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CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO – ITE – BAURU
MESTRADO EM DIREITO – SISTEMA CONSTITUCIONAL DE GARANTIA
DE DIREITOS
TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL
PROF. LIVRE-DOCENTE LUIZ ALBERTO DAVID ARAUJO
MESTRANDOS: PATRICIA FARINA MACHADO
RODRIGO CHAVARI DE ARRUDA
MICHAEL GARCIA RODRIGUES
PARTE 1
ANÁLISE DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 01/1969
ARTIGOS 01 A 72
Em 17 de outubro de 1969, estando em recesso o Congresso
Nacional, foi outorgada, pela Junta Militar, a emenda n. 1, a qual
alterou substancialmente a Constituição de 1967.
Esta intensificou a concentração de poder no Executivo dominado
pelo Exército e permitiu a substituição do presidente por uma
Junta Militar, apesar de existir o vice-presidente (na época,
Pedro Aleixo).
Para considerável parte da doutrina, na verdade, a EC n. 1 de
1969 trata-se na verdade de nova Constituição, como expende o
professor José Afonso da Silva,
“Teórica e tecnicamente, não se tratou de
emenda, mas de nova constituição. A emenda
só serviu como mecanismo de outorga, uma
vez que verdadeiramente se promulgou texto
integralmente reformado, a começar pela
denominação que se lhe deu: Constituição da
República Federativa do Brasil, enquanto a
de 1967 se chamava apenas Constituição do
Brasil”.
As três principais alterações promovidas pela citada emenda
constitucional foram:
- estabelecimento de eleições indiretas para o cargo de
Governador de Estado;
- ampliação do mandato presidencial para cinco anos;
- extinção das imunidades parlamentares.
Tendo mantido o AI-5, a Constituição de 1969 realmente só
começou a vigorar com a queda deste, em 1978. Essa carta
aprofundou o retrocesso político, se comparada a Constituição de
1967. Incorporou em seu texto medidas autoritárias dos Atos
Institucionais, consagrou a intervenção federal nos Estados,
cassou a autonomia administrativa das capitais e outros
municípios, impôs restrições ao Poder Legislativo: validou o
regime dos decretos-leis, manteve e ampliou as estipulações
restritivas da Constituição de 1967, quer em matéria de garantias
individuais, quer em matéria de direitos sociais.
Foi a Constituição mais autoritária da história
constitucional brasileira, pois, apesar de conter uma longa
enumeração dos direitos individuais, detinha poderes de supressão
desses mesmos direitos. Manteve a orientação que vinha sendo dada
desde a Constituição de 1891, em seu art. 78, ao determinar que a
Constituição, ao enumerar os direitos fundamentais, no seu § 36 do
art. 153, não pretende ser exaustiva. Mantendo-se filiada à
orientação da “racionalização do poder”, marcada pela Constituição
de 1934, trouxe uma enumeração dos direitos dos trabalhadores, que
é meramente exemplificativa, tendo seu próprio texto excluído
totalmente a taxatividade.
MUNICÍPIOS
Para Eugênio Franco Montoro (1975, P. 82),
"foram pequenas as modificações trazidas
pela Emenda Constitucional n.º 1, quanto ao
regime municipal, pois, foi praticamente
mantido o sistema instituído pela
Constituição de 1967".
Paulino Jacques assevera que as alterações se deram em apenas
dois aspectos: em relação à intervenção nos Municípios e à
fiscalização financeira e orçamentária. Mas, foi Raul Machado
Horta , em 1982, quem identificou com precisão a importância das
alterações efetuadas na Carta de 1969.
Hoje se pode fazer essa afirmação, devido à confirmação da
tendência apresentada pelo autor no texto Constitucional de 1988.
Horta diz que a Emenda n.º 1, de 1969 aprofundou o movimento
de dilatação da matéria municipal na Constituição Federal. Esse
movimento de absorção foi igualmente intenso nas duas direções que
ele adotou. A direção no rumo da federalização de temas municipais
pela sua retirada da área das Constituições Estaduais, ou dos
poderes reservados, e sua conversão em temas da Constituição
Federal e da legislação federal, conforme tendência consagrada no
texto constitucional originário e já anotada.
Apesar das alterações do texto constitucional em 1969 terem
sido parcas, consoantes afirmam os autores acima citados; todavia,
significaram a abertura do caminho para a efetivação, pelo menos
formal, do Município como ente federado.
Dentre outros dispositivos de interesse direto dos Municípios,
a Constituição de 1969 passou a exigir dos entes locais a
aplicação de pelos menos 20% (vinte por cento) da receita
tributária municipal no ensino primário. É o início de mais uma
tendência que passou a se dilatar, a saber, o controle federal da
aplicação dos recursos dos Municípios.
Foram estabelecidas novas formas para à fiscalização
financeira e orçamentária dos Municípios, através de órgãos
competentes de controle interno e externo. Ao controle externo, a
Câmara Municipal, auxiliada pelo Tribunal de Contas ou pelo órgão
estadual a que fosse atribuída essa competência, ao qual passou o
dever de emitir parecer anual prévio, sobre as contas municipais.
Ao controle interno, o Executivo Municipal.
Para Raul Machado Horta, a Constituição de 1969 equiparou o
Município à União, aos Estados e ao Distrito Federal, quando o
tornou "destinatário das normas tributárias de vedação".
Segundo o mesmo autor, as Constituições anteriores não
consignaram explicitamente essa regra, pois que sempre seguiram
uma linha federalista que não comportava o Município na repartição
federal de competências.
