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Revista Brasileira de Ciências do EsporteISSN: 0101-3289ISSN: 2179-3255
Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte
Soares Nakashima, Fernanda; Andrade do Nascimento, JoséRoberto; Nickenig Vissoci, João Ricardo; Vieira, Lenamar Fiorese
Envolvimento parental no processo de desenvolvimento da carreira esportiva deatletas da seleção brasileira de ginástica rítmica: construção de um modelo explicativo
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, vol. 40, núm. 2, Abril-Junho, 2018, pp. 184-196Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte
DOI: 10.1016/j.rbce.2018.01.016
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=401358302012
Rev Bras Ciênc Esporte. 2018;40(2):184---196
www.rbceonline.org.br
Revista Brasileira de
CIÊNCIAS DO ESPORTE
ARTIGO ORIGINAL
Envolvimento parental no processo dedesenvolvimento da carreira esportiva de atletas daselecão brasileira de ginástica rítmica: construcãode um modelo explicativo
Fernanda Soares Nakashimaa,∗, José Roberto Andrade do Nascimento Juniorb,João Ricardo Nickenig Vissocic,d e Lenamar Fiorese Vieirae
a Centro Universitário de Maringá (Unicesumar), Departamento de Educacão Física, Maringá, PR, Brasilb Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Departamento de Educacão Física, Programa de Pós-Graduacãoem Educacão Física, Petrolina, BA, Brasilc Faculdade Ingá, Maringá, PR, Brasild Duke University, Duke, Estados Unidose Universidade Estadual de Maringá (UEM), Departamento de Educacão Física, Programa de Pós-Graduacão em Educacão Física,Maringá, PR, Brasil
Recebido em 22 de junho de 2017; aceito em 2 de janeiro de 2018Disponível na Internet em 9 de fevereiro de 2018
PALAVRAS-CHAVEEnvolvimentoparental;Experiênciaesportiva;Ginástica rítmica
Resumo Este estudo buscou desenvolver um modelo teórico do envolvimento parental nacarreira de ginastas rítmicas e analisar os atributos que levam à autorrealizacão esportiva.Participaram 15 ex-ginastas e 20 parentes, por meio de entrevista semiestruturada retrospec-tiva. Foi feita análise indutiva do perfil idiográfico. Os resultados evidenciaram o envolvimentopaterno e materno com apoio emocional e financeiro. Contudo, as mães tendem a prestarum apoio diário e constante, enquanto os pais apoiam mais por meio de apoio financeiro ematerial. As ex-atletas destacaram que aspectos físicos, motores e psicológicos contribuírampara alcancar o alto rendimento. O envolvimento familiar e os atributos pessoais da atletademonstraram ser determinantes na autorrealizacão esportiva.© 2018 Publicado por Elsevier Editora Ltda. em nome de Colegio Brasileiro de Ciencias doEsporte. Este e um artigo Open Access sob uma licenca CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
KEYWORDSParental involvement;Sporting experience;Rhythmic gymnastics
Parental involvement in the development process of the sporting career among formerathletes of the rhythmic gymnastics Brazilian team: building a theoretical model
Abstract This study aimed to develop a theoretical model of parental involvement in the spor-ting career among Rhythmic Gymnastics athletes and analyze the attributes that lead to sports
∗ Autor para correspondência.E-mail: fernandasn@gmail.com (F. Soares Nakashima).
https://doi.org/10.1016/j.rbce.2018.01.0160101-3289/© 2018 Publicado por Elsevier Editora Ltda. em nome de Colegio Brasileiro de Ciencias do Esporte. Este e um artigo Open Accesssob uma licenca CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Envolvimento parental no processo de desenvolvimento da carreira esportiva 185
self-realization. 15 former gymnasts and 20 parents answered a retrospective semi structuredinterview. Inductive analysis using idiographic profile was performed. Both parents have shownemotional and financial support, however, mothers tend to provide daily and ongoing supportwhile fathers act more through financial and material support. Former athletes emphasized thatphysical, motor and psychological aspects contributed to achieving high performance. Familyinvolvement and personal attributes of the athlete have been shown to be determinants ofself-realization.© 2018 Published by Elsevier Editora Ltda. on behalf of Colegio Brasileiro de Ciencias do Esporte.This is an open access article under the CC BY-NC-ND license (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
PALABRAS CLAVEParticipaciónparental;Experienciadeportiva;Gimnasia rítmica
Participación parental en el proceso de desarrollo de la carrera deportiva de lasgimnastas brasilenas de rítmica: construcción de un modelo explicativo
Resumen Este estudio intentó desarrollar un modelo teórico de la participación parental enla carrera de gimnastas de rítmica y analizar los atributos que conducen a la autorrealiza-ción deportiva. Participaron 15 ex gimnastas y 20 parentes en una entrevista semiestructuradaretrospectiva. Se realizó un análisis inductivo del perfil ideográfico. Los resultados pusieron demanifiesto la implicación paterna y materna con apoyo emocional y económico. Sin embargo,las madres prestan un soporte diario y constante, y los padres apoyan más con un soporte econó-mico y material. Los aspectos físicos, motores y psicológicos de las ex gimnastas contribuyerona alcanzar un alto rendimiento. La participación familiar y los atributos personales demostraronser determinantes en la autorrealización deportiva.© 2018 Publicado por Elsevier Editora Ltda. en nombre de Colegio Brasileiro de Ciencias doEsporte. Este es un artıculo Open Access bajo la licencia CC BY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introducão
A iniciacão no esporte demanda uma série de fatores físicos,técnicos, psicológicos e sociais que contribuem para a ade-são e permanência do atleta nesse contexto, possibilitam aconstrucão de uma carreira bem-sucedida.1 Pesquisas feitasespecificamente na ginástica artística feminina demonstra-ram que, para ser capazes de participar e desenvolver oseu potencial esportivo, as jovens atletas necessitam doapoio dos parentes (Nunomura & Oliveira, 2013). O envolvi-mento parental demanda o desenvolvimento de habilidadesintrapessoal, interpessoal e organizacional para dar apoioao filho-atleta de forma competente (Hardwood e Knight,2015).
Pesquisadores como Tamminen e Holt (2012), Felton eJowett (2013), Clarke e Hardwood (2014), Sánchez-Miguelet al . (2015), Amado et al . (2015), Teques e Serpa (2009a),Teques e Serpa (2013) e Teques e Serpa (2009b) têm pes-quisado a importância dos parentes no contexto esportivo.Tamminen e Holt (2012), verificaram que a família e ostreinadores têm um papel fundamental no processo deaprendizagem do atleta em lidar com o estresse. Felton eJowett (2013) ao analisar a associacão entre a satisfacão das
1 Para uma ginasta brasileira, o fato de ser selecionada para com-por a equipe nacional pode ser considerado como o reconhecimentoda sua capacidade como atleta de alto nível. Assim, esta pes-quisa considerou como uma carreira bem-sucedida e o alcance daautorrealizacão esportiva a integracão à selecão brasileira.
necessidades psicológicas básicas com o apego e bem-estar,encontraram resultados mais significativos na associacãoentre parentes e atletas do que entre treinador e atleta.As influências negativas da pressão parental sobre as neces-sidades psicológicas básicas do atleta e a importância doreconhecimento do seu talento por parte dos parentes nafacilitacão da transicão de carreira esportiva são outrosaspectos reportados na literatura (Clarke e Hardwood,2014; Sánchez-Miguel et al., 2015; Amado et al., 2015).Na ginástica rítmica, a dinâmica do relacionamento fami-liar, juntamente com determinadas características parentaisde personalidade, demonstrou interferir na participacão deatletas amadoras (Nakashima et al., 2012).
