MAIS MÚSICA NA ESCOLA BÁSICA JOÃO PAULO II

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1 PROGRAMA DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA PIBID/UNIVALI/CAPES MAIS MÚSICA NA ESCOLA BÁSICA JOÃO PAULO II . Freitas, Madlon Martins. 1 Garcia, Luciano Cabral. 2 Neto, Nicolau Clarindo Paulo. 3 Martinez, Gandhi Oliveira. 4 RESUMO: Este artigo é uma ação dos acadêmicos de Música com orientação da professora supervisora Helena Cristina de Azeredo da Escola Básica João Paulo II e coordenadoras, PIBID/CAPES/UNIVALI. O Programa tem como objetivo inserir os licenciandos na realidade escolar, incentivando a formação de professores, elevando a qualidade de ações acadêmicas e fortalecendo a Música como área de conhecimento capaz de formar sujeitos mais sensíveis e capazes de perceber melhor o mundo e expressar-se por meio das diversas linguagens. Para isso, diagnosticou-se o conhecimento e a vivência com a Música por parte dos alunos, a fim de que houvesse uma motivação e um nivelamento musical que dê suporte teórico/prático para a formação de uma banda na Escola, e assim interagir com os conceitos musicais, por meio de apresentações, oficinas, painéis informativos e eventos na Escola. Isso potencializou a aproximação do meio artístico com toda a comunidade escolar e obteve-se como resultado o desenvolvimento da percepção melódica, da rítmica e da notação musical, além de propiciar a noção básica dos alunos de como se atua em uma banda com todos os elementos básicos como, pulsação rítmica, desenvolvimento melódico e harmônico. 1 Acadêmica do 6º período do Curso de Licenciatura em Música da UNIVALI 2 Acadêmico do 6º período do Curso de Licenciatura em Música da UNIVALI 3 Acadêmico do 4º período do Curso de Licenciatura em Música da UNIVALI 4 Acadêmico do 6º período do Curso de Licenciatura em Música da UNIVALI

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1

PROGRAMA DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICAPIBID/UNIVALI/CAPES

MAIS MÚSICA NA ESCOLA BÁSICA JOÃO PAULO II.

Freitas, MadlonMartins.1

Garcia, LucianoCabral. 2

Neto, Nicolau Clarindo Paulo. 3

Martinez, Gandhi Oliveira. 4

RESUMO: Este artigo é uma ação dos acadêmicos de Música com orientação daprofessora supervisora Helena Cristina de Azeredo da Escola Básica JoãoPaulo II e coordenadoras, PIBID/CAPES/UNIVALI. O Programa tem como objetivoinserir os licenciandos na realidade escolar, incentivando a formação deprofessores, elevando a qualidade de ações acadêmicas e fortalecendo aMúsica como área de conhecimento capaz de formar sujeitos mais sensíveis ecapazes de perceber melhor o mundo e expressar-se por meio das diversaslinguagens. Para isso, diagnosticou-se o conhecimento e a vivência com aMúsica por parte dos alunos, a fim de que houvesse uma motivação e umnivelamento musical que dê suporte teórico/prático para a formação de umabanda na Escola, e assim interagir com os conceitos musicais, por meio deapresentações, oficinas, painéis informativos e eventos na Escola. Issopotencializou a aproximação do meio artístico com toda a comunidade escolare obteve-se como resultado o desenvolvimento da percepção melódica, darítmica e da notação musical, além de propiciar a noção básica dos alunosde como se atua em uma banda com todos os elementos básicos como, pulsaçãorítmica, desenvolvimento melódico e harmônico.

1 Acadêmica do 6º período do Curso de Licenciatura em Música da UNIVALI2 Acadêmico do 6º período do Curso de Licenciatura em Música da UNIVALI3 Acadêmico do 4º período do Curso de Licenciatura em Música da UNIVALI

4 Acadêmico do 6º período do Curso de Licenciatura em Música daUNIVALI

2Palavras chave: Música, Banda na Escola, Motivação,

Conhecimento.

INTRODUÇÃO

Essa é a proposta dos acadêmicos do Curso de Licenciatura

em Música da UNIVALI após realizarem uma pesquisa com os

alunos das turmas de 8ª séries e diagnosticarem que todos tem

vivência com a música, mas não possuem informações teóricas

tais como: principais funções, noções básicas de ritmos,

elementos que a compõem e a contextualização histórica.