DO PROCESSO LEGISLATIVO
A Constituição de 1969 previa a possibilidade do Chefe do
Executivo inovar a ordem jurídica através de decretos-leis, na
forma do artigo 55, in verbis:
"Art.55. O Presidente da República, em
casos de urgência ou de interesse público
relevante, e desde que não haja aumento de
despesa, poderá expedir decretos-leis sobre
as seguintes matérias:
I – segurança nacional;
II – finanças públicas, inclusive normas
tributárias; e
III – criação de cargos públicos e fixação
de vencimentos;"
O decreto-lei seria submetido ao Congresso Nacional para
aprovação ou rejeição no prazo de sessenta dias, caso não houvesse
deliberação neste prazo, o decreto-lei seria incluído na ordem do
dia, em regime de urgência, nas dez sessões subsequentes em dias
sucessivos, considerando-se aprovado se não fosse apreciado (§1º
do art. 55 da Constituição de 1969).Como visto acima, o decreto-
lei poderia tratar de tributos.
A Constituição de 1988 acabou com a figura do decreto-lei e
instituiu em seu artigo 62 uma nova figura jurídica, a medida-
provisória
DO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO
O artigo 62 da Constituição de 1969, ao definir a amplitude
do orçamento da União, dizia:
“o orçamento anual compreenderá
obrigatoriamente as despesas e receitas
relativas a todos os poderes, órgãos e
fundos, tanto da administração direta
quanto da indireta excluídas apenas as
entidades que não recebam subvenções ou
transferências à conta do orçamento”.
De acordo com o princípio da universalidade, o orçamento da
União deve conter todas as receitas e todas as despesas do governo
federal. A Constituição de 1969 também consagrava essa regra no
artigo 62. Dada a multiplicidade de orçamentos, ficava difícil
calcular a necessidade total de recursos fiscais, sobretudo quando
somente o orçamento da União era preparado com a devida
antecipação.
A anualidade do orçamento era prescrita no artigo 60 da
Constituição de 1969. Determinava que o orçamento anual deveria
conviver com orçamentos plurianuais, envolvendo esses últimos
apenas as despesas de capital, isto é, os investimentos.
PARTE 2
ANÁLISE DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 01/1969
ARTIGOS 73 A 144
CARACTERÍSTICAS RELEVANTES OBSERVADAS NA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
01/1969, QUE SE DEFERENCIAM DAS CONTIDAS NA CONSTITUIÇÃO ATUAL:
CAPÍTULO VII – DO PODER EXECUTIVO
** Com relação ao Tema da Dissertação da Ivana – Tribunal de
Contas – não há menção deste órgão no Capítulo do Poder Executivo
na EC 01/1969 **
SEÇÃO I – DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Chama a atenção nesta seção que a EC 01/69 admitia a
eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República por
sufrágio universal e voto direto e secreto. E o mandato era de
seis anos.
SEÇÃO II – DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
O inciso XI do artigo 81 permitia ao Presidente declarar
guerra sem autorização do Congresso Nacional, no caso de agressão
estrangeira ocorrida no intervalo das sessões legislativas.
SEÇÃO VI – DAS FORÇAS ARMADAS
Esta Seção mostra a preocupação do constituinte à época
com os oficiais das forças armadas, assegurando-lhes benefícios e
prerrogativas de foro.
SEÇÃO VII – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Percebe-se que o texto constitucional colocou o
Ministério Público como órgão do Poder Executivo. Porém, revela-se
uma falta de preocupação com o Ministério Público, pois são poucos
os dispositivos constitucionais que tratam do órgão. De qualquer
forma, já assegurava a inamovibilidade funcional.
SEÇÃO VIII – DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
O § 3º do artigo 97 fixa o prazo de validade de concurso
público em cinco anos. O artigo 98 coloca os membros do Poder
Executivo como teto para a remuneração dos demais poderes. O
artigo 99 traz regras diferenciadas para a acumulação remunerada
de cargos e funções públicas.
A Emenda Constitucional nº 01/1969 resguarda a
responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito público
pelos danos causados por seus funcionários a terceiros, nos termos
do artigo 107.
O artigo 110 fixa a competência para dirimir conflitos
decorrentes de relação de trabalho dos servidores com a União
Federal e entidades federais.
CAPÍTULO VIII – DO PODER JUDICIÁRIO
** Capítulo afeto ao Tema da Dissertação da Érica – Conceito de
justiça e o devido processo legal **
SEÇÃO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Na vigência da EC 01/1969 não existia o Superior
Tribunal de Justiça, mas sim, o Tribunal Federal de Recursos, mas
já previa o Conselho Nacional da Magistratura como órgão do Poder
Judiciário (art. 112).
O artigo 117 prescreve as regras de pagamentos de
precatórios. Verifica-se que a EC 01/1969 não disciplinava prazo
para pagamento nem sanções à Fazenda Pública em caso de atraso no
pagamento do precatório.
SEÇÃO II – DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
O artigo 119, inciso I, estabelece as competências
originárias do Supremo Tribunal Federal. Verifica-se que muitas
delas hoje são atribuídas ao Superior Tribunal de Justiça.
As hipóteses de cabimento do recurso extraordinário
contemplavam as situações que hoje são objeto de recurso especial,
de competência do Superior Tribunal de Justiça (art. 119, III).
