo com alguma complacência e tolerância', diz
o advogado Humberto Adami, diretor do Iara.
TRAÇO O quadrinista Carlos Ruas lançará na sexta
(10) seu novo livro, 'De Onde Viemos', pelo Catarse. A
obra explora a origem do universo sob a ótica de 12
crenças distintas e conta com artistas convidados.
A chef Bela Gil H compartilhou foto com a cantora Fafá
de Belém, que visitou seu restaurante. A cantora
Mart'nalia celebrou seus 56 anos. "Parabéns pra mim!
Bonjour'", escreveu. À atriz Martha Nowill E registrou
seu passeio no MuBE, em SP com Bruno B. Soraggi,
Bianka Vieira e Victoria Azevedo
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...e não acontece nada
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Autor: Eugênio Bucci
Podem dizer que, depois dos comícios golpistas de
anteontem, o presidente da República encolheu. Podem
dizer que ele se isolou ainda mais ao bradar que não vai
mais cumprir determinações do Supremo Tribunal
Federal. Podem dizer que empregou indevidamente
recursos públicos, como aviões e helicópteros, para
promover atos de caráter anti-institucional e antioficial.
Podem dizer que seus pronunciamentos incendiários e
arruaceiros fazem dele mais um chefe de gangue do
que um chefe de Estado. Podem dizer que, em Brasília
e, mais ainda, em São Paulo, ao conclamar a audiência
a xingar o Judiciário e ao chamar de 'farsa' o sistema
eleitoral brasileiro, ele incorreu numa conduta de
legalidade, no mínimo, duvidosa. Podem dizer que o
governante lancinante, ao agir como agiu, perdeu
apoios entre parlamentares e até mesmo entre os donos
do dinheiro. Podem dizer que o beócio comparecimento
dos canarinhos fascistinhas não foi espontâneo, mas
anabolizado pelos latifundiários desmiolados - de zonas
rurais ou urbanas, tanto faz -, que cederam caminhões,
lanchinhos e faixas propondo golpe de Estado em letra
de forma, em inglês e português (ruim). Podem dizer
que o presidente da República, sem máscara, no meio
da aglomeração de suas plateias de aluguel e de seus
aduladores de boné, também sem máscara e sem
dignidade, atentou contra a saúde pública. Podem dizer
que o vice-presidente e os ministros empertigados no
palanque assumiram que são cúmplices deste crime em
progressão desordenada.
Podem dizer tudo isso e, se disserem, não estarão
mentindo. O presidente saiu do Sete de Setembro
menor do que entrou, é fato. Sua malignidade
intencional nunca esteve tão evidente. Depois de mais
esse acesso antidemocrático, inviabilizou-se ainda mais.
Suas investidas autoritárias
perderam efetividade. Mesmo assim, no entanto,
mesmo tendo gerado fraqueza ao tentar exibir força, o
que aconteceu no Brasil no feriado que deveria festejar
a independência nacional foi uma surra no Estado
Democrático de Direito. A democracia brasileira
apanhou de forma humilhante, foi insultada em praça
pública, sofreu enxovalhos que não merecia, calada.
Então, a gente se pergunta: como pode isso? Como
pode um presidente da República fazer o que faz este
que está aí? A nossa democracia já não se respeita?
Quando foi que passamos a engolir um chefe de Estado
que vai para o meio da rua, sobe num carro de som e
chama de 'canalhas' os representantes de outro Poder?
O que houve com os tais líderes da sociedade civil que
olham para isso e fazem cara de 'as instituições
funcionam normalmente'? A nossa coluna vertebral
cívica virou água de esgoto?
A medida do escândalo não está mais nas alturas
atingidas pelo volume das afrontas do chefe do
Executivo, mas nos abismos a que se rebaixa o cinismo
do tal do 'campo democrático'. Um dia, se nos restarem
dias, cobriremos o rosto de vergonha só de pensar no
que está acontecendo hoje. Como deixamos que o dito
capitão ficasse tanto tempo no cargo, praticando
diariamente crimes de responsabilidade e destroçando
vidas e direitos?161
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Não nos esqueçamos: Dilma Rousseff foi destituída em
nome de umas tais 'pedaladas fiscais' que nenhum
administrativista conseguiu explicar direito e nenhum
cidadão conseguiu entender; nem os parlamentares que
votaram pelo impeachment de 2016 entenderam aquilo
lá. Agora, o atual presidente fala atrocidades várias
vezes por dia e nada acontece. Este é o pior de todos
os escândalos: nada acontece.
O Brasil, que antes era um coro ensaiadinho contra a
impunidade dos corruptos, descambou numa gosma
afeita à impunidade dos que bombardeiam o edifício
inteiro da Justiça. O mesmo país que buscava
aumentativos implacáveis para execrar a corrupção de
ontem ('mensalão', 'petrolão') agora se resigna ao
diminutivo afetivo para tolerar novos crimes. Dizemos
'rachadinhas', mesmo sabendo que elas ocorrem em
escala industrial, com milicientas engrenagens
engraxadas de sangue.
O Brasil só tem uma saída: votar o impeachment de
Bolsonaro. Não se pode contemporizar com o
desgoverno do morticínio, da inflação, do desemprego,
da seca, do apagão, do negacionismo e do culto das
armas e da violência. Os setores de oposição que
querem o presidente na função até 2022 porque avaliam
que, contra ele, será mais fácil vencer nas urnas
precisam entender que a democracia vale mais que um
cálculo eleitoral mal feito. O pessoal da dita 'terceira via',
que só tem chance de ir para o segundo turno se
Bolsonaro estiver fora do páreo, precisa exigir o
impeachment já, mas não por uma agenda interesseira.
Chega de esperteza suicida.
Ou o tal do 'campo democrático' mostra a cara e se une,
da direita à esquerda, para convocar atos públicos
unificados pelo impeachment, ou talvez não sobre
democracia em 2022. Democracias morrem também de
morte morrida. Quando o tal do 'campo democrático'
decide aceitar o inaceitável, a democracia começa a
morrer. Se não fizermos nada, o Sete de Setembro do
ano que vem será pior.
No 7 de Setembro, a democracia brasileira apanhou,
calada, de forma humilhante
JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP
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Centrais sindicais aderem a atos convocados por MBL e Vem pra Rua
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Autor: Bruno Ribeiro
Após as ameaças do presidente Jair Bolsonaro nas
manifestações do 7 de Setembro, centrais sindicais
decidiram ontem aderir ao protesto pró-impeachment
marcado por grupos de centro-direita, como o Vem Pra
Rua, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Livres que,
num aceno, recuaram de da ideia de convocar
manifestantes apelando para o mote 'nem Bolsonaro,
nem Lula'. Em São Paulo, o ato será realizado no
domingo, às 14h, na Avenida Paulista.
A Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores
(UGT), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e a
Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST)
divulgaram nota conjunta classificando como
'deplorável' a participação do presidente na
manifestação de 7 de Setembro e seus ataques ao
Supremo Tribunal Federal (STF).
'É inquestionável que o objetivo do presidente e de seus
apoiadores é dividir a Nação, empurrar o País para a
insegurança, o caos e a anarquia, resultado da reiterada
incitação ao rompimento da legalidade institucional, do
descumprimento dos preceitos contidos na nossa
Constituição democrática', afirma a nota.
O PDT de São Paulo também anunciou que participará
da manifestação. 'Com ataques diários à democracia, às
instituições e à Constituição, Bolsonaro segue
cometendo dúzias de crimes de responsabilidade', diz o
texto assinado por Antônio Neto, presidente do PDT em
São Paulo e presidente da central CSB.
O protesto de domingo é organizado desde julho e deve
ocorrerem São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília. Os
organizadores esperam maior adesão após as falas do
presidente no 7 de Setembro.
A presença de grupos de esquerda vinha sendo uma
das dúvidas com relação a esses atos. Até o momento,
os partidos desse campo do espectro político não
manifestaram apoio aos atos. Mas o discurso de
radicalização proferido por Bolsonaro pode ter mudado
esse quadro.
'As ações de ontem repercutiram e acabaram
reverberando na população que não compactua com
esse governo, uma aderência à manifestação do 12',
disse a advogada Luciana Alberto, do Vem Pra Rua.
O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), do MBL,
destaca que a fala do presidente fortalece a
necessidade de impeachment. 'O presidente foi explícito
em suas intenções: não sair do poder exceto morto ou
preso', e descumpriras determinações judiciais do STF.
Isso é gravíssimo e soma mais razões ao pedido de
impeachment', afirmou.
Repercussão
'As ações (de Bolsonaro nos atos) repercutiram e
acabaram reverberando na população que não
compactua com esse governo. '
Luciana Alberto
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PORTA VOZ DO VEM PRA RUA.
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DIRETO DA FONTE
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Autor: Sonia Racy;
POLÍTICA
'ESPERO QUE BOLSONARO TENHA UM ATAQUE DE
SENSATEZ'
Tentar projetar o que pode acontecer no Brasil, ante a
briga irracional entre os três Poderes seria a mesma
coisa que tentar saber como e quando o mundo sairá da
pandemia da covid-19. 'A covid está mais democrática',
ironizou Delfim Netto, em conversa com a coluna ontem.
Se Bolsonaro for intimado pelo STF e não cumprir a
ordem, o que pode acontecer? 'A Polícia Federal vai
prendê-lo. Não tenho a menor dúvida'. E qual seria a
reação do Exército? 'Simplesmente aplaudir o
cumprimento da lei. É uma ilusão pensar que as Forças
Armadas são propriedade do Bolsonaro. Elas são
instituições nacionais que respeitam a lei, portanto
respeitam decisões do Supremo'.
A coluna lembra que Renan Calheiros, quando
presidente do Senado, não cumpriu ordem do STF e
nada aconteceu. 'Aí desvalorizou-se o Supremo. Só que
agora, nós não podemos imaginar que isso possa
acontecer de novo', frisa o economista, ex-ministro e ex-
deputado federal. Aqui vão trechos da conversa.
Ministro, a agressividade está solta. Há possibilidade de
apaziguamento?
Deixa eu lhe dizer, nós precisamos voltar a respeitar as
instituições. Não é possível que a falta de educação
seja um comportamento normal. No caso do ministro do
Supremo, defendo que as decisões pessoais não
devem sobreviver. As decisões do STF só são decisões
quando o pleno decide. Nenhum ministro deve decidir
de maneira monocrática, nenhum tem esse poder.
Quem decide é o pleno.
Alguma possibilidade das Forças Armadas entrarem
nessa confusão?
Não. Elas hoje são instituições do Estado graças à
contribuição do presidente Castello Branco. Não
existem mais aqueles generais que ficavam 20 anos e
faziam um grupo que impunha a sua vontade. O
primitivismo acabou. Somos hoje um País mais muito
mais civilizado graças a Castello. Hoje, um general de
brigada, em 4 anos, ou é promovido ao Exército ou é
aposentado.
E quando Bolsonaro se refere ao 'meu' Exército?
Um abuso de linguagem. O Exército não é dele, não é
de ninguém. Cumpre suas missões. Bolsonaro é um
corajoso sem respeito pelas instituições. Vamos ver se
ele tem um ataque de lucidez. ? O que podemos
esperar nas próximas semanas, no curto prazo?
Olha, do Bolsonaro eu espero um pouco mais de
educação e de respeito às instituições do País. E dos
ministros do Supremo que ajam sempre através do
pleno, que usem menos as decisões pessoais.
O senhor acredita em impeachment?165
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Se ele continuar provocando, seria a solução. Espero
que ele tenha um ataque de lucidez. A única coisa que
você não pode dizer é que o Bolsonaro seja um fraco. O
que falta a ele é o respeito pelas instituições. A solução
mais adequada, já que ele entrou pelo voto, que saia
também pelo voto.
Se Lula for eleito em 2022, o Exército acata a decisão
da população?
Mas é evidente. Nós estamos confundindo, o Lula fez
um governo maravilhoso. Nós estamos confundindo a
Dilma com o Lula. Quem destruiu tudo foi a Dilma. E o
Exército não tem que aceitar nada. Vai ficar no quartel.
O presidente da República é o chefe das Forças
Armadas.
E a economia no Brasil?
A economia está funcionando quase que independente
da política. Essa que é a verdade. O Brasil se cansou
de ficar esperando um presidente que seja capaz de
fazer uma política econômica realmente para o
crescimento.
Em família
Sérgio Reis, que perdeu contratos musicais por aderir
ao estilo Bolsonaro, ganhou o apoio do filho, Marco
Bavini, direto da manifestação do dia 7 de setembro, na
Avenida Paulista: 'Pai estou aqui te representando,
sempre ao seu lado', postou o produtor.
Coloriu
Eliane Giardini, em live sobre o centenário da Semana
de Arte Moderna de 22, contou que Tarsila do Amaral
foi umas das melhores personagens que já viveu. E ao
visitar seu túmulo, no cemitério da Consolação, para
encarná-la na novela da Globo. se deparou com. . uma
excursão escolar. 'Um menino recitou para mim poema
que Oswald de Andrade fez para Tarsila e eu me
emocionei muito', lembrou.
Arte do bem
Como parte da programação da ArtRio - que começou
ontem a Move Rio promove a 10º edição de seu leilão
beneficente virtual. As 31 obras doadas - de artistas
como Antonio Bokel, Maria Lynch, Nazareno e René
Machado, entre outros - serão expostas durante a
mostra que termina domingo.
Confissão em tela
Os atores Luiz Guilherme e Juno Andrade contracenam
no filme O Velho - história de um homem de 80 anos
que revela ter cometido mais de 40 crimes. Os ensaios -
feitos durante dois meses, três vezes por semana
terminaram.
Daniel Talento dirigiu os ensaios presenciais dos atores
via zoom, de Salvador.
Hoje, quando completa 36 anos, Rincon Sapiência
lança, nas plataformas digitais, o videoclipe da música
Sol, gravada em conjunto com Marissol Mwaba. 'Não sei
se está relacionado ao nosso signo solar, mas eu e
Marissol temos muito em comum. Ela é uma das
pessoas que tenho mais facilidade de trabalhar, mais
sinergia no estúdio e ainda foi incrível poder celebrar
com ela', disse o cantor à coluna.
COLUNISTAS
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
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COLUNA DO ESTADÃO
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Autor: Alberto Bombig;
Organizadores do protesto do próximo domingo, 12,
como MBL, Vem Pra Rua e Livres, recuaram nesta
quarta-feira, 8, da ideia de convocar manifestantes
apelando para o mote 'nem Bolsonaro, nem Lula'. O
foco passou a ser um só: contra o presidente da
República. O consenso não veio de forma tranquila.
Houve muita resistência em considerar a possibilidade
de abrir espaço à esquerda lulista nos protestos. Por
razões óbvias: os organizadores foram algozes de
Dilma Rousseff. A ideia de um ato sem bandeiras de
partidos também foi pelos ares.
» Paz. Ciro Gomes (PDT), que já chamou integrantes do
MBL de 'Zé Bostinhas', considera estar no caminhão de
som do movimento no próximo domingo.
» Aí, não. Organizadores dos atos da esquerda contra
Bolsonaro se dividiram. O Acredito e centrais sindicais
vão aderir ao protesto do dia 12; a CMP e as frentes
Brasil Popular e Povo Sem Medo avisaram que não vão
se misturar.
» Falando. . . A hashtag #DomingoForaBolsonaro até
'trendou' nesta quarta-feira, 8, impulsionada por MBL e
Vem Pra Rua para tentar atrair opositores do presidente
de diferentes frentes e colorações.
» . . . sozinho. Mas levantamento da consultoria Bites
para a Coluna mostrou que até o início da noite o uso
da tag ficou praticamente restrito a. . . militantes do MBL
e Vem Pra Rua.
» Siglas. Representantes de pelo menos 14 partidos vão
defender o impeachment de Bolsonaro em evento da
coalizão Direitos Já na próxima quarta, 15, O Dia
Internacional da Democracia, em São Paulo.
» Estamos. . . O grupo Prerrogativas, formado por
profissionais da área jurídica, divulgará nota em apoio a
Alexandre de Moraes. 'O ministro goza do pleno
respeito da comunidade jurídica pelo idôneo
desempenho de seus encargos. '
» . . . aqui. 'As irresponsáveis e golpistas ameaças do
presidente da República contra a autoridade de seus
votos e decisões, e até mesmo à sua permanência no
STF, constituem práticas de alta traição ao juramento
que os chefes de Estado são obrigados a observar. '
» Mourão. . . Leituras atentas, feitas por quem conhece
os bastidores de Brasília, do que disseram Arthur Lira e
Hamilton Mourão no day after dos atos: o vice/general
deixou claro que está ligado no mapa da guerra do
impeachment na Câmara e tem a planilha de votos na
ponta da língua.
» . . . e Lira. O presidente da Câmara se esforçou
sobremaneira para transmitir a imagem de fiador da
estabilidade 'socioeconômica'.
» O que isso. . . Se em algum momento decidir se
colocar publicamente como alternativa de poder,
Mourão quer antes ver transformado em votos na
planilha o apoio indicado pelos partidos de centro ao167
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impeachment. Sem cheiro de vitória, queimará a largada
e ganhará a pecha de traidor.
» . . significa? Usando um inédito teleprompter, Lira
acenou para o mercado financeiro e o setor produtivo
como alternativa de estabilidade política e econômica se
a chapa Bolsonaro Mourão for cassada.
» Dentro. Lula, via assessoria, disse à Coluna que apoia
o impeachment de Bolsonaro faz tempo.
CLICK. Ciro Gomes, Giselle Bezerra e Gael, filho do
casal: live do presidenciável após atos bolsonaristas do
7 de Setembro já teve mais de 200 mil visualizações.
COM MATHEUS LARA
SINAIS PARTICULARES.
Janaina Paschoal (PSL-SP), deputada estadual
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Sem decisão
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O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou o quarto
dia do julgamento do 'marco temporal' das terras
indígenas sem que os ministros começassem a votar. O
relator Edson Fachin deve ler seu parecer hoje.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
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Site bolsonarista tem pedido negado pelo STF
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Cármem Lúcia proíbe acesso a inquérito do TSE sobre
ataque a urnas eletrônicas
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MORTES DESIGUAIS
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Autor: MELISSA DUARTE, RAPHAELA RAMOS E
GABRIELA MEDEIROS
'Tô cansada, tô estressada, hoje eu não vou bater boca
com ninguém'. Era uma brincadeira que a digital
influencer Bruna Quirino postou no sábado sobre o
marido, que era seu empresário. Aos 38 anos, Bruna
ganhava projeção em Valinhos, no interior de São
Paulo, dando dicas principalmente sobre cabelo voltado
para o público afro, ora em penteados de dreads, ora
com black power mais comprido. Um dia depois da
postagem, ela foi morta a facadas por Rodrigo Quirino,
de 40 anos, com quem era casada há 20 anos e tinha
uma filha, que presenciou o crime. Rodrigo se suicidou .
Na madrugada do dia 1º de setembro, a modelo de 20
anos Geordana Farias foi morta a facadas pelo ex-
namorado em Ananindeua, na região metropolitana de
Belém. O criminoso, que teve um relacionamento
amoroso por quatro anos com a vítima, foi preso em
flagrante na manhã do mesmo dia pela Polícia Civil do
Pará.
O assassinato de Geordana provocou revolta e
manifestações em Ananindeua, com pedidos de
políticas públicas de combate à violência contra a
mulher no município. O de Bruna, pela natureza de seu
trabalho, ultrapassou os limites de Valinhos e causou
comoção e indignação nas redes sociais. Os dois
crimes compõem um quadro de desigualdade que
atinge as mulheres negras em uma realidade que já é
trágica, a das estatísticas de feminicídio no Brasil.
Enquanto o número de mortes por violência de gênero
no Brasil se reduziram, o feminicídio de mulheres
negras não só não seguiu essa tendência como
aumentou.
EXCLUSÃO SOCIAL
Dados do Atlas da Violência 2021, publicado pelo
Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto
de Pesquisas Econômicas Aplicadas, mostram que os
feminicídios entre mulheres negras cresceram na última
-'década, quando 50. 056 mulheres foram assassinadas
por companheiros no país.
Numa das pesquisas mais completas sobre violência no
Brasil, que reuniu dados entre 2009 e 2019, é possível
ver que os assassinatos contra mulheres brancas,
amarelas e indígenas diminuíram 26, 9% no período,
caindo de 1. 636 para 1. 196 casos. Já o total de negras
vítimas desse tipo de crime cresceu 2%: foram 2. 468
vítimas em 2019 ante 2. 419 dez anos antes.
O feminicídio, embora esteja em níveis muito altos no
país, tem uma face mais trágica entre a população mais
excluída. Além do recorte de gênero, é preciso
considerar a classe social: - Nós (mulheres negras)
somos a maioria e as primeiras na categoria da
pobreza. Hoje, você tem uma educação contra a
violência doméstica muito forte, mas quem mora em
periferia ainda tem dificuldade de ser ouvida - explica a
advogada Patrícia Guimarães, presidente da Comissão
de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil
do Distrito Federal.
Para a advogada , especializada em Direito da Família,171
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as estatísticas não são capazes de dimensionar
totalmente a violência doméstica e familiar, já que
muitas mulheres sofrem caladas, em segredo, por medo
de serem julgadas perante a sociedade. Segundo
Patrícia, é preciso considerar os entraves judiciais.
