Democracia e polarização da Argentina kirchnerista

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Democracia e polarização na Argentina kirchnerista. Paper apresentado ao 5º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Relações Internacionais. 31 de julho de 2015 – Belo Horizonte/MG PEREIRA, Matheus de Oliveira. 1 Programa em Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP, PUC-SP). 1 Mestrando do Programa em Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP, PUC-SP). Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Sergipe. Pesquisador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais (IEEI-UNESP) e do Grupo de Estudos em Defesa e Segurança Internacional (GEDES UNESP). Email: [email protected]

Transcript of Democracia e polarização da Argentina kirchnerista

Democracia e polarização na Argentina kirchnerista.

Paper apresentado ao 5º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Relações

Internacionais.

31 de julho de 2015 – Belo Horizonte/MG

PEREIRA, Matheus de Oliveira.1

Programa em Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP,

UNICAMP, PUC-SP).

1 Mestrando do Programa em Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP,

UNICAMP, PUC-SP). Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Sergipe.

Pesquisador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais (IEEI-UNESP) e do Grupo de Estudos

em Defesa e Segurança Internacional (GEDES – UNESP). Email: [email protected]

Introdução

Mantido o curso regular da política, em 10 de dezembro de 2015 a presidente

Cristina Fernández de Kirchner transmitirá a faixa presidencial e o bastão da República

a quem vencer o pleito de outubro de 2015. Um fato regular na maior parte das

democracias, a transmissão do cargo de presidente da Argentina é um evento de

importante significado simbólico num país onde sucessões constitucionais e governos

de duração prevista ainda são algo novo na vida política. Durante mais meio século a

política argentina operou num quadro de exceções constitucionais, tensão social,

fragilidade institucional e costuras políticas operando às raias da ruptura. Para ilustrar

esse quadro, basta lembrar que Carlos Menem, em 1995, foi o primeiro presidente eleito

pelo voto popular a encerrar um mandato em quase cinquenta anos2, e o primeiro, desde

19163, a receber o cargo de um opositor igualmente eleito (Romero, 2006, p. 254).

Confirmado o quadro atual, Cristina Fernández de Kirchner será apenas a terceira

presidente eleita a cumprir integralmente o período para o qual foi eleita desde 19284.

Estes dados importam para se ter em mente a excepcionalidade das últimas três décadas,

nas quais mesmo graves crises econômicas e políticas não deram abriram margem para

interrupções da ordem constitucional.

A preservação da continuidade democrática, contudo, não significou

permanência de estabilidade política, que variou na medida de fragilização do contexto

econômico. Raúl Alfonsín, o primeiro presidente pós-ditadura, acossado por uma crise

econômica aguda e hiperinflação, antecipou a posse do em recém-eleito Carlos Menem.

Uma vez na presidência, Menem deu um giro em relação às promessas de campanha,

aprofundando as políticas neoliberais que vinham sendo gestadas desde a última

ditadura militar. Na gestão seguinte, do radical Fernando de La Rúa, o modelo

neoliberal, que vinha mostrando desgaste desde o final do governo Menem ruiu diante

de uma profunda crise econômica, que acabou por derrubar o presidente De La Rúa.

Abria-se o período mais instável desde o retorno da democracia, marcada por uma

intensa rotatividade presidencial e por protestos massivos, até o que o peronista Eduardo

2 A última vez em que isso havia ocorrido foi em 1951, quando Perón foi reeleito para um segundo

mandato de seis anos, que seria interrompido pelo golpe de 1955. 3 Data na qual Hipólito Yrigoyen assumiu a presidência argentina pela primeira vez.

4 Quando Marcelo T. de Alvear encerrou o mandato.

Duhalde, indicado presidente, lograsse uma estabilidade mínima para convocar as

eleições que elegeram Néstor Kirchner presidente da república. Em 2007, a esposa de

Néstor, Cristina Fernández, é eleita presidente, tendo sido reeleita em 2011.

Como sói acontecer nas democracias, os momentos finais governo são marcados

por um intenso embate acerca da qualidade do legado deixado pela gestão que se

encerra. Governo e oposições promovem narrativas distintas, que buscam afirmar uma

hegemonia sobre imaginário popular e moldar expectativas e percepções do eleitorado

às vésperas do pleito. Essas distintas linhas interpretativas abarcam fatos ocorridos não

apenas nos últimos quatro anos, mas compreendem o período de doze anos durante o

qual Néstor Kirchner e Cristina Fernández de Kirchner estiveram à frente do governo

argentino, e são representativas das posições polarizadas que assumiu o debate político

argentino, de forma mais acentuada, nos governos Kirchner.