Interessante notar que o legislador constituinte já fazia menção,
ainda que de maneira simples, à relevância da questão federal
(art. 119, § 1º).
SEÇÃO IV – DO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS
A competência recursal do antigo T.F.R. era unicamente
para julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes
federais (art. 122, III).
SEÇÃO V – DOS JUÍZES FEDERAIS
Os juízes federais eram nomeados pelo Presidente da
República, com idade superior a vinte e cinco anos (art. 123).
SEÇÃO VI – DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES
O § 2º do artigo 129 estabelece que o Superior Tribunal
Militar era o órgão responsável para processar e julgar os
Governadores de Estado e seus Secretários, em caso de crimes de
segurança nacional ou às instituições militares.
SEÇÃO VII – DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS
Os Tribunais Regionais Eleitorais eram compostos também
por dois cidadãos de notável saber jurídico e idoneidade moral
(art. 133, III).
SEÇÃO VIII – DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO
O Tribunal Superior do Trabalho era também composto por
seis classistas e temporários, em representação paritária dos
empregadores e dos trabalhadores, nos termos do art. 141, § 1º,
“b”. Da mesma forma, os Tribunais Regionais do Trabalho também
eram compostos de um terço de juízes classistas temporários (art.
141, § 5º.
Nos termos do artigo 142, § 2º, os litígios decorrentes
de acidente de trabalho não eram de competência da Justiça do
Trabalho, mas sim, da Justiça Comum Estadual.
SEÇÃO IX – DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ESTADUAIS
A Emenda Constitucional 01/1969 já estabelecia o quinto
constitucional reservado a advogados e membros do Ministério
Público, na composição de qualquer Tribunal Estadual (art. 144,
IV).
O § 1º do artigo 144 já revelava a problemática do
acúmulo de processos no Poder Judiciário, autorizando o Tribunal
de Justiça a criar Tribunais de Alçada, Juizados Especiais Cíveis
e Criminais, Juiz de Paz e Justiça Militar Estadual, com a
finalidade de descentralizar algumas tarefas de incumbência do
juiz de direito e do Tribunal de Justiça.
PARTE 3
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1969
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 1, DE 17 DE OUTUBRO DE 1969
ARTIGOS 145 À 217
A Constituição de 1967 recebeu em 1969 nova redação por uma emenda
decretada pelos "Ministros militares no exercício da Presidência da República".
É considerada por alguns especialistas, em que pese ser formalmente uma emenda à
constituição de 1967, uma nova Constituição de caráter outorgado.
A Constituição de 1967 foi alterada substancialmente pela Emenda Nº 1,
baixada pela Junta Militar que assumiu o governo com a doença de Costa e Silva,
em 1969. Esta intensificou a concentração de poder no Executivo dominado pelo
Exército e, junto com o AI-12, permitiu a substituição do presidente por uma
Junta Militar, impedindo a posse do vice-presidente Pedro Aleixo, um civil.
Além dessas modificações, o governo também decretou uma Lei de Segurança
Nacional, que restringia severamente as liberdades civis (como parte do combate
à subversão) e uma Lei de Imprensa, que estabeleceu a Censura Federal que durou
até o governo José Sarney.
O Ato Institucional Número Cinco deu poderes ao presidente para fechar,
por tempo indeterminado, o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as
Câmaras Municipais, para suspender os direitos políticos por 10 anos e cassar
mandatos efetivos e ainda decretar ou prorrogar estado de sítio. Foi instituída
no mandato do Marechal Arthur Costa e Silva. Pode não ser considerada uma
Constituição por ter sido outorgada pelos três ministros militares sob a
aparência de emenda constitucional durante o recesso forçado do Congresso
Nacional.
TÍTULO IIDA DECLARAÇÃO DE DIREITOS
CAPÍTULO IDA NACIONALIDADE
Previa a Constituição Federal os critérios jus soli e jus sanguinis para a
aquisição da nacionalidade brasileira, sendo, portanto concedida a nacionalidade
aos filhos de brasileiros nascidos no exterior, bem como aos filhos de
estrangeiros nascidos no Brasil.
Aos filhos de brasileiros nascidos no exterior, necessário era o registro
em repartição brasileira competente no exterior. Quando retornasse ao Brasil,
deveria optar pela nacionalidade brasileira dentro do prazo de quatro anos após
atingir a maioridade.
Vejamos o artigo correspondente:
Art. 145. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos em território, embora de país estrangeiros, desde que êstes nãoestejam a serviço de seu país;
b) os nascidos fora do território nacional, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desdeque qualquer dêles esteja a serviço do Brasil; e
c) os nascidos o estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, embora nãoestejam êstes a serviço do Brasil, desde que registrados em repartição brasileiracompetente no exterior ou, não registrados, venham a residir no território nacionalde atingir a maioridade; neste caso, alcançada esta, deverão, dentro de quatroanos, optar pela nacionalidade brasileira.
II - naturalizados:
a) os que adquiriram a nacionalidade brasileira, nos têrmos do artigo 69, itens IV eV, da Constituição de 24 de fevereiro de 1891;
b) pela forma que a lei estabelecer:
1 - os nascidos no estrangeiro, que hajam sido admitidos no Brasil durante osprimeiros cinco anos de vida, estabelecidos definitivamente no território nacional.Para preservar a nacionalidade brasileira, deverão manifestar-se por ela,inequivocadamente, até dois anos após atingir a maioridade;
2 - os nascidos no estrangeiro que, vindo residir no País antes de atingida amaioridade, façam curso superior em estabelecimento nacional e requeiram anacionalidade até um ano depois da formatura;
3 - os que, por outro modo, adquirirem a nacionalidade brasileira, exigidas aosportugueses apenas residência por um ano ininterrupto, idoneidade moral esanidade física.
