147901641 Lei Antidrogas Damasio E Jesus

download 147901641 Lei Antidrogas Damasio E Jesus

If you can't read please download the document

Transcript of 147901641 Lei Antidrogas Damasio E Jesus

  • DAMAS!O nl' }hSU, I ART. 33

    tornOU a aconteCer. A Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, por intermdio da Resoluo RDC n, 4, de 6 de dezembro de 2000, publica-da no DOU de 7 de dezembro, p. 82, retirou o doreto de etla da Lista 1-'2 de substncias psicotrpicas do Ministrio da Sade, inc1uindo-o na Lista D2 (nsumos qumicos que no so proibidos). Percebido o enga-no, a referida Resoluo foi republicada no DOU de lS de dezembro de 2000, incluindo a mencionada substncia na Lista BJ (substncias psi-cotrpicas de uso proscrito). A primeira Resoluo, contudo, deve ser considerada lei nova mais benfica, wm efeito retroativo extintivo da pretenso punitiva e executria. De modo que todos os que comete-ram delitos previstos na Lei Antitxicos, tendo por objeto material o cloreto de etila, at 6 de dezembro de 2000, esto livres da perseuo criminal (abolito crminis). E so atpicos os fatos praticados entre 7 e 14 de dezembro, tornados novamente tpicos a partir de 15 de dezem-bro, Nesse sentido: TACrimSp' HC 343.466, rel. Juiz Silva Pinto, Bolerim do fliCCrim, ago. 2001, 10.5:547; TJSC, 795:677; TJSp, RT, 798:612. NutrI: a portaria (complemento) integra o tipo incriminador. Vide nota an art. 66 desta Lei. O STJ, contudo, entendeu no configurada a aboli-110 crmirtLs em razo da ilegalidade da Resoluo RDC n. 4, de 6 de dezembro de 2000, O ato regulamentar, na viso desse 'Iribunal, no produziu nenhum efeito juridico. Nesse sentido, vide, entre outros, HC 21004, publcado no DJU de 10 de dezembro de 2002, que contm a seguinte ementa: "Inocorrente a aboli tio cnminis em face da excluso, pela Resoluo RDC 104, de 06/12/2000 (DOU 07/1212000), tomada pelo Diretor-Presidente da Agncia Nadonal de Vigilncia Sanitria ANVISA, ad referendum da Diretoria Colegiada, do cloreto de etila da Lista F2 - Lista de Substncias Psicotrpicas de Proscrito no Brasil, inc1uindo-o na Lista 02 Lista de Insumos Qumicos Utilizados como Precursores para a Fabricao e Sntese de Entorpecentes e/ou Psico-trpicos. Resoluo que foi republlcada, desta feita com a deciso da Diretoria Colegiada da ANVISA inclulndo o cloreto de etila na Lsta Bl - Lsta de Substncias Psicotrpicas. Prtica de ato regulamentar man-feS[3mente invlido pelo D\retor-Presidente da ANVISA, tendo em vis-ta clara e juridicamente indiscutvel a no caracterizao da urgncia a autorizar o Diretor-Presidente a baixar, isoladamente, uma resoluo em nome da Diretoria Colegiada (Precedente)". No mesmo sentido, HC 17.384, publicado no DJU de 3 de junho de 2002, e REsp 299.659, publi-cado no DJU de 18 de maro de 2002 (nesse acrdo o STJ, entendendo ter havido indcios de crime por parte do diretor-presidente da Anvisa,

    103

  • ART 33 I LEI ANTIDROGAS .\~U1 \ LJ \

    no momento da excluso do cloreto de etla da Lista F2, determinou a extrao de cpias e remessa ao Ministriu Pblco para a tomada das providncias cabveis, com base no art. 40 du CPP). VIde, ainda, TJSP, RT, 790:603.

    Irretroatividade da lei nova mais gravosa

    A lei nova que, de qualquer forma, prejudir;a o agente no tem efeito retroativo (CF, art. 5~, XL). Foi o que ocorreu com o cloreto de etila (lana-perfume). Excludo pela Portaria de 4 de abril de 1984 da Dimed (lei benfica), foi inr;ludo novamente pela Purtaria n. 2, de 13 de maro de 1985 (lei mais gravosa). Nota: o complemento ntegra a norma penal ncriminadora.

    Thnitorialidade

    A legislao penal brasileira) quanto aos crimes de trfico e usu indevido de drogas, adotou como regra o princpio da territorialidade: nossa lei s mcide sobre u fato cometidu em nosso territrio. ~xr;epcionalmente, adotou a extraterritorialidade, admtindo os princpios de proteu, da Ju~tia universal etc. V.de art. 7 do C[~

    Sujeito ativo

    Os crimes definidos no art. 33 su, em Tegra, comuns, podendo ser cometidos por qualquer pessoa, inclusive pelo viciado. Na conduta de prescrever (caput), cuida"se de crime prprio, que s pode ser pratica-do por mdico ou dentista. Se u sujeito praticar o fato prevalecendo-se de funo pblica ou no desempenho de misso de educa(), poder

    familiar, guarda ou vigilncia, incide a causa de aumento de pena con-tida no art. 40, n, desta Lei.

    Denominaes do sujeito ativo

    A Lei n. 11.343/06 denomina () ~uj~ito ativo "infrator" (art. 28, e "agente" (arts. 29, 33, 4!l, 38, pargrafo nico, 40, 11 e VII, 42, 45 a 48, p', 4!!. etL). Durante o inqurito policial denominado "indi-ciado' (arts. 41 e 51). Na fase processual ehamado de "ru

    104

    Legislao aplir.vel ao menor inimputvel que comete crime de trfico i1cito ou uso indevido de drogas

  • Estatuto da Criana e do Adolescentp. (Lp.i n. 8.069, de 13-7-1990). Nesse sentido: STF, Questo de Ordem no RE 430.105, j. 13-2-2007, VIU 2 abro 2007, p. 69.

    Dvida quanto maioridade penal

    Deve ser levada em conta a menoridade, reconhecendo-se a inim-putabilidade. Nesse sentido: /TACrimSP, 75:242; RT, 558:303.

    l\-tenor que comete crime continuado de trfico ilicito ou U80

    indevido de drogas

    Infraes parcelares pratkadas antes e depois de o sujeito eomple-tar 18 anos de idade: responde penalmente s pelos crimes cometidos n

  • ART. 33 I LI'I A:-ITlPR()(,'" A>-'OHD \

    Crime militar

    Vlde arts. 290 e p. e 291, pargrafo nico, do Cdigo Penal Militar (Dec.-Lei n. 1, de 21-10-1969). lratando-se de farmacutico, mdico, dentista ou veterinrio (militares): aplica-se o art. 290, 2"'-, do CPM. Competncia: da Justia castrense estadual (STJ, RHC 3.817, 6"- TUr-ma, DJU, 12 set. 1994, p. 23788).

    Portador de droga que nega ser usurio ou viciado

    Existem duas orientaes: 1!!) H o crime do art 28. Nesse senti-do: RJTJSP, 64:368. 2il) Existe delito de trfico (art. 33, caput, desta Lei). Nesse sentdo: RT, 542:401. Nossa posio: nenhuma das duas. Depen-de do caso concreto, cabendo ao juiz, diante da prova, verificar se se trata de crime do art. 33 ou do art. 28.

    Concurso de pessoas (cP, art. 29)

    admissivel em suas duas turmas: coautoria e participao. No sentido da possibilidade de coautoria: RJTJSP, 113:161 e 125:473; RT, 694:317 e 710:325. No sentido de ser possvel participao mediante induzimento etc. traficncia: TJRS, ACrim 903/92, RT, 710:325. Exi-ge-se vnculo psicolgico entre os agentes UTACrimSP, 56:238), prova segura da adeso psiwlgica ao fato principal ou qualquer forma de cooperao em unio de vontades (TJSp, ACrim 168.118, R~ 715:440). O art. 3.1 da Lei de Drogas, no tocante ao concurso de pessoas, deve ser interpretado luz do art. 29 do CP (TJSP, ACrim 168.118, reI. Des. Gon-alves Nogueira, R1', 715:440 e 442). A participao "deve ser relevante do ponto de v"t:l causal" (TJSP, ACrim 168.118, RT, 715:440 e 442).

    Rtlsponsabilidadc penal do coautor

    IndF-pende de contato ftsico com a droga (RJTJSP, 125:473).

    Presuno de coautoria ou participao

    Inadmissbldade (TJSC, JC, 5-6:558; TJS~ ACrim 168.118, reI, Des. Gonalves de Oliveira, RT, 715:440 e 442). Deve ser provada a conduta objetiva e subjetiva que constitui o concurso de pessoas (TJSP, ACrim 168.118, reI. Des. Gonalves de Oliveira, RT, 715:440 c 442). NCl se admite presuno fundada em responsabilidade penal objetiva (TJS~ ACrim 168.118, RT, 715:440).

    106

  • O\MSIO DE Jr,sm I ART. 33

    Imputao de coautoria ou participao com fundamento em presuno de convivncia

    Inadmissibilidade. Nesse sentido: por ser esposa de traficante (TJSP, RJTJSP, 15:445; T.JSp' ACrim 18.091, RT, 621:290; TJSP, ACrim 168.118, RT, 715:440; TJSC, lei 5-6:558), ainda que tenha cDnhecimento do preo da droga CDbrado pelo marido (TJSp, ACrim 168.118, RT, 715:440 e 442); pejo fato de saber que o marido guarda maconha no quarto (RITJRS, 115:10.')); por ser filha de traficante (TJSp' ACrim 18.091, RT, 621:290); por ser encontrada em quarto de hoteJ onde o companheiro guarda txico (RF, 208:316); simples coabitao com viciado UTACrimSP, 52;294), ainda que o sujeito saiba que o companheiro guarda maconha na moradia comUm UTACrimSP, 52:294). Fundamento no caso de espo-S3: no se pode exigir que delate o marido (RJT/RS, 115:105).

    Sujeito surpreendido rui companhia de portador de droga

    Por si s, esse fato no se reveste de carter delituoso (TJSP, ACrim 1 :"4.807, f< T, 709:316). No mesmo sentido: RT, 477:405.

    Sujeito passivo

    Principal (imediato): a coletividade. Secundrio (mediato): eventu-almente, o viciado a quem vendida a droga (art. 33, caput); o menor ou doente mental a quem fornecda (art. 40, VI, desta Lei).

    Vitimizao difusa e individual

    Enquanto na maioria dos crimes comuns, como o homicdio, a falSIdade, o estupro, o estelionato etc, h um sujeito passivo determi-nado, preciso, qual seja, o homem, a pessoajuridica ou o Estado, em quase todas as hipteses de crimes previstos na legislao de drogas, como, v. g., a importao, o depsito etc. de entorpecentes, no existe um sujeito passivo certo, determinado, preciso, inrlividualzado, uma vez que, dada a natureza de interesse difuso, surge a coletividade Cmo prinCipal sujeito passivo do fato criminoso. Dilui-se a leso entre um nmero indeterminado de cidados que compem o corpo sociaJ, fe-nmeno a que JOSlANE RoSE PETR'l' VERONESE d o nome de "vitmizao difusa' (Macroeriminalirlarle.", in Livro de estudosjuridicos, cit., v. 7, p. 191). Em alguns casos, a pessoa humana tambm surge como sujeito passivo rnediato do delito, o que se verifica se a conduta do autor atinge diretamente um integrante do corpo social, como o caso da venda de

    107

  • ART. 33 I Lu A"T!I)lmG.~~ .~:

  • J.)AM.\STO DI. J~H'S I ART. 33

    Objeto material

    A droga. Vde nota ao art. 66 dcsta Lei.