Traçar um panorama dessa polarização é o objetivo central deste texto. A análise

apresentada se baseia largamente nas impressões obtidas a partir de opiniões emitidas na

imprensa, colhidas pelos informes semanais do projeto Sem Diplomacia, realizado no

âmbito do Instituto de Estudos Econômicos da UNESP. O foco do texto está

especialmente direcionado às posições da oposição ao kirchnerismo, frequentemente

vocalizadas em veículos como os jornais Clarín e La Nación, os dois principais jornais

do establishment midiático argentino, e de portais online como o Infobae. Buscamos

ainda combinar ao uso das fontes jornalísticas, análises de acadêmicos e intelectuais

acerca dos principais temas em tela. Num primeiro momento, faremos uma breve

cronologia do kirchnerismo a partir de seus críticos. Em seguida, passaremos a uma

crônica da polarização em temas específicos: a lei de meios, a política externa e a

questão dos “fundos abutres”.

O kirchnerismo: origens e evolução

As origens do kirchnerismo se dão num contexto de profunda descrença sobre as

instituições políticas e os próprios políticos. Néstor Kirchner foi eleito em um pleito

controverso, após a renúncia do oponente, e com o sufrágio de menos de ¼ da

população, o que abria de imediato a necessidade de organizar uma base de poder que

fosse capaz de dar ao presidente eleito o respaldo que lhe faltou nas urnas (Stuart,

2008). Paralelamente, a crise dos partidos políticos, contestados pelos movimentos

populares que tomaram as ruas do país durante a crise, e a própria fragmentação interna

do peronismo – Kirchner foi um dos três candidatos peronistas – compunham um

quadro no qual a formação de uma coalizão de apoio ao presidente teria de ir além do

parlamento e coligações partidárias.

O exercício de consolidação da liderança de Kirchner foi fortemente marcado

pelas as experiências dos governos radicais mais próximos. A presidência de De La Rúa

havia explicitado que uma vitória nas urnas não bastava para garantir a governabilidade,

que, em momentos de crise, dependia fortemente do apoio popular do qual carecia De

La Rúa no momento de sua queda. Dessa forma, uma vez eleito, Néstor Kirchner

buscou arrimar seu governo em uma rede de apoios diretamente conectada à sociedade,

com capacidade de mobilizá-la. Aqui, Néstor Kirchner soube tirar proveito de um traço

da cultura política argentina que, entre idas e vindas de governos de fato e de direito, é

marcado por um sistema de partidos menos vigoroso do que, por exemplo, organizações

coorporativas de classe (Zelaznik; Rovner, 1995).

Reforçar a militância era, portanto, ao mesmo tempo uma necessidade e uma

possibilidade. Utilizando a capacidade mobilização popular que marca o peronismo,

Kirchner buscou articular uma ampla rede de apoios junto a organizações de classe,

ONGs e lideranças comunitárias, especialmente aquelas que não possuíam histórico de

vinculação com o governo, como os piqueteros e sindicatos dissidentes das grandes

centrais nacionais, estabelecendo coalizões sociais de anteparo ao seu governo

(Zelaznik, 2011).

Arregimentando apoio de figuras de ampla penetração popular, Kirchner logrou

reforçar a militância, enquanto afagava a população com recurso a expedientes de fácil

aceitação massiva, como o aprofundamento de políticas sociais distributivas e de

direitos humanos. Somado a isso, a capacidade de o peronismo aglutinar forças

heterogêneas foi utilizada em favor de coalizões partidárias inesperadas, como a

realizada com a União Cívica Radical para as eleições de 2007, nas quais Cristina

Fernández se sagrou vencedora numa chapa que tinha o radical Júlio Cobos como vice.

Imersa em uma conjuntura externa favorável, a Argentina obteve índices

econômicos satisfatórios nos quatro primeiros anos do kirchnerismo. Enquanto em

2002, o PIB argentino teve uma queda de 10,8%, em 2007, último ano do mandato, a

taxa média de crescimento do PIB girava em torno de 8,0% ao ano (Cepal, 2006),

impulsionada por safras excepcionais e pela formidável demanda chinesa por soja.

Internamente, o desemprego caiu e, embora haja ampla discordância sobre a amplitude

dos efeitos das políticas distributivas de renda, as análises convergem em apontar que

elas foram importantes mecanismos de redução da pobreza e miséria (Lo Vuolo, 2012).

