DISSERTAÇÃO Katarine Mizan Barbosa Santos.pdf - RI UFPE
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR
COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR CENTRO REGIONAL DE CIÊNCIAS NUCLEARES DO NORDESTE
Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares
DISSERTAÇÃO
PRESSÃO AMBIENTAL SOBRE LITTORARIA ANGULIFERA:
ACUMULAÇÃO DE ELEMENTOS QUÍMICOS E MUTAGENICIDADE
ASSOCIADAS A ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS
KATARINE MIZAN BARBOSA SANTOS
Orientador: Prof. Dr. Elvis Joacir De França
Co-Orientadora: Dra. Rebeca da Silva Cantinha
Recife, PE
Agosto, 2016
KATARINE MIZAN BARBOSA SANTOS
PRESSÃO AMBIENTAL SOBRE LITTORARIA ANGULIFERA:
ACUMULAÇÃO DE ELEMENTOS QUÍMICOS E MUTAGENICIDADE
ASSOCIADAS A ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Tecnologias Energéticas e
Nucleares do Departamento de Energia Nuclear da
Universidade Federal de Pernambuco como parte
dos requisitos para a obtenção do título de Mestre
em Ciências. Área de concentração: Aplicações de
Radioisótopos na Agricultura e Meio Ambiente.
Orientador: Prof. Dr. Elvis Joacir De França
Co-orientadora: Dra. Rebeca da Silva Cantinha
Recife, PE
Agosto, 2016
Catalogação na fonte
Bibliotecário Carlos Moura, CRB-4 / 1502
S237p Santos, Katarine Mizan Barbosa.
Pressão ambiental sobre Littoraria angulifera:
acumulação de elementos químicos e mutagenicidade
associadas a alterações histológicas. / Katarine Mizan
Barbosa Santos. - Recife: O Autor, 2017.
100 f. : il., tabs.
Orientador: Prof. Dr. Elvis Joacir de França.
Coorientadora: Dra. Rebeca da Silva Cantinha.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em
Tecnologias Energéticas e Nucleares, 2017.
Inclui referências bibliográficas.
1. Caramujo. 2. Manguezal. 3. EDXRF. 4. FAAS.
5. Histologia. 6. Impactos ambientais. I. França, Elvis
Joacir de, orientador. II. Cantinha, Rebeca da Silva,
coorientadora. III. Título.
UFPE
CDD 621.48 (21. ed.) BDEN/2017-17
Pressão Ambiental sobre Littoraria
Angulifera: Acumulação de Elementos
Químicos e Mutagenicidade Associadas
a Alterações Histológicas
Katarine Mizan Barbosa Santos
APROVADA EM: 03.08.2016
ORIENTADOR: Prof. Dr. Elvis Joacir de França
CO-ORIENTADORA: Profa. Dra. Rebeca da Silva Cantinha
COMISSÃO EXAMINADORA:
Profa. Dra. Mércia Liane de Oliveira– CRCN/NE
Profa. Dra. Ana Maria Mendonça de Albuquerque Melo – DBR/UFPE
Profa. Dra. Luanna Ribeiro Santos Silva – FAINTVISA
Visto e permitida a impressão
____________________________________
Coordenador(a) do PROTEN/DEN/UFPE
““...Mas não quero me meter com gente louca”, Alice observou. “Oh! É inevitável”, disse o
Gato; “somos todos loucos aqui. Eu sou louco. Você é louca.” “Como sabe que sou louca?”
perguntou Alice. “Só pode ser”, respondeu o Gato, “ou não teria vindo parar aqui...””
(Lewis Carrol)
AGRADECIMENTOS
Com a satisfação de poder ter conseguido chegar ao final de mais uma etapa da vida,
venho agradecer a cada pessoa que participou dessa história:
Primeiramente a Deus e meu mentor espiritual, por me guiarem nessa trajetória. Em
seguida, a meus pais, Lucia e Williams, principalmente minha mãe, por terem me trazido ao
mundo e cuidado para que minha educação básica fosse concluída além de também terem
gerado os melhores seres humanos do mundo, que fazem meus dias melhores e mais felizes,
meus irmãos Caio e Caled. Aos meus irmãos, agradeço por tudo que sou e quem possa ser um
dia, tanto na vida profissional quanto na pessoal, também agradeço pelas partidas de “League
of Legends”, papas envenenadas, idas ao médico, doenças compartilhadas, noites assistindo
canais de youtubers, conversas intermináveis, apoio incondicional e discussões estúpidas.
Ao meu marido Robson, só tenho a dizer o quanto dividir o peso da vida com você, a
torna suportável e prazerosa, e o quanto amar você é fácil, exceto durante a TPM.
Da minha família, não posso esquecer nunca de agradecer as minhas tias Alba, Rosa,
Mira e Sofia, e aos meus tios, Fábio “Bito”, Cledson, Jaimessom “Jeminho” e Ricardo
“Rico”. Espero que a bondade e o cuidado com que tratam a mim, meu marido e meus irmãos
nunca acabe. Aos meus primos Diogo, Irla, Jôse, Júlia, Monique, Ricardinho e Vinícius pelo
carinho, respeito e consideração. A minhas primas irmãs, Kayllane “Kay”, por ser um doce,
não comer camarão e arrasar no “Mortal Kombat”, e Isabella “Bella” por conhecer as
Kardashians, assistir todos os high school musical, e sempre responder as minhas marcações
nas redes sociais. Aos agregados, Lucas, Gabriel, “Biel”, Gabriel “pequeno” e a minha
cachorra Aurora por serem uma parte importante da família.
Aos amigos queridos da escola, Ilma e Patrícia, por não me abandonarem na minha
pior época. Também a Érica, Gilberto “Beto”, Hellysson “Da Pipoca”, Luan, Tawana,
Williams “Will”, por serem especiais e “pra vida toda”. Agradeço as minhas amigas mais
queridas da faculdade e da vida Isabella e Lethicia por serem tão especiais e presentes, além
de Rayanne “Ray” independente do que estiver fazendo e o quanto tenha se afastado.
Aos amigos de vida feitos no espaço ciência, Aninha, Eduardo, Enatiely e a mais
incrível de todas que é a Zenaide, agradeço pelo apoio incondicional e a torcida para que eu
alcance meus objetivos.
Para a realização desse trabalho, durante os dois anos do curso, pessoas incríveis
foram muito importantes para que esse resultado fosse alcançado.
Agradeço ao meu Orientador Dr. Elvis, por ser meu maior exemplo de profissional,
por ter me aceitado sem me conhecer e ter me recebido em seu laboratório de maneira tão
amigável, sem sua atuação e apoio eu não seria a pessoa que sou hoje, agradeço por tudo que
tenho aprendido. A minha Co-orientadora Dra. Rebeca pela parceria e presença mesmo
quando estava distante geograficamente, serei sempre muito grata pelo aprendizado e
companheirismo que essa pesquisa me proporcionou.
Aos parceiros para a concretização desse estudo, a Profa. Dra. Ana Mendonça da
Radiobiologia da UFPE por ser presente e querida, sem mencionar o apoio e ensinamento, a
Profa Dra. Paloma da Histologia da UFPE que mesmo com sua agenda cheia, tirou dias para
estudar sobre invertebrados e me passar todas as informações para que os resultados se
concretizassem. Agradeço imensamente ao Prof. Dr. José Carlos da Malacologia da UFRPE,
por dedicar um dia da sua agenda atarefada para me ensinar sobre anatomia de moluscos.
Também ao laboratório de Dosimetria do CRCN-PE, por possibilitar a captura das imagens
das células utilizadas nessa pesquisa e Jullyane e Laís por me ajudarem na tarefa.
Aos companheiros de jornada do laboratório de Radiobiologia, Alessandra, Douglas,
Hassan, Hianna, João, Dra. Luana, Luís, Maíra, Maria Luíza e Williams, por terem sido
sempre tão solícitos e amigáveis, além de proporcionarem os cafés mais divertidos. Aos
técnicos do laboratório de Análise Ambiental do CRCN-PE, Ana Cláudia, Crescêncio,
Gilberto e Márcia, pelo ambiente amigável e em especial a Alesxandro pelo auxílio no
laboratório, pelas conversas, cafés e ensinamentos. Aos companheiros de curso Adriana,
Cláudia, Daniel, Denilson, Emerson, Fernanda, Julyanne, Marcelo, Paulo, Thiago, em
especial para Mariana, pelos melhores conselhos e ouvidos e Fabiano, pela amizade e
companheirismo. Aos terceirizados do CRCN Margarete, Dona Ana e Bruno, por serem
sempre cordiais e prestativos. Aos IC’s mais simpáticos, Danielle, Jonas e Mechele, em
especial a Karolayne por ter se tornado uma pessoa tão querida em pouco tempo e Thiago
“Thiaguinho” por ser o rapaz mais empenhado em dar seu melhor que já conheci.
Aos membros da banca Dra. Ana Mendonça e Dra. Luana Silva, já mencionadas
anteriormente, e a Dra. Mércia por se disponibilizarem a avaliar esse trabalho.
Ao Programa de Pós-graduação em Tecnologia Energética e Nuclear – PROTEN, por
me aceitar no seu quadro de alunos. Ao CNPq, por custear a mim e a pesquisa. Também as
secretárias do Departamento de Energia Nuclear, as mais simpáticas e prestativas Nilvânia e
Kalidja, por sempre nos ajudarem com prazos e informações. A todos, meus mais sinceros
agradecimentos.
RESUMO
Manguezais são ecossistemas costeiros sujeitos a grandes impactos antropogênicos,
porém pouco se conhece a respeito da pressão ambiental exercida sobre a biota. Nesses
ambientes, os agentes estressores podem intensificar a acumulação de substâncias químicas,
induzir a mutagenicidade e causar alterações histológicas nos tecidos. Dentre os organismos,
os moluscos terrestres como é o caso de Littoraria angulifera merecem atenção especial
devido à possibilidade de emprego em estudos de monitoração da qualidade ambiental. Por
isso, foi avaliada a distribuição de Ca, Cl, Cu, Fe, K, Mg, P, S, Sr e Zn nas glândulas
digestivas, gônadas e demais tecidos moles dos moluscos coletados em manguezal impactado
do Espaço Ciência, em Olinda, a partir da Espectrometria de Fluorescência de Raios-X por
Dispersão de Energia (EDXRF) e de Absorção Atômica com Chama (FAAS). Desenvolvida
neste trabalho, a técnica inovadora de extração da hemolinfa de L. angulifera permitiu a
verificação de frequência de micronúcleos, binucleação e apoptose por meio da observação
dos hemócitos. O estudo das principais alterações histológicas nos tecidos desses animais
também foi realizado, comparando-se os resultados com os animais de manguezal menos
impactado localizado no Município de Rio Formoso, Estado de Pernambuco. No manguezal
do Espaço Ciência, Cu, Fe e Zn foram acumulados nas gônadas, glândulas digestivas e
demais órgãos e tecidos em quantidades até 20 vezes superioras quando comparadas com os
resultados dos animais de Rio Formoso. Não foram observadas diferenças significativas entre
as médias das frequências de micronúcleos e binucleação em nível de 95% de confiança nos
hemócitos dos animais de ambos os manguezais. Contudo, maior frequência de células
apoptóticas foi encontrada nos animais do manguezal do Espaço Ciência. Por meio dos
estudos histológicos, detectou-se número elevado de parasitas nesses animais, sugerindo que a
grande quantidade de Cu e Zn encontrada nos órgãos pode estar associada aos mecanismos de
desinfestação. Todos os resultados obtidos demonstraram a aplicabilidade da espécie
Littoraria angulifera para uma avaliação mais detalhada da qualidade ambiental de
manguezais.
Palavras-chave: CARAMUJO; MANGUEZAL; EDXRF; FAAS; HISTOLOGIA;
IMPACTOS AMBIENTAIS.
ABSTRACT
Mangroves are coastal ecosystems subjected to huge anthropogenic impacts, although
little is known about the environmental pressure on the biota. In these environments, the
stressor agents may intensify the chemical element accumulation, induce the mutagenicity and
cause histological changes in tissues. Among the organisms, terrestrial mollusks such as
Littoraria angulifera deserve a special attention due to its applicability in environmental
quality monitoring studies. Therefore, the distribution of Ca, Cl, Cu, Fe, K, Mg, P, S, Sr e Zn
in the digestive glands, gonads and other soft tissues of mollusks collected in the impacted
mangrove from the Espaço Ciência located in Olinda, Pernambuco State, Brazil, was assessed
by means of the Dispersive Energy X-ray Fluorescence (EDXRF) and Flame Atomic
Absorption Spectrometry (FAAS). Here, the novel hemolymph extraction technique for
L. angulifera allowed verifying the micronuclei, binucleation and apoptosis frequencies
through the hemocyte observation. The study of main histological changes on the animal
tissues was also carried out, comparing the results to the animals from a more preserved
mangrove, located in the Municipality of Rio Formoso, Pernambuco State, Brazil. In the
Espaço Ciência mangrove, accumulation of Cu, Fe and Zn was found in the gonads, digestive
glands and other soft tissues in quantities up to 20 times higher when compared to the results
from Rio Formoso animals. No significant differences at the 95% confidence level between
the average frequencies of micronuclei and binucleation were observed for the hemocytes of
animals from both mangroves. However, a high frequency of apoptotic cells was found for
animals from the Espaço Ciência mangrove. By means of histological studies, a high number
of parasites was detected in these animals, suggesting that the high quantities of Cu and Zn
found in the organs may be associated to the disinfestation mechanisms. All results
demonstrated the applicability of Littoraria angulifera species for a more detailed evaluation
of mangrove environmental quality.