    Objetos tlUlteriais de natureza divcl'Sa

    Se o sujeito, p. ex., traz consigo, para comrcio, drugas de natureza diversa, responde por um s crime. Nesse sentido: TJRJ, ACrm 903 92, RT, 710:325 (maconha e cocana).

    l\laconha

    No entorpecente, porm causa dependencia fisca e psquica (J

  • Cloreto de etila (lana-perfume)

    H duas posies: 1~) existe crime de trfico de drogas: STF, HC 77.062, 1~ Thrma, DJU, 10 set. 1998, p, 5; STJ, RHC 6.809, 5-" Thrma, DIU, 25 fev, 1998, p. 91; STF, HC 77.879, 2.!!. 'TUrma, reI. Min. Maurcio Corra,j. 1~12-1998, DJU, 12 fev. 1999, p. 2; STJ, HC 8.268,5" Thrma, reI. Min, Glson Dipp, j. 18-2-1999, DJU, 15 mar. 1999, p, 264; STJ, HC 8.288, 51' 'TUrma, rel. Min. Jos Arnaldo da Fonseca, DJU, 7 jun. 1999, p. 110; STJ, RHC 7.972, 5~ 'TUrma, reL Min. Flix Fischer; DIU, 14 jun. 1999, p. 214; STJ, HC 8.180, 5.!. Thrma, reI. Min. Gilson Dipp, DIU, 16 ago. 1999, p. 77; STJ, HC 10.292, 5~ Thrma, reI. Min. dson Vidigal, DJU, 21 fev. 2000, p. 143; STJ, ROHC 9.800, 5.!!. TUrma, rejo Min. Flix Fischer, DIU, 29 maio 2000, p. 166 e 167; STJ, HC 12.354, ~ Thrma, reI. Min. dson Vidigal, DIU, 4 set. 2000, p. 173; OSMANE AN'fONTO DOS SANTOS, Lana-perfume - trfico de entorpecente ou contrabando, Cor-rein Brasliensc, 5 juL 1999; TRF, 5"- Regio, RT, 798:734; STJ, RT, 808:559; 2--) sua importao no configura crime da Lei n. 11.343/06, constituindo contrabando (CP, art. 334): STJ, CComp 10.590, 3.!!. Seo, DIU, 24jun. 1996, p. 22704; STJ, CComp 16.251, 3- Seo, DIU, 1.ll. set. 1997, p. 40726, e RT, 745:520; STJ, REsp 14.772,6" Thrma, DIU, 23 mar. 1998, p. 192; STJ, HC 8.797, 6.!!. Thrma, reI. Min. Vicente Leal, DJU, 12 maT. 2001, p. 175; ALFREDO m. OLIVEIRA GARCINDO FU.JiO, lunsprudncia criminal do Supremo 7hbunal Federal e do Superior Tribunal de lustLa, Curtiba, edio do autor. 1998, p. 392.

    Vestgios do objeto material

    vide nota ao art. 28 desta Lei,

    Vestgios de cocana que no apreSEntam qualquer peso

    Impossibihdade de comrcio: inexistncjade crme (TJSP, RECrim 145.536,6" Cm. Crim., j. 19-5-]994, reI. Des. Djalma Lofrano).

    [lO

    Conceitos de droga, txico, psicotrpico. dependncia f18ica, dependncia psquica, tolerncia, sndrome de abstinncia e compulso

    Vide notas ao art. 1 desta Lei.

    Grande quantidade de droga eomo circunstncia indicadora de trfico

  • DAMAslO DE JESUS I ART. 33

    H duas poses: l!!.) constitui circunstncia indiciria de comr-cio de drogas, Nesse sentido: JTACnmSP, 63:240; RT, 511:403, 538:380, 791 :669, 796:688, 800;597, 801 ;606 e 808:668; R/T/SP, 64:367j 2--) inad-missvel a presuno de trfico com fundamento na grande quantida-de de droga, Nesse sentido: RT, 516:338; RJTJSP, 66:382, 108:484 e 124:511; JTACrimSP, 59:321 e 333. O juiz no pode condenar o ru nos termos do art. 33 com fundamento exclusivo na grande quantidade de droga apreendida (TAPR, ACrim 39.086, RT, 671 :368).

    Grande quantidade de txico como circunstncia judicial

    O art. 42 da Lei diz expressamente que "O juiz, na fIxao da..'> pe-nas, c(lnsiderar, c(lm preponderncia sobre o previsto no art. 59 do Cdigo Penal, a natureza e a quantidade da substncia ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente" (grifo nosso). Entendeu o STJ' "Nos casos de trfico dI'! entorpeGente, a fixao da pena-base obe-decer aos critrios estabelecidos no art. S9 do Cp, entre eles os moti-vos, as circunstncias e as consequncias do crime, razo pela qual se admite a fixao da pena-base acima do mnimo legal, se houve apre-ens,io de grande quantidade de droga" (RT, 783:595). O acrdo referia--se apn~enso dI'! cento e noventa quilos de pasta de cocana, "sufi-ciente para propiciar a fabricao de um milho de pedras de crack". No mesmo sentido, TJ8P analisando a hiptese inversa: "Se a quantidade de droga apreendida no for to expressiva, no permitido ao Juiz fixar a pena-base muito acima do mnimo lF.gal, pois tal circunstncia no pude ser considerada negativamente ao ru, luz das conseqn-cias danosas do crime, nos termos do art. 59 do Cp, eis que evidenciado tratar-se o agente de pequeno traficante" (RT, 790:595) Vide, ainda, STF, RT, 810:525.

    Espcie de droga como circunstncia judicial

    O art. 42 da Lei diz expressamente que "O jui7., na fixao das pe-nas, considerar, com preponderncia sobre o previsto no art. 59 do Cdigo Penal, a natureza e a quantidadl'! da substnca ou do prod uto, a personalidade e a conduta social do agente" (grifo nosso). De acordo com o 5T J: "Na avaliao das circunstncias legais para fIxao da pend, p.m 8e tratando de trfico de entorpecentes, devem influir deci-sivamente a espcie e a quantidade da droga, O tipo de entorpecente dado que indica o grau de nocividade para a sade pblica, correlato ao indicador das consequncias do crime; a quantidade, quase sempre,

    li!

  • ART. 33 I LII ANTIIlROGAS\i',(1TI!JI

    aponta para o grau de envolvimento do infrator com o odioso comr-cio, indicando a medida de sua personalidade perigosa e voltada para a prtica criminosa" (RT. 786:599).

    Pequena quantidade de droga: indcio de trfico ou vcio

    H duas posies: I.!!.) indcio de uso prprio e no de trfico. Nesse sentido: JTACrimSP. 64:191; RT, 542:371, 543:405 e 801:521; 2~) por si s, no indica uso prprio, podemdo. dependendo do caso con-creto, configurar trfico. Nesse sentido: STF, HC 69.806, l. 'fluma, reL Min. Celso de Mello, RT, 701 :40]: TJSp, ACrim 170.977, IT/. 165:33S. Vide T J RJ, RT, 803:669.

    Pequena quantidade de droga: princpio da insignificncia (de-1 ito de bagatela)

    H duas posies: 111) a insignificncia da gravidade objetivJ do fato conduz inexistncia de crime por atipicidade ou ausncia de ilicitude (TJRS, HC 25.832, RJI'/RS, 89:28: STJ, HC 8.020, 6~ 11uma. rel. Min. Fernando Gonalves, DJU, 14jun. 1999, p. 227 [O,25gde droga]; STJ, HC 7.977, 6.a TUrma. rel. Min. Fernando Gonalves, D/U, 14jun. Hl99, p. 99 [O,2Sg de cocaina]j STJ, ROHC 8.646, 6.i! TUrma, reI. Min. Vicente Cer-nicchiaro, DJU, 6 set. 1999, p. 134). No sentido da ausnca de tipicidade do fato: STJ, ROHC 8.646, 6~ Thrma, rel. Min Vicente Cerniccharo, DJU, ti set. 1999, p. 134; 2.!!) no h excluso do delito (STJ, REsp 2.179, sa TUrma, DJU, 28 maio 1990, p. 4738; STJ, HC 8.827, 5a. TUrma. rel. Min dson VidigaI. D/U, 11 out. 1999, p. 76j STJ, HC 10.871, :Si!. Thrma, reL Min. Gilson Dipp. DJU, 17 abro 2000, p. 72; ST J, HC 1l.69S, 6~ Thr-ma, reI. Min. Fernando Gonalves, DJU, 29 maio 2000, p. 188). Para essa teoria. que prevalente. o texto legal no faz limitao de ordem quan-titativa do objet

  • D.UtSlO Df Jr-!\I"'\ I ART. J3

    Llto. quando a substncia no apta a eausar deptmdncia fsiea ou ps-quica. H discusso sobre esse assunto (vle nota ao art. 28 desta Lei).

    Dano pessoal ao consumidor

    No exigido pelo tipo (STF, RECTm 109.435, RT, 618:407; TJSP,

    ACrim 16.360, RT, 566':2!:l3 e 284; TJSp, ACrim 15L143, ]T], 152:310; rrACrimSP, 51:421).

    'Ibxicidadc da substncia em relao ao consumidor

    irrelevante. Assim, corno decidiu o TJSp' "toma-se absolutamen-te sem importncia, para fins lF.gais de represso, a quet'lto d peso corporal do paciente, peso molecular da substncia, sua potencia1ida-de txica. via de administrao, grau de farmacodependncia do pa-dente, suscetibilidade maior ou menor do indivduo, a de ter a substncia perdido ou no a sua potencialidade em face da exposio clluminosidade, a temperatura (calor ou frio) etc.' (ACrim 16.360, RT, )66:283 e 284).

    Pureza da substncia

    o grau de pureza irrelevante para a existncia do crime (ST}~ HC 75.723, 2.!. Thnna, RT, 751:546), muito embora possa ser considerado na dosagem da pena: "O juiz, na fixao das penas, considerar, com prepondenlncia sobre o previsto no art. 59 do Cdigo Penal. a natureza e a qu,mtidade da suhstncia ou do produto. a personalidade e a con-duta social do agente" (art. 42 da Lei grifo nosso).

    Elementos normativos do tipo

    O primeiro est contido na "sem autorizao ou em desa-cordo com detenninao legal ou regulamentar" (caput). Nesse sentdo: TJMG. ACrim 17.796,2-" Cm. Crim., reI. Des. Jos Arthur, RT, 712:447. Presente a autorizao ou se encontrando o fato de acordo com as pres-c:nes legais ou regulamentares, deve ser considerado atpico. O se-gundo encontra-se nas expresses uso "indevido" e trf!(',o "leito" de drogas ( 10 e 2Q., UI). Se devido o uso ou lcito o trfico: o fato tam-bem atpico. O erro sobre um dos elementos normativos constitui erro de tipo, aplicando-se o art. 20, caput, do CP. Nesse sentido: TJMG, ACrim 17.796, 2t!. Cm. Crim .. rel. Des. Jos Arthur, RT, 712: 447.

    113

  • Crime de contedo tpico alternativo

    A definio tpica do art. 33 de contedo variado (alternativo ou de ao mltipla). Nesse sentido: TJSP, ACrim 83.747, reI. Des. Dante Busana, RJTJSP. 128:477 e 479, n. 4; /TI, 136:487; STF, HC 70.035, 2~ Thnna, reL Min. Marco Aurlio, RTI, 152:516; STF, HC 69.806, P Thr-ma, reI. Min. Celso de Mello) RT, 701:401 e 406; TRF, 4~ Regio, RT, 793:727; TJSE. RT, 819:677. A norma descreve diversas condutas alter-nativas separadas pela disjuntiva "ou": "importar, exportar, ... entregar a consumCl ou fornecer') (capUf) , 'importa, exporta", "expe venda, oferece", "traz consigo ou guarda" (inciso I), semeia, cultiva ou faz a colheita" (inciso Ir), "induzir, instigar ou auxiliar" ( 2.Q.). Aplica-se o princpio da alternatividade, segundo o qual a norma que prev diver-sas condutas como formas de um mesmo crime s aplicvel uma vez, ainda quando realizadas pelo mesmo autor sucessivamente num s contexto de fato (SILVIO RAINERl, Dritto penale; parte generale, 1945, p. 357). Disso resulta a unidade de crime. Nesse sentido: STF, HC 70.035, 2-'! Thrma) reI. Min. Marco Aur li

  • D.IAsIO DE JI.~lIS I ART. 33

    nuado (TJSp, ACrim 154.479, JTJ, 152:304). No sentido de que se trata de crime progressivo: TJSp' ACrim 45.403, RJTJSP, 104:462; TJPR, RT, 620:325; lTAGrimSP, 64:38. No sentido de haver progresso criminosa no conflito aparente de normas, resolvidD pelo princpio da consun-D: TACrimSp, Re,vCrm 99.776, lTACrimSP, 64:38. Quanto ao crime progressivo, de ver-se que nessa hiptese o sujeito respDnde pelo re-sultado final de maior gravidade, que alca nado pela produo de evento de menor lesividade. Na hiptese dDs crimes de trfico de en-torpecentes, contudo, segundo a nossa posio, o sujeito responde pela primeira conduta, prescindindo-se da anlise de sua maior ou menor gravidade em relao s demais, que so dispensadas. Alm disso, para o legisladDr todos os comportamentos apresentam a mesma gravidade objetiva (leso ao o~iF.to jurdico), tanto que lhes cDminada pena de igual qualidade e quantidade. Por isso, segundo cremos, no se pode falar em crme "progressivo". Comportamentos desvinculados e distan-ciados no tempo (ausncia de simultaneidade): pode haver concurso material ou crime continuado (TJSP, ACrim 83.747, rel. Des. Dante Bu-sana, T\JTJSP, 128:477 e 479, n. 4; RfT1SP, 101:421; lTACrimSP, 64:38).

    Condutas desvinculadas no espao e no tempo

    No se aplica o princpio da alternatividade quando os comporta-mentos no so realizados no mesmo contexto de fato. Nesse caso, h concurso de crimes. Nesse sentido, tratando de "vender" e "trazer con-sigo" drogas em momentos e lugares diversos: TJSp, ACrim 168.800, 3.!. Cm. Crim., reI. Des. Gonalves Nogueira, j. 21-11-1994, Boleltm de Ju-nsprudncla do IBCC, abro 1995, p. 94.

