Santa Maria da Feira e a Primeira Grande Guerra
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*Técnico Superior de História Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. Historiador. Investigador CEGOT - Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território
-Unidade de Investigação e Desenvolvimento das Universidades de Coimbra, Porto e Minho. DEA em Turismo, Lazer e Cultura Faculdade de Letras da Universidade
de Coimbra. Doutorando Turismo, Lazer e Cultura Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Professor Convidado Universidad Rey Juan Carlos – Madrid.
SANTA MARIA DA FEIRA E A PRIMEIRA GRANDE GUERRA
Roberto Carlos Reis*
Quando estalou a guerra entre as potências da Europa e a mesma entrou em erupção no Verão de 1914, Portugal permaneceu oficialmente neutro. Numa primeira etapa, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colónias ameaçadas pela Alemanha. A 25 de Agosto de 1914, os militares alemães fizeram uma incursão no Norte de Moçambique e em 11 Setembro de 1914, Portugal envia a primeira expedição militar para as colónias. No final de 1914, Portugal estava em guerra não declarada com a Alemanha no Sul de Angola e no Norte de
Moçambique. Aliado de longa data da Grã-Bretanha, Portugal estava ansioso por participar na I Grande Guerra, esperando ganhar alguma influência e lucrar com uma parte dos despojos e indemnizações de guerra, que viriam a amenizar a grave situação financeira que o país atravessava, na expectativa de uma vitória rápida do conflito. No entanto, os britânicos duvidavam da prontidão do seu velho aliado para a guerra, com alguns britânicos a chegarem ao ponto de declararem o português como “aliados inúteis”.
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No entanto, as coisas alteraram-se 1916 quando Portugal, obedecendo às exigências da Grã-Bretanha apreendeu 36 navios mercantes alemães e austríacos no porto de Lisboa. Considerando a apreensão uma violação das regras de neutralidade, a Alemanha declarou guerra a Portugal em 9 de Março de 1916. O fervor nacionalista varreu Portugal e o governo de Lisboa preparou imediatamente uma força expedicionária para enviar para a frente ocidental. À então Câmara da Vila da Feira presidida pelo Dr. Vitorino de Sá, esta situação não foi indiferente. Na Sessão Ordinária da Câmara Municipal da Feira de 11 de Abril de 1916 presidida pelo Vice-Presidente, Saul Eduardo Valente estiveram presentes os vereadores António da Costa Monteiro, Manuel Alves da Silva, Manuel Alves Ribeiro Tavares, Manuel Ferreira Pinto, Custódio António de Pinho, António Domingos de Andrade, Manuel da Costa Dias, Manuel Pereira Granja, Domingos de Almeida e José Joaquim Silva e o próprio Presidente Dr. Vitorino de Sá. Nesta reunião foi deliberado o seguinte: Por proposta
do Ex.mo Presidente unanimemente aprovada fica nesta
acta consignada a declaração da Câmara de fazer sentir no
Concelho que contribuirá em tudo que esteja dentro das suas
atribuições e dos meios de que lhe seja possível dispor para
bem do País e da sua integridade e defesa nesta grave e
difícil conjuntura ocasionada pela declaração de guerra da
Alemanha.
Foi presente um Ofício da Comissão Patriótica de Aveiro
a 25 de Março no qual foi pedido para que esta Câmara
empregue a sua influência para se organizarem comissões que
se encarreguem de se esclarecer o povo sobre os vários pontos
que interessam à nossa independência em consequência de
nos ter sido declarada guerra pela Alemanha.
Lido este ofício pelo Ex.mo Presidente foi comunicado
que também foi recebido o seguinte da Junta Patriótica do
Norte, com sede no Porto comunicando que no domingo
dia 9 deste mês vinha a esta vila uma delegação daquela
com o fim de realizar um Comício de Propaganda Patriótica
e de Proceder à organização de um núcleo local delegado
daquela. Que idêntico ofício de idêntica comunicação fora
feita ao digno administrador do Concelho, e assim e acordo
se dirigiram convites a todos os vereadores, funcionários,
políticos e demais cidadãos sem distinções partidárias para
numa reunião sábado dia 8 do corrente afim de se constituir
o núcleo patriótico concelhio. Que esta reunião fora presidida
pelo Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca, e nesta fora
escolhido aquele núcleo composto por cidadãos de todas as
parcialidades políticas como era indicado no ofício lido, e no
domingo houvera conferência pública sobre o estado da guerra
com a Alemanha, enm que discursaram eram os delegados da
Junta Patriótica do Norte e cidadãos feirenses. Que em vista
do exposto decidiu responder à Comissão Patriótica de Aveiro
de que a Câmara contribuirá com tudo o que esteja dentro das
suas atribuições e dos meios de que lhe seja possível dispor
para bem do país e da sua integridade e defesa nesta grave
e difícil conjuntura ocasionada pela declaração de guerra da
Alemanha1.
Uma força de 30.000 homens foi montada em apenas três meses, um feito incrível que ficou na história como o “Milagre em Tancos” - o local de treino e formação da força portuguesa. O General Norton de Matos, Ministro da Guerra entre 1915 e 1917, com a colaboração do General Fernando Tamagnini, foi o responsável pela organização do “CEP - Corpo
Expedicionário Português”, que no centro de instrução de Tancos, se transformaram em soldados aptos e capazes para um conflito duro, homens que pouco tempo antes, tinham uma vida civil, pacata e tranquila.
1 Acta da Sessão Ordinária da Câmara Municipal da Feira de 11 de Abril de 1916
Geral Tamagnini (à esquerda) como o comandante do CEP, juntamente com os generais Richard Haking e Gomes da Costa.
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rações “Tommy” tudo britânico. Ao contingente foi atribuída a responsabilidade da defesa de 12 km na Flandres.
As tropas foram rapidamente enviadas para França, e mais se seguiriam. No início de 1917, Portugal tinha 55.000 homens junto do exército britânico, em França. O “CEP -
Corpo Expedicionário Português”, como era conhecido, foi equipado com capacetes, fuzis e metralhadoras, assim como
Primeira proclamação do General Tamagnini às Tropas Portuguesas em França
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Durante o ano de 1917, e como já referimos chegavam a França os primeiros contingentes portugueses, na sua maioria pessoas pobres, na flor da vida, arrancados da vida rural das suas terras natais. Belo exemplo disso mesmo é esta carta: “Mãe. Afinal fez bem vendendo a nossa cabrinha,
se precisava de comer. Eu bem sei o que lhe devo como
filho e não me zango. Mas tenho muita pena, isso
tenho. E às vezes ponho-me a lembrar que quando aí
for já ela não vem da horta, entrando em casa, para
me comer à mão. A gente também ganha amizade aos
animais. Mas não me zango, pois se era precisão…”2 Foi com muitos destes homens como soldados, que foi organizado um exército ad hoc, num curto espaço de tempo (cerca de dez meses), para defrontar a maior potência militar europeia destes tempos, a Alemanha.
