Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Naturais e Tecnologia Departamento de Engenharia Ambiental Curso de Graduação em Engenharia Ambiental
Beatriz Rodrigues da Silva Dayane Karen Mota Quaresma
Moema Nunes de Oliveira de Souza Thacyane Caldas Soares
Thalita Lima Marques
Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e
semimecanizado.
Marabá 2013
Beatriz Rodrigues da Silva Dayane Karen Mota Quaresma
Moema Nunes de Oliveira de Souza Thacyane Caldas Soares
Thalita Lima Marques
Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado.
Trabalho solicitado como quesito de avaliação á disciplina Ecossistemas Aquáticos,sob orientação do Professor Msc. Antonio Pereira Júnior.
Marabá 2013
Beatriz Rodrigues da Silva Dayane Karen Mota Quaresma
Moema Nunes de Oliveira de Souza Thacyane Caldas Soares
Thalita Lima Marques
Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e
garimpo manual e semimecanizado.
Trabalho solicitado como quesito de avaliação á disciplina Ecossistemas Aquáticos, sob orientação do Professor Msc. Antonio Pereira Júnior.
Marabá, ____/____/____
Nota; ____________ ______________________ Antonio Pereira Júnior Universidade do Estado do Pará
AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar pelo dom da vida e pela saúde de cada uma.
Aos familiares e amigos que de alguma forma possibilitaram a realização
deste trabalho, através de incentivos, internet, paciência e compreensão.
A todas nós que realizamos esse trabalho, pelo esforço e dedicação em
prol da finalização do mesmo.
Ao Professor Mestre Antônio Pereira Júnior pela orientação e interesse
demonstrado ao longo do trabalho.
A Ana Flávia que foi uma filha compreensiva e permitiu que sua mãe
realizasse mais uma atividade do seu curso de graduação.
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
Figura 1 Fluxograma do Processo produtivo de extração minério. 21
Tabela 1 Etapas da exploração de minério e impactos. 22
Figura 2 Esquema de um garimpo de margem 25
Figura 3 Esquema de um garimpo de leito. 26
Figura 4 Esquema de um garimpo de leito com dragagem. 27
Tabela 2 Impactos ambientais nas etapas so garimpo. 29
Figura 5 Modelo do ciclo do mercúrio 33
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
COEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EDTA Ácido Etilenodiamino tetra-acético
EIA Estudo de Impacto Ambiental
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
MME Ministério do Meio Ambiente
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
SECTAM Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente
do Pará
RESUMO
A Contaminação de Corpos Hídricos é o tema abordado no presente estudo, e teve como objetivo caracterizar o processo e os respectivos impactos causados pela mineração e pelo garimpo manual e semimecanizado, bem como verificar quais as medidas ou técnicas mais eficientes para cada tipo de efluente gerado na sua respectiva atividade de mineração, e através das legislações existentes a cerca desse tipo de atividade averiguar os estudos necessários para a legalização da mesma, de modo a não contaminar o corpo d'água, e afetar de maneira direta ou indireta a fauna, flora e as populações ao entorno. O trabalho foi constituído a partir de um apanhado de artigos e publicações de diversos autores a cerca do assunto abordado. A mineração e o garimpo tem um papel muito importante para o desenvolvimento da economia mundial, através da extração dos inúmeros tipos de minérios e dos seus respectivos usos para a sociedade moderna, foi possível o crescimento industrial dos últimos séculos. Porém o grande entrave dessas atividades é os impactos ambientais que acarretam, tanto no meio físico, químico e biológico do solo e do recurso hídrico, como para a saúde humana devido aos elementos químicos gerados no início, durante e após as etapas de beneficiamento. Existem inúmeras técnicas de remoção ou remediação desses contaminantes como medidas de tratamento ou medidas mitigadoras do impacto ambiental, contudo o mais recomendado é que seja feito um estudo prévio dos impactos de modo a evitar ou planejar de maneira mais eficaz as mitigações da degradação ambiental.
Palavras Chaves: Contaminação Mineração. Garimpo. Legislação. Mitigação.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
2 OBJETIVOS 11
2.1 GERAL 11 2.2 ESPECÍFICOS 11 3 PROBLEMÁTICA 11 4 JUSTIFICATIVA 12 5 HIPÓTESES 12 6 REFERENCIAL TEÓRICO 13 6.1 CONCEITOS 13 6.2 LEGISLAÇÃO 14 6.2.1 Resolução do CNRH nº 29 de 11 de dezembro de 2002 15 6.2.2 Constituição do Estado do Pará de 27 de Outubro de 1989 15 6.2.3. Legislação para o garimpo 17
6.3 APANHADO GERAL 19 6.3.1Mineração 21 6.3.2 Garimpo 24 6.4 IMPACTOS NOS CORPOS HÍDRICOS 30 6.4.1 Mineração 30 6.4.2 Garimpo 31
6.5 TÉCNICAS DE MITIGAÇÃO DE IMPACTOS 34 6.5.1 Mineração 34 6.5.2 Garimpo 35
6.5.2.1 MERCÚRIO 35 7 METODOLOGIA 37 8 RESULTADOS E DISCUSSÃO 37 9 CONCLUSÃO 39 10 SUGESTÃO 40
REFERÊNCIAS 41
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________10
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento econômico e o crescimento das atividades produtivas
vêm acelerando o processo de degradação dos recursos hídricos. Deste modo, é
vital que estes recursos sejam avaliados e protegidos conciliando-os com as
demandas de água para as atividades humanas. Dentre as atividades
potencialmente poluidoras dos recursos hídricos, estão aquelas relacionadas à
mineração.
As atividades de mineração e de garimpo são essenciais para o
desenvolvimento econômico do mundo atual, pois os minérios extraídos da natureza
são utilizados ou como matéria-prima ou como parte do processo industrial de
muitos dos produtos utilizados pelo homem. No entanto, esta relação de
dependência gera um conflito para a sociedade que tem de arcar com os reflexos
gerados pela degradação dessas áreas de exploração mineral e seus entornos.
O aproveitamento dos enriquecimentos minerais pode causar grandes
impactos ambientais, pois além das modificações das características do ambiente
natural pode haver uma grande quantidade de rejeitos gerados. Parte desses
detritos acaba sendo transportada para os corpos de água, alterando suas
características qualitativas.
Deste modo, entende-se a importância do monitoramento das águas
superficiais sobre influência das atividades de mineração e garimpo. Assim será
possível identificar alterações nas características qualitativas dos cursos d’água,
avaliar a eficácia das medidas de controle de poluição adotadas bem como, se
necessário, propor as medidas necessárias para minimização dos impactos gerados.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________11
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
O objetivo desta pesquisa é apontar e discutir os impactos causados
pelas atividades de mineração e garimpo sob a qualidade dos recursos hídricos.
2.2 ESPECÍFICOS
Apresentar os principais conceitos e legislações a cerca das atividades
mineradoras e recursos hídricos.
Descrever as etapas e processos elencando os impactos decorrentes de cada
uma delas.
Demonstrar técnicas de mitigação dos impactos apresentados.