    Princpio da altcmatividade e os tipos ptmais descritos no ''GIput" e pargrafos

    H discusso a respeito da unidade ou pluralidade de crimes em face do contedo variado das figuras tpicas, existindo duas posies: 1-") A alternatividade que conduz unidade delituosa que os fa-tos este;jam descritos no mesmo tipo penal (caput, pargrafo ou inciso); sc definidos em tipos distintos h concurso de crimes (p. ex., no caput e em pargrafu). Nesse sentido: TJSp' ACrim 122.223, RT, 690:325. A~ sim, msponde por dois delitos o sujeito que tem maconha em depsito pdrJ venda (capul do art. 3,1) e a cultiva em sua residncia ( ]O, [I). Nesse sentido: TJSp' ACrim 122.223, JTJ, 136:484 e RT, 690:325. 21!) A alternatividade pode existir entre os vrios tipos, estejam definidos os

    llS

  • fatos no caput, nos pargrafus ou incisos, pouco importando que sejam distintos. Nesse sentido: TJSp, ACtim 122.223, JTJ,l.36:484 e 486, e RT, 690:325 (voto vencido do Des. Celso Limongi). Decidiu-se que, se o sujeito cultiva maconha (art. 33, 1. Il) e a vende (caput), responde s pela venda, funcionando o cultivo como antefclum impunvel no conflito aparente de normas. Nesse sentido: TJSp, ACrim 122.223, JT], 136:484 e 486, e RT, 690:325 (voto vencido do Des. Celso Limongi). Nossa pOSIo: a segunda, exigindo-se nexo de causalidade e relao de meio e fim entre os comportamentos.

    Alternatividade entre os crimes dos arts. 33 c 34 desta Lei

    Vide nota ao arL 34.

    Alternatividade e divcnjelade qualitativa da substncia

    possvel que o sujeito tenha a guarda de maconha e adquira ou-tra substncia entorpecente (ex.: cocana). H entendimento no senti-do de que existe um s delito: TJSp, ACrm 838, RT, :551:339.

    Estado de necessidade

    Invocao sob alegao de dificuldade tlnanceira: inadmissiblida-de (TJSp, ACrim 136.684, RJTJSP, 141:3(9).

    Presuno de autoria

    inadmissveL No se pode presumir a realzao de uma conduta tlo s pelo aspecto objetivo do fato. Assim, a simples posse de entorpe-cente no r:onduz necessariamente prtica delituosa, uma vez que se exige comportamento tpico doloso. Nesse sentido: /TACnmSP, 56:238.

    Atos prepatatrios

    So impunveis. desde que no se e-nquadrem nos verbos "possur, ter em depsito, guardar" etc., quando, ento, configuram atos execu-trios. Nesse sentido: RT, 471:317.

    Importar

    Tem o sentido de introdur no territrio nacional por mar, terra ou ar.

    116

  • D.L.\SIO Dl JLSIiS I ART. 33

    Exportar

    Configura o comportamento de realizar a sada do o~jeto material de nosso territrio por mar; terra ou aI.

    Remeter

    Quer dizer enviar o objeto matcrtal por qualquer meio (via pessoal ou postal).

    Preparar

    Significa compor, reunindo elementos. Ex.: preparar o dordato retirado da cocana pura.

    Preparar para uso prprio

    Entendeu-se haver o delito do art. 16 da Lei n. 6.368/76 - porte de droga para uso prprio eRT, 520:399).

    Pl.'Oduzir

    Significa dar existncia, criar. Distingue-se do "preparar", que quer dizer obter por intermdio de composio, reunio de substncias (j existentes) ou decomposio. O verbo "produzir" por sua vez i.ndica criao, Convm distinguir se se trata de produo para consumo pes-soal ou para trfico. Somente neste ltimo caso o fato deve ser enqua-drado no art. 33; quando para consumo pessoal, a conduta no se amolda ao conceito de "trfico de drogas':

    Fabricar

    'lem o sentido de fazer por meios industriais ou mecnicos.

    Adquirir

    Significa obter, seja gratuita, seja onerosamente (troca, venda, do-.1(,:

  • Vender

    Quer dizer alienar (onerosamente).

    Permutar

    No se encontra especificamente descrito na lei, porm insere-se no tipo a conduta de trocar a droga por qualquer bem que represente valor (JTACrmSP, 33:400), no precisando ser dinheiro (RT, 508:411).

    Expor venda

    Thm o significado de oferecer a substncia ou material exposto. nata-se de crime permanente (RT, 597:301).

    Oferecer

    Significa ofertar. sugerir a aquisio.

    Fornecer ainda que gnltuitamcnte

    Fornecer possui o sentido de proporcionar, prover, entregar e suprir, mesmo que a operao no apresente finalidade de lucro UTACrimSP, 49:388 e 57:307; RJTJRS, 131:171j RT, 560:332, 567:310, 574:398, 600:370, 651 :263 e 728:645 e 648; RF, 283:334). Assim, respon-de pelo delito o sujeito que cede gratuitamente a terceiro poro de maconha, ainda que seja usurio (STF, HC 69.806, 1 a Thrma, reI. Min. Celso de Mello, RT, 701:401, e RTf, 151:155; TJAp, RT, 792:661j VIde, tambm, TJMS, RT, 816:627). A modalidade gratuita usada para cap-tar a anuncia de menores (TJSp, ACrim 14.606, RT, 568:283). O tipo no exige a venda do produto (RT, 600:370). O fornecimento pode dar--se media nte cesso, distribuio ou ddiva do e ntorpecente ou droga afim (TACrimSp, JTACnmSP, 49:388).

    Fornecimento ocasional: eventual e espordica cesso de droga de um usurio a outro

    Aplica-se o disposto no art. 33, 3!!-: "Oferecer droga, eventual-mente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem: Pena - deteno, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-mul-ta, sem prejuzo das penas previstas no art. 28. Note-se que o tipo penal foi construdo sob inspirao da jurisprudncia anterior Le n.

    118

  • I ART. 33

    1l343/06 (vu1e abaixo), no sentido de que no cometia trfico o sujeito que fornecesse, sem habitualidade e objetivo de lur:ro, drogas a pessoa de seu relacionamento, para juntos consumirem. O dispositivo requer: () fornecimento eventual; (11) sem objetivo de lucro (imediato ou no); (i) a pessoa de seu relacionamento (amigos ou familiares); (iv) para consumirem juntos a droga.

    Orientaes sob a vigncia ela Lei n. 6.368/76: 1 3 ) O sujeito res-ponde como usurio (art. 16 e no 12 ela Lei n. 6.368/76): RT, 630:341 e 667:265; RJTJSP, 66:383, 88:399 e 1.10:499; /TJ, 152:313 e 1.55:313, Fun-damento: o tipo do art. caput, pune o fato do trfico de droga, ten-dente ao induzimento ao vcio (RT, 667:265; RJTJSP, 88:399), exigindo certa habitualidade (RJTIRS, 102: 17). habitualidade (T JSP, ACrim 80,999, RT, 728:645). o caso do traficante que, para conseguir mais um fregus, fornece gratuitamente a droga ao iniciante elurante certo tempo, pretendendo lev-lo ao vcio, fato que se enquadra no conceito de trfico ilcito (RT, 630:341; jM, 101 :248; RJTJSP, 88:399). Nos casos tpicos de cesso gratuita de nfima poro ele droga, como no passar um cigarro de mo em mo, de um usurio a outro, sem caractersticas de habitualdade, no h falar em trfico (TJSP, ACrm 147.425, jTj, 152:3B; ACrim 317.142, RT, 788:629). de observar que essa orientao s apHGvel ao fornecedor ocasional, eventual ou espordico, no alcanando "fornecedor costumeiro' (IT], 155:315). L d ) O fato enquadra-se no art. 12. Nesse sentido: TJSp, ACrim 77.531, voto vencido do Ues. Weiss de Andrade, RT, 687:266; TJSp, ACrim 142.863, JTJ, 155:315; STF, HC 69.806, reI. Min. Celso de Mello, RTj, 151:155, e RT, 701:401; STF, HC 74.42A, li!. Thrma, rejo Min. Celso de Mello, lSTF, 51:1, out 1996 TJDF, RT, 797:633. A primeira orientao era amplamente vencedora. Nossa posio: era a primeira.

    Thr em depsito

    Tem o significado de reter, conservar ou manter o objeto material SUa disposio. No se exige que o sujeito seja enr:ontrado com txico (Sn; RHC 65.311, RT, 624:411). conduta permanente (STJ, RHC 9.0.3.3, 6" l'Llrma, reI. Min. l1amlton Carvalhido, D/U, 11 set. 2000, p. 289).

    1ransportar

    Indica a conduta de remover de um local para outro por algum meio de locomoo que no seja pessoal. Este configura o verbo "tra-

    119

  • ARTJ3 I LEI ANIIDROGA

  • D.Ul,\>'lO DL Jti,t:~ I ART. 33

    RT, 587:362, 769:624; lTACrimSP, S6:293i vuie STF, RT, 789:53n; TJPB, RT, 791:669. No sentido de que a guarda relaciona-se com interesse prpro ou de terceiro: lC, 28:346 e 37:445; lTACnmSP, 59:281; RJTJSP, 15:377. conduta permanente (STJ) RHe 9.033, 6!!. Thrma, reI. Min. Hamlton Carvalhido, DJU, 11 set. 2000, p. 289).

    Posse ue substncia entorpecente, sem autorizao de quem de direito, para experincia (lU fins cientficos

    No exclu o delitn UTACri mSP, 37:207).

    Prescruvcr

    Constitui o comportamento de receitar. Trata-se de crme prprio) que s pode ser comerido por mdico ou dentista. Cuidando-se de ter-ceiro no qualificado, o fato se enquadra no tipo do 2.':'. do art. 33. Prescrio culposa: aplica-se o art. 38 desta LeL

    Ministrar

    Quer dizer introduzir no organismo humano mediante injeo, aplicao etc.

    Entregar a consumo

    Indica qualquer conduta que faz chegar ao consumidor a substn-cia entorpecente ou que cause dependnc;ia fsica ou psquica. A figura tpica constitui caso de interpretao analgica (norma de encerra-mento), em que o legislador procura estender a incriminao a todo comportamento capaz de fazer chegar a substncia entorpecente s mos do consumidor (frmula casustica seguida de uma clusula ge-nrica). Frmula exemplificativa: vender, oferecer, fornecer etc.; fr-mula genrica: "entregar a consumo". Segue-se que a conduta final, con tida no verbo "entregar", df"we possuir a mesma natureza dos com-portamentos tpicos anterioreli.

    E1ementos subjetivos do tipo

    O elemento subjetivo do tipo comum das figuras penais o dolo, wnsstente na vontade de concretizar os elementos objetivos da nnrma incriminadora. Trata-se de dolo abrangente, exigindo o conhecimento de que a substnda entorpecente ou que eausa dependnda fisica ou PSquica e de que no h autorizao legal ou regulamentar. Como diz

    121

  • ART. 33 I LEI A ~TI DROGAS ,~~0 r,lfH

    NILO BArTSTA, analisando o porte ilegal, " necessrio que o agente saiba que test portando substncia entorpecente ou capaLl de detterminar de-pendncia fisica ou psfquica" (Porte de entorpecente - erro, RDP, 15-16:135 e 136). No verbo "prescrever" exige-se conscincia do uso indevi-do ou irresponsvel da droga (JTACnmSP, 27:451} O fato culposo atpico. Nesse sentido: RT, 586:2.72; TJMG, ACrim 17.796, 2~ Cm. Crim., reI. Des. Jos Arthur, RT, 712:447. Cuidando-se, entretanto, de mdico 00 dentista e culposa a conduta, aplica-se o art, 38 desta Lei.

    Cogitao

    impunvel. Nesse sentido: STF, Extradio 539, Plenrio, RII, 146:749; TJSC, ACrim 20/464, IC, 52:408; TAPR, ACrim 47.020, RI, 686:365; JTACrimSP, 51:203. A ideia no delinque (kA). Assim, manifes-tar a vontade de vender a droga no configura delito (TJSC, ACrim 20/464, IC, 52:408). Caso contrrio, estaramos suprimindn a possibilidade da de-sistncia voluntria e do arrependimento eficaz UTAGrimSP, 51:203).

    Sujeito que traz consigo droga com a inteno de vend-la, vin-

    do a ser preso em flagnmte

    No se pune a inteno, inexistindo, na hiptese, tentativa de ven-da. Responde, entretanto, pela posse, nos termns do art. 33 desta Lei. Nesse sentido: RT, 577:353.

    Incerteza quanto finalidade de traficncia

    Desclassifica-se para o crime do art. 28 desta Lei (T JSP, ACrim 199.121, $48:382j TJRS, ACrim 684.053,184, RT, 611:398). "Constitu-

    cional e penalmente defeso inferir a finalidade pelo simples fato de portar a droga' (TJRS, ACrim 684.053.184, RT, 611:399 e 400).

