Estratégias de leitura e a Formação do Leitor - Secretaria da ...
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
O ENSINO DAS ESTRATÉGIAS DE LEITURA NO CURSO DE FORMAÇÃO DE
DOCENTES NA MODALIDAE NORMAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Ticiana Zelide Ravache Meira1
Flávio Brandão Silva2
RESUMO: Este trabalho apresenta os resultados do projeto de intervenção pedagógica desenvolvido no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR), implementado junto aos estudantes do terceiro ano do Curso de Formação de Docentes do Colégio Estadual Guilherme de Almeida, do município de Loanda-PR. O trabalho surgiu a partir da constatação do baixo desempenho apresentado pelos estudantes da rede pública em testes nacionais e internacionais, bem como pelo diagnóstico apontado pela equipe pedagógica, acerca das lacunas que esse público apresentava quanto à prática de leitura. Foi objetivo do projeto, em termos gerais, implementar um trabalho com estratégias de leitura com o público mencionado. Almejou-se ainda produzir e desenvolver uma unidade didática sobre as estratégias de leitura, caracterizá-las, discutir o seu emprego, refletir sobre elas e contribuir para o aprimoramento da competência leitora dos professores em formação, em vista do desenvolvimento de práticas eficazes de leitura junto ao público a ser atendido em seu exercício profissional. A implementação se deu pela inserção da professora-pesquisadora junto ao público mencionado, na regência de suas aulas e nas aulas de estágio supervisionado, perfazendo trinta e duas horas de atividades. Ao final do processo, percebeu-se que os alunos assumiram uma visão diferenciada a respeito da leitura e da sua mediação pela escola, uma vez que tiveram a oportunidade de uma imersão em práticas sociais de leitura e de refletir, criticamente, a respeito delas.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura; estratégias; formação de docentes.
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho objetiva descrever os resultados da implementação de
um projeto de intervenção pedagógica desenvolvida no âmbito do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado da Educação (SEED-
PR).
Consideramos que escolas e professores, principalmente os de Língua
Portuguesa, estão sendo cobrados por não estarem formando alunos leitores
efetivos. Os resultados das avaliações externas (Prova Brasil/SAEB – SAEP)
1 Licenciada em Letras (Português-Inglês) pela Universidade do Oeste Paulista (1995) e bacharel em
Administração pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (1996). Especialista em Didática e Metodologia do Ensino pela Universidade Norte do Paraná (1998). Professora da rede estadual de educação básica do Paraná, lotada no Colégio Estadual Guilherme de Almeida, município de Loanda. 2Licenciado em Letras Português pela Universidade Estadual de Maringá (1998) e Mestre em
Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2005). Professor do Colegiado do Curso de Letras da Universidade Estadual do Paraná, Campus Paranavaí.
mostram, a cada dia, que nossos alunos estão concluindo o ensino fundamental,
médio/profissional e até ingressando em universidades sem saber ler e escrever.
Nossa preocupação se torna maior quando pensamos em cursos de formação
docente na área educacional, pois os profissionais formados por tais cursos
trabalharão nas escolas como professores. Além disso, outro fator importante é que,
ao concluírem o ensino fundamental (9º ano), esses alunos, futuros profissionais da
educação, começam a ser preparados para trabalhar com a alfabetização dos
alunos das séries iniciais. São estudantes que trazem lacunas na leitura,
ocasionadas pela deficiência da educação pública, pela deficiência em leitura na
sociedade. Essas deficiências precisam ser minimizadas, porque são eles que terão
a responsabilidade de ensinar outros a ler e a escrever e a formar novos leitores
brasileiros.
Em vista disso, entendemos ser necessária uma ação efetiva que possa
contribuir, significativamente, para amenizar o problema da leitura, ou seja, contribuir
para a formação deste sujeito leitor, que tenha e empregue estratégias de leituras
pertinentes, em seus constantes atos de leitura, enquanto cidadão e profissional da
educação. Sendo assim, a proposta do projeto de intervenção pedagógica foi a de
trabalhar com o aperfeiçoamento da leitura junto aos alunos do 3º ano do curso de
Formação de Docentes, com interesse ainda, de trabalhar estratégias de leitura com
este público, visando à sua apropriação e utilização em futuras práticas docentes,
quando estiverem em pleno exercício de sua profissão.
Mobilizados por essa conjuntura, ao analisar o Projeto Político Pedagógico do
Colégio Estadual Guilherme de Almeida - EFMN, situado no município de Loanda-
PR, em seu Marco Situacional, verificou-se, no perfil proposto aos alunos do Curso
de Formação de Docentes, na modalidade Normal, que este público é composto por
sujeitos de classe média-baixa, advindos de escolas públicas, que possuem
defasagem de leitura e encontram-se, em grande parte, no nível abaixo do básico,
em relação ao esperado, conforme apontam os resultados das avaliações externas
como SAEB/ENEM e SAEP.
Diante dessa situação, surge o seguinte questionamento: “A implementação
de estratégias de leitura contribui com a formação e o desenvolvimento do aluno no
curso de formação de docentes, visando sua futura prática como professor?”
Com intuito de responder a essa questão e contribuir na formação e no
desenvolvimento desse aluno como leitor efetivo, propomos um trabalho voltado
para o estudo da leitura, a partir da implementação de estratégias de leitura, tendo
como instrumento de trabalho o gênero textual capa de revista.
Pensamos que, por sua ampla recepção entre os mais diversos públicos, a
leitura desses enunciados acaba por revestir-se de ilusória facilidade. No entanto,
quando extrapolamos as camadas superficiais do texto, percebemos a necessidade
da aplicação de estratégias de leitura para plena compreensão do gênero em
questão.
Os jovens leitores dos nossos dias gostam de ler enunciados curtos que
tragam o máximo de informações. Dessa forma, escolhemos o gênero capa de
revista para trabalharmos com alunos do Curso de Formação de Docentes, pois
antecipa e destaca claramente a leitura da revista como um todo, faz um resumo do
que essa contém, o que possibilita decidir rápido o que interessa e o que não
interessa de cada edição/revista/exemplar.
Para uma leitura mais completa e esclarecedora, precisamos, por meio das
estratégias de leitura, ensinar nossos alunos a “analisar a forma como se
estabelecem as relações verbo-visuais na composição do enunciado (imagem,
diagramação, manchetes, cores e seus efeitos de sentido, bem como as motivações
ideológicas da empresa, em relação aos fatos anunciados).” (PUZZO, 2009, p. 1)
Instrumentalizados por estas estratégias de leitura, os professores terão mais
subsídios para atuarem enquanto formadores de novos leitores em sala de aula visto
que, já terão sido eles próprios sujeitos de práticas de leitura voltadas ao
desenvolvimento da autonomia da leitura.