Com o processo de negociação da dívida externa encaminhado, índices sociais e

econômicos satisfatórios e uma base de apoio consolidada, Cristina Fernández teve

pouca dificuldade em vencer as eleições presidenciais e ocupar a Casa Rosada. Dona de

um estilo mais assertivo que seu antecessor, Fernández de Kirchner chegou à Casa

Rosada cercada de amplas expectativas. Seu primeiro mandato seria marcado pelos

conflitos com o setor agrário, o impulso à Lei de Meios e sua reeleição pelo impacto do

falecimento de Néstor Kirchner, em 2010. Este episódio, segundo Novaro (2011) marca

um momento de reinvenção do kirchnerismo e sua guinada rumo ao aprofundamento da

“ortodoxia populista radical” (2011, p.139). Os efeitos simbólicos e políticos da morte

de Néstor Kirchner foram oportunos para “recarregar” as energias do kirchnerismo que,

com forte apoio social, caminhou para a “maturação de um projeto que pretendia ser tão

revolucionário e hegemônico como o primeiro peronismo” (IDEM).

Neste sentido, o mote central das críticas ao governo de Fernández de Kirchner,

por parte de setores opositores, é de que a presidente estaria envolvida em um projeto de

poder, em lugar de buscar construir um projeto de Estado. Para Alexandre Guvnel,

Fernández de Kirchner estaria voltada a um projeto de poder e não de país, pelo que se

envolve em um caráter absolutista em que a figura se confunde com o Estado (Sem

Diplomacia, 2014 a). Assim, as medidas do governo estariam antes destinadas a reforçar

sua base de poder do que em buscar ganhos para o conjunto social. Nessa esteira, em

artigo publicado no Portal Infobae, o jornalista Carlos Mira afirma que o que sustenta as

decisões do governo e a “irritação”, isto é, faz-se aquilo que se identifica com maior

potencial de irritar os adversários (Sem Diplomacia, 2015, k).

Essa linha de argumentação crítica às gestões Fernández de Kirchner ganhou

espaço, inclusive, junto ao peronismo. Júlio Bárbaro, um expoente do movimento

peronista, endossa os juízos baseados no argumento do poder e questiona a posição de

esquerda da presidente, afirmando que ela abusa do dogmatismo para ganhar poder, e dá

continuidade a um governo que usufrui do Estado como coisa privada (Sem

Diplomacia, 2014, b).

¿Y vos, sos K o anti-K? – Crônica da polarização argentina.

Se bem a relação entre governo e mídia não se deu livre de fricções ao longo dos

últimos 30 anos5, nenhum governo democrático anterior foi marcado por um quadro de

conflituosidade tão explícita com a imprensa quanto os Kirchner. A batalha entre

governo e os grandes conglomerados de mídia é um dos mais importantes capítulos para

se compreender o kirchnerismo, oferecendo uma síntese precisa da polarização que se

dá não em termos estritamente programáticos, mas, sobretudo, como uma disputa pelo

relato. É a peleja de narrativas que buscam a hegemonia sobre a mentalidade coletiva

que anima a polarização na Argentina e incentiva o quadro de “nós versus eles” – uma

consequência lógica de quando se tem duas verdades opostas na qualidade dos fatos.

O ano de 2008 representou um momento de inflexão para o kirchnerismo e

marca o momento em que a polarização ganharia contornos mais precisos. Neste ano, a

disputa travada entre o governo e produtores agrícolas não apenas esfriou as relações do

governo com o setor agroexportador como teve o efeito de explicitar o confronto entre o

kirchnerismo e setores da mídia argentina, notadamente o Grupo Clarín. Outrora

próximo ao governo, o Grupo Clarín passou à posição de adversário número um na

disputa pela reforma dos marcos legais da comunicação na Argentina. A cobertura dada

pela holding ao caso do confronto com os produtores agrários foi interpretada pela Casa

Rosada como parcial e concebida para sobrevalorizar aspectos que prejudicavam a

imagem do governo e minimizar os que o favoreciam. Como plano de fundo estava a

disputa com o Clarín pelo controle da Telecom6 (Kitzberger, 2011).

Neste contexto foi proposta a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual

(LSCA), frequentemente referida como Lei de Meios, um dispositivo normativo para

“regular os serviços de comunicação audiovisual em todo o âmbito da República

Argentina, e o desenvolvimento de mecanismos destinados à promoção,

desconcentração e fomento da competição, com fins de barateamento, democratização e

universalização do aproveitamento de novas tecnologias de informação e comunicação”

(Argentina, 2009).

A ONG Repórteres Sem Fronteiras foi uma voz a posicionar-se a favor da lei.

Comentando a declaração de constitucionalidade feita pela Suprema Corte Argentina, a

5 O presidente radical Raúl Alfonsín chegou a realizar críticas públicas ao Clarín pelo que considerava

tentativas de desestabilização do governo por parte do grupo de mídia. 6 Empresa de telecomunicações que responde pela maior parte das operações do setor no norte e nordeste

da Argentina.