O presente estudo avanca ao explorar o envolvimentoparental na carreira de atletas que chegaram ao alto rendi-mento na ginástica rítmica (GR), com vistas à construcão deum modelo explicativo que apresente os padrões de compor-tamento de pais e mães e as especificidades da participacãofamiliar nessa modalidade ao longo da trajetóriaesportiva.
Na GR, a importância da família se manifesta no ingressono esporte, que ocorre, frequentemente, por uma esco-lha familiar, devido à idade precoce das criancas eminiciacão esportiva, bem como na continuidade da prática.Assim, acredita-se que esse tipo de análise possa trazerinformacões que orientem parentes e treinadores para umainteracão que contribua para o desenvolvimento esportivopositivo da atleta. Para tanto, foi usado como base o Modelodo Envolvimento Parental no Esporte de Teques e Serpa(2009a).
186 Soares Nakashima F et al.
Autorrealização esportiva
Atribuos do aleta que levam a autorrealizaçã o
Nível 5
Nível 4
Nível 3
Nível 2
Nível 1
Autoeficácia
Percepção do atleta dos mecanismos de envolvimento parental
Mecanismos de envolvimento dos parenatl
Motivaçã o intrínsecapara a aprendizagem
Estrat égias deautorregulação
Autoeficácia relacionalcom os treinadores
Encorajamento
Encorajamento
Motivaçã o pessoal
Papelparental
Eficáciaparental
Da organizçã o
esportiva
Dotreinador
Do atleta Conhecimentose compet ências
Tempoe
energia
Solicitaçã o para perticipçã o Contexto vivencial
Refor ço
Refor ço
Modelagem
Modelagem
Instrução
Instrução
Figura 1 Modelo do envolvimento parental para o esporte adaptado por Teques e Serpa (2009a).
Considerando a complexidade da análise das interacõesfamiliares na carreira de atletas, o modelo de Teques e Serpa(fig. 1) foi adaptado para o contexto esportivo a partir domodelo para o ambiente acadêmico de Hoover-Dempsey eSandler (2005). O modelo considera uma perspectiva inte-grada e multidimensional na qual, por meio de variáveisdinâmicas, se busca explicar como se desencadeia o pro-cesso em que o envolvimento parental pode influenciar noalcance da autorrealizacão esportiva do filho-atleta. Assim,o modelo é interpretado de forma ascendente. Entretanto,as variáveis dos diferentes níveis podem se relacionar deforma complexa e constante ao longo da carreira no esporte.
O primeiro nível apresenta os principais aspectos que pre-tendem explicar por que a família se envolve na práticaesportiva dos filhos. O segundo nível refere-se aos meca-nismos psicológicos parentais usados durante as acões deenvolvimento. O Nível 3 corresponde à percepcão da criancasobre os mecanismos de envolvimento parental situados nonível anterior. No Nível 4 estão os atributos que podem serdesenvolvidos pelo atleta, que contribuem para o alcanceda autorrealizacão e sobre os quais o envolvimento parentalpode ter papel crítico. Finalmente, o produto do envolvi-mento e, consequentemente, a variável distal do modelo(Nível 5), que consiste na autorrealizacão esportiva.
Diante disso, esta pesquisa teve como objetivo desenvol-ver um modelo teórico do envolvimento parental na carreiraesportiva de atletas da ginástica rítmica que alcancaram oalto nível na modalidade. O interesse específico buscou iden-tificar as características e particularidades de pais e mãesem relacão à motivacão pessoal para se engajar no contextoesportivo, à percepcão da solicitacão para a participacãonesse ambiente, ao contexto vivencial e os mecanismos de
envolvimento usados pelos parentes no esporte, bem comoexplorar a percepcão das ex-ginastas acerca dos mecanis-mos usados por pais e mães e dos atributos que contribuempara o alcance da autorrealizacão esportiva.
A seguir serão apresentados os procedimentos meto-dológicos adotados. Posteriormente, os resultados sãoexpressados juntamente com figuras que revelam os temasemergentes e seus segmentos, os recortes das falas dosentrevistados2 e o modelo construído a partir dessasinformacões. Na sequência, é feita a discussão acerca dosdados encontrados, considerou-se a literatura da área. Porfim, é exibida breve conclusão.
Métodos
Amostra
Foram convidadas para a pesquisa ex-ginastas que fizeramparte da selecão brasileira de ginástica rítmica na categoriaadulta entre 2000 e 2010 (das provas individual e con-junto) e seus parentes (pai e/ou mãe). Nesse período foramobtidos resultados importantes, como o tricampeonato pan--americano e a participacão três vezes consecutivas dosJogos Olímpicos (Sidney, Atenas e Beijing). De acordo comesses critérios foram identificadas por meio de um levan-
2 Os depoimentos dos entrevistados passaram por umareformulacão, sem alterar o conteúdo, retiraram-se interjeicões ecorrigiu gramaticalmente o discurso a fim de facilitar a compreensãodo leitor.
Envolvimento parental no processo de desenvolvimento da carreira esportiva 187
tamento de documentos ( http ://www. cbginastica.com.brhttp ://www.fig-gymnastics.com) 44 ex-atletas, a região Sulconcentrava o maior número (45,5%), ficou a pesquisa limi-tada aos estados do Paraná, de Santa Catarina e do RioGrande do Sul, obteve-se o número de 20 ex-ginastas.
No contato feito com essas ex-atletas, constatou-se queduas haviam voltado a treinar em seus clubes e três nãoconcordaram em participar, não fazem assim parte da amos-tra. Dentre os parentes, sete sujeitos (quatro pais e trêsmães) não participaram por dificuldades de estabelecer con-tato e outros três sujeitos (dois pais e uma mãe) por nãose relacionar com a filha. Duas participantes eram irmãs,o que diminuiu o número de pais e mães correspondentes.Assim, fizeram parte da pesquisa 15 ex-ginastas, nove paise 11 mães. A ex-atletas participantes da pesquisa tinhamentre 19 e 35 anos, a média de início na GR foi de 7,7 anose a de término da carreira esportiva 19,2 (fig. 2).
Instrumento de coleta de dados
Os dados foram obtidos por meio de roteiros de entrevistasemiestruturada, dirigidos às ex-atletas e aos parentes. Essefoi elaborado de acordo com os elementos do Modelo deEnvolvimento Parental no Desporto (Teques & Serpa, 2013).Para a estruturacão da entrevista com os parentes, foramconsiderados os níveis 1 e 2 do modelo (fig. 1), referentesaos motivos que os levam a se envolver no contexto esportivoe os mecanismos usados nesse envolvimento. Foram classi-ficados como indicadores: a motivacão pessoal (construcãodo papel parental e eficácia parental), a solicitacão paraa participacão (da organizacão esportiva, do técnico e daatleta), o contexto vivencial (conhecimentos e competên-cias, tempo e energia) e os mecanismos de envolvimento(encorajamento, modelagem, reforco e instrucão).