Em vista disso, assumiu-se como objetivo geral do projeto desenvolvido,
implementar trabalho com estratégias de leitura com alunos do Curso de Formação
de Docentes do Colégio Estadual Guilherme de Almeida. Especificamente, almejou-
se ainda produzir e desenvolver unidade didática sobre as estratégias de leitura;
caracterizar as estratégias de leitura necessárias ao desenvolvimento da leitura do
gênero capa de revista; discutir com os alunos do Curso de Formação de Docentes
o emprego de estratégias de leitura como conteúdo essencial ao docente em
formação; refletir sobre as estratégias de leitura propostas para o gênero capa de
revista identificando como cada estratégia concorre para a compreensão do texto e,
finalmente, contribuir para o aprimoramento da competência leitora dos professores
em formação, em vista do desenvolvimento de práticas eficazes de leitura junto ao
público a ser atendido em seu exercício profissional.
Em vista dessa conjuntura e dos objetivos propostos, o presente artigo
contempla o levantamento dos conceitos teóricos necessários à compreensão do
problema e do objeto de estudo, o relato da implementação a partir do itinerário
pedagógico construído para o desenvolvimento do trabalho e as considerações da
professora-pesquisadora a respeito do percurso.
2REVISÃO DA LITERATURA
Nesta seção, serão apresentados, brevemente, os pressupostos teóricos que
sustentam a proposta de intervenção pretendida, a partir dos estudos de
Bakhtin/Volochinov (1992), Bakhtin (2003), Geraldi (1996), Leffa (1996), Machado
(2005), Marcuschi (2008), Menegassi (2005), Orlandi (1998), Solé (1998), entre
outros.
Nessa trajetória, trataremos, primeiramente, das concepções de linguagem e
sua relação com o conceito de gênero do discurso. A partir desse esteio,
discutiremos suas implicações no processo de letramento a ser desenvolvido pela
escola com maior preocupação, ou com foco mais acentuado na prática de leitura
escolar.
2.1 Concepções de linguagem
São várias e amplas as discussões sobre o fracasso escolar e o ensino de
Língua Portuguesa. Entretanto, muitos profissionais não têm consciência da
concepção de linguagem que adotam, nem tão pouco em qual abordagem se
embasa a sua prática pedagógica. Dessa forma, deparamo-nos com um problema
no processo de ensino-aprendizagem, pois definimos o que e como ensinar por meio
da concepção de linguagem que adotamos.
Para oferecer uma resposta a essa problemática, amparamo-nos nos estudos
do Círculo de Bakhtin, que se ocuparam de discutir e combater as concepções de
linguagem aceitas em sua época. Nesse perspectiva, Bakhtin define uma concepção
de linguagem pautada no dialogismo, uma vez que, segundo o referido autor, não se
pode pensar a linguagem sem se considerar a interação com o outro:
A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de forma linguísticas nem pela enunciação monológica isolada,
nem pelo ato e sua psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno
social da interaçãoverbal, realizada através da enunciação ou das
enunciações. (BAKHTIN / VOLOCHÍNOV, 1992, p. 123)
Bakhtin rompe com a concepção de linguagem do seu tempo ao mostrar que
a sua natureza extrapola o código linguístico fechado em si mesmo, bem como as
realidades interiores do indivíduo, de modo que a linguagem só se efetiva quando
posta em funcionamento por sujeitos sociais, histórica e ideologicamente situados.
Isso implica afirmar que não existe linguagem sem sujeitos e contextos reais
definidos:
A enunciação é produto da interação de dois indivíduos socialmente
organizados. [...] A palavra dirige-se a um interlocutor: ela é função d
pessoas desse interlocutor: variará se tratar de uma pessoa do mesmo
grupo social ou não, se esta for inferior ou superior, se estiver ligado ao
locutor por laços sociais mais ou menos estreitos (pai, mãe, marido, etc).
(BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1992, p.112).
No Brasil, a partir das construções teóricas do Círculo de Bakhtin, Geraldi
(1999), em um trabalho pioneiro, no Brasil, destaca a importância das concepções
de linguagem e de sua relação com a educação. Para tanto, apresenta três modos
de conceber a linguagem.
A primeira delas, isto é, a linguagem como expressão do pensamento,
concebe a língua como simples sistema de normas, ou seja, relaciona o ensino da
língua ao ensino da gramática. Dessa forma, o sujeito precisa ter o domínio
metalinguístico dos conceitos básicos normativos da gramática da língua. É a
concepção mais tradicional.
Por seu turno, a segunda concepção, que compreende a linguagem como
instrumento de comunicação vê a língua como código/signo(s). Tal concepção está
ligada à teoria da comunicação e, portanto, não se preocupa com o contexto social
em que a linguagem é produzida.
Por fim, na terceira, a linguagem é vista como um lugar de interação humana.
Considera o emissor e o receptor como sujeitos que praticam ações, de modo que
na interação o falante age sobre o ouvinte.
Neste trabalho, levamos em conta a última concepção citada: a linguagem
como forma de interação, pois diferente das outras, esta, assume a linguagem em
sua dimensão histórica social e dialética. Assim, a língua se constitui num processo
sociointeracionista, é resultado das relações sociais entre os sujeitos que elaboram
discursos a partir de necessidades enunciativas concretas. Ademais, esta é a
concepção referendada coletivamente pelos professores da rede pública estadual de
Educação Básica do Paraná no processo de construção coletiva das Diretrizes
Curriculares Estaduais.
Com base nas discussões de Bakhtin (1992) e Geraldi (1999), Magalhães,
Salvador e Souza (2007) organizaram o quadro a seguir que relaciona as
concepções de linguagem às práticas discursivas de leitura e escrita desenvolvidas
em ambiente escolar:
Quadro 1 – Concepções de linguagem e respectivas práticas discursivas
LÍNGUA/LINGUAGEM LEITURA ESCRITA
Expressão do pensamento Adivinhação Dom/ inspiração
Instrumento de comunicação Decodificação Conseqüência3
Instrumento de interação Produção de sentidos Trabalho
Fonte: MAGALHÃES, SALVADOR e SOUZA (2007)
Na compreensão dos pesquisadores, há uma complexa relação entre a
concepção de linguagem e as práticas de leitura e escrita. Assim, quando se
assume a linguagem como expressão do pensamento, a leitura passa a se ocupar
do pensamento do autor que, por ser inacessível ao leitor impõe-lhe a tarefa de
adivinhá-lo. De igual maneira, a escrita, por depender exclusivamente das realidades
interiores, passa a ser vista como capacidade inata de poucos privilegiados ou
resultado de uma inspiração sobrenatural.
Quando o ensino se sustenta na concepção de linguagem como instrumento
de comunicação, as práticas discursivas da leitura e da escrita dela decorrentes
centram-se em atividades de reprodução. No caso da primeira prática mencionada,
a tarefa do leitor é de reproduzir os sentidos já codificados no texto, atividade que,
em tese, não deveria ser difícil se autor e leitor compartilham o mesmo código
linguístico. Nessa dinâmica, o ato de escrever torna-se consequência de atividades
prévias em que as estruturas textuais foram apresentadas ao estudante até a
exaustão, cabendo-lhe, apenas, seguir o modelo.