Parágrafo único. São privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, Ministro de Estado, Ministro do Supremo Tribunal Federal,do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior doTrabalho, do Tribunal Federal de Recursos, do Tribunal de Contas da União,Procurador-Geral da República, Senador, Deputado Federal, Governador do DistritoFederal, Governador e Vice-Governador de Estado e de Território e seus substitutos,os de Embaixador e os das carreiras de Diplomata, de Oficial da Marinha, doExército e da Aeronáutica.
Na vigência desta Constituição, não era possível cumular outra
nacionalidade à brasileira, hipótese em que o brasileiro perderia sua
nacionalidade em detrimento da nacionalidade estrangeira. Denota-se também, que
o governo militar detinha poder de cassar a nacionalidade brasileira em casos de
aceitar o brasileiro, sem licença do Presidente da República, comissão, emprego
ou pensão de governo estrangeiro.
Art. 146. Perderá a nacionalidade o brasileiro que:
I - por naturalização voluntária, adquirir outra nacionalidade;II - sem licença do Presidente da República, aceitar comissão, emprêgo ou pensãode govêrno estrangeiro; ou
III - em virtude de sentença judicial, tiver cancelada a naturalização por exerceratividade contrária ao interêsse nacional.
Parágrafo único. Será anulada por decreto do Presidente da República a aquisiçãode nacionalidade obtida em fraude contra a lei.
CAPÍTULO IIDOS DIREITOS POLÍTICOS
Apesar da Emenda Constitucional em destaque ter previsto um grande rol de
direitos e garantias, previa também hipóteses em que os mesmos podiam ser
arbitrariamente revogados pelo Poder Executivo, sendo sem dúvida o grande
retrocesso em relação aos direitos humanos.
Eram eleitores os brasileiros maiores de dezoito anos e alistados na forma
da lei, sendo o voto obrigatório para os brasileiros de ambos os sexos.
Previa também que os militares eram alistáveis, desde que oficiais,
aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou suboficiais, sargentos ou
alunos das escolas militares de ensino superior para formação de oficiais.
Era defeso o alistamento dos eleitores analfabetos, que não saibam
exprimir-se na língua nacional e os que estiverem privados, temporária ou
definitivamente, dos direitos políticos.
Havia previsão de que lei infraconstitucional previsse forma pela qual os
analfabetos poder-se-iam alistar eleitores e exercer o direito de voto.
O sufrágio era universal e o voto direto e secreto. Os partidos políticos
tinham representação proporcional, total ou parcial, na forma que a lei
estabelecesse.
Os deputados federais e estaduais eram eleitos pelo sistema distrital
misto, majoritário e proporcional.
O Presidente da República poderia decretar a perda dos direitos políticos
nos casos de aquisição de outra nacionalidade por naturalização voluntária ou
pelo acusado aceitar comissão, emprego ou pensão de governo estrangeiro sem
licença do Presidente da República, pela recusa, baseada em convicção religiosa,
filosófica ou política, à prestação de encargo ou serviço impostos aos
brasileiros em geral ou pela aceitação de condecoração ou título mobiliário
estrangeiros que importem restrição de direito de cidadania ou dever para com o
Estado brasileiro. Denota-se a grande arbitrariedade que detinha o Presidente da
República.
A perda ou a suspensão dos direitos políticos seria por decisão judicial
se em virtude de sentença judicial, tiver cancelada a naturalização por exercer
atividade contrária ao interesse nacional, por incapacidade civil absoluta, ou
por motivo de condenação criminal, enquanto durarem seus efeitos.
A elegibilidade para o militar da ativa não dependia de filiação político-
partidária.
CAPÍTULO IIIDOS PARTIDOS POLÍTICOS
A organização, o funcionamento e a extinção dos partidos políticos
observavam os princípios do regime representativo e democrático baseado na
pluralidade de partidos e na garantia dos direitos fundamentais do homem, na
personalidade jurídica mediante registro dos estatutos, na atuação permanente
dentro de programa aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral e sem vinculação de
qualquer natureza com a ação de governos, entidades ou partidos estrangeiros, na
fiscalização financeira, na disciplina partidária, no âmbito nacional sem
prejuízo das funções deliberativas dos diretórios locais, na exigência de cinco
por cento do eleitorado que haja votado na última eleição geral para a Câmara
dos Deputados, distribuídos, pelo menos, em sete Estados, com o mínimo de sete
por cento em cada um deles e da proibição de coligações partidárias.
Previsão interessante era de que perderia o mandato no Senado Federal, na
Câmara dos Deputados, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais
quem, por atitudes ou pelo voto, se opusesse às diretrizes estabelecidas pelos
órgãos de direção partidária ou que deixasse o partido sob cuja legenda foi
eleito. A perda do mandato era decretada pela Justiça Eleitoral mediante
representação do partido assegurado o direito de ampla defesa.
Era assegurado ao cidadão o direito de associar-se livremente a Partido
Político, sendo vedada a utilização pelos Partidos Políticos de organização
paramilitar ou subordinada a entidade ou Governo estrangeiro
CAPÍTULO IVDOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
Art. 153. A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes noPaís a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, à segurança e àpropriedade, nos têrmos seguintes:
§ 1º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de sexo, raça, trabalho, credoreligioso e convicções políticas. Será punido pela lei o preconceito de raça.