2 Jaime Cortesão, Memórias da Grande Guerra, Vol. I, p. 81, Portugália Editora, Lisboa, 1969
O CEP começou a chegar ao porto de Brest, em 2 de Fevereiro de 1917. De Fevereiro de 1917 até 28 de Outubro do mesmo ano, um total de 59.383 homens foram enviados para a França. De Brest, as tropas embarcaram para uma viagem de comboio de três dias, até à área de concentração do CEP em Aire-Sur-La-Lys/Thérouanne, onde se realizaram treinos preparatórios na guerra de trincheira e com gás, antes de ocuparem a sua posição atribuída na linha da frente. De Santa Maria da Feira foram mobilizados, 1473 jovens a saber:
3 Arquivo Histórico do Exército
Nome Cargo Freguesia
José dos Santos Carneiro Alferes de Infantaria Vila da Feira
Manuel Pereira da Silva Alferes Capelão Nogueira da Regedoura
António Sampaio Maia Alferes Médico Miliciano S. João de Ver
António Ferreira Linhares Nobre Alferes de Infantaria nº 24 Lobão
Ângelo Ferreira Leite Alferes Médico Miliciano de Infantaria 31
Moselos
Joaquim Alves Ferreira da Silva Tenente Médico miliciano Vila da Feira
Alberto José Bento Soldado Vila da Feira
José Gomes Lima Soldado Vila da Feira
Luís Francisco de Oliveira Clarim Espargo
José Pinto Soldado Arrifana
Jacinto Pinto da Cruz Soldado Vila da Feira
Joaquim Ferreira da Rocha 2.º Cabo Vila da Feira
António Coelho Soldado Lobão
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Luís Rebelo de Sousa Reis 2º Sargento - Regimento de Infantaria nº 18
Vila da Feira
Manuel Correia Soldado - 3º Depósito de Infantaria Sanguedo
Moisés Pereira dos Santos Soldado - 3º Depósito de Infantaria Vendas Novas de Lourosa
José Alves Santiago Soldado -3º Depósito de Infantaria Guisande
Manuel Pinto da Silva 3º Depósito de Infantaria Moselos
Manuel Soldado - R.I. 17 Vila da Feira
António Henriques da Silva Soldado Vila da Feira
Francisco Vilarinho Soldado Vila da Feira
António Pereira Magalhães Soldado - Regimento de Artilharia nº6 Lobão
Manuel Francisco Vilar Soldado - Regimento de Artilharia nº6 São João de Ver
Ilísio Ferreira da Silva Soldado - Regimento de Artilharia nº6 São João de Ver
Ramiro Alves de Oliveira Soldado - Regimento de Artilharia nº6 Silvalde
Júlio Francisco Alves Soldado - Regimento de Artilharia nº6 Milheirós de Poiares
Manuel Brito Soldado - Regimento de Artilharia nº6 Matos - Vila da Feira
António Fernandes Familiar Soldado - G.C.Saúde Fornos
Luís José Pinto Soldado - Grupo de Companhias de Saúde
Gião
Joaquim Ferreira Soldado - Grupo de Companhias de Saúde
Romariz
Joaquim Alves Moreira Soldado - Regimento de Infantaria nº31
Vila da Feira
Bernardino Pereira Soldado - Regimento de Infantaria nº31
São Jorge
Ramiro Ferreira da Costa Soldado - Regimento de Infantaria nº31
Vila Maior
Manuel António Rodrigues Leite Soldado - Regimento de Infantaria nº31
Souto
Moisés Pinto de Almeida Soldado - Regimento de Infantaria nº31
Lourosa
Quintino Francisco de Oliveira Soldado - Regimento de Infantaria nº31
Nogueira
José Pereira de Pinho Soldado - Regimento de Infantaria nº31
Moselos
Cândido da Silva Soldado - Regimento de Infantaria nº31
Vila da Feira
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António Francisco Regimento de Infantaria nº31 Fornos
José Soares Soldado - Regimento de Infantaria nº31
Canedo
Valentim de Sá Soldado - Regimento de Infantaria nº31
Vila da Feira
Júlio Pinto Avelar Soldado Vila da Feira
Serafim Dias Paes Soldado São Bento, Vila da Feira
Joaquim Ferreira Coimbra Soldado Vergada, Vila da Feira
José de Sá Pereira 1º Cabo - C.A.L.P. Vila da Feira - Laranjeiras
Avelino Francisco Botelho Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vale
Manuel José dos Santos Soldado Vila da Feira
Serafim Pinto Ribeiro Soldado Vila da Feira
Roberto Francisco Pinto Primeiro cabo Vila da Feira
Bernardo da Silva Marques Soldado Vila Maior
Calisto Domingos Moreira Moreira da Silva Soldado Vila da Feira
António de Oliveira Soldado Vila da Feira
Manuel José de Paiva Soldado Vila da Feira
José Ferreira dos Santos Soldado Vila da Feira
Manuel Alves de Sousa Soldado Vila da Feira
Cândido Luís da Silva Soldado - Regimento de Infantaria nº30
Vila da Feira
José da Rocha Milheiro Soldado Vila da Feira
Elísio Francisco Pereira Soldado - Regimento de Infantaria nº10
Fiães
Maximino Leite Soldado Vila da Feira
Joaquim Pinto Alves Soldado Vila Nova da Feira
Tiago Soares da Costa Soldado Vila da Feira
António Soares Soldado Vila da Feira
Adelino Joaquim Alves Soldado Vila da Feira
António Nunes de Azevedo Soldado Vila da Feira
Manuel da Silva Marques Soldado Vila da Feira
Elízio Francisco Coelho Soldado Vila da Feira
Manuel de Oliveira Soldado Vila da Feira
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Joaquim Alves da Conceição Soldado Vila da Feira
Amândio Dias da Silva Soldado Vila da Feira
Manuel Alves Barbassas Soldado Vila da Feira
Manuel de Oliveira Sengo Soldado Silvalde
Adriano Sá Pereira Soldado S. Paio de Oleiros
Manuel Ferreira dos Santos Soldado Vila da Feira
Joaquim de Sousa Soldado Vila da Feira
Carlos Pinto de Sá Soldado Vila da Feira
Rosalino Marques de Sá Soldado Vila da Feira
Bernardo Paes Soldado Vila da Feira
António Alves Roda Soldado Vila da Feira
Joaquim Ferreira Pinho 1.º Cabo Vila da Feira
Augusto dos Santos Soldado Vila da Feira
Alfredo Rodrigues Soldado Vila da Feira
António Francisco Soldado Vila da Feira
Joaquim de Sá Catarino Soldado Vila da Feira
José do Couto Soldado Vila da Feira
José de Oliveira Soldado Vila da Feira
António Francisco da Silva Soldado Vila da Feira
Alfredo Marques Correia de Sá Soldado Vila da Feira
David Moreira Soldado Vila da Feira
Henrique Francisco de Castro Soldado Vila da Feira
António Alves da Silva Soldado Vila da Feira
Adelino Inácio Ferreira Soldado Vila da Feira
Manuel de Oliveira Soldado Vila da Feira
António da Silva Marques Soldado Vila da Feira
José Aires de Oliveira Dias Soldado Vila da Feira
Artur Ferreira Pinto Soldado Vila da Feira
Manuel Dias da Silva Soldado Vila da Feira
Óscar Ferreira Regal Soldado Anta
Francisco Gomes da Costa Soldado Vila da Feira
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Joaquim de Oliveira Santos Soldado Vila da Feira
Joaquim Rodrigues Vito Soldado Vila da Feira
Manuel Ferreira da Costa Soldado Vila da Feira
Luís Gomes da Silva Soldado Vila da Feira
António de Sousa e Silva Soldado Vila da Feira
José Francisco da Costa Soldado Vila da Feira
Manuel Ferreira dos Santos Soldado Vila da Feira
António José Pinto Soldado Vila da Feira
Joaquim de Almeida Carvalho Soldado Vila da Feira