- Existe a discriminação dentro da própria delegacia, o
tabu. Se você for sozinha, encontra uma resistência
para que esse boletim ocorra. As perguntas são
constrangedoras. Muitas deixam de ir ou de ir pela
segunda vez porque já sabem o que vão ouvir -
comenta.
Em 2019, 66% do total de vítimas de feminicídios no
Brasil eram mulheres negras - o total contabiliza pretas
e pardas, segundo a classificação do IBGE. De acordo
com o Mapa da Violência, o risco de homicídios para
mulheres brancas, amarelas e indígenas era de 2, 5 e
saltava para 4, 1 quando em relação às negras.
- O feminicídio é um termo relativamente novo no nosso
vocabulário, mas dá nome a um problema muito antigo -
alerta a coordenadora-geral da Rede Feminista de
Juristas, a advogada Amarílis Costa.
Segundo Amarílis, ainda há aprovação da sociedade a
esse tipo de crime e mecanismos que incentivam essa
forma de violência.
- A violência de gênero começa de maneira subjetiva
nas ruas, nas escolas, nos espaços familiares e se
materializa por meio de agressões físicas e, por vezes,
do feminicídio - detalha a jurista.
A coordenadora-geral da rede acrescenta que o
combate à violência contra mulher exige um pacto
social, ético e moral: - Pensar na violência de gênero
sem pensar na raiz do problema não faz sentido. É
preciso um debate que fale das desigualdades de poder
e das dinâmicas históricas que fazem com que o gênero
masculino estruture uma dinâmica de opressão. E
preciso pensar num Judiciário antirracista, que não
seja machista e misógino, e que comece a construir
jurisprudências que sejam de vanguarda e focadas na
equidade de gênero.
UM CRIME ÍNTIMO Pesquisadora do Instituto Igarapé,
Renata Giannini confirma que o principal motivo para os
altos índices de feminicídios no Brasil é a desigualdade
de gênero. Ela explica que o feminicídio normalmente é
o fim de um processo que é antecedido por outras
violências: - Existe uma percepção sobre um status
inferior de mulheres, sua liberdade e seus corpos, que
acaba impactando na violência cometida contra elas. É
importante olhar para outros tipos de violência: porque
normalmente não acontece do nada, é um crime íntimo,
que costuma ser cometido por uma pessoa próxima da
vítima - diz Renata, em uma análise que combina com a
forma como morreram Bruna e Geordana.
O Igarapé realizou um levantamento sobre feminicídios
e registros de crimes relacionado contra mulheres em
2020. Outros tipos de violência diminuíram na pandemia
mas o feminicídio aumentou: -E um indicativo de que as
mulheres, no processo de isolamento e super
convivência com possíveis agressores, tiveram mais
dificuldade para relatar.
No primeiro semestre de 2021, 33 casos de feminicídios
foram registrados no Pará e 86 em São Paulo, números
próximos aos do mesmo período no ano passado,
segundo registros das secretarias de segurança destes
estados. Os índices também se mantiveram
semelhantes no Rio Grande do Sul, Ceará, Amazonas,
Goiás e Santa Catarina. O Rio de Janeiro teve o maior
aumento nos números, passando de 35 feminicídios de
janeiro a junho de 2020 para 48 nos mesmos meses em
2021.
20,9% Redução de mortes de brancas, indígenas e
amarelas de 2009 a 2019, segundo o Atlas da Violência
2021, caindo de 1.636 para 1.196 casos
2% Aumento de feminicídios de vítimas negras de 2009
a 2019, segundo o Atlas da Violência 2021, passando
de 2. 419 para 2468 mortes
'O feminicídio é um termo relativamente Novo no nosso
vocabulário, mas dá nome a um problema muito antigo '
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Amarílis Costa, Rede Feminista de Juristas 'Existe a
discriminação dentro da própria delegacia, o tabu.
Quem mora em periferia ainda tem dificuldade de ser
ouvida'
Patrícia Guimarães, Comissão de Igualdade Racial da
OAB-DF
Vítima do marido. Influenciadora Bruna Quirino foi
assassinada em Valinhos (SP) e crime causou revolta
nas redes
Vítima do ex. Modelo Geordana Farias foi esfaqueada
por homem que foi seu namorado por quatro anos;
homicídio gerou protestos de população de Ananindeua,
na região metropolitana de Belém
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Veiculos de empresas do agronegócio encorparam ato
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Autor: MARIANA CARNEIRO ETOHANNS ELLER
Jair Bolsonaro já tinha deixado a Esplanada dos
Ministérios, na manhã da terça-feira, mas um caminhão
estampado com um adesivo da bandeira do Brasil ainda
atraía a atenção de manifestantes. Faziam fila para
subir no veículo, que havia se tornado um ponto para
selfies. Um deles escalou a cabine do caminhão para
fazer um video gritando 'mito' e'é Bolsonaro, porra'.
Em outro ponto, uma mulher fazia pose montada numa
moto, colocada estrategicamente nos fundos de um
caminhão graneleiro. O cartaz preso ao veículo dizia:
'Os produtores rurais de Santa Juliana-MG apoiam este
movimento', e levava o logotipo do Sindicato Rural da
cidade.
No protesto contra o Supremo e pró-Bolsonaro na
capital federal, era a grande quantidade de caminhões
que fazia a diferença, mais do que o número de
manifestantes.
Embora não haja estimativas oficiais de veículos, só
numa foto aérea é possível contar pelo menos 40
espalhados pela Esplanada dos Ministérios. Colocados
diante do carro de som lado a lado, alguns deles
formavam uma parede delimitando o espaço da
multidão que ouvia Bolsonaro falar. Assim distribuídos,
aumentavam o volume do protesto. Boa parte trazia o
logotipo de empresas como a grande produtora de soja
e sementes Agrofava, ou da Formosa Logística, que
também serve ao agronegócio, mas que na terça-feira
sustentava bandeiras do Brasil e uma placa em inglês
que pedia a remoção dos ministros do STF.
Para o líder caminhoneiro Wallace Landim, conhecido
como Chorão, que era contra a participação da
categoria no protesto, tamanho comparecimento indica
um movimento orquestrado: - Com certeza tem
investimento por trás. Sabemos que o custo é muito alto
para manter (os caminhões em Brasília).
Dono da Mira Transportes e vice-presidente de
Segurança da NTC & Logística, entidade que
compreende 60% da frota do país, Roberto Mira nega
ter fornecido caminhões da transportadora para o
movimento, mas conta ter encorajado a participação de
seus motoristas autônomos nos protestos. Outra
decisão de Mira que reforçou a mobilização bolsonarista
foi a de retirar os caminhões das estradas no feriado, o
que liberou os motoristas autônomos para engrossarem
o movimento. Além das transportadoras, a presença de
caminhões ligados ao agronegócio na Esplanada
demonstrou que, apesar do racha no setor - uma carta
assinada por entidades exportadoras defenderam o
respeito
à democracia - o agro segue bastante ligado a
Bolsonaro.
Muitos caminhões levavam um adesivo do Movimento
Brasil Verde-Amarelo. O grupo é o mesmo que
organizou, em maio, uma marcha em favor do voto
impresso e na qual Bolsonaro apareceu montado a
cavalo.
O movimento é patrocinado por produtores rurais como174
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
a gigante Aprosoja, entidade que reúne produtores do
Centro-Oeste e de outras regiões do país. Seu
presidente é Antônio Galvan, investigado em inquérito
que apura o financiamento a atos antidemocráticos.
José Fava Neto, sócio da Agrofava, cujo logotipo pôde
ser visto em caminhões nos atos, também é dirigente da
Aprosoja em Goiás. (Colaborou Rayanderson Guerra).
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
175
OUTRA DERROTA À VISTA
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
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Autor: TULIA LINDNER
A primeira resposta concreta do presidente - do Senado,
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ao presidente Jair
Bolsonaro após os atos de 7 de setembro deve ocorrer
através da devolução da Medida Provisória que altera o
Marco CivildaInternet, apelidada de MP das Fake News.
Pacheco pretende se basear em parecer da Advocacia-
Geral da Casa sobre o tema para justificar a decisão,
que torna inválido o texto presidencial. A medida editada
pelo presidente da República limita a atuação de
plataformas das redes sociais para remover conteúdo
publicado que dissemine informações falsas - e foi
criticado tanto por especialistas quanto pelas próprias
empresas.
A proposta da MP das Fake News provocou forte
reação da oposição, que acionou o Supremo Tribunal
Federal contra a medida. O senador Alessandro Vieira
(Cidadania-SE) entrou ontem com um mandado de
segurança na
Corte para suspender o texto.
Vieira avaliou que há 'flagrante inconstitucionalidade' na
MP, que, para ele, serve como 'garantia para a
propagação de material ilegal e antidemocrático'.
- O presidente (do Senado) deveria devolver essa MP o
mais rápido possível. O seu conteúdo busca garantir a
continuidade da utilização indevida das redes sociais,
impunemente, para a propagação de notícias falsas -
disse Humberto Costa (PT-PE).
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou a
MP como grave.
'Ao tentar restringir a exclusão de contas que propagam
fake news ou que firam as regras da plataforma, o que
Bolsonaro quer é liberar ataques e promover mentiras!',
escreveu Randolfe em suas redes sociais.
AREAÇÃO DAS PLATAFORMAS Bolsonaro assinou a
MP na segunda-feira, véspera dos atos de 7 de
Setembro. O texto dificulta a atuação das redes sociais
para apagar conteúdos de usuários e foi elaborada
como uma resposta do governo à atuação das principais
plataformas da internet e um aceno à militância digital
bolsonarista,
que tem sido alvo de remoções nas redes sob acusação
de propagar conteúdos falsos. Especialistas acreditam
que a MP pode permitir a propagação de informações
falsas e o discurso de ódio. As principais plataformas
digitais em operação no país criticaram a medida
provisória.
O Facebook, que também é dono do Instagram e do
WhatsApp, foi o mais enfático na crítica ao texto editado
por Bolsonaro. Segundo a plataforma, a medida 'limita
de forma significativa a capacidade de conter abusos'
nas plataformas, o que classificou como 'fundamental
para oferecer às pessoas um espaço seguro de
expressão e conexão online'. A rede também ressaltou
que 'concorda coma manifestação de diversos
especialistas e juristas, que afirmam que a proposta
viola direitos e garantias constitucionais',176
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Já o Twitter afirmou, que o Marco Civil da Internet 'foi
fruto de um amplo e democrático processo de discussão
coma sociedade civil' e 'permitiu a elaboração de uma
lei considerada de vanguarda na proteção dos direitos
dos usuários'. Ainda segundo a plataforma, o texto da
medida provisória 'contraria tudo o que esse processo
foi e o que com ele foi construído',
O YouTube, por sua vez, informou que analisa os
impactos da medida provisória, mas declarou que sua
políticas de comunidade são resultado de um processo
colaborativo com especialistas técnicos, sociedade civil
e academia. 'Acreditamos que a liberdade para aplicar e
atualizar regras é essencial para que o YouTube possa
colaborar com a construção da internet livre e aberta
que transforma a vida de milhões de brasileiros todos os
dias', afirmou a empresa.
SEM TRIBUNA
Incomodado com a participação de Bolsonaro em atos
antidemocráticos durante o feriado, Pacheco decidiu
cancelar as sessões deliberativas e reuniões de
comissões da Casa previstas para esta semana.
A atitude, conforme informou o colunista Lauro Jardim,
não agradou a boa parte da Casa, já que parlamentares
ficaram sem espaço para se posicionar um dia depois
dos discursos de Jair Bolsonaro contra o Supremo
Tribunal Federal (STF).
Orientação. Rodrigo Pacheco pretende se basear em
parecer da Advocacia-Geral da Casa para justificar
decisão
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
177
Justiça valida demissões por WhatsApp e nega indenização a
trabalhadores
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Legislaçao e Tributos
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
Autor: Arthur Rosa e Adriana Aguiar
A Justiça do Trabalho tem validado demissões feitas por
meio de aplicativos de conversa, como o WhatsApp. As
decisões ainda negam indenização por danos morais
aos trabalhadores. Para os julgadores, o uso da
ferramenta, por si só, não causa constrangimento ou
humilhação e pode ser adotada pelos empregadores,
especialmente em meio à pandemia da covid-19.
A discussão, segundo advogados, ganhou importância
com as medidas de isolamento e a consolidação dos
aplicativos de conversa como ferramenta de trabalho. O
próprio Judiciário, acrescentam, já vinha utilizando,
antes da pandemia, o WhatsApp para atos oficiais -
como a intimação das partes, advogados e testemunhas
para o comparecimento às audiências.
Levantamento da plataforma de jurimetria Data Lawyer
Insights mostra que de 2017 ao dia 1º deste mês foram
ajuizados cerca de 144 mil processos com as palavras
demissão, WhatsApp ou aplicativo e danos morais.
Deste total, 103 mil a partir de março de 2020, com a
pandemia. Nem todos, porém, discutem a utilização da
ferramenta para a dispensa de trabalhador.
'Em um cenário em que é possível ao trabalhador
desenvolver suas atividades em qualquer localidade do
mundo, por que se exigiria que a comunicação e os
demais procedimentos da dispensa ocorressem de
forma presencial?', questiona o advogado Matheus
Cantarella Vieira, doescritório Souza, Mello e Torres.
Ele explica que, ao analisar um caso, a Justiça do
Trabalho leva em consideração o modo como o
empregador comunicou a demissão. 'Deve ser pautada
por regras de respeito, urbanidade e consideração entre
as partes, especialmente por ser uma ocorrência já
naturalmente desgastante. '
Em Minas Gerais, o juiz Márcio Toledo Gonçalves, da
33º Vara do Trabalho de Belo Horizonte, negou
recentemente o pedido de indenização por danos
morais a uma professora, Ela alegou ter sido
dispensada por WhatsApp e não ter recebido as verbas
rescisórias (processo nº 0010024-04. 2021. 5. 03.
0112).
Ao analisar o pedido, o juiz entendeu que 'não é
ofensiva a comunicação da dispensa através de
mensagem de WhatsApp, dado ao contexto em que se
encontra a ré [a escola], diante do cenário de pandemia
da covid-19'.
Sobre o atraso no pagamento das verbas rescisórias,
afirma que, 'em que pese tratar-se de uma atitude
merecedora de desaprovação pelo Poder Judiciário e
pela sociedade, por si só, não gera direito a
indenização'.
O TRT de São Paulo (2º Região) também confirmou
recentemente a dispensa de uma coordenadora
pedagógica por meio do WhatsApp.
Ela alegou que as conversas com sua supervisora
tratavam de 'suspensão' do contrato de trabalho e que o
aviso-prévio não poderia ser substituído por simples
mensagem, o que invalidaria a rescisão (processo nº
1001180-76. 2020. 5. 02. 0608).
No julgamento, porém, os desembargadores da 18º
Turma consideraram que foram apresentadas provas
legais - como a baixa da carteira de trabalho - e da
comunicação do encerramento do contrato de trabalho.
'As conversas de WhatsApp colacionadas pela
reclamante [a escola] são plenamente válidas como
meio de prova, mas não favorecem a tese autora', diz a
relatora do caso, desembargadora Rilma Aparecida
Hemetério.
Ela lembra, no voto, que o WhatSApp 'se tornou um
grande aliado', especialmente em 2020, com a
178
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Legislaçao e Tributos
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
pandemia. E acrescenta: 'Não é demais recordar que o
contrato de trabalho prescinde de formalidades
excessivas e pode ser firmado até mesmo de maneira
verbal, inteligência do artigo3º da CLT'.
No TRT do Rio de Janeiro, a 2º Turma validou a
demissão feita por uma empresa de sistemas de
segurança e negou indenização ao trabalhador. Para os
desembargadores, 'a dispensa em questão, por meio do
WhatsApp, não deve gerar dano moral, pois o fato não
foi exposto a terceiros, uma vez que não se tratou de
uma conversa mantida em grupo criado no aplicativo,
mas sim de forma privada, sem qualquer indicativo de
mau trato que pudesse causar constrangimento ou
humilhação ao autor' (processo nº0102189-19. 2017. 5.
01. 0451).
A advogada Juliana Bracks, sócia do Bracks
Advogados, afirma que tem feito pareceres sobre o
assunto. 'Tudo é o tom, como a coisa se dá', diz. Para
ela, o curioso é que trabalhadores, principalmente
empregados domésticos, comunicam-se hoje em dia
com os patrões sempre pelo WhatsApp, até para pedir
demissão. 'E nenhum juiz vai condenar o trabalhador
em dano moral porque pediu demissão por mensagem. '
Foi justamente o tom da conversa travada entre um
empregador e uma empregada doméstica que levou o
Tribunal Superior do Trabalho (TST) a manter a decisão
do TRT em Campinas (15º Região) favorável ao
pagamento de indenização por danos morais, no valor
de três salários. 'O que se avalia é o modo como o
reclamado comunicou a cessação do Vínculo de
emprego à trabalhadora', diz a relatora do caso na 6º
Turma, ministra Kátia Magalhães Arruda. Para ela, a
mensagem reproduzida no processo 'fala por si'. 'Bom
dia. Você está demitida. Devolva as chaves e o cartão
da minha casa. Receberá contato em breve para
assinar documentos. ' O ideal, explica, seria analisar o
contexto, e não apenas o texto. Não há, porém,
acrescenta, nem no acórdão nem no recurso
informações a respeito (AIRR-10405-64. 2017. 5. 15.
0032). Daniela Yuassa, sócia do Stocche Forbes
Advogados, entende não ser recomendável a demissão
por WhatsApp. Mas se for necessário o uso da
ferramenta, afirma, o empregador deve ter cuidado e, de
preferência, adotar orecursode imagem. 'É um meio de
comunicação válido. Mas é preciso tomar cuidado com
o texto a ser enviado. É preciso criar uma situação de
respeito. ' A advogada Mayra Palópoli, sócia do Palópoli
& Albrecht Advogados, também concorda. 'Quer na
dispensa presencial, quer na dispensa por aplicativos de
áudio ou vídeo, o importante é que seja feito com
respeito e cordialidade', diz ela, que também recomenda
aos clientes que a dispensa seja feita por chamada de
vídeo gravada, conduzida por pessoa capacitada
naárea de recursos humanos.
Advogado Matheus Cantarella Vieira: medida deve ser
pautada por regras de respeito, urbanidade e
consideração
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário
179
Posições de Bolsonaro esfriam mais as relações entre Brasil e Alemanha
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
Autor: Assis Moreira
Qualquer que seja o governo eleito na Alemanha, no dia
26, tende a prolongar o congelamento da relação
europeia e alemã com o Brasil, devido aos rumos do
governo de Jair Bolsonaro. Eisso tem impacto
econômico ao não melhorar as condições para atrair
mais investimentos, por exemplo, concordam analistas.
As posições de Bolsonaro vão provocar também mais
exigências do lado europeu para assinatura do acordo
União Europeia-Mercosul, algo que, de toda forma,
deverá demorar bem além da eleição na França no ano
que vem.
'Com posições radicais, discursos de ódio, ameaças e
insultos, Bolsonaro dispara, pelo menos verbalmente, a
destruição da Amazônia em nome do 'progresso' e
legitima ataques a grupos sociais marginalizados',
observa Ginther Maihold, vice-diretor do Instituto
Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança
(SWP), think tank vinculado ao Bundestag (Parlamento
alemão). 'Agora, ele parece gerar uma situação próxima
ao defunto governo Trump, atacando o Parlamento e o
Judiciário. '
'Portanto, a Alemanha insistirá na aplicação do Estado
de Direito e na proteção da democracia. Isto será
interpretado pelo governo Bolsonaro como uma intrusão
nos assuntos internos, enquanto na Alemanha faz parte
de uma política internacional de resiliência democrática.
Assim, a fissura entre os dois países no próximo mês
pode se tornar ainda maior', declarou.
Para a professora Barbara Fritz, da Freie Universitát,
em Berlim, se Bolsonaro convencer os militares a um
golpe, 'certamente não terá reconhecimento do governo
[alemão], terá rejeição, sanções econômicas e políticas'.
Observa, porém, que o país continua a ter instituições
que funcionam. 'Tomara que Bolsonaro seja um
parênteses na história e passe. Mas, com certeza, ele já
teve muito efeito destrutivo. '
O professor Detlef Nolte, do Instituto de Estudos Latino-
Americanos de Hamburgo, diz que, nos meios políticos
e intelectuais da Alemanha, a visão sobre o Brasil com
Bolsonaro 'é muito crítica por causa da Amazônia, das
tendências autoritárias' e visivelmente só a extrema
direita o suporta.
Na União Europeia (UE) em geral, toda interlocução do
mais alto nível com a liderança brasileira está parada.
Não existe nem de forma virtual. Com a Alemanha, líder
no bloco e motor da economia europeia, a situação é
ainda pior. O setor privado alemão insistiu para Berlim
retomar diálogo com o governo brasileiro, sem sucesso.
A primeira edição do mecanismo de consultas bilaterais
de alto nível, para os dois governos tratarem
periodicamente das questões mais relevantes, ocorreu
em 2015, quando Angela Merkel foi a Brasília com sete
ministros. A reunião seguinte deveria se realizar em
2017 na Alemanha, mas o governo de Angela Merkel
colocou o freio na iniciativa. Primeiro alegou que 0 então
governo de Michel Temer era de transição. Depois veio
Bolsonaro e o esfriamento das relações se consolidou.