Criar coletivamente um conceito de música, romper a ideia

de que música não serve só para entretenimento, foram algumas

das estratégias elaboradas para a difusão desses

conhecimentos, a fim de ser construído um novo olhar para a

Música, percebendo que a mesma varia conforme a intenção pela

qual é elaborada, pois para cada momento de nossas vidas tem

sua significativa importância.

Voltar a atenção à habilidade de transmitir o

conhecimento que é construído na Universidade com o propósito

de fortalecer o exercício da educação musical tem sido

prioridade neste momento, pretendendo-se com isto servir a

ideologia do importante papel da música como formador de

cidadãos mais sensíveis e capazes de perceber melhor o mundo,

a fim de expressarem-se por meio de diversas linguagens.

Dentro dessa proposta pode-se observar a associação dos

alunos na apreciação de músicas cotidianas como forma de

expressão de sentimentos, o que remete à ideia de elaborar

oficinas fundamentadas em brincadeiras, jogos para

incorporação rítmica, leituras alternativas para a compreensão

de propriedades do som e linhas melódicas.

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A IMPORTÂNCIA RÍTMICA NA MÚSICA

Como conteúdo musical, os professores bolsistas apoiaram-

se no estudo do ritmo e levaram aos alunos o conhecimento dos

princípios da iniciação rítmica (pulso) através das figuras

musicais. Os benefícios que esse aprendizado traz são

inúmeros, dentre eles, o estímulo da capacidade de memorização

e assimilação corporal do ritmo e o desenvolvimento da

coordenação motora.

O trabalho rítmico busca, através de práticas lúdicas e

desafiadoras, criar condições objetivas para que o aluno

amplie seu universo sonoro, que estabeleça diversas relações

entre som e movimento e que identifique os vários tipos de

ritmos e os aprenda da maneira que melhor lhe convier em

função de suas necessidades. O ensino rítmico na escola

revela-se uma fonte de conhecimento para a ampliação da

comunicação e apreensão do mundo por parte do aluno.

“Formas e sons passam gradativamente a compor o universo

sensório-motor do jovem, ajudando-o a desenvolver melhor a

percepção, o espaço-temporal e, paralelamente, a imagem

corporal do aluno” (FORNEL et al., 2006 apud FREITAS & SCHÜTZ,

2009, p1). É necessário deixar que o aluno realize, sinta,

crie e vivencie a música no próprio corpo e somente depois

analise os fenômenos musicais. “A música não é um objeto

externo, mas pertence, ao mesmo tempo, ao fora e ao dentro do

corpo” (FONTERRADA, 2005, p.120). Concorda-se com Paiva (2007)

quando relata que:é comum observarmos a presença da percussão corporal,seja na batida das palmas das mãos ou na batida dos pésno chão. Essa necessidade de vivenciar corporalmente o

4ritmo está presente em diversas manifestações musicais echama-nos a atenção, portanto, para a sua utilizaçãotambém no âmbito da Educação Musical. (PAIVA, 2007, p01).

Através das aulas com enfoque na atividade prática,

rítmica, o objetivo foi diagnosticar o conhecimento e a

vivência com a Música por parte dos alunos, a fim de que haja

um nivelamento musical que dê suporte teórico/prático para a

formação de uma banda na Escola, sem esquecer o contato com a

leitura e a escrita musical, pois esses fatores permitem

acesso a um tipo de conhecimento importante na formação

musical como um todo.

Diante desses objetivos, os professores bolsistas

buscaram integrar aulas expositivas e práticas convencionais

com aulas utilizando equipamentos audiovisuais na

apresentação, estudo e prática dos conteúdos, sempre buscando

identificar as vantagens e desvantagens de cada estratégia,

através desse relato de experiência.

METODOLOGIA

O público alvo foi três turmas de 8ª séries do ensino

fundamental com aproximadamente trinta alunos por sala com

idade média de quatorze anos, sendo realizadas dezesseis

oficinas quinzenais no período matutino, durante as aulas de

Arte, na Escola Básica João Paulo II.

As oficinas foram ministradas por quatro acadêmicos do

curso de Licenciatura em Música atuantes como professores

bolsistas do projeto PIBID sob a orientação da professora

supervisora Helena Cristina de Azeredo.

