SANTOS 2021 - Repositorio Institucional UNIFESP

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1 CRISTIANE GONÇALVES DE MATOS PEREIRA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM TERRITÓRIOS VULNERÁVEIS: COM A PALAVRA AS MULHERES DE PERUÍBE, SÃO PAULO, BRASIL SANTOS 2021

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CRISTIANE GONÇALVES DE MATOS PEREIRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM TERRITÓRIOS

VULNERÁVEIS: COM A PALAVRA AS MULHERES DE PERUÍBE, SÃO PAULO,

BRASIL

SANTOS

2021

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CRISTIANE GONÇALVES DE MATOS PEREIRA

SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM TERRITÓRIOS

VULNERÁVEIS: COM A PALAVRA AS MULHERES DE PERUÍBE, SÃO PAULO,

BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

exigência parcial para obtenção do grau de bacharel

em Nutrição, ao Instituto de Saúde e Sociedade da

Universidade Federal de São Paulo

– Campus Baixada Santista.

Orientadora: Maria Fernanda Petroli Frutuoso

SANTOS

2021

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Cristiane Gonçalves de Matos Pereira

Segurança alimentar e nutricional em territórios vulneráveis: com a palavra as

mulheres de Peruíbe, São Paulo, Brasil

Aprovado em: 19/02/2021

PRESIDENTE DA BANCA:

Profa. Dra. Maria Fernanda Petroli Frutuoso

Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletiva

Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Paula Andrea Martins

Departamento de Ciências do Movimento Humano

Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista

Profa. Dra. Maria Angélica Tavares de Medeiros

Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletiva

Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista

SANTOS

2021

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RESUMO

Com o objetivo descrever e analisar a percepção de mulheres em situação de vulnerabilidade

residentes em Peruíbe, sobre a segurança alimentar e nutricional (SAN), foram entrevistadas

sete mulheres residentes de bairro periférico. O grupo relatou dificuldades de manter a SAN em

situações dependentes de políticas públicas e ações de organizações da sociedade civil e, ao

mesmo tempo, um grupo resistente que refere deslocamentos para garantia de alimentos

acessíveis. As mulheres contam sobre dificuldades de acesso a alimentação adequada, consumo

de alimentos ultraprocessados e o poder da indústria e do capital nas escolhas alimentares. Em

meio a pandemia de COVID-19, elas seguem lutando para manter suas famílias, se mostrando

agentes importantes na saúde coletiva da população em vulnerabilidade social.

Palavras chave: Segurança alimentar e nutricional. Vulnerabilidade social. Direitos humanos.

Dedico este trabalho ao meu marido, Luiz Fernando

Pereira, que durante esses anos da graduação foi meu

porto seguro, enxugando minhas lágrima, me levantando

nos momentos de desânimo e confiando que eu serei a

melhor nutricionista.

APRESENTAÇÃO

A ideia de falar sobre mulheres periféricas, surgiu a partir de uma conversa com a Mafe,

como carinhosamente chamamos a Professora Doutora Maria Fernanda Frutuoso, no nosso

primeiro contato para que aceitasse o convite de ser minha orientadora.

O tema Segurança Alimentar e Nutricional é muito impactante e juntar a essa temática

a vida de mulheres periféricas estava completamente alinhado ao trabalho voluntário do qual

estava participando no ano de 2019.

Já estava a mais de seis meses em contato com a mulheres atendidas pelo Instituto

Baobá, em Peruíbe. Levava junto a um grupo de amigas, cestas básicas e sempre organizavamos

rodas de conversas temáticas com as mulheres. Os assuntos tratados estavam relacionados a

alimentação, higiene, cuidados com as crianças. Fizemos ainda uma biblioteca volante onde

havia a troca de livros a cada mês.

Em janeiro de 2020, ainda longe do momento do COVID-19, apresentei um pequeno

workshop sobre confeitaria, minha profissão anterior a nutrição. Das mulheres que foram a esse

pequeno evento, propus o convite para participar dessa pesquisa que me trouxe ao mesmo tempo

tanto carinho e tanta dor. O carinho em ver a força e poder que essas mulheres possuem, e a dor

por notar que muitas vezes elas não percebem seu poder e força.

As entrevistas foram realizadas no ultimo domingo antes do Lockdown. Confesso que

chorei muitas vezes durante o processo de transcrição das entrevistas, pensando em como

aquelas histórias já permeadas de tantas lutas, poderiam esta mais sofridas.