3 Foi preservada a grafia original, por se tratar de um trabalho publicado anteriormente à vigência do
novo acordo ortográfico
Quando se adota a terceira concepção de linguagem torna-se imperativo o
desenvolvimento de práticas dialógicas em torno da leitura e da escrita. Desse
modo, a primeira dessas práticas, configura-se como processo de produção de
sentidos, em que nada está predeterminado, isto é, é a relação entre os leitores com
a língua e com os contextos de produção e recepção do enunciado que delimitarão
seu valor semântico. A segunda prática, por sua vez, configura-se como processo de
trabalho, em que o sujeito que escreve assume efetivamente a palavra e se insere
em uma dinâmica de escrita, revisão e reescrita, cujo objetivo é adequar a sua
produção às condições específicas do ato interlocutivo: Quem diz, o que diz, para
quê diz, para quem diz.
O posicionamento teórico de Bakhtin (1992), e pesquisadores brasileiros já
mencionados, cujas produções derivam da proposta do Círculo, são apresentados
pelas Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa DCEs, as
quais definem que “a linguagem é vista como fenômeno social, pois nasce da
necessidade de interação (política, social, econômica) entre os homens.” (PARANÁ,
2008, p.49)
O trabalho proposto, portanto, alicerça-se nas concepções teóricas com maior
aceitação e repercussão no campo dos estudos linguísticos, o que possibilita o
desenvolvimento de ações pedagógicas coerentes com o atual estágio de
desenvolvimento da ciência linguística.
2.2 Gêneros do discurso
A partir do conceito de interação verbal formulado pelo Círculo de Bakhtin, o
filósofo Russo desenvolve o conceito de Gêneros do Discurso, a respeito do qual
afirma:
Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua, mas, acima de tudo por sua construção composicional. Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional – estão indissociavelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo de comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso. (BAKHTIN 2003, p. 261-262).
Bakhtin classifica os Gêneros do Discurso em primários (utilizados em
situações cotidianas) e secundários (utilizados em circunstâncias mais complexas de
comunicação), situando-os, portanto, nos diversos contextos em que a língua é
utilizada, isto é, nas esferas da vida social (escola, igreja, trabalho, política, relações
de amizades, e etc.). O autor destaca, também, a sua potencial capacidade de
possibilitar as ações humanas mediadas pela língua. Assim, a cada ação humana
não é necessário inventar um novo gênero do discurso, basta retomar ou atualizar
aqueles que as práticas sociais já produziram.
Desse modo, como a língua que é viva e não estanque, os gêneros variam,
são adaptados, transformados, renovados, multiplicados ou até mesmo criados e/ou
recriados a partir das necessidades de comunicação humana.
A esse respeito, explica Marcuschi (2008):
Não obstante essa flexibilidade do gênero, precisamos da categoria gênero pra trabalhar com a língua em funcionamento com critérios dinâmicos, de natureza ao mesmo tempo social e linguística. Precisamos ter sensibilidade para os enquadres dos gêneros e não podemos tomá-los como se fossem peças que se sobrepõem às estruturas sociais. (MARCUSCHI, 2008, p. 19)
De igual maneira, Machado (2005), insiste “os gêneros são formas
comunicativas que não são adquiridas em manuais, mas sim nos processos
interativos”. (MACHADO, 2005, p.157)
Dessa forma, antes de constituir um conceito, o gênero é visto como uma
prática social que ajuda a orientar a ação pedagógica com a língua.
Em vista de sua já assinalada dinamicidade e sua estreita ligação com as
diversas esferas que constituem a sociedade, o trabalho com o gênero deve levar
em conta que a língua é instrumento de poder e que o acesso ao poder, ou sua
crítica, é direito de todos os cidadãos. Assim, ao selecionarmos o gênero capa de
revista, compreendemos que os alunos poderão adquirir e ampliar seus
conhecimentos por meio da apropriação de estratégias de leitura que façam dela
uma prática efetivamente dialógica.
2.3 Gênero capa de revista
Os gêneros discursivos têm sido objeto de estudo em muitas pesquisas
ultimamente. Na sociedade moderna, notamos a diversidade de gêneros difundidos
em função do progresso social e tecnológico. As informações vêm sendo difundidas
de forma ágil e as novas mídias e tecnologias, ou seja, o mundo digital transforma e
facilita a leitura de muitas informações.
Temos muitas formas de comunicação, nas mais variadas mídias. O gênero
capa de revista conta com várias formas de linguagem, sendo elas: verbal, visual e
auditiva que operam decisivamente, muitas vezes, mudando estilo e formato de
linguagem, de forma a adequar-se para cada esfera da interação humana a cargo da
proposta enunciativa.
Sendo o gênero capa de revista um desses que se transforma, conforme as
necessidades de comunicação, como todas as produções da e para a mídia, que
tem como objetivo primordial a informação, o selecionamos para a presente
proposta de trabalho.
A capa de revista adequa-se às necessidades dos leitores e torna-se mais
inventivo, mais convincente e atraente para demonstrar lealdade à informação dos
fatos, porém, aparece impregnada de valores ideológicos. Com essa particularidade,
pretendemos delinear um estudo de leitura do gênero em questão, bem como de
seu poder de convencer os leitores.
Por ser um gênero de ampla circulação, cuja leitura pode revestir-se de
ilusória facilidade, conforme já destacado, é que sentimos a necessidade de aplicar
estratégias de leitura para que alunos do curso de formação de docentes possam
ler, observando cada um dos aspectos mencionados acima, os quais serão
especificados neste tópico
Como bem define, Puzzo (2009, p. 3):
As capas de revista são consideradas gêneros discursivos secundários, por exigirem um processo de elaboração complexo. Há um enunciador, representado por uma equipe de produção responsável por anunciar as matérias veiculadas em cada edição: informações, reportagens, resenhas, geralmente de interesse imediato. Além desse anúncio, existe a necessidade de tornar os assuntos relevantes e atraentes para o leitor, de modo a provocar seu interesse pela aquisição e leitura desse material anunciado nas capas. Sendo assim, na elaboração desse enunciado há a participação de vários profissionais: redator, diagramador, ilustrador, fotógrafo ou artista plástico, entre outros, dependendo das imagens a serem projetadas.
Em se tratando de gêneros discursivos considerados secundários, as capas
de revistas demandam de um processo de elaboração mais complexo. As ideologias
da empresa são representadas por um enunciador que já na capa anuncia as
reportagens, entrevistas, resenhas, e demais informações de interesse adjacente do
leitor.
A capa de revista precisa tornar os assuntos a serem tratados relevantes e
atraentes para o leitor, de forma que mobilize o seu interesse pela compra e leitura
da mesma. Outros autores participam da elaboração desses enunciados, como:
redator, diagramador, ilustrador, fotógrafo e demais profissionais ligados a esta área.
Esses personagens estão engajados em torno de uma finalidade comum
determinada pela editora e, assim, devem definir a unidade temática que comandará
toda a parte verbo-visual, como: chamadas, distribuição, tipos gráficos, imagens ou
fotos, cores e demais elementos composicionais necessários. Dessa forma, esse
gênero mantém relações dialógicas em vários níveis, assim recebem enunciados
concretos nos padrões bakhtinianos.