A estruturacão da entrevista com as ex-atletas da selecãobrasileira baseou-se nos níveis 3, 4 e 5 do modelo (fig. 1),teve como indicativos a percepcão da atleta acerca dosmecanismos de envolvimento parental (encorajamento,modelagem, reforco e instrucão) e os atributos que levam àautorrealizacão (autoeficácia, motivacão intrínseca para aaprendizagem, estratégias de autorregulacão e autoeficáciarelacional com os treinadores).
Coleta de dados
O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê deÉtica em Pesquisa (Parecer n◦. 353/2011). Inicialmente foifeito contato com os participantes para esclarecimento dosprocedimentos da pesquisa, agendamento de datas para aentrevista e assinatura do Termo de Consentimento Livre eEsclarecido. A coleta dos dados foi feita em suas residênciasou por meio de videoconferência, com datas e horários pré--estabelecidos. Foi solicitada a permissão para gravacão devoz, para posterior transcricão das informacões na íntegra.
Análise dos dados
Uma análise indutiva foi feita por meio do perfil idiográficodas atletas, dos pais e das mães para identificar os temasemergentes comuns de maior generalidade das dimensões
gerais e subdimensões previamente estabelecidas de acordocom o modelo teórico de envolvimento parental no esportede Teques e Serpa (2013). Em primeira instância, todas asentrevistas gravadas em áudio foram transcritas na ínte-gra. As transcricões foram lidas e relidas a fim de se criaruma familiarizacão com cada um dos participantes. Emseguida, foram identificados temas emergentes (citacõesque envolviam ideias principais sobre as temáticas analisa-das) que caracterizavam as respostas dos entrevistados. Porfim, buscou-se uma concordância entre todos os perfis idio-gráficos (ex-ginastas e parentes), bem como entre os temasemergentes encontrados.
A partir dos temas emergentes foram levantados os temasde segundo nível denominados ‘‘categorias de primeiraordem’’. Como uma verificacão complementar da análiseindutiva, os temas emergentes e as categorias de primeiraordem foram testados por meio de uma análise dedutiva,na qual os pesquisadores voltaram para as transcricões ori-ginais e verificaram que todos os temas e dimensões foramrepresentados.
Ao longo da pesquisa foram adotadas as siglas EG paraidentificar as ex-ginastas (Ex: EG1, EG2, EG3...), P para ospais (Ex: P1, P2, P3...) e M para as mães (Ex: M1, M2, M3...).
Resultados
Foram investigados, primeiramente, os elementos motiva-dores do envolvimento parental no esporte: a motivacãopessoal (papel e autoeficácia parentais), as solicitacões paraa participacão (do clube, do treinador e da atleta) no ambi-ente esportivo e o contexto vivencial, que se trata dosconhecimentos e competências que pais e mães consideramter para contribuir e do tempo e energia disponíveis para seenvolver com o esporte.
Em relacão à motivacão pessoal (fig. 3), verificou-se que oapoio e a presenca eram comportamentos importantes cita-dos por pais e mães. Porém, alguns fatores os distinguem noque diz respeito à construcão do papel parental. Enquantoos pais citam o incentivo à responsabilidade e disciplina, asmães manifestaram o elogio, os cuidados e o acompanha-mento da carreira da filha como atitudes que consideramcomo suas funcões. Essa informacão demonstra que, no casodas mães, a presenca vai além de uma forma de demons-trar apoio, compreende o envolvimento com as atividadesesportivas da filha e contato com o (a) treinador (a).
Em relacão à autoeficácia parental (fig. 3), os pais apon-taram as contribuicões no aspecto financeiro, custeio dacompra de equipamento necessário aos treinamentos eadministracão da ajuda de custo que recebia a atleta. Outroaspecto citado foi a capacidade de influenciar a permanên-cia da filha no esporte, evidenciou a importância de integrara selecão brasileira. Para as mães, as contribuicões comas questões financeiras estavam relacionadas às estratégiaspensadas em equipe para a arrecadacão de fundos e equi-pamentos, fazer trabalho em acões e promocões junto àorganizacão esportiva. Além disso, algumas mães confec-cionavam as sapatilhas, os collants e faziam os penteadospara as competicões, como reportado pela mãe: ‘‘Comeceia fazer sapatilha para ela usar porque eu não tinha dinheiropara comprar. O pessoal [...] fazia chás, bolos para vender,
188 Soares Nakashima F et al.
Ex-ginasta Idade atualIdade início/t érmino da
carreira esportivaPeríodo de seleção
brasileira
EG1
EG2
EG3
EG4
EG5
EG6
EG7
EG8
EG9
EG10
EG11
EG12
EG13
EG14
EG15 26 anos
21 anos
22 anos
19 anos
21 anos
26 anos
26 anos
22 anos
22 anos
23 anos
26 anos
22 anos
26 anos
34 anos
35 anos 9 - 24 anos
8 - 23 anos
7 - 19 anos
7 - 16 anos
9 - 20 anos
6 - 23 anos
12 - 18 anos
9 - 21 anos
7 - 18 anos
9 - 17 anos
6 - 19 anos
8 - 18 anos
8 - 16 anos
5 - 18 anos
5 - 18 anos5 anos
(1997-2003)
5 anos(2002-2007)
1 ano(2004)
2 anos(2008-2010)
1 anos(2006)
6 anos(1996-2002)
3 anos(2000-2003)
4 anos(2005-2009)
3,5 anos(2005-2009)
3 anos(2005-2010)
5 anos(1999/2001-2004)
1,5 anos(2005-2006)
2 anos(2001-2003)
10 anos(1991-2000)
10 anos(1990-2000)
Figura 2 Idade atual das ex-ginastas, idade ao início e término da carreira esportiva e período de permanência na selecãobrasileira.
Dimens ão geral Subdimens ão Temas emergentes
Apoiar;Dar suporte;
Contribuir financeiramente;Influenciar a permanênciano esporte.
Cuidar;Apoiar;Incentivar;Dar suporte;Estar presente;Acompanhar a carreira.
Contribuir diretamente naaquisição de recursosfinanceiros e equipamentos
Estar presente;Incentivar responsabilidadee disciplina.
Construçãodo papelparental
Construçãodo papelparental
Eficáciaparental
Eficáciaparental
Motivaçãopessoalpaterna
Motivaçãopessoalmaterna
Apoiar em tudo o que fosse necessário aostreinamentos e competições;Apoio maior ao perceber o talento da filha;Levar e buscar nos treinos;Presença nas competições.Incentivar a pontualidade, presença nostreinos;Cuidar para que os treinos não interferissemnos estudos;Ser exemplo de conduta.
Administrar o sal ário/ajuda de custo recebidopela atleta;Comprar os equipamentos necess ários;
Promover a autoestima e persist ência da filha.