Foi um ano difícil. Escrever o TCC, ler os artigos, ver que aquela realidade não esta

restrita aquelas mulheres, mas atinge um número enorme de mulheres periféricas, tanto no

Brasil como ao redor do mundo, quando 70% das mulheres se encontram em situação de

pobreza extrema, me fez refletir muito sobre o que a nutrição representa para mim.

Lutar contra a industria de alimentos, parece uma utópia de uma jovem graduanda, coisa

que já não sou mais. Nos meus 45 anos de vida, algumas ilusões já foram desfeitas, mas ainda

acredito que a partir do conhecimento podemos mudar o mundo. Sigo determinada a levar

conhecimento sobre alimentação e nutrição, a pessoas, sejam ela de zonas periféricas ou não,

falando sobre comida de verdade, sobre o amor e o cuidado que o ato de cozinhar nos permite

demonstrar, nutrindo não so corpo, mas principalemente almas.

Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar ao meu marido, companheiro de todas as horas, que se

manteve firme ao meu lado. Aos meu filhos pelo encorajamento e paciência. Aos meus pais e

irmãos pelos aprendizados da vida. As minhas queridas “Bananinhas” Ana, Clara, Elle,

Marcella e Sarah que em vários momentos me carregaram no colo. Ao projeto de extensão

Panela Aberta, com a Professora Semirames, onde aprendi muito sobre nutrição. Aos

professores da Unifesp, instituição que me acolheu e me transformou na pessoa que sou hoje.

ARTIGO CIENTÍFICO

Segurança alimentar e nutricional em territórios vulneráveis: com a palavra as mulheres

de Peruíbe, São Paulo, Brasil

Resumo

Com o objetivo descrever e analisar a percepção de mulheres em situação de vulnerabilidade

residentes em Peruíbe, sobre a segurança alimentar e nutricional (SAN), foram entrevistadas

sete mulheres residentes de bairro periférico. O grupo relatou dificuldades de manter a SAN em

situações dependentes de políticas públicas e ações de organizações da sociedade civil e, ao

mesmo tempo, um grupo resistente que refere deslocamentos para garantia de alimentos

acessíveis. As mulheres contam sobre dificuldades de acesso a alimentação adequada, consumo

de alimentos ultraprocessados e o poder da indústria e do capital nas escolhas alimentares. Em

meio a pandemia de COVID-19, elas seguem lutando para manter suas famílias, se mostrando

agentes importantes na saúde coletiva da população em vulnerabilidade social.

Palavras chave: Segurança alimentar e nutricional. Vulnerabilidade social. Direitos humanos.

Abstract

In order to describe and analyze the perception of women in vulnerable situations living in

Peruíbe, under food and nutritional security (SAN), seven women living in peripheral

neighborhoods were interviewed. The group reported difficulties in maintaining the SAN in

situations that are dependent on public policies and actions by civil society organizations and,

at the same time, a resilient group that refers displacements to guarantee accessible food. These

women mentioned about difficulties in accessing adequate food, consumption of ultra-

processed foods and the power of industry and capital in food choices. Even facing a COVID-

19 pandemic scenario, they continue to struggle to keep their families safe, showing themselves

as an important agent in the collective health of the population in social vulnerability.

Key-words: Food and Nutrition Security. Social Vulnerability. Human Rights

INTRODUÇÃO

A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) consiste na “realização do direito de todos

ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem

comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares

promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural,

econômica e socialmente sustentáveis”1. (p.4)

O Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) diz respeito ao acesso adequado,

constante e incondicional, por sua própria liberdade econômica, a uma alimentação adequada e

saudável, nas quantidades e na qualidade que sejam suficientes e garanta aspectos culturais,

uma vida digna em dimensões físicas e mentais, tanto individual como coletivamente2. Desta

forma, a articulação entre as políticas públicas intersetoriais, para além do setor saúde, é

necessária para a garantia da SAN e DHAA aos diferentes grupos sociais.

Políticas econômicas e sociais são fatores de melhoria da SAN de populações, a partir

da inclusão social, geração de emprego e crescimento econômico. Em momentos de crise,

exemplificados pelas recentes políticas de austeridade fiscal brasileira, o caminho se reverte e

situações de violação de direitos, como o DHAA e situações de insegurança alimentar (IA) – e

fome - voltam a aumentar3.

O paradoxo da grande oferta de alimentos com baixa qualidade nutricional e abundante

publicidade contribui para esse quadro. Mortes prematuras, causadas por doenças crônicas não

transmissíveis (DCNTs), são agravadas por condições precárias de SAN4. Com às contínuas

mudanças na modernidade, interesses políticos, econômicos e sociais, camuflam a desnutrição

na sociedade atual, onde a fome oculta, ladeia os excessos na alimentação. Carências

importantes ainda se mantêm como a anemia, ao mesmo tempo que o excesso de peso aparece

de maneira crescente5.

