A IMPORTÂNCIA DO "SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS NACIONAL" PARA A CONCRETIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DAS...

27
A IMPORTÂNCIA DO “SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS NACIONAL” PARA A CONCRETIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DAS ADMINISTRAÇÕES MUNICIPAIS. João Carlos de Freitas Junior Resumo: O presente trabalho aborda, precipuamente, o Sistema de Registro de Preços Nacional. Nesse viés, o objetivo principal desta pesquisa é demonstrar como tal Sistema está ajudando às Administrações Públicas Municipais a materializar os recursos financeiros advindos de transferências creditadas pelo Governo Federal. Assim, o trabalho explicará os fundamentos legais de tal Sistema, abordando tanto o texto das legislações em vigor quanto os comentários de especialistas acerca dos temas. Palavras-chave: Licitações Públicas. Sistema de Registro de Preços. Sistema de Registro de Preços Nacional. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Recursos Federais. 1 INTRODUÇÃO A nossa Constituição Federal aduz que é direito de cada um dos residentes em nosso País, a prestação por parte do Estado de serviços públicos de qualidade. Assim, para que o Estado possa atingir ao menos uma parte de suas atribuições legais é preciso que este adquira bens, contrate serviços, porquanto, sabe-se que o Estado é

Transcript of A IMPORTÂNCIA DO "SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS NACIONAL" PARA A CONCRETIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DAS...

A IMPORTÂNCIA DO “SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS NACIONAL” PARAA CONCRETIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DAS ADMINISTRAÇÕES MUNICIPAIS.

João Carlos de Freitas Junior

Resumo: O presente trabalho aborda, precipuamente, o Sistema

de Registro de Preços Nacional. Nesse viés, o objetivo

principal desta pesquisa é demonstrar como tal Sistema está

ajudando às Administrações Públicas Municipais a materializar

os recursos financeiros advindos de transferências creditadas

pelo Governo Federal. Assim, o trabalho explicará os

fundamentos legais de tal Sistema, abordando tanto o texto das

legislações em vigor quanto os comentários de especialistas

acerca dos temas.

Palavras-chave: Licitações Públicas. Sistema de Registro de

Preços. Sistema de Registro de Preços Nacional. Fundo Nacional

de Desenvolvimento da Educação. Recursos Federais.

1 INTRODUÇÃO

A nossa Constituição Federal aduz que é direito de cada

um dos residentes em nosso País, a prestação por parte do

Estado de serviços públicos de qualidade.

Assim, para que o Estado possa atingir ao menos uma

parte de suas atribuições legais é preciso que este adquira

bens, contrate serviços, porquanto, sabe-se que o Estado é

incapaz de prover, sem recorrer ao mercado, tudo aquilo que

dele é esperado.

Nesse sentido, para que o Estado possa adquirir e

contratar junto ao mercado é preciso se utilizar do instituto

jurídico da licitação, por força do art. 37, inciso XXI, da

CF/88, regulamentado pela lei nº 8.666/93.

Diante dos inúmeros e da importância dos objetivos a

serem alcançados pelo procedimento licitatório, tem-se que tal

procedimento é necessariamente burocrático, rígido e oneroso,

exigindo, portanto, conhecimentos técnico-administrativos

apurados e recursos financeiros para a consecução de seus

fins.

Sabe-se, por outro lado, que em virtude da baixa

arrecadação em relação à União, aos Estados e ao Distrito

Federal, os Municípios, no mais das vezes, não são dotados de

um corpo técnico qualificado a executar com maestria e rapidez

todas as etapas exigidas pela licitação.

Como corolário do contexto apresentado acima, temos a

morosidade e a corrupção nos procedimentos licitatórios

iniciados pelos Governos Municipais, que recebem orçamentos

vultosos oriundos do Governo Federal, contudo não conseguem

transformar essa verba em produtos ou serviços à sociedade.

Por óbvio, não se pode aceitar, nos tempos modernos,

que a burocracia impeça a entrega à população necessitada de

produtos e serviços. Porém, não se pode aceitar, também, que o

dinheiro advindo dessa mesma população necessitada não chegue

ao seu real destino e se extravie por intermédio de processos

de corrupção.

Portanto, é preciso encontrar um mecanismo rápido e

eficiente pelo qual se cumpra a legislação acerca do tema,

entregue à sociedade o que ela carece e, por fim, não deixe

brechas a possíveis procedimentos que visem à corrupção.

Diante do exposto, o “Sistema de Registro de Preços

Nacional” se mostra como uma interessante opção para a

contratação de bens e serviços, possibilitando aos Municípios

utilizar-se de licitações já prontas, organizadas e executadas

pelo Governo Federal.

O tema em epígrafe é por demais importante, porquanto

lida diretamente com a execução dos recursos transferidos pelo

Governo Federal aos Municípios.

