Cidade e linguagem: algumas notas sobre as palavras como mecanismo de exclusão sócio- espacial

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AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 6, dez 2013 111 Cidade e linguagem: algumas notas sobre as palavras como mecanismo de exclusão sócio- espacial Tiago Castro Lemos École des Hautes Études en Sciences Sociales (França)/ Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal) A cidade, enquanto contexto físico e social, é constituída por um conjunto de diferentes territórios que para afirmarem a sua especificidade requerem a existência de uma categoria que os identifique. Essa categoria – uma palavra – quando mobilizada, através da linguagem, evoca os limites sócio-espaciais e as características que estão associados a esse espaço. Com isto, e considerando a linguagem uma prática social, procurar-se-á lançar algumas pistas de reflexão em torno desta temática através de um debate estruturado a partir do papel da política, dos média e da ciência na transformação e mobilização das palavras que dividem a cidade em ‘categorias de acção social’. The city, as a physical and social context, is formed by different territories that to express their specificity require the existence of a category that identifies. This category – a word – when is mobilized, through the language, it evokes the social and territorial limits and also the characteristics linked to space. So, and considering the language as a social practice, we try to give some clues for a reflection about this issue through a debate carried out from the understanding of the roles of politic, media and science in the transformation and mobilization of the words that divide the city in ‘social action categories’. Palavras-chave: Cidade; território; linguagem; exclusão. Key-words: City; territory; language; exclusion.

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AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 6, dez 2013 111

Cidade e linguagem: algumas notas sobre as palavras como

mecanismo de exclusão sócio- espacial

Tiago Castro Lemos

École des Hautes Études en Sciences Sociales (França)/ Faculdade de Letras da Universidade do Porto

(Portugal)

A cidade, enquanto contexto físico e social, é constituída por um conjunto de diferentes territórios que para afirmarem a sua especificidade requerem a existência de uma categoria que os identifique. Essa categoria – uma palavra – quando mobilizada, através da linguagem, evoca os limites sócio-espaciais e as características que estão associados a esse espaço. Com isto, e considerando a linguagem uma prática social, procurar-se-á lançar algumas pistas de reflexão em torno desta temática através de um debate estruturado a partir do papel da política, dos média e da ciência na transformação e mobilização das palavras que dividem a cidade em ‘categorias de acção social’. The city, as a physical and social context, is formed by different territories that to express their specificity require the existence of a category that identifies. This category – a word – when is mobilized, through the language, it evokes the social and territorial limits and also the characteristics linked to space. So, and considering the language as a social practice, we try to give some clues for a reflection about this issue through a debate carried out from the understanding of the roles of politic, media and science in the transformation and mobilization of the words that divide the city in ‘social action categories’. Palavras-chave: Cidade; território; linguagem; exclusão. Key-words: City; territory; language; exclusion.

ORDENAMENTO, REGENERAÇÃO E SOCIABILIDADES URBANAS

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Seguramente é difícil de conceber uma porção de espaço urbano que escape às

relações de força e àquelas que contêm dissimetria, que as palavras da cidade

exprimem, mantêm, e às vezes desarmam.

(Depaule, 2006)

Esta comunicação tem como objectivo apresentar uma das temáticas a aprofundar, o

quanto for possível, na tese de doutoramento em desenvolvimento [sobre o papel dos

agentes económicos e políticos e as classes sociais na produção de um espaço

habitacional em Matosinhos Sul]. Esta temática trata dos efeitos sociais da mobilização

das palavras do/sobre o território, ou melhor, das consequências que a utilização e

generalização das palavras utilizadas correntemente - que se referem a determinado

espaço físico (como rua, ilha, bairro, zona, ghetto, etc.) - têm na produção e na

reprodução de um espaço, bem como do grupo de quem o habita.