Domingos Alves de Oliveira Soldado Vila da Feira
Henriques Corrne Soldado Vila da Feira
José Alves dos Anjos Soldado Vila da Feira
Francisco Gomes da Silva Soldado Vila da Feira
José Nunes da Silva Soldado Vila da Feira
Abel Pinto Tavares Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Moselos
Bernardo Ferreira Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Romariz
António da Silva Valente Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira
Artur Gomes da Costa Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira
Frutuoso Gomes Ribeiro Soldado Barracão - Vila da Feira
Olímpio Marques de Sá Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira
António Luís de Matos Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira
Francisco Gonçalves Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Souto
Manuel Alves Ferreira da Silva Júnior Soldado - Regimento de Infantaria nº6 São Jorge
José Pereira Bernardes 1º Cabo - Regimento de Infantaria nº6 Silvalde
Manuel Pinto Júnior Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Fornos
Eduardo da Costa Guedes Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Canedo
Manuel Correia Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Canedo
Joaquim Francisco da Silva Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Anta
Manuel da Silva Vidinha Junior Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Canedo
Manuel José da Silva Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Lobão
Domingos Joaquim de Oliveira Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Milheirós de Poiares
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Abel Alves da Costa Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Romariz
Francisco Pereira Bernardes Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Silvalde
Augusto da Mota Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Sousanil - Canedo
António Gomes da Costa Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Vila da Feira
Francisco Leite Pinho Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Monte Fornos
José Francisco Andrade Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Valrico - Souto
Francisco dos Santos Soldado - Regimento de Infantaria nº6 Lourosa
Alexandre da Silva Godinho 2.º Sargento Vila da Feira
António Gomes da Costa 2º cabo - Regimento de Infantaria nº18
Lobão
José Ferreira da Silva 2º cabo - R.I.18 Vila da Feira
Clemente Alexandre Vieira 2.º cabo Vila da Feira
Joaquim Alves da Silva Soldado Pigeiros
Joaquim de Sousa Fernandes Soldado Vila da Feira
Fernando Mendes dos Santos Soldado Vila da Feira
Albino Ferreira dos Santos Soldado Vila da Feira
Manuel Sá Rodrigues Soldado Lamas
Manuel dos Santos Soldado Vila da Feira
Em 11 de Maio de 1917, as primeiras unidades portuguesas tomaram o seu lugar na linha de frente, com a implantação das brigadas concluída até 5 de Novembro do mesmo ano. A frente de combate distribuía-se numa extensa linha de 55 quilómetros, entre as localidades de Gravelle e de Armentières, guarnecida pelo 11° Corpo Britânico, com cerca de 84 000 homens, entre os quais se compreendia a 2ª divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP), constituída por cerca de 20 000 homens, dos quais somente pouco mais de 15 000 estavam nas primeiras linhas, comandados pelo general Gomes da Costa. Os problemas começaram quase de imediato. Os soldados portugueses odiavam as rações britânicas e sofreram muito durante o inverno extremamente rigoroso de 1917-1918 (temperaturas caíam para - 22º C). Panfletos pacifistas viram circulação generalizada em Portugal (não entre os soldados, que eram na sua esmagadora maioria analfabetos), com dizeres a chamar o CEP de “Carneiros de
Exportação Portuguesa” e “Cordeiros portugueses exportados para abate”. A moral dos soldados estava em baixo, uma vez que os soldados não sentiam que estavam a lutar pela sua terra natal, nos campos de trincheiras da Flandres. O verdadeiro problema era que ao CEP foi negado qualquer tipo de reforços para substituições de tropas a fim de reduzir os efeitos de atrito (o terrível “desperdício” de trincheira) causada por bombardeamentos de artilharia, ataques às trincheiras por alemães, abandono, doença e contra-ataques portugueses. A 6 de abril de 1918, o CEP já tinha perdido 5.420 homens, dos quais 1.044 tinham sido mortos. Assim, 9 de Abril de 1918, as brigadas de infantaria portuguesa, que inicialmente eram compostas por 4.660 oficiais e soldado cada, tinham caído para: 3.679 (3ª Brigada), 3.270 (4ª Brigada), 3.053 (5ª Brigada) e só 2.999 na 6ª Brigada, onde apenas metade dos oficiais e soldados tinham permanecido. O CEP tinha sido delapidado em 5.639 homens, apenas nas suas brigadas de infantaria. Com estas
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As primeiras linhas de defesa foram rapidamente superadas pelos atacantes, e os portugueses que sobreviveram a esta infernal investida ficaram tão atordoados, que os impediu de esboçar qualquer tipo de resistência efectiva. No sector norte defendido pelos portugueses da 4º Brigada (com os batalhões 8º e 20º na linha da frente e os batalhões 3º e 29º na reserva), a 42ª divisão alemã, liderada pelo 138º Regimento de Infantaria, não obstante a resistência obstinada pelos soldados do 8º Batalhão, que lutando bravamente atrasou investidas alemãs, juntou-se ao 29º Batalhão antes de chegar ao QG da Brigada no Laventie. Às 11:00, porém, Laventie tinha sido capturada e com ele a maioria dos soldados da 4ª Brigada do CEP. O Comandante do 8º Batalhão, Major Xavier da Costa, foi preso depois de ter cegado e ferido por três vezes. Esta derrota já era esperada pelo comandante do CEP general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva e pelo comandante da 2.ª Divisão Gomes da Costa e pelo Chefe do Estado-Maior do Corpo, João Sinel de Cordes, que por diversas vezes avisaram o governo de Portugal e o comando do 1º Exército Britânico, das dificuldades existentes. Nesta batalha os exércitos alemães provocaram uma enorme derrota às tropas portuguesas, sendo a maior catástrofe militar portuguesa depois da batalha de Alcácer-Quibir, em 1578! Entre as diversas razões para esta derrota tão evidente têm sido citadas, por diversos historiadores, as seguintes: 1. A revolução havida no mês de Dezembro de 1915,
em Lisboa, que colocou na Presidência da República o Major
Doutor Sidónio Pais, o qual alterou profundamente a política
de beligerância prosseguida antes pelo Partido Democrático.