O cenário atual nos mostra que os recursos são enviados

pela União aos Municípios, porém, não são gastos de forma

escorreita pela maioria desses entes, pois lhes falta a

capacidade técnica-administrativa para executar tal

procedimento.

Em alguns casos todo este montante fica anos e anos

aguardando tal procedimento. Ou seja, tal recurso, em verdade,

não está sendo aplicado de forma a contribuir com a consecução

dos fins do Estado.

Por outro lado, ocorre também que tais montantes, que

deveriam melhorar a situação da sociedade, precipuamente, com

relação à saúde, educação, segurança, saneamento, trabalho e

emprego, entre outros, são desviados e usufruídos por

corruptos que se aproveitam da fragilidade da máquina pública

e da impunidade enraizadas em nosso País para se apropriarem

de tais recursos.

Nesse sentido, em um momento em que a população foi às

ruas manifestar em busca de melhor aplicação dos recursos

públicos e de melhor utilização da res pública, tem-se que o

tema se justifica pela atualidade e pela necessidade de fazer

com que a máquina governamental trabalhe em prol do

atendimento dos fins do Estado e não em favor de uma pequena

parcela dominante da sociedade.

Assim, considerando que o “Sistema de Registro de

Preços Nacional” é uma proposta salutar e inovadora que visa

exatamente o atendimento dos objetivos acima mencionados, tem-

se que este tema se mostra pertinente ao Curso de Gestão

Pública, tendo em vista que este ramo de estudo visa fazer com

que a Administração Pública em geral funcione de maneira

eficiente e atinja o bem estar social.

Portanto, o objetivo precípuo deste trabalho é

demonstrar que o Sistema de Registro de Preços Nacional é uma

ferramenta hábil a auxiliar às Administrações Municipais para

cumprirem as extensas exigências legais, mitigarem a chance de

desvios de escassos recursos públicos e fazer com que o

dinheiro transferido pelo Governo Federal se transforme, de

fato, em melhorias na qualidade de vida de suas populações.

Nesse diapasão, visando atender o referido objetivo

geral, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:

- Analisar os princípios norteadores da Administração

Pública presentes na Constituição Federal;

- Definir Licitação Pública;

- Entender como são feitas as transferências de

recursos pelo Governo Federal aos Municípios;

- Identificar as principais dificuldades encontradas

pelos Governos Municipais na execução dos recursos

transferidos pelo Governo Federal;

- Identificar os principais prejuízos para a população

em virtude da não utilização dos recursos transferidos pelo

Governo Federal aos Municípios;

- Conceituar o “Sistema de Registro de Preços

Nacional”;

- Analisar a possibilidade de Órgão ou Entidade

pertencente à Administração Estadual, Distrital ou Municipal

aderir à "Ata de Registro de Preços" de Órgão ou Entidade

Federal.

- Analisar, sucintamente, o modelo de contratação

implantado Pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

Para o atingimento dos objetivos propostos, será feita

uma análise da legislação em vigor aplicável à problemática,

assim, será relatado o arcabouço jurídico necessário à

compreensão da problemática.

Em resumo, a metodologia aplicada será bibliográfica,

por meio da análise do texto legal, que será feita por meio de

livros de autores especialistas em Direito Constitucional e

Direito Administrativo, e também será analisada, por meio de

textos de reportagens e sites governamentais como está a

aplicação fática dos institutos jurídicos analisados.

2.1 PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.1.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O primeiro princípio elencado pela Constituição

Federal, talvez não por acaso, é um dos mais importantes para

todo o ordenamento jurídico administrativo.

Nesse diapasão, Bandeira de Mello, citado por Carvalho

Filho (2010, p. 22), aduz que o princípio da legalidade

"implica subordinação completa do administrador à lei. Todos

os agentes públicos, desde o que lhe ocupe a cúspide até o

mais modesto deles, devem ser instrumentos de fiel e dócil

realização das finalidades normativas".

2.1.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

O princípio da impessoalidade diz que a Administração

Pública deve tratar os administrados de forma imparcial, no

sentido de não conceder a certos grupos privilegiados

vantagens em detrimento de outros grupos sociais. Outro viés

desse princípio é a vedação da utilização da máquina pública

para o alcance de objetivos pessoais dos Gestores. Assim, uma

obra pública deve ser concretizada para atender o interesse

público primário e não para valorizar o terreno de um

Prefeito, por exemplo.

2.1.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE

O princípio da moralidade na visão de Carvalho Filho

(2010, p. 24) “está indissociavelmente ligado à noção do bom

administrador, que não somente deve ser conhecedor da lei como

dos princípios éticos regentes da função administrativa".

2.1.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Acerca do princípio da publicidade, Fernanda Marinela

(2010, p. 39) aduz que:

O princípio da publicidade nada mais é que a divulgação,tendo como finalidade o conhecimento público. Esseprincípio tem como base o fato de que o administradorexerce função pública, atividade em nome e interesse dopovo, por isso nada mais justo que o titular desseinteresse tenha ciência do que está sendo feito com osseus direitos.

