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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS
Fansubbing e legendagem profissional: um estudo comparativo da tradução
inglês-português de referências culturais
na série Family Guy
Vanessa Filipa Fernandes da Silva
Tese orientada pela Prof.ª Doutora Susana Valdez e Prof.ª Doutora Alexandra Assis Rosa, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre em Tradução
2021
I
Agradecimentos
Este trabalho não seria possível sem o contributo de todos os envolvidos que
dispensaram parte do seu tempo e ensinamentos na concretização desta dissertação. A
estes queria agradecer todo o seu empenho, pois este trabalho também é vosso.
Em primeiro lugar, queria mostrar o meu profundo agradecimento às minhas
orientadoras.
À Prof.ª Doutora Susana Valdez pelas suas palavras amigas, dedicação,
disponibilidade, conhecimento transmitido e incentivo que me proporcionou ao longo
deste percurso.
À Prof.ª Doutora Alexandra Assis Rosa por todo o apoio, dedicação,
disponibilidade e sabedoria transmitida na concretização desta dissertação.
O caminho foi longo, mas sempre acreditaram em mim e neste trabalho. Sem a
Prof.ª Doutora Susana Valdez e a Prof.ª Doutora Alexandra Assis Rosa não teria sido
possível a concretização deste trabalho. Muito obrigada!
A toda a minha família, agradeço a paciência e o apoio que me deram ao longo do
Mestrado e, em especial, durante a realização deste trabalho.
A todos os que me ajudaram e cooperaram nesta dissertação, queira aproveitar
para manifestar o meu mais sincero voto de agradecimento.
A TODOS, muito obrigada!
II
Resumo
Esta dissertação foi elaborada no âmbito do Mestrado em Tradução e tem como
objetivo descrever a tradução para legendagem de referências culturais como problema
de tradução. Reconhecendo que a tradução consiste também em aspetos socioculturais
considerados como obstáculos na tradução, propôs-se aqui explorar esta temática na
modalidade do fansubbing. Nesta vertente, procedeu-se à análise comparativa das
estratégias de tradução para legendagem de referências culturais no fansubbing e na
tradução para legendagem profissional.
De forma a desenvolver-se uma análise bem fundamentada, foi estabelecido um
enquadramento teórico focado na revisão dos conceitos a analisar de tradução
profissional, fansubbing e referências culturais. A discussão teórica baseada em Díaz
Cintas & Muñoz Sánchez (2006), Díaz Cintas & Remael (2007), Dwyer (2012), e
Pedersen (2011; 2016), mais precisamente no contexto português, Pais (2015) e Rocha
(2012), permitirá conceber um instrumento de contextualização do presente estudo.
Parar responder à pergunta de investigação elaborou-se um corpus paralelo
bilingue (inglês-português europeu), com base na observação dos dados no corpus não
translato e translato. O corpus de partida e de chegada consistiu na temporada 13 da série
norte-americana Family Guy devido à elevada frequência de referências culturais na
mesma. Com base nesta metodologia foi possível apurar que a estratégia mais utilizada
pelo fansubber e tradutor profissional foi a retenção. Todavia, as conclusões deste estudo
são fundamentais para reconhecer a influência do conhecimento da CC, do público-alvo
e dos condicionalismos da legendagem na frequência das estratégias de tradução para
legendagem.
Em suma, este estudo tem como intuito a busca de resultados que possam auxiliar
investigações futuras sobre a Tradução Audiovisual, mais concretamente o fansubbing, e
a tradução de referências culturais para legendagem, de forma a moldar o fansubbing
como prática de tradução, bem como a descrição de uma manifestação de fãs que
interagem em comunidades online.
Palavras-chave: Tradução Audiovisual, Legendagem, Fansubbing, Referências culturais,
Family Guy
III
Abstract
This study was developed in the scope of master’s degree in Translation and it
aims to describe the translation for subtitling of cultural references as an obstacle in
translation. In this study we will emphasize that Translation can be regarded as
challenging because of socio-cultural characteristics. In this sense we propose to broaden
and explore this socio-cultural aspects, namely cultural references, on fansubbing.
To provide a theoretical framework that could guide the reader in this study, it
was established a review of concepts and definitions of previous researches on
professional translation, fansubbing and cultural references, based on Cintas & Muñoz
Sánchez (2006), Díaz Cintas & Remael (2007), Dwyer (2012), and Pedersen (2011;
2016), some of which in European Portuguese, Pais (2015) and Rocha (2012).
In this context, we will proceed with a comparative analysis of the regularities of
translation strategies of cultural references in fansubbing and in professional subtitling.
Concerning the practical framework of this dissertation, it was used a bilingual
and parallel corpus (English-European Portuguese), on the basis of the examination and
comparation of the data from the non-translated and translated corpus. The audiovisual
text used for this analysis was chosen due to the high frequency of cultural references and
consisted in the 13th season of the popular series Family Guy.
This methodology allows us to examine the translation strategies used by the
fansubber and professional translator. In this study it was observed that the retention was
the most used strategy by both translators. Furthermore it was associated with other
factors not only concerning subtilling but also with the familiarity of the reference by the
target audience.
Keywords: Audiovisual Translation, Subtitling, Fansubbing, Cultural references, Family
Guy
IV
Índice
Índice de Tabelas ............................................................................................................ VI
Índice de Figuras .......................................................................................................... VIII
Lista de Abreviaturas ..................................................................................................... IX Introdução ......................................................................................................................... 1
Capítulo 1 – A Legendagem profissional e o fansubbing ............................................. 4
1.1. Introdução .................................................................................................................. 5
1.2. A Legendagem profissional ....................................................................................... 6
1.2.1. Designação, conceito e definição ........................................................................ 6
1.2.2. Dimensão linguística ........................................................................................... 8
1.2.3. Dimensão técnica ................................................................................................ 9
1.3. Fansubbing ............................................................................................................... 11
1.3.1. Designação, conceito e definição ...................................................................... 11
1.3.2. Contexto histórico ............................................................................................. 16
1.3.3. O fansubbing na atualidade ............................................................................... 18 1.3.3.1. Web 2.0 ...................................................................................................... 18 1.3.3.2. As motivações do fandom das comunidades online ................................... 20
1.4. Duas comunidades portuguesas de fansubbers ........................................................ 23
1.4.1. Dimensão linguística ......................................................................................... 26
1.4.2. Dimensão técnica .............................................................................................. 26
1.5. Conclusão ................................................................................................................. 28
Capítulo 2 – A tradução e legendagem de realia ........................................................ 29
2.1. Introdução ................................................................................................................ 30
2.2. Designação, conceito e definição ............................................................................. 30
2.2.1. Estratégias de tradução de realia ..................................................................... 36 2.2.1.1. Influências na escolha da estratégia ........................................................... 46
2.3. Conclusão ................................................................................................................. 53
Capítulo 3 – Metodologia e corpus de análise ............................................................. 54
3.1. Introdução ................................................................................................................ 55
3.2. Perguntas de investigação ........................................................................................ 55
V
3.3. Definição e descrição de corpus ............................................................................... 56
3.4. Delimitação do corpus ............................................................................................. 57
3.5. Family Guy ............................................................................................................... 61
3.5.1. O humor em Family Guy ................................................................................... 62
3.5.2. Referências culturais em Family Guy ............................................................... 64
3.6. Recolha do corpus .................................................................................................... 66
3.6.1. Transcrição e alinhamento dos dados ................................................................ 66
3.7. Classificação do corpus ............................................................................................ 67
3.8. Método de análise dos dados .................................................................................... 69
3.8.1. Estratégias de tradução e legendagem ............................................................... 69
3.8.2. Parâmetros influenciadores no processo de tradução e legendagem ................. 71
3.9. Conclusão ................................................................................................................. 71
Capítulo 4 – Análise dos dados .................................................................................... 73
4.1. Introdução ................................................................................................................ 74
4.2. Análise comparativa das estratégias de tradução para legendagem do fansubber e profissional ...................................................................................................................... 74
4.2.1. Análise global das estratégias de tradução para legendagem ............................ 75
4.2.2. Análise detalhada das estratégias de tradução para legendagem ...................... 77
Conclusão ..................................................................................................................... 101
Referências bibliográficas ............................................................................................. 109
ANEXOS ....................................................................................................................... 126
VI
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Parâmetros técnicos mencionadas pela comunidade Legendasdivx. ............. 27
Tabela 2 – Seleção de taxonomias de estratégias de tradução e legendagem. ................ 39
Tabela 3 – Os setes parâmetros influenciadores de Pedersen (2011:105-120). .............. 47
Tabela 4 - Critérios para a construção do corpus ............................................................ 58
Tabela 5 - O rating da temporada 13 de Family Guy. ..................................................... 60
Tabela 6 - Informação dos episódios do corpus não translato ........................................ 61
Tabela 7 - Referências culturais na série Family Guy. .................................................... 65
Tabela 8 - Exemplo de alinhamento dos dados em Microsoft Word. ............................. 66
Tabela 9 - Dados do corpus não translato ....................................................................... 67
Tabela 10 - Dados do corpus translato ............................................................................ 67
Tabela 11 - Frequência relativa e absoluta das estratégias de tradução para legendagem
no fansubbing e na tradução profissional extraídas do corpus. ....................................... 79
Tabela 12 - Exemplos de retenção extraídos do corpus de retenção no fansubbing e
tradução profissional ....................................................................................................... 80
Tabela 13 - Frequência relativa da retenção não marcada, marcada e ajustada à LC no
corpus .............................................................................................................................. 82
Tabela 14 - Exemplos de especificação extraídos do corpus de especificação no
fansubbing e tradução profissional .................................................................................. 83
Tabela 15 - Frequência relativa da especificação por adição e explicitação no corpus .. 84
Tabela 16 - Exemplos de tradução direta extraídos do corpus de tradução direta no
fansubbing e tradução profissional .................................................................................. 85
Tabela 17 - Frequência relativa da tradução direta por decalque e filtragem no corpus 87
Tabela 18 - Exemplos de generalização extraídos do corpus de generalização no
fansubbing e tradução profissional. ................................................................................. 88
Tabela 19 - Frequência relativa de generalização por termo superordenado e paráfrase no
corpus .............................................................................................................................. 90
Tabela 20 - Exemplos de substituição extraídos do corpus de substituição no fansubbing
e tradução profissional. ................................................................................................... 91
Tabela 21 - Frequência relativa de substituição por realia transculturais, realia da CC e
situacional no corpus ....................................................................................................... 93
VII
Tabela 22 - Exemplos de omissão extraídos do corpus de omissão no fansubbing e
tradução profissional. ...................................................................................................... 95
Tabela 23 - Exemplos de (re)criação extraídos do corpus no fansubbing e tradução
profissional ...................................................................................................................... 97
Tabela 24 - Exemplos de equivalente oficial extraídos do corpus no fansubbing e tradução
profissional. ..................................................................................................................... 99
VIII
Índice de Figuras Figura 1 - Os quatro componentes do texto audiovisual (Zabalbeascoa, 2008:23)
(Tradução nossa) ............................................................................................................... 8
Figura 2 - A interface da comunidade do Legendasdivx (captura feita a 19 de agosto de
2019). .............................................................................................................................. 24
Figura 3 - A interface da comunidade de Opensubtitles (captura feita a 19 de novembro
de 2018). .......................................................................................................................... 25
Figura 4 - Regras de tradução e legendagem na comunidade Legendasdivx (captura feita
a 20 de outubro de 2019). ................................................................................................ 27
Figura 5 - Estratégias de tradução de realia de Pedersen (2011). ................................... 41
Figura 6 - Níveis de transculturalidade (Pedersen, 2011:107). ....................................... 48
Figura 7 - Taxonomia de estratégias de tradução. ........................................................... 70
Figura 8 - Frequência da orientação do texto utilizado pelo fansubber. ......................... 76
Figura 9 - Frequência da orientação do texto utilizado pelo tradutor-legendador
profissional. ..................................................................................................................... 77
Figura 10 - Frequência das estratégias de tradução para legendagem utilizadas pelo
fansubber. ........................................................................................................................ 78
Figura 11 - Frequência das estratégias de tradução para legendagem utilizadas pelo
tradutor-legendador profissional. .................................................................................... 78
IX
Lista de Abreviaturas
Cultura de Chegada CC Cultura de Partida CP
Family Guy FG Língua de Chegada LC Língua de Partida LP
Público de Chegada PC Público de Partida PP
Referências culturais extralinguísticas ECR
Texto de Chegada TC Texto de Partida TP
Tradução Audiovisual TAV
1
Introdução
Com o desenvolvimento tecnológico e a globalização, especialmente, pelo fácil
acesso da população à informação, o consumo audiovisual no século XXI conduziu ao
aparecimento de novas modalidades (Sousa, 2011:7). No âmbito da Tradução
Audiovisual (TAV), particularmente da legendagem, os Estudos da Tradução têm vindo
a demonstrar interesse na área e na investigação das regularidades desta modalidade (por
exemplo, Díaz Cintas & Remael, 2007 e Rosa, 2009). Ao observamos as práticas de
Tradução Audiovisual hoje em dia, verificamos que não se trata apenas de uma troca
monetária, onde existe a prestação de um serviço, por parte de um profissional, mas sim
uma troca voluntária com base na interação social e, consequente, o centro de um novo
conceito, o fandom. O uso da internet e das plataformas sociais como mera ferramenta de
trabalho é uma definição datada e não espelha as atualidades das novas práticas. O
fansubbing emerge como resposta à evolução da Tradução Audiovisual consequente das
ferramentas tecnológicas e sociais da atualidade.
No entanto, foi realizada pouca pesquisa até ao momento sobre o fansubbing ou a
legendagem amadora, a legendagem de fãs para fãs (Díaz cintas & Remael, 2007:27), em
particular no panorama português (à exceção de, por exemplo, Sousa, 2011; Rocha, 2012;
Pais, 2015).
No que respeita ao fansubbing, esta modalidade emerge como resposta ao fácil
acesso e à produção de conteúdos audiovisuais, mas sobretudo pela motivação de
cooperação em equipa e expansão da comunidade. Na verdade, esta prática é a
manifestação mais importante de tradução feita por fãs (Díaz Cintas & Muñoz Sánchez,
2006:37-38) devido ao interesse do público em querer participar nestas atividades e ser
este próprio a produzir conteúdo. Estes indivíduos que são intitulados, em alguns casos,
de “amadores” e sem formação devido à falta de competências linguísticas (Díaz Cintas,
2012:66), não só são responsáveis por produzir inúmeros conteúdos na Web, mas também
são responsáveis por influenciar gerações que buscam este conteúdo gratuito e de fácil
acesso.
O presente estudo tem como objetivo a observação e descrição da tradução para
legendagem de referências culturais como problema de tradução, tendo como pergunta
2
de investigação: “Em relação às estratégias e ao produto de tradução para legendagem de
referências culturais como se comportam os fansubbers em comparação com os
tradutores-legendadores profissionais par linguístico inglês-português europeu?”. Neste
sentido, proceder-se-á a uma análise comparativa das estratégias de tradução para
legendagem referências culturais no fansubbing e na tradução para legendagem
profissional.
Esta dissertação foi estruturada em quatro capítulos: “A Legendagem profissional
e o fansubbing”, “A tradução e legendagem de referências culturais”, “Metodologia e
corpus de análise” e “Análise dos dados”. Adicionalmente a estes capítulos acrescentam-
se as conclusões, referências bibliográficas e anexos.
No primeiro capítulo, intitulado “A Legendagem profissional e o fansubbing”,
desenvolveu-se um enquadramento teórico sobre as modalidades aqui analisadas: a
componente profissional e fansubbing.
No segundo capítulo, intitulado “A tradução e legendagem de referências
culturais”, desenvolveu-se um enquadramento teórico de conceitos de definições a adotar
da problemática aqui analisada. Num segundo ponto, apurou-se algumas propostas de
estratégias de tradução para legendagem para resolver problemas que derivam da
interação entre cultura e tradução.
No terceiro capítulo, intitulado “Metodologia e corpus de análise”, traça-se não
só a pergunta de investigação deste estudo, mas também a elaboração do corpus que será
analisado no capítulo quatro. Além disso, proceder-se-á à descrição do método de análise
do corpus. Nesta vertente, a autora da presente dissertação, em sentido de autodescoberta
e por gosto pessoal, irá analisar como caso de estudo a sitcom norte-americana Family
Guy (abreviada de FG).
No quarto capítulo, intitulado “Análise dos dados”, desenvolveu-se a análise
comparativa das estratégias de tradução para legendagem do fansubber e tradutor
profissional.
Neste contexto, este estudo apresenta-se como uma abordagem inicial ao
fansubbing em Portugal, com especial destaque para a tradução das referências culturais
em comparação com a legendagem profissional. Além disso, pretende-se aqui estabelecer
3
os primeiros passos para futuras investigações sobre a matéria em destaque, o fenómeno
do fansubbing em Portugal, bem como repensar o perfil do fansubber. Aliás, devemos
questionar se o conceito de “amador” se aplicará às fansubs portuguesas analisadas ou se
poderemos estar perante indivíduos autodidatas.
5
1.1. Introdução
Atualmente vivemos numa era digital onde os avanços tecnológicos e a
participação voluntária proporcionaram uma ponte para novas formas de expressão e de
interação. Em paralelo, a Tradução Audiovisual também experienciou mudanças e
novos interesses devido aos avanços tecnológicos, ao aumento da produção de conteúdo
audiovisual e ao aparecimento de novas práticas e vozes na área. Ora, o fansubbing, que
se define como a tradução e legendagem feita por fãs, enquadra-se neste recente foco de
interesse na área: um fenómeno que emergiu nos anos 80 como forma de ativismo por
parte de fandoms.
Neste capítulo apresentaremos um enquadramento teórico que explorará os
conceitos de Legendagem1 e fansubbing. Numa primeira instância será introduzida uma
definição da modalidade e serão ainda dedicadas duas secções à categorização das
legendas com base na dimensão linguística e na dimensão técnica.
Na seguinte secção realizar-se-á um enquadramento teórico do fansubbing de
modo a propor uma definição que nos guiará ao longo deste estudo. De seguida, dedica-
se uma secção à origem histórica do fenómeno. Já na atualidade do fenómeno conceber-
se-á uma integração de tópicos que se encontram intrinsecamente ligados ao mesmo,
tais como a Web 2.0., as motivações, as comunidades online e os consumidores-
produtores. Assim, estas secções e tópicos tornam-se relevantes para compreender e
analisar esta prática face à tradução e legendagem profissional.
Numa última secção serão introduzidas duas comunidades portuguesas de
fansubbers de modo a ilustrar o contexto português. Ademais, ir-se-á descrever de forma
breve as práticas linguísticas e técnicas destas comunidades. Deste modo, ser-nos-á
possível perceber os parâmetros utilizados nas comunidades referidas e como diferem
dos profissionais.
1 Adicionalmente é pertinente sublinhar que o termo “Legendagem” será usado neste estudo em maiúsculas de forma a englobar tanto o processo de tradução como de sonorização. Consequentemente para designar o produtor desse processo, será usado o termo “tradutor-legendador”.
6
1.2. A Legendagem profissional
1.2.1. Designação, conceito e definição
The term ‘audiovisual’ thus implies at least two channels of
communication, namely the acoustic medium (speech and soundtrack)
and the visual medium (images, gestures of characters, facial
expressions, etc.). This means taking into account the various ways in
which a number of distinct semiotic resource systems are co-deployed in
the creation of a polysemiotic text.
(Valentini, 2006:74)
Ao longo dos anos, verificou-se o uso de várias designações a par de tradução
audiovisual, como Sung-Eun (2012:377-378) aponta: Film Translation (Snell-Hornby,
1988), Film and TV Translation (Delabastita, 1989;1990), Screen Translation (Mason,
1989; O’Connell, 2007; Chiaro, 2008) e Multimedia Translation (Gambier e Gottlieb,
2001). A dificuldade em definir a tradução audiovisual resultava da tendência de
restringir TAV enquanto género, quando pode ser interpretada como uma modalidade que
engloba vários géneros (Ramos Pinto, 2012:337). Em Portugal, observou-se a mesma
variação terminológica, onde termos como “tradução para cinema”, “tradução para TV”,
“tradução fílmica” ou “tradução para ecrã” revelaram-se também restritivos, devido à
expansão dos géneros audiovisuais, dos avanços tecnológicos e o aparecimento do DVD
(Ramos Pinto, 2012: 338).
Os diferentes termos refletem e adaptam-se às mudanças que ocorrem na área. O
termo usado deve acompanhar as diversas evoluções tecnológicas e o meio de
disseminação do texto audiovisual como, por exemplo, a mudança do meio de projeção.
Assim, o mesmo não deve operar como uma restrição do ramo, mas um englobar de
diferentes meios e mercados de tradução (Díaz Cintas & Remael, 2007:13), tais como, o
cinema, a televisão, o DVD, o serviço de streaming e a modalidade fansubbing.
Atualmente, com vários estudos e desenvolvimentos por parte de investigadores, tais
como Díaz Cintas & Remael (2007), o termo “tradução audiovisual” tornou-se
generalizado. Nas palavras de Ramos Pinto (2012:337):
(…) AVT can with no doubt today be considered a research field in its own right
within the broader area of Translation Studies, and not just as a subgroup within
literary studies along other fields such as cinema translation or film translation.
7
Neste quadro, a tradução audiovisual é considerada uma das áreas de investigação
em Estudos de Tradução (Williams & Chesterman, 2002:12). Esta área engloba um
conjunto de modalidades, sendo as mais comuns a Legendagem, a dobragem e a
sonorização. Estas modalidades podem ser distribuídas geograficamente consoante os
seus espectadores. A sonorização ocorre principalmente em países do leste da Europa,
sendo menos dispendiosa e não requerendo sincronização labial (Díaz Cintas & Orero,
2010:442). A dobragem envolve a sincronização labial e pode ser observada sobretudo
em países como Espanha, Alemanha, França, Áustria e Itália (Díaz Cintas & Orero, 2010:
s.p., citado por Sousa, 2011:11)
Já a legendagem é usada em países de menor dimensão e pode ser observada em
regiões como Holanda e países como Portugal, Grécia, Bélgica, em países escandinavos
(Noruega, Suécia e Finlândia) e em países Balcãs (Hungria, Croácia, Bósnia, Sérvia).
Segundo Xavier (2009:17), a elevada taxa de analfabetismo, em Portugal (que nos anos
20 que rondava os 70%), pode ter motivado a escolha da legendagem, sendo considerado
um modo de censura da informação. Aliás, foi (e ainda é) usada por questões históricas,
culturais e até económicas, pois em comparação com a dobragem é mais barata (Díaz
Cintas, 2003b:196). Em Portugal, a legendagem representa a maior parte das produções
na tradução audiovisual (Rosa, 2009:105). Ainda conforme Yvane (1995:452, citado por
Díaz Cintas, 2003b:193), Portugal importava 70% de produtos audiovisuais de países não
europeus. Contudo, pondera-se que os dados ainda se possam aplicar devido ao consumo
maioritário de filmes em inglês (especialmente norte-americanos).
Nas palavras de Gottlieb (2004:220) a Legendagem define-se como: “diasemiotic
translation in polysemiotic media (including films, TV, video and DVD), in the form of
one or more lines of written text presented on the screen in sync with the original
dialogue”. Assim, o texto audiovisual deve ser compreendido como multimodal ou
polissemiótico composto por diferentes sinais semióticos (Zabalbeascoa, 2008:34). De
facto, tal como foi citado inicialmente nesta secção por Valentini (2006:74), o caráter
polissemiótico da tradução audiovisual, inclui a interação entre sinais verbais e não
verbais (Gambier, 2006, 2014; Zabalbeascoa, 2008; Chaume, 2004; Delabastita, 1989;
Taylor, 2013)2. Assim, segundo Chaume (2004:16), o texto audiovisual é: “a semiotic
2 Para mais informação, sugere-se a leitura do capítulo “The nature of the audiovisual text and its parameters” de Zabalbeascoa (2008).
8
construct comprising several signifying codes that operate simultaneously in the
production of meaning.” Estes sinais interagem de modo a possibilitarem as funções
comunicativas do texto. Logo, a audiência desfruta de uma experiência composta por
várias informações que vão para além de palavras, incluindo também sons, imagens ou
gestos.
Com base na figura 1 podemos mencionar que o texto de partida possui quatro
componentes: o áudio-verbal, áudio-não verbal, visual-verbal e visual-não verbal
(Zabalbeascoa, 2008:23). Já as legendas estabelecem a mudança do visual e auditivo do
texto de partida para o verbal e visual do texto de chegada (a legenda escrita).
Díaz Cintas & Remael (2007:13) propõem um conjunto de critérios linguísticos,
de parâmetros técnicos e de meios de distribuição envolvidos no processo de tradução e
legendagem3. De seguida ir-se-á introduzir alguns desses critérios e parâmetros.
1.2.2. Dimensão linguística
No que concerne à dimensão linguística das legendas estas podem ser:
intralinguísticas, interlinguísticas e bilíngues. As legendas intralinguísticas envolvem a
tradução dentro de uma só língua, onde a língua de partida (LP) é a língua de chegada
(LC) (Díaz Cintas & Remael, 2007:14). As interlinguísticas envolvem a tradução de uma
3 Inicialmente, Gottlieb (1994), Karamitroglou (1998) e Ivarsson & Carrol (1998) sistematizaram alguns parâmetros que devem reger as legendas produzidas, consequentemente Díaz Cintas & Remael (2007) tomaram com base os mesmos para analisar os condicionalismos das legendas.
Figura 1 - Os quatro componentes do texto audiovisual (Zabalbeascoa, 2008:23) (Tradução
nossa)
9
LP para uma LC (Díaz Cintas, 2010:346). Adicionalmente, Gottlieb (1994:104-106) opta
por definir estas legendas como “legendas diagonais”4. É de notar que a legenda
interlinguística é a mais comum e analisada em TAV (Gambier, 2009:17), sendo o
enfoque da análise desta dissertação. As bilíngues encontram-se presentes em regiões
geográficas em que duas ou mais línguas são faladas, como, por exemplo, na Bélgica e
em Macau (Díaz Cintas & Remael, 2007:18).
1.2.3. Dimensão técnica
No que concerne aos parâmetros técnicos é possível enumerar diferentes tipos de
legendas consoante o seu modo de projeção com base em Neves (2007:13): as legendas
abertas (conhecidas no fansubbing como hardsub) e as legendas ocultas (conhecidas no
fansubbing como softsub) (Sousa, 2011:14). Por um lado, as legendas abertas (em inglês,
open subtitles) são gravadas5 ou projetadas no ecrã de forma a ser impossível retirá-las
(Díaz Cintas & Remael, 2007:21). Este é o caso do cinema. Por outro, as legendas ocultas
ou fechadas (em inglês, closed subtitles) permitem ao público a possibilidade de as
visualizar ou não (Díaz Cintas & Remael, 2007:21), por exemplo, em DVD ou no
teletexto.
Dentro dos parâmetros técnicos é possível destrinçar a dimensão espacial e
temporal das legendas. A dimensão espacial envolve condicionalismos o número de
linhas, número de caracteres e a posição no ecrã. Já a dimensão temporal está relacionada
a questões temporais como, a exposição da legenda que resulta na sincronização6 do texto
da legenda como o texto de partida que traduz. Os seguintes parágrafos são dedicados à
descrição de alguns constrangimentos presentes na legendagem interlinguística7 em
Portugal, segundo Díaz Cintas & Remael (2007:81), Karamitroglou (1998), Feitosa
(2009) e Rosa (2009)8:
4 A “Legendagem diagonal” envolve a mudança do discurso da língua de partida para a escrita da língua de chegada (Gottlieb, 1994:104). 5 Segundo Sequeira (2019, Maio), no mercado da TAV é utilizado o termo “legendas queimadas”. 6 Conhecido também como “spotting”. O processo de inserção dos tempos de entrada e de saída de cada legenda de forma a sincronizar com o áudio original. 7 Estes parâmetros poderão aplicar-se às legendas abertas e fechadas. 8 Para este trabalho não será importante limitar o número de caracteres, pois ir-nos-íamos desviar do foco do trabalho que é, de facto, a legendagem de referências culturais na série Family Guy. No entanto, na análise serão comparados os parâmetros utilizados na tradução profissional face ao fansubber, pois estes poderão influenciar as estratégias utilizadas.
10
1. Dimensão espacial:
1.1.Número de linhas: verifica-se uma tendência para o uso máximo de duas
linhas (Rosa, 2009:101).
1.2.Posição no ecrã: as linhas são posicionadas no fundo do ecrã, de modo a não
obstruir a imagem (Rosa, 2009:101). No entanto, segundo Feitosa (2009:23)
e Díaz Cintas & Remael (2007:83), em determinados contextos pode verificar-
se o posicionamento da legenda na parte superior do ecrã: 1) se o fundo do
ecrã for branco ou impossibilitar a visualização da legenda, 2) se estiver a
ocorrer uma ação importante e as legendas impeçam a sua visualização e, por
fim, 3) se estiver a ser descrita alguma informação como, por exemplo, a
existência de informações da ficha técnica no fundo do ecrã que requerem a
legenda no topo.
1.3.Número de caracteres por linha: consoante o meio de distribuição, o número
de caracteres pode variar entre os 33 e 38 caracteres (Rosa, 2009:101). Na
televisão, pode chegar aos 37 caracteres, enquanto no cinema e no DVD se
usa predominantemente um número máximo 40 caracteres (Díaz Cintas &
Remael, 2007:84). No entanto, o uso de 40 caracteres, consequentemente,
exige mais tempo de leitura por parte da audiência, pois reduz a visibilidade
das legendas através da diminuição do tipo de letra (Karamitroglou,
1998:s.p.).
2. Dimensão temporal:
2.1. Duração das legendas e sincronização: por via de regra, uma legenda tem um
tempo de exposição mínimo de um segundo e meio e máximo de cinco a seis
segundos, sendo que deve estar sincronizada com o áudio e a imagem (Rosa,
2009:101).
A dimensão espacial das legendas depende do meio de distribuição, seja a
televisão, o DVD, o cinema ou, mais recentemente, o serviço de streaming. Assim, é
importante sublinhar que podem ocorrer oscilações relativamente ao número máximo de
caracteres utilizados consoante o mesmo. Aliás, ainda é possível enumerar diferenças
consoante as especificações do cliente ou do software (Díaz Cintas & Remael, 2007:84).
A condensação da informação depende do meio de distribuição, sendo que a versão do
cinema difere da televisão e de todas as outras (Rosa, 2009:109).
11
Além disso, é importante realçar que devido ao elevado consumo de produtos
audiovisuais legendados em Portugal, acredita-se que os espectadores estejam habituados
a ler mais rapidamente, o que pode influenciar o aumento da velocidade de leitura (Díaz
Cintas & Remael, 2007:80). Portanto, futuramente podemos estar perante um aumento
gradual do número de caracteres para acompanhar o aumento da velocidade de leitura.
1.3. Fansubbing
Segundo Díaz Cintas & Remael (2007:13), observou-se uma evolução de novas
formas e diferentes modos de tradução audiovisual, sugerindo formas híbridas inovadoras
pensadas para uma modalidade recente de tradução audiovisual, o fansubbing.
Atualmente, devido a esta modalidade de TAV:
TV broadcasters and film distributors are reducing the time difference in release in
order to avoid a reduction of potential audience because a number of fans are
downloading, for instance, the TV series and/or looking for the subtitles in their
own language. (Gambier, 2013:53)
É neste contexto que emergem as comunidades de fansubbing que disponibilizam
com maior rapidez a legendagem de um filme ou de um episódio de uma série (Gambier,
2013:53). Assim, a tradução profissional tem de acompanhar as rápidas produções
colaborativas disponibilizadas na internet.
Por conseguinte, os avanços tecnológicos, a globalização e o livre acesso à
informação contribuíram para uma mudança na legendagem. Do mesmo modo, a
distribuição de programas de legendagem gratuitos também influenciou a adoção de
novas práticas, tal como, o fansubbing (Díaz Cintas & Remael, 2007:26). Estes fatores
permitiram a proliferação de novas vozes, nomeadamente, os fansubbers (tradutores-
legendadores de fansubbing). De seguida iremos discutir algumas definições em vigor no
fansubbing relativamente a fansub de modo a propor uma definição que nos guie ao longo
deste estudo e que contribua para a investigação deste fenómeno.
1.3.1. Designação, conceito e definição
Ao analisarmos algumas definições sobre o fansubbing, verificamos que no
contexto internacional não existe um consenso terminológico. Portanto, é importante
12
analisar como o fenómeno se manifestou a nível internacional através de uma revisão
bibliográfica. Bold (2011:5) para este fim concebe uma lista de conceitos encontrados na
literatura e divide estes em três caraterísticas: a atividade, o produto e o produtor.
Adicionalmente, a sua lista será enriquecida e organizada do conceito mais utilizado para
o menos utilizado com base no levantamento realizado durante a revisão bibliográfica
para este trabalho.
Verifica-se uma considerável instabilidade terminológica. Relativamente à
atividade é possível enumerar o uso de termos como: fansubbing (Leonard, 2004; Díaz
Cintas, 2005; Hatcher, 2005; Kayahara, 2005; Díaz Cintas & Muñoz Sánchez, 2006;
Jenkins, 2006; Díaz Cintas & Remael, 2007; Pérez González, 2006, 2007; Barra, 2009;
Mazetti, 2009; Balemberg, 2011; Bold, 2011; Fernández Costales, 2011; Sousa, 2011;
Pantumsinchai, 2012; Massidda, 2015; Pais, 2015; Souza, 2015; Tonder, 2015; Abhijith,
2017; Orrego-Carmona & Lee, 2017; Gao, 2018), amateur subtitling ou o equivalente
em português “legendagem amadora” (Díaz Cintas & Muñoz Sánchez, 2006; Pérez
González, 2006, 2007; Bogucki, 2009; Rocha, 2012; Freitas, 2013; Sajna, 2013; Sobral,
2014), digisubbing (Leonard, 2005), subbing (Díaz Cintas & Remael, 2007),
“legendagem pirata” (Feitosa, 2009), translation by fans of fans (Díaz Cintas, 2005,
2009) e community translation (O’Hagan, 2011).
Para designar o produto, encontramos na bibliografia os seguintes termos: fansub
(Díaz Cintas, 2005; Leonard, 2004; Hatcher, 2005; Leonard, 2005; Díaz Cintas & Muñoz
Sánchez, 2006; Pérez González, 2006; Díaz Cintas & Remael, 2007; Barra, 2009;
O’Hagan, 2009; Balemberg, 2011; Bold, 2011; Lee, 2011; Orrego- Carmona, 2011;
Sousa, 2011; Dwyer, 2012; Pantumsinchai, 2012; Rocha, 2012; Pais, 2015; Souza, 2015;
Tonder, 2015; Abhijith, 2017; García-Escribano, 2017; Lee, 2017, Gao, 2018), non-
professional subtitles (Baczkowska, 2015; Orrego-Carmona, 2011, 2015, 2017), fan-
generated digital content (Wang, 2014), user-translated content (DePalma & Kelly,
2008), user-generated translation (O’Hagan, 2009), amateur caption (Bogucki, 2009),
subtitle by fans for fans ou o equivalente em português europeu e português do Brasil
“legenda de fã para fã” (Feitosa, 2009; Freitas, 2013; Sobral, 2014), fantitle (Feitosa,
2009), digisubs (Leonard, 2005), fan-made subtitles (Feitosa, 2009) e post-fansub
(Jiménez-Crespo, 2017).
13
Os responsáveis pela produção de fansubs são referidos de modo também variável
como: fansubber (Leonard, 2004; Ferrer Simó, 2005; Hatcher, 2005; Díaz Cintas &
Muñoz Sánchez, 2006; Pérez González, 2006; Barra, 2009; Bold, 2011; Balemberg,
2011; Lee, 2011; Orrego-Carmona, 2011; Sousa, 2011; Pantumsinchai, 2012; Rocha,
2012; Gambier, 2013; Pais, 2015; Souza, 2015; Tonder, 2015; Abhijith, 2017; Lee, 2017;
García-Escribano, 2017; Gao, 2018), non-professional translators (Pérez-González &
Susam-Saraeva, 2012), funsubbers (Sajna, 2013), em língua espanhola fansubtitulador
(Ferrer Simó, 2005), subtitle-fan ou o equivalente a português do Brasil “fã-legendista”
(Ferrer Simó, 2005; Feitosa, 2009), internet subtitler (Bogucki, 2009), em português do
Brasil “legender” (Bold, 2011; Freitas, 2013).
