Avaliação da biodiversidade na florestal de Potone e Topuiat

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Avaliação da biodiversidade na florestal de Potone e Topuiato para criação de reservas de plantas medicinais 1. Descrição resumo do trabalho de inventário na floresta de Potone e Topuito O presente relatório apresenta o resultado da avaliação da biodiversidade das florestas de Potone e Topuito, Província de Nampula. E fornece informação sobre o estado da vegetação, particularmente no que se refere as espécies e arbóreas, arbustivas com objectivos de criação de reserva de plantas medicinais. O principal objectivo do estudo é avaliar a contribuição das florestas de Potone e Topuito na rede de áreas protegidas em Moçambique e para a conservação da diversidade de plantas e enquadra-se nas actividades do programa de florestas do WWF- Moçambique, no âmbito do apoio ao desenho e implementação de planos de criação de reservas florestais. Estiveram envolvidos neste trabalho os técnicos da Direcção Nacional de Terras e Florestas, técnicos dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia de Nampula e técnicos do Instituto de Investigação Agronómica de Moçambique. A metodologia usada para o levantamento de dados é a amostragem sistemática estratificada. As amostras consistiam de uma parcela de 0.4ha, distribuídas a partir de uma grelha de pontos equidistantes em intervalos de 1 x 1 km. Foram medidas um total de 49 amostras distribuídas entre os três tipos de cobertura identificados na área de estudo, nomeadamente a floresta baixa medeanamente densa (), floresta baixa aberta () e vegetação herbácea (). A distribuição das parcelas não incluiu a área do mangal por esta ser uma florestas com diferentes da grande área e requer uma metodologia apropriado para um levantamento florestal. 1

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Avaliação da biodiversidade na florestal de Potone eTopuiato para criação de reservas de plantas medicinais

1. Descrição resumo do trabalho de inventário na floresta dePotone e Topuito

O presente relatório apresenta o resultado da avaliação dabiodiversidade das florestas de Potone e Topuito, Província deNampula. E fornece informação sobre o estado da vegetação,particularmente no que se refere as espécies e arbóreas,arbustivas com objectivos de criação de reserva de plantasmedicinais.

O principal objectivo do estudo é avaliar a contribuição dasflorestas de Potone e Topuito na rede de áreas protegidas emMoçambique e para a conservação da diversidade de plantas eenquadra-se nas actividades do programa de florestas do WWF-Moçambique, no âmbito do apoio ao desenho e implementação deplanos de criação de reservas florestais.

Estiveram envolvidos neste trabalho os técnicos da DirecçãoNacional de Terras e Florestas, técnicos dos ServiçosProvinciais de Florestas e Fauna Bravia de Nampula e técnicosdo Instituto de Investigação Agronómica de Moçambique.

A metodologia usada para o levantamento de dados é aamostragem sistemática estratificada. As amostras consistiamde uma parcela de 0.4ha, distribuídas a partir de uma grelhade pontos equidistantes em intervalos de 1 x 1 km. Forammedidas um total de 49 amostras distribuídas entre os trêstipos de cobertura identificados na área de estudo,nomeadamente a floresta baixa medeanamente densa (), florestabaixa aberta () e vegetação herbácea ().

A distribuição das parcelas não incluiu a área do mangal poresta ser uma florestas com diferentes da grande área e requeruma metodologia apropriado para um levantamento florestal.

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A vegetação da área faz parte de uma zona eco-florísticaespecífica de Moçambique e representa uma das mais ricas eimportantes florestas de país. Sem poder entrar com valoresestatísticos ou lista vermelha de plantas para Moçambique nomomento de elaboração do da presente descrição, foramidentificadas varias espécies floristicas na área, como pode-se observar na lista em anexo.

A exploração madeireira é uma actividade que foi praticada emtempos podendo-se observar cepos de Monzo e outras especies naáreas. Sendo esta uma zona de próxima do povoado da vila deAngoche torna indispensável a conservação.

Foi possível observar durante o levantamento de campo um altonível de exploração madeireira na área, no passado, poderá sero principal factor da baixa diversidade de espécies e produçãototal na área. É importante que se estabeleça um programa derecuperação das espécies na área, o que passa pela introduçãode práticas silviculturais de maneio das espécies. Comestabelecimento e monitoria de parcelas permanentes serápossível obter informação sobre a ecologia das espéciesnativas presentemente em falta no país.

A WWF em parceria com Associação dos Pescadores e o Governolocal de Angoche, têm estado a desenvolver acções de modo aproteger a floresta de Potone. No terreno existem 13 guardascomunitários, entre homens e mulheres que têm estado aassegurar a conservação da floresta. Os líderes tradicionaistêm tido acesso para exploração de plantas medicinais ecompartilham, através de denúncias, na conservação da reserva.

No passado existia um líder tradicional que controlava oacesso à reserva, o que permitiu a preservação desta florestaaté hoje. Devido a morte deste líder o sistema de maneiotradicional ficou enfraquecido, o que tem existido um fluxomassivo da população para dentro da reserva quer para aberturade machambas assim como seu assentamento.

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2. BIODIVERSIDADEA Lei da Floresta e Reservas Naturais (Lei nº 10/99) defineáreas de conservação tais como parques nacionais, reservasnacionais e áreas com valor histórico-cultural.

O Regulamento da Lei da Floresta e Fauna Bravia (Decreto nº12/2002, de 6 de Junho), é aplicável às actividades deprotecção, conservação, utilização, exploração e produção derecursos florestais e faunisticos. De uma forma geral, estediploma regula a Gestão da Flora e Fauna Bravia; inclui osparâmetros de criação das Reservas e Parques Naturais, medidasa tomar no reflorestamento e repovoamento de fauna, e aindauma lista de espécies animais protegidos e de madeiraspreciosas.

Estudos específicos relacionados à promoção da conservação dos recursos florestais e faunísticos nas áreas consideradasambientalmente sensíveis estão sendo financiados pela comunidade internacional, como no Parque da Gorongoza, no Delta do Zambeze e as reservas florestias pelo WWFNeste sentido a apreciação do contexto biológico baseou-se na biodiversidade da área de estudo, com destaque para o endemismo e status de conservação das espécies da fauna e flora, com o objectivo de subsidiar a definição futura das áreas de conservação

3. Objectivo GeralAvaliar a contribuição das reservas florestais de Potone eTopuito na rede de áreas protegidas em Moçambique e para aconservação de diversidade de plantas.