2.1.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

De acordo com Fernanda Marinela (2010, p. 42):

A eficiência exige que a atividade administrativa sejaexercida com presteza, perfeição e rendimento funcional.Consiste na busca de resultados práticos deprodutividade, de economicidade, com a consequenteredução de desperdícios do dinheiro público erendimentos típicos da iniciativa privada, sendo que,nessa situação, o lucro é do povo; quem ganha é o bemcomum.

2.1.6 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO

O princípio da supremacia do interesse público, o qual

não está expresso na CF/88, aduz que a atividade

administrativa visa o bem estar social e não individual, ou

seja, em um hipotético confronto entre interesses coletivos ou

públicos e interesses individuais ou de um grupo restrito de

pessoas, deverá prevalecer o interesse público.

Assim, Carvalho Filho (2010, p. 35), diz que:

Trata-se, de fato, do primado do interesse público. Oindivíduo tem que ser visto como integrante dasociedade, não podendo os seus direitos, em regra, serequiparados aos direitos sociais. Vemos a aplicação doprincípio da supremacia do interesse público, porexemplo, na desapropriação, em que o interesse públicosuplanta o do proprietário; ou no poder de polícia doEstado, por força do qual se estabelecem algumasrestrições às atividades individuais.

2.2 DEFINICÃO DE LICITAÇÃO PÚBLICA

Carvalho Filho (2010, p. 256) ensina que:

[...] podemos conceituar licitação como o procedimentoadministrativo vinculado por meio do qual os entes daAdministração Pública e aqueles por ela controladosselecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelosvários interessados, com dois objetivos - a celebraçãode contrato, ou a obtenção do melhor trabalho técnico,artístico ou científico. (Grifou-se)

Em suma, licitação pública é a forma, é o procedimento

rígido e previsto em lei federal, é a sequencia de atos que

deve respeitar o Administrador Público quando da contratação

de bens ou serviços.

2.3 TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS FEDERAIS AOS MUNICIPIOS

Os repasses federais a Municípios são efetuados por

meio de três formas (SENADO FEDERAL, 2005, p. 11): a)

transferências constitucionais; b) transferências voluntárias

e c) transferências legais.

A primeira espécie de transferência, quais sejam as

ditas "transferências constitucionais" são um montante

financeiro arrecado pela União e repassado aos Municípios por

força de um mandamento normativo previsto na própria

Constituição Federal.

Já as "transferências voluntárias" são definidas

pelo artigo 25, caput, da Lei Complementar nº 101, de 4 de

maio de 2000 (a famigerada LRF), como sendo:

Art. 25, LC nº 101/00: Para efeito desta LeiComplementar, entende-se por transferência voluntária aentrega de recursos correntes ou de capital a outro enteda Federação, a título de cooperação, auxílio ouassistência financeira, que não decorra de determinaçãoconstitucional, legal ou os destinados ao Sistema Únicode Saúde.

De acordo o SENADO FEDERAL (2005, p. 12), em regra,

existem dois instrumentos para operacionalização das

transferências voluntárias: a) convênio e b) contrato de

repasse.

No convênio, os recursos são transferidos

diretamente da União para o Município (SENADO FEDERAL, 2005,

p. 12).

Já no contrato de repasse, os recursos são

transferidos com a intermediação de um banco oficial (SENADO

FEDERAL, 2005, p. 12).

A última modalidade de transferência de recursos

federais para os Municípios, elencada pelo SENADO FEDERAL, são

as chamadas "transferências legais", as quais, como o próprio

nome já diz, são regulamentadas em leis específicas. Tais leis

regulamentadoras devem prever os meios de habilitação,

transferência, aplicação de recursos e prestação de contas

(SENADO FEDERAL, 2005, p. 13).

Nesse diapasão, existem duas modalidades de

transferências legais (SENADO FEDERAL, 2005, p. 13): a) as

cuja aplicação dos recursos repassados não está vinculada a

fim específico e b) as cuja aplicação dos recursos repassados

está vinculada um fim específico.

Assim, no primeiro caso, nota-se que a

Administração Municipal terá margem de discricionariedade para

aplicar o recurso, ou seja, terá o poder de escolher como e

onde se dará a despesa do montante repassado pela União.

No segundo caso, não é facultado à Administração

Municipal escolher a destinação da verba, porquanto, a

transferência legal tem um aspecto finalístico, ou seja, os

recursos são repassados para acorrer a uma despesa específica.

(SENADO FEDERAL, 2005, p. 13).

Nesse contexto, há duas modalidades de

transferências legais cujos recursos estão vinculados a um fim

específico (SENADO FEDEAL, 2005, p. 13): a) transferência

automática e b) transferência fundo a fundo.

