Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Júnior Revisão Textual

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Responsável pelo Conteúdo:

Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Júnior

Revisão Textual:

Profa. Dra. Eliana Pantoja

Introdução à Sociologia

O presente conteúdo foi elaborado com a intenção de

alcançar dois objetivos: o primeiro, fornecer a base teórica e

metodológica das principais teorias sociológicas que se

empenham em explicar as estruturas, os processos e os

fenômenos sociais; o segundo objetivo consiste em propor

uma discussão para o aprofundamento das questões que

serão levantadas, com o intuito de possibilitar a compreensão

da realidade social em que vivemos, para nortear a nossa

prática social de cidadãos conscientes, críticos e politicamente

comprometidos com a transformação social.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar

as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

(Fonte: http://historia_demografica.tripod.com/pesquisadores/images/tarsila-operarios.gif. Acessado em 02 de agosto de 2009).

Segundo Karl Marx, “Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes

maneiras; o que importa é transformá-lo”. Esta ideia introduz o pensamento sociológico

partindo do pressuposto de que através do estudo do comportamento humano e os processos

que interligam o indivíduo em associações, grupos e instituições, pode-se não só explicar os

fenômenos e as transformações sociais, mas buscar soluções e alternativas transformadoras

para alcançar uma sociedade mais justa e menos desigual.

Vamos iniciar o estudo introdutório à sociologia, buscando a compreensão de sua

importância analisando a evolução histórica dessa ciência.

Contextualização

Os filósofos se limitaram

a interpretar o mundo

de diferentes maneiras; o que

importa é transformá-lo.

KARL Marx

1. A Construção do Conhecimento em Sociologia:

1.1. Senso Comum

A primeira modalidade de conhecimento que devemos considerar nas Ciências Sociais

é o senso comum. Trata-se de um conhecimento popular distinto do código culturalmente

dominante e refere-se a um conjunto de opiniões, recomendações, conselhos, práticas e

normas relativas à vida individual e coletiva numa sociedade. Portanto, o senso comum diz

respeito a princípios normativos populares - conhecimento convencional que se fundamenta

na tradição, nos costumes e vivências cotidianas.

O saber adquirido pelo senso comum orienta as ações pessoais e coletivas da imensa

massa da população, tanto daqueles excluídos dos benefícios sociais e do conhecimento

científico dominante, quanto as classes sociais mais favorecidas, isso porque podemos localizar

repertórios geradores de sensos comuns até mesmo nas letras, nos veículos de imprensa (TV,

rádio, jornais, revistas, internet etc.) e nos “formadores de opinião”, desde articulistas políticos

até pretensos intelectuais. Deve-se, portanto, a esse conhecimento popular, ao bom senso e ao

senso comum, a garantia e as condições mínimas de vida com critério, inteligência,

discernimento e reflexão prévia diante dos problemas cotidianos.

Mais do que simples costumes e tradições, a vida e a prática popular têm demonstrado

que, embora limitado, o bom senso, o conhecimento popular, o senso comum asseguraram e

continuam assegurando as condições de vida tanto em sociedades simples quanto em

sociedades complexas. São notáveis, por exemplo, os conhecimentos e práticas desenvolvidos

por povos indígenas: conhecimentos, domínios e práticas cobiçados pelas multinacionais,

principalmente em questões medicinais. Reconhecendo que o senso comum é um saber

qualitativamente diferenciado do saber científico e acadêmico, devemos nos colocar, contudo,

na disposição de reconhecer os méritos que necessitam ser atribuídos ao senso comum que

muito têm acrescentado à construção de novos saberes para a vida humana em sociedade.

Mesmo assim, não se trata de negar, no cotidiano, o bom senso, o conhecimento

popular, pois dele depende a vida de milhões de pessoas sobre a Terra, desde aqueles que

Material Teórico

não tiveram e continuam não tendo acesso à escola de qualidade e à convivência social

mínima, até aqueles que se julgam “portadores de verdades absolutas”.