    Presuno de dolo

    Inexiste e m nossa legislao penal o chamado dolus in re ipsa e, por isso, no pode ser aplicado na Lei Antidrogas (TJSF: ACrim 131.021, 1'" Cm., rel. Des. fortes Barbosa, j. 25-10-1994; MARCELO FORrES BARBOSA, Erro de tipo, Boletim de Jun'sprudncia do IBGC, abr. 1994, p. 4).

    Finalidade de lucro

    No exigida pelo tipo. Nesse sentido: ITACrimSP, 49:388,

    122

  • D.\Mhro DE JESn I ART.]]

    Motivo tDrpe como agravante genrica (CP, art. 61, 11, "a")

    inaplicvel ao trfico de drogas, uma vez que a torpeza ineren-te conduta tpica. Nesse sentido: RJTJRS, 80:52.

    Erro de tipo (CP, art. 20)

    Ocorre quando o sujeito realza concretamente o tipo desconhe-cendo as suas elementares, sejam descritivas (objetivas) ou normati-vas. Exs.: adquire entorpecente supondo tratar-se de substncia medi-cinal; porta droga "ignorando o contedo do invlucro" (TJRJ, ACrim 57.935, RDP, 15-16:135 e 136). Evitvel ou inevitvel o erro, fica t{xdu-do o dolo, desaparecendo o crime por atipicidade do fato. O erro sobre o elemento normativo referente autorizao legal configura erro de (po (CP; art. 20, captlt). o caso de o sujeito supor que a au torizao verbal ou tcita da autoridade policial supre o tipo (TJMG, ACrim 17.796, 2.!. Cm. Crim., reI. Des. Jos Arthur, RT, 712:447).

    Erro provocado por ten:.eiro

    Responde pelo crime de txico o terceiro que determina o erro (CP; art. 20, 2Q). Ex.: o sujeito, agindo insidiosamente, faz crer a outro que a substncia a transportar incua, quando se trata de droga. O provocador responde pelo delito do art. 33.

    crime putativo

    Ocorre quando o sujeito, por erro, supe que o fato realizado wns-ttui crime descrito na Lei n. 11.343/06, sendo que, na verdade, confi-

    gura indiferente pena1. Difere do erro de tipo: neste, o sojeito no de-seja cometer o delito, agindo por erro; no delito putativo, a(l contrrio, o sujeito quer praticar o crime, no vindo a comet-lo por erro. Possui trs espcies: ]l!) crime putativo por erro de proibio: 2 ~ ) crime puta-tivo por erro de tipo; 3l!) crime putativo por obra de agente provocador (crime de flagrante provocado).

    Crime putativo por erro de proibio

    Ocorre quando o sujeito supe estar violando norma penal da Lei n. 11.343/06, que na verdade no existe. Ex.: o agente supe que fumar maconha constitui delito (uule nota ao art. 28 desta Lei). Aplica-se o

    123

  • ART.33 I Ll:1 A~T1nRO~ .. " \,",OP,[H

    art l!l do CP: o filto, por no estar dcfinido cm lei como crime, atpi-co (vuk art, 5Q , XXXIX, da CF).

    Crime putativo por erro de tipo

    Hiptese em que o sujeto no incide cm erro sobre a norma dc

    proibio, mas sobre os elementos tpicos do crime. O comando legal proibitivo existe, porm o erro recai sobre as elementares. circunstn-cias c dados do tipo penal. Ex.: fornetimento a terceiro de p inocentc, supondo tratar-se de cor:aina. Aplica-se, pm extenso permitida (art. 12 do CP), o art. l7 do CP (crime impossve1 por inexistncia ou mpro-priedade absoluta do objeto material).

    Crime por obra dc agente provocador (crime dc flagrante prepa-rado ou provocado)

    Hiptese em que algum (autoridade ou agente dcsta, sujeito pas-sivo [lU terceim), de maneira insidosa, provoca o sujeito prtica deli tuosa, tomando providncias nn sentido de quc o fato no atinja a con-sumao. O agente opera dentro de pura iluso, uma vez que, na realidadc, ah initio as providncias tornam impraticvcl a concretza-o do ilcito penal. Aplca-se a Smuld 145 do STF: no h crimc quando a preparao do flagrante pela policia tmna imp[)ssvcl a sua consumao. Vule notas ao art. 50 e s. desta Lei.

    Crimc de flagrante esperado

    punvel. Acontece quand(l algum toma conhecimento de que

    um crime vai ser cometido, avisando a polca, que pe seus agentes

    de sentinela, apanhando o sujeito no momento da prtica ilcita. No

    se confunde com a hiptese anterior do crime putativo por obra de agente provocador. No flagrantc esperado no h provocao. Vide de-

    senvolvmento dn tema em nota ao art. 50 desta Lei

    Crime impossvel (CP, art. 17)

    admissvel nessa matria. Ex.: o sujeit(l realiza um dos compor-

    tamentos definidos no tipo ncriminadm supondo entorpecentc o (lb jeto material, quando, na verdade, trata-se de substncia incua (crime impossvel por mpropricdade absoluta do objeto).

    124

  • ---

    D ~M \'>10 IH: JESt'S I ART. 33

    Erro de proibio (CP, art. 21)

    Ocorre quando o sujeito realiza o tipo des(';onhecendo, em face das cin.:unstncias. a regra de proibio. Exs.: o sujeito supe, por erro ine vitvel, que no h proibio compra de maconha; o estrangeiro, provindo de pas onde a aquisio da droga permitida, adquire entor-

    pcr,entc, supondo ncxistir proibio no Brasil (antigo TJDF, ACrim 2.fll 2, RDP, 15-16;136). Nesses casos, invenLvcl o erro, fica excluda a culpabilidade. Se vendvd, a pena reduzida (CP, art. 21). Se o sujeito podia alcanar o r.onhecimento da ilicitude do fato: o erro de direto. espcie de erro de proibio, no aproveita. Nesse sentido: TACrimSp' TTACrimSP, 84:346; TACrimSP, ACrim 623.075, R]IJTACrimSP, 8;86' e 87.

    Qualificaes doutrinrias

    Segundo a doutrina e a jurisprudncia, art. 33 define crimes de perigo abstrato, prescindindo-se da demonstrao de dano efetivo. So-

    hre o tema, v,de neste artigo nota sobre a natureza jurdica dos crimf'.s de (rfico de drogas. No sentido de que so crimes formais: TJSp, ACrim 154.479, Jn 152:304 e 305. So delitos instantneos nos verbos

    "ilnportar", "exportar', "remeter', "preparar". "produzir", "fabricar", "ad-quirir", vender", "oterecer', "fornecer", "prescrever", 'ministrar" e "en-m,gar". So crimes pennanentes nos verbos "expor venda" (RT,

    5!J7:30l), "ter em depsto", "transportar" (RT, 791:593), "trazer consi-

    UT]. 169:313) e "guardar". No sentido de que a conduta de "ter em depsito" constitui infrao permanente: TJSp' RcvCrim 50.313,

    R.JTJSP, 106:471 e 4.

    Momento cotl8umativo

    Ocorre com a realizao das condutas dE'.scritas nos tipos. indepen-dentemente de qualquer resultado. Nesse sentido: A1HOSVALDO OE CAM-pm PIRES, Comrcio ou facilitao ... , RT, 704:2fl7, et.; RT, 50.5:337. Tra-tando-se de crime dE'. formulao tpica alternativa ou de contedo variado, quando o sujeito realiza mais de um comportamento. a consu-mao ocorre no momento em que o fato apresenta todos os elemen-tos da definio legal relacionados com o primeiro verbo. Assim, se o sujeito importa a droga e a expe venda, o delito abnge a consuma-o COm a importao. A exposio venda configura um post factum mpun"lreL Da mesma forma, se expe o entorpecente venda c o

    J2S

  • ART.,)3 I Lu ANTlf)lHHiAl. AMlT\J),-\

    cede a terceiro (art. 33, caput), consuma-se o delito com a exposio. A cesso constitu um post factum impunvel. Se a traz consigo e a vende, responde pelo porte (TJSp' ACrim 147.227, In 150:286). Nesse senti-do, tratando dos crimes em geral: STF, lnq. 705, Plenrio, voto do Min. Seplveda Pertence, RT, 700:435, n. 25. Como disse o Des. Dante Busa-na relatando a ACrim 147.227 do T JSp' 'realizada a primeira conduta est consumado o crime do art. 12 da Lei de Drogas, sendo penalmen-te irrelevante a conduta posterior" (]TI. 150:288).

    "Ante factum" ou "post factum" impunivel

    H duas posies a respeito de existir na pluralidade sucessiva de condutas fato antecedente impunvel ou fato posterior impunvel: IJ!.) existe ante [actum impunvel. Nesse sentido: RT, 587:363; 2.!!.) h post jctum impunvel. Nesse sentido: TJSP' ACrim 147.227, reI. Des. Dante Rusana.IT/, 1.10:286 e 288. Nossa posio: a :segunda,

    Ato de comrcio

    No necessrio. Como tem entendido a jurisprudncia, para a existncia do crme do art. 33 no se exige ato de comrco (TJSp' RevCrim 261.893, 1'! Gr. Cms., reI. Des. Egydio de Carvalho, j. 10-4-2000, RT, 779:554). Nesse sentido, T JSp' RT, 807:597.

    Obreno de lucro

    No condiciona a consumao do delito. Nesse sentido: TACrimSp, fTACrimSP, 49:388.

    Thntativa

    Em alguns casos, admissvel. Na prtica, entretanto, sua ocorrn-cia difcil, uma vez que o legislador pune como executrios de crime consumado atos que regra geral so meramente preparatrios de condu-tas mais graves. Nesse sentido: ARI05VALOO DE CAMPOS PIRES, Comrcio ou hlcilitao .... RT, 704:287, cit.; TJMS, ACrim 3, RT, 533:398, n. 2.1. Assim, v. g., o traficante impedido de entregar a droga. caso em que haveria tentativa de venda, punido pelo porte (TJSp, ACrim 147.227, reI. Des. Dante Busana. TTI, 150:286 e 288), guarda ou depsito. No sentido de que os crimes descritos no art. 33 no admitem a figura da tentativa: RT, 613:288, 740:696, 743:723 c 748;729; RITISP. 90:511; IC, 61:279.

    126

  • D ,UIASlO D JE>US I ART. JJ

    Consumao e tentativa de importao

    Ocorre o momento consumativo no instante da entrada do o~jeto material no territrio nacional. Nesse sentido: TRF, 4" Regio, ACrim 9.1.04.35683, reI. Juiz Dria Furquim, j. 25-8-1994. Exigindo a posse tranquiJa do ohjeto material em nosso territrio: TRF, 4.!!. Regio, ACrim 93.04.35683, reI. Juiz Dria Furquim, j. 25-8-1994. Tentativa: admissveL

    Consumao e tentativa de exportao

    Consuma-se o delito no instante em que o objeto material sa do territrio nacional. H entendimento, entretanto, de que a consuma-o ocorre com o ~imples transporte, em nosso territrio, para o fim de t:xportao, independentemente da entrega da droga ao destinatrio no exterior (TRF, 4 Regio, ACrim 93.04.40238, D[U, 13 ju!. 1994). Tentativa: admissivel.

    Momento consumativo e tentativa de preparao

    Consuma-se o delito no momento em que o sujeito compe o oqje-[() material. Thntatva: admissvel quando instantnea a fabricao; quando permanente, impossvel. De ver-se, entretanto, que isso ocorre quando as substncias, em si, so incuas. Se constituem subs-tncias proibidas, o delito j se consumou pela posse, depsito etc.

    Consumao e tentativa de fabricao

    Consuma-se no momento em que O sujeito comea a fabricar o

    objeto material. Tentativa: tratando-se de tabrico instantneo, admis-svel; quando permanente, impossvel.

    Momento consumativo e tentativa de produo

    O delito atinge a consumao no primeiro instante da produo. Thnt:a.tiva: admissvel quando se trata de produo instantnea; quan-do permanente, toma-se impossvel.

    Consumao e tentativa de oferta

    Consuma-se o crime com oferecimento do objeto material. 'Ten-tativa: admissvel.

    I27

  • ART . 13 I 1.1:1 ANTIDROGA!> .\.,-,' 111).\

    Momento consumativo c tentativa de fornecimento

    O crime atinge a consumao com [) ato de fornecer, 'Tentatva:

    admissvel

    Consumao e tentativa de guarda

    Consuma-se no instante em que o sujeito tem a disponibilidade d

  • DAMASIO DE JESt'S I ART. 33

    Consumao ~ tentativa de transporte

    Ocorre a consumao no momento em que: o sujeito est deslocan-do o ohjeto material, iniciando-se o transporte. Nesse sentido: STF, HC 74.287, 2.:! Thrma, reI. Min. Mauricio Corra, DIU. 10 dez. 1999, p. 3. Tentativa: . inadmissvel. Sobre o tema do crime tentado, h duas po-

    sies: J ~) A tentativa admissvel. Nesse se ntido: RT, 645:287. o caso de transportar a droga para entreg-la a terceiro, no se consu-mando o fato (RT, 643:331 e 645:287). 2~) A tentativa inadmissvel. Nesse sentido: l~T, 613:2flS; RJTJSP, 104:475 e 476. Hasta consumal,-o o simpl/!s transporte, sendo irrelevante a efetiva entrega da droga ao [erceiro (RITJSP, 104:475 e 476; JIC 74.287, 2A TUrma. rel. Min. Maurcio Corra, DJU, 10 dez. 1999, p. 3). Nossa posio: a segunda. Vide RT, 791;59.i.

