CADEIA PRODUTIVA DE SOJA
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Anápolis 2014
Introdução
A soja chegou ao Brasil via Estados Unidos, em
1882. Gustavo Dutra, então professor da Escola de
Agronomia da Bahia, realizou os primeiros estudos
de avaliação de cultivares introduzida daquele
país.
Em 1891, testes de adaptação de cultivares
semelhantes aos conduzidos por Dutra na Bahia
foram realizados no Instituto Agronômico de
Campinas, Estado de São Paulo (SP). Assim como nos
EUA, a soja no Brasil dessa época era estudada
mais como cultura forrageira - eventualmente
também produzindo grãos para consumo de animais da
propriedade - do que como planta produtora de
grãos para a indústria de farelos e óleos
vegetais.
A produção de soja, impulsionada pela forte
demanda internacional e os preços atrativos, foi a
maior responsável por acelerar a mecanização das
lavouras, por modernizar o sistema de transportes,
por expandir a fronteira agrícola, por
profissionalizar e incrementar o comércio
internacional, por modificar e enriquecer a dieta
alimentar de grande parte dos brasileiros e,
conseqüentemente, por acelerar o êxodo rural e a
urbanização em diversas regiões do país. A soja,
também serviu de base para impulsionar e
descentralizar as agroindústrias, viabilizar e
expandir as cooperativas tritícolas e fomentar a
expansão e modernização em outras atividades
agropecuárias, como milho, suínos, aves e leite.
A soja é o produto principal de um sistema de
produção mais amplo e relativamente mais complexo.
Além da produção agrícola, desenvolveu-se uma
ampla estrutura industrial, comercial e de
serviços, que se convencionou chamar de "complexo-
soja". Fazem parte deste complexo as indústrias
de óleos vegetais e farelo, as indústrias
fornecedoras de máquinas, equipamentos e insumos
agrícolas, as redes de comercialização e
financiamento da produção, pertencentes às
cooperativas, aos grupos privados nacionais e
internacionais e ao Estado.
CADEIA PRODUTIVA DE SOJA
Produção de grãos
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
divulgou o Levantamento de Grãos da Safra
2013/2014, que aponta para uma produção de 191,2
milhões de toneladas. A estimativa representa um
aumento de 1,4% ou o equivalente a 2,6 milhões de
toneladas acima da safra passada, que foi de 188,7
milhões de toneladas.
Com relação à pesquisas anteriores , houve um
incremento de cerca de 600 mil toneladas, devido
à recuperação das lavouras de soja, algodão, arroz
e feijão, que tiveram menor influência de
intempéries climáticas ocorridas nas regiões
produtoras. No entanto, o trigo, cultura passível
de sofrer mais os efeitos das mudanças do clima e
por se encontrar no início do plantio, pode
alterar este resultado.
No total, o país deverá colher 188,7 milhões
de toneladas de grãos em 2013/2014, com aumento de
0,7% em relação à safra passada (187,4 milhões de
toneladas). A área total destinada ao plantio de
grãos deve chegar a 55 milhões de hectares, o que
representa alta de 4% em relação à área de 53,28
milhões de hectares da safra 2012/2013. A soja
teve maior crescimento, com acréscimo de 7,4% na
área plantada, passando de 27,7 para 29,8 milhões
de hectares.
Mercado Interno
A previsão da taxa de crescimento anual de
produção de soja é de 2,43% até 2019, próxima da
taxa mundial, estimada em 2,56% para os próximos
dez anos. Estima-se a produção de 80,9 milhões de
toneladas.
ExportaçãoO complexo de soja (grão, farelo e óleo) é o
principal gerador de divisas cambiais do Brasil,
com negociações anuais que ultrapassam US$ 20
bilhões. Em 2019, a produção nacional deve
representar 40% do comércio mundial do grão e 73%
do óleo de soja.ImportaçãoO Brasil é auto suficiente na produção de
soja, abastecendo o mercado interno e enviando o
excedente ao mercado externo. O consumo interno
está em constante ascensão e a previsão é de que
45% do aumento da produção seja destinado ao
mercado interno em 2019.
Farelo de soja
O farelo de soja é a principal fonte de
proteína dos animais, sendo utilizado como ração.
Para produzir vários tipos de farelo de soja, de
acordo com a necessidade de cada cliente, a
Brejeiro recebe de seus fornecedores uma soja com
elevado grau de qualidade, que é processada
seguindo critérios rígidos de produção, estocagem
e transporte.
Óleo de soja
O óleo de soja é extraído da semente de soja e
é utilizado como fonte de alimento e com as novas
tecnologias também pode ser usada
como bicombustível.
