Santa Maria da Feira e a Primeira Grande Guerra

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109 *Técnico Superior de História Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. Historiador. Investigador CEGOT - Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território -Unidade de Investigação e Desenvolvimento das Universidades de Coimbra, Porto e Minho. DEA em Turismo, Lazer e Cultura Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Doutorando Turismo, Lazer e Cultura Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Professor Convidado Universidad Rey Juan Carlos – Madrid. [email protected] SANTA MARIA DA FEIRA E A PRIMEIRA GRANDE GUERRA Roberto Carlos Reis* Quando estalou a guerra entre as potências da Europa e a mesma entrou em erupção no Verão de 1914, Portugal permaneceu oficialmente neutro. Numa primeira etapa, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colónias ameaçadas pela Alemanha. A 25 de Agosto de 1914, os militares alemães fizeram uma incursão no Norte de Moçambique e em 11 Setembro de 1914, Portugal envia a primeira expedição militar para as colónias. No final de 1914, Portugal estava em guerra não declarada com a Alemanha no Sul de Angola e no Norte de Moçambique. Aliado de longa data da Grã-Bretanha, Portugal estava ansioso por participar na I Grande Guerra, esperando ganhar alguma influência e lucrar com uma parte dos despojos e indemnizações de guerra, que viriam a amenizar a grave situação financeira que o país atravessava, na expectativa de uma vitória rápida do conflito. No entanto, os britânicos duvidavam da prontidão do seu velho aliado para a guerra, com alguns britânicos a chegarem ao ponto de declararem o português como “aliados inúteis”.

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*Técnico Superior de História Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. Historiador. Investigador CEGOT - Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território

-Unidade de Investigação e Desenvolvimento das Universidades de Coimbra, Porto e Minho. DEA em Turismo, Lazer e Cultura Faculdade de Letras da Universidade

de Coimbra. Doutorando Turismo, Lazer e Cultura Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Professor Convidado Universidad Rey Juan Carlos – Madrid.

[email protected]

SANTA MARIA DA FEIRA E A PRIMEIRA GRANDE GUERRA

Roberto Carlos Reis*

Quando estalou a guerra entre as potências da Europa e a mesma entrou em erupção no Verão de 1914, Portugal permaneceu oficialmente neutro. Numa primeira etapa, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colónias ameaçadas pela Alemanha. A 25 de Agosto de 1914, os militares alemães fizeram uma incursão no Norte de Moçambique e em 11 Setembro de 1914, Portugal envia a primeira expedição militar para as colónias. No final de 1914, Portugal estava em guerra não declarada com a Alemanha no Sul de Angola e no Norte de

Moçambique. Aliado de longa data da Grã-Bretanha, Portugal estava ansioso por participar na I Grande Guerra, esperando ganhar alguma influência e lucrar com uma parte dos despojos e indemnizações de guerra, que viriam a amenizar a grave situação financeira que o país atravessava, na expectativa de uma vitória rápida do conflito. No entanto, os britânicos duvidavam da prontidão do seu velho aliado para a guerra, com alguns britânicos a chegarem ao ponto de declararem o português como “aliados inúteis”.

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No entanto, as coisas alteraram-se 1916 quando Portugal, obedecendo às exigências da Grã-Bretanha apreendeu 36 navios mercantes alemães e austríacos no porto de Lisboa. Considerando a apreensão uma violação das regras de neutralidade, a Alemanha declarou guerra a Portugal em 9 de Março de 1916. O fervor nacionalista varreu Portugal e o governo de Lisboa preparou imediatamente uma força expedicionária para enviar para a frente ocidental. À então Câmara da Vila da Feira presidida pelo Dr. Vitorino de Sá, esta situação não foi indiferente. Na Sessão Ordinária da Câmara Municipal da Feira de 11 de Abril de 1916 presidida pelo Vice-Presidente, Saul Eduardo Valente estiveram presentes os vereadores António da Costa Monteiro, Manuel Alves da Silva, Manuel Alves Ribeiro Tavares, Manuel Ferreira Pinto, Custódio António de Pinho, António Domingos de Andrade, Manuel da Costa Dias, Manuel Pereira Granja, Domingos de Almeida e José Joaquim Silva e o próprio Presidente Dr. Vitorino de Sá. Nesta reunião foi deliberado o seguinte: Por proposta

do Ex.mo Presidente unanimemente aprovada fica nesta

acta consignada a declaração da Câmara de fazer sentir no

Concelho que contribuirá em tudo que esteja dentro das suas

atribuições e dos meios de que lhe seja possível dispor para

bem do País e da sua integridade e defesa nesta grave e

difícil conjuntura ocasionada pela declaração de guerra da

Alemanha.

Foi presente um Ofício da Comissão Patriótica de Aveiro

a 25 de Março no qual foi pedido para que esta Câmara

empregue a sua influência para se organizarem comissões que

se encarreguem de se esclarecer o povo sobre os vários pontos

que interessam à nossa independência em consequência de

nos ter sido declarada guerra pela Alemanha.

Lido este ofício pelo Ex.mo Presidente foi comunicado

que também foi recebido o seguinte da Junta Patriótica do

Norte, com sede no Porto comunicando que no domingo

dia 9 deste mês vinha a esta vila uma delegação daquela

com o fim de realizar um Comício de Propaganda Patriótica

e de Proceder à organização de um núcleo local delegado

daquela. Que idêntico ofício de idêntica comunicação fora

feita ao digno administrador do Concelho, e assim e acordo

se dirigiram convites a todos os vereadores, funcionários,

políticos e demais cidadãos sem distinções partidárias para

numa reunião sábado dia 8 do corrente afim de se constituir

o núcleo patriótico concelhio. Que esta reunião fora presidida

pelo Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca, e nesta fora

escolhido aquele núcleo composto por cidadãos de todas as

parcialidades políticas como era indicado no ofício lido, e no

domingo houvera conferência pública sobre o estado da guerra

com a Alemanha, enm que discursaram eram os delegados da

Junta Patriótica do Norte e cidadãos feirenses. Que em vista

do exposto decidiu responder à Comissão Patriótica de Aveiro

de que a Câmara contribuirá com tudo o que esteja dentro das

suas atribuições e dos meios de que lhe seja possível dispor

para bem do país e da sua integridade e defesa nesta grave

e difícil conjuntura ocasionada pela declaração de guerra da

Alemanha1.

Uma força de 30.000 homens foi montada em apenas três meses, um feito incrível que ficou na história como o “Milagre em Tancos” - o local de treino e formação da força portuguesa. O General Norton de Matos, Ministro da Guerra entre 1915 e 1917, com a colaboração do General Fernando Tamagnini, foi o responsável pela organização do “CEP - Corpo

Expedicionário Português”, que no centro de instrução de Tancos, se transformaram em soldados aptos e capazes para um conflito duro, homens que pouco tempo antes, tinham uma vida civil, pacata e tranquila.

1 Acta da Sessão Ordinária da Câmara Municipal da Feira de 11 de Abril de 1916

Geral Tamagnini (à esquerda) como o comandante do CEP, juntamente com os generais Richard Haking e Gomes da Costa.