3 PROBLEMÁTICA
As técnicas empregadas na mineração e garimpo são consideradas
potencialmente impactantes, e são responsáveis por grandes modificações na
paisagem e meio ambiente, podendo causar um alto grau de deterioração ambiental
nos recursos hídricos, mesmo após o término da atividade extrativa.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________12
4 JUSTIFICATIVA
A poluição hídrica gerada por atividades mineradoras tem sido pouco
estudada. O conhecimento sobre o processo extrativo das lavras e o passivo
ambiental gerado ainda é escasso. A literatura existente sobre a poluição gerada por
atividades mineradoras refere-se principalmente, à drenagem e aos efluentes em
termos de metais pesados ou elementos radioativos. Assim, o presente trabalho
justifica-se pela necessidade de se apresentar um apanhado técnico, pautadas na
apresentação da problemática da contaminação hídrica e de suas respectivas
medidas mitigadoras.
5 HIPÓTESES
A exploração de minério pelos métodos atuais de extração e as técnicas
atuais de garimpo manual e principalmente semimecanizado têm causado a
contaminação dos recursos hídricos e degradação ambiental?
A legislação vigente têm se, mostrado atuante no que concerne na
fiscalização das atividades, processos, planos e estudos necessários à realização
legal das explorações?
Os impactos são causados por falta de estudos ambientais prévios?
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________13
6 REFÊNCIAL TEÓRICO
6.1 CONCEITOS
Para uma melhor compreensão e entendimento do tema abordado faz-se
necessário uma breve conceituação de alguns termos primordiais referentes à
contaminação de corpos hídricos com ênfase na mineração e no garimpo manual e
semimecanizado.
Em um primeiro momento têm-se a definição de contaminação segundo o
Glossário 0200 (1999), contaminação é a introdução no meio ambiente de
organismos patogênicos, substâncias tóxicas ou outros elementos, em
concentrações que possam afetar a saúde humana. É um caso particular de
poluição.
Pode ser entendido como um termo geral que significa a introdução na
água de qualquer substância indesejável não presente nela normalmente, como por
exemplo, microorganismos, produtos químicos, detritos ou esgoto, que tornam a
água imprópria para a sua utilidade prevista ou uso pretendido.
Outra definição importante é a de corpo hídrico também chamado de
corpo d'água sendo definido como uma denominação genérica de qualquer
manancial hídrico, curso d'água, trecho de rio, reservatório natural ou artificial, lago,
lagoa, ou aquífero subterrâneo.
Para o Ministério do Meio Ambiente (2001) a atividade de extração
mineral que é definida como “mineração” propriamente dita, esta engloba as
atividades, os processos, e pesquisas de lavra e beneficiamento de minerais, e se
caracteriza pela existência de um plano de aproveitamento econômico de um corpo
mineral conhecido. Neste sentido, a mineração configura-se como uma forma de
“uso temporário do solo” e cujo objetivo é a extração de substâncias minerais a partir
de depósitos ou massas minerais.
Garimpo para Medeiros et al (2006) e Ministério do Meio Ambiente (2001),
consiste em um processo arcaico de extração de recursos minerais e é aplicado
para indicar o local ou sítio em que se encontram minas de diamantes ou onde se
explora a extração ou cata de pedras preciosas. Além de ser utilizado também para
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________14
designar o lugar ou povoado em que habitam ou moram os trabalhadores do
garimpo, chamados de garimpeiros.
O garimpo é tido como o local onde se encontram as minas de extração
de pedras com valor econômico e a atividade feita dentro do garimpo é denominada
garimpagem. Para Caheté (1995) a garimpagem é definida principalmente pela
ênfase dada ao trabalho individual e de pequenas equipes (com cerca de oito
homens); predomínio dos instrumentos de trabalhos mais “rústicos” (manuais e
semimecanizados), tais como a bateia, a picareta, a pá, apoiados ou não por
maquinário a combustíveis fósseis e pelo uso do mercúrio na coleta de partículas de
ouro.
6.2 LEGISLAÇÃO
De acordo com a Constituição Federal no seu Art. 22, inciso XII os
recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União e compete
privativamente a ela legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais e
metalurgia. Além de órgãos do poder executivo, os Ministérios Públicos Federal e
Estaduais também fiscalizam, emitem normas e diretrizes, bem como os estados
também tem poder para registrar e fiscalizar a exploração desses recursos.
Lei no 9.314, de 14 de novembro de 1996 (entrou em vigor em
17/01/1997): regula os direitos sobre os recursos minerais do país, os regimes de
aproveitamento e a fiscalização pelo Governo Federal. Responsável pela alteração
de vários dispositivos do Código de Minas de 1967, essa lei dispõe, entre outros
temas, sobre os regimes de aproveitamento das substâncias minerárias e os
procedimentos para obtenção de autorização de pesquisa e de lavra no DNPM.
Nos três níveis – federal, estadual e municipal – a legislação brasileira
manifesta preocupação com o meio ambiente. O foco é promover a proteção dos
recursos naturais e a recuperação de áreas onde tais recursos foram utilizados no
passado, de forma irracional e predatória, provocando a degradação ambiental das
mesmas.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________15
6.2.1 Resolução do CNRH nº 29 de 11 de dezembro de 2002
O Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), dispõe sobre os
usos de recursos hídricos relacionados à atividade minerária considerando que essa
atividade possui especificidades de utilização e consumo de água passíveis de
provocar alterações no regime dos corpos de água, na quantidade e qualidade da
água existente.
No art. 2º descreve os usos de recursos hídricos relacionados à atividade
minerária e sujeitos a outorga são eles:
I – a derivação ou captação de água superficial ou extração de água subterrânea, para consumo final ou insumo do processo produtivo; II – o lançamento de efluentes em corpos de água; III – outros usos e interferências, tais como: a) captação de água subterrânea com a finalidade de rebaixamento de nível de água; b) desvio, retificação e canalização de cursos de água necessários às atividades de pesquisa e lavra; c) barramento para decantação e contenção de finos em corpos de água; d) barramento para regularização de nível ou vazão; e) sistemas de disposição de estéril e de rejeitos; f) aproveitamento de bens minerais em corpos de água; e g) captação de água e lançamento de efluentes relativos ao transporte de produtos minerários.
No art. 4º, relata que para o monitoramento dos Recursos Hídricos deve-
se elaborar os Planos de Recursos que deverão contemplar o volume de água
captado e lançado, o cálculo do balanço hídrico na área afetada em seus aspectos
quantitativos e qualitativos, e suas variações ao longo do tempo e o aumento de
disponibilidade hídrica gerada pelo empreendimento na(s) bacia(s) hidrográfica(s).
6.2.2 Constituição do Estado do Pará de 27 de Outubro de 1989
Destina o Título V ao tratamento específico da questão ambiental e da
ordem econômica, devendo-se ressaltar o previsto em seu Capítulo VI, artigo 255,
parágrafo 1°, que determina:
“§ 1.º: Todo e qualquer plano, programa, projeto, atividade ou
obra potencialmente causadora de desequilíbrio ecológico ou de
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significativa degradação do meio ambiente, exigirá, na forma da lei, estudo
prévio de impacto ambiental e só será autorizada sua implantação, bem
como liberado incentivo, financiamento ou aplicação de recursos públicos,
após aprovação, na forma da legislação aplicável, pelo órgão técnico de
controle ambiental do Estado, ouvido o órgão de atuação colegiada (...)”.