Em primeiro lugar, verificamos que existe uma predominância em usar o termo
fansubbing face a outros termos levantados acima.
Em segundo lugar, verificou-se que existe também uma predominância em referir
este fenómeno como legendagem amadora como, por exemplo, no contexto português,
Rocha (2012).
Por estes motivos e apesar da variação terminológica, optou-se pelo termo
fansubbing ou legendagem amadora para designar a atividade. Segundo o dicionário
Priberam, a palavra “amadora9” designa:
1. Que ou aquele que, por gosto e não por profissão, exerce qualquer ofício ou arte. 2. Que ou que revela inexperiência em algum assunto ou atividade. 3. Que é praticado ou exercido por gosto e não profissionalmente.
Por outras palavras, a legendagem amadora poderia ser a designação usada para
descrever o fenómeno do fansubbing e as suas práticas. No entanto, discordamos da
associação de fansubbing com “inexperiência” (2), pois muitos destes fãs fazem parte das
suas comunidades há algum tempo, adquirem experiência com a prática de tradução e
legendagem ou mesmo com a formação em tradução e ocupam um lugar na hierarquia do
grupo de acordo com a sua experiência10. Sem dúvida, o fansubbing é uma modalidade
9 "amadora", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/amadora [consultado em 29-01-2019]. 10 Segundo fansubbers portugueses, estes “conhecem alguns membros na comunidade (...) que têm formação em tradução” (correspondência pessoal com um fansubber do Legendasdivx). Quanto maior o estatuto do tradutor-legendador na comunidade, maior é a sua experiência. Aliás, segundo a Comissão Europeia, em Studies of Translation and Multilinguism. Crowdsourcing Translation (2012:31), apesar de
14
que é integrante das práticas não profissionais (Orrego-Carmona, 2011:1) e, efetivamente,
difere do tradutor comercial ou profissional.
Sendo assim, neste trabalho, um tradutor amador deverá ser usado de acordo com
o significado referido em (1), (3) e, consequentemente, para definir uma tarefa não
remunerada, pois é executada por gosto e não por uma remuneração, face ao tradutor
profissional. Por outro lado, o perfil de um tradutor profissional é diversificado e
complexo11.
Adicionalmente, durante a investigação foi observável que a falta de consenso não
se limita à terminologia deste fenómeno, tal como se verificou na pouca unanimidade
terminológica em relação à distinção entre o termo fansubbing e “legendagem amadora”,
mas também às diversas definições que circundam o fansubbing. Neste contexto,
verificamos que a investigação sobre o fansubbing se concentra no género do anime. No
contexto português, chama-se a atenção para os estudos desenvolvidos sobre o fansubbing
na área da tradução de que são exemplos Sousa (2011), Pais (2015) e Rocha (2012). No
entanto, nos Estudos da Cultura, especificamente, sobre a cultura de fãs ou o fandom,
verifica-se uma tendência para a investigação deste fenómeno. De seguida, iremos
analisar algumas definições de modo a compor uma definição que nos guie neste estudo.
Conforme Díaz Cintas & Muñoz Sánchez (2006:37) uma fansub é: “(...) fan-
produced, translated, subtitled version of a Japanese anime programme”.
Já a Wikipédia (2019) define uma fansub como:
A fansub (short for fan-subtitled) is a version of a foreign film or foreign television
program which has been translated by fans (as opposed to an officially licensed
translation done by professionals) and subtitled into a language usually other than
that of the original (s.p.).
a atividade do fansubbers não ser profissional, isso não significa que não apresentem uma conduta profissional. 11Nestes termos revela-se interessante distinguir o perfil do fansubber e do perfil do profissional, embora esse trabalho de investigação esteja para além do escopo desta dissertação. A comparação entre o perfil do fansubber e o perfil do tradutor profissional é um trabalho de investigação adicional que pretendemos publicar futuramente na sequência de uma comunicação no congresso “5th International Conference on Non-Professional Interpreting and Translation”.
15
Martínez García (2010) define fansubs de modo diferente:
Los fansubs (del inglés fan subtitled) son agrupaciones de gente aficionada sin
ánimo de lucro dedicadas a traducir y subtitular series no licenciadas en el país de
destino para distribuirlas posteriormente de manera gratuita a través de la red. (s.p)
Com base nas definições apresentadas, podemos estabelecer pontos de
convergência com base nas propostas de Díaz Cintas & Muñoz Sánchez (2006:37),
Martínez García (2010) e da Wikipédia (2019) que o fansubbing é:
• Tradução e Legendagem feita por fãs para fãs.
• Tradução e Legendagem sem condicionalismos impostos.
• Podem ser realizadas em equipa ou individualmente.
• Envolvem uma tradução interlinguística e intralinguística.
• Tradução e Legendagem de diversos géneros audiovisuais.
• Tradução e Legendagem gratuita e sem lucros.
• Tradução e Legendagem distribuída em comunidades/plataformas.
Portanto, no nosso entender, uma fansub é uma legenda produzida por um fã ou
grupo de fãs de um programa audiovisual de forma gratuita e sem fins lucrativos, de um
TP para um TC, dentro de comunidades online.
Ao contrário da Legendagem profissional, as fansubs são realizadas por fãs para
serem distribuídas a outros fãs e podem ser criadas individualmente ou em equipa. Este
tipo de tradução e Legendagem não se encontra dependente de parâmetros técnicos e
linguísticos, tal como a tradução e Legendagem profissional.
Além disso, o fansubbing envolve especialmente tradução interlinguística de uma
língua de partida para uma língua de chegada. No entanto, também se verifica a existência
de traduções intralinguísticas, em alguns casos, para surdos e ensurdecidos. No caso da
tradução interlinguística, o fansubbing é especialmente demarcado pela influência da
cultura americana (aumento da popularidade de cultura estrangeira) e que promoveu a
especialização de grupos de fansubbers sem fins lucrativos para legendar os programas
de televisão populares em espaços de tempo curtos (Spolidorio, 2017:67). Por outras
palavras, a internacionalização e a elevada produção de conteúdos norte-americanos,
16
provocou uma organização por parte do fandom para traduzirem e legendarem os seus
conteúdos preferidos.
Ora, é neste contexto, que, tal como Dwyer refere no seu artigo “Fansub Dreaming
on Viki” (2012:225) apesar de existir a tendência de limitar o fansubbing ao género do
anime e à língua japonesa (a exceção são, de acordo com o que foi possível apurar, as
propostas de Barra (2009), Martínez García (2010), Bold (2011), Fernández Costales
(2011), Dwyer (2012) e Spolidorio (2017)), atualmente o fansubbing engloba vários
géneros audiovisuais e línguas. De facto, Sousa (2011:18) frisa na sua dissertação: “(...)
nos dias que correm, o “fansubbing” não se restringe apenas ao “anime”, mas compreende
também outros programas de entretenimento como telenovelas, filmes, programas de
variedades, videoclipes de música e concertos.”. Barra (2009:517) também refere que
atualmente o fansubbing: “(...) expandiu-se em grandes proporções da cultura do anime,
[e ainda continua] a difundir-se a outros tipos de fandoms, géneros (como, por exemplo,
a ficção científica e fantasia) ou a séries de televisão americanas”. O fansubbing como
parte de um fenómeno é influenciado pelas evoluções e fatores que ocorrem em seu redor:
o DVD e a Web 2.0 (ver secção 1.3.3.1.).
Um outro aspeto que diferencia as fansubs da Legendagem profissional é o seu
meio de distribuição. As fansubs são maioritariamente distribuídas em comunidades
online que disponibilizam a outros utilizadores. Em alguns casos, as legendas
profissionais já se encontrarem disponíveis, porém, as fansubs são também
simultaneamente disponibilizadas. Já a Legendagem profissional é distribuída pelos
meios tradicionais12 e, mais recentemente, por serviços de streaming ou serviços online
como, por exemplo, o Youtube, devem ser considerados nesta realidade.
Na seguinte secção, consideramos pertinente desenvolver um enquadramento
histórico do fenómeno de fansubbing.
1.3.2. Contexto histórico
Apesar de só́ recentemente o fansubbing ter conquistado atenção dos
investigadores de TAV (Pérez Gonzalez, 2006, 2007; Díaz Cintas & Muñoz Sánchez,
12 Consideramos como “meios tradicionais” a televisão, o DVD e o cinema.
17
2006; O’Hagan, 2009) e dos Estudos da Tradução, a sua prática recua ao final do século
XX. O fansubbing teve origem nos Estados Unidos, no final da década de 1980, com a
legendagem de animes japoneses, ou seja, de séries de animação com origem japonesa.
A primeira produção fansub (voluntária) conhecida foi feita em 1986 para um episódio
de Lupin III pelo clube C/FO (Cartoon/Fantasy Organization) (Leonard, 2004:13).
Apesar de a qualidade do vídeo ser limitada e a sua produção cara, devido aos recursos
tecnológicos, veio desencadear o início de um fenómeno, o movimento fandom13. Neste
contexto, emergiram os primeiros clubes americanos de fansubs que se agrupavam para
distribuir conteúdo legendado em formato VHS (Sousa, 2011:21) em prol de um mesmo
interesse, proporcionar traduções e legendas que transmitissem a cultura de partida a
outros fãs. O primeiro clube de fãs de animes nos Estados Unidos foi fundado a 1977, o
Cartoon/Fantasy Organization ou C/FO (Leonard, 2004:8). Consequentemente, o
movimento que se encontra interligado ao fansubbing, o fandom, nasceu na mesma altura.
Deste modo, suscitou a multiplicação de fansubs ou de tapesubs. Na altura, o material
audiovisual era distribuído em cassetes de VHS (Video Home System) juntamente com as
legendas queimadas, seja por correio ou em mão. No entanto, a qualidade das VHS
começou a diminuir, pois, muitas vezes, as cópias realizadas das VHS já se encontram na
sua 20.ª geração, ou seja, já seriam cópias de cópias (Sousa, 2011:10).
Posteriormente, com a propagação do computador pessoal e o uso crescente da
internet, verificou-se um crescimento significativo do fansubbing nos anos 1990 (Díaz
Cintas & Muñoz Sánchez, 2006:37). As fansubs são também conhecidas como tapesubs
até meados de 2002 (que requeriam o uso de gravadores, leitores de laserdisc14 e
computadores específicos). Estas deram lugar às primeiras fansubs digitais também
designadas como digisubs (isto é, as fansubs atuais) (Sousa, 2011:23). As digisubs
permitem a produção e distribuição rápida. Segundo Lee (2011:11), a expansão do
fansubbing a nível internacional ocorreu devido a programas e redes informáticas de
partilha de ficheiros, como o BitTorrent, que permitiu de fansubs de forma conveniente e
rápida. Atualmente, as comunidades online utilizam ficheiros puramente digitais para
distribuir as legendas (digisubs), codificadas em diferentes formatos para melhorar a
qualidade das legendas e reduzir o tamanho do ficheiro.
13 Grupos de fãs que se juntam para partilhar ou discutir interesses (ver secção 1.3.3.2.). 14 Para mais informações, sugere-se a dissertação de Sousa (2011:22) sobre “O fenómeno do “fansubbing” em inglês: principais normas de tradução e legendagem”.
18
O início desta prática foi justificado devido ao descontentamento em relação à
tradução e legendagem de animes japoneses para inglês distribuídos no mercado
americano (Sousa, 2011:21). Além disso, O’Hagan (2009:100) indica-nos que o
aparecimento de grupos de fansubbers não está apenas relacionado com o acesso reduzido
a animes japoneses, particularmente, por falantes de língua inglesa como língua materna,
mas igualmente à dobragem “abusiva” dos conteúdos japoneses, particularmente, fora do
mercado japonês. Neste contexto, verificava-se uma domesticação dos animes japoneses
que entravam no mercado americano, sendo que a intervenção da CC no anime implicava
para os fãs um afastamento da cultura japonesa (Pais, 2015:4). Deste modo, as fansubs
permitem preservar a CP, sendo considerada a resposta dos fansubbers à domesticação
“abusiva” que se podia verificar nas legendas distribuídas oficialmente no mercado.
1.3.3. O fansubbing na atualidade
Atualmente, o fansubbing é considerado a manifestação mais importante de fãs,
que interagem nas comunidades online através da partilha das fansubs, mas também
interagem em fóruns, blogs, entre outros (Díaz Cintas & Muñoz Sánchez, 2006:37-38).
Para além deste fenómeno, ainda é possível enumerar outras práticas resultantes de
conteúdos gerados pelo utilizador, tais como fanfilms ou fanvideos (vídeos amadores),
fansites (sites que permitem o contacto entre fãs), entre outros (Souza, 2015:152).
Um dos aspetos a considerar e que alterou, certamente, o modo de atuação dos
fansubbers foi o acesso a programas de legendagem gratuitos. Estes permitem que a
tradução e legendagem sejam concretizadas com uma maior rapidez e eficiência,
revolucionando o fluxo e processo de tradução e legendagem do fansubbing. De seguida
apresentamos um outro aspeto relevante que influenciou o modo de atuação do
fansubbing: a Web 2.0.
1.3.3.1. Web 2.0
Uma das questões a considerar quando comparamos as práticas atuais do
fansubbing com as de 1980 é o meio de distribuição das fansubs. Na verdade, segundo
Orrego-Carmona (2011:4), as inovações tecnológicas tiveram impacto nas práticas do
fenómeno:
19
(…) due to the easy access and distribution on the Internet, fansubbing stopped
being an activity restricted to Japanese shows only. Fans and followers of other
audiovisual products started translating and distributing TV series and movies from
all around the world. As to the technique, subtitles might be encoded into the video
or they might be in a separated file that needs to be downloaded independently of
the video file. In some circumstances it is evident that the rationale behind this
practice is the same that once drove the beginning and advance of fansubbing in
the 1980s (...) (2011:4).
Portanto, as tecnologias da Web 2.0 permitiram que esta modalidade da tradução
englobasse novos géneros de conteúdos audiovisuais e outras línguas para além do género
anime e do japonês (Orrego-Carmona & Lee, 2017:1), bem como outras modalidades de
tradução audiovisual, como scanlation, fandubbing para além de fansubbing.
É importante referir que o fansubbing se expandiu principalmente graças à Web
2.0. Um termo popularizado por O’Reilly15 (2005: s.p.) como uma nova "versão" da
internet que vem possibilitar uma interação mais próxima e vem, assim, destacar a
“inteligência coletiva”. Antes tínhamos a Web 1.0, uma internet de consumo direto em
comparação com a Web 2.0 (Rocha, 2012:18):
Web 2.0 is the business revolution in the computer industry caused by the move to
the internet as platform, and an attempt to understand the rules for success on that
new platform. Chief among those rules is this: Build applications that harness
network effects to get better the more people use them. (This is what I’ve elsewhere
called “harnessing collective intelligence.”). (O’Reilly, 2006: s.p).
Ora, a Web 2.0 passa a ser usada enquanto plataforma, software e serviço. No
entanto, também altera a posição do consumidor em relação aos conteúdos
disponibilizados a este, pois uma das principais mudanças verificadas com a Web 2.0 é o
perfil do utilizador (e, especificamente, do fansubber). O utilizador deixa de ser apenas
um consumidor de conteúdos e de informação disponibilizada na internet, mas um
produtor dos mesmos. Na verdade, o uso da internet como uma plataforma dinâmica e
15 Para mais informações, consultar O’Reilly em https://www.oreilly.com/pub/a/web2/archive/what-is-web-20.html (What Is Web 2.0. Design Patterns and Business Models for the Next Generation of Software) (Consultado a 27/02/19).
20
interativa permitiu também o surgimento de comunidades online (ver secção 1.4), tal
como Pérez González (2006:275) sugere: “(...) the marriage between fandom and
technology has started to shape the creation and distribution of audiovisual products in
general, not just their translation”. De facto, a atual associação entre o fansubbing, as
comunidades online e a tecnologia reforça o consumo e a produção ativa deste fenómeno.
Portanto, a Web 2.0 teve uma grande influência na qualidade colaborativa e participativa
desta modalidade da tradução audiovisual: o fansubbing. Alguns autores como, por
exemplo, Jenkins (2006:24) mencionam que os utilizadores adotaram um papel muito
mais ativo, consequente de uma cultura participava coadjuvada pelas novas tecnologias e
a Web 2.0. As novas tecnologias e a participação voluntária permitiram ao indivíduo uma
nova forma de produção cultural. Ora, a Web 2.0. também influenciou o que será
desenvolvido na próxima secção, o fandom.
1.3.3.2. As motivações do fandom das comunidades online
Ao analisarmos as motivações dos fansubbers, verificamos que estes começam a
produzir legendas por diversos motivos. Segundo Jenkins (1992a:277), o conceito de “fã”
(fan, fandom) é complexo e diversificado e deve ser compreendido como uma
comunidade subcultural, por outras palavras, a palavra “fã” refere-se a um indivíduo(s)
que tem uma admiração especial por algo, reagindo de forma ativa e entusiasmada em
relação ao seu objeto de admiração. No entanto, também envolve a interação com outros
fãs e as práticas sociais em que se envolvem (Spolidorio, 2017:68).
Nesta vertente, o fandom refere-se às: “social structures and cultural practices
created by the most passionately engaged consumers of mass media properties” (Jenkins,
2010: s.p). O conceito define, assim, um consumidor de mass media com um determinado
interesse e que adota práticas que demonstram esse interesse como, por exemplo, legendar
uma série ou filme. Por outras palavras, um fã torna-se parte de um fandom quando
consume e cria (prosumer)16 conteúdos com base na sua motivação cultural. Salienta-se,
portanto, que o fansubbing envolve tanto o consumo de um produto como a produção do
mesmo.
16 Ver secção 1.4.
21
Ora, para entender os fansubbers é necessário aprofundar o conceito de “fã” e as
motivações das suas práticas. Para tal, Jenkins (1992a:277-280) organiza o conceito de fã
em cinco níveis:
1. Fandom involves a particular mode of reception.
2. Fandom involves a particular set of critical and interpretive practices.
3. Fandom constitutes a base for consumer activism.
4. Fandom possesses particular forms of cultural production, aesthetic traditions and
practices.
5. Fandom functions as an alternative social community.
Em (1) podemos verificar que existe uma relação próxima entre o consumo e a
interação social nas comunidades online. Desde o momento em que um fansubber vê um
programa múltiplas vezes até ao momento em que partilha a fansub numa comunidade,
verifica-se um processo de partilha e de debate do que viu e produziu.
Aliás, um dos aspetos que carateriza os fansubbers é o poder crítico (2). Estes
preocupam-se com a informação e tradução que irão disponibilizar a outros fãs. Na
verdade, as comunidades são críticas e os seus utilizadores comentam o trabalho de
outros, ou seja, os fansubbers interpretam e criticam o trabalho de outros de forma a criar
uma construção colaborativa, evolutiva e a ativa na comunidade. Note-se que é na
sequência do feedback que algumas legendas acabam por ser reformuladas.
Os fãs e, certamente, os fansubbers, surgiram devido à falta de poder do
consumidor (3) em relação às instituições de produção cultural e à sua circulação
(Jenkins, 1992a: 278), mas também surgiram devido ao descontentamento relativamente
à produção de legendas. As comunidades de fansubbing, por exemplo, em Portugal,
proporcionam um apoio e uma plataforma para os fãs discutirem as suas preferências
culturais e desejos em relação à tradução e legendagem, mas também para discutirem o
conteúdo que legendaram (5).
Estas práticas do fansubbing e dos fãs são formas alternativas de consumo e à
produção cultural (4). Isto é, de facto, uma forma criativa de partilhar diferentes discursos
e estimular a interação cultural.
22
Em contrapartida, alguns fansubbers procuram oferecer a qualidade profissional
nas suas legendas, designados por conseguinte de “semi-profissional” (pro-am)
(Leadbeater & Miller, 2004). Um pro-am é um indivíduo que intervém numa atividade
enquanto amador, pois fá-lo por gosto à atividade, no entanto, apoia-se na qualidade
profissional para a realização dessa atividade (Leadbeater & Miller, 2004:20). Por outras
palavras, e tal como será descrito posteriormente, um pro-am é um consumidor e um
produtor, porém, o fansubber também o é. De seguida ir-se-á analisar que a prática do
fansubbing expande-se para dentro da comunidade da distribuição da fansub, onde é
novamente consumido por outros fãs que são também motivados a produzir mais
conteúdo.
Conforme Díaz Cintas afirma: “On some occasions it can be argued that they are
[better then professional translators], particularly when it comes to using the appropriate
terms.” (Díaz Cintas, 2012:66). Estes são designados como conteúdos gerados pelo
utilizador, segundo a Comissão Europeia, em Studies on Translation and Multilinguism.
Crowdsourcing Translation (2012:31): “Indeed professional dubbers and subtitlers
already admit visiting communities of online fandoms to get information about the style
and context of the series they are working on, the universe of the characters and hidden
quotations”.
Ainda no âmbito das fansubs, frisamos que os fãs são: “consumers who also
produce, readers who also write, spectators who also participate” (Jenkins, 1992b: 213).
Portanto, valeram-se dos avanços tecnológicos para partilharem experiências que
envolvem tanto o consumo como a produção de produtos e que envolve uma rede de
interação social. Neste contexto, inicialmente, surgiu o conceito de prosumer
(consumidor + produtor), que se baseia numa troca, onde um indivíduo disponibilizava e
usava um serviço, produto ou experiência para “own use or satisfaction, rather than for
sale or exchange” (Toffler, 1980, citado por Bold, 2011:2). Na verdade, alguns estudos
centram-se na relação entre o consumo e a produção e, ocasionalmente, nas implicações
da “convergência dos média”, por exemplo, as qualidades da “cultura participativa”
(Jenkins, 2006). No fluxo e organização do processo de tradução e legendagem do
fansubbing, o consumo do TP não é o fim do processo, mas antes o seu começo, pois o
fansubber consume e produz. O autor O’Hagan (2009:97) propõe o termo “conteúdo
23
gerado pelo utilizador”17 para designar um conjunto de traduções resultantes da
participação voluntária de indivíduos nas comunidades digitais conduzidas pelos
interesses destes indivíduos. Neste contexto, temos o intermediário que proporciona
voluntariamente, e sem remuneração, produtos linguísticos inacessíveis ao público (Bold,
2011:2). Os autores DePalma & Kelly (2008) também refletem a qualidade participativa
destas comunidades online, usando os conceitos “conteúdo traduzido pelo utilizador”
(user-translated content), “tradução em comunidade” (community translation) “tradução
colaborativa” (collaborative translation) e crowdsourced, abrangendo também, a
“colaboração coletiva” (crowdsourcing). Logo, a “tradução é das pessoas, para as pessoas
e feita pelas pessoas” (DePalma & Kelly, 2008) e este é o ponto fulcral das fansubs. Na
verdade, estes termos poderão, em parte, ser sinónimos de fansubbing.
Portanto, a Web 2.0 e as comunidades online, permitiram aos fansubbers
expressarem a sua voz independentemente da sua localização física e, em alguns casos,
criar a já referida “cultura de fãs” (Hills, 2002). Sem dúvida, esta forma de expressão
permite a rápida acessibilidade a diferentes culturas, eliminado as fronteiras físicas.
Assim, o conceito de fansubbing não deve ser interpretado enquanto desvinculado das
comunidades online, pois a evolução da cultura participativa é paralela à evolução da
tradução colaborativa (Jiménez-Crespo, 2017:47). A produção de conteúdos numa
determinada comunidade revela um sentimento de pertença nessa comunidade, visto por
estes como uma gratificação pelo esforço dedicado à comunidade. Por outras palavas, no
seio do fenómeno do fansubbing encontra-se uma “inteligência coletiva” onde o
“consumo é um processo coletivo” (Jenkins, 2006:4). As comunidades online apropriam-
se desse consumo para não só incentivar o consumo, mas também para produzir legendas.
De seguida ir-se-á ilustrar duas comunidades de fansubbers portuguesas.
1.4. Duas comunidades portuguesas de fansubbers
Nesta secção, apresentamos aspetos de duas comunidades de fansubbers que
disponibilizam os ficheiros individuais das legendas para cada versão e não as “queimam”
no vídeo, sendo este o trabalho de outras comunidades.
17 Ver termo em inglês acima.
24
A comunidade de Legendasdivx foi criada em 2002 e é interdita a utilizadores sem
convite prévio e registo. Esta comunidade produz maioritariamente legendas em
português europeu (designadas na comunidade legendas pt-pt) e possui mais de 110 000
legendas (a 19 de novembro de 2018) em português europeu, exemplificado na figura 2
em (4). Também disponibiliza legendas em português do Brasil (designadas na
comunidade legendas pt-br), espanhol e inglês.
Figura 2 - A interface da comunidade do Legendasdivx (captura feita a 19 de agosto de 2019).
25
O Opensubtitles, criado em 2006, é uma sub-comunidade portuguesa inserida
numa vasta comunidade de legendas e línguas (37 línguas), sendo uma delas o português
europeu, com mais de 150 000 legendas (a 19 de novembro de 2019). Funciona como
uma base de dados para armazenar legendas em diferentes línguas. Aliás, algumas
fansubs que se encontram na comunidade Legendasdivx são mais tarde disponibilizadas
por esta comunidade, porém, o nome dos fansubbers são mantidos. Segundo Orrego-
Carmona (2014:78), esta comunidade possui fansubs descritas como “traduções iniciadas
pelo utilizador” (user-iniciated translation).
Nas figuras 2 e 3 no ponto (1) podemos exemplificar o motor de busca das
legendas que o utilizador pode usar para procurar a legenda e a língua em questão.
Devemos sublinhar que se analisou nestas comunidades uma quantidade considerável de
conteúdos com o áudio original em inglês e que distribuem fansubs de diversos géneros,
tais como, comédia, romance, dramas, animação, entre outros.
Figura 3 - A interface da comunidade de Opensubtitles (captura feita a 19 de novembro de
2018).
26
Além disso, nas figuras 2 e 3 em (2), podemos destacar uma caraterística das
comunidades pro-am. Os fóruns, blogs e chats são usados para interagir e para discutir
diversos aspetos (Spolidorio, 2017:69), mas principalmente para ajudar a responder a
dúvidas, identificar datas futuras de lançamento das legendas ou para organizar o
processo de tradução e legendagem. Os fansubbers reconhecem as vantagens dos fóruns
nas comunidades como uma forma de entretenimento e de diversão. Os fóruns destas
comunidades evidenciam a elevada diversidade dos perfis dos fansubbers. Aliás, juntam-
se nas comunidades online para discutir os parâmetros a adaptar e que devem ser seguidos
pela comunidade (Spolidorio, 2017:74), e apresentam tutoriais (3) que, na verdade, são
esclarecimentos no modo como traduzir e legendar. Apresentamos de seguida alguns
parâmetros técnicos que se baseiam em aspetos de Legendagem encontrados na
comunidade Legendasdivx. Contudo, as fansubs de Legendasdivx, encontram-se também
em Opensubtitles.
1.4.1. Dimensão linguística
Em Legendasdivx encontramos principalmente fansubs interlinguísticas, tal como
podemos verificar em (4), onde a língua de chegada maioritária é o português europeu.
Contudo, no caso de Opensubtitles não conseguimos deduzir a dimensão linguística
devido ao facto de as fansubs de português europeu se encontrarem dentro de uma outra
comunidade.
1.4.2. Dimensão técnica
Passamos a apresentar os parâmetros técnicos usados nestas comunidades.
27
Figura 4 - Regras de tradução e legendagem na comunidade Legendasdivx (captura feita a 20 de
outubro de 2019).
A tradução profissional está condicionada por parâmetros técnicos utilizados no
mercado. A comunidade Legendasdivx (figura 3 em (3)) disponibiliza “regras de
tradução” e “normas para a criação de legendas”18 aos seus utilizadores. Com base nos
dados recolhidos nessas páginas é possível averiguar que os parâmetros técnicos são os
seguintes:
Número de
linhas
Número máximo de
caracteres por linha
Duração mínima de
uma legenda
Duração máxima de
uma legenda
2 42 (variável) 1 segundo (variável) 5 segundos
(variável)
Tabela 1 - Parâmetros técnicos mencionadas pela comunidade Legendasdivx.
Portanto, verificamos que os parâmetros são estabelecidos, mas são variáveis e
podem oscilar dentro da comunidade.
18 É possível visualizar na página de Legendasdivx em https://www.legendasdivx.pt/modules.php?name=Wiki&page=Tutoriais.
28
1.5. Conclusão
Em suma, neste capítulo averiguamos que o conceito de fansubbing não é definido
de forma unânime. A possível limitação do fenómeno ao género anime ainda é um ponto
a destacar na definição e uso do termo fansubbing. No entanto, existem, de facto, aspetos
que influenciaram o modo da atuação dos fansubbers, tais como as evoluções
tecnológicas. Por evoluções tecnológicas devemos mencionar a distribuição de
programas de legendagem gratuitos e a introdução da Web 2.0. Esta não só permitiu a
distribuição digital das fansubs, revolucionando o acesso às mesmas, mas também
permitiu a criação de comunidade online que se formam em torno das fansubs. Nestas
comunidades online, os fansubbers criam interações enquanto fãs com base na produção
de legendas. Por outras palavras, a criação de fansubs tem motivações bastante complexas
e diversificadas. Porém, estas legendas emergem principalmente pelo interesse e gosto
num texto audiovisual, seja uma série ou filme. Assim, estes indivíduos integram um
fandom que não só consome, mas também gera e produz conteúdos, distinguindo-se da
tradução e legendagem profissional.
Por último, nas comunidades portuguesas de fansubbers verificamos que,
especialmente, na dimensão técnica de fansubs se estabelecem parâmetros diferentes dos
utilizados na legendagem profissional como, por exemplo, no número máximo de
caracteres por linha. Esta oscilação entre os parâmetros utilizados por profissionais e
fansubbers influenciará a condensação do texto audiovisual e as estratégias utilizadas na
tradução para legendagem de referências culturais.
30
2.1. Introdução
Até ao momento o foco deste trabalho incidiu sobre a Legendagem profissional
e fansubbing. Neste capítulo será dado destaque à segunda temática deste estudo: as
referências culturais extralinguísticas. Para se analisar este tema apresentar-se-á um
enquadramento teórico sobre as referências culturais.
Em primeiro lugar, analisar-se-á algumas definições e conceitos de referências
culturais de modo a guiar esta segunda parte da dissertação.
De seguida ir-se-á refletir sobre estratégias de tradução para legendagem de
referências culturais, passando pelo conceito e tipologias que serão objeto de análise.
Adicionalmente, analisar-se-á alguns fatores que poderão influenciar a estratégia
implementada pelo tradutor-legendador durante o processo de tradução e legendagem.
Em nosso entender, a tradução também envolve aspetos extralinguísticos que
podem distinguir as diferenças ou semelhanças culturais. Estes aspetos serão o foco deste
trabalho, mais concretamente a problemática da tradução para legendagem de referências
culturais no fansubbing e na tradução profissional.
2.2. Designação, conceito e definição
A distinção entre os elementos intralinguísticos (específicos de uma língua) e os
elementos extralinguísticos (específicos de uma cultura) é bastante ténue e nem sempre é
estável.
A cultura, segundo Davies (2003:68, citado por Bosch, 2016:20), define-se como:
“the set of values, attitudes and behaviours shared by a group and passed on by learning”.
A cultura abrange diversos aspetos da vida social, educacional, política, históricos, entre
outros. Os nossos comportamentos e a forma como comunicamos têm como base a nossa
inserção cultural. Portanto, a língua opera na realidade, sendo impossível desassociar a
mesma da cultura. O mesmo ocorre na tradução, pois o processo tradutório é cultural:
“Both linguistic equivalence and cultural transfer are at stake when translating” (Muñoz-
Calvo, 2010:2). Neste contexto, a tradução requer do tradutor-legendador o conhecimento
31
da CP e da CC, pois o conhecimento linguístico não equivale ao conhecimento cultural.
De facto, um indivíduo pode ser proficiente numa língua estrangeira, mas o mesmo não
significa que seja proficiente na cultura da mesma língua (Pedersen, 2011:47). Por um
lado, o tradutor-legendador tem de mediar diferentes culturas que podem, em alguns
casos, partilhar comportamentos socioculturais e elementos culturais. Por outro, é nos
casos em que existe um distanciamento entre culturas que o tradutor-legendador poderá
encontrar obstáculos de tradução, como no caso das referências culturais
extralinguísticas.
A definição de referências culturais está associada ao conceito de cultura definido
acima. Nesta ótica, vários conceitos e propostas de investigadores, nos Estudos da
Tradução, exploram a problemática das referências culturais, entre os primeiros Vlakhov
& Florín, (1970) que propuseram o termo realia. Este termo também foi abordado
posteriormente por Florin (1993) e Leppihalme (2011). À posteriori seguiram-se outros
conceitos como: cultural foreign words (Nida, 1945), cultural words (Newmark, 1988),
cultural-bound problems (Nedeergarden-Larsen, 1993), culture-bound items (Snell-
Hornby, 1995), cultural-specific itens (Aixéla, 1996), culture-bound terms (Díaz Cintas
& Remael, 2007 e Chesterman, 2016) e, na legendagem, extralinguistic cultural
references (Pedersen, 2003, 2011). O termo realia será usado neste estudo devido à sua
universalidade e abrangência. Em alguns casos, poderemos usar o conceito “referências
culturais” para evitar a repetição lexical.
O termo realia foi cunhado, inicialmente, por Vlakhov & Florin (1970)19 e foi
usado e reformulado, com base no material de investigação, por Leppihalme (2011). Nas
palavras de Vlakhov & Florin (1970, citado por Osimo, 2004:s.p.), realia refere-se a:
words (and composed expressions) of the popular language representing
denominations of objects, concepts, typical phenomena of a given geographic
place, of material life or of social-historical peculiarities of some people, nation,
country, tribe, that for this reason carry a national, local or historical color; these
words do not have exact matches in other languages (1969: 438).
19 Visto que os autores escreveram a sua obra Neperovodimoe v perevode. Realii em russo, a informação e tradução foi extraída de Osimo (2004) do site http://courses.logos.it/EN/3_33.html (Consultado a 10/05/19).
32
Florin (1993:123) apresenta-nos também uma definição de realia que vai ao
encontro da apresentada anteriormente por Vlakhov & Florin (1970), porém, refletindo
que as referências culturais requerem ao tradutor um procedimento distinto.
Realia (from the Latin realis) are words and combinations of words denoting
objects and concepts characteristic of the way of life, the culture, the social and
historical development of one nation and alien to another. Since they express local
and/or historical color they have no exact equivalents in other languages. They cannot be translated in a conventional way and they require special approach. (ênfase nossa)
Com base nas duas definições anteriores, podemos definir realia como palavras
ou combinações de palavras que referem objetos físicos ou conceptuais de uma cultura e
que se relacionam ao seu modo de vida social, político, económico ou histórico. Logo,
este termo (realia) refere-se a um conceito mais abrangente.
É o caso de Leppihalme (2011:126) que usa, no seu estudo, realia não só para
abranger referências materiais, mas também outras referências que ultrapassam o
tangível, tal como podemos verificar na passagem destacada: “In the broad sense then,
references to realia may include not only references to material items [...] but also
culture-bound notions and phenomena, such as religious or educational concepts,
taboos, values, institutions, etc.” (ênfase nossa). Além disso, Zabalbeascoa (2008:21)
reflete em relação à tradução audiovisual que a referência a um objeto não implica só a
relação a um texto, mas também o uso do objeto como meio de comunicação cultural:
“our perception and understanding of the object world is greatly influenced by our
cultural background”.
Adicionalmente, Leppihalme (2011:126) refere que realia são palavras ou
combinações de palavras com referência à realidade e que possuem uma relação com a
cultura original (cultura de partida).