ONG afirmou que a aplicação da lei representa um passo importante para a pluralidade

da informação na Argentina. (Reporteros sin Fronteras, 2013). Por sua vez, a ONG

Human Rights Wathc aponta, em seu mais recente relatório, que apesar de avanços na

proteção de liberdades individuais básicas e nos processos contra as violações de

direitos humanos ocorridas na ditadura, a liberdade de expressão sofre algumas ameaças

na Argentina (Human Rights Watch, 2015, pp. 63-68).

Em outra mão, jornalistas do establishment questionavam as mudanças nos

marcos regulatórios, entendendo-as como medidas de um governo autoritário, que não

aceita fiscalização e contestação. O jornalista Jorge Lanata, que de apoiador passou ao

posto de um dos críticos mais destacados do kirchnerismo, aponta que Cristina Kirchner

é uma presidente com dificuldade em conviver com a imprensa livre e que coopta

jornais, alienando-os ao governo (Clarín, 2014). Na mesma ocasião, o diário La Nación

afirmava que as investidas de Cristina contra o Clarín eram movimentos típicos de um

governo derrotado, acuado, e que precisa mostrar-se onipresente para esconder suas

fragilidades (Sem Diplomacia, 2014, c).

A Lei de Meios constitui um marco no debate sobre liberdade de imprensa e

democratização da informação. Este debate foi situado em parâmetros mais dilatados e

que tinha como referência central a resposta negativa ao problema epistemológico de

tratar objetivamente os fatos em sua representação na forma de notícia (Palma, 2012).

Negava-se, portanto, a ideia de imparcialidade jornalística e trazia-se à baila a

importância de desvelar os interesses por detrás das notícias que, sob o manto da

aparente neutralidade, buscava conformar posições alinhadas aos seus interesses. Nas

palavras de um jornalista partidário dessa leitura, “se o homem não pode apreender fatos

sociais (e naturais) completamente liberado de sua subjetividade, evidentemente o

jornalismo não deveria basear sua legitimidade social em uma suposta assepsia

desinteressada.” (Palma, 2012, p.38)

Ao eleger o Grupo Clarín como adversário, o kirchnerismo incorpora a arena

política atores que, se bem eram parte dela, não estavam referenciados dessa forma,

situados em relação aos seus interesses concretos. Isto é, politizando a questão da mídia

o kirchnerismo trouxe à tona o caráter político das organizações de mídia que, seja por

interesse próprio ou formalismo jurídico, não era rotineiramente reconhecido. Ao fazê-

lo, punha em prática não apenas uma concepção particular da questão, mas dava espaço

a um pensamento já consolidado junto a círculos intelectuais argentinos, como o que

forma o grupo Carta Aberta, de apoio aos Kirchner. Nas palavras de Dante Palma, a Lei

de Meios teve o atributo de explicitar que parte da imprensa, e “particularmente o

Grupo Clarín operava como um partido político, que disputava a política e a

representação da sociedade civil, ao mesmo tempo em que utilizava sua fenomenal

cadeia de meios para gerar uma hegemonia constitutiva de um sentido comum a mercê

dos interesses econômicos do grupo.” (Palma, 2012, p. 13)

O fato de haver sido o Grupo Clarín o principal afetado pela Lei de Meios tinha

por si só uma dimensão simbólica. Uma conhecida expressão na Argentina dizia que

“nenhum governo sobrevivia a três manchetes do Clarín” tamanho era o poder do grupo

em formar opinião no país. Neste sentido é que o jornal Tiempo Argentino, de marcada

posição pró-governo, publicou, quando da vitória de Cristina Kirchner nas PASO de

2011, uma matéria que se intitulava “A presidenta que ganhou 347 manchetes do

Clarín” e afirmava 78% dos artigos escritos pelo diário eram de conteúdo negativo

sobre o governo. (Tiempo Argentino, 2011)

A questão da lei de meios põe em tela outra das marcas do kirchnerismo, à de

não conter o debate político nas arenas institucionais que, se por um lado cumprem um

papel ratificador, por outro são frequentemente evocadas como fonte de legitimidade,

quando da contestação dos atos. O desapego à institucionalidade aparece como uma das

marcas mais evidentes do kirchnerismo. Novaro (2011, p. 131) afirma que “se algo se

manteve incólume [nos anos de kirchnerismo] foi o objetivo irrenunciável de conquistar

e legitimar a maior autonomia possível frente ao sistema institucional e a sociedade”.