Nesse sentido, pressupomos a necessidade de uma análise mais completa
das capas de revista como gênero discursivo que circula nas esferas jornalísticas e
publicitárias que buscam exercer os papéis de informar e persuadir. A articulação
entre as linguagens verbal e visual são de extrema importância para cumprir o poder
de persuasão sobre o público leitor, além de informá-lo adequadamente dos
assuntos que a revista traz.
Ao ler a capa de uma revista, o que chama a atenção do leitor, inicialmente,
são as imagens. Para a leitura de imagem é importante considerar que: “os sentidos
são produzidos por meio de recursos estéticos, com base no ato criador movido pelo
imaginário, o que não significa que a imagem produzida não esteja apoiada no real”
(TASSO, 2003, p.29).
Assim, a leitura iconográfica realiza-se na interação entre o que o texto diz e
como o leitor se coloca diante da imagem apresentada, considerando a superfície de
visibilidade do texto, ou seja, o seu nível descritivo, e os efeitos de sentido que
podem ser produzidos a partir da análise de suas condições de existência, o nível
interpretativo.
A mesma autora afirma, ainda, que: “no processo discursivo, as
representações verbal e visual possuem, cada uma delas, o seu modo de ser, mas
elas mantêm entre si relações complexas e embaralhadas” (TASSO, 2003, p. 32). A
prática de leitura, então, apoiar-se-á no estudo dessas relações, nas possibilidades
de se analisar as condições sobre as quais o texto foi produzido.
Tasso (2003) afirma que:
...a leitura de uma imagem plástica, seja com objetivo de descrevê-la, seja com objetivo de interpretá-la, sob a perspectiva de suas regras de formação é uma atividade complexa, porque exige daquele que a executa conhecimentos específicos sobre a composição artística e suas relações com outros discursos. Esses conhecimentos, em geral, não são colocados à disposição dos interessados, os sujeitos-expectadores não pertencentes ao mundo artístico. (TASSO, 2003, p. 33)
A prática de leitura de imagem deve reunir conhecimentos não só acerca da
linguagem utilizada no texto, dos elementos composicionais do gênero, da temática,
mas também dos saberes que possibilitaram aquele dizer, das condições em que o
texto foi produzido e da coexistência daquele texto com outros textos.
Para Tasso, o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a
dimensão, a escala e o movimento são elementos básicos empregados na
composição de uma imagem, eles constituem a materialidade do discurso visual
(TASSO, 2003, p 34). Esses itens, entretanto, não dão conta das possibilidades de
leitura que a imagem oferece. Mais que isso, “a produção de sentidos de uma
imagem está diretamente relacionada com a função que ela tem, ou seja, a de:
garantir, reforçar, reafirmar, ou explicitar algo.” (TASSO, 2003, p. 45).
Precisamos considerar, que, além de buscar atender as expectativas do leitor,
há também a intenção da editora responsável em querer divulgar os fatos, conforme
as suas ideologias, ou seja, conforme os interesses e visão de mundo daqueles que
a controlam financeiramente. Por conseguinte, as capas de revistas sustentam uma
conversa tensa entre público-leitor e empresa responsável, porque atravancam
interesses contraditórios, que, muitas vezes, não podem ser conciliados. Por um
lado, temos o leitor que busca a informação como ela realmente é, por outro, temos
a empresa que por mais que tente isentar-se, acaba por impor sua interpretação.
Além disso, temos o próprio fato ocorrido.
Ao estabelecer relações entre o conceito bakhtiniano de enunciado e o
funcionamento do gênero capa de revista, em relação ao interlocutor, de acordo com
Puzzo (2009, p. 66):
Nessa perspectiva, o princípio gerenciador dessa observação, o conceito de enunciado bakhtiniano, põe em atividade concomitante o enunciador e o enunciatário no próprio processo de enunciação, quando o diálogo se faz presente, determinando o teor desse enunciado. Como consequência, as diversas instâncias enunciativas condicionam de certa forma o modelo desse enunciado, porque é pensando em seu leitor implícito que o enunciador o elabora; portanto, o diálogo eu/outro já está
encetado no momento mesmo da enunciação. Esse processo, entretanto, não se restringe a esse diálogo interno, porque, de acordo com a teoria dialógica bakhtiniana, para a concretização do ato comunicativo há o terceiro componente, do qual se espera uma atitude responsiva.
Por assim ser, embora necessite se revestir de aparente integralidade, esse
gênero sempre se abrirá a novas possibilidades de configuração. A cada edição,
será necessário que a capa da revista adeque-se ao momento histórico de sua
produção e circulação, bem como às imposições decorrentes do conteúdo temático
a ser veiculado e àqueles que lhes precederam ou sucederão. Ademais, interferem
nesse quadro, os diversos interesses do corpo empresarial responsável pela
produção do periódico.
Ao considerar essas determinações e a sua finalidade primordial de
apresentar ao leitor os destaques do conteúdo impresso no interior da revista, Puzzo
(2009) procura descrever, sucintamente, os elementos formais que caracterizam
esse gênero:
Geralmente há um assunto mais importante, destacado dos outros por uma chamada mais elaborada, com o objetivo de criar certo impacto. Os assuntos secundários são sintetizados em chamadas distribuídas nessa página de apresentação, em lugares estratégicos, em função de seu grau de importância. Desse modo, o conjunto desses elementos dispersos constitui uma unidade temática trabalhada em vários níveis – linguístico e plástico –, cujos elementos de composição são os tipos de letras de tamanhos variados, as cores, a distribuição dos textos escritos e das imagens visualizadas na página. [...] Além disso, nas capas destacam-se o nome da revista, o número da edição, a data de publicação, e a logomarca da empresa que edita a revista, situados em lugares estratégicos e bem visíveis. (PUZZO, 2009, p. 66)
Dessa forma, os vários elementos composicionais serão reorganizados em
virtude da identidade visual de cada revista, do pretenso público leitor e das relações
estabelecidas com o conteúdo que será divulgado em cada edição. Contudo,
sempre será mantida a relativa estabilidade de que fala Bakhtin, pois não há como
se inventar a configuração total da capa a cada nova edição.
2.4. Conceito de leitura
Dada sua relevância no contexto escolar e na vida social mais ampla, a
Leitura tem sido alvo de vários estudos, dos quais decorrem diferentes formas de
compreendê-la.
Para Leffa (1996), “ler é extrair significado do texto”, é “atribuir significado ao
texto” (LEFFA, 1996, p.11). Quando trata a leitura como extração de significado, o
autor entende que o processo de leitura está no texto. Ato linear que não permite
que o leitor leve em consideração seus conhecimentos prévios, como acontece, no
caso de atribuição de significado ao texto, ato este não linear, que leva o leitor à
compreensão do que está lendo.