Para extrair o óleo é necessário colocar suas
sementes em uma prensa de alta pressão que as
espremerá até retirar-se todo o óleo contido
nelas. A alta pressão causa variações positivas
de temperatura o que torna o óleo de coloração
escura e sabor forte. Após a prensa é feito o
processo de clarificação e refinação para eliminar
impurezas. O produto final é chamado de óleo
virgem que deve estar sem a presença de partículas
sólidas e corpos estranhos.
Importância da soja para a economia brasileira
O Complexo Soja tem um papel importante no
desenvolvimento da economia brasileira. Em 2011,
foram movimentados cerca de 24 bilhões de dólares
apenas nas exportações de soja, farelo e óleo. A
sojicultura brasileira gera 1,5 milhão de empregos
em 17 Estados do País.
O crescimento dos setores envolvidos com a
soja por meio de investimentos em tecnologias,
novas áreas agrícolas e indústrias de
processamento de grãos e refino de óleos tem
promovido resultados positivos não apenas em
volumes operados, mas também na melhoria de vida
da população.
A comparação entre as duas últimas pesquisas
do Índice de Desenvolvimento Humano - IDH (medido
entre 0 e 1) realizadas pelo Programa das Nações
Unidaas para o Desenvolvimento - PNUD, órgão da
Organização das Nações Unidas, revela um aumento
vigoroso da qualidade de vida nos municípios em
que a soja desempenha importante papel econômico e
social.
Os efeitos positivos promovidos pela soja e a
indústria se traduzem em mais empregos, fontes de
renda e melhoria na qualidade de serviços por meio
da ampliação de investimentos em educação,
capacitação profissional e cidadania.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, instituição líder em
pesquisa para a agricultura tropical, e a BASF,
uma das maiores indústrias químicas do País,
anunciam, no dia de 7 de agosto, acordo de
cooperação para o desenvolvimento e
comercialização de variedades de soja
geneticamente modificadas tolerantes a herbicidas.
Segundo o acordo, a BASF é responsável pelo
fornecimento do gene ahas. Já os pesquisadores
brasileiros da Embrapa são responsáveis pelo
processo de inserção desse gene em plantas de
soja. Da associação entre o gene e o processo
desenvolvido pela Embrapa, foram obtidas plantas
geneticamente modificadas tolerantes a herbicidas
da classe das imidazolinonas.
O contrato de cooperação técnica formaliza a
definição e o reconhecimento dos direitos da
Embrapa e da BASF em relação a essa tecnologia,
que possui patente no Brasil, concedida pelo
Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI), e em outros países. As duas empresas são
co-detentoras da tecnologia.
Esse será o primeiro produto geneticamente
modificado a ser disponibilizado no mercado
brasileiro obtido pelo “pacote tecnológico” de
propriedade da BASF e da Embrapa. A expectativa é
que as novas variedades de soja, decorrentes do
trabalho de parceria formalizado hoje, possam
estar disponíveis para o produtor de sementes em
2010 ou 2011. Para o agricultor, a partir de 2012.
Dada a importância da soja na economia
brasileira - o Brasil é o segundo maior produtor
mundial de soja e maior exportador do grão -, é
estratégico para o país contar com sistemas
viáveis de controle e manejo das plantas daninhas
na cultura. Com a inovação apresentada pela BASF e
Embrapa, os sojicultores brasileiros terão uma
nova opção no manejo de plantas daninhas, uma
alternativa diferente das atuais encontradas no
mercado.
“Este é um excelente exemplo de como as
empresas podem criar sinergias em pesquisa,
desenvolvimento e comercialização que resultam em
soluções feitas sob medida para os agricultores.
Também é uma demonstração clara de que o Brasil é
um centro de competência em biotecnologia e o
berço de inovação em pesquisa e desenvolvimento no
campo de organismos geneticamente modificados”,
afirma Walter Dissinger, Vice-presidente de
Produtos para Agricultura da BASF para a América
Latina.