Cuidar para que a filha se alimentasse bem;Disponibilizar os equipamentos necess ários;Elogiar;Levar e buscar nos treinos;Estar presente em competições e treinos;Conhecer o ambiente e professores do localde treinamento;
Manter contato com a treinadora.
Confecção dos collants/sapatilhas;Trabalhar em ações para arrecadar renda aoclube (promoções, rifas,vendas em eventos).
Conscientizar a filha sobre a responsabilidadede integrar a seleção brasileira e servir deexemplo para outras meninas;
Figura 3 Motivacão pessoal paterna e materna para o envolvimento no contexto esportivo.
Envolvimento parental no processo de desenvolvimento da carreira esportiva 189
Dimensão geral Subdimensão Temas emergentes
Presença em eventos /competi ções;
Presença em reunões;
Quando seleção brasileira,não havia solicitaçãoda participação dos pais.
Somente o necessário,comunicaçã mais com amãe;
Solicitação daorganização
esportiva
Solicitação daorganização
esportiva
Solicitação dotreinador
Solicitação dotreinador
Solicitação paraparticipação
percebida pelospais
Solicitação paraparticipação
percebida pelosmães
Solicitação daatleta
Solicitação daatleta
Pai se sentia mero espectador;
Envolvimento baseado no acompanhamento dotrabalho e dos objetivos;
Havia permissão do treinador para assistirtreinos e competições õ
Solicitaçã o da presença em competições;
Solicitação da presença em evento/competição;Solicitaçã o de apoio em atividades paralelas aostreinos e competições;
Pais que solicitavam informações às filhas;
Ex-ginasta não gostava/solicitava presençapaterna.
Solicitação para ser membro da associçã o depais;
Informaçõ es sobre os objetivos e competiçõesda equipe no ano;Quando seleçã o brasileira, não havia solitaçã oda participaçã o das mães.
Participação materna em promo ções, eventos eaçõea para arrecadar fundos pra equipe;
Traca de informações entire mãe e treinadorasobre a atleta;Comunicaçã o prec á/nula com a t écnica deseleção.
Presença em competições solitada pela filha;Suporte emocional.
Solicitação da presenção.em competições;
suporte emocional.
Comunicaçã o nula comtreinadora da seleção
Comunicaçã o frequentecom treinadora do clube;
Solicitação daparticipaçã o em a ções doclube;
Não havin solicitação naseleçã o brasileira.
Solicitação do clubo paracompetições e reuniões;
Comunicação escassaentre pai e treinadora;
Permissão para assistirtreinos e competições.
Acompanhamento dotrabalho e dos objetivos.
Ginastas não solicitavama presença dos pais.
Solicitação da ginastapara competições;
Solicitação do clube paracompetições e reuniões;
Solicitação do clube paraações de apoio;
Informações sobre oplanejamento anual;
Não havia solicitação naseleçã o brasileira.
Figura 4 Solicitacão para participacão no contexto esportivo percebido por pais e mães.
para poder arrecadar fundos. Foi uma luta constante [...] agente se dedicava [...] em fazer algo para ajudar’’ (M10).
Em relacão às solicitacões para o envolvimento paren-tal no esporte (fig. 4), os pais e as mães percebiam quea organizacão esportiva requisitava a sua participacão emcompeticões e reuniões. As mães eram consideradas impor-tantes nas acões promovidas pelo clube. O contato paternocom o (a) treinador (a) era escasso, mas esse acontecia fre-quentemente com a mãe. No relacionamento com a filha,havia pais que percebiam que a filha gostaria que estivessempresentes nas competicões, assim como outros que alegaramnão perceber que eram solicitados, mas buscavam estar pre-sentes: ‘‘Acho que ela nunca pediu que eu comparecesse, a[ex-ginasta] é bem reservada [...] ela nunca exigiu a minhapresenca, nunca pediu, nunca fez questão, mas a gente sem-pre estava acompanhando’’ (P1).
Para as mães, as solicitacões também aconteciam porparte das filhas para comparecer em competicões e, alémdisso, percebiam que essa era uma forma de a atleta sentiro seu apoio. Mas, assim como os pais, nem sempre perce-biam a solicitacão por parte da ginasta para estar presentes
nos treinamentos, como relata a mãe: ‘‘Não, ela não solici-tava. Era mais da minha parte, procurando’’ (M5). Isso levaao entendimento de que a necessidade de participacão nes-ses momentos era dos próprios parentes, como forma deacompanhar o desenvolvimento da filha.
Sobre o contexto vivencial, no que se trata de conheci-mentos e competências, pais e mães consideravam ter poucoou nenhum conhecimento sobre aspectos técnicos (fig. 5).A participacão materna mais próxima ao contexto esportivopermitia que algumas mães obtivessem alguns conhecimen-tos e chegassem a dar algumas orientacões às filhas, mesmoque não tivessem entendimento técnico aprofundado dasregras desse esporte, como observado pelo depoimento damãe: ‘‘[..] eu percebia quando estava meio desconcentradae já falava para ela: primeiramente você tem que concen-trar, você chegou na beira da quadra, você esquece que temo mundo lá, olhando você, que tem alguém olhando paravocê. Você se concentra, fecha os olhos e vai em frente’’(M1).
Ainda sobre os conhecimentos e competências, os paren-tes confirmaram que eram capazes de fazer a avaliacão do
190 Soares Nakashima F et al.
Dimensão geral Subdimensão Temas emergentes
Conhecimentose competências
Contextovivencialpaterno
Contextovivencialmaterno
Tempo eenergia
Tempo eenergia
Conhecimentose competências
Pouco conhecimento têcnico sobre amodalidade;Conhecimento nulo da modalidade;Percebia a dedicação e competência datreinadora;Percebia a satisfação ou decepção da filha com seu desempenho pela sua reação.
Percepção da satisfação oudecepção da filha.
Capacidade de avaliaçãodo treinador;
Pouco/nenhumentendimento têcnico;
Começou a entender a GR com a participaçãoda filha no esporte;
Não assistia/ia eventualmente aos treinos;Presença constante nas competições;Presença em algumas competições.
Pouco conhecimento têcnico sobre amodalidade;
Orientava a filha acerca de aspectos quejulgava importantes para o seu desempenho; Considerava a treinadora competente porconhecer sua trajet ória;Percebia a satisfação da filha com seudesempenho pela sua reação.
Não assistia aos treinos;Assistia aos treinos eventualmente;Presença constante nas competições;Acompanhava a euipe nas viagens.
Presença nula / eventualem treinos;Presença eacompanhamento emcompetições.
Percepção da satisfação oudecepção da filha.
Capacidade de avaliar otreinador;
Orientações para melhordesempenho da filha;
Pouco entendimento dosaspectos têcnicos;
Presença nula/eventual emtreinos;Presença em competições.
Figura 5 Contexto vivencial paterno e materno.
(a) treinador (a) e de perceber quando a filha estava satis-feita ou decepcionada com o próprio desempenho a partirda sua reacão (fig. 5).
