Design e Engenharia: Interação como Estratégia de Inovação nos Parques Tecnológicos

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um deles, podendo ser definida como "0 estudo e a aplicação dosvários ramos da tecnologia" (CONCEITO, 2015), onde" as funçõesdo engenheiro consistem na materialização de uma ideia na reali­dade".

A evolução das ideias para sua materialização é claramentedescrita pelo professor de engenharia de Stanford e do Massachu­setts I nstitute of Technology - M IT, John E. Arnold. Criador do cursode design em Stanford, em 1958, Arnold estabelece a interação útilentre o pensamento visual criativo do design e o planejamento deexecução prática e efetiva da engenharia. Neste propósito afirmaque: "poucas ideias são práticas em si. É por falta de imaginaçãoem aplicá-Ias que elas falham. O processo criativo não termina comuma ideia, apenas começa com uma ideia " .3 (ARNOLD, 1953, apudSTANFORD, 2015) (tradução dos autores). Sua citação demonstraa interdependência entre a ideia e a viabilidade de execução, e suasimplicações, e concretiza a aproximação entre as áreas, cunhandoo termo" creative engineering" (ARNOLD, 1953) que aplica osconceitos dê design thinking (p@nsamento do oe$ign) à engenharia.

Centros universitários referenciais, que utilizam esta linhade pensamento, focam em inovação, e entendem que a mesmaalcança seu melhor desempenho em ambientes criativos etecnológicos, integrados e interativos, que geram ideias esolucionam sua execução. A inovação empreendedora do séculoXXI, de base tecnológica, levou à criação de uma proposta dehabitats ideais, como ambientes de inovação, a fim de incentivar ainteração e intercâmbio para a somatória de conhecimentos. Estesespaços são as cidades tecnológicas, ou, como denominados na .década atual, Parques Científicos Tecnológicos - PCTs. A princípio,emergiram por meio de iniciativas de professores e profissionaisde conceituadas universidades americanas, migrantes do meioacadêmico, que formaram empresas de base tecnológica caracteri­zando um intercâmbio de cooperação e conhecimentos e a partilhade informação (SAXENIAN, 1996). Desta forma, nestes locais,mentes criativas se aproximaram, e juntas criaram empresase indústrias que desenvolveram um modelo de arranjo local naCalifórnia, resultando no renomado vale do Silício, o primeiro e maisbem-sucedido exemplo de Polo Tecnológico do mundo, um PCT

3STANFORD.EDU:"Few ideas are in themselves practical. It is for want of imagi­nation in applying them that they fail. The creative process does not end with anidea-it only starts with an idea." In: www.designprogram.stanford.edu/history.php, 2015. Tradução dos autores.

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por importantes universidades como Stanford, Berkeley,. e MIT.nto central para decifrar o sucesso e explorar as poten­es dos habitats dos PCTs é entender que ambientes

. res aproximam ciências de áreas complemen­gerando inter-relações benéficas entre as mesmas. Aação entre a academia e as empresas, o conhecimento e

ca aplicada, melhora os resultados dos projetos, promoveema o desenvolvimento da tecnologia e da inovação dea gerar melhores produtos e serviços. Somar a engenhariasign fortalece estes efeitos em núcleos de excelência,dos pelo intercâmbio entre as universidades e centros

estudo, dinamizado com a atuação de doutores e pesquisa-es, junto a empresas e indústrias. O que se pode constatar no:oamericano do vale do Silício, principalmente, é que a maiorxirnaçâo entre engenharia e design foi um fator determinante

'.ê dêMnvolw~r a êxcêlêncif:lM'\ inovação têcnológica, em,bitats criativos e dinâmicos que efetivam suas ideias.

