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a REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Luiz Inácio Lula da Silva Presidente

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁ RIA E ABASTECIMENTO Roberto Rodrigues

Ministro

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA A GROPECUÁ RIA CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Luís Carlos Guedes Pinto Presidente

SiIva Crestana Vice-Presidente

Alexandre Kalil Pires Hélio Tolilni

Ernesto Paterniani Cláudia Assunção dos Santos Viegas

Membros Mauro Motta Durante

Secretário Geral

DIRETORIA-EXECUTIVA DA EMBRAPA Silvio Crestana

Diretor-Presidente Tatiana Deane de A breu Sé

José Geraldo Eugênio de França Kepler Eudildes Filho

Diretores

EMBRAPA SOJA Vania Beatriz Rodrigues Castiglioni

Chefe Gera! João Flévio Veloso Silva

Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento

Norman Neumaier Chefe Adjunto de Comunicação e Negócios

Heveraldo Camargo Meio Chefe Adjunto de Administração

Exemplares desta publicação podem ser solicitadas a: Area de Negócios Tecnológicos da Embrapa Soja

Caixa Postal 231- CEPS6 001-970 Telefone (43) 3371 6000 Fax (43) 3371 6100 Londrina, P1?

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do Comitê de Publicações da Embrapa Soja

ISSN 1516-781X

XVI Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol

IV Simpósio Nacional sobre a Cultura do Girassol

Londrina - PR

4 a 6 de outubro de 2005

Organizado por:

Regina Maria Vilias Bôas de Campos Leite

Simone Ery Grosskopf

Promoção e Realização:

Emya

Soja

Londrina, PR

2005

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Soja Rodovia Carlos João Strass - Acesso Orlando Amaral

Caixa Postal 231 - 86001-970 - Londrina, PR

Fone: (43) 3371-6000 Fax: 3371-6100

Nome page: http://www.cnpso.embrapa.br

e-mail (sac): [email protected]

Supervisor editorial

Odilon Ferreira Saraiva

Editoração Eletrônica e Composição aqlsçJo. • baia Maria de Lourdes Monteiro

N. I N. FiscWatura: Normaliza ção bibliográfica

Ademir Benedito Alves Lima

Capa

Camila Giraldi

V Edição

P impressão 0912005 - tiragem: 500 exemplares

Os resumos contidos nesta publicação são de

inteira responsabilidade de seus autores.

CIP-Brasil. Catalogação-na-publicação. Embrapa Soja.

Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol (16. :2005: Londrina, PR) Anais: XVI Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol IV Simpósio

Nacional sobre a Cultura do Girassol, Londrina - PR, 4 a 6 de outubro de 2005 / organizado por Regina Maria VilIas Bôas de Campos Leite, Simone Ery Grosskopf. - Londrina: Embrapa Soja, 2005.

167p. : 1.; 29cm. - (Documentos / Embrapa Soja, ISSN 1516-781X; n.261)

1 .Girassol-Pesquisa-Brasil. 2.Girassol-Congresso-Brasil. I.Título. ll.Série.

CDD 633.8506081

Q Embrapa 2005 Conforme Lei 9.670 de 79.02.98

Comissão Organiza dota

Presidente

Regina Maria Vilias Bâas de Campos Leite

Vice-Presidente

Alexandre Magno Brighenti dos Santos

Comissão Científica

César de Castro (coordenador)

Alessandro Guerra da Silva (ESUCARV)

Aluisio Brígido Borba Filho (UFMT)

Cláudio Guilherme Portela de Carvalho

Gil Miguel de Sousa Câmara (ESALQ)

João Waine Pinheiro (UEL)

Renato Fernando Amábile (Embrapa Cerrados)

Comissão de Comunicação

Gilceana Moreira Galerani

Lebna Landgraf

Suzete A. França do Prado

Comissão Financeira e de Marketing

João Armelin Filho

José G. Maia de Andrade

Sandra Maria Santos Campanini

Comissão de Apoio

Ana Cláudia Barneche de Oliveira

Fábio Álvares de Oliveira

José Miguel Silveira

Odilon Ferreira Saraiva

Osvaldo Vasconcellos Vieira

Simone Ery Grosskopf

Apresentação

Esta publicação contém cinqüenta trabalhos técnico-científicos, apresenta-

dos na XVI Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol - IV Simpósio Nacional

sobre a Cultura do Girassol, organizada pela Embrapa Soja, em Londrina, PR, no

período de 4 a 6 de outubro de 2005.

Nesta edição da reunião, inovou-se na solicitação dos trabalhos de pesqui-

sa na integra, que serão publicados na forma de Anais. Do total dos trabalhos

submetidos, trinta e três foram apresentados em sessão pôster e dezessete em

sessão oral.

O evento, que coincidiu também com os 30 anos da Embrapa Soja, reuniu

vários especialistas, discutindo temas que envolvem a cadeia produtiva do giras-

sol. A geração e a incorporação de novos conhecimentos e tecnologias foram

úteis no aprimoramento das técnicas de produção da cultura.

Assim, a Embrapa Soja juntamente com todas as instituições participantes

esperam continuar contribuindo na busca de soluções viáveis para o desenvolvi-

mento e a expansão do girassol e, conseqüentemente, fortalecer o crescimento

sócio-econômico brasileiro.

Vânia Beatriz Rodrigues Castiglioni João Flóvio Veloso Silva

Chefe Geral Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento Embrapa Soja Embrapa Soja

Sumário

0.01 SANIDADE DE SEMENTES DE GIRASSOL PROVENIENTES DE ENSAIOS DA EMBRAPA SOJA NO ESTADO DOMARANHÃO ...............................................................................................................................1 SANITARY QUALITY OF SUNFLOWER SEEDS FROM EMBRAPA SOYBEAN ASSAYS 1W THE STATE OF MARANHÃO, BRAZIL

0.02 EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES COM INSETICIDAS NO ESTANDE DE PLANTAS DE GIRASSOL ........4 EFFECT OF SEED TREATMENT WITH INSECTICIDES ON THE STAND OF SUNFLOWER PLANTS

0.03 AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ ..................6 EVALUATION OF SUNFLOWER GENOTYPES IN NORTHERN REGION OF PARANÁ STATE, BRAZIL

0.04 SCLEROTINIA RESISTANCE ACHIEVED BY ASEXUAL GENE TRANSFER FROM WILD SPECIES TO HELIANTÍIUS ANNUUS LINES .................................................................................................................................9 RESISTÊNCIA A SCLEROTINIA CONFERIDA POR GENE ASSEXUAL TRANSFERIDO DE ESPÉCIES SELVAGENS PARA LINHAGENS DE HELIANTHUS ANNUUS

0.05 DESSECAÇÃO EM PRÉ-SEMEADURA DA CULTURA DO GIRASSOL (HELIANTHUS ANNUUS L.) ASSOCIADA ÀAPLICAÇÃO DE BORO .................................................................................................................12 SUNFLOWER (He/ianthus annous L.) PRE-SOWING DESICCATION ASSOCIATED TO BORON

0.06 SISTEMA RADICULAR DE GIRASSOL SOB ESTRESSE HiDRICO ........................................................15 SUNFLOWER ROOT SYSTEM UNDER WATER STRESS

0.07 SELETIVIDADE DE HERBICIDAS DE PRÉ EMERGÊNCIA EM.CULTIVARES DE GIRASSOL .....................19 SELECTIVITY OF PRE-EMERGENCE HERBICIDES TO SUNFLOWER CULTIVARS

0.08 PRODUÇÃO DE GRÃOS, ÓLEO E PROTEÍNA EM GIRASSOL SOB ESTRESSE HÍDRICO ........................23 SUNFLOWER GRAIN YIELD, OIL AND PROTEIN CONTENT UNDER WATER STRESS

0.09 REGULAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE GIRASSOL PELA INOCULAÇÃO COM BACTÉRIAS RIZOSFÉRICAS...............................................................................................................................26 REGULATION OF SUNFLOWER VEGET ATIVE GROWTH TROUGH INOCULATION WITH RHIZOBACTERIA

0.10 ACÚMULO DE MATÉRIA SECA, EXPORTAÇÃO E CICLAGEM DE NUTRIENTES PELO GIRASSOL .........29 DRY MATTER ACCUMULATION, EXPORTATION TAX AND NUTRIENT CYCLING OF SUNFLOWER

0.11 ADUBAÇÃO NITROGENADA PARA GIRASSOL NOS CERRADOS DE RORAIMA ..................................32 INFLUENCE OF NITROGEN FERTILIZATION IN SUNFLOWER CROPPING AT CERRADOS ECOSYSTEM OF RORAIMA

0.12 DOSES DE LODO DE ESGOTO COMO FONTE DE NITROGÊNIO NA CULTURA DO GIRASSOL ..............36 SEWAGE SLUDGE RATES AS NITROGEN FERTILIZATION SOURCE FOR SUNFLOWER CROPS

0.13 ROCHAS BRASILEIRAS COMO FONTES ALTERNATIVAS DE POTÁSSIO PARA USO EM SISTEMAS AGROPECUÁRIOS..........................................................................................................................40 BRAZILIAN ROCKS AS ALTERNATIVE POTASH SOURCE FOR USE IN AGRICULTURAL SYSTEMS

0.14 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DE FARINHA DE GIRASSOL ...............................................................44 FUNCTIONAL PROPERTIES OF SUNFLOWER FLOUR

0.15 EXTRAÇÃO HIDROALCOÓLICA DE ÓLEO DE GIRASSOL

48 HYDROALCOHOLIC EXTRACTION OF SUNFLOWER OIL

0.16 BIODIESEL OBTIDO DE ÓLEO DE GIRASSOL E ETANOL ....................................................................51 BIODIESEL FROM SUNFLOWER OIL AND ETHANOL

0.17 VALOR NUTRITIVO DA FORRAGEM VERDE DE GIRASSOL. 54 NUTRITIONAL VALUE OF FRESH FORAGE OF SUNFLOWER

P 01.ANÁLISE DIMENSIONAL PARA AVALIAÇÃO DO BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE GIRASSOL .....58 DIMENSIONAL ANALYSIS OF SUNFLOWER SEEDS TO VERIFY THE PROCESSING SYSTEM

VIII EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 201

P 02.QUALIDADE DE SEMENTES DE CINCO GENÓTIPOS DE GIRASSOL VISANDO IMPLANTAÇÃO E ESTABELECIMENTO EM CAMPO .....................................................................................................61 SEED QUALITY OF FIVE SUNFLOWER GENOTYPES TO LOOK AT FIELD ONSET AND SET UP ............61

P 3. QUALIDADE DA DISTRIBUIÇÃO LONGITUDINAL DE SEMENTES DE CINCO GENÓTIPOS DE GIRASSOL 64 QUALITY CONTROL FOR FIELD SEED DISTRIBUTION OF FIVE SUNFLOWER GENOTYPES

P 4. CULTIVO DE GIRASSOL EM LUCIANÓPOLIS - ESTUDO DE CASO .....................................................68 SUNFLOWER CROP IN LUCIANOPOLIS- STUDY OF CASE .................................................................68

P 5. CULTIVO DE GIRASSOL EM SÃO PAULO - ESTUDO DE CASO ..........................................................71 SUNFLOWER CROP IN SÃO PAULO STATE- STUDY OF CASE ..........................................................71

P 6. AVALIAÇÃO DE GENÕTIPOS DE GIRASSOL DE ENSAIO CONDUZIDO NA PUC-PR ..............................74 EVALUATION OF SUNFLOWER GENOTYPES OF ANALYSIS CONDUCTED AT THE PUC-PR ................74

P 7. COMPORTAMENTO AGRONÕMICO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE GIRASSOL NA ÉPOCA DA SAFRINHA EMFERNANDÓPOLIS/SP ................................................................................................................76 AGRONOMICAL PERFORMANCE OF SOME SUNFLOWER GENOTYPES SOWN OUT OF SEASON IN FERNANDÓPOLIS, STATE OF SÃO PAULO, BRAZIL

P 8. CARACTERÍSTICAS DE DOIS HÍBRIDOS DE HEL/ANTHUS ANNUUS CULTIVADOS NO RECÔNCAVO BAIANO........................................................................................................................................80 CHARACTERISTICS OF TWO HYBRIDS DE HEL/ANTHUS ANNUUS CULTIVATED IN THE RECONCAVO OF THE STATE OF BAHIA

P 9. EFEITO DE DOIS ESPAÇAMENTOS ENTRELINHAS EM TRÊS HÍBRIDOS DE GIRASSOL .......................83 EFFECT OF TWO ROW SPACINGS IN THREE HIBRIDS OF SUNFLOWER

P 10. EFEITO DO ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS EM TRÊS HÍBRIDOS DE GIRASSOL ................................86 EFFECT OF ROW SPACING IN THREE HIBRIDS OF SUNFLOWER

P 11. ESPAÇAMENTO PARA PLANTIO DE GIRASSOL NAS CONDIÇÕES DOS CERRADOS DE RORAIMA ......89 INTER-ROW SPACING FOR SUNFLOWER CULTIVATION 1W CERRADO ECOSYSTEM OF RORAIMA

P 12. VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA ROTAÇÃO COM GIRASSOL E OUTRAS LEGUMINOSAS EM ÁREAS DE REFORMA DE CANAVIAL EM PIRACICABA, SÃO PAULO ..................................................................92 ADVANTAGES OF USING ROTATION WITH SUNFLOWER AND OTHER LEGUMINOUS CROPS IN SUGARCANE AREAS IN PIRACICABA, SÃO PAULO STATE, BRAZIL

P 13. AVALIAÇÃO DA LAVOURA DE GIRASSOL INTRODUZIDA SOBRE DOISDIFERENTES RESÍDUOS DE AVEIA PRETA (AVENA STR/GQSA SCreb.) E AZEVÉM (LOL/UM MULTIFLORUM Lam.) ..................................95 CULTIVATE OF SUNFLOWER (HEL/ANTHUS ANNUS) HELIO 251 EVALUATION INTRODUCED ON TWO DIFFERENT RESIDUES cJF OATS (A VEN,4 STR/GOSAScreb.) AND RAYGRASS (LOL/UMMULT/FLORUM Lam

P 14. ÉPOCA PARA PLANTIO DE GIRASSOL NOS CERRADOS DE RORAIMA ..............................................98 SUNFLOWER SOWING DATES IN CERRADO ECOSYSTEM OF RORAIMA

p.1 S. EFEITO DE ÉPOCAS DE SEMEADURA E DO INÓCULO INICIAL DE ALTERNAR/A HEL/ANTH/ EM GIRASSOL .... 101 EFFECT OF SOWING DATE AND INITIAL INOCULUM OF A/terna,ia he/ianthi IN SUNFLOWER

P16. AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL À PODRIDÃO BRANCA (SCLEROT/NIA SCLEROT/ORUM) EM CONDIÇÕES DE CAMPO ...............................................................................105 RESISTANCE OF SUNFLOWER GENOTYPES TO ALTERNARIA STALK AND HEAD ROT (SCLEROT/N/A SELEROT/ÕRUM) IN FIELD CONDITIONS

P 17. AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL À MANCHA DE ALTERNARIA (ALTERNAR/A HEL/ANTH/) EM CONDIÇÕES DE CAMPO .......................................................................................108 RESISTANCE OF SUNFLOWER GENOTYPES TO ALTERNARIA LEAF SPOT (ALTERNAR/A HEL/ANTHI) IN FIELD CONDITIONS

P 18. REAÇÃO DE GENÕTIPOS DE GIRASSOL ORNAMENTAL AO MÍLDIO (PLASMOPARA HALSTED//) ...... 111 REACTION OF ORNAMENTAL SUNFLOWER GENOTYPES TO DOWNY MILDEW (PLASMOPARA HALSTED//)

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL IX

P 19. APLICAÇÃO SIMULTÂNEA DE GRAMINICIDAS E FONTES DE BORO NO CONTROLE DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS DE MILHO E NA NUTRIÇÃO MINERAL DA CULTURA DO GIRASSOL ........................114 SIMULTANEOUS APPLICATION OF GRAMINICIDES AND BORON SOURCES ON VOLUNTEER CORN CONTROL AND MINERAL NUTRITION OF SUNFLOWER CROP

P 20. NUTRIÇÃO MINERAL DO GIRASSOL EM SOLOS DE CERRADO .......................................................117 MINERAL NUTRITION OF SUNFLOWER IN CERRADO SOILS

P21. PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DO GIRASSOL EM RESPOSTA Á NEUTRALIZAÇÃO DA ACIDEZ EM UM NEOSSOLO QUARTZARÊNICO ......................................................................................................120 DRY MATTER YIELD OF SUNFLOWER AFTER ACID NEUTRALIZATION IN AN UDOXIC QUARTZIPSAMMENT

P22. APLICAÇÃO DE ÁCIDO BÓRICO VIA FOLIAR NA CULTURA DO GIRASSOL ......................................123 FOLIAR SPRAY WITH BORIC ACID IN SUNFLOWER

P 23. INFLUÉNCIA DA ADUBAÇÃO NA PRODUTIVIDADE E CONSTITUINTES QUÍMICOS DO GIRASSOL .... 126 FERTILIZATION INFLUENCE IN SUNFLOWER PRODUCTIVITY AND COMPOSITION

P 24. AVALIAÇÃO DO VALOR NUTRITIVO DAS TORTAS DE GIRASSOL, AMENDOIM, NABO FORRAGEIRO E MAMONA....................................................................................................................................130 EVALUATION OF NUTRITIONAL VALUE OF SUNFLOWER, PEANUT, FORAGE TURNIP AND CASTOR BEAN CAKES

P 25. DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE APARENTE DE RAÇÕES PARA EQÜINOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUBSTITUIÇÃO DA PROTEÍNA DO FARELO DE SOJA PELA DO FARELO DE GIRASSOL .............132 DETERMINATION OF APPARENT DIGESTIBILITY OF EQUINE DIETS WITH DIFFERENT LEVELS OF SUBSTITUTION OF SOYBEAN MEAL FOR SUNELOWER MEAL PROTEINS

1' 26. DIGESTIBILIDADE APARENTE DOS NUTRIENTES DE DIETAS COM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DA PROTEINA DO FARELO DE SOJA PELA PROTEÍNA DA TORTA DE GIRASSOL PARA EQÜINOS ..........................135 APPARENT DIGESTIBILITY OF EQUINE DIETS NUTRIENTS WITH PARTIAL SUBSTITUTION OF SOYBEAN MEAL FOR SUNFLOWER CAlCE PROTEINS

P 27. DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE APARENTE DE RAÇÕES PARA EQÜINOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE INCLUSÃO DE SEMENTE DE GIRASSOL ........................................................................138 DETERMINATION OF APPARENT DIGESTIBILITY OF EQUINE DIETS WITH DIFFERENT LEVELS OF SUNFLOWER SEEDS

P 28. GRÃO DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS .................................................................... 141 SUNFLOWER SEED TO SWINE

P29. TORTA DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS ................................................................... 145 USE OF SUNFLOWER CAlCE TO SWINE FEDDING ON GROWING AND FINISHING

P 30. USO DE ESCÂNER NA DETERMINAÇÃO DA COR DE FARINHA DE GIRASSOL ................................. 149 SCANNER USE IN COLOR DETERMINATION OF THE SUNFLOWER FLOURS

P 31. FARINHA DE GIRASSOL: 1 - EFEITO NA REOLÓGIA DA MASSA DE PÃES ........................................ 153 SUNFLOWER FLOUR: 1 - EFFECT IN DOUGH RHEOLOGY

P 32. FARINHA DE GIRASSOL: II - EFEITO NA QUALIDADE DO PÃO ........................................................ 156 SUNFLOWER FLOUR: II - EFFECT IN BREAD QUALITY

P 33. TEORES RESIDUAIS DE FITOQUÍMICOS EM FARINHA DE GIRASSOL .............................................. 160 RESIDUAL PHYTOCHEMISTRY CONTENT IN SUNFLOWER FLOUR

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

[o oi.j SANIDADE DE SEMENTES DE GIRASSOL PROVENIENTES DE ENSAIOS DA EMBRAPA SOJA NO ESTADO DO MARANHÃO

SANITARY QUALITY OF SUNFLOWER SEEDS FROM EMBRAPA SOYBEAN ASSAYS IN THE STATE OF MARANHÃO, BRAZIL

Delineide Pereira Gomes 1 , José Magno Martins Bririgel', Myrna Furtado Hilal Moraes' Adriana Zariiri Kronka 1 , Gilvânia C. Silva', Regina M.V.B.C. Leite 2

1 Universidade Estadual do Maranhão,Cidade Universitária Paulo VI, sln, Tirirical, São Luis, MA, Caixa

Postal 09, 65 055- 098, e- mail: [email protected] ; 2 Embrapa Soja, Londrina, PR. e-mail: [email protected]

Resumo: A crescente importància do girassol leva à necessidade da realização de estudos sobre detecção de patôgenos e métodos de rotina para análise de sementes, a fim de garantir a sanidade da cultura e a identificação de patógenos em novas áreas. Com o objetivo de avaliar a qualidade sanitária de sementes de girassol, foram analisados lotes de sementes de genótipos produzidas em ensaios da Embrapa Soja conduzidos em três cidades do Maranhão: Balsas, São Luís e Timon. A análise sanitária das sementes foi feita pelo método de papel de filtro e a identificação dos diferentes gêneros fúngicos foi feita com base nas características morfológicas. A ocorrência Fusarium sp., Alternaria spp., Curvularia sp., Dreschelera sp., Aspergil/us sp., Penidihium sp., Phoma sp., Trichoderma sp., Botrytis sp., Rhizoctonia sp., Rhizopus sp., Co/letotrichum sp., Chaetomíum sp., Cladosporium sp. e Sclerotinia scierotiorum foi observada nas sementes de girassol, com índices de incidência variáveis. Os fungos mais importantes foram Alternaria spp., Fusarium sp., Curvularia sp., Dreschcicra sp. e S. sclerotiorum.

Abstract: The increasing importance of sunflower leads to studies on seed pathogen detection and routine analysis methods, to guarantee crop sanity and to provide identification of pathogens in new areas. Genotypes seeds lots produced in Embrapa Soja assays carried out in tree cities of the State of Maranhão, Brazil (Balsas, São Luís and Timon) were analyzed, with the objective of evaluating sanitary quality of sunflower seeds. Sanitary analysis was performed by blotter test method and identification of fungi genera was based on morphological features. The occurrence of Fusarium sp., Alternaria spp., Curvularia sp., Dreschelera sp., Aspergillus sp., Penicilfium sp.. Phoma sp., Trichoderma sp., Botrytis sp., Rhizoctonia sp., Rhizopus sp., Coiletotrichum sp., Chaetomium sp., Cladosporium sp. and Scloro tinia scicrotiorum was observed in seeds of sunflower, with variable incidences. The most important fungi were Alternaria spp., Fusarium sp., Curvularia sp., Dreschelora sp. and S. sclorotiorum.

Introdução

o girassol é uma oleaginosa que apresenta características agronômicas importantes, como maior resistência à seca, ao frio e ao calor que a maioria das espécies normalmente cultivadas no Brasil. Apresenta ampla adaptabilidade a diferentes condições edafoclimáticas e seu rendimento é pouco influenciado pela latitude, pela altitude e pelo fotoperíodo (Castro et aI., 1996).

A expansão da cultura do girassol pode ser prejudicada, entre outros fatores, pela presença de doenças causadas por vírus, bactérias e fungos. O girassol é hospedeiro de mais de 35 organismos fitopatogênicos, a maioria fungos. Estima-se que as doenças são responsáveis por uma perda anual média de 12 % da produção de girassol no mundo, sendo este fator mais limitante para a cultura na maioria das regiões produtoras. No Brasil, não há dados exatos sobre a magnitude da perda de produção provocada

pelas doenças, mas sabe-se que esta pode chegar a

até 100 %, dependendo das condições edafocli-máticas (Leite, 1997).

Muitas das principais doenças que afetam a cultura do girassol são transmitidas através das sementes,

como por exemplo: mancha e crestamento bacterianos, podridão da medula da haste, mancha de Alternaria e podridão branca (Leite, 1997).

A crescente importãncia dessa cultura torna necessário que métodos de rotina para análise de sementes e estudos sobre detecção de patógenos sejam conduzidos, a fim de se garantir um bom desempenho fisiológico, a sanidade da cultura e a identificação de patógenos em novas áreas. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade

sanitária de sementes de girassol provenientes de ensaios da Embrapa Soja conduzidos em três localidades do Estado do Maranhão.

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Material e Métodos

Para este trabalho, foram utilizadas sementes produzidas em ensaios da Rede de Ensaios de Girassol da Embrapa Soja, conduzidos em Balsas, São Luís e Timon, nas safras 2003 e 2004. As sementes colhidas foram acondicionadas em sacos de papel e mantidas em câmara fria até a realização dos testes de sanidade.

As sementes de cada genótipo foram submetidas ao teste de sanidade para verificar a incidência de patógenos, através do método de papel de filtro (Blotter test).0 teste consistiu em colocar três discos de papel de filtro pré-umedecidos em água destilada, em placas de Petri de plástico (diâmetro de 9 cm), onde foram distribuídas dez sementes equidistantes entre si. Foram feitas 4 repetições de 100 sementes, totalizando-se 400 sementes por cultivar (BRASIL,1992). As sementes foram incubadas à temperatura de 22 0 C e fotoperíodo de 12 horas sob luz NUV (comprimento de onda entre 320 a 400 nm), durante 7 dias. Para a detecção de Sclerotin)a scierotiorum foi utilizada a metodologia de Koch & Menten (2000), onde as sementes foram incubadas a 15 O C e escuro contínuo, durante 15 dias. A avaliação do teste foi realizada após os referidos períodos de incubação, examinando-se as sementes, individualmente, com o auxilio de um microscópio estereoscópico. A incidência de fungos foi obtida pela média das 4 repetições das sementes de cada cultivar, após o período de incubação.

Resultados e Discussão

Houve uma incidência bastante significativa de Fusarium sp. e Alternaria sp. em todos os genótipos, em especial Hélio 250, Catissol 01, Nutrissol, ACA 884, Hélio 251 e V 80 198, e ainda a presença significativa de Curvularia sp. e Dreschelera sp. (Tabela 1). A presença de Alternaria spp. nos genótipos já era esperada, já que esta é uma das principais doenças do girassol no Brasil (Leite, 1997), embora se esperasse que sua presença fosse mais

acentuada que a de Fusarium sp. Observou-se que o genótipo Embrapa 122 foi mais suscetível ao gênero Dreschelera do que ao Fusarium. Apesar de não apresentar os maiores índices, verifica-se que o genótipo ACA 885 foi suscetível a quase todos os fitopatógenos, com exceção do gênero Cladosporium. Os índices de Sclerotinia sclerotiorum foram semelhantes para os genótipos testados, com exceção do genótipo Agrobel 960, que apresentou em suas sementes o menor percentual. Ao contrário, ACA 885 obteve o maior percentual de sementes com S. sclerotiorum, confirmando a baixa qualidade das sementes deste genótipo neste ensaio.

Na Tabela 2, verificou-se os índices de sementes

com Fusarium sp. são menores do que o observado no ensaio de Timon, exceto para o genótipo Embrapa 122. O mesmo pode ser verificado com Alternaria spp., cujos índices de sementes também foram baixos, com exceção de Agrobel 960, Embrapa 122 e ACA 885. Verifica-se que foram baixos os índices de sementes com os pátogenos saprófitas, como os dos gênerosAspergilus (14% em Catissol P9) eRhizopus (0,5 % em Embrapa 122). Foram inferiores, também, os índices de sementes dos genótipos produzidos em São Luís contaminadas com os demais fungos, inclusive Sclerotinia sclerotiorum. Não houve incidência de Penicilllurn sp., Phoma sp. e Cladosporium sp., porém verificou-se um gênero novo nos resultados deste ensaio, que foi Coiletotrichum sp. no genótipo ACA 872.

Verificou-se a incidência também significativa de Fusarium sp., Alternaria sp., Dreschelera sp. e Curvularia sp. nas sementes de todos os genótipos de girassol produzidas em Balsas (Tabela 3). Também foi evidenciada, neste ensaio, a presença de fungos saprófitas, atribuida ao não pró-tratamento das sementes. Entretanto, esses fungos interferem na detecção dos demais patógenos ao microscópio estereoscópico. A presença de Sclerotinia scierotiorum não foi significativa, observada em, no máximo, parcelas de duas repetições dos genótipos Hélio 358 eV 10034.

Tabela 1. Incidência de fungos (%) em sementes de 12 genótipos de girassol provenientes do ensaio em Timon, MA. 2003.

IiULNClA LM SEMENTES DOS GENOTIPO5 4%) Catissol 01 Nutrissol M 734 Agrobel ACA Embrapa Héflo ACA Hélio V V ACA

960 884 122 250 872 251 90064 80198 885 Fusariun, sp. 63 59 49 43 49 27 75 59 47 52 41 40 Alternaria spp. 20 25 14 19 30 lO lO 21 27 9 29 2 Curvu/a,'iasp, 21 14 20 30 20 7 11 22 7 IS 26 9 Aspergi/lus spp. 0.25 0,25 0.5 3 1 1 1 0,25 3 O 0.25 2 Dreschelerasp. 20 29 17 31 IS 57 21 23 18 31 12 17 Penicifliun, sp. 0,25 0.25 1 4 O 7 0,25 2 7 O 0 37 Phomasp. 3 1 0.5 8 4 O 3 0,5 0,25 O O 10 Tflchoden'na sp. O O O 1 0,25 025 O O 0,25 2 0.25 3 Rhizopussp. O 0 4 O 0,25 O O O O O 1 0,25 Dotrytis sp. O 0,25 O 0,25 2 O O O O O O 0,5 Rhizoctonia sp. 1 O 0,25 O 0,25 0,25 0.25 O O O 0,25 1 Chaetomjun, sp. 0,25 O O 0.25 1 O 0,5 0,25 O O O 0.5 Cladosporiumsp, O O 1 O O O O O O O S.Scierogiorun, 3 2 4

0,25 O 0,5 2 4 4 4 4 2 4 17

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL 3

Tabela 2. Incidência de fungos (%) em sementes de 14 genótipos de girassol provenientes do ensaio em Sào

Luís, MA. 2004.

FUNGOS INCIDÊNCIA EM SEMENTES DOS GENÕTIPOS (%I

A 962 A 972 ACA ACA ACA Agrobel CalissaI Embrap Hélio Multiss M 734 Nutrias V V

872 884 885 960 P9 a 122 258 ol ol 10034 80198

Fusarium sp. 41.5 29.5 52,5 23 21 7 48 59,5 48 27.5 30,5 45.5 20,5 36,5

Atrernaria spp. 5,5 30 20 18 7,5 51,5 33,5 19.5 33,5 12,5 11.5 33 13 33

Cun'ulariasp. O O 0,5 0,5 O 6,5 O O O O O O 1.5 O

Draschete,aSp. 0,5 13,5 2 6 1.5 1 O 4.5 14 4.5 3 18,5 5 15.5

Aspei'giI/usspp. O O O O O O 14 O O O O O O O

T,ichodei-masp. O O O O O O O O O O O 0,5 O O

Rhizopussp. O O O O O O O 0,5 O O O O O O

Botryrissp. O O O O O O O O O O O O 0,5 O

Rhtzocroníasp. 0.5 O O O O O O O O O O O 0,5 O

Chaetonsiu,nsp. O O O O O O O O O O O O 0.5 1

Cot/etor,'/chumsp. O O 0.5 O O O O O O O O O O O

S. sc/erotio,um 0,5 0,5 2,5 O O 0,5 1 4 0,5 1 1 3 3 O

Tabela 3. Incidência de fungos (%) em sernentes de 6 genótipos de girassol provenientes do ensaio em

Balsas, MA. 2004.

FUNGOS INCIDÊNCIA EM SEMENTES DOS GENÕTIPOS (%)

M 734 V 10034 Multissol 01 Hélio 358 Agrobel Embrapa 122 960

Fusarium sp. 24,0 10,3 19,3 11,4 15,6 15,4 Alternaria spp. 4,4 4,3 2,4 3,4 10,0 7,9 Dresche/erasp. 7,0 4,5 1,5 1,4 1,0 7,0 Curvulariasp. 3,3 3,3 1.9 9,4 5,8 0,8 Aspergil/us spp 29,4 15,9 33,4 27,0 23,5 47,9 Penici/lium sp 7,3 6,1 3,4 8,0 5,0 7,4 Phonia sp. 0,5 0,3 O 0,1 0,0 1,1 Abizopus sp. 4,5 12,8 6,4 5,6 13,5 8,8 Co//etotrichum sp 0,1 0,6 O O 3,3 O Trichodermasp 0,0 1,4 0,6 1,0 4,1 5,8 Rh/zocton/asp. 0,1 0,5 O 0,1 O 0,1 S. sc/erotiorum 0.1 0.3 O 0.4 0.1 0.3

Conclus6es

Altos índices de Fusarium sp. e Alternaria spp. ocorreram em todos os genátipos dos três ensaios de girassol.

Foram baixos os índices de sementes com Sclerotinia sclerotiorum, com exceçâo do genótipo ACA 885 no ensaio de Timon.

Referências

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E REFORMA AGRÁRIA. Regras para Análise de Sernentes. Brasilia, 1992. 365p.

CASTRO, C. de; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE, R.M.V.B. de C.; KARAM, D.; MELLO, H.C.; GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R.B. A cultura do girassol. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1996. 38p. (Circular técnica, 13).

KOCH, E.F. A.; MENTEN, J.O.M. Método alternativo para detecç5o de Sclerotinia sclerotiorum em somentes de feijoeiro. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.26, p.276-279, 2000.

LEITE, R.M.V.B.C. Doenças do girassol. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 199.7, GBp. (Circular técnica, 19).

LUCCA FILHO, O A. Metodologia dos testes de sanidade de sementes. In: SOAVE, J., WETZEL, M.M.V.S. (Ed.) Patologia de sementes. Campinas: Fundaç5o Cargill, 1987. cap. 10, p. 276-298.

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

O Õ2_ .1 EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES COM INSETICIDAS NO ESTANDE DE PLANTAS DE GIRASSOL

EFFECT OF SEED TREATMENT WITH INSECTICIDES ON THE STAND OF SUNFLOWER PLANTS

Ivan C. Corso 1 , César de Castro'

1 Embrapa Soja. Caixa Postal 231. CEP 86001-970, Londrina, PR. e-mail: [email protected].

Resumo: Dois experimentos de campo foram Conduzidos com o objetivo de verificar o efeito de alguns inseticidas para tratamento de sementes, na proteção de plântulas de girassol contra o ataque de pragas de soto e na população final de plantas. Um em 2002 (Experimento 1), na Embrapa Soja, Londrina, PA, e outro em 2005 (Experimento 2), em lavoura de agricultor, no município de Lupionópolis, PA. No Experimento 1, fipronil,

avaliado nas doses de 100, 200 e 300 g i.a.I1 00kg de sementes, e tiametoxam (140, 280 e 4209 La.11 00 kg sem.) proporcionaram cerca de 25% a mais de plantas emergidas e normais, em relação ao estande da testemunha. Já no Experimento 2, apenas o inseticida tiametoxam, na maior dose avaliada (350 g i.a./ha), alcançou esse índice, destacando-se dos demais produtos para uso na cultura do girassol, visando garantir o estande pré-estabelecido da lavoura.

Abstract: Two field experiments were carried out, one in 2002, at Londrina, and other in 2005, at Lupionópolis, Parana State, to verify the effect of insecticides for seed treatment, in protecting sunflower seedlings against soil pests and garanteeing a good stand of plants. In the first experiment (Londrina), fypronil, tested at the rates of 100, 200 and 300 g a.i.11 00kg of seeds) and thiamethoxan (140, 280 and 420 g a.i.f1 00kg of seeds) gave around 25% more emerged and normal plants, compared with the check stand. In the second experiment (Lupionópolis), only thiamethoxan (350 g a.i.1100 kg of seeds) reached this levei, showing a better performance than the others tested products and dosis.

Introdução

o tratamento químico de sementes, em girassol, tem sido prática usual em países onde esta oleaginosa é tradicionalmente cultivada, utilizando-se, para tal, princípios ativos registrados pelas empresas de insumos (Aragón, 2003). A incidência de pragas de solo é mais intensa quanto maior é o período de germinação das sementes e emergência das plântulas. Assim, o tratamento de sementes de girassol com produtos químicos para a prevenção de danos causados por pragas que atacam as sementes e as plântulas, é uma prática que tem despertado interesse entre os agricultores. Entretanto, no Brasil, praticamente não existem inseticidas registrados para o controle de insetos-pragas da cultura.

Para o girassol, o estande de plantas e uma emergência uniforme são fatores preponderantes para se obter altas produções. Aliado a esse fato, o custo de sementes híbridas, com maior potencial produtivo, é elevado, não havendo espaço para o desperdício de sementes. Assim, qualquer agente da natureza que interfira na população final de plantas das lavouras, irá ocasionar reflexos na produção de girassol. Dentre esses agentes naturais, estão as pragas que vivem junto à superfície do solo, especialmente formigas do gênero Atta (saúvas) e lagartas cortadeiras, como a lagarta rosca (..4grotis ypsi/on), e lagartas do gênero

Spodoptera, como a lagarta-do-cartucho-do-milho (5-[rugiperda) e a lagarta-da-vagem-da-soja (S. eridania), as quais podem cortar as plôntulas, antes ou depois da emergência, provocando a sua morte e reduções na população total de plantas da lavoura (Aragón, 2002; Moscardi etat, 2005).

O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito de alguns inseticidas para tratamento de sementes, na proteção de plântulas de girassol contra o ataque de pragas de solo e sobre a população final de plantas.

Material e Métodos

Foram conduzidos dois ensaios de campo, um em 2002 (Experimento 1), na Embrapa Soja, Londrina, e outro em 2005 (Experimento 2), em lavoura de agricultor, no município de Lupionópolis, PR. O delineamento utilizado para os dois ensaios foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. No Experimento 1, as parcelas foram constituídas por quatro linhas de girassol 'BRS 191', com 6 m de comprimento, espaçadas em 0,50 m, e, no Experimento 2, por quatro linhas de girassol 'Catissol', com 4 m de comprimento, espaçadas em 0,80 m. As densidades de semeadura utilizadas foram três e cinco sementes por metro linear, respectivamente para os Experimentos 1 e 2.Os inseticidas foram misturados

•0 •

DFft900d (150g L1J100k9 - — — _ —fl

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Sai» CF4t,059 (2509 L9J100k9

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Tratamento,

140

120

5,1 e 100 .9

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60

2 40

20

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PE5OUISA DE GInASSOL

às sementes com um pouco d'água, em saquinhos plásticos, no dia anterior ao dia da semeadura, deixando-se os mesmos secar à sombra e à temperatura ambiente. No Experimento 1, os produtos e doses testados foram fipronil, nas doses de 100, 200 e 300 g de ingrediente ativo/100 kg de sementes) e tiametoxam (140, 280 e 4209 i.a.I1 00kg sem.) e, no Experimento 2, fipronil (150, 200 e 2509 i.a.1100 kg sem.), tiametoxam (210, 280 e 3509 i.a.1100 kg sem.) e CropStar® (mistura comercial de tiodicarbe + imidaclopride), nas doses de 400 e 500 ml de produto comercial/100 kg sem. As avaliações foram efetuadas aos 15 e 30 dias após a semeadura (DAS) (Experimento 1) e aos 14, 28 e 42 DAS (Experimento 2), contando-se as plantas vivas e com aspecto normal, nas duas linhas centrais de cada parcela.

Resultados e Discussão

Em Londrina, praticamente todos os produtos e doses testados apresentaram o mesmo desempenho, proporcionando cerca de 25% a mais de plantas emergidas e normais, em relação ao estande da testemunha (Fig. 1). Já em Lupionópolis, esse índice ficou ao redor de 10%, para todos os produtos e doses, à exceção de tiametoxam, na maior dose avaliada (31 %), e de tiodicarbe + imidaclopride, nas duas doses, que não diferiu da testemunha, ou seja, não influenciou no estande final de plantas (Fig. 2).

De acordo com o resultado obtido para o inseticida tiametoxam, nos dois ensaios, as maiores doses testadas (420 e 350 g i.a.11 00 kg sem., respectivamente), proporcionaram o maior índice de plantas emergidas e normais, em relação à testemunha, mostrando, assim, sua praticabilidade agronômica para uso na cultura do girassol, visando a obtenção de um estande melhor de plantas na lavoura.

Finalmente, não foram observados problemas de fitotoxicidade para as plântulas, tampouco para as plantas de girassol, com qualquer um dos inseticidas e doses avaliados nesta pesquisa.

Conclusões

De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, nas condições em que foi realizado, pode-se concluir que:

a) O tratamento de sementes de girassol com os inseticidas fipronil (100, 150, 200, 250 e 300 g i.a.1100 kg sem.) e tiametoxam (140, 210, 280,

350 e 4209 i.a.1100 kg sem.) reduz os danos de pragas de solo às plântulas e mantém um estande adequado de plantas;

b) O inseticida tiametoxam, na dose de 350 g ia.! 100kg de sementes, apresenta melhor praticabilidade agronômica para uso na cultura do

girassol, em relação aos demais produtos e doses avaliados, visando garantir o estande pré-estabelecido da lavoura;

c) Os produtos e doses avaliados não são fitotóxicos ao girassol.

Referências

ARAGÓN, J.R. Manejo de insectos y otros organismos perjudiciales. In: DIAZ-ZORITA, M.; DUARTE, G.A. Manual práctico para ei cultivo de girasol. Buenos Aires: INTA, 2003. p.127-141.

MOSCARDI, F.; SOSA-GOMEZ, D.R.; CORSO, I.C. Invertebrados associados ao girassol e seu manejo. In: LEITE, R.M.V.B.C.; SANTOS, A.M.B.; CASTRO, C. de. Girassol no Brasil. Londrina: Embrapa Soja, 2005. No prelo.

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Tratamentos

Figura 1. Número relativo de plantas de girassol, em função do tratamento de sementes com inseticida. Londrina, 2002.

Figura 2. Número relativo de plantas de girassol, em função do tratamento de sementes com inseticida. Lupionópolis, 2005.

1443

120

100

ti

e

?co

40

z 20

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

[Õ 03. 1 AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ

EVALUATION OF SUNFLOWER GENOTYPES IN NORTHERN REGION OF PARANÁ STATE, BRAZIL

Luiz Osvaldo Colasant&, Getúlio Damiani 1 , José Marques de Lim&, Luiz Eduardo Garcia Forteza 1

1 lnstituto Agronômico do Paraná, tAPAR. C.P.481, Londrina, PR. Email:[email protected]

Resumo: Dois experimentos foram conduzidos nas Estações Experimentais do IAPAR nos municípios de Londrina e Cambará, com o objetivo de avaliar genótipos de girassol durante a .saírinha ( final de verão-outono-

início de inverno). Dezesseis variedades e híbridos foram avaliados em Londrina e treze variedades e híbridos em Cambará, sendo o plantio realizado em 11103105 e 31/03/05, respectivarnente. Os tratamentos foram avaliados e comparados com base no rendimento de grãos, ciclo, incidência de doenças, número e diâmetro de capítulos. Em Londrina a média de rendimento de grãos foi de 2240 kg/ha, variando de 1810 kg/ha a 2810 kg/ha; os melhores materiais foram os de ciclo precoce e/ou intermediário, dos quais BRHS 5, BRHS 2 e Nutrissol foram os mais produtivos. Em Cambará, a produtividade média foi de 1210 kg/ha, sendo que os materiais mais produtivos (M734, V20038, Exp3441 e Mg52) apresentaram valores entre 1590 e 1730 kg/ ha. Diferenças no rendimento médio de grãos entre os ensaios podem ser atribuidas à melhor fertilidade de solo, estande de plantas mais uniforme e irrigação suplementar na área experimental de Londrina (em Cambará houve períodos prolongados de seca) e em menor grau às diferenças genéticas. Devido ao bom comportamento de alguns genótipos em ambos os locais, espera-se que em lavouras comerciais a produtividade entre os locais não seja muito diferente. Conclui-se que o girassol apresenta bom potencial para ser cultivado na época da safrinha na região norte do estado do Paraná.

Abstract: Two experimenta were carried out at the Experimental Stations of IAPAR in Londrina and Cambará, Paraná, Brazil. In order to evaluate sunflower genotypes during the "safrinha" season (late summer-autumn-early winter), sixteen varieties and hybrids were sown in Londrina on March 13, and other thirteen in Cambará were sown on March 31. The treatments were compared by grain yield, cycle, diseases incidence, number and diameter of heada. In Londrina, the yield ranged from 1810 kg/ha to 2810 kg/ha and the mean was 2240 kg/ha; the best materiais were of early season and/or of intermediate cycle of which BRHS 5, BRHS 2 and Nutrissol werethe most productive. In Cambará, the mean yield was 1210 kg/ha and the most productive ones (M734, V20038, Exp3441 e Mg52) yielded from 1590 and 1730 kg/ha. The best results achieved in Londrina can be attributed to best soil fertility, more uniform stand of plants and supplemental irrigation and varietal differences. In Cambará there were periods of drought, which have affected the yield. Considering the good performance of some genotypes in both places it is expected that yield of sunflower in commercial farming in these places won't present significant differences. The obtained data indicate that the sunflower presents good potential to be grown at the "safrinha" season, in Northern Paraná.

Introdução

O Governo federal tem implementado ações legais no sentido de introduzir o biodiesel na matriz energética nacional, através de sua adição ao óleo diesel comercializado. O cumprimento da legislação depende em grande parte da disponibilidade de oferta de matéria-prima e o aumento da utilização de óleos vegetais vai demandar maior produção de espécies vegetais oleaginosas.

O Governo do Estado do Paraná lançou o Programa Paranaense de Bioenergia em 2004 e o IAPAR participa através da pesquisa da tecnologia de produção de espécies oleaginosas. Uma das espécies que pode ser utilizada para produção de biodiesel é o girassol e o trabalho do tAPAR objetiva determinar a

aptidão fitotécnica da cultura no Estado e sua inserção nos sistemas de produção existentes. Uma das épocas potenciais para o plantio da cultura é o período da safrinha (final de verão-outono-inicio de inverno) na região norte do estado e o presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de diversos genótipos de girassol em dois municípios dessa região.

Material e Métodos

Os experimentos foram conduzidos na Estação Experimental do IAPAR, no município de Londrina (latitude 23°23' 5, altitude de 566m, solo do tipo Latossolo Vermelho Distroférrico) e no município de Cambará (latitude 23 0 22' 5, altitude de 450m metros e solo do tipo Latossolo Vermelho Eutroférrico).

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL IDE PESQUISA DE GInAssoL

7

Foram avaliados híbridos e variedades de girassol de empresas públicas e privadas componentes do

Ensaio Final de 2° ano (Londrina) e Ensaio Final de 1

ano (Cambará), integrantes da Rede de Ensaios Oficiais de Girassol coordenada pela Embrapa Soja.

0 plantio foi realizado em 11103105 em Londrina e 31103105 em Cambará. Utilizou-se delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições e as parcelas experimentais foram constituídas de 4 linhas de 6m de comprimento espaçadas 0,80m. Foi feito plantio manual em covas distanciadas 0,33m, plantando-se 3 sementes/cova e após a emergência das plântulas efetuou-se desbaste

deixando-se 1 plântula/cova. A área experimental foi

adubada com equivalente a 10-75-25 kg/ha de N,P 2 0 5 ,K 20; trinta dias após a emergência foi

efetuada adubação nitrogenada aplicando-se o equivalente a 40kg de N/ha. Em Londrina foi realizada irrigação por aspersão após o plantio, na adubação nitrogenada e aos cinqüenta dias após emergência.

Foram feitas observações de data de florescimento e colheita e determinado o rendimento

de grãos (em 8,6 m 2 ), altura de planta, diárnetro e número de capítulos/área, e peso de 1 000 aquênios. Os valores de rendimento de grãos foram submetidos à análise da variáncia e as médias dos tratamentos

comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05).

O diâmetro médio de capítulos foi de 1 9,4m, valor

considerado adequado para atingir alta produtividade.

Foi verificada variação de 17 a 24 cm entre os valores médios obtidos nos materiais avaliados. BRHS 3 e

BRHS 5 apresentaram os maiores valores para essa

característica. A média do n° de capítulos colhidos

por m 2 foi de 3,1 e Agrobel 960, Embrapa 122, BRHS

1 apresentaram baixos valores para essa

característica.

A média de rendimento de grãos foi de 2240 kg/

ha, com variação entre 1810 kg/ha e 2810 kg/ha. A

análise estatística dos valores revelou C.V. de 11,6 % e diferença mínima significativa de 667 kgfha

(Tukey, P<0,05). Maior estabilidade entre as

repetições foi determinada nos tratamentos BRHS 4, Embrapa 122, BRHS 1, Multissol e ACA 876. O

tratamento BRHS 5 foi o tratamento mais produtivo

(2810 kg/ha), valor superior em 15% aos do 2° e 3°

colocado (BRHS 2 e Nutrissol). Sete materiais tiveram produtividade acima da média (BRHS 2, Nutrissol 09,

BRHS 4, Catissol 11, M 734, Embrapa 122 e V

03005, nessa ordem) com variação entre 2310 e 2500 kg/ha, sem diferenças estatisticamente significativas

entre eles. A maioria dos mais produtivos é precoce e/ou de ciclo intermediário (100-115 dias até a

colheita), exceção de M 734 que apresentou ciclo mais

tardio.

Resultados e Discussão

LONDRINA. A emergência das plântulas foi registrada

no dia 19/03105 e a maioria das parcelas apresentou estande satisfatório; sete dias após a emergência foi feito replantio, quando necessário. Os dados obtidos encontram-se na Tabela 1

Os genótipos Embrapa 122 e BRHS 1, 2, 3, 4, eS

foram mais precoces que os demais, com maturação fisiológica em torno de 95 dias após a semeadura.

Nutrissol, Catissol, V03005, ACA 864 e Agrobel 960 apresentaram ciclo intermediário (florescimento em torno de 90 dias), enquanto M734, ACA 876, Agrobel 959, MG50, Multissol foram os mais tardios, com início de florescimento aos 95 dias após o plantio. Nas parcelas com Nutrissol e Catissol foram feitas colheitas espaçadas de mais de sete dias devido a desuniformidade das plantas. A maior produtividade de muitos materiais precoces pode ser atribuida em

parte à irrigação complementar que pode tê-los

favorecido em maior grau comparado com os tratamentos de maior ciclo. A colheita da maioria dos

materiais foi feita logo após a maturação fisiológica,

mesmo com alta umidade, devido ao risco de ataque de pássaros.

A altura média de plantas foi de 1 ,6m; Catissol,

Agrobel 960 e M734 apresentaram plantas de maior

estatura que os demais tratamentos. Os híbridos BRHS apresentaram as plantas de menor estatura no

experimento e não houve problemas de acamamento.

Tabela 1. Avaliação de genótipos de girassol:

características determinadas em dezesseis variedades

e híbridos. Estação Experimental de Londrina. IAPAR, 2005.

VafledaÉie / Hibv,do Prodtn,,c 4,8 Pos, da C.pitt.Ios Ciclo Alista d

g ha -. 1000 N' / m' OAoi,vo S'C plaitalm

.quêoios til cml

5 734 2340 65,3 3.4 11 125 1.8

.çlcbeI 960 1910 54,6 2,7 li 134 5,9

..bc.pa 922 2320 70.9 2.2 25 95 1.5

'CA 816 1870 54,6 3.2 18 126 9.6

,CA864 2150 66.6 3,1 58 lia 1,6

giobol 959 2940 53,5 3.6 16 109 1.6

8g50 2140 51.5 3,4 19 i 22 1.9

103005 2310 51.9 4.0 17 109 1.6

18 1940 64.5 2.6 21 100 1,7

III 2350 61.1 3.4 18 523 1.9

alrissoL 001 2460 67.5 2.8 29 116 1.7

LRHS 9 2090 72,1 2,3 21 95 1.4

IRHS 2 2500 73,3 3.0 21 95 1,4

IAHS 2 2160 71,3 3.0 24 100 '.6

IAHS 4 2450 67,9 3.2 22 97 1.4

IIIHS 5 2810 68,6 3,5 23 104 6,5

.lédLa 2240 62,9 3,9 19,4 lii 9.6

)MS tAis. PC 0,061 667 '

CV. 1%) 11,5

°s-c = semeadura-colheita

CAMBARÁ. Logo após o plantio ocorreu chuva

intensa dificultando emergência das plântulas e, em

função disso, muitas parcelas apresentaram estande

deficiente. A emergência foi anotada no dia 10104105

e os dados obtidos encontram-se na Tabela 2. Houve

variação no período semeadura-floração inicial entre

60 e 72 dias. 0 grupo formado por BRHS 7, BRHS 8,

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

BRHS 9, Agrobel 960, Helio 362 e Exp 3440 atingiu a maturação fisiológica entre 104 e 108 dias e os genótipos M 374, Helio 360, Tropissol, Catissol, MG52, Exp 3441 e V20038 foram mais tardios com maturação entre 110 e 116 dias.

O diâmetro e o n ° de capítulos colhidos por m 2 pode ser considerado baixo para a obtenção de altas produtividades. O diâmetro médio foi de 15,7 cm, com 3,0 capítulos colhidos por m 2 .

A produtividade média do ensaio foi 1210 kg/ha e baixos valores foram atingidos por grande parte dos genótipos. A análise estatística apontou um C.V. de 23,4% e DMS(Tukey, P<0,05) de 847 kg/ha, explicados em parte pela variabilidade de estande obtido por alguns tratamentos e manchas de solo. Os tratamentos M734, V20038, Exp 3441 e MG52, nessa ordem, foram os mais produtivos com valores entre 1590e 1730 kg/ha.

Tabela 2. Avaliação de genótipos de girassol: características determinadas em treze variedades e híbridos. Estação Experimental de Cambará. IAPAR, 2005.

Vilied.d,15416,ido Peodolieidod. CapRolo. C)cIo k9 E. Feio dei 000

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734 1730 75.4 3.3 15.9 72 114 1.4 ,,boI 060 eia 44,9 3.1 13.7 05 105 1.2

sho 280 5220 55.7 2,7 17,2 64 lis 1.3 362 930 50,' 3,3 10.5 63 108 1,1

1080 85,5 2,7 17.0 68 114 1.1 1552 1590 54.4 3,4 15,3 72 118 1.4 20038 1710 47,5 3,5 10,0 69 110 1.0

893440 1310 48,7 2.4 14.3 60 108 6.0 05 3441 070 56,2 3,7 15.0 88 III 1,3

1000 01.2 2,7 19.1 71 113 1.4 IREIS 7 950 47.8 8.4 13.7 50 504 1,2 68158 1000 55.8 3.1 16.2 64 508 1.1 4)158 710 47.9 2,9 12.7 62 101 1.0 AtE. 1310 54.8 3.0 IS.? 687 109,0 1,2 IMS (TtÃ.p, Pc 0.058 547 -

274 -

• S-F= semeadura -inicio de florescimento. S-F= serneadura-

maturação fisiológica

Em Londrina ocorreram pragas (vaquinha e lagarta prata) na fase vegetativa sem causar danos significativos. Também não houve incidência significativa de doenças.

Comparando-se os dados de ambos os locais verifica-se que a média do rendimento de grãos em Londrina (2240 kg/ha) foi 85% superior ao de Cambará (1210 kg/ha); como exemplo, o genótipo M374 proporcionou 2340 kg/ha em Londrina e 1730 kg/ha em Cambará. As diferenças de produtividade média dos ensaios podem ser atribuídas à melhor fertilidade de solo, estande de plantas mais uniforme e irrigação suplementar na área experimental de Londrina (em Cambará houve períodos prolongados de seca) e em menor grau às diferenças genéticas (tratamentos diferentes nos locais).

Todos os genótipos testados possuem ciclo adequado para cultivo na região. Devido ao bom comportamento dé alguns genótipos em ambos os locais e, considerando as condições de clima e solo da região, espera-se que em lavouras comerciais a produtividade nesses locais não seja muito diferente.

Conclusão

A cultura do girassol apresenta bom potencial para ser cultivada na época da safrínha na região norte do estado do Paraná.

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O 04. SCLEF?O TINIA RESISTANCE ACHIEVED BY ASEXIJAL GENE TRANSFER FROM WILD SPECIES TO HELIANTHUS ANNUUS LINES

RESISTÊNCIA A SCLEROTINIA CONFERIDA POR GENE ASSEXUAL TRANSFERIDO DE ESPÉCIES SELVAGENS PARA LINHAGENS DE HELIANTHUS ANNUUS

Pedro Canisio Binsfeld 12 , Cláudio Cerboncini 1 , Volker Hahri 3 ,

ingrid Grõne4 , Heide Schnabi 1

1 lnstitute for Molecular Physiology and Biotechnology of Plants, University af Bonn, Karlrobert-Kreitenstr. 13, 53115 Bonn, Germany.; 2 Center of Biotechnoiogy, Federal tiniversity of Pelotas - (JFPeI, Brazil.

3 Landessaatzuchtanstalt, Universitt Hohenheim, Stuttgart, Germany 4SWS - Südwestsaat, Rastatt, Germany. binsfterra.com.br

Resumo: Diversas espécies silvestres do gênero Hc/ianthus são altamente resistentes a importantes patógenos da cultura do girassol. Normalmente, é muito difícil ou impossível obter cruzamentos viáveis entre espécies silvestres e Hellanthus annuus visando introgressão de genes de interesse. A hibridação somática simétrica e assimétrica podem ser um via importante para superar incompatibilidades e gerar plantas férteis que serão utilizadas em retrocruzamentos para introgredir os genes de resistência desejados. Os híbridos somáticos provaram ser uma poderosa estratégia para transferir genes de resistência não possíveis de serem obtidas via sexual ou por meio do DNA recombinante. Até o momento, mais de 200 híbridos somáticos simétricos e assimétricos sexualmente viáveis foram produzidos e que apresentam uma extensa variabilidade. Avaliando-se a resistência Sc/crotinia scierotiorum de 39 F5 linhas originados de 9 híbridos somáticos assimétricos apresentaram elevada variação do nível de resistência. Embora os resultados atuais não sejam conclusivos, alguns híbridos assimétricos apresentaram uma promissora resistência ao fungo patogênico Sclerotinia scierotiorum.

Abstract: Many wild Hellanthus species related to sunflower are highly resistant to important crop pathogens. 1-lowever, crossing these species to sunflower aiming introgression of the resistances into breeding lines is often either very difficult or impossible. Thus, we have used asexual symmetric and asymmetric somatic hybridization to obtain fertile plants that are being backcrossed to sunflower. These proved to be a powerful strategy to transfer traits that are otherwise difficult or impossible to transfer between related species though conventional breeding or using recombinant DNA techniques. To date, more than two hundred sexually compatible symmetric and asymmetric hybrids have been produced whit a wide range of variability. The disease resistance of 39 ES lines derived from 9 Asymmetric somatic Hybrids (ASH) was varied, although the current results are not conclusive, some ASH showed a very promissory enhanced resistance to the pathogenic fungus Sclerotinia sclerotiorum.

Introduction

Wild species related to sunflower (Helianthus annuus L.) are regarded as importani sources for disease resistance. These large variety and pronounced variability within wild Hellanthus species might help to increase genetic variability in the cultivated sunflower by using methods, which provide gene flow across interspecific sexual barrier (Seiler and Riesberg 1997). Often, however, these species are diflicult or impossible to cross with H. annus. For this reason, asexual genome combining by symmetric or asymmetric somatic hybridization appears to be one means for gene flow across sexually incompatible plants (Binsfeld ei aI. 2002).

Our study was conducted to investigate the levei of resistance to Scicrotinia scierotiorum head rot of F5 progenies of interspecific asymmetric somatic

hybrids between Helianthus annuus and the wild Sclero tinia scierotiorum resistant Helianthus maximiliani (Binsf eld et aI. 2000).

Material and Methods

A total of 39 ES lines derived from 9 Asymmetric Somatic F-lybrids (ASI - ), obtained as described in Binsfeld et ai. (2000) and one sunflower elite inbred line (SWS1304) were evaivated for Scierotinia sclerotiorum head rot resistance in replicated field trials at Grundschwalheim and Scherzheim in Germany and Pelotas in Brazil.

The field experiments were conducted in 20031 2004 as 8 x 5 alpha designs with three replications. Two with So/erotinia sclerotiorum infected millet seeds (Figure 1) were inserted into a small cut at the back

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1. •

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E e)

05

10

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

of tive to ten sunfiower heads per piot (Rashid 1997, l-lahn 2000). The resistance levei to the Scierotinia inocuiation where recorded as foltowing: 1) time after appearance of the first syrnptoms, 2) the distance from the center of the infection to the end of the visible lesion (iesion Iength) was measured one week after the infection [cm], 3) spreading time of the myceliurn in the affected tissue [cm/day], 4) myceiiai growth from inoculated leafs to the stems, 5) and wilting symptoms 1% of Piantsl.

For the statistical analysis, data from individual piants of each subplot were averaged to calculate a subplot mean.

Table 1. Means, ranges, variance components, and heritabilites among ASH progenies for lesion length after artificial infection of ASH sunflower heads with mycelium of Scierotinia scierotiorum.

Mean Range Variance componenta

Location (cm) cml 72 2 7t 7' h'

Scherzheim 4.8 2.3 - 7.0

Grundachwahoim 6.4 3.6 - 7.9

Pejotas 4.9 2.1 - 7.4

Mean 5.0 2.1 - 7.9 0.38 • O.92 • 0.15 0.45 0.88

Leslon Icrtgth (cm)

Figure 1. Infection of sunflower heads with Scierotinia-infected miliet seed (A) and progress af the disease (6, C, D)

Results and Discussion

To date, more than two hundred sexually compatible symmetric and asymmetric hybrids have been produced in our group which showed a wide range of variability. The experimental results of the F5 lines derived from 9 ASH revealed that somatic hybridization provide a vatuable strategy to overcome sexual barriers aiming disease resistance breeding.

The lesion iength of the tines derived from ASH varied between 2.1 and 7.9cm (TabTe 1; Fig. 2). Mean lesion length of une SWSB04 was 4.8 cm. Genotypic variance for lesion length was highly significant (P c 0.01) and no genotype versus environment interaction variance was found (Table 1). The correlation between both locations (Fig. 2) was highly significant (P < 0.01) and moderate (r = 0.76).

Scherzhelm

Figure 2. Correlation between 2 locations for lesion length after artificial infection with Sclerotinia scierotiorum of 39 inbred lines derived from ASH and elite inbred tine SWSB04 (marked).

The detection that several F5 lines derived from 9 ASH showed little or significantly lower infection to important diseases confirmed that such hybrids are a viable strategy for re&stance breeding programs. Such sunflower lines resistance or toterance to Scierotinia scierotiorum can be more productive than other cultivars under conditions of low to moderate disease pressure. To date, more than two hundred sexually compatible symmetric and asymmetric hybrids have been produced whit a wide range of variability with agronomic positive traits.

Conciusion

The Scierotinia sclerotiourum infection tests confirmed that there is a iarge variability between the inbred tines and indicate a promissory potential to select new sunflower uines derived from ASI-! with enhanced resistance to Sclerotinia diseases. in a few years, these improved genotypes can be very valuabte given the expressive economicai and environmental benefits that can be expected as a result of resistant sunftower varieties.

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Acknowledgements

The authors are grateful to the collaborators and to the Deutsche Forschungsgemeinschaft (DFG), to the Gemeinschaft zur Fürderung der Privaten Deutschen Pflanzenzüchtung e.V. (GFP), Internationalse Büro (IB/BMBF), Germany and Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) and Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), Brazil, for the financial support.

References

BINSFELD PC., WINGENDER, R. & SCHNABL, H., 2000. Characterization and molecular analysis of transgenic plants obtained by microprotoplast fusion in sunflower. TheorAppl c3enet. 101 (8):1250-1258

HAHN, V. 2000. Resistance to Scierotinia head rot in

sunflower after artificial infection with inoculated millet seed. Proceedings of Um 1 Sth International Sunflower Conference, France, pp K19-22.

RASHID K, 1997. Inoculation methods for the

assessment of Scierotinia headrot in sunflower. In:

Proc. 1 9th Sunflower Res. Workshop, 09.01-10.01.

Fargo, USA, pp. 72-75.) .7

SCHNABL H., BINSFELD, PC., CERBONCINI C., DRESEN B., PEISKER, H. WINGENDER, R. & HENN A. 2002. Biotecnological methods applied to produce Sc/erotinia scierotiorum resistent sunflower. Helia,

25(36):1 91-198.

SEILER G AND RIESEBERG LH (1997) Systematic, Origins and Germoplasm resources of Wild and Doniesticated Sunflower. In: Schneiter AA (ed) Sunflower Technology and Production. Agronomy. vol 35, Madison, Wisconsin, USA, 1997, pp 21-65.

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O 05. DESSECAÇÃO EM PRÉ-SEMEADURA DA CULTURA DO GIRASSOL (Helianthus annuus L.) ASSOCIADA À APLICAÇÃO DE BORO

SUNFLOWER (Helianthus annuus L.) PRE-SOWING DESICCATION ASSOCIATED TO BORON

Alexandre Brighenti', César de Castro 1 , Fábio A. de Oliveira'

'Embrapa Soja, Caixa Postal 231, 86001-970 Londrina, PR. e-mail: [email protected]

Resumo: O girassol (Helfanthus annuus L.) é sensível a baixos teores de boro (A) nos solos, podendo ocorrer simtomas de deficiência nas folhas, caules e partes reprodutivas. Outro fator capaz de diminuir a produtividade da cultura é a ocorrência de plantas daninhas. Geralmente, as perdas no rendimento variam de 23% a 70%. Dois experimentos foram conduzidos no município de Chapadão do Sul, MS, a fim de avaliar o controle de plantas daninhas por meio de aplicações de herbicidas dessecantes, isolados ou em combinação com boro, bem como a resposta do girassol a esse micronutriente. Os tratamentos aplicados nas parcelas foram glyphosate (540 g e.a. ha'), glyphosate (7209 e.a. ha - '), glyphosate potássico (1.2409 i.a. ha'), diuron mais paraquat (200 + 400 g i.a. ha - ' ), paraquat (400 g i.a. ha 1 ), glyphosate (720 g e.a. ha' 1 ) mais flumioxazin (259 i.a. ha'), glyphosate (720 g e.a. ha 1 ) mais carfentrazone (209 i.a. ha'), e duas testemunhas (capinada e sem capina). As subparcelas foram constituídas pela ausência ou presença de 2 kg ha" de A (I-( 3 BO3 - ácido bórico - 17% de A), junto a calda de pulverização. A adição do ácido bórico a calda de pulverização não prejudicou o controle das plantas daninhas, exceto para o herbicida paraquat. Houve aumentos dos teores de boro no solo e nas folhas da cultura quando foram associados os tratamentos com herbicidas dessecantes e o A na fonte ácido bórico.

Abstract: The sunflower (He/ianthus annuus L.) is vulnerable to low boron (B) content in the sou, showing deficiency symptoms on leaves, stems and on reproductive parts. Another factor interfering in sunflower production isthe occurrence of weeds, causing 23% to 70% on yield losses. Two experiments were carried out in Chapadão do Sul, Mato Grosso do Sul State, Brazil, to evaluate the control of weeds by the application of desiccant herbicides, singly or on combination with boron, as well as the response of sunflower to fertilization with boron. The treatments applied to the plots were glyphosate (5409 a.e. ha - '), glyphosate (7209 a.e. ha '), glyphosate potassium (12409 a.i. ha -1 ), diuron plus paraquat (200 + 4009 a.i. ha 1 ), paraquat (4009 a.i. ha"), glyphosate (7209 a. e. ha -1 ) plus flumioxazin (259 ai. ha"), glyphosate (7209 a.e. ha") plus carfentrazone 1209 a.i. ha'), hand weeded control, and no weeded control. The sub-plots were constituted by the presence or absence of 20 kg ha' of 8, from boric acid (H 360 3 - 17% 8). The combination of desiccants with boron did not affect the weed control, except paraquat. The application of A in association with desiccant herbicides increased the content of this micronutrient in the soil as well as in sunflower leaves.

Introdução

O girassol (He/íanthus annuus L.) é sensível a baixos teores de boro nos solos, desenvolvendo sintomas característicos de deficiência nas folhas, caules e partes reprodutivas (Blamey et ai., 1979; Asad, 2002). Como esse micronutriente é pouco móvel na maioria das plantas, os sintomas de deficiência se manifestam primeiramente nas folhas jovens, que desenvolvem má formação, tornam-se duras e adquirem coloração bronzeada. O estádio reprodutivo do girassol é mais sensível do que o estádio vegetativo, em condições de baixo suprimento de A no solo (Castro atei., 1996, Asad etal., 2002). Na deficiência de A, as plantas adultas apresentam capítulos deformados ou com aquênios chochos na região central, com menor número e/ou peso e, conseqüentemente redução do rendimento.

Outro fator que interfere na produtividade do girassol é a ocorrência de plantas daninhas. Muitos autores têm medido a magnitude desses danos, chegando a valores entre 23% a 70% de perda de rendimento (Vidal & Merotto Jr., 2001).

Uma das maneiras de reduzir os custos de produção do girassol é controlar as plantas daninhas e fornecer boro à cultura em uma única operação.

Os objetivos deste trabalho foram avaliar o controle de plantas daninhas por meio de aplicações de herbicidas dessecantes, isolados e em combinação com boro, bem como a resposta do girassol à aplicação desse mkronutrjente.

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Material e Métodos

Dois experimentos foram instalados no município de Chapadão do Sul, MS, nas fazendas Zeca Silva e Gávea, em 05-03-2004.0 delineamento experimental foi blocos casualizados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas, foram aplicados os tratamentos glyphosate (5409 e.a. ha 1 ), glyphosate (7209 e.a. ha 1 ), glyphosate potássico (1.2409 ia. ha'), diuron mais paraquat (200 + 4009 ia. ha' ), paraquat (400 g i.a. ha'), glyphosate (7209 e.a. ha') mais flumioxazin (25 g i.a. ha 1 ), glyphosate (720 g e.a. ha') mais carfentrazone (20 g i.a. ha'), e duas testemunhas (capinada e sem capina). As subparcelas foram constituídas pela ausência ou presença de 8, junto a calda de pulverização. Todos os tratamentos com herbicidas dessecantes foram aplicados, isolados ou em mistura, com 2 kg ha 1 de B na fonte ácido bórico (l-( 3 B0 3 - 17% de B). Foram avaliados a percentagem de controle das plantas daninhas aos 25 e 35 dias após a aplicação (DAA) dos tratamentos, a altura e o diâmetro do caule das plantas, o peso de mil aquênios, o teor de boro no solo (0-10 cm de profundidade) nas folhas, o teor de óleo e a produtividade da cultura.

Resultados e Discussão

No experimento conduzido na Fazenda Zeca Silva, todos os tratamentos alcançaram valores de percentagem de controle das plantas daninhas acima de 90%, aos 35 DAA. (Tabela 1). No experimento conduzido na Fazenda Gávea (Tabela 2), os mesmos tratamentos atingiram percentagens de controle acima de 80%, aos 35 DAA, exceto o paraquat em mistura com o ácido bórico (78%). Provavelmente, isso ocorreu devido ao fato do paraquat ser mais estável em soluções neutras e a redução do pH da calda provocada pela adição do ácido bórico prejudicou a eficácia desse herbicida. Quando os tratamentos foram aplicados isoladamente, os teores de 8 na

camada de solo de 0-10cm atingiram valores médios de 0,20 mg dm 3 . Entretanto, quando os mesmos tratamentos foram aplicados em associação com boro, o valor médio foi 0,34 mg dm 3 . Em relação aos teores de boro nas folhas do girassol, houve incremento considerável desses valores passando de 44,18 mg kg 1 , nos tratamentos aplicados isoladamente, para 58,75 mg kg' naqueles onde houve associação de boro junto à calda de pulverização.

Conclusões

A adição de ácido bórico à calda de pulverização não prejudicou o controle das plantas daninhas, exceto para o herbicida paraquat. Houve aumentos dos teores de boro no solo e nas folhas da cultura quando foram associados os tratamentos com herbicidas dessecantes e o 8 na fonte ácido bórico.

Referências

ASAD, A. Boron requirements for sunflower and wheat. Journal of Plant Nutrition, v.25, n.4, p.885-899, 2002.

ASAD, A.; BLAMEY, F.P.C.; EDWARDS, D.G. Dry matter production and boron concentrations of vegetative and reprodutive tissues of canola and sunflower plants grown in nutrient solution. Plant and Soil, v. 243, p. 243-252, 2002.

BLAMEY, F.P.C.; MOULD, D.; CHAPMAN, J. Critical boron concentrations in plant tissue of two sunflower cultivara. AgronomyJounal, v.71, n.2, p.243-247, 1979.

CASTRO, C. de; CASTIGUONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE, R.M.V.B. de C.; KARAM, D.; MELLO, H.C.; GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R.B. A cultura do girassol. Londrina: EMBRAPA - CNPSo. 1996. 36 p. (EMBRAPA - CNPSo. Circular Técnica, 13).

VIDAL, R.A.; MEROTTO JR., A. Ilerbicidologia. Porto Alegre: Edição dos autores, 2001. 1 52p.

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Tabela 1. Percentagens de controle geral de plantas daninhas aos 25 e 35 dias após a aplicação dos herbicidas, altura de plantas (Cm), diâmetro de caule (mm), peso de 1000 aquênios (g), teor de B na camada de solo de 0-10cm (mg dm' 3), teor de B nas folhas (my kg"), teor de óleo (%) e produtividade da cultura do girassol (kg ha' 1 ), em função dos tratamentos. Fazenda Zeca Silva, Chapadão do Sul, MS, 200312004

Controle Altura DiSrn.tra Peso 1000 loto Boro na Teor de Produtividade

65i4, no solo folha óleo Tratamentos Fontes de 6 25 35

Glyphosato . 86,2 B' 90,7 A 193,3 A 22,8 A 40,6 A 0,206 46,66 35,5 A 1727,9 A

(5409 es. ha') Ácido bórico 90:0 A 93,2 A 191,0 A 22,7 A 39,7 A 031 A 63,7 A 35.0 A 1705,9 A

Clyphosste - 92,5 A 95,2 A 187.5 A 21.2 A 39,6 A 0,20 O 40,06 35,0 A 1523.1 A

(7209 o.a. ha") Ácido bórico 88.78 91,5 A 193,7 A 22,0 A 38.6 A 0,33 A 62,9 A 35.0 A 1708.1 A

Glyphosale Potássico . 91,2 A 94,5 A 184,3 A 21,5 A 39,2 A 0,186 34.1 6 35,4 A 1571,4 A

(1.2409 ia. ha") Ácido bórico 93,7 A 97.2 A 185,1 A 21,8 A 39,7 A 0,27 A 53,9 A 35,4 A 1619.4 A

Diuron + paraquat - 93,7 A 95,2 A 188,0 A 22.2 A 39,3 A 0,246 33,70 35.1 A 1596,6 A

(200 + 4009 la, ha") Ácido bórico 93.7 A 95,2 A 187,2 A . 21,2 A 39.4 A 0.33 A 60,4 A 35.4 A 1582,3 A

Paraquas - 91.2 A 93,7 A 191,0A 22.2 A 39.6 A 0.178 34,88 35,8 A 1753,8 A

(4009 la. ha") Ácido bórico 91.2 A 90.0 A 187,9 A 24,9 A 39.3 A 0,29 A 55,7 A 35,3 A 1645,2 A

Glyphosate + Flumioxa2in - 93.7 A 91.28 186.9 A 22.3 A 40,8 A 0,156 30,78 36,1 A 1628,8 A

7209 e, a. ha' + 259 la. ha" Ácido bórico 93.7 A 96.0A 186.4 A 22.1 A 40.2 A 0,39 A 55,9 A 35,2 A 1661.8 A

Clyphosate + Carlentrazone - 93,7 A 94.5 A 181,58 21.9 A 39,5 A 0.166 29,48 35.0 A 1554,7 A

72099. a. ha' + 209 la. ha" Ácido bórico 95.0 A 97.2 A 189.9 A 21.5 A 38,6 A 0,27 A 58,9 A 35.4 A 1692,7 A

Testemunha capinsda - 100,0 A 100.0 A 186,5 A 22.1 A 38,9 A 0.196 35,98 34,7 A 1617.5 A

Ácido bórico 100,0 A 100.0 A 185,1 A 22.5 A 39,3 A 0,36 A 46.2 A 35.1 A 1663,3 A

Testemunha sem capina - 0,0 A 0,0 A 190,3 A 21.1 A 39,8 A 0,198 26,1 6 35,0 A 1562,4 A

Ácido bórico 0,0A 0,0 A 191,8 A 22.1 A 39,7 A 0,34 A 44.8 A 36.0 A 1765,0 A

CV 1%) 2.5 3,1 2,3 4,5 3,5 20,9 14,8 2,0 9,3

'"Em cada coluna e para cada tratamento, as médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de

Tukey, a 5% de probabilidade.