Keywords: SNAIL; MANGROVE; EDXRF; FAAS; HISTOLOGY; ENVIRONMENTAL
IMPACTS.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Áreas originais dos biomas do brasileiros............................................................. 19
Figura 2 - Manguezais distribuídos mundialmente................................................................ 20
Figura 3 - Manguezais urbanos presentes no Complexo de Salgadinho, Olinda,
destacados em vermelho. A. Detalhe do Manguezal Chico Science. Em
amarelo, o Parque Memorial Arcoverde............................................................... 22
Figura 4 - Estuário no Rio Ariquindá, em vermelho área de coleta ao lado da Ponte
Rosalvo Ramos Rocha na porção pertencente ao município de Rio Formoso...... 23
Figura 5 - Fauna bentônica de manguezais............................................................................ 24
Figura 6 - Ilustração anatômica de molusco gastrópode........................................................ 26
Figura 7 - Divisões da concha do gastrópode Achatina fulica............................................... 28
Figura 8 - Concha de Littoraria angulifera........................................................................... 29
Figura 9 - Representação anatômica frontal de Littoraria sp................................................ 29
Figura 10 - Sistema Biológico dos Elementos (SBE).............................................................. 32
Figura 11 - Excitação de átomo a partir de Raios-X................................................................ 36
Figura 12 - Funcionamento de um equipamento de FAAS..................................................... 37
Figura 13 - Fotomicrografia de células micronucleadas de Mytilus galloprvincialis.............. 38
Figura 14 - Fotomicrografia de tecido digestivo de Crassostrea rhyzophorae com setas
indicando parasita da espécie Namatopsi sp......................................................... 40
Figura 15 - Localização geográfica dos manguezais de estudo............................................... 42
Figura 16 - Procedimentos para preparaçãodos moluscos/ amostras....................................... 43
Figura 17 - Remoção da concha de L. angulifera do Rio Formoso......................................... 44
Figura 18 Equipamento EDX-720 para análise química por Fluorescência de Raios-X por
Dispersão de Energia............................................................................................ 46
Figura 19 - Cápsula de polipropileno específica para análise química por EDXRF............... 47
Figura 20 - Tubos com amostra no equipamento de ultrassom............................................... 48
Figura 21 Forno digestor Mars Xpress 5 CEM..................................................................... 49
Figura 22 - Procedimentos de filtragem da amostra tratada quimicamente em forno
digestor.................................................................................................................. 50
Figura 23 - Equipamento SpectrAA 220 da Varian/Agilent.................................................... 51
Figura 24 - Punção no molusco L. angulifera (A), com agulha de 25 mm (B), pelo sinus
bucal para extração da hemolinfa.......................................................................... 52
Figura 25 - Representação das metodologias do preparo da hemolinfa para deposição na
lâmina.................................................................................................................... 53
Figura 26 - Cortes histológicos de peças de moluscos. Peças emblocadas (A), micrótomo
(B) e lâminas histológicas (C)............................................................................... 54
Figura 27 - Critérios de identificação de MN.......................................................................... 57
Figura 28 - Gráfico de impressão digital dos órgãos dos animais coletados no Rio
Formoso................................................................................................................. 64
Figura 29 - Impressão digital dos órgãos dos animais coletados no Espaço Ciência quanto
à distribuição dos elementos químicos.................................................................. 65
Figura 30 - Impressão digital das gônadas de L. angulifera dos manguezais Espaço Ciência
(EC) e do Rio Formoso (RF)................................................................................. 66
Figura 31 - Impressão digital de glândula digestiva das amostras do Espaço Ciência (EC) e
Rio Formoso (RF)................................................................................................. 66
Figura 32 - Impressão digital de elementos químicos nos demais órgãos e tecidos das
amostras do Espaço Ciência (EC) e Rio Formoso (RF)........................................ 67
Figura 33 - Fotomicrografia de tipos de hemócitos encontrados em hemolinfa de
L. angulifera.......................................................................................................... 69
Figura 34 - Fotomicrografia de alterações celulares observadas durante ensaio de
micronúcleo realizado em hemolinfa de L. angulifera......................................... 69
Figura 35 - Comparação entre a morfologia dos hemócitos de L. angulifera coletados nos
manguezais do Rio Formoso (A) e do Espaço Ciência (B)................................... 70
Figura 36 - Intervalo de confiança de Wald em nível de 95% de confiança........................... 73
Figura 37 - Intervalo de confiança de Wilson em nível de 95% de confiança........................ 74
Figura 38 - Fotomicrografia da gônada feminina de L. angulifera coletado em manguezal
do Rio Formoso (A) e Espaço Ciência (B)........................................................... 75
Figura 39 - Fotomicrografia do compartimento gametogênico de L. angulifera coletado em
manguezal do Rio Formoso (A) e Espaço Ciência (B)......................................... 76
Figura 40 - Fotomicrografia do sistema digestivo de L. angulifera coletado em manguezal
do Rio Formoso (A, B) e Espaço Ciência (C, D).................................................. 77
Figura 41 - Comparação entre a acumulação de Cu, Fe e Zn nos compartimentos
biológicos de Littoraria angulifera do Espaço Comparação................................ 80
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Acumulação de elementos químicos em órgãos/tecidos de invertebrados
empregados como biomonitores........................................................................... 34
Tabela 2 - Total de indivíduos por amostra, total de amostras e amostras compostas
analisadas para a quantificação de elementos químicos em L. angulifera. RF =
manguezal do Rio Formoso. EC = manguezal do Espaço Ciência....................... 45
Tabela 3 - Valores obtidos e certificados (mg kg-1), incertezas analíticas expandidas para
95% de confiança e valores de Número En para os materiais de referência
analisados por EDXRF e FAAS........................................................................... 61
Tabela 4 - Concentrações médias (M) dos elementos químicos em mg kg-1, desvio
padrão (DP), número de amostras (n) e incerteza analítica expandida em nível
de 95% de confiança para as amostras de gônada – G, glândula digestiva – GD
e demais órgãos e tecidos – DOT dos animais dos manguezais do Rio Formoso
– RF e do Espaço Ciência – EC............................................................................ 62
Tabela 5 - Frequência de alterações encontradas nos hemócitos de L. angulifera dos
espécimes do Rio Formoso (RF) e do Espaço Ciência (EC)................................ 71
Tabela 6 - Resultados do intervalo de confiança em nível de 95% de confiança (IC95%)
coeficiente de variação (CV%) e tamanho mínimo de amostra (n*) para as
variáveis micronúcleo - MN, binucleação - BN e apoptose – AP........................ 72
Tabela 7 - Concentrações máximas de elementos químicos (mg kg-1) em manguezais........ 78
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
AP - apoptose
BN - binucleação
c - citoplasma
cdg - célula digestiva
cei - célula do epitélio intestinal
Cg - compartimento gametogênico
CLGM - Células da Linhagem Gametogênica Masculina
DOT - Demais Órgãos e Tecidos
EC - Espaço Ciência
EDXRF - Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia
FAAS - Espectrometria de Absorção Atômica com Chama
G - gônada
gr - grânulo
GD - glândula digestiva
L - lúmen
MN micronúcleo
n - núcleo
Ovo - ovócito
p - parasita
ps - pseudópodes
sp - esperma
RF - Rio Formoso
Seta F - folículo
Seta M - paraesperma
TGD - Túbulo de Glândula Digestiva
v - vacúolo
Vs - vesícula seminal
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 16
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 18
2.1 Biomas brasileiros.............................................................................................. 18
2.2 Manguezais......................................................................................................... 19
2.2.1 Manguezais pernambucanos............................................................................. 21
2.3 Fauna de invertebrados do manguezal............................................................ 23
2.3.1 Moluscos.............................................................................................................. 24
2.3.1.1 Gastrópodes.......................................................................................................... 27
2.3.1.2 Littoraria angulifera (Lamarck,1822).................................................................. 28
2.4 Estudos ambientais utilizando moluscos gastrópodes.................................... 30
2.4.1 Acumulação de elementos químicos: biomonitoração.................................... 30
2.4.1.1 Definições............................................................................................................. 30
2.4.1.2 Uso de elementos químicos por organismos........................................................ 31
2.4.1.3 Moluscos como bioindicadores/biomonitores de qualidade ambiental................ 32
2.4.1.4 Bioacumulação de elementos químicos em órgãos de invertebrados.................. 33
2.4.2 Técnicas analíticas em matrizes biológicas...................................................... 35
2.4.2.1 Espectrometria de Raios-X por Dispersão de Energia (EDXRF)........................ 35
2.4.2.2 Espectrômetro de absorção atômica por Chama (FAAS).................................... 36
2.4.3 Avaliação da mutagenicidade pelo teste do micronúcleo............................... 38
2.4.4 Alterações histológicas e morfológicas............................................................. 39
3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 41
3.1 Descrição das áreas de estudo........................................................................... 41
3.1.1 Manguezal Espaço Ciência................................................................................ 41
3.1.2 Manguezal Rio Formoso.................................................................................... 41
3.2 Amostragem........................................................................................................ 42
3.3 Procedimentos de laboratório para preparação das amostras...................... 43
3.3.1 Dissecação dos animais...................................................................................... 43
3.4 Análise química.................................................................................................. 44
3.4.1 Preparação das amostras................................................................................... 44
3.4.2 Análise química por EDXRF............................................................................. 45
3.4.3 Tratamentos químicos........................................................................................ 47
3.4.3.1 Banho de ultrassom.............................................................................................. 47
3.4.3.2 Forno digestor...................................................................................................... 49
3.4.4 Análise química por FAAS................................................................................ 50
3.5 Extração da hemolinfa para teste do micronúcleo.......................................... 51
3.6 Preparo das lâminas histológicas...................................................................... 54
3.7 Análise dos resultados........................................................................................ 55
3.7.1 Análises químicas............................................................................................... 55
3.7.1.1 Incerteza analítica................................................................................................ 55
3.7.1.2 Qualidade do Procedimento analítico.................................................................. 55
3.7.2 Análise de hemócitos.......................................................................................... 56
3.7.2.1 Critérios para identificação de células micronucleadas....................................... 56
3.7.2.2 Intervalos de confiança para a frequência de variáveis relacionadas com a
mutagenicidade em L. angulifera......................................................................... 57
3.7.2.3 Tamanho mínimo de amostra ou suficiência amostral......................................... 58
3.7.3 Alterações histológicas....................................................................................... 59
4 RESULTADOS DISCUSSÃO........................................................................... 60
4.1 Elementos químicos em órgãos de L. angulifera.............................................. 60
4.1.1 Demonstração da qualidade dos procedimentos analíticos............................ 60
4.1.2 Variabilidade das concentrações de elementos químicos determinados nos
órgãos de L. angulifera....................................................................................... 61
4.1.3 Impressões digitais (fingerprints) dos órgãos estudados de L.
angulifera............................................................................................................ 64
4.2 Mutagenicidade em L. angulifera de diferentes manguezais.......................... 67
4.2.1 Otimização na obtenção das lâminas de hemócitos......................................... 68
4.2.2 Resultados de mutagenicidade.......................................................................... 70
4.3 Resultado da análise histológica....................................................................... 75
4.4 Comparação entre as concentrações dos elementos químicos
quantificados em L. angulifera de manguezais de Pernambuco.................... 78
4.5 Efeitos biológicos da acumulação de Cu, Fe e Zn sobre
L. angulifera........................................................................................................ 80
5. CONCLUSÕES.................................................................................................. 83
6. PERSPECTIVAS............................................................................................... 84
7. REFERÊNCIAS................................................................................................. 85
16
1. INTRODUÇÃO
Em ambientes impactados, devido às alterações na disponibilidade de recursos, moluscos
tendem a absorver altas concentrações de elementos químicos, a partir do fenômeno
denominado de bioacumulação (AL-SUBIAI et al., 2011). Estudos investigando a
bioacumulação de substâncias químicas são capazes de relacionar os impactos sofridos pelo
ambiente às respostas biológicas a partir de estudos de biomonitoração da qualidade
ambiental (MARKERT, 1991; PHILLIPS; RAINBOW, 2013). Os organismos biomonitores,
permitem quantificar a qualidade ambiental, além de associar a alteração da composição
química no seu organismo às principais fontes antropogênicas de elementos químicos
(MARTIN; COUGHTREY, 1982; MARKERT, 1991; MARKERT, 2000). Assim, para a
biomonitoração são utilizadas espécies de moluscos com maior resistência à toxicidade das
substâncias químicas.
As consequências da exposição dos animais a compostos químicos presentes no ambiente
podem ser também estudadas por meio de alterações em funções biológicas básicas como
sobrevivência e reprodução. Dentre os diversos marcadores biológicos possíveis de avaliação
em organismos coletados de ambientes impactados, a presença de alterações no material
genético dos organismos tem sido utilizada para moluscos, avaliando-se os impactos
ambientais sofridos pelas espécies (FENECH; MORLEY, 1985; DEPLEDGE, 1998;
NAKANO et al., 2003; REGOLI et al., 2006; TALLARICO et al., 2014).
Dentre os ensaios biológicos mais utilizados em estudos desse tipo, encontra-se o teste do
micronúcleo, caracterizado por sua fácil execução e rapidez de análise, quando comparado a
outras técnicas empregadas para avaliação de mutações genéticas (SILVA, 2010;
PINHEIRO et al., 2013). Esse teste consiste na análise de células de organismos e
quantificação da frequência de alterações como a micronucleação, binucleação e apoptose
(FLORES; YAMAGUSHI, 2008). Os protocolos adaptados para estudos mutagênicos, como
o teste do micronúcleo, para moluscos ainda são escassos, considerando-se a alta diversidade
de espécies.
Outra forma de observar os impactos ambientais nos organismos está na análise de
lâminas histológicas para a avaliação de danos nos tecidos dos animais. Essa técnica não é
bastante difundida em moluscos terrestres, sendo escassos estudos tanto naqueles de áreas
impactadas quanto não impactadas. Alterações na glândula digestiva foram observadas em
moluscos marinhos, indicando esse órgão como sensível a poluentes nesse ambiente
(USHEVA et al. 2006). Dessa forma devido a escassez de trabalhos com moluscos terrestres
17
abordando testes mutagênicos e histológicos, torna-se altamente relevante os estudos
envolvendo esses organismos em estudos ambientais.
Os moluscos em sua riqueza de espécies e características anatômicas e fisiológicas, estão
sendo utilizados em estudos ambientais como biomonitores passivos (CAETANO;
ABRASÃO, 2002; OEHLMANN; OEHLMANN, 2003; FERREIRA-JR et al., 2014). O
gastrópode prosobrânquio Littoraria angulifera (Lamarck, 1822), da família Littorinidae, que
habita manguezais de continentes americanos (WORMS, 2014), tem sido utilizados para a
monitoração ambiental (MELO et al., 2012; MÉLO, 2014; RIBEIRO, 2013) a partir de sua
capacidade de acumulação de elementos químicos relacionada com a presença de impacto
antropogênico em manguezais (MÉLO, 2014).
Para corroborar a aplicação de L. angulifera como biomonitora de qualidade ambiental de
manguezais, o presente trabalho tem como objetivos:
Comparar as concentrações de Cl, Cu, Fe, K, Mg, P, S, Sr e Zn determinadas por
Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia - EDXRF e por Espectrometria de
Absorção Atômica – AAS nos órgãos glândula digestiva e ovoteste, assim como nos
demais órgãos e tecidos de animais coletados nos manguezais do Espaço Ciência e do
Rio Formoso,
Otimizar técnica de extração de hemolinfa para a realização de ensaios de
biomarcadores em moluscos terrestres;
Quantificar a mutagenicidade sofrida pelos animais coletados no manguezal do
Espaço Ciência, em Olinda, comparado com os exemplares do manguezal de Rio
Formoso, em Rio Formoso,
Comparar danos histológicos em mesmo tecido de diferentes exemplares de L.
angulifera coletados em Rio Formoso e Espaço Ciência.
18
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Biomas brasileiros
Segundo Ricklefs (2009), Bioma é definido como uma forma de agrupar semelhantes
fitofisionomias com o objetivo de facilitar a comparação entre os mais características
ecossistemas e comunidades. No Brasil, os biomas são Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pampa,
Pantanal e Mata Atlântica como mostra a Figura 1 (BALBINO et al., 2012). Em todos esses,
os impactos são impulsionados principalmente pelo desenvolvimento da civilização,
resultando em atividades como a monocultura, a pecuária e a expansão imobiliária (DEAN,
1996). Com isso, a supressão e a fragmentação de habitat, eutrofização e extinção de espécies
continuamente afeta todos os níveis tróficos (ODUM, 2012).
A Mata Atlântica é um dos biomas de maior biodiversidade, com apenas 15% de sua
cobertura vegetal original remanescentes (HIROTA, 2015). Estando inseridos em seu
território, de acordo com o Decreto Federal nº 750 de 10-02-93, art. 3º, a Floresta Ombrófila
Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional
Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, Manguezais, Restingas, Campos de Altitude,
Brejos Interioranos e Encravos Florestais do Nordeste (BRASIL, 1993). Dentre esses, o
manguezal apresenta maior impacto antropogênico, com maior necessidade de cuidados
quanto a sua conservação (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).
19
Figura 1- Áreas originais dos biomas brasileiros
Fonte: Adaptado de Serviço Florestal Brasileiro (2004).
2.2 Manguezais
Segundo Vanucci (2002), o nome manguezal é originário na língua Wolof, nativa do
Senegal. A atribuição à língua latina só aconteceu pelo contato desses povos com os
portugueses durante a colonização. Segundo registros paleontológicos, as espécies de fauna e
flora desse ecossistema são originárias da região Indo-Malasiana, datando dos períodos
Terciário e Quaternário (SPALDIN et al., 1997). Atualmente, os manguezais são
característicos de regiões próximas aos trópicos, presentes em áreas de transição entre rios e
oceanos (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).
É classificado como ecossistema, devido à interação de seus componentes bióticos e
abióticos em um determinado espaço temporal como um sistema aberto dotado de fontes de
entradas e saídas para ciclagem de nutrientes, sendo apto a harmonizar-se diante
desequilíbrios numa busca pela homeostasia (ODUM, 2012). Esse ecossistema encontra-se
20
globalmente distribuído em 15,2 milhões de hectares em 123 territórios (SANDILYAN;
KATHIRESAN, 2012), como é ilustrado na Figura 2. Na Costa Brasileira, percorrem
aproximadamente 6.800 km (KJERVE; LACERDA, 1993), ou seja, desde Santa Catarina
(Laguna, 28°53’S) até o Amapá (Rio Oiapoque, 04°20’N) (SCHAEFFER-NOVELLI, 1989).
Esses ecossistemas são exportadores de matéria orgânica para estuários, desempenhando um
importante papel para a produtividade primária da zona costeira, assim como para
manutenção da biodiversidade marinha (JENNERJAHN, ITTEKKOT, 2002).
Figura 2- Manguezais distribuídos mundialmente.
Fonte: Adaptado de Spalding et al (1997).
Embora reconhecidamente importantes, os ecossistemas de mangues encontram-se
poluídos e com área reduzida na maior parte dos estados brasileiros (SILVA, 2011;
ALONGI, 2015). Um ecossistema de manguezal localizado em áreas fortemente impactadas é
denominado por alguns autores como manguezal urbano (BRANDÃO et al., 2009). Segundo
Schaeffer-Novelli (1995), a urbanização do ecossistema manguezal foi facilitada por sua
localização, disponibilidade para deposição de resíduos sanitários, agrícolas e industriais e
expansão imobiliária, além da proximidade de portos.
É um ecossistema distinto, com flora adaptada a condições de estresse constantes como a
ausência de suporte rígido devido ao substrato lamoso, a alta concentração de sais e a baixa
oxigenação (ONG; GONG, 2013). Como consequência desses fatores, é possível ser
observado, em todo o mundo, 73 espécies de árvores e arbustos de mangue; dessas, apenas 8
ocorrem no Brasil (SANDILYAN; KATHIRESAN, 2012).