1.2. Senso Crítico

O senso crítico depende do harmonioso crescimento de duas dimensões da

consciência: a reflexão sobre si e a atenção sobre o mundo. Se apenas uma delas progride, há

uma deformação, um abalo no desenvolvimento do senso crítico.

Suponhamos, por exemplo, o crescimento só da consciência do outro. Essa atenção

unilateral ao mundo, sem a reflexão sobre si mesmo, conduziria à perda da identidade

pessoal, à exaltação dos objetos externos, ao alheamento. Por outro lado, imaginemos o

crescimento só da consciência de si. Essa reflexão em torno do eu, sem atenção sobre o

mundo, conduziria ao isolamento, ao fechamento interior, ao labirinto narcisista.

O escritor alemão Wolfgang Goethe (1749-1832) dizia que o homem só conhece o

mundo dentro de si se toma consciência de si mesmo dentro do mundo. Assim, o

desenvolvimento da conscientização humana depende da superação do isolamento e do

alheamento. Trata-se de um processo dialético, que se move do eu ao mundo e do mundo

ao eu; do fazer ao saber; do saber ao refazer, e assim por diante.

1. 3. Conhecimento científico

O progresso científico, de modo geral, é produto da atividade humana, por meio da

qual o Homem, compreendendo o que o cerca, passa a desenvolver novas descobertas. E,

por relacionar-se com o mundo de diferentes formas de vida, o Homem utiliza-se de diversos

meios de conhecimento, por intermédio dos quais transforma o meio em que vive, trazendo

contribuições para a sociedade.

O conhecimento científico procura alcançar a verdade objetiva dos fatos (objetos) e

existe porque o ser humano tem necessidade de aprimorar-se constantemente e buscar

explicações sobre a realidade, a natureza das coisas e o comportamento das pessoas.

Pela percepção sensorial (aquilo que percebemos por meio de nossos sentidos), o ser

humano adquire crenças particulares, recebe informações sobre os sentimentos e as

motivações das pessoas, recebe normas e definições do mundo através dos pais, dos

professores, dos escritores, formando uma visão sobre o mundo. No entanto, é necessário

desenvolver um espírito crítico a partir da necessidade de obtenção de conhecimentos mais

seguros que os fornecidos por outros meios.

A ciência foi desenvolvida primordialmente a partir de necessidades humanas, que

prescindiriam da compreensão sobre os motivos e formas pelas quais uma gama variada de

fenômenos ocorreriam. Há várias formas de se explicar o mesmo tipo de ocorrência (a chuva,

por exemplo): se disséssemos que “chove porque Deus quer”, estaríamos recorrendo a uma

explicação religiosa; se disséssemos que “São Pedro está lavando o céu”, estaríamos

utilizando da mitologia; quando recorremos à meteorologia, estamos utilizando a ciência.

O que difere a ciência de outros tipos de conhecimento é o seu grau empírico, ou seja,

a qualidade do conhecimento que produz tem o status de “prova”, que permite o

estabelecimento de leis gerais que explicam a mais variada gama de ocorrências. Por sua vez,

a “prova” só é possível de ser obtida pela ciência porque utiliza criteriosos processos de

investigação, envolvendo rigorosa metodologia de coleta e análise de dados, bem como

procedimentos de experimentação, que resultam no conhecimento científico, desenvolvido

primordialmente no séc. XVIII com a consolidação do método experimental, e difundido no

séc. XIX, com sua ampliação para diversas áreas de conhecimento.

Ciência significa Conhecimento; mas, no sentido que buscamos aqui, não se trata de

qualquer tipo de conhecimento, senão aquele que persegue suas respostas utilizando rigorosos

procedimentos metodológicos. Pode ser:

Classificação de Eva Maria Lakatos. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1982. P. 27.