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rações “Tommy” tudo britânico. Ao contingente foi atribuída a responsabilidade da defesa de 12 km na Flandres.

As tropas foram rapidamente enviadas para França, e mais se seguiriam. No início de 1917, Portugal tinha 55.000 homens junto do exército britânico, em França. O “CEP -

Corpo Expedicionário Português”, como era conhecido, foi equipado com capacetes, fuzis e metralhadoras, assim como

Primeira proclamação do General Tamagnini às Tropas Portuguesas em França

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Durante o ano de 1917, e como já referimos chegavam a França os primeiros contingentes portugueses, na sua maioria pessoas pobres, na flor da vida, arrancados da vida rural das suas terras natais. Belo exemplo disso mesmo é esta carta: “Mãe. Afinal fez bem vendendo a nossa cabrinha,

se precisava de comer. Eu bem sei o que lhe devo como

filho e não me zango. Mas tenho muita pena, isso

tenho. E às vezes ponho-me a lembrar que quando aí

for já ela não vem da horta, entrando em casa, para

me comer à mão. A gente também ganha amizade aos

animais. Mas não me zango, pois se era precisão…”2 Foi com muitos destes homens como soldados, que foi organizado um exército ad hoc, num curto espaço de tempo (cerca de dez meses), para defrontar a maior potência militar europeia destes tempos, a Alemanha.

2 Jaime Cortesão, Memórias da Grande Guerra, Vol. I, p. 81, Portugália Editora, Lisboa, 1969

O CEP começou a chegar ao porto de Brest, em 2 de Fevereiro de 1917. De Fevereiro de 1917 até 28 de Outubro do mesmo ano, um total de 59.383 homens foram enviados para a França. De Brest, as tropas embarcaram para uma viagem de comboio de três dias, até à área de concentração do CEP em Aire-Sur-La-Lys/Thérouanne, onde se realizaram treinos preparatórios na guerra de trincheira e com gás, antes de ocuparem a sua posição atribuída na linha da frente. De Santa Maria da Feira foram mobilizados, 1473 jovens a saber:

3 Arquivo Histórico do Exército

Nome Cargo Freguesia

José dos Santos Carneiro Alferes de Infantaria Vila da Feira

Manuel Pereira da Silva Alferes Capelão Nogueira da Regedoura

António Sampaio Maia Alferes Médico Miliciano S. João de Ver

António Ferreira Linhares Nobre Alferes de Infantaria nº 24 Lobão

Ângelo Ferreira Leite Alferes Médico Miliciano de Infantaria 31

Moselos

Joaquim Alves Ferreira da Silva Tenente Médico miliciano Vila da Feira

Alberto José Bento Soldado Vila da Feira

José Gomes Lima Soldado Vila da Feira

Luís Francisco de Oliveira Clarim Espargo

José Pinto Soldado Arrifana

Jacinto Pinto da Cruz Soldado Vila da Feira

Joaquim Ferreira da Rocha 2.º Cabo Vila da Feira

António Coelho Soldado Lobão

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Luís Rebelo de Sousa Reis 2º Sargento - Regimento de Infantaria nº 18

Vila da Feira

Manuel Correia Soldado - 3º Depósito de Infantaria Sanguedo

Moisés Pereira dos Santos Soldado - 3º Depósito de Infantaria Vendas Novas de Lourosa

José Alves Santiago Soldado -3º Depósito de Infantaria Guisande

Manuel Pinto da Silva 3º Depósito de Infantaria Moselos

Manuel Soldado - R.I. 17 Vila da Feira

António Henriques da Silva Soldado Vila da Feira

Francisco Vilarinho Soldado Vila da Feira

António Pereira Magalhães Soldado - Regimento de Artilharia nº6 Lobão

Manuel Francisco Vilar Soldado - Regimento de Artilharia nº6 São João de Ver

Ilísio Ferreira da Silva Soldado - Regimento de Artilharia nº6 São João de Ver

Ramiro Alves de Oliveira Soldado - Regimento de Artilharia nº6 Silvalde

Júlio Francisco Alves Soldado - Regimento de Artilharia nº6 Milheirós de Poiares

Manuel Brito Soldado - Regimento de Artilharia nº6 Matos - Vila da Feira

António Fernandes Familiar Soldado - G.C.Saúde Fornos

Luís José Pinto Soldado - Grupo de Companhias de Saúde

Gião

Joaquim Ferreira Soldado - Grupo de Companhias de Saúde

Romariz

Joaquim Alves Moreira Soldado - Regimento de Infantaria nº31

Vila da Feira

Bernardino Pereira Soldado - Regimento de Infantaria nº31

São Jorge

Ramiro Ferreira da Costa Soldado - Regimento de Infantaria nº31

Vila Maior

Manuel António Rodrigues Leite Soldado - Regimento de Infantaria nº31

Souto

Moisés Pinto de Almeida Soldado - Regimento de Infantaria nº31

Lourosa

Quintino Francisco de Oliveira Soldado - Regimento de Infantaria nº31

Nogueira

José Pereira de Pinho Soldado - Regimento de Infantaria nº31

Moselos

Cândido da Silva Soldado - Regimento de Infantaria nº31

Vila da Feira

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António Francisco Regimento de Infantaria nº31 Fornos

José Soares Soldado - Regimento de Infantaria nº31

Canedo

Valentim de Sá Soldado - Regimento de Infantaria nº31

Vila da Feira

Júlio Pinto Avelar Soldado Vila da Feira

Serafim Dias Paes Soldado São Bento, Vila da Feira

Joaquim Ferreira Coimbra Soldado Vergada, Vila da Feira

José de Sá Pereira 1º Cabo - C.A.L.P. Vila da Feira - Laranjeiras

Avelino Francisco Botelho Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vale

Manuel José dos Santos Soldado Vila da Feira

Serafim Pinto Ribeiro Soldado Vila da Feira

Roberto Francisco Pinto Primeiro cabo Vila da Feira

Bernardo da Silva Marques Soldado Vila Maior

Calisto Domingos Moreira Moreira da Silva Soldado Vila da Feira

António de Oliveira Soldado Vila da Feira

Manuel José de Paiva Soldado Vila da Feira

José Ferreira dos Santos Soldado Vila da Feira

Manuel Alves de Sousa Soldado Vila da Feira

Cândido Luís da Silva Soldado - Regimento de Infantaria nº30

Vila da Feira

José da Rocha Milheiro Soldado Vila da Feira

Elísio Francisco Pereira Soldado - Regimento de Infantaria nº10

Fiães

Maximino Leite Soldado Vila da Feira

Joaquim Pinto Alves Soldado Vila Nova da Feira

Tiago Soares da Costa Soldado Vila da Feira

António Soares Soldado Vila da Feira

Adelino Joaquim Alves Soldado Vila da Feira

António Nunes de Azevedo Soldado Vila da Feira

Manuel da Silva Marques Soldado Vila da Feira

Elízio Francisco Coelho Soldado Vila da Feira

Manuel de Oliveira Soldado Vila da Feira

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Joaquim Alves da Conceição Soldado Vila da Feira