Porém, a leitura é um processo que exige mais que extração ou atribuição de
significado do texto. Segundo Orlandi (1988), a leitura é produzida e determina o
processo e as condições de sua produção. A autora entende que é o momento
crítico da construção do texto por privilegiar o processo de interação verbal, pois é
nele que se desencadeia o processo de significação. Sendo assim, no momento da
leitura é que surge o espaço da discursividade, em que se tenta um modo de
significação específico.
Para além dessas conceituações, Antunes (2003) concebe a leitura como
“parte da interação verbal escrita, enquanto implica a participação cooperativa do
leitor na interpretação e na reconstrução do sentido e das intenções pretendidas
pelo autor”. Sendo assim, ao fazer a leitura, o autor ativa seus conhecimentos
lexicais, sintáticos, grafo-fônicos, além de seu conhecimento de mundo, num
processo de interação entre leitor e texto.
Por seu turno, Silva (2011) explica que:
Essa interação configurada no ato da leitura permite ao leitor preencher os vazios do texto, deixados intencionalmente pelo autor e fornecer informações ao texto, que, por sua vez, atua sobre os esquemas cognitivos do leitor, favorecendo a probabilidade de êxito na leitura que se torna possível pela interação entre elementos textuais e os conhecimentos do leitor para se chegar à construção do significado global do texto. (SILVA, 2014, p.9)
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa
(Paraná, 2008) acrescentam que:
Ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais: jornalísticas, artística, judiciária, científica, didático-pedagógica, cotidiana, midiática, literária, publicitária, etc. No processo de leitura, também é preciso considerar as linguagens não-verbais. A leitura de
imagens, como: fotos, cartazes, propagandas, imagens digitais e virtuais, figuras que povoam com intensidade crescente nosso universo cotidiano, deve contemplar os multiletramentos mencionados nestas Diretrizes. (PARANÁ, 2008, p.71)
Dessa forma, o texto nunca acaba em si, por isso leitor e texto estão em
sucessiva produção de sentidos. O texto precisa do leitor com todos os seus
conhecimentos prévios, e este é um coprodutor, pois procura pistas formais, formula
hipóteses, aceita ou rejeita conclusões que completam o texto, expandindo e
filtrando para se chegar ao sentido do texto.
Com base em estudos da Psicolinguística e da Linguística aplicada,
Menegassi (2010) defende que o processo de leitura acontece por meio de etapas
que nem sempre aparecem separadas e deslocadas. Durante o processamento do
texto, o leitor as utiliza simultânea e recursivamente. Essas etapas são:
a. Decodificação: o leitor identifica o código escrito, ligando-o a um
significado, estabelecendo conexão com o código do texto e assim vai
decifrando.
b. Compreensão: nesta etapa o leitor precisa reconhecer as informações e os
tópicos principais do texto, além de dominar as regras sintáticas e
semânticas da língua. É necessário ainda que conheça as regras textuais
do gênero que está lendo para interagir com o autor, possibilitando a
produção de sentidos. Assim, ele levanta as informações do texto de forma
a produzir um resumo textual, o que o levará para a compreensão do texto
lido.
c. Interpretação: aqui o leitor deve utilizar sua capacidade crítica, deve julgar
as informações que lê fazendo análise e reflexões sobre elas. A
interpretação só acontece depois da compreensão, porque é nesse
momento que o leitor ampliará seus conhecimentos e reformulará conceitos
pessoais sobre o que está lendo.
d. Retenção: ao chegar nesta última etapa, o leitor deve então, armazenar as
informações em sua memória. Isso pode ocorrer em dois níveis, o primeiro
é o processamento da compreensão, onde o leitor retém em sua memória
a temática e informações lidas, sem fazer análise e não chega à
interpretação. O segundo é dar seu ponto de vista processamento da
interpretação, onde o leitor acrescenta informações, produto de suas
análises e reflexões sobre o que leu, permitindo alterar a sua forma de
compreensão.
Em estudos feitos em 1995, Menegassi já indicava que a inferência perpassa
as quatro as etapas e apresenta-se como um processamento próprio que se realiza
em todas as fases no processo de leitura.
Conhecidas as etapas de leitura, chegamos ao objeto desta pesquisa, as
estratégias de leitura, o que pensamos ser um caminho que deve ser ensinado ao
aluno, pelo seu professor, para que este aprenda a desenvolver sua leitura de modo
mais adequado, eficaz e com mais autonomia.
2.5 Estratégias de leitura
Solé (1998) salienta que o ensino dessas estratégias coopera para “formar
leitores autônomos, capazes de enfrentar de forma inteligente, textos de índole
muito diversa, na maioria das vezes diferentes dos utilizados durante a instrução”.
A mesma autora define quatro estratégias utilizadas pelo leitor em sua
interação com o texto:
Seleção: ao deparar-se com o texto, o leitor seleciona as informações que
considera relevantes para o alcance do objetivo que o conduziu ao texto.
Antecipação: Compreende as predições feitas pelo leitor a partir do seu
primeiro contato com o texto, ou seja, ao deparar-se com o objeto textual, o
leitor estabelece hipóteses e previsões sobre os seus sentidos, que
precisarão ser confirmadas ao longo do processamento da leitura, por meio
das marcas deixadas pelo autor do texto.
Inferência: Consiste no estabelecimento de relações entre o conteúdo do
texto e o conhecimento de mundo do leitor, os quais constroem pontes de
sentido e geram novas informações, ou seja, passa-se da leitura das
linhas, para leitura das entrelinhas.
Verificação: envolve a postura do leitor em confirmar as antecipações e
inferências desenvolvidas ao longo do diálogo como texto de modo a
verificar a pertinência dos sentidos construídos em relação ao que foi dito
no texto.
Menegassi (2005) entende estratégias como procedimentos que devem ser
ensinados aos alunos desde as séries iniciais do Ensino Fundamental. Nossos
alunos, futuros professores, muitas vezes chegam com dificuldades de leitura, as
quais podem melhorar após compreender a aplicação dessas estratégias em suas
leituras.
Ao tratar de leitura e ensino, o autor afirma, ainda, que para que o
desenvolvimento de leitura com os alunos ocorra:
faz-se necessário o trabalho com estratégias de leitura em sala de aula, a partir do material didático que se tem em mãos e também através de textos que são trazidos para a escola e retirados do convívio normal da sociedade em que o aluno e professor vivem. (MENEGASSI, 2010, p. 41)
A partir desses pressupostos, desenvolvemos uma proposta de intervenção,
cujos resultados são relatados na seção a seguir.