Em 2014 o Brasil saiu do mapa da fome de acordo com a Organização para Nações

Unidas (FAO)6. Entretanto, dados recentes da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)

indicam que 36,7% dos domicílios do Brasil ainda vivem em algum grau de IA, ou seja, são

aproximadamente 85 milhões de brasileiros sobrevivendo na incerteza de realizara a próxima

refeição. A IA grave está presente em 51,9% dos domicílios chefiados por mulheres e mais da

metade se declaram pardos. Das famílias que utilizam benefícios de transferência de renda,

25,7% ainda permanecem em condição de IA grave que é mais prevalente em moradias com

maior número de pessoas, com a presença de menores de 5 anos e de maiores de 60 anos. Uma

constatação da POF muito impactante é que embora estejam em situação de IA, os domicílios

nessa condição gastam um percentual maior da sua renda na compra de alimentos quando

comparados com domicílios em SAN e uma parcela dessa população convive com a falta de

saneamento básico e o uso de lenha ou carvão na preparação dos alimentos7.

No início de 2020, a pandemia de COVID-19 e as consequentes medidas de

contingenciamento que envolveram isolamento social, trouxera, repercussões econômicas com

impacto direto na saúde e alimentação, explicitando as situações de violação de direitos já

presentes, incluindo o DHAA. Tais medidas evidenciaram a precarização do trabalho formal –

e informal que incide diretamente sobre a comida no prato dos brasileiros8.

No mesmo contexto da precarização causada pelas crises política, econômica e de saúde,

cabe pontuar os processos globais que colocam o alimento como mercadoria e que contribuem

para a homogeneização de dietas a partir da indústria alimentícias – que investe em alimentos

ultraprocessados de baixo custo e prontos para consumo e das empresas transnacionais - que

controlam toda a cadeia produtiva de alimentos. O uso dos alimentos básicos como

commodities, o aumento do preço do dólar e a ausência de políticas regulatórias nacionais

resultam na elevação do preço de alimentos como arroz e óleo de soja, impactando diretamente

no poder de compra da população de baixa renda9.

Esta conjuntura ganha contornos singulares nas zonas urbanas periféricas, em cenários

de violação de direitos fundamentais como moradia e trabalho – e ambientes alimentares

inadequados, que contribuem diretamente para a violação do DHAA e SAN e atingem de forma

diferente homens e mulheres4.

A sociedade patriarcal atribui papéis sociais distintos segundo gênero e coloca a mulher

no lugar de responsável pelo trabalho reprodutivo domiciliar, incluindo todas as etapas da

alimentação – aquisição dos ingredientes/alimentos, preparo, limpeza da cozinha e utensílios10.

Nas regiões periféricas vulnerabilizadas, as mulheres assumem o lugar de chefes de

família vivenciando uma dupla jornada de trabalho caracterizada pelo trabalho fora e dentro do

lar, diante da responsabilidade não compartilhada de obter recursos financeiros, de lidar com o

trabalho reprodutivo domiciliar e com a demanda afetiva da família11. Estas mulheres, na

maioria das vezes, trabalham remuneradamente em atividades de cuidado e em trabalho

doméstico, perpetuando o ciclo de manutenção do trabalho reprodutivo feminino12.

O objetivo deste artigo foi discutir as dimensões do acesso aos alimentos e suas

repercussões em SAN em territórios vulnerabilizados, a partir da visão das mulheres residentes

em um bairro periférico de uma cidade litorânea do litoral sul de São Paulo, SP.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa qualitativa a partir da aproximação da realidade, no contexto

de que “a realidade social é complexa, mutável e determinada por múltiplos fatores, como o

político, o cultural, o econômico, o religioso, o físico e o biológico”13 (p.114).

Conversamos com mulheres do bairro do Caraguava, no município de Peruíbe, cidade

da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), SP, Brasil, frequentadoras do Espaço

Cultural Baobá – aqui denominado Baobá, atuante desde 2010 e mantido pelos integrantes e

apoiadores. O Baobá é coordenado por artistas e educadores da cultura popular, naturais de

Pernambuco e São Paulo. Com o intuito de resgatar práticas culturais tradicionais, fomentam

ações com a comunidade incluindo capoeira, música, artes plásticas e danças, em um processo

de preservação e promoção das culturas regionais afro-brasileiras.