21
A fauna é composta de espécies nativas e migratórias que utilizam os manguezais como
área reprodutiva (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995). Os fungos estão presentes no solo e
auxiliam na decomposição da matéria orgânica (CHENG et al., 2009). A fauna
zooplanctônica é diversificada, enquanto os invertebrados compreendem espécies de potencial
econômico como alguns moluscos, crustáceos e peixes, além de ser uma área utilizada para
carcinicultura e maricultura (SANTOS et al., 2006).
2.2.1 Manguezais pernambucanos
Por despertarem o interesse da comunidade científica, devido à localização próxima a
áreas metropolitanas e agrícolas, alguns estudos relacionados a impactos ambientais vêm
sendo desenvolvidos nos últimos anos nos manguezais do complexo de Salgadinho (CUNHA;
GUIMARÃES, 2000; FIGUEIREDO et al., 2003; MÉLO, 2014) e Rio Formoso
(CPRH, 1998; VASCONCELOS et al., 2004; SILVA et al., 2009; MÉLO, 2014). Entretanto,
dada à situação atual dos manguezais pernambucanos, a quantidade de estudos ainda é
incipiente.
De acordo com Brandão et al. (2009), em 2002, o complexo de Salgadinho, localizado
entre os municípios de Olinda e Recife, possuía área de vegetação de mangue correspondente
a 46.526,7 m2 com área de espelho d’água medindo 24.626,2 m2. Nessa região, atualmente,
encontram-se distribuídos quatro ilhas de manguezais urbanos (Figura 3), formadas por
terraplenagem realizado na região nos anos 70 pela construção do Complexo Viário de
Salgadinho (CUNHA; GUIMARÃES, 2000). Nessa área, destaca-se o manguezal Chico
Science (A), influenciado indiretamente pelo canal do Derby – Tacaruna e classificado
atualmente como a maior da ilha de manguezais urbanos do Parque Memorial Arcoverde
(FIGUEIREDO et al., 2003).
22
Figura 3 - Manguezais urbanos presentes no Complexo de Salgadinho, Olinda, destacados em
vermelho. A, Detalhe do Manguezal Chico Science. Em amarelo, o parque Memorial Arcoverde.
Fonte: Brandão et al. (2009).
O estuário do Rio Formoso, se comparado com o manguezal Chico Science, possui
características ambientais contrastantes em termos da acumulação de substâncias químicas em
solos (PAIVA et al., 2015) e na vegetação (PAIVA, 2014). Situado na microrregião
geográfica da Mata Meridional de Pernambuco, possui área aproximada de 2.724 hectares
com 12 km de extensão (SILVA et al., 2009). O sistema fluvial do Município de Rio Formoso
é composto pelos rios: Ariquindá (Figura 4), dos Passos, Formoso e Lemenho, no qual 80%
do estuário compreende o manguezal em questão (VASCONCELOS et al., 2004). O
Município de Rio Formoso possui parte de seu território incluído na Área de Proteção
Ambiental (APA) de Guadalupe, que além de regulamentar a exploração, incentiva o
ecoturismo e a conservação da biodiversidade (CPRH, 1998).
23
Figura 4 - Estuário no Rio Ariquindá, em vermelho área de coleta ao lado da Ponte Rosalvo
Ramos Rocha na porção pertencente ao município de Rio Formoso.
Fonte: Adaptado de Google Maps (2016)
2.3 Fauna de invertebrados do manguezal
De acordo com Levinton (2001), os manguezais são habitados por vários invertebrados
constituintes da macrofauna bentônica, ou seja, organismos retidos em malha de coleta com
0,5 mm de abertura. Na Figura 5 são mostradas algumas espécies de invertebrados, presentes
em grande abundância nos manguezais (ADAMS, 2000).
24
Figura 5 - Fauna bentônica de manguezais. A.a. =Anphibalanus amphitrite. A.i. =
Amphibalanus improvisus. Ar.p. = Aratus pisoniie. B.e. = Brachidontes exustus. Bost =
Bostrychietum. Ch.p. = Chthamalus proteus. CI.s. = Clibanarius sclopetarius na concha de Cerithium
atratum. Cr.r. = Crassostrea rizophorae. F.c. = Fissurella clenchi. H. = Tubos de poliquetus
Hydroides sp. L.s. = Lottia subrugosa. Li.a. = Littoraria angulifera. Li.f. = Littoraria flava. Me.c. =
Melampus coffea. Mi.r. = Microeuraphia rizophorea. N.v. = Neritina virginea. O.e. = Ostrea
equestris. P. i. = Pinctada imbricata. P.m. = Pugilina morio.
Fonte: Farrapeira et al. (2009).
Estudos realizados com a fauna de manguezais qualificam entre os seres bentônicos mais
abundantes nesse ecossistema os filos Mollusca e Crustacea, em que Mollusca possui a maior
riqueza de espécies (OEHLMANN; OEHLMANN, 2003; FARRAPEIRA et al., 2009,
FERREIRA-JR et al., 2014).
2.3.1 Moluscos
Moluscos são o segundo maior filo de invertebrados, com primeiro registro fóssil datado
do Período Cambriano (entre 542 e 488 milhões de anos atrás). Estão divididos em sete
25
principais classes, sendo as mais representativas os Bivalvia, Cephalopoda e Gastropoda.
Bivalves são necessariamente aquáticos de água doce e salgada; a classe dos Cefalópodes é
formada por espécimes marinhos, enquanto a dos Gastrópodes é a mais diversificada com
espécimes que habitam os mais variados tipos de ambiente. Esta classe merece destaque no
filo Mollusca por possuir a maior quantidade de espécies não extintas. As cinco classes com
menor riqueza, isto é, Aplacophora, Monoplacophora, Poliplacophora e Scaphopoda, são
exclusivamente de habitat marinho (LEME, 1995; RUPERT et al., 2005).
Como característica anatômica geral, os representantes do filo possuem circulação aberta
(exceção: cefalópodes), são bilateralmente simétricos, protostômios e celomados restritos ao
coração, gônadas, intestino e rim. Apresentam conchas externas ou internas e genericamente,
são compostos por pé, massa visceral, manto ou pálio e concha (BRUSCA; BRUSCA, 2007).
Quanto à funcionalidade de seus órgãos e tecidos, podem ser observados nos moluscos
pares de músculos retratores podais inseridos em cada lado do pé, que são utilizados para
movimentar a concha para baixo, posicionando-a acima do animal. A cavidade do manto é a
região entre a concha e o manto, onde se alojam as brânquias (ctenídios). Alimentam-se a
partir da raspagem pela rádula e a digestão do alimento ocorre no meio intracelular das células
dos tubos distais e extracelular na região gástrica. Contudo, a digestão intracelular é o
principal mecanismo dos moluscos menos evoluídos. De forma generalizada, são dioicos com
a gônada inserida ao lado do pericárdio. O pericárdio, ou cavidade celômica, é pequeno e
localizado na região meio-dorsal do corpo. Os órgãos sensoriais comuns são os tentáculos, os
olhos, os estatocistos (órgãos de equilíbrio) e os osfrádios órgãos quimiorreceptores
(RUPERT; et al., 2005). Na Figura 6 são ilustrados os principais órgãos de um gastrópode
típico.
26
Figura 6 – Ilustração anatômica de molusco gastrópode.
Fonte: Brusca e Brusca (2007).
Os moluscos utilizam a hemolinfa como principal meio de transporte de substâncias no
corpo, cuja coloração depende da associação dos elementos químicos Fe ou Cu ao oxigênio.
Ficando vermelha quando associado ao Fe, o pigmento respiratório é denominado
hemoglobina e azul quando associado ao cobre, sendo chamado de hemocianina (SCHMIDT-
NIELSEN, 2002). Devido à anatomia celomática, além de realizar as funções de sangue e
linfa, a hemolinfa também é componente principal no mecanismo de locomoção “músculo-
hidráulico”, o movimento do animal acontece por expansão e retração a partir do aumento da
pressão hidráulica e contração muscular (LEME, 1995). Ainda, a hemolinfa possui em sua
composição células denominadas hemócitos, que diferem quanto à sua morfologia e funções.
Quando os hémocitos apresentam baixo número de lisossomos e pseudópodes poucos ou
ausentes, são denominados hialinócitos, responsáveis pela fagocitose de material estranho ao
corpo dos gastrópodes. Todavia, quando essas células apresentam número mais elevado de
27
lisossomos e presença de pseudópodes, esses, são classificados como granulócitos (VAN
DER KNAAP; LOKER 1990), associados ao estresse ambiental (ROHR; AMATO, 2014).
2.3.1.1 Gastrópodes
Os gastrópodes compõem a classe com maior diversidade de espécies descritas do filo
Mollusca. Além disso, é a classe de maior sucesso evolutivo por terem ocupado os mais
diversos habitats. Morfologicamente, apresentam o corpo torcido composto por uma concha
espiralada “encaixada” tubularmente ou em forma de capuz com funções de proteção contra
predadores e abrigo (RUPERT et al., 2005). Seus representantes são popularmente descritos
como lesmas, caracóis, e caramujos, dependendo da sua interação com a água (NAVARRO;
DOMINGUEZ, 2009).
As diferentes características de seu aparelho respiratório, permite que os gastrópodes
sejam classificados em prosobrânquios, opistobrânquios e pulmonados (BRUSCA;
BRUSCA, 2007). Os opistobrânquios respiram por meio de uma única brânquia localizada
atrás do coração e são, em sua maioria, marinhos. Já os pulmonados, se aquáticos, precisam
emergir para respirar, pois sua respiração acontece pela cavidade pulmonar, que é uma
modificação evolutiva da cavidade do manto. Por outro lado, os prosobrânquios respiram por
meio de brânquias e apresentam um opérculo calcário ou córneo, com a função de fechar a
cavidade da concha quando o seu corpo se retrai, auxiliando nas trocas gasosas
(LEME, 1995).
As conchas desses animais podem ser espiraladas para direita ou para esquerda, com
estruturas internas em formato laminar, denominadas lamelas (lâminas), resultantes da
deposição de carbonatos dentro da concha. Os gastrópodes se fixam às suas conchas por meio
do músculo columelar, resultado da evolução do par de músculos retratores, com função de
unir a parte mole do animal à estrutura interna centralizada às voltas da concha, denominada
columela. Isto possibilita a retração da cabeça e do pé para o interior da concha
(RUPERT et al., 2005). Na Figura 7 são mostradas as principais divisões da concha de um
gastrópode.
28
Figura 7 - Divisões da concha do gastrópode Achatina fulica.
Fonte: Adaptado de Fischer e Colley (2005)
2.3.1.2 Littoraria angulifera (Lamarck, 1822)
A espécie L. angulifera pertence à família Littorinidae. O primeiro fóssil associado a
manguezais foi datado do baixo e médio Eoceno, entre 34 a 40 milhões de anos atrás
(REID, 1989). Esse gênero, Littoraria, antes denominado Litorinopsis tem como habitat o
Atlântico Oriental e Ocidental (REID, 1989). Filogeneticamente foi descrito por Reid et al.
(2010) e o ancestral comum, mais próximo da espécie L. angulifera, data do período
Oligoceno, isto é, cerca de 23 a 34 milhões de anos atrás.
Anatomicamente, os indivíduos possuem concha em espiral cônica, com seis a oito voltas
e abertura em formato oval. De acordo com Mathews-Cascon e Lotufo (2006), a concha mede
aproximadamente 30 mm em adultos, com coloração variando de marrom a laranja (Figura 8).
Possui lábios interno liso e externo fino, seus olhos estão na base dos tentáculos e apresenta
dimorfismo sexual, em que o pênis do macho está alocado do lado direito da cabeça, próximo
ao tentáculo, posicionado anteriormente ao ânus. Nas fêmeas, na mesma região, que se
apresenta o pênis do macho, está o poro genital conforme mostrado na Figura 9 (BRUSCA;
BRUSCA, 2007).
29
Figura 8 - Concha de Littoraria angulifera
Fonte: A autora
Figura 9 - Representação anatômica frontal de Littoraria sp.
Fonte: Brusca e Brusca (2007).
30
Quanto à reprodução, L. angulifera se assemelha aos demais representantes da família
Littorinidae, com fecundação interna e desenvolvimento larval completo. Porém, como
característica marcante do gênero, possui a condição de ser ovovivípara incompleta. Assim,
retém os ovos até o estágio larval veliger ou de vida livre e os libera durante a maré alta
(GALLAGHER; REID, 1974; GUTIERREZ, 1988).
Os adultos são encontrados principalmente em manguezais, nas raízes, galhos e folhas
das espécies arbóreas Rhizophora mangle L., Avicenia sp. e Laguncularia racemosa L.
(REID, 1985). Segundo Gutierrez (1988), a brânquia pouco desenvolvida de L. angulifera e o
epitélio vascularizado para maior absorção de oxigênio do ar proporcionam baixa resistência à
submersão. Quanto aos predadores dessa espécie, os principais são as aves, os crustáceos, as
moscas parasitas e os peixes (REID, 1985).
Seu comportamento é aparentemente arborícola, alimentando-se de fungos livres ou
infestantes de plantas (KOHLMEYER; BEBOUT, 1986). Silva (2005) observou uma
alteração na rádula, justificando como uma possível consequência da mudança na dieta
influenciada pelo habitat do animal. Seu hábito alimentar é a principal via de absorção das
várias substâncias em seu organismo.
2.4 Estudos ambientais utilizando moluscos gastrópodes
2.4.1 Acumulação de elementos químicos: Biomonitoração
2.4.1.1 Definições
Seres vivos inseridos em ambientes poluídos tendem a acumular elementos químicos em
seu organismo como reflexo da disponibilidade de substâncias químicas em sedimentos, água
ou atmosfera (MARKERT, 1991; OEHLMANN; OEHLMANN, 2003). Assim, as espécies
são denominadas bioacumuladoras e podem ser utilizadas para fins de biomonitoração
ambiental (PHILLIPS; RAINBOW, 2013). No entanto, os bioindicadores são os seres vivos,
nos quais a abundância, riqueza e distribuição, entre outros aspectos populacionais
qualitativos e quantitativos são influenciados por mudanças nas condições ambientais. Assim,
alterações no seu comportamento ou mesmo sua extinção local são utilizados para
identificação de áreas impactadas (MARTIN; COUGHTREY, 1982; DALLINGER, 1994).
Essas espécies possuem um padrão de distribuição ambiental de acordo com seu nível de
31
tolerância à contaminação. É dessa forma, para os estudos de bioindicação são utilizadas
espécies mais sensíveis a fatores de estresse.
Para biomonitoração, são utilizadas espécies para obter os resultados quantitativos sobre
a qualidade do ambiente, podendo ser realizada de forma passiva e ativa. A ativa acontece por
meio da exposição de indivíduos criados em cativeiro a ambientes contaminados, enquanto a
biomonitoração passiva emprega espécimes “in situ”. O processo de biomonitoração é
iniciado e, por meio de medidas temporais, substâncias químicas e poluentes, podem ser
monitoradas diretamente no tecido do organismo biomonitor. Estas técnicas tornam-se
bastante atrativas por terem baixo custo e por utilizar a própria informação contida na
biodiversidade para a preservação da qualidade ambiental, principalmente no caso da
biomonitoração passiva (FRANÇA, 2006).
2.4.1.2 Uso de elementos químicos por organismos
O sucesso das técnicas de bioindicação e biomonitoração depende de como os elementos
químicos são utilizados pelos organismos. Para compreender melhor a interação desses com
os seres vivos, Fränzle e Markert (2000) criaram o Sistema Biológico dos Elementos (SBE)
como mostrado na Figura 11. Nele, foram consideradas as correlações entre os elementos
químicos e fatores evolutivos para construir o padrão de utilização dos elementos químicos,
pelos organismos. Contudo, elementos químicos como Na e H não foram considerados fixos
no sistema devido às características eletrolíticas (Figura 10). Além disso, grande parte dos
elementos químicos nutrientes como Cu, Mn, Zn, Ni, F, I, Se e Sn, tóxicos como As, Hg, Cd,
Pb e Sb, além de actinóides, também não foram posicionados no SBE (Figura 10).
32
Figura 10 - Sistema biológico dos elementos (SBE).
Fonte: Adaptado de Fränzle; Markert (2000)
A variedade de elementos químicos essenciais utilizados por animais e plantas
concomitantemente é limitada a 17, sendo menores ainda aqueles essenciais apenas para
animais (estanho, flúor, iodo, níquel, selênio e vanádio) e plantas (Boro) separadamente
(FRÄNZLE; MARKERT, 2002).