§ 2º Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão emvirtude de lei.
§ 3º A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisajulgada.
§ 4º A lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão dedireito individual. O ingresso em juízo poderá ser condicionado a que se exaurampreviamente as vias administrativas, desde que não exigida garantia de instância,nem ultrapassado o prazo de cento e oitenta dias para a decisão sobre o pedido.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 7, de 1977)
§ 5º É plena a liberdade de consciência e fica assegurado ao crentes o exercício doscultos religiosos, que não contrariem a ordem pública e os bons costumes.
§ 6º Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, ninguémserá privado de qualquer de seus direitos, salvo se o invocar para eximir-se deobrigação legal a todos imposta, caso em a lei poderá determinar a perda dosdireitos incompatíveis com escusa de consciência.
§ 7º Sem caráter de obrigatoriedade, será prestada por brasileiros, no têrmos da lei,assistência religiosa às fôrças armadas e auxiliares, e, nos estabelecimentos deinternação coletiva, ao interessados que solicitarem, diretamente ou por intermédiode seus representantes legais.
§ 8º É livre a manifestação de pensamento, de convicção política ou filosófica, bemcomo a prestação de informação independentemente de censura, salvo quanto adiversões e espetáculos públicos, respondendo cada um, nos têrmos da lei, pelosabusos que cometer. É assegurado o direito de resposta. A publicação de livros,jornais e periódicos não depende de licença da autoridade. Não serão, porém,toleradas a propaganda de guerra, de subversão a ordem ou preconceitos dereligião, de raça ou de classe, e as publicações e exteriorizações contrárias à morale aos bons costumes.
§ 9º É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas etelefônicas.
§ 10. A casa é o asilo inviolável do indivíduo; ninguém pode penetrar nela, à noite,sem consentimento do morador, a não ser em caso de crime ou desastre, nemdurante o dia, fora dos casos e na forma que a lei estabelecer.
§ 11. Não haverá pena de morte, de prisão perpétua, de banimento, ouconfisco, salvo nos casos de guerra externa, psicológica adversa, ourevolucionária ou subversiva, no têrmos que a lei determinar. Esta disporá,também, sobre o perdimento de bens por danos causados ao erário, ou nocaso de enriquecimento ilícito no exercício do cargo, função ou emprêgo naAdministração Pública, direta ou indireta. (Redação original)
§ 11 - Não haverá pena de morte, de prisão perpétua, nem de banimento. Quanto àpena de morte, fica ressalvada a legislação penal aplicável em caso de guerraexterna. A lei disporá sobre o perdimento de bens por danos causados ao erário ouno caso de enriquecimento no exercício de função pública. (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 11, de 1978)
§ 12. Ninguém será prêso senão em flagrante delito ou por ordem escrita deautoridade competente. A lei disporá sôbre a prestação de fiança. A prisão oudetenção de qualquer pessoa será imediatamente comunicada ao juiz competente,que relaxará, se não fôr legal.
§ 13. Nenhuma pena passará da pessoa delinqüente. A lei regulará aindividualização da pena.
§ 14. Impõe-se a tôdas as autoridades o respeito à integridade física e moral dodetento e do presidiário.
§ 15. A lei assegurará ao acusados ampla defesa, com os recursos a ela inerentes.Não haverá fôro privilegiado nem tribunais de exceção.
§ 16. A instrução criminal será contraditória, observada a lei anterior, no relativo aocrime e à pena, salvo quando agravar a situação do réu.
§ 17. Não haverá prisão civil por dívida, multa ou custas, salvo o caso dodepositário infiel ou do responsável pelo inadimplemento de obrigação alimentar,na forma da lei.
§ 18. É mantida a instituição do júri, que terá competência no julgamento doscrimes dolosos contra a vida.
§ 19. Não será concedida a extradição do estrangeiro por crime político ou deopinião, nem, em caso algum, a de brasileiro.
§ 20. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado desofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ouabuso de poder. Nas transgressões disciplinares não caberá habea corpus.
§ 21. Conceder-se-á mandato de segurança para proteger direito líquido e certonão amparado por habeas corpus, seja qual fôr a autoridade responsável pelailegalidade ou abuso de poder.
§ 22. É assegurado o direito de propriedade, salvo o caso de desapropriação pornecessidade ou utilidade pública ou interêsse social, mediante prévia e justaindenização em dinheiro, ressalvado o disposto no artigo 161, facultando-se aoexpropriado aceitar o pagamento em título de dívida pública, com cláusula deexata correção monetária. Em caso de perigo público iminente, as autoridadescompetentes poderão usar da propriedade particular, assegurada ao proprietárioindenização ulterior.
§ 23. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, observadas ascondições de capacidade que a lei estabelecer.
§ 24. À lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário parasua utilização, bem como a propriedade das marcas de indústria e comércio e aexclusividade do nome comercial.
§ 25. Aos autores de obras literárias, artísticas e científicas pertence o direitoexclusivo de utilizá-las. Êsse direito é transmissível por herança, pelo tempo que alei fixar.
§ 26. Em tempo de paz, qualquer pessoa poderá entrar com seus bens no territórionacional nêle permanecer ou dêle sair, respeitados os preceitos da lei.
§ 27. Todos podem reunir-se sem armas, não intervindo a autoridade senão paramanter a ordem. A lei poderá determinar os casos em que será necessária acomunicação prévia à autoridade, bem como a designação, por esta, do local dareunião.