3 METODOLOGIA
Os elementos discutidos nesta pesquisa foram obtidos por meio da inserção
da professora pesquisadora em uma turma do3º ano, do período noturno, do Curso
de Formação de Docentes, do Colégio Estadual Guilherme de Almeida, como parte
do projeto de implementação pedagógica intitulado “Estratégias de Leitura e a
Formação do leitor: uma proposta para alunos do Curso de Formação de Docentes”,
entre os dias 3 de julho e 12 de agosto de 2015, conforme cronograma a seguir:
Quadro 2 – Cronograma da implementação
ENCONTRO DATA TURNO CARGA HORÁRIA
Encontro 1 03/07/15 noturno 2 horas
Encontro 2 08/07/15 vespertino 3 horas
Encontro 3 10/07/15 noturno 2 horas
Encontro 4 15/07/15 vespertino 3 horas
Encontro 5 17/07/15 noturno 3 horas
Encontro 6 22/07/15 vespertino 3 horas
Encontro 7 24/07/15 noturno 2 horas
Encontro 8 29/07/15 vespertino 3 horas
Encontro 9 31/07/15 noturno 2 horas
Encontro 10 05/08/15 vespertino 3 horas
Encontro 11 07/08/15 noturno 2 horas
Encontro 12 12/08/15 vespertino 4 horas
CARGA HORÁRIA TOTAL 32 horas
A inserção aconteceu no horário das aulas de Língua Portuguesa, no período
noturno, em que a pesquisadora é professora regente. Foram também utilizadas
algumas aulas de Estágio Supervisionado, no período vespertino.
O trabalho foi instrumentalizado pela unidade didática desenvolvida a partir do
referencial teórico e objetivos já explicitados, junto a um grupo de dezesseis
estudantes. Ao longo da implementação do trabalho, foram realizadas observações
sistemáticas e anotações pontuais que subsidiaram as discussões apresentadas ao
longo do relato a seguir.
4 PRÁTICA: RELATO E DISCUSSÕES
Conforme mencionado, a implementação pedagógica foi desenvolvida em
doze encontros, entre os dias 3 de julho e 12 de agosto de 2015, perfazendo um
total de 32 horas.
No encontro 1, procuramos inserir os estudantes no contexto da
implementação e da problemática que a originou. Foi também apresentado o projeto
e seu objetivo. A partir desses elementos, estabelecemos um diálogo com os
estudantes a respeito de suas expectativas e lhes oportunizamos sanar eventuais
dúvidas e curiosidades a respeito da ação em que estavam tomando parte. Os
educandos demonstraram preocupação com a relação entre o conteúdo da
implementação e o trabalho regular da disciplina, visto que já haviam passado por
um período de greve e temiam atraso no desenvolvimento dos conteúdos
curriculares Essa inquietação foi abrandada por meio de uma breve explanação por
parte da pesquisadora em que se demonstrou o vínculo entre o trabalho a ser
realizado e o plano de trabalho docente da disciplina. Também foi-lhes explicado
que a proposta de trabalho surgira de um diagnóstico apresentado pela equipe
pedagógica e que apontava a necessidade de suprir alguma lacunas no
desenvolvimento das habilidades de leitura da turma.
O segundo encontro constou da resposta a dez questões relacionadas às
experiências dos estudantes em sua vida de leitores. Tais questões (Quadro 1)
foram inicialmente desenvolvidas de forma individual, por escrito e, na sequência,
socializadas com o grupo.
Quadro 3 – Questões relacionadas às experiências dos estudantes em sua vida de leitores.
1. Como foram suas primeiras experiências com a leitura? Como você aprendeu a ler? 2. Que livros marcaram sua infância? 3. Qual a importância da escola no seu desenvolvimento de leitor? 4. Hoje você é um aluno do curso de formação de Docentes. Você tem dificuldades de leitura? Quais? 5. Para você o que é ler? 6. Qual a importância de ler? 7. Você é um leitor? Considera-se um leitor assíduo? 8. O que você costuma ler? 9. Quais são as estratégias que você utiliza para ler? 10. Como estudante deste curso, como você define o papel do professor na formação da competência leitora?
A partir da exposição dos estudantes, foi possível constatar que a maioria
deles foi iniciada no mundo da leitura, por meio das práticas escolares, durante o
processo de alfabetização, sobretudo por meio da leitura dos clássicos infantis.
Mostraram-se também pouco assíduos a essa prática atualmente. Ademais, a
maioria deles não se considera leitores competentes. Ao serem questionados, por
meio da pergunta 10, a respeito do papel do professor na formação dos leitores,
todos afirmaram ser importante ou relevante a intermediação docente, contudo, não
conseguiram formular as razões que embasavam suas afirmações. Relataram ainda
que reconhecem, nos anos iniciais da escolaridade, resultados mais expressivos por
parte da instituição escolar no desenvolvimento da leitura.
No encontro 3, construímos, com os discentes, o conceito de gênero
discursivo, a partir dos elementos que o caracterizam (conteúdo temático, estilo e
construção composicional), a partir do seu funcionamento no texto. Para tanto, foram
utilizadas as questões provocadoras constantes do quadro 2. Por meio delas,
procurou-se levantar o conhecimento prévio dos estudantes a respeito desse
conceito essencial para o trabalho com a linguagem em sala de aula:
Quadro 4 – Questões introdutórias para o estudo do conceito de gêneros do discurso.
Já ouviu falar algo sobre gêneros discursivos? O quê? Defina gênero discursivo? Quais são os gêneros que você mais lê? Para que servem os gêneros discursivos?
Por já terem discutido o conceito e o funcionamento dos gêneros discurso, os
estudantes realizaram, com bastante facilidade, a atividade proposta. Quanto às
suas preferências de leitura, afirmaram ler, principalmente, autoajuda, astrologia,
romances de banca e os textos solicitados em aula, confirmando, assim, não serem
leitores assíduos, conforme afirmaram em encontro anterior.
Com base na construção conceitual acerca dos gêneros do discurso,
desenvolvemos, no encontro 4, a leitura de três textos de gêneros diferentes: uma
charge (Imagem 1), uma propaganda (Imagem 2) e um poema (Imagem 3).
Imagem 1 – Texto 1 (Charge)
Fonte:
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=129&evento=3# menu-galeria
Imagem 2 - Texto 2 (Propaganda)
Fonte: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=45&evento=1
Imagem 3 – Texto 3 (Poema)
Fonte: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=398&evento =7#menu-
galeria
A partir desse gesto leitor, os estudantes preencheram um quadro (quadro 3)
a respeito das características de cada gênero discursivo.
Quadro 5 – Características dos gêneros do discurso.
TEXTO 1 TEXTO 2 TEXTO 3
Que texto é este?
Qual é o tema do texto?
Qual a finalidade deste texto?
A quem ele se destina?
Qual a linguagem utilizada?
Por meio dessa atividade, procurou-se desenvolver o olhar dos estudantes a
respeito dos elementos que caracterizam e diferenciam os diversos gêneros do
discurso. Dessa forma, torna-se possível que, em suas práticas sociais, os alunos
reconheçam a presença dos desses enunciados concretos e aprimorem a sua
capacidade de lê-los e utilizá-los em suas diversas necessidades de interação.
Constatamos que os estudantes possuem uma base conceitual bastante adequada
a respeito da diferenciação e funcionamento dos diversos gêneros.
Por seu turno, o encontro 5 foi realizado no laboratório de informática, em que
os estudantes pesquisaram várias capas de revistas e estabeleceram um olhar
preliminar a respeito delas. Para subsidiar a construção desse olhar, foram
propostas as seguintes perguntas:
Quadro 6 – Questões para análise preliminar das capas de revistas.