Dada a quantidade dos elementos químicos nos seres vivos, são classificados em macro e
micro nutrientes. Os macronutrientes, são elementos como cálcio, potássio e magnésio, cuja
quantidade nos organismos está na ordem de miligramas, enquanto os micronutrientes como
cobre, ferro, manganês, molibdênio, selênio e zinco tendem a ser encontrados na ordem de
microgramas (FRÄNZLE; MARKERT, 2000).
2.4.1.3 Moluscos bioindicadores/biomonitores de qualidade ambiental
Os gastrópodes, principalmente os marinhos, estão entre os grupos de animais mais
utilizados em estudos sobre à acumulação de elementos químicos. Pesquisadores utilizam as
espécies desse grupo (DALLINGER, 1994; ARELLANO et al., 1999; KANG et al., 1999;
BUSTAMANTE et al., 2000; KAVUN et al., 2002; GOMOT DE VAUFLEURY;
PIHAN, 2000; SANTOS et al., 2009; BORDEAN et al., 2014; MÉLO, 2014), devido às suas
33
especificidades morfológicas e fisiológicas (DALLINGER et al., 2001). Desse modo, esforços
analíticos para a quantificação de elementos químicos em moluscos terrestres para fins de
biomonitoração (ambientes impactados, como manguezais, são de grande valia para as
ciências ambientais).
Gomot De Vlaufleury e Pihan (2000) utilizaram Helix aspersa para a avaliação de áreas
contaminadas com Cd, Cu, Pb e Zn. Indivíduos da espécie de solos contaminados foram
analisados para estudar as consequências da exposição a diversas concentrações desses
elementos químicos para o desenvolvimento dos espécimes. Os autores observaram alterações
no crescimento e sobrevivência dos indivíduos pela presença dos poluentes.
Kang et al. (1999) estudaram a acumulação de Cd, Cu, Pb e Zn em espécimes de
Littoraria brevicula, coletados em locais sob influência de efluentes industriais na região de
Onsan, Coréia do Sul. Os resultados mostraram altas concentrações dos elementos químicos
Cd e Pb nos animais coletados próximos ao complexo industrial.
Kavun et al. (2002) compararam as concentrações de Cd, Cu, Fe, Pb, Mg, Ni, Zn nas
espécies de mexilhões Mytilus trossulus e Crenomytilus grayanus coletadas nas Ilhas Curilas,
Rússia. Os autores obtiveram altas concentrações de Fe e Zn para ambas as espécies em
região com fonte hidrotermal. Cádmio foi acumulado principalmente na espécie C. grayanus,
o que foi justificado pela longevidade da espécie.
Mélo (2014) utilizou os caramujos Littoraria angulifera e Melampus coffea para detecção
de impactos ambientais em manguezais de Pernambuco, propondo as espécies como
biomonitores de qualidade ambiental. Como resultado, foram observadas altas concentrações
de Cu (259 mg kg-1) e Zn (10300 mg kg-1) no Parque Memorial Arcoverde, Olinda, quando
comparadas com aquelas obtidas nos indivíduos de outros manguezais de Pernambuco. Nesse
trabalho, a autora também observou maior sensibilidade da espécie L. angulifera à
disponibilidade de elementos químicos proveniente de impactos antropogênicos.
2.4.1.4 Bioacumulação de elementos químicos em órgãos de invertebrados
A quantificação de elementos químicos em órgãos específicos pode facilitar a
identificação das principais vias de acumulação para a espécie biomonitora, assim como
permite explicitar a principal fonte de contaminação no ambiente estudado (Tabela 1).
Bordean et al. (2014), por exemplo, identificou absorção via contato ao estudar a espécie
Cantareus aspersus em florestas próximas a regiões industriais. Baseado nesses estudos,
pode-se inferir que o hepatopâncreas/glândula digestiva é o órgão que se destaca na
34
acumulação de elementos químicos. Alterações celulares neste órgão após exposição a
poluentes orgânicos e inorgânicos também foram observadas na literatura (DALLINGER et
al., 2001).
Tabela 1 – Acumulação de elementos químicos em órgãos/tecidos de invertebrados
empregados como biomonitores
Animal Elemento Órgão/ Tecido Referência
Cantareus aspersus
Mn
Concha
Hepatopâncreas*
Pé
Bordean et al. (2014)
Sinopotamon
henanense
Cd Hepatopâncreas*
Ovário Yang et al. (2013)
Crenomytilus
grayanus
Cd Glândula digestiva*
Guelras Kavun et al. (2002)
Nassarius
Reticulatus
Cu
Zn
Glândula digestiva*
Glândula epitelial
Manto
Rim
Trato reprodutivo
Santos et al. (2009)
Nautilus
macromphalus
Cd
Co
Fe
V
Zn
Glândula digestiva*
Sistema pericardial
Sistema renal
Bustamante et al. (2000)
(*) maior bioacumulação
Fonte: A Autora.
Para quantificação das concentrações de elementos químicos nos tecidos, diversas
técnicas analíticas podem ser empregadas, dependendo da matriz e do volume da amostra.
Algumas técnicas analíticas são pormenorizadas a seguir.
35
2.4.2 Técnicas analíticas em matrizes biológicas
As técnicas analíticas de Espectrometria de Fluorescência de Raios-X por Dispersão de
Energia (EDXRF) e de Espectrometria por Absorção Atômica com Chama (FAAS) têm sido
bastante empregadas para quantificar elementos químicos em diferentes tipos de amostras de
origem biológica. A primeira apresenta ampla faixa de elementos químicos identificáveis em
uma mesma análise, sendo assim denominada multielementar. É uma técnica não destrutiva,
considerando que a amostra não necessita de tratamento químico prévio para ser analisada
(MELQUIADES et al., 2008). A segunda, por sua vez, realiza a quantificação monoelementar
e as amostras, para serem lidas, devem estar na forma de solução, sendo previamente tratadas
quimicamente por ácidos (BUSTAMANTE et al., 2000; BORDEAN et al., 2014; YANG et
al., 2013)
2.4.2.1 Espectrometria de Raios-X por Dispersão de Energia (EDXRF)
É uma técnica analítica utilizada para a quantificação de elementos químicos em estudos
com matrizes biológicas e geológicas (MARGUÍ et al., 2005; SOUSA et al., 2013). Possui
facilidades que vão desde a automação da leitura, de troca da amostra e de auto vácuo. Os
limites de detecção alcançam concentrações da ordem de mg kg-1, que pode ser empregado
para quantificar a maioria dos elementos químicos presentes nessas matrizes (BOUMANS;
KLOCKENKÄMPER, 1989; MARGUÍ et al., 2005).
A análise química é possível a partir da geração de raios-X por uma fonte externa, cuja
radiação é absorvida pelos átomos da amostra. Os átomos produzem elétrons excitados que,
ao retornarem ao estado fundamental, pela passagem dos elétrons da camada de valência
superior, resultam na perda de energia na forma de fóton de raios-X como mostrado na
Figura 11 (LEDERER et al., 1967). A energia dos raios-X é característica ao elemento
químico que a originou, permitindo assim, a identificação dos elementos químicos presentes
na amostra (LEDERER, 1967; BOUMANS; KLOCKENKÄMPER, 1989).
36
Figura 11- Excitação de átomo a partir de raios-X
Fonte: Adaptado de Thermo Scientific (2015)
A quantificação dos elementos químicos nas amostras pode ser realizada a partir da
construção de curvas analíticas previamente obtidas pelas leituras das intensidades dos raios-
X característicos dos elementos químicos presentes em materiais de referência certificados
com matriz semelhante às amostras (SOUSA et al., 2013). Ainda, o equipamento de EDXRF
possui diversos colimadores que podem ser ajustados à quantidade disponível de amostras
finamente depositadas em filme de polipropileno (KLEIN; DUTROW, 2012). Essa
característica é bastante interessante para a análise de órgãos de pequenos invertebrados como
Littoraria angulifera, em que massas menores que 0,1 mg podem ser analisadas
(MAGALHÃES, 2015).
2.4.2.2 Espectrômetro de Absorção Atômica por Chama (FAAS)
A Espectrometria de Absorção Atômica (AAS) determina a concentração de elementos
químicos em matrizes biológicas e ambientais a partir da medição de absorbância nos
comprimentos de ondas de cada faixa de concentração de cada analito. Para serem analisadas,
as amostras devem passar por tratamento químico por meio de solubilização ácida dos
elementos químicos presentes na amostra (LAJUNEN, 1992; WELZ; SPERLING, 1999).
37
A Espectrometria de Absorção Atômica com Chama (FAAS) utiliza a atomização por
chama para produzir micropartículas que são irradiadas com comprimentos de ondas
conhecidos e específicos para cada um dos elementos químicos a serem quantificados na
solução (Figura 12). Essa técnica é indicada para a análise de elementos químicos presentes
na amostra em níveis da ordem de mg kg-1 (KRUG et al., 2004).
Figura 12- Funcionamento do FAAS
Fonte: Adaptado de Skoog et al (2002).
No equipamento de FAAS, as medições são realizadas após a obtenção de curvas
analíticas a partir de soluções-padrão dos analitos. O controle da qualidade do procedimento
analítico é realizado por meio de soluções de materiais de referência certificados,
solubilizadas a partir da mesma metodologia aplicada às amostras. Nesse equipamento, as
fontes de radiação responsáveis pela detecção dos elementos químicos nas amostras são
capazes de emitir radiação nas regiões visível e ultravioleta do espectro. Essas fontes de
radiação são constituídas por lâmpadas de cátodo confeccionadas ou revestidas com o próprio
elemento químico de interesse (WELZ; SPERLING, 1999).
As técnicas são capazes de quantificar as diferentes concentrações de elementos químicos
em várias matrizes, porém, em matrizes biológicas, mensurar essas concentrações no
organismo pode ser somente o primeiro passo em compreender as consequências de uma
acumulação. Dessa forma, trabalhos sobre a comparação com testes biológicos devem ser
estimulado.
38
2.4.3 Avaliação da mutagenicidade pelo teste do micronúcleo
A mutagenicidade ocorre por meio da ação de agentes estressores, que alteraram o ácido
desoxirribonucleico - DNA, modificando sua função ou estrutura e transferindo essa alteração
para a geração seguinte de células. Testes citogenéticos são empregados com a finalidade de
determinar nas células as consequências da mutagenicidade. Dentre os testes, tem-se o ensaio
do micronúcleo (MN), que consiste na contagem das células de organismos previamente
expostos a agentes estressores e registro da frequência de micronúcleos gerados durante o
processo mitótico (Figura 13) (HEDDLE et al., 1983; FLORES; YAMAGUSHI, 2009).
Por se tratar de uma análise rápida e de baixo custo (SANTOS, 2004; SILVA, 2010;
PINHEIRO et al., 2013), o ensaio do micronúcleo é frequentemente utilizado para análise da
mutagenicidade “in situ” ou “ex situ” em diversos organismos, incluindo moluscos
(FENECH; MORLEY, 1985; DEPLEDGE, 1998).
Silva (2010) expôs espécimes de Biomphalaria glabrata à radiação gama de 60Co a doses
de 25 Gy, 35 Gy, 45 Gy e 55 Gy, observando um aumento no número de micronúcleos
produzidos nos hemócitos, para as doses de até 45 Gy (frequência relativa de 0,04% de MN),
quando comparados ao grupo controle (0 Gy). Alterações celulares foram observadas nas
doses acima de 35 Gy, porém a apoptose (morte celular) ocorreu apenas nas células dos
espécimes expostos a 55 Gy, podendo justificar a menor frequência de micronúcleo
encontrada neste grupo (0,023%).
Figura 13 – Fotomicrografia de células micronucleadas de Mytilus galloprovincialis.
Fonte: Adaptado de Bolognesi e Fenech, 2012
39
Pinheiro et al. (2013) coletou indivíduos da espécie Ucides cordatus de manguezais de
Cubatão e Juréia em São Paulo. Os autores observaram 59 células micronucleadas das
30.000 células lidas nas lâminas confeccionadas com hemolinfa extraída dos 10 indivíduos
coletados em Juréia (frequência de 0,03% a 0,37% de MN) e 156 células micronucleadas das
30.000 células lidas nas lâminas confeccionadas dos espécimes coletados em Cubatão
(frequência de 0,23 a 0,87% de MN). Nesse trabalho também foi observado caranguejo com o
dedo fixo da própoda semelhante a uma mão, indicando que em ambientes muito impactados
também podem ser observados alterações histológicas e morfológicas.
2.4.4 Alterações histológicas e morfológicas
O excesso de elementos químicos em ambientes pode influenciar na função de alguns
tecidos/órgãos de seres vivos (OEHLMANN; OEHLMANN, 2003; LEVINTON, 2001). A
acumulação de substâncias químicas nos tecidos, modificações na sua estrutura e
funcionalidade podem acarretar, em alguns casos, anomalias irreversíveis (MERTZ, 2012). A
partir de estudos de alterações histológicas e morfológicas de órgãos, obtém-se resultados da
observação das consequências da exposição das espécies a esses elementos químicos
(MINCHIN et al., 1996; ARELLANO et al., 1999; CASTRO et al., 2000; CAETANO;
ABSALÃO, 2002; CASTRO et al., 2005; GARCIA-SANTOS et al., 2007;
COSTA et al., 2013; SANTOS et al., 2015).
O contato de moluscos com compostos orgânicos de estanho (COEs) podem causar uma
anomalia morfológica observada em várias espécies utilizadas para estudos ambientais
chamado de imposex ou pseudo-hermafroditismo. Esse fenômeno é caracterizado pelo
aparecimento de órgãos do aparelho reprodutor masculino em fêmeas, na maioria dos casos
não funcional, resultando na sua infertilidade (SMITH; BLAKEMAN, 1971;
GIBBS et al., 1987). Semelhante a anomalia supracitada, também causada pela exposição aos
COEs, está o intersex. Contudo, nessa alteração histológica, a presença dos caracteres sexuais
masculinos em fêmeas ocorre em fases tão iniciais, que não impedem a reprodução das
fêmeas (BAUER et al., 1997).
Outro fator relevante quanto à análise de alterações histológicas é a observação de
parasitas. Na análise histológica de bivalves de manguezais, Zeidan et al. (2012) observaram
baixa infestação de parasitas, mesmo assim, anomalias foram observadas nos tecidos,
causadas por uma espécie de trematódeo. Por outro lado, Cova et al. (2015) observaram que
40
apenas uma alta incidência de grupos de parasitos em bivalves ocasionaria alterações
histológicas como mostrado na Figura 14.
Figura 14 – Fotomicrografia de tecido digestivo de Crassostrea rhizophorae com setas indicando
parasita da espécie Nematopsis sp.
Fonte: Adaptado de Cova et al. (2015)
Como os danos nos tecidos dos animais estão relacionados a sobrevivência no ambiente,
são extremamente importantes as pesquisas envolvendo avaliações histológicas, uma vez que
há escassez de dados na literatura sobre a histologia de moluscos terrestres como
L. angulifera.
41
3. MATERIAL E MÉTODOS
O delineamento experimental da presente pesquisa científica envolveu diferentes
metodologias de diversas áreas, que foram realizadas para obter a separação dos órgãos para
análises químicas, a extração da hemolinfa, a coloração dos hemócitos para o ensaio de
micronúcleo e a preparação das lâminas histológicas. A amostragem ocorreu nos manguezais
do Espaço Ciência e do Rio Formoso, distintos quanto à influência antropogênica.
3.1 Descrição das áreas de estudo
3.1.1 Manguezal Espaço Ciência
Situado nas coordenadas geográficas de latitude 8°01’33.6”S e longitude 34º51’50.5”W,
o manguezal do Espaço Ciência - EC, chamado de Chico Science (Figura 15), inserido no
Museu Espaço Ciência (FIGUEIREDO et al., 2003), é a maior ilha de manguezal do Parque
Memorial Arcoverde. Nessa área, o clima na escala Köppen caracteriza-se
predominantemente tropical com estação seca no verão, classificado como As (CUNHA;
GUIMARÃES, 2000).
3.1.2 Manguezal Rio Formoso
A porção do manguezal do Rio Formoso - RF (Figura 15) a ser estudada, tem sua
localização às margens do Rio Ariquindá entre as coordenadas de latitude 8º40’05’’ S e
longitude 35º06’40’’W, situado na microrregião geográfica da Mata Meridional de
Pernambuco. O clima também é do tipo As, de acordo com a escala climática de Köppen
(SILVA et al., 2009).
42
Figura 15 – Localização geográfica dos manguezais de estudo
Fonte: Adaptado de SISCOM/IBAMA (2015).