Pode-se exemplificar a transferência legal na

modalidade automática com o "Programa Nacional de Apoio ao

Transporte Escolar (PNATE)", o qual foi instituído pela lei nº

10.880, de 9 de julho de 2004.

Pode-se exemplificar a transferência legal na

modalidade fundo a fundo com "Fundo Nacional de Assistência

Social", cuja base legal é a lei nº 8.742, de 7 de dezembro de

1993, que dispõe sobre a organização da assistência social e

dá outras providências.

2.4 PRINCIPAIS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELOS GOVERNOS

MUNICIPAIS NA EXECUÇÃO DOS RECURSOS TRANSFERIDOS PELO GOVERNO

FEDERAL

No capítulo anterior, fora demonstrado como os

Municípios recebem verbas advindas da União, a qual é o maior

arrecadador dentre todos os entes da Federação, tendo em vista

o modelo constitucional - tributário por nós adotado. Assim, é

necessário que a União repasse verbas aos Municípios, visto

que, após o advento da Constituição de 1988, a maioria das

ações e programas governamentais deve ser executada pelas

Administrações Municipais.

Acerca da importância das Administrações Municipais

no contexto da organização política administrativa do Brasil,

Campello e Matias (2000, p. 21), aduzem que "o poder local,

por estar mais próximo dos problemas e por ser suscetível de

controle da sociedade, mostra-se mais adequado para atender as

demandas sociais".

Bernardi (2006) aduz que o município é "unidade

federativa, no mesmo nível dos Estados e do Distrito Federal",

amparado no art. 1º da Constituição Federal, assim como no

art. 18 estabelecendo que:

a organização político - administrativa da RepúblicaFederativa do Brasil compreende a União, os Estados, oDistrito Federal e os Municípios, todos autônomos... Sobeste aspecto escreve Amélia Cohn (1998, p. 153) que aConstituição de 1988 define os municípios como membrosda Federação: é quando se passa, então a associardescentralização à municipalização, vinculando-a aoprocesso de autonomização das distintas esferassubnacionais entre si (...) tampouco estados emunicípios vêm se revelando capazes de definir comprecisão suas atribuições diante de trinta competênciasconcorrentes lá estipuladas, a grande maioria delas naárea social (BERNARDI, 2006, p. 25).

Como se demonstrou nos capítulos antecedentes, a

regra para contratações públicas é a licitação, a qual, como

vimos, é um procedimento extremamente formal, que deve

respeitar o rito previsto na lei nº 8.666/93. Assim, o próprio

passo a passo é lento e requer conhecimento técnico para sua

fiel execução.

Além de o passo a passo ser lento e exigir

conhecimento técnico, como falamos alhures, existe uma série

de possibilidades de impugnar na esfera administrativa ou

judicial o andamento do procedimento licitatório.

Nesse sentido, se é exigido um conhecimento técnico

para executar o rito administrativo do procedimento

licitatório, imaginemos o quão difícil é responder uma

impugnação de uma empresa ou grupo de empresas, que contam com

assessorias altamente especializadas e capacitadas para lidar

com as vendas para o setor governamental.

Nesse sentido, demonstrou-se que os Municípios, ao

menos em tese, têm recursos suficientes para o atingimento de

um bom nível de satisfação na prestação dos serviços que lhe

incumbe. Contudo, esbarra na falta de capacidade técnica

requerida para executar tais recursos, porquanto, como se

aduziu acima, o Município deve recorrer-se às licitações

públicas, que são extremamente burocráticas, para contratar

bens e serviços.

Um fator muito importante, que atrapalha por demais

o desenvolvimento dos projetos municipais, é a não

estabilidade da maioria dos colaboradores das Prefeituras

Municipais.

Nesse sentido, tem-se que, no Brasil, grande parte

do quadro de funcionários das Administrações Municipais é

formada por ocupantes de Cargos Comissionados, o que

atrapalha, e muito, o bom andamento dos projetos e programas

governamentais, inclusive as licitações, porquanto, quando se

troca o Prefeito, ou Secretário Municipal ou, até mesmo, um

Chefe de uma diretoria qualquer, o novo líder substituirá a

maioria dos funcionários por outros de sua confiança e,

logicamente, processos ficarão parados até serem reiniciados

pela nova equipe, que talvez seja trocada antes mesmo do

término do procedimento iniciado lá atrás.

Vejamos, por exemplo, o caso do programa lançado

pelo Governo Federal intitulado de "Crack, é possível vencer",

o qual é um programa que visa "prevenir o uso e promover a

atenção integral ao usuário de crack, bem como enfrentar o

tráfico de drogas" (PORTAL BRASIL, 2014).

Para o alcance da finalidade do programa, a União

transfere verbas "a Estados, municípios e DF, que poderão

aderir ao programa assumindo contrapartidas e implementando os

equipamentos de saúde, assistência social e segurança pública"

(PORTAL BRASIL, 2014).