3.1. Objectivos Específicos1. vever a literatura e inventários efectuados em estudos

anteriores na zona de Angoche e Moma e toda a zonacosteira moçambicana;

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2. Elaborar um checklist florístico de árvores, arbustos,lianas que ocorrem em cada área e identificar osdiferentes tipos de vegetação presente na área;

3. Comparar o checklist compilado com o red data list deMoçambique e outros;

4. Recomendar sobre medidas para assegurar a conservaçãoda diversidade de plantas da área;

5. Recolher os specimens para o herbário Nacional deMoçambique.

4. Localização e Descrição

4.1. PotoneA floresta de Potone localiza-se na provincia de Nampula,distrito de Angoche, posto administrativo de Boila-Nametória, Localidade de Naiculo. A floresta de Potonepossui uma área de cerca de 28.027,23 ha de floresta,destacando-se a floresta decídua com 20,000ha e a florestado mangal com 8000ha na zona costeira.Esta reserva foi criada sob influências de valores culturaisonde um líder comunitário já falecido detinha os seuspoderes tradicionais para controlar o uso do recursoflorestal (plantas medicinais). A floresta situa-seaproximadamente entre as latitudes 580000 a nortee ........a sul, e longitude ......a este e .....a oeste,entre os rios Xilapane a Norte, rio Luazi a Oste que seestende até a zona Sul e a Este a zona do mangal até a costado oceano indico.

4.2. Caracteristicas biofísicas do localA caracterização biofísica da área de estudo apresentadaneste relatório foi, em grande parte, baseada no DiagnósticoAmbiental da provincia, realizado em 2006, pelo consórcioConsultec-ERMDiagonal. Tal Diagnóstico é resultante de umestudo baseado em dados primários e secundários colectadosna região de Angoche.

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Por forma a complementar a informação foram consultadasimagens satélites datada de 2000, 2005 e 2005 e foramefectuados buscas de dados de campo à designada área dePotone.

Os temas clima, solos, meteorologia são abordados em umúnico item, devido à estreita relação entre eles. A análiseconjunta destes três temas permite uma melhor compreensãodos processos que ocorrem na atmosfera relacionados aocomportamento da evolução do recurso florestal e àmeteorologia.

A informação meteorológica apresentada em seguida é baseadaessencialmente em dados da estação meteorológica de Nampula(em funcionamento contínuo desde 1907), complementada comalguns dados provenientes da estação de Angoche.

A WWF desenvolveu seu próprio sistema de classificação,denominado de ecorregiões. Este sistema baseia-seessencialmente em critérios que reflectem afinidadesbiogeográficas como:(i) o clima (escala regional);(ii) características fisionómicas e especificidade dos

recursos biológicos, como a fauna e flora;(iii) propriedades geológicas e dos solos e;(iv) vários factores que definem de forma distinta a

composição, estrutura e funcionamento de determinados processos biológicos em determinadas regiões.

Com base nesta categorização, a área de estudo recai naecorregião costeira.

4.3. Clima e MeteorologiaA área de Potone situada a uma altitude média (entre 280 e360m) entre Boila (cerca de 195m) e Mecuala (cerca de 344m)

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encontra-se numa zona de interface entre o Clima TropicalSeco que ocorre na região de Angoche, e o Clima TropicalHúmido, característico de savana tropical, e que ocorre emzonas de maior altitude. O clima das áreas em todas as concessões é tropical húmido(FAO, 1984; MINED, 1986), com duas estações (seca echuvosa).O Clima Tropical Seco é caracterizado por uma estação seca(no inverno) e uma precipitação anual de cerca de 1134.9 mmem Angoche, inferior à evaporação e/ou evapotranspiraçãoanual (1605,5 mm ). As taxas máximas de precipitaçãoconcentram-se no período em que se registam as temperaturasmédias mensais maiores (cerca de 25.6°C), podendorepresentar 80% da precipitação total anual.

No Clima Tropical Húmido a precipitação média anual égeralmente superior a 800 mm, chegando a atingir 1.500 mm.Salienta-se que este tipo de clima ocorre quase em todaProvíncia de Nampula, sendo, no entanto, comum na zona nortedo País e em toda a zona costeira é afectada anualmente porvários siclenes.

4.4. PrecipitaçãoA época chuvosa inicia-se no mês de Novembro e/ou Dezembro etermina entre os meses de Março e Abril, enquanto que aépoca seca ocorre no período entre os meses de Abril aOutubro. A precipitação máxima mensal é atingida em Angoche(290.86mm) em Janeiro. A precipitação mínima ocorre nosfins da época seca (Setembro), sendo 0,4mm (Tinley eSwithers, 1973; Tinley, 1977; Leemans e Cramer, 1991; eHutchinson & Bischof, 1983)..

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4.5. TemperaturaApesar do parâmetro temperatura ser mais conservativo do quea precipitação, está sujeito a variações tanto espaciaiscomo temporais

Assim, e com base em dados da temperatura média mensal entre1994-1998 para Angoche, observa-se que os valores mais altosocorrem entre Outubro e Novembro com 27ºC . As temperaturasmáximas chegam a atingir 32,24ºC. Os valores mínimosregistam-se em Julho e Agosto, e vão de 15,4ºC e 15,46ºCrespectivamente, resultando na temperatura média anual de25,6ºC.

GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E PEDOLOGIA

4.6. SolosSegundo INIA (1995) a floresta de Potone encontra-se numazona que possui solos com seguintes caracteristicas:

vermelhos e castanhos de textura média, cuja acaracteristica dominante é de serem franco-argilosos,com uma cor castanha-avermelhada e castanha, muitoprofundos com uma porosidade maior que 100cm;

solos basicos pretos, que se caracterizam por seremargilosos, pesados com fendas e uma profundidadevarialvel de 30-150cm;

Solos de coluviões arenosos, que se caracterizam porserem arenosos, de cor acizentado machado, comprofundidde maior que 180cm;

Solos de mananga com cobertura arenosa de espessuravariável, não especializados, que se caracterizam porserem franco argilosos-arenosos, castanho amarelados,com camada arenosa moderadamente espessa a superficial.

O diagnóstico ambiental referente aos temas geologia,geomorfologia e pedologia são apresentados em um únicobloco, tendo em vista o interrelacionamento existente entreos referidos temas. Os factores geológicos, por exemplo,

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actuam como condicionantes na génese do relevo e dos solos,bem como nas características e propriedades geotécnicas dosterrenos, enquanto o comportamento morfodinâmico de umapaisagem, está fortemente condicionado à inter-relação entreos factores geológicos, geomorfológicos e pedológicos.