    Consumao e tentativa de "trazer consigo"

    Consuma-se o delito com O ato de portar o objeto materia1. Ocorre com 'a deteno do txico pelo agente para comerdalizao (TJSP, ACrm 175.325, ITI, 169:313 e 315). Trata-se de modalidade de crim/! permanente (TJSp, ACrim 11!1.039, RT, 700:315 e 316; JTI, 169:313). Tentativa: inadmissvel. Nesse sentido: RT, 613:288.

    Momento consumatvo c tentativa de prescrio

    A consumao ocorre no instante em que o tercdro recebe a recei-ta escrita ou oral. Nesse: caso, a consumao no depende do recebi-mento da droga. Tentativa: admissvel.

    Conflito aparente de norma8~ contrabando (CP, art. 334) e im-

    portao ou exportao de entorpecentes (art. 33, "caput", da Lei n. 11.343/06)

    O crime de contrabando (CP, art. 334) absorvido pe!o delito do art. 33 desta Lei (verbos "importar" e "exportar"), de maior gravdade

    objetiva. Aplica-se o princpio da especialidade no conflito aparente

    de normas; a do art 33 da Lei n. 11.343 especial; a do art. 334 do CP,

    geral. Na disposio genrica o objeto material a "mercadoria"; na

    do art. 33, a lei o especifica: "droga". Nesse sentido: RTTISP, 17:409;

    NT,429:359.

    129

  • ART.33 I LFI A:, TlDRO('A!> .\ "i 1 \11.\

    Concurso aparente de normas: falsificao de receita para aqui-sio de entorpecente

    A falsidade funciona como meio de execuo do crime de aquisio de entorpecente (art. 33, caput, desta Lei), sendo por este absorvida (princpio da consuno no conflito aparente de normas). Nesse senti-do; RT, 476:361, 489:414 e .'>48:383; RF, 257:295; ITACnmSP, 34:115.

    Concurso de crimes: associao para fins de trfico de d-rogas

    Vide nota ao art. 35 desta Lei.

    Furto e guarda de dIDga

    No sentido de existirem dois crimes em concurso material: le, 49:402.

    Furto e posse de dIDga

    No sentido da existncia de concurso formal de crimes: TJSP, ACrim 155.014, RT, 709:318.

    Entrada em residncia para efetuar priso em flagrante

    Vule nota ao art. 50 desta Lei.

    FIGURAS TiPICAS ASSEMELHADAS ( 1!L)

    No pretendendo deixar de punir diversas condutas que entendeu importantes, o legislador resolveu, no l Q do art. 33, descrev-las se-paradamente. Como disse EUGENIO Rt,(IL ZAFFARONl, o legislador, "antes de tudo, est revelando um af no sentido de no deixar alguma brecha na punibilidade: aquele que tenha alg() que ver com um txico proibi-do, comete delito" (A legislao antidroga latino-americana: seus com-ponentes de direito penal autoritrio, RT, 679:446 e 449). O trfico de entorpecentes, decidiu o TJSp' U infrao penal que se integra atravs de vrias fases sucessivas, articuladas umas com as outras, desde a produo at sua entrega a consumo. com atos de comrcio propria-mente ditos, bem como os que lhe so preparatrios, acessrios e com-plementares, e alguns at despidos de mercancia. Como seria extrema-mente difcil, para no se dizer praticamente impossvel, apurar em conjunto e em sua integridade, todas as fases em que se desenvolve

    I.lO

  • D .... M;,lO IH: JloSt.;, I ART. 33

    essa ao criminosa, contenta-se a lei, no esforo de combater as toxi-comanias, em admitir que qualquer uma delas configura. por si s. delito contra a sade pblica" (EI 3.573. RJTJSP. 81:391). Assim. esto especificados os comportamentos referentes a: a) matria-prima ( ]-'1. I); b) cultivo ( ] E., ]]); c) utilizao de lugar ( 1 E., IlI); ti) induzimento ou auxlio ( 2!l).

    Subsidiariedade

    As figuras tpicas assemelhadas constituem formas subsidirias. Somente tm aplicao quando o fato no se enquadra nos tipos des-critos no caput do dispositivo.

    Elementos normativos do tipo

    Contidos nas expresses 'sem autorizao ou em desacordo com determinao legal ou regulamentar" ( lE.) e "indevido" ( 2.9., 11). Se devidos o cultivo, o uso, a importao etc., o fato atpico.

    MATRIA-PRIMA ( 1!I., I)

    VIde a Lei n. 10.357, de 27 de dezembro de 2001, que estabelece

    normas de controle e fiscalizao sobre produtos qumicos que direta

    ou indiretamente possam ser destinados elaboraCl ilcita de subs--(ncias entorpecentes, psic:otrpicas ou que determinem dependncia

    fsica ou psquica, e d outras providncias.

    Condutas tipicas

    Importar, exportar, remeter, produzir. fabricar, adquirir. vender, ex-por venda ou oferecer, fornecer, ter em depsito, transportar, trazer consigo ou guardar, ainda que gratuitamente, matria-prima, insumo

    ou produlo qumico destinados preparao de droga proibida.

    Diferena entre o tipo do "caput" e as figur:as assemelhadas

    Enquanto o caput do dispositivo menciona como objeto material a substnca visada pelo sujeito (droga), os tipos assemelhados cuidam

    de matria-prima, insumo ou produto qumco destinados sua prepa-rao. Nesse sentido: TJRS, ACrim 683041784, RT, .')84:397.

    lJl

  • Autonomia das figuras tpicas assemelhadas

    Os tipos do 12 apresentam elem~ntares diferentes, descrevendo crimes diversos dos definidos no capllL Nesse sentdo: TJRS, ACrim 681041784, RT, .584:397.

    Matria-prima

    Substncia da qual podem ser extrados entorpecentes ou com a qual podem ser produzidas drogas que causem dependncia fsica ou psquca (S.RGIO DE OLIVEIRA MEDIU). Nesse sentido: T.JSP, ACrim 6B.~56. RT. 636:290.

    Extenso do conc.eto de "I11atria-prima"

    Havia duas posies antes da entrada em vigor da Lei n. 11.343/06: I--) em face da elementar de"tmada, constituem matria-prima p.xclusi-vamente as substncias essenciais pre parao do objeto material (dro-ga), L e., as que se prestam soment~ para a preparao, encontrando-se fora do tipo as que no so principais; 2i!) a figura tpica abrange no s as substncias destinadas exclusivamente preparao da droga, como as que, eventualmente, prestam-se a essa finaldade. Nesse sentido: STJ, HC 5.699, 5!! Thrma, DJU, 1 Q. set. ] 997, p. 40852. Exs.: ter e aceto-na (STF, RECrim 108.726, ].i!. TIuma. RT, 612:4.10, e RTf, 119:397; STF, HC 69.388, 2J! TUrma, DJU, ]9 mar. 1993, p. 2035; TJSp, ACrim 6B.256, RT, 636:290). No mesmo sentido: ARIOSVALDO TlF. CA..\1POS l'rRE~, Comrcio ou facilitao ... , RT, 704:287 e 289, cito Nossa posio: era a segunda. Atualmente, a discusso encontra-se superada, tendo em vista a am-pliao dos objetos materiais, que no mais se restringem a "matcra--prima", abrang~ndo tambm "insumos" e 'produ tos qumicos".

    Insumos

    C()mpreend~m os fatores de produo, como mquinas ou equipa-mentos destinados preparao de drogas.

    Produtos qumicos

    Conforme dispe o art. lQ, 2-, da Lei n. 10.357/01. que regula as normas de controle e fiscalizao sobre produtos qumicos qUF. direta ou indiretamente possam ser destinados elaborao ilcita de substncias

    , entorpecentes, pskotrpicas ou que det~rminem dependncia fisica ou

    IJ2

  • --O-\\lSlO DE JEL'~ I ART.]]

    psquica, consideram-se produtos qumicos "as substncias qumicas e as formulaes que as contenham, nas concentraes estabelecidas em portaria, em qualquer estado fst:, independentemente do nome fanta-sia dado ao produto e do uso lcito a que se del:tina'~ Por ex.: o ter (STF, HC 69.388, RTf, 143:953) e a acetona (STF, HC 69.388, l?l], 143:953).

    Efeito farmawlgieo

    O objeto material, para I>er considerado matria-prima, no preci-sa possuir o efeito farmacolgico da droga a ser produzida, sendo sufi-ciente que apresente caractersticas qumir:as que, a par de adio etc., permita a fabricao. Nesse sentdo: STF, HC 69.411, RTf, 143:208 e 211, citando VICl:NIE GRhCO FlUIO.

    Dolo abrangente

    O sujeito deve saber tratar-se de substncia destinada preparao de droga (STF, RECrim 108.726, li! numa, RT, 612:431 e 433).

    Momento consumativo

    Ocorre com a realizao dal; condutal> de importar, exportar etc. o objeto material. No caso de vrios comportamentos, tratando-se de ti-pos alternativos, d-se o momento consumativo com a concretizao do primeiro verbo. Vide, sobre o assunto, notaI: ao r:aJ1ut deste art. 33. lF.ntativa: vide notas ao caput deste art. 33.

    CULTIVO ( 12 ,11)

    Crime comum

    O tipo no exige que o sujeito seja traficante ou viciado. Ne.'\l>e sentido: RT, 585:343. De ver-se, contudo, que, caso o agente, para seu consumo pessoal, semeie, cultive ou colha plantas destinadas prepa-rao de pequena quantidade de substncia ou produto capaz de cau-sar dependncia fisca ou psquiLa, incorrer no art 28, da Le (vide notas ao art. 28 desta Lei).

    Condutas tpicas

    A disposio cuida do cultvo de plantas destinadas preparao U,iS substncias mencionadas no capUl. Prev trs comportamentos:

    133

  • ART.JJ Ilu !'TlOROGA;, A~()[ADA

    I.!!) semear: lanar sementes terra; 2~) cultivar: manter plantao; 3-) fazer colheita: apanhar o produto do cultivo.

    Concurso de pessoas

    admissvel, como no caso do sujeito que cede terreno para planta-o de maconha e colabora no transporte de mudas UTACrimSP, 54:351).

    Semear

    Significa dispor a semente para germinar. necessro que as se-mentes contenham princpio ativo, o que as torna apropriadas sua destinao de servirem como agentes txicos.

    Quantidade da semeadura

    A nonna no faz distino quanto ao nmero de sementes postas para gerntinru: Nesse sentido: TJSp, ACrim 8.544, rel. Des. Weiss de An-drade, RT, 555:324. Se a conduta do sujeito, entretanto, constituir-se em semeadura que vise preparao de pequena quantidade de substncia ou produto capaz de causar dependncia nsica e psquica, para seu con-sumo pessoal, incorrer no art 28, 1 -, desta Lei (vide nota ao art. 28).

    Cultivar

    Trata-se de crime permanente.

    Quantidade do cultivo

    A norma no faz distino quanto ao nmero de plantas cultiva-das. Nesse sentido: TJSp' ACrim 8.544, rel. Des. Weiss de Andrade, RT, 555:324. Se a conduta do sujeito, entretanto, constituir-se em cultivo que vise preparao de pequena quantidade de substncia ou produ-to capaz de causar dependncia nsCa e psquica, para seu consumo pessoal, incorrer no art. 28, I!!., desta Lei (vide nota ao art. 28).

    Elemento subjetivo do tipo

    o dolo de cultivo, vontade de semear, cuidar e colher. A figura tpica no exige nenhuma outra finalidade. Se o comportamento do sujeto, todavia, visar ao seu consumo pessoal, o fato subsumr-se- ao

    . art. 28, I!!, desta Lei.

    1,"\4

  • --DnlSIO Dl J~~t.;~ I ART. 33

    Destinao da erva

    fundamental. Se o comportamento do sujeito visar ao seu consu-mo pessoal, o fato subsumir-se- ao art. 28, 1--, oesta Lei; caso contr-rio, ao art. 33, 1,11.

    Cultivo pam fins cientficos

    A obteno da erva e Seu cultivo exigem autorizao da autoridade competente eRT, 585:343). vide art. 2!! desta Lei.

    Cultivo para fins cientficos sem autorizao da autoridade com-petente

    No h crime 001050, existindo mera culpa impunvel (RT, .586:272).

    Fazer a colheita

    Um s ato de apanhar um fruto ou uma folha no configura o deliro.