Em seu artigo 289, §1º, inciso II, estipula que a política estadual de
ciência e tecnologia terá como um de seus princípios o aproveitamento racional e
não predatório dos recursos naturais, e definirá mecanismos que estabeleçam
limites para a instalação de complexos tecnológicos ou atividades potencialmente
causadoras de degradação ambiental ou social, promovendo e incentivando
tecnologia adequada para que superem esses danos”.
Este diploma legal dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente e
dá outras providências. Destina o capítulo VII, do Título V, ao tratamento específico
do licenciamento ambiental, estabelecendo a sujeição ao sistema previsto nesta Lei
da construção, instalação, ampliação, reforma e funcionamento de
empreendimentos e/ou atividades utilizadoras e exploradoras de recursos naturais,
considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como aqueles capazes de
causarem significativa degradação ambiental. Não traz, entretanto, exigências
adicionais àquelas já existentes no âmbito federal.
A questão ambiental do Pará é tratada de forma consistente no Art. 252
da Constituição Estadual, que define a proteção e a melhoria do meio ambiente
como prioritários, levando em conta a definição de qualquer política, programa ou
projeto, público ou privado, no domínio do território paraense. Já, no Art. 253
assegura a participação popular em todas as decisões relacionadas ao meio
ambiente e o direito à informação sobre o assunto.
O Art. 97 da Lei retrocitada estabelece que o licenciamento de projeto,
comprovadamente considerado efetiva ou potencialmente poluidor ou capaz de
causar degradação ambiental, depende de avaliação dos impactos ambientais.
Todavia, o COEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiental) é quem define, através
de resolução, as atividades e obras que dependem de elaboração de Estudo de
Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima).
A elaboração do EIA/Rima obedece aos princípios, objetivos e diretrizes
estabelecidos pelo COEMA, em perfeita consonância e compatibilização com a
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legislação federal pertinente, especialmente as normas sobre matérias editadas pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
O Rima reflete as conclusões do EIA e visa a transmitir informações
fundamentais do mencionado estudo, através de linguagem acessível a todos os
segmentos da população, de modo a que se conheçam as vantagens e
desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais
decorrentes de sua implantação.
O roteiro de um Rima, de um modo geral, inclui a identificação da área de
interferência do projeto (direta e indireta), definir o diagnóstico ambiental (meio
físico, qualidade do ar, ruído, geologia, geomorfologia, relevo, hidrografia e
hidrogeologia), caracterizar a qualidade ambiental atual e futura – com e sem o
empreendimento, realizar a análise, discussão e avaliação dos impactos ambientais
com metodologias e técnicas empregadas e propor as medidas e ações mitigadoras;
A Diretoria de Meio Ambiente da antiga Sectam, na nova estrutura passa
a ser Diretoria de Licenciamento de Atividades Poluidoras, a quem compete
coordenar a implementação e a gestão dos instrumentos de controle e proteção
ambiental, visando a assegurar o cumprimento da legislação e a melhoria da
qualidade ambiental.
6.2.3. Legislação para o garimpo
A Carta Magna introduziu significativas mudanças na legalidade da
atividade garimpeira. Anteriormente, o garimpeiro possuía uma matrícula que
permitia produzir e comercializar seu produto, regime esse que foi modificado pela
Constituição e pela Lei 7.805 de 1989. Atualmente existe a obrigatoriedade do
garimpeiro estar inserido a uma associação, de obter licenças ambientais e a
permissão de lavra garimpeira. Houve, portanto a descaracterização do garimpeiro
como trabalhador individual.
De acordo com a Lei 7.805 de 1989, em seu art. 10º a atividade de
garimpagem consiste:
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Art. 10 Considera-se garimpagem a atividade de aproveitamento de substâncias minerais garimpáveis, executadas no interior de áreas estabelecidas para este fim, exercida por brasileiro, cooperativa de garimpeiros, autorizada a funcionar como empresa de mineração, sob o regime de permissão de lavra garimpeira. § 1º São considerados minerais garimpáveis o ouro, o diamante, a cassiterita, a columbita, a tantalita e wolframita, nas formas aluvionar, eluvionar e coluvial; a sheelita, as demais gemas, o rutilo, o quartzo, o berilo, a muscovita, o espodumênio, a lepidolita, o feldspato, a mica e outros, em tipos de ocorrência que vierem a ser indicados, a critério do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM. § 2º O local em que ocorre a extração de minerais garimpáveis, na forma deste artigo, será genericamente denominado garimpo.
A referida Lei vem alterar o Código de Minas de 1967, e foi responsável
pela criação do regime de lavra garimpeira, que pode ser autorizado pelo DNPM
sem a necessidade de pesquisas prévias. Também por meio dessa lei foi extinto o
regime de matrícula, estabelecido anteriormente no Código de Minas.
O garimpo ilegal é toda a atividade de exploração mineral que não possui
autorização do DNPM ou que é efetuada em áreas proibidas, tais como Reservas
Extrativistas, Unidades de Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas.
Existe ainda um projeto de Lei Nº 4.087 de 2012 expedida pela que
estabelece a Política Nacional de monitoramento contínuo da contaminação por
mercúrio e por outros metais pesados relativos à atividade de garimpo no território
nacional e dá outras providências.
A referida Lei acima discorre em sei Art. 1º o seguinte:
Art. 1º Esta Lei estabelece a Política Nacional de monitoramento contínuo da contaminação por mercúrio e por outros metais pesados nas áreas de atividade de garimpo, que se caracterizem como área potencialmente passiva de contaminação de corpos hídricos e da população impactada diretamente pelo empreendimento.
Vale ressaltar que o projeto tramita em caráter conclusivo e ainda será
analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e
Justiça e de Cidadania.
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6.3 APANHADO GERAL
De acordo com Meyer (2000), a utilização dos recursos minerais é uma
das mais antigas atividades exercidas pelo homem e a base de seu
desenvolvimento. Os historiadores registram que, mesmo antes do surgimento da
agricultura, os primeiros grupos humanos caçadores e coletores já utilizavam sílex
(rocha sedimentar dura), para a confecção de suas armas.
De acordo com Allegretti (apud PORTO, 2003) a mineração teve início
como atividade econômica no Brasil no século XVII, com as expedições de Entradas
e Bandeiras que tinham o objetivo de encontrar no interior do território metais
valiosos (ouro, prata, cobre) e pedras preciosas (diamantes, esmeraldas). No início
do século XVIII (entre 1709 e 1720) pedras preciosas foram encontradas no interior
da Capitania de São Paulo (Planalto Central e Montanhas Alterosas), nas áreas que
depois foram desmembradas como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
A descoberta de metais e pedras preciosas nessas áreas provocou um
intenso aumento populacional, atraindo pessoas de várias localidades. Outra
importante atividade impulsionada pela mineração foi o comércio interno entre as
diferentes vilas e cidades da colônia, proporcionada pelos tropeiros.
O país passou por sensíveis transformações em função da mineração.
Um novo polo econômico cresceu no Sudeste, relações comerciais inter-regionais se
desenvolveram, criando um mercado interno e fazendo surgir uma vida social
essencialmente urbana.
A atividade mineradora, nos seus primórdios, foi intensamente
escravagista, desenvolvendo a sociedade urbana à custa da exploração da mão de
obra escrava. Também foi responsável pela tentativa de escravização dos índios,
através das bandeiras, que com intuito de abastecer a região centro-sul promoveu a
interiorização do Brasil.