2. A chamada a Lisboa, por ordem de Sidónio Pais, de
muitos oficiais com experiência de guerra ou por razões de
perseguição política ou de favor político.
3. Devido à falta de barcos, as tropas portuguesas não
foram rendidas pelas britânicas, o que provocou um grande
desânimo nos soldados. Além disso, alguns oficiais, com
maior poder económico e influência, conseguiram regressar a
Portugal, mas não voltaram para ocupar os seus postos.
4. O moral do exército era tão baixo que houve
insubordinações, deserção e suicídios.
5. O armamento alemão era muito melhor em qualidade
e quantidade do que o usado pelas tropas portuguesas o qual,
no entanto, era igual ao das tropas britânicas.
brigadas empobrecidas, o CEP mantinha homens em três linhas de trincheiras e uma linha adicional de defesa em torno de aldeias à rectaguarda, para um total de 40 km. A razão exacta pela qual o CEP não recebia reforços, que impedia a substituição e descanso das tropas, extremamente necessárias para manter frescas todas estas linhas, por falta de barcos, não foi livre de controvérsia. Esta situação era agravada por outros factores tais como o Inverno frio e húmido, muito diferente do que o que os portugueses estavam habituados. As condições foram-se agravando a tal ponto que o Comando do 1º Exército
Britânico decidiu a rendição das tropas portuguesas por tropas britânicas, com o objectivo de permitir o descanso daquelas. É justamente no dia previsto para a rendição do CEP que se dá a ofensiva alemã, apanhando as forças portuguesas numa posição completamente desfavorável. O bombardeio de artilharia alemã abriu em 04:15, de 9 de Abril, atingindo não só as trincheiras da linha de frente, mas também os centros de comando e controle e rede rodoviária na rectaguarda. Oito divisões do 6º Exército Alemão, com cerca de 55 000 homens comandados pelo general Ferdinand von Quast, constituíram a ofensiva “Georgette” (idealizada por Erich Ludendorff) que visava à tomada de Calais e Boulogne-sur-Mer. As tropas portuguesas, em apenas quatro horas de batalha, perderam cerca de 7500 homens entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, ou seja, mais de um terço dos efectivos, entre os quais 327 oficiais. Nesta batalha, os 20,000 homens e 88 armas pesadas do CEP, enfrentariam o brutal do assalto dos XIX e LV Corps alemão, com um total de quase 100.000 homens apoiados pela maioria das 1.700 peças de artilharia alocadas ao 6º Exército Alemão. Este acontecimento, ficou conhecido em Portugal como “A Batalha de La Lys”, ou por “Batalha de Armentières”. 9 de Abril de 1918 foi o primeiro dia da ofensiva de Ludendorff Lys, também conhecida como “Operação Georgette” ou “Batalha
de Ypres” para a história oficial britânica. Às 7 horas da manhã, o assalto da infantaria alemã começou em força nos limites entre o CEP e as divisões britânicas vizinhas. Usando máscaras de gás e espingardas com baioneta, os alemães atacaram em três ondas sucessivas, mantendo uma distância de 120 metros entre cada pelotão (todos os pelotões eram precedidos por quatro equipas de metralhadora). Por trás uma barragem rastejante que avançava 50 metros a cada quatro minutos de manobra.
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protestar por todas as formas contra esse desprezo, fazem
todos os dias aos soldados promessas de descansos e licenças
que nunca chegam, e exigem dalguns milhares de homens
o doloroso esforço, que nos outros exércitos se distribui
por centenas de milhares, que menos se poderá esperar?
O desfalecimento, a exaustão, o desespero atingiram o auge
nas nossas fileiras.” (…) “Às dez da manhã sabe-se já que os
alemães, numa ofensiva de grande estilo, (…) romperam as
nossas linhas e avançam. (…) Lançados ao acaso sobre as
macas, os feridos de mais gravidade esperam a sua vez. Um
cheiro pesado e morno a éter, sangue e entranhas violadas
entontece e engulha. À beira deste ou daquele pingam
nascentes de sangue. O chão é todo manchado pelo rio
vermelho da vida que extravasa.”36 De sublinhar que na preservação da memória e
identidade temos Túmulo do Soldado Desconhecido”que é o nome que recebem os monumentos erigidos pelas nações para honrar os soldados que morreram em tempo de guerra sem que os seus corpos tenham sido identificados. Na Sala do Capítulo do Mosteiro da Batalha está o “Túmulo do Soldado
Desconhecido”, com chama eterna e guarda de honra permanente.
6 Jaime Cortesão, Memórias da Grande Guerra, Vol. I, pp. 218-221, Portugália Editora, Lisboa, 1969
6. O ataque alemão deu-se no dia em que as tropas lusas
tinham recebido ordens para, finalmente, serem deslocadas
para posições mais à rectaguarda. 7. As tropas britânicas recuaram em suas posições,
deixando expostos os flancos do CEP, facilitando o seu
envolvimento e aniquilação.
O texto a seguir informa-nos sobre a batalha de La Lys de 9 de Abril de 1918, na qual os portugueses enfrentaram os alemães:
“À l’Ouest, en mars de 1918, c’est-à-dire au moment
où les conditions atmosphériques permettent d’engager de
grandes opérations, le commandement allemand, grâce à
l’armistice russe, dispose de cent quatre-ving-douze divisions
d’infanterie – vingt de plus que les Franco-Anglais. Ludendorff
(…) sait que «la lutte sera formidable» (…). À trois reprises,
le 21 mars sur le front de Saint-Quentin, le 9 avril sur le front
de la Lys, le 27 mai sur le front du chemin des Dames, les
troupes allemandes, bien qu’elles ne possèdent pas de chars
d’assaut, réussissent ces opérations de rupture du front que,
depuis la fin de 1914, les belligérants, en France, avaient
vainement cherché à réaliser. Elles obtiennent de grands
succès …”4.1 Tinha razão o general Erich Ludendorff, chefe do Estado Maior do exército alemão, quando dizia que a luta ia ser formidável: os soldados portugueses sentiram-na bem na Batalha de La Lys. De toda a parte chegam sinais de que a luta se intensifica: “… Ao atravessar os campos as granadas caíam aos
milhares! Alevantavam o chão todo! A terra fervia em cachão!