1. Das capas de revistas que você observou durante visita aos sites das editoras Abril e Globo, o que elas têm em comum e no que elas se diferem? 2. As revistas observadas tratam de um único tema? De quais temas tratam? 3. A quais públicos as revistas são direcionadas?
Os resultados foram bastante satisfatórios, uma vez que os educandos, ao
acessarem os sites da editora, puderam compreender, de forma mais aprofundada,
a função social da capa, sobretudo no que tange à atração do olhar do leitor para a
publicação e os conteúdos nela veiculados. Em seus comentários, foi possível notar
que perceberam ainda as formas pelas quais as condições de produção e circulação
de cada revista interferem na organização de suas capas.
Das capas observadas, solicitamos que selecionassem e imprimissem uma
para trabalho no encontro seguinte (encontro 6). Nele, os participantes completaram
um quadro (Quadro 7) com os elementos característicos desse gênero e expuseram
as capas selecionadas em um painel.
Quadro 7 – Levantamento das características do gênero capa de revista.
Título
Editora
Data da publicação
Número da revista
Público alvo
Reportagem principal
Tema da reportagem principal
Reportagens secundárias
Imagem em destaque
Outras imagens
O intuito de tal prática foi provocar os estudantes a um primeiro contato com o
gênero capa de revista, sobre o qual se deteria boa parte dos estudos do projeto de
implementação proposto. Dessa forma, ao solicitar-lhes a pesquisa, por capas no
ambiente virtual, tornou-se possível a observação do gênero em suas condições
próprias de circulação, ou seja, nas situações reais de seu funcionamento. Em vista
disso, a atividade do encontro 6 assumiu maior significado, uma vez que já haviam
reconhecido as peculiaridades de circulação do gênero.
As três primeiras etapas do processo de leitura descritas por Menegassi
(2005) foram abordadas no encontro 7, a partir da leitura de um cartum (Imagem 2),
por meio de questionamentos orais, cujas respostas foram sistematizadas no quadro
de giz.
Imagem 4 – Cartum utilizado no encontro 7
Fonte: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=129&evento=3#menu-galeria
As perguntas propostas (Quadro 6) procuram organizar-se de modo a
possibilitar aos estudantes a construção de um itinerário de leitura a partir das
etapas mencionadas:
Quadro 8 – Itinerário de leitura do cartum
Etapa 1: Decodificação
Identificação do código escrito e
imagético. Ação de
transcrição, tradução de um
código.
1. Que texto é este? 2. Quem é o autor deste texto? 3. Quem publicou este texto? 4. Onde mais o texto está veiculado? 5. Saber que é um cartum basta para ler o texto? 6. O cartum é composto por elementos verbais e não-verbais. Quais
são os elementos não verbais que compõem a charge? Quais são as imagens que compõem esta charge?
7. Além das imagens, o texto é composto de linguagem verbal. Quais informações escritas aparecem no texto?
8. Descreva a figura do assaltante? 9. Descreva a figura da suposta vítima? 10. Há destaque para alguma informação escrita? Para qual?
Etapa 2: Compreensão
Reconhecimento das informações e
dos tópicos principais do texto
1. Qual é o tema do cartum? 2. O que significa as imagens que compõem a figura do assaltante e da
suposta vítima? 3. Suposta vítima: as mãos erguidas nos fazem compreender que em
situação de assalto, é definido socialmente erguer as mãos; A sua expressão, mesmo erguendo as mãos, parece a de quem está procurando uma saída para a situação.
4. Qual é a relação da fala do assaltante e de seu gesto? 5. A resposta acima se confirma na fala da suposta vítima em que
momento? 6. O cartum é um texto que aborda temas sociais de forma humorística.
Onde está o Humor neste cartum? 7. Qual é a contraproposta apresentada pela suposta vítima ao
assaltante? 8. Pessoas de qual classe econômica, costumam pedir parcelamentos
para suas necessidades?
Etapa 3: Interpretação
Julgamento das informações que lê, análise e reflexões
sobre elas.
1. Na etapa anterior, identificamos os elementos que relacionam a cena do cartum aos assaltos em geral. Há no texto algo que desloca essa situação, ou seja, que o faz diferente dos demais assaltos? Explique como isso ocorre na postura do personagem que está sendo assaltado e nas palavras desse mesmo personagem.
2. A negociação iniciada pela suposta vítima é totalmente inusitada para um assalto, mas remete a outras situações da vida social. Que situação é essa?
3. Além dos casos de furtos e roubos, em que outras situações a palavra assalto costuma ser utilizada? Exemplifique.
4. O que o fato de não demonstrar grande susto diante do fato de estar sendo assaltado pode revelar em relação ao cotidiano da vítima?
5. Que crítica pode ser percebida a partir dessa suposta naturalidade e ironia com que o personagem enfrenta o assalto? Explique.
Os estudantes demonstraram bastante interesse pela atividade, sobretudo
pelo itinerário metodológico construído a partir das etapas do processo de releitura.
Pela observação e interação com estudantes ao longo do trabalho desse encontro,
foi possível constatar que não haviam ainda refletido a respeito do processo de
leitura de forma mais aprofundada, não possuíam noções teóricas que lhes
assegurassem compreender, de fato, o que é ler e como se lê. Relataram ainda
bastante preocupação em relacionar a metodologia proposta e a sua futura prática
como docente, já a partir dos processos decorrentes do Estágio Supervisionado.
A partir da sistematização, no encontro subsequente (encontro 8),
encaminhamos a produção coletiva de uma resenha crítica do texto lido. A produção
da resenha, além da função primordial de inserir o estudante na prática desse
gênero, propiciou à docente pesquisadora verificar a aquisição pelos estudantes dos
conceitos e práticas propostas.
No processo de escrita, os estudantes não demostraram grandes dificuldades
na produção da resenha, uma vez que foi uma atividade coletiva e que o itinerário
metodológico já havia possibilitado uma prévia organização do texto a ser escrito.
Isso nos possibilitou perceber, com maior clareza, a importância da mediação do
professor e do material didático na internalização das habilidades de leitura e de
escrita pelos estudantes, visto que, quando subsidiados de forma eficaz, os
estudantes sentem-se mais seguros para avançar nos desafios que lhe são
impostos.
No Encontro 9, foi apresentada uma capa de revista, que explorava a lentidão das
obras nos estádios onde se realizariam os jogos da Copa do Mundo, no Brasil. A
partir da leitura do texto, os estudantes responderam a questões (Quadro 9) que
contemplavam as primeiras etapas do processo de leitura abordadas anteriormente
(decodificação, compreensão e interpretação):
Quadro 9 – Itinerário de leitura da capa de revista
Etapa 1 Decodificação
1. Que texto é este? 2. De que revista? 3. Saber que é uma capa da Veja, basta para ler o texto? O que mais
é necessário para ler esse texto? 4. Que edição? 5. Qual editora? 6. Qual é a imagem em destaque nesta capa? 7. Quais são os objetos que formam a imagem em destaque? 8. Quais as cores utilizadas na imagem em destaque? 9. Qual número aparece em destaque na cor vermelha? 10. Há mais alguma imagem nesta capa? Qual? 11. Quais são as informações escritas associadas a essa imagem?