Egressos de uma geração que teve pouco contato com a normalidade constitucional e

que conhecia a democracia como uma utopia distante, os Kirchner manifestaram pouca

atenção aos limites institucionais (Stuart, 2008), o que é lido pelo oficialismo como

aprofundamento da democracia, baseado numa interpretação de a ação do governo é

expressão da vontade popular; é relatado pela oposição como mecanismos de

esvaziamento institucional (Sem Diplomacia, 2014, d). Corroborando essa leitura, o

historiador Luís Alberto Romero, analisa que Argentina pós-1983 teria regredido de

uma democracia republicana liberal para uma democracia autoritária de líderes (La

Nación, 2015).

A gestão econômica foi outro tema central na polarização da Argentina

kirchnerista. Permanente objeto de debate em qualquer governo, a política econômica,

ganhou um impulso adicional na Argentina, em 2014, em face do quadro de aumento da

inflação, diminuição da estabilidade do emprego e recessão industrial. A estatização das

ferrovias do país foi tema recente de controvérsia e de crítica, sendo associada a uma

medida populista e irresponsável, dados os gastos relacionados à medida, num contexto

de déficit fiscal (Sem Diplomacia, 2015, l). Dos recentes desdobramentos da questão

econômica, contudo, o mais emblemático se deu com os “fundos abutres” (vulture

funds) – uma expressão empregada para referir-se aos fundos de investimentos que

compram títulos nacionais desvalorizados e aguardam a recuperação econômica do país

para obter lucros exponenciais.

O governo argentino alcunhou assim os chamados holdout – os fundos de

investimento que não aderiram à proposta de renegociação da dívida argentina em

nenhuma das rodadas ocorridas em 2005, 2007 e 2010. Ao total, mais de 90% dos

credores aceitaram a proposta argentina – que consiste numa remissão de 65% sobre o

montante inicial. Os “abutres” correspondem a cerca de 1% dos credores – um montante

de dívida estimado em US$ 1,5 bilhão. Entretanto, apesar o baixo valor absoluto da

dívida, o pagamento poderia significar uma crise aguda em função da existência de uma

cláusula RUFO – Rights upon futures offers – que dá a todos os credores os benefícios

eventualmente conseguidos a alguns. Cumprindo a decisão judicial de pagar aos fundos

holdouts o valor integral da dívida, a Argentina estaria, portanto, contratualmente

obrigada a pagar 100% do valor devido aos demais credores, o que elevaria a dívida

para mais de 100 bilhões de dólares.

O problema com os fundos abutres implicou em aumento da complexidade da

questão cambial na Argentina. A redução no ingresso de divisas dificultou ainda mais a

debilitada a capacidade de o governo fazer frente ao blue7 e estabilizar o câmbio.

Fatores externos como o desaquecimento da economia brasileira, que repercute

diretamente sobre as exportações do setor industrial argentino, e a queda no preço das

commodities e o crescimento mais lento que o esperado da economia chinesa, cuja

demanda por soja alavancou as exportações argentinas no começo do kirchnerismo,

configuram um quadro de dificuldades para a economia nacional.

7 “Blue” é o termo usado para referir-se ao câmbio paralelo na Argentina.

Destarte, o tratamento dado pelo governo à questão dos fundos abutres foi alvo

de polêmica interna e estrangeira. O fato de que o cumprimento da decisão do juiz de

Nova York, Thomas Griesa, poderia abrir margem para uma completa debacle

financeira fez com o que o governo argentina politizasse de imediato a questão. O

discurso encontrou o tom em acusações de por o país de joelhos ao capital internacional

e o descumprimento da sentença apresentado como ato soberano, sintetizado na frase

“Patria o buitres”.

A revista The Economist, uma voz qualificada dos interesses do establishment

financeiro e reiterada crítica da gestão Kirchner, chamou o país de “Luís Suárez das

finanças internacionais8”, afirmando que parte dos problemas que o país encontra na

renegociação de sua dívida externa se devem a um “narcisismo adolescente” que

impulsiona uma concepção de que a Argentina poderia se comportar como lhe convém

e não segundo as regras do jogo da economia global (Sem Diplomacia, 2014, e) Em

outra ocasião, a revista criticou a forma como o país tratou a questão. Para a publicação,

o governo argentino exacerbou o assunto e em vez de negociação e rigor econômico,

adotou um nacionalismo indignado. (Sem Diplomacia, 2014, f).

As críticas à forma como o governo de Fernández de Kirchner lidou com a

questão dos abutres não ficaram restritas a veículos estrangeiros. No Clarín, o jornalista

Eduardo van der Kooy analisava a condução do governo como característica de uma

presidente sem habilidade para questões econômicas e um ministro sem capacidade

política para um assunto dessa complexidade (Sem Diplomacia, 2014, g). Outro

importante jornalista, Joaquín Morales Sola, escreve que a má gestão da presidente na

questão é responsável por seus efeitos sobre o país e que recompor as relações com os

mercados será uma tarefa para o próximo presidente, que receberá um país onde nada

restou (Sem Diplomacia, 2014, h).