Tabela 2, Percentagem de controle geral de plantas daninhas aos 25 e 35 dias após a aplicação dos herbicidas, altura de plantas (cm), diêmetro de caule (mm), peso de 1000 aquênios (g), teor de 8 na camada de solo de 0-10cm (mg dm' 3), teor de 8 nas folhas (mg kg'), teor de óleo (%) e produtividade da cultura do girassol (kg

em função dos tratamentos. Fazenda Gávea, Chapadão do Sul, MS, 200312004

Controle Altura Diametro Peso 1000 Soro no solo Soro ls folha Teo, de Produtividade

Tralamentos Fonle de 9 25 35 ceule óleo

Glyphoaale - 90,0 A' 88.7 A 173,3 A 22,1 A 39,4 A 0,21 A 45,0 A 31,8 A 1181.2 A

15409 e.a. ha 'j Ácido bórico 88,7 A 88,7 A 168,6 A 21,2 A 37,8 A 0,28 A 47.0 A 31.3 A 1063.1 A

Ctyphosate - 91,2 A 90,0 A 170,5 A 22,3 A 38,3 A 0,188 41,9 B 31,9 A 1024.9 A

47209 e.a. ha'l Acido bórico 91,2 A 88.7 A 172,7 A 22.9 A 40,6 A 0,33 A 65,9 A 32.3 A 1143,6 A

Glyphosate Potássico - 92,0 A 91.2 A 167,9 A 21,8 A 43,3 A 0,22 5 69,5 A 32,1 A 1139,9 A

11.2409 ia. bel Ácido bórico 93,7 A 90,0 A 161.2 A 20,1 O 43.1 A 0,35 A 61,4 A 31,5 A 1008.5 A

Diuron + pmaquas . 71,5 A 91,2 A 172,0 A 21.0 A 41.4 A 0,22 A 41,98 31.7 A 1157,1 A

(200 + 4009 1.a. ha') Ácido bórico 78,7 A 80,0 A 168,2 A 21,1 A 42.0 A 0,28 A 64,7 A 31.7 A 1055,3 A

Pafaquat 81,2 A 82,5 A 172,3 A 21,5 A 44,5 A 0,238 49,98 31,5 A 1155,7 A

(4009*. ha'l Ácido bórico 78.7 A 77.58 164.7 A 198 A 445 A 0.37 A 58.4 A 31.9 A 969.4 A

Olyphosate+Flu'nioxazin ' 95,0 A 90,0 A 170,9 A 22.9 A 44,3 A 0,258 60.7 A 34,9 A 1195,8 A

7209 s,a. ha' + 259 Is. ha' Ácido bórico 91,28 88,7 A 164,5 A 22.1 A 43.4 A 0,41 A 66,7 A 34,7 A 1013,6 A

Glyphosace + cartentrazone . 92,5 A 91,2 A 169,8 A 21,5 A 49,0 A 0.249 58,0 A 31.7 A 1194,2 A

7209 e. e. isa' + 209 is. isa' Ácido bórico 91.2 A 92,5 A 166.3 A 21,9 A 46.0 A 0,39 A 59,0 A 31.9 A 1100.8 A

Testemunha capinsda . 100.0 A 100,0 A 167.5 A 21,7 A 47,4 A 0.23 A 65,9 A 31,9 A 1182,1 A

Ácido bórico 100,0 A 100.0 A 156.8 A 20,3 A 45,9 A 0,31 A 72,2 A 34,9 A 1095,6 A

Testemunha serti capins . 0,0 A 0,0 A 151.7 A 17.5 A 42,7 A 0,24 O 55,3 A 31,0 A 997,9 A

Ácido bórico 0,0 A 0,0 A 149,4 A 17.7 A 44,5 A 0,49 A 59,8 A 30,0 A 634,05

CV (%) 2,7 2,5 5,6 5,7 5,0 20,8 13.6 2,2 19,5

"iEm cada coluna e para cada tratamento, as médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PE5OUSA DE GInASSOL 1 5

O Õ_6.1 SISTEMA RADICULAR DE GIRASSOL SOB ESTRESSE H[DRICO1

SUNFLOWER ROOT SYSTEM UNDER WATER STRESS

Evandro M. Gomes 2; Maria Regina G. Ungaro 3 ; Dirceu B.Vieira 4

1 Trabalho parcialmente financiado pela FAPESP; 2 Eng. Agr., Dr. Limeira, SP. evandromciomesuol.com.br

3Eng. Agr., Dr., unparoiac.sD.gov.br: 4 Eng. Civil, Prof. Titular, Prefeitura Municipal de Limeira, SP. rhidricos'hotmail.com

Resumo: Os experimentos foram instalados em Limeira, SP, nos anos de 2001 • 2002 e 2003, Com O objetivo de estudar o desenvolvimento do sistema radicular de girassol sob condições de estresse hídrico, pelo método da presença e ausência de raízes, modificado, contando-se o número de raízes encontradas em cada quadrícula. Foi aberta uma trincheira em cada bloco dos três tratamentos, perfazendo doze trincheiras. O delineamento experimental foi em faixa, com os tratamentos Sempre irrigado. Irrigado nas Fases criticas e Sem irrigação. A planta desenvolvida sob severo estresse hídrico produz raízes em maior número, que se aprofundam mais que aquela com pouca ou mesmo sem restrição hidrica.

Abstract: The experiments were done in Limeira, SP, in 2001, 2002 and 2003 with the aim to study the root system development of sunflower under severe water stress. A modified absence and presence method was used to evaluate the root system. The experimental design was in faixa, with the treatments Always irrigated, Irrigatedin critica! periods, Rainfed. Sunflower plant developed under severe water stress shows higher root number, that grows deeply than the plant under slight orno water stress.

Introdução

O girassol (I-Ielíanthus annuus Li é uma planta que apresenta boa adaptação a períodos de estiagem (Choné, 1983). A temperatura e o estresse hídrico são os fatores tidos como mais influentes no desenvolvimento e rendimento da cultura. È uma planta bastante sensível à acidez do solo, principalmente em camadas de sub-superfície, que acarreta encurvamento da raiz pivotante, com menor desenvolvimento das raízes secundárias, diminuindo o porte da planta e a produção de grãos (Ungaro et ai., 1985).

Bona et a/.(2000) sustentam ser o girassol mais tolerante ao estresse hidrico que outras culturas, sendo o sistema radicular profundo um dos principais fatores responsáveis por esta característica.

As raízes são õrgãos especializados na fixação, absorção, reserva e condução de nutrientes e água. O estudo do sistema radicular apresenta grande interesse prático em virtude da importância de seu conhecimento para a definição das práticas agrícolas, como adubação e espaçamento (Medina etal., 1963). Além disso, a densidade de raízes ou o volume ocupado pelas mesmas, usualmente apresenta influência direta no crescimento das plantas (Gomes, 1996). Elas apresentam crescimento maior no inicio do ciclo, quando é mais importante que a parte aérea, quando então sua biomassa representa entre 20 e 25% da total; progressivamente, com o crescimento da planta,

sua influência se reduz para 15% da biomassa total (Merrien & Milan, 1992).

O estudo teve por objetivo avaliar o desenvolvimento do sistema radicular de girassol quando sob estresse hídrico pela metodologia da presença e ausência, modificada.

Material e métodos

O estudo foi realizado no Campo de Pesquisa Hidroagrícola do Pinhal, pertencente à UNICAMP, nos anos de 2001 e 2002, e no Horto Municipal Florestal, em 2003, ambos em Limeira, SP. Os solos apresentaram as características mostradas na Tabela 1.

A metodologia de presença e ausência de raízes no perfil do solo consiste em cavar uma trincheira ao lado de uma planta e remover uma fina camada de solo da parede do perfil, de modo a expor as raízes (Bohm, 1979) que, através de uma tela reticulada de 2 x 2cm, são registradas como presentes ou ausentes em cada quadrícula. Esse método superestima a avaliação uma vez que não considera o número de raízes e tampouco seu diâmetro. Por isso, na presente pesquisa, foi testada uma adaptação que minimizasse o problema, contando.se o número de raízes encontradas em cada quadrícula. Foi aberta uma trincheira em cada bloco dos três tratamentos, perfazendo doze trincheiras.

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EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Tabela 1- Caracterização química e física dos solos participantes do ensaio.

Hidroagrícola do Pinhal Profundidade MO P 1 K 1 Ca V% B OS Granulometria

gldm 3 mmol/dm 3 96 mg/drn 3 91cm 3

0-25 28 2,8 41 59 0,22 1,34 Argila 25-50 17 2 1,7 26 56 0,20 1,29 Argila 50-75 11 1 0,8 27 63 0,07 1,16 Argila

75-100 8 1 0,6 24 62 0,06 1,22 Argila Horto Florestal

0-25 26 217 3,6 46 78 0,28 1,76 Franco-arenoso 25-50 16 117 1,1 36 76 0,18 1,76 Franco-arenoso 50-75 8 48 1,1 23 69 0,15 1,78 Franco argilo arenoso

75-100 8 22 1,1 20 69 0,15 1,78 Franco argilo arenoso

Resultados e Discussão

Os resultados encontram-se na Tabela 2, que mostra as médias do número de raízes obtidas pelo método de presença e ausência, nos tratamentos Sempre Irrigado, Irrigado nas Fases e Sem Suplementa ção Hídrica nos anos amostrados. A profundidade do sistema radicular foi afetada pelo déficit hídrico; as maiores médias de número de raízes são observadas no tratamento Sem Irrigação. Ocorreram diferenças significativas na quantidade de raízes entre as profundidades nos três tratamentos. No tratamento Sem frrigação se observa que o sistema radicular se diferenciou ao longo do perfil do solo até aproximadamente 80cm.

De acordo com Taiz &Zeiger (2004) déficits hídricos moderados afetam o desenvolvimento do sistema radicular. A razão da biomassa de raízes para a parte aérea parece ser governada por um balanço funcional entre absorção de água pelas raízes e fotossíntese pela parte aérea. A parte aérea continuará crescendo- até que a absorção de água pelas raízes se torne limitante; inversamente, as raízes crescerão até que sua demanda por fotossintetatos da parte aérea se iguale ao suprimento. Esse balanço funcional é alterado se o suprimento hídrico decrescer. A expansão foliar é afetada muito precocemente, quando a absorção de água é reduzida; no entanto, a atividade fotossintética é muito menos atingida. A inibição da expansão foliar reduz o consumo de carbono e energia, e uma proporção maior

de assimilados vegetais pode ser distribuída ao sistema subterrâneo, onde eles podem sustentar o crescimento posterior de raízes. Esses fatores levam a um crescimento preferencial das raízes em direção a zonas do solo que permanecem úmidas, conforme podemos observar na comparação dos resultados dos tratamentos Sempre Irrigado e Sem Irrigação. Com o avanço dos déficits hidricos, as camadas superiores do solo são, em geral, as primeiras a secar. A Tabela 2 mostra que as plantas exibem um sistema de raízes predominantemente superficial quando todas as camadas do solo estão umedecidas, como podemos verificar no tratamento Sempre Irrigado; no entanto, ocorre uma maior com proliferação de raízes em profundidade quando a água é esgotada nas camadas superiores do solo, no tratamento Sem Irrigação. O crescimento mais profundo de raízes, em direção ao solo úmido, pode ser considerado uma defesa do girassol contra a seca.

Os tratamentos com irrigação mostram número e distribuição semelhante das raízes no perfil do solo, conforme verificado na Tabela 2; no entanto, o tratamento Sem Irrigação apresenta de 2 a 4 vezes mais raízes nas profundidades entre 30 e 80 cm que os tratamentos com irrigação. Isto é indicativo de que, como já discutido por Merrien & Milan (1992) e Connor &. Hall (1997), ocorre um aprofundamento do sistema radicular de girassol quando falta água, de modo a poder absorvê-la das camadas mais profundas e minimizar os efeitos do déficit.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE &RASSOL

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Tabela 2- Número de raízes obtidos em cada um dos tratamentos, nos três anos agrícolas e nas diferentes

profundidades de amostragem.

Tratamento Sempre k,igado

Profun- 01 02 03 04

Didade (cm) 2001 2002 2003 2001 2002 2003 2001 2002 2003 2001 2002 2003

00-10 396 558 843 481 418 634 675 751 569 486 492 460

10-20 376 193 303 180 117 311 122 100 202 124 58 181

20-30 49 77 13 14 47 10 18 69 29 18 57 14

30-40 9 50 6 2 21 4 4 7 9 1 25 16

40-50 2 13 5 0 9 1 O 1 O 3 4 1

50-60 3 9 O 2 4 O O 13 0 2 10 O

60-70 8 36 3 1 6 O O 1 O 6 5 O

70-80 O 0 O O O O 6 O O O O O

80-90 O O O O O O 5 O O O O O

Total 843 936 1173 680 622 960 830 942 809 640 651 672

Tratamento Irrigado nas Fasas

Profun- 01 02 03 04

Didade(cm) 2001 2002 2003 2001 2002 2003 2001 2002 2003 2001 2002 2003

00- 10 616 597 380 694 604 372 848 824 472 699 622 473

10-20 78 187 63 144 267 270 223 287 61 135 119 113

20-30 17 22 7 15 17 16 31 37 20 17 1 9

30-40 4 1 5 9 2 2 6 1 2 4 O O

40-50 13 6 8 4 O O 6 1 2 1 O 5

50-60 4 21 5 2 4 9 11 3 O 3 9 5

60-70 1 O O O 12 2 O O O O 1 2

70-80 O O O O 3 O O O O O O O

80-90 O O O O O O O O O O O O

Total 733 834 468 868 909 1 671 1131 1153 557 859 752 607

Tratamento Sem Suplamentaçao Hidríca

Profun- 01 02 03 04 Didade(cm)

2001 2002 2003 2001 2002 2003 2001 2002 2003 2001 2002 2003

00-10 761 1077 235 565 1012 184 539 893 141 660 600 147

10-20 151 309 67 92 422 122 184 406 75 86 151 83

20-30 41 66 29 19 44 7 13 30 56 10 26 41

30-40 7 49 26 6 33 5 15 25 20 13 7 44

40-50 10 14 7 16 32 5 11 26 6 10 6 14

50-60 8 9 5 2 13 5 8 13 1 11 34 5

60-70 5 13 O 18 3 2 4 9 O 1 8 2

70-80 7 6 O 1 4 1 O O O 5 O O 0 O

80-90 O O O O O O O 3 O O O O

Total 990 1543 369 722 1 1559 330 774 1410 299 791 832 336

Tabela 3-Somatório das raízes encontradas em cada tratamento, nas diferentes profundidades do solo, nas quatro repetições.

Profundidade Sempre irrigado Irrigado nas fases Sem irrigaçao 00- 10 6763 7201 6814 10-20 2267 1947 2148 20-30 415 215 382 30-40 154 36 250 40-50 39 46 157 50-60 43 76 114 60-70 66 18 65 70-80 6 3 22 80-90 5 O 3

90-100 O O O Total 9542 9758 9955

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EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Conclusões

1- Os tratamentos com irrigação mostram número e distribuição semelhante das raízes no perfil do solo, enquanto o tratamento Sem Irrigação apresenta de 2 a 4 vezes mais raízes nas profundidades entre 30 e 80cm que os tratamentos com irrigação;

2- acorre um aprofundamento do sistema radicular de girassol quando falta água, de modo a poder absorvê-la das camadas mais profundas e minimizar as efeitos da déficit hídrica.

Referências

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BONA, 5.; MOSCA, G.; CANTELE, A.; VAMERALI, T. Response of sunflower to progressive water stress. in: INTERNATIONAL SUNFLOWER CONFERENCE, 15, 2000, Toulouse, Proceedings... Paris: International Sunflower Associatian, 2000. vai. 1, p.D58-D63.

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MEDINA, J. C.; INFORZATO, R.; PETTINELLI, M. Sistema radicular do fórmio, sisal e bambu imperial. Bragantia, Campinas, vai. 22, n. 6, p. 60-71, 1963.

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TAIZ, L & ZEIGEIR. Fisiologia Vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2004. 719 p.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESOUISA DE GIRASSOL 19

1O ofl SELETIVIDADE DE HERBICIDAS DE PRÉ EMERGÊNCIA EM CULTIVARES DE GIRASSOL

SELECTIVITY OF PRE-EMERGENCE HERBICIDES TO SUNFLOWER CULTIVARS

Nilza P. Ramos 1 ; Robert Deuber 1 ; Maria Regina G. Ungaro 1 ;

Hamilton Kikuti 1 ; Guilherme C. Marin 12

1 lnstituto Agronômico de Campinas - APTA, Campinas,SP. [email protected] .lar 2 EIolsista PIBIC

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos de diversos herbicidas na emergência e no desenvolvimento inicial do girassol. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 5 x 9, com 3 repetições, sendo utilizados cinco genótipos de girassol (IAC-iarama, IAC-Uruguai, Catissol, Helio-358 e Agrobel-967) e oito herbicidas de pré-emergência (trifluralin, pendimenthalin, metolachlor, alachlor, sulfentrazone, imazaquin, flumetsulan e isoxaflutole), além de uma testemunha sem controle do mato. O experimento foi realizado em vasos com 2,7L de capacidade, utilizando cinco sementes de cada genótipo. Foram observadas a porcentagem e velocidade de emergência; aos 15 dias após a semeadura, a fitotoxicidade foi avaliada empregando-se escala de notas. Não houve interação entre genótipos e herbicidas para emergência, com maiores valores observados para IAC-Uruguai e Helio-358. Agrobel-967 e IAC-Uruguai foram os genótipos mais sensível e tolerante aos herbicidas, respectivamente. O sulfentrazone foi o herbicida menos seletivo em geral. Imazaquin, flumetsulan e isoxiflutole causaram sintomas de grau médio, inicialmente, com posterior recuperação.

Abstract: An experiment with herbicides and sunflowers cultivars was carried out in greenhouse in order to evaluate selectivity. The herbicides tested were: trifluralin, pendimenthalin, metolachlor, alachlor, sulfentrazone, imazaquin, flumetsulan and isoxaflutole and the cultivars were: IAC-iarama, IAC-Uruguai, Catissol, Helio-358 and Agrobel-967. A randomized block design with three replications was used. Emergence rate and percentage, and injury to plants were visually evaluated. No interaction for herbicides and cultivars was observed for emergence but IAC-Uruguai and Helio-358 presented the highest rates. Agrobel-967 was the most affected by herbicides in general and IAC-Uruguai was the most tolerant. Sulfentrazone showed to be the less selective

herbicide and imazaquin, flumetsulan and isoxiflutole caused initial injuries with good recovery of the plants.

Introdução

À possibilidade de expansão na área cultivada com girassol (HcI/anthus annuus L.) no Brasil, associa-se também incrementos de produtividade. Especificamente para o girassol, existe ainda pouco esclarecimento, por parte da pesquisa, quanto a práticas culturais simples e, entre elas, a recomendação de aplicação de herbicidas. Atualmente, dois produtos de pré-emergência são registrados para essa cultura, sendo esses a trifluralin e o alachlor, ambos recomendados para controle de gramíneas (Briguenti et ai., 2001).

No estado de São Paulo, tem sido observada a expansão do uso de cultivares de girassol em áreas de renovação de cana-de-açúcar, pois esta cultura apresenta vantagens como baixo custo de investimento, auxílio na reestruturação do solo, alta reciclagem de nutrientes e aptidão de desenvolvimento sob condições de altas e baixas temperaturas (Ungaro etaL, 2002).

Com o cultivo logo após a cana-de-açúcar, o girassol fica exposto a efeitos fitotóxicos de resíduos de herbicidas anteriormente utilizados, além da

possibilidade de deriva de outras áreas para a lavoura. Para a recomendação de produtos faz-se necessário o conhecimento do período crítico de previsão de interferência. A convivência do girassol com as plantas daninhas, até 21 dias após a emergência (DAE), não causa redução acentuada na produtividade de grãos e de óleo e corresponde ao período anterior à interferência (Ungaro et aI., 1985); o período de 21 a 30 dias após a emergência da cultura do girassol foi determinado como período crítico de prevenção da interferência por Brighenti et ai. (2004).

Em trabalho desenvolvido com os herbicidas oxyfluorfen, linuron, oxadiargil, trifluralin e acetaclhor,

Brighenti et ai. (2001) observaram seletividade para a cultura o girassol, pois não houve efeitos negativos na produtividade e no teor de óleo, porém, outros produtos ainda merecem estudo e devem ser testados, principalmente aqueles utilizados em controle de invasoras para a cana-de-açúcar, que podem ter efeito residual na cultura do girassol.

Pela importância da cultura do girassol e a pouca literatura disponível a respeito do controle químico de plantas daninhas nesta cultura, o trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos de diversos herbicidas de

20

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

pré-emergência na emergência e no desenvolvimento inicial do girassol.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação, localizada em área experimental do Centro

de Ecofisiologia e Biofísica, do Instituto Agronômico, em Campinas-SP, durante o período de abril a junho de 2005. Foram utilizados cinco genótipos comerciais de girassol (IAC-iarama, IAC-Uruguai, Catissol, 1-lelio-358 e Agrobel-967) e oito herbicidas de pré-emeregência (trifluralin, pendimenthalin, metolachlor, alachlor, sulfentrazone, imazaquin, flumetsulan e isoxaflutole), Cujas doses se encontram na Tabela 1.

Tabela 1. 1-lerbicidas de pré-emergência aplicados em genótipos de girassol. IAC - 2005.

Produto g.ia.ha' L.fórmula.ha 1 Produto g.ia.ha 1 L.fórmula.ha 1

Trifluralin 980 2,2 Sulfentrazone 500 1,0

Pendimelhatin 1500 3,0 Imazaquin 150 1,0

Metolachior 2880 3,0 Flumetsulan 130 1,1

Alachlor 2880 6,0 Isoxaflutole 60 80g

o delineamento utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados, no esquema fatorial 5 x 9, em três repetições, sendo cinco genótipos e oito herbicidas mais uma testemunha sem aplicação de herbicidas, totalizando 45 tratamentos. O ensaio foi conduzido em vasos com capacidade para 2,71— de solo, onde foram semeados, a três centímetros de profundidade, cinco aquênios de cada genótipo. individualmente. Após a semeadura, procedeu-se à aplicação dos herbicidas, com pulverizador costal de precisão pressurizado, empregando-se CO 2 como propelente, equipado com barra com quatro bicos do tipo leque 80.02, espaçados em 0,50 me niantidos a 0,50 m da superfície do vaso. A pressão de trabalho foi de 2.4 kgf/cm 2 o que possibilitou o consumo médio de calda correspondente a 365 LIha. A exceção foi a aplicação de trifluralin, o qual foi incorporado ao solo, a cinco centímetros de profundidade, no dia anterior à semeadura.

Os resultados da análise química e física de terra utilizada no ensaio foram: matéria orgânica: 0,8 0X ; pH em CaCl 2 4,7; P: 2,3 mg/dm 3 ; K: 0,7 mmol/dm 3 ; Ca: 8 mmol/dm3; Mg: 2 mmol1dm3, H +Al: 42 mmol/ dm 3 ; CTC: 53 mmol 0/dm 3 ; V: 20,4%; S: 7,3 mgldm 3 ;

Na: 4,0 mg/dm 3 ; Fe: 29,8 mg/dm 3 ; Mn: 94,3 mg/dm 3 ; Cu: 8,6 mgldm 3; Zn: 17,8 mg/dm 3 e B: 0,1 mg/dm 3 ,

Argila: 40,5% e Areia: 51 ,3%,classificado como de textura argilo-arenosa.

Fez-se a análise de germinação para a verificação anterior da qualidade dos lotes, assim como do peso

de mil sementes, ambos seguindo recomendações de Brasil (1992). Os dados avaliados foram: porcentagem de emergência e índice de e velocidade de emergência (IVG), de acordo com Maguire (1962). Aos 15 dias após a aplicação dos produtos foi realizada a avaliação de fitotoxicidade empregando-se uma escala de notas, por cinco avaliadores, em que a ausência de injúria correspondeu ao valor um e a morte da planta, ao valor cinco.

Os dados foram submetidos à análise de variância e posterior teste de médias por Tukey a 5% de probabilidade. Os dados em porcentagem foram transformados para aro senõ(x/100) e as notas para arc seno(x+ 1).

Resultados e Discussão

Para a emergência de plantas não foi observada diferença significativa da interação entre os fatores genótipo e herbicidas, sendo apenas os maiores valores

observados para as cultivares IAC-Uruguai e Helio-358 (Tabela 2). A cultivar Agrobel967 encontra-se abaixo dos níveis exigidos para a comercialização de

sementes que é de 80% (CATI, 1999). Porém, para efeito de experimentação, considerou-se válida a observação dos resultados da aplicação de herbicidas, mesmo com viabilidade mais baixa.

De forma geral, os tratamentos herbicidas não interferiram na emergência das plântulas de girassol.

Tabela 2. Germinação inicial de sementes e emergência de plântulas após a aplicação de herbicidas pré-emergentes (EPAI-I) em diferentes genótipos de girassol.

Genótipo IAC-iarama IAC-Uruguai Catissol HeIio-358 Agrobel-967 Peso 100 sem 46,4 55,3 51,0 86,0 45,4 Germinação (%) 82' 90 •84 94 35 EPAH (%) 87,210 99,7a 84,9a 98,6a 42,5c médias seguidas de mesma letra minúscula na linha não diferem entre si pelo teste Duncam a 5% de probabilidade.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

21

Com relação A velocidade de emergência, a interação entre genótipos e herbicidas foi significativa.

Esse resultado confirma a idéia de que herbicidas

podem interferir no desempenho das sementes em

campo e que esse efeito está relacionado com a

cultivar. Os resultados observados na Tabela 3 indicam que a cultivar Agrobel 967, por apresentar baixa qualidade, mostrou as menores velocidades de

emergência, mas nota-se que, em comparação à

testemunha não tratada, apenas os produtos trifluralin

e pendimethalin tiveram desempenho inferior. O trifluralin age como inibidor meristemático e, mesmo

sendo seletivo para o girassol, pode atrasar o desenvolvimento das plântulas. Briguenti et ai. (2001) observaram que trifluralin, alachlor e metolaclhor, com

resultado de baixa toxidez inicial, não alteraram o desempenho posterior do girassol, ou seja, não

causaram a redução de produtividade e de teor de

óleo.

Tabela 3. índice de velocidade de emergência de plântulas (IVE) de diferentes genótipos de girassol após o

tratamento com herbicidas de pré-emergência. Média de três repetições.

Produtos IAC-iarama IAC-Uruguai catissol Helio-358 Agrobel-967

Testemunha 0,65Aba 0,70Ca 0,55ABcab 0,66Aa 0,40Ab

Trifluralina 0,61ABa 0,76BCa 0,557ABCa 0,67Aa 0,11Gb

Pendimethalin 0,51Gb 0,84ABca 0,45Bcb 0,63Ab 0,1 213c

Metolachlor 0,54ABb O,B3ABCa 0,57ABCb 0,8OAa 0,28ABc

Alachior 0,58A13a 0,74ca o,eoABca 0,68Aa 0,30ABb Sulfentrazone 0,60A1E110 0,91ABCa 0,73Aab 0,68Ab 0,37Ac Imazaquin 0,72Ab 1,01Aa 0,41cc 0,74Ab 0,33Ac Flumetsulan 0,57ABb 0,84ABCa 0,63ABb 0,70Aab 0,22A13c Isoxaflutole 0,60ABb 0,96ABa 0,47BCb 0,60Ab 0,22A13c cv 19,3

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha nâo diferem entre si pelo teste Duncara a 5%

de probabilidade.

Mesmo não alterando significativamente a

porcentagem e a velocidade de emergência, vários

produtos apresentaram níveis diferentes de toxidez

no processo de crescimento da plântula e

desenvolvimento das folhas primárias (Tabela 4). A

cultivar Agrobel-967, em função de sua baixa

qualidade inicial de semente, foi o mais afetado em

relação aos demais genótipos, com média de 3,5 na

escala de notas para efeitos de toxidez de herbicidas.

Os maiores níveis de toxidez foram observados para o herbicida sulfentrazone, contrariando resultado

anterior de Brighenti et ai. (2001) e Barroso; et ai. (2001), em que esse produto não afetou o desenvolvimento posterior do girassol, mesmo após

toxidez de até 12% no desenvolvimento inicial de

plântulas. Rodrigues & Almeida (1998) afirmam que o sulfentrazone apresenta movimentação lenta no solo

e reduzida translocação no floema. Como o presente

experimento foi conduzido em, existe a possibilidade

de o produto ter sido mais prontamente disponibilizado,

em função da irrigação constante, sendo absorvido

em maior quantidade pelas plântulas. Os sintomas

observados foram queima e encarquilhamento das

folhas cotiledonares, inibição da emergência das folhas

primárias, impedindo completamente a recuperação

e desenvolvimento normal do girassol. Acrescente-

se a este fato o pR do solo utilizado nos vasos, que

contribuiu para facilitar a absorção do produto pelo

girassol (Grey etal., 1997).

Flumetsulan e isoxaflutole mostraram-se tóxicos

ao girassol na emergência, com média de notas entre

as cultivares de respectivamente, 3,2 e 3,1. O flumetsulan, além dos danos às folhas cotiledonares,

também causou clorose da folha primária e morte de

plântulas na Catissol. Nos tratamentos com o isoxaflutole houve recuperação posterior das plântulas

para vários genótipos.

Tabela 4. Efeitos de fitotoxidae aos 15 dias após a semeadura; utilizando escala de notas de hum a cinco,

onde a ausência de injúria correspondeu ao valor um e a morte da planta, ao valor cinco.

Produtos lAc-iarama IAC-Uruguai Catissol I-lelio-358 Agrobel-967 Testemunha 1,OGa 1,OEa 1,01`a 1,OGa 1,OEa Trifluralina 2,2cb 1,3DEc 2,3Eb 1,oGc 3.2CDa Pendimethalin 3.0Gb 2,1cc 2.9CDb 1,8Ec 3,6BCa Metulachlor 2.913a 1.9cc 2,5DEb 2.2D1,c 3,3BcDa Alachlor 2,4cb 1,5Dc 2,7DEab 1,SFc 3,ODa Sulfentrazone 3,SAb 4.5Aa 4,3Aab 4,lAab 4,7Aa lmazaquin 2813b 2,3Cc 2,6DEb 3,38a 3,6Bca Flumetsulan 3,6Mb 2,3Cc 3,2Bcb 3,4Bab 3,75a Isoxaflutole 3,5Aa 2,98bc 3,4Ba 2,7cb 3,lcoab cv 13,0

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha n5o diferem entre si pelo teste Duncam a 5% de probabilidade.

22

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

A cultivar IAC-Liruguai mostrou-se menos sensível a todos os herbicidas com exceção do sulfentrazone, talvez como conseqüência da maior velocidade de emergência (Tabela 3) apresentada por essa cultivar.

Como a avaliação da toxidez dos herbicidas foi realizada somente aos 15 dias após a semeadura, sem análises posteriores, e existe a possibilidade de recuperação das plantas recomendam-se mais estudos; envolvendo níveis de toxidez e avaliação em outros estádios de desenvolvimento da planta.

Conclusões

Não houve interação entre genótipos e herbicidas para emergência, com maiores valores observados para IAC-Uruguai e Helio-358. Agrobel-967 e IAC-Uruguai foram os genótipos mais sensível e tolerante aos herbicidas, respectivamente. O sulfentrazone foi o herbicida menos seletivo em geral. Imazaquin, flumetsulan e isoxifiutole causaram sintomas de grau médio inicialmente, com posterior recuperação.

Referências

BARROSO, A.L.L.; PIMENTEL, M.S.; PEIXOTO, M.F. Avaliação de herbicidas em pós-emergência na cultura do girassol em safrinha. R V Documentos, Rio Verde, v.3: p.1O2-1O4, 2001.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasilia: AGIPLAN,

1992. 3G5p.

BRIGHENTI, A.; FORNAROLLI, D.A. OLIVEIRA JR., R.S. Seletividade de herbicidas aplicados em condições de pré-emergência na cultura do girassol. R V Documentos, Rio Verde, v.3: p37-79, 2001.

BRIGHENTI, A.M.; CASTRO, C.; OLIVEIRA JR., R.S.; SCAPIM, C.A.; VOLL, E.; GAZZIERO, D.L.P. Períodos de interferência de plantas daninhas na cultura do girassol. Planta daninha. Viçosa, vol.22, n 0 .2, 2004.

CATI Padrões de sementes para 199912000. Campinas, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Governo do Estado de São Paulo. 1999.

GREY, T.L.; WALKER, RH; WEHTJE, G.R. Sulfentrazone adsorption and mobility as affected by soil and pH. Weed Science, v.45, p.733-738, 1997.

MAGUIRE, J.D. Speed of germination-aid seedling emergence and vigor. Crop Science, Madison, v.2, n. 1, p.l76-177, 1962.

UNGARO, M.R.G.; AMBROSIO, L.A.; PECHE FILHO, A.; CALVET, N.P.; LINO, A.C.L.; ROSSETTO, R. Sunflower performance at plough out sugar cane areas. INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON SUNFLOWER IN DEVELOPING COUNTRIES, 2, Benoni, 2002. Proceedings ... ISA. Web page www.cetiom.fr .L isa

ANAIS - XVI REUNtÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

23

o Õ8.1 PRODUÇÃO DE GRÃOS, ÓLEO E PROTEÍNA EM GIRASSOL SOB ESTRESSE HÍDRICO

SUNFLOWER GRAIN YIELD, OIL AND PROTEIN CONTENT UNDER WATER STRESS

Evaridro M. Gomes 1 , Maria Regina G. Urigar0 2 ; Dirceu B. Vieira 3

'Agrônomo, Bolsista Doutorado FAPESP,FEC - UNICAMP, Campinas, SP. e-mail:

evandromciomesuol.com.br ; 2Agrônoma, Prof. Dra., Centro de Grãos e Fibras, IAC/APTA, Caixa Postal 28, 13.001-970, Campinas, SP. e-mail: unciaro(iac.sp.gpv.br ; 3Agrônomo, Prof.

Titular, Prefeitura Municipal de Limeira, SP. e-mail: rhidricoshotmail.com

Resumo: O girassol é uma cultura que vem ocupando espaços, complementando o cultivo principal. Assim, situações de estresse hídrico são comuns e o efeito desse estresse precisa ser conhecido sob condições de clima sub-tropical. Os experimentos de campo foram realizados no Campo de Pesquisa Hidroagrícola do Pinhal, pertencente à UNICAMP, nos anos de 2001 e 2002, e no Horto Municipal Florestal, em 2003, ambos

em Limeira, SP, situada a 625 m de altitude, a 22 0 40' de latitude e 47 0 2°' de longitude oeste. Os plantios

foram realizados com o cv. M 742, em 1810612001; 1610612002 e 24/0612003. Em 2001 foi realizada

calagem no Campo Hidroagrícola do Pinhal. A adubação de plantio foi feita com 300 kg/ha de 4-20-20 em 2001 e 2002; em 2003, foi utilizado 375 kg/ha de 4-14-8. A adubação de cobertura foi realizada 20 dias após a emergência, com 40 kg/ha de N e 2 kg/ha de B. A irrigação foi feita por aspersão normal. Os experimentos foram conduzidos no delineamento em blocos casualizados, com três tratamentos e quatro repetições, com

o cv. M 742. Os tratamentos constaram de: 1) Sempre irrigado, de acordo com o balanço de umidade do solo;

2) Irrigado nas fases críticas de formação do botão floral e enchimento de grãos; 3) Sem irrigação. As

colheitas foram realizadas em final de setembro para 2001 • em 0811012002 e em 1511012003. Os resultados mostraram os mesmos patamares de produtividade nos três anos e nos dois tipos de solo avaliados. O girassol, sob severo estresse hidrico, reduziu em cerca de 30% a produção de grãos; sob estresse hídrico moderado, com suplementação hidrica nas fases de formação do botão floral e enchimento de grãos, a redução na produção de grãos, em comparação com plantas sem restrição hidrica, foi de 17,2%; sob estresse hídrico severo houve aumento no teor de proteína e diminuição no teor de óleo nas plantas.

Abstract: Sunflower has been taking place as a complementary crop. ln those situations, water stress is common and its effect needs to be well known under tropical conditions. Field experiment was performed from 2001 to 2003, in Limeira (Brazil), with the sunflower hybrid M-742. The aim of the present vvork was to study the effect of the supplementary irrigation on some sunflovver (He/ianthus annuus Li parameters. The sowing and harvest were done, respectively in June 18, September 14 11 in 2001; June 16 11 , October 81h in 2002 and June 24 11 , October 1511, in 2003. The experimental design was a randomized blocks with three treatments and four replications. The treatments were: a) irrigation according to soil moisture (Always Irrigated); b)irrigation in the critical periods (Phases Irrigated) and c) without supplementary irrigation (Ra/nfed). The irrigation was performed by sprinkler and scheduled by gravimetric method. The sunflower) plants grown under accentuate water stress yielded 30% less than plants with no stress and 20% less than plants that received water only in the critical periods of bud tormation and grain filling; water stress also increases protein and reduces oil seed content.

Introdução

O girassol (Hdllanthus annuus L.) é uma importante fonte de óleo e proteína vegetal. Ele vem sendo cultivado no Brasil como cultura complementar, ocupando espaços deixados pelas demais opções. Assim, situações de estresse hidrico, muitas vezes severo, não são raras e seus efeitos precisam ser conhecidos. A temperatura e o estresse hidrico são considerados os fatores de maior influência no desenvolvimento e rendimento da cultura do girassol (Goyne et ai., 1978; Robinson, 1978).

Estudos sobre estresse hidrico sob condições de clima temperado ou semiárido existem em número considerável, envolvendo diferentes genótipos. Olalde eta/. (2001), sob condições de clima quente sub-úmido e de semiárido, encontraram respostas diferenciadas para o desenvolvimento, a produtividade e seus componentes. Os autores acreditam que o maior nível de umidade do solo acarretou maior absorção de nutrientes do solo, entre eles o N, o que resultou em maior produção de grãos e óleo no clima quente sub-úmido. Os dados concordam com os obtidas por Asri

24

EMOnAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

eta'. (2000), os quais verificaram que o fornecimento de égua durante o enchimento de grãos acusou aumentos de produção de grãos de até 1500 kg/ha e um maior teor de óleo nos grãos. Sob condições sub-tropicais, Andrade (2000) não encontrou efeito da suplementação hídrica no teor de óleo e proteína dos grãos, no cv. Cargili 11, enquanto Furtado (1982) já havia observado aumento na quantidade de óleo e proteína no cv. Contissol, sob estresse hidrico. Singh e Singh (2000) encontraram que o estresse hídrico durante o florescimento e o enchimento de grãos afeta a produção de grãos.

O trabalho teve como objetivos estudar a produtividade de grãos e o teor de óleo e proteína em girassol sob estresse hidrico.

Material e Métodos

Os experimentos foram realizados no Campo de Pesquisa Hidroagrícola do Pinhal, pertencente à UNICAMP, nos anos de 2001 e 2002, e no Horto

Municipal Florestal, em 2003, ambos em Limeira, SP, situada a 625 m de altitude, a 22 0 40' de latitude e 47 0 2 0 ' de longitude oeste. Os plantios foram realizados com o cv. M 742, em 1810612001; 161061 2002 e 2410612003. Em 2001 foi realizada calagem no Campo Hidroagricola do Pinhal. A adubação de plantio foi feita com 300 kg/ha de 4-20-20 em 2001 e 2002; em 2003, foi utilizado 375 kg/ha de 4-1 4-8. A adubação de cobertura foi realizada 20 dias após a emergência, com 40 kg/ha de N e 2 kg/ha de B, segundo Quaggio e Ungaro (1996). A irrigação foi feita por aspersão normal. Os experimentos foram conduzidos no delineamento de blocos casualisados, com três tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de: 1) Sempre irrigado, de acordo com o balanço de umidade do solo; 2) Irrigado nas fases críticas de formação do botão floral e enchimento de grãos; 3) Sem irrigação. As colheitas foram realizadas em final de setembro para 2001, em 0811012002 e em 151101 2003. Os solos apresentaram as características mostradas na Tabela 1.

Tabela 1-Caracterização química e física dos solos participantes do ensaio.

Hidroagricola do Pinhal Profundidade MO P 1 K 1 Ca V% 8 DS Granulornetria

91d23 mmol/dm 3 mg/dm 3 g/cm 3

0-25 28 6 2,8 41 59 0,22 1,34 Argila 25-50 17 2 1,7 26 1 56 0,20 1,29 Argila

Horto Florestal 0-25 26 217 3,6 1 46 78 0,28 1,76 Franco-arenoso 25-50 16 117 1,1 1 36 76 0,18 1,76 Franco-arenoso

Resultados e Discussão

O solo do Horto Florestal mostrou-se muito superior ao do Pinhal com relação a V% e P (Tabela 1). A Tabela 2 apresenta os resultados da análise conjunta da produção de grãos obtidos no ensaio. O CV% obtido foi de 12,3 e a interação ano x tratamento foi não significativa.

Tabela 2 - Resultados da análise conjunta da produção de grãos obtida nos 3 anos de experimento nos 3 tratamentos e a porcentagem de redução na produtividade em relação ao tratamento sem estresse hídrico.

Tratamento 2001 2002 2003 Média %reduçao Sempre irrigado 1732 a 1604 a 1860. 1732 a O Irrigado nas fases 1 1483 b 1 1425 ab 1 1541 b 1 1483 b 17,2 Sem irrigação 1122c 1112b 1131 c 1 1121 c 29,8 Média 1 1446 1 1380 1511

Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem por Tukey a 5% de probabilidade.

É interessante observar que os resultados mostraram os mesmos patamares de produtividade nos três anos e nos dois tipos de solo avaliados. Deve ter havido uma compensação entre as características químicas do solo e o total de chuvas ocorridas no período. Apesar de 2003 ter sido bem mais seco que os outros anos, com precipitaçãp total de somente 48 mm no ciclo da cultura, as melhores características do solo devem ter favorecido a produtividade em grãos que, apesar de baixa no tratamento sob severo estresse hidrico, não diferiu da encontrada em 2001 e 2002, que tiveram precipitação total de 90 mm e 180 mm, respectivamente. O estresse severo em água resultou em uma redução de aproximadamente 30% na produção de grãos, enquanto o estresse moderado, com oferta de água somente no período crítico, reduziu em 17% a produção de grãos.

O teor de lipídios foi reduzido pelo estresse hídrico enquanto ocorreu aumento no teor de proteína (Tabela 3), diferentemente do encontrado por Andrade (2000) com o cv. Cargill 11, quando o estresse hídrico não alterou o teor de proteína nos grãos, porém, semelhante ao obtido por Singh e Singh (2000), Flagelia etal. (2000) e Asri eta/.(2000).

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GInASSOL

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Tabela 3-Teores de lipídeos totais e proteína bruta, obtidas no experimento em 2003, nos diferentes tratamentos.

Tratamentos Lipídios totais (g/lOOg)

Proteína (gIlOOg)

Sempre irrigado 34,70 a 18,47 b

Irrigado nas fases 32,81 b 20,32 ab

Sem irriga çâo 33,32 b 21,05 a

Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem por

Tukey a 5% de probabilidade.

A síntese de lipídios se efetua a partir de produtos da degradação da glicose e utilizando a enzima acetil co-enzima A atuando na repartição do assimilados disponíveis entre a proteogênese e a lipidogênese. Em situações não limitantS em energia, a planta orienta os assimilados preferencialmente para a produção de óleo (Merrien e Milan, 1992); no caso de restrição hidrica severa, os assimilados são orientados para a síntese de produtos de menor custo energético, como as proteínas, o que pode explicar o aumento no teor de proteína e diminuição no teor de óleo nas plantas sob estresse hídrico severo.

Conclusões

- O girassol cv. M 742, sob severo estresse hídrico, teve sua produção de grãos reduzida em cerca de

30%;

- Sob estresse hidrico moderado, com suplementação hidrica nas fases de formação do botão floral e enchimento de grãos, a redução na produção de grãos, em comparação com plantas sem restrição hidrica, foi de 17,2%.

- Sob estresse hídrico severo houve aumento no teor de proteína e diminuição no teor de óleo nas plantas do cv. M 742.

Referências

ASRI, M. E.; ESSAHAT. A.; BOUNIOLS, A.; MONDIES, M. Rendement et qualite des gramas du tournesol cultive sous contrainte hydrique. Resultats des essais en cooperation au Maroc et dans la sud-ouest de Ia France. In: INTERNATIONAL SUNFLOWER CONFERENCE, 15. Proceedings: 2000. International SunflowerAssociation. v.1: p. C127-C132. 2000.

FLAGELLA, Z.; ROTUNNO, Di CATERINA, R.; SIMONE, G.; CICIRETTI, L.; De CARO, A. Effect of supplementary irrigation on seed yield and oil quality of sunflower (Helianthus annuus L.) grown in a sub-and environment. INTERNATIONAL SUNFLOWER CONFERENCE, 15. Proceedings: 2000. International SunflowerAssociation. v.1: p. C139-C144. 2000.

FURTADO, E. L. Efeito da irrigação em diferentes períodos do desenvolvimento da cultura de girassol (Helianthus annuss L.) sobre o comportamento biológico e produtividade de óleo e proteína dos grãos. Jaboticabal: FCAVJ, Unesp, 1982. Trabalho de graduação - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias Campus de Jaboticabal, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 1982. 11 Op.

GOYNE, P.J.; WOODRUFF, D. R.; CI-IURCHETT, J.D. Environmental causes of yield variation rain grown sunflower in Central Queensland. Australian Journal of Experimental Agriculture and Animal Husbandry. Melbourne, v.1 8, p. 129-134. 1978.

MERRIEN, A. & MILAN M. J. Phyiologie du Tournesol. Paris. Centre Technique lnterprofessionnel das Oléagineux Metropolitáins, 1992. Racines et feuilles. p. 21-27

QUAGGIO, J.A. & UNGARO, M.R.G. Recomendações de Adubação e Calagem para o Estado de São Paulo. Boletim Técnico, 100. Campinas, IAC, 1996. p.198.

ROBINSON, R. G. Production and culture. In: Sunflower Science and Technology. Ed. J. F Carter, Madison, American Society of Agronomy, n°. 19, p.89-143.1978.

SINGH, D. A. & SINGI-I, S. M. lmpact of irrigation on sunflower productivity. INTERNATIONAL SUNIFLOWER CONFERENCE, 15. Proceedings: 2000. International Sunflower Association. v.1, p. C109-C1 14.2000.

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

O 09. REGULAÇÂO DO DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE GIRASSOL PELA INOCULAÇÃO COM BACTÉRIAS RIZOSFÉRICAS REGULATION OF SUNFLOWER VEGETATIVE GROWTH TROUGH IN OCULATION WITH RHIZOBACTERIA

Alexandre J. Cattelan 1 , Anízia F. F. Betti 1 , Lara M. Ferracin 2 ,

César de Castro 1 , Maria Cristina N. de Oliveira 1

1 Embrapa Soja, Caixa Postal 231, 86001-970 Londrina, PR. e-mail: [email protected];

2 UNIFIL, Londrina, PR.

Resumo: Nove bactérias rizosféricas, originalmente isoladas de plantas de soja, foram inoculadas em sementes de girassol para verificar o efeito sobre o desenvolvimento vegetativo inicial das plantas. O teste foi conduzido em casa de vegetação, onde as plantas inoculadas foram semeadas em vasos de plástico contendo 3 kg de Latossolo Roxo. O delineamento experimental foi completamente casualizado com sete repetições. As plantas foram coletadas aos 30 dias após a semeadura, quando foram avaliadas a altura das plantas, a massa das raízes e da parte aérea secas. Os dados foram submetidos à análise de variância e, quanto o teste F foi significativo, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Duncan, a Se/o. Alguns isolados de bactérias rizosféricas alteraram o desenvolvimento vegetativo inicial de plantas de girassol, incluindo a relação raiz/parte aérea, quando inoculadas nas sementes. O desenvolvimento foi tanto aumentado quanto diminuído, dependendo da bactéria utilizada. Dessa maneira, acredita-se que, através da inoculação com a bactéria adequada, possa-se alterar o porte, o desenvolvimento inicial da parte aérea e/ou das raízes,

assim como a relação raiz/parte aérea de plantas de girassol da forma desejada.

Abstract: Nine strains of rhizobacteria, originally isolated from soybean planta, have been inoculated on sunflower seeds to evaluate the effect upon the plant initial vegetative growth. The trial has been carried out under greenhouse conditions. The inoculated seeds were sown in plastic pots with 3 kg of an Eutrorthox (American Soil Taxonomy). Each treatment was replicated seven tinies in a completely randomized design. The piants were collected 30 days after sowing and were evaluated for plant height and dry weight of roots and shoots. AlI data were analyzed by ANOVA and treatment means were separated by the Duncan's test when the F test was significant at the 5% levei. Some bacterial strains affected the initial vegetative growth of the sunflower plants, including the root/shoot ratio, when inoculated on the seeds. The growth was either increased or decreased, depending on the strain inocuiated. Therefore it is possible, to certain extent, to change the height, initial growth of shoots and/or roots, as well as the root/shoot ratio of sunflower plants, as desired, through the inoculation with the right rhizobacteria strain.

Introdução

o girassol caracteriza-se por possuir um sistema radicular pivotante com um grande conjunto de raízes secundárias que, em plantas adultas e em solo sem impedimentos químicos e/ou físicos, podem alcançar até dois metros de profundidade (Jones, 1984; Cox & Jolliff, 1986). Contudo, 80 a 90% das raízes secundárias situam-se nos primeiros 10 cm de profundidade (Merriem, 1992), enquanto para lzquierdo et ai., (2000) a densidade de raízes diminui drasticamente a partir dos primeiros 15 cm de profundidade. O estabelecimento das raízes laterais, explorando um grande volume de solo, toma grande importância quando se reconhece que alguns nutrientes têm seu mecanismo de absorção preferencialmente por difusão, como o fósforo e o potássio.

O girassol tem um sistema radicular com alta taxa de crescimento no início do ciclo, maior do que a taxa de crescimento da parte aérea. 0 volume radicular

máximo ocorre no final da floração (Morizet & Merrien, 1990). Contudo, as raízes são muitos sensíveis a impedimentos físicos como compactação. Sua biomassa representa 20 a 30% da biornassa total, porém, ao longo do ciclo, com o desenvolvimento da parte aérea, sua biomassa relativa diminui para cerca de 15% da biomassa total (Merriem, 1992).

Para Blum & Arkin (1984), o acréscimo na relação peso do material seco de raiz/parte aérea freqüentemente implica no desenvolvimento de uma grande razão da densidade do sistema radicular e área foiiar, o qual se traduz numa melhor capacidade para sustentação do estado hidrico das plantas sob uma dada demanda evapotranspirativa. A partir de um determinado estádio de desenvolvimento (em geral, a partir da floração), porém, os fotoassimilados são direcionados, principalmente, para a formação dos órgãos reprodutivos, sendo praticamente nulo o desenvolvimento radicular. A competição por fotoassimilados entre raízes e frutos explica porquê

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GInASSOL

27

as plantas são geralmente mais sensíveis ao estresse hídrico durante o estádio reprodutivo.

Em condições de seca, com o avanço do déficit hídrico, as camadas mais superficiais do solo são as primeiras a secar, com conseqüente perda das raízes superficiais e proliferação das raízes profundas (Taiz & Zeiger, 1998). Esse comportamento é o que, de modo geral, ocorre em condições de Cerrado, em que o girassol é semeado, preferencialmente, até o final

de fevereiro. Assim, estas plantas têm, durante o desenvolvimento inicial e até o início do florescimento, disponibilidade satisfatória de água. Contudo, a partir desse estádio, as chuvas reduzem drasticamente, fazendo com que as plantas, que tiveram um grande desenvolvimento da área foliar, sofram com maior intensidade os efeitos do déficit hídrico em função da grande área transpirante.

Muitas bactérias rizosféricas (bactérias que são estimuladas na rizosfera das plantas, zona do solo

sob influência das raízes) aumentam o comprimento das raízes e o número dos pêlos radiculares, além de afetarem o desenvolvimento da parte aérea. Esse efeito é atribuído à produção microbiana de hormônios vegetais ou reguladores do crescimento vegetal. Tien et ai. (1979) observaram que o número de raízes laterais em milheto (Pennisetum americanum L.), crescido em condições axênicas, aumentou e que as raízes laterais ficaram altamente cobertas por pêlos radiculares com a inoculação de Azospiri//um brasi/ense. Esses efeitos foram atribuídos à produção de ácido indolacético (AIA), giberelinas e citocininas por essa bactéria. Efeitos semelhantes foram observados em tomate (Lycopersicum escu/entum L.) (Hadas & Okon, 1987) e em soja inoculada com diferentes isolados de Pseudomonas spp. (Cattelan,

1995).

Assim, bactérias que promovam o maior desenvolvimento das raízes nos estádios iniciais de crescimento podem aumentar a tolerância dessas plantas ao estresse hídrico, à escassez de nutrientes e ao tombamento.

O objetivo deste trabalho foi testar o efeito da inoculação de sementes de girassol com bactérias rizosféricas promotoras do crescimento sobre o desenvolvimento vegetativo inicial, visando aumentar a relação raiz/parte aérea.

Material e Métodos

Em um experimento em casa de vegetação foram testadas bactérias originalmente isoladas de rizosfera de plantas de soja (GN 1201, GN 2214, LN 3212, LW 2301,P07, P21, P22, P43 e P53) e inoculadas em girassol. As bactérias foram crescidas em meio tripticaseína de soja- ágar, diluído dez vezes, à temperatura de 28 ° ± 1 ° C. por 24h. Após o crescimento, as células foram colhidas, suspensas

em 0,1M MgSO 4 (pil 7,0) e a densidade óptica

ajustada para a absorbância de 0,55 no comprimento de onda de 600 nm. Em cada vaso de plástico contendo 3 kg de Latossolo Roxo, horizonte A, peneirado, foram semeadas quatro sementes de girassol híbrido -lelio 251 previamente imersas na suspensão de células de cada um dos isolados. Também foi incluido um tratamento testemunha, com sementes imersas somente em solução tampão. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com sete repetições. Logo após a emergência, as plantas foram desbastadas para uma por vaso.

As plantas foram colhidas aos 30 dias após a semeadura, sendo feitas as seguintes avaliações: altura das plantas, peso das raízes e da parte aérea secas. Os dados foram submetidos à análise de

variância e, quanto o teste F foi significativo, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste

de Duncan, ao nível de 5%.

Resultados e Discussão

Algumas das bactérias testadas apresentaram efeito sobre a altura das plantas quando essas foram avaliadas aos 30 dias após a semeadura (Tabela 1). As maiores alturas foram obtidas com os tratamentos P22 (16,6 cm) e com o tratamento P21 (16,2 cm), enquanto as menores foram observadas nos tratamentos P53 (13,3cm) e P43 (12,3cm). Nenhum tratamento com bactéria, no entanto, diferiu significativamente da testemunha (14,3cm).

Quanto às raízes, quase todos os tratamentos com bactérias (exceção para P43 e P53) proporcionaram massa de raízes superiores à testemunha; entretanto, nenhum dos tratamentos diferiu significativamente entre si. Quanto ao desenvolvimento da parte aérea, o tratamento que proporcionou a maior massa foi o P 22 (616 mg) enquanto que a menor massa foi observada no tratamento P 43 (340 mg). Apenas este último tratamento (P 43) diferiu significativamente da testemunha (499 mg).

Quando se calculou a relação raiz/parte aérea, o tratamento que proporcionou a maior relação foi o LN 3212 (0,58), seguido do P43 (0,55), enquanto as menores relações foram observadas nos tratamentos P21 e P 22 (0,43). Apenas o melhor tratamento (LN 3212) diferiu significativamente da testemunha, aumentando em 26% a relação raiz/parte aérea.

A maior proporção de raízes proporcionada pelos isolados LN321 2 e P43 é uma característica desejável para o girassol, já que plantas com sistema radicular profundo e vigoroso e com grande massa de raízes são mais tolerantes ao déficit hídrico, em função do maior perfil do solo explorado, incrementando a

absorção de água e de nutrientes e, também, a ancoragem da planta. Para o girassol, esta característica é válida, principalmente pelo fato que,

11

EMORAPA SOJA. DocuMENTos, 261

normalmente, é cultivado em condições de safrinha, com grande restrição de água a partir do início do florescimento.

A menor altura de planta proporcionada pelo isolado P 43 e a grande proporção de raízes são características desejáveis por dois aspectos. A grande proporção de raizes, associada à menor altura de planta, pode, além das questões relacionadas ao volume de solo explorado, maior resistência ao déficit hidríco e ancoragem, reduzir ainda mais os possíveis problemas relacionados ao acamamento e quebra de plantas, pela menor alavanca formada pela parte aérea.

Tabela 1. Efeito da inoculação de sementes de girassol Helio 251 com bactérias rizosféricas sobre o desenvolvimento das plantas aos 30 dias após a semeadura. Embrapa Soja. Londrina, PA. 2005.

Tratamento Altura Massa Massa P. Relação

Plantas naizes Secas Aérea Seca RaizJP.Aérea

cm nig p1 mg p1'

P07 14,9abcd' 244" 482abt 0,52abcC

P21 16,2ab 249 578ab 0,43 c

P22 16,63 264 616a 0,43 c

P43 12.3 d 184 340 c 0,55ab

P53 13,3 cd 212 475abc 0,45 bc

GN12O1 1 5,3abc 250 524ab 0.48 bc

0N2214 14,Oabcd 245 486ab 0,52abc

LW2301 1 5,5abc 235 498ab 0,49abc

1N3212 13,8 bcd 257 454bc 0.58a

Testemunha 14,3abcd 225 499ab 0,46 bc

Médias de tratamentos seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Ouncan, ao nível de 5%. NsAs médias dos tratamentos não diferem entre si pelo teste F. ao nível de 5%.

Conclusões

Alguns isolados de bactérias rizosféricas podem alterar o desenvolvimento vegetativo inicial de plantas de girassol, incluindo a relação raiz/parte aérea, quando inoculadas nas sementes. O desenvolvimento pode ser tanto aumentado quanto diminuído, dependendo da bactéria utilizada. E provável que, através da inoculação com a bactéria adequada, consiga-se alterar o porte, desenvolvimento da parte aérea e/ou das raízes, assim como a relação raiz/parte aérea, em função de um padrão de desenvolvimento das plantas pré-estabelecido.

Referências

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ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL 29

1 o io. ACÚMULO DE MATÉRIA SECA, EXPORTAÇÃO E CICLAGEM DE NUTRIENTES PELO GIRASSOL

DRY MATTER ACCUMULATION, EXPORTATION TAX AND NUTRIENT CYCLING

OF SUNFLOWER

César de Castro 1 , Fábio A. de Oliveira', Cristiane O. Veronesi 2 , Luana H. Salinet 3

1 Embrapa Soja, Caixa Postal 231,86001-970 Londrina, PR. e-mail:[email protected]; 2 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Dourados,MS;

3 11niversidade Estadual de Londrina, Londrina, PR.

Resumo: Este trabalho teve por objetivo avaliar o ciclo de desenvolvimento do girassol, e quantificar a produção de matéria seca, a taxa de exportação e a capacidade de ciclagem de nutrientes pela cultura. O experimento foi executado na área experimental da Embrapa Soja, em Londrina, PR, na safra 2003104, em um Latossolo

Vermelho Eutroférrico muito argiloso, com acidez corrigida e fertilidade elevada. Utilizaram-se quatro parcelas

de 390 m 2 de área total, excluindo-se as bordaduras nas avaliações. O girassol Helio 251 foi semeado no

espaçamento de 0,70 m entrelinhas, mantendo-se um estande de 3 plantas -• A área recebeu uma adubação

de base e cobertura NPK + B, conforme necessidade indicada pela análise de solo. Foram realizadas

amostragens de plantas, a cada 14 dias, a partir da emergência. separando-se o material em folhas, pecíolo,

caule, além de capitulo e aquênios, a partir do período reprodutivo. Foram determinadas a massa seca produzida e as concentrações de nutrientes nos respectivos tecidos. O principal período de desenvolvimento e acúmulos

de matéria seca e nutrientes ocorreu dos 30 dias após a emergência até o florescimento pleno, quando as

plantas atingiram 80% da produção máxima de matéria seca. Deste período em diante e até o ponto de maturação fisiológica das plantas, houve o acúmulo de matéria seca nos aquênios juntamente com uma elevada taxa de translocação de nutrientes, especialmente nitrogênio e fósforo. O potássio permaneceu concentrado nos resíduos culturais. Em geral, como o índice de colheita foi baixo (0,33), a taxa de exportação

de nutrientes não foi elevada. Folhas e capítulos apresentaram relação C/N baixas, que favorecem a rápida decomposição da matéria seca e a ciclagem de nutrientes, melhorando a qualidade do solo para as culturas subseqüentes.

Abstract: The objective of this work was to evaluate the development cycle of sunflower and quantify the dry matter yield, the exportation tax and the crop capability of nutrient cycIing. The experiment was carried out in field conditions, in Londrina, PR, Brazil, in a very clay Rhodic Eutrudox with acid correction and high fertility. The experiment was carried out in four plots with 390 m 2, excluding the borders in the evaluations.

Sunflower Helio 251 was sowed with 0.70 m between lines, keeping a stand of 3 plants m. Fertilization was

done with NPK + B, as indicated in soil analyses. Samples of plants were collected each 14 days after

emergence, separating the material as leaves, petioles, stem, as well as head and achenes, after reproductive stage. The dry matter yield and nutrients concentration of respective tissues were evaluated. The main development period and the higher dry matter and nutrients accumulation was observed from 30 days after

emergence until fulI bloom, when plants reached 80% of dry matter yield. After this period until physiologic maturity of plants, dry matter was accumulated in achenes closely to a high nutrient translocation, specially nitrogen and phosphorus. Potassium kept concentrated in crop residues. In general, the harvesting index was low (0.33), SO the nutrient exportation tax was not $0 high. Leaves and heads showed low C/N rate, which favor rapid decomposition of dry matter and nutrient cycling, improving soil quality for subsequent crops.

Introdução

Devido à boa produção de matéria seca tanto da parte aérea quanto do sistema radicular e a maior resistência natural a condições de estresse hidrico, o girassol é uma cultura que pode ser utilizada no sistema de semeadura direta como planta de cobertura (Carvalho & Sodré Filho, 2000) e como adubo verde nos sistemas de rotação de culturas (Carvalho et ai., 1999). Por esses aspectos, o girassol é reconhecido por muitos agricultores e pela pesquisa

como uma cultura melhoradora das condições físicas do solo (Rotação, 2004).

Apesar dessa capacidade de produção de matéria seca, os restos culturais do girassol não resultam em cobertura do solo eficiente para reduzir os efeitos da temperatura, aumentar a infiltração de água e reduzir a suscetibilidade à erosão, pois são decompostos rapidamente (Sodré Filho et ai., 2004). No entanto, as folhas são responsáveis por significativo aumento da fertilidade dos solos na camada superficial. Desse

30

EMBRAPA SOJA. DocuMENTos, 261

modo, o girassol promove um melhor desenvolvimento das culturas em sucessão pela rápida disponibilização de nutrientes (Ungaro et ai., 2000).

Este trabalho teve por objetivo avaliar o desenvolvimento do girassol durante todo o ciclo e quantificar a produção de matéria seca, a taxa de exportação e a capacidade de ciclagem de nutrientes pela cultura.

Material e Métodos

o experimento foi executado no campo experimental da Embrapa Soja, em Londrina, PR, safra 2003104, em um Latossolo Vermelho Eutroférrico muito argiloso, com as seguintes características químicas da camada 0- 20cm:: pH (CaCl 2 0,01 M) = 5,1; P (Mehlich-1) = 16,8 mg dm 3 ; K, Ca, Mg, CTC = 0,65; 6,0; 2,1; 13,6 cmoi 0 dm 3 ,

respectivamente e V = 64%. O nível de Hera 0,23 mg dm 3 .

Utilizaram-se quatro parcelas de 390 m 2 de área total e 17 linhas de 21 metros de área útil, onde o girassol Helio 251 foi semeado no espaçamento de 0,70 m entrelinhas em 22 de outubro de 2003. Após a emergência das plântulas, realizou-se o desbaste para a redução do estande para 3 plantas m 1 , de modo a obter uma população final de 42.860 plantas. A área recebeu uma adubação de base com 270 kg ha 1 da formulação 08 - 28 - 16, e uma adubação de cobertura com 35 kg ha 1 de N, na forma de uréia, e 2 kg ha 1 de B, na forma de ácido bórico, aos 30 dias após a emergência (DAE).

Realizaram-se amostragens, a cada 14 dias, a partir da emergência de plantas. Foi coletado um número de plantas relativo a 5, 2 e 1 metro, na primeira, na segunda coleta e, a partir da terceira coleta respectivamente. As plantas coletadas foram separadas em folhas, peciolo, caule e, a partir do período reprodutivo, também em capítulo e aquênios. No material coletado e separado, foram determinadas a massa seca produzida e as concentrações de nutrientes acumulados nos respectivos tecidos. Os resultados foram expressos em quantidades acumuladas por área (kg ha').

Resultados e Discussão

o girassol apresentou um crescimento lento até os3O DAE. No período seguinte, até o florescimento pleno, houve um desenvolvimento elevado com grande acúmulo de matéria seca e absorção de nutrientes. Neste momento o girassol atingiu 80% da produção máxima de matéria seca (Figura 1). Segundo Hooking & Steer (1983), esse período apresenta uma importância substancial na definição do potencial produtivo da cultura.

A partir do florescimento, o acúmulo de matéria seca foi diminuído, ocorrendo apenas nos órgãos reprodutivos, especialmente nos aquênios, que constituem o dreno principal da energia e nutrientes acumulados até aquela fase. O período que se estendeu até o final do enchimento de aquênios foi caracterizado por uma intensa translocação de nutrientes e estabilização na produção de matéria seca em um patamar máximo, em torno de 9.500kg ha* A seguir, houve uma diminuição drástica das atividades metabôlicas e um processo acentuado de senescência e queda das folhas, até as plantas atingirem o estádio de maturação fisiológica dos grãos (R 9), iniciando a perda de umidade até o ponto de colheita.

O girassol mostrou elevada capacidade de absorver nutrientes, sobretudo, nitrogônio, potássio e cálcio (Tabela 1). Essa característica está associada ao maior volume de solo explorado pelo seu sistema radicular e à elevada capacidade de produção de matéria seca pelas plantas. O nutriente acumulado em maior quantidade foi o potássio, atingindo valores de 171 kg para cada tonelada de grãos produzida. O nitrogônio e o fósforo apresentaram elevada translocação dos órgàos vegetativos para os reprodutivos, resultando em taxas de exportação pelos aquênios de 56 e 70 % do total desses nutrientes absorvidos pelo girassol. No entanto, apenas uma pequena quantidade do K absorvido foi acumulada nos aquônios (7%). Assim, as concentrações desse nutriente mantiveram-se elevadas nos restos culturais, contribuindo para o aumento da sua disponibilidade no solo (Ungaro et aI., 2000).

R a R 10000 __.-_ paris aérea

- - Aquênlos Ri,5

c 8000 —O—Folhas

E —O--Caule

6000 —O—Capitulo -

e O

1 4000

2000 /•

28 56 84 112

diasapósa emergência

Figura 1 Acúmulo de matéria seca nos tecidos do girassol Helio 251, ao longo do ciclo de desenvolvimento.

Entre os micronutrientes, verificou-se que a exigência de boro pelo girassol foi elevada nos tecidos vegetativos, porém, a exportação representou apenas 16 % do total acumulado. A maior frequência do aparecimento de deficiências desse nutriente deve estar associada à pequena mobilidade do nutriente na planta, associada à menor disponibilidade hidrica que ocorre nas épocas em que o girassol é mais comumente cultivado.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

31

Tabela 1. Quantidade absorvida e exportação de nutrientes pela cultura do girassol, para a produção de

1.000kg de grãos.

Partesda N P205 1<20 Ca Mg 5 O cu Fe Mn Mo' Zn

Planta ... ------- kgt' ----------- ---- mgt'------- .....

Grãos 23 12 12 1,6 2,5 0,8 23 18 98 36 6 42

Restos culturais 18 6,1 159 37,9 8,7 6,6 123 34 256 479 23 111

Total 41 17,1 171 39,5 11,2 7,4 146 52 354 514 29 153

%Exportada 56 70 7 4 23 11 16 34 28 7 21 27

1 Blaniey et ai. (1997).

Em geral, como o índice de colheita foi baixo (0,33), o girassol apresentou reduzidas taxas de exportação de nutrientes, e maiores quantidades de matéria seca e nutrientes nos restos culturais. Como grande parte dos nutrientes acumulados pelo girassol são absorvidos em profundidades superiores às alcançadas pela maioria das culturas, a ciclagem de nutrientes melhora a fertilidade da camada superficial do solo, e beneficia o desenvolvimento e a melhoria do estado nutricional das culturas subseqüentes (Ungaro et ai., 2000). A disponibilização dos nutrientes, no entanto, depende da velocidade de mineralização dos restos culturais, determinada pela relação C/N dos resíduos (Figura 2).

A relação C/N média do girassol aumentou com o ciclo de desenvolvimento, de 21 para 39, valores esses considerados relativamente baixos. No entanto, a ciclagem de nutrientes, que beneficia as culturas em sucessão, advém da decomposição rápida de apenas alguns componentes da planta, como as folhas e os capítulos, que apresentaram relação C/N reduzida. Na fase R 9, estes resíduos representavam, respectivamente, 23% e 26% do total de matéria seca produzida. Por outro lado, o caule representava até 51 % da massa total, e apresentava relação C/N média ao final do ciclo de 82. Assim, o caule apresenta uma decomposição mais lenta, e contribui para a cobertura do solo por maior período de tempo.

100 o Folhas o caule o capItulo • Reduo

801 o o

40 5

IZ .............

20

01 70 84 98 112

Dias após emergência

Figura 2 - Relação C/N nos tecidos dos resíduos culturais do girassol Helio 251, durante o período reprodutivo e maturação fisiológica das plantas.

Conclusões

O girassol é uma cultura com grande capacidade de produção de matéria seca e acúmulo de nutrientes.

o girassol, por apresentar índices de colheita e de exportação de nutrientes reduzidos, folhas e capítulos com taxas de decomposição elevadas, e sistema radicular profundo, favorece uma rápida ciclagem de nutrientes ao longo do perfil de solo, e possibilita um melhor desenvolvimento das culturas subseqüentes.

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32 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

ADUBAÇÃO NITROGENADA PARA GIRASSOL NOS CERRADOS DE RORAIMA

INFLUENCE OF NITROGEN FERTILIZATION IN SUNFLOWER CROPPING AT CERRADOS ECOSVSTEM OF RORAIMA

Oscar J. Smiderle 1 ; Moisés Mourão Jr'; Daniel Gianluppi 1 ; César de Castr0 2 .

'Embrapa Roraima, Caixa Postal 133, 69301-970 Boa Vista, RR, e-mail: oismider©coafrr.embrana.br ;

2 Embrapa Soja, Londrina, PR.

Resumo: O objetivo deste trabalho foi definir o melhor nível de adubação nitrogenada para a cultura do girassol nos cerrados de Roraima. Para tanto, foram instalados em 2001, 2002 e 2003 experimentos em quatro épocas de semeadura (29105; 12106; 25106 e 08/07) sendo realizadas adubações de 40; 80 e 120kg ha' de N (uréia como fonte) em duas aplicações, 40% aos 16 dias após a emergência e 60% aos 30 dias, bem como testemunha sem aplicação de N. Na semeadura foram aplicados 120 kg ha' de P 20 5 e 60 kg ha 1 de K 20, além de 60 kg ha' de FTE BR 12. Aos 30 dias após emergência fez-se cobertura com cloreto de potássio (60 kg ha' de K 2 0). O delineamento experimental foi de blocos casualizados com 04 repetições, sendo que as parcelas constituíram-se de 04 fileiras úteis de 06m de comprimento. Foram avaliados os parâmetros de produtividade e teores e rendimentos de óleo dos aquônios obtidos. A produtividade do girassol é influenciada pela adubação nitrogenada e a faixa ótima para cultivo do BRS 191 situa-se entre 80-85k9 ha 1 deN.

Abstract: This work aimed to define nitrogen fertilization for sunflower cultivation (BRS 191) in cerrado ecosystem of Roraima. Therefore, experiments vvere conducted during 2001, 2002 and 2003 according tu sowing dates (29/05, 12106, 25/06 and 08/07) and N fertilization rates of 40, 80 and 120 kg.ha (urea as N source), applied in two times, 40% 15 days alter plantlets emergence and 60% 30 days after emergence, besides control treatment with no N fertilization. At sowing operations, 120 kg ha' P 20 5 , 60 kg ha' of K 20 and 60 kg ha' FTE BR-1 2 were apllied. Thirty days after plant emergence a potassium chloride sidressing fertilization took place (60 kg ha -1 K 20). The experimental design was completely randomized blocks, with four replicates, and the plots consisted of four rows of plants, each of them Cm long. Aquenia harvested had its productivity parameters and its oil contents and output determined. The BRS1 91 sunflower productivity is influenced nitrogen fertilization; the optimum range for cultivation of this variety is 80-85 ky ha -1 of nitrogen fertilization.

Introdução

O girassol (He/ianthus annuus L.) responde por cerca de 13 9'o de todo óleo vegetal produzido no mundo • vem apresentando índices crescentes de produção • área plantada (Estados Unidos, 2003). Por ser uma cultura de ampla adaptabilidade, alta tolerância à seca, alto rendimento de grãos e de óleo e pouco influenciada pela altitude, latitude e fotoperíodo, pode contribuir significativamente para maior diversificação dos sistemas agrícolas da região dos Cerrados, hoje restrita a poucas culturas. A expansão dessa cultura na região é favorecida por sua maior tolerância ao estresse hidrico (Castro et aI., 1997), que ocorre normalmente no final do período chuvoso.

A adoção rápida ou lenta da cultura do girassol na região dos cerrados de Roraima será dependente dos sistemas de cultivo a serem estabelecidos, contribuindo para isto a ampla adaptação e tolerância à seca apresentada pela cultura, sendo maior que a maioria das espécies cultivadas no Brasil. Além disso, o girassol é mais uma espécie alternativa para

aumentar a diversificação dos sistemas de produção utilizados nas áreas de expansão de fronteira agrícola.

A produção de girassol grão no Brasil cresceu de 15,8 mil toneladas em 1998 para 66 mil toneladas em 2002, assinalando um aumento de cerca de 317%. Enquanto a área aumentou de 12,4 milha para 45,6 mil ha no mesmo período, o que representa um aumento de cerca de 267%. A produtividade da cultura cresceu 13,5% entre 1998 e 2002, havendo atingido um máximo de 1.679,3 kg ha1 em 2000 (Fagundes, 2002).

A demanda mundial por óleo de girassol vem crescendo, em média, 1,8% ao ano, mas no Brasil, em 2002,0 crescimento foi de 5%. A demanda interna por óleo de girassol cresce, em média, 13% ao ano. Para suprir essa demanda, o país importa o óleo, principalmente da Argentina.

Em vista de suas características agronômicas desejáveis, apresenta-se como uma opção nos sistemas de rotação, consórcio e sucessão de culturas

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GInAssoL

33

nas regiões produtoras de grãos (o seu ciclo vegetativo varia entre 90 a 130 dias, dependendo da cultivar). A introdução de uma nova cultura em um sistema produtivo depende da disponibilidade de tecnologia que assegure sua produção, da sua capacidade de inserir-se na cadeia agroalinientar e da sua rentabilidade econômica. Os resultados dos trabalhos de pesquisa agronômica demonstram a existência de um acervo de tecnologias que garante o desenvolvimento da produção de girassol para diferentes regiões brasileiras, em condições favoráveis, em termos de rendimento físico por hectare, A sua inserção na cadeia produtiva também está assegurada, considerando que utiliza a mesma estrutura disponível para a soja (Castro et ai., 1997).

Para o cultivo do girassol nos cerrados é necessário conhecer as suas exigências nutricionais e manejar adequadamente a fertilidade do solo por meio de adubação que represente menos de 50% do custo da lavoura. Dentre os principais nutrientes, o nitrogônio é um dos mais importantes para o desenvolvimento e produção das plantas, pois afeta o seu crescimento, produção de grãos, tamanho dQs aquênios, teor de óleo e proteína. Entretanto, a aplicação de N em excesso pode provocar o acamamento das plantas, além da redução do teor de óleo.

incremento médio de cerca de 58% de produtividade em relação à ausência de nitrogênio (lC 195%} : 448-582k9 ha'), mantendo este padrão ao longo dos três anos de experimentação (Tabela 1).

Tabela 1. Valores médios de produtividade de girassol (BRS 191), em função dos níveis de adubação nitrogenada, ordenados segundo o teste de Tukey (a = 0,05)

Níveis de N Produtividade (kg ha')

(kg ha 1 ) 1 0 ano 2 0 ano 3 0 ano Média

O 683 b 456 b 406 b 515 b

40 1692 a 1196 a 1110 a 1333 a

80 1754 a 1285 a 1255 a 1431 a

120 1751 a 1253 a 1165 a 1390 a

* valores precedidos de mesma letra, nâo diferem significativamente, no nível de 5%, segundo o teste de Tukey

O ajuste da função de produção [Produtividade= 544+22,9*N0,1341\12; R 2 01 =0,971 com base na adubação nitrogenada, indicou como ponto de máxima 1521kg ha 1 em um nível de 76,85k9 lia' (Figura 1).

Deste modo, foram conduzidos experimentos entre os anos de 2001-2003 com o objetivo de definir o melhor nível de adubação nitrogenada para a cultura do girassol, utilizando-se a cv. BRS 191 nos cerrados de Roraima.

Material e Métodos

1600

- 1410

o .0 0200

o, 1000

02 0 600 co t

600

400

o 0. 200

Foram realizados anualmente (2001, 2002 e 2003), quatro plantios do final de maio ao inicio de julho, com intervalos de 15 dias, utilizando-se a cv. BRS 191. Na semeadura aplicou-se 120 kg ha -1 de P205 e 60 kg ha' de K 2O, além de 60 kg ha' de FTE BR1 2. Os níveis de N utilizados foram: 40; 80 e 120 kg.ha - ' (utilizando uréia como fonte) em duas aplicações, 40% aos 15 dias após a emergência e 60% aos 30 dias, bem como testemunha sem aplicação de N. Aos 30 DAE fez-se cobertura com cloreto de potássio (60kg ha' de K 2O). O experimento constituiu-se de blocos casualizados com 04 repetições, sendo que as parcelas foram compostas de quatro fileiras úteis de 06m de comprimento espaçadas de 0,80 metros. Foram avaliados os parâmetros de produtividade e teores de óleo obtidos.

Resultados e Discussão

O cultivo do girassol, cultivar BRS 191 em Roraima, apresenta necessidade de suplementação nitrogenada (p<0,01). A dose mínima de 40kg ha' de N (lC ($5%1 : 1284-1381k9 ha 1 ), promoveu um

20 40 80 80 000 120

Adubação nilrogenada (1,9.ha 1 )

Figura 1. Relação entre os valores médios e intervalo de confiança de 95% de produtividade, entre os três anos de experimentos, e os níveis de adubação nitrogenada, ajustados segundo o modelo quadrático

Entretanto, pelo menor custo da dose 40k9 ha' foi determinada, vista a equivalência desta com as doses superiores (Tabela 1 e Figura 1). Este valor de N, está próximo da faixa (40 a 60 kg ha' de N) recomendados por Castro et ai. (1997) para o cultivo do girassol, sem irrigação, na região central e sul do Brasil, seguindo os resultados da análise do solo. A tendência de redução da produtividade com o decorrer dos anos (Tabela 1) apresentou-se como não significativa (p <0,30), estando associada a flutuações aleatórias.

o teor de óleo, somente apresentou diferenças, no terceiro ano de avaliação, onde na ausência de

700

6*0

— 600

*00

60*

cl 440

40*

612 10*

4 300

16*

20*

J 66* tI O 600

34

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

nitrogênio foram obtidos os maiores teores de óleo (Tabela 2). Avaliando-se os valores médios dos três anos de estudo, tem-se que a utilização da dose mínima de nitrogênio representa uma perda de 2,5% do teor de óleo, enquanto que a utilização de doses superiores apresenta perda de 5,6% (Tabela 2).