Na Amazônia a mineração teve início na década de 1940, na Serra do
Navio (estado do Amapá), com exploração do minério de manganês. Em 1967 foi
descoberta a primeira mina de ferro na Serra dos Carajás, de domínio da
mineradora Vale, em operação até hoje. Já em 1980 iniciou-se o garimpo de ouro
em Serra Pelada, localizada a 35 quilômetros do município de Curionópolis, no
estado do Pará.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________20
Lamego et al (2003) fala que, a mineração e o garimpo são atividades que
exercem um papel decisivo para o desenvolvimento econômico do mundo atual.
Através da extração de variados tipos de recursos naturais do solo e do subsolo, e
dos usos múltiplos desses recursos foi possível o crescimento industrial dos últimos
séculos.
Entretanto, as atividades extrativas interferem fortemente no ambiente
natural contribuindo para a sua deterioração. Como coloca Fonseca (2004), das
atividades humanas, as chamadas atividades econômicas são as grandes
responsáveis pelas alterações do meio ambiente.
Meyer (2000), comenta que em sua fase inicial, a extração mineral era
desenvolvida sem conhecimento suficiente do jazimento, o que impedia a realização
de um trabalho planejado, com objetivos definidos. Esta situação ainda persiste nos
"garimpos", termo que define a atividade informal de extração mineral,
diferentemente da mineração formal. Nos tempos da Colônia, apenas os senhores
de escravos eram considerados aptos a sustentar produções regulares e a arcar
com a tributação.
Aos homens livres sem posses restava embrenharem-se pelos lugares
ermos e aí praticarem suas lavras, à distância das autoridades coloniais. Conforme
Vieira Couto (1801, apud MEYER, 2000), esses homens subiam as grimpas a
procura de ouro e gemas preciosas, daí a denominação de "garimpos".
Em relação à interferência na qualidade dos recursos hídricos as
atividades de mineração e de garimpo exigem grandes remanejamentos de rochas e
movimentações de terra, por isso os parâmetros de qualidade da água mais
alterados por essa atividade são os sólidos e a turbidez. Quando há a formação de
lagos nas cavas de mineração ainda pode ocorrer o fenômeno da eutrofização. E,
ainda em alguns casos, pode haver a dissolução de compostos químicos (da rocha
ou do solo), nos efluentes ou na drenagem alterando outros parâmetros da água,
como acidez ou alguns metais pesados.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________21
6.3.1 Mineração
Von Sperling (1998), O recurso hídrico é um insumo essencial ao
desenvolvimento de atividades mineradoras, seja através do uso direto, para
lavagem do produto minerado ou de forma indireta, como componente de barragem
de rejeitos.Segundo Figueiredo (2000), a mineração produz impactos ambientais em
todas as suas fases: prospecção e pesquisa, extração, beneficiamento, refino e
fechamento de mina.
Figueiredo (2000) fala que, na fase de extração do minério podem
produzir-se danos à vegetação e à paisagem, especialmente nas lavras a céu
aberto, e onde se requeira o uso da madeira para produção de energia. O lençol
freático local é rebaixado por meio de bombeamento da água e um grande volume
de rochas e de pilhas de minério podem ficar expostas aos processos de oxidação.
Pode ocorrer a formação de drenagens ácidas com efeitos adversos para a
qualidade das águas superficiais e subterrâneas. A Figura 1 demonstra as etapas
de extração de minério.
Figura 1- Fluxograma do Processo produtivo de extração de minério. Fonte: Iraminaet al (2009).
Oliveira e Luz (apud MELAMED, 1998), fala que as atividades de lavra e o
processamento mineral envolvem um enorme número de etapas às quais estão
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________22
associadas inúmeras possibilidades de contaminação do meio ambiente. Assim
esses riscos ambientais devem ser avaliados durante o desenvolvimento do
fluxograma de operação da usina que deve prever as formas de gerenciamento e
tratamento dos efluentes produzidos.
Os efeitos no ambiente durante a fase de prospecção e pesquisa podem
ser expressivos, pesar de pouco mencionados na literatura. As aberturas de
trincheiras, poços e de caminhos para os equipamentos de geofísica e perfuração
afetam a vegetação e a fauna, alteram as paisagens, aceleram processos de erosão
(IRAMINA et al, 2009).
Os níveis de radioatividade natural nas galerias subterrâneas e de gases,
oriundos de várias fontes, deverão ser controlados por meio de sistemas de
ventilação adequados. Produção de pó e ruídos constituem, também, aspectos
negativos da lavra de minérios (FIGUEIREDO, 2000). Ver Tabela 1.
Tabela 1- ETAPAS DA EXPLORAÇÃO DE MINÉRIO E IMPACTOS.
ETAPAS DO PROCESSO IMPACTO
Abertura de acessos Desflorestamento
Desmonte por explosivo
Alteração dos perfis de solo e da
paisagem, destruição do hábitat da
micro, meso e macrofauna do solo.
Carreamento de sedimentos
alogênicos para os recursos hídricos
e risco de assoreamento.
Transporte Dispersão atmosférica de partículas
inferiores a 2,5 µm.
Britagem Dispersão atmosférica de partículas
inferiores a 2,5 µm.
Beneficiamento Risco contaminação dos recursos
Hídricos pela Lama gerada nesta
fase. Controle das bacias de rejeitos.
Fonte: Adaptado (2013).
IRAMINA et al (2009) fala que, nas fases de beneficiamento e refino de
minérios, a disposição de pilhas de rejeitos ocupa grandes áreas que devem estar
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sujeitas a monitoramento permanente para atenuar os efeitos de substâncias
indesejáveis nas águas superficiais e subterrâneas, solos e sedimentos. Podem
ocorrer emissões na atmosfera de sulfatos (SO4), hidrocarbonetos, flúor e outras
substâncias tóxicas. Efeitos adversos, que afetam diretamente a saúde dos
trabalhadores das minas e plantas industriais não devem ser subestimados.
Fonseca (2004) sugere que, a maior parte das minerações no Brasil
provoca poluição por sedimentos. A poluição por compostos químicos solúveis,
também existe e pode ser localmente grave, mas é mais restrita. As minerações de
ferro, calcário, granito, areia, argila, bauxita, manganês, cassiterita, diamante e
várias outras provocam, em geral, poluição das águas apenas por sedimentos.
Fonseca (2004) lembra que, além da poluição por sólidos, muitas
minerações provocam poluição de natureza química, por efluentes que se dissolvem
na água usada no tratamento do minério ou na água que passa pela área de
mineração. Estes contaminantes solúveis podem ser reagentes usados no
tratamento do minério ou podem ser originados pela própria
Para Meyer (2000) diz que, a contaminação química da água mais
comum, provocada pela própria rocha minerada, é a contaminação por ácido
sulfúrico originado da oxidação de sulfetos de rocha (pirita). Pode haver
contaminação, também, por metais pesados originados da rocha. As bacias de
rejeito e as pilhas de estéril de minas de metais não-ferrosos e de ouro, também
podem provocar contaminação da água.