Já Chiaro (2009:156), apesar de adotar o termo “culture-specific references”
(CSR), sublinha não só a exclusividade da pertença das referências culturais a uma só
cultura, mas que as referências culturais podem ser apresentadas por diferentes sinais,
sejam visuais ou verbais:
33
CSRs are entities that are typical of one particular culture, and that culture alone,
and they can be either exclusively or predominantly visual (an image of a local or
national figure, a local dance, pet funerals, baby showers), exclusively verbal or
else both visual and verbal in nature.
A definição apresentada acima considera a vertente polissemiótica do texto
audiovisual, pois o público poderá não só ver a referência (visual), mas ainda ouvi-la
(sonoro). Além disso, a autora refere que uma referência cultural pertence apenas a uma
só cultura. Desta forma, recusa, em parte, que uma referência possa ser partilhada por
duas culturas. Em parte, as referências culturais retratam um molde cultural ou evento
diferente que existe na CP (Nedergaard-Larsen, 1993:209).
Ainda no conceito de realia, Pedersen (2011:44) refere que o termo realia não
abrange personagens ficcionais, nomeadamente, Humpty Dumpty20.
Neste contexto, ao que concerne a referências ficcionais de realia, Loponen
(2009:167) sugere o termo irrealia para termos que existem no mundo ficcional:
The irrelia can tie the text into a specific genre or pre-existing fictional word […],
define the fictional word in relation to the real world or other fictional worlds
[…], or define explicit breaking points from our world or other fictional worlds
[…] (ênfase nossa)
Na passagem destacada pela autora da dissertação, Loponen sugere que
determinados termos ficcionais podem estar relacionados com o mundo real. Neste caso,
a fronteira entre realia e irrelia é ténue. Na verdade, se analisarmos a classificação
apresentada pelos autores iniciais (i.e. Vlakhov & Florin, 1970)21 verificamos que existe
a tentativa de inserir o ficcional na definição de realia. Como parte da temática etnografia,
os autores, sugerem na divisão “arte e cultura” os seguintes exemplos:
• Arte e cultura: “coro”, “blues”, “banjo”; “saga”, “geisha”, “carnival”, “Ramadan”,
“May Day”, “Easter”, “Passover”, “Hanukah”, “Thanksgiving”, “Santa Claus”,
“werewolf”, “vampire”, “flying carpet”, “Mormon”, “synagogue”.
20 Exemplo retirado de Family Guy temporada 13 episódio 14. Disponível em anexo. 21 A tradução foi extraída de Osimo (2004) do site http://courses.logos.it/EN/3_33.html (Consultado a 10/05/19).
34
Com base nos exemplos acima existe uma tentativa de incorporar personagens
ficcionais, nomeadamente, “werewolf22” e “vampire23”. Assim, a definição que Pedersen
defende de realia é, de certa forma, problemática face à definição apresentada por
Vlakhov & Florin (1970). De facto, apesar de algumas referências não serem “reais” e,
meramente, parte do mundo ficcional, devemos entender que, ainda assim, fazem parte
da CP, pois são criados nesta. Logo, sendo parte ou não do mundo ficcional, continuam
a ser um problema para o tradutor-legendador, pois dificultará a sua transposição e, talvez,
a possibilidade de obter um equivalente na CC.
Em alternativa a realia Pedersen (2011:43), propõe o termo extralinguistic
cultural references (ECR):
Extralinguistic Cultural Reference (ECR) is defined as reference that is attempted by means of any cultural linguistic expression [1], which refers to an extralinguistic entity [2] or process. The referent of the said expression may
prototypically be assumed to be identifiable to a relevant audience [3] as this is
within the encyclopaedic knowledge of this audience. (ênfase nossa)
Nas suas palavras, o autor define uma referência cultural extralinguística como o
uso de uma expressão linguística cultural para referenciar uma entidade extralinguística
ou processo. Adicionalmente, Pedersen (2011:43) refere em nota que a “linguistic
expression” [1] é independente de classe gramatical e de função sintática. A
“extralinguistic entity” [2] inclui personagens ficcionais. Por último, a “relevant
audience” [3] refere-se ao principal público-alvo como, por exemplo, o público de um
programa de televisão.
De facto, o autor ao usar o termo ECR reconhece que os obstáculos do tradutor
vão para além de problemas intralinguísticos. A sua definição torna-se pertinente quando
sublinha que o conhecimento do público (“conhecimento enciclopédico”) face à
referência exposta poderá influenciar a transposição para outra cultura.
22 Segundo a Infopédia (2003-2019), um lobisomem (“werewolf”) é um “homem que, segundo a crença popular, se transforma em lobo ou em animal semelhante, e vagueia de noite para cumprir o seu destino. Disponível em: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/lobisomem (Consultado a 12/08/19). 23 Segundo a Infopédia (2003-2019), um vampiro (“vampire”) é um “ente imaginário que sai de noite da sepultura para sugar o sangue das pessoas, sobretudo crianças”. Disponível em: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/vampiro (Consultado a 12/08/19)
35
Todavia, segundo Ranzato (2013:71), a definição de Pedersen (2011) não só
exclui da sua definição provérbios, idiomas e calão, pois o próprio autor (Pedersen,
2011:45) considera estes como elementos intralinguísticos. Na verdade, tal como Ranzato
(2013:71) ainda indica, também exclui elementos extralinguísticos como conceitos e
costumes da cultura, por exemplo, “when the ball drops” em referência à passagem de
ano novo nos EUA (Ranzato, 2013:71). Tomemos como exemplo o seguinte:
1) Mazel Tov!24
Em (1) temos uma expressão linguística hebraica utilizada numa ocasião
festiva. Esta expressão tem, de facto, uma ligação cultural a costumes e tradições de
uma determinada cultura. As referências culturais que são criadas num determinando
contexto cultural e são direcionadas, em grande parte dos casos, para um determinado
público da CP devido às alusões a que se refere, permitem salientar que a cultura, a
língua e as referências encontram-se profundamente interligadas. Na verdade, as realia
são criadas com base num sistema de referências que a comunidade da CP considera
como suas. Todavia, Pedersen (2011:45) opõe-se e sublinha que: “To say that the
linguistic expression itself is extralinguistic, just because it refers to matters outsider
the language, would not make much sense.”. Além disso, o autor ainda adiciona que:
If that were the selection criterion, all linguistic expressions, except for function
words (such as conjunctions and some uses of prepositions) and a very small
number of nouns, which have basically metalinguistic meaning (such as verb and
noun) would be considered extralinguistic.
Aliás, “when the ball drops” (Ranzato, 2013:71) e “Mazel Tov” são expressões
linguísticas com apelo extralinguístico e que, certamente, não são transpostas para
outras culturas, sendo as mesmas costumes.
Além disso, a definição apresentada por Pedersen (2011) também exclui títulos
honoríficos. Neste caso, devemos destacar que alguns autores definem títulos
honoríficos como intralinguísticos. No entanto, Caniato, Crocco & Marzo25 (2015) e
Díaz Cintas & Remael (2007) defendem no seu estudo a possibilidade de integrar os
24 O exemplo foi retirado do corpus Family Guy, temporada 10, episódio 12. 25 Para mais informações, sugere-se o artigo de Caniato, Crocco & Marzo (2015) sobre “Doctor or Dottore? How well do honorifics travel outside of Italy?”.
36
títulos honoríficos como elementos extralinguísticos, ou seja, realia. Aliás, ao
analisarmos o uso dos títulos honoríficos e profissionais em determinadas culturas,
verificamos que existe, claramente uma diferença cultural dos mesmos, por exemplo,
uma das definições de “Mayor26”.
Neste contexto, considerou-se que a definição de Pedersen (2005:2011) é
demasiado limitada para a análise proposta neste trabalho. No entanto, as estratégias e as
influências propostas pelo autor serão usadas posteriormente neste trabalho.
Ainda devemos refletir que os conceitos apresentados anteriormente e o próprio
conceito e definição de realia variam com base no método de estudo e investigadores. É
preciso salientar que nenhum termo ou definição deve ser considerado estático ou
imutável, já que os mesmos se inserem no contexto histórico e sociocultural do seu uso.
Em suma, com base nas definições e investigação apresentada até ao momento,
iremos definir o termo realia como:
• Palavras ou conjunto de palavras que referem uma determinada cultura e que estão
associadas a referências extralinguísticas ficcionais ou não ficcionais, a objetos
físicos ou conceptuais, fenómenos, conceitos, crenças, vida quotidiana, incluindo
títulos honoríficos.
Em suma, o tradutor-legendador terá de usar estratégias de tradução para
selecionar o modo como irá proceder perante as realia.
2.2.1. Estratégias de tradução de realia
Nesta secção serão apresentadas as estratégias de tradução de realia que serão
consideradas neste trabalho.
Em primeiro lugar, começar-se-á por definir o conceito “estratégias” e de que
modo será usado neste trabalho.
26 O exemplo foi retirado do corpus Family Guy, temporada 13, episódio 13.
37
Em segundo lugar, após a investigação de várias propostas de estratégias de
tradução, analisar-se-á uma tipologia de estratégias de tradução de referências culturais
ou realia.
Neste contexto, devemos realçar que, com base numa revisão bibliográfica, se
verificou que o conceito de “estratégia” não é unânime: “(...) it is not only used in different
ways, but it also seems to be in competition with a dozen other terms (in English):
procedures, techniques, operations, changes, shifts, methods, replacements, etc.
(Gambier, 2010:412). Na verdade, são, em parte, sinónimos usados por diversos
investigadores com diferentes aceções. Aliás, Gambier (2009:18) reflete que existem
inúmeras estratégias e denominações na Legendagem. Apesar das diferentes aceções
adotadas pelos investigadores, uma estratégia resolve um problema de tradução
(Chesterman, 1997/2016:87). Nesta linha, visto que o termo “estratégia de tradução” é o
mais usado nos Estudos Descritivos (Pedersen, 2011:69), este será empregue neste
estudo. Há ainda que mencionar que o conceito “estratégias” é normalmente usado para
descrever e comparar as soluções obtidas da relação entre o TP e TC (Gambier,
2010:415).
Para começar apresentemos a abrangência da intervenção das estratégias com base
em Gambier (2010) e Chesterman (1997/2016). Por um lado, Gambier (2010:417) usa o
termo “estratégias” como uma intervenção a um nível global (macro) e como o texto deve
ser traduzido num todo, por exemplo, se o texto deverá ser domesticado ou
estrangeirizado27. Assim, numa intervenção a um nível local (micro) seria usado o termo
“técnicas” ou “procedimentos”.
Por outro, Chesterman (2005:26, citado por Pedersen, 2011:69) opta por
considerar “métodos” como decisões adotadas a um nível macro (global). Enquanto as
“estratégias” e as “técnicas” são adotadas a um nível local (micro). Nesta mesma linha de
pensamento de Chesterman (2005:26, citado por Pedersen, 2011:69) e Pedersen
(2011:69-70), será definido e usado “estratégia de tradução” como uma intervenção
produzida a um nível local e “método” uma intervenção a nível global.
27 Os termos “domesticação” e “estrangeirização” originam de Venutti (1995).
38
Na verdade, as estratégias são “um tipo de processo” (Chesterman, 1997/2016:86)
e refletem: “forms of explicitly [sic] textual manipulation” (Chesterman, 1997/2016:86),
pois tratam-se de processos linguísticos realizados ao nível do texto e resultantes de um
problema encontrado pelo tradutor num determinado momento (Valdez, 2009:61).
Chesterman (1997/2016:86) ainda sublinha que as estratégias podem resultar de
procedimentos conscientes ou inconscientes e nem sempre facilmente identificáveis. Na
sua essência, as estratégias permitem-nos analisar a relação entre o TP e o TC para apontar
soluções de tradução (Chesterman, 1997/2016:86). Assim, é possível analisar como o
tradutor resolveu um problema de tradução na análise do TP com o TC.
Já os métodos podem influenciar as estratégias, pois se um texto for orientado
para a CC, as estratégias serão, certamente, conscientemente escolhidas com base nessa
premissa.
As estratégias, enquanto parte da relação entre o TP e o TC, são as opções que um
tradutor tem ao seu dispor para resolver um problema de tradução. Sun (2013:5409)
afirma que: “Since a translation strategy involves problem solving, a categorization of
translation problems would correspond to a categorization of translation strategies”. Com
base na afirmação, o tradutor seleciona de um conjunto de estratégias a(s) que considera
apropriada(s) para o obstáculo que se apresenta. Assim, o “problema” é um conceito
mutável (Gambier, 2010:416).
Ao aplicarmos estes conceitos às estratégias, verificamos que alguns autores
agrupam um conjunto de estratégias para ajudar a resolver a (in)traduzibilidade das
referências culturais da CP para a CC, tal como Pedersen (2011:71-100). De seguida,
apresentamos uma seleção de diferentes propostas de vários investigadores relativamente
a estratégias de tradução como as mais reconhecidas dos Estudos da Tradução.
Posteriormente passamos para a análise da taxonomia de estratégias de tradução de realia
consideradas relevantes para este estudo e modalidade aqui presente, com base em
Pedersen (2011:75).
39
Aqui apresentamos algumas das taxonomias de estratégias de tradução.
Taxonomias de estratégias
Taxonomias de estratégias de tradução Taxonomias de estratégias de tradução
para legendar referências culturais
Vinay & Darbelnet (1995) Nedergaard-Larsen (1993)
Chesterman (1997/2016) Leppihalme (1997)
Karamitroglou (1998)
Díaz Cintas & Remael (2007)
Gottlieb (2009)
Pedersen (2005, 2011, 2016) Tabela 2 – Seleção de taxonomias de estratégias de tradução e legendagem.
Com base na investigação realizada na tabela 2 verificamos que a seleção da
taxonomia a utilizar no estudo aqui presente teria que ir ao encontro dos seguintes
elementos:
1. Se os investigadores analisaram a problemática das referências
culturais/realia.
2. Se o estudo teve em conta a modalidade aqui analisada (Legendagem).
3. O número de estratégias face ao corpus aqui presente.
4. Em que taxonomias anteriores é a presente baseada e a sua atualidade.
5. A relação entre o corpus utilizado pelo autor e o aqui presente.
De facto, Pedersen (2011:72) reflete que a especificidade da taxonomia com o
método de estudo a analisar tornava-a mais pertinente para investigação.
Aliás, Gottlieb (2009:32) reflete no seu estudo que:
As always in the arts and humanities, classification is bound to be
somewhat arbitrary, but three major concerns when establishing ways to discern
patterns in one’s data must be that:
1) Categories are established to accommodate all findings,
2) Different categories reflect significant differences in one’s findings, and
40
3) the number of categories reflect the number of findings: a small set of
data does not tally with a great number of categories.
Desta forma, para acomodar as descobertas deste estudo, concluiu-se que a
taxonomia de Pedersen (2011:74-100) seria relevante para análise. Contudo, tal como
Bosch (2015:23) aponta, Pedersen (2011) não abrange na sua taxonomia a estratégia
“(re)criação” que Díaz Cintas & Remael (2007), Davies (2003) e Leppihalme (1997)
englobam. Segundo Leppihalme (1997:122), a: “(re)criação é uma referência indireta à
realia do TP, usando a capacidade criativa do tradutor”:
Re-creation indeed seems an appropriate description for the search for a
translation that would convey as much of the meaning and 'feeling-tone' (…) the
allusion in context as possible. It is also a creative process, not just re-creation but
creation, resembling the work of an author, hard to describe and harder to
implement.
Com base no excerto a (re)criação é uma opção criativa por parte do tradutor e
que reúne várias estratégias.
Assim, ir-se-á modificar a taxonomia de Pedersen (2011: 75) através da inserção
da estratégia (re)criação.
O autor, por sua vez, propõe um conjunto de estratégias de tradução agrupadas em
dois grandes grupos: as estratégias orientadas para a CP (source-oriented) e as estratégias
orientadas para a CC (target-oriented). Aliás, Pedersen (2011:73) baseia a sua taxonomia
em Leppihalme (1994), Nedergaard-Larsen (1993) e Gottlieb (2009) e apresenta uma
construção empírica. Por outras palavras, as estratégias propostas pelo autor
fundamentam-se em dados reais extraídos da análise de legendas, algo que, certamente,
vai ao encontro da análise aqui presente. De seguida apresentamos a taxonomia de
Pedersen (2011).
41
Figura 5 - Estratégias de tradução de realia de Pedersen (2011).
Estratégias orientadas para a CP:
• Retenção – As realia da CP são transferidas para a CC. A retenção pode realizar-
se de duas formas: Completa e Ajustada à LC.
- Completa – A transferência das realia pode implicar, em alguns casos, o uso
de elementos como, por exemplo, aspas ou itálico. Em outros casos, não
existe demarcação das realia do resto do texto.
o Marcada - Pode envolver o uso de itálico ou aspas para salientar as realia
do resto do texto.
Ex: TP: He sounds like Dirty Harry.
TC: Parece o Dirty Harry.28
o Não marcada – Não são utilizados elementos demarcatórios do resto do
texto.
Ex: TP: Wait, you mean Comedy Central didn’t invent those?
TC: Espera, queres dizer que a Comedy Central não inventou isso?
28 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem profissional do episódio 10.
42
- Ajustada à LC – As realia são ligeiramente ajustadas à LC como, por
exemplo, a ortografia.
Ex: TP: You’re going down at that karate tournament.
TC: Vais cair naquele torneio de karaté.29
• Especificação – As realia tornam-se mais específicas na CC. A adição de
informação pode realizar-se de duas formas: Adição ou Explicitação.
- Adição – Envolve a adição de informação semântica como, por exemplo, o
título profissional ou a adição de um adjetivo qualificativo.
Ex: TP: I asked Peter what he got on his S.A.T.s.
TC: Perguntei ao Peter quanto teve no seu exame S.A.T.30
- Explicitação - Envolve a adição de informação que se encontra subjacente às
realia do TP como, por exemplo, a adição do nome próprio de um indivíduo
ou nome oficial, a especificação dos acrónimos e de abreviaturas.
Ex: TP: Are you kidding? You took on the star of “Kinsey”!
TC: Estás a brincar? Atiraste-te à estrela de “Relatório Kinsey”!31
• Tradução direta – Envolve a tradução sem alterações semânticas das realia na CC.
A tradução direta pode realizar-se de duas formas: decalque e filtragem.
- Decalque – Envolve o empréstimo das realia da CP através da tradução direta
na CC. O resultado poderá ser uma tradução pouco familiar para a CC.
Ex: TP: A fig.
TC: Sabes o que comi hoje? Um figo.32
- Filtragem – Pode envolver, durante a tradução das realia na CC, a mudança
na ordem das palavras ou uma tradução palavra a palavra. Em oposição ao
decalque, o resultado da filtragem poderá ser uma tradução familiar para a
CC.
Ex: TP: And we both cheat at “Words With Friends”.
TC: E ambos fazemos batota em "Palavras Com Amigos".33
29 Exemplo retirado do corpus de tradução e legendagem profissional do episódio 15. 30 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem do fansubber do episódio 16. 31 Exemplo retirado do corpus de tradução e legendagem profissional do episódio 10. 32 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem profissional do episódio 13. 33 Exemplo retirado do corpus de tradução e legendagem do fansubber do episódio 11
43
Estratégias orientadas para o CC:
• Generalização – As realia tornam-se menos especificas na CC do que na CP. A
generalização pode realizar-se de duas formas: Termo Superordenado e Paráfrase.
- Termo Superordenado - Envolve o estabelecimento de relações lexicais
através de elementos gerais na CC.
Ex: TP: So, you say this gumball machine took your dime and didn’t give
you a gumball?
TC: Então, dizes que esta máquina de pastilhas ficou com a tua moeda e
não te deu uma pastilha?34
- Paráfrase – Envolve a substituição das realia da CP por uma frase mais
extensa nas realia da CC.
Ex: TP: I Snapchatted Matt Gackerack a Kodak of my ass crack!.
TC: Enviei uma foto do rego do meu rabo pelo Snapchat ao Matt
Gackerack. 35
• Substituição – As realia da CP são substituídas na CC por outras, seja da CP ou
da CC. A substituição pode realizar-se de duas formas: Substituição Cultural e
Substituição Situacional.
- Cultural – Envolve substituir as realia da CP por outras realia da CP, da CC
ou de uma terceira cultura.
o Realia Transcultural – As realia da CP são substituídas por outras realia
mais conhecidas da CP ou de uma terceira cultura (Pedersen, 2011:91).
Ex: TP: It’s called jacks.
TC: Chama-se jogo da bugalha.36
Realia da CC – As realia da CP são substituídas por outras da CC.
Ex: TP: Thank you, Mayor West.
TC: Obrigado, Presidente West.37
34 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem do fansubber do episódio 11. 35 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem profissional do episódio 16. 36 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem do fansubber do episódio 18. 37 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem do fansubber do episódio 14.
44
- Situacional – As realia da CP são substituídas por algo que possa ou não estar
relacionado com as realia. Esta estratégia pode ser considerada como uma
“quase-omissão” (Pedersen, 2011:95).
Ex: TP: Sliders, I think they're called.
TC: Acho que se chamam miniaturas.38
• Omissão – As realia são omitidas na CC.
Ex: TP: So that million dollar check you gave me yesterday is no good?
TC: Então o cheque de um milhão Ø que me deste ontem não presta?39
• (Re)criação – As realia da CP são modificadas de forma criativa na CC, usando
um conjunto de várias estratégias e que alude às conotações das realia da CP
(Leppihalme, 1997:84). Deste modo, é possível estabelecer conotações ou uma
referência indireta às realia da CP (Leppihalme, 1997:84).
Ex: TP: I'm happy to say your sufferin' succotash was absolutely delicious.
TC: (…) fico feliz por dizer que a sua Sinfonia de Milho e Feijão era
incrivelmente deliciosa.40
Sem categoria - Equivalente oficial –Envolve uma tradução pré-definida/pré-usada de
realia da CP na CC. Por outras palavras, poderá ser uma “Tradução Reconhecida” como
oficial ou de uso generalizado por uma instituição (Newmark, 1988: 89).
Ex: TP: He was, like, the main guy in Office Space.
TC: Ele era o tipo principal em “O Insustentável Peso do Trabalho”.41
Na verdade, as estratégias podem ser combinadas, como se pode ver abaixo:
Ex: TP: He was in at least five “Sex in the Citys”.
TC: Ele esteve em pelo menos em cinco episódios de “O Sexo e a Cidade”.42
No exemplo acima, existe a combinação de duas estratégias: especificação e
equivalente oficial. O tradutor profissional opta por adicionar informação (“episódios”) e
38 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem do fansubber do episódio 10. 39 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem profissional do episódio 10. 40 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem do fansubber do episódio 12. 41 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem do fansubber do episódio 12. 42 Exemplo retirado do corpus da tradução e legendagem profissional do episódio 12.
45
usa um equivalente oficial (“O Sexo e a Cidade”), que no caso dos títulos dos filmes
poderá estar pré-definido por uma identidade competente.
Note-se que no processo tradutório nem todas as estratégias envolvem tradução
ou mudanças linguísticas na CC, tais como a omissão e a retenção (Pedersen, 2011:69).
No caso de omissão, apesar de ser uma estratégia de tradução, pois implica uma
intervenção realizada pelo tradutor relativamente ao problema-solução entre a CP e a CC,
não existe tradução. De facto, existe a perceção de que a Legendagem se centra em perdas
e omissões de informação devido a constrangimentos espaciais e temporais e não são
mencionadas outras estratégias, como reformulações ou adições (Gambier, 2009:18).
Aliás, tal como podemos verificar na listagem acima (ver estratégias de tradução)
determinadas estratégias são mais “intervencionais” no TC do que outras.
Nas palavras de Pedersen (2011:101), estas intervenções estão organizadas em dois
planos (intervenções realizadas no texto a nível global): as “alterações mínimas” (minimal
change) e as “intervencionistas” (interventional)43. As “alterações mínimas” abrangem:
retenção, tradução direta e equivalente oficial. As “intervencionistas” abrangem:
generalização, especificação e substituição. À última foi adicionada, pela autora da
dissertação, a (re)criação. Além disso, a omissão não tem categoria, pois, segundo o autor
(Pedersen, 2011:102), poderá ser inserida em ambas categorias.
Esta categorização torna-se pertinente, especialmente, na análise das legendas
para verificar se o tradutor-legendador profissional ou fansubber optou por estratégias
mais “invasivas” ou “intervencionistas”. Desta forma, ser-nos-á possível concluir se a
Legendagem foi orientada para a CP ou CC e determinar a tomada de decisão do tradutor-
legendador profissional e fansubber relativamente ao tipo de tradução adotada.
Aliás, tal como se pode verificar na figura 5, as estratégias que os tradutores optam
por usar, pode variar de uma transferência direta (extremos esquerdo da figura 5) para
uma transferência criativa (extremo direto da figura 5) (Díaz Cintas & Remael,
2007:201). Decerto a aplicação das estratégias acima enumeradas poder-se-á empregar
43 Tradução nossa.
46
conforme o conhecimento que a CC possui da CP, por exemplo, a influência da cultura
americana sobre a portuguesa.
Tal como foi referido anteriormente, um produto audiovisual é criado num
determinado contexto (ou cultura) para um determinado público. Assim, as referências,
em grande parte, que são inseridas no mesmo, poderão lhes ser familiares (Fernandes,
2007:84). Portanto, o tradutor terá de medir a distância entre as duas línguas e culturas
(Nedergaard-Larsen, 1993:222) e assim, aplicar a estratégia que considera mais
apropriada para a CC aceda às realia.
Conforme Delabastita (1989:210) descreve, pode haver variações (no âmbito do
tradutor) e normas implementadas (seguimento de determinados padrões). As normas
implantadas abrangem o género (tipo de texto), considerações de grupos da língua-alvo e
posição da língua ou cultura de chegada para com outras culturas.
Assim, a escolha da estratégia a utilizar, pode ocorrer devido a diversas
influências. De seguida, apresentamos algumas das mesmas a nível global ou local.
2.2.1.1. Influências na escolha da estratégia
Nesta secção, ir-se-á analisar os parâmetros e as decisões que podem influenciar
o par problema-solução.
Conforme Karamitroglou (1998:s.p.): “The choice of which alternative to apply
depends on the culture-specific linguistic element itself, as well as on the broader,
contextual, linguistic or non-linguistic aural and visual situation in which it is embedded.”
Portanto, na relação TP e TC, o tradutor deverá considerar tanto a referência como o seu
contexto situacional ou linguístico e, consequentemente, o seu público-alvo.
Relativamente ao público, o tradutor deverá optar por aproximar o TP ao público ou o
público ao TP.
Contudo, um dos grandes problemas das realia acontece quando não existe um
equivalente na CC, reconhecido como um “vazio referencial” (Rabadán, 1991:164, citado
por Díaz Cintas & Remael, 2007:201). Logo, o tradutor terá de encontrar uma opção que
ajude o público a aceder às realia. Conforme Díaz Cintas (2003a:247), não existe uma
47
decisão consensual sobre a estratégia a implementar, pois as escolhas do tradutor irão
depender das realia em questão, do objetivo da tradução, do contexto da tradução e da
natureza da mesma como, por exemplo, o género, da modalidade e das qualidades do
tradutor. Assim, as estratégias empregues poderão variar pelos tópicos acima
enumerados, mas também dependendo do tradutor.
Conforme Pym (2012:69), “a properly translational problem allows several
solutions, from which the translator is normally required to select one, quickly, and in
accordance with some kind of reason”. De facto, um tradutor tem ao seu dispor um
conjunto de opções que poderá utilizar, porém, a sua escolha será influenciada por
diversas razões.
Para além dos constrangimentos da legendagem que abordámos inicialmente
neste estudo (ver secção 1.2.), existem outros aspetos que podem influenciar a escolha
das estratégias de tradução. Segundo Pedersen (2011:105), os aspetos que podem
influenciar a escolha da estratégia são:
Transculturalidade Relação com o mundo
Extratextualidade
Centralidade Relação com o texto
Polissemiótica Parâmetros
de legendagem Constrangimentos
específicos do meio
Co-texto A ocorrência
e redundância
Situação da legendagem Relação do texto
com o mundo Tabela 3 – Os setes parâmetros influenciadores de Pedersen (2011:105-120).
Com base na tabela 3 verificamos que os parâmetros são essenciais para revelar o
porquê da escolha do tradutor-legendador. Pela mesma razão, os parâmetros delimitam a
forma como podemos traduzir uma referência. Assim, tornam-se influenciadores na
tomada de decisão durante o processo de tradução.
48
O primeiro parâmetro apresentado por Pedersen (2011:105) é a
Transculturalidade. O autor define este parâmetro com base na familiaridade de uma
referência cultural, Ora, Pedersen (2011:106) ao basear-se na obra de Leppihalme
(1997:4), Culture Bumps: An Empirical Approach to the Translation of Allusions, reflete
que a distância cultural vai condicionar o uso das estratégias. Desta forma, o tradutor
deverá ter em conta a distância entre as culturas, o conhecimento adquirido e partilhado
entre os falantes da LP e da LC. Nesta ótica, podemos dividir o conhecimento dos falantes
em três níveis (ver figura abaixo).
Figura 6 - Níveis de transculturalidade (Pedersen, 2011:107).
Com base na figura 6 o tradutor terá de considerar o possível conhecimento das
realia por parte do público-alvo. No que concerne à distância entre culturas, e que poderá
influenciar a escolha do tradutor, a audiência da CC poderá não partilhar o mesmo
conhecimento com a CP como, por exemplo, história, valores, costumes, entre outros. Na
verdade, na literatura sobre a tradução de realia, estes elementos são, maioritariamente,
conhecidos na CP, mas nem sempre na CC (Ferreira, 2011:12). Assim, o conhecimento
cultural partilhado tem um papel fundamental na forma como as realia são transpostas
para a CC. A figura 6 que, de certa forma, revela os níveis de transculturalidade,
demonstra como diferentes culturas se relacionam e o nível de conhecimento que a CC
49
tem das realia da CP. Um dos desafios na tradução é quando o público da CC não
compreende as realia e pode, consequentemente, provocar uma falha na transmissão da
mensagem. Logo, o tradutor deve mediar a CP e a CC quando o público da CC não se
encontra familiarizado com as realia expressas.
Assim, apresentemos de seguida como os três níveis podem influenciar a tomada
de decisão do tradutor:
a) Transcultural - É uma referência cultural que é reconhecida tanto na CP como
na CC (Pedersen, 2011: 107). Aliás, a referência poderá originar de uma
terceira cultura e o seu uso é categorizado como globalizado, por exemplo,
“pizza”. Assim, não é considerada problemática para a tradução.
b) Monocultural – É uma referência cultural que é reconhecida na CP, mas não
na CC. Contudo, Pedersen (2011:108) refere que não podemos presumir que
a referência é reconhecida por todos os membros da CP, mas sendo membros
da mesma terão uma maior probabilidade de aceder à referência face aos
membros da CC. Neste contexto, é importante destacar que o público-alvo e
o género do texto também estão em causa (Pedersen, 2011:108). Dentro de
uma comunidade podemos ainda ter subgrupos que se encontram
familiarizados com uma referência cultural (conhecimento especializado) e
que a reconhecem como transcultural, enquanto a comunidade geral a
considera como monocultural. Assim, é problemática na tradução. O referido
“conhecimento especializado”, que envolve também o conhecimento do
género, poderá influenciar a perceção da referência face ao mundo. Este
parâmetro poderá ser diferenciador na tradução do fansubber e profissional,
pois o que o fansubber considera como transcultural, o tradutor profissional
poderá considerar como monocultural.
c) Infracultural – É uma referência que poderá não ser reconhecida nem na CC
nem na CP devido à sua especificação, por exemplo, nomes de ruas. Na
verdade, uma referência infracultural poderá ser monocultural para alguns
grupos. Nestas ocorrências, os outros parâmetros poderão ajudar a decifrar o
referente como, por exemplo, o co-texto.
50
Porém, quando olhamos para os três níveis do conhecimento do mundo
relativamente à referência cultural, verificamos que se torna difícil, em alguns casos,
definir o que é globalmente reconhecido ao ponto de ser tomado como parte do
“conhecimento enciclopédico” (Pedersen, 2011:101). Ranzato (2013:79) realça:
(...) to consider the word ‘Brooklyn’ as globalised or, in Pedersen´s words,
transcultural, because most people in the Western world are familiar with this area
thanks to US films, TV shows and today’s easier travelling conditions, increases
the already high risk played by subjectivity in defining CSRs.
Por um lado, podemos definir a “globalidade” de uma referência com base no que
vemos no nosso dia-a-dia e como afeta os nossos comportamentos como, por exemplo,
podemos considerar “pizza” como uma referência globalizada. De facto, as línguas
agregam elementos de outras culturas, portanto esta penetração da globalização diminui
a distância cultural. Em alguns casos, podemos presenciar um processo de globalização,
onde são usadas referências culturais consideradas globais de modo a estender-se a um
público mais diversificado e internacional. Ora, os produtos audiovisuais que são uma
forma de exportar a língua e a cultura da CP (Díaz Cintas, 2007:16), são impostos por
estes problemas, pois nem sempre alcançam o processo de globalização.
Por outras palavras, o conhecimento enciclopédico provém da nossa capacidade
de conceptualizar o universo das referências. Wotjak (1997:105) acrescenta que: “the so-
called realia, that is, cases of zero-equivalence due to divergent conceptualisations
and designation/denotation, as well as to differences in how the events and processes
denotated are appraised and the differences in the connotations of linguistic and semiotic
signs/gestures, etc.” (ênfase nossa). O autor destaca que os casos de realia apresentam
problemas, neste caso de tradução, devido ao modo como diferentes culturais
conceptualizam o mundo que os rodeia. Logo, diferentes culturas terão diferentes
conceções do mundo. Além disso, as mesmas realia poderão ter diferentes conceções em
diferentes culturas devido à moldura cultural em que se inserem como, por exemplo,
“Mazel Tov”. Esta expressão que apesar de se ter tornado coloquial, pode ter uma relação
com a religião, neste caso, o judaísmo. Aqui podemos supor que numa outra cultura
teríamos que encontrar uma expressão diferente, mas com o mesmo significado, tendo
em conta que a molde religioso difere. Neste âmbito, o tradutor, que terá de tomar uma
decisão no TC, tendo como base um dos parâmetros, a transculturalidade.
51
Esta dificuldade em definir qual é “conhecimento enciclopédico do público” em
relação ao mundo, é um obstáculo na tradução das realia. Neste contexto, Schleiermacher
em “Sobre os Diferentes Métodos de Traduzir” (1819/2003) defende que o conhecimento
é adquirido através do que nos é “alienante” (Schleiermacher, 1819/2003:15), neste caso
realia monoculturais e infraculturais. Aliás, salienta-se o argumento de Díaz Cintas em
Studies on Translation and Multilinguism. Crowdsourcing (2012:69), que devido à
presença constante da banda sonora e do texto original, a legendagem nunca será
completamente domesticada.
Para além do parâmetro já enumerado, a transculturalidade, apresentamos de
seguida outros parâmetros que Pedersen (2011:105-120) sublinha que poderão influenciar
o processo de tradução e legendagem, tais como:
• Extratextualidade – Refere-se a uma referência cultural que existe dentro ou fora
do texto (Pedersen, 2011:110). Este parâmetro poderá ser dividido em outros dois:
– Externo ao texto: Abrange uma referência que existe na CP.
– Interno ao texto: Abrange uma referência que existe e é criada dentro de um
texto.
• Centralidade – Engloba a importância que a referência possui dentro de um texto
(Pedersen, 2011:111). Este parâmetro poderá determinar a estratégia usada como,
por exemplo, a retenção ou a omissão.
No que concerne à importância da referência no TC, Florin (1993:127)
reflete que: “Choice [da estratégia] may also be connected to with the importance
of the realia in the context.”. Em nosso entender, em determinados contextos, a
referência poderá ter um papel fundamental no objetivo discursivo como, por
exemplo, em textos humorísticos em que a referência é usada como auxílio do
género cinematográfico.
• Polissemiótico – Engloba a importância dos sinais semióticos do texto
audiovisual44. Segundo Pedersen (2011:113), este parâmetro deverá ser realçado
44 Ver secção 1.1.
52
quando abordamos a Legendagem para saber como podemos guiar o público.