Para a compreensão de como está dimensão de análise actua sobre o processo de

autonomização e percepção dos territórios tentar-se-á esboçar, esquematicamente, um

conjunto de preceitos teóricos e metodológicos que se procurará por em prática na

investigação doutoral. Procurar-se no utilizar desta ferramentas de análise, durante a

investigação, perceber a génese, os agentes envolvidos, o processo de generalização de

palavras como “Matosinhos Sul”, bem como os efeitos da sua mobilização construção

territorial. (Decerto serão encontradas palavras ou expressões, mais ou menos

instituídas, que permitirão entender como é que a instituição e generalização das

“palavras da cidade” estão, também, na génese daquela realidade)

PARTE I: A LINGUAGEM COMO PODER

Gostaria somente de trazer para debate o conjunto de premissas – ainda que um pouco

dispersas – que esboçam uma tomada de posição teórica e metodológica relativamente

ao estudo da linguagem do/sobre o contexto urbano e pô-las, num registo abstracto e

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ancorado em alguns estudos de caso, ao serviço da compreensão da violência urbana.

Esta violência, decorrente da linguagem, opera sobretudo ao nível da estigmatização

espacial, reconvertendo a violência, em violência simbólica (cf. Bourdieu, 2001) [ainda

que as suas consequências sejam muitas vezes físicas e psicológicas – vejam-se os casos

das revoltas das banlieues parisienses ou da acção militar extrema nas favelas do Rio de

Janeiro].

Este assunto terá uma particular pertinência em ser abordado porque pela falta de um

debate académico orientado para estas problemáticas, torna-se, também, por isso, uma

tema sem muita repercussão ao serviço da auto-reflexão social – sendo, nesse sentido,

mais eficaz a linguagem como mecanismo de controlo e violência simbólicas.

“As relações linguísticas são sempre relações de força simbólica através dos

quais as relações de força entre os locutores e os seus grupos respectivos se

actualizam sobre uma forma transfigurada”

(Bourdieu, 1992, p.118)

É importante, para se entenderem os efeitos da mobilização destas palavras que dividem

o território, contextualizar a linguagem no seu universo social de produção, de forma ser

possível a compreensão das relações de força que estão inerentes neste processo

(Bourdieu e Wacquant, 1992; Bourdieu, 2001). Não podemos, por isso, entender as

palavras per se, quer dizer, não nos podemos anexar somente a uma análise semântica,

que nos fazia entender a palavra como uma partícula formal, sem qualquer fundamento

social, como defendia Saussure.

Para entendermos os efeitos da mobilização e da institucionalização das palavras como

categorias de divisão é necessário passar de uma ciência da linguagem para uma ciência

dos usos sociais da linguagem (Bourdieu, 2001). Para a eficácia desta tomada de

posição terá de se ter em conta, entre outras dimensões, quem é o locutor, quem é o

auditor, qual o contexto social em que a palavra é utilizada: por outras palavras,

entender o uso da palavra como uma prática social.

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Tal como todas as práticas inerentes à construção do território (que passam pelas

decisões políticas e administrativas; pelos efeitos da mercantilização do preço do solo;

ou até como uma festa organizada por uma associação de moradores de um bairro

apelando à unificação da espacialização de um grupo) o uso da palavra tem o seu papel

determinante.

As palavras relativas ao território são uma forma exemplar de etiquetagem social porque

elas articulam eficazmente classificações espaciais e classificações sociais (Depaule e

Topalov, 1996). Por exemplo, ghetto ou favela não se referem somente a um espaço

físico sobre o qual temos uma imagem mental mais ou menos organizada, mas também

àqueles que o habitam (os negros dos ghettos dos EUA e os favelados).

- Neste contexto, é conferida à palavra uma dimensão pré-lucotória, quer dizer,

ela ao se referir a um espaço físico delimitado permite, por antecipação, o reavivar de

uma imagem mental associada a esse mesmo espaço. Pobreza, crime, violência,

condições sanitárias reduzidas, tráfico de droga são algumas das características que

associamos a estes locais. Como afirma Jean-Charles Depaule (2006) estas palavras são

verdadeiros mecanismos de condensação-tipificação.