Tabela 2. Valores médios de teor de óleo de girassol (BRS 191), em função dos níveis de adubação nitrogenada, ordenados segundo o teste de Tukey

(a = 0,05)

10

41

10 4* 62 160

Adubação nitrogenada (kg ha')

/

o a,

'O

4' O

o 4' 1-

Aduba çâo Teor de óleo (%)

nitrogenada

(kg loa') 1° ano 2° ano 36 ano Média

O 52,7 a 38,2 a 37,4 a 43,3 a

40 49,9 a 36,7 a 33,9 b 40,7 ab

80 45,8 a 35,6 a 30,4 o 37,9 b

120 45,3 a 36.0 a 29,6 e 37,6 b

• valores precedidos de mesma letra, não diferem

significativamente, no nível de 5%, segundo o teste de Tukey

0 ajuste da função de produção [Teor de óleo = 43,4-9,1.1 0 2N + 3.1 0 5 N 2;R 2 0 = 0,98] indicou a ausência de adubação nitrogenada como o ponto de máxima (lC 195%1 : 43,6-46,3%). Ressaltando-se a equivalência estatística da função de produção na ausência de adubação nitrogenada e na dose 40kg ha (Tabela 1 e Figura 2).

[E

47

cl 44

o 0 0

:9 4' >

o-

35

Adubação n ltrog enad a (kg

Figura 2. Relação entre os valores médios e intervalo de confiança de 95% de teor de óleo, entre os três anos de estudos, e os níveis de adubação nitrogenada, ajustados segundo o modelo quadrático.

O rendimento de óleo apresentou diferença entre as níveis de adubação nitrogenada (p< 0,01), durante os anos de condução do experimento (Tabela 3). Sendo que o rendimento de óleo foi amortizado pela redução do teor de óleo em função do aumento dos níveis de adubação nitrogenada.

Figura 3. Relação entre os valores médios e intervalo de confiança de 95% de rendimento de óleo e mõdio de teor de óleo, entre os três anos de estudas, e os níveis de adubação nitragenada, ajustados segundo o modelo quadrático.

Avaliando-se os valores médios, observa-se que nos anos, o uso de 40 kg ha' de N implicou em aumentode 45% no rendimento de óleo, quando comparado à ausência de adubação nitrogenada

(Tabela 3).

Tabela 3. Valores médias de rendimento de óleo de girassol (BRS 191), em função dos níveis de adubação nitragenada, ordenados segundo o teste de Tukey

(a=O,05)

Niveis de N Produtividade (kg ha 1 )

(kg ha') 1 0 ano 2 0 ano 3 0 ano Média

O 362 b 191 b 162 b 238 b 40 874 a 490 a 389 a 584 a

80 884 a 512 a 389 a 595 a

120 883 a 519 a 351 a 584 a

* valores precedidos de mesma letra, não diferem

significativamente, no nível de 5%, segundo o teste de Tukey

• A função de produtividade IRendimento de óleo =254,1-9,31 N + 5,6.1 0 -2 W; R29=0.94] indicou 80,12kg ha 1 de adubação nitrogenada como o ponto de máximo (641,6kg ha -1 ) rendimento de óleo. Ressaltando-se a equivalência estatística do ponto de máxima com a dose mínima de adubação nitrogenada (40k9 ha') (Tabela 3 e Figura 3).

Conclusão

Deste modo, define-se a dose 80kg ha -1 de adubação nitrogenada, para o cultivo de girassol nos cerrados de Roraima, ressaltando-se a indicação de época de plantio preconizada (E 1 e E 2 ) 25/05 a 12106.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

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Referências

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36

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

O 12. DOSES DE LODO DE ESGOTO COMO FONTE DE NITROGÊNIO NA CULTURA DO GIRASSOL

SEWAGE SLUDGE RATES AS NITROGEN FERTILIZATION SOU RCE FOR SUNFLOWER CROPS

Thomaz F. Lobo 1 ; Helio Grassi Filho 1 ; Leandro J. G. Godoy 1 ; Maria Regina G. Ungar0 2

1 FCA-UNESP, Caixa Postal 237, 18610-307, Botucatu, SP. e-mail: [email protected]; 2 IAC Caixa Postal 28, 13001-970, Campinas, SP. E.mail: [email protected]

Resumo: O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental São Manuel da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP de Botucatu, em São Manuel, a 22°25' Latitude Sul, 48°34' Longitude Oeste, com altitude de 750 metros. O solo é caracterizado como Latossolo Vermelho Escuro textura arenosa. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados constituído por 6 tratamentos e 5 repetições. Os tratamentos foram os seguintes: TO - sem adubação nitrogenada; Ti - adubação química convencional; T2 - 50% do nitrogênio proveniente do lodo de esgoto e o restante da adubação química; T3 - 100 % do nitrogênio proveniente do lodo de esgoto; T4 - 150% do nitrogênio proveniente do lodo de esgoto; T5 - 200% do nitrogênio proveniente do lodo de esgoto. Foi utilizada a cultivar HELIO 251. A utilização de lodo de esgoto como fonte de N trouxe incrementos significativos na produtividade de óleo, no diâmetro de haste e, em menor intensidade, na altura de planta; a divisão da dose de N recomendada pela pesquisa em São Paulo entre uréia e lodo de esgoto mostrou-se ecologicamente mais interessante, sendo estatisticamente não diferente dos tratamentos que utilizaram somente lodo de esgoto como fonte de N; a presença de grande quantidade de matéria orgânica, fornecedora de boro entre outras vantagens, e de nutrientes como zinco e enxofre, no lodo de esgoto, deve ter contribuído para os bons resultados obtidos com sua utilização.

Abstract: A field experiment was done at Sao Manuel Experimental Farm of Agronomical Science College of UNESP, in Botucatu, SP, at 22 0 25' 5 and 48 1 34' W, and 750 m high, in an Red Latosol. A randomized block design was used, with 6 treatments and 5 replications. The treatments were: T0= no N fertilization; Ti = conventional N fertilization; T2 = 50% conventional + 50% N rate from sewage siudge; T3 = 100% N rate

from sewage sludge; T4 = 150% N rate from sewage sludge; T5 = 200% N rate. The cultivar HELIO 251 was used. The adoption of sewage sludge as N source led to oll yield, stem diameter significant increases, and also increased the plant height. The dose division between chemical N source and sewage sludge seems to be ecologically interesting and is statisticaily not different from the other treatments that utilized sewage sludge as N source. The great amount of organic matter, a boron source, and micronutrients like Zn and 5 in the sewage sludge should have been responsible for the good results obtained when sewage sludge was used in the sunflower fertilization.

Introdução

Diversos trabalhos têm mostrado aumentos na

produção de grãos em espécies de interesse agronômico cultivadas em solos tratados com lodo de esgoto (Defelipo et aI., 1991). Em alguns casos, os aumentos são equiparáveis ou superiores ao obtidos com a adubação mineral recomendada para a cultura (Da Ros et ai. 1993; e Silva et aI., 2001). Apesar disso, a compiementação potássica é freqüentemente apontada como imprescindível para a obtenção de boas produções (Oliveira et ai., 1995; Silva et aI. 2001), uma vez que o resíduo é pobre neste elemento.

Outro papei importante do uso agrícola do lodo de esgoto está associado a seu papel de condicionador

de solo, em função principalmente do conteúdo orgânico do resíduo. Embora a matéria orgânica em

solos minerais represente menos de 5% de

componentes sólidos (Silva et ai., 2000), eia é responsável por cerca de 70% a 80% da capacidade de troca de cátions (CTC) em solos tropicais (Raij, 1969).

A falta do nitrogênio é uma das causas mais comuns de limitação da produção do girassol. E o nutriente essencial para o crescimento das plantas. Uma boa nutrição nitrogenada favorece um bom desenvolvimento foliar e auxilia na manutenção da atividade fotossintética na folha durante e após o florescimento (Ordonez, 1990).

Carelli et al.(1997), estudando doses crescentes de Nem cobertura, encontraram valores de até 12,41 kg de grãos por quilo de N adicionado e de 30,29 kg de matéria seca. Nos três locais estudados houve aumento da altura de planta, do peso seco de grãos e

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GInASSOL

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da área foliar com a adição de nitrogênio. A produção de grãos aumentou com os níveis de N, atingindo os valores mais elevados com 80 kglha de N em dois locais e de 1 60kgfha de N no terceiro. O parâmetro área foliar foi o menos afetado pela adubação nitrogenada, enquanto a massa seca de grãos aumentou 20,6% na dose N40, atingindo o valor mais elevado com a adição de 80 kg/ha de N (acréscimo de

29,3%).

o nitrogênio é, em muitas condições, o elemento responsável pelas maiores respostas em produção. As recomendações de adubação nitrogenada de cobertura em girassol variam de 40 a 80 kg/ha de N. Como esse elemento é extraído pela cultura em grandes quantidades e não apresenta efeito residual direto no solo, a produtividade esperada é um componente importante para a definição das doses de N. O histórico da área e a cultura anterior também devem ser considerados para a definição da adubação nitrogenada (Cantarela, 1995).

O objetivo do trabalho foi verificar uma outra alternativa de suprimento de nitrogênio às plantas de

girassol, além dos fertilizantes minerais normalmente utilizados, que não apresentasse maiores danos ao ambiente.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido na Fazenda de São Manuel da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP de Botucatu, localizada no município de São

Manuel a 22125' Latitude Sul, 48 °34' Longitude Oeste, com altitude de 750 metros. O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é do tipo mesotérmico, Cwa, ou seja, subtropical úmido com estiagem no período de inverno; durante o ciclo da cultura a precipitação total foi de 505 mm; a umidade relativa média do ar foi de 71%, com temperatura

média de 23°C.

O solo onde foi instalado o experimento é caracterizado como Latossolo Vermelho Escuro textura arenosa (EMBRAPA, 1999), com as características expressa na Tabela 1.

Tabela 1- Características químicas do solo onde foi instalado o experimento

Prof. pH M,0. P(res.) H+AI AI K Ca Mg 58 T v 8 cu Fe Mn Zn

cm cacl, 9 dm 2 mgdm4 .-rnmoI,dm' - ------- % -----------mgdm-----.--------

0-20 6.1 12 20 13 1 1,9 19 12 33 46 71 0,11 1.0 20 7,7 1,2

20-40 6.1 7 6 13 1 1,6 17 9 28 41 68 0.09 0.9 13 4,1 1,2

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, constituído por 6 tratamentos e 5 repetições. Cada parcela tinha 1 OOm 2 , com espaçamento de 3 m entre as parcelas. Os tratamentos constaram de: TO - sem adubação nitrogenada; Ti - adubação química de acordo com o boletim técnico 100 do IAC (Quaggio & Ungaro, 1985) sem a adição de lodo de esgoto; T2 - 50% do nitrogênio proveniente do lodo de esgoto e o restante da adubação química; T3 - 100 % do nitrogênio proveniente do lodo de esgoto; T4 - 150% do nitrogênio proveniente do lodo de esgoto; T5 - 200% do nitrogênio proveniente do lodo de esgoto. Para o cálculo do nitrogênio proveniente do lodo de esgoto foi feito levado em consideração a sua taxa de mineralização do nitrogênio de 30% durante o ciclo da cultura.

O lodo de esgoto foi aplicado na superfície e incorporado com uma grade e, posteriormente semeado o girassol. O girassol foi semeado em um espaçamento de 0,9 metros entre linha e 30cm entre plantas utilizando-se a cultivar HELIO 251. A adubação de P e K foi feita no plantio, de acordo com a análise de solo, utilizando o superfosfato triplo e o cloreto de potássio, respectivamente. Nos tratamentos que receberam o N na forma de uréia, esta foi aplicada no plantio e em cobertura. O B foi aplicado juntamente com herbicida (Trifuralina), e a fonte de 8 utilizada foi o ácido bórico.

O lodo de esgoto foi proveniente da estação de Tratamento de esgoto da cidade de Jundiai-SP, com seguintes as características na Tabela 2 (LANARV, 1988).

Tabela 2. Características químicas do lodo de esgoto utilizado no experimento.

N P30e (30 umid. MO c Ca Mg 5 Na Cu Fe Mn Zn c/N pH

na matéria soca --------------- .- mg 1(91 na matéría seca

3,18 1,72 0,18 67,58 55 30,6 1.25 0,22 4,56 1520 812 31650 3400 2150 1011 4,3

As variáveis avaliadas foram: produtividade de óleo em kg ha -1 , altura de planta, diâmetro de haste e fitomassa seca acumulada nas folhas + haste, no capítulo e total.

Resultados e Discussão

Os resultados da Tabela 3 mostram o efeito da adição do lodo de esgoto na fertilização do girassol. Para as características avaliadas, a adição de 50kg!

EMBRAFA SOJA. DocuMENTos, 261

ha de N, na forma de uréia, foi suficiente para mostrar aumentos em relação à testemunha; no entanto, quando o lodo de esgoto foi utilizado pelo menos parcialmente como fonte de N, o incremento na fitomassa seca acumulada total, produção de óleo, no diâmetro de haste e menos acentuadamente na altura de planta, foi de tal magnitude que a utilização do lodo se torna imperativa. O tratamento 5 com a

aplicação de 30 Mg ha' de lodo esgoto proporcionou maior acúmulo de fitomassa seca total, diâmetro de haste e produtividade de óleo do que as plantas adubadas somente com a uréia. Este efeito do lodo pode ser explicado pela existência de quantidade razoável de nutrientes essenciais ao girassol, como enxofre e zinco, além da matéria orgânica que é fonte de boro, enquanto a uréia é somente fonte de N.

Tabela 3. Parâmetros avaliados nos diferentes tratamentos.

Tratamento Fitomassa seca

Nas folhas e No caule capitulo

Características avaliadas

Total Altura de Diâmetro planta da haste

Produtivid ade de

grão

Produtivid ade de

óleo

kg ha' --------- - ...... - --- m --- --- cm - kg ha'- kg ha 1 -

To(sem N) 1956 C OI 916 b 2872 c 1,23 b' 2 ' 1,88 c 3.127,25 1.266 c c

Ti(50 kg ha'de N - 2596 bc 1115 b 3711 bc 1,36 ab 2,15 bc 3.759,64 1.514 bc uréia) bc

T2 (25 kg ha' de N - 3380 ab 1482 ab 4862 ab 1,42 a 2,53 ab 4.840,65 1.959 ab uréia + 7,5 Mg ha 1 ab de lodo de esgoto)

T3 (15 Mg ha' de 2719 bc 1166 b 3885 bc 1,38 ab 2,30 abc 4.517,70 1.891 ab lodo de esgoto) ab

T4(22,5 Mg ha' de 3057 abc 1229 ab 4287 bc 1,41 a 2,34 ab 4.397,74 1.823 ab lodo de esgoto) ab

Ts (30 Mg ha 1 de 3964 a 1810 a 5775 a 1,48 a 2,67 a 5.1 25,51 2.064 a lodo de esgoto) a

CV, % 20,2 24,1 17,2 5,9 9,3 18,96 13,9

DMS (Tukey0,05) 1184 616 1444 0,16 0,43 1179 484

'"Letras distintas na coluna indicam significância por Tukey a 5% de probabilidade

Dos tratamentos que receberam as mesmas doses de N (Ti, T2 e T3), tanto T2 quanto T3 atingiram produtividades semelhantes de óleo. Como no tratamento 2 foi utilizado metade da dose de lodo de esgoto em relação a dose utilizada no tratamento 3 talvez sua adoção pelo produtor seja mais econômica e ecologicamente mais viável do que os tratamentos que utilizam lodo de esgoto como única fonte de N. Assim, o produtor aliaria o controle da poluição à melhoria das características do solo e ao fornecimento de nutrientes.

Conclusões

1- Para a cultivar 1-IELIO 251, a utilização de lodo de esgoto como fonte de N trouxe incrementos significativos na produtividade de óleo, no diâmetro

de haste, e em menor intensidade, na altura de planta;

2- A divisão da dose de N recomendada pela pesquisa em São Paulo entre uréia e lodo de esgoto mostrou-se ecologicamente mais interessante, sendo estatisticamente não diferente dos tratamentos que utilizaram somente lodo de esgoto como fonte de N;

3- A presença de grande quantidade de matéria orgânica, fornecedora de boro entre outras vantagens, e de nutrientes como zinco e enxofre, no lodo de esgoto, deve ter contribuído para os bons resultados obtidos com sua utilização.

4- O tratamento 5 com a aplicação de 30 Mg hat proporcionou maior acúmulo de fitomassa seca total, diâmetro de haste e produtividade de óleo do as plantas adubadas somente com a uréia.

ANAIS - XVI REUN!ÂO NACIONAL DE PESDIJISA DE GIRASSOL

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Referências

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40 EMB9APA SOJA. DOCUMENTOS, 261

ROCHAS BRASILEIRAS COMO FONTES ALTERNATIVAS DE POTÁSSIO PARA USO EM SISTEMAS AGROPECUÁRIOS

BRAZILIAN ROCKS AS ALTERNATIVE POTASH SOURCE FOR USE IN AGRICUL-TURAL SYSTEMS

Fábio A. de Oliveira 1 ; César de Castro'; Luana H. Salinet 2 ; Cristiarie de O. Veroriesi 3

'Embrapa Soja, Caixa Postal 231.86001-970 Londrina, PR. e-mail: [email protected]; 2 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Dourados,MS; 3Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR.

Resumo: Foi realizado um experimento em casa-de-vegetação para avaliar a eficiência agronômica de cinco rochas brasileiras como fonte alternativa de potássio num Latossolo Vermelho Eutroférrico muito argiloso e num Neossolo Quartzarênico arenoso. Utilizou-se vasos com 3 kg de solo com acidez controlada e adubação de base equivalente a todos os tratamentos, dispostos sob o delineamento experimental em blocos casualizados, com quatro repetições. Constituíram os tratamentos as rochas potássicas Arenito vulcânico (1,48 % K 2 0), Carbonatito (1,5 % K 2 0), Brecha alcalina (2,73 % K 2 0), Ultramáfica alcalina (3,44 % K20) e Biotita xisto (4,25 % K 20), além da fonte padrão de potássio, KCl, aplicadas nas quantidades de 0, 150 e 300 mg kg' de K 20. Utilizou-se o girassol 1-lelio 358, como planta teste, avaliando-se a produção de matéria seca das plantas colhidas no início do florescimento, além das concentrações e o acúmulo de potássio nos tecidos. Tanto a produção quanto o acúmulo de potássio foram influenciados pelas fontes de potássio utilizadas. As rochas Brecha e Arenito apresentaram capacidade reduzida de fornecimento de potássio. O Carbonatito apresentou eficiência levemente superior àquelas rochas. As maiores eficiências e, portanto, os maiores potenciais de utilização como fontes alternativas de potássio foram as rochas ígneas básicas Biotita e Ultramáfica que apresentaram produção de matéria seca equivalente ao KCl, contudo com acúmulo de potássio significativamente menor.

Abstract: A greenhouse experiment was carried out in greenhouse to evaluate the agronomic efficiency of five Brazilian rocks as alternative potassium source in a Rhodic Eutrudox and an Udoxic Quartzipsamment. Previous liming and fertilization were applied to 3 ali kg pots in order to correct soil acidity and nutrient leveis. The treatments were in a completely randomized blocks design with four replications. The sources of potassium were Arenito vulcânico (1.48 % K 20), Carbonatito (1.5 % K 20), Brecha alcalina (2.73 % K 20), Uitramáfica alcalina (3.44 % K 20), Biotita xisto (4.25 % K 20), and KCl, as the standard source of potassium fertilizer, applied in dosages of 0, 150 e 300 mg kg' of K2 0. Sunflower Helio 358 were used as plant test, and yieid of dry matter at beginning of flowering, concentration and accumulation of potassium in plant tissues were evaluated. Both yieid and potassium accumulation were affected by potassium source. Brecha and Arenito rocks showed low capability to providing potassium to sunflower. The efficiency of Carbonatito potassium suppiying was siightly higher than those rocks. Highest efficiency were shown by Biotita and Uitramáfica rocks, and also potentiai for use as alternative potassium source, with dry matter yield similar to KCi, but with a significantly lower potassium accumuiation.

Introdução

O girassol é uma das culturas com potencial de utilização no Brasil em projetos de inclusão social como integrante de sistemas de produção de grãos e biodiesei. Nos sistemas de rotação de culturas, o girassol pode desempenhar um importante papel na ciciagem de nutrientes, principalmente dos fertilizantes aplicados nas culturas anteriores possibilitando, assim, um menor gasto para a aquisição de fertilizantes. Nesse contexto, o uso de fontes alternativas de fertilizantes também pode proporcionar

uma redução nos custos de produção da cultura, além de permitir ao agricultor desenvolver os sistemas de produção orgânicos e não convencionais, que podem gerar uma receita maior.

O girassol é uma planta acumuladora de potássio (Castro et ai., 1996), cuja principal fonte utilizada na agricultura brasileira, o KCl, atinge uma taxa de 90% de importação (Lopes, 2004). Atualmente, há grande carência de informações sobre práticas de manejo da adubação dos sistemas produtivos com fontes alternativas de potássio (K), objetivando a manutenção da disponibilidade do nutriente no solo e o suprimento adequado para culturas em sucessão. A utilização de fontes alternativas de fertilizantes pode representar a redução dos custos da produção, garantindo a permanência do produtor na atividade agrícola, e viabilizando mercados alternativos, como o de produção orgânica.

Uma questão importante é a possibilidade de

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utilização de pós de rocha como produto alternativo na fertilização de solos. Este tipo de insumo tem sido utilizado há várias décadas em países como os Estados Unidos, Inglaterra, França, Austrália e Holanda, com o intuito de reduzir o custo de produção, no que se refere ao uso de adubos químicos (Madeley, 1999). A utilização de racha potássica poderá inserir grandes áreas de agricultura orgânica, que por falta de fonte de potássio menos solúvel, ficavam à margem do setor produtivo ou sujeitos a compra de uma fonte do nutriente (sulfato de potássio) de custo elevado e de difícil importação pelos pequenos produtores.

Além das características intrínsecas que determinam a solubilidade das rochas, a disponibilidade do potássio para as plantas pode ser influenciada pela concentração de equilíbrio do nutriente na solução do solo, que é variável com a CTC e, no caso dos solos tropicais de mineralogia equivalente, da textura do solo. Para a utilização destas fontes é preciso considerar o efeito residual da aplicação, uma vez que apresentam formas de potássio parcialmente, ou não prontamente solúveis. Como as culturas apresentam exigências nutricionais diferenciadas, torna-se necessário o conhecimento dos mecanismos de interação solo x planta para a avaliação da viabilidade técnica, econômica e ambiental de utilização dessas fontes alternativas para a exploração e sustentabilidade dos sistemas de exploração agrícolas.

Material e Métodos

O experimento foi realizado em casa-de-vegetação da Embrapa Soja em vasos plásticos com capacidade de 3,0 kg. Foram utilizados dois solos com baixos teores iniciais de potássio e granulometrias distintas, sendo um Latossolo Vermelho Eutroférrico de textura

muito argilosa (615 g kg' de argila) e 0,16 cmol dm de K, proveniente de Mauá da Serra, PR, e um

Neossolo Qüartzarênico de textura arenosa (90 g kg 1 de argila) e 0,10 cmol dm 3 de K, coletado em Alto Garças, MT. Os dois solos foram corrigidos com calcário dolomítico (PANT 100%), para aumentar a saturação por bases para 70% no solo muito argiloso e para 50% no solo arenoso. O período de incubação foi de 40 dias até a estabilização do pH, mantendo-se o solo úmido durante este período. Além da calagem, foi realizada uma adubação de base com 100 mg kg 1 de P 205 na forma de superfosfato triplo, de 100 mg kg 1 de N como NH 4NO 3 , e micronutrientes, conforme análise do solo.

Os tratamentos foram constituídos das doses 0, 150 e 300 mg kg' de seis fontes de potássio, sendo cinco rochas: Arenito vulcânico (1,48 % 1( 20), Carbonatito (1,5 % 1( 20), Brecha alcalina (2,73 % K 2O), Ultramáfica alcalina (3,44 % K 2 O) e Biotita xisto (4,25 % KO), que foram comparadas com a fonte

padrão de potássio, o KCI (60 % 1( 20), nos dois solos. O experimento foi disposto sob o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições.

As rochas foram moídas e peneiradas para homogeneizar a granulometria original, para aumentar as reações de superfície e a liberação do potássio, passando 55% na peneira 100V 0,150 mm) e45% na peneira 200 (< 0,075 mm). Os tratamentos foram aplicados, misturando-se as fontes com todo o volume de solo por ocasião da semeadura. Inicialmente, utilizou-se cinco sementes de girassol Helio 358, e seis dias após a emergência foi feito o desbaste, restando duas plantas por vaso até o final do experimento. A umidade dos vasos foi mantida ao redor de 70% da capacidade de campo, por reposição diária.

No início do florescimento, as plantas foram colhidas e secas em estufa para a determinação da produção de matéria seca total e, a seguir, do acúmulo de potássio na parte aérea. Os resultados foram analisados estatisticamente, aplicando-se a análise

da variância, além do teste de comparação de médias Duncan a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Os tratamentos que não receberam adubação potássica apresentaram, nos dois solos, as menores produtividades (Fig. 1 e 2), comprovando a baixa disponibilidade inicial do nutriente indicada na análise de solo. Contudo, a produção de matéria seca pelo girassol apresentou diferenças significativas entre os solos, com maiores respostas à adubação potássica e, conseqüentemente, maiores produtividades no solo arenoso. A maior produtividade no solo arenoso ocorreu

independente das fontes e das doses de potássio aplicadas ou do maior teor original de potássio no solo argiloso.

Porém, na comparação das fontes, houve uma tendência equivalente de distinção de dois grupos de eficiência de fornecimento de potássio. Em ambos os solos as rochas Ultramáfica alcalina e Biotita xisto, aplicadas na dose de 150 mg kgt, foram mais produtivas que as demais fontes, comparando-se ao cloreto de potássio para a produção de matéria seca (Fig. 1 e 2). A Brecha alcalina apresentou menor produtividade que o KCI, mas foi significativamente superior à testemunha não adubada, enquanto que as rochas Carbonatito e Arenito vulcânico não diferiram da testemunha. A produção de matéria seca foi diretamente proporcional à concentração de 1(20 nas rochas. Para o solo de Mauá da Serra, as doses de 300 mg kg - ' de 1(20, produziram sempre menores quantidades de matéria seca, independente da fonte, indicando um possível desequilíbrio nutricional.

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Fontes de potássio

Figura 1. Produção de matéria seca de plantas de girassol em função de fontes e doses de potássio, em solo argiloso.

Na Tabela 1, observa-se os teores e o acúmulo de potássio na parte aérea do girassol obtidos nos dois solos, além da eficiência de fornecimento de K para as fontes quando comparadas ao KCl. No solo argiloso, as diferenças em relação ao KCI foram menores que no solo arenoso, principalmente pelo maior teor inicial de potássio, e pela menor produção de matéria seca.

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.1 Fontesde potássio

Figura 2. Produção de matéria seca de plantas de girassol em função de fontes e doses de potássio, em solo arenoso.

O acúmulo de potássio pelas plantas adubadas com KCI foi significativamente maior que as fontes testadas. Pela ordem decrescente, a eficiência de utilização do potássio das rochas comparadas ao KCI foi maior na Ultramáfica, seguida da Biotita, do Carbonatito, da Brecha e, por último, do Arenito.

Tabela 1. Teor e acúmulo de potássio na parte aérea do girassol em função de fontes e doses de potássio, em solo argiloso e solo arenoso.

fonte dose Solo argiloso Solo arenoso

K Eficiência K Eficiência

mg kg g mg/vaso g kg4 mglvaso

Brecha 0 20,7 1 117 f 5,8 e 39 h

150 21,2 1 150 f 15 6,1 e 64 9h 7

300 22,5 1 157 1 18 8,1 e 95 g 7 Arenito O 22,5 1 125 1 5,4 e 35 h

150 24,6 1 126 1 1 6,8 e 46 h 3 300 22,5 e 136 1 5 9,2 e 75 gh 5

Carbonatito O 22,5 1 123 1 5,5 e 35 h

150 38,5 cd 229 e 49 32,9 b 202 1 46

300 42,5 bc 175 1 23 39,2 a 377 cd 45 Ultramáfica O 20,7 1 115 1 5,4 e 35 h

150 35,3 d 302 bcd 87 19.4 cd 336 de 83 300 38,9 bcd 323 abc 94 32,9 b 435 b 53

Biotita O 22,5 1 128 1 5,5 e 37 h 150 36,0 cd 288 cd 76 16,7 d 273 e 65 300 42,8 ab 283 d 71 23,0 e 383 c 46

(CI O 22,5 1 123 1 5,4 e 35 h 150 42,3 b 339 ab 23,9 e 399 be 300 40,6 a 347 a 43.2 a 794 a

Pelos resultados, pode-se dividir as rochas em grupos de eficiência de fornecimento de potássio que são, coincidentemente, formados por rochas sedimentares e rochas ígneas básicas (Popp. 1998). As rochas sedimentares, além dos menores teores totais do nutriente, apresentam composição por minerais secundários, com maior estabilidade nas condições do solo, enquanto as rochas íneas apresentam-se constituídas por minerais primários mais facilmente intemperizáveis e, dessa forma, podem disponibilizar mais rapidamente o potássio para o complexo de troca do solo. 0 Arenito vulcânico e a

Brecha alcalina, aparentemente, são rochas com reduzida aptidão para utilização na agricultura. O Carbonatito apresenta eficiência mediana variando de 23 a 49 %, e os maiores potenciais de utilização são apresentados pelas rochas Biotita xisto e Ultramáfica alcalina, com eficiências de 46 até 94 %, dependendo das condições de fertilidade dos solos e das quantidades aplicadas, já no primeiro ano de aplicação. A análise de cultivos subseqüentes pode indicar o efeito residual destas fontes e aumentar ainda mais a eficiência das mesmas.

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O levantamento destas informações é importância fundamental para culturas como o girassol, com possibilidades enormes de produção em sistemas familiares, principalmente, de produç5o orgânica, com escassez de fontes alternativas de potássio aos fertilizantes solúveis tradicionalmente utilizados nos cultivos extensivos.

Referências

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POP. J.H. Geologia geral. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998. 376 p.

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EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

O 14. 1 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DE FARINHA DE GIRASSOL

FUNCTIOI'JAL PROPERTIES OF SUNFLOWER FLOUR

Luís G. Sachs 1 , Sandra H. Prudencio-Ferreira 2 , Paula J.D. Sachs 2 ,

Antonio P. Portugal 1 , Juliane P.D. Sachs 3 , Vivian S. Ribeiro 1

'FFALM /UNESPAR - Br 359km 54,5 - 86360-000-Bandeirantes - PR. '<[email protected] >;

2 UEL 86051-990 - Londrina - PR; 3 1Q-USP 05508-900 - São Paulo -SP

Resumo: Avaliaram-se as propriedades funcionais de farinhas desengorduradas de girassol (FDG) obtidas por extração hidroalcoólica em diferentes temperaturas (57, 67 ou 77 1 C). Observou-se baixa capacidade de absorção de água e gordura, formação de espuma e emulsão. A temperatura de extração não influenciou a solubilidade de proteínas, capacidades de absorções de água e gordura, e estabilidade da espuma. A capacidade de formação de espuma da farinha de girassol foi maior quando obtida a 57 °C e a sua capacidade emulsificante

foi maior quando obtida a 67 °C.

Abstract: The functional properties of sunflower defatted flours (FDG) obtained by hidroalcoholic extraction in different temperatures (57, 67 or 77 °C) were evaluated. lt was possible observe water and fat low absorption capacities. Foaming and emulsifying capacities were low, as well. The extraction temperature did not influence the proteins solubility, water and fat absorption capacities and foaming stability. Foaming capacity of sunflower flour was bigger when the flour was defatted at 57 °C and emulsifying capacity was bigger when flour was defatted at 67 °C.

Introdução

O farelo de girassol apresenta valor alimentício equivalente ao de outras oleaginosas de importância agrícola. A proteína de girassol é a que contém maior teor de aminoácidos sulfurados e não há relatos de reações alérgicas a esta proteína (Fao, 2001; Prakash, 2001). Mesmo sendo boa fonte protéica e tendo potencial para aplicação em formulações de alimentos, o farelo de girassol é utilizado quase que exclusivamente na produção de rações para animais (Mandarino, 1992). Estudos têm demonstrado a viabilidade do emprego de farinhas e farelo de girassol como ingredientes de alimentos (Gatta; Piergiovanni, 1996).

Apesar do bom valor nutritivo, o interesse nas proteínas de girassol para utilização em alimentos é devido às suas propriedades funcionais (Reblova et ai., 1996; Gueguen et ai., 1996). Dentre as propriedades funcionais das proteínas destacam-se a solubilidade, emulsificação, formação e estabilidade de espuma, formação de gel, absorção de água e de gordura (Damodaran, 1994).

O objetivo deste trabalho foi avaliar as propriedades funcionais de farinha desengordurada de girassol (FDG) obtidas por extração hidro-alcoólica a diferentes temperaturas.

Material e Métodos

Para obtenção das FDG, porções de 200g de

farinhas integrais foram moídas em moinho de faca

LABOR por 2 min e submetidas a 8 jornadas de extração (30 min cada) em solução hidroalcoólica pH 5,0 (duas jornadas com solução 71 °GL, duas com 85 0 GL e quatro com 99 1GL) sob agitação 120 rpm. A proporção farinha/solvente foi de 118 (mlv). As extrações ocorreram a 57, 67 ou 77 °C. Após a extração, as FDG foram secas a 40 °C e moídas até granulometria menor que 0,150 mm. As frações maiores retornavam ao moinho.

As seguintes propriedades funcionais das FDG foram avaliadas: a) Solubilidade das proteínas (Kabirullah; Wills, 1982); b) Capacidade de absorção de água ou gordura (Lin etal. 1974); c) Capacidade de formação de espuma (Yasumatsu etal. 1972); d) Estabilidade da espuma: preparou-se a espuma conforme o procedimento para determinação da capacidade de formação de espuma, e a medida da estabilidade foi realizada após 30 minutos de repouso em temperatura ambiente; e) Capacidade de emulsão (Wang; Kinsella, 1976)

Resultados e Discussão

A extração a várias graduações alcoólicas é justificada pela maior extração dos compostos fenólicos e fitatos nas graduações menores e do óleo na maior (Sachs, 2002).

Na Figura 1 estão apresentados os resultados da solubilidade das proteínas na faixa de pH entre 3 a

10, das FDG obtidas em diferentes temperaturas. A solubilidade das proteínas foi menor entre pH 4 e 7

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

para todas FDG. Sendo este um intervalo muito amplo para p1-i isoelétrico (p1), e com valores de solubilídades relativamente elevados (5,46 a 8,52%) para proteínas em seus p1. Possivelmente, este amplo intervalo de p1 deveu-se a existência de diferentes frações protéicas com pHs isoeléticos cobrindo essa a faixa de pHs. Theertha Prasad (1 990ab) identificou diversas frações protéicas de girassol com massas entre 1,0.10 e 6,6. 104 u. Provavelmente, as frações protéicas de menor p1 tornaram-se indistinguíveis daquelas de maior p1. Isto pode ter ocorrido por possível existência de moléculas com p1 muito próximos nesse intervalo de pF-1, o que criaria uma banda energética no lugar de um valor definido para a energia quando a soma de carga é zero. A existência de banda de energia pode provocar a substituição do ponto definido de p1 por uma faixa de p1, permitindo a solubilização de moléculas de diferentes p1 em bloco único em uma ampla faixa de pH (Sachs, 2002). Outros ensaios revelaram a existência de faixas de pH amplas para mínima solubilidade de proteínas de girassol, e com valores relativamente elevados (20%) (Murate; Prudencio-Ferreira, 1999).

A temperatura de obtenção das FDG não influenciou a solubilidades das proteínas. Murate e Prudencio-Ferreira (1999) observaram redução na solubilidade de proteínas, em concentrados protéicos de girassol, com o incremento da temperatura, principalmente na faixa de pH entre 7 a 10, entretanto, as temperaturas utilizadas por esses autores foram de até 151 °C, muito superior às empregadas neste ensaio.

Os valores de capacidade de absorção de água, capacidade de absorção de gordura, capacidade de formação de espuma, estabilidade da espuma e capacidade emulsificante das FDG estão apresentados na Tabela 1. Não houve variação da capacidade de absorção de água com o incremento das temperaturas de extração. Valores semelhantes aos obtidas por Venktesh e Prakash (1993) de FDG tratada com solução aquosa ácido-butanol, e por Murate e Prudencio-Ferreira (1999) de concentrado protéico de girassol tratado com solução etanol-água. A interação entre proteínas e água ou óleo determina a capacidade de absorção de água (CAA) e a capacidade de absorção de gordura (CAG). Os grupos polares e apoIares das cadeias laterais dos aminoácidos nas frações protéicas influenciam a CAA e a CAG, que por sua vez influenciam os atributos de qualidade dos alimentos (Sosulski; Mccurdy, 1987).

A capacidade de absorção de gordura não foi afetada pelas temperaturas de extração, e o valor médio foi de 100 mL/100 g de farinha, semelhante aos apresentados por Murate e Prudencio-Ferreira (1999) e muito inferior aos encontrados por Lin etal., (1974) e Venktesh e Prakash (1983). Possivelmente as condições brandas de temperatura empregadas não foram suficientes para alterar a estrutura das

moléculas de proteínas, não havendo exposição seus grupos hidrofóbicos e hidrofflicos. Condições severas de temperatura e pressão podem expor grupos polares e apoIares das cadeias laterais das proteina, aumentando as CAA e CAG (Bhattacharya etal., 1986).

Para que haja a formação de espuma é necessária a redução da tensão na interface entre a solução e o ar. As proteínas têm papel importante na formação de espumas em sistemas alimentares por reduzirem a tensão superficial, desenvolvendo monocamada viscoelástica, formando alvéolos com ar no interior. A estabilidade da espuma depende, além dos fatores ligados à capacidade de formação de espuma, também da força com que as proteínas se adsorvem na interface água-ar, formando ligações hidrofilicas com a água e hidrofébicas com o ar, impedindo a drenagem da solução (Damodaram, 1994).

Com o aumento da temperatura de extração houve redução dos valores da capacidade de formação de espuma e os valores obtidos para esta propriedade funcional foram relativamente baixos, comparados aos apresentados por Rahma e Narasinga Rao (1981) e Lin etal., (1974), entretanto foram próximos àqueles apresentados por Murate e Prudencio-Ferreira (1999). A estabilidade da espuma não variou com o aumento da temperatura de extração. Os valores encontrados foram semelhantes aos apresentados por Murate e Prudencio-Ferreira (1999).

Os solventes utilizados na obtenção podem afetar a capacidade de formação de espuma e a estabilidade da espuma das proteínas. Venktesh e Prakash (1983) observaram que ácido-butanol apesar de não alterar a capacidade de formação de espuma, reduz a estabilidade da espuma em água e aumenta a em solução de NaCI 1 mol/L. Rahma e Narasinga Rao (1981) verificaram que o tratamento com etanol 70% foi o que produziu farinha de girassol de menor capacidade de formação de espuma, e com n-butanol-ácido resultou em farinha com maior capacidade. Já Canella (1978) observou que os concentrados protéicos de girassol tratados com solventes polares tiveram as capacidades de formação de espuma e estabilidades da espuma reduzidas.

A estabilidade das emulsões depende de vários fatores, dentre os quais, a capacidade da proteína em absorver água e óleo. As proteínas atuam como intermediárias formando película carregada eletricamente envolvendo os glóbulos de gordura, provocando repulsão eletrostática, dificultando a aglutinação e separação das fases (Kinsella et al., 1979). As temperaturas de extração influenciaram as capacidades emulsificantes das proteínas das farinhas desengorduras de girassol, atingindo, nas condições deste ensaio, a máxima capacidade emulsificante quando tratado a 67 °C. Empregando semelhante metodologia, Murate e Prudencio-Ferreira (1999) obtiveram valores superiores para a capacidade emulsificante,

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Conclusões

A temperatura de extração não alterou a solubilidade das proteínas em função do pH, as capacidades de absorção de água e de gordura. e a estabilidade da espuma. A capacidade de formação de espuma diminuiu com o aumento da temperatura, e na temperatura de 67 °C obteve-se FDG com maior capacidade emulsificante.

Referência

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ANAIS - XVI REUNIÃO I"JACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

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80 Y7OC)= 3034 ax2. 33,105x+ 93,906

2 0,9596 pt1I'0,001

60 (67°C) =3,031ë- 33,41 5x 95.733 r 2 = 0,9662 p/tfr0,001

''(57°C) =3,1685x 2 - 34,773x+ 99,977

0-40' r 2 = 0,9572 p/lf<0,001

20. /

Tabela 1 - Propriedades funcionais das farinhas desengorduradas de girassol obtidas em diferentes temperaturas de extração

Propriedade funcional da FDG'

Temperaturas de extração

57°C 67°C 77°C

CAA (mL/lOOg) 186,7' 175,0' 175,0'

CAG (mL/lOOg) 100,0' 93,3' 96,7'

CFE (% de aumento de 19,0' 138b 12,4b

volume) EE (% de volume

582' 64,3' 75,6' remanescente)

CE (mL/g) 15,3ab 159' 145b

4 77°C

67°C

- -- - • Médias de três repetições; CAA = capacidade de absorção

57°c de água; CAG = capacidade de absorção de gordura; CEE = 1 capacidade de formação de espuma; EE = estabilidade da espuma; CE = capacidade emulsificanto; Valores seguidos

3 5 7 9 de letras iguais na mesma linha não diferem entre si no pH teste de Tukey (p<0,06); FDG = farinha desengordurada de

Figura 1 - Gráficos de dispersão, equações de girassol

regressão, coeficientes de determinação e probabilidades de t para os coeficientes de determinação da solubilidade das proteínas (SP%) das farinhas desengorduradas de girassol obtidas em diferentes temperaturas de extração em função do pH

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1015.1 EXTRAÇÃO HIDROALCOÓLICA DE ÓLEO DE GIRASSOL

HYDROALCOHOLIC EXTRACTION OF SUNFLOWER OIL

Luís G. Sachs', Sandra H. Prudencio-Ferreira 2 , Paula J.D. Sachs 2 ,

Juliane P.D. Sachs 3, Antonio P. Portugal 1 , Dyeno F. Santos 1

1 F1FALM/UNESPAR - Br 359km 54,5 - 86360-000 - Bandeirantes - PA. * <[email protected] >; 2 UEL 86051 -990- Londrina - PA; 3 1Q-USP 05508-900 - São Paulo -SP

Resumo: Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito das condições de extração sobre o teor residual de óleo na farinha desengordurada de girassol (FDG). Utilizando modelo fatorial incompleto 33 foram avaliadas as

seguintes condições de extração: temperatura de extração (TE) (57, 67 ou 77 °C), número de extração (NE) (4, 6 ou 8 jornadas) e teor de etanol no meio extrator ( °GL) (71,85 ou 99 °GL). Concluiu-se que há maior

extração de óleo com o aumento do °GL, NE ou TE.

Abstract: The objective of this work was to evaluate influence of extraction conditions on the residual oil content in sunflower defatted flour (FDG). Using incomplete factorial model 33 was evaluated the following extraction conditions: extraction temperature (TE) (57, 67 or 77 °C), Extraction Number (NE) (4, 6 or 8 journey) and ethanol teor in the extract mediurn ( °GL) (71, 85 or 99 °GL). It was concluded that there is more cil extraction with the increase of °GL, NE or TE.

Introdução

O óleo de girassol é Considerado de ótima qualidade por ser rico em do ácido linoléico, perfazendo cerca de 70% do total de ácidos graxos. Há cultivares de girassol onde 80 a 90% dos ácidos graxos são de ácido oléico, sendo este ácido graxo mais resistente à oxidação que os poliinsaturados (Halliwell et aI.,

1995; Sullivan, 1995).

A qualidade do óleo de girassol extraído com diferentes proporções de etanol-água e em diferentes temperaturas é comparável à de óleos obtidos por extração convencional com hexano (Regitano-D'Arce; Lima, 1989).

As características funcionais e sensoriais de farelos de oleaginosas, obtidos após extração do óleo com solventes polares, podem ser superiores às dos farelos obtidos pela extração com hexano. Isto devido a remoção simultânea de compostos polares indesejáveis como os que desenvolvem cor no farelo (Wolfetal., 1963; Hron; Koltun, 1984; Silva; Turatti, 1991).

Material e Métodos

Para avaliar a extração do óleo de farinha de girassol, empregou-se um modelo fatorial incompleto 33 de Box-Behnken (Statsoft, 2003), onde as variáveis foram: teor de etanol (°GL) (71, 85 e 99 % v/v na proporção farinha/solvente 118 mlv e pH 5,0), temperatura de extração (TE) 57,67 ou 77 °C e número

de jornadas de extração (NE) 4, 6 e 8 jornadas. Após a extração foram determinados os teores de óleo residuais nas FDG, em aparelho Soxhlet, por meio de extração continua com éter de petróleo, segundo o método 30-26 da AACC (1983). Os dados foram tratados em análise de regressão múltipla empregando o software StatSoft Statistica 5.0 (Statsoft, 2003)

Resultados e Discussão

A equação geral de regressão que representa o teor residual de óleo na FDG em função das condições de extração pode ser representada por:

v = 1 2, 2 x + (- O, O 7 30) x 1 2 + 3, 13 x 2 + 0,0180)x 2 2 +4,41x 3 +(-0,121)x 3 2 +(-0,0120)x,x 2 +(-0,061 0)x 1 x 3 + (- 524)

onde: v 11 = teor residual de óleo na farinha de girassol; x 1 = teor de etanol no meio extrator (°GL);

= temperatura de extração e x 3 = número de extrações

A variável °GL foi a que mais influenciou a extração de óleo da farinha de girassol. Isolando-a das demais e tratando os dados obteve-se para a função da resposta a equação apresentada na Figura 1. Na mesma figura estão apresentados os coeficientes de determinação, a probabilidade de t e o gráfico de dispersão.

Solventes polares como butanol, etanol, misturas azeotrópicas ou álcoois-água em diversas proporções, têm sido empregados na extração de óleos vegetais

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESOUI5A DE GIRASSOL EM

como alternativa aos solventes apoiares como o hexano. Regitano-D'Arce; Lima (1987) empregando etanol 99 °GL, obtiveram eficiência de até 98% na extração do óleo total de girassol, entretanto, semelhantemente a este ensaio, observaram que o rendimento reduzia com a redução da concentração de etanol no meio extrator. Quando a concentração foi reduzida de 99 °GL para 90 °GL só foi extraído cerca de 50% do óleo. Bons resultados também foram relatados por Silva e Turatti (1991) usando etanol 96 °GL, onde obtiveram farelo de soja com 3,0% de óleo residual após quatro extrações a 74 °C, e com relação solvente/farinha de 3:1.

Os efeitos das variáveis TE e NE sobre os teores de óleo nas FDG, apesar de significativos na análise de variância conjunta com a variável °GL, não foram quando estudados isolados desta variável. No gráfico de Pareto (Figura 2) podem ser comparadas as influências individuais de cada variável na extração do óleo, onde se observa que os efeitos estimados absolutos da °GL foi cerca de 3 vezes maior que os efeitos somados das outras variáveis.

Conclusões

Com os aumentos de teor de etanol no meio extrator

( ° GL), número de jornadas de extração (NE) ou temperatura de extração (TE), aumentou a extração de óleo da farinha de girassol.

Referências

AACC Approved Methods of the American Association of Cereal Chemists. St. Paul, Mn., 1983. v.1 e2.

HALLIWELL, B.; MURCIA, M.A.; CHIRICO, 5.; ARUOMA, 0.1.. Free radicaIs and antioxidants in food and in vivo: What they do and how they work. Critical Rewiev in Food Science and Nutrition, v.35, «i &2, p7.20 1995.

HRON, R.J.; KOLTUN, S.P. An aqueous ethanol extraction process for cottonseed ou. Journal of the American Oil Chemists' Society, v.61, n.9, p.1457-60, 1984.

REGITANO-D'ARCE, M.A.B.; LIMA, U.A.. Emprego Regitano-D'Arce; Lima (1987) apontaram a de álcool etílico na extração do óleo de girassol

temperatura e número de extrações como importantes (He/fanthus annus). Ciência e Tecnologia de na extração do óleo com solventes polares. Na extração de óleo de girassol com etanol, observaram máxima eficácia com temperatura próxima à do ponto de ebulição da mistura solvente etanol-água usada. Com relação ao número de extrações, Silva e TUratti (1991) verificaram que com uma extração a mais esgotava 97% do óleo do farelo, contra 87% com uma a menos.

Houve interação linear significativa entre as variáveis (x 1 x) °GL e TE. O sinal negativo do coeficiente da interação x 1 x2 na equação v 101 , indica que quanto maior o °GL e TE, menor o teor residual de óleo nas FDG. O óleo extraído em funçâo da TE com diferentes °GL, comportou-se semelhantemente nos solvente com menores teores de etanol testados, estando muito próximos os resultados para 71 °GL e 85 °GL, já para 99 °GL o teor residual de óleo foi da ordem de 3 vezes menor na menor temperatura e da ordem de 20 vezes menor na maior temperatura estudada (Figura 3).

A interação entre as variáveis °GL e NE (x 1 x) também foi significativa. O valor negativo desse coeficiente da interação x 1 x3 indica que quanto maior °GL e NE, menor o teor residual de óleo nas FDG. O óleo extraido em função do número de extrações em diferentes teores de etanol no meio extrator comportou-se semelhantemente, estando muito próximo os resultados para 71 e 85 °GL, já para 99 °GL o teor residual de óleo foi cerca de 3 vezes menor nos menores números de extrações e da ordem de 100 vezes menor no maior número de extrações (Figura 4).

Alimentos, v.7, nl, p.l-l4, 1987.

SILVA, M.T.C; TURATTI, J.M. Extração de óleo de soja com etanol. Coletânea do ITAL, v.21, n. 1, 89, 1991.

STATSOFT STATISTICA for Windows - Eletronic Statistics Textbook. Tulsa: Statsoft, Inc., 2003. Disponível em: <www.statsoft.com > Acessado em: 28 jun 2003

SULLIVAN, D.M.. Cholesterol. In: Analyzing food for nutrition labelling and hazardous contaminants. p.77 86. 1995.

WOLF, W.J.; ELDRIDGE, A.C.; BARCODK, G.E. Physical properties of alcohol-extracted soybeans proteins. Cereal Cheniistry, v.40, n.10, p.504-14, 1963.

50 , 1

25 2'= -0,071 7 + 1 0,908x- 302,62 c 1 o 1 r2=09147 0) 1 'o 1 pItJc0,001

nI

70 85 100

°GL

Figura 1 - Teor residual de óleo nas farinhas desengorduradas de girassol em função do teor de etanol no meio extrator (°GL)

v L) = -1 ,5625x + 52,713

1) = -2,0563x + 51,773

Y93L) 3,275< 1 27075

50

40

10

o 4

o0 La.)

*OL(0)

NEQ4

TEM

TE(0)

NE(0)

BLOCO

o 6 8

número da extraçôes 5 10 15 20 25 30 35 40

Ef.ito Edjm,do Owalot absoluto)

50

EMBnAPA SOJA. DOCUMENTOS Ø 261

Figura 4 - Teores residuais de óleo nas farinhas Figura 2 - Gráfico de Pareto comparativo dos efeitos desengorduradas de girassol (FG) em função do Lineares (L) e quadráticos (Q) das variáveis teor de número de extrações em diferentes concentrações etanol no meio extrator ( °GL), número de extrações de etanol no meio extrator ( °GL) (NE), temperaturas de extração (TE) e de Bloco sobre o teor de óleo nas farinhas desengorduradas de girassol

50 YQI3L) = -0,22x + 58,078

2 40

8 30 = -0,2688x + 57,442

o

Temperatura de extração (°C)

Figura 3 Teores residuais de óleo nas farinhas desengorduradas de girassol (FG) em função das temperaturas de extração em diferentes concentrações de etanol no meio extrator ( °GL)

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PEsoulsA DE GinAssoL

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FU—f571 BIODIESEL OBTIDO DE ÓLEO DE GIRASSOL E ETANOL

BIODIESEL FROM SLJNFLOWER OIL AND ETHANOL

Waleska Lemes de Souza 1 ;Roseli Aparecida Ferrari 1 ; Ardalla Scabio 1 ;

Priscila Barcaro'; Vanessa Silva Oliveira 1

Universidade Estadual de Ponta Grossa - DEA. Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - Uvaranas. 84030-900 - PR - Brasil. E-mail: ferrariruepp.br

Resumo: Biodiesel consiste em ésteres de ácidos graxos de cadeia longa, proveniente de fontes renováveis como óleos vegetais, e sua utilização está associada à substituição do diesel em motores O objetivo do presente trabalho foi produzir biodiesel de óleo de girassol através da rota etílica e efetuar a caracterização físico-química segundo metodologias estabelecidas pela ANP. O biocombustível mostrou-se totalmente convertido em éster através de análise qualitativa, e apresentou-se dentro das especificações para todos os parâmetros analisados, exceto para o teor de resíduo de carbono.

Abstract: Biodiesel consists of long-chain fatty acid esters, derived from renewable sources such as vegetable oils, and its utilization is associated with substitution to the diesel oil in engines.The objective of the present work was to produce biodiesel of sunflower oil through the ethyl route and it physical-chemist characteristics were anaiyzed according to niethodologies established for the PNA. The biofuel revealed total converted into ester through qualitative analysis, and inside presented of the specifications for ali the analyzed parameters,

except for the carbon residue.

Introdução

Dentre as culturas oleaginosas cultivadas no Brasil, a do girassol é a que mais cresceu nos últimos anos, tanto em área de cultivo como em produção, sendo classificada atualmente como a segunda maior fonte de matéria prima para a indústria de óleo comestível do mundo (Cobia & Zimmer, 1978). O girassol é uma cultura que apresenta características desejáveis sob o ponto de vista agronômico, como ciclo curto, elevada qualidade e bom rendimento em óleo (Silva & Sangoi, 1985), que fazem dela uma boa opção aos produtores brasileiros.

o biodiesel é um combustível renovável produzido a partir de oleaginosas, como a mamona, dendê, girassol e soja. Além de ser uma tecnologia limpa, não polui o meio ambiente e também traz vantagens econômicas, pois sua produção e o cultivo de matérias-primas contribuirão para a criação de milhares de novos empregos na agricultura familiar, principalmente nas regiões mais pobres do Brasil (Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2005).

Biodiesel pode ser obtido de fontes renováveis como óleos vegetais (MONYEM & VAN GERPEN, 2001) através de processo de transesterificação, no qual ocorre a conversão de triglicerídeos em ésteres de ácidos graxos (ENCINAR et aI., 2002). A maior parte do biodiesel produzido no mundo deriva do óleo

de soja e canola (CANAKCI & VAN GERPEN, 2001), porém, segundo PARENTE (2003), todos os óleos vegetais podem ser transformados em biodiesel. Dentre estes, o óleo de girassol destaca-se por suas excelentes características físico-químicas, cuja produção da oleaginosa está entre as maiores culturas do mundo (FAGUNDES, 2002), apresentando viabilidade técnico-ambiental na produção de biocombustiveis (EMBRAPA, 2003).

O objetivo deste trabalho foi produzir biodiesel a partir de óleo de girassol e etanol anidro e caracterizá-lo quanto a alguns parâmetros físico-químicos estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Materiais e Métodos

Obtenção de biodiesel

A reação de transesterificação foi realizada em um reator encamisado de 5L, no qual reagiu, a 45 °C, óleo bruto de girassol, etanol anidro e NaOH como catalisador conforme descrito anteriormente em FERRARI etal.. 2005. Obteve-se então o biodiesel e como co-produto a glicerina. O Biodiesel separado por decantação foi neutralizado por sucessivas lavagens

com solução de ROl 0,5%. A água de lavagem foi separada por decantação e os resíduos de umidade foram retirados por filtração com sulfato de sódio anidro.

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EMBRAPA SOJA. DocuMENTos, 261

A valia ção físico-química do bíocombustíve!

A conversão qualitativa em ésteres etflicos obtidos foi observada através de Cromatografia em camada delgada (CCD). Para isso, o biodiesel foi dissolvido em éter de petróleo e aplicado em uma placa cromatográfica contendo sílica como fase estacionária. Os padrões empregados foram ésteres de ácidos graxos, ácidos graxos e triglicerídeos, também dissolvidos em éter de petróleo. Éter etílico, éter de petróleo e ácido acético nas respectivas proporções 80:20:1 foram utilizados como fase móvel, com posterior revelação através de vapor de iodo. Os Rfs dos padrões e das manchas obtidas nas amostras foram comparados.

As demais análises físico-químicas foram conduzidas segunda metodologias recomendadas pela ANP (2001) quanto aos teores de ponto de fulgor, água e sedimentos, viscosidade cinemática a 40°C, enxofre total, ponto de entupimento de filtro a frio, aspecto visual, massa específica a 20 °C, resíduo de carbono, glicerina livre máxima e cinzas.

Resultados e Discussão

A Tabela 1 apresenta os valores dos Rfs dos padrões e do biodiesel de girassol analisado, onde se verifica a presença apenas de éster etílico, confirmando a eficiência do processo de conversão. Esteres etílicos de ácidos graxos são produtos biodegradáveis, não tóxicos de fácil manipulação e estocagem. Estas são vantagens que este tipo de biodiesel apresenta quando comparado ao diesel derivado do petróleo e mesmo sob os ésteres metflicos que são produzidos em outros países.

Tabela 1. Análise qualitativa do biodiesel através dos Rfs obtidos por CCD.

Composto Rfs

Padrão de Triglicerídeo 0,8

Padrão de Ácido Graxo 0,6

Padrão de Éster de ácido graxo 0,9

Biodiesel de Girassol 0,9

As características físico-químicas do biodiesel de girassol bem como as especificações determinadas pela ANP são apresentadas na Tabela 2. Pôde-se observar que os parâmetros ponto de fulgor; água e sedimentos; viscosidade cinemótica; teor de enxofre; ponto de entupimento do filtro; aspecto visual, massa específica, teor de glicerina e cinzas, estão dentro

das especificações estabelecidas para a comercialização do produto.

Quanto ao teor de resíduo de carbono, verifica-se

para a amostra um valor excedente ao especificado pela ANP, assim, o que se recomenda é que um maior

controle durante a etapa de lavagem dos ésteres etílicos se faz necessária de modo a sanar este problema.

Cabe ressaltar que a ausência de enxofre no óleo de girassol transesterificado, confere uma grande vantagem em relação ao diesel, pois elimina a emissão de gases de enxofre causadores da chuva ácida.

O Brasil, grande produtor de etanol, possui condições de ampliar sua produção de girassol, para produzir biodiesel a partir destas importantes matérias-primas, obtendo de forma totalmente renovável um combustível com enormes vantagens em relação aos aspectos ambientais, econômicos e sociais.

Tabela 2. Características físico-químicas do biodiesel obtido de óleo de girassol e etanol e limites estabelecidos pela ANP.

características Biodiesel Limites ANP

Ponto de Fulgor 'Cl 192,3 min 100 Água e Sedimentos (%) O máx 0.05 viscosidade Cinemática a 40°c (mm'/s) B,5 Anotar Enxofre total (%) nd' máx 0,001 Ponto de entupimento de filtro a frio (°C) -6 máx 2 Aspecto Visual umpido isento Límpido isento

de impurezas de impurezas Massa especifica a 20°c (Kg/m') 952,6 Anotar fleslduo de carbono 1%) 0.35 máx 0,05 Glicerina livre max (%) 0,0046 máx 0,02 Cinzas l%I 0,01 mãx 002

* nd: no detectado

Conclusão

Ê possível produzir biodiesel etílico a partir do óleo bruto de girassol, possuindo o biocombustível obtido características apropriadas para ser utilizado em motores a diesel.

Referências

ANP - Agência nacional de Petróleo. Portaria n°310 de 27 de dezembro de 2001. Available: www.anp.gov.br/ doc/legis_qualidade.asp. [21 ago. 20031.

CANAKCI, M.; VAN GERPEN, J. Trans. ASAE., 44: 1429-1436,2001.

COBIA, D.W.; ZIMMER, D.E. Sunflowerproduction and marketing. Dakota: North Dakota Univ. ofAgriculture and Applied Science, 1978. 73p. (Extension Bulletin, 25).

EMBRAPA - Embrapa Soja (2003). Tecnologias de produção de girassol. Available: http:// www.cnpso.embrapa.br/producaogirassol/ [10 abr. 2003].

ENCINAR, J. M. et aI. Biodiesel fuels from vegetables Oils: Transesterification of Cynara carduncu/us L. Oils with etanol. Energy & Fuels, 16:443-450, 2002.

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FAGIJNDES, M. H. Sementes de Girassol: alguns comentários. MAPA/Conab/Sugof. Available: http:// www.conab.gov.br/download/ caslespeciaisl Semente-de-Girassol.pdf. [15 abr. 20041.

FERRARI, R. A., OLIVEIRA, V. daS. and SCABIO, A. Biodiesel from soybean: characterization and consumption in an energy generator. Quím. Nova, Jan./ Feb. 2005, vol.28, no.1, p.1 9-23.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. t.ula inaugura fábrica de biodiesel no NE e afirma que governo vai assegurar compra do produto. Disponível em: http:/ /www.mda.gov.br/index.php?ctuid = 6924&sccid = 134

[09 ago.20051.

MONVEM, A.; VAN GERPEN, J. H. The effect of biodiesel oxidation on engine performance and emissions. Biomass & Bioenergy, 20:317-325,2001.

PARENTE, E. J. S. Biodiesel: Uma Aventura Tecnológica num pais Engraçado. Fortaleza: TECBIO, 2003, GBp.

SILVA, P.R.F. da; SANGOI, L. Época da semeadura em girassol: 1. Efeitos no rendimento de grõos, componentes do rendimento, teor de e rendimento de óleo. Lavoura Arrozeira, v.38, n.361, p.20-27,1985.

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EMBnAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

17. 1 VALOR NUTRITIVO DA FORRAGEM VERDE DE GIRASSOL

NUTRITIONAL VALUE OF FRESH FORAGE OF SUNFLOWER

Thierry R. Tomich', Lúcio C. Gonça1ves 2 , Renata G. P. Tomich 3 ,

Deborah A. Ferreira 2 , Luiz Gustavo R. Pereira 4 , José Avelino S. Rodrigues 5

1 Embrapa Pantanal, Cx.P. 109, 79320-900, Corumbá, MS. E-mail: thierrycnap.embraoa.br 2 Escola de Veterinária da UFMG, Belo Horizonte, MG. Bolsista do CNPq.

3 lnstituto de Ciências Biológicas da UFMG, Belo Horizonte, MG. Bolsista do CNPq. 4 Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da UESC, Ilhéus, BA.

5 Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG.

Resumo: Este experimento foi conduzido com o objetivo de verificar o valor nutritivo para ruminantes da forragem verde de 12 híbridos e de uma variedade de girassol. A colheita das plantas foi realizada com corte rente ao solo, no estádio de maturação fisiológica dos aquênios. As forragens foram avaliadas quanto à composição química e à digestibilidade in vitro da matéria seca. Os resultados indicam que o valor nutritivo da forragem verde de girassol pode ser influenciado pelo genótipo. Em média, o alto conteúdo de proteína bruta apresentado aponta que a utilização da forragem verde de girassol pode ser uma alternativa para se reduzir a necessidade de suplementação protéica durante o per(odo seco. O alto teor médio de extrato etéreo observado para todos os genótipos indica a possível necessidade de associação com outros volumosos. Os conteúdos relativamente altos de fibra em detergente ácido e de lignina e os baixos coeficientes médios de digestibilidade podem restringir o emprego das forragens avaliadas para as categorias de ruminantes mais exigentes.

Abstract: This study was carried out to investigate the nutritional value for ruminant of fresh forage of 12 hybrids and a variety of sunflower. Plants were cut near the soil surf ace, harvested at the stage of physiological maturity. It was evaluated chemical composition and in vítra dry matter digestibility. The results indicated that nutritional value of fresh forage of sunflower can vary with genotype. The high medium content of crude protein should reduce the need for supplemental protein during the drought. The high medium content of ether extract observed for ali genotypes indicated the possible necessity of an association of roughage by the use of diets containing fresh forage these genotypes of sunflower. The relatively high contents of acid detergent fiber and lignin and iow digestibility coefficients can restrict the use of lhe fresh forage of these genotypes for ruminants under conditions of high nutritional requirements.

Introdução

O girassol (He/ianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual amplamente cultivada para a produção de óleo.

Na dieta de ruminantes, essa oleaginosa pode ser empregada como alimento volumoso. Estudos acerca do uso forrageiro do girassol foram conduzidos com a palhada restante após a colheita dos grãos (Drackley et ai., 1985), com a planta inteira ensilada (Tomich et ai.,

2004) e com a planta verde (Lloveras, 1 990; Fernandes et ai. 1999; Martinez e Thomazini, 2003). A alta eficiência em utilizar a água disponível no solo, fazendo com que produza grande quantidade de matéria seca sob condição de baixa precipitação pluviométrica, e a tolerância à ampla faixa de temperaturas sem redução significativa da produção, são fatores que justificam o cultivo do girassol para produção de forragem em período de safrinha.

Ensaio conduzido por Martinez e Thomazini (2003) com vacas em lactação apresentou médias de produção, em kg deleite/vaca/dia, de 15,72 ± 4,26 e

19,94 ± 3,99, para dietas com forragem verde de girassol e silagem de milho, respectivamente. Esses

autores concluíram que os resultados apresentados utilizando o girassol verde foram satisfatórios, visto a possibilidade de cultivá-lo sucedendo a lavoura principal. Contudo, assinalaram a necessidade de estudos adicionais. Já Fernandes et aI. (1999) observaram variações significativas entre cultivares de girassol quanto aos teores de nutrientes da forragem verde, independente das partes da planta e das épocas de semeadura avaliadas, indicando que o valor nutritivo da forragem verde de girassol pode ser influenciado pela cultivar. O presente trabalho teve o objetivo de determinar o valor nutritivo, para ruminantes, da forragem verde de 13 genótipos de girassol.

Material e Métodos

Os híbridos de girassol AS243, AS603, Cargill 11, Contiflor 3, Contiflor 7, DK1 80, M734, M737, M738,

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GinAssoL

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M742, Rumbosol 90 e Rumbosol 91 e a variedade V2000 foram cultivados para a produção da forragem durante o período de safrinha. A colheita foi efetuada com corte rente ao solo, quando as plantas se apresentavam na fase de maturação dos aquênios. As forragens colhidas foram pré-secas até peso constante e avaliadas quanto aos conteúdos de matéria seca (MS) a 105°C, proteína (P8), pelo método Kjeidhal, e extrato etéreo (EE) pelo processo Soxiet, conforme AOAC (1995), e quanto aos componentes da parede celular - fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e lignina, segundo Van Soest et ai. (1991). Adicionalmente, foram determinados os coeficientes de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), de acordo com o procedimento descrito por Tilley e Terry (1963).

Os dados obtidos foram analisados utilizando-se o programa Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG), empregando delineamento experimental inteiramente ao acaso, com 13 genótipos e duas repetições, segundo o seguinte modelo estatístico: Vii = p + Gj + "ij; em que: Vij = observação relativa à repetição i do genótipo j; p = média geral; Gj = efeito do genótipo j (j = 1, 2, 3..... 13); "ij = erro experimental. A comparação das médias foi feita pelo teste Student-Newman-Keuls (SNK) a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Os conteúdos médios de MS, PB e EE obtidos para as forragens dos diferentes genótipos encontram-se na Tabela 1. Foi notada grande variação (P<0,05) quanto ao conteúdo de MS. O mais baixo conteúdo foi observado para o híbrido M737, com 20,1%, enquanto a forragem produzida pelo híbrido Cargili 11, com 34,8%, apresentou a maior média de MS. Do ponto de vista nutricional, o conteúdo de MS da dieta tem sido associado ao consumo. Por outro lado, o NRC (2001) considera que as pubiicações que relacionam o conteúdo de MS ao consumo são conflitantes e que não existe um valor ótimo de MS na dieta para maximizar o consumo. Contudo, os estudos mencionados por essa publicação apresentam dietas acima de 30% de MS e em dietas baseadas em volumosos úmidos este teor pode não ser alcançado. Ainda, de acordo com Waldo (1986), dietas excessivamente úmidas apresentam reduzido consumo voluntário. Assim, desde que não existam outros fatores envolvidos, o valor mais alto de MS obtido por determinado genótipo frente aos demais pode representar uma característica favorável em relação à qualidade da forragem produzida.

O conteúdo de P3 variou do valor mais baixo de 7,5%, obtido para o híbrido Rumbosol 91, aos valores mais altos de 9,5%, 10,2% e 10,3% observados para os genótipos AS243, Cargill 11 e V2000,

respectivamente. Os demais genótipos apresentaram conteúdo protéico intermediário, com valores entre 8,4% a 9,4%. Uma fermentação efetiva no rúmen requer cerca de 7% de proteína na dieta e, em regiões tropicais, o baixo teor protéico da dieta é um dos principais fatores capazes de restringir a produtividade dos bovinos em pastejo durante o período seco. De acordo com Preston (1982), ruminantes alimentados com dietas baixas em proteína apresentam consumo reduzido e desempenho em nível de mantença, ou baixa produtividade, mesmo quando suplementados com nitrogênio não protéico. Dessa forma, o conteúdo de P8 apresentado pela forragem verde dos genótipos de girassol neste estudo aponta que a utilização dessa forragem pode ser uma alternativa para diminuir a necessidade de suplementação protéica na forma de grãos ou farelos e, conseqüentemente, reduzir os custos com a alimentação dos rebanhos.

Tabela 1. Conteúdos de matéria seca, proteína bruta e extrato etéreo de forragens produzidas com plantas inteiras de genótipos de girassol.

Ptoteína Extrato

Genõtipo Matéria seca . % bruta etéreo

% da MS

A5243 23,11 9,5a 17,7ab A5603 22,8i 8,9c 13,2cde cargill 11 34,8a 10,2a 19,5a contato, 3 246h 8,4d 12,8de contiflor 7 33M10 8,9c 13,2cde 01<180 27,8e 8,6d 15,0cd M734 25.9d 9,31e 10,6e M737 20,1j 8,9c 17,21a M738 29,9c 9,31e 14,9cd M742 25,39 9,41e 15,91ec Rumbosol 90 29,7c 9,41, 14,Ocd Rumbosol 91 26,71 7,5e 11,2e V2000 26,4? 10,3a 12,3de Média geral 27.3 9,1 14,4 coeficiente do variação % 0,8 1,0 5,7

Médias seguidas por letras distintas em uma mesma coluna diferem pelo teste SNK (P<0,05).

Os conteúdos médios de EE variaram de 11,2% a 19,5%, com a média geral de 14,4%. De acordo com o NRC (2001), na maioria das situações, o total de gordura na dieta de bovinos não deve ultrapassar de 6% a 7% da MS, em razão de poder determinar reduções na fermentação ruminal, na digestibilidade da fibra e na taxa de passagem. Portanto, o alto teor de EE observado aponta que as forragens dos genótipos deste estudo devem ter a sua inclusão limitada nas dietas e indicam a possível necessidade de associação com outros volumosos.

Os conteúdos de FDN, FDA e lignina e os coeficientes de DIVMS observados encontram-se na Tabela 2. Os conteúdos de FDN apresentaram ampla variação (P<0,05) entre os genótipos e foram relativamente baixos. O mais baixo conteúdo foi observado para o híbrido 1V1737, com 39,9%, enquanto

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

o mais elevado foi notado para M738, com 52,9%. Para os demais genótipos, os conteúdos de FDN foram de 41,4% a 51,4%. 0 hibrido M737 também apresentou o menor conteúdo de FDA, com a média de 30,2%, enquanto os valores mais altos variaram de 39,8% a 40,9%. Os conteúdos médios de lignina variaram de 5,2% a 7,9% e também apresentaram variação significativa entre os genótipos. Os conteúdos de FDA e lignina podem ser considerados altos, quando comparados aos de outros volumosos utilizados como alternativa às pastagens. O teor de FON das forragens tem sido negativamente correlacionado ao consumo. Por sua vez, a FDA apresenta a lignina entre seus componentes, fração que é negativamente correlacionada à digestibilidade. Dessa forma, de maneira geral, embora a FON não esteja presente em altas proporções nas forragens avaliadas neste estudo, os relativos altos valores de FDA e lignina podem restringir a qualidade de sua fração fibrosa, bem como a sua utilização para categorias mais exigentes.

Tabela 2. Conteúdos de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e lignina e coeficientes de digestibilidade ia vitro da matéria seca (DIVMS) de forragens produzidas com plantas inteiras de genótipos de girassol.

FON FDA Lignina DIVMS Genótipo

% da MS

A9243 42.29 31,7ef 5,81ecd 49,4cd A5603 4 2 6g 31.60 6,2abcd 51.ebcd Cargili 11 41,49 32.50 6,7abcd 50.2cd Contiflor 3 47,6d 36,4c 7,3abc 47.9e1 Contifror 7 46.2e 35,1c 6,1abcd 48,4cd DK180 44,3? 34,2d 7,4ab 49,9cd M734 51Db 40,8a 6,Dbcd 52,Cbc M737 39,9h 30,29 5,2d 55,4a M738 52,9a 39,13a 6.4abcd 51,8bcd M742 51,4b 409a 5,5cd 51.5bcd Rumbosol 90 49,3c 38,5b 7.labc 49.4cd Rumbosol 91 48,3cd 35.21, 7,9a 49.3cd V2000 42.89 33,1do 6,8abcd 53.7ab

Coeficiente de variaç5o % 1,1 1.4 7,4 2,0

Médias seguidas por letras distintas em urna mesma coluna

diferem pelo teste SNK (P<0,05).

O coeficiente de DIVMS variou de 47,9% a 55,4%, com poucas diferenças significativas entre as forragens de diferentes genótipos. A média geral de DIVMS, de 50,8%, foi inferior aos resultados de Sheaffer et ai. (1977), com valores de 63,09% a 69,46%, para colheitas após o florescimento final, e de Lloveras (1990), com valores de 58,60 0/ó a 68,00%, ambos avaliando forragem verde de girassol. Os relativos baixos valores de DIVMS do atual estudo podem, em parte, estar relacionados ao estádio de desenvolvimento das plantas por ocasião da colheita, uma vez que Lloveras (1990) observou a redução nos valores de DIVMS das forragens de plantas de girassol quando colhidas em estádio de maturação mais avançado.

Conclusões

Os resultados observados indicam que o valor nutritivo da forragem verde de girassol para ruminantes pode ser influenciado pelo genótipo. O alto conteúdo de proteína bruta apresentado aponta que a utilização da forragem verde de girassol pode ser uma alternativa para reduzir a necessidade de suplementaçào protéica durante o período seco. O alto teor de extrato etéreo observado para todos os genótipos indica a possível necessidade de associação com outros volumosos. Os conteúdos relativamente altos de fibra em detergente ácido e de lignina e os baixos coeficientes médios de digestibilidade podem restringir o emprego das forragens avaliadas para as categorias de ruminantes mais exigentes.

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58

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

FRO-1-1 ANÁLISE DIMENSIONAL PARA AVALIAÇÃO DO BENEFICIAMENTO DE SEMENTES DE GIRASSOL

DIMENSIONAL ANALYSIS OF SUNFLOWER SEEDS TO VERIFY THE PROCESSING SYSTEM

Nilza P. Ramos 1 ; Guilherme C. Marin 2 ; Maria Regina G. Urigaro 3 ; Marcos R. da Silva4

'Eng. Agr., Pesquisadora do IAC/APTA, Centro APTA de Grãos e Fibras, Cx. Postal 28, 13001-970, Campinas, SP. E.mail: [email protected]; 2 IAC, Centro APTA de Grãos e Fibras, Bolsista do PIBIC

3 Eng. Agr., Pesquisadora do IAC/APTA, Centro APTA de Grãos e Fibras; 41 Faculdade de Engenharia Agrícola - Unicamp, CP 6011, CEP 13083-970, Campinas, SP. Email:[email protected] ;

Resumo: Um dos fatores mais importantes para a produtividade do girassol é o estabelecimento da cultura. Excesso de plantas na linha e falhas na distribuição das sementes ocasionam reduções de até 30% no rendimento de grãos. Lotes de sementes beneficiadas de girassol podem apresentar diferentes situações de variabilidade dimensional dependendo do cultivar, da época de colheita, de condições de produção e beneficiamento. Um dos fatores mais importantes está relacionado à baixa qualidade do processo de semeadura mecanizada, principalmente nos casos em que as sementes se alojam em alvéolos, quando as dimensões das sementes têm influência direta no processo. Com a finalidade de auxiliar a operação de

semeadura mecânica do girassol a presente pesquisa tem por objetivo estudar a variação dimensional de sementes, classificadas através de peneiras de crivos oblongos, em diferentes lotes de girassol. O beneficiamento foi feito com 2 lotes do cv. IAC-iarama, com o uso de peneiras de orifício oblongo. De cada peneira foram tomadas 100 sementes, das quais se fez a caracterização dimensional. Os resultados passaram por análise estatística descritiva. As porcentagens retidas em cada peneira ficaram bastante próximas nos 2 lotes, com pequena variação nas peneiras 9 e 10. De maneira gera!, o beneficiamento com a utilização de peneiras com orifícios oblongos foi eficiente, com CV% aceitáveis.

Abstract: The sunflower crop establishment is one of the most important factors that influences grain yield. Excess of plants in the line and lack of seed distribution can reduce yield up to 30%. Samples of processed sunflower seeds can show different situations of dimensional variability that can be related to the genotype, harvest time, yield and processing conditions. One of the most important factors is related to the low quality of the mechanical sowing process mainly when seeds are located inside lhe disc concave and the seed dimension has a direct influence on the seed distribution. In order to help the mechanical sunflower sowing, the research has the objective of study the dimensional variability of processed seeds, in different sunflower samples. Seed processing was done in two lots of lhe cv. IAC-iarama by using an oblong perforate sieve device. From each sieve, a hundred seeds had been measured for the dimensional characterization. The data were analyzed by descriptive statistics. Seed distribution percentages in each sieve were quite similar for both samples, except for sieves 9 and 10. As a rule, seed processing with oblong perforate sieve device was efficient and showed acceptable CV% values.