O contexto vivencial parental referente ao tempo e àenergia empregados no envolvimento com o esporte (fig. 5)demostrou que pais e mães assistiam aos treinos eventu-almente ou raramente por falta de tempo, mas tambémpor entenderem que a sua presenca não era adequada.Quanto às competicões, observou-se que buscavam estarpresentes.
No que diz respeito aos mecanismos de envolvimentoparental no esporte (fig. 6), quatro aspectos foram explo-rados: encorajamento, modelagem, reforco e instrucão,conforme preconiza o modelo (fig. 1). Por meio das entre-vistas com os parentes verificou-se que o encorajamentopaterno no contexto esportivo se baseava em incentivar apersistência e a superacão e no apoio prestado ao levare buscar nos treinos. Já as mães demonstraram encorajarnão somente com suas palavras de incentivo e motivacão,mas por meio de esforcos na busca de patrocínio, apresentaratitudes mais diretamente ligadas à carreira esportiva.
Apesar da participacão diferenciada entre pais e mães, asmodelagens paterna e materna buscavam estimular atitudesde responsabilidade, disciplina e destacavam a importânciade saber ganhar e perder. Entretanto, a modelagem paternaacontecia por meio dos seus exemplos de comportamentoem acões cotidianas a fim de incentivar a boa conduta dafilha, enquanto as mães tinham atitudes modeladoras maisespecificamente voltadas para as vivências no esporte: usodo uniforme e dos cabelos presos, pontualidade nos treinos,o respeito para com as adversárias e colegas de equipe eobediência para com o (a) treinador (a).
Em relacão ao mecanismo de reforco (fig. 6), os elo-gios e as críticas foram citados por pais e mães comoestratégias para manter ou desenvolver comportamentosconsiderados positivos. Dentre as atitudes positivas foramcitadas o esforco, a dedicacão, o respeito com as cole-gas, as adversárias e com o (a) treinador (a). Por outrolado, eram considerados como comportamentos negativosas acões opostas a essas.
No mecanismo de instrucão (fig. 6), enquanto os paisapontaram a orientacão generalizada para manter o foco noesforco e não no resultado, as mães instruíam de forma maisprecisa ao momento esportivo como manter a concentracãonos treinamentos e/ou competicões e algumas ainda citaramque passavam instrucões técnicas.
A partir deste momento apresentamos os dados coleta-dos nas entrevistas feitas com a ex-ginastas. Dessa forma, foipossível obter informacões acerca do envolvimento paren-tal do ponto de vista das ex-atletas entrevistadas. Pormeio da percepcão dessas acerca dos mecanismos paren-tais demonstrados ao longo da sua carreira esportiva foipossível confrontar com os resultados obtidos a partir daentrevista com os pais e as mães (fig. 7). Do ponto de vistadas ex-atletas o encorajamento parental era percebido peloincentivo à persistência e ao esforco. Especificamente emrelacão aos pais, foi citado o estímulo para que fizessemsuas próprias escolhas, enquanto à mãe foi vinculada acãoem busca de patrocínio, conforme relatado pela ex-ginasta:
O comportamento da minha mãe era sempre de estímulo,ela estimulava bastante [...] todo patrocínio que eu con-segui foi ela que foi atrás [...] eu via que ela lutava junto
Envolvimento parental no processo de desenvolvimento da carreira esportiva 191
Dimensão geral Subdimensão Temas emergentes
Encorajamento
Modelagem
Modelagem
Reforço
Reforço
Instrução
Instrução
Elogiava os bons desempenhos, a suapostura com os treinadores e demaisatletas;
Incentivava o respeito e a obediência àtreinadora.
Tentava passar ânimo e coragem por meiode palavras;
Orientava a não se preocupar com osresultados e sim, em dar o ,elhor de si.
Elogiavo os bons desempenhos;
Enfatizava a impotância de saberperder/ganhar.
Sempre estava disposto a levar e buscar nostreinos e demais situações nacessárias.
Incentivo à humildade;Bom comportamento,respeito, disciplina,responsabilidade.
Incentivo ao bomcomportamento,responsabilidade e disciplina;
Ênfase na importância desaber ganhar/perder.
Elogios;Críticas.
Elogios;Críticas.
Orientação para manter-seconcentrada;Algumas sugestões técnicas.
Encorajamento
Mecanismosde
envolvimentoutilizadospelos pais
Mecanismosde
envolvimentoutilizadospelos pais
Motivação e ânimo;Busca por patrocínio.
Orientação para foco noesforço e não no resultado.
Encorajamento à persist ência;Encorajava para que a atleta não desistisse;Ajudava a enfrentar os medos, adquirirconfiança;
Encorajamento para enfrentaros problemas;Encorajamento por meio dosuporte.
Procurava ser exemplo de comportamentopara a filha;Incentivava a disciplina;Valorizava a organização e responsabilidade;
Elogiava o seu esforço;Críticas quando julgava necessário.
Incentivava a manter-se motivada;Empenho na busca por patroc ínio.
Prezava pela forma de se comportar, pelouso do uniforme, cabelo bem preso erespeite ao horário;
Mostrava a responsabilidade de representara selção;
Incentivava a humildade e respeito paracom as adversárias e colegas de equipe;
Críticas quando julgava necessário.
Orientava a manter-se concentrada;Dava algumas sugestões t écnicas com baseno que assistia.
Figura 6 Mecanismos de envolvimento parental no esporte demonstrados por pais e mães.
Dimensão geral Subdimensão
Pais/mãe incentivava a buscar os objetivos;Pai/mãe procurava motivá-la quqndo semostrava cansada;
Pai/mãe reforçava ser mais importante fazero melhor de si do que o resultado alcancado;Pai a encorajava a faer suas própriasescolhas;
Mãe se empenhava em busca de patrocínio.
Pai/mãe sempre incentivou aresponsabilidade;Pai/mãe prezava pela honestidade;Pai/mãe incentivava a humildade;
Pai/mãe elogiava os bons desempenhos;Pai/mãe elogiava os seu esforço;Pai/mãe criticava quando julgava necessário.
Mãe orientava a tar uma postura firme, “seimpor”;Mãe orientava sobre sua expressão corporal;Pai/mãe nunca se envolveu na parte técnica.
Pai enfatizavam que os resultados viriam doseu esforço.
Temas emergentes
Encorajamento
Modelagem
Refor ço
Instrução
Mecanismos deenvolvimento
parentalpercepbidos pela
ex-ginasta
Elogios;
Críticas.
Orientaçãomaternas sobrepostura e expressãocorporal;
Sem interferência na partetécnica.
Persistência;
Fazer o seu melhor;
Fazer seu próprias escolhas(pai);
Busca de patrocínio (mão).
Incentivo aresponsabilidade,honestidade e humiladae;
Orientação para foco noesfor ço e não no resultado(pai).
Figura 7 Mecanismos de envolvimento parental no esporte percebidos pela ex-ginasta.