A política econômica foi usada também como ilustração do autoritarismo do

qual é acusado o governo kirchnerista, especialmente após a posse do ministro Axel

Kicillof, um keynesiano que ficou conhecido por afirmar que todo empresário é

naturalmente suspeito. Segundo um artigo do La Nación, as medidas do governo –

como a política de “precios cuidados”, o tabelamento de produtos básicos – e controle

8 Em alusão ao futebolista uruguaio Luís Suarez, suspendo pela FIFA após morder um jogador italiano

em uma partida válida pela Copa do Mundo do Brasil.

sobre o montante de dólares adquiridos por exportadores são marca de um s gestão que

governa pela intimidação e que transformou política econômica em polícia econômica

(Sem Diplomacia, 2014, i). As recentes aproximações com a China são alvo de críticas

baseadas na ideia que isso representará um aprofundamento da dependência e da

primarização da economia argentina. Por seu turno, o governo busca fortalecer a ideia

de que esses expedientes são necessários para frear setores que usam seu poderio

econômico para lutar contra o governo popular.

Kirchnerismo e polarização: uma possibilidade de interpretação.

O quadro até aqui delineado informa elementos que permitem traçar uma

possibilidade de interpretação acerca do kirchnernismo. O primeiro aspecto é revestir-

se de uma lógica binária na qual se estabelece uma oposição clara ao projeto liberal e ao

que se afirma ser um projeto de democracia imperfeita, que vigeu no país de 1983 a

2003 (Zelaznik, 2011). O ponto de referência do debate aberto pelos Kirchner não está

nos governos liberais da fase democrática, apesar das alusões a este período, mas sim na

ditadura militar iniciada em 1976, responsável por implantar reformas estruturais no

capitalismo argentina, consolidando o neoliberalismo como paradigma dominante no

país (Ayerbe, 1998), cuja falência foi decretada pela crise 2001.

Nestes marcos, o kirchnerismo encampa um discurso segundo o qual a nação

argentina teria sido fraturada pelo projeto liberal que usurpou o poder popular, entregue

aos interesses dos mercados e de elites nacionais antidemocráticas, produzindo

desemprego, endividamento e subordinação externa (Novaro, 2011). Assim, o

kirchnerismo se apresenta como o caminho da refundação da nação, pelo reencontro

desta com uma experiência exitosa de democracia popular, enxergada no primeiro

período peronista (1945-1955) (Stuart, 2008; Novaro, 2011; Zelaznik, 2011;). Segundo

Novaro (2011, p. 133) “a síntese de tradições [do peronismo] não teve outra meta senão

aquela de exaltação da vontade autônoma de uma presidência, que, se não tinha

legitimidade plebiscitária detrás de si, havia de encontrá-la de pronto à sua frente tão

logo surgissem os resultados de seus atos”. Para este autor, o kirchnerismo despontou

como um movimento de pretensões reformistas, que almejava reordenar as alianças de

classe internas e compor uma nova estrutura política na Argentina. À medida que os

obstáculos forma aparecendo o kirchnerismo teria respondido com uma “peronização”

que, ao fim, significou sua descaracterização como movimento inédito, tornando-se

apenas uma face nova do peronismo.

Este caminho rumo à hegemonia não se firma como uma inovação do

kirchnerismo. Ao contrário, a busca pela hegemonização de um discurso e uma

ideologia sobre os mecanismos de sociabilidade é o movimento padrão do governo de

ora, num contexto de competição entre diferentes forças políticas pelo controle do poder

do Estado, que se configura como um dilema essencial na política argentina desde o

advento do peronismo.

Apresentando-se como portador de um projeto redentor, que proporciona a

Argentina um encontro consigo mesma, o kirchnerismo se põe uma áurea de

infalibilidade por mérito próprio o que significa que a contestação de seus eventuais

insucessos são atributos de forças desestabilizadoras do projeto e não deste em si. As

frequentes alusões ao primeiro peronismo são funcionais como desenho de elos e

paralelismos com o atual governo, seja através da figura dos dois casais, ambos

interrompidos pela morte de um dos cônjuges no auge da vida, ou mesmo na evocação

de figuras como Héctor Cámpora – que dá o nome da agremiação que organiza a

militância jovem do kirchnerismo. Esta construção, baseada no símbolo e na emoção,

tem o efeito de reforçar a figura presidencial, de promover um “pacto afetivo” (Novaro,

2011, p.139) entre povo e governo, reverberando sobre uma maior aceitação de seu

poder cada vez mais amplo, uma vez que o presidente confunde-se como o próprio

projeto redentor.