A Província de Nampula caracteriza-se por uma geologiacomplexa. Portanto ela possue uma caracteristicageomorfologica e geologoca seguinte:

Coluviões dos dambos, derivados de rochas precâmbricas,gnaisse, granito;

Soco do precâmbrico, rochosoas ácidas; granito,gnaisse;

Manto basáltico so longo do soco precâmbrico e cadeiavulcânica dos libombos, basaltos de karroo;

Sedimentos de mananga, camada de <20m de depósitossólidos duros do plestoceno.

Dentro da área aparecem áreas com rochas de origem culuvialem pequenos montes isolados de baixa altitude denominados deColuviais Individuais, devido à sua complexidadelitoestrutural.

O padrão da rede de drenagem é predominantemente dendríticoe os mesmos rios servem como os limites desta área. Ospequenos riachos visíveis na área são riachos perenes quetransportam água das chuvas durante a época das chuvas é ocaso do rio Potone. Estes riachos diferem significativamentedo padrão de drenagem dos terrenos à sua volta. A altitudemédia desta unidade é de aproximadamente 300 a 400 m dealtitude e relevo ondulado a fortemente ondulado, compresença de monadnocks (relevos residuais constituídos porrochas resistentes a erosão), superfícies aplainadas, valesencaixados, com coberturas coluviais e leques aluviais.

A unidade é caracterizada pela presença comum de cascalho ecalhaus na superfície, também é comum a presença deafloramentos rochosos distanciados entre os 20 a 50 metrosde comprimento entre eles. Há fortes indícios da

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vulnerabilidade para ocorrência de erosão pelo facto deestar patente a erosão do tipo laminar e presença da crostafina.

4.6. Aptidão de solos de AgrícolaA avaliação da aptidão agrícola dos solos tem como objectivofundamental identificar a localização/ distribuição dosmelhores solos para cultivo, quais as culturas maisadequadas e quais as limitações, problemas ou restriçõespara a prática de um ou outro tipo de uso de terra nesta ououtra unidade de terreno.

Assim, as principais limitações dos solos descritos nopresente estudo são, nomeadamente: a baixa capacidade deretenção de água (água disponível para as plantas), taxas deinfiltração, o risco de erosão do solo e a profundidadeefectiva. Contudo, a aptidão agrícola é maior nas zonas defloresta densa, onde os solos apresentam uma maiorprofundidade efectiva e verifica-se uma maior concentraçãode matéria orgânica. Isto foi visível através de algumaspreferências das comunidades em devastar estes tipos deflorestas a procura dos melhores solos férteis para apratica da agricultura.

Esta pratica foi paralisada através de mobilizações àscomunidades que residem ao redor da área em preserva-se orecurso natural para dele colherem-se benefícios.

A profundidade efectiva dos solos, ou espessura de soloutilizável pelas raízes, principalmente as raízes finas dasculturas, é uma das características ou factores chave maisimportante para o desenvolvimento normal do sistemaradicular da maioria das culturas, pois além de limitar ouso de solo por si só, condiciona a vulnerabilidade a riscosde erosão. Foi observado durante o estudo muitas árvores quecaíram durante a passagem de vários ciclones que temassolado a província de Nampua.

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4.7. População humanaJá a tempo que a iniciativa de se criar uma reserva deplantas medicinais vem sendo posta em prática na área razãopela qual, a área não possui nenhuma comunidade no seuinterior.

5. MEIO BIÓTICO

5. 1. BIOTA TERRESTREA caracterização do meio biótico destina-se a fundamentar aavaliação da biodiversidade da área, para além de fornecerelementos para a elaboração dos Planos de Gestão da reservaque de fizerem necessários.Biota Terrestre – vegetação e fauna bravia associada,enfatizando-se os grupos dos mamíferos, aves, répteis, etc.

5.2. Cobertura VegetalA área de estudo está integrada na unidade fitogeográfica doCentro Regional de Endemismo da zona costeira Moçambicana,considerada a mais extensa de África (White, 1983). Estaregião inclui diferentes formações vegetais, entre as quais sedestacam as florestas e formações arbustivas de Strichnus Africana,considerada como uns do mais extenso dentre os sete tipos devegetação de Moçambique (Wild e Barbosa, 1967).

Foram identificados três tipos de vegetação na área emestudo, nomeadamente Vegetação Herbácea, Matagal Baixo,Floresta abaixa aberta decídua á medianamente fechada (estaultima em pequenas proporções), intercalados porassentamentos populacionais e áreas de machambaprincipalmente ao longo das vias de acesso (Figura ...).

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Floresta baixa decídua Medianamente Fechada predomina sobre assuperfícies onduladas, sendo observadas manchas desconectassobre as peneplanícies aplainadas. Esta fitofisionomia derivada floresta fechada, cujo tipo de vegetação apresentacobertura de copa acima dos 70%.

A Floresta Medianamente Fechada é caracterizada por umadensidade de copa entre os 40% e 70%, decorrentes daexploração de madeiras em áreas originalmente cobertas pelasFlorestas Fechadas. De acordo com a cobertura arbórea oestrato herbáceo mostra-se desde inexistente a poucoconspícuo. Este tipo de floresta encontra-se em pequenosblocos na zona norte da área e ao longo da zona leste.Observa-se também a formação de florestas de galeriaassociadas ao longo de rios como o Potone.

Dentro da Floresta Medianamente Fechada ocorrem pequenos evariados mosaicos alterados pela acção antrópica,principalmente ao longo das zonas próximas dos assentamentospopulacionais. A acção de propagação de criação de novasmachambas foi paralisada, pois o objectivo desta área écriação de uma reserva.

Observa-se também uma grande extensão de formações florestaisalteradas, principalmente por queimadas, sendo denominada deFloresta Medianamente Fechada Antropizada, onde existe aregeneração de espécies arbóreas em áreas desmatadas,predominando Combretum collinum. As áreas aproveitadas para aprática de agricultura, encontram-se perto das residências eas culturas mais comuns a mandioca, batata doce, mangueiras epapaeiras.

As espécies arbóreas mais encontradas incluem Terminalia sericea,Combretum fragans, Thespesia garckeana, Combretum collinum, Syzigium sp,Sclerocarya birrea., Dicerocaryum sp, Xeroderris stuhlmannii, Guibourtia conjugatae Combretum sp. São também encontradas em menor número espéciescomo Dalbergia melanoxylon, Afzelia quansensis e Jubernardia paniculata.