    Erro de tipo (CP, art. 20, "caput")

    Agente que cultiva maconha supDndo tratar-se de erva medicinal: no responde pelo crime. Nesse sentido: RT, 526:375.

    Semeadum, cultivo ou colheita para consumo pessoal

    Vide nota ao art. 28, l!l, desta Lei

    Expropriao de glebas nas quais se localizem culturas ilegais de plantas psicotrpicas

    Vide Lei n. 8.257, de 26 de novembro de 1991.

    UTILIZAO DE LOCAL ( ,a, 111)

    "Novatio legis in mellius"

    A Lei n. 6.368/76 incriminava, como conouta equiparaoa a trfico ilicito de entorpecentes, o ato de utilizar local de que tem a proprieda-de, posse, administrao, guarda ou vigilncia, ou consentir que ou-trem dele Se utilizasse, ainda que gratuitamente, para uso indevido ou

    I35

  • --

    ART. 3.' I LEI Ao: rIDROGAS .,,,,, [.'.D.I

    trfico ilcil() de entorpecente ou de substncia que determine dependn-cia fsica ou psiquCa. O fato era punido com recluso, de 3 (trs) a 15 (quinze) anos, F. multa de 50 (cinquenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. O art. 33, I.!!., m, de;;;ta Lei contm dispositivo similar, porm, somente pune aquele que utilize local etc. para () trfico 1 lci to de drogas. Desse modo, com a entrada em vigor da Lei n. 11..143/06, aquele que cede local para o uso indevido de drogas deve ser enqua-drado no art. 33, da Lei ("Induzir, instigar ou auxiliar algum ao Uf;O indevido de droga"), wja pena de deteno, de 1 (um) a 3 (trf\s) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. A nova disLi-plinajurdica da cesso de Jocal para o 'uso indevido" tem alcance re-troativo, porquanto configura disposio benfica (CF, art. 5!!., XL, e Cp, Jrt. 2Q ), atingindo im:lusve condenaes transitadas emjulgado (vide Smula 611 do STF). Vide, em sentido semelhante, AJ.RX"'I\'DRt, DE MO!{A-tS e GIANPAOl POGGIO SMA"IIO, Le.,:;islao penal especial, 10. ed., So Pau-lo, Atlas, 2007, p. 118. No sentido de que houve abolitia cnmini.~, quanto cessa0 de local para o 'uso indevido", FERNANDO C!\I'EZ, Curso de direfo penal, 2. ed., So Paulo, Saraiva, 2007, v, 4, p, 710.

    Sujeito ativo

    Crime prprio, s pode ser praticado por pessoa qualifil:ada, que tem a propriedade. administrao, posse, vigilncia ou guarda do local. Admite-se, entretanto, a co autoria ou partir.ipao de terceiro no qua-lificado (CP, art JO). Se o sujeito praticar o fato prevalecendo-se de funo pblil.:a ou no desempenho de misso de edut:Jo, poder fami-liar, guarda ou vigilncia, incide a causa de aumento de pena t:ontida no art. 40, 1 I, desta Lei.

    Natureza do cr;Ule

    No se aperfeioa noo especfica de "trfico de entorpecentes". Por isso, no se aplica a ele a Lei n, 8.072/90, que disciplinou os delitos hediondos e dt:u outras providncia:;. Nesse sentido: MII.:nJ, REAL!:: JI:-NIOR, Direito penal aplicadiJ, v, 2, p. J1.

    Local ou bem de qualquer natuIC\fa

    Espac,:o fechado ou aberto (casa, apartamento, garagem, hotel etc.) ou veculo (aeronave, barco, automvel etc.). Exige-se destinao espe-

    'cfica (trfico ilcito de drogas).

    136

  • -D.\M\"'IO lHe JI:!:>U~ I ART. 33

    Condutas tpicas

    O tipo probe dois comportamentos: ]Q) utilizao de local ou bem de qualquer natureza; 2~) conslOntimento para terceiro utiliz-lo.

    utilizao de local ou bem de qualquer natureza

    Nesse caso, a condutJ realizada pelo prprio sujeito.

    Consentimento na utilizao de local par.! depsito de droga

    Se a conduta do sujeito SIO esgota com a locao de imvel para ser-vir de depsito de droga, sem prova de partidpao no trfico, respon-de somente nos termos do IQ, 1II (TJSC, ACrim 23.368, R:J', 640:330).

    Se a droga fornecida pelo proprietrio do local

    &8pondc pelo delito do art. 3;3 desta Lei.

    COlutoria ou participao no crime de cultivo

    O agente no responde por crime de Gesso de local, contido no art. 33, 1, 111, dlOsta Lei, porquanto este dspostivo exige que o fato se d "para o fi m dlO trfico ilcito de drogas",

    Elemento subjetivo do tipo

    o dolo Deve ser antecedente e no concomitante prpria con-duta, "com conhecimento prvio do encontro e seu fim, proporcionan-do meios e modos seguros de aproveitamento do vcio" (MIGULL RJ:>\I,F. Jl'NJOIt, DiyeilO penal aplicado, cit, v. 2, p. 40, n. 3.3). Exige-se, ainda, que o fato se d com a finalidade de trfico Udto de drogas (elemento subjetivo especfico).

    Momento consu mativo

    Ocorre com a conduta de contribuiao, no se exigindo atos que caracterizem trfico ilcito de drogas (art. 33, capul, da Lei).

    INDUZIMENTO, INSTIGAO OU AuxfLIO ( 2

  • .....

    funo pblica ou no desempenho de misso de educao, poder fami-liar, guarda ou viglnGia, incide a causa de aumento de pena contida no art. 40, 11, desta Lei.

    Penas

    Deteno, de 1 (um) a :3 (trs) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. A pena consideravelmente inferior do cu puto O dispositivo, admite, por exemplo, a suspenso condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95).

    'ftansporte de criminosos para trocarem produto de furto por drogas

    Caracteriza o crime em questo (TJRS, ACrim 70.017.440.470, reL Des. Elba Aparecida Nicolli Bastos, j. 1.!!...3-2007).

    Crime militar

    Aplica-se o art. 291, pargrafo nico, m, do CPM (Dec.Lei n. 1.001, de 21-10-1969).

    Figuras tpicas

    A disposio prev trs comportamentos tipicos: I!!.) induzir; 2!'-) instigar; 39 ) auxiliar. So os mesmos verbos empregados na descrio do crime de participao em suicdio (CP' art. 122).

    Induzir

    Significa incutir na mente de algum a ideia de usar entorpecente ou substncia que cause dependncia fsica ou psquica. Exige-se que a conduta vise a uma pessoa ou a indivduos determinados.

    Instigar

    Quer dizer encorajar a preexistente ideia do uso de entorpecente. preciso que o sujeito instigue pessoa ou individuos determinados.

    Auxiliar

    Significa prestar ajuda no sentido de que algum use entorpecen-

  • DAM~',]O DE JESUS I ART. 33

    material. Nesse sentido: TJSP, ACrim 59.761, reI. Des. ngelo Gallucci,

    RT, 630:295. necessrio que a conduta vise a pessoa ou indivduos

    determinados. No sentido de que o verbo "aux.iliar' e especial em rela-o ao 'transportar" do capul da disposio: RTTISP, 123:470 e 471. Aproximar o viciado do traficante para a aquisio de drogas: tem-se

    entendido configurar auxlio (RITIRS, 114:183; TJMG, ACrim 122.916,

    1 Cm., reI. Des. Edelberto Santiago, RT, 765:665).

    Dano pessoal do consumidor

    No exigido pelo tipo (TJSP, ACrim 16.360, RT, 566:283 e 2?4).

    Momento oonsumativo e tentativa

    Nas trs modalidades tpicas, referentes aos comportamentos de

    induzir, instigar ou auxiliar, consuma-se o delito no instante em que a

    pessoa induzida, instigada ou auxiliada faz uso do entorpecente ou

    droga afim. Na lio de MENNA BARRJ::"I, trata-se de crime material, "exi-

    gindo a concretizao do resultado para consumar-se", qual seja, o uso

    da droga, que constitui modificao do mundo exterior (Estudo geral,

    cit., p. 84). H, contudo, posio no sentido de que a consumao OCOr-

    re quando o objeto material chega s mos do destinatrio final, pres-

    cmuinuo do uso (TJSp' ACrim 59.761, RT, 630:295; TJSP, ACrim 149.306,

    RT, 70J:276). De ver-se, contudo, que a de~crio tpica fala em auxiliar

    algum a usar entorpecente. Tentativa: admissvel. Nesse sentido:

    M ENNA BARRETO, Esi udo gera', ci t., p. 84; T J SI~ ACrim 59.761, re I. Des. ngelo Gallucci, RT, 630:295; TJSp, ACrim 149.306, RT, 703:276. Exs.: o

    induzido, por circunstncias alheias vontade do indutor, no conse-

    gue fazer uso do entorpecente (TJSP, RITISP, 123:470); a substncia,

    por circunstncia alheia vontade do agente, no chega s mos do

    consumidor (TJSp, ACrim 149.306, RT, 703:276). Nesse caso, como se

    entendeu, o tipo do verbo "auxiliar" prevalece sobre o "transportar"

    previsto no caput da disposio. De modo que, se o sujeito, para auxi-

    liar, transporta a droga, no chegando ela s mos do destinatrio,

    ocorre tentativa de auxlio e no transporte consumado (TJSP, RTTISP,

    123:471; RT, 6.10:295). Essa soluo, entretanto, no pacfica. Existe

    posio no sentido de que o fato se enquadra no tipo do verbo "trans-

    portar" do caput do art. 33.

    139

  • viciado induzido ou instigado ao consumo de droga

    No comete crime. O simples uso no constitui delito. Vide nota ao art. 16 dest.a Lei.

    Difu.so do vcio (Unovatio Jegis in roemus")

    A Lei n. 6.368/76 equiparava a trfico ilcito de entorpecentes o ato de contnbuir de qualquer fonna para incentivar ou difundir o uso indevido ou o trfico ilcito deo substncia entorpecente ou que determi-ne dependncia fisica ou psquica. A pena era de recluso, de 3 (trs) a 15 (quinze) anos, e multa, de 50 (cinquenta) a .160 (trezentos e sessen-ta) dias-multa. A Lei n. 11.343/06 no contm dispositivo semelhante. O fato, entretanto, poder caracterizar o crime de induzimento, instiga-o ou auxlio ao uso indevido de drogas (art. 33, 2, desta Lei), desue que a conduta do sujeito vise a uma pessoa determinada. Este fato, contudo, sujeita-se a uma pena inferior deteno, de 1 (um) a 3 (trs) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa -, motivo pelo qual se aplica retroativamente (novatw legis in me11ius). Na hiptese de o sujeito incentivar ou difundir o uso indevido ou o trfico ilcito de drogas a pessoas indeterminadas, poder ser enquadrado no art. 287 do CP (apologia de crime ou crimi.noso, fato punido com deteno, de trs a seis meses, ou multa).

    FORNECIMENTO EVENTUAL ( 3!l.)

    Sujei1D ativo

    Qualquer pessoa. Se o sujeito praticar o fato prevalecendo-se deo funo pblica ou no desempenho de misso de educao, poder fami-liar, guarda ou viglncia, incide a causa de aumento de pena contda no art. 40, II, desta Lei.

    Sujeito passivo

    Imediato: a eoletvidade. Meodiato: pessoa do relaeionamento do agente (ex.: amigos, colegas de trabalho ou escola, parentes).

    Infrao de menOT potencial orensivo

    Cuida-se de crime de menor potencial ofensivo, sujeito s disposi-~es da Lei n. 9.099/95, porquanto a pena de deteno, dF- 6 (seis)

    140

  • I ART. 33

    meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentns) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem preju7:0 das penas previstas no art. 28.

    Requisitns do tipo

    O tipn penal em questn fni cnnstrudo sob inspirao da jurispru-dncia anterior Lei n. 11 .343/06 (VIde abaixo), no sentido de que no cometia trfico o sujeito que fornecesse, sem habitualidade e objetivo de lucro, drogas a pessoa de seu relaci(mamentn. parajuntns cnnsumi-rem. O dispositivo requer: (i) fornecimento eventual; () sem objetivo de lucro (imediato ou no); (lii) a pessoa de seu relacionamento (ami-gns (lU familiarel'i); (v) para co nsu mire m juntos a droga.