"'1,GENHARIA E DESIGN: INCREMENTO DE INOVAÇÃO!OS PGTS

A aproximação da engenharia e do design no ambientes Parques tem o potencial de viabilizar e promover diversos

'processos de inovação tecnológica e desenvolvimento que seencontram estagnados, além de estimular outros, agregando umaaior diferenciação, excelência, qualidade científica e prática aos

produtos. Ligados por método, a separação entre a engenharia e odesign se processa no momento em que a primeira, a engenharia,priorizá os métodos cartesianos da matemática e do cálculo, mais

, objetivos, na elaboração de seus modelos; ao passo que o designenvereda pelo aspecto emocional e humano, mais subjetivo, eprimando pela estética dos produtos e serviços. Este aspectohumano é o que a Stanford University destaca em seu programade design, onde afirma ter refinado as metodologias pragmáticasda engenharia na relação com o design, e destaca a importânciado aspecto humano na citação: "é aqui que o design centrado noser humano nasceu'" (STANFORD, 2015) (tradução dos autores).

"STANFORD.EDU: "This is where human-centered design was bom".In: www.designprogram.stanford.edu/history.php, 2015. Tradução dos autores.

Design e Engenharia: integração como estratégia de Inovação nos Parques Tecnológicos I 159

E, de fato, nasceu, academicamente, proveniente da engenharia.Notadamente interdisciplinares, as duas atividades se unificam emparceria de resultados voltados para um mesmo fim, e levam emconta o ser humano, a usabilidade e a funcionalidade.

O Design é filosoficamente descrito como um viés antro­pológico da engenharia, em busca do equilíbrio estético e dasatisfação de necessidades momentâneas ou permanentes, alémda criação, atualização, adequação e solução dos problemas e dasnecessidades dos usuários, acrescentando um formato culturalà mensagem dos produtos e serviços. Portanto, percebe-se queao mesmo tempo, design e engenharia são partes de um mesmosistema e correspondem aos dois lados de uma mesma moeda.Ao invés de incitar a concorrência entre estas áreas, verifica-seuma tendência, nos ambientes acadêmicos e instituições maisinovadoras. em investir na aplicação destes conhecimentos deforma integrada e em sintonia, valorizando sua transversalidade eaprimorando suas competências (lNSPER,2015).

Sãoáreas adjuntas que, ao contrário do que se presume, tiveramsua proximidade assumida desde o início do século XX. A citaçãode S. E. Lindsay (1920): Engenharia é a prática da aplicação segura eeconõmica das leis científicas que governam as forças e materiaisda Natureza, através da organização, design e construção, para obenefício da humanidade alude a essa associação. Outras similaresse encontram replicadas nas páginas de sites de engenharia daweb e na apresentação de cursos da área, conceituando que:

Engenharia é a ciência e a arte de tratar eficientemente commateriais e forças. ( ... ). Envolve o design e construção maiseconômico (. .. ). assegurando, quando realizado adequadamente, acombinação mais vantajosa de acuidade, segurança, durabilidade,velocidade, simplicidade, eficiência e economia possível paraas condições de design e serviço (FEUP UNIVERSIDADE DOPORTO, 2012).

A engenharia de ideias de Arnold objetiva pensar de formacriativa, envolvendo mensagens e atores sociais, melhorandoa prática e projetando o pensamento visual. O estudo de casoArcturus IV (1953). proposto por Arnold aos estudantes deengenharia mecânica, buscava definir experiências e premissaspela ótica do usuário, entendendo e usando o design paranecessidades de diferentes pessoas. O projeto consistia especi-

1 60 I Interação: Panorama das Pesquisas em Design, Arquitetura e Urbanismo

ficamente no "Redesign da mente de engenharia" 1 (PANDORA,2006) (tradução do autor). Por estas ações evidenciadas identifica­-se, de forma clara, a iniciativa da aproximação entre engenharia edesign, contribuindo com o componente cultural para muito alémdo projeto e do invento, pois determina as necessidades de uso esignificado dos produtos e serviços nas culturas contemporâneas,como sintetiza o pensamento de Norman & Verganti (2015): Ainovação radical vem de mudanças na tecnologia e no significado.Um exemplo é a inovadora marca Swatch. Esta marca redefíniuo significado de relógios criando uma revolução radical, assimcomo o iPod da Apple representou uma revolução em significado,e não somente de tecnologia (VERGANTI, 2012). Outro exemplomarcante deste fenômeno é o IPHONE, lançado por Steve .Jobs.que transformou a indústria de telefones celulares com o conceitode smartphones, fazendo com que empresas tradicionais no meio,como a NOKIA ou a Research In Motion - RIM, detentora da marcaB!ackBerry, viessem a cair no ostracismo, com perda significativade mercado, como amplamente noticiado na mídia.