- Se a palavra condensa o imaginário colectivo relativo a um território e

conceptualiza as suas características sociais, constituindo-se um referente-tipo, ela

permite o espoletar de uma cascata de imagens mentais que posibilitem aos sujeitos a

construção de um imaginário sobre um determinado lugar. A generalização e

disseminação destas palavras permite – entre muitos outros factores, é claro – a

sedimentação de um espaço e das suas características na memória colectiva, no sentido

que lhe deu Halbwachs (1994, 1997).

- De modo a está memória colectiva ser exequível é necessário que estas

palavras sejam operatórias possuindo um determinado nível de generalização e ao

mesmo tempo que devem ser suficientemente concretas, de forma a serem comunicáveis

e perceptíveis, também devendo ser susceptíveis de definições técnicas e jurídicas

(Depaule, 2006; ; Topalov, 2001; Depaule e Topalov, 1996).

- Podemos afirmar que estas palavras têm uma dupla verdade ou, pelo menos,

um duplo sentido. Elas incluem e excluem, determinam o interior e o exterior. Afirmar

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que um ghetto é um local violento, com criminalidade e onde há tráfico de droga,

implica conferir-lhe uma especificidade, uma particularidade, uma originalidade, uma

interioridade e por isto a acepção de uma exterioridade, de uma diferença

Fonte: C. Topalov, L. Coudroy de Lille, J.

PARTE II: A PALAVRA

físico e do espaço social, tornam

O espaço com um nome ganha um valor que parte de um acto colectivo de

institucionalização e de fundação

conjunto de palavras para determinar o espaço, catalogá

operar de forma mais eficaz sobre

urbanos e, assim, facilitar a sua gestão

ORDENAMENTO, REGENERAÇÃO E SOCIABILIDADES URB

Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 6, dez 2013

que um ghetto é um local violento, com criminalidade e onde há tráfico de droga,

lhe uma especificidade, uma particularidade, uma originalidade, uma

interioridade e por isto a acepção de uma exterioridade, de uma diferença

- Algumas palavras do léxico urbano -

C. Topalov, L. Coudroy de Lille, J.-C. Depaule e B. Marin (dir.), L’Aventure des mots de la ville. À travers le

temps, les langues, les sociétés, Paris, Éditions Robert Laffont, 2011.

A PALAVRA COMO ‘CATEGORIA DE ACÇÃO’

As palavras do território, enquanto referentes de percepção do espaço

físico e do espaço social, tornam-se em problemática quando se reconvertem,

de certa forma, em ‘categorias de acção’ (sociais, políticas, etc.).

um nome ganha um valor que parte de um acto colectivo de

institucionalização e de fundação. Os tecnocratas e as elites propõem, assim,

conjunto de palavras para determinar o espaço, catalogá-lo, quer dizer, dividi

icaz sobre ele. Essas categorias são feitas para ordenar espaços

facilitar a sua gestão.

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que um ghetto é um local violento, com criminalidade e onde há tráfico de droga,

lhe uma especificidade, uma particularidade, uma originalidade, uma

interioridade e por isto a acepção de uma exterioridade, de uma diferença.

L’Aventure des mots de la ville. À travers le

s, Éditions Robert Laffont, 2011.