2. Formação das Ciências Humanas e Sociais

Sobre a classificação das ciências, nos interessa estudar a formação das Ciências

Humanas e Sociais que se caracterizam a partir dos seguintes critérios:

O humano como objeto de investigação;

Percebe-se que o Homem é diferente das coisas naturais e precisa ser estudado de

forma distinta. Esta investigação filosófico-científica se realizou de três formas

diferentes, divididas em períodos:

Com o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma divisão das Ciências

Sociais em diversas disciplinas como:

A Sociologia é uma ciência em construção que, desde seu início, procurou explicar as

estruturas e os processos sociais, políticos, econômicos e culturais da sociedade moderna.

Trata-se de uma ciência que se formou no decurso da consolidação do Estado Liberal

Burguês. Isto nos ajuda a compreender que também ela não está ilesa das contradições que

caracterizam a moderna sociedade capitalista, marcada pela desigual e injusta distribuição de

renda. Pelo fato de vivermos em uma sociedade altamente complexa em sua forma de

organização, em seus diferentes níveis de funcionamento e em seus avançados meios de

comunicação, adquirimos muitas noções básicas que podem nos ajudar a compreender os

acontecimentos sociais. Contudo, somente quando estudamos criticamente as questões

teóricas e metodológicas das diferentes teorias sociológicas, nos apropriamos das ferramentas

necessárias e próprias para a compreensão da organização social e da vida humana em

sociedade.

3. A Transformação das Sociedades a Partir dos Modos de Produção

A sociedade passou por diversos processos de transformação a partir da produção de

bens e serviços, como estes foram e são utilizados e distribuídos. É chamado também de

sistema econômico.

Assim, numa determinada época, uma sociedade tem uma certa maneira de se

organizar para produzir e distribuir sua produção.

O modo de produção de uma sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas

relações existentes nessa sociedade. Assim:

Modo de produção = forças produtivas + relações de produção

Cada modo de produção pode ter existido em lugares e épocas diferentes definindo os

principais tipos de sociedades.

3.1. Tipos de modos de produção:

Comunismo primitivo – os homens se unem para enfrentar os desafios da natureza.

Modo de produção patriarcal – domesticação de animais, uso da agricultura, instituição

da família, autoridade do pai.

Modo de produção escravista – aumento da produção, propriedade privada e surge a

primeira forma de exploração do Homem, a partir da distinção primordial:

proprietários dos meios de produção X proprietários apenas de sua força de trabalho.

Modo de produção feudal – o servo trabalha um tempo para si e outro para o senhor

feudal pagando impostos pelo uso do solo, da água e de ferramentas.

Modo de produção capitalista – relação entre o burguês, que detêm o capital e do

proletário que nada possui a não ser sua força de trabalho.

4. O desenvolvimento da Sociologia

Podemos entender a Sociologia como uma das manifestações do pensamento

moderno. As transformações que levaram ao desenvolvimento do pensamento científico

tornaram possível que ele passasse a cobrir, com a Sociologia, uma nova área do

conhecimento ainda não incorporada ao saber científico, ou seja, o mundo social. Se

desenvolve posteriormente à constituição das ciências formais, naturais e de diversas outras

ciências sociais.

O seu desenvolvimento ocorreu inicialmente num contexto histórico específico, que

coincide com os derradeiros momentos de desagregação da sociedade feudal, a partir do séc.

XV, e da consolidação da civilização capitalista em meados do século XVIII. As transformações

econômicas, políticas e culturais que se aceleraram a partir dessa época colocaram problemas

inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que ocorriam no Ocidente

europeu. A tripla revolução que este século testemunhou - a industrial (inglesa), a francesa e a

revolução filosófica (alemã) - constituía os distintos lados de um mesmo processo, ou seja, a

instalação definitiva da sociedade capitalista e a consolidação do mundo burguês.