A aproximação das duas áreas é um dado real dentro doambiente acadêmico caracterizado pela excelência. Além daStanford (EUA), a Olin College (Massachusetts, EUA)~ revolucionousobremaneira o ensino da engenharia nos EUA, na virada desteséculo com essa percepção; a AAlto University (Finlândia), umacomunidade científica definida como multidisciplinar, focada nasciências de engenharia, design, arte e economia segue a mesmalinha. Estas instituições definem a engenharia e o design do futurocriando novos conhecimentos a partir de um currículo que incluitecnologias multidisciplinares, aplicando o design efetivamentedurante várias fases do curso (AALTO, 2015; INSPER,2015).

Os ambientes dos Parques Tecnológicos, coincidentemente,têm reproduzido estes processos e métodos inovadores de criare empreender. A interação entre conhecimentos da engenhariaintegrados à criatividade, e, a aplicação de "creative engineering"adicionada ao aperfeiçoamento criativo e ao significado,possibilitam que a tecnologia resultante da soma destas áreasenvolva os diferentes agentes fundamentais para a inovação, nãosó a incrementai, mas também a inovação radical (VERGANTI,2012). Portanto, uma via e um forte instrumento de inovaçãotecnológica.

1 PANDORA,K. "Redesigning the engineering mind", 2006. Tradução dos auto­res.

Design e Engenharia: integração como estratégia de Inovaçãonos Parques Tecnológicos I 1 61

RETRATO DOS PARQUES CIENTíFICOSTECNOLÓGICOSNO BRASIL

Os Parques Tecnológicos no Brasil demoraram algumasdécadas para serem implantados e para estabelecerem os seusmodelos de operação e áreas de atuação. O primeiro levantamentodiagnóstico de PCTsfoi realizado em 2000. Na virada deste século,conforme levantamento da Anprotec (2008), dez parques estavamativos ou em implantação no país.

Estudo realizadoao final de 2008 (ANPROTEC,2008) identificou74 iniciativas de PCTsem trajetória de crescimento, constatando­-se uma forte influência recebida das iniciativas internacionais, e,especialmente, dos resultados amplamente positivos decorrentesda expansão de empresas de base tecnológica do Vale do Silício.Desde então o número de Parques teve um aumento considerável.O levantamento mais recente foi realizado em 2014, por iniciativado Ministério da Ciência. Tecnologia e Inovação (MCTI), e,atualmente, o país conta com iniciativas de cerca de 94 ParquesCientíficos Tecnológicos, e perto de 390 incubadoras de empresas(ANPROTEC,2014). Observa-se, porém, sombreamentos em suasáreas de atuação.

A evolução dos Parques no território brasileiro se deu de formanão homogênea, com maior concentração nas regiões sul e sudeste.Este fato pode ter sido determinado por uma maior concentraçãode indústrias de base tecnológica próximas às universidades deexcelência, com tradição em pesquisas acadêmicas, localizadasnestas regiões. No que se refere à integração entre academia eempresas para a transferência da excelência em conhecimento dodesign nestes habitats inovadores, os números são desanimadores,apesar dos diversos incentivos oferecidos pelos governos federal eestaduais. As estatísticas de produção científica do Brasil indicavamque o país produzia, na época do levantamento, cerca de 2% daspublicações científicas do mundo, e o estado de São Paulo, sozinho,contribuía com cerca de 50% desta produção (STEINER,CASSIM &ROBAZZI, 2012). Portanto, de cada 200 artigos - papers - publicadosem revistas indexadas no mundo, quatro eram produzidos no Brasiledois em São Paulo.Este quadro alavancavao projeto de implantaçãoe expansão dos Parques.A consolidação desse sistema, realçandoacondição de paísem desenvolvimento, era de enorme importância ea demonstração da capacidade proporcional de usá-lo, fundamental.Verificou-se, no entanto, que a competência constatada na