Para Meyer (2000), uma característica importante da mineração é que por
mais que se desenvolva a atividade dentro dos melhores padrões de controle
ambiental, sempre haverá um impacto residual, que é corrigido através da
reabilitação de áreas degradadas, com algumas exceções no caso de lavra
subterrânea rocha minerada.
Como era esperado, o dano ambiental é proporcional à intensidade da
extração: grandes operações mecanizadas causam o maior dano,
consequentemente, um grande volume de resíduos é deixado após a atividade de
extração sem que haja a recuperação das áreas degradadas.
Dentre os danos irreversíveis inclui-se a perda e alteração de solos,
liberação de substâncias tóxicas para as drenagens a partir das minas, das bacias e
pilhas de rejeitos; e provável alteração das águas subterrâneas, da flora e fauna
originais.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________24
6.3.2 Garimpo
Para o Ministério do Meio Ambiente (2001), o garimpo é um subsetor da
mineração, não corresponde à mineração no sentido técnico, mas sim a um
processo arcaico de extração de recursos minerais, caracterizado pela falta de
conhecimento do jazimento e pela falta de planejamento, de recursos técnicos.
Caheté (1995) fala que, a garimpagem é definida principalmente pela
ênfase dada ao trabalho individual e de pequenas equipes (com cerca de oito
homens); predomínio dos instrumentos de trabalhos mais “rústicos” (manuais e
semimecanizados), tais como a bateia, a picareta, a pá, apoiados ou não por
maquinário a combustíveis fósseis e pelo uso do mercúrio na coleta de partículas de
ouro.
Rodrigues et al (1994) demonstra que, a execução dos trabalhos de lavra,
através de técnicas manuais compreendiam as seguintes etapas: 1) abertura de
prancheta para escolha da área (testes); 2) roçagem do local a ser trabalhado
(desmatamento); 3) debreio da banda, ou seja, retirada do capeamento, que era
acumulado em local previamente selecionado; 4) retirada do cascalho e
empilhamento desse material próximo à área de lavagem.
Quanto às áreas de garimpo Caheté (1995), diz que o garimpo pode ser
de dois tipos: de terra firme (também conhecido como garimpo de margem) ou nos
leitos dos cursos d’água. Em terra firme na maioria das vezes ocorre o desmonte de
margens e encostas (os baixões) com fortes jatos d’água, porém também se realiza
o fracionamento do minério lavrado com o uso dos moinhos de martelo e
centrífugas.
A Figura 2 mostra um esquema de um garimpo de margem.
Primeiramente há o desmatamento para a retirada da camada de solo orgânico.
Sequencialmente, o decapeamento culmina com a remoção dos horizontes
superficiais do solo, de modo a dar ao garimpeiro acesso às camadas mineralizadas
e preparar a área para a lavra em profundidade. O decapeamento pode ser
desenvolvido por meio de enxadas, enxadões e picaretas (PEIXOTO & LIMA, 2004).
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________25
Figura 2- Esquema de um garimpo de margem. O garimpeiro A escava o terreno até a rocha, chamada de cascalho. A altura h pode variar de 2 a 7 m aproximadamente. O garimpeiro B faz o desmatamento, derrubando a árvore pela raiz, e o decapeamento. O garimpeiro C leva o cascalho mais o solo escavado para ser levado à beira do córrego. O garimpeiro D coloca um cascalho em uma peneira, faz a lavagem e cata das pedras.
Fonte: Peixoto & Lima (2004).
Ainda Caheté (1995) diz que, no caso da extração nos leitos de rios se dá
através do bombeamento do material do fundo para a superfície de grandes balsas.
O bombeamento pode ser feito através de dragas flutuantes com bombas de sucção
de 10 a 12 polegadas possuindo comando hidráulico ou por uma mangueira operada
diretamente por um mergulhador no fundo. Após a triagem do ouro nas balsas o
processo segue como na situação anterior, ou seja, amalgamento com o mercúrio e
posterior queima deste.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________26
Esse tipo de garimpo é executado diretamente no leito do córrego ou
próximo à margem desse. A Figura 3 mostra a configuração de um garimpo de leito.
Desconsiderando o desmatamento e o decapeamento, basicamente comporta as
mesmas operações realizadas nos de margem. Tem como diferencial o maior
volume de água acumulado nas frentes de lavra e a instabilidade dos taludes
escavados no leito do córrego (PEIXOTO & LIMA, 2004).
Figura 3- Esquema de um garimpo de leito. O garimpeiro A escava o leito do rio e retira o cascalho com lama. O garimpeiro B transporta o material até um filete de agua corrente. O garimpeiro C recebe o material e o lava em uma peneira para a posterior cata das pedras.
Fonte: Peixoto & Lima (2004).
Rodrigues et al (1994) fala também do beneficiamento do material, que
consistia das seguintes etapas: a) "traçar" o material (misturar o cascalho com as
raspas de rocha e adicionar água, para formar a polpa); b) lavar (concentração do
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________27
minério em presença do mercúrio, o amálgama que continha o ouro, deve, então,
ser espremido em um pano e o produto retido ser aquecido para liberação do
mercúrio, ainda existente).
Em outra forma de garimpo de leito são utilizadas dragas (processo
semimecanizado) para aumentar o rendimento da produção. A Figura 4 ilustra
como é feito o trabalho de dragagem. O cascalho, juntamente com lama e água, é
dragado da área de escavação e jogado contra a superfície de uma peneira. O
garimpeiro realiza a cata das pedras na superfície da peneira (PEIXOTO & LIMA,
2004).
Figura 4- Esquema de um garimpo de leito, onde o garimpeiro A escava o material formando uma abertura de diâmetro maior e o garimpeiro B faz a cata do cascalho extraído pela draga juntamente com lama.
Fonte: Peixoto & Lima (2004).
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________28
O Ministério de Minas e Energia (MME), define a Garimpagem mecânica
por desmonte hidráulico como: método que consiste no decapeamento do material
estéril quando este recobre o depósito de interesse. A extração desse material é
realizada por meio de um jato d'água em alta pressão levado por mangueiras e
direcionado pesadamente na base do talude da frente de lavra, provocando um
desmoronamento controlado e a movimentação por gravidade, sendo acumulado
num ponto de concentração da polpa (sólido/líquido) assim formada.
Ainda para o MME, Garimpagem mecânica por desmonte hidráulico em
leitos submersos com auxílio de mascarita, escafandro e chupadora é definida como
o método que consiste num sistema de bombeamento promovendo a sucção da
polpa formada a partir da superfície de ataque do leito submerso, muitas vezes com
lâminas d'água de até 30 metros, o ponto de sucção no fundo da água é atingido
através de tubulação, em cujo interior a polpa é transportada. Os trabalhos no leito
ativo dos rios são antecedidos por investidas prospectivas aleatórias, com vista à
detecção de eventuais acumulações cascalhíferas nas depressões do leito,
extremamente encachoeirado (caldeirões), obedecendo as sazonalidades das
cheias e vazantes, utilizando-se de equipamentos no auxílio dos trabalhos
submersos:
A Mascarita: consiste numa simples máscara de mergulho, adaptada a
uma mangueira, alimentadora de oxigênio por bombeamento a compressão. O
mergulhador faz-se acompanhar de uma pá (rabeta ou rabinha) e um saco (+/- 20
litros) para a coleta de cascalho;
O Escafandro: consiste numa roupa especial, impermeável e
hermeticamente fechada, provida de um aparelho respiratório adequado, alimentado
por um compressor de ar, permitindo maior autonomia de mergulho;
A Chupadora: consiste num sistema flutuante, onde são acopladas motor,
bomba de sucção, compressor, caixa de seleção (concentração preliminar do
material retirado do fundo do rio). Amangueira de sucção é monitorada pelo
escafandrista, que transmite à superfície sinais codificados, através de uma corda
amarrada à sua cintura.