Cabe pontuar que os cenários das cidades da RMBS costumam ser apresentados como

locais para veraneio, nos quais a orla é formada por espaços arborizados, com edifícios e

condomínios de alto padrão. A cidade de Peruíbe, de acordo com o Índice Paulista de

Vulnerabilidade Social, está classificada como “vulnerável”, a partir da análise de indicadores

como riqueza, longevidade e escolaridade14. Apesar da melhora nos índices de acordo com Atlas

do Desenvolvimento Humano no Brasil, a situação deste município não reflete a situação dos

demais municípios da Baixada Santista. A Macrorregião do Caraguava é uma das mais

populosas de Peruíbe e é um bairro distante da praia, com moradias insalubres, enchentes

frequentes e dificuldade de acesso à serviços, características comuns aos bairros periféricos da

RMBS. Este panorama interfere diretamente na SAN e DHAA da população feminina.

Foram realizadas entrevistas semiestruturadas que tem como característica

questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da

pesquisa15,16. A entrevista semiestruturada contemplou perguntas referentes ao processo de

aquisição dos alimentos e formas de viver as relações com a alimentação (comensalidade,

habilidades culinárias, recursos), seguindo roteiro pré-estabelecido (anexo 1).

Foram entrevistadas sete mulheres frequentadoras do Baobá e presentes em um dia de

atividades que envolviam alimentação. O tamanho da amostra seguiu os preceitos do ponto de

saturação, a partir das repetições de padrões simbólicos, práticas, sistemas classificatórios,

categorias de análise da realidade e visões de mundo17.

As entrevistas continham perguntas a respeito do entendimento das mulheres sobre os

lugares e preços dos alimentos comercializados no bairro; a produção de alimentos no domicilio

e/ou território, a qualidade da alimentação em suas casas; o recebimento de benefícios

governamentais e a renda familiar; as ações comunitárias do bairro que envolvem a comida; as

tarefas domiciliares relacionadas à alimentação; a consumo alimentar fora de casa e a

possibilidade de mudanças na alimentação que gostariam de realizar.

As entrevistas foram gravadas e transcritas. A análise foi baseada na análise de conteúdo,

incluindo as etapas de: organização dos relatos; leitura exaustiva do material; identificação de

categorias e núcleos de sentido16, tomando como ideia norteadora o conceito de SAN. Foram

identificadas duas categorias: 1. “A gente corre atrás”: estratégias para garantir a compra de

alimentos e 2. Mulheres e segurança alimentar e nutricional.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de

São Paulo, parecer número 3.903.597 de 07 de março de 2020 (ANEXO 1) e todas participantes

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE 1). Para manter o sigilo

das entrevistas foram usadas a sigla M1, M2... M7.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A idade das mulheres entrevistadas variou de 16 e 46 anos, sendo a média de 32 anos.

Das mulheres entrevistadas 58% estavam desempregadas, 28% se declararam dona de casa e

14% tinham emprego fixo. Quanto ao número de filhos, a média foi de 4,5 filhos/mulher, sendo

que três entrevistadas não tinham filhos. Com relação a cor da pele auto declarada, 44% eram

mulheres negras, 28% pardas, 14% brancas e 14% amarelas.

Quadro 1 – Descrição das mulheres entrevistadas, segundo variáveis sociodemográficas.

Peruíbe (2021).

Identificação Idade estado civil cor referida Situação laboral (profissão) N de filhos

M1 16 Solteira Negra Desempregada/estudante 0

M2. 27 Casada Negra Dona de casa 4

M3 19 Solteira Parda Dona de casa 1

M4 46 Solteira Branca Desempregada (faz tudo) 7

M5 44 Solteira Parda Desempregada (cozinheira) 6

M6 43 Casada Negra Desempregada (estilista) 0

M7 34 Casada Amarela Funcionária pública 0

“A gente corre atrás”: estratégias para garantir a compra de alimentos

A disponibilidade, o acesso, o consumo e a utilização biológica dos alimentos são alguns

dos elementos que compõem SAN4. Entre todas estas dimensões, os relatos das mulheres

apontam, predominantemente, dificuldades relativas ao acesso a alimentos devido a renda

instável e às dificuldades de conseguirem participar de programas de transferência de renda.

Uma ideia se repete com a força no discurso das entrevistadas é a de “a gente corre atrás”

(M4 e M5). Em cenários periféricos urbanos a figura das mulheres, em conjunto com outras

minorias vulneráveis, têm cerceados seus direitos fundamentais como saúde, educação, trabalho

e moradia que quando não garantidos atingem diretamente o DHAA4.