Vegetação Herbácea

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Devido à perda de características da vegetação original,torna-se difícil a classificação desta tipologia, sendo dessemodo, definida como Vegetação Herbácea. Esta fisionomiavegetacional apresenta elevado grau de alteração decorrente deinterferência humana. A Vegetação Herbácea encontra-seassociada à agricultura de sequeiro e demais áreasagropastorais.

O estrato herbáceo é caracterizado pela predominância dasfamílias Fabaceae, Poaceae e Euphorbceae. São observadasnestas áreas as espécies: Vigna unguiculata, Dolichos sericeus, Phyllanthusamarus, Phyllanthus fraternus, Dactyloctenium aegyptium, Eragrostis spp., Mariscusdregeanus, Perotis patens, Stylochiton maximum, S. natalensis, Panicum maximum,Urelytrum argopyroides, Urochloa mosambicensis, Ipomoea spp, Luffta cylindrica eCissus spp. Dentre as espécies arbustivas destacam-seDichrostachys cinerea e Bauhinia petersiana.

Matagal BaixoO Matagal Baixo é uma vegetação composta por um estratoarbustivo baixo e denso ocasionalmente com árvores emergentesonde os galhos dos arbustos formam um emaranhado de difícilpenetração.

De modo geral verifica-se um estrato arbustivo quase uniformecom altura em torno de 2 a 4 metros. Contudo, verifica-se aocorrência de poucas espécies arbóreas emergentesespaçadamente distribuídas, cuja altura pode atingir os 7 a 8metros, tais como: Kigélia africana (Murrucurruco) Sclerocarea birea(N’thula), Acacia nigrescens (Namuno), Dalbergia Melanoxilone (Mpivi),Ptteeopsis myrtifolia (Mleva) Brachystegia boemii (Mphakata) ePseudolachnostylis maprouneifolia (Ntholo) as quais podem apresentaralturas superiores a 12 metros. Considerando a estratificaçãovertical, estas espécies possuem posição destacada.

Este tipo de vegetação se desenvolve em zonas planas, áreascom afloramentos rochosos e de solos pouco profundos.Normalmente os matagais baixos, compõem mosaicosprincipalmente com Matagais Altos e área agrícola emassentamentos rurais.

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As espécies Combretum sp (Cagolo), Sclerocarea birea (N’thula),Brachystegia boemii (Mphakata) apresentam maior densidade edominância relativa. A espécie Terminalia sp (Hai hai) éobservada apenas nessa fitofisionomia.

5.3. Uso Potencial das Espécies Encontradas As espécies arbóreas e arbustivas da região têm diversos usosentre os quais: alimentação, uso medicinal e uso como materialde construção entre outros (Tabela ). Além disso, foramdefinidas as classificações das espécies produtoras demadeira, conforme definições do Regulamento da Lei deFlorestas e Fauna Bravia (Decreto n.° 12/2002).

Plantas de Nampula, distrito de Angoche, localidade de Potone

Família Nomecientifico

Nome Local

Anacardiaceae

Anacardium occidental

Cajoeiro

Annacardiaceae

Mangifera indica

Mangueira

Annacardiaceae

Sclerocarya birrea

Nthula

Annonaceae Annona senegalensis

Muiepe

Apocynaceae

Diplorhynchus condylocarpon

Rocose

Arecaceae Hyphaene coriacea

Nkuluku

Burseraceae

Commiphora serrata

Iólôua

Celestraceae

Maytenus sp. Nitocoma

Combretaceae

Combretum hererocuse

Nkuluko

Combretaceae

Combretum imberbe

Mocoda

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Combretaceae

Combretum molle

Seconhoto

Combretaceae

Terminalia sericea

Hai-hai

Euphorbiaceae

Hymenocardia ulmoides

Nleva

Apocynaceae

Holarrhena pubescens

Namele

Fabaceae Pterocarpus angolensis

Umbila/ Mpila

Fabaceae Acacia per ReperepeFabaceae Acacia

niloticaMutuko

Fabaceae Albizia adianthifolia

Nipouera

Fabaceae Bauhinia petersiana

M´pare

Fabaceae Brachystegia boehmii

Muacata

Fabaceae Julbernardia globiflora

Pácala

Fabaceae Lonchocarpus capassa

Ualanata

Fabaceae Mellettia sthuhlmannii

Nampire

Fabaceae Xeroderis sthulmannii

Nlotue

Fabaceae Dalbergia melanoxylon

Pau-preto

Moraceae Ficus sp.Moraceae Ficus capensisMyrtaceae Syzygium

cordatumMuchô

Ochnaceae Ochna holstii MulucamoRhamnaceae Ziziphus

micronataEwiracopa

Sterculiaceae

Sterculia appendicula

Metil

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Verbenaceae

Vitex manbassae

Mphuro

Usos potenciais das espécies arbóreas e arbustivas identificadas nostipos de cobertura vegetal

Família Nome Científico Usos Principais Classe deQualidade dasEspécies

Anacardaceae

Lannea schwinfurthii Uso medicinal, tratamento de dores de estômago.

4ª.

Sclerocarea birea Fruteira. Usada naprodução de

bebidas alcoólicas. A semente é usada

como tempero.

Asteraceae Berchemia discolor Produção de carvão 2ª.Burseraceae

Commiphora mollis Produção de lenha, carvão e construção

ª.

Caesalpiniaceae

Afzelia quanzensis Produção de madeira 1ª.

Brachystegia sp. Material de construção 2ª.Combretaceae

Combretum sp Produção de lenha, carvão e construção.

2ª.

Terminalia sericea Produção de lenha 3ª.Fabaceae Julbernadia globiflora Produção de madeira. 4ª.

Dalbergia melanoxylon Produção de madeira e escultura. Preciosa

Acacia negrencis Usado na construção 2ª.Acacia nilotica Produção de lenha 4ª.

Loganiaceae

Strichnus sp Fruteira.

Sterculiaceae

Sterculia sp Utilizada em rituais sagrados 2ª.