Na crise da pandemia de covid19, Merkel telefonou para
os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e do
Chile, Sebastián Pifera. Mas ignorou Bolsonaro, em
meio ao espanto na Alemanha com sua postura contra a
ciência e contra vacinas, por exemplo.
O empresariado alemão respira aliviado no momento
pelo menos como o fato de o acordo UE-Mercosul não
ter entrado na campanha eleitoral. O temor era de a
questão ser politizada, com ONGs pressionando mais
os partidos políticos antes da eleição por um
posicionamento contra o entendimento.
Isso não ocorre até porque a América Latina em geral é
ignorada na campanha, como ocorre na Europa em
geral. 'A América Latina é muito distante, e a escala de
importância para a Alemanha é: a Europa, a Rússia pela
proximidade, os EUA com a aliança militar, a China pela
importância econômica, o Oriente Médio pelos180
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
problemas de refugiados e a África pelas questões de
migração', diz Nolte.
A visão na Alemanha é de que o Brasil e a América
Latina como um todo correm risco de mais
marginalização na política internacional. Na agenda de
mudanças climáticas, transição energética, saúde
global, a América Latina é considerada um parceiro
estratégico. No entanto, a avaliação é de interesse
limitado na região sobre esses temas. Ao mesmo
tempo, o cenário é altamente polarizado tanto
internamente como em nível regional. 'Há necessidade
de um novo impulso das lideranças das duas regiões a
fim de superar a crise de relacionamento em que nos
encontramos', diz Maihold.
Após a eleição federal alemã no dia 26, virá o momento
decisivo, que será a negociação da coalizão e do
contrato de governo. Parece claro que o Partido Verde,
hoje com 17% de intenção de votos, poderá participar
de qualquer coalizão.
Para Maihold, em todo caso haverá a continuação da
resistência à ratificação do acordo UE-Mercosul em
vários países-membros, que se deve, em grande parte,
a grupos de lobby internos.
Com certeza, diz, os verdes no governo 'pediriam uma
espécie de renegociação do acordo que mudaria
elementos centrais da regulamentação atual sobre
ecologia, direitos humanos, normas trabalhistas etc. , o
que neste momento parece ser ambicioso com o
governo brasileiro de Bolsonaro'.
Assim, a relação bilateral Alemanha-Brasil continuará
longe de atingir seu pleno potencial. 'A problemática
relação comercial não ajuda a resolver esta situação,
pois os atores alemães continuarão insistindo na
proteção da Amazônia, na mudança climática e
considerando-a como um bem público global com uma
responsabilidade conjunta', diz Maihold.
Para Nolte, os verdes vão pedir mais garantias sobre o
acordo birregional. Mas, 'se a maioria [dos países
europeus)] estiver a favor, a Alemanha, mesmo com os
verdes, vai aceitar o acordo', diz.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário
181
* TJ-SP impede venda de réplicas de modelos da Porsche
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Legislaçao e Tributos
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
Autor: Adriana Aguiar
A Porsche obteve decisão definitiva no Tribunal de
Justiça de São Paulo (TJ-SP) para impedir a produção e
a comercialização de réplicas em tamanho real dos
modelos Cayman e Gulf, além de assentos para
automóveis com a marca. Também deve receber
indenização por danos morais, no valor de R$ 50 mil, e
por danos materiais, a serem definidos na liquidação da
sentença.
Os produtos eram anunciados no site e nas redes
sociais da AC Design Comércio e Projetos de Peças
Especiais e de Adhemar Cabral, proprietário da
empresa. Uma réplica do veículo Porsche Gulf, por
exemplo, era vendida por R$ 120 mil sem motor e R$
220 mil com motor. O modelo original pode chegar a
custar milhões de reais.
No processo, a Porsche alega que identificou em 2017
que a AC Design vinha fabricando e comercializando,
sem autorização, as réplicas e outros itens com a marca
Porsche. Antes de ir à Justiça, a fabricante alemã tentou
um acordo. Porém, sem sucesso.
Segundo o advogado que assessorou a Porsche,
Philippe Bhering, do Bhering Advogados, trata-se de
flagrante caso de violação à marca registrada, violação
de desenho industrial registrado, no caso do veículo
Cayman, e prática de concorrência desleal.
'O consumidor pode ser levado a crer que se trata de
um Porsche. E, nesse caso, o prejuízo ainda pode ser
mais grave porque são veículos motorizados, fabricados
em oficinas informais, que podem rodar nas ruas dos
país sem obedecer aos padrões de qualidade e
segurança dos fabricantes de automóveis', diz.
Ao analisar o caso, em julho de 2020, o juiz Luis Felipe
Ferrari Bedendi, da 1º Vara Empresarial e Conflitos de
Arbitragem de São Paulo, entendeu que a Porsche
comprovou a titularidade do registro das marcas
Porsche e Porsche Stuttgart. E que as reproduções de
conversas por aplicativo indicam que AC Design
utilizava as marcas para comercializar produtos como
automóveis do tipo buggy e poltronas, além de 'réplicas'
de carros a preços elevados.
Para o juiz, essa conduta deve ser configurada como
ato de concorrência desleal, prevista no artigo 195,
inciso IV, da Lei nº 9. 279, de 1996. Pelo dispositivo,
comete crime de concorrência desleal quem usa
expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita,
de modo a criar confusão entre os produtos ou
estabelecimentos.
'Em que pese seja permitido à é tentar conquistar a
clientela e fazer prevalecer o seu negócio, os meios
empregados não podem ser capazes de enganar os
consumidores em relação à origem dos produtos, como
ocorre na hipótese, sendo o que basta para confirmar a
violação do direito e a necessidade de pagamento de
indenização por danos materiais e morais', diz.
A AC Design recorreu ao TJ-SP. O caso foi analisado
pela 2º Câmara Reservada de Direito Empresarial, que
manteve integralmente a sentença. O processo (nº
1129898-79. 2019. 8. 26. 0100) transitou em julgado
(não cabe mais recurso) no dia 13 de julho.
A decisão, afirma Philippe Bhering, 'sinaliza que esse
tipo de prática ilícita não será tolerada no Judiciário'. A
Porsche, acrescenta o advogado, tem mapeado as
empresas que utilizam indevidamente a sua marca no
Brasil e foram realizados cerca de dez acordos neste
ano.
São casos que envolvem confecções, oficinas
mecânicas e até locadoras de veículos que utilizam a
marca Porsche. Apenas em um outro caso que também
trata de réplica de automóveis não houve acordo. A
fabricante aguarda o desfecho na Justiça.
Procurado pelo Valor, Adhemar Cabral afirma, por nota,
que lamenta a decisão, que classifica como
'desastrosa'. De acordo com ele, uma das réplicas é do182
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Legislaçao e Tributos
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
modelo Gulf917, que foi lançado há 52 anos e estaria
em domínio público. Já a Cayman, que a Porsche
afirma ser réplica, acrescenta, é 'original e customizada'.
Philippe Bhering: decisão sinaliza que prática não será
tolerada no Judiciário
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário
183
Poderes Caminhoneiros bloqueiam rodovias em oito Estados
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Autor: Cristiane Agostine, André Guilherme Vieira,
Fernanda Pressi
Caminhoneiros bloquearam ontem trechos de rodovias
de ao menos oito Estados, em apoio ao presidente Jair
Bolsonaro. O movimento é heterogêneo, organizado por
motoristas autônomos e defende pautas diversas, desde
o controle dos preços dos combustíveis até bandeiras
antidemocráticas como o fechamento do Supremo
Tribunal Federal (STF). As maiores entidades do setor
de transporte rodoviário de cargas não deram apoio
formal à mobilização.
As ações, segundo o relato de caminhoneiros, são um
desdobramento dos atos realizados no domingo, 7 de
setembro, em apoio a Bolsonaro, nos quais foram
defendidas agendas contra a democracia, como
intervenção militar e a remoção de ministros do STF.
Santa Catarina concentrou ontem a maior parte dos
bloqueios parciais de rodovias. Houve registros também
no Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Bahia até o
fim da tarde de ontem, de acordo com o Ministério da
Integração, com base em informações da Polícia
Rodoviária Federal.
O Ministério da Integração disse que em nenhum trecho
das rodovias foi registrado bloqueio total da pista.
Ontem, foram debeladas 67 ocorrências com
manifestação de populares e tentativas de bloqueio de
rodovias.
Houve protesto também em Brasília, na Esplanada dos
Ministérios. O movimento na capital federal tem relação
com empresas do agronegócio de São Paulo, Santa
Catarina e Goiás.
Dos mais de 100 caminhões estacionados na
Esplanada dos Ministérios, ao menos 17 estavam
identificados como pertencentes ao Grupo Grão
Dourado, com sede em Piracanjuba(GO). Trata-se de
uma maiores produtoras de grãos de Goiás.
O grupo tem como sócios os irmãos Nilton, Ivan e Jonas
Pinheiro de Melo. Os três estão identificados como
produtores rurais no processo de recuperação judicial
do grupo que tramita desde agosto de 2012 na 1º Vara
Cível de Piracanjuba. Além da produção de soja, milho,
sorgo e feijão, as empresas do Grupo Grão Dourado
também atuam na produção de insumos e defensivos
agrícolas, logística e transporte de grãos para o
agronegócio, suinocultura e distribuição de carnes e
derivados.
O Valor procurou a empresa por telefone ontem, mas
não recebeu resposta aos contatos. Também foi
enviado e-mail solicitando informações sobre o
envolvimento do grupo com os atos que pedem
interferência no STF Não houve resposta até o
fechamento desta edição.
As manifestações, segundo a Polícia Rodoviária
Federal, não são coordenadas por entidades setoriais,
não se limitam a demandas ligadas aos caminhoneiros
e têm 'composição heterogênea'. Entretanto, o
caminhoneiro Fabiano Márcio da Silva, um dos líderes
da paralisação de 2018, afirmou ao Valor que o
caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes,
conhecido como Zé Trovão, está fazendo a 'ponte' entre
o agronegócio e os motoristas autônomos.
De acordo com vídeo publicado por Zé Trovão nas
redes sociais ontem, o objetivo desses atos é pressionar
pelo impeachment de ministros do Supremo. Zé Trovão
está foragido desde o dia 3, quando a Procuradoria-
Geral da República (PGR) solicitou e o ministro do STF
Alexandre de Moraes determinou sua prisão.
O vídeo circula em vários grupos de mensagens de
caminhoneiros, mas as manifestações sobre ele
são muito contraditórias. Há caminhoneiros apoiando
essa paralisação em nome do 'Brasil melhor e nosso' e
há os que repetem que estão sendo 'usados como
massa de manobra do governo'.184
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Um dos críticos mais contundentes é o caminhoneiro
Aldacir Cadore, do interior de São Paulo. Ele disse:
'Ninguém queria outro discurso de campanha. A gente
quer ação. O que vai ser feito? Quem vai sair do
governo? Quem fica? Deveríamos nos limitar aos pleitos
de nossa categoria. '
Como as pautas se misturam nos grupos dos
caminhoneiros, há também aqueles que querem usar
essas paralisações para reivindicar controle do preço
dos combustíveis e reajuste de preços dos fretes.
A ascensão do caminhoneiro Zé Trovão como um dos
líderes da categoria é questionada pelo governo. Uma
fonte do Ministério da Infraestrutura disse desconhecer
Zé Trovão e afirmou que só soube quem é o
caminhoneiro depois que a Procuradoria-Geral da
República pediu sua prisão, determinada pelo ministro
Alexandre de Moraes, do STF, como parte do inquérito
que investigava ameaças à democracia nos atos de 7
de setembro. 'Precisamos ter muito cuidado para eleger
um suposto líder desse movimento que na verdade não
tem representatividade com a categoria. ele se tornou
uma pessoa influente dentro do bolsonarismo, mas não
é uma liderança setorial relevante', disse ao Valor.
Além dos bloqueios nas rodovias, manifestantes
bolsonaristas tentaram invadir ontem o Ministério da
Saúde, em Brasília, mas foram contidos por
seguranças. O grupo hostilizou os jornalistas que
estavam no local, que foram agredidos com empurrões
e xingamentos.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
185
Mourão afirma que não há clima para afastamento
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
Autor: Matheus Schuch
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão,
afirmou ontem que 'não vê clima" para o impeachment
do presidente Jair Bolsonaro, mesmo após os discursos
em tom golpista na última terça-feira. Para o vice,
Bolsonaro tem 'maioria confortável' para evitar o avanço
de um eventual processo de impedimento na Câmara.
'Não vejo que haja clima para o impeachment do
presidente, tanto na população, como um todo, como
dentro do próprio Congresso. Acho que o governo tem
uma maioria confortável de mais de 200 deputados lá
dentro. Não é a maioria para aprovar grandes projetos,
mas é uma maioria capaz de impedir que algum
processo prospere contra a pessoa do presidente da
República', argumentou o vice, ao embarcar na capital
federal para um sobrevoo à Amazônia com chefes de
missões diplomáticas.
Mourão, que esteve no ato em Brasília ao lado do
presidente, opinou que há excessos no inquérito das
'fake news', conduzido pelo ministro Alexandre de
Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF). A
abertura das investigações foi ratificada pelo plenário da
Corte.
'Na minha visão, existe um tensionamento,
principalmente entre Judiciário e o Executivo, eu tenho
a ideia muito clara que o inquérito conduzido pelo
ministro Alexandre de Moraes não está correto, um juiz
não pode conduzir inquérito, eu acho que tudo se
resolveria se o inquérito passasse para a mão da PGR e
acabou, isso aí distensionaria todos os problemas',
pontuou. 'Eu acho que existem cabeças ali dentro que
entendem que isso foi além do que era necessário e eu
acho que conversando a gente se entende. '
As manifestações, na visão de Mourão, tiveram
'concentração expressiva da população brasileira', O
vice evitou comentar o conteúdo das declarações de
Bolsonaro, que ameaçou não cumprir eventuais
decisões judiciais determinadas por Moraes.
'É uma mudança porque as ruas sempre foram domínio
dos segmentos da esquerda. Ontem, você viu uma
quantidade enorme, estive aqui na manifestação de
Brasília, em torno de 150 mil pessoas estavam ali
reunidas, acredito que no Rio de Janeiro e São Paulo
chegou também ao redor deste número. Então, é uma
manifestação expressiva, deixo de comentar discursos
que foram feitos porque é uma questão ética minha, não
é o caso de eu comentar', frisou.
Mourão embarcou para a Amazônia horas antes da
reunião do Conselho de Governo, do qual faz parte, por
isso ficou de fora das avaliações de Bolsonaro e seus
ministros sobre o 7 de setembro. A viagem foi marcada
com antecedência.
Durante três dias, o vice levará representantes de
missões diplomáticas e autoridades brasileiras para
sobrevoar e conhecer projetos do governo em regiões
do Pará. Presidente do Conselho Nacional da
Amazônia, Mourão mostrará projetos de preservação da
floresta e desenvolvimento da região.
O Pará concentra os piores resultados de
desmatamento na região amazônica. A área sob alerta
durante o primeiro semestre deste ano é a maior em
seis anos, de acordo com sistema de monitoramento do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O
governo local pondera que há uma redução dos alertas
de desmatamento nas áreas estaduais.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF
186
Doria critica Lira por 'falta de compromisso com democracia'
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Autor: Cristiane Agostine
Pré-candidato à Presidência, o governador de São
Paulo, João Doria (PSDB), criticou ontem o presidente
da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por não pautar os
pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro, mesmo
diante de ameaças antidemocráticas feitas pelo
presidente da República. Doria atacou Lira por sua
'postura, atitude e descompromisso' com a democracia
no país.
'Lamento que ele [Lira] não tenha compromisso com a
democracia, porque se tivesse estaria colocando em
pauta o impeachment do presidente Jair Bolsonaro',
afirmou Doria ontem, em entrevista coletiva. 'Eu
lamento, sinceramente, a postura, a atitude e o
descompromisso do presidente da Câmara com a
democracia brasileira', disse.
O governador afirmou ainda que depois dos 'arroubos
autoritários' de Bolsonaro contra a Constituição,
democracia e ao Supremo Tribunal Federal, 'o mínimo
que poderia se esperar' do presidente da Câmara era
submeter os pedidos de impeachment contra Bolsonaro
aos parlamentares e dar andamento ao processo. 'A
decisão não é dele, não é monocrática, e sim da
Câmara e do Senado', disse Doria.
O tucano lembrou que há mais de 130 pedidos de
afastamento do presidente 'engavetados' no gabinete de
Lira e que o presidente da Câmara deve agir para tirar
Bolsonaro do cargo. 'Não é apenas na palavra, é na
atitude que se faz democracia. '
Um dia depois de defender publicamente o
impeachment de Bolsonaro, Doria disse que o
presidente tem 'flertado com o autoritarismo' e tenta
'molestar e emparedar' a democracia com suas palavras
e atitudes.
O governador paulista afirmou que garantirá a
segurança dos ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF) que moram em São Paulo, como Alexandre de
Moraes, e de seus familiares.
'Aqui em São Paulo ele não terá eco junto ao governo
do Estado para prosseguir falando o inadequado e com
a impropriedade e ameaçar qualquer ministro do
Supremo Tribunal Federal', afirmou.
Em meio a acenos feitos pelo PT e por outros partidos
da oposição ao PSDB para compor uma frente
democrática, Doria desconversou sobre uma possível
união contra Bolsonaro e disse que essa é uma decisão
que deve ser tomada por seu partido. 'Cabe ao
presidente nacional do PSDB. É questão partidária e
deve manter entendimento com Bruno Araújo. Minha
posição é a forte reprovação contra os arroubos
autoritários do presidente Jair Bolsonaro, ameaçando a
Suprema Corte, um de seus ministros nominalmente,
Alexandre de Moraes, a democracia e as instituições do
Brasil.
É o tipo de arroubo autoritário que não queremos ver no
país e não queremos voltar ao tempo da ditadura, de
triste memória do nosso país.
Doria evitou falar também sobre sua eventual
participação no ato previsto para o dia 12 contra
Bolsonaro, organizado por grupos conservadores como
o Movimento Brasil Livre (MBL), o Livres e o Vem Pra
Rua, mas disse que está analisando essa possibilidade.
Desconversou ainda sobre uma possível articulação
entre os governadores contra Bolsonaro.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
187
Piora do cenário político vai pesar sobre economia, diz Mendonça de
Barros
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
Autor: Lucinda Pinto e Ana Conceição
A piora do ambiente político após a escalada dos
ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Judiciário
durante as comemorações do 7 de Setembro deve levar
a uma deterioração adicional do cenário econômico, o
que pode causar alguma recessão entre o fim deste ano
e o início do próximo, afirma o economista José Roberto
Mendonça de Barros, da MB Associados. Para ele, é
possível ver um crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) abaixo de 1% em 2022. A estimativa atualda casa
é de 1, 4%.
Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da
Fazenda entre 1995 e 1998, Mendonça de Barros diz
que a consequência mais importante é a possibilidade
de uma elevação ainda mais forte do juro básico,
aumentando o custo da dívida e do crédito,
atrapalhando a recuperação da atividade.
Já houve uma piora significativa das expectativas desde
maio, quando o mercado trabalhava com um cenário
mais positivo, calcado em uma visão construtiva da
questão fiscal, das reformas, e de uma expectativa de
que a recuperação seria sólida e acabaria chegando ao
mercado de trabalho, avalia o economista.
De lá para cá o cenário político-econômico se
deteriorou, com revisões para cima na inflação e para
baixo no PIB, reformas mal feitas a toque de caixa,
como a do Imposto de Renda, aprovação de um
Orçamento 'fantasma' e falta de solução para os
precatórios, que agora parece ter ficado mais distante,
já que a 'boa vontade' do STF para construir uma
solução pode ter desaparecido, segundo ele.
Os eventos de terça-feira se somam a esse cenário ruim
e terão impacto sobre as expectativas e as decisões de
investimentos. 'Há uma mudança qualitativa de cenário,
que caminha para uma piora significativa. Não é fora de
propósito ocorrer uma pequena recessão no fim de
deste ano e começo do ano que vem. O sonho de maio
vai se tornar uma miragem', afirma.
Os investimentos, diz, estão parados e devem
permanecer assim até a definição da eleição
presidencial. 'Não tem mais estrangeiro vindo para o
Brasil. Tem gente que já está aqui [investindo], mas não
em escala razoável. A pouco mais de um ano da eleição
o que mais a gente escuta é: Vou deixar para depois de
2022'
Do ponto de vista político, Mendonça de Barros diz que
as manifestações foram consistentes com um
presidente que tem em torno de 25% de suporte da
população. Sem entrar no mérito de um eventual
impeachment, o economista considera que, dada a
deterioração econômica do país nos últimos seis anos,
pouco mais de um ano até a eleição 'parece muito
tempo'.
De certeza, afirma, os eventos de terça-feira apontaram
na direção do fortalecimento de uma via alternativa a
Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
'Acho que todos concordam em uma coisa: a
necessidade de uma terceira via cresceu.' A
consolidação dessa via, diz Mendonça de Barros, deve
acelerar o 'desembarque' de empresários no apoio ao
governo.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Valor: Qual a sua avaliação das manifestações do 7 de
Setembro? O risco político se agravou?