A Revolução Industrial e a Revolução Francesa, respectivamente uma revolução

econômica e uma política, foram movimentos revolucionários que implantaram o processo

liberal que deu sustentação ao desenvolvimento do modo de produção capitalista e ao Estado

Burguês no mundo ocidental. Desenvolveu-se e consolidou-se, no decorrer do tempo

subseqüente, o capitalismo que assegurou as condições de produção e reprodução do Mundo

Moderno. A Sociologia nasceu, portanto, de mãos dadas com a modernidade. Como diz o

sociólogo brasileiro Octávio Ianni1:

“Mais do que isso, o Mundo Moderno depende da Sociologia para ser

explicado, para compreender-se. Talvez se possa dizer que sem ela esse

Mundo seria mais confuso, incógnito” (IANNI, 1988: 8).

O Mundo Moderno ganha corpo com as revoluções burguesas no Ocidente.

Historicamente e com ele ficaram estabelecidas as forças produtivas e as relações sociais

capitalistas de produção. Trata-se de uma época em que a originalidade e as contradições do

Estado burguês se encarregavam de construir e fortalecer os alicerces da atual sociedade. De

lá para cá, foi sendo aprimorada a construção das estruturas da economia e do Estado, das

tecnologias, dos atores e dos sujeitos sociais que asseguraram a originalidade do capitalismo:

uma sociedade que produz mais valia ou trabalho não pago; uma sociedade que vai se

tornando cada vez mais complexa; uma sociedade que concentra, de um lado, os meios de

produção e a riqueza nas mãos de poucos e, de outro lado, cria uma imensa massa original e

diferenciada de trabalhadores que deverão vender sua própria força de trabalho para se

manterem vivos, para reproduzirem trabalhadores novos que continuarão a produzir, de

forma cada vez mais sofisticada, a magia da mercadoria.

Segundo o teólogo brasileiro Leonardo Boff2, em uma de suas críticas ao modelo atual

da sociedade em que vivemos:

“... o núcleo desta sociedade não está construído sobre a vida, o bem

comum, a participação e a solidariedade entre os humanos. O seu eixo

estruturador está na economia de corte capitalista. Ela é um conjunto de

poderes e instrumentos de criação de riqueza - e aqui vem a sua

característica básica – mediante a depredação da natureza e a

exploração dos seres humanos. A economia é a economia do

crescimento ilimitado, no tempo mais rápido possível, com o mínimo de

investimento e a máxima rentabilidade. Quem conseguir se manter

nessa dinâmica e obedecer a essa lógica acumulará e será rico, mesmo

à custa de um permanente processo de exploração” (BOFF, 1999: 42).

Portanto, o Mundo Moderno é o resultado de um grande processo. Processo que inclui

sujeitos, objetivos ou resultados esperados, tempo, lugar, recursos, relações, reciclagem,

avaliações, planejamentos, replanejamentos que irão produzir fenômenos sociais complexos,

1 IANNI, Octávio. A Sociologia e o Mundo Moderno. Aula Inaugural. UNICAMP, Campinas, IFCH, março-1988, pág. 8. 2 BOFF, Leonardo. Ética da Vida. Editora Letraviva, Brasília, 1999, pág. 42.

construídos e aprimorados pelos homens em suas relações de classes sociais. Como veremos,

para os pensadores positivistas, a grosso modo, as ocorrências ou fenômenos sociais são

coisas produzidas pelos homens em sociedade.

5. Comte e Durkheim

5.1. Augusto Comte

Augusto Comte(1798-1857) é tradicionalmente considerado o pai da Sociologia. Foi

ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, no seu curso de filosofia positiva.

Físico francês, nascido e criado no bojo da Revolução Francesa, revolução liberal burguesa

que derrotou, a um só tempo, as críticas teóricas dos “pensadores socialistas” e as expressivas

lutas e resistências do operariado, consolidando o Estado Liberal Capitalista no ocidente.

A formação do físico Comte permite-nos compreender seu empenho intelectual no

sentido de estudar a sociedade nos mesmos moldes e padrões da Física: ciência natural, de

cunho exato, cujo objeto, ou fenômeno estudado é regido por leis naturais. Daí, a

preocupação de Comte com a “máxima objetividade teórico-metodológica” ao conduzir seu

estudo da sociedade; explicando-se seu empenho e “reação positivista”, principalmente contra

as doutrinas e pensadores socialistas que criticavam em suas análises sobre a sociedade

capitalista.