Uma vez que a informação apresentada nas legendas (diálogo) poderá ser
redundante, se estiver a ser representada paralelamente na imagem. Tal como
Gottlieb (2009:25) afirma: “(…) screen productions are polysemiotic by nature,
the information conveyed through the non-verbal channels will often help get the
message across to target audiences if the subtitles do not render ‘everything’ in
the original dialogue.”
• Co-texto – Engloba a existência de várias repetições da mesma referência ao longo
do texto. A explicação da referência numa determinada altura do texto, permite
ao tradutor a possibilidade de não ter que repetir a tarefa em todas as suas
ocorrências (Pedersen, 2011:114).
• Condicionalismos do meio – Engloba os constrangimentos da legendagem45.
• Contexto da legendagem – Engloba os aspetos que são exteriores ao texto como,
por exemplo, prazos de entrega, o perfil do tradutor, empresa, entre outros.
Em nosso entender, devido à extensão deste trabalho, não seria realista abranger
na análise todas os parâmetros acima enumerados. Assim, para este trabalho, ir-se-á
favorecer a análise dos seguintes parâmetros influenciadores na tradução e legendagem:
• Transculturalidade.
• Polissemiótico.
• Condicionalismos do meio.
• Contexto da Legendagem.
Adicionalmente, nas palavras de Florin (1993:127), “Choice [of the strategy] may
also be connected to with the reader of the translation”. Nesta linha, o contexto da
Legendagem, que envolve o perfil do público do TT, nem sempre poderá ser transparente
para o tradutor-legendador, pois poderá não ser de seu conhecimento.
É ainda importante salientar que a estas influências, junta-se o género a traduzir e
legendar, tal como mencionamos anteriormente. Conforme Pedersen (2011:63), “There
are certain genres that seem to be ECR-friendly, and genres that do not make much use
45 Ver secção 1.1.
53
of ECRs.”. Assim, certos géneros criam uma ligação com o mundo exterior apelando a
um maior uso de realia. Estes géneros serão, por exemplo, comédia, ação e crime.
Assim como, por exemplo, Nedergaard-Larsen (1993:221) refere que o género é
fundamental para a escolha da estratégia, sendo a língua fundamental no humor. O que é
considerado como importante num diálogo humorístico poderá não o ser num filme de
terror.
2.3. Conclusão
Em suma, neste capítulo averiguamos que a tradução é muito mais do que um
processo linguístico, mas é também um processo cultural. É nos casos em que existe um
distanciamento cultural entre a CP e a CC que o tradutor-legendador terá de contornar
determinados obstáculos de tradução, neste caso: as referências culturais
extralinguísticas. O termo e definição de realia adotado neste estudo, que reflete a
problemática da transposição de diferentes contextos socioculturais de uma cultura para
outra, define-se como palavras ou conjunto de palavras que referem uma determinada
cultura e que estão associadas a referências extralinguísticas ficcionais ou não ficcionais,
a objetos físicos ou conceptuais, fenómenos, conceitos, crenças, vida quotidiana,
incluindo títulos honoríficos.
Devido a estes obstáculos, o tradutor-legendador terá de mediar ambas culturas
através de procedimentos que se encontram à sua disposição. Neste caso, estes
procedimentos são designados como estratégias de tradução a nível local e métodos de
tradução a nível global. O seu uso permite analisar e comparar o TP com o produto do
TC. Além disso, as estratégias poderão ser orientadas para o TP ou o TC. Contudo, este
comportamento nem sempre é consciente e irá depender de vários parâmetros que irão
influenciar o processo de tradução.
Ora, tal como verificamos, os parâmetros influenciadores são essenciais para
revelar a razão da escolha do tradutor-legendador num determinado contexto. Trata-se de
sublinhar que o tradutor-legendador não é só condicionado por parâmetros linguísticos,
como culturais, contextuais e técnicos.
55
3.1. Introdução
Neste capítulo, iremos descrever como as perguntas de investigação irão servir de
fundamento para o presente estudo e de que forma a metodologia irá contribuir para as
mesmas.
Nas secções anteriores foi apresentado um enquadramento teórico com base numa
revisão bibliográfica sobre o fansubbing e a tradução e legendagem de referências
culturais. Nesta vertente, ir-se-á analisar a sitcom norte-americana Family Guy (abreviada
de FG). Este capítulo irá iniciar-se com as perguntas de investigação que fundamental o
estudo aqui proposto, seguindo da descrição do corpus de análise, e, por fim, a descrição
do modelo de análise que será adotado neste trabalho.
3.2. Perguntas de investigação
Até ao momento a investigação teórica apoiou-se na solidificação do tema proposto
e na finalidade da investigação. As matérias desenvolvidas permitiram-nos criar uma base
teórica para podermos aplicar as perguntas de investigação. Assim, começar-se-á por
introduzir a questão que apoiou a recolha dos dados:
1. Em relação às estratégias e ao produto de tradução para legendagem de referências
culturais como se comportam os fansubbers em comparação com os tradutores-
legendadores profissionais no par linguístico inglês-português europeu?
Nesta ótica, a partir da pergunta de investigação que centra o presente estudo,
considerou-se pertinente enumerar as seguintes subperguntas:
1.1.
a) Quais são as diferenças do fansubbing na tradução para legendagem de
referências culturais face à tradução profissional no par linguístico inglês-
português europeu na série Family Guy?
b) Quais são as semelhanças do fansubbing na tradução para legendagem de
referências culturais face à tradução profissional no par linguístico inglês-
português europeu na série Family Guy?
56
1.2. A tradução de referências culturais do fansubber é orientada para o texto de
partida?
1.3.Qual é a estratégia mais utilizada pelo tradutor-legendador profissional na
tradução de referências culturais para legendagem no par linguístico inglês-
português na série Family Guy?
1.4.Qual é a estratégia mais utilizada pelo fansubber na tradução e legendagem de
referências culturais no par linguístico inglês-português na série Family Guy?
Por outras palavras, pretende-se, neste estudo, desenvolver uma análise
comparativa das estratégias de tradução de referências culturais usadas pelo tradutor-
legendador profissional e fansubber. Com base na análise das fansubs, poderemos
examinar como o fansubber resolve o par problema-solução no contexto das referências
culturais na tradução e legendagem face à tradução e legendagem profissional,
especificamente, de inglês para português europeu.
3.3. Definição e descrição de corpus
A corpus can be described as a large collection of authentic texts that
have been gathered in electronic form according to a specific set of
criteria.
(Bowker & Pearson, 2002:9)
Antes de iniciarmos a análise do tema aqui desenvolvido, ir-se-á descrever as
unidades de análise que serão usadas como ferramenta de investigação nesta dissertação.
Desta forma, ser-nos-á possível descrever os procedimentos que serão utilizados na fase
de análise.
Segundo Bowker & Pearson (2002:9), um corpus é um vasto conjunto de textos
que exemplificam a comunicação humana (em oposição a texto pré-fabricados) face a
textos recolhidos e produzidos de forma eletrónica (em oposição a textos em papel) com
base nos critérios de investigação. Aliás, um corpus é um texto representativo da língua,
ou seja, representa dados empíricos extraídos para análise de um objeto de investigação.
De facto, nas palavras de McEnery (2006:52): “One of the most obvious advantages of
using a corpus, as compared with intuition, is that a corpus can provide reliable
quantitative data.” Assim, um corpus permite-nos analisar um texto produzido por
humanos e que representa um contexto comunicativo real.
57
3.4. Delimitação do corpus
Antes de procedermos à descrição do corpus escolhido para estudo é essencial
relacionarmos as perguntas de investigação ao corpus selecionado. Na verdade, um
corpus serve como ponto de referência para obter dados que auxiliem o investigador na
procura de respostas. Assim, a pertinência de um corpus que se contextualize na temática
analisada é um fator avassalador para o investigador. Segundo Kenny (2000:94), “it is
clear that how we ask the research question has implications for the kind of corpus
resources needed in any particular study”. Com base nas perguntas de investigação deste
trabalho, os dados sujeitos a análise determinava a escolha de um corpus que dependia
do objetivo de estudo e da(s) pergunta(s) de investigação. Por sua vez Leech (1992:116,
citado por McEnery, 2006:4) refere que:
It should be added that computer corpora are rarely haphazard collections of textual
material: They are generally assembled with particular purposes in mind, and are
often assembled to be (informally speaking) representative of some language or
text type.
A delimitação de um corpus tem como base um conjunto de critérios pré-
selecionados pelo investigador e que seguem um objetivo de pesquisa. Para este estudo
consideraram-se relevantes determinados critérios de modo a ser possível dar resposta às
perguntas de investigação. A tabela 4 apresentada abaixo descreve os critérios usados
pela autora desta dissertação para conceber o corpus.
58
Lista de critérios para construção do corpus
Dados Requerimentos
Língua de partida do corpus não translato Textos originais em inglês
Língua de chegada do corpus translato Tradução disponível em português
europeu
Autoria da tradução
A existência de traduções realizadas por
um tradutor-legendador profissional e
fansubber
Temática Inclusão de referências culturais no texto
audiovisual a considerar
Acessibilidade O texto audiovisual teria de ser de fácil
acesso
Tipo de texto Legendas
Data de transmissão O texto audiovisual teria de ser atualizado
(se possível) Tabela 4 - Critérios para a construção do corpus
Tal como foi referido anteriormente apesar de o fansubbing ter emergido com a
Legendagem de animes, atualmente, é visível em outros pares linguísticos e culturas. Por
um lado, com a supremacia cinematográfica norte-americana, verifica-se nas
comunidades de fansubbing um número elevado de produtos em inglês. Em Portugal, e
nas comunidades portuguesas de fansubs, verificou-se que grande parte dos textos
audiovisuais contêm o áudio original em inglês. Por outro, a autora deste estudo ponderou
as suas línguas de trabalho. Assim, considerou-se adequado que o corpus não translato
seria em inglês. Já os textos que integram o corpus translato correspondem ao português
europeu, pois engloba não só a língua de chegada da autora da dissertação, mas também
a possibilidade deste estudo contribuir para as investigações no par linguístico inglês-
português europeu.
Seguidamente, tendo em conta que o presente estudo se centra numa análise
comparativa das estratégias de tradução, analisou-se textos traduzidos (subtranslato) que
possuíam tanto legendas criadas por um tradutor profissional como pelo fansubber.
Além disso, tal como se verificou ao longo deste trabalho, a definição de cultura
e de referências culturais não é tarefa fácil. Por esta razão, a escolha de um texto de partida
59
(não translato) com um elevado número de referências culturais foi um fator significativo,
criando nesta ótica uma análise que refletisse a problemática da tradução e legendagem
de referências culturais.
Um outro aspeto a considerar e que limitou, em grande parte, a escolha do corpus
não translato e translato foi o acesso ao mesmo e a atualidade dos dados de análise. No
caso do TP e da tradução e legendagem profissional, a autora deste estudo teria de ter
acesso a ambos para poder realizar a sua gravação. Em relação às fansubs teriam que estar
acessíveis nas comunidades de fansubbing. Por conseguinte, verificou-se que o período
de tempo que contemplava o corpus poderia ser condicionado pela dificuldade de acesso.
Neste caso, selecionou-se um corpus com menos de 10 anos e acessível.
Assim, tendo como base os critérios mencionados acima, a autora da presente
dissertação irá analisar como caso de estudo a sitcom norte-americana Family Guy (FG).
Na verdade, devemos destacar que a escolha do TP surgiu do facto de o diálogo de FG
ser bastante denso em referências culturais que podem, em alguns casos, dificultar o
processo de condensação das legendas e, assim, dificultar a tradução e legendagem das
referências culturais. É importante referir que, tal como Pedersen (2011:61-67) salienta,
o número de realia que iremos encontrar num texto depende da densidade do diálogo.
Assim, um diálogo mais extenso irá possuir mais realia ou verbosidade46. Portanto,
conhecendo a linguagem de FG, como, por exemplo, que referências culturais são
predominantes na série e como são transpostas para o TC, podemos observar e
compreender as estratégias utilizadas na tradução e legendagem profissional e
fansubbing.
Num segundo ponto, após a seleção da série, a seleção do corpus passou por três
opções iniciais: o DVD, a televisão ou um serviço de streaming e de subscrição como,
por exemplo, Netflix. Neste contexto, procedeu-se a um processo de escolha por
eliminação, tendo em conta a acessibilidade das legendas de cada meio de distribuição e
a atualidade das mesmas.
46 Segundo o dicionário Infopédia (2003-2019), é a “abundância de palavras com poucas ideias”. Fonte: verbosidade in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2019. Disponível em: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/verbosidade (Consultado a 24/08/2019)
60
Em primeiro lugar, ponderou-se as legendas contidas no DVD da série. No
entanto, em Portugal, apenas se encontra disponível, no mercado, o DVD da temporada
1 (1999), 2 (1999), 4 (2005) e 8 (2009). Assim, observou-se que o DVD não seria usado
como análise. Em segundo lugar, considerou-se as legendas da plataforma Netflix, um
serviço pago fundado em 1997. No entanto, concluiu-se que os parâmetros de legendagem
na plataforma são característicos da própria47. Um segundo ponto a considerar foi a
dificuldade em aceder a estas legendas, dificultando a sua gravação. Assim, conclui-se
que as dificuldades apresentadas não permitiram a sua análise.
Em último lugar, analisou-se as legendas da televisão, mais concretamente da Fox
Comedy. Deste modo, verificou-se que na Fox poderíamos estar perante um público mais
heterogéneo, onde as legendas teriam que ir a esse encontro. Além disso, a gravação
destas legendas era de fácil acesso. Logo, optou-se pela seleção do corpus não translato
e translato profissional do canal Fox Comedy.
Já o corpus translato de fansubbing foi recolhido através da Internet,
especificamente, da comunidade Legendasdivx, na mesma altura.
Em suma, o corpus é constituído por um conjunto de episódios que consistem na
temporada mais recente distribuída, em Portugal, durante o momento da recolha, a
temporada 13 com 18 episódios. No entanto, durante o período de gravação do corpus, a
autora deste estudo apenas teve acesso aos episódios 10 a 18. Assim, a análise não
incorpora a temporada completa, sendo apenas uma amostra que irá abranger 9 episódios
da temporada 13 de FG, com aproximadamente 22 minutos cada episódio. Portanto,
perfaz um total de 198 minutos. Os episódios, a analisar neste trabalho, foram
distribuídos, nos EUA, de setembro de 2014 a maio de 2015. Ora, segundo uma análise
das audiências no período do corpus, verificou-se que em 2015 a temporada 13 de FG
ficou em 94º lugar de 188 programas analisados:
Temporada Visualizações
em milhões Posição
13 5.86 94
Tabela 5 - O rating da temporada 13 de Family Guy48.
61
Em Portugal, os episódios foram distribuídos pela Fox Comedy, enquanto parte
da temporada 13. Os episódios a analisar (em Portugal os títulos não foram traduzidos)
serão os seguintes:
Episódio Título Data de lançamento 10 Quagmire’s Mom 8 de fevereiro de 2015 11 Encyclopedia Griffin 15 de fevereiro de 2015 12 Stewie is Enceinte 8 de Março de 2015 13 Dr. C and the Women 15 de Março de 2015 14 #JOLO 12 de Abril de 2015 15 Once Bitten 19 de Abril de 2015 16 Roasted Guy 26 de Abril de 2015 17 Fighting Irish 3 de Maio de 2015 18 Take my Wife 17 de Maio de 2015
Tabela 6 - Informação dos episódios do corpus não translato
É importante frisar que na Fox Comedy, em Portugal, a temporada 13 que foi
distribuída nos Estados Unidos de 2014 a 2015, é intitulada de temporada 14.
3.5. Family Guy
Family Guy é considerada, atualmente, uma das sitcoms com maior sucesso, tendo
recebido 22 prémios e 70 nomeações.
Apesar do sucesso da série, ao longo dos anos recebeu várias críticas por
representar muitas vezes minorias da sociedade, a comunidade homossexual,
comunidades étnicas, entre outras (Zenor, 2014:25). As referências culturais e sátiras são
muitas vezes provocadoras.
Family Guy é uma série de animação norte-americana criada por Seth MacFarlane
para o canal televisivo Fox. O primeiro episódio foi transmitido em 1999 e com a
ascensão da popularidade, a Fox continuou a produção até à atualidade.
47 Para analisar os parâmetros de tradução e legendagem da Netflix, sugere-se o site https://partnerhelp.netflixstudios.com/hc/en-us/articles/215758617-Timed-Text-Style-Guide-General-Requirements (Netflix: Timed Text Style Guide: General Requirements) (Consultado a 6/03/19). 48 Dados retirados do site Deadline, acessível em https://deadline.com/2015/05/2014-15-full-tv-season- ratings-shows-rankings-1201431167 (Deadline, Hollywood. Full 2014-15 TV Season Series Rankings: Football & ‘Empire’ Ruled (Acedido a 11/01/19).
62
A história centra-se à volta da família Griffin: o Peter (pai), a Lois (mãe), a Meg
(filha mais velha), o Chris (filho do meio), o Stewie (filho mais novo) e por fim, o Brian
(cão). A família vive na cidade ficcional de Quahog, no estado de Rhode Island.
O Peter Griffin é a personagem principal da série. Um americano descendente de
irlandeses e católicos, mas com ligações mexicanas. O nome da série refere-se a Peter
Griffin, um homem obeso com óculos que gosta de beber no Drunken Clam e que tem
sempre as ideias mais singulares. A sua voz é dada pelo criador da série, Seth MacFarlane.
A Lois Griffin é a mulher de Peter e é retratada como a típica dona de casa
americana. É muitas vezes a voz da razão na família e ajuda o Peter a sair de problemas.
A voz é dada por Alex Borstein.
A Meg Griffin é a filha mais velha da família. É considerada o bode expiatório
dos outros membros familiares, sendo que muitas vezes é ignorada e ridiculizada. Mila
Kunis dá a voz à personagem.
O Chris Griffin é o filho do meio. É um adolescente tímido e infantil.
Adicionalmente, é incluído em grande parte dos running gags (referência cómica que
aparece repetidamente) da série (ver secção 3.5.1.). A sua voz é dada por Seth Green.
O Stewie Griffin é filho mais novo da família. A personagem é retratada como um
bebé que se comporta como o adulto, sendo que os seus comportamentos excecionais
salientam que a sua inteligência, o vocabulário da classe alta britânica e os atos
maquiavélicos são o centro da série. É considerado a personagem mais popular da série.
A sua voz é dada pelo criador da série Seth MacFarlane.
O Brian é o cão antropomórfico da família. Tem uma relação de amor e ódio com
Stewie, mas são bastante próximos e, maioritariamente, encontra-se envolvido nas
aventuras de Stewie.
3.5.1. O humor em Family Guy
A série é categorizada como uma animated sitcom sendo que, segundo o
dicionário Priberam (2008-2019), uma sitcom é um “estilo de comédias produzidas em
série para a televisão e que apresentam cenas da vida quotidiana”. É considerada uma
63
comédia de situação, pois as suas narrativas são curtas, normalmente, entre vinte e quatro
a trinta minutos de duração (Neale & Krutnik, 1990, p. 233, citado por Bosch, 2016:31).
Aliás, este género, com o seu caráter humorístico, tem como objetivo divertir, provocar
riso, aludir a questões atuais (por exemplo, na cultura popular norte-americana), entre
outros. Segundo Crawford (2009:58), a série pode, de facto, ser considerada uma
“realidade mágica”. A conexão entre a animação e as referências atuais ou reconhecidas
torna esta série apelativa ao público. A barreira que separa o público da série, é eliminada
através da emergência dos temas discutidos na mesma. FG utiliza muitas vezes usa um
humor autorreferencial, onde constrói piadas sobre a própria distribuidora, a Fox.
Além disso, grande parte dos episódios utiliza a técnica de cinema designada
cutaways (“interrupção de uma ação por outra”) ou runnings gags (referência cómica que
aparece repetidamente). Através desta técnica uma ação é interrompida de forma a
adicionar uma explicação ou uma outra ação. A ênfase nessa técnica é, muitas vezes,
colocada em referências a acontecimentos atuais e/ou ícones contemporâneos culturais,
por exemplo, no episódio 10 quando o Peter refere: “(...) like when I found Where the
Wild Things Where (...)” e de seguida, existe um cutaway para relembrar esse
acontecimento.
Ao lado de The Simpsons, a série que fomentou o aparecimento das animated
sitcom, a cena de abertura e final de FG, retrata uma família típica norte-americana que
representa os mesmos valores: uma família nuclear que se senta no sofá em conjunto para
ver televisão (Martin, 2005:27). No entanto, o conteúdo de FG demonstra o oposto,
usando a sátira para impor questões consideradas ofensivas na sociedade americana
(Martin, 2005:16). Neste contexto, a sátira usa o humor para conceber um comentário
social.
De facto, ao analisarmos a série, verificamos que o seu tom é direcionado para um
público adulto, no entanto, determinadas referências humorísticas apelam para um
público jovem. Porém, apesar deste público jovem nunca ter visto um determinado filme
ou cena usada na série como referência, reconhece-a como ícone da cultura americana
(McComb, 2014:s.p). Ora, apesar de ser possível a incompreensão da fonte da referência,
a componente humorística da série provém do reconhecer que está a ser usada uma
referência a algo externo à série. Segundo McComb (2014:s.p), FG e outras séries
pertencentes à categoria “comédia” são um exemplo da forma como o humor é consumido
64
e, adicionalmente, como as gerações contemporâneas estão influenciadas pela rapidez da
cultura.
3.5.2. Referências culturais em Family Guy
Em primeiro lugar, é importante conhecer como FG, na sua linguagem, usa as
referências culturais para criar discursos humorísticos. Segundo Erguvan (2015:19), “CSI
[culture-specific items] is a commonly used device of generating humor”. Portanto, a série
permite, de certa forma, conhecer a cultura norte-americana e, consequentemente, a
cultura popular através de elementos humorísticos. Por outras palavras, é através das suas
(des)construções discursivas e usando o humor para tal, a série permite a introdução de
referências da cultura popular norte-americana (Crawford, 2009:58). A cultura popular
americana é definida por McAdams (1999-2014) como: “tastes, preferences, customs and
behaviors embraced by the broad mass of the American public at any given point in time”.
Neste âmbito, a música, as produções artísticas como filmes e músicas ou produtos
criados numa determinada cultura são, certamente, parte da mesma. FG utiliza cutaways
ou running gags para enfatizar essas referências culturais.
Segundo Crawford (2009:63), FG: “trades heavily on pop-culture nostalgia, with
most of the fantastic elements that intrude on the narrative coming straight out of
television, film, or general pop-culture history”. Nas palavras de Bosch (2016:35), em
The Translation od Cultural-Specific Humor in the Animated Sitcom Family Guy, alguns
aspetos da cultura norte-americana são o centro da série Family Guy. Além disso, alguns
desses, tais como, celebridades, filmes, programas de televisão e música, são os mais
utilizados em FG. Com base nos aspetos enumerados por Bosch (2016:35) e nos dados
levantados para esta dissertação, é possível exemplificar os seguintes aspetos da cultura
norte-americana.
65
Filmes “Hey, you seen my copy of Into the Wild?” (Episódio 10)
Programas de televisão “We could turn to channel 875 and watch Conan.” (Episódio 16)
Música “The band Guster is the sweetest band of all time.” (Episódio 10)
Desporto “We now return to Hard Knocks CFL: (...) Training Camp with the Toronto Argonauts.” (Episódio 11)
Celebridades e figuras públicas “Face it, you're a worse parent (…) than Brad Pitt and Angelina Jolie.” (Episódio 10)
Personagens ficcionais “Keep guard for Michael Myers.” (Episódio 15)
Localizações “Traffic on 146 is backed up all the way to Mineral Spring Avenue...” (Episódio 15)
Comida e bebidas “She's the one who brought four loose Sierra Nevadas.” (Episódio 10)
Tabela 7 - Referências culturais na série Family Guy.
É importante referir, tal como mencionado anteriormente, não só estes aspetos são
usados como referências culturais na série, mas também os estereótipos de uma
comunidade, as raças e as minorias são parte destes.
Assim, em primeiro lugar, optou-se por usar o presente corpus por uma escolha
pessoal, mas principalmente por ser uma série como uma divulgação internacional. Em
segundo lugar, a existência de diversas referências culturais da cultura popular norte-
americana torna esta série uma ferramenta de análise do tema aqui proposto. Nesta
vertente, tal como será analisado de seguida, tornam este caso de estudo apropriado para
esta dissertação.
Neste contexto, o tradutor deve reconhecer as práticas e comportamentos da CP
para, de facto, transmiti-los para a CC. Além disso, quando estamos perante um texto
humorístico que contém referências culturais, a necessidade desse reconhecimento torna-
se imprescindível, pois a cultura popular é a base deste tipo de textos.
66
3.6. Recolha do corpus
O corpus não translato foi recolhido simultaneamente com o corpus translato
profissional no canal Fox Comedy entre outubro de 2018 e janeiro de 2019,
correspondendo à temporada 13, a mais recente durante a recolha.
A recolha deste corpus foi realizada através de um programa de gravação de ecrã,
o Mobizen.
Já o corpus translato de fansubbing foi recolhido através da Internet,
especificamente, da comunidade Legendasdivx, na mesma altura, em ficheiros .srt.
3.6.1. Transcrição e alinhamento dos dados
A transcrição e alinhamento do corpus não translato e translato foi realizada tanto
manualmente como eletronicamente. As fansubs foram extraídas diretamente da
comunidade Legendasdivx, onde a autora da dissertação teve acesso aos ficheiros das
legendas em formato .srt. Contudo, a transcrição do corpus não translato e do corpus
translato profissional teve de ser realizada manualmente devido ao método de recolha
(gravação). Desta forma, após a transcriação dos dados, para ser possível comparar os
dados de investigação, o texto de partida (em inglês) foi alinhado com os segmentos do
texto de chegada (em português europeu) no Microsoft Word, tal como se pode verificar
na tabela abaixo.
(15) QUAMIRE:
She's the one who brought four loose Sierra Nevadas.
Foi ela que trouxe quatro cervejas. Foi ela que trouxe quatro garrafas de Sierra Nevadas.
Tabela 8 - Exemplo de alinhamento dos dados em Microsoft Word.
Assim, inseriu-se na primeira coluna o corpus não translato e nas colunas
seguintes o corpus translato, na coluna do meio o TC profissional e na coluna à direta o
TC do fansubber. Através de uma organização por diferentes tradutores (na vertical) e
67
por segmentos de análise (na horizontal), foi-nos possível comparar como a referência
cultural no TP foi traduzida pelos dois tradutores no TC.
Língua de partida Número de
referências culturais
Corpus não translato Inglês 284
Tabela 9 - Dados do corpus não translato
Língua de
chegada Número de
referências culturais
Número de
tradutores
Corpus
translato
Legendagem
profissional
Português
europeu 279 5
Corpus
translato Fansubbing
Português
europeu 282 1
Tabela 10 - Dados do corpus translato
3.7. Classificação do corpus
Com base em Bowker & Pearson (2002:10), um corpus pode ser classificado de
diversas formas com base na finalidade do estudo. De seguida, apresentamos os tipos de
corpus apresentado pelos autores.
Corpus:
• Geral – O corpus geral descreve textos do quotidiano sem uma linguagem
específica,
• Específico – O corpus específico descreve uma linguagem distinta.
O presente corpus é descrito como geral.
68
Corpus:
• Escrito – Um corpus escrito descreve textos que foram previamente escritos.
• Oral – Um corpus oral descreve a transcrição de material falado (Bowker &
Pearson, 2002:12).
O presente corpus é a transcriação de material falado, sendo que se baseia no diálogo de
personagens.
Línguas no corpus:
• Monolingue – Um corpus monolingue descreve textos numa só língua.
• Multilingue – Um corpus multilingue descreve textos em mais do que uma língua.
O presente corpus descreve-se como multilingue apresentando duas línguas: inglês e
português europeu. Por sua vez, um corpus multilingue ainda pode ser subdividido em
paralelo e comparável.
Corpus bilingue e multilingue:
• Paralelo – Um corpus paralelo bilingue consiste num texto de uma língua A e a
sua tradução para uma só língua. Um corpus paralelo multilingue consiste num
texto em duas ou mais línguas (Valdez, 2009:26)
• Comparável – Um corpus comparável consiste em textos que foram produzidos
numa só língua e que não contêm traduções. (Bowker & Pearson, 2002:93).
O presente corpus descreve-se como um corpus paralelo bilingue. Assim, teremos um
texto na língua A (neste caso inglês) e a sua tradução na língua B (neste caso português
europeu).
Temporalidade do corpus:
• Sincrónico – Um corpus sincrónico descreve o uso da língua ao longo de um
determinado período.
• Diacrónico – Um corpus diacrónico descreve o uso da língua num vasto período
de tempo.
69
O presente corpus é descrito como sincrónico.
Corpus:
• Não translato – Um corpus não translato não descreve uma tradução.
• Translato – Um corpus translato descreve uma tradução.
O presente corpus inclui um subcorpus não translato (língua de partida) e subcorpus
translato (língua de chegada).
Em suma, o corpus presente neste estudo é constituído por um subcorpus não
translato e translato. Neste contexto, possuímos um corpus paralelo bilingue,
nomeadamente Inglês e Português Europeu. Aliás, os textos produzidos são ficcionais
provenientes de animação audiovisual.
3.8. Método de análise dos dados
Com base no corpus de partida e de chegada (tradução e legendagem do fansubber
e profissional) ir-se-á desenvolver uma metodologia comparativa não só das estratégias
utilizadas pelos tradutores-legendadores, mas igualmente uma análise da intervenção do
tradutor no texto de chegada e as suas influências. Para tal ir-se-á conceber uma análise
comparativa das estratégias de tradução utilizadas pelo fansubber e profissional. De
seguida, iremos apontar os parâmetros desenvolvidos no enquadramento teórico e que
irão conduzir a análise deste estudo.
3.8.1. Estratégias de tradução e legendagem
No enquadramento teórico e revisão crítica foram exploradas diversas estratégias
de tradução. A figura 7 ilustra as estratégias abordadas no capítulo 2 (ver secção 2.2.1.) e
que serão usadas para analisar as realias no TC.
70
Figura 7 - Taxonomia de estratégias de tradução.
Através da análise de dados empíricos ser-nos-á possível observar se o tradutor-
legendador profissional e fansubber optaram por estratégias orientadas para o TP ou para
o TC.
Ora, para proceder à análise dos dados após o alinhamento dos textos, iniciou-se
a análise do TC. Esta tarefa foi realizada em duas etapas. Em primeiro lugar, foi analisado
o TC segmento a segmento para identificar a estratégia utilizada pelo tradutor. Contudo,
verificou-se que para um segmento poder-se-ia identificar mais do que uma estratégia de
tradução. A identificação da(s) estratégia(s) foi inserida na coluna da direita da tradução
e legendagem profissional e fansubber, respetivamente (ver anexos). Aliás, tal como
podemos rever na figura 7, verificou-se que apesar de ser ter adotada a taxonomia de
Pedersen (2011) durante a análise, pois verificou-se que refletia as instâncias encontradas
no TC, adicionou-se a (re)criação durante a mesma análise devido a dados que não
correspondiam com a taxonomia do mesmo autor.
De seguida, prosseguimos para a contabilização das estratégias. Nos casos em que
foram usadas várias estratégias para um só segmento, foram contabilizadas todas as
estratégias utilizadas pelo tradutor. A contabilização foi realizada no final da identificação
das mesmas e inserida em Excel. Assim, a contabilização ir-nos-ia revelar a frequência
de uma determinada estratégia ao longo do corpus. A análise da frequência das estratégias
71
será realizada comparativamente entre a tradução e legendagem profissional e
fansubbing.
3.8.2. Parâmetros influenciadores no processo de tradução e
legendagem
Após a identificação e contabilização das estratégias de tradução, analisou-se a
razão da escolha da estratégia. Para tal, teve-se em conta parâmetros que poderiam
explicar os fenómenos analisados. Neste caso, foram adotados os parâmetros de Pedersen
(2011:105-120) para potencialmente explicar, sempre que possível, a escolha do tradutor.
Na secção da análise, foram extraídos vários exemplos do corpus para cada estratégia de
tradução. Nesta ótica, a observação foi realizada na relação do texto do tradutor-
legendador profissional e do fansubber, onde se estudou a estratégia extraída e o contexto
da referência cultural na legenda em que se inseria. Este levantamento não só nos
permitirá analisar o processo de escolha dos tradutores, mas também observar se
determinadas estratégias são usadas quando se verifica um dos parâmetros, por exemplo
se, neste estudo, uso da retenção está ligado aos constrangimentos da Legendagem.
Contudo, é importante sublinhar que um dos parâmetros que influencia a
Legendagem, o contexto da legendagem (ver secção 2.2.1.1.), revelou-se problemático
neste corpus devido ao número de tradutores-legendadores profissionais incluídos no
corpus translato. Aqui relembramos que o contexto da legendagem envolve, por exemplo,
prazos de entrega, o perfil do tradutor e a empresa. Neste estudo, não foi possível
investigar nenhum destes dados. Assim, não será dado destaque a este parâmetro pelas
razões mencionadas.
3.9. Conclusão
Em suma, neste capítulo introduziu-se as perguntas de investigação deste estudo
e o corpus de análise. As perguntas de investigação apresentadas refletem o
enquadramento teórico e objetivo deste estudo. De forma sucinta, este estudo desenvolve
72
uma análise comparativa das estratégias de tradução de referências culturais usadas pelo
tradutor-legendador profissional e fansubber no par problema-solução inglês-português
europeu.
De seguida foi delimitado e definido o corpus e os critérios que conduziram à
seleção do mesmo. Neste ponto foi apresentado o corpus para análise, a série norte-
americana Family Guy, passando pela sua contextualização, tema e realia na série.
Ainda neste capítulo descrevemos a recolha do corpus profissional que foi
realizada pelo canal televisivo Fox Comedy e do corpus de fansubbing pelo internet.
Com base nos objetivos de investigação este estudo apresenta um corpus paralelo
bilingue, inglês-português e é constituído por um subcorpus não translato e translato.
Num último ponto descrevemos o método de análise dos dados, onde foi descrito
como se procedeu à análise dos dados, passando pela identificação da estratégia, a sua
contabilização e a identificação de parâmetros que poderiam explicar os fenómenos
analisados.
No capítulo seguinte ir-se-á desenvolver a análise dos dados e a aplicação do
enquadramento teórico avançado até ao momento. Esta análise consistirá em dois
momentos: análise global das estratégias de tradução para legendagem e análise detalhada
das estratégias de tradução para legendagem. Assim, as conclusões retiradas da análise
permitir-nos-á refletir sobre o produto dos tradutores e possíveis influências.
74
4.1. Introdução
Ao longo do trabalho foi realizado um enquadramento teórico da Legendagem
profissional, fansubbing e referências culturais.
Este enquadramento teórico foi conduzido para criar uma base de análise que se
irá desenvolver neste capítulo. De seguida, será efetuada uma análise comparativa das
estratégias de tradução e legendagem utilizados pelo fansubber e pelo tradutor
profissional.
Em primeiro lugar, ir-se-á apresentar uma análise global das estratégias de
tradução para legendagem no fansubbing e Legendagem profissional. Nesta vertente, ser-
nos-á possível apurar com base nos dados analisados, se o fansubber e tradutor
profissional utilizaram estratégias orientadas para o TP, TC ou equivalente oficial.
Em segundo lugar, ir-se-á apresentar uma análise detalhada das estratégias de
tradução para legendagem ilustrada com base em exemplos extraídos do corpus
analisado. Assim, cada estratégia será exemplificada e analisada individualmente
permitindo-nos refletir sobre as opções dos tradutores durante o processo de tradução e
legendagem.
4.2. Análise comparativa das estratégias de tradução para
legendagem do fansubber e profissional
Nesta secção, serão analisadas as estratégias usadas pelo fansubber e tradutor
profissional face ao TP. É importante referir, tal como foi mencionado anteriormente, que
a utilização das estratégias está associada a vários fatores, tais como, o nível de
familiaridade de realia, os condicionalismos da legendagem, entre outros. Para analisar
as estratégias aplicadas, reconheceu-se que é essencial ponderar estes fatores na análise
do produto. Assim, os três níveis de conhecimento e familiaridade que o público tem de
realia estarão eventualmente associados ao uso de determinadas estratégias.