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5.4. Fauna TerrestreNão foram identificados estudos mais específicos sobre a faunaterrestre, mas sim durante o levantamento florestal a equipafazia-se acompanhar de um técnico com conhecimentos amplos defauna, e os pistéiros locais iam dando os seus conhecimentosneste ponto.De um modo geral, a fauna terrestre encontra-sedescaracterizada, pois muitas espécies de grandes mamíferossofreram declínio e outras foram extintas devido à caçailegal e excessiva, além da redução do habitat. A maior taxade declínio de populações verificou-se no período doconflito armado. Antes do conflito armado de 1982, aspopulações de mamíferos de grande porte estavam saudáveis eem crescimento, tendo diminuído consideravelmente entre 1982e 1992. Os mais acentuados declínios (96 a 100%) foramverificados em espécies como hipopótamo (Hippopotamusamphibius), zebra (Equus burchelli), inhacoso (Kobusellipsiprimnus), búfalos (Syncerus caffer), elefantes (Loxodontaafricana), cudos (Tragelaphus stepsiceros), etc. (MICOA, 1998).O estudo da fauna teve como objectivo identificar aocorrência de espécies dos principais grupos bioindicadoresna área designadas como reservas. O levantamento levou emconsideração dados secundários e documentaçõesespecializadas, bem como observações de campo durante avisita expedita realizada à área de estudo. A maior partedos dados bibliográficos descrevem a biota de formaabrangente para toda a África Austral, sendo poucos osdocumentos que a descrevem especificamente para Moçambique(Angoche e Moma). Com base nos check lists das espécies comprovável ocorrência para a área de estudo foi avaliado ostatus de conservação e endemismo, bem como as frequentespressões antrópicas a que estão submetidos.

Mamíferos

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De acordo com um estudo realizado na década de 70, nestaregião do País poderiam ocorrer 60 espécies de mamíferos(Smithers e Tello, 1976). Sobrepondo-se a esta lista aclassificação da IUCN (2004), 35 são consideradas de baixorisco de extinção (Lower Risk – LR), e sete espécies sãoprotegidas pela legislação nacional (MADER, 2002).

Após mais de 30 anos vários factores contribuiram para umaalteração drástica do estado de conservação das populações demamíferos, nomeadamente 16 anos de conflito armado, o aumentoda pobreza das populações rurais, aumento da pressão antrópicasobre os recursos naturais (produção de carvão e lenha,queimadas descontroladas, caça furtiva práticas de agriculturaitinerante entre outros).

No trabalho de campo realizado no âmbito do DiagnósticoAmbiental da Ferrovia Moatize – Kambulatsitsi (Consultec-ERM-Diagonal, 2006) foram identificadas 22 espécies de mamíferosnesta região (Anexo I.2). Essas espécies estão distribuídas emseis ordens: Insetívora (famílias Soricidae e Macroscelididae,três espécies), Rodentia (famílias Muridae, Hystricidae,Tryonomidae e Sciuridae, sete espécies), Lagomorpha (famíliaLeporidae, uma espécie), Artiodactyla (família Bovidae, quatroespécies), Carnívora (famílias Viverridae e Felidae, quatroespécies) e Primates (famílias Cercopithecidae e Galagonidae,três espécies).

A perturbação da fauna nas áreas de influência é, de fato,marcante. Durante o levantamento de campo no âmbito doDiagnóstico Ambiental do Ramal Ferroviário Moatize-Kambulatsitsi, foram encontradas armadilhas e animais abatidospela população. A presença da população na área de estudo earredores constitui intensificar a pressão sobre os habitatsnaturais e animais.

Todas as espécies classificadas como de baixo risco deextinção, porém dependentes de medidas de conservação, pelaIUCN (2006) estão entre os principais mamíferos consumidospela população local (Anexo I.2)

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As técnicas de caça são tradicionais e variam consoante otamanho do animal que se pretende capturar. Para animais degrande e médio porte como o cudo, cabrito-cinzento, imbabala echipenhe são usadas armadilhas de laço de arame, enquanto que,para pequenos roedores, são utilizadas ratoeiras e gaiolasfabricadas localmente. Além da aplicação de técnicasinapropriadas e não selectivas de caça, tais como o uso dolaço, o comportamento dos caçadores contribui para uma caçanão sustentável.

Destaca-se a marcante relação entre a distribuição dasespécies e a disponibilidade de recursos alimentares nasdiferentes formações vegetais. Na floresta fechada, com umaboa cobertura vegetal, folhas e frutos caídos, encontram-semamíferos que se alimentam preferencialmente por folhagem,frutos e flores de plantas lenhosas, tais como ocabritocinzento e o chipenhe-grisalho.

Espécies que se alimentam de gramíneas, como o rato-grande-da-cana, a lebre-denuca-dourada e várias espécies de pequenosroedores, são mais abundantes nas formações com camadaherbácea contínua, como é o caso da floresta aberta e dapradaria arborizada. Já os roedores onívoros foram capturadoscom maior frequência na floresta aberta, provavelmente devidoà elevada ocorrência de invertebrados.

O maior número de espécies de mamíferos foi assinalado nafloresta aberta, formação onde os recursos alimentares sãopossivelmente mais diversificados e abundantes.

Algumas áreas mais densas mostram-se particularmenteimportantes para as espécies como manguços, macaco-de-cara-preta e gato-serval. Estes (1997) afirma que o gatoservalhabita áreas densas, mas freqüentemente caçam em ambientesabertos, com maior abundância de presas, sobretudo roedores,aves, pequenos répteis e insetos.A ocorrência de espécies de ungulados de porte relativamentegrande nesta região, tais como o cudo e a imbabala, indica queapesar das florestas encontrarem-se em elevado estado dedegradação existem remanescentes suficientemente grandes e em

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condições ecológicas adequadas para albergar populações dessasespécies.

Contudo, o reduzido número de espécies observado nas formaçõesmais densas é possivelmente um dos resultados da fragmentaçãode habitats. A conversão de florestas em formações herbáceasem geral promove a extinção local das populações de espéciesflorestais e ao mesmo tempo beneficia a proliferação daquelasde ambientes abertos, como é o caso dos roedores. Com efeito,os roedores, grupo com maior representatividade nas áreas deinfluência da reserva, têm de modo geral ampla valênciaecológica e são pouco sensíveis às transformações do habitat.

Não foi registrada, nas áreas de influência, nenhuma espécieendêmica, seja da região de Nampula ou de Moçambique.

De acordo com o Regulamento de Florestas e Fauna Bravia(Decreto 12/2002), o manguço-esguio (Galerella sanguinea), omanguço-listrado (Mungos mungo), o manguço-de-cauda-branca(Ichneumia albicauda), o gato-serval (Felis serval) e omacaco-de-cara-preta (Cercopithecus pygerythrus) são espéciescuja caça é proibida em Moçambique.