José Roberto Mendonça de Barros: Foram
manifestações organizadas durante dois meses,
relevantes, consistentes com alguém que tem pelo
menos 25% [da população] de suporte, como
demonstrado pelas pesquisas. Na minha percepção,
houve uma mudança de qualidade, tanto no cenário
político quanto no econômico. E, nos dois casos, para
188
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
pior. No caso do cenário político, ficou bastante claro o
peso central de pautas não democráticas. E não dá
mais para encarar apenas como 'um jeito de falar' [do
presidente Jair Bolsonaro]. Isso Significa que temos
algo mais difícil no cenário político. No cenário
econômico também é inequívoco que haverá uma piora.
Valor: Como se reflete essa piora sobre a economia?
Mendonça de Barros: Em maio, boa parte dos analistas
do chamado mercado trabalhava com um cenário muito
otimista, que, resumidamente, tinha três pilares: uma
visão construtiva da questão fiscal, em relação a
reformas, dado o acordo do governo com o Centrão, e
uma expectativa de que a recuperação seria sólida e
acabaria chegando mais fortemente ao mercado de
trabalho. Tendo isso como pano de fundo, o cenário até
o dia 5 de setembro já havia mudado de forma
significativa. A situação fiscal não é nem um pouco
construtiva como se imaginava porque uma parte da
queda da relação dívida/PIB é temporária. A inflação
acelerou, o PIB nominal vai para dois dígitos, e o
estoque nominal da dívida não sobe na mesma
proporção. No ano que vem vai ter um 'catch-up' disso.
A segunda coisa é a arrecadação, que foi espetacular
nesse período, mas isso não se projeta para adiante.
Primeiro, porque o preço das commodities já deu uma
bela acomodada em relação aos picos. Além disso, o
efeito base - que ocorreu porque no ano passado houve
muita postergação de imposto - vai acabar. E porque a
recuperação econômica vai ser muito menor do que se
projetava - um pouco neste ano, bastante no ano que
vem. E houve um corte de despesas gigantesco. A
experiência mostra que, quando se corta despesas
orçamentárias muito além de um certo ponto, sem que
isso tenha alguma reforma como contrapartida, a
pressão no ano seguinte fica insuportável e a despesa
aumenta. E o ano que vem é ano de eleição. Então, o
que aconteceu na despesa corrente não financeira não
vai se repetir na mesma proporção. Quando se soma
tudo ao fato de que a inflação segue sendo maior do
que a projetada pelas autoridades, todos seus efeitos
negativos serão maiores do que se projetava em maio.
Valor: A inflação piora muito o ambiente?
Mendonça de Barros: Como consequência mais
importante, o Banco Central, que no meu entendimento
está atrás da curva desde o ano passado, vai ter que
subir o juro muito mais, aumentando o custo da dívida, o
custo do crédito, e atrapalhando a recuperação e a
atividade. E algo que já era perceptível em maio, mas
que não estava no cenário positivo é o risco hidrológico.
De lá para cá, o cenário vem piorando. É só olhar o
Focus da segunda-feira: a projeção de inflação para
este ano caminhou para 7, 58% e a do crescimento do
PIB recuou para 5, 15%; para o ano que vem, a de
inflação subiu para 3, 98% e a do PIB caiu para 1, 93%.
Então, a gente já tinha antes desses eventos uma
degradação grande desse cenário, um processo grande
de revisão de todas as áreas do cenário: inflação maior
do que o esperado, juro maior do que o esperado, PIB
menor do que o esperado, risco hidrológico e questão
fiscal não vai ser a maravilha que se imaginava. E
adiciono um último fato de que as reformas pararam. O
trator do deputado Arthur Lira [presidente da Câmara]
funciona. Só que está cada vez mais claro que ser
aprovado na Câmara não é garantia de ser aprovado no
Senado. Já tivemos esse exemplo na MP da
minirreforma tributária. E, evidentemente, vai acontecer
isso com a reforma do Imposto de Renda, erroneamente
definido como reforma tributária, e que é um projeto
horroroso sob qualquer critério. Somando tudo isso, já
tínhamos um cenário ruim. Aí acrescentamos os
eventos de terça-feira e os impactos esperados em cima
de expectativas - postergação de investimentos,
incerteza -, tudo isso gera uma mudança qualitativa do
cenário. Não é fora de propósito pensar até em uma
pequena recessão no fim deste ano e começo do ano
que vem.
Valor: E tem os precatórios.
Mendonça de Barros: O que sobra do resultado do
evento de terça-feira é que não sabemos o que o STF
vai fazer, mas a hipótese é que a boa vontade para se
construir uma solução para os precatórios desapareceu.
O Orçamento do ano que vem é um fantasma. E você
não monta Orçamento sem saber o que será dos
precatórios. Aí não dá para saber o que será do Bolsa189
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
Família e do Orçamento como um todo. Então, a política
tem muita incerteza. Mas na economia não tem dúvida,
vai piorar significativamente. Aquele sonho de maio vai
ficar apenas uma miragem.
Valor: A sua estimativa para o PIB de 2022 é de
crescimento de 1, 4%. Existe a possibilidade de ser um
resultado ainda pior?
Mendonça de Barros: Sim. Não é fora de propósito ficar
abaixo de 1%. Não temos estimativa por enquanto, mas
não temos dúvida, falando com clientes, que o viés é de
baixa.
Valor: O senhor acha que essa elevação de tom do
presidente fortalece ou acaba enfraquecendo as
chances do surgimento de uma terceira via competitiva?
Mendonça de Barros: Acho que todos concordam em
uma coisa: a necessidade de uma terceira via cresceu.
Agora, fácil não é. Muita gente se pergunta sobre quem
é o nome. Mesmo que ele porventura existisse, ele não
seria anunciado agora, porque ninguém vai ficar na
chuva sendo erodido esse tempo todo. Logicamente, a
decisão só vai acontecer no começo do ano que vem,
por isso é uma dúvida mesmo. Eu acho que se definir
uma terceira via como um único candidato talvez seja
difícil. Mas se definir um candidato que tem o apoio de
muitos líderes e muitos ex-candidatos, acho que é
possível. Nenhum dos dois polos tem uma proposta que
possa minimamente se apresentar como um cenário de
futuro razoável. E isso aumenta a ansiedade e, ao
mesmo tempo, aumenta a pressão da sociedade para
que o sistema político seja capaz de encaminhar para
uma solução que vai se chamar de terceira via. Acho
que cresceu a probabilidade de uma terceira via. Até
porque já estamos vendo alguns candidatos saindo
oficiosamente da disputa em favor de apoiar outra
alternativa.
Valor: O sr. mencionou recentemente que estaria
havendo um desembarque de empresários, no sentido
de apoio ao governo. Esse movimento deve aumentar?
Mendonça de Barros: Embarcados no governo ainda
existem, é só pensar que alguns empresários pagaram
ônibus para as manifestações. Ainda acho que tem
bastante. Penso que, especialmente na área urbana,
esse desembarque já aconteceu em larga escala. Mas
ele só se materializará em muitos casos na hora em que
aparecer a tal da terceira via.
Valor: Desde ontem aumentou a mobilização dos
partidos políticos em torno de um eventual impeachment
do presidente Jair Bolsonaro. Sob o ponto de vista
econômico, é melhor o impedimento ou esperar as
eleições no ano que vem?
Mendonça de Barros: Acho que não tem resposta a
priori disso. Só que no caso atual, a situação econômica
é ruim. Temos que lembrar que convivemos com a
pandemia e seus custos, ela ainda não terminou. O que
temos hoje, na verdade, é uma crise que começou em
2015, da qual nunca saímos. Emendamos uma crise na
outra. Mercado de trabalho e as pessoas depauperados,
uma situação de piora na distribuição de renda e de
esfarelamento do capital social muito grande. Em cima
disso você põe a incerteza, o medo, os custos
espantosos da covid-19, as sequelas que vão ficar. Ou
seja, há uma situação difícil de ver qualquer tipo de
saída. Olhando dessa forma, pouco mais de um ano é
muito tempo. Não tenho a menor ideia do que vai
acontecer. Estou dizendo o seguinte, está claro que em
maio para muita gente iria melhorar. Agora, de um mês
e meio para cá, e mais hoje do que ontem, está óbvio
para todos: você pode até continuar apoiando o
governo, mas está óbvio que não tem como melhorar a
situação. É isso que talvez esteja começando a mover
os partidos.
Valor: O país vai demorar mais para conseguir alcançar
um crescimento sustentado?
Mendonça de Barros: Há uma diferença do Brasil para a
Europa, os Estados Unidos e a Ásia, que saíram do
buraco da covid para um crescimento que,
provavelmente, será sustentado. Eles saíram com
enorme capex [gasto em investimento]. E nós estamos
saindo disso sem capex, com uma taxa de investimento
medíocre. É muito complicado.190
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
Valor: Os analistas destacam muito as questões fiscais.
Mas, pelo que o sr. tem colocado, a crise vai bem além..
.
Mendonça de Barros: A crise é muito mais profunda,
mais geral. E isso muitas vezes os meninos da Faria
Lima não entendem. Eles acham que o mundo se
resolve ao mover duas pedras e resolver a situação
fiscal. Não é assim que funciona. Acumulamos um
conjunto de questões muito complexas. E, mais que
isso, para sair do buraco, a gente precisa parar de
cavar. Infelizmente o Brasil continua cavando.
Valor: O sr, que tem muito contato com empresários, já
vê adiamento de projetos de investimento?
Mendonça de Barros: Primeiro, há poucos projetos. E os
indicadores são os mais variados. Estima-se que há
US$ 45 bilhões de exportadores estacionados lá fora.
Por que não vêm? Porque é melhor ficar lá fora. Hoje, a
proporção de ativos brasileiros que sai de real e vai para
aplicações internacionais não para de crescer. Não tem
mais estrangeiro vindo para o Brasil. Exceto os
'faiscadores' de ouro, esses que vêm dar uma
bicadinha, ficam dois meses na bolsa e caem fora. Não
é investidor de projetos no mundo real. Tem gente que
já está aqui etc. Mas em escala razoável não tem mais.
A pouco mais de um ano da eleição, o que mais a gente
escuta é 'vou deixar para depois de 2022'. E isso pega
mais que tudo a infraestrutura. Até o ministro [Tarcísio
de Freitas] outro dia concordou que não seria fácil fazer
um road show lá fora [para vender projetos no Brasil].
Não vai ser mesmo.
Valor: E isso em meio ao aumento do juros. . .
Mendonça de Barros: É algo que ainda não assentou
nas pessoas. O dinheiro vai ficar muito caro. Muito caro.
Nós achamos que a Selic vai passar de 8% ao ano. O
dinheiro de dez anos já está acima de 10%. Não vai ter
investimento. O único setor que está numa canaleta
própria é o agropecuário. Está funcionando bem. Ainda
assim essa pancada no juro vai machucar porque tem
muita gente alavancada.
Valor: Como o sr. vê o cenário de crise hídrica?
Mendonça de Barros: É mais um caso em que o
governo sabe e não fez nada. O cenário que eu
conheço para o segundo semestre, mesmo
considerando uma demanda de energia reduzida em
relação ao primeiro semestre, é que o risco de apagão
está em 30%. Historicamente, o risco máximo admitido
nos modelos de simulação é de 5%.
Valor: Problemas no abastecimento estão contratados,
então.
Mendonça de Barros: É certeza que vai ter algum
problema. Até porque todas as usinas já estão em
operação. Se der qualquer problema em novembro, vai
ter falha mesmo, não tem muito escape disso.
Lembrando que neste ano, com as commodities em
alta, os grandes consumidores industriais de energia
elétrica estão totalmente vendidos, no sentido de terem
vendido a produção. E neste ano a quebra da safra de
cana foi espetacular, com a seca e três geadas em
julho. Em 2020, no Centro Sul, colhemos 605 milhões
de toneladas de cana, neste ano 520 milhões e pode
ser menos. Isso significa que quando chegar em
outubro, boa parte das usinas vai encerrar a colheita,
porque não tem mais cana. Não terá mais bagaço de
cana, e elas não vão produzir energia elétrica excedente
para colocar no grid [sistema] a partir de outubro. Isso
pode resultar em 2 Mil MW a menos, que não é nada,
mas na margem, na hora em que estiver faltando, isso
fará diferença e não está na conta do governo esse tipo
de dificuldade.
Valor: Há algum cálculo de risco na oferta de energia
para 2022?
Mendonça de Barros: Não que eu conheça. O consolo
dos economistas são os climatologistas, que erram mais
que a gente. Mas num caso desse é muito complicado
mesmo. Não temos sequer certeza se haverá o
fenômeno La Niõa ou não. É incerto o que será o ano
que vem. Mas só registro que a crise deste ano é uma
redução na margem na hidroeletricidade, que já foi 85%191
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Brasilquinta-feira, 9 de setembro de 2021
Judiciário - Judiciário
[da matriz energética] e hoje é 60% e poucos. Esta seca
é a maior de todas e tem que chover um dilúvio no
verão para recuperar os reservatórios. Não é chuva
normal. Precisamos de dois a três anos de dilúvio. Um
exemplo é o rio São Francisco, que lá atrás esvaziou e
levou cinco anos para os reservatórios do Nordeste
chegarem a 50%. O que significa que a gente vai abrir o
ano, mesmo que não aconteça nada, com uma restrição
que vai valer para 2022 inteiro. É um problema muito
mais grave do que governo está colocando. É um
problemaço que o governo está minimizando.
Não tem mais investidor vindo para o Brasil. Entre os
locais, o que mais a gente escuta é 'vou deixar para
depois de 2022"'
Após o 7 de Setembro, acho que todos concordam que
a necessidade de uma terceira via cresceu. Agora, fácil
não é'
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF
192
Nem impeachment nem golpe no horizonte, diz Jungmann
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
Autor: Ricardo Mendonça
Ex-ministro da Defesa e ex-deputado federal, Raul
Jungmann sustenta que o presidente Jair Bolsonaro, ao
ameaçar o Supremo Tribunal Federal (STF), oferece,
mais uma vez, motivo para o impeachment. Mas, por
razões conjunturais, seu afastamento não está no
horizonte, sustenta.
Jungmann também rechaça a hipótese de embarque de
militares num golpe. A demissão dos três comandantes
e do ministro da Defesa em março, diz, mostrou que
eles não estão disponíveis para isso. Para o ex-ministro,
o atual impasse político só será resolvido, 'a duríssimas
penas', em 2022. A seguir os principais trechos da
entrevista:
7 de setembro
As coisas transcorreram normalmente, o que é ótimo. A
manifestação não foi nem de longe o que se anunciava,
1, 2 milhão de pessoas. A PM calculou um décimo
disso. Mas foi expressiva. O ponto destoante é a fala do
presidente, que incidiu em novas provocações e
constrangimentos em relação ao STF. Novamente uma
ameaça muito clara, inteiramente inadequada,
antidemocrática. Outra surpresa foi dizer que convocará
o Conselho da República.
As ameaças de Bolsonaro
Constitucionalmente, o único remédio para lidar com as
ameaças constantes do presidente é o impeachment.
Não há outra previsão para um presidente que resolve
depredar a institucionalidade, constranger e ameaçar
outros Poderes. Ele já incidiu em vários crimes. Mas a
verdade é que as chamadas condições objetivas para o
impeachment não favorecem. Por conta da pandemia e
porque deixaria o país ainda mais exposto à
polarização.
Oposição dividida
Também não há unidade no seio das oposições. Parte
da centro-esquerda não aceita compor com a centro-
direita - não-bolsonarista. Contrariamente ao que
aconteceu no impeachment de Collor ou na retomada
da democracia. Temos algo mais parecido com o que
ocorreu no processo da Dilma. Ali não houve unidade. E
uma das sequelas disso manifesta-se agora. Outra
coisa que atrapalha é que estamos próximos das
eleições. O cálculo que tem sido feito não é o político,
mas o eleitoral. Não vejo horizonte para impeachment.
Precisaria também de um alinhamento STF-Congresso.
Então não há um 'basta' claro. Há algumas reações. O
empresariado começa a dar sinais, a sociedade se
move, o
STF toma decisões, tem a CPI. Mas se tudo
permanecer nas condições atuais, só vamos resolver
esse impasse, a duríssimas penas, em outubro de 2022.
Golpe com apoio de militares
O golpe clássico latino-americano é o que reúne forças
civis e militares. Isso não tem chance de acontecer. Os
militares não estão disponíveis para isso. E cada vez
menos. Não há outra justificativa para a demissão
inédita dos comandantes do Exército, Marinha e
Aeronáutica e do ministro da Defesa: é porque não
quiseram endossar atos e ameaças do presidente.
Evidentemente, tivemos derrapagens depois disso. Mas
não compromete a análise geral de que os militares não
estarão disponíveis para um golpe.
O método Bolsonaro
O presidente aposta no distúrbio, no conflito, na
radicalização. Aposta, se possível, na suspensão do
calendário eleitoral. Em não aceitar o resultado da
eleição se perder. Aposta no confronto.
Constrangimento a militares
O ministro da Defesa, Braga Netto, é um general da
reserva num cargo político. É preciso separar isso das193
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - STF
instituições militares. As instituições são organizadas
segundo o critério de hierarquia e disciplina. Se o
presidente ordena algo que não está fora da lei, elas
têm de cumprir. Exemplo: o desfile dos tanques [no dia
da votação do voto impresso]. Se o presidente pede ou
aceita sugestão [do desfile], isso não é ilegalidade.
Politicamente é equivocado, antidemocrático. Uma
ameaça simbólica ou real. Mas eles [os militares] não
têm como desobedecer. As Forças Armadas desfilam
em qualquer ponto do
território. Se a ordem não é ilegal, eles vão cumprir.
Envolvimento involuntário
Quem tem falado são os ministros militares, generais da
reserva. É inadequado? É. Mas não falam pelas
instituições militares. No caso da nota crítica à CPI
[assinada também pelos comandantes], a informação
que tenho, não estou dizendo que é oficial, é que o
comandante do Exército estava em voo para Porto
Alegre. Quando chegou lá tinha uma nota assinada. O
que ele vai dizer? Vai desmentir o ministro? Impensável.
Ele pode fazer [uma reclamação] internamente, mas
não para fora. Não sei se os outros comandantes foram
consultados ou só informados. Não é comum uma coisa
dessa, claro que não. Agora, se o ministro bota o nome
e o cara não concorda, ele pede demissão. Vai abrir um
processo? Não.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
194
Empresários veem Bolsonaro mais isolado e retomada econômica distante
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
Autor: Mônica Searamuzzo
O discurso de radicalização do presidente Jair
Bolsonaro, que convocou seus militantes às ruas no
feriado de 7 de setembro e fez ameaças ao Supremo
Tribunal Federal (STF), vai deixá-lo ainda mais isolado
e enterrar de vez as possibilidades de aprovação de
agenda de reformas estruturantes para economia do
país, segundo empresários ouvidos pelo Valor.
'A ameaça de ruptura ficou mais clara. Vai ser um
grande teste ver como a Câmara, o Senado e o
Judiciário vão conduzir essa crise', afirmou Jayme
Garfinkel, presidente do conselho de administração da
Porto Seguro.
Para Pedro Passos, um dos acionistas da Natura, e
Pedro Wongtschowski, presidente do conselho de
administração do grupo Ultra, há uma preocupação
cada vez mais crescente do empresariado, de forma
geral, sobre como a atual crise política vai agravar a
economia.
Com o agravamento da turbulência política,
Wongtschowski vê a retomada econômica cada vez
mais distante. 'Estamos diante de um cenário de
inflação em alta e aumento da taxas de juros. Com a
economia paralisada, as chances de reduzir o
desemprego são mínimas. '
A escalada de agressividade no discurso do presidente,
segundo os empresários, aumentará o risco-Brasil.
Diminuem as expectativas de aprovação das reformas
administrativa e tributária - com o ministro da Economia,
Paulo Guedes, cada vez mais desacreditado pelo
mercado.
Diante das declarações do presidente da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que tentou
contemporizar a crise política e disse ontem que 'é hora
de dar um basta a esta escalada' de conflitos, a elite
industrial não vê ainda muita pressão política para
abertura de um processo de impeachment. No
entanto, não mais descartam esse movimento
totalmente, como há poucos meses.
'Há uma decepção do empresariado, de modo geral,
com os [rumos] do Brasil, que vai se distanciando do
resto mundo', disse o empresário Horácio Piva.
Para ele, Bolsonaro mudou o seu foco de discurso, que
antes estava voltado contra a esquerda, sobretudo
contra o PT, e que agora elegeu como inimigo o Poder
Judiciário. 'Ele está testando o limite da sociedade e
das instituições', observou Piva.
Segundo Piva, não se pode desprezar, contudo, o
número de apoiadores do presidente que foram para as
Tuas.
De acordo com um industrial, que também preferiu não
se identificar, o apoio de Bolsonaro está restrito hoje 'a
um pequeno grupo' e a agenda do presidente 'está
limitada a pautas irrelevantes', citando como exemplo o
voto impresso e armamento da população.
O enfraquecimento de Bolsonaro poderá deixá-lo de
fora da disputa às eleições presidenciais de 2022. 'Uma
discussão sobre um nome para terceira via, neste
momento, fica em suspenso, considerando toda essa
vulnerabilidade pela qual o país passa', apontou
Garfinkel.