As palavras do território, enquanto referentes de percepção do espaço

se em problemática quando se reconvertem,

(sociais, políticas, etc.).

um nome ganha um valor que parte de um acto colectivo de

, assim, lançar um

lo, quer dizer, dividi-lo, para

categorias são feitas para ordenar espaços

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Perceber a linguagem permite-nos, ao mesmo tempo, perceber um conjunto de fracturas

que estão instituídas na sociedade (Topalov, 2001). Nesse sentido, encontram-se uma

série de derivações semânticas relativamente às palavras do território (couronne,

rurbanisation, périurbain, exopolis, technopole, flexspaces no lugar de banlieue –

palavras ‘criadas’ por sociólogos, historiadores e muitas vezes generalizados pelos

média) mobilizadas socialmente, através da utilização ordinária mobilizada

correntemente pelos agentes sociais numa palavra pejorativa, pós-moderna e

universalizada: periferia (d’Arc, 2006)

Acontece, também, o facto de os agentes sociais estruturarem um vocabulário específico

para designar o lugar onde vivem, sob a vontade de escapar à identificação oficial -

trabalhos de Antida Gazzola (2006) em Gênes, na Itália e Laurent Bazac-Billaud (2006)

em Praga, na República Checa - sendo este um factor de reforço do estigma.

Palavras fora da linguagem oficial como “Edge City”, “invasão” ou “colónia irregular”

são auto-designações que têm como horizonte a tentativa de conquistar a integração.

Tornam-se palavras que estabelecem uma dialéctica estigmatização/desejo de integração

(cf. D’Arc, 2006)

Torna-se importante percepcionar alguns dos agentes sociais que mobilizam estas

palavras tornando-as conceitos operativos na memória/imaginário colectiva/o.

Entidades de Gestão, Planificação e Administração Urbanas

Através da formalização e institucionalização de um conjunto de dados, o poder

político-administrativo exerce a sua força. São nos Planos Directores Municipais; os

traçados de mapas; as determinações de toponímias, por exemplo, que encontramos

dados sobre a linguagem oficial.

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Um exemplo apresentado por Yankel Fijalkow:

PALAVRA PERÍODO/USO TEMAS ASSOCIADOS

Taudis

Sentido literário estabilizado no séc. XVIII.

Uso político no início do século XX

Alojamento, tuberculose, limpeza

Bouge Sentido literário. Início do

século XVII : abrigo precário, sinónimo de taudis

Mobilidade, limpeza, vadiagem [Vagabondage]

Logement insalubre Sentido jurídico a partir de 1850

Apartamento, habitabilidade 1- Redes sanitárias 2- Sobre-população 3- Ambiente construído 4- População, modo de

vida Habitat insuffisant ou

incommode Sentido descritivo no século XIX

Conforto, dimensão, sobre-população, falta de obediência às “regras da arte”

Habitat défectueux Sentido descritivo depois de 1945.

Conforto, antiguidade, inadaptação aos modos de vida modernos

Mal logés Categoria administrativa depois de 1945

Conforto, sobre-população, antiguidade.

Habitat indigne Categoria administrativa depois de 1990

Imóveis insalubres, ameaças de ruína, risco de intoxicação por chumbo. Noção de saúde pública, procura de dignidade do ser humano

Logement décent Categoria administrativa depois de 1990

Risco manifesto, segurança física, saúde. Conformidade para uso habitacional

“Usos e contextos dos termos que designam o mau alojamento”

Fonte: Yankel Fijalkow (2006), « Les mots français du mauvais logement, XIXe-XXe siècle. Taudis, bouge, gîte.

Habitat incommode, insalubre, insuffisant, défectueux, inhabitable, indigne… », in Depaule, Jean-Charles, Les mots de la

stigmatisation urbaine, Paris, Éditions UNESCO/Maison des sciences de l’homme, pp.73-95.

Media

Jornais e televisão disseminam a palavra introduzindo-a na linguagem corrente. Estes

meios de comunicação associam de uma forma eficaz as palavras às imagens

projectadas, facilitando a (re) construção de uma memória/imaginário colectiva/o.

AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 6, dez 2013

Fonte: Anthony W. Schuman, “Ghetto”. mots de la stigmatisation urbaine.

Cientistas Sociais

Através da demanda social e da ligação dos corpos de

os cientistas sociais foram colocados

participam na produção social do território, nomeadamente na institucionalização de

categorias de acção.