75
As estratégias aqui analisadas terão como base um processo descritivo do produto
observado, ou seja, iremos analisar o resultado da tradução do fansubber e profissional.
Inicialmente foram extraídas 325 realia das quais 41 ocorrências foram eliminadas por
serem consideradas elementos intertextuais ou interlinguísticos como, por exemplo,
gírias. Aliás, poderá haver uma discrepância entre o número de realia analisadas e o
número de estratégias, pois a combinação de estratégias numa só realia fez com que o
número de estratégias superasse o número de realias analisadas. Relembramos que, em
alguns casos, as estratégias foram combinadas o que dificultou a categorização da
estratégia usada. Além disso, durante a análise, tendo em conta esta combinação, serão
analisadas todas as estratégias utlizadas pelo tradutor.
Assim, para iniciar a análise das legendas profissionais e fansubs face ao corpus
de partida, ir-se-á proceder a uma observação comparativa de ambos produtos. Deste
modo, iremos analisar as diferentes estratégias implantadas por ambos os tradutores.
4.2.1. Análise global das estratégias de tradução para legendagem
Nas figuras 8 e 9 podemos apurar que as estratégias orientadas para o TP foram
usadas maioritariamente tanto pelo fansubber como pelo tradutor profissional. De
seguida, verificou-se o uso de as estratégias orientadas para o TC do fansubber e tradutor
profissional e, por último, equivalentes oficiais. Com base nas figuras 8 e 9 os dados
recolhidos não apresentam divergências. Contudo, numa análise global apuramos que a
premissa desenvolvida inicialmente neste estudo de que no fansubbing os fãs tentam
preservar a CP, pois o público-alvo são, na verdade, outros fãs, vai ao encontro dos
resultados analisados. Segundo Magazzù (2018:91), as fansubs retêm o máximo possível
do TP para conduzir o público à CP e no fansubbing existe uma tendência de ir contra a
tradução profissional.
76
Figura 8 - Frequência da orientação do texto utilizado pelo fansubber.
Ora, tendo em conta os dados da figura 8 permitem-nos concluir que o fansubber
opta (conscientemente ou inconscientemente) por intervir no TC. Na verdade, tal como
mencionamos anteriormente (secção 1.3.1.), as fansubs são criadas por fãs para fãs, o que
pode levar à transposição de referências culturais do TP para o TC. Nas palavras de
Spolidorio (2017:82), os fãs podem ser bastante protetores de alguns elementos
referenciais, o que reflete a preferência em manter estes termos na LP (do TP no TC).
Além disso, anteriormente neste trabalho (ver secção 1.3.3.2.), mencionamos que um “fã”
define um indivíduo(s) que possui uma admiração especial por algo e que reage de forma
ativa em relação ao seu objeto de admiração. A orientação das estratégias de tradução
para o TP retrata tal comportamento.
Contudo, ao compararmos as figuras 8 e 9 verificamos que os dados do fansubber
e da tradução profissional não apresentam diferenças acentuadas nas estratégias
orientadas para a CP, CC ou equivalente oficial. Com base nos dados analisados o
comportamento do fansubber e do tradutor profissional foi bastante aproximado, ou seja,
em ambos casos existe a tendência de orientar o texto para a CP.
Orientado para a CP
77%
Orientado para a CC
13%
Equivalente oficial10%
ORIENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃOPARA LEGENDAGEM DO FANSUBBER
77
Figura 9 - Frequência da orientação do texto utilizado pelo tradutor-legendador profissional.
Ainda podemos concluir que, na Legendagem, nas fansubs ou profissional, existe
uma preferência em preservar a CP. No caso das fansubs, estes dados são verificáveis,
porém, na Legendagem profissional, nem sempre é possível verificar o nível de
conhecimento (níveis de transculturalidade) que o público-alvo possui de determinadas
realia.
Na secção seguinte será realizada uma análise detalhada das estratégias de
tradução do fansubber e do tradutor profissional com base na observação e análise de
exemplos de realia retirados do corpus translato.
4.2.2. Análise detalhada das estratégias de tradução para legendagem
A figura 10 abaixo revela que a estratégia mais utilizada pelo fansubber foi,
certamente, a retenção. De facto, Pedersen (2011:78), realça que: “Retention is by far the
most common strategy for rendering ECRs”.
Orientado para a CP
74%
Orientado para a CC
15%
Equivalente oficial11%
ORIENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO PARA LEGENDAGEM NA TRADUÇÃO PROFISSIONAL
78
Ainda foi possível observar que as estratégias menos usadas foram a especificação
e a omissão. Na verdade, a baixa frequência da especificação no corpus pode-se justificar,
em parte, devido ao espaço que requer na legenda. Assim, o seu uso poderá depender dos
constrangimentos da legendagem, tal como o número de caracteres e o tempo de leitura.
Figura 11 - Frequência das estratégias de tradução para legendagem utilizadas pelo tradutor-
legendador profissional.
020406080
100120140160180
Retenção
Tradução
direta
Equiva
lente ofic
ial
General
ização
Substi
tuição
(Re)cria
ção)
Especi
ficaçã
o
Omissão
175
4032
17 149
6 5
Estratégias da tradução para legendagem profissional
020406080
100120140160180
Retenção
Tradução
direta
Equiva
lente ofic
ial
Substi
tuição
General
ização
(Re)cria
ção
Especi
ficaçã
o
Omissão
174
4929
2011
7 62
Estratégias da tradução para legendagem do fansubber
Figura 10 - Frequência das estratégias de tradução para legendagem utilizadas pelo fansubber.
79
Ao analisarmos comparativamente os valores absolutos da figura 10 com os da
figura 11 é possível verificar que ambos os tradutores adotam orientações de traduções
não muito distantes. Na verdade, a estratégia mais utilizada pelo tradutor profissional
também foi a retenção uma vez que o corpus possui uma elevada frequência de nomes
próprios como, por exemplo, “Gregory Peck49” ou “Packers50”. Além disso, a
especificação e a omissão também se vieram a verificar como as estratégias menos
utilizadas pelo tradutor profissional.
Dados totais em frequência relativa (%)
Tradutor profissional Fansubber
Retenção 62% 61%
Especificação 2% 2%
Tradução direta 14% 17%
Generalização 6% 4%
Substituição 5% 7%
Omissão 2% 0,7%
(Re)criação 3% 2%
Equivalente oficial 11% 10%
Frequência absoluta 298 298
Tabela 11 - Frequência relativa e absoluta das estratégias de tradução para legendagem no fansubbing e na tradução profissional extraídas do corpus.
49 Nome artístico do ator norte-americano Eldred Gregory Peck, famoso pelo seu papel no filme “To Kill a Mockingbird” de 1962. 50 Equipa de futebol americano de Green Bay, em Wisconsin.
80
Ora, com base na tabela 11 apuramos que não existe uma diferença significativa
relativamente à frequência relativa das estratégias de tradução para legendagem no
fansubbing em comparação com a tradução profissional. Assim, ir-se-á analisar o
contexto particular das estratégias para observarmos as escolhas dos tradutores.
1) Retenção
A retenção foi a estratégia mais utilizada tanto pelo fansubber como pelo tradutor
profissional, o que representa 62% na tradução profissional e 61% nas fansubs. Neste
caso, correspondeu a uma frequência de 175 ocorrências na tradução profissional e 174
ocorrências nas fansubs. Na tabela abaixo apresentamos algumas ocorrências da retenção
no corpus analisado.
Corpus não translato
(inglês)
Tradução e legendagem
profissional Tradução e legendagem
do fansubber
(2) I like when dad talks tough. He sounds like Dirty Harry.
Parece o Dirty Harry. Parece o Dirty Harry.
(6) Okay, let’s go for a ride in my open Jeep.
Vamos dar uma volta no meu jipe aberto.
Muito bem, vamos dar uma volta no meu Jeep descapotável.
(149) What about the White Water Walk? E a White Water Walk? E a caminhada White Water?
Tabela 12 - Exemplos de retenção extraídos do corpus de retenção no fansubbing e tradução
profissional
Em primeiro lugar, verificou-se que o uso da retenção ocorreu, maioritariamente,
em nomes próprios, tais como, nomes de filmes, marcas, comida, referências religiosas e
antropónimos. O uso da retenção prossupõe que o fansubber e o tradutor profissional ao
manterem as realia não consideram que ocorreria um problema de compreensão na CC
ou no público de chegada. Podemos ponderar, em parte, que o uso da estratégia se deve
às elevadas referências à cultura popular norte-americana. Assim, ambos os tradutores
deduzem que o público conseguirá, com a ajuda dos outros sinais semióticos (por
exemplo, oráculos) e que interagem no ecrã para criar significado, decifrar as realia.
81
Em segundo lugar, em alguns casos, a retenção foi combinada com outras
estratégias de tradução, nomeadamente, com a tradução direta e especificação (ver abaixo
especificação). No exemplo (149), “White Water Walk”51 na Legendagem do fansubber,
a retenção (“White Water”) foi combinada com a tradução direta (“caminhada”). Neste
caso, o fansubber optou por auxiliar o público a aceder às realia, provavelmente devido
à possibilidade do público-alvo não se encontrar familiarizado com a mesma, pois a
referência é de uma terceira cultura. Na verdade, visto que as realia não são nem da CP
nem da CC, poderemos considerar as mesmas como infraculturais. Contudo, o tradutor
profissional optou por reter as realia. Provavelmente devido a existência de outros
parâmetros que influenciam a tradução, tais como a centralidade das realia e o caráter
polissemiótico do texto audiovisual. A importância de determinadas realia no contexto
discursivo pode resultar na escolha da retenção. Aliás, o caráter polissemiótico do texto
audiovisual permite que o público consiga decifrar as realia com base na informação
transmitida por outros sinais semióticos. Na cena das realia (149), “White Water Walk”,
estamos perante uma referência infracultural em que o público da CC poderá não se
encontrar familiarizado com a respetiva referência devido à sua especificidade. Uma vez
que a única informação que o público possui das realia é a posição geográfica das
personagens, as Cataratas de Niágara, desvendado anteriormente em cena através de uma
etiqueta num jarro de vidro (sinal semiótico visual-verbal), assim o público terá de
decifrar as realia (149). Portanto, a tradução do fansubber tornou as realia mais
acessíveis ao público-alvo.
Por um lado, existiram casos em que o tradutor profissional generalizou e o
fansubber reteve as realia, tal como em (6). Por outro, casos em que ambos os tradutores
optaram por usar a retenção como, por exemplo, em (2) “Dirty Harry”52. A elevada
frequência da retenção nas fansubs pode-se justificar pela particularidade do fansubbing
preservar a CP no TC. Nas palavras de Díaz Cintas (2005:15), “more importance seems
to be given to the actual cultural referent than to a “correct” translation. The consumer is
genuinely interested in the foreign culture and language and the acculturation of terms is
avoided.”. Em alguns casos, o consumo das fansubs por parte dos fãs pode estar associado
à absorção da CP. Assim, os fansubbers tentam preservar as nuances da CP no TC.
51 Uma excursão e passeio realizado nas Cataratas de Niágara. 52
Filme norte-americano de 1971 protagonizado por Clint Eastwood.
82
De seguida, apresentamos a tabela 13 que demostra a frequência das três
subcategorias da retenção no corpus: não marcada, marcada e ajustada à LC.
Dados totais em frequência relativa
(%)
Tradutor
profissional Fansubber
• Completa 62% 61%
Não marcada 46% 53%
Marcada 16% 8%
• Ajustada à LC 0% 0,7%
Tabela 13 - Frequência relativa da retenção não marcada, marcada e ajustada à LC no corpus
Com base nos valores analisados da tabela acima é possível verificar que a
retenção mais utilizada pelo fansubber foi a não marcada com uma frequência de 46% na
tradução profissional e 53% nas fansubs. Do mesmo modo, verificou-se que o fansubber
optou maioritariamente pela utilização da retenção não marcada com 53% de frequência
no corpus. Contudo, foi possível concluir que a elevada frequência da retenção não
marcada tanto nas fansubs como na tradução profissional deveu-se à presença de
antropónimos no corpus.
Adicionalmente, averiguou-se que existe uma preferência do fansubber pela retenção
não marcada face à marcada. Nos casos analisados da última mencionada foram utilizadas
aspas ou itálico para demarcar a retenção do elemento da CP no TC como, por exemplo,
na ocorrência “Parece o Dirty Harry.” (2) da tradução profissional da tabela 12.
2) Especificação
A especificação foi uma das estratégias menos utilizada pelo fansubber e pelo
tradutor profissional, o que representa 2% dos dados analisados em ambas traduções.
Neste caso, correspondeu a uma frequência de 6 ocorrências nas fansubs e tradução
83
profissional. Na tabela abaixo apresentamos algumas ocorrências da especificação no
corpus analisado.
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional
Tradução e legendagem do fansubber
(9) Ranch. Molho. Molho Ranch. (15) She's the one who brought four loose Sierra Nevadas. Foi ela que trouxe quatro cervejas. Foi ela que trouxe quatro
garrafas de Sierra Nevadas. (68) It's made of Skittles. - É feito de Skittles. - É feito de Skittles (tipo M&Ms).
(193) I asked Peter what he got on his S.A.T.s
Perguntei ao Peter quanto tinha tido nos exames.
Perguntei ao Peter quanto teve no seu exame S.A.T.
(242) Prospective juror number 17, the defendant is a kraken.
Jurado número 17, o arguido é um Kraken.
Potencial jurado número 17, o réu é um kraken (lula).
(247) Are you kidding? You took on the star of “Kinsey”!
Lutaste contra a estrela do “Relatório Kinsey”
Estás a brincar? Atiraste-te à estrela de "Relatório Kinsey"!
Tabela 14 - Exemplos de especificação extraídos do corpus de especificação no fansubbing e
tradução profissional
Em primeiro lugar, verificou-se que a especificação ocorreu maioritariamente em
nomes próprios, pois a estratégia foi combinada com a retenção. Nos exemplos acima o
fansubber e profissional exemplo (247) optaram por reter as realia e adicionar informação
no TC, tornando o TC mais específico que o TP. Em (193) o fansubber reteve as realia
“S.A.T” e especificou ao adicionar “exame”, ponderando que o público-alvo poderia não
reconhecer as realia que aludem a um exame realizado nos EUA para entrada no ensino
superior. Portanto, a especificação auxilia no reconhecimento das realia e,
consequentemente, da mensagem. O uso desta estratégia pode estar relacionado com a
familiaridade que o público-alvo possui das realia. Na verdade, se considerarmos a
especificação como uma forma de auxiliar o público-alvo, as realias poderão ser,
portanto, categorizadas como monoculturais ou infraculturais. Por outras palavras, as
referências monoculturais e infraculturais apresentam um obstáculo na tradução, pois não
são reconhecidas na CC. Nesta ótica, o tradutor adiciona informação para que o público
de chegada consiga decifrar a mensagem.
Aliás, em (9) o que o fansubber opta por especificar, o profissional opta por
generalizar, omitindo as realia “Ranch”.
Em segundo lugar, existem ocorrências em que o fansubber e o tradutor
profissional escolheram estratégias diferentes para as mesmas realia, tal como em (9),
84
(15), (193) e (242). Ora, esta escolha poderá estar relacionada com os diferentes
parâmetros utilizados no fansubbing53 e na Legendagem profissional54. Assim, devemos
destacar que o uso desta estratégia depende dos parâmetros de Legendagem, visto que
requer um maior número de caracteres e, consequentemente, tempo de leitura. Deste
modo, esta questão torna-se pertinente quando abordamos um corpus que possui diálogos
rápidos e que exigem um esforço adicional do Legendador.
Na verdade, tal como foi mencionado anteriormente o contexto polissemiótico do
texto audiovisual pode influenciar a estratégia de tradução utilizada. Na cena da
ocorrência (9) Peter aponta para um póster de uma garrafa de molho “Ranch”, onde se
encontra escrito “Ranch”. O fansubber opta por adicionar informação “Molho Ranch”,
tornando o TC mais específico do que o TP. Já o tradutor profissional opta pelo rumo
oposto, omitindo e generalizando as realia, possivelmente, pressupondo que a informação
da cena iria proporcionar ao público a contextualização necessária para interpretar as
realia.
Adicionalmente, a tabela 15 demostra a frequência das duas subcategorias da
especificação no corpus: adição e explicitação.
Dados totais em frequência relativa
(%)
Tradutor
profissional Fansubber
Adição 2% 2%
Explicitação 0,3% 0,3% Tabela 15 - Frequência relativa da especificação por adição e explicitação no corpus
Com base nos valores analisados da tabela acima é possível verificar que a
especificação mais utilizada pelo fansubber e pelo tradutor profissional foi a adição com
uma frequência de 2% no corpus analisado. De igual modo, verificou-se que a
explicitação foi a menos utilizada tanto pelo fansubber como pelo tradutor profissional.
53 Ver secção 1.4.2. 54 Ver secção 1.2.3.
85
Nos casos em que o fansubber ou o tradutor profissional utilizaram a adição,
averiguou-se que a mesma foi, maioritariamente, informação semântica para descrever as
realia em causa. Nas ocorrências (68) e (242) o fansubber usou a adição para fornecer
mais informação ao público-alvo. A ocorrência (68) é particularmente pertinente, pois o
fansubber adiciona as realia “M&Ms” para além da retida do TP (“Skittles”) para
especificar a informação. De facto, ao adicionar a informação “M&Ms” o público-alvo
consegue comparar as realia do corpus de partida com outras realia da mesma categoria.
Em (247) o tradutor profissional e fansubber explicitam informação que está
subjacente às realia “Kinsey”, visto que as realia utilizadas por ambos tradutores
“Relatório Kinsey” são parte integrante do título do filme mencionado.
3) Tradução direta
A tradução direta foi a segunda estratégia mais utilizada pelo fansubber e a
terceira pelo tradutor profissional, o que representa 17% e 14%, respetivamente, dos
dados analisados no corpus translato. Neste caso, correspondeu a uma frequência de 49
ocorrências nas fansubs e 40 na tradução profissional. Na tabela abaixo apresentamos
algumas ocorrências da tradução direta no corpus analisado.
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional
Tradução e legendagem do fansubber
(22) The General Car Insurance. O Seguro de Carro General. Seguro Automóvel "O General".
(45) I'll give you 50 cents (46) to find my lucky baseball card.
Dou-vos 50 cêntimos para encontrarem o meu cromo da sorte Ø.
Dou-vos 50 cêntimos para encontrarem o meu cartão de basebol da sorte.
(63) And we both cheat at “Words With Friends”.
E ambos fazemos batota no "Words with Friends".
E ambos fazemos batota em "Palavras Com Amigos".
(112) I’m sorry. I’m trying to read the Costco Connection here.
Desculpe, estou a tentar ler a “Costco Connection”.
Lamento, estou aqui a tentar ler “A Ligação Costco”.
(128) I thought that was a Make-A-Wish thing. Pensava que era do Make-a-Wish. Pensei que isso era uma coisa
Tipo Pede-Um-Desejo.
Tabela 16 - Exemplos de tradução direta extraídos do corpus de tradução direta no fansubbing e
tradução profissional
86
Em primeiro lugar, averiguou-se que a tradução direta foi uma das estratégias com
maior discrepância entre fansubs e a tradução profissional. Na verdade, em determinados
contextos, o fansubber preferiu a tradução direta, porém, o tradutor profissional optou
pela retenção, tal como é possível verificar em (63), (112) e (128). Do mesmo modo,
verificou-se que a tradução direta foi preferencialmente usada pelo fansubber em realia
de nome comum de diferentes domínios, tal como, nomes de organizações (128) e
unidades monetárias (45). Contudo, apesar de menos predominante, também se verificou
a aplicação da tradução direta em nomes próprios como, por exemplo, localidades
(topónimos).
Esta estratégia foi combinada, em alguns casos, com a retenção como, por
exemplo, em (112). Atente-se que no fansubbing é favorecida a CP e manter a essência
da mesma é fundamental para os fãs. Portanto, o uso da retenção e da tradução direta
justificam a premissa do fansubbing em privilegiar a CP para poder aceder à mesma.
Além disso, também foi possível apurar que a tradução direta é mais complexa na
sua relação com a familiaridade das realia. A tradução direta foi usada no corpus translato
para realia transculturais, monoculturais e até infraculturais.
Em (45) e (46) temos duas ocorrências, “50 cents” e “baseball”. A primeira é
tratada da mesma forma por ambos os tradutores, sendo apenas adaptada aos aspetos
linguísticos da LC. Já a segunda ocorrência “baseball” é tratada de forma completamente
distinta por profissional e fansubber. Na tradução do fansubber as realia são retida e
adaptadas aos aspetos linguísticos da LC, tal como em “50 cents”. Contudo, na
profissional existe a omissão das realia. Esta omissão poder-se-á justificar devido ao
reduzido tempo de leitura e número de caracteres em comparação com as fansubs.
De seguida, apresentamos a tabela 17 que demostra a frequência das duas
subcategorias da tradução direta no corpus: decalque e filtragem.
87
Dados totais em frequência relativa
(%)
Tradutor
profissional Fansubber
Decalque 10% 11%
Filtragem 4% 6% Tabela 17 - Frequência relativa da tradução direta por decalque e filtragem no corpus
Com base nos valores analisados da tabela acima é possível verificar que a
tradução direta mais utilizada pelo fansubber foi o decalque com uma frequência de 11%
no corpus analisado. Do mesmo modo, verificou-se que o tradutor profissional optou
maioritariamente pelo uso do decalque com uma frequência de 10% no corpus translato.
Contudo, verificou-se que a fronteira entre a distinção de uma tradução por
decalque ou por filtragem não foi tarefa fácil, pois nem sempre é possível distinguir entre
ambas.
Adicionalmente foi possível averiguar que a filtragem foi preferencialmente
utlizada pelo fansubber, correspondendo a 6% do corpus analisado face a 4% dos dados
de filtragem do tradutor profissional. Contudo, as diferenças nos valores da tabela 17 do
fansubber em comparação com o tradutor profissional são derivados da diferença de 3%
da utilização da tradução direta no corpus.
Além disso, verificou-se que o fansubber optou, em alguns contextos, por marcar
a tradução direta. Por outras palavras, tal como analisamos anteriormente, associadas à
retenção estão três subcategorias: não marcada, marcada e ajustada à LC. Contudo, apesar
de, em determinados contextos, não se ter verificado a combinação da tradução direta
com a retenção, o fansubber marcou o uso da tradução direta. Isto permite-nos
possivelmente associar à tradução direta uma nova subcategoria, a tradução direta
marcada, tal como podemos apurar nos exemplos (63) e (112).
88
4) Generalização
A generalização representou uma frequência de 4% nas fansubs e 6% na tradução
profissional. Assim, correspondeu a 11 ocorrências nas fansubs e 17 na tradução
profissional. Na tabela abaixo apresentamos algumas ocorrências da generalização no
corpus analisado.
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional
Tradução e legendagem do fansubber
(6) Okay, let's go for a ride in my open Jeep.
Vamos dar uma volta no meu jipe aberto.
Muito bem, vamos dar uma volta no meu Jeep descapotável.
(47) You say this gumball machine took your dime
and didn’t give you a gumball?
Estás a dizer que a máquina das pastilhas
Ficou com os 10 cêntimos e não te deu a
pastilha?
Então, dizes que esta máquina de pastilhas ficou com a tua moeda
e não te deu uma pastilha?
(50) Couple marbles, ball of yarn, two Wiffle ball bats.
Alguns berlindes, um novelo de lã dois bastões de Wiffle Ball.
Alguns berlindes, uma bola de lã, dois tacos de basebol.
(51) We’re having brunch after this.
Sim, sim vamos tomar o brunch a seguir.
Sim, sim, ela está bem. Vamos almoçar despois disto.
(108) They always need new TSA screeners.
Eles estão sempre a precisar de novos operadores de TSA.
Eles estão sempre a precisar de pessoas para a segurança.
I Snapchatted Matt Gackerack
___________________________________
(205) a Kodak of my ass crack!
Enviei uma foto do rego do meu rabo pelo Snapchat ao Matt Gackerack.
Não posso voltar. Deixei que o Matt Gackerack
______________________________________
tirasse uma Kodak do rego do meu rabo! Ø
(214) Yeah, they almost wouldn't print that at Kinko's.
Quase que não os imprimiam no centro de cópias.
Pois, quase não quiseram imprimir isso na papelaria.
(255) Yeah, I can't wait to puke up a club sandwich in the pool.
Mal posso esperar para vomitar uma sanduiche na piscina.
Sim, mal posso esperar para vomitar uma sanduíche na piscina.
Tabela 18 - Exemplos de generalização extraídos do corpus de generalização no fansubbing e
tradução profissional.
A generalização foi uma estratégia de difícil análise devido à possível semelhança
com a substituição e (re)criação. Por esta razão, a tabela 18 apresenta um maior número
de exemplos face às estratégias anteriores. Aliás, se consideramos que a generalização
também ocorre quando existe a substituição de uma realia, porém, de forma generalizada,
a fronteira entre a generalização e substituição torna-se subtil. As realia destacadas no
89
exemplo (214) (“Kinko’s”55) demonstra a complexidade entre a generalização, a
substituição e (re)criação. O fansubber traduziu as realia como “papelaria” e o tradutor
profissional como “centro de cópias”. Contudo, é possível classificar tanto a fansub como
a tradução profissional de generalização ou substituição, pois “papelaria” e “centro de
cópias” são hiperónimos de “Kinko’s” e exemplos de substituição por realia da CC.
Em primeiro lugar, averiguou-se que, em grande parte dos casos, a generalização
foi combinada com a omissão.
Em segundo lugar, apurou-se que a generalização foi maioritariamente usada por
questões de familiaridade das realia ou por critérios de condensação. Na verdade, a
condensação é mais observável na tradução profissional, tendo em conta os parâmetros
de Legendagem em comparação com o fansubbing. Enquanto na tradução profissional
dispomos de parâmetros pré-estabelecidos ou considerados como norma no mercado de
tradução, no fansubbing o mesmo não ocorre. A tabela 18 apresenta alguns exemplos de
generalização na tradução profissional no corpus translato. No exemplo (6) e (205) o
tradutor profissional optou por generalizar as realia, enquanto o fansubber optou por uma
outra estratégia, neste caso, a retenção. Já o exemplo (255) revela o uso da generalização
pelo fansubber e tradutor profissional.
Adicionalmente, verificou-se que a generalização foi usada em realia
monoculturais e infraculturais. Por um lado, em (47), (50) e (108) o fansubber opta por
generalizar as realia devido à sua especificidade e à presença de realia monoculturais
que poderão não ser acessíveis ao público-alvo.
Sabendo que, possivelmente, enquanto o tradutor profissional considerou
referências como transculturais, o fansubber considerou como monoculturais, tal como
em (50) e (51). Nestas ocorrências o tradutor profissional manteve as realia “Wiffle Ball”
e “brunch”, não considerando, hipoteticamente, problemáticas para a CC. Já o fansubber
optou por generalizar, apurando possivelmente a hipótese de o público-alvo não as
reconhecer. No nosso entender, estamos perante dois tipos de realia, sendo “Wiffle Ball”
55 A kinko’s, anteriormente FedEx Kinko’s, é uma cadeira de retalho conhecida atualmente como FedEx Office Print & Ship Service, Inc. e que disponibiliza serviços de entregas e de impressão. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/FedEx_Office (Acedido a 14/03/20)
90
realia monoculturais e “brunch” transculturais, visto que “brunch” poderá ser
considerada uma referência globalizada e maioritariamente reconhecida.
O exemplo (108) é particularmente pertinente porque o fansubber torna as realia
do TP acessíveis ao público-alvo, mas usa no TC uma palavra mais extensa do que o
tradutor profissional. Nas realia “TSA” (108), sigla de “Transportation Security
Administration” (agência de segurança dos EUA) enquanto o fansubber opta por intervir
no TC, o tradutor profissional escolhe o oposto e retém. Ora, devido à especificidade de
“TSA” (monocultural) o público não conseguirá aceder à referência. Neste caso, o
tradutor profissional pode ter sido influenciado pelos parâmetros de Legendagem. O
diálogo rápido e tempo de leitura das legendas da cena podem ter interferido na escolha
do tradutor.
De seguida, apresentamos a tabela 19 que demostra a frequência das duas
subcategorias da generalização no corpus: termo superordenado e paráfrase.
Dados totais em frequência relativa
(%)
Tradutor
profissional Fansubber
Termo superordenado 5% 4%
Paráfrase 0,7% 0% Tabela 19 - Frequência relativa de generalização por termo superordenado e paráfrase no corpus
Com base nos valores analisados da tabela acima é possível verificar que a
generalização mais utilizada pelo fansubber e tradutor profissional foi o termo
superordenado com uma frequência de 4% e 5% respetivamente. De igual modo,
verificou-se que a paráfrase foi a estratégia menos usada pelo fansubber e pelo tradutor
profissional como uma frequência de menos de 1% no corpus não translato.
A paráfrase envolve a substituição das realia por uma frase mais longa que possua as
mesmas conotações das realia do TP como, por exemplo, em (205). O tradutor
91
profissional opta por generalizar as realia “Kodak”, tornando a legenda mais extensa
(“Enviei uma foto”) que o TP. No âmbito da Legendagem, o uso desta subcategoria
poderá ser problemático devido aos parâmetros de legendagem, tais como, o número de
caracteres. Logo, sobrepõe-se ao critério de condensação que regem as legendas.
Contudo, o termo superordenado que envolve o uso de uma relação semântica, tal
como um hiperónimo ou merónimo, torna-se uma opção ponderada para o tradutor, tendo
em conta que o público da CC poderá não reconhecer as realia da CP. Sabendo que o as
realia monoculturais e infraculturais são um obstáculo na tradução, o tradutor opta por
usar um termo geral que alude às realia da CP.
5) Substituição
A substituição representou uma frequência de 7% nas fansubs e 5% na tradução
profissional. Assim, correspondeu a 20 ocorrências nas fansubs e 14 na tradução
profissional. Na tabela abaixo apresentamos algumas ocorrências da substituição no
corpus analisado.
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional
Tradução e legendagem do fansubber
Wait a minute.
(48) / (49) This gumball machine takes quarters, not dimes.
Espera aí. Esta máquina aceita 20 cêntimos e não 10.
Espera um pouco, esta máquina aceita moedas de 25 cêntimos, não de 10.
(62) Heather and I went for a tandem bike ride.
And then had lunch at a gastropube.
Eu e a Heather fomos andar de bicicleta tandem
e depois almoçamos
num pub “astronómico”.
Eu e a Heather fomos andar de bicicleta juntos
e depois almoçamos
num bar-restaurante.
(134) Thank you, Mayor West. Obrigado, Mayor West. Obrigado, Presidente West.
(266) I have got the original Call of Duty right here.
It's called jacks.
Tenho o “Call of Duty” original aqui. Chama-se “Jacks”.
Tenho o "Call of Duty" original aqui mesmo.
Chama-se jogo da bugalha.
(282) Well, kids, it's Dyngus Day.
Meninos, hoje é a “Segunda-feira Molhada”.
Bem, é dia de festa, crianças!
(283) Here are your pussy willow branches. Aqui têm os vossos ramos em flor. Aqui estão os vossos ramos
de salgueiro. Tabela 20 - Exemplos de substituição extraídos do corpus de substituição no fansubbing e
tradução profissional.
92
Tal como foi referido anteriormente a substituição é uma estratégia complexa,
pois é parcialmente idêntica à generalização, (re)criação e equivalente oficial. Em
algumas das ocorrências nem sempre foi possível distinguir estas estratégias devido à sua
fronteira subtil. Por esta razão, tal como ocorreu na generalização, a tabela 20 apresenta
um maior número de exemplos face às estratégias anteriores.
Com base no corpus analisado a substituição não ocorreu isoladamente, foi
combinada maioritariamente com a omissão. Nestes casos, as realia foram totalmente ou
parcialmente omitidas e substituídas por outras realia com a mesma conotação cultural.
Em primeiro lugar, apurou-se que a substituição foi usada em títulos honoríficos,
unidades monetárias, nomes de estabelecimentos, comida, bebidas e plantas. Além disso,
verificou-se a inexistência da substituição em nomes próprios, mais concretamente
antropónimos.
Com base na tabela acima, existiram casos em que ambos os tradutores
escolheram a substituição (48) e (49), mas também contextos em que essas escolhas se
diferenciaram, tal como em (62), (134), (266), (282) e (283).
No exemplo (62) o fansubber substituiu a referência no TP por uma referência da
CC. O exemplo (62) “gastropube56” é particularmente pertinente devido à sua ligação
com um trocadilho57. Neste caso, o TP faz a alusão a um pub (local onde se come e bebe)
e que foi substituída pelo fansubber no TC por “bar-restaurante” devido à uso frequente
da referência na CC. Contudo, o tradutor profissional optou por marcar (uso de aspas) o
uso da (re)criação através de um conjunto de várias estratégias (ver seção da (re)criação)).
No exemplo (134) o fansubber optou por substituir as realia “Mayor” por
“Presidente”. Já o tradutor profissional reteve as realia “Mayor”. Por um lado, analisou-
se que a referência pode apresentar diferentes definições dependendo da CP, ou seja, um
“Mayor” não é nomeado da mesma forma nos EUA como em Inglaterra, sendo que os
seus poderes se diferenciam. Ora, neste caso, o fansubber ao substituir “Mayor” por
56 Segundo o Urban Dictionary, um “gastropube” é “um cabelo que se encontra na comida”. Disponível em: https://www.urbandictionary.com/define.php?term=gastropube (Acedido a 6/05/19) 57 Segundo a Infopédia, um trocadilho é um “jogo de palavras em que se utiliza um ou mais recursos estilísticos (homonímia, paronímia, polissemia, etc.) para pôr em evidência uma relação de proximidade, geralmente fonética, entre dois ou mais termos, de modo a sugerir ambiguidades semânticas, multiplicidades de sentidos, alusões inusuais, etc., usualmente para fins humorísticos”. Disponível em: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/trocadilho (Acedido a 14/03/20).
93
“Presidente”, torna as realia acessíveis ao público da CC. Contudo, o tradutor profissional
ao reter a referência provoca um problema de acessibilidade. Devemos, novamente,
considerar os constrangimentos da Legendagem e a ocorrência de um diálogo acelerado.
Aliás, o contexto polissemiótico poderá desempenhar um papel no reconhecimento da
referência. Na cena em questão, o Mayor West faz um discurso dedicado a Peter, onde
lhe entrega a chave da cidade e Peter responde: “Thank you, Mayor West.”. A nosso ver,
o contexto polissemiótico possibilita o reconhecimento das realia “Mayor”, se
considerarmos a ação ocorrida na cena e a presença recorrente da personagem Mayor
West ao longo da série.
De seguida, apresentamos a tabela 21 que apresenta a frequência das duas
subcategorias da substituição: substituição cultural (realia transculturais e realia da CC)
e substituição situacional.
Dados totais em frequência relativa
(%)
Tradutor
profissional Fansubber
• Cultural 5% 6%
Realia Transculturais 0,4% 0,4%
Realia da CC 5% 6%
• Situacional 0% 1%
Tabela 21 - Frequência relativa de substituição por realia transculturais, realia da CC e
situacional no corpus
Com base nos valores da tabela acima é possível verificar que a substituição mais
utilizada pelo fansubber e pelo tradutor profissional foi a cultural com uma frequência de
6% e 5%, respetivamente. Com base numa análise mais detalhada verificou-se também
uma maior representação de realia da CC face às realia transculturais. As realia
situacionais representaram uma frequência de 1% nas fansubs e 0% na tradução
profissional.