§ 28. É assegurada a liberdade de associação para os fins lícitos. Nenhumaassociação poderá ser dissolvida, senão em virtude de decisão judicial.
§ 29. Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça, nemcobrado, em cada exercício, sem que a lei o houver instituído ou aumentado estejaem vigor antes do início do exercício financeiro, ressalvados a tarifa alfandegária ea de transporte, o impôsto sôbre produtos industrializados e o imposto lançado pormotivo de guerra e demais casos previstos nesta Constituição.
§ 29 Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça, emcobrado, em cada exercício, sem que a lei que o houver instituído ou aumentadoesteja em vigor antes do inicio do exercício financeiro, ressalvados a tarifaalfandegária e a de transporte, o imposto sobre produtos industrializados e outrosespecialmente indicados em lei complementar, além do imposto lançado pormotivo de guerra e demais casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pelaEmenda Constitucional nº 8, de 1977)
§ 30. É assegurado a qualquer pessoa o direito de representação e de petição aosPodêres Públicos, em defesa de direito ou contra abusos de autoridade.
§ 31. Qualquer cidadão será parte legítima para propor ação popular que vise aanular atos lesivos ao patrimônio de entidades públicas.
§ 32. Será concedida assistência jurídica aos necessitados, na forma da lei.
§ 33. A sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada pela leibrasileira, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que lhes nãoseja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
§ 34. A lei disporá sôbre a aquisição da propriedade rural por brasileiro eestrangeiro residente no país, assim com por pessoa natural ou jurídica,estabelecendo condições, restrições, limitações e demais exigências, para a defesada integridade do território, a segurança do Estado e justa distribuição dapropriedade.
§ 35. A lei assegurará a expedição de certidões requeridas às repartiçõesadministrativas para defesa de direitos e esclarecimento de situações.
§ 36. A especificação dos direitos e garantias expressos nesta Constituição nãoexclui outros direitos e garantias decorrentes do regime e dos princípios que elaadota.
Muitos dos direitos elencados no artigo anterior estão presentes
hodiernamente na Carta Magna, entretanto, ao possuir previsão de suspensão
destes direitos, fica nítida a arbitrariedade concedida ao Estado, vejamos:
Art. 154. O abuso de direito individual ou político, com o propósito de subversão doregime democrático ou de corrupção, importará a suspensão daqueles direitos dedois a dez anos, a qual será declarada pelo Supremo Tribunal Federal, medianterepresentação do Procurador Geral da República, sem prejuízo da ação cível oupenal que couber, assegurada ao paciente ampla defesa.
Parágrafo único. Quando se tratar de titular de mandato eletivo, o processo nãodependerá de licença da Câmara a que pertencer.
CAPÍTULO VDO ESTADO DE SÍTIO
Art. 155. O Presidente da República poderá decretar o estado de sítio nos casos de:
I - grave perturbação da ordem da ameaça de sua irrupção;
II - guerra.
§ 1º O decreto de estado de sítio especificará as regiões que essa providênciaabrangerá, bem como as normas que serão observadas, e nomeará as pessoasincumbidas de sua execução.§ 2º O estado de sítio autoriza as seguintes medidas coercitivas:
a) obrigação de residência em localidade determinada;
b) detenção em edifícios não destinados aos réus de crimes comuns;
c) busca e apreensão em domicílio;
d) suspensão da liberdade de reunião e de associação;
e) censura da correspondência, da imprensa, das telecomunicações e diversõespúblicas; e
f) uso ou ocupação temporária de bens das autarquias, emprêsa públicas,sociedades de economia mista ou concessionárias de serviços públicos, assim comoa suspensão do exercício de cargo, função ou emprêgo nas mesmas entidades.
§ 3º A fim de preservar a integridade e a independência do País, o livre ofuncionamento dos Podêres e a prática das instituições, quando gravementeameaçados por fatôres de subversão ou corrupção, o Presidente da República,ouvido o Conselho de Segurança Nacional, poderá tomar outras medidasestabelecidas em lei.
Art. 156 - No caso de guerra ou a fim de preservar a integridade e a independênciado País, o livre funcionamento dos Poderes e de suas instituições, quandogravemente ameaçados ou atingidos por fatores de subversão, o Presidente darepública, ouvindo o conselho de segurança Nacional, poderá decretar o estado desítio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 11, de 1978)
§ 1º - o decreto de estado de sítio especificará as regiões que essa providênciaabrangerá e as normas a serem observadas, bem como nomeará as pessoasincumbidas de sua execução. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 11, de1978)
§ 2º - O estado de sítio autoriza as seguintes medidas coercitivas; (Redação dadapela Emenda Constitucional nº 11, de 1978)
a) obrigação de residência em localidade determinada; (Incluída pela EmendaConstitucional nº 11, de 1978)
b) detenção em edifícios não destinados aos réus de crimes comuns; (Incluída pelaEmenda Constitucional nº 11, de 1978)
c) busca e apreensão em domicílio; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 11, de1978)
d) suspensão da liberdade de reunião e de associação; (Incluída pela EmendaConstitucional nº 11, de 1978)
e) intervenção em entidades representativas de classes ou categorias profissionais;(Incluída pela Emenda Constitucional nº 11, de 1978)
f) censura de correspondência, da imprensa, das telecomunicações e diversõespúblicas; e uso ou ocupação temporária de bens das autarquias empresas públicassociedades de economia mista ou concessionárias de serviços públicos, bem como asuspensão do exercício do cargo, função ou emprego nas mesmas entidades.(Incluída pela Emenda Constitucional nº 11, de 1978)
§ 3º A duração do estado de sítio salvo em caso de guerra, não será superior a 180(cento e oitenta) dias, podendo ser prorrogada, se persistirem as razões que odeterminaram. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 1978)
§ 4º - O decreto de estado de sítio ou de sua prorrogação será submetido, dentro de5 (cinco) dias, com a respectiva justificação, pelo Presidente da República aoCongresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 1978)
§ 5º - Se o Congresso Nacional não estiver reunido será convocado imediatamentepelo Presidente do Senado Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de1978)
§ 6º - Durante a vivência do estado de sítio e sem prejuízo das medidas previstas noartigo 154 também o Congresso Nacional, mediante lei, poderá determinar asuspensão de outras garantias constitucionais. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 11, de 1978)
§ 7º - As imunidades dos deputados federais e senadores poderão ser suspensasdurante o estado de sítio por deliberação da Casa a que pertencem. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 11, de 1978)
Art. 157. Durante a vigência do estado de sítio e sem prejuízo das medidas previstasno artigo 154, também o Congresso Nacional, mediante lei, poderá determinar asuspensão de garantias constitucionais.