Individualmente, as atividades de garimpo geram impactos pontuais.
Entretanto, geralmente o garimpo atua em uma área através de um grande número
de pessoas ou de grupos, multiplicando os impactos. Estes, quando somados,
tornam-se relevantes, com a geração de grandes passivos ambientais. A
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________29
inexistência de uma responsabilidade formalizada faz com que a inspeção se torne
praticamente impossível, e que estes passivos se transfiram à sociedade, a Tabela
2 abaixo demonstra os principais impactos de acordo com as etapas do processo.
Tabela 2- IMPACTOS AMBIENTAIS NAS ETAPAS SO GARIMPO.
ETAPA DO
PROCESSO
IMPACTO FÍSICO –
QUÍMICO
IMPACTO
BIOLÓGICO
IMPACTO
ANTRÓPICO
LIMPEZA DA
ÁREA
Fornecimento de MO as
correntes fluviais.
Destruição de nichos
ecológicos
Perda de biomassa
como recurso
econômico.
Facilita a organificação do
Hg.
Facilita a intoxicação
por Hg.
Facilita a intoxicação
por Hg.
DESMONTE E
CONCENTRAÇÃO
Erosão/aumento das
cargas em suspensão.
Alterações nas
condições de hábitats
ecológicos aquáticos e
ribeirinhos.
Perda da estratégia
nutricional da
população ribeirinha.
Mudanças na cor e turbidez Aumento nos custos de
tratamento de água.
Modificação de sistemas de
drenagem e assoreamento.
Assoreamento e
encobrimento de
várzeas.
Geração de focos de
doenças endêmicas.
Alterações nas
condições de hábitats
ecológicos aquáticos e
ribeirinhos.
Poluição das águas.
Perdas de recursos
estratégicos (como
turismo).
AMALGAMAÇÃO
E QUEIMA
Poluição das águas por Hg
Contaminação e
intoxicação da biota.
Exposição e
contaminação da
população por Hg.
Poluição do ar por Hg
Comprometimento de
atividades econômicas
(como a pesca).
Fonte: Rodrigues et al (1994), adaptado.
Rodrigues et al (1994) comenta que, os resultados dessa atividade se
fazem sentir pelo carreamento do material orgânico, oriundo da limpeza para os
cursos d’ agua, favorecendo a metilação do mercúrio metálico despejado durante as
operações de concentração e alterando a cor, a turbidez e, até, a acidez da água.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________30
Ainda Rodrigues et al (1994) trata que, a separação e purificação do ouro
gera a poluição da água e do ar com mercúrio, com as consequentes contaminação
e intoxicação da biota, podendo atingir o homem; e também comprometer um
número elevado de atividades econômicas, como a pesca, onde reside o maior risco
a que a população de consumidores fica exposta.
6.4 IMPACTOS NOS CORPOS HÍDRICOS
6.4.1 Mineração
No livro de Oliveira e Luz (2001) as operações de lavra na maioria das
vezes envolvem grandes volumes de água, que se torna responsável pelo transporte
de contaminantes (ex: óleos, reagentes químicos) gerados nas etapas de
perfuração, desmonte e transporte do minério. Em via de regra, essa água
proveniente da lavra é descartada na bacia de rejeitos.
Silva (2007) quanto à poluição das águas causadas pela mineração, a
grande parte das minerações no Brasil provoca poluição por lama. A poluição por
compostos químicos solúveis, também existe, ela pode ser localmente grave, mas é
mais restrita.
De acordo com a Revista das águas (2008) o rompimento de barragens
de contenção de rejeitos de mineração leva a situações muito graves, com a
inundação de grandes áreas por esses rejeitos, que constituem – via de regra – uma
espécie de lama. Essa lama se espalha, invade cidades e fazendas, e dependendo
da sua composição química pode causar danos mais ou menos graves. Silva (2007)
minerações de ferro, de calcário, de granito de areia e argila, da bauxita, de
manganês, de cassiterita, de diamante entre outras, provocam em geral poluição
das águas apenas por lama.
Para Silva (2007) além da poluição por lama, muitas minerações
provocam poluição de natureza química, por efluentes que se dissolvem na água
usada no tratamento do minério ou na água que passa pela área de mineração.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________31
Tem-se especificamente no beneficiamento da alumina a ocorrência de
produção da chamada lama vermelha. De acordo com Silva Filho, Alves e Motta
(2006) esta é uma denominação genérica para o resíduo insolúvel gerado durante a
etapa de clarificação do processo Bayer, sendo normalmente disposta em lagoas
projetadas especialmente para este fim.
Silva Filho, Alves e Motta (2006) diz que a disposição não adequada da
lama vermelha pode gerar problemas como a contaminação da água de superfície e
subterrânea por NaOH (hidróxido de sódio), ferro, alumínio ou outro agente químico,
o contato direto com animais, plantas e seres humanos, podem também carrear pó
dos depósitos de lama vermelha seca pela ação do vento, formando nuvens de
poeira alcalina e um impacto visual sobre uma extensa área.
Silva Filho, Alves e Motta (Apud De Jesus et al., 2004) no Brasil, em
2003, houve no município de Barcarena (PA) um vazamento de lama vermelha,
atingindo as nascentes do rio Murucupi. Da nascente a foz do rio houve mudança na
tonalidade das águas, com o aumento nos teores de alumínio e sódio e possível
contaminação do aquífero.
6.4.2 Garimpo
Barbosa (s/d) estima em cerca de 200 T/ano de Hg (mercúrio) entrando
na Amazônia, resultantes da garimpagem. Caheté (apud Pfeiffer e Lacerda 1988),
aferi uma perda média anual de 96 toneladas de mercúrio para esta região. Deste
total, 45% entravam sob a forma de metal nos rios. Segundo Farias (2002), o
beneficiamento do ouro tem como principal impacto a contaminação das águas por
mercúrio.
Silva (2007) o problema ambiental mais sério provocado pela mineração
no Brasil, é a contaminação por lama e por mercúrio dos rios da Amazônia, causada
pelos garimpos de ouro. Como os garimpeiros usam uma tecnologia rudimentar, o
controle ambiental é muito difícil e a contaminação só não é muito mais grave
porque os rios da Amazônia são bastante volumosos e a área é ainda pouco
povoada.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________32
Silva et al (Apud Peixoto & Lima, 2004), os danos ao meio físico e biótico
causados pelos garimpos são facilmente identificados e encontram-se descritos na
literatura como, por exemplo: desmatamento; geração de pilhas de rejeito, sujeitas
ao escoamento superficial e transporte de sólidos sedimentáveis; aumento
expressivo da concentração de finos transportados e, consequentemente, do nível
de turbidez; assoreamento, entre outros.