Os casos de substituição por realia da CC foram os mais predominantes no
subcorpus translato com base na tabela 21. A nosso ver, a substituição por realia da CC
retira o elemento “estranho” do TC e introduz elementos da CC reconhecidos pelo
94
público. Este caráter interventivo da substituição requer do tradutor um maior esforço na
tradução e uma omissão da CP. Na verdade, uma das descobertas no corpus translato é a
preferência da substituição por parte do fansubber. Note-se que a substituição é uma
estratégia interventiva e tendo em conta que o fansubbing privilegia a CP, uma das
conclusões esperadas seria o uso preferencial de estratégias com alterações mínimas no
TC, de modo a que o público-alvo pudesse aceder à CP. Neste caso, e com base nos dados
analisados, o uso de estratégias mais interventivas como a substituição pode suscitar a
hipótese de que o fansubber opta por usar (inconscientemente ou consistentemente)
estratégias que permitem manter a CP, mas tornar a mesma acessível à CC. Esta qualidade
dupla pode-nos revelar uma evolução no fansubbing se considerarmos que o fansubbing
inicial atuava na “fidelidade”. Por outras palavras, é possível verificar que o fansubber
opta por estratégias menos interventivas, porém, reconhece a existência de realia
monoculturais e infraculturais, provocando no mesmo um comportamento interventivo
como, por exemplo, em (282). Por um lado, no exemplo (282) as realia “Dyngus Day”58
são substituídas na tradução profissional como “Segunda-feira Molhada”59 que, na
verdade, é uma outra designação atribuída às realia do TP, tal como se pode comprovar.
Por outro, o fansubber opta por empregar uma substituição situacional. Neste
caso, estamos perante uma “quase-omissão” (Pedersen, 2011:95). Neste caso, as realia
foram removidas e o fansubber empregou algo que não tem qualquer conexão às realia
da CP.
Ao analisarmos os dados da substituição por realia transculturais tendo em conta
a tabela 21, averiguamos que os exemplos (282) e (266) revelam ocorrências de
substituição transcultural. Em (266) o fansubber emprega uma referência de uma terceira
cultura, neste caso, da cultura brasileira.
58 Dyngus Day é uma celebração católica polaca que ocorre na segunda-feira da Páscoa. Para mais informações, sugere-se a leitura do site Wikipédia sobre Śmigus-dyngus em: https://en.wikipedia.org/wiki/Śmigus-dyngus (Consultado a 22/03/20). 59 Segundo o jornal Euronews, as realia “Segunda-feira Molhada” são consideradas uma prática na segunda-feira da Páscoa na Polónia. Disponível em: https://pt.euronews.com/2018/04/02/polacos-celebram-segunda-feira-molhada (Acedido a 2/03/20)
95
6) Omissão
A omissão60 representou uma frequência de 0,7% nas fansubs e 2% na tradução
profissional. Assim, correspondeu a 2 ocorrências nas fansubs e 5 na tradução
profissional. Na tabela abaixo apresentamos algumas ocorrências da omissão no corpus
analisado.
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional
Tradução e legendagem do fansubber
(1) So that million dollar check you gave me yesterday is no good?
O quê?! Então o cheque de um milhão Ø que me deste ontem não presta?
Então aquele cheque de um milhão de dólares que me deste ontem não presta?
(14) It’s gonna cost several hundred dollars to repair. Vai ficar muito caro repará-la Ø. A reparação vai custar
centenas de dólares!
(33) It’s okay, ma’am.
This happens here at Bennigan’s all the time.
Está tudo bem, minha senhora. Aqui Ø isto acontece muitas vezes.
Isto está sempre a acontecer aqui no Bennigan.
(45) I’ll give 50 cents (46) to find my lucky baseball card.
Dou-vos 50 cêntimos para encontrarem o meu cromo Ø da sorte.
Dou-vos 50 cêntimos para encontrarem o meu cromo de basebol da sorte.
(204)I Snapchatted61 Matt Gackerack
________________________________________
(205) a Kodak of my ass crack!
Enviei uma foto do rego do meu rabo pelo Snapchat ao Matt Gackerack.
Não posso voltar. Deixei que o Matt Gackerack
________________________________________
tirasse uma Kodak do rego do meu rabo! Ø
Tabela 22 - Exemplos de omissão extraídos do corpus de omissão no fansubbing e tradução
profissional.
A omissão foi a estratégia menos utilizada pelo tradutor profissional e fansubber.
Em primeiro lugar, verificamos que a omissão foi predominante na tradução
profissional face às fansubs. Inerente a estes resultados encontra-se a diferença entre os
parâmetros da Legendagem profissional e do fansubbing., mais concretamente das
diferenças da dimensão técnica da tradução profissional face ao fansubbing.
Com base nos dados analisados apuramos que vários parâmetros podem
influenciar o uso da omissão nas Legendas62, sejam condicionalismos espaciais,
60 O uso da omissão no corpus foi assinalado com Ø. 61 Segundo o dicionário Urban, “snapchatted” significa data de publicação ou de envio de um Snapchat. Disponível em: https://www.urbandictionary.com/define.php?term=SnapChatted (Consultado a 28/04/2021 62 Usado em maiúsculas para englobar a tradução e a legendagem.
96
temporais ou conhecimento do mundo, tal como podemos averiguar em (1) onde o
tradutor profissional omite “dollar” do TC. No nosso entender, só a retenção e a
generalização têm as mesmas caraterísticas no que se relaciona ao número de parâmetros
envolvidos na escolha da estratégia. Deste modo, o uso da omissão na tradução torna-se
um desafio para o tradutor entre o que poderá ou não omitir. Decerto que alguns
parâmetros poderão possuir um maior poder na escolha do tradutor, porém, o uso desta
estratégia deve ser calculado pelo tradutor devido às implicações no TC. A omissão face
às estratégias previamente analisadas retira as realia do TP no TC, impedindo, assim, que
o público-alvo tenha acesso às realia da CP. Aliás, se considerarmos que a omissão se
baseia em perdas, o tradutor poderá estar a pôr o público-alvo “em pé de desigualdade”
face ao público de partida. Contudo, na Tradução Audiovisual, especificamente, em
Legendagem, o legendador tem que condensar o diálogo das personagens e para atingir
esse fim poderá usar a omissão.
Portanto, se analisarmos com maior detalhe as ocorrências onde foi utilizada a
omissão, constatamos que foi utilizada em diversas categorias, sendo as mais frequentes,
por exemplo, unidades monetárias, unidades de medida, nomes de marcas, comida e
plantas. Logo, poderá eventualmente revelar, tal como foi mencionado anteriormente, que
as categorias das realia poderão entrar em segundo plano face aos parâmetros de
Legendagem e do conhecimento das realia. Aliás, a omissão ocorreu preferencialmente
em referências monoculturais ou infraculturais, porém, é possível observar a omissão em
referências transculturais.
No exemplo (204) o fansubber opta por omitir o nome da rede social
“snapchatted” face ao tradutor profissional que a mantém. Neste caso, se ponderarmos
que no fansubbing não existe parâmetros de Legendagem pré-definidos, o fansubber
poderá não ter considerado as realia centrais para o TC.
Nas palavras de Spolidorio (2017:81), as legendas profissionais têm uma
audiência mais heterogénea e é neste sentido que a retenção de referências culturais pode
levar a que o público a não compreenda o sentido da cena. Contudo, a autora também
refere que as fansubs são direcionadas para um público específico ao contrário das
legendas profissionais. Neste caso, os resultados do corpus translato relativamente ao uso
parcialmente superior da omissão na tradução profissional podem ir ao encontro do
97
público-alvo, reconhecendo que o público-alvo das fansubs são, possivelmente, fãs da
série que reconhecem as suas nuances culturais.
7) (Re)criação
A (re)criação representou uma frequência de 3% na tradução profissional e 2%
nas fansubs. Assim, correspondeu a 9 ocorrências na tradução profissional e 7 nas
fansubs. Na tabela abaixo apresentamos algumas ocorrências da (re)criação no corpus
analisado.
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional
Tradução e legendagem do fansubber
(5) I need them later for park soccer.
Preciso delas para jogar futebol no parque de estacionamento.
Preciso delas mais tarde para jogar à bola.
(62) Heather and I went For a tandem bike ride.
And then had lunch
at a gastropube
Eu e a Heather Fomos andar de bicicleta tandem
e depois almoçamos
num pub “astronómico”.
Eu e a Heather fomos Andar de bicicleta juntos
e depois almoçamos
num bar-restaurante.
(73) Chef Sylvester, on the other hand,
(74) I'm happy to say your sufferin' succotash
was absolutely delicious.
Por outro lado, o Chefe Sylvester,
Agrada-me dizer que o seu succotash em sofrimento
era delicioso
O Chef Sylvester, por outro lado,
fico feliz por dizer que a sua Sinfonia de Milho e Feijão
era incrivelmente deliciosa.
(140) The kind of guy who’s always got
butterscotch candies
for his friends.
O tipo que tem sempre caramelos para oferecer aos amigos!
O tipo de pessoa que tem sempre bombons de caramelo de manteiga
(...)
(279) Come here, baby. You need them Lee Press-Ons.
Vem cá querido. Precisas é de uma coçadela com unhas de gel.
- Precisas de umas unhas em condições. - Isso mesmo.
Tabela 23 - Exemplos de (re)criação extraídos do corpus no fansubbing e tradução profissional
Como sabemos a Tradução Audiovisual requer do Legendador um esforço
adicional. Em alguns momentos, o Legendador terá de ser criativo na Legendagem para
acomodar os constrangimentos inerentes à área da Legendagem, tais como
condicionalismos espaciais e temporais e acessibilidade do público-alvo às realia. Nesta
vertente, apesar do esforço que esta estratégia requer do Legendador e da dimensão
intrusiva que poderá ter no TC, a (re)criação não foi a estratégia menos utilizada em
ambos corpus translato. De facto, o uso da (re)criação envolve um conjunto de várias
98
estratégias. Em parte, dá criatividade ao tradutor para fazer uma referência indireta às
realia do TP.
Além disso, podemos considerar esta estratégia como uma das mais interventivas
em relação ao TP. Em contextos em que o público-alvo não tem acesso à LP e a
descodificação não é possível através do carácter polissemiótico do texto audiovisual, o
mesmo não consegue aceder às realia do TP.
Um outro aspeto a analisar é que a (re)criação possui um maior número de
ocorrências na tradução profissional face às fansubs, apesar da diferença percentual ser
de apenas 1%. Este resultado revela que apesar das limitações já mencionadas
anteriormente na Legendagem profissional, o tradutor profissional optou por intervir no
TC de modo a tornar as realia acessíveis ao público-alvo. Ora, foi possível conferir que
nos contextos em que o fansubber e tradutor profissional utilizaram a (re)criação as
referências culturais seriam de difícil acesso, ou seja, monoculturais e infraculturais.
Para uma análise mais detalhada, analisemos os exemplos da tabela 23. Em (5) o
fansubber utiliza a (re)criação em combinação no TC “jogar à bola” que permite aludir
às realia presentes no TP. Já o tradutor profissional opta pela tradução direta.
Em (62) o tradutor profissional cria uma expressão, com recurso a aspas, que não
existe na CC (ver estratégia substituição). Este caso em particular revela a apropriação de
realia para efeitos humorísticos, devido a um trocadilho63 que é realizado em
“gastropube”64. Neste contexto, considerou-se realia não só porque o trocadilho provém
da referência cultural “gastropub” e que sem a mesma o exemplo (62) não teria objetivo
humorístico.
Já em (74) e (140) o fansubber utilizou a (re)criação com base na descrição, ou
seja, o fansubber desconstruiu as realia, neste caso em ingredientes, para o público-alvo
conseguir aceder à referência. Em (74) as realia do TP “succotash”65 é traduzida no TC
com base nos seus ingredientes modo a aludir às mesmas realia do TP. Em (140) o
63 Segundo o dicionário Priberam (2008-2019), um trocadilho é um jogo de palavras. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/trocadilho (Acedido a 20/07/19) 64 Segundo o Urban Dictionary (2017), um “gastropube” é um cabelo que se encontra na comida. 65 Segundo a Wikipédia (2020), “succotash” “é um prato típico da culinária sulista, composto por milho, feijão e outros vegetais”. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Succotash (Acedido a 23/03/20).
99
fansubber opta pelo mesmo, onde a referência “butterscotch candies” é traduzida com
base nos seus ingredientes.
Em (279) as realia “Lee Press-Ons”66 são omitidas pelo fansubber e tradutor
profissional. Neste caso, talvez se tenha considerado que devido a ser uma realia obsoleta
(está fora de moda) o público-alvo não conseguiria aceder à mesma. Na verdade, devido
a tal considerou-se estas realia como infraculturais, devido à especificidade da referência
na CP, o que apresentaria dificuldades de familiaridade na CC.
Assim, apurou-se que a (re)criação é uma das estratégias mais interventivas das
analisadas. Por um lado, devido ao afastamento ou omissão das realia do TP, o público
deixa de ter acesso à referência que foi apresentada ao público de partida. Por outro, a
(re)criação pode conduzir a uma certa estranheza no TC, pois pode passar pela utilização
de um conjunto de estratégias em que o seu produto não soa natural à CC.
8) Equivalente oficial
O equivalente oficial representou uma frequência de 11% na tradução profissional
e 10% nas fansubs. Assim, correspondeu a 32 ocorrências na tradução profissional e 29
nas fansubs. Na tabela abaixo apresentamos algumas ocorrências de equivalente oficial
no corpus analisado.
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional Tradução e legendagem do fansubber
(13) Hey, you seen my copy of “Into the Wild”?
Viste o meu filme “O Lado Selvagem”?
Ei, viste a minha cópia de "O Lado Selvagem"?
(84) He was in, like, at least five “Sex in the Citys”.
(81) Ele esteve em pelo menos em cinco episódios de “O Sexo e a Cidade”.
Ele entrou em pelo menos cinco "O Sexo e a Cidade".
(83) I don't know, was he in “Black Hawk Down”?
(80) Não sei, ele esteve no filme “Cercados”? Não sei, ele entrou em "Cercados"?
(98) 50 pound elephant steaks! Bifes de elefante de 20 kg! Bifes de elefante de 22 quilos!
(126) That's the terrorist from “Homeland”.
É uma personagem de “Segurança Nacional”. É o terrorista de "Homeland".
(201) Peter, I’m your conscience, Jiminy Cricket.
Peter, sou a tua consciência, o Grilo Falante.
Peter, sou a tua consciência, o Grilo Falante.
Tabela 24 - Exemplos de equivalente oficial extraídos do corpus no fansubbing e tradução
profissional.
66 “Lee Press-Ons” é uma marca de unhas postiças dos anos 80.
100
O equivalente oficial foi uma das estratégias mais utilizadas pelo tradutor profissional
e fansubber.
Com base nos dados analisados no subcorpus translato verificou-se que um
equivalente oficial corresponde a referências que já se encontram instituídas na CC como,
por exemplo, em (201). Nestes casos, o fansubber e tradutor profissional utilizaram o
equivalente oficial referente às realia, mas reconhecida na CC. Além disso, averiguou-se
que um equivalente oficial poderá ser um obstáculo aos níveis de transculturalidade (ver
secção 2.2.1.1.), visto que poderá não passar pelo conhecimento que o público da CC
possui, mas por uma entidade que pré-determinou a tradução de uma determinada
referência.
Segundo Pedersen (2011:97), um equivalente oficial é definido como tal quando
uma determinada autoridade reconhece a tradução das realia, por exemplo, as unidades
de medida (98). Na União Europeia e em Portugal é utilizado o sistema métrico como
unidade de medida. Neste sentido, é esperado que as legendas em português europeu
possuam as respetivas unidades reconhecidas pelo público-alvo (português europeu). No
exemplo (98) ambos os tradutores utilizaram um equivalente oficial (“quilos”) para as
realia “pound”.
Ao longo do corpus translato, se analisarmos com maior detalhe as ocorrências
onde foi utilizado o equivalente oficial, constatamos que foi empregue em diversas
categorias, sendo as mais frequentes, unidades de medida, filmes, nomes de localizações,
personagens e comida. A grande categoria que utilizou equivalentes oficiais no subcorpus
translato foi, de facto, os filmes, tal como podemos demonstrar em (13), (83), (84) e (126).
Os exemplos (13) e (83) e (84) são particularmente pertinentes, pois o tradutor
profissional optou por adicionar informação ao equivalente oficial (especificação +
equivalente oficial). Apesar do maior número de condicionalismos espaciais e temporais
que a Legendagem profissional possui face ao fansubbing, o tradutor profissional
considerou que o uso de um equivalente oficial poderia não ser suficiente para as realia
serem traduzida na CC. Assim, ao adicionar pistas informativas da categoria das realia
no TC, permite que o público-alvo consiga compreender a referência.
Assim, com base nos resultados obtidos do corpus translato apurou-se que existe
uma tentativa do fansubber de adaptar as referências da CP
101
Conclusão
Esta dissertação teve como objetivo analisar as estratégias de tradução para
legendagem de realia do fansubber e tradutor profissional, de inglês para português
europeu. De seguida, ir-se-á sintetizar algumas questões apuradas.
No primeiro capítulo, desenvolveu-se a Legendagem profissional e fansubbing.
Numa primeira instância, apurou-se uma definição de Tradução Audiovisual que abrisse
caminho para enquadrar a aceção de Legendagem e que nos iria acompanhar neste estudo.
Este enquadramento teórico prosseguiu com a descrição de um conjunto de critérios
linguísticos e parâmetros técnicos, no âmbito da Legendagem profissional, que se
consideraram relevantes para compreender o trabalho do Legendador (tradutor e
legendador). No mesmo capítulo, e numa segunda instância, apresentou-se um
enquadramento teórico sobre a modalidade recente da tradução audiovisual: o
fansubbing. Com base na inexistência de um consenso terminológico e limitador, aqui
propusemos assegurar um conceito e definição desta modalidade que nos permitisse não
só avançar neste estudo, mas também enriquecer e desenvolver matéria de investigação
sobre o fansubbing, mais concretamente, no contexto português. Assim, no nosso
entender, uma fansub é uma legenda produzida por um fã ou grupo de fãs de um programa
audiovisual de forma gratuita e sem fins lucrativos, de um TP para um TC, dentro de
comunidades online. Contudo, também foi possível averiguar que na base do conceito de
definição de fansubbing se encontra um contexto histórico que devemos ter em conta para
compreender a sua evolução. Ora, também elaboramos uma linha de pensamento
cronológico que nos permitisse compreender que o fansubbing é uma prática que está em
contante mudança devido aos avanços tecnológicos, à globalização e o livre acesso à
informação. Ainda relacionado a este ponto encontram-se as motivações dos fansubbers
que são bastante complexas, pois envolvem o fandom e a “cultura participativa”. No final
do primeiro capítulo, introduziu-se duas comunidades portuguesas de fansubbers que nos
permitissem observar o fansubbing no contexto português.
No segundo capítulo, desenvolvemos a segunda temática desta dissertação, a
tradução para legendagem de referências culturais. Aqui foi definido o termo a usar neste
estudo para delimitar os elementos de análise: realia. Realia define-se como palavras ou
102
conjunto de palavras ligadas a uma determinada cultura que expressam referências
extralinguísticas ficcionais ou não ficcionais a objetos físicos ou conceptuais, fenómenos,
conceitos, crenças, vida quotidiana, incluindo títulos honoríficos.
Adicionalmente, ainda no mesmo capítulo realizamos uma revisão bibliográfica
das estratégias de tradução que seriam aplicadas à presente análise e parâmetros
influenciadores.
No quarto capítulo, realizou-se a análise comparativa do corpus paralelo bilingue
da série Family Guy. Em nosso entender, era favorável para o leitor a distribuição de uma
análise global e detalhada das estratégias de tradução para legendagem para que os dados
pudessem ser analisados atentamente. A análise global baseou-se numa observação
quantitativa da orientação das estratégias de tradução utilizadas pelo fansubber e tradutor
profissional. Nesta vertente, verificou-se que os resultados obtidos não foram muito
díspares. A premissa desenvolvida inicialmente sobre as fansubs foi confirmada nos
dados de análise: “(...) as fansubs permitem preservar a CP, sendo considerada a resposta
dos fansubbers à domesticação “abusiva” que se podia verificar nas legendas distribuídas
oficialmente no mercado.”. Ora, com base nos dados revelou-se que o fansubber opta
(conscientemente ou inconscientemente) por direcionar a tradução para o TP. Todavia
também se verificou que em determinados contextos o fansubber opta por intervir no TC,
ou seja, isto poderá revelar uma consciência ativa por parte deste individuo de que a
audiência poderá não reconhecer as realia. Assim, seja nas fansubs ou na tradução
profissional existe uma preferência em manter a CP.
Com base na análise detalhada do corpus e das estratégias de tradução foi possível
conceber algumas conclusões. Estas são aplicadas aos dados aqui analisados e não devem
ser generalizadas.
Portanto, verificamos que a estratégia mais usada pelo fansubber e tradutor
profissional foi a retenção com 62% na tradução profissional e 61% nas fansubs. Assim
com base nestes dados podemos formular uma conclusão:
O elevado número de ocorrências da retenção pode derivar do conhecimento que o
tradutor pressupõe que o público da CC possui da cultura norte-americana ou de uma
terceira cultura.
103
Os falantes de português europeu estão cada vez mais habituados à cultura norte-
americana (consequência da sua internacionalização), em parte, devido à elevada
dominância da produção cinematográfica. Contudo, também devemos refletir que a
elevada frequência de antropónimos no corpus poderá levar ao uso da retenção. Ainda
sobre a retenção apurou-se que:
As referências transculturais são normalmente retidas.
Ao longo desta dissertação, referimos que realia transculturais não apresentam
problemas de tradução, pois são consideradas como internacionalizadas e, assim,
reconhecidas pela vasta maioria do público. Ora, no corpus confirmou-se que grande
parte das ocorrências de realia transculturais foram normalmente retidas pelo fansubber
ou tradutor profissional. Além disso, verificou-se que a centralidade e importância das
realia no contexto discursivo poderá ter um papel fundamental no uso da retenção. Neste
caso, verificou-se que as realia são consideradas centrais na cena quando a sua omissão
provoca uma falta de informação no TC. Assim, formula-se uma conclusão:
O tradutor ou fansubber optam por reter quando as realia são essenciais na
narrativa da história.
Uma das estratégias menos usada pelo fansubber e tradutor profissional foi a
especificação com 2% de frequência na tradução profissional e fansubs. Esta estratégia
nem sempre é favorável ao tradutor, pois envolve um maior número de caracteres e tempo
de leitura, algo que nem sempre é possível, particularmente na Legendagem profissional.
Um outro ponto a concluir é o contexto em que foi usada a especificação e que nos leva
a formular o seguinte argumento:
A especificação é normalmente usada em realia não transculturais.
O uso da especificação tem como objetivo auxiliar o público da CC para aceder
às realia do TP. Assim, se consideramos que as realia são centrais para a cena, porém,
não são transculturais, o tradutor opta por levar o leitor a meio caminho ao adicionar
informação.
A tradução direta foi uma das estratégias mais utilizadas pelo tradutor profissional
e fansubber com uma frequência de 14% e 17% respetivamente. Contudo, tal como
104
verificamos anteriormente a fronteira entre o decalque e a filtragem é bastante ténue e
nem sempre é fácil distinguir ambas estratégias. Aliás, com base na análise da tradução
direta podemos formular a seguinte conclusão:
A tradução direta é utilizada normalmente em realia transculturais e
monoculturais.
Já a generalização foi utilizada com uma maior ocorrência na tradução
profissional (6%) face às fansubs (4%), possivelmente devido aos parâmetros de
Legendagem profissionais. Além disso, verificamos um uso predominante da
generalização em realia monoculturais. Neste âmbito, apresentamos o seguinte
argumento:
A generalização foi normalmente utilizada em realia monoculturais.
Para além da influência dos parâmetros de legendagem, verificamos que a
generalização é também utilizada quando existe um obstáculo na compreensão das realia
por parte do público da CC. Assim, a necessidade de condensação da informação
juntamente com a familiaridade das realia conduz à utilização desta estratégia.
Algo bastante pertinente nos dados analisados foi o uso da substituição de 7% nas
fansubs face a 5% na tradução profissional. Se considerarmos que o fansubbing evita
intervir no TP de modo a permitir que o “estranho” entre no TC, os dados analisados
refletem o oposto. Na verdade, existiram ocorrências em que ambos os tradutores
utilizaram a substituição. No entanto, em alguns momentos, o fansubber optou pela
substituição da referência e pela utilização de uma referência da CC ou de uma terceira
cultura. Além disso, verificamos que a substituição foi empregue maioritariamente em
realia monoculturais e fundamentais para o contexto da cena. Assim, é possível formular
a seguinte conclusão:
A substituição é normalmente utilizada em realia monoculturais e centrais na
narrativa da história.
Já a omissão ocorreu maioritariamente na tradução profissional com 2% e 0,7%
nas fansubs. Estes dados poderão estar intrinsecamente ligados aos condicionalismos da
Legendagem profissional. Se ponderarmos que no fansubbing não existem parâmetros
105
pré-definidos de Legendagem, os mesmos tornam-se opções dos fansubbers. Logo, para
analisar a Legendagem profissional teremos inevitavelmente de abordar a condensação,
que se encontra ligada à utilização da omissão na Legendagem. Contudo, com base nos
dados analisados os tradutores optaram, maioritariamente, por não omitir referências
transculturais. Esta estratégia permite apresentar o seguinte argumento:
Realia transculturais não são normalmente omitidas.
A (re)criação apresentou uma frequência de 3% nas fansubs e 2% na tradução
profissional. Em alguns casos, verificámos que o uso desta estratégia salientou a
capacidade criativa do Legendador. Contudo, verificamos que esta estratégia requer um
maior número de carateres, o que poderá provocar algum constrangimento nos
parâmetros de Legendagem. Adicionalmente apuramos que a (re)criação é uma estratégia
complexa, pois engloba o uso de diversas outras estratégias. Assim, podemos apurar:
A (re)criação é maioritariamente usada em realia monoculturais
Por último, o equivalente oficial possuiu uma maior frequência na tradução
profissional (11%) face às fansubs (10%) e verificou-se que foi utilizada nos contextos
em que as realia no TC tinham sido ratificadas por uma autoridade que o permita ou pelo
vasto uso das realia.
Em suma, relativamente aos dados analisados, apuramos que o conceito de
transculturalidade poderá ser arbitrário, pois depende de quem e para quem é designado.
Por um lado, o que um tradutor considerou como transcultural, outro poderá considerar
como monocultural devido ao “conhecimento enciclopédico” (Pedersen, 2011:101). Por
outro, os níveis de transculturalidade podem ainda se diferenciarem dependendo do
público. Por outras palavras, se considerarmos que o público de fansubbing poderá
possuir um conhecimento especializado relativamente às fansubs que fizeram o download
das fansubs, então os níveis de transculturalidade poderão não coincidir com os da
tradução profissional. Neste caso, a fronteira entre realias monoculturais e transculturais
poderá oscilar. Assim, os níveis de transculturalidade não devem ser considerados pela
sua forma objetiva porque, na verdade, existe uma certa subjetividade nas fronteiras
destes níveis.
106
Inicialmente esperávamos que os dados do fansubber revelassem
maioritariamente estratégias orientadas para o texto de partida, tendo em conta que no
fansubbing existe a preferência em manter a cultura de partida (ver secção 1.3.2.). De
facto, o que os dados nos vieram revelar foi que o fansubber opta por empregar estratégias
orientadas para a CP. Na mesma vertente, as elevadas ocorrências da retenção e da
tradução direta no corpus translato também não nos surpreenderam devido à preservação
de referências da cultura de partida no texto de chegada. No entanto, considerámos
pertinente que o fansubber equilibra, de certa forma, o TC de forma a não se tornar
complemente estranho para o público. Ora, a substituição, que ocorreu maioritariamente
nas fansubs, surpreendeu-nos devido à capacidade do fansubber em reconhecer que as
realia poderiam ser problemáticas para o público se tivessem sido retidas. Isto poderá
revelar uma capacidade do fansubber em identificar os elementos que seriam
problemáticos para o seu público.
Por um lado, os resultados da análise permitem-nos concluir que as estratégias
utilizadas pelo fansubber e tradutor profissional poderão estar relacionadas com o
público-alvo. Se considerarmos que estamos perante públicos diferentes as estratégias de
tradução poderão ir ao encontro das necessidades do contexto sociocultural. Na verdade,
a relação dinâmica e interativa entre o fansubber e a sua comunidade, leva a que estes
participem um fandom que elege a preservação de elementos da cultura de partida.
Por outro, na tradução profissional não existe uma relação entre tradutor e público,
onde poderemos considerar este último como heterogéneo, ou seja, o tradutor não tem a
possibilidade de identificar o seu público como parte de um fandom.
Com base na revisão bibliográfica é possível considerar que estamos perante duas
modalidades (fansubbing e tradução profissional) distintas em diferentes níveis:
organização e fluxo de trabalho e público-alvo.
Ainda para concluir este trabalho e a presente seção, deveremos expor, num
sentido autocrítico, que este estudo apresenta algumas limitações.
Em primeiro lugar, a primeira limitação reflete-se no número de fansubbers
analisados. Na verdade, devemos reconhecer que um fansubber não retrata o contexto
nacional da prática. Os dados analisados neste estudo devem ser cuidadosamente
107
contextualizados, constatando que dados singulares não podem ser generalizados. Nas
palavras de Valdez (2019:274) isto é, na verdade, uma consequência de uma investigação
singular. Portanto, aconselham-se futuras investigações que permitam mapear e analisar
o produto de tradução para legendagem de referências culturais no par linguístico inglês-
português europeu dos fansubbers face aos tradutores profissionais.
Em segundo lugar, por questões pontuais, este estudo não analisou
exaustivamente que categoria(s) de realia foram mais problemáticas e a sua relação com
a estratégia utilizada pelo tradutor profissional e fansubber no par linguístico inglês-
português. Certamente, esta poderá tornar-se uma futura pergunta de investigação da
autora da dissertação e de investigadores da área.
Em terceiro lugar, a densidade do corpus extraído, de facto, influencia a
quantidade de realia encontradas no texto. Neste caso, o corpus abrangeu 9 episódios da
série Family Guy, correspondendo à temporada 13, do episódio 10 ao 18. É possível
reconhecer que uma análise desta extensão de um único investigador tem as suas
limitações. Todavia, conclui-se que, com base nos dados analisados, é possível apurar
reflexões para futuras investigações.
Em quarto lugar, a familiaridade das realia com base em Pedersen (2011) não foi
estudada exaustivamente na seção da análise, pois, na verdade, os conceitos de realia
transculturais, monoculturais e infraculturais podem oscilar dependendo do tradutor. Por
outras palavras, o que um fansubber considerou como transcultural, o tradutor
profissional poderá ter considerado monocultural. Ora, isto poderá refletir que os
conceitos mencionados anteriormente podem ser bastante complexos. Assim, considera-
se que esta questão poderá suscitar investigações futuras.
Além disso, por questões pontuais, não foi dado destaque ao perfil dos tradutores
analisados (fansubber e profissionais). Esta escolha ocorreu devido à impossibilidade de
analisar comparativamente um único fansubber com vários tradutores profissionais. Na
tradução profissional estamos perante vários tradutores que escolheram as estratégias
individualmente, com base nas suas competências e familiaridades culturais. Na verdade,
entrar em contacto com estes seria um trabalho extremamente difícil. Assim, conclui-se
que não seria viável uma comparação desequilibrada dos dados.
108
Um outro ponto a ponderar, e que não foi analisado exaustivamente neste estudo,
foi que o conhecimento do público das fansubs poderá diferenciar-se do público da
tradução profissional. Isto poderá verificar-se, em alguns casos, na adoção de diferentes
estratégias por parte dos fansubbers e tradutores. No que concerne a audiência, podemos
realçar que apesar de estamos perante a mesma série, o público do fansubbing enquanto
parte de um fandom poderá possuir um reconhecimento especializado da mesma. Neste
contexto, as fansubs poderão apelar uma audiência especial que busca por este tipo de
legendas, que poderá não só ter interesse, de certa forma, nas fansubs, mas também devido
ao acesso gratuito e facilitado (ver secção 1.3.).
Por último, um outro tópico importante a sublinhar e que poderá servir de
inspiração para investigações futuras é: “até que ponto as fansubs poderão ser
consideradas profissionais ou poderão revelar comportamentos e tendências
profissionais?” Poderá o fansubbing, no contexto português, oferecer qualidade
equiparada a parâmetros profissionais? Devido à análise particular e pontual que foi
realizada neste estudo, seria irrealista concluir ou dar resposta a tal pergunta. Contudo,
pretende-se a partir deste estudo propor pesquisas futuras.
Esperamos com este trabalho fortalecer os estudos sobre o fansubbing e promover
futuras investigações da modalidade. Gostaríamos de terminar este trabalho com uma
citação que poderá suscitar trabalhos futuros sobre o fansubbing: “Should we then evict
all volunteers and paraprofessionals (non-professional, semi-professionals, or would-be-
professionals), even though they too have produced quality translations in the past and
may do so in the future?” (Pym, 2012:72).
109
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127
Anexo 1
Temporada 13 episódio 10
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional (português europeu) Estratégia Tradução e legendagem do fansubber
(português europeu) Estratégia
(1)
STEWIE: What?!
So that million dollar check you gave
me yesterday is no good?
O quê?! Então o cheque de um milhão Ø que me deste ontem não presta?
Omissão Então aquele cheque de um milhão de dólares que me deste ontem não presta?
Tradução direta (decalque)
(2) STEWIE:
I like when dad talks tough. He sounds like Dirty Harry.
Adoro quando o pai fala duro. Parece o Dirty Harry.
Retenção (marcada)
Gosto quando o pai fala duro.
Parece o Dirty Harry.
Retenção (não marcada)
(3) HOMEM NA TELEVISÃO: And now, international news from Al Jarreau Jazeera.
E agora, as notícias internacionais com Al Jarreau Jazeera.
Retenção (não marcada)
E agora, as notícias internacionais da Al Jarreau Jazeera.
Retenção (não marcada)
(4)
HOMEM NA TELEVISÃO: ♪67 Car bombing in Syria ♪
♪ Skididdly boom-bop
Carros armadilhados na Síria
Trinta e sete pessoas morrem
Tradução direta (decalque)
Um carro-bomba na Síria...
Sim
Tradução direta (decalque)
67A nota musical tem como objetivo indicar que estamos perante uma letra musical na respetiva cena. Aliás, após a visualização de diferentes legendas intralinguísticas para surdos e ensurdecidos (fansubs), verificou-se que existe a tendência de utilizar uma nota musical no início e fim da respetiva legenda para indicar o começo de uma música.
128
a Dee, yeah ♪
♪ 37 people killed ♪
♪ Ooh, the people are dead. ♪
As pessoas estão mortas.
37 pessoas mortas...
As pessoas morreram.
(5) PETER:
I need them later for park soccer.
Preciso delas para jogar futebol no parque de estacionamento.
Tradução direta (decalque)
Preciso delas mais tarde para jogar à bola. (Re)criação
(6) PETER:
Okay, let's go for a ride in my open Jeep.
Vamos dar uma volta no meu jipe aberto.
Generalização (termo
superordenado)
Muito bem, vamos dar uma volta no meu Jeep descapotável.
Retenção (não marcada)
(7)
(8)
PETER: Big hamburgers.
Small hamburgers, too.
Hambúrgueres grandes. Hambúrgueres pequenos também.
Tradução direta (decalque)
Tradução direta
(decalque)
Hambúrgueres grandes, hambúrgueres pequenos também.
Tradução direta (decalque)
Tradução direta
(decalque)
(8) PETER: Sliders, I think they're called.
Chamam-lhe hambúrgueres em miniatura. (Re)criação Acho que se chamam miniaturas. Substituição
(situacional)
(9) PETER: Ranch. Molho. Generalização
(termo superordenado)
Molho Ranch. Especificação (adição)
(10) PETER:
The band Guster is the sweetest band of all time.
Guster é a banda mais fixe de sempre.
Retenção (não marcada)
A banda Guster é a banda mais bacana de sempre.
Retenção (não marcada)
(11)
(12)
PETER: It was tough, 'cause I had
to move all my O.A.R. stuff
to fit the Guster stuff.
É pena mudar as cenas da O.A.R. por causa das cenas da Guster.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
Foi duro, porque tive que mudar todas as minhas coisas O.A.R.
para que pudesse
colocar as coisas Guster.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
129
(13) PETER:
Hey, you seen my copy of Into the Wild?
Viste o meu filme “O Lado Selvagem”?