Introdução

Para o sucesso de uma cultura, além dos fatores edafoclimáticos, a população de plantas na área torna-se fator preponderante para obtenção de altos rendimentos; não só o excesso de plantas na linha, mas também as falhas de semeadura, ocasionam a queda de rendimento em lavouras de girassol (Merrien & Milan, 1992), sendo estas falhas provenientes de características relacionadas às semeadoras, ou pela interação de fatores, principalmente os relacionados às sementes e ao preparo do solo.

A operação de semeadura em girassol assume importência talvez maior que para outras culturas uma vez que essa cultura apresenta grande sensibilidade

á uniformidade de emergência e distribuição de plantas na área. Para garantir uniformidade na emergência, as sementes precisam estar bem classificadas e apresentarem bom vigor e germinação. Merrien & Milan (1992) discutem o efeito de irregularidade da população de plantas na linha sobre a produção final

em girassol e apresentam resultados em que a máxima produção pode ser obtida sob condição de distribuição regular de plantas. Fleck e Silva (1987) verificaram que as maiores produtividades ocorreram quando os aquênios foram dispostos a intervalos regulares e iguais na linha de plantio, tendo um aumento de 30% na produção. Quando há uma falha (covas sem sementes), as plantas vizinhas tendem a compensá-la, geralmente aumentando o peso individual das

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESOUISA DE GIRASSOL

sementes e o número de sementes por capítulo (Ungaro, 2000). A existência ocasional de covas

vazias, dentro de determinados limites, parece ser menos problemática do que o excesso de sementes por cova. Por seu lado, a desuniformidade da emergência pode criar uma situação de autocompetição na linha de plantio, reduzindo o desenvolvimento das plantas de emergência tardia. Essa situação se agrava com maiores densidades populacionais (Cardinaili et ah, 1985).

A variabilidade das dimensões das sementes é um fenômeno natural do caráter morfológico dos vegetais, principalmente aqueles cujos grãos se desenvolvem em inflorescências, como é o caso do girassol. Os aquênios (sementes) usualmente apresentam gradiente de tamanho, diminuindo da periferia para o

centro do capítulo (Carter, 1978). Uma colheita precoce tem reflexos negativos, ocasionando lotes com sementes imaturas, malformadas e chochas, diminuindo seu rendimento por área, grande descarte no beneficiamento e baixo vigor das sementes (Maeda etal., 1987).

Lotes de sementes beneficiadas de girassol podem apresentar diferentes situações de Variabilidade dimensional dependendo do cultivar, da época de colheita, de condições de produção e beneficiamento

(Storino etal., 1997). Um dos fatores mais importantes está relacionado à baixa qualidade do processo de semeadura mecanizada, principalmente nos casos em que as sementes se alojam em alvéolos, quando as dimensões das sementes têm influência direta no processo.

Com a finalidade de auxiliar a operação de semeadura mecânica do girassol a presente pesquisa tem por objetivo estudar a variação dimensioneI de sementes, classificadas através de peneiras de crivos oblongos, em diferentes lotes de girassol.

Material e Métodos

A pesquisa vem sendo realizada no Laboratório de Análise de Sementes do Centro Experimental Central, pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas, localizado no município de Campinas-SP. Foram avaliados dois lotes de sementes de girassol, cultivar IAC-iarama: Li- obtido na safra de 2003, L2 - safra 2005. As sementes dessas amostras foram classificadas pelo tamanho, através de jogo manual de peneiras com crivos oblongos.

Obtidas as classes de sementes dos dois lotes, foram calculados os percentuais de sementes, para cada peneira, por meio da relação entre o peso das sementes retidas em cada peneira e o peso total das sementes de cada amostra (Brasil, 1992). Esta análise permite verificar a distribuição das sementes entre as peneiras, para cada lote estudado. De cada classe de semente foram retiradas sub-amostras casuais

contendo 100 sementes, para análise dimensional, através de paquímetro com precisão de 0,1 mm.

Os resultados foram analisados pela Estatística Descritiva.

Resultados e Discussão

Tabela i - Porcentagem de sementes retidas em cada peneira, dos 2 lotes de sementes do cv. IAC-iarama, após beneficiamento com peneiras de orifício oblongo.

Peneira 16 7 8 19 10 11 12 13 resíduo

2005 17,9 16.9 132,2 120,119,6 4,8 0,8 0,4 7,4

2003 18,7 116,2 132,1 17,1 13,6 4,4 10,9 10,3 16.5

A Tabela 1 mostra o resultado, em porcentagem, do beneficiamento dos 2 lotes nas peneiras de orifício oblongo. As porcentagens retidas em cada peneira ficaram bastante próximas nos 2 lotes, com pequena variação nas peneiras 9 e 10. A alta porcentagem de grãos na categoria "resíduo", de mais de 6%, indica a necessidade de mais uma peneira, uma vez que o resíduo é normalmente descartado. Como as peneiras 11 e 12 apresentaram poucas sementes nos dois lotes, a junção das duas peneiras também poderá ser estudada.

A análise estatística descritiva dos resultados obtidos encontra-se na Tabela 2. Os coeficientes de variação mais altos nas avaliações do lote de 2003 muito provavelmente se deveram ao paquimetro utilizado, que foi manual, enquanto no lote de 2005 as medidas foram tomadas com paquimetro digital. Como o CV% depende do erro experimental, a utilização de equipamento mais preciso para a medição contribuiu para redução do erro e, conseqüentemente, do CV%. Para a peneira 6, os coeficientes de variação do lote de 2003 apresentaram os maiores valores; no entanto, praticamente todos os demais CV% mostraram-se entre aceitáveis e extremamente baixos.

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Tabela 2- Resultados da análise estatística da classificação por peneiras oblongas em 2 lotes de sementes do cv. IAC-iarama.

2003 Oimena6ex média moda d.padrto variáncia cv% máximo mínimo amplitude

Peneire 6 Cornp 10.23 10,6 1,06 1.12 10,36 13,0 7.0 6,0 Larg 4,60 4,8 0,56 0,31 12,19 6,0 3,3 2,7 Esp 2,90 2,5 0,45 0,23 16,50 3.9 2,0 1,9

Peneira? Comp 10,69 11 0,87 0,17 8.18 13,0 8,2 4,8 La,9 5,28 SI 0,62 0,39 11.75 6,9 3,6 3,3 Exp 2,86 3 0,25 0,06 8,66 3,4 2 4 1 1 4 3

Peneiras Comp 10,94 11 0,91 0,83 8,32 14,0 8,4 5,6 Larg 5,12 6 0,50 0,25 8,68 6,8 4,7 2,1 Esp 3.53 3,6 0,26 0,01 1,34 4,2 3,0 1,2

Peneira 9 Comp 10,12 10 0,86 0,73 7,98 12,6 8,3 4,3 Larg 6,14 6 0,50 0,25 8,12 7.5 4.9 2,6 Exp 3,94 4 0,22 0.05 1 5,52 4,9 3,5 1,4

Pereira 10 Conp 104 88 10,5 1,13 1,21 1 10,38 13,6 8,4 5,2 Larg 6,40 6,5 0,61 0,38 1 9,60 8 5.1 2,9 Esp 4,22 4 0,34 0,11 1,98 5,3 3,1 2,2

Peneira 11 Comp 10,95 10,3 0,99 0,98 9,03 13,1 8,2 4,9 Larg 6,10 6,5 0,65 0,42 9,64 8,2 4,6 3.7 Esp 4,60 4,5 0,29 0,08 6,30 5,9 4,1 1,8

2005 Peneira 6 Comp 10,10 10,0 1,15 1,33 1,33 14,0 8,6 5,4

Larp 4,72 4,5 1 0,53 ,28 6,1 3,4 2,1

Peneira? Esp Comp

2,44 10,63

2,4

10,0 0,21

0,95 ,05 ,91

2,9

13,0 2 1 0

8,0 0,9

5,0 L. 4,87 5,0 0,47 ,22 6,0 3,8 2,2 Esp 2,80 2,1 0,22 ,05 3,2 2,0 1,2

Peneira 8 Comp 11,01 10,1 1.14 1,31

W23 0,23

14,0 8,3 6,1 Larg 5,55 5,4 0,56 ,31 6,6 3,6 3,0

Peneira 9 Esp Comp

3,34 11,09

3.4 11,0

0,27 1,10

,01 1,20

4,0 13,8

2,6

7,0 1,4

6,8 Larg 6,11 6,0 0,47 ,23 8,0 4,7 3,3

Peneira 10 Esp

Comp 3.88

1153 4,0

11,0 0,30 1,29 1,67

,09 1,67

4,7 18,8

3,0 9,0

1,1

9,8 __

Peneira 11

Peneira 12

Larg

Exp Comp

Lary Esp

Comp Larg

Isp

6,45 4,24

10,335 5,53

3,254 10,12 6 1 265 3,979

6,0 4,0

10,2

5,1 3,1 10,4

6,8

1 3,5

0,45 0,25

0,99

0,58 0,30 142

0,94

0,63

0,21 0,06

0,98 0,34

0,09 2,03

0,89 0,40

0,21 0,06

0,98

0,34 0,09 2,03

0,89

0,40

7,6

5,1 12,7

1,3 4,3

14,7

9.7

5,4

5,5 3,6

8 4,2

2,5 1,1

4,7

2,9

2,1 1.5

4,1

3,1

2.8 1,8

5

2,5

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

61

P 02. QUALIDADE DE SEMENTES DE CINCO GENÓTIPOS DE GIRASSOL VISANDO IMPLANTAÇÃO E ESTABELECIMENTO EM CAMPO

SEED QUALITV OF FIVE SUNFLOWER GENOTYPES TO 100K AT FIELD ONSET AND SET UP

Rosa H. Aguiar'; Marcos R. da Silva', Maria Regina G. Urigar0 2; Nilza P. Ramos 2

1 Faculdade de Engenharia Agrícola - Unicamp, CP 6011 • CEP 1 3083-970, Campinas, SP. Email:

[email protected] ; 2 1nstituto Agronômico de Campinas - APTA, Campinas,SP

Resumo: A avaliação da qualidade de lotes de sementes é essencial para o conhecimento prévio do potencial de desempenho e estabelecimento de plântulas em campo. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivos: caracterizar física e fisiologicamente sementes de cinco genótipos de girassol e estudar os efeitos desta caracterização na distribuição das sementes e no estabelecimento da planta. Foram utilizadas sementes dos genótipos comerciais (Catissol, Agrobel 967, MG-50, Agrobel 960 e M-734), as quais foram caracterizadas física e fisiologicamente, por meio do peso de mil sementes, grau de umidade, germinação e vigor (teste de frio, envelhecimento acelerado, emergência em areia e crescimento de plântulas). Após o estabelecimento da cultura, determinou-se o número de plantas e espaçamento entre plantas na linha. Pela caracterização inicial dos lotes foi possível identificar os níveis de viabilidade e vigor de cada cultivar, sendo AG-960 e M-734 as mais vigorosas. Não foi possível observar relação entre qualidade inicial de sementes e a distribuição de plantas. Essas variáveis apresentaram elevada amplitude, mas podem ter sido influenciadas por outros fatores relacionados à implantação da cultura.

Abstract: The evaluation of seed lots is essential for the knowledge of potential seedling performance and field onset and set up. The work aim to characterize physically and physiologically seeds of 5 sunflower genotypes under fieM conditions in Echapora, SP, and to verify the effect of seed quality on the stand set up and final plant height. Commercial seed lots of Catissol, Agrobel 967, MG-50, Agrobel 960 and M-734 were characterized through 1000 seed weight, seed water content, germination and vigor (cold test, ageing, sand emergency and seedling development). After crop onset, une plant density and final plant height were evaluated. An initial seed lot characterization identified the viability and vigor levei of each cultivar; AG 960 and M 734 had the highest seed vigor. There were no visible correlation between initial seed quality with plant density and height although those parameters could have been influenced by other factors related to crop onset.

introdução

O destino final das sementes é o campo e, portanto, o estabelecimento rápido e uniforme do estande constitui-se no principal objetivo do consumidor. A emergência satisfatória das plântulas em campo depende diretamente do histórico dos lotes e das condições de ambiente onde serão dispostas (Marcos Filho, 1999). Como essas condições são de difícil controle, a qualidade das sementes deve ser determinada de forma a identificar com precisão o potencial de sucesso de desempenho em campo.

As sementes de girassol (/-iclianthus annuus L.), em função de seu alto teor de óleo, cerca de 30 a 47% (Ungaro, 2000) toleram menor período de armazenamento e ficam mais sujeitas à deterioração. Coobear (1994) afirma que sementes com elevadas reservas de óleo deterioram-se com maior rapidez, principalmente por causa do processo de peroxidação de lipídios ou mesmo pela autoxidação. Assim, a avaliação preliminar de lotes de sementes dessa espécie pode auxiliar as empresas produtoras de

sementes quanto ao destino de lotes e, ao produtor

rural, na escolha da melhor área a ser cultivada com cada genótipo.

Sementes com baixa qualidade podem emergir mais lentamente, sob condições de estresse em campo, ocasionando desuniformidade no desenvolvimento das plantas, que perduram até a colheita (Marcos Filho, 1999). Apenas o teste de germinação não é suficiente para determinar com eficiência o potencial fisiológico das sementes, pois é realizado sob condiçôes controladas de ambiente (Carvalho & Nakagawa, 2000). Assim, testes de vigor são recomendados, pois submetem as sementes a diferentes níveis de estresse, avaliam crescimento de plântulas ou mesmo

a emergência em campo, possibilitando maiores informações a respeito dos lotes.

O presente trabalho teve como objetivos: caracterizar física e fisiologicamente sementes de cinco cultivares de girassol, e estudar os efeitos desta caracterização na distribuição das sementes e no estabelecimento da planta.

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EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Material e Métodos

O ensaio foi desenvolvido no laboratório de Tecnologia Pós-Colheita da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP e em campo agrícola da Fazenda Sol Nascente, localizado em Echaporã- SP. Foram utilizadas sementes de cinco genótipos de girassol (Catissol, Agrobel 967, MG-50, Agrobel 960 e M-734). Cada lote, representado por um genótipo diferente, foi amostrado diretamente na sacaria comercial, pouco antes da instalação da cultura em campo.

As sementes de cada lote foram caracterizadas fisicamente por meio do peso de mil sementes, e teor de água; seguindo recomendações das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992) para essa espécie. Para a determinação do potencial fisiológico foram realizados os testes de germinação (Brasil, 1992) e vigor por meio do teste de frio sem solo (Barros et ai., 1999); envelhecimento acelerado (41 °C-48H) seguindo recomendação de Hampton & Tekrony (1995); emergência de plântuias em areia (Marcos Filho et aI., 1987), crescimento de plântulas (comprimento da parte aérea, da raiz e peso seco de plântulas) seguindo metodologia proposta por Nakagawa (1999).

A implantação dos genótipos a campo foi realizada com uma semeadora de precisão com mecanismo distribuidor de sementes pneumático VacuM eter te

Após a instalação da cultura, foram realizadas as determinações de densidade de plantas e espaçamento longitudinal. A amostragem foi realizada em 15 pontos aleatórios na área de cada genótipo e em cada ponto foram amostrados dois metros lineares. Para análise dos dados utilizou-se a estatística descritiva. Com relação aos dados de qualidade de semente, não foi realizada a análise de variância por se tratarem de genótipos diferentes.

Resultados e Discussão

Todas as cultivares encontravam-se dentro dos padrões exigidos para a comercialização de sementes de girassol, que é de 80% (CATI, 1999), com exceção da MG-50 e Catissol, que apresentaram, respectivamente, 69,0 e 78,5% de germinação

(Tabela 1). Essa baixa porcentagem inicial de germinação indica, antecipadamente, menor potencial fisiológico em relação aos demais materiais e determina que o agricultor deve adicionar maior número de sementes para a obtenção do estande recomendado para a cultura.

Com relação aos testes de vigor, para as cultivares MG-50 e Catissol, que se encontram abaixo dos padrões, verifica-se que a porcentagem de emergência de plântulas em areia foi satisfatória para a MG-50, ao contrário da Catissoi, que permaneceu baixa.

Porém, esse teste foi conduzido sob condições de

laboratório, que podem favorecer o desenvolvimento das plântulas, inclusive mais pronunciadamente que o teste de germinação em papel, pois evita que as sementes fiquem em contato constante com patógenos, como ocorre no rolo de germinação. AG-970 e M-734 também apresentaram comportamento superior na emergência em areia, em relação à germinação.

De forma geral, o teste de frio (Tabela 1) não parece ter sido muito rigoroso para sementes de girassol, talvez pela origem dessa espécie for típica de climas temperados. De acordo com Connor e Hall (1997) as plântulas toleram temperaturas de até 5°C negativos, sendo que essa tolerância diminui progressivamente até que a planta atinge o estádio de seis folhas. Inclusive para o cálculo da integral térmica, considera-se como temperatura basal 5 °C, ao contrário de outras espécies, como milho que considera 10 °C.

Tabela 1. Caracterização física e fisioiógica de semente de cinco cultivares de girassol, por meio do peso de 1000 sementes (P 1000), teor de água (TA), germinação (3), teste de frio (TF), envelhecimento acelerado (EA), emergência de plântulas em areia (EM), comprimento da parte aérea de plântulas (CPA), comprimento de raiz (CPR) e peso seco de plântuias.

Genót Ip P1000(9) TA O TE EA EM CPA CPR Peso

1%) cm seco (gI Catissol 46,2 6.9 76,5 74.5 35,0 68,5 13.9 8,1 1,9 AG-967 84,8 5.7 83,0 61,5 25,0 67.5 16.1 7.4 2.5 MG.50 63,0 5.5 69,0 74,5 16,0 81.0 12,1 7.0 1.4 AG'980 47,3 5,9 93,0 82.0 40,0 96,5 12.8 6,6 2.4 M-734 77,0 7.' 92,0 92.0 11,5 98,0 17,7 7.4 2,7

Os lotes de AG-960 e M-734 foram os mais vigorosos, encontrando-se, possivelmente, na fase 1 da curva de perda de viabilidade, proposta por Powell (1986). O baixo valor obtido para M-734, apenas no envelhecimento acelerado, pode ser conseqüência da

menor tolerância desse genótipo a temperaturas elevadas; a própria origem das linhagens que compõem esse híbrido, pode ter influenciado esse comportamento. Marcos Filho (1999) justifica a necessidade de uso de vários testes de vigor, para um mesmo lote, com a finalidade de tomar a decisão a respeito do destino desse lote, com o intuito de evitar erros.

A determinação do peso de mil sementes é importante, pois oferece subsídios para a realização da regulagem nas semeadoras cujo mecanismo dosador é do tipo pneumático, uma vez que essas máquinas recolhem as sementes da caixa coletora mediante vácuo, no qual o peso médio da semente determina a pressão a ser gerada. Portanto, a densidade de plantas na linha também é influenciada pela regulagem da semeadora.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIssoL

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Nesse ensaio, o número de plantas recomendado foi de 2,0 pl.m 1 linear, sendo que as cultivares AG-967 e AG-960 foram as que mais se aproximaram desse valor (Tabela 2). A tabela 3 apresenta os resultados da análise dos dados quanto à distribuição longitudinal.

Tabela 2. Resultados da análise descritiva da densidade de plantas por metro linear (pl.m') diagnosticada em cinco genótipos de girassol, implantados em Echaporã-SP.

Catiss AO MO- AO M- ol 967 50 960 734

p1. rrf' Média 3,0 1,7 3,4 1,9 2,4 Máxima 4,5 3,0 4,5 3,0 3,0 Mínima 1,5 0,8 2,0 1,0 1,0 AmpI 3,0 2,2 2,5 2,0 2,0 DP' 0,8 0,9 0,7 0,5 0,8 CV' 4,0 2,1 5,1 3,8 3,2

DP- desvio padrão da média e cv- coeficiente de variação

Tabela 3. Estatística descritiva da distribuição longitudinal de plantas no campo.

Catissol AO 967 MG-50 AO 960 M-734

Média 421,7 579,1 515,1 588,9 508,9

Máxima 800 1260 1200 2000 1670

Mínima 280 110 70 80 200

Ampi 520 1150 1130 1920 1470

DP 104,2 326,5 237,1 451,4 306,1

CV% 25 56 46 77 60

De um modo geral pode-se inferir que as diferenças na densidade de plantas e distribuição longitudinal de plantas não foram influenciadas pela qualidade inicial dos lotes, pois houve a correção no número de sementes para implantação em campo, porém outros fatores influenciaram nos resultados provavelmente relacionados à operação de semeadura, demostrando a necessidade de cuidados especiais nesse processo para o maior sucesso de produção.

Conclusões

Pela caracterização inicial dos lotes foi possível identificar os níveis de viabilidade e vigor de cada cultivar, sendo as cultivares AG-960 e M-734 as mais vigorosas.

A caracterização física e fisiológica de sementes auxilia na tomada de decisão para a implantação da lavoura.

Não foi possível observar relação entre qualidade inicial de sementes e a distribuição de plantas. Essas variáveis apresentaram elevada amplitude, mas podem ter sido influenciadas por outros fatores relacionados à implantação da cultura.

Referências

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POWELL, A. CeIl membranes and seed leachate conductivity in relation to the quality of seed for sowing. Journal of Seed Technology, v.1 O, n.2, p.81 - 100, 1986.

UNGARO, M. R. G. Cultura de Girassol. Boletim Técnico, 188. Instituto Agronômico, Campinas. 2000.

36p.

MI

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P03. QUALIDADE DA DISTRIBUIÇÃO LONGITUDINAL DE SEMENTES DE CINCO GENÕTIPOS DE GIRASSOL

QUALITY CONTROL FOR FIELD SEED DISTRIBUTION OF FIVE SUNFLOWER GENOTYPES

Marcos R. da Silva', Maria Regina G. Ungar0 2 , Nilza P. Ramos 2

'Faculdade de Engenharia Agrícola - Unicamp, CP 6011, CEP 1 3083-970, Campinas, SP. Email: mrsilvaagr.unicamo.br ; 2 lnstituto Agronômico de Campinas - APTA, Campinas,SP.

Resumo: O objetivo deste trabalho foi analisar a distribuição longitudinal de plantas, ocorrentes em uma área de produção comercial de 5 cultivares de girassol, mantida em plantio direto por 7 anos, no município de Echaporã/SP, na safra de 2005. A implantação da lavoura foi realizada por uma semeadora de precisão com dosador de sementes do tipo pneumático. Na fase de florescimento, foi feita a medição das distôncias entre plantas, em 2 metros lineares de 15 pontos em cada genótipo. Os dados foram processados pela estatística descritiva e o processo de semeadura foi avaliado através de cartas de controle. A aplicação das cartas de controle mostrou-se uma ferramenta eficiente para avaliação do processo de semeadura e a sua utilização no momento da semeadura permite ajustes no processo em tempo real.

Abstract: The research aimed to study the longitudinal plant distribution of 5 genotypes in a commercial sunflower crop under no-till for 7 years, in Echapora, SP, in the 2005 crop. A precision planting and fertilizing equipment, with pneumatic seed distribution system, did the sowing. The distance between plants was obtained in each genotype from 2 linear meters in 15 points, during flowering period. The data were analyzed through descriptive statistics and the sowing process was evaluated through control charts. The use of

control chart methodology was an efficient tool for the sowing process evaluation and allows a real time performance analysis and corrections.

Introdução

De acordo com Silva e Daniel (2004), a operação de semeadura é o processo mais importante no sistema de produção de grãos. A realização desta operação com qualidade, assegurando a dosagem recomendada de sementes por área, a sua distribuição uniforme ao longo da linha de semeadura e acondicionadas devidamente, é fator primordial para o estabelecimento e desenvolvimento da cultura. A má distribuição das plantas implicará em duas conseqüências importantes: a primeira se dá no aumento do custo de implantação como aumento da dosagem de sementes por área e, provavelmente, queda na produtividade devido à competição interespecifica e, a segunda, é a queda na produção ocorrida pela baixa população final de plantas. Merrien

e Milan (1992) afirmam que a distribuição irregular de plantas influencia diretamente na produção final de grãos de girassol, podendo chegar até 30% de redução na produtividade.

Um dos fatores que interfere na qualidade da semeadura é a característica da semente. Storino et ai. (1997) avaliaram três lotes de sementes de girassol e os resultados demonstraram que houve diferenças entre os lotes avaliados; alertaram para a necessidade de se levar em conta estas diferenças no momento

da aquisição da semente, na escolha do disco e na regulagem da semeadora.

A distribuição longitudinal, ou espaçamento entre plantas, influencia diretamente na composição final da população de plantas. Os requisitos de regularidade de distribuição longitudinal para semeadoras, segundo Coelho (1996), devem estar de acordo com o tipo de mecanismo dosador empregado; os valores mínimos de

espaçamentos aceitáveis e máximos admissíveis do coeficiente de variação para o mecanismo do tipo pneumático devem ser de 90% e 30%, respectivamente.

Casão Jr. e Siqueira (2003), em avaliação do desempenho de semeadoras-adubadoras para plantio direto a campo, adotaram, como critério de avaliação da dosagem de sementes, os seguintes desvios em relação à recomendação: Bom - menor que 10%;

Regular - entre 10% e 20%; Ruim - maior 20%.

Como ferramenta de avaliação do processo de distribuição longitudinal de sementes de girassol com semeadoras manuais, em ensaios de bancada em laboratório, Lino et al.(2003) testaram a aplicação de cartas de controle na tomada de decisão em operações agrícolas e concluíram que a sua utilização permite uma confrontação imediata com os limites de

especificação do processo e possibilita a análise de desempenho em tempo real, facilitando sua adequação. Segundo os autores, as cartas de controle permitem uma avaliação mais rápida e objetiva da operação, podendo substituir a análise estatística convencional, que é mais demorada e trabalhosa.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

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O objetivo do presente trabalho foi analisar a distribuição longitudinal de plantas, ocorrentes em uma área de produção comercial de girassol, e a aplicação de cartas de controle como ferramenta para melhoria do processo de semeadura.

Material e Métodos

A avaliação da distribuição longitudinal de sementes foi realizada em uma área comercial de produção de girassol, em plantio direto há 7 anos, no município de Echaporã/SP na safra de 2005. Foram utilizados cinco genótipos diferentes de girassol, a saber, Catissol, AG 967, MG 50, AG 960 e M 734. A implantação da lavoura, sobre os restos culturais de soja, foi realizada por uma semeadora-adubadora de precisão, marca John Deere, modelo 9213 VacumeterTM com dosador de sementes do tipo pneumático e 11 unidades de semeadura espaçadas de 450mm; a velocidade de deslocamento do coniunto trator-semeadora foi de 6km h -1 .

Utilizou-se o disco para sementes de girassol (Ri 36478), na recomendação de 2,4 plantas por metro linear para a regulagem do mecanismo dosador. Esta recomendação foi repetida em todos os genótipos, variando apenas o nível de vácuo de acordo com o número de sementes por quilograma, fornecido pelas respectivas empresas.

Na fase de florescimento, aproximadamente 70 dias após a semeadura, foi realizada a coleta dos dados referentes às medidas das distâncias entre plantas. Na área de cada genótipo foram amostrados, em 2 metros lineares, 15 pontos aleatoriamente. Os dados foram processadados pela estatística descritiva e o processo foi avaliado através da construção de Cartas de Controle (Lino et ai., 2003), utlilizando-se os 35 primeiros espaçamentos extraídos do conjunto original de dados. A partir da recomendação de 2,4 plantas por metro linear, os limites de controle da distribuição longitudinal foram estipulados, tendo como ponto central 420mm (Xref). A denominação das classes, apresentadas na Tabela 1, foi proposta por Ungaro et ai. (1999), enquanto que os intervalos foram adaptados de Casão Jr. e Siqueira (2003).

Tabela 1. Classes e intervalos dos valores da distribuição longitudinal.

Faixas de Tolerância Distância entre plantas (mm)

Inaceitável baixo < 340

Aceitável abaixo do ideal 340 - 380

Ideal 380 - 460

Aceitável acima do ideal 460 - 500 Inaceitável alto > 500

O peso e as dimensões das amostras de cada lote de semente foram determinadas em laboratório a fim de se avaliar a uniformidade do lote.

Resultados e Dscussào A Tabela 2 apresenta os resultados da estatística

para a distribuição longitudinal, onde se observa valor alto do coeficiente de variação (CV%) para 4 genótipos; somente o espaçamento do genótipo Catisssol apresentou CV% admissível para o mecanismo dosador tipo pneumático.

A cultivar Catissol foi a que apresentou melhor distribuição percentual dos espaçamentos nas faixas de tolerância propostas; a pior distribuição foi encontrada para AG 960 (Figura 1). A variabilidade dimensional nos lotes de sementes (Tabela 3) não foi suficientemente alta para justificar a péssima

distribuição longitudinal do AG 960; a má distribuição encontrada muito provavelmente se deu pela falta de regulagem do nível de vácuo do mecanismo pneumático. O número de sementes por quilo em cada

lote (Tabela 4) demonstra a necessidade da regulagem de vácuo especifica para cada lote.

Tabela 2. Estatística descritiva da distribuição longitudinal de plantas no campo.

Catissol AO 967 MG 50 AO 960 M-734

Média 421,7 579,1 515,1 588,9 508,9

Mediana 400,0 430,0 420,0 400,0 410,0

Moda 400,0 400,0 400,0 280,0 400,0

Desvio radro 104.2 326,5 237,1 451,4 306,1

CV% 25 58 46 77 60

Máximo 800,0 1260,0 1200,0 2000.0 1670,0

Mlnimo 280,0 110,0 70,0 80,0 200,0

Amplitude 520,0 1150,0 1130,0 1920,0 1 1470,0

Figura 1. Distribuição percentual dos espaçamentos entre plantas nos intervalos de tolerância propostas.

A construção das cartas de controle com os 35 espaçamentos extraidos ao acaso do conjunto de dados observados comprovam a variabilidade encontrada na análise estatística descritiva (Figura 2). As cartas de controle demonstram, para cada genótipo, os pontos que atenderam à especificação das classes aceitáveis. Os pontos plotados, fora dos limites aceitáveis abaixo, indicam a ocorrência de espaçamentos múltiplos e os pontos fora dos limites

1600

1400

1100

9000

600

000

1100

1000

000

€00

400

200

1 3 5 7 9 II II IS 17 lo 21 23 15 27 29 31 33 35

00'

1 3 5 7 9 II 13 15 li 59 ai 23 25 27 29 21 33 35

kel ,S --k.IIt.lS.c

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

aceitáveis acima indicam falhas na distribuição. As cartas de controle, quando utilizadas no momento do processo de semeadura, possibilitam a visualização

das variações pontuais e a indentificação das causas, permitindo os ajustes na regulagem da distribuição de sementes.

Tabela 3. Características dimensionais das sementes dos 5 genótipos, em mm.

Estatistica Catissol AG 967 MG 50 AG 960 M-734

Larg. Esp. Larg. Esp. Larg. Esp. Larg. Esp. Larg. Esp.

Média 4,9 3,2 4,2 2,6 4,2 3,1 5,6 3,7 5,0 3,4

CV 6% 5% 5% 7% 4% 8% 9%

AV 1,3 1,9 1,2 2,8 1,1 1,0 1,3 2,4 2,3 1,5

Tabela 4. Características físicas das sementes dos 5 genótipos.

Catissol AG 967 MG 50 AG 960 M-734

Peso de 1000 stes - g 46,2 84,8 63,0 47,3 77,0

Sementes por kilo 21.622 11.791 15.877 21.148 12.987

1 3 5 7 9 li 13 15 li 10 21 23 25 27 29 31 33 35

11" Id..lAb00 -

O 3 5 7 9 11 13 15 57 II 21 23 25 27 20 31 33 35

—o—E.p.ç.m.nIoOcs. —ftsIM.IPcrns . .

00! ftSIIi b&IO

1 3 5 7 9 II 93 10 li 19 II 23 25 27 29 31 22 35

j

.7j9f . W.4

Figura 2. Cartas de controle da distribuição longitudinal observada nos 5 genótipos.

ANAIS - XVI REUNÂO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL 67

Conclusões

A aplicação das cartas de controle mostrou ser ferramenta eficiente para a avaliação do processo de semeadura.

A utilização das cartas de controle no momento da semeadura permite ajustes no processo em

tempo real.

Referências

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Agrícola, Jaboticabal, v.18, n.3, p.73-79, 1999.

68 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P 04. CULTIVO DE GIRASSOL EM LUCIANÓPOLIS - ESTUDO DE CASO

SUNFLOWER CROP IN LUCIANOPOLIS- STUDY OF CASE

Marcos R. Silva 1 ; Maria Regina G. Ungaro 2 ; Nilza P. Ramos 2 ; Rosa H. Aguiar 1

'Faculdade de Engenharia Agrícola - Unicamp, CP 6011, CEP 13083-970, Campinas, SP.

Email:[email protected]; 2 lnstituto Agronômico de Campinas - APTA, Campinas,SP.

Resumo: O trabalho relata a experiência na fazenda "Jamaica", localizada no Município de Lucianópolis-SP, em Sistema Plantio Direto (SPD) sobre palhada de soja. A semeadura do girassol foi realizada no período de 6 a 11 de maio de 2004 e a colheita entre 27 de setembro e 1 de outubro (grãos com 7% de umidade). Utilizou-se semeadora-adubadora de quatro linhas, com mecanismo dosador de sementes do tipo disco horizontal. O espaçamento preconizado entre linhas foi de 450mm, e recomendação agronômica de 2,0 plantas m 1 linear. A adubação de base utilizada: 250k9.ha' de Classic Algodão 405. O total de boro, somente na adubação de base, foi de 1 ,25kg.ha'. A precipitação acumulada durante o ciclo foi de 345 mm, com temperatura média de 21,4°C. Foi utilizado o genótipo Helio 250. No período da colheita foi realizada uma amostragem em 15 pontos distribuídos na lavoura, onde foram coletados dados de plantas por metro linear; espaçamento longitudinal ou distância entre plantas; espaçamento entre linhas de semeadura; ocorrência de espaçamentos duplos, altura de planta; amostras de terra para análise química de macro e micronutrlentes. Após a coleta dos capítulos, eles foram levados para laboratório onde se determinou: o diâmetro de capítulos colhidos em 2 m lineares em cada um dos pontos; número de grãos cheios e chochos em cada capítulo para estimativa de produtividade. O que se observou, além do baixo pH, foram alterações na população de plantas, com média de 44.072p1.ha -1 ; no entanto, a variação foi elevada, com valores entre 30.000 e 66.667 p1.ha -1 . A distribuição

longitudinal variou de 210 a 930mm, com média de 500 mm. A variável peso de grãos apresentou uma correlação forte e significativa com as variáveis diâmetro de capítulo e produtividade. Considerações finais: há necessidade de um acompanhamento da correção do solo, baseado na análise química; deve-se melhorar a eficiência da distribuição longitudinal de plantas, com melhor regulagem da semeadora; recomenda-se antecipar a semeadura para períodos com maior potencial para produção.

Abstract: The paper reports an experience done at "Jamaica" farm, in Lucianopolis, SP, under no-till system on soybean residues. Sunflower sowing was done between 6 and 11 May 2005, and harvest started on September 27d, and finished on October 1 11 (7% of grain humidity). A sowing-fertilizing machine with horizontal disc system was used. The space between rows was 450mm and agronomic recommendation of 2 plants m -1 . The fertilization was done with 250k9.hr' of Classic Algodao 450. The total boron nutrition was 1 ,2Skg.ha -1 . The accumulating rainf ali was 345mm, with average temperature of 21,4°C. Sunflower genotype Helio 250 was used. At harvest, 15 points were randomly sampled for agronomic parameters: plants m -'; distance between plants in the row; distance between rows; double spaces; plant height. Soil samples for chemical analysis were taken at each point. After harvest, heads were taken to the laboratory in order to evaluate the number of filled and empty seeds in each sunflower head to estimate grain yield. The soil analysis and field samples showed a low pH values; although plant density average was correct, the variation from plant to plant space was too high, between 30.000 e 66.667 pl.hw'; the distance among plants in the row was between 210 and 930mm, with an average of SOOmm. Grain weight showed a significant correlation with head diameter and grain yield. Final considerations: soil adjustment and better crop fertilizing are necessary; seed distribution in the rows needs to be better done and the equipment requires a improved adjustment; the sowing period should be anticipated to dates with enhanced yield potential.

Introdução

A recomendação de manejo para determinada cultura deve considerar, além das condições edafoclimáticas especificas, a cultivar e também o nível tecnológico do produtor rural. Nesse contexto, cada vez mais estudos a respeito de zoneamento agroclimático têm sido realizados, a fim de esclarecer os potenciais de produtividade de cada região e as melhores épocas de cultivo.

O conhecimento dessas informações pode, num primeiro momento, parecer suficiente para que o produtor obtenha sucesso no processo de produção, porém, na prática não é esse o panorama observado. Para identificar o que vem ocorrendo na realidade, o estudo de caso torna-se uma ferramenta valiosa, pois permite ao pesquisador verificar quais técnicas estão sendo eficientes e o que precisa ser modificado ou mesmo melhorado.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIssoL

1]

A cultura do girassol (He/ianthus annuus L.) teve um incremento significativo da área nacional plantada nos últimos cinco anos, atingindo aproximadamente 126 mil hectares (FAO, 2005) de cultivo para óleo; em São Paulo, a cultura passou de cerca de 2000 ha em 2003 para 8000 ha em 2004. Conclui-se, a partir dessas informações, que houve aumento no número de produtores, o que justifica a preocupação com as práticas culturais para essa espécie. Desde 2004. a Bunge Alimentos vem incentivando o cultivo através de um convênio firmado com a Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (FUNDAG), no qual pesquisadores da área vêm treinando não só produtores parceiros como o pessoal da linha de frente da Empresa, da área de fertilizantes, que se tornam difusores da tecnologia de produção do girassol; além disso, contratos de compra vêm garantindo a aquisição do grão proveniente dos cultivares para produção de óleo. Assim, o presente trabalho teve como objetivo analisar e relatar uma situação real de cultivo de girassol, em um produtor parceiro, no município de Lucianópolis-SP.

Material e Métodos

Os dados foram obtidos em campo de produção de girassol (Fazenda Jamaica) localizado no município de Lucianópolis-SP, altitude 561m. Foi utilizado o cultivar 1-lelio 250, numa área total de 40ha, cujas especificações comerciais são apresentadas na Tabela 1.

Tabelal. Especificações do detentor da marca para o genótipo de girassol Helio 250.

Características Híbrido Simples Cor do aquênio Preta Dias da germinação a maturação 85 a 105 Resistência ao acamamento Ótima Altura média de plantas 1,60 a 1 ,80m População final 45.000 %deóleo 44a48 Recomendação de região Todo o Brasil

O sistema adotado foi o de plantio direto em palhada de soja, com semeadura no período de 6 a 11 de maio de 2004 e colheita entre 27 de setembro e 1 de outubro (grãos com 7% de umidade). Utilizou-se semeadora-adubadora de quatro linhas, com mecanismo dosador de sementes do tipo disco horizontal e disco conforme a especificação comercial do lote de sementes. O espaçamento preconizado entre linhas foi de 450mm, colocando-se 2,0 plantas m' .linear.

A adubação de base utilizada foi de 250kg.ha - ' de Classic Algodão 405, com composição NPK de 04-20-16, com 0,5% de B; 6,05% de Ca; 5,5% de 5; 0,85% deZn; 0,005% Cu; 0,23% de Mn. A adubação de cobertura foi feita com 200 kg.hr' de sulfato de amônio 210000.0 total de boro, oferecido somente

na adubação de base, foi de 1,25kg.ha* A precipitação acumulada durante o ciclo foi de 345 mm, com temperatura média de 21,4 °C.

No período da colheita foi realizada uma amostragem em 15 pontos distribuídos na lavoura, onde foram coletados dados de plantas por metro linear; espaçamento longitudinal ou distância entre plantas; espaçamento entre linhas de semeadura; ocorrência de espaçamentos duplos, altura de planta; amostras de terra para análise química de macro e micronutrientes. Após a coleta os capítulos foram levados para laboratório onde se determinou: o diâmetro de capítulos colhidos em 2 m lineares em cada um dos pontos; número de grãos cheios e chochos em cada capftulo para estimativa de produtividade.

Foram feitas correlações entre as variáveis, para estabelecer a relação entre as mesmas, e os valores das variáveis estudadas comparados com as especificações agronômicas comerciais.

Resultados e Discussão Os resultados da análise química de terra utilizada

no ensaio foram: matéria orgânica: 10,3 g/dm 3 ; pH em CaCl2 4,9; P: 3,5 mgidm 3; K: 1,0mmol/dm3; Ca: 17.9 mmol 0/dm 3 ; Mg: 7,7 mmol/dm3, H +Al: 41.7 mmol /dm 3; CTC: 68,2 mmol /dm 3; V: 38,8%; 5: 2,0 mg/dm 3; Na: 3,1 mg/dm 3; Fe: 82,8 mg/dm 3; Mn: 18,8 mg/dm 3 ; Cu: 10,9 mg1dm 3 ; Zn: 14,3 mg/dm 3 e B: 0,2 mg/dm 3 , textura arenosa. Nota-se que os níveis de pH, V% e K encontram-se abaixo do esperado, uma vez que foi realizada a correção de acidez do solo, bem como a adubação de semeadura. Este resultado pode ter ocorrido em função da aplicação do calcário em dose total, sem o parcelamento recomendado, o que promoveu a competição do cálcio com potássio, pelos mesmos sítios de absorção (relação Ca:Mg:K

9:3:1), além de não ter havido tempo hábil para a elevação do pH. O p11 baixo é bastante restritivo para a cultura do girassol e pode reduzir a produtividade significativamente (Ungaro et ai.. 1985).

No presente relato, a estimativa de produtividade na área foi de aproximadamente 2000kg.ha 1 ,

considerando-se Qma população de 45.000 p1 ha', no espaçamento de 450mm. O que se observou, além do baixo p11, foram alterações na população de plantas que, de acordo com a amostragem foi, em média, de 44.072p1.ha' (Tabela 2), ou seja, apenas 2% abaixo do recomendado para esse genótipo, mas a variação populacional foi elevada, tendo-se valores de 30.000 a 66.667 pl.ha', o que, de acordo com Merrien e Milan (1992) pode reduzir a produção de grãos em até 30%. A distribuição longitudinal variou de 210 a 930mm (Tabela 2), com média de 500 mm. Esta variação indica a falta de homogeneidade na distribuição das sementes, o que implica em maior competição entre plantas em determinadas áreas, limitando o aproveitamento nutricionai por parte dessas enquanto em outras há um sub-aproveitamento da área pela falta de plantas.

70 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Tabela 2. Espaçamento longitudinal (EL), Espaçamento vertical (EV), Espaçamentos duplos (ED), Altura de plantas (1-Iplan), Planta por metro linear (Plan.m' linear), Planta por hectare (Plan.ha') e Diâmetro de capítulo (W capitulo).

EL m

EV ED un.

Hplan m

Plan.m 1 linear un.

Pia• ha' ® capítulo

cm

Média 0,52 0,51 0,13 1,03 2,23 44.072 14,45 Máximo 0,93 0,64 1,00 1,15 3,50 66.666 17,88 Mínimo 0,21 0,38 0,00 0,86 1,50 30.000 12,01

DP' 0,17 0,06 0,34 0,09 0,63 12.302 1,38 CV%' 3.08 8.94 0.39 11.14 3.55 3,71 10,49

'DP - Desvio Padrão; 2CV - Coeficiente de Variação.

Outra variável analisada foi altura de plantas, com média de 1 ,03m (Tabela 2), sendo que a especificação comercial do genótipo preconiza altura média entre 1,60 e 1 ,80m (Tabela 1). Essa redução de porte ocorreu, provavelmente, pela época de semeadura tardia que desfavorece o desenvolvimento vegetativo do girassol,

em função do baixo acúmulo de radiação fotossinteticamente ativa (Sentelhas e Ungaro, 1997), além do baixo pH e da baixa fertilidade do soto (Quaggio e Ungaro, 1996). A realização da semeadura tardia, quando o ideal estaria entre fevereiro e março, interferiu diretamente no ciclo da cultura, aumentando-o. Some-se a estes efeitos negativos o baixo valor do pH que também atrapalha o crescimento da planta e interfere no diâmetro de capítulo (Tabela 2).

A produtividade média em grãos informada foi de 25sc.ha 1 , a um custo de US$ 170,00. A avaliação feita nos capítulos dos 15 pontos apresentou, em média, 13% de grãos chochos e uma produtividade média compatível com a informada. A diferença de 500 kg entre a produtividade média esperada para o cultivo de girassol na safrinha e aquela realmente

obtida se deveu ao pH e à adubação com 8 aquém do recomendado e à distribuição desuniforme de sementes na linha de semeadura; o plantio tardio poderia ter sido responsável pela diminuição na produtividade, mas seu efeito, se existiu, deve ter sido mínimo uma vez que o total e a distribuição de chuvas foram adequados. Atendidas as exigências da cultura, o retorno liquido, que na época ficou em torno de US$80.00, poderia passar para US$130.00 por hectare.

A Tabela 3 mostra os resultados das correlações entre as variáveis; o peso de grãos apresentou uma correlação significativa com as variáveis diâmetro de capitulo e produtividade. A correlação entre produtividade e diâmetro de capítulo foi moderada, porém significativa.

Tabela 3. Correlações entre as variáveis: Diâmetro de capítulo (W capitulo), Peso de grãos (PG), Produtividade, Espaçamento longitudinal (EL) e altura de plantas (Hplan).

O caprtulo PC Produtividade EL Hplan (D capitulo 1 0,70 0,51 * -0,18ns 0,37ns

PC 1 0,674* -0,19ns 0,22ns Produtividade 1 -0,4,is 0,1 Sns

EL 1 •0,49ns

4 Significativo a 5% de probabilidade **signific a tivo a 1% de probabilidade NS - Não significativo

Considerações Finais

- Acompanhamento da correção do solo com análise química e melhoria da adubação com A;

- Melhorar a eficiência da distribuição longitudinal de plantas, com melhor regulagem da semeadora;

- Antecipar a semeadura para períodos com maior potencial para produção.

Referências

MERRIEN, A; MILAN, M.J. Physiologie du tournesol. Paris: CETIOM, 1992. 66p.

QUACCIO, J. A.; UNGARO, M. R. G. In: Recomendações técnicas de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2. ed. Campinas: Instituto Agronômico (IAC. Boletim Técnico 100). 1996.285 p.

SENTELHAS, P.C.; UNGARO, M.R.G. índices biometeorológicos para cultivares de girassol. Revista Brasileira de Agrometeorologia, vÃ, p.38-40, 1997.

UNGARO, M.R.G.; QUAGGIO, J.A.; GALLO, P.B.; DECHEN, S.C.F.; LOMBARDI NETO, F.; CASTRO, O.M. Comportamento do girassol em relação a alguns parâmetros de acidez do solo. Bragantia, v.44, n.1, p.41-48, 1985.

ANAIS - XVI REuNIÂ0 NACIONAL DE PESQUISA DE GInASSOL 71

P 05. CULTIVO DE GIRASSOL EM SÃO PAULO - ESTUDO DE CASO

SUNFLOWER CROP IN SÃO PAULO STATE- STUDY OF CASE

Marcos R. da Silva 1 ; Maria Regina G. Ungaro 2 ; Nilza P. Ramos 2

1 Faculdade de Engenharia Agrícola - Unicamp, CP 6011, CEP 13083-970, Campinas, SP. Email:

[email protected] ; 2 1nstituto Agronômico de Campinas - APTA, Campinas,SP

Resumo: O trabalho relata a experiência que foi feita na propriedade "Sol Nascente", localizada no Município de Echaporã, SP, sobre solo arenoso, com 15% de argila, em Sistema Plantio Direto(SPD) há 7 anos, como intuito de promover rotação de culturas e cobertura do solo; não houve, a princípio, interesse econômico imediato, mas tão somente a sustentabilidade do SPD. O plantio do girassol foi realizado no período de 28103 a 02104, imediatamente após a colheita nas áreas de soja, sem aplicação de herbicida para controle do mato, Foram utilizados cinco genótipos: Catissol, Agrobel 967 e 960, M1350 e M734. A semeadura foi realizada com uma semeadora-adubadora de precisão, com dosador de sementes do tipo pneumático. A regulagem do nível de vácuo foi feita com base no número de sementes por quilo. Houve problemas para a regulagem dos genótipos Catissol e AO 960, que apresentavam sementes muito pequenas, fora do intervalo de especificação da máquina. Distribuição desuniforme de sementes acarretou falhas e espaçamentos duplos, o que pode ter acarretado diminuição na produção de grãos de até 30%. A adubação com boro foi deficiente, havendo necessidade de dose mais elevada. O baixo custo de produção (13,4 sacos/ha) compensou a baixa produtividade final, resultando em um retorno médio de US$70.00 por hectare.

Abstract: The paper reports na experience done at "Sol Nascente" farm, at Echaporã, SP, in a sand soil with 15% clay, under no1ill system at 7 years. Sunflower crop was done to promote crop rotation and soil cover. There was no economical purpose at the beginning but only to maintain the sustainability of the system. Sunflower sowing was done between 2813 and 21412005, soon after soybean harvest, without weed control. Five sunflower genotypes were used: Catissol, Agrobel 967 e 960, MG50 e M734. Sowing process was done with a precision planting and fertilizing equipment, with pneumatic seed distribution system. The vacuum adjustment was based on seeds per quilogram. The genotypes Catissol and AG 960 showed very small seed size that were beyond the machine specification. Not uniform seed distribution led to flaws and double space, which could be responsible to up 30% yield reduction. The boron fertilization needs to be increased. The low crop costs (13.4 bags/ha) compensated the low final yield and resulted in a profit of US$70.001ha.

Introdução

Após vários ciclos de incentivo e fracassos no cultivo de girassol para óleo (Ungaro, 1982), a cultura permaneceu viva no Estado com seu cultivo visando o comércio de grãos para pássaros e a produção de óleo medicinal e, mais recentemente, como alimento para o gado, principalmente o leiteiro, na forma de silagem (Ungaro etal., 1998). Há pouco mais de dez anos, o cultivo para óleo industrial encontrou um nicho na região noroeste do Estado, com entrega em Itumbiara, GO. Desde 2004, a Bunge Alimentos vem incentivando o cultivo através de um convênio firmado com a Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola, no qual pesquisadores da área vêm treinando não só produtores parceiros como o pessoal da linha de frente da Bunge Fertilizantes que se tornam difusores da tecnologia de produção do girassol; além disso, contratos de compra vêm garantindo a aquisição do grão proveniente dos cultivares para produção de óleo. A seguir será relatada a experiência que foi feita em uma das propriedades de um agricultor parceiro.

Material e Métodos

A propriedade "Sol Nascente", pertencente ao Sr. Antonio Yamamoto, está localizada no Município de Echaporã, SP, sobre solo arenoso, com 15% de argila. Há sete anos a propriedade começou a ser cultivada no Sistema Plantio Direto (SPD). A opção pela cultura de girassol teve como objetivo atender a 2 premissas básicas do SPD: rotação de culturas e cobertura do solo; não houve, a principio, interesse econômico imediato, mas tão somente a sustentabilidade do SPD. A lavoura anterior foi soja, a qual foi colhida normalmente, sem dessecação. O plantio do girassol foi realizado no período de 28103 a 02104, imediatamente após a colheita nas áreas de soja, sem aplicação de herbicida para controle do mato. Foi utilizada na adubação de base 225 kg/ha de Fosmag 535, com 0,4%B. A aplicação do boro foi dividida em duas etapas, a saber, 0,28k9/ha aplicado via líquida pulverizado no sulco de plantio concomitantemente com a semeadura; e 0,9kg/ha na adubação de base. A aplicação liquida de boro onerou o processo de semeadura devido ao preparo da calda com produto

72

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

de difícil solubilidade e o reservatório ter autonomia somente para 4ha. A adubação de cobertura foi realizada 27 dias após a semeadura com 150 kg/ha da fórmula 20-00-20.

Foram utilizados cinco genótipos: Catissol, Agrobel 967 e 960, MG50 e M734. A semeadura propriamente dita foi realizada com uma semeadora-adubadora de precisão com dosador de sementes do tipo pneumático. A regulagem do nível de vácuo foi feita baseada na especificação do mecanismo em função do número de sementes por quilo.

Na área de lavoura de cada um dos genótipos foram amostrados 4 pontos, tomando-se dados de florescimento, altura de planta, diâmetro de capítulo, inclinação do capítulo, pragas e doenças.

Resultados e Discussão

Com relação à regulagem para a distribuição de sementes ocorreram alguns problemas devido às características físicas da semente do cultivar Catissol e AG 960 e pela falta de informação sobre a quantidade de semente por quilograma do lote, que é definido pelo peso de 1.000 sementes, cujo resultado foi acima de 21.000 stes.kg". De acordo com as informações contidas no manual da semeadora (Figura 1), estas sementes poderiam ser classificadas como "extra pequenas" ou ainda "pp". Por tentativa e erro conseguiu-se definir o nível de vácuo mais próximo do adequado, mas, após a semeadura, foram detectados falhas e espaçamentos múltiplos (duas sementes) ao longo do processo, o que pode acarretar diminuições de até 30% na produção (Merrien e Milan, 1992). O mesmo não ocorreu com as sementes dos híbridos que apresentaram tamanho entre médio e grande, que se apresentaram dentro do intervalo de especificação da máquina.

Nível de Vkuo Para Girassol

IffiffimMMMI 1 _

L ai 1

Ia 1 l 09500 ISÁOQ 14300 13200 12100 11000 9$00

SeCoacs 500ffi$ IflEeltO ORMCSS TAMANHO DE SCMCNTES. SLMENTES POR KIL.o

Figura 1. Especificação do nível de vácuo em função do tamanho e quantidade de sementes de girassol.

Tabela 1. Características físicas das sementes dos 5 genótipos.

Calissol AO 067 MO 50 AO 960 0.1-734

Peso de 1000 eles - 9 46,2 84,8 63,0 1 47,3 77,0

Seenenses por kilo 21.622 11.791 15.877 1 21.148 12.901

Não houve problema na regulagem para distribuição do fertilizante, apenas dificuldades normais pela característica física do produto. A semeadura sobre a palha de soja foi eficiente do ponto de vista do mecanismo de corte, da deposição de sementes e fertilizantes, com pouco revolvimento do solo no sulco de semeadura. A variação da profundidade de deposição da semente foi entre 3 e 6cm e a do fertilizante entre 7 e 9cm. O marcador de linha foi eficiente assegurando o espaçamento transversal ideal.

No dia 15 de junho, 75 dias após o plantio, os genótipos se apresentavam no estádio fenológico, conforme descrito na Tabela 2. O mais precoce foi o AG 960, seguido pelo AG 967. De maneira geral os híbridos mais precoces, receberam menos chuvas no período de formação do botão floral, entre 5 e 24 de maio, quando não ocorreram chuvas (Figura2). O Catissol e o M 734 receberam cerca de 1 OOmm nesse período crítico.

Tabela 2. Estádio fenológico da cultura em 15 de junho de 2005.

Genótipos Estádio fenológico Florescimento (%) Enchimento

de grãos Catissol 50 Agrobel 967 100 Agrobel 960 - X MG5O 90 M734 70

Em cada área de lavoura de cada um dos genótipos foram amostrados 4 pontos, cujos resultados médios se encontram na Tabela 3.

A colheita foi feita com uma colhedora 9650 STS - John Deere, com sistema longitudinal de trilha e

separação dos grãos do capítulo. Este sistema, teoricamente, diminui as perdas causadas por danos mecâncios nos grãos devido ao baixo impacto. O

sistema de limpeza realiza o processo em três etapas, aumentando a qualidade dos grãos. A variação da ventilação para separação de impurezas é realizada eletronicamente a partir da cabine. Um amostrador de grãos colhidos, ao lado da cabine, possibilita ao operador um ajuste pontual da velocidade do ventilador. A adaptação foi realizada na plataforma de corte de soja de 30 pés, optando-se pela confecção de bandejas com comprimento de 1 SOOmm e largura de 200mm

Ç' 12

'a . 10 e,

e, o

o o

eu o -J 2

=

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

73

com pontas agudas para auxiliar na condução das linhas de plantas. As laterais das bandejas foram dobradas até a inclinação de 30 0 para evitar a perda dos grãos desprendidos dos capítulos. As bandejas estreitas foram confeccionadas de forma a atender diferentes espaçamentos, propiciando maior autonomia e versatilidade na colheita, pois esta

configuração possibilita ainda a colheita transversal às linhas de semeadura, ou seja, em qualquer sentido. Ocorreu uma perda alta de capítulo nas áreas de Catissol em decorrência de problemas no recolhimento reflexo do alto índice de acamamento e à desuniformidade de plantas.

Tabela 3—Resultados da amostragem realizada na lavoura de cada genótipo. Média dos 15 pontos amostrados.

Genótipo Porte Capítulo

Inclinião Cap

ç itlo

Altern. Oídio Lagarta Observações

Porte Irregular Catissol 120,1 13,2 3,4 e 5 0,5 1 7) 0,8 Acamamento

Ruim de colheita AO 967 130,4 10.6 3 0,3 0,5 01 0,5 Porte regular

AG 960 117,1 16,4 3,4 eS 0,5 0,5 0,5 Porte regular

Ruim de colheita MG 50 142,5 16,3 3 e 4 0,5 0,5 t? 0,5 Porte regula M 734 134,7 15,4 3 0,5 0,5 (1) 0,5 Porte regular

Distribuição de chuvas no cicio

60 E 501 II E 40 . 30

20 lIU

ã 10 IVI

o

1 Data

Figura 2- Distribuição de chuvas no período cultivado com girassol em Echaporã.

A colheita iniciou-se em 2810712005, com umidade de grãos de 18%. Na indústria a umidade chegou a 12,3%, com 7,2% dos grãos considerados chochos ou avariados e 0,48% de impurezas misturadas ao grão.

A produtividade média alcançada foi de 1 9,32sc/ ha, que corresponde a 1.1 SOkg/ha. O custo de produção ficou em 1 3,4sc/ha.

Conclusões

- O tamanho muito pequeno das sementes dos genótipos Catissol e AG 960 acarretou dificuldades de regulagem do nível de vácuo por estarem fora do intervalo de especificação da máquina;

- Distribuição desuniforme de sementes acarretou falhas e espaçamentos duplos, o que pode levar a uma diminuição na produção de grãos de até 30%;

- A adubação com boro foi deficiente, havendo necessidade de dose mais elevada;

- Baixo custo de produção, o que compensou a baixa produtividade final, resultando em um retorno médio de US$70.00 por hectare.

Referências Bibliográficas

MERRIEN, A; MILAN, M.J. Physiologie du tournesol. Paris: CETIOM, 1992. 66p.

UNGARO, M.R.G. O girassol no Brasil. O Agronomico, v.34, p.43-62, 1982.

UNGARO, M.R.G.; FREITAS, S.M.; LASCA, D.H.C.; TURATTI, J.M.; GABRIEL, D.; NEVES, G.S.N. Girassol. In: Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Oleaginosas no Estado de São Paulo, Campinas, 1993. 39p. (Documento técnico, 107), p.19-27.

74 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P06. AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL DE ENSAIO CONDUZIDO NA PUC-PR

EVALUATION OF SUNFLOWER GENOTYPES OF ANALYSIS CONDUCTED AT THE PUC-PR

Edson Perez Guerra', Alexandro Picksius 2

1 PUC-PR, CCAA. BR 376, Kml 4, CxP. 129, 83010-500, São José dos Pinhais, PR. Eng. Agr., M.Sc. Prof. Adjunto. e-mail: [email protected]; 2 PUC-PR, Graduando em Agronomia.

Resumo: O girassol (1-/alianthus anrzuus L.) é espécie de fácil adaptabilidade a diferentes regiões do país, com diversas aplicações e é importante alternativa para geração de emprego e renda. Visando avaliação de novos cultivares, foi conduzido ensaio de girassol na PUC-PR, em Fazenda Rio Grande, PR, utilizando-se delineamento em blocos ao acaso. Os resultados indicaram genótipos com alto rendimento de aquênios, com média geral de 2002,1 kg/ha, destacando-se AÇA 884, com 2606,0 kg/ha de rendimento de aquênios e produção de 1039,4 kg/ha de rendimento de óleo. A média geral foi de 834,4 kg/ha de óleo.

Abstract: The Sunflower (He/ianthus annuus L.) is easy suitable specie to different regions of the country, with several applications, and it's an important alternative to employment and gains generation. Aiming to the new cultivars evaluation, the sunflower analysis was condUcted at PUC-PR, Fazenda Rio Grande, PR, using randomized complete blocks design. The results shows genotypes with high grain yield, with general mean of 2002.1 kíha, detachingACA 884, with 2606.0 kglha of grain yield, and 1039.4 kg/ha of oil yield production. The general mean were 834.4kg/ha of oil.

Introdução

o girassol tem aplicações como ração, silagem, óleo para consumo humano, ornamental e floricultura, alimentação de pássaros e é excelente matéria-prima para produção de biodiesel.

O aumento da área cultivada de girassol no país é limitado por diversos fatores, como falta de indústrias adaptadas ao processamento e problemas fitossanitários, como presença de doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematóides. A presença e intensidade destas pode variar anualmente e conforme a época de cultivo. Há regiões em que se recomenda o cultivo de primavera, agosto/setembro e em outras, o cultivo de verão, janeiro/março. O girassol é alternativa para condução em rotação culturas, sendo precedido ou seguido por um segundo cultivo na mesma safra (Castro et ai., 1996)

Em algumas regiões do Paraná, como na região metropolitana de Curitiba, não há cultivo em grandes áreas. Porém, resultados de ensaios de cultivares no local, conduzidos por várias safras, têm demonstrado o grande potencial da cultura (Guerra, 2005),

O girassol está entre as espécies oleaginosas em estudo para viabilizar a produção de biodiesel no Estado do Paraná. Õrgãos governamentais estão empenhados em conseguir a substituição do óleo diesel por óleo de origem vegetal, contribuindo para a redução do nível de poluição do ambiente e inclusão social, sendo o girassol importante alternativa de geração de emprego e renda para a agricultura familiar.

Material e Métodos

Foi instalado o ensaio final de segundo ano de genótipos de girassol na Fazenda Experimental Gralha Azul, pertencente à Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no Município de Fazenda Rio Grande, PR, que faz parte da Rede de Ensaios Oficiais de Girassol, coordenada pelá Embrapa CNPSoja, para avaliação de novos genótipos de girassol na região.

Na safra agrícola 200312004, o ensaio conteve 13 genótipos de girassol:V 80198, V 10034, ACA 884, ACA 885, ACA 872, AGROBEL 962, AGROBEL 972, HELIO 358, CATISSOL P9, NUTRISSOL 01, sendo três testemunhas, M 734, AGROBEL 960 e EMBRAPA 122 (Tabela 1).

A cada ano os ensaios são instalados em diferentes áreas da Fazenda, seguindo a recomendação de rotação de culturas, evitando-se o problema do aumento do potencial de patógenos. O ensaio seguiu o delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições. As parcelas foram constituídas de quatro linhas de 6,0 metros, espaçadas em 0,80m entre linhas e 0,30m entre plantas. A adubação foi feita no sulco de semeadura, com 350 Kg/ha de formulado 05-25-25 em sistema de plantio direto, e com aplicação em cobertura de 60 kg/ha de Nitrogênio no solo e 1,2 kg/ha de Boro por pulverizador.

Os dados para análise, coletados na área útil de 8.0 m 2 , considerando-se as duas fileiras centrais de 5,0m, já descontados 0,50m em cada extremidade e espaçadas de 0,80m, foram: número de plantas colhidas (NPC), número de dias para o florescimento

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

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(NDF), medidas da data de emergência até que 50% das plantas na parcela apresentassem pétalas amarelas, no estádio R4; número de dias para maturação fisiológica

(NDM) quando 90% das plantas da parcela apresentassem capítulos com brácteas de coloração entre amarelo e castanho, com 30% de umidade nos aquênios; altura da planta (ALT) obtida pela média, em cm, de 10 plantas competitivas, em plena floração, do

nível do solo até a inserção do capítulo; rendimento de grãos (REND) em g/parcela, da colheita e trilha dos capítulos, corrigido para umidade padrão de 11 % e calculados para kg/ha. As médias dos tratamentos, nos quatro blocos, foram comparadas pelo Teste Duncan, ao nível de 5% de probabilidade.

Antes da fase de maturação fisiológica, foram colocados sacos de tecido nos capítulos das plantas, nas linhas centrais de cada parcela, para proteção contra ataque de pássaros. A proteção foi mantida até a colheita. As parcelas foram colhidas separadas, cortando-se, manualmente, cada capítulo, logo abaixo destes. Cada parcela colhida foi embalada, identificada e transportada para trilha das parcelas. Após período de secagem à sombra, foram coletados os dados de peso (g/parcela) e umidade (%).

Amostras de sementes de cada tratamento foram coletadas, devidamente identificadas e

acondicionadas, e enviadas à Embrapa Soja para análise de teor de óleo e cálculo de rendimento de óleo, expresso em kg/ha.

Resultados e Discussão

o ensaio foi instalado no dia 22 de outubro de 2003, na Fazenda Experimental Gralha Azul, da PUC-PR e a colheita ocorreu entre fevereiro e março de 2004.

Os resultados (Tabela 1) indicaram diferenças significativas pelo Teste Duncan, entre os tratamentos. Os genótipos ACA 884 e M734

apresentaram rendimento de aquênios superior aos

demais, porém não diferente estatisticamente de NUTRISSOL 01. A média do ensaio apresentou ótimo desempenho geral de 2002,1 kg/ha, considerando que o rendimento médio nacional é de 1550 kg/ha. O genótipo EMBRAPA 122 apresentou o menor desempenho para rendimento de grãos e de óleo, sendo também o mais precoce, com 99 dias para maturação fisiológica e de baixa estatura. Sua participação nos ensaios é importante com parâmetro comparativo.

A avaliação do rendimento de óleo indicou ACA 884 como superior, com 1039,4 kg/ha, porém não diferindo estatisticamente a 5% de probabilidade pelo Teste Duncan, de M734, HELIO 358, AGROBEL 960, NUTRISSOL 01 e AGROBEL 962. Todos estes foram superiores à média do ensaio, de 834,4 kg/ha.

Conclusões

O ensaio apresentou genótipos com grande potencial de produtividade para a região, ficando os dados disponíveis para análise coniunta com outros ensaios e recomendação de cultivares.

Referências

CASTRO, C. de; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A!;

LEITE, R.M.V.B.C.; KARAM, D.; MELLO, H.C.; GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R.B. A cultura do girassol. Londrina: EMBRAPA, CNPSo, 1996. 38p. (EMBRAPA. CNPSo. Circular técnica, 13).

GUERRA, E.P. Análise conjunta de ensaios de girassol conduzidos na PUC-PR. ln: Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, 3., 2005, Gramado. Anais...

Gramado, Brasil, 2005. Resumo expandido, cdrom.

http://www.iapar.br/zippdf/biol .pdf (acesso em 18 de agosto de 2005)

http:/Jwww.tecpar.br/cerbio/biodiesel/EdOOS.pdf

(acesso em 18 de agosto de 2005)

Tabela 1: Avaliação de características agronômicas de genótipos de girassol do Ensaio Final de segundo ano 200312004, conduzido pela PUC, em Fazenda Rio Grande, PR.

Genõtipos Rendimento Teor de Rendimento do Floração Maturação Altura da lkgfhal 6leo (%( 6Ieo 1kg/heI inicial (dias) fisiológica planta (cm)

(dias) M 734 (T) 2663,1 a • 36,7 e 918,5 ab 70.2 e 114.0 be 179,5 cdet AGROBEL 960 (TI 2062.6 bo 45.2 ab 932.3 abc 70,5 de 111.5 c 164,0 eI

EMBRAPA 122 (T) 1193,8 e 40,2 cd 479,7 f 57,89 99.30 156.8 eI V 80198 1577.7 d 41,7 cd 656,4 o 79.00 117.5 e 197.7 bcd V 10034 1942.6 bcd 40,7 cd 794.1 cde 74,0 bc 115,0 eb 178,6 cdet ACA 884 2608,08 39,8 d 1039,4 a 73,5 bcd 114,7 abe 222,0 ab ACA 865 1751.5 cd 40,8 cd 716,5 do 75,0 b 112,0 bc 184,2 edo ACA 872 1672.3 cd 41,5 cd 775,3 cdo 70.7 de 112,2 be 173 def AGROBEL 962 1999.2 bcd 44,7 b 894.4 abcd 74.3 bc 115.0 ab 172,3 doí AGROBEL 972 1886,4 bcd 42.7 bc 605,8 bcde 75,3 b 115,0 ab 176.0 daI HELIO 358 2006,6 bcd 47.5 a 955.5 abc 68,71 108,5 d 150,51 CATISSOL p9 1973.6 bcd 41,5 cd 828.4 bcdo 70.0e 113.0 bc 205.3 abc NUTRISSOL 01 2317.3 ab 39,7 d 919.2 abc 71,3 cde 114,0 bc 228,3. Média 2002,1 41,8 834,4 71,5 112,5 183,4 C.V. (%( 12,3 3,9 12,3 2,5 1,7 8,9

* Médias segUidas da mesma letra no diferem entre si, a 5% de probabilidade pelo teste Ouncan.

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P 07. COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE DIFERENTES GENÓTIPOS DE GIRASSOL NA ÉPOCA DA SAFRINHA EM FERNANDÓPOLIS/SP

AGRONOMICAL PERFORMANCE OF SOME SUNFLOWER GENOTYPES SOWN OUT OF SEASON IN FERNANDÓPOLIS, STATE OF SÃO PAULO, BRAZIL

Diogo Mendonça Rodrigues Lemos 1 , Gisele Herbst Vazquez 2

1 UNICASTELO, Caixa Postal 221, 15600-000 Fernandópolis, SP, e-mail: [email protected]; 2

Doutoranda UNESP/ Jaboticabal, SP e professora da UNICASTELO, Fernandópolis, SP.

Resumo: O objetivo desta pesquisa foi avaliar a produtividade e outras características agronômicas de oito genótipos de girassol na época da safrinha em Fernandópolis/SP. O experimento foi instalado no dia 171031 2005 em área da UNICASTELO utilizando-se o espaçamento de 0,8 m entrelinhas e 43.000 pilha. O ensaio foi conduzido em delineamento de blocos casualizados com três repetições. Os tratamentos foram constituídos de oito cultivares: cinco híbridos (M 734, MC 2, Helianthus 251,358 e 250) e três variedades de polinização. aberta (IAC Uruguai, Embrapa 1221V2000 e Catissol 01). O florescimento pleno (R) ocorreu aos 55 dias após a emergência (DAE) para todos os genótipos, com exceção de MC 734 e IAC Uruguai, que atingiram este estádio aos 62 DAE. Já a maturidade fisiológica (R 9 ) ocorreu aos 81 DAE para as diversas cultivares e aos 88 DAE para a IAC Uruguai. Em termos médios, as variedades superaram em altura (de planta e de capitulo) os híbridos. Quanto ao número de folhas por planta, a IAC Uruguai superou as demais variedades de polinização aberta. De forma geral, não houve diferenças estatísticas quanto ao diâmetro docolmo e quantidade de fitomassa seca produzida por planta, o que indica que os híbridos, além das variedades, também podem ser utilizados com sucesso para produção de silagem e massa verde. Os híbridos M 734 e Helianthus 251 e a variedade IAC Uruguai foram inferiores estatisticamente à I-ielianthus 358, que obteve a maior p!odutividade de grãos. A variedade Embrapa 1 221V2000 apresentou o maior peso de 1000 aquênios e o híbrido Helianthus 251 o menor, o que provavelmente, interferiu em seu baixo rendimento. O girassol pode ser utilizado na época da safrinha como mais uma opção no esquema de rotação de culturas em Fernandópolis/SP.

Abstract: The objective of this research work was to evaluate the productivity and some agronomical characteristics of eight sunflower genotypes when sown out of season in Fernandópolis, state of São raulo, Brazil. The experiment was set up on March 17, 2005 with a spacing of 0.8 m between rows and a total of 43,000 plants per hectare. The sunflower genotypes were as follows: 'M 734', 'MC 2', 'HeÈianthus 251', 'l-Ielianthus 358', and 'Helianthus 250', which were hybrids and three open pollinated varieties ('IAC Urúguai',

'Embrapa 1 221V2000', and 'Catissol 01'). FulI flowering (R 55) took place 55 days alter seedling emergence

(DAE) for ali lhe genotypes bul the 'MC 734' and 'IAC Uruguai' which reached thai stage 62 DAE. Seeds physiological maturity was reached 81 DAE for alI the genotypes but 'IAC Uruguai' which reached that stage 88 DAE. The plants from lhe varieties were talier lhan those from lhe hybrids. As to number of leaves per plant, lhe 'IAC Uruguai" was superior lo alI lhe olher genotypes. No significant differences were found as lo culm diameter and plant dry mass this being underslood as an indication thal lhe hybrids would also be fil for fodder production. In terms of grain yield the hybrids 'M 734' and 'Helianlhus 251' and lhe variety 'IAC Uruguai' were statistically inferior to 'Helianthus 358'. The variety 'Embrapa 1 221V2000' was lhe one with lhe highest 1,000 grain weight whereas lhe hybrid 'Helianthus 251' had lhe lowest. The main conclusion from this experiment is lhat lhe sunflower crop would be an interesting alternative for out of sõason cultivation

in lhe region where lhe experiment was carried out.

Introdução

A cultura do girassol é uma das mais versáteis. Para o médio e grande produtor rural, preenche necessidades de opção de rotação e sucessão de culturas com vantagens sobre outras plantas devido

a sua menor sensibilidade à seca e a baixas lemperaturas, especialmente quando a produção visa ao mercado de óleo e de silagem. Para o pequeno

produtor, além das vantagens na sucessão e rotação, é excelente planta produtora de mel, grãos para a

alimentação de aves e consumo humano (UNGARO,

2000).

A produtividade é pouco influenciada pela altitude e pelo fotoperíodo. Essas características facilitam a sua introdução nas diferentes condições

edafoclimáticas das áreas tradicionais de produção (BALLA et ai., 1997). Porém, a época de plantio afeta a produtividade e seus componentes. No Estado de Goiás, que é o maior produtor nacional, o girassol é cultivado tanto na safra, cuja semeadura ocorre no

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIft4ssoL

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início do período das águas, mais precisamente em novembro, quanto na safrinha, que ocorre no final do período chuvoso da região (segunda quinzena de janeiro e final de fevereiro), podendo atingir até 3.500 kg/ha. Já quando irrigado, no período da seca, produz 5.400 kg/ha (AMABILE et ai., 2002). A época mais indicada para a semeadura em São Paulo, é nos meses de fevereiro e março (CASTRO et ai., 1997). Grande parte do mercado brasileiro está sendo abastecido pelo óleo de girassol proveniente da Argentina, tendo em vista que a produção nacional não é suficiente para atender a demanda de óleo (RIBEIRO, 2000).

O objetivo deste experimento foi avaliar a produtividade e outras características agronômicas de oito genótipos de girassol na época da safrinha em Fernandópolis/SP.

Material e Métodos

O experimento foi instalado em área não irrigada na Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO) em Fernandópolis/SP, localizada a 20 0 16' 31" de latitude sul, na longitude de 50 ° 15' 01" WGr e a uma altitude de 520 m em um Argissolo de textura média, no dia 17/0312005.

O solo foi preparado através de aração e gradagens niveladoras, a área foi sulcada e adubada manualmente com o equivalente a 10 kg/ha de N, 50 kg/ha de P20 5 e 50 kg/ha de K 2 0. A análise química do solo utilizado encontra-se na Tabela 1. A semeadura foi manual seguindo o esquema 3:1 sementes/cova. Após a semeadura, a área foi pulverizada com ácido bórico (2 kg/ha de B) e em seguida, com o herbicida Trifluralina Gold (Trifluralin) em pré-emergência (2,2 L/ha).

Cada parcela foi constituída por cinco linhas de sete metros de comprimento espaçadas de 0,6 m entrelinhas. O ensaio foi conduzido em delineamento de blocos casualizados com três repetições. Os tratamentos foram constituídos de oito cultivares de girassol: cinco híbridos (M 734, MG 2, Helianthus 251, 358 e 250) e três variedades de polinização aberta

(1AC Uruguai, Embrapa 1221V2000 e Catissol 01) totalizando vinte e quatro parcelas.

Vinte e cinco dias após a emergência foi realizado o desbaste, deixando-se uma planta por cova e de forma a obter 43.000 plantas/ha. Conjuntamente, foi realizada a adubação de cobertura com sulfato de amônio (40 kg de N/ha) e o controle manual de plantas infestantes.

A cultura sofreu um ataque significativo de lagarta preta (Chlosync lacinia saundersi,) e para o seu controle foi efetuada a aplicação de 0,6 L/ha do inseticida Tamaron (Methamidophos). Devido a grande ocorrência de pássaros, foi necessário proteger 15 capítulos por parcela para a determinação da produtividade e fitomassa seca de capítulo.

Os seguintes parâmetros foram avaliados: florescimento pleno (dias) - estádio R 55 de acordo com a escala de SCHNEIDER e MILLER, citada por CASTIGLIONI et al.(1 997), maturidade fisiológica

(dias) - R 9 , diâmetro do colmo (mm), altura da planta (cm) em R55 , altura do capitulo (cm) na colheita, número de folhas em R 9 , fitomassa seca (g) de folhas, de colmo, de capítulo (g) e de toda a planta em 1%, peso de 1000 aquênios (g), população de plantas na colheita (pl/ha) e produtividade (kg/ha).

As avaliações de diâmetro do colmo, altura de plantas e do capítulo e número de folhas por planta, foram feitas coletando-se dez plantas competitivas da área útil por parcela. Para as determinações de fitomassa seca de folhas, colmo e de capítulo, foram coletadas 5 plantas por parcela e as partes da planta foram postas para secar a 60 0 C até atingir massa constante, quando foram pesados e seus dados somados para obtenção da fitomassa total por planta. Os dados de produtividade, peso de 1000 aquênios e fitomassa seca de capítulo foram ajustados para um teor de água de 13% b.u. antes da realização da análise estatística.