O empresariado tem discutido nos últimos meses
nomes que podem chegar competitivos para fazerem
frente à polarização entre Bolsonaro e o ex-presidente
petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Com o agravamento da crise institucional, o presidente
poderá perder o apoio político do Centrão, disse outro
empresário, que também preferiu manter o anonimato.
Para Wanderley Rigatieri, CEO da WDC Networks,
empresa brasileira de tecnologia, que abriu capital na
B3 em julho, o discurso agressivo de Bolsonaro contra o195
Conselho Nacional de Justiça - CNJValor Econômico/Nacional - Política
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Judiciário
STF nas manifestações pró-governo 'foi uma
demonstração de pouco caso com o país'.
'O empresário do setor [de tecnologia] tem problemas
com fornecimento de equipamentos e logística
internacional, que são dificilmente controláveis', disse o
executivo referindo-se à escassez global de
componentes que afeta toda a cadeia de
eletroeletrônicos. 'A gente precisa de um governo que
resolva problemas', afirmou. 'Não precisávamos dessa
crise criada entre os Três Poderes. '
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Judiciário,
Judiciário - STF
196
Passavam por mim e iam direto a um homem, diz 1ª mulher a dirigir
presídio no RS
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Londrina Online/Paraná - Noticias
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Presos
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PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Ao entrar na
sala da direção da Cadeia Pública de Porto Alegre, o
antigo Presídio Central, na parede pintada de preto, à
direita, se vê escrito em giz branco: "Quem está na
trincheira contigo? E ISSO IMPORTA? Mais do que a
própria guerra!!!", atribuída ali ao escritor norte-
americano Ernest Hemingway.
A frase foi escolhida pela major Ana Maria Hermes, 46,
a primeira mulher a assumir a direção do presídio no
Rio Grande do Sul com quase 60 anos de existência,
que na prisão que já foi considerada a pior do Brasil por
uma CPI da Câmara dos Deputados, onde vivem hoje
cerca de 3.400 presos, população maior que muitos
municípios brasileiros.
"Essa frase demonstra a relevância dos policiais
militares, dos servidores que estão aqui comigo. À noite,
quando estou em casa dormindo, são eles que estão
aqui", diz ela.
Sem policiais militares na família, a atual major decidiu
entrar na corporação depois que um colega da
faculdade de direito na Unisc (Universidade de Santa
Cruz do Sul), oficial da Brigada Militar, a PM gaúcha,
sugeriu que ela fizesse o curso de oficiais.
Ela trabalhou por cinco anos na Polícia Civil, mas tinha
admiração pela farda militar e já tinha sonhado em
ingressar no Exército. "Fiz com a intenção de ser a
guardiã das cidades, hoje sou guardiã de uma cidade
diferente".
Na Brigada desde 2005, passou pela Força Nacional e
fez um curso sobre movimentos de massa que a
especializou para trabalhar com os chamados distúrbios
civis, atuando na Copa do Mundo de 2014 e nas
Olimpíadas de 2016.
Ela diz que sempre foi respeitada como mulher e
policial, mas cita como exemplo que, quando estava em
ações nas quais comandava outros policiais, na FN, no
Rio de Janeiro, as pessoas que buscavam informações
ou queriam falar com o responsável no local passavam
por ela e iam direto aos homens presentes.
"As pessoas da comunidade vinham querer conversar
com alguém, passavam por mim, se dirigiam a alguém
masculino, mais forte, e queriam saber quem era o
responsável", conta.
Para a major, ainda persiste a ideia da polícia que use a
força. "Mas essa força não precisa ser violenta, pode
ser através de equipamentos de menor potencial
ofensivo, por isso que mulheres conseguem operar
dentro das instituições."
Sobre os presos, ela diz que, assim como outras
mulheres que trabalham com a população da Cadeia
Pública, reconhece que eles têm respeito.
"Eu já tinha contato com eles na condição de
subdiretora. Eu sempre tive um diálogo transparente, do
197
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Londrina Online/Paraná - Noticias
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Presos
que é possível. Não tive nenhuma dificuldade com
relação a isso, em jargão de cadeia, é papo-reto", afirma
ela.
"Só de estar à frente da Cadeia Pública, já é um desafio
enorme, seja uma mulher ou um homem", afirma o
padre Diego da Silva Côrrea, responsável pela Pastoral
Carcerária na Arquidiocese de Porto Alegre. "Tenho
certeza que a major vai manter o mesmo empenho e
dedicação dos diretores anteriores".
A Cadeia Pública, que mudou de nome em 2017, no
governo de José Ivo Sartori (MDB), é uma das duas
unidades prisionais dirigidas pela Brigada Militar hoje no
Rio Grande do Sul. A corporação assumiu nos anos
1990 depois de uma série de motins e rebeliões no
sistema gaúcho.
A solução temporária de seis meses, porém, já dura 26
anos. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV
Cultura, em 2020, o governador Eduardo Leite (PSDB)
disse que seu governo estava buscando construir novas
unidades para distensionar a pressão no Central e que
elaboravam um plano para substituir os policiais por
agentes penitenciários. "Mas isso vai levar tempo, não
vai ser feito em um ano, dois anos".
A Seapen (Secretaria da Administração Penitenciária),
criada na gestão dele, diz que estuda a questão, mas
não fala em previsões. No ano passado, quando a
chegada da Brigada ao comando do presídio completou
25 anos, a pasta previa o início da retirada dos policiais
em 2022.
"Apesar de haver desvio de função, não há forma de a
Brigada sair. Deverá haver um período de transição,
pois a Susepe (Superintendência de Serviços
Penitenciários) não possui efetivo para substituir", avalia
a juíza Sonáli da Cruz Zluhan, responsável pela Vara de
Execuções Criminais que fiscaliza a unidade.
"O presídio continua com a mesma estrutura em relação
aos itens de salubridade. O que pode ser considerado
um pouco melhor é que, pela logística da pandemia,
houve redução dos presos recolhidos no local em
quase mil presos a menos", avalia ela.
Hoje, a estimativa é de que Cadeia Pública tenha entre
3.400 e 3.500 presos em um espaço com capacidade
de engenharia para 1.824. Dados desta segunda-feira
(6) apontam que 1.989 ds são provisórios, outros 1.459,
condenados.
O local tem uma das primeiras alas para pessoas
LGBTQIA+ criadas em presídios no país e não recebe
criminosos sexuais. A nova diretora explica que isso se
deve ao fato de não ter espaço específico para eles. Ela
calcula hoje a presença de quatro facções criminosas
mais numerosas que as demais.
Essa é a terceira passagem da major Ana Maria pela
unidade, onde teve seu primeiro contato com o sistema
carcerário, há dez anos. A primeira, entre 2011 e 2013,
foi como chefe da sala de visitas. Depois, entre 2018 e
2019, ela se tornou gestora de projetos e recursos
humanos. No ano passado, voltou para assumir a
subdireção.
Em 2013, a OEA (Organização dos Estados
Americanos) expediu medida cautelar pedindo que o
governo brasileiro adotasse medidas para solucionar a
situação caótica do Central. Segundo o governo do
estado, ela ainda é válida.
No ano seguinte, um mutirão do CNJ (Conselho
Nacional de Justiça) recomendou o esvaziamento da
unidade, e um dos pavilhões chegou a ser parcialmente
derrubado pelo governo Tarso Genro (PT).
"Aquela ideia de que estávamos na pior cadeia do país
tinha muito mais a ver com a questão estética,
estrutural, do que com os serviços que o estado levava
até os presos", diz a major. "Não vou dizer que não
temos problemas, mas o status de pior presídio não
condizia com o trabalho de cada servidore aqui".
A juíza Sonáli, que seguiu visitando presencialmente o
local mesmo durante a pandemia, conta que o que
diferencia o Central de outros presídios é o fato de não
possuir celas fechadas, apenas as galerias são198
Conselho Nacional de Justiça - CNJFolha de Londrina Online/Paraná - Noticias
quinta-feira, 9 de setembro de 2021Judiciário - Presos
trancadas, o que acaba possibilitando que sejam
colocados mais presos no local ocupando os
corredores e aumentando o risco de contaminação e
proliferação de doenças.
"Os maiores problemas são as questões de salubridade,
esgotos a céu aberto, caixas d'água abertas onde caem
dejetos de pássaros e baratas, há ratos e contaminação
por sarna, por exemplo", ressalta ainda ela.
Com chimarrão em cima da mesa, a major Ana Maria
conta que, durante a sua gestão, pretende focar em
atrair parceiros para oportunidades de
profissionalização dos presos.
Ela diz acreditar na ressocialização. "A hora que eu
perder a crença nisso, vou entregar essa cadeia e
arrumar outra coisa para fazer. Vou sair daqui com a
ideia de recuperar 100% das pessoas presas? Não.
Mas vamos trabalhar todos aqueles que estiverem em
condições de retornar ressocializados".
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Presos
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Após atos, Bolsonaro discute com ministros como reagir ao STF e à
inflação
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo Online/Nacional - Políticaquarta-feira, 8 de setembro de 2021
Judiciário - Conciliação
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Autor: Jussara Soares, Naira Trindade e Mariana Muniz
BRASÍLIA - Pressionado pelas reações que
condenaram suas falas antidemocráticas nas
manifestações de 7 de setembro, Jair Bolsonaro não
demonstrou disposição em fazer recuos na sua cruzada
contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Em reunião
com ministros na manhã desta quarta-feira, o presidente
discutiu possibilidades de reagir às decisões judiciais e
também demostrou preocupação com a alta da inflação.
Paralelamente, dois importantes aliados de Bolsonaro --
o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o chefe
da Casa Civil, Ciro Nogueira -- foram à Corte para
debater a crise institucional com o ministro Gilmar
Mendes.
Em discurso aos apoiadores no ato em São Paulo,
Bolsonaro disse que não vai mais cumprir
determinações do ministro Alexandre de Moraes,
responsável pelo inquérito das Fake News, e chamado
por ele de "canalha".
No dia seguinte às manifestações, Bolsonaro
demonstrou confiança de que as ameaças de abertura
do processo de impeachment de no Congresso não
devem avançar já que o presidente acredita ter
demonstrado força ao colocar a militância nas ruas. O
presidente então usou a reunião com seus
subordinados para pedir 'humildade'. Incomodado com
as repercussões, o presidente reforçou que não quer
demitir seus ministros, mas que precisa que todos
trabalhem coordenados para solucionar os problemas
que o País vem enfrentando.
A pauta econômica dominou boa parte da reunião
ministerial. As críticas apontadas à condução a
economia pelo ministro Paulo Guedes o deixaram
irritado e não participou do seleto grupo que almoçou
com o presidente após a reunião. O ministro tem sido
alvo de reiteradas críticas por não conseguir conter a
alta da inflação. Para tentar impedir que a popularidade
de Bolsonaro derreta com a crise econômica, um
ministro sugeriu aumentar para R$ 300 o novo Bolsa
Família.
A primeira reunião ministerial após as manifestações foi
uma das mais longas. Em meio às declarações,
ministros fizeram uma pausa para ouvir o discurso do
presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que pedia
um 'um basta' à escalada da crise entre Poderes e se
ofereceu para mediar o conflito entre Executivo e
Judiciário. Sem conseguir acessar o discurso pela
televisão, Bolsonaro e os ministros assistiram às falas
pelo celular.
Leia: Entenda os recados de Fux a Bolsonaro e leia a
íntegra do discurso
Após ouvir, Bolsonaro elogiou o aliado. O presidente
gostou do que considerou de tom respeitoso que Lira
usou no discurso. Em discurso gravado, Lira evitou citar
qualquer possibilidade de impeachment. Em outras
duas ocasiões, também em momentos sensíveis para o
200
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo Online/Nacional - Políticaquarta-feira, 8 de setembro de 2021
Judiciário - Conciliação
governo, o presidente da Câmara citou a figura
alegórica de um 'botão amarelo'. O mecanismo estaria
sendo 'apertado' por Lira: um aviso de que ele poderia
tomar uma atitude drástica.
Ao longo do dia de ontem o clima no Palácio do Planalto
era de tensão principalmente após o discurso do
presidente do STF, Luiz Fux, que afirmou que o
desprezo às decisões judiciais, 'além de um atentado à
democracia, configura crime de responsabilidade.' O
pronunciamento foi visto como um recado que o
governo não terá vida fácil e que, embora Lira tenha se
colocado como uma ponte para conciliação entre
Executivo e Judiciário, não terá êxito.
Entenda: Como Alexandre de Moraes se tornou 'inimigo
nº 1' de Bolsonaro
À tarde, Lira e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira,
estiveram no Supremo Tribunal Federal para uma
reunião com o ministro Gilmar Mendes. Nogueira,
responsável pela articulação política e institucional, não
compareceu aos atos de 7 de Setembro justamente
porque tem tentado atenuar o desgaste em meio à
escalada da crise motivada pelas falas de Bolsonaro.
Interlocutores da Corte ouvidos pelo GLOBO dão conta
que a reunião entre o presidente da Câmara, o chefe da
Casa Civil e o decano do Supremo passou a ser
articulada ainda na terça-feira, após os discursos do
presidente Jair Bolsonaro contra o STF.
Na pauta da conversa entre Lira, Ciro e Gilmar, o
contexto geral de crise institucional que parece ter
subido um novo degrau com os ataques do presidente
ao ministro Alexandre de Moraes e declarações de que
não irá cumprir as decisões determinadas pelo ministro
do STF. Moraes é relator de quatro investigações que
correm contra o presidente dia Corte.
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Os mininistros foram convocados para a reunião do
Conselho de Governo após o presiednte dizer na
manifestação que convocaria o Conselho da República,
integrantes do Palácio do Planalto alegaram que o
presidente se 'equivocou' ao mencionar o colegiado
que, entre outras atribuições, discute 'estabilidade das
instituições democráticas de direito'.
Convocado pelo presidente, o conselho tem a atribuição
de deliberar sobre a decretação de medidas radicais,
como intervenção federal, estados de defesa e sítio,
além de discutir questões relevantes para a estabilidade
das instituições democráticas. Tais instrumentos, no
entanto, precisam do aval do Congresso para serem
postas em prática.
Criado em 1988, o Conselho da República só se reuniu
uma vez, 30 anos depois. Isso ocorreu durante o
governo de Michel Temer para discutir a intervenção
federal no Rio, ocorrida em 2018. Na ocasião, foi
nomeado interventor o atual ministro da Defesa, Walter
Braga Netto.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Conciliação
201
Deputadas denunciam série de suicídios de LGBTs em presídio na
Grande BH
Conselho Nacional de Justiça - CNJEstado de Minas online/Minas Gerais - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Presos
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O 1º Juizado Especial Cível da comarca de Igarapé
determinou que o governo estadual tomasse
providências
Uma série de suicídios na ala destinada à população
LGBTQIA+, localizada no Penitenciária Jason Soares
Albergaria, no município de São Joaquim de Bicas,
Grande BH, gerou denúncias da Defensoria Pública
acerca das condições de acautelamento. Entre janeiro e
junho deste ano, foram cinco suicídios e cinco
tentativas.
Esse foi o tema da reunião realizada pela Comissão de
Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais (ALMG), que começou às 14h30 no Auditório
José Alencar e durou mais de três horas. O
requerimento é da deputada Andréia de Jesus (PSOL).
Depois da denúncia da Defensoria Pública, o governo
estadual anunciou que a unidade passaria a ser
exclusiva da população LGBTQIA+ , que deixaria de
ocupar só uma ala do estabelecimento penal.
A 1ª Vara Cível e Juizado Especial Cível da comarca de
Igarapé determinou, ainda, que o governo estadual
tomasse outras providências, como a contratação de
pelo menos dez profissionais de saúde e assistência
social para a penitenciária.
Pouco mais de dois meses depois das denúncias e das
decisões judiciais, a Comissão de Direitos Humanos da
ALMG discutiu as ações do governo e a situação atual
da unidade.
Para a defensora pública da comarca de Igarapé,
Camila Sousa dos Reis, houve omissão por parte do
estado na preservação da vida destas pessoas. ''Já
havia indicativos de que essas pessoas não estavam
bem e o estado falhou em providenciar saúde às
pessoas privadas de liberdade'', disse.
Ela conta que um companheiro da cela de uma das
vítimas relatou desamparo por parte do sistema
penitenciário ao não atender a pessoa com sinais de
intoxicação. ''Policiais penais não tomaram providencias
para evitar a morte'', disse Camila em audiência. Para
além disso, ela ainda denuncia um descontrole para o
acesso aos medicamentos por parte das detentas.
A vereadora Duda Salabert também participou do
debate. ''Já são pessoas excluídas, marginalizadas.
Muitas das vezes cometem um crime e pagam uma
pena dobrada, uma vez que dentro desses espaços
encontram outros tipos de violência ligada à questão
indenitária'', disse. Duda denunciou ações violentas por
parte dos agentes que integram o grupo de intervenção
rápida que atua dentro do presídio.
Deputadas, membros da OAB, ativistas e defensoria
ainda questionaram a falta de dados relativos à
população LGBT para a realização de consultas
públicas específicas, o respeito ao nome social e a
garantia ao processo de harmonização.
202
Conselho Nacional de Justiça - CNJEstado de Minas online/Minas Gerais - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Presos
O professor Flávio Tófani, idealizador e criador do
movimento Tio Flávio Cultural, aponta a falta de kits
básicos que reflete o abandono por parte de familiares.
''Famílias abandonam por pobreza ou por preconceito.
Elas querem contato com a família e a família não quer.
Precisamos investir em saúde e educação para que elas
não saiam sem perspectiva'', disse.
A Superintendente de Humanização e Atendimento do
Depen-MG, Michelle Tatiane Lopes, afirmou que
medidas estão sendo tomadas pela Secretaria de
Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) como,
por exemplo, disponibilidade de oficinas, ampliação dos
dias de salão de beleza com o objetivo de trabalhar a
autoestima e cursos de especialização.
''Com a ampliação da vacinação, vamos retomar as
atividades presenciais'', explicou. Respondendo aos
questionamentos feitos durante o encontro, ela informou
que a equipe de saúde foi orientada para realizar a
medicação do psicotrópicos de forma assistida.
Ainda de acordo com Michelle, trabalham na unidade 14
profissionais da saúde. Entre eles: dentista, médico,
enfermeiro, psicólogos, pedagogas e outros para o
acompanhamento das pessoas privadas de liberdade.
Na próxima semana, a pasta informou que vai inaugurar
um programa para o atendimento de pessoas LGBTs
com comissão permanente e estudo aprimorado para
políticas específicas para a população.
SEJUSP COMENTA
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e
Segurança Pública (Sejusp), por meio Departamento
Penitenciário de Minas Gerias (Depen-MG), informou
que:
"Administra 188 unidades prisionais em Minas, com
população prisional de aproximadamente 60 mil presos.
Conforme o último levantamento do Depen-MG, de
junho de 2021, há 1.010 indivíduos privados de
liberdade autodeclarados LGBTs em todo Estado.
Desse total, 47 são mulheres trans e 17 são homens
trans.
Minas Gerais conta com uma unidade prisional
exclusiva para o público LGBTQIA+, a Penitenciária de
São Joaquim de Bicas I - Professor Jason Soares
Albergaria. Quando acautelados em outras regiões do
Estado esse público é separado em alas LGBTQIA+.
Homens trans também são divididos em alas
específicas; a unidade prisional referência, em Minas,
nestes casos é a Penitenciária de Belo Horizonte I -
Estevão Pinto.
A classificação é realizada pela Diretoria de
Classificação Técnica do Depen-MG, em parceria com o
Núcleo de Atenção a Mulheres e Grupos Específicos -
NuGE+, a partir de um trabalho minucioso e sistemático,
em que cada caso é analisado individualmente,
respeitando as singularidades dos custodiados e com
atenção às suas particularidades e potencialidades.
O Depen-MG informa ainda que todas as ocorrências de
óbitos são sempre acompanhadas por profissionais da
Polícia Civil, a quem compete a realização de
investigações e laudos periciais técnicos e imparciais.
Os registros de óbitos seguem rigorosos protocolos de
atuação, tanto por parte da Polícia Penal, quanto por
parte da Polícia Civil, que é prontamente acionada
quando qualquer registro desta natureza ocorre em
unidades prisionais. Administrativamente, o Depen-MG
abre um procedimento interno para apurar os fatos.
Todo o processo é sistemático e transparente, publicado
no Diário Oficial do Estado, e envolve o trabalho de
diversos profissionais, unidades e instituições de
Segurança Pública atuantes em Minas.
Por fim, não procede a informação de que os óbitos por
autoextermínio sejam crescentes em unidades
prisionais de Minas. Conforme o último levantamento
disponível, do Sispri/Depen-MG, houve redução de 18%
no número de casos quando comparados os dados dos
sete primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo
período do ano anterior. Foram registradas 22 mortes
por autoextermínio entre janeiro e julho de 2020, em
comparação a 18 nos sete primeiros meses de 2021."203
Conselho Nacional de Justiça - CNJEstado de Minas online/Minas Gerais - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Presos
O que é homofobia?
A palavra 'homo' vem do gregro antigo
%u1F41?%u03CC? (homos), que significa igual, e
'fobia', que significa medo ou aversão. Em definição, a
homofobia é uma 'aversão irreprimível, repugnância,
medo, ódio e preconceito' contra casais do mesmo
sexo, no caso, homossexuais.