Equivalente oficial
– Especificação
(adição)
Ei, viste a minha cópia de "O Lado Selvagem"?
Equivalente oficial
(14) LOIS:
It's gonna cost several hundred dollars to repair.
Vai ficar muito caro repará-la. Ø Omissão A reparação vai custar centenas de dólares!
Tradução direta (decalque)
(15) QUAMIRE:
She's the one who brought four loose Sierra Nevadas.
Foi ela que trouxe quatro cervejas. Generalização
(termo superordenado)
Foi ela que trouxe quatro garrafas de Sierra Nevadas.
Especificação (adição)
(16) PETER:
Like when I found Where the Wild Things Were.
Como quando descobri “Onde Vivem os Monstros.”
Equivalente oficial (BR68)
Como quando descobri onde era o Sitio das Coisas Selvagens.
Equivalente oficial
(17) PETER: I owe you, Max. Fico a dever-te uma, Max. Retenção
(não marcada) Devo-te uma, Max. Retenção (não marcada)
(18) OUTRA PERSONAGEM: I'm in high school. Estou no secundário. Equivalente
oficial Eu ando no liceu. Equivalente oficial
(19)
QUAMIRE: Well, in retrospect,
she did ask a lot of questions
about To Kill a Mockingbird.
Agora que penso, ela fez muitas perguntas sobre “Na sombra e o Silêncio”.
Equivalente oficial
Bem, vendo bem as coisas... ela fez muitas perguntas
sobre "To Kill a Mockingbird".
Retenção (marcada)
(20)
BRIAN: Should have sent her my way.
I love that book.
Gregory Peck!
Devias ter-lhe dito para vir ter comigo, adoro esse livro.
Gregory Peck, que homem.
Retenção (não marcada)
Devias tê-la mandado até mim, eu adoro esse livro.
Gregory Peck...
Retenção (não marcada)
68 O tradutor profissional utilizou o equivalente do português do brasil.
130
(21)
PETER: You know what
I tried today?
A fig.
Sabes o que comi hoje? Um figo.
Tradução direta (decalque)
Sabes o que experimentei hoje? Um figo.
Tradução direta (decalque)
(22) LOCUTOR: The General Car Insurance. O Seguro de Carro General. Tradução direta
(decalque) Seguro Automóvel "O General". Tradução direta (decalque)
(23)
PETER: And as we know, according
to Game of Thrones,
if the girl has had her blood, she is good to go.
De acordo com
“A Guerra dos Tronos”
se a rapariga já teve o seu período,
está mais que pronto.
Equivalente oficial
E como sabemos, segundo "A Guerra dos Tronos",
se a rapariga já tiver sangrado,
ela está pronta.
Equivalente oficial
(24)
(25)
PETER: Ergo, he's only 12.
Ergo, the girl raped him.
Argo, Ben Affleck.
Ergo, só tem 12 anos.
Ergo, a rapariga violou-o a ele.
“Argo”, Ben Affleck.
Retenção (marcada)
Retenção
(não marcada)
Logo, ele só tem 12 anos.
"Ergo", a rapariga violou-o a ele.
"Argo", Ben Affleck.
Retenção (marcada)
Retenção
(não marcada)
(26)
PETER: I don't know.
Why don't you ask
all these letters
to Santa Claus?
Não sei, porque não pergunta a todas estas cartas
para o Pai Natal?
Equivalente oficial
Não sei. Porque não pergunta a todas estas cartas para o Pai Natal?
Equivalente oficial
(27) OUTRA PERSONAGEM:
Officer Swanson, I'll remind you that you are under oath.
Agente Swanson, lembro-o que está sob juramento.
Equivalente oficial
Agente Swanson, quero lembrá-lo que está sob juramento.
Equivalente oficial
131
(28) Cleveland: I’m taking this Bible. Vou levar esta Bíblia. Tradução direta (decalque) Vou levar esta Bíblia. Tradução direta
(decalque)
(29) PETER:
Lois, can I play Angry Birds on your phone?
Lois, posso jogar Angry Birds no teu telemóvel?
Retenção (marcada)
Lois, posso jogar Angry Birds no teu telemóvel?
Retenção (não marcada)
(30) STEWIE:
Dairy Queen closes in ten minutes.
O Dairy Queen fecha daqui a dez minutos.
Retenção (marcada)
O Dairy Queen fecha dentro de dez minutos.
Retenção (não marcada)
(31) OUTRA PERSONAGEM:
And have been washed in the blood of the Lord Jesus Christ.
E fui lavada no sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tradução direta (decalque)
...69 e fui lavada no sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tradução direta (decalque)
(32) LOIS:
My God! Help! Someone call 911!
Meu Deus! Ajudem-me! Alguém chame o 112!
Equivalente oficial
... Alguém chame o 112!
Equivalente oficial
(33)
OUTRA PERSONAGEM: It’s okay, ma’am.
This happens here at
Bennigan's all the time.
Está tudo bem, minha senhora. Aqui Ø isto acontece muitas vezes. Omissão Isto está sempre
a acontecer aqui no Bennigan. Retenção
(não marcada)
(34)
(35)
QUAMIRE: Face it, you're a worse parent
than Brad Pitt
and Angelina Jolie.
Admite, és pior progenitora do que o Brad Pitt e a Angelina.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
Admite, és uma progenitora pior que o Brad Pitt e a Angelina Jolie.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada) (36)
(37)
QUAMIRE: I'm concerned about Pax,
Maddox, and Shiloh.
Estou preocupado com o Pax, o Maddox, e a Shiloh.
Retenção (não marcada)
Retenção
Estou preocupado com o Pax, Maddox e Shiloh.
Retenção (não marcada)
Retenção
69 A frase iniciou-se numa legenda anterior.
132
(38) (não marcada)
Retenção (não marcada)
(não marcada)
Retenção (não marcada)
(39) BRIAN:
And I'll think of you whenever I choke on a link sausage.
Vou pensar em ti sempre que em engasgar com uma salsicha.
Generalização (termo
superordenado)
E eu vou pensar em ti sempre que sufocar com o cordão de uma salsicha. (Re)criação
(40) QUAMIRE:
I want you to hold onto my antique, gold Rolex watch.
Quero que tomes conta do meu Rolex de ouro antigo.
Retenção (não marcada)
quero que guardes o meu relógio de ouro antigo da Rolex.
Retenção (não marcada)
133
Anexo 2
Temporada 13 episódio 11
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional (português europeu) Estratégia Tradução e legendagem do fansubber
(português europeu) Estratégia
(41) APRESENTADOR: We now return to Hard Knocks CFL:
Retomamos agora “Placagens duras da CFL:
Equivalente oficial
- Retenção (marcada)
Agora voltamos a “Hard Knocks CFL: Retenção (marcada)
(42) Training Camp with the Toronto Argonauts.
Campo de treino com os Toronto Argonauts.”
Retenção (marcada)
Campo de Treino com os “Toronto Argonauts"
Retenção (marcada)
(43)
STEWIE: You like your reggae watered down
and acceptable at a wedding?
Gostas de reggae comercial e aceitável num casamento?
Retenção (marcada)
Ei! Gostas do teu reggae regado e aceitável num casamento?
Retenção (não marcada)
(44) PETER:
We make a great team, guys. Like Huey Lewis and the Jews.
Fazemos uma ótima equipa malta. Como o Huey Lewis e os Judeus.
Retenção (não marcada)
- Como os "Huey Lewis e os Judeus".
Retenção (marcada)
-
134
Tradução direta (decalque)
Tradução direta
(decalque)
(45)
(46)
OUTRA PERSONAGEM: I'll give you 50 cents
to find my lucky baseball card.
Dou-vos 50 cêntimos para encontrarem o meu cromo da sorte Ø.
Tradução direta (decalque)
Omissão
Dou-vos 50 cêntimos para encontrarem o meu cartão de basebol da sorte.
Tradução direta (decalque)
Tradução direta
(decalque)
(47)
PETER: You say this gumball machine
took your dime
and didn't give you a gumball?
Estás a dizer que a máquina das pastilhas
ficou com os 10 cêntimos
e não te deu a pastilha?
Substituição (realia da CC)
Então, dizes que esta máquina de pastilhas ficou com a tua moeda
e não te deu uma pastilha?
Generalização (termo
superordenado)
(48)
(49)
PETER
Wait a minute.
This gumball machine takes quarters, not dimes.
Espera aí. Esta máquina aceita 20 cêntimos e não 10.
Substituição (realia da CC)
Substituição
(realia da CC)
Espera um pouco, esta máquina aceita moedas de 25 cêntimos, não de 10.
Substituição (realia da CC)
Substituição
(realia da CC)
(50) JOE SWANSON:
Couple marbles, ball of yarn, two Wiffle ball bats.
Alguns berlindes, um novelo de lã dois bastões de Wiffle Ball.
Retenção (marcada)
Alguns berlindes, uma bola de lã, dois tacos de basebol.
Generalização (termo
superordenado)
(51) QUAMIRE:
We're having brunch after this.
Sim, sim vamos tomar o brunch a seguir.
Retenção (marcada)
Sim, sim, ela está bem. Vamos almoçar depois disto.
Generalização (termo
superordenado)
(52)
(53)
PETER: Chris Gaines was Garth Brooks.
I just figured that out.
O Chris Gaines era o Garth Brooks. Só agora é que me apercebi.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
O Chris Gaines era o Garth Brooks.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
135
(54)
PETER: But I'm telling you, it's gonna
be a bigger waste of time
than writing tough-guy dialogue
for a Jet Li movie.
Força, estejam à vontade. Mas digo-vos que será
uma perda de tempo maior
do que escrever diálogos de durões
para um filme do Jet Li.
Retenção (não marcada)
Mas estou a dizer-vos, vai ser um maior desperdício de tempo
do que escrever diálogos de duro
para um filme do Jet Li.
Retenção (não marcada)
(55) QUAMIRE:
Chris still has an Aaron Hernandez poster up?
O Chris ainda tem um póster do Aaron Hernandez?
Retenção (não marcada)
O Chris ainda tem um poster do Aaron Hernandez?
Retenção (não marcada)
(56) PETER:
t's even weirder than that secret level in Donkey Kong.
Ainda mais estranho que aquele nível secreto no Donkey Kong.
Retenção (não marcada)
Ainda é mais estranho que aquele nível secreto no "Donkey Kong".
Retenção (marcada)
(57)
PETER: We do stuff.
Just last week, I let
you watch me complain
after eating too
many hot wings.
Nós fazemos coisas, ainda na semana passada
deixei-te veres-me a reclamar
depois de ter comido demasiadas asinhas picantes.
Tradução direta (filtragem)
Nós fazemos coisas! Ainda na semana passada deixei-te ver a queixar-me
depois de comer muitas
asas quentes.
Tradução direta (filtragem)
(58)
CHRIS: "Dear Penthouse,
"I used to think
these letters were fake
"until my taped-together, soccer-ball-headed girlfriend
Cara “Penthouse”, pensava que estas cartas eram falsas
até que a minha namorada
de cabeça de bola de futebol colada
caiu no meu colo.
Retenção (marcada)
"Cara Penthouse, eu costumava pensar
que estas cartas eram falsas
até que a minha namorada com a cabeça de uma bola de futebol
e enrolada em fita-cola,
Retenção (não marcada)
136
fell in my lap."
caiu no meu colo."
(59) CHRIS:
We are starting with season six of Becker.
Então, começamos pela sexta temporada de “Becker”.
Retenção (marcada)
Por isso vamos começar com a 6ª temporada de "Becker".
Retenção (marcada)
(60) PETER:
It's a Katherine Heigl mask for you to wear while we have sex.
É uma máscara da Katherine Heigl Para usares quando fazemos sexo.
Retenção (não marcada)
É uma máscara da Katherine Heigl para usares enquanto fazemos sexo.
Retenção (não marcada)
(61) PETER:
How about a little help from Kenny G?
Que tal uma ajuda do Kenny G.? Retenção
(não marcada) Que tal uma ajudinha do Kenny G? Retenção
(não marcada)
(62)
CHRIS: Heather and I went
for a tandem bike ride.
And then had lunch at a gastropube.
Eu e a Heather fomos andar de bicicleta tandem
e depois almoçamos
num pub “astronómico”.
(Re)criação
Eu e a Heather fomos andar de bicicleta juntos
e depois almoçamos
num bar-restaurante.
Substituição
(realia da CC)
(63) OUTRA PERSONAGEM:
And we both cheat at “Words With Friends”.
E ambos fazemos batota no "Words with Friends".
Retenção (marcada)
E ambos fazemos batota em "Palavras Com Amigos".
Tradução direta (filtragem)
(64) LOIS:
Just like you got over your Hamster Dance Tourette Syndrome.
Tal como ultrapassaste o teu Síndrome de Tourette “Hamsterdance”.
Retenção (marcada)
Tal como ultrapassaste o Síndrome de Tourette da Dança do Hamster.
Tradução direta (decalque)
(65) CHRIS:
This day has Haagen-Dazs written all over it.
Estou mesmo a precisar de comer Häagen-Dazs.
Retenção (não marcada)
Este dia tem Haagen-Dazs escrito em todo o lado.
Retenção (não marcada)
(66)
(67)
CHRIS: If it is the shot from Psycho
where you can see
Se é a cena do “Psico”
em que se vê o olho do rabo
Equivalente oficial
Se é a cena de "Psico"
onde consegues ver
Equivalente oficial
137
Anne Heche's bunghole,
I've already seen it.
da Anne Heche, já vi. Retenção (não marcada)
o buraco do cu da Anne Heche, já a vi.
Retenção (não marcada)
(68) CHRIS: It's made of Skittles. - É feito de Skittles. Retenção
(não marcada) - É feito de Skittles (tipo M&Ms).
Retenção (não marcada)
- Especificação
(adição)
(69) CHRIS:
This is Mistress Vita. We met on Craigslist.
Esta é a dominadora Vita. Conhecemo-nos no Craiglist.
Retenção (marcada)
Esta é a Mistress Vita, conhecemo-nos na Craigslist.
Retenção (não marcada)
138
Anexo 3
Temporada 13 episódio 12
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem
profissional (português europeu)
Estratégia Tradução e legendagem do fansubber (português europeu) Estratégia
(70)
(71)
APRESENTADOR: We now return to Top Chef:
Looney Tunes Edition
Voltamos agora ao Top Chef, Edição Looney Tunes.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
Agora voltamos a Top Chef: edição Looney Tunes.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
(72) APRESENTADOR:
Okay, Chef Fudd, I was a little disappointed in you this week.
Chefe Fudd, fiquei um pouco desiludido contigo esta semana
Tradução direta (decalque)
- Retenção
(não marcada)
Muito bem, Chef Fudd, fiquei um pouco desiludido consigo esta semana
Retenção (não marcada)
(73)
(74)
APRESENTADOR: Chef Sylvester,
on the other hand,
I'm happy to say
your sufferin' succotash
was absolutely delicious.
Por outro lado, o Chefe Sylvester,
Agrada-me dizer que o seu succotash em sofrimento
era delicioso.
Tradução direta (decalque)
- Retenção
(não marcada)
Retenção (não marcada)
O Chef Sylvester, por outro lado,
fico feliz por dizer que a sua Sinfonia de Milho e Feijão
era incrivelmente deliciosa.
Retenção (não marcada)
(Re)criação
139
(75)
STEWIE: Let's go to Whole Foods and buy a bunch of stuff
from that weird aisle
nobody else goes down.
Vamos ao Whole Foods comprar um monte de coisas daquele corredor
onde mais ninguém vai.
Retenção (não marcada)
Vamos ao Whole Foods e comprar um monte de coisas
daquele corredor estranho a que mais ninguém vai.
Retenção (não marcada)
(76)
STEWIE: It's just that
Brian's been so distant lately,
and we used to be inseparable. Like Jack and Jill.
O Brian tem estado distante e éramos inseparáveis. Tipo o Jack e a Jill.
Retenção (não marcada)
É que ultimamente o Brian tem andado tão afastado,
e nós éramos inseparáveis,
como o Jack e a Jill.
Retenção (não marcada)
(77) (78)
APRESENTADOR: All right, well, a U.S. convoy
was ambushed in Kabul
this morning, so now
we're going to have a moment of silence in remembrance...
Bem, um comboio dos EUA foi emboscado esta manhã em Kabul
por isso faremos um minuto de
silêncio em memória...
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
Está bem. Uma escolta americana foi emboscada em Kabul esta manhã.
Por isso agora vamos ter um
momento de silêncio em honra...
(Re)criação
Retenção (não marcada)
(79)
STEWIE: I thought you and I
could hang out
and maybe watch Lois shush Peter
while they watch Nashville.
Pensei que podíamos fazer alguma coisa
tipo ver a Louis calar o Peter
enquanto vêm Nashville.
Retenção (não marcada)
Mas pensei que podíamos passar algum tempo juntos
e talvez ver a Lois mandar calar
o Peter enquanto vêem "Nashville".
Retenção (marcada)
140
(80)
STEWIE: I say, this is my best idea
since I robbed
a Joseph A. Bank.
Acho que é a minha melhor ideia desde que roubei o Jos.A.Bank.
Retenção (marcada)
Esta é a minha melhor ideia
desde que roubei o Joseph A. Bank.
Retenção
(não marcada)
(81)
STEWIE: I'm just going to take
a little bit of his DNA,
and soon we'll be proud parents, like Ron Livingston's parents.
Vou tirar um pouco do seu ADN
e em breve seremos pais orgulhosos, como os pais do Ron Livingston.
Retenção (não marcada)
Vou só tirar um pouco do seu ADN,
e em breve seremos pais orgulhosos, como os pais do Ron Livingston.
Retenção (não marcada)
(82) OUTRA PERSONAGEM:
He was the main guy in Office Space.
Ele era tipo o protagonista de “O Insustentável Peso do Trabalho”.
Equivalente oficial
Ele era o tipo principal em "O Insustentável Peso do Trabalho".
Equivalente oficial
(83) OUTRA PERSONAGEM:
I don't know, was he in Black Hawk Down?
Não sei, ele esteve no filme “Cercados”?
Equivalente oficial
– Especificação
(adição)
Não sei, ele entrou em "Cercados"? Equivalente oficial
(84) OUTRA PERSONAGEM:
He was in at least five “Sex in the Citys”.
Ele esteve em pelo menos em cinco episódios de “O Sexo e a Cidade”.
Equivalente oficial
– Especificação
(adição)
Ele entrou em pelo menos cinco "O Sexo e a Cidade".
Equivalente oficial
(85) PETER:
Like Buster Keaton did in his first talking picture.
Como o Buster Keaton no seu primeiro filme com som.
Retenção (não marcada)
Como o Buster Keaton fez no seu primeiro filme sonoro.
Retenção (não marcada)
(86) STEWIE: First, I add
Brian's hair and saliva,
Primeiro, adiciono o cabelo e saliva do Brian,
Substituição (realia da CC)
Primeiro, adiciono o pêlo e saliva do Brian,
Tradução direta (decalque)
141
and some preschool
applications,
because we are already way behind.
e algumas candidaturas para creches Ø porque já estamos muito atrasados.
e alguns formulários para a pré-escola, porque já estamos muito à frente.
(87) STEWIE: I can model in Paris. Posso ser modelo em Paris. Retenção
(não marcada) Posso ser modelo em Paris. Retenção (não marcada)
(88) JOE:
"Wait until they get a load of me," said the Joker.
“Esperem até terem um pedaço de mim”, disse o Joker.
Retenção (não marcada)
"Espera até eles se fartarem de mim", disse o Joker.
Retenção (não marcada)
(89)
JOE: That frog in the miniskirt
putting a quarter
in the jukebox.
Aquele sapo de minissaia a pôr moedas na jukebox.
Generalização (termo
superordenado)
Aquela rã de mini-saia a colocar 25 cêntimos na jukebox.
Substituição (realia da CC)
(90) STEWIE:
I'm having such a craving for burgers.
Estou mesmo com desejos de hambúrgueres.
Tradução direta (decalque)
Estou mesmo com desejos de hambúrgueres.
Tradução direta (decalque)
(91) STEWIE:
How did Murphy Brown make this look so easy?!
Como é que o Murphy Brown fez isto parecer tão fácil?
Retenção (não marcada)
Como é que a Murphy Brown fez isto parecer tão fácil?
Retenção (não marcada)
(92) ADAM WEST: Mazel tov! Mazel tov! Retenção
(marcada) Mazel tov! Retenção (não marcada)
(93)
PETER: All right, let's check
our YouTube channel
Vamos lá ver como está o nosso canal do Youtube.
Retenção (marcada)
Muito bem, vamos verificar o nosso canal do YouTube
e ver como nos estamos a sair.
Retenção (não marcada)
142
and see how we're doing.
(94) PETER:
We should've just gotten Jimmy Fallon to do any lame thing.
Devíamos era ter o Jimmy Fallon a fazer qualquer coisa parva.
Retenção (não marcada)
Devíamos apenas ter pedido ao Jimmy Fallon para fazer alguma coisa secante.
Retenção (não marcada)
143
Anexo 4
Temporada 13 episódio 13
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional (português europeu) Estratégia Tradução e legendagem do fansubber
(português europeu) Estratégia
(95)
APRESENTADOR: Are you a big, fat bastard
who loves eating at
Outback Steakhouse
but thinks the portions
are too small?
És um sacana gordalhão
que adora comer
no Outback Steakhouse
mas acha as porções
demasiado pequenas?
Retenção (não marcada)
Ei, és um cretino grande e gordo que adora comer na Outback Steakhouse,
mas que acha que as porções
são muito pequenas?
Retenção (não marcada)
(96)
(97)
APRESENTADOR: We don't have a Bloomin' Onion,
we have a Bloomin' Pumpkin!
Não temos Cebola em Flor mas temos Abóbora em Flor!
Tradução direta (filtragem)
Tradução direta
(filtragem)
Não temos uma Cebola Florida...
Temos antes uma Abóbora Florida!
Tradução direta (filtragem)
Tradução direta
(filtragem)
(98) APRESENTADOR: 50 pound elephant steaks!
Bifes de elefante de 20 kg! Equivalente oficial
Bifes de elefante de 22 quilos! Equivalente oficial
(99)
(100)
(101)
APRESENTADOR: And why don't you wash it down
with 40 ounces of malt liquor
and ranch dressing,
you fat (bleep)!
E porque não o empurras
Com um litro de licor de malte
e molho ranch,
meu gordo de m...?
Equivalente oficial
Tradução direta
(decalque)
E porque não empurras tudo
com 1 litro de cerveja de malte e molho de salada, seu gordo!
Equivalente oficial
Substituição
(realia da CC)
144
Tradução direta (filtragem)
– Retenção
(não marcada)
Substituição (realia da CC)
(102)
PETER: Man,
I bet that's where
Crocodile Dundee eats every night.
Aposto que o Crocodilo Dundee Come lá todos os dias.
Retenção (não marcada)
Caramba, aposto que é onde o Crocodile Dundee come todas as noites.
Retenção (não marcada)
(103) PETER:
Everything in Australia is so fancy.
É tudo tão chique na Austrália. Retenção (não marcada) É tudo tão fino na Austrália. Retenção
(não marcada)
(104)
JOE SWANSON: Everyone knows that,
pound for pound,
the Atlantic is the best ocean.
Toda a gente sabe que cada quilo do Oceano Atlântico é melhor.
Equivalente oficial
Toda a gente sabe que, quilo a quilo, o Atlântico é o melhor oceano.
Equivalente oficial
(105)
CLEVELAND: And if I charge
my first patient 117,000 dollars, …
E se cobrar 117 mil doláres ao primeiro paciente fico livre.
Tradução direta (decalque)
E se cobrar ao meu primeiro paciente $117,000 dólares
Tradução direta (decalque)
(106)
PETER: That's how I can
always tell which guys
in the Wrangler Jeans commercials beat their wives.
Se sempre quais são os tipos da publicidade do Wrangler Jeans
batem nas esposas.
Retenção (não marcada)
É assim que consigo ver sempre que tipos
nos anúncios da Wrangler Jeans
batem nas mulheres.
Retenção (não marcada)
145
(107)
MEG: I'm selling
my old Beanie Babies
to make money for the prom.
Estou a vender os meus antigos Beanies Babies
para arranjar dinheiro para o baile.
Retenção (não marcada)
Estou a vender as minhas antigas Beanie Babies
para fazer dinheiro
para o baile de finalistas.
Retenção (não marcada)
(108) QUAMIRE:
They always need new TSA screeners.
Eles estão sempre a precisar de novos operadores de TSA.
Retenção (não marcada)
Eles estão sempre a precisar de pessoas para a segurança.
Generalização (termo
superordenado)
(109)
CLEVELAND: Mayor West, after working with you for some time now,
I believe you are affecting
your weird behaviors.
Mayor West, depois de estar consigo durante algum tempo
acredito que está a piorar
o seu comportamento estranho.
Retenção (marcada)
Presidente West, depois de trabalhar consigo há já algum tempo,
penso que está a afectar
os seus comportamentos estranhos.
Substituição (realia da CC)
(110) MAYOR WEST:
Time to put on my spaghetti hat!
Altura de pôr o meu chapéu de esparguete.
Tradução direta (decalque)
Bem, está na hora de colocar o meu chapéu de esparguete!
Tradução direta (decalque)
(111) PETER: From Dirty Amelia Bedelia. Com a Amelia Bedelia Badalhoca. Retenção
(não marcada) Da badalhoca Amelia Bedelia. Retenção (não marcada)
(112) PETER:
I am sorry, I'm trying to read the Costco Connection here.
Desculpe, estou a tentar ler a “Costco Connection”.
Retenção (marcada)
Lamento, estou aqui a tentar ler "A Ligação Costco".
Retenção (marcada)
- Tradução direta
(filtragem)
(113)
PETER: By the way,
your Svengali
is out there spraying
Já gora, o vosso Svengali está lá fora a pulverizar pássaros.
Retenção (não marcada)
Já agora, o teu Svengali está lá fora a borrifar pássaros com uma mangueira.
Retenção (não marcada)
146
birds with a hose.
(114) PETER: "Football." “Futebol americano”.
Tradução direta (decalque)
- Especificação
(adição)
"Futebol". Tradução direta (decalque)
(115)
MEG: I am carrying
more than three
ounces of liquid.
Tenho mais de 85 g de líquido! Equivalente oficial
Bem, estou a carregar mais de 100 ml de líquidos.
Equivalente oficial
(116) OUTRA PERSONAGEM:
That's so Muhammad Hot-a.
- É tão Muhammad Boa-a. Retenção (não marcada) Isso é tão Muhammad Hot-a... Retenção
(não marcada)
(117)
LOIS: If it goes around 30 times
in five minutes,
you get to have a Diet Coke!
Se der a volta 30 vezes em cinco minutos
posso beber uma Coca-Cola Light!
Equivalente oficial
Se der a volta 30 vezes em cinco minutos,
podes beber uma Coca-cola Light!
Equivalente oficial
(118)
(119)
JOE SWANSON: I'm gonna play
"Locomotive Breath"
by Jethro Tull while he runs.
Vou tocar “Locomotive Breath” do Jethro Tull enquanto ele corre.
Retenção (marcada)
Retenção
(não marcada)
- Vou tocar "Locomotive Breath"
dos Jethro Tull enquanto ele corre.
Retenção (marcada)
Retenção
(não marcada)
(120)
(121)
APRESENTADOR: We now return
to Major League Baseball
Voltamos agora à Liga Principal de Basebol
e estamos distraídos com um tipo feio
Tradução direta (filtragem)
Agora voltamos a Major League Baseball
com um tipo muito feio
Retenção (não marcada)
147
with one distractingly ugly guy behind home plate.
atrás da base principal.
(Re)criação a distrair por trás da base. Generalização (termo
superordenado)
(122) MEG:
Like crazier than putting cops on Segways.
Mais estupido do que bófias andarem em segways.
Retenção (marcada)
Ainda mais maluco do que colocar polícias em Segways.
Retenção (não marcada)
(123) PETER:
No, Your Honor, I did not.
Não, senhor juiz, não dei. Substituição (realia da CC) Não, Meritíssimo, não o fiz. Substituição
(realia da CC)
(124)
MEG: I thought we were gonna meet at the Tumi store
and see who buys
luggage at the airport.
Pensava que nos íamos Encontrar na Tumi
Retenção (marcada)
Pensava que nos íamos encontrar na loja Tumi
Retenção (não marcada)
(125)
OUTRA PERSONAGEM: And with people
like you stealing tubs,
how are we ever going to catch Abu Nazir?
E com pessoas como tu a roubar bandejas
como é que vamos apanhar
o Abu Nazir?
Retenção (não marcada)
E com gente como tu a roubar tabuleiros,
como é que alguma vez
vamos capturar o Abu Nazir?
Retenção (não marcada)
(126) MEG:
That is the terrorist from Homeland.
É uma personagem de “Segurança Nacional”.
Equivalente oficial É o terrorista de "Homeland". Retenção
(marcada)
(127) PETER: Sweet! Egg salad! Brutal, salada de ovo! Tradução direta
(filtragem) Boa! Salada de ovo! Tradução direta (filtragem)
(128) PETER:
I thought that was a Make-A-Wish thing.
Pensava que era do Make-a-Wish. Retenção (marcada)
Pensei que isso era uma coisa tipo Pede-Um-Desejo.
Tradução direta (filtragem)
148
(129) PETER: Family Guy! Family Guy! Retenção
(não marcada) Um homem de família! Tradução direta (filtragem)
149
Anexo 5
Temporada 13 episódio 14
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem
profissional (português europeu)
Estratégia Tradução e legendagem do fansubber (português europeu) Estratégia
(130) CLEVELAND:
It is that one that says "CBS Outdoor Advertising" on it.
É um que diz “Cartaz publicitário da CBS”
Retenção (não marcada)
É aquele que diz "Publicidade Exterior da CBS".
Retenção (não marcada)
(131)
JOE SWANSON: Ordinarily I'd say no,
but that adult kickball league
is coming in for drinks, so let's get out of here.
Até dizia que não, mas aquela liga de kickball de adultos
deve estar a chegar para beber uns copos. Vamos sair daqui.
Retenção (marcada)
Normalmente diria não, mas aquela equipa adulta de kickball
vem cá para beber,
por isso vamos sair daqui.
Retenção (não marcada)
(132)
PETER: Big talk for a guy
who looks like a dad
at a Dave Matthews' concert.
Falas muito para um tipo que parece pai de alguém
nos concertos do Dave Mattews.
Retenção (não marcada)
Falas muito para um tipo que se parece com um pai
num concerto dos Dave Matthews.
Retenção (não marcada)
(133) PETER: I love playing the maracas.
Adoro tocar maracas, são tão divertidas.
Tradução direta (decalque)
Adoro tocar as maracás. São tão divertidas.
Tradução direta (decalque)
(134) PETER: Thank you, Mayor West. Obrigado, Mayor West. Retenção
(marcada) Obrigado, Presidente West. Substituição (realia da CC)
(135) PETER: Those of you from Connecticut
No Connecticut dizem que sou uma sandes.
Retenção (não marcada)
Aqueles que são do Connecticut chamam-me triturador.
Retenção (não marcada)
150
are calling me a grinder.
(136)
PETER: It's just like Gandhi
always said,
eat as much as you want and do whatever,
and don't be afraid to hit each other.
É como Gandhi sempre disse.
Come o que quiseres e faz o quiseres.
E não tenham medo de se baterem
uns aos outros.
Retenção (não marcada)
É como o Gandhi costuma dizer:
comam o quanto quiserem e façam o que quiserem,
e não tenham medo de bater
uns nos outros.
Retenção (não marcada)
(137) JOE SWANSON: Chief. It's Swanson.
Chefe, é o Swanson. Despeço-me.
Tradução direta (decalque)
Ei, Chefe, é o Swanson. Eu demito-me.
Tradução direta (decalque)
(138) PETER:
Just like Humpty Dumpty did after his fall.
Como o Humpty Dumpty depois de cair
Retenção (não marcada)
Tal como o Humpty Dumpty fez depois da sua queda.
Retenção (não marcada)
(139) PETER: You got an air hockey table? Tens uma mesa de hóquei?
Generalização (termo
superordenado) - Tens uma mesa de hóquei aéreo? Tradução direta
(decalque)
(140)
JOE SWANSON: The kind of guy who's always got
butterscotch candies
for his friends.
O tipo que tem sempre caramelos para oferecer aos amigos!
Generalização (termo
superordenado)
O tipo de pessoa que tem sempre bombons de caramelo de manteiga
para os seus amigos.
(Re)criação
(141)
PETER: I mean, I ain't seen anyone this happy
since the invention
of the penny-farthing bicycle.
Não via ninguém tão feliz desde a invenção da bicicleta vitoriana. (Re)criação Eu não via alguém assim tão feliz
desde a invenção do biciclo. Generalização
(termo superordenado)
151
(142) JOE SWANSON:
I was thinking Niagara Falls.
Estava a pensar nas Cataratas do Niágara.
Equivalente oficial
Bem, eu estava a pensar nas Cataratas do Niágara.
Equivalente oficial
(143)
PETER: Man, I am filling
these Gatorade bottles
as fast as I'm drinking them.
Estou a encher as garrafas Gatorade tão depressa como as bebo.
Retenção (não marcada)
Caramba, estou a encher estas garrafas de Gatorade
tão rápido quanto as bebo.
Retenção (não marcada)
(144) LOIS: Thank you, Jazzercise. Obrigada, jazzercício! (Re)criação Obrigado, Jazzercize. Retenção
(não marcada)
(145) JOE SWANSON:
Do you think Andy Dick is happy?
- Acham que o Andy Dick é feliz? Retenção (não marcada) Achas que o Andy Dick é feliz? Retenção
(não marcada)
(146)
QUAMIRE: Well, not for nothing, but you could've taken us all
to Disney World and shot
yourself in the room.
Não é por nada, mas podias ter-nos levado à Disneyworld
e alvejavas-te no quarto.
Retenção (não marcada)
Bem, não é por nada, mas podias ter-nos levado a todos à Disney World
e rebentares com os miolos no quarto.
Retenção (não marcada)
(147)
PETER: It's too bad we already
bought those tickets
for the Whirlpool Aero Car.
É pena termos comprado bilhetes para o Whirlpool Aero Car.
Retenção (marcada)
É uma pena que já tenhamos comprados aqueles bilhetes
para o Whirlpool Aero Car.
Retenção (não marcada)
(148) CLEVELAND:
That's 16 dollars we're not getting back.
São 16 dólares que nunca vamos recuperar.
Tradução direta (decalque) São $16 que não vamos reaver. Retenção
(não marcada)
(149) CLEVELAND: What about E a White Water Walk ? Retenção
(marcada) E a caminhada White Water? Tradução direta
(filtragem) –
152
the White Water Walk? Retenção (não marcada)
(150)
PETER: You can't do Niagara Falls
without riding the Maid of the Mist.
Não podemos vir às Cataratas sem irmos à Maid of the Mist..
Retenção (marcada)
Bem, não podemos vir às Cataratas do Niágara
sem andar na "Maid of the Mist."
Retenção (marcada)
(151) QUAMIRE:
You buy your jeans at Wal-Mart?
Compras as calças de ganga no Wal-Mart?
Retenção (não marcada) Compras as tuas calças na Wal-Mart? Retenção
(não marcada)
(152)
JOE SWANSON: Turns out not many people
want to probably get shot for 24,000 dollars a year.
Poucas pessoas querem um emprego em que podem levar um tiro
e só receber 24 mil dólares por ano.
Tradução direta (decalque)
Parece que não há muita gente que queira provavelmente
levar um tiro por $24,000 ao ano.
Retenção (não marcada)
153
Anexo 6
Temporada 13 episódio 15
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional (português europeu) Estratégia Tradução e legendagem do fansubber
(português europeu) Estratégia
(153) APRESENTADOR:
We now return to yet another Indiana Jones movie.
Regressemos, com, ainda mais um, filme do Indiana Jones.
Retenção (não marcada)
Agora voltamos a outro filme do Indiana Jones.
Retenção (não marcada)
(154) OUTRA PERSONAGEM:
You have Mickey Mantle's disease.
- Tem a doença do Mickey Mantle. Retenção (não marcada)
Bem, tu tens a doença de Mickey Mantle.