Comprometido com o Estado nacional, liberal capitalista, que se consolidava em nome

do “progresso”, Comte preocupava-se, contudo, com a devassa da guilhotina nos “estratos

médios” da sociedade francesa, criando, segundo ele, um “desequilíbrio social” que ameaçava

o “desenvolvimento natural” e o “progresso social”. Resulta, dessas razões, seu

comprometimento com o “espírito científico”, único capaz de situar as pessoas no intrincado e

complexo mundo dos comportamentos sociais e das relações dos homens em sociedade, para

restabelecer a pretendida “ordem e equilíbrio social”. Entende-se porque seu estudo

denominava-se, inicialmente, Física Social, mais tarde, Sociologia.

Contribuição Crítica ao Positivismo Comtiano

Na Sociologia, é próprio do teórico “positivista mecanicista” procurar a compreensão e

explicação da sociedade por meio da analogia mecânica. É verdade que não se trata de

identificar a sociedade como uma máquina complexa, mas procurar na comparação, na

similitude com a máquina compreender e explicar a organização interna e o funcionamento

da sociedade. Comte recorreu ao relógio como analogia explicativa: um todo complexo com

unidade de organização e de funcionamento. O todo é mais importante do que as partes; as

partes só podem ser explicadas em função do todo.

Utilizando-se da analogia mecânica, Comte, em última instância, reconheceu que a

sociedade, que a complexidade das relações e da vida social, não podem ser conhecidas e

explicadas em si mesmas, mas somente a partir de algo que “a retrate”, nesse caso uma

máquina.

Uma das limitações cruciais do positivismo comtiano consiste na idéia de evolução,

também mecanicista, da sociedade. Todas as sociedades, diz Comte, partem da estaca zero e

atingem o cume da organização social, do saber, da tecnologia etc., por um processo natural,

regido por leis naturais.

A história comprovou e tem comprovado que essa tese não se sustenta. A tese da

igualdade e identidade do Homem também está colocada. Nos termos propostos pelo autor,

fica difícil sustentar que o homem e a mulher se fazem no processo social, no processo

histórico. No pensamento comtiano, um índio, uma criancinha da favela, um garotinho de

classe média, outro da elite são pessoas sócio e historicamente iguais. O que dizer deste ponto

de vista?

Estas e outras afirmações positivistas comtianas incidem num “erro teórico-

metodológico”, ao admitir e defender que os fatos e os fenômenos sociais são coisas da

mesma natureza que a Física, Biologia, Química e, enquanto tal, são regidas por leis naturais,

e que somente nesta “condição objetiva” devem ser estudadas.

5.2. Émile Durkheim

Émile Durkheim (1858 – 1917), nascido na França, é tido e aceito pelos estudiosos das

Ciências Sociais como um dos principais fundadores da teoria sociológica. São inúmeras as

contribuições e tentativas de Durkheim para superar o que já havia sido produzido sobre o

estudo das sociedades até a sua época. Influenciado pelas conturbações de seu tempo,

causadas pelas Revoluções Francesa e Industrial, a idéia central de seu pensamento é a de

que a humanidade avançaria para o aperfeiçoamento por meio da força do progresso,

princípio herdado da filosofia iluminista.

Durkheim desenvolveu um método de investigação dos acontecimentos sociais e

estabeleceu um objeto de estudo: os fatos sociais. Ele desejava que a Sociologia, como as

outras ciências, tivesse um objeto específico que pudesse ser observado e explicado e que a

distinguisse das demais3.

Fatos Sociais

Um exemplo simples nos ajuda a entender o conceito de fato social, segundo

Durkheim. Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria

numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme

bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para que vestisse uma roupa

adequada.

3 DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo, Ed. Martin Claret, 2002.

Existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem. Isso não é estabelecido

pelo indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma e, quando ele sair, a norma

provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o

costume geral. Se não o seguir sofrerá uma punição. O modo de vestir é um fato social. São

fatos sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de

outros fenômenos do mesmo tipo.