Os parâmetros avaliados foram submetidos à análise de variância e a comparação de médias feita pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 1 - Resultado da análise química do solo do experimento. Fernandópolis/SP, 2005.

Prof. Pres M.0. pH 1< Ca Mg AI I - I+AI 88 CTC V cm mg/dm 3 gldm' CaCIz mmoI./dm' ..... ............ .... ....... ...... .... .... ........

0-20 7 19 - 5,3 4,9 18,0 6,0 1 18,0 28,9 46,9 61.6

Resultados e Discussão

De maneira geral, o florescimento pleno (R 55 )

ocorreu aos 55 dias após a emergência (DAE) para todos os genótipos, com exceção dos materiais MG 734 e IAC Uruguai, que atingiram este estádio aos 62 DAE. Já a maturidade fisiológica (I1) ocorreu aos 81 DAE para as diversas cultivares e aos 88 DAE para a IAC Uruguai.

As cultivares estudadas apresentaram diferenças em relação à altura de plantas e de capítulo (Tabela 2), havendo superioridade estatística da IAC Uruguai sobre as demais. Em termos médios, as variedades superaram em altura (de planta e de capitulo) os híbridos. Não houve diferenças quanto ao diâmetro do colmo.

i1

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Tabela 2- Altura da planta edo capítulo e diâmetro do colmo para oito cultivares degirassol.

CULTIVARES Altura planta (cm) Altura capítulo (cm) Diâmetro colmo (mm)

Ilelianthus 358 140,0 D 88,3 D 22,3 A

Helianthus 250 124,0 E 97,3 CD 24,0 A Helianthus 251 149,0 CD 93,7 CD 24,7 A

MG 2 143,0 CD 136,06 26,3 A M 734 153,0 C 101,3 C 23,3 A Ernbrapa 1221V2000 150,3 CD 129,38 24,3 A Catissol 01 165,78 126,08 24,3 A IAC Uruguai 180,7 A 158,3 A 27,0 A

7,13

Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, nâo diferem entre si pelo testo de Tukey, a 5%.

Quanto ao número de folhas por planta (Tabela 3), a IAC Uruguai superou as demais variedades (Catissol 01 e Embrapa 122), além dos híbridos Helianthus 250 e 251, apesar de não ter diferido estatisticamente de MG 2, M 734 e F-lelianthus 358.

Os genótipos não apresentaram diferenças estatísticas quanto a fitomassa seca de folhas e de colmo, provavelmente em virtude do alto Coeficiente de variação (Tabela 3). As diferenças de fitomassa total da planta foram ocasionadas por variações na fitomassa seca do capítulo, sendo a Helianthus 251, a MO 2 e a IAC Uruguai inferiores estatisticamente a I-lelianthus 358, M 734 e Catissol 01. Em termos gerais, não houve diferenças estatísticas quanto a

quantidade de fitomassa seca produzida por planta entre híbridos e variedades, sendo o híbrido Helianthus 251, o genótipo com menor valor alcançado.

A população de plantas no momento da colheita não mostrou diferenças estatísticas entre os diversos cultivares semeados, havendo uma porcentagem média de sobrevivência de 75% das plantas (Tabela 4). Os híbridos M 734 e l-lelianthus 251 e a variedade IAC Uruguai foram inferiores estatisticamente a Helianthus 358, que obteve a maior produtividade. A variedade Embrapa 1 221V2000 apresentou o maior peso de 1000 aquênios e o híbrido Helianthus 251 o menor, o que provavelmente, interferiu em seu baixo rendimento.

Tabela 3 - Número de folhas por planta e fitomassa seca de folha, colmo, capitulo e da planta toda (total) para oito cultivares de girassol..

CULTIVARES N folhas/ p1 Folhas

Fitomassa seca (g) Colmo Capítulo Total

Helianthus 358 24,3 AS 37,3 A 24,4 A 136.2 A 197,9 A Helianthus 250 20,78 38,1 A 22,2 A 83,7 AS 144,0 AS Helianthus 251 22,7 8 35,9 A 28,0 A 36.0 6 99,9 B MC 2 25,1 AS 40,3 A 38.2 A 52,06 130,5 AS M 734 24.5 AS 53,7 A 44.0 A 116,4 A 214,1 A Embrapa 1221V2000 21,0 B 37,0 A 37,2 A 89,6 AS 163,8 AS Catissol 01 22,76 43,9 A 24,9 A 116,0 A 184,8 A IAÇ Uruguai 28,7 A 46,3 A 47.0 A 38.1 8 131.4 AS

Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, nâo diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.

Tabela 4- População de plantas na colheita, produtividade e peso de 1000 aquênios para oito cultivares de girassol.

CULTIVARES População (pi/ha) Produtividade (kg/ha) . Peso do 1000 (g) Helianthus 358 34.166,7 A 3.475,5 A 91,56 Helianthus 250 35.416,7 A 2.828,7 AS 62,4 D Helianthus 251 30.416,7 A 1.050,8 C 37,4 F MG 2 35.000,0 A 2.255.5 ABC 53.2 E M 734 32.916,7 A 1.985,7 8C 74,5 C Embrapa 122/v2000 28.333,3 A 2.726,0 AS 102,5 A Catissol 01 29.166,7 A 2.534,0 AS 95,56 IAC Uruguai 32.500,0 A 1.529.7 BC 59,6 D

Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, nâo diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5%.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESOUISA DE GIRASSOL

79

Conclusões

Não obstante haver diferen ças quanto à altura dos genótipos avaliados, poucas variaçôes foram observadas em relação a fitomassa seca total da planta, o que indica que os híbridos, além das variedades, também podem ser utilizados com sucesso na produção de silagem e massa verde. Quanto à produção de grãos, o híbrido Helianthus 358 mostrou-se como o mais produtivo. O girassol pode ser utilizado na época da safrinha em Fernandópolis/SP como mais uma opção no esquema de rotação de culturas.

Referências

AMABILE, R.F.; FERNANDES, F.D.; SANZONOWICZ, C. Girassol como alternativa para o sistema de produção do Cerrado. Embrapa Cerrados, março/2002. 3p. (Circular técnica, 20).

BALLA, A.; CASTIGLIONI, V.B.R.; CASTRO, C. de. Colheita do girassol. Londrina: Embrapa-CNPSo. 1997. 25p. (Embrapa-CNPSo. Documentos, 92).

CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; CASTRO, C. de; SILVEIRA, J.M. Fases de desenvolvimento da planta de girassol. Londrina: Embrapa-CNPSo,1997. 24p.(Embrapa-CNPSo. Documentos, 58).

CASTRO, C. de; CASTIGLIONI, V.B.R.; BALLA, A.; LEITE, R.M.V.B. de C.; KARAM, D.; MELLO, H.C.; GUEDES, L.C.A.; FARIAS, J.R.B. A cultura do girassol. Londrina: Embrapa-CNPSo. 1997. 36p. (Embrapa-CNPSo, Circular Técnica, 13).

RIBEIRO, J.L. A vez do girassol. Embrapa Meio-Norte, 2000. 4p. (Comunicado técnico, 118).

UNGARO, M.R.G. Cultura do girassol. Campinas, Instituto Agronômico, 2000. 36p. (Boletim técnico, 188).

E1

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P 08. J CARACTERÍSTICAS DE DOIS HÍBRIDOS DE Hclianthus annuus CULTIVADOS NO RECÔNCAVO BAIANO

CHARACTERISTICS OF TWO HVBRIDS DE Holíanthus annuus CULTIVATED IN THE RECONCAVO OF THE STATE OF BAHIA

Cerilene Santiago Machado 1 , Carlos Alfredo Lopes de Carva1ho 2 ,

Andrela Santos do Nascimento 2 , Isabelle Brita Leite 2 , Luzimario Lima Pereira 2

'Engenheira Agrônoma, Aluna do Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Universidade Federal da Bahia.

Caixa Postal 118. 44380-000 - Cruz das Almas, Bahia, Brasil. [email protected] 2 Departamento de Fitotecnia, Escola de Agronomia, Universidade Federal da Bahia.

Resumo: O girassol (Helianthus annuus L.) é uma planta de uso diversificado, cujas sementes, flores e ramos são utilizados para os mais variados fins em vários países, inclusive no Brasil. O objetivo desse trabalho foi avaliar as características morfológicas de dois híbridos nas condições do Recôncavo Baiano, contribuindo para o desenvolvimento da cultura do girassol nesta região. Os 50 capítulos escolhidos aleatoriamente foram identificados e monitorados em todo o período do florescimento, observando as aberturas e duração das flores liguladas e tubulosas; a quantidade dos arcos radiais; altura das plantas; diâmetro dos capítulos; número e peso dos aquênios granados "cheios" e não-granados "murchos". Três capítulos de cada híbrido com diâmetros aproximados foram retirados para contagens dos números de flores do primeiro e segundo arco radial quando eles estavam no final da antese destes arcos facilitando a separação, outros três capítulos foram utilizados para as contagens do terceiro e quarto arco. O híbrido AG 920 floresceu mais rápido, a média no período de florescimento, altura da planta, diâmetro do capítulo, número e peso de aquênios não granados e totais foram inferiores ao do AG 930, este que teve número e peso de aquênios granados superiores.

Abstract: The sunflower (Helianthus annuus L.) is a plant of varied use, whose seeds, flowers and rams are used to the variedest ends in various countries, besides in Brazil. The goal of this work was to evaluate the morphologic characteristics of two hybrids in Recôncavo's region, State of Bahia, Brazil, contributing for the sunflower culture development in this region. The 50 chosen chapters aleatory were identified and monitored in every bloom period, observing the flowers lipulated openings and duration and tubulous; the quantity of the radial arcs; height of the plants; chapters diameter; number and achenes settings weight "fulI" and not settings "withered". Three chapters of each hybrid with approximate diameters were left for flowers numbers counting from first and radial second arc when they were at the end of anthesis of these arcs facilitating the separation; other three chapters were used to the counting from third and fourth arc. The hybrid AG 920 flourished faster, the average in the bloom period, height of the plant, chapter diameter, number and achenes weight not settings and total were lower than the of AG 930, this one that had number and achenes settings weight superior.

Introdução

O girassol (/-Iellanthus annuus L.) é uma planta dicotiledônea anual, pertencente à familia Asteracea, tribo Heliantheae CASS, gênero Helianthus, originário do continente Norte Americano, que é atualmente cultivado em todos os continentes, em área que atinge aproximadamente 18 milhões de hectares, destaca-se como a quarta oleaginosa em produção de grãos e a quinta em área cultivada no mundo (TECNOLOGIA..., 2004). Possui sistema radicular pivotante e bastante ramificado, haste geralmente único e com uma inflorescência no seu ápice (UNGARO, 2000).

A inflorescência do girassol constitui-se em um capítulo que abre em seqüência de fora para dentro ao longo de vários dias (FREE, 1993). As flores são

inseridas ao receptáculo, e classificadas em dois tipos: as tubulosas que são férteis, hermafroditas, estas formadas por cálice, corola, androceu e gineceu e as liguladas que são flores incompletas, com um ovário e cálice rudimentar, e uma corola transformada, parecida com uma pétala, de cor amarelo-alaranjada (ROSSI, 1998).

A importância econômica do girassol, devido a sua versatilidade de utilização, tanto na alimentação animal como na alimentação humana, produção de combustível, uso como adubação verde, entre outros, tem despertado o interesse pelo seu cultivo em várias regiões agrícolas do Estado da Bahia.

A Bahia é um pólo estratégico para o desenvolvimento do Probiodiesel, possui todos os

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE rEsoulsA DE GI9Assoi. [a

elementos necessários para potencializá-lo; diversidade oleaginosa, um programa estadual bem estruturado e uma rede de biocombustível articulada (COMEÇA..., 2005).

O objetivo desse trabalho foi avaliar as características morfológicas de dois híbridos nas condições do Recôncavo Baiano, contribuindo para o desenvolvimento da cultura do girassol nesta região.

Material e Métodos

O trabalho foi conduzido na área experimental do Departamento de Fitotecnia da Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia, localizada no município de Cruz das Almas - BA, região do Recôncavo Baiano.

O município de Cruz das Almas localiza-se na microrregiâo homogênea número 151, Zona Fisiogrófica do Recôncavo Baiano, localizada nas coordenadas geogróficas 12° 40' 39" latitude sul, 39 ° 40' 23" longitude oeste de Greenwich; sua altitude é de 220m acima do nível do mar, com a temperatura média anual de 24,5°C e umidade relativa de 82%.

Durante o período compreendido entre junho a outubro de 2004 em uma área de 1000 m 2 , utilizando espaçamento com 0,5m entre plantas e 0,9m entre linhas. As cultivares utilizadas nos plantios foram os híbridos simples AO 920 e AO 930, da AGROBEL que tem alturas de plantas de aproximadamente 1,80 e 1 ,90m respectivamente e ciclos de 95 a 125 dias.

Os 50 capítulos escolhidos aleatoriamente foram identificados e monitorados em todo o período do florescimento, observando as aberturas e duração das flores liguladas e tubulosas; a quantidade dos arcos radiais; altura das plantas; diâmetro dos capítulos; número e peso dos aquênios granados "cheios" e não-granados "murchos".

Três capítulos de cada híbrido com diâmetros aproximadamente iguais foram retirados para contagens dos números de flores do primeiro e segundo arco radial quando eles estavam no final da antese destes arcos facilitando a separação, outros três capítulos foram utilizados para as contagens do terceiro e quarto arco.

Resultados e Discussão

O período de florescimento do híbrido AO 920 variou entre sete a nove dias, enquanto o AO 930 foi de oito a treze dias, estes que se desenvolveram em condições ambientais iguais e com mesmos tratos culturais.

Os capítulos florescem do exterior do receptáculo, em círculos concêntricos e sucessivos, o florescimento total do capítulo leva de cinco a dez dias para completar-se (KAKIDA, 1981). Em Ungaro (2000) o período de florescimento depende do tamanho do capitulo e da temperatura ambiente.

A abertura das flores liguladas nos dois híbridos alternou de 12 horas a quatro dias enquanto as tubulosas no AO 920 foram de cinco a nove dias e no AO 930 de sete a doze dias. Nestes híbridos os números de arcos radiais foram de quatro nos capítulos, segundo Ungaro (2000) podem variar entre um a quatro.

As alturas das plantas de girassol podem ser de GOa 220 cm, segundo Rossi (1998), já no híbrido AO 920 foi de 65 a 123cm com média de 99cm e no AO 930 de 75 a 144cm e média de 116cm.

Os diâmetros encontrados no AG 920 variaram entre nove a dezoito cm e na AO 930 de 13 a 36cm e as médias destes foram de 14 e 19 cm respectivamente. Conforme Rossi (1998) a variação é de 10 a 40 cm, sendo a média de 17 a 22 cm, dependendo da variedade ou híbrido e das condições de desenvolvimento, devido ao clima e solo.

Os números mais freqüentes de aquênios podem alternar entre 800 a 1000 por capítulo e o peso de 1000 aquônios de 30 a 60 gramas (TECNOLOGIA,,., 2004). Segundo Rossi (1998) a média de aquênios por capítulos esteve entre 1000 a 1800. O peso de 1000 sementes no AO 920 foi de 199 e no AO 930 de 34,66g. O peso de 19 g pode ter sido em função da quantidade de números de aquênios não granados.

A variação dos números de aquênios no AG 920 foi de 1012 a 2046 com média de 1571 e no AO 930 de 1420 a 2117 e média de 1775.0 híbrido AO 920 apresentou números de aquênios granados menor que o AO 930 com 517 e 1119 respectivamente. O menor número refletiu no aumento de aquênios não granados, podendo tem sido causado por falta de polinização ou fatores climáticos.

O arco quatro apresentou a menor média de números de flores nos dois híbridos com 277 e 265 flores respectivamente AO 920 e AO 930, sendo que as maiores médias foram no arco três com 489 no AO 920 ano arco um com 372 flores no AO 930.

Conclusões

Na região estudada o híbrido AO 920 foi o mais precoce; contudo, a média do período de florescimento, a altura da planta, o diâmetro do capitulo, o número e peso de aquênios não granados e total apresentaram valores inferiores ao do híbrido AO 930.

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EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Referências

COMEÇA cultivo de girassol para biodiese!. Diário oficial (BA), Salvador, 18 mar. 2005. Agricultura.

FREE, J.B. Insect pollination of crops. London: Academic Press, 1993. 684p.

KAKIDA, J. Cultivares de girassol. Informe Agopecuário. Belo Horizonte. v.7, n.82, p. 76-78, out. 1981.

ROSSI, R. O. Girassol. Curitiba: Tecnoagro, 1998.

TECNOLOGIAS de produção girassol. Disponível em: < http://www.cnpso.embrapa.br/ producaogirasso>Acesso em maio de 2004.

UNGARO, M. R. G. Cultura dè girassol. Campinas: Instituto Agronômico, 2000. 36 p. (Boletim Técnico, 188).

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL 83

P õ9_ .1 EFEITO DE DOIS ESPAÇAMENTOS ENTRELINHAS EM TRÊS HÍBRIDOS DE GIRASSOL

EFFECT OF TWO ROW SPACINGS 1W THREE HIBRIDS OF SUNFLOWER

Alessandro Guerra da Silva 1 , Rodrigo Pires 2 , Eduardo Bezerra de Mor5es 2 ,

Ana Cláudia Barneche de 0liveira 3 , Cláudio Guilherme Portela de Carvalho 3

'Fesurv - Universidade de Rio Verde, Caixa Postal 104,75901-970 Rio Verde, GO. e-mail: [email protected] ; 2 Fesurv - Universidade de Rio Verde, Rio Verde, GO; 3 Embrapa Soja, Londrina, PR.

Resumo: Com objetivo de avaliar o efeito dos espaçamentos de 40 e 50 cm entrelinhas em três híbridos de girassol, foi conduzido um ensaio no campus exprimental da Fesurv - Universidade de Rio Verde, em Rio Verde (GO). Utilizou-se os híbridos de girassol Agrobel 960, BRHS 5 e Hélio 251. A populacão de plantas empregada foi a de 60.000 plantas/ha. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. A semeadura foi realizada no dia 12 de março de 2005 e a colheita realizada em 5 de julho de 2005. Avaliou-se o rendimento de aquênios, o peso de 1.000 aquênios, o tamanho do capítulo e a altura de plantas. O maior rendimento de aquênios foi obtido com o híbrido de girassol Agrobel 960, sendo também o de menor porte. Não houve diferenças significativas entre os híbridos para o peso de 1.000 aquênios e tamanho do capítulo. O espaçamento de 40cm entrelinhas permitiu a obtenção de maior rendimento, porém com menor peso de 1.000 aquênios, não influenciando o tamanho dos capítulos e a altura de plantas.

Abstract: With the objective of evaluating the effect of two row spacing (40 and 50cm) in three hibrids of sunflower, a trial was carried out on the Fesurv - Universidade de Rio Verde campus in Rio Verde, GO. The hibrids Agrobel 960, BRHS 5 and Hélio 251 were used with 60.000 plants/ha. The random blocks design was used with four repetitions. The planting was at march, during the 2005 sowing growth. The harvest was at july. It was evaluated the achene yield, achene thousand weight, capitulum size and plant height. The Agrobel 960 hibrid presented the highest achene yield and smallest height. The sunflower hibrids don't present significant differences for achene thousand weight and capitulum sue. The 40 cm row spacing presented highest achene yield and smallest achene thousand weight. The row spacings didn't influence the capitulum size and plant height.

Introdução

Nos últimos anos, muitos agricultores da região Centro-Oeste têm usado a cultura do girassol para o cultivo após a colheita da safra de verão, no período conhecido como safrinha. A opção pelo cultivo dessa oleaginosa está no fato de ser uma excelente opção para a rotação e sucessão de culturas apresentando benefícios para a cultura sucessora (Amabile etal., 2002; Sodré Filho etal., 2004). Além disto, o girassol permite a obtenção de grãos para produção de óleo na entressafra, diminuindo a capacidade ociosa das indústrias.

O correto uso de cultivares de girassol em determinados espaçamentos entrelinhas tem permitido a maximização do uso de máquinas agrícolas para a implantação das culturas de safrinha na região Centro-Oeste, com maximização no rendimento das culturas. Várias culturas permitem o uso de espaçamentos reduzidos, como a soja, feijão, sorgo e milho, sendo que as três últimas são amplamente usadas após a colheita da soja ou do milho de primeira safra. A combinação ótima de híbridos de girassol e de espaçamentos entrelinhas permitirá a exploração,

pelas plantas, de maneira eficiente dos recursos ambientais da área (água, luz e nutrientes), proporcionando a obtenção de maiores rendimentos.

Os efeitos da população de plantas, dos

espaçamentos entrelinhas e dos híbridos de girassol nos caracteres agronômicos da cultura foram avaliados por diversos autores (Silva & Nepomuceno, 199 1; Almeida & Silva, 1993; Silva & Rizzardi, 1993; Rizzardi & Silva, 1993; Silva & Almeida, 1994; Silva etal., 1995). Além disto, o uso de espaçamentos reduzidos possibilitaria ao produtor a vantagem de empregar o mesmo espaçamento para o cultivo de outras culturas, não necessitando de mudanças no espaçamento da semeadora.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho é o de avaliar o efeito dos espaçamentos entrelinhas de 40 e 50 cm em três híbridos de girassol.

Material e Métodos

o ensaio foi instalado no campus experimental da Fesurv - Universidade de Rio Verde, em Rio Verde (GO)

fd

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

no ano agrícola 2005. Os híbridos de girassol utilizados foram o Agrobel 960, BRHS Se Hélio 251, cultivados nos espaçamentos de 40 e 50 cm entrelinhas. A população de plantas empregada foi de 60.000 plantas/ha.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. Cada parcela era composta de 4 linhas de semeadura com 5,0 m de comprimento. A área útil das parcelas foi obtida eliminando as duas linhas laterais e 0,5 m de cada extremidade. Assim a área útil das parcelas era de 3,2 e 4,0 m 2, respectivamente, para os espaçamentos de 40 e 50cm.

A semeadura foi realizada no dia 12 de março, empregando-se o equivalente a 300 kg/ha do adubo 08-20.18, conforme análise do solo. Não foi realizada adubação de cobertura com nitrogênio devido a ausência de chuvas durante a condução do ensaio.

Visando evitar o efeito de plantas daninhas, foi realizada duas capinas aos 20 e 40 dias após a emergência das plãntulas. Não foi realizada nenhuma aplicação de fungicida, bem como uso de irrigação. Para o controle da lagarta preta do girassol (Chlosync lada/a saundersi,) , foi aplicado 2,0 I/ha do inseticida endossulfan em todo oensaio. Para evitar o ataque de pássaros, cobriu-se os capítulos com rede plástica aos 15 dias após o florescimento das plantas.

No dia 5 de julho de 2005, foi realizada a colheita dos cultivares. Avaliou-se o rendimento e o peso de 1.000 aquênios, o tamanho do capítulo e a altura de plantas. Uma vez coletados os dados de campo, as características foram submetidas a análise de variância, empregando o teste de Tukey a 5% de probabilidade quando constatada significância para as fontes de variação avaliadas.

Resultados e Discussão

A partir dos valores obtidos, constatou-se que não houve interação entre os espaçamentos e os híbridos de girassol para todas as características avaliadas, sendo verificado portanto somente efeitos médios para as fontes de variação analisadas.

Diferenças significativas foram observadas entre

os híbridos de girassol avaliados e os espaçamentos entrelinhas para a característica rendimento de aquênios. Dentre os híbridos, destaca-se o Agrobel

960, que produziu 1.372 kg/ha de aquênios, sendo superior em 30% ao híbrido Hélio 251,que apresentou rendimento inferior aos demais (Tabela 1). Devido ser cultivo no período da safrinha, o rendimento obtido com os cultivares de girassol são inferiores aos de Silva & Nepomuceno (1991) e de Rizzardi & Silva (1993).

• Para o peso de 1.000 aquênios, verificou-se que os híbridos avaliados apresentaram valores

semelhantes entre si, obtendo-se o valor médio de 59,7g para cada 1.000 aquênios (Tabela 1). Os resultados obtidos podem ser considerados satisfatórios visto que assemelham-se aos de Rizzardi e Silva (1993) quando empregaram população de plantas semelhantes à utilizada no ensaio. Para o tamanho do capítulo verificou-se valor médio de 11,8 cm na média dos híbridos, não havendo também diferenças entre os materiais. Os híbridos BRHS 5 e Hélio 251 apresentaram alturas de plantas semelhantes entre si (Tabela 1), sendo superior ao Agrobel 960, que apresentou menor porte.

Quando se analisa o efeito dos espaçamentos entre plantas, verificou-se significância pdra as fontes de variação rendimento de aquênios e peso de 1.000 aquênios (Tabela 2). Na primeira característica, observa-se que o espaçamento de 40 entrelinhas proporcionou maior rendimento (1.272 kg/ha) em relação ao espaçamento de 50cm (1.060 kg/ha). No entanto o espaçamento de 40cm proporcionou menor peso de 1.000 aquênios (55,9 g). O uso de espaçamentos entrelinhas menores pode ser benéfico quando o objetivo é o controle de ervas daninhas na cultura do girassol. Isto pode ser atribuido ao fato destes espaçamentos proporcionarem o sombreamento mais rápido das entrelinhas. Efeitos benéficos no uso de espaçamentos reduzidos foram verificados também por Silva & Nepomuceno (1991) e Silva et aI. (1995). Para o tamanho do capítulo e altura de plantas, os valores médios obtidos foram de 11,8 cm e 92,5 cm respectivamente, não havendo diferenças significativas entre os valores.

Conclusôes

o maior rendimento de aquênios foi obtido com o híbrido de girassol Agrobel 960, sendo também o de menor porte. Para o peso de 1.000 aquênios e tamanho do capítulo, não houve diferenças significativas entre os híbridos avaliados. Com o uso do espaçamento de 40cm entrelinhas, foi possível a obtenção de maior rendimento, porém com menor peso de 1.000 aquênios, não influenciando o tamanho dos capítulos e a altura de plantas.

Referências

ALMEIDA, M.L.de.; SILVA, P.R.F.de. Efeito de

densidade e época de semeadura e de adubação nas características agronômicas do girassol. 1 Rendimento de grãos e de óleo e seus componentes: Pesquisa Agropecuária Brasileira; Brasilia, v.28, n.7, p.833-841, 1993. •

AMABILE, R.F.; FERNANDES, F.D.; SANZONOWICZ, C. Girassol como alternativa.para o sistemade pródução para o cerrado. Brasília: Embrapa Cerrados. 2002. 2p. (Circular Técnica, 20).

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GInASSOL

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RIZZARD, M.A.; SILVA, P.R.F.da; Resposta de cultivares de girassol à densidade de plantas em duas épocas de semeadura. 1 - Rendimento de grãos e de

óleo e componentes do rendimento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.28, n.6, p.615-687, 1993.

SILVA, P.R.F.da; ALMEIDA, M.L.de. Resposta do girassol à densidades em duas épocas de semeadura e dois níveis de adubação . II Características de planta associadas à colheita. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasilia, v.29, n.9, p.1366-1 371, 1994.

SILVA, P.R.F.da; NEPOMUCENO, A.L. Efeito do arranjo de plantas no rendimento de grãos , componentes do rendimento • teor de óleo e no controle de plantas daninhas em girassol. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.26, n.9, p.l5O3-15O8, 1991.

SILVA, P.R.F.da; RIZZARD, M.A. Resposta de cultivares de girassol à densidade de plantas em duas épocas de semeadura. II - Características associadas à colheita. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,

v.28, n.6, p.689-700, 1993.

SILVA, P.R.F.da; RIZZARD, M.A.; MUZELL, M.; ALMEIDA, M.L.de. Densidade e arranjo de plantas em girassol. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, v.30, n.6, p.797-810, 1995.

SODRÉ FILHO, J.; CARDOSO, A.N.; CARMONA, R.; CARVALHO, A.M.de. Fitomassa e cobertura do solo de culturas de sucessão ao milho na região dos cerrados. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v.39, n.4, p.327-334, 2004.

SOLASI, A.D.; MUNDSTOCK, C.M. Épocas de semeadura e características do capitulo de cultivares de girassol. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasflia, v.27, n.6, p.873-879, 1992.

Tabela 1 - Valores médios de rendimento de aquênios (REND), peso de 1.000 aquênios (100013), tamanho do capítulo (TC) e altura de plantas (AP) nos espaçamentos de 40 e 50cm entrelinhas. Rio Verde (GO).

Rend P100013 Te AI'

(Kg/ha) (g) (cm)

Agrobel 960 1.372 a 58,6 11,6 82 b

BRHS5 1.069ab 61,1 11,5 98a

Hélio 251 1.056 b 59,4 12,2 97 a

Média 1.167 59,7 11,8 92

Tabela 2- Valores médios de rendimento de aquênios (REND), peso de 1.000 aquênios (1 000G), tamanho do capítulo (TC) e altura de plantas (AP) dos cultivares de girassol Agrobel 960, BRRS Se Hélio 251. Rio Verde (GO).

Rend P1000G TC AP

(Kg/ha) (g) (cm)

40 1.2723 55,9 b 12,0 93

50 1.060 b 63,5a 11,5 92

Média 1.166 59,7 11,8 92,5

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

1 o71 EFEITO DO ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS EM TRÊS HÍBRIDOS DE GIRASSOL

EFFECT OF ROW SPACING IN THREE HIBRIDS OF SUNFLOWER

Alessandro Guerra da Silva 1 , Eduardo Bezerra de Morâes 2 ,

Rodrigo Pires 2 , Cláudio Guilherme Portela de Carvalho 3 ,

Ana Cláudia Barneche de Oliveira 3

'Fesurv - Universidade de Rio Verde, Caixa Postal 104, 7590 1-970 Rio Verde, GO. e-mail: [email protected] ; 2 Fesurv - Universidade de Rio Verde, Rio Verde, GO; 3 Embrapa Soja, Londrina, PR.

Resumo: Com objetivo de avaliar o efeito do espaçamento entrelinhas em três híbridos de girassol nas características agronômicas da cultura, foi conduzido um ensaio no campus experimental da Fesurv - Universidade de Rio Verde, em Rio Verde (GO). Utilizou-se os híbridos de girassol Agrobel 960, BRHS 5 e Hélio 251,cultivados nos espaçamentos de 40, 50,70 e 80cm entrelinhas. A população de plantas empregada foi a de 45.000 plantas/ha. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. A semeadura foi realizada no dia 12 de março de 2005 e a colheita realizada em 5 de julho de 2005. Avaliou-se o rendimento de aquênios, o peso de 1.000 aquênios, o tamanho do capítulo e a altura de plantas. Os resultados obtidos permitiram concluir que o híbrido de girassol Agrobel 960 apresentou maior rendimento, sendo o de menor porte. Os híbridos de girassol não diferiram quanto ao peso de 1.000 aquênios e tamanho do capítulo. O espaçamento entrelinhas de 40cm apresentou maior rendimento. O espaçamento entrelinhas não influenciou o peso de 1.000 aquênios, tamanho do capítulo e altura de plantas.

Abstract: With the objective of evaluating the effect of row spacing in three hibrids of sunflower on agronomic characteristics, a trial was carried out on the Fesurv - Universidade de Rio Verde campus in Rio Verde, GO. The sunflower hibrids used were Agrobel 960, BRHS 5 and Hélio 251, in four row spacings (40, 50, 70 and 80 cm). The plant population used was 45.000 plants/ha. The random blocks design was used, with four repetitions. The planting was at march, during the 2005 sowing growth. The harvest was at july. It was evaluated the achene yield, achene thousand weight, capitulum size and plant height. The Agrobel 960 hibrid presented the achene highest yield and smallest height. The sunflower hibrids don't present significant differences for achene thousand weight and capitulum size. The 40cm row spacing presented highest achene yield. The row spacings didn't influence the achene thousand weight, capitulum size and plant height.

Introdução

A cultura do girassol é uma excelente opção de rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos na época da safrinha (Amabile etat, 2002; Sodré Filho et ai., 2004). Além dos benefícios proporcionados as culturas sucessoras, o girassol permite a obtenção de grãos para produção de óleo na entressafra, diminuindo a capacidade ociosa das indústrias.

A escolha adequada de cultivares de girassol a serem cultivadas na região Centro-Oeste, associada a adequação do espaçamento entrelinhas são requisitos essenciais para obtenção de altos rendimentos com o uso dessa oleaginosa. A combinação ótima entre esses dois fatores permitirá a exploração de maneira eficiente dos recursos ambientais da área, proporcionando a obtenção do maior rendimento, sem contudo comprometer o aspecto fitossanitário da cultura.

Os efeitos da população de plantas, do

espaçamento entrelinhas e dos híbridos de girassol nas características agronômicas da cultura foram

avaliados em vários trabalhos de pesquisa (Silva & Nepomuceno, 1991; Almeida & Silva, 1993; Silva & Rizzardi, 1993; Rizzardi & Silva, 1993; Silva & Almeida, 1994; Silva et aL, 1995). Além disto, o produtor teria a vantagem de empregar o mesmo espaçamento para o cultivo de outras culturas, como soja, feijão, sorgo e até mesmo o milho, não necessitando assim de mudar o espaçamento da semeadora.

Sendo assim, o objetivo deste trabalho é o de avaliar o efeito do espaçamento entrelinhas em três híbridos de girassol nas características agronômicas da cultura.

Material e Métodos

O ensaio foi instalado no campus experimental da Fesurv - Universidade de Rio Verde, em Rio Verde (GO) no ano agrícola 2005. Os híbridos de girassol utilizados foram o Agrobel 960, BRHS Se Hélio 251, cultivados nos espaçamentos de 40, 50, 70 e 80 cm entrelinhas.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

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A população de plantas empregada foi a de 45.000 plantas/ha.

0 delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. Cada parcela era composta de 4 linhas de semeadura com 5,0 m de comprimento. A área útil das parcelas foi obtida eliminando as duas linhas laterais e0,5 m de cada extremidade. Assim a área útil era de 3,2; 4,0; 5,5 e 6,4 m 2, respectivamente, para os espaçamentos acima mencionados.

A semeadura foi realizada no dia 12 de março, empregando-se o equivalente a 300 kglha do adubo 08-20-18, conforme análise do solo. Não foi realizada adubação de cobertura com nitrogênio devido a ausência de chuvas durante a condução do ensaio.

Para evitar o efeito de plantas daninhas, foi realizada duas capinas manuais aos 20 e 40 dias após a emergência das plântulas. Não foi realizada nenhuma aplicação de fungicida, bem como uso de irrigação. Para o controle da lagarta preta do girassol (Chlosyne lacinia saundersi,), foi aplicado o equivalente a 2,0 1 do inseticida endossulfan em todo o ensaio. Para evitar o ataque de pássaros, cobriu-se os capítulos com rede plástica 15 dias após o florescimento das plantas.

A colheita foi realizada no diaS de julho de 2005. Avaliou-se o rendimento e o peso de 1.000 aquênios, o tamanho do capitulo e a altura de plantas. Todas as características foram submetidas a análise de variância, empregando o teste de Tukey a 5% de probabilidade quando foi constatada significância para as fontes de variação avaliadas.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos permitiram verificar que não houve interação entre os híbridos de girassol e o espaçamento entrelinhas utilizado. Somente foram verificadas significâncias para os efeitos médios dessas fontes de variação.

Na avaliação do rendimento de aquênios, pode-se perceber o rendimento superior do híbrido Agrobel 960 (1.371 kgiha), sendo superior ao BRHS Se ao Hélio 251,

que não diferiram entre si (Tabela 1). Os rendimentos obtidos são inferiores quando comparados a outros trabalhos de pesquisa (Silva & Nepomuceno, 1991; Rizzardi & Silva, 1993). O BRHS 5 e o Hélio 251 apresentaram maior altura de plantas em relação ao Agrobel 960, que foi de menor porte (86 cm).

Para o peso de 1 .000 aquênios, não foi observada sigriificância entre os híbridos avaliados, sendo obtido valor médio de 58,2 g. Estes resultados assemelham-se aos de Rizzardi e Silva (1993) quando empregaram população de plantas semelhantes à utilizada no ensaio. o mesmo foi constatado para o tamanho dos capftulos, o que pode perceber a relação destas duas variáveis.

Quando se avalia o efeito do espaçamento entrelinhas, pode perceber diferenças significativas entre os híbridos de girassol para o rendimento de aquênios. Neste caso, o espaçamento de 40 cm entrelinhas proporcionou maior rendimento (1.326 kg/ ha), sendo superior ao espaçamento de 70 e 80cm. O uso de espaçamentos entrelinhas menores pode ser benéfico também no auxflio de controle de plantas daninhas na cultura do girassol, pelo fato de proporcionar o sombreamento mais rápido das entrelinhas, proporcionando efeito supressor no desenvolvimento das ervas, como destacado por Silva & Nepomuceno (1991) e Silva et ai. (1995).

Para as demais características, não foi verificada diferenças significativas entre os espaçamentos entrelinhas. Para o peso de 1.000 aquênios, foi obtido valor médio de 58,2g, e para o tamanho do capitulo e altura de plantas, valores médios de 12,1 e 92,6cm respectivamente. Para o diâmetro do capitulo os resultados obtidos foram inferiores aos obtidos por Solasi & Mundstock (1992).

Conclusões

o híbrido de girassol Agrobel 960 apresentou maior rendimento na média dos espaçamentos entrelinhas, sendo também o de menor porte. Os híbridos de girassol não diferiram quanto ao peso de 1 .000 aquênios e tamanho do capítulo. O espaçamento entrelinhas de 40 cm apresentou maior rendimento, sendo superior ao de 70 e 80 cm. Para o peso de 1.000 aquênios, tamanho do capítulo e altura de plantas, não foram observadas diferenças significativas entre os espaçamentos adotados.

Referências

ALMEIDA, M.L.de.; SILVA, P.R.F.de. Efeito de densidade e época de semeadura e de adubação nas características agronômicas do girassol. l Rendimento de grãos e de óleo e seus componentes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasnia, v.28, n.7, p.833-841, 1993.

AMABILE, R.F.; FERNANDES, F.D.; SANZONOWICZ, C. Girassol como alternativa para o sistema de produção para o cerrado. Brasília: Embrapa Cerrados. 2002. 2p. (Circular Técnica, 20).

RIZZARD, M.A.; SILVA, P.R.F.da. Resposta de cultivares de girassol à densidade de plantas em duas épocas de semeadura. 1 - Rendimento de grãos e de óleo e componentes do rendimento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.28, n.6, p.675-687, 1993.

SILVA, P.R.F.da; ALMEIDA, M.L.de. Resposta do girassol à densidades em duas épocas de serneadura e dois níveis de adubação . II Características de planta associadas à colheita. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.29, n.9, p.1365-1 371, 1994.

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SILVA, P.R.F.da; NEPOMUCENO, A.L. Efeito do arranjo de plantas no rendimento de grãos , componentes do rendimento , teor de óleo e no controle de plantas daninhas em girassol. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.26, n.9, p.1503-1508, 1991.

SILVA, P.R.F.da; RIZZARD, M.A. Resposta de cultivares de girassol à densidade de plantas em duas épocas de semeadura. II - Características associadas à colheita. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, v.28, nO, p.689-700, 1093.

SILVA, P.R.F.da; RIZZARD, M.A.; MUZELL, M.; ALMEIDA, M.L.de. Densidade e arranjo de plantas em girassol. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.30, n.G, p.797-810, 1995.

SODRÉ FILHO, J.; CARDOSO, A.N.; CARMONA, R. CARVALHO, A.M.de. Fitomassa e cobertura do solo de culturas de sucessão ao milho na região dos cerrados. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.39, n.4, p.327-334, 2004.

SOLASI, A.D.; MUNDSTOCK, C.M. Épocas de semeadura e características do capítulo de cultivares de girassol. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasilia, v.27, n.6, p.873-879, 1992.

Tabela 1 - Valores médios de rendimento de aquênios (REND), peso de 1.000 aquênios (1 000G), tamanho do capitulo (TC) e altura de plantas (AP) nos espaçamentos de 40, 50, 70 e 80 cm entrelinhas. Rio Verde (GO).

Rend P1000G TC AP (Kg/ha) (g) (cm)

Agrobel 960 1.371 a 58,5 12,1 86 b BRHSS 772 b 60,9 11,8 95 a Hélio 251 830 b 55,2 12,3 96 a Média 991 58,2 12,1 92

Tabela 2- Valores médios de rendimento de aquênios (REND), peso de 1.000 aquênios (1000G), tamanho do capítulo (TC) e altura de plantas (AP) dos cultivares de girassol Agrobel 960, BRHS 5 e Hélio 251. Rio Verde (GO).

Rend P1000G TC AP

(Kg/ha) (g) (cm) 40 1.3263 59,3 12,4 91,9

50 1.027 ab 56,0 12,0 89,9

70 846 b 59,1 12,2 92,2

80 766 b 57,6 11.7 96,2

Média 991 58,2 12,1 92,6

ANAIS - XVI HEUNIÃO NACIONAL DE FESQUISA DE (JIRASSOL

bu

11. ESPAÇAMENTO PARA PLANTIO DE GIRASSOL NAS CONDIÇÕES DOS CERRADOS DE RORAIMA

INTER-ROW SPACING FOR SUNFLOWER CULTIVATION IN CERRADO ECOSYSTEM OF RORAIMA

Oscar J. Smiderle 1 ; Moisés Mourão Jr; Daniel Gianluppi; Dalton R. Schwengber

1 Embrapa Roraima, Caixa Postal 133, 69301-970 Boa Vista, RR, e-mail: oismidercpafrr.embraoa.br

Resumo: O objetivo deste trabalho foi definir o espaçamento para plantio de girassol, cultivado nos cerrados de Roraima. Para tanto, foram instalados dois experimentos, em quatro épocas de semeadura (29105; 12106; 25106 e 08/07/2002) e (28105; 11106; 26106 e 1110712003) utilizando para teste os materiais AG 910 e BRS 191 em 2002, e Cargill 11 e BRS 191 em 2003, nos espaçamentos de 0,7, 0,8 e 0,9 metros entre fileiras. Na semeadura foram aplicados 120 kg ha' de P 20 5 e 60kg ha de K0, além de 60kg ha de FTE BR 12. Aos 30 dias após a emergência fez-se cobertura com cloreto de potássio (60 kg ha -1 de K20). Foram realizadas coletas de capítulos na maturidade fisiológica, com as determinações de tamanho de capítulos, teor de óleo nos grãos, produtividade e rendimento de óleo. Os resultados de produtividade, teor e rendimento de óleo indicam que o cultivo de girassol, sob as condições dos cerrados de Roraima tem como espaçamento indicado 0,80 metros entre fileiras.

Abstract: This work aimed to determine sunflower plant spacing under cerrados conditions of Roraima. Therefore, two experiments were conducted over two years according to sowing dates (29/05/2002, 121061 2002, 2510612002, 0810712002 and 2810512003, 11/06/2003, 26/06/2003 and 1110712003), with AG 910 and ARS 191 cultivars in 2002 and Cargill 11 and BRS 191 in 2003 and utilizing plant spacing of 0,70; 0,80 and 0,90m between rows. At sowing operations, 120 kg ha' P 20 5 , 60 kg ha 1 of 1(20 and 60kg ha' FTE BR-12 were apllied. Thirty days after emergence a potassium chloride sidedressing fertilization took place (60kg ha-1 K 20). The capitulum harvest occured at physiological maturity, with the determination of capitulum size, oil amount, productivity and efficiency in oil production. Data regarded to oil productivity, oil content and oil output indicate that 0,80 m between rows is indicated for sunflower cultivation in cerrado conditions of Roraima.

Introdução

O girassol (/-Ie/ianthus annuus L.) responde por cerca de 13% de todo óleo vegetal produzido no mundo e vem apresentando índices crescentes de produção

e área plantada (Estados Unidos, 2003). Por ser uma cultura de ampla adaptabilidade, alta tolerância à seca, alto rendimento de grãos e de óleo e pouco influenciada pela altitude e latitude, pode contribuir significativamente para maior diversificação dos sistemas agrícolas da região dos Cerrados, hoje restrita a poucas culturas. A expansão dessa cultura

na região é favorecida por sua maior tolerância ao estresse hídrico (Castro et ai., 1997), que ocorre normalmente no final do período chuvoso.

O cultivo de girassol voltado à produção de grãos concentra-se nos estados de Goiás (70% da produção na safra 2002); Mato Grosso do Sul (12,6% da produção na safra 2002); e Rio Grande do Sul (8,1% na safra 2002), sendo Paraná e Mato Grosso responsáveis por aproximadamente 9,3% da produção total em 2002 (Fagundes, 2002).

A definição do espaçamento de plantio para as

culturas anuais assume importância destacada,

principalmente quando seu ciclo de cultivo é curto, o número de plantas por área é fundamental, e se deseja inserir o cultivo no sistema produtivo de uma região

específica. O projeto de "adubação nitrogenada, espaçamento e épocas de semeadura de girassol nos cerrados de Roraima" foi desenvolvido para atender a demanda por informação sobre a cultura do girassol nos Cerrados do nordeste do estado de Roraima, região que abrange uma área de aproximadamente 1.500.000 hectares.

Os experimentos com espaçamentos de girassol conduzidos nos cerrados de Roraima têm sido desenvolvidos para atender a demanda por informação

sobre a cultura do girassol. Contudo, são poucas informações sobre o sistema produtivo nessas áreas.

Material e Métodos

Deste modo, foram conduzidos experinientos instalados em quatro épocas (29105; 12106; 25106 e 0810712002); (28105; 11106; 26106 e 1110712003) de semeadura utilizando para teste os materiais AG 910 eBRS 191 em2002,ecomCargjll11eBRs191 em 2003, com o objetivo de definir o melhor

MO

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

espaçamento para o cultivo de girassol (cv. BRS 191) nos cerrados de Roraima. Os quatro plantios do final de maio ao inicio de julho foram realizados com intervalos de 15 dias. A implantação dos ensaios, deu-se nos anos de 2002 e 2003. Foram avaliados os parâmetros de produtividade e teores de óleo obtidos.

Na semeadura foram aplicados 120 kg ha de P 205 e 60kg ha' de K 20, além de 60kg ha 1 de FTE BR 12. Foram realizadas as adubações de 80 kg.ha -1 de N (uréia como fonte) em duas aplicações, 40% aos 15 dias após a emergência (DAE) e 60% aos 30 dias. Aos 30 DAE fez-se cobertura com cloreto de potássio (60kg ha -1 de K 20). O ensaio constituiu-se de blocos casualizados com 04 repetições, sendo que a área útil das parcelas constituíram-se de quatro fileiras de 06m de comprimento e os espaçamentos em estudo de 0,70, 0.80 e 0,90 metros entre fileiras com população de 50.000 plantas por hectare.

A época de plantio utilizada para a determinação do espaçamento ótimo, para cultivo do girassol foi a preconizada por Smiderle etal. (2004), englobandoo período do início até a primeira quinzena de junho.

Já o teor de óleo apresentou uma oscilação global menor entre os genótipos e anos de avaliação, oscilando entre 32 e 40% e com coeficientes de variação entre 03 e 08%. Em todos os casos foi observada homogeneidade de variâncias (p 30,70).

A exceção de girassol Cargill 11, todas as cultivares não apresentaram-se influenciadas (p<0,15) pelo espaçamento empregado (Tabela 2). Deste modo, tanto para AG-910 (l.C. (95%) : 33,8-35,5%) quanto BRS-191 (l.C. 095%) : 35,3-36,5%) o critério de decisão quanto ao espaçamento ótimo volta-se para ótimo em produção de grãos. Já para a cultivar Cargill 11, o espaçamento de 0,90m (Tabela 2) com intervalos de confiança 33,8 a 37.2% se apresentou como similar ao de 0,80m.

Tabela 2 - Valores médios de teor de óleo (%) de girassol nas cultivares avaliadas, em função dos espaçamentos utilizados

Espaçamentos AC-91 O BR5-1 91 Cargill

(m) 2002 2002 2003 Média 2003

0,70 34,3 a 39,2 a 31,4 a 35,3 a 31,9 13

Resultados e discussão

A produtividade apresentou oscilação global de 879-1.223kg ha 1 entre os genótipos e anos de avaliação, com coeficientes de variação entre 16 e 30%. Ressaltando que em todos casos foi verificada homogeneidade de variãncias (p 30,30). O efeito do espaçamento empregado sobre a produtividade, em todas as cultivares avaliadas, foi significativo (p'CO,Ol).

Em todas as cultivares o espaçamento 0,80m foi assinalado como o mais indicável (Tabela 1), ressaltando-se que somente a cv. Cargill 11 apresentou o mesmo patamar de produtividade em espaçamentos maiores. Os intervalos de confiança obtidos (l.C. (95%J AG-910: 1.162-1.380kg ha' t ;

1 .C. W5%) BRS-191 : 1.272-1.473kg ha 1 ; l.C. 195%1 Cargill: 1.138-1.462kg ha'), definem um retorno econômico considerável, estando situados em torno da média nacional (Conab, 2004).

Tabela 1 - Valores médios de produtividade de grãos de girassol (kg ha 1 ) nas cultivares avaliadas, em função dos espaçamentos empregados

0,80 34,3 a 39,3 a 32.3 a 35,8 a 33,9

0,90 35.3 a 41,1 a 32,3 a 36,7 a 35,5 a

Total 34.7 39,9 32,0 35.9 33.8

Valores precedidos de mesma letra, na vertical, n5o diferem

significativamente, segundo o teste de Tukey, no nível de 5%

Avaliando-se o rendimento de óleo, tem-se que nas cultivares AG-910 (l.C. 1$5%) : 337-498k9 ha") e BRS-191 (l.C.WG%): 437-542kg ha") o espaçamento 0,80m foi indicado como ótimo (Figura 1).

700

- 800

500 00

400 Hn 300

. 200

800

.9 O 'O 0,70m 0,80m 0.90m 0.70m 0,80m 0,9Cm

63 AG-910 BRS-191 700

600

oco

E 400

000 c 63 200

'00

0,70m 0,80m 0,00m

CargUl

Espaçamentos AG-910 BR5-191

(m) 2002 2002 2003 Média

0,70 820 b 667 b 1.030 c 849 13

0.80 1.271 a 1.285 a 1.460 a 1.372 a

0.90 808 13 686 b 1.130 b 908 b

cargili 11 Figura 1 - Valores médios e intervalo de confiança de

2003 95% para o rendimento de óleo (%), em função dos 986 13 espaçamentos empregados, nas cultivares avaliadas

1.300 a

1.385 a

Total 966 879 1.207 1.043 1.223

____ A cultivar Cargill 11, que mesmo apresentando

* Valores precedidos de mesma letra, na vertical, no diferem maior teor de óleo em espaçamentos maiores (Tabela

significativamente, segundo o teste de Tukey, no nível de 59. 2) e equivalência na produção de grãos destes em

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

relação ao espaçamento imediatamente inferior (Tabela 1), apresentou o espaçamento 0,80m como o mais indicada, visto a equivalência deste ao de 0,90m ao referir-se ao rendimento de óleo, situando-se no intervalo de confiança de 363-528k9 ha -1 (Figura 1).

Conclusão

Deste modo, o cultivo de girassol, sob as condições dos cerrados de Roraima, tem como espaçamento ótimo 0,80 metros entre fileiras.

Referências

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SMIDERLE. O.J., GIANLUPPI, D., GIANLUPPI, V., CASTRO, C. Girassol cultivado no cerrado de Roraima. Boa Vista, Embrapa Roraima. 2001. Gp. (Embrapa Roraima. Comunicado Técnico, 03).

SMIDERLE, O.J., MOURÃO JUNIOR, M., GIANLUPPI, D. CASTRO, C. Adubação nitrogenada do girassol nos cerrados de Roraima. Boa Vista: Embrapa Roraima, 2004. Ep. (Embrapa Roraima. Comunicado Técnico, 08).

92

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

rp-1-2 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA ROTAÇÃO COM GIRASSOL E OUTRAS LEGUMINOSAS EM ÁREAS DE REFORMA DE CANAVIAL EM PIRACICABA, SÃO PAULO

ADVANTAGES OF USING ROTATION WITH SUNFLOWER AND OTHER LEGU-MINOUS CROPS IN SUGARCANE AREAS IN PIRACICABA, SÃO PAULO STATE, BRAZIL

E. J. Ambrosano; N. Guirado; M.R.G. Ungaro; H. Cantarella; P.C.D. Mendes; F. Rossi; G.M.B. Ambrosano; R.H. Sakai; E.A. Schammass

Pólo Regional Centro Sul, DDD/apta, C.P. 26 CEP: 13400-970 - Piracicaba, SP. [email protected] ; Projeto apoiado pelo CNPq e Sementes PIRA!.

Introdução

A adubação verde exerce um importante papel na recuperação da fertilidade do solo proporcionando aumento da capacidade de troca de cátions disponibilidade de macro e micronutrientes; formação e estabilização de agregados; melhoria da infiltração de água e aeração; diminuição diuturna da amplitude de variação térmica; controle de nematóides e, no caso de leguminosas, incorporação do nutriente nitrogênio ao solo através da fixação biológica. Além dessas vantagens pode-se acrescentar a geração de renda ao agricultor com a utilização de plantas com potencial de produção de grãos como é ocaso do amendoim, soja e feijão-mungo e óleo, como o girassol.

Obietivo

o presente estudo objetiva quantificar a produtividade da cana-de-açúcar, cultivada em sistema de rotação com girassol e leguminosas.

Material e Métodos

Foi instalado um experimento em Piracicaba, SP, em área do Pólo Regional Centro-Sul (DDD/APTA), durante os anos de 2000 e 2001. A rotação da cana-

de-açúcar foi realizada com sete culturas, das quais seis leguminosas: amendoim Tatu, amendoim IAC-Caiapó, Crotalária júncea, mucuna-preta, soja,

girassol, feijão-mungo e um tratamento testemunha. Cada parcela foi constituída por 5 linhas de cana-de-açúcar, com 10 metros de comprimento, espaçadas 1,35 metros entre si. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com cinco repetições.

A tabela 1, contém as características do solo no qual o experimento foi instalado.

Tabela 1 - Características do solo de instalação do experimento. Pólo Regional Centro-Sul (DDD/APTA), Piracicaba - SP.2000 - 2001 (médias dos tratamentos)

Mo pH P K Ca Mg H+Al SB CTC V

g drrf 3 CaCl2 Mg dm 3 mrnolc drn 3 ................

Solosem 1 17 5 9 0,4 17 11 34 28,4 62,7 45

Adubo verde 2 17 4,7 4 0,3 15 7 42 22,3 64,6 35

Solo com 1 21 5,6 12 0,2 32 20 22 52,2 74,7 70

Adubo verde 2 17 5,2 7 0,7 22 15 31 37,7 68,5 55

Profundidade de amostragem 1 = 0-20 cm e 2 = 20-40 cm

As leguminosas foram incorporadas ao solo com o auxilio de um triturador em meados de abril de 2001 e em seguida plantada a cana-de-açúcar (variedade IAC-87-3396). Porém devido a um veranico prolongado, houve a necessidade de replantio da cana-de-açúcar na primeira quinzena de outubro de 2001.

Após o desenvolvimento durante o período de 12

meses a cana-de-açúcar foi colhida em setembro de 2002, sendo avaliado o peso em kg de uma amostra de cana-de-açúcar contendo 15 colmos de cana e sua produtividade em ton./h. A produtividade do material vegetal (verde e seco) e de grãos das culturas utilizadas em rotação com cana-de-açúcar também foram avaliadas.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

93

Resultados e Discussão

Uma das razões para explicar o bom desempenho da cana-de-açúcar após rotação com amendoim e girassol pode ser a elevada presença de micorrizas nas suas raízes que podem estar influenciando a cana-de-açúcar (Tabela 2).

Pode-se observar da tabela 2, uma maior porcentagem de micorrizas nas raízes (74%) encontradas nas raízes do amendoim Caiapó, seguida pelas raízes de girassol.

Tabela 2. Porcentagem de aumento na produção de micorriza em relação à testemunha e produtividade de material vegetal verde de culturas utilizadas em sistema de rotação com cana-de-açúcar. IAC/APTA. Piracicaba. 2002.

Culturas da reforma Micorrizas (%) de Massa verde (ton. ha 1 )

infecção natural Parte Aérea Amendoim Tatu c -a .,

u,,o Uu

Amendoim IAC-caiapó 74,2 a 7.165 Crotalária juncea 49,4 c 17.960 Mucuna-preta 64,8 ab 20.160 Soja lAc-17 55.8 bc 15.532 Girassol IAc-uruguai 73,0 a 21.090 Feijão-mungo lMl46l 51,5 bc 9.340

Médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste de

Duncan (P < 0,05)

Pela tabela 3, observa-se que os melhores resultados de produtividade da cana-de-açúcar ocorreram após rotação com girassol IAC-Uruguai (138,9 ton/ha), amendoim IAC-Caipó (135,1 ton/ha),

soja IAC-1 7 (135 ton/ha) e Crotalária juncea (131.7 ton/ha). Resultados ainda não publicados, indicam um maior teor de açúcar na cana produzida após girassol.

Tabela 3. Dados referentes ao peso em kg de uma amostra de cana-de-açúcar contendo 15 colmos de cana e produtividade em ton. de canalha. IAC/APTA. Piracicaba. 2002,

Tratamentos Kg/amostra Produtividade MG/ha Testemunha sem adubo verde 13,8 c 95,2 c Amendoim Tatu 17.5 b 121.1 b Amendoim lAc-caiapó 19,6 ab 135,1 ab Mucuna-preta 17.7 b 122,5 b Feijão-mungo (M146) 17,8 b 123,1 b Crotalária juncea 19,1 ab 131,7 ab soja IAC-17 19,6 ab 135,0 ab Girassol IAC-Ijruguai 20,2 a 138.9 a Cv% 8,6 8,7

Médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste de

Duncan (P < 0,05)

Preocupado em atender a demanda para plantio de girassol em área de reforma de canavial, o Instituto Agronômico, em parceria com a Sementes Piraí, lançou no último Agrishow, a variedade IAC-iarama,

especialmente desenvolvida para este nicho de mercado. A IAC-iarama, pesquisada desde 1990, possui semente escura, com cerca de 42% de óleo, porte baixo e ciclo curto; rendimento médio de grãos de 2.000 kg/ha e boa uniformidade, o que facilita a colheita mecanizada. A utilização da variedade IAC-iarama é exclusiva para a produção de óleo. Ela se destaca entre as variedades disponíveis no mercado por produzir a mesma quantidade de óleo, porém num tempo mais curto e com uma uniformidade de altura de planta e ciclo que permite a colheita mecanizada.

Para áreas de reforma de canavial, na safra, a boa opção é a variedade IAC-iarama, em razão da precocidade, pois pode ser plantada no final de novembro, após o período crítico de maior dano pelo fungo Alternaria .sp., causador da principal doença do girassol na região Sudeste, o qual encontra as condições mais favoráveis ao seu desenvolvimento nos plantios de outubro. Sua precocidade ainda viabiliza a colheita sem atrapalhar a preparação do solo para o plantio da cana. As outras cultivares destinadas à renovação de canaviais, por terem ciclos mais longos, geralmente apresentam mais problemas com a alternariose uma vez que precisam ser plantadas em outubro para permitir a liberação da área no final de fevereiro.

Além da precocidade e da uniformidade de porte e ciclo, outra grande vantagem da variedade IAC, em relação aos híbridos, está no preço bem mais baixo da semente, barateando em quase 10% o custo de produção.

Pela tabela 3, observa-se que os melhores resultados de produtividade da cana-de-açúcar ocorreram após rotação com girassol IAC-Uruguai (138,9 ton/ha),

amendoim lACcaipó (135,1 ton/ha), soja IAC-17 (135 ton/ha) e Crotalária júncea (131,7 ton/ha).

Quanto a produção de massa seca, no total da soma da parte aérea com a raízes, observa-se da tabela 4, uma maior produção do girassol IAC -Uruguai ,seguida da Crotalária júncea. Já a produção de grãos alimentícios foi maior na soja IAC-1 7.

Conclusão

Os resultados obtidos da cana planta indicam um incremento de produtividade na cana-de-açúcar quando se faz a rotação com girassol IAC-Uruguai, soja IAC-

1 7, amendoim IAC-Caiapó e Crotalária júncea. Há uma grande evidência de que as relações microbiológicas possa estar afetando positivamente o desempenho da cana-de-açúcar nessa rotação.

Agradecimentos

Aos Técnicos de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica Angela Maria C. da Silva, Benedito Mota, Gilberto Farias e Maria Aparecida C. de Godoy. Apoio CNPq e PIRAF Sementes.

94 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Tabela 4. Produtividade de material vegetal verde e seco bem como a produtividade de grãos de culturas utilizadas em sistema de rotação com cana-de-açúcar. IAC/APTA. Piracicaba. 2002.

Trat. Micorrizas M verde M seca M verde M seca Produção PA PA lIA lIA cirãos

1' 62 2.370 1.609 33 12 1.287 2 72 7.165 1.905 51 21 1.192 4 49 17.960 6.231 113 43 5 62 20.160 5.247 321 69 6 57 15.532 5.436 156 78 1.805 2 70 21.090 14.404 192 69 8 55 9.340 4.920 50 25 966

1 =Amendoirn Tatu, 2=Amendoim IAC-caiapó. 4=Crotalária júncea, 5=Mucuna-preta, 6=Soja, 7=Oirassol IAC-tiruguai, 8 = Feijão-mungo e um tratamento 3 =Testemunha

ANAIS - XVI REUNtÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

P 13. AVALIAÇÃO DA LAVOURA DE GIRASSOL INTRODUZIDA SOBRE DOIS DIFERENTES RESÍDUOS DE AVEIA PRETA (AVENA STRIGOSA Screb.) E AZEVÉM (LOLIUM MULTIFLORUM Lam.)

CULTIVATE OF SUNFLOWER (HELIANTHUS ANNUS) HELIO 251 EVALUATION INTRODUCED ON TWO DIFFERENT RESIDUES OF OATS (AVENA STR!GOSA Screb.) AND RAYGRASS (LOLIUM MULTIFLORUM Lam

Miguelangelo Ziegler Arboitte 1 , Ivan Luiz Brondani 1 , Glaucia Azevedo do Amarat 2 ,

Luiz Fernando Glasenapp de Menezes', João Restle 4 , Dari Celestino Alves Filho 1 ,

José Henrique Souza da Silva 1 , Gerson Guarez Garcia 1 , Emerson Daila Chieza 5 .

'Departamento de Zootecnia Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Campus Camobi, cep 971 05-900. Consultor Platano Gestão Agropecuária. e-mail: marboittehotmail.com .

2Academico de Zotecnia UFSM. 3 Pós-Graduação em Zootecnia UFSM. Universidade Federal de Goiania. 5Academico de Agronomia UFSM.

Resumo: O objetivo do experimento foi avaliar a produção de matéria seca e os componentes da planta de girassol (Hdllanthus anrus) 1-lelio 251 da empresa Helianthus do Brasil para a produção de silagem em dois resíduos: baixo com 840 kg de matéria seca (MS)/ha e alto com 3.500 kg de MS/ha de aveia preta (avena strigosa Screb.) + azevém (lo//um multiflorum Lam.) dessecados com Glifosato. O resíduo Alto apresentou

altura de plantas maior 1,43 metros (P<0,0001) que o resíduo Baixo 1,16 metros. Quanto ao numero de folhas/planta, plantas/metro linear e plantas/ha não houve diferença estatística ao nível de 5%. A produção em kg de MS/ha para colmo, grãos, capítulo, folhas e plantas o resíduo Alto foi superior ao baixo sendo os valores produzidos: 2.500,51 e 1.599,77; 3.925,10 e 2.320,90; 1.369.39 e 1.747,96; 1.153,89 e 1.626,80; 6.443,95 e 9.800,37 kg de MS/ha, respectivamente para resíduo Alto e Baixo.

Abstract: The objective of the experiment was to evaluate dry matter production and plant components of sunflower (helianthus annus) helio 251 from helianthus company of brazil, for silage production in two residues:

low with 840kg of dry matter (DM)/ha and high with 3.500kg of DM/ha ol oats (avena strigosa Screb) +

raygrass (lo//um multíflorum Lam.) desiccated with gliphosat. The high residue presented higher height of

plants 1.43 meters (P <0.0001) in relation to low 1.16 meters. For number of leaf/plant, plant/linear meter and plant/ha any statistical difference was observed at 5 % levei between treatments. For Dm in kg/ha production for caule, grains, chapter, leaf and plants, the high residue was superior to the low being the produced values: 2500.51 and 1599.77; 3925.10 and 2320.90; 1369.39 and 1747.96; 1153.89 and 1626.80; 6443.95 and 9800.37 kg of DM/ha, respectively, for high and low residue.

Introdução

A utilização de plantas produtoras de grãos para produção de silagem vem sendo usadas com o intuito de armazenar alimentos para épocas de escassez (seca, inverno), dentre as mais utilizadas encontramos

o milho (Zea mays) e o sorgo (Sorgum bicolor). O

girassol (Helianthus annus) é uma cultura também

utilizada na alimentação animal em vários países, servindo para no preparo de silagem ou mesmo para produção de forragem na forma "in natura". Nos últimos anos o Brasil principalmente pelo aumento considerável da área plantada para produção de grãos para extração de óleo, vem tendo maiores atenções por parte dos produtores de bovinos, que além de utilizarem seus subprodutos estão utilizando a silagem na alimentação de ruminantes. E uma cultura que pode ser utilizada na entressafra do milho ou do sorgo, além de ter maior resistência à estiagem, apresentar características produtivas e nutricionais para a

engorda de bovinos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de matéria seca, constituintes da planta de girassol para produção de silagem em dois resíduos: baixo com 840kg de matéria seca (MS)/ha e alto com 3.500 kg de MS/ha de aveia preta (avena strigosa Screb.) + azevém (lolium multiflorum Lam.).

Material e Métodos:

O experimento foi conduzido no Laboratório de Bovinocultura de Corte do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, situada na Depressão Central do Rio Grande do Sul, altitude de

95 m, latitude de 29 043' sul e longitude 53 0 42' oeste.

O solo da área experimental pertence à unidade de mapeamento São Pedro, é classificado como Argissolo Vermelho Distrófico Arênico (EMBRAPA, 1999) e apresenta relevo levemente ondulado, com solos profundos e de textura superficial arenosa, bem

EE

EMORAPA SOJA. DocuMENTos, 261

drenados e naturalmente ácidos, 0 clima da região é Cfa (subtropical úmido), conforme classificação de Kôppen (Moreno, 1961). Foi utilizado o híbrido de girassol (Hellanrhus annus) Helio 251 da empresa Helianthus do Brasil, implantado em resteva de aveia (avena strigosa Screb) + azeven (lo//um multiflorum Lam.) dessecados com Glifosato, sob dois resíduos de matéria seca (MS): alto (3.500 kg de MS/ha) e baixo (840kg de MS/ha). A lavoura foi implantada em 22 de outubro de 2004 em uma área de seis ha subdividido em 3 ha para cada tratamento, utilizou-se 350 kg/ha de adubo na formulação 10-20-20 de NPK, mais adubação de cobertura de 45 kg de nitrogônio/ ha e 2,5 Ide boro/ha. A colheita foi realizada em 10 de fevereiro de 2005 (112 dias após o plantio), quando as plantas apresentaram 35% de MS. A avaliação da lavoura para altura de planta, altura de caule, numero de folhas por planta, quando estas apresentavam 70% de floração, metodologia sugerida por Rossi, 1998. Para as variáveis produção de colmo, grão, capítulo,

folhas e planta inteira/ha, foram realizadas no momento da colheita da silagem. Para determinação da matéria seca retirou-se amostra das plantas colocando-as em estufa de ar forçado a 55°C por 72 horas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção da lavoura de girassol para produção de silagem e dos constituintes da planta em dois resíduos baixo e alto de lavouras de pastagem de inverno de aveia preta + azevém.

Resultados e Discussão

Na Tabela 1 podemos observar as médias para altura da planta em metros, número de folhas por planta e plantas por ha para os dois diferentes resíduos.

o resíduo influenciou na altura da planta, sendo que as plantas do resíduo alto (3.500 kg de MS/ha) foram superiores na média em 0,27 metros a mais (P <0.0001) do que as plantas do resíduo baixo (850 kg de MS/ha), altura de 1,43 e 1,16, respectivamente, pra resíduo alto e baixo, abaixo do relatado por Tomich etal. (2003) que foi de 2,05 metros quando avaliaram 13 variedades de girassóis para produção de silagem. Numericamente o resíduo alto apresentou maior quantidade de folhas/planta em relação ao resíduo baixo (23,03 e 22,48 folhas/palnata,

respectivamente), não apresentando diferença significativa (P>0,05).

o resíduo baixo apresentou maior quantidade de plantas/ha, 1 .111 planta a mais que o resíduo alto (P>0,05), em função do numero de plantas nascidas por metro linear. No momento da implantação da lavoura procuro-se colocar no solo quatro sementes por metro linear ou 50.000 plantas/ha, sendo que o número de plantas nascidas por metro linear foi de

2.97 (37.222 plantas/ha) e 2,89 (36.111 plantaslha) (P>0,05), respectivamente, pra resíduo baixo e alto.

A maior quantidade de planta por ha produzida no nível baixo não reverteu em maior produção de MS/ ha, os constituintes da planta foram os que mais influenciaram (P<0,0001) na produtividade de MS/ ha (Tabela 2)

A produção de MS/ha da variedade do girassol HELIO 251 foi de 6.443,95 e 9.800,37 kg de MS/ha para os resíduos Baixo e Alto (P<0,0001), respectivamente, sendo superior a média de 5.000 kg de MS/ha encontrada por Tomich et aI. (2003) e Henrique & Andrade (1997) de 5.600 kg de MS/ha. Nas lavouras de milho implantadas na mesma época e sofrendo o mesmo defict hidrico, a produção de MS/ ha foi aquém do esperado (2.500 kg de MS/ha). Em anos de prercipitação normal como 2001 a produtividade das lavouras de milho do híbrido Ag. 5011 foram em média 12.471 kg de MS/ha (Rosa et aI. 2004) e as lavouras do sorgo AG forrageiro 2002 no ano de 2000 produziram em média 10.438kg de MS/ha (Neumann etal. 2002). A produtividade de MS/ ha do girassol HELIO 251 encontrada neste experimento demonstra alto potencial a ser explorada para a produção de silagem, tendo bons rendimentos mesmo quando exposta ao defict hídrico que ocorreu durante o desenvolvimento da lavoura (final de novembro, dezembro e janeiro), o que pode ter influenciado no desenvolvimento das plantas e na produtividade da lavoura

A fração grãos foi a que mais contribuiu na produção de MS/ha com uma participação de 36 e 40% na MS do material ensilado para o resíduo baixo e alto, respectivamente. A produção de grãos no

resíduo alto foi superior (P <0,0001) em 1.604 kg/ha quando comparado ao resíduo baixo. A maior participação de grãos no material ensilado é desejável já que confere maior aporte energético na silagem (Arboitte et ai. 2004), resultando em menor custos com concentrados na hora de alimentar os bovinos. A maior produção de grãos do resíduo alto também favorece ao produtor de grãos que deseja altas produtividades, com o mesmo manejo de lavoura, conseqüentemente aumentando a sua rentabilidade.

A produção de caule em kg/ha foi superior (P<0,0001) para o resíduo alto em função da maior altura da planta. A fração caule da maioria das plantas utilizadas na produção de silagem é a que concentra maiores quantidades de FDN, que pode interferir negativamente no consumo dos bovinos. A participação de caule no total da planta foi de 24,82 e 25,5%, respectivamente para o resíduo baixo e alto.

Parte integrante da planta, o capitulo, interfere em grande parte na concentração de água, ou, seja, no momento exato de ensilar, podendo interferir negativamente na MS do material ensilado quando este apresenta grandes quantidades de água e

lichiviando nutrientes para fora do silo, dificultando a fermentação láctica (desejável) e favorecendo a fermentação butirica (indesejável). Nos resíduos

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESOUISA DE GInAS50L

97

estudados a maior participação de capítulo em kg de MS/ha foi para o resíduo alto 1747,96kg de MS/ha em relação ao baixo que produziu 1369,39 kg de MS/ ha (P<0,0001). Em termos relativos quanto à participação na planta o capítulo teve maior participação no resíduo baixo 21.25% quando comparado ao resíduo alto 17,85%.

A participação de folhas na produção de MS/ha foi superior (P <0.0001) para o resíduo alto, em termos relativo quanto a participação da folha foi pouco influenciada pelos resíduos, sendo sua participação de 17,90 e 16,60% para resíduo abaixo e alto, respectivamente.

Conclusão

Lavouras de girassol em resíduos alto (3.500 kg de MS/ha) apresenta maior produtividade de MS e grãos/ha.

O girassol mostrou-se resistente à seca, sendo uma alternativa para produção de silagem na Depressão Central do Rio Grande do Sul.

Referências

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EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA. Rio de Janeiro. 41 2p. 1999.

HENRIQUE, W.; ANDRADE, J.B. Silagem de milho, sorgo, girassol e suas consorciações. 1 .Produção e composição. XXXVI Reunião Anual da Sociedade Brasil&ra de Zootecnia, Juiz de Fora, MG Anais .....

28 de Julhoa 1 ° de Agosto de 1997.

MORENO, J.A. Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura. 1961.41 p.

NEUMANN, M.; RESTLE, J.; ALVES FILHO, D.C. te a?. Avaliação do Valor Nutritivo da Planta e da Silagem de Diferentes Híbridos de Sorgo (Sorghum bico/ar, L. Moench) Revista Brasileira de Zootecnia.v 31, n.1,

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ROSA, J.R.P.; SILVA, J.H.S. da; RESTLE, J. et ai. Avaliação do Comportamento Agronômico da Planta e Valor Nutritivo da Silagem de Diferentes Híbridos de Milho (Zea mays. L.). Revista Brasileira de Zootecnia.v33, n.2, p.302-3112, 2004

ROSSI, R. 0. Girassol. Curitiba, R. O. ROSSI. 1998. 333 p.

TOMICH, T.R, J.A.S. RODRIGUES, J.A.S, L.C. GONÇALVES,, L.C, et ai. Potencial forrageiro de cultivares de girassol produzidos na safrinha para ensiiagem Arquivos Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.55, n.6, p.756-762, 2003.

Tabelal - Médias para altura da planta em metros, numero de folhas por planta e plantas nascidas por metro linear e plantas por ha para os resíduos baixo e alto.

Parâmetros Baixo Alto P Altura, m 1,16±0,03 1,438±0,03 0,0001

Folhas/planta 22,48 ± 0,50 23,03 ± 0,50 0,4495 Plantas nascidas/metro linear 2,97 ±0,19 2,89 ±0,19 0,7394 Plantas/ha 37.222,22 ± 2.338,24 36.111,11 ±2.338,24 0,7394

Tabela 2- Médias de produção de colmo, grãos, capítulo, folha e planta inteira em kg de matéria seca/ha nos resíduos baixo e alto.

Parâmetros Baixo Alto P Caules, kg de MS/ha 1.599,77±86,53 2.500,51 ±84,34 0,0001 Grãos, kg de MS/ha 2.320,90±134,19 3.925,10±130,80 0,0001 Capítulo, kg de MS/ha 1.369,39 ±56,12 1.747,96± 54,71 0,0001 Folhas, kg de MS/ha 1.153,89±62,79 1.626,80±61,20 0,0001 Planta inteira, kg de MS/ha 6.443,95 ±280,03 9.800,37± 272,94 0,0001

98 EMBnAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P 14. 1 ÉPOCA PARA PLANTIO DE GIRASSOL NOS CERRADOS DE RORAIMA

SUNFLOWER SOWING DATES IN CERRADO ECOSYSTEM OF RORAIMA

Oscar J. Smiderle 1 ; Moisés Mourão Jr'; Daniel Gianluppi 1 ; Dalton R. Schwengber 1 .

'Embrapa Roraima, Caixa Postal 133,69301-970 Boa Vista, RR, e-mail: oismidercpafrr.embrapp,br

Resumo: O objetivo deste trabalho foi definir a época de plantio para o cultivo de girassol (cv. BRS-1 91) nos cerrados de Roraima. Para tanto, foram instalados experimentos em quatro épocas de semeadura (29105; 12106; 25106 e 08107 nos anos de 2001 e 2002), sendo realizadas as adubações de 40; SOe 120 kg ha - ' de N (uréia como fonte) em duas aplicações, 40% aos 15 dias após a emergência e 60% aos 30 dias, bem como testemunha sem aplicação de N. Aos 30 dias após a emergência fez-se cobertura com cloreto de potássio (60 kg ha' de K 20). O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 04 repetições, sendo que as parcelas constituíram-se de 04 fileiras úteis de 06m de comprimento. Foram avaliados os parâmetros de produtividade e teores e rendimentos de óleo dos aquênios obtidos. As épocas E,(29/05) e E 2 (1 2/06) são as indicadas para plantio por apresentarem os valores mais elevados de produtividade e valores mais elevados e intermediários de rendimento de óleo.

Abstract: This work aimed to define sunflower (BRS-1 91) cultivation sowing date at cerrado ecosystem of Roraima. Therefore, an experiment was conducted according to sowing dates (29/05, 12106, 25106 and 081 07 in years 2001 and 2002), and N fertilization rates of 40, 80 and 120 kg.ha' (urea as N source), applied in two tinies, 40% 15 days after plantlets emergence and 60% 30 days after emergence, besides control tréatment with no N fertilization. Thirty days after plant emergence a potassium chloride fertilization took place (60kg ha' K 20). The experimental design was completely randomized blocks, with four replicates, and the plots consisted of four rows of plants, each of them 6 m long. Aquenia harvested had its productivity parameters and its oil contents and output determined. The periods E, (29105) and E. (12106) are indicated for sunflower sowing as they show higher amounts in prodúctivity and higher and intermediate amõunts regarding to oil output.

Introdução

A definição da época de plantio para as culturas anuais assume importância destacada, plincípalmente quando seu ciclo de cultivo é curto, e se deseja inserir o cultivo no sistema produtivo de uma região específica. Os experimentos com épocas de semeadura de girassol conduzidos nos cerrados de Roraima tem sido estabelecidos para atender a demanda por informação sobre a cultura do girassol nessa região que abrange uma área de aproximadamente 1.500.000 ha, aptos para a produção de grãos e, desta forma, proporcionar o desenvolvimento a região. Contudo, são poucas informações sobre o sistema produtivo nessas áreas.