Retenção (não marcada)
(155)
(156)
NEIL: We're the Khaleesi and
Jorah Mormont of this school.
Somos os Khaleesi e Jorah Mormont desta escola.
Retenção (não marcada)
Retenção (não marcada)
Somos a Khaleesi e Jorah Mormont desta escola.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
154
(157) CHRIS: Yeah. We'll be a better team
than the Warsaw Globetrotters.
Sim, seremos uma melhor equipa do que os Warsaw Globetrotters.
Retenção (não marcada)
Sim. Vamos ser uma melhor equipa que os Globetrotters de Varsóvia.
Retenção (não marcada)
- Tradução direta
(filtragem)
(158)
(159)
PETER: All right, if I'm gonna
give Brian his medicine, ___________________________
I should probably watch that old episode of Lassie
___________________________
where Timmy has to give her a suppository.
Se vou dar a medicação ao Brian, devia ver aquele episódio de Lassie
________________________________
onde o Timmy tem De lhe dar um supositório.
Retenção (não marcada)
__________
Retenção (não marcada)
Muito bem, se vou dar o remédio ao Brian,
______________________________
devia ver aquele episódio antigo de "Lassie"
______________________________
onde o Timmy tem que lhe colocar um supositório.
Retenção (marcada) _______
Retenção
(não marcada)
(160) LOIS:
You think Morgan Fairchild has a fart hole in her house?
Achas que a Morgan Fairchild tem Um buraco para peidos na casa dela?
Retenção (não marcada)
Achas que a Morgan Fairchild tem um buraco dos peidos na casa dela?
Retenção (não marcada)
(161) OUTRA PERSONAGEM:
Morgan, the coq au vin is divine.
Morgan, o coq au vin está divinal. Retenção (marcada)
Morgan, o coq Au vin está divino.
Retenção (marcada)
(162) OUTRA PERSONAGEM:
Where do our Hollywood farts go?
Para onde vão os nossos peidos de Hollywood?
Retenção (não marcada)
Para onde vão mesmo os nossos peidos de Hollywood?
Retenção (não marcada)
(163) OUTRA PERSONAGEM: I've heard they're filtered
into Tom Sizemore's house.
Ouvi dizer que são filtrados para a casa do Tom Sizemore.
Retenção (não marcada)
Ouvi dizer que são filtrados para a casa do Tom Sizemore.
Retenção (não marcada)
(164) OUTRA PERSONAGEM: I don't know, dear.
Já agora, somo o casal que vive a uns metros de distância.
Substituição (realia da CC)
- Não sei, querido. - Já agora,
Substituição (realia da CC)
155
By the way, ___________________________
we're the couple who lives a few blocks away.
_____________________________
somos o casal que vive a uns quarteirões de distância.
(165) OUTRA PERSONAGEM:
You're going down at that karate tournament.
Vou acabar contigo no torneio de caraté.
Tradução direta (Decalque)
Vais cair naquele torneio de karaté.
Retenção (Ajustada à LC)
(166)
BRIAN: All right, I need you to buy a birthday present
___________________________
for my friend Jeff…he likes the Packers and surfing.
Preciso que compres um presente De aniversário para o meu amigo Jeff,
________________________________
ele gosta dos Packers e de surfe.
Retenção (não marcada)
Muito bem, preciso que compres um presente de aniversário
______________________________
para o meu amigo Jeff... Ele gosta dos Packers e surfar.
Retenção (não marcada)
(167)
STEWIE: You know, sending him to school
wouldn't be the worst idea. ___________________________
He might even enjoy it.
I know I had a blast in college.
Mandá-lo para a escola pode não ser uma má ideia. Até pode ser que goste.
________________________________
Eu sei que me diverti bué na faculdade.
Substituição (realia da CC)
Sabem, mandá-lo para a escola não seria uma má ideia.
______________________________
Ele pode até vir a gostar. Eu sei que me diverti muito na faculdade.
Substituição (realia da CC)
(168)
(169)
OUTRA PERSONAGEM: No bandana-wearing,
Frisbee-catching hippie dogs!
Não temos cães com bandanas, ou hippies que apanham discos.
Retenção (marcada)
Generalização
(termo superordenado)
Nada de cães hippies que usam lenços e apanham discos!
Retenção (não marcada)
Generalização
(termo superordenado)
(170) OUTRA PERSONAGEM: Ou cães que dançam em parques Retenção Nada de cães do YouTube a dançar Retenção
156
No parking lot, hind-leg dancing YouTube dogs!
de estacionamento para o Youtube. (não marcada) em parques de estacionamento ______________________________
só com duas patas no chão!
(não marcada)
(171) OUTRA PERSONAGEM: No crime solving, camera
mugging Scooby Dooby dogs!
Não temos cães que solvem crimes, ou roubam câmaras tipo Scooby Doo!
Retenção (não marcada)
Nada de [sic] cães que resolvem crimes e chamam a atenção como o Scooby Dooby!
Retenção (não marcada)
(172) OUTRA PERSONAGEM:
Are you Kathy Griffin? 'Cause I ain't laughing.
És a Kathy Griffin? Retenção (não marcada)
És a Kathy Griffin? Porque eu não me estou a rir.
Retenção (não marcada)
(173)
OUTRA PERSONAGEM: Or maybe you're that comedy dog
___________________________
with Robert Smigel's hand up your backside.
Se calhar és aquele cão engraçadinho que o Robert Smigel carrega no braço?
Retenção (não marcada)
Ou talvez sejas aquele cão comediante
____________________________________
com o Robert Smigel a meter a mão na tua traseira.
Retenção (não marcada)
(174)
OUTRA PERSONAGEM: - That hurts! - That's right.
___________________________
Silent and terrible, like “The Artist”.
Pois é” Silencioso e terrível, como em “O Artista”.
Equivalente oficial
- Isso dói! - Isso mesmo.
____________________________________
Silencioso e terrível, como "O Artista".
Equivalente oficial
(175) OUTRA PERSONAGEM:
In fact, you seem like a prime candidate for “The Chair”.
Aliás, tu pareces um ótimo candidato para “A Cadeira”.
Equivalente oficial
Na verdade, pareces ser um excelente candidato para "A Cadeira".
Equivalente oficial
(176) NEIL:
We even got Sean Penn to dress up as my dad.
Até conseguimos que o Sean Penn se disfarçasse de meu pai.
Retenção (não marcada)
Até pusemos o Sean Penn vestido como o meu pai.
Retenção (não marcada)
157
(177) CLEVELAND:
Saw “Halloween II” last night.
Vi o Halloween II ontem à noite. Retenção (não marcada) Vi o "Halloween II" na noite passada. Retenção
(marcada)
(178)
PETER: Brian, go outside.
___________________________
Keep guard for Michael Myers.
Brian, vai lá para for a. Vê se aparece o Michael Myres.
Retenção (não marcada)
Brian, vai lá fora. Mantém-te atento ao Michael Myers.
Retenção (não marcada)
(179)
BRIAN: I've got to go make
the waffle fries ___________________________
that you scream-requested in the car.
Vá você. Tenho que fazer as waffles de batata que gritaste para eu fazer.
Retenção (não marcada)
- Tradução direta
(filtragem)
Vá você na frente. Eu tenho que ir fazer as batatas-doces fritas
____________________________________
que me exigiu aos gritos no carro.
(Re)criação
(180)
(181)
RADIO: Traffic on 146 is backed up
all the way ___________________________
to Mineral Spring Avenue...
O trafico na 146 está congestionado até à Mineral Spring Avenue...
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
O tráfego na 146 foi redireccionado para a Avenida Mineral Spring...
Retenção (não marcada)
Tradução direta
(decalque) -
Retenção (não marcada)
158
Anexo 7
Temporada 13 episódio 16
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional (português europeu) Estratégia Tradução e legendagem do fansubber
(português europeu) Estratégia
(182) OUTRA PERSONAGEM:
Meat! Half a pound of turkey, please.
Carne! Meio quilo de peru, por favor.
Equivalente oficial
Carne! 226 gramas de peru, por favor.
Equivalente oficial
(183)
(184)
PETER: We could turn to channel 875
and watch Conan.
Podemos pôr no canal 875 e ver o Conan.
Tradução direta (decalque)
Retenção
(não marcada)
Podemos mudar para o canal 875 e ver o "Conan".
Tradução direta (decalque)
Retenção (marcada)
(185)
(186)
OUTRA PERSONAGEM: Lucille Ball
was back there with us,
and I saw her smoking a Cuban.
A Lucille Ball estava connosco, e eu vi-a com um cubano na boca.
Retenção (não marcada)
Tradução direta
(decalque)
A Lucille Ball estava lá atrás connosco
e vi-a fumar um cubano.
Retenção (não marcada)
Tradução direta (decalque)
(187)
BRIAN: Peter, it's not a wedding,
it's an infomercial
for The Dean Martin Celebrity Roasts.
Peter, não é um casamento. É um anúncio informativo
para o programa
The Dean Martin Celebrity Roasts.
Retenção (não marcada)
Peter, não é um casamento, é um "infomercial"
para o "Celebridades
Ridicularizadas do Dean Martin".
Tradução direta (filtragem)
- Retenção (marcada)
(188)
PETER:
Não foi a Comedy Central
Retenção
(não marcada)
Espera, queres dizer que
Retenção
(não marcada)
159
Wait, you mean Comedy Central didn't invent those?
que inventou isto? a Comedy Central não inventou isso?
(189) CLEVELAND:
Cadillac come up to about here on me.
Um Cadillac chega-me até aqui. Retenção (não marcada)
Não sei. Um Cadillac chega mais ou menos aqui.
Retenção (não marcada)
(190) CLEVELAND:
Can we work blue, like Marlin Johnson?
Podemos dizer piadas porcas Como o Marlon Johnson?
Retenção (não marcada)
Podemos trabalhar o azul, como o Marlin Johnson?
Retenção (não marcada)
(191)
QUAMIRE: Geez, Peter,
you're more excited
than Adrian Peterson at an arboretum.
Meu Deus, Peter, estás mais excitado que o Adrian Peterson num arboreto.
Retenção (não marcada)
Caramba, Peter, estás mais excitado
que o Adrian Peterson
num arboreto.
Retenção (não marcada)
(192)
QUAMIRE: In high school,
he didn't play sports,
but he did wear a helmet.
No secundário, não fazia desporto, mas usava capacete na mesma.
Substituição (realia da CC)
No liceu, ele não fazia nenhum desporto, mas usava um capacete.
Substituição (realia da CC)
(193) OUTRA PERSONAGEM:
I asked Peter what he got on his S.A.T.s.
Perguntei ao Peter quanto tinha tido nos exames.
Generalização (termo
superordenado)
Perguntei ao Peter quanto teve no seu exame S.A.T.
Especificação (adição)
- Retenção
(Ajustada à LC)
(194) NEIL:
Peter's so fat and stupid, Lamar Odom tried to bang him.
O Peter é tão gordo e estupido, que o Lamar Odom tentou piná-lo.
Retenção (não marcada)
O Peter é tão gordo e estúpido
que o Lamar Odom tentou comê-lo.
Retenção (não marcada)
(195) LOIS: The roast was your idea.
O roast foi ideia tua. Pediste-lhes para gozarem contigo.
Retenção (marcada) A ridicularização foi ideia tua. Tradução direta
(decalque)
160
(196)
OUTRA PERSONAGEM: Excuse me.
Can I please have
another no-foam latte?
Desculpe. Podia-me trazer outro café com leite sem espuma, por favor?
Substituição (realia da CC)
Desculpe. Pode trazer-me outro café com leite, sem espuma?
Substituição (realia da CC)
(197) PETER:
If I have cancer, we're all going to Brazil.
Se eu tiver cancro, Vamos todas para o Brasil.
Retenção (não marcada)
Se tiver cancro, vamos todas para o Brasil.
Retenção (não marcada)
(198)
PETER: Yeah and then I
realized I'm not good
at making fettuccine Alfredo,
but I am good at
making reservations.
Sim, mas lembrei-me que não sou bom a fazer fettuccini Alfredo,
mas sou bom a fazer reservas.
Retenção (marcada)
Sim, e depois apercebi-me que não sou bom
a fazer fettuccine Alfredo,
mas sou bom a fazer reservas.
Retenção (não marcada)
(199) OUTRA PERSONAGEM: And what is that hair color? Creamy French Dressing?
E que cor de cabelo é aquela? Vinagrete cremoso? (Re)criação
E que cor é aquela no cabelo?
Estilo Francês Cremoso? (Re)criação
(200)
PETER: Yeah, yeah.
If you think that's funny,
she once had a miscarriage outside a Petco.
Sim, sim. Se acham que isso tem piada,
ela uma vez teve um aborto
à porta de uma loja de animais.
Generalização (termo
superordenado)
Sim. Sim. Ei, se acham que isso é engraçado,
ela uma vez teve um aborto
à porta de uma loja de animais.
Generalização (termo
superordenado)
(201) OUTRA PERSONAGEM: Peter, I'm your conscience,
Peter, sou a tua consciência, o Grilo Falante.
Equivalente oficial
Peter, sou a tua consciência, o Grilo Falante.
Equivalente oficial
161
Jiminy Cricket.
(202)
OUTRA PERSONAGEM: What?
Nobody here in Maryland
understands a single word you're saying.
- O quê? - Ninguém aqui em Maryland
percebe uma única palavra
do que estás a dizer.
Retenção (não marcada)
- O quê? - Ninguém aqui em Maryland
percebe uma única palavra
do que estás a dizer.
Retenção (não marcada)
(203) OUTRA PERSONAGEM:
You should move back to Minnesota.
- Devias voltar para o Minnesota. - Não posso voltar.
Retenção (não marcada) Devias voltar para o Minnesota. Retenção
(não marcada)
(204)
(205)
OUTRA PERSONAGEM: I Snapchatted Matt Gackerack
a Kodak of my ass crack!
Enviei uma foto do rego do meu rabo pelo Snapchat ao Matt Gackerack.
Generalização (paráfrase)
Retenção (marcada)
Não posso voltar. Deixei que o Matt Gackerack
tirasse uma Kodak
do rego do meu rabo! Ø
Omissão
Retenção (não marcada)
(206) OUTRA PERSONAGEM:
Have you guys seen the new Jessica Biel movie?
Já viram o novo filme da Jessica Biel?
Retenção (não marcada)
Já viram o novo filme da Jessica Biel?
Retenção (não marcada)
(207) OUTRA PERSONAGEM:
You know who's really beautiful? Joan Allen.
Sabem quem é mesmo bonita? A Joan Allen.
Retenção (não marcada)
Sabem quem é muito bonita? A Joan Allen.
Retenção (não marcada)
(208)
PETER: These aren't drugstore glasses,
they came from
a doctor Halloween costume.
Estes óculos não são da farmácia,
Fazem parte de um disfarce de médico do Dia das Bruxas.
Substituição (realia da CC)
Estes não são óculos da farmácia,
vieram de uma fantasia de médico no Halloween.
Retenção (não marcada)
(209) PETER:
"Cock-a-doodle-doo" is a passion Project
“Cocorocó” é um projeto pessoal
que tenho andado a remoer
Retenção (marcada)
"Cock-a-doodle-doo" é um projecto pessoal sobre o qual
Retenção (marcada)
162
I'd been mulling over for years,
and when Family Guy gave me
the opportunity to shoot it,
I knew there was only one actor
who could portray Phil the Wolf: Glenn Quagmire.
nos últimos anos,
e quando a equipa “Family Guy” Me deu a oportunidade para o gravar,
eu sabia que só havia um ator
que podia fazer o papel do Lobo Phil:
Glenn Quagmire
tenho andado a matutar durante anos,
e quando "Family Guy" me deu a oportunidade para o filmar,
eu sabia que só havia um actor
que podia interpretar
o Lobo Phil: Glenn Quagmire.
(210) LOIS:
Like when we watched Battlestar Galactica together.
Como quando vimos o Battlestar Galactica juntos.
Retenção (marcada)
Como quando vimos "Battlestar Galactica" juntos.
Retenção (marcada)
(211) LOIS: Now, which Cylon is that?
- Que Cylon é aquele? - Não sei. Acho que é o Número seis.
Retenção (marcada)
- Que Cylon é aquele? - Não sei. Acho que é o número seis.
Retenção (não marcada)
(212)
LOIS: Wait, is that
the same Number Six
that had sex with Dr. Baltar?
Espera, é o mesmo Número Seis que fez sexo com o Dr. Baltar?
Retenção (não marcada)
Espera, é o mesmo número seis que fez sexo com o Dr. Baltar?
Retenção (não marcada)
(213)
PETER: The whole family's dream
is that she gets a spot
on the U.S. Olympic Team.
O sonho de toda a família é que ela consiga um lugar na Ø equipa olímpica. Omissão O sonho de toda a família é que ela
consiga um lugar na Ø equipa olímpica. Omissão
163
Anexo 8
Temporada 13 episódio 17
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional (português europeu) Estratégia Tradução e legendagem do fansubber
(português europeu) Estratégia
(214) QUAGMIRE:
Yeah, they almost wouldn’t print that at Kinko’s.
Quase que não os imprimiam no centro de cópias.
Generalização (termo
superordenado)
Pois, quase não quiseram imprimir isso na papelaria.
Generalização (termo
superordenado)
(215)
QUAMIRE: Big Dumpster,
that reminds me,
Ice-T’s wife is also coming to Quagfest.
Por falar em contentor grande,
a mulher do Ice-T também vem ao Quagfest.
Retenção (não marcada)
Caixote grande. Isso lembra-me,
a mulher do Ice-T
também vem ao Quagfest.
Retenção (não marcada)
(216)
(217) (218)
(219)
APRESENTADOR: And in local news,
Hollywood comes to Quahog,
almost,
as three hours from here
in Waterbury, Connecticut,
Liam Neeson has begun shooting his latest film.
E nas notícias locais,
Hollywood quase vem a Quahog,
Pois a três horas daqui,
em Waterbury, no Connecticut,
o Liam Neeson começou as filmagens do seu novo filme.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
E nas notícias [sic] locais,
Hollywood vem a Quahog, quase,
já que a três horas daqui
em Waterbury, Connecticut,
Liam Neeson começou as filmagens do seu mais recente filme.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
Retenção (não marcada)
Retenção (não marcada)
164
(220)
(221)
APRESENTADOR: His new project is reportedly
an historical epic,
in which Mr. Neeson stars
as a vengeance-crazed
Albert Einstein.
O seu novo projeto é alegadamente um filme épico histórico.
Mr. Neeson é o protagonista,
no papel de um Einstein
sedento de vingança
Retenção
(não marcada)
Retenção (não marcada)
O seu novo projecto é supostamente um épico histórico,
em que o Sr. Neeson interpreta
um Albert Einstein louco por vingança.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
(222)
(223)
APRESENTADOR: Channel Five News
has this exclusive first look
that I taped off my VCR
from “Entertainment Tonight”.
As notícias do canal 5 tem imagens exclusivas
que gravei do “Entertainment Tonight”
usando o meu vídeo.
Tradução direta
(filtragem)
Retenção (marcada)
As Notícias do Canal Cinco tem este exclusivo primeiro olhar
que gravei com o meu gravador do “Entertainment Tonight”.
Tradução direta
(filtragem)
Retenção (marcada)
(224)
LOIS: I just assumed after
that incident in the parking lot
with that bitch in the Lexus, you wouldn’t want me to.
Presumi que depois daquele incidente no parque de estacionamento
com a cabra do Lexus,
não iria querer que o fizesse.
Retenção (marcada)
Eu apenas presumi que depois daquele incidente no parque de estacionamento
com aquela cabra no Lexus,
não me iriam querer.
Retenção (não marcada)
(225)
STEWIE: I don’t bother you when you’re sitting on the washing machine,
screaming Aaron Eckhart’s name.
Não te incomodo
quando te sentas na máquina de lavar,
a gritar o nome do Aaron Eckhart.
Retenção (não marcada)
Eu não te incomodo quando estás sentada na máquina de lavar roupa,
a gritar o nome do Aaron Eckhart.
Retenção (não marcada)
(226)
(227)
PETER: There’s Brazil.
Aqui está o Brasil,
aqui está a Itália,
Retenção (não marcada)
Lá está o Brasil
Lá está a Itália.
Retenção (não marcada)
Retenção (não marcada)
Retenção (não marcada)
165
(228)
There’s Italy.
And there’s Thailand.
e aqui está a Tailândia. Retenção
(não marcada)
E lá está a Tailândia. Ena. Retenção
(não marcada)
(229)
QUAGMIRE: Here she is, all the way from
Weathersfield Elementary School,
Miss Eleanor!
E aqui está ela, vinda diretamente da escola primária de Weatherfield
a Miss Eleanor.
Substituição (realia da CC)
- Retenção
(não marcada)
Cá está ela, vinda da Escola Elementar de Weathersfield,
Miss Eleanor!
Tradução direta (decalque)
– Retenção
(não marcada)
(230)
OUTRA PERSONAGEM: I got to run out
to the parking lot.
I’m buying cigarettes from some guy on Craigslist.
Tenho de ir ao parque de estacionamento
comprar cigarros a alguém que encontrei no Craiglist.
Retenção (marcada)
Vou comprar cigarros para um tipo qualquer do Craigslist.
Retenção (não marcada)
(231) STEWIE:
“Sweetheart”? Slow your roll there, Cougar Town.
“Querido”? Tem lá calma, “Cougar Town”.
Retenção (marcada)
“Querido”? Tem lá calminha, “Cougar Town”.
Retenção (marcada)
(232)
STEWIE: She’s my mother.
We’re supposed to be a team.
Like the Lone Ranger and Tonto.
Ela é a minha mãe, devíamos ser uma equipa,
Como o Mascarilha e o Tonto.
Equivalente oficial
Ela é a minha mãe. É suposto sermos uma equipa.
Como o Mascarilha e o Tonto.
Equivalente oficial
(233)
CLEVELAND: Yeah, except I got molested
in the House of Mirrors
by either one man or 100 identical men.
Sim, tirando o facto de ter sido molestado
na casa dos espelhos, por um homem
ou por cem homens idênticos.
Tradução direta (filtragem)
Sim, tirando a parte em fui molestado na Casa dos Espelhos
por um homem ou 100 homens
idênticos.
Tradução direta (filtragem)
166
(234)
CLEVELAND: To meet Loretta
at a McDonald’s parking lot
to pick up my son, Cleveland, Jr.
Fui ter com a Loretta ao McDonald’s
para ir buscar o meu filho,
o Cleveland Jr.
Retenção (não marcada)
Para me encontrar com a Loretta no estacionamento do McDonald’s
para ir buscar o meu filho,
Cleveland Jr.
Retenção (não marcada)
(235)
PETER: That’s why I’m dressing
up as the one woman
no Irishman can resist: Mrs. Potato Head.
Por isso, vou disfarçar-me da única mulher
a quem os irlandeses não resistem:
a Senhora Cabeça de Batata.
Equivalente oficial
É por isso que me vou vestir como a única mulher
a que um irlandês não pode resistir:
a Sra. Cabeça de Batata.
Equivalente oficial
(236) OUTRA PERSONAGEM:
Colin Farrell? What are you doing here?
Colin Farrell, o que estás aqui a fazer?
Retenção (não marcada) Colin Farrell? Que fazes aqui? Retenção
(não marcada)
(237) LIAM NESSON: I also steal small
items from 7-Eleven.
Também roubei pequenos artigos da loja de conveniência.
Generalização (termo
superordenado)
Também roubo pequenos objectos da 7-Eleven.
Retenção (não marcada)
(238)
(239)
LIAM NESSON: SweeTarts, Jolly
Ranchers, and the like. Guloseimas, rebuçados e afins.
Generalização (termo
superordenado)
Generalização (termo
superordenado)
SweeTarts, Jolly Ranchers, e coisas assim.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
(240)
PETER: All right.
That’ll be…
three Hail Marys.
- Bem, reze três ave-marias. - Duro, mas justo.
Equivalente oficial
Muito bem. Vão ser...
três Avé Marias.
Equivalente oficial
167
(241)
LIAM NESSON: But one slip-up,
and you'll be deader
than the first man to die in the Battle of the Boyne.
Mas, um deslize e estarás mais morto
do que o primeiro homem
a morrer na batalha do Boyne.
Tradução direta (decalque)
– Retenção
(não marcada)
Mas um deslize, e vais estar mais morto
do que o primeiro homem a morrer
na Batalha de Boyne.
Tradução direta (decalque)
– Retenção
(não marcada)
(242) OUTRA PERSONAGEM:
Prospective juror number 17, the defendant is a kraken.
Jurado número 17, o arguido é um Kraken.
Retenção (marcada)
Potencial jurado número 17, o réu é um kraken (lula).
Retenção (não marcada)
- Especificação
(Adição)
(243) OUTRA PERSONAGEM:
Your Honor, we'd like to thank and excuse juror number 17.
Meritíssimo, gostaria de agradecer e dispensar o jurado número 17.
Substituição (realia da CC)
Meritíssimo, gostaríamos de agradecer e dispensar o jurado número 17.
Substituição (realia da CC)
(244)
LIAM NESSON: I want you to take
over my Twitter feed
and tweet back to my fans.
Quero que te encarregues do meu twitter
e que respondas aos meus [sic] fãs.
Retenção (não marcada)
Quero que acedas à minha conta do Twitter e respondas aos meus fãs.
Retenção (não marcada)
(245)
LIAM NESSON: So, you know, Jar Jar
wasn't there the whole time.
It was just a green screen.
O Jar Jar esteve lá o tempo todo, eram só efeitos especiais.
Retenção (não marcada)
Então, sabes, o Jar Jar não esteve lá o tempo todo.
Era apenas um ecrã verde.
Retenção (não marcada)
(246)
PETER: Your story thread
in “Love, Actually”
A tua história em “O Amor Acontece” é a segunda pior.
Equivalente oficial
O teu fio condutor em "O Amor Acontece"
é o segundo pior.
Equivalente oficial
168
is the second worst.
(247) QUAGMIRE:
Are you kidding? You took on the star of “Kinsey”!
- Estás a brincar?
Lutaste contra a estrela do “Relatório Kinsey”
Especificação (explicitação)
Estás a brincar? Atiraste-te à estrela de "Relatório Kinsey"!
Especificação (explicitação)
(248)
PETER: You know, I guess the lesson here is,
Oskar Schindler
wasn't real.
Acho que a lição a retirar é que o Oskar Schindler não era real.
Retenção (não marcada)
Sabem, acho que a lição aqui é o Oskar Schindler não era real.
Retenção (não marcada)
169
Anexo 9
Temporada 13 episódio 18
Corpus original (inglês) Tradução e legendagem profissional (português europeu) Estratégia Tradução e legendagem do fansubber
(português europeu) Estratégia
(249)
PETER: Randy Jackson was just
a big sea turtle
in human clothes, we heard.
O Randy Jackson era uma tartaruga-marinha vestida.
Retenção (não marcada)
A Randy Jackson era apenas uma grande tartaruga do mar
com roupas humana, já ouvimos.
Retenção (não marcada)
(250)
LOIS: No, we all just booked
a vacation together
to a private resort in the Bahamas.
Não. Marcámos férias para todos numa estância turística nas Bahamas.
Retenção (não marcada)
Não, acabámos todas de marcar férias juntos
para um resort privado
nas Bahamas.
Retenção (não marcada)
(251)
QUAGMIRE: Yeah, it'll be awesome to nail a hotel masseuse
and then watch Nanny McPhee in the room.
Sim, vai ser maravilhoso comer uma massagista do hotel
E depois ver a Nanny McPhee,
No quarto. Então, quando vamos?
Retenção (não marcada)
Sim, vai ser espectacular comer uma massagista do hotel
e depois ver "Nanny McPhee"
no quarto.
Retenção (marcada)
(252) OUTRA PERSONAGEM Where is the Eiffel Tower? Onde fica a Torre Eiffel?
Retenção (não marcada) Onde é a Torre Eiffel?
Retenção (não marcada)
170
(253) CARTER PEWTERSCHMIDT:
I shoved an employee at Wendy's and they called the cops.
Empurrei um funcionário no “Wendy's” e eles chamaram a polícia.
Retenção (marcada)
Empurrei um empregado na Wendy's e eles chamaram a polícia.
Retenção (não marcada)
(254) PETER:
Oh, my God. Is this my acceptance to Hogwarts?
- Meu Deus! Fui aceite em Hogwarts? - Não. É uma carta a pedir
para parares de atirar pedras
ao meu ninho.
Retenção (não marcada)
Meu Deus. Isto é a minha aprovação para Hogwarts?
Retenção (não marcada)
(255) PETER:
Yeah, I can't wait to puke up a club sandwich in the pool.
Mal posso esperar para vomitar uma sanduiche na piscina.
Generalização (termo
superordenado)
Sim, mal posso esperar para vomitar uma sanduíche na piscina.
Generalização (termo
superordenado)
(256) STEWIE:
Brian, check it out: HotOrNot.com.
Brian, vê isto: HotOrNot.com.
Retenção (não marcada)
Ei, Brian, vê só... BrasaOuNão.com.
Tradução direta (filtragem)
(257) CARTER PEWTERSCHMIDT:
Dick Fosbury won an Olympics on this.
O Dick Fosbury ganhou as Olimpíadas com isto.
Retenção (não marcada)
O Dick Fosbury ganhou umas Olimpíadas com isto.
Retenção (não marcada)
(258)
CARTER PEWTERSCHMIDT: I know what you got
your fingers crossed for,
and yes, they're persimmons.
Eu sei o que tanto anseiam e, sim, são dióspiros.
Tradução direta (filtragem)
Eu sei por que estão a fazer figas,
e sim, são dióspiros.
Tradução direta (filtragem)
(259)
CARTER PEWTERSCHMIDT: And all any of you
can do is stare
at those Game Boy machines! I'm sick of it!
... Café e pacotes de sementes velhos.
E tudo o que vocês sabem fazer
é olhar para essa espécie de Gameboy! Estou farto disto!
Retenção (não marcada)
E tudo o que vocês fazem é ficarem especados nessas máquinas Game Boy!
Retenção (não marcada)
171
(260)
STEWIE: How else am I supposed
to get my degree
from the University of Phoenix?
Como é que vou conseguir tirar o curso na Universidade de Phoenix?
Tradução direta (decalque)
- Retenção
(não marcada)
Como vou então obter a minha graduação da Universidade de Phoenix?
Tradução direta (decalque)
- Retenção
(não marcada)
(261) PETER:
I'll get hit with a coconut so I lose my memory of this.
Vou ser atingido por um coco e esquecer-me disto.
Tradução direta (decalque)
Vou levar com um coco para perder a memória disto.
Tradução direta (decalque)
(262)
(263)
JOE: Freakin' Cheney
back in the White House? O Cheney de volta à Casa Branca?
Retenção (não marcada)
Equivalente
oficial
O raio do Cheney de volta à Casa Branca?
Retenção (não marcada)
Equivalente
oficial
(264)
CHRIS: Grandpa, can I just
have my video games back?
I want to play Call of Duty.
Avô, devolves-me a minha consola? Quero jogar “Call of Duty”.
Retenção (marcada)
Avô, posso ter de volta
os meus jogos de vídeo?
Eu quero jogar "Call of Duty".
Retenção (marcada)
(265)
(266)
CARTER PEWTERSCHMIDT: I've got the original
Call of Duty right here.
It's called jacks.
Tenho o “Call of Duty” original aqui. Chama-se “Jacks”.
Retenção (marcada)
Retenção (marcada)
Tenho o "Call of Duty"
original aqui mesmo.
Chama-se jogo da bugalha.
Retenção (marcada)
Substituição
(realia transcultural)
(267)
CARTER PEWTERSCHMIDT: So let's get the blood pumping
Portanto, vamos lá dançar ao som do meu disco do Jack LaLanne.
Retenção
(não marcada)
Por isso vamos pôr o sangue a correr
com a minha gravação do Jack LaLanne.
Retenção
(não marcada)
172
with my Jack LaLanne record.
(268) CLEVELAND:
You got white chocolate French fries?
Tens batatas fritas com chocolate branco?
Substituição (realia da CC) Têm batatas fritas de chocolate? Substituição
(realia da CC)
(269)
OUTRA PERSONAGEM: Okay, for our next exercise,
let's play The Oldlywed Game.
Bem, agora vamos jogar aos “Casados Há Anos.” (Re)criação
Muito bem, para o nosso próximo exercício,
vamos jogar o Jogo dos Casados.
Tradução direta (filtragem)
(270) PETER:
Let's see, when is Hitler's birthday?
Deixa ver, quando é o do Hitler? Retenção (não marcada)
Vejamos, quando é que é o aniversário do Hitler?
Retenção (não marcada)
(271) PETER:
More mac and cheese. Here, just keep it going.
Mais macarrão com queijo. Ponha mais, mesmo as partes queimadas.
Tradução direta (filtragem)
Mais macarrão e queijo. Continua.
Tradução direta (filtragem)
(272) CLEVELAND:
Cool! My FICO score just went up a hundred points.
Fixe! A minha pontuação FICO acabou de aumentar 100 pontos.
Retenção (não marcada)
Fixe! O meu crédito fiscal acabou de subir cem pontos.
Generalização (termo
superordenado)
(273) That one looks like the Thompson Throat Lozenge girl!
Aquela parece a rapariga das pastilhas para a garganta.
Generalização (paráfrase)
Aquela parece a rapariga Thompson Throat Lozenge!
Retenção (não marcada)
– Tradução direta
(decalque)
(274)
PETER: This is the second vacation
that I've watched
every Jurassic Park.
Estas foram as segundas férias em que vi todos os “Parque Jurássico”.
Equivalente oficial
Esta é a segunda vez em férias
que vejo todos os filmes de "Parque Jurássico".
Equivalente oficial
(275) PETER: Kimmie, I'll pay you
Kimmie, pago-te mil dólares para pôr uma mão no teu rabo.
Tradução direta (decalque)
Ei, Kimmie, pago-te mil dólares por uma mão completa no teu rabo.
Tradução direta (decalque)
173
a thousand dollars
for one whole handful of your butt.
(276)
(277)
OUTRA PERSONAGEM: Josh Radnor's
twitter feed is so funny!
O Josh Radnor publica cenas tão engraçadas no Twitter.
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
A resposta do Josh Radnor no twitter é tão engraçada!
Retenção (não marcada)
Retenção
(não marcada)
(278) CLEVELAND: I record Ellen every day!
Gravo o programa da Ellen todos os dias!
Especificação (Adição) Gravo a Ellen todos os dias! Retenção
(não marcada)
(279) DONNA:
Come here, baby. You need them Lee Press-Ons.
Vem cá querido. Precisas é de uma coçadela com unhas de gel. (Re)criação - Precisas de umas unhas em condições.
- Isso mesmo. Substituição (situacional)
(280) LOIS:
That's funny! From The Star Wars!
Essa é boa! É do “Guerra das Estrelas”.
Equivalente oficial
Isso é engraçado! De "A Guerra das Estrelas"!
Equivalente oficial
(281)
OUTRA PERSONAGEM: Stuffing your slob faces,
taking video you'll never watch,
and asking if I'm the Captain Phillips guy.
Todos os anos temos de aturar turistas americanos
a encher a barriga,
a fazer vídeos que nunca verão
e a perguntar-me se sou aquele do “Capitão Philips”.
Equivalente oficial
A empanturrarem-se, a filmar coisas que nunca vêm,
e a perguntar se sou
o tipo de "Capitão Phillips".
Equivalente oficial
(282) CARTER PEWTERSCHMIDT:
Well, kids, it's Dyngus Day.
Meninos, hoje é a “Segunda-feira Molhada”.
Substituição (realia
transcultural) Bem, é dia de festa, crianças! Substituição
(situacional)
174
(283) CARTER PEWTERSCHMIDT:
Here are your pussy willow branches.
Aqui têm os vossos ramos em flor. (Re)criação Aqui estão os vossos ramos de salgueiro.
Substituição (realia da
CCl)
(284) STEWIE:
Sarsaparilla! I was going to take sister!
Salsaparrilha! Eu ia escolher a mana.
Tradução direta (decalque)
Salsaparrilha! Eu é que ia tocar na minha irmã!
Tradução direta (decalque)