    Orientaes sob a vigncia da Lei n. 6.368/76: I.!!) O sujeito res-ponde GOmo usurio (art. 16 e nn 12 da Lei n. 6.368/76): RT. 631L141 e 667:265; RJTJSP, 66:383, 88:399 e 130:499; JTJ. 152:313 e 155:313. Fun-damento: o tipo do art. 33, caput. pune o fato do trfico de droga, ten-dente ao induzimento ao vcio (RT, 667:265; RJTJSP. 88:,199). exigindo O'~rta habitualidade (RJTJRS. 102: 17). Exige-se habitualidade (TJSp, ACrm 80.999, RT, 728:645). o caso do traficante que, para conseguir mais um fregus, fornece gratuitamente a droga ao inidante durante certo tempo, pretendendo lev-lo ao vcio, fato que se enquadra no conceito de trfico Hcto (RT, 630:341; JM, 101:248; RJTJSP, 88:399). Nos casos tpicos de cesso gratuita de nfima poro de droga, como no passar um cigarro de mo em mo, de um usurio a outro, sem caractersticas de habitualidade, no h falar em trfico (TJSp' ACrim 147.425, /TJ, 1,),2:3B; ACrim 317.142, RT, 783:629). de observar que essa mientao s aplicvel ao fornecedor ocasional, eventual ou espordico. no alcanando o "fornecedor costumeiro" (lTI. 155:315). 2i!.) O fato enquadra-se no art. 12. Nesse sentidn: T,JSp, ACrim 77.531, voto vencido do Des. Wess de Andrade, RT, 667:266; TJSP, ACrim 142.803, JTJ. HC 69.806, reI. Min. Celso de Mello, RTI, 151:155, e RT, 701:401; IIe 74.4:l8, 1"'- 'TUrma, reI. Min. Celsn de Mello, ISTF, 51: 1, out. 1996; T J Dl-: R'l', 797:033. A primeira orientao era amplamente vencedora. Nussa pOSIo: era a primeira.

    CAUSA DE DIMINUiO DE PENA ( 4.11)

    Requisitos legais

    De acordo com o 4.!l: "Nos delitos definidos no caput e n(l 10

    f41

  • ...

    ART.3J I LEI ANIIOROGA~ A1'0TW\

    deste artigo, as penas podero ser reduzidas de um sexto a dois teros,

    vedada a converso em penas restritivas de direitos, desde que o agen-

    te seja primrio, de bons antecedentes, no se dedique s atividades criminosas nem integre organizao criminosa". So requisitos, portan-

    to: (i) primariedade do agente Ci. e., no reincidncia, nos termos do

    art. 63 do CP; no se trata de reincidncia especfica); (i) bons antece-dentes (somente caracterizam maus antecedentes as condenaes pe-

    nais transitadas em julgado antes do fato que no possam mais carac-

    terizar reincidncia v. art. 64 do CP); (iii) no se dedicar a atividades

    criminosas (ligadas ou no ao trfico ilcito de drogas); (iv) no inte-grar organizao criminosa (depende de prova segura nesse l'lentido).

    De acordo com o TJRS. o fato de o agente responder a outro processo

    criminal por trfico de drogas indica no ser cabvel a aplicao do

    redutor (TJRS, ACrim 70.020.956.116, reI. Des. Elba Aparecida Nicolli Bastos, j. 4-10-2007).

    Penas alternativas

    Mesmo incidindo o redutor, no caber a substituio da pena priva-

    tiva de liberdade diminuda por penas restritivas de direitos. A conver-

    so da priso em multa (vicariante), embora no vedada expressamente,

    incabvel em funo do disposto no art. 44, 2!!., do Cp, o qual s admi-

    te a multa substitutiva para condenaes no superiores a um ano (pa-

    tamar inatingvel no caso do art. 33, mesmo que aplicado o redutor).

    Retroatividade do redutor

    Discute-se, nesse sentido, se possvel aplicar o redutor ao ru

    condenado por trfico lcito de drogas cometido antes de 8 de outubro de 2006 (data da entrada em vigor da Lei n. 11.343/06), desde que o

    agente seja primrio, de bons antecedentes, que no se dedique a ati-

    vidades delitvas e no faa parte de organizao criminosa. Cuida-se

    de tema controvertido. H dois aspectos a serem considerados: (i) a

    possibilidade de combinao de leis penais, em que o intrprete utiliza

    parte da lei nova e a aplica lei anterior; (li) se esta combinao jus-

    tifIcvel na hiptese concreta.

    Conforme dissemos em nossa obra Direito penal, So Paulo, Saraiva, 1/. 1,2006: u possvel combinar vrias leis para favorecer o sujeito?

    142

  • Respondiam afirmatvamente ROUIllJ:.R, GARRAUD e P.t:TROCJ::LLL No Brasil: BASILEU GARGA, Jos FREDERlCO M"-RQUES e MAGALHES NORONHA, Pronunciavam-se r;ontra a combinao de leis: BATIAGLlNI, MAURACll, Rl'ITL.t:R, PANNAIN, AN'T'OUSFJ e ASUA. Entre ns: COSTA E SILVA, NLSON HUN-GRlA e ANBAL BRUNO, Argumenta-se que a disposio mais favorvel ao sujeito no deve ser obtida atravs da combinao da lei antiga com a nova, apanhando-se delas d.

  • essncia de sua vontade, ou seja, o quI'; a norma quer hoje, porque hoje J ~ que est sendo cumprida. respeitada a coernda com o sistema. ( ... ), Ou seja, o ponto de relevncia hermenuti.a do 4 do art. 33, a sua vontade essendal, da possibilidade de uma reduo porque a pena ou foi aplicada a partir de cinco anos, de modo que sobre essa base que deve ser regulada a reduo que o juiz entender eabvel nos pro-cessos em andamento pelo art. 12 da lci anterior ou sej bouve conde-nao transitada cm julgado, pelo juiz da execuo",

    Cumpre ao magistrado verificar, compararivamente, qual a pena mais branda na hiptese dF, ru condenado por trfico ilcito de drogas cometido antes da entrada em vigor da Lei n. 11.:343/06. Deve o juiz, com efeto, realizar a dosimetria da pena privativa de lberdade valendo--se tIos limites do art, 12 da Lei n. 6.36B/76 (recluso, de tr~s a quinze anos) e, em seguida, verificar qual a sano cabvel com base na pena tIe priso cominada no caso do art. 33 da Lei (rerJuso, de cinr,o a quinze anos, reduzida de um sexto a dois teros, como determina o 4i!.).

    Assim, por exemplo, se o ru merecer pena mnima nas duas pri-meiras fases da dosimetria, esta ser de trs anos de recluso luz do preceito sccundrio do art 12 da Lei n. 6.368 e de cinco anos pela nova Lei, que, reduzdos na terceira fase em tIeeorrnca do 4i!., resulta-riam em um ano e oito meses (diminuio mxima) at quatro anos e dois meses (diminuio mnima). Nota-se, da, que o juil ter que afe-rir, no caso concreto, qual a reduo a que faria jus o acusado pela nova Lei. Se, por exemplo, mereccsse o redutor mximo (pena final de um ano e oito meses), dever ser esta a sano a se aplicar; caso, entretan-to, faa us diminuio mnima (pena final de quatro anos e dois meses), dever ser contIenado a trs anos, como manda o art. 12 tIa Lei anterior. Nesse sentido: GUILHERME Sl1ZA Np.CI, Les perUliB e processuais penws comentadas, 2, ed., So Paulo, Revista dos 'Tribunais, 2007, p. 331: VI.EN'fE GRECO F1LHO e Jo,o DANIEL ROSSI, Lei de Drogas anotcula - Lei 11. 11.343/06, So Paulo, Saraiva, 2007, p. 200-202; ALEXANDRL DE MORAr~" f; G!ANPAOLO POGmo SMANtO, Legislao penal especial, 10, ed., So Paulo, Atlas, 2007, p. 119; PLiNTO ANTNIO BRlTffi Gl:.NT1L, Nova Lei de Txicos; causa de diminuio de pena aplicvel retroativamente') Revista da APMP - Asmciao Pauli.~ta do MiniSlno Pblico, n. 42, p, 25 e s. Vide, ainda, STJ, REsp 912.257, reI. Min. Plix Fisebe~ j. 22-5-2007 (basean-do-se na impossibilitIade de combinao de leis penais); TJSp, 6" Cm. do 3.!!. Grupo da Seo Criminal, ACrim 990.988.3/4, rei. Des. Marco

    144

  • DU;'\~IO 1)10 JESUS I ART. 33

    Antnio, j. 30-8-2007 (trecho do voto do relator: "Importante ohservar, ainda, que a nova Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006, no artigo 33, dispe que: 'nos delitos definidos no capUf e no 10, as penas podero ser reduzidas ( ... )'. A mencionada norma se refere expressa-mente ao caput e ao P'-, do artigo :33, cuja pena de 05 a 15 anos de recluso e pagamento de 500 a 1..500 dias-multa, e no aos casos ante-riores, ou seja, artigo 12 da Lei 6.368/76, onde a pena era de 03 a 15 anos de recluso e pagamento de 50 a .160 dias-multa. A interpretao deve ser feita de forma sistemtica, dentro daquilo que pretendeu o legislador com O aumento da pena mnima: facultar sua reduo, ape-nas e to somente para os cri mes previstos no caput c ~].!J. do art. 33, em casos especficos e desde qUf'\justficadamente"; TJSp' ACrim 1.103.1253,

    rel. Des. Debatin Cardoso, j. 4-10-2007; TJPR, ApCrm 399.587-1, reI. Des. Sonia [~gina de Castro, j. 27-9-2007; TJRS, AE 70.021.283.049, rel. Des. Mareei Esquivei Hoppe, j. 3-10-2007. Em sentido contrrio: STJ, BC 73.767, reL Gilwn Dipp, j. 19-6-2007; TJSC, ACrim. 2007.012.622-6, rel. Jos Carlos Can;tens Kiihler;, j. 22-5-2007; TJPR, ACrim 396.548-2, rel. Des. Rogrio Coelho, j. 31-5-2007; TJSP, I.!!. Clm. do 1.!2 Grupo da Seo Criminal, ACrim 967731,3/9, reI. Des. Figueiredo Gonalves, j. 5-12-2006; ANTlRF Lms CA!.tEC,ARI, Nova Lei de Drogas - da combinao de leis (lex tema) - fato praticado soh a vigf:ncia da Lei n. 6,368/76 e apli-cao da nova Lei n. 11.343/06, Boletim d" IBCCrm, 170:6.

    Ao penal

    pblica incondiGonada, Vide arts_ 50 e 5, desta Lei.

    Expulso de cstr.mgciro condenado por trfico ou uso indevido de drogas

    Vide arts. 42 desta Lei, 65 a 75 dd Lei n. 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do ~.:;trangeiro). e Decreto n. 98.961, de 15 de fevereiro de 1990.

    CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (ART. 40 DESTA LEI)

    'fransnacionalidadc do delito

    A pena agravada. Vide art. 40, I, desta LeL

    145

  • r ARTJ,ll LEI ANTTtl~OGA.' ,Il-,I.n IU\

    Crime cometido com abuso de fl1no pblica ou no desempenho de m8so de edl1cao, poder familiar, gaatda 011 vignc.ia

    A pena aumentada de um sexto a dois teros. Vide art. 40, II, desta Lei.

    Crime decorrente de l.8!1(lCiao

    A causa de aumento de pena contida no art. 18, !lI, da Lei n. 6368/76 no foi reprodu7.ida na Lei n. 11.343/06. A supresso constitui nO/Jatlo legs in melliu..~ e tem aplicao retroativa, atingindo, inclusive, condenaes j transitadas em julgado (CF, art. 59, XL; Cp, art. 2E.; S-mula 611 do STF). Vale dizer, rus condenados com base na Lei n. 6.368/76, cujas penas foram elevadas em razo da associao (art. 18, IH, da Lei anterior), devem ter a pena reduzida, mediante a desconsi-derao do aumento.

    Crime envolvendo criana ou adolesccnte

    A pena acrescida de um sexto a dois teros (art 40, VI, desta Lei). De acordo com a Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criana e do Adolescen-te), criana o indivduo com at doze anos incompletos e adolescen-te, aquele com at de:mito anos incompletos. De ver-se que a Lei ante-rior tinha maior abrangncia, pois estabelecia o aumento quando a conduta visasse a pessoa menor de vinte e um anos. A reduo do m-bito da causa de exasperao configura novatio legis m mellius e, portan-to, tem aplicao retroativa, atingindo, inclusive, condenaes j tran-sitadas em julgado (CF, art. 5Q., XL; Cp, art. 2j Smula 611 do STF) Vale dizer, rus condenados com base na Lei n. 6.368/76, cujas penas foram elevadas por conta de a conduta Visar a pessoa maior de dezoito e menor de vinte e um anos (art. 18, IH, da Lei anterior), devem ter a pena reduzida, mediante a desconsiderao do aUmento.

    Crime envolvendo deficientes psquicos

    A pena aumentada de um sexto a dois teros, nos termos do art. 40, VI, desta Lei.

    146

    Crime cometido nas dependncias ou imediaes de estabeleci-mentos prisionais, de ensino 011 hospitalar, de sedes de entidades estudantis, sociais, cl1lturais, recll",ativas, esportivas ou benefi-

  • -

    centes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se reali-zem espetculos ou divenlCs de qualquer natureza, de servios de tratamento de dependentes de drogas ou de reirulero social, de nnidades militares ou policiais ou em transportes pblicos

    A pena agravada de um sexto a dois teros, de acordo CDm o art. 40, IlI, desta Lei.