Amândio Dias da Silva Soldado Vila da Feira

Manuel Alves Barbassas Soldado Vila da Feira

Manuel de Oliveira Sengo Soldado Silvalde

Adriano Sá Pereira Soldado S. Paio de Oleiros

Manuel Ferreira dos Santos Soldado Vila da Feira

Joaquim de Sousa Soldado Vila da Feira

Carlos Pinto de Sá Soldado Vila da Feira

Rosalino Marques de Sá Soldado Vila da Feira

Bernardo Paes Soldado Vila da Feira

António Alves Roda Soldado Vila da Feira

Joaquim Ferreira Pinho 1.º Cabo Vila da Feira

Augusto dos Santos Soldado Vila da Feira

Alfredo Rodrigues Soldado Vila da Feira

António Francisco Soldado Vila da Feira

Joaquim de Sá Catarino Soldado Vila da Feira

José do Couto Soldado Vila da Feira

José de Oliveira Soldado Vila da Feira

António Francisco da Silva Soldado Vila da Feira

Alfredo Marques Correia de Sá Soldado Vila da Feira

David Moreira Soldado Vila da Feira

Henrique Francisco de Castro Soldado Vila da Feira

António Alves da Silva Soldado Vila da Feira

Adelino Inácio Ferreira Soldado Vila da Feira

Manuel de Oliveira Soldado Vila da Feira

António da Silva Marques Soldado Vila da Feira

José Aires de Oliveira Dias Soldado Vila da Feira

Artur Ferreira Pinto Soldado Vila da Feira

Manuel Dias da Silva Soldado Vila da Feira

Óscar Ferreira Regal Soldado Anta

Francisco Gomes da Costa Soldado Vila da Feira

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Joaquim de Oliveira Santos Soldado Vila da Feira

Joaquim Rodrigues Vito Soldado Vila da Feira

Manuel Ferreira da Costa Soldado Vila da Feira

Luís Gomes da Silva Soldado Vila da Feira

António de Sousa e Silva Soldado Vila da Feira

José Francisco da Costa Soldado Vila da Feira

Manuel Ferreira dos Santos Soldado Vila da Feira

António José Pinto Soldado Vila da Feira

Joaquim de Almeida Carvalho Soldado Vila da Feira

Domingos Alves de Oliveira Soldado Vila da Feira

Henriques Corrne Soldado Vila da Feira

José Alves dos Anjos Soldado Vila da Feira

Francisco Gomes da Silva Soldado Vila da Feira

José Nunes da Silva Soldado Vila da Feira

Abel Pinto Tavares Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Moselos

Bernardo Ferreira Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Romariz

António da Silva Valente Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira

Artur Gomes da Costa Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira

Frutuoso Gomes Ribeiro Soldado Barracão - Vila da Feira

Olímpio Marques de Sá Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira

António Luís de Matos Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira

Francisco Gonçalves Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Souto

Manuel Alves Ferreira da Silva Júnior Soldado - Regimento de Infantaria nº6 São Jorge

José Pereira Bernardes 1º Cabo - Regimento de Infantaria nº6 Silvalde

Manuel Pinto Júnior Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Fornos

Eduardo da Costa Guedes Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Canedo

Manuel Correia Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Canedo

Joaquim Francisco da Silva Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Anta

Manuel da Silva Vidinha Junior Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Canedo

Manuel José da Silva Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Lobão

Domingos Joaquim de Oliveira Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Milheirós de Poiares

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Abel Alves da Costa Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Romariz

Francisco Pereira Bernardes Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Silvalde

Augusto da Mota Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Sousanil - Canedo

António Gomes da Costa Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira

Francisco Leite Pinho Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Monte Fornos

José Francisco Andrade Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Valrico - Souto

Francisco dos Santos Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Lourosa

Alexandre da Silva Godinho 2.º Sargento Vila da Feira

António Gomes da Costa 2º cabo - Regimento de Infantaria nº18

Lobão

José Ferreira da Silva 2º cabo - R.I.18 Vila da Feira

Clemente Alexandre Vieira 2.º cabo Vila da Feira

Joaquim Alves da Silva Soldado Pigeiros

Joaquim de Sousa Fernandes Soldado Vila da Feira

Fernando Mendes dos Santos Soldado Vila da Feira

Albino Ferreira dos Santos Soldado Vila da Feira

Manuel Sá Rodrigues Soldado Lamas

Manuel dos Santos Soldado Vila da Feira

Em 11 de Maio de 1917, as primeiras unidades portuguesas tomaram o seu lugar na linha de frente, com a implantação das brigadas concluída até 5 de Novembro do mesmo ano. A frente de combate distribuía-se numa extensa linha de 55 quilómetros, entre as localidades de Gravelle e de Armentières, guarnecida pelo 11° Corpo Britânico, com cerca de 84 000 homens, entre os quais se compreendia a 2ª divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP), constituída por cerca de 20 000 homens, dos quais somente pouco mais de 15 000 estavam nas primeiras linhas, comandados pelo general Gomes da Costa. Os problemas começaram quase de imediato. Os soldados portugueses odiavam as rações britânicas e sofreram muito durante o inverno extremamente rigoroso de 1917-1918 (temperaturas caíam para - 22º C). Panfletos pacifistas viram circulação generalizada em Portugal (não entre os soldados, que eram na sua esmagadora maioria analfabetos), com dizeres a chamar o CEP de “Carneiros de

Exportação Portuguesa” e “Cordeiros portugueses exportados para abate”. A moral dos soldados estava em baixo, uma vez que os soldados não sentiam que estavam a lutar pela sua terra natal, nos campos de trincheiras da Flandres. O verdadeiro problema era que ao CEP foi negado qualquer tipo de reforços para substituições de tropas a fim de reduzir os efeitos de atrito (o terrível “desperdício” de trincheira) causada por bombardeamentos de artilharia, ataques às trincheiras por alemães, abandono, doença e contra-ataques portugueses. A 6 de abril de 1918, o CEP já tinha perdido 5.420 homens, dos quais 1.044 tinham sido mortos. Assim, 9 de Abril de 1918, as brigadas de infantaria portuguesa, que inicialmente eram compostas por 4.660 oficiais e soldado cada, tinham caído para: 3.679 (3ª Brigada), 3.270 (4ª Brigada), 3.053 (5ª Brigada) e só 2.999 na 6ª Brigada, onde apenas metade dos oficiais e soldados tinham permanecido. O CEP tinha sido delapidado em 5.639 homens, apenas nas suas brigadas de infantaria. Com estas