Parágrafo único. As imunidades dos deputados federais e senadores poderão sersuspensas durante o estado de sítio por deliberação da Casa a que êlespertencerem.
Art. 158 - O Presidente da república ouvido o Conselho Constitucional (artigo 159),poderá decretar o estado de emergência, quando forem exigidas providênciasimediatas, em caso de guerra, bem como para impedir ou repetir as atividadessubversivas a que se refere o artigo 156. (Redação dada pela EmendaConstitucional nº 11, de 1978)
§ 1º - O decreto que declarar o estado de emergência determinará o tempo de suaduração especificará as regiões a serem atingidas e indicará as medidas coercitivasque vigorará, dentre as discriminadas no artigo 156, § 2º. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 11, de 1978)
§ 2º O tempo da duração do estado de emergência não será superior a 90 (noventa)dias podendo ser prorrogado uma vez e por igual período, se persistirem as razõesque lhe justificaram a declaração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de1978)
§ 3º - O decreto de estado de emergência ou de sua prorrogação será comunicado,dentro de 5 (cinco) dias, com a respectiva justificação pelo Presidente da República,à Câmara dos deputados e ao Senado Federal. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 11, de 1978)
§ 4º - No caso do parágrafo anterior, se o congresso Nacional não estiver reunidoserá convocado pelo Presidente do Senado Federal, dentro de 5 (cinco) diascontados do recebimento do decreto, devendo as duas Casas permanecer em
funcionamento, enquanto vigorar o estado de emergência. (Incluído pela EmendaConstitucional nº 11, de 1978)
§ 5º - Aplica-se ao estado de emergência o disposto no artigo 156, § 7º e no artigo157 e seu parágrafo único. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 1978)
Art. 159. A inobservância de qualquer das prescrições relativas ao estado de sítiotornará ilegal a coação e permitirá ao paciente recorrer ao Poder Judiciário.
Título IIIDA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL
Não era permitida a realização de greve nos serviços públicos e atividades
essenciais.
Facultava-se a intervenção no domínio econômico e o monopólio de
determinada indústria ou atividade, quando indispensável por motivo de segurança
nacional ou para organizar setor que não possa ser desenvolvido com eficácia no
regime de competição e de liberdade de iniciativa, podendo a União instituir
contribuições destinadas ao custeio dos respectivos serviços e encargos.
Era assegurado aos trabalhadores os seguintes direitos:
I - salário-mínimo capaz de satisfazer, conforme as condições de cada
região, as suas necessidades normais e as de sua família;
II - salário-família aos seus dependentes;
III - proibição de diferença de salários e de critérios de admissões por
motivo de sexo, cor e estado civil;
IV - salário de trabalho noturno superior ao diurno;
V - integração na vida e no desenvolvimento da empresa, com participação
nos lucros e, excepcionalmente, na gestão, segundo for estabelecido em lei;
VI - duração diária do trabalho não excedente a oito horas, com intervalo
para descanso, salvo casos especialmente previstos;
VII - repouso semanal remunerado e nos feriados civis e religiosos, de
acôrdo com a tradição local;
VIII - férias anuais remuneradas;
IX - higiene e segurança no trabalho;
X - proibição de trabalho, em indústrias insalubres, a mulheres e menores
de dezoito anos, de trabalho noturno a menores de dezoito anos e de qualquer
trabalho a menores de doze anos;
XI - descanso remunerado da gestante, antes e depois do parto, sem
prejuízo do emprego e do salário;
XII - fixação das porcentagens de empregados brasileiros nos serviços
públicos dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos
comerciais e industriais;
XIII - estabilidade, com indenização ao trabalhador despedido ou fundo de
garantia equivalente;
XIV - reconhecimento das convenções coletivas de trabalho;
XV - assistência sanitária, hospitalar e médica preventiva;
XVI - previdência social nos casos de doença, velhice, invalidez e morte,
seguro-desemprego, seguro contra acidentes do trabalho e proteção da
maternidade, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado;
XVII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico ou
intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XVIII - colônias de férias e clínicas de repouso, recuperação e
convalescença, mantidas pela União, conforme dispuser a lei;
XIX - aposentadoria para a mulher, aos trinta anos de trabalho, com
salário integral; e
XX - greve, salvo o disposto no artigo 162.