5Após o contato inicial com a Escola, direção da Escola, o

espaço escolar e demais profissionais, foi informado aos

professores bolsistas da existência de instrumentos musicais

para a formação de uma fanfarra na Escola e que, os mesmos,

poderiam ser utilizados dentro deste projeto. Com os alunos, o

primeiro contato deu-se através da apresentação dos

professores bolsistas e a aplicação de um questionário

qualitativo/quantitativo elaborado pelos mesmos.

As estratégias para o desenvolvimento das atividades

criavam uma narrativa, onde a oficina anterior dava o suporte

para realização da oficina seguinte. Assim, este trabalho

possuiu um caráter qualitativo, onde “diz respeito à questão

da representatividade, uma metodologia que trabalha sempre com

comunidades sociais, ela privilegia os estudos de caso -

entendendo-se como caso, o indivíduo, a comunidade, o grupo, a

instituição” (MARTINS, 2004, p.293).

As oficinas posteriores aconteceram através de atividades

que trouxeram consigo conteúdos básicos da teoria musical, que

seriam apropriados a fim de serem explorados mais amplamente

no segundo semestre através da formação de uma banda na

escola, fundamentada em PERES & TATIT (2010) e PAIVA (2007).

Os materiais utilizados no desenvolvimento das oficinas

pelos professores bolsistas foram: latas de achocolatado,

instrumentos percussivos (surdo, caixa e ganzá), violão, data

show, baquetas, teclado, quadro negro, sala de aula e espaços

alternativos da Escola, entre outros.

RELATOS DE EXPERIÊNCIA

A escola apresenta um bom espaço físico com pátio, quadra

6coberta, sala de vídeo e informática e salas de aula

climatizadas e adequadas ao número de alunos. O público alvo

inicial foi três turmas das 8ª séries do ensino fundamental,

com aproximadamente trinta alunos por sala. No segundo

semestre trabalhou-se com apenas duas turmas de 8ª série,

devido à demanda de inscrições nas oficinas propostas.

Primeiramente os professores realizaram uma entrevista

através de questionário com os alunos com o objetivo de

conhecer melhor o universo musical de cada um. Vários alunos

relataram os gêneros e estilos musicais de que mais gostavam,

sendo: Sertanejo, Pagode, Eletrônico, Reggae, Funk e Rock.

Para a surpresa dos professores bolsistas, cerca de cinco

alunos informaram ter, ou já tiveram, experiências musicais

distribuídas em várias áreas específicas, como cantores,

violonistas, trompetistas, pianistas, entre outros,

consequentemente apresentaram algum conhecimento teórico

musical. Nesse sentido, Hentschke comenta que:(…) a necessidade de conhecer as realidades de nossosalunos e compreender como eles se relacionam com amúsica fora da escola - em quais situações, sob queformas, por quais processos e procedimentos, com queobjetivos, com quais expectativas e interesses, para queseja possível construir práticas pedagógico-musicaissignificativas dentro das salas de aula, práticas essasque, ao incorporar as experiências musicaisextraescolares dos alunos, possam ser ampliadas eaprofundadas. (HENTSCHKE, 2003, p 181)

As atividades desenvolvidas pelos professores bolsistas

deram início através da construção de uma breve definição de

música com os alunos em um diálogo informal fundamentado em

SCHAFER (1991). Paralelamente utilizou-se a linha do tempo da

história da música popular brasileira com o objetivo de

esclarecer as influências do processo criativo e evolutivo dos

gêneros musicais brasileiros.

7Percebeu-se que todos os alunos possuíam um contato com a

música, porém, não apresentavam nenhuma definição dos

conceitos básicos musicais e suas funções. As atividades foram

realizadas de maneira interativa, através de diálogos e

contextualização partindo do cotidiano dos alunos, pois,

segundo Hentschke:a educação musical escolar não visa a formação domúsico profissional. Objetiva, entre outras coisas,auxiliar crianças, adolescentes e jovens noprocesso de apropriação, transmissão e criação depráticas músico-culturais como parte da construçãode sua cidadania. (HENTSCHKE, 2003, p 181)

Em seguida foi trabalhado o conteúdo referente às

propriedades do som com os alunos através do exercício

‘’Montanha russa maluca’’, que consiste em desenhar no quadro

uma linha que represente um contorno melódico contendo as

propriedades do som (altura, timbre, intensidade, duração).