192 Soares Nakashima F et al.
comigo [...], ela também queria. Então, acho que isso decerta forma é me encorajar a continuar. (EG15)
A modelagem (fig. 7), apresentada pelos compor-tamentos parentais que estimulavam a honestidade, aresponsabilidade e a humildade, era considerada comum apais e mães. A orientacão para o foco no esforco, e não parao resultado, era vista como uma atitude paterna, assim comorelataram os pais. Os elogios ao esforco e ao bom desem-penho, assim como as críticas quando julgadas necessáriaspelos parentes, também foram citados pelas ex-ginastascomo mecanismo de reforco de pais e mães (fig. 7). Segundoas ex-atletas, ambos não costumavam passar instrucões téc-nicas, apenas em relacão à postura e expressão corporalquando se tratava da mãe (fig. 7).
Acerca dos atributos que podem ter contribuído para quealcancassem o alto nível na GR (fig. 8), os quatro aspectosprevistos no modelo (fig. 1) foram explorados: a autoeficá-cia, a motivacão intrínseca para a atividade, as estratégiasde autorregulacão e a autoeficácia relacional com os trei-nadores. Em relacão à autoeficácia, foram apontadas acoordenacão motora, a flexibilidade, a agilidade e capaci-dade de expressar-se corporalmente, assim como o biótipomagro e a forca muscular que tinham como característi-cas físicas que a destacavam como atleta no contexto damodalidade. Além disso, atributos psicológicos, como oti-mismo, autoconfianca, determinacão, alegria, resistência,estabilidade emocional e perfeccionismo, foram considera-dos importantes para o alcance dos seus resultados, comopercebido no depoimento da ex-ginasta:
Eu tinha mais facilidade de fazer os movimentos, acoordenacão fina era muito boa, tinha flexibilidade boa,era bem magrinha. Acho que sempre pensei num obje-tivo, nunca fui uma pessoa negativa, nunca coloqueimuitos obstáculos nas coisas que vinham acontecendo[...] e aí acho que isso ajudou. (EG1)
No atributo motivacão intrínseca para a aprendizagem(fig. 8), os principais motivos apontados foram o amor pelaGR, o prazer da prática, o estabelecimento de metas, gostarda competitividade, além de considerar ter talento para aginástica, conforme relatado por EG6:
Primeiramente, o amor pela modalidade. Segundo por-que a modalidade instiga você a sempre querer mais,melhorar mais, testar coisas novas e, devido a isso, eusempre tinha um objetivo a alcancar. Terceiro porquecom o tempo e com os resultados em campeonatos eupercebi que tinha talento e características físicas pro-pensas para a prática da GR. (EG6)
As estratégias de autorregulacão (fig. 8) incluem o pró-prio treinamento como a principal maneira de aprimorar orendimento, bem como o uso de recursos audiovisuais paraa análise de suas apresentacões. A valorizacão do feed-back do treinador e a fé também foram apontados, comorelata a ginasta: ‘‘Eu lembro que sempre fui uma ginastaque treinava muito. Eu sempre acreditei no treinamento,na preparacão. Essa parte de preparar, de fazer melhor cadatreino estava dentro de mim. [...] cada vez que eu entravana quadra, mesmo sendo treinamento, eu sempre fazia omelhor’’ (EG2).
Na autoeficácia relacional com os treinadores (fig. 8),foram evidenciados aspectos positivos como a motivacão,o apoio social e a confianca mútua treinador-atleta. A exi-gência e o comportamento rigoroso também foram citadoscomo importantes ao rendimento. Foram notadas grandesdiferencas nas relacões entre a atleta e a treinadora doclube e da atleta com a treinadora da selecão, como evi-denciam os depoimentos das ginastas:
[...] a (treinadora do clube) era uma mãe [...]. Ela eramuito rígida [...] mas depois dava o colo. Sempre incenti-vou muito. Eu tenho um carinho enorme por ela. Aprendimuito com a (treinadora da selecão), apesar de achara opcão de treinamento [...] um pouco diferente. Então,como a gente chegou lá mais velha, [...] teve que forcar orelacionamento e acho que isso dificultava um pouco. Naselecão, eu tive mais problema psicológico. A cobrancaera diferente [...] e a técnica, a forma como ela lidavacom as ginastas [...] influenciava mais negativamente.(G4)
[...] a [treinadora do clube] me dava apoio não só dentroda ginástica, mas também fora. Ela me pegava em casatodos os dias porque eu morava longe do clube e a minhafamília era a que menos tinha condicão financeira. Ela foisuperimportante na minha vida (G5).
Pela análise desses elementos foi possível organizar asinformacões obtidas para a construcão de um modelo teóricopara o contexto da GR. O modelo de envolvimento paren-tal na ginástica rítmica (fig. 9) identifica as particularidadesdessa modalidade e permite uma visualizacão global do pro-cesso que envolve os aspectos da participacão dos parentese os elementos que contribuem para a autorrealizacão dasginastas (selecão brasileira).
A base do modelo (fig. 9) apresenta os motivos quelevaram os parentes a se envolver no contexto da GR rela-cionados a três aspectos: motivacão pessoal, solicitacõespara a participacão e contexto vivencial (Nível 1). Poste-riormente (Nível 2), são apresentados os mecanismos queos parentes desempenharam ao longo da sua participacão(encorajamento, modelagem, reforco e instrucão) e, emseguida, como esses mecanismos eram percebidos pelasginastas (Nível 3). Por fim (Nível 4), são identificados os atri-butos que favoreceram a busca da sua autorrealizacão noesporte (autoeficácia, motivacão intrínseca para a aprendi-zagem, estratégias de autorregulacão e eficácia relacionalcom os treinadores). Culmina na autorrealizacão esportiva(Nível 5), entendida como o alcance do alto rendimento aointegrar a selecão brasileira.
Discussão
O presente estudo avancou no sentido de buscar compre-ender o envolvimento parental na GR, construir um modeloexplicativo que apresenta os padrões de comportamento eas especificidades dessa modalidade no que diz respeito àparticipacão de pais e mães de atletas que chegaram aoalto nível, integraram a selecão nacional.
Foi possível perceber distincões no envolvimento paternoe materno com o ambiente da GR, demonstrou-se que asmães, de maneira geral, apresentaram uma participacãomais efetiva ao longo da carreira esportiva. Sobre isto,
Envolvimento parental no processo de desenvolvimento da carreira esportiva 193
Dimens ão geral Subdimensão Temas emergentes
Autoeficácia
Motivaçãointrínseca para
a atividade
Estrat égias deautorregulação
Atributos quecontribuíram para a
autorrealização
â
Autoeficáciarelacional comos treinadores
Motivação;
Confiança mútua treinadora-atleta;A treinadora passava muitasegurança;Motivação por meio de conversa;Treinadora do clube dava carona para ir evoltar dos treinos.
Fé/espiritualidade.
Cuidados com alimentaçãoe lesões;
Recursos para avaliar odesempenho;
Treinamento;
Amor pelo esporte e/ouprazer pela prática;Metas e objectivosrelacionados ao esporte;
Feedback do treinador;
Apoio;Confiança;Segurança;Press ão;Exigência.
Competitividade.
Características motoras;Características físicas;Características psicol ógicase da personalidade.
Treinadora era incentivadora;Treinadora exigente/rigorosa;Press ão para a perda de peso;Treinadora de seleção apresentavacomportamento mais frio, orientado abusca de resultados.
