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Amsterdã

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Amsterdãabraça todos

Eclética e livre de rótulos, a capital holandesa é um livro aberto, com capítulos sobre cerveja, museus, flores, criatividade,

liberdade. Moral da história? Respeito! Por Cristiane Sinatura

jardim KeuKenhof

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a msterdã é terra de todos: a tu-do serve e a todos agrada. Minha mãe, por exemplo, cairia de amo-

res pelas casas bonitinhas à beira do ca-nal e pelas flores – ah, as flores da Holan-da! Minha tia amaria os museus, os Van Gogh, os Rembrandt e todas as artes da Era de Ouro. Meu pai, dúvida nenhuma, se embriagaria com as cervejas nesta que é a terra das primorosas Lagers. Meu ir-mão, esse curtiria os coffeeshops, e olha que ele nem é dessa tribo. Já meu mari-do se prenderia à liberdade deliciosa que é poder fazer tudo de bicicleta. Quanto a mim, bem, eu fiz isso tudo por mim e por eles, mas lamentei, como em nenhum outro lugar, estar sozinha. Amsterdã pe-de companhia – e não hesita em arranjar amigos para quem esteja só.

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Cheguei a Amsterdã no fim da pri-mavera – ou seja, peguei ainda uns re-fugos da mais holandesa das estações. Mas chuviscava, ventava, gelava. A cida-de é, sim, uma das mais cool do mundo: cool de legal, mas de fria também – tan-to que os holandeses se desculpam pelo clima chatinho a todo instante. A vanta-gem desse tempo murcho é que o jardim Keukenhof, o maior do mundo, a 40 qui-lômetros de Amsterdã, estava um des-bunde de lindo. Localizado em Lisse, ele pode ser visitado anualmente, entre mar-ço e maio, com acesso fácil de trem. Nes-sa época do ano, quando as tulipas já de-veriam estar murchando com a chegada do verão, elas ainda estavam resplande-centes e empertigadas, reinando pompo-sas sobre narcisos, lírios e jacintos. No total, são mais de 7 milhões de bulbos de 150 tipos diferentes de tulipas.

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nervoso da cultura amsterdamesa, fica o Van Gogh Museum, que nos últimos tem-pos também passou por breve reforma pa-ra comemorar seus 40 anos. O acervo em homenagem ao mais famoso pintor ho-landês tem 200 pinturas, 500 desenhos e 700 cartas escritas por ele. Entre as obras--primas, estão as telas Os Comedores de Batatas, Girassóis e Campo de Trigo com Corvos. Uma verdadeira aula pós-impres-sionista. A loja de suvenir, de quebra, tem várias peças bacanas e criativas inspira-das em Van Gogh. Logo ao lado, ainda na Museumplein, o Stedelijk é o museu de arte moderna da cidade, com fachada fu-turista. Aqui, brilham trabalhos de Matis-se, Mondrian, Kandinsky, Picasso, Mo-net… Outro nome de peso das artes holandesas, Rembrandt também tem seu próprio museu, na casa onde ele morou por 21 anos. Muitos quadros foram pro-duzidos no estúdio do primeiro andar que, a exemplo dos demais cômodos, reproduz a decoração original do século 17, expon-do desenhos, gravuras e autorretratos.

E, claro, tem a Casa de Anne Frank, um dos mais importantes sítios do

Museus de grandes novidadesO orgulho de Amsterdã é o Rijks-

museum, museu nacional que, depois de dez anos em reforma, finalmente abriu ao público em 2013. Agora as 8 mil obras ex-postas estão divididas em salas cronológi-cas, abrangendo cerca de 800 anos de ar-te. O conteúdo tem nomes com Vermeer, Jan Steen e Frans Hals, grandes expoen-tes da chamada Era de Ouro da pintura holandesa, no século 17. A obra mais fa-mosa é A Ronda Noturna, de Rembrandt, única a permanecer em seu lugar original depois da renovação. Ali você vai ver que o Brasil desempenha um capítulo de peso na história holandesa, por conta da inva-são do nosso Nordeste. De qualquer for-ma, a peça mais fotografada está mesmo é do lado de fora do Rijksmuseum: o le-treiro branco e vermelho “I Amsterdam”, em frente ao museu.

Na mesma Museumplein, a enorme praça gramada conhecida como o centro

A cada temporada, o Keukenhof tem um tema que inspira a configuração dos canteiros de flores e a decoração do jardim. Em 2016, foi a Era de Ouro, que marcou o apogeu da pintura nacional no século 17. Em 2017, será o design holandês, entre 23 de março e 21 de maio.