Dentre as espécies de mamíferos registradas na região, algumaspodem ser vetores ou reservatórios naturais de doenças.Destacam-se como vetores de doenças:

• Vetores de Leptospirose - Rattus rattus (Rato-urbano), Galerella

sanguinea(Manguço-esguio), Mungos mungo (Manguço-listrado),e Cercopithecus pygerythrus (Macaco-de-cara-preta),

• Vetores de Raiva - Crocidura fuscomurina (Musaranho-almisscarado),

Felis serval (Gato-serval), Galerella sanguinea (Manguço-esguio), Mungos

mungo (Manguçolistrado), e Cercopithecus pygerythrus (Macaco-de-cara-preta);

• Reservatórios de Tripanossomíase (doença-do-sono) - Sylvicapra

grimmia (Cabrito-cinzento)

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Avifauna

Para a região de Angoche, foram listadas 260 espécies de avesde possível ocorrência, segundo Maclean (1993), das quais 32espécies constam no South African Red Data Book – Birds (Brook, 1984),como espécies ameaçadas. Ainda com base neste estudo,identificou-se 25 espécies migratórias paleoárticas, isto é,que anualmente migram desta região para o continente Europeu eAsiático, podendo-se citar a Ixobrychus minutus, Ciconia ciconia e Actitishypoleucos, além de 23 espécies migratórias intraafricanas, ouseja, aquelas que se movimentam somente dentro do continenteafricano, podendo-se citar a Aquila wahlbergi, Hieraaetus ayresii, Buteobuteo, Circus pygargus e Falco biarmicus.

Existem cerca de 54 espécies aquáticas de potencial ocorrênciana região de Angoche e Moma (Maclean, 1993), dentre elas oTachybaptus ruficollis, Phalacrocorax carbo, Anhinga melanogaster, Ardea goliath eEgretta garzetta, cuja presença está relacionada ao rio Revúboè eoutros pequenos riachos na região. As demais espécies sãoconsideradas comuns.

Em relação à sazonalidade, foram registradas 18 espéciesmigratórias intraafricanas (migram da região austral da Áfricapara o Norte do continente) e 12 migratórias paleoárticas(migram da Europa ou Norte da Ásia para o continente africanoe normalmente não se reproduzem no Hemisfério Sul).

Embora as áreas estudadas tenham sido intensamente alteradaspela ação antrópica, registrou-se durante os levantamentos decampo uma alta riqueza de espécies.

HerpetofaunaOs pequenos cursos de água existentes na área amostrada abrigam algumas espécies de répteis que vivem associados aos ambientes aquáticos, como o Varanus niloticus.

As informações secundárias relativas aos anfíbios da região dareservas são muito escassas.

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6. FLORESTA DE TOPUITO

6.1. Localização e descrição

A floresta de Topuito localiza-se na província de Nampula,distrito de Moma, junto ao profecto das areias pesadas deMoma. A floresta de Topuito possui uma área de cerca de 800ha de floresta, destacando-se a floresta densa sempre verdee a decídua de arbustos.

O projecto das areias pesadas trabalha essencialmente com aterra e a extracção deste precioso material passanecessariamente de remoção de vegetação. Deste modo surge anecessidade de criar um reserva florestal para salvaguardara pequena área florestal existente naquele local.

6.2. Clima e MeteorologiaOs dados climáticos e meteorológicos de Topuito não diferem com os dados de Angoche, por estas duas áreas serem visinhas.

6.3. SolosA área da proposta reserva encontra-se na concessão do projecto das areias pesadas. São predominantes nesta área solos de areias solos arenosos.

6.4. Cobertura VegetalA área da reserva de Topuito faz parte de influência das áreasdo projecto das areias pesadas de Moma pelo que a vegetação játem vindo a ser afectada por queimadas e cortesindiscriminados para produção de madeira. Este programa visaminimizar os impactos na vegetação e na fauna decorrentes doprocesso de desmatamento.

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Foram identificados três tipos de vegetação na área emestudo, nomeadamente Floresta densa sempre verde, Florestaabaixa decídua de arbustos.

A vegetação da ecorregião costeira é constituída predominantemente por estratos arbóreos e arbustivos. É caracterizada por uma baixa diversidade de espécies, embora duas unidades de vegetação mapeadas dentro da ecorregião sãoconsideradas floristicamente ricas (floresta densa sempre verde).

A Floresta densa sempre verde é caracterizado pelapredominância das famílias Caesalpiniaceae, Combretaceae,Poaceae e Euphorbceae. São observadas nestas áreas asespécies: Brachystegia sp (Mkuri), Strichnus madacascariensis (Mkuluko),

Embora a floresta densa sempre verde seja tipicamente composto por manchas puras, pode também estar associado a outras espécies arbóreas e arbustivas como a Kigelia africana, Combretum apiculatum, C. imberbe, Acacia nigrescensis, Brachystegia sp e Commiphora spp., apresentando consideráveis variações de altura (3 a 25 metros). Outras espécies arbóreas características incluem a Acacia spp., stricnus sp. Dichrostachys cinerea, e Terminalia sericea.

Floresta baixa de arbustos ..............

O componente herbáceo difere de acordo com as condições dosolo e da vegetação. Observa-se ausencia de capins de baixodas copas da floresta densa, enquanto que as ervas são quaseausentes em solos pesados. As espécies herbáceas principaisincluem a Aristida spp., Eragrotis spp., Digitaria eriantha, Brachiaria deflexa,Echinochloa colona, Cenchrus ciliaris, Enneapogon cenchroides, Pogonarthriasquarrosa, Schmidtia pappophoroides, Stipagrostis uniplumis e Urochloa spp.

A porção gramínea é preenchida por espécies tais comoIschaemum glaucostachym, Eragrostis spp., Aristida spp., Setaria sp.e outras.

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Planta de Nampula, distrito de Moma, localidade de Topuito

Familia Genero Nome LocalOlacaceae Olax dissitiflora SiroLoganiaceae Strychnos spinosa N`thonkaAnnacardiaceae Anacardium

occidentaleCajoeiro

Fabaceae Mellettia Stuhlmannii Panga-pangaBurseraceae Commiphora serrata IólôuaAnnacardiaceae Ozoroa obovataTiliaceae Grewia caffra KukoteyaLoganiaceae Strychnos innocuaLoganiaceae Strychnos

madagascariensisAnnonaceae Annona senegalensis MuiepeOchnaceae Ochna barbosaeFabaceae Senna petersiana Reperepe

SaicuriApocynaceae Diplorhynchus

condylocarponMutoa

ThekerekeCaesalpiniaceae Brachystégia sp Mukuri

SamadukuMocozaNguri

Flacourtiaceae Xylotheca tettensis caucau

As matas de Mkuri mantêm-se em relativo bom estado deconservação nesta ecorregião, resultado do fraco potencialagrícola da região. Contudo, algumas transformaçõesocorreram em zonas de relativamente alta densidadepopulacional, onde se estima que mais de 43% da terra foiutilizada para a agricultura e habitação, isto é arredoresda reserva, enquanto que o pasto e o uso dos recursos

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naturais têm um impacto significativo nas regiõesremanescentes da ecorregião.