Etapa 2 Compreensão
1. Qual é o tema da capa desta revista?
2. Quais são as cores que compõem a capa?
3. O que cada objeto utilizado na formação da imagem principal significa?
4. O que as cores da imagem em destaque na capa, representam?
5. Qual é a relação entre a imagem principal e a secundária?
6. O que significa o número em destaque na cor vermelha?
Etapa 3 Interpretação
1. Por que esse tema foi abordado nesta edição? 2. Por que foram utilizados estes objetos para formar a imagem em
destaque? 3. A luva utilizada é de qual mão? Qual o sentido de ter sido utilizada
a luva desta mão? 4. Qual é a relação da mão utilizada com os movimentos políticos? 5. Isso pode se confirmar pela cor utilizada pelo número em
destaque? 6. As quatro cores da bandeira nacional estão representadas na
capa. O que cada uma delas representa em relação aos símbolos nacionais?
7. Qual cor presente na capa não representa os símbolos nacionais? O que ela significa neste contexto?
8. Qual dessas cores toma mais a dimensão de toda a capa? O que essa cor simboliza nacionalmente?
9. A resposta da questão anterior se confirma na utilização da mão esquerda da luva sobre o número vermelho? Por quê?
10. Quais “os critérios matemáticos” sugeridos pela capa, estão expressos nos números que aparecem na taça (capacete) e no destacado em vermelho no centro da capa?
11. Pode-se dizer que a composição desses elementos na capa constitui uma crítica? A suposta crítica expressa nessa capa se confirmou?
Embora estivessem organizados em grupos, os estudantes apresentaram
dificuldades na formulação das respostas, à medida que se aprofundavam as etapas
da leitura. Nesse processo, enquanto na etapa da decodificação, conseguiram
responder às perguntas com bastante desenvoltura, a partir do final da etapa da
compreensão e na interpretação começaram a solicitar o auxílio da professora
pesquisadora. Nessa interação, percebeu-se que a dificuldade não residia apenas
em fornecer a reposta, mas em compreender o que era solicitado na pergunta. Tal
observação reforçou o diagnóstico que motivou o desenvolvimento do projeto de
intervenção, isto é, os alunos do curso de Formação de Docentes, futuros
formadores de leitores, não têm desenvolvida a habilidade de leitura.
Já a etapa de retenção foi destacada no encontro imediatamente posterior
(Quadro 10), em que os participantes produziram uma resenha crítica do texto em
pauta.
Quadro 10 – Proposta de produção da resenha crítica
Etapa 4: Retenção
Lembramos que a Retenção é a etapa de armazenamento das informações na memória. Este momento é de sistematização de tudo que lemos. Para facilitar a atividade, retomamos o gênero Resenha Crítica. A Resenha Crítica compõe-se de uma descrição minuciosa, a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, resumo, crítica e formulação de um conceito de valor do texto/obra a ser resenhado.
ATIVIDADE 5 Com as informações registradas a partir das respostas dadas nas etapas 1, 2 e 3 (Decodificação, Compreensão e Interpretação), elabore uma resenha crítica da capa da revista. Para isto, utilize as etapas 1 (Decodificação) e 2 (Compreensão) para fazer um descrição e da etapa 3 (Interpretação) para fazer uma avaliação da capa.
No penúltimo encontro, apresentamos cinco capas diferentes de revistas ara
análise pelos estudantes e culminaram na produção de uma resenha crítica.
A partir dessa atividade, procurou-se observar a apropriação dos
procedimentos de leitura por parte dos estudantes e a organização das informações
do texto e sua apreciação crítica, por meio do gênero resenha. Por já terem
realizado atividades semelhantes nos encontros anteriores, os estudantes
conseguiram realizar, com autonomia, a leitura da capa proposta. Contudo,
necessitaram do auxílio docente na fase da interpretação, sobretudo na construção
dos sentidos das minúcias da capa em análise.
Por fim, no encontro 12, organizados em duplas, os discentes selecionaram
uma nova capa e produziram uma resenha publicada em forma de painel.Nessa
atividade, foi possível notar o quanto os estudantes haviam se desenvolvido,
sobretudo, na internalização do funcionamento discursivo do gênero capa de revista
e na formulação do gênero resenha.
Cumpre-nos salientar, como dificuldade encontrada ao longo de toda a
implementação do projeto de intervenção pedagógica, a resistência dos estudantes
em ampliar suas práticas de leitura. Ouvimos numerosas queixas quanto ao fato de
se trabalhar, exaustivamente, com determinado texto ou com um gênero em
especial. Afetados pela cultura escolar e pela própria efemeridade dos
acontecimentos na sociedade pós-moderna, os educandos anseiam por atividades
que sejam rápidas. Todo trabalho que lhes exige deter o olhar e aprofundar a
observação causa lhes repulsa.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática de leitura foi o alvo do projeto de intervenção pedagógica a que se
refere o presente artigo, a partir da especificidade do Curso de Formação de
Docentes, para a Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, tendo
como referência a concepção interacionista de linguagem.
Ao longo do trabalho, a partir do referencial teórico, procurou-se estabelecer
um itinerário metodológico que propiciasse aos estudantes o desenvolvimento da
competência leitora e, ao mesmo tempo, a apropriação do percurso metodológico do
processo de mediação, visto se tratarem de professores em formação que,
posteriormente, terão que conduzir esse processo nas etapas iniciais da
escolarização.
Ao final desse processo, temos condições de afirmar que foram alcançados
os objetivos inicialmente propostos, uma vez que os estudantes tiveram a
oportunidade de uma imersão em práticas sociais de leitura e de refletir,
criticamente, a respeito deles. Por meio da observação diagnóstica e colóquios com
os estudantes envolvidos, foi possível perceber que, durante a implementação,
foram sendo ressignificadas suas vivências e concepções sobre a prática de leitura
na escola e na vida.
Assim, acreditamos ter contribuído para que os discentes se empenhem para
desenvolver, em sua futura atividade profissional, encaminhamentos pedagógicos
que possibilitem o enfrentamento dos problemas que a escola pública tem
enfrentado na formação de leitores competentes.
Por fim, cumpre-nos destacar o relevante papel que o Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) propiciou ao nosso trabalho docente. Tanto por
meio da formação teórica, quanto pela proposição e implementação do projeto e
respectiva unidade didática, bem como pelo Grupo de Trabalho em Rede (GTR), foi
possível estabelecer reflexões ímpares a respeito do fazer pedagógico nas aulas de
língua portuguesa. O trabalho realizado consistiu-se, de fato, em um momento de
revisão e ressignificação de nossa atividade docente que ganha, a partir de agora,
novo sabor e novo sentido.
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