(…) As aldeias ardiam como archotes alumiando a noite! (…)
Lembrava o Inferno, a terra toda a arder!” 5 2 O texto do historiador francês acima referido dá-nos conta da fortaleza do exército alemão. Ainda por cima e no momento da batalha do 9 de Abril de 1918, as tropas portuguesas estavam enfraquecidas, resultante dos acontecimentos políticos ocorridos em Portugal em Dezembro de 1917:“Mas,
- coisa inevitável, - os nossos soldados, começam a revoltar-
se. Sim, inevitável. Pois se de Portugal não mandam reforços
e nos esquecem, e os altos comandos, sem a coragem de
4 Pierre Renouvin, L’Armistice de Rethondes, pp. 18-19, Gallimard, Paris, 19685 Jaime Cortesão, Memórias da Grande Guerra, Vol. I, p. 225, Portugália Editora, Lisboa, 1969
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Todavia gostaria de sublinhar a morte de 31 militares feirenses durante a Primeira Grande Guerra, alguns dos quais sepultados em África e outros o Cemitério Militar Português de Richebourg l’Avoué, patrocinado pela Comissão Portuguesa das Sepulturas de Guerra. Este cemitério português, construído na comuna francesa de Pas-de-Calais nos anos 30, segundo o projecto do arquitecto Tertuliano Lacerda Marques, reúne 1831 militares mortos na frente europeia durante a 1.ª Guerra Mundial. Integra ainda um grande memorial, o Altar da Pátria, destinado a revalorizar o ideal do patriotismo e a sacralizar a memória dos que caíram em defesa do país.
Independentemente do que sucedeu a cada um dos
soldados portugueses na Grande Guerra, tenham eles sido
capturados pelos alemães em 9 de Abril e falecido num campo
de concentração, mortos num raid sob as linhas portuguesas
ou perdido a vida por razões de doença, a realidade é que
muitos ficaram enterrados fora de Portugal e os seus corpos,
por razões diversas, não puderam ser repatriados pelo Serviço
de Sepulturas de Guerra no Estrangeiro. Todavia isso não
significou que não existisse interesse pelo seu paradeiro.
Antes pelo contrário. Richebourg l´Avoué é prova de que,
ainda hoje, estes militares são recordados, como podemos
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A construção de toda a estrutura deveu-se principalmente
a dois homens. Um foi M. Lantoine, o cônsul português
em Arras. O outro Alberto Lello Portela, oficial que integrou
a missão de aviação portuguesa na Grande Guerra.
Inicialmente estes homens uniram esforços para reagrupar
numa mesma estrutura física, os corpos dos expedicionários
inumados em Brest, Chartres, Etaples, Wimereux,
Boulogne, Ambleteuse, Côte d´Opale, entre outros.
O tempo passou e a estrutura simples do cemitério
de Richebourg l´Avoué contêm agora a memória dos
expedicionários que deram a vida pelo conflito mundial no
palco europeu. É um cemitério de guerra. E como tal deve
ser olhado por todos nós como um memorial ao soldado
português47.
7 Margarida Portela, “O cemitério militar português de Richebourg l´Avoué”, A Guerra de 1914 - 1918, www.portugal1914.org
constatar pelas cerimónias efectuadas todos os anos, nas
quais se relembram principalmente os inúmeros caídos
a 9 de Abril de 1918, mas em que se louva igualmente a
presença de todos os portugueses neste conflito.
O cemitério de Richebourg l´Avoué não é o único local de
repouso de militares portugueses. Em outros lugares existem
talhões em cemitérios militares, as denominadas secções
portuguesas, onde se encontram homens do C.E.P. Contudo,
Richebourg é um cemitério militar exclusivamente português,
com 1.831 mortos, dos quais 238 são desconhecidos. Os
corpos dos homens que hoje encontraram o seu descanso
naquele local vieram de outros cemitérios em França, como o
de Touret, Ambleteuse ou Brest. Vierem também de Tournai na
Bélgica e alguns da Alemanha, no caso dos prisioneiros falecidos
naquele território. A recolha total e os trabalhos de inumação
dos corpos ter-se-á efectuado entre 1924 e 1938.
Cemitério militar português de Richebourg l´Avoué
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Cemitério militar português de Richebourg l´Avoué – sepultura de Albino Gomes Costa Silva, soldado natural de Milheirós de Poiares, do 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6, falecido a 16 de Novembro de 1918. Talhão C, Fila 19, Coval 3
Então aqui fica a listagem dos soldados que tombaram pela Pátria em diverentes pontos do globo, naturais de santa Maria da Feira:
Nome Naturalidade Posto Unidade Ramo Forças Armadas
Teatro de Operações
Causa da morte
Data da morte
Local de sepultura
Manuel Serafim de Oliveira
Feira Soldado 3º Grupo de Metralhadoras
Exército Moçambique Doença 4 de Abril de 1918
Moçambique
Alfredo José da Fonseca
Romariz Soldado Regimento de Infantaria n.º 28
Exército Moçambique Disenteria 10 de Janeiro de 1918
António de Oliveira Reimão
Lobão Soldado Regimento de Infantaria n.º 28
Exército 12 de Janeiro de 1918
Disenteria 12 de Janeiro de 1918
Augusto Romariz Soldado Regimento de Infantaria n.º 24
Exército Moçambique Desconhecida 24 de Agosto de 1917
Cemitério de São Tomé
Bernardo Pereira de Melo
Lobão Soldado Regimento de Infantaria n.º 28
Exército Moçambique 1 de Maio de 1918
Custódio da Silva
Paramos Soldado Regimento de Infantaria n.º 28
Exército Moçambique Disenteria 26 de Março de 1918
Francisco Ferreira Júnior
São João de Ver
Soldado Regimento de Infantaria n.º 28
Exército Moçambique Desconhecida 8 de Março de 1918
Francisco Soares Valente
Lourosa Soldado Regimento de Infantaria n.º 24
Exército Moçambique Sezonismo pernicioso
5 de Janeiro de 1918
124
Manuel Francisco dos Santos
Travanca Soldado Regimento de Infantaria n.º 29
Exército Moçambique Disenteria 28 de Fevereiro de 1918
Adelino Francisco Botelho
Vale Soldado Corpo de Artilharia Pesada, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Desconhecida 2 de Julho de 1918
Ignora-se
Serafim Pereira Gonçalves
Fornos Soldado Regimento de Infantaria n.º 28
Exército Disenteria 2 de Dezembro de 1917
António Fernandes Pereira Bastos
Santa Maria da Feira
Soldado 6ª Brigada de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 31
Exército França Desconhecida 9 de Abril de 1918
Ignora-se
Adriano Pereira Lobão Soldado Regimento de Infantaria n.º 28
Exército Moçambique Paludismo e disenteria
2 de Junho de 1918
Augusto Ferreira da Silva
Nogueira da Regedoura
Soldado Regimento de Infantaria n.º 28
Exército Moçambique Disenteria e Paludismo
31 de Janeiro de 1918
Manuel Pereira de Sousa
Anta Soldado Regimento de Infantaria n.º 24
Exército Moçambique Cachexia palustre
8 de Março de 1918
No mar
Domingos Guedes
Louredo Soldado 4º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 32
Exército França desconhecida 17 de Novembro de 1918
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão C, Fila 8, Coval 14
Adelino Inácio Ferreira