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As primeiras linhas de defesa foram rapidamente superadas pelos atacantes, e os portugueses que sobreviveram a esta infernal investida ficaram tão atordoados, que os impediu de esboçar qualquer tipo de resistência efectiva. No sector norte defendido pelos portugueses da 4º Brigada (com os batalhões 8º e 20º na linha da frente e os batalhões 3º e 29º na reserva), a 42ª divisão alemã, liderada pelo 138º Regimento de Infantaria, não obstante a resistência obstinada pelos soldados do 8º Batalhão, que lutando bravamente atrasou investidas alemãs, juntou-se ao 29º Batalhão antes de chegar ao QG da Brigada no Laventie. Às 11:00, porém, Laventie tinha sido capturada e com ele a maioria dos soldados da 4ª Brigada do CEP. O Comandante do 8º Batalhão, Major Xavier da Costa, foi preso depois de ter cegado e ferido por três vezes. Esta derrota já era esperada pelo comandante do CEP general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva e pelo comandante da 2.ª Divisão Gomes da Costa e pelo Chefe do Estado-Maior do Corpo, João Sinel de Cordes, que por diversas vezes avisaram o governo de Portugal e o comando do 1º Exército Britânico, das dificuldades existentes. Nesta batalha os exércitos alemães provocaram uma enorme derrota às tropas portuguesas, sendo a maior catástrofe militar portuguesa depois da batalha de Alcácer-Quibir, em 1578! Entre as diversas razões para esta derrota tão evidente têm sido citadas, por diversos historiadores, as seguintes: 1. A revolução havida no mês de Dezembro de 1915,

em Lisboa, que colocou na Presidência da República o Major

Doutor Sidónio Pais, o qual alterou profundamente a política

de beligerância prosseguida antes pelo Partido Democrático.

2. A chamada a Lisboa, por ordem de Sidónio Pais, de

muitos oficiais com experiência de guerra ou por razões de

perseguição política ou de favor político.

3. Devido à falta de barcos, as tropas portuguesas não

foram rendidas pelas britânicas, o que provocou um grande

desânimo nos soldados. Além disso, alguns oficiais, com

maior poder económico e influência, conseguiram regressar a

Portugal, mas não voltaram para ocupar os seus postos.

4. O moral do exército era tão baixo que houve

insubordinações, deserção e suicídios.

5. O armamento alemão era muito melhor em qualidade

e quantidade do que o usado pelas tropas portuguesas o qual,

no entanto, era igual ao das tropas britânicas.

brigadas empobrecidas, o CEP mantinha homens em três linhas de trincheiras e uma linha adicional de defesa em torno de aldeias à rectaguarda, para um total de 40 km. A razão exacta pela qual o CEP não recebia reforços, que impedia a substituição e descanso das tropas, extremamente necessárias para manter frescas todas estas linhas, por falta de barcos, não foi livre de controvérsia. Esta situação era agravada por outros factores tais como o Inverno frio e húmido, muito diferente do que o que os portugueses estavam habituados. As condições foram-se agravando a tal ponto que o Comando do 1º Exército

Britânico decidiu a rendição das tropas portuguesas por tropas britânicas, com o objectivo de permitir o descanso daquelas. É justamente no dia previsto para a rendição do CEP que se dá a ofensiva alemã, apanhando as forças portuguesas numa posição completamente desfavorável. O bombardeio de artilharia alemã abriu em 04:15, de 9 de Abril, atingindo não só as trincheiras da linha de frente, mas também os centros de comando e controle e rede rodoviária na rectaguarda. Oito divisões do 6º Exército Alemão, com cerca de 55 000 homens comandados pelo general Ferdinand von Quast, constituíram a ofensiva “Georgette” (idealizada por Erich Ludendorff) que visava à tomada de Calais e Boulogne-sur-Mer. As tropas portuguesas, em apenas quatro horas de batalha, perderam cerca de 7500 homens entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, ou seja, mais de um terço dos efectivos, entre os quais 327 oficiais. Nesta batalha, os 20,000 homens e 88 armas pesadas do CEP, enfrentariam o brutal do assalto dos XIX e LV Corps alemão, com um total de quase 100.000 homens apoiados pela maioria das 1.700 peças de artilharia alocadas ao 6º Exército Alemão. Este acontecimento, ficou conhecido em Portugal como “A Batalha de La Lys”, ou por “Batalha de Armentières”. 9 de Abril de 1918 foi o primeiro dia da ofensiva de Ludendorff Lys, também conhecida como “Operação Georgette” ou “Batalha

de Ypres” para a história oficial britânica. Às 7 horas da manhã, o assalto da infantaria alemã começou em força nos limites entre o CEP e as divisões britânicas vizinhas. Usando máscaras de gás e espingardas com baioneta, os alemães atacaram em três ondas sucessivas, mantendo uma distância de 120 metros entre cada pelotão (todos os pelotões eram precedidos por quatro equipas de metralhadora). Por trás uma barragem rastejante que avançava 50 metros a cada quatro minutos de manobra.

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protestar por todas as formas contra esse desprezo, fazem

todos os dias aos soldados promessas de descansos e licenças

que nunca chegam, e exigem dalguns milhares de homens

o doloroso esforço, que nos outros exércitos se distribui

por centenas de milhares, que menos se poderá esperar?

O desfalecimento, a exaustão, o desespero atingiram o auge

nas nossas fileiras.” (…) “Às dez da manhã sabe-se já que os

alemães, numa ofensiva de grande estilo, (…) romperam as

nossas linhas e avançam. (…) Lançados ao acaso sobre as

macas, os feridos de mais gravidade esperam a sua vez. Um

cheiro pesado e morno a éter, sangue e entranhas violadas

entontece e engulha. À beira deste ou daquele pingam

nascentes de sangue. O chão é todo manchado pelo rio

vermelho da vida que extravasa.”36 De sublinhar que na preservação da memória e

identidade temos Túmulo do Soldado Desconhecido”que é o nome que recebem os monumentos erigidos pelas nações para honrar os soldados que morreram em tempo de guerra sem que os seus corpos tenham sido identificados. Na Sala do Capítulo do Mosteiro da Batalha está o “Túmulo do Soldado

Desconhecido”, com chama eterna e guarda de honra permanente.

6 Jaime Cortesão, Memórias da Grande Guerra, Vol. I, pp. 218-221, Portugália Editora, Lisboa, 1969

6. O ataque alemão deu-se no dia em que as tropas lusas

tinham recebido ordens para, finalmente, serem deslocadas

para posições mais à rectaguarda. 7. As tropas britânicas recuaram em suas posições,

deixando expostos os flancos do CEP, facilitando o seu

envolvimento e aniquilação.

O texto a seguir informa-nos sobre a batalha de La Lys de 9 de Abril de 1918, na qual os portugueses enfrentaram os alemães:

“À l’Ouest, en mars de 1918, c’est-à-dire au moment

où les conditions atmosphériques permettent d’engager de

grandes opérations, le commandement allemand, grâce à

l’armistice russe, dispose de cent quatre-ving-douze divisions

d’infanterie – vingt de plus que les Franco-Anglais. Ludendorff

(…) sait que «la lutte sera formidable» (…). À trois reprises,

le 21 mars sur le front de Saint-Quentin, le 9 avril sur le front

de la Lys, le 27 mai sur le front du chemin des Dames, les

troupes allemandes, bien qu’elles ne possèdent pas de chars

d’assaut, réussissent ces opérations de rupture du front que,

depuis la fin de 1914, les belligérants, en France, avaient

vainement cherché à réaliser. Elles obtiennent de grands

succès …”4.1 Tinha razão o general Erich Ludendorff, chefe do Estado Maior do exército alemão, quando dizia que a luta ia ser formidável: os soldados portugueses sentiram-na bem na Batalha de La Lys. De toda a parte chegam sinais de que a luta se intensifica: “… Ao atravessar os campos as granadas caíam aos

milhares! Alevantavam o chão todo! A terra fervia em cachão!