3.2 Amostragem
A amostragem aconteceu entre os meses de agosto e outubro de 2015 durante a maré
baixa, por busca ativa com duração de uma hora, no médio estuário, em árvores de
manguezais, principalmente nas raízes aéreas de R. mangle (KOHLMEYER; BEBOUT, 1986,
MELO et al., 2012). Os animais coletados foram armazenados em recipientes de polietileno e
deixados em repouso para o esvaziamento do trato digestivo e posteriores análises. No
manguezal do Rio Formoso, 10 amostras compostas foram coletadas contendo de nove a 12
espécimes cada. No manguezal do Espaço Ciência, foram coletadas quatro amostras
compostas com cinco a sete indivíduos cada. Vale ressaltar que ambas as coletas possuíram o
mesmo esforço amostral, contudo, no Espaço Ciência, um menor número de espécimes foi
coletado, indicando uma população de L. angulifera já reduzida nessa área.
43
3.3 Procedimentos de laboratório para preparação de amostras
Os indivíduos foram lavados com Extran a 0,1 % (v/v), conforme ilustrado na Figura 16-
1 para remoção de possíveis contaminantes. Posteriormente, os animais foram pesados em
balança analítica (Figura 16-2), com a conseguinte realização da biometria da concha
(Figura 16- 3). Os animais foram mantidos em recipientes de polietileno até limpeza intestinal
durante 4 dias e após esse intervalo, 10 indivíduos do manguezal do Rio Formoso (RF) e 5 do
manguezal do Espaço Ciência (EC) seguiram para extração da hemolinfa (H) (Figura 16–4).
Os demais animais coletados (89 do RF e 17 do EC) foram dissecados (Figura 16–5) para a
retirada da glândula digestiva (GD) e gônada (G). Junto às amostras dos órgãos, os demais
órgãos e tecidos (DOT) de cada animal também foram encaminhados para a análise química
(Seção 3.4).
Figura 16 – Procedimentos para a preparação dos moluscos/amostras
Fonte: A autora
3.3.1 Dissecação dos animais
A concha e a massa visceral dos moluscos foram separadas (Figura 17) por rompimento
do músculo columelar. Para se atingir o músculo fez-se uma pequena incisão na concha
próxima ao lábio interno com uma pinça “dente de rato”. Para o rompimento, utilizou-se de
uma pinça de ponta curva. Após toda a massa visceral ser removida da concha, os espécimes
foram dissecados para separação dos órgãos e submetidos às demais etapas referentes às
análises químicas.
1 2 3 4 5
44
Figura 17 – Remoção da concha de um animal do manguezal do Rio Formoso.
Fonte: O autor
3.4 Análise química
3.4.1 Preparação das amostras
Com a dissecação, a glândula digestiva - GD, a gônada - G e demais órgãos e tecidos -
DOT foram congeladas a -20 ºC durante 24 horas. Em seguida, as amostras foram secas a frio
até peso constante (diferença entre pesagens sucessivas inferior a 1 mg). Os órgãos foram
cominuídos e homogeneizados em almofariz de vidro até tamanho de partículas menores que
0,5 mm. Primeiramente, as amostras homogeneizadas foram analisadas no Espectrômetro de
Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia – EDXRF, seguido pelo tratamento
químico necessário para a análise de cobre por Espectrometria de Absorção Atômica com
Chama - FAAS. O número das amostras simples, incluindo sua junção para a criação das
amostras compostas, está detalhado na Tabela 2. O arranjo experimental foi modificado de
modo a atender as condições analíticas para cada técnica empregada. Neste caso, para a
análise por EDXRF dos espécimes de Rio Formoso, foram coletados 89 indivíduos,
dissecados em G, GD e DOT, totalizando 8-9 indivíduos para cada amostra simples. Enquanto
para os exemplares de L. angulifera do Espaço Ciência, foram coletados 17 indivíduos,
também dissecados em G, GD e DOT. As amostras simples também foram reunidas para
formar as amostras compostas como mostrado na Tabela 2.
45
Tabela 2- Total de indivíduos por amostra, total de amostras e amostras compostas analisadas
para a quantificação de elementos químicos em L. angulifera. RF = Manguezal do Rio Formoso.
EC = Manguezal do Espaço Ciência.
Técnica /
analito Estrutura
RF EC
Total de
indivíduos/
amostra
Amostras
simples
Amostras
compostas
Total de
indivíduos/
amostra
Amostras
simples Amostras
compostas
EDXRF /
Ca, Cl, Fe, K,
Mg, P, S, Sr,
Zn
G 8-9 10 - 4-7 3 -
GD 8-9 10 - 4-7 3 -
DOT 8-9 10 - 4-7 3 -
FAAS /
Cu
G 8-9 10 1 17 3 1
GD 16-18 10 5 17 3 1
DOT 8-9 10 10 4-7 3 3
Fonte: A autora
Em consequência do cobre estar relacionado no transporte de substâncias na hemolinfa,
houve a necessidade de análise deste elemento químico por FAAS, uma vez que os limites de
detecção de EDXRF com o colimador de 3 mm seriam elevados (maiores que 100 mg kg-1).
Como algumas estruturas analisadas tinham pouca massa, fez-se necessário o rearranjo
amostral para obter massa suficiente das estruturas de G e GD de ambos locais de coleta.
Aquelas amostras contendo 8-9 indivíduos do Rio Formoso, foram agrupados em 1 e em 5
amostras compostas para G e GD, respectivamente (Tabela 2). Enquanto para o Espaço
Ciência, todas as amostras simples das estruturas G e GD perfizeram uma amostra composta.
Assim, a técnica de EDXRF possibilitou a quantificação de Ca, Cl, Fe, K, Mg, P, S, Sr e Zn e
a técnica de FAAS a quantificação de cobre, conforme mostrado na Tabela 2.
3.4.2 Análise química por EDXRF
Previamente, realizou-se a calibração do equipamento EDX-720 da Shimadzu
(Figura 19), a partir dos padrões A-750 (calibração em energia e resolução) e SUS
(verificação da calibração realizada anteriormente). As amostras foram transferidas para
cápsulas de polietileno específicas para a análise por EDXRF e vedadas com filme de
polipropileno na base e no topo (Figura 19). Como as análises aconteceram no vácuo (<30
Pa), pequenos respiradores foram feitos no polipropileno do topo das cápsulas com o auxílio
46
de agulha para evitar o rompimento do filme de polipropileno durante as análises químicas na
atmosfera com pressão do ar menor que 30 Pa.
Figura 18 – Equipamento EDX-720 para análise química por Fluorescência de Raios-X por
Dispersão de Energia.
Fonte: A autora
As medições da radioatividade induzida ocorreram em triplicata com tensão de 15 kV
para a determinação dos elementos químicos de número atômico menor que 22 e tensão de
50 kV para os demais elementos químicos. A determinação dos elementos químicos nas
amostras foi realizada a partir de curvas analíticas obtidas por diversos materiais de referência
conforme procedimento realizado por Sousa et al. (2013). Para o controle da qualidade do
procedimento analítico, porções dos materiais de referência certificados SRM 2976 Mussel
Tissue (Trace Elements & Methylmercury), SRM 1547 Peach Leaves e RM 8415 Whole Egg
Powder do National Institute of Standard and Technology (NIST) foram analisados junto às
amostras. Detalhes sobre as condições analíticas para as determinações de Ca, Cl, Fe, K, Mg,
P, S, Sr e Zn em amostras biológicas podem ser consultados em Mélo (2014),
Magalhães (2015) e Santos et al. (2015).
47
Figura 19-Cápsula de polipropileno específicos para análise química por EDXRF.
Fonte: A autora
Após as análises por EDXRF, as amostras de gônada e glândula digestiva formaram
amostras compostas (Tabela 2) para possibilitar a determinação de cobre por FAAS após
tratamento químico com ácidos para a solubilização dos analitos das amostras.
3.4.3 Tratamentos químicos
As amostras foram submetidas a dois diferentes tipos de tratamentos químicos para serem
analisadas por FAAS. O primeiro tratamento químico foi aplicado para glândula digestiva -
GD e gônada - G, enquanto o segundo foi empregado para a digestão dos demais órgãos e
tecidos – DOT. O procedimento em forno digestor facilitou a solubilização dos analitos em
material de composição mais complexa como é o caso dos demais órgãos e tecidos – DOT.
3.4.3.1 Banho de ultrassom
Aproximadamente 0,5 g das amostras do Rio Formoso foram obtidos após o agrupamento
de 10 amostras de gônadas e 5 de glândulas digestivas (Tabela 2). De acordo com o número
de espécimes coletados no manguezal do Espaço Ciência, foram agrupadas três amostras
individuais de cada estrutura para a obtenção de uma amostra composta de gônada e uma de
glândula digestiva (Tabela 2). As amostras compostas, junto às três amostras de 0,5 g do
material de referência RM 8414 produzido pelo National Institute of Standards and
48
Technology – NIST e do branco analítico foram tratados quimicamente seguindo a
metodologia proposta por Magalhães (2015):
Para cada 50 mg de amostra, 1 mL de HNO3 (ácido nítrico) concentrado (p.a ~65%);
foi depositado em tubos de ensaio;
A mistura foi deixada em repouso na capela de fluxo laminar por 24 horas;
Agitou-se manualmente para evitar a adesão do material nas paredes do tubo;
Após a temperatura da água do banho de ultrassom atingir aproximadamente 80 ºC, os
tubos foram dispostos nesse banho como mostrado na Figura 20 por cerca de 1 hora;
Os tubos seguiram para capela de fluxo laminar e permaneceram em repouso até
atingir a temperatura ambiente;
0,1 mL de H2O2 (peróxido de hidrogênio) foi adicionado para cada 50 mg de amostra;
A mistura foi devolvida para o banho de ultrassom (80 ºC) por mais 1 h;
Após repouso em capela de fluxo laminar até atingir a temperatura ambiente, as
soluções foram filtradas (quantitativo) e acondicionadas em frascos de polietileno
devidamente lavados seguindo o procedimento-padrão do Centro Regional de Ciências
Nucleares do Nordeste – CRCN-NE.
O volume final foi completado até 30 mL para obtenção das amostras e dos materiais
de referência digeridos e diluídos.
Figura 20- Tubos com amostra no equipamento de ultrassom.
Fonte: A autora
49
3.4.3.2 Forno digestor
O segundo tratamento químico, também aplicado às porções do material de referência
NIST RM 8414 e ao branco analítico, foi utilizado para a digestão das amostras referentes aos
demais órgãos e tecidos – DOT, que contém as partes mais fibrosas dos caramujos, como o pé
e o músculo columelar. Nessa metodologia, porções-teste de 0,5 g das amostras foram
transferidas para tubos de Teflon com capacidade para 30 ml. As etapas do procedimento
químico por forno digestor (MÉLO, 2014) foram:
Adição de 6,0 ml de HNO3 (ácido nítrico) concentrado p.a. (~65%);
A mistura permaneceu em repouso na capela de fluxo laminar por 24hs;
Agitou-se manualmente para evitar a adesão do material nas paredes do tubo;
Adicionou-se 1,0 ml de HClO4 (ácido perclórico) concentrado;
Aqueceu-se a solução em forno digestor (Figura 21), conforme programa de ciclos
previamente estabelecidos em Mélo (2014).
Finalmente, as soluções foram filtradas, como mostrado na Figura 22, e
acondicionados em potes de polietileno.
O volume da solução foi completado até 30 ml com água ultra-pura.
Figura 21 - Forno digestor MarsXpress 5 CEM.
Fonte: O Autor.
50
Figura 22 – Procedimento de filtragem da amostra tratada quimicamente em capela de fluxo
laminar.
Fonte: O autor
3.4.4 Análise química por FAAS
As soluções de amostras, branco analítico e de materiais de referência foram analisadas
por Espectrometria de Absorção Atômica com Chama no equipamento AA da Agilent
(Figura 23). A curva analítica foi obtida a partir da análise de soluções com alto grau
metrológico (Merk). O comprimento de onda utilizado foi 324,8 nm com abertura de 0,5 nm
(slit). O tipo de chama foi ar/acetileno com os respectivos fluxos de 13,50 l min-1 e
2,00 l min-1. As análises foram realizadas em triplicatas. Os cálculos das concentrações foram
realizados em planilha Microsoft Excel ®.
51
Figura 23 – Equipamento SpectrAA 220 da Varian/Agilent.
Fonte: O autor
3.5 Extração da hemolinfa para teste do micronúcleo
A extração da hemolinfa para teste do micronúcleo foi realizada no Laboratório de
Radiobiologia do Departamento de Biofísica e Radiobiologia do Centro de Biociências da
Universidade Federal de Pernambuco. A metodologia utilizada foi uma adaptação da técnica
de Gorbushin e Iakovleva (2007). Nessa técnica, o material foi coletado no laboratório com o
animal in vivo, os materiais utilizados na extração foram siliconizados com Sigmacote®,
solução que reduz a fixação dos hemócitos as paredes do material durante sua manipulação.
Foi procedida a punção para coleta de hemolinfa na região denominada sinus bucal utilizando
uma agulha siliconizada de 25 mm de diâmetro (Figura 24).
52
Figura 24 – Punção no molusco L. angulifera (A), com agulha de 25 mm (B), pelo sinus bucal
para extração de hemolinfa.
Fonte: O autor
Para deposição da hemolinfa utilizou-se de duas metodologias (Figura 25), ambas
testadas previamente nos animais do manguezal do Rio Formoso para padronização da
técnica.
A metodologia representada na Figura 25-A seguiu à proposta por Gorbushin e
Iakovleva (2007). Nessa, a hemolinfa foi extraída de cinco animais do manguezal do Rio
Formoso, sendo depositada em tubos de microcentrífuga (eppendorfs) de 2 mL, previamente
siliconizados, contendo 100 μL de ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) a 10 mM com
Solução de Ringer na proporção 1:1. A mistura hemolinfa e EDTA foi homogeneizada e
alíquotas de 100 μL transferidas com auxílio de micropipeta variável entre 20 μL e 200 μL e
ponteira siliconizada para a lâmina microscópica.
Para a metodologia ilustrada na Figura 25-B, o volume de EDTA nas lâminas variou de
45 a 50 μL, depositados diretamente na lâmina, seguindo do gotejamento da hemolinfa para
homogeneização com o EDTA na própria lâmina de microscopia. O processo de montagem
das lâminas foi igual para ambas as metodologias, em que, as lâminas foram acondicionadas
em câmara úmida por 30 minutos para a fixação das células por EDTA (SILVA, 2010). Em
A B
53
seguida, foram adicionados 90 μL a 100 μL da solução de Gluteraldeido com Ringer a 1%
com tempo de repouso de 10 minutos. Ao final dessa etapa, as lâminas foram lavadas com
água destilada, para retirar o excesso de solução e seguiram para a etapa de coloração. As
lâminas foram imersas em solução do corante Giemsa a 10%, durante 7 minutos.
Posteriormente, as lâminas foram lavadas com Ringer, e posicionadas inclinadas, na bancada,
para secarem em temperatura ambiente (25ºC). As lâminas foram observadas em microscópio
óptico com objetiva de 40x para a verificação da presença de hemócitos nas duas
metodologias empregadas. A metodologia mais eficiente, para o teste do micronúcleo, foi
aquela que permitiu a contagem de 1000 células. A contagem aconteceu por meio de
microscópio óptico com objetiva de 100x e, com isso, registraram-se as frequências das
diferentes morfologias dos hemócitos analisados. As imagens das células foram capturadas
em microscópio óptico Leica DM1000, acoplado com uma câmera DMC 2900, e analisadas
por meio do software LAS Core.
Figura 25 - Representação das metodologias do preparo da hemolinfa para deposição na
lâmina. A. Metodologia adaptada por Gorbushin e Iakovleva (2007). B. Hemolinfa depositada
diretamente na lâmina contendo a solução de EDTA.
Fonte: O autor
54
3.6 Preparo das lâminas histológicas
Os espécimes utilizados para a extração da hemolinfa seguiram em recipiente de vidro
com formol a 10 % para o Laboratório de citologia no Departamento de Histologia do Centro
de Biociência da UFPE. Os espécimes foram retirados do formol, desidratados com álcool e
clareados com xilol. Esta substância removeu lipídios, preparando os animais para serem
impregnados com parafina a partir da emblocação (Figura 26-A). Em seguida, esperou-se o
tempo necessário (24 horas) para a secagem da parafina, para a realização dos cortes
longitudinais em micrótomo com lâmina de aço (Figura 26-B). Os cortes foram feitos com
5 μm de espessura e seguiram para o banho-maria (45º por 2 minutos) para serem
posicionados nas lâminas. Posteriormente, para finalização da lâmina histológica (Figura 26-
C) foi adicionado xilol na lâmina de microscopia para remoção da parafina, hidratado em
álcool, de maior para menor concentração, lavados em água corrente e imersos em
Hematoxilina (corante básico), por 5 minutos, lavados novamente em água corrente e imersos
em Eosina (corante ácido) por cerca de 30 segundos. A análise histológica foi realizada em
microscópio óptico com aumento de até 40x para a obtenção das fotomicrografias.