Romariz Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Combate 12 de Março de 1918
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 3, Coval 21
Henrique Cardoso
Moselos Soldado 4º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 32
Exército França Desconhecida França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão D, Fila 8, Coval 5
Jorge Pereira Gomes
Lobão 2º Sargento
Regimento de Infantaria n.º 29
Exército Moçambique Desconhecida 12 de Outubro de 1918
No mar, 8º 36`5`` N, 17º 40`2``W
Manuel Fernandes Lopes
Canedo Soldado Regimento de Infantaria n.º 31
Exército Moçambique Biliosa 7 de Abril de 1918
Moçambique, Cemitério de Goba, Coval 5
Adelino Inácio Ferreira
Romariz Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Combate 12 de Março de 1918
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 3, Coval 21
Albino Gomes Costa Silva
Milheirós de Poiares
Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Desconhecida 16 de Novembro de 1918
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão C, Fila 19, Coval 3
Arnaldo Leite de Sousa
S. João de Ver Soldado Telegrafia por Fios, Batalhão de Telegrafistas de Campanha
Exército França Combate 21 de Abril de 1918
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão D, Fila 17, Coval 21
Francisco dos Santos
Lourosa Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Combate 14 de Março de 1918
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão D, Fila 7, Coval 21
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Camilo Alves de Pinho
Lourosa Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Combate 25 de Dezembro de 1917
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão A, Fila 14, Coval 10
Carlos Pereira Alves
Argoncilhe Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Combate 15 de Maio de 1918
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 8, Coval 2
Guilherme Alves Ferreira da Silva
Canedo Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Combate 12 de Maio de 1918
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 13, Coval 15
Joaquim José Batista
Gião Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Combate 14 de Agosto de 1917
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão A, Fila 6, Coval 26
Manuel Ferreira dos Santos
Mosteirô Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Desconhecida 20 de Novembro de 1917
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão d, Fila 15, Coval 5
Manuel Francisco
S. João de Ver Soldado 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Combate 21 de Agosto de 1917
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão B, Fila 1, Coval 20
Manuel Gomes Leite
Pigeiros 1.º Cabo 1º Depósito de Infantaria, Regimento de Infantaria n.º 6
Exército França Desconhecida 13 de Março de 1918
França, Cemitério de Richebourg l`Avoué, Talhão C, Fila 12, Coval 18
126
Conseguindo fugir, andou meses por França e Espanha, aparecendo um dia em casa do pai, como um mendigo desconhecido. Como militar, foi na Grande Guer ra, um valoroso e intrépido oficial, cu jo mérito foi sempre reconhecido pelos seus superiores hierárquicos, tendo-lhe sido concedida a Cruz de Guerra de 2.ª classe, além das medalhas de Bom Comportamento, Campanha de França e da Vitória. Pela sua vontade própria se elevou na sociedade, formando-se em Direito na Universidade de Coimbra Foi nomeado comandante do Corpo Activo dos Bombeiros da Feira a 20 de Novembro de 1925 e como comandante da benemérita corporação, tudo fazia em prol do seu engrandecimento e prestígio, conseguindo, graças à sua boa vontade e pertinácia, um importante subsídio do Estado de sessenta e quatro contos para ajuda da construção do projectado quartel e de dois pavilhões anexos para hospital. Foi Conservador do Registo Civil, e advogado - lugares que exercia com inteligência e dedicação. Era também um espírito liberal, combatendo os couceiristas do Norte de Portugal, como voluntário, na coluna do malogrado general Abel Hipólito. Foi, finalmente, o fundador e pri meiro Presidente da Delegação da Fei ra, da Liga dos Combatentes da Gran de Guerra, lugar que desempenhou com destaque e amor, tendo sido sempre o protector e amigo dos nossos pobres mu tilados e dos órfãos e viúvas daqueles que para sempre tombaram no Campo da Batalha. O Dr. José Carneiro, distinguiu-se também pela sua enérgica actividade na defesa da integridade do nosso concelho e comarca, combatendo as preten sões injustas dos inimigos da Feira. Foi ainda Director da Policia Judiciária do Porto, cargo que ocupou até se tornar Oficial do Registo Civil da Feira. Espírito inteligente e empreendedor, nunca se deixou dominar por qualquer contratempo, nem olhava a despesas ou sacrifícios, quando a Feira care cia dos seus serviços. Em 11 de Novembro de 1934 do corrente, foi prestada uma Homenagem Concelhia. Nesta homenagem o senhor Conde de Fijô, num feliz improviso, disse das qualidades do falecido Dr. Santos Carneiro58.
8 Tradição 17 de Novembro de 1934
Heróis de Santa Maria da Feira na Primeira Grande Guerra Santa Maria da Feira teve Homens brilhantes que se destacaram na Primeira Grande Guerra, e recorrendo aos arquivos dos jornais, em particular nas notícias de falecimento constatamos os seguintes:
José Santos Carneiro
Dr. José Santos Carneiro
Nasceu em 12 de Janeiro de 1893 e morreu a 22de Fevereiro de 1934, com apenas 41 anos de idade, vítima de um carbúnculo numa mão. O facto de ter sido gaseado na 1.ª Guerra Mundial impediu que medicação da época não conseguisse fazer o devido efeito. Depois de fazer parte do Corpo Expedicionário Português, em França, como tenente miliciano, e de ter tomado parte na célebre batalha de 9 de Abril de 1918 (batalha de La Lys), na qual foi feito prisioneiro dos alemães até ao Armistício, foi dado como desaparecido, uma vez que não tinha sido encontrado pela família, muito embora os vários esforços efectuados nesse sentido.
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conseguiu em colaboração com outros elementos de valor da Feira, que os Poderes Públicos concedessem um avultado subsidio pecuniário desti nado a instituições de beneficência e utilidade, como seja - o Quartel-Hospital dos Bombeiros Voluntários da Fei ra. Como militar, foi na Grande Guer ra, um valoroso e intrépido oficial, cu jo mérito foi sempre reconhecido pelos seus superiores hierárquicos, tendo-lhe sido concedida a Cruz de Guerra de 2.ª classe, além das medalhas de Bom Comportamento, Campanha de França e da Vitória. Foi, finalmente, o fundador e pri meiro Presidente da Delegação da Fei ra, da Liga dos Combatentes da Gran de Guerra, lugar que desempenhou com destaque e amor, tendo sido sempre o protector e amigo dos nossos pobres mu tilados e dos órfãos e viúvas daqueles que para sempre tombaram no Campo da Batalha.