(…) As aldeias ardiam como archotes alumiando a noite! (…)

Lembrava o Inferno, a terra toda a arder!” 5 2 O texto do historiador francês acima referido dá-nos conta da fortaleza do exército alemão. Ainda por cima e no momento da batalha do 9 de Abril de 1918, as tropas portuguesas estavam enfraquecidas, resultante dos acontecimentos políticos ocorridos em Portugal em Dezembro de 1917:“Mas,

- coisa inevitável, - os nossos soldados, começam a revoltar-

se. Sim, inevitável. Pois se de Portugal não mandam reforços

e nos esquecem, e os altos comandos, sem a coragem de

4 Pierre Renouvin, L’Armistice de Rethondes, pp. 18-19, Gallimard, Paris, 19685 Jaime Cortesão, Memórias da Grande Guerra, Vol. I, p. 225, Portugália Editora, Lisboa, 1969

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Todavia gostaria de sublinhar a morte de 31 militares feirenses durante a Primeira Grande Guerra, alguns dos quais sepultados em África e outros o Cemitério Militar Português de Richebourg l’Avoué, patrocinado pela Comissão Portuguesa das Sepulturas de Guerra. Este cemitério português, construído na comuna francesa de Pas-de-Calais nos anos 30, segundo o projecto do arquitecto Tertuliano Lacerda Marques, reúne 1831 militares mortos na frente europeia durante a 1.ª Guerra Mundial. Integra ainda um grande memorial, o Altar da Pátria, destinado a revalorizar o ideal do patriotismo e a sacralizar a memória dos que caíram em defesa do país.

Independentemente do que sucedeu a cada um dos

soldados portugueses na Grande Guerra, tenham eles sido

capturados pelos alemães em 9 de Abril e falecido num campo

de concentração, mortos num raid sob as linhas portuguesas

ou perdido a vida por razões de doença, a realidade é que

muitos ficaram enterrados fora de Portugal e os seus corpos,

por razões diversas, não puderam ser repatriados pelo Serviço

de Sepulturas de Guerra no Estrangeiro. Todavia isso não

significou que não existisse interesse pelo seu paradeiro.

Antes pelo contrário. Richebourg l´Avoué é prova de que,

ainda hoje, estes militares são recordados, como podemos

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A construção de toda a estrutura deveu-se principalmente

a dois homens. Um foi M. Lantoine, o cônsul português

em Arras. O outro Alberto Lello Portela, oficial que integrou

a missão de aviação portuguesa na Grande Guerra.

Inicialmente estes homens uniram esforços para reagrupar

numa mesma estrutura física, os corpos dos expedicionários

inumados em Brest, Chartres, Etaples, Wimereux,

Boulogne, Ambleteuse, Côte d´Opale, entre outros.

O tempo passou e a estrutura simples do cemitério

de Richebourg l´Avoué contêm agora a memória dos

expedicionários que deram a vida pelo conflito mundial no

palco europeu. É um cemitério de guerra. E como tal deve

ser olhado por todos nós como um memorial ao soldado

português47.

7 Margarida Portela, “O cemitério militar português de Richebourg l´Avoué”, A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org

constatar pelas cerimónias efectuadas todos os anos, nas

quais se relembram principalmente os inúmeros caídos

a 9 de Abril de 1918, mas em que se louva igualmente a

presença de todos os portugueses neste conflito.

O cemitério de Richebourg l´Avoué não é o único local de

repouso de militares portugueses. Em outros lugares existem

talhões em cemitérios militares, as denominadas secções

portuguesas, onde se encontram homens do C.E.P. Contudo,

Richebourg é um cemitério militar exclusivamente português,

com 1.831 mortos, dos quais 238 são desconhecidos. Os

corpos dos homens que hoje encontraram o seu descanso

naquele local vieram de outros cemitérios em França, como o

de Touret, Ambleteuse ou Brest. Vierem também de Tournai na

Bélgica e alguns da Alemanha, no caso dos prisioneiros falecidos

naquele território. A recolha total e os trabalhos de inumação

dos corpos ter-se-á efectuado entre 1924 e 1938.

Cemitério militar português de Richebourg l´Avoué

123

Cemitério militar português de Richebourg l´Avoué – sepultura de Albino Gomes Costa Silva, soldado natural de Milheirós de Poiares, do 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6, falecido a 16 de Novembro de 1918. Talhão C, Fila 19, Coval 3

Então aqui fica a listagem dos soldados que tombaram pela Pátria em diverentes pontos do globo, naturais de santa Maria da Feira:

Nome Naturalidade Posto Unidade Ramo Forças Armadas

Teatro de Operações

Causa da morte

Data da morte

Local de sepultura

Manuel Serafim de Oliveira

Feira Soldado 3º Grupo de Metralhadoras

Exército Moçambique Doença 4 de Abril de 1918

Moçambique

Alfredo José da Fonseca

Romariz Soldado Regimento de Infantaria n.º 28

Exército Moçambique Disenteria 10 de Janeiro de 1918

António de Oliveira Reimão

Lobão Soldado Regimento de Infantaria n.º 28

Exército 12 de Janeiro de 1918

Disenteria 12 de Janeiro de 1918

Augusto Romariz Soldado Regimento de Infantaria n.º 24

Exército Moçambique Desconhecida 24 de Agosto de 1917

Cemitério de São Tomé

Bernardo Pereira de Melo

Lobão Soldado Regimento de Infantaria n.º 28

Exército Moçambique 1 de Maio de 1918

Custódio da Silva

Paramos Soldado Regimento de Infantaria n.º 28

Exército Moçambique Disenteria 26 de Março de 1918

Francisco Ferreira Júnior

São João de Ver

Soldado Regimento de Infantaria n.º 28

Exército Moçambique Desconhecida 8 de Março de 1918

Francisco Soares Valente

Lourosa Soldado Regimento de Infantaria n.º 24

Exército Moçambique Sezonismo pernicioso

5 de Janeiro de 1918

124

Manuel Francisco dos Santos

Travanca Soldado Regimento de Infantaria n.º 29

Exército Moçambique Disenteria 28 de Fevereiro de 1918

Adelino Francisco Botelho

Vale Soldado Corpo de Artilharia Pesada, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Desconhecida 2 de Julho de 1918