Consequentemente, caberá:

aos estados, municípios e DF a instalação de instânciasde gestão integrada do programa em âmbito local, pormeio de comitês, que articulem as áreas de segurança,saúde, assistência social, educação, entre outras, parao planejamento, execução e avaliação das ações. (PORTALBRASIL, 2014).

Em suma, o programa funciona da seguinte maneira: o

Governo Federal envia verbas aos demais entes da Federação, os

quais deverão, obviamente por meio de procedimentos

licitatórios, contratar serviços e adquirir equipamentos de

saúde, assistência social e de segurança pública. No mundo

abstrato, o programa parece funcionar bem, contudo, como

demonstraremos a seguir, na prática, não é bem assim que está

acontecendo.

De acordo com reportagem publicada no Portal EM

(disponível em

<http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/04/25/interna_ge

rais,376705/ministerio-da-saude-cobra-acao-da-prefeitura-de-

belo-horizonte-contra-o-crack-na-cidade.shtml>), no Estado de

Minas Gerais, várias prefeituras estão com dificuldades de

implantar as políticas de enfrentamento ao crack:

No estado, foram abertos apenas 100 dos 386 leitos emenfermarias especializados em álcool e drogas pactuadospara 2012. Se, em vez de encaminhar o paciente parainternação, a orientação for o tratamento ambulatorialnos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), adificuldade de achar vaga será a mesma. Das 105 unidadesque deveriam ter sido implantadas nos municípiosmineiros no ano passado, saíram 25, ou seja, ocorrespondente a 24% do total previsto pelo Ministérioda Saúde.

Conforme se extrai do trecho acima, apenas uma

pequena parte dos recursos transferidos pela União se

transformou, de fato, em benefícios à população.

Ainda de acordo com a reportagem:

Um obstáculo para o bom funcionamento do programa foramas eleições municipais no ano passado, com a renovaçãoem cerca de 640 prefeituras, o que dificultou acontinuidade das políticas. Outra justificativa para adificuldade na implantação do programa de combate aocrack vem das dificuldades de lidar com as questões doSUS e de contratar psicólogos e psiquiatras, devido aoslimites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 

Assim, por diversos fatores intrínsecos às

Administrações Municipais, percebe-se que estas têm

dificuldades em executar os repasses de verbas advindas da

União, e também de prestar contas ao Governo Federal, fatos

que geram vultosos malefícios à população.

2.5 PRINCIPAIS PREJUÍZOS CAUSADOS À POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS

Como se demonstrou no capítulo anterior, as esferas

municipais estão enfrentando grandes problemas em relação aos

recursos financeiros advindos do Governo Federal. Entre esses

problemas, arrolam-se os seguintes: i) estas Administrações

não estão conseguindo executar esses recursos, porquanto não

detém a capacidade técnica necessária para, por exemplo,

executar um procedimento licitatório, o que impede a

contratação, de forma lícita, de bens e serviços necessários

ao atingimento do objetivo proposto para aquelas verbas

federais; e ii) tais Administrações não conseguem prestar

contas ao Governo Federal acerca da destinação das verbas

repassadas, o que, obviamente, traz aos Municípios

consequências gravíssimas que serão demonstradas a seguir.

Sobre as consequências dos problemas enfrentados

pelos Municípios em relação à execução dos recursos federais,

que citamos acima, o primeiro problema, por óbvio, acarreta a

não entrega à população dos serviços públicos que esta tanto

precisa. Como por exemplo, no caso do programa "Crack, é

possível vencer", tem-se que a não execução desses recursos

priva a população do recebimento de leitos hospitalares,

consultórios de rua, Centros de Atenção Psicossociais (Caps),

equipagem das polícias para o combate ao narcotráfico, entre

outras. Ora, é inadmissível, nos dias atuais, que a população,

principalmente a parcela mais necessitada, não receba tais

serviços por incompetência administrativa.

Nesse viés, é possível afirmar que deixar de

receber tais serviços por falta de verbas, a nosso ver, é por

demasiadamente grave, porquanto temos uma das maiores cargas

tributárias do mundo, contudo, deixar de receber tais serviços

por falta de capacidade técnica, é ainda mais grave e deve ser

resolvido o mais rapidamente possível.

O outro problema arrolado foi a não prestação de

contas ao Governo Federal. Tal problema é tão grave quanto a

não execução dos recursos recebidos.

Ao deixar de prestar contas, o Município corre

sério risco de não receber outras parcelas acordadas com o

Governo Federal.

Um exemplo bastante elucidativo desta problemática

é o caso do PRONASCI (Programa Nacional de Segurança Pública

com Cidadania), que é um programa do Governo Federal composto

de 94 (noventa e quatro) medidas e duas linhas de ação: i)

Ações Estruturais e Programas Locais. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,

2014).