O regime de precipitaçãà pluvial nos cerrados de Roraima, é caracterizado por um período curto de

concentração de chuvas e um, conseqüente, longo período de estiagem. Sendo que o período de maior precipitação pluvial é observado nos meses de maio a julho (285-335mm.mõs -1 , C. E. Monte Cristo - Embrapa Roraima) representando mais de 56% da precipitação pluvial anual, sendo o mês de julho ode maior precipitação pluvial (Figura 1). Já o período de estiagem compreende os meses de setembro a março com 21-22% da precipitação pluvial anual e um período intermediário, nos meses de abril (transição estiagem/ chuvas) e agosto (transição chuvas/estiagem) com 21-22% da precipitação pluvial anual (MOURAO JR. etal., 2003).

Deste modo, a definição da época adequada de plantio das culturas na região dos cerrados de Roraima indica uma redução de risco de perda nas funções de produção agrícolas.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

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Decéndios

Figura 1.Valores médios de precipitação pluvial e dias de chuvas decendiais no Campo Experimental Monte Cristo, Fonte: Embrapa Roraima (2003)

Material e Métodos

Com o objetivo de definir a época de plantio adequada para o cultivo de girassol (cv. BRS-1 91) nos cerrados de Roraima, foram efetuados plantios deste genótipo em quatro épocas distintas (Tabela 1), com plantios, em área de abertura de cerrado em campo nativo, entre o final de maio e início de julho. O ensaio constituiu-se de blocos casualizados com 04 repetições, sendo que as parcelas constituíram-se de 04 fileiras úteis de 06m de comprimento. A implantação destes ensaios, deu-se nos anos de 2001 e 2002, tomados como 1 0 e 2 0 anos de cultivo. Na semeadura foram aplicados 120 kg ha" de P 20 5 e 60 kg ha' de 1( 20, além de 60kg ha' de FTE BR1 2. Foram realizadas as adubações de cobertura com 40; 80 e 120 kg ha' de N (uréia como fonte) em duas aplicações, 40% aos 15 dias após a emergência (DAE) e 60% aos 30 dias, bem como testemunha sem aplicação de N. Aos 30 DAE fez-se cobertura com cloreto de potássio (60 kg ha" de K 20). Foram avaliados os parâmetros de produtividade e teores e rendimentos de óleo obtidos.

Os valores utilizados para definição da época de plantio tiveram como nível de adubação nitrogenada 80kg

como preconizado em Smiderle etal. (2004).

Tabela 1. Duração do ciclo de cultivo e precipitação pluvial associada ao período de avaliação do cultivo de girassol (cv. BBS 191)

Cultivo Precipitação no Média diária no Data de Data do

ciclo do cultivo ciclo do cultivo planlio colheita Épocas (dias) lmml (mm)

Ei 29/05102 15108102 76 1.10559 1399

Ei 12106102 26108102 74 962.41 12,66

Ei 25106102 02109102 67 541,99 7,88

E4 08107102 06(09102 58 360,10 5,90

Fonte: Embrapa Roraima (2003). § . Valores provenientes

da série temporal do CEMC (1992-2002)

Resultados e Discussão

As produtividades médias (Tabela 2) obtidas não apresentam destaque em relação a cultura em outras regiões do país, no entanto, observou-se que o ciclo do girassol foi reduzido (75 dias, em média - Tabela 1) devendo-se principalmente, pelo efeito da temperatura durante o cultivo (30°C, em média) e provavelmente pela alta luminosidade ocorrente. A produção de girassol em período tão curto é muito

vantajoso ao produtor, possibilitando seu estabelecimento após o cultivo principal (soja, milho, arroz) nos cerrados de Roraima.

A produtividade apresentou variação aceitável (C.V. = 15%), com intervalo de confiança (l.C. (95%1 )

global de 1.210-1.434k9 ha", definindo uma produtividade próxima da média nacional, principalmente em sendo área de abertura de cerrado em campo nativo. Foi determinado um efeito significativo (p<0,001) entre as épocas de plantio, sendo que a época E 4 com duração mais curta (58 dias) e com menor quantidade de chuvas (@31 Omm) apresentou a menor produtividade, durante todos os dois anos de condução do ensaio (Tabela 2).

Tabela 2. Valores médios de produção de sementes de girassol (cv. BRS-1 91), em função das épocas de plantio, ordenados segundo o teste de Tukey (a =0,05)

Época Precipitação Produtividade 1kg ha')

de olantio (mm) 1° ano 2° ano Média±E.P.

Li 1.105.59 1.582 a 1.270 a 1.426±27 a

E' 962,41 1.803 a 1,121 a 1.462±20 a

Ei 541,99 1.610 a 1.173 a 1.392±98 a

E. 360,10 1.025 b 991 b 1.008±05 b

Total 1.505 1139 1.322±53

* Valores precedidos de mesma letra, na vertical, não diferem

significativamente, segundo o teste de Tukey, no nível de

significância de 5%

Tanto o teor de óleo (C.V.=9%) quanto o rendimento de óleo (C.V. =21%) apresentaram níveis de variação aceitáveis. O teor de óleo apresentou um l.C. 195%1 global de 41,2-45,4%, sendo equivalente à média nacional e o rendimento de óleo apresentou um l.C. 195%) global de 521-651kg ha" (Tabela 3), o que proporciona um retorno econômico considerável ao produtor, variando com a cotação internacional do período. Uma vez que o Brasil importa mais que o total de sua produção, ainda há espaço para crescimento dos cultivos.

O teor de óleo apresentou-se influenciado significativamente (p <0,001) pela época de cultivo, sendo que em todos os anos, a E, apresentou os valores superiores de teor de óleo (l.C. (95%1 47,3-51,1%) (Tabela 3).

0

2 •r ti

o,

00 o

c

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EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

De modo semelhante, o rendimento de óleo apresentou-se influenciado significativamente (p <0,01) pela época de cultivo. Também neste caso

a E 1 apresentou valores superiores de rendimento (l.C. 195%) 669-751kg ha) (Tabela 3).

Tabela 3. Valores médios de teor de óleo e rendimento de óleo de girassol (cv. BRS-1 91), em função das épocas de plantio, ordenados segundo o teste de Tukey (a = 0,05)

Época de Precipitação Teor do óleo (%) Rendimento do óleo (kg ha')

Plantio (mm) 1 0 ano 2° ano Média±E.P. 1° ano 2° ano Média±E.P.

Ei 1105,59 54,6 a 43,8 a 492±0,6 a 863 a 557 a 710±13 a £2 962,41 49,0' b 37,7 b 43,4±0,4 b 884 a 423 b 654±11 ab Ei 541,99 46,3 c 32,0 o 39,2±0,6 c 745 a 376 bc 561 ±47 b E. 360.10 49,7 b 33,4 c 41.6±0.3 b 510 6 331 a 420±02 c

Total 49,9 36,7 43,3±1,0 751 . 422 686±30

* Valores precedidos do mesma letra, na vertical, não diferem significativaniente, segundo o teste de Tukey, no nível de

significância de 5%

Avaliando-se a produtividade e o rendimento de óleo, tem-se que as épocas de plantio indicadas são as épocas E e E 2 por apresentaram os valores mais elevados de produtividade e valores mais elevados e intermediários de rendimento de óleo (Figura 2 e Tabela 2, Tabela 3).

Conclusão

Deste modo, define-se como época de plantio de girassol (BRS 191) o período até a primeira quinzena de junho; com uma duração de ciclo de cultivo até a colheita de cerca de 75 dias.

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o, 650

o 02 'O 600 02

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CC

0 e 02

450

400 1 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600

Produtividade (kg.ha)

Figura 2- Valores médios e erro padrão da média de produtividade e rendimento de óleo de girassol (cv. BRS 191), em função das épocas de plantio

Referências

MOURÃO JR., M.; XAUD, H. A. M.; OLIVEIRAJR., J. O.; MOURA NETO, M. A.; SMIDERLE, O. J.; PEREIRA, P. R. V. 5,; GIANLUPPI, V. Precipitação pluviométrica em áreas, de savana de Roraima: campos experimentais Monte Crista e Agua Boa. Boa Vista: Embrapa Roraima. 2003. 6p. (Embrapa Roraima. Comunicado Técnico, 12).)

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ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GInASSOL

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P15. EFEITO DE ÉPOCAS DE SEMEADURA E DO INÓCULO INICIAL DE Alternaria hei/anti,! EM GIRASSOL

EFFECT OF SOWING DATE AND INITIAL INOCULUM OF Alternaria hel/anth! IN SUNFLOWER

Regina M.V.B.C. Leite 1 ; Lilian Amorim 2 ; A. Bergamin Filh0 2

1 Embrapa Soja, CP 231, 86001-970, Londrina, PR, e-mail: [email protected]; 2 ESALQ-USP, Piracicaba, SP

Resumo: Três experimentas foram conduzidos em Londrina, PR, nas safras 199711998, 199811999 e 19991 2000, para avaliar a severidade da mancha de Alternaria no girassol semeado em diferentes épocas e o efeito do inóculo proveniente das plantas semeadas nas primeiras épocas sobre as semeaduras subseqüentes. Foram utilizadas quatro épocas (outubro, novembro, dezembro e janeiro) e dois tipos de semeadura (contígua e isolada), para simular diferentes níveis de inóculo inicial. A severidade da doença, que ocorreu por infecção natural das plantas pelo fungo, foi avaliada semanalmente em plantas marcadas, utilizando uma escala diagramática da doença. Posteriormente, foi calculado o valor de área sob a curva de progresso da doença

(AUDPC). As plantas marcadas foram colhidas individualmente, para avaliação do rendimento de aquênios.

As maiores médias de severidade e de AUDPC foram verificadas nos meses de dezembro dos três anos. A semeadura do girassol no mês de outubro resultou em maiores rendimentos de aquênios e menor severidade da mancha de Alternaria. Medidas de sanitização visando à redução do inóculo inicial resultam no atraso de até 11 dias na epidemia da doença.

Abstract: Three field experiments were carried out in Londrina, PR, Brazil, in 199711998, 199811999 and 199912000 growing seasons, to investigate Alternaria leaf spot severity in sunflower sowed at different dates and the effect of inoculum of the first sowing dates on subsequent ones. Four sowing dates (October, November, December and January) and two sowing types (contiguous and isolated) were used to simulate different leveIs of initial inoculum. Disease severity, under natural conditions in the field, was evaluated weekly, with reference to a diagrammatic scale of this disease. After, the value of the area under disease

progress curve (AUDPC) was calculated. Marked plants were harvested individually, for evaluation of grain yield. Righest disease severity and AUDPC were observed in sowed in December, for both three years. Sowing sunflower in October resulted in high yield and low Alternaria leaf spot severity. Sanitation measures to reduce initial inoculum can delay disease epidemics for even 11 days.

Introdução

Em áreas de clima subtropical úmido, condição predominante nas regiões de cultivo de girassol no Brasil, a mancha de Alternaria, causada porA/ternaria helianthi, é uma das principais doenças, ocorrendo em praticamente todas as regiões e em todas as épocas de semeadura (Leite, 1997). Entre os fatores que influenciam a severidade da doença, estão a época de cultivo, em que as condições climáticas podem favorecer o patógeno, e a presença de inóculo do fungo na área.

Estudos preliminares sobre o desenvolvimento da mancha de Alternaria em girassol em diferentes épocas de semeadura demonstraram que os menores índices de infecção foram sempre observados nas semeaduras dos meses de outubro e novembro. Resultados de uma safra de avaliação indicaram que o inóculo do fungo oriundo das primeiras semeaduras

mostrou-se importante na disseminação da doença às plantas das últimas semeaduras (Carvalho et aI., 1995).

Métodos de redução do inóculo inicial (medidas de sanitização) podem ser utilizados para minimizar a severidade da doença. Vanderplank (1963) utilizou equações exponenciais simples para descrever como medidas de sanitização poderiam atrasar o estabelecimento da doença, reduzindo a quantidade de inóculo inicial a partir do qual uma epidemia se inicia.

Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a severidade da doença no girassol semeado em diferentes épocas e o efeito do inóculo proveniente das plantas semeadas nas primeiras épocas sobre as semeaduras subseqüentes.

Material e Métodos

Os experimentos de campo foram conduzidos na área experimental da Embrapa Soja, em Londrina, PR, em três safras consecutivas: 199711998, 199811999 e 199912000, com o híbrido simples experimental de

girassol SE02, de ciclo precoce. Todos os experimentos seguiram o mesmo delineamento

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EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 201

experimental, que foi em blocos ao acaso, com quatro épocas de semeadura (outubro, novembro, dezembro • janeiro), dois tipos de semeadura (contígua e isolada) • quatro repetições. Para simular parcelas com diferentes níveis de inóculo inicial, a semeadura foi escalonada nos meses de outubro, novembro, dezembro e janeiro de cada safra, em dois tipos: semeaduras contígua e isolada. O primeiro tipo teve todas as parcelas das diferentes épocas de semeadura localizadas lado ao lado, enquanto que, no outro tipo de serneadura, as parcelas das diferentes épocas foram separadas por seis fileiras de milho, que funcionou como uma barreira vegetal não hospedeira do patógeno, objetivandode modo a isolar o girassol. Não houve inoculação artificial de A. hdllanthi, já que a doença ocorreu por infecção natural.

As avaliações de severidade da doença e rendimento de aquênios foram feitas utilizando o sistema de plantas individuais (Kranz& Jõrg, 1989), em que plantas homogêneas de cada parcela foram

marcadas. Em cada planta marcada, a área foliar de todas as folhas foi estimada semanalmente (Leite & Amorim, 2002), a partir da fase V4 (Schneiter & Miller, 1981). Simultaneamente, a mancha de Alternaria foi estimada em todas as folhas, com o auxilio de uma escala diagramática da doença, previamente elaborada e validada (Leite & Amorim, 2002). Plantas marcadas afetadas por outras doenças ou que apresentaram qualquer problema prejudicial ao seu desenvolvimento, durante as avaliações, foram desconsideradasL

O valor de área sob a curva de progresso da doença (AUDPC) para cada planta foi calculado por integração trapezoidal, de acordo com Bergamin Filho et ah (1997). As plantas marcadas foram colhidas individualmente, após a fase de maturação fisiológica (R9) (Schneiter & MilIer, 1981), para avaliação do rendimento de aquênios (kg ha -1 ). As médias das três safras foram analisadas por meio de regressões não-lineares, utilizando o programa STATISTICA versão 5.0 (Statsoft, Tulsa, EUA). Os dados foram ajustados individualmente pelo modelo exponencial negativo, Y=81 exp (-82 X), onde Yé o rendimento de aquênios, Xé área sob a curva de progresso da doença, 8 é a interseção e 82 é a taxa da regressão. Para os cálculos referentes ao inóculo inicial, os dados de severidade

da mancha de Alternaria de cada época e tipo de semeadura foram ajustados individualmente pelo modelo logístico (Berger, 1981), Y= 11(1 +B exp ( .82 XJ), onde Yé a severidade, Xé dias após semeadura, B é o parâmetro relacionado ao inóculo inicial eS 2 é a taxa de progresso da doença, nas três safras consecutivas.

O cálculo do atraso na epidemia da doença foi feito com base na teoria de Vanderplank (1963); que considera que a taxa de progresso da doença (r) não é afetada por qualquer medida de redução do inóculo inicial. No presente trabalho, a medida de sanitização

para redução do inóculo inicial foi a utilização da semeadura do tipo isolado, em comparação com a semeadura contígua. Assim, utilizando o modelo logístico, com as médias de severidade da doença das parcelas de semeaduras contígua e isolada, foi calculada uma taxa de progrésso da doença constante para cada época (r), nas três safras consecutivas. Em seguida, mantendo constante a taxa, foram calculados os inóculos iniciais para os tipos de semeadura contígua e isolada. O período de atraso na epidemia da doença (Dt) em função da redução do inóculo inicial proporcionada pela medida de sanitização foi calculado pela fórmula: Dt = In (x / x0.) / ri, onde: x foi o inóculo inicial presente na semeadura contígua, x foi o inóculo inicial presente na semeadura isolada e r foi a taxa de progresso da doença constante para cada época de semeadura.

Resultados e Discussão

Após o descarte de plantas doentes ou anormais, a avaliação foi realizada em 175 plantas válidas para a primeira safra, 143 para a segunda e 232 para a terceira (Tabela 1). O escalonamento da semeadura em quatro épocas foisuficiente para proporcionar ampla variação na severidade da mancha de Alternaria nas plantas de girassol. As maiores médias de severidade e deAUDPcforam verificadas nos meses dedezembro dos três anos (Tabela 1). Essas variáveis decresceram no mês de janeiro, já que muitas folhas senesceram devido à doença e não foram computadas na severidade. Plantas sadias (AUDPC=O) só foram observadas nas semeaduras de outubro e novembro de 1999; no primeiro mês, independente do tipo de semeadura, todas as plantas permaneceram sadias (Tabela 1).

As plantas de girassol da semeadura de janeiro de 1999 não produziram. A média de rendimento de grãos variou de 136,48 a 2540,30 kg ha, para as

semeaduras dos meses de dezembro de 1997 e outubro de 1998, respectivamente (Tabela 1). Assim, observando-se os rendimentos e a severidade da doença, verificou-se que a semeadura de outubro proporcionou maiores rendimentos e pouca ou nenhuma doença, corroborando que época de semeadura indicada para o Paraná é de agosto a

meados de outubro (Castro et aI., 1996). Silveira, em estudo de épocas de semeadura do girassol no Paraná, observou que as maiores produtividades foram obtidâs na semeadura de agosto e as menores em dezembro.

O período de atraso na epidemia da doença (Dt) em função da redução do inóculo inicial proporcionada pela medida de sanitização variou de 0.75 dia, na

semeadura de novembro de 1998, a 11,56 dias, na semeadura de dezembro de 1998 (Tabela 2), confirmando que a semeadura isolada pelas fileiras de milho foi suficiente para diminuir o inóculo inicial,

em comparação com a semeadura contígua, e proporcionar atraso na epidemia da doença (Fig. 1).

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GwvsSoL

103

Esse atraso de até 11 dias na epidemia da doença é importante, considerando que o ciclo da cultura para o genótipo utilizado é precoce, ou seja, cerca de 100 dias. À medida que a doença atrasa, menores são os

danos causados à produtividade do girassol. Assim, o agricultor deve concentrar a semeadura do girassol de sua propriedade na mesma época, visando minimizar a disseminação do fungo de uma área para outra.

Tabela 1. Área sob a curva de progresso da doença (AUDPC) e rendimento de aquênios (kg/ha) de girassol, semeado em quatro épocas (outubro, novembro, dezembro, janeiro), e em dois tipos de semeadura (contígua e isolada), em três safras consecutivas (199711998, 199811999, 199912000).

Época Semeadura contígua Semeadura isolada Plantas AUDPC Rendimento Plantas AUDPC Rendimento válidas (kgfha) válidas (kg/ha)

1997/1998 Out 17 336,75 2450,54 37 504,19 1395,04 Nov 37 572,95 649,34 37 485,13 622,30 Dez 4 831,22 5,14 21 867,59 137,76 Jan 17 778,25 100,11 12 630,68 348,65 1998/1999 Out 29 163,67 2898,44 30 285,51 2182,82 Nov 30 305,26 920,41 28 308,01 1214,78 Dez 8 844,32 0,00 26 811.82 304,82 Janeiro 4 505,93 0,00 8 667,67 0,00 1999/2000 Out 31 0,00 2062,23 32 0,00 2244,27 Nov 32 45,92 1900,83 31 71,69 2462,43 Dez 27 771,99 673,00 21 452,05 1886,73 Jan 29 481,42 892,22 29 409,77 1267,09

Tabela 2. Parâmetros da função logística, Y= 1/ (1 + (1 1x0)-1) exp(-rXfl, onde Y é a severidade, Xá dias após semeadura, x0 é o inóculo inicial e ré a taxa de progresso da doença constante para cada época de semeadura, ajustada para as quatro épocas (outubro, novembro, dezembro, janeiro) e dois tipos de semeadura (contígua e isolada), em três safras consecutivas (1997/1 998, 1998/1 999, 199912000), e atraso na epidemia da doença (Dt).

Epoca r xo contíguo xo isolado Ar (dias) 1997/1998 Out 0,0601 0,0019 0,0025 Nov 0,0797 0,0010 0,0009 1,14 Dez 0,0620 0,0077 0,0061 3,77 Jan 0,0492 0,01 05 0,0080 5,58 1998/1999 Out 0,1467 5,39E-07 1,02E-06 Nov 0,1128 5,36E-05 5,83E-05 0,75 Dez 0,0756 0,0061 0,0026 11,56 Jan 0,0563 0,0037 0,0030 3,73 1999/2000 Out Nov 0,2474 9,9E-1 2 1,61E11 1,97 Dez 0,0555 0,0036 0,0022 9,32 Jan 0,0226 0,0214 0,0175 8,78

Conclusões

No Paraná, a semeadura do girassol no mês de outubro resulta em maiores rendimentos de aquênios e menor severidade da mancha de Alternaria. Medidas de sanitização visando à redução do inoculo inicial resultam no atraso de até 11 dias na epidemia da doença.

'r7 tP2 'Li

QK

Figura 1 - . Severidade de A. helianthi em girassol, semeado em quatro épocas (outubro, novembro, dezembro, janeiro) e dois tipos de semeadura (contígua - círculo cheio, isolada - círculo vazio), em três safras consecutivas (199711998, 199811999, 199912000). Linhas correspondem à função logística ajustada aos dados, com taxa de progresso da doença constante para cada época de semeadura.

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EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Referências

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ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

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P 16. AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL À PODRIDÃO BRANCA (Solerotinia scierotiorum) EM CONDIÇÕES DE CAMPO

RESISTANCE OF SUNFLOWER GENOTYPES TO ALTERNARIA STALK AND HEAD ROT (SCLEROTINIA SELEROTIÓRL/M) IN FIELD CONDITIONS

Regiria M.V.BC. Leite'

'Embrapa Soja, Caixa Postal 231, 86001-970 Londrina, PR. e-mail: [email protected]

Resumo: O objetivo do presente trabalho foi avaliar a reação de genótipos de girassol à podridão branca, causada por Scierotinia sclerotiorum, no colo e no capitulo. Doze cultivares de girassol foram avaliadas, em

dois experimentos de campo implantados em abril de 2003, na área experimental da Embrapa Soja, em Londrina, PEI. Outras 12 cultivares de girassol foram avaliadas no colo e no capitulo, em dois experimentos implantados em maio de 2004. Para verificar a reação à doença, as plantas foram inoculadas artificialmente com o fungo, na região do colo ou no capítulo, separadamente em cada experimento. Em 2003, todos os genótipos foram suscetíveis ao patógeno, com a incidência variando de 67,29% a 94,34% de plantas infectadas no colo. A inoculação no capitulo resultou na variação entre genótipos de 10,62% (1 -lelio 250) a 65,90% (Embrapa 122) de capítulos com sintomas, por ocasião da colheita. Em 2004, a ocorrência da doença foi baixa tanto nas plantas inoculadas no capítulo como no colo. Apenas os genótipos Multissol 08, Guarani e Vi 0034 apresentaram incidência de capítulos com sintomas de podridão maior que 10%. Todos os genótipos de girassol avaliados são suscetíveis a S. sc-/erotiorum, sendo afetados no capítulo e/ou no colo.

Abstract: The objective of the present work was to evaluate the reaction of sunflower genotypes to Sclerotinia

stalk and head rot, caused by Sclerotinia sclerotio rum. Twelve cultivars were evaluated in two field experiments

sowed in April 2003, in the experimental area of Embrapa Soybean, Londrina, PR, Brazil. Other 12 genotypes were evaluated in two experiments sowed in May 2004. Plants were artificially inoculated in the stalk or in the head, separately in each experiment. In 2003, ali genotypes were susceptible to the fungus, and the incidence varied from 67.29% to 94.34% of plants with stalk infection. Head inoculation resulted in 10.62% (Helio 250) to 65.90% (Embrapa 122) of head rot, in harvesting time. In 2004, disease incidence was low, both in piants inoculated in the stallç or in the head. Only sunflower cultivars Multissol 08, Guarani and Vi 0034 showed head rot incidence higher than 10%. AlI sunflower genotypes tested are susceptible to S. scierotiorum stalk and/or head rot.

Introdução

No Estado do Paraná, freqüentemente os agricultores têm manifestado interesse pelo cultivo do girassol semeado imediatamente após a colheita da safra de verão. Nesse período, as lavouras podem ficar expostas às condições de umidade e temperatura favoráveis ao desenvolvimento da podridão branca de capítulo e haste causada por Scierotinia scierotiorum (Lib.) de Bary (Leite et ai., 2000).

No mundo, esse fungo é considerado o patógeno mais importante para o girassol e está distribuído em todas as regiões produtoras. A podridão branca pode causar a queda de aquênios ou do capitulo, resultando em perda total da produção. Além desses prejuízos, o fungo persiste durante muitos anos no solo, na forma de estruturas de resistência denominadas escleródios, tornando-se um problema permanente para o girassol e para outras espécies suscetíveis cultivadas na mesma área (Zimmer & Hoes, 1978; Masirevic & Gulya, 1992).

S. scierotiorum pode causar sintomas nos diferentes órgãos da planta de girassol. Na base da

haste, o primeiro sintoma observado é uma murcha súbita da planta sem lesões foliares. A lesão é marrom-clara, mole e encharcada, podendo ser recoberta com o micélio branco. Muitos escleródios são encontrados dentro da porção colonizada na haste. Plantas afetadas podem quebrar no ponto da lesão e acamam facilmente. Os sintomas da podridão do capítulo caracterizam-se por lesões pardas e encharcadas no lado dorsal do capítulo, com micélio branco cobrindo porções dos tecidos. Um grande número de escleródios é encontrado no interior do capítulo. No final, ocorre a completa desintegração do capítulo, com os elementos vasculares fibrosos expostos, assemelhando-se a uma vassoura. Massas de aquênios e escleródios caem na base da planta (Zimmer & Hoes, 1978; Masirevic & Gulya, 1992).

O controle da podridão branca é dificultado devido à permanência de escleródios viáveis por um longo tempo no solo, ao fato de que os ascosporos que produzem a infecção aérea podem ser provenientes de escleródios existentes a longas distâncias, à falta de controle químico eficaz e à alta suscetibilidade dos genótipos de girassol cultivados (Pereyra & Escande,

106

EManARA SOJA. DocuMENTos, 261

1994; Gulya et ai., 1997). A resistência genética à podridão basale à podridão do capítulo tem sido estudada em vários países. Esforços têm sido empreendidos em programas de melhoramento de todo o mundo visando encontrar resistência ao patógeno, mas poucos avanços foram obtidas (Zimmer & Hoes, 1978; Gulya et ai., 1997).

Assim, o objetivo do presente trabalha foi avaliar a reação de genótipos de girassol à podridão branca causada por S. sc/erotiowm, no colo e no capítulo, em condições de campo.

Material e Métodos

• Doze cultivares de girassol foram avaliadas quanto à resistência à podridão branca no colo e no capítulo, em condições de campo, em dois experimentos implantados em abril de 2003, na área experimental da Embrapa Soja, em Londrina, PR. Outras 12 cultivares de girassol foram avaliadas no colo eno capitulo, em dois experimentps implantados em maio de 2004.

Os experimentos seguiram o mesmo delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições. Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 4 m, espaçadas de 0,70 m, onde foram deixadas 3 plantas por metro linear. A implantação e condução do girassol seguiram as recomendações feitas para .a cultura, incluindo adubação na semeadura e de cobertura, capinas, pulverização contra insetos .e irrigação, quando necessárias (Castro et ai., 1996).

Para vérificar a reação à doença, as plantas foram inoculadas artificialmente com o fungo, na região do colo ou no capitulo, separadamente em cada experimento. Para o preparo do inóculo, um isolado de S. scierotiorum foi cultivado por 30 dias em grãos de aveia umedecidos e previamente autoclavados. Para avaliar a reação na região do colo, uma porção do inóculo foi colocada a 5 cm da base das plantas do primeiro experimento de cada ano, aos 30 dias após a emergência. Para a avaliação da doença no capitulo, as plantas do segundo experimento de cada ano foram inoculadas com uma porção do inóculo do fungo colocada na região da bráctea do capítulo, por ocasião do início do florescimento.

4s .aaliações de indidência da doença foram realizadas sernanalménte, nas duas linhas ãentrais de cada parcela descartando 6,5 m de cada extremidade da linha Para efeito de análise estatistica, as medias de incidência final da doença no colo e no capítulo foram transformadas em O(x + 0,5) e comparadas pelo téste de Duncan, ao nível de 5 % de probabilidade.

Resultados e Discussão

• Nos experimentas de 2003, a avaliação da doença no colo realizada na fase de maturação fisiológica indicou que todos os genótipos foram suscetíveis ao patógeno, com a incidência variando de 67,29% a 94,34% de plantas infectadas. A inoculação no capítulo resultou na variação entre genótipos de 10,62% (Helio 250) a 65.90% (Embrapa 122) de capítulos com sintomas, por ocasião da colheita (Tabela 1).

No ano de 2004, a ocorrência da doença foi baixa tanto nas plantas inoculadas no caítulo como no colo (Tabela 2), em função das condições climáticas (pouca pluviosidade após a inoculação) não terem favàrecido a doença. Não foi observada diferença estatística significativá entre os materiais quando inoculados no colo. Apenas os genótipos MULTISSOL 08, GUARANI e V10034 apresentaram incidência de capítulos com sintomas de podridão rnaiorque 10%.

• Os resultados indicaram que.todos os genótipos de girassol avaliados foram suscetíveis a S. sclerotiorum, sendo afetados no capitulo e/ou no colo. De fato, muitos trabalhos indicam a falta de imunidade do girassol cultivado e de outras espécies selvagens, semelhante ao que se observa em todas as espécies de plantas que são afetadas por S. scierotiorum (Gulya et aI., 1997). A, resistência do girassol à S. scierotiorum é parcial e comandada por múltiplos genes.. O comportamento do mesmo genótipo pode diferir, dependendo do modo de ataque do fungo, ou seja, um genótipo pode apresentar um nível de resistência elevado para a podridão basal e ser muito sensível à podridão do capítulo. Além disso, os genes que se expressam em uma fase de desenvolvimento da planta podem ser ineficazes em outro estádio

(Davet et aI., 1991).

Os dados obtidos confirmam a observação de que não existem, até o presente, híbridos ou variedades comerólais quê possuarh nível de resistência adequado para cultivo em condições favoráveis à doença (Masirevic & Gulya, 1992). Assim, esforços estão sendo empreendidos no sentido de definir a melhor época de semeadura após a colheita da safra de verão no Paraná, por meio do zoneamento agroclimático, de modo a evitar épocas de maior favorabilidade climática para a doença, nas diferentes regiões»

Conclusão

• Todos os genótipos de girassol avaliados são sUscetíveis a S. sclerotiàtum, sendo afetados no

capítúlá e/ou no colõ.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA IDE GInASSOL

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Tabela 1. Reação de 12 genótipos de girassol à

podridão branca, causada por S. scierotiorum, inoculados no colo e no capítulo, avaliados em condições de campo. Londrina, 2003.

Genótipo Incidência (%)

inoculação no colo Inoculação no capitulo

FIELIO 250 89,39 bc 10,62 a Cli 85,74 bc 15,54 ab EXP38 88,52 bc 15,92 ab

AGROBEL 960 85,07 bc 15,97 abc AGROBEL 967 76,26 abc 18,38 abc M734 67,29 a 22,53 abc M742 90,49 bc 28,49 abc AGROBEL 920 94,34 c 35,86 bcd

BRS 191 79,25 abc 38,80 bcd RuMB0sOL91 72,71 ab 40,56 cd HELIO 251 88,29 bc 41,53 cd EMBRAPA 122 88,41 bc 65,90 d Média 83,81 29,17 c.v. %) 6,85 29,30

para efeito de análise estatistica, os dados foram transformados em '/ (x+0,5); médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao

nível de 5 % de probabilidade.

Tabela 2. Reação de 12 genótipos de girassol à podridão branca, causada por S. ,sclerotiorum, inoculados no colo e no capítulo, avaliados em condições de campo. Londrina, 2004.

Genótipo Incidência (%)

inoculação no colo Inoculação no

AGROBEL 962 3,75 a 0,00 a V 80198 2,51 a 1,19 ab AGROBEL 972 0,00 a 1,47 ab NUTRISSOL 09 2,27 a 3,69 abc AGROBEL 959 1,47 a 3,90 abc V90064 1,14a 5,92abc HELIO 355 0,00 a 7,38 abc HELIO 358 0,00 a 8,13 abc EMBRAPA 122 3,59 a 9,79 bc MULTISSOL 08 2,64 a 12,02 bc GUARANI 3,41 a 13,15 bc V 10034 5,13 a 17,12 c Média 2,15 6,98 cv. (%) 97,85 64,14

para efeito de análise estatística, os dados foram transformados em 'J(x+O,S); médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao

nível de 5 % de probabilidade.

Referências

CASTRO, C. de; CASTIGLIONI, V. B. R.; BALLA, A.;

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Ip1 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

rp-1-7 . 1 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE GIRASSOL À MANCHA DE ALTERNARIA (Alternaria hellanthi) EM CONDIÇÕES DE CAMPO

RESISTANCE OF SUNFLOWER GENOTYPES TO ALTERNARIA LEAF SPOT

(Alternaria hellanthi) IN FIELD CONDITIONS

Regina M.V.B.C. Leite 1 ; Cláudio G.P. Carvalho 1

1 Embrapa Soja, Caixa Postal 231, 86001-970 Londrina, PR. e-mail: [email protected]

Resumo: 0 girassol pode ser afetado pela mancha de Alternaria, causada por Alternaria helianthi. O uso de

genótipos com resistência genMica à doença é altamente desejável para reduzir os danos causados pelo patógeno. A reação de 27 genótipos de girassol à mancha de Alternaria foi avaliada em três experimentos de campo, conduzidos em Londrina, PR, nas safras 200212003, 200312004 e 200412005. A severidade da doença, que ocorreu por infecção natural das plantas pelo fungo, foi avaliada na fase de desenvolvimento R3, utilizando uma escala diagramática da doença. Verificou-se elevada severidade da mancha de Alternaria nas

plantas em todas as safras. Os genótipos BBS 191, Embrapa 122, HT 9 (safra 2002120031, M 742, HELIO 251, CATISSOL 01, AGROBEL 962, HELIO 250, AGROBEL 967, AGROBEL 972 (safra 200312004), HELIO 358, Embrapa 122 e HELIO 355 (safra 200412005) apresentaram menor severidade da doença, nas condições

dos experimentos.

Abstract: Sunflower can be affected by leafblight and stem spot disease, caused by Alternaria hclianthi.

Genotypes with genetic resistance to this disease are highly desirabte for reducing losses. The reaction of 27 sunfiower genotypes to Alternaria leaf spot disease was evaivated in three field experimenta carried out in Londrina, state of Paraná; Brazil, during 200212003, 200312004 and 200412005 growing seasons. Alternaria disease severity, under natural conditions in the field, was evaluated at the R3 growth stage with !eference to a diagrammatic scale. High disease severity was observed in planta pf ali field trials. The genotypes BRS 191, Embrapa 122, HT 9 (in 200212003), M 742, HELIO 251, CATISSOLO1, AGROBEL 962, HELIO 250, AGROBEL 967, AGROBEL 972 (in 200312004), HELIO 358; Embrapa 122 and HELIO 355 (in 200412005)

showed lower Alternaria disease severity, in field conditions.

Introdução Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar a reação de 27 genótipos de girassol à mancha de Alternaria,

A mancha de Alternaria, causada por Alternaria em cnndicôes do camno. he/ianthi (Hansf.) Tubaki & Nishihara, tem sido a doença predominante na cultura do girassol no Brasil, ocorrendo em praticamente todas as regiões e em todas as épocas de semeadura. Os danos causados pela doença podem ser atribuídos à diminuição da área fotossintética da planta, devido à formação de manchas foliares e à desf olha precoce, resultando na redução do diâmetro dos capítulos, do número de aquênios por capítulo, do peso de 1000 aquênios e do

teor de óleo (Leite, 1997).

O controle efetivo da doença é muito difícil quando uma epidemia já está ocorrendo no campo. Entre as estratégias de manejo da doença, a resistência genética é altamente desejável, pois é o meio mais econômico de se reduzir os danos causados pelo patógeno (Davet et aI., 1991). A informação sobre a reação de híbridos e variedades de polinização cruzada à mancha de Alternaria está disponível em outros países, mas poucas informações já foram geradas no Brasil (Leite et aI., 1999). Além disso, faz-se

necessário conhecer essa informação para os genótipos atualmente disponíveis no mercado.

Material e Métodos

Dez híbridos de girassol foram avaliados anualmente quanto à resistência à mancha de Alternaria em condições de campo, na área experimental da Embrapa Soja, em Londrina, PR. Os experimentos foram implantados em novembro de

2002, novembro de 2003 e outubro de 2004, sendo conduzidos em blocos ao acaso, cõm quatro repetições. Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 4 m, espaçadas de 0,70 m, onde foram deixadas 3 plantas por metro linear. A implantação e condução do girassol seguiram as recomendações feitas para a cultura, incluindo adubação na semeadura e de cobertura, capinas, pulverização contra insetos e irrigação, quando necessárias (Castro et aI., 1996). Não houve inoculação artificial de A. he/íanthi, já que a doença ocorreu por infecção natural das plantas pelo fungo. O patógeno foi identificado por meio de isolamento em laboratório e inoculação em plantas em casa de vegetação.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GinAssoL

109

As avaliações de severidade da doença (%) e altura de planta (cm) foram feitas nas duas linhas centrais de cada parcela, descartando 0,5 m de cada extremidade da linha. O sistema de plantas individuais foi adotado (Kranz & Jdrg, 1989), onde cinco plantas homogêneas de cada parcela foram marcadas, totalizando 200 plantas para cada experimento. As plantas foram escolhidas, a partir da fase V4 (Schneiter & Milller, 1981), com o cuidado de selecionar individuos de mesmo desenvolvimento, altura e vigor. Em cada planta marcada, a área foliar total foi estimada (Leite & Amorim, 2002) na fase de desenvolvimento R3 (Schneiter & Miller, 1981). Simultaneamente, a manchado Alternaria foi estimada em todas as folhas, com o auxilio de uma escala diagramática da doença, previamente elaborada e validada (Leite & Amorim, 2002).

As plantas marcadas foram colhidas individualmente, após a fase de maturação fisiológica (119) (Schneiter & Miller, 1981). Foram avaliados o rendimento de aquênios (kg/ha), o peso de mil aquênios e o teor de óleo, este último analisado por meio de ressonância magnética nuclear (NMR).

As médias das variáveis avaliadas foram submetidas a análise da variância e comparadas pelo teste de Duncan, ao nível de 5 % de probabilidade.

Resultados e Discussão

Houve diferença estatística significativa entre os 10 híbridos avaliados em condições de campo na safra 200212003. tanto para a severidade de A. hellanthi, quanto para rendimento de aquênios, altura de planta e teor de óleo (Tabela 1). Os genótipos REIS 191, Embrapa 122 e HT 9 apresentaram menor severidade da doença, possivelmente devido ao ciclo precoce. A média de rendimento do experimento foi baixa, provavelmente devido à baixa pluviosidade ocorrida no florescimento e na fase de enchimento de grãos. Isto também refletiu em baixa média de teor de óleo do experimento.

Na safra 200312004, também se verificou diferença estatistica significativa entre os 10 híbridos avaliados em condições de campo, tanto para a severidade de A. helianthina fase de desenvolvimento 113, quanto para rendimento de aquênios, altura de planta e peso de mil aquênios (Tabela 2). As médias de rendimento de aquênios e altura de planta foram maiores que as do experimento da safra• anterior, indicando bom desenvolvimento das plantas. Os genótipos M 742, HELIO 251, CATISSOL 01,

AGROBEL 962, HELIO 250, AGROBEL 967 e AGROBEL 972 apresentaram menor severidade da doença, enquanto que a maior severidade da doença foi verificada no genótipo M734, contudo, sem afetar sua produtividade. O maior rendimento de aquênios foi atingido pelo genótipo EXP38, semelhante a outros cinco genótipos.

Observou-se diferença estatística significativa entre os 10 híbridos avaliados em condições de campo na safra 200412005, tanto para a severidade de A. helianthi, quanto para rendimento de aquênios, teor de óleo e peso de mil aquênios (Tabela 3). Os genótipos HELIO 358, Embrapa 122 e HELIO 355 apresentaram menor severidade da doença (abaixo de 10%). O maior rendimento de aquênios foi atingido pelo genótipo AGROBEL 959, semelhante a outros sete genótipos, e o maior teor de óleo foi verificado no genótipo HELIO 358, semelhante a outros cinco genótipos avaliados.

Uma vez que não tem se observado resistência completa à mancha de Alternaria nos genótipos de girassol até agora avaliados nas condições brasileiras, esforços para a obtenção de cultivares com maior nível de resistência devem ser continuados. Dentro da espécie de girassol cultivado (Hdllanthus annuus), a resistência em condições naturais está presente em algumas linhagens CMS e restauradoras (Nagaraju et aI., 1992). Como o girassol cultivado tem uma base de germoplasma relativamente restrita, novas fontes de variabilidade provavelmente serão necessárias, incluindo espécies selvagens (Morris et ai., 1983).

Conclusões

Os genótipos BEIS 191, Embrapa 122, HT 9, M 742, HELIO 251, CATISSOL 01, AGROBEL 962, HELIO 250, AGROBEL 967, AGROBEL 972, HELIO 358 e HELIO 355 apresentaram menor severidade da mancha de Alternaria, nas condições dos experimentos.

Referências

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EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

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Tabela 1. Reação de 10 híbridos de girassol à mancha

de Alternaria, causada por A. helianthi, avaliados em

condições de campo. Londrina, 200212003.

Genótipo Severidade Rendimento Altura do Teor de %l (Içg/ha) planta (cml óleo (%)

BRS 191 1,12d 347 bcd 178 bcd 25.40 cd EMBRAPA 122 2,10 d 862 a 156 ab 29.76 b HT 9 2,69 d 512 b 163 aba 28,88 bc AGROBEL 960 4,50 bc 190 cd 173 aba 23,92 do M 742 5,44 bc 755 a 183 cd 29.62 b AGROBEL 965 6.38 b 416 bc 185 cd 26.87 bcd M 734 6.73 b 416 bc 180 cd 34,698 AGROBEL 920 7.02 b 267 cde 200 d 20,61 o Cli 8.96a Soe 174abc 23,96de AGROBEL 910 9,19 o 388 bcd 153 a 20,500 Média 5,41 424 175 26.42 CV(%) 19.98 31,27 4,62 9,03

• médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entro si pelo tosto de Duncan, ao nrvel de 5 % de probabilidade.

Tabela 2. Reação de 10 híbridos de girassol à mancha

de Alternaria, causada por A. hellanthi, avaliada em

condições de campo. Londrina, 200312004.

Genótipo Severidade Rendimento Altura de planta Peso de mil 1%) • lkg/hol cml aguênios (g)

M 742 7,42 c 1748 b 175 cdo 39.56 b HELIO 251 7.52 c 1839 b 169 de 43,35 ab CATISSOL 01 8,69 c 2433 ab 185 bade 47.83 ah AGROBEL 962 9.19 c 1726 b 1650 40.08 b HELIO 250 10,11 bc 1682 b 200 ab 40,08 b AGROBEL 967 10,16 bc 2124 ab 185 bcdo 58,33 a AGROBEL 972 10,53 bc 2381 ah 193 abc 59,30 a NUTRISSOL 12,94 ah 2112 ab 213 a 48.43 ab EXP .38 13.24 ah 2785 a 199 ab 48,63 ah M 734 14,61 a 2443 ah 186 bcd 52.90 ab Média 10.43 2127 187 47,84 Cv. (%) 19,01 24,10 6,84 21,58

* médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de 5 % de probabilidade.

Tabela 3. Reação de 10 híbridos de girassol à mancha

de Alternaria, causada por A. he/ianthi, avaliada em

condições de campo. Londrina, 200412005.

Genótipo Severidado Rendimento Teor de Peso de mil (%) (kg/ha) óleo (%) aguênios (g)

HELIO 358 3.29 e 1274 b 41,96 a 30,95 Embrapa 122 5,78 a 715 a 33.17 d 43.40 a I-1ELIO 355 6,46 c 1590 ab 40.52 a 31.47 c GUARANI 10.99 b 1730 ab 40,798 35,47 aba MULTISSOL-08 11.53 ab 1622 ab 33,72 cd 42,55 ab AGROBEL 959 11,64 ah 1846 a 38.78 ah 32.42 bc M 734 12.45 ab 1520 ab 37,93 ab 44,72 a

a V10034 14,00 ab 1576 ab 33,76 cd 37,10 aba V80198 15,21 ah 1324 ab 35.30 bc 28,00 c

d v 90064 16,29 a 1571 ab 38,31 ab 29.82 e Média 10.76 1476 37,42 35,59 cv. (%l 27,65 22,11 7,40 18,16

• médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de 5 % do probabilidade.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

111

is. REAÇÃO DE GENÕTIPOS DE GIRASSOL ORNAMENTAL AO MÍLDIO (Plasmopara

haistedíl)

REACTION OF ORNAMENTAL SUNFLOWER GENOTYPES TO DOWNY MILDEW

(Plasmopara halstedii)

Regina M.V.B.C. Leite 1

1 Embrapa Soja, Caixa Postal 231,86001-970 Londrina, PR. e-mail: [email protected]

Resumo: Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a reação de genótipos de girassol ornamental ao mfldio. Plântulas de girassol de oito cultivares de girassol ornamental e respectivos parentais foram inoculadas por imersão em suspensão de zoosporângios da raça 330 do fungo e transplantadas para caixas Contendo areia autoclavada. As plântulas foram mantidas em câmara climatizada, com temperatura controlada

em 21 ° C, por 11 dias. Em seguida, foram pulverizadas com água destilada, cobertas totalmente com saco

plástico e mantidas no escuro, a 18 °C. No dia seguinte, foi observada a presença de esporulação nos cotilédones. As plântulas que apresentaram esporulação foram consideradas suscetíveis e as que não apresentaram foram resistentes. O resultado indicou que todas as cultivares e os parentais testados foram suscetíveis à raça 330 de míldio. As cultivares de girassol ornamental BAS Capri M, BRS Encanto M, BRS Oásis, BRS Paixão M, BRS Pesqueiro M, BRS Refúgio M, BRS Saudade Me BRS Saudade U não são indicadas para uso em áreas com histórico de ocorrência da doença.

Abstract: This research was carried out with the objective of evaluating the reaction of ornamental sunflower genotypes to downy mildew. Sunflower seedlings of eight cultivars and respective parents were inoculated by immersion in zoosporangia suspension of race 330 and were grown in autoclaved sand boxes. Seedlings were kept in growing charnbers, at 21°C, for 11 days. After this period, plants were misted with distilled water, covered with plastic bag, and kept in the dark at 18°C. In the next day, sporulation in the cotyledons was observed. Plants with sporulation were considered susceptible and non-sporulated plants were resistant. The results indicated that ali cultivars and parents were susceptible to race 330 of downy mildew. Ornamental sunflower cultivars BRS Capri M, BRS Encanto M, BRS Oásis, BRS Paixão M, BRS Pesqueiro M, BRS Refúgio M, BRS Saudade M and BRS Saudade U should not be used in areas with disease occurrence.

Introdução

O míldio, causado por Plasmopara haistedil ( Farl.) Berl.& de Toni, é uma das principais doenças do girassol no mundo, por ser potencialmente muito destrutivo. Apesar de ser originário da América do Norte, com a movimentação do girassol ao redor do mundo, o fungo é atualmente endêmico em todos os locais onde o girassol é cultivado (Gulya et ai., 1997). A maioria dos países tem regulamentações específicas para evitar a introdução ou a dispersão do patógeno (Pereyra & Escande, 1994), inclusive o Brasil, onde é considerado objeto de quarentena categoria "A". É um parasita obrigatório e sistêmico, transmitido por sementes e apresenta alto potencial epidêmico.

No Brasil, o mfldio foi pela primeira vez encontrado em 1982, nas localidades de Santo Augusto e Veranópolis, no Rio Grande do Sul e, posteriormente

em 1983, em Londrina, PA (Ferreira et aI., 1983). Todavia, a ocorrência do patógeno se deu em parcelas experimentais, sendo as plantas infectadas imediatamente arrancadas e queimadas. Estudos sobre a identificação da raça foram realizados por

Henning & França Neto (1985), verificando-se a presença da raça 2 americana (raça 300 na atual nomenclatura). Em julho de 1998, plantas de girassol da variedade Embrapa 122 - V2000, apresentando sintomas de míldio, foram detectadas no campo experimental da Embrapa Soja, em Londrina, PR (Leite & Oliveira, 1999). Os mesmos sintomas foram novamente observados no local em agosto de 2001, maio e setembro de 2002, em plantas da cultivar BRS1 91 e de girassol ornamental. Medidas de erradicação das plantas foram tomadas no campo experimental da Embrapa Soja. As plantas, com qualquer sintomatologia da doença, foram arrancadas e queimadas, de modo a evitar a disseminação do fungo. Nessa ocorrência, o fungo identificado por Leite et ai. (2003) foi a raça 330 (antiga raça 7 americana).

Como os sintomas de míldio verificados em setembro de 2002 foram em plantas de girassol ornamental, objetivou-se avaliar a reação de algumas cultivares desenvolvidas pela Embrapa Soja (Oliveira & Castiglioni, 2003) e seus respectivos parentais à raça 330 de míldio, identificada em Londrina.

112

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOs, 261

Material e Métodos

Os trabalhos de preparo de inóculo e inoculação foram realizados no Laboratório de Fitopatologia. Os testes de avaliação foram realizados em câmaras climatizadas, com luminosidade e temperaturas controladas. O inóculo foi preparado a partir de plantas com sintomas de míldio, armazenadas em sacos plásticos em ultrafreezer, a -80 °C. Os testes de reação de genótipos foram repetidos duas vezes, seguindo a metodologia descrita por Gulya (1996).

Sementes dos genótipos de girassol foram embebidas em solução de hipoclorito de sódio a 1 % por 10 minutos. Em seguida, as sementes foram lavadas em água, até remoção do produto. Cinqüenta sementes de cada material foram colocadas para germinar em caixa gerbox, sobre papel umedecido, à temperatura ambiente (25 °C) por 3 dias. Sementes com algum tipo de contaminação por fungos ou bactérias ou com germinação anormal foram descartadas. A suspensão de zoosporângios do fungo foi preparada a partir de folhas com esporulação abundante, retiradas do ultrafreezer. Os zoosporângios foram lavados com água destilada. A concentração de esporos foi ajustada para 20.000 zoosporângios/ ml em hemacitômetro e foi adicionado 1 ml da solução de cálcio (2,2g de CaCl 2 anidro em 10 ml de água destilada). Plântulas com cerca de 1,5 a 2 cm de radícula foram imersas na suspensão de zoosporângios de míldio e incubadas por 4 horas, a 1 5°C, no escuro. Em seguida, foram semeadas em caixas contendo areia autoclavada. As plântulas foram irrigadas diariamente e mantidas na câmara climatizada, com temperatura controlada em 21 °C, até as primeiras folhas verdadeiras terem 1 cm (aproximadamente 11 dias). Após esse período, no final da tarde, as plantas foram pulverizadas intensamente com água destilada e cobertas totalmente com plástico, de modo a fazer uma câmara úmida e mantidas no escuro, a 18°C. No dia seguinte, foi observada a presença de esporulação nos cotilédones das plantas. Na avaliação, as plantas que apresentaram esporulação nos cotilédones foram consideradas suscetíveis e as que não possuíram foram resistentes. Após a leitura, o material foi descartado em local apropriado.

Foram testados oito cultivares de girassol ornamental e respectivos parentais (Tabela 1), além da linhagem 89V2396 (Embrapa Soja), incluída como testemunha suscetível e do híbrido Agrobel 960, utilizado com testemunha resistente (Leite et ai.,

2003).

Resultados e Discussão

A avaliação dos 26 genótipos, inoculados com suspensão de zoosporângios da raça 330 de míldio, demonstrou que todos exibiram esporulação

abundante nas regiões dos cotilédones, sendo categorizados como suscetíveis, exceto o híbrido Agrobei 960, incluído como testemunha resistente (Tabela 1). O mesmo resultado foi observado nos dois testes realizados.

Observando a sintomatologia, plantas com infecção sistêmica de míldio apresentam crescimento lento ou nanismo, com folhas cloróticas e anormalmente grossas, hastes quebradiças com capítulos eretos e, geralmente, estéreis (Gulya et aI., 1997). Certamente, plantas ornamentais com esse sintomas não são aptas para comercialização.

A produção de flores é feita normalmente em áreas de cultivo intenso, onde as doenças podem ser limitantes ou até mesmo inviabilizar ouso da área. P. halstedil produz oósporos de parede fina, que são estruturas de resistência, produzidas sexualmente, essenciais para sua perpetuação (Gulya et ai., 1997). Depois de introduzido numa área, a erradicação do fungo é difícil devido à formação de oosporos que podem permanecer viáveis no solo por muitos anos (Zimmer & Hoes, 1978).

O tratamento de sementes com fungicidas específicos para P. haistedii, como o metalaxyl, é obrigatório em alguns países, como a França e a Argentina, em variedades de polinização livre ou cultivares híbridas suscetíveis. O metalaxyl, graças à sua propriedade sistêmica, permite controlar contaminações primárias e assegura uma boa proteção nos primeiros estádios de desenvolvimento da cultura (Davet et ai., 1991; Pereyra & Escande, 1994). Entretanto, no Brasil, não está registrado para tratamento de sementes de girassol, o que inviabiliza sua recomendação pela pesquisa.

Desta forma, uma estratégia para o controle do míldio é o desenvolvimento de genótipos resistentes. O uso de cultivares resistentes é o método mais seguro de prevenção da doença e é feito nos países com tradição no cultivo do girassol, como a França e a Argentina (Davet et aI., 1991; Pereyra & Escande, 1994. A resistência ao míldio é oiigogênica e dominante, controlada por genes codificados por P1 (Gulya et aI., 1997). Assim, o Programa de Melhoramento Genético da Embrapa Soja está desenvolvendo esforços no sentido de incorporar resistência à raça 330 de míldio nas cultivares de girassol ornamental e para extração de óleo.

Conclusão

As cultivares de girassol ornamental BBS Capri M, BRS Encanto M, BBS Oásis, BBS Paixão M, BBS Pesqueiro M, BBS Refúgio M, BRS Saudade M e BBS Saudade U não são indicadas para uso em áreas com histórico de ocorrência da raça 330 de míldio.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

113

Tabela 1. Reação de genótipos de girassol ornamental

à raça 330 de Plasmopara haistedil.

Genôtipo Designação Reação 89V2396 Testemunha Suscetível Agrobel 960 Testemunha Resistente BBS Capri M Variedade Suscetível BBS Encanto M Variedade Suscetível BBS Oásis Hibrido Suscetível BRS Paixão M Variedade Suscetível BBS Pesqueiro M Variedade Suscetível BBS Refúgio M Variedade Suscetível BBS Saudade M Variedade Suscetível BBS Saudade U Variedade Suscetível CMS 10090 Parental BBS Capri M Suscetível CMS 10026 Parental BBS Encanto M Suscetível CMSHA30379NW22 Parental BBS Oásis Suscetivol CMS 10162 Parental BBS Paixão M Suscetível CMS 10004 Parental BBS Pesqueiro M Suscetível CMS 10115 Parental BBS Refúgio M Suscetível CMS 10034 Parental BBS Saudade M Suscetível CMS 100413 Parental BBS Saudade U Suscetível HÁ 10091 Parental BBS Capri M Suscetível HÁ 10027 Parental BBS Encanto M Suscetível HA30379NW22 Parental BBS Oásis Suscetível HÁ 10163 Parental BRS Paixão M Suscetível HÁ 10002 Parental BBS Pesqueiro M Suscetível HÁ 10135 Parental BBS Refúgio M Suscetível HÁ 10035 Parental BBS Saudade M Suscetível HÁ 10049 Parental BBS Saudado U Suscetível

M - niulticapitulado: U - unicapitulado

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ia'

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P 19. APLICAÇÃO SIMULTÂNEA DE GRAMINICIDAS E FONTES DE BORO NO CON-TROLE DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS DE MILHO E NA NUTRIÇÃO MINERAL DA CULTURA DO GIRASSOL

SIMULTANEOUS APPLICATION OF GRAMINICIDES AND BORON SOURCES ON VOLUNTEER CORN CONTROL AND MINERAL NUTRITION OF SUNFLOWER CROP

Alexandre Brighenti', César de Castro 1 , Fábio A. de Oliveira 1

1 Embrapa Soja, Caixa Postal 231, 86001-970 Londrina, PR. e-mail: [email protected].

Resumo: Em solos com baixos teores de boro (B) podem ocorrer sintomas de deficiências em plantas de girassol (Helianthus annuus L.), principalmente nas fases reprodutivas. Outro fator que também interfere na cultura do girassol é a ocorrência de plantas voluntárias que ocorrem quando o girassol é semeado em sucessão ao milho. Um experimento foi conduzido no município de Chapadão do Sul, MS, a fim de avaliar o controle de plantas voluntárias de milho por meio de aplicações de herbicidas graminicidas, isolados ou em combinação com fontes de boro (B), bem como a resposta do girassol às aplicações desse micronutriente. Os tratamentos dispostos nas parcelas foram haloxyfop-methyl (0,048 kg i.a. ha') mais 0,5% v/v de óleo mineral, sethoxydim (0,22kg i.a. ha - ') mais 0,5% v/v de óleo mineral, clethodim (0,12kg i.a. ha 1 ) mais 0,5% v/v de óleo mineral, fluazifop-p-butil (0.187 kg i.a. ha 1 ) e a testemunha capinada. As subparcelas foram constituídas da ausência e da presença de 400 g ha' de 8, em duas fontes (11 380 3 — ácido bórico e Na 2B80 13 .4H 20 - borato de sódio), junto com a carda de pulverização. A combinação dos graminicidas com as duas fontes de boro não prejudicaram o controle de plantas voluntárias de milho. Nenhum sintoma visual de injúria foi verificado nas plantas de girassol, em função dos tratamentos. Houve aumentos consideráveis dos teores de boro na folhas do girassol com a aplicação dos graminicidas em associação com as duas fontes de boro.

Abstract: Characteristic deficiency symptoms can occur in sunflower plants (He//anthus annuus L.) in soils with low boron (8) contents, mainly in the reproductive phases. Another factor that interferes in the sunflower culture is the occurrence of volunteer com plants that emerge when sunflower is sowed after com. An experiment was carried out in Chapadão do Sul, Mato Grosso do Sul State, Brazil, in order to evaluate the control of volunteer com through applications ot graminicides, singly or on combination with boron sources (8), as well as the response of sunflower to fertilization with this micronutrient. The treatments applied to the plots were haloxyfop-methyl (0.048 kg a.i. ha') plus 0.5% v/v of mineral oil, sethoxydim (0.22 kg i.a. hr 1) plus 0.5% v/v of mineral oil, clethodim (0.12 kg i.a. ha') plus 0.5% v/v of mineral oil, fluazifop-p-butil (0.187kg i.a. ha -1 ) and hand weeded control. The sub-plots were absence or presence of 4009 ha 1 of B, in two sources (H 380 3 -. boric acid and Na 2 880, 3 .4H 20 - sodium borate). The combination of graminicides with two boron sources did not affect the volunteer com control. No injury symptoms were observed in sunflower plants. The application of graminicides in association with boric acid and sodium borate increased the content of this micronutrient in sunflower leaves.

Introdução

Os teores de boro nos solos brasileiros são, geralmente, baixos e a falta desse micronutriente tem levado ao aparecimento de sintomas de deficiência, principalmente nas fases de florescimento e maturação do girassol (/-/e/ianthus anncius L.) (Castro eta)'., 1996). Entretanto, é freqüente a redução da produtividade das lavouras por deficiência de boro, sem que sejam observados sintomas típicos nas folhas e nos capítulos. Além disso, mesmo tendo valores considerados adequados de 8 no solo, os sintomas de deficiência podem surgir, em períodos de seca (Castro, 1999).

Uma das alternativas de adubações corretivas com B é a aplicação via solo, utilizando adubos com mistura

de grânulos contendo o micronutriente. Porém, apresenta a desvantagem de ocorrer segregação entre

a fonte de B e os demais componentes do fertilizante, durante a mistura e o manuseio. A segregação interfere na uniformidade de aplicação de boro no solo devido a aplicação de baixas quantidades desse micronutriente (Mortvedt & Woodruff, 1993).

Outro fator que interfere sobre a produtividade do girassol é ocorrência de plantas voluntárias. Nos Cerrados do Brasil Central, o girassol é semeado, de modo geral, após a cultura do milho ou da soja, ocorrendo a emergência de plantas voluntárias que, dependendo da densidade da infestação, competem com a cultura (Brighenti et ai., 2003).

Sendo assim, uma das maneiras de reduzir os custos de produção do girassol seria controlar as plantas voluntárias e fornecer boro à cultura em uma única operação.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIOASSOL

115

O objetivo deste experimento foi avaliar o controle de plantas voluntárias de milho, através de aplicações de herbicidas graminicidas, isolados ou em combinação com fontes de boro (B), bem como a resposta do girassol às aplicações desse micronutriente.

Material e Métodos

O Experimento foi instalado no dia 08-03-2004, na fazenda Zeca Silva, município de Chapadão do Sul, MS. O delineamento experimental foi blocos casualizados em parcelas subdivididas, com cinco repetições. Nas parcelas, foram aplicados os herbicidas haloxyfop-methyl (0,048 kg i.a. ha' 1 ) mais 0,5% v/v de óleo mineral, sethoxydim (0,22 kg i.a.

ha1 ) mais 0,5% v/v de óleo mineral, clethodim (0,12 kg i.a. ha') mais 0,5% v/v de óleo mineral, fluazifop-p-butil (0.187 kg i.a. ha) e a testemunha capinada. As subparcelas foram constituídas da ausência e da presença de 8, junto com a calda de pulverização. Todos os tratamentos foram aplicados, isolados ou em combinação com 4009 ha' 1 de B, em duas fontes

(H 380 3 - ácido bórico e Na 2 B80 13 .4H 20 - borato de s6dio). Foram avaliados a percentagem do controle do milho voluntário e da fitotoxicidade aos 25 dias após a aplicação (DAA) dos tratamentos, a altura de plantas de girassol, o diâmetro do caule, o peso de mil aquênios, o teor de boro no solo (0-10 cm de profundidade), o teor de boro nas folhas, o teor de óleo e a produtividade da cultura.

Resultados e Discussão

Todos os herbicidas aplicados, isoladamente e em combinação com as duas fontes de boro, foram seletivos para cultura do girassol, não apresentando nenhum sintoma visual de fitointoxicação (Tabela 1). Todos os tratamentos foram eficazes no controle de plantas voluntárias de milho, proporcionando valores percentuais acima de 95%. A quantidade aplicada de B é pequena para proporcionar aumentos significativos do teor desse micronutriente no solo. Entretanto, quando foi associado haloxyfop-methyl mais borato de sódio houve aumento dos teores de B no solo. Esse tratamento proporcionou valores da ordem de 0,27 mg dm' 3 enquanto que no tratamento onde o mesmo herbicida foi aplicado isoladamente, o valor médio de B no solo foi 0,1 8 mg dm 3 . Em relação ao teor de 8 nas folhas, houve aumentos consideráveis dos valores, passando de 42,3 mg kg nos tratamentos onde os herbicidas foram aplicados isolados para 49,4 mg kg

onde os mesmos produtos foram combinados com as duas fontes de boro. Em relação à variável produtividade do girassol, não houve diferença estatística entre os tratamentos.

Conclusões

A combinação dos graminicidas com as duas fontes de boro não prejudicou o controle de plantas voluntárias de milho. Nenhum sintoma visual de injúria foi verificado nas plantas de girassol, em função dos tratamentos, Houve aumentos consideráveis dos teores de boro na folhas do girassol com a aplicação dos graminicidas em associação com as duas fontes de boro.

Tabela 1. Percentagem de controle de plantas voluntárias de milho e fitotoxicidade, aos 25 dias após a aplicação dos herbicidas, altura de plantas (cm), diâmetro de caule (mm), peso de 1000 aquênios (g), teor de O na camada de solo de 0-10cm (mg dm 3 ), teor de B nas folhas (mg kg' 1 ), teor de óleo (%) e produtividade da cultura do girassol (kg ha' 1 ), em função dos tratamentos. Fazenda Zeca Silva, Chapadão do Sul, MS, 20031 2004

Tsatamentos Fontes de 6 Controle Fisosoxicidada Altura Diâmel,o caule Peso 1000 Boro no solo Boto na tolha Teor de óleo Produtividade

100,0 A 11 ' 0.0 165,5 B 19,7 A 39,96 0,18 O 29,28 34,96 1669,4 A Ilaloaytop-methyl Ácido bórico 100,0 A 0,0 176,5 A 20.4 A 39,86 0,206 47.9 A 35,6 AO 1563,6 A 0,048kg ha Oo,ato de sódio 100,0 A 0,0 171,9 AS 21,3 A 43,1 A 0,27 A 45,1 A 37,0 A 1784,3 A

95,5 A 0.0 173,5 A 15.9 A 41.0 A 0,25 A 33,20 36,0 A 1546.0 A Sethosydim Ácido bórico 95,5 A 0,0 172.2 A 19,4 A 40.7 A 0.24 A 46,4 A 36,0 A 1505,6 A 0,22kg he' Borato de sódio 95,5 A 0,0 189,9 A 20,2 A 43,2 A 0,28 A 47,1 A 38.9 A 1757,7 A

97.0 A 0,0 113.0 A 20,7 A 42,9 A 0,21 A 34.86 36,3 A 1509.2 A Clsthodim Atido bórico 97.7 A 0,0 175.4 A 20,7 A 42,4 A 0,21 A 50.8 A 36.3 A 1544.2 A 0 1 12kg ha' Borato da sódio 98,0 A 0,0 176.9 A 21,3 A 44,5 A 0,23 A 48,1 A 37,7 A 1803,0 A

98,2 9 0,0 112.7 A 20.4 AB 40,9 A 0,21 A 32.46 35,5 A 1565,1 A Fluasitop'p'butil Ácido bórico 99,06 0.0 174,7 A 18,96 39.9 A 0.21 A 48,9 A 35.7 A 1498,8 A 0,187kg ha Borato da sódio 99,5 A 0,0 174,0 A 21,1 A 41,1 A 0,24 A 45,3 A 38,3 A 1673,2 A

100,0 A 0.0 116.9 A 20,2 A 40.06 0.14 A 33,46 35.78 1514,8 A Testemunha Ácido bórico '00,0 A 0,0 174,1 A 20,5 A 40,3 O 0.15 A 51.9 A 35,0 A 1660,0 A capinada -

Borato de sódio 100.0 A 0,0 172,5 A 21,2 A 43,1 A 0,18 A 45,5 A 37,4 A 1730.9 A - CV l%l 0,8 . 3,3 8.0 --- 3,8 17,0 9,2 2,2 12.2

* Em cada coluna e para cada tratamento, as médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

116

EMBnAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Referências

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ANAIS L XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL 117

P 20. NUTRIÇÃO MINERAL DO GIRASSOL EM SOLOS DE CERRADO

MINERAL NUTRITION OF SUNFLOWER IN CERRADO SOILS

M. F. Moraes' 1 ; F. S. Bernarde& 21 ; J. Lavres Júniort; H. J. KIiemanri 3 '

' 1 0ENA/USP, Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, Av. Centenário, 303, 1 3400-970, Piracicaba-

SP. E-mail: [email protected]. 12 IAC, Centro de Solos e Recursos Agroambientais, Campinas—SP. 131 UFG, Escola de Agronomia e Eng. Alimentos, Goiânia-GO.

Resumo: Na região dos Cerrados tem sido relatada a deficiência de manganês induzida pelo excesso de calcário, principalmente devido à aplicação de calcário superficial em sistema plantio direto. O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos da correção de acidez e manganês residual sobre a nutrição mineral do girassol cultivado em sucessão à soja. Conduziram-se dois experimentos simultâneos em vasos, um em Latossolo Vermelho amarelo e outro em Neossolo Quartzarênico. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5x5, com cinco doses de calcário (visando elevar a saturação por bases a 25, 50, 75 e 100%, além da testemunha) e cinco doses de manganês (O, 5, 10, 15 e 20 mg de Mn kg -1 de solo), e três repetições por tratamento. O manganês foi aplicado apenas no primeiro dos dois cultivos anteriores de soja. As maiores produções de matéria seca da parte aérea de girassol foram obtidas com o nível de saturação por bases variando de 50 a 75%, para ambos os solos. Com a elevação da saturação por bases a partir a 25%, os teores de Ca e Mg na parte aérea foram tidos como médios. Em ambos os solos a absorção de Fe foi maior do que o valor considerado médio. Para o Latossolo, os teores de Mn e Zn na parte aérea estavam próximo aos valores considerados médios. Entretanto, no Neossolo, o teor de Mn na parte aérea foi considerado excessivo e o de Zn abaixo do nível crítico.

Abstract: In the area of the Cerrado it has been told the deficiency of manganese induced by the excess of calcareous, mainly dueto the application of calcareous superficial in no-tillage system direct plantation. Two pots experiments was carried out to evaluate the effects of liming and manganese rates on mineral nutrition of sunflower grown on two soils from Southwest Goiás, Brazil: an Oxisol and an Ultipsamment. A completely randomized, 5x5 factorial treatment (liming and manganese rates), with three replications was done. Lime was applied to reach soil base saturation of 25, 50, 75, and 100% the CEC. Manganese was applied at the rates 0, 5, 10, 15, and 20 mg Mn kg 1 soil in the first of two previous soybean crops. The highest productions of dry matter of the aerial part of sunflower were obtained with the saturation levei by bases varying from 50 to 75%, for both soils. With the elevation of the base saturation above 25%, the concentration of Ca and Mg in the shoot were had as medium. In both soils, the absorption of Fe was larger than the medium considered value. For Oxisoi, the concentration of Mn and Zn in the shoot were dose to the medium considered values. However, in Ultipsamment , the concentration of Mn in the piant tops was considered excessive and the Zn below the critical levei.

Introdução

As ocorrências de desordens nutricionais em plantas cultivadas na região dos Cerrados, geralmente estão associadas à acentuada acidez destes solos, devido aos altos teores de alumínio e manganês e baixos teores de cálcio, magnésio e fósforo (Malavolta e Kliemann, 1985), razões pelas quais, por muitos anos a região ficou marginalizada no processo produtivo (Silva e Maiavolta, 2000).

Tem sido relatados casos de deficiência induzida de manganês em culturas anuais como a soja, mais especificamente em solos de Cerrados, em função da calagem excessiva no plantio convencional ou da aplicação superficial, praticada a lanço no sistema plantio direto (Tanaka et aI., 1992; Sanzonowicz, 1995). E importante destacar que nos solos daquela região, na maioria dos casos, os teores situam-se

acima da faixa de suficiência considerada média: 2 a 5 mg kg'(Lopes, 1984; Galrão, 2000). Desta forma, a aplicação de manganês deve ser cuidadosa para não ocorrer problemas sejam eles de carência ou até mesmo excesso.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a disponibilidade de manganês residual e os efeitos da correção de acidez na nutrição mineral do girassol

cultivado em sucessão a soja, por ser essa prática muito utilizada nos chamados cultivos de safrinha.

Material e Métodos

Conduziram-se dois experimentos simultâneos em casa de vegetação, um com solo argiloso

(LATOSSOLO VERMELHO AMARELO) e outro arenoso (NEOSSOLO QUARTZARÊNICO), coletados no

118

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

município de Rio Verde-GO. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 5x5, com cinco doses de calcário (visando elevar a saturação por bases a 25, 50,76 e 100%, além da testemunha) e cinco doses de manganês (0, 5, 10, 15 e 20 mg de Mn kg 1 de solo), e três repetições por tratamento.

O Manganês foi aplicado apenas no primeiro dos dois cultivos anteriores de soja (Lima et ai., 2004). Como corretivo foi empregada a mistura de CaCO 3 + MgCO 3 p.a., na proporção de 3:1, com 104,75% de PRNT, deixando-se o solo sob incubação aeróbica por 30 dias.

Após a incubação dos solos, conforme a análise química, foram adicionados como adubação básica, em solução, os seguintes nutrientes (mg kg 1 de solo): solo arenoso: 60 de N, na forma de uréia; 150 de K, na forma de cloreto de potássio e 3 de Zn, na forma de cloreto de zinco. Solo argiloso: 60 de N, na forma de uréia; 100 de K, na forma de cloreto de potássio; 5 de Zn, na forma de cloreto de zinco e 1 de Cu, na forma de cloreto de cobre diidratado. Sempre utilizando reagentes p.a.

Procedeu-se a semeadura adicionando 4 sementes por vaso do girassol híbrido BRS 191 e, uma semana após a emergência das plântulas, fez-se desbaste deixando duas plantas por vaso, Realizaram-se duas adubações de cobertura com reagentes p.a., a primeira aos 24 dias após a emergência aplicando a dose de N de 60 mg kg' de solo, dos quais 26,25 na forma de sulfato de amônio e 33,75 na forma de uréia; a segunda adubação nitrogenada de cobertura ocorreu aos 39 dias após a emergência aplicando a dose de 75 mg kg 1 de solo, dos quais 22 mg na forma de uréia, 40 na forma de sulfato de amônio e 13 na forma de nitrato de potássio.

A umidade do solo nos vasos foi controlada pela perda de peso dos vasos, mantendo-a, aproxima-damente, a 80% da capacidade de campo.

o experimento foi conduzido até as plantas atingirem o final da fase 114 (Castiglioni et aI., 1997), o que ocorreu aos 46 dias após a emergência. O material vegetal da parte aérea foi seco em estufa com circulação de ar, a 70oC até peso constante.

Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e as interações avaliadas por regressão, segundo Pimentel-Gomes e Garcia (2002).

Resultados e discussão

Os níveis de correção da acidez de ambos os solos afetaram significativamente os teores de macro e micronutrientes na parte aérea do girassol. Com o aumento da absorção de Ca e Mg ocorreram reduções na absorção de Mn e Zn, pouco afetando o ter o de ferro na parte aérea. Nos menores níveis de correção da acidez, foram observadas as maiores concentrações de Mn e Zn na matéria seca,

No Neossolo, os teores de Zn na parte aérea foram baixos (< 15 mg kg'), em contrapartida o teor de Mn atingiu valores muito altos (2000 a 4000 mg kg 1 ), que provavelmente inibiu a absorção do Zn.

A cultura do girassol respondeu correção da acidez (Figura 1), para níveis de saturação por bases a partir de 25%, os teores de Ca aos 46 dias situaram-se acima de 20 g kg. Para o Mg aconteceu o mesmo, valores acima dei g kg' foram obtidos em saturações e" 25%. Entretanto os valores de concentração na matéria seca associados à máxima produção foram de 30 g kg 1 e 6 g kg', respectivamente para Ca e My no solo arenoso. Já no solo argiloso, o teor de cálcio para se obter as maiores produções foi de 17 g kg' 1 , para o magnésio houve correlação linear, portanto sem ponto de máxima produção. Estes valores são semelhantes aos 19 e 6 g kg', respectivamente para Ca e Mg, encontrados por Sfredo etal., (1 983a) em campo.

Dentre os micronutrientes, para ambos os solo, o teor de ferro na parte aérea do girassol foi de aproximadamente 1000 mg kg 1 . Este teor é bem superior a 150 mg kg' 1 , considerada média conforme Sfredo et ai., (11983b). Para o Latosso, os teores médios de Mn e Zn na matéria seca foram de 185 e 55 mg kg", próximos aos valores de 160 e 45 mg kg 1, respectivamente para Mn e Zn, considerados adequados para o girassol. Entretanto, no Neossolo a concentração de Mn na parte aérea foi alta (300 mg kg 1 ) e o teor de zinco reduziu-se (15 mg kg 1 ) para abaixo do teor considerado médio, provavelmente de a alta absorção de manganês.

Foram observados sintomas visuais de deficiência de cálcio nos tratamentos sem calagem, as plantas ficaram pequenas e raquíticas, evidenciando a necessidade de se fazer a correção destes solos. tingaro etal. (1985) comprovaram a necessidade de correção do solo para cultura do girassol em solos ácidos do Estado de São Paulo.

O girassol não respondeu ao manganês residual. Certamente os teores de Mn de 16 e 23 mg kg 1 de solo, existentes, respectivamente, no Latossolo e Neossolo foram suficientes para nutrição das plantas. Concordando com Lopes (1984) e Galrão (2000) que consideram como nível crítico 5 mg dm 3 de solo e a faixa media de 2-5 mg dm 3 , respectivamente.

Conclusões

O girassol respondeu melhor a calagem no Latossolo. Provavelmente a baixa concentração de Zn na matéria seca da parte aérea do girassol cultivado no Neossolo tenha limitado a produção do mesmo.

Em solos de Cerrado como os do presente estudo, a adubação com Mn é desnecessária e mesmo com a caiagem visando elevar a saturação por bases a 100%, não foi observada deficiência de Mn nos tratamentos sem a aplicação deste nutriente.

y v

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GInASSOL

119

Y MSPA-27,23+5,18x-0,077x2 R2 0.130 n=25 (Ca)

• MS1PA-15,15+6,43x &=0.90 n=25 (Mg)

75

ZOI

a

a .3

a a .3 a, 0

5

O LLSts_LIyI I .... I

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Ca e NIg na matéria seca da parte aérea (g kj')

Y MSPA = 9,61 + 1.06x - 0,01 8x2 = 0,74 n=25 (Ca)

MSPA = 7,24 + 6,55x - 0.542x2 R2 0,66 n=25 (Mg)

35

30 •

.-

v y

y ,wy v Y

! 25

1

20 a,

a o-

15 a. .3

a

o

O 10 20 30 40 50 Ca e Mg na niatéria seca da parte aérea (g kg')

Figura 1. Relações entre teores de cálcio e magnésio e produção de matéria seca da parte aérea de girassol cultivado em Latossolo Vermelho amarelo (A) e Neossolo Quartzarênico (8).

Referências

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SFREDO, G.J.; SARRUGE, J.R.; HAAG, H.P. Absorção de nutrientes por duas cultivares de girassol (Helianthus annuus L.), em condições de campo. II. Concentração de rnicronutrientes. Anais da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Piracicaba, v. 40, n.2, p.1 165-1187, 1983.