Neste sentido, a preocupação com o preço dos alimentos é constante no cenário relatado

pelas mulheres, assim como estratégias para a compra de alimentos a preços mais baixos:

“Vou fazer compras com a minha mãe lá no Mercado Atacadão, a gente

vai de a pé e volta de táxi.” (M1)

“Economizo o máximo possível.” (M3)

“Às vezes você compra o grosso, mas aí pra comprar legumes essas

coisas já é a mais. Eu vou na feira, eu e meu pai, a gente costuma ir no

final da feira, que aí eles dão às coisas que eles não vão vender mais.

Eles doam.” (M5)

“Eu vou pesquisar primeiro os preços. Não é ir no primeiro e comprar.

Se aqui no mercadinho está mais barato um produto eu compro, aí eu

vou no outro está mais caro outra coisa eu vou pro outro, aí eu vou

rodando até achar o que está mais barato.” (M4)

“Quando eu vou fazer compra, já tenho mais ou menos a noção do preço

e compro o que naquele mercado pra mim está num preço legal, e aí os

outros produtos eu vou pro outro mercado. Eu faço meio que uma

pesquisa, tenho mais ou menos uma noção e aí eu vou comprando de

acordo com o preço que eu acho que está justo.” (M6)

Estas mulheres afirmam que buscam os preços mais baratos entre os diversos comércios

disponíveis no território, assim como economizam o máximo que podem para a compra dos

alimentos, o que pode caracterizar a ideia do “correr atrás”. São as estratégias individuais e

familiares para economizar e garantir os alimentos em casa.

Essas estratégias nos contam sobre a situação de IA a que estas famílias estão

submetidas, na medida em que a procura constante por meios de economizar os recursos

financeiros e assim garantir que se tenha o mínimo para o consumo da família é recorrente.

Fazer as compras em mercados atacadistas, buscar o final da feira na expectativa de

receber a “sobra” que perdeu valor comercial como doação dos feirantes ou a pesquisa de preços

nos comércios locais, está entre as táticas realizadas por essas mulheres. Ter consciência do

preço dos alimentos é um recurso importante para efetivamente comprar no local mais barato,

economizando ao máximo os recursos valores disponíveis para a compra de alimentos.

Verduras, frutas e legumes são considerados produtos supérfluos, garantir o arroz com feijão,

“o grosso”, é parte fundamental da estratégia de compras.

Estudos apontam para uma conscientização por parte dos feirantes com relação ao

destino das sobras das feiras. Muitos preferem doar os alimentos que não tem valor comercial,

a fim de evitar desperdício. A maioria prefere realizar a doação a entidades beneficentes, mas

também são beneficiados aqueles que, como algumas das mulheres relataram, pedem as sobras.

Também ocorre destinação para alimentação de animais, daqueles alimentos em pior estado e

impróprios para o consumo ou ainda levam de volta para as próprias casas18.

Estudo de 201719, observou percepção semelhante a verificada nesta pesquisa, quando

constatou que os elementos considerados prioritários na hora das compras são os de maior

necessidade e mais baratos. Essa necessidade é pautada na família e no que a restrita quantidade

de dinheiro possibilita comprar, no caso desta pesquisa, o arroz e feijão segue essa mesma

dinâmica. Essas mulheres assumem a cansativa rotina de busca dos alimentos - a partir do

trabalho que sustenta a casa ou do recebimento de benefícios sociais – que inclui a pesquisa,

compra, utilização e organização dos alimentos nas residências. Importa lembrar que as

mulheres devem cuidar, também, das condicionalidades (vacinação, consultas médicas,

frequência escolar) para permanecerem como beneficiárias de políticas de transferência de

renda.

Quando perguntadas sobre a renda familiar e as condições de trabalho, as mulheres

referem carência de empregos e reforçam a importância dos programas de transferência de renda

neste território, uma vez que o Programa Bolsa Família (PBF) e o Benefício de Prestação

Continuada (LOAS) estão presentes na maior parte das famílias das entrevistadas.

Ainda que os benefícios aumentem a renda familiar e o poder de decisão das mulheres,

com possível impacto no acesso aos alimentos, o fato das mulheres serem beneficiárias recebe,

em certa medida, críticas dos movimentos feministas. A centralidade na mulher pode indicar

um uso instrumental da mulher pelo Estado, naturalizando o papel feminino de cuidadora da

família20.

Cabe mencionar outro aspecto importante que incide sobre o acesso aos alimentos diz

respeito aos sistemas alimentares e aos comércios de alimentos disponíveis no território:

“Tem algumas coisas carinhas, mas é normal. Lá no Atacadão é mais

barato” (M4).

A perspectiva de economizar comprando alimentos em uma rede atacadista implica em

assumir as formas de interferência do capital – e da indústria alimentícia - nos modos de comer.