Entretanto, a comunidade LGBTQIA+ engloba mais
sexualidades e identidades de gênero. Assim, o termo
LGBTQIA fobia é definida como 'medo, fobia, aversão
irreprimível, repugnância e preconceito' contra lésbicas,
gays, bissexuais, transsexuais, não-bináres, queers
(que é toda pessoa que não se encaixa no padrão cis-
hetero normativo), itersexo, assexual, entre outras
siglas.
A LGBTQIA fobia e a homofobia resultam em agressões
físicas, morais e psicológicas contra pessoas LGBTQIA
.
Homossexualidade não é doença
Desde 17 de maio de 1990, a a Organização Mundial da
Saúde (OMS) excluiu homossexualidade da
Classificação Internacional de Doenças (CID). Antes
desta data, o amor entre pessoas do mesmos sexo era
chamado de "homossexualismo', com o sufixo 'ismo', e
era considerado um 'transtorno mental'.
O que diz a legislação?
Atos LGBTQIA fobicos são considerados crime no
Brasil. Entretanto, não há uma lei exclusiva para crimes
homofóbicos.
Em 2019, após uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão (ADO 26), o
Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os crimes
LGBTQIA devem ser "equiparados ao racismo". Assim,
os crimes LGBTQIA fobicos são julgados pela Lei do
Racismo (Lei 7.716, de 1989) e podem ter pena de até 5
anos de prisão.
O que decidiu o STF sobre casos de LGBTQIA+fobia
"Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa
poderá ser considerado crime
A pena será de um a três anos, além de multa
Se houver divulgação ampla de ato homofóbico em
meios de comunicação, como publicação em rede
social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa
Criminalização no Brasil
Há um Projeto de Lei (PL) que visa criminalizar o
preconceito contra pessoas LGBTQIA no Brasil. Mas,
em 2015, o Projeto de Lei 122, de 2006, PLC 122/2006
ou PL 122, foi arquivado e ainda não tem previsão de
ser reaberto no Congresso.
Desde 2011, o casamento homossexual é legalizado no
Brasil. Além disso, dois anos mais tarde, em 2013, o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou e
regulamentou o casamento civil LGBTQIA no Brasil.
Leia mais: Influenciadores digitais explicam a sigla
LGBTQIA e suas lutas; veja vídeo
Direitos reconhecidos
Assim, os casais homossexuais têm os mesmos 'direitos
e deveres que um casal heterossexual no país, podendo
se casar em qualquer cartório brasileiro, mudar o
sobrenome, adotar filhos e ter participação na herança
do cônjuge'. Além disso, os casais LGBTQIA podem
mudar o status civil para 'casado' ou 'casada'.
Caso um cartório recuse realizar casamentos entre
pessoas LGBTQIA , os responsáveis podem ser
punidos.
Leia mais: Mesmo com decisão do STF, barreiras
impedem a criminalização da LGBTQIA fobia
204
Conselho Nacional de Justiça - CNJEstado de Minas online/Minas Gerais - Noticias
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Presos
Como denunciar casos de LGBTQIA+fobia?
As denúncias de LGBTQIA fobia podem ser feitas pelo
número 190 (Polícia Militar) e pelo Disque 100
(Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos
Humanos).
O aplicativo Oi Advogado, que ajuda a conectar
pessoas a advogados, criou uma ferramenta que
localiza profissionais especializados em denunciar
crimes de homofobia.
Para casos de LGBTQIA fobia online, seja em páginas
na internet ou redes sociais, você pode denunciar no
portal da Safernet.
Além disso, também é possível denunciar o crime por
meio do aplicativo e do site Todxs, que conscientiza
sobre os direitos e apoia pessoas da comunidade
LGBTQIA .
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - Presos
205
Lira dá luz alta para Bolsonaro e reafirma confiança na urna eletrônica
Conselho Nacional de Justiça - CNJGaúcha ZH/Rio Grande do Sul - Rosane de Oliveira
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
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Autor: Rosane de Oliveira
A primeira manifestação do presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), depois dos atos do Sete de
Setembro foi pensada palavra por palavra para não
incorrer nos riscos do improviso. O texto lido e gravado
é uma espécie de luz alta para o presidente Jair
Bolsonaro, que na véspera ameaçou descumprir ordens
judiciais e ressuscitou o tema do voto impresso para
sinalizar que, em caso de derrota, não aceitará o
resultado da eleição.
Sem citar o nome de Bolsonaro, Lira fez um apelo à
conciliação e disse que a Câmara quer ser a ponte
entre o Executivo e o Judiciário para dar um basta à
escalada de uma crise que já foi longe demais. O
presidente da Câmara relatou ter esperado até o início
da tarde desta quarta-feira porque não queria 'ser
contaminado pelo calor de um ambiente já por demais
aquecido'.
- Diante dos acontecimentos de ontem, quando abrimos
as comemorações dos 200 anos como nação livre e
independente, não vejo como possamos ter mais
espaço para radicalismos e excessos.
Logo no início, o deputado disse que a Câmara tem
compromisso com o Brasil real, que vem sofrendo com
a pandemia, o desemprego e a falta de oportunidades.
Lembrou que os parlamentares aprovaram o auxílio
emergencial e votaram leis que facilitaram o acesso à
vacinação.
- A casa do povo seguiu adiante com as pautas do
Brasil, especialmente as reformas. Nunca faltamos com
o Brasil. A Câmara não parou diante de crises que só
fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder
oportunidades de progredir.
Também sem mencionar o trecho do discurso em que
Bolsonaro atacou o sistema eleitoral de defendeu 'o voto
auditável com contagem pública', Lira foi cirúrgico:
- Não posso permitir questionamentos sobre decisões
tomadas e superadas como a do voto impresso. Uma
vez definida, vira-se a página
Sem se aprofundar, Lira dirigiu uma farpa ao Supremo
Tribunal Federal ao afirmar que defende o direito dos
parlamentares à livre manifestação e que, pelo princípio
da soberania, cabe à Câmara puni-los quando achar
que 'cruzaram a linha'.
Lira foi mais duro do que costuma ser em suas
manifestações:
- Conversarei com todos, de todos os poderes. É hora
de dar um basta nessa escalada, em um infinito looping
negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um
eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e
passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O
Brasil vê a gasolina chegar a R$ 7, o dólar valorizado
em excesso e a redução de expectativas. Uma crise que
206
Conselho Nacional de Justiça - CNJGaúcha ZH/Rio Grande do Sul - Rosane de Oliveira
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
infelizmente é superdimensionada nas redes sociais.
O presidente da Câmara enalteceu os brasileiros que
foram às ruas e disse que uma democracia vibrante
pressupõe o respeito à opinião do outro:
- Na discórdia, todos perdem, mas o Brasil, a nossa
história tem ainda mais o que perder.
Ao final, voltou ao tema da eleição:
- Vale lembrar que temos a nossa Constituição, que
jamais será rasgada. O único compromisso que temos
inadiável no nosso calendário está marcado para 3 de
outubro de 2022, com as urnas eletrônicas. É nas
cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo
expressa sua soberania.
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Marco temporal não pacifica sequer a relação do Supremo com o agro
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
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Autor: Conrado Hübner Mendes Carolina Santana
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF)
retomou o julgamento do Recurso Extraordinário n.
101.736-35, que decidirá se os indígenas possuem ou
não direito sobre as terras que tradicionalmente
ocupam.
Embora pareça, não se trata apenas de decisão sobre
marco temporal de ocupação da terra (seja lá qual for a
data exata que a criatividade jurídica venha
estabelecer). O STF decidirá se as terras indígenas
serão reconhecidas aos indígenas, como estabelece a
Constituição, ou se, uma vez mais, indígenas padecerão
de um novo malabarismo analítico para impedir que o
artigo 231 seja respeitado.
Levasse mais a sério os direitos indígenas, o Poder
Judiciário sequer teria chegado a este ponto. A
linguagem utilizada pelo constituinte é reveladora das
escolhas protetivas que fizemos enquanto sociedade
naquela ocasião: inalienabilidade, imprescritibilidade e
indisponibilidade são os termos que definem as terras
indígenas no texto Constitucional. A Constituição afirma
serem 'reconhecidos aos índios (?) os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente
ocupam'. O 'reconhecer' para o Direito é diferente do
'outorgar' ou 'conceder'. O conceder obedece à lógica
do doravante; o reconhecer obedece à lógica do desde
sempre.
Levasse mais a sério os direitos indígenas o Poder
Judiciário leria juristas indígenas e saberia que está
acolhendo uma tese que não encontrou solo fértil no
Legislativo, como explica em sua tese doutoral o
advogado Luiz Eloy Terena. Solo fértil que encontrou no
Judiciário, apesar de inconstitucional.
As sustentações orais realizadas pelos advogados do
agronegócio que combate direitos indígenas tentaram
convencer os ministros de que instituir o marco temporal
não desrespeitaria a Constituição. Seria, na verdade, o
contrário: uma oportunidade de pacificar os conflitos
entre indígenas e fazendeiros.
O mesmo argumento foi articulado pelo ministro Ayres
Britto em seu voto na Pet. 3388. Lá afirmou, contudo,
que a tese se aplicava (e 'pacificava') apenas aquele
caso específico, o que se confirmou nos Embargos
Declaratórios.
A ideia de 'equilíbrio' e 'conciliação' entre indígenas e
fazendeiros em prol da segurança jurídica do direito de
propriedade é tão falaciosa quanto dizer que o Brasil
inteiro será demarcado se a tese do marco temporal for
afastada.
Não cabe à jurisdição, quando se discute respeito ou
violação de direito fundamental, a tarefa de pacificar,
compor ou conciliar dois grupos em conflito, nem chegar
a um 'meio-termo'. Há que decidir conforme uma
interpretação convincente do texto constitucional, em
sintonia com a filosofia que inspira o artigo 231 e a
normativa internacional de direitos humanos a respeito,
de força materialmente constitucional,
independentemente de qualquer rito. A polissemia dos
textos jurídicos jamais deve resultar em interpretação208
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diametralmente oposta aos debates travados na
Constituinte.
Seguindo a linha conciliatória, a Procuradoria-Geral da
República (PGR) apresentou uma pretensa 'terceira via'.
O marco temporal, nessa perspectiva, deveria ser
analisado caso a caso e, em sendo comprovado o
esbulho, deveria ser afastado. Duas são as formas
admitidas pelo STF para a comprovação do esbulho:
provar a existência de controvérsia possessória
judicializada à época, ou utilizar circunstâncias de fato.
Até 1988 os povos indígenas eram tutelados e não
podiam judicializar reivindicações; fazendeiros, por sua
vez, também não judicializavam, pois era mais barato
contratar grupos armados para expulsar indígenas da
terra; a Funai, por seu turno, não judicializava, pois era
um braço do Estado responsável por confinar indígenas
em reservas artificiais, abrindo terras para a fronteira
agrícola. Os Terena, da Terra Indígena Limão Verde,
tentaram comprovar esbulho para afastar a tese do
marco temporal que anulou a demarcação de suas
terras, juntando documentos oficiais da Funai que
comprovavam seu desejo de voltar para a terra à época
da Constituição. Os malabares da retórica jurídica
construíram argumento para rejeitar as circunstâncias
de fato (Agravo Regimental n. 803462).
Analisar os direitos territoriais indígenas caso a caso
garante a diversidade. É isso que os indígenas pedem
há décadas. Analisar os direitos territoriais indígenas
caso a caso, à luz da presunção de aplicabilidade do
marco temporal na ausência de prova formalista do
esbulho possessório, é falácia para destituir direitos.
Se, do ponto de vista jurídico, a tese da 'conciliação'
entre violadores de direitos e vítimas de violação de
direitos não é digna de respeito, do ponto de vista
político, o STF enfrenta uma armadilha.
Jair Bolsonaro escolheu o STF como porta de entrada
da ruptura democrática. Seus desafios verbais e
institucionais ao tribunal, que suscitam até mesmo a
hipótese de seu fechamento e de intervenção militar,
precedem sua própria vitória eleitoral. Nesta terça-feira
(07/09), chegou ao ponto de avisar, diante de multidão
na Avenida Paulista, que não mais respeitará decisões
do STF que o desagradem.
Rejeitar o marco temporal, nessas circunstâncias, pode
parecer uma sábia estratégia de sobrevivência. Sob o
verniz da conciliação entre indígenas e fazendeiros, ou
de direitos territoriais de povos originários com o direito
de propriedade, a decisão almejaria pacificação
momentânea entre o STF e o bolsonarismo.
'Pacificar' é fetiche jurídico extremamente moderno e
ocidental. Jesuítas também desejavam 'pacificar'
indígenas no séc. XVI, obrigando-os a se vestirem e a
orar. Utilizar-se da retórica de que a segurança jurídica
da propriedade privada promoverá pacificação de
conflitos territoriais é tão ingênuo quanto isso. Suprimir
direitos indígenas em favor de propriedade ilegítima de
forças neocoloniais não contribuirá sequer para a
sobrevivência do tribunal diante da ameaça
bolsonarista. Mas contribuirá para deixar outra mancha
na história mal-contada do quanto o tribunal, por trás de
decisões canônicas que protegeram direitos
fundamentais, contribuiu outro tanto para a manutenção
da violência e da violação de outros direitos
fundamentais de grupos vulneráveis.
O STF somente pode promover justiça e, talvez, mitigar
conflitos, se abandonar o ideal de pacificação e
negociação. Resolver conflitos com autoridade e bom
argumento jurídico é a síntese de sua responsabilidade
constitucional.
Nossa escolha coletiva, no evento mais extraordinário
de nossa história política - a Constituinte de 1987-88, foi
a de proteger direitos territoriais indígenas. De 1988 até
hoje, quase a totalidade dos processos no STF que
envolvem povos indígenas reavivam os mesmos
argumentos anti-indígenas já superados durante a
Constituinte. O STF tem a oportunidade de colocar um
fim nesse eterno retorno e garantir aos indígenas o
cumprimento daquilo que eles ajudaram a escrever no
texto constitucional.
Conrado Hübner Mendes - Professor de direito209
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constitucional da Faculdade de Direito da USP. Doutor
em direito pela Universidade de Edimburgo, Doutor em
ciência política pela USP.
Carolina Santana - Advogada. Indigenista. Doutoranda
em Direito na UnB. Pesquisadora Visitante do ICS da
Universidade de Lisboa. Assessora Jurídica do
Observatório dos Direitos Humanos dos Povos
Indígenas Isolados e de Recente Contato e Membro do
Indigenous Peoples Rights International no Brasil.
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Conteúdo nas redes: maioria dos líderes é a favor de moderação por
plataformas e Judiciário
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Autor: Érico Oyama João Porto Raquel Alves
Levantamento realizado pelo JOTA com mais de duas
dezenas de lideranças do Congresso mostra que a
maioria dos parlamentares é a favor da autonomia das
plataformas na moderação de conteúdo nas redes
sociais. Essa foi a avaliação de 45,5% dos
entrevistados. Outros 31,8% entendem que a decisão
sobre a remoção de conteúdo deve ser do Judiciário.
Os parlamentares foram confrontados com o seguinte
questionamento: quem deve ser responsável por
remover conteúdos das redes sociais? O porcentual das
respostas foi o seguinte:
Plataformas: 45,5%
Judiciário: 31,8%
Legislativo: 13,7%
Entidade multissetorial: 4,5%
Não sabe/não respondeu: 4,5%
Entre aqueles que responderam que as próprias
plataformas devem fazer a remoção, há a ressalva de
que as regras precisam ser claras. 'Quem deve atuar
frontalmente contra a desinformação são, sim, as
plataformas, prevendo prazos e mecanismos para
negociação, mediação, conciliação e decisões
privadas', defende o líder do Novo na Câmara dos
Deputados, Vinícius Poit (SP), coordenador da Frente
Parlamentar Mista da Economia e Cidadania Digital.
Poit cita como exemplo de êxito nesse quesito o
Conselho de Supervisão criado pelo Facebook. 'Um
conselho independente e composto por 20 pessoas, e
tem por objetivo proteger a liberdade de expressão e
promover a saúde das comunicações online'.
A cobrança por transparência nas ações das
plataformas também foi citada pela deputada Natália
Bonavides (PT-RN), que faz parte do Grupo de Trabalho
da Câmara para discutir o PL das Fake News. 'É preciso
estabelecer regras para que elas realizem essa
moderação de conteúdo, é preciso dar transparência às
decisões das plataformas e estabelecer mecanismos
para que os usuários controlem essa ação nas
empresas', afirma.
Vice-líder do Podemos no Senado, Oriovisto Guimarães
(PR) entende que as plataformas devem agir de forma
imediata quando se trata de conteúdos que infringem
alguma lei. 'Acho que as plataformas devem ter a
liberdade de remover tudo que é obviamente
discriminatório, preconceituoso e que ofendam a lei,
independentemente de parecer do Judiciário', diz.
'Aquilo que já está previsto na lei, que a pessoa não
pode fazer no mundo real vale para o meio virtual, é a
mesma coisa', completa.
Na mesma linha de raciocínio, a deputada Perpétua
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
Almeida (AC), vice-líder do PCdoB na Câmara, defende
a exclusão imediata pelas plataformas de conteúdos
que nitidamente são inadequados. 'Penso que aquilo
que é explícito, como fake news, discurso de ódio,
discriminação, racismo, precisa ser retirado
imediatamente pela plataforma. Outras questões, é
preciso ter outros fóruns', diz.
No entendimento do líder do Cidadania na Câmara, Alex
Manente (SP), somente em casos de ofensas cabe a
ação da plataforma para retirar conteúdo. 'A plataforma
tem que ter responsabilidade nas ofensas, e isso tem
que ser vetado. Na minha opinião, a plataforma tem
responsabilidade, porque é através dela que as ofensas
são divulgadas', avalia. 'Em relação a mentiras, é muito
difícil você dar à plataforma a responsabilidade. Eu acho
que mentira e fake news, você só consegue coibir com
a Justiça. Para isso, tem que responsabilizar o líder da
propagação da notícia'.
Aprovômetro: Ferramenta que prevê as chances de
aprovação de proposições legislativas que tramitam no
Congresso Nacional. Confira!
Um caminho do meio, com moderação compartilhada,
seria o ideal para o deputado Israel Batista (PV-DF),
vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da
Economia e Cidadania Digital. 'Acredito que a
fiscalização nas redes deve ser compartilhada. Em
diversos momentos a nossa sociedade se mostrou uma
aliada no controle às redes sociais, sobretudo no
combate às fake news, aos discursos de ódios', lembra.
'As próprias plataformas também possuem as suas
próprias equipes de análise, e muitas vezes agem em
colaboração com empresas de fact checking', destaca.
'Em casos extremos, o Poder Judiciário também pode
ter o seu papel. Acho que é preciso uma corrente de
atores sociais que garanta a segurança da informação
nas redes'.
Em contrapartida, há parlamentares que consideram
mais apropriado a moderação ficar sob
responsabilidade do Judiciário. 'O Judiciário é o
guardião da Constituição. A internet é livre, mas
encontra esse limite. É um direito de quem tenha
violado seus direitos constitucionais recorrer ao
Judiciário para sustar publicações e buscar a
reparação de danos morais e materiais advindas do
ilícito', diz o líder do PL no Senado, Carlos Portinho
(RJ).
Para a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), uma das
parlamentares mais próximas ao presidente Jair
Bolsonaro, as plataformas só devem agir em casos
extremo, como pornografia, incitação à violência e
violação de direitos autorais. Do contrário, sua avaliação
é que a moderação deve ser do Judiciário. 'Eu, por
exemplo, já tive conteúdos excluídos por ordem judicial.
O que me posiciono contra é quando a própria
plataforma, que é gerida por uma empresa em outro
país, use de sua própria vontade para tirar do ar algo
que entenda não ser viável, sem que haja uma
Legislação do nosso território que oriente a respeito',
diz. 'Isso viola a garantia da liberdade de expressão,
que está garantida pela Constituição Federal'.
Zambelli foi a única parlamentar a responder ao JOTA
ser favorável a um decreto em estudo pelo Executivo
que proibiria as plataformas de removerem conteúdo
sem ordem judicial. 'Enquanto não existe uma
Legislação detalhada e vigente no país que trate deste
assunto, cabe à Justiça, quando provocada, determinar
se o conteúdo deve ou não sair do ar', defende
Zambelli.
Ampla maioria dos parlamentares entrevistados
respondeu ser contra o decreto:
Contra: 86,4%
Favor: 4,6%
Não sabe/não respondeu: 9%
Vice-líder da Minoria no Congresso, o deputado Afonso
Florence (PT-BA), considera o decreto um risco por
abrir brecha à ampliação de discursos de ódio. 'É um
decreto para proteger um crime, um crime cometido por
eles [do governo]. Isso não é para o bem das redes, no
sentido de aperfeiçoar o uso das redes. É para permitir212
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ataques odiosos, racismo, para liberar para as milícias
sociais', diz.
O deputado Fausto Pinato (PP-SP) também não vê
sentido no decreto: 'Sou contra, tendo em vista que
essa ala radical do governo é a grande responsável pela
desinformação da população'.