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Holocausto. Por isso mesmo, prepare-se: a fila é muito grande. O ideal é chegar assim que o museu abre, às 9h. Ou en-tão comprar os ingressos on-line e garan-tir um horário agendado. Além da grande procura, não cabe tanta gente ao mes-mo tempo nos corredores estreitos e cô-modos claustrofóbicos do anexo onde a menina e sua família se esconderam por dois anos na década de 1940 – e que ho-je estão vazios, à exceção das fotos pen-duradas nas paredes.

Tá tudo liberadoNão dá para escrever sobre Ams-

terdã, muito menos estar em Amster-dã, sendo politicamente correto. Mui-tos turistas vão para lá com uma coisa em mente (não que seja a única, claro). E justamente por isso, a capital não ade-riu à lei que proíbe o uso de maconha por não moradores, como outras cidades holandesas fizeram. Amsterdã sabe que sua fama vem daí, dos coffeeshops. En-tão por que negá-los? Seguindo algumas regrinhas, as coisas caminham bem por lá (veja todas elas em bit.ly/amsviajar).

Como sou adepta de imersões antro-pológicas, mais na base da observação do que na ação propriamente dita, fui só para ver como é um coffeeshop. Foi

uma escolha aleatória, no bairro boêmio De Pijp. Era um lugar meio estranho, meio caído, com várias referências ca-ribenhas. Havia um grupo de jovens, só no cigarrinho e no espresso (não se po-de consumir álcool aqui dentro), e um casal de cinquentões. O “cardápio” es-tá lá para você escolher (do lado de fora, é proibido qualquer tipo de anúncio ou propaganda). Na dúvida, peça sugestões ao atendente. Não querendo tragar, tem o famoso space cake, o bolinho que não deixa de ser potente.

Depois, em outra noite, embrenhei--me por mais um antro que alicerça a fa-ma amsterdamesa: o Red Light District. Ali se enfileiram prostíbulos de vitrines escancaradas, onde as moças se escanca-ram mais ainda em roupas mínimas. Lin-das, as moças. Eu, ingênua, achava que era só espetáculo para turista ver (foto-grafar, nem pensar), mas o que vi foi mui-to homem perguntando preço e entrando para valer. E aí a mocinha fechava a corti-na para a coisa acontecer ali mesmo, na-quele quarto separado da rua apenas por uma camada de vidro e protegido por um segurança brutamontes.

Mas não precisa de tanto despudor assim para aproveitar outro trunfo de Amsterdã: a cerveja. O lugar para isso são

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os chamados bruine cafés, bares antigões, escuros, apertados, lotados, daqueles que você pega a cerveja direto no balcão domi-nado por torneiras espumantes. Em tem-po: bruine é marrom em holandês, referên-cia à cor das paredes, tingidas pela fumaça do tabaco ao longo dos anos (maconha, lá, não pode). Os melhores bruine cafés se concentram em De Pijp, que já foi uma região degradada e hoje é um redutinho pop, dono do maior mercado a céu aber-to da Europa (o Albert Cuyp Market, que abre todo dia, menos domingo). Os bares se enfileiram por uma rua onde só passam pedestres. São muitos, mas anote aí esses nomes: o tradicional Café Krull e o mo-derninho Het Paardje.

Assim como beber, os holandeses sa-bem, claro, como fazer uma boa cerve-ja. Heineken, Grolsch e Amstel são as

incontornáveis. A primeira virou atração concorrida também fora das mesas de bar – na Heineken Experience. Bastou transfor-mar sua velha fábrica em De Pijp em um museu interativo sobre a história da marca, mostrando a produção passo a passo, inclu-sive com um simulador 4-D (em que você se sente a própria cerveja). No final, vem a degustação. Também há uma série de pe-quenas cervejarias artesanais, como a Brou-werij ‘t IJ, que fica em um icônico moinho de vento à beira do Lago IJ. Além de visitar a fábrica gratuitamente, dá para provar cer-vejas orgânicas no biergarten anexo, ao ar li-vre e com sistema self-service.

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Há mais que arenque, stroopwafels e queijos na cozinHa típica do país. conHeça:

Moeders: peça o ricedish, uma combinação de todas as especialidades holandesas da casa. Rozengracht, 251, moeders.com

Café Loetje: com vários endereços pela cidade, é conhecido há 30 anos pelo biefstuk com friet (bife com batata frita). Johannes Vermeerstraat, 52, loetje.com

Haesje CLaes: ocupando prédios históricos do século 16, tem como carro-chefe as almôndegas com molho de pimenta e sopa de feijão. Spuistraat, 275, haesjeclaes.nl

Greetje: com foco em comida caseira e ingredientes orgânicos, destaca-se o sanduíche grelhado de pão açucarado com terrine de fígado de pato e xarope de maçã. Peperstraat, 23-25, restaurantgreetje.nl