A grande distância dos pontos centrais da cidade faz com que os moradores dos bairros

periféricos paguem mais caro por produtos comercializados em pequenos varejos, que se

abastecem em grandes atacadistas, sem possibilidades de negociação. Aos valores das

mercadorias são acrescidos os custos do transporte e o lucro dos comerciantes25.

Outro papel exercido pelos grandes mercados é a ordenação do sistema produtivo. Os

consumidores acreditam que compram de acordo com às suas preferências ou condições, mas

esses comércios impossibilitam a variedade alimentar e restringem as escolhas, uma vez que

impedem o acesso de produtores locais às redes de distribuição, aumentam a oferta de alimentos

ultraprocessados e restringem a diversidade de frutas, verduras e legumes25.

Além da preocupação e insegurança quanto ao acesso aos alimentos, as mulheres

referem questões quanto a qualidade daquilo que comem:

“se fosse pra comer saudavelmente assim como a gente tem que comer,

não é boa não, é o básico” (M5)

A falta de acesso a alimentação adequada em quantidade e qualidade resulta em

sobrepeso e obesidade – e comorbidades associadas. A transição nutricional no Brasil trouxe

um quadro onde, apesar da diminuição da prevalência de desnutrição, instala-se a condição de

fome oculta, a partir da ingestão inadequada de nutrientes, especialmente em municípios com

desigualdades sociais mais acentuadas26. Uma alimentação monótona e instável pela

dependência de programas sociais ou assistenciais, com o esgotamento dos recursos ao longo

das semanas, dificulta o acesso a alimentos perecíveis como frutas, verduras, legumes e

carnes27, que contribuem para a melhoria da qualidade da dieta.

O paradoxo alimentar da atualidade envolve a produção suficiente e a oferta crescente

de alimentos, incluindo os ultraprocessados – a abundância alimentar – e condições

concomitantes de excesso nutricional (obesidade) e de IA e fome4. Importante ponderar que no

contexto da pandemia em curso explicita tanto o agravamento das situações de IA, como a

obesidade que pode contribuir para maior risco para complicações da Covid-1927.

No início da pandemia, em março de 2020, as famílias das mulheres entrevistadas

seguiram sendo assistidas pelo Baobá, que normalmente não tem, entre seu rol de atividades, a

oferta de cestas básicas. Somente em junho de 2020, as famílias das mulheres entrevistadas

foram cadastradas no CRAS para recebimento de cestas básicas.

A análise detalhada das entrevistas reforça a presença de fatores de risco para IA, como

cor da pele e renda, como vem sendo apresentado nas pesquisas nacionais. Segundo a POF,

indivíduos pardos e negros estão mais sujeitos a IA e as mulheres são mais suscetíveis a IA

moderada e grave. Pessoas que recebem benefícios de programas de transferência de renda

também fazem parte do grupo de famílias em risco aumentado de IA28.

Mulheres e segurança alimentar e nutricional

Alinhado ao pensamento que trata da naturalização do papel feminino como cuidadora,

as falas da responsabilidade da alimentação foram unânimes entre as entrevistadas, como função

solitária ou compartilhada entre mulheres (com a mãe e/ou filha).

Dessas mulheres, somente três vivem com seus companheiros e referem não contar com

o apoio masculino na alimentação, seja financeiro, na compra dos alimentos, nas tarefas de

preparo da comida – tampouco nas demais atividades da casa ou na busca por apoio no território,

como cesta básica distribuídas em entidades sociais.

Estudos apontam que na maior parte do mundo, a mulher ainda é a responsável não só

pela preparação do alimento, mas também por todas as fases de produção alimentar, tanto nos

ambientes rurais como nos urbanos. Ainda que viva em situações de opressão, é a mulher que

aparece como a principal fomentadora da SAN, bem como parte do grupo vulnerável à IA21.

De acordo com os dados do IBGE/PNAD de 201922, confirmado pelos achados desta

pesquisa, a mulher é a principal responsável pelos afazeres domésticos, que compreendem

preparar os alimentos, arrumar a mesa da refeição, lavar e organizar a louça e a cozinha, bem

como outras ações de cuidado e administração do lar como pagamento de contas, limpeza e

manutenção entre outros. As mulheres representam a maioria das pessoas que são responsáveis

pela execução desses serviços, sendo aproximadamente 15% mais em relação aos homens que

fazem essas tarefas. Dentre os afazeres domésticos a função de cuidar da alimentação é 33%

mais frequente entre as mulheres que os homens.