Este panorama breve apresenta elementos que informam a primeira de algumas

feições importantes do atual quadro de polarização na Argentina. O caráter não-

propositivo da oposição com capacidade de chegar ao governo é evidenciado na

referência pela negação, isto é, a oposição é antes anti-K do que representante de uma

narrativa particular de país. Assim, a polarização na Argentina não se dá pela dicotomia

governo oposição simplesmente, mas pela identificação de um grupo político a partir da

negação da facção que se encontra no poder. Existe uma tentativa, especialmente do

lado da oposição, de proscrever a lógica “esquerda x direita” e, do lado do governo,

busca-se a construção de um imaginário de “nós x eles”. Uma consequência disto é que

o alto grau de polarização desorganiza a oposição que, marcada antes pelo signo da

negação do governo que da alternativa, não oferece possibilidades viáveis de governo

diferente do que estabelecido.

Nas duas situações, ambos os lados pregam deter o monopólio do zelo real do

interesse nacional e o debate político passa a ser travado segundo não ideias, programas

ou projetos, mas numa peleja em que um tenta mostrar que o seu maior mérito é não ser

o outro. Neste sentido, instala-se a lógica do inimigo, pela qual todo que não está pelo

grupo está contra ele, eliminando as possibilidades de posições mediais. Na Argentina

polarizada, as tentativas de posicionamentos entre os dois polos são engolfadas e

persistem os extremos. Neste sentido, o personalismo desempenha um papel central,

catalisador desse tipo de situação, na medida em que os grupos são confundidos na

figura do líder e nele referenciados. Comumente vinculado ao peronismo, a

centralização da figura do líder passa a ser o mote também da oposição e a composição

de forças tem antes o objetivo de formar um líder que uma ideia particular em torno da

qual se estruture a liderança. Dessa forma, os grupos políticos de oposição se articulam

em torno de uma figura antes que de um programa. Ao peronismo, radicalismo e

kirchnerismo, somam-se o masismo9 e o macrismo

10. A lógica dual, alimentada pelo

oficialismo e oposição, instala um quadro de competição entre lideranças que, no fundo,

reforça a dependência da capacidade mobilizadora, que se tornou condição indefectível

da governabilidade.

Considerações Finais

A narrativa crítica ao kirchnerismo pode ser sintetizada em torno de alguns

elementos centrais. Autoritarismo, esvaziamento e aparelhamento das instituições,

degradação da prática política, corrupção, instrumentalização da política para o poder e

a incongruência entre o discurso oficialista e a realidade se constituem como o cerne do

relato anti-kirchnerista. Assim, contrapõem-se dois relatos que pelejam pela hegemonia

sobre o imaginário popular. De um lado, um projeto redentor que marca o reencontro do

governo com as massas de outro, um governo derrotado pela realidade, que se alimenta

da miséria, da exclusão e da ignorância (Sem Diplomacia, 2014, j).

9 Em referência a Sérgio Massa, quadro dissidente do kirchnerismo. Ex-chefe de gabinete de Cristina

Kirchner, entre 2008 e 2009, foi prefeito de Tigre e atualmente é deputado federal pela Província de

Buenos Aires e líder da Frente Renovadora. 10

Em referência a Maurício Macri, ex-deputado federal pela Cidade de Buenos Aires, atualmente é Chefe

de Governo da Cidade Autônoma de Buenos Aires. É fundador do Compromisso pela Mudança e líder da

Proposta Republicana (PRO), de centro-direita.

Ambos os relatos se valem de uma sobrevalorização do momento atual no

intuito de reforçar a excepcionalidade do kirchnerismo. Matizar esses aspectos em favor

de situar mais claramente a real singularidade do kirchnerismo é um desafio necessário

e que este texto não pode exaurir. Um tópico, porém, parece-nos essencial nesse debate.

Do ponto de vista das instituições políticas argentinas, um quadro de fragilidade

é mais comum do que excepcional, mesmo depois do retorno à democracia. Ademais, o

contexto regional latino-americano é sintomático de um quadro no qual as instituições

políticas, em lugar de canalizar as demandas das massas e acomodar os interesses

conflitantes que caracterizam a democracia, se configuram mais como elementos de

reprodução do status quo do que propriamente meios de gestão de políticas públicas

adequadas a um modelo de organização social. Desse modo, um projeto político que se

pretenda inclusivo das massas – como é o caso do kirchnerismo – não tampouco de

reduzir os caminhos entre estas e o poder, nem tampouco prescindir de sua

movimentação. Antes, porém, é preciso que haja, de fato, um projeto concreto de

inclusão das massas e não a sua instrumentalização em favor de um novo status quo

igualmente excludente.