Érico Oyama - Repórter em Brasília. Cobre o Congresso
Nacional, Ministério da Economia e temas ligados a
relações institucionais e governamentais (RIG). Antes,
foi editor da rádio BandNews FM e repórter da revista
Veja. E-mail: [email protected]
João Porto - Repórter freelancer em Brasília
Raquel Alves - Analista política em Brasília. Cobre
Congresso Nacional. Passou pelas redações da extinta
Radiobrás, Agência Nordeste, jornal DCI, TV Record e
Agência CMA. Email: [email protected]
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Lira fez concessão indevida a Bolsonaro
Conselho Nacional de Justiça - CNJO Globo - Blogs/Nacional - Merval Pereira
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, foi
cuidadoso demais com o presidente Bolsonaro em sua
fala nesta tarde. Fez uma concessão indevida a ele,
evitou falar do STF e colocou o Executivo no mesmo
nível do Judiciário, o que não é verdade. É o
presidente da República quem ataca o Supremo
Tribunal Federal. Foi muito nobre a ideia dele de achar
que o Congresso será a ponte para um acordo com
Bolsonaro, mas isso já foi rasgado várias vezes. É
impossível qualquer tipo de conciliação com ele.
No entanto, ele passou alguns recados, colocou limtes,
afirmou que não aceita discutir decisões já tomadas
pela Câmara, como voto impresso, e que as eleições
serão digitais, como Bolsonaro não quer. Posso
imaginar que Lira fez um apelo e na próxima vez que
Bolsonaro queimar suas caravelas, a Câmara vai tomar
uma providência. Também não falou em impeachment,
mas certamente está sendo muito pressionado nos
bastidores, e a pressão vai continuar. Kassab já fala
abertamente e os partidos de oposição estão se
articulando. Acredito que muita coisa ainda vai
acontecer, porque não acredito na possibilidade de
Bolsonaro se conter e ele próprio vai fazer com que a
negociação sobre o impeachment cresça, até obrigar
Arthur Lira a abrir um processo.
Ouçam os comentários da rádio CBN:
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Partidos avaliam ação conjunta aos ataques de Bolsonaro ao STF
Conselho Nacional de Justiça - CNJBand (SP)/São Paulo - Jornal da Band
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
Voltando pro Brasil em Brasília a nossa crise o senado
suspendeu as atividades até amanhã em reação aos
ataques do presidente Bolsonaro feitos ao poder
judiciário já o presidente da câmara pregou
entendimento entre os poderes.
Quer dizer foi o presidente da câmara foi direto disse
que não vê mais espaço para radicalismos e colocou a
câmara no papel de pacificador dos poderes esta casa
tem prerrogativas que seguem vivas.
E quer seguir votando e aprovando o que é do interesse
público e estende a mão aos demais poderes.
Para que se voltem para o trabalho encerrando
desentendimentos.
Por fim vale lembrar que temos a nossa constituição
que jamais será rasgada na discórdia todos perdem.
Mas o Brasil a nossa história tem ainda mais o que
perder Artur lira subiu o tom ao afirmar que o voto
impresso citado mais uma vez por Bolsonaro é assunto
encerrado não posso admitir questionamentos.
Sobre decisões tomadas e superadas como a do voto
impresso.
Uma vez definida vira se a página parlamentares da
oposição e o governador de São Paulo criticaram o
discurso de Lira depois dos arroubos depois.
Do afrontamento que tivemos ontem a constituição a
democracia a suprema corte o mínimo que poderia se
esperar.
De um presidente de uma câmera era submeter aos
seus parlamentares dar andamento ao pedido de
impeachment partidos como PDT PMDB e PT e PSB
estuda uma resposta conjunta.
Após uma reunião a executiva nacional do PSDB
anunciou hoje oposição ao governo Bolsonaro e vai
analisar se ele cometeu crime de responsabilidade ao
afirmar que não cumpriria a decisões do ministro
Alexandre de Moraes.
O líder do governo na câmara disse que o presidente
não ofendeu nenhuma instituição presidente não se
referiu ao supremo tribunal federal de deixar referiu ao
ministro Alexandre de Moraes este inquérito que ele.
É está tocando lá onde.
É é vítima é inquisitor e é jogador ele tem um ele é
muito contraditado por toda a classe jurídica inclusive o
presidente do senado ou cancelou a sessão remota
esse reuniões de comissões.
Previstas para a quarta e quinta.
No fim do dia Rodrigo Pacheco se pronunciou disse que
o Brasil vive uma crise real que precisa de união para
ser atacada e defendeu a conciliação entre os poderes
não é com excesso.
Não é com radicalismo não é com o extremismo é com
o diálogo e com respeito à constituição que nós vamos
conseguir resolver os problemas dos brasileiros.
Um dia depois das manifestações pró Bolsonaro hoje
ainda teve tensão em Brasília.
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Ayres Britto: Presidente não quer cumprir a constituição
Conselho Nacional de Justiça - CNJGlobo News/Nacional - Em Ponto
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
Bom a gente retomou a conversa com o ministro Aires
Brito eu estava ia fazer uma pergunta pro ministro
senhor quiser depois da pergunta adotar complementar
também uma o resto da resposta anterior ministro fique
à vontade.
É porque minha pergunta vai em cima do que o senhor
estava explicando né que tudo começa com o legislativo
formule a lei e depois vem o executivo pra executar a lei
e o judiciário como um poder ali é independente
analisasse.
É quem fez a lei e respeitou a constituição e quem está
executando a ler quem está no executivo está
executando de acordo com a lei.
No entanto fala se muito em ativismo judiciário.
Aí eu vou dar um exemplo possuem uma armadilha que
o STF está caindo aqui no Rio de Janeiro tem a linha
amarela uma via expressa cujo pedágio o valor do
pedágio foi determinado pelo Fux foi sugerido pelo fluxo
numa reunião de.
De conciliação.
Não é papel de um presidente do STF determinar o
preço do pedágio mas por que que isso aconteceu
primeiro porque a câmara municipal tinha uma
concessão sob suspeita fez CPI não conseguiu resolver
o problema.
Depois teve um prefeito populista que botou um trator
para passar por cima é dás das cabines de pedágio.
Então você tinha um legislativo omisso você tinha um
executivo populista demagógico ali completamente fora
do padrão.
E a bomba cai no colo do STF aí o STF resolve a
questão ou tentam resolver a questão ditando é o preço
do pedágio e passa a sensação.
De que eu ou é essa ordem primeiro segundo terceiro
não está sendo cumprido que o judiciário um
superpoder.
Eu vou falar também da questão da prisão da segunda
instância caberia ao legislativo e aí senhor me corrija se
eu estiver errado desse esclarecer essa questão fazer
uma lei definitiva sobre isso.
Não quiseram se meter nisso deixe o desgaste por
supremo então o supremo também é não cai na
armadilha do ativismo judiciário.
Quando ele não denuncia a passividade do legislativo
ou a passividade do executivo.
Ben.
Muito bem Otávio vou responder ao tentar responder.
Mas eu estava dizendo não é que nas coisas do estado.
Quem entra primeiro nas quatro linhas do campo.
E o legislativo depois do executivo e entra um terceiro
que é um juiz é o árbitro desse jogo.
Quer o poder judiciário que tanto decide
monocraticamente.
Por exemplo o ministro Alexandre de Moraes.
Podre de tomar decisões singulares.
Unipessoais.
Quanto decide o poder judiciário fracionamento seja
por suas turmas suas câmaras conforme o caso como
plenamente não é pela sua totalidade pela totalidade
dos seus membros no caso do supremo são onze
ministro.
As regras do jogo são esses.216
Conselho Nacional de Justiça - CNJGlobo News/Nacional - Em Ponto
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
Os dois protagonistas.
E o árbitro e o árbitro não é o poder executivo no Enem
não é nenhum poder.
Legislativa a não ser que a matéria comporta e uma
nova lei sobre o tema não é sobre ela mesma.
Quanto ativismo Otávio é bom lembrar o seguinte o
ativismo.
Significa o poder do judiciário e além do que pôde.
Ele deixa de ir.
Aplicar.
Uma norma pra ele ditar a norma do caso concreto.
O judiciário tem que desentranhada norma geral em
pessoal abstrata das leis o conteúdo os conteúdos
dessas normas gerais em pessoais e abstratas.
É um trabalho de descrição não é de criação.
Porém é preciso não com e o judiciário não pôde fazer
isso.
Porém é preciso não confundir ativismo pró atividade
interpretativa às vezes o judiciário desentranhe da lei
desata.
Das leis conteúdos.
Que o público leigo não percebe.
É preciso ter formação técnica científica experiência
jurídica vocação.
Para fazer a lei render normativamente.
Isso se chama pró atividade se o judiciário não pôde ir
além.
Da norma geral a aplicar a interpretar e aplicar ele
também não deve ficar aquém.
Quando ele vai além.
Incide em inconstitucionalidade.
Isso é ativismo e se usurpação de função legislativa
mas quando ele fica aquém do potencial normativo da
lei.
Ele a mesquinha sua própria função.
E o direito podendo cumprir por exemplo mas de uma
função cumpre apenas uma.
O direito tem é nas leis.
Possibilidades de.
Produzir efeitos é preciso exaurir essas possibilidades
isso se chama pró atividade interpretativa.
E a constituição Otávio habilita também ao judiciário a
atuar naqueles casos em que faltam lei.
Por exemplo quando se trata de direito fundamental.
Daí o mandado de injunção.
Daí a ação direta de inconstitucionalidade por omissão
legislativa.
A própria constituição habilita em matéria de direitos e
garantias fundamentais o judiciário a preencher esses
vazios de normatividade quando direito fundamental
deixa de ser exercida a falta de norma regulamentadora.
A constituição diz que essa lacuna pode ser preenchida
com matado.
Não seja por mandado de injunção quem vai julgar o
judiciário seja apuração direta de inconstitucionalidade
por omissão.
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Conselho Nacional de Justiça - CNJGlobo News/Nacional - Em Ponto
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
Quem vai julgar o poder judiciário isso faz parte das
regras do jogo.
Além da conciliação que o judiciário pode conciliar as
partes.
Passar então ministro muito obrigada pela presença do
senhor aqui nos ajudando a entender que que você
pode o que que nos posto que diz a constituição nesse
momento crítico.
Para datar rapidamente o árbitro é quando o ministro
decide monocraticamente o senhor já pode colocar na
tua imagem o var que aí é quando o colegiado.
Muito bem muito boa analogia perfeita para um abraço a
todos obrigado pela honra da do convite.
Pró atividade notável aqui um abraço senhor até até a
trouxe.
Para ela a pró atividade que ele estava falando da
minha escapou agora é Freud e dez.
Potável vamos lá vamos falar sobre o assunto anterior a
gente teve esse probleminha de conexão com o ministro
mas vamos resgatar então essa discussão sobre.
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STF retoma Sessão Plenária por videoconferência sobre o marco
temporal
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
Ministros retomam hoje o julgamento do recurso
extraordinário que trata do marco temporal para a
demarcação de terras indígenas. A sessão será
retomada com os votos dos ministros.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
219
STF recebe apoio após ameaças feitas pelo presidente Jair Bolsonaro
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
O Supremo Tribunal Federal e seus integrantes
receberam manifestações de apoio depois das ameaças
feitas por Jair Bolsonaro neste feriado da
Independência. Nos discursos a apoiadores tanto em
Brasília quanto em São Paulo, Jair Bolsonaro atacou o
STF, em especial os ministros Alexandre de Moraes e
Luiz Fux, e avisou que não vai cumprir decisões
judiciais.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
220
Senador apresenta ao Supremo notícia-crime contra o presidente Jair
Bolsonaro
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
O senador Randolfe Rodrigues apresentou ao Supremo
uma notícia-crime contra Jair Bolsonaro. O parlamentar
quer que o presidente da República seja investigado
pela prática de crimes de atentado contra a ordem
constitucional, o Estado democrático de direito e a
separação dos Poderes. De forma específica, a ação
pede a abertura de inquérito para apurar grave ameaça
ao livre funcionamento do Judiciário e o uso de recursos
públicos para financiar atos antidemocráticos. Também
pede investigação sobre eventual financiamento das
manifestações de 07 de setembro e suposta utilização
indevida da máquina pública em favor desses atos.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
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Desprezo às decisões judiciais por chefe de Poderes representa atentado à
democracia
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
A respeito da afirmação de Bolsonaro de que não mais
cumprirá decisões do Supremo Tribunal Federal, o
presidente da Corte lembrou que o desprezo às
decisões judiciais pelo chefe de qualquer dos Poderes,
além de representar atentado à democracia, configura
crime de responsabilidade a ser analisado pelo
Congresso Nacional.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
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Ministro Luiz Fux convoca líderes do país para enfrentar as dificuldades
imediatas
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
Para o ministro Luiz Fux, o verdadeiro patriota não
fecha os olhos para os problemas reais e urgentes do
Brasil. Pelo contrário, procura enfrentá-los, tecendo
consensos mínimos entre os grupos que naturalmente
pensam diferentes. O presidente do Supremo Tribunal
Federal concluiu o pronunciamento convocando os
líderes do país para enfrentar as dificuldades imediatas.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
223
Presidente do STF rebate discursos do presidente da República
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
Em pronunciamento nesta quarta-feira (8), na abertura
da Sessão Plenária, o presidente do Supremo Tribunal
Federal, ministro Luiz Fux, rebateu discursos do
presidente da República, Jair Bolsonaro, realizados em
Brasília e São Paulo durante manifestações no feriado
da Independência do Brasil.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
224
Ministro Luiz Fux fala sobre as manifestações que ocorreram no 7 de
setembro
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz
Fux, afirma que, infelizmente, tem sido cada vez mais
comum que alguns movimentos invoquem a democracia
como pretexto para a promoção de ideias
antidemocráticas.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
225
STF julga liminar contra a tramitação do novo Código Eleitoral
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
Ministros do Supremo Tribunal Federal julgam liminar
contra a tramitação do novo Código Eleitoral. Um grupo
de parlamentares argumenta que a proposta reúne em
único ato normativo toda a legislação referente ao
processo democrático, inclusive o atual Código Eleitoral.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
226
Partidos questionam MP sobre remoção de conteúdo das redes sociais
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
Supremo Tribunal Federal recebe cinco ações
ajuizadas por partidos políticos contra a medida
provisória que restringe a exclusão de conteúdo e de
perfis de usuários das redes sociais. A norma foi
assinada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro,
e altera dispositivos do Marco Civil da Internet e da Lei
dos Direitos Autorais.
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
227
Ministros do STF retomam julgamento de recurso da Funai
Conselho Nacional de Justiça - CNJTV Justiça/Rio de Janeiro - Jornal da Justiça 2ª Ediçao
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - STF
Ministros do Supremo Tribunal Federal retomam
julgamento de recurso da Funai que questiona o uso do
marco temporal na demarcação de terra indígena. O
relator, ministro Edson Fachin, deu explicações
preliminares sobre seu voto, que deve ser apresentado
amanhã (9).
Assuntos e Palavras-Chave: Judiciário - STF
228
Especialistas comentam sobre as manifestações de sete de setembro
Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
Um beijo tática Fernanda até amanhã votadas o vince e
aí às três horas e quinze minutos agente trouxe uma
grande dupla aqui por nós.
Sem dúvida tiveram seu ápice no dia de ontem com
falas e comportamentos golpistas do presidente da
República e a reação dos demais poderes a gente vem.
Acompanhando desde então estão conosco professor
de direito constitucional da Fundação Getúlio Vargas em
São Paulo coordenador do centro de pesquisa supremo
em pauta Rubens Glésia Rubens bem vindo.
A de Fernando Marques todo bom o prazer é um abraço
todos ouvintes Marcos é um marcos nobre professor de
filosofia da única up presidente do centro brasileiro de
análise e planejamento Sebrae bem vindo Marcos.
Obrigado Tatiana prazer estar aqui com vocês falando
com todo mundo apesar do assunto ser grave.
É um prazer conversar com vocês sempre estaríamos
sempre melhor se estivéssemos numa mesa de bar não
é mesmo falando despretensiosamente sobre o país
porém estamos aqui nesse estúdio CBN falando muito
sério sobre assuntos sérios e muito preocupantes.
Que a gente tem observado desde ontem eu é Maria
Cristina nos ajudou um pouco a organizar as coisas
porque muita coisa né desde ontem não sei nem
exatamente por onde começar com vocês é que
começa a fé eu falei tanto com Maria Cristina.
Vamos começar com o fato de ontem de bus de
Bolsonaro dizer textualmente que não cumprirá mais
decisões do STF insuflou a população contra o ministro
Alexandre de Moraes.
Outra coisa ou a máquina pública para se locomover do
jeito que se locomoveu ontem pelo Brasil e participou de
dois atos é Rubens Cleder o que dizer sobre esses
pontos pode não cumprir mais decisões do ministro
Alexandre de Moraes.
Bom é acho que não é novidade pra ninguém que é
crime de responsabilidade não é a.
Quando a gente fala quando a lei de impeachment de
responsabilidade fala no seu artigo sexto que são
crimes de responsabilidade contra o livre exercício dos
poderes legislativo judiciário.
Os seguintes Liz está o seguinte usar de violência uma
ameaça para constranger juiz o jurado a proferir ou
deixar de proferir despacho sentença o voto ou fazer ou
deixar te fazer uma tem seu ofício.
Ou é terça diretamente e por fatos ao livre exercício do
poder judiciário obstar por mês violentos o efeito dos
seus atos mandados ou sentença você está aí são
jovens.
Eu tô é a lei de impeachment perfeito na lei mil e
setenta e nove de cinquenta então assim não insistir
dúvida nenhuma de que.
Essa ameaça aberta nem um pouco disfarçada é mais
um que os tantos a crimes de responsabilidade do
presidente e nisso há algo te falar data correta a
questão do processo de impeachment.
E acertar os poderes os limites do poder do presidente
da câmara dos deputados pra sentar por tempo
indeterminado nos processos de impeachment é o que
merece resolvido com urgência o supremo teve duas
oportunidades de rever isso.
E nos dois casos foram ignoradas eu acho que mais
forte do que uma nota de repúdio é reajustar as
relações de poderes entre executivo e eles batem e aí a
partir disso quando a gente ouve.
A figura que pode processar o presidente inclusive por é
crime de responsabilidade que é o procurador geral da
República.
229
Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
É dizer fazer um discurso absolutamente genérico é
Maria Cristina é pelo menos assim interpretou né
concordou eu entendi que foi um discurso muito
genérico caberia hoje caberia como.
Em qualquer outro dia da nossa é tão Kobayashi da
democracia então exalta a democracia.
É fala sobre a harmonia entre os poderes harmonia
institucional equilíbrio entre os poderes é tudo isso com
a gente está buscando aqui não é nada disso que a
gente tem visto aqui e ele nem citou crime de
responsabilidade nem citou a possibilidade do
presidente.
Ter cometido o crime de responsabilidade algo que está
sob a responsabilidade dele não Rubens.
Na prática é exatamente o que ela não é só neutras
genérico no contexto foi um balde de água fria na
fervura ele fala do ministro presidente Luiz Fux aqui.
Pra quem é da política é leve mas pra quem é do
mundo jurídico é muito pesado foi super assertivo não
costuma ser assim foi crime de responsabilidade essa
corte não foi fechado é inadmissível.
Não é muito claro na sua fala fala da.
Procurador geral da República veio colocou uma fala
que é ambígua e que permite responsabilizar o STF tem
quando se fala assim olha não está sendo respeitada a
harmonia dos poderes Helga e precisa responder bom
quem não estava respondendo e aí entra um pouco
nessa.
É nesse aspecto muito problemático de uma cultura
jurídica que respeitosa demais que numa situação como
aquela o presidente tinha que perguntar mas quem está
ofendendo somos nós.
A cultura jurídica que é respeitosa demais que numa
situação como aquela o presidente tinha que perguntar
mas quem está ofendendo.
Mas não somos nós que tem de creme de
responsabilidade o que o senhor acha que aconteceu
ao senhor PGR já temos o senhor aqui é e perguntar
porque daí fica uma troca de elogios um cinzeiro no
final.
Que pra quem assiste fica com o Wade de encenação
que aquilo não é importante que não é grave então
achei muito infeliz todo episódio da fala e o que se
seguiu à ela.
Marcos nobre vou pegar só uma fala que é de Luiz Fux
pra dizer que ninguém fecha essa corte que recado é
esse.
Você é ou ou ou o recado a ele dizer olha não vamos
ser intimidados.
Certo aqui é muito importante mas se a gente foi pegar
tudo que o Rubens falou.
No fundo os dois guardiões do presidente estão lá
filmes.
O Artur lira não falou em nenhum momento do crime
não falam em um momento impeachment e o Augusto
aras de uma uma aula de Pedro primeiro ano de
faculdade de direito.
Sam.
É que qualquer faculdade de direito em qualquer ano
sabe ao certo a aula como inclusive então é o que que
que é o recado um recado é olha.
O STF não vai entrar.
É nesse jogo o STF não vai participar.
Dessa palhaçada foi isso que o ministro Fux disse.
Sabe ao passo que o presidente do poder legislativos
de skip topa participar.
E o procurador geral da República disse não nem viu230
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
nada por isso ele não se manifestou então acho que foi
muito significativo inclusive é o fato do presidente Fux.
É ter se esquecido do procurador geral da República
mas vocês vocês vilões mas é que sei lá eu vou
desculpe eu devia ter passado a bravo porque das duas
uma só vez ou você não pertence a isso do que no
fundo está dizendo ou então você não tem nada a dizer.
E você vai atrapalhar o momento grave é da república
está certo então acho que tem esse sentido a falam
como disse Rubens assertiva dizendo nós não vamos
participar do cambalacho.