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divulgaçãodo conhecimento gerado, através da publicaçãode artigosem revistas qualificadas, não refletiu sobre o índice de inovação, oque pode ser medido pelo número de patentes registradas porempresas brasileiras. Enquanto o compasso da evolução dosPCTs internacionais, aproximando-se das melhores universidades,promoveu e acompanhou a transferência acadêmica repercutindona aplicação e no desenvolvimento da tecnologia, esse fenômenonão ocorreu no Brasil, conforme apresenta a figura 1. Diferente doque ocorreu no Parque Tecnológico pioneiro, o Vale do Silício, queimpulsionou o número de patentes relacionadasaos conhecimentosdivulgados por meio da produção científica, integrando a ciência daársa produtiva com melhoras resultados tscnolóoicos e inovadores.Este fenômeno não aconteceu no Brasil. Um dos motivos para queisso possa ser explicado é indicado pelo baixo número de doutoresempregados pelas empresas instaladas nos Parques Tecnológicos.Segundo dados fornecidos pela ANPROTEC (2014), dos 29.909empregos qeradcs por estas emcreees, epenas 1.098 são ocupadaspor doutores. Ou seja, somente cerca de 3,68%. O título de doutoré o primeiro passo para que se possa considerar a existência de umpesquisador em uma instituição, portanto, praticamente inexistempesquisadores nas empresas ali instaladas. Outro fator de sucessona geraçãode inovaçãoé a aproximação das empresas instaladasemParquesque se encontram vinculadas a uma ou mais universidades.

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....~-f.iW.... _iIii'._-. __--~----Figura 1.Percentual de produçãoacadêmica X número de patentesFonte: STEINER,CASSIM & ROBAZZI, 2012

o PANORAMA DO DESIGN NOS PCTSBRASILEIROS

o Relatório de Economia Criativa de 2010 (UNCTAD, 2010)evidencia que, entre 2008 e 2009 a economia mundial sofreu amaissevera recessão econômica dos últimos 70 anos, e, apesar disto.

Designe Engenharia:integraçãocomo estratégiade InovaçãonosParquesTecnológicos I 16::1

os setores criativos - baseados em conhecimento e criatividade -se mostraram mais resilientes aos choques externos, com maiorestaxas de crescimento, do que as indústrias tradicionais.

Conforme dados do estudo da ANPROTEC (2012), até 2008,poucos PCTs e incubadoras no Brasil apresentavam destaque deatuação em design; porém era comum encontrar a supervalorl­zação das engenharias, ignorando a ação do designo Apenas cincoações destacavam o design, o que correspondia a cerca de 6,7%, somente, conforme figura 2. O mais recente levantamentorealizado pelo MCTI em 2014, apresenta a área de economia criativacom representatividade em quatro PCTS, não estando destacado odesign de forma isolada. O número de ações voltadas ao design éainda menor quando comparado com o levantamento realizado em2008, cerca de 4,2 %. Esse dado contraria as tendências mundiaisna área. A engenharia em campos distintos permanece comatuação de forma direta em sete das áreas de maior destaque.

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Figura 2. Áreas de atuação: situação do Oesign e Economia Criativa comparativa­mente - Pesquisa ANPROTEC,2008 e MCTI. 2014.Fonte: elaboradopelos autores a partir dos dados do Portfolio de PCTs/Anprotec,2008, e do levantamentoMCTI-COB/UnB, 2014.