6.5. Caracterização da Vegetação da Área da reserva com Basena Interpretação da Imagem de Satélite (Potone e Topuito)Para a interpretação da imagem de satélite, usou-se aclassificação da vegetação de AIFM, com suporte de umreconhecimento de campo. Este método permitiu identificarunidades de vegetação com maior detalhe e colher informaçãocomplementar sobre algumas espécies vegetais, seus usos eestado de conservação actual.Pelo facto da vegetação ser tipicamente decídua com excepçãoda floresta sempre verde e tanto a imagem de satélite como oreconhecimento coincidirem com a época seca, a identificaçãoprecisa das espécies arbóreas ficou limitada.

A análise da imagem de satélite, confirmada pelasobservações de campo, mostra a existência de relevanteinfluência antropogénica por toda a zona de estudo,particularmente ao redor de zonas habitacionais rurais e aolongo das vias de acesso, sendo este o factor que maisinfluência tem no estado de conservação da vegetação.

De forma geral, a vegetação original encontra-se degrada oubastante alterada, excepto a zona da floresta sempre verde(Floresta de Mkuri). Fora destas florestas não se observarammanchas consideráveis de unidades de vegetação que não sejamafectadas quer por queimadas como pela agricultura. Asunidades de vegetação observadas formam sempre um mosaico,com áreas de cultivo e zonas habitacionais ou vegetaçãosecundária em regeneração, em áreas sujeitas a corte raso nopassado.

A prática de queimadas descontroladas e o desmatamento paraa agricultura são as actividades predominantes na região quemais impactos negativos têm na manutenção do estado deconservação da vegetação. Apesar deste facto, a agriculturanão é uma actividade realizada em grande escala nem é usada

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uma grande variedade de culturas, mesmo em zonas onde ascondições do solo parecem favoráveis. Segundo relatoslocais, a agricultura é basicamente de subsistência, sendo acultura mais comum a mandioca e, em menor escala o milho.

6.6. Vulnerabilidade dos EcossistemasA caracterização geral das ecorregiões realça a importânciado mosaico costeiro, indicando que esta é uma das maisimportantes para a diversidade de vertebrados na Áfricaaustral, sendo considerada uma área endémica para algumasespécies de plantas, aves e répteis, bem como uma importantefonte de alimento para outros animais. Apesar de floristicamente pouco diversificado, Miombo ocorreassociado a outros tipos de vegetação, formando ecossistemasintrinsecamente ligados, através do fluxo de materiais, oudo movimento de animais e pessoas.

A Diversidade Biológica do Miombo é igualmente realçada pelainclusão de habitats isolados. Os habitats ao longo dos terraços dos rios, com solos mais ricos em nutrientes e ervas mais paliativas, e as zonas húmidas e pantanosas, por exemplo, aumentam a capacidade de carga e a variedade biológica. A diversidade e o endemismo localizado são geralmente grandes em gêneros herbáceos tais como as Crotalaria (mais de 100 espécies) e Indigofera.

7. Informação Sobre o Uso Socioeconômico das EspéciesNa Tabela seguinte apresentam-se os usos de espécies arbóreas identificados para a área em estudo.É de referir que se constatou durante o reconhecimento de campo que na área se faz uso da Pterocarpus angolensis (umbila) e da Afzelia quanzensis (chanfuta), espécies que já não existem na área de estudo.

Uso das principais espécies arboreas existentes na área emEstudoNome científico Nome comum Usos actuais Uso medicinal

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Brachystegia sp./ Julbernadia sp.

Mtondo Tábuas, pilão

Sclerocarya birrea Canho, nfulaDalbergia melanoxylon

Pau-preto Escultura

Acacia sp. Micaia _Swartzia madagascarensis

Pau-ferro, Mulangane

Carvão

Com base em informações de formações vegetais similares deoutras regiões é apresentado a seguir no Tabela abaixo umalista dos usos preferenciais de algumas espécies com valorcomercial. A ecorregião é fonte e abrigo de variada populaçãode plantas medicinais que têm sido sobre-exploradas, como ogengibre selvagem (Siphonochilus aethiopicus) e a Warburgia salutaris. Com base nas observações obtidas através da bibliografiapara este estudo, pode-se prever que as espécies comerciaisindicadas no Tabela a seguir (e.g Musequesseque, Umbila)poderão ocorrer em proporções muito reduzidas devido àgrande influência antropogécnica na região.

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Tabela : Espécies Comuns de Uso Comercial

Comercial

Densidade

m3/ha

Durabilidade Usos

Umbila Media

Carpintaria, objectosdecorativos,embarcações

Jambire Alta

Engenharia civil, carpintaria, objectosdecorativos

Chanfuta Media

Carpintaria, engenharia civil

Messassa Media

Engenharia civil, carpintaria

Pau-preto Alta Artesanato

Muimbe AltaEngenharia civil, mineração, ferrovia

Mucarala Alta

Carpintaria, mineração, ferrovia,

MugonhaMuitaAlta

Carpintaria, engenharia civil, indústria mineira,

No que se refere ao uso medicinal, muitas espécies arbórease herbáceas, descritas como predominantes da área de estudosão tidas como sendo plantas medicinais de uso tradicionalem Moçambique. Destaca-se, porém, que estas observaçõestiveram o auxilio do grupo dos curandeiros de Potone. O uso de ervas e espécies arbustivas é a base da medicina tradicional, contudo seu conhecimento é restrito a algumas pessoas que dominam a prática desta medicina na comunidade.

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8. Fauna em Topuito

8.1. Caracterização NacionalExistem actualmente 222 espécies de mamíferos listadas emMoçambique, das quais 10 estão ameaçadas. As espéciesameaçadas pertencem às ordens Artiodactyla, Carnivora,Proboscidea e Perissodactyla. No norte de Moçambiqueencontram-se várias espécies endêmicas de mamíferos degrande porte, como o Boi-cavalo-azul-do-Niassa (Connochaetestaurinus johnstoni) e uma sub-espécie da Zebra-de-Burchell(Equus burchelli bohmii) ambos ameaçados.