Art. 166. É livre a associação profissional ou sindical; a sua constituição, arepresentação legal nas convenções coletivas de trabalho e o exercício de funçõesdelegadas de poder público serão regulados em lei.
§ 1º Entre as funções delegadas a que se refere êste artigo, compreende-se a dearrecadar, na forma da lei, contribuições para custeio da atividade dos órgãossindicais e profissionais e para a execução de programas de interêsse dascategorias por êles representados.
A exploração e o aproveitamento das jazidas, minas e demais recursos
minerais e dos potenciais de energia hidráulica dependiam de autorização ou
concessão federal, dadas exclusivamente a brasileiros ou a sociedades
organizadas no País.
Art. 174. A propriedade e a administração de emprêsas jornalísticas, de qualquerespécie, inclusive de televisão e de radiodifusão, são vedadas:
I - a estrangeiros;
II - a sociedades por ações ao portador; e
III - a sociedades que tenham, como acionistas ou sócios, estrangeiros ou pessoasjurídicas, exceto partidos políticos.
§ 1º A responsabilidade e a orientação intelectual e administrativa das emprêsasmencionadas neste artigo caberão somente a brasileiros natos.
§ 2º Sem prejuízo da liberdade de pensamento e de informação, a lei poderáestabelecer outras condições para a organização e o funcionamento das emprêsasjornalísticas ou de televisão e de radiodifusão, no interêsse do regime democráticoe do combate à subversão e à corrupção.
Título IVDA FAMÍLIA, DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA
Art. 175. A família é constituída pelo casamento e terá direito à proteção dosPodêres Públicos.
O casamento era indissolúvel, sendo posteriormente por intermédio da
Emenda Constitucional nº 9 de 1977 autorizada a dissolução, desde que houvesse
prévia separação judicial por mais de três anos.
O casamento era civil e gratuita a sua celebração. O casamento religioso
equivalia ao civil se, observados os impedimentos e prescrições da lei, e o ato
fosse inscrito no registro público, a requerimento do celebrante ou de qualquer
interessado.
Havia previsão de que Lei especial disporia sobre assistência à
maternidade, à infância e à adolescência e sobre a educação de excepcionais.
Art. 176. A educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais deliberdade e solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado, e será dadano lar e na escola.
§ 1º O ensino será ministrado nos diferentes graus pelos Podêres Públicos.
§ 2º Respeitadas as disposições legais, o ensino é livre à iniciativa particular, a qualmerecerá o amparo técnico e financeiro dos Podêres Públicos, inclusive mediantebôlsas de estudos.
§ 3º A legislação do ensino adotará os seguintes princípios e normas:
I - o ensino primário somente será ministrado na língua nacional;
II - o ensino primário é obrigatório para todos, dos sete aos quatorze anos, egratuito nos estabelecimentos oficiais;
III - o ensino público será igualmente gratuito para quantos, no nível médio e nosuperior, demonstrarem efetivo aproveitamento e provarem falta ou insuficiênciade recursos;
IV - o Poder Público substituirá, gradativamente, o regime de gratuidade no ensinomédio e no superior pelo sistema de concessão de bôlsas de estudos, medianterestituição, que a lei regulará;
V - o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horáriosnormais das escolas oficiais de grau primário e médio;
VI - o provimento dos cargos iniciais e finais das carreiras do magistério de graumédio e superior dependerá, sempre, de prova de habilitação, que consistirá emconcurso público de provas e títulos, quando se tratar de ensino oficial; e
VII - a liberdade de comunicação de conhecimentos no exercício do magistério,ressalvado o disposto no artigo 154.
§ 4º - Anualmente, a União aplicará nunca menos de treze por cento, e os Estados, oDistrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receitaresultante de impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 24, de 1983)
Art. 177. Os Estados e o Distrito Federal organizarão os seus sistemas de ensino, e aUnião, os dos Territórios, assim como o sistema federal, que terá caráter supletivo ese estenderá a todo o País, nos estritos limites das deficiências locais.
§ 1º A União prestará assistência técnica e financeira aos Estados e ao DistritoFederal para desenvolvimento dos seus sistemas de ensino.
§ 2º Cada sistema de ensino terá, obrigatoriamente, serviços de assistênciaeducacional, que assegurem aos alunos necessitados condições de eficiênciaescolar.
Art. 178. As emprêsas comerciais, industriais e agrícolas são obrigadas a manter oensino primário gratuito de seus empregados e o ensino dos filhos dêstes, entre ossete e os quatorze anos, ou a concorrer para aquêle fim, mediante a contribuiçãodo salário-educação, na forma que a lei estabelecer.
Parágrafo único. As emprêsas comerciais e industriais são ainda obrigadas aassegurar, em cooperação, condições de aprendizagem aos seus trabalhadoresmenores e a promover o preparo de seu pessoal qualificado.
Art. 179. As ciências, as letras e as artes são livres, ressalvado o disposto noparágrafo 8º do artigo 153.
Parágrafo único. O Poder Público incentivará a pesquisa e o ensino científico etecnológico.
Art. 180. O amparo à cultura é dever do Estado.
Parágrafo único. Ficam sob a proteção especial do Poder Público os documentos, asobras e os locais de valor histórico ou artístico, os monumentos e as paisagensnaturais notáveis, bem como as jazidas arqueológicas.