ORDENAMENTO, REGENERAÇÃO E SOCIABILIDADES URB

Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 6, dez 2013

Fonte: Courrier International (Edição Francesa), nº 1042, 21 de Outubro 2010

“Ghetto”. Un mot et son US/age au Xxe siècle. In Jean-Charles Depaule (dir.), mots de la stigmatisation urbaine. Paris, MSH/UNESCO, 2004, pp.48-49. [Tradução do Francês]

Através da demanda social e da ligação dos corpos de investigação a entidades púb

colocados, em certos momentos, ao serviço dos dominantes e

participam na produção social do território, nomeadamente na institucionalização de

ORDENAMENTO, REGENERAÇÃO E SOCIABILIDADES URBANAS

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(Edição Francesa), nº 1042, 21 de Outubro 2010

Charles Depaule (dir.), Les 49. [Tradução do Francês]

investigação a entidades públicas,

ao serviço dos dominantes e

participam na produção social do território, nomeadamente na institucionalização de

AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 6, dez 2013

Alguns exemplos

1 - Os efeitos do trabalho do François Dubet

Esprit na disseminação da problemática dos

Sylvie Tissot, “Les sociologues et la banlieue: construction savante du problème des ‘quartiers sensibles’”,

2 - O exemplo da construção das favelas

acção política e científica engendr

pelo padre Louis-Joseph Lebret (Valladares, 2005

3 – A mobilização pela Federal Housing Administration dos conhecimentos de

economia urbana construídos no seio da Escola de Chicago, em particular por H. Hy

(Kuklick, 2005)

Assim, a partir de uma reflexão sobre as palavras que estão na génese de processos de

estigmatização urbana, podemos construir uma certa sensibilidade fenomenológica que nos

permitirá levar a cabo um debate alargado sobre os vários mecanismos que estão na origem e

legitimação dos fenómenos de violência urbana.

ORDENAMENTO, REGENERAÇÃO E SOCIABILIDADES URB

Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 6, dez 2013

s efeitos do trabalho do François Dubet e Didier Lapeyronnie

na disseminação da problemática dos ‘quartiers sensibles’. (Tissot, 2005)

Sylvie Tissot, “Les sociologues et la banlieue: construction savante du problème des ‘quartiers sensibles’”, 60, Setembro, 2005, p.63.

O exemplo da construção das favelas no Rio de Janeiro como categoria de

acção política e científica engendrada pelo grupo Economie et Humanisme, encabeçada

Joseph Lebret (Valladares, 2005)

A mobilização pela Federal Housing Administration dos conhecimentos de

economia urbana construídos no seio da Escola de Chicago, em particular por H. Hy

partir de uma reflexão sobre as palavras que estão na génese de processos de

estigmatização urbana, podemos construir uma certa sensibilidade fenomenológica que nos

permitirá levar a cabo um debate alargado sobre os vários mecanismos que estão na origem e

legitimação dos fenómenos de violência urbana.

ORDENAMENTO, REGENERAÇÃO E SOCIABILIDADES URBANAS

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e Didier Lapeyronnie e da Revista

(Tissot, 2005)

Sylvie Tissot, “Les sociologues et la banlieue: construction savante du problème des ‘quartiers sensibles’”, Genèses,

60, Setembro, 2005, p.63.

como categoria de

ada pelo grupo Economie et Humanisme, encabeçada

A mobilização pela Federal Housing Administration dos conhecimentos de

economia urbana construídos no seio da Escola de Chicago, em particular por H. Hyot.

partir de uma reflexão sobre as palavras que estão na génese de processos de

estigmatização urbana, podemos construir uma certa sensibilidade fenomenológica que nos

permitirá levar a cabo um debate alargado sobre os vários mecanismos que estão na origem e na

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AGIR - Revista Interdisciplinar de Ciências Sociais e Humanas. Ano 1, Vol. 1, n.º 6, dez 2013 120

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