A pequena parcela dos PCTs brasileiros apurados só passou ainvestir, a partir de 2005, para além da tecnologia da InformaçãoTlfTIC, biotecnologia, softwares, energia, meio ambiente eáreas diversas da engenharia, focando no setor criativo, e, emespecial, no design, em seus campos diversificados. Em 2008,as principais áreas de atuação dos Parques não se alteraram sig­nificativamente. Atualmente os PCTs que possuem atuação emdesign e economia criativa, como o Porto Digital - Porto Mídia/PE,Science Park/SP e Sapiens Parque/SC, são destaques no cenárionacional, segundo dados da Anprotec. Alguns PCTs na região Sul,

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como o Parque Tecnológico Vale dos Sinos/RS e o Tecnoville/SC,passaram a apresentar o design entre suas áreas de atuação,percebendo o potencial desta atividade junto à economiacriativa para a inovação e o empreendedorismo (UNCTAD, 2010;ANPROTEC, 2014).

Analisando exemplos decorrentes da inovação, como no Valedo Silício e outros casos de sucessos, e, verificando a amostragemdos Parques brasileiros mais eficientes, pode-se identificar umpadrão recorrente que mostra que, Parques que operam emparceria com Universidades onde existe oferta e conhecimento nasáreas de engenharia e design e que fomentam a economia criativa,tsndsm a S9r mais eficazes no aumento da inovação e desenvolvi­mento de tecnologia.

CONSIDERAÇÕESADICIONAIS

o cenário construído a partir dos dados apresentados mostraque atuação dos Parques em parcerias com universidadesapresenta-se insatisfatória em relação à inovação no Brasil, em pelomenos três das cinco regiões do país. O intercâmbio acadêmicoe a ciência, que poderia ser aplicada junto aos PCTs, está emdescompasso com o potencial das instituições e universidadescapazes de realizar esta transferência. O interesse de desenvolvi­mento de inovação abrangendo o design se demonstra deficitário,pois ficou evidenciado que apenas 4,25% dos PCTs destacaram odesign em seus projetos. Não foram citadas ações que envolvamassociações do design com a engenharia. A análise a partir dorelatório do MCTI (2014), demonstra que:

A região nordeste possui o mais importante e o maior PCT dopaís na área de design e economia criativa, o Porto Digital/PortoMídia, que trabalha com o design, e uma relação de design eengenharia; Afora este dado, a região apresenta índices inferioresa 20% de transferência tecnológica para os PCTs, assim comoas regiões norte e centro-oeste. A região sul alcança um totalde 67% de suas estruturas de Parques em que existem transfe­rências tecnológicas entre instituições acadêmicas e universi­dades, possuindo quatro Parques de destaque nacional e sendoa única região a apresentar cinco PCTs com o design integrandoo quadro de transferência tecnológica. Conforme constatado porBarcellos, Mercaldi, Paschoarelli e Botura Jr (2015), há uma maiorconcentração de universidades voltadas ao ensino do design na

Design e Engenharia: integração como estratégia de Inovação nos Parques Tecnológicos 165

região Sul. Há também, na região sul, uma maior incidência de PCTsinstalados/próximos de universidades. A região sudeste, com­parativamente às demais regiões, é a que possibilitaria maiorescondições de contribuição e atuação nos PCTs, associando designe engenharia e alavancando, inclusive, índices nacionais. Ostentaum total de 90 universidades entre as mais relevantes, públicas eprivadas, e detém o maior número de universidades e instituiçõesfederais. Mas apenas 43 % do total de universidades, ou seja,menos da metade, estão ligadas aos PCTs. Dos PCTs, somentedois indicam a atuação direta em design nos seus portfólios. Oestado de São Paulo, em particular, é responsável por quase 50%da produção científica do Brasil, no entanto não demonstra, emrelação ao design, resultados equivalentes aos obtidos em outrasáreas.