Ignora-se

Serafim Pereira Gonçalves

Fornos Soldado Regimento de Infantaria n.º 28

Exército Disenteria 2 de Dezembro de 1917

António Fernandes Pereira Bastos

Santa Maria da Feira

Soldado 6ª Brigada de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 31

Exército França Desconhecida 9 de Abril de 1918

Ignora-se

Adriano Pereira Lobão Soldado Regimento de Infantaria n.º 28

Exército Moçambique Paludismo e disenteria

2 de Junho de 1918

Augusto Ferreira da Silva

Nogueira da Regedoura

Soldado Regimento de Infantaria n.º 28

Exército Moçambique Disenteria e Paludismo

31 de Janeiro de 1918

Manuel Pereira de Sousa

Anta Soldado Regimento de Infantaria n.º 24

Exército Moçambique Cachexia palustre

8 de Março de 1918

No mar

Domingos Guedes

Louredo Soldado 4º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 32

Exército França desconhecida 17 de Novembro de 1918

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão C, Fila 8, Coval 14

Adelino Inácio Ferreira

Romariz Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Combate 12 de Março de 1918

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 3, Coval 21

Henrique Cardoso

Moselos Soldado 4º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 32

Exército França Desconhecida França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão D, Fila 8, Coval 5

Jorge Pereira Gomes

Lobão 2º Sargento

Regimento de Infantaria n.º 29

Exército Moçambique Desconhecida 12 de Outubro de 1918

No mar, 8º 36`5`` N, 17º 40`2``W

Manuel Fernandes Lopes

Canedo Soldado Regimento de Infantaria n.º 31

Exército Moçambique Biliosa 7 de Abril de 1918

Moçambique, Cemitério de Goba, Coval 5

Adelino Inácio Ferreira

Romariz Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Combate 12 de Março de 1918

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 3, Coval 21

Albino Gomes Costa Silva

Milheirós de Poiares

Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Desconhecida 16 de Novembro de 1918

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão C, Fila 19, Coval 3

Arnaldo Leite de Sousa

S. João de Ver Soldado Telegrafia por Fios, Batalhão de Telegrafistas de Campanha

Exército França Combate 21 de Abril de 1918

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão D, Fila 17, Coval 21

Francisco dos Santos

Lourosa Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Combate 14 de Março de 1918

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão D, Fila 7, Coval 21

125

Camilo Alves de Pinho

Lourosa Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Combate 25 de Dezembro de 1917

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão A, Fila 14, Coval 10

Carlos Pereira Alves

Argoncilhe Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Combate 15 de Maio de 1918

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 8, Coval 2

Guilherme Alves Ferreira da Silva

Canedo Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Combate 12 de Maio de 1918

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 13, Coval 15

Joaquim José Batista

Gião Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Combate 14 de Agosto de 1917

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão A, Fila 6, Coval 26

Manuel Ferreira dos Santos

Mosteirô Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Desconhecida 20 de Novembro de 1917

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão d, Fila 15, Coval 5

Manuel Francisco

S. João de Ver Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Combate 21 de Agosto de 1917

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 1, Coval 20

Manuel Gomes Leite

Pigeiros 1.º Cabo 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6

Exército França Desconhecida 13 de Março de 1918

França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão C, Fila 12, Coval 18

126

Conseguindo fugir, andou meses por França e Espanha, aparecendo um dia em casa do pai, como um mendigo desconhecido. Como militar, foi na Grande Guer ra, um valoroso e intrépido oficial, cu jo mérito foi sempre reconhecido pelos seus superiores hierárquicos, tendo-lhe sido concedida a Cruz de Guerra de 2.ª classe, além das medalhas de Bom Comportamento, Campanha de França e da Vitória. Pela sua vontade própria se elevou na sociedade, formando-se em Direito na Universidade de Coimbra Foi nomeado comandante do Corpo Activo dos Bombeiros da Feira a 20 de Novembro de 1925 e como comandante da benemérita corporação, tudo fazia em prol do seu engrandecimento e prestígio, conseguindo, graças à sua boa vontade e pertinácia, um importante subsídio do Estado de sessenta e quatro contos para ajuda da construção do projectado quartel e de dois pavilhões anexos para hospital. Foi Conservador do Registo Civil, e advogado - lugares que exercia com inteligência e dedicação. Era também um espírito liberal, combatendo os couceiristas do Norte de Portugal, como voluntário, na coluna do malogrado general Abel Hipólito. Foi, finalmente, o fundador e pri meiro Presidente da Delegação da Fei ra, da Liga dos Combatentes da Gran de Guerra, lugar que desempenhou com destaque e amor, tendo sido sempre o protector e amigo dos nossos pobres mu tilados e dos órfãos e viúvas daqueles que para sempre tombaram no Campo da Batalha. O Dr. José Carneiro, distinguiu-se também pela sua enérgica actividade na defesa da integridade do nosso concelho e comarca, combatendo as preten sões injustas dos inimigos da Feira. Foi ainda Director da Policia Judiciária do Porto, cargo que ocupou até se tornar Oficial do Registo Civil da Feira. Espírito inteligente e empreendedor, nunca se deixou dominar por qualquer contratempo, nem olhava a despesas ou sacrifícios, quando a Feira care cia dos seus serviços. Em 11 de Novembro de 1934 do corrente, foi prestada uma Homenagem Concelhia. Nesta homenagem o senhor Conde de Fijô, num feliz improviso, disse das qualidades do falecido Dr. Santos Carneiro58.

8 Tradição 17 de Novembro de 1934

Heróis de Santa Maria da Feira na Primeira Grande Guerra Santa Maria da Feira teve Homens brilhantes que se destacaram na Primeira Grande Guerra, e recorrendo aos arquivos dos jornais, em particular nas notícias de falecimento constatamos os seguintes:

José Santos Carneiro

Dr. José Santos Carneiro

Nasceu em 12 de Janeiro de 1893 e morreu a 22de Fevereiro de 1934, com apenas 41 anos de idade, vítima de um carbúnculo numa mão. O facto de ter sido gaseado na 1.ª Guerra Mundial impediu que medicação da época não conseguisse fazer o devido efeito. Depois de fazer parte do Corpo Expedicionário Português, em França, como tenente miliciano, e de ter tomado parte na célebre batalha de 9 de Abril de 1918 (batalha de La Lys), na qual foi feito prisioneiro dos alemães até ao Armistício, foi dado como desaparecido, uma vez que não tinha sido encontrado pela família, muito embora os vários esforços efectuados nesse sentido.

127

conseguiu em colaboração com outros elementos de valor da Feira, que os Poderes Públicos concedessem um avultado subsidio pecuniário desti nado a instituições de beneficência e utilidade, como seja - o Quartel-Hospital dos Bombeiros Voluntários da Fei ra. Como militar, foi na Grande Guer ra, um valoroso e intrépido oficial, cu jo mérito foi sempre reconhecido pelos seus superiores hierárquicos, tendo-lhe sido concedida a Cruz de Guerra de 2.ª classe, além das medalhas de Bom Comportamento, Campanha de França e da Vitória. Foi, finalmente, o fundador e pri meiro Presidente da Delegação da Fei ra, da Liga dos Combatentes da Gran de Guerra, lugar que desempenhou com destaque e amor, tendo sido sempre o protector e amigo dos nossos pobres mu tilados e dos órfãos e viúvas daqueles que para sempre tombaram no Campo da Batalha.