Figura 26 – Cortes histológicos de peças de moluscos. Peças emblocadas (A), micrótomo (B) e
lâminas histológicas (C).
Fonte: O autor
A B C
55
3.7 Análise dos resultados
A análise dos resultados compreendeu técnicas estatísticas para a expressão dos
resultados das concentrações dos elementos químicos determinadas por EDXRF e FAAS e
para a comparação dos dados de frequência de micronúcleos, binucleação e apoptose. Análise
comparativa e descritiva foi utilizada para os estudos histológicos, baseada principalmente em
dados de outros moluscos, uma vez que não foram encontrados resultados de histologia para
L. angulifera.
3.7.1 Análises químicas
A garantia da comparabilidade dos resultados das análises químicas realizadas por
EDXRF e FAAS foi baseada na análise de materiais de referências certificados, cujas
porções-teste foram analisadas concomitantemente às amostras. A incerteza analítica foi
estimada (Seção 3.5.1.1), permitindo os cálculos do Número En para a avaliação da qualidade
do procedimento analítico (Seção 3.5.1.2).
3.7.1.1 Incerteza Analítica
A estimativa de incerteza analítica das técnicas espectrométricas, EDXRF e FAAS, foi
obtida a partir da soma quadrática das incertezas individuais referentes à precisão e à exatidão
segundo o EURACHEM/CITAC Guide CG (ELLISON; WILLIAMS, 2012). Esses valores de
incertezas foram expandidos em nível de 95% de confiança.
3.7.1.2 Qualidade do procedimento analítico
Para validação do procedimento analítico, foi utilizado o Número En (Equação 1). Para
alcançar o nível de confiança de 95%, a faixa adequada para os resultados do Número En é
entre -1 e 1, conforme recomendação da ISO 13528/2005.
En =
𝑋𝑜𝑏𝑠 − 𝑋𝑟𝑒𝑓
√𝑈𝑜𝑏𝑠2 + 𝑈𝑟𝑒𝑓
2
(1)
56
na qual,
𝑋𝑜𝑏𝑠 = valor observado na análise do material de referência;
𝑋𝑟𝑒𝑓 = valor do certificado de análise para o material de referência;
𝑈𝑜𝑏𝑠 = incerteza analítica expandida em nível de 95% de confiança do valor obtido do
material de referência;
𝑈𝑟𝑒𝑓 = incerteza analítica expandida em nível de 95% de confiança do valor certificado
para o material de referência.
3.7.2 Análise de hemócitos
O procedimento adotado para a análise dos hemócitos envolveu os critérios para a
identificação das células micronucleadas e a obtenção dos intervalos de confiança das
frequências de micronúcleos, binucleação e apoptose dos hemócitos de L. angulifera
coletados nos manguezais do Espaço Ciência e Rio Formoso.
3.7.2.1. Critérios para identificação de células micronucleadas
As células foram contadas individualmente utilizando-se de um contador de células
manual. De cada lâmina escolhida aleatoriamente, o mesmo número de células foi
quantificado e classificado quanto à presença de micronúcleos, resultando na frequência de
células afetadas do total de células contadas. Desse modo, realizou-se a verificação de
possíveis riscos de malformação celulares nos animais (FLORES; YAMAGUCHI, 2009). As
células micronucleadas obedeceram ao critério estabelecido por Chequer (2008), no qual
micronúcleos - MN tiveram, no mínimo, 1/16 e, no máximo, 1/3 do tamanho dos núcleos
(Figura 27-A). Também foram considerados micronúcleos aqueles com a mesma coloração e
formato oval (Figura 27-B). Não foram consideradas como micronucleadas as células em que
os micronúcleos estiveram em contato direto com o núcleo, sobreposto e sem limite
distinguível (Figura 27-C).
57
Figura 27 – Critérios de identificação de MN. A = Núcleo e micronúcleo bem definidos. B =
Núcleo e micronúcleo com a mesma coloração. C = Célula não micronucleada.
Fonte: Adaptado de Silva (2010).
3.7.2.2 Intervalos de confiança para a frequência de variáveis relacionadas com a
mutagenicidade em L. angulifera
Para a determinação do intervalo de confiança dos resultados das variáveis relacionadas
com a mutagenicidade, assumindo-se distribuição de Poisson com proporção 𝑝 para 𝑛
amostras com estimativa de desvio-padrão 𝑠 = 𝑝(1 − 𝑝)/𝑛1/2, optou-se pelos cálculos dos
intervalos de confiança de Wald e Wilson em nível de 95% de confiança (𝑧𝛼
2= 1,96).
Para o método de Wald, assumiu-se a aproximação da distribuição de 𝑝 como sendo
distribuição normal (WALD, 1943) segundo a Equação 2.
(𝑒−𝑒+) ≡ (𝑝 − 𝑧𝛼2
. 𝑠, 𝑝 + 𝑧𝛼2
. 𝑠) (2)
No caso do intervalo de confiança de Wilson, aplicou-se uma correção para a obtenção
dos limites superiores e inferiores em nível de 95% de confiança, uma vez que a suposição de
distribuição normal pode não ser realista para a proporção 𝑝 (WILSON, 1927). Para isso,
aplicou-se a seguinte equação (3):
58
(𝑤−, 𝑤+) ≡
(𝑝 +𝑧𝛼
2
2
2𝑛 ± √𝑝(1 − 𝑝)𝑛 +
𝑧𝛼2
2
4𝑛2)
(1 +𝑧𝛼
2
2
𝑛 )
(3)
Os resultados de intervalo de confiança foram comparados diretamente para as variáveis
Proporção de Micronúcleo – MN, Proporção de Células Binucleadas e Proporção de Apoptose
para os animais coletados nos Manguezais de Rio Formoso e do Espaço Ciência.
3.7.2.3 Tamanho mínimo de amostra ou suficiência amostral
A partir da estimativa da proporção média 𝑝 e do desvio-padrão 𝑠, testou-se a quantidade
mínima de lâminas necessárias para garantir um erro de 20% ou 40% para as variáveis
medidas (Proporção de Micronúcleo – MN, Proporção de Células Binucleadas e Proporção de
Apoptose) de acordo com a Equação 4:
𝑛 = ( 𝑍𝛼
2× 𝑠
𝐸)
2
(4)
na qual,
𝑛 = número de amostras
𝑍𝛼2 = valor crítico de 95% de confiança = 1,96
𝑠 = desvio padrão da variável em questão
𝐸 = margem de erro considerada aceitável para os ensaios de micronúcleo
59
3.7.3 Alterações histológicas
A avaliação das alterações histológicas foi realizada em microscópio óptico com aumento
de 10x e 40x para descrição da diferenciação sexual e das alterações celulares nos tecidos dos
diferentes animais analisados com relação a:
Células em estágios degenerativos, que apresentam como característica principal a
vacuolização e a atrofia;
Células em estágio destrutivo, caracterizado pela redução da camada epitelial,
necroses e descamação de células digestivas basófilas;
Células em estágios inflamatórios, ocorrendo à infiltração de hemócitos no tecido
conjuntivo, encapsulação e formação de granulócitos (USHEVA et al., 2006),
Células infestadas com parasitas (ZEIDAN et al., 2012).
60
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A acumulação de elementos químicos foi diferenciada para os órgãos de L. angulifera
dos manguezais estudados em que os resultados tiveram de nível metrológico garantido e com
comparabilidade demonstrada. De acordo com o ensaio de mutagenicidade, a principal
diferença encontrada foi com relação às células apoptóticas. Os resultados do estudo
histológico foram expressivos, indicando grande pressão ambiental para os espécimes de
L. angulifera do manguezal do Espaço Ciência.
4.1 Elementos químicos em órgãos de L. angulifera
A aplicação das técnicas EDXRF e FAAS permitiu a quantificação dos elementos
químicos essenciais Ca, Cl, Cu, Fe, K, Mg, P, S, Zn e o elemento traço Sr na glândula
digestiva – GD, na gônada – G e nos demais órgãos e tecidos – DOT. Inicialmente, garantiu-
se a qualidade do procedimento analítico, seguida pela quantificação dos elementos químicos
para a comparação entre os órgãos dos animais coletados nos manguezais do Espaço Ciência
e do Rio Formoso. A obtenção das impressões digitais (fingerprints) facilitou o entendimento
da acumulação dos elementos químicos pelos organismos, identificando as principais vias de
circulação de Ca, Cu, Fe e Zn nos animais sujeitos a impactos antropogênicos.
4.1.1 Qualidade dos procedimentos analíticos
Os resultados dos materiais de referências analisados por EDXRF e FAAS estão
apresentados na Tabela 5. As concentrações dos elementos químicos estiveram em
concordância com os valores certificados, principalmente ao considerarem-se as incertezas
analíticas expandidas em nível de 95% de confiança. A qualidade dos procedimentos
analíticos foi comprovada a partir dos valores do Número En, que estiveram entre -1 e 1, para
os elementos químicos quantificados nos materiais de referência (Tabela 3). Com isso,
assume-se que os procedimentos analíticos empregados corroboraram para a determinação de
Ca, Cl, Cu, Fe, K, Mg, P, S, Sr e Zn nos órgãos de L. angulifera.
61
Tabela 3 - Valores obtidos e certificados (mg kg-1), incertezas analíticas
expandidas para 95% de confiança e valores de Número En para os
materiais de referência analisados por EDXRF e FAAS.
Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia
SRM 2976 Mussel tissue
Analito Valor Obtido Valor Certificado
Número En M Inc. M Inc.
Cl 58000 ± 1800 57000 ± 5000 0,1
Fe 169 ± 54 171 ± 4,9 -0,0
K 9500 ± 1000 9700 ± 500 -0,2
Mg 4700 ± 1200 5300 ± 500 -0,3
P 9600 ± 500 8300 ± 1700 0,7
Sr 101 ± 10 93 ± 2 0,7
Zn 157 ± 25 137 ± 13 0,6
SRM 1547 Peach leaves
Ca 14800 ± 800 15600 ± 2000 -0,3
RM 8415 Whole egg powder
S 4570 ± 530 5120 ± 500 -0,7
Espectrometria de Absorção Atômica com Chama
RM 8414 Bovine muscle powder
Cu1 2,59 ± 0,6 2,84 ± 0,45 -0,3
Cu2 2,65 ± 0,6 2,84 ± 0,45 -0,3
M = média
Inc. = incerteza expandida em nível de 95% de confiança 1tratamento químico com banho de ultrassom 2tratamento químico com forno digestor
Fonte: O autor
4.1.2 Variabilidade das concentrações de elementos químicos determinados nos órgãos
de L. angulifera
As concentrações médias (M) dos elementos químicos em mg kg-1, desvio padrão (DP),
número de amostras (n) e incerteza analítica expandida em nível de 95% de confiança para as
amostras de gônada - G, glândula digestiva – GD e demais órgãos e tecidos – DOT dos
animais dos manguezais do Rio Formoso – RF e do Espaço Ciência – EC estão na Tabela 4.
Para os resultados de Cu das amostras compostas, optou-se em mostrar a incerteza analítica
62
para possibilitar alguma inferência sobre a “variabilidade esperada” para os resultados de
gônada de RF e de EC, assim como para GD de EC. As concentrações foram bastante
variáveis para Ca nos demais órgãos e tecidos – DOT, assim como Cl para a glândula
digestiva dos animais do manguezal de Rio Formoso. Altíssimos valores de concentração de
Cu e Zn foram observados na gônada e na glândula digestiva (Zn 12.300 mg kg-1 e
20.600 mg kg-1 e Cu 1.200 mg kg-1 e 393 mg kg-1, respectivamente), nos animais do Espaço
Ciência.
Tabela 4 – Concentrações médias (M) dos elementos químicos em mg kg-1, desvio padrão (DP), número de
amostras (n) e incerteza analítica expandida em nível de 95% de confiança (em %) para as amostras de
gônada - G, glândula digestiva – GD e demais órgãos e tecidos – DOT dos animais dos manguezais
do Rio Formoso – RF e do Espaço Ciência – EC.
Local Amostra
Ca Cl Cu** Fe K Mg P S Sr Zn
RF
G
M <1400*
14100 97 1830 7951 21600 8520 8520 200 1710
DP 1924 22 440 423 4163 798 904 27 371
n 10 10 1 10 10 10 10 10 10 10
GD
M <1400*
1700 70 1940 6940 19200 6940 8110 220 1000
DP 2427 15 292 198 3638 435 726 27 243
n 10 10 5 10 10 10 10 10 10 10
DOT
M 15100 33500 75 243 10700 8740 6270 10400 186 134
DP 10900 2690 6 55 657 852 532 1130 17 25
n 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
EC
G
M <1400*
21600 1200 3780 5890 10100 15800 8620 118 12300
DP 6422 270 1902 202 1377 1329 935 61 4482
n 3 3 1 3 3 3 3 3 3 3
GD
M <1400*
20000 393 5920 6250 9600 13400 8560 211 20600
DP 4189 89 885 325 1765 158 665 22 3126
n 3 3 1 3 3 3 3 3 3 3
DOT
M 8130 35700 161 940 11200 7650 6800 9620 179 850
DP 1760 8700 71 200 1650 405 1010 620 14 310
n 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
*valores menores que a concentração mínima detectável.
**análise realizada em FAAS com amostras compostas para G e GD
Fonte: O autor
63
A glândula digestiva é conhecida como órgão responsável por acumular elementos
químicos tóxicos (BUSTAMANTE et al., 2000; KAVUN et al., 2002; SANTOS et al., 2009;
YANG et al., 2013; BORDEAN et al., 2014). Com relação à gônada, deve ser levado em
consideração o papel desse órgão na perpetuação da espécie. Estudos ressaltam a importância
desse órgão devido à reserva energética, possivelmente associada à produção de gametas.
Deste modo, destaca-se a sensibilidade desse órgão para estudos de contaminação ambiental
(ANSALDO et al., 2006).
Os resultados médios de Cu (70 mg kg-1) para as glândulas digestivas dos animais do
manguezal do Rio Formoso foram compatíveis com os resultados do cefalópode Nautilus
macromphalus (106 mg kg-1). Já para os animais do Espaço Ciência, os valores médios
atingiram cerca de 390 mg kg-1, o que provavelmente está relacionado com o impacto
antropogênico. Contudo, moluscos destacam-se pela alta variabilidade na concentração desse
elemento químico na glândula digestiva, atingindo até 8.400 mg kg-1 no cefalópode Loligo
opalescens (MARTIN; FLEGAL, 1975; BUSTAMANTE et al., 2000). Dessa maneira, as
demais avaliações relacionadas à mutagenicidade e às alterações histológicas podem
fundamentar a pressão ambiental sofrida por L. angulifera no Espaço Ciência.
As concentrações médias de Fe para as glândulas digestivas de L. angulifera do
manguezal Rio Formoso (1.940 mg kg-1) e do Espaço Ciência (5.920 mg kg-1) foram muito
mais elevadas do que aquelas observadas (cerca de 670 mg kg-1) em N. macromphalus
(BUSTAMANTE et al., 2000). Concentrações de Fe de até 2.330 mg kg-1 foram encontradas
em ambientes impactados para o gastrópode Patella vulgata (BRYAN;
HUMMERSTONE, 1977). Nesse caso, provavelmente a análise da glândula digestiva
resultaria em valores mais elevados do que aqueles encontrados nos organismos.
Para Zn, a concentração média (1.000 mg kg-1) das glândulas digestivas dos animais do
manguezal do Rio Formoso foi similar quando comparada com aquela encontrada (valores
médios de 560 mg kg-1) para cefalópodes (BUSTAMANTE et al., 2000). Todavia, relato
sobre a concentração altíssima de Zn (20.600 mg kg-1) da glândula digestiva dos animais do
Espaço Ciência não foi encontrada na literatura, sendo o valor máximo obtido de 830 mg kg-1
± 355 mg kg-1 por Bryan e Hummerstone (1977) na glândula digestiva do cefalópode
Nototodarus gouldi. Valor máximo de 2.940 mg kg-1 foi encontrado nos tecidos do bivalve
Scrobicularia plana, o que poderia levar à mais alta concentração desse elemento químico na
glândula digestiva, porém possivelmente menor que 20.600 mg kg-1 (BRYAN;
HUMMERSTONE, 1977).
64
4.1.3 Impressões digitais (fingerprints) dos órgãos estudados de L. angulifera
Para melhor observação da relação de acumulação dos elementos químicos com os
órgãos dos espécimes e dos manguezais estudados, os resultados das concentrações químicas
foram utilizados para a obtenção de impressões digitais dos órgãos dos animais (fingerprints).