Os cuidados das pessoas é uma tarefa que permanece sendo considerada

majoritariamente feminina, de acordo com os números apontados pelo IBGE22. A taxa de

mulheres responsáveis por essas tarefas é de 10% maior que os homens, maior entre as pessoas

com faixa de idade entre 25 e 49 anos (provavelmente pelo cuidado dos filhos) e entre negros e

pardos.

As mulheres representam 70% das pessoas em situação de extrema pobreza no mundo.

Isso desmascara a desigualdade de oportunidades às mulheres no mercado de trabalho, mesmo

que a sua jornada de trabalho seja maior do que a dos homens, em se considerando o trabalho

doméstico como essencialmente executado por elas21.

Refletindo ainda sobre a responsabilização das mulheres com relação a alimentação da

família, são elas que buscam o apoio dos Centro de Referência em Assistência Social (CRAS).

As entrevistadas nos contam que não há oferta de cestas básicas para a população em situação

de IA, nem em momentos em que catástrofes naturais, como as enchentes, que ocorrem

anualmente no período de chuvas:

“No dia da enchente a gente foi lá [no CRAS], eu e minha colega, e eles

só estava dando pra quem ficou no abrigo, mas pra gente não.” (M5)

“Não é que não tem. É assim: quando dá enchente a gente lá nos fundos,

que eu moro lá nos fundos, é esquecido. A defesa civil não vai lá. A

gente só pode sair de casa quando a água baixa, e quando a gente corre

atrás do fundo social, não teve doação (eles dizem)” (M4).

O bairro do Caraguava é uma das regiões mais populosas da cidade e tem sido alvo de

investimentos nas áreas de infraestrutura, educação e habitação, segundo informes do governo

municipal. Um conjunto habitacional foi entregue recentemente, mas nenhuma das famílias

deste trabalho foi contemplada, entre às 83 famílias retiradas da zona de risco.

As mulheres entrevistadas reiteram as condições precárias de moradia as quais vivem,

bem como a falta de infraestrutura do território. Além da ausência de apoio da Secretaria da

Assistência Social relatada pelas mulheres, muitos lugares do bairro sofrem com a falta de

iluminação pública e saneamento básico, inclusive o local onde fica o Baobá.

O Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), criado em 2006,

coloca a Assistência Social como um dos setores responsáveis pela garantia da SAN. As

entrevistas corroboram a visão que a provisão pontual de cestas básicas, sem um

encaminhamento do cidadão em suas necessidades de serviços socioassistenciais, se resume a

provisão de alimentos. Com uma oferta irregular e de caráter eventual, acaba por camuflar

violações dos direitos dos cidadãos23.

Além dos benefícios concedidos pelo Estado, uma família conta com a assistência de

uma entidade religiosa onde fornece uma cesta básica de alimentos mensalmente:

“Minha mãe pega cesta básica numa igreja, todo mês eles dão.” (M1)

Entidades religiosas, bem como as organizações não governamentais (ONGs) tem,

historicamente papel importante nas intervenções em situações de pobreza. A Constituição de

1988, colocou a Assistência Social na Seguridade, promovendo uma série de políticas públicas

de direito universal de acesso sob a responsabilidade do Estado. A partir de 1995, as ONGs, por

meio da sociedade civil organizada, passaram a fazer parte do contexto de provisão e apoio

social. Entidades do chamado Terceiro Setor, pois são sem fins lucrativos (entidades religiosas

ou laicas, fundações) oferecem avanços nas condições de vida, educação, saúde, inclusive por

meio da distribuição de cestas básicas, na tentativa de promover melhores DHAA24.

Quando políticas públicas não são bem implementadas e devidamente seguidas pelos

governos em todas as instâncias, o apoio do terceiro setor nas ações de SAN é fundamental,

principalmente quando disponibilizam acesso aos alimentos por doação constante de cestas

básicas ou de refeições prontas para pessoas em situações de risco e vulnerabilidade social.

Considerações finais

O acesso aos alimentos é um dos elementos de SAN e é sobre esse acesso, na verdade a

falta de acesso, que nos falam as mulheres entrevistadas neste trabalho. Em regiões periféricas

há precariedade no acesso à educação, à saúde, à moradia e também à alimentação adequada e

saudável. Com o intuito de atender minimamente as necessidades de suas famílias, essas

mulheres “correm atrás” e promovem a SAN, bem como garantem o DHAA das suas famílias,

quando buscam dentro das políticas públicas ou fora delas os alimentos que atendam pelo menos

ao básico, “o grosso”, para prover dignidade as suas crianças.