As ditas Ações Estruturais são a modernização das

instituições de segurança pública e do sistema prisional,

valorização dos profissionais de segurança pública e agentes

penitenciários e enfrentamento à corrupção policial e ao crime

organizado. (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2014).

Por sua vez, os Programas Locais, os quais são

desenvolvidos nas regiões indicadas pelo próprio PRONASCI,

constituem-se de Território de Paz, Integração do Jovem e da

Família e Segurança e Convivência (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,

2014).

Feita a breve apresentação do PRONASCI, voltemos

aos problemas enfrentados pelas administrações. Nesse sentido,

vejamos um trecho de reportagem veiculada pelo Portal Âmbito

Jurídico (disponível em

<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?

n_link=visualiza_noticia&id_caderno=20&id_noticia=42121>):

Pronasci cortará verba de estados e municípios que nãoprestarem conta.

Dos 27 estados e 70 municípios que receberam dinheiro doPrograma Nacional de Segurança Pública com Cidadania(Pronasci) em 2008, apenas o DF, cinco estados e 21municípios estão com os recursos de 2009 garantidos. OMinistério da Justiça não repassará verba aos estadosque não apresentarem, até o fim de outubro, acomprovação de que pelo menos 30% dos investimentos doano passado foram executados. No caso dos municípios, opercentual exigido é de 25%.

Em agosto, o ministro da Justiça, Tarso Genro, envioucarta oficial a  estados e municípios do Programa,alertando que o Sistema de Monitoramento e Avaliação doPronasci (SIMAP) deveria ser alimentado. Até o fim deagosto, 21 estados e 49 municípios não prestaram contassobre a execução dos recursos.

Agora, os entes federados têm mais 30 dias paraapresentar as informações solicitadas e garantir orecebimento dos investimentos de 2009. “Não podemostransferir dinheiro para uma área tão sensível como a dasegurança pública se não tivermos garantia de que oestado vai fazer algo para melhorar a vida dapopulação”, afirma o secretário-executivo do Ministérioda Justiça, Luiz Paulo Barreto. “Aqueles que nãoprestarem contas não vão receber”. (Grifou-se).

Como se depreende da reportagem acima, a

consequência para os Municípios que não prestarem contas ao

Governo Federal acerca dos recursos por ele repassados é o

corte na transferência dessas verbas, ou seja, caso um

Município "X" tenha recebido um montante da União para

empregar no PRONASCI e não apresente as contas à União, este

município não mais receberá verbas do Programa enquanto estas

não forem prestadas, o que tem como consequência, novamente, o

não recebimento por parte da população de serviços públicos

que tanto carece.

Obviamente, tanto no primeiro caso, qual seja a não

execução ou concretização fática dos recursos recebidos, como

no segundo caso, qual seja a não prestação de contas dos

recursos recebidos, tem-se que a parte ou sujeito mais

prejudicado nesse processo todo é a população que fica a mercê

da incompetência de seus governantes seja para transformar um

montante recebido em benesses ou para prestar contas acerca

daquilo que foi recebido.

Tal problemática apresentada poderá, a nosso ver,

ser mitigada pela intensificação na utilização do Sistema de

Registros de Preços, porquanto, tal sistema, como se

demonstrará a seguir, permite que toda a burocracia do

procedimento licitatório, com todos aqueles percalços que

vimos anteriormente, seja executada pelo Governo Federal, que,

por óbvio, detém uma maior capacidade técnico-administrativa

para lidar com o assunto, competindo aos Municípios "apenas"

aderirem ao produto desta licitação, que como veremos, é a

chamada "ata de registro de preços".

2.6 DEFINIÇÃO DE SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS

O Sistema de Registros de Preços - SRP está

previsto no artigo 15, II, da lei 8.666/93, o qual aduz que:

"As compras, sempre que possível, deverão ser processadas

através de sistema de registros de preços".

De acordo com Marcelo Alexandrino & Vicente Paulo

(ano, p. 610), o sistema de registro de preços é:

um meio apto a viabilizar diversas contratações decompras, concomitantes ou sucessivas, sem a realizaçãode um específico procedimento licitatório previamente acada uma, por um ou mais órgão ou entidade daAdministração Pública.

Acerca das vantagens de tal modelo de contratação,

Marcelo Alexandrino & Vicente Paulo (ano, p. 610), salientam:

Tem como vantagens, dentre outras, tornar ágeis ascontratações e evitar a necessidade de formação deestoques, além de proporcionar transparência aos preçospagos pela Administração pelos bens e serviços quecontrata frequentemente. Quanto ao último pontomencionado, vale anotar que o § 6º do art. 15 da Lei8666/93 atribui a todos os cidadãos legitimidade paraimpugnar preço constante do quadro geral de preços,quando verifique incompatibilidade entre esse e o preçovigente no mercado.