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120

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P 21. J PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DO GIRASSOL EM RESPOSTA À NEUTRALIZAÇÃO DA ACIDEZ EM UM NEOSSOLO QUARTZARÊNICO

DRY MATTER YIELD OF SUNFLOWER AFTER ACID NEUTRALIZATION IN AN UDOXIC QUARTZIPSAMMENT

Fábio A. de Oliveira 1 , César de Castro 1 , Cristiano O. Veronesi 2 , Luana H. Salinet 3

1 Embrapa Soja, Caixa Postal 231, 86001-970 Londrina, PR. e-mail: [email protected]; 2Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Dourados,MS; 3 Universidade Estadual de Londrina, Londrina, P11.

Resumo

O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de matéria seca do girassol e a reação de neutralização da acidez de um neossolo quartzarênico submetido à calagem. O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação; em vasos de plástico com 3,0 kg de T.F.S.A., utilizando como planta teste o híbrido de girassol HP 11 - Helianthus. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 5 tratamentos e 4 repetições, totalizando 20 unidades experimentais contendo uma planta de girassol por vaso. Os tratamentos foram constituídos de doses de calcário (PRNT 100%) equivalentes a: O; 2; 4; 6 e 8 t ha 1 , aplicadas 60 dias antes da semeadura. No florescimento, foram avaliadas a produção de matéria seca da parte aérea e raízes, além das propriedades químicas do solo.0 girassol respondeu significativamente à calagem, aumentando tanto a produção de matéria seca da parte aérea quanto das raízes, as plantas desenvolveram-se adequadamente em solos com acidez corrigida, alumínio tóxico neutralizado e saturação por bases entre 53 e 65%. Nessas condições, a disponibilidade de cálcio + magnésio variou de 2,1 a 2,6 cmol 0 dm 3 . O pH atingiu valores próximos à neutralidade e o calcário acumulou sem reagir, quando aplicado em quantidades elevadas.

Abstract

The objective of this work was to evaluate the dry matter yield of sunflower and the acid neutralization reaction in an Udoxic Quartzipsamment submitted to liming. The experiment was carried out in greenhouse, in 3 kg plastic pots, with sunflower HP 11 Helianthus as test plant. The experimental design was in completely randomized blocks, with 5 treatments and

4 replications, with one sunflower plant per pot. Treatments were rates of lime (PRNT 100%) of 0; 2; 4; 6 and 8 t ha, applied 60 days belore sowing. At flowering, the dry matter yield of shoot and roots of the plants, as well as the chemical properties of the soil were evaluated. Sunflower was significantly affected to liming, increasing both the dry matter yield

of shoot and roots. There was a suitable development of plants in soils after acid correction, neutralized toxic

aluminum and base saturation between 53 and 65%. In these conditions, the availability of calcium + magnesium varied from 2.1 to 2.6 cmol dm 3 . The pH reached values near neutrality and there was no reacted lime accumulation, even when applied in high amounts.

Introdução

Como o girassol é uma cultura de ampla adaptabilidade às condições de solo, e alta tolerância à seca, pode contribuir significativamente para maior diversificação dos sistemas agrícolas da região dos Cerrados, nos cultivos em safrinha (Castro et aI., 1997). Entretanto é uma espécie sensível à acidez do solo, geralmente apresentando sintoma de toxidez de AI em pH em CaCl 2 0,1 M menor que 5,2 (Blamey et aI., 1987), valor comum nos solos da região.

Os Neossolos Quartzarénicos são solos profundos, com textura arenosa, e formados

essencialmente por quartzo (Oliveira et aI., 1992), que atualmente representam uma parcela muito significativa das áreas de expansão agrícola, principalmente nos Cerrados, mesmo não sendo indicada a sua utilização para o cultivo de culturas anuais (Correção, 2004). No entanto, em regiões com boa distribuição de chuvas nos períodos de safra, esses solos podem ser cultivados em sistema de semeadura direta, com rotação de culturas envolvendo espécies de cobertura para a obtenção de grande quantidade de biomassa.

Esses solos apresentam fertilidade original muito baixa, caracterizando-se pela acidez elevada e, principalmente, pela reduzida quantidade de matéria orgânica, baixa capacidade de troca de cátions e

retenção de umidade (Correia et ai., 2002). A correção química é uma prática indispensável para a neutralização do alumínio tóxico, mas sobretudo, para a elevação da CTC efetiva desses solos, diminuindo o

potencial de perdas de nutrientes por lixiviação e aumentando a disponibilidade de cálcio e magnésio. Contudo, devido ao menor poder tampão destes solos, a curva de neutralização da acidez é diferenciada dos

solos tradicionalmente cultivados, atingindo-se facilmente pH próximos à neutralidade, sem o

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

121

correspondente aumento da disponibilidade de nutrientes catiônicos (Quaggio, 1986).

0 objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de matéria seca do girassol e a reação de neutralização

da acidez de um Neossolo Quartzarênico submetido à

calagem em condições de casa-de-vegetação.

Material e Métodos

o experimento foi Conduzido em casa-de-vegetação

da Embrapa Soja, em Londrina, PR, em vasos plásticos

com 3,0kg de solo (T.F.S.A.), utilizando como planta teste o híbrido de girassol HF 11 - Helianthus.

O solo utilizado foi Neossolo Quartzarênico, de

textura arenosa (90 g k9 1 de argila), coletado em Alto Garças, MT, com as seguintes características

químicas, na camada de solo O - 20cm: pl-1 (CaCl 2 0,01 M) = 4,2; C = 9,79 dm 3 ; P (Mehlich-1) = 2,1 mg dm 3 ; K, Co, Mg, CTC = 0,05; 0,7; 0,17; 4,0 cmol dm 3 , respectivamente e V = 23% e m = 16%.

O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 5 tratamentos e 4 repetições. Os

tratamentos avaliados foram constituídos de doses

de calcário (PRNT 100%) equivalentes a: 0; 2; 4; 6 e 8 t ha 1 . O calcário foi aplicado e incorporado em todo

o volume do solo. O período de incubação foi de 60

dias, controlando-se a umidade dos vasos.

Na semeadura, feita no dia 25103105, os vasos

receberam uma adubação de base, comum a todos os tratamentos, com 210; 93 e 234 mg kg -1 de N, P e K respectivamente e micronutrientes conforme análise.

Inicialmente, foram colocadas cinco sementes em

cada vaso e, seis dias após a emergência, foi feito o

desbaste, restando apenas duas plantas por vaso. Os vasos foram mantidos com umidade ao redor de 70%

da capacidade de campo, através de reposição com água destilada. As plantas de girassol foram cultivadas

até o início do florescimento e posteriormente

colhidas, secas em estufa para a determinação da matéria seca total e dos teores de nutrientes na parte

aérea. A amostragem de solo foi realizada ao final do

experimento, para a determinação das propriedades químicas (Silva, 1999).

Resultados e Discussão

O girassol respondeu significativamente à calagem, aumentando tanto a produção de matéria seca da parte

aérea quanto das raízes (FIG. 1). No solo não corrigido havia uma saturação por alumínio de 16%, acima dos

limites tolerados pela cultura. Observou-se que a produção máxima de matéria seca tanto da parte aérea

(28,7 g) como da raiz (3,4 g) foi obtida com a aplicação

de 6,0 e 7,0 t ha 1 de calcário respectivamente. No

entanto, a quantidade de matéria seca equivalente a

90% da produção máxima, foi obtida com 2,35 t ha -de calcário para a parte aérea e 3,50 t ha 1 para a

raiz.

No solo, a calagem promoveu uma elevação

significativa da saturação por bases de 23 a 65 %

com a aplicação de 4 t ha 1 , acompanhada da redu ção

proporcional da acidez potencial (FIG. 2),

demonstrando as reações de troca no complexo de

cargas do solo. Contudo, a partir dessa quantidade,

com o pH próximo à neutralidade (6,8), houve pequena

solubilização do calcário e menor de geração de cargas

negativas, identificadas pela estabilização das

curvas.de saturação de bases em 70%, assim como da acidez potencial em 1,5 cmol dm 3 .

A ausência de resposta às maiores quantidades

de calcário está relacionada ao esgotamento da acidez

trocável do solo, levando à diminuição da solubilização do calcário e, não representando, portanto, aumentos

nas disponibilidades de cálcio e de magnésio para as plantas. Nessa situação, porém, pode haver a

diminuição da disponibilidade de micronutrientes no

solo, promovendo até mesmo, reduções de

produtividade do girassol.

Avaliando as condições de solo que propiciaram as maiores produções de matéria seca do girassol,

verifica-se que na dose de 2,35 t ha de calcário o

solo apresentou neutralização total do alumínio tóxico e saturação por bases em torno de 53%, enquanto

que a aplicação de 4 t ha -1 elevou V para 65%. Considerando a CTC desse solo, as quantidades de cálcio e magnésio disponíveis variaram de 2,1 a 2,6 cmol dm 3, que podem indicar a faixa de disponibilidade

satisfatória para o desenvolvimento adequado do

girassol em Neossolos Quartzarênicos. Estes resultados, no entanto, deverão ser comprovados em

experimentos nas condições de campo.

40 • Parte aérea y = -0,21*' + 2,54* + 20.95 R' = 0,88'

o Raiz y - -0,03*' + 042* + 1.86 R' = 061" 30

e, o,

20

4

o

10

lo

Doses de calcário (8 hi')

Figura 1-Produção de matéria seca da parte aérea e

da raiz de girassol em resposta à calagem.

122

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

N . v Y = + 1541 X + 23,29

R2 0,99

t 40

20

a H + Ai y • 0053x8 -O.687x • 3,73 R2 0,g9

O -. f0,0 o 2 4 6 8 10

Doses de calcário (t ha)

Figura 2- Saturação por bases e acidez potencial de um Neossolo Quartzarõnico em função da calagem.

Conclusões

Em condições de casa-de-vegetação:

O girassol desenvolve-se adequadamente em solos com acidez corrigida, alumínio tóxico neutralizado e saturação por bases entre 53 e 65%;

A disponibilidade de cálcio + magnésio adequada para o girassol nos Neossolos Quartzarênicos varia de 2,1 a 2,6 cmol dm 3 ;

O pH atinge valores próximos à neutralidade e o calcário acumula sem reagir, quando aplicado em quantidades elevadas nos solos arenosos de baixa CTC.

Referências

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80

60

4,0

3,5

3,0 E 2,5 -u

o 2,0 E

o 1,5

1.0 + = 0.5

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL 123

EIË!!!J APLICAÇÃO DE ÁCIDO BÓRICO VIA FOLIAR NA CULTURA DO GIRASSOL

FOLIAR SPRAY WITH BORIC ACID IN SUNFLOWER

César de Castro 1 ; Fábio A. Oliveira 1 ; Luana H. Salinet 2 ; Cristiano O. Veronesi 3

1 Pesquisador, Embrapa Soja, Caixa Postal 231, 86001-970 Londrina, PR.

e-mail: [email protected]; 2 1JIniversidade Estadual de Londrina, Londrina;

3 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Dourados.

Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de doses de boro (B) via fotiar, utilizando como

fonte de B, o ácido bórico, na produtividade do girassol e a possível fitotoxicidade do produto nas plantas. Os

tratamentos foram doses de: 0,0; 0,3, 0,5 e 0,7 kg ha 1 de B. Os tratamentos foram aplicados aos 40 dias

após a emergência. Não houve resposta em relação ao rendimento da cultura do girassol aos tratamentos de

aplicação foliar, mesmo com a dose máxima de boro. Houve aumentos consideráveis do teor de B nas folhas

com a aplicação de doses de ácido bórico via foliar. Foram observados sintomas de queima das folhas nas

doses de 0,5 e 0,7 kg ha' de boro.

Abstract: The objectives of this work were to evaluate the leaf phytotoxicity and sunflower yield by the foliar

spray with boron (B) dosages (H 3 B0 3 boric acid). The treatments were 0.0; 0.3, 0.5 and 0.7 kg ha 1 B.

Treatments were applied at 40 days after emergence. No response of the boron foliar spray was observed in

sunflower yield, even using the maximum dosage. The boron foliar application increased the boron content in

sunflower leaves. Symptoms of Ieaf burn were verified in plants treated with 0.5 and 0.7 kg ha 1 B.

Introdução

A deficiência de boro em girassol, em condições de campo, podem produzir vários níveis de

deformações de capítulos, chegando mesmo em

condições de estresse, provocar a sua queda.

Contudo, é freqüente a redução da produtividade por deficiência do nutriente, sem que sejam observados

sintomas típicos da carência de boro nas folhas e/ou capítulos. Gupta (1993) cita que numerosas

observações têm levado à conclusão de que as

necessidades de boro para a produção de sementes são muito maiores que para a produção dos órgãos

vegetativos. Com base nessas informações, não é de

se esperar que a aplicação foliar de boro, pelo menos

nas fases iniciais de desenvolvimento, possa suprir a

possível necessidade do nutriente, principalmente na

fase reprodutiva.

No campo, em condições adequadas de umidade do solo, os efeitos visíveis de deficiência de boro nos

estádios vegetativos da cultura do girassol somente

ocorrem se a mesma for extremamente severa.

Contudo, é comum a recomendação e a aplicação de boro foliar ao redor dos 30 dias após a emergência

das plantas, como prática para suprir a possível necessidade do nutriente, mesmo sem o aparecimento de qualquer sintoma visível.

O manejo da fertilidade do solo e da nutrição mineral do girassol tem sido pautado por conceito simplista

da aplicação de doses de nitrogênio, de fósforo e de

potássio e do micronutriente boro, sem levar em consideração os teores desses nutrientes no solo, com

base em análise de solo. Assim, resumidamente tem

se optado por aplicar uma fórmula NPK, com o

micronutriente B. Contudo, os teores normalmente

existentes de boro nos formulados estão aquém dos

considerados adequados para suprir às necessidades

da planta. Assim, tem-se optado pela

complementação com boro via foliar. Esse

comportamento vem favorecendo a proliferação de diversos produtos, sem contudo a comprovação

científica da eficiência dessa prática. Como principal

resultado, a única certeza que os agricultores têm é o

aumento do custo de produção. Já o aumento da produtividade dependerá de diversos fatores, não

necessariamente, em função do nutriente aplicado.

Diaz-Zorita & Duarte (1998), avaliando o efeito da adubação foliar em girassol observaram que em solos com 0,10 mg dm 3 de 3 houve resposta ao tratamento para o incremento na produção de aquênios. Contudo,

não houve aumento da produção de aquênios nas áreas

com teores superiores a 0,20 mg dm 3 de 8 no solo. Esses resultados demonstram a importância da

avaliação da disponibilidade de boro no solo para

decisão da recomendação de adubação para o girassol. No mesmo trabalho, foram observadas quedas de capítulos nas plantas cultivadas nos solos com baixos teores, independente da aplicação foliar.

Embora o girassol seja particularmente sensível à deficiência de boro, ela é relativamente fácil de ser corrigida (Blamey et aI., 1979). Na Africa do Sul, adubações com 1,0 kg ha 1 de Bem solos arenosos e de 3,0 kg ha 1 de B em solos argilosos têm sido

consideradas como adequadas para eliminar as

124

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

deficiências de boro, mesmo em cultivares sensíveis. Alternativamente às aplicações de boro via solo, Stoyanov (1985), citado por Blamey et ai., (1997), recomenda duas aplicações foliares com 0,4 e 0,5 kg ha de B, aplicadas no início do florescimento e durante o florescimento pleno, respectivamente.

o girassol é, normalmente, cultivado em condições de sequeiro. Contudo, apesar de ser considerado resistente à seca, em situação de limitada disponibilidade de água às plantas, a produção de grãos é afetada drasticamente. Nesse caso, como os sintomas de deficiência de boto se intensificam, assume-se que o problema é a falta do nutriente, quando na verdade pode ser a restrição hidrica às plantas.

O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do fornecimento de boro via foliar, na produtividade do girassol, utilizando o ácido bórico.

Material e Métodos

O experimento foi instalado em Londrina, FF1 em condições de semeadura convencional, após a cultura do milho, utilizando o híbrido M 742, semeado 07104 e colhido em 05/0812000.

O solo do experimento é classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico de textura muito argilosa, com as características químicas anteriores ao inicio da experimentação apresentadas na Tabela 1.

A adubação de base foi realizada com 250 kg ha 1 da formulação 5-20-20 e a adubação de cobertura com 45 kg ha 1 de nitrogênio aplicado aos 35 dias após a emergência das plantas, com sulfato de amônio. A fonte de boro aplicada foi o ácido bórico (H 3 B0), aplicada com volume de calda de 200 L ha 1 ,

com pulverizador costal, à pressão constante de 276 kPa, mantida por CO 2 comprimido, equipado com barra de 1,5 m de largura e quatro bicos de jato plano AVI 110015, distanciado de 0,5 m.

O delineamento experimental foi blocos ao acaso, com cinco repetições. Os tratamentos foram 0,0; 0,3, 0,5 e 0,7 kg ha 1 de B, aplicados aos 40 dias após a emergência.

Foram avaliados os sintomas de queima nas folhas, o teor de óleo nos aquênios, o teor de B nas folhas e a produtividade do girassol.

Resultados e Discussão

Não houve resposta em relação à produtividade do

girassol aos tratamentos de aplicação foliar de boro. O teor médio de óleo nos aquênios foi de 41,0% e a produtividade média de 1950kg ha (Figura 1).

A produtividade média do experimento demonstra que as condições edafoclimáticas durante a condução

do experimento foram favoráveis para o desenvolvimento da cultura. Uma questão importante foi a data de semeadura, efetuada no dia 07 de abril e colheita em OS de agosto de 2000, sem a ocorrência de doenças de final de ciclo, como a podridão branca.

Foram observados sintomas de fitotoxicidade ao boro, em escala crescente nas doses de 0,5 e 0,7 kg ha 1 de B. Não houve efeito da queima das folhas sobre a produtividade, em função da grande área foliar do girassol. Os sintomas foram caracterizados por queima dos bordos das folhas, principalmente na ponta, onde provavelmente, ocorreu o acúmulo da calda. O sintoma é semelhante ao de fitotoxicidade provocado pela aplicação de elevadas quantidades de boro no solo. Entretanto, este fenômeno ocorre a partir da absorção do boro pelas raízes e sua movimentação acropetal através do xilema, enquanto o sintoma verificado nesse estudo ocorreu pelo contato direto e pelo acúmulo do produto com a superfície das folhas. Nas condições estudadas, não houve danos de queima das folhas de girassol pela aplicação de doses de 0,3 kg ha' de boro. Contudo, como as injúrias foram leves na dose de 0,5 kg ha 1 de boro, estima-se que não haveria risco de dano com a aplicação de até 0,4 kg ha 1 de B. Essa observação está de acordo com a dose de boro aplicada juntamente com herbicidas pós. emergentes na cultura do girassol, sem a ocorrência de danos pelo nutriente (Brighenti et aI., 2004).

Apesar dos teores de boro no solo (Tabela 1) serem considerados baixos para a maioria das culturas, em especial para o girassol, os teores do nutriente nas folhas foram adequados para o girassol (Blamey et aI., 1987) em todos os tratamentos. Não foram verificados sintomas de deficiência de boro, mesmo na testemunha não adubada. No campo, em solos de textura média ou argilosa, com teores adequados de matéria orgânica e ausência de déficit hídrico, os efeitos visíveis da deficiência de boro no desenvolvimento vegetativo do girassol somente ocorrem se a mesma for severa (Castro et ai., 2004).

Houve aumento linear do teor de boro nas folhas em resposta à adubação foliar (Figura 2). O aumento dos teores de 8 nas folhas pode ser atribuido à contaminação direta do broto de folhas, com a aplicação da adubação foliar aos 40 DAE; à absorção de parte do nutriente aplicado via foliar que atingiu diretamente o solo no momento da aplicação da calda; além da possível lavagem das folhas e contaminação do solo ou a ação conjunta de todos esses efeitos.

Conclusões

A recomendação de adubação com boro no girassol

deve considerar a disponibilidade do nutriente no solo.

• Não houve resposta no rendimento do girassol à aplicação foliar de boro.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA OE GinAssoL 125

Concentrações de ácido bórico superiores a 0,4 kg ha 1 de B, aumentam os riscos de queima nas folhas de girassol, principalmente se forem aplicadas nas horas mais quentes do dia.

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Prof. PH AI H+Al Ca Mg K SB CTC V C P B

cm CaCIz . .......... .......... cmolc dm 3 ........................ % g dm 3 mg dm 3

0-20 5,8 0,0 3,41 5,19 2,32 0,41 7,92 11,3 70 17,3 29,2 0,28

20-40 5,7 0,0 3,64 4,58 2,31 0,37 7,26 10,9 66 20,3 17,5 0,28

Areia: 102 g kg SiRe: 125 g kg' Argila: 743 g kg 1

Ç 2200

2000

t' 1800 -D te 1600

1400

1200

1000

55

40 -D Y= 9,8617x+42,212 (R 2 = 0,87) o 35

30

0 0.1 0,2 0.3 0,4 0,5 0,6 0,7

Doses B (kg ha 1 )

O 300 500 700

Boro foliar (9 1 )

Figura 2. Teor de boro nas folhas, em função da aplicação de doses de ácido bórico (H 3 B0 3).

Figura 1. Produtividade do girassol M 742, em funcão da aplicaç5o de doses de boro via foliar, aos 40 dias após a emergência DAE.

126 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

1 P 23.1 INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO NA PRODUTIVIDADE E CONSTITUINTES QUÍMICOS DO GIRASSOL

FERTILIZATION INFLUENCE IN SUNFLOWER PRODUCTIVITY AND COMPOSITION

Luís G. Sachs 1 , Sandra H. Prudencio-Ferreira 2 , EIza 1. Ida 2 ,

Paula J.D. Sachs 2 , Antonio P. Portugal 1 , Juliane P.D. Sachs 3

1 FFALM /UNESPAR- Br 359km 54,5 - 86360-000. Bandeirantes- PR. * <[email protected] >; 2 UEL 86051-990 - Londrina- PR; 31Q-USP 05508-900- São Paulo -SP

Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar a influência da adubação NPK na produtividade, teores de óleo, proteínas e fitoquímicos de girassol e explorar o potencial do modelo matemático nas contribuições marginais dos efeitos da adubação. Observou-se aumento de produtividade de aquênios com doses estimadas de até 55 kg de N/ha, 41 kg de K 2 0/ha e 46 kg de P 20 5/ha. O teor de óleo nos aquênios aumentou com incremento de K 2 0 e P 2O5 e o teor de proteínas diminuiu com incremento de K 2 0. Não foram observadas influências da adubação sobre os teores de ácido clorogênico, esterois totais e fósforo total nos aquênios.

Abstract: The objective of this work was to evaluate the NPK fertilizer influence on productivity and oil, concentration proteins and phytochemical in sunflower and explore the potential of mathematical model in marginal contributions of fertilizer effects. The achene productivity increased with estimated doses up to 55 kg of N/ha, 41 kg of K 2 01ha and 46 kg of P 20 5/ha. The oil concentration in achene answered positively to increased K 2 O and P20 5 . Protein concentration decreases as K 2O rata increases. No influence of fertilizer was observed on chlorogenic acid, total sterols and total phosphorus concentration on achene.

Introdução

A composição química do grão de girassol depende do genátipo da planta, tratos culturais, condições climáticas e outros fatores (Reyes et ai., 1985; Carrão-Panizzi; Mandarino, 1994). Além do óleo de girassol, as proteínas têm sido de interesse para a formulação de alimentos para consumo humano devido, principalmente, às suas propriedades funcionais (Venktesh; Prakash, 1993).

O girassol é rico em alguns fitoquímicos como fitatos, ácido clorogênico e fitoesteróis. Com o incremento da adubação fosfatada aumenta o teor de fósforo nos grãos (Buerkert et aí, 1 998; Müllers et ai., 1999). Pesquisas demonstram que o fitato tem papel benéfico na inibição de oxidação lipídica (Leal, 2000). Fatores genéticos e o local de plantio influenciam o teor de fitoesteróis no óleo de girassol que contém em média 0,3% (Vlahakis; Hazebroek, 2000). Os fitoesteróis reduzem o teor de colesterol do sangue (IFST, 2000). O girassol possui também compostos fenólicos como os ácidos clorogônico, caféico e quínico. O teor de ácido clorogênico do girassol varia conforme a cultivar e em média a semente integral contém cerca de 2% e a farinha integral 3% (Regitano-D'Arce et ai, 1987; Farag, 1999),

o objetivo deste trabalho foi investigar a influência da adubação, utilizando a metodologia de superfície de resposta (MSR), para estimar as contribuições do nitrogênio, fósforo e potássio na produtividade e composição dos aquênios de girassol.

Material e Métodos

As sementes de girassol foram EMBRAPA 122 V2000. O ensaio foi conduzido em Bandeirantes-Pr (23 0 06' 5; 50 0 21' W, 440 m de altitude, Latossolo Roxo Eutrófico-LRe). No experimento de campo foi empregado o modelo fatorial incompleto 33 com dois blocos casualizados contendo 15 parcelas no bloco. As variáveis independentes (x 1 , x 2 e x 3) foram N, K 20 e P20 5 e os níveis codificados (-1, O e 1) de aduba ção de cada variável foram zero, 30 ou 60 kg/ha. As variáveis dependentes ou funções respostas foram: v,rendimento em kg de aquênios/ha; v cio massa de 1000 aquênio em (g); v, 03 ,n° de aquênio/capitulo, v (%Q) porcentagem de óleo nos aquônios; v(OU

ha) _re1ment0 em kg de óleo/ha; v 00 _porcentagem de proteínas nas amêndoas; v () percentagem de fósforo total nos aquênios; v (0 _percentagem de ácido clorogênico nos aquênios; v 1 percentagem de esteróis totais nos aquênios. As análises de regressão e variância foram realizadas como programa StatSoft

Statistica 5.0 (Statsoft, 2003). A semeadura foi realizada em 0212000 e a colheita em 0612000. Durante o ciclo da cultura a temperatura média foi de 20,8°C. umidade relativa do ar de 70% e a precipitação pluviométrica de 310 mm. O ensaio de

campo foi realizado aleatoriamente e consistiu de 2 blocos casualizados com 15 parcelas no bloco. Cada parcela continha 5 linhas de 5 m de comprimento, com espaçamento de 33 cm entre plantas e 70 cm entre linhas. Foi aplicado Boro na dosagem de 1,0 kg/ha em todas as parcelas e seguidas as demais recomendações da EMBRAPA para a condução da

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

127

cultura até a colheita (Baila etal., 1997; Castiglioni etat, 1997).

Foram utilizados para determinações químicas: método 46-13 da AACC, 1983, para teor de proteína, método 30-26 da AACC, 1983, para teor de óleo, método de Chen et al., 1956, para fósforo total, método de Bittoni etal., 1977, para ácido clorogênico, método de Blaya, 1963, para esteróis totais e método 44-15 da AACC, 1983, para teor de umidade.

Resultados e Discussão

A Análise da terra do local do ensaio de campo apresentou os seguintes resultados: pH em CaCl 2 5,9;

C (%) 2,2; P (ppm) [extrator MEHLICH] 12,6; K (meq/ lOOmL TFSA) 0,27; Ca+Mg (meq/l0OmL TFSA) 15,0; Ca (meq/1 0OmL TFSA) 1 2.5; AI trocável (meqí lOOmL TFSA) 0,0; H+Al (meq/lOOmL TFSA) 3.3; Soma de bases (meq/100mLTFSA) 15,3; Capacidade de troca total (meq/lOOmL TFSA) 18,2; Saturação de bases (%) 84; Alumínio (%) 0

Considerando apenas os efeitos para os valores de F significativos (p.:-~_0,05) foram obtidas as

seguintes equações gerais das regressões para as respectivas funções respostas:

equação v0 J-0,0601\1 2 ) + 6,593N + (-0,031 P9 + 2,835P+ (-0,055K 2) +4,489K + 1357 (1) v11000, q1 j-0,00035N 2) +0,07309N +0,00002P 2 +0,01 536P+ (-0,00068K 2) +0,07422K +45,73 (II)

v I,qcaplj -O.O21 7N 1 2 ) + 2,0024N 1 + 7 13,2 5 (III) v11 (-0,00008P 2 ) + 0,02045P + (-0,00027K 2 ) + 0,03670K + 4 1, 15 (IV) vIol,ha=(-O,O2G8xl) + 2,86x 1 + (-0,0143x 2 2 ) + 1,53x2 + (-0,0273x 3 2 ) + 2,4698x 3 + 556 (V) v 1 , 11 0,000780K+(-O,081 1K)+25,8 (VI)

Onde: v 3q =kg de aquênios/ha; v 41000 , q1 =massa de 1000 aquênio em (g); v 10q0p1 =aquônio/capítulo, = percentagem de óleo no aquênio; V(ol/ba) = kg áleo/ha; vlpro,, = percentagem de proteínas nas amêndoas;

N = kg de N/ha; P = kg de P20 5/ha; K = kg de K 20/ha

Derivando a eq. 1, foram estimadas em 55kg/ha, 41 kg/ha e 46kg/ha as dosagens de melhores respostas para o N, K 20 e P 205 respectivamente. Passone etal. (1998) não observaram aumento na produtividade com taxas crescente de até 150 kg de N/ha. Dependendo do tipo de solo e da forma de aplicação do nitrogênio pode ocorrer resposta a doses maiores (Schuch; Mundstock, 1994). Halvorson etal. (1999) obtiveram melhor resposta com dose da ordem de 100 kg de N/ha. Teor inferior limitou o rendimento do girassol (Borkert etal., 1998). No entanto, a terra deste ensaio continha 105 ppm de potássio e houve resposta positiva à adubação. Outros fatores intrínsecos ao solo e ao clima podem ter influenciado. A retirada de fósforo do solo pelo girassol é cerca de 1% da massa dos grãos (Vigil, 2000), contudo em solos com teor superior a 14 ppm não é necessária a adubação fosfatada, Apesar do solo deste ensaio apresentar 12,6 ppm de fósforo, houve resposta positiva a este nutriente. Isto pode ser explicado pelo elevado teor de óxidos de ferro no solo que fixa parte do fósforo

A produtividade por hectare depende da massa dos aquênios (eq II) e do número de aquênios/capítulo de girassol (eq III). Como estes parâmetros responderam à adubação e sendo variáveis dependentes, justifica-se a busca das melhores condições de adubação para otimizar este binômio.

O teor de óleo nos aquênios foi influenciado pelos fertilizantes K 2O e P205 , mas todos os fertilizantes

empregados influenciaram a produção de óleo/ha Derivando a eq. IV para os efeitos dos fertilizantes, estimou-se a máxima resposta para o teor de óleo nos aquênios com as dosagens de 128 kg de P 2O5/ha e 68 kg de K 2 O/ha. Já para produção de óleo/ha as dosagens dos fertilizantes foram estimadas em 53, 53 e 45 kg/ha, para N, P 2 O 5 e K 2O respectivamente (eq. V). O teor de óleo nos grãos e a produtividade por unidade de área podem ser influenciados por dessecação (Vidal & Fleck, 1993), cultivar e linhagem (Castiglioni et ai., 1999), adubação (Bono et ah. 1999), dentre outros.

O teor de proteínas nas amêndoas somente foi influenciado pelo fertilizante K 2 O. Derivando a eq. VI estimou-se que o ponto de mínima dosagem de K 2 O foi de 52 kg/ha, o que demonstra o efeito negativo deste fertilizante sobre este parâmetro. Foi observada uma relação inversa entre o teor de óleo e proteínas no grão, sendo o potássio apontado como responsável pelo incremento do teor de óleo e na redução do teor protéico do grão (Tanaka et ah, 1995). A relação proteína/óleo também foi influenciada pelo incremento da fertilização nitrogenada, com redução do teor de óleo nos aquênios e aumento do teor de proteínas (Passone etal., 1998).

A fertilização do solo não apresentou efeito significativo sobre o teor de fósforo total, ácido clorogênico e fitoesteróis totais nos aquênios de girassol (Tabela 1). Senatore et ah (1990) verificaram que os teores de fitoesteróis não variaram em função

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

da dosagem e do tratamento com nitrogênio, fósforo e potássio. Entretanto, Vlahakis; Hazebroek (2000) relataram variações significativas do teor de fitosteróis em girassol de acordo com o local de plantio e condições do solo, apontando a fertilidade do solo como a possível causa desta variação.

Ensaios em lavouras com diferentes espécies vegetais têm demonstrado correlação positiva entre a adubação fosfatada e aumento do teor de fósforo nos grãos, principalmente na forma de fitatos (Buerkert et ai., 1998). Mêllers et ai. (1999) observaram que o teor de fósforo total nos grãos aumentou de 0,24 para 0,72% e o de fitatos de 0,06 para 0,60%. quando aumentou o teor de fósforo de 0,6 mg/100 g para 10,6 mg/100 g de solo seco. O fitato por ser uma reserva secundária de fósforo e usado subsidiariamente nas funções vitais da semente, principalmente na germinação, somente acumula a taxas maiores quando há grande disponibilidade de fósforo no solo. O maior incremento no teor de fitato na semente ocorre em níveis de adubação mais intensa de fósforo, estreitando a relação fósforo/fitato.

A expectativa inicial de que pelo menos a adubação fosfatada influenciasse o teor de fósforo no grão não se confirmou. As hipóteses mais prováveis para este fato foram: (1) a boa fertilidade da terra (12,6 ppm de P) onde foi instalado o ensaio atendeu a capacidade da planta em armazenar fósforo no grão; (II) ocorrência de fixação no solo de parte do fosfato empregado na fertilização, uma vez que a terra em questão é rica em óxidos de ferro que favoreceu tal fato; (III) a quantidade de fósforo aplicada, considerando apenas a camada agricultável do solo (0 a 20 cm) e densidade aparente do solo entre 1,0 a 1,2 g/cm 3 , correspondeu a um incremento de 0,025 a 0,030 mg de P 20 51 00 g de solo, na dose máxima empregada neste ensaio. Este incremento foi da ordem 11350 a 11400 do empregado por Mbllers et a/. (1999) quando apuraram aumento no teor de fósforo de até três vezes e de fitatos de até dez vezes nos grãos em função da dose de fósforo.

Conclusões

Nas condições em que foi realizado o ensaio conclui-se que: a produtividade do girassol responde positivamente ao incremento de N, P e K. O teor de áleo no aquênio aumenta com o incremento da adubação com P e K. O teor de proteínas na amêndoa reduz com o incremento da adubação com K. O teor de esteróis totais, ácido clorogênico e fósforo total nos aquênios não são afetados pela adubação com N, P e K. O emprego da Metodologia de Superfície de Resposta (MSR) permite avaliar a influência conjunta da adubação com N, P e K, na produtividade e composição química dos grãos de girassol.

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Tabela 1 - Aquênios/lia, massa de 1000 aquênios, aquênio/capítulo, teor de proteínas nas amêndoas, e teor de óleo e fitoquímicos nos aquênios de girassol EMBRAPA 122 V 2000

Aquênio Aquênios/ Óleo P total Ác clorog. Esteróis (ky/ha)

1000 Aq. (9) capitulo

Proteínas (%) (%) (%) (%) (%)

rn 1574 49,2 743 24,5 42,4 0,499 1,70 0,124 s 50,8 0,651 28,9 1,60 0,296 0,0153 0,111 0,00309

cv% 3,20 1,30 3,89 6,53 0,698 3,07 6,53 2,49 0,79 0,87 0,33 0,34 0,84 0,12 0,08 0,13

piti <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 >0,05 >0,05 >0,05

m=média; sdesvjo padrão da amostra; cv% =coeficiente de variação percentual; R'=coeficiente de deteminação múltplo; i ti = probabi!idade de t (significativo para p <0,05)

130

EMBnAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P 24. AVALIAÇÃO DO VALOR NUTRITIVO DAS TORTAS DE GIRASSOL, AMENDOIM, NABO FORRAGEIRO E MAMONA

EVALUATION OF NUTRITIONAL VALUE OF SUNFLOWER, PEANUT, FORAGE TURNIP AND CASTOR BEAN CAKES

Antônio Ricardo Evangelista 1 , Jalison Lopes2 , Antônio José Peron 3 ,

Pedro Castro Net0 4 , Antônio Carlos Fraga 5

1 Universidade Federal de Lavras - UFLA, Caixa Postal 37, 37200-000 Lavras, MG. E-mail: [email protected] ; 2ialisonlopesvahoo com br; 3peronai(uft.edu.br ; 4oedrocnufla.br; 5franaufla.br

Resumo: A pesquisa foi realizada com o objetivo de avaliar o valor nutritivo das diferentes tortas de sementes oleaginosas com potencial de uso na alimentação de bovinos. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 3 repetições . Os tratamentos consistiram de 4 tortas das oleaginosas: girassol, nabo forrageiro, mamona e amendoim. Determinou-se os valores de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e matéria mineral (MM). Dentre as tortas, o mais alto teor de PB foi observado na torta de mamona, os teores de EE não diferiram entre si, e com exceção da torta de nabo forrageiro as demais tortas apresentaram altos valores de FDN e FDA. As tortas de girassol e nabo forrageiro foram as que apresentaram os melhores valores nutricionais.

Introdução

A América Latina produz mais de 500 mil toneladas de subprodutos e resíduos agroindustriais, sendo o Brasil responsável por mais da metade dessa produção (Souza e Silva, 2002). Desta forma, o aproveitamento destes subprodutos assume um papel economicamente importante, devido ao grande volume disponível, assim como a versatilidade de sua utilização, basicamente sob a forma de insumos para a alimentação animal (Vilela, 1995).

O aproveitamento racional dos subprodutos agrícolas e agroindustriais na alimentação animal tem se constituído em uma alternativa de grande valia na redução dos custos da alimentação e manutenção dos níveis de produção de carne e leite. Além disso, a utilização destes subprodutos permite uma destinação mais apropriada aos mesmos, tornando consequentemente menores os riscos de poluição ambiental provocada pelo seu acúmulo. Uma vez que esses produtos não são possíveis de serem utilizados na alimentação humana, eles podem ser utilizados na alimentação de animais domésticos, principalmente na dos ruminantes. Desta forma, a utilização de subprodutos da agroindústria em dietas de bovinos têm importância sob o ponto de vista econômico, nutricional e ambiental (Pereira e Silva, 1983).

As tortas de sementes oleaginosas (subprodutos resultantes da prensagem para a extração de óleo) possuem um grande potencial de utilização na alimentação de ruminantes em função de seu alto teor de energia, na forma de óleo, proteína, material mineral e teor de fibras.

o alto teor de gordura é de grande importância, principalmente para bovinos leiteiros em regiões de

temperatura elevada, pelo fato de apresentar baixo incremento calórico, ou seja, como os lipídeos são tóxicos para os microrganismos ruminais eles apenas são hidrolisados e hidrogenados no rúmen, e com isso não geram calor de fermentação. Os lipídeos passam para os outros compartimentos do trato digestivo, sendo utilizado como fonte de energia pelo animal (Valadares Filho et aI, 2002).

O objetivo deste estudo foi verificar o potencial de utilização de diferentes tortas de sementes oleaginosas na alimentação de bovinos através da avaliação de seus respectivos valores nutricionais. Entretanto é preciso ressaltar que neste trabalho não houve a preocupação em caracterizar e ou quantificar quaisquer fatores antinutricionais que possam existir nas fontes estudadas.

Material e métodos

o presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Pesquisa Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras, em Lavras, Minas Gerais. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 4 tratamentos e 3 repetições . Os tratamentos com as tortas, obtidas pelo método de extração mecânica de óleo a frio, foram constituídos pelas tortas de girassol (He/ianthus annus LJ, nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), mamona (Ricínus communis L.) e amendoim (Arachishypogaea L.).

Os teores de proteína bruta (P8), extrato etéreo (EE) e matéria mineral(MM) foram determinados

conforme métodos recomendados pela AOAC (1985). Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GinAssoL

131

em detergente ácido (EDA) foram determinados segundo as técnicas descritas por Goering e Van Soest

(1970).

Os dados coletados foram submetidos a análise

de variáncia e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o

software SISVAR.

Resultados e discussão

A composição química das diferentes tortas analisadas são apresentadas na Tabela 1

A torta de mamona apresentou o mais alto teor de proteína bruta, seguida das tortas de girassol e nabo

forrageiro. Segundo Teixeira (1997) tortas de

oleaginosas tem proteína de boa qualidade, com bons teores de usina, apresentando, entretanto baixo teores

de metionina. A torta de mamona não pode ser usada

diretamente na alimentação de ruminantes, devido a presença da ricina, ricinina e CBA, que são compostos

tóxicos e precisam ser inativados. A torta de mamona

também apresentou o mais alto valor de fibra em

detergente ácida (FDA), que mede a quantidade de lignina associada a celulose no material. Conforme

Teixeira (1997), quanto mais rica em lignina for a fibra,

menor será a sua digestibilidade. Isto ocorre devido a indigestibilidade da lignina, e pela sua combinação com

a celulose e hemicelulose dificultando o rompimento de suas moléculas.

Tabela 1. Teores de proteína bruta (PB), estrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), das diferentes tortas de oleaginosas.

Tratamento 1 PB EE MM (%MS) FDN (%MS) FDA (%MS) %MS) (%MS)

Torta de girassol 26,93 b 30,49 a 5,61 a 30,0 ab 24,60 b Torta de nabo forrageiro 24,75 b 34,72 a 5,69 a 22,24 a 14,15 a

Torta de mamona 30,82 a 23,08 a 6,09 a 40,14 b 37,57 c Torta de amendoim 20,89 c 35,8 a 4,26 b 33,80 b 28,56 bc

CV (%) 2,98 13,28 3,58 8,09 8,93 1 - em cada coluna, as médias seguidas pela mesma letra minúscula, não diferem entre si pelo teste de Tuckey (P<0,05)

Os valores de matéria mineral foram semelhantes para as tortas de girassol, mamona e nabo forrageiro,

sendo que a torta de amendoim mostrou-se inferior às demais tortas e também ao valor médio de 5,33%

verificado por Rostagno et ai . (1983).

Não houve diferença nos valores de extrato etéreo entre os tratamentos, porém deve se levar em conta

o alto coeficiente de variação encontrado.

A torta de nabo forrageiro apresentou o menor

valor de fibra em detergente neutro, que é o resultando

da soma dos teores de celulose, hemicelulose e lignina

e possui uma correlação negativa com ingestão de

matéria seca, em função de exercer uma regulação

física de consumo (enchimento do rúmen).

Conclus6es

As tortas de oleaginosas estudadas apresentaram

características nutricionais importantes para o desempenho em bovinos.

As tortas de girassol e nabo forrageiro foram as que apresentaram os melhores valores nutricionais

Referências

ASSOCIATION OF OFFICIAL AGRICULTURAL

CHEMISTS - AOAC. Official methods of analysis of

the association of official analyticai chemists. Washington: USDA, 1975. 101 Sp.

GOERING, H. K.; VAN SOEST, P. J. Forage fiber analyses: apparatus, reagents,

procedures and some aplications. Washington: USDA,

ARS, 1970. (Agriculturai Handbook, 379).

ROSTAGNO, H. 5.; SILVA, D. J.; COSTA, P. M. A.;

FONSECA, J. B.; SOARES, P. R.;

PEREIRA, J. A. A., SILVA, M. A. Composição de

alimentos e exigências nutricionais de aves e suínos. Viçosa: UFV, 1983. 59p.

TEIXEIRA, A. S. Alimentos e alimentação dos animais. Lavras: UFLA/FAEPE, 402p. 1997.

SOUZA, O.; SILVA, i.E. Resíduos e subprodutos

agroindustriais. Revista Veterinária in Foco. Aracajú - SE, 2002

VALADARES FILHO, S.C.; ROCHA JÚNIOR, V.R.;

CAPPELLE, E.R. Tabelas brasileiras de composição de alimentos para bovinos. CQBAL 2.0. Viçosa: Suprema, 2002, 297p.

VILELA, D. Subprodutos da cervejaria, alimento para o gado leiteiro, imagem rural, p. 8-13, 1995.

132 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

r p 25.1 DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE APARENTE DE RAÇÕES PARA EQÜINOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUBSTITUIÇÃO DA PROTEÍNA DO FARELO DE SOJA PELA DO FARELO DE GIRASSOL

DETERMINATION OF APPARENT DIGESTIBILITY OF EQUINE DIETS WITH DIFFERENT LEVELS OF SUBSTITUTION OF SOYBEAN MEAL FOR SUNFLOWER MEAL PROTEINS

Lizete Cabrera 1 , Carlos Eduardo Furtad0 2 , Nilva Aparecida Nicolao Foriseca 1

1 Universidade Estadual de Londrina, Campus Universitário, CP 6001, 86051-990 2 Universidade Estadual de Maringá

Resumo: Com o objetivo de avaliar o uso do farelo de girassol na alimentação de eqüinos foram utilizadas 4

potras da raça Percheron, com idade média de 18 meses em delineamento experimental em quadrado latino

4 x 4. Os tratamentos consistiram de uma dieta testemunha (sem farelo de girassol) e três dietas testes,

onde a proteína do farelo de girassol substituiu em 33,33, 66,66 e 100% a proteína do farelo de soja. Foram

determinadas, das dietas experimentais, os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), energia bruta (EB), fibra bruta (FB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), segundo metodologia descrita por SILVA (1990). Os resultados deste experimento indicaram os seguintes valores de CDMS:

49,02, 44,12, 41,71 e 48,45%; CDPB: 72,19, 72,91, 73,43 e 76,74%; CDFB: 60,76, 57,82, 56,04 e

61,61%; CDFDA: 53,37, 52,46, 52,12 e 57,46% e CDFDN: 58,47, 55,32, 52,60 e 63,06%, respectivamente,

para os tratamentos TO, T33, T66 e Ti 00. Não houve efeito das dietas (P>0,05) sobre as variáveis MS, PB,

FB, FDN E FDA. O farelo de soja pode ser substituído em até 100% pelo farelo de girassol.

Abstract: With the objective of availibity the use of sunflower bran in the alimentation of equines were utilized four trataments, one as a reference diet (without sunflower bran) and three leveis substitution (33,3; 66,66 and 100%) of sunflower bran , in substitution for soy bran, formulated to be isoproteic and isocaloric.

There were 4 fillies used Percheron breed with 18 months of age, receiving completes rations in the rate

2,0% of the body weight (kg dry matter/ day). The experimental techniques used were latin square (4X4) and

total feces collection during 5 days, with 5 days of the pre-experimental period, totalizing 40 day. The values

of apparent digestibility coefficent were, Dry Matter: 49,09; 44,12; 41,71 e 48,5%; Crude Protein: 72,19; 72,91; 73,43 e 76,74%; Crude Fiber: 60,76; 57,82; 56,04 e 61,61%; Acid Detergent Fiber: : 53,37; 52,46; 52,12 e 57,46% and Neutral Detergent Fiber: 58,47; 55,32; 52,60 e 63,06%. No etfects were noticed on

the diets ( P>0,05) over performance variables, DM, CP, CF, ADF and NDF on growing foals. It was concluded that diets for equines can be formulated with 100% substitution of soy bran for sunflower bran.

Introdução

O aumento da utilização da soja e do milho na alimentação humana tem contribuído também para que novos alimentos protéicos alternativos sejam estudados com o objetivo de substituição do farelo de soja e do milho nas rações. Dentre estes alimentos o girassol (I-Ie/ianthus annus L.) tem se apresentado como opcão para formulações de rações para eqüinos. Frape (1998) afirmou que o farelo de girassol constitui-se numa boa fonte protéica para eqüinos.

No Brasil, o rebanho de eqüinos é de aproximadamente 6.500.000 de cabeças, demonstrando um potencial muito grande para consumo de rações. Portanto, são necessários estudos que proporcionem aos criadores opções de novos alimentos para compor as rações desta espécie, bem como baratear o custo da alimentação.

O objetivo deste trabalho foi de avaliar o farelo de girassol como fonte protéica na alimentação de

eqüinos, em substituição ao farelo de soja, visando obter uma nova opção de ingrediente para uso na alimentação desta espécie.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no Setor de Eqüideocultura da Fazenda Experimental de Iguatemi, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).Foram utilizados 4 animais da raça Percheron, com idade média de 18 meses em delineamento experimental em quadrado latino 4 x 4. Os tratamentos consistiram de uma dieta testemunha (sem farelo de girassol) e três dietas testes, onde a proteína do farelo de girassol substituiu em 33,33, 66,66 e 100% a proteína do farelo de soja.

Para as dietas experimentais, foram determinos

os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), energia bruta (EB), fibra bruta (FA), fibra em detergente

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

133

neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA). O farelo de girassol utilizado nesta pesquisa, apresentou a seguinte composição química (matéria natural): MS

91,81%; P3 27,69%; EE 1,61%; FB 29,17%; FDA 35,13%; FDN 45,73%; MM 4,54% e EB 4.306,71 kcal/kg.

A composição percentual das dietas experimentais encontra-se na Tabela 1.

Tabela 1 - Composição centesimal das dietas experimentais (% MS)

Ingredientes 0-FO 33,33-FO 66,66-FG 100-FG

Milho 55.000 50,000 50.000 58,000

Farelo de soja 16,778 10.900 5,900 -

Farelo de trigo 15,000 20,000 17.666 -

Farelo do girassol - 10,100 18,000 28,900

Farelo de algodão - - 1,295 7.179

Arroz - casca 7.901 3,804 2,000 2.000

F. bicálcico 1.240 0,741 0.533 0,626

Sal 0,904 0,918 0,930 0,944

Calcário 1,178 1,536 1,676 1,563

Suplemento mineral 1.000 1,000 1.000 1.000

suplemento vitaminico 1,000 1.000 1,000 1.000

FG = Farelo de girassol.

A quantidade de alimento fornecido aos animais foi estabelecida segundo as recomendações do National Research Council (NRC, 1989), correspondendo a 2% do peso vivo (PV) em Kg de alimento/dia, dividido em 40% de volumoso (feno de Tifton 85 - Cynodon ssp.L) e 60% de concentrado, oferecidos em trôs refeições diárias (8, 14 e 17 horas). Amostras dos alimentos foram coletadas no início e final da fase de adaptação era todos os tratamentos.

O período experimental teve duração de 40 dias, correspondendo os 5 primeiros dias à fase de adaptação às instalações, rações e ao manejo e os 5 últimos dias ao período de coleta parcial de fezes. Os animais permaneceram confinados, individualmente, em uma área de 10m 2 com piso de cimento, sem cama.

A coleta parcial de fezes foi realizada em 3 vezes ao dia, às 8h, 1 6h e 24h. Entre 150-200 gramas de fezes pesadas e conservadas à —10 °C, As sobras de alimentos durante este período foram pesadas e amostradas diariamente e armazenadas para análises.

Os coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes foram obtidos segundo as equações propostas por Church (1988).

Os valores de Energia Bruta das rações, dos alimentos e das fezes foram determinados por meio de calorímetro adiabático (Parr lnstruments Co.).

O modelo estatístico utilizado para a análise do coeficiente de digestibilidade dos nutrientes foi:

' ijk = ÁU + Pi + A1 + Tk + eVk

= valor observado dos coeficientes de digestibilidade dos nutrientes, relativo a cada individuo j, no período i, que recebeu os tratamentos com nível de substituição do farelo de girassol k;

p = constante geral;

P 1 = efeito dos períodos, sendo i = 1, 2, 3 e 4;

A. = efeito dos animais, sendo j = 1, 2, 3 e 4;

Tk = efeito da adição do farelo de girassol em cada tratamento, sendo k = 0; 33; 66 e 100% (desdobrados em polinomeos ortagonais)

elk = erro aleatório associado à cada observação

Resultados e Discussão

Os resultados deste experimento indicaram os seguintes valores de CDMS: 49,02, 44,12, 41,71 e 48,45%; CDPB: 72,19, 72,91, 73,43 e 76,74%; CDFB: 60,76, 57,82, 56,04 e 61,61%; CDFDA: 53,37, 52,46, 52,12 e 57,46% e CDFDN: 58,47, 55,32, 52,60 e 63,06%, respectivamente, para os tratamentos TO, T33, T66 e Ti 00, não havendo diferença significativa (P>0,05) entre os tratamentos. Os valores obtidos para os coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) das dietas experimentais, com níveis de substituição do farelo de girassol pelo farelo de soja, indicam que este alimento pode ser utilizado na alimentação de eqüinos.

No presente trabalho não foram avaliados parâmetros de desempenho, mas a literatura indica que este alimento constitui-se em um promissor ingrediente para compor dietas para monogástricos. Furlan et ai. (2000), trabalhando com coelhos recebendo dietas com níveis crescentes de farelo de girassol, variando de O a 100%, em substituição ao farelo de soja, relataram que o farelo de girassol não influenciou negativamente o desempenho dos animais em qualquer nível avaliado, indicando que este

alimento pode substituir eficientemente o farelo de soja em rações para coelhos.

Conclusão

O farelo de soja pode ser substituído em até 100% pelo farelo de girassol.

134

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Referências

CHURCH, D.C. The classification and importance of ruminant animal. In: CHURCH, D.C. The ruminant animal: digestive physiology and nutrition. Englewood Cliffs:Prentice Hall, 1988. P. 1-13.

FURLAN, A.C., MANTOVANI, R.P., MARTINS, E.N. et ai. Desempenho de coelhos alimentados com rações contendo diferentes níveis de girassol. iN: XXXVII Reuni5o Anual da Soc. Bras. de Zoote., 2000, Viçosa, Anais... Viçosa:SBZ, 2000.

FRAPE, D. Equine nutrition and feeding. NATIONAL RESEARCH C0UNC1L (NRC).

EUA:Blacckweii Science. 1998. 404p. Requeríments of domestic animais. Nutritrient Requeriments od Horses. 5 ed. Washington:NAS, 1989, lOOp.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

135

DIGESTIBILIDADE SUBSTITUIÇÃ PROTEÍNA DA

APARENTE DOS NUTRIENTES DE DIETAS COM ELO DE SOJA PELA O PARCIAL DA PROTEINA DO FAF

TORTA DE GIRASSOL PARA EQÜINOS

APPARENT DIGESTIBILITY OF EQUINE DIETS NUTRIENTS WITH PARTIAL SUBSTITUTION OF SOYBEAN MEAL FOR SUNFLOWER CAKE PROTEINS

Lizete Cabrera 1 , Carlos Eduardo Furtado 2 , NilVa Aparecida Nicolao Fonseca 1

1 Universídade Estadual de Londrina, Campus Universitário, CP 6001, 86051-990 2 universidade Estadual de Maringá

Resumo: Foi Conduzido um experimento com o objetivo de determinar o valor nutricional da torta de girassol na alimentação de eqUinos, utilizando-se quatro tratamentos, sendo uma dieta referência (sem torta de girassol) e três dietas testes, com diferentes níveis de substituição do farelo de soja pela torta de girassol (25%, 50% e 75%). Foram utilizadas quatro potras, com idade média de 18 meses e peso médio de 320 kg, recebendo raÇões completas na razão de 2,0% do PV (kg matéria seca/dia). O delineamento experimental utilizado foi o quadrado latino (4x4). Foi utilizado o método de Coleta total de fezes. Os valores dos coeficientes de digestibilidade aparente obtidos foram, Matéria Seca: 66,53%; 64,66%: 61,57% e 62,70%: Fibra em Detergente Neutro: 46,20%; 46,24%; 42,77% e 40,09%; Fibra em Detergente Ácido: 38,34%; 37,03%; 32,88% e 30,18%; Proteína Bruta: 70,44%; 70,83%; 74,60% e 74,48% e Extrato Etéreo: 79,05%; 82,45%; 84,77% e 83,53%, respectivamente, para os tratamentos testemunha e com 25%, 50% e 75% de substituição do farelo de soja pela torta de girassol. Houve efeito linear negativo (Pc0,05) com o aumento dos níveis de substituição sobre as variáveis MS, FDN e FDA, entretanto, não houve efeito significativo (P>0,05) para as variáveis PB e EE. Conclui-se que a torta de girassol constitui-se uma boa alternativa de substituição do farelo de soja em rações para eqUinos..

Abstract: An experiment was lead with the objective to determine the nutricional value of the sunflower seed cake in the alimentation of equines, using four treatments, one as a reference and three tests diets, with different leveIs of substitution of the soybean meal for sunflower seed cake (25%, 50% and 75%). There were four growing horses, with average age of 18 months, with average body weight of 320 kg, receiving complete rations in the rate from 2,0% of the body weight (kg dry matter/day). The experimental techniques used were the Latin square (4x4). The method used was the total feces collection. The values of the apparent digestibilidade coefficients were, Dry Matter: 66,53%, 64,66%, 61,57% and 62,70%; Neutral Detergent Fiber: 46,20%, 46,24%, 42,77% and 40,09%; Acid Detergent Fiber: 38,34%, 37,03%, 32,88% and 30,18%; Crude Protein: 70,44%, 70,83%, 74,60% and 74,48% and Ether Extract: 79,05%, 82,45%, 84,77% and 83,53%, respectively, for the reference diet and with 25%, 50% and 75% of substitution of the soybean meal for the sunflower seed cake. A negative linear effect was observed for (P< 0,05) over variable DM, NDF and ADF, however, no significant effect (P> 0,05) was verified for CP and EE. The sunflower seed cake is a good alternative of substitution of the soybean meal in diets for equines.

Introdução

O farelo de soja e o milho, em função do seu elevado valor nutricional e de sua disponibilidade de mercado, são os principais alimentos usados no Brasil e em muitos outros países nas rações para monogástricos e ruminantes. Para eqUinos, constituem-se nos suplementos protéico e energético mais utilizados em função de seus valores nutritivos, bem como pela boa disponibilidade no mercado, chegando, entretanto, a representar cerca de 30% do custo do concentrado. Desta forma, justifica-se a busca por novos alimentos que substituam eficientemente o farelo de soja e o milho. Assim, este experimento busca avaliar a digestibilidade aparente dos nutrientes de dietas com substituição parcial da

proteina do farelo de soja pela proteína da torta de girassol (TG) para eqüinos

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no Setor de Equideocultura da Fazenda Experimental de Iguatemi, da Universidade Estadual de Maringá, utilizando-se 4 potras com idade média de 18 meses, em delineamento em quadrado latino (4x4).

Os tratamentos constituíram de uma dieta referência (sem torta de girassol) e três dietas testes, onde a proteína da torta de girassol substituiu em 25, SOe 75% a proteína do farelo de soja.

136 EMBRAPA SOJA. DocuMENTos, 261

Foram retiradas amostras das dietas

experimentais, as quais foram moídas em peneira de

1 mm para determinação dos teores de matéria seca

(MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (P6),

energia bruta (EB), fibra bruta (FB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA)

segundo metodologia descrita por Silva (1990).

A composição química e percentual do feno de Tifton

85 e da torta de girassol, encontram-se na Tabela 1.

O período experimental teve duração total de 48 dias,

correspondendo os 6 primeiros dias à fase de adaptação

às instalações, rações e ao manejo e os 6 últimos dias

ao período de coleta total de fezes. Os animais

permaneceram confinados, individualmente, em uma

área de 1 0m 2 com piso de cimento, sem cama e provido

de comedouro para ração, bebedouro e comedouro para

volumoso (fornecido na forma integral) e sal mineral.

Tabela 1. Composição química (base na matéria seca) do feno de Tifton 85 (Cynodon spp. L.) e da Torta de

Girassol (Helianthus annus L.).

Nutrientes (%) Feno de Tifton 85 Torta de

Matéria seca 90,77 94,43 Proteína Bruta 7,26 25,84 FDN 84,07 28,11 FDA2 44,45 23,23 Extrato Etéreo 0,84 31,32 Matéria Mineral 4,26 4,47

1 FDN-Fibra em Detergente Neutro - ?FDAFib ra em Detergente Ácido

A quantidade de alimento fornecida aos animais

foi estabelecida, segundo as recomendações do National Flesearch Council (NRC, 1989). A ingestão

diária de matéria seca (kg/dia) foi de 2,0% do peso vivo durante as fases de adaptação e reduzida para 85% do total nas fases de coleta de fezes. As dietas foram fornecidas em 4 refeições diárias (8, 13, 17 e

22 horas) e as amostras do alimento foram coletadas no inicio e no final do experimento.

A composição percentual das dietas experimentais encontra-se na Tabela 2.

A coleta de fezes foi realizada durante todo o dia (24h) e pesadas às 8 h da manhã e foram colhidas diariamente amostras de fezes entre 1 50-200 gramas por animal em cada período, as quais após pesagem e

identificação foram conservadas à -iOC.

As análises químicas dos alimentos e das fezes foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade

Estadual de Maringá segundo metodologia descrita por

Silva (1990). Os valores de EB das ra ções e dos alimentos foram determinados por meio de calorímetro

adiabático (Parr lnstruments Co.). Para determinação

dos coeficientes de digestibilidade aparente foi usada metodologia segundo Church (1988).

Tabela 2. Composição percentual e química das

rações 1 experimentais na matéria seca

Ingredientes 1941 lO-TOl 125-TOl 50-TOl 175-TOl

Milho 48.12 40,02 31,96 2392

Farelo de soja 13,42 9.63 6,60 329

Torta de girassol 0,00 7,40 14,74 22,09

Farelo de trIgo 000 4.00 8,00 12,00

Feno de Tifton 85 35,00 35.00 35,00 35,00

Fosfato bicdlcico 1.15 0,87 0.50 0.50

Catcáreo 149 1.62 2,00 2,00

Premix mineral 0.10 0.10 0,10 0.10

Premix vitamtnico 0,10 0.10 0.10 0,10

Sal 1,00 1,00 1,00 1,00

Total 100 100 100 100

Nutrientes (%) Matéria seca 88,62 69,56 90,52 91,24

Protetna bruta 15,35 15.10 15,23 15,01

Protetna digestivel 10,81 10,70 11,36 11,18

Litina 0,52 0,56 0,59 0,62

Fibsa bruta 12,19 13,49 14,78 16,06

r0N 3986 42,62 44,96 46,70

FDA 19,88 20,84 22,37 23,68

Extrato etéreo 2.53 3,65 5,50 7.23

Energia digestível lktaltkgl 2.542 2.701 2.756 2.810

Matéria mineral 5.81 5,73 5,61 5.56

CMcio 1.00 1.00 1,06 1.07

Fósforo 0.45 0,45 0.44 0.47

1 Formulada de acordo com as exigências do NRC (1989) para potros em crescimento.

As análises das variáveis estudadas, relativas à

digestibilidade dos nutrientes, foi efetuada usando-se análise da variância para delineamento em quadrado

latino (4 períodos x 4 animais), com desdobramento

dos graus de liberdade de tratamentos (nível de

substituição da torta de girassol).

Resultados e Discussão

Os coeficientes de digestibilidade aparente da

matéria seca (CDMS), proteína bruta (CDPB), fibra

em detergente neutro (CDFDN), fibra em detergente

ácido (COFDA) e extrato etéreo (CDEE) das rações

com diferentes níveis de torta de girassol substituindo

o farelo de soja estão apresentados na Tabela 3.

A inclusão da torta de girassol em substituição ao

farelo de soja reduziu linearmente (P<0,05) os CDMS,

CDFDN e CDFDA. Este fato pode ser atribuído ao

aumento nos níveis de fibra das dietas experimentais,

reduzindo a utilização dos nutrientes. Por outro lado,

o aumento no nível de EE das dietas experimentais,

com o aumento na inclusão de TG, pode ter afetado a

disponibilidade da fração fibrosa. Os valores obtidos

para os CDMS do presente trabalho apresentaram

valores (P<0,05) que variaram de 58,02 a 66,53% para os níveis crescentes de inclusão de torta de

girassol. Estes valores podem ser considerados

satisfatórios para estudos de digestibilidade em dietas para eqüinos, o que foi também comprovado para

coelhos. Assim, FURLAN et ai. (2001), analisaram a

inclusão do farelo de girassol em níveis de 25% da

matéria seca, em rações para coelhos, encontraram

resultados satisfatórios, os quais se aproximam dos

resultados do presente trabalho. Por outro lado não

foram observadas diferenças (P>0,05) entre os

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PEsoulsA DE GIRASSOL

137

tratamentos sobre o CDPB e CDEE. Entretanto, pode-se observar uma tendência de aumento nestes coeficientes, à medida que aumentaram os níveis de inclusão da torta de girassol, indicando que este alimento apresenta eficiente aproveitamento pelos eqüinos quanto ao seu conteúdo protéico e energético. Durante a realização do experimento não ocorreram efeitos negativos de ingestão e/ou palatabilidade no uso da torta de girassol nas dietas, bem como não foram observados distúrbios digestivos dos animais.

Conclusão

Com base nos resultados obtidos no presente trabalho pode-se concluir que o farelo de soja pode ser substituido pela torta de girassol em até 75%, sem prejuízo da digestibilidade aparente dos nutrientes das rações, indicando que este alimento pode ser utilizado nas rações para equinos.

Referências

CHURCF-I, D.C. The classification and importance of ruminant animal. In: CHURCH, D.C. The ruminant animal: digestive physiology and nutrition. Englewood Cliffs:Prentice Hall, 1988. P. 1-13.

FURLAN, A.C., MANTOVANI, R.P., MARTINS, E.N. et ai. Desempenho de coelhos alimentados com rações contendo diferentes níveis de girassol. IN: XXXVII Reunião Anual da Soc. Bras. de Zoote., 2000, Viçosa, Anais... Viçosa:SBZ, 2000.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC). Requeriments of domestic animais. Nutritrient Requeriments od Horses. 5 ed. Washington:NAS, 1989, 100p.

SILVA, D.J. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa: Impresa Universitária, 1990.

165p.

Tabela 3. Coeficientes da digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS), proteína bruta (CDPB), fibra em detergente neutro (C0FDN), fibra em detergente ácido (COFDA) e extrato etéreo (CDEE) das rações com diferentes níveis de torta de girassol (TG)

Variável 0-TO 25-TG 50-TG 75-TG Média Eleitos Principais CV' CDMS 66,53 84,66 61,57 58,02 62,70 Y=66,99-0,12X (R2=0,98} 4,21 CDPB 70,44 70,83 74,60 74,48 72.59 NS 4,57 CDFON 4e,20 46,24 42,77 40,09 43,83 V=47,09-0,09X (R2=0,90} 9,54 CDFDA 38.34 37.03 32,88 30,18 34.61 Y=38,90-0,12X (1`12-0,97) 12.31 CDEE 79,05 82,45 84,77 83.53 82,45 N5 4.69

'CV= Coeficiente de variaç5o

138

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P 27. J DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE APARENTE DE RAÇÕES PARA EQÜINOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE INCLUSÃO DE SEMENTE DE GIRASSOL

DETERMINATION OF APPARENT DIGESTIBILITY OF EQUINE DIETS WITH DIFFERENT LEVELS OF SUNFLOWER SEEDS

Lizete Cabrera 1 , Carlos Eduardo Furtad0 2 , Nilva aparecida Nicolao Fonseca 1

'Universidade Estadual de Londrina, Campus Universitário, CP 6001, 86051-990 2 Universidade Estadual de Maringá

Resumo: A pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de avaliar o valor nutricional da semente de girassol na alimentação de eqüinos. Foram utilizadas 4 potras, da raça Percheron, com idade de 20 meses, com peso médio de 320 kg. O delineamento experimental foi o quadrado latino (4X4). Os tratamentos consistiram de um concentrado testemunha (sem semente de girassol) e três concentrados testes, com inclusão de níveis de semente de girassol correspondendo a 10; 20 e 30%. Não houve diferença (P>0,05) para os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta, fibra bruta, fibra em detergente ácido e fibra em detergente neutro. A inclusão de semente de girassol não influenciou negativamente os CDa das dietas experimentais. Os valores para todos os ingredientes foram satisfatórios, possibilitando utilizar este ingrediente em dietas para eqüinos.

Abstract: The present work was developed with the objective to evaluate the nutritional value of sunflower seed how alternative source in the equines feed. There were utilized four fillies with 20 mouths of age, medium weight 320 kg, in a experimental techniques by latin square (4X4), utilizing the partial method of feces coiect. The animaIs were submitted in four tratments, that consisted in concentrades compounds by differents leveis of inclusion by sunflower seed, in 10%, 20% and 30%. No effects were noticed (P> 0,05) to CAD of DM, CP, CF, NDF and ADF with the inclusion of the sunflower seed. The values of CAD and DN of sunflower seed indicated that this food it can constitute alternative source for equines feed. The inclusion of sunfiower seed did not have negative influenced the CAD of experimental diets. The vaiues for ali mutrients was satisfactory, marking possible to use this ingridien in equines diets.

Introdução

O girassol, na forma "integral" como semente/ grãos, ou na forma de seus diversos subprodutos como o farelo e a torta, têm sido avaliados na alimentação animal. Para eqüinos o farelo de soja e o milho constituem-se nos suplementos protéicos e energéticos mais utilizados em função de seus valores nutritivos, bem como pela boa disponibilidade no mercado, chegando a representar, entretanto, um alto percentual do custo da ração. Desta forma, justifica-se a busca por novos alimentos que substituam eficientemente o farelo de soja e o milho. Recentemente FURTADO et aI. (2004) avaliaram o farelo de girassol em dietas para potros, indicando que este alimento pode ser utilizado na alimentação de eqüinos. Este experimento foi realizado para determinar a digestibilidade aparente de rações para eqUinos com diferentes níveis de inclusão de girassol.

Material e Métodos

o experimento foi conduzido no Setor de Eqüideocultura da Fazenda Experimental de Iguatemi,

da Universidade Estadual de Maringá (UEM), utilizando-se 4 potras, da raça Percheron, com idade de 20 meses, em um delineamento em quadrado latino (4X4).

Os tratamentos consistiram de um concentrado testemunha (sem semente de girassol) e três concentrados testes, com inclusão de níveis de semente de girassol correspondendo a 10; 20 e 30%.

A composição química do feno e da semente de girassol e as composições percentual e química das dietas (concentrados) experimentais estão na Tabelas 1 e 2, respectivamente.

Amostras dos alimentos foram coletadas no inicio e final da fase de adaptação para todos os tratamentos. O período experimental teve duração total de 40 dias, sendo os 5 primeiros dias à fase de adaptação às instalações, rações e ao manejo e os 5 últimos dias o período de coleta parcial de fezes. Os animais permaneceram confinados, individualmente, em uma área de 1 0m 2 com piso de cimento, sem cama.

A coleta parcial de fezes foi realizada em três vezes ao dia, às 8h, 1 6h e 24h. Amostras de fezes entre 1 50-200 gramas foram colhidas diretamente do reto,

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESOUISA DE GInASSOL

139

Tabela 1 - Composição do feno de Tifton 85 (Cynodon spp. L.) e da semente de girassol (J-fe/ianthus annus L.) na matéria sec&.

Nutrientes (%) Semente de girassol Feno

Matéria seca 94,65 93.11

Proteína bruta 12,45 4,54

Fibra bruta 28,22 40,43

FDN 2 42,94 85,48

FDA3 32,19 47,77

Extrato etéreo 35,28 0,61

Análises realizadas no Laboratório de Nutriç5o do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá.

Fibra em Detergente neutro, Fibra em Detergente ácido.

pesadas e armazenadas a -10°C. As sobras de alimentos durante este período foram pesadas,

amostradas diariamente e armazenadas para análises.

As análises químicas dos alimentos e das fezes

foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal

do Departamento de Zootecnia UEM, segundo

metodologia descrita por Silva (1990).

Os valores de Energia Bruta (EB) das rações, dos alimentos e das fezes foram determinados por meio

de calorimetro adiabático (Parr lnstruments Co.).

Para determinação dos coeficientes de

digestibilidade aparente foi usada metodologia de uso o FDNi como indicador interno, descrito por Silva

(1990).

Niveis de inclusão de semente de girassol Ingredientes 0,00 10,00 20,00 30,00

Milho 30,00 34.60 36,55 30,00

Farelo de soja 19.74 16,40 13.15 9,90

Somente de girassol . 10,30 20,60 30,90

Farelo de trigo 37,40 20,00 5,00 5,00

Farelo de algodão 6,00 13,00 20.00 20.86

óleo vegetal 3,00 2.00 1.00 0.20

calcário 2.00 2,00 2,00 1.50

Sal 1,00 1,00 1,00 0,94

Fosfato bicálcico 0,68 0,68 0,50 0,50

Suplemento mineral 0,10 0,10 0.10 0,10

Suplemento vitamlnico 0,10 0.10 0.10 0.10

Composição analisada': Matéria seca 1%) 91,37 91,41 92,64 93,68

Proteína bruta (%) 19,25 19,45 19,01 19.39

Fibra bruta (%) 6.16 8.39 11,43 12,02

PDN l%1 24.49 25,72 29,02 29,81

FDA %l' 9.14 11.84 15,45 15,94

Extraio etéreo (%) 3,76 489 4,55 1338

Análises realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos e Nutrição Animal/OZO da universidade Estadual de Maringá

2 Fibra em detergente neutro - 3 Fibra em detergente ácido.

Resultados e Discussão

A Tabela 3 apresenta os valores de coeficientes

de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína

bruta, fibra bruta, fibra em detergente ácido e fibra em detergente neutro das dietas experimentais. Não

houve diferença (P>0,05) para os coeficientes de

digestibilidade aparente da matéria seca, proteína

bruta, fibra bruta, fibra em detergente ácido e fibra

em detergente neutro.

Os valores obtidos para os coeficientes de

digestibilidade aparente da matéria seca do presente trabalho, com a inclusão de níveis crescentes de

semente de girassol podem ser considerados

satisfatórios para estudos de digestibilidade aparente para dietas utilizadas experimentalmente na

alimentação de eqüinos. Os valores obtidos de

nutrientes digestíveis (ND) da semente de girassol,

quando comparados com pesquisas com

monogástricos recebendo farelo e semente de girassol

(Sarubbi et ai., 2002, Silva et ai., 2002 e Furlan et ai., 2001) indicam que este alimento apresenta valores

satisfatórios, em especial o de Proteína Digestível

(PD), de 8,71% e Energia Digestível (ED), de 378,31 kcai/kgMS.

Tabela 3 - Médias observadas e coeficientes de

variação (CV) para os coeficientes de digestibilidade

aparente da matéria seca (CDAMS), proteína bruta

(CDAPB), fibra bruta (CDAFB), fibra em detergente neutro (CDAFDN) e fibra em detergente ácido (CDAFDA)

Niveis de inclusão de Semente de girassol

0,00 10,00 20.00 30,00 Regressão CV (%)

44.05 39,46 37,84 38,85 linear 7,99

65,18 57,51 53,74 56,93 linear 9,28

28,59 24,82 20,95 26,97 linear 18,85

31,03 28,30 26,92 31,95 linear 12.08

15,73 14.32 11.10 19,88 linear 36,67

Apesar de os CDa dos nutrientes obtidos na

presente pesquisa, comparativamente aos obtidos por

outros pesquisadores, poderem ser considerados

satisfatórios para eqüinos, observa-se que os mesmos

apresentaram valores decrescentes com o aumento

na inclusão da semente de girassol. Estes valores mostram-se inferiores àqueles obtidos por FURTADO

et ai. (2004) que utilizando potros recebendo dietas

com níveis crescentes de (O; 33; 66 e 100%) de farelo de girassol em substituição ao farelo de soja,

relataram valores médios de CDa da MS, P8, FB, FDN

e FDA, de, 45,83; 73,82; 59,06; 57,36 e 53,85%, respectivamente. Estes autores concluíram que o

farelo de girassol pode constituir um ingrediente viáVel e promissor para o uso na alimentação de eqüinos.

Durante a realização de experimento não ocorreram

efeitos negativos de ingestão e/ou paiatabilidade no

Tabela 2 - Composição percentual e química dos cDAMS 1%)

concentrados experimentais cDAPB 1%)

cnÂFn 1%)

cOAFDN 1%) CDAFDA (%)

140

EMeRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

uso da semente de girassol, bem como não foram observados distúrbios no trato digestório dos animais.

Conclusão

Os resultados do presente trabalho permitem concluir que a semente de girassol pode ser usada até 30% na ração de eqUinos.

Referências

FURLAN, A.C., MANTO VANI, Ftp., MURAKAMI, A.E. et ai. Utilização do farelo de girassol na alimentação de frangos de corte. lN: XXXVII Reunião Anual da Soc. Bras. de Zoote., 2000, Viçosa, Anais... Viçosa:SBZ, 2000.

FURTADO, C.E.; CABRERA, L.; GOUVEA, L.M. et ai. Determinação da Digestibilidade aparente de rações para equinos com diferentes níveis de substituição do farelo de soja pelo farelo de girassol. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004. Anais...

NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC). Requeriments of domestic animais. Nutritrient Requeriments od Horses. 5 ed. Washington:NAS, 1989, lOOp.

SILVA, D.J. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa: Impresa Universitária, 1990.

165p.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL 141

1 P 287J GRÃO DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS

SUNFLOWER SEED TO SWINE

Mara Cristina Ribeiro da Costa 1 , Caio Abércio da Silva 2 , Joào Waine Pinheiro 2 ,

Nilva Aparecida Nicolao Fonseca 2 , Graziela Drociunas Pacheco 1

1 Programa de Pós - Graduação em ciência Animal, Universidade Estadual de Londrina, e-mail: maracostasercomtel.com.br , 2 Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Londrina

Resumo: Foram realizados dois experimentos, objetivando avaliar o grão de girassol (CC) na alimentação de suínos em crescimento e terminação. Foi avaliada a digestibilidade da CC, utilizando-se 8 suínos machos castrados (26,00 kg), alojados individualmente em gaiolas metabólicas. Posteriormente, 48 suínos (24 machos castrados e 24 fêmeas), com 19,78 kg, foram submetidos a 4 quatro tratamentos, dietas com: 0%, 5%, 10% e 20% de CC. Foram medidos o ganho diário de peso (CDP), o consumo diário de ra ção (CDR) e a conversão alimentar (CA) durante quatro períodos (crescimento 1, crescimento II, terminação e período total). Com 98,85 kg, os animais foram abatidos e submetidos a tipificação eletrônica de carcaçà. Foram medidos a espessura de toucinho (ET), a profundidade do músculo longissimus dorsi (PM), o peso da carcaça (PC), o rendimento da carcaça (RC), a porcentagem de carne magra na carcaça (CM) e a quantidade de carne magra na carcaça (RCM). O CC apresentou 3234 e 3223 kcal/kg de energia digestível e metabolizável, respectivamente. Houve efeito da regressão dos níveis de CC sobre as seguintes características de desempenho: CDR no crescimento 1, crescimento II, terminação e período total, GPD na terminação e período total e CA no crescimento II e período total. Para as características de carcaça foi verificado efeito da regressão dos níveis de GG para as carcterísticas: PM e PC. A inclusão de até 20% de CC nas rações não ofereceu prejuízo para o desempenho, mas piorou linearmente o peso da carcaça.