CONCLUSÃO

Dos 74 Parques listados até final de 2008, apenas cinco citamo design, diretamente, em suas áreas de atuação e pesquisa. Como aumento, para 94 PCTs, em 2014, não houve crescimento nestaárea. Em função disto, torna-se importante destacar que as áreasque envolvem os campos abrangidos pelo design movimentaramvalores compensatórios na economia mundial, conforme relatóriosda Unctad realizados nos anos de 2010, 2011 e 2014, e deveriamser vistas mais de perto pelas empresas instaladas nos Parques.

O modelo que deveria ser adotado como estratégia para oaumento da inovação nos Parques Científicos e Tecnológicosdeve tomar por base o esforço de outros Parques e centrosacadêmicos internacionais e unir as ciências lógicas e pragmáticasda engenharia com os aspectos humanos e o pensamentovisual criativo do design, buscando os benefícios essenciais daaproximação destas duas áreas, conforme demonstra o mercadoconsumidor, quando encontra equipamentos e dispositivos queassociam estas duas características: desiqn e engenharia. Aestratégia de agregar o design como parte integrante do prestígioda engenharia apresenta-se como eficaz e necessária para serimplantada e aplicada aos ambientes dos Parques CientíficosTecnológicos.

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio da Fundação de Amparo àPesquisa do Estado de São Paulo - FAPESPatravés dos processos2014/19854-2 e 2014/22006-3.

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1681 Interação: Panorama das Pesquisas em Design, Arquitetura e Urbanismo

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lnteração: t' \ ~panorama das pesqui's6rn .

_.// . Design, Arquitetura e Urba~

OrganizadoresLuis Carlos Pàschoarelli

Rosio Fernández Baca Satsedo

INTERAÇÃO: PANORAMADAS PESQUISAS EM DESIGN,ARQUITETURA E URBANISMO

Projeto Gráfico Elys Kiatake BianchiniRoberta Kimie Morine

Diagramação Equipe Inky Design - FAAC - UNESPAlexandre Santana FurlanDaniela Brüno Aparecido PereiraDanielle Naomi NakatsuElys Kiatake BianchiniRoberta Kimie MorineThiago Pestillo Seles

.. ... k.. o:-I·n y. . . .•• DI! •• aN

Capa Thiago Pestille Seles

Coordenação Cassia Letícia Carrara DomicianoEditorial Fernanda Henriques

Conselho Editorial Profa. Ora. Cassia Letícia Carrara DomicianoProfa. Ora. Janira Fainer BastosProt. Dr. José Carlos Plácido da SilvaProf. Dr. Marco Antônio dos Reis PereiraPref. Dr. Maria Angélica Seabra Rodrigues Martins

IRua Machadode Assis. 10-35

. VilaAmérica I CEP 17014-0381Bauru. SPcanalÓedltora Fone/fax(14) 3313-79681www.canaI6.com.br

161169 Interação: panoramadas pesquisas em Design, Arquitetura eUrbanismo / Luiz Carlos Paschoarelfie Rosio FernándezBacaSalcedo (organizadores).- - Bauru, SP: Canal 6. 2015.294 o. ; 23 em.

ISBN 978-85-7917-339-4

1. Design. 2. Design brasileiro. 3. Arquitetura. I. Paschoarelfi,Luís Carlos. 11. 111. Salcedo, Rosio FernándezBaca. 111. Título.

(DO: 745.4

Copyright© Canal 6 Editora 2015

I Sumário

Apresentação 09Luis Cartas Paschoare/(j e Rosio Femández 8aca Sa/cedo

01.Conceito de Affordance Aplicado aosSistemas Homem-máquina 15Sérgio Tosi Rodrigues e 8ethânya Graick Carizio.

02.Percepção de Produtos Assistivos: analise dacadeira de rodas infantil e a contribuição para odesign ergonômico 27Melissa Marin vesquez. Fausto Orsi Medola e Luis Carlos Pescnosteili.

03.Pesquisa com protótipo de apoio eletrônico paraos pés: Tecnologia Assistiva para 37cadeirantes paraplégicos .Roberta Lucas Scatolim, João Eduardo Guarnetti dos Santos ePaula da Cruz Landim.