Foi uma justa homenagem prestada à memória de um grande bairrista, de um novo que, batendo-se em França pe la sua pátria, não tombou nos campos de batalha mas sim na sua terra junto dos seus amigos, como disse sua Ex.ª o senhor Conde de Fijô: “Ex.mas Autoridades, Queridos Camaradas
Combatentes, Minhas Senhoras e meus Senhores.
A Vila da Feira, essa velha Caste lã que se orgulha dos seus pergaminhos de nobreza, vem hoje, como outrora fa ziam aos Cavaleiros, que se batiam pe la sua Dama, render o seu preito de homenagem àquele que por Ela se ba teu - Homenagem despida de grandeza mas cheia do mais carinhoso afecto dos nossos corações. Dr. José dos Santos Carneiro, ho mem de uma só fé e de um só parecer, dedicou-se sempre, como filho amantís simo desta Terra, ao seu progresso e bem-estar. Foi sempre um acérrimo de fensor da integridade do seu concelho e comarca;
Talhão da Liga dos Combatentes Cemitério Municipal de Santa Maria da Feira
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uma causa que era a de todos os Feirenses: “o bem-estar do torrão amado”. Não caiu nos Campos de Flandres, aonde com o seu sangue generoso, foi batalhar o bom combate, em defesa da causa sagrada da Pátria, mas veio cair, ironia pungente, perto da família, dos amigos e patrícios, devotados para mais de perto sentirem a sua falta. Cruel destino! Obrigado, muito obrigado, a todos sem
distinção, por em tão alto apreço terem a memória do querido
morto; a todos do fundo da minha alma envio um abraço da
mais devotada gratidão”.
António Sampaio Maia6
António Sampaio Maia, era oriundo da Casa da Torre de S. João de Ver, sendo sobrinho do 1.º Conde de São João de Ver. Faleceu em 7 de Novembro de 1966 aos oitenta anos de idade, médico cirurgião e proprietário, natural da freguesia de São João de Ver, domiciliado no lugar da Granja.
9 Joaquim António Coelho in Correio da Feira de 12/11/1966
Foi por isso que esta Delegação de sejando prestar ao seu
tao querido co mo saudoso fundador e primeiro Presi dente o
Ex.m.º Snr. Dr. José dos San tos Carneiro, uma homenagem
que fi casse para sempre bem gravada no es pírito, dos seus
conterrâneos, pediu ao Snr. Presidente da Junta Autónoma de
Estradas, que o seu nome fosse dado a esta rua.
Em resposta, recebemos do Ministério do Comércio e
Comunicações e da Junta Autónoma de Estradas, os ofícios
que passo a ler: - Oficio N.° 418 - Ex. Mo Snr. Presidente da
Liga dos Combatentes da Grande Guerra - Sua Ex.ª o Ministro
em despacho de 13 de Julho, autorizou que fosse dado o
nome do Dr. José dos Santos Carneiro, ao Ramal da E. N.
n.º 29-2.ª em satisfação do pedido de V. Ex.ª feito no ofi cio
n.º 11 de 26 de Junho. - A bem da Nação - Junta Autónoma
de Estradas em 18 de Julho de 1934 - Pelo Presi dente -
(António Taveira de Carvalho) - Vice-Presidente. - Oficio N.º
395 - Junta Autónoma de Estradas - Ex.m° Snr. Presidente da
Liga dos Comba tentes da Grande Guerra - Delega ção da Feira
- Tenho a honra de co municar a V. Ex.ª que Sua Excelência o
Ministro das Obras Públicas e Comunicações, em despacho
de 13/7/1934, autorizou a Liga dos Combatentes da Grande
Guerra, de que V.ª Exª é mui digno Presidente a dar ao Ramal
da E. N. n.º 29-2.ª o nome do Dr. José Santos Carneiro. A
Bem da Nação – Aveiro, 23 de Julho de 1934 – O Engenheiro
Director (Moniz de Freitas)”.
Francisco Nunes Correia, Juiz de Direito da Comarca não podendo amrcar presença neste evento enviou uma mensagem sublinhando também as qualidades deste nosso herói de guerra,”não me é dado assistir a tão grata
homenagem, cumpre-me, no entanto, o dever moral, como
graduado membro da família Santos Carneiro, de agradecer
a V.ª Ex.ª e à Liga que tão dignamente representa, a todas
as colectividades, pessoas amigas e de distinção, que tanto
acarinharam e defenderam esse belo gesto, a todos os
Feirenses, enfim, a justa e merecida homenagem que lhe
tributam, como eloquente demonstração da sua magnânima
afectividade, e que tanto nos envaidece, no meio do infortúnio
que ultimamente nos tem perseguido.
Santos Carneiro era um rapaz cheio de boa vontade, com
a alma aberta a todos os empreendimentos que significassem
prosperidade para a sua querida Feira, que ele tanto amava.
A morte veio surpreendê-lo no vigor da sua vida, quando tanto havia a esperar da sua energia inquebrantável ao serviço de
129
finalidade de, através da sua participação activa no esforço de guerra contra a Alemanha que também ameaçava os seus territórios ultramarinos, conseguir apoios dos seus aliados e evitar a perda daqueles territórios. Antonio Sampaio Maia exerceu as suas funções no CEP em França entre 1916 e 1918 e aí foi condecorado pelo Governo Francês com a Medalha de Honra das Epidemias como testemunho da dedicação excepcional de que deu provas durante diversas epidemias.
Deixou descendentes seus filhos António e Carlos, o primeiro casado com dona Maria Teresa Canejo Proença Borges do Rego havendo deste casal 2 filhos. Depois de concluir os preparatórios na cidade do Porto formou-se na Universidade de Coimbra em Filosofia e Medicina. Foi tenente médico miliciano no Corpo Expedicionário Português (CEP) que foi a principal força militar que Portugal, durante a 1ª Guerra Mundial, enviou para França, com a
Boletim individual de António Sampaio Maia – Arquivo Histórico do Exército
130
tendo fundado e dirigido em Viseu o semanário «República», de 1928 a 1932. Foi colaborador de vários jornais e revistas, tendo sido secretário da revista «Seara Nova», de Lisboa. Foi autor de vários livros: «Açores, estas Ilhas Desconhecidas», «Palavras sem Eco» e outros trabalhos inéditos no campo económico e social. Por fidelidade aos princípios democráticos, foi-lhe fixada residência em diversas terras do país, desde o Minho ao Algarve e por fim demitido do exército e deportado para Cabo Verde, onde permaneceu no Tarrafal durante dois anos. Regressando a Portugal, fixou residência em Sanfins da Feira. Faleceu na Quinta das Mestra, naquela freguesia em 25 de Novembro de 1961.