Foi uma justa homenagem prestada à memória de um grande bairrista, de um novo que, batendo-se em França pe la sua pátria, não tombou nos campos de batalha mas sim na sua terra junto dos seus amigos, como disse sua Ex.ª o senhor Conde de Fijô: “Ex.mas Autoridades, Queridos Camaradas

Combatentes, Minhas Senhoras e meus Senhores.

A Vila da Feira, essa velha Caste lã que se orgulha dos seus pergaminhos de nobreza, vem hoje, como outrora fa ziam aos Cavaleiros, que se batiam pe la sua Dama, render o seu preito de homenagem àquele que por Ela se ba teu - Homenagem despida de grandeza mas cheia do mais carinhoso afecto dos nossos corações. Dr. José dos Santos Carneiro, ho mem de uma só fé e de um só parecer, dedicou-se sempre, como filho amantís simo desta Terra, ao seu progresso e bem-estar. Foi sempre um acérrimo de fensor da integridade do seu concelho e comarca;

Talhão da Liga dos Combatentes Cemitério Municipal de Santa Maria da Feira

128

uma causa que era a de todos os Feirenses: “o bem-estar do torrão amado”. Não caiu nos Campos de Flandres, aonde com o seu sangue generoso, foi batalhar o bom combate, em defesa da causa sagrada da Pátria, mas veio cair, ironia pungente, perto da família, dos amigos e patrícios, devotados para mais de perto sentirem a sua falta. Cruel destino! Obrigado, muito obrigado, a todos sem

distinção, por em tão alto apreço terem a memória do querido

morto; a todos do fundo da minha alma envio um abraço da

mais devotada gratidão”.

António Sampaio Maia6

António Sampaio Maia, era oriundo da Casa da Torre de S. João de Ver, sendo sobrinho do 1.º Conde de São João de Ver. Faleceu em 7 de Novembro de 1966 aos oitenta anos de idade, médico cirurgião e proprietário, natural da freguesia de São João de Ver, domiciliado no lugar da Granja.

9 Joaquim António Coelho in Correio da Feira de 12/11/1966

Foi por isso que esta Delegação de sejando prestar ao seu

tao querido co mo saudoso fundador e primeiro Presi dente o

Ex.m.º Snr. Dr. José dos San tos Carneiro, uma homenagem

que fi casse para sempre bem gravada no es pírito, dos seus

conterrâneos, pediu ao Snr. Presidente da Junta Autónoma de

Estradas, que o seu nome fosse dado a esta rua.

Em resposta, recebemos do Ministério do Comércio e

Comunicações e da Junta Autónoma de Estradas, os ofícios

que passo a ler: - Oficio N.° 418 - Ex. Mo Snr. Presidente da

Liga dos Combatentes da Grande Guerra - Sua Ex.ª o Ministro

em despacho de 13 de Julho, autorizou que fosse dado o

nome do Dr. José dos Santos Carneiro, ao Ramal da E. N.

n.º 29-2.ª em satisfação do pedido de V. Ex.ª feito no ofi cio

n.º 11 de 26 de Junho. - A bem da Nação - Junta Autónoma

de Estradas em 18 de Julho de 1934 - Pelo Presi dente -

(António Taveira de Carvalho) - Vice-Presidente. - Oficio N.º

395 - Junta Autónoma de Estradas - Ex.m° Snr. Presidente da

Liga dos Comba tentes da Grande Guerra - Delega ção da Feira

- Tenho a honra de co municar a V. Ex.ª que Sua Excelência o

Ministro das Obras Públicas e Comunicações, em despacho

de 13/7/1934, autorizou a Liga dos Combatentes da Grande

Guerra, de que V.ª Exª é mui digno Presidente a dar ao Ramal

da E. N. n.º 29-2.ª o nome do Dr. José Santos Carneiro. A

Bem da Nação – Aveiro, 23 de Julho de 1934 – O Engenheiro

Director (Moniz de Freitas)”.

Francisco Nunes Correia, Juiz de Direito da Comarca não podendo amrcar presença neste evento enviou uma mensagem sublinhando também as qualidades deste nosso herói de guerra,”não me é dado assistir a tão grata

homenagem, cumpre-me, no entanto, o dever moral, como

graduado membro da família Santos Carneiro, de agradecer

a V.ª Ex.ª e à Liga que tão dignamente representa, a todas

as colectividades, pessoas amigas e de distinção, que tanto

acarinharam e defenderam esse belo gesto, a todos os

Feirenses, enfim, a justa e merecida homenagem que lhe

tributam, como eloquente demonstração da sua magnânima

afectividade, e que tanto nos envaidece, no meio do infortúnio

que ultimamente nos tem perseguido.

Santos Carneiro era um rapaz cheio de boa vontade, com

a alma aberta a todos os empreendimentos que significassem

prosperidade para a sua querida Feira, que ele tanto amava.

A morte veio surpreendê-lo no vigor da sua vida, quando tanto havia a esperar da sua energia inquebrantável ao serviço de

129

finalidade de, através da sua participação activa no esforço de guerra contra a Alemanha que também ameaçava os seus territórios ultramarinos, conseguir apoios dos seus aliados e evitar a perda daqueles territórios. Antonio Sampaio Maia exerceu as suas funções no CEP em França entre 1916 e 1918 e aí foi condecorado pelo Governo Francês com a Medalha de Honra das Epidemias como testemunho da dedicação excepcional de que deu provas durante diversas epidemias.

Deixou descendentes seus filhos António e Carlos, o primeiro casado com dona Maria Teresa Canejo Proença Borges do Rego havendo deste casal 2 filhos. Depois de concluir os preparatórios na cidade do Porto formou-se na Universidade de Coimbra em Filosofia e Medicina. Foi tenente médico miliciano no Corpo Expedicionário Português (CEP) que foi a principal força militar que Portugal, durante a 1ª Guerra Mundial, enviou para França, com a

Boletim individual de António Sampaio Maia – Arquivo Histórico do Exército

130

tendo fundado e dirigido em Viseu o semanário «República», de 1928 a 1932. Foi colaborador de vários jornais e revistas, tendo sido secretário da revista «Seara Nova», de Lisboa. Foi autor de vários livros: «Açores, estas Ilhas Desconhecidas», «Palavras sem Eco» e outros trabalhos inéditos no campo económico e social. Por fidelidade aos princípios democráticos, foi-lhe fixada residência em diversas terras do país, desde o Minho ao Algarve e por fim demitido do exército e deportado para Cabo Verde, onde permaneceu no Tarrafal durante dois anos. Regressando a Portugal, fixou residência em Sanfins da Feira. Faleceu na Quinta das Mestra, naquela freguesia em 25 de Novembro de 1961.