04.Design, Motivação e Jogo: análise do Dominóvisando à criança com subvisáo 47Daniela de Cássia Gamonal Marcato, Cassia Leticia Carrara DomicianoeRobertoAlcarria do Nascimento.

05.Considerações do Cirurgião Dentista sobreseus problemas ocupacionais: demandas parao Design Ergonômico 59Guilherme da Silva Bettslocclni, Fausto Or5; Medola e Luis Carlos

Psscnosreu:

06.Origamics e Design 69ThaísR. Ueno Yamada,RobertoAlcarriadoNascimento eMarcoAntôniodos Reis Pereira.

07.Espaços públicos participativos: integração entredesign, tecnologia e sociedade............................................. 81Ricardo Mendonça RinaldieMarizildados SantosMenezes.

08.A contribuição do design informacional noensino/aprendizagem do desenho manual paraalunos da terceira idade 93Deborah RegianeFabio,SeilaCibeleSitta Preto eMilton KojiNakata.

09.Vamos falar sobre Ecologia? Contextualizaçãodas temáticas Ecologia e Sustentabilidade naPesquisa em Design 107Juliana Bononi, Gabriel Fernandes dos Santos, Cássia Leticia CarraraDomioieno é Luis Csnos PtlSthoM~J1i.

10.Design participativo para a sustentabilidade:desenvolvimento de painéis modularespara fechamento, feitos em bambuassociado com terra e resíduos 127Gabriel Fernandes dos Santose MarcoAntônio dos ReisPereira.

11.Design Contemporâneo: pesquisas interdisciplinares 139Mônica Moura, CarolineApolinário Gomes, Lílian Lago, SilviaSasaokaeValdireneAparecida VieiraNunes.

12.Gestão de design: maturidade e consciênciaacerca do design 149Denise Guimarães e Paulada CruzLandim.

13.Design e Engenharia: integração como estratégiad I - P li I" 157e novaçao nos arques ecno oqicos .Ekaterina Emmanuillnglesis Barcellos e Galdenoro Botura Junior.

14.A qualidade dimensional dos espaços decirculação de casas projetadas através do PROMORE 169Víviane Frascareli Lelis e João Roberto Gomes de Faria.

15.O papel amenizador microclimático dosespaços de transição 179Priscílla Lacerda Duarte David e Maria Solange Gurgel de Castro Fontes.16.Sensibilidade do ENVI-met em relação aosespaços de vegetação 191Wilton Dias da Silva eJoão Roberto Gomes de Faria.

17.Superioridade do desempenho térmico deparedes de adobe, sobre materiaisconvencionais: fato ou mito? 201Eduardo Silva Pinto, Obede Borges Faria e Célia Neves.

18.Acessibilidade Espacial e desafios dainclusão escolar •................ ; 213Renata Cardoso Magagnin, Edmilson Queiroz dias e Bruna de Brito Prado.

19.Arquitetura Dialógica no Contexto do CentroHistórico: o Método 227Rosio Femandez Baca Selcedo, Paula Valéira Caiado, Juliana CavaliníMartins eAntônio Pampa na.

20.Das instituições às cartaspatrimoniais:.percurso histórico 239Marta Enokibara e Giovanna Carrara Maia Machado.

21.Pensar a Estrada de Ferro Perus Pirapora:sobre o estado de preservação do bem tombado 251Ewerton Henrique de Moraes e Eduardo Romero de Oliveira.

22.Abastecimento de água em Bauru: reflexões históricas ..... 261Êrica Lemos Gulinelli, KarlaDi Giacomo Dias dos Santos eNilson Ghirardello.

23.Espaços livres urbanos: chaves deleitura para a pesquisa ·· 273Norma R. Truppel Constantino, Mariana Rossi, Karina A. Mattos e

Eliane K. P Amaro.

24.Condomínios fechados, esferas públicas eespaço público: uma reflexão 285Bruno Fabri Mancini e Claudio Silveira Amaral.