Os fatores que contribuíram para que a soja se
estabelecesse como uma importante cultura no
Brasil são muitos. Para a Região Sul do país
podem-se destacar as seguintes causas:
1. Semelhança do ecossistema do sul do Brasil com
aquele predominante no sul dos EUA, favorecendo o
êxito na transferência e adoção de variedades e
outras tecnologias de produção;
2. Estabelecimento da "Operação Tatu" no RS, em
meados dos anos 60, cujo programa promoveu a
calagem e a correção da fertilidade dos solos;
3. Incentivos fiscais disponibilizados aos
produtores de trigo nos anos 50, 60 e 70
beneficiaram igualmente a cultura da soja, que
utiliza, no verão, a mesma área, mão de obra e
maquinaria do trigo cultivado no inverno;
4. Mercado internacional em alta, principalmente
em meados dos anos 70;
5. Substituição das gorduras animais (banha e
manteiga) por óleos vegetais;
6. Estabelecimento de um importante parque
industrial de processamento de soja, de máquinas e
de insumos agrícolas na região;
7. Facilidades de mecanização total da cultura;
8. Surgimento de um sistema cooperativista
dinâmico e eficiente, que apoiou fortemente a
produção, a industrialização e a comercialização
das safras;
9. Estabelecimento de uma bem articulada rede de
pesquisa de soja envolvendo os poderes públicos
federais e estaduais;
10. Melhorias nos sistemas viário, portuário e de
comunicações, agilizando o transporte e as
exportações.
Já para a região dos cerrados brasileiros
destacam-se como causas para a expansão da
produção da soja:
1. Construção de Brasília na região que
determinaram melhorias na infra-estrutura
regional;
2. Incentivos fiscais disponibilizados para a
abertura de novas áreas de produção agrícola para
a aquisição de máquinas e construção de silos e
armazéns;
3. Estabelecimento de agroindústrias na região;
4. Baixo valor da terra na região, comparado ao da
Região Sul, nas décadas de 1960/70/80;
5. Desenvolvimento de um bem sucedido pacote
tecnológico para a produção de soja na região, com
destaque para as novas cultivares adaptadas à
condição de baixa latitude da região;
6. Topografia altamente favorável à mecanização;
7. Boas condições físicas dos solos da região;
8. Melhorias no sistema de transporte da produção
regional;
9. Bom nível econômico e tecnológico dos
produtores de soja da região;
10. Regime pluviométrico da região altamente
favorável aos cultivos de verão.
Conclusão
Feitas estas considerações, parece racional
acreditar positivamente no futuro da produção
brasileira de soja, de vez que, dentre os grandes
produtores mundiais da oleaginosa, o Brasil figura
como o país que apresenta as melhores condições
para expandir a produção e prover o esperado
aumento da demanda mundial. Este País possui,
apenas no ecossistema do Cerrado, mais de 50
milhões de hectares de terras ainda virgens e
aptas para a sua imediata incorporação ao processo
produtivo da soja. A área cultivada com soja nos
EUA, Argentina, China e Índia, que juntos com o
Brasil produzem mais de 90% da soja mundial, só
cresce em detrimento de outros cultivos. Sua
fronteira agrícola está quase ou totalmente
esgotada.
Em última análise, o futuro da soja brasileira
dependerá da sua competitividade no mercado
global, para o que precisará, ademais do empenho
do produtor, o apoio governamental, destacadamente
na abertura e integração de novas e mais baratas
vias de escoamento da produção. Iniciativas nesse
sentido já estão sendo tomadas com a implementação
dos Corredores de Exportação Noroeste, Centro-
Norte, Cuiabá-Santarém e Paraná-Paraguai,
integrando rodovias, ferrovias e hidrovias aos
sistemas de transporte da produção agrícola
nacional. Este esforço do governo é indispensável
para que o País possa reduzir a importância desse
item na composição dos custos totais da tonelada
de produto brasileiro que chega aos mercados
internacionais. O custo médio do transporte
rodoviário é muito mais alto que o ferroviário e
este mais caro que o hidroviário. Apenas para
ilustrar, 16% da soja americana é transportada por
rodovias, contra 67% da brasileira. Em
contrapartida, 61% da soja americana viaja por
hidrovias, contra 5% da brasileira.
Mesmo assim, o Brasil não precisa ter medo de
competir. Já alcançou a produtividade média da
soja dos EUA e tem condições de alcançá-los,
também, na produção.
Referencias
http://www.cnpso.embrapa.br/producaosoja/
SojanoBrasil.htm
http://www.abepro.org.br/biblioteca/
enegep2010_tn_sto_113_739_15470.pdf
http://www.agrolink.com.br/downloads/cadeia
%20produtiva%20da%20soja.pdf
http://esalqlog.esalq.usp.br/files/biblioteca/
728.pdf
http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/
2014/03/brasil-deve-colher-188-7-milhoes-de-
toneladas-de-graos-na-safra-2013-2014-aponta-
conab-4443751.html
http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/
2014/03/brasil-deve-colher-188-7-milhoes-de-
toneladas-de-graos-na-safra-2013-2014-aponta-
conab-4443751.html
http://www.agrolink.com.br/culturas/soja/
importancia.aspx