Joaquim de Almeida Carvalho Júnior8 Nasceu em Paços de Brandão em 1882, no lugar da Aldeia e era filho de Joaquim Almeida Carvalho e de D. Maria Alves da Silva. Foi elemento da Nova Tuna juntamente com seu irmão Edmundo Carvalho e tornou-se o maior violinista de Paços de Brandão. Chegou a compor as suas próprias composições, tendo sido convidado a fazer parte da Orquestra Sinfónica do Porto, lugar que não aceitou pelo amor que tinha à sua terra e pela sua Tuna. Nos anos 50/60 foi presidente da Junta de Paços de BrandãoFoi um dos fundadores da «Fábrica Dragão-Dilumit» em Paços de Brandão. «Brandoense profundamente dedicado à sua terra», foi conselheiro municipal da Feira.Participou como soldado do C.E.P. em França, na 1.ª Grande Guerra. Era casado com D. Umbelina Dias Pinto Leite da qual teve os seguintes filhos: Arménio Dias de Carvalho, que depois foi médico e director do Hospital-Asilo de S. Paio de Oleiros; Emídio Dias de Carvalho; e Joaquim Dias de Carvalho. Faleceu, na sua Quinta de Baixo, em Janeiro de 1966, com 73 anos de idade.

Elísio Coimbra9 Nasceu na Vila da Feira em 1892. Era filho de António Bernardo Coimbra e de D. Emília de Resende Coimbra. Formou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1917, onde defendeu a tese «A Diabete Pancreática». Em Paris tirou a especialidade em medicina do estômago, fígado e intestino. Fixou-se no Porto, foi médico na Federação das

11 Correio da Feira, 29.1.1966. Informação fornecida pelo Sr. Eduardo Rocha, actual correspondente do «Correio da Feira» em Paços de Brandão.12 Correio da Feira, 8.10.1966 e 19.11.1966

Finda a Guerra passou a exercer clínica cirúrgica nos Concelhos da feira, Espinho e Ovar. Foi também médico na Federação das Caixas de Previdência que acumulou com a direcção clínica do Hospital de Oleiros. António Sampaio Maia a par de médico distinto, muito devotado à sua profissão da qual fazia verdadeiro sacerdócio, era uma individualidade dotada da melhor formação moral e intelectual, qualidades que sobejamente demonstraram ao longo da sua vida A sua acção fez-se sentir também noutros campos, se recordarmos que, ele foi um elemento de valia no Orfeon Académico de Coimbra, fundado por António Joice, cuja agremiação acompanhou na memorável viagem ao Brasil. Foi ainda Presidente da Junta de Freguesia de S. João de Ver. Santa Maria da Feira a que ele desde novo se afeiçoara, e assiduamente frequentava, ficou-lhe devendo al guns serviços valiosos. Foi ele que em 1911 - graças ao seu persistente esforço, fundou e dirigiu com arte, e em colaboração com Benjamim Gama de Andrade, António Martins, Alberto Coimbra e outros, o famoso e inesquecível Orpheon-Feirense, que tão longe tem levado o nome da Terras de santa Maria.A António Sampaio Maia se ficou a dever a criação da de-legação da prestimosa Liga dos Combatentes da Grande Guerra, na então Vila da Feira, à qual presidiu sempre e deu o melhor da sua dedicação. Feirense de Verdade, oriundo da antiga e nobre casa da Torre de S. João de Ver, ligado pelo sangue, pelas reminiscências e pelo afecto às Terras de Santa Maria, que sempre prezou, no convívio social, e na actividade da sua profissão, António Sampaio Maia, legou aos contemporâneos e à posteridade um exemplo de referência moral e de virtudes cívicas. Foi ainda Presidente da Junta de Freguesia de S. João de Ver.

António Correia7

O capitão António Correia fixou residência, em 1956, na Quinta das Mestras na freguesia de Sanfins, propriedade de seu genro, Engº. Luís Correia de Sá. Foi pioneiro da aviação portuguesa com brevet tirado em Inglaterra, combatente da Primeira Grande Guerra em França. Foi também jornalista,

10 Francisco Neves, Do Alto da Piedade. Edição da LAF – Liga dos Amigos da Feira, 2003

131

colaborado, durante alguns anos, no «Correio da Feira», cujos artigos eram muito apreciados. Era casado com D. Maria Pereira Coelho de Oliveira de quem teve 5 filhos. Alípio Jorge da Cruz Oliveira, Maria Teresa Oliveira Sério Ramos, Maria Helena de Oliveira, Maria Alice C. Oliveira e Maria José C. Oliveira Barrilaro Ruas. Faleceu na sua casa do Porto em 28 de Janeiro de 1979.

A epopeia do CEP na 1.ª Grande Guerra serviu de base ao argumento para o filme “João Ratão” estreado em 29 de Abril de 1940, no “Teatro de São Luiz” e realizado por Jorge Brum do Canto. O argumento era o seguinte: «João Ratão é

um dos muitos jovens portugueses mobilizados para combater

na I Guerra Mundial, na batalha da Flandres. Para trás, na

sua aldeia do vale do Vouga, João Ratão deixou a sua noiva,

Vitória, com quem troca apaixonadas cartas de amor, que

enlevam todos os seus vizinhos, que para mais o consideram

um herói. Quando finalmente regressa a casa, é recebido

com uma grande festa, apenas perturbada pelas histórias que

chegam de França que ameaçam o seu noivado com Vitória.

E quando um dia chega à aldeia uma francesa...11»

14 in blogue: “Os anos de ouro do cinema português”.

Caixas de Previdência e professor na Escola Industrial Infante D. Henrique. A ele se deve também a existência do Orfeão Feirense, que ele fundou em 1911 com Benjamim Gama de Andrade, António Martins, Alberto Coimbra e outros, e a Delegação da Liga dos Combatentes da Grande Guerra de que foi primeiro presidente. Faleceu inesperadamente num hotel, em Paris, no dia 3 de Outubro de 1966, aos 74 anos de idade e no estado de solteiro.

Alípio José da Cruz Oliveira10

Era natural de Chaves. Foi combatente na 1.ª Grande Guerra, tendo feito parte do grupo que constituiu o 1.º assalto das trincheiras alemãs na Flandres, onde ficou gravemente ferido pela explosão de uma granada. Foi agraciado com várias condecorações: o grau de Oficial da Torre e Espada, a Cruz de Guerra e o Oficialato da Ordem Militar da Campanha do Sul de Angola, da Campanha da França e de Comportamento Exemplar. O capitão Alípio Oliveira desempenhou os cargos de chefe de Gabinete do ministro da Guerra, Coronel Ribeiro de Carvalho, de Comandante do Corpo de Polícia do Porto, de Director da Carreira Militar de Espinho e de Comandante da Casa de Reclusão do Porto. Foi escritor e jornalista, tendo

13 Correio da Feira, 2.2.1979

Porta-bandeira português na primeira guerra mundial.

Aguarela de Augusto Pina.

in: Portugal na Guerra, n.º 1, 1 de Junho de 1917.