Após a compreensão deste processo, os alunos criaram suas

próprias composições em grupos e a turma toda executou o que

foi criado pelos mesmos.

A oficina que explorou a pulsação rítmica proporcionou

trabalhar com os alunos em um ambiente externo. Formou-se um

grande círculo onde todos contaram até quatro em pulsação

estabelecida pelos professores bolsistas, alternando as pernas

e batendo os pés no chão. Ainda no círculo e na pulsação

estabelecida, cada aluno no sentido horário passava para o

colega do lado uma palma batendo e apontando as duas mãos em

forma de flecha no andamento proposto, percebendo assim a

relação entre o movimento corporal e o fazer musical conforme

escreve CIAVATTA: “o passo parte de um andar específico que desloca o eixodo corpo e trabalha necessariamente o equilíbrio. Trazassim a noção de regularidade e possibilita oaprendizado da pulsação. A percepção dessa pulsação

8diretamente associada ao movimento corporal permite quealgo essencialmente abstrato como o tempo possa ser“mapeado’’, pois passa, a partir do estabelecimento deuma relação direta entre a movimentação corporal e ofazer musical, a ser concreto, palpável’’. (CIAVATTA,2003, p. 36 – 37).

Ainda explorando a pulsação rítmica presente na música,

realizou-se uma conversa informal a respeito do Grupo

Barbatuques e a forma de produção musical do mesmo através da

apreciação estética, com o intuito de relacionar as oficinas

trabalhadas anteriormente.

Dando prosseguimento com o conteúdo foi exposto aos alunos

a escala de palmas (uma a uma): palma concha, palma estrela,

palma estalada, costas de mão, pingo, pulso e dedo. Essa

escala foi explorada no sentido ascendente e descendente.

Utilizou-se a escala de palmas, dessa vez progressivamente,

para reproduzir o som da chuva, do fraco ao forte (da garoa à

tempestade), explorando assim todas as propriedades do som.

Com relação à linha melódica, desenhou-se um modelo

alternativo da mesma no quadro que foi cantada com a letra da

música “Maria Fumaça”, a qual possui intervalos de graus

conjuntos percorrendo do I ao V grau da escala de dó maior, e,

com o auxílio do teclado para afinação das vozes. Utilizou-se

o teclado para executar a escala de dó maior, percebeu-se uma

maior facilidade para solfejá-la de modo ascendente e

descendente. É muito importante frisar uma frase de Villa-

Lobos que alerta: "Antes do aluno ser atrapalhado com regras,

deve familiarizar-se com os sons. Deve-se ensinar-lhe a

conhecer os sons, a ouvi-los, a apreciar suas cores e

individualidade." (Villa-Lobos, 1946, p.496)

O projeto “Palavra Cantada” foi apresentado pelos

professores bolsistas através da música “Fome Come”, com o

9objetivo de instigar os alunos a desenvolverem a percepção e

execução rítmica. Na sequência, escreveu-se a divisão rítmica

da música “Fome Come” de maneira formal no quadro, que

consiste nas figuras musicais: semínima, colcheia e

semicolcheia. Para facilitar esse processo dividiu-se os dois

compassos quaternários em quatro passos de execução, lembrando

que cada passo possui dois tempos. Para o processo de execução

da música foram trazidas latas de achocolatado vazias para o

ambiente escolar.

Para executar a manulação com as latas, os professores

bolsistas separaram o groove em quatro etapas, trabalhando uma

por vez com os alunos, a fim de executar as células rítmicas

do groove. Tal procedimento consistiu em bater palmas, bater a

lata na mesa, girar a lata e bater com a mão na lateral da

mesma, conforme a rítmica constante que segue anexo 1. Durante

todas as oficinas realizadas no primeiro semestre, os

professores bolsistas apresentaram alguns instrumentos

musicais que a maioria dos alunos não possuíam conhecimento

quanto a origem e as suas peculiaridades, sendo-os: pandeiro,

bongô, cajón, flauta doce, violão, teclado e voz.