Segundo Silva (2007) os principais impactos ambientais decorrentes da
atividade de garimpo estão relacionados à alteração nos aspectos qualitativos e no
regime hidrológico dos cursos de água; turbidez das águas; mortalidade da
ictiofauna e a poluição química provocada pelo mercúrio.
Lacerda (1996) diz que atualmente, a principal carga de mercúrio para o
meio ambiente é advinda dos garimpos de ouro. Na década de 80, o garimpo de
ouro, localizado principalmente na Amazônia, tornou-se o principal comprador de
mercúrio no Brasil, sendo responsável pela maior emissão deste poluente para o
meio ambiente. O comportamento e a toxidez do mercúrio serão dependentes não
só das quantidades emitidas mais principalmente das complexas reações
biogeoquímicas que poderão aumentar ou diminuir a biodisponibilidade deste
mercúrio.
Deschamps (Apud LINDQVIST e RODHE, 1985), o ciclo atmosférico
deriva-se da conversão do Hg+2 para mercúrio elementar gasoso (Hg0) ou
(CH3)2Hg, e subsequente re-oxidação atmosférica do mercúrio elementar para a
forma hidro-solúvel a qual então se deposita. O ciclo atmosférico acarreta a retenção
do mercúrio por longos períodos de tempo e, consequentemente, o transporte por
longas distâncias.
Para Deschamps (s/d) com o conhecimento do comportamento do
mercúrio na atmosfera, é esperado que o mercúrio emitido pelos garimpos seja
transportado a longas distâncias e depositado sobre o solo em condições úmidas.
Nestas condições, ele geralmente se liga a material orgânico, principalmente
húmico. Sua ligação à substâncias húmicas solúveis pode acarretar o aumento da
concentração nos ambientes aquáticos e sua acumulação no sedimento.
Deschamps (Apud BIESTER, 1995) em condições anaeróbias, que são
muito comuns em sedimentos, o mercúrio pode ser transformado de forma eficiente
para a forma metil mercúrio, que é mais tóxica, ela é absorvida por invertebrados e
peixes que vivem no hipolímnio. Muitos estudos citam a importância da
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________33
contaminação do homem por mercúrio através da cadeia trófica, principalmente
devido ao consumo de peixes contaminados.
Deschamps (s/d) diz que as maiores características do ciclo aquático
biológico são a formação do metil mercúrio, seu acúmulo nos organismos e cadeia
alimentar e, finalmente, a destruição do metil mercúrio (demetilação). Estudos
efetuados por BIESTER (1995) mostraram que a contaminação de rios e lagos por
mercúrio pode ser facilmente determinada, pela medição de concentrações do metal
no sedimento e na água. A Figura 5 ilustra o ciclo do mercúrio.
Segundo Godinho (s/d) o mercúrio pode correr diretamente para os
cursos de água acomodando-se no fundo dos lagos, rios e baías por períodos
extremamente longos, pois está protegido pelo espelho d’água, e assim da ação
física do tempo, ele também pode durante a manipulação ou despejos volatilizar
para atmosfera e condensar novamente na superfície do solo ou cursos de água por
força das chuvas ou das baixas temperaturas das camadas altas da atmosfera.
Figura 5: Modelo do ciclo do mercúrio (BUSCHER, 1992, adaptado por COTA, 1997).
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________34
6.5 TÉCNICAS DE MITIGAÇÃO DE IMPACTOS
6.5.1 Mineração
O Processo FPS (Flotação de partículas sorventes)
Rubio e Tessele (s/d) mostram que o processo consiste na sorção dos
íons em um sorvente adequado, que age como partícula transportadora e separação
sólido/líquido por flotação. A base deste processo encontra-se na escolha de um
sólido de boas características de sorventes e de flotação.
Consiste em 4 etapas descritas abaixo:
1. Sorção dos íons pelo sólido sorvente, quando ocorre a absorção e/ou adsorção
do íon pela partícula transportadora;
2. Floculação das partículas sólidas contendo os íons, quando acontece a
agregação das partículas, com a formação de flocos e se necessário, a
hidrofobização dos mesmos (adição de floculantes e reagentes coletores);
3. Colisão e adesão bolha/partícula, onde bolhas de ar ao serem introduzidas ao
sistema aderem-se aos agregados de partículas e propiciam sua ascensão à
superfície do líquido;
4. Flotação, operação unitária responsável pela separação sólido líquido.
De acordo com Rubio e Tessele (s/d) a base deste processo é a seleção de
um bom sorvente, ou seja, um material que possua uma elevada área superficial e
alta reatividade com o elemento poluente (alta sorção) e boas características de
flotação. A grande vantagem em relação aos processos anteriores é aquela que
permite a utilização de equipamentos de flotação convencional e outros de alta
capacidade de tratamento. No tratamento da lama vermelha esse processo
possibilita a remoção do cobre.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________35
6.5.2 Garimpo
6.5.2.1 MERCÚRIO
Segundo Texeira et al (2009) há várias alternativas para o tratamento de
mercúrio em solos e águas subterrâneas e de superfície. A eficiência no tratamento
oferecida por cada tipo de tecnologia depende da natureza química e da
concentração inicial de mercúrio. A seleção de processos de tratamento de resíduos
deve levar em conta aspectos como possibilidade de reciclagem, poluição
secundária gerada pelo processo a considerar, concentração residual de mercúrio
no efluente do tratamento e custos relativos dos diversos processos.
Ainda para Teixeira et al (2009) para que ocorra a descontaminação ou
restauração de áreas, recomendam-se práticas como a remoção do material
contaminado por bombeamento ou dragagem (esta pode ser total ou seletiva);
tratamento da água residuária, preferencialmente por conversão do mercúrio
disponível em sulfeto de mercúrio; adsorção dos sedimentos contaminados.
Dragagem
De acordo com Oliveira(2010) a dragagem de recuperação ambiental,
também conhecida como “dragagem sanitária”, faz o uso de procedimentos
rigorosos, tanto na própria operação de dragagem, como no transporte do material
contaminado e sua futura disposição, e tem como objetivo principal à melhoria das
condições ambientais e também a proteção da saúde humana.São utilizadas dragas
ecológicas que fazem a remoção de materiais contaminados, presentes no fundo do
meio aquático ou dispersos na linha d’água (vazamentos acidentais de petróleo e
seus derivados).
Bombeamento
É das mais antigas e utilizadas técnicas de remediação físicas do mundo. Baseia-se na remoção de águas subterrâneas, por meio da utilização de bombas submersas ou emersas, que promovem a remoção dos contaminantes. A água bombeada é tratada por meio de filtros de carvão ativado ou colunas de stripper [...]. (EGLE, 2011).
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Arend, Oliveira e Ávila (2011) o método de bombeamento tem como
objetivo remover a maior parte possível da água subterrânea contaminada,
utilizando poços de extração, assim bombeando essa água até a superfície para ser
tratada e posteriormente destinada corretamente.
Conversão do mercúrio disponível em sulfeto de mercúrio.
Os processos de precipitação englobam as tecnologias de precipitação
por sulfeto e de coagulação co-precipitação com sais inorgânicos. Na precipitação
por sulfetos, íons de mercúrio em solução podem ser precipitados facilmente,
usando H2S (ácido sulfídrico) ou sulfetos metálicos, para converter o mercúrio
solúvel em sulfeto de mercúrio (insolúvel). Reis (apud Patterson, 1985) a literatura
registra que para concentrações iniciais de mercúrio da ordem de 10 mg/L, a
precipitação por sulfeto pode atingir 99,9% de remoção.