Treinamento intenso;
Amor pela modalidade;
Estabilidade emocional.
Ser esforçada;Ser detalhista;
Vontade de mostrer sua capacidade;Capacidade de enfrentaras dificuldades;Estar sempre alegre;Buscar um objetivo;Ser otimists, confiante;Ser forte;Ser magra;
Ser ágil;Boa expressão corporal;Boa coordenação motora;Bom níval de flexibilidade;Facilidade em aprender os movimentos;
Boa técnica na realização dos movimentos;
Prazer pela prática do esporte;Tinha objectivos pessoais;Busca da melhorar dos resultados;Competitividade entre as colegas deequipe e de outras equipes;
Dedicação;Assistir a gravações de si por vídeos;Análise dos desempenhos;Assistir v ídeos de ginastas refer éncias;Valorização do feedback da treinadora;Cuidados com alimentçãoa e lesões;Pedia muito à deus que lhe desce força.
Figura 8 Atributos que levaram à autorrealizacão esportiva de acordo com as ex-ginastas da selecão brasileira de GR.
Vieira et al. (2014) apontam que os pais se entendem comoprovedores materiais e morais da família, enquanto as mãesprestam um cuidado mais direto aos filhos. Essa situacãoparece se refletir no contexto da GR em que os pais se per-cebiam eficazes na prestacão de contribuicão financeira e nainfluência da permanência da filha no esporte. As mães, porsua vez, prestavam o seu apoio financeiro de forma diferen-ciada dos pais, participavam da elaboracão e organizacão deestratégias para levantar fundos com acões e promocões emprol da equipe. Essa atitude materna permitia e reforcava oenvolvimento mais próximo com o ambiente esportivo.
O contato frequente entre treinadores e parentesdemonstrou ser um comportamento presente nesse con-texto, principalmente com as mães. Smoll et al. (2011)afirmam que quando os treinadores mantêm os canais decomunicacão aberto aos parentes têm maiores oportuni-dades de estabelecer um relacionamento construtivo com
esses. Porém, foi percebido que essa relacão entre trei-nadores e parentes, frequente nos clubes esportivos, eraescassa ou inexistente quando se tratava de selecão bra-sileira, conforme reclamaram alguns pais e mães, que nãoconcordavam com essa conduta. A questão geográfica podeter sido o primeiro fator a ter influenciado nesse afasta-mento, pois a selecão exigia a concentracão das ginastas nacidade sede, principalmente no caso dos conjuntos. Dessaforma, a família passou a estar longe local de treinamentoe, consequentemente, do contato direto com o (a) treina-dor (a), que não solicitava a participacão familiar da formacomo acontecia nos clubes.
Além disso, a queixa dos parentes de que não era solici-tada a sua participacão quando selecão brasileira pode terdemonstrado a dificuldade que encontraram de lidar coma transicão de carreira da ginasta que, na realidade, podenão acontecer de forma gradativa. Essa transicão acarreta
194 Soares Nakashima F et al.
NÍVEL 5
NÍVEL 3
NÍVEL 2
NÍVEL 1
NÍVEL 4
AUTOEFICÁCIA
ENCORAJAMENTO
ENCORAJAMENTO
Incentivo/apoioPersistência/ Ânimo
Persistência/ Esforço/Confiança/Ânimo/
Coragem/Superação
Apoiar
Dar suporte
Contribuirfinanceiramente
Influenciar aperman ência no
esporte
Contribuirdiretamente naaquisiçã o de
recursosfinanceiros e deequipamentos
(mãe)
Estar presente
Incentivar aresponsabilidade e
a disciplina (pai)
Incentivar
Cuidar (m ãe)
Acompanhar acarreira (M ãe
ResponsabilidadeRespeito/Humildade/Honestidade
Bom comportamento/Responsabilidade/Disciplina
Importância de saber ganhar/perder
ElogiosCríticas
Demonstar orgulha/satisfaçã o
ElogiosCríticas
Função do t écnicoOrientações maternas sobre
postura
Orientação para foco no esforço enão no resultados
Orientação para estarconcentrada
Algumas sugest ões técnicas
MODELAGEM
MODELAGEM
REFOR ÇO
REFOR ÇO
INSTRUÇÃO
INSTRUÇÃO
AUTOEFICÁCIA RELACIONALCOM OS TREINADORES
AUTORREALIZAÇÃO ESPORTIVA
ATRIBUTOS DA ATLETA QUE LEVAM Á AUTORREALIZAÇÃ OESTRAT ÉGIAS DE
AUTORREALIZAÇÃOMOTIVAÇÃO INTRÍNSECA PARA A
APRENDIZAGEM
MOTIVAÇÃO PESSOALPAPEL
PARENTALEFICÁCIAPARENTAL
ORGANIZAÇÃOESPORTIVA
TREINADOR ATLETA CONHEIMENTOS ECOMPETÊNCIAS
TEMPO EENERGIA
CONTEXTO VIVENCIALSOLICITAÇÃ O DE PARTICIPAÇÃ O
Solicitaçã o do clubepara competiçõ es e
reuni ões
Solicitaçã o do clubepara açõ es de apoio
Informa ções sobre oplanejamento anual
Nao havia solicitaçã ona seleçã o brasileira
Solicitaçã o daParticipação emações do clube
(Mãe)
Solicitaçã o dapresença paracompetições
Solicitaçã o nula dapresença (pai)
Suporte emocional(mãe)
Comunicaçã oescassa com otreinador (pai)
Presençaescassa/nula
emtreinamentos
Conhecimentotécnico nulo/b ásico
Avaliação dotreinador
Percepção dodesempenho pelocomportamento da
filha
Percepção dasatisfação ou
decepçã o da filha
Orientações paramelhor desempenho
da filha (mãe)
Presençaconstante e
acompanhamento em
competições(mãe)
Comunicaçã ofrequente com otreinador (m ãi)
Acompanhamentodo trabalho e dos
objectivos
Permissão paraassistir treinos e
competições
PERCEPÇÃO DA ATLETA DOS MECANISMOS DE ENVOLVIMENTO PARENTAL
MECANISMOS DE ENVOLVIMENTO PARENTAL
Características motorasCaracterísticas físicas
Caracter ísticas psicológicas eda personalidade
Amor pelo esporte ou prazer pelaprática
Metas e objectivos relacionados aoesporte
Competitividade
TreinamentoAvaliação do desempenho
Cuidados com alimentaçã o elesões
Feedback do treinadorFé/ Espiritualidade
Motivaçã oApoio
Confian çaSeguran çaExigência
Figura 9 Modelo explicativo do processo de envolvimento parental no contexto brasileiro da GR de alto rendimento.
mudancas da posicão ou papel das pessoas envolvidas e levaa um período de crescimento e adaptacão (Bronfenbrenner,1996). Uma equipe nacional tem níveis de exigência e obje-tivos diferenciados em relacão a um clube esportivo, alémde uma estrutura financeira distinta, e isso pode refletir nasrelacões família-treinador, família-atleta, atleta-treinador.