Na Figura 28, é possível observar a tendência dos animais em concentrar Cu, P, Mg e Zn na
gônada – G. Apenas Cl foi acumulado nos demais órgãos e tecidos – DOT. Desse modo, foi
possível confirmar que a glândula digestiva e a gônada não apresentaram tendência de
acumulação de elementos químicos ao menos para os elementos químicos avaliados nos
animais do manguezal do Rio Formoso.
Figura 28 – Gráfico de impressão digital dos órgãos dos animais coletados no Rio Formoso
Fonte: O autor
Técnica semelhante à utilizada para quantificar elementos químicos nesses espécimes foi
aplicado a órgãos do cefalópode Nautilus macromphalus encontraram resultados um pouco
discrepantes aos obtidos para L. angulifera, uma vez que a glândula digestiva do cefalópode
apresentou a maior acumulação de elementos químicos (BUSTAMANTE et al., 2000).
Segundo Martin e Flegal (1975), essa espécie de cefalópode pode acumular substâncias
químicas devido as suas características fisiológicas mais primitivas.
A distribuição dos elementos químicos nos órgãos de L. angulifera do manguezal do
Espaço Ciência pode ser observada no gráfico de impressão digital apresentada na Figura 29.
Nesse ambiente, diferentes composições químicas foram identificadas para os elementos
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Cl Cu Fe K Mg P S Sr Zn
G GD DOT
65
químicos nos órgãos analisados, em que Cu foi principalmente acumulado na gônada – G; Fe
e Zn na glândula digestiva, Ca, Cl e K nos demais órgãos e tecidos - DOT.
Figura 29 – Gráfico de impressão digital dos órgãos dos animais coletados no Espaço Ciência
quanto à distribuição dos elementos químicos
Fonte: O autor
Para uma melhor visualização das diferenças entre os animais quanto às concentrações de
elementos químicos determinados nos órgãos, foram propostas impressões digitais
comparando os resultados para os manguezais estudados. Na Figura 30, foram apresentadas as
impressões digitais das gônadas, em que as concentrações de Cu, Fe, P e Zn foram maiores no
manguezal do Espaço Ciência. Em ambos os ecossistemas não houve grande variação quanto
ao acúmulo dos elementos químicos Cl e Sr nas gônadas. Para K, Mg e S, as concentrações
foram levemente superiores para os animais do Rio Formoso. É evidente que, considerando o
aspecto nutricional, os indivíduos do Rio Formoso possuem maiores concentrações de
nutrientes nesse órgão do que os animais do Espaço Ciência (Figura 30).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Cl Cu Fe K Mg P S Sr Zn
G GD DOT
66
Figura 30 – Gráfico de impressões digitais dos resultados de gônadas de L. angulifera dos
manguezais do Espaço Ciência (EC) e do Rio Formoso (RF)
Fonte: O autor
Comportamento semelhante foi notado para a acumulação dos elementos químicos nas
glândulas digestivas dos animais do Espaço Ciência (EC) e do Rio Formoso (RF) conforme
mostra a Figura 31. Vale ressaltar que as impressões digitais são bastante interessantes para a
comparação entre locais e podem ser bastante características dos processos a serem
monitorados como mostrado por Ricardo et al. (2015).
Figura 31 – Gráfico de impressões digitais de glândulas digestivas das amostras do Espaço
Ciência (EC) e Rio Formoso (RF)
Fonte: O autor
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Cl Cu Fe K Mg P S Sr Zn
RF EC
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Cl Cu Fe K Mg P S Sr Zn
RF EC
67
O reflexo da acumulação nos órgãos gônada e glândula digestiva nos animais do
manguezal do Espaço Ciência resultou em um gráfico de impressão digital muito semelhante
para os demais órgãos e tecidos – DOT da Figura 32, em que Cu, Fe e Zn foram acumulados
nos animais do Espaço Ciência.
Figura 32-Gráfico de impressões digitais de elementos químicos nos demais órgãos e tecidos das
amostras do Espaço Ciência (EC) e Rio Formoso (RF)
Fonte: O autor
A acumulação diferenciada de Cu, Fe e Zn nos órgãos de L. angulifera do Espaço Ciência
pode estar associada (1) à disponibilidade ambiental desses elementos químicos no
ecossistema devido a fontes antropogênicas, (2) ao mecanismo de defesa do animal, uma vez
que, principalmente, alguns elementos químicos nutrientes podem auxiliar nos processos de
desintoxicação, (3) à característica genética da população, que estão habituadas às altas
concentrações dos elementos químicos, (4) a outras fontes poluidoras, que indiretamente
afetam a acumulação desses elementos químicos e (5) à presença de parasitas que alteram a
distribuição e demandam mais elementos químicos aos hospedeiros. Esses distúrbios
poderiam proporcionar alterações drásticas em biomarcadores como aqueles de ensaios de
mutagenicidade nos hemócitos.
4.2 Mutagenicidade em L. angulifera de diferentes manguezais
Os resultados dos ensaios de mutagenicidade aplicados aos hemócitos de L. angulifera
permitiram otimizar a obtenção das lâminas com hemócitos, além de possibilitar a
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Cl Cu Fe K Mg P S Sr Zn
RF EC
68
comparação pareada, utilizando-se de estatística descritiva, das frequências de micronúcleos,
binucleação e apoptose para os animais coletados nos manguezais do Espaço Ciência e do Rio
Formoso.
4.2.1 Otimização da obtenção das lâminas com hemócitos
Comparando as duas metodologias testadas para a extração de hemolinfa e obtenção das
lâminas com hemócitos, observaram-se diferenças na obtenção de células para a análise da
frequência de micronúcleos. A metodologia sugerida por Gorbushin e Yakovleva (2007), na
qual a hemolinfa é homogeneizada em tubo de microcentrífuga (ependorff) com EDTA,
seguida da disposição da solução na lâmina de microscopia, não permitiu a realização da
contagem das células, uma vez que dificultou a observação dos hemócitos após coloração. No
entanto, a metodologia adaptada, na qual a hemolinfa e o EDTA foram depositados
diretamente na lâmina de microscopia, possibilitou a visualização de quantidade suficiente de
células para a realização dos ensaios de micronúcleos.
Avaliando os possíveis interferentes físicos envolvidos na manipulação do
experimentador para realização das duas metodologias, pôde-se inferir que a técnica de
deposição da hemolinfa na lâmina, previamente acrescida da solução de EDTA, evitou a
perda de células para as paredes do tubo de microcentrífuga (PAMPANIN, et al., 2012). Essa
explicação justificaria a ausência de células nas lâminas confeccionadas após prévia
homogeneização de hemolinfa com EDTA no tubo ependorff.
Comparando com trabalhos disponíveis na literatura para avaliação da frequência de
micronúcleos em espécimes coletados diretamente do ambiente, observou-se que, em muitas
das metodologias empregadas, a disposição direta do sangue/hemolinfa na lâmina de
microscopia proporcionou um quantitativo de células adequado para contagem de
micronúcleos (SILVA, 2010; SILVA; NEPOMUCENO, 2010; ARAUJO-FILHO, 2013).
Por outro lado, Villela et al. (2006) e Geremia (2015) utilizaram a fixação dos
micronúcleos em seringa durante um curto período de tempo (não superior a 7 minutos),
também obtendo bom rendimento celular para contagem de micronúcleos. Villela et al. (2006)
centrifugou a solução contendo as células, enquanto Geremia (2015) previamente injetou no
tecido do molusco solução de Carnoy [ácido metílico e ácido acético glacial (1:1 v/v)],
utilizada para fixação e removeu a hemolinfa, deixando-a em repouso na seringa por
7 minutos antes de depositá-la na lâmina.
69
A frequência das variáveis obtida pela metodologia de deposição da hemolinfa na lâmina,
previamente acrescida da solução de EDTA, foi contabilizada em 1000 células. Na hemolinfa
de L. angulifera, observou-se células redondas (Figura 33-A), hialinócitos (Figura 33-B) e
granulócitos (Figura 33-C), demonstrando, inclusive, o grande potencial da técnica para
outros estudos de mutagenicidade.
Figura 33 – Fotomicrografia de tipos de hemócitos encontrados em hemolinfa de L.
angulifera. A = célula redonda; B= hialinócito; C= Granulócito (c = citoplasma; n = núcleo;
ps = pseudópode; gr = grânulos). Coloração: Giemsa. Magnitude: 1000x.
Fonte: O autor
A metodologia adotada possibilitou a observações de diversas alterações celulares como
micronúcleos (Figura 34-A), binucleação (Figura 34-B) e apoptose (Figura 34-C),
dependendo do local de coleta do animal. Todas essas alterações morfológicas observadas nos
hemócitos são recorrentes em moluscos que sofrem alguma pressão ambiental (SILVA, 2010;
ARAÚJO-FILHO, 2013).
Figura 34 – Fotomicrografia de alterações celulares observadas durante ensaio de
micronúcleo realizado em hemolinfa de L. angulifera. A = Micronúcleo; B=
Binucleação; C= Apoptose (c = citoplasma; n = núcleo; m = micronúcleo; v = vacúolo).
Coloração: Giemsa. Magnitude: 1000x.
Fonte: O autor
Todos os moluscos coletados no Espaço Ciência, em Olinda, apresentaram granulações
(Figura 35-B) semelhantes aquelas encontradas em granulócitos (Figura 33-C), porém com
n
c
ps
gr
c
n
n
c
A
n
m
c
B C
c n
n
A B C
c
v
n
70
grânulos muito mais evidentes. Os hemócitos dos espécimes do Espaço Ciência puderam ser
facilmente identificados ao serem comparados com as preparações confeccionadas dos
animais do manguezal do Rio Formoso (Figura 35-A). A diferente relação de
hialinócitos/granulócitos em hemolinfa de moluscos é indicativo de pressão ambiental, afinal
essas células são responsáveis por fagocitar o que é estranho ao corpo (ATAEV et al., 2016).
Figura 35 – Comparação entre a morfologia dos hemócitos de L. angulifera coletados nos
manguezais do Rio Formoso (A) e do Espaço Ciência (B). c = citoplasma; n = núcleo; gr =
grânulos. Coloração: Giemsa. Magnitude: 1000x.
Fonte: O autor
Como a padronização da quantidade de células escolhidas para realização desse trabalho
está de acordo com a metodologia executada por outros autores, foram avaliadas as
frequências de micronúcleos, binucleação e apoptose nos hemócitos dos animais dos
manguezais do Espaço Ciência e do Rio Formoso (VILLELA et a., 2006; ARAUJO-
FILHO, 2013; GEREMIA, 2015).
4.2.2. Resultados de mutagenicidade
As diferentes alterações celulares encontradas nos animais dos manguezais do Rio
Formoso (RF) e do Espaço Ciência (EC) estão descritas na Tabela 5, em que é possível
observar a frequência das variáveis, micronúcleo, binucleação e apoptose celular, bem como o
número de lâminas analisadas para cada local de coleta. Cinco lâminas foram confeccionadas
da hemolinfa coletada dos espécimes presentes em RF e 4 lâminas confeccionadas dos
espécimes do EC. O número menor de lâminas atribuído ao EC ocorreu em razão da quinta
lâmina preparada não possuir número suficiente de células para contabilização da frequência
de micronúcleos.
A B
n gr
c
n
c
71
Tabela 5 - Frequência de alterações encontradas nos hemócitos de L. angulifera dos espécimes
do Rio Formoso (RF) e do Espaço Ciência (EC)
Local Amostra Total de hemócitos Frequência (%)
Micronúcleo Binucleação Apoptose
RF
1 1000 0,5 0,2 0
2 1000 0,3 0 0
3 1000 0,2 0 0
4 1000 0,3 0 0
5 1000 0 0 0
EC
1 1000 0,3 0,2 0,1
2 1000 0 0 1
3 1000 0,4 0,1 0,2
4 1000 0,7 0,6 0,1
Fonte: O autor
Os resultados apresentados na Tabela 5 revelaram frequência de micronúcleos maior em
alguns animais coletados no manguezal do Espaço Ciência, principalmente considerando os
resultados da lâmina 4, com relação àqueles coletado em Rio Formoso. Também a
binucleação foi maior para esse grupo, embora também tenha sido observada binucleação em
células dos indivíduos do Rio Formoso. A apoptose ocorreu apenas nas células dos indivíduos
do manguezal do Espaço Ciência.
Um resultado interessante desse trabalho foi a frequência elevada para micronúcleos nos
espécimes de L. angulifera coletados em ambos os manguezais, mesmo o manguezal do Rio
Formoso sendo considerado uma área de baixo impacto antropogênico. A frequência de
micronúcleos encontrada por outros autores em moluscos coletados em diversos ecossistemas
também foram mais elevadas com média de 4,5 micronúcleos em 1000 células
(VILLELA et al., 2006; GERIMA, 2015). Estudos futuros, ampliando as áreas de amostragem
e o número de espécies, podem elucidar o real impacto antropogênico à que os animais estão
sendo submetidos.
A estatística descritiva dos resultados de micronúcleo, binucleação e apoptose são
encontrados na Tabela 6, referente às proporções médias, desvios-padrão e número de células
analisadas. Foram também apresentados os intervalos de confiança (IC95%) de Wald e
72
Wilson em nível de 5% de significância, os coeficientes de variação em porcentagem (CV%)
e o tamanho mínimo de amostra para margens de erro de 40% e 20% (Tabela 4).
Fonte: O autor
Para o elevado valor de CV de 150% da variável binucleação dos animais de
Rio Formoso, observou-se claramente a necessidade de aumento no número de células
avaliadas para garantir margem de erro de 40% nos ensaios de micronúcleo. Nesse caso, o
número mínimo de células avaliadas deveria ser 54.000, o que parece bastante elevado para
trabalhos dessa categoria. Tipicamente, estudos envolvendo micronúcleos apontam para
coeficientes de variação de cerca de 40% (KISSLING et al., 2007), indicando que os ensaios
realizados neste trabalho foram adequados quanto à esse parâmetro. Para a margem de erro de
20%, o número de cerca de 36.000 células seria necessário, o que poderia inviabilizar a
análise devido ao tempo necessário e quantidade de hemolinfa para a obtenção das lâminas.
Os resultados de intervalo de confiança de Wald da Tabela 6 são representados na
Figura 36. Não houve indícios estatísticos de que as proporções de micronúcleo, binucleação
e apoptose diferissem entre si em nível de 95% de confiança para os animais analisados nos
manguezais do Espaço Ciência e do Rio Formoso. Todavia, o intervalo de confiança de
Tabela 6 – Resultados do intervalo de confiança em nível de 95% de confiança (IC95%),
coeficiente de variação (CV%) e tamanho mínimo de amostra (n*) para as variáveis micronúcleo –
MN, bionucleação – BN e apoptose – AP.
Variável Local
Estatística descritiva IC95% Wald IC95%Wilson
CV%
n*
n p s e- e+ w- w+ Erro
40%
Erro
20%
MN RF 5000 0,0026 0,0016 -0,0005 0,0057 0,0016 0,0044 62 9093 36370
EC 4000 0,0035 0,0019 -0,0002 0,0072 0,0021 0,0058 53 6854 27416
BN RF 5000 0,0004 0,0006 -0,0008 0,0016 0,0002 0,0013 150 54023 216090
EC 4000 0,0025 0,0015 -0,0004 0,0054 0,0014 0,0045 60 8644 34574
AP RF 5000 0,0000 0,0000 - - - - - - -
EC 4000 0,0035 0,0019 -0,0002 0,0072 0,0021 0,0058 53 6854 27416
n = tamanho da amostra
p = proporção média
s = desvio padrão da proporção p
73
Wilson permitiu comprovar que, ao menos, para células apoptóticas, houve indícios
estatísticos de diferenças entre os animais dos manguezais estudados em nível de 95% de
confiança (Figura 37). De fato, dentre todas as variáveis estudadas, apenas a frequência de
apoptose dos animais de Rio Formoso foi igual a zero. Como os limites inferiores dos
intervalos de Wald são negativos (Tabela 6; Figura 36), as médias das variáveis poderiam ser
nulas, tornando os resultados não significativamente diferentes em nível de 95% de confiança.
Figura 36 - Intervalos de confiança de Wald em nível de 95% de confiança
Fonte: O autor
74
Figura 37 - Intervalo de confiança de Wilson em nível de 95% de confiança
Fonte: O autor
A apoptose é um fenômeno natural de morte celular programada, porém o número
elevado de apoptose, presente na hemolinfa dos espécimes do Espaço Ciência, pode estar
relacionado com a remoção de células danificadas por parasitas como sugere Romero et al.