Abstract: Two experiments were carried out to evaluate sunflower seed (SS) as swine feeding on growing and finishing phases. Digestibility of SS was evaluated, 8 barrows (26.00 kg) were allocated in metabolic individual cages. Than, 48 pigs (24 barrows and 24 females), 19,78 kg, were allotted to four treatments: diet with 0%, 5%, 10% and 20% of SS. Daily weight gain (DWC), daily feed intake (DFI) and feed gain ratio (FGR) were evaluated during four periods (growing 1, growing II, finishing and total period). With 98,85 kg, 24 animais were slaughtered and submitted to an electronic carcass evaluation. The backfat depth (BP), muscle depth (MD), carcass weight (CW), lean meat percentage (LM), kilogram of lean meat (KLM) and carcass yieid (CV) were evaluated. The digestible and metabolizable energy values of SM were 3234 and 3223 kcai/kg, respectively. There were regression effect on performance of the foliowing characteristics for the leveis of SS: DFI on growing 1, growing II, finishing fase and total period, DWG on finishing fase and total period, FGR on growing li and total period. There were regression effect on carcass characteristics for the leveis of SM however on MD and CW. In inclusion, the rations up to 20% of SS for growing and finishing pigs did not affect the performance and but affect negativelly the carcass carcass weight.

Introdução

As indicações da utilização do girassol na alimentação dos suínos aparecem tradicionalmente sob duas formas, farelo com casca e farelo descorticado. A utilização do grão inteira na alimentação do suíno não é um procedimento comum, e nem todas os CC são adequadas para a produção de óleo. Neste sentido, um uso alternativo seria utihzá-la como ingrediente para a dieta de suínos, atendendo a necessidade protéica e energética dos animais (Marcheilo et ai., 1984; Hartman et ai., 1985).

Resultados apresentados anteriormente indicavam que o desempenho não era comprometido quando níveis entre 5 a 10% de grão eram adicionados às rações de sumos (Hartman et aI., 1985, Wahistrom, 1990). Os estudos realizados com o CC para suínos

visando avaliar os efeitos sobre a qualidade de carcaça são igualmente antigos (Marcheflo et ai., 1985, Wahlstrom, 1990) e têm pouca relação com o suíno moderno, cujo padrão de crescimento muscular

e acúmulo de gordura são completamente diferentes atualmente. Não obstante, Hartman et aI. (1985) não observaram diferenças na qualidade da carcaça (características qualitativas e composição química) para dietas com níveis de até 10% do CC.

Estudos nutricionais mais recentes têm dispensado muita atenção na composição dos ácidos graxos do tecido adiposo do suíno, objetivando aumentar a razão da participação de insaturados pelos benefícios que exercem sobre a saúde humana (Silva et aI., 1999). No CC o elevado nível de óleo apresenta excelentes propriedades nutricionais por estar livre de compostos tóxicos e possuir altar concentrações de ácido

142

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

linoléico, um ácido insaturado essencial na dieta

humana (Gundel et ai., 1999).

Neste sentido, reconhecendo a necessidade do uso de ingredientes alternativos e a importância dada hoje às qualidades da carcaça suína, este estudo tem por objetivo avaliar o uso de diferentes níveis do GO nas rações de suínos nas fases de crescimento e terminação sobre o desempenho e sobre as características relacionadas à carcaça.

Material e Métodos

Para o ensaio de digestibilidade foram utilizados 8 leitões, machos castrados, com peso médio inicial de 26,00 kg, alojados em gaiolas metabólicas, por um período de 12 dias, dos quais os 7 primeiros para a adaptação dos animais às gaiolas e às rações. Nos 5 dias subseqüentes, procedeu-se a coleta total de fezes e urina. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com 2 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos experimentais foram ração referência e ração teste (70% da ração referência e 30% de GO).

A ração referência foi formulada visando atender as exigências dos animais nessa fase (NCR, 1998). Após o período de coleta, as fezes e a urina foram submetidas às análises laboratoriais, nas fezes e nas dietas foram analisados a matéria seca, a proteína bruta, o extrato etéreo, a matéria mineral, a fibra bruta e a energia bruta. Na urina foi analisada a energia bruta (AOAC, 1975). Para os cálculos de digestibilidade foi empregado o método de Matterson et ai. (1965), calcularam-se os valores dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, da proteína bruta e da energia bruta, o que possibilitou o cálculo da matéria seca digestível, da proteína digestível e da energia digestível. Finalmente, o coeficiente de metabolizibilidade da energia digestível permitiu a obtenção da energia metabolizável do GO.

Para a avaliação do desempenho foram utilizados 48 animais (24 machos castrados e 24 fêmeas), com peso médio inicial de 19,78 kg. Os animais foram alojados em número de dois do mesmo sexo em baias, onde receberam água e ração à vontade, durante todo o período experimental, Os suínos foram distribuídos em quatro grupos que receberam os tratamentos: T i - tratamento com 0% de GO na ração, T 2 - tratamento com 5% de GO na ração, T3 -tratamento com 10% de inclusão de GO na ração e T 4 - tratamento com 20% de inclusão de GO na ração. As rações foram formuladas visando atender as exigências, segundo o NRC (1998), dividindo as necessidades nutricionais em 3 fases: crescimento 1 ( 20 a 50kg), crescimento 11(50 a 80kg) e terminação (80 a 120 kg). O delineamento experimental foi num modelo fatorial 4 x 2, 4 tratamentos e 2 sexos, com 3 repetições por tratamento.

Ao final de cada fase de desempenho foram analisados o ganho diário de peso (GDP), o consumo

diário de ração (CDR) e a conversão alimentar (CA). A viabilidade econômica da utilização do GO nas rações de crescimento e terminação foi verificada, segundo Bellaver et ai. (1985). Na seqüência, foi calculado o Índice de Eficiência Econômica e o Indice de Custo Médio, segundo Barbosa et ai. (1992).

Com 98,85 kg de peso médio, 24 animais foram encaminhados ao frigorífico, abatidos e submetidos à avaliação das características de carcaça. As carcaças foram individualmente avaliadas com o auxflio de uma pistola tipificadora introduzida na altura da 33 vértebra dorsal, transpassando o toucinho e o músculo fongissimus dorst Os dados obtidos foram: espessura de toucinho, profundidade do músculo longissimus dorsi, peso da carcaça quente, rendimento da carcaça, porcentagem de carne magra na carcaça e quilograma de carne magra na carcaça. Cada animal foi considerado uma repetição. Portanto, mantido o delineamento inicial, o modelo fatorial foi 4 x 2 (4 tratamentos e 2 sexos), com 6 repetições por tratamento.

Os dados relativos aos tratamentos foram submetidos à análise de regressão polinomial e os dados relacionados ao sexo foram avaliados através da análise de variância, utilizando-se o programa SAEG

(UFV, 1997).

Resultados e Discussão

O GO apresentou 53,74% e 60,43% de matéria seca digestível e coeficiente de digestibilidade da matéria seca, 5,36% e 45,16% de proteína digestível e coeficiente de digestibilidade da proteína, 4055 kcal/ kg de energia bruta, 3234 e 3223 kcal/kg de energia digestível e metabolizavel, respectivamente e 79,75% de coeficiente de digestibilidade da energia e 99,65% de coeficiente de metabolizibilidade da energia.

Os resultados do desempenho zootécnico obtidos estão apresentados nas Tabelas 1 e 2. Houve efeito

da regressão (P<0,05) dos níveis de GO sobre as seguintes características de desempenho: CDR

(crescimento 1) = 2066,5 - 20,9905X, R 2 =0,94; CDR(crescimento II) = 3098,47 - 36,01 52X, F12 =0,91; CDR (terminação) = 4114,03 + 6341 99X - 1,0586X 2 , R2 = 1,00; CRD (total) = 2859,45 + 9,8482X - 2,2669X 2 , R2 =O,99; GPD (terminação) = 964,135 + 3,3498X - 1,0586X 2 , R2 =0,95; GPD (total) = 885,029 + 3,7938X-0,5874X 2 ,R2 =0,98; CA (crescimento li) = 3,3563 - 0,0249X, fl 2 =0,95; CA (total) = 3,265 - 0,0136X, A 2 =0,92.

As equações de consumo nas fases de crescimento 1 e II indicam que o aumento dos níveis de inclusão do GO pioram o consumo. A partir da terminação e no período total do teste o comportamento do consumo foi quadrático entre O e 10% de inclusão do GO. É possível supor que os animais inicialmente, nas fases de crescimento 1 e II,

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

143

não tenham aceitado bem o GO, ou não o tenham aproveitado eficientemente, mas posteriormente, este foi incrementado. Quanto ao GPD, os efeitos também foram quadráticos na fase de terminação e no período total (entre O e 10%). A CA apresentou efeitos de regressão nas fases de crescimento II e no período total. Portanto, quando a inclusão do GG foi progressivamente aumentada a CAfoi melhorada (efeito linear).

É possível indicar que a melhor dieta em termos econômicos, medidos pelos índices de eficiência econômica e de custo, foi o tratamento com a inclusão de 20% de GO, seguida pelos níveis de 0, 5, e 10 %, respectivamente. Contudo, os índices entre os tratamentos foram muito próximos, devendo ser considerado também que os valores das matérias primas são flexíveis, o que sugere que qualquer avaliação de custo deve ser continuamente verificada.

Na Tabela 3 estão registrados os dados de carcaça dos animais. Para o efeito do sexo, somente foi observada diferença (P<0,05) para as características espessura de toucinho e porcentagem de carne magra a favor das fêmeas. O efeito da regressão dos níveis do GO foi verificado para as características profundidade do músculo (PM) e peso da carca ça (PC), conforme as seguintes equações: PM = 46,2152 + 2,2185X - 0,0997X2 e PC = 75,3033 - 0,4637X. Para a PM o efeito da regressão foi quadrático, sendo os melhores níveis situados entre 5 e 10% de inclusão de GG na dieta. Quanto ao efeito linear decrescente observado para a característica PC, explica-se pelo fato do desempenho (peso final) apresentado pelos suínos tratados ao longo das fases de crescimento e terminação ter sido progressivamente pior para os níveis de 10 e 20% inclusão do GO em relação a 0% e 5%. Os pesos finais para os níveis de 0%, 5%, 10% e 20% de inclusão foram, respectivamente, 102,42; 104,78; 99,98; 88,23k9. E possível hipotetizar que a utilização do GO sob níveis superiores a 5%, pela elevada presença de casca, provoca aumento no volume e no teor de fibra da ração e compromete seu consumo e seu aproveitamento, o que acarreta pesos de carcaça inferiores.

Conclusões

Os valores de energia digestível e metabolizável do GO indicam a viabilidade de sua utilização como fonte energética na alimentação de suínos. A inclusão de até 20% de GG nas dietas de suínos em crescimento e terminação melhora a conversão alimentar, embora, no ganho de peso, os melhores valores tenham indicado 5 e 10% de inclusão. As características de carcaça, com exceção do peso da

carcaça, não foram penalizadas pela inclusão do GO nas rações, sendo inclusive positivo o efeito sobre a profundidade do músculo do lombo. Os melhores índices de custo e de eficiência econômica foram verificados para a inclusão de 20%.

Referências

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144 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Tabela 1 - Efeito dos diferentes níveis de inclusão do grão de girassol sobre o ganho diário de peso (GDP), consumo diário de ração (COR) e conversão alimentar (CA) na fase de crescimento 1 e crescimento II

Crescimento 1 Crescimento II Tratamentos

GDP (g) CDR (g) CA GOP (g) CDII (g) CA 0% 807 2018 2,51 900 2998 3,33 5% 826 2013 2,44 911 3000 3,30 10% 776 1877 2,44 923 2818 3,06 20% 691 1624 2,36 824 2318 2,86

Machos castrados 776 1913 2,47 916 2871 3,15 Fêmeas 773 1853 2,40 863 2695 3,13

Coeficiente de variação (%) 11,65 9,91 7,98 8,23 8,73 9,95

Tabela 2 - Efeito dos diferentes níveis de inclusão do grão de girassol sobre o ganho diário de peso (GDP), consumo diário de ração (CDII) e conversão alimentar (CA) na fase de terminação e período total

Terminação Período Total Tratamentos

COR (g) CDII (g) CA GDP (g) COR (g) CA 0% 945 4094 4,35 879 2847 3,24 5% 1005 4323 4,35 905 2884 3,19 10% 854 4064 4,86 853 2707 3,17 20% 614 2810 4,68 728 2154 2,96 Sexo

Machos castrados 930a 3934 4,27 868 2713 3,13 Fêmeas 779b 3711 4,85 814 2583 3,17

Coeficiente de variação (%) 12,58 10,39 15,04 11,48 13,13 5,44

Médias seguidas de letras diferentes para sexos, na mesma coluna, diferem estatisticamente (P>0,05)

Tabela 3 - Efeito dos diferentes níveis de inclusão do grão de girassol sobre o peso da carcaça (PC), rendimento de carcaça (RC), espessura de toucinho (ET), profundidade do músculo (PM), porcentagem de carne magra (CM), quilo de carne magra (KCM)

Tratamentos PC (kg) RC (%) ET (cm) PM (cm) CM (%) KCM (kg) 0% 76,10 76,06 24,67 46,83 48,17 35,45 5% 77,56 75,45 19,83 53,17 51,28 37,36 10% 70,50 74,74 21,17 59,67 50,48 37,41 30% 62,50 74,10 20,17 50,50 51,36 33,01

Machos Castrados 74,1 3a 74,90a 23,75a 50,08b 48,78a 35,25a Fêmeas 69,20a 75,28a 19,16b 55,00a 51,87a 36,36a

Coeficiente de variação (%) 10,35 2,41 15,83 16,19 9,92 10,86

Médias seguidas de letras diferentes para sexos, na mesma coluna, diferem estatisticamente (P>0,05)

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL 145

ELD TORTA DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS

USE OF SUNFLOWER CAKE TO SWINE FEDDINO ON GROWING AND FINISHING PHASE: EFFECTS ON PERFORMANCE AND CARCASS CHARACTERISTICS

Mara Cristina Ribeiro da Costa 1 , Caio Abércio da Silva 2 , João Waine Pinheiro 2 ,

Nilva Aparecida Nicolao Fonseca 2 , Ana Maria Bridi 2 ,

Juliana Contrera Belé 1 , Julian Cristina Borosky 1

'Programa de Pós - Graduação em Ciência Animal, Universidade Estadual de Londrina, e-mail: maracostasercomtel.com.br , 2 Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Londrina

Resumo: Foi realizado um experimento com o objetivo de avaliar o uso da torta de girassol (TG) na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação. Foram utilizados 48 suínos (22,69 kg), 24 machos castrados e 24 fêmeas. Os animais foram submetidos a 4 tratamentos: dietas com 0%, 5%, 10% e 15% de inclusão de TG. Foram avaliados o ganho diário de peso (GDP), o consumo diário de ração (CDR) e a conversão alimentar (CA) durante as fases de crescimento 1, crescimento II e terminação. Após o abate foram avaliadas as características de carcaça e calculado o rendimento de carne na carcaça (RCC%) e quantidade de carne na carcaça (QCC). Não houve diferença significativa no desempenho entre os tratamentos nos períodos avaliados. O efeito sexo foi significativo apenas para o GPD em todas as fases a favor dos machos castrados e para o CDR na terminação e no período total, tendo os machos os maiores consumos. Para as características de carcaça, não houve diferença significativa entre os tratamentos, e o efeito sexo foi significativo para a espessura de toucinho, comprimento de carcaça e QCC, com maiores médias para os machos castrados, e para o RCC, com maior média para as fêmeas. ATO pode ser utilizada até 15% de inclusão nas rações de crescimento e terminação, mantendo os mesmos índices de desempenho e qualidades da carcaça. A inclusão de 15% de TG foi a que apresentou o melhor índice de eficiência econômica.

Abstract: One experiment was carried out to evaluate the sunflower cake (SC) as feeding on growing and on finishing phases. Forty eight pigs (22,69 kg), 24 barrows and 24 females, were submitted to 4 treatments: diets with 0%, 5%, 10% e 15% of SC. Were evaluated the daily weight gain (DWG), daily feed intake (DFI) and feed gain ratio (FOR) during the growing phase 1, growing phase II and finishing phase. At slaughter the following carcass characteristics were evaluated and carcass meat yield (YPC) and carcass meat (MC) calculated. There were no significant differences between the treatments for ali phases however there was a significant effect to DWG for barrows in alI phases and a significant effect for barrows to DFI in finishing phase and total period, where their presented best DWG and DFI. There were no significant differences for carcass characteristics between the treatments. The barrows presented a better backfat depth, carcass length and carcass meat than females and the females had larger YPC than barrows. It is possible to use SC at 15% of inclusion in swine ration during growing and finishing phase with good results on performance and on carcass characteristics. The use of 15% of SC in ration presented the best rate of economic efficiency.

Introdução

O milho e o farelo de soja são os principais ingredientes na alimentação de suínos, compondo um dos itens de maior custo de produção. O milho, pela sua inclusão nas rações, pode ser responsável por até 40% do custo de produção de suínos (Bellaver, 2004). visando diminuir estes custos é contínua a busca por alimentos alternativos que possam substituir o milho e o farelo de soja. Neste sentido, têm-se destacado os co-produtos da indústria de extração do óleo de girassol. A TG é decorrente de um processo mecânico de extração de óleo, possuindo em média 18% de gordura na matéria seca (Oliveira, 2003). Na região norte do Paraná, a extração em pequena escala do óleo de girassol, através da prensa mecânica é uma opção econômica para os minifúndios.

Este processo resulta em um subproduto potencialmente útil para uso em rações animais. San Juan & Villamide (2000) citam que a partir de 1000 g de semente de girassol, através da prensagem mecânica a 80°C é possível obter 340 g de óleo e 660 g de "extrato prensado de semente de girassol".

A princípio a torta pode ser utilizada na alimentação de suínos por se tratar de um alimento com características nutricionais intermediárias entre o grão de girassol e o farelo de girassol. Sendo estes últimos utilizados com êxito em rações de suínos em fase de crescimento e terminação (Silva et ai, 2002a; Carellos et ai, 2003; Silva et ai, 2003).

Silva et ai. (2002b) realizaram um ensaio de digestibilidade com a torta de girassol e encontraram valores de energia digestível e metabohzávei de 3421

146

EMaRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

e 3247 kcal/kg, respectivamente, indicando ser este um ingrediente de caráter energético e de nível protéico intermediário para suínos, mas com elevado nível de fibra bruta.

Diante destas considerações e pela falta de informaçâo a respeito da torta de girassol, o objetivo deste trabalho foi avaliar as características nutricionais e o efeito da inclusão de níveis crescentes de torta de girassol sobre o desempenho zootécnico, as características de carcaça e a viabilidade econômica para suínos em crescimento e terminação.

Material e Métodos

Para avaliar o desempenho zootécnico, foram utilizados 48 suínos cruzados (Landrace X Large White), sendo 24 machos castrados e 24 fêmeas, com peso médio inicial de 22,69 ± 2,11 kg. Os animais foram alojados em número de dois do mesmo sexo, onde receberam água e ração à vontade, durante todo o período experimental. Os suínos receberam os seguintes tratamentos: T 1 - ração com 0% de TG; T 2 - ração com 5% de TG; T 3 - ração com 10% de TO e

- ração com 15% de TG. As rações foram formuladas segundo as exigências do NRC (1998), dividindo as necessidades nutricionais em três fases:

Crescimento 1 (entre 20 e 50 kg de peso vivo), Crescimento II (entre 50 e 80 kg de peso vivo) e Terminação (entre 80 e 100kg de peso vivo). A TG foi fornecida pela EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisa de Soja, Londrina, sendo obtida através de prensagem mecânica contínua, sob temperatura média de 60° C e pressão de 200 kg / cm 2 . As rações experimentais foram isoenergéticas, isoprotéicas, isolisinicas e com níveis de cálcio e fósforo semelhantes.

Ao final de cada fase de desempenho foram analisados o ganho diário de peso, o consumo diário de ração e a conversão alimentar. A viabilidade econômica da utilização da TG nas rações de crescimento e terminação foi verificada, segundo Bellaver et ai. (1985). Na seqüência, foi calculado o Índice de Eficiência Econômica (1EE) e o Índice de Custo Médio (lC), segundo Barbosa et aI. (1992).

O delineamento experimental para a avaliação

zootécnica foi em blocos casualizados, em função do peso inicial, com 4 tratamentos (níveis de inclusão de TG em 0, 5, 10 e 15% na ração) e 6 repetições. Cada repetição foi definida por uma baia composta por 2 animais de mesmo sexo (3 repetições de machos e 3 de fêmeas).

Ao final do experimento, os animais foram abatidos num frigorífico, e as carcaças avaliadas individualmente de acordo com as orientações da ABCS (1986), obtendo os dados de peso da carcaça quente, rendimento de carcaça, área de olho de lombo, espessura de toucinho, profundidade do músculo

longissimus dai-si e comprimento de carcaça e através dos valores dessas medidas foi obtido o rendimento de carne na carcaça e a quantidade de carne na carcaça. Para a análise de carcaça cada animal foi considerado uma repetição e o delineamento foi totalmente casuahzado com 4 tratamentos e 12 repetições por tratamento (6 machos castrados e 6 fêmeas).

Os dados relativos aos tratamentos foram submetidos à análise de regressão polinomial e os dados relacionados ao sexo foram avaliados através da análise de variáncia, utilizando-se o programa SAEG (UFV, 1997).

Resultados e Discussão

Os resultados do desempenho zootécnico obtidos estão apresentados nas Tabelas 1 e 2. Não foi observado efeito significativo (P>0,05) para os tratamentos em relação ao ganho diário de peso, consumo diário de ração e conversão alimentar em todas as fases analisadas, ou seja, a inclusão de até 15% de TG não influenciou o desempenho dos animais. Para a mesma característica, o efeito do sexo foi significativo, mostrando superioridade dos machos para ganho diário de peso em todas as fases analisadas. Também não foram observadas interações (P>0,05) entre os níveis de TG e o sexo.

Apesar de não significativo, foi verificada uma piora

na conversão alimentar para o tratamento com 15% de torta de girassol na fase crescimento 1, o que pode ser explicado pelo maior teor de fibra na ração e pelo fato dos animais jovens provavelmente ainda não apresentarem um trato digestivo melhor adaptado a uma dieta com esta característica.

Os dados relativos às características de carcaça estão demonstrados na Tabela 3. Em relação às características de carcaça, não foram verificadas diferenças significativas entre os tratamentos e

efeitos de interação entre os níveis de inclusão da TG e o sexo. O efeito de sexo foi significativo para as características de peso vivo, peso da carcaça,

espessura de toucinho, quantidade de carne na carcaça e comprimento de carcaça, para as quais machos apresentaram maiores médias, enquanto que para o rendimento de carne na carcaça as fêmeas foram superiores, o que pode ser explicado, em parte, pelo potencial que os machos castrados têm em depositar mais gordura, normalmente relacionado ao maior consumo de ração.

Os melhores resultados econômicos, medidos pelos índices de eficiência econômica e de custo, indicam a inclusão de 15% de TO, seguida pelas dietas com 10%, 5% e 0% de inclusão de TG, respectivamente. Esta observação, contudo, deve levar em consideração a dinâmica dos preços dos ingredientes, que continuamente tem seus valores modificados.

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GinAssoL

147

Conclusões

A TG pode ser utilizada nas rações de suínos nas fases de crescimento e terminação até 15% de inclusão, como substituto do milho e farelo de soja, mantendo os mesmos índices de desempenho e características de carcaça. A inclusão de 15%, baseado nos preços dos ingredientes indicados neste trabalho, ofereceu o melhor resultado com relação aos custos.

Referências

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. SAEG - Sistemas de análise estatísticas e genéticas. Versão 7,1, Viçosa. MG, 1997, 1 SOp.

Tabela 1 - Efeitos da inclusão de níveis crescentes de torta de girassol na dieta e do sexo sobre o ganho diário de peso (GDP), consumo diário de ração (CDR) e conversão alimentar (CA) na fase de crescimento 1 e crescimento II

iveis Crescimento 1 Crescimento Ii GDP (g) CDR (g) CA GDP (g) CDR (g) CA

0% 922 2056 2,23 987 3140 3,18 5% 914 2004 2,09 944 3015 3,17

10% 921 2049 2,23 996 3275 3,30 15% 892 2085 2,32 978 3130 3,22

Efeito da regressão NS NS NS NS NS NS

Machos castrados 949a 2085 2,16 1066a 33793 3,16 Fêmeas 8761b 1982 2,27 886b 2900b 3,27

Coeficiente de variação (%) 5.25 6.28 6.89 9.68 1406 826

Médias seguidas de letras diferentes para sexos, na mesma coluna, diferem estatisticamente (P<0,05)

NS - Não significativo (P>0,05)

148 EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

Tabela 2- Efeitos da inclusão de níveis Crescentes de torta de girassol na dieta e do sexo sobre o ganho diário de peso (GDP), consumo diário de ração (CDR) e conversão alimentar (CA) na fase de terminação e no período

total

Terrninacão Período total Niveis

GDP (g) CDR (g) CA GDP (g) CDR (g) CA

0% 943 2817 2,98 946 2606 2,75

5% 928 2562 2,73 924 2448 2,64

10% 975 2703 2,78 960 2594 2,70

15% 944 2661 2,89 940 2545 2,73

Efeito da reuressão NS NS NS NS NS NS

Machos castrados 1027a 2820 2,75 1007a 2677a 2,66 Fêmeas 868b 2551 2,94 878b 24191a 2,76

Coeficiente de variação (%) 6,84 12,79 12,07 5,34 9,71 7,34

Médias seguidas de letras diferentes para sexos, na mesma coluna, diferem estatisticamente (P<0,05)

NS - Não significativo (P>0,05)

Tabela 3 -Efeitos da inclusão de níveis crescentes da torta de girassol na dieta e do sexo sobre o peso vivo e as características de carcaça: peso vivo (PV), peso da carcaça quente (PCQ), rendimento de carcaça (RC), espessura de toucinho (ET), profundidade do músculo (PM), rendimento de carne na carcaça (RCC%), quantidade

de carne na carcaça (QCC), comprimento de carcaça (CC) e área de olho de lombo (AL)

Níveis PCQ (kg) RC (%) ET (cm) PM (cm) AL(cm 2 ) RCC (%) QCC(kg) CC (cm)

0% 74,79 75,11 1,82 5,67 38,79 55,11 41,17 93,95

5% 73,40 75,17 1,92 5,47 38,75 54,36 39,75 93,60

10% 75,39 75,07 1,84 5,73 37,80 55,05 41,41 94,86

15% 72,72 74,86 1,74 5,22 35,67 55,08 39,99 9385

Efeito da NS NS NS NS NS NS NS NS

Machos

78,87 75,44 2,05a 5,60 38,03 53,691a 42,31a 94,90a Castrados

Fêmeas 69,66 74,71 1,62b 5,47 37,48 56,09a 39,04b 93,31b

Coeficiente de - ,, 7,91 2,59 22,87 13,32 14,45 4,60 8,46 2,89

Médias seguidas de letras diferentes para sexos, na mesma coluna, diferem estatisticamente (P<0,05)

NS - Não significativo (P>O,OS)

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESOUISA DE GIRASSOL

149

30. USO DE ESCÂNER NA DETERMINAÇÃO DA COR DE FARINHA DE GIRASSOL

SCANNER USE IN COLOR DETERMINATION OF THE SUNFLOWER FLOURS

Luís G. Sachs 1 , Sandra H. Prudencio-Ferreira 2 , Paula J.D. Sachs 2 ,

Alan S. Fe1into 2 , Juliane P.D. Sachs 3 , Antonio P. Portugal 1

1 FFALM /UNESPAR - Br 359 km 54,5 - 86360-000 -Bandeirantes - PR. * <[email protected] >; 2 UEL 86051-990 - Londrina - PR; 3 10-USP 05508-900 - São Paulo -SP

Resumo: Avaliou-se o USO de escâner, associado ao software 5H 2.0, como instrumento analítico na determinação da cor de farinhas desengordura de girassol (FDG) obtidas sob diferentes condições de extração hidro-alcoálica. O menor teor de etanol ( °GL), o maior número de jornadas de extração (NE) ou temperatura de extração (TE) favoreceram a obtenção de farinhas mais claras. A análise dos resultados pela regressão múltipla apresentou R 2 = 0,99 e piti <0,001. O coeficiente de determinação simples (r 2 ) foi de 0,957 e piti <0,001, na comparação da cor RGB-cinza 8 bits com o canal L* (CIE-Lab). O software SH 2.0 possibilitou o emprego do escâner na determinação da cor de FDG em escala claro-escuro, independente da tonalidade cromática.

Abstract: It was evaluated the scanner use, associated with the software 51-1 2.0, as an analytical instrument in the determination of defatted sunilower flour (FDG) color, obtained under different conditions of hidro-alcoholic extraction. The smallest ethanol concentration ( °GL), the largest extraction number (NE) or extraction temperature (TE) allowed to get whiter color flours. The analysis of resultes for multiple regression presented

= 0,99 and piti <0,001. The simple determination coefficient (r 2) was 0,957 and pItI<0,001, in comparison between the RGB-gray calor 8 bits with the L* canal (CIE-Lab). The software SH 2.0 allowed the scanner use in the determination of the FDG colar in light-dark scale, regardless chromatic hue.

Introdução

Para a medida de cor existem diversos métodos baseados em dimensões perceptuais (Munsell, Ostwald, CNS, NCS). Com o avanço tecnológico desenvolveram-se digitalizadores de imagens (escâneres e câmeras) permitindo o processamento da luz e da cor tanto na forma de luz visível nos monitores (RGB, HSV, HLS) quanto na forma impressa (CMYK). O modelo RGB, para reprodução da imagem luminosa, e o modelo CMYK, para a "luz" impressa, têm hoje boa reprodutibilidade (Ford; Roberts, 1998).

A metodologia empregada na química analítica, que utiliza instrumentos ópticos, iniciou-se na colorimetria comparativa por meio da visão. A evolução tecnológica proporcionou o desenvolvimento de instrumentais sofisticados substituindo os sentidos nas análises. Os primeiros espectrofotômetros utilizavam filtros coloridos para a separação dos componentes da luz, freqüentemente as três cores primárias: vermelho, verde e azul (Vogel, 1989, Bertulani, 2004). Os escâneres e câmaras digitais também dispõem de um processo semelhante de separação dos componentes da luz, fazendo com que a diferença entre espectrofotômetro e digitalizadores de imagens seja apenas a forma de apresentação do resultado (Plustek, 2002).

As cores de alimentos que formam texturas são difíceis de serem estabelecidas, particularmente a de farinha e farelos. A farinha de girassol, subproduto

rico em proteínas que normalmente apresenta baixo preço, pode comprometer a aceitabilidade dos produtos aos quais é incorporada, pois, pode alterar a cor além de outros atributos (Sachs, 2002).

O objetivo do trabalho foi avaliar o uso do escâner, associado ao software SH 2.0, como instrumento analítico na determinação de cor de farinhas desengorduradas de girassol (FDG) e verificara efeito das condições de extração do óleo na cor da farinha.

Material e Métodos

Utilizaram-se 30 amostras de farinhas desengorduradas de girassol FDG em triplícatas (15 amostras de cada bloco) obtidas após extração com solução hidro-alcoólica em modelo fatorial incompleto 33 de Box-Behnken (Statsoft, 2003). Tendo como variáveis: teor de etanol ( °GL) (71, 85 e 99 % v/v na proporção farinha/solvente 118 m/v e pH 5,0), temperatura de extração (TE) 57, 67 ou 77°C e número de jornadas de extração (NE) 4, 6 e 8 jornadas.

As amostras foram secadas a 40 °C, moídas até granulometria menor que 0,150 mm e empacotadas

em triplicata em filmes de polietileno. A seguir foram escaneadas com escâner marca/modelo Plustec OpticPro P12, em resolução óptica de 300 x 300 dpi 24 bits e os dados armazenados como bitmaps. As imagens foram carregadas no software SEI 2.0 de

150

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

onde selecionou-se áreas maiores que 6,5 cm 2 (9,0x10 4 pixels) e calculou-se os valores das cores médias dos pixels em RGB 24 bits,. 0 software 5H 2.0 desloca automaticamente um ponteiro sobre cada pixel da área selecionada da imagem, calculando as médias de cor RGB. (Sachs et ai., 2001). Para a padronização do escâner utilizou-se dióxido de titânio-Ti02 (TiPureõ DuPont) como referência para o branco e negro de fumo (Degussa do Brasil Ltda) como referência para o preto. Utilizando um algoritmo, as cores RGB 24 bits foram convertidos a RGB-cinza 8 bits (Sachs, 2002).

Os dados foram tratados em análise de regressão múltipla empregando o software StatSoft Statistica 5.0 (Statsoft, 2003)

Para validação da metodologia, compararam-se os valores RGB-cinza 8 bits com o canal L* (luminosidade) do sistema CIE.L*a*b*, submetendo-se as mesmas amostras de FDG a um espectrofotômetro SpectroCam 75 RE série 5030-443.

Resultado e Discussão

As amostras mais escuras das FDG apresentaram média de cor RGB 24 bits [168 145 1221 que corresponde à tonalidade cromática 8,27YR na escala de Munsell, e a mais clara [242 235 217] correspondendo à tonalidade cromática 2,74Y.

A Tabela 1 apresenta as médias de cores das FDG. A equação geral de regressão da cor da FDG em função das condições de extração pode ser representada por: v =a1 x1 2 +b1x1 +a 2 +b2x2 +a3x32 +b3x3 +c1gç;+c1 3x1 x3 + c 23 x 2x3 + D, onde: v = cor da FDG em parâmetro RGB-cinza (Sbits); x 1 = °GL; x 2 = TE ex 3 = NE, "a",

e "c" = coef. angulares e "D" coef. linear. Considerando apenas os efeitos significativos para F (p<0,05), a equação de regressão foi redefinida:

vQb)= a1x12+bx1+b2x2+b3x3+D.

Na figura 1 observar-se que o efeito individual do °GL na extração é maior que os efeitos das demais variáveis. Extrações com diferentes °GL influenciaram a cor da FDG, cujas médias isoladas dos efeitos das outras variáveis foram 223, 224 e 165 (IRGB-cinza 8 bits), respectivamente para 71,85 e 99 9 G1_. Apesar do °GL ter sido a variável que mais influenciou nas cores das FDG, nas menores concentrações (71 e 85% v/v) as diferenças de cores das FDG não foram significativas. Compostos polares como os fenóis são os principais responsáveis pelo desenvolvimento da cor dos produtos de girassol (Bautista et aL, 1996; Sineiro eta/., 1996).

o NE influenciou significativamente as cores das FDG, sendo que quanto maior o NE, mais clara foi a farinha obtida. As cores médias isoladas dos efeitos das outras variáveis foram 197, 208 e 221 (RGB-cinza 8 bits), respectivamente para 4, 6 eS jornadas de extração. As cores das FDG também foram

influenciadas significativamente pelas TE, quanto maior a TE, mais clara foi a farinha obtida. As cores médias isoladas das outras variáveis foram 207, 208 e 210 (RGB-cinza), para extrações a 57, 67 e 77°C respectivamente. Sodini e Canella (1977) observaram que as absorvâncias das soluções resultantes das extrações de farelos de girassol com solventes polares reduziam a cada extração, tendendo a zero após a 8 '

jornada de extração. Segundo os pesquisadores, a absorvância da solução dependia do teor residual de compostos fenólicos no extrato, como ácido clorogênico.

O coeficiente de determinação da cor da FDG em função do teor residual de ácido clorogênico demonstra que esta substância influencia na cor da FDG. Entretanto, este teor não explica por si só toda a variação de cor observada, pois, em faixas mais estreitas, a correlação entre o teor residual de ácido clorogênico e a cor da FDG foi baixa. Os principais fatores que podem explicar a baixa correlação são: o modelo experimental, pois, não permitiu a análise do efeito isolado do teor residual do ácido clorogênico, já que esta não era uma das variáveis independentes; presença de outros fenóis e compostos não fenólicos nas farinhas que podem ter influenciado na cor; erros experimentais nas medidas da cor e do teor de ácido clorogênico. Diversos trabalhos mostram a influência do ácido clorogênico e de outros fenóis no desenvolvimento da cor dos produtos de girassol (Sodini; Canella, 1977; Reyes etal., 1985; Theertha Prasad, 1990; Bautista eral., 1996; Sineiro etal., 1996). O método de obtenção pode influenciar na cor dos produtos de girassol, Claughton e Pearce (1989) verificaram que os graus de hidrólise e desaminação de isolado protéico de girassol influenciaram significativamente a coloração dos produtos manufaturados com esta matéria prima. Produtos mais claros eram obtidos com isolados protéicos com maior grau de desaminação.

A figura 2 apresenta a regressão linear dos valores de cor RGB-cinza e o canal L' do sistema CIE.L* a *b* .

Observando a figura 2 verifica-se que houve concordância entre os valores de luminosidade obtidos pelo sistema ClEL*a*b* e os valores RGB-cinza, não diferindo estatisticamente, sugerindo que a nova metodologia pode ser usada no estabelecimento da cor em escala de cinzas de FDG.

O software SH 2.0 e a metodologia para determinação de cor RGB já foram utilizada em avaliações de diversos alimentos tais como açúcares cristal e mascavo (Sachs oraL, 2001), pudins e flans

(OLIVEIRA etal., 2003), miolo de pães (Sachs, 2002), casca de banana (Sachs, 2004). Os resultados dos estudos com açúcares correlacionaram-se com os obtidos pelo método tradicionais da ICUMSA, e os com pudins permitiram conclusões semelhantes aos obtidos com o emprego de colorímetro. Comparada à análise sensorial essa metodologia apresentou

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

151

vantagens em estudo com miolo de pães, pois não está sujeita à fadiga e à acuidade visual do observador, e não é enganada por sombras devido à textura. Na determinação da velocidade de variação da cor da casca da banana durante o amadurecimento, a metodologia proposta mostrou-se superior à que empregou o espectrofotômetro, que, segundo a autora, o fato deveu-se à maior área amostral obtida com escâner, até 500 vezes a área analisada pelo espectrofotômetro, portanto menos sujeita às irregularidades da cor na casca da banana.

O software 5H 2.0 possibilitou o emprego de instrumental profuso e barato (escâner) na determinação de cor de FDG. Com o tratamento numérico de imagens digitais, foi possível desenvolver um algoritmo para diferenciar as cores em tons de cinza, e ordená-las em escala claro-escuro de 256 níveis, independentemente de suas tonalidades cromáticas. Tarefa difícil pela observação visual direta quando se comparam tonalidades cromáticas diferentes.

Conclusão

o emprego do software SI-! 2.0 possibilita a determinação de cores em escala de cinza de farinhas desengorduradas de girassol (FDG) através da análise de imagens digitalizadas com escâner.

o tratamento numérico da imagem permite utilizar os valores obtidos em equações e correlacionar a cor com o fenômeno que a produz, além de distinguir e ordenar os diferentes tons de cinza, independentemente da tonalidade cromática original.

A extração do óleo com menor teor de etanol do meio extrator ( °GL), maiores número de jornadas de extração (NE) ou temperatura de extração (TE) resultam em farinha desengordurada de girassol (FDG) mais claras.

Referências

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A

3Q

150 1 70,0 85,0 100

°G L

B

250

(0 N c

ifi o 200

ti c

m

- 17 185

c 195 EEI 205

215 Efl 225

>225

250, 'o e-.0 00 (0

200 (à La o

150 -l- 60,0

y2,65x- 12,0

= 0,957 pR/c9,001

80,0 100

L* ClEL*a*b*

152

EMORAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

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y = (-0,1 55x 1 ) 2+24,2x 1+O,1 81x 2+5,97x3+(-762) y = (-0,1 55x 1) 2+24,2x 1+(-715) = 0.993 p/tl<O,OOi R = 0.893 pt11JcZ0,001

Figura 1 - (A) Cor da Farinha desengordurada de Girassol (FDG) em parâmetro RGB-cinza 8 bits (0 = preto, 255 = branco) em fun ç ão do teor de etanol no meio extrator ( °GL) e número de jornadas de extração (NE); (B) Cor RGB-cinza da FDG em função do ° GL.

Figura 2 - Cor da farinha desengordurada de girassol (FDG) em parâmetros RGB-cinza 8 bits (0 = preto, 255 = preto) e Luminosidade (L*) em parâmetros de cor ClEL* a *b*

Tabela 1 - Média de cores das farinhas desengorduradas de girassol (FDG) em parâmetros RGB-cinza (8bits)

Média RGB-cinza Bloco 1 205

Média RGB-cinza Bloco 2 211

Desvio padrão (s) 2,43

Coef. variação (CV%) 1,17

0,99

El2 ajustado 0,99

piti <0,001

*escala variando de zero (preto) a 255 (branco); PItI probabilidade de t, significativo quando p<0,05;

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

153

ft31. 1 FARINHA DE GIRASSOL: I - EFEITO NA REOLÓGIA DA MASSA DE PÃES

SUNFLOWER FLOUR: 1 - EFFECT IN DOUGH RHEOLOGY

Luís G. Sach&, Sandra H. Prudencio-Ferreira 2 , Paula J.D. Sachs 2 ,

Juliane P.D. Sachs 3 , Antonio P. Portugal 1 , Viviane S. Ribeiro'

1 FFALM/UNESPAR - Br 359km 54,5 - 86360-000 - Bandeirantes - PR. <[email protected] >; 2 UEL 86051-990 - Londrina - PR; 3 lQ-USP 05508-900 - São Paulo -SP

Resumo: Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da substituição parcial da farinha de trigo por farinha desengordurada de girassol (FDG) nas propriedades reológicas da massa. Os níveis de FOG empregados foram zero, 7,5 e 15%. As propriedades reológicas da massa foram avaliadas por testes em extensógrafo e farinógrafo. Observou-se que com o incremento do nível de substituição da farinha de trigo por FDG aumentou a resistência à extensão e a absorção de água, e provocou redução do oxinuber e pequena redução da extensibilidade da massa. Concluiu-se que o glúten tornou-se mais forte e com menor exigência de agentes oxidantes.

Abstract: This work aims to evaluate the effect of the sunflower defatted flour (FDG) in partial substitution of the wheat flour in dough rheologics properties. The FDG replacement leveis were Zero, 7,5 and 15%. The dough reologics properties were appraised for tests in extensograph and farinograph. It was observed that with the increment of the substitution levei of the wheat flour for FDG increased the resistance to lhe extension and the water absorption and caused oxinuber reduction and smali reduction of the dough extensibihte. it was ended that lhe gluten became stronger and with smaller demand of oxidizers agents.

Introdução

O farelo de girassol apresenta valor alimentício equivalente ao do farelo de soja e de outras oleaginosas de importância agrícola. A proteína de girassol é a que contém maior teor de aminoácidos sulfurados e com a vantagem de não haver relatos de reações alérgicas a estas proteínas (FAO, 2001; Prakash, 2001).

O farelo de girassol resultante da extração do óleo contém cerca de 60% de proteínas. Estas proteínas possuem alto teor de aminoácidos sulfurados. A farinha possui também quantidades apreciáveis de vitaminas, principalmente do complexo B e minerais (Sosulski; Fieming, 1977; Kabirullah; Wiils, 1982; Reyes et aI., 1985).

Muitos estudos têm demonstrado a viabilidade do emprego de farinhas de girassol e farelo resultante da extração do óleo, como ingrediente na formulação de alimentos tais como pães, biscoitos e bolinhos (Carrão-Panizzi; Mandarino, 1994; Gatta; Piergiovanni, 1996).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da substituição parcial da farinha de trigo por FDG nas propriedades reológicas da massa.

Material e Métodos

Para obtenção da FDG, porções de 200g de farinha integral de girassol foram moídas em moinho de faca

LABOR por 2 min e submetidas a 8 jornadas de extração (30 min cada) em solução hidroalcoólica pH 5,0 a 77°C (duas jornadas com solução 71°131-, duas com 85 °GL e quatro com 99 1GL) sob agitação 120 rpm. A proporção farinha/solvente foi de 118 (m/v). Após a extração, a FDG foi seca a 40 °C e moída até granulometria menor que 0,150 mm. As frações maiores retornavam ao moinho.

As propriedades reológicas de misturas e de extensão da massa foram avaliadas, respectivamente pelos os métodos 54-21, e 54-10 da AACC (1983). A variável testada foi a substituição da farinha de trigo por FDG nos níveis zero, 7,5 e 15%.

Resultados e Discussão

Para os testes das propriedades de mistura e extensão da massa optou-se por 8 jornadas de extrações a 77 °C, sendo duas a 71 °GL, duas a 85 °GL e quatro a 99 °GL. Em testes preliminares, a temperatura de extração não provocou alterações nas propriedades reológicas da massa, e a 77 °C a extração do óleo foi máxima. A variação da concentração do solvente etanol-água durante as

jornadas de extração foi utilizada para proporcionar melhor extração do ácido clorogênico e fósforo total nas menores concentrações do solvente e do óleo na maior concentração.

A qualidade da farinha e sua aplicação podem ser mensuradas através de testes físicos, químicos e

154

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

reológicos. As propriedades reológicas são medidas após a hidratação da farinha de trigo e formação da massa, por meio das propriedades mecânicas de deformação que determinam a qualidade do glúten (Trigo & Derivados, 2001; Brabender, 2000; 2004).

As características dos extensogramas em função da substituição da farinha de trigo por farinha desengordurada de girassol estão apresentadas na

Figura 1.

o extensograma mede as propriedades da massa durante um período de descanso nos intervalos de 45, 90 e 135 minutos, permitindo avaliar a influência do tempo de fermentação na performance da farinha, simulando a panificação. Permite também avaliar a resposta da farinha a aditivos de ação lenta, resposta esta de difícil observação em outros testes (Trigo & Derivados, 2001; Brabender, 2000; 2004).

As características dos extensogramas apontaram melhora das propriedades de extensão da massa com o incremento da substituição da farinha de trigo por FDG (Figura 1). Apesar de uma pequena redução na área, indicativa da força do glúten, houve incremento na resistência à extensão, resistência máxima e no número proporcional, caracterizando aumento na elasticidade do glúten. A redução dos valores do oxinumber apontando para uma menor exigência de agentes oxidantes na massa. Foi pequena a redução da extensibilidade, da ordem de 10%, com o aumento da substituição da farinha de trigo. Farinhas com alta resistência à extensão e alta extensibilidade são adequadas para a produção de pão (Trigo & Derivados, 2001; Brabender, 2000; 2004).

A Figura 2 apresenta as cópias dos farinogramas das misturas onde a farinha de trigo foi substituída por farinha desengordurada de girassol nos níveis zero, 7,5 e 15%.

A absorção de água pela farinha de trigo depende de diversos fatores como os teores de glúten e proteína total, amido danificado, fibras, cinza e sal, tempo de estocagem, granulometria da farinha, dentre outros. Quando outras farinhas e farelos são adicionados à farinha de trigo observa-se modificação na absorção de água. Fontes ricas em fibras ou proteínas provocam aumento na quantidade de água necessária para que se atinja 500 UF no farinograma (IResende, 1989; Cenkowski, et. ai 2000; Cortés, 2001; Frank, 2001)

o aumento da substituição da farinha de trigo por FDG provocou incremento na absorção de água (60, 61 e 64% de absorção) respectivamente para a os níveis de substituição zero, 7,5 e 15%. A absorção

específica da farinha de trigo no nível zero de substituição foi de 0,60 cm 3/g. Considerando que a farinha de trigo mantivera a absorção específica de 0,60 cm 3/g, o aumento da absorção da mistura deveu-se à farinha desengordurada de girassol e, suas absorções especificas foram de 0,73 cm 3/g a 7,5%

de substituição e 0,87 cm 3/g a 15% de substituição. Esperava-se aumento da absorção de água com o aumento do nível de substituição sem que com isso aumentasse a absorção específica da FDG, devido à diluição do glúten, mas isso não ocorreu. Com o

incremento do nível do substituinte na mistura, outros pesquisadores observaram aumento na absorção de água da mistura, mas não nas absorções específicas (Resende, 1989; Cenkowski, et. ai 2000). O incremento da absorção específica em função do nível de substituição, com FDG, denota interações entre os componentes da farinha de trigo com os componentes da FDG, que de alguma forma compensaram a diluição do glúten.

Comparando os atributos avaliados nos farinogramas com os apresentados por outros autores (Cenkowski, et. ai 2000; Cortés, 2001; Frank, 2001) não se observou prejuízo nas características de mistura da massa com o incremento da substituição da farinha de trigo por FDG. Apenas dois parâmetros variaram de modo discrepante: o tempo de chegada que foi igual para os níveis 0% e 7,5% de substituição e aumentou com nível de substituição de 15%. O tempo de desenvolvimento da massa que reduziu com nível de substituição de 7,5%, tornando a aumentar com 15% de substituição.

Conclusões

A substituição da farinha de trigo por FDG até os níveis de 15% aumenta a absorção de água, fortalece o glúten e reduz a exigência de agentes oxidantes.

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Is

Figura 1- Características dos extensogramas em

função da substituiç5o da farinha de trigo por farinha desengordurada de girassol nos níveis de zero, 7,5 e 15% de farinha desengordurada de girassol.

Figura 2- Características dos farinogramas das misturas farinha de trigo com farinha desengordurada de girassol nos níveis de zero, 7,5 e 15% de farinha desengordurada de girassol.

156 EMBnAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

P 32. 1 FARINHA DE GIRASSOL: II - EFEITO NA QUALIDADE DO PÃO

SUNFLOWER FLOUR: II - EFFECT IN BREAD QUALITY

Luís G. Sachs 1 , Sandra H. Prudencio-Ferreira 2 , Juliane P.D. Sachs 3 Paula J.D. Sachs 2 , Antonio P. PartugaP, Alan S. Felinto 2

1 FFALM/UNESPAR- Ar 359km 54,5 - 86360-000 - Bandeirantes - PR. * <[email protected] >; 2 11EL 86051-990 - Londrina - PR; 3 lQ-USP 05508-900 - São Paulo -SP

Resumo: Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da substituição parcial da farinha de trigo por farinha desengordurada de girassol (FDG) na qualidade do pão. Os níveis de FDG empregados foram zero, 7,5 e 15%. A FDG causou redução nas características internas e externas dos pâes e escurecimento do miolo. O volume específico não sofreu redução com substituição de 7,5% de FDG. Pães com qualidade aceitável contendo FDG foram obtidos empregando reforçador/emulsificante e gordura vegetal hidrogenada.

Abstract: This work aims to evaluate the effect of the partial substitution of the wheat flour for sunflower defatted flour (FDG) in bread quality. The FDG replacement leveis were zero, 7,5 and 15%. FDG has caused reduction in the internal and external characteristics of breads and darkened the crumb. The specific volume has not suffered reduction with 7,5% substitution of FDG. Bread with acceptable quality containing FDG was obtained using enhancer/emulsifying and hydrogenated vegetable fat.

Introdução

Estudos têm demonstrado a viabilidade do emprego de farinhas e farelos, em substituição à farinha de trigo, na formulação de alimentos tais como pães, biscoitos e bolinhos (Carrão-Panizzi; Mandarino, 1994; Gatta; Piergiovanni, 1996).

O ácido clorogônico e outros fenóis, presentes no girassol, podem comprometer a qualidade de alimentos que utilizam subprodutos de girassol em suas formulações. O comprometimento da qualidade ocorre devido ao desenvolvimento de compostos coloridos que causam modificação da cor e escurecimento daqueles formulados. Entretanto, com o uso de tecnologias adequadas na extração dos compostos fenólicos, na formulação e no processamento dos alimentos, pode-se minimizar os efeitos indesejáveis (Sachs, 2002).

0 objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da substituição parcial da farinha de trigo por farinha desengordurada de girassol (FDG) na qualidade do pão.

Material e Métodos

Para obtenção da FDG, porções de 200g de farinha integral de girassol foram moidas em moinho de faca LABOR por 2 min e submetidas a 8 jornadas de extração (30 min cada) em solução hidroalcoólica pH 5,0 a 77°C (duas jornadas com solução 71 °GL, duas com 85 0GL e quatro com 99 0 GL) sob agitação 120 rpm. A proporção farinha/solvente foi de 1/8 (m/v). Após a extração, a FDG foi seca a 40 °C e moída até granulometria menor que 0,150 mm. As frações maiores retornavam ao moinho.

Os testes de panificação para avaliação dos atributos de qualidade do pão foram: volume especifico, características externas e internas, total de pontos (El Dash et ai., 1982) e cor do miolo medida em parâmetros RGB e convertidas em escala de cinza 8 bits. (Sachs, 2002). A formulação para produção dos pães tipo francês para realização dos testes foi sal (2%), açúcar (2%), fermento biológico (2%), substituição da farinha de trigo por FDG (zero, 7,5 ou 15%), gordura vegetal hidrogenada (zero, 2,0 ou 4,0%) e reforçador-emulsificante (ácido ascórbico - AA, estearoil-2-1actii lactato de cálcio - CSL e polissorbato 80) nos níveis zero; 0,25 ou 0,50%. A formulação contendo 0,25 % de reforçador-emulsificante múltiplo correspondeu a 50 ppm de AA, 0,15 % de CSL e 0,025 % de polissorbato 80, e contendo 0,50 % correspondeu a 100 ppm de AA, 0,30 % de CSL e 0,050 % de polissorbato 80.

Resultados e Discussão

Testes preliminares de propriedades reológicas da mistura de farinha de trigo e FDG indicaram que as mesmas eram adequadas para panificação. Os efeitos na qualidade do pão, provocados pela FDG foram significativos para todos os atributos testados Nos testes de panificação, considerando apenas os efeitos significativos, obteve-se as equações de regressão para os atributos de qualidade do pão:

v 11 = (- 0,01 26)x 1 2 +0,0692x 1 + (- 1 ,69)x 2 2 + (- 0,0865)x 3 2 + 0,537x 3 +4,63

v(} = 0,01 29x 1 2 + (- 32,0)x 2 2 + 28,8x 2 + 29,0

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

157

V It intl = 0,0563 x 1 2 + (- 1 .24) x 1 + (-

9,33)x 22 +0,354x32 + (-0,979)x 3 + 26,2

v 1, 1 =0,0581 x 1 2 + (- 1 ,74)x 1 + (- 39,3)x22 +72,5

VIcorm • oiol =0,2365x 1 2 (-6,431 x 1 ) + 242,5

onde: v 1 ,011 = volume especifico do pão; v extl = características externas do pão; v1 ml = característica internas do pão; v 101 = total de pontos dos atributos internos e externos do pão; VIcorn i o l ol =

cor do miolo e parâmetros RGB-escala de cinzas 8 bits; = teor de farinha desengordurada de girassol; x 2 =

teor de reforçador - emulsificante e x 3 = teor de gordura vegetal hidrogenada.

As variáveis, gordura vegetal hidrogenada e reforçador-emulsificante foram significativas na análise de vadância conjunta com a variável FDG e não significativas quando a última foi considerada no resíduo. No entanto, para o atributo total de pontos do pão, a variável reforçador-emulsificante foi significativa mesmo considerando as outras variáveis no resíduo. Isto ocorreu devido ao grande efeito individual da variável reforçador-emulsificante, que foi da mesma ordem de grandeza que da variável FDG, para aquele atributo, O gráfico de Pareto com os efeitos estimado de cada variável no total de pontos do pão está representado na Figura 1.

O gráfico de dispersão para o volume específico do pão em função da percentagem de substituição da farinha de trigo por farinha desengordurada de girassol, isolada das variáveis reforçador - emulsificante e gordura vegetal hidrogenada, estão na Figura 2, Na Figura 3 estão os gráficos de dispersão, para as características internas, externas e total de pontos do pão em função da percentagem de substituição da farinha de trigo por FDG, considerando no resíduo as variáveis gordura vegetal hidrogenada e reforçador - emulsificante.

A 2a derivada, da função para o volume específico dos pães, indicou a existência de um ponto de máximo volume para substituição da farinha de trigo por farinha desengordurada de girassol. Estando na origem uma das raízes da função, foi possível pela 18 derivada obter o valor da variável FDG no ponto de máximo, que foi de 2,7%.

A pequena melhora no volume especifico do pão provocado pela substituição da farinha de trigo por farinha desengordurada de girassol em até 2,7%, talvez se deva à presença de oxidases ativas como a lipoxigenase e óleo residual da farinha desengordurada de girassol, em substrato para a enzima. A ação da lipoxigenase não se limita a clarear a farinha, os oxidantes gerados da ação desta enzima aumentam a força do glúten de maneira similar ao ácido ascórbico ou azodicarbonamida (Tenbergen, 1999). As oxidases aumentam a força da massa devido o aumento da estabilidade das pontes dissulfetos do glúten, au pela

oxidação de substâncias da farinha que poderiam reduzir pontes dissulfetos a grupos sufidrilas enfraquecendo o glúten (Taylor, 1998).

O ácido ciorogênico, inibidor da ação da lipoxigenase (Duke, 2001), tem seu teor reduzido no processo de extração do óleo com solventes polares, e é sugerido ainda que tratamento de pré-hidratação ative a lipoxigenase (Nelles et ai., 1998), o que reforça esta tese, uma vez que a extração do óleo do girassol ocorreu em meio aquoso. A presença de 6,8% óleo residual na farinha desengordurada de girassol, cujo índice de iodo foi de 108, serve de substrato para a lipoxigenase.

Níveis maiores de substituições da farinha de trigo por FDG causaram redução do volume especifico do pão. Mesmo considerando o aumento da ação oxidante da lipoxigenase e do teor de óleo residual (substrato da enzima), o efeito negativo no volume pode ser explicado pela diluição do glúten provocada pela substituição. Outras proteínas, como as da FDG, não apresentam a propriedade de reter o gás da fermentação.

O volume específico de 6,0 cm 319 é tido como ideal para o pão (Ei Dash et ai., 1982). Pela equação de regressão é possível, nas condições do ensaio, produzir pães com volumes específicos iguais a 6,0 cm 3/g, com substituição da farinha de trigo com até 7,5% de FDG, desde que se empregue o teor máximo de reforçador - emulsificante (0,50%) e de gordura vegetal hidrogenada (4.0%) considerados no ensaio.

Para os demais atributos de qualidade do pão, a adição de FDG em substituição à farinha de trigo em qualquer nível, acarretou perda de qualidade. Em substituição de até 7,5%, empregando os níveis máximos de reforçador - emuisificante e de gordura vegetal hidrogenada, foi possível obter pão com qualidade aceitável, com perda de cerca de 10% na contagem total de pontos, 75,5 pontos, contra 84,0 pontos (máxima pontuação obtida no ensaio em escala de 100 pontos).

Pães com qualidade aceitável foram obtidos por Gatta e Piergiovanni (1996) com substituição de até 10% da farinha de trigo por FDG. Já Yue et ai., (1991), em ensaios com proteínas de girassol em substituição à farinha de trigo, obtiveram pães com características internas, externas e volume especifico aceitáveis com níveis de até 5% de substituição.

Apesar dos resultados das características de mistura (farinograma) e de extensão indicarem uma melhora na qualidade da massa com o incremento de FDG, os atributos de qualidade avaliados no pão mostram o inverso. Ozboy e Koksel (1997) trabalhando com substituição da farinha de trigo por farelos, verificaram que em alguns casos a adição de farelo apontava melhora nas propriedades reológicas, no entanto, o efeito na qualidade do pão foi sempre

158

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

adverso. A explicação para este fato é que as metodologias utilizadas para análises reológicas da massa foram desenvolvidas e padronizadas para farinha de trigo, e assim, os resultados obtidos a partir da mistura da farinha de trigo e outros componentes devem ser vistos e analisados com ressalvas.

O efeito da substituição da farinha de trigo por

DUKE, J.A. Phytochemical, USDA - ARS - NGRL, Beltsville Agricultural Research Center, Beltsville, Maryland, Aix 2001. Disponível em: <www.ars-grin.gov > Acessado em 14 mar 2003.

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FDG sobre a cor do miolo dos pães está mostrado na v.6) Figura 4. Somente a FDG influenciou significativamente a cor do miolo dos pães. A substituição da farinha de trigo pela farinha desengordurada de girassol provocou um escurecimento dos miolos dos pâes. Esta influência negativa afetou as características internas e o total de pontos dos pães, provocando perda geral dos atributos de qualidade.

Claughton e Pearce (1989) trabalhando com isolado protéico de girassol observaram que a cor interna e externa de biscoitos tornava-se mais escura com o incremento do teor de isolado, entretanto com o emprego de emulsificante observaram redução do escurecimento. Neste ensaio não houve redução do escurecimento mesmo com o emprego de emulsificante e gordura vegetal hidrogenada. O incremento do teor de gordura vegetal hidrogenada e de reforçador - emulsificante, que provocaram melhoras nos demais atributos de qualidades avaliados nos pães, não apresentaram efeitos significativos na redução dos preluízos causados na cor do miolo pela substituição da farinha de trigo por FDG.

Uma possível alternativa para o uso da FDG em panificação seria na produção de pães especiais, semelhantes aos integrais e os de farinhas mistas disponíveis no mercado, onde a cor escura e textura mais grosseira são aceitas pelos consumidores.

Conclusões

O emprego da FDG em substituição á farinha de trigo provocou redução dos atributos de qualidade avaliados dos pães, mas, o volume especifico não sofreu redução com substituição de 7,5% de FDG. O emprego de reforçador/emulsificante e gordura vegetal hidrogenada compensou parcialmente o efeito negativo da substituição da farinha de trigo por FDG, possibilitando a obtenção de pães com qualidade aceitável.

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p-.o5

%FG(.)

%FG(0)

%RE(0)

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efeito estimado (valor absoluto)

Figura 1 - Gráfico de Pareto comparativo dos efeitos Lineares (L) e quadráticos (0) das variáveis farinha desengordurada de girassol (FDG), reforçador - emulsificante (RE) e gordura vegetal hidrogenada (GH) sobre o total de pontos do pão

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

159

7.

y -00121x2 + QQSOGx + 564 r 2 0,722 pft[c0.05

> o.

1H

CDm 225

° 205- E

y=O,2365x2 -6,431x +242

r 2 = 07825

: p/t/<O 05

o 75 is 185-

%deFDG O 7.5 15

Figura 2- Volume específico do pão (cm 3I9) em função % de FDG da percentagem de substituição da farinha de trigo

(ET) por farinha desengordurada de girassol (FDG) Figura 4 - Efeito da substituição da farinha de trigo por farinha desengordurada de girassol (FDG) sobre a cor do miolo dos pães.

Ys)=0P59x 2 . 1,7514i+79275 83 r 2 =O$435 pMcO,O5

0a 43 5

Yrc. lrd)0fl552x2 -1 ,2288x +2825 r 2 =07089 pA1C,05

o 75 15 %deFDG

Figura 3 - Características internas (c. int) características externas (c. ext) e total de pontos do pão (total) em função da percentagem de substituição da farinha de trigo (FT) por farinha desengordurada de girassol (FDG)

160 EMBnAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

TEORES RESIDUAIS DE FITOQUÍMICOS EM FARINHA DE GIRASSOL

RESIDUAL PHYTOCHEMISTRY CONTENT IN SUNFLOWER FLOUR

Luís G. Sachs 1 , Sandra H. Prudencio-Ferreira 2 , Paula J.D. Sacha 2 ,

Juliane P.D. Sachs3, Antonio P. Portugal 1 , Dyeno F. Santos 1

'FFALM/UNESPAR - Br 359km 54,5 - 86360-000 - Bandeirantes - PR. * <[email protected] >;

2 UEL 86051 -990- Londrina - PR; 3 10-USP 05508-900 - São Paulo -SP

Resumo: Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito das condições de extração sobre o teor residual de fitoquímicos na farinha desengordurada de girassol (FDG). Utilizando modelo fatorial incompleto 33 foram

avaliadas as seguintes condições de extração: temperatura de extração (TE) (57, 67 ou 77 °C), número de

extração (NE) (4, 6 ou 8 jornadas) e teor de etanol no meio extrato (°GL) (71, 85 ou 99 °GL). O °GL foi a

variável que mais influenciou na extração dos fitoquimicos. O maior °GL resultou em FDG com maiores

teores de fósforo total e ácido clorogênico e menor teor de esteróis. Com maior NE houve maior extração dos

fitoquímicos e com o aumento da TE houve maior extrações de esteróis e ácido clorogênico.

Abstract: The objective of this work was to evaluate influence ot extraction conditions on the residual phytochemistry content in sunflower defatted flour (FDG). Using incomplete factorial model 33 was evaluated

the following extraction conditions: extraction temperature (TE) (57, 67 or 77 °C), Extraction number (NE) (4, 6 or8 journey) and ethanol teor in the extract medium (°GL) (71, 85 or 99 °GL). °GL was the variable that more influenced in the phytochemistry extraction. Largest °GL resulted in FDG with larger teors of total phosphorus and clorogenic acid, and smaller sterols teor. With larger NE there was larger extraction of the phytochemistry and with the TE increase there were larger extractions of sterols and clorogenic acid.

Introdução

O girassol é rico em alguns fitoquímicos como fitatos, ácido clorogênico e fitosteróis. Essas substâncias que por muitas décadas foram consideradas antinutricionais, atualmente são estudadas como nutracêuticas (Sachs, 2002).

o teor de fitatos do girassol é muito variável, pois, depende de fatores genéticos, adubação e outros. Em média a semente integral contém cerca de 1,5% e a farinha desengordurada 3% de fitatos (Saeed; Cheryan, 1988; Móllers et aI., 1999).

A composição de fitosteróis no girassol varia de uma safra para outra, e mesmo dentro da mesma safra. Fatores genéticos e local de plantio influenciam o teor de fitosteróis no óleo de girassol, sendo que o teor médio é de 0,3% (Vlahakis; Hazebroek, 2000).

O girassol possui compostos fenólicos como os ácidos clorogênico, caféico e quinico. Além destes fenóis há também outros em menores concentrações (Reyes et ai., 1985). O teor de ácido clorogênico do girassol depende principalmente da cultivar. Em média a semente integral contém cerca de 2%, e a farinha integral 3% de ácido clorogênico (Regitano-D'arce et

ai., 1987; Farag, 1999; Duke, 2001). Os compostos fenólicos, principalmente o ácido clorogênico, comprometem a cor de alimentos que contém

derivados de girassol na formulação (Sachs, 2002).

0 objetivo deste trabalho foi avaliar o teor de

fitoquimicos em farinha desengordurada de girassol (FDG) obtida por extração hidroalcoólica.

Material e Métodos

As FDG foram obtidas a partir de farinha integral após extração com solução hidroalcoólica. Empregou-se um modelo fatorial incompleto 33 de Box-Behnken (Statsoft, 2003), onde as variáveis foram: teor de

etanol (°GL) (71,85 e 99 % v/v na proporção farinha! solvente 118 m/v e pH 5,0), temperatura de extração (TE) 57, 67 ou 77°C e número de jornadas de extração (NE) 4, 6 e 8 jornadas. Após a extração foram determinados os teores de fósforo total (Chen et ai., 1956), ácido clorogênico (Bittoni et ai., 1977) e esteróis totais (Blaya, 1963). Os dados foram tratados em análise de regressão múltipla empregando o software StatSoft Statistica 5.0 (Statsoft, 2003)

Resultados e Discussão

A tabela 1 apresenta os teores médios de esteróis, fósforo total e ácido clorogênico residuais nas farinhas desengorduradas de girassol.

Considerando apenas os efeitos que foram estatisticamente significativos, a equação geral de

regressão que representa o teor residual de esteróis nas FDG em função das condições de extração pode ser descrita por:

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

161

v 1 = 0,0274x + (-0,0001 80)x 1 2 + 0,00549x 2 +

(-0,0000500)x 22 + 0,01 39x3 + (-0,000770)x 32 +

(-0,0001 20)x 1 x3 + (- 1 .12)

onde: V(e) = teor residual de esteróis nas farinha desengorduradas de girassol; x 1 =teor de etanol no meio extrator (°GL); x 2 =temperatura de extração e x3 = número de extrações

Os esteróis esterificados apresentam polaridade muito semelhante à dos triacilgliceróis (Milier; Gordon, 1996), o que dificulta a separação de ambos no processo de extração por qualquer que seja o processo utilizado. A variável °GL foi a que mais influenciou a extração de esteróis. Os efeitos das variáveis NE e TE sobre o teor de esteróis nas FDG, apesar de significativos na análise de variãncia conjunta com °GL, não foram significativos quando esta última variável foi considerada no resíduo. A variável °GL mascarou o efeito das variáveis NE e TE devido seu amplo efeito. Tratando os dados somente em função da variável °GL, obtém-se para a função da resposta a equação apresentada na Figura 1.

A extração do óleo provocou extração dos esteróis, porém, o solvente utilizado etanol-água, mesmo sendo solvente polar, não extraiu diferencialmente os esteróis (polares) do óleo (apoiar) permitindo a obtenção de FDG com teor residual de esteróis entre lOa 20% do teor presente nas amêndoas.

Considerando os efeitos significativos, a equação geral de regressão que representa o teor residual de ácido clorogênico nas FDG pode ser representada por:

v 1 =(-0,413)x 1 +0,00269x 1 2 +0,00454x 2

(-0,00008)x 22 +0,0931 x 3 (-0,00859)x 3 2 + 15,7

onde: V(CCJ = teor residual de ácido clorogênico nas FDG; x 1 = teor de etanol no meio extrator (°GL);

= temperatura de extração e x 3 = número de extrações

A extração de ácido clorogênico foi maior com a redução do °GL e com o aumento da TE e NE. O maior efeito proporcional da variável °GL sobre o teor residual de ácido clorogênico, é confirmado quando as variâncias das diferentes condições de extração são analisadas separadamente. Os efeitos da TE e NE só foram significativos em análise de variância conjunta com a variável °GL. Sendo que esta última foi significativa mesmo quando as outras são consideradas no resíduo (Figura 2).

Regitano-D'arce etal., (1994) observaram que o etanol 90 ° GL foi eficaz na extração do ácido clorogênico, praticamente esgotando-o da torta de girassol, independente da granuiometria da farinha

(entre 0,210 a 0,840 mm). Já o etanol 99 °GL não foi eficaz na remoção do ácido clorogênico, e quanto menor a granulometria maior o tempo necessário para a extração. Dominguez et ai., (1995) conseguiram remover cerca de 87% do ácido clorogênico de girassol juntamente com o óleo e obtiveram farinha mais clara e de melhor digestibilidade de proteínas.

Mais de 70% do fósforo presente nos grãos encontram-se na forma de fitatos. Desta forma, a determinação do fósforo total é um bom indicativo do teor de fitatos nos grãos, além disso, no fosfato residual após extração aquosa, predominam os fitatos menos solúveis que outros fosfatos ( DeBorland et ai., 1995).

A extração do fósforo das farinhas depende das condições do meio extrator, e da forma como este se encontra no material. Força iõnica elevada e pN ácido têm sido descritos como condições que favorecem a extração dos fitatos (Graf; Dintzis, 1982; Naczk et ai., 1986; Leal, 2000). Obtém-se concentrado protéico com baixo teor de fitatos através de remoção aquosa em pH em torno de 5 (Reyes et ai., 1985; Mifler et ai., 1986; Saeed; Cheryan, 1988). Entretanto, DeBoriand et ai., (1995) observaram que a solubilidade dos fitatos em água com pH próximo à neutralidade variaram de 13 a 97%, dependendo do material e das condições do meio.

A equação geral que descreve a função do efeito das condições de extração sobre o teor residual de fósforo total nas FDG, pode ser representada por:

v11 =(-0,0730)x 1 +0,000461x 1 2

(-0,193x 3 +0,00712x32 +0,000969x 1 x 3 +3,49

onde: v = teor residual de fósforo total nas FDG; = teor de etanol no meio extrator (°GL); = temperatura de extração e x 3 = número de

extrações.

Somente as variáveis °GL e NE afetaram a extração do fósforo da farinha de girassol, sendo o °GL a variável que mais afetou. A extração de fósforo total foi maior com o a redução do °GL e com o aumento do NE. O maior efeito proporcional da variável °GL sobre o teor residual de fósforo total foi confirmado quando as variâncias das diferentes condições de extra ção foram analisadas separadamente. Pois apesar de significativo o efeito da variável NE, na análise de variáncia conjunta com °GL, esta não foi quando a variável °GL foi considerada no resíduo. Esta última variável foi significativa mesmo com as demais variáveis sendo consideradas no resíduo (Figura 3).

Conclusões

o aumento do °GL no meio extrator aumenta a extração de esteróis e reduz as extrações de fósforo

162

EMaRAPA Soa. DOCUMENTOS, 261

total e ácido clorogênico da farinha de girassol. Com maior NE maiores as extrações de esteróis, fósforo total e ácido clorogênico da farinha de girassol. O aumento da TE aumenta a extração de esteróis e ácido clorogênico.

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Tabela 1 - Teores médios de esteróis, fósforo total e ácido clorogênico residuais nas farinhas desengorduradas de girassol

Ácido Esteróis Fósforo total

média 0,0761 0,273 0,503

s 0,00490 0,0224 0,0446

CV% 6,44 8,20 8,86

0,987 0,978 0,994

piti <0,001 <0,001 <0,001

s = desvio padrão, CV = coeficiente de variação, R 2 =

coeficiente de determinação, p1 ti = probabilidade de t,

significativo quando p<0,05.

0,12

. 0, 6 w

0.06

08919 .

•t o,

+ 00262x

= 0,9103 p/tícO.05 o

70 85 100

"GL

Figura 1 - Teor residual de esteróis na farinha desengordurada de girassol em função do teor de etanol na mistura extratora (°GL).

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

163

0,6 iu 1 y = 0.0005x 2 - 0,0654x + 2,5294 -

o 1 = 08814 plt/<0.05 -

O 1

,9 0,31 li

2

ro 70 85 100

°GL

o .a 2 y 0,0027x2 - 0,4154x + 15,994 C r2 = 0,9852 p't/cO,OS O) o

70 85 100

°GL

Figura 2 - Teor residual de fósforo total na farinha desengordurada de girassol em função do teor de etanol na mistura extratora (°GL).

Figura 3 - Teor residual de ácido clorogênico na farinha desengordurada de girassol em função do teor de etanol na mistura extratora (°GL).

164

EMBRAPA SOJA. DOCUMENTOS, 261

ÍNDICE REMISSIVO DE AUTOR

A

Aguiar, R.H. 61, 68

Alves Filho, D.C. 95

Amaral, G.A.do 95

Ambrosano, E.J. 92 G.M.B. 92

Arboitte, M.Z. 95

B

Barc aro, P. 51

Beló, J.C. 145

B. E. A. 101

Betti, A. F. F. 26

Binsfeld, P.C. 9

Borosky, J.C. 145

Bridi, A. M.146

Brighenti, A. 12, 114

Bringel, J. M. M.1

Brondani, 1. L.95

Cabrera, L.136, 138

Cantarelia, H. 92

Carvalho, C. A. L. de 80 C. O. P. de 83, 86, 108

Castro, C.de 4, 12, 26, 29, 32, 40, 114, 120, 123

Castro Neto, P.130

Cattelãn, A. J. 26

Cerboncini, C. 9

Chieza, E. D. 95

Colasante, L. 0.6

Corso, 1. C. 4

Costa, M,C.R.da 141, 145

'2

Damiani, O. 6

Deuber, R. 19

E

Evangelista, A. R. 130

E

Felinto, AS. 149, 156

Ferra cm, L. M. 26

Ferrari, R. A. 51

Ferreira, D.A. 54

Fonseca, N. A. N. 135, 138, 141, 145

Forteza, L. E. O. 6

Fraga, A. O. 130

Furtado, C. E. 135, 138

O

Garcia, O. O. 95

Gianluppi, D. 32, 89, 98

Godoy, L. J. G. 36

Gomes, D. P. 1 E.M. 15, 23

Gonçalves, L. C. 54

Grassi Filho, H. 36

Grõne, 1.9

Guerra, E. P. 74

Guirado, N. 92

Ida, EI. 126

1,

Kikuti, H. 19

Kliemann, H.J. 117

Kronka, A. Z. 1

L

Leite, 1. B. 80 R. M.V.B.C.

Lemos, D. M. 9.76

Lima, J. M. de 6

Lobo, T. F. 36

Lopes, J. 130

1, 101, 105, 108, 111

P11

Machado, C. 5.80

M a rin, G.C. 19, 58

Mendes, P.C.D. 92

Me n e z es, L.F.G.de 95

Moraes, M.F. 117 M. E. H. 1

Mores, E. B. de 83, 86

Mourão Jr., M.32, 89, 98

N

Nascimento, A. S. do 80

o Oliveira,

A. C. B. de 83, 86 F. A. de 12, 29, 40, M.C.N.de 26 V. S.51

114, 120, 123

ANAIS - XVI REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE GIRASSOL

165

H

Hahn, V. 9

P

Pacheco, G. O. 141

Pereira, L. O. R. 54 L. L. 80

Peron, A. J. 130

Picksius, A. 74

Pinheiro, J.W.141, 145

Pires, 9.83, 86

Portugal, A. P. 44, 48, 126, 149, 153, 156, 160

Prudencio-Ferreira, S. H. 44, 48, 126, 149, 153, 156, 160

R

Ramos, N. P. 19, 58, 61, 64, 68, 71

Restle, J. 95

Ribeiro, V.S. 44,153

Rodrigues, J.A.S. 54

Rossi, F. 92

s Sachs,

J. P.D. 44, 48, 126, 149, 153, 156, 160 LO. 44, 48, 126, 149, 153, 156, 160 P.J.D. 44, 48, 126, 149, 153, 156, 160

Sakai, 9H. 92

Salinet, L.H. 29, 40, 120, 123

Santos, D.F. 48, 160

Scabio, A. 51

Schammass, E. A. 92

Schnabl, Heide 9

Schwengber, D. R. 89, 98

Silva, A.G.da 83, 86 C.A.da 141, 145 O. C. 1 J. H. S. da 95 M. R.da 58, 61, 64, 68,71

Smiderle, 0. J. 32, 89,98

rr - y

AJI NOMOTO fertiIizantesata aIIoomoto com

13UNGE

E 1 V 1) .1 (7 A

C en EIS ('1 1S.I E DESENIOLFIME.TO

Em =#.. pa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Centro Nacional de Pesquisa de Soja Rod. Carlos João Strass - Distrito de Warta

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DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO

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