Para Durkheim, os fatos sociais são as maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores

ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo sobre este, formando assim a consciência

coletiva (ou senso comum) que é a soma de todas as consciências sociais, ou seja, é criada a

partir de como a sociedade percebe a si mesma e ao mundo. Define:

”Fato social é toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de

exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior: ou então, que é geral

do âmbito de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo uma

existência própria, independente das suas manifestações individuais”

(2002:65).

Em virtude dessas características, para Durkheim os fatos sociais podem ser estudados

objetivamente, como “coisas”. Da mesma maneira que a Biologia e a Física estudam os fatos

da natureza, a Sociologia pode fazer o mesmo com os fatos sociais.

6. Outros importantes pensadores que influenciaram o pensamento

sociológico e que serão estudados mais adiante

Karl Marx (1818-1883) nascido na Alemanha – Visão histórica, idéia principal: determinação

do modo de produção de mercadorias a partir da força de trabalho.

Max Weber (1864-1920) nasceu na Alemanha – Visão culturalista, idéia principal: extrema

valorização do trabalho para acumulo de riquezas. Define tipos de dominação: carismática,

legal e patriarcal. Burocracia. Ação e ação social.

7. Modelos Sócio-econômicos e de regimes autoritários

Capitalismo: defende os interesses da burguesia, divisão em classes sociais, meios de

produção e propriedade privada.

Socialismo: resolução de problemas sociais, reação contra o individualismo, subordina o

indivíduo ao interesse e às necessidades do grupo.

Comunismo: sociedade sem classes, sem “Estados”, sem fronteiras, ou seja, o comunismo é

a evolução do socialismo, portanto enquanto houver um país capitalista, o comunismo não

existirá.

Anarquismo: liberdade total do ser humano, inexistência do Estado, de autoridade, de leis.

Fascismo: (Itália, Portugal, Espanha): extrema direita, não importa o cidadão, mas um país

forte e poderoso, militarista, ditadura.

Nazismo: extrema direita, Estado soberano, idéia de existência de uma “raça pura”,

ditadura.

Mais informações acerca do tema “Introdução à Sociologia” podem ser encontradas

nos textos abaixo:

MARTINS, C. B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2000.

VIANA, Nildo. Introdução à Sociologia. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

Resenha disponível em:

http://www.espacoacademico.com.br/062/62res_pinto.htm.

PINTO FERREIRA, S. J. (Organizador). Novas perspectivas para as

Ciências Sociais no Brasil.

Disponível on-line em:

http://migre.me/eqIqv.

Além dos textos você também pode complementar seus conhecimentos assistindo a alguns

vídeos e filmes sobre o assunto:

Videos:

O que é Sociologia.

Acesso: http://www.youtube.com/watch?v=4tLRDjza0qQ.

Ilha das Flores.

Acesse em: http://www.youtube.com/watch?v=KAzhAXjUG28.

Filmes:

A Ilha do Dr. Moreau (1977, EUA, direção: Don Taylor).

O nome da Rosa (1980, EUA, direção: Jean Jacques Annaud)

Material Complementar

BOFF, Leonardo. Ética da Vida. Brasíl ia: Letraviva, 1999, pág. 42.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2000.

DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Ed. Martin

Claret, 2002.

FACHIN, Odília. Fundamentos de Metodologia. São Paulo: Saraiva, 2006.

IANNI, Octávio. A Sociologia e o Mundo Moderno. Aula Inaugural.

UNICAMP, Campinas, IFCH, março-1988, pág. 8.

LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A . Metodologia Científica. São Paulo:

Atlas, 1982. P. 27.

MATTAR, João. Metodologia Científica na era da Informática. São Paulo:

Saraiva, 2005.

OLIVEIRA, P. S. Introdução à Sociologia. São Paulo: Atlas, 2003

Referências

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Anotações