No início do segundo semestre os professores bolsistas

elaboraram em conjunto um novo arranjo para a música “Fome

Come” sendo incluídos os gêneros musicais baião, funk e

maracatu (segue anexo 2). A partir desse momento oportunizou-

se aos alunos que se inscrevessem em uma das três oficinas

propostas pelos professores bolsistas, sendo-as: voz, violão e

percussão.

As oficinas foram desenvolvidas individualmente, separadas

por naipes, durante um período de tempo e, posteriormente,

agrupadas para o desenvolvimento do arranjo através da prática

10de conjunto.

Os alunos relembraram o groove da lata para depois

executarem a música da forma completa, ou seja, com melodia,

harmonia, rítmica e letra. Eles apresentaram um pouco de

dificuldade na articulação das palavras durante o canto.

“às vezes é necessário fragmentar a música em seuselementos para se garantir a apreensão dos conceitos;mas as fronteiras entre eles devem se dissolver tão logosejam assimilados”. (FRANÇA, 2003, p.53).

Aproveitou-se a oportunidade de unir todos os alunos das

oitavas séries envolvidos neste projeto para um ensaio final

em sala de aula e, agora com todos os naipes sanaram-se as

últimas dúvidas, deixando os alunos preparados para a gravação

na TV UNIVALI.

Fechando o ciclo do trabalho desenvolvido durante o ano

letivo de dois mil e doze, tivemos a oportunidade de realizar

uma gravação no estúdio da TV UNIVALI. Os alunos foram levados

ao encontro dos professores bolsistas até a UNIVALI e lá

tiveram toda a estrutura necessária para realizar a gravação

através de equipamentos de ótima qualidade.

RESULTADOS

Ao longo do desenvolvimento do projeto na Escola Básica

João Paulo II percebeu-se que a música é muito bem aceita na

Escola, sendo por si só um estímulo para os alunos.

Pode-se compreender que, à medida que o conhecimento da

música passa a ser entendido como parte integrante do nosso

processo cognitivo, o trabalho lúdico possibilita ao aluno uma

capacidade de expressão e percepção em música. Os jogos

musicais com o auxílio dos instrumentos convencionais e

11alternativos proporcionaram aos alunos uma aproximação com a

realidade musical, pois de maneira dinâmica, criaram

estruturas e conceitos que os permitiram apropriarem-se de

novos conhecimentos. Todo esse processo pode propiciar uma

transformação do aluno por meio da criatividade, sendo que os

jogos e as ideias não se perdem no tempo e sim se materializam

em ações e conhecimentos.

Os exercícios rítmicos foram uma dificuldade inicial,

principalmente devido à complexidade motora envolvida, porém o

treino e a repetição, ligados a uma didática coerente com a

faixa etária dos alunos, logo superaram essa dificuldade.

Em alguns momentos houveram dificuldades quanto a

organização da sala, pois controlar o barulho feito com as

latas era difícil devido à empolgação dos alunos. Todos os

alunos que se propuseram a fazer parte da percussão

conseguiram executar de maneira satisfatória a manulação com

os passos do groove da lata. Tivemos a participação de alguns

alunos tocando a harmonia no violão, sendo que apenas três

alunos já tocavam o instrumento e, aqueles que não tocavam

mostraram-se interessados em aprender para participar

efetivamente do projeto.

Com relação às estratégias, as mesmas mostraram-se um

fator realmente motivador em vários momentos, pois as mesmas

aproximaram-se de jogos, muito comuns entre os alunos,

mostraram exemplos e possibilidades através de vídeos e áudio

e, assim tornaram a aula mais interessante e participativa;

fato este considerado pelos professores bolsistas algo muito

positivo durante as aulas, uma vez que facilitou os processos

de aquisição de conhecimento e avaliação coletiva dos alunos.

Os alunos envolveram-se durante todas as oficinas,

12principalmente depois que visualizaram a proposta final do

projeto. Surpreenderam-se com a sonoridade obtida através das

latas, querendo também apropriar-se desse universo sonoro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Enquanto futuros educadores na área da Música, acredita-se

na importância de ressaltar a fundamentação básica dos

conceitos de música e suas funções dentro da sociedade durante

a formação do cidadão.

Percebeu-se que a contextualização e simplificação são

fundamentais para o melhor entendimento de conteúdos teóricos

mais complexos. No início, quando as aulas foram planejadas e

os conteúdos a serem trabalhados foram escolhidos, os

professores bolsistas encararam como um desafio o processo de

ensino-aprendizagem contextualizado, porém através das

atividades alternativas e de forma lúdica obteve-se um bom

resultado nesse processo.