    Dolo abrangente

    necessrio que o sujeito tenha conhecimento de que age nas imediaes de estabelecimento de ensino etc. Nesse sentido: TJSp, HC 269.797.3/0, 4~ Cm. Crim., reI. Des. Hlio de Freitas. RT, 762:61'9.

    Sujeito que no visa especialmente agir no interior ou nas ime-diaes de estabelecimentos etc.

    Legitimidade da agravao da pena, uma vez que a norma s exige a proximidade espaciaL Nesse sentido: TJSp' HC 269.797.3/0, 4' Cm. Crim., reI. Des. Hlio de Freitas, RT, 762:619.

    Crime praticado com violncia, grave ameaa, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidao difusa ou coletiva

    A pena aumentada de um sexto a dois teros, nos termos do art. 40, IV, desta Lei. Cuida-se de nova causa de aumento, inexistente na legislao anterior (Lei n. 6.368/76). Constituindo-se em novatio legis in pejus, no tem carter retroativo (CF, art. 5, XL, e Cp, art. 2i!).

    Trfico entre Estados da Federao ou entre estes e o Distrito Federal

    A pena aumentada de um sexto a dois teros, nos termos do art. 40, V, desta Lei. Cuida-se de nova causa de aumento, inexistente na legislao anterior (Lei n. 6.368/76). Constituindo-se em novaria legis in pejus, no tem carter retroativo (CF, art. 5, XL, e Cp, art. 2!!.).

    Agente que financia ou custeia a prtica do crime

    A pena aumentada de um sexto a doi~ teros, nos termos do art. 40, VIl, desta Lei. Cuida-se de nova causa de aumento, inexistente na legislao anterior (Lei n. 6.368/76). Constituindo-se em novaM legis In pejus, no tem carter retroativo (CF, art. XL, e Cp, art. 2).

    [47

  • ...

    ART. 33 I LEI A~TIDIHJGAS \',~l.U)\

    SENTENA

    Prova i118uficiente para a condenao

    A que se fundamenta exclusivamente nos antecedentes do acusa-do (TJSp' ACrim 47.867, RT, 616:280; RDP, 1:59).

    Sentena condenatria omissa quanto ao dispositivo incrimina-dor em que o ru incorreu (CPP, :art. 381, V)

    Simples irregularidade, desde que no haja dvida sobre a norma violada (fJSp, ACrim 12.479, RT, 559:319).

    Ru dcnunt:;iaclo por guarda de droga c condenado por guarda de matria-prima destinada sua preparao

    Sem aditamento da denncia (CPP, art. 384, caput): nulidade da sentena (T J RS, ACrim 68.1041784, RT, S84:396).

    PROVA

    Deve ser finne

    Segura, convincente, incontroversa, "clara como a luz", certa ('como a evidncia', "positiva como qualquer expresso algbrica" (TJSI~ ACrim 172.503, 1

    Requisitos da condenao

    Exige-se "certeza absoluta, fundada em dados objetivos indiscut-veis, de carter geral, que evdenciem o delito e a autoria, no bastan-do a alta probabilidade desta ou daquele" (TJSp' RT, 619:27 e 774:357 e 358).

    Controvrsia

    Havendo duas verses, Gonsidera-se a que favorece o acusado.

    148

  • -Dvida

    Conduz absolvio. Consoante decidiu o TRf da 1" Regio: "Para justificar um decreto condenatrio a prova da autoria e da materialida-de deve ser cabal, sendo que qualquer dvida acerca de tais elementos motivo suficiente para ensF,jar uma sentena absolutria, em home-nagem ao principio da verdade real e in dubio pro YCO, que deve nortear o julgador penal, quando da prolao da sentena" (RT, 803:(:)98).

    Condenao baseada exclusivamente na acusao de corrus

    No se admite condenar o agente com fundamento na si!J1ples chamada de eorru (TJSp, ACrim 10.323, RT, 5.56:300). No mesmo sen-

    tido: RT, 569:291.

    Condenao baseada exclusivamente na prova colhida no inqu-rito policial

    [nadmissibil idade.

    Condenao baseada exclusivamente no depoimento de teste-munhas

    Inadmissibilidade, devendo a materialidade do delito ser compro-vada por laudo pericial (T JRS, ACrim 687.055.301, l?T, 629:360; lTACrm8P . .')1:328). Vide, ainda, TJRS ACrim 71.001403.583, reI. Des. Alherto Del-

    gado Neto. j. 22-10-2007.

    Condenao baseada em presunes

    Inadmissibilidade UC, 33:395}

    Condenao com fundamento em meros indcios

    Inadmissibilidade (RT, 570:362).

    Situaes de mera suspeita

    No condm:em condenao, que deve ter por suporte prova fir-me e segura da realizao de uma conduta positiva ou negativa. A sus-peita da realizao do comportamento no suficiente. Nesse sentlo: RfT1SP, 11 :472.

    149

  • APELAO

    Apelao em Hbe1.1lade

    vide notas ao art 59 desta Lei.

    Recolhimento priso para apelar

    Vide notas ao art. 59 desta Lei.

    PRESCRiO

    Prescrio da pretenso punitiva

    Regulado o prazo pelo mximo da perta privativa de liberdade. de-corre em vinte anos (CP. art. 109, I).

    Prescrio da pretenso executria

    regulada pela quantidade da pena privativa de liberdade imposta na sentena (CF\ art. 110, caput).

    Prescrio superveniente sentena condenatria

    Vide art. 110, 10 , do CP

    Prescrio retroativa

    vide art. 110, 2, do CP.

    QUESTES DA EXECUO DA PENA

    Regime penitencirio

    O ru condenado por trfico ilcito de drogas (art. 33. caput e l"-, desta Lei) deve cumprir a pena em regime imcialmente fechado (art. 2.!!., da Lei n. 8.072/90. com redao dada pela Lei n. 11.464, de 28-3-2007).

    Progresso de regimes

    O ru condenado por trfico ilcito de drogas (art. 33, caput e I.!!., . desta Lei) poder, depois de cumprir dois quintos da pena, se prim-

    I50

  • -DAhL\SIO DI JI:SLS 1 ART. 33

    rio, ou tres quintos, se reincidente, obter a progresso do regime fecha-do para o semiabcrto (art. 2 o, 1 Q., da Lei n. 8.072/90, com redao dada pela Lei n. n .464/07). Ser preeiso, contudo, preencher o rcqui-sito subjetivo previsto no art. 112 da LEP. De ver-se que, caso o juiz das exccues entenda nccessrio, poder condicionar a concesso do be-nefdo realizao de exame criminolgico. Esta percia, que antes era requisito obrigatrio para a progrcsso de regimes, passou a ser, segundo vem entendendo a jurisprudncia, exame facultativo, a ser detcrminado a critrio do juiz das execues.

    Progresso de regimes para reincidentes

    Podcr dar-se depois de cumpridos trs quintos da pena privativa

    de liberdade (ou sessenta por cento). No preciso que o sentenciado seja rcincidente especfico em crimes hediondos ou equiparados. O conceito de reincidncia referido no art. 2.!!, 1, da Lei n. 8.072/90, r:om redao dada pela Lei n. 11.464/07, o do art. 63 do CP ("reinci-dncia genrica").

    Progresso de :regimes para crimes cometidos antes da entrada cm vigor da Lei n. 1l.464/07 (29-3-2007)

    Considerando a orientao firmada pelo STF no julgamento do HC

    82.959, no sentido da inconstitudonalidade da determinao de cum-primento de pena privativa de liberdade em regime integralmente fe-

    chado, os fatos cometidos antesda entrada em vgorda Lei n. 11.464/07, que Lllterou o art. 22., 1, da Lei n. 8.072/90, devem seguir o regime

    jurdico dos arts. 33 do CP e 112 da LEP (ou seja, com progresso de regimes depois do cumprimento de um sexto da pena e comprovao de bom comportamento carcerrio). Nesse sentido: STJ. RHC 2l.055, DfU,4jun. 2007, p. 427.

    Livramento condicionaI

    A vigente Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006, modificou, cm parte, o regime de concesso de livramento condicional para os crimes relacionados com o comrcio de drogas, notadamente o trfico (art. 33, caput c 1.1\ da Lei), o fabrico, aquisio, utilizao etc. de objeto des-tinado ao preparo, produo ou transformao de drogas (art. 34 da Lei l, a associao para trfico de drogas (art. 35 da Lei), o financiamen-

    I5I

  • to ou custeio de trfico de drogas (art. 36 da Lei) c a colaborao como informante para grupos, organizaes ou associaes destinadas a tr-fico de drogas (art. 37 da Lei).

    Nesses casos, o livramento condicional continua sendo permitido somente aps o cumprimento de dois teros dd pena (preenchidos os demais requisitos legais). Caso o agente seja renddente especfico nos cnmes previstos na Lei n. 1L343/06 (e no mais em qualquer crime he-diondo ou equiparado), ser-Ihe- vedada a concesso do livramento (art. 44, pargrafo nico, da Lei).

    De notar-se que a alterao da disciplina diz respeito aos casos de vedao de livramento condicional (que foram redu:.ddos pela atual Lei). Antes da Lei n. 11.343/06, ao c:ondenado por trfico de entorpe-

    centes ou drogas afins, bastava ostentar uma condenao anterior ca-racterizadora de reincid neia por qualquer delito hedondo ou assemelha-do para no ter direito ao livramento condicional na pena relativa ao trfico. Agora, o sentenciado que cumpre pena pelos crimes adma mencionados (ou seus equivalentes com base na Lei n. 6.368/76) ter direito ao livramento, salvo se a condenao anterior; geradora de rein-cidncia, versar especificamen te sobre trfico de drogas e as condutas equiparadas a trfico. Cuida-se a nova Lei, neste aspecto) de novario legis in meUus, com efeito retroativo (CF. art. XL, e Cp, art. 2}

    Ex.: pelo regime anterior (Lei n. 6.368/76), quem fosse condenado anteriormente por homicdio qualificado e, posteriormente, cometes-se trfico de drogas, no poderia obter livramento condicional na pena relativa ao trfico; com a regra atual. no inCide a proibio, uma vez que o condenado no reincidente especfico em trfico de drogas (art. 33, caput, da Lei n. 11.343/00) ou nos crimes a ele equiparados (arts. 34 a 37 da Lei n. ] 1.343/06).

    Pena alternativa

    Desde a entrada em vigor da Lei n. 11.343/06 (8-10-2006), no se admite a aplicao de penas alternativas a crime de trfico ilcito de drogas. O art. 44, caput, desta Lei determna que: 'Os crimes previstos nos arts. 33, caput e I!!, e 34 a 37 desta Lei so inafianveis e insus-cetveis de Iwrs:>, graa, indulto, anistia e liberdade provisria, vedada a converso de suas penas em restritiva.s de direitos" (grifo nosso). A ve-dao no se aplica, entretanto, a fatos anterores Lei n. 11.343. Para

    152

  • -D Hl 1'.10 DE JES1'!> I ART. 33

    estes, ser cahvel. em tesc, a substituio por pena alternativa, nos termos do art. 44 do CJ~ com redao da Lei n. 9.7l4/98.

    Como sustentvamos antes da entrada em vigor da atual Lei de Drogas, as penas alternativas no so absolutamente neompatv~is com os deltos previstos na Lei Antitxicos, Nesse sentido) na doutrina: Lnz VIll.'\L f H FOI'(SECA, Da substituio por penas re:stritivas de direitos (ambm nos uimes de trfico de entorpecentes) RT, 771:503. So ad-missveis cm alguns casos, em que se apresentam requisitos I~gais ob-jetivos e pessoais. Nesse sentido: TJRS, IIC 70.000.439.604. I.'! Cm" rel. Des. Nilo Wolf) RT) 676:677. in fil1e; TJSE, RT, 796:700. Cremos que no constitua obstculo o disposto no art. 2il, lil. da Lei n. 8.072190, que disciplinou os delitos hediondos e assemelhados e deu outras pro-vidncias. segundo o qual a pena deve ser executada inicialmente em regime fechado (o mesmo entendime:nto sustentvamos quando a pena devia ser cumprida em regime integralmente fechado). De ve:T-se que as penas alternativas constituem medidas sancionatrias de natu-reza alternativa. nada tendo que ver com os regim~s de execuo. Es-tes so prprios do sistema progressivo. Dessa maneira, o juiz tem dois caminhos: se impe pena privativa de liberdade por crime hedondo ou assemelhado. como o trfico de entorpecentes. incide a Lei n. n.072/90; se a substitui por pena alternativa, no se fala em regimes (fechado) semiaberto e aberto). Nesse detalhe, a Lei dos Crimes He-diondos dscplina a "execuo da pena privativa de liberdadF.', no se relacionando com os pressupostos de aplicao das penas alternativas. Encontrvamos parmetro no sursis, que tambm admitia (antes da Lei n. 11.343/06), em tese. sua incidncia nos delitos hediondos. com