Nesse diapasão, o artigo 15, § 3º, I, da Lei

8.666/93 determina que a modalidade de licitação para

selecionar os potenciais fornecedores na sistemática de

registro de preços deve ser a concorrência. Todavia, a Lei

10.520/02, em seu artigo 11, faculta a utilização da

modalidade pregão, quando a tal sistema for utilizado para

compras e contratações de bens e serviços comuns.

Cabe registrar que o Sistema de Registro de Preços

é regulamentado pelo Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de

2013.

Nesse sentido, consoante o artigo 12 do referido

Decreto, o prazo de validade da "ata de registro de preço" não

poderá ser superior a doze meses, computadas as eventuais

prorrogações.

É interessante aduzir que a ata de registro de

preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada por

qualquer órgão ou entidade da Administração que não tenha

participado do certame licitatório, mediante prévia consulta

ao órgão gerenciador daquele Sistema de Registro de Preços,

desde que devidamente comprovada a vantagem (art. 22, Decreto

nº 7.892).

2.7 A POSSIBILIDADE DE ADESÃO DOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E

MUNICÍPIOS DE ATAS DE REGISTROS DE PREÇOS DE ÓRGÃO FEDERAL

Como vimos, atualmente, o Sistema de Registro de

Preços - SRP é regulamentado pelo Decreto nº 7.892, de 23 de

janeiro de 2013, todavia, antes da entrada em vigor deste

instrumento normativo, tal sistema era regido pelo Decreto nº

3.931, de 19 de setembro de 2001.

Acerca da utilização da ata de registro de preços

por outros órgãos que não aquele que executou o procedimento

licitatório, o artigo 8º do Decreto de 2001 aduzia o seguinte:

Art. 8º, Decreto 3.931/2011 (Revogado) - A Ata deRegistro de Preços, durante sua vigência, poderá serutilizada por qualquer órgão ou entidade daAdministração que não tenha participado do certamelicitatório, mediante prévia consulta ao órgãogerenciador, desde que devidamente comprovada avantagem. (Grifou-se).

Conforme se observa no trecho normativo acima, o

Decreto de 2001 não foi suficientemente claro quanto à

possibilidade (ou não) de órgãos integrantes das

Administrações Estaduais, Distritais ou Municipais aderirem às

atas de registro de preços geridas por órgãos ou entidades

Federais.

Tal celeuma foi resolvido com a edição do Decreto

de 2013, o qual no seu artigo 22, § 9º, aduz que:

Art. 22, Decreto 7.892/13 (Em vigor) - Desde quedevidamente justificada a vantagem, a ata de registro depreços, durante sua vigência, poderá ser utilizada porqualquer órgão ou entidade da administração públicafederal que não tenha participado do certamelicitatório, mediante anuência do órgão gerenciador.[...]§ 9º - É facultada aos órgãos ou entidades municipais,distritais ou estaduais a adesão a ata de registro depreços da Administração Pública Federal. 

Assim, atualmente, é expresso na legislação em

vigor que os órgãos e entidades não integrantes da esfera

federal poderão aderir às atas federais.

2.8 O MODELO ADOTADO PELO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA

EDUCAÇÃO - FNDE

No âmbito do Fundo Nacional de Desenvolvimento da

Educação - FNDE, o Sistema de Registro de Preços, que

analisamos nos capítulos antecedentes, é denominado de

Registro de Preço Nacional (RPN), tal registro funciona, com

algumas adaptações, da mesma maneira, sendo que o Governo

Federal, aqui representado pelo FNDE, valendo-se de sua

capacidade técnico-administrativa, realiza um único

procedimento licitatório para todo o País, sem, contudo,

efetivar contrato algum, o que se quer, na verdade, é

disponibilizar o registro de preço, angariado por meio do

pregão eletrônico. Nesse panorama, como vimos, o processo de

aquisição se torna mais célere, menos oneroso, menos

burocrático, obedecendo aos princípios constitucionais da

legalidade, eficiência e economicidade. (ESCOLA NACIONAL DE

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ENAP, 2011, p. 54).

Tal projeto, no âmbito do FNDE, teve início com a

edição da Resolução CD/FNDE nº 27, a qual definiu a gestão

compartilhada de compras entre o FNDE e as diversas

secretarias do MEC. Com isso, o FNDE passou a ser responsável

pelas grandes compras do MEC e de seus parceiros, auxiliando e

subsidiando, nesse contexto, a implementação de políticas

públicas no âmbito da educação. (ESCOLA NACIONAL DE

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ENAP, 2011, p. 55).

Importantíssimo registrar que, antes da edição da

Resolução supramencionada:

o governo federal repassava valores aos municípios(transferências voluntárias) e estes deveriam realizaros certames licitatórios. No entanto, diante da falta decapacidade técnico-administrativa, muitas vezes osprodutos adquiridos eram de baixa qualidade, nãoatendendo plenamente às necessidades dos usuários.(ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ENAP, 2011,p. 55).