Sam.
Eu perguntava pra Maria Cristina se a gente está a
exemplo do que acontece com nosso meio ambiente.
E se aproximando.
De um ponto de não retorno.
Porque o presidente da câmara falou.
Em conciliação.
Já já passou talvez é justamente o é um erro que eu
ouço e fico mas ele está falando exatamente do que
como haras hoje ouvir o procurador geral da República
falando parecia que ele estava falando de um país.
De outro país de um país com uma democracia ainda
um pouco mais estruturada do que está nossa quer
dizer a que a que distância a gente está do ponto do
não retorno democraticamente é quando a gente olha
pra nossa democracia Marcos.
Não olha só eu ou o barco golpista já partiu.
Agora.
É nós não vamos deixar ele arrastar o país.
Essa é outra história.
Agora que partiu partiu nunca o que não tem volta.
É o o cronômetro lado não gozaram em relação ao
golpe.
Ele ligou contagem regressiva do golpe.
Está bem.
Então é ligada sou tão assim é assustador mas ontem
sete de setembro foi só o começo.
Ligou o reloginho.
Certo nós vamos ter vários momentos ainda é que nós
vamos ter que ser firmes.
Eu até que a gente consiga Pará é essa bunda nós
quem a gente acabou de ouvir os presidente dos
demais poderes pratas nós democratas nossa
sociedade nós instituições e a parte das instituições que
estão comprometidas.
Com a democracia brasileira.
Então é é claro que.
Você é não pode permitir.
É que isso avance é sempre uma reação da sociedade
então assim qual que é a reação da sociedade.
A reação da sociedade é cobrado às instituições.
Quis homem.
O presidente da República.
Aí você tem que se cobrar como é que se isola para
entender.
Primeira coisa é impeachment.
Isso é isolar a extrema direita brasileira está certo e é231
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esse o objetivo tem que ser um objetivo.
Pactuado entre todas as forças do campo democrático.
É o o marcos nobre deu uma entrevista grande e
profunda e e ampla pra folha de São Paulo ontem.
Saiu ontem o rebanhão exato você falava um pouco
sobre isso.
O que a gente tem visto desde que Bolsonaro foi eleito
é uma bateção de cabeça sem fim.
E Bolsonaro e a extrema direita é obviamente não se
aproveitam dessa bate bateção de cabeça pra ir como
você disse avançando o barco golpista ou para pra
para.
Parafrasear o ex ministro ir.
Passando a boiada é.
O que que vai precisar acontecer pra que os
democratas acordem e façam algo efetivo.
Pra parar o barco golpista na sua visão.
Já aconteceu aconteceu ontem.
E ficou muito claro pra todo mundo porque tem um
determinado momento em que não me engana que eu
gosto não funciona mais.
Tá certo hum então vamos fingir que ele não é golpista.
Vamos fingir que ele pode ser controlado.
Que ele pode ser domado que ele pode ser tão com
discurso do presidente da câmara hoje foi o que deixa
comigo que o dono do bicho.
Está certo é mais uma vez todas as vezes porque
porque existem cálculo eleitoral sendo feito.
Que é o seguinte há como não o o adversário do bolso
na hoje o favorito é o Lula se eu fizer alguma coisa
contra Bolsonaro do beneficiando Lula.
Acontece que esse cálculo eleitoral ele parte do
princípio de que haverá eleições.
Ou seja de que a democracia vai continuar funcionando
ou seja até nessa certeza os democratas estão
menosprezando o que está acontecendo.
Exatamente exatamente nessa entrevista pela folha eu
falei olha o campo democrático está jogando
amarelinha.
E o Bolsonaro está construindo um octógono de MMA
que a versão dele das quatro linhas da constituição para
ele se transforma em oito.
E vai matar quem entramos no ringue lá com com ele e
conclamo as pessoas a darem a vida né a há e ele
estimula a violência.
Bem se colocarem ministros do STF dentro do octógono
e baterem uns ministros.
É e é isso que é a democracia do Bolsonaro.
Está certo então ontem aconteceu uma coisa aí você
fala bom é que agora vai não sei.
Mas precisa ter duas coisas primeiro uma clareza de
que não dá pra voltar atrás que foi o que aconteceu
ontem e segundo.
Muita gente na rua.
Muita gente fazendo pressão e dizendo.
Uma minoria que hoje é de vinte cinco por cento mas
pode ser menor no futuro não pode decidir os destinos
deste país.
Muito menos.
Pode decidir tirar de nós a possibilidade de que a gente232
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
decide o que a gente queira tirar da gente a democracia
entendeu.
Isso não é possível não é aceitável uma minoria não
pode se impor a maioria porque como Bolsonaro não
tem maioria o único jeito de se impor.
É por um golpe de força sim sim senhor eu vou te fazer
mais uma pergunta antes do repórter CBN vou pedir daí
pra vocês aguardarem a gente vai voltar e a gente volta
com as questões jurídicas.
Porque não são poucas e são importantes pro Rubens
te surpreender de alguma maneira a quantidade de
gente na rua ontem apoiando.
Essas pautas antidemocráticas é insuflado pelo
presidente da República Marco.
Tem muitos têm muitas comparações possíveis a
primeira comparação é com a expectativa de que eles
tinha comparado com a expectativa foi um fracasso.
Não é comparado com quem lutou pela democratização
do país com quem lutou para que ele teve tivesse
democracia hoje é triste.
É triste ver tanta gente.
Que não se convence de que a democracia é o melhor
caminho.
Sabe é triste porque isso foi uma falha no nosso país.
Nós não termos conseguido convencer as pessoas.
Todas de que a democracia melhor forma de governo é
uma falha nossa mas se elas não acham que elas estão
sendo democráticas apesar de defenderem altas
antidemocráticas eu acho que sei lá de repente o
entendimento nem passa por aí.
Uma parte dela assim porque o problema é que essa
base do funcionalismo que vão dizer é alguma coisa
como um quarto da população o quarto do eleitorado
uma parte dela provavelmente metade algo como
metade é autoritária de verdade.
Assim quer mesmo uma ditadura assim não é
brincadeira.
Então tem muita gente que se foi a rua e que não quer
de fato uma ditadura.
O problema é que quando começa o reloginho do golpe
essas pessoas vão ser arrastadas.
Elas não vão conseguir voltar atrás.
Desde então é uma obrigação do campo democrático
convencer essas pessoas que não são autoritárias mas
estão sendo levadas para um projeto autoritário.
Mas estão sendo levadas para um projeto autoritário.
De que não isso não vale a pena de que elas vão perder
o que elas têm de mais precioso agora tem uma parte
de apoio do russo nada.
Que é o dente é autoritária e nós temos que aceitar isso
também no sentido de que nós temos que lidar com
isso.
Isso faz parte da nossa sociedade e nós vamos ter que
saber isolar a extrema direita brasileira uma coisa que a
gente nunca teve que fazer desde a redemocratização
está certo por quê.
Que ela nunca tinham se organizado nunca tinha tido
uma cara única e muito menos chegada à presidência
da República e levar o centrão então a gente nem
imaginava né que isso pudesse acontecer aqui ou.
Tem agido os de centro inclusive fossem se unir à
extrema direita o centro não é do centro é bem essa é
outra discussão é bem verdade o centrão não é do
centro minhas muletas.
Deixa eu interromper o Marcos um pouquinho a gente
vai pro repórter da CBN e estamos falando sobre o233
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
Brasil gente tá difícil e a gente traz aqui o Rubens
Glésia professor de direito constitucional da FGV e o
marcos nobre.
Presidente do centro brasileiro de análise e
planejamento Sebrae pra.
É colocar as coisas ali nos lugares de acordo com as
visões deles obviamente ajudar agente a entender.
Essa bagunça que virou esse país vamos para o
repórter CBN na sequência a gente vai pra quatro
minutos de informação na sua cidade a gente está
devendo nesse intervalo indo aí e volta com a nossa
dupla na em seguida não sai daí.
Rede CBN top de cinco segundos.
Estúdio CBN.
São três horas e quarenta minutos a gente volta a
conversar com marcos nobre professor de filosofia da
hora em campo e presidente do centro brasileiro de
análise e planejamento Sebrae e com Rubens Glésia
que é professor de direito constitucional da Fundação
Getúlio Vargas.
São Paulo coordenador do centro de pesquisa supremo
em alta eu queria voltar com uma mensagem de ouvinte
que não não é rara.
A que.
O Maicon.
Michel.
Cavalcante.
Gosto do programa mas com todo respeito eu não
concordo com nada que está sendo dito aí está explícito
que vocês escolheram um lado isso faz tempo.
Maicon também faz tempo que a democracia está
sendo ameaçada nesse país e pra gente é muito fácil
escolher um lado porque é nosso dever.
Enquanto jornalista defender a democracia seguimos
aqui com os nossos convidados.
Eu quero voltar a falar do presidente da câmara dos
deputados é eu quero saber de vocês a percepção que
vocês têm mesmo depois da fala dele hoje se.
É os atos golpistas de ontem aumentam ou não a
pressão sobre Artur lira e o cento e vinte seis é pedidos
de impeachment contra Bolsonaro.
Sobre os quais ele está sentado na presidência da
câmara qual é a chance real de lira e considerando
sobretudo a fala dele hoje colocar um deles pra andar
Maria Cristina Fernandes por exemplo disse agora há
pouco esquece.
Enquanto tiver gordura para queimar lira estará lá com o
foguinho aceso pra queimar.
A gordura a quem interessa.
Vou fazer várias eu vou dar esse truque de fazer
algumas perguntas aqui juntas a quem interessa dar
esse ar de normalidade que lira tentou dar na
manifestação dele hoje vou começar pelo Rubens que
faz tempo que não fala aqui com a gente fala Rubens.
Lira e os impeachment.
Ana velha bom acho que a chance real é pouca.
Porque ele tem uma vantagem negocial muito alta é é
uma falha do nosso desenho institucional estar
amparado por uma interpretação equivocada não está
escrito em lugar nenhum que ele tem esse poder sentar
em sim isso foi sem dor.
Tolerado de alguma maneira então eu tenho o poder de
decidir se estão preenchidos os requisitos eu não
deveria te indeferir é só que hoje quando o presidente
da câmara de deputados.
234
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
Use essa prerrogativa pra represar os pedidos o que ele
tem uma.
Constante máquina de negociação até de chantagem do
presidente da República que pode ser utilizada por bem
ou pro mal pra um lado pro outro tanto faz então quando
eu era o mandato da presidente Dilma.
O presidente da câmara Eduardo Cunha usava
explicitamente como moeda de troca para que fosse
interromper esse processo na lava jato à sua
investigação na pressão na nossa comissão de ética.
É pelo que parece das notícias hoje a moeda de troca é
orçamentária.
Orçamentária era o dorso me secretos muitas outras
nesse sentido então parece que o que é necessário é
que nós tenhamos a atores externos.
Que faz um curto circuito que faça um rearranjo que não
veio toda essa concentração de poder que se o
presidente vai escapar de um impeachment qualquer
presidente é porque ele construiu o escudo legislativo
que lhe dá o apoio de pelo menos o texto na câmara
dos deputados.
E no senado federal esse é o desenho é uma é uma
composição com maiorias.
Não é uma composição com uma pessoa que
capturavam então assim é dever do supremo composto
consertar esse erro de desenho Marcos a Maria Cristina
também disse que ele parece o parece a ela um erro de
estratégia.
Da oposição não sentirá pressão.
Em Artur lira e ela até fez menção a próxima
manifestação teremos uma agora.
Você não me engano convite convocada pelos
movimentos que convocaram os manifestações contra a
presidente ex presidente Dilma Rousseau chefe.
É dia doze fez sábados e ela até levantava essa
possibilidade estarei então observando se nessas
manifestações haverá também entre os democratas
como você disse.
É que estão hoje na oposição a esse governo se entrar
em fogo aí não presidente da câmara queria te ouvir
sobre isso.
Então sobre o o presidente Artur lira.
É ele como bem disse Rubens ele cobrou bem caro por
não dar prosseguimento ao processo de impeachment
que é justamente a tal da emenda do relator.
Sobre a qual ele tem controle.
Ou seja verba pública recurso público.
Está certo para ser alocado da maneira como ele bem
entende.
Então você nunca nenhum presidente da câmara
cobrou tão caro.
Pelo pela proteção contra gripe.
Sabe isso precisa ficar muito claro e que portanto ele
tem muito a perder se em processo de impeachment.
Foi adiante.
Mas você diz bom que condições isso acontece isso
acontece você de fato do ponto de vista dos partidos do
ponto de vista da sociedade ficar insustentável a
posição dele.
Uma das coisas que ele se colocou hoje mais uma vez
foi como grande mediador.
Queremos se colocar entre a besta fera que é o
Bolsonaro e o país e dizendo eu vou domar.
Por que que ele teve que fazer isso porque pegou muito
mal no mercado financeiro o que aconteceu ontem a235
Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN
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bolsa despencou.
E o Artur lira ele está lá com seu orçamento secreto
mas ele também está preocupado em ficar bem com o
pessoal da faria Lima.
Então ele tem de fazer o impossível e foi o que ele está
tentando sabe então isso um lado da história o outro
quando se fala da do dia doze é o seguinte é muito
cedo.
Tá então existe um descompasso organizacional.
Entre o projeto golpista e a defesa da democracia.
Projeto com vista está muito melhor organizado.
Muito mais bem organizado.
Do que a defesa da democracia.
Esse descompasso é que precisa diminuir.
Ou seja um campo democrático tem que ser capaz de
se organizar mais rapidamente para poder se contrapor
ao golpe.
Então o ato do dia dois eu diria claro tem que colocar
pressão sobre Artur lira tenho a menor dúvida disso.
Agora eu acho que nós não devemos esperar do ato do
dia doze.
Algo que no caso do ato de sete de setembro bolsa
analista foi preparado durante mais de dois meses.
Certo então essa comparação a primeira e tem uma
coisa que não é só quantitativo organizacional mas é
qualitativa organizacional ou seja que o campo
democrático de fato entenda.
Que as divisões eleitorais tem que ser colocadas de
lado.
Quando a democracia está em risco.
E que não pode ser o cálculo eleitoral.
Aqui vai é fazer com que sentem à mesa ou não pra
negociar uma frente ampla para defesa da democracia
então são várias tarefas.
Mas o tempo.
O relógio o cronômetro contagem regressiva foi iniciada.
E não é dado mas ninguém me ignorar.
Seja pra quem apoia.
Essa bomba que vai destruir a nossa democracia seja
pra quem não apoia.
Certo então voltando à intervenção do do ouvinte do
lixão Micael é não não existe lado quando se trata da
democracia.
Obrigado por este lado está certo é existe a democracia
são o outro lado é não democracia aqui pra gente não
existe porque Adriano Grassi único regime no qual
podem haver lábios.
Não eu eu eu tenho com quem eu tenho falado sobre
isso eu não vejo a hora de voltar a discordar.
Dos meus amigos né dentro do campo democrático sem
ter que ficar a é reafirmando o óbvio né é o básico
básico ponto da onde a gente precisa.
Partir justamente pra ter discussão de ideias diferentes
mais tarde a gente tem que entender que a tática muito
boa é que quem quer destruir a democracia.
Falo em nome da democracia isso.
Então você é em nome da democracia que ataca uma
democracia dizendo que a democracia não é
verdadeiramente democrática e que usa joias e a tarja
de expressão.
236
Conselho Nacional de Justiça - CNJCBN (São Paulo)/Nacional - Estúdio CBN
quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
Exatamente quando mas sabe que esse artifício ele é
muito difícil de desconstruir desculpem interromper mas
mas.
É porque ele ele não é ele mistura de verdade mentiria
do exagero aspectos da verdade então é isso aí
liberdade de expressão por deputado que ameaça
matar o ministro do STF mas por professor em sala de
aula não.
É liberdade pra você tenho a arma aí o povo indígena
pra manter sob não aí não né então é esse e liberalismo
não é que ele não tem nenhuma liberdade é uma
distribuição absolutamente assimétrico e desigual de
liberdade.
A liberdade por ser o de aplicação da lei ela é toda
desigual então esses exageros né e apontando os erros
do supremo tribunal federal os e do sistema partidário.
Que são reais mas exagerando e pra destruir o sistema
acho que é isso que tem que ficar muito claro tem que
ter crítica tem que revisar o sistema mas acho que a
gente tem que desmarcar muito claramente quem quer
revisar pra destruir quem quer revisar pra melhorar a
qualidade.
Jason Hughes de aproveitar e.
A melhorar a qualidade.
Jason Hughes de aproveitar e perguntar o seguinte
Bolsonaro hoje ele é alvo de quatro investigações no
supremo com interferência na polícia federal.
Prevaricação na compra de vacina Covaxin ataque as
urnas eletrônicas aí está dentro do inquérito das fake
news.
E vazamento de dados sigilosos da polícia federal tem
outro no tribunal superior eleitora eleitoral sob ataque
sem provas ao sistema de votação eletrônica está no
chat estava ávido pra gente começar a falar sobre
corrupção fé.
Entende qual deles mais preocupa o deve preocupar
Jair Bolsonaro sem falar nos processos que envolvem
filhos como a rachadura que a corrupção envolvendo o
Flávio Bolsonaro Rubens.
Olha acho que.
O inquérito das fake news é o que mais preocupa.
Porque ele de fato desarticula parece ser o grande
projeto do governo mas estávamos falando que tem que
ter para ter estabilidade equilíbrio entre as instituições
mas que parece equilíbrio da Tam pra ter um governo
que não tem projeto.
Pro país a não ser te imobilizar o sistema de proteção
ambiental atacar por pluralidade na escola no sistema
cultural e armar a população.
Está na falta destes projetos a me parece que algo que
foi realizado tem a ver um ano um aparelhamento e o
enfraquecimento das investigações de controle.
É das desculpe das instituições de investigação e
controle e tudo por meios administrativos e burocráticos
é o MPF foi fragilizado a receita federal foi fragilizada
polícia federal foi fragilizada então é muito difícil.
Ah você construir uma investigação comum aí só que o
inquérito das fake news ele tem total autonomia por
supremo e ele diz mobiliza.
Essa atuação essa coordenação de informações muito
eficiente que tem na internet mas acho que não dá pra
ter ilusão seguinte a uma denúncia criminal contra o
presidente da República ela só anda.
Depois se não for autorizado por dois terços da câmara
dos deputados.
Então existe um equacionamento político muito parecido
com.
Ah o processo de impeachment e depois tenham justa
causa e depois tem todo o trâmite então eu acho que237
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quarta-feira, 8 de setembro de 2021Judiciário - Conciliação
essa esperança que desligar o controle de um executivo
com pretensões autoritárias.
A pro judiciário é uma estratégia equivocada.
Eu acho que nenhum país no mundo uma corte
constitucional conseguiu deter sozinho é isso o que ela
deve fazer e desculpas se estiverem ouvindo a obra do
meu desígnio armas.
E o bom senso de fazer uma obra de se trocar o piso no
meio do nada e então um beijo para os demais.
Hã.
Acho que eu perdi um pouquinho você disse que o
judiciário sozinho não faz isso.
O judiciário não faz então qual é a rota dele habilitar.
Os as outras instituições os governadores o senado a
câmara pra realizar oposição nos outros países em que
a corte constitucional tentou.
Pense sozinho esse braço de ferro elas se de uma
nobre é você precisa ir embora mas eu tenho uma
última questão que é o seguinte é.
Na entrevista que a tarte se referiu na folha você diz que
há três possibilidades de golpe uma via eleitoral pura.
Um golpe antes da eleição e um golpe combinado com
eleição você pode explicar quais são essas
possibilidades.
É o o Rubens também se referiu a isso quando ele
estava falando do regime de liberais e tal é veja é o
autoritarismo dos anos dois mil e dez.
Estilo Hungria estilo os Estados Unidos etc é um
autoritarismo que ganha eleição e vai destruir a
democracia por dentro.
Então se havia puramente eleitoral então é mais ampla
literatura a respeito nas obras.
Têm.
Tem bastante gente já sabe muito isso é e tem as as
duas outras possibilidades que é o seguinte como
horizonte eleitoral por Bolsonaro.
Está cada vez mais distante que dizer a possibilidade de
ele conseguir de fato a reeleição o que ele tem que
conseguir fazer.
É dividir o país.
Ou seja ele tem que conseguir chegar ao segundo turno
e ele tem conseguindo o segundo turno diminuir a
distância pra quem quer que estejam enfrentando
Bolsonaro no segundo turno e que se ele consegue é
uma divisão do tipo quarenta por cento a sessenta por
cento.
Dos votos.
Ele vai dizer o país está dividido e ele não pode ser
unificada único jeito de verificar dar um golpe.
Tem então vou ver você usa a eleição como um
elemento do golpe.
Está certo agora pode ser que não dei.
Porque pode ser que ele não consiga sequer.
Ter condições chegar ao segundo turno e se ele avalia.
Daí que eles são aí você diz bom uma coisa é o
seguinte uma coisa é uma pessoa tentar um golpe.
Outra coisa ela ser bem sucedida nisso sabe até apoio
inclusive.
Isso então precisa ter apoio agora nós temos também
exemplos diferentes aí está nós temos exemplos de
golpes que foram dados pelas polícias.
Não foram dados pelas forças armadas forças armadas238