Hap-HMM: desde 1935, serve refeições baratas, como as “almôndegas da vovó” e o steak com molho tipo estrogonofe. Eerste Helmesstraat, 33, hap-hmm.nl

d’Vijff VLieGHen: em elegantes prédios do século 17, autointitula-se um “museu culinário” ao servir receitas clássicas como o waterzooi (guisado de peixe e vegetais). Spuistraat, 294-302, vijffvlieghen.nl

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Vou de barco (ou bike)Os barcos são ótimos meios para conhecer a cidade. Afi-

nal, são mais de cem quilômetros de canais concêntricos, parte de um engenhoso sistema que ainda envolve diques e moinhos de vento para conter o avanço da água (Amsterdã está quatro metros abaixo do nível do mar). Explore as pos-sibilidades do Canal Bus, uma embarcação tipo hop on hop off (suba e desça quantas vezes quiser dentro de um pra-zo limitado). Os bilhetes valem para 24 horas (€ 21,50) ou 48 horas (€ 24,50).

Por terra, os pés, as bikes e, para distâncias maiores, os trams são supereficientes. A cidade não tem um sistema de aluguel de bicicletas com várias estações, como o Vé-lib de Paris ou o Citibike de Nova York. É que, afinal, ca-da morador já tem a sua própria bicicleta – a estatística diz que é mais de uma por habitante e que 58% da população pedala todo dia! Furtos, no entanto, são comuns, então é bom não deixá-las dando sopa. Esse, aliás, é o máximo de “criminalidade” que vamos encontrar aqui.

Para turistas, há empresas especializadas em aluguel, como a Macbike, que oferece também passeios guiados pela cidade. Vai bem tomar cuidado ao pedalar, porque os amsterdameses são tão experts nisso que não têm lá muita paciência com novatos no emaranhado de gente, bike e bonde passando todos pelo mesmo lugar. Mas ape-sar de parecer que não, é tudo organizadinho e regrado. Dá para passear sem medo pelo Vondelpark, a área ver-de queridinha dos locais, com oito hectares. É ali, nes-se recanto superfamília, que as línguas pervertidas dizem que fazer sexo é permitido por lei. Não caia nessa: tudo não passou de uma boataria originada em 2007. E se tem uma coisa que é boa e minha mãe, minha tia, meu pai, meu irmão, meu marido, eu e todo mundo gostamos é respeito. Amsterdã, afinal, é terra de todos.

Comida holandesa? Será?

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Inclua no seu roteiroZaanse schans: a dez quilômetros de amsterdã, este museu a céu aberto reproduz uma antiga vila, com moinhos de vento, vacas pastando, fábricas de queijos e de tamancos, casas de fachada reta e janelões, passeio de barco e aluguel de bike. para chegar, há trens e ônibus desde a centraal station.

Igrejas: em um país onde é grande a quantidade de agnósticos e ateus, muitas igrejas ganharam outros usos. a nieuwe Kerk, por exemplo, foi erguida no século 14, mas deixou de celebrar missas para sediar eventos da família real e exposições variadas. por outro lado, ainda há templos marcantes, como a oude Kerk, prédio mais antigo da cidade, com 800 anos.

BegIjnhof: ao redor de um pátio, essas residências do século 14 abrigavam mulheres de uma irmandade católica. a de número 34 é a casa mais antiga da cidade – e única a conservar a fachada de madeira original.

fáBrIca de queIjo: para conhecer a produção do famoso gouda, visite a Henri willig (henriwillig.com), que tem quatro propriedades nos arredores de amsterdã. o tour é gratuito e sem agendamento – e inclui também a fabricação dos tamancos clogs, feitos de madeira desde, pelo menos, o século 13 e usados até hoje no campo. no final do tour, esbalde-se na deliciosa loja de queijos, chocolates, mostardas, vinhos e stroopwafels.

Museus soBre aMsTerdã: o Grachtenhuis (hetgrachtenhuis.nl, € 10) é um museu interativo e multimídia que se propõe a contar a história dos 400 anos dos canais de amsterdã em 40 minutos, ocupando uma autêntica casa burguesa do século 17. maior em acervo e também com apelo interativo, o amsterdam museum (amsterdammuseum.nl, € 12,50) reúne telas, estátuas, artefatos navais e cartografia.PalácIo real: a principal

construção da praça dam foi erguida no século 17 como prefeitura. Hoje é um dos três palácios da Holanda a sediar eventos oficiais da família real. alguns aposentos abrem para visitação pública (paleisamsterdam.nl, € 10).

Praça daM: o coração histórico de amsterdã guarda o monumento nacional, um obelisco que serve de memorial da segunda Guerra. em seus arredores, ficam a filial holandesa do museu de cera madame tussauds e a loja de departamentos do século 19 Bijenkorf, a maior da cidade, com seis andares.

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