8.2. Caracterização faunistica da Área de TopuitoNão existem estudos específicos sobre a diversidade ouabundância de mamíferos na região entre Angoche e Moma. Alista de verificação da Lei n. 10/99 (Lei de Florestas eFauna Bravia), que contempla a lista dos animais protegidos,cuja caça não é permitida e o Atlas dos Mamíferos deMoçambique (Smithers & Tello, 1976) são as principais fontesde informação.

As observações e consultas a comunidades envolvidas notrabalho informaram que existem na área mamíferos de pequenoe médio porte de possivel ocorência é o caso do Rattus rattus(Rato-urbano), Papio cynocephalus (Macaco-cão-cinzento),Cercopithecus albogularis (Macaco-Simango), Sylvicapra grimmia(Cabrito-cinzento) e outras que podem ser vistas na tabelaabaixo.

Científico Local Protegidos(IUCN)*

Protegidoscuja caça nãoé permitida(Lei n.º10/99)**

Rattus rattus Rato-urbano LR/lc

Saccostomus campestres Rato-bochechudo LR/lc

Stearomys pratensis Rato-gorducho

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Papio cynocephalus Macaco-cão-cinzento LR/lc

Cercopithecus albogularis Macaco-Simango X

Felis serval Gato-serval LR/lc X

Viverra civetta Civeta -

Genetta tigrina Geneta ou Simba-demalhas-grandes

-

Bdeogale crassicauda Manguço-de-cauda-tufada LR/lc X

Herpestes sanguineus Manguço-esguio X

Potamochoerus porcus Porco-bravo LR/lc X

Sylvicapra grimmia Cabrito-cinzento LR/lc

Raphicerus sharpei Chipene-grisalho LR/cd

Lepus sexatilis Lebre-de-nuca-dourada LR/lc

Heliophobius argentocinereus Rato-toupeira-prateada

Thryonomys gregorianus Rato-grande-da-cana LR/lc

Acomys spinosissimus Rato-espinhoso LR/lc

Fonte: Atlas dos Mamíferos de Moçambique (Smithers e Tello, 1976)

LR / cd: Baixo Risco / Dependente da Conservação – Táxons que são foco de programa de conservação contínuo e específico para a espécie ou para seu habitat;LR / nt: Baixo Risco / Quase Ameaçado – Táxons que não se qualificam como “Dependente da Conservação”, mas se aproxima da vulnerabilidade;LR / lc: Baixo Risco / Menos Preocupante – Táxons que não se qualificam nas duas formas anteriores.

A maior parte dos animais que constam na tabela anterior sãoimportantes fontes de alimentação para as comunidadeslocais, especialmente o porco-bravo, o cabrito-cinzento, e orato-grande-da-cana, os quais estão presentes na ListaVermelha do IUCN, sob o status de conservação de “baixorisco” (Lower Risk – LR). Das 17 espécies com possívelocorrência na área da reserva cinco espécies são protegidas,ou seja, sua caça não é permitida em Moçambique, de acordocom o do regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia.

8.3. Aves em TopuitoMoçambique não possui uma lista vermelha de espécies ameaçadas para aves, porém supõe-se que os factores que ameaçam estas aves na África Austral possam ser os mesmos

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para grande parte das espécies em Moçambique, utilizando-se,portanto o South African Red Data Book – Birds, Brook (1984) como referencia.

Olhando para a área de Topuito, esta um tipo de espécies semelhantes a que ocorrem em Potone.

9. Aspectos Históricos e CulturaisO percurso sobre os aspectos históricos e culturais daregião, onde se propoem as reservas de Potone e Topuitoapresentam-se como um panorama essencial para proporcionaras referências socioculturais da população, de tal forma aajudar a compreensão dos diferentes temas que compõem acomplexidade da realidade: a própria dinâmica populacional eo perfil demográfico, as características dos assentamentosrurais e urbanos, o funcionamento das principais actividadesprodutivas, do emprego formal e informal, a situação dasáreas da saúde, educação e cultura, bem como o sistemaadministrativo e organizacional existente.

A reserva de Potone está neste momento sob o controlo defiscais comunitários que regulam e controlam todas asactividades desenvolvidas dentro da reserva.

9.1. Distribuição Espacial da PopulaçãoO estudo do tema da dinâmica populacional mostra-sefundamental para compreender os processos que envolvem e quesão determinados pelas populações inseridas na área deestudo. A compreensão da mobilidade, acessibilidades internae externa, sua disposição pelos territórios e seusdeslocamentos configuram o comportamento quotidiano dapopulação nos ambientes construídos e naturais.

Na área de Topuito a comunidade grande que se encontra pertoda zona da reserva é a aldeia de Topuito.

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10. Áreas de ConservaçãoSegundo a Lei de Florestas e Fauna Bravia – Lei n.o 10/99, as zonas deprotecção são áreas territoriais delimitadas,representativas do património natural nacional, destinadas àconservação da biodiversidade e de ecossistemas frágeis oude espécies animais ou vegetais (artigo 10).Três tipos de zonas de protecção foram instituídos por lei:Os Parques Nacionais – espaço territorial que se destina àpreservação dos ecossistemas naturais, em geral de grandebeleza cénica, e representativos do património nacional.As Reservas Nacionais – espaço territorial que se destina àpreservação de certas espécies de flora e fauna raras,endémicas, ameaçadas ou em vias de extinção, ou quedenunciem declínio, e de ecossistemas frágeis.As Zonas de Uso e de Valor Histórico Cultural – espaçoterritorial que se destina à protecção das florestassagradas e outros sítios de importância histórica e de usocultural para a comunidade local.

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BibilografiaBROOK, R. K. South African Red Data Book – Birds. South African National Scientific Programmes Report 97. FRD, CSIR, Pretoria.1984.

IUCN. Red List of Threatened Species (www.iucn.redlist.org) Downloadedon 30th January 2006.

WHITE. The vegetation of Africa. Unesco.1983

WILD & BARBOSA. Mapa de Vegetação da Flora da Área Zambeziana, escala 1:2.500.000.1967.

WILD, H. & L.A. GRANDVAUX BARBOSA. Vegetation Map of the FloraZambesiaca area. Flora Zambesiaca Supplement 1-71. M.O. Collins (Pvt)Ltd,Salisbury.1967.

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