Nos clubes esportivos, apesar de o relacionamento entreparentes e treinadores ser constante, pais e mães evi-tavam se envolver em assuntos de treinamento. A nãointerferência nessas questões pode ser considerada um com-portamento positivo ao demonstrar o respeito ao espaco emque o responsável é o profissional esportivo. A intervencãoparental demasiada tem consequências negativas, conformeconstatado por Nunomura e Oliveira (2014) em pesquisano contexto da ginástica artística feminina, atrapalha aevolucão das atletas.
Embora evitassem a interferência em questões técni-cas, pais e mães analisavam a capacidade do treinador
no desempenho de suas funcões e no tratamento com assuas filhas. Conforme apontam Vella et al . (2012), é rele-vante o papel dos treinadores enquanto facilitadores de umdesenvolvimento positivo e na qualidade das experiências dejovens atletas. Dessa forma, a atencão parental acerca darelacão treinador-atleta está pautada na preocupacão coma qualificacão do profissional para lidar com a filha-atletae na sua capacidade em contribuir com o seu crescimentoesportivo.
O tempo e energia despendidos pelos parentes parapresenca em competicões pareceu ser relevante. Yesu eHarwood (2015) discorrem que os atletas desejam que pai emãe fornecam apoio em situacões de competicão, ajudem--nos a se sentir preparados, por meio de seus comentáriospositivos. Algumas mães inclusive costumavam acompanhara equipe nas viagens para as competicões.
Por meio dos mecanismos de envolvimento dos parentes,percebeu-se que conceitos importantes foram transmitidos,
Envolvimento parental no processo de desenvolvimento da carreira esportiva 195
como o incentivo, o encorajamento ao enfrentamento deproblemas, o estímulo da motivacão, aspectos consideradosimportantes por Teques e Serpa (2009b) para o bem-estar epara as respostas psicológicas do filho-atleta. Na presentepesquisa constatou-se que além do apoio emocional o apoioprestado para ir aos treinos, para adquirir equipamentos oupara conseguir patrocínios e recursos financeiros foi essen-cial.
Segundo Perconte (2009), parentes e treinadores condu-zem o atleta por meio de seus exemplos e pelas interacõescotidianas. Os pais e mães pesquisados incentivavam a suaresponsabilidade, humildade e honestidade, além do focono esforco, e não no resultado. Além disso, usavam de elo-gios, que podem ser uma forma de encorajamento verbal eimportante para criar um ambiente positivo de aprendiza-gem, autossuperacão e gratificacão pessoal, ao reconhecer oesforco (Moraes & Knijnik, 2009). Os parentes relataram queas críticas eram feitas quando as atletas apresentavam ati-tudes contrárias aos comportamentos incentivados por essese não pareceram refletir de forma negativa.
A percepcão dos mecanismos de envolvimento paren-tal pelos atletas, de acordo com Teques e Serpa (2009a),são elementos que favorecem a construcão de atributosque permitem o alcance da autorrealizacão (autoeficá-cia, motivacão intrínseca para a aprendizagem, estratégiasde autorregulacão e autoeficácia relacional com os trei-nadores). Características físicas, motoras e psicológicasespecíficas parecem ter contribuído para o sentimento deautoeficácia, uma vez que gerou um autojulgamento de sercapaz de fazer, além de motivar na busca de atingir objetivos(Feltz & Öncü, 2004).
Outros elementos motivadores eram o amor pelo esportee/ou o prazer pela prática, a busca de objetivos, a com-petitividade e julgar ter talento, aspectos consideradosessenciais na manutencão da motivacão intrínseca para aaprendizagem. A busca da melhoria do desempenho aconte-cia pelas estratégias de autorregulacão em que, entre outrasacões, pode ser destacada a valorizacão do feedback dotreinador. Gershgoren et al. (2011) afirmam que, de formapositiva, o feedback transmite expectativas positivas sobreo potencial e capacidade do indivíduo, estimula-o a fazer aligacão entre esforco e sucesso e o faz notar o seu progresso.
Sobre o relacionamento entre treinador (a) e atleta foinotada a grande importância que a treinadora do clubeteve para a maioria das ginastas, diferentemente do queera percebido na relacão com a treinadora de selecão,considerada mais ‘‘fria’’ e sem esse trato carinhoso. A mai-oria das ginastas consideravam a treinadora do clube comouma ‘‘segunda mãe’’, devido à convivência constante desdea infância. Além disso, foi citado o apoio que a treina-dora prestava, que ia além do contexto de treinamento,buscava a atleta em casa para ir aos treinamentos, porexemplo. Esses dados corroboram os resultados encontra-dos por Boaventura (2016) que demonstram a participacãoda treinadora em outros aspectos da vida da atleta alémda esportiva, como a preocupacão com o desempenho esco-lar e a vida afetiva. Por outro lado, a relacão ‘‘forcada’’com a treinadora da selecão brasileira demonstrou ter sidoum aspecto que refletiu negativamente para as ex-atletas,que, naquele momento de adaptacão a uma nova realidadede treinamento, sem a família por perto, sentiram falta deapoio emocional.
Diante dos dados obtidos nesta pesquisa fica evidentea importância de um trabalho conjunto entre organizacãoesportiva, treinadores, pais e ginastas para a manutencãodo desempenho atlético e a autorrealizacão esportiva.
No fim desta discussão, vale ressaltar que, apesar daintencão de fazer avancos científicos e trazer contribuicõespara a área da psicologia do esporte, esta pesquisa apre-senta algumas limitacões: o fato de não ter consideradoas ginastas das outras regiões do Brasil, trazer dados maisrepresentativos acerca da realidade brasileira; a feitura dapesquisa por meio de um corte transversal, o que impedeo entendimento mais profundo de um processo em longoprazo; além do fato de não considerar o papel dos treinado-res, o que não permite uma compreensão mais abrangentee precisa do processo de desenvolvimento da atleta. Diantedisso, sugere-se que futuras pesquisas facam análises queincluam a participacão dos treinadores.
Conclusão
Percebe-se que no contexto da GR brasileira o envolvi-mento parental apresentou comportamentos específicos aolongo da carreira esportiva das ex-ginastas que conse-guiram alcancar o alto nível. Pais e mães demonstraramparticipacões diferenciadas e que parecem ter contribuído,cada um à sua maneira, para o desenvolvimento de atributospsicológicos nas atletas. Foi observado que a participacãodos parentes influencia o desempenho atlético das ginas-tas, o acompanhamento materno é mais íntimo e frequentedo que o paterno. Os mecanismos de envolvimento paren-tal usados e o fato de proporcionarem condicões para odesenvolvimento da carreira esportiva em uma modalidadeque, por escassez de patrocínio, a família é a principalsubsidiadora, demonstrou ter sido determinante. Pretende--se que esse modelo auxilie os parentes, os treinadoresdemais envolvidos com a GR a analisar e refletir acercadas relacões interpessoais, principalmente a participacãoparental. Espera-se também que os clubes esportivos perce-bam a importância de promover encontros em que possamdiscutir e instruir os parentes acerca de aspectos considera-dos fundamentais ao envolvimento parental e o desempenhoatlético.
Financiamento
Esta pesquisa recebeu apoio financeiro da Coordenacão deAperfeicoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
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