Joaquim de Almeida Carvalho Júnior8 Nasceu em Paços de Brandão em 1882, no lugar da Aldeia e era filho de Joaquim Almeida Carvalho e de D. Maria Alves da Silva. Foi elemento da Nova Tuna juntamente com seu irmão Edmundo Carvalho e tornou-se o maior violinista de Paços de Brandão. Chegou a compor as suas próprias composições, tendo sido convidado a fazer parte da Orquestra Sinfónica do Porto, lugar que não aceitou pelo amor que tinha à sua terra e pela sua Tuna. Nos anos 50/60 foi presidente da Junta de Paços de BrandãoFoi um dos fundadores da «Fábrica Dragão-Dilumit» em Paços de Brandão. «Brandoense profundamente dedicado à sua terra», foi conselheiro municipal da Feira.Participou como soldado do C.E.P. em França, na 1.ª Grande Guerra. Era casado com D. Umbelina Dias Pinto Leite da qual teve os seguintes filhos: Arménio Dias de Carvalho, que depois foi médico e director do Hospital-Asilo de S. Paio de Oleiros; Emídio Dias de Carvalho; e Joaquim Dias de Carvalho. Faleceu, na sua Quinta de Baixo, em Janeiro de 1966, com 73 anos de idade.
Elísio Coimbra9 Nasceu na Vila da Feira em 1892. Era filho de António Bernardo Coimbra e de D. Emília de Resende Coimbra. Formou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1917, onde defendeu a tese «A Diabete Pancreática». Em Paris tirou a especialidade em medicina do estômago, fígado e intestino. Fixou-se no Porto, foi médico na Federação das
11 Correio da Feira, 29.1.1966. Informação fornecida pelo Sr. Eduardo Rocha, actual correspondente do «Correio da Feira» em Paços de Brandão.12 Correio da Feira, 8.10.1966 e 19.11.1966
Finda a Guerra passou a exercer clínica cirúrgica nos Concelhos da feira, Espinho e Ovar. Foi também médico na Federação das Caixas de Previdência que acumulou com a direcção clínica do Hospital de Oleiros. António Sampaio Maia a par de médico distinto, muito devotado à sua profissão da qual fazia verdadeiro sacerdócio, era uma individualidade dotada da melhor formação moral e intelectual, qualidades que sobejamente demonstraram ao longo da sua vida A sua acção fez-se sentir também noutros campos, se recordarmos que, ele foi um elemento de valia no Orfeon Académico de Coimbra, fundado por António Joice, cuja agremiação acompanhou na memorável viagem ao Brasil. Foi ainda Presidente da Junta de Freguesia de S. João de Ver. Santa Maria da Feira a que ele desde novo se afeiçoara, e assiduamente frequentava, ficou-lhe devendo al guns serviços valiosos. Foi ele que em 1911 - graças ao seu persistente esforço, fundou e dirigiu com arte, e em colaboração com Benjamim Gama de Andrade, António Martins, Alberto Coimbra e outros, o famoso e inesquecível Orpheon-Feirense, que tão longe tem levado o nome da Terras de santa Maria.A António Sampaio Maia se ficou a dever a criação da de-legação da prestimosa Liga dos Combatentes da Grande Guerra, na então Vila da Feira, à qual presidiu sempre e deu o melhor da sua dedicação. Feirense de Verdade, oriundo da antiga e nobre casa da Torre de S. João de Ver, ligado pelo sangue, pelas reminiscências e pelo afecto às Terras de Santa Maria, que sempre prezou, no convívio social, e na actividade da sua profissão, António Sampaio Maia, legou aos contemporâneos e à posteridade um exemplo de referência moral e de virtudes cívicas. Foi ainda Presidente da Junta de Freguesia de S. João de Ver.
António Correia7
O capitão António Correia fixou residência, em 1956, na Quinta das Mestras na freguesia de Sanfins, propriedade de seu genro, Engº. Luís Correia de Sá. Foi pioneiro da aviação portuguesa com brevet tirado em Inglaterra, combatente da Primeira Grande Guerra em França. Foi também jornalista,
10 Francisco Neves, Do Alto da Piedade. Edição da LAF – Liga dos Amigos da Feira, 2003
131
colaborado, durante alguns anos, no «Correio da Feira», cujos artigos eram muito apreciados. Era casado com D. Maria Pereira Coelho de Oliveira de quem teve 5 filhos. Alípio Jorge da Cruz Oliveira, Maria Teresa Oliveira Sério Ramos, Maria Helena de Oliveira, Maria Alice C. Oliveira e Maria José C. Oliveira Barrilaro Ruas. Faleceu na sua casa do Porto em 28 de Janeiro de 1979.
A epopeia do CEP na 1.ª Grande Guerra serviu de base ao argumento para o filme “João Ratão” estreado em 29 de Abril de 1940, no “Teatro de São Luiz” e realizado por Jorge Brum do Canto. O argumento era o seguinte: «João Ratão é
um dos muitos jovens portugueses mobilizados para combater
na I Guerra Mundial, na batalha da Flandres. Para trás, na
sua aldeia do vale do Vouga, João Ratão deixou a sua noiva,
Vitória, com quem troca apaixonadas cartas de amor, que
enlevam todos os seus vizinhos, que para mais o consideram
um herói. Quando finalmente regressa a casa, é recebido
com uma grande festa, apenas perturbada pelas histórias que
chegam de França que ameaçam o seu noivado com Vitória.
E quando um dia chega à aldeia uma francesa...11»
14 in blogue: “Os anos de ouro do cinema português”.
Caixas de Previdência e professor na Escola Industrial Infante D. Henrique. A ele se deve também a existência do Orfeão Feirense, que ele fundou em 1911 com Benjamim Gama de Andrade, António Martins, Alberto Coimbra e outros, e a Delegação da Liga dos Combatentes da Grande Guerra de que foi primeiro presidente. Faleceu inesperadamente num hotel, em Paris, no dia 3 de Outubro de 1966, aos 74 anos de idade e no estado de solteiro.
Alípio José da Cruz Oliveira10
Era natural de Chaves. Foi combatente na 1.ª Grande Guerra, tendo feito parte do grupo que constituiu o 1.º assalto das trincheiras alemãs na Flandres, onde ficou gravemente ferido pela explosão de uma granada. Foi agraciado com várias condecorações: o grau de Oficial da Torre e Espada, a Cruz de Guerra e o Oficialato da Ordem Militar da Campanha do Sul de Angola, da Campanha da França e de Comportamento Exemplar. O capitão Alípio Oliveira desempenhou os cargos de chefe de Gabinete do ministro da Guerra, Coronel Ribeiro de Carvalho, de Comandante do Corpo de Polícia do Porto, de Director da Carreira Militar de Espinho e de Comandante da Casa de Reclusão do Porto. Foi escritor e jornalista, tendo
13 Correio da Feira, 2.2.1979
Porta-bandeira português na primeira guerra mundial.
Aguarela de Augusto Pina.
in: Portugal na Guerra, n.º 1, 1 de Junho de 1917.