O segundo semestre foi sensivelmente mais produtivo do

ponto de vista musical, acadêmico e docente do que o anterior,

pois houve maior interesse e participação por parte dos

alunos, alem de um contato mais intenso ao longo do mesmo. Uma

das razões pra que isso tenha acontecido é o fato de as noções

básicas já terem sido trabalhadas pelos professores bolsistas

e absorvidas parcialmente pelos alunos no semestre anterior.

As aulas práticas, por serem mais dinâmicas, serviram para

consolidar esses novos conhecimentos.

Pode-se arriscar mais e ver até onde era possível chegar,

até onde o que foi planejado poderia, ou não, sair do papel e

se concretizar. Inúmeras ideias surgiram e nenhuma deixou de

13ser ouvida e avaliada pelo grupo dos professores bolsistas e

professora supervisora. As conclusões a que foram chegadas

estavam em consentimento geral do grupo, sendo sempre um

processo bem democrático.

Esse projeto ofereceu aos professores bolsistas a

oportunidade de terem uma experiência real de trabalho com a

educação musical em escolas regulares, proporcionando uma

visão do mercado de trabalho e um consequente direcionamento

profissional.

Esse trabalho tem fundamental importância na vida dos

professores bolsistas, pois o que foi visto ali é a pura

realidade escolar, sem essa prática pedagógica os mesmos

seriam lançados no mercado de trabalho sem muita noção do que

os espera.

REFERÊNCIAS

Barbatuques. DVD Corpo do Som Ao Vivo. São Paulo: MCD; 2007

CIAVATTA, Lucas. O PASSO: A PULSAÇÃO E O ENSINO – APRENDIZAGEM DERITMOS. Rio de Janeiro: L. Ciavatta, 2003

FONTERRADA, M, T, O. De tramas e fios: Um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora da UNESP, 2005.

FORNEL, A.; FERNANDES, A.; CARON, C.; SILVA, E.; MOREIRA, M.; SANTOS, R.; MOREIRA, V. Atividades rítmicas nas escolas da rede pública e particular dos municípios de Ji-Paraná e Ouro Preto do Oeste (RO). Revista Ciência e Consciência, Vol. 1 2006.

FRANÇA, Cecília Cavalieri. In: HENTSCHKE, Liane; DEL BEN,Luciana (Orgs.). Ensino de Música: Propostas para pensar e agir em sala deaula. São Paulo: Moderna, 2003.

HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana (Orgs.). Ensino de Música:Propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003.

14MARTINS, Helena T. de Souza. Metodologia qualitativa de pesquisa.Educação e Pesquisa, São Paulo: v.30, n.2, p.289-300,maio/ago.2004.

PAIVA, Rodrigo Gudin. Oficina de Percussão Corporal: Relato de umaExperiência Significativa. X Encontro Regional da abem - sul. Blumenau.Mai-2007.

PAZ, Ermelinda. A. Pedagogia musical brasileira no século XX:metodologias e tendências. Brasília: Musimed, 2000.PERES, Sandra; TATIT, Paulo. O livro de Brincadeiras Musicais da Palavra Cantada Vol. 4. Melhoramentos. São Paulo. 2010.

SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. Trad. Marisa Fonterrada. SãoPaulo: EDUNESP, 1991.

VILLA-LOBOS, Heitor, "Educação Musical". Boletim LatinoAmericano de Música, abril de 1946

Figura 1: Bate Copos

Fonte: Palavra Cantada 2010 p.12.

Anexo 2ARRANJO DA MÚSICA “ FOME COME ”

Intro – Groove da lata (4 compassos)

15 Groove da lata (4 compassos) + Violão (4

compassos)

Groove da lata (4 compassos) + Violão (4

compassos) + instrumentos (4 compassos)

Ponte – Palmas baião (4 compassos) – CHAMADA PARA CAIR NA

PARTE A

Parte A – Uníssono no baião

Ponte – (1 compasso de pausa)

Parte – Uníssono funk

Parte B – Voz puxa maracatu + Uníssono maracatu

Final – Percussão faz o groove da lata (4 compassos) + latas

(8 compassos) s