Registre-se, também, que por se tratar de compras

de menor investimento global, os produtos eram adquiridos por

valor muito além dos praticados pelo mercado, logicamente,

incompatíveis com o grau de qualidade apresentado.

Assim, o contexto enfrentado pelo Governo Federal

era marcado por uma série de dificuldades, tais quais a) falta

de produtos/materiais padronizados e adequados; b) falta de

capacidade técnico-administrativa dos entes federados,

especialmente dos municípios, e lentidão no processo de

contratação; c) falta de planejamento da execução de políticas

públicas; d) falta de transparência; e, e) a insuficiência de

recursos para atender às necessidades de todos os municípios,

estados e Distrito Federal. (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA - ENAP, 2011, p. 55).

Diante da série de problemas acima arrolados, foi

desenhado o Registro de Preços Nacional (RPN), o qual é um

modelo gerencial que se baseia na premissa de que o Governo

Federal, apoiado por sua eminente capacidade técnico-

administrativa, e por sua quantidade significativa de órgãos e

agentes, é apto a realizar um procedimento licitatório único

para todo o País, sem, todavia, firmar nenhum contrato

administrativo, disponibilizando apenas o registro de preços.

(ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ENAP, 2011, p.

56).

Com isso, observa-se que o modelo do Registro de

Preços Nacional tem por objetivos principais: a) padronização

e adequação dos materiais: garantia de compra de bens com

especificações adequadas; b) redução dos preços: a compra

centralizada pressiona os preços para baixo; c) assistência

técnica aos estados e municípios: desoneração da necessidade

de realização de processos licitatórios e oferta de produtos

adequados e de qualidade; d) racionalidade processual:

atendimento a todo o território nacional com um único

procedimento licitatório; e) diversidade nas formas de

aquisição dos bens; f) controle de qualidade: os produtos

passam por verificação em relação às normas estabelecidas no

termo de referência e às normas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT); g) transparência e publicidade: uma

grande compra gera, automaticamente, o acompanhamento dos

órgãos de controle, das empresas participantes e da mídia e,

por isso, consequentemente, é alvo também do controle social.

(ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ENAP, 2011, p.

59).

É interessante salientar que tanto a Administração

quanto os próprios alunos e a comunidade escolar saem ganhando

com esse modelo. A Administração é beneficiada, mormente a

máquina administrativa, porquanto não precisa enfrentar um

procedimento licitatório complexo, tendo acesso a produtos

adequados, de qualidade, ao menor custo praticável. Já os

alunos e a comunidade escolar saem ganhando, pois serão

beneficiadas com uma educação de qualidade. (ESCOLA NACIONAL

DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ENAP, 2011, p. 60).

Atualmente, o Registro de Preços Nacional é

aplicado às compras dos seguintes produtos/materiais: ônibus

escolares rurais, mobiliário escolar, bicicletas escolares,

capacetes para bicicleta escolar, medicamentos e equipamentos

médicos para atendimento aos hospitais universitários,

laboratórios de informática, uniformes escolares, laptop em

atendimento ao Programa Um Computador por Aluno, Laboratório

Móvel de Ensino Técnico Profissionalizante (E-Tec),

consultórios itinerantes e projetores interativos, entre

outros. (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ENAP,

2011, p. 62).

Salienta-se que antes da implantação deste modelo,

o tempo estimado para que uma licitação fosse concluída, por

meio do modelo tradicional, era de, aproximadamente, 170 dias,

ou seja, quase 6 meses. Pelo modelo de Registro de Preços

Nacional, os estados e municípios podem aderir à ata, emitir a

nota de empenho e firmar contrato em apenas 5 dias. (ESCOLA

NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - ENAP, 2011, p. 63).

Entre os anos de 2008 e 2010, foi apurada economia

de R$ 865.943.324,67 nas compras efetuadas por meio do

Registro de Preços Nacional (RPN), considerando os preços

registrados (R$ 3.826.921.875,20) e os estimados (R$

4.692.859.199,87), o que equivale a 18,45% de redução dos

custos de aquisição. (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

- ENAP, 2011, p. 63).

Como se vê, o modelo implantado pelo FNDE, que é

uma adaptação do Sistema de Registros de Preços às suas

realidades institucionais, vem funcionando muito bem,

otimizando o tempo de contratação; diminuindo o risco de

influência de fatores abomináveis, tais quais a fraude e a

corrupção, tão presentes em procedimentos licitatórios comuns,

quiçá aqueles no âmbito das Administrações Municipais; e,

principalmente, reduzindo custos para o erário público como um

todo, porquanto, o Governo Federal, por intermédio do FNDE,

utiliza-se do fato de que muitos Municípios certamente irão

aderir aquela ata e consegue, com isso, pelo elevado

quantitativo de bens a serem adquiridos, mitigar o preço

unitário.