A IA é uma companhia constante nas mesas onde alimentos ultraprocessados entram

facilmente com seus custos baixos, trazendo outros problemas de saúde como as DCNTs, tão

presente na fala de algumas. A fome oculta escondendo as misérias das populações mais

vulneráveis.

Em tempos tão difíceis, com crises econômicas, cortes em políticas públicas e a

pandemia de COVID 19, as mulheres não desistem de seguir na busca por melhores condições

de vida, cobrando dos governos locais melhores condições de moradia e saúde.

REFERÊNCIAS

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ANEXO 1 – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

A presente pesquisa intitulada “Segurança alimentar e nutricional em territórios vulneráveis: com

a palavra as mulheres de Peruíbe, São Paulo” Este projeto tem como objetivo descrever e analisar a

percepção de mulheres em situação de vulnerabilidade residentes em Peruíbe, sobre a segurança

alimentar e nutricional.

Para participar da pesquisa você deve concordar em responder a uma entrevista sobre alimentação,

com duração aproximada de trinta minutos que será gravada. As informações coletadas poderão trazer

benefícios para a sociedade e para o campo da alimentação e nutrição, subsidiando discussões sobre a

alimentação a partir da realidade dos locais em que as pessoas vivem.

Esse projeto não causará riscos físicos, prejuízos ou lesões a você. Poderá haver algum grau de

desconforto ao falar sobre o tema desta pesquisa. Neste caso, você tem total liberdade para não responder

ou dizer aquilo que acha possível.

É garantida a liberdade de retirada do seu consentimento a qualquer momento e a desistência de

participação do estudo. Todas as informações obtidas serão analisadas e os resultados utilizados para

fins exclusivos desta pesquisa científica. Não haverá cobrança de nenhum tipo de valor para você

participar da pesquisa, assim como você também não receberá nenhum tipo de remuneração para tanto.

Você tem o direito, caso solicite, a ter acesso aos resultados da pesquisa (Resolução CNS no 251 de

1997, item III.2.i). Caso a pesquisa resulte comprovadamente em dano pessoal, ressarcimento e

indenizações previstos em lei poderão ser requeridos pelo participante (Resolução CNS no 510 de 2016,

artigo 17, II)”. Suas informações serão sigilosas e analisadas/divulgadas em conjunto com todas as

participantes da pesquisa. Em qualquer etapa do estudo, é possível ter acesso aos profissionais

responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas, sendo que a pesquisadora

responsável é Maria Fernanda Petroli Frutuoso, que pode ser encontrada no endereço: Rua Silva Jardim,

136 sala 205, Vila Mathias – Santos – SP, Telefone: (13) 3229-0210. Se tiver alguma dúvida sobre a

ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP (CEP - UNIFESP)

– Rua Botucatu, 740 Sala 557, Vila Clementino, São Paulo, horário de atendimento: segundas, terças,

quintas e sextas, das 09:00 às 12:00hs. Telefone: (11) 5571-1062, FAX: (11) 5539-7162 – email:

[email protected].

O TCLE deverá estar assinado e rubricado pela pesquisadora, uma via do TCLE ficará com o

participante e outra via ficará com o pesquisador.

Eu,_______________________________________________________, certifico que li ou foi-

me lido o texto deste consentimento e entendi seu conteúdo. Também sei que qualquer informação obtida

será confidencial e acredito ter sido suficientemente informado a respeito do estudo “Segurança

alimentar e nutricional em territórios vulneráveis: com a palavra as mulheres de Peruíbe, São Paulo”.

Ficaram claros para mim quais são os objetivos do estudo, o que será realizado, as garantias de proteção

à minha identidade e de esclarecimentos a qualquer momento. Ficou claro também que a minha

participação é isenta de despesas. Foi esclarecido que, em qualquer etapa do estudo, terei acesso ao

profissional responsável pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas e que recebi uma via

deste Termo. Minha assinatura demonstra que eu, concordei livremente de participar deste estudo.

Entendo que estou livre para recusar a participação deste ou desistir a qualquer momento, sem

penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. A participação na

pesquisa é voluntária, não acarreta nenhum gasto. Também sei que não há recompensa alguma

relacionada à minha participação nesse estudo. Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o

Consentimento Livre e Esclarecido desta pessoa.

Ass. Participante: ____________________________________________________________

Nome completo do participante: _________________________________________________

Ass. do Pesquisador que aplicou o TCLE: __________________________________________

Nome completo do pesquisador que aplicou o TCLE: _________________________________

Ass. do Pesquisador responsável da pesquisa: _______________________________________

Nome completo do pesquisador responsável: _______________________________________

Bertioga, _____/_____/______