Adsorção
A adsorção é uma operação que consiste na retenção, à superfície de um
sólido, de partículas líquidas ou gasosas (fluído), devido a uma atração entre as
moléculas da superfície do adsorvente e as do fluído. Reis (apud USEPA, 1997). Os
processos de adsorção são largamente usados na remoção de mercúrio de
efluentes com, predominantemente, carvão ativado como adsorvente, embora o uso
de outros materiais também tem sido reportado na literatura.
Reis (2008) registros de literatura mostram que o carvão ativado é o
adsorvente mais frequentemente usado em sistemas de adsorção para tratamento
de efluentes industriais. O aumento da eficiência da remoção de mercúrio pode ser
adquirido pela adição de agentes quelantes, como EDTA (ácido etilenodiamino tetra-
acético), num estágio anterior ao contato com o carvão ativado ou através de um
pré-tratamento do carvão ativado com uma solução de disulfeto.
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7 METODOLOGIA
Para atingir os objetivos propostos, a metodologia utilizada para esse
trabalho consistiu no levantamento bibliográfico por meio da compilação de dados
pretéritos obtidos a partir de artigos, síntese das legislações e manuais técnicos a
cerca do assunto.
Após o levantamento dos dados foi feita uma abordagem crítica em
referência aos dado obtidos, aos impactos concernentes a essas atividades e as
principais medidas de remediação a serem tomadas.
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atualmente no estado do Pará os minerais são explorados em inúmeros
empreendimentos de pequena escala, como os garimpos de ouro, pedras preciosas
e dos minerais de uso imediato na construção civil – chamados minerais sociais – e
pelos grandes projetos industriais.
Na mineração industrial, os danos ambientais diretos do processo de
exploração são controlados e minimizados pelos próprios empreendimentos. Os
processos de extração do minério são eficientes, as atividades geram empregos, as
áreas exploradas recuperadas e as reservas florestais são delimitadas.
Os impactos secundários desses projetos, porém, ainda não são
controlados, principalmente o impacto social. A população envolvida nas obras de
infraestrutura e atraída pelos novos pólos de desenvolvimento concentra-se ao redor
dos projetos e lá permanece, em muitos casos, sem assistência e organização
urbana. Para sobreviver dedicavam-se a atividades agrícolas com ausência de
assistência e sem usufruto dos benefícios do investimento maior.
Os projetos, com capital-intensivos, necessitam de uma grande
quantidade de mão-de-obra para instalação, mas dispensam esse contingente de
pessoal quando iniciam a produção, originando uma população flutuante que por
falta de recursos financeiro não conseguem retornar para sua cidade natal, portanto
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ocupando as regiões periféricas do município de instalação do empreendimento,
como a maioria dos impactos negativos afetam diretamente a população, a partir
desse princípio a realização de audiências públicas onde são expostos os impactos
positivos e negativos do empreendimento conforme a legislação determina a
elaboração dos EIA ∕RIMA garantindo o princípio da participação, a reversão desse
quadro já vem sendo efetivada não só através de pleitos das comunidades
envolvidas, por ocasião das audiências públicas, fóruns prévios aos licenciamentos
ambientais, mas também graças à conscientização dos empreendedores desses
projetos. Atualmente, a sensibilidade das empresas já é uma realidade e o melhor
exemplo pode ser quantificado por intermédio de seus balanços sociais, publicados
anualmente.
Quando o empreendimento trata-se de uma mineradora onde há uma
fiscalização maior, e a exigência da elaboração dos estudos dos impactos desses
empreendimentos e posteriormente maior recursos financeiros para serem aplicados
em equipamentos e técnicas de remediação e mitigação dos poluentes deletérios ao
meio ambiente.
Quando comparado com os garimpos manuais e semimecanizado que
ocorrem ou ocorrerão em todo território brasileiro que sem a aplicação de medidas
de controle ocasionam a poluição dos compartimentos ambientais, principalmente ao
corpo hídrico onde, provocam grande impactos na biota aquática e o homem
também é contaminado pelos metais pesados gerados pelo processo de extração do
ouro em garimpos ilegais que tem colocado em risco a diversidade biológica dos rios
principalmente da Amazônia.
A instalação de garimpos provocam um “inchaço populacional” nos
municípios próximos as áreas de garimpo, a partir da emigração de famílias
advindas de outros estados que possuem pouco ou nenhum nível de escolaridade,
que aumentam os índices de marginalização e com o término do garimpo não
possuem nenhuma perspectiva de mudança de vida na cidade, provocando a
sobrecarga no sistema de saúde, aumento das áreas periféricas, por não possuir um
planejamento prévio o município não consegue atender as necessidades de todo
contingente populacional que cresce desordemnadamente.
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9 CONCLUSÃO
Conclui-se que a partir do trabalho exposto que as atividades de
mineração e garimpo são originárias de muitos séculos atrás e que até hoje é uma
atividade decisiva para o desenvolvimento econômico mundial. Contudo esse tipo de
empreendimento acarreta ao meio ambiente, em especial ao recurso hídrico
problemas ambientais graves e que se não remediados a tempo podem levar à
inutilização total do corpo d'água atingido. Geralmente a contaminação na mineração
é ocasionada por metais pesados e no garimpo o grande vilão é mercúrio.
As técnicas de mitigação dos impactos são aplicadas a partir da
identificação do contaminante e da concentração do mesmo no corpo receptor. A
flotação de partículas sorventes para a mineração e o bombeamento e dragagem,
adsorção e a conversão do mercúrio disponível em sulfeto de mercúrio para o
garimpo, são algumas das técnicas que podem ser utilizadas para remoção do
contaminante presente no recurso hídrico.
O Brasil possui Leis, Normas e Decretos que obriga as empresas
potencialmente poluidoras a fazer estudos de impacto ambiental, como requisito a
autorização e instalação desses empreendimentos, bem como instituiu órgãos
fiscalizadores e regulamentadores desse tipo de empreendimento. Contudo
necessita-se ainda de uma maior fiscalização por parte das autoridades para que
haja o cumprimento da Lei e maior ação e conscientização dos empresários em
tomar medidas preventivas para assim evitar muita das contaminações nos corpos
hídricos.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________40
10 SUGESTÕES
Para contornar a poluição gerada pelos garimpos e mineração devem ser
feitas medidas de controle desde o início da atividade. Deve ser prevista a
recuperação ou reabilitação das áreas degradadas após o término da vida útil da
área de exploração. O ideal é que esta recuperação seja incluída na fase de
planejamento do empreendimento, e inclua várias medidas mitigadoras, como o
decapeamento da lavra e estocagem da camada fértil do solo, a correta deposição
ou reuso dos rejeitos e estéreis, o controle de taludes e das drenagens de superfície
e subterrânea, recuperação das barragens de retenção de sedimentos, a
revegetação do sítio alterado, e outras medidas que além de minimizarem o impacto
visual, agem como atenuantes dos processos erosivos.
Marques, et al. Contaminação de Corpos Hídricos com ênfase em mineração e garimpo manual e semimecanizado. __________________________________________________________________41
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