(2011). Segundo o autor, a apoptose de hemócitos em bivalves pode estar relacionada com o
mecanismo de defesas contra parasitas e patógenos virais e bacterianos. Por outro lado,
poluentes também possuem os mais variados efeitos sobre o sistema imunológico de
moluscos, induzindo imunossupressão e ativando diferentes mecanismos celulares como a
apoptose (GAGNAIRE et al., 2004; ROMERO et al., 2011). No caso do trabalho
desenvolvido por Gagnaire et al. (2004), cloreto de mercúrio na concentração de 0,5 mg l-1 em
exposição crônica (24 horas) foi capaz de aumentar em praticamente 40% a mortalidade dos
hemócitos de Crassostrea gigas.
Considerando que os resultados de frequência das células apoptóticas estejam alteradas
para a hemolinfa dos animais do manguezal do Espaço Ciência, houve necessidade de
avaliação das alterações histológicas nos tecidos dos animais.
75
4.3 Resultados da análise histológica
Quanto às alterações morfológicas observadas entre os animais dos diferentes locais
estuados, é possível identificar na Figura 38–A a estrutura da gônada feminina de um
indivíduo do Rio Formoso, comparada com a gônada de um indivíduo do Espaço Ciência
(Figura 38 – B). Ambas as estruturas apresentam ovócitos morfologicamente semelhantes e
inseridos em folículos com paredes bem definidas. Contudo, é possível observar uma menor
espessura na membrana do folículo, em que estão inseridos os óvulos maduros do espécime
do manguezal do Espaço Ciência. A disposição dos ovócitos no lúmen dos folículos acontece
de acordo com o grau de maturação, sendo que aqueles não fecundados são reabsorvidos pelo
organismo (SILVA et al., 2012).
Figura 38 – Fotomicrografia da gônada feminina de L. angulifera coletado em
manguezal do Rio Formoso (A) e Espaço Ciência (B). Coloração: Hematoxilina e Eosina.
Magnitude de 400x (Ovo = ovócito; Seta f.= membrana do folículo).
Fonte: O autor
Diferentemente do observado para gônada feminina, o compartimento gametogênico de
indivíduo do Espaço Ciência (Figura 39–B) apresentou morfologia distinta com epitélio
pouco denso e mal estruturado, quando comparado à mesma estrutura do Rio Formoso
(Figura 39–A), principalmente quanto ao número de células da linhagem gametogênica
masculina. Os efeitos de contaminantes ambientais sobre o potencial reprodutivo de
invertebrados já foi demonstrado por meio da diminuição na contagem de esperma do
anfípoda Echinogammarus marinus (YANG et al., 2008). Embora os autores não tenham
A B
76
elucidado as consequências desta diminuição de gametas para a fertilidade dos animais,
correlacionaram este fato ao impacto ambiental sofrido pelos animais na área de estudo.
Observaram, ainda, o aparecimento de intersexualidade nos machos da espécie, o que foi
comprovado por Costa et al (2013) em moluscos da família Littorinadae a partir da
contaminação ambiental com derivados do estanho utilizados na indústria de tintas anti-
incrustantes.
Figura 39 – Fotomicrografia do compartimento gametogênico de L. angulifera coletado
em manguezal do Rio Formoso (A) e Espaço Ciência (B). Coloração: Hematoxilina e
Eosina. Magnitude de 400x (sp = Esperma; CLMG = Células da linhagem gametogênica
masculina; Seta m.= Paraesperma).
Fonte: O autor
Os tecidos com maior diferenciação morfológica e estrutural foram aqueles do sistema
digestivo. Quando comparados os mesmos tecidos nos espécimes do Espaço Ciência
(Figuras 40–A e 40-B) e do Rio Formoso (Figuras 40–C e 40-D), foram observadas alterações
nos tecidos da glândula digestiva e células digestivas degeneradas nos animais do Espaço
Ciência. Malformações semelhantes foram observadas por Hemed et al. (2007) ao expor a
espécie Eobania vermiculata a moluscicida a base de carbamato. Nesses mesmos animais, foi
observado número excessivo de parasitas alojados no intestino. Segundo Zeidan et al. (2012),
esses parasitas são comuns a organismos de manguezais, contudo, somente em baixas
quantidades, diferentemente do encontrado nesse trabalho.
A B
77
Figura 40 – Fotomicrografia do sistema digestivo de L. angulifera coletado em
manguezal do Rio Formoso (Imagens A e B) e Espaço Ciência (Imagens C e D). A =
Glândula digestiva não parasitada. B = Intestino não parasitado. C = Glândula digestiva de
macho com excesso de parasitas. D = Intestino de fêmea com colônia de parasita. Coloração:
Hematoxilina e Eosina. Magnitude de 400x (TDG = Túbulo da glândula digestiva; Cdg =
Célula digestiva; L = Lúmen; P = Conjunto de parasitas; cei = Célula do epitélio intestinal).
Fonte: O autor
Por apresentarem excesso de parasitas, é esperado aumento dos basófilos para a defesa do
organismo. Rudell e Rains (1975) obtiveram relação diretamente proporcional entre número
A B
C D
78
de basófilos e o aumento nos níveis de cobre e zinco nos tecidos de ostras Crassostrea gigas e
Crassostrea virginica (RUDELL; RAINS, 1975). Esses autores sugeriram correlação
significativa entre a resposta fisiológica dos moluscos relativa ao número de basófilos e os
níveis de cobre e zinco no ambiente, indicando que alterações histológicas podem ser
provenientes de processos de combate aos parasitas. De acordo com esses autores, os
basófilos estão relacionados com o processo de defesa dos moluscos às agressões físicas e
químicas.
4.4 Comparação entre as concentrações dos elementos químicos
quantificados em L. angulifera de manguezais de Pernambuco
Dados de concentração dos elementos químicos Cu, K, P e Zn quantificados em
L. angulifera obtidos do Espaço Ciência e Rio Formoso foram comparados com os resultados
encontrados nos manguezais do Espaço Ciência, do Parque Memorial Arcoverde e do Rio
Formoso para a mesma espécie de gastrópode. O estudo realizado por Mélo (2014) foi
baseado na composição dos animais sem a dessecação dos órgãos. Assim, para a composição
do valor para o organismo inteiro, como utilizado por Mélo (2014), foi atribuído o percentual
de cada órgão em peso seco para obter-se o valor da concentração dos elementos químicos,
cujas concentrações máximas podem ser vistas na Tabela 7.
Tabela 7 - Concentrações máximas de elementos químicos (mg kg-1) em
manguezais de Pernambuco.
Local Cu K P Zn Referência
Espaço Ciência 537 8100 11500 10500 Este estudo
Rio Formoso 80 8500 7139 867
Memorial Arcoverde 259 10500 15300 10300 Mélo (2014)
Rio Formoso 60 10000 7400 534
Fonte: O autor
O manguezal descrito como Memorial Arcoverde está no mesmo complexo de ilhas de
manguezal que o do Espaço Ciência, ambos localizados no Complexo de Salgadinho, o que
permitir inferir que a semelhança nas concentrações de Zn para os animais desses manguezais
pode estar relacionada com a disponibilidade de elementos químicos ou com a predisposição
de indivíduos de L. angulifera em acumular esses elementos químicos. A pressão ambiental
79
sofrida pelo molusco torna-se evidente com base nos resultados de Zn, uma vez que se trata
de manguezais urbanos com grande influência de atividades antropogênicas. Zn, em
concentrações fisiológicas (abaixo de 1.000 mg kg-1), demonstra propriedades protetoras e
antioxidativas em moluscos, entretanto, essas funções não são desempenhadas em moderadas
e altas concentrações (TREVISAN et al., 2014). Desse modo, as altas concentrações de Zn
podem estar relacionadas com a maior frequência de morte celular encontradas para os
animais do manguezal do Espaço Ciência.
Para as concentrações de P, os resultados entre Espaço Ciência e Memorial Arcoverde
também foram semelhantes, contudo foram apenas duas vezes superiores aos valores
encontrados em Rio Formoso, em ambos os estudos. Por ser um nutriente e também alterador
da dinâmica populacional de microalgas, estando relacionado com a eutrofização
(CARPENTER, 2008), indicou-se um limiar bastante estreito entre ambientes poluídos e não
poluídos. Esse tipo de comportamento pode ser bastante interessante para o uso da espécie
como biomonitora de elementos químicos.
De acordo com os resultados de K, não foram observadas grandes diferenças entre os
manguezais, indicando que, de certo modo, os indivíduos do Espaço Ciência e do Parque
Memorial Arcoverde estão mantendo as concentrações de alguns nutrientes nos tecidos,
refletindo pouco impacto antropogênico para os animais.
Para Cu, os animais do Espaço Ciência apresentaram o dobro da concentração observada
nos animais do Memorial Arcoverde. O alto valor de Cu quantificado nesse manguezal pode
ser explicado devido às diferentes épocas de coleta dos estudos ou, ainda, ser consequência da
influência direta do canal da Rodovia Agamenon Magalhães. Por ser o principal componente
da hemocianina, esse elemento químico é bastante importante para os animais, porém, sua
toxicidade também é considerada elevada, causando diversos danos celulares
(XIAO et al., 2016).
Indivíduos de L. angulifera coletados em mesmo manguezal de Rio Formoso foram
utilizados como valor de base em ambos os trabalhos. De acordo com Mélo (2014), para P é
possível observar as mesmas concentrações entre os estudos, enquanto para Cu e Zn, as
concentrações maiores foram obtidas no presente estudo. O nutriente K foi quantificado em
maior valor para as amostras de Rio Formoso no trabalho de Mélo (2014). Mesmo
considerando a variação temporal das concentrações entre os estudos, é possível observar a
clara tendência da espécie L. angulifera em acumular Cu e Zn.
80
4.5 Efeitos biológicos da acumulação de Cu, Fe e Zn sobre L. angulifera
Por meio das técnicas analíticas EDXRF e FAAS foram quantificadas concentrações
elevadas dos elementos químicos Cu, Fe e Zn na espécie L. angulifera. A Figura 41 ilustra a
acumulação de Cu, Fe e Zn nos compartimentos biológicos de L. angulifera a partir da análise
de órgãos importantes para alimentação e reprodução. O esquema indica o caminho
preferencial da acumulação desses elementos químicos, quando comparados com os
resultados obtidos para os animais do manguezal do Rio Formoso. As setas seguidas pelos
números representam o número de vezes que as concentrações foram superiores àquelas dos
espécimes do Rio Formoso, considerado valor de base para o estudo. Como a glândula
digestiva apresentou as maiores concentrações de Fe e Zn, a ingestão de alimentos foi
avaliada como sendo a principal entrada de elementos químicos nos animais. Contudo, o
contato do alimento com elementos químicos não podem ser menosprezados nesse tipo de
avaliação (BORDEAN et al., 2014).
Figura 41 – Comparação entre a acumulação de Cu, Fe e Zn nos compartimentos
biológicos de Littoraria angulifera do Espaço Ciência.
Fonte: O autor
81
Observou-se, na glândula digestiva (GD), a acumulação de Cu em quantidades seis vezes
maiores do que o valor de referência. Para o Fe, a concentração foi 3 vezes maior e quanto ao
Zn o valor foi 20 vezes maior, indicando que a glândula digestiva é a estrutura do
L. angulifera com maior acumulação de Zn. Altas concentrações desse elemento químico
também foram observado por Bordon et al. (2016) em estudo realizado com espécie de siri
Callinectes danae em estuário antropizado. Para o gônada (G), a concentração de Cu foi 12
vezes maior que o valor de referência, enquanto para Fe, o valor quantificado foi o dobro do
valor de referência. Zn apresentou 7 vezes mais no Espaço Ciência que no Rio Formoso.
Desse modo, conclui-se que a gônada tende a acumular Cu. Os demais órgãos e tecidos
(DOT), apresentaram, para Cu, a acumulação 2 vezes maior do que o valor de base, 4 vezes
maior para Fe, enquanto, para Zn, a concentração foi 6 vezes maior que os valores de
referência. (Figura 41).
Com isso, assume-se que a principal fonte de absorção dos elementos químicos foi a
alimentação, característica observada pela alta concentração de Cu, Fe e Zn na glândula
digestiva, fato corroborado pelos trabalhos de Green e Walmsley (2013) e Conti (2016). Esses
autores observaram mesma via de acumulação para espécimes de invertebrados. Contudo, a
acumulação de Cu na gônada extrapolou os níveis do elemento químico para o organismo,
indicando possível atividade de desintoxicação, seguida de possíveis prejuízos para a
atividade reprodutiva dos animais.
Baseado em estudos anteriores sobre altas concentrações de elementos químicos na parte
mole da espécie estudada, o ensaio do micronúcleo foi realizado com a hemolinfa de alguns
animais de EC e RF. Das alterações celulares observadas, a apoptose foi a única com
resultados significativos, observando maior frequência nos hemócitos dos animais do Espaço
Ciência, indicando mecanismos de defesa do animal a agentes estressores. Inclusive,
observou-se, durante o ensaio de micronúcleo, uma grande quantidade de grânulos nos
hemócitos dos espécimes do manguezal do Espaço Ciência, que, segundo Rohr e Amato
(2014), é uma característica comumente encontrada para animais sujeitos a estresse ambiental.
Os resultados, até o momento, demonstraram grande capacidade de acumulação de Zn
por L. angulifera na região antropizada, sendo a alimentação a principal responsável.
Contudo, em estudos de monitoração da qualidade ambiental realizados no manguezal do
Espaço Ciência, foram encontradas concentrações máximas de 117 mg kg-1 para Zn nos solos
(SOUZA et al., 2015). Já no manguezal do Parque Memorial Arcoverde, local próximo ao
Espaço Ciência, foram observadas concentrações para esse elemento químico de, no máximo,
82
318 mg kg-1 nos sedimentos em suspensão (LYRA, 2016), enquanto a biomonitoração ativa
utilizando o líquen Cladonia verticillaris na região indicou quantidades não expressivas
(máximo de 63 mg kg-1) de Zn na atmosfera (SANTOS, 2016). Como L. angulifera alimenta-
se principalmente de fungos e liquens dos troncos das espécies arbóreas de mangue, é difícil
comprovar que a principal razão da acumulação de Zn seria a disponibilidade do elemento
químico. Com as alterações histológicas comprovadas e o aumento da frequência de células
apoptóticas na hemolinfa, assume-se que a acumulação de Zn e, também, outros elementos
químicos possam estar associados a processos bioquímicos relevantes para os mecanismos de
defesa do organismo, sendo possivelmente transferido para as gerações futuras.
83
5. CONCLUSÕES
Ao envolver diferentes disciplinas como Biofísica, Genética, Química e Zoologia, este
trabalho foi considerado inovador por dimensionar a problemática de conservação da
biodiversidade de manguezais urbanos devido à pressão ambiental contínua sobre,
principalmente, as espécies de gastrópodes terrestres. Desse modo, conclui-se que a presente
pesquisa:
Otimizou a técnica de coleta de hemolinfa para realização do teste do micronúcleo em
L. angulifera;
Confirmou a aplicabilidade do teste do micronúcleo para avaliação de impactos
ambientais, utilizando biomarcadores;
Realizou a primeira descrição e diferenciação morfológica das células de hemolinfa do
gastrópode L. angulifera;
O manguezal do Espaço Ciência está submetido aos efeitos do impacto antropogênico,
em função do resultado observado no teste citotóxico aplicado;
Os impactos de origem antropogênica ainda não ocasionaram mutações em níveis
significativos nas células do gastrópode L. angulifera;
Demonstrou a aplicabilidade da técnica de EDXRF para avaliação da acumulação de
elementos químicos mesmo em amostras com pouca massa;
Apresentou a primeira descrição na literatura da constituição química de órgãos de
L. angulifera, evidenciando sua importância para a monitoração ambiental;
Comprovou o potencial, já apontado previamente na literatura, de acumulação da
espécie L. angulifera para Cu e Zn;
Sugeriu um possível efeito do impacto ambiental sobre a morfologia dos tecidos dos
moluscos;
Indicou um aumento no parasitismo dos tecidos dos animais de áreas impactadas pela
poluição;
Confirmou a espécie de caramujo L. angulifera como um potencial biomonitor de
impactos ambientais.
84
6. PERSPECTIVAS
Embora este trabalho tenha incrementado o conhecimento sobre o molusco Littoraria
angulifera de manguezais conservados e com grande impacto antropogênico e apontado seu
emprego como biomonitor em manguezais, estimula-se o desenvolvimento de trabalhos mais
direcionados à compreensão da relação entre a acumulação dos elementos químicos e seus
efeitos biológicos sobre os animais. Dentre eles, ressaltam-se a importância da avaliação da
acumulação dos elementos químicos presentes na hemolinfa do molusco e os efeitos desses
elementos químicos sobre os hemócitos, a análise dos efeitos genotóxicos da acumulação
destes elementos químicos e a avaliação das vias preferenciais de acumulação dos elementos
químicos por este caramujo.
85
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