A definição de regras e métodos convenientes aos interesses e demandas

particulares da conjuntura na qual está envolvido o governo de turno é talvez um dos

aspectos mais sobressalentes da cultura política argentina das últimas sete décadas. O

fato de que as políticas de ora são efetivamente aplicadas sugere que se trata de uma

questão que transcende o âmbito das instituições, inscrevendo-se como expediente

ordinário de uma cultura política na qual alianças inconclusas sobre direcionamentos de

longo prazo para o desenvolvimento do Estado ainda caracterizam o tecido político.

Outrossim, atos espetaculares, destinados a convencer a audiência, são particulares de

governos que respaldam seu poder mais sobre o apoio cotidiano da população do que do

sufrágio eleitoral e não se pode dizer, com respaldo na realidade, que, na Argentina, esta

foi uma prática particular do kirchnerismo.

Em nossa visão, a partir dos elementos destacados, parece restar pouco

ineditismo no kirchnerismo e mesmo as acusações de que este e excede na infâmia e no

abuso de poder precisam ser contemporizada em razão de tratar-se do governo de ora,

sobre o qual é evidente que haverá opiniões mais acaloradas tanto em abono quanto em

detração. Essa leitura não implica minimizar avanços – com os feitos em relação às

políticas sociais, de direitos humanos e defesa – estas duas últimas com concepções

atualizadas dos temas; nem marginalizar alguns aspectos particulares, dentre os quais a

incorporação da militância ao poder do Estado constitui-se como feito cujos

desdobramentos podem ser a chave da estabilidade dos governos seguintes.

Estabelecer previsões, especialmente em processo eleitorais de sociedades

polarizadas, é um exercício de pouca precisão. Contudo, alguns aspectos parecem se

sobressair no panorama eleitoral argentino. Diante de um quadro em que recuperar as

rédeas da gestão macroeconômica, sem comprometer os ganhos sociais e a relativa

estabilidade do emprego – esta cada vez mais ameaçada – se apresenta como desafio

para o governo que vem, a vitória estará mais próxima de quem conseguir combinar a

confiança dos setores produtivos e do mercado financeiro à capacidade de mobilização

popular, que desde 2001 resta como árbitro da política argentina. Isto nos marcos de

uma hegemonia eleitoral do Partido Justicialista que, por seu turno, não está unido em

torno do projeto de continuidade do kirchnerismo – que enfrenta oposição interna de

quadros referentes históricos do partido.

Sucessões são sempre um assunto complexo para o peronismo. Em 1974, ano de

sua morte, o então presidente Juan Domingo Perón presentou Carlos Blaquier, um

magnata argentino do agronegócio, com uma réplica do bastão presidencial. O

empresário relutou, alegando que não era peronista, ao que Perón teria respondido que

esse era o motivo mesmo do presente, já que “um peronista jamais entrega o bastão a

outro peronista a menos que seja sua esposa”. Vaticínio ou não, o fato é que jamais um

peronista transmitiu a presidência a um correligionário que não fosse sua esposa. A

característica personalista que marca a afirmação de poder dos presidentes peronistas

torna complexa a formação de um sucessor, cuja preparação pressupõe ganho de

visibilidade na gestão anterior o que, se bem sucedido, implica em possibilidade de

compartilhamento do protagonismo que – por sua vez – pode enfraquecer o presidente

do momento, comprometendo a governabilidade.

Esse dilema é parte da sucessão do atual governo. A menos de 10 meses das

eleições presidenciais Cristina Kirchner não definiu um sucessor e o peso de sua figura

na eleição ainda é uma incógnita Estima-se, na oposição, que, como ocorreu como

outros ex-presidentes em final de mandato, ela detenha influência decisiva sobre 20% a

25% do eleitorado. Se conseguirá verter essa influência em votos para o candidato que

apoiar é algo que depende em grande medida da efetividade de consolidação do seu

relato sobre os últimos 12 anos na Argentina e especialmente dos quatro últimos.

Em relação à agenda imediata, os desafios na economia e na recuperação de

credibilidade de algumas instâncias institucionais devem movimentar a agenda inicial

do próximo governo. Nisto também pouco há de inédito: debilidades institucionais e

desordem macroeconômica tem sido uma herança recorrente para os novos governos na

Argentina, embora o atual quadro econômico esteja muito mais próximo do de 1999 do

que 1989 ou 2003. Já para lineamentos de longo prazo, a composição de forças em

torno de um projeto de país, resta como tópico central. Ou seja, nada de muito novo

para o